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Medicina Preventiva e Social 
Perfis e Indicadores Demográficos 
Medicina Preventiva e
Social 
MEDICINA PREVENTIVA E SOCIAL 
PERFIS E INDICADORES
DEMOGRÁFICOS 
Medicina Preventiva e Social 
Perfis e Indicadores Demográficos 
ÍNDICE
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INTRODUÇÃO
DIAGNÓSTICO SITUACIONAL
SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE
- SINAN - SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE
AGRAVOS DE NOTIFICAÇÃO
- SIM - SISTEMA DE INFORMAÇÃO SOBRE
MORTALIDADE
- SINASC - SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE
NASCIDOS VIVOS
- SIH - SISTEMA DE INFORMAÇÕES
HOSPITALARES DO SUS
- SIA-SUS - SISTEMA DE INFORMAÇÕES
AMBULATORIAIS DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
- SI-PNI - SISTEMA DE INFORMAÇÕES DO
PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÕES
- SISAB - SISTEMA DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE
PARA A ATENÇÃO BÁSICA
- SISVAN - SISTEMA DE VIGILÂNCIA ALIMENTAR E
NUTRICIONAL
INDICADORES DE SAÚDE
INDICADORES DEMOGRÁFICOS
- TAXA DE NATALIDADE
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- TAXA DE FECUNDIDADE
- ÍNDICE DE ENVELHECIMENTO
- TAXA DE MORTALIDADE
- RAZÃO DE DEPENDÊNCIA TOTAL
- TAXA DE CRESCIMENTO POPULACIONAL
- CRESCIMENTO VEGETATIVO
- RAZÃO DE MASCULINIDADE
- ÍNDICE DE GINI
- ÍNDICE DE PALMA
- ÍNDICE DE VULNERABILIDADE SOCIAL (IVS)
TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA
- 1ª FASE: PRÉ-TRANSIÇÃO
- 2ª FASE: ACELERAÇÃO OU EXPLOSÃO
DEMOGRÁFICA
- 3ª FASE: DESACELERAÇÃO DEMOGRÁFICA
- 4ª FASE: ESTABILIZAÇÃO DEMOGRÁFICA
- 5ª FASE: DECRÉSCIMO POPULACIONAL
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- REPRESENTAÇÕES GRÁFICAS DA TRANSIÇÃO
DEMOGRÁFICA
TRANSIÇÃO EPIDEMIOLÓGICA
TRIPLA CARGA DE DOENÇAS
TRANSIÇÃO NUTRICIONAL
DETERMINANTES SOCIAIS EM SAÚDE
Bibliografia
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Medicina Preventiva e Social 
Perfis e Indicadores Demográficos 
INTRODUÇÃO
 
Galera, sejam bem-vindos a mais uma apostila de Medicina Preventiva. Ao
longo desta nossa caminhada, é essencial entendermos a importância de
conhecer bem a população e suas características para que possamos
tomar decisões mais efetivas, seja nós, enquanto profissionais da saúde,
sejam os gestores em suas mais diversas esferas. 
 
Imaginem que duas equipes de saúdes de UBS diferentes decidam fazer
uma campanha para diminuir os Acidentes Domésticos com Crianças
durante a pandemia de Covid-19. A região da UBS A possui cerca de 30%
da sua população formada por crianças menores de 10 anos, já a UBS B
atende uma região em que menos de 5% da população é representada
por crianças, sendo a maior parte representada por idosos. Percebam que
diante dessa situação, talvez a prevenção de acidentes domésticos com
crianças não seja uma prioridade para a equipe B, e os recursos seriam
melhor investidos na prevenção de Quedas em Idosos. Este é um
exemplo de um Diagnóstico Situacional em saúde. 
 
Essa mesma lógica se aplica a outros níveis de gestão, por isso é relevante
conhecermos o perfil etário da população de um país, as doenças mais
prevalentes e como se comportam. Além disso, para um melhor
planejamento em saúde a longo prazo, é importante entender como essa
população se comportou ao longo dos anos e qual a composição
esperada para os anos seguintes. Para isso conheceremos as Transições
Demográfica, Epidemiológica e Nutricional. 
 
Nesta apostila, vamos conhecer, ainda, o perfil da situação da saúde no
Brasil, que atualmente, após passar por algumas transições nas últimas
décadas, apresenta o que chamamos de Tripla Carga de Doenças. 
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Medicina Preventiva e Social 
Perfis e Indicadores Demográficos 
 
Para medir e melhor compreender a situação das populações,
precisamos lançar mão de indicadores! Vamos apresentar para vocês os
indicadores de saúde, e adentrar com detalhes nos indicadores
demográficos. 
 
Por fim, vamos compreender como as diferenças populacionais geram
consequências na saúde das pessoas. Vamos falar sobre os
Determinantes Sociais em Saúde!
 
Parece muita coisa, mas não se preocupem, pois essa é uma apostila leve
e gostosa de ler. Vamos lá! 
DIAGNÓSTICO SITUACIONAL
 
Para podermos entender melhor a situação de uma população e
planejarmos ações mais efetivas no processo saúde-doença de uma
comunidade, cabe entendermos o conceito de Diagnóstico Situacional.
Vale destacar, que o diagnóstico situacional pode ser feito em diversas
situações. A depender do objetivo da pessoa que está buscando este
diagnóstico. Por exemplo, podemos realizar um diagnóstico situacional
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Medicina Preventiva e Social 
Perfis e Indicadores Demográficos 
de uma cidade (nível mais macro) ou de um bairro (nível mais micro). Ou
mesmo, para uma família. 
E como esse diagnóstico é feito? Bem, dentre as estratégias utilizadas,
podemos citar algumas:
 
Podemos realizar reuniões com a comunidade, conversar com
pessoas-chave, buscar em locais de participação comunitária. Ou seja,
perguntar diretamente para aquela população quais são as suas
necessidades e o que eles entendem como problemas de saúde.
A Territorialização é uma ferramenta dentro da Medicina Preventiva
em que é realizado e sumarizado o território de abrangência daquela
ESF, quais os locais de impacto, quais são os problemas físicos, os
aspectos sociais, a interação entre os atores, quais são as organizações
e recursos daquela região e com isso permite a compreensão das
necessidades do local.
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Medicina Preventiva e Social 
Perfis e Indicadores Demográficos 
Por fim, os Sistemas de Informações em Saúde contêm informações
relevantes sobre incidência, prevalência, dados sobre mortalidade,
morbidade que são recolhidos através das notificações e compõem
uma base de dados nacional, sendo constantemente atualizada. 
 
