Prévia do material em texto
1
DIREITO FINANCEIRO
AUTORIA: JOÃO VICTOR DA CRUZ
MUNZI
2
S1: ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO:
O Estado tem o dever de satisfazer necessidades públicas, por
meio da entrega de bens (habitações populares, medicamentos
etc.) e/ou por meio da prestação de serviços públicos (por exemplo,
educação, saúde etc.).
É fácil perceber que a entrega de bens e/ou por meio da prestação
de serviços públicos tem um custo, o que exige a realização de
gastos (despesas públicas).
As despesas públicas (ou gastos públicos) são gerenciadas por
meio de um orçamento público.
Acaso a receita pública arrecadada (ingresso de dinheiro nos cofres
públicos) não seja suficiente para custear os gastos públicos, o
Estado poderá obter empréstimos públicos (também chamados de
créditos públicos), para atingir o equilíbrio entre receita e despesa
pública.
A atividade financeira do Estado (termo na acepção ampla,
englobando a União, os Estados-membros, o Distrito Federal e os
Municípios) corresponde à conduta ESTATAL DE ARRECADAÇÃO
DE RECEITAS E DE REALIZAÇÃO DE DESPESAS.
O Direito Financeiro, que sempre ficou "em segundo plano" até
pouco tempo atrás, ressurgiu agora com toda força e vigor, pois,
assuntos como "pedaladas fiscais", teto de gastos, orçamento
público têm permeado os debates políticos e são temas frequentes
em todos os noticiários.
Direito Financeiro é um direito autônomo, não podendo ser
considerado um apêndice de outros ramos, como, por exemplo, o
Direito Tributário ou o Direito Administrativo.
3
O Direito Tributário estuda apenas com uma parte dessas receitas,
especificamente a receita tributária.
O Direito Tributário "se apropriou" de um específico elemento do
Direito Financeiro, que é a receita tributária, e, ao criar institutos e
princípios próprios, acabou "descolando“ esse elemento (receita
tributária) do Direito Financeiro, ganhando, assim, autonomia,
dando surgimento ao que conhecemos como Direito Tributário.
Enquanto o direito tributário fica sendo o ramo do direito positivo
cujas normas tratam especialmente dos tributos, seja de forma
direta ou indireta;
O direito financeiro fica sendo o ramo do direito positivo cujas
normas disciplinam a atividade financeira estatal, o que envolve
desde as normas sobre arrecadação até normas sobre a despesa
pública.
O Direito Financeiro, como direito autônomo, possui um sistema
próprio de normas, por exemplo, o art. 24, inciso I, da CF/88
prescreve que compete à União, aos Estados-membros e ao Distrito
Federal legislar CONCORRENTEMENTE sobre Direito Financeiro.
Também o capítulo II do Título VI da CF/88, artigos 163 até 169,
que trata, especificamente, de finanças públicas.
NA COMPETÊNCIA CONCORRENTE OS MUNICÍPIOS ESTÃO
EXCLUÍDOS.
COMPETÊNCIA CONCORRENTE:
Possui natureza legislativa, assim como as competências
privativas da União.
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre: (...)
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União
limitar-se-á a estabelecer normas gerais.
4
Assim, quem possui competência concorrente é a União, Estados
e o Distrito Federal, sendo que a União irá estabelecer normas
gerais e os Estados e DF editaram suas normas específicas.
Atenção: Os Estados/DF possuem competência suplementar, ou
seja, eles terão competência suplementar
complementar e competência suplementar supletiva.
1) Competência que se exerce simultaneamente sobre a mesma
matéria por mais de uma autoridade ou órgão.
2) No âmbito da competência concorrente entre leis, deve-se
observar o princípio da hierarquia das normas, onde a
legislação federal tem primazia sobre a estadual e municipal
e, a estadual sobre a municipal.
3) A competência da União será limitada a estabelecer normas
gerais. Os Estados e o DF terão competência suplementar. No
caso de ausência de lei federal, a competência legislativa dos
Estados e do DF será plena.
São 4 elementos fundamentais sobre a atividade financeira do
Estado, quais sejam,
(i) orçamento público
(ii) crédito público
(iii) receitas públicas e
(iv) despesas públicas.
1) Orçamento Público: O orçamento público é uma lei que
programa a vida financeira do Estado, em atenção aos
interesses públicos da sociedade.
Portanto, orçamento público é a lei que autoriza os gastos que o
Governo PODE realizar durante um determinado período de tempo,
descrevendo as ações e respectivas despesas que o Poder Público
pode realizar (por exemplo, construção de escolas, hospitais,
pagamento de salários etc.), com a simultânea previsão dos
ingressos de recursos (receitas) necessários para realizá-las.
5
A CONSTITUIÇÃO FEDERAL E AS ESPÉCIES DE LEIS SOBRE
DIREITO FINANCEIRO:
SE LEI ORDINÁRIA;
SE LEI COMPLEMENTAR OU
MEDIDA PROVISÓRIA
CF/88: Art. 163. Lei complementar disporá sobre:
I - finanças públicas;
II - dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias,
fundações e demais entidades controladas pelo Poder Público;
III - concessão de garantias pelas entidades públicas;
IV - emissão e resgate de títulos da dívida pública;
V - fiscalização financeira da administração pública direta e indireta;
VI - operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
VII - compatibilização das funções das instituições oficiais de crédito
da União, resguardadas as características e condições operacionais
plenas das voltadas ao desenvolvimento regional;
VIII - sustentabilidade da dívida, especificando...
