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ESTÁGIO SUPERVISIONADO PRÉ-PROJETO DE INTERVENÇÃO AULA 3 Profª Aline Aparecida da Cunha de Brito CONVERSA INICIAL Nesta etapa, o foco será a contextualização da intervenção profissional sob a perspectiva da teoria marxista. Vamos explorar como essa abordagem nos auxilia a compreender as relações de classe, as desigualdades estruturais e os processos de alienação presentes na sociedade. Com isso, seremos capazes de desenvolver intervenções que busquem enfrentar essas questões e promover transformações sociais. Além disso, um aspecto importante a ser discutido será a problematização do objeto da intervenção. Em vez de aceitar passivamente a realidade como dada, é essencial questionar e problematizar os elementos presentes, a fim de compreender as causas das desigualdades e dos problemas sociais. Com base nessa reflexão crítica, podemos desenvolver estratégias e ações que sejam mais efetivas e direcionadas para enfrentar tais desafios. Esta etapa também abordará a importância de argumentar e justificar a ação interventiva. Para promover transformações sociais significativas, é fundamental não apenas realizar ações, mas também ser capaz de fundamentá- las teoricamente e apresentar evidências que sustentem a necessidade e relevância das intervenções propostas. Além disso, serão abordados brevemente os conceitos de objetivos gerais e específicos no pré-projeto de intervenção. O objetivo geral representa o resultado final almejado, enquanto os objetivos específicos delineiam as etapas e metas intermediárias necessárias para atingir o objetivo geral. Essa definição clara dos objetivos permite um melhor planejamento e direcionamento da intervenção. Por fim, a proposta do projeto de intervenção será discutida com ênfase na centralidade nos usuários dos serviços. Reconhecer as necessidades, os desejos e as perspectivas dos usuários é fundamental para que a intervenção seja efetiva e significativa. Por meio dessa compreensão, podemos desenvolver estratégias que promovam a participação ativa dos usuários, respeitando suas experiências e empoderando-os como protagonistas das transformações em suas vidas. Bons estudos! TEMA 1 – PROJETO DE INTERVENÇÃO X PROJETO DE PESQUISA Embora ambos compartilhem o termo projeto, o projeto de intervenção e o projeto de pesquisa possuem finalidades e abordagens diferentes. É muito comum o aluno que está em processo de estágio obrigatório supervisionado também estar na fase de construção do seu trabalho de conclusão de curso, por isso também pode haver confusão entre os dois tipos de projeto. Vamos, então, diferenciar ambas as abordagens. O projeto de intervenção tem como objetivo principal promover mudanças concretas e transformações sociais em determinada realidade. É uma proposta de ação prática voltada para solucionar um problema ou atender às necessidades de um determinado grupo ou comunidade. O projeto de intervenção envolve planejamento, execução, monitoramento e avaliação das ações propostas. Visa impactar diretamente o público-alvo, trazendo melhorias em sua qualidade de vida, fortalecendo vínculos sociais, promovendo a conscientização e desenvolvendo capacidades individuais e coletivas. Já o projeto de pesquisa tem como objetivo principal a produção de conhecimento, o avanço do corpo teórico-científico em determinada área. Envolve estudo, análise, interpretação e sistematização de dados e informações existentes ou a serem coletados. Geralmente, é realizado no âmbito acadêmico ou científico, e sua finalidade é investigar um fenômeno, responder a uma pergunta de pesquisa ou testar uma hipótese. O projeto de pesquisa pode incluir revisão bibliográfica, coleta de dados, análise estatística, redação de artigos científicos, entre outras etapas. O objetivo é contribuir para o conhecimento teórico em determinada área, expandindo o entendimento sobre um tema específico, por exemplo, o tema de um trabalho de conclusão de curso, pautado em um projeto de pesquisa. Em síntese, a diferença básica entre projeto de intervenção e projeto de pesquisa está no propósito: enquanto o primeiro busca promover mudanças práticas e