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ZOOLOGIA DE INVERTEBRADOS AULA 2 Profª Pollyana Patricio-Costa 2 CONVERSA INICIAL Vimos anteriormente que a vida provavelmente surgiu da evolução química de moléculas em fundo oceânico. Nesta aula, discutiremos a trajetória evolutiva que ocorreu ainda no ambiente marinho. Já sabemos que os primeiros seres vivos que surgiram eram procariontes e, posteriormente, vieram os protozoários eucariontes. Mas quais são os organismos que conhecemos como protozoários? E como surgiram o grupo dos animais? Nesta aula falaremos sobre os primeiros organismos eucariontes, ou seja, protozoários, poríferos e cnidários. TEMA 1 – PROTOZOÁRIOS O termo protozoário (proto = primeiro; zoa = animal) surgiu quando ainda se acreditava que esses organismos eram animais unicelulares e heterotróficos. Na realidade, protozoários são organismos eucariontes unicelulares incluídos em um grupo único chamado Reino Protista. 1.1 Características gerais e classificação dos protozoários Apresentam ou não a capacidade de sintetizar suas próprias moléculas orgânicas, portanto, podem ser autotróficos ou heterotróficos, respectivamente. Podem ser encontrados em vida livre, simbiose ou parasitismo e são predominantemente microscópicos. Incluídos no Reino Protista, distribuem-se em 11 filos e mais de 80 mil espécies conhecidas (Cavalier-Smith, 2003, 2004). Embora as relações filogenéticas entre os protozoários ainda sejam alvo de discussão entre cientistas, dados de biologia molecular e morfologia demonstram haver quatro grandes agrupamentos (Figuras 1 e 2). O grupo Excavata inclui cerca de 8 mil espécies conhecidas, dentre diplomonadidos, parabasálios, euglenoídeos, cinetoplastídeos e outros menos representativos, os quais podem ser de vida livre e parasitas (Cavalier-Smith, 2002; 2003). A respeito da evolução, diplomonadidos são protozoários que apresentam o mitossomo, uma organela derivada da mitocôndria, sendo o principal exemplo a Giardia intestinales. Parabasálios apresentam como organela derivada da mitocôndria o hidrogenossomo, representados pelas triconinfas (Trichonympha sp.) e Trichomonasvaginalis. Euglenoídeos 3 apresentam flagelo para se locomover e podem ser heterotróficos ou autotróficos (com clorofila), como Euglena sp. Por fim, cinetoplastídeos apresentam flagelo e hábito parasita (Trypanosoma sp. e Leishmania sp.) ou de vida livre. O grupo Amoebozoa inclui cerca de 300 espécies que compartilham a forma e movimentação ameboide e pseudópodes. Entamoeba histolytica (parasita) e Amoeba proteus (vida livre) são os representantes mais conhecidos. O grupo Rhizaria inclui cerca de 300 espécies que compartilham a forma ameboide e, geralmente, uma estrutura externa e/ou interna rígida (calcária, silicosa etc.). Foraminíferos, radiolários e heliozoários são os principais representantes. Foraminíferos são protozoários macroscópicos que vivem essencialmente no sedimento marinho e apresentam carapaça ou teca de carbonato de cálcio (geralmente). Radiolários são comuns no zooplâncton marinho e apresentam endoesqueleto silicoso, com pseudópodes finos e de formato vítreo. Já os heliozoários são de água doce, apresentam pseudópodes finos e alongados e podem ou não apresentar exoesqueleto. Por fim, o grupo Alveolata inclui cerca de 18 mil espécies com sáculos membranosos logo abaixo da membrana plasmática, chamado de alvéolos. Compreendem os protozoários ciliados (por exemplo, Paramecium sp.), apicomplexos/esporozoários (por exemplo, Plasmodium sp. e Toxoplasma sp.) e dinoflagelados. Ciliados se locomovem a partir de cílios que recobrem a superfície do corpo, podendo ser de vida livre ou parasitas. Apicomplexos ou esporozoários são parasitas intracelulares obrigatórios e, para tanto, apresentam uma estrutura de fixação à célula hospedeira chamada complexo apical, e se locomovem pela flexão corporal. Já os dinoflagelados, são organismos que apresentam geralmente dois flagelos e o alvéolo é em forma de teca ou anfiesma. 