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2 7 2 Economia Micro e Macro • Vasconcellos atlas
total de gastos, basta realizarmos a soma dos termos da R G., que é igual ao 
primeiro termo (100), dividido por 1 menos a razão 0,75. Nesse caso, será:
100
(1 - 0,75)
= 400
Percebe-se que o gasto inicial foi multiplicado por 4, valor este que é o 
chamado multiplicador de gastos. Seu valor corresponde ao inverso da propen­
são marginal a poupar:
Assim, sempre que o investimento variar, a renda se alterará em valor igual 
à variação inicial do gasto vezes o multiplicador.
7.1 HIPÓTESES DE MULTIPLICADOR
1. o processo é iniciado por uma variação autônoma da DA, isto é, um desloca­
mento da DA devido à variação autônoma de algum de seus elementos (C, I, 
T, G, X, M ), ou seja, devido a alguma injeção ou vazamento do fluxo de 
renda. Após uma variação autônoma, os efeitos subseqüentes são derivados 
de variações induzidas do consumo em cada etapa, em função do aumento 
de renda de cada setor;5
2. o funcionamento do multiplicador supõe economia em desemprego. Afinal, 
se a economia estiver em pleno emprego, um aumento da DA apenas provo­
cará mais inflação, e não crescimento de renda. Cresce apenas a renda no­
minal, mas não a real;
3. supõe lado monetário invariável (veremos, no Capítulo 15, que o lado mo­
netário pode amortecer o efeito multiplicador de gastos, via taxa de juros, 
que afeta o investimento privado e os gastos públicos);
4. ele também tem um efeito perverso: assim como a renda aumenta num valor 
múltiplo para aumentos de demanda agregada, ela também cai num múlti­
plo, quando a demanda agregada cai.
7.2 DETERMINAÇÃO DO MULTIPLICADOR NO MODELO 
SIMPLIFICADO
Vimos, intuitivamente, que o multiplicador keynesiano de investimentos é 
dado pela expressão
5 Ou seja, num primeiro momento há um deslocamento da curva de demanda agregada (variação autônoma); os passos 
seguintes representam movimento.'; ao longo da curva de demanda agregada, e mais especificamente da função consumo, 
induzidos pelas variações da renda nacional.
Determinação do N ível de Renda e Produto Nacionais: O Mercado de Bens e Serviços 2 7 3
Podemos generalizar o conceito de multiplicador, para os demais elemen­
tos da demanda agregada, da forma que se segue:
1. Supondo /, G, X, M e T autônomos em relação a y:
y — C + I + G + X - M 
y — a + b(y - T ) + I + G + X - M = a + b y - b T + I + G + X - M 
y — by — a — bT + / + G + .X — Aí 
y (1 - b) = a - bT + I + G + X - M
Obtêm-se os multiplicadores derivando parcialmente a função apresenta­
da em relação a cada elemento da Demanda Agregada.
Assim:
multiplicador de consumo autônomo: ka = 
multiplicador de investimentos: k, =
multiplicador de impostos: kT =
multiplicador de gastos do governo: kc = 
multiplicador de exportações: kx =
multiplicador de importações: kM - ■) M ~ ̂ ^
Como se observa, o componente básico do multiplicador dos gastos é a 
propensão marginal a consumir (b): quanto maior a propensão a consumir, 
maior o multiplicador. Por exemplo:
b = 0,75 => kt = 4 
b = 0,8 => kí = 5
Isso porque, quanto maior a propensão a consumir, maiores os gastos, maior
o estímulo à atividade econômica e, se a economia estiver com recursos desem­
pregados, provoca uma elevação do nível de produção e de renda. Agora, quan­
to maior a propensão a poupar, maiores os vazamentos de renda e o efeito 
multiplicador é menor. Assim, o multiplicador guarda relação direta com a PMgC 
e inversa com a PMgS.
dy 1
da 1 - b
^y 1
d l 1 - b
dy - b
dT 1 - b
dy 1
dG 1 - b
dy 1
dX 1 - b
dy - 1
2. Supondo I, T e Aí como função de y.
2 7 4 Economia M icro e Macro • Vasconccllos ntlm
Substituindo as funções
* = 'o + h y
T = t 0 + tl y e 
M = m0 + m ,y
na condição de equilíbrio y = C + I + G + X - M ,
pode-se chegar facilmente às fórmulas dos multiplicadores, derivando parcial­
mente em relação aos elementos da DA. O leitor pode fazer esse exercício. Gene­
ricamente, para os investimentos, gastos do governo, consumo autônomo e ex­
portações, a fórmula do multiplicador fica:
Deve-se observar que os componentes t, (propensão a tributar) e m, (pro­
pensão a importar) reduzem o valor do multiplicador, por representarem va­
zamentos de renda. O primeiro reduz a renda pessoal disponível, e, portanto,
o efeito induzido sobre o consumo. Com relação ao segundo, o maior gasto 
em produtos importados significa reduzir a compra de similares nacionais, 
reduzindo o efeito multiplicador. O componente í, (propensão a investir) au­
menta o efeito multiplicador, porque é uma injeção (a cada aumento de ren­
da, uma parcela é destinada ao aumento de investimentos, reforçando o 
multiplicador).