concretas em uma realidade social, o segundo visa produzir conhecimento científico e teórico sobre determinado tema. O projeto de intervenção em Serviço Social é uma ferramenta fundamental para a atuação profissional nessa área. Ele consiste em um planejamento organizado e estruturado de ações que visam intervir em determinada realidade social, com o objetivo de promover mudanças positivas e melhorias na vida das pessoas envolvidas. Um projeto de intervenção é uma proposta de ação construída a partir da identificação de problemas, necessidades e fatores determinantes. Cabe lembrar que o termo projeto refere-se a um plano para realização de uma ação coordenada no futuro; ou seja, algo que se lança à frente, sustentado em objetivos a serem alcançados. Já a palavra intervenção implica uma ação objetiva, um fazer concreto numa dada realidade. Nesse sentido, um projeto de intervenção deve definir e orientar as ações planejadas para resolução de problemas e/ou necessidades identificadas, preocupando-se em gerar mudança e desenvolvimento. (Bordin, 2018, p.51) No projeto de intervenção, são identificadas e analisadas as demandas, as necessidades e os desafios de determinado grupo, comunidade ou contexto social em que o profissional está inserido. Com base nessa análise, são definidos os objetivos específicos a serem alcançados e as estratégias de intervenção a serem adotadas. É importante ressaltar que o projeto de intervenção em Serviço Social é construído em consonância com os princípios éticos e políticos da profissão, como a garantia dos direitos humanos, a promoção da justiça social, a valorização da diversidade e a participação ativa das pessoas envolvidas. Assim, um projeto de intervenção pode ser definido como um conjunto de atividades preventivas, elaboradas com base em objetivos definidos e implementadas em um determinado tempo e contexto, com fundamentação teórica e metodológica bem definida, dirigida a enfrentar um fenômeno social num território específico. Visa, ainda, ao acompanhamento e à avaliação que possibilitem a construção de conhecimentos, a produção de novas tecnologias e intervenções sobre a temática. (Bordin, 2018, p.51) As ações desenvolvidas no projeto de intervenção podem variar de acordo com a natureza da problemática a ser enfrentada bem como com as habilidades e os recursos disponíveis. Podem incluir atividades como acolhimento e orientação, visitas domiciliares, entrevistas, encaminhamentos, oficinas, grupos de reflexão, mobilização comunitária, articulação com outras instituições, entre outras. A avaliação e o monitoramento das ações também são importantes no projeto de intervenção, pois permitem a avaliação dos resultados alcançados, a identificação de ajustes necessários e a aprendizagem ao longo do processo. TEMA 2 – CAMPO DE ESTÁGIO E OS USUÁRIOS DOS SERVIÇOS No tópico anterior, entendemos a diferença entre o projeto de intervenção e o projeto de pesquisa, certo? Agora, vamos compreender um pouco mais sobre os principais objetivos para se construir um projeto de intervenção no seu campo de estágio. Convidamos você neste momento a refletir sobre o seu campo de estágio. Onde você está inserido? Em uma instituição de acolhimento? Em um Centro Especializado de Assistência Social? No Ministério Público? Ou em um campo de estágio que trabalha com medidas socioeducativas? Percebe que os campos de estágio variam, mas o trabalho do assistente social, nos múltiplos campos de atuação, está vinculado aos interesses dos usuários que acessam os serviços? O objetivo principal de se construir um projeto de intervenção é direcionar as políticas públicas paraatender de forma efetiva aos usuários dos serviços. A intervenção busca assegurar que as demandas, necessidades e direitos desses usuários sejam reconhecidos e contemplados nas políticas públicas. (Lassance, 2022, p.10) Nesse sentido, o projeto busca promover uma mudança estrutural nos campos de estágio e nas práticas profissionais do Serviço Social, visando priorizar o público-alvo central: os usuários dos serviços. Afinal, são eles que enfrentam diversas vulnerabilidades e dificuldades sociais e são os principais beneficiados