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Fundamentos de Projetos Mecânicos Projetos Mecânicos Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria ANDREW SCHAEDLER EUGENIO BASTOS MACIEL AUTORIA Andrew Schaedler Olá! Sou formado em Engenharia Mecânica, com uma experiência técnico-profissional na área de engenharia de processos e usinagem de precisão de mais de 8 anos. Passei por empresas, como a TDK, multinacional japonesa produtora de componentes eletrônicos, John Deere, multinacional americana produtora de equipamentos agrícolas, e, hoje, sou sócio proprietário de uma metalúrgica especializada em usinagem de precisão, atendendo empresas de grande porte do ramo automotivo. Sou apaixonado pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso, fui convidado pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! Eugenio Bastos Maciel Olá! Sou bacharel e mestre em Física pela Universidade Federal de Campina Grande e doutor em Física pela Universidade Federal da Paraíba. Fui professor assistente 1 (substituto), na Unidade Acadêmica de Física da Universidade Federal de Campina Grande e, atualmente, sou professor substituto na Universidade Estadual da Paraíba e realizo estágio de pós-doutorado junto ao Programa de pós-graduação em Física na Universidade Federal de Campina Grande, atuando nas seguintes áreas: Mecânica Quântica Relativística em Espaço Curvo, Gravitação, Cosmologia e Teoria Quântica de Campos. Sou apaixonado pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso, fui convidado pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: OBJETIVO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Introdução aos Projetos Mecânicos e às suas Áreas de Atuação ........................................................................................................... 12 Projeto Mecânico ............................................................................................................................. 12 Fases de um Projeto...................................................................................................................... 15 Ferramentas Utilizadas em Projetos ................................................................................. 19 Sistema Internacional de Unidades (SI) ............................................22 Um Pouco de História sobre o Sistema Internacional de Unidades (SI) .22 Unidades do Sistema Internacional de Unidades (SI) ..........................................24 Unidade de Comprimento – Metro (m) ......................................................24 Unidade de Massa – Quilograma (kg) .........................................................24 Unidade de Tempo – Segundo (s) ...................................................................24 Unidade de Corrente Eléctrica – Ampere (A) ..........................................24 Unidade de Temperatura Termodinâmica – kelvin (K)......................25 Unidade de Intensidade Luminosa – Candela (cd) .............................25 Unidade de Quantidade de Matéria – Mole (mol) ...............................25 Unidades Fora do SI, Porém em uso com o SI .........................................................28 Introdução ao Desenho Técnico ........................................................... 31 Um Pouco da História do Desenho Técnico................................................................ 31 Definição e Conceito de Desenho Técnico ..................................................................33 Material Utilizado em Desenho Técnico ........................................................................ 36 Papel ..................................................................................................................................... 36 Lápis ou Lapiseira ....................................................................................................... 39 Régua e Escalímetro ................................................................................................. 39 Borracha ............................................................................................................................. 40 Esquadros ......................................................................................................................... 40 Compassos ....................................................................................................................... 41 Resistência dos Materiais e Projetos Mecânicos ...........................43 Introdução .............................................................................................................................................43 Mecânica ...............................................................................................................................................45 Aplicações e Características ...................................................................................................47 Estática ................................................................................................................................................... 49 Conceito de Força ......................................................................................................................... 50 Massa ...................................................................................................................................................... 50 Aceleração Gravitacional ........................................................................................................... 51 Peso dos Corpos.............................................................................................................................. 51 9 UNIDADE 01 Projetos Mecânicos 10 INTRODUÇÃO A área de Projetos Mecânicos está diretamente ligada à automação industrial, às evoluções tecnológicas dentro das indústrias e ao desenho técnico. É do desenho técnico que se inicia a criação de novos projetos e máquinas, o que aumenta a capacidade de produção das indústrias e organizações e, muitas vezes, a qualidade delas. O profissional que trabalha com Projetos Mecânicos com frequência está ligado a projetos inovadores e decisivos para as organizações, e isso propicia uma vasta gama de oportunidades para os profissionais dessa área. Trabalhar no setor de inovação de uma indústria caracteriza-se por sua dinamicidade que engloba várias áreas de conhecimento e, portanto, diferentestipos de profissionais, os quais estarão utilizando o Projeto Mecânico para a criação de novos equipamentos. Conseguiu ter uma ideia da amplitude desse conhecimento? Está pronto para entrar nessa área tão abrangente e rica em informações? Então, vamos em frente! Projetos Mecânicos 11 OBJETIVOS Olá! Seja muito bem-vindo à Unidade 1 – Fundamentos de Projetos Mecânicos. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1. Entender o que são, para que servem e como são desenvolvidos os projetos mecânicos. 2. Compreender o Sistema Internacional de Unidades de Medidas (SI), aplicando-o às grandezas mecânicas. 3. Definir o conceito de desenho técnico, interpretando seus elementos em um projeto mecânico. 