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Instituto Superior Tupy – IST/SOCIESC 
Joinville, Santa Catarina, Brasil 
ISSN 2237-5163 / v. 02, n. 01: p. 85-105, ano 2012 
 
 
Recebido 31/08/2012; Aceito 06/11/2012 85
Análise Ergonômica da atividade de Jardinagem e Paisagismo 
Ergonomic Analysis of the activity of Gardening and Landscaping 
Lizandra Garcia Lupi Vergara (lizandra@deps.ufsc.br) 
• Campus Universitário Reitor João David Ferreira Lima Trindade, Florianópolis, 88040-900. UFSC, 
Santa Catarina, Brasil 
Igor Mateus de Lima Nunes (igorlnunes@gmail.com, UFSC, Santa Catarina, Brasil) 
Igor Nunes Rodrigues (igorrodrigues90@gmail.com, UFSC, Santa Catarina, Brasil) 
Luiz Carlos da Silva Correia (luiz.clscr@gmail.com, UFSC, Santa Catarina, Brasil) 
Vinicius da Silva (vinisilva.vds@gmail.com, UFSC, Santa Catarina, Brasil) 
Resumo: O objetivo deste trabalho é demonstrar as condições de trabalho da atividade de 
jardinagem e paisagismo de uma empresa localizada em Florianópolis-SC, um setor de 
serviços ainda pouco explorado em pesquisas nacionais. Para tanto, utilizou-se como 
ferramenta metodológica a Análise Ergonômica do Trabalho (AET), aplicada em dois 
trabalhadores da empresa de paisagismo e jardinagem analisada. Pode-se verificar que o 
ambiente de trabalho característico deste tipo de atividade, que se difere a cada serviço 
prestado, bem como os equipamentos utilizados, são fatores que podem contribuir e 
comprometer a saúde destes trabalhadores. Assim sendo, buscou-se não somente identificar e 
diagnosticar os problemas ergonômicos através da análise da tarefa e das atividades destes 
profissionais como também propor recomendações quem venham a prevenir possíveis riscos 
ocupacionais ou acidentes de trabalho com consequentes afastamentos da atividade laboral. 
Palavras-chave: Ergonomia; Metodologia AET; Jardinagem; Análise Postural. 
Abstract: The objective of this work is to demonstrate the working conditions of the activity 
of gardening and landscaping company located in Florianópolis-SC, a service sector still 
little explored in national surveys. Therefore, it was used as a methodological tool to 
Ergonomic Work Analysis (AET), applied in two company employees of landscaping and 
gardening analyzed. It was verified that the work environment characteristic of this type of 
activity, which differs for each service, as well as the equipment used, are factors that can 
contribute and compromise the health of these workers. Therefore, it was identified and 
diagnosed problems through ergonomic task analysis and activities of these professionals as 
well would made recommendations to prevent possible occupational hazards or accidents 
with consequent absences from work activity. 
Keywords: Ergonomics; AET Methodology; Gardening; Postural Analysis. 
 
 
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1. Introdução 
As lesões musculoesqueléticas situam-se entre os problemas de saúde mais comuns 
relacionados com o trabalho, afetando milhões de trabalhadores em todos os setores de 
atividade. 
Iida (2005) ressalta que os maiores problemas no trabalho geralmente são decorrentes 
dos traumas por esforços excessivos, responsáveis pela maior parte de afastamento dos 
trabalhadores, em consequência das doenças e lesões no sistema músculo-esquelético. 
Segundo Sato e Coury (2005) apud Moccellin et al. (2007), as lesões atingem o 
trabalhador no auge de sua produtividade e experiência profissional, sendo um problema com 
magnitude em diversos países do mundo, o que reforça a importância de se identificar os 
fatores de risco que desencadeiam e/ou agravam essas lesões. 
A sobrecarga sobre os músculos e articulações, oriundos de trabalhos estáticos, assim 
como trabalhos que exigem muita força ou ainda os que exigem posturas desfavoráveis, como 
o tronco inclinado e torcido, podem levar à fadiga muscular, dores, como também provocar 
lesões musculares. Fatores estes responsáveis pelo aumento da prevalência de doenças 
relacionadas ao trabalho, como as Lesões por Esforços Repetitivos (LER), também 
denominadas de Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT), que 
caracterizam-se por sintomas como dor, fadiga nos membros superiores, pescoço e coluna 
lombar e resultam de postura inadequada e falta de pausas durante a jornada de trabalho 
(IIDA, 2005; MOCCELLIN et al., 2007; KROEMER E GRANDJEAN, 2005). 
Nos últimos anos aumentaram-se os esforços para investigar e prevenir as causas de 
LER/DORT, levando a um maior reconhecimento pelos trabalhadores e chefias de que existe 
uma forte relação entre os fatores de risco dentro do ambiente de trabalho e o 
desenvolvimento de LER/DORT, resultante de faltas do trabalho por doenças e redução da 
produtividade, com altos custos sobre a sociedade (BUCKLE, 2005). 
