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ESTÁGIO SUPERVISIONADO – PRÉ-PROJETO DE INTERVENÇÃO AULA 6 Profª Aline Aparecida da Cunha de Brito CONVERSA INICIAL A concretização do pré-projeto de intervenção e a efetiva consolidação do diário de campo são indicativos de um processo educacional forte e robusto. Sua efetivação e construção sólida são pontes significativas para uma compreensão clara dos contextos sociocupacionais e são os pilares para a construção eficiente de uma intervenção. De acordo com o Regulamento de Estágio da Uninter (2022), a montagem do projeto de intervenção é uma jornada dividida em etapas. Atualmente, nosso foco reside em entender meticulosamente todas as peças que compõem o pré- projeto e que servem como direcionamento para a produção do diário de campo fundamentado. O pré-projeto é estruturado em uma série de elementos essenciais: o tema, a caracterização da realidade institucional, a pergunta problema, a problematização, a justificativa, os objetivos gerais e específicos, o público-alvo e o cronograma. Ademais, o diário de campo se estabelece por meio da descrição detalhada das atividades, dos objetivos elencados e da sua respectiva avaliação. Desta forma, para tornar-se competente em sua prática, o estudante deve buscar total sinergia com os componentes, habilidades e competências que são primordiais nos ambientes sociocupacionais, no processo de estágio e enquanto ferramenta para a construção de uma intervenção sólida e eficaz. TEMA 1 – TEMA E CARACTERIZAÇÃO DA REALIDADE INSTITUCIONAL 1.2 Tema A delimitação do tema em um projeto de intervenção em Serviço Social é fundamental para o direcionamento da iniciativa. Ela orienta o foco de trabalho do profissional, evitando dispersões e garantindo que os recursos sejam utilizados de maneira otimizada para atender as necessidades específicas da comunidade ou grupo em questão. O tema delimitado permite uma melhor estruturação do projeto de intervenção, afinal, a partir daí é possível definir os objetivos, a metodologia a ser aplicada, o público-alvo e as possíveis avaliações a serem realizadas. Além disso, a delimitação do tema possibilita a realização de um diagnóstico mais preciso da situação a ser transformada. Por exemplo, se sua intervenção for num campo de estágio que atua com a política pública da saúde, o tema deverá ser o recorte dentro dessa política, qual a intenção do seu projeto dentro da política de saúde? Com isso, atuando dentro da política pública seu projeto de intervenção pode ser delimitado especificamente para intervir com pessoas em situação de dependência química, por exemplo. Ainda trabalha com a política de saúde, mas delimita o tema para algo mais específico. Com a identificação clara do problema, os profissionais de Serviço Social conseguem elaborar soluções mais acertadas e eficazes. É como se o projeto de intervenção se transformasse em uma bússola, que aponta o caminho a ser seguido para alcançar os objetivos. Concluindo, a delimitação do tema em um projeto de intervenção é de suma importância, pois é o ponto de partida para qualquer ação nessa área. Além de guiar as ações dos profissionais, proporciona uma visão clara de onde se quer chegar, como fazer e quais ferramentas serão necessárias para tal. 1.2 Caracterização da realidade institucional No campo de caracterização da realidade institucional espera-se que o aluno possa descrever o contexto histórico da instituição em que faz o seu estágio. Espera-se que o aluno possa investigar a história da instituição, por exemplo, em que ano a instituição foi fundada? Quais os objetivos da instituição? Quais políticas públicas essa instituição trabalha? Em que momento o Serviço Social se inseriu nesse espaço? Estes e outros questionamentos induzem o aluno a descrever todo o caminho histórico da instituição até o atual momento. A instituição em que você realiza o seu estágio possui uma história rica e significativa que remonta ao seu ano de fundação. Desde então, a instituição tem se dedicado a alcançar seus objetivos e fortalecer sua atuação no contexto social. Os objetivos da instituição são variados, mas geralmente incluem o desenvolvimento social, a promoção da igualdade de oportunidades e a melhoria da qualidade de vida da população atendida. Com relação às políticas públicas, a instituição trabalha de forma alinhada com diversas delas, buscando implementar ações que estejam em consonância com as diretrizes governamentais e as demandas sociais do momento. Isso pode englobar ações relacionadas à saúde, educação, assistência social, cultura, entre outros. Foi em determinado momento da história dessa instituição que o Serviço Social encontrou