CF/88: Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo
estabelecerão:
(...)
§ 9º Cabe à lei complementar:
I - dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a
elaboração e a organização do plano plurianual, da lei de diretrizes
orçamentárias e da lei orçamentária anual;
II - estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial da
administração direta e indireta bem como condições para a
instituição e funcionamento de fundos.
6
CF- Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo
estabelecerão:
I - o plano plurianual;
II - as diretrizes orçamentárias;
III - os orçamentos anuais.
PLANO PLURIANUAL:
O Plano Plurianual (PPA) é o instrumento de planejamento
governamental de médio prazo, previsto no artigo 165 da
Constituição Federal que estabelece, de forma regionalizada, as
diretrizes, objetivos e metas da Administração Pública organizado
em programas, estruturado em ações, que resultem em bens e
serviços para a população.
O PPA tem duração de quatro anos, começando no início do
segundo ano do mandato do chefe do poder executivo e terminando
no fim do primeiro ano de seu sucessor, de modo que haja
continuidade do processo de planejamento.
Nele constam, detalhadamente, os atributos das políticas públicas
executadas, tais como metas físicas e financeiras, públicos-alvo,
produtos a serem entregues à sociedade etc.
PRINCIPAIS LEIS:
A Lei Federal nº 4.320/64, que estabelece normas gerais de direito
financeiro.
A Lei Complementar nº 101/2001 – Lei de Responsabilidade Fiscal
são as principais Leis Complementares .
Esta última estipula uma série de regras voltadas à
responsabilidade na gestão do dinheiro público, ou seja, impõe um
severo rigor na administração do dinheiro público.
7
CF/88: Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da
República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei,
devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: I -
relativa a:
(...)
d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos
adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art.167, § 3º;
(...)
III - reservada a lei complementar;
Art. 167...
§ 3º A abertura de crédito extraordinário somente será admitida para
atender a despesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes
de guerra, comoção interna ou calamidade pública, observado o
disposto no art. 62.
EM REGRA, Medida Provisória não pode ser utilizada para criar ou
para modificar a Lei do Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes
Orçamentárias (LDO) e especialmente a Lei Orçamentária Anual
(LOA).
MAS, EXCEPCIONALMENTE, poderá ser utilizada se e somente se
for para a criação de créditos extraordinários.
OS CRÉDITOS EXTRAORDINÁRIOS correspondem aos valores
descritos na lei orçamentária que são destinados à atender a
despesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra,
comoção interna ou calamidade pública.
OS CRÉDITOS ORÇAMENTÁRIOS ADICIONAIS são os valores
que a Administração Pública pode adicionar ao seu orçamento
original, são classificados em:
8
Lei Federal nº 4.320/64: Art. 41. Os créditos adicionais classificam-
se em:
I - suplementares, os destinados a reforço de dotação orçamentária;
II - especiais, os destinados a despesas para as quais não haja
dotação orçamentária específica;
III - EXTRAORDINÁRIOS, os destinados a despesas urgentes e
imprevistas, em caso de guerra, comoção intestina ou calamidade
pública.
LEI AUTORIZATIVA X LEI IMPOSITIVA:
AUTORIZATIVA: IMPOSITIVA:
Ação e despesa criada na própria
lei orçamentária. Ex:
Pavimentação de uma rua.
Ação e despesa criada pela CF/88
ou por lei anterior ao orçamento,
como, por exemplo, pagamento de
salários e encargos, transferências
constitucionais obrigatórias,
aplicação de valores mínimos em
educação e em saúde etc.
Não gera subjetivo. O poder
Público poderá cumprir ou não a
norma a depender da
disponibilidade orçamentária e/ ou
da vontade
política(discricionariedade).
Gera direito subjetivo. O Poder
Público não tem qualquer margem
de discricionaridade.
COM RELAÇÃO A LEI ORÇAMENTÁRIA , A MESMA É
AUTORIZATIVA OU IMPOSITIVA?:
De acordo com a corrente doutrinária majoritariamente adotada no
Brasil, o orçamento público é lei meramente formal, uma vez que
9
tão somente prevê as receitas públicas (ingressos) e autoriza os
gastos (despesas).
Nesse sentido, o orçamento tem forma de lei ("nasce" como lei,
logo, é lei no sentido formal), mas não tem conteúdo próprio de lei
(logo, apesar de ser lei no sentido formal, não é lei no sentido
material), pois NÃO VEICULA DIREITOS SUBJETIVOS DE FORMA
GERAL E ABSTRATA.
Como a lei do orçamento público não vincula direitos subjetivos de
forma geral e abstrata (como o faz uma lei em sentido material),
uma instituição de caridade não tem como postular em juízo, por
exemplo, a concessão de um auxílio financeiro autorizado no
orçamento.
Por isso, como não realiza gastos, mas apenas os autoriza ou
prevê, não gerando direitos subjetivos, o orçamento é chamado -
atenção - de meramente autorizativo.
EXCEÇÕES:
Há algumas despesas que constam no orçamento público que o
Poder Público tem o dever de cumprir, tornando-o, nesse ponto,
impositivo.
Os gastos com pessoal (salários e demais encargos) são previstos
na CF/88, nos estatutos dos funcionários públicos e até mesmo na
CLT; as transferências constitucionais obrigatórias também estão
previstas na CF/88 (arts. 157/162); os gastos com educação estão
previstos no art. 212 da CF/88; e os gastos com a saúde estão
previstos no art. 198, § 2o, da CF/88 e na LC 141/2012.
