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1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO FINANCEIRO 
 
AUTORIA: JOÃO VICTOR DA CRUZ 
MUNZI 
 
 
 
 
 
 
2 
 
S1: ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO: 
 
 
O Estado tem o dever de satisfazer necessidades públicas, por 
meio da entrega de bens (habitações populares, medicamentos 
etc.) e/ou por meio da prestação de serviços públicos (por exemplo, 
educação, saúde etc.). 
É fácil perceber que a entrega de bens e/ou por meio da prestação 
de serviços públicos tem um custo, o que exige a realização de 
gastos (despesas públicas). 
 
As despesas públicas (ou gastos públicos) são gerenciadas por 
meio de um orçamento público. 
Acaso a receita pública arrecadada (ingresso de dinheiro nos cofres 
públicos) não seja suficiente para custear os gastos públicos, o 
Estado poderá obter empréstimos públicos (também chamados de 
créditos públicos), para atingir o equilíbrio entre receita e despesa 
pública. 
 
A atividade financeira do Estado (termo na acepção ampla, 
englobando a União, os Estados-membros, o Distrito Federal e os 
Municípios) corresponde à conduta ESTATAL DE ARRECADAÇÃO 
DE RECEITAS E DE REALIZAÇÃO DE DESPESAS. 
 
O Direito Financeiro, que sempre ficou "em segundo plano" até 
pouco tempo atrás, ressurgiu agora com toda força e vigor, pois, 
assuntos como "pedaladas fiscais", teto de gastos, orçamento 
público têm permeado os debates políticos e são temas frequentes 
em todos os noticiários. 
 
Direito Financeiro é um direito autônomo, não podendo ser 
considerado um apêndice de outros ramos, como, por exemplo, o 
Direito Tributário ou o Direito Administrativo. 
 
3 
 
O Direito Tributário estuda apenas com uma parte dessas receitas, 
especificamente a receita tributária. 
 
O Direito Tributário "se apropriou" de um específico elemento do 
Direito Financeiro, que é a receita tributária, e, ao criar institutos e 
princípios próprios, acabou "descolando“ esse elemento (receita 
tributária) do Direito Financeiro, ganhando, assim, autonomia, 
dando surgimento ao que conhecemos como Direito Tributário. 
 
Enquanto o direito tributário fica sendo o ramo do direito positivo 
cujas normas tratam especialmente dos tributos, seja de forma 
direta ou indireta; 
O direito financeiro fica sendo o ramo do direito positivo cujas 
normas disciplinam a atividade financeira estatal, o que envolve 
desde as normas sobre arrecadação até normas sobre a despesa 
pública. 
 
O Direito Financeiro, como direito autônomo, possui um sistema 
próprio de normas, por exemplo, o art. 24, inciso I, da CF/88 
prescreve que compete à União, aos Estados-membros e ao Distrito 
Federal legislar CONCORRENTEMENTE sobre Direito Financeiro. 
Também o capítulo II do Título VI da CF/88, artigos 163 até 169, 
que trata, especificamente, de finanças públicas. 
NA COMPETÊNCIA CONCORRENTE OS MUNICÍPIOS ESTÃO 
EXCLUÍDOS. 
 
COMPETÊNCIA CONCORRENTE: 
 
Possui natureza legislativa, assim como as competências 
privativas da União. 
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar 
concorrentemente sobre: (...) 
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União 
limitar-se-á a estabelecer normas gerais. 
 
4 
 
Assim, quem possui competência concorrente é a União, Estados 
e o Distrito Federal, sendo que a União irá estabelecer normas 
gerais e os Estados e DF editaram suas normas específicas. 
Atenção: Os Estados/DF possuem competência suplementar, ou 
seja, eles terão competência suplementar 
complementar e competência suplementar supletiva. 
 
1) Competência que se exerce simultaneamente sobre a mesma 
matéria por mais de uma autoridade ou órgão. 
2) No âmbito da competência concorrente entre leis, deve-se 
observar o princípio da hierarquia das normas, onde a 
legislação federal tem primazia sobre a estadual e municipal 
e, a estadual sobre a municipal. 
3) A competência da União será limitada a estabelecer normas 
gerais. Os Estados e o DF terão competência suplementar. No 
caso de ausência de lei federal, a competência legislativa dos 
Estados e do DF será plena. 
 
 
São 4 elementos fundamentais sobre a atividade financeira do 
Estado, quais sejam, 
(i) orçamento público 
(ii) crédito público 
(iii) receitas públicas e 
(iv) despesas públicas. 
 
1) Orçamento Público: O orçamento público é uma lei que 
programa a vida financeira do Estado, em atenção aos 
interesses públicos da sociedade. 
 
Portanto, orçamento público é a lei que autoriza os gastos que o 
Governo PODE realizar durante um determinado período de tempo, 
descrevendo as ações e respectivas despesas que o Poder Público 
pode realizar (por exemplo, construção de escolas, hospitais, 
pagamento de salários etc.), com a simultânea previsão dos 
ingressos de recursos (receitas) necessários para realizá-las. 
 
 
5 
 
A CONSTITUIÇÃO FEDERAL E AS ESPÉCIES DE LEIS SOBRE 
DIREITO FINANCEIRO: 
SE LEI ORDINÁRIA; 
SE LEI COMPLEMENTAR OU 
MEDIDA PROVISÓRIA 
 
CF/88: Art. 163. Lei complementar disporá sobre: 
I - finanças públicas; 
II - dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, 
fundações e demais entidades controladas pelo Poder Público; 
III - concessão de garantias pelas entidades públicas; 
IV - emissão e resgate de títulos da dívida pública; 
V - fiscalização financeira da administração pública direta e indireta; 
 
VI - operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades da 
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; 
VII - compatibilização das funções das instituições oficiais de crédito 
da União, resguardadas as características e condições operacionais 
plenas das voltadas ao desenvolvimento regional; 
VIII - sustentabilidade da dívida, especificando... 
 