o seu espaço, buscando contribuir de forma significativa no desenvolvimento de atividades e projetos que promovessem o fomento às políticas públicas de defesa e garantia de direitos sociais. A inserção do Serviço Social na instituição foi marcada por desafios e conquistas e, desde então, tem desempenhado um papel fundamental na construção de políticas e práticas que buscam a transformação social e a garantia dos direitos humanos. Essas informações devem constar na caracterização da realidade institucional, bem como as relações de poderes presentes no campo de estágio, os profissionais que compõem esse quadro, as demandas que a instituição atua, entre outras características. Para descrever essa história, é importante realizar uma pesquisa minuciosa, buscando documentos, relatos e registros que possam ilustrar os momentos-chave da trajetória da instituição. Além disso, é interessante entrevistar pessoas envolvidas com a instituição há mais tempo, como funcionários e colaboradores, para obter informações valiosas sobre o percurso histórico. TEMA 2 – PERGUNTA PROBLEMA E PROBLEMATIZAÇÃO A utilização da pesquisa como ferramenta para obter um conhecimento aprofundado da realidade de trabalho do assistente social é uma questão amplamente discutida, como ressaltado por Rezende (1994). A pesquisa desempenha um papel fundamental ao desvendar as diversas relações presentes na prática profissional e contribuir para uma atuação consistente. É imprescindível que essa pesquisa se baseie em dados confiáveis e seja conduzida de forma crítica e reflexiva. No contexto da construção de um projeto de intervenção, o estagiário deve utilizar os dados coletados em seu campo de estágio e recorrer às informações contidas nos instrumentos disponibilizados pelo assistente social. Essas informações são imprescindíveis para embasar a definição da ação a ser proposta no projeto. Nesse sentido, é essencial que haja um diálogo constante entre o estagiário, o supervisor de campo e o supervisor acadêmico. Esse diálogo possibilita uma análise crítica da realidade encontrada, contribuindo para a clareza na definição da ação a ser realizada. No campo problematização espera-se que o aluno possa embasar todo o contexto problema apresentado no campo de estágio, em articulação com o objetivo geral do projeto de intervenção. O contexto de estágio apresenta um problema relevante que demanda uma intervenção efetiva. Para embasar o problema, é necessário analisar profundamente o cenário em que a instituição está inserida, considerando aspectos sociais, econômicos, culturais e políticos. Dessa forma, é possível compreender as diversas dimensões que influenciam a problemática em questão. Traduzir a problematização de forma efetiva e articulada requer uma compreensão aguçada da questão social em jogo. Nesse sentido, o problema identificado deve ser apresentado como um elemento central, ou seja, a expressão direta da questão social. Uma vez identificado o problema, é importante estabelecer uma conexão clara com o objetivo geral do projeto de intervenção. Esta visa promover mudanças positivas e buscar soluçõespara as dificuldades enfrentadas pelos usuários da instituição. Uma estratégia interessante para deixar claro o problema e o propósito da intervenção é formular uma pergunta problema. Por exemplo: Qual é o impacto da falta de acesso a determinados serviços na vida dos usuários? Essa pergunta estimula a reflexão a respeito das consequências e desafios enfrentados pelos indivíduos que têm suas necessidades não atendidas. A partir da problematização, o aluno terá uma base sólida para estabelecer estratégias de intervenção coerentes e eficazes, capazes de enfrentar o problema identificado. Essas estratégias podem envolver a criação de programas e projetos, o fortalecimento de parcerias, a mobilização da comunidade, entre outras ações pertinentes. TEMA 3 – JUSTIFICATIVA A justificativa para a intervenção proposta no projeto é fundamentada na importância e relevância que ela possui para os usuários, a instituição, o Serviço Social e a comunidade em geral. É fundamental embasar de maneira sólida os motivos pelos quais essa intervenção é necessária e os impactos positivos que ela pode trazer. Em relação aos usuários, a intervenção visa atender às suas necessidades e demandas, buscando proporcionar melhorias em sua qualidade de vida, bem-estar e garantia de direitos sociais. Ao promover ações que levem em consideração suas particularidades e contextos, busca-se fortalecer sua autonomia, resgatar sua dignidade e ampliar suas oportunidades de inclusão e participação social. Do ponto de vista da instituição, a intervenção contribui para fortalecer sua missão