Tokars (2012) salianta a necessidade de se compreender que os custos de prevenção 
podem ser menores que os custos resultantes de acidentes, devido às consequências 
financeiras para violações jurídicas de leis e normas de segurança e saúde no trabalho, e ainda 
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se concientizar de que a saúde dos trabalhadores é patrimônio da empresa. Esses princípios 
podem evitar afastamentos e incapacidades para o trabalho, minimizar os custos com a saúde 
e com a alta rotatividade. 
Para Fernandes e Monteiro (2006), a promoção da saúde envolve tanto atitudes que 
implicam em diminuição de risco de adoecimento, como também na melhoria da qualidade de 
vida. No local de trabalho propõe uma abordagem mais ampla no estudo do ser humano no 
trabalho, com uma estratégia nova e integrada: a relação pessoas saudáveis em organizações 
saudáveis. Por isso é primordial realizar uma avaliação ergonômica minuciosa para que se 
possam implantar programas de prevenção a esses distúrbios osteomusculares relacionados ao 
trabalho. 
A demanda atualmente no Brasil por serviços e atividades do setor de jardinagem e 
paisagismo, os quais oferecem um maior conforto por parte dos contratantes, cresce ano após 
ano. Esses trabalhos são realizados muitas vezes em residências, apartamentos e condomínios 
de grandes cidades, por profissionais que são contratadas por essas empresas prestadoras de 
serviços. 
Dentre as diversas áreas de prestação de serviços, têm-se como destaque neste artigo 
as empresas de jardinagem e paisagismo, que são responsáveis por realizar atividades de: 
planejamento, execução de projetos, ornamentos, paisagismo e manutenção de jardins, 
trabalho que exige da empresa um planejamento e um quadro de funcionários que atenda a 
essa demanda de serviços diária. Pode-se constatar certa dificuldade das empresas 
especializadas em encontrar mão-de-obra especializada e com experiência na área de 
jardinagem. Pois, em muitos casos, o trabalho em jardinagem e paisagismo exige do 
empregado talento, quase que artístico, para manipular e podar o jardim do cliente. Por isso, a 
relação empresa-empregado necessita de constantes mudanças e esclarecimentos que equilibre 
essa relação. 
Um dos fatores que desequilibra essa relação é o fato da exposição dos trabalhadores a 
riscos e problemas ergonômicos decorrentes do seu serviço. Ao analisar os fatores de 
exposição ao risco, nas atividades de poda e levantamento de vasos de um jardineiro de 
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Ribeirão Preto, Moccellin et al. (2007) evidenciam alto risco ocupacional, destacando a 
fadiga, nas posturas de flexão e extensão da coluna, dos tornozelos, do quadril e no 
movimento de abdução e adução de ombros. 
Uma avaliação ergonômica tem comofunção melhorar a situação do empregado em 
seu ambiente laboral e, segundo Dul (2004), tem como princípio contribuir para a prevenção 
de erros, melhorando o desempenho, sendo assim um importante fator para a redução de erros 
operacionais. 
A ergonomia propõe elaborar um corpo de conhecimentos científicos, que dentro de 
uma perspectiva visa a melhor interação homem, meios tecnológicos e ambiente de trabalho. 
Aplicando os conceitos e princípios da ergonomia especificamente para o setor de jardinagem 
e paisagismo, pode-se obter uma melhor qualidade de vida desses trabalhadores e um 
aumento de produtividade. E uma ferramenta importante nessa melhoria contínua é a Análise 
Ergonômica do Trabalho (AET), que visa gerar um diagnóstico claro para conduzir e orientar 
modificações objetivando a melhoria das condições de trabalho. 
Na prática, a Análise Ergonômica do Trabalho destaca-se pela característica de ser 
uma metodologia capaz de evidenciar e diagnosticar reais problemas ergonômicos. Em muitas 
atividades, como é o caso da jardinagem, há uma insalubridade inerente ao ofício dos 
trabalhadores, como por exemplo, vibrações e temperaturas elevadas, na qual segundo Alonço 
(2006), o desconforto térmico e as vibrações são os principais fatores que afetam o 
comportamento normal das pessoas, visto que existe uma taxa aceitável de exposição 
tolerável pelo ser humano. 
Para avaliar a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas 
dos trabalhadores, de acordo com a Norma Regulamentadora NR17, o empregador deve 
realizar a Análise Ergonômica do Trabalho, abordando no mínimo, as condições de trabalho, 
o que incluem aspectos relacionados ao levantamento, transporte e descarga individual de 
materiais, ao mobiliário, aos equipamentos, às condições ambientais do posto de trabalho, a 
área de trabalho, e a própria organização do trabalho. 
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Sendo assim, este trabalho tem como objetivo principal analisar as condições de 
trabalho da atividade de jardinagem e paisagismo de uma empresa localizada em 
Florianópolis-SC, um setor de serviços ainda pouco explorado em pesquisas nacionais. Para 
tanto, utilizou-se como ferramenta metodológica a Análise Ergonômica do Trabalho (AET), 
aplicada para dois trabalhadores da empresa de paisagismo e jardinagem. 
1.1 Justificativa 
Os DORT resultam da combinação da sobrecarga do sistema osteomuscular, seja pela 
utilização excessiva de determinados grupos musculares em movimentos repetitivos com ou 
sem exigência de esforço localizado, seja pela permanência de segmentos do corpo em 
determinadas posições por tempo prolongado com a falta de tempo para a sua recuperação 
(LUCCA et al., 2011). 
