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477 FERRUM 1683 (Ferro) (Limaduras de ferro mole são pulverizadas, por meio de trituração suficiente, em um almofariz de ferro fundido, então peneirado através do linho, e deste pó de ferro semelhante à poeira (nas farmacopéias chamado ferrum pulveratum)1684 um grão é triturado por três horas com açúcar de leite (do modo ensinado para o arsênico) até a milionésima ou terceira atenuação, e depois levado até a trigésima potência (X) por meio de 27 frascos de diluição.) Não obstante a maioria dos seguintes sintomas medicinais terem sido observados pelo emprego de uma solução de acetato de ferro, está acima de dúvida que eles correspondem essencialmente àqueles do ferro metálico, tão exatamente quanto os sintomas obtidos a partir da terra calcária seca com aqueles do acetato de cal. Esse metal é dito pelo médicos ordinários ser um medicamento fortificante per se, e não somente inócuo, mas inteira e absolutamente saudável. Quão distante de ser verdade está essa máxima pronunciada sem consideração e prova, e ensinada pelos professores para seus discípulos igualmente sem consideração e prova; nós somos ensinados pela observação que, se o ferro possui poder medicinal, ele deve também, por aquela mesma razão alterar a saúde dos seres humanos, e tornar o sadio doente, e tanto mais doente quanto mas poderosamente curativo mostra ser na doença. Nil prodest, quod non laedere possit idem. (nada ajuda que o mesmo não possa prejudicar.) A condição sanitária atual das pessoas residindo próximas de águas impregnadas com ferro deve ter-lhes ensinado que este metal possui fortes propriedades patogenéticas. Os habitantes de lugares de água ferruginosa, 1685 onde todas as nascentes e fontes nos arredores usualmente contêm um tanto deste metal, mostram sinais marcantes de sua influência mórbida. Em tais localidades há poucos indivíduos que conseguem resistir à influência nóxica do uso contínuo de semelhantes águas e permanecem completamente bem, sendo cada qual afetado de acordo com sua natureza peculiar. Ali nós encontramos, mais do que em qualquer outro lugar, afecções crônicas de grande gravidade e caráter peculiar, mesmo quando o regime é, por outro lado, perfeito. Fraqueza, quase chegando à paralisia de todo o corpo e de partes isoladas, alguns tipos de violentas dores nos membros, afecções abdominais de várias espécies, vômito de alimento de dia ou de noite, transtornos tísicos pulmonares, amiúde com expectoração de sangue, calor vital deficiente, supressões das menstruações, abortos, impotência em ambos os sexos, esterilidade, icterícia, e muitas outras caquexias raras são ocorrências comuns. O quê vem a ser a pretensa, completa, inocuidade, sem falar da absoluta salubridade desse metal ? Aqueles que estão constantemente bebendo águas ferruginosas, chamadas nascentes da saúde, e as outras águas impregnadas com ferro da vizinhança, estão as mais das vezes num estado enfermo ! Que preconceito, que negligência, tem até aqui impedido os médicos de observarem esses fatos comoventes, e remeterem-lhes às causas deles, o efeito patogenético do ferro ? Como podem eles determinar, ignorantes como são dos efeitos do ferro e seus sais, em quais casos as águas ferruginosas são úteis ? Quais dos seus pacientes eles enviarão para lá para um serviço de tratamento ? Quais eles manterão afastados ? O quê, em resumo, visto que eles nada conhecem acuradamente no que concerne aos efeitos característicos deste metal no corpo humano, leva-os a determinar as causas adequadas para as águas ferruginosas ? Moda ? Não voltam, de fato, muitos dos seus 1683 Do vol. II, 3 a edição, 1833. -- Hughes. 1684 N.T. Bras.: ferro em pó. 1685 É mero charlatanismo chamar soluções de ferro de gotas-de-aço, e águas minerais ferruginosas de águas de aço, banhos de aço. Por estas expressões tenciona-se transferir a noção que elas possuem indubitavelmente um poder revigorante absoluto em alto grau; pois de aço é uma expressão metafórica para fortificar. Mas o ferro somente se torna aço quando sua elasticidade e dureza peculiar são desenvolvidas. Em sua solução por ácidos, o aço desaparece; a solução então contém somente um substrato de ferro, e o óxido (ferro ocre) coletado a partir de águas férreas, quando fervidas, produz nada mais que ferro comum. -- Hahnemann. 