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SUPERVISÃO E REGULAÇÃO 
BANCÁRIA - I 
Dr. Marcos Roberto de Lima Aguirre
Sumário
1. Concentração Bancária e Proteção às Minorias (acionárias)
2. Supervisão do Bacen e fiscalização do Cade
3. Disciplina da CVM e sua importância
CONCENTRAÇÃO BANCÁRIA E PROTEÇÃO ÀS MINORIAS 
(acionárias)
Processos de concentração e concorrência
Dois processos da economia de mercado: livre concorrência x concentração
CONCENTRAÇÃO BANCÁRIA E PROTEÇÃO ÀS MINORIAS 
(acionárias)
Livre Concorrência:
- pulverização de controladores da oferta (maior número de empresas e/ou de
acionistas de empresas);
- trabalho/produção voltada para atender consumidor;
- necessário intervenção coletiva/estatal para manter.
CONCENTRAÇÃO BANCÁRIA E PROTEÇÃO ÀS MINORIAS 
(acionárias)
Concentração:
- monopólio/oligopólio do controle de empresas (poucas empresas e/ou poucos 
acionistas controladores);
- voltado ao interesse do grande investidor/capital;
- consequência de economia com concorrência predatória, sem mecanismo
eficaz de intervenção ou supervisão.
CONCENTRAÇÃO BANCÁRIA E PROTEÇÃO ÀS MINORIAS 
(acionárias)
Economia de mercado saudável:
livre iniciativa; livre concorrência
+
tutela do interesse público: economia popular
Assim, é necessário existir um mecanismo de regulação combatendo o abuso 
de poder econômico na concentração do setor financeiro.
CONCENTRAÇÃO BANCÁRIA E PROTEÇÃO ÀS MINORIAS 
(acionárias)
Principais fatos impactantes na atual concentração do setor financeiro 
brasileiro:
- mercado global tendente a formação de monopólios/oligopólios 
- privatização do setor financeiro
- capital estrangeiro no controle acionário de instituições financeiras
(ver ex.: Decreto 10029/2019 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-
2022/2019/decreto/D10029.htm)
- custo operacional (tecnológico) crescente da atividade.
CONCENTRAÇÃO BANCÁRIA E PROTEÇÃO ÀS MINORIAS 
(acionárias)
Previsão Constitucional:
CF88 - Art. 170, IV - livre concorrência
A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre
iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames
da justiça social, observados os seguintes princípios: soberania nacional,
redução de desigualdades regionais, defesa da propriedade privada e de sua
função social, busca do pleno emprego, tratamento favorecido para EPP, defesa
do meio ambiente e defesa da livre concorrência e do consumidor.
CONCENTRAÇÃO BANCÁRIA E PROTEÇÃO ÀS MINORIAS 
(acionárias)
Regulação da livre concorrência no setor financeiro
Lei n. 4.595/64 (Política e as Instituições Monetárias, Bancárias e Creditícias;
cria CMN e BACEN)
Art. 18 - § 2º O Banco Central da Republica do Brasil, no exercício da
fiscalização que lhe compete, regulará as condições de concorrência entre
instituições financeiras, coibindo-lhes os abusos com aplicação da pena
(vetado) nos termos desta lei. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4595.htm
Atuação do BACEN:
- requisitos e capital mínimo e deposito compulsório diminuem risco de crise
financeira, mas reduzem ingresso de instituições menores, aumentando
concentração em poucas grandes instituições.
- embora tenha poder para regular a concorrência e evitar abuso, BACEN não o
exercitou ao longo das últimas duas décadas, possibilitando a atual
concentração:
Atuação do BACEN:
"... o Banco Central do Brasil não estimula a concorrência, destacando o
preceito inspirado no princípio da isonomia, mas estabelece restrições à
atividade, e paradoxalmente nada interfere no aspecto do abuso do poder
econômico." (ABRAO, 2017, p. 343)
Atuação do BACEN:
Ou seja, acabou permitindo a concentração do setor financeiro em grandes
instituições ao mesmo tempo em que não combateu abusos de forma efetiva.
OBS1: BACEN é de 1964, anterior a Constituição de 1988 e a atual economia de
livre concorrência. Isso tem influenciado em sua falta de atenção a esse
princípio constitucional.