e objetivos, reforçando seu compromisso com a transformação social e a promoção do bem-estar dos usuários. Além disso, a implementação de projetos que contemplam a participação ativa dos usuários pode ser um diferencial para a visibilidade e reconhecimento da instituição no âmbito local e até mesmo nacional. Para o Serviço Social, a intervenção representa uma oportunidade de aplicar e colocar em prática os conhecimentos, habilidades e valores da profissão. É uma forma de exercer o compromisso ético-político do assistente social, promovendo o acesso aos direitos sociais, a justiça social e a igualdade de oportunidades para todos os indivíduos atendidos. Por fim, a intervenção também possui impacto na comunidade em geral, uma vez que as ações realizadas podem gerar transformações que vão além dos usuários diretos. Possibilita o fortalecimento do tecido social, o engajamento comunitário e a construção de redes de apoio e solidariedade, contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva. É possível abordar também os desafios e obstáculos que podem surgir durante a intervenção, demonstrando a importância de superá-los e a necessidade de engajamento e trabalho conjunto para alcançar os objetivos propostos. TEMA 4 – OBJETIVOS, PÚBLICO-ALVO E CRONOGRAMA 4.1 Objetivos: geral e específicos Um projeto de intervenção, em qualquer área de atuação, possui uma estruturação objetiva que se baseia, em grande parte, na formulação dos objetivos. Esses objetivos são normalmente divididos em geral e específicos, cada um com suas peculiaridades e propósitos. O objetivo geral descreve de maneira ampla o que se espera alcançar com a realização do projeto. Trata-se da intencionalidade principal, do grande propósito que motiva todas as ações que serão realizadas. Este é geralmente um enunciado mais abstrato e global que expressa o escopo geral do projeto. Por exemplo, se o foco for um projeto de intervenção com foco na educação alimentar, o objetivo geral poderia ser: "Promover a educação alimentar para crianças de escolas públicas na região X". Por outro lado, os objetivos específicos são mais detalhados e concretos, desdobramentos do objetivo geral. São as intenções menores que, juntas, ajudam a alcançar o propósito central do projeto. Eles devem ser concretos, mensuráveis e delimitados no tempo. Seguindo o exemplo anterior, um objetivo específico poderia ser: “Apresentar informações sobre a alimentação saudável para crianças e adolescentes”. Enquanto o objetivo geral dá uma visão mais abrangente e global das metas do projeto, os objetivos específicos delimitam as ações práticas que serão realizadas para se alcançar essa meta. Ambos são fundamentais para a estruturação de um projeto de intervenção efetivo e de sucesso. No campo Objetivos, é essencial que o aluno faça uma reflexão sobre as ações concretas que pretende realizar para alcançar seus objetivos propostos. Essa etapa é fundamental para a definição de um plano de ação efetivo. Por exemplo, se o objetivo geral é “conscientizar os pacientes sobre o processo de cuidado durante o processo de reabilitação”, o aluno precisa pensar cuidadosamente na melhor forma de transmitir essa informação. Um dos objetivos específicos poderia “promover acesso a informações sobre o processo de reabilitação”, desenvolvendo uma cartilha informativa, que poderia ser distribuída aos pacientes e suas famílias. Essa cartilha poderia conter ilustrações explicativas, dicas práticas e informações relevantes para auxiliar no processo de reabilitação. Outro objetivo específico é “viabilizar acesso a informações sobre o processo de reabilitação de maneira prática” com a realização de palestras educativas, em que o aluno poderia compartilhar seu conhecimento com um grupo de pacientes e esclarecer suas dúvidas. Essa interação direta proporciona uma troca de informações mais personalizada e permitiria um maior engajamento por parte dos pacientes. Cabe ressaltar que a escolha da ação a ser desenvolvida depende das características da população-alvo, dos recursos disponíveis e do contexto em que o trabalho será realizado. Portanto, é importante que o aluno leve em consideração esses aspectos ao definir suas atividades para alcançar seus objetivos. Os objetivos de um projeto de intervenção, seja ele em Serviço Social ou em qualquer outra área, geralmente começam com um verbo no infinitivo que indica ação. A escolha do verbo dependerá da natureza do projeto e das intenções específicas que se pretende alcançar. Por exemplo, se o objetivo do projeto for melhorar a qualidade de vida dos idosos em uma comunidade específica, o verbo que poderia iniciar o objetivo poderia ser "promover" (promover atividades físicas e sociais para melhorar a saúde e a interação social dos idosos na comunidade X). Se a intenção é acabar com o lixo em uma área verde, o verbo poderia ser "eliminar" (eliminar o acúmulo de lixo na área verde Y através de campanhas de conscientização e mobilização comunitária). Com isso, veremos que a escolha do verbo é extremamente importante e deve refletir a especificidade das ações que serão realizadas para atingir o objetivo. É importante que esse verbo indique ação, movimento e que esteja ligado diretamente às atividades que serão desenvolvidas no projeto. 