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2023
10ª edição
Revista, ampliada e atualizada
TÉCNICAS 
 DE REDAÇÃO
para 
CONCURSOS
T E O R I A e P R Á T I C A
LILIAN FURTADO
VINÍCIUS CARVALHO PEREIRA
Furtado-Pereira-Tecnicas Redacao p Conc-10ed.indb 3Furtado-Pereira-Tecnicas Redacao p Conc-10ed.indb 3 26/06/2023 15:35:4026/06/2023 15:35:40
1. A ESTRUTURA GERAL DO PARÁGRAFO DE INTRODUÇÃO
No capítulo anterior, estudamos a organização de parágrafos em geral, 
investigando suas macro e microestruturas. Agora, vamos partir para uma 
análise mais detalhada de um parágrafo de importância crucial na sua 
prova de redação: o parágrafo de introdução.
Antes de nos aprofundarmos neste tema, porém, vale dizer que há bons 
textos, publicados em jornais, revistas ou na Internet, que apresentam mais 
de um parágrafo com características de introdução. Entretanto, o objetivo 
deste livro é ensinar-lhe como escrever um gênero textual muito específico, 
que não se confunde com artigos jornalísticos ou de opinião. Aqui, estamos 
nos preparando a fim de escrever redações para concursos.
O gênero redação para concurso tem características particulares, que o 
diferem dos demais: além de ser escrito com vistas a uma avaliação, em um 
curto prazo de tempo e sem consulta a outras fontes de informação, esse gênero 
tem uma exigência muito clara: o limite de linhas determinado pela banca.
Assim, não adianta você escrever dois ou três ótimos parágrafos in-
trodutórios, se, na maioria das provas, só vai ter direito a redigir trinta 
linhas ao todo. É preciso planejar seu texto, conforme vimos no capítulo I, 
tentando certa simetria entre os parágrafos. Não é necessário que eles te-
nham rigorosamente a mesma extensão, mas é interessante que não difiram 
drasticamente entre si.
Dessa forma, levando em consideração que geralmente se espera 
do candidato um texto dissertativo com quatro ou cinco parágrafos, um 
único parágrafo introdutório é o suficiente, no qual devem ser claramente 
definidos o tema do texto (proposto pela banca) e o posicionamento do 
autor (em caso de texto argumentativo), ou o tema do texto e o recorte 
proposto pelo autor (em caso de texto expositivo).
A fim de ver melhor como esse parágrafo se articula com os demais, 
leia atentamente o texto a seguir:
Capítulo III
O PARÁGRAFO DE INTRODUÇÃO
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Contribuição de um antropólogo
A maior contribuição do antropólogo Claude Lévi-Strauss (que, 
ainda jovem, trabalhou no Brasil, e morreu, centenário, em 2009) é 
de uma simplicidade fundamental, e se expressa na convicção de que 
não pode existir uma civilização absoluta mundial, porque a própria 
ideia de civilização implica a coexistência de culturas marcadas pela 
diversidade. O melhor da civilização é, justamente, essa “coalizão” de 
culturas, cada uma delas preservando a sua originalidade. Ninguém 
deu um golpe mais contundente no racismo do que Lévi-Strauss e 
poucos pensadores nos ensinaram, como ele, a ser mais humildes.
Lévi-Strauss, em suas andanças pelo mundo, foi um pensador aberto 
para influências de outras disciplinas, como a linguística. Foi ele também 
quem abriu as portas da antropologia para as ciências de ponta, como a 
cibernética, que era então como se chamava a informática, conectando-a 
com novas disciplinas como a teoria dos sistemas e a teoria da informa-
ção. Isso deu um novo perfil à antropologia, que propiciou uma nova 
abertura para as ciências exatas, e reuniu-a com as ciências humanas.