OBS2: o veto no art. 18º impediu que BACEN tivesse poder para aplicar penas
aos infratores, pois essa tarefa deve ser exclusiva do Poder Judiciário.
Supervisão do Bacen e fiscalização do Cade
Em 2011, tivemos a criação do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência –
SBDC, que unifica esforços do Ministério da Economia e o CADE (do Ministério
da Justiça).
Lei 12.529/2011, de 30 de novembro de 2011, Estrutura o Sistema Brasileiro de
Defesa da Concorrência; dispõe sobre a prevenção e repressão às infrações
contra a ordem econômica; altera a Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990, o
Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal, e a
Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985; revoga dispositivos da Lei nº 8.884, de 11 de
junho de 1994, e a Lei nº 9.781, de 19 de janeiro de 1999; e dá outras
providências.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato20112014/2011/lei/l12529.htm
Supervisão do Bacen e fiscalização do Cade
CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica)
Autarquia responsável por zelar pela livre concorrência, fiscalizando processos
de fusão e aquisição (controle acionário) de empresas no país.
Leis 8.884/94 e 10.149/2000 substituídas pela 12.529/2011
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12529.htm
Supervisão do Bacen e fiscalização do Cade
BACEN (Banco Central do Brasil)
Autarquia responsável por regular o sistema financeiro (SFN), autorizando e
fiscalizando o funcionamento das instituições financeiras.
Lei n. 4.595/64 - http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4595.htm
Supervisão do Bacen e fiscalização do Cade
Colaboração entre órgãos:
Enquanto BACEN regula e supervisiona setor financeiro, CADE fiscaliza o
respeito a concorrência.
Trata-se de colaboração entre essas entidades, mantendo suas autonomias e
competências próprias.
Supervisão do Bacen e fiscalização do Cade
Não se trata de intervenção do Estado na administração privada da atividade
econômica (livre iniciativa), mas sim de garantir que ocorra concorrência leal e
devida transparência do controle acionário das instituições financeiras.
Quando os métodos preventivos do BACEN não evitam o abuso, cabe ao CADE
restabelecer o equilíbrio concorrencial com processos administrativos (junto a
CVM) e judiciais (junto ao MP).
Supervisão do Bacen e fiscalização do Cade
Atuação BACEN em conjunto com CADE (a partir de 2019):
- Só a partir de dezembro de 2018 passa a ocorrer cooperação entre BACEN e 
CADE no combate a concentração e abuso de poder econômico no setor 
financeiro.
http://www.cade.gov.br/acesso-a-informacao/convenios-e-
transferencias/acordos-nacionais/ato-normativo-conjunto.pdf/view
Supervisão do Bacen e fiscalização do Cade
Ato normativo conjunto número 1 de dezembro de 2018:
Art. 1º Este Ato Normativo Conjunto disciplina os procedimentos aplicáveis:
I – à análise de atos de concentração econômica envolvendo instituições 
financeiras;
II – à apuração de infrações à ordem econômica envolvendo instituições 
sujeitas à supervisão ou vigilância do Banco Central do Brasil (BCB);
III – ao intercâmbio de informações entre o BCB e o Conselho Administrativo de 
Defesa Econômica (Cade).
Supervisão do Bacen e fiscalização do Cade
Art. 2º Os atos de concentração econômica de instituições financeiras deverão
ser submetidos tanto ao BCB quanto ao Cade, que os examinarão de forma
independente, em processos próprios, observados os prazos e condições
previstos na legislação que disciplina a atuação de cada uma das autarquias.
Parágrafo único. O BCB e o Cade compartilharão informações e documentos,
sigilosos ou não, de titularidade dos interessados em atos de concentração
econômica, exigido o expresso consentimento dos requerentes para os dados
protegidos por sigilo legal.
E o presente Ato especifica nos demais artigos subsequentes o funcionamento
dessa cooperação.
Supervisão do Bacen e fiscalização do Cade
Acordo de Leniência: reduz pena do infrator em troca de delação do esquema;
pois é do interesse público desmantelar o esquema,mais do que simplesmente
punir indivíduos.
Trata-se de instrumento atual que tem sido utilizado com bons resultados nos
casos de abuso de poder econômico.
Lei 10.149/2000: dispõe sobre a prevenção e repressão às infrações contra a
ordem econômica
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l10149.htm
Disciplina da CVM e sua importância
CVM (Comissão de Valores Mobiliários)
Autarquia responsável por disciplinar, normalizar e fiscalizar o mercado de
valores mobiliários.