4.2 Público-alvo A definição de um público-alvo é de extrema importância para o desenvolvimento de um projeto de intervenção em Serviço Social. Ao estabelecer quem são as pessoas ou grupos que serão diretamente beneficiados pela intervenção, é possível direcionar de forma mais efetiva as ações, estratégias e recursos disponíveis. Ao identificar e compreender as características e necessidades do público-alvo, o aluno pode elaborar um projeto de intervenção que seja mais adequado e assertivo. Isso permite uma maior precisão na definição dos objetivos, atividades e metodologias a serem utilizadas, garantindo que as ações sejam realmente direcionadas para as demandas específicas desse grupo. Além disso, a definição do público-alvo também é importante para a obtenção de dados e informações relevantes que irão embasar o projeto de intervenção. Por meio de pesquisas, entrevistas e estudos específicos, é possível coletar informaçõessocioeconômicas, demográficas e culturais que serão fundamentais para a compreensão da realidade vivenciada por esse grupo e para a identificação das principais questões e desafios enfrentados. É importante considerar as particularidades e diversidades dentro do público-alvo, ressaltando a necessidade de análise e atenção às diferenças e desigualdades que podem existir dentro desse grupo. Destaque a importância da participação ativa do público-alvo no processo de construção e implementação do projeto de intervenção, enfatizando a importância de ouvir suas opiniões, necessidades e demandas, a fim de promover uma intervenção mais humanizada e empoderadora. Dessa forma, ao estabelecer um público-alvo claro e específico, o pré- projeto de intervenção ganha direcionamento e foco, possibilitando uma atuação mais efetiva e a promoção de mudanças sociais significativas. 4.3 Cronograma Desempenha um papel fundamental no desenvolvimento de um pré- projeto de intervenção em Serviço Social. Ele consiste em uma ferramenta de planejamento que permite a organização e distribuição temporal das atividades e etapas do projeto, garantindo a sua viabilidade e efetividade. Um cronograma bem estruturado possibilita que os profissionais envolvidos no projeto tenham uma visão clara e precisa das atividades que devem ser realizadas e dos prazos estabelecidos. Isso ajuda a evitar atrasos e desperdícios de tempo, facilitando a execução das ações de forma mais eficiente e dentro dos recursos disponíveis. Além disso, o cronograma também auxilia na definição de prioridades, permitindo que as atividades sejam organizadas de acordo com sua importância e urgência. Isso contribui para garantir que as ações mais relevantes sejam realizadas dentro dos prazos estipulados, evitando que aspectos cruciais do projeto sejam negligenciados. Outro ponto importante é que o cronograma possibilita o monitoramento e acompanhamento do progresso do projeto. Por meio da atualização e revisão periódica do cronograma, é possível verificar se as atividades estão sendo executadas de acordo com o planejado e se os prazos estão sendo cumpridos. Caso seja necessário, ajustes podem ser feitos para garantir que o projeto siga o seu curso adequado. Dessa forma, a elaboração e utilização de um cronograma eficiente no pré-projeto de intervenção contribui para a organização, gestão e monitoramento das atividades, otimizando o uso dos recursos e favorecendo o alcance dos objetivos propostos. O cronograma também é importante como ferramenta de comunicação e coordenação entre os profissionais envolvidos no pré-projeto de intervenção, facilitando a articulação e a sincronização das atividades de diferentes equipes ou setores. TEMA 5 – DIÁRIO DE CAMPO 5.1 Diário de campo O diário de campo é um documento obrigatório no estágio e desempenha um papel fundamental no processo de aprendizagem do estagiário. De acordo com Uninter (2022), o diário deve registrar as atividades realizadas nas datas de frequência ao estágio, com o objetivo de promover o conhecimento e a compreensão das atividades desenvolvidas. Nesse sentido, é importante que o estagiário descreva os objetivos pretendidos