Art. 198. ....
§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
aplicarão, anualmente, em ações e serviços públicos de saúde
recursos mínimos derivados da aplicação de percentuais calculados
sobre:
10
I - no caso da União, a receita corrente líquida do respectivo
exercício financeiro, não podendo ser inferior a 15% (quinze por
cento;
Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por
cento, no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida
a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento
do ensino.
§ 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida pela União
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, ou pelos Estados
aos respectivos Municípios, não é considerada, para efeito do
cálculo previsto neste artigo, receita do governo que a transferir.
Art. 158. Pertencem aos Municípios:
II – 50% (cinquenta por cento) do produto da arrecadação do
imposto da União sobre a propriedade territorial rural, relativamente
aos imóveis neles situados, cabendo a totalidade na hipótese da
opção a que se refere o art. 153, § 4º, III;
III - 50% (cinquenta por cento) do produto da arrecadação do
imposto do Estado sobre a propriedade de veículos automotores
licenciados em seus territórios e, em relação a veículos aquáticos e
aéreos, cujos proprietários sejam domiciliados em seus territórios;
PORTANTO
A impositividade é exceção, pois, como regra geral, a lei
orçamentária é meramente autorizativa, e a regra geral faz com que
a doutrina brasileira majoritária defenda que a lei do orçamento
público é meramente autorizativa.
O Poder Legislativo tem procurado reduzir, cada vez mais, essa
característica do orçamento autorizativo, que é a regra geral.
11
A EC 100/2019, por exemplo, incluiu um novo parágrafo no art. 165
da CF/88, passando a prescrever o seguinte:
§ 10. A administração tem o dever de executar as programações
orçamentárias, adotando os meios e as medidas necessários, com
o propósito de garantir a efetiva entrega de bens e serviços à
sociedade.
§ 11. O disposto no § 10 deste artigo, nos termos da lei de diretrizes
orçamentárias:
I - subordina-se ao cumprimento de dispositivos constitucionais e
legais que estabeleçam metas fiscais ou limites de despesas e não
impede o cancelamento necessário à abertura de créditos
adicionais;
II - não se aplica nos casos de impedimentos de ordem técnica
devidamente justificados;
III - aplica-se exclusivamente às DESPESAS PRIMÁRIAS
DISCRICIONÁRIAS.
As despesas primárias são gastos governamentais destinados ao
financiamento de atividades relacionadas com a oferta de serviços
públicos (políticas públicas), investimentos e manutenção da
máquina administrativa (ex: pessoal, investimento, custeio, etc).
Noutros termos, as despesas primárias são os gastos não-
financeiros do governo (serviços da dívida, juros, etc).
As despesas primárias podem ser obrigatórias ou não
(discricionárias).
Os gastos obrigatórios se referem aos compromissos estabelecidos
pela própria legislação, tais como a manutenção dos direitos
individuais (aposentadoria, assistência social, seguro desemprego,
12
etc), mínimos constitucionais (saúde, educação, etc), salários e
benefícios dos servidores públicos e precatórios. Já as despesas
discricionárias consistem nos gastos em que o administrador possui
certo poder de decidir onde o recurso será investido.
Portanto, em suma, despesas primárias discricionárias são
desembolsos que visam financiar atividades não financeiras do
governo e que podem ser utilizadas em áreas de livre escolha do
gestor público.
No âmbito do Poder Judiciário, também tem prevalecido a tese de
que o orçamento público é meramente autorizativo, conforme
posicionamento até então unânime do STF (MS 12.343-DF, ACO
453/PR, ADI-MC 1294-4).
É possível concluir, assim, que o STF está alinhado à doutrina
majoritária no sentido de que a lei do orçamento público é
meramente autorizativa e não impositiva.
PRINCÍPIOS GERAIS ORÇAMENTÁRIOS:
Alguns desse princípios estão positivados na CF/88, outros na Lei
Federal no 4.320/64 e alguns outros estão implícitos no
ordenamentojurídico.
1) LEGALIDADE:
O Princípio da Legalidade rege toda a atividade financeira do
Estado, pois as finanças públicas não podem ser manejadas sem
prévia autorização da lei.
Logo, é um dos princípios orçamentários mais importantes, pois
nenhum recurso público poder ser gasto (despesa), absolutamente
nenhum, sem prévia autorização legal.
A lei orçamentária ou qualquer alteração na lei orçamentária
necessariamente deve ser aprovada pelo Poder Legislativo, isto é,
13
por meio de lei. Lembre-se sempre que é o Poder Legislativo que
aprova, por meio de lei, o que será feito (despesa) com o
dinheiro público.
CF/88: Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do
Presidente da República, não exigida esta para o especificado nos
arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da
União, especialmente sobre:
(...)
II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual,
operações de crédito, dívida pública e emissões de curso forçado;
(...).
CF/88: Art. 167. São vedados:
I - o início de programas ou projetos não incluídos na lei
orçamentária anual;
(...)
V - a abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia
autorização legislativa e sem indicação dos recursos
correspondentes;
VI - a transposição, o remanejamento ou a transferência de
recursos de uma categoria de programação para outra ou de um
órgão para outro, sem prévia autorização legislativa;
(...)
VIII - a utilização, sem autorização legislativa específica, de
recursos dos orçamentos fiscal e da seguridade social para suprir
necessidade ou cobrir déficit de empresas, fundações e fundos,
inclusive dos mencionados no art. 165, § 5o;
CF/88: Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às
diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos
adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso
Nacional, na forma do regimento comum.