CF/88: Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo 
estabelecerão: 
(...) 
§ 9º Cabe à lei complementar: 
I - dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a 
elaboração e a organização do plano plurianual, da lei de diretrizes 
orçamentárias e da lei orçamentária anual; 
II - estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial da 
administração direta e indireta bem como condições para a 
instituição e funcionamento de fundos. 
 
6 
 
 
CF- Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo 
estabelecerão: 
I - o plano plurianual; 
II - as diretrizes orçamentárias; 
III - os orçamentos anuais. 
 
PLANO PLURIANUAL: 
 
 O Plano Plurianual (PPA) é o instrumento de planejamento 
governamental de médio prazo, previsto no artigo 165 da 
Constituição Federal que estabelece, de forma regionalizada, as 
diretrizes, objetivos e metas da Administração Pública organizado 
em programas, estruturado em ações, que resultem em bens e 
serviços para a população. 
O PPA tem duração de quatro anos, começando no início do 
segundo ano do mandato do chefe do poder executivo e terminando 
no fim do primeiro ano de seu sucessor, de modo que haja 
continuidade do processo de planejamento. 
 
 Nele constam, detalhadamente, os atributos das políticas públicas 
executadas, tais como metas físicas e financeiras, públicos-alvo, 
produtos a serem entregues à sociedade etc. 
 
PRINCIPAIS LEIS: 
A Lei Federal nº 4.320/64, que estabelece normas gerais de direito 
financeiro. 
A Lei Complementar nº 101/2001 – Lei de Responsabilidade Fiscal 
são as principais Leis Complementares . 
Esta última estipula uma série de regras voltadas à 
responsabilidade na gestão do dinheiro público, ou seja, impõe um 
severo rigor na administração do dinheiro público. 
 
7 
 
 
CF/88: Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da 
República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, 
devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. 
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: I - 
relativa a: 
(...) 
d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos 
adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art.167, § 3º; 
(...) 
III - reservada a lei complementar; 
 
Art. 167... 
§ 3º A abertura de crédito extraordinário somente será admitida para 
atender a despesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes 
de guerra, comoção interna ou calamidade pública, observado o 
disposto no art. 62. 
 
EM REGRA, Medida Provisória não pode ser utilizada para criar ou 
para modificar a Lei do Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes 
Orçamentárias (LDO) e especialmente a Lei Orçamentária Anual 
(LOA). 
MAS, EXCEPCIONALMENTE, poderá ser utilizada se e somente se 
for para a criação de créditos extraordinários. 
OS CRÉDITOS EXTRAORDINÁRIOS correspondem aos valores 
descritos na lei orçamentária que são destinados à atender a 
despesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, 
comoção interna ou calamidade pública. 
 
OS CRÉDITOS ORÇAMENTÁRIOS ADICIONAIS são os valores 
que a Administração Pública pode adicionar ao seu orçamento 
original, são classificados em: 
 
8 
 
Lei Federal nº 4.320/64: Art. 41. Os créditos adicionais classificam-
se em: 
 
I - suplementares, os destinados a reforço de dotação orçamentária; 
II - especiais, os destinados a despesas para as quais não haja 
dotação orçamentária específica; 
III - EXTRAORDINÁRIOS, os destinados a despesas urgentes e 
imprevistas, em caso de guerra, comoção intestina ou calamidade 
pública. 
 
LEI AUTORIZATIVA X LEI IMPOSITIVA: 
 
AUTORIZATIVA: IMPOSITIVA: 
Ação e despesa criada na própria 
lei orçamentária. Ex: 
Pavimentação de uma rua. 
Ação e despesa criada pela CF/88 
ou por lei anterior ao orçamento, 
como, por exemplo, pagamento de 
salários e encargos, transferências 
constitucionais obrigatórias, 
aplicação de valores mínimos em 
educação e em saúde etc. 
 
Não gera subjetivo. O poder 
Público poderá cumprir ou não a 
norma a depender da 
disponibilidade orçamentária e/ ou 
da vontade 
política(discricionariedade). 
Gera direito subjetivo. O Poder 
Público não tem qualquer margem 
de discricionaridade. 
 
COM RELAÇÃO A LEI ORÇAMENTÁRIA , A MESMA É 
AUTORIZATIVA OU IMPOSITIVA?: 
 
De acordo com a corrente doutrinária majoritariamente adotada no 
Brasil, o orçamento público é lei meramente formal, uma vez que 
 
9 
 
tão somente prevê as receitas públicas (ingressos) e autoriza os 
gastos (despesas). 
 Nesse sentido, o orçamento tem forma de lei ("nasce" como lei, 
logo, é lei no sentido formal), mas não tem conteúdo próprio de lei 
(logo, apesar de ser lei no sentido formal, não é lei no sentido 
material), pois NÃO VEICULA DIREITOS SUBJETIVOS DE FORMA 
GERAL E ABSTRATA. 
 
Como a lei do orçamento público não vincula direitos subjetivos de 
forma geral e abstrata (como o faz uma lei em sentido material), 
uma instituição de caridade não tem como postular em juízo, por 
exemplo, a concessão de um auxílio financeiro autorizado no 
orçamento. 
Por isso, como não realiza gastos, mas apenas os autoriza ou 
prevê, não gerando direitos subjetivos, o orçamento é chamado - 
atenção - de meramente autorizativo. 
 
EXCEÇÕES: 
Há algumas despesas que constam no orçamento público que o 
Poder Público tem o dever de cumprir, tornando-o, nesse ponto, 
impositivo. 
Os gastos com pessoal (salários e demais encargos) são previstos 
na CF/88, nos estatutos dos funcionários públicos e até mesmo na 
CLT; as transferências constitucionais obrigatórias também estão 
previstas na CF/88 (arts. 157/162); os gastos com educação estão 
previstos no art. 212 da CF/88; e os gastos com a saúde estão 
previstos no art. 198, § 2o, da CF/88 e na LC 141/2012. 
 