4. Entender o que é a resistência dos materiais, compreendendo sua importância no contexto dos projetos mecânicos. Projetos Mecânicos 12 Introdução aos Projetos Mecânicos e às suas Áreas de Atuação OBJETIVO: Neste capítulo, iniciaremos nossos estudos sobre a área de conhecimento de Projetos Mecânicos. Entenderemos como os Projetos Mecânicos são feitos e qual é o impacto deles em nossas vidas. Vamos, então, ingressar nessa nova etapa de construção do seu conhecimento. Vamos em frente!. Projeto Mecânico Quando analisamos a confecção e a execução de um Projeto Mecânico, podemos ver diferentes habilidades e conhecimentos sendo organizados para atingir um objetivo. Grandes etapas dos projetos precisam ser divididas em tarefas e subtarefas, de forma simples e executável. Devido à complexidade de um Projeto Mecânico, é necessário que as tarefas e os assuntos sigam uma sequência lógica, em que temos conceitos sendo introduzidos ao longo da execução do projeto. (BUDYNAS; NISBETT, 2011) Projetos Mecânicos 13 Figura 1 – Exemplo de Projeto Mecânico e ferramentas utilizadas para confeccioná-lo Fonte: Pixabay. Em um primeiro momento, é analisada a natureza do projeto em geral e, depois, o projeto de Engenharia Mecânica em particular. DEFINIÇÃO: A seguir, temos a definição de projeto, segundo Budynas e Nisbett (2011). Projeto é um processo repetitivo com muitas fases interativas. Existem muitos recursos para auxiliar o projetista (responsável pelo desenho técnico), entre os quais várias fontes de informação e diversas ferramentas computacionais de projeto. (BUDYNAS; NISBETT, 2011, p. 30) Em um Projeto Mecânico, temos funções a serem desempenhadas, as quais são regidas por códigos e padrões e por aspectos econômicos, de segurança e exigência dos clientes. Projetos Mecânicos 14 A vida útil dos elementos mecânicos está relacionada à tensão e à resistência. Incertezas estão sempre presentes na confecção de Projetos Mecânicos, e essas incertezas são resolvidas com a utilização de fatores de segurança, sendo eles variados a partir de termos determinísticos ou estatísticos. A abordagem estatística trata da confiabilidade do projeto e requer dados estatísticos adequados. Projetar é construir um plano que cria uma solução para uma necessidade específica ou resolve um problema. Quando o plano tem como resultado a criação de algo concreto, ou seja, um produto, ele deve ser funcional, seguro, confiável e possível de ser utilizado, fabricado e comercializado. Para execução de um projeto, passamos por um processo criativo e inovador – normalmente bastante repetitivo – e que necessita de tomadas de decisões. Em algumas situações, é necessário tomar decisões com poucas informações; em outras, as decisões são tomadas de forma provisória e serão mudadas com o decorrer do projeto, quando surgirem novas informações. Independentemente da situação, o projetista ou desenhista técnico precisa sentir-se confiável e ser capaz de tomar decisões e resolver problemas. Os recursos pessoais de criatividade, habilidade comunicativa e de solução de problemas de um desenhador são entremeados com conhecimento tecnológicos e princípios básicos. Ferramentas de engenharia como matemática, estatística, computadores, desenho técnico e normas são combinadas para produzir um plano que, quando levado a cabo, resulta num produto que é funcional, seguro, competitivo, bem próprio pra ser usado, fabricado e comercializado, independentemente de quem o cria ou o utiliza. (BUDYNAS; NISBETT, 2011, p. 30) A comunicação é fundamental e intensa na execução e elaboração de Projetos Mecânicos. São utilizadas tanto palavras quanto imagens empregadas de forma escrita e oral. Os projetistas precisam comunicar-se de forma eficaz, e é preciso que isso aconteça com pessoas de diferentes áreas de conhecimento. Projetos Mecânicos 15 Fases de um Projeto Como um projeto é criado? Quais são as fases e os processos de um projeto? Quais são os fatores que influenciam as tomadas de decisões que acontecem durante um projeto? Segundo Budynas e Nisbett (2011), os processos de um projeto podem ser representados como na figura a seguir. Figura 2 – Fases de um projeto mostrando as diversas realimentações e repetições Identificação da necessidade Definição do problema Apresentação Análise e otimização Repetição Avaliação Síntese Fonte: Budynas e Nisbett (2011). Projetos Mecânicos 16 IMPORTANTE: O processo de criação de um projeto começa com a identificação da necessidade a ser atendida e a decisão de fazer algo para atender a essa necessidade. Após muita análise e diversas repetições de atividades, o processo é finalizado com a apresentação dos planos que irão atender à necessidade apresentada. Agora, vamos analisar cada uma das fases apresentadas na Figura 2. • Identificação da necessidade: esta é a etapa inicial do projeto. Entender e descrever em palavras a necessidade a qual sua solução será o objetivo do projeto, normalmente, se trata de uma tarefa bastante criativa. Isso porque, em diversos casos, a necessidade não é algo evidente. Um exemplo seria uma intervenção em uma máquina de embalagem. Essa intervenção poderia ser motivada devido ao alto nível de ruído, a uma variação no peso das embalagens ou até mesmo a uma variação na qualidade das embalagens. • Definição do problema: nesta fase, a descrição do problema deve ser bastante específica e conter todas as especificações para a execução do projeto do objeto que irá atender às necessidades descritas. As especificações definem todas as entradas e saídas desse objeto. Com elas, também será possível calcular o custo desse objeto, vida útil, temperatura de operação, confiabilidade, velocidades de avanço, limitações dimensionais, peso, entre diversas outras características possíveis. • Síntese: esta fase também é chamada de projeto conceitual. Esquemas e esboços devem ser apresentados nessa etapa do projeto. Assim, é possível analisar suas funcionalidades e seu desempenho, de forma que um deles seja escolhido para ser executado. Podemos verificar na figura 1 que as etapas de síntese e análise e otimização estão ligadas de forma a serem repetidas, isso para que a análise dos projetos conceituais seja executada e estressada ao máximo, de forma que a solução escolhida atenda de forma satisfatória aos requisitos do projeto. Projetos Mecânicos 17 • Análise e otimização: para execução desta etapa do processo, é necessário que sejam construídos modelos ou sistemas. Isso possibilitará o emprego de algumas análises matemáticas. Esses modelos matemáticos são criados com o intuito de simular o sistema físico real, assim é possível entender o comportamento do objeto a ser construído. • Avaliação: esta etapa é de suma importância para a realização de um projeto, pois é aqui que que teremos protótipos para análise em laboratório. Nessa etapa, procura-se saber se o projeto realmente atende às necessidades apresentadas, se ele é confiável, economicamente viável, entre outras questões que posam surgir. • Apresentação:nesta etapa final do projeto, ele será apresentado a terceiros. Com certeza, inúmeros projetos muito bem executados não foram construídos, pois seus criadores não foram capazes de apresentá-los e explicá-los de forma eficiente, não transmitindo sua necessidade para outras pessoas. Nessa etapa, em que a solução é “vendida” para outras pessoas, é necessário que o projeto apresente de forma clara o problema que ele está solucionando, de forma que outras pessoas entendam sua importância e resolvam seguir em frente com sua execução (BUDYNAS; NISBETT, 2011). Em diversas situações, a resistência exigida de um elemento pertencente a um sistema é um fator bastante importante que será influenciado diretamente pela Geometria e pelas dimensões desse elemento. Nessa situação, diz-se que a resistência é uma consideração de projeto importante. A expressão “consideração de projeto” significa que a característica citada irá influenciar diretamente no projeto ou em um de seus sistemas. É comum que um número considerável dessas características seja considerado no projeto e tratado com bastante cuidado e análise. Projetos Mecânicos 18 No Quadro 1, temos alguns exemplos de características normalmente utilizadas na consideração de projeto. Quadro 1 – Fases de um projeto mostrando as diversas realimentações e repetições 1 – Funcionalidade 14 – Ruído 2 – Resistência 15 – Estilo 3 – Distorção/Deflexão/ Rigidez 16 – Forma 4 – Desgaste 17 – Tamanho 5 – Corrosão 18 – Controle 6 – Segurança 19 – Propriedades térmicas 7- Confiabilidade 20- Superfície 8 – Fabricabilidade 21 – Lubrificação 9 – Utilidade 22– Mercantibilidade 10 – Custo 23 – Manutenção 11 – Atrito 24 – Volume 12 – Peso 25 – Responsabilidade pelo produto 13 – Vida útil 26 – Refabricação/recuperação de recursos Fonte: Budynas e Nisbett (2011). Algumas das características apresentadas possuem relação direta com a forma de fabricação, o material utilizado, o processamento ou a forma de junção dos elementos no sistema. É comum características estarem relacionadas, interferindo no sistema como um todo (BUDYNAS; NISBETT, 2011). Projetos Mecânicos 19 Ferramentas Utilizadas em Projetos Atualmente, existem diversas ferramentas e recursos disponíveis que podem ajudar na confecção de Projetos Mecânicos e na solução de problemas que irão surgir durante a execução ou confecção de um projeto. Computadores e softwares forcem ferramentas de baixo custo e com grande capacidade de auxiliar na execução de Projetos Mecânicos, análise e simulação de elementos e sistemas mecânicos. Independentemente das ferramentas escolhidas, o projetista necessita ter acesso às informações técnicas sobre os elementos utilizados. Nesse caso, os recursos utilizados vão de variar de artigos científicos, catálogos, livros ou qualquer fonte confiável que prover informações e características sobre os elementos utilizados no projeto. Atualmente, vivemos a era da informação em que temos acesso fácil e uma quantia de informações surpreendente. Porém, é de suma importância para os profissionais estar atualizado dentro da área de conhecimento em que atuam. Segundo Budynas e Nisbett (2011), algumas fontes importantes de informações são: • Bibliotecas, sendo elas públicas, privadas ou de universidades. Dicionários de Engenharia e enciclopédias, livros-textos, monografias, manuais técnicos, periódicos científicos, relatórios técnicos e até mesmo catálogos comerciais. • Fontes governamentais (seguem alguns exemplos do Brasil): Inmetro, Conselho Federal de Engenharia e Arquitetura CONFEA, Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura CREA, as Normas Brasileiras Regulamentadoras (NBR), Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), entre diversas outras instituições. Quanto a ferramentas computacionais, sabemos que existem inúmeros softwares de desenho de projeto assistido por computador – Computer Aided Design (CAD) – que permitem a confecção de projetos tridimensionais (3D). A partir da utilização desses softwares, é possível gerar vistas ortogonais bidimensionais com dimensionamento automático ferramenta que otimiza em muito o tempo de realização de um Projeto Mecânico. Projetos Mecânicos 20 Outra vantagem da utilização desses softwares é a possibilidade da utilização de cálculos rápidos e precisos de propriedade de massa, localização do centro de gravidade e momentos de inércia das massas das peças projetadas. Como comentado, existe uma grande variedade desses softwares no mercado, podendo-se citar alguns dos mais utilizados: Aries, AutoCAD, CadKey, I-Deas, Solid Works, Inventor e o ProEngineer. Dentro desse mundo de Projeto Mecânico utilizando computadores como ferramentas, temos o termo Computer Aided Engineering (CAE), que significa engenharia com o auxílio de computador, assim o CAD pode ser considerado um subconjunto da CAE. Alguns programas podem realizar tarefas de análises de Engenharia ou simulações específicas que ajudam o projetista, porém, diferentemente do CAD, elas não são consideradas ferramentas para a criação de projetos. Como exemplo desse tipo de programas, podemos citar os softwares que executam análise de elementos finitos – Finite Element Analysis (FEA). Eles são capazes de analisar as tensões e deflexões, vibrações e transferência de calor, podemos citar como exemplo os softwares: Algor, ANSYS e o MSC/ NASTRAN. Ainda, podemos citar como exemplos de softwares que auxiliam em soluções de Engenharia, mas também são utilizados para auxilio em outras áreas de conhecimento temos o Excel, Lotus, Quattro-Pro que auxiliam em manipulação de textos e planilhas e para a solução de problemas matemáticos e estatística temos o Maple, MathCad, Matlab, Mathematica e o TKsolver (BUDYNAS; NISBETT, 2011). Não percebemos facilmente, mas, nos dias atuais, a função de Projeto Mecânico quase sempre está assistida por softwares que desempenham as mais diversas funções. Projetos Mecânicos 21 RESUMINDO: Muito interessante, não é mesmo? Aposto que você não tinha se dado conta de como a área de Projetos Mecânicos é tão abrangente. Neste capítulo, aprendemos sobre o conceito de Projeto Mecânico, qual é seu objetivo e como ele deve ser conduzido entre equipes multidisciplinares para que atinja seu objetivo. Também entendemos como funciona o processo de criação de um Projeto Mecânico quais são suas etapas e o que é necessário executar em cada uma delas. Além disso, também entendemos como as ferramentas computacionais estão presentes na elaboração de Projetos Mecânicos nos dias atuais, como eles são classificadas e vimos alguns exemplos das fermentas mais utilizadas atualmente. Bastante conteúdo, não é mesmo? Espero que tenha aprendido tudo e despertado sua curiosidade para seguir em frente! Avante! Projetos Mecânicos 22 Sistema Internacional de Unidades (SI) OBJETIVO: Neste capítulo, aprenderemos sobre o Sistema Internacional de Unidades (SI), qual é sua relação com Projetos Mecânicos e como esse sistema normatiza a utilização de medidas pelo mundo todo, possibilitando, assim, uma comunicação clara e efetiva entre profissionais da área de Projetos Mecânicos. Bacana, não é mesmo? Vamos em frente!. Um Pouco de História sobre o Sistema Internacional de Unidades (SI) O ato de medir é muito antigo. Ele nasceu da necessidade de conversar sobre o tamanho das coisas e remete à origem das civilizações. Durante muitos séculos, cada povo criava seu próprio sistema de medidas. Esses sistemas surgiram a partir de unidades arbitrárias e sem precisão, como as medidas baseadas no corpo humano (medidas antropomórficas): palmo, pé, polegada, braça e côvado. Isso criava confusão no comércio, povos comercializando entre si com medidas diferentes, além do fato de que, muitas vezes, um povoado desconhecia as medidas de outro. Imagine a dificuldade de comprar ou vender produtos utilizando quantidades com unidadesde medida diferentes e que não tinham correlação entre si. Quando o feudalismo entrou em crise, a política e economia começaram a mudar, logo a necessidade de conciliar os interesses da nobreza e da burguesia mercantil começou a interferir nos métodos utilizados para medir produtos. A formação dos Estados Nacionais, maneira adotada para a grande crise da época, apresentava como soluções a criação de unidades monetárias, um idioma nacional e a padronização de pesos e medidas, para facilitar as transações comerciais. Projetos Mecânicos 23 A Revolução Científica do Iluminismo no século XVII ocasionaria mudanças no cenário intelectual, realizando estudos da natureza e de seus fenômenos. A partir de 1790, durante a conturbada Revolução Francesa, propostas para uma nova padronização metrológica foram encaminhadas à Assembleia Nacional. A Academia de Ciências da França dirigiu o projeto do Sistema Métrico Decimal, que foi apresentado em 1799 (WITOLD, 1970). Nos anos seguintes, muitos outros países adotaram o sistema, inclusive o Brasil, aderindo à Convenção do Metro, de 20 de maio de 1875. No início, o Sistema Métrico Decimal possuía três unidades básicas de medida, sendo elas o metro, o quilograma e o segundo. Com o desenvolvimento científico e tecnológico, surgiu a necessidade de criar- se