4 Figura 1 – Cladograma demonstrando as relações de parentesco entre os principais grupos de protozoários. Como as relações filogenéticas de protozoários ainda é incerta, o diagrama não apresenta raiz, já que não se tem certeza sobre o ancestral comum Fonte: Elaborado com base em Cavalier-Smith, 2004. Figura 2 – Exemplos de protozoários. Amoeba sp. (Amoebozoa), Paramecium sp. (Alveolata), Euglena sp. (Excavata) e foraminíferos diversos (Rhizaria) Crédito:Nasky/Shutterstock. 5 Figura 3 – Foraminíferos Créditos: Dr. Norbert Lange/Shutterstock. TEMA 2 – PROTOZOÁRIOS E ANIMAIS 2.1 Relação evolutiva entre protozoários e animais Posteriormente, a condição da multicelularidade surgiu nos organismos multicelulares eucariontes, há cerca de 700 milhões de anos (Pré-Cambriano). Embora seja uma das principais características pelas quais definimos os animais, a origem da multicelularidade nos primeiros organismos animais ainda não é bem estabelecida pela Ciência (Patricio-Costa, 2021). A teoria mais aceita trata da origem da multicelularidade a partir de uma colônia de protozoários flagelados justapostos (Teoria Colonial) (Barnes et al., 2008). 6 Figura 4 – Diagrama da teoria colonial, a mais aceita sobre o surgimento da multicelularidade dos seres vivos Assim, acredita-se que colônia de indivíduos flagelados justapostos deu origem ao Reino Metazoa ou Animalia. Metazoários são definidos principalmente por apresentarem características celulares, reprodutivas e moleculares. Metazoários são organismos multicelulares cujas células são unidas por junções celulares e apresentam fibras de colágeno. Quanto à reprodução, apresentam células reprodutivas especializadas chamadas gametas, sendo o espermatozoide o gameta masculino e o óvulo o gameta feminino. Por fim, as características moleculares tratam do compartilhamento de centenas de milhares de pares de bases nitrogenadas e seus genes (Barnes et al., 2005; Patricio-Costa, 2021). Dentre os grupos, metazoários são divididos em Parazoa, Mesozoa e Eumetazoa. Por motivos de consenso e aprofundamento científicos, mesozoários não serão abordados nesta aula. A partir de agora, nesta e nas próximas aulas, iremos nos dedicar ao estudo do Reino Metazoa, conforme a trajetória evolutiva dos grupos compilada e expressa na Figura 5. 7 Figura 5 – Cladograma simplificado com as relações filogenéticas dos principais filos de animais (metazoários) Fonte: Elaborado com base em Dunn et al., 2014. TEMA 3 – PORÍFEROS Integrantes do grupo Parazoa, os poríferos são representados pelas esponjas-do-mar e surgiram cerca de 580-700 milhões de anos atrás (Reitner; Wörheide, 2002). Habitam águas marinhas e doces, sendo principalmente filtradoras. Apresentam inúmeros poros distribuídos pelo corpo, característica que dá nome ao grupo: Filo Porifera (porus = poro; phoros = portador). Apesar de pouco conhecidas popularmente, as esponjas têm potencial econômico, bioquímico, farmacológico, além de serem importante biomarcadores da qualidade ambiental (Hooper, 1994; Soest et al., 1994). 3.1 Características gerais dos poríferos A complexidade dos poros na estrutura do corpo nos permite tratar as esponjas como asconoides, siconoides e leuconoides (Figura 6). Embora não haja células organizadas em tecidos e órgãos, há células especializadas em determinadas funções elementares: pinacócitos, porócitos, coanócitos e amebócitos (Quadro 1). Além disso, atingem apenas a fase embrionária de blástula. 8 Figura 6 – Esquema da organização interna dos tipos morfológicos dos poríferos. A) Esquema da parede do corpo de um porífero (asconoide) evidenciando os componentes estruturais. B) Em ordem de complexidade de canais hídricos: asconoide, siconoide e leuconoide (A)(B) Crédito: Mari-Leaf/Shutterstock. Fonte: Pereira, 2021. 9 Quadro 1 – Comparação entre os principais tipos celulares dos poríferos Tipo celular Função(ões) Pinacócito Proteção, sustentação Coanócito Digestão, fluxo de água, excreção, trocas gasosas e reprodução Amebócito Digestão, transporte e distribuição de nutrientes, reprodução Porócito Comunicação entre meio interno e externo Crédito: Pebriani SD/Shutterstock. 3.2 Classificação dos poríferos São conhecidas cerca de 15 mil espécies de esponjas sésseis, agrupadas em Classe Hexactinellida (esponjas-de-vidro), Demospongiae (esponjas-de- espongina) e Calcarea (esponjas calcáreas) (Figura 7) (Wörheide et al., 2012). Esta classificação é dada com base nas características da composição química das microestruturas esqueléticas conhecidas como espículas. 10 Figura 7 – O Filo Porifera e as esponjas. Cladograma demonstrando as relações filogenéticas entre as Classes Hexactinellida, Demospongiae e Calcarea Fonte: Elaborado com base em Wörheide et al., 2012. TEMA 4 – CNIDÁRIOS Dentro do grupo Eumetazoa, os cnidários compõem o grupo Radiata, representados pelo Filo Cnidaria, uma vez que apresentam simetria radial quando adultos. São exemplos de cnidários: anêmonas, corais, águas vivas, hidras e caravelas. Até o momento, são conhecidas 14 mil espécies de cnidários, presentes principalmente no ambiente marinho. 4.1 Características gerais dos cnidários Quanto à locomoção e hábitos de vida, podem ser sésseis (forma de pólipos) ou livre-natantes (forma de medusas). O registro fóssil data de cerca de 600 milhões de anos atrás. O nome do grupo se dá pela presença de uma célula especializada chamada cnidócito (knide = urtiga, que queima; cito = célula), a qual apresenta uma substância urticante dentro do nematocisto (Figura 8). Muitas vezes, os nematocistos estão localizados nas projeções do corpo, chamadas de tentáculos. Desse modo, quando pressionado ou tocado, funciona como um gatilho, já que abre (opérculo) e projeta o filamento urticante (nematocisto) como um chicote (Ribeiro-Costa e Rocha, 2003). 11 Figura 8 – Esquema da estrutura corporal dos cnidários. Estrutura corporal de uma Hydra sp., com detalhe da parede do corpo e do cnidócito Crédito: Kazakova Maryia/Shutterstock. São animais carnívoros e diblásticos cuja parede do corpo é constituída por apenas duas camadas de células: epiderme (oriunda da ectoderme) e a gastroderme (oriunda da endoderme e que reveste a cavidade gastrovascular). O alimento ingerido entra pela boca e uma parte é digerida na cavidade interna do animal (gastroderme), enquanto a outra é digerida nas células digestivas. Assim, a digestão é extra e intracelular. Entre a epiderme e a gastroderme existe a mesogleia (Figura 9). As trocas gasosas ocorrem por difusão e o sistema nervoso é difuso (Brusca e Brusca, 2007). 12 Figura 9 – Esquema da estrutura corporal de medusas (livre-natantes) e pólipos (sésseis). As cores representam as diferentes camadas do corpo do animal, evidenciando também as cavidades corpóreas Crédito: Erebormountain/Shutterstock. Quanto à reprodução, há muita variedade, sendo que podem se reproduzir sexuada ou assexuadamente, bem como por alternância de gerações (metagênese) (Figura 10). A fecundação pode ser interna ou externa e o desenvolvimento é indireto, com uma larva chamada plânula (Barnes et al., 2005). 13 Figura 10 – Alternância de gerações em cnidários Crédito: Blueringmedia/Shutterstock. TEMA 5 – CLASSIFICAÇÃO DOS CNIDÁRIOS 5.1 Diversificação e classificação dos cnidários Já dentro do subgrupo Eumetazoa, podemos dividir os invertebrados em grupo Radiata (cnidários) e grupo Bilateria (demais animais eumetazoários). Esta classificação é dada de acordo com a simetria corporal básica que apresentam, a qual gerará diversas consequências morfológicas, anatômicas e funcionais. Embora ainda não haja consenso na classificação taxonômica de Cnidaria, podemos organizar os cnidários não simbiontes com base na presença 14 do tipo morfológico padrão pólipo e/ou medusa, sendo Anthozoa (anthos = flor; zoa = animal) e Medusozoa (Kayal et al., 2018) (Figura 11). Figura 11 – Representantes dos cnidários. A) Anêmonas (Classe Hexacorallia, Anthozoa). B) Coral pétreo conhecido como coral-sol (Tubastraea sp., Classe Hexacorallia, Anthozoa). C) Coral gorgonáceoParamuriceaclavata (Classe Octocorallia, Anthozoa). D) Cubozoário (Classe Cubozoa, Medusozoa). E) Água- viva (Classe Scyphozoa, Medusozoa). F) Caravela Physaliaphysalis (Classe Hydrozoa, Medusozoa) (A) (B) (C) (D) (E) (F) Créditos: Vojce/Shutterstock; Kim_Briers/Shutterstock; Bearacreative/Shutterstock; Smspsy/Shutterstock; Colleen Michaels/Shutterstock; Raquel Bolsson Bilibio/Shutterstock. 15 Antozoários, portanto, compreendem cerca de 7 mil espécies de pólipos das Classes Hexacorallia (anêmonas e corais pétreos) e Classe Octocorallia (corais gorgonáceos). São sésseis na fase adulta. As anêmonas são pólipos solitários de parede espessa gelatinosa e de forma cilíndrica cujo ápice é revestido por tentáculos urticantes ao redor região oral. Os corais pétreos secretam carbonato de cálcio na base dos pólipos, transformando-a em um esqueleto externo no qual irá se incrustar. Já os corais octocorais ou gorgonáceos têm estrutura predominantemente arborescente e flexível recoberto por inúmeros pequeninos pólipos. Já os medusozoários podem ser coloniais ou solitários. São agrupados em Classe Cubozoa (águas-vivas cuboides ou cubomedusas), Classe Scyphozoa (águas-vivas), Classe Hydrozoa (hidroides, sifonóforos e hidromedusas), totalizando mais de 4 mil espécies conhecidas (Figura 12). Figura 12 – Cladograma simplificado com as relações filogenéticas dos principais grupos do Filo Cnidaria Fonte: Elaborado com base em Kayal et al., 2018. NA PRÁTICA Agora vamos retomar o que aprendemos na interpretação de árvores filogenéticas e testar nossos conhecimentos sobre os organismos estudados até aqui? 16 Em uma folha de papel ou em seu computador, construa um cladograma com a trajetória evolutiva de Filo Porifera e Filo Cnidaria incluindo os principais grupos. Além dos ramos terminais da árvore, inclua as principais estruturas, novidades evolutivas e outras características importantes que identificam esses animais (número de folhetos embrionários, tipo de celoma, características exclusivas, hábitos de vida etc.). FINALIZANDO Nesta aula, discutimos sobre as características principais dos primeiros seres eucariontes. Dentre eles, reconhecemos os protozoários e as propostas de classificação desse vasto grupo de organismos eucariontes unicelulares. Em seguida, discutimos sobre a teoria mais aceita no que tange à origem dos animais, a partir de um ancestral protozoário. Tratando dos animais, conhecemos a atual proposta de classificação, dentro do Reino Animalia ou Metazoa, abordando os grupos Parazoa e Eumetazoa. Em Parazoa, debatemos acerca das características gerais, diversidade taxonômica, registro fóssil e classificação dos poríferos. Ao passo que em Eumetazoa, tratamos das características gerais, diversidade taxonômica, registro fóssil e classificação dos cnidários. Por fim, foi salientado que os poríferos compõem os Parazoa, ao passo que todos os outros animais que serão abordados nesta disciplina compõem o grupo dos Eumetazoa. Iremos tratar dos demais grupos de invertebrados nas próximas aulas. 17 REFERÊNCIAS BARNES, R. D.; CALOW, P.; OLIVE, P. J. W.; GOLDING, D. W.; SPICER, J. I. Os Invertebrados: uma nova síntese. São Paulo: Atheneu, 2008. BARNES, R. D.; RUPPERT, E. E.; FOX, R. S. Zoologia dos invertebrados: uma abordagem funcional-evolutiva.São Paulo: Roca, 2005. BRUSCA, R.; BRUSCA, G. J. Invertebrados. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2007. CAVALIER-SMITH, T. 2002. The phagotrophic origin of eukaryotes and phylogenetic classification of Protozoa. International Journal of Systematic and Evolutionary Microbiology. v. 52, 297–354, 2002. CAVALIER-SMITH, T. Only six kingdoms of life. Proceedings of the Royal Society of London B: Biological Sciences, v. 271, p. 1251-1262, 2004. CAVALIER-SMITH, T. Protist phylogeny and the high-level classification of Protozoa. European Journal of Protistology. v. 39, p. 338-348, 2003. DUNN, C. W.; GIRIBET, G.; EDGECOMBE, G. D.; HEJNOL, A. 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