Art. 198. .... 
§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios 
aplicarão, anualmente, em ações e serviços públicos de saúde 
recursos mínimos derivados da aplicação de percentuais calculados 
sobre: 
 
10 
 
I - no caso da União, a receita corrente líquida do respectivo 
exercício financeiro, não podendo ser inferior a 15% (quinze por 
cento; 
 
Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e 
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por 
cento, no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida 
a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento 
do ensino. 
§ 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida pela União 
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, ou pelos Estados 
aos respectivos Municípios, não é considerada, para efeito do 
cálculo previsto neste artigo, receita do governo que a transferir. 
 
Art. 158. Pertencem aos Municípios: 
II – 50% (cinquenta por cento) do produto da arrecadação do 
imposto da União sobre a propriedade territorial rural, relativamente 
aos imóveis neles situados, cabendo a totalidade na hipótese da 
opção a que se refere o art. 153, § 4º, III; 
III - 50% (cinquenta por cento) do produto da arrecadação do 
imposto do Estado sobre a propriedade de veículos automotores 
licenciados em seus territórios e, em relação a veículos aquáticos e 
aéreos, cujos proprietários sejam domiciliados em seus territórios; 
 
PORTANTO 
A impositividade é exceção, pois, como regra geral, a lei 
orçamentária é meramente autorizativa, e a regra geral faz com que 
a doutrina brasileira majoritária defenda que a lei do orçamento 
público é meramente autorizativa. 
 
 
O Poder Legislativo tem procurado reduzir, cada vez mais, essa 
característica do orçamento autorizativo, que é a regra geral. 
 
11 
 
A EC 100/2019, por exemplo, incluiu um novo parágrafo no art. 165 
da CF/88, passando a prescrever o seguinte: 
§ 10. A administração tem o dever de executar as programações 
orçamentárias, adotando os meios e as medidas necessários, com 
o propósito de garantir a efetiva entrega de bens e serviços à 
sociedade. 
 
§ 11. O disposto no § 10 deste artigo, nos termos da lei de diretrizes 
orçamentárias: 
I - subordina-se ao cumprimento de dispositivos constitucionais e 
legais que estabeleçam metas fiscais ou limites de despesas e não 
impede o cancelamento necessário à abertura de créditos 
adicionais; 
II - não se aplica nos casos de impedimentos de ordem técnica 
devidamente justificados; 
III - aplica-se exclusivamente às DESPESAS PRIMÁRIAS 
DISCRICIONÁRIAS. 
 
As despesas primárias são gastos governamentais destinados ao 
financiamento de atividades relacionadas com a oferta de serviços 
públicos (políticas públicas), investimentos e manutenção da 
máquina administrativa (ex: pessoal, investimento, custeio, etc). 
Noutros termos, as despesas primárias são os gastos não-
financeiros do governo (serviços da dívida, juros, etc). 
 
 
As despesas primárias podem ser obrigatórias ou não 
(discricionárias). 
 
 
Os gastos obrigatórios se referem aos compromissos estabelecidos 
pela própria legislação, tais como a manutenção dos direitos 
individuais (aposentadoria, assistência social, seguro desemprego, 
 
12 
 
etc), mínimos constitucionais (saúde, educação, etc), salários e 
benefícios dos servidores públicos e precatórios. Já as despesas 
discricionárias consistem nos gastos em que o administrador possui 
certo poder de decidir onde o recurso será investido. 
 
Portanto, em suma, despesas primárias discricionárias são 
desembolsos que visam financiar atividades não financeiras do 
governo e que podem ser utilizadas em áreas de livre escolha do 
gestor público. 
 
No âmbito do Poder Judiciário, também tem prevalecido a tese de 
que o orçamento público é meramente autorizativo, conforme 
posicionamento até então unânime do STF (MS 12.343-DF, ACO 
453/PR, ADI-MC 1294-4). 
É possível concluir, assim, que o STF está alinhado à doutrina 
majoritária no sentido de que a lei do orçamento público é 
meramente autorizativa e não impositiva. 
 
PRINCÍPIOS GERAIS ORÇAMENTÁRIOS: 
 
Alguns desse princípios estão positivados na CF/88, outros na Lei 
Federal no 4.320/64 e alguns outros estão implícitos no 
ordenamentojurídico. 
 
1) LEGALIDADE: 
 O Princípio da Legalidade rege toda a atividade financeira do 
Estado, pois as finanças públicas não podem ser manejadas sem 
prévia autorização da lei. 
Logo, é um dos princípios orçamentários mais importantes, pois 
nenhum recurso público poder ser gasto (despesa), absolutamente 
nenhum, sem prévia autorização legal. 
A lei orçamentária ou qualquer alteração na lei orçamentária 
necessariamente deve ser aprovada pelo Poder Legislativo, isto é, 
 
13 
 
por meio de lei. Lembre-se sempre que é o Poder Legislativo que 
aprova, por meio de lei, o que será feito (despesa) com o 
dinheiro público. 
 
CF/88: Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do 
Presidente da República, não exigida esta para o especificado nos 
arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da 
União, especialmente sobre: 
(...) 
II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, 
operações de crédito, dívida pública e emissões de curso forçado; 
(...). 
 
CF/88: Art. 167. São vedados: 
I - o início de programas ou projetos não incluídos na lei 
orçamentária anual; 
(...) 
V - a abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia 
autorização legislativa e sem indicação dos recursos 
correspondentes; 
VI - a transposição, o remanejamento ou a transferência de 
recursos de uma categoria de programação para outra ou de um 
órgão para outro, sem prévia autorização legislativa; 
(...) 
VIII - a utilização, sem autorização legislativa específica, de 
recursos dos orçamentos fiscal e da seguridade social para suprir 
necessidade ou cobrir déficit de empresas, fundações e fundos, 
inclusive dos mencionados no art. 165, § 5o; 
 
CF/88: Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às 
diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos 
adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso 
Nacional, na forma do regimento comum. 
 