478 pacientes das fontes de águas ferruginosas numa condição mais miserável 1686 e enferma, evidenciando que o ferro era um remédio não indicado para eles ? Deus, preserve os pacientes de um médico que desconhece, e não consegue dar razões satisfatórias, porque ele prescreve esta ou aquela droga, que não consegue dizer de antemão qual medicamento seria benéfico, qual seria injuriante, para o paciente ! Somente um conhecimento completo dos efeitos primários característicos dos medicamentos, e se eles apresentam uma grande semelhança com os sintomas da doença a ser curada (como a homeopatia ensina), poderia proteger os pacientes de tais erros fatais. A seguinte lista de sintomas mórbidos que o ferro provoca, está longe de ser completa como ela deve ser e, contudo, contribuirá nem um pouco para impedir que semelhantes erros sejam feitos por aqueles que refrearão em prescrever medicamentos de uma maneira fortuita, e em sentirem nenhum escrúpulo de consciência se atraem a morte ou a vida para seus pacientes numa loteria. Doses grandes e muito repetidas de ferro, como também banhos freqüentes em águas ferruginosas, têm uma duração muito grande de ação, estendendo-se a meses inclusive. Mesmo doses da trigésima potência (X), exatamente como o médico homeopata agora dá em casos comuns, age até por muitos bons dias. Transtornos crônicos causados pelo ferro são na maior parte das vezes aliviados por Hepar sulphuris (calcário) (1/100 ou 1/1000 parte de um grão em uma ou muitas doses), e a maioria dos incômodos remanescentes, por Pulsatilla, quando os sintomas não são (como algumas vezes ocorre) de um certo tipo e complexidade de forma que requer algum outro medicamento de acordo com a regra da similaridade de ação. [HAHNEMANN foi ajudado nesta experimentação por GROSS, FRIEDRICH HAHNEMANN, ROSAZEWSKY. Sintomas são derivados das seguintes fontes da velha escola: HARCKE, em Hufel. Journ., xxv. LENTIN, Beitr. NEBEL e WEPFER, Diss. de Medicamentis Chalybeatis, Heidelb., 1711. RITTER, em Hufel. Journ., xxvi, 1. SCHERER, em Hufel. Journ., iii. SCHMIDTMÜLLER, em Horn’s Archiv, ix, 2. ZACCHIROLI, em Kühn’s Magazin für Arzneimittellehre, i, St. Chemnitz, 1794. Na 1a edição Ferrum tem 264 sintomas, na 2a edição, 290, e nesta 3a edição, 295.] FERRUM Confusão e estupefação da cabeça. [RITTER,1687 em Hufel. Journ., xxvi, 1] Ao deitar, uma tontura como se ele fosse empurrado para frente, ou conduzido numa carruagem (especialmente quando os olhos são fechados). Tontura ao descer uma montanha, como se ela fosse cair para frente. Quando caminha, cambaleio e como se embriagada, como se ela fosse cair. 5. Quando caminha, muito rodopio e mal-estar: ele sente como se a cabeça inclinasse sempre para pender para o lado direito. Ao olhar para água corrente, ela vacila e tem vertigem na cabeça, como se tudo girasse com ela. Grande afluxo que sobe até a cabeça. Embriaguez. 1688 [RITTER, l.c.] 1686 O esforço da corrida comum dos praticantes de produzir um efeito puramente fortificante é um engano capital. Pois, por quê o paciente está tão fraco ? Obviamente porque ele está doente ! Fraqueza é uma mera conseqüência e um sintoma isolado de sua doença. Que homem racional poderia pensar em fortalecer seu paciente sem primeiro remover sua doença ? Mas se sua doença for removida, então ele sempre, mesmo durante o processo de remoção de sua enfermidade, readquire sua força pela energia do seu organismo livre do seu mal. Não há tal coisa como um remédiorevigorante enquanto a doença persiste; não pode haver algo assim. O médico homeopata sozinho sabe como curar, e no ato de ser curado, o convalescente recupera sua força. -- Hahnemann. 1687 Observações referentes ao emprego das águas de Pyrmont e Schwalbach, nas quais o ácido carbônico deve ser levado em consideração. -- Hahnemann. 479 Dor de cabeça ondulante, como ondas, por uma hora (após 1/2 h.). [Rz.] 10. Dor de cabeça que repuxa. [Rz.] Um afluxo de sangue para a cabeça; os vasos sangüíneos da cabeça estiveram inchados por duas horas, com severos fluxos de calor na face. Um golpe vertiginoso momentâneo no cérebro (imediatamente). O ar livre frio dá à ela uma pressão peculiar no topo da cabeça, a qual paulatinamente desapareceu no aposento. Falta de interesse para pensar e confusão na cabeça. 15. Dor de cabeça todo anoitecer; atordoamento em torno da base do nariz. De manhã, muito atordoamento na cabeça. Dor de cabeça, como se o cérebro fosse lacerado (também de manhã durante o sono leve, antes de acordar). Sensação de vazio na cabeça. A cabeça está atordoada e estúpida. 20. A cabeça está aturdida e estúpida. Peso da cabeça. (Dor de cabeça pressiva na fronte, como se ela fosse explodir.) Uma pontada cortante na fronte. Dor que espeta violenta no lado esquerdo da cabeça, à tarde, por cinco horas. 25. (Cada duas ou três semanas, por dois, três ou quatro dias, dor de cabeça, como por marteladas e batidas, de maneira que ela deve algumas vezes deitar na cama; então repugnância por comida e bebida.) Queda de cabelos, por meio do que o couro cabeludo é doloroso, com formicação. Um repuxo da nuca para dentro da cabeça, na qual há então pontada, estrondo, e zunido. 