Conforme Couto (2000) os impactos para as organizações decorrentes dos LER/DORT 
atingem diversas áreas, tanto no que se refere à redução da produtividade, ao aumento dos 
custos, aumento no absenteísmo médico, com comprometimento da capacidade produtiva das 
áreas operacionais, menor qualidade de vida ao trabalhador, aposentadorias precoces e 
indenizações. 
 A falta de orientação e a displicência no carregamento e levantamento de cargas 
pesadas conduzem ao absenteísmo, tendo um forte impacto sobre o Sistema de Previdência 
Social (INSS), que em 2004, registrou dentre outras causas, um volume de 70% dos 
requerimentos correspondentes à benefícios por incapacidade para o trabalho, conforme 
INSS/DATAPREV (2004) citado por Trezub (2012). 
Particularmente na agricultura, conforme destaca Campos (2008), considerando que o 
trabalho do campo continua a ser realizado em posturas adversas, os trabalhadores 
transportam cargas pesadas em posições antinaturais, ajoelham-se frequentemente, trabalham 
com os braços por cima do nível dos ombros, movem as mãos e os pulsos repetidamente e por 
vezes todo o corpo está sujeito às vibrações produzidas pelas máquinas agrícolas. A partir de 
uma análise ergonômica das posturas e exigências físicas de jardineiros durante a realização 
do trabalho, o autor analisou dez atividades utilizando o método RULA – Rapid Upper Limb 
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Assessment, através de 73 posturas individuais, o que permitiu concluir que estas tarefas 
envolvem um risco elevado de ocorrência de lesões músculo-esqueléticas ligadas ao trabalho. 
Ainda, o setor de serviços de jardinagem e paisagismo é pouco explorado em 
pesquisas nacionais, o que justifica a realização da presente pesquisa, que ao analisar as 
condições de trabalho, espera ao menos conscientizar o trabalhador e o empregador sobre a 
importância da aplicação dos preceitos da ergonomia, para que seja possível obter uma 
diminuição de problemas osteomusculares, resultantes de LER/DORT, bem como a 
diminuição dos afastamentos por parte dos trabalhadores, consequentes do diagnóstico deste 
tipo de doença ocupacional. 
2. Caracterização da empresa 
A empresa referente ao estudo atua na área de prestação de serviços, voltada para a 
manutenção e criação de jardins, se enquadrando no setor de jardinagem e paisagismo. De 
porte pequeno, a empresa localizada na cidade de Florianópolis, em Santa Catarina, possui de 
9 a 12 funcionários, considerando que o efetivo é variável, já que depende da demanda de 
serviços. A empresa não possui um espaço físico fixo, sendo que o atendimento aos clientes 
ocorre, primeiramente, ao telefone e depois o gerente vai ao local para avaliar a situação e 
orçar o pedido. 
De origem familiar a empresa está no mercado há cerca de 20 anos, conforme 
organograma funcional demonstrado pela Figura 1. Possui um grande número de clientes que 
realizam pedidos de manutenção quase que mensalmente, tendo como objetivo maior deixar o 
jardim de acordo com as especificações e exigências desses clientes. 
 
Figura 1. Organograma funcional da empresa 
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3. Procedimentos Metodológicos 
A realização desse trabalho pode ser definida, em relação aos procedimentos técnicos, 
com características tanto de estudo de caso quanto de levantamento, visto que conforme Gil 
(1991), um estudo de caso envolve o estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos de 
maneira que se permita o seu amplo e detalhado conhecimento, já um levantamento acontece 
quando a pesquisa envolve a interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja 
conhecer. 
Sendo que os métodos que caracterizam e favorecem a compreensão do assunto são o 
descritivo e o interpretativo. Isto porque se procura, num primeiro momento, descrever a 
realidade da empresa para, num segundo, interpretar as informações coletadas, visando 
alcançar os objetivos propostos. 
Na primeira fase da pesquisa, foram identificadas e observadas, através de fotografias 
e filmagens, todas as tarefas das diferentes etapas do processo de jardinagem, bem como as 
posturas, os gestos, os movimentos, repetitividade e carga física, relacionadas às situações de 
risco de LER/DORT. Entre as tarefas executadas pelos funcionários da empresa estão: 
paisagismo, cuidados com canteiro, poda, cortes com moto serra, corte de grama e limpeza 
com o soprador de folhas (blower). 
Para a análise das atividades de trabalho do profissional de jardinagem e paisagismo, 
optou-se por avaliar dois trabalhadores exercendo tarefas distintas, características da 
atividade, e comuns a todos os trabalhadores, já que a população considerada se restringia a 6 
funcionários, sendo que apenas 4 realizavam as atividades de jardinagem e paisagismo, 
resultandoem uma amostra de 50% de funcionários desta empresa. 