para cada atividade, buscando explicitar suas impressões e reflexões a respeito do que foi realizado. Isso envolve identificar aspectos considerados positivos, dificuldades encontradas e outras considerações pertinentes à atividade em questão. O acompanhamento do diário de campo deve ser feito pelos supervisores acadêmicos e de campo, que desempenham um papel de apoio e orientação ao estagiário. Essa relação de supervisão é essencial para auxiliar o estagiário no entendimento das atividades, bem como para oferecer suporte às suas necessidades e dúvidas ao longo do estágio. A construção do diário de campo é uma etapa fundamental no estágio, pois permite uma análise crítica de cada atividade realizada, levando em consideração o contexto social em que estão inseridas. No campo "Objetivo", é imprescindível que o aluno descreva detalhadamente as atividades desenvolvidas, considerando não apenas as ações em si, mas também a expressão da questão social presente naquele momento. Ao formular um objetivo, é vital que ele comece com um verbo de ação. Isso é importante porque o verbo de ação define a ação que será executada para alcançar o objetivo proposto. Dito isto, ao formular um objetivo, deve-se sempre começar com um verbo de ação, indicando o curso de ação que deve ser tomado para atender às necessidades identificadas. Por exemplo, em vez de dizer "Melhora na alfabetização de crianças na comunidade X", é mais eficaz dizer "Promover a alfabetização de crianças na comunidade X". Aqui, "promover" é um verbo de ação que determina a ação a ser tomada – promover a alfabetização. É importante destacar que os verbos de ação devem estar no modo infinitivo, pois representam ações que ainda serão realizadas. Esses verbos, quando cuidadosamente escolhidos, conferem uma clareza decisiva ao objetivo e fornece uma direção de ação definitiva. Ao descrever as atividades, o aluno deve fazer uma conexão entre elas e as políticas públicas, legislações e o Projeto Ético-Político do Serviço Social. Isso envolve relacionar as ações realizadas com a Lei que regulamenta a profissão, o código de ética e outras produções teóricas de autores que embasam a prática do assistente social. Dessa forma, o aluno será capaz de desenvolver uma análise crítica, relacionando o cotidiano profissional com as atribuições e competências específicas do assistente social. É importante ressaltar que essa análise crítica contribui para o aprimoramento do aluno enquanto futuro profissional, pois proporciona uma reflexão profunda sobre o impacto de suas atividades no âmbito social. Além disso, permite que o aluno identifique possíveis lacunas nas políticas públicas, bem como desafios e possibilidades de intervenção. 5.2 Diário de campo analítico O diário de campo analítico é uma ferramenta fundamental para o estágio na Uninter, pois permite a tradução de uma parte da realidade para um contexto de interpretação científica, conforme destacado por Lassance (2022, p. 26). Esse documento é composto por três momentos distintos: descrição, objetivos e avaliação da ação realizada. Na descrição, é necessário fornecer detalhes minuciosos sobre o espaço, seguindo uma ordem cronológica dos acontecimentos. É importante descrever todas as observações relevantes de forma clara e objetiva, expressando a intencionalidade da atividade prática do campo de estágio. Por fim, na avaliação, é essencial relacionar os objetivos delineados com a ação efetivamente realizada. Nesse momento, são esclarecidas questões valorativas, éticas e ideológicas que influenciam os objetivos da futura atuação profissional. A avaliação permite uma reflexão crítica sobre a ação desenvolvida, identificando pontos fortes e aspectos a serem aprimorados. A síntese do diário de campo consiste em reunir os principais pontos da experiência vivenciada e das reflexões realizadas, apresentando uma visão global e integrada do estágio, é nesse momento que o aluno busca pela natureza científica para analisar e interpretar a relação entre a prática e a teoria, buscando embasamento para compreender o significado dos acontecimentos observados. NA PRÁTICA A construção e o acompanhamento de projeto de intervenção são habilidades essenciais para os assistentes sociais e são exigidas nos diversos espaços em que atuam profissionalmente. Para lidar com as expressões da questão social, é necessário possuir competência técnica para propor, conduzir e avaliar as intervenções realizadas por meio do planejamento das ações propostas no projeto. A construção de um projeto de intervenção envolve o conhecimento aprofundado da questão a ser trabalhada. Conformedestacado por Campos et al (2012), é fundamental obter o