14
EMENTA: ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO
FUNDAMENTAL.
CONSTITUCIONAL. DECISÕES JUDICIAIS QUE
DETERMINARAM MEDIDAS CONSTRITIVAS DE RECEITAS
PÚBLICAS REPASSADAS PELO FUNDO NACIONAL DE
DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO – FNDE (...)
2. As decisões judiciais impugnadas, pelas quais se determinam
medidas de constrição judicial sobre recursos públicos federais
transferidos pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
– FNDE para a implementação do Programa Dinheiro Direto na
Escola – PDDE às unidades executoras próprias para a satisfação
de créditos trabalhistas, ofendem ao princípio da legalidade
orçamentária (inc. VI do art. 167 da Constituição da República), da
separação dos poderes (art. 2o da Constituição) e da continuidade
da prestação dos serviços públicos (art. 175 da Constituição).
Precedentes.
(ADPF 988, Relator(a): CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado
em 18/10/2022, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-215 DIVULG 24-
10-2022 PUBLIC 25-10-2022)
2) EXCLUSIVIDADE:
De acordo com esse princípio, a lei orçamentária só pode
conter matéria orçamentária e nada mais.
Ele está positivado no art. 165, § 8º, da CF/88:
CF/88: Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo
estabelecerão:
I - o plano plurianual;
II - as diretrizes orçamentárias;
III - os orçamentos anuais.
§ 8º A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho
à previsão da receita e à fixação da despesa, não se incluindo
na proibição a autorização para abertura de créditos
suplementares e contratação de operações de crédito, ainda
que por antecipação de receita, nos termos da lei.
15
3) PROGRAMAÇÃO:
De acordo com esse princípio, as ações governamentais
devem ser programadas, isto é, planejadas.
É da integração entre a CF/88 e essas leis que surge a
necessidade de programação (planejamento) das ações
governamentais.
CF/88: Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo
estabelecerão:
§ 4º Os planos e programas nacionais, regionais e setoriais
previstos nesta Constituição serão elaborados em
consonância com o plano plurianual e apreciados pelo
Congresso Nacional.
4) EQUILÍBRIO ORÇAMENTÁRIO:
De acordo com esse princípio, as despesas autorizadas na lei
orçamentária - atenção - não podem ser superiores à previsão
das receitas.
Tal princípio proíbe a realização de despesas além do
montante permitido pelo Poder Legislativo na lei orçamentária.
LRF: Art. 1o Esta Lei Complementar estabelece:
§ 1o A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação
planejada e transparente, em que se previnem riscos e
corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas
públicas, mediante o cumprimento de metas de resultados
entre receitas e despesas e a obediência a limites e condições
no que tange a renúncia de receita, geração de despesas com
pessoal, da seguridade social e outras, dívidas consolidada e
mobiliária, operações de crédito, inclusive por antecipação de
receita, concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar.
5) ANUABILIDADE:
16
De acordo com esse princípio, o orçamento público é de
periodicidade anual.
O orçamento é ânuo, ou seja, ele estima as receitas e fixa as
despesas para um exercício financeiro, que, no Brasil, coincide com
o ano civil, nos termos do art. 34 da Lei 4.320/64, segundo o qual
"O exercício financeiro coincidirá com o ano civil".
CF/88: Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo
estabelecerão:
I - o plano plurianual;
II - as diretrizes orçamentárias;
III - os orçamentos anuais.
(...)
§ 5º A lei orçamentária anual compreenderá:
I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos,
órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive
fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público;
6) UNIDADE:
De acordo com esse princípio, deve existir apenas um orçamento
para cada ente da federação em cada exercício financeiro (por força
do Princípio da Anualidade), conforme exigido pelo art. 2º da Lei
Federal 4.320/64:
Lei Federal 4.320/64: Art. 2° A Lei do Orçamento conterá a
discriminação da receita e despesa de forma a evidenciar a política
econômica financeira e o programa de trabalho do Governo,
obedecidos os princípios de unidade universalidade e anualidade.
7) UNIVERSALIDADE:
17
De acordo com esse princípio, todas as receitas e todas as
despesas governamentais devem fazer parte do orçamento, sem
qualquer exclusão.
S2: DA FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, FINANCEIRA E
ORÇAMENTÁRIA:
CRFB/1988. ARTS 70 – 75
CONTROLE EXTERNO
A cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do
Tribunal de Contas da União, cuja competência é ampla como:
a) apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de
admissão de pessoal, a qualquer título, na administração
direta e indireta, incluídas as fundações públicas;
b) as concessões de aposentadorias, reformas e pensões;
c) são excetuadas as nomeações para cargo de provimento em
comissão;
d) d) fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais
de cujo capital social a União participe, de forma direta ou
indireta, nos termos do tratado constitutivo;
e) e) aplicar aos responsáveis, as sanções previstas em lei, que
estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao
dano causado ao erário;
f) f) As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito
ou multa terão eficácia de título executivo.
O Conselho Federal e os Conselhos Seccionais da Ordem dos
Advogados do Brasil não estão obrigados a prestar contas ao
Tribunal de Contas da União nem a qualquer outra entidade
externa”.