14 
 
 
EMENTA: ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO 
FUNDAMENTAL. 
CONSTITUCIONAL. DECISÕES JUDICIAIS QUE 
DETERMINARAM MEDIDAS CONSTRITIVAS DE RECEITAS 
PÚBLICAS REPASSADAS PELO FUNDO NACIONAL DE 
DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO – FNDE (...) 
2. As decisões judiciais impugnadas, pelas quais se determinam 
medidas de constrição judicial sobre recursos públicos federais 
transferidos pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação 
– FNDE para a implementação do Programa Dinheiro Direto na 
Escola – PDDE às unidades executoras próprias para a satisfação 
de créditos trabalhistas, ofendem ao princípio da legalidade 
orçamentária (inc. VI do art. 167 da Constituição da República), da 
separação dos poderes (art. 2o da Constituição) e da continuidade 
da prestação dos serviços públicos (art. 175 da Constituição). 
Precedentes. 
(ADPF 988, Relator(a): CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado 
em 18/10/2022, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-215 DIVULG 24-
10-2022 PUBLIC 25-10-2022) 
 
2) EXCLUSIVIDADE: 
 
De acordo com esse princípio, a lei orçamentária só pode 
conter matéria orçamentária e nada mais. 
Ele está positivado no art. 165, § 8º, da CF/88: 
CF/88: Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo 
estabelecerão: 
I - o plano plurianual; 
II - as diretrizes orçamentárias; 
III - os orçamentos anuais. 
§ 8º A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho 
à previsão da receita e à fixação da despesa, não se incluindo 
na proibição a autorização para abertura de créditos 
suplementares e contratação de operações de crédito, ainda 
que por antecipação de receita, nos termos da lei. 
 
 
15 
 
 
3) PROGRAMAÇÃO: 
 
 
De acordo com esse princípio, as ações governamentais 
devem ser programadas, isto é, planejadas. 
É da integração entre a CF/88 e essas leis que surge a 
necessidade de programação (planejamento) das ações 
governamentais. 
CF/88: Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo 
estabelecerão: 
§ 4º Os planos e programas nacionais, regionais e setoriais 
previstos nesta Constituição serão elaborados em 
consonância com o plano plurianual e apreciados pelo 
Congresso Nacional. 
 
 
4) EQUILÍBRIO ORÇAMENTÁRIO: 
 
 
De acordo com esse princípio, as despesas autorizadas na lei 
orçamentária - atenção - não podem ser superiores à previsão 
das receitas. 
Tal princípio proíbe a realização de despesas além do 
montante permitido pelo Poder Legislativo na lei orçamentária. 
 
 
LRF: Art. 1o Esta Lei Complementar estabelece: 
§ 1o A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação 
planejada e transparente, em que se previnem riscos e 
corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas 
públicas, mediante o cumprimento de metas de resultados 
entre receitas e despesas e a obediência a limites e condições 
no que tange a renúncia de receita, geração de despesas com 
pessoal, da seguridade social e outras, dívidas consolidada e 
mobiliária, operações de crédito, inclusive por antecipação de 
receita, concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar. 
 
 
5) ANUABILIDADE: 
 
16 
 
 
De acordo com esse princípio, o orçamento público é de 
periodicidade anual. 
O orçamento é ânuo, ou seja, ele estima as receitas e fixa as 
despesas para um exercício financeiro, que, no Brasil, coincide com 
o ano civil, nos termos do art. 34 da Lei 4.320/64, segundo o qual 
"O exercício financeiro coincidirá com o ano civil". 
 
CF/88: Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo 
estabelecerão: 
I - o plano plurianual; 
II - as diretrizes orçamentárias; 
III - os orçamentos anuais. 
(...) 
§ 5º A lei orçamentária anual compreenderá: 
I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, 
órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive 
fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público; 
 
6) UNIDADE: 
 
De acordo com esse princípio, deve existir apenas um orçamento 
para cada ente da federação em cada exercício financeiro (por força 
do Princípio da Anualidade), conforme exigido pelo art. 2º da Lei 
Federal 4.320/64: 
Lei Federal 4.320/64: Art. 2° A Lei do Orçamento conterá a 
discriminação da receita e despesa de forma a evidenciar a política 
econômica financeira e o programa de trabalho do Governo, 
obedecidos os princípios de unidade universalidade e anualidade. 
 
7) UNIVERSALIDADE: 
 
 
17 
 
De acordo com esse princípio, todas as receitas e todas as 
despesas governamentais devem fazer parte do orçamento, sem 
qualquer exclusão. 
 
S2: DA FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, FINANCEIRA E 
ORÇAMENTÁRIA: 
 
CRFB/1988. ARTS 70 – 75 
 
CONTROLE EXTERNO 
A cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do 
Tribunal de Contas da União, cuja competência é ampla como: 
a) apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de 
admissão de pessoal, a qualquer título, na administração 
direta e indireta, incluídas as fundações públicas; 
b) as concessões de aposentadorias, reformas e pensões; 
c) são excetuadas as nomeações para cargo de provimento em 
comissão; 
d) d) fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais 
de cujo capital social a União participe, de forma direta ou 
indireta, nos termos do tratado constitutivo; 
e) e) aplicar aos responsáveis, as sanções previstas em lei, que 
estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao 
dano causado ao erário; 
f) f) As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito 
ou multa terão eficácia de título executivo. 
O Conselho Federal e os Conselhos Seccionais da Ordem dos 
Advogados do Brasil não estão obrigados a prestar contas ao 
Tribunal de Contas da União nem a qualquer outra entidade 
externa”. 
[RE 1.182.189, rel. min. Marco Aurélio, red. do ac. min. Edson 
Fachin, j. 25-4-2023, P, DJE de 16-6-2023, Tema 1.054, com mérito 
julgado.] 
https://portal.stf.jus.br/processos/downloadPeca.asp?id=15358916820&ext=.pdf
 