 Portanto, para a aplicação da Análise Ergonômica do Trabalho (AET) foram 
observadas e selecionadas as atividades que exigiam maiores esforços do trabalhador, no que 
diz respeito à sobrecarga sobre os músculos e articulações, característica de trabalhos 
estáticos, como atividades que exigiam aplicação de força ou ainda posturas desfavoráveis, 
como o tronco inclinado e torcido. Sendo assim foram consideradas as seguintes tarefas: corte 
de grama (CG), cuidados com canteiro (CC) e limpeza com o soprador de folhas (blower) 
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(LL), descrita através das 4 etapas da AET, quais sejam: análise da demanda, análise 
ergonômica da tarefa, análise das atividades de jardinagem e paisagismo e diagnóstico e 
recomendações ergonômicas, apresentadas na sequência. 
3.1 Análise Ergonômica do Trabalho (AET) 
Com a finalidade de analisar a atividade de trabalho de jardinagem, através da 
aplicação da metodologia proposta neste estudo, foi realizado uma série de entrevistas com 
todos os atores envolvidos, desde o diretor administrativo, gerente e dois dos trabalhadores, 
para o levantamento de dados e informações relevantes à pesquisa. Assim, utilizou-se como 
ferramenta metodológica a Análise Ergonômica do Trabalho, que segundo Iida (2005), visa 
aplicar os conhecimentos da ergonomia para analisar, diagnosticar e corrigir uma condição de 
trabalho. A AET é uma metodologia dividida em etapas, que consistem em: 
• análise da demanda – Permite delimitar o(s) problema(s) a serem abordados em 
uma análise ergonômica; 
• análise da tarefa – compreende as condições técnicas de trabalho, condições 
ambientais e organizacionais de trabalho, ou seja, consiste no trabalho prescrito; 
• análise das atividades – trata-se da mobilização das funções fisiológicas e 
psicológicas do indivíduo, em um determinado momento. Corresponde ao 
comportamento real do trabalho para cumprimento das tarefas estabelecidas. 
Aplicação das ferramentas para análise biomecânica OWAS e RULA; 
• diagnóstico – é uma síntese da análise ergonômica, baseia-se diretamente nas 
hipóteses formuladas; 
• recomendações – consiste em sugestões de melhoria dos postos analisados visando 
aumento do rendimento e satisfação do empregado. 
3.2 Ferramentas de avaliação da ergonomia física 
A análise das posturas assumidas pelos trabalhadores durante sua jornada de trabalho, 
considerando o mesmo tipo de carga de trabalho, foi realizada utilizando as ferramentas 
RULA e OWAS, ambas utilizadas para análise biomecânica com comprometimentos maior 
dos membros superiores, conforme verificado na atividade em questão. Optou-se por utilizar 
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duas ferramentas de avaliação física para efeito de complementação dos resultados e melhor 
constatação dos problemas osteomusculares relacionados ao trabalho, já que a ferramenta 
RULA, tem como foco principal de avaliação, os membros superiores, e o método OWAS 
aborda ainda uma maior diversidade de classificação para as pernas, além de costas, braços e 
força exigida para realização da ação, conforme descrição abaixo. 
3.2.1 RULA (Rappid Upper Limb Assessments) 
Para identificar e quantificar os principais fatores de riscos devido à sobrecarga 
biomecânica dos membros superiores foi aplicado o método Rapid Upper Limb Assessment 
(RULA), que corresponde a uma ferramenta de avaliação dos membros superiores, 
desenvolvida em 1993 por Lynn McAntammey e E. Nigel Corlet. 
Para utilização do protocolo RULA, foram analisadas as filmagens das posturas 
assumidas pelos funcionários durante a realização da atividade de trabalho, classificando-as 
de acordo com o método de avaliação postural aplicado. O método RULA classifica as 
posturas por partes do corpo (braço, punho, pescoço, pernas, antebraço, rotação de punho, 
tronco) e a atividade, em relação à postura estática, ações repetitivas e carga. Para a 
classificação dos principais fatores de riscos devido à sobrecarga biomecânica dos membros 
superiores são considerados valores de 1 a 7, sendo 1 a melhor condição e 7 a pior situação de 
trabalho. 
3.2.2 OWAS - (Ovako Working Posture Analysing System) 
O método Ovako Working Posture Analysing System (OWAS) foi criado com o 
objetivo de analisar posturas de trabalho na indústria do aço, pela empresa OVAKO OY em 
conjunto com o Instituto Finlandês de Saúde Ocupacional. Baseado na análise das atividades 
desenvolvidas pelos funcionários, através de fotos e/ou vídeos, considerando a frequência e o 
tempo. O método OWAS é mais simplificado que o RULA para membros superiores, 
apresentando uma maior diversidade de classificação para as pernas, sendo analisados os 
grupos: costas, braços, pernas e força exigida para realização da ação. Os resultados são 
classificados em quatro categorias de recomendações para ações corretivas, diferenciadas pelo 
prazo para correção. 
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4. Análise da demanda 
A partir da análise da demanda, pôde-se constatar que durante a entrevista com o 
gerente da empresa não havia diferenciação entre as tarefas dadas aos funcionários, apenas 
quando algum novo funcionário integra-se à equipe, já que o mesmo passa por um período de 
adaptação e avaliação de seus conhecimentos na área. O índice de absenteísmo da empresa é 
baixo, e o fato de todos os funcionários exercerem as mesmas funções, dificulta a 
classificação de atividades que são predecessoras destes casos de afastamentos. 