[RE 1.182.189, rel. min. Marco Aurélio, red. do ac. min. Edson
Fachin, j. 25-4-2023, P, DJE de 16-6-2023, Tema 1.054, com mérito
julgado.]
https://portal.stf.jus.br/processos/downloadPeca.asp?id=15358916820&ext=.pdf
18
Advogado de empresa estatal que, chamado a opinar, ofereceparecer sugerindo contratação direta, sem licitação, mediante
interpretação da Lei das Licitações. Pretensão do TCU em
responsabilizar o advogado solidariamente com o administrador que
decidiu pela contratação direta: impossibilidade, dado que o parecer
não é ato administrativo, sendo, quando muito, ato de administração
consultiva, que visa a informar, elucidar, sugerir providências
administrativas a serem estabelecidas nos atos de administração
ativa (MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito
administrativo. 13. ed. Malheiros, p. 377). O advogado somente
será civilmente responsável pelos danos causados a seus clientes
ou a terceiros, se decorrentes de erro grave, inescusável, ou de ato
ou omissão praticado com culpa, em sentido largo: (...) Lei
8.906/1994, art. 32.
[MS 24.073, rel. min. Carlos Velloso, j. 6-11-2002, P, DJ de 31-10-
2003.]
O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode
apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do poder público.
[Súmula 347.]
É possível a decretação pelo TCU de indisponibilidade de bens de
particulares responsáveis pela administração de dinheiro de origem
pública, se constatados indícios de ilegalidades, ainda que eles
também se submetam à fiscalização de outras instâncias
administrativas.
[MS 34.738 AgR, rel. min. Roberto Barroso, j. 22-11-2022, 1ª T, DJE
de 24-11-2022.]
A circunstância de a sociedade de economia mista não ter sido
criada por lei não afasta a competência do Tribunal de Contas.
[MS 26.117, rel. min. Eros Grau, j. 20-5-2009, P, DJE de 6-11-2009.]
http://www.stf.jus.br/jurisprudencia/IT/frame.asp?SEQ=86081&PROCESSO=24073&CLASSE=MS&cod_classe=376&ORIGEM=IT&RECURSO=0&TIP_JULGAMENTO=&EMENTA=2130
http://www.stf.jus.br/cgi-bin/nph-brs?d=SUMU&n=&s1=347.NUME.&l=20&u=http://www.stf.jus.br/Jurisprudencia/Jurisp.asp&Sect1=IMAGE&Sect2=THESOFF&Sect3=PLURON&Sect6=SUMUN&p=1&r=1&f=G
https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5168672
http://www.stf.jus.br/portal/inteiroTeor/obterInteiroTeor.asp?id=605419&idDocumento=&codigoClasse=376&numero=26117&siglaRecurso=&classe=MS
19
Nos processos perante o TCU asseguram-se o contraditório e a
ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou
revogação de ato administrativo que beneficie o interessado,
excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial
de aposentadoria, reforma e pensão.
[Súmula Vinculante 3.]
Súmula
A revogação ou anulação, pelo Poder Executivo, de aposentadoria
ou qualquer outro ato aprovado pelo Tribunal de Contas não produz
efeitos antes de aprovada por aquele Tribunal, ressalvada a
competência revisora do Judiciário.
[Súmula 6.]
As cortes de contas seguem o exemplo dos tribunais judiciários no
que concerne às garantias de independência, sendo também
detentoras de autonomia funcional, administrativa e financeira, das
quais decorre, essencialmente, a iniciativa reservada para instaurar
processo legislativo que pretenda alterar sua organização e
funcionamento, conforme interpretação sistemática dos arts. 73, 75
e 96, II, d, da CF.
[ADI 4.418, rel. min. Dias Toffoli, j. 15-12-2016, P, DJE de 3-3-2017.]
CONTROLE INTERNO DOS TRÊS PODERES
Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma
integrada, sistema de controle interno com a finalidade.
Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento
de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao
Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilidade
solidária.
A Controladoria-Geral da União (CGU) pode fiscalizar a aplicação
de verbas federais onde quer que elas estejam sendo aplicadas,
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=3.NUME.%20E%20S.FLSV.&base=baseSumulasVinculantes
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=6.NUME.%20NAO%20S.FLSV.&base=baseSumulas
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=1237560
20
mesmo que em outro ente federado às quais foram destinadas. A
fiscalização exercida pela CGU é interna, pois feita exclusivamente
sobre verbas provenientes do orçamento do Executivo.
[RMS 25.943, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 24-11-2010, P, DJE
de 2-3-2011.]
COMPOSIÇÃO DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Composto por nove Ministros que serão nomeados dentre
brasileiros que satisfaçam os seguintes requisitos:
I - mais de trinta e cinco e menos de setenta anos de idade;
II - idoneidade moral e reputação ilibada;
III - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e
financeiros ou de administração pública;
IV - mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade
profissional que exija os conhecimentos mencionados;
A qualificação profissional formal não é requisito à nomeação de
conselheiro de tribunal de contas estadual. O requisito notório saber
é pressuposto subjetivo a ser analisado pelo governador do Estado,
a seu juízo discricionário.
[AO 476, red. do ac. min. Nelson Jobim, j. 16-10-1997, P, DJ de 5-
11-1999.]
Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão escolhidos:
I - um terço pelo Presidente da República, com aprovação do
Senado Federal, sendo dois alternadamente dentre auditores e
membros do Ministério Público junto ao Tribunal, indicados em lista
tríplice pelo Tribunal, segundo os critérios de antiguidade e
merecimento;
II - dois terços pelo Congresso Nacional.
Os Ministros do Tribunal de Contas da União terão as mesmas
garantias, prerrogativas, impedimentos, vencimentos e vantagens
dos Ministros do Superior Tribunal de Justiça.
