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O maior grupo populacional indígena do Brasil é o Guarani, que se divide em três sub- grupos. Os Guarani têm um forte sentimento de pertencimento em relação à natureza. Isso quer dizer que, para eles, o ser humano e o meio am- biente fazem parte de uma só realidade. Essa forte identificação é expressa em muitos dos mitos da cultura guarani, nos quais é comum que um humano se torne animal ou um animal se torne humano. Talvez esse sentimento de identificação justifique por que a preservação da biodiversidade é interpretada pelos indíge- nas como parte do desenvolvimento humano. Também a forma de aprendizado dos indíge- nas é distinta da nossa. Enquanto nós estudamos muito por meio da língua escrita, na cultura gua- rani o aprendizado se dá principalmente através da oralidade. Ou seja, por meio da narrativa dos mais velhos, pelas canções nas cerimônias e em caminhadas pela mata. Isso contribui para que não somente os conhecimentos, mas também a cultura e os valores indígenas sejam transmitidos entre as gerações (figura 16.26). Figura 16.26 Moça indígena na Reserva da Jaqueira em Porto Seguro (BA). Foto de 2015. Os Guarani acreditam que seres sobrenatu- rais, chamados Jaras, são donos e cuidam de ca- da um dos elementos da natureza. Assim, a água (que em guarani se diz “y”) é cuidada por um ser sobrenatural chamado Yjara, que em português gera o nome próprio Iara. Esse nome é geralmen- te traduzido por “mãe-d’água” (figura 16.27). Figura 16.27 Representação artística da Yjara. Para um integrante da cultura guarani, qualquer atitude que prejudique o meio am- biente cria consequências para toda a aldeia. A degradação de um rio, por exemplo, será inter- pretada pelo Jara do rio como uma ofensa. Co- mo consequência, o Jara poderá responder à ofensa por meio de uma inundação ou de uma seca, que prejudicaria a lavoura trazendo es- cassez de alimento para toda a comunidade. Em nossa sociedade tentamos explicar fe- nômenos como enchentes e secas por meio da ciência. A escassez de água é um fato recente nas cidades do Sudeste do Brasil. O Sistema Canta- reira, um dos maiores reservatórios de água do mundo, teve seus recursos quase esgotados em 2015. Além das alterações que observamos no clima, especialistas apontam o desperdício de água tratada e a poluição dos inúmeros rios da região como causas do problema. Esse é um exemplo de situação em que a atitude humana é decisiva para a preservação ou para a degradação ambiental. Nesse sentido, a cultura indígena pode nos ensinar como res- peitar o meio ambiente e os demais seres vivos. O conhecimento de outras culturas mostra que os povos indígenas do Brasil têm muito a con- tribuir para nossa compreensão sobre as rela- ções entre o ser humano e a natureza. Essa é uma das razões pela qual todas as culturas devem ser preservadas e valorizadas. R e n a to S o a re s /P u ls a r Im a g e n s v il e n ch ik /S h u tt e rs to ck /G lo w I m a g e s Capítulo 16210 197_213_U03_C16_Bio_Hoje_vol_3_PNLD2018.indd 210 19/05/16 16:42 1. Os gráficos a seguir mostram o que acontece, ao longo do tempo, com a densidade populacional (nú- mero de indivíduos por metro quadrado) de duas espécies (A e B) vivendo isoladas uma da outra (grá- fico 1) e vivendo juntas na mesma região (gráfico 2). Responda: que tipo de relação ecológica deve existir entre as duas espécies? Justifique sua resposta. 