Vamos entrar agora, mais a fundo nos Sistemas de Informação em Saúde!
SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE
 
Pessoal, é a partir desses sistemas que veremos agora que somos capazes
de acessar todos os dados coletados pela Vigilância. 
 
Como são diversos sistemas nos quais armazenamos os dados, é
essencial que tenhamos o mínimo de familiaridade com eles. Eles são
fundamentais para gestão de recursos, elaboração de campanhas e
inclusive auxiliam na prática clínica.
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Medicina Preventiva e Social 
Perfis e Indicadores Demográficos 
No SUS, a responsabilidade pelo gerenciamento e armazenamento dos
dados dos SIS é do Departamento de Informática do SUS (DATASUS).
Sendo que o DATASUS é de responsabilidade do Ministério da Saúde.
 
E qual o caminho padrão desses dados? Primeiro o profissional de saúde
preenche o documento fonte (ficha de notificação, declaração de óbito,
declaração de nascido vivo, etc.). Os dados presentes nesses documentos
são inseridos nos sistemas (SINAN, SIH, SIM, etc.). 
 
Depois que o DATASUS faz todo o processamento e qualificação desses
dados, é hora de eles serem disponibilizados ao público. Isso é feito
através do TABNET. O TABNET é basicamente um tabulador de dados. É
uma página de internet que qualquer pessoa pode acessar. Lá podemos
obter todos esses dados que estão nos sistemas de informação. A
diferença é que no TABNET, não conseguimos estratificar os dados por
indivíduo, até por uma questão de ética. 
Com essas informações em mente, vamos avaliar agora os principais
sistemas de informação em saúde disponíveis em nosso país. Para cada
um deles, é essencial saber qual o documento fonte do sistema. Ou seja,
qual documento gera os dados a serem inseridos no sistema de
informação. 
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Medicina Preventiva e Social 
Perfis e Indicadores Demográficos 
SINAN - SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE AGRAVOS
DE NOTIFICAÇÃO
Aqui temos o sistema que irá receber os dados gerados a partir das
notificaçõesepidemiológicas. Devem ser notificadas à vigilância todas as
doenças que constam na Lista de Agravos de Notificação Compulsória.
Mas não se preocupem, pois vamos aprender mais sobre isso na apostila
de Notificações. No momento foquem em compreender o que é o
SINAN. 
 
Para realizar o acompanhamento desses casos, o SINAN utiliza os
seguintes instrumentos:
 
Ficha de notificação - é o principal
Ficha de Investigação
Planilha e boletim de acompanhamento de surtos
Relatórios específicos para cada agravo/evento
 
Esses documentos são todos numerados, cabendo às secretarias
estaduais e municipais imprimir, numerar e distribuir os formulários de
notificação e investigação. Por isso, não rasguem e descartem essas
fichas.
 
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Medicina Preventiva e Social 
Perfis e Indicadores Demográficos 
Muita atenção! O SINAN é o sistema de informação mais cobrado nas
provas.
SIM - SISTEMA DE INFORMAÇÃO SOBRE
MORTALIDADE
Em relação a esse sistema temos como marco regulatório a Lei 6229/1975,
que determinou a necessidade de obtenção de dados relacionados aos
óbitos. Sendo posteriormente padronizou-se a Declaração de Óbito (DO)
e definiu-se o fluxo correto para essas notificações, sendo que na década
de 90 tal processo foi agilizado graças à informatização.
 
Todos os óbitos devem desencadear o preenchimento da DO
(inclusive os fetais). A impressão e distribuição das declarações é
responsabilidade do MS. Toda declaração deve ser preenchida em 3 vias
e deve ser numerada (mais uma vez tomem cuidado ao preencher e
descartar as fichas).
 
É graças à DO que somos capazes de avaliar o perfil de mortalidade da
população. Para que esse dado seja gerado com qualidade, a DO possui
09 blocos de informações a serem preenchidos, vejamos abaixo exemplo
de uma DO.
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Perfis e Indicadores Demográficos 
Vejam que no bloco V temos a necessidade de definir a causa de óbito,
devendo inclusive descrever a linearidade dos eventos e fornecermos o
CID de cada uma das condições. Vamos abordar a DO com mais detalhes
na apostila de Ética, Bioética e Documentação. Veremos como devemos
preencher da forma correta as DOs.
 
E após o preenchimento desses dados eles serão inseridos no SIM
pelas secretarias municipais de saúde.
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Perfis e Indicadores Demográficos 
SINASC - SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE NASCIDOS
VIVOS
Esse sistema tem como função quantificar os nascidos vivos e gerar
dados em relação à gestação, parto e condições de nascimento do RN.
Esse dado é gerado graças a Declaração de Nascido Vivo (DNV). 
 
A DNV corresponde a um formulário padronizado em todo território
nacional que deve ser preenchido em 3 vias, sendo todas as declarações
numeradas. A impressão e distribuição das DNV fica a encargo do MS. 
 
Um aspecto interessante e que auxilia no preenchimento das DNV é o
fato de que ela é necessária para realizar o registro civil do nascimento.
Sendo que cada via da DNV possui uma finalidade específica sendo elas:
 
1ª via: deve ser encaminhada a secretaria municipal de saúde do local
em que ocorreu o nascimento.
2ª Via: arquivada junto ao prontuário materno do serviço em que
ocorreu o parto.
3ª via: entregue ao cartório para realizar o registro civil de nascimento.
 