Com base nesse multiplicador genérico, podemos remover algumas hipóte­
ses e derivar outros multiplicadores. Por exemplo, se supomos / como função da 
renda e T e M autônomos, desaparecem na fórmula apresentada t, e m ] e a 
fórmula do multiplicador fica:
k =
1
1 - bÇ 1 - í, ) + m, - i,
No exercício do tópico 6, onde:
C = 20 + 0,8 yd 
I = 20 + 0,2 y 
T = 25 + 0,1 y 
M = 25 + 0,2 y
o multiplicador de gastos é igual a
k =
1
1 - 0,8 (1 - 0 ,1) + 0 ,2 - 0,2
1 - b - ij
Determinação do N íve l de Renda e Produto Nacionais: O M ercado de Bens e Serviços 2 7 5
8 TEOREMA DO ORÇAMENTO EQUILIBRADO (OU TEOREMA DE 
HAAVELMO)________________________________________________________
Trata-se de um famoso teorema, que mostra que uma economia pode au­
mentar a renda e o emprego, e manter ao mesmo tempo o equilíbrio orçamen­
tário. O teorema de Haavelmo diz que “se o governo efetuar gastos no mesmo 
montante dos tributos recolhidos (isto é, se o orçamento estiver equilibrado), a 
renda, em vez de permanecer constante, como se poderia supor, aumentará de um 
montante igual ao aumento de G e T
Isso se explica pela diferença entre os multiplicadores dos gastos do gover­
no G (positivo) e da tributação T (negativo). Tomando os multiplicadores sim­
plificados
k ____ 1_______ 4 y_ , _ ^ b ______
1 - b AG 1 - b AT 
podemos observar que:
a) kG é maior que kr, em módulo, isto é, | ̂ | > [ y * ^-J, o que mostra que 
a renda aumentará quando AG = AT;
1 , 1 i • 1 - b 1 - bb) kG + kT = 1, pois - — — + - — - = - — — = 1.
1 - b l-o l-o
Isso significa que o efeito multiplicador conjunto de T e G provocará um 
aumento na renda igual ao aumento de T e G. Por exemplo: se AG = AT = 20, 
significa que a renda deve aumentar 20. Se AG = AT = 100, a renda deve au­
mentar 100.
Esse Teorema ilustra ainda a importância do conhecimento dos valores dos 
multiplicadores de gastos e tributos, para a utilização da política fiscal.6
9 HIATOS INFLACIONÁRIO E DEFLACIONÁRIO E POLÍTICA 
FISCAL PURA
A análise dos hiatos permite estudar formas não monetárias de combater 
inflação e desemprego. Isto é, de como a política fiscal pode ser utilizada para
6 Uma crítica a esse Teorema é que implica um montante excessivo de gastos e tributos, quando poder-se-ia obter o mesmo 
aumento de renda apenas com um aumento menor de gastos ou, alternativamente, com diminuição da tributação, embora com 
desequilíbrio orçamentário. Isso porque os multiplicadores isolados de G e T provocam variações de renda mais fortes do que 
quando atuam conjuntamente (no orçamento equilibrado). Por exemplo, se kfí = 5 e kT = - 4, e queremos Ay = 100, em vez 
de fazer AG = AT = 100, no orçamento equilibrado, poderíamos considerar ou AG = 20, ou então AT = - 25, que, isoladamente, 
levariam a Ay = 100. Outra crítica é que os acréscimos de renda só serão exatamente iguais aos acréscimos de gastos e tributos 
quando se supõem impostos autônomos em relação à renda. Entretanto, como foi dito, esse Teorema destaca como é importante, 
para avaliar os resultados da política fiscal, ter-se conhecimento dos valores dos multiplicadores de gastos e tributos.
estabilizar preços, emprego e nível de atividade. Uma política fiscal pura ocor­
re quando a atuação do governo se dá apenas por meio de instrumentos fiscais,sem alterar a política monetária. Analogamente, entende-se por política mo­
netária pura aquela que é implementada sem mudanças na política fiscal.
Hiato Deflacionário
O hiato deflacionário refere-se à insuficiência de demanda agregada, em rela­
ção à oferta agregada de pleno emprego. Revela qual deve ser o aumento da de­
manda agregada para que a economia atinja o equilíbrio de pleno emprego. 
Graficamente (Figura 10.15):
2 7 6 Economia M icro c Macro • V a s c o n c e llo s _______________________________________________________________________________________________________________________
Figura 10.15 Hiato deflacionário.
O equilíbrio da economia dá-se a um ponto abaixo do pleno emprego (equi­
líbrio em subemprego, ou keynesiano). Ou seja, o fato de estar em equilíbrio 
significa que OA = DA, mas com muitos recursos desempregados.
Assim, as autoridades devem procurar levar a economia em direção ao ple­
no emprego, por meio da política fiscal. Como? Elevando a demanda agregada 
até o pleno emprego. A demanda agregada pode ser elevada ou aumentando o 
consumo (via diminuição de impostos) ou o investimento (também via incenti­
vos fiscais, como redução de impostos), ou o governo gasta mais, ou procura 
exportar mais do que importar. A taxação sobre bens de consumo importados, 
desde que exista o similar nacional, também pode aumentar a DA (já que M 
pode cair).

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