Em 1952, escreveu o livro Raça e história, a pedido da Unesco, 
para combater o racismo. De fato, foi um ataque feroz ao etnocen-
trismo, materializado num texto onde se formulavam de modo claro 
e inteligível teses que excediam a mera discussão acadêmica e se 
apoiavam em fatos. Comenta o antropólogo brasileiro Viveiros de 
Castro, do Museu Nacional: “Ele traz para diante dos olhos ocidentais 
a questão dos índios americanos, algo que nunca antes havia sido feito. 
O colonialismo não mais podia sair nas ruas como costumava fazer. 
Foi um crítico demolidor da arrogância ocidental: os índios deixaram 
de ser relíquias do passado, deixaram de ser alegorias, tornando-se 
nossos contemporâneos. Isso vale mais do que qualquer análise.”
Reconhecer a existência do outro, a identidade do outro, a cultura 
do outro – eis a perspectiva generosa que Lévi-Strauss abriu e conso-
lidou, para que nos víssemos a todos como variações de uma mesma 
humanidade essencial.
(Carlos Haag, Pesquisa Fapesp, dez. 2009, com adaptações.)
No parágrafo de introdução, o leitor logo pode perceber a tese defendida 
pelo autor do texto: “Ninguém deu um golpe mais contundente no racismo 
do que Lévi-Strauss e poucos pensadores nos ensinaram, como ele, a ser 
mais humildes”. Veja, porém, que, antes de afirmar sua tese, o autor optou 
por fazer uma ambientação do tema, isto é, uma apresentação panorâmica do 
assunto de que fala o texto, mas sem expressar ainda seu ponto de vista.
Uma organização textual como essa, no parágrafo de introdução, não 
é obrigatória, mas se revela muito produtiva, especialmente quando temos 
de escrever rápido, como em um concurso. Redigir primeiro uma frase 
com uma informação geral acerca do tema e depois outra contendo o 
ponto de vista defendido na argumentação é um expediente para evitar o 
típico “branco” no início do texto, seção que costuma tomar mais tempo 
dos candidatos na hora da prova.
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Cap. III – O parágrafo de introdução
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Além disso, ordenar as informações em cada parágrafo, da mais ge-
nérica para a mais específica, não é novidade para você. No capítulo II, 
vimos como essa estrutura organiza as ideias e favorece o fluxo da leitura 
e da escrita no âmbito de cada parágrafo.
A redação da introdução é uma das partes mais importantes na elabora-
ção de um texto dissertativo argumentativo, uma vez que os parágrafos de 
desenvolvimento devem remeter diretamente à tese apresentada no início do 
texto. É um erro comum dos candidatos redigir parágrafos argumentativos que 
não respaldam especificamente a tese apresentada na introdução, limitando-se 
apenas a expandir o tema apresentado no primeiro parágrafo. Tal abordagem 
só é plausível em um texto dissertativo expositivo, em que não há tese a ser 
defendida, apenas tópicos a serem desenvolvidos, em caráter informativo.
No texto argumentativo que estamos analisando, note como todos os 
demais parágrafos remetem diretamente à tese contida na introdução:
• 1.º parágrafo do desenvolvimento (2.º parágrafo do texto): apresenta 
o percurso intelectual trilhado por Lévi-Strauss, que influenciou a 
antropologia e deu ensejo à crítica ao racismo mencionada na tese;
• 2.º parágrafo do desenvolvimento (3.º parágrafo do texto): emprega 
um exemplo notório de texto de Lévi-Strauss contra o racismo e 
alude ao testemunho de uma autoridade no assunto, que corrobora 
a tese expressa na introdução;
• parágrafo de conclusão (4.º parágrafo do texto): reafirma a tese, 
parafraseando-a e acrescentando uma frase de efeito acerca da 
aplicação da visão antirracista à vida em sociedade.
No entanto, é muito pouco dizer que a introdução deve conter a deli-
mitação do tema e a tese defendida pelo autor. Há diferentes técnicas para 
fazê-lo, que veremos a seguir. Optamos, neste caso, por redigir diversos 
parágrafos introdutórios sobre um mesmo tema, o papel da mulher no 
século XXI, mas usando técnicas diferentes, a fim de mostrar as diversas 
opções de que você pode se valer na hora da prova. Escolha aquela com 
que você tem mais facilidade e pratique-a!