Como demanda inicial, pode-se observar uma série de inadequações na atividade de 
trabalho dos funcionários analisados, desde o uso inapropriado das vestimentas e EPI´s 
utilizados, característica de atividades em empresas de pequeno porte. O trabalhador 1, por 
exemplo, ao realizar a atividade CG, apesar de utilizar EPI, no caso protetor auricular, não 
utilizava calça nem botas. Já o trabalhador 2, ao executar a tarefa CC, não estava usando 
nenhum tipo de EPI, pois se encontrava a uma distância de aproximadamente 4m, e ainda 
usava chinelo de dedo, bermuda e camiseta escura, vestimenta completamente imprópria para 
o trabalho realizado, devido aos materiais jogados pela roçadeira. 
Através de observações, questionários e entrevistas realizadas com os dois 
funcionários avaliados, gerente e dono da empresa, possibilitou-se verificar e avaliar 
problemas ergonômicos que futuramente poderiam causar algum tipo de dano físico aos 
trabalhadores, conforme descrito abaixo nas demais etapas da ferramenta metodológica AET. 
5. Análise ergonômica da tarefa 
 No caso do estudo analisado, por se tratar de um serviço personalizado e 
efetuado no local de demanda, o posto de trabalho muda constantemente em dimensões e 
demais elementos como iluminação, temperatura e etc. Porém, existem fatores que sempre 
estão presentes, como o trabalho é realizado em ambiente externo, sendo submetido à 
temperatura, iluminação, umidade ambiente, apresenta também tarefas comuns como poda e 
limpeza, variando estas, na sua forma de realização e tempo. 
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Os equipamentos utilizados pelos trabalhadores são levados até o local de trabalho 
juntamente com estes, uma vez no local de trabalho, os equipamentos são depositados em 
local que os trabalhadores melhor entendem como adequado à realização das tarefas. 
Como objetode estudo, foi analisados dois trabalhadores, que serão denominados 
como Trabalhador 1 e Trabalhador 2, tendo como características pessoais os dados da Tabela 
1 abaixo. 
Tabela 1. Características pessoais dos trabalhadores 
Características Trabalhador 1 Trabalhador 2 
Sexo Masculino Masculino 
Idade 39 (anos) 25 (anos) 
Altura 1,69(m) 1,73 (m) 
Peso 65 (kg) 73 (Kg) 
Tempo de atividade + de 20 (anos) 5 (anos) 
Fonte: Os Autores (2012) 
As atividades desenvolvidas pelos trabalhadores são variadas e podem se repetir se os 
mesmos atenderem mais de um cliente no dia de trabalho. As ações desenvolvidas durante as 
atividades englobam a movimentação dos membros superiores e inferiores, praticando a 
postura em pé e agachado, além do deslocamento constante. Algumas atividades exigem mais 
do trabalhador no quesito de estrutura osteomuscular como, por exemplo, o corte de um 
gramado ou a poda de uma árvore, em ambas as atividades o trabalhador utiliza maquinário 
pesado, e podendo, como no caso de poda de uma árvore, ter que subir em uma escada com o 
equipamento em mãos. 
Comparado ao trabalho desenvolvido em uma linha de produção, pode-se dizer que no 
processo produtivo desenvolvido as entradas ou inputs é o próprio jardim/terreno a ser 
modificado e gerando como saída ou output o jardim/terreno modificado, segundo as 
exigências do cliente. 
Como já abordado, o trabalho desenvolve-se em ambiente externo, tornando como 
características ambientais do posto de trabalho as correspondentes ao dia no qual o mesmo for 
executado, podendo variar ainda pelo próprio trabalhador, como por exemplo, através do uso 
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de roupagem de cor escura em dias de intensidade solar elevada, ou na combinação de 
temperatura e umidade elevadas, o que torna o trabalho muito desgastante. 
No dia de observação, foram tomados os seguintes dados dispostos nas Tabelas 2 e 3 
abaixo. 
Tabela 2: Classificação dos fatores ambientais (temperatura e iluminação) do ambiente analisado 
Classificação Fatores ambientais 
 Iluminação Temperatura 
Ar livre 1200 (lux) 29,6 (°C) 
Fonte: Os Autores (2012) 
Tabela 3: Classificação dos fatores ambientais (ruído) do ambiente analisado 
Classificação Roçadeira Soprador 
Intensidade sonora a 3 m de 
distância 
93,9 (dB) 84,3 (dB) 
Intensidade sonora no trabalhador 104,2 (dB) 95,6 (dB) 
Peso do maquinário 7 (kg) 10,4 (Kg) 
Fonte: Os Autores (2012) 
Com relação à temperatura ambiente, não há a possibilidade do controle no local de 
trabalho pelos motivos já citados, e considerando que o trabalho é realizado muitas vezes sem 
pausas expressivas, a atividade estaria em desacordo com o recomendado pela NR-17, que 
delimita para trabalhos contínuos moderados o máximo permitido seria de até 26,7°C, para 
adequação à norma sugere-se a implementação do seguinte regime de trabalho para o dia, 15 
minutos de trabalho e 45 de descanso, porém se fosse adotado este regime provavelmente a 
execução do serviço seria prejudicada. 
