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GRADUAÇÃO CIÊNCIAS CONTÁBEIS APOSTILA CONTABILIDADE II VOTUPORANGA – SP Aulas 11 a 15 1.1 Escrituração 1.2 Conceito Escrituração é uma técnica contábil que consiste em registrar nos livros próprios (Diário, Razão, Caixa etc.) todos os acontecimentos que ocorrem na empresa e que modifiquem ou possam vir a modificar a situação patrimonial. Segundo estabelece o artigo 1.179 do Código Civil Brasileiro (Lei no 10.406/2002), todas as empresas (sejam elas caracterizadas como empresário — antiga empresa individual — ou como sociedade empresária) estão obrigadas a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva. Está dispensado da escrituração contábil, pelo Código Civil, somente o pequeno empresário. Pequeno empresário, é o empresário individual caracterizado como microempresa* que aufira receita bruta anual de até $ 60.000,00 (art. 68 da Lei Complementar no 123/2006). O controle contábil das empresas começa com a escrituração das operações no livro Diário, completando-se, depois, nos demais livros de escrituração. É por meio dos Atos e dos Fatos Administrativos que ocorre a gestão do Patrimônio das empresas, e esses acontecimentos são registrados por meio da Escrituração. Mas como escriturar esses acontecimentos? Vamos, inicialmente, estudar em que escriturar para depois aprender como efetuar tais registros. 2 LIVROS UTILIZADOS NA ESCRITURAÇÃO Dos vários livros adotados pelas empresas, vamos estudar apenas os utilizados para contabilização dos Fatos Administrativos, bem como dos Atos Administrativos relevantes (aqueles que podem provocar variações futuras no Patrimônio). Os principais livros utilizados pela Contabilidade são o Diário e o Razão. Esses dois livros são obrigatórios, conforme veremos mais adiante. A contabilidade utiliza, ainda, Livros Auxiliares que podem servir de suporte para a escrituração do Diário e do Razão. São exemplos, o Caixa, o Contas-Correntes, o Contas a Receber, o Contas a Pagar, o Registro de Duplicatas etc. Com exceção dos livros Caixa, que é obrigatório em alguns casos nte capítulo), e do Registro de Duplicatas, que é exigido pela Lei no 5.474/1968, os demais são facultativos. As empresas podem utilizar, ainda, livros exigidos pelas legislações societária, fiscal, trabalhista e previdenciária. São livros obrigatórios em decorrência da forma jurídica, do ramo de atividade ou por outro motivo definido em Lei. Alguns deles também podem ser utilizados como auxiliares do Diário e do Razão, como ocorre com o Livro de Registro de Entradas, Registro de Saídas, Registro de Inventários etc., enquanto outros, por não possuírem cunho comercial, são mantidos apenas por exigências legais, como é o caso dos livros de registro de empregados, de registro de horário de trabalho e do livro de Inspeção do Trabalho, todos exigidos pela legislação trabalhista. 2.1 Livro Diário O Diário é um livro obrigatório. Nele são lançadas, com individualização, clareza e indicação do documento comprobatório, dia a dia, por escrita direta ou reprodução, todos os acontecimentos que ocorrem na empresa e que provocam modificações no Patrimônio (Fatos Administrativos), bem como aqueles que possam vir a modificar futuramente o Patrimônio (Atos Administrativos relevantes). O uso do Diário está previsto na legislação civil (art. 1.180 do Código Civil Brasileiro (Lei no 10.406/2002), na legislação comercial (Decreto-lei no 486/1969, art. 5o), na legislação tributária (art. 258 do Regulamento do Imposto de Renda - RIR/1999) e na legislação societária (Lei no 6.404/1976). Por ser obrigatório, o Diário está sujeito às formalidades legais extrínsecas e intrínsecas exigidas para os livros de escrituração. Formalidades extrínsecas (ou externas) – dizem respeito ao livro propriamente dito, isto é, sua apresentação material. O livro Diário deve ser encadernado com folhas numeradas sequencial e tipograficamente. O empresário ou a sociedade empresária que adotar escrituração mecanizada ou eletrônica poderá substituir o Diário por conjunto de fichas ou folhas soltas, que também deverão ser numeradas tipograficamente, ou ainda por folhas contínuas que deverão ser numeradas mecânica ou tipograficamente. Os Livros, fichas, folhas soltas ou contínuas do Diário deverão conter Termos de Abertura e de Encerramento, e ser submetidos à autenticação no órgão competente do Registro do Comércio, quando se tratar de empresa civil, no Registro Civil de Pessoas Jurídicas ou no Cartório de Registro de Títulos e Documentos. Veja um modelo de Termo de Abertura: OBSERVAÇÕES: O termo de Encerramento é idêntico ao de Abertura, diferenciando-se somente no título – termo de Encerramento – e no tempo de o verbo servir, passando de “servirá” para “serviu”. Os termos de Abertura e de Encerramento devem ser apostos, respectivamente, no anverso da primeira e no verso da última ficha ou folha numerada do Diário, na mesma data e antes de iniciada a escrituração, salvo quando a escrituração for realizada em fichas ou folhas soltas ou contínuas, caso em que, sendo o Diário encadernado após a sua escrituração, os termos mencionados serão lavrados na data da autenticação. NOTA: Feitas as devidas adaptações, tanto o termo de Abertura como o de Encerramento aqui apresentados, poderão ser utilizados em outros instrumentos de Escrituração das empresas em geral. Formalidades intrínsecas (ou internas) – estão relacionadas à escrituração propriamente dita. A escrituração será completa, em idioma e moeda