2. TÉCNICAS PARA REDIGIR UM PARÁGRAFO DE INTRODUÇÃO
2.1. Abordagem padrão
Neste tipo de introdução, apresenta-se primeiramente a tese e logoa 
seguir enumeram-se os argumentos que serão desenvolvidos ao longo do 
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texto (cada um desses argumentos corresponderá, a seguir, a cada um dos 
parágrafos subsequentes). Veja o exemplo abaixo:
O mundo moderno, apesar de já perceber em sua constituição 
uma maior igualdade entre homens e mulheres, ainda está eivado de 
situações ultrajantes para o sexo feminino. Nesse contexto, podemos 
perceber a submissão das mulheres islamitas a seus cônjuges, a pressão 
da mídia sobre a estética feminina e a resistência dos homens quanto 
a auxiliar suas esposas nas tarefas domésticas.
Nesse caso, a primeira frase, tópico frasal do parágrafo, é também a 
tese do texto (ponto de vista principal defendido na redação). Seguem-se 
a ela três argumentos, que serão explorados em detalhe nos próximos 
três parágrafos de desenvolvimento. Essa técnica de introdução é muito 
produtiva, na medida em que exige poucos minutos para sua elaboração.
É preciso, no entanto, tomar cuidado para não tornar seu texto re-
petitivo. Se você citou os três argumentos já na introdução, não deverá 
fazê-lo novamente na conclusão. Além disso, em uma abordagem como 
essa, é interessante que os parágrafos de desenvolvimento sejam iniciados 
por elementos coesivos que remetam à noção de enumeração, presente na 
introdução. Dessa forma, é uma boa ideia começar cada um deles por ex-
pressões como primeiramente, em primeiro lugar, além disso, ademais, 
some-se a isso etc. Retomar ao longo do texto a estrutura enumerativa 
presente na introdução garante à sua redação mais coesão e unidade.
2.2. Definição
Nesse tipo de introdução, antes de apresentar a tese, faz-se uma 
ambientação, isto é, uma afirmação inicial que situa a tese na proposta 
dada pela banca. Neste caso, a ambientação pode ser a definição de um 
conceito-chave para a argumentação acerca do tema proposto. Veja:
A própria palavra “mulher” carrega em si uma ambiguidade que 
denota, de certa forma, a situação ambivalente que vivem hoje os 
membros do sexo feminino de nossa espécie. Se, por um lado, esse 
vocábulo quer dizer “ser humano do sexo feminino”, por outro pode 
ser empregado como sinônimo de “esposa”. Mas ser mulher implica, 
de fato, ser esposa? Essa breve reflexão de ordem linguística reflete um 
pouco do imaginário popular acerca do feminino em nossa sociedade e a 
urgência de que se reavaliem as representações sociais sobre esse grupo.
Como, na hora da prova, você não terá acesso a dicionários ou outras 
fontes de consulta, tente bolar sua própria definição, mas tome o cuidado 
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de não ser demasiado reducionista. A partir dessa definição, introduza 
sua tese, situando-a em relação à ambientação do tema. Essa modalidade 
de introdução é extremamente produtiva em textos expositivos, em que a 
banca geralmente pede que você escreva sobre determinado item do edital, 
discorrendo informativamente sobre ele.
2.3. Questionamento(s)
A ambientação pode também ser composta por uma ou mais pergun-
tas, que convidam o leitor à reflexão acerca do tema. No entanto, tome o 
cuidado de, após essas perguntas, afirmar sua tese. Não deixe também de 
responder a todas as perguntas ao longo de seu texto.
Observe o exemplo a seguir:
É ainda cabível, na sociedade hodierna, a expressão “sexo frágil’? 
A evolução da história confirma a derrocada de tal clichê, visto que, 
dia após dia, as mulheres assumem postos de trabalho e funções 
sociais até então restritas ao homem.