quando as políticas públicas se voltam especificamente para as suas necessidades. Frequentemente, os usuários dos serviços são indivíduos em situação de vulnerabilidade ou que enfrentam dificuldades sociais, e é essencial que o projeto de intervenção esteja alinhado às suas necessidades, garantindo acesso a direitos básicos e promovendo uma maior qualidade de vida. A intervenção no campo de estágio com foco no usuário das políticas públicas é uma abordagem essencial para promover melhorias e garantir que estas atendam efetivamente às necessidades da população. Essa intervenção visa buscar soluções que estejam alinhadas com as demandas e realidades dos usuários, levando em consideração seus direitos, experiências e perspectivas. É importante ressaltar que, embora o público-alvo direto de um projeto de intervenção em Serviço Social possa ser os profissionais que atuam no campo de estágio, é fundamental entender que o objetivo principal é sempre centrado nos usuários dos serviços. Ao capacitar e sensibilizar os profissionais, desenvolvendo protocolos de atuação e promovendo uma reflexão sobre suas práticas, o intuito é melhorar o atendimento e a qualidade de vida dos usuários atendidos por eles. Ao direcionar ações para os profissionais, o projeto de intervenção busca gerar um impacto indireto e positivo nos usuários dos serviços. Afinal, são os usuários que têm suas necessidades atendidas e suas demandas consideradas quando os profissionais estão preparados e conscientes de sua importância e papel na promoção do bem-estar social. Dessa forma, mesmo que inicialmente o projeto de intervenção se concentre nos profissionais, é preciso manter o usuário como figura central em todo o processo. Assim, a intervenção no campo de estágio com foco no usuário das políticas públicas busca assegurar que estas sejam desenvolvidas de forma mais participativa, inclusiva e direcionada às reais necessidades da população. Essa abordagem potencializa o impacto das ações implementadas, promove o empoderamento dos usuários e contribui para a construção de uma sociedade mais justa e equitativa. TEMA 3 – INTERVENÇÃO PROFISSIONAL: TEORIA MARXISTA A intervenção profissional do assistente social, vinculada com a teoria marxista, adquire uma perspectiva crítica e transformadora. Elaborada por Karl Marx, essa teoria busca compreender as relações sociais e analisar as estruturas de poder e exploração presentes na sociedade capitalista. Ao aplicá-la na prática profissional, o assistente social busca não apenas atender às demandas imediatas dos indivíduos, mas também compreender as causas estruturais que geram as desigualdades e injustiças sociais (Netto, 1989). Embasada na teoria marxista, busca promover a transformação social por meio da análise das relações de classe e das condições de trabalho e de vida da população. Esse enfoque crítico permite ao assistente social identificar as contradições e desigualdades do sistema capitalista e criar estratégias de intervenção que tenham como objetivo a superação dessas questões estruturais. A partir da perspectiva marxista, o assistente social compreende que as demandas individuais são influenciadas e determinadas pelo contexto social e econômico em que as pessoas estão inseridas. Por isso, sua intervenção profissional vai além da assistência individualizada, buscando promover mudanças nas políticas e nas práticas sociais, visando à garantia de direitos, à redistribuição de recursos e à construção de uma sociedade mais justa e igualitária. (Netto, 2011, p.18) A teoria marxista exerce uma influência significativa na prática do assistente social no contexto das políticas públicas. Essa teoria proporciona uma base crítica sólida para a análise das políticas, permitindo ao assistente social identificar as bases econômicas e ideológicas que estão por trás das decisões políticas e seus impactos na reprodução das desigualdades sociais. Ao adotar uma abordagem marxista em seu exercício profissional, o assistente social torna-se capaz de compreender o contexto social, político e econômico no qual tais políticas estão inseridas. Isso inclui identificar como os interesses da classe dominante