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Diferença entre 
direitos humanos 
e direitos 
fundamentais: 
aplicação
 
SST
Zolotar, Márcia
Diferença entre direitos humanos e direitos fundamen-
tais: aplicação / Márcia Zolotar 
Local: 2020
nº de p. : 10
Copyright © 2019. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados.
Diferença entre direitos 
humanos e direitos 
fundamentais: aplicação
3
Apresentação
De um modo não raro os direitos humanos e os direitos fundamentais podem ser 
confundidos. Os direitos humanos e os direitos fundamentais muitas vezes possuem 
o mesmo conteúdo, tratam-se de direitos que considerados inerentes a todos os 
seres humanos, mas não de forma idêntica, tanto por sua fonte quanto por sua 
positivação ou não nos ordenamentos jurídicos dos Estados nacionais.
Neste capítulo, serão analisadas as principais diferenças entre direitos humanos 
e direitos fundamentais. Você poderá ver que o conteúdo deles pode ser bastante 
similar, porém verá também que as classificações doutrinárias de ambos são 
distintos. 
Os direitos humanos e os direitos fundamentais podem e devem 
conviver de forma pacífica e complementar
Fonte: Plataforma Deduca (2018)
4
Direitos humanos e direitos 
fundamentais: conceitos
Os direitos humanos e os direitos fundamentais possuem divergência quanto ao 
espaço onde os direitos humanos são reconhecidos e positivados. No primeiro caso, 
os direitos humanos pertenceriam ao Direito Internacional, tendo o ser humano 
como um objeto de direito.
Nesse contexto, os direitos humanos passaram por um profundo processo de 
internacionalização e universalização. Hoje tais direitos contam com um Sistema 
Global e Sistemas Regionais de Proteção de Direitos Humanos e um sem número de 
Tratados, Convenção e Instrumentos para a implementação dos chamados direitos 
1ª, 2ª, 3ª e 4ª geração.
No segundo caso (direitos fundamentais), há uma vinculação a um ordenamento 
jurídico interno, constitucional. Vamos lembrar que, no caso da Constituição Federal 
de 1988, os Tratados Internacionais de Direitos Humanos ratificados pelo Brasil têm 
natureza de normas constitucionais.
Assim, são duas ordens jurídicas diferentes, que se sobrepõem e que podem até 
conviver de forma pacífica e complementar. Uma outra questão que surge quando 
analisamos esses dois conceitos é o seu grau de efetividade no mundo real. Ou 
seja, dentro de cada âmbito de atuação – internacional e interno, qual dos direitos 
possuem mais eficácia, efetividade e poder?
Ao analisar o Sistema Global e os Sistemas Regionais de Proteção aos Direitos 
Humanos, é possível constar que esses sistemas possuem órgãos de proteção e 
implementação aos direitos humanos.
Ocorre, porém, que, na maioria dos casos, é necessário que os Estados aceitem a 
competência dos referidos órgãos e ratifiquem os instrumentos de proteção para se 
submeterem ao julgamento deles.
Os direitos fundamentais são direitos positivados nas Constituições Federais, que 
são o instrumento normativo mais importante de um Estado. A partir da Constituição 
Federal, é que todas as demais leis (infraconstitucionais) são criadas e nela 
baseadas.
5
Os princípios fundamentais são ali criados. Não se fala em aceitação dos direitos 
determinados na Constituição ou ainda não se pode arguir desconhecimento dos 
direitos ali garantidos.
A resposta é clara. Dos dois direitos em tela, os que gozam de mais eficácia, sem 
dúvida, são os direitos fundamentais.
Os princípios e as garantias fundamentais encontram-se na Constituição 
e têm sua eficácia e implementação garantida no ordenamento interno
Fonte: Plataforma Deduca (2018)
Valerio Oliveira Mazzuolli (2018, p. 753) nos lembra que a Constituição de 1988 
utiliza as expressões direitos humanos e direitos fundamentais em contextos 
diferentes. Segundo ele, há uma “absoluta precisão técnica” no uso delas, de modo a 
não confundir o significado ou o seu uso.
Assim sendo, a Constituição quando se refere aos direitos ali previstos usa a 
expressão “direitos fundamentais”, por exemplo, no Art. 5º, § 1ª CF/88. Ao se referir 
aos direitos humanos protegidos por Tratados Internacionais, menciona a expressão 
direitos humanos, conforme Art. 5º, § 3º CF/88. 
Uma vez entendido o conceito e a atuação de cada um dos direitos humanos e dos 
direitos fundamentais, vamos conhecer a sua classificação. Siga em frente!
6
Direitos humanos
A classificação dos direitos humanos é baseada na chamada Teoria das gerações. 
Ela foi criada pelo jurista theco-francês Karel Vasak por meio de um texto publicado 
em 1977 e de uma palestra proferida em 1979. Essa teoria estabelece um paralelo 
entre os lemas da Revolução Francesa – liberdade, igualdade e fraternidade - e as 
dimensões ou gerações de direitos humanos, que se dividiriam, em um primeiro 
momento, em três gerações. São elas:
a. Direitos de 1ª geração – são direitos surgidos no final do século XVIII, em de-
corrência da Independência dos Estados Unidos e do advento da Constituição 
(1787) e da Revolução Francesa (1789). Nesse momento, procura-se limitar o 
poder do Estado e fortalecer os direitos dos indivíduos. São os direitos civis e 
políticos.
b. Direitos de 2ª geração – o contexto histórico do surgimento dos direitos des-
sa geração, paradoxalmente, é oposto ao dos direitos de 1ª geração. Procura-
-se a maior intervenção do Estado com o objetivo de garantir direitos econô-
micos, sociais e culturais. Exemplos de instrumentos constitucionais desse 
período são as Constituições do México, de 1917, de Weimar e a Constituição 
Brasileira de 1934.
c. Direitos de 3ª geração – são também chamados de transindividuais. Refletem 
as mudanças ocorridas na comunidade internacional e na sociedade, com o 
surgimento de questões com impactos em escala mundial, tais como meio 
ambiente, direitos humanos, proteção aos consumidores, dentre outros. São 
direitos coletivos e pertencem a toda a humanidade.
José Eliaci Nogueira Diógenes Júnior (20-?) menciona alguns autores, dentre 
os quais Paulo Bonavides, Norberto Bobbio e José Adércio Sampaio Leite, que 
entendem existir uma 4ª e uma 5ª geração de direitos:
a. Direitos de 4ª geração – são os direitos relacionados à manipulação do patri-
mônio genético. Muitos questionam a forma pela qual vem sendo feita essa 
manipulação e os respectivos riscos.
b. Direitos de 5ª geração – segundo alguns doutrinadores, esses direitos esta-
riam relacionados à evolução da cibernética e de tecnologias, como a realida-