600 400 200 Gráfico 1 A B 2 4 dias In d iv íd u o s p o r m et ro q u ad ra d o 600 400 200 Gráfico 2 A B 2 4 dias In d iv íd u o s p o r m et ro q u ad ra d o 2. Nas florestas de Bornéu, vive o besouro-tigre, pre- dador agressivo e rápido (desenvolve velocidades de até 9 km/h), que, com suas mandíbulas, ataca as presas e se defende de possíveis predadores. Na mesma região, vive também um gafanhoto (gêne- ro Condylodera), inseto herbívoro que tem aparên- cia e tamanho semelhantes aos do besouro. a) Como se chama esse fenômeno? Qual a vanta- gem auferida pelo gafanhoto nesse exemplo? b) Utilizando os conceitos de “mutação” e “seleção natural”, sugira uma hipótese para explicar co- mo os gafanhotos dessa espécie se tornaram semelhantes ao besouro-tigre. 3. A malária é uma doença causada por um microrga- nismo chamado plasmódio, que é transmitido aos seres humanos pela picada de algumas espécies de mosquitos. Em certas regiões onde há malária, en- contra-se um peixe, a tilápia, que se alimenta das larvas do mosquito. a) Quais são as relações ecológicas entre as tilápias e as larvas do mosquito e entre o plasmódio e o ser humano? b) Se nessa região for introduzido um peixe preda- dor da tilápia, o que poderá acontecer com o número de casos de malária? Justifique sua res- posta. 4. Embora a orquídea viva em cima das árvores, ela não é um parasita. O cipó-chumbo, que também vive nas árvores, é considerado um parasita. Por quê? 5. Você aprendeu neste capítulo que podemos usar sinais para caracterizar as relações entre seres vivos: “+”, quando houver benefício para o participante; “–”, quando houver prejuízo; “0”, quando não houver benefício nem prejuízo para o participante, como na interação entre o parasita e seu hospedeiro, que é representada por “+ –”. Reveja os exemplos do capí- tulo e aplique esses sinais para caracterizar as rela- ções de mutualismo, protocooperação, comensalis- mo, competição interespecífica e predatismo. 6. Em algumas regiões do Brasil o número de onças-pin- tadas está diminuindo por causa do ataque de caça- dores e fazendeiros, e já podem ser encontradas, no mesmo território, onças-pardas. Ambas as espécies se alimentam de animais herbívoros, como pacas, capivaras e tatus. a) Qual a relação ecológica entre a onça-pintada e a onça-parda? b) A extinção das onças poderia interferir no nú- mero de herbívoros da região? 7. (Vunesp-SP) Um grupo de estudantes, em visita à zona rural, observou bois e gafanhotos alimentan- do-se de capim; orquídeas, liquens e erva-de-pas- sarinho em troncos de árvores; lagartos caçando insetos e, no pasto, ao lado de vários cupinzeiros, anus retirando carrapatos do dorso dos bois. a) Identifique, entre as diferentes relações descri- tas no texto, dois exemplos de parasitismo. b) Entre as relações observadas pelos estudantes, cite uma relação interespecífica de benefício mútuo e uma estrutura que indique uma relação intraespecífica. 8. (UFSC) Em 2009, comemoraram-se 200 anos do nascimento de Charles Darwin e 150 anos da publi- cação de sua obra A Origem das espécies. Para essa obra, o pensamento de Thomas Malthus, segundo o qual “a população de um território é limitada pe- la quantidade de alimentos nele disponível”, foi muito importante, pois Darwin percebeu que este argumento, embora relacionado aos humanos, apli- cava-se também, perfeitamente, ao mundo das plantas e dos animais. Atividades ATENÇÃO! Não escreva no seu livro! B a n c o d e i m a g e n s /A rq u iv o d a e d it o ra Relações entre os seres vivos 211 197_213_U03_C16_Bio_Hoje_vol_3_PNLD2018.indd 211 19/05/16 16:42 No caso dos animais o tamanho populacional é in- fluenciado, além de outros fatores, pela predação. Sobre esse assunto, responda: a) O que é predação? b) Considerando um espaço territorial limitado, de que forma a predação pode influenciar no tama- nho populacional de presas? c) Considerando um espaço territorial limitado, de que forma a predação pode influenciar no tama- nho populacional de predadores? 