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Perfis e Indicadores Demográficos 
Como veremos na apostila de indicadores de saúde o número de
nascidos vivos é essencial para o cálculo de diversos indicadores de
saúde como mortalidade infantil, mortalidade materna entre outros.
SIH - SISTEMA DE INFORMAÇÕES HOSPITALARES
DO SUS
Galera, esse sistema tem origem antes mesmo da criação do SUS. Isso
porque, na década de 70, o Ministério da Previdência e Assistência Social
(MPAS) realizava os repasses aos hospitais por meio Instituto Nacional de
Assistência Médico Previdenciária (INAMPS) que se baseava nas nas guias
de internação hospitalar para tal.
 
Essas guias de internação hospitalares posteriormente passaram a serem
denominadas de Autorização de Internação Hospitalar (AIH), que vocês,
com toda certeza, irão preencher ao menos uma no internato (e pelo
menos agora entenderão o porquê desse "papel'').
 
Entre os dados que devem constar na AIH temos:
 
identificação do hospital• 
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Perfis e Indicadores Demográficos 
identificação e características do paciente internado 
característica da internação
procedimento a ser realizado
diagnóstico principal e secundário
informações de alta hospitalar
 
Algumas características são importantes de termos em mente. Primeiro é
o fato de que o SIH-SUS cobre apenas as internações realizadas no SUS.
Seja em hospitais do SUS, seja em hospitais conveniados de forma
complementar (leitos em hospitais privados que foram pagos pelo SUS). 
Segundo é o fato de que a AIH deve ser gerada para toda permanência
hospitalar que ultrapasse 24h.
SIA-SUS - SISTEMA DE INFORMAÇÕES
AMBULATORIAIS DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
Tem por finalidade registrar os atendimentos ambulatoriais financiados
pelo SUS. Para tal, faz uso dos formulários de “boletim de produção
ambulatorial” (BPA) e “boletim de produção individualizada" (BPI). Um
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Perfis e Indicadores Demográficos 
componente desse sistema é a Autorização de Procedimentos de Alta
Complexidade/Custo, a nossa famosa APAC que quem ainda não teve
oportunidade de preencher ainda no internato pode ter certeza de que o
fará (várias vezes).
SI-PNI - SISTEMA DE INFORMAÇÕES DO
PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÕES
O principal objetivo do SI-PNI é acompanhar e orientar ações do
Programa Nacional de Imunizações (PNI). Para tal ele é formado por 07
módulos que são:
 
Avaliação do programa nacional de imunizações (API)
Estoque e distribuição de imunobiológicos (EDI)
Apuração dos imunobiológicos utilizados (AIU)
Eventos adversos pós-vacinação (EAPV)
Programa de avaliação do instrumento de supervisão (PAIS)
Programa de avaliação do instrumento de supervisão em sala de
vacinação (PAIS-SV)
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Medicina Preventiva e Social 
Perfis e Indicadores Demográficos 
Sistema de informação dos centros de referência em imunobiológicos
especiais (SICRIE)
 
Esse sistema é essencial ao PNI uma vez que permite acompanhar e
avaliar desde cobertura vacinal da população. 
SISAB - SISTEMA DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE
PARA A ATENÇÃO BÁSICA
O SISAB foi instituído pelo MS em 2013 como componente da estratégia
do Departamento de Atenção Básica (DAB) conhecida como e-SUS AB.
Anteriormente era conhecido como Sistema de Informação da Atenção
Básica (SIAB), mas foi substituído pelo SISAB em 2013.
 
Esse sistema funciona por meio de 2 softwares que são o de Coleta de
Dados Simplificada (CDS) e o Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC):
 
Em relação ao CDS ele é alimentado pelas fichas de Cadastro Individual,
Cadastro Domiciliar, Ficha de Atendimento Individual, Ficha de
Atendimento Odontológico Individual, Ficha de Atividade Coletiva, Ficha
de Procedimentos e Ficha de Visita Domiciliar. 
 
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Medicina Preventiva e Social 
Perfis e Indicadores Demográficos 
Já o PEC é um sistema que registra dados em prontuário gerando
também relatórios de produção como forma de avaliar as ações dos
serviços de saúde. Porém, o PEC ainda não está disponível em todas as
unidades de saúde. 
 
Resumidamente as principais funções do SISAB são: acompanhar e
monitorar os serviços, integrar outros sistemas da APS e garantir a coleta
de informações de forma efetiva.
SISVAN - SISTEMA DE VIGILÂNCIA ALIMENTAR E
NUTRICIONAL
A finalidade desse sistema é fornecer informações acerca do estado
nutricional da população a partir de atendimentosrealizados na Atenção
Primária. São realizados registros da avaliação antropométrica (peso e
altura, por exemplo) e marcadores do consumo alimentar das pessoas
atendidas na APS que estejam inseridas no Sistema de Vigilância
Alimentar e Nutricional (Sisvan), no Sistema de Gestão do Programa Bolsa
Família na Saúde ou no e-SUS Atenção Primária
 
A partir desses dados, são gerados os relatórios do Sisvan, que revelam a
situação alimentar e nutricional da população atendida e permitem a
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Perfis e Indicadores Demográficos 
orientação de ações, políticas e estratégias para a atenção integral à
saúde.
 
Beleza, galera! A gente sabe que são muitos sistemas e que é fácil se
perder, então, montamos um quadro para resumir tudo para vocês e
tentar facilitar um pouco o entendimento. 
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Medicina Preventiva e Social 
Perfis e Indicadores Demográficos 
Agora vamos para a próxima parte do capítulo. Vamos compreender o
que são os indicadores demográficos e suas aplicabilidades.
INDICADORES DE SAÚDE
 
Ao longo dos nossos estudos vocês já devem ter percebido que o
processo saúde-doença é dinâmico e multifatorial. Essa relação é
complexa e composta por fatores individuais, coletivos e ambientais, é
essa somatória desses fatores que vai determinar a saúde da população. 
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Medicina Preventiva e Social 
Perfis e Indicadores Demográficos 
Dito isso, na posição de um gestor que deseja planejar suas políticas
públicas, como podemos ‘medir a saúde’ de um determinado grupo de
pessoas? Qual o perfil dessa população? Como saber onde agir para
melhorar a qualidade de vida da população? Qual medida é mais custo-
efetiva para determinado problema? Qual deve ser o foco do gestor para
aquele território específico?
 