Lei 6.385/1976 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6385compilada.htm
Disciplina da CVM e sua importância
Esse papel que sinaliza a atividade fundamental da CVM procura concatenar a
transparência, o acesso à informação e substancialmente o princípio da
isonomia como garantia das classes acionistas no poder diretivo da empresa. A
partir da Instrução n. 178 foram suspensas dos pregões as companhias que não
divulgavam os respectivos balanços, e com a entrada em vigor da de n. 299
permitiu-se proteção aos não controladores, em razão da perda de liquidez em
mercado. (ABRAO, 2017, p. 348)
Disciplina da CVM e sua importância
As concentrações bancárias e os abusos do poder econômico nesse campo
dependem da coibição eficaz e bastante disciplinada da CVM, haja vista as
alterações societárias, ofertas públicas, preços dos valores mobiliários e a
preponderância de esvaziar o poder das minorias em relação às participações
no seio da empresa. (ABRAO, 2017, p. 348)
Disciplina da CVM e sua importância
No âmbito do controle acionário de instituições financeiras, a CVM busca coibir
o “abuso do poder de controle”, por parte de grandes acionistas contra grupos
minoritários de acionistas.
Isso auxilia na defesa da livre concorrência, pois busca evitar concentração de
controle acionário das empresas do setor por meio de abuso.
Disciplina da CVM e sua importância
Problemas: necessário agilização na atualização burocrática da CVM para
acompanhar o mercado acionário e poder atender demanda de supervisão do
controle acionário de instituições financeiras.
Disciplina da CVM e sua importância
Acordo de Leniência em processo administrativo no BACEN e CVM:
Art. 30. O Banco Central do Brasil poderá celebrar acordo administrativo em 
processo de supervisão com pessoas físicas ou jurídicas que confessarem a 
prática de infração às normas legais ou regulamentares cujo cumprimento lhe 
caiba fiscalizar, com extinção de sua ação punitiva ou redução de 1/3 (um terço) 
a 2/3 (dois terços) da penalidade aplicável, mediante efetiva, plena e permanente 
cooperação para a apuração dos fatos, da qual resulte utilidade para o 
processo... 
Lei 13.506/2017 - https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2017/lei/l13506.htm
Disciplina da CVM e sua importância
Essa legislação recente (2017) concedeu poderes para que a atuação do BACEN
e CVM seja mais eficiente na busca pela rápida solução de problemas causados
a economia por abuso de poder econômico.
Legislação
LEI Nº 4.595, DE 31 DE DEZEMBRO DE 1964. Dispõe sobre a Política e as
Instituições Monetárias, Bancárias e Creditícias, Cria o Conselho Monetário
Nacional e dá outras providências.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4595.htm
LEI No 6.404, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1976. Dispõe sobre as Sociedades por
Ações. (obs: com as alterações consolidadas de 9.457/1997 e 10.303/2001)
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404compilada.htm
LEI No 6.385, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1976. Dispõe sobre o mercado de valores 
mobiliários e cria a Comissão de Valores Mobiliários. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6385compilada.htm
Legislação
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 - princípio
constitucional da livre concorrência: CF88 - art. 170, IV (1988)
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
Acordo de Leniência (2000):
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l10149.htm
Instrução CVM sobre cálculo de valor de ação (2002):
http://www.cvm.gov.br/legislacao/instrucoes/inst361.html
Criação da SBDC, atualiza CADE (2011):
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12529.htm
Legislação
Acordo de Leniência para BACEN e CVM (2017):
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13506.htm
Cooperação entre BACEN e CADE (2018):
http://www.cade.gov.br/acesso-a-informacao/convenios-e-
transferencias/acordos-nacionais/ato-normativo-conjunto.pdf/view
Decreto sobre controle acionário por capital estrangeiro (2019):
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/decreto/D10029.htm
Bibliografia
ABRÃO, Nelson. Direito Bancário - 18ª ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2019.
ASSAF NETO, Alexandre. Mercado Financeiro. 14ª ed. São Paulo: GEN, 2018.
MIRAGEM, Bruno. Direito Bancário. 3ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2019.
SALOMÃO NETO, Eduardo. Direito Bancário. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2014.

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