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08
58
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1.
1
ERGONOMIA
2
Renan Primo 
São Paulo
Platos Soluções Educacionais S.A 
2021
ERGONOMIA
1ª edição
3
2021
Platos Soluções Educacionais S.A
Alameda Santos, n° 960 – Cerqueira César
CEP: 01418-002— São Paulo — SP
Homepage: https://www.platosedu.com.br/
Diretor Presidente Platos Soluções Educacionais S.A
Paulo de Tarso Pires de Moraes
Conselho Acadêmico
Carlos Roberto Pagani Junior
Camila Braga de Oliveira Higa
Camila Turchetti Bacan Gabiatti
Giani Vendramel de Oliveira
Gislaine Denisale Ferreira
Henrique Salustiano Silva
Mariana Gerardi Mello
Nirse Ruscheinsky Breternitz
Priscila Pereira Silva
Tayra Carolina Nascimento Aleixo
Coordenador
Nirse Ruscheinsky Breternitz 
Revisor
Joubert Rodrigues dos Santos Júnior
Editorial
Alessandra Cristina Fahl
Beatriz Meloni Montefusco
Carolina Yaly
Mariana de Campos Barroso
Paola Andressa Machado Leal 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)______________________________________________________________________________________ 
Primo, Renan
P953e Ergonomia / Renan Primo, – São Paulo: Platos Soluções 
 Educacionais S.A., 2021.
 44 p.
 ISBN 978-65-89881-60-5
 1. Saúde e segurança no trabalho. 2. Projeto 
 ergonômico. 3. Prevenção. I. Título.
 
CDD 658.38 
____________________________________________________________________________________________
Evelyn Moraes – CRB 010289/O
© 2021 por Platos Soluções Educacionais S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser 
reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, 
eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de 
sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, 
por escrito, da Platos Soluções Educacionais S.A.
4
SUMÁRIO
Ergonomia: conceitos e aplicações ___________________________ 05
Doenças Ocupacionais e Postos de Trabalho Ergonômicos __ 21
Impactos do ambiente laboral ergonomicamente inadequado 
_______________________________________________________________ 37
ERGONOMIA
5
Ergonomia: conceitos e 
aplicações.
Autoria: Renan Primo
Leitura crítica: Joubert Rodrigues dos Santos Junior
Objetivos
• Compreender os fundamentos da ergonomia e suas 
origens.
• Discorrer sobre a importância, as aplicações e as 
regulamentações da ergonomia.
• Dialogar sobre as dimensões do estudo ergonômico: 
Ergonomia Física, Cognitiva e Organizacional.
6
1. Ergonomia: uma ciência interdisciplinar, 
multidimensional e essencial
Imagine o seguinte cenário: uma enfermeira (que chamaremos de 
Maria) se desloca para o hospital, seu local de trabalho, onde fará um 
plantão noturno, das 19h às 7h da manhã. Chegando lá, encontra sua 
colega Joana, que demonstra bastante cansaço; ouve atentamente as 
orientações sobre as ocorrências do expediente passado e anota as 
informações. No entanto, Joana está atrasada para pegar o ônibus e 
precisa correr.
Maria tem em suas mãos, além das demandas direcionadas por Joana, 
suas rotinas diárias e seus pacientes prioritários. Então, decide começar 
por suas rotinas, sendo a primeira acompanhar uma paciente que saiu 
de uma cirurgia naquela noite, cujo leito fica ao final do corredor.
Ao se deslocar para lá, uma técnica de enfermagem a chama na primeira 
sala do corredor para avaliar uma situação, e Maria prontamente 
atende. Ao voltar ao corredor, ela se depara com problemas em mais 
quatro leitos, anteriores ao leito que ela deveria avaliar. Todos eles eram 
importantes e demandaram uma atenção especial. Dessa forma, apenas 
consegue chegar ao leito do paciente de sua rotina depois de 1h30min 
do início de seu turno.
O acompanhante do paciente em questão, irritado com a demora, 
diz que Joana, sua colega do plantão anterior, havia dito que passaria 
no leito antes dela para avaliar a situação, porém não foi. Assim, 
contabilizando essa espera mais o tempo de turno de Maria, já se 
somavam 3h de aguardo.
Joana infelizmente não havia passado tal informação para Maria; 
pelo menos, não estava em suas anotações. Então, o acompanhante, 
descontente com o atendimento, abre uma denúncia na ouvidoria do 
hospital, indicando a ocorrência de negligência, visto que a paciente 
7
recém-operada havia passado mal nesse período de espera. Diante 
dessa situação, a direção do hospital aplica uma advertência a Maria.
Nesse contexto hipotético, quem seria o responsável por todo esse 
desconforto: Joana, a enfermeira do turno anterior; o horário do ônibus 
que causou a necessidade de Joana passar as informações de forma 
apressada; ou Maria, que não se atentou para a situação da paciente 
do final do corredor e não a priorizou? De toda forma, se ela houvesse 
priorizado, será que os demais pacientes dos leitos problemáticos 
anteriores não abririam uma denúncia também? Ou será que o 
responsável por esses desconfortos não seria o acompanhante, que 
estava alterado pela situação do seu ente querido que estava internado? 
Ou ainda a direção do hospital por não avaliar o contexto da situação ao 
decidir pela necessidade de advertência?
São muitas perguntas, muitos questionamentos, porém o ponto de 
destaque para essa situação é: onde a Ergonomia entra nesse caso?
De forma simplista, a ergonomia busca entender como o ser humano 
interage com os sistemas e elementos do trabalho, a fim de modificá-los 
para o aumento do conforto, da saúde, da segurança e do desempenho 
do trabalhador e, consequentemente, da organização/empregador. Isso 
quer dizer que a ergonomia procura compreender, de forma profunda, 
o universo do trabalho, envolvendo todo o ambiente de forma integrada 
para assim poder transformá-lo genuinamente (GUÉRIN et al., 2001, p.1).
Para esse caso de Maria, existem problemas organizacionais, sociais, 
físicos e cognitivos que precisam ser considerados de forma integrada 
para a compreensão do trabalho. Não existem culpados, mas um 
ambiente complexo com diversas variáveis. Essa é a verdadeira face de 
um trabalho real, seja ele de alta complexidade ou não.
A história da ergonomia se relaciona com muitos movimentos científicos, 
econômicos e sociais, destacando-se, sobretudo, na relação com 
8
a história do trabalho humano, das organizações do trabalho, das 
tecnologias, dos artefatos e dos sistemas. A ergonomia ainda é uma 
disciplina jovem, e suas raízes se encontram em disciplinas mais antigas, 
como a biologia humana, a medicina do trabalho, as ciências cognitivas, 
a psicologia do trabalho, a sociologia do trabalho, a organização do 
trabalho e as ciências da gestão (LEPLAT; MONTMOLLIN, 2007, p. 33).
De acordo com Iida (2018, p. 7), a ergonomia possui uma data “oficial” 
de nascimento: 12 de julho de 1949. Nesse dia, reuniram-se na 
Inglaterra pela primeira vez um grupo de cientistas e pesquisadores 
interessados em estudar, discutir, incrementar e formalizar a existência 
desse novo ramo de aplicação interdisciplinar da ciência. Muitos 
desses pesquisadores já se conheciam devido às pesquisas de cunho 
militar, realizadas durante a Segunda Guerra Mundial, o que facilitou e 
contribuiu para um bom progresso das conversas. Após essa primeira 
integração, o mesmo grupo se reuniu em 16 de fevereiro de 1950 e 
propôs a utilização do neologismo ergonomics (ergonomia em tradução 
livre), formado pelos termos gregos ergon (trabalho) e nomos (regras, 
leis naturais). Tal termo foi adotado na fundação da Ergonomics Research 
Society (ERS) (Sociedade de Pesquisa em Ergonomia, em tradução livre) 
no mesmo ano, mudando seu nome em meados de 2009 para Institute 
of Ergonomics & Human Factors (IEHF) (Instituto de Ergonomia e Fatores 
Humanos, em tradução livre).
No entanto, se pensarmos nos fundamentos da ergonomia, essa ciência 
já estava presente muito antes desse período. Podemos citar, por 
exemplo, as contribuições de Leonardo da Vinci no século XV, quem, 
segundo De Lima et al. (2010, p.13), é considerado como o precursor daErgonomia. Ele, como bem sabemos, era um visionário, extremamente 
curioso e ávido por novos saberes, integrando diversos conhecimentos 
em suas obras, como arquitetura, engenharia, anatomia, pintura, 
escultura, fisionomia etc., com um dos objetivos de incorporar ao 
máximo o “homem universal”, como centro do universo, tão difundido 
em sua época. Assim, ao longo das suas mais de 600 obras relacionadas 
9
à anatomia, passou a analisar criteriosamente a influência de elementos 
como movimentos, luz e sombras sobre as atividades humanas, o que 
impactou de forma concreta o desenvolvimento de outros estudos que 
contribuíssem com o que hoje chamamos de ergonomia (EUGÊNIO, 
2014, p. 4).
Silva e Paschoarelli (2010, p. 18) também abordam de forma minuciosa 
a evolução histórica da ergonomia, destacando alguns de seus 
precursores. Em meados do século XVII, por exemplo, destaca-se o 
médico italiano Bernardino Romazzini, que discorreu sobre doenças e 
lesões relacionadas ao trabalho. Nessa mesma época, Bernard Forest 
de Bélidor também se destaca principalmente ao analisar a capacidade 
de trabalho físico de operários utilizados para a construção de muralhas 
e pontes, no que diz respeito ao transporte de cargas por período 
prolongado. Ele identificou algumas relações entre esforço físico, 
postura e produtividade para aqueles operários, propondo intervenções.