Para isso, o gestor precisa realizar um Diagnóstico Situacional, como já
explicamos no início do capítulo. Para conseguir realizar este diagnóstico,
o gestor pode se apoiará em uma equipe formada por epidemiologistas e
geógrafos visto que ele precisará conhecer os aspectos demográficos
dessa população:
 
Idade;
Expectativa de vida;
Distribuição de sexo;
Principais atividades econômicas exercidas;
Distribuição geográfica da população.
E também necessitará de dados epidemiológicos, como:
 
Conhecer como a doença se comporta naqueles indivíduos;
Conhecer como a doença se comporta naquela população;
Conhecer os fatores ambientais envolvidos.
 
Em suma, precisará conhecer os Indicadores de Saúde e os Indicadores
Demográficos.
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Medicina Preventiva e Social 
Perfis e Indicadores Demográficos 
Estes indicadores surgiram da necessidade de ‘quantificar’ a qualidade
da saúde de uma população. Eles são instrumentos que permitem uma
avaliação dessas condições de saúde, planejar e avaliar o impacto das
ações em saúde, bem como prevenir e controlar doenças.
 
Como podemos imaginar, o processo de ‘medir’ a saúde é complexo, já
que além de aspectos objetivos, existem nuances subjetivas e necessitam
de um grande contingente de informações para que essa medida seja
próxima da realidade e gere dados confiáveis.
 
Essas informações são geradas pelo próprio SUS em seus três níveis de
gestão, em associação com diversas outras instituições como o IBGE,
ONG’s, Universidades e outras associações técnico-científicas e são
unificadas e analisadas pela Rede Interagencial de Informações para a
Saúde (RIPSA).
 
A RIPSA surgiu em 1996 e tem como função fazer a captação das
informações geradas por todas essas instituições já citadas (e outras,
totalizando mais de 40 fontes) e servir como um banco de dados
unificado, fornecendo informações catalogadas, seguras e de fácil acesso
para gestores e população. A RIPSA fornece periodicamente os
Indicadores de Dados Básicos (IDB), que são os resultados, em última
instância, dessa análise.
 
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Medicina Preventiva e Social 
Perfis e Indicadores Demográficos 
Existem vários tipos de indicadores de saúde, como os demográficos, os
socioeconômicos, os de morbimortalidade além daqueles relacionados
a recursos de saúde e cobertura do sistema e dos serviços de saúde. 
De acordo com qual o aspecto que queremos analisar, existem vários
critérios para orientar a escolha do indicador ou dos indicadores
adequados. Para isso, são analisados alguns atributos, são eles:
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Medicina Preventiva e Social 
Perfis e Indicadores Demográficos 
Respondendo a todas essas perguntas podemos classificar este indicador
como adequado e será uma ferramenta para auxiliar na tomada de
decisões.
 
Agora que já temos a base para compreender o que são indicadores de
saúde, vamos aprender especificamente sobre os indicadores
demográficos. 
INDICADORES DEMOGRÁFICOS
 
Os Indicadores Demográficos traduzem informações da população como
número de habitantes, sexo, idade, crescimento populacional, sem
necessariamente inferir informações sobre a saúde da população, mas
como vimos no capítulo Medidas de Saúde Coletiva - Perfis Demográficos,
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Medicina Preventiva e Social 
Perfis e Indicadores Demográficos 
acaba por traduzir padrões de adoecimentos e ajudam na definição
desses processos.
Vamos conhecer os principais Indicadores Demográficos:
TAXA DE NATALIDADE
 
Estima a quantidade de pessoas que nasce em um determinado local ao
longo do tempo, e é calculado através do número total de nascidos vivos
naquele período e dividido pelo número total de habitantes daquele local,
multiplicado por 1.000.
 
A taxa de natalidade vem diminuindo no Brasil ao longo dos anos, essa
diminuição foi mais acentuada e precoce nas regiões Sul e Sudeste e
acompanhada pelas demais regiões. 
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Medicina Preventiva e Social 
Perfis e Indicadores Demográficos 
TAXA DE FECUNDIDADE
 
Representa o número médio de filhos nascidos vivos tidos por uma
mulher ao longo do seu período fértil, este estimado dos 15 aos 49 anos.
 
Assim como a taxa de natalidade, este indicador apresentou uma
redução significativa ao longo dos anos devido ao avanço dos métodos
contraceptivos, políticas de planejamento familiar e inserção da mulher
no mercado de trabalho.
 
A taxa de fecundidade é um indicador importante para avaliarmos o
crescimento e reposição populacional. Caso a taxa de fecundidade seja
inferior a 2,1 nascimentos por mulher, a reposição populacional será
insuficiente e haverá uma diminuição da população. O raciocínio é que
cada mulher daria à luz a pelo menos duas crianças para repor o casal.
Em 2017 esse número era de 1,74, já insuficiente para a reposição da
população, com projeção de diminuir ainda mais até 2030. 
ÍNDICE DE ENVELHECIMENTO
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Perfis e Indicadores Demográficos 
 
Reflete a proporção de idosos na população (sendo considerados idosos
os indivíduos com mais de 60 anos). Este índice demonstra a velocidade
com que uma população envelhece e está diretamente relacionado à fase
da transição epidemiológica que um país se encontra.
É calculado pela fórmula abaixo: 
TAXA DE MORTALIDADE
 
Demonstra o número de pessoas que morrem em uma determinada
localidade em um determinado recorte do tempo. É calculada dividindo o
número total de óbitos em um determinado local, pelo número total de
habitantes deste mesmo local, multiplicado por 1.000.
 