1689 Ao anoitecer, escuridão diante dos olhos; ele teve uma dor dolorida sobre as órbitas oculares, e algum sangue pingou do nariz. Dor externamente na cabeça, como se o sangue estivesse extravasado; os cabelos são dolorosos ao toque. 30. Compleição terrosa, com manchas azuis na face. Compleição ictérica terrosa. Palidez da face e lábios. 1690 [RITTER, l.c.] Ao anoitecer, coceira nos olhos e dolorido como por um grão de areia neles. Por cinco dias, olhos vermelhos com dores queimantes (após 3 ds.). 35. Queimação nos olhos. Os olhos são dolorosos, como quando alguém está muito sonolento, e eles tendem a fechar; também queimação neles. Um dolorido no olho direito; as pálpebras grudam de noite. Quando escreve por duas horas somente, ele é incapaz de abrir bem os olhos; eles se tornam aguados, como se ele não houvesse dormido o suficiente. Vermelhidão e inchaço das pálpebras superiores e inferiores; nas superiores, um tipo de conjuntivite preenchida com pus; as pálpebras inferiores estão cheias de secreção ocular (muco purulento). 40. (Espetadas no olho esquerdo.) As pupilas são capazes somente de leve dilatação. Ao anoitecer, ao abaixar, algum sangramento do nariz. Sangramento da narina esquerda (quatro vezes em dez horas.) Dor da orelha esquerda, como se houvesse uma úlcera nele (após 12 hs.). 1688 Não encontrado. -- Hughes. 1689 N. T. Bras.: em inglês “rushing” (afluxo, ímpeto, arremetida), em inglês “Sausen” (zumbido, zunido). O mesmo ocorre no S.46. 1690 Efeitos de hemorragia uterina induzida pelo ferro, não do metal em si mesmo. -- Hughes. 480 45. Pontadas no ouvido direito, de manhã (após 12 hs.). Zunido nos ouvidos, que, tão bem quanto a sensação desagradável no cérebro, é amenizada por deitar a cabeça sobre a mesa. Canto em frente aos ouvidos, como por grilos. Lábios pálidos. Atrás e no meio da língua uma dor contínua, como finas picadas ininterruptas, a qual é agravada pelo contato da comida e bebida; quando não está comendo e bebendo, a região tem a sensação como se tivesse sido queimada, e está dormente e rígida. 50. (Inchaço das gengivas e bochechas.) (Garganta áspera e dolorida, com rouquidão.) (Ao engolir, um dolorido com sensação de ferida na goela, como se borbulhas tivessem sido esmagadas ali, e assim a área tivesse se tornado ferida.) (Algumas vezes uma sensação como por um tampão na garganta, quando não engole, nem enquanto deglute.) Ao engolir, dor dolorida na garganta, com calor na fauce; os músculos cervicais dão a sensação de rigidez, e são dolorosos quando movimentados. 55. Sensação como de constrição na garganta. Inchaço glandular crônico no pescoço. Náusea muito grande na garganta, como se vômito fosse começar; isto terminou com eructação. [Gss.] Tão logo ela come algo, este é expelido pelo vômito. Vômito de comida apenas, imediatamente após comer, por oito dias. 60. Quando come alguma coisa ela enjoa, como náusea por repugnância. O vômito é antes da meia-noite, pior quando ela está deitada, e especialmente quando ela deita de lado. Vômito de comida, imediatamente após a meia-noite, depois do que então segue-se aversão à comida e aversão ao ar livre (após 6 hs.). Ela vomita toda manhã e depois de comer, somente muco e água (não comida); uma espécie de azia; a água corre da boca e sente a garganta como se repuxar. Ela está sempre enjoada e com náusea. 65. Inclinação ao vômito por três horas. Tudo que ela vomita é azedo e acre. Ela vomita muito depois de ingerir alimentos ácidos e cerveja. Após cerveja azeda (ao anoitecer), pirose. Cerveja penetra na cabeça dela. 1691 70. Pelo caldo de cerveja, calor e ansiedade. Perda de apetite sem paladar ruim e sem sede. (Ela empalideceu, teve grugulejo no abdome; o peito estava comprimido, um afluxo sobe até a cabeça; ela teve violenta eructação espasmódica, então calor na face, especialmente na bochecha direita, e dor, no topo da cabeça, como pontada.) Eructação constante, tão logo ela tenha comido algo. Pouco apetite, sobretudo por carne; ele se sentiu repleto. 75. Ele come com apetite e paladar normais ao meio-dia; mas depois de comer então surge eructação em arrancos e a comida é regurgitada, sem náusea ou inclinação ao vômito. Depois de uma caminhada, como uma sensação de plenitude, como se ele fosse arrotar; isto desapareceu após comer. Tão logo ela come algo, isto oprime-a. Dor muito aguda, dolorida, no estômago. [SCHMIDTMÜLLER,1692 em Horn’s Archiv, ix, 2] 1691 N. T. Bras.: vide nota para o S.262 em China. 1692 Do pó de ferro muito fino. -- Hahnemann.