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Exerćıcios de F́ısico-Qúımica e Fenômenos de Superf́ıcie Higor Stirle Barbosa July 14, 2024 Exerćıcio 1 Explique por que um ĺıquido sobe em um tubo capilar. A subida de um ĺıquido em um tubo capilar é explicada pelo fenômeno da capilaridade, que resulta da combinação das forças de coesão entre as moléculas do ĺıquido e as forças de adesão entre o ĺıquido e a superf́ıcie do tubo. Quando as forças de adesão são maiores que as forças de coesão, o ĺıquido sobe no tubo até que o equiĺıbrio seja atingido entre a força de adesão e a força gravitacional. Exerćıcio 2 O ângulo de contato da água em um vidro limpo é aproximadamente zero. Calcule a tensão superficial da água a 20ºC sabendo que, nessa temperatura, a água sobe a uma altura de 4,96 cm em um tubo capilar de vidro limpo cujo raio interno é de 0,300 mm. A densidade da água a 20ºC é 998,2 kg/m³. Dados: h = 4, 96 cm = 0, 0496m r = 0, 300mm = 0, 0003m ρ = 998, 2 kg/m 3 g = 9, 81m/s 2 θ ≈ 0◦ ⇒ cos θ ≈ 1 Equação de Jurin: γ = hρgr 2 cos θ Substituindo os valores: γ = 0, 0496× 998, 2× 9, 81× 0, 0003 2× 1 = 0, 073N/m 1 Exerćıcio 3 A 20°C a tensão interfacial entre a água e o benzeno é 35 mN/m. Assumindo θ = 0◦, calcule: • a) O trabalho de adesão entre a água e o benzeno. • b) O trabalho de coesão para a água e o benzeno. • c) O coeficiente de espalhamento do benzeno sobre a água. Dados: γH2O = 72, 75mN/m e γBenzeno = 28, 85mN/m. a) Trabalho de adesão: Wadh = γH2O+γBenzeno−γH2O-Benzeno = 72, 75+28, 85−35 = 66, 60mN/m b) Trabalho de coesão para a água: Wco-H2O = 2γH2O = 2× 72, 75 = 145, 5mN/m Trabalho de coesão para o benzeno: Wco-Benzeno = 2γBenzeno = 2× 28, 85 = 57, 7mN/m c) Coeficiente de espalhamento do benzeno sobre a água: S = γH2O− (γBenzeno+ γH2O-Benzeno) = 72, 75− (28, 85+35) = 8, 9mN/m Exerćıcio 4 Transformou-se 1 cm³ de água em pequenas gotas de raio igual a 10−15 cm. Se a tensão superficial da água é 72, 75×10−3 N/m a 20ºC, calcule a energia de Gibbs das gotas relativa à energia da água. Dados: γ = 72, 75× 10−3 N/m r = 10−15 cm = 10−17 m V = 1 cm3 = 1× 10−6 m3 Número de gotas: n = V 4 3πr 3 = 1× 10−6 4 3π(10 −17)3 = 1× 10−6 4 3π × 10−51 = 1× 10−6 4, 19× 10−51 = 2, 39× 1044 Área total das gotas: A = n×4πr2 = 2, 39×1044×4π(10−17)2 = 2, 39×1044×4π×10−34 = 3, 01×1011 m2 Energia de Gibbs: ∆G = γ ×A = 72, 75× 10−3 × 3, 01× 1011 = 2, 18× 1010 J 2 Exerćıcio 5 Calcular a pressão de vapor de uma gota esférica de água de raio 20 nm a 35 °C. A pressão de vapor da água na ausência de uma interface curva a 35 °C é 5,623 kPa, sua tensão superficial é 72 mN/m e a sua densidade é 994,0 kg/m³. Dados: r = 20nm = 20× 10−9 m γ = 72mN/m = 72× 10−3 N/m ρ = 994, 0 kg/m 3 P0 = 5, 623 kPa = 5623Pa R = 8, 314 J/(mol K) T = 35 °C = 308K M = 18× 10−3 kg/mol Equação de Kelvin: P = P0 exp ( 2γVm rRT ) Volume molar da água: Vm = M ρ = 18× 10−3 994 = 1, 81× 10−5 m3/mol Substituindo os valores: P = 5623 exp ( 2× 72× 10−3 × 1, 81× 10−5 20× 10−9 × 8, 314× 308 ) = 5623 exp ( 1, 59× 10−3 ) ≈ 5623×1, 00159 ≈ 5, 63 kPa Exerćıcio 7 A densidade do clorofórmio (CHCl) a 20ºC é 1595 Kg/m³ e sua tensão superficial é 27,4 x 10³ N/m. Quando um tubo capilar é imerso em um recipiente contendo clorofórmio a esta temperatura, observa-se que este sobe a uma altura de 9,9 cm no capilar. Quando este mesmo capilar é imerso