A taxa de mortalidade, tal qual a taxa de natalidade, vem diminuindo ao
longo do tempo no Brasil, e não ocorreu de forma homogênea em todos
os territórios. 
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Perfis e Indicadores Demográficos 
RAZÃO DE DEPENDÊNCIA TOTAL
 
Este indicador se baseia na quantidade de idosos, crianças e adultos de
uma determinada região e estabelece uma relaçãoentre a população
que gera renda: população economicamente ativa e a população que não
gera renda, a chamada população economicamente inativa. Os idosos e
crianças são indivíduos que não são capazes de trabalhar e, portanto,
gerar renda. 
 
Em suma: a população capaz de trabalhar e gerar renda, os adultos,
devem suprir as necessidades financeiras da parcela populacional que
não gera renda. Caso isso não aconteça e o número de crianças e idosos
suplante o número de adultos, o país pode sofrer um déficit econômico.
Esses dados são interpretados através da Razão da dependência total.
 
Atualmente, o Brasil vem apresentando uma queda da razão de
dependência total, pois houve uma queda acentuada no número de
crianças, e apesar de um aumento no número de idosos, este vem
acontecendo de forma lenta e ainda há um predomínio de adultos em
detrimento da população economicamente inativa.
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Perfis e Indicadores Demográficos 
TAXA DE CRESCIMENTO POPULACIONAL
 
O número de pessoas que aumenta em um determinado local em um
determinado intervalo de tempo, ou seja, é o incremento populacional
daquela região. É calculado através da diferença das taxas de natalidade e
mortalidade e dos processos migratórios.
CRESCIMENTO VEGETATIVO
 
Mostra a diferença entre os nascimentos e as mortes em uma população.
Quando esse indicador é maior que zero, significa que houve um
aumento na população. Guardem esse indicador, pois iremos usar ele
para melhor compreender as fases de transição demográfica.
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Perfis e Indicadores Demográficos 
RAZÃO DE MASCULINIDADE
 
Também chamada de razão entre os sexos, determina a proporção de
homens em um local em comparação ao número de mulheres. Essa taxa
é influenciada pelos processos migratórios e pelas concentrações
específicas de mortalidade. Uma razão igual a 100 demonstra um
equilíbrio na proporção entre homens e mulheres, se maior que 100
demonstra um predomínio de homens, e se menor que 100 o predomínio
é feminino. Este índice, assim como outros, guia os gestores no
planejamento de políticas específicas.
 
ÍNDICE DE GINI
 
Também chamado de coeficiente de Gini, é uma ferramenta que mede a
desigualdade de uma distribuição de renda. Varia de 0 a 1 e quanto maior
o índice de Gini, mais desigual é essa distribuição: ou seja, apenas uma
pessoa concentraria toda a renda daquele local. Quanto mais próximo de
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Perfis e Indicadores Demográficos 
0, mais próximo da igualdade, sendo 0 uma situação em que todos os
indivíduos possuem a mesma renda. 
Observe abaixo o mapa da desigualdade calculado pelo Índice de Gini no
Brasil.
Imagem. Índice de Gini Municipal - Brasil, 2020. Fonte: Imagem adaptada do Mapa das
Desigualdades, cidades sustentáveis. 
Outro Índice que nos auxilia a identificar desigualdades de renda, e
indiretamente, a identificar vulnerabilidades sociais é o Índice de Palma,
este último sendo considerado mais sensível que o Índice de Gini. 
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Perfis e Indicadores Demográficos 
ÍNDICE DE PALMA
 
Mede a razão simples entre a renda dos 10% mais ricos e a dos 40% mais
pobres de cada país. Diferente do Índice de Gini, nesse caso, quanto
menor, melhor! Quanto menor a razão entre ricos e pobres, menor a
desigualdade social. Observem esse cálculo por estado conforme o mapa
abaixo: 
Imagem. Índice de Palma: Brasil. 
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Perfis e Indicadores Demográficos 
ÍNDICE DE VULNERABILIDADE SOCIAL (IVS)
 
Mede a vulnerabilidade e o risco social a que as populações estão
expostas. É calculado através de uma média aritmética de três subíndices:
IVS Infraestrutura Urbana, IVS Capital Humano e IVS Renda e Trabalho,
cada um deles entra no cálculo do IVS final com o mesmo peso. Cada um
desses subíndices leva em consideração alguns fatores, no total 16, que
estão demonstrados abaixo.
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Perfis e Indicadores Demográficos 
Imagem. Dimensões do IVS. Fonte: Imagem adaptada de IPEA. 
O Índice de Vulnerabilidade Social, após calculado, é expresso em uma
faixa conforme demonstrado na imagem abaixo. Valores próximos a 1
indicam regiões de alta vulnerabilidade social, enquanto o 0 representa
uma situação ideal, em que não há vulnerabilidades. 
Imagem. Como ler o IVS. Fonte: Imagem adaptada de IPEA. 
Para fecharmos este indicador, observem com atenção a diferença entre
os conceitos no quadro abaixo:
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Perfis e Indicadores Demográficos 
Finalizamos nosso último indicador, mas antes de aprendermos sobre as
transições, vamos entender um pouco sobre o conceito de
vulnerabilidade de acordo com Ayres. De acordo com o autor, dentro da
vulnerabilidade temos 3 dimensões: programática, individual e social.
 