18 
 
 
Advogado de empresa estatal que, chamado a opinar, ofereceparecer sugerindo contratação direta, sem licitação, mediante 
interpretação da Lei das Licitações. Pretensão do TCU em 
responsabilizar o advogado solidariamente com o administrador que 
decidiu pela contratação direta: impossibilidade, dado que o parecer 
não é ato administrativo, sendo, quando muito, ato de administração 
consultiva, que visa a informar, elucidar, sugerir providências 
administrativas a serem estabelecidas nos atos de administração 
ativa (MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito 
administrativo. 13. ed. Malheiros, p. 377). O advogado somente 
será civilmente responsável pelos danos causados a seus clientes 
ou a terceiros, se decorrentes de erro grave, inescusável, ou de ato 
ou omissão praticado com culpa, em sentido largo: (...) Lei 
8.906/1994, art. 32. 
[MS 24.073, rel. min. Carlos Velloso, j. 6-11-2002, P, DJ de 31-10-
2003.] 
 
O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode 
apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do poder público. 
[Súmula 347.] 
 
É possível a decretação pelo TCU de indisponibilidade de bens de 
particulares responsáveis pela administração de dinheiro de origem 
pública, se constatados indícios de ilegalidades, ainda que eles 
também se submetam à fiscalização de outras instâncias 
administrativas. 
[MS 34.738 AgR, rel. min. Roberto Barroso, j. 22-11-2022, 1ª T, DJE 
de 24-11-2022.] 
 
A circunstância de a sociedade de economia mista não ter sido 
criada por lei não afasta a competência do Tribunal de Contas. 
[MS 26.117, rel. min. Eros Grau, j. 20-5-2009, P, DJE de 6-11-2009.] 
 
http://www.stf.jus.br/jurisprudencia/IT/frame.asp?SEQ=86081&PROCESSO=24073&CLASSE=MS&cod_classe=376&ORIGEM=IT&RECURSO=0&TIP_JULGAMENTO=&EMENTA=2130
http://www.stf.jus.br/cgi-bin/nph-brs?d=SUMU&n=&s1=347.NUME.&l=20&u=http://www.stf.jus.br/Jurisprudencia/Jurisp.asp&Sect1=IMAGE&Sect2=THESOFF&Sect3=PLURON&Sect6=SUMUN&p=1&r=1&f=G
https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5168672
http://www.stf.jus.br/portal/inteiroTeor/obterInteiroTeor.asp?id=605419&idDocumento=&codigoClasse=376&numero=26117&siglaRecurso=&classe=MS
 
19 
 
Nos processos perante o TCU asseguram-se o contraditório e a 
ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou 
revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, 
excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial 
de aposentadoria, reforma e pensão. 
[Súmula Vinculante 3.] 
 
Súmula 
A revogação ou anulação, pelo Poder Executivo, de aposentadoria 
ou qualquer outro ato aprovado pelo Tribunal de Contas não produz 
efeitos antes de aprovada por aquele Tribunal, ressalvada a 
competência revisora do Judiciário. 
[Súmula 6.] 
 
As cortes de contas seguem o exemplo dos tribunais judiciários no 
que concerne às garantias de independência, sendo também 
detentoras de autonomia funcional, administrativa e financeira, das 
quais decorre, essencialmente, a iniciativa reservada para instaurar 
processo legislativo que pretenda alterar sua organização e 
funcionamento, conforme interpretação sistemática dos arts. 73, 75 
e 96, II, d, da CF. 
[ADI 4.418, rel. min. Dias Toffoli, j. 15-12-2016, P, DJE de 3-3-2017.] 
 
CONTROLE INTERNO DOS TRÊS PODERES 
Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma 
integrada, sistema de controle interno com a finalidade. 
Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento 
de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao 
Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilidade 
solidária. 
 
A Controladoria-Geral da União (CGU) pode fiscalizar a aplicação 
de verbas federais onde quer que elas estejam sendo aplicadas, 
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=3.NUME.%20E%20S.FLSV.&base=baseSumulasVinculantes
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=6.NUME.%20NAO%20S.FLSV.&base=baseSumulas
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=1237560
 
20 
 
mesmo que em outro ente federado às quais foram destinadas. A 
fiscalização exercida pela CGU é interna, pois feita exclusivamente 
sobre verbas provenientes do orçamento do Executivo. 
[RMS 25.943, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 24-11-2010, P, DJE 
de 2-3-2011.] 
 
COMPOSIÇÃO DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 
Composto por nove Ministros que serão nomeados dentre 
brasileiros que satisfaçam os seguintes requisitos: 
I - mais de trinta e cinco e menos de setenta anos de idade; 
II - idoneidade moral e reputação ilibada; 
III - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e 
financeiros ou de administração pública; 
IV - mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade 
profissional que exija os conhecimentos mencionados; 
 
A qualificação profissional formal não é requisito à nomeação de 
conselheiro de tribunal de contas estadual. O requisito notório saber 
é pressuposto subjetivo a ser analisado pelo governador do Estado, 
a seu juízo discricionário. 
[AO 476, red. do ac. min. Nelson Jobim, j. 16-10-1997, P, DJ de 5-
11-1999.] 
Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão escolhidos: 
I - um terço pelo Presidente da República, com aprovação do 
Senado Federal, sendo dois alternadamente dentre auditores e 
membros do Ministério Público junto ao Tribunal, indicados em lista 
tríplice pelo Tribunal, segundo os critérios de antiguidade e 
merecimento; 
II - dois terços pelo Congresso Nacional. 
 