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=619862
http://www.stf.jus.br/jurisprudencia/IT/frame.asp?PROCESSO=476&CLASSE=AO&cod_classe=513&ORIGEM=IT&RECURSO=0&TIP_JULGAMENTO=M
21
As Constituições estaduais disporão sobre os Tribunais de Contas
respectivos, que serão integrados por sete Conselheiros.
No tribunal de contas estadual, composto por sete conselheiros,
quatro devem ser escolhidos pela assembleia legislativa e três pelo
chefe do Poder Executivo estadual, cabendo a este indicar um
dentre auditores e outro dentre membros do Ministério Público, e
um terceiro à sua livre escolha.
[Súmula 653.]
Art. 74, § 2º:
Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte
legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou
ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União.
Súmula Vinculante x Repercussão Geral:
Para que as decisões sejam dotadas de efeito vinculante, é
necessário que o Supremo se manifeste repetidas vezes, enquanto
a repercussão geral demanda somente uma manifestação da Corte
sobre cada tema.
A repercussão geral possui o mesmo efeito de vinculação da
súmula, pois a decisão deve obrigatoriamente ser aplicada pelos
tribunais de origem, que ficam impedidos de remeter casos
semelhantes ao Supremo. Isso dispensa a necessidade de edição
de uma súmula vinculante específica sobre o assunto.
Pode-se entender a ordem jurídico-econômica como o mundo do
dever ser responsável pela disciplina e regulação (sentido lato) da
ordem econômica (mundo do ser), cuja Constituição Econômica é a
norma ápice, mas que não se esgota nessa.
http://www.stf.jus.br/cgi-bin/nph-brs?d=SUMU&n=&s1=653.NUME.&l=20&u=http://www.stf.jus.br/Jurisprudencia/Jurisp.asp&Sect1=IMAGE&Sect2=THESOFF&Sect3=PLURON&Sect6=SUMUN&p=1&r=1&f=G
22
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS NA ORDEM ECONÔMICA:
Os princípios espelham a ideologia da sociedade, seus postulados
básicos e seus fins.
Podem ser entendidos, pois, como normas basilares de um sistema,
que “protegem” determinados valores consensuais no seio social ou
indicam fins públicos a serem realizados por diferentes meios.
Ao conceituar o que sejam os princípios, PAULO BONAVIDES
sintetiza: são “as premissas de todo umsistema”; são “verdades
objetivas” pertencentes ao mundo do dever - ser; são “critérios de
inspiração às leis ou normas concretas”; são “orientações e
diretivas de caráter geral e fundamental”.
Pós-verdade é um neologismo que descreve a situação na qual, na
hora de criar e modelar a opinião pública, os fatos objetivos têm
menos influência que os apelos às emoções e às crenças pessoais.
CONSTITUIÇÃO ECONÔMICA: ART. 170 E SEGS.
A Constituição Econômica é a parte da Constituição que dispõe
sobre o sistema econômico, dando-lhe forma; mais especificamente
o conjunto de princípios e regras constitucionais ordenadoras da
economia.
Conforme o ensinamento de Jorge Miranda, ela é “o conjunto de
normas constitucionais que têm por objeto a dimensão econômica
da sociedade política.”
PRINCÍPIOS SÃO PRESSUPOSTOS UNIVERSAIS que definem
regras essenciais que beneficiam um sistema maior que é a
humanidade. São mais rígidos.
OS VALORES SÃO REGRAS INDIVIDUAIS que orientam, como
bússolas internas, as relações, as decisões e as ações. São mais
flexíveis, mutáveis...
Os princípios dão base para a formação dos valores.
23
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho
humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos
existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados
os seguintes princípios:
Atenção ao caput do 170:
Os princípios formam as:
Valoração do trabalho humano + livre existência = Existência digna.
A livre iniciativa (CF, art. 1º, IV e 170, caput) não se revela um fim
em si mesmo, mas um meio para atingir os objetivos fundamentais
da República, inclusive a tutela e preservação do meio ambiente
para as presentes e futuras gerações (CF, art. 225).
[ADI 6.218, rel. min. Nunes Marques, red. do ac. min. Rosa Weber,
j. 3-7-2023, P, DJE de 21-8-2023.]
É legítima a terceirização das atividades-fim de uma empresa.
Como já foi decidido pelo Supremo Tribunal Federal, a Constituição
não impõe uma única forma de estruturar a produção. Ao contrário,
o princípio constitucional da livre iniciativa garante aos agentes
econômicos liberdade para eleger suas estratégias empresariais
dentro do marco vigente (CF/1988, art. 170).
[ADC 48, rel. min. Roberto Barroso, j. 15-4-2020, P, DJE de 19-5-
2020.]
“Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho
humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos
existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados
os seguintes princípios:
I - soberania nacional;
II - propriedade privada;
III - função social da propriedade;
IV - livre concorrência;
https://portal.stf.jus.br/processos/downloadPeca.asp?id=15360222590&ext=.pdf
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=752690041
24
V - defesa do consumidor;
“Art. 170. ...
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento
diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços
e de seus processos de elaboração e prestação;
VII - redução das desigualdades regionais e sociais;
VIII - busca do pleno emprego;
“Art. 170. ...
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte
constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e
administração no País.
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer
atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos
públicos, salvo nos casos previstos em lei.”
I - soberania nacional:
A soberania caracteriza-se como o poder do Estado, em
interferir e dirigir a ordem econômica, nos aspectos em
que for de seu interesse ou da coletividade.