A dimensão individual considera o conhecimento acerca do agravo e
os comportamentos que oportunizam a ocorrência da infecção. Para
isso, se considera que qualquer pessoa pode adoecer, mas o ponto de
partida são os modos de vida das pessoas, que podem contribuir para
que se exponham a determinado patógeno, por exemplo. Ao contrário,
também significa que alguns fatores podem ser protetores, como a
qualidade da informação que as pessoas possuem acerca da doença
(isso a um nível individual). Aqui consideramos os valores, interesses,
desejos, atitudes, comportamentos, relações familiares, etc.
A dimensão social foca diretamente nos fatores contextuais que
definem e constrangem a vulnerabilidade individual. Aqui, são
avaliações que ultrapassam o plano individual! O acesso à informação,
o conteúdo e qualidade dessas informações disponíveis, os significados
• 
• 
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Medicina Preventiva e Social 
Perfis e Indicadores Demográficos 
que estas adquirem ante os valores e interesses das pessoas, as
possibilidades efetivas de colocá-las em prática, tudo isso remete a
aspectos materiais, culturais, políticos, morais que dizem respeito à
vida em sociedade. Aqui consideramos as normas sociais, as
referências culturais, as relações de gênero, empregos, salários, acesso
à saúde, etc. 
A dimensão programática (ou programada, ou institucional) busca
avaliar como, em circunstâncias sociais dadas, as instituições,
especialmente as de saúde, educação, bem estar social e cultura,
atuam como elementos que reproduzem, quando não mesmo
aprofundam as condições socialmente dadas de vulnerabilidade. O
quanto nossos sistemas propiciam que esses contextos desfavoráveis
sejam percebidos e superados pelos indivíduos e pelos grupos sociais. 
 
Por fim, vejam o quadro a seguir, retirado do capítulo escrito por Ayres,
que resume os aspectos a serem analisados nas três dimensões da
vulnerabilidade. Ayres e seus colaboradores explicam que essa lista não é
nem exaustiva nem absoluta. Na prática, os aspectos a serem
considerados e articulados dependerão das situações concretas em
exame e das condições objetivas de que se dispõe para análises e
intervenções.
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Imagem: As dimensões da vulnerabilidade. Imagem adaptada de: Ayres, et al. 2012.
Mas para que utilizamos esses dados? Uma das possibilidades é para
compreender como é a nossa população. Como vivem, do que morrem,
qual a qualidade de vida, etc. 
 
Compreender as características de uma população e como se deram
essas mudanças ao longo dos anos é essencial para conhecermos a
população. Por isso é importante entendermos como aconteceram as
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transições demográfica,epidemiológica e nutricional. É neste assunto
que vamos entrar, agora.
TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA
 
Como podemos observar, o perfil da população brasileira mudou muito
nos últimos anos e isso ocorreu devido a uma série de fatores. 
 
Com o passar do tempo, as pessoas passaram a viver mais, o número de
crianças nascidas foi se reduzindo e houve certa estabilidade na forma
como a população ia crescendo. Essas mudanças ocorreram de forma
contínua e gradual e foram reflexo de outras mudanças que aconteceram
em nossa sociedade, como a melhoria nas condições sanitárias, a
inserção da mulher no mercado de trabalho e avanço tecnológico.
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Para fins didáticos, vamos dividir a Transição Demográfica em 4 fases,
acompanhem.
1ª FASE: PRÉ-TRANSIÇÃO
Esta fase é marcada por taxas elevadas de natalidade e de mortalidade.
Havia um crescimento populacional, porém lento e pouco expressivo, pois
apesar de muitas pessoas nascerem, muitas pessoas também morriam. 
 
Isso acontecia pois não havia planejamento familiar e os métodos
contraceptivos eram pouco empregados, o ambiente era
predominantemente rural com um modelo de trabalho familiar. Mais
filhos significava mais mão-de-obra.
 
Além disso, as condições sanitárias precárias e o conhecimento médico
limitado, associado a guerras e epidemias levava a um maior número de
mortes e, consequentemente, a uma menor expectativa de vida.
2ª FASE: ACELERAÇÃO OU EXPLOSÃO
DEMOGRÁFICA
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Nesta fase, como o próprio nome indica, há um crescimento rápido da
população. Nesse momento, há um predomínio da urbanização, avanço
tecnológico e melhorias importantes nas políticas sanitárias, repercutindo
em queda abrupta das taxas de mortalidade, sem que haja uma queda
tão acentuada nas taxas de natalidade. Com as pessoas vivendo por mais
tempo e mantendo um elevado número de crianças nascendo,
observamos o aumento do número de habitantes em um curto período
de tempo. 
 
Essa fase geralmente acompanha o período de industrialização dos
países, e portanto, ocorreu primeiro nos países desenvolvidos e mais
tardiamente nos emergentes e em desenvolvimento. 
3ª FASE: DESACELERAÇÃO DEMOGRÁFICA
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Durante a desaceleração demográfica observamos um crescimento
vegetativo positivo, porém menos acentuado que na fase anterior. Isso se
dá graças a diminuição da taxa de natalidade. Essa fase é marcada pela
inserção da mulher no mercado de trabalho, fortalecimento dos métodos
contraceptivos e do planejamento familiar atrelado à consolidação da
urbanização. Ao final desta fase, temos uma estabilização da diferença
entre as taxas de natalidade e mortalidade e um grande contingente de
população jovem. 
4ª FASE: ESTABILIZAÇÃO DEMOGRÁFICA
Atingida quando as taxas de natalidade e mortalidade se mantêm
estáveis e com uma diferença média baixa. Nesse momento há um
controle total do crescimento demográfico. É marcada pelo aumento do
número de idosos e aumento na média de idade da população geral
devido a elevada expectativa de vida e com um número pequeno de
filhos por casal. 
5ª FASE: DECRÉSCIMO POPULACIONAL
 
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Alguns autores defendem a existência de uma 5ª fase da transição, em
que aconteceria uma diminuição da população absoluta com um
crescimento vegetativo negativo, ou seja, nessa fase a taxa de
mortalidade superaria a taxa de natalidade e os nascimentos seriam
insuficientes para repor a população. Aqui existe um risco importante de
uma crise previdenciária pelo grande número de idosos com uma
população economicamente ativa (PEA) cada vez menor. 
REPRESENTAÇÕES GRÁFICAS DA TRANSIÇÃO
DEMOGRÁFICA
 