de virtual e a Internet. Outros, no entanto, os vinculam ao ideal da paz, como 
ideal supremo da humanidade.
7
Importante destacar que, embora essa classificação seja utilizada por grande parte 
da doutrina, inúmeras críticas apontam para falhas na relação das gerações de 
direitos e o processo histórico dos direitos humanos. Destacamos algumas delas:
1. As gerações de direitos humanos trazem uma ideia de sucessão de direitos, 
quando, na realidade, ocorre uma concomitância de direitos convivendo e pro-
tegendo direitos de âmbitos diversos. À medida que surge a necessidade de 
proteção de no vos direitos, criam-se instrumentos normativos capazes de 
salvaguardar esses direitos.
2. Trata-se de uma cumulação de direitos que vão surgindo ao longo da história. 
Todos esses direitos se revestem das características de universalidade, indi-
visibilidade, interdependência e inter-relacio-nariedade.
Nas palavras de Mazzuolli (2018, p. 759):
Deve ser afastada a visão fragmentária e hierarquizada das diversas 
categorias de direitos humanos, a fim de se buscar a “concepção 
contemporânea” desses mesmos direitos, tal como introduzida pela 
Declaração Universal de 1948 e reiterada pela Declaração de Direitos 
Humanos de Viena de 1993.
A manipulação do patrimônio genético é objeto de preocupação de muitos 
cientistas e estudiosos do direito e da filosofia
Fonte: Plataforma Deduca (2018)
8
Direitos fundamentais
A Constituição Federal de 1988 tratou dos Direitos e Garantias Fundamentais no 
Título II, muito embora possamos encontrar alusões a essesprincípios no texto 
constitucional, de forma expressa ou implícita. Recordamos o mérito atribuído 
à Constituição ao inovar e determinar que as normas definidoras dos direitos 
e garantias fundamentais possuíssem aplicabilidade imediata. Essas normas 
passaram a possuir um status jurídico diferenciado.
Sarlet (2018, p.70) enfatiza o papel da Constituição de 1988 em sua obra:
(...) sem medo de errar, que, a despeito da existência de pontos passíveis 
de crítica e ajustes, os direitos fundamentais estão vivenciando o seu 
melhor momento na história do constitucionalismo pátrio, ao menos 
no que diz respeito ao seu reconhecimento pela ordem jurídica positiva 
interna e pelo instrumentário que se colocou à disposição dos operadores 
de Direito, inclusive no que concerne às possibilidades sem precedentes 
no ordenamento nacional.
De forma resumida, elencamos para você esses direitos:
I. Direitos individuais e coletivos: estão relacionados ao ser humano e à perso-
nalidade dele e protegem os direitos referentes à vida, igualdade, dignidade, 
segurança, honra, liberdade e propriedade. Encontram-se determinados no Ar-
tigo 5º e seus incisos.
II. Direitos sociais: procuram garantir as liberdades positivas, que se referem à 
educação, à saúde, ao trabalho, à previdência social, ao lazer, à segurança, à 
proteção à maternidade e à infância e à assistência aos desamparados. Têm 
como objetivo melhorar as condições de vida dos menos favorecidos. Estão 
previstas a partir do Artigo 6º.
III. Direitos de nacionalidade: garante ao nacional o vínculo jurídico político ao 
seu país e os respectivos direitos e obrigações daí decorrentes para ambas 
as partes.
IV. Direitos políticos: por meio desses direitos, o indivíduo pode exercer sua cida-
dania, como votar e ser votado. Pode participar do processo democrático no 
país. Encontram-se previstos no Artigo 14.
V. Direitos relacionados à existência, organização e participação em partidos 
políticos: assegura a existência, autonomia e liberdade dos partidos políticos. 
Trata-se de um elemento fundamental em um Estado Democrático de Direito. 
Está determinado no Artigo 17.
9
Fechamento
Nesta unidade, você pôde conhecer mais sobre os direitos humanos e os direitos 
fundamentais. Na primeira parte você pode conhecer a origem e fonte atribuída a 
cada um dos tipos de direitos, bem como as principais diferenças entre ambos no 
que diz respeito à positivação ou não deles. 
Na segunda, você pode conhecer algumas das classificações dos direitos dos 
direitos humanos que podem ser divididos em três ou mais dimensões, de acordo 
com o referencial teórico utilizado. Na terceira parte, você pôde conheceu algumas 
das classificações dos direitos fundamentais presentes na Constituição Federal que, 
como visto, são de natureza bastante diversa.
10
Referências
BRASIL. (Constituição 1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 
Disponível em: . https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/518231/
CF88_Livro_EC91_2016.pdf Acesso em: 15 jun. 2018. 
______. Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo 
Facultativo. Disponível em: . http://www.pcdlegal.com.br/convencaoonu/wp-
content/themes/convencaoonu/downloads/ONU_Cartilha.pdf Acesso em: 25 jun. 
2018.
 ______. Emenda Constitucional nº 45, De 30 De Dezembro De 2004. Disponível em: 
. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm 
Acesso em: . 24 jun. 2018. 
DIÓGENES JUNIOR, J. E. N. Gerações ou dimensões dos direitos fundamentais? [20-
?]. Disponível em: . http://www.conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/29835/
geracoes-ou-dimensoes-dos-direitos-fundamentais Acesso em: 28 jun. 2018. 
MAZZUOLI, V. O. Curso de Direito Internacional Público. Rio de Janeiro: Forense, 
2018. 
PIOVESAN, F. Temas de Direitos Humanos. São Paulo: Saraiva, 2013. 
______. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional. 6. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2015a. 
______. Direitos Humanos e Justiça Internacional. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2015b. 
SARLET, I. W. A Eficácia dos Direitos Fundamentais: Uma Teoria Geral dos Direitos 
Fundamentais na Perspectiva Constitucional. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 
2018.
https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/518231/CF88_Livro_EC91_2016.pdf
https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/518231/CF88_Livro_EC91_2016.pdf
http://www.pcdlegal.com.br/convencaoonu/wp-content/themes/convencaoonu/downloads/ONU_Cartilha.pdf%20
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http://www.conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/29835/geracoes-ou-dimensoes-dos-direitos-fundamentais
http://www.conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/29835/geracoes-ou-dimensoes-dos-direitos-fundamentais
Dos Direitos 
Humanos
 