Os Ministros do Tribunal de Contas da União terão as mesmas 
garantias, prerrogativas, impedimentos, vencimentos e vantagens 
dos Ministros do Superior Tribunal de Justiça. 
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=619862
http://www.stf.jus.br/jurisprudencia/IT/frame.asp?PROCESSO=476&CLASSE=AO&cod_classe=513&ORIGEM=IT&RECURSO=0&TIP_JULGAMENTO=M
 
21 
 
As Constituições estaduais disporão sobre os Tribunais de Contas 
respectivos, que serão integrados por sete Conselheiros. 
 
No tribunal de contas estadual, composto por sete conselheiros, 
quatro devem ser escolhidos pela assembleia legislativa e três pelo 
chefe do Poder Executivo estadual, cabendo a este indicar um 
dentre auditores e outro dentre membros do Ministério Público, e 
um terceiro à sua livre escolha. 
[Súmula 653.] 
Art. 74, § 2º: 
Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte 
legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou 
ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União. 
 
Súmula Vinculante x Repercussão Geral: 
 
 
Para que as decisões sejam dotadas de efeito vinculante, é 
necessário que o Supremo se manifeste repetidas vezes, enquanto 
a repercussão geral demanda somente uma manifestação da Corte 
sobre cada tema. 
 
A repercussão geral possui o mesmo efeito de vinculação da 
súmula, pois a decisão deve obrigatoriamente ser aplicada pelos 
tribunais de origem, que ficam impedidos de remeter casos 
semelhantes ao Supremo. Isso dispensa a necessidade de edição 
de uma súmula vinculante específica sobre o assunto. 
 
Pode-se entender a ordem jurídico-econômica como o mundo do 
dever ser responsável pela disciplina e regulação (sentido lato) da 
ordem econômica (mundo do ser), cuja Constituição Econômica é a 
norma ápice, mas que não se esgota nessa. 
 
http://www.stf.jus.br/cgi-bin/nph-brs?d=SUMU&n=&s1=653.NUME.&l=20&u=http://www.stf.jus.br/Jurisprudencia/Jurisp.asp&Sect1=IMAGE&Sect2=THESOFF&Sect3=PLURON&Sect6=SUMUN&p=1&r=1&f=G
 
22 
 
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS NA ORDEM ECONÔMICA: 
 
Os princípios espelham a ideologia da sociedade, seus postulados 
básicos e seus fins. 
Podem ser entendidos, pois, como normas basilares de um sistema, 
que “protegem” determinados valores consensuais no seio social ou 
indicam fins públicos a serem realizados por diferentes meios. 
 
Ao conceituar o que sejam os princípios, PAULO BONAVIDES 
sintetiza: são “as premissas de todo umsistema”; são “verdades 
objetivas” pertencentes ao mundo do dever - ser; são “critérios de 
inspiração às leis ou normas concretas”; são “orientações e 
diretivas de caráter geral e fundamental”. 
 
Pós-verdade é um neologismo que descreve a situação na qual, na 
hora de criar e modelar a opinião pública, os fatos objetivos têm 
menos influência que os apelos às emoções e às crenças pessoais. 
 
CONSTITUIÇÃO ECONÔMICA: ART. 170 E SEGS. 
A Constituição Econômica é a parte da Constituição que dispõe 
sobre o sistema econômico, dando-lhe forma; mais especificamente 
o conjunto de princípios e regras constitucionais ordenadoras da 
economia. 
Conforme o ensinamento de Jorge Miranda, ela é “o conjunto de 
normas constitucionais que têm por objeto a dimensão econômica 
da sociedade política.” 
PRINCÍPIOS SÃO PRESSUPOSTOS UNIVERSAIS que definem 
regras essenciais que beneficiam um sistema maior que é a 
humanidade. São mais rígidos. 
OS VALORES SÃO REGRAS INDIVIDUAIS que orientam, como 
bússolas internas, as relações, as decisões e as ações. São mais 
flexíveis, mutáveis... 
Os princípios dão base para a formação dos valores. 
 
23 
 
 
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho 
humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos 
existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados 
os seguintes princípios: 
Atenção ao caput do 170: 
Os princípios formam as: 
Valoração do trabalho humano + livre existência = Existência digna. 
 
A livre iniciativa (CF, art. 1º, IV e 170, caput) não se revela um fim 
em si mesmo, mas um meio para atingir os objetivos fundamentais 
da República, inclusive a tutela e preservação do meio ambiente 
para as presentes e futuras gerações (CF, art. 225). 
[ADI 6.218, rel. min. Nunes Marques, red. do ac. min. Rosa Weber, 
j. 3-7-2023, P, DJE de 21-8-2023.] 
 
É legítima a terceirização das atividades-fim de uma empresa. 
Como já foi decidido pelo Supremo Tribunal Federal, a Constituição 
não impõe uma única forma de estruturar a produção. Ao contrário, 
o princípio constitucional da livre iniciativa garante aos agentes 
econômicos liberdade para eleger suas estratégias empresariais 
dentro do marco vigente (CF/1988, art. 170). 
[ADC 48, rel. min. Roberto Barroso, j. 15-4-2020, P, DJE de 19-5-
2020.] 
 
“Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho 
humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos 
existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados 
os seguintes princípios: 
I - soberania nacional; 
II - propriedade privada; 
III - função social da propriedade; 
IV - livre concorrência; 
https://portal.stf.jus.br/processos/downloadPeca.asp?id=15360222590&ext=.pdf
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=752690041
 
24 
 
V - defesa do consumidor; 
“Art. 170. ... 
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento 
diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços 
e de seus processos de elaboração e prestação; 
VII - redução das desigualdades regionais e sociais; 
VIII - busca do pleno emprego; 
“Art. 170. ... 
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte 
constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e 
administração no País. 
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer 
atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos 
públicos, salvo nos casos previstos em lei.” 
 
I - soberania nacional: 
A soberania caracteriza-se como o poder do Estado, em 
interferir e dirigir a ordem econômica, nos aspectos em 
que for de seu interesse ou da coletividade. 
 