influenciam a formulação e implementação dessas políticas bem como compreender como elas podem perpetuar ou até mesmo ampliar as desigualdades existentes na sociedade. Por meio da análise crítica embasada na teoria marxista, o assistente social pode identificar como as políticas públicas podem ser utilizadas como ferramentas de controle e manutenção do status quo, privilegiando determinados grupos e reforçando as estruturas de opressão existentes. Essa perspectiva crítica oferece a oportunidade de problematizar as políticas vigentes, questionar suas intenções e impactos e buscar alternativas mais justas e igualitárias. Com base nessa reflexão crítica, o assistente social pode desenvolver estratégias de intervenção que visem modificar as políticas públicas, reivindicando a participação popular no processo decisório, ampliando o acesso aos direitos sociais e promovendo a igualdade social. A teoria marxista, assim, se apresenta como uma ferramenta analítica poderosa para guiar a prática do assistente social na área da política pública, buscando transformações estruturais e a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Para tanto no desenvolvimento do pré-projeto de intervenção e na construção do diário do campo é importante considerar a relevância e aplicação prática da teoria social crítica baseada em Marx. Essa abordagem crítica possibilita uma análise mais profunda das condições estruturais que impactam a vida dos usuários dos serviços sociais, como questões de classe, gênero, raça, dentre outras. Compreender essas dinâmicas é fundamental para promover uma intervenção social mais efetiva e contextualizada, que vá além do tratamento dos problemas individuais, buscando abordar também as causas estruturais dessas questões sociais. (Simionatto, 2018. p.87) Ao incorporar a teoria social crítica no pré-projeto de intervenção, o aluno estará embasando suas ações em uma perspectiva que reconheça a necessidade de transformações sociais e da superação das desigualdades. Isso implica considerar a intersecção de diferentes opressões e discriminações bem como a importância de fortalecer a participação e o protagonismo dos usuários dos serviços na busca por seus direitos. TEMA 4 – PROBLEMATIZANDO O PRÉ-PROJETO DE INTERVENÇÃO O projeto de intervenção é uma ferramenta fundamental no exercício profissional, pois visa propor ações e estratégias para solucionar problemas identificados no cotidiano profissional. Nessa fase do pré-projeto de intervenção, é importante problematizar as abordagens, levando em consideração alguns aspectos. Para problematizar um fenômeno social é necessário analisar para além da demanda posta. “Tal observação permitirá aos alunos identificar dificuldades, carências, discrepâncias, de várias ordens, que serão transformadas em problemas, ou seja, serão problematizadas” (Queiroz, 2013, p.166). Primeiramente, é necessário refletir sobre qual problema você deseja intervir no campo de estágio. Por exemplo, se o seu campo de estágio é uma unidade básica de saúde, e em sua análise você identifica que essa unidade vem atendendo um número preocupantede gravidez na adolescência, o seu problema central são as adolescentes grávidas, porém por trás desse tema existe um arcabouço de expressões da questão social que fomentam e fazem a manutenção para que meninas na adolescência enfrentam uma gravidez. Com base no exemplo acima, o aluno deve imprimir a dimensão investigativa, entendendo o contexto do território, a luta de classes, as injustiças sociais daquele território, abordar os problemas biológicos, físicos e psicológicos em torno de uma gravidez na adolescência, buscando por legislações, equipamentos e políticas públicas que deveriam proteger essas adolescentes, identificando, inclusive, qual a capacidade dessa unidade básica de lidar com essa demanda. É por meio da dimensão investigativa, que estudamos na aula 2, que o aluno elabora a problematização do seu pré-projeto de intervenção refletindo sobre os fatores que ocasionam e até mesmo mantêm o fenômeno gravidez na adolescência. Além disso, é preciso considerar que o pré-projeto de intervenção pode ser uma abordagem verticalizada e