em água, cuja densidade a 20ºC é 998,2 Kg/m³, observa-se uma ascensão de 23,3 cm. Encontre a tensão superficial da água nesta temperatura e o raio do capilar. Dados: hCHCl3 = 9, 9 cm = 0, 099m γCHCl3 = 27, 4× 10−3 N/m ρCHCl3 = 1595 kg/m 3 hH2O = 23, 3 cm = 0, 233m 3 ρH2O = 998, 2 kg/m 3 Equação de Jurin: γ = hρgr 2 cos θ Para clorofórmio: r = 2γCHCl3 hCHCl3ρCHCl3g = 2× 27, 4× 10−3 0, 099× 1595× 9, 81 = 3, 54× 10−5 m Para água: γH2O = hH2OρH2Ogr 2 = 0, 233× 998, 2× 9, 81× 3, 54× 10−5 2 = 40, 35×10−3 N/m Exerćıcio 8 Com relação ao exerćıcio 5, considerando a pressão de vapor na in- terface plana igual a 5,623 kPa e tendo calculado a pressão de vapor na superf́ıcie da gota como sendo 5,92 kPa, discuta sobre a tendência das moléculas de água ficarem na fase ĺıquida ou passarem para a fase gasosa. A pressão de vapor maior na superf́ıcie curva (gota) em comparação com a interface plana indica que as moléculas na superf́ıcie da gota têm uma maior tendência a escapar para a fase gasosa. Isso ocorre porque a curvatura aumenta a pressão de vapor, facilitando a transição das moléculas da fase ĺıquida para a fase gasosa. Exerćıcio 9 Explique o que é ângulo de contato (θ). O ângulo de contato é o ângulo formado entre a superf́ıcie de um ĺıquido e a superf́ıcie sólida sobre a qual ele se encontra, medido dentro do ĺıquido. Este ângulo é uma medida da molhabilidade da superf́ıcie pelo ĺıquido. Um ângulo de contato pequeno indica alta molhabilidade, enquanto um ângulo grande indica baixa molhabilidade. Exerćıcio 10 Com base na Figura abaixo, deduza a equação da capilaridade. A equação da capilaridade relaciona a altura de ascensão ou depressão de um ĺıquido em um tubo capilar com a tensão superficial, densidade do ĺıquido, gravidade e raio do tubo: h = 2γ cos θ ρgr 4 Exerćıcio 11 Explique como a tensão superficial dos ĺıquidos varia com a concen- tração de surfactantes. Surfactantes diminuem a tensão superficial de um ĺıquido ao se adsorverem na interface ĺıquido-ar. A concentração de surfactantes aumenta até um ponto chamado concentração micelar cŕıtica (CMC), onde a tensão superficial atinge um valor mı́nimo constante. Exerćıcio 12 Mostre a isoterma de adsorção de Gibbs e comente sobre ela. Rela- cione a mesma com o que chamamos de “adsorção positiva” (Γi > 0) e “adsorção negativa” (Γi < 0) em uma interface ĺıquida. A isoterma de adsorção de Gibbs é expressa como: Γi = − 1 RT ( ∂γ ∂ ln ci ) T • Adsorção positiva (Γi > 0): Ocorre quando a concentração do surfactante é maior na interface do que no volume da solução. • Adsorção negativa (Γi < 0): Ocorre quando a concentração do surfactante é menor na interface do que no volume da solução. Exerćıcio 13 As tensões superficiais de soluções de eletrólitos em água são normal- mente maiores do que a da água pura. Explique. A presença de eletrólitos na água aumenta a tensão superficial porque os ı́ons tendem a ser solvados e afastados da interface ĺıquido-ar, o que resulta em menos moléculas de água sendo perturbadas na superf́ıcie, aumentando a tensão superficial. Exerćıcio 14 Cite as principais caracteŕısticas que diferem a adsorção f́ısica e a adsorção qúımica. • Adsorção f́ısica: Envolve forças de van der Waals, é geralmente reverśıvel, não espećıfica, e ocorre a baixas temperaturas. • Adsorção qúımica: Envolve formação de ligações qúımicas, é espećıfica, geralmente irreverśıvel, e ocorre a altas temperaturas. 