medições cada vez mais precisas e diversificadas. Devido a essas exigências, em 1960, na 11ª Conferência Geral de Pesos e Medidas, foi aprovado o Sistema Internacional de Unidades (SI), mais complexo e sofisticado. O SI foi adotado e ratificado pela Resolução nº 12 (de 1988) do Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro), em 1962 no Brasil. Dessa forma, o SI passou a ser de uso obrigatório em todo o território nacional (COSTA- FELIX; BERNARDES, 2017). Agora, vamos aprender um pouco mais sobre cada uma dessas unidades, vendo suas definições atuais segundo o Sistema Internacional de Unidades (SI). Estamos utilizando como base a tradução do SI autorizada pelo BIPM da 8ª edição de 2006, realizada pelo Inmetro. Projetos Mecânicos 24 Unidades do Sistema Internacional de Unidades (SI) Agora, vamos ver as definições das sete unidades de base do SI. As informações a seguir foram tiradas do Sistema Internacional de Unidades (SI) 1ª edição brasileira (INMETRO, 2012). Unidade de Comprimento – Metro (m) O metro é definido como o comprimento do trajeto percorrido no vazio pela luz durante 1/299.792.458 segundos. Essa definição tem como consequência fixar a velocidade da luz no vazio em 299.792.458 ms-1. Unidade de Massa – Quilograma (kg) O quilograma é a unidade de massa igual à massa do protótipo internacional do quilograma. Unidade de Tempo – Segundo (s) O segundo é a duração de 9.192.631.770 períodos da radiação correspondente à transição entre dois níveis hiperfinos do estado fundamental do átomo de césio. Essa definição se refere a um átomo de césio no seu estado fundamental a 0 K. Unidade de Corrente Eléctrica – Ampere (A) O ampere é a intensidade de uma corrente constante mantida em dois condutores retilíneos e paralelos, de comprimento infinito, de secção circular negligível e colocados à distância de um metro no vazio. Nessa situação, 1 ampere produziria entre esses dois condutores uma força igual a 2 x 10–7 newton por metro de comprimento. Projetos Mecânicos 25 Unidade de Temperatura Termodinâmica – kelvin (K) O kelvin é a fracção 1/273,16 da temperatura termodinâmica do ponto triplo da água. O símbolo de temperatura grau Celsius (ºC) é de magnitude igual ao kelvin. Assim, uma diferença de temperaturas pode ser expressa em graus Celsius ou em kelvins. A temperatura do ponto de congelamento da água em kelvin é -273.15 K. Unidade de Intensidade Luminosa – Candela (cd) Candela é a intensidade luminosa em uma dada direção, gerada por uma fonte que emite radiação monocromática de frequência 540x1012 hertz e que tem uma intensidade radiante nessa direção de 1/683 watt por esterradiano. Unidade de Quantidade de Matéria – Mole (mol) A mole é a quantidade de matéria de um sistema que contém tantas entidades elementares como há átomos em 0,012 quilogramas de carbono. Quando se utiliza a unidade mole, as entidades elementares devem ser especificadas e podem serem átomos, moléculas, íons, elétrons, outras partículas, ou agrupamentos especificados dessas partículas (Adaptado de Inmetro, 2012, p. 23-28). O Sistema Internacional também apresenta as unidades derivadas. Elas são formadas pelo produto de potências das unidades de base. No Quadro 2, podemos observar algumas unidades e suas grandezas. Projetos Mecânicos 26 Quadro 2 – Unidades de medidas derivadas e suas grandezas Fonte: Adaptado de Inmetro (2012). Algumas unidades derivadas possuem nome especial. Essa nomenclatura é uma forma compacta de expressão de combinações de unidades de base que são usadas frequentemente. Temos, como exemplo, que o joule, símbolo J, é igual a m²kgs². Existem, atualmente, 22 nomes especiais para unidades aprovados para uso no SI, que estão listados no Quadro 3. Projetos Mecânicos 27 Quadro 3 – Unidades de medidas derivadas com nomes especiais no SI Fonte: Adaptado de Inmetro (2012). SAIBA MAIS: Em maio de 2019, com a adoção oficial do novo SI, um passo adiante foi dado, levando para além do nosso pequeno planeta as definições do SI – o novo SI usa como base constantes fundamentais. As constantes fundamentais são propriedades físicas invariantes, como a velocidade da luz ou a carga de um elétron. As pesquisas para relacionar constantes fundamentais e unidades de base do SI iniciaram- se pela definição do metro e do segundo. O segundo é relacionado a um número exato de oscilações na camada eletrônica do átomo de césio (relógio atômico), e a definição do metro utiliza a velocidade da luz. Projetos Mecânicos 28 Para saber mais e ficar por dentro dessas atualizações, acesse o site da Sociedade Brasileira de Metrologia clicando aqui. Interessante, não é mesmo? Utilizamos as unidades de medidas de forma tão prática e intuitiva que parece que elas sempre estiveram lá. Às vezes, não nos damos conta de todo o conhecimento e controle que existe sobre essas unidades e como é grande o impacto que elas causam em nossas vidas. Unidades Fora do SI, Porém em uso com o SI Na tradução do Sistema Internacional de Unidades feita pelo Inmetro, é possível vermos a citação de algumas unidades não inclusas no SI, porém é normal encontrarmos essas unidades sendo utilizadas em publicações científicas, técnicas e comerciais e é bem provável que elas continuarão em uso ainda por muitos anos. Analisando algumas unidades fora do SI sob o ponto de vista histórico na literatura tradicional, podemos dizer que elas são importantes devido a acontecimentos históricos. Outras unidades fora do SI estão tão enraizadas na história e na cultura humana que, provavelmente, continuarão a ser usadas no futuro, podemos citar como exemplo as unidades de tempo e de ângulo. Por outro lado, os cientistas, caso achem alguma vantagem particular em seu trabalho, devem ter a liberdade de utilizar, às vezes, unidades fora do SI. Por essas razões, é útil listar-se as unidades fora do SI mais importantes, que serão apresentadas nas tabelas a seguir. Temos que ter em mente que, quando se utilizam essas unidades, se pode perder as vantagens do SI. O SI é claro em seu texto ao explicar que o fato de apresentar unidades fora do SI em seu corpo não encoraja o uso delas e que se deve preferir usar as unidades do SI (INMETRO, 2012). Projetos Mecânicos 29 O Quadro 4 apresenta as unidades tradicionais de tempo e de ângulo. Ela também contém o hectare, o litro e a tonelada, unidades de uso corrente em nível mundial e que se diferem das unidades coerentes no SI correspondentes. Quadro 4 – Unidades de medidas derivadas com nomes especiaisno SI Fonte: Adaptado de Inmetro (2012). SAIBA MAIS: A utilização de algumas unidades fora do SI não é recomendada. Existem numerosas unidades fora do SI, assim sendo difícil fazer uma lista de todas elas. Algumas delas possuem interesse histórico ou são utilizadas em áreas específicas (como o barril de petróleo) ou em alguns países (como a polegada, o pé e a jarda). O Comitê internacional de Pesos e Medidas (CIPM) não vê razão para a continuação da utilização dessas unidades em trabalhos científicos e técnicos modernos. Entretanto, é importante conhecer-se a relação entre essas unidades e as unidades SI correspondentes, e isso continuará a ser uma realidade por muitos anos. Assim, o CIPM decidiu elaborar uma lista de fatores de conversão dessas unidades para as unidades SI. Essa lista pode ser consultada no site do BIPM. Acesse clicando aqui. Projetos Mecânicos 30 RESUMINDO: Viu só quanto conteúdo interessante trouxemos para você? Para garantir que você tenha entendido tudo, vamos fazer um rápido resumo. Neste capítulo, você deve ter aprendido que o Sistema Métrico Decimal foi implementado primeiramente na França, em 1799, após a Revolução Francesa. Foi com o passar dos anos que muitos outros países foram aderindo a esse sistema. O Brasil, por exemplo, é