A iluminação medida também não é o recomendado para atividade segundo Iida 
(2005), o nível medido seria aplicado a tarefas manuais precisas. Ficando a recomendação de 
que a faixa de iluminamento fosse de 400-600 lux, o que é uma marca de difícil obtenção, 
uma vez que o controle sobre a fonte luminosa é impossível, porém a empresa poderia 
disponibilizar óculos solares como um EPI. 
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Os níveis de ruídos medidos (ver Tabela 3) permitiriam aos trabalhadores o máximo 
de exposição ao ruído por volta de 35 minutos no pior caso e 1hora e 45 minutos no melhor, o 
que pode não acontecer dependendo do local, no qual a tarefa está sendo realizada. Nas 
observações de campo, notou-se que o operador do maquinário utilizava protetores 
auriculares, protegendo-se assim do ruído, porém o outro trabalhador, que muitas vezes está 
em um raio de distância muito próximo não usa o equipamento de proteção. 
Outro fator importante, que não foi possível medir, por falta de equipamento 
específico, é o índice de incidência de raios ultravioleta, uma vez que não foi constatado nem 
o uso e nem o fornecimento de protetor solar aos trabalhadores. 
5.1 Prescrição da tarefa de corte de grama (CG) 
A atividade de corte de grama é realizada por apenas um funcionário. E sua tarefa, 
conforme Figura 2 consiste em: 
• abastecer a máquina de corta (roçadeira); 
• limpar o terreno, retirando pedras e outros objetos que poderiam causar traumas ao 
trabalhador bem como eventuais danos à máquina; 
• cortar toda a área grama, tomando o cuidado o patrimônio do cliente. 
 
Figura 2. Corte de grama 
5.2 Prescrição da tarefa de cuidados com o canteiro (CC) 
A atividade de cuidados com o canteiro é feito novamente por apenas um funcionário. 
Sua tarefa, ilustrada pela Figura 3, resume-se em: 
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• limpar o canteiro com auxílio de ferramentas próprias, tomando o cuidado com as 
plantas que já se encontram plantadas; 
• retirar as ervas daninhas, que causam algum dano às plantas. 
 
Figura 3. Cuidados com canteiro 
 
5.3 Prescrição da tarefa com o soprador de folhas (LL) 
Com o soprador de folhas (blower) o funcionário tem que exercer as seguintes tarefas, 
como demonstrado através da Figura 4: 
• abastecer o equipamento caso houver necessidade; 
• realizar a limpeza com o soprador, retirando todas as palhas. 
 
Figura 4. Soprador de folhas 
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6. Análise das atividades de jardinagem e paisagismo 
A análise das atividades descreve os comportamentos dos funcionários no trabalho, a 
maneira como os resultados são obtidos e como os meios são utilizados. Com a análise 
ergonômica do trabalho é possível verificar as condicionantes de tempo e suas consequências 
sobre a atividade, às posturas e gestos durante a realização do trabalho, o comportamento 
cognitivo do trabalhador, se há a presença de “vícios”, como também o comportamento 
osteomuscular e psicológico durante o turno de trabalho. 
Com relação às atividades de trabalho, como já citado acima, elas se dividem em: 
jardinagem e paisagismo, cuidados com canteiro, poda, cortes com motoserra, corte de grama 
e limpeza com o soprador de folhas (blower). No caso desse estudo foram analisados, 
Trabalhador 1 e Trabalhador 2, realizando apenas as tarefas de corte de grama (CG), cuidados 
com o canteiro (CC) e limpeza (LL). O corte de grama é realizado com o auxílio de uma 
roçadeira, com o qual o funcionário percorre todo o terreno a ser cortado, parando apenas para 
reabastecer a máquina e para uma eventual pausa. O trabalhador encarregado a cuidar do 
canteiro tem que limpar, retirando ervas-daninhas e demais sujeiras no canteiro. No dia de 
levantamento de dados observado, o Trabalhador 2, que realizou a limpeza do canteiro, 
também utilizou o soprador de folhas para limpar o terreno no qual o Trabalhador 1 cortou a 
grama. 
Como o trabalhador 1 (T1) exerce a função a mais de 20 anos, algumas atitudes são 
tomadas para acelerar a atividade. Essas atitudes podem ser compreendidas como vícios. 
Esses vícios, mesmo que para o T1 seja inocente e útil, poderão gerar sérios danos a sua saúde 
física. Um vício logo identificado e confirmado em entrevista foi de retirada de parte da 
proteção do equipamento. O que pode provocar acidentes muito graves. 
A seguir são mostradasas atividades realmente efetuadas por T1 durante a realização 
da atividade CG, através das quais serão apresentadas as devidas considerações e diagnóstico 
ergonômico: 
• retirar equipamentos do veículo e levar até local onde a atividade será executada; 
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• verificar existência de dejetos de animais, lixo, pedras pequenas e objetos maiores que 
venham a atrapalhar a execução da atividade; 
• verificar quantidade de nylon na máquina; 
• abastecer a máquina com combustível. 
