Prévia do material em texto
1 de 14faculdade.grancursosonline.com.br Professor(a): Welington Pudelko Unidade 1 | Aula 1 Professor(a): Welington Pudelko unidade 1 Macroeconomia Aula 1 – Objetivos da Política Macroeconômica objetivo da aula Conhecer os principais conceitos em macroeconomia, ressaltando a importância das políticas macroeconômicas. apresentação Uma das grandes dificuldades, pelo menos no Brasil, é entender o que os economistas falam em suas análises de mercado e conjuntura. Na realidade, na grande maioria das vezes, eles utilizam uma linguagem rebuscada ou de difícil compreensão. Por outro lado, o propósito deste material é tornar simples alguns conceitos que muitas vezes não são entendidos em sua completude. Ainda, serão comentados inúmeros aspectos da economia que norteiam a vida das pessoas e seus impactos no dia a dia. Em suas particularidades, serão apresentadas as políticas macroeconômicas, explicando a sua aplicação, bem como demonstraremos como a economia pode ser mensurada. Portanto, este é o início de um novo caminho de entendimento para um assunto que muitas vezes causa medo e desconfiança, mas acreditem, é de fácil compreensão. 1. teoria Macroeconômica: teorias e delimitações Ao pensar em economia de um modo amplo, podemos dividi-la em duas partes: microeconomia (que estuda o comportamento dos indivíduos e das empresas) e a macroeconomia (que estuda os agregados econômicos e seu desempenho enquanto país). A macroeconomia ou teoria macroeconômica trata do estudo do comportamento das variáveis econômicas agregadas – ligadas a um país – em contraposição às decisões individuais tomadas pelos indivíduos (famílias) e empresas. As variáveis econômicas agregadas são medidas que representam o desempenho e a condição econômica de um país, região ou setor. Essas variáveis sintetizam informações de várias unidades econômicas individuais e fornecem uma visão ampla da economia como um todo (MANKIW, 2016). Livro Eletrônico https://faculdade.grancursosonline.com.br/ https://faculdade.grancursosonline.com.br/ 2 de 14faculdade.grancursosonline.com.br Unidade 1 | Aula 1 Professor(a): Welington Pudelko diferentes autores abordam o conceito de macroeconomia, mas um autor amplamente reconhecido nessa área é n. gregory Mankiw. ele é um renomado economista e autor de vários livros e artigos de referência em economia. em seu livro Princípios de Economia (também conhecido como “Macroeconomia”), ele discute amplamente o conceito de variáveis econômicas agregadas. A macroeconomia concentra-se nas ações tomadas pelos governos, empresas e indivíduos que impactam na economia como um todo. Tais decisões afetam diretamente o desempenho da economia, incluindo o nível de preços, produção, emprego e crescimento econômico. De acordo com Silva e Sinclayr (2018), a macroeconomia estuda tanto o conjunto de consumidores quanto o de empresas de uma sociedade, com foco nas transações que realizam no mercado, investigando os fatores que influenciam o nível total de renda e do produto no sistema econômico. O estudo da macroeconomia teve início após a crise de 1929. Após o “grande crash” – quando o valor das ações da Bolsa de Valores de Nova York (à qual a economia mundial estava integrada à época) despencou bruscamente, provocando a sua “quebra” – da economia em 1929, surgiram diversas teorias e abordagens com o intuito de explicar as tendências econômicas e compreender os impactos das políticas governamentais. Entre esses teóricos, destaca-se John Maynard Keynes (1883-1946), cujo trabalho influente na macroeconomia trouxe uma nova perspectiva para lidar com as crises econômicas. A partir desse momento, o estudo da macroeconomia ganhou impulso e se tornou uma disciplina fundamental no campo da ciência econômica. Porém, é importante ressaltar que a Ciência Econômica como um todo é relativamente nova, tendo sua origem em 1776 com a publicação de A Riqueza das Nações, de Adam Smith (1723-1790), considerado um dos pais fundadores da disciplina. Desde então, a ciência econômica vem evoluindo e se aprofundando na análise dos fenômenos econômicos, buscando compreender e explicar os princípios e comportamentos econômicos que moldam as sociedades. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Fabíola - 14667056711, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://faculdade.grancursosonline.com.br/ https://faculdade.grancursosonline.com.br/ 3 de 14faculdade.grancursosonline.com.br Unidade 1 | Aula 1 Professor(a): Welington Pudelko a crise de 1929, também conhecida como a grande depressão, foi a pior recessão econômica do século XX. foi desencadeada pela quebra da Bolsa de Valores de nova York em 1929, que resultou em uma queda acentuada dos preços das ações. isso levou ao colapso do sistema financeiro e à diminuição do investimento e do consumo. o desemprego aumentou drasticamente e a produção industrial diminuiu significativamente. a crise de 1929 teve um impacto global, prolongando- se por vários anos e levando a mudanças significativas nas políticas econômicas em todo o mundo. 1.1. delimitações da macroeconomia Como mencionado anteriormente, ao estudar o campo da ECONOMIA, é necessário analisar com calma seu comportamento e desempenho. No entanto, cabe destacar que existem algumas limitações no estudo da macroeconomia, as quais devem ser respeitadas: a) Assimetria de informações: embora se pressuponha que os agentes econômicos possuam as mesmas informações e tomem decisões com base nelas, na realidade, tais informações são assimétricas. Isso pode levar a alterações no comportamento das variáveis econômicas, que podem não corresponder ao que foi planejado no modelo analisado. b) Heterogeneidade dos agentes: embora se parta do pressuposto que todos os agentes econômicos (empresas, indivíduos, governos, resto do mundo) ajam de maneira muito semelhante, constata-se que seus comportamentos e respostas aos eventos podem variar significativamente, sendo divergentes entre si. c) Simplificação excessiva: a teoria macroeconômica se utiliza de modelos matemáticos para formalizar as relações entre as variáveis econômicas. No entanto, na maioria das vezes as variáveis que compõem tais modelos são analisadas de forma simplificada, o que pode levar a conclusões errôneas sobre o funcionamento da economia real, que engloba um conjunto de atividades econômicas relacionadas à produção e ao consumo de bens e serviços físicos. d) Rigidez de preços e salários: parte-se do pressuposto que preços e salários são flexíveis e que podem se ajustar quase que instantaneamente para equilibrar as forças de oferta e demanda na economia. Porém, a variável tempo pode torná-los mais rígidos, impedindo assim o equilíbrio e promovendo a persistência de desequilíbrios na economia; O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Fabíola - 14667056711, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://faculdade.grancursosonline.com.br/ https://faculdade.grancursosonline.com.br/ 4 de 14faculdade.grancursosonline.com.br Unidade 1 | Aula 1 Professor(a): Welington Pudelko e) Economia aberta: os modelos matemáticos, na grande maioria das vezes, são construídos sob a perspectiva de economia fechada (termo usado para descrever um modelo econômico teórico em que um país não tem interações comerciais significativas com outras nações), no intuito de facilitar a compreensão do leitor. Entretanto, cabe ressaltar que a maioria das economias é aberta e sujeita a choques externos que podem afetar significativamente seu desempenho. as forças de oferta e demanda são os principais determinantes do equilíbrio de mercado na economia. a demanda refere-se à quantidade de umbem ou serviço que os consumidores estão dispostos e são capazes de comprar a um determinado preço. a oferta, por outro lado, representa a quantidade de um bem ou serviço que os produtores estão dispostos a oferecer ao mercado a um determinado preço. o equilíbrio de mercado é alcançado quando a quantidade demandada é igual à quantidade oferecida, determinando o preço de equilíbrio. a interação dessas forças influencia os preços, a produção e a alocação de recursos em uma economia. Em suma, ao considerar as delimitações da macroeconomia, é fundamental reconhecer que seu estudo envolve simplificações e pressupostos que podem não refletir completamente a complexidade da economia real. A assimetria de informações, a heterogeneidade dos agentes, a simplificação excessiva, a rigidez de preços e salários e a consideração de uma economia aberta são elementos que devem ser levados em conta ao interpretar os resultados da macroeconomia. Embora esta forneça informações valiosas, é necessário abordá-la com cautela e complementá-la com outras abordagens para obter uma compreensão mais abrangente e precisa do funcionamento econômico. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Fabíola - 14667056711, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://faculdade.grancursosonline.com.br/ https://faculdade.grancursosonline.com.br/ 5 de 14faculdade.grancursosonline.com.br Unidade 1 | Aula 1 Professor(a): Welington Pudelko 2. objetivos e Pilares da Macroeconomia Apesar de parecer que o estudo da macroeconomia seja puramente teórico, esse campo possui características próprias que o tornam uma ciência social. Essa disciplina possui objetivos e pilares preestabelecidos que retratam a sua importância. 2.1. objetivos da Macroeconomia Ao construir modelos matemáticos baseados no comportamento de algumas variáveis, a macroeconomia tem como objetivo demonstrar e avaliar o funcionamento global da economia. De um modo geral, elencam-se os principais objetivos que norteiam o estudo da macroeconomia: a) Estabilidade Econômica: busca-se estabilizar a economia, de modo que o crescimento econômico seja sustentável, com taxas de juros mais estáveis (ou seja, menores flutuações) e garantindo, assim, o desenvolvimento econômico. b) Crescimento Econômico: busca-se o crescimento econômico de forma sustentável, garantindo produção de bens e serviços de maneira consciente, rumo ao desenvolvimento econômico. c) Distribuição de Renda: almeja-se uma distribuição de renda equitativa, visando à redução das desigualdades econômicas e sociais. d) Equilíbrio Fiscal: está relacionado diretamente ao equilíbrio das contas públicas (nacionais), mantendo um orçamento equilibrado e evitando uma dívida pública que pode ser excessiva. e) Estabilidade Financeira: a busca de estabilidade financeira está focada em evitar que crises financeiras (especialmente vindas do setor externo) atinjam o país, bem como na proteção do sistema financeiro nacional. Desta forma, ao avaliar tais objetivos de maneira mais clara e sensata, o governo conduzirá a economia para caminhos que promovam crescimento e desenvolvimento sustentáveis, proporcionando estabilidade e prosperidade aos agentes econômicos. 2.2. Pilares da Macroeconomia Partindo do pressuposto de que a macroeconomia se concentra no estudo dos fenômenos econômicos agregados em nível nacional existem algumas variáveis de grande importância que são utilizadas como indicadores para medir a atividade econômica de um país. Essas variáveis são conhecidas como agregados, ou seja, são medidas de análise, pilares da economia, que podem sintetizar o comportamento da economia. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Fabíola - 14667056711, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://faculdade.grancursosonline.com.br/ https://faculdade.grancursosonline.com.br/ 6 de 14faculdade.grancursosonline.com.br Unidade 1 | Aula 1 Professor(a): Welington Pudelko Entre os principais pilares, podemos citar: a) Produto Interno Bruto (PIB): em sua concepção mais simples, trata-se de uma medida do valor do total da produção de bens e serviços de um país em um determinado período de tempo. Leva em consideração as fronteiras geográficas do país. “O PIB é geralmente considerado o melhor indicador para avaliar o desempenho da economia” (MANKIW, 2021, p. 13). b) Produto Nacional Bruto (PNB): é a medida do valor de todos os bens e serviços finais produzidos pelos residentes de um país, independentemente de onde ocorre a produção. O PNB leva em consideração a nacionalidade dos proprietários das empresas e inclui a produção tanto dentro como fora das fronteiras do país. O Produto Interno Bruto (PIB) e o Produto Nacional Bruto (PNB) são indicadores econômicos utilizados para medir a atividade econômica de um país. A principal diferença entre eles está na forma como são calculados. c) Balança Comercial: trata-se da diferença entre as importações e exportações ocorridas em um país. É importante para avaliar a situação financeira, com base no total de entradas e saídas de recursos, permitindo determinar se o país está em situação credora ou devedora. Vamos para um exemplo que nos ajude a compreender a Balança comercial: o Brasil é um grande exportador de commodities, como soja, minério de ferro, carne bovina, açúcar e café. No entanto, o país também importa uma variedade de bens de consumo, máquinas, equipamentos e combustíveis. Nos últimos anos, o Brasil tem enfrentado um déficit na balança comercial, ou seja, importações superiores às exportações. Isso significa que o país está gastando mais em compras internacionais do que está recebendo com as exportações. O déficit na balança