integrante do Sistema Métrico Decimal desde 1875. Com o passar dos anos, o sistema foi evoluindo e tornando- se mais sofisticado, sendo definido como Sistema Internacional de Medidas (SI) em 1960. Vimos também que o SI possui sete grandezas de base: o comprimento (m), o tempo (s), a massa (kg), a temperatura (K), a corrente elétrica (A), a quantidade de matéria (mol) e a intensidade luminosa (cd). Você deve ter compreendido que grandezas derivadas são aquelas formadas pelo produto de potências das unidades de base, como a velocidade (v), que é a distância (m) sobre o tempo (s), ou seja, v=d/ t=m/s. Notamos também que o SI possui algumas unidades derivadas que possuem nomes especiais, sendo apenas uma forma compacta de expressão de combinações de unidades de base que são usadas frequentemente, como exemplo temos o joule (J), que, por definição, é igual a m² kg s-² e é usado para medir o trabalho, ou seja, a energia. Outro exemplo é a potência, que pode ser expressa em watt = J/s. Vimos também que o SI reconhece outras unidades fora de seu sistema que ainda são utilizadas por motivos históricos ou comercialmente, porém não se encoraja seu uso, já que a intenção de termos um Sistema Internacional é justamente a padronização e correlação entre medidas. Projetos Mecânicos 31 Introdução ao Desenho Técnico OBJETIVO: Neste capítulo, iniciaremos pela definição e pelos conceitos básicos de desenho técnico e suas ferramentas. Veremos um pouquinho da história dessa área de conhecimento e algumas aplicações práticas. Motivado para desenvolver essa competência? Então, vamos lá! . Um Pouco da História do Desenho Técnico A comunicação com desenhos existe desde a Pré-história. Podemos citar, como exemplo de primeiros registros da troca de informações por meio de desenhos da história, as pinturas nas paredes das cavernas. A comunicação por meio de desenho evoluiu com o tempo, e surgiram figuras mais elaboradas, como os hieróglifos utilizados na cultura egípcia. A criação dos conceitos de Geometria (do grego geo = terra + metria = medida, ou seja, “medir terra”) foi outro marco importante na história dos desenhos. A Geometria é a manifestação conhecida mais antiga da atividade matemática, segundo Gonçalves et al. (2007). É possível encontrarmos manifestações da Geometria há 3 mil anos a.C. Os egípcios tinham conhecimento em Geometria desenvolvido o suficiente para reconstituir as demarcações de terrenos destruídos pelas enchentes do rio Nilo. Também é possível encontrar indícios da utilização da Geometria espacial na antiga Grécia com os gregos. Eles associavam a Geometria com estudos da Metafísica e da Religião. Podemos citar, entre os gregos, nomes famosos, como Pitágoras e Platão. A necessidade de melhorar o sistema de arrecadação dos impostos cobrados das áreas rurais fez com que, cada vez mais, fosse utilizada a aplicação da Geometria. Podemos dar os créditos do princípio do desenvolvimento dos conhecimentos nessa área aos egípcios (ARAÚJO, 2007). Projetos Mecânicos 32 As construções geométricas encontradas na Matemática tiveram seu início no século V a.C., sendo desenvolvidas pelos matemáticos gregos. Essa área do conhecimento empregava recursos gráficos para interpretação de problemas que envolviam figuras (MEGA, 2003). Leonardo da Vinci foi um grande pintor, escultor, arquiteto, engenheiro, cientista e músico do Renascimento italiano no século XV e teve grande parte de seu trabalho dedicado aos estudos voltados à teoria do desenho. Da Vinci é famoso por utilizar desenho para compreender e explicar a realidade. Esse estudioso representava e registrava suas invenções e descobertas por meio de desenhos. Um fato bastante interessante é que da Vinci representava em seus desenhos visões diferentes de acordo com o posicionamento do observador perante o objeto registrado. Com o passar do tempo, o desenho passou a ter um foco mais técnico, tendo grande evolução durante o desenvolvimento industrial. O matemático francês, Gaspard Monge (1746–1818), no século XVIII, criou as regras da Geometria descritiva, fazendo assim com que essa área de conhecimento se tornasse uma ciência. Gaspard foi o primeiro a demonstrar, de forma sistematizada, métodos de representação de objetos no plano do desenho (COSTA, 2000). O forte desenvolvimento dos conceitos e da construção de máquinas no século XIX provavelmente não teria sido possível sem a Geometria descritiva sistematizada de Gaspard. A Geometria descritiva é de extrema importância para a padronização das representações de peças nos planos de desenhos técnicos. Ela é a ciência que estuda os métodos de representação gráfica de figuras espaciais sobre um plano, possibilitando, dessa maneira, a representação em três dimensões (STAMATO; OLIVEIRA; GUIMAR, 1972). Silva et al. (2006) descreveu o desenho técnico fundamentado na Geometria, na codificação e na tecnologia, exercendo importante papel na criação, fabricação e montagem de peças de formas complexas, utilizando desenhos de definição e desenhos de conjunto. Projetos Mecânicos 33 Quando as vistas ortográficas não são suficientes para representar de forma clara as exigências dos Projetos Mecânicos, é possível utilizarmos outros recursos, como diferentes planos de projeção, rotação, rebatimento e estudo das seções. É função do projetista escolher a opção que melhor irá representar os detalhes da peça a ser utilizada. A área de conhecimento de desenho técnico tem uma abrangência multidisciplinar, utilizando-se de recursos importantes, como o computador, para auxiliar na criação dos produtos. Também é possível identificar o desenho técnico sendo aplicado em diversos segmentos, como projetos ambientais, mecânicos, mobiliários, arquitetônicos, entre outros. Segundo Costa (2000), a Geometria descritiva proporciona ao desenho técnico a base geométrica para o estudo das projeções apresentadas pelas formas tridimensionais, não tendo como objetivo apenas a solução de problemas técnicos. O desenho técnico possibilita a descrição das formas dos objetos, no plano do desenho, como meio de comunicação entre o projetista e a pessoa responsável pela fabricação. Definição e Conceito de Desenho Técnico A capacidade de representar uma peça, sistema ou máquina por meio de desenho técnico é de grande importância, pois é o desenho que fornece todas as informações necessárias para a construção de uma peça ou máquina. A comunicação do homem é feita por diferentes formas e meios, sendo que os meios mais importantes são a fala, a escrita e o desenho. O desenho artístico é uma maneirade representar as ideias e os pensamentos do artista. Com esse tipo de desenho, é possível conhecer e, às vezes, reconstituir a história dos povos de antigamente. Devido à existência de diferentes formas de desenho artístico, é possível conhecer as diferentes técnicas utilizadas por esses povos. Projetos Mecânicos 34 Figura 3 – Desenho de povos das cavernas de Skavberg, Noruega Fonte: Adaptada de Senai-SP (2015). A humanidade criou diferentes formas de representar de forma técnica um objeto, e esse processo aconteceu com o decorrer do tempo, à medida que o homem desenvolvia seu modo de vida. Podemos citar, como exemplo, a perspectiva. A perspectiva é uma técnica para representar objetos em situações tais quais eles são vistos na realidade, de acordo com sua posição, sua forma e seu tamanho. Pela perspectiva, é possível ter a ideia do comprimento, da largura e da altura daquilo que é representado. (SENAI-SP, 2015, p. 178) Projetos Mecânicos 35 Figura 4 – Dado desenhado em perspectiva Fonte: Adaptada de Senai-SP (2015). É possível identificarmos que a representação da imagem anterior foi feita sob o ponto de vista de seu observador e foram mantidas suas formas e suas proporções. O desenho