Observem a relação das taxas de natalidade e mortalidade dessas fases
expressa no gráfico abaixo:
Legenda: A linha roxa representa a natalidade, a linha verde representa a mortalidade e a
área amarela representa o crescimento vegetativo (natalidade-mortalidade).
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Gráfico: Fases da Transição Demográfica. 
Fonte: Imagem adaptada de Mendonça, Claudio. Demografia: transição demográfica e
crescimento populacional.
Há uma representação gráfica clássica da demografia. A pirâmide etária!
Antes de entrar a fundo na representação de cada fase da transição
demográfica, vamos compreender como funciona este gráfico.
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Em resposta a essas diferentes fases da transição demográfica,
observamos a distribuição da população em pirâmides etárias em cada
um destes momentos.
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Percebam, agora, como isso se refletiu no Brasil de acordo com os dados
do IBGE que retratam as pirâmides etárias do Brasil nos últimos anos.
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Imagem: Processo de transição demográfica no Brasil 1980-2060. Fonte: IBGE, 2017.
Na década de 80, percebemos o predomínio da população com menos
de 24 anos. Já em 2017 há um aumento importante do topo e do meio da
pirâmide com predomínio da população adulta e um menor número de
crianças. A pirâmide de 2060 prevê um grande número de idosos e do
topo da pirâmide, com uma pequena proporção de crianças e
adolescentes.
 
Há um predomínio maior de mulheres em detrimento de homens, bem
como uma expectativa de vida maior na população feminina. Isso se dá,
dentre outros fatores, a uma maior exposição masculina a mortes por
causas externas. 
 
Para fixarmos esses conceitos que acabamos de conhecer, analisem a
tabela abaixo: 
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Imagem: Fases da transição demográfica.
TRANSIÇÃO EPIDEMIOLÓGICA
 
Como podemos acompanhar acima, a transição demográfica no Brasil
repercutiu no perfil da população e influenciou diretamente nos aspectos
epidemiológicos. Portanto, a transição demográfica foi acompanhada
também por uma transição epidemiológica.
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Bom, pessoal, vimos que ao longo do tempo a população passou a viver
mais tempo, aumentamos a proporção de idosos em nossa sociedade,
reduzimos as taxas de fecundidade e natalidade, bem como houve uma
melhoria nas condições higiênico-sanitárias e avanços na medicina. 
 
É justo então pensarmos que essas alterações no perfil da população
mudaram a forma como as pessoas adoecem e as principais causas de
morte. Por exemplo, além da diminuição do coeficiente de mortalidade
geral, tivemos uma redução da mortalidade infantil e de mortes por
doenças infectocontagiosas. Além disso, com o aumento da
industrialização e do êxodo rural tivemos um aumento da violência
urbana e as mortes por causas externas passaram a ganhar relevância. 
 
No Brasil, em 1930, as causas infecto-parasitárias representavam cerca de
metade do total de óbitos. Na década de 80, esse número caiu para
menos de 10%. A mesma lógica pode ser aplicada às doenças do aparelho
circulatório que representavam cerca de 12% dos óbitos na década de 30
e sua proporção mais que duplicou em 1985. 
 
Além disso, com o envelhecimento da população e o avanço da medicina
e melhoria das condições de vida, temos um contingente maior de
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doenças crônico-degenerativas, aumentando as condições de morbidade
e reduzindo proporcionalmente as de mortalidade.
TRIPLA CARGA DE DOENÇAS
 
Com o avançar da transiçãodemográfica e da transição epidemiológica, o
Brasil passou a apresentar doenças com características de países
desenvolvidos, que completaram sua transição previamente. Porém, por
ainda manter características de países em desenvolvimento, não
conseguimos completar a transição epidemiológica e mantemos um
contingente importante de doenças típicas desses países. A isso damos o
nome de Tripla Carga de Doenças.
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TRANSIÇÃO NUTRICIONAL
 
Seguindo nosso raciocínio acerca das mudanças ocorridas no Brasil nos
últimos anos, acompanhamos em paralelo às transformações
populacionais e no processo saúde-doença, transformações também no
padrão alimentar do brasileiro.
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Essa transição tem como característica uma redução nos déficits
nutricionais da população e um aumento da incidência de sobrepeso e
obesidade. Essa mudança ocorreu em resposta a algumas
transformações ocorridas em nossa sociedade:
 
A população deixa de ser predominantemente rural e passa a ser
urbana, mudando os hábitos alimentares. Há um aumento do
consumo por alimentos produzidos e preparados fora do domicílio.
Inserção da mulher no mercado de trabalho, que desempenha cada
vez menos o papel de ‘dona de casa’ e dispondo de menos tempo para
o preparo das refeições, levando a um aumento do consumo de
industrializados. 
Mudança no padrão das atividades de lazer com o avanço
tecnológico e a popularização dos computadores, televisões e
videogames levando a uma procura maior por atividades com pouco
gasto energético.
O avanço tecnológico também contribuiu para o aumento do
sedentarismo através do advento de portões elétricos, escadas
rolantes, vidros automáticos e uso cada vez maior de eletrodomésticos
como máquina de lavar louça e roupa.
 
Se por um lado esses avanços levaram a uma maior oferta alimentar e
praticidade para o dia a dia da população, este acúmulo energético e
aumento da gordura corporal levam a um aumento na incidência de
sobrepeso e obesidade, visto com maior frequência em países
desenvolvidos.
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A partir disso, é possível entender a importância de conhecer a população
que estamos intervindo, em cada um de seus recortes temporais e
compreendermos como as mudanças históricas influenciam no
comportamento das pessoas e nos padrões de morbimortalidade de um
país.
 
Isso possibilita que as ações em saúde sejam mais efetivas, tanto em
níveis estaduais e municipais, quanto em regiões e comunidades
menores. Vimos como o Brasil é um país grande, complexo, e com
particularidades decorrentes dos processos históricos que passou, e por
isso enfrentamos uma carga de doença mais variada que outros países.
 
Tudo isso que aprendemos sobre as transições e sobre os indicadores
demográficos nos mostra que a nossa população não é homogênea. Há
diferenças nas características e na qualidade de vida de populações de
diferentes regiões, diferentes cores, gêneros, e assim por diante. Isso
acarreta, também, em diferentes graus de saúde. Com isso em mente,
vamos entrar na última parte desta apostila. Vamos falar sobre os
determinantes sociais em saúde.
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DETERMINANTES SOCIAIS EM SAÚDE
 
Existe uma enorme variedade de mecanismos envolvidos no processo
saúde-doença que estão além da dimensão biológica e genética, são os
chamados Determinantes Sociais em Saúde (DSS). 
 