II - propriedade privada;
III - função social da propriedade;
As normas constitucionais relativas à propriedade denotam
que ela não pode mais ser considerada como um direito
individual nem como instituição de Direito Privado, mas de
interesse público relevante, exigindo a responsabilidade do
proprietário sobre seu bem.
II - Propriedade Privada: Este princípio reconhece o direito dos
indivíduos e empresas de possuírem, controlarem e utilizarem bens
e recursos de forma privada. Isso significa que as pessoas têm o
direito de adquirir propriedades, investir nelas e colher os benefícios
dessa propriedade. Um exemplo seria um empresário que possui
25
uma fábrica e tem o direito de decidir como operá-la e como utilizar
os lucros gerados por ela.
III - Função Social da Propriedade: Contrapondo-se ao princípio da
propriedade privada, a função social da propriedade estabelece que
a propriedade privada deve cumprir uma função social e contribuir
para o bem-estar da sociedade como um todo. Isso significa que,
mesmo sendo de propriedade privada, os recursos e bens devem
ser utilizados de forma a beneficiar não apenas o proprietário, mas
também a comunidade em geral. Por exemplo, a legislação que
estabelece que áreas urbanas devem destinar uma porcentagem de
seus terrenos para áreas verdes ou espaços públicos.
O princípio da função social da propriedade impõe ao proprietário,
ou quem detenha o controle da empresa, o dever de exercê-lo em
benefício próprio e social, e não o exercer em prejuízo de outrem.
Este princípio impõe um comportamento positivo, prestação de
fazer e não meramente de não fazer aos detentores do poder que
deflui a propriedade, ele integra o conceito jurídico positivo da
propriedade.
IV - livre concorrência;
A “livre iniciativa” fundamenta-se na liberdade de constituir seu
próprio negócio; a “livre concorrência” estende-se na liberdade de
competição entre essas empresas.
A livre concorrência é um desdobramento, consequência, da livre
iniciativa.
A LIVRE CONCORRÊNCIA É A GARANTIA DA LIVRE INICIATIVA,
É lícito o fenômeno do contrato de associação e/ou sociedade
firmado por escritório de advocacia com advogados, destacando-se
não apenas a compatibilidade dos valores do trabalho e da livre
iniciativa na terceirização do trabalho assentada nos precedentes
obrigatórios, mas também a ausência de condição de
26
vulnerabilidade na opção pelo contrato firmado que justifique a
proteção estatal por meio do Poder Judiciário na formação de
vínculo empregatício.
[Rcl 59.842 AgR, rel. min. Edson Fachin, red. do ac. min. Dias
Toffoli, j. 26-6-2023, 2ª T, DJE de 18-8-2023.]
-4-2007.]
I - Soberania Nacional: Refere-se ao poder do Estado em tomar
decisões econômicas que estejam alinhadas com os interesses
nacionais, sem interferência externa. Isso inclui a capacidade de
regular o comércio exterior, a política monetária e fiscal, visando o
desenvolvimento econômico do país. Um exemplo seria a decisão
de um país em implementar políticas de incentivo à produção
interna de energia, visando reduzir a dependência de fontes
externas e fortalecer a segurança energética nacional.
II - Propriedade Privada: Reconhece o direito dos indivíduos e
empresas de possuírem, controlarem e utilizarem bens e recursos
de forma privada. Isso significa que as pessoas têm o direito de
adquirir propriedades, investir nelas e colher os benefícios dessa
propriedade. Um exemplo seria um agricultor que possui terras e
tem o direito de decidir como cultivá-las e comercializar seus
produtos.
III - Função Social da Propriedade: Estabelece que a propriedade
privada deve cumprir uma função social e contribuir para o bem-
estar da sociedade como um todo. Isso implica que a propriedade
não deve ser utilizada apenas em benefício do proprietário, mas
também para atender às necessidades coletivas, como geração de
empregos, preservação ambiental e desenvolvimento regional. Um
exemplo é a legislação que determina que áreas urbanas devem
destinar uma parte de seus terrenos para habitação popular,
contribuindo para a redução do déficit habitacional.
IV - Livre Concorrência: Preconiza que osmercados devem ser
abertos e competitivos, permitindo a entrada de novos concorrentes
e garantindo que as empresas operem em um ambiente de
concorrência justa. Isso estimula a inovação, a redução de preços e
o aumento da qualidade dos produtos e serviços. Um exemplo seria
o setor de telecomunicações, onde diferentes empresas competem
https://portal.stf.jus.br/processos/downloadPeca.asp?id=15360186863&ext=.pdf
27
oferecendo serviços de telefonia, internet e televisão, beneficiando
os consumidores com opções e preços competitivos.
V - Defesa do Consumidor: Visa proteger os direitos e interesses
dos consumidores, garantindo acesso a informações claras e
seguras sobre produtos e serviços, além de mecanismos para
reclamações e resolução de conflitos. Isso inclui a proibição de
práticas abusivas, garantia de qualidade e segurança dos produtos
e serviços oferecidos no mercado. Um exemplo é a existência de
órgãos de defesa do consumidor que fiscalizam e punem empresas
que descumprem as normas de proteção ao consumidor.
VI - Defesa do Meio Ambiente: Preconiza a proteção e preservação
do meio ambiente, considerando o impacto ambiental das
atividades econômicas e promovendo o desenvolvimento
sustentável. Isso envolve a adoção de práticas ambientalmente
responsáveis, como o uso de tecnologias limpas, a gestão
adequada de resíduos e a conservação dos recursos naturais. Um
exemplo seria a implementação de políticas de reciclagem e
redução de emissões de gases poluentes por empresas industriais.