9. (Enem) O controle biológico, técnica empregada no combate a espécies que causam danos e prejuízos aos seres humanos, é utilizado no combate à lagar- ta que se alimenta de folhas de algodoeiro. Algumas espécies de borboleta depositam seus ovos nessa cultura. A microvespa Trichogramma sp. introduz seus ovos nos ovos de outros insetos, incluindo os das borboletas em questão. Os embriõesda vespa se alimentam do conteúdo desses ovos e impedem que as larvas de borboleta se desenvolvam. Assim, é possível reduzir a densidade populacional das bor- boletas até níveis que não prejudiquem a cultura. A técnica de controle biológico realizado pela micro- vespa Trichogramma sp. consiste na: a) introdução de um parasita no ambiente da es- pécie que se deseja combater. b) introdução de um gene letal nas borboletas pa- ra diminuir o número de indivíduos. c) competição entre a borboleta e a microvespa para a obtenção de recursos. d) modificação do ambiente para selecionar indi- víduos melhor adaptados. e) aplicação de inseticidas a fim de diminuir o nú- mero de indivíduos que se deseja combater. 10. (UFMG) O fungo Penicillium, por causar apodreci- mento de laranjas, acarreta prejuízos pós-colheita. Nesse caso, o controle biológico pode ser feito uti- lizando-se a levedura Saccharomycopsis, que mata esse fungo, após perfurar sua parede e absorver seus nutrientes. É correto afirmar que esse tipo de interação é co- nhecido como: a) comensalismo. b) mutualismo. c) parasitismo. d) predatismo. 11. (Uerj) Bactérias de duas espécies foram cultivadas separadamente e em conjunto nas mesmas condi- ções experimentais e com suprimento constante do mesmo tipo de alimento. No gráfico a seguir, as cur- vas mostram a variação da densidade populacional das bactérias estudadas em função do tempo de cultivo. As curvas 1 e 2 representam os resultados encontrados para as duas espécies quando cultiva- das separadamente, e as curvas 3 e 4, quando culti- vadas em conjunto. D en si da de d a p op ul aç ão Tempo 1 2 3 4 A relação ecológica estabelecida entre as bactérias que melhor explica os resultados encontrados é classificada como: a) predação. b) parasitismo. c) competição. d) comensalismo. 12. (Vunesp-SP) Um jornal de grande circulação comen- tou o alto faturamento em dólares de uma empre- sa que está exportando ovos de uma traça, parasi- tados por minúsculas vespas especializadas em atacar a broca de cana, a lagarta-cartucho do milho e pragas do tomateiro. Esses ovos vão para os EUA, Suíça, França, Holanda, Portugal, Espanha e Dina- marca, para serem usados para a reprodução das vespas. A empresa também vende casulos de outra pequena vespa que, liberada, vai colocar seus ovos e destruir lagartas que são pragas em lavouras. (O Estado de S. Paulo, 17/9/2003.) Pelo texto, pode-se afirmar que a reportagem re- fere-se: a) ao controle de pragas na agricultura pela produ- ção de insetos estéreis. b) à produção de polinizadores a serem utilizados para a inseminação das plantas. c) à produção de genes específicos para a utilização de técnicas de engenharia genética aplicadas à agricultura. d) à produção de larvas de insetos a serem utilizadas como predadores de folhas atacadas por doenças. e) à utilização das técnicas do controle biológico no combate a pragas agrícolas. 13. (UFMG) Observe os gráficos referentes às curvas de crescimento populacional de duas espécies. O gráfico I representa o crescimento populacional dessas espécies criadas isoladamente. O gráfico II representa o crescimento populacional dessas es- pécies reunidas em uma cultura. X X B a n c o d e i m a g e n s /A rq u iv o d a e d it o ra X X Capítulo 16212 197_213_U03_C16_Bio_Hoje_vol_3_PNLD2018.indd 212 19/05/16 16:42