comercial pode ter impactos na economia, como pressionar a moeda local e requerer financiamento externo para cobrir o desequilíbrio. d) Taxa de Juros: trata-se de uma ferramenta de política monetária que influencia as operações internas, como empréstimos, financiamentos e aplicações financeiras dos agentes econômicos. Essa medida é importante para equilibrar o avanço da inflação, bem como controlar o nível de crescimento econômico. e) Inflação: trata-se do aumento contínuo e generalizado do nível de preços de uma determinada economia. É uma medida da variação, responsável por controlar a estabilidade e a performance da política monetária. f) Emprego: essa variável está pautada na observação contínua do mercado de trabalho, de forma a avaliar o número de pessoas efetivamente empregadas na economia em um determinado período. Tal variável é importante para mensurar a “saúde” da economia, e o nível de distribuição de renda em determinado momento. Essas variáveis desempenham um papel fundamental ao oferecer uma visão geral da economia de um país. Embora existam outrasrelevantes, essas são essenciais para a compreensão e o progresso do aprendizado na disciplina. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Fabíola - 14667056711, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://faculdade.grancursosonline.com.br/ https://faculdade.grancursosonline.com.br/ 7 de 14faculdade.grancursosonline.com.br Unidade 1 | Aula 1 Professor(a): Welington Pudelko 3. Políticas Macroeconômicas: Conceitos e objetivos Enquanto existir um acompanhamento sistemático das variáveis que compõem uma economia, o governo, de forma simplificada, poderá atingir uma série de objetivos que serão responsáveis por alinhar a situação econômico-financeira do país. Para que os ajustes sejam efetivos, utiliza-se a política econômica ou macroeconômicacomo ferramenta. São aplicadas medidas em diversas áreas que visam promover a estabilidade e o crescimento econômico, além de realizar um controle contínuo de inúmeros índices econômicos, como o nível de emprego, inflação, PIB, entre outros. A implementação de política macroeconômica busca promover: a) A estabilidade de preços – refere-se à manutenção de uma taxa de inflação baixa e estável ao longo do tempo, evitando variações significativas nos preços dos bens e serviços. Isso promove a confiança dos consumidores e das empresas, proporcionando um ambiente econômico mais previsível e favorável para o planejamento financeiro. b) O equilíbrio Fiscal – ocorre quando as receitas do governo são iguais ou superiores às despesas, resultando em um déficit fiscal baixo ou um superávit. Isso é importante para manter a sustentabilidade das finanças públicas, evitando um aumento excessivo da dívida governamental e contribuindo para a estabilidade econômica. c) A estabilidade cambial – trata-se da manutenção de uma taxa de câmbio relativamente estável ao longo do tempo. Isso é importante para facilitar o comércio internacional, atrair investimentos estrangeiros e fornecer estabilidade aos agentes econômicos em relação aos preços dos bens importados e exportados. d) A estabilidade financeira – refere-se à solidez e ao bom funcionamento do sistema financeiro, evitando crises e perturbações que possam prejudicar o fluxo normal de crédito, a confiança dos investidores e a capacidade das instituições financeiras de cumprir suas obrigações. A estabilidade financeira é essencial para manter a saúde econômica e evitar desequilíbrios que possam levar a recessões. e) O crescimento econômico – trata-se do aumento sustentado da produção de bens e serviços em uma economia ao longo do tempo. Isso é medido pelo aumento do PIB. O crescimento econômico é fundamental para melhorar o padrão de vida, reduzir a pobreza, criar empregos e proporcionar oportunidades para o desenvolvimento econômico e social de um país. Seguindo nessa linha, alguns temas são de extrema importância, pois afetam, de alguma forma, o comportamento estrutural da economia. Por exemplo: o orçamento governamental, a oferta monetária (quantidade total de dinheiro em circulação em uma determinada economia em um determinado momento), a taxa de juros e o índice de emprego (desemprego) no mercado de trabalho são variáveis que devem ser constantemente analisadas. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Fabíola - 14667056711, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://faculdade.grancursosonline.com.br/ https://faculdade.grancursosonline.com.br/ 8 de 14faculdade.grancursosonline.com.br Unidade 1 | Aula 1 Professor(a): Welington Pudelko São quatro políticas macroeconômicas: a) Política Fiscal: o conjunto de medidas adotadas pelo governo para administrar os gastos públicos e a arrecadação. Envolve a administração do fluxo de caixa da economia por meio da política tributária e dos gastos governamentais. b) Política Monetária: trata-se do controle da oferta de dinheiro e crédito na economia, sendo adotada por meio do Banco Central, buscando o crescimento econômico e o pleno emprego. c) Política Cambial: relacionada à gestão da taxa de câmbio (preço relativo entre duas moedas, ou seja, o valor de uma moeda em relação a outra). Visa administrar a relação entre o país e o resto do mundo, bem como buscar o controle adequado do fluxo de capital (movimento de investimentos financeiros). d) Política de Rendas: é uma política complementar que busca evitar instabilidades em preços e salários, combinando as políticas monetária e fiscal, com foco particular em salários, preços e lucros. De modo prático, a execução de políticas macroeconômicas impactam diretamente e influenciam o cotidiano dos agentes econômicos. Isso permite uma compreensão mais concreta e aplicada de como essas políticas afetam aspectos como o emprego, a inflação, os juros, o investimento, o consumo e outros elementos-chaves da atividade econômica. A seguir, cada uma das políticas apresentadas é explicada e descrita em detalhes. 3.1. Política fiscal Refere-se ao conjunto de medidas adotadas pelo governo para controlar e regular os gastos públicos e a arrecadação de impostos. Em linhas gerais, as medidas fiscais visam influenciar a economia por meio de tributação e dos gastos governamentais. O controle da tributação desempenha um papel importante, pois pode afetar a disponibilidade de recursos dos agentes econômicos. Isso pode ter efeitos positivos ou negativos sobre a variável consumo, a qual desempenha um papel fundamental no estímulo ao crescimento econômico do país, uma vez que representa uma parte significativa da demanda agregada (quantidade total de bens e serviços que os consumidores, empresas e governo estão dispostos e capazes de comprar em uma economia em um determinado período de tempo). O consumo está relacionado ao setor real da economia, ou seja, à produção de bens e serviços. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Fabíola - 14667056711, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://faculdade.grancursosonline.com.br/ https://faculdade.grancursosonline.com.br/ 9 de 14faculdade.grancursosonline.com.br Unidade 1 | Aula 1 Professor(a): Welington Pudelko Dessa forma, a política fiscal busca utilizar a tributação e os gastos governamentais de forma estratégica para impulsionar a atividade econômica, estimulando o consumo e, consequentemente, o crescimento econômico. É importante que o governo encontre um equilíbrio adequado na definição das políticas fiscais, considerando os efeitos sobre os agentes econômicos e o impacto na economia como um todo. Consideremos o caso de uma pessoa que recebe seu salário no final do mês, que é a remune- ração do seu trabalho. Com esse salário, que é a sua renda pessoal disponível, ele precisará de uma série de gastos necessários à sua sobrevivência e satisfação de suas necessidades. Uma parte será utilizada na aquisição de bens e serviços de consumo, montante que denominaremos consumo. (SILVA; SINCLAYR, 2018, p. 61) De acordo com essa afirmação, a variável consumo refere-se ao gasto imediato dos indivíduos, sob a perspectiva dos agentes econômicos. Essa relação pode ser expressa pela seguinte equação: C = C 0 + c . Yd Em que: C = Consumo C 00 = Consumo autônomo (consumo mínimo do indivíduo) c = Propensão marginal a consumir (0 < c < 1); Yd = Renda disponível Um exemplo no dia a dia seria se uma pessoa recebe um aumento de salário (aumento da renda disponível), ela pode decidir aumentar seu consumo (C) gastando uma parte desse aumento (c.Yd) em bens ou serviços. Um aumento ou diminuição na tributação pode afetar a propensão marginal a consumir, o que, por sua vez, influencia a renda disponível dos indivíduos e pode ter impacto na demanda da economia, também conhecida como demanda agregada, podendo estimular ou desestimular o crescimento econômico. A política fiscal pode ser implementada por meio de duas abordagens distintas: a) Política fiscal expansionista: o governo utiliza de medidas para aumentar os gastos públicos e reduzir as alíquotas tributárias, com o objetivo de estimular a economia. No entanto, é importante lembrar que essa política deve ser temporária, pois pode afetar significativamente as finanças públicas. b) Política fiscal contracionista: nesse caso, ocorre uma redução dos gastos públicos, acompanhada de possíveis aumentos na tributação. Esse fenômeno resulta em uma diminuição do poder de compra dos agentes econômicos. Os principais efeitos dessa política são o desaquecimento da demanda agregada eo controle da inflação. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Fabíola - 14667056711, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://faculdade.grancursosonline.com.br/ https://faculdade.grancursosonline.com.br/ 10 de 14faculdade.grancursosonline.com.br Unidade 1 | Aula 1 Professor(a): Welington Pudelko a última vez que o Brasil implementou uma política fiscal expansionista foi durante a crise econômica global de 2008-2009. o governo adotou medidas de estímulo, como aumento dos gastos públicos e redução de impostos, com o objetivo de impulsionar a demanda agregada e estimular a economia. essas políticas visavam combater os efeitos da recessão e promover o crescimento econômico. no entanto, é importante ressaltar que a aplicação específica de políticas fiscais pode variar ao longo do tempo e depende das condições econômicas e políticas do país. Os gastos públicos estão relacionados aos recursos alocados pelo governo para fornecer infraestrutura básica necessária ao funcionamento da economia. Em geral, a política fiscal deve ser aplicada com prudência e cautela, pois pode provocar desequilíbrios fiscais graves e ter consequências negativas para a economia. Seu objetivo geral é estabilizar a economia, promover o crescimento econômico, combater a desigualdade social e também estabilizar o nível de preços. 3.2. Política Monetária A política monetária, adotada pelo Banco Central (banco de reservas ou autoridade monetária, trata-se de uma entidade independente ou ligada ao Estado, cuja função é gerir a política econômica) tem como objetivo promover a estabilidade de preços e o crescimento econômico, buscando alcançar o pleno emprego, por meio do controle sistemático da taxa de juros. Conforme apontado por Hall e Lieberman (2003, p. 329), a relação entre a “taxa de juros sobre a quantidade demandada de dinheiro desempenhará uma função crucial” na análise econômica. Dessa forma, o controle da taxa de juros pode ter diferentes efeitos na economia, estimulando ou desestimulando o crescimento. Essa política pode ser aplicada sob duas perspectivas: a) Política monetária expansionista: visa aumentar a quantidade de moeda em circulação na economia, estimulando o crescimento econômico. Isso é geralmente alcançado por meio da redução das taxas de juros, o que afeta positivamente a oferta de crédito (disponibilidade de empréstimos e financiamentos oferecidos pelas instituições financeiras aos indivíduos, empresas e governos) no mercado, tornando o crédito mais acessível para empresas e indivíduos. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Fabíola - 14667056711, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://faculdade.grancursosonline.com.br/ https://faculdade.grancursosonline.com.br/ 11 de 14faculdade.grancursosonline.com.br Unidade 1 | Aula 1 Professor(a): Welington Pudelko b) Política monetária contracionista: também conhecida como política restritiva, tem como principal objetivo controlar a inflação, reduzindo significativamente a demanda por bens e serviços. Para isso, o Banco Central adota uma postura mais cautelosa ao elevar as taxas de juros, por exemplo. Essa elevação das taxas de juros reduz o crédito e torna a economia menos líquida, ou seja, reduz a disponibilidade de dinheiro em circulação e dificulta o acesso ao crédito e financiamento, o que pode ter impactos na atividade econômica e na capacidade dos agentes econômicos de realizar transações financeiras. Importante ressaltar que essas políticas são implementadas em períodos específicos – quando precisa ser feita alguma intervenção na economia – e são medidas temporárias, destinadas a lidar com as necessidades e os desafios do momento. 