II - propriedade privada; 
III - função social da propriedade; 
As normas constitucionais relativas à propriedade denotam 
que ela não pode mais ser considerada como um direito 
individual nem como instituição de Direito Privado, mas de 
interesse público relevante, exigindo a responsabilidade do 
proprietário sobre seu bem. 
 
II - Propriedade Privada: Este princípio reconhece o direito dos 
indivíduos e empresas de possuírem, controlarem e utilizarem bens 
e recursos de forma privada. Isso significa que as pessoas têm o 
direito de adquirir propriedades, investir nelas e colher os benefícios 
dessa propriedade. Um exemplo seria um empresário que possui 
 
25 
 
uma fábrica e tem o direito de decidir como operá-la e como utilizar 
os lucros gerados por ela. 
III - Função Social da Propriedade: Contrapondo-se ao princípio da 
propriedade privada, a função social da propriedade estabelece que 
a propriedade privada deve cumprir uma função social e contribuir 
para o bem-estar da sociedade como um todo. Isso significa que, 
mesmo sendo de propriedade privada, os recursos e bens devem 
ser utilizados de forma a beneficiar não apenas o proprietário, mas 
também a comunidade em geral. Por exemplo, a legislação que 
estabelece que áreas urbanas devem destinar uma porcentagem de 
seus terrenos para áreas verdes ou espaços públicos. 
 
 
O princípio da função social da propriedade impõe ao proprietário, 
ou quem detenha o controle da empresa, o dever de exercê-lo em 
benefício próprio e social, e não o exercer em prejuízo de outrem. 
Este princípio impõe um comportamento positivo, prestação de 
fazer e não meramente de não fazer aos detentores do poder que 
deflui a propriedade, ele integra o conceito jurídico positivo da 
propriedade. 
 
IV - livre concorrência; 
A “livre iniciativa” fundamenta-se na liberdade de constituir seu 
próprio negócio; a “livre concorrência” estende-se na liberdade de 
competição entre essas empresas. 
A livre concorrência é um desdobramento, consequência, da livre 
iniciativa. 
A LIVRE CONCORRÊNCIA É A GARANTIA DA LIVRE INICIATIVA, 
 
É lícito o fenômeno do contrato de associação e/ou sociedade 
firmado por escritório de advocacia com advogados, destacando-se 
não apenas a compatibilidade dos valores do trabalho e da livre 
iniciativa na terceirização do trabalho assentada nos precedentes 
obrigatórios, mas também a ausência de condição de 
 
26 
 
vulnerabilidade na opção pelo contrato firmado que justifique a 
proteção estatal por meio do Poder Judiciário na formação de 
vínculo empregatício. 
[Rcl 59.842 AgR, rel. min. Edson Fachin, red. do ac. min. Dias 
Toffoli, j. 26-6-2023, 2ª T, DJE de 18-8-2023.] 
-4-2007.] 
 
I - Soberania Nacional: Refere-se ao poder do Estado em tomar 
decisões econômicas que estejam alinhadas com os interesses 
nacionais, sem interferência externa. Isso inclui a capacidade de 
regular o comércio exterior, a política monetária e fiscal, visando o 
desenvolvimento econômico do país. Um exemplo seria a decisão 
de um país em implementar políticas de incentivo à produção 
interna de energia, visando reduzir a dependência de fontes 
externas e fortalecer a segurança energética nacional. 
II - Propriedade Privada: Reconhece o direito dos indivíduos e 
empresas de possuírem, controlarem e utilizarem bens e recursos 
de forma privada. Isso significa que as pessoas têm o direito de 
adquirir propriedades, investir nelas e colher os benefícios dessa 
propriedade. Um exemplo seria um agricultor que possui terras e 
tem o direito de decidir como cultivá-las e comercializar seus 
produtos. 
III - Função Social da Propriedade: Estabelece que a propriedade 
privada deve cumprir uma função social e contribuir para o bem-
estar da sociedade como um todo. Isso implica que a propriedade 
não deve ser utilizada apenas em benefício do proprietário, mas 
também para atender às necessidades coletivas, como geração de 
empregos, preservação ambiental e desenvolvimento regional. Um 
exemplo é a legislação que determina que áreas urbanas devem 
destinar uma parte de seus terrenos para habitação popular, 
contribuindo para a redução do déficit habitacional. 
IV - Livre Concorrência: Preconiza que osmercados devem ser 
abertos e competitivos, permitindo a entrada de novos concorrentes 
e garantindo que as empresas operem em um ambiente de 
concorrência justa. Isso estimula a inovação, a redução de preços e 
o aumento da qualidade dos produtos e serviços. Um exemplo seria 
o setor de telecomunicações, onde diferentes empresas competem 
https://portal.stf.jus.br/processos/downloadPeca.asp?id=15360186863&ext=.pdf
 