técnico é conhecido por ser um tipo de representação usado por profissionais de uma mesma área (mecânica, marcenaria, serralheria, entre outras) e surgiu a partir da necessidade de representar com precisão máquinas, peças, ferramentas e outros instrumentos de trabalho. (SENAI-SP, 2015, p. 184) DEFINIÇÃO: Desenho técnico é uma maneira formal e precisa de apresentar informações sobre o formato e as dimensões de um objeto, uma peça, um sistema ou uma máquina. Os desenhos técnicos têm como função transmitir as informações necessárias referentes a um determinado projeto que sairá do papel e será construído de forma clara aos desenhistas, projetistas e demais profissionais. Para que essa função seja executada, o desenho deve conter dimensões, tolerâncias, vistas, detalhes, cortes, tipo de material utilizado, símbolos e projeções (ALVES et al., 2018). Projetos Mecânicos 36 Figura 5 – Desenho técnico de uma peça mecânica Fonte: Adaptada de Senai-SP (2015). O desenho anterior é um exemplo de uma peça representada em 3 vistas – nenhuma delas sendo perspectiva–, na qual é possível visualizar as cotas, que são as informações dimensionais do desenho em cada uma das vistas apresentadas. Material Utilizado em Desenho Técnico Conhecer o material utilizado para confeccionar desenhos técnicos e os cuidados necessários para sua preservação é de suma importância para os profissionais da área. Os principais materiais utilizados são: papel, lápis e lapiseira, borracha, régua, esquadro, escalímetro e compasso. Papel O papel é um dos itens mais básicos de material utilizado em desenho técnico. Os papéis possuem formatos padronizados pela Projetos Mecânicos 37 Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). O formato inicial é o A0 (A zero), e, a partir dele, derivam outros formatos (Quadro 5). Quadro 5 – Dimensões do papel conforme a ABNT Fonte: Adaptado de Senai-SP (2015). O formato básico A0 tem área de 1m2, e seus lados medem 841 mm x 1.189 mm. Figura 6 – Tamanhos e padrões de papéis Fonte: Adaptada de Senai-SP (2015). Do formato básico, derivam os demais formatos. Projetos Mecânicos 38 Os desenhos técnicos contêm uma legenda que deve estar situada no canto inferior direito da folha. As informações que se apresentam na legenda são: • Nome da empresa, departamento ou órgão público. • Título do desenho. • Escala do desenho. • Datas. • Assinaturas dos responsáveis pela execução, aprovação e verificação. • Número do desenho. • Número da peça, quantidades, denominações, materiais e dimensões. O tamanho da legenda deve ser de 178 mm de comprimento nos formatos A4, A3 e A2 e 175 mm nos formatos A1 e A0 (SENAI-SP, 2015). Quadro 6 – Exemplo de legenda Fonte: Adaptado de Senai-SP (2015). Quantas folhas de papel já usamos e nunca nos demos conta do tamanho de informação, estudo e padronização que existe por trás de uma simples folha de papel, não é mesmo? É interessante pensar que a folha de papel faz parte da criação de Projetos Mecânicos e que, mesmo que esse objeto seja tão comum em nossas vidas, possui bastante estudo para sua criação. Projetos Mecânicos 39 Lápis ou Lapiseira O lápis e a lapiseira são instrumentos utilizados para criar traços. Esses instrumentos possuem diferentes características e são diferentes do lápis comum, utilizado para fazer anotações rotineiras. Os grafites das lapiseiras e dos lápis são classificados em três categorias, de acordo com a dureza da grafita, sendo eles macios, médios e duros. Para identificá-los, eles são denominados por letras ou numerais e letras, conforme a figura a seguir. Figura 7 – Classificação do lápis ou grafite da lapiseira Fonte: Adaptada de Senai-SP (2015). Régua e Escalímetro Em desenho técnico, é importante medir o objeto que está sendo desenhado e transportar as medidas obtidas no papel. Para essas atividades, utiliza-se a régua e o escalímetro. Esses instrumentos são ferramentas para realizar medições e não devem ser utilizados como apoio para traçar retas ou cortar papel. As unidades de medida utilizadas em desenhos técnicos são: milímetro, centímetro e metro, dependendo da área de aplicação (SENAISP, 2015). O escalímetro, quase sempre, possui forma triangular e é utilizado para realizar medições ou desenhar objetos em escala. A utilização do escalímetro facilita leituras e evita alguns cálculos de transformação de escalas. Cada face do escalímetro possui duas escalas diferentes, sendo elas: 1:20, 1:25, 1:50, 1:75, 1:100 e 1:125. Cada unidade do escalímetro é correspondente a um metro (ALVES et al., 2018). Projetos Mecânicos 40 Figura 8 – Exemplo de escalímetro Fonte: Adaptada de Alves et al. (2018). Borracha Utilizadas para apagar os traços, as borrachas devem ser de boa qualidade, macias e flexíveis. Um ponto importante é a manutenção da borracha, pois, após sua utilização, as partículas devem ser removidas com uma flanela, e nunca com as mãos. Assim, evita-se que, ao usá-la novamente, não cause manchas de grafite no papel (ALVES et al., 2018). Esquadros São instrumentos de formato triangular, normalmente utilizados aos pares com os ângulos de 45° e 30/60°. Esses instrumentos facilitam bastante a criação de retas paralelas e perpendiculares. Figura 9 – Esquadros Fonte: Adaptada de Alves et al. (2018). Projetos Mecânicos 41 Compassos Figura 10 – Compasso Fonte: Adaptada de Alves et al. (2018). Os compassos são utilizados para criar circunferências e arcos ou transportar medidas. Quando esse instrumento for utilizado para criar circunferências e arcos, ele deve conter uma de suas pontas seca e outra com grafite. Para o ato de transportar medidas, os compassos possuem duas pontas secas. A área de conhecimento de desenho técnico possuiu bastante informação, não é mesmo? É difícil imaginar que o veículo que dirigimos começou a ser criado pela mão de um projetista utilizando um lápis. Atualmente, possuímos diversas ferramentas bem atualizadas, como softwares, projetores 3D, pranchetas e canetas digitais, ferramentas essas que facilitam e aumentam as possibilidades de um Projeto Mecânico. Mas, o início de todos os projetos de peças, máquinas e novos designs normalmente começa com um lápis e um projetista. Projetos Mecânicos 42 RESUMINDO: E então? Gostou do que mostramos? Neste capítulo, aprendemos um pouco da história sobre as origens do desenho e sua evolução até o desenho técnico como o conhecemos hoje. Também vimos como o desenho técnico se tornou a principal forma de comunicação e transferência de informações em Projetos Mecânicos. Compreendemos a definição de desenho técnico e desenho em perspectiva. Além disso, conhecemosos materiais básicos para execução de desenhos técnicos. . Com certeza, todas as informações que vimos ampliaram sua visão sobre essa área de conhecimento tão grandiosa, que é o desenho técnico. Então, vamos em frente, aprendendo mais sobre desenho técnico e Projetos Mecânicos! Projetos Mecânicos 43 Resistência dos Materiais e Projetos Mecânicos OBJETIVO: Neste capítulo, iremos começar a conhecer sobre a área de resistência dos materiais, entender para que serve e onde é aplicada. Veremos, também, os conhecimentos necessários para o estudo dessa área e iremos revisar alguns conceitos de Mecânica muito importantes para a aplicação e para o entendimento da resistência dos materiais. Iniciando com o pé direito, não é mesmo? Vamos em frente!. Introdução A área da Mecânica que estuda as relações entre um corpo deformável e a intensidade das forças internas e externas aplicadas a esse corpo, abrangendo os cálculos das deformações do corpo, da sua estabilidade, quando submetido a solicitações externas, é chamada resistência dos materiais (HIBBELER, 2006). Figura 11 – Exemplo de material polimérico Fonte: Pixabay. Projetos Mecânicos 44 Segundo Hibbeler (2006), a origem do estudo da área de conhecimento de resistência dos materiais surgiu no início do século XVII, com Galileu. Ele realizou experiências para estudar os efeitos de cargas em hastes e vigas feitas de vários materiais. Mas, para a total compreensão dos fenômenos envolvidos nos experimentos, fez-se necessário estabelecer descrições experimentais precisas das propriedades mecânicas de materiais. Os métodos utilizados para realizar essas descrições sofrem grande melhora no início do século XVIII. Os estudos sobre resistência dos materiais foram realizados, principalmente na França, com base em aplicações da Mecânica a Corpos Materiais, daí vem o nome dessa área de conhecimento – resistência dos materiais. Nos dias de hoje, referimo- nos a esses estudos como Mecânica dos Corpos Deformáveis ou, simplesmente, Mecânica dos Materiais (BUENO, 2006). A Mecânica dos Materiais é uma das primeiras áreas de conhecimento ensinada na Engenharia. Faz parte do ramo da Física Mecânica, que inclui outros campos de estudo, como estática e dinâmica de corpos rígidos. A Mecânica é uma área da Física que permite estudar o comportamento e o movimento de objetos no mundo ao seu redor. A Mecânica dos Materiais usa princípios básicos de estática e dinâmica, mas permite que você olhe ainda mais de perto um objeto para ver como ele se deforma em uma situação a qual ele sofre o esforço de uma carga. É a área da Mecânica e da Física que pode ajudá-lo a decidir se você realmente deve considerar derrubar a parede entre a cozinha e a sala de estar ao reformar sua casa. Embora a estática possa informar sobre as cargas e forças que existem quando um objeto é carregado, ela não informa como o objeto se comporta em resposta a essas cargas. É aí que entra a Mecânica dos Materiais (ALLEN III, 2011). A área de conhecimento de resistência dos materiais é bastante importante para engenheiros, especialmente para engenheiros mecânicos e civis. A maioria das estruturas deve ser verificada quanto a sua capacidade de suporte de carga no início do projeto. Pense na importância da resistência de guindastes, engrenagens, carrocerias, trens de pouso de aviões, pontes ou arranha-céus. Todos eles têm que suportar cargas extremamente altas, portanto devem ser cuidadosamente projetados para que não travem ou representem perigo para muitas pessoas. Projetos Mecânicos 45 Graças à Mecânica dos Materiais, podemos calcular, aproximadamente, as altas forças que nossa estrutura pode suportar ou quais são suas dimensões ideais sob carga específica. Mesmo cálculos simples à mão nos darão algumas dicas valiosas sobre isso, mas também existem métodos numéricos, especialmente o Método dos Elementos Finitos, que nos permite calcular, praticamente, qualquer estrutura possível para que saibamos como ela se comportará sob condições operacionais específicas. Esses métodos, junto com os experimentos, nos fornecem informações completas sobre a força do produto. É interessante pensarmos que todos os materiais utilizados nos objetos que usamos foram cuidadosamente selecionados para estarem ali. Todos eles atendem a uma série de requisitos, podendo ser quanto à resistência a desgaste, um material antichama ou um material que não conduz eletricidade (BEER; JOHNSTON, 1996). A área de resistência dos materiais é responsável por estudar as características específicas de cada material para garantir que sejam utilizados os materiais corretos para cada necessidade de aplicação. Para entendermos melhor os conceitos de resistência dos materiais, vamos conferir, agora, os conceitos de Mecânica, área de conhecimento muito utilizada no estudo de resistência dos materiais. Mecânica A Mecânica é uma ciência física aplicada que explora a área de conhecimento das forças e dos movimentos. Ela descreve as condições de repouso ou movimento de corpos que estão sofrendo a ação de forças externas. O objetivo da Mecânica é explicar e prever fenômenos físicos, embasando, dessa maneira, os fundamentos para as aplicações da Engenharia. A Mecânica possui três grandes ramos: Mecânica dos Corpos Rígidos, Mecânica dos Corpos Deformáveis e Mecânica dos Fluidos. O estudo de resistência dos materiais está dentro da área de Mecânica dos Corpos Deformáveis (MELCONIAN, 2002). Projetos Mecânicos 46 Mecânica dos Corpos Rígidos: a Mecânica dos Corpos Rígidos é dívida em três áreas – a estática, a cinemática e a dinâmica. A estática estuda os corpos em repouso e as forças em equilíbrio, independentemente do movimento produzido por elas. Os corpos analisados pela estática são considerados rígidos, por isso os resultados encontrados não dependem das propriedades do material. A cinemática estuda os tipos de movimentos que os corpos podem ter e as leis que os regem, sendo três movimentos considerados como principais: • Movimento uniforme – o objeto em movimento anda por espaços iguais em tempos iguais em qualquer trecho da trajetória. • Movimento uniformemente variado – a velocidade do objeto em movimento varia os mesmos valores em espaços de tempos iguais. Nas situações em que a velocidade aumenta, o movimento será uniformemente acelerado. Quando a velocidade diminui, o movimento será uniformemente retardado. • Movimentos de rotação – a dinâmica estuda a relação entre o movimento e a causa que o produz, a essa causa chamamos de força (MELCONIAN, 2002). Mecânica dos Corpos Deformáveis: é sabido que as estruturas e as máquinas não são perfeitamente rígidas. Isso significa que elas sofrem deformação quando estão sob a ação de cargas as quais estão submetidas. Essas deformações, normalmente, são pequenas e não alteram de forma significativa as condições da máquina e suas estruturas. Porém, essas deformações são importantes quando houver riscos de ruptura do material e, nessas condições, precisam ser estudadas. A Mecânica dos Corpos Deformáveis é estudada pela resistência dos materiais, Mecânica dos Materiais ou Mecânica dos Sólidos (MELCONIAN, 2002). Mecânica dos Fluidos: a Mecânica dos Fluidos é dividida em duas partes – o estudo dos fluidos incompressíveis (líquidos) e o estudo dos fluidos compressíveis (gases). Uma área bastante utilizada do estudo de fluidos incompressíveis é a hidráulica. Projetos Mecânicos 47 Os conceitos fundamentais da Mecânica baseiam-se na Mecânica Newtoniana: • Espaço possui seu conceito associado à percepção de posição de um ponto material. Esse ponto material é definido por três comprimentos, medidos a partir de um ponto de referência, possuindo três direções diferentes. Esses comprimentos são chamados de coordenadas do ponto (MELCONIAN, 2002). • Tempo ou instante em que o evento ocorre são importantes paradefini-lo, pois, para definir-se um evento, não é suficiente definir apenas sua posição no espaço (MELCONIAN, 2002). • Força representa a ação de um corpo sobre outro. Ela é a causa que tende a produzir movimento. Podemos caracterizar a força a partir do seu ponto de aplicação, sua intensidade, sua direção e seu sentido. A representação de uma força é feita por um vetor (MELCONIAN, 2002). Aplicações e Características A resistência dos materiais é uma disciplina que trata do comportamento de objetos sólidos sujeitos à tensão e deformação. O estudo da resistência dos materiais, geralmente, está relacionado a vários métodos de cálculo de tensões e deformações em objetos estruturais (vigas, colunas e eixos). Na ciência dos materiais, a resistência de um material é definida como sua capacidade de suportar uma carga sem falha ou deformação plástica. Projetos Mecânicos 48 IMPORTANTE: A área de conhecimento de resistência dos materiais trabalha com forças aplicadas em materiais que têm como resultado deformações sobre o material. Uma carga quando aplicada a um corpo mecânico produzirá