consentimento dos atores envolvidos no projeto, pois seu engajamento será crucial para alcançar os objetivos propostos. A efetividade do projeto está relacionada tanto à dimensão técnica, que engloba o planejamento, implementação e avaliação das ações, quanto à dimensão ética presente na proposta de intervenção. É fundamental que essa proposta esteja comprometida com as necessidades da população atendida, priorizando a promoção da justiça social e o respeito aos direitos humanos. Os projetos de intervenção devem estar inseridos em contextos mais amplos, considerando as políticas públicas, as relações de poder e as estruturas sociais que influenciam diretamente a realidade abordada. Agora convidamos você a revisitar todos os conteúdos propostos até aqui para fundamentar, embasar e construir o seu pré-projeto de intervenção e o seu diário de campo fundamentado. Sempre que necessário, revise estes conteúdos, pois elas trarão os elementos necessários para lhe conduzir de forma crítica e propositiva para a construção dos seus documentos de sistematização da prática. FINALIZANDO A construção de um projeto de intervenção exige a incorporação de vários elementos essenciais que contribuem para o efetivo alcance dos objetivos propostos. Cada um desses elementos tem uma função específica e, juntos, formam uma estrutura sólida que guia todas as ações do projeto. A definição do tema é o ponto de partida, assegurando o foco das ações. A escolha de um tema pertinente e relevante para a comunidade ou instituição garante a relevância do projeto. A caracterização da realidade institucional envolve a compreensão do contexto em que o projeto será implementado. Isso inclui a análise das características, demandas, limitações e potencialidades da instância, essencial para replanejar as ações conforme a necessidade. A formulação da pergunta problema e a problematização permitem a identificação clara do desafio que se busca superar. Ao compreender o problema em sua complexidade, é mais fácil desenvolver estratégias para solucioná-lo. O objetivo geral e os objetivos específicos são a bússola do projeto. Enquanto o objetivo geral direciona o foco de maneira mais ampla, os objetivos específicos detalham as etapas necessárias para alcançá-lo. O público-alvo é outro componente essencial, pois todos os esforços devem ser direcionados para atender as demandas desse grupo. Compreender suas características e necessidades permite a criação de estratégias mais assertivas. Por fim, o cronograma é uma ferramenta valiosa para gerenciar o tempo e garantir que todas as atividades sejam realizadas dentro dos prazos estabelecidos, além de permitir a avaliação do progresso do projeto. Em suma, a construção de um projeto de intervenção é intrincada e requer a articulação de diversos elementos em um esforço conjunto para que as metas estabelecidas sejam alcançadas de maneira eficaz. Quanto ao diário de campo, é uma ferramenta extremamente importante no processo de estágio, independentemente da área em que esse estágio está sendo realizado. Ele serve como um espaço para registrar observações, reflexões, emoções e experiências vivenciadas durante a prática profissional. Através do diário, os estagiários têm a oportunidade de documentar seus aprendizados e progressos, bem como suas dificuldades e desafios. Desde o início do estágio, o diário de campo é um aliado na organização. Ele proporciona uma visão mais clara da rotina de trabalho e das tarefas desenvolvidas. Com o passar do tempo, nota-se um registro rico e detalhado que evidencia o desenvolvimento profissional e o amadurecimento do estagiário. Além disso, as anotações constantes auxiliam na formação de uma memória reflexiva, pois incentivam a constante revisão de conceitos e posturas. Nesse sentido, o diário é um espaço de autoconhecimento e autorreflexão, impulsionando o estagiário a pensar criticamente sobre suas práticas e a buscar constantemente aprimoramento. Em última análise, o diário de campo no processo de estágio é uma narrativa única que reflete a jornada individual do aluno em seu caminho profissional. Cada entrada não só documenta um evento específico, mas também serve como um marco de aprendizado no contínuo processo de formação. REFERÊNCIAS LASSANCE, A. Como elaborar projetos de intervenção para a implementação de políticas públicas? Brasília: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), 2022. REZENDE, I. Síntese de roteiro simplificado para elaboração do projeto de intervenção. Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1994. UNINTER. Regulamento de Estágio Supervisionado em Serviço Social. Curitiba, 2016.
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