5 Exerćıcio 15 Quais são as principais hipóteses do modelo de adsorção de Langmuir? • A adsorção ocorre em śıtios espećıficos na superf́ıcie. • Cada śıtio de adsorção pode acomodar no máximo uma molécula de ad- sorbato. • Todos os śıtios de adsorção são energeticamente equivalentes. • Não há interação entre as moléculas adsorvidas. Exerćıcio 16 Descreva como a técnica da monocamada de Langmuir pode ser uti- lizada para estudar propriedades de superf́ıcies e interfaces. A técnica da monocamada de Langmuir envolve a formação de uma monoca- mada de moléculas na interface entre um ĺıquido e o ar. Essa monocamada pode ser comprimida e expandida, permitindo o estudo das propriedades de compress- ibilidade, elasticidade, e as transições de fase na monocamada. É usada para investigar interações moleculares, estruturar superf́ıcies, e fabricar filmes finos com aplicações em sensores e dispositivos eletrônicos. Exerćıcio 17 O que são colóidesliófilos e liófobos? Explique sobre a estabilidade termodinâmica desses sistemas. Colóides liófilos: Colóides liófilos, ou colóides hidrof́ılicos, são sistemas em que as part́ıculas dispersas têm uma afinidade elevada pelo solvente, geralmente água. Exemplos incluem soluções de protéınas, amidos e gelatinas. Essas part́ıculas interagem fortemente com as moléculas do solvente, formando camadas solvatadas ao redor das part́ıculas dispersas. Estabilidade termodinâmica dos colóides liófilos: Os colóides liófilos são geralmente mais estáveis termodinamicamente dev- ido à forte interação entre as part́ıculas dispersas e o solvente. A solvatação das part́ıculas cria uma barreira energética que previne a aglomeração e a sed- imentação. Além disso, as interações eletrostáticas e a repulsão estérica con- tribuem para a estabilidade do sistema, mantendo as part́ıculas dispersas uni- formemente no solvente. Colóides liófobos: Colóides liófobos, ou colóides hidrofóbicos, são sistemas em que as part́ıculas dispersas têm pouca afinidade pelo solvente. Exemplos incluem sistemas como 6 emulsões de óleo em água ou suspensões de metais em água. As part́ıculas dis- persas tendem a se agrupar devido à falta de interação com o solvente, formando agregados que podem precipitar. Estabilidade termodinâmica dos colóides liófobos: Os colóides liófobos são menos estáveis termodinamicamente devido à fraca interação entre as part́ıculas dispersas e o solvente. Para estabilizar esses sis- temas, agentes estabilizadores ou surfactantes são frequentemente adicionados. Esses estabilizadores adsorvem-se na superf́ıcie das part́ıculas, criando uma ca- mada de proteção que evita a agregação. A estabilidade dos colóides liófobos é frequentemente alcançada através de repulsões eletrostáticas (fornecidas por cargas na superf́ıcie das part́ıculas) ou repulsões estéricas (devido a moléculas de estabilizadores adsorvidas). Conclusão Os colóides liófilos e liófobos diferem significativamente na sua afinidade pelo solvente e, consequentemente, na sua estabilidade termodinâmica. Enquanto os colóides liófilos são naturalmente estáveis devido à forte interação entre as part́ıculas e o solvente, os colóides liófobos requerem estabilizadores adicionais para prevenir a agregação e manter a dispersão uniforme das part́ıculas. 7