forças internas dentro do corpo, chamadas de tensões. As tensões atuando no material causam deformação do material de várias maneiras. Essas deformações são estudadas e mensuradas no estudo de resistência dos materiais. As cargas aplicadas podem ser axiais (tração ou compressão) ou rotacionais (resistência ao cisalhamento). A área de conhecimento de resistência dos materiais concentra-se na descrição mensurável do movimento e da deformação de materiais sólidos sujeitos a forças, mudanças de temperatura, voltagem elétrica ou outros estímulos externos. A análise das forças internas nos corpos mecânicos é um procedimento que consiste em descobrir o efeito de: • Cargas axiais. • Torção. • Dobra. • Combinações de cargas axiais, de torção e de flexão. DEFINIÇÃO: Resistência dos materiais é a combinação de leis e técnicas físicas, matemáticas e computacionais para prever o comportamento de materiais sólidos que estão sujeitos a cargas mecânicas ou térmicas. É o ramo da Mecânica que trata do comportamento da matéria sólida sob ações externas. As ações externas podem ser: • Força externa. • Mudança de temperatura. • Deslocamento. Projetos Mecânicos 49 A área de aplicações do conhecimento de resistência dos materiais é um campo que tem uma ampla gama de aplicações. Normalmente, ela é aplicada em: • Engenharia Civil, para projetar fundações e estruturas. • Geomecânica, para modelar forma de planetas, tectônica e prever terremotos. • Engenharia Mecânica, para projetar componentes de suporte de carga para veículos, geração de energia e transmissão. • Desenvolvimento de produtos, para a análise dos materiais que atendam às especificações do produto em desenvolvimento. Vamos ver, agora, conceitos de estática, força, massa, aceleração gravitacional, peso dos corpos e quilograma-força (kgf). Todos esses conceitos atuam constantemente ao nosso redor, e entendê-los servirá não apenas para a compreensão de resistência dos materiais, mas também para seu entendimento de como as coisas funcionam. Estática A estática é uma área da Física que estuda o equilíbrio dos corpos rígidos, em repouso ou em movimento uniforme, sobre a ação de forças externas. Na Física, diz-se que corpos estão em repouso quando sua posição em relação a um dado sistema de referência não muda com o tempo. Vamos ver um exemplo para entendermos melhor. Figura 12 – Exemplo de equilíbrio de corpos em um plano Fonte: Adaptada de Bueno (2006). Projetos Mecânicos 50 Observe as três caixas de um lado e a outra caixa do outro lado. Elas estão em equilíbrio sobre uma prancha, que tem no seu centro o único ponto de apoio (BUENO, 2006). Conceito de Força Força, quando aplicada a um corpo, é capaz de modificar o estado de movimento dele ou deformá-lo. Ela é resultante da interação entre dois ou mais corpos, que pode ocorrer por contato, quando ocorre uma ação para mover algo, ou à distância, que é o caso das forças gravitacionais e eletromagnéticas. A força é uma grandeza vetorial, sendo, portanto, indicada por um módulo ou uma intensidade, uma direção e um sentido. A grandeza vetorial pode ser classificada em: • Grandeza escalar – pode indicar a quantidade de matéria de um corpo ou uma distância percorrida, etc. Em síntese, é apenas o valor numérico do vetor em questão. Exemplo: temperatura, massa, calor, tempo, entre outras. • Grandeza vetorial – é composta por módulo, direção e sentido. Em suma, é um valor numérico que possui orientação, pois tem origem, fim e inclinação angular. Exemplo: velocidade, força, aceleração, entre outras. Massa A massa é uma grandeza que indica a quantidade de matéria que um corpo possui. É obtida pela comparação do corpo com um corpo padrão. Por definição, a massa do corpo padrão é de 1 (um) quilograma (kg). É importante percebermos a diferença entre massa e peso, pois esses dois conceitos costumam ser confundidos. A massa é uma grandeza escalar, já o peso é vetorial. A massa é uma característica dos corpos, e não depende do lugar em que ele se encontra. O peso pode variar com a aceleração gravitacional do local onde o corpo se encontra. Projetos Mecânicos 51 Aceleração Gravitacional Próxima à superfície dos planetas, os corpos adquirem uma aceleração constante, chamada de aceleração gravitacional, designada por . O valor de módulo depende da altitude e da latitude do local em que é medido. No Planeta Terra, na latitude de aproximadamente 45° e ao nível do mar, esse valor é igual a 9,80665 m/s². Peso dos Corpos O peso é a força gravitacional decorrente da atração exercida num corpo na superfície de um astro celeste. Portanto, o peso é o produto da massa de um corpo pela ação gravitacional adquirida. Dessa maneira, o peso é uma grandeza vetorial, pois apresenta intensidade, direção e sentido, propriedades decorrentes da aceleração gravitacional. A 2ª lei de Isaac Newton, o Princípio Fundamental da Dinâmica, mostra-nos que um corpo em repouso necessita de uma força aplicada a ele para que possa se movimentar, por consequência, para que um corpo em movimento pare, também é preciso a aplicação de uma força (BUENO, 2006). Fórmula: Em que: = força (N – newton). = massa (kg). = aceleração gravitacional (m/s²). Como peso é uma força (força gravitacional), também é possível transcrever a equação anterior como sendo: Em que: = peso (N – newton). Projetos Mecânicos 52 = massa (kg). = aceleração gravitacional (m/s²). Para entendermos melhor, vamos ver um exemplo de aplicação: RESUMINDO: E então? Aprendeu tudo o que ensinamos até aqui? Neste capítulo, iniciamos introduzindo a área e o conhecimento de resistência dos materiais e vimos como a Mecânica e a Física têm forte atuação sobre a resistência dos materiais. Verificamos como a resistência dos materiais nos possibilita calcular, aproximadamente, as forças que as estruturas podem suportar ou quais são suas dimensões ideais sob carga específica. Mesmo cálculos simples à mão nos darão algumas dicas valiosas sobre isso, mas também existem métodos numéricos, especialmente o Método dos Elementos Finitos. Também revisamos alguns conceitos de Mecânica, como a Mecânica dos Corpos Rígidos, Mecânica dos Corpos Deformáveis e Mecânica dos Fluidos, estática, conceito de força, de massa e quilograma-força (kgf). Bastante informação, não é mesmo? Agora, vamos continuar aprendendo sobre essa área de conhecimento tão fascinante que é a resistência dos materiais. Projetos Mecânicos 53 REFERÊNCIAS ALLEN III, J. H. Mechanics of materials for dummies. Haboken: John Wiley & Sons, 2011. ALVES, E. C. C. et al. Desenho técnico: medidas e representação. São Pulo: Érica, 2018. BEER, F. P.; JOHNSTON Jr. R. Resistência dos materiais. São Paulo: Makron Books, 1996. 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Projetos Mecânicos Introdução aos Projetos Mecânicos e às suas Áreas de Atuação Projeto Mecânico Fases de um Projeto Ferramentas Utilizadas em Projetos Sistema Internacional de Unidades (SI) Um Pouco de História sobre o Sistema Internacional de Unidades (SI) Unidades do Sistema Internacional de Unidades (SI) Unidade de Comprimento – Metro (m) Unidade de Massa – Quilograma (kg) Unidade de Tempo – Segundo (s) Unidade de Corrente Eléctrica – Ampere (A) Unidade de Temperatura Termodinâmica – kelvin (K) Unidade de Intensidade Luminosa – Candela (cd) Unidade de Quantidade de Matéria – Mole (mol) Unidades Fora do SI, Porém em uso com o SI Introdução ao Desenho Técnico Um Pouco da História do Desenho Técnico Definição e Conceito de Desenho Técnico Material Utilizado em Desenho Técnico Papel Lápis ou Lapiseira Régua e Escalímetro Borracha Esquadros Compassos Resistência dos Materiais e Projetos Mecânicos Introdução Mecânica Aplicações e Características Estática Conceito de Força Massa Aceleração Gravitacional Peso dos Corpos