Segundo a OMS: “Os determinantes sociais da saúde estão relacionados
às condições em que uma pessoa vive e trabalha”. Já para a Comissão
Nacional sobre os Determinantes Sociais da Saúde (CNDSS), corresponde
aos “fatores sociais, econômicos, culturais, étnicos/raciais, psicológicos e
comportamentais que influenciam a ocorrência de problemas de saúde e
seus fatores de risco na população”.
 
Estamos falando desde aspectos individuais como hábitos de vida,
alimentação e escolaridade até aspectos coletivos como valores culturais
de determinada sociedade e fatores de natureza política de um país,
sendo que os fatores mais gerais influenciam direta e indiretamente nos
fatores mais individuais.
 
Um dos modelos que busca explicar como esses determinantes atuam, é
o modelo de Dahlgren e Whitehead que organiza os DSS em camadas,
sendo que os fatores individuais estão centralizados na figura e à medida
que as camadas se distanciam do centro os fatores se tornam mais gerais,
até sua camada mais distal: os macrodeterminantes. 
 
Observem essa disposição na figura abaixo:
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Imagem: Modelo de Dahlgreen e Whitehead - Determinantes Sociais em Saúde
No centro da figura estão as características individuais como idade, sexo
e fatores hereditários que marcam nossas potencialidades de adoecer ou
não.
 
A camada seguinte contempla o estilo de vida dos indivíduos e diz
respeito aos aspectos comportamentais e escolhas individuais. Nessa
camada percebemos o início dos DDS, pois apesar de parecer ser produto
do livre arbítrio e opções pessoais, também está sujeita a influências
externas como expectativas sociais, acesso a informações, influência da
mídia e dos canais de comunicação. Um exemplo é o hábito de fumar,
que inicialmente parece ser uma responsabilidade exclusivamente
individual, mas que durante anos foi um hábito valorizado na televisão e
cinema, muito associado a beleza e popularidade, agindo de forma
indireta nessa escolha.
 
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Em seguida, a camada das redes sociais e comunitárias, que explora a
influência da sociedade nas escolhas individuais. O nível de coesão social
é responsável por determinar quão intensa é essa influência. Em
comunidades com grande coesão, um hábito valorizado pelo grupo
tende a ser absorvido mais facilmente pelos indivíduos que o compõem.
 
A próxima camada é dos fatores relacionados a condições de vida e de
trabalho, disponibilidade de alimentos e acesso a ambientes e serviços
essenciais, como saúde e educação. Aqui, as diferenças econômicas e
sociais evidenciam a grande desvantagem da população com menor
acesso a recursos financeiros: estão mais susceptíveis ao adoecimento
devido a condições habitacionais mais humildes, exposição a condições
mais perigosas ou estressantes de trabalho e acesso menor aos serviços. 
 
No último nível estão situados os macrodeterminantes relacionados às
condições econômicas, culturais e ambientais da sociedade.
 
Ao analisar o modelo proposto por Dahlgren e Whitehead, percebemos
como as diferentes camadas de DSS estão relacionadas entre si. As
camadas mais externas influenciam nos determinantes presentes nas
camadas mais internas, portanto podemos concluir que uma atuação
exclusiva em camadas proximais, apesar de benéfico, será pouco efetivo
se não for estendida para as camadas distais.
 
Sendo assim, um modelo de promoção de saúde eficaz deve incidir sobre
os diferentes níveis em que Dahlgreen e Whitehead organizaram os
determinantes sociais da saúde. Na prática, deve-se estabelecer
estratégias contínuas de intervenção capazes de modificar para melhor
os elementos que estabelecem os nossos modos de viver, desde um nível
de atuação mais próximo ao sujeito até aquele mais distante. 
 
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Ufa! Chegamos ao fim de mais um capítulo. Levem esses conhecimentos
não só para aprova, como pra vida também! Até o próximo capítulo,
pessoal. 
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Perfis e Indicadores Demográficos 
Bibliografia
 
Ayres, et al. Risco, Vulnerabilidade e práticas de prevenção e promoção
da saúde. In: Campos et al. (Orgs), Tratado de Saúde Coletiva. 2 ed. São
Paulo: Hucitec. 2012
 
BATISTA FILHO, M.; RISSIN, A. A transição nutricional no Brasil:
tendências regionais e temporais. Cad. Saúde Pública, 19(Sup. 1): S181-
S191, 2003.
 
BUSS, P. M.; PELLEGRINI FILHO, A. A saúde e seus determinantes
sociais. Physis, Rio de Janeiro, n. 17, v. 1, p. 77-93, abr. 2007
 
CNDSS. Comissão Nacional sobre Determinantes Sociais da Saúde. As
causas sociais das iniquidades em saúde no Brasil. Relatório Final. 2008
 
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística; disponível em
http://www.ibge.gov.br.
 
IPEA. Atlas da Vulnerabilidade Social. http://ivs.ipea.gov.br/index.php/
pt/ 
 
LEAVELL, H. R.; CLARK, E. G. Medicina Preventiva. São Paulo: McGraw
Hill do Brasil, 1976.
 
MENDONÇA, C. Demografia: transição demográfica e crescimento
populacional.
 
VASCONCELOS, A. M. NOGALES. Transição Demográfica: Uma
Experiência Brasileira. Universidade de Brasília, 2015.
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http://www.ibge.gov.br
http://www.ibge.gov.br
http://ivs.ipea.gov.br/index.php/pt/
http://ivs.ipea.gov.br/index.php/pt/
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Perfis e Indicadores Demográficos 
 
WONG, L, CARVALHO, J. A. M. Demographic bonuses and challenges of
the age structural transition in Brazil. Paper presented at the XXV
IUSSP General Population Conference. Tours, France, 18-23 July 2005.
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Intensiva
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