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Hermínio Oliveira Medeiros Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica Unidade 1 Livro didático digital A Política Nacional de Medicamentos e a Farmacovigilância Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Diretora Editorial ANDRÉA CÉSAR PEDROSA Projeto Gráfi co MANUELA CÉSAR ARRUDA Autor HERMÍNIO OLIVEIRA MEDEIROS Desenvolvedor CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS Olá! Meu nome é Hermínio Oliveira Medeiros. Sou graduado em Farmácia (Universidade Federal de Ouro Preto, 2005) e em Sociologia (UNIP, 2018). Sou mestre em Administração em Saúde (Udelmar, 2014), pós-graduado com MBA em Gestão de Negócios (Univiçosa, 2012) e especializado em Gestão em Logística Hospitalar (FINOM, 2009), em Qualidade e Acreditação Hospitalar (FCMMG, 2014) e em Qualidade em Saúde e Segurança do Paciente pela (ENSP/FIOCRUZ, 2017). Atuo na docência de cursos superiores da saúde e na gestão de saúde pública e hospitalar. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! Autor HERMÍNIO OLIVEIRA MEDEIROS INTRODUÇÃO: para o início do desenvolvimen- to de uma nova competência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser prioriza- das para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográfi cas e links para aprofun- damento do seu conhecimento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refl etido ou discutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últimas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma ativi- dade de autoapren- dizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; Iconográfi cos Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo pro- jeto gráfi co de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: SUMÁRIO Introdução.............................................................................10 Competências......................................................................11 Política nacional de medicamentos – PNM...............12 Legislação da Política Nacional de Medicamentos......12 Relação de Medicamentos Essenciais....................................19 Reorientação da Assistência Farmacêutica.......................25 A promoção do Uso Racional de Medicamentos (URM).. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27 A Vigilância Sanitária no âmbito da Vigilância em Saúde......................................................................................31 Dimensões de atuação da Vigilância em Saúde............33 Fundamentos da Vigilância Sanitária.....................................36 Conceitos básicos da Vigilância Sanitária...........................39 Monitoramento e informação em Vigilância Sanitária........................................................................................................41 Farmacovigilância e os eventos adversos relacionados ao uso de medicamentos.....................43 Farmacovigilância e Farmacoepidemiologia....................45 Monitorização da segurança de medicamentos...........46 Farmacovigilância na prática clínica.......................................48 NOTIVISA e VIGIMED..........................................................................51 Regulamentação sanitária de medicamentos.........55 Garantia da Segurança, Eficácia e Qualidade dos Medicamentos........................................................................................57 Vigilância Sanitária: prevenção, proteção e promoção em saúde....................................................................................................59 Elaboração de Procedimentos Operacionais Padronizados...........................................................................................61 Registro de estabelecimentos e produtos........................64 Bibliografia...........................................................................68 Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica 9 UNIDADE 01 A POLÍTICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS E A FARMACOVIGILÂNCIA Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica10 Prezado aluno! Nessa unidade abordaremos a Política Nacional de Medicamentos e veremos como a mesma trouxe grandes evoluções quanto ao aceso a medicamentos no país. Porém, ao aumentar a disponibilidade a esses importantes produtos farmacêuticos fundamentais ao sucesso terapêutico, essa política trouxe consigo a necessidade de reorientar a assistência farmacêutica e promover o uso racional de medicamentos, para minimizar o risco advindo do seu uso indiscriminado que tanto acarreta danos à saúde dos usuários. Nesse contexto surge também a urgência em se garantir a qualidade dos medicamentos disponibilizados aos usuários pelo mercado para protegê-los de produtos com desvios de qualidade e fraudes através do monitoramento permanente desses itens por meio das ferramentas da Farmacovigilância. Convidamos você a desenvolver as suas habilidade e competências nessa importante ciência da saúde coletiva! INTRODUÇÃO Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica 11 Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1 – A Política Nacional de Medicamentos e a Farmacovigilância. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1. Compreender a legislação vigente referente à Política Nacional de Medicamentos no país; 2. Reconhecer a importância da Farmacoepidemiologia e Farmacovigilância na segurança do uso de medicamentos; 3. Compreender o processo de monitorização da segurança de medicamentos através da observação e notificação de eventos adversos relacionados ao seu uso; 4. Demonstrar a relevância da Farmacovigilância na prática clínica. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! COMPETÊNCIAS Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica12 Política Nacional de Medicamentos – PNM A Política Nacional de Medicamentos é um importante componente da Política Nacional de Saúde, efetivando direitos humanos e constitucionais brasileiros apresentados pela Constituição Federal e a Lei Orgânica da Saúde. Ao mento tempo que preconiza o acesso aos medicamentos essenciais aos tratamentos das doenças prevalente no país, demonstra a evidente necessidade de um monitoramento contínuo e controle de qualidade dos produtos farmacêuticos para garantir a segurança e a eficácia no seu uso pela população. Ao concluir essa unidade você deverá ser capaz de compreender a importância da Política Nacional de Medicamentos para a efetivação das políticas de saúde no Brasil e saber utilizar-se das ferramentas da Farmacovigilância para que os produtos farmacêuticos disponibilizados aos usuários pelo mercado possuam a qualidade, segurança e eficácia desejadas ao importante papel que devem cumprir. Esse conhecimento será fundamental para o exercício de sua profissão, uma vez que cabe ao farmacêutico monitorar o uso de medicamentos, notificando possíveis desvios de qualidade e orientando os usuários quanto o uso racional, protegendo, assim, a saúde coletiva. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! Legislação da Política Nacionalde Medicamentos A Política Nacional de Medicamentos (PNM) surge, no Brasil, a partir de discussões amplas e coletivas com o intuito de se definir prioridades e Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica 13 elaborar um documento norteador para a questão dos medicamentos no país. Respeitando e fortalecendo os princípios fi nalísticos e organizativos do SUS, bem como o direito constitucional à saúde, a PNM representou um marco regulatório na busca reorientação da assistência farmacêutica e no importante fomento à promoção do uso racional. SAIBA MAIS: Para saber mais sobre Os princípios fi nalísticos do SUS, leia o artigo Princípios do SUS disponível em: http://www.saude.gov.br/ sistema-unico-de-saude/principios-do-sus A ampliação do direito da população à saúde e consequentemente do acesso aos medicamentos, insumos fundamentais na terapêutica e peças estratégicas nas políticas de saúde, trouxe consigo a necessidade da padronização de uma relação de medicamentos essenciais à saúde da população e da descentralização da assistência farmacêutica. Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica14 Figura 1: Os medicamentos são insumos essenciais à efetivação das políticas públicas de saúde Fonte: Pixabay Por outro lado, o aumento da disponibilidade de medicamentos à população evidenciou a necessidade da promoção de seu uso racional pelos usuários, maximizando a efi cácia dos tratamentos e reduzindo as taxas de efeitos adversos, não-adesão, abandono e insucesso terapêutico. EXPLICANDO MELHOR: Defi ne-se como não-adesão à atitude, por parte dos usuários, de não respeitar alguma diretriz da prescrição médica como posologia, tempo de tratamento, dentre outros. Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica 15 Com a promulgação da Constituição Federal de 1988 e a Lei Orgânica da Saúde (BRASIL, 1988; BRASIL, 1990), trazendo consigo grande carga de esforços para efetivação do Sistema Único de Saúde (SUS), os medicamentos e outras tecnologias em saúde passaram a constituir uma importante parte do sistema de saúde, uma vez que esses trazem inequívocas contribuições ao controle de doenças e no cuidado em saúde de maneira geral. Porém, por sua vez, os medicamentos envolvem altos custos aos cofres públicos necessitando de uma gestão efi ciente no planejamento das ações que envolvem a sua cadeia. IMPORTANTE: A Lei nº 8080/1990, conhecida como “Lei Orgânica da Saúde” estabelece, em seu texto, o direito da população à assistência terapêutica integral, desse modo, assegurando o acesso à assistência farmacêutica (AF) e a políticas específi cas para medicamentos básicos (essenciais) e de alto custo (excepcionais) (BRASIL, 1990). Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica16 Figura 2: A Constituição Federal e a Lei Orgânica da Saúde são o arcabouço legal do direito à saúde no Brasil Fonte: Freepik Atualmente, discute-se o respeito aos princípios do SUS no que tange ao acesso universal, igualitário e integral à assistência farmacêutica. Para tal, o Estado precisa prover a população de assistência farmacêutica através do SUS, disponibilizar (com qualidade, segurança e em quantidades suficientes) os medicamentos que compõem a Relação Nacional de Medicamentos (RENAME), bem como estabelecer diretrizes terapêuticas descritas em protocolos clínicos para, assim, normatizar a dispensação nos estabelecimentos farmacêuticos do SUS (VASCONCELOS ET al., 2017). Objetivando atender a esse requisito, a Política Nacional de Medicamentos (PNM), foi aprovada por meio da Portaria no. 3916/1998. A portaria busca assegurar a garantia da segurança, eficácia e qualidade dos medicamentos e inclui o fomento ao Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica 17 seu uso racional e cria meios de aumentar o acesso da população àqueles que foram padronizados por serem considerados essenciais (BRASIL, 1998). REFLITA: Como o cenário epidemiológico é altamente dinâmico, a relação de medicamentos essenciais precisa estar em constante avaliação e atualização para atender as demandas prioritárias de saúde da população. A oferta de medicamentos é componente fundamental para o sucesso das práticas terapêuticas no processo de cura, reabilitação e prevenção de doenças. Àqueles medicamentos necessários ao cumprimento das políticas de atenção básica dá-se o nome de “medicamentos essenciais”. Para a OMS (2011 apud FIGUEIREDO; SCHRAMM; PEPE, 2014, p. 2344) “medicamentos essenciais são aqueles que satisfazem as necessidades de cuidados de saúde básica da maioria da população”. Para que cumpram com seu objetivo, os medicamentos essenciais são selecionados considerando o perfi l epidemiológico de população e, desse modo, a sua relevância para a saúde pública. Devem também assegurar efi cácia e segurança e mostrar-se viável através de estudos comparativos de custo-benefício, custo- efetividade e custo-utilidade, importantes parâmetros farmacoeconômicos (OLIVEIRA; ASSIS; BARDONI, 2010). Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica18 EXPLICANDO MELHOR: A Farmacoeconomia é a “aplicação da economia ao estudo dos medicamentos, otimizando os gastos fi nanceiros sem prejuízo ao tratamento do paciente”. Dentre os parâmetros farmacoeconômicos mais utilizados estão: minimização de custo, análise custo-utilidade, custo-benefício e custo- efetividade (PACKEISER; RESTA, 2014). Leia em: http://revistas.cff .org.br/infarma/article/ view/683 Figura 3: A farmacoeconomia é parte integrante da economia da saúde Fonte: Pixabay Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica 19 De acordo com Vasconcelos et al. (2017), mesmo que as diretrizes preconizadas e as prioridades eleitas pela PNM sejam notoriamente adequadas, ainda convivemos com grandes desafi os e fragilidades na sua efetiva implementação. EXPLICANDO MELHOR: Dentre esses desafi os salientamos o histórico subfi nanciamento e a disparidade entre o gasto público e o privado com medicamentos. Essas questões, de cunho administrativo, evidenciam a necessidade de uma gestão efi ciente dos serviços farmacêuticos por meio da aplicação dos instrumentos e conceitos da moderna administração, situação atualmente mais presente nas organizações privadas do que no setor público. Tais conceitos e ferramentas devem ser aplicados na adoção racional da Relação de Medicamentos Essenciais. Relação de medicamentos essenciais Na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME), devem estar presentes todos aqueles medicamentos básicos e indispensáveis ao cuidado da maioria dos problemas de saúde da população em questão. Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica20 IMPORTANTE: O Brasil vive o fenômeno da transição demográfi ca e epidemiológica caracterizado pelo aumento da parcela idosa da população e fazendo com que a relação de medicamentos essenciais refl ita essa situação ao focar em itens para tratamento das doenças crônicas não-transmissíveis como hipertensão arterial e diabetes. Os medicamentos eleitos devem ser continuamente disponibilizados aos grupos sociais que deles necessitem para o atendimento às suas demandas de saúde, nas formas farmacêuticas devidamente apropriadas. Essa lista, padronizada por meio de estudos epidemiológicos e farmacoeconômicos, será utilizada como referência básica para nortear a pesquisa científi ca e a produção farmacêutica nacional além de servir como parâmetro para a relação de medicamentos essenciais em nível estadual e municipal (BRASIL, 2001). Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica 21 IMPORTANTE: A epidemia de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) gera impactos devastadores para os indivíduos, famílias e comunidades, sobrecarregando os sistemas de saúde e representando grande parte dos orçamentos públicos para o setor. Estudos apontam que as DCNT afetam mais as populações de baixa renda por fatores como vulnerabilidade, exposição aosriscos e menor acesso aos serviços de saúde fazendo com que a sua situação de pobreza seja agravada pelos consideráveis gastos com tratamentos médicos, dentre outros, comprometendo o orçamento familiar (MALTA et al., 2017). Figura 4: O envelhecimento populacional infl uencia a relação dos medicamentos essenciais à saúde da coletividade Fonte: Pixabay Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica22 De maneira similar, as organizações de saúde especializadas, como hospitais e clínicas, utilizam-se de estudos epidemiológicos e farmacoeconômicos para definirem o seu perfil assistencial e, de maneira racional, elaborarem a sua relação de medicamentos padronizados para uso interno. Um dos principais fatores que justificam a necessidade dessa articulação da assistência farmacêutica nos serviços de saúde, de modo geral, é a presença ainda na nossa cultura do modelo hegemônico biomédico em que prioriza o profissional médico em detrimento da equipe multiprofissional. Esse modelo assistência vigente acaba por gerar inobservância na priorização de produtos constante das relações padronizadas, tanto nos serviços do SUS (RENAME), quanto nas demais organizações de saúde (BRASIL, 1998). No Brasil, podemos identificar diversos modelos de assistência à saúde em diferentes períodos da história do país. No início da República, por exemplo, o sanitarismo era presente, valendo-se de políticas públicas para as campanhas de vacinação compulsória contras as epidemias do momento com interesses políticos e econômicos, modalidade de intervenção ainda utilizada no combate às endemias e epidemias no país. Já o famoso modelo de medicina voltado para a assistência à doença em seus aspectos individuais e biológicos, hospitalocêntrico, com forte especialização médica e uso intensivo de tecnologia é denominado modelo biomédico (ou medicina científica ou biomedicina ou modelo flexneriano), muito criticado devido ao advento do atual modelo da promoção da saúde (SILVA JUNIOR; ALVES, 2007). Aprofunde seus conhecimentos acessando: http://www.uff.br/tcs2/images/stories/ Arquivos/textos_gerais/4_Modelos_Assistenciais_em_ Sade_-_Aluisio_G._da_Silva_Jr_e_Carla_A._Alves.pdf ]] Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica 23 Figueiredo, Schramm e Pepe (2014) explicam que a tarefa de seleção de medicamentos para composição de uma relação de itens essenciais trata- se de um exercício de raciocínio clínico