impositiva, em que as soluções são definidas por profissionais e especialistas, sem considerar a participação ativa da comunidade envolvida. Essa falta de diálogo e escuta pode gerar resistência e falta de adesão por parte dos beneficiários, comprometendo os resultados almejados. “Quando um problema não é adequadamente formulado, pode haver uma interpretação distorcida da situação que é o objeto de atenção e, consequentemente, tomada de decisões equivocadas” (Queiroz, 2013, p.173). Diante das problematizações, é importante buscar alternativas que tornem o pré- projeto de intervenção mais efetivo e participativo. Uma opção é fortalecer a participação e o protagonismo da comunidade, envolvendo-a na identificação dos problemas e na definição das estratégias de intervenção. Dessa forma, as ações terão mais adesão e maior chance de sucesso. Queiroz, em seu livro Formação e gestão de políticas públicas, elabora propostas para que o aluno consiga desenvolver a problematização no projeto de intervenção. Na fase do pré-projeto de intervenção, após delimitar o problema em que deseja intervir, o aluno entra na fase da teorização. Esta é a etapa do estudo, da investigação propriamente dita. Os alunos se organizam tecnicamente para buscar as informações que necessitam sobre o problema, onde quer que elas se encontrem, dentro de cada ponto-chave já definido. Vão à biblioteca buscar livros, revistas especializadas, pesquisas já realizadas, jornais, atas de congressos etc.; vão consultar especialistas sobre o assunto; vão observar o fenômeno ocorrendo; aplicam questionários para obter informações de várias ordens (quantitativas ou qualitativas); assistem palestras e aulas quando oportunas etc. (Queiroz, 2013, p. 171) Nessa perspectiva, problematizar é o ato de teorizar, fundamentar e argumentar sobre o problema posto. É por meio da investigação que o aluno qualifica sua problematização defendendo e negociando com a instituição em que faz estágio que o problema existe, é estrutural, sistemático e que impacta a qualidade de vida dos usuários em alguma perspectiva. Problematizar também significa refletir sobre as demandas sociais do território, dos usuários e articular soluções junto à instituição visando sempre à defesa e garantia de direitos da classe trabalhadora. Em resumo, o projeto de intervenção é uma ferramenta valiosa para promover transformações e solucionar problemas em diferentes áreas. No entanto, é necessário problematizar essa abordagem, levando em consideração aspectos como a efetividade das ações, os limites da atuação, as condições da instituição que oferta os serviços, o contexto social da demanda a ser problematizada, os aspectos históricos, econômicos e culturais sobre o problema, a participação da comunidade e a sustentabilidade das intervenções. É crucial promover uma reflexão crítica sobre o problema do pré-projeto de intervenção, possibilitando o surgimento de novas ideias e abordagens para enfrentar os desafios encontrados. Por isso, ao elaborar o seu pré-projeto de intervenção reflita sobre o problema central em que deseja intervir e em seguida execute uma investigação crítica sobre o contexto social em que esse problema foi estabelecido, como ele se comporta e se configura nessa dinâmica de relação de poderes que impacta a dinâmica social. TEMA 5 – JUSTIFICANDO O PRÉ-PROJETO DE INTERVENÇÃO: ARGUMENTOS E OBJETIVOS 5.1. Justificativa e argumentações Justificar um pré-projeto de intervenção é fundamental para apresentar os argumentos e objetivos que embasam a proposta e demonstram a relevância e viabilidade da intervenção a ser realizada. Nesse sentido, é necessário oferecer uma fundamentação sólida e coerente, que evidencie a necessidade da intervenção e seus potenciais benefícios. Primeiramente, é importante apresentar os argumentos que sustentam a intervenção proposta. Isso pode ser feito por meio de dados estatísticos, estudos científicos ou relatos de experiências anteriores. Esses argumentos servem para embasar a importância da ação a ser realizada, mostrando que há um problema a ser enfrentado e que a intervenção é uma forma efetiva de solucioná-lo ou minimizá-lo. (Lassance, 