3.3. Política Cambial Enquanto as duas políticas anteriores preocupam-se estritamente com o ambiente interno da economia, a política cambial, por sua vez, está relacionada ao gerenciamento das relações comerciais internacionais. Essa política é uma parte crucial da política econômica de um país e busca garantir a competitividade das exportações e a estabilidade da taxa de câmbio (valor relativo entre duas moedas, determinando quantas unidades de uma moeda são necessárias para adquirir uma unidade da outra moeda). Uma política cambial pode ser definida como uma taxa de câmbio fixa, flutuante ou um híbrido dos dois. Uma taxa fixa significa que o valor da moeda está atrelado a outra moeda, normalmente o dólar americano ou o euro; e uma taxa de câmbio flutuante significa que é permitido variar o valor da moeda de acordo com o mercado de câmbio. Além disso, podemos destacar: • Controle da inflação: uma política cambial pode ser usada para controlar a inflação. Se a moeda local está se depreciando rapidamente, aumentando os preços das im- portações e contribuindo para a inflação, o Banco Central pode intervir comprando a moeda local para sustentar seu valor. • Equilíbrio da balança de pagamentos: a política cambial pode influenciar a balança comercial, que é a diferença entre as exportações e importações de um país. Um país pode desvalorizar sua moeda para tornar suas exportações mais competitivas e reduzir o déficit em conta-corrente (situação em que as saídas líquidas de recursos de um país, relacionadas ao comércio de bens, serviços, rendas e transferências, são maiores do que as entradas líquidas. Isso significa que o país está gastando mais em transações internacionais do que está recebendo, resultando em um saldo negativo na conta corrente). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Fabíola - 14667056711, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://faculdade.grancursosonline.com.br/ https://faculdade.grancursosonline.com.br/ 12 de 14faculdade.grancursosonline.com.br Unidade 1 | Aula 1 Professor(a): Welington Pudelko • Estabilidade econômica: uma política cambial estável pode promover a confiança dos investidores e a estabilidade econômica. As flutuações bruscas na taxa de câmbio podem causar incerteza e volatilidade, o que pode desencorajar o investimento e o crescimento econômico. • Intervenção no mercado de câmbio: o Banco Central pode intervir no mercado de câm- bio comprando ou vendendo moeda estrangeira para suavizar a volatilidade ou alterar a direção da taxa de câmbio. • Regulação de capital: as políticas cambiais também podem incluir controles de capital, que são restrições sobre a capacidade de indivíduos e empresas movimentarem dinheiro para dentro ou fora do país. Essas medidas podem ser usadas para estabilizar a taxa de câmbio e prevenir a fuga de capitais (movimento de saída de recursos financeiros de um país para outros países, seja por investidores, empresas ou indivíduos). A eficácia dessa política está diretamente ligada ao controle da taxa de câmbio e ao equilíbrio da paridade cambial. Cada país tem suas próprias circunstâncias e objetivos econômicos, então a política cambial pode variar muito de um lugar para outro. 3.4. Política de rendas Como exposto anteriormente, a política de rendas é uma política acessória. Ela tem como objetivo influenciar a distribuição de renda dentro de uma economia, além de estabelecer limites salariais – considerada absoluta quando estabelece tetos máximos, como o salário- mínimo, ou relativa, quando estabelece aumentos salariais de acordo com a produtividade –, preços e lucros das empresas. A política de rendas está diretamente relacionada às políticas fiscal e monetária, pois também busca promover a estabilidade econômica. É importante destacar que, na sua implementação, uma intervençãoexcessiva do governo na economia pode afetar negativamente a competitividade e a qualidade da produção nacional, impactando o potencial da atividade econômica do país. No Brasil, a adoção da política de rendas ocorre por meio de uma série de medidas e programas governamentais, buscando promover a equidade social, como programas sociais que fornecem renda para pessoas em situação de pobreza. Além disso, os benefícios, como pensões e aposentadorias, também fazem parte dessa política, fornecendo recursos para a população inativa. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Fabíola - 14667056711, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://faculdade.grancursosonline.com.br/ https://faculdade.grancursosonline.com.br/ 13 de 14faculdade.grancursosonline.com.br Unidade 1 | Aula 1 Professor(a): Welington Pudelko Podemos trazer o exemplo de como se dá algumas das políticas de renda adotadas no Brasil: a) Política de reajuste do salário mínimo: o governo brasileiro adota uma política de reajuste anual do salário mínimo, levando em consideração diversos fatores, como a inflação, o crescimento econômico e a valorização do poder de compra dos trabalhadores. b) Negociação de acordos coletivos de trabalho: sindicatos e representantes de trabalhadores negociam com empresas e empregadores para estabelecer reajustes salariais e benefícios adicionais, com o objetivo de garantir melhorias nas condições de trabalho e aumentos de renda para os trabalhadores. c) Programas de transferência de renda: o governo brasileiro implementou programas como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BPC), que têm como objetivo redistribuir renda para famílias de baixa renda e grupos vulneráveis, fornecendo assistência financeira direta. Esses são exemplos de políticas adotadas no Brasil visando influenciar a distribuição de renda, melhorar as condições de vida dos trabalhadores e reduzir a desigualdade socioeconômica. Considerações finais da aula Nesta aula, você conheceu os fundamentos da macroeconomia: conceitos, delimitações, características e pilares. Esse campo de estudo visa à estabilidade econômica e alcançar o crescimento econômico, promovendo uma distribuição mais equitativa de renda e equilíbrio fiscal. Durante a leitura detalhada, você pôde compreender que o estudo conjuntural depende da criação de um modelo matemático que considera diversas variáveis, as quais devem ser analisadas cuidadosamente, uma vez que podem indicar efeitos diversos. Esses efeitos estão diretamente relacionados às consequências da aplicação das políticas. Do ponto de vista fiscal, por exemplo, a busca por uma distribuição da carga tributária de forma proporcional à capacidade contributiva dos indivíduos e empresas, evita a concentração excessiva de impostos sobre determinados grupos ou setores da sociedade, ou seja, uma equidade tributária pode favorecer o consumo e a renda. Na ótica monetária, alterações na taxa de juros podem ter impacto no mercado de crédito, influenciando positiva ou negativamente o consumo da economia. No comércio internacional, políticas adequadas podem melhorar a balança comercial. E, por fim, a política de rendas pode criar um mercado consumidor para os mais desfavorecidos. Assim, de acordo com a estratégia do governo, diversas possibilidades podem ser consideradas, sempre com o objetivo de melhorar a vida em sociedade e trazer benefícios coletivos. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Fabíola - 14667056711, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://faculdade.grancursosonline.com.br/ https://faculdade.grancursosonline.com.br/ 14 de 14faculdade.grancursosonline.com.br Unidade 1 | Aula 1 Professor(a): Welington Pudelko Materiais Complementares Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada O IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) é uma Empresa Federal vinculada ao Ministério do Planejamento, criada no ano de 1964, com objetivo de ser um suporte técnico para a formulação de política públicas por meio de análises conjunturais. Visite seu site e descubra muito mais: Link para acesso: https://www.ipea.gov.br/portal/ (acesso em 17 jul. 2023) referências HALL, R. E.; LIEBERMAN, M. Macroeconomia: princípios e aplicações. São Paulo: Cengage Learning, 2003. INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA. Portal Ipea. Ipea, Brasília, 2022. Disponí- vel em: https://www.ipea.gov.br/portal/. Acesso em: 18 jul. 2023. MANKIW, N. G. Macroeconomia. Rio de Janeiro: Atlas, 2021. PINHO, D. B; VASCONCELLOS, M. A. S; TONETO JR., R. (Orgs.) Manual de Economia. São Paulo: Saraiva, 2005. SILVA, C. R. L; SINCLAYR, L. Economia e mercados: introdução à economia. São Paulo: Sa- raiva Educação, 2018. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Fabíola - 14667056711, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://faculdade.grancursosonline.com.br/ https://faculdade.grancursosonline.com.br/ https://www.ipea.gov.br/portal/ https://www.ipea.gov.br/portal/ Aula 1 – Objetivos da Política Macroeconômica Aula 2 – Instrumentos da Política Macroeconômica Aula 3 – Estrutura da Análise Macroeconômica Aula 4 – Metas da Política Macroeconômica Aula 5 – Principais Agregados Macroeconômicos