e de gestão, considerando tanto os medicamentos básicos quanto os de alto custo utilizados para atender a padrões epidemiológicos relevantes. VOCÊ SABIA?: A Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) deve ser um instrumento mestre para as ações de assistência farmacêutica no SUS. Trata-se de uma lista padronizada através de estudos epidemiológicos e é uma das estratégias da política de medicamentos da OMS para garantir o acesso, a segurança e uso racional de medicamentos. A primeira lista foi criada em 1978, pela OMS e ainda é o principal instrumento norteador de toda a política de medicamentos da Organização e de seus países membros (OMS, 2005). Figura 5: A RENAME refl ete o cenário epidemiológico vigente no país Fonte: Freepik Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica24 Cabe ressaltar que a RENAME não traz na sua composição medicamentos de qualidade inferior para a parcela pobre da sociedade, mas sim a terapêutica medicamentosa que apresenta melhor resultado nas análises farmacoeconômicas entre terapêuticas para uma dada patologia. REFLITA: Os custos associados às DCNT impactam a economia dos países de baixa e média renda sendo estimados em US$ 7 trilhões no período de 2011-2025 (MALTA et al., 2017). Assim o processo de seleção levará em consideração custos e desfechos de tratamento, aliando resultados clínicos e parâmetros gerenciais quando novos tratamentos surgem na tentativa de substituir um existente. Desse modo, é fl agrante por meio da análise dos indicadores epidemiológicos, econômicos e sociais que as DCNT devem ser ponto importante das políticas públicas de saúde no país, incluindo a Política de Medicamentos, impactando sobremaneira na vida das pessoas e no desenvolvimento dos povos. Por esse motivo, as nações criam ferramentas de vigilância e o monitoramento das DCNT para subsidiar as ações de prevenção e controle. A reorientação da assistência farmacêutica, por sua vez, desempenha essa atribuição na problemática do medicamento. Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica 25 Reorientação da assistência farmacêutica A assistência farmacêutica praticada anteriormente ao advento da PNM (BRASIL, 2001), se restringia às atividades de aquisição e distribuição de medicamentos. A nova diretriz, por sua vez, visava reorientar a assistência farmacêutica envolvendo o profi ssional no cuidado aos usuários, respeitando e fortalecendo as políticas públicas de saúde uma vez que preconizava a promoção do acesso da população aos medicamentos essenciais e seu uso racional. A Portaria nº 3.916/1998, em seu texto, apresenta as seguintes fundamentações (BRASIL, 1998): descentralização da gestão; promoção do uso racional de medicamentos; otimização e efi cácia do sistema de distribuição de medicamentos no setor público, além da criação de estratégias que possibilitem a redução dos preços dos produtos, promovendo o acesso da população aos medicamentos também no setor privado. RESUMINDO: Assim, com mais medicamentos disponíveis para uso pela população, surgiria também a necessidade de orientação profi ssional por meio da informação e monitoramento da terapêutica, abrindo campo para o farmacêutico demonstrar sua importância na equipe multidisciplinar. Sob a ótica da PNM, a assistência farmacêutica passou a um patamar superior de responsabilidade profi ssional ao englobar as etapas seleção, programação, aquisição, armazenamento e distribuição, controle da qualidade e uso de medicamentos, considerando nesta última, os exercícios da prescrição e da dispensação (BRASIL, 2001). Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica26 Figura 6: Etapas do ciclo da assistência farmacêutica Fonte: Elaborada pelo autor (2019) Seleção Programação AquisiçãoDistribuição Armazenamento Utilização: Prescrição, Dispensação e Uso Ciclo da assistência farmacêutica A legislação cita ainda a disponibilidade permanente dos medicamentos básicos aos seus usuários como estratégia para o controle das doenças prevalentes no país, identificadas por meio dos critérios epidemiológicos. Para racionalizar o uso desses medicamentos, preconiza-se também atualização contínua da relação de medicamentos essenciais e a padronização de protocolos terapêuticos e esquemas de tratamento para serem documentos norteadores dos profissionais de saúde (BRASIL, 1998). Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica 27 EXPLICANDO MELHOR: Essa diretriz apresentada pela PNM demonstra a preocupação não somente com a oferta de medicamentos, mas também com a promoção do seu uso racional. A promoção do uso racional de medicamentos (URM) O uso racional de medicamentos vem sendo amplamente discutido como parte inerente às políticas de medicamentos pela importância que representa na qualidade de vida e saúde dos usuários dos produtos farmacêuticos. DEFINIÇÃO: O termo uso racional de medicamentos diz respeito aos usuários utilizarem o medicamento adequado à sua condição clínica, em doses ideais, por um período adequado e ao menor custo para si e para a sociedade (BRASIL, 1998). No que diz respeito à diretriz da promoção do uso racional de medicamentos, dar-se enfoque especial ao receituário médico e a dispensação farmacêutica devido às suas potenciais repercussões sociais e econômicas na terapêutica dos pacientes. Nesse sentido é imprescindível o processo de formação continuada dos profi ssionais e usuários dos medicamentos relativos a temas relevantes como a automedicação,a interrupção sem autorização médica, a não adesão aos tratamentos prescritos, dentre Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica28 outros. Para atender a esse requisito houve grande adequação das grades curriculares da formação acadêmica dos profi ssionais de saúde (BRASIL, 2001). REFLITA: Infelizmente, a cultura da automedicação é muito forte na população brasileira e, fatores como o mercado farmacêutico acabam por promovê-la. A propaganda de medicamentos (direcionada aos médicos, ao comércio farmacêutico e à população leiga), por exemplo, é regulamentada por legislação própria no país no intuito de minimizar o fomento ao consumo indiscriminado de produtos farmacêuticos (BRASIL, 1998). Foi possível observar esforços realizados pelo Ministério da Saúde no sentido da promoção do uso racional de medicamentos a partir da defi nição da diretriz pela PNM. Medidas educativas são o foco dessa diretriz, cujo objetivo é a adoção de ações educativas que visam o uso racional de medicamentos, direcionadas à profi ssionais prescritores, farmacêuticos e demais profi ssionais de saúde envolvidos na questão do medicamento, bem como da população, usuária dos produtos farmacêuticos (BRASIL, 2015). Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica 29 Figura 7: Os medicamentos são potencialmente perigosos e seu uso incorreto traz riscos à saúde Fonte: ©Freepik Em se tratando de questões-problema como a otimização da terapêutica, a ocorrência adversa e interações medicamentosas, a não-adesão ao tratamento, a interrupção e o insucesso, a educação dos profissionais da saúde e dos usuários, é a ferramenta mais eficaz na promoção do uso racional de medicamentos. Ademais, para reforçar a necessidade de se discutir essas questões, estudos internacionais revelaram que o uso inapropriado de medicamentos representa um grande problema de saúde pública (LIMA et al., 2017). Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica30 VOCÊ SABIA?: Estudos identifi caram que um grande número de pacientes interrompe o tratamento prescrito por conta própria devido a reações adversas ou por se considerarem curados. Por outro lado, a automedicação e o prolongamento do uso de medicamentos prescrito também são problemas potencialmente perigosos praticados pela população (LIMA et al., 2017). O uso irracional e a não-adesão ao tratamento expõem os usuários de medicamentos a riscos à sua saúde e devem ser veementemente repudiados pelos profi ssionais nas orientações repassadas no momento das consultas médicas e na dispensação farmacêutica. Grupos especiais de pacientes também merecem atenção diferenciada, como: idosos, crianças, gestantes e pacientes em uso de polifármacos (BRASIL, 2015; LIMA et al., 2017). DEFINIÇÃO: A polifarmácia é defi nida como sendo o uso de cinco ou mais medicamentos. Saiba mais sobre riscos e orientações necessárias em: http:// www.scielo.br/pdf/rsp/v51s2/pt_0034-8910- rsp-S1518-51-s2-87872017051007136.pdf De maneira geral, essas medidas educativas associadas ao respeito a protocolos terapêuticos são ferramentas fundamentais ao uso racional de medicamentos, afi rmando o papel dos profi ssionais de saúde na promoção da saúde e qualidade de vida, como preconiza a reorientação da assistência farmacêutica, fortalecendo a Política Nacional de Medicamentos. Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica 31 A Vigilância Sanitária no âmbito da Vigilância em Saúde Em um país de dimensões continentais, com extremas desigualdades regionais e sociais, efetivar ações de saúde que realmente atendam a todas as necessidades das populações, representa um grande desafi o. Nesse contexto, a proposta do Ministério da Saúde foi trabalhar com a metodologia da Vigilância em Saúde, intersetorial, multidisciplinar, porém com grande interface complementaridade e descentralizada em todo o território. REFLITA: Considerando-se os determinantes de saúde, como prover a vigilância dos condicionantes tão amplos como os epidemiológicos, ambientais, sanitários e ocupacionais, como trabalhar a intersetorialidade entre essas áreas de monitoramento prioritário para implantar efetivas ações de controle e prevenção? Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica32 Figura 8: As dimensões continentais do Brasil dificultam a proposição de políticas de saúde uniformes Fonte: Freepik Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica 33 Veremos como a Vigilância em Saúde conseguiu intervir no complexo e dinâmico processo do adoecimento delegando atribuições a órgãos tão distintos, como a vigilância sanitária, mas, que afi nal, convergem para uma mesma fi nalidade. Dimensões de atuação da Vigilância em Saúde Na perspectiva desse contexto ampliado e integrado que tomou o conceito de Vigilância Sanitária (VS), suas ações atualmente buscam respostas efetivas para todas as necessidades de saúde que emanam do povo, propondo-se a trabalhar articuladamente ações de saúde no território e nas populações de modo que extrapolem as unidades de saúde e promovam intervenções no meio ambiente e na cultura locais (OLIVEIRA e CRUZ, 2015). DEFINIÇÃO: O processo dinâmico que envolve o adoecimento de uma população, considerando as doenças transmissíveis, as doenças crônicas não transmissíveis, a saúde do trabalhador e a saúde ambiental são continuamente monitoradas por meio de ações de saúde, executadas dentro da vasta e efi ciente metodologia denominada de “Vigilância em Saúde”. Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica34 Com essa noção sistematizada de VS buscou-se uma interlocução maior entre o controle de causas, riscos e danos por meio da redefi nição da metodologia de trabalho propondo-se uma ação no âmago das comunidades. Essa proposta trouxe a discussão sobre integrar esses serviços de VS já existentes no Brasil, de forma dispersa e agrupá-los com a intenção de combater efetivamente a complexidade das demandas existentes no quadro sanitário brasileiro (PAIM e ALMEIDA FILHO, 2014). NOTA: A saúde e a doença estão intimamente ligadas às situações sociais e ambientais como saneamento básico, educação, alimentação, moradia, trabalho e lazer. Para concretizar essa proposta, a operacionalização das ações da VS se dão por meio de áreas que se comunicam, incluídas no SUS, e que executam importantes programas de prevenção e controle, considerando-se prioridades, recursos e cronograma, em diversas áreas, como apresentado no quadro um (BOCATTO, 2012). Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica 35 Quadro 1 – Áreas de orientação da VS no SUS Área de atuação Atribuições Epidemiológica Executa ações de conhecimento, detec- ção ou prevenção nos condicionantes de saúde individual ou coletivo; Promove medidas de prevenção e con- trole de doenças ou agravos; Trabalha com doenças transmissíveis; doenças imunopreveníveis; investigações e respostas a casos e surtos; epidemias; doenças emergentes; Programa Nacional de Imunização (PNI). Ambiental Desempenha atividades relativas às zoono- ses e questões sanitárias relacionadas ao meio ambiente e riscos à saúde provenien- tes dos elementos naturais (água, ar e solo); Auxilia na formulação e execução de políti- cas de saneamento básico. Saúde do Trabalhador Trabalha a promoção e a proteção à saú- de dos trabalhadores; Visa recuperação e reabilitação de traba- lhadores submetidos aos riscos e agravos laborais. Imunização Planeja e executa as atividades relaciona- das aos imunobiológicos e sua utilização. Executa e regula o Programa Nacional de Imunização (PNI) (descentralizados nos municípios). Sanitária Realiza ações para eliminar, reduzir ou prevenir riscos à saúde, intervindo nas questões sanitárias decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de saúde. Infraestrutura Coordena a infraestrutura laboratorial e de apoio diagnóstico, sistema de informa- çõesde doenças de notificação compul- sória, dentre outros. Fonte: Bocatto, 2012. Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica36 A proposta de cada das áreas de atuação da VS se resume no compartilhamento de atribuições e responsabilidades, sem que cada uma das “vigilâncias” abandone sua atuação técnica específi ca. Porém, essa integração implica novos papéis, novas interfaces e a implantação de práticas inovadoras no quesito técnico-operacional (OLIVEIRA e CRUZ, 2015). Assim sendo, cada uma das “vigilâncias” possuem funções técnicas bem específi cas que se integram no complexo conjunto da Vigilância em Saúde. Fundamentos da Vigilância Sanitária A Vigilância Sanitária (VISA) apresentou diversas vertentes de atuação no Brasil desde o início até a atualidade. Para compreender suas atribuições é preciso visualizar as articulações existentes entre a regulação estatal, o mercado e o consumo de bens e serviços que, de algum modo, representam risco à saúde humana. NOTA: A autoridade governamental sempre executou ações de intervenção sobre as práticas de tratamento de doenças, medicamentos, alimentos, água e o meio ambiente. Essas ações envolvem as atividades de “controle e fi scalização; defesa e proteção; higiene; inocuidade; nocividade; qualidade; segurança e risco” (ROZENFELD, 2000, p.13). Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica 37 Assim, as ações de regulamentação, registro, inspeção, fiscalização e vigilância contínua dos produtos, serviços, ambientes e processos de trabalho que porventura possa influir sobre a saúde pública são focos de atuação da Vigilância Sanitária. Figura 9: A inspeção é ferramenta utilizada pela Visa para a vigilância de produtos e serviços Fonte: Freepik Assim, as ações de regulamentação, registro, inspeção, fiscalização e vigilância contínua dos produtos, serviços, ambientes e processos de trabalho que porventura possa influir sobre a saúde pública são focos de atuação da Vigilância Sanitária. Para Silva, Costa e Lucchese (2018), a Vigilância Sanitária representa um órgão historicamente forjado a se integrar de maneira protetora à Saúde Pública. Além da geração de conhecimento e execução de práticas sanitárias está sob a sua responsabilidade Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica38 o desenvolvimento de ações estratégicas no SUS. Atuando no setor púbico e privado, ela regula e monitora bens e serviços de interesse da saúde, protegendo a saúde individual e coletiva de exposição à riscos de adoecimento e agravos pela utilização de itens que possam estar inadequados ao consumo humano. VOCÊ SABIA?: Mesmo que as ações de regulação sejam executadas em todo o mundo, o termo “vigilância sanitária” é exclusivamente brasileiro (ROZENFELD, 2000). O interfaceamento que se espera que ocorra entre os órgãos de vigilância sanitária, vigilância epidemiológica e demais órgãos de vigilância à saúde proporcionará uma amplifi cação do alcance e da efetividade das ações de promoção e proteção da saúde (SENNA, 2010). Por vivermos em uma sociedade de consumo em que o mercado desenvolve esforços, muitas vezes indo contra o preconiza a legislação e a ética no intuito de se maximizar vendas e lucros, a Visa representa um componente específi co do sistema de serviços de saúde, estratégico, de defesa do consumidor, cliente dos diversos ramos do setor produtivo: alimentício, hospitalar, farmacêutico, cosmético, estético, saneante e domissanitário, dentre outros (COSTA, 2009). Para o entendimento da dimensão das ações da Visa precisamos conhecer os conceitos básicos que nortearão a sua atividade em defesa da saúde púbica. Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica 39 Conceitos básicos da Vigilância Sanitária Alguns termos são essenciais para a compreensão da atuação da Visa, em particular os conceitos de “risco, regulação, poder de polícia, segurança sanitária e responsabilidade pública” (COSTA, 2009, p. 13). Um desses conceitos é a base do raciocínio das ações da VISA: o risco. Tido como conceito central, o risco é um fenômeno amplo e complexo de grande magnitude na amplitude na sociedade atual. As ações da Visa buscam sempre a minimização e/ou a eliminação dos riscos. Nesse sentido, a Visa elabora a regulamentação e mantém vigilância nas principais fontes de riscos à saúde conforme apresenta o Quadro 2: Quadro 2 – Atuações e assuntos de interesse da Agência Nacional de Vigilância Sanitária ATUAÇÃO ASSUNTOS Regulamentação Registros e Autorizações Fiscalização e Monitoramento Sistema Nacional de Vigilân- cia Sanitária Educação e Pesquisa Agrotóxicos Alimentos Cosméticos Laboratórios Analíticos Medicamentos Portos, Aeroportos e Fronteiras Produtos para a Saúde Saneantes Sangue, Tecidos, Células e Órgãos Serviços de Saúde Tabaco Farmacopeia Brasileira Fonte: ANVISA (2018) Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica40 DEFINIÇÃO: Para a Visa, entende-se o risco como a possibilidade de ocorrência de situações que potencialmente podem gerar danos à saúde, trabalhando-se na sua prevenção por meio da eliminação da exposição (SENNA, 2010). Para isso, quando identifi cados um item (serviço ou produto) que interessam à saúde, como alimentos e medicamentos existe rigoroso controle de qualidade de ambiente, produção, transporte, estocagem, dentre outros aspectos que envolvam a cadeia logística e o consumo seguro dentro de padrões estabelecidos pela legislação sanitária vigente no país. IMPORTANTE: Cabe à Visa controlar esses riscos sanitários intervindo nessas atividades, desde o estabelecimento de norma, à fi scalização e à repreensão (COSTA, 2009). A regulação sanitária, prerrogativa da Visa, trata- se de um exercício de poder de polícia, que lhe permite impor limites ao exercício dos direitos individuais em benefício do interesse coletivo. A Visa possui esse atributo para o cumprimento de sua atribuição principal que é a proteção da saúde, fazendo com que o órgão confi gure braço especializado do Estado na busca da segurança sanitária e proteção da saúde pública (ROZENFELD, 2000). Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica 41 ACESSE: No portal da ANVISA está disponível para consulta a relação de produtos suspensos de comercialização e consumo humano. Acesse: http://portal.anvisa.gov.br/ Monitoramento e informação em Vigilância Sanitária Como exposto, os sistemas de informação em saúde se baseiam na padronização da coleta de informações de interesse para alimentação do banco de dados, emissão de relatório de indicadores para subsidiar a análise crítica e, prover o monitoramento do cenário vigente e das ações de saúde. Na Vigilância Sanitária essa atividade torna-se mais complexa devido à sua vasta rede de atuação. O Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE) elabora uma relação das atividades econômicas exercidas no país (Classifi cação Nacional de Atividades Econômicas - CNAE) e que pode auxiliar os trabalhos da vigilância sanitária (CELSO, 2009). VOCÊ SABIA?: Qualquer cidadão pode denunciar à Visa qualquer produto, estabelecimento ou serviço profi ssional que tenha causado dano ou mesmo possa vir a causá-lo à saúde individual ou coletiva. Assim sendo, cabe à Visa averiguar a denúncia e tomar as providências cabíveis em caso de desrespeito às normas sanitárias, no rigor da lei. Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica42 Várias formas de comunicação e sistemas de informação geram dados para nortear as práticas de Vigilância, fornecendo o respaldo para a análise do risco e a avaliação de seu impacto para a saúde coletiva. Assim, a Visa precisa agir imediatamente de modo a garantir a manutenção da saúde da população pela intervenção direta sobre a fonte do problema (ROZENFELD, 2000). O monitoramento que teve sua origem na saúde pública como sendo a coleta sistemática de dados que podem identificar um alerta para à necessidade de intervenção,ganha a proporção do acompanhamento, controle e ajuste pelos sistemas de Vigilância Sanitária, culminando no dimensionamento das suas atividades. Uma vez que se identifica a origem dos riscos faz-se necessário empreender intervenções no intuito de se controlar a sua exposição e o risco do adoecimento e do agravo que possa causar (CELSO, 2009; ROZENFELD, 2000). Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica 43 Farmacovigilância e os eventos adversos relacionados ao uso de medicamentos A disponibilidade, o acesso facilitado e o grande consumo de medicamentos pela população brasileira dispararam um alerta nos órgãos de regulação sanitária quanto à necessidade de monitoramento da qualidade dos produtos farmacêuticos ofertados pelas empresas do ramo, bem como do risco gerado à saúde individual e coletiva da utilização desses. DEFINIÇÃO: De acordo com a ANVISA “o evento adverso é defi nido como qualquer ocorrência médica desfavorável que pode ocorrer durante o tratamento com um medicamento, mas que não possui, necessariamente, relação causal com esse tratamento.” Esse conceito abrange diversos problemas relacionados ao uso de medicamentos. Veja a lista de eventos acessando o link: h t t p : // p o r t a l . a n v i s a . g o v . b r / d o c u m e n t s / 3 3 8 6 8 / 3 7 9 8 9 0 / e a _ medicamento_profissional.pdf/cdc25729- 481d-4ad2-b57d-f1c8db23fda4 Tanto em âmbito doméstico quanto hospitalar, os usuários de medicamentos e demais produtos sujeitos à controle sanitário precisam estar constantemente em vigilância para proteger a população e a saúde coletiva, de modo geral, da ocorrência de eventos adversos ocasionados pelo uso de medicamentos, sendo esse monitoramento uma atribuição dos órgãos de vigilância sanitária porém contando com o auxílio da população e dos profi ssionais de saúde. Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica44 Figura 10: A notifi cação de queixas técnicas é uma importante ferramenta da farmacovigilância Fonte: Freepik REFLITA: De acordo com Anacleto et al., (2010, p. 2), “os eventos adversos relacionados a medicamentos podem levar a importantes agravos à saúde dos pacientes, com relevantes repercussões econômicas e sociais. Dentre eles, os erros de medicação são ocorrências comuns e podem assumir dimensões clinicamente signifi cativas e impor custos relevantes ao sistema de saúde”. Seja pelo desrespeito às boas práticas ou mesmo por dolo, os medicamentos são fontes potenciais de riscos à saúde de seus usuários. Por esse motivo, a ANVISA institui ordenamento legal específi co e ferramentas para promover as ações de Farmacovigilância no país. Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica 45 Farmacovigilância e Farmacoepidemiologia Segundo conceito da OMS (2002 apud CFF, 2008); DEFINIÇÃO: A Farmacovigilância, é a “ciência relativa à detecção, avaliação, compreensão e prevenção dos efeitos adversos ou quaisquer problemas relacionados a medicamentos”. Entende-se por “quaisquer problemas relacionados a medicamentos”, queixas técnicas, erros de medicação e interações medicamentosas. A função da Farmacovigilância é realização identifi cação, avaliação, monitoramento, da ocorrência de eventos adversos gerados pelo uso dos medicamentos comercializados, objetivando a garantia dos reais benefícios relacionados ao uso desses produtos farmacêuticos minimizando os riscos à saúde causados pelos mesmos. Muito além das reações adversas relacionadas ao uso de medicamentos, a Farmacovigilância também trata de questões, como: eventos adversos causados por desvios da qualidade de produtos farmacêuticos, inefetividade terapêutica, erros de medicação, uso de medicamentos para indicações terapêuticas não aprovadas no seu registro junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), uso abusivo e recreacional, intoxicações e interações medicamentosas (ANVISA, 2019). Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica46 Dentro da Farmacovigilância teremos a Farmacoepidemiologia. Essa é campo de investigação primordial da Farmacovigilância e deve ser conduzida pelos órgãos de vigilância sanitária por meio da notifi cação, comunicação de queixas ou rumores na mídia que sugiram quaisquer problemas ligados ao uso de algum medicamento. Dentro dessa realidade de potenciais efeitos danosos à saúde que podem ser ocasionados pelo uso de medicamentos surge o conceito de Farmacoepidemiologia assim defi nida como "o estudo do uso e os efeitos dos medicamentos em um grande número de pessoas" (STROM, 2005, apud MOTA, 2011). REFLITA: Entendendo-se o conceito de Farmacovigilância e Farmacoepidemiologia fi ca evidente a importância de ambas na monitorização da segurança dos medicamentos e produtos farmacêuticos disponíveis no mercado. Monitorização da segurança de medicamentos Os serviços de farmacovigilância ofi ciais (vigilância sanitária) ou internos das organizações de saúde recebem notifi cações de efeitos adversos relacionados à utilização de medicamentos, realizadas por usuários desses produtos, dando início a um processo de análise das informações das notifi cações e cruzamento de dados entre notifi cações pré-existentes para promover ações imediatas no objetivo de prevenir, minimizar ou Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica 47 eliminar os riscos potenciais de danos à saúde dos usuários e profi ssionais referente à utilização de algum produto (CFF, 2008). Nesse sentido, temos também a queixa técnica, ferramenta utilizada pelo profi ssional de saúde para notifi car alguma observação de não-conformidade de produtos, considerando-se os parâmetros de qualidade sanitários exigidos para a comercialização ou aprovação do registro e uso seguro de um produto (ANVISA, 2008). NOTA: A OMS (2005), defende que o quesito “tempo” é muito importante nas ações de Farmacovigilância. Desse modo, quanto mais rápido o acesso às informações, via notifi cação ou observação, e a análise dos dados, mais precocemente se pode intervir e impedir novos casos e danos maiores à saúde da população exposta. Nesse contexto, defi niu-se como fundamento Farmacovigilância e que devem ser priorizados (CFF, 2008): Notifi cações dos usuários; Informações coletados por profi ssionais da saúde; Monitoramento sistemático das populações; Análise contínua das estatísticas da saúde e dos dados sobre uso de medicamentos, e; Atenção especial à produtos farmacêuticos e medicamentos novos no mercado. Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica48 NOTA: Na prática clínica, principalmente nos hospitais, o serviço de Farmacovigilância toma importantes proporções e merece grande dedicação por parte da equipe de saúde. Farmacovigilância na prática clínica Em pacientes hospitalizados, devido ao amplo uso de medicamentos, frequentemente tem-se a ocorrência de eventos adversos. Por sua vez, pela presença contínua de profi ssionais de saúde, esses eventos adversos são identifi cados e merecem adequada notifi cação e aplicação de medidas interventivas na prática terapêutica (CFF, 2008). IMPORTANTE: Em decorrência de eventos adversos tem- se o aumento da permanência hospitalar de paciente internados gerando riscos aos pacientes e custos à organização (CFF, 2008). Desse modo, justifi ca-se a necessidade da detecção precoce e o diagnóstico dos efeitos adversos a medicamentos. Nos hospitais, a equipe multidisciplinar desenvolve as ações de farmacovigilância em parceria com os farmacêuticos hospitalares. Mesmo não sendo atribuição específi ca de médicos, enfermeiros e demais profi ssionais da assistência, esses estão constantemente em contato com o paciente, escutando queixas, atendendo e avaliando o seu estado de saúde. Também, podem Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica 49 ser capazes de, na sua etapa do cuidado, identificar alterações nos medicamentos que caracterizem desvio de qualidade como alteraçõesde aspecto e coloração, dificuldade de reconstituição de pós liofilizados, dentre outros (OMS, 2005). Assim, temos esses tipos de notificações em Farmacovigilância, conforme apresentado no esquema abaixo: Figura 11: Tipos de notificações em Farmacovigilância Noti�cações de suspeita de ine�tividade terapêutica Noti�cações de reações adversas Noti�cações de queixas técnicas sobre medicamentos Fonte: Elaborada pelo autor (2019) Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica50 Prezando pela efetividade, os hospitais criaram e formalizaram os serviços internos de Farmacovigilância. Muitos desses hospitais são ligados à Rede Brasileira de Hospitais Sentinela da ANVISA. Esse serviço também deve estar presente em hospitais e demais organizações que participem de algum sistema de gestão da qualidade com vistas à certifi cação e/ou acreditação por estarem presentes como normas em seus manuais da qualidade a implantação de estratégias efetivas de identifi cação e prevenção de eventos adversos relacionados à medicamentos (CFF, 2008). SAIBA MAIS: O Projeto Hospitais Sentinela foi instituído em 2002 como uma estratégia inovadora que contava com a participação da ANVISA, do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, o Programa para o Desenvolvimento das Nações Unidas (PNUD) e 180 hospitais selecionados entre os maiores e mais complexos serviços hospitalares do país. Para mais informações acesse o link a seguir: h t t p : // r e p o s i t o r i o . e n a p . g o v . b r / bitstream/1/483/1/Projeto%20Hospitais%20 Sentinelas.pdf Para que se possa cumprir de forma efetiva as diretrizes dos órgãos regulados quanto às ações em Farmacovigilância, facilitando o acesso à notifi cações e otimizando os resultados das intervenções, no Brasil, a ANVISA criou os sistemas de notifi cação NOTIVISA e VIGIMED. Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica 51 SAIBA MAIS: Um estudo realizado em hospitais americanos evidenciou taxa de letalidade em 13,6% dos casos envolvendo eventos adversos em pacientes internados. Saiba mais em: MAIA, C. S. et al. Notifi cações de eventos adversos relacionados com a assistência à saúde que levaram a óbitos no Brasil, 2014-2016. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, v. 27, n. 2, e2017320,2018. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S2237-96222018000200308&lng= en&nrm=iso>. NOTIVISA e VIGIMED Pela criação e a implantação nacional do NOTIVISA e do Projeto Hospitais Sentinela a ANVISA inaugurou- se uma nova etapa na com grande efetividade na coleta de informações sobre ocorrências de eventos adversos e queixas técnicas relacionadas aos produtos de saúde. O sistema NOTIVISA possibilitou a coleta e a disseminação de informações sobre agravos à saúde dos usuários de produtos e serviços de saúde disponibilizados pelo mercado e as organizações (OLIVEIRA; RODAS, 2017). De acordo com a ANVISA (2019b), o NOTIVISA é um sistema informatizado criado para receber as notifi cações de eventos adversos, incidentes e queixas técnicas ligadas a produtos ou serviços destinados ao cuidado à saúde e sob a regulação da vigilância sanitária. Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica52 Os principais exemplos de eventos adversos que deve ser notificados pelo NOTIVISA são (ANVISA, 2019b): a) Eventos Adversos: Incidente / evento adverso durante procedimento cirúrgico; Queda do paciente; Úlcera por pressão (feridas na pele provocadas pelo tempo prolongado sentado ou deitado); Reação adversa ao uso de medicamentos; Inefetividade terapêutica de algum medicamento; Erros de medicação que causaram ou não dano à saúde do paciente (por exemplo, troca de medicamentos no momento da administração); Evento adverso decorrente do uso de artigo médico-hospitalar ou equipamento médico- hospitalar; Reação transfusional decorrente de uma transfusão sanguínea; Evento adverso decorrente do uso de um produto cosmético; Evento adverso decorrente do uso de um produto saneante. b) Queixas técnicas: Produto (todos listados acima, exceto sangue e componentes) com suspeita de desvio da qualidade; Produto com suspeita de estar sem registro; Suspeita de produto falsificado; Suspeita de empresa sem autorização de funcionamento (AFE). Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica 53 ACESSE: Para cadastramento e utilização do NOTIVISA acesso o site <https://www8. anvisa.gov.br/notivisa/frmLogin.asp>. Já o sistema VIGIMED (ANVISA, 2019c) é a mis nova ferramenta disponibilizada pela ANVISA para que cidadãos e profi ssionais de saúde notifi quem eventos adversos especifi camente relacionados a medicamentos e vacinas. NOTA: Ao contrário do NOTIVISA, no VIGIMED não há a necessidade de cadastro prévio o que promove o acesso a qualquer cidadão que se interesse em notifi car um evento adverso. Espera-se com o sistema VIGIMED coletar informações sobre a ocorrência de: Reações adversas ou nocivas; Erros de administração de medicamentos; Uso abusivo e recreacional; Inefetividade terapêutica; Uso com indicação diferente do indicado na bula (off label); Reações causadas por medicamentos utilizados durante a gravidez e amamentação. Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica54 Assim, com as ferramentas da Farmacovigilância podemos monitorar continuamente os eventos adversos relacionados ao uso de medicamentos fortalecendo o gerenciamento de risco, importante cultura a ser implantada nas organizações de saúde e fundamental para aquelas que buscam a acreditação. ACESSE: O VIGIMED pode ser acessado para a realização de notifi cação de eventos adversos relacionados em medicamentos pelo endereço eletrônico: <https:// primaryreporting.who-umc.org/Reporting/ Reporter?OrganizationID=BR>. Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica 55 DEFINIÇÃO: O medicamento é o produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou elaborado, com a fi nalidade profi lática, curativa, paliativa ou para fi ns diagnósticos. Regulamentação Sanitária de Medicamentos A saúde enquanto bem maior do ser humano deve ser resguardada a todo o custo. Assim, a legislação brasileira trata a saúde como um direito universal dos cidadãos e coloca o Estado como seu mantenedor. Enquanto uma frente objetiva reduzir o risco de doenças, a outra visa promover a saúde, por meio da sua proteção e recuperação e mediante a garantia de acesso de todos às ações e aos serviços nesse sentido. A fi scalização, a regulamentação e o controle de produtos e dos serviços de saúde recebem o status de relevância pública. A atuação da Vigilância Sanitária ocorre segundo esse paradigma. NOTA: É justamente no marco da Constituição de 1988 que surge o Sistema Único de Saúde (SUS), o qual é organizado tendo como parâmetros as diretrizes da descentralização (cada esfera de governo possui uma só direção), do atendimento integral (incluídas as atividades preventivas) e da participação da comunidade. A iniciativa privada também tem permissão constitucional para prover a assistência à saúde. Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica56 A regulamentação sanitária de medicamentos é uma tarefa de responsabilidade governamental, uma vez que contempla a elaboração de legislação específi ca no intuito de garantir a inspeção, controle, garantia da qualidade, seleção, aquisição e distribuição, uso racional de medicamentos, desenvolvimento de recursos humanos e desenvolvimento científi co e tecnológico (BRASIL, 2001). NOTA: A regulamentação sanitária de medicamentos envolve registros e autorizações, fi scalização e monitoramento e o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 2009). Saiba mais sobre a atuação da ANVISA acessando <http://portal.anvisa. gov.br/regulamentacao>. As ações que se relacionam à regulamentação sanitária de medicamentos estão preconizadas por uma das oito diretrizes da Política Nacional de Medicamentos. Em termos gerais,contemplam as atividades que garantirão que, dos laboratórios até o varejo de medicamentos, os medicamentos possuam qualidade e segurança para o uso humano (MASTROIANNI; LUCCHETTA, 2011). Exemplo: Uma regulamentação importante no que tange às restrições de medicamentos sujeitos a controle especial é a Portaria nº 344, de 12 de maio de 1998 que aprova o Regulamento Técnico sobre substâncias e medicamentos sujeitos a controle Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica 57 NOTA: O conjunto das normas sanitárias que defi nem as condições ideais de produção de medicamentos é denominado Boas Práticas de Fabricação. especial, como os entorpecentes, psicotrópicas, imunossupressores e precursores (BRASIL, 1998). Outra ação relevante é a regulamentação de estudos clínicos dos medicamentos de referência, a comprovação da bioequivalência ou biodisponibilidade relativa e testes de equivalência dos medicamentos similares e genéricos, como meio de garantir a efi cácia e a segurança desses medicamentos (MASTROIANNI; LUCCHETTA, 2011). Garantia da segurança, efi cácia e qualidade dos medicamentos A verifi cação permanente e sistemática caracterizada pela inspeção sanitária será o processo de busca ativa realizada pelos órgãos de vigilância sanitária para assegurar a garantia da qualidade, a segurança e a efi cácia dos medicamentos (BRASIL, 2001). O gestor federal da vigilância sanitária será responsável por defi nir as diretrizes para o registro, autorização de funcionamento de empresas e estabelecimentos, normas para eliminação de produtos farmacêuticos inadequados ao consumo humano, normalmente identifi cadas por meio das informações coletadas pelas ações da farmacovigilância (BRASIL, 2001). Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica58 RESUMINDO: A produção e a venda de medicamentos e produtos farmacêuticos precisam respeitar um compêndio de leis, regulamentos e demais instrumentos legais criados para garantir a efi cácia, em âmbito público e privado (BRASIL, 1998). A Política Nacional de Medicamentos ainda preconiza a elaboração obrigatória e ampla divulgação do Formulário Terapêutico Nacional. Tal documento instrui a prescrição e dispensação dos medicamentos pelos profi ssionais de saúde. O formulário deve reunir todas as informações relativas aos medicamentos como farmacodinâmica e farmacocinética (BRASIL, 1998). No Brasil, a primeira Farmacopeia foi aprovada em 1926 estabelecendo o uso do documento na elaboração e controle de qualidade de medicamentos. O código farmacêutico foi elaborado nos padrões internacionais, trazendo ensaios de impurezas, falsifi cações, doseamento dentre outros do controle de qualidade físico-químico e microbiológico (ROZENFELD, 2000). NOTA: A Farmacopeia Brasileira está na sua 5ª edição e pode ser acessada pelo site da ANVISA no endereço <http://portal.anvisa. gov.br/farmacopeias-virtuais>. Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica 59 A Farmacopeia Brasileira surgiu com a evolução da produção magistral de medicamentos para a industrial originando em uma maximização dos riscos de eventos adversos relacionados a medicamentos devido a escala industrial. O histórico da industrialização dos produtos farmacêuticos demonstrou essa necessidade devido a sérios problemas envolvendo vários usuários (ROZENFELD, 2000). SAIBA MAIS: Em 1998 desvios de qualidade em um anticoncepcional no Brasil acarretou na disponibilização no mercado de 600 mil comprimidos sem princípio ativo. Saiba mais em:< https://www2.senado.leg.br/bdsf/ bitstream/handle/id/183656/000540033. pdf?sequence=1>. Vigilância Sanitária: prevenção, proteção e promoção em saúde A globalização e a industrialização fi zeram com que os produtos e serviços sejam disponibilizados em grandes quantidades e a um número muito grande de usuários aumenta o risco de um desvio da qualidade em um item da saúde provoque danos em usuários. Por esse motivo, os órgãos de Vigilância Sanitária desempenham um importante papel na prevenção, proteção e promoção da saúde. Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica60 REFLITA: E evolução das tecnologias médico- terapêuticas, a oferta constante de novos medicamentos trouxe, paradoxalmente, uma gama de impactos imprevisíveis e indesejáveis, maximizando riscos e fazendo com que a incerteza seja a marca da sociedade atual (COSTA, 2010). DEFINIÇÃO: “A Vigilância Sanitária é um conjunto de ações capazes de eliminar, diminuir, ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde” (BRASIL, 1990). Nesse contexto, a Vigilância Sanitária (VISA) constitui- se como um campo historicamente construído como parte integrante da Saúde Coletiva enquanto área multidisciplinar responsável por desenvolver estratégias de regulação das atividades relacionadas ao ciclo da produção e consumo de bens e serviços de interesse da saúde, nos âmbitos públicos e privados (SILVA; COSTA; LUCCHESE, 2018). Desse modo, a VISA representa um serviço de grande complexidade para a saúde coletiva por executar ações eminentemente preventivas e, por englobar a promoção, proteção, recuperação e reabilitação da saúde. Atuando sobre fatores de risco relacionados a produtos e serviços, fi scaliza Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica 61 e controla a potencial exposição aos riscos para a saúde individual e coletiva (ROZENFELD, 2000).]] EXPLICANDO MELHOR: A vigilância sanitária converge conhecimentos diversos, como: química, farmacologia, epidemiologia, direito, biossegurança, bioética, engenharia civil e arquitetura, dentre outros. Elaboração de procedimentos operacionais padronizados A padronização dos processos é realizada de diferentes maneiras: por meio de documentos regulatórios, da previsão de procedimentos operacionais padrão, de protocolos e manuais de normas e de rotinas. Ela permite a normatização de protocolos já testados e validados, proporcionando segurança na realização de atividades, mesmo as mais básicas do cotidiano profi ssional. Ela também é conhecida como normalização e representará, nos estabelecimentos de produção ou prestação de serviços em saúde, o processo pelo qual se busca o desenvolvimento e a implementação das normas técnicas das atividades realizadas no cotidiano dos mesmos. NOTA: A padronização tem por objetivo também defi nir especifi cações que visem a segurança, a qualidade e a reprodutibilidade dos processos, produtos e serviços. Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica62 A padronização dos processos de acordo com as normas vigentes de vigilância sanitária representa uma ferramenta para a execução controlada das atividades, reduzindo a ocorrência de riscos e danos à saúde individual e coletiva. A padronização apresentará, de forma bem clara, por exemplo, as boas práticas para a produção de itens para a saúde, bem como os critérios físico-químicos e microbiológicos de qualidade (parâmetros qualitativos e quantitativos). Essa padronização é apresentada em documentos normativos internos denominados Manuais de Normas e Rotinas, Protocolos e Procedimentos Operacionais Padrão. Entre os documentos normativos internos temos os procedimentos operacionais padrão (POP), individuais para cada processo e atividade realizada nos estabelecimento que desenvolvem atividades para entregar produtos ou serviços de interesse da saúde. O conjunto de todos os POPs é contido no Manual de Normas e Rotinas das organizações prestadoras de serviço de saúde. DEFINIÇÃO: O procedimento operacional padrão é defi nido como o “conjunto de normas de operação padronizadas e de conhecimento para aplicação por todos os membros do grupo — equipe de trabalho” (BRASIL, 2001, p. 30). Sua fi nalidade é garantir que haja similitude na execução das mesmas atividades por diferentes componentesde uma equipe de trabalho. O emprego de uma metodologia comum possibilita a padronização e uniformização do desempenho das atividades de Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica 63 setores diversos dentro de uma unidade, requisito fundamental à qualidade e segurança de acordo com a VISA. O treinamento é indispensável para que se alcance a uniformidade na execução do procedimento operacional padrão, cuja confecção deve fi car a cargo de técnicos que possuem conhecimento sobre a metodologia empregada e sobre aquilo que se passa no cotidiano do setor. SAIBA MAIS: Os protocolos são documentos normativos que estabelecem critérios e padronizam a realização de atividades-fi m, podendo englobar desde a recepção de clientes até a realização de procedimentos complexos e invasivos, bem como a produção de medicamentos e demais produto farmacêuticos, garantindo a qualidade e a segurança na oferta de itens para a saúde. O procedimento operacional padrão é confeccionado de modo que o profi ssional possua orientações para a realização de atividades cotidianas. São embasados na legislação aplicada e nos protocolos e fl uxogramas, também padronizados. Os protocolos orientam a confecção dos POP e dos Manuais de Normas e Rotinas, por reunirem a legislação e a bibliografi a atualizada a respeito dos temas sobre os quais versam. Considerando todo o fl uxo da produção, desde a aquisição e a entrada da matéria- prima e insumos, à sua saída do estabelecimento como produto acabado, os protocolos são visualizados por meio de fl uxogramas, ferramentas importantes na Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica64 sistematização dos documentos instrutivos. O ideal é que todos os processos sejam padronizados e transformados em documentos normativos internos, obedecendo a legislação e as características do estabelecimento. Os documentos devem estar impressos e presentes no setor de trabalho para consulta, sempre que necessário, caracterizando assim uma ferramenta de promoção da segurança do paciente. Registro de estabelecimentos e produtos O artigo 200 da Constituição (BRASIL, 1988) atribui ao SUS o controle e a fi scalização de procedimentos; os produtos e as substâncias de interesse para a saúde; a execução de ações de vigilância sanitária, epidemiológica e de saúde do trabalhador; a colaboração na proteção do meio ambiente, inclusive o do trabalho. RESUMINDO: A Vigilância Sanitária é esse órgão regulador que visa a defesa e à proteção da saúde da população. Esse órgão realiza ações de promoção da saúde por meio da busca ativa, da redução e da eliminação de riscos por intermédio da intervenção nas diligências sanitárias que envolvam o meio ambiente, os produtos e a prestação de serviços em saúde. As atividades da Vigilância Sanitária serão exercidas pelo Ministério da Saúde e pela ANVISA no plano federal e por órgãos próprios, estabelecidos por Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica 65 legislação federal e local, nos estados e no Distrito Federal. A ANVISA, embora vinculada ao Ministério da Saúde, possui independência administrativa, estabilidade dos dirigentes e autonomia fi nanceira. O registro de medicamento é um instrumento por meio do qual o ministério da Saúde, no uso de sua atribuição específi ca, determina a inscrição prévia no órgão ou na entidade competente (no caso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária) pela avaliação do cumprimento de caráter jurídico-administrativo e técnico-científi co para sua introdução no mercado, comercialização e uso. NOTA: A Lei nº 13.097/2015 (BRASIL, 2015) acrescentou que fi cará a critério e a cargo da Anvisa defi nir o prazo para a renovação do registro de produtos farmacêuticos, considerando sua natureza e o risco sanitário ocasionado pelo seu uso. De todo modo, o prazo não será maior que dez anos. A Anvisa é o órgão competente para conceder ou não o registro de produtos e a autorização de funcionamento de estabelecimentos prestadores de serviços de saúde. Com autonomia e poder de polícia, a Anvisa normatiza estabelecimentos, produtos e serviços. Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica66 NOTA: A Lei 6.360/76 preconizou o controle sanitário de produtos e serviços sujeitos a controle sanitário, defi nindo os critérios para registro de medicamentos novos (de referência) e similares e demais produtos que estejam sujeitos à vigilância sanitária, como alimentos, cosméticos, saneantes, domissanitários e correlatos, de interesse da saúde pública. Em se tratando de produtos, esse registro nada mais é do que um controle realizado antes da comercialização, a fi m de evitar riscos à saúde. Nos casos dos estabelecimentos, a autorização se dá por meio de vistoria in loco para averiguação do seguimento das normas sanitárias vigentes. O exercício profi ssional, defi nido aqui como parte do “serviço”, é aferido, tanto pela vigilância sanitária, quanto pelos órgãos de classe ou conselhos profi ssionais e seguem normas específi cas para a realização das atividades inerentes à profi ssão. DEFINIÇÃO: Segundo o Direito do Consumidor (BRASIL, 1990) “produto” é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial, e “serviço” é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração. A legislação contém as normas necessárias à prestação de serviços e ao funcionamento seguro das atividades profi ssionais com ou sem a responsabilidade técnica de um profi ssional da saúde. Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica 67 RESUMINDO: Caberá aos órgãos de vigilância sanitária as ações de promoção e proteção da saúde coletiva por meio da cobrança do seguimento à legislação, utilizando-se dessa prerrogativa para fi scalizar, autuar e autorizar o registro de estabelecimentos e produtos. Desse modo, os órgãos de vigilância sanitária executam as ações de monitoramento e controle da produção, comércio e uso de medicamentos, garantindo a segurança e a qualidade que devem estar agregadas à facilidade de acesso aos medicamentos, fator de suma importância à efetivação da política de medicamentos e demais políticas de saúde no país. Nesse contexto, surgem as diretrizes da reorientação da assistência farmacêutica, a promoção do uso racional de medicamentos e a Farmacovigilância como ferramentas indispensáveis ao uso seguro de dos produtos farmacêuticos visando aumento da qualidade de vida e saúde da população. Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica68 BIBLIOGRAFIA AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA - ANVISA. Farmacovigilância. 2019a. Disponível em: <http://portal .anvisa.gov.br/farmacovigilancia>. Acesso em 19/05/2019. _________. NOTIVISA. 2019b. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/notivisa>. Acesso em 19/05/2019. ANACLETO, T.A., et al. Erros de Medicação. Revista Pharmacia Brasileira. Jan/Fev 2010. Disponível em < http://www.cff.org.br/sistemas/geral/revista/ pdf/124/encarte_farmaciahospitalar.pdf>. Acesso em 09/06/2019. BOCCATTO, Marcia.Vigilância em saúde. UNA- SUS. UNIFESP. Disponível em: <https://edisciplinas. usp.br/pluginf i le .php/4232427/mod_resource/ content/2/texto%20unifesp%20vigilancia.pdf>. Acesso em 01 de junho de 2019. BRASIL. Portaria nº 3.916, de 30 de outubro de 1998. Brasília: DF. 1998. Disponível em < http:// bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/1998/ prt3916_30_10_1998.html>. Acesso em: 25 mai. 2019. _________. 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