Ainda de acordo com Silva e Paschoarelli (2010, p. 29), outro precursor 
digno de destaque é Philibert Patissier, médico estudioso que realizou 
as primeiras estatísticas sobre mortalidade e morbidade da população 
operária. Ele já insistia na proteção individual, preconizando o uso de 
bexigas animais para proteção respiratória e de óculos para proteção 
contra corpos estranhos, além de recomendar aos ourives levantarem 
a cabeça algumas vezes por dia para olhar o horizonte de modo a 
minimizar a fadiga visual. Assim como Romazzini, ele contribuiu para o 
surgimento de um movimento a favor da segurança do trabalhador na 
França, que posteriormente se estenderia para o restante do mundo.
Nesse período entre o século XVII até meados de 1950, houve diversas 
contribuições para a ergonomia, influenciadas pela revolução industrial, 
pelo taylorismo, pela globalização e pelo desenvolvimento tecnológico. 
Considerando esse marco inicial de 1950, podemos destacar que após 
a Segunda Guerra Mundial originou-se o que atualmente se denomina 
como “as duas abordagens da ergonomia”: a anglo-saxônica, também 
10
chamada de Human Factors ou fatores humanos; e a franco-fônica, 
ou franco-belga, que nasceu com o nome de análise da atividade em 
situação real e que posteriormente foi chamada de análise do trabalho 
(GEMMA, 2008, p. 58).
Ainda de acordo com Gemma (2008, p. 59), a diferença básica entre 
ambas as abordagens é que o objetivo da ergonomia da Grã-Bretanha 
era adaptar a máquina ao homem, e da França era adaptar o trabalho 
ao homem. Porém, mesmo com objetivos ligeiramente distintos, ambas 
nutriam uma intenção inicial comum: inverter a lógica da adaptação do 
trabalhador à máquina ou às condições estabelecidas pelo trabalho, 
exigidas principalmente pelo mecanismo taylorista-fordista que ainda 
hoje são presentes, principalmente nos setores industriais.
De forma complementar, a International Ergonomics Association (IEA) 
adotou em 2000 uma definição da ergonomia considerada atualmente 
uma referência internacional, como destacado por Falzon (2007):
A Ergonomia (ou Human Factors) é a disciplina científica que visa a 
compreensão fundamental das interações entre os seres humanos e os 
outros componentes de um sistema, e a profissão que aplica princípios 
teóricos, dados e métodos com o objetivo de otimizar o bem-estar das 
pessoas e o desempenho global dos sistemas. Os profissionais que 
praticam a ergonomia, os ergonomistas, contribuem para a planificação, 
concepção e avaliação das tarefas, empregos, produtos, organizações, 
meios ambientes e sistemas, tendo em vista torná-los compatíveis com as 
necessidades, capacidades e limites das pessoas. (FALZON, 2007, p. 5)
Essa visão da IEA consegue integrar e dialogar com as duas abordagens 
ergonômicas já citadas (anglo-saxônica e franco-belga), traduzindo 
assim, de forma precisa, os fundamentos essenciais da ergonomia.
Vale ressaltar que, segundo Moraes e Mont’álvão (2003, p.7), a atenção 
com os fatores humanos não acompanhou o desenvolvimento 
tecnológico em que vivemos. Antigamente (séculos passados), os 
11
ambientes de trabalho eram visivelmente insalubres, degradantes, 
e por isso os estudos estavam mais direcionados à mortalidade e às 
morbidades.
Na Figura 1, por exemplo, podemos verificar a foto de uma fábrica 
de bicicletas na Inglaterra. Pode-se perceber que o trabalho era 
visivelmente segmentando entre homens e mulheres, sendo as 
mulheres operárias e os homens os supervisores. Além disso, observa-
se que não há assentos para descanso, proteção para as máquinas ou 
Equipamentos de Proteção Individual (EPI) para as operadoras, como 
protetor auricular, máscaras etc.
Figura 1 – Foto de uma antiga fábrica de bicicletas na Inglaterra
Fonte: ilbusca/iStock.com. 
A partir da 3ª Revolução Industrial, do advento da Indústria 4.0, 
do bombardeio tecnológico, das ações normativas de proteção 
12
ao trabalhador e de uma visão mais próxima da prevenção pelas 
organizações, os riscos ergonômicos se reduziram, porém não se 
extinguiram. Na verdade, eles se tornaram invisíveis, imperceptíveis. Por 
isso promover ações e normativas para questões ergonômicas se faz 
necessário para o momento em que vivemos.
Segundo Mendonça (2004), alguns exemplos nacionais de que a área de 
ergonomia está se desenvolvendo e se fortalecendo se destacam, como:
• O estabelecimento da Norma Regulamentadora n. 17 (NR-17) 
pela Portaria n. 3.751, de 23 de novembro de 1990 (BRASIL, 
1990), que estabelece os princípios de ergonomia direcionados às 
organizações.
• A publicação do Manual de Aplicação da NR-17 em 2002 (BRASIL, 
2002) pelo então Ministério do Trabalho e Emprego.
• O avanço e o fortalecimento de órgãos fiscalizadores e de 
associações compostas por profissionais de saúde e segurança 
ocupacional.
• O crescente interesse em busca de capacitação na área 
de ergonomia por meio de especializações, capacitações e 
certificações, como a proporcionada pela Associação Brasileira de 
Ergonomia (ABERGO).
Porém, mesmo com todo o progresso da ergonomia no Brasil e no 
mundo, atualmente a sobrecarga causada pela intensificação do ritmo 
de trabalho e a subcarga causada pela monotonia em ambientes mais 
administrativos ainda contribuem e incrementam as possibilidades de 
erro e de problemas físicos, cognitivos e psíquicos para trabalhadores.
Voltemos ao exemplo da enfermeira Maria. Toda a pressão sentida por 
ela pela própria natureza do seu trabalho provavelmente refletirá em 
13
sua saúde física e cognitiva, além de impactar a própria organização do 
trabalho, que nesse caso se caracteriza como a direção do hospital.
Por isso, a ergonomia pode ser caracterizada em três grandes frentes, 
que se distinguem, porém não se separam: a ergonomia física, cognitiva 
e organizacional.
Segundo Eugênio (2014, p.14), a ergonomia física se encarrega de 
compreender as características da anatomia humana, da antropometria, 
da fisiologia e da biomecânica relacionadas com a atividade física em 
ambientes de trabalho. Alguns exemplos relacionados a esse segmento 
são: a postura conforme a atividade; o manuseio correto de materiais e 
equipamentos; os movimentos repetitivos que podem causar distúrbios 
musculoesqueléticos; e a própria projeção dos postos de trabalho.
Na Figura 2, é possível identificar a maneira correta de carregar um peso, 
que no caso deve ser feito com a coluna na posição vertical, utilizando-se 
a musculatura da perna.
Figura 2 – Levantamento correto de carga
Fonte: ilbusca/iStock.com. 
14
A própria NR-17 (BRASIL, 2002) possui diretrizes gerais com relação ao 
processo de carregamentode cargas, porém sem definição de cargas 
máximas. Portanto, é pertinente que se utilizem metodologias de 
cálculo, como a produzida pelo NIOSH (National Institute for Occupational 
Safety and Health, ou Instituto Nacional de Saúde e segurança 
Ocupacional em tradução livre).
Já a ergonomia cognitiva aborda os processos mentais, como percepção, 
memória, raciocínio e resposta motora, relacionados com as interações 
entre as pessoas e outros elementos de um sistema. Vale ressaltar que 
essa visão cognitiva ganhou grande relevância a partir da década de 
1980, com a difusão da informática, dos trabalhos informatizados e das 
máquinas programáveis em praticamente todos os setores de atividade 
humana (IIDA, 2018, p. 12).
Por fim, temos a ergonomia organizacional, que trata da utilização dos 
sistemas sociotécnicos, abrangendo as estruturas organizacionais e 
políticas e os processos e sistemas de trabalho.
Cabe salientar que o campo de ação da ergonomia pode ser bastante 
diverso e, em algum sentido, até mesmo paradoxal. Para uns, ele é 
estritamente limitado a uma adaptação física dos objetos cotidianos, 
como uma mobília, limitando-se ao mundo físico do posto de trabalho. 
Já para outros, é utilizado apenas para reduzir o índice de acidentes ou 
aumentar a produtividade no trabalho.
No entanto, Falzon (2007, p. 8) destaca que a especificidade da 
ergonomia reside na tensão entre dois objetivos. O primeiro é centrado 
na organização, que pode ser apreendido sobre diferentes aspectos, 
como: produtividade, confiabilidade, eficiência, qualidade, durabilidade, 
controle etc. Já o segundo é centrado nas pessoas, implicando em 
diferentes dimensões, como: saúde, conforto, segurança, usabilidade, 
acessibilidade, satisfação, prazer etc. Nenhuma outra ciência declara 
de forma tão específica esse duplo objetivo. O ergonomista ou o 
15
profissional que atua em ergonomia, por sua vez, pode até preferir 
um ou outro desses objetivos, porém ninguém pode pretender ser 
ergonomista ignorando um ou outro.
Percebe-se aqui uma característica interessante. Por um lado, existe 
a organização, pautada por um sistema que visa prioritariamente 
ao desempenho por meio de dimensões incorporadas pela própria 
natureza do trabalho ao trabalhador, como o controle de produtividade, 
eficiência etc. Por outro lado, existe o trabalhador, o humano e suas 
necessidades físicas, cognitivas, psicossociais, coletivas, com o aspecto 
do prazer e do sofrimento, o trabalho real. Como o ergonomista lida 
com esses desafios?
O método da Análise Ergonômica do Trabalho (AET) dá pistas de como 
lidar com essa questão, por meio de um olhar mais integrador:
Os conhecimentos produzidos pela ergonomia dizem respeito ao ser 
humano e sua ação. Não se trata apenas de estudar o sujeito em atividade, 
mas de gerar conhecimentos úteis a ação, quer se trate da transformação 
ou da concepção de situações de trabalho ou objetos técnicos, ou ainda, 
de produzir conhecimentos sobre a própria ação ergonômica, ou seja, 
criar metodologias de análise e intervenção nas situações de trabalho, 
metodologias de participação na concepção e avaliação dos dispositivos 
técnicos e organizacionais. (GEMMA, 2008, p. 63)
Segundo Abrahão et al. (2009, p.180), diferentemente dos métodos 
científicos tradicionais, em que as hipóteses são previamente elaboradas 
e apontadas, na AET elas são construídas, validadas e/ou refutadas ao 
longo do processo.
A abordagem metodológica em ergonomia possui dois atributos 
essenciais: sentido ascendente de investigação e flexibilidade de 
delineamento. Tais características permitem investigar o trabalho real 
do sujeito, respeitando sua variabilidade, assim como a situação de 
trabalho e os instrumentos. Além disso, essa abordagem permite revelar 
16
a complexidade do trabalhar, levando em consideração os fatores 
humanos e organizacionais da atividade. A AET pressupõe a utilização 
de distintas técnicas, cuja importância para a análise depende da 
problemática e da configuração da demanda (PRIMO, 2020, p. 50).
Uma ação ergonômica aplicada pela AET de forma canônica é composta 
de algumas fases específicas, cujos princípios teóricos e metodológicos 
foram apresentados por Guérin et al. (2001, p.81) e reproduzidos por 
Abrahão et al. (2009, p.181). Essas fases são:
• Análise da demanda.
• Coleta de informações sobre a empresa.
• Levantamento das características da população.
• Escolha das situações de análise.
• Análise do processo técnico e da tarefa.
• Observações globais e abertas da atividade.
• Elaboração de um pré-diagnóstico – hipóteses explicativas de nível 
2.
• Observações sistemáticas – análise de dados.
• Validação.
• Diagnóstico.
• Recomendações e transformação.
Cada uma dessas fases visa integrar as bases da abordagem 
ergonômica, que pressupõe um estudo centrado na atividade real de 
trabalho, na globalidade da situação de trabalho e na consideração 
17
da variabilidade da produção, da tecnologia e dos operadores. No 
entanto, essas fases não acompanham a linearidade apresentada, 
sendo utilizadas apenas como forma pedagógica e não implicando 
necessariamente que sejam seguidas uma após a outra. Muitas vezes, 
o profissional de ergonomia, ao se confrontar com a realidade do 
trabalho e compreender dia após dia as características e peculiaridades 
dos postos de trabalho, poderá se ver obrigado a retornar a algumas 
fases anteriores para a coleta de mais informações. Portanto este é um 
método interativo, podendo ser mais bem visualizado na Figura 3.
Figura 3 – Fluxo interativo da AET
Fonte: Abrahão et al. (2009, p. 183).
Além disso, ressalta-se a importância de se iniciar uma primeira 
transformação no próprio ergonomista (ou profissional que fará a 
análise), principalmente no que diz respeito ao seu olhar sobre os 
atores, as tecnologias e os processos a serem observados, deixando de 
lado qualquer pressuposição, preconceito ou pressentimento isolado. 
O método da AET permite a ele esse olhar, de forma a distinguir, porém 
18
não separar. Por exemplo: nas funções de um gestor e de um operário, 
a AET pressupõe a necessidade de um olhar para aquele contexto como 
um contexto híbrido, em que todos deverão ser ouvidos com atenção e 
confiança.
Para tanto, compreender os conceitos de Tarefa e Atividade se torna 
indispensável para uma ação ergonômica de transformação. Segundo 
Guérin et al. (2001, p. 11), existe um distanciamento entre a organização 
prescrita (estabelecimento de regras, normas, procedimentos técnicos) 
e o que é chamando de trabalho real (aquilo que realmente é realizado, 
incluindo as etapas que não estão inseridas normativamente, como os 
imprevistos e as variabilidades das tarefas).
Isso quer dizer que o que está prescrito não é suficientemente 
satisfatório para dar conta do trabalho real, implicando ao operador a 
utilização de sua inteligência e experiência para superar as dificuldades 
que poderão surgir cotidianamente no universo do trabalho. Uma 
das evidências de que as ordens ou os procedimentos contidos nos 
manuais da organização do trabalho não funcionam da forma esperada 
é a famosa operação padrão, também conhecida como “greve branca”: 
quando os operadores resolvem cumprir todas as determinações, 
porém sem nenhuma flexibilidade ou ação de contorno a imprevistos, 
tornando assim o trabalho moroso e paradoxalmente ineficiente 
(GEMMA, 2008, p. 84).
[...] nenhuma sociedade pode viver apenas de autoridade, regulamentos, 
normas, imposições [...] a sociedade vive porque existe na base uma 
espécie de anarquia de fato, em que as pessoas se desvencilham e 
trapaceiam, e a ordem superior só vive pela desordem inferior, o que 
apesar de grande paradoxo, é encontrado em todos os campos, porque na 
fábrica da Renault, os estudos de Monthé mostraram que, se tomassem 
ao pé da letra as instruções da direção e dos engenheiros, tudo pararia. 
(MORIN, 2003, p. 113)
19
Nesse sentido, a ergonomia busca suprir essa lacuna entre o que 
é prescrito e o que éreal, utilizando-se de todas as ferramentas 
disponíveis e pertinentes para que a análise possua robustez de 
compreensão para uma genuína transformação. Dessa forma, a 
ergonomia se caracteriza, de fato, como uma ciência interdisciplinar, 
multidimensional e principalmente essencial para uma transformação 
benéfica ao trabalhador e à organização.
Referências
ABRAHÃO, J. et al. Introdução à Ergonomia: da teoria à prática. São Paulo: Blucher, 
2009.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência. Manual de Aplicação da Norma 
Regulamentadora n. 17. 2002. Disponível em: http://www.ergonomia.ufpr.br/
MANUAL_NR_17.pdf. Acesso em: 15 mar. 2021.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência. Portaria MTE/MPS n. 3.751, de 23 de 
nov. de 1990. Altera a Norma Regulamentadora nº 17–Ergonomia. 1990. Disponível 
em: https://enit.trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_Legislacao/SST_
Legislacao_Portarias_1990/Portaria-n.-3.751-Altera-a-NR-17-e-NR-15.pdf. Acesso em: 
15 mar. 2021.
DE LIMA, M. J. A. et al. Os estudos de Leonardo da Vinci e sua ação precursora na 
ergonomia. In: SILVA, J. C. P.; PASCHOARELLI, L. C. (org.), A Evolução Histórica da 
Ergonomia no Mundo e seus Pioneiros. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010. p.11-
16
EUGÊNIO, S. A. M. Ergonomia industrial. Londrina: UNOPAR, 2014.
FALZON, P. Natureza, objetivos e conhecimentos da Ergonomia. Elementos de uma 
análise cognitiva da prática. In: FALZON, P. (ed.) Ergonomia. São Paulo: Blucher, 
2007. p. 3-20
GEMMA, S. F. B. Complexidade e agricultura: organização e análise ergonômica do 
trabalho na agricultura orgânica. 2008. Tese (Doutorado em ergonomia) – Faculdade 
de Engenharia Agrícola, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2008.
GUÉRIN, F. et al. Compreender o trabalho para transformá-lo: a prática da 
ergonomia. São Paulo: Edgard Blucher, 2001.
IIDA, Itiro. Ergonomia: Projeto e Produção. 3. ed. rev. São Paulo: Edgar Blucher, 
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20
LEPLAT, J.; MONTMOLLIN, M. As relações de vizinhança da ergonomia com outras 
disciplinas. In: FALZON, P. (ed.). Ergonomia. São Paulo: Edgar Blucher, 2007. p. 33-
44
MENDONÇA, S. de S. Análise Ergonômica do Trabalho de Manutenção de Linhas 
de Transmissão. 2004. 244 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – 
Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2004.
MORAES, A. M. de; MONT’ALVÃO, C. Ergonomia: conceitos e aplicações. 3 ed. Rio de 
Janeiro: 2AB, 2003.
MORIN, E. Ciência com consciência. 7. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.
PRIMO, R. Heróis invisíveis, os Eletricistas de Linha Viva e seus artefatos: 
contribuições da ergonomia e da psicodinâmica do trabalho. 2020. 118 p. 
Dissertação (Mestrado em Ciências Humanas e Sociais Aplicadas) – Faculdade de 
Ciências Aplicadas, Universidade Estadual de Campinas, Limeira, 2020.
SILVA, J. C. P. da; PASCHOARELLI, L. C. A evolução histórica da ergonomia no 
mundo e seus pioneiros. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010.
21
Doenças Ocupacionais e Postos de 
Trabalho Ergonômicos.
Autoria: Renan Primo
Leitura crítica: Joubert Rodrigues dos Santos Júnior
Objetivos
• Compreender os agentes causadores de doenças 
ocupacionais.
• Discorrer sobre aspectos antropométricos e sua 
importância.
• Analisar postos de trabalho pelo viés ergonômico, 
quanto a suas características e não conformidades.
22
1. Ergonomia e sua relação com as doenças 
ocupacionais
A segurança no trabalho é um tema de extrema importância, porque 
impacta não apenas os trabalhadores, mas também as organizações, 
a sociedade, a economia, o meio ambiente, entre outras esferas. Por 
exemplo, se um trabalhador sofre um acidente de trabalho e precisa 
ser afastado, provoca despesas ao sistema de saúde; ao Estado, que 
precisará pagar seus direitos previdenciários; à organização, que 
perderá sua força de trabalho de forma temporária ou permanente; à 
família, que sofrerá os impactos dessa ocorrência em suas rotinas; entre 
outros problemas. Por isso, a segurança do trabalhador está ganhando 
cada dia mais relevância.
Segundo Daniellou, Simard e Boissières (2010), existe nos acidentes 
de trabalho uma grande notoriedade que independe do setor em 
que está inserido, visto que tais eventos são reflexos instantâneos 
de que algo não está certo ali. Ressalta-se também que os acidentes 
geralmente são atribuídos a “erros humanos”, porém colocá-los como 
causa das ocorrências consiste em uma simplificação que não favorece 
a prevenção, visto que tais “erros” podem ser consequências de 
características da própria situação de trabalho, na qual não foi permitida 
ao trabalhador e a seus pares uma mobilização de suas competências de 
maneira a se evitar o incidente.
Segundo o Anuário Estatístico de Acidentes de Trabalho (BRASIL, 2017), 
foram registrados 549.405 acidentes (não liquidados) de trabalho em 
todo o Brasil em 2017, o que representa uma queda de 6,19% em 
relação a 2016, seguindo a tendência de diminuição dos últimos dez 
anos. No período de 2008 a 2017, a taxa de incidência de acidentes de 
trabalho no país caiu de 22,98 para 13,74 acidentes a cada mil vínculos 
empregatícios.
23
Tais informações demonstram que a cultura de segurança caminha 
para uma melhora gradual. No entanto, o número de acidentes ainda 
é exorbitante e traz custos altíssimos para o Estado e a sociedade. 
De acordo com o Observatório Digital de Saúde e Segurança do 
Trabalho (OIT, [s.d.]), no período de 2018, a Previdência Social gastou 
aproximadamente 4,9 bilhões de reais com aposentadorias por invalidez 
por acidente de trabalho. Já o acumulado de 2014 a 2018 foi de 16,4 
bilhões de reais, e apenas para uma modalidade. Há ainda despesas 
previdenciárias de auxílio-doença para acidentes de trabalho, pensão 
por morte acidentária e auxílio-acidente, que somados chegaram a 13,2 
bilhões de reais em 2017.
No entanto, os problemas de segurança não são advindos apenas de 
acidentes de trabalho. De acordo com Eugênio (2014, p. 57), a segurança 
no trabalho pode ser entendida como um conjunto de medidas que 
visam reduzir os acidentes de trabalho e as doenças ocupacionais, 
sendo essa segunda modalidade de problemas também de extrema 
importância.
Segundo Moraes (2014):
As doenças ocupacionais são adquiridas através da exposição dos 
trabalhadores aos agentes ambientais físicos, químicos e biológicos, em 
situações acima do limite de tolerância. Normalmente ocorrem após vários 
anos de exposição, e algumas doenças ocupacionais podem surgir mesmo 
depois que o trabalhador se afasta do agente causador. Alguns fatores 
influenciam no desenvolvimento da doença ocupacional, como o tempo de 
exposição ao agente, a concentração dos agentes no ambiente laboral e as 
características especificas de cada agente ambiental, os quais contribuem 
para potencializar a agressividade do agente ao trabalhador, porém a 
suscetibilidade individual determina o aparecimento ou agravamento das 
doenças ocupacionais. (MORAES, 2014, p. 17)
Nesse sentido, é importante salientar que as doenças ocupacionais não 
se destacam predominantemente pela sua gravidade, mas sim pela 
24
sua frequência, prevalência e sutileza (muitas são doenças silenciosas). 
Por exemplo, de acordo com Moraes (2014), o agente ergonômico 
(denominado pela autora também como um agente ambiental) 
é responsável pela prevalência de lesões ou distúrbios como LER 
(Lesões por Esforços Repetitivos)/DORT (Distúrbios Osteomusculares 
Relacionados ao Trabalho), representando cerca 80% dos afastamentos 
dos trabalhadores. De forma complementar, segundo Shiguemoto 
(2019, p. 78), os distúrbios LER/DORT englobam aproximadamente 30 
doenças, indicando a grande variabilidade e o espectro de influência 
desse agente.
Ressalta-se também que os agentes ergonômicos são um dos 
causadores de doenças ocupacionais. Porém, a ergonomia busca atuar 
em todos os agentes existentes, e não apenas nos ergonômicos. Por 
isso, cabe-nos ainda entender os tipos de doenças ocupacionais a partir 
da exposição a cada agente, para que a ação ergonômica englobe o 
trabalho comoum todo e de forma integrada para grande parte dos 
setores e ambientes.
Sendo assim, a seguir discorreremos brevemente sobre as doenças 
ocupacionais derivadas da exposição a agentes físicos, químicos, 
biológicos e ergonômicos por meio das contribuições de Moraes (2014).
Agentes Físicos
Segundo a NR-9 (BRASIL, 2020), riscos físicos podem ser definidos 
como as diversas formas de energia a que os trabalhadores possam 
estar expostos. Eles são gerados por agentes capazes de modificar as 
propriedades físicas do meio ambiente.
Os agentes físicos são: temperatura extrema (calor ou frio), radiação 
ionizante e não ionizante, umidade, pressões anormais, ruído e vibração.
25
Algumas doenças ocupacionais relacionadas a esses agentes: para 
o calor, por exemplo, rendimento físico e mental diminuído, lesões 
oculares, cãibras, síncope, exaustão, desidratação, choque térmico etc.; 
para o frio, hipotermia, hipóxia, doenças de vias respiratórias, doenças 
circulatórias e reumáticas, doenças dermatológicas.
Agentes químicos
Segundo a NR-9 (BRASIL, 2020), considera-se risco químico substâncias 
compostas ou produtos que possam penetrar no organismo pela via 
respiratória, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam 
ter contato com a pele ou ser absorvidos pelo organismo por ingestão.
Os agentes podem ser poeiras, fumos, névoas, neblinas, agrotóxicos etc., 
podendo causar diversas doenças pulmonares, como pneumoconioses. 
Também são caracterizados como agentes químicos os metais pesados, 
que podem causar o saturnismo, derivado da exposição ao chumbo.
Agentes biológicos
Agentes biológicos são microrganismos, incluindo os geneticamente 
modificados, as culturas de células, os parasitas, as toxinas e os príons, 
os quais são capazes de provocar infecções, alergias ou toxidade em 
humanos. Além destes, são considerados ainda as bactérias, os vírus 
e os fungos. Incluem-se também mordidas por animais peçonhentos e 
mordida e ataque de animais domésticos (como cães) ou selvagens.
Agentes ergonômicos
Os agentes ergonômicos são caracterizados pela ausência de adaptação 
das condições de trabalho às características do trabalhador, ou seja, 
a adaptação do trabalho ao homem. Os riscos ergonômicos são 
caracterizados por fatores externos, da organização e do ambiente 
de trabalho, e internos, de cunho emocional. Entre os mais comuns 
estão: trabalho físico com carregamento de cargas; posturas incorretas; 
26
posições incômodas, que incluem torções, repetitividade, monotonia e 
ritmo excessivo; e trabalho em turnos noturnos.
Entre as doenças ocupacionais mais comuns, destacam-se as LER/DORT, 
que possuem maior prevalência em trabalhadores que permanecem por 
um longo período em determinada posição ou realizando os mesmos 
movimentos de forma repetida, sendo muito comuns em bancários, 
analistas, digitadores, linha de montagem, telemarketing etc.
Segundo Shiguemoto (2019), existem algumas doenças ocupacionais 
agravadas pelo posicionamento do trabalhador em seu posto de 
trabalho:
• Em pé: envolve o trabalho das pernas e dos pés, podendo levar a 
problemas circulatórios.
• Sentado (sem encosto): sobrecarga dos músculos das costas.
• Assento muito alto: afeta pernas, joelhos e pés.
• Assento muito baixo: afeta pescoço e ombros.
• Braços esticados: afeta ombros e braços.
• Pegas inadequadas: perigo de lesão do antebraço.
• Punho em posição não neutra: lesão nos punhos.
• Rotações no corpo: danos na coluna.
Ao identificarmos a quantidade de agentes que podem ocasionar uma 
doença ocupacional, é de suma importância que o ambiente de trabalho 
seja monitorado e ajustado para que o trabalhador se exponha o 
mínimo possível a riscos. Nesse sentido, a ergonomia apresenta-se como 
a única ciência que congrega uma série de saberes imprescindíveis para 
projetar e implementar soluções para sistemas, processos, máquinas 
27
e produtos, sendo um fator-chave para uma organização saudável e 
próspera no ambiente socioeconômico de hoje (BRILINGER et al., 2017).
Para tanto, a ergonomia necessita possuir uma abordagem prospectiva. 
A ergonomia prospectiva se caracteriza pela capacidade de identificar 
necessidades atuais e projeções futuras, de modo a construir uma visão 
integrada que contribua para uma transformação eficaz do ambiente de 
trabalho. Isso implica identificar, para além dos agentes causadores de 
doenças ocupacionais, as próprias características antropométricas do 
ser humano.
Segundo IIda e Guimarães (2018), a antropometria trata de medidas 
físicas do corpo humano e de suas características. Em um primeiro 
momento, medir pessoas parece uma tarefa fácil, bastando uma régua 
ou trena e estará feito. No entanto, quando pensamos em medidas que 
representem uma população para determinada intervenção, inovação 
ou transformação, é necessário que se estabeleçam premissas, a fim de 
abranger a maior população possível.
Para tanto, é preciso atentar-se a algumas variabilidades dimensionais 
humanas. Por exemplo, ao longo do tempo, observa-se um aumento 
significativo na média de altura das populações, havendo também 
diferenças entre etnias em termos de dimensão corporal. Além disso, 
existem diferenças claras entre sexos, como o homem apresenta de 
forma geral ombros e tórax mais largos. Outro ponto é que as medidas 
antropométricas se dividem em estruturais ou estáticas, obtidas com 
o corpo do indivíduo em posições padrão e utilizadas em projetos de 
equipamentos que demandem pouca movimentação corporal para sua 
operação; e em medidas funcionais ou dinâmicas, obtidas com o corpo 
do indivíduo em diversas posturas de trabalho (SHIGUEMOTO, 2019, p. 
32).
Por fim, postos de trabalhos devem ser projetados com base em 
percentis de medidas corporais, que equivalem ao máximo ou mínimo 
28
possível, isto é, 95º percentil ou 5º percentil, geralmente adotados 
para dimensionamento ergonômico de postos de trabalho ou novas 
tecnologias. Por exemplo, ao dimensionar um vão de porta, deve-se 
escolher o 95º percentil de altura, visto que, se esse vão contemplar 
o 95º mais alto, contemplará o menor dos indivíduos. Agora para 
dimensões que envolvam a dimensão de alcance, deve-se utilizar o 5º 
percentil, visto que, ao atender o sujeito que possui um alcance reduzido 
(menor), ele consequentemente já abrangerá o indivíduo de alcance 
superior.
2. Dimensionamento de postos de trabalho
O dimensionamento dos postos de trabalho é uma ação de fundamental 
importância para a empresa e, principalmente, para o trabalhador que 
executará a atividade. Comumente uma pessoa passa, em média, um 
terço de sua vida trabalhando, executando as mais variadas tarefas, 
articulando e se movimentando, durante vários anos, no ambiente 
laborativo. Por essa razão, o posto de trabalho deve garantir o maior 
conforto, comodidade e segurança ao operador.
Um bom posto de trabalho permite que o operador realize movimentos 
de forma harmoniosa, com uma postura adequada. Qualquer erro nesse 
dimensionamento pode gerar sofrimento e angústia, pois pode ser a 
causa de posições irregulares e inadequadas. Tais posições, por sua vez, 
podem gerar lesões e incômodos no trabalhador.
De acordo com Ilda (2018, p. 309), os principais erros no 
dimensionamento correspondem a:
• Alturas (mesas, cadeiras) e alcances (controles) incompatíveis com 
as medidas antropométricas.
29
• Espaços insuficientes para movimentos corporais (pernas, pés) e 
dos equipamentos (partes móveis).
• Posicionamentos e arranjos inconvenientes dos mostradores 
(displays) e controles (botões).
• Posicionamentos e arranjos inconvenientes dos materiais 
(matérias-primas, peças) e das ferramentas (chaves de fenda, 
soldadores).
Em uma pesquisa realizada por Gonçalves (2020) com eletricistas 
de linha viva do interior do estado de São Paulo, identificou-se que 
o executor da tarefa ao realizar a atividade de poda de vegetação 
de dentro do cesto aéreo jogava o corpo contra a serra hidráulica 
(equipamento de poda), de forma a se inclinar quaseque para fora 
do cesto, postura que ocasionava desconforto lombar, de pescoço, de 
braços e de antebraços. A pesquisa identificou que esse movimento 
foi adotado pelo eletricista, pois a serra hidráulica não detinha a 
potência necessária para o corte e o cesto aéreo não chegava a lugares 
específicos para a visualização do podador. Assim, o trabalhador 
complementava a falta dos equipamentos se submetendo a um 
desgaste de postura para o cumprimento da tarefa.
No caso apresentado, a solução demanda uma ação ergonômica 
complexa, mas, em outros casos, as soluções podem ser mais simples e 
econômicas. Ilda (2018), por exemplo, aponta uma intervenção simples 
sobre arranjos que envolvem mesas e bancadas: cortar os pés da 
mesa ou da cadeira para diminuir a altura, caso não esteja adequada 
ao trabalhador, ou providenciar calços para aumentar essa altura, nos 
casos em que as mobílias são muito baixas.
Para um bom dimensionamento do posto de trabalho, o ergonomista 
deve observar alguns critérios que promovem a adaptação do trabalho 
ao trabalhador, são eles (IIDA; GUIMARÃES, 2018):
30
• Altura da superfície de trabalho: a altura deverá levar em 
consideração o tipo de trabalho a ser realizado, ou seja, se leve, 
pesado, em pé ou sentado, entre outros.
• Alcances normais e máximos das mãos: as tarefas repetitivas que 
demandam maior atenção visual devem ser colocadas na frente 
do trabalhador, dentro da área normal de trabalho; já os objetos 
utilizados de forma esporádica devem ser colocados fora da área 
normal, mas dentro do alcance máximo do trabalhador.
• Espaços para acomodar as pernas e realizar movimentos naturais 
do corpo: um espaço reduzido e restrito pode causar estresse e 
irritação e movimentação curta, podendo aumentar erros; por 
outro lado, espaços amplos permitem maiores movimentações 
corporais.
• Altura para a visão e ângulo visual: o objeto deve estar situado de 
tal modo a não causar desconforto para os trabalhadores. Em pé, 
essa altura corresponde, para homens, a 160 cm e, para mulheres, 
150 cm. Sentado, a altura dos olhos deve estar a 73 cm para a 
média das mulheres e a 79 cm para a média dos homens.
De forma ilustrativa, a Figura 1 demonstra um posto de trabalho 
dimensionado para as especificidades do trabalhador, permitindo a 
realização da tarefa em pé ou sentado.
31
Figura 1 – Soluções adotadas no desenho de um turno para 
possibilitar a sua operação com uso de uma postura menos 
fatigante, possibilitando trabalhar em pé ou sentado
Fonte: Harlen e Derks (1975 apud IIDA; GUIMARÃES, 2018, p. 313).
Outros aspectos que influenciam nos postos são: iluminação, acústica, 
ofuscamento, cores, temperatura do ambiente, entre outros.
Em relação à iluminação, segundo Pereira (1993), as condições 
estão relacionadas a requisitos classificados como: boa distribuição 
das iluminâncias; ausência de ofuscamento; contrastes adequados 
(proporção de luminância e cores); e distribuição e padrões das 
sombras.
Quanto à acústica dos ambientes de trabalho, devem ser observados os 
seguintes aspectos: estudo da forma – estudo das dimensões do local, a 
fim de evitar reflexos; isolamento acústico – o ruído aéreo (transmitido 
pelo ar) pode ser isolado pela espessura e pelo peso da parede, 
32
enquanto o ruído de impacto (transmitido por elementos sólidos) pode 
ser isolado por meio de materiais resilientes (ROSA, 1992).
O ofuscamento pode se manifestar de duas formas: ofuscamento 
desabilitador, afetando a capacidade de ver claramente; ou ofuscamento 
desconfortador, geralmente experimentado como um sentimento 
de desconforto após ter permanecido em uma área de ofuscamento 
moderado durante certo tempo (PEREIRA, 1993).
Conforme dispõe Pereira (1993), a cor tem influência sobre a saúde, 
no bom humor e no rendimento das tarefas, possibilitando a obtenção 
de: reações psicológicas positivas; interesse visual; aumento de 
produtividade; melhoria no padrão de qualidade; menor fadiga visual; e 
redução do índice de acidentes.
Já o conforto térmico depende da atividade física, do tipo de vestimenta 
e das características do ambiente.
Para tanto, os projetos dos postos de trabalho, por meio do 
dimensionamento, devem procurar atender às necessidades e às 
variabilidades do trabalho e do trabalhador. Assim, deve corresponder 
às necessidades considerando a variação luminosa, térmica, ambiental, 
acústica e outros, de maneira a integrar a escolha de cores, texturas, 
tamanhos e dimensões, uma vez que todas essas condições podem 
influenciar na qualidade do trabalho. Por outro lado, um mal 
dimensionamento pode produzir desconforto, aborrecimento, estresse e 
irritação, afetando o desempenho no trabalho.
Para realizar um dimensionamento adequado, é necessário, sobretudo, 
ter realizado anteriormente uma boa análise e avaliação do posto 
de trabalho. A análise ergonômica do trabalho (AET) é um método 
utilizado pela ergonomia para identificar problemas no ambiente 
e propor soluções. Ela demanda a realização de algumas fases não 
33
necessariamente lineares, pois evolui de acordo com os desafios 
apresentados no contexto estudado.
Segundo Abrahão et al. (2009, p. 180), diferentemente dos métodos 
científicos tradicionais, em que as hipóteses são previamente elaboradas 
e explicitadas, na AET elas são construídas, validadas e/ou refutadas ao 
longo do processo. A abordagem metodológica em ergonomia possui 
duas características principais: sentido de investigação ascendente e 
flexibilidade de delineamento, as quais permitem investigar o trabalho 
real do indivíduo ou de um coletivo, respeitando suas variabilidades, 
assim como as situações de trabalho e os instrumentos. Ademais, tal 
abordagem permite revelar a complexidade do trabalho e do trabalhar, 
levando-se em consideração os fatores humanos e organizacionais da 
atividade.
De forma geral, podemos dividir a análise em três grandes etapas: a 
avaliação, o diagnóstico e a implantação, conforme ilustrado na Figura 2.
Figura 2 – Três grandes etapas da AET
Fonte: adaptada de Abrahão et al. (2009, p. 181).
Na avaliação, serão consideradas as demandas trazidas pela organização 
ou pelos trabalhadores por meio da observação do contexto do 
trabalho, do levantamento da característica da população e da análise 
do processo técnico e da tarefa. Após esse primeiro momento, será 
34
escolhida uma situação de análise em que os ergonomistas proporão 
um pré-diagnóstico, uma hipótese sobre a possível situação de análise.
Após a caracterização da hipótese, serão realizadas observações a fim de 
confirmar ou não a hipótese definida. É por essa razão que os processos 
são dinâmicos. Assim, caso a hipótese não se confirme, o ergonomista 
poderá retornar às outras etapas e definir uma nova situação de análise.
Se validada a hipótese, a próxima etapa são o diagnóstico e a formação 
de recomendações e transformações dos contextos de trabalho. O 
processo de transformação introduz modificações nas situações de 
trabalho, também denominado “projeto”. A dimensão de um projeto 
pode englobar desde a compra de um equipamento até a concepção de 
uma fábrica completa.
A Figura 3 ilustra as fases da AET, porém de forma mais dialógica.
Figura 3 – Fluxo interativo da AET
Fonte: adaptada de Abrahão et al. (2009, p. 183).
35
Cada uma dessas fases deve integrar as bases da abordagem 
ergonômica, que pressupõe: estudo centrado na atividade real de 
trabalho, globalidade da situação de trabalho e consideração da 
variabilidade, tanto a decorrente da tecnologia e da produção quanto 
a dos trabalhadores. Dessa forma, a presença do ergonomista durante 
a realização da atividade é um diferencial dessa análise, pois o olhar 
atento do profissional pode identificar situações que nem mesmo os 
operadores, apesar de sentirem, poderiam expor.
Por fim, cabe destacar que, para explicar alguns fenômenos observados, 
é necessário dialogar com os trabalhadores, ganhar a confiança deles. 
Portanto, nenhuma análise é feita apenas de observações, pormais que 
estas constituam sua base. Ao mesmo tempo, nenhum instrumento de 
observação pode substituir o conhecimento dos trabalhadores sobre 
suas tarefas e sobre suas competências e experiências.
Referências
ABRAHÃO, J. et al. Introdução à Ergonomia: da teoria à prática. São Paulo: Blucher, 
2009.
BRASIL. Ministério da Fazenda. Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho. 
Brasília: MF, 2017. Disponível em http://sa.previdencia.gov.br/site/2018/09/AEAT-
2017.pdf. Acesso em: 20 mar. 2021.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência. Norma Regulamentadora n. 9 (NR-9). 
2020. Disponível em: https://www.gov.br/trabalho/pt-br/inspecao/seguranca-e-saude-
no-trabalho/ctpp-nrs/norma-regulamentadora-no-9-nr-9. Acesso em: 16 jun. 2021.
BRILINGER, C. O. et al. Contribuições da Ergonomia para a Sociedade do 
Conhecimento. Revista Espacios, [s.l.], v. 38, n. 11, 2017.
DANIELLOU, F.; SIMARD, M.; BOISSIÈRES, I. Fatores humanos e organizacionais da 
segurança industrial: um estado da arte. Toulouse: ICSI, 2010.
EUGÊNIO, S. A. M. Ergonomia industrial. Londrina: UNOPAR, 2014.
GONÇALVES, M. S. R. Poda de vegetação em linha viva: complexidade e risco na 
atividade dos eletricistas. Dissertação (Mestrado em Ciências Humanas e Sociais 
Aplicadas) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências Aplicadas, 
Limeira, 2020.
36
IIDA, Itiro; GUIMARÃES, L. B. M. Ergonomia: Projeto e Produção. 3. ed. rev. São 
Paulo: Blucher, 2018. p. 630.
MORAES, M. V. G. Doenças Ocupacionais – Agentes: Físico, Químico, Biológico, 
Ergonômico. São Paulo: Saraiva, 2014. [Minha Biblioteca].
OIT. Observatório Digital de Saúde e Segurança no Trabalho. [s.d.]. Disponível em: 
http://observatoriosst.mpt.mp.br. Acesso em: 20 mar. 2021.
PEREIRA, F. O. R. O ambiente luminoso e o ser humano. Santa Catarina: UFSC, 
1993.
ROSA, L. Z. Absorção Acústica na qualidade do Ambiente Construído. 
Dissertação (Mestrado em Arquitetura) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio 
de Janeiro, 1992.
SHIGUEMOTO, A. C. G. Ergonomia. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional 
S.A., 2019.
37
Impactos do ambiente laboral 
ergonomicamente inadequado.
Autoria: Renan Primo
Leitura crítica: Joubert Rodrigues dos Santos Júnior
Objetivos
• Identificar as lesões mais comuns no ambiente de 
trabalho.
• Caracterizar os prejuízos pessoais e materiais 
advindos das doenças ocupacionais.
• Estabelecer relação entre dispositivo de controle e 
limitações sensoriais.
38
1. Lesões e prejuízos causados por doenças 
ocupacionais, derivadas de esforço e repetição
O ambiente de trabalho reserva uma fonte inesgotável de sentimentos, 
sensações e interferências físicas e cognitivas ao trabalhador, 
que transitam entre o prazer, a satisfação, o reconhecimento e o 
amadurecimento, até angústias, decepções e lesões. Esses reflexos 
dependem em grande parte de alguns fatores, como disposição dos 
materiais de trabalho, relação com os pares, relação com a organização 
e com os gestores, relação com o público e os clientes, demandas 
e fluxos de trabalho, cumprimento de metas e prazos, espaço fisco, 
esforço físico, esforço cognitivo, entre muitos outros (ABRAHÃO et al., 
2009, p. 44-48).
Diante de tantas variáveis, é possível mapear as consequências de 
postos de trabalho mal projetados, como lesões e prejuízos causados 
por doenças ocupacionais, derivadas principalmente por esforços e 
atividades repetitivas. Na incessante busca por adequar o trabalho ao 
homem, a ergonomia procura reduzir esses riscos e, por conseguinte, 
reduzir a fadiga, o estresse e acidentes, proporcionando maior 
segurança, satisfação e saúde aos trabalhadores (IIDA; GUIMARÃES, 
2018).
Infelizmente, tais riscos são comuns em ambientes laborais, e muitos 
deles passam despercebidos, até mesmo pelo trabalhador. Por essa 
razão, é imprescindível identificá-los e repará-los, a fim de reduzir o 
absenteísmo, as lesões e os prejuízos para o trabalhador e a empresa.
Segundo Pequini (2000), as lesões no trabalho decorrem, geralmente, 
de posturas inadequadas, movimentos repetitivos e levantamento de 
cargas, ocasionando sérios prejuízos para a saúde do trabalhador e 
provocando patologias irreversíveis, que irão influenciar por toda a 
vida, impedindo-o até de executar suas atividades cotidianas. As lesões 
39
ocasionadas no trabalho geram um custo incalculável para a vida do 
trabalhador e de seus dependentes, além de prejuízos para a empresa e 
o sistema de seguridade social.
1.1 Postura inadequada
Segundo Moraes (2014b, p. 46), a postura é caracterizada pela 
organização dos diferentes segmentos corporais no espaço e 
determinada principalmente pelas características e exigências da tarefa; 
pelas condicionantes internas, como formas fisiológicas e biomecânicas 
de manutenção do equilíbrio; e pelas características do posto de 
trabalho. As posturas mais comuns em ambientes de trabalho são em 
pé e sentada, ambas com vantagens e desvantagens.
A postura sentada, de forma geral, proporciona uma maior eficiência 
e redução do trabalho estático (um dos responsáveis pela fadiga 
muscular), pois reduz o esforço das pernas, diminui o consumo 
energético, desacelera o sistema circulatório e proporciona maior 
estabilidade da parte superior do corpo. Porém favorece o aparecimento 
de flacidez dos músculos abdominais, gera curvatura da coluna 
vertebral, sobrecarrega os músculos das costas e pode provocar fadiga 
muscular, se mantida por tempo prolongado (MORAES, 2014b, p. 49).
Nesses ambientes, é fundamental que a cadeira dê total sustentação à 
coluna, além de garantir que as pernas fiquem em um ângulo de 90°. 
Além disso, os cotovelos também devem ficar apoiados corretamente, 
conforme ilustrado pela Figura 1.
40
Figura 1 – Exemplo de apoio para aliviar estresse nos braços 
Fonte: OIT (2001 apud ILDA; GUIMARÃES, 2018, p. 318).
Já a postura em pé se divide em dinâmica e estática. A postura dinâmica 
se caracteriza por favorecer a mobilidade corporal dos braços e das 
pernas, o que pode ser considerado uma vantagem. Já a postura 
estática é altamente fatigante, por exigir um trabalho excessivo 
das musculaturas envolvidas para manter essa posição (MORAES, 
2014b, p. 47). Ainda segundo Moraes (2014b, p. 47), a postura em pé 
possui muitas desvantagens, tais como uma tendência ao acúmulo 
de sangue nas pernas, resultando em varizes; sensação de peso 
nas pernas; sensações dolorosas nas articulações dos pés, joelhos e 
quadris; dificuldade de realização de tarefas que exigem precisão pela 
necessidade de uma tensão muscular para manutenção; e permanência 
do equilíbrio.
De acordo com Brasil (2001, p. 3), a escolha da postura em pé só está 
justificada nas seguintes condições:
[...] Tarefa exige deslocamentos contínuos; 
Tarefa exige manipulação de cargas maior ou igual a 4,5 Kg; 
Tarefa exige alcances amplos frequentes; 
Tarefa exige frequentes operações em diversos locais separados 
41
fisicamente; 
Tarefa exige aplicação de forças para baixo. (BRASIL, 2001, p. 3)
Segundo a NR-17 (BRASIL, 1978), um dos requisitos para um ambiente 
físico saudável é que a altura e as características da superfície de 
trabalho sejam compatíveis com o tipo de atividade, com a distância 
requerida dos olhos ao campo de trabalho e com a altura do assento. 
Além disso, para o trabalho em pé, devem ser colocados assentos para 
descanso em locais de fácil acesso e que possam ser utilizados por todos 
os trabalhadores nos momentos de pausa.
Infelizmente, é muito comum encontrar trabalhadores que não se 
preocupam efetiva e proativamente com as suas posturas no decorrer 
de suas atividades laborais, o que pode ser reflexo de uma organização 
do trabalho que não incorporou esses aspectos dentro da cultura 
organizacional da empresa. Uma postura incorreta, no entanto, pode 
transformar-se em lesões e dores em diversos locais, como abdômen, 
lombar, coluna e ombros, favorecendo a ocorrência de uma fadiga 
muscular.
Segundo Iida e Guimarães (2018, p. 355), a fadiga é o efeito de um 
trabalho continuadoque provoca uma redução reversível da capacidade 
do organismo e uma degradação qualitativa desse trabalho. Nesse 
sentido, Moraes (2014b) complementa ressaltando que fadiga muscular 
é um acontecimento agudo e doloroso, que pode ser localizado 
ou generalizado, caracterizando-se pela ocorrência de dor intensa, 
sensação de cansaço e peso e formigamento nos membros inferiores e 
superiores, mas que apresenta fácil reprocesso, caso seja tratada antes 
da instalação do processo inflamatório. Além disso, a fadiga manifesta-
se por meio de dores, tremores, limitações dos movimentos e sintomas 
de sobrecarga do sistema cardiorrespiratório (LAVILLE, 1977). Por fim, os 
principais prejuízos, para além da fadiga muscular, são as deformidades 
e as lesões, tais como cifose, escoliose, lordose, lombalgia, cervicalgia e 
hérnia de disco intervertebral (MORAES, 2014b, p. 36-39).
42
1.2 Repetitividade
Executar uma atividade de forma repetitiva é extenuante e desgastante. 
A repetitividade dos movimentos pode provocar uma série de desgastes 
no trabalhador, colocando uma sobrecarga inadequada sobre a coluna 
vertebral, por exemplo, podendo resultar em dores no pescoço, nas 
costas, nos ombros e em outras partes do sistema musculoesquelético 
(GREVE; AMATUZZI, 2003)
Com relação às posturas, Vieira e Kumar (2004 apud RUMAQUELLA, 
2009, p. 41) relatam que:
[...] as posturas de trabalho repetidas e/ou prolongadas, bem como os 
movimentos extremos e/ou repetitivos e o emprego de força excessiva 
podem causar sobrecarga nos tecidos e exceder seus limites de estresse, 
causando lesões teciduais em virtude de esforços inadequados e 
sobrecarga nas estruturas musculoesqueléticas do corpo, principalmente 
da coluna vertebral. (VIEIRA; KUMAR, 2004 apud RUMAQUELLA, 2009, p. 41)
Muitas são as lesões que podem ser causadas por esforço repetitivo, 
estando elas dentro do espectro das lesões denominadas LER 
(Lesões por Esforço Repetitivo) ou DORT (Distúrbios Osteomusculares 
Relacionados ao Trabalho). As LER se referem a um conjunto de doenças 
que atingem principalmente os membros superiores, englobando 
músculos, nervos, tendões, bursas e ligamentos, e provocam irritações 
e inflamações. Já as DORT referem-se a doenças causadas pelo trabalho 
de forma geral, englobando dores crônicas, parestesias, fadigas, 
tendinites, tenossinovites, compressões nervosas, distúrbios lombares 
etc., e podem afetar tanto membros inferiores como superiores. 
Essas são as causas mais frequentes de afastamentos temporários ou 
permanentes, podendo afetar com índices de dores diversos, conforme 
ilustrado pela Figura 2 (MORAES, 2014b, p. 63; IIDA, 2005, p. 164).
43
Figura 2 – Partes do corpo com maior prevalência de dor por LER e 
DORT
Fonte: Moraes (2014b, p. 64).
Segundo Moraes (2014a, p. 209-210), as principais doenças relacionadas 
a LER e DORT, excluindo-se os distúrbios derivados do carregamento de 
cargas, são:
• Bursite do cotovelo (olecraniana)
• Causas: compressão do cotovelo contra superfícies duras.
• Exemplos: apoiar o cotovelo em mesas.
• Contratura de fáscia palmar
• Causas: compressão palmar associada à vibração.
• Exemplos: operar compressores pneumáticos.
44
• Dedo em gatilho
• Causas: compressão palmar associada à realização de força.
• Exemplos: apertar alicates e tesouras.
• Epicondilites do cotovelo (inflamação e dor na faixa lateral e/ou 
medial do cotovelo)
• Causas: movimentos com esforços estáticos e preensão 
prolongada de objetos, principalmente com o punho 
estabilizado em flexão dorsal e nas pronossupinações com 
utilização de força.
• Exemplos: apertar parafusos, desencapar fios, tricotar, operar 
motosserra.
• Síndrome do canal cubita
• Causas: flexão extrema do cotovelo com ombro abduzido, 
vibrações.
• Exemplos: apoiar cotovelo ou antebraço em mesa.
• Síndrome do canal de Guyon
• Causas: compressão da borda ulnar do punho.
• Exemplos: carimbar.
• Síndrome do desfiladeiro torácico (parestesias em membro 
superior)
• Causas: compressão sobre o ombro, flexão lateral do pescoço, 
elevação do braço.
45
• Exemplos: fazer trabalho manual sobre veículos, trocar 
lâmpadas, pintar paredes, lavar vidraças, apoiar telefones 
entre o ombro e a cabeça.
• Síndrome do túnel do carpo (parestesia nas mãos, déficit na 
realização de pinça e apreensão)
• Causas: movimentos repetitivos de flexão, mas também 
extensão com o punho, principalmente se acompanhados por 
realização de força.
• Exemplos: digitar, fazer montagens industriais, empacotar.
• Tenossinovite de De Quervain (inflamação e dor entre o punho e o 
polegar)
• Causas: estabilização do polegar em pinça seguida de rotação 
ou desvio ulnar do carpo, principalmente se acompanhado de 
força.
• Exemplos: apertar botão com o polegar.
• Tenossinovite dos extensores dos dedos (inflamação, dor e déficit 
na manutenção do punho em posição neutra na pinça e preensão 
da mão)
• Causas: fixação antigravitacional do punho e movimentos 
repetitivos de flexão e extensão dos dedos.
• Exemplos: digitar, operar mouses.
Os estágios de evolução de LER e DORT transitam entre um desconforto 
até uma dor às vezes insuportável, trazendo impactos como perda 
de força e dos controles musculares, invalidez para qualquer tarefa 
produtiva, depressão, angústia, redução de produtividade e frustrações 
e medos com relação à recuperação (MORAES, 2014b, p. 67), o que 
46
evidencia os impactos e prejuízos imensuráveis para o trabalhador, a 
organização e a sociedade.
1.3 Levantamento e manuseio de cargas
Realizar o levantamento ou a movimentação manual de cargas é uma 
atividade que exige esforço do trabalhador, e, caso seja realizada de 
forma inadequada, também poderá gerar lesões. Segundo Abrahão et al. 
(2009, p. 99):
[...] O transporte e levantamento de cargas são sempre problemáticos 
e vários aspectos devem ser considerados. Em primeiro lugar, devemos 
evitar ao máximo que essas atividades sejam desenvolvidas sem auxílio 
mecânico. A legislação brasileira possui normas para transporte e 
manuseio de cargas. Em tais normas recomenda-se como limite máximo 
de 60 kg e o levantamento individual é fixado em 40 kg. (ABRAHÃO et al., 
2009, p. 99)
Para Ilda e Guimarães (2018), o ideal é que o levantamento de cargas 
seja realizado sempre com a coluna na posição vertical, pois assim se 
usa a musculatura das pernas, que é mais resistente. Caso contrário, 
podem surgir dores intensas na coluna, na região lombar, nos ombros, 
nos braços e nos pulsos. A Figura 3 ilustra a forma correta de se carregar 
uma carga sem pega.
47
Figura 3 – Correto levantamento manual de cargas
Fonte: Moraes (2014b, p. 58).
É importante ressaltar que, segundo Abrahão et al. (2009, p. 100), para 
o levantamento e transporte de cargas, devem ser considerados os 
seguintes critérios:
• A distância horizontal em relação ao corpo.
• A frequência do levantamento.
• O trajeto a ser percorrido.
• A altura da carga a ser levantada.
• O levantamento assimétrico.
• O tipo de pega do objeto.
Caso a atividade de levantamento de cargas seja exercida de maneira 
inadequada e recorrente, o trabalhador poderá comprometer 
seriamente sua saúde, levando-o ao afastamento do trabalho em razão 
das lesões decorrentes da atividade laboral. De acordo com Cailliet 
48
(1988), as principais lesões referentes a esse tipo de atividade têm como 
causa a contração muscular sobrepujada ou exaurida, em que o impacto 
do esforço cai sobre os ligamentos, e, uma vez que os ligamentos 
cedem, a tensão recai sobre as articulações, causando uma carga 
excessiva sobre os discos intervertebrais.
De forma complementar, Moraes (2014a, p. 209) destaca as principais 
doenças relacionadas ao carregamento de pesos, englobadas nas DORT:
• Síndrome do interósseo anterior
• Causas: compressão da metade distal do antebraço.
• Exemplos: carregar objetos pesados apoiados nos antebraços.
• Síndrome do pronador redondo
• Causas: esforço manual do antebraço em pronação.
• Exemplos: carregar pesos, praticarmusculação, apertar 
parafusos.
• Tendinite da porção longa do bíceps
• Causas: manutenção do antebraço supinado e fletido sobre o 
braço ou do membro superior em abdução.
• Exemplos: carregar pesos.
• Tendinite do supraespinhoso (inflamação e dor na região posterior 
e lateral do ombro)
• Causas: elevação com abdução dos ombros associada à 
elevação de força.
• Exemplos: carregar pesos sobre o ombro.
49
Além dos prejuízos pessoais com o corpo e a mente dos trabalhadores, 
existem ainda os prejuízos materiais, que podem ser mensurados 
em valores financeiros. A empresa ainda poderá ser acionada 
juridicamente, gerando um passivo trabalhista, e, consequentemente, 
sofrer um desgaste em sua imagem, além de prejuízo financeiro. Os 
impactos chegam inclusive para a sociedade por meio das despesas 
previdenciárias.
2. Sistema homem-máquina, dispositivos de 
controle e limitações sensoriais
De acordo com Corrêa e Boletti (2015, p. 30), o nosso sistema nervoso 
é composto por uma função sensitiva, integradora e motora. A função 
sensitiva é caracterizada por receptores que detectam estímulos 
internos, como um aumento de leucócitos, ou estímulos externos, como 
um pingo de chuva batendo em seu rosto (são representados pela 
visão, audição, tato e senso cinestésico – movimento das articulações 
do corpo). Tal informação sensitiva é levada para o encéfalo (sistema 
nervoso central) por meio de nervos espinais e cranianos, sendo, então, 
processada, analisada e armazenada (no seu todo ou em partes). Esse 
processamento é representado pela função integradora. Uma vez que a 
informação é integrada, o sistema nervoso pode provocar uma resposta 
motora, ativando os músculos e as glândulas por meio, novamente, dos 
nervos cranianos e espinais.
Essas interações estão intimamente relacionadas ao que chamamos 
de sistema homem-máquina-ambiente. Esses subsistemas interagem 
continuamente entre si, com a troca de informações e energias, visto 
que os estímulos sensitivos podem ser derivados de uma máquina 
integrada a uma situação de trabalho, ao ambiente do trabalho e às 
próprias instruções de trabalho (IIDA, 2005, p. 28).
50
A partir das interações sensitivas, integradoras e de respostas motoras, 
as ações decorrentes dessas interações geralmente são direcionadas 
aos chamados dispositivos de controle, os quais têm como objetivo 
melhorar o desempenho do homem e, consequentemente, da máquina 
utilizando as próprias partes do corpo (como pés e mãos) para controlar 
a máquina e suas funções. Isso quer dizer que os dispositivos de 
controle possibilitam o acesso e o manuseio adequado das máquinas, 
com a finalidade de minimizar erros humanos, acidentes e incidentes, 
fadiga e estresse, otimizando assim o posto de trabalho.
De acordo com Iida e Guimarães (2018, p. 333):
[...] as máquinas são consideradas como “prolongamentos” do homem. 
Uma boa adaptação humano-máquina contribui para reduzir a fadiga, 
os erros e os acidentes. Em consequência, melhora o desempenho do 
sistema. (IIDA; GUIMARÃES, 2018, p. 333)
Ainda conforme Iida (2005), na ergonomia a palavra controle possui dois 
significados: exercer uma atividade com a finalidade de direcionamento 
para o alcance de determinado objetivo; e o outro diz respeito aos 
objetos de controle, como volantes, manivelas e botões, servindo para 
que o humano possa transmitir à máquina uma forma de energia, a 
fim de manipulá-la. A Figura 4 ilustra com precisão o sistema homem-
máquina-ambiente.
51
Figura 4 – Interação entre os elementos de um sistema homem-
máquina-ambiente
Fonte: Iida (2005, p. 28).
Percebe-se por meio da figura anterior que as informações e as ações 
ocorrem de forma cíclica entre o homem e a máquina dentro de um 
ambiente interno que está sob um limite do sistema (fronteira). Esse 
ambiente interno, por sua vez, interage com o ambiente externo, com o 
trabalho prescrito (instruções) e com o próprio campo de trabalho.
De forma complementar, Iida e Guimarães (2018, p. 341) ressaltam a 
existência de três tipos de dispositivos de controle, ilustrados no Quadro 
1.
• Controle discreto
Admite apenas algumas posições bem definidas. Podem ser de ativação 
(ex.: sim/não ou liga/desliga), de posicionamento (ex.: botão rotativo 
para selecionar o modo operativo de uma máquina) e de entrada de 
dados (ex.: teclados de computadores).
• Controle contínuo
52
Permite realizar uma infinidade de ajustes diferentes. Divide-se 
em posicionamento quantitativo (ex.: quando deseja-se fixar um 
determinado valor dentro de um conjunto contínuo) e movimento 
contínuo (ex.: para alterar continuamente o estado da máquina, como 
em um volante de automóvel).
• Controle digital
Pode ser discreto ou contínuo, tendo a grande vantagem de apresentar 
muitas opções em menus de telas.
Quadro 1 – Principais características e funções de dispositivos de 
controle
Tipos de Controle
Discreta
Função Características
Contínua Velocidade Precisão Força
Botão 
Liga-
Desliga
Ótimo para ativação; 
2 posições
Não Boa Baixa
Pequena: 
0,1 a 0,2 
kg
Interrup-
tor
Ótimo para ativação; 
2 ou 3 posições
Não Boa Regular
Pequena: 
até 1 
kg para 
dedos e 
5 kg para 
mãos
Teclado
Para entrada de 
dados
Não Boa Regular
Pequena: 
0,1 a 2 kg
Botão 
rotativo
Não Boa Baixa Regular
Até 2,5 
kg/cm, 
com 
diâmetro 
de 75 
mm
53
Botão 
discreto
Regular, para 3 a 20 
posições
Não Boa
Boa 
depen-
dendo do 
desenho
Até 1,5 
kg/cm, 
com 
diâmetro 
máx. de 
100 mm
Alavanca
Boa, para 2 a 10 
posições
Boa Boa Boa Até 13 kg
Manivela
Recomendada só 
para grandes forças
Boa Lenta Baixa
Até 3,5 
kg, com 
braço de 
150 a 220 
mm
Volante Não Excelente Regular Boa
Até 25 
kg, com 
diâmetro 
de 180 a 
500 mm
Pedal liga-
desliga
Boa para ativação; 2 
posições
Não Boa Regular Até 10 kg
Pedal 
simples
Regular Boa Boa Baixa Até 90 kg
 
Fonte: adaptado de Grandjean (1983 apud IIDA; GUIMARÃES, 2018, p. 342).
Como vimos neste Tema, o sistema homem-máquina-ambiente depende 
diretamente da função sensitiva, ou seja, esta é a porta de entrada para 
que a ação possa ser realizada. Para tanto, é imprescindível entender as 
suas limitações.
Segundo Iida (2005, p. 258), para haver sensação, é preciso que a energia 
do ambiente esteja dentro de um limite chamado de limiar. Quanto 
mais intenso for o estímulo dentro desses limites, mais facilmente ele 
será detectado. Se o estímulo for abaixo do limiar, ele dificilmente será 
sentido. No entanto, se ele for superior, poderá causar desconfortos. Por 
54
exemplo, o limiar de captação de sons para seres humanos está entre 
20 Hz e 20 mil Hz; assim, abaixo de 20, o som é imperceptível e, acima 
de 20 mil, torna-se doloroso. Além disso, vale ressaltar que cada tipo de 
impulso captado é percebido e traduzido por uma parte específica do 
sistema nervoso, ou seja, a parte do cérebro que processa o som não 
processa os impulsos visuais.
Por isso, é muito importante entender que, além da complexidade do 
trabalho e do trabalhar, é indispensável que se conheça a complexidade 
dos sentidos e das ações, de forma a minimizar os possíveis riscos e 
danos à saúde e à segurança dos trabalhadores.
Referências
ABRAHÃO, J. et al. Introdução à Ergonomia: da teoria à prática. São Paulo: Blucher, 
2009.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência. Nota Técnica 060 – Ergonomia: 
indicação de postura a ser adotada na concepção de postos de trabalho. Brasília: 
MTE, 2001.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência. NR 17 - Ergonomia. Brasília: MTE, 
1978. Disponível em: https://www.gov.br/trabalho/pt-br/inspecao/seguranca-e-
saude-no-trabalho/normas-regulamentadoras/nr-17.pdf/. Acesso em: 7 abr. 2021.
CAILLIET, R. Lombalgia: síndromes dolorosas. São Paulo: Manole, 1988.
CORRÊA, V. M; BOLETTI, R. R. Ergonomia: Fundamentos e Aplicações. Porto Alegre: 
Bookman, 2015. [Minha Biblioteca].
GREVE, J. M. D’A.; AMATUZZI, M. M. Medicina de Reabilitação nas Lombalgias 
Crônicas. São Paulo: Roca, 2003.
IIDA, I. Ergonomia– Projeto e Produção. 2. ed. rev. e ampl. São Paulo: Blucher, 
2005.
IIDA, I.; GUIMARÃES, L. B. M. Ergonomia: Projeto e Produção. 3. ed. rev. São Paulo: 
Blucher, 2018. p.630.
LAVILLE, A. Ergonomia. São Paulo: EPU, 1977.
MORAES, M. V. G. Doenças Ocupacionais – Agentes: Físico, Químico, Biológico, 
Ergonômico. São Paulo: Saraiva, 2014a.
MORAES, M. V. G. Princípios Ergonômicos. São Paulo: Saraiva, 2014b.
55
PEQUINI, S. M. C. M. A evolução tecnológica da bicicleta e suas Implicações 
Ergonômicas para a máquina humana: problemas na Coluna Vertebral 
x Bicicletas dos Tipos “Speed” e Mountain Bike”. Dissertação (Mestrado em 
Arquitetura) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, 
São Paulo, 2000.
RUMAQUELLA, M. R. Posturas de trabalho relacionadas com as dores na coluna 
vertebral em trabalhadores de uma indústria de alimentos: estudo de caso. 
Dissertação (Mestrado em Design) – Universidade Estadual Paulista, Bauru, 2009. 
56
BONS ESTUDOS!
	Sumário
	Ergonomia: conceitos e aplicações.
	Objetivos
	1. Ergonomia: uma ciência interdisciplinar, multidimensional e essencial
	Referências 
	Doenças Ocupacionais e Postos de Trabalho Ergonômicos.
	Objetivos
	1. Ergonomia e sua relação com as doenças ocupacionais
	2. Dimensionamento de postos de trabalho 
	Referências
	Impactos do ambiente laboral ergonomicamente inadequado.
	Objetivos
	1. Lesões e prejuízos causados por doenças ocupacionais, derivadas de esforço e repetição
	2. Sistema homem-máquina, dispositivos de controle e limitações sensoriais
	Referências

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