Com relação aos movimentos e forças corporais executadas pelo trabalhador 1 durante 
a atividade CG pode-se classificá-la como pouco dinâmica, ou seja, na maior parte do tempo 
o trabalhador executa movimentos repetitivos e com força constante. Por meio de entrevista 
com o trabalhador e observações foi possível classificar os movimentos corporais do 
trabalhador para realizar uma análise. 
A partir de análise feita sobre a postura exercida pelo trabalhador 1 durante a execução 
da atividade, foi utilizado o método RULA (Rapid Upper Limb Assessment), para concluir a 
análise postural. Dentro dos parâmetros do método RULA, a pontuação da atividade 
executada pelo trabalhador 1 foi de 6, o que indica que “deve-se fazer investigação e que 
mudanças terão que ser introduzidas” no ambiente de trabalho. 
Quanto a demanda cognitiva da atividade pode ser dita como baixa. Em conversa com 
trabalhador 1, fica evidenciado que apesar do cansaço físico, se sentem a vontade no trabalho, 
pois podem descansar, conversar com colegas e lanchar. Na atividade de CG não ocorre muita 
pressão por parte de cliente, apenas pelos patrões e pelos riscos de acidentes com os bens 
materiais dos clientes. 
 Na atividade 2, CC, cuidado de canteiros, executada pelo trabalhador 2 (T2) que está 
a mais de 5 anos exercendo a jardinagem e diz possuir grande experiência sobre a atividade, 
foi observado que o trabalhador assume posturas que podem causar lesões osteomusculares, 
além de usar roupas inadequadas. 
Abaixo são mostradas as atividades realizadas por T2 durante a execução da atividade 
CC, através da qual serão apresentadas as devidas considerações e diagnóstico ergonômico: 
• levar as ferramentas que serão utilizadas; 
• retirada de ervas - daninha que estejam entre as plantas; 
• podas em algumas plantas; 
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• colocação de adubo. 
Tendo como base os movimentos musculares e forças exercidas por T2 durante a 
realização da atividade CC pôde-se classificar a atividade como não dinâmica uma vez que o 
trabalhador não executa força e fica praticamente todo o tempo da atividade na mesma 
posição. 
 A partir de análise feita das posturas assumidas pelo trabalhador 2 durante a 
realização da atividade, utilizou-se o método OWAS para concluir a análise postural, 
seguindo a seguinte classificação (Tabela 4): 
Tabela 4: Classificação das posturas assumidas pelo trabalhador 2 
 Postura coluna Postura braços Postura pernas Esforço 
Classificação Inclinado Dois braços para 
baixo 
Ajoelhado em ambos 
joelhos 
Menor ou igual que 
10kg 
Fonte: Os Autores (2012) 
O resultado de aplicação do método OWAS apresentou a categoria de ação 
classificada como “são necessárias correções em um futuro próximo”, o que indica que a 
postura assumida durante esta atividade pode vir a causar danos à saúde do T2. 
Em relação aos aspectos cognitivos desta atividade, pode-se afirmar que a exigência é 
baixa, que pode ser confirmado em conversa com T2 e no questionário realizado. Quanto à 
pressão por serviço executado nesta atividade, existe um pouco por parte dos clientes, uma 
vez que no geral esses canteiros possuem hortaliças, ervas e temperos. O cultivo destas 
plantas em casa se dá grande parte como um hobby para os clientes, o que a partir desse ponto 
de vista exige mais cuidado. 
Há ainda mais uma atividade desempenhada pelo trabalhador 2, que é a limpeza do 
terreno após o corte de grama, classificada neste estudo como LL. A atividade é 
desempenhada com ajuda de um aparelho chamado de soprador de folhas, como demonstrado 
pela Figura 4. 
Com relação aos movimentos e forças corporais executadas pelo trabalhador 2 durante 
a atividade de limpeza pode ser classificada como pouco dinâmica, ou seja, na maior parte do 
tempo o trabalhador executa movimentos repetitivos e com força constante. Por meio de 
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entrevista com o trabalhador e observações foi possível classificar os movimentos corporais 
do trabalhador. 
A partir da análise feita sobre a postura exercida pelo trabalhador 2 durante a execução 
da atividade, foi utilizado o método RULA (Rapid Upper Limb Assessment), para concluir a 
análise postural. Dentro dos parâmetros do método RULA a pontuação da atividade 
executada pelo trabalhador 2 foi de 6, indicando que “deve-se fazer investigação e mudanças 
devem ser introduzidas”. 
Quanto à demanda cognitiva da atividade, pode ser classificada como baixa. Em 
entrevista com o trabalhador 2, pode-se registrar que o mesmo sente dores nos ombros após o 
uso do aparelho, uma vez que o aparelho é fixado junto ao corpo por meio de alças tipo 
mochila. 
7. Diagnóstico e recomendações ergonômicas 
Considerando os aspectos da ergonomia física dos trabalhadores analisados, pode-se 
constatar diversos erros posturais e “vícios” de comportamento durante a atividade laboral dos 
funcionários da empresa analisada. Dentre eles, um de maior significância foi o fato da 
vestimenta inadequada dos trabalhadores contribuía com o aumento de seu desconforto 
térmico, como o próprio mencionou em entrevista. E que segundo Kroemer (2005), o 
desconforto térmico pode gerar alterações funcionais, e no caso do estudo, o 
superaquecimento, gera cansaço e sonolência, redução do desempenho físico e aumento de 
erros. 