VII - Redução das Desigualdades Regionais e Sociais: Busca
promover a distribuição mais equitativa dos recursos e
oportunidades entre diferentes regiões e grupos sociais, reduzindo
disparidades econômicas e sociais. Isso pode incluir a
implementação de políticas públicas que estimulem o
desenvolvimento de regiões menos favorecidas, como incentivos
fiscais para empresas que se instalam em áreas com baixo
desenvolvimento econômico.
VIII - Busca do Pleno Emprego: Tem como objetivo garantir
oportunidades de trabalho para toda a população economicamente
ativa, buscando reduzir o desemprego e promover a inclusão social.
Isso pode envolver políticas de geração de empregos, qualificação
profissional e estímulo ao empreendedorismo.
IX - Tratamento Favorecido para as Empresas de Pequeno Porte:
Busca oferecer benefícios e incentivos específicos para empresas
de pequeno porte, como forma de estimular seu crescimento e
desenvolvimento, contribuindo para a diversificação da economia e
a geração de empregos. Isso pode incluir redução de impostos,
acesso facilitado a crédito e apoio técnico para melhorar a gestão e
competitividade dessas empresas.
28
Esses princípios da ordem econômica, conforme estabelecidos no
Artigo 170 da Constituição Federal, têm como objetivo garantir o
desenvolvimento econômico de forma justa, equilibrada e
sustentável, promovendo o bem-estar social e a inclusão de todos
os segmentos da sociedade.
TRUST:
É A UNIÃO FORMAL OU INFORMAL de duas ou várias empresas
em uma mesma organização, de modo a aumentar o poder e
controle das mesmas em um determinado setor.
O truste é um acordo de confiança mútua entre corporações
visando o domínio de um setor ou mercado específico.
A expressão é uma adaptação do termo em inglês “trust”, que
significa confiança.
TRUSTE VERTICAL:
Consiste no controle sequencial de toda a cadeia de produção de
um bem ou serviço. Dessa forma, o grupo de empresas passa a
dominar todas as etapas produtivas. Isto é, desde a extração da
matéria-prima até a finalização e comercialização do produto.
Por exemplo: no setor de sucos de laranja, existem várias etapas de
produção. Ela vai desde a plantação, a colheita, a extração
industrial do suco, o beneficiamento, o engarrafamento, a
distribuição e a comercialização do produto
TRUSTE HORIZONTAL:
Já um truste horizontal é formado por empresas que fazem parte do
mesmo segmento e trabalham com o mesmo produto.
Um exemplo disso são postos de gasolina diferentes que se unem
para pressionar e BARGANHAR PREÇOS EM CONJUNTO DO
MESMO FORNECEDOR, e ao mesmo tempo oferecer o produto ao
mercado com o mesmo preço
29
TRUST X CARTEL:
o truste é uma união vertical ou horizontal de empresas de um
mesmo segmento
o cartel é um apenas um acordo entre diversas empresas
independentes
Elas atuam principalmente para combinar preços e agir em conjunto
no intuito de dominar um mercado.
DUMPING:
Dumping é uma prática comercial que consiste em uma ou mais
empresas de um país venderem seus produtos, mercadorias ou
serviços por preços extraordinariamente abaixo de seu valor justo
para outro país (preço que geralmente se considera menor do que
se cobra pelo produto dentro do país exportador), por um tempo,
visando prejudicar e eliminar os fabricantes de produtos similares
concorrentes no local, passando então a dominar o mercado e
impondo preços altos.
É um termo usado em comércio internacional e é reprimido pelos
governos nacionais, quando comprovado.
Dumping Social – McDonald’s é condenado em R$ 500 mil por
contínuo desrespeito às leis trabalhistas
Ao receber ação com denúncias de infrações às leis trabalhistas por
parte da Arcos Dourados, administradora da rede McDonald’s no
Brasil, a Justiça do Trabalho de Santos (SP) fez questão de
ressaltar: a ré é notória por desrespeitar o trabalhador, ser punida e
continuar delinquindo.
30
O descaso com a higienização dos uniformes dos funcionários
tocou especialmente o julgador (“a combinação de cidade quente
com trabalho na cozinha preparando lanches resulta em sujeira
diária nos uniformes”), que condenou a companhia por dumping
social e estabeleceu indenização de R$ 500 mil.
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a
exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será
permitida quando necessária aos imperativos da segurança
nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em
lei.
§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da
sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem
atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou
de prestação de serviços, dispondo sobre:
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a
exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será
permitida quando necessária aos imperativos da segurança
nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em
lei.
............
I - sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela
sociedade;
II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas,
inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais,
trabalhistas e tributários;
Súmula
É competente a Justiça comum para julgar as causas em que é
parte sociedade de economia mista.
[Súmula 556.]
A qualificação de uma fundação instituída pelo Estado como sujeita
ao regime público ou privado depende (i) do estatuto de sua criação
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=556.NUME.%20NAO%20S.FLSV.&base=baseSumulas
31
ou autorização e (ii) das atividades por ela realizadas. As atividades
de cunho econômico e as passíveis de delegação, quando definidas
como objetos de fundação instituída ou mantida pelo Poder Público,
submetem-se ao regime jurídico de direito privado.
[RE 716.378, rel. min. Dias Toffoli, j. 7-8-2019, P, DJE de 30-6-2020,
Tema 545, com mérito julgado.]
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=753132907
32
33