27 
 
oferecendo serviços de telefonia, internet e televisão, beneficiando 
os consumidores com opções e preços competitivos. 
V - Defesa do Consumidor: Visa proteger os direitos e interesses 
dos consumidores, garantindo acesso a informações claras e 
seguras sobre produtos e serviços, além de mecanismos para 
reclamações e resolução de conflitos. Isso inclui a proibição de 
práticas abusivas, garantia de qualidade e segurança dos produtos 
e serviços oferecidos no mercado. Um exemplo é a existência de 
órgãos de defesa do consumidor que fiscalizam e punem empresas 
que descumprem as normas de proteção ao consumidor. 
VI - Defesa do Meio Ambiente: Preconiza a proteção e preservação 
do meio ambiente, considerando o impacto ambiental das 
atividades econômicas e promovendo o desenvolvimento 
sustentável. Isso envolve a adoção de práticas ambientalmente 
responsáveis, como o uso de tecnologias limpas, a gestão 
adequada de resíduos e a conservação dos recursos naturais. Um 
exemplo seria a implementação de políticas de reciclagem e 
redução de emissões de gases poluentes por empresas industriais. 
VII - Redução das Desigualdades Regionais e Sociais: Busca 
promover a distribuição mais equitativa dos recursos e 
oportunidades entre diferentes regiões e grupos sociais, reduzindo 
disparidades econômicas e sociais. Isso pode incluir a 
implementação de políticas públicas que estimulem o 
desenvolvimento de regiões menos favorecidas, como incentivos 
fiscais para empresas que se instalam em áreas com baixo 
desenvolvimento econômico. 
VIII - Busca do Pleno Emprego: Tem como objetivo garantir 
oportunidades de trabalho para toda a população economicamente 
ativa, buscando reduzir o desemprego e promover a inclusão social. 
Isso pode envolver políticas de geração de empregos, qualificação 
profissional e estímulo ao empreendedorismo. 
IX - Tratamento Favorecido para as Empresas de Pequeno Porte: 
Busca oferecer benefícios e incentivos específicos para empresas 
de pequeno porte, como forma de estimular seu crescimento e 
desenvolvimento, contribuindo para a diversificação da economia e 
a geração de empregos. Isso pode incluir redução de impostos, 
acesso facilitado a crédito e apoio técnico para melhorar a gestão e 
competitividade dessas empresas. 
 
28 
 
Esses princípios da ordem econômica, conforme estabelecidos no 
Artigo 170 da Constituição Federal, têm como objetivo garantir o 
desenvolvimento econômico de forma justa, equilibrada e 
sustentável, promovendo o bem-estar social e a inclusão de todos 
os segmentos da sociedade. 
 
TRUST: 
 
É A UNIÃO FORMAL OU INFORMAL de duas ou várias empresas 
em uma mesma organização, de modo a aumentar o poder e 
controle das mesmas em um determinado setor. 
O truste é um acordo de confiança mútua entre corporações 
visando o domínio de um setor ou mercado específico. 
A expressão é uma adaptação do termo em inglês “trust”, que 
significa confiança. 
 
TRUSTE VERTICAL: 
Consiste no controle sequencial de toda a cadeia de produção de 
um bem ou serviço. Dessa forma, o grupo de empresas passa a 
dominar todas as etapas produtivas. Isto é, desde a extração da 
matéria-prima até a finalização e comercialização do produto. 
Por exemplo: no setor de sucos de laranja, existem várias etapas de 
produção. Ela vai desde a plantação, a colheita, a extração 
industrial do suco, o beneficiamento, o engarrafamento, a 
distribuição e a comercialização do produto 
 
TRUSTE HORIZONTAL: 
Já um truste horizontal é formado por empresas que fazem parte do 
mesmo segmento e trabalham com o mesmo produto. 
Um exemplo disso são postos de gasolina diferentes que se unem 
para pressionar e BARGANHAR PREÇOS EM CONJUNTO DO 
MESMO FORNECEDOR, e ao mesmo tempo oferecer o produto ao 
mercado com o mesmo preço 
 
29 
 
 
TRUST X CARTEL: 
 
o truste é uma união vertical ou horizontal de empresas de um 
mesmo segmento 
 
o cartel é um apenas um acordo entre diversas empresas 
independentes 
 
Elas atuam principalmente para combinar preços e agir em conjunto 
no intuito de dominar um mercado. 
 
DUMPING: 
 
Dumping é uma prática comercial que consiste em uma ou mais 
empresas de um país venderem seus produtos, mercadorias ou 
serviços por preços extraordinariamente abaixo de seu valor justo 
para outro país (preço que geralmente se considera menor do que 
se cobra pelo produto dentro do país exportador), por um tempo, 
visando prejudicar e eliminar os fabricantes de produtos similares 
concorrentes no local, passando então a dominar o mercado e 
impondo preços altos. 
 
É um termo usado em comércio internacional e é reprimido pelos 
governos nacionais, quando comprovado. 
 
Dumping Social – McDonald’s é condenado em R$ 500 mil por 
contínuo desrespeito às leis trabalhistas 
Ao receber ação com denúncias de infrações às leis trabalhistas por 
parte da Arcos Dourados, administradora da rede McDonald’s no 
Brasil, a Justiça do Trabalho de Santos (SP) fez questão de 
ressaltar: a ré é notória por desrespeitar o trabalhador, ser punida e 
continuar delinquindo. 
 
30 
 
O descaso com a higienização dos uniformes dos funcionários 
tocou especialmente o julgador (“a combinação de cidade quente 
com trabalho na cozinha preparando lanches resulta em sujeira 
diária nos uniformes”), que condenou a companhia por dumping 
social e estabeleceu indenização de R$ 500 mil. 
 
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a 
exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será 
permitida quando necessária aos imperativos da segurança 
nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em 
lei. 
§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da 
sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem 
atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou 
de prestação de serviços, dispondo sobre: 
 
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a 
exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será 
permitida quando necessária aos imperativos da segurança 
nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em 
lei. 
............ 
I - sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela 
sociedade; 
II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, 
inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, 
trabalhistas e tributários; 
 
Súmula 
É competente a Justiça comum para julgar as causas em que é 
parte sociedade de economia mista. 
[Súmula 556.] 
A qualificação de uma fundação instituída pelo Estado como sujeita 
ao regime público ou privado depende (i) do estatuto de sua criação 
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=556.NUME.%20NAO%20S.FLSV.&base=baseSumulas
 
31 
 
ou autorização e (ii) das atividades por ela realizadas. As atividades 
de cunho econômico e as passíveis de delegação, quando definidas 
como objetos de fundação instituída ou mantida pelo Poder Público, 
submetem-se ao regime jurídico de direito privado. 
[RE 716.378, rel. min. Dias Toffoli, j. 7-8-2019, P, DJE de 30-6-2020, 
Tema 545, com mérito julgado.] 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=753132907
 
32 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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