Uma maneira de diminuir o desconforto térmico dos jardineiros em dias de muito 
calor é utilização de roupas claras de forma a refletir em grande parte a radiação dos raios 
solares. Contudo, tomando cuidado com a espessura, pois deve-se oferecer uma segurança 
contra eventuais objetos que possam ser lançados pela roçadeira no trabalhador. Outra forma 
de diminuir o desconforto térmico dos trabalhadores, é a utilização de chapéu, para proteção 
de cabeça e ombros dos raios solares, bem como o fornecimento de protetores solares, por 
parte da empresa, para os funcionários envolvimentos em trabalhos externos e sujeitos a luz 
solar. 
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Apesar do trabalhador de corte de grama utilizar proteção auricular e óculos, há uma 
displicência no que diz respeito a sua vestimenta, pois falta uma máscara que proteja o seu 
rosto inteiro, bem como caneleiras externas para protegê-lo de objetos lançados pela roçadeira 
operada. 
Outra preocupação evidenciada foi o fato do trabalhador na maior parte de sua tarefa 
de cortar grama, inclinar o pescoço. Esse fato, segundo próprio relato do funcionário, causava 
dores no ombro e principalmente no pescoço no final do turno de trabalho. Essa inclinação, 
durante certo período de tempo intermitente pode causar fadigas musculares, as quais irão 
impedi-lo de realizar alguns movimentos com o pescoço sem que sinta algum tipo de dor. 
No caso das dores no ombro e no pescoço, a principal medida corretiva, seria o ajuste 
da máquina, roçadeira,para melhor se adaptar a estatura do trabalhador, como também um 
melhora na cinta que sustenta a máquina junto ao trabalhador, pondo acolchoados nos 
ombros. 
Portanto, dentre todas as observações citadas acima, procurou-se aplicar os princípios 
da Ergonomia, que tem como objetivo de melhorar o bem-estar humano e o desempenho 
global do sistema. Contudo verificou-se uma resistência por parte dos funcionários em usar 
equipamentos de proteção individual e não exigir melhorias de condições de trabalho aos 
gerentes. Os trabalhadores não estavam conscientes da importância do uso de EPI’s e o 
melhoramento de sua postura. E muitas vezes desistiam de usar novos equipamentos de 
proteção, por simplesmente não serem confortáveis. 
Para reverter essa situação atual, os funcionários devem passar por algum tipo de 
treinamento e conscientização, sobre a importância dos EPI’s, para futuras melhorias da 
qualidade de vida e de sua atividade laboral. 
8. Considerações finais 
Com a aplicação da metodologia de Análise Ergonômica do Trabalho (AET) foi 
possível diagnosticar uma série de problemas ergonômicos na atividade dos trabalhadores em 
seu ambiente de trabalho no qual, poderá futuramente gerar como consequência principal, 
acidentes de trabalho com afastamentos. 
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Outro fato importante que deve-se salientar é a baixa consciência dos trabalhadores 
com relação a sua própria segurança, principalmente no que se refere a utilização de EPI’s e 
outros equipamentos de segurança, pois muitas vezes os trabalhadores sentem-se 
desconfortáveis com a uso de novos equipamentos. 
Pode-se citar ainda um potencial aparecimento de fadigas musculares nos 
trabalhadores, relacionados às posturas assumidas durante a atividade laboral. Em entrevistas 
com os dois trabalhadores analisados, verificou-se o surgimento de dores lombares leves e em 
outras situações demasiadamente elevadas, no final do turno de trabalho, dependendo da 
demanda de trabalho do dia. Assim no decorrer da análise ainda observaram-se outras 
demandas ergonômicas e “vícios” praticados pelos trabalhadores, que em um futuro próximo, 
poderiam vir a causar problemas graves à sua saúde. 
A atividade de jardinagem, bem como demais trabalhos, no qual há necessidade de 
uma grande frequência de levantamento e carregamentos de materiais pesados, exigem muito 
da região lombar dos trabalhadores. A ocorrência de fadigas musculares está ligada ao 
sobrecarregamento muscular que permanece localizada em um determinado músculo. E ainda 
causando uma redução de desempenho do músculo fadigado, não apenas pela redução da 
força, mas também pela redução da velocidade de movimento. Isso explica os problemas de 
coordenação e aumento de erros e acidentes. Pode-se salientar ainda que a fadiga muscular 
não tratada pode ocasionar disfunções osteomusculares que comprometem a funcionalidade, 
além da produtividade do trabalhador. 
Portanto, a saúde do trabalhador é um requisito de suma importância ao sistema 
produtivo e a ergonomia tem um papel vital dentro das empresas, que visa estabelecer uma 
relação mútua com a qualidade dos serviços prestados com um aumento de produtividade e 
melhoria das condições do trabalho aos trabalhadores. 
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Desconexão, Araraquara, v. 4, n. 1, jul/dez, 2011. 
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http://www.mpas.gov.br/conteudoDinamico.php?id=18 Acesso em agosto de 2012.

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