corrente nacionais, em forma contábil, com individuação e clareza, por ordem cronológica de dia, mês e ano, sem intervalos em branco nem entrelinhas, borrões, rasuras, emendas ou transportes para as margens. As formalidades extrínsecas e intrínsecas devem ser observadas para que o livro Diário mereça fé a favor do empresário ou da sociedade empresária. Como a vida da empresa é registrada neste livro, toda e qualquer Demonstração elaborada com base na Escrituração nele contida, será reconhecida como verdadeira, salvo se na sua escrituração não forem observadas rigorosamente as formalidades legais aqui apresentadas. O livro Diário até hoje passou pelo menos por três estágios de escrituração: Processamento manual – no princípio, toda escrituração era processada de forma manuscrita. a) Atualmente, esse processo está em desuso, embora ainda utilizado por algumas empresas de Pequeno porte, é de grande utilidade para o ensino da contabilidade; b) Processamento mecânico – neste estágio, a escrituração do Diário passou a ser feita em fichas ou em folhas soltas, as quais, posteriormente, eram copiadas por decalque em livro apropriado; c) Processamento eletrônico de dados – hoje, quase que a totalidade das empresas processam a escrituração do Diário por meio do computador, sendo que as folhas impressas são posteriormente encadernadas. A legislação tributária disciplina o uso da escrituração por meio do computador, cuidando inclusive dos critérios a serem observados quanto ao armazenamento de dados em arquivos magnéticos. É importante salientar, no entanto, que a adoção de qualquer que seja o sistema de escrituração do Diário não exclui a empresa da obediência aos requisitos intrínsecos e extrínsecos, previstos tanto na legislação civil, comercial, tributária e societária, como também nas normas brasileiras de contabilidade. As empresas que processam a escrituração por meio de fichas, folhas soltas ou contínuas, são obrigadas a adotar livro apropriado para transcrição das demonstrações contábeis. Na escrituração, é permitido o uso de códigos de números ou de abreviaturas, desde queconstem de livro próprio devidamente revestido das formalidades extrínsecas. É admitida a escrituração resumida no Diário, por totais que não excedam ao período de um mês, relativamente a contas cujas operações sejam numerosas ou realizadas fora da sede do estabelecimento, desde que utilizados livros auxiliares para registro individuado e conservados os documentos que permitam sua perfeita verificação (Decreto-Lei no 486/1969, art. 5º, § 3º). A empresa que adotar o sistema de fichas de lançamentos, poderá substituir o livro Diário pelo livro Balancetes Diários e Balanços, desde que sejam observadas as mesmas formalidades extrínsecas exigidas para o livro Diário. Visando a atender o aspecto didático do nosso curso, apresentaremos o livro Diário próprio para escrituração manual por ser o que melhor atende aos objetivos escolares. Veja o exemplo de uma folha do livro Diário adequado à escrituração manual: O Diário é o primeiro livro que deve ser escriturado; por isso, começaremos por ele, passando, posteriormente, ao registro nos demais. A escrituração do Diário é feita com base nos documentos que comprovam a ocorrência dos eventos a serem registrados. No nosso caso, para efeito didático, partiremos dos problemas formulados para Escrituração. 3 LIVRO RAZÃO O Razão é um livro de grande utilidade para a Contabilidade porque nele é registrado o movimento individualizado de todas as contas. A Escrituração do livro Razão passou a ser obrigatória a partir de 1991 (art. 14 da Lei no 8.218 de 29/8/91). Veja um exemplo de página do livro Razão, próprio para Escrituração manual: 3.1 Livro Contas-Correntes O Contas-Correntes é um livro auxiliar do livro Razão. É usado para controlar a movimentação das contas que representam Direitos e Obrigações. Utilizaremos o seguinte modelo: 3.2 Livro Caixa O livro Caixa também é auxiliar. Nele são registrados todos os Fatos Administrativos que envolvam entradas e saídas de dinheiro. É importante salientar que o livro Caixa é obrigatório para as microempresas e para as empresas de pequeno porte optantes pelo Simples (§ 2o do art. 26 da Lei Complementar no 123/2006), bem como para as empresas que optarem pela tributação do Imposto de Renda com base no lucro presumido desde que optem também pela não manutenção de escrita contábil para fins de recolhimento do Imposto de Renda (parágrafo único do art. 527 do RIR/99). Para atender ao aspecto didático do nosso curso, utilizaremos o seguinte modelo para controlar o movimento do Caixa: REFERÊNCIAS CHING, Hong Yuh; MARQUES, Fernando; PRADO, Lucilene. Contabilidade e finanças para não especialistas. 2. ed. São Paulo: Pearson, 2007. FAYOL, Henri. Administração industrial e geral: previsão, organização, comando, coordenação, controle. 10. ed. São Paulo: Atlas, 1994. MARION, José Carlos. Contabilidade básica. 6. ed. São Paulo: Atlas, 1998. MARION, José Carlos. Contabilidade empresarial. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2003. PADOVEZE, Clóvis Luís. Manual de contabilidade básica. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2000. Princípios e NBCS. Disponível em: http://portalcfc.org.br/wordpress/wp- content/uploads/2013/01/Livro_Principios-e-NBCs.pdf. Acesso em 09/11/2017. http://portalcfc.org.br/wordpress/wp-content/uploads/2013/01/Livro_Principios-e-NBCs.pdf http://portalcfc.org.br/wordpress/wp-content/uploads/2013/01/Livro_Principios-e-NBCs.pdf