2022, p. 37). Ao justificar o pré-projeto de intervenção, é importante também citar como o problema afeta as pessoas ou a comunidade envolvida, destacando a importância de buscar alternativas para superá-lo. Isso contribui para demonstrar a relevância social da intervenção e despertar o interesse e o apoio de possíveis colaboradores ou financiadores. Existem algumas maneiras de justificar um projeto de intervenção, por exemplo, a identificação de necessidades. Essa identificação é importante para demonstrar no projeto que existe uma demanda ou necessidade real a ser atendida. Isso pode ser feito por meio de dados estatísticos, estudos de caso, pesquisas ou levantamentos de campo que evidenciem a existência de um problema social ou uma lacuna nas políticas públicas (Giehl, 2015). Outro ponto relevante é a fundamentação teórica, que é crucial para embasar o projeto e proporcionar uma compreensão aprofundada do fenômeno abordado. Ao citar teorias, conceitos e estudos relacionados ao tema, é possível demonstrar a relevância do projeto e seu alinhamento com a área de conhecimento (Giehl, 2015). De outra perspectiva, para argumentar e justificar o seu pré-projeto de intervenção, a análise de conjuntura é uma importante ferramenta, pois um projeto de intervenção deve apresentar um diagnóstico claro sobre a situação a ser abordada. Isso envolve descrever detalhadamente o contexto em que o projeto será implementado, identificando as causas, consequências e as principais pessoas ou grupos afetados. Essa análise serve para embasar as ações propostas e mostrar a necessidade de intervenção (Giehl, 2015). Ao definir objetivos e metas claras para o projeto de intervenção, é possível justificar sua relevância e necessidade. “Os objetivos devem estar alinhados com as demandas identificadas e demonstrar como o projeto contribuirá para superar as situações problemáticas” (Giehl, 2015, p. 113). As metas, por sua vez, servem para estabelecer indicadores de avaliação e mensuração do impacto do projeto. Por fim, não menos importante, é fundamental destacar os benefícios e impactos positivos que o projeto de intervenção pode trazer para o público-alvo, a comunidade e a sociedade em geral. Isso demonstra a importância de implementar as ações propostas e construir argumentos sólidos para justificar o projeto. 5.2. Objetivo geral e os objetos específicos Para construir o objetivo geral e os objetivos específicos de um projeto de intervenção, é importante seguir alguns passos que garantam a clareza e a coerência das metas a serem alcançadas. Além disso, é necessáriodefinir os objetivos da intervenção, ou seja, o que se pretende alcançar com ela. Esses objetivos devem ser claros, específicos e mensuráveis, de forma a permitir a avaliação posterior dos resultados obtidos. “A elaboração do projeto começa como uma investigação guiada por perguntas e, se preciso, por algumas premissas – por exemplo, sobre objetivos e valores” (Giehl, 2015, p. 132). O objetivo geral representa a meta ampla e abrangente do projeto de intervenção. É uma peça fundamental deste, pois define a direção e o propósito da ação a ser executada. Ele representa o resultado desejado que se pretende alcançar ao fim do projeto e serve como um guia para todas as etapas e atividades desenvolvidas. O objetivo geral também facilita o processo de avaliação e monitoramento do projeto. Ao ter um resultado claramente definido, torna-se mais fácil verificar se as ações estão sendo efetivas, identificar possíveis desvios e fazer os ajustes necessários. É importante ressaltar que o objetivo geral deve ser realista e alcançável, levando em consideração as capacidades e os recursos disponíveis. Ele deve ser específico o suficiente para orientar a ação, mas também flexível o bastante para permitir adaptações ao longo do projeto, caso necessário. (Giehl, 2015, p. 114) Ele deve expressar de forma sucinta e clara o resultado esperado ao fim da intervenção. Para construir o objetivo geral, é necessário considerar a situação problemática identificada e definir o impacto positivo que se busca atingir. Deve ser formulado de maneira direta, indicando o que se pretende alcançar