SST
Vargas, Fábio Aristimunho 
Dos direitos humanos / Fábio Aristimunho Vargas 
Local: 2020
nº de p. : 14
Copyright © 2019. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados.
Dos Direitos Humanos
3
Apresentação
Os direitos humanos são constantemente invocados, além de serem muito 
discutidos nas mídias mundiais. Situações de conflitos e guerras internacionais 
geralmente suscitam essa discussão, pois não é raro que os direitos humanos sejam 
violados nessas situações extremas.
Vamos conhecer mais sobre os direitos humanos. Primeiro, verá uma clássica 
divisão entre gerações ou dimensões de direitos humanos. Na segunda e terceira 
parte, você verá a aplicabilidade desses direitos no plano internacional, além de 
conhecer mais sobre as Cortes Internacionais que tem como principal objeto os 
direitos humanos.
Geração de direitos humanos
O conceito geral de Direitos Humanos é o direito conferido a todo e qualquer 
sujeito, e visa manter sua integridade como indivíduo e sua dignidade, a qual toda a 
sociedade política deve garantir. Os Direitos Humanos são reconhecidos pelo Estado 
e no plano da ordem jurídica internacional, o que o positiva e os enquadra junto aos 
direitos políticos, sociais, econômicos etc. 
Segundo Guerra (2014), a evolução dos Direitos Humanos, que foram sendo 
incrementados ao longo da história, faz com que esses direitos sejam classificados 
por ondas geracionais ou por dimensão. Essa divisão ocorre em três partes, que 
foram desenvolvidas e conquistadas no decorrer dos séculos: 
Direitos de primeira geração ou direitos civis: são expressos pela igualdade dos 
homens perante a lei e são resultantes da Declaração Francesa dos direitos do 
Homem e do Cidadão, durante a Revolução Francesa no século XVIII. Também a 
Constituição dos Estados Unidos da América em 1787 teve grande impacto na 
consolidação dos direitos civis e resguarda os direitos políticos e econômicos. Essa 
primeira geração marca a secularização do Estado, ou seja, o Estado independente 
dos laços com as instituições religiosas. 
4
A primeira geração de direitos foi influenciada pelos iluministas 
que desenvolveram suas teorias na mesma época da Revolução 
Francesa e da Independência dos EUA e também teve a efetivação 
do contrato social, idealizada pelos contratualistas, que faziam 
parte do movimento Iluminista.
Atenção
Direitos de segunda geração ou direitos políticos: direitos ao trabalho, à saúde, à 
educação, dentre outros, cujo sujeito passivo é o Estado. Os direitos políticos são 
decorrentes da expansão do voto no sentido do sufrágio universal, o que implica na 
conscientização da população como sujeito de direito político e na sua liberdade 
frente ao Estado. A segunda geração ainda debate o direito a uma nacionalidade, à 
participação no governo, à soberania popular além do voto por sufrágio universal. 
Direitos de terceira geração ou direitos sociais: após a garantia dos direitos 
políticos, civis e econômicos, os direitos sociais englobam quatro principais formas 
de direito: 
i) o direito ao meio ambiente equilibrado;
ii) direito ao desenvolvimento;iii) direito ao progresso e a paz; 
iv) direito ao respeito cultural e a autodeterminação dos povos. 
Desenvolveu-se no século XX com a expansão do Welfare State ou Estado de Bem 
Estar Social, ou seja, é por ora a mais recente geração de direitos. 
Alguns teóricos do DIP discutem as três gerações baseadas no 
lema da Revolução Francesa de Igualdade, Liberdade e Fraternidade. 
A divisão dos direitos em gerações é muito parecida com os 
princípios da revolução iluminista da França.
Curiosidade
5
Esses direitos são garantidos por diversas instituições, sendo os direitos civis 
guardados sob a instituição dos Tribunais de Justiça, com papel decisivo na 
promoção e no registro do novo direito conquistado. Os Parlamentos e as Câmaras 
locais são as instituições garantidoras dos direitos políticos e os direitos sociais 
se encontram atrelados aos sistemas educacionais, serviços sociais e políticas 
praticadas pelo Poder Executivo. 
O direito internacional dos Direitos 
Humanos
Os Direitos Humanos são direitos especiais, que se relacionam com a dignidade e 
a integridade do ser humano, condenando atos de agressão, desrespeito cultural, 
descriminação, etc. Em decorrência disso, lhe é conferida uma autonomia de 
atuação em relação ao Direito Internacional. 
Uma das divisões dentro do Direito Internacional dos Direitos Humanos é o 
Direito Internacional Humanitário que diz respeito à limitação dos meios e 
métodos utilizados durante o conflito, ou seja, os tipos de armas usadas durante 
os confrontos e a maneira de utilizar tal arma. Os exemplos que tivemos, 
principalmente durante o período das grandes guerras no século XX, nos mostraram 
o quão desgastante é o conflito entre Estados. Segundo Guerra (2014), o Direito 
Internacional, por razão desses conflitos, determinou algumas diretrizes que 
proíbem o envolvimento de civis e de “métodos que possam causar sofrimento 
desnecessário”.
O DIH tem por objetivo garantir a proteção da população civil, 
mesmo nos casos de conflitos com caráter internacional. Isso 
significa que o direito é aplicável igualmente entre as partes, 
não interessando quem iniciou as ofensivas. Em decorrência da 
aceitação desses direitos no plano internacional pelos Estados, a 
efetivação dos direitos se tornam imperativas – mesmo que nem 
sempre cumpridas - na comunidade internacional. 
Atenção
6
Os civis não podem ser objetos de retaliação nem alvos durante o conflito, pois o 
principal propósito dos DIH é preservar a dignidade da pessoa, por isso os alvos são 
apenas militares, como bases e campos de exército. Também é vetado o abuso de 
poder bélico, ou seja, deve-se revidar de forma proporcional à ofensiva recebida pela 
parte adversa. 
Além desses princípios gerais instaurados pelo Direito Internacional 
Humanitário o Movimento da Cruz Vermelha adota alguns princípios 
que norteiam suas ações. São elas: a humanidade, a neutralidade, 
a independência, o caráter voluntário, a universalidade e a unidade. 
Atenção
Sendo o indivíduo passível de direitos humanos para manter sua integridade, entra 
em cena a humanidade como sujeito do direito internacional. Segundo Amaral Júnior 
(2013), a humanidade como um todo se torna gradualmente um sujeito, assim como 
os Estados e Organizações Internacionais, o que significa que ela possui direitos. 
Elevar o homem, individualmente, e a humanidade, coletivamente, são feitos que 
ainda estão em processo de desdobramento no mundo contemporâneo. 
O sistema Global
Na história da inserção dos direitos humanos universais, encontramos alguns 
documentos que marcaram a trajetória dessa conquista. Esses documentos são 
a Carta das Nações Unidas (1945), a Declaração Universal dos Direitos Humanos 
(1948), o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional 
dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, de 1966. Em especial, a Declaração 
Universal dos Direitos Humanos impulsionou os avanços nesta área do Direito 
Internacional. A partir desses documentos básicos, vários documentos, tratados e 