Vale ressaltar que esses questionamentos, chamados de perguntas retó-
ricas, são apenas falsas perguntas, servindo mais à condução do raciocínio 
do autor do que a uma efetiva demanda por determinada resposta. Dessa 
forma, evite responder a tais questionamentos simplesmente dizendo “sim” 
ou “não”. Como sua função é ajudar o encadeamento da argumentação, 
as respostas devem ser apresentadas em frases completas, que sustentem 
a tese defendida ao longo do texto.
2.4. Citação
A ambientação também pode apresentar uma citação de alguém 
famoso. Nesse caso, lembre-se de pôr entre aspas uma fala que não é 
propriamente sua, caso seja transcrita literalmente. No entanto, se você 
não tiver certeza sobre a forma exata da citação, é melhor parafraseá-la 
(escrevê-la com suas próprias palavras). Além disso, não deixe de colocar 
sua tese logo após a citação.
“As feias que me perdoem, mas beleza é fundamental”. Essa 
citação do poeta brasileiro Vinícius de Moraes revela-se não só 
politicamente incorreta, mas também caduca nos dias de hoje. A 
atualidade enxerga a mulher sob uma nova perspectiva, não mais 
atrelada à sua constituição física, como um objeto, mas voltada para 
aspectos como força de trabalho, produção intelectual e igualdade 
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de direitos. O sexo feminino equipara-se, assim, ao masculino e 
exige tratamentos iguais.
A citação pode servir como ponto de partida a ser ratificado ou cri-
ticado, mas é importante que você escolha com propriedade que autor e 
que fala irá reproduzir em seu texto. Dê preferência a pessoas famosas 
e consideradas referências no tema sobre o qual você está escrevendo.
2.5. Sequência de frases nominais
Um recurso interessante para iniciar um texto é fazer uma enumeração 
de frases nominais (sem verbo), separando-as por ponto final. Por ser 
uma estratégia diferente, isso chama a atenção do leitor. Como sempre, 
a presença da tese logo após essa ambientação é fundamental. Veja:
Panela no fogão. Celular apoiado entre o ombro e a orelha. Filho 
choroso. Pilha de relatórios a serem lidos e assinados. Essa é a rotina 
estressante de uma série de brasileiras, que, dadas as dificuldades 
econômicas por que passa o país, não podem depender apenas do 
salário de seus maridos. Muitas sequer os têm, ou são casadas, mas 
não desejam depender de seus cônjuges. Todavia, a estrutura familiar 
ainda tem de flexibilizar-se muito, para que os homens se envolvam 
plenamente nas tarefas até então ditas femininas.
Note também que uma boa seleção dos elementos a serem enumerados 
é crucial: estes devem manter entre si paralelismo sintático e semântico, a 
fim de garantir coesão ao texto. Isso quer dizer que esses elementos devem 
ser estruturados basicamente da mesma forma (substantivo + expressão 
modificadora, no caso aqui analisado) e pertencer a um mesmo grupo 
conceitual (campo semântico).
2.6. Exposição do ponto de vista oposto
Você pode também iniciar seu texto enunciando um ponto de vista 
contrário ao seu, na ambientação. Em seguida, use um conectivo que 
expresse oposição de ideias (porém, no entanto, contudo, todavia etc.) 
e apresente sua própria tese, provando ser ela mais acertada do que o 
posicionamento anteriormente mencionado.
Há uma série de homens que dizem que, se as mulheres desejam 
direitos iguais, têm de abrir mão de certas regalias, como o que a 
tradição convencionou chamar de cavalheirismo. Todavia, é preciso 
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destacar que a luta feminista não visa a acabar com as diferenças 
entre os gêneros, tampouco com os mecanismos de interação entre 
eles, como a corte. Seu objetivo é permitir que homens e mulheres 
tenham as mesmas chances de decidir sua posição na sociedade.
Tal recurso, chamado de contra-argumentação,será estudado em 
mais detalhes no próximo capítulo, mas pode-se adiantar desde já que se 
trata de poderoso recurso de persuasão, uma vez que desautoriza teses e 
argumentos opostos à sua linha de raciocínio ao mesmo tempo em que 
define claramente o seu ponto de vista.
2.7. Analogia
Este recurso consiste em, antes da tese, fazer uma comparação/metáfora 
com outros campos semânticos. Trata-se, no entanto, de uma estratégia 
extremamente arriscada, pois, se mal empregada, pode resultar em um 
texto pouco objetivo. Caso opte por iniciar seu texto assim, lembre-se de 
revisitar a mesma analogia na conclusão e não a mencionar repetidamen-
te nos parágrafos de desenvolvimento. Leia um exemplo de introdução 
construído dessa forma:
Comer a maçã parece ter amaldiçoado as filhas de Eva de forma 
muito mais intensa do que os descendentes de Adão. Além de perderem 
o Éden e sentirem as dores do parto, as mulheres parecem condenadas 
às tarefas do lar, ao choro dos filhos e à submissão a seus cônjuges. 
Faz-se, portanto, necessário que os deserdados do Jardim das Delícias 
se unam e passem a tratar-se com igualdade, carregando seu fardo 
de forma igualitária.
Veja que o parágrafo acima se vale da imagem de Adão e Eva para 
introduzir seu ponto de vista sobre o papel da mulher no mundo contem-
porâneo. Atente também para o fato de que é imprescindível afirmar sua 
tese claramente logo após essa analogia.
2.8. Alusão histórica
Antes de apresentar sua tese, você pode lançar mão de uma ambien-
tação que a situe historicamente, expondo, brevemente, os antecedentes 
históricos que confirmam seu ponto de vista. Veja:
Perto da metade do século XX, o mundo vê-se em meio a um 
conflito de proporções colossais deflagrado entre as potências do 
globo. Nesse contexto, os homens deixam suas casas e rumam para a 
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1. INTRODUÇÃO
Neste capítulo, apresentaremos algumas das principais questões or-
tográficas e gramaticais que confundem os candidatos na hora de redigir 
seus textos. Trata-se de dúvidas comuns, que acarretam problemas não só 
na redação e na prova objetiva de Língua Portuguesa, mas também no dia 
a dia profissional e pessoal. Estude, pois, esses tópicos com atenção, a 
fim de redigir seus textos para concursos sempre de acordo com a norma 
padrão, condição essencial para seu sucesso.
2. ORTOGRAFIA
A palavra ortografia vem do grego, composta pelos radicais orto 
(correto, direito) e grafia (escrita), indicando a forma correta de escrever 
as palavras. Embora se trate de um assunto bastante básico, exige a me-
morização de muitas palavras e diversas exceções, o que só é conseguido 
com muita leitura. Porém, para facilitar seu trabalho, vamos indicar algumas 
armadilhas em que você não pode cair. Preste atenção!
2.1. Palavras que costumam gerar dúvidas
2.1.1. acerca de/a cerca de/cerca de/há cerca de
• cerca de indica aproximadamente.
Exemplo:
Cerca de vinte pessoas vieram à festa.
• a cerca de e há cerca de indicam, respectivamente, a combinação 
entre a ou há e a noção de aproximadamente.
Capítulo VIII
REGRAS DA NORMA PADRÃO
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Exemplo:
Moro a cerca de 200 km da capital. Moro aqui há cerca de dez 
anos.
• acerca de é sinônimo de a respeito de.
Exemplo:
Lemos um texto acerca das margaridas.
2.1.2. a fim/afim
• a fim indica noção de objetivo, finalidade.
Exemplo:
Estudou a fim de melhorar sua nota.
• afim é um adjetivo que indica semelhança, afinidade.
Exemplo:
Eu e ela nunca brigamos: somos almas afins.
2.1.3. a princípio/em princípio
• a princípio indica inicialmente.
Exemplo:
A princípio da aula, o professor cumprimentou os alunos.
• em princípio indica teoricamente.
Exemplo:
Em princípio, todos os cidadãos são iguais perante a lei.
2.1.4. ao encontro de/de encontro a
• ao encontro de indica a favor de.
Exemplo:
Concordo com minha mãe: minhas ideias sempre vão ao encontro 
das dela.
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Cap. VIII – Regras da norma padrão
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• de encontro a indica contrariedade.
Exemplo:
Não concordo com minha mãe: minhas ideias sempre vão de encontro 
às dela.
2.1.5. ao invés de/em vez de
• ao invés de indica oposição, ligando ideias contrárias.
Exemplo:
Ao invés de gostarem-se, detestam-se.
• em vez de indica substituição, ligando ideias meramente diferentes.
Exemplo:
Vestiu a camisa verde em vez da branca.
2.1.6. há/a
• há é verbo, indicando existência ou tempo decorrido.
Exemplos: Moro aqui há dez anos.
Há vários livros na estante.
• a é preposição, podendo indicar, entre outras coisas, distância ou 
tempo futuro.
Exemplos: Niterói fica a poucos quilômetros de São Gonçalo.
Daqui a cinco anos, quero ser mãe.
2.1.7. onde/aonde
• onde é usado com verbos que indicam estaticidade.
Exemplo: Onde você está?
• aonde é usado com verbos que indicam movimento.
Exemplo: Aonde você vai?
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TÉCNICAS DE REDAÇÃO PARA CONCURSOS – Lilian Furtado e Vinícius Carvalho Pereira
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2.1.8. se não/senão
• se não indica na hipótese de não, caso não.
Exemplo: Se não chover, podemos ir à praia.
• senão indica ou então ou a não ser.
Exemplos: Estude, senão será reprovado.
Não comia uma fruta, senão pera.
2.1.9. tampouco/tão pouco
• tampouco equivale a também não.
Exemplo: Não gosto de verde, tampouco de azul.
• tão pouco equivale a muito pouco.
Exemplo: Você trabalha tão pouco!
2.1.10. porque/por que/por quê/porquê
• por que (separado e sem acento): nas perguntas diretas ou indi-
retas;
Exemplos:
Por que você não veio à festa?
Perguntei por que Abdênio não veio à festa.
Outra dica para não errar no emprego dessa palavra é que, sempre 
que o vocábulo por que for escrito separado e sem acento, será possível 
colocar, ao lado dele, o substantivo “motivo”. 
Exemplos:
Por que (motivo) você não veio à festa?
Perguntei por que (motivo) Abdênio não veio à festa.
Entretanto, tome cuidado quando a palavra que for pronome relativo, 
antecedido pela preposição por. Nesse caso, por que se escreve separado 
e sem acento porque se trata de duas palavras, embora não seja possível 
acrescentar, ao lado, a palavra “motivo”.
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Cap. VIII – Regras da norma padrão
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Exemplo:
Não conheço a rua por que passei.
• porque (junto e sem acento): quando tiver o sentido de uma vez 
que, funcionando como conjunção.
Exemplo:
Não fui à festa porque estava passando mal.
Observe que porque (junto e sem acento) pode sempre ser substituído 
por pois.
Exemplo:
Não fui à festa, pois estava passando mal.
• porquê (junto e com acento): quando for substantivo, podendo ser 
substituído pela palavra motivo.
Exemplo:
Não sei o porquê da confusão = Não sei o motivo da confusão.
Note que, nesse caso, a palavra porquê deve vir antecedida por um 
artigo ou pronome que a substantive.
• por quê (separado e com acento): no fim de perguntas diretas ou 
indiretas.
Exemplos:
Abdênio não veio à festa por quê?
Abdênio não veio à festa nem disse por quê.
Mais uma vez, a palavra motivo pode ser subentendida ao lado de 
por quê, a fim de testar se sua grafia deve ser realmente essa.
Exemplos:
Abdênio não veio à festa por quê (motivo)?
Abdênio não veio à festa nem disse por quê (motivo).
No entanto, se a palavra motivo for realmente acrescentada à frase 
nessa posição, será preciso retirar o acentocircunflexo, uma vez que o 
vocábulo por quê não se encontrará mais no fim do período.
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