com a implementação das ações propostas no projeto. Além do objetivo geral, os objetivos específicos desempenham um papel fundamental no projeto de intervenção. Enquanto o objetivo geral fornece a direção principal do projeto, os objetivos específicos desdobram esse resultado final em etapas menores e mais tangíveis. “Os objetivos específicos representam as metas intermediárias que, quando alcançadas, contribuirão para o alcance do objetivo geral. Eles devem ser claros, mensuráveis e relacionados às ações planejadas no projeto de intervenção” (Giehl, 2015, p.116). É importante que os objetivos específicos sejam realistas e alcançáveis, considerando os recursos disponíveis e o tempo previsto para a intervenção. É importante ressaltar que os objetivos específicos devem estar alinhados com a realidade local, levando em conta as particularidades do público-alvo e as especificidades da intervenção proposta. No planejamento e execução de qualquer projeto, é comum estabelecermos objetivos que esperamos alcançar ao final. No entanto, é importante reconhecer que, ao longo do percurso, podem surgir circunstâncias imprevistas ou informações atualizadas que nos levam a reavaliar e ajustar esses objetivos. Essa flexibilidade é fundamental para garantir a efetividade da intervenção. Quando nos mantemos rigidamente focados em objetivos estabelecidos no início do projeto, corremos o risco de seguir um caminho que não mais se alinha às necessidades e realidades do momento. Isso pode comprometer a eficiência da ação, levando-nos a dedicar recursos e esforços em direções que já não são mais relevantes ou producentes. Portanto, uma abordagem mais dinâmica e adaptativa é necessária. Ao longo do projeto, é importante realizar avaliações periódicas para verificar se os objetivos ainda são coerentes com a situação atual. Se necessário, devem ser realizados ajustes ou até mesmo a definição de novos objetivos que se alinhem melhor com os desafios e as oportunidades surgidos durante o processo. NA PRÁTICA Chegou o momento de colocarmos em prática todo o aprendizado adquirido com a abordagem da intervenção profissional sob a perspectiva da teoria marxista. Vamos organizar e sistematizar o nosso pré-projeto de intervenção, revisando cada etapa e fazendo os ajustes necessários para aprimorá-lo. Primeiramente, vamos relembrar que o objetivo geral do pré-projeto sempre foi buscar promover transformações sociais e combater as desigualdades estruturais presentes na sociedade. Para isso, é importante argumentar e problematizar de maneira crítica e propositiva. Em seguida, aprimoramos o diário de campo com os subsídios desta etapa. Problematizar, argumentar e refletir criticamente sobre as atividades no cotidiano de estágio trará um suporte qualitativo para a construção do seu diário de campo. Desafie-se a aplicar com excelência tudo o que aprendemos até agora. Mãos à obra! FINALIZANDO Nesta etapa, aprendemos alguns elementos que embasam a reflexão crítica na construção do diário de campo e do pré-projeto de intervenção. Também apresentamos bases fundamentadas para facilitar o processo de construção da sua ação interventiva na realidade do seu campo de estágio. Agora é com você! REFERÊNCIAS BORDIN, É. B. Planejamento em serviço social. Curitiba: InterSaberes, 2018. GIEHL, P. R. et al. Elaboração de projetos sociais. Curitiba: InterSaberes, 2015. LASSANCE, A. Como elaborar projetos de intervenção para a implementação de políticas públicas? Texto para discussão (TD) da Diretoria de Estudos Internacionais (Dinte). Brasília: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, 2022. NETTO, J. P. O serviço social e a tradição marxista. Serviço Social & Sociedade, ano 10, n. 30, p. 89-102, maio/ago. 1989. NETTO, J. P. Introdução ao estudo do método de Marx. São Paulo: Expressão Popular, 2011 QUEIROZ, R. B. Formação e gestão de políticas públicas. Curitiba: InterSaberes, 2012. (Série Gestão Pública) SIMIONATTO, I. As abordagens marxistas no estudo dos fundamentos no Serviço Social. In: GUERRA, Y.; LEWGOY, A. M. B. et al. (Org.). Serviço social e seus fundamentos: conhecimento e crítica. Campinas: Papel Social, 2018, v. 1, p. 85-114.