pactos foram assinados e incorporados pelos Estados membros da ONU. 
7
O Sistema Global da ONU é composto por instrumentos 
normativos gerais e especiais e também por organismos que têm 
como função a vigilância dos direitos humanos. Os instrumentos 
normativos gerais são aqueles que integram a Carta Internacional 
de Direitos Humanos, que é integrada pela Declaração Universal 
dos Direitos Humanos, pelo Pacto Internacional dos Direitos Civis 
e Políticos e pelo Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, 
Sociais e Culturais. Além disso, também integram o conjunto 
normativo do Sistema Global, as Convenções Internacionais, que 
são os instrumentos  especiais, voltados para a prevenção da 
discriminação ou à proteção de pessoas ou grupos vulneráveis.
Curiosidade
O Sistema Global possui uma série de organismos de auxílio na fiscalização dos 
direitos humanos. Existem os mecanismos extraconvencionais e convencionais. Um 
desses mecanismos é a Comissão de Direitos Humanos da ONU – CDH, que foi o 
principal órgão do Sistema Global criado em 1946. A partir dos anos 60, a Comissão 
iniciou a fase de implementação, com um caráter mais intervencionista nos direitos 
humanos.
Após a criação desse mecanismo, em 2006 a Assembleia Geral aprovou a Resolução 
60/251, para a criação do novo Conselho de Direitos Humanos. O objetivo era 
substituir a Comissão de Direitos Humanos. Isso se deu devido a um contexto de 
tentativa de reforma da ONU, em busca de retomar a sua credibilidade no cenário 
internacional. A causa disso foram os acontecimentos mundiais, como a invasão 
não autorizada do Iraque em 2003.
A criação do novo Conselho de Direitos Humanos pretende tratar 
a temática na mesma importância que as questões da segurança 
e do desenvolvimento, debatidas no âmbito do Conselho de 
Segurança e do Conselho Econômico e Social (ECOSOC). 
Atenção
8
Você sabe o que é o sistema regional interamericano? A seguir, conheceremos sobre 
esse assunto. Vamos lá?!
O sistema regional interamericano
Como foi mencionado previamente, os acontecimentos do século XX fizeram com 
que os Estados repensassem como tratar o ser humano, e abriu os olhos das 
organizações e instituições internacionais. Dessa forma, em 1977 a Organização das 
Nações Unidas aprovou uma resolução que estimulou os países a firmar acordos 
sobre os direitos humanos nos locais em que ele ainda não tinha sido firmado. 
Amaral Júnior (2013) afirma que os acordos visam proteger os seres humanos por 
meio de novos direitos ou pelo reforço dos já existentes.
A Assembleia Geral da ONU sugeriu que existissem cortes ou sistemas em 
cada região do planeta, para impedir que as violações aos direitos humanos 
permanecessem impunes. Assim, foram criadas Cortes Judiciais na Europa, 
na África e nas Américas. Embora a Ásia não seja mencionada, devido às 
peculiaridades culturais desta região, algumas medidas de proteção também são 
tomadas naquele continente. 
Para começar a estudar o sistema Interamericano, é necessário ter 
em mente que a Convenção Americana de Direitos Humanos está 
pautada no tratado estabelecido em São José na Costa Rica, em 
1969, que foi ratificado e entrou em vigor em 1978. Esse primeiro 
acordo trata de direitos civis e políticos dos países membros. 
Atenção
Para completar, em 1988 os americanos adotaram um novo acordo, através de 
um Protocolo adicional à Convenção, relativo aos direitos econômicos, sociais 
e culturais do povo que estava sendo representado. Esse protocolo adicional foi 
chamado de Protocolo de San Salvador, que passou a vigorar em 1999. 
O Sistema Interamericano visa impedir que os casos de desaparecimentos, 
genocídios e outros crimes que violem os Direitos Humanos ocorram. O Sistema é 
dividido em dois órgãos: Comissão e a Corte Interamericana de Direitos Humanos. 
9
Comissão: 
é formada por sete membros com plenos saberes em matéria de direitos 
humanos, que devem ser nacionais de algum dos Estados Membros da 
Organizaçãodos Estados Americanos (OEA). A incumbência é promover o 
respeito e a proteção dos direitos humanos. Além dessa função, eles têm a 
obrigatoriedade de relatar quaisquer medidas inapropriadas praticada por 
algum dos governos ou grupos de indivíduos. Eles ainda acatam denúncias 
e as examinam para que sejam promovidas atitudes de solução, porém essa 
denúncia só pode ser feita depois que o Estado não tiver mais condições de 
manter a ordem internamente. 
Corte Internacional, ou Interamericana: 
possui duas funções: a função consultiva, que se resume a consultar e 
interpretar a Convenção Americana dos Direitos Humanos e os outros 
tratados; e a função jurisdicional, através da qual pode aplicar aos países as 
regras contidas na Convenção. 
Assim os Direitos Interamericanos são resolvidos primeiramente no âmbito 
nacional, e caso for necessário pode-se utilizar o Sistema Regional para evitar 
casos de violência e atentado aos direitos humanos. Veremos agora outra 
forma de organização para as causas humanitárias.
O tribunal penal internacional dos 
Direitos Humanos
O Tribunal Penal Internacional (TPI) surgiu com o objetivo de julgar os perpetradores 
de grandes crimes internacionais, que causam grande repercussão e horrorizam 
a humanidade. Trata-se dos crimes de genocídio, crimes contra a humanidade e 
crimes de guerra. 
Segundo Piovesan (2013), o tribunal teve sua ideia realmente encabeçada por três 
tentativas de criação, relativas ao Tratado de Sèvres, ao Tratado de Versailles e à 
Convenção contra o Terrorismo, todas após a Primeira Grande Guerra. 
10
A ideia de um Tribunal Penal Internacional não é recente. O primeiro 
tribunal internacional foi estabelecido provavelmente ainda em 
1474, em Breisach, Alemanha, para julgar Peter Von Hagenbach, 
por haver permitido que suas tropas estuprassem e matassem 
civis, saqueando suas propriedades. Séculos depois, na década de 
1860, um dos fundadores do movimento da Cruz Vermelha, Gustav 
Monnier, propunha a elaboração de um Estatuto para um Tribunal 
Penal Internacional, sem, contudo, encontrar grande receptividade.
Curiosidade
Motivado pelos acontecimentos do Holocausto Nazista, o Tribunal de Nuremberg 
teve o propósito de julgar os alemães que compactuaram com a ideologia racial 
e julgá-los em corte internacional. Uma grande contribuição foi a cláusula em que 
mesmo quando um direito é permitido no âmbito interno de um país, se esse direito 
violar o Direito Internacional, principalmente em casos da dignidade humana, é 
levado à punição internacional. 
Assim como o de Nuremberg, os Tribunais de Ruanda, para analisar o massacre 
entre duas etnias, e o da Iugoslávia também contribuíram para que a construção de 
um Tribunal geral fosse criado. O aprimoramento dessa ideia trouxe benefícios para 
a proteção à pessoa no âmbito internacional. Antecedido também por Tribunais 
Militares, Tribunais Regionais e Comissões de Direito Internacional, o Tribunal Penal 
foi criado após a Guerra Fria, apenas em 1994, advento de uma nova ordem mundial. 
Os princípios que podem ser julgados pelo TPI são casos como o extermínio de 
