Prévia do material em texto
MEDICINA VETERINÁRIA ESCOLA UNIVERSITÁRIA VASCO DA GAMA Sistema Respiratório Ventilação Pulmonar C O I M B R A FISIOLOGIA Daniela Silva –daniela.silva@euvg.pt Ano Letivo 2023/2024 Introdução Função principal do sistema respiratório é captar o O2 do ar atmosférico e expelir o CO2 resultante do metabolismo celular As trocas respiratórias ocorrem entre o ar alveolar e os capilares pulmonares Introdução Sistema Respiratório – Funções: 1. Realizar trocas respiratórias de O2 e CO2 2. Regulação do equilíbrio ácido-base 3. Mecanismos de defesa do organismo (eliminar substâncias nocivas que entram no aparelho respiratório) 4. Outras funções metabólicas Na área de fisiologia, as trocas gasosas são também chamadas de processo de hematose que corresponde à principal função do sistema respiratório. Estrutura do Aparelho Respiratório Constituído pelos Pulmões e sistemas de condução do ar – Vias Aéreas Vias aéreas superiores: - cavidade nasal - boca - Nasofaringe - Laringe Estrutura do Aparelho Respiratório Vias aéreas inferiores: - Traquéia - Brônquios primários direito e esquerdo - Brônquios intra-pulmonares de menores dimensões - Bronquíolos – lobulares, segmentares, terminais, respiratórios, condutos alveolares - alvéolos Estrutura do Aparelho Respiratório Vias aéreas: ➢ de condução – da traquéia até aos bronquíolos respiratórios ➢ de transição – bronquíolos respiratórios e conductos alveolares ➢ respiratórias - alvéolos Estrutura das Vias Respiratórias Vias Aéreas – Estruturas tubulares por onde passa o ar Traquéia – tubo fibromuscular rodeado por anéis de cartilagem, incompletos dorsalmente. Anéis unidos dorsalmente por músculo liso Brônquios – à medida que se vão ramificando no interior do pulmão, a sua cartilagem vai sendo substituída por placas de cartilagem Bronquíolos – não possuem cartilagem na sua parede CICLO RESPIRATÓRIO ❑ Pulmões e Parede Torácica são estruturas elásticas com capacidade de distensão e contração durante o ciclo respiratório ❑ Composto por uma Fase Inspiratória e uma Fase Expiratória, seguida de uma Pausa Respiratória. ❑ Fase Expiratória: ligeiramente mais prolongada que a Fase Inspiratória. CICLO RESPIRATÓRIO – INSPIRAÇÃO Alargamento do tórax com expansão dos pulmões → Entrada de ar para os pulmões Alargamento do tórax deve-se a: - contração do diafragma – desloca-se caudalmente →↑ diâmetro longitudinal do tórax - contração dos músculos intercostais externos – costelas deslocam-se ventral e lateralmente →↑ diâmetro transversal É um processo ativo, e requer mais esforço do que a expiração. CICLO RESPIRATÓRIO - INSPIRAÇÃO CICLO RESPIRATÓRIO - EXPIRAÇÃO APÓS A INSPIRAÇÃO PROCESSO PASSIVO na maioria das espécies, devido ao relaxamento dos músculos respiratórios. ➢ Pulmão e caixa torácica tendem a recuperar a sua posição depois da expansão activa durante a inspiração. CICLO RESPIRATÓRIO – EXPIRAÇÃO NO CAVALO E CÃO – processo ativo. ➢ Ocorre contração dos músculos abdominais e dos músculos intercostais internos ✓ Contração dos músculos abdominais ↑ pressão abdominal que empurra o diafragma para o tórax. ✓ Os músculos intercostais internos empurram as costelas dorso- medialmente. CICLO RESPIRATÓRIO – EXPIRAÇÃO ➢ Outras espécies - a expiração ativa pode ser ativada durante o exercício (hiperventilação), esforços expiratórios ou quando há uma doença no aparelho respiratório. TIPOS DE RESPIRAÇÃO 2 Tipos de acordo com os músculos respiratórios utilizados: ❑Costal - + importante o movimento das costelas; músculos intercostais externos e diafragma. ❑Abdominal – contração dos músculos da parede abdominal; predomínio nos animais domésticos - Numa doença abdominal predomina a respiração costal; numa doença torácica predomina a respiração abdominal PRESSÕES E VOLUME DURANTE O CICLO RESPIRATÓRIO Pressão Pulmonar (Alveolar) No final da inspiração e no final da expiração a pressão atmosférica é igual à pressão alveolar – a glote está aberta e não ocorre fluxo de ar. No aparelho respiratório, ar move-se a favor de gradientes de pressão PRESSÕES E VOLUME DURANTE O CICLO RESPIRATÓRIO Pressão Pulmonar (Alveolar) Contracção dos músculos inspiratórios → ↑ volume pulmonar →↓ pressão pulmonar → entrada de ar para os pulmões Quando a pressão pulmonar iguala a pressão atmosférica → termina a entrada de ar Pressões e Volume durante o Ciclo Respiratório Pressão Pulmonar (Alveoloar) Relaxamento dos músculos inspiratórios → ↓ volume pulmonar → ↑ pressão pulmonar (torna-se superior à pressão atmosférica) → saída de ar dos pulmões Quando a pressão alveolar iguala a pressão atmosférica → termina a expiração PRESSÕES E VOLUME DURANTE O CICLO RESPIRATÓRIO PRESSÃO INTRAPLEURAL ➢ Pleura – membrana serosa com 2 camadas; camada visceral sobre o pulmão e camada parietal em contacto com a parede da cavidade torácica. ➢ Entre as 2 membranas existe uma pequena quantidade de fluído pleural o Função: lubrificar os movimentos pulmonares durante o ciclo respiratório. Origina a Pressão Pleural PRESSÕES E VOLUME DURANTE O CICLO RESPIRATÓRIO PRESSÃO INTRAPLEURAL ➢ Sempre negativa em relação à pressão atmosférica. ➢ É produzida pela interação mecânica do pulmão e da cavidade torácica durante o ciclo respiratório. PRESSÕES E VOLUME DURANTE O CICLO RESPIRATÓRIO PRESSÃO INTRAPLEURAL ➢ Final da inspiração – músculos inspiratórios relaxados; pulmão e parede da caixa torácica geram pressões que atuam em direções opostas. ➢ O pulmão ↓ volume devido à retração das fibras elásticas; a caixa torácica tende a ↑ volume pulmonar devido à expansão elástica das suas estruturas. Assim, a parede torácica mantêm os alvéolos expandidos PRESSÕES E VOLUME DURANTE O CICLO RESPIRATÓRIO PRESSÃO INTRAPLEURAL ➢ Durante a inspiração a pressão intrapleural torna-se mais negativa: - retração elástica dos pulmões quando se expandem - ↓ pressão nas vias aéreas ➢ Durante a expiração a pressão pleural é menos negativa que durante a inspiração, uma x que se anula a resistência das vias aéreas; e a pressão pulmonar é positiva VOLUME PULMONAR DURANTE O CICLO RESPIRATÓRIO Volume de Ventilação Pulmonar Volume de ar que entra e sai do pulmão durante um ciclo respiratório. VOLUMES E CAPACIDADES ➢ Volume de Ventilação Pulmonar / Corrente / Circulante / Tidal Volume inspiratório ou expiratório normal ➢ Volume de Reserva Inspiratório (VRI) Volume de ar que pode ser inspirado durante uma inspiração forçada máxima, após uma inspiração normal VOLUMES E CAPACIDADES ➢ Volume de Reserva Expiratório (VRE) Volume de ar que pode ser expirado durante uma expiração forçada, após uma expiração normal ➢ Volume Residual (VR) Volume de ar que permanece nos pulmões após uma expiração forçada máxima VOLUMES E CAPACIDADES ➢ Volume Residual – somatório de: 1. Volume Residual de retracção ou colapso É o ar que sai dos pulmões ao abrir a cavidade torácico 2. Volume Residual Mínimo É o ar que permanece nos pulmões mesmo após a retracção pulmonar VOLUMES E CAPACIDADES ➢ Capacidade Inspiratória (CI) Quantidade máxima de ar que se pode inspirar. Resulta do somatório do volume de ventilação pulmonar e do volume de reserva inspiratório ➢ Capacidade Vital Volume máximo que pode ser expulso após uma inspiração forçada máxima. Resulta do somatório do volume de ventilação pulmonar, volume de reserva inspiratório e volume de reserva expiratório. VOLUMES E CAPACIDADES ➢ Capacidade Residual Funcional Volume de ar que permanece nos pulmões após uma expiração normal. Somatório do volume de reserva expiratório e do volume residual ➢ Capacidade Pulmonar Total Volume de ar contido nos pulmões após uma inspiração forçada máxima. Somatório de todos volumes pulmonares (volume de ventilação pulmonar, volume de reserva inspiratório, volume de reserva expiratório e volume residual) ➢ Espaço Morto Anatómico Volume de ar que se encontra nas vias de condução (excluindoas vias respiratórias supra-laríngeas) ➢ Espaço Morto Fisiológico Espaço morto anatómico + Espaço morto alveolar Espaço morto alveolar – ar dos alvéolos que não participa nas trocas gasosas VENTILAÇÃO Ventilação Pulmonar Minuto / Volume de Ventilação Total Minuto / Volume de Ventilação Respiratório Minuto o Produto entre o volume de ar que entra ou sai do aparelho respiratório em cada ciclo respiratório e a frequência respiratória VP = VVP x FR Volume Alveolar Minuto Ar que chega aos alvéolos (exclui o ar que fica no espaço morto anatómico). Representa a qtdd de ar novo que chega aos alvéolos para as trocas respiratórias VA = (VVP – VEMA) x FR Frequência Respiratória Número de ciclos respiratórios por minuto. Varia consoante a espécie. AGENTE TENSIOACTIVO PULMONAR o Reveste o interior dos alvéolos (forma uma película sobre os alvéolos) Funções: - Reduzir a tensão superficial → impede o colapso dos alvéolos - Estabilidade dos alvéolos ao ↓ tensão superficial → impede a saída de fluído dos capilares pulmonares para os alvéolos - Torna o pulmão mais distendível → ↓ esforço respiratório durante a expansão pulmonar ➢Agente Tensioactivo Pulmonar Epitélio alveolar – pneumócitos tipo I – células epiteliais; pneumócitos tipo II – células glandulares ➢ Surfactante Pulmonar – sintetizado pelos pneumócitos tipo II Constituído por proteínas, fosfolípidos e iões. Propriedades semelhantes aos agentes detergentes. RELAÇÃO VENTILAÇÃO / PERFUSÃO Para que as trocas gasosas no pulmão sejam eficazes é necessário que haja um equilíbrio entre a ventilação alveolar minuto e o fluxo sanguíneo minuto / perfusão sanguínea minuto (gasto cardíaco) Em condições fisiológicas a ventilação alveolar minuto ≈ 4 – 6 L; o gasto cardíaco tem um valor ≈, pelo que a relação entre os dois ≈ 1. Sistema Respiratório Bibliografia López de Silanes, MDM (1996), Ventilación pulmonar, Fisiología Veterinaria, Parte V – Sistema Respiratorio, cap. 28, pp 383 - 396 Sistema Respiratório Objetivos Pedagógicos - Compreender as funções do sistema respiratório - Conhecer a estrutura do sistema respiratório - Compreender as diferentes fases do ciclo respiratório - Compreender o movimento de ar durante o ciclo respiratório - Compreender a pressão pleural - Conhecer os diferentes tipos de respiração - Compreender os diferentes volumes e capacidades pulmonares - Compreender a importância do surfatante pulmonar