populações, o genocídio, os crimes contra a humanidade, os crimes de guerra e 
os crimes de agressão, ou seja, é um tribunal judicial que tem a capacidade e a 
jurisdição para processar pessoas por violação de leis humanitárias. Com o Tribunal 
pretende-se preservar a paz e, sobretudo, proteger a dignidade da pessoa humana. 
Vamos listar alguns crimes que são identificados no TPI em três categorias, listadas 
a seguir: 
11
Genocídio: 
utilizam-se todas as formas possíveis para que alguma religião específica, 
tribo, etnia, grupo nacional ou qualquer especificidade de um típico grupo 
pessoal, seja atingido. Assim, o TPI tem a grande missão de parar com 
essa destruição em massa, que pode ser total, desmando uma população 
ou parcial, onde grande parte sofre consequências. De acordo com Guerra 
(2014), existem alguns casos em que a destruição é “destinada a impedir 
nascimentos no seio do grupo; transferência, à força, de crianças do grupo 
para outro grupo” 
Crimes contra a Humanidade: 
têm como base filosófica a ideia de que certos ataques contra determinado 
grupo de pessoas, pela sua crueldade e pela gravidade dos seus danos, 
consistem em ataques a todos os seres humanos.
Podemos trazer alguns exemplos. Ataques contra determinado grupo 
populacional, perseguição e desaparecimento de pessoas, crimes de 
apartheid, tortura, extermínio ou escravidão compõem a lista desse tipo de 
crime.
Crimes de guerra: 
dizem respeito às barbaridades cometidas em campos de batalha, que 
extrapolam qualquer razoabilidade e violam normas internacionais. Por 
exemplo, homicídio doloso, tortura, imigração forçada, ataques a populações 
civis, cortes de recursos básicos de sobrevivência, como comida e água, 
ataques químicos, dentre outros, fazem parte desse rol de crimes.
 O Tribunal Internacional Penal para Direitos Humanos foi criado pelo Estatuto 
de Roma de 15 de junho a 17 de julho de 1998. Ele entrou em vigor em 2002 e 
hoje é o principal meio de combater e julgar os crimes internacionais. Sediada 
na Holanda, o TPI é considerado um ator internacional. 
A importância dos Direitos Humanos nas relações 
internacionais
Vamos discorrer um pouco sobre a importância dos Direitos Humanos nas relações 
internacionais. Assim, poderemos compreender melhor a relação à importância de 
existirem cortes as organizações internacionais que se dedicam a tratar desse tema. 
12
Direitos Humanos são os direitos base de todos os seres humanos. Eles podem ser 
direitos civis e políticos, como propriedade privada, liberdade de pensamento, de 
expressão, igualdade de todos perante a lei, direito à nacionalidade, de participar do 
governo do seu Estado, de votar e ser votado, dentre outros direitos liberais;
Podem estar relacionados à direitos econômicos, sociais e culturais, como direitos 
ao trabalho, à educação, à saúde, à previdência social, à moradia, à distribuição de 
renda, fundamentados no valor de igualdade de oportunidades, dentre outros direitos 
dessa natureza; 
Ou podem dizer respeito a direitos difusos e coletivos, como direito à paz, direito ao 
progresso, autodeterminação dos povos, direito ambiental, direitos do consumidor, 
inclusão digital, todos eles fundamentados no valor fraternidade. 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas 
afirma que “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em 
direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros 
em espírito de fraternidade.” Por isso, a ideia é exatamente que esses direitos não 
aceitem discriminações.
Vamos lembrar que a humanidade é marcada por tragédias que 
tem origem na intolerância. Holocausto, limpeza étnica, terrorismo, 
colonialismo – são termos que nos remetem às piores barbáries 
cometidas pelo ser humano. Para evitar a repetição desses 
acontecimentos, os Direitos Humanos não aceitam exceção: todos 
os homens, independente do que façam ou tenham feito, são 
dignos desses direitos. 
Curiosidade
 Assim, quando os direitos humanos são infringidos, tem-se por base recorrer 
a tribunais nacionais, ou mesmo internacionais. Por exemplo, o Tribunal Penal 
Internacional tem como função julgar os indivíduos que cometem crimes de 
genocídio, crimes de guerra, crimes contra a humanidade e os crimes de agressão. 
Nas Américas por exemplo, a Corte, ou o Tribunal Interamericano de Direitos 
Humanos, exerce função parecida. No entanto, ao invés de julgar pessoas, ela julga 
os Estados que não respeitam Direitos Humanos.
13
Criada através do Pacto de San José da Costa Rica, de 1969, a Corte Interamericana 
de Direitos humanos é uma instituição judiciária autônoma cujo objetivo é a 
aplicação e a interpretação da Convenção Americana sobre Direitos Humanos. 
O Brasil, particularmente, já sofreu processos na Corte por não respeitar alguns 
direitos. A Lei Maria da Penha, por exemplo, que criminaliza aviolência contra a 
mulher, surgiu a partir de uma condenação que o país sofreu neste Tribunal.
Assim é que basicamente funcionam as instituições que têm por dever manter 
direitos de cidadania e integridade social, evitando crimes de guerra, crimes contra a 
humanidade e violações dos direitos humanos em geral.
O nascimento de uma jurisdição permanentemente universal é um grande passo 
em direção da universalidade dos Direitos humanos e do respeito do direito 
internacional. As cortes internacionais, bem como os tribunais regionais, estão 
presentes em diversos lugares do mundo, causando grande influência tanto nas 
políticas públicas quanto na legislação de seus Estados associados. 
Fechamento
Como visto, os direitos humanos são aqueles direitos considerados básicos e 
inerentes a todos os seres humanos. São direitos conquistados ou reconhecidos ao 
longo da história, ao longo de uma luta histórica pelo conhecimento da dignidade de 
todos os seres humanos e a concepção de que todos são titulares de direitos.
No plano internacional, é possível verificar que muitos tratados e pactos objetivam 
manter viva a discussão sobre os direitos humanos, além de buscar a sua 
efetividade. Para a efetividade dos direitos humanos destaca-se o Tribunal Penal 
Internacional que processa e julga crimes contra a humanidade e de violação de 
direitos humanos, além de exercer outras atribuições correlatas.
14
Referências
AMARAL JÚNIOR, A. do. Curso de Direito Internacional Público. 4. ed. São Paulo: 
Atlas, 2013. 
GUERRA, S. Curso de Direito Internacional Público. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. 
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
Disponível em: https://www.ohchr.org/EN/UDHR/Documents/UDHR_Translations/
por.pdf. Acesso em: out. 2020.
 PIOVESAN, F. Temas de Direitos Humanos. São Paulo: Saraiva, 2013. 
https://www.ohchr.org/EN/UDHR/Documents/UDHR_Translations/por.pdf
https://www.ohchr.org/EN/UDHR/Documents/UDHR_Translations/por.pdf
https://www.ohchr.org/EN/UDHR/Documents/UDHR_Translations/por.pdf
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DISCIPLINA 
A PROTEÇÃO DOS DIREITOS 
HUMANOS - A ASCENSÃO DO 
DIREITO INTERNACIONAL DOS 
DIREITOS HUMANOS 
 
Aula 
Neoconstitucionalismo 
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A Proteção dos Direitos Humanos - a ascensão do 
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Apresentação 
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Apresentação 
Prezado Acadêmico! 
É um privilégio tê-lo como nosso aluno e, desde já, dou as boas-vindas a nossa 
unidade, aqui no CENES. 
Nesta aula, aprenderemos que a doutrina constitucionalista, a partir do século XX, 
passou a desenvolver uma nova perspectiva do constitucionalismo. Veremos que o 
chamado pós-positivismo busca, para além da ideia de limitação do poder estatal, a 
eficácia da Constituição; que o texto maior deixou de ter um caráter meramente 
teórico para ser mais efetivo, buscando diretamente a concretização dos direitos 
fundamentais. Perceberemos que a Constituição passará a ocupar a posição de dentro 
do ordenamento jurídico, sendo dotada de imperatividade e superioridade. Por fim, 
veremos que essa nova fase do constitucionalismo buscará, sobretudo, a proteção da 
proteção da dignidade humana. 
 
Sumário 
Direitos Autorais ------------------------------------------------------------------------------------------------- 2 
Apresentação ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 3 
Sumário ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 3 
Construção histórica -------------------------------------------------------------------------------------------- 4 
Neoconstitucionalismo ----------------------------------------------------------------------------------------- 6 
Influências da Primeira e Segunda Guerra Mundial no Neoconstitucionalismo ---------------------------------- 8 
Princípio da Dignidade da Pessoa Humana -------------------------------------------------------------------------------- 10 
Movimento neoconstitucionalista no Brasil ------------------------------------------------------------- 13 
Neoconstitucionalismo e a centralidade da Constituição ------------------------------------------- 14 
Teoria Pura do Direito ----------------------------------------------------------------------------------------------------------- 14 
Competência Legislativa -------------------------------------------------------------------------------------------------------- 17 
Nova interpretação da Constituição----------------------------------------------------------------------- 19 
Conclusão --------------------------------------------------------------------------------------------------------- 21 
Referências Bibliográficas ------------------------------------------------------------------------------------ 22 
 
A Proteção dos Direitos Humanos - a ascensão do 
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Construção histórica 
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Construção histórica 
Inicialmente, antes de direcionar nossos estudos no chamado “neoconstitucionalismo”, 
ou novo constitucionalismo, você precisa compreender as origens desse termo. A 
compreensão do constitucionalismo pode ser estabelecida a partir do momento 
histórico em que o movimento ocorreu, durante as revoluções liberais norte-
americana e francesa, que ocorreram, respectivamente, em 1787 e 1791. No entanto, 
alguns doutrinadores defendem que a ideia do constitucionalismo como limitação do 
poder estatal tenha surgido muito antes desses movimentos, datando suas origens a 
partir da idade média. 
 
Conforme exemplifica Nathalia Masson (2020), existem quatro formas de 
constitucionalismo ao longo da história, o antigo, o medieval, o moderno e o 
contemporâneo (neoconstitucionalismo),além de uma previsão do 
constitucionalismo futuro. De forma sucinta, essas modalidades podem ser definidas 
da seguinte forma: 
a) Constitucionalismo antigo: o constitucionalismo antigo tem sua origem nos 
tempos primórdios, durante a sociedade Hebraica, onde o Estado era 
organizado de forma teocrática através da Torah ou do Pentateuco, de modo 
que o poder do monarca já era limitado pelos dogmas religiosos. Durante este 
período, a Grécia também teve muita influência no campo da democracia. 
 
b) Constitucionalismo medieval: durante a idade média, enquanto perdurava a 
ideia do feudalismo com os senhores feudais, o desenvolvimento do 
mercantismo através dos burgos e a implementação do absolutismo 
monárquico modificaram o cenário da época. A realeza passou a reivindicar 
uma certa liberdade perante as decisões imprevisíveis dos governantes 
absolutos. 
 
Assim, diante da pressão dos nobres e dos burgueses, o constitucionalismo 
medieval acabou ganhando força e, posteriormente, durante o reinado de João 
Sem-Terra na Inglaterra, originou-se a Magna Carta de 1215, a qual impunha 
certos limites ao monarca. Contudo, é válido mencionar que, embora represente 
um grande passo para o constitucionalismo, durante este período os privilégios 
conquistados através da Magna Carta ainda eram restritos à nobreza, deixando 
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Construção histórica 
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o resto da população à margem do absolutismo; 
 
c) Constitucionalismo moderno: o termo constitucionalismo moderno surgiu 
durante as grandes revoluções liberais desencadeadas entre os séculos XVIII, 
XIX e XX, na França e nos EUA, que culminaram nas Constituições pós-guerra. 
Grande parte da doutrina considera que foi somente a partir desse momento 
que o constitucionalismo conhecido atualmente surgiu. 
 
Assim, as revoluções ocorridas na época acabaram por influenciar, mesmo que 
indiretamente, a instituição de um novo modelo de Estado, conhecido como 
liberal, através das novas Constituições escritas que, diferente da Magna Carta 
de 1215, limitaram o poder dos governantes e asseguraram alguns direitos 
políticos e individuais a todos os cidadãos. 
 
Como bem menciona Nathalia Masson (2020, p. 34) “o constitucionalismo do 
período, intitulado de liberal, ficou marcado pelo enaltecimento do indivíduo, 
pelo surgimento das primeiras constituições escritas e rígidas, pela consagração 
de direitos civis e políticos e pelo distanciamento do Estado que, numa postura 
nitidamente absenteísta, pouco atuava”. 
 
d) Constitucionalismo contemporâneo: o constitucionalismo contemporâneo, 
também conhecido como neoconstitucionalismo, surge depois da Segunda 
Grande Guerra e tem como princípio norteador a dignidade da pessoa humana. 
Embora represente um grande avanço para a sociedade, o 
neoconstitucionalismo só foi possível devido a todas as barbáries que 
ocorreram antes dele. 
 
À vista disso, junto com o movimento surgiram os direitos fundamentais de 3ª, 
4ª e 5ª dimensão; 
 
e) Constitucionalismo do futuro: diferente dos outros movimentos, o 
constitucionalismo do futuro é uma projeção. Apesar de alguns doutrinadores 
já defenderem que a transição do constitucionalismo contemporâneo para o 
constitucionalismo vindouro ou do porvir já pode ser identificada. 
 
O constitucionalismo futuro deve estar relacionado com sete valores diferentes, 
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Neoconstitucionalismo 
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quais sejam: 
• Verdade; 
• Solidariedade; 
• Consenso; 
• Continuidade; 
• Participação; 
• Integração; 
• Universalidade. 
 
 
 
 
Agora que você já tem uma noção dos aspectos iniciais e introdutórios a respeito do 
constitucionalismo, vamos dar continuidade ao nosso estudo, focando no objeto 
principal do material, o neoconstitucionalismo. 
 
Neoconstitucionalismo 
A denominação do movimento moderno constitucional do Neoconstitucionalismo 
gera discussão e controvérsia entre os estudiosos da matéria. Alguns doutrinadores 
brasileiros, a exemplo de Ferreira Filho (2011), fazem críticas a esse neologismo, 
entendendo que, o que se chama de Neoconstitucionalismo, na verdade, já se 
observava desde os primórdios do Constitucionalismo no século XVIII. 
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Neoconstitucionalismo 
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No mesmo sentido, em sua obra sobre o Neoconstitucionalismo, Cunha Júnior (2012), 
assevera: 
O Neoconstitucionalismo representa o constitucionalismo atual, contemporâneo, que emergiu 
como uma reação às atrocidades cometidas na segunda guerra mundial, e tem ensejado um 
conjunto de transformações responsável pela definição de um novo direito constitucional, 
fundado na dignidade da pessoa humana. O Neoconstitucionalismo destaca-se, nesse 
contexto, como uma nova teoria jurídica a justificar a mudança de paradigma, de Estado 
Legislativo de Direito, para Estado Constitucional de Direito, consolidando a passagem da Lei 
e do Princípio da Legalidade para a periferia do sistema jurídico e o trânsito da Constituição e 
do Princípio da Constitucionalidade para o centro de todo o sistema, em face do 
reconhecimento da força normativa da Constituição, com eficácia jurídica vinculante e 
obrigatória dotada de supremacia material e intensa carga valorativa (CUNHA JÚNIOR, 2012, 
p. 29). 
 
Contudo, Luís Roberto Barroso (2018, p. 280) explica que o direito constitucional 
passou por muitas transformações ao longo dos anos, e “é possível reconstituir essa 
trajetória, objetivamente, levando em conta três marcos fundamentais: o histórico, o 
filosófico e o teórico. Neles estão contidas as ideias e as mudanças de paradigma que 
mobilizaram a doutrina e a jurisprudência nesse período, criando uma nova percepção 
da Constituição e de seu papel na interpretação jurídica em geral”. Assim, podemos 
afirmar que o contemporâneo surge após a Segunda Guerra Mundial, com o intuito 
de garantir a dignidade da pessoa humana à população, que tanto sofreu com as 
atrocidades da época. 
 
À vista disso, os três marcos fundamentais do direito constitucional – histórico, 
filosófico e teórico –, suscitados por Barroso (2018), podem ser definidos, 
basicamente, como: 
• MARCO HISTÓRICO: no marco histórico devemos analisar os eventos que 
ocorriam na época e influenciaram o movimento. No século XX, após passar por 
diversas revoluções e duas Grandes Guerras, a Europa encontrava-se arrasada 
e buscava uma recuperação, principalmente a Alemanha e a Itália, que sofreram 
mais com o conflito. Por outro lado, no Brasil, o marco histórico do 
neoconstitucionalismo é a Constituição Federal de 1988, juntamente com o 
processo de redemocratização proporcionado por ela; 
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Neoconstitucionalismo 
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• MARCO FILOSÓFICO: na questão filosófica, o ponto principal é o pós-
positivismo, que apresenta a ideia de união entre o jusnaturalismo e o 
positivismo; 
• MARCO TEÓRICO: com relação ao marco teórico, podemos citar três eventos 
importantes que contribuíram para a ascensão do neoconstitucionalismo, quais 
sejam: a) a força normativa da Constituição Federal passa a ser reconhecida por 
todos; b) há um crescimento significativo da jurisdição constitucional; c) ocorre 
a evolução de um novo pensamento, e a Constituição é analisada por outra 
ótica. 
 
Influências da Primeira e Segunda Guerra Mundial no 
Neoconstitucionalismo 
O neoconstitucionalismo, assim como os outros movimentos, não surgiu do dia para 
a noite, é uma construção baseada em diversos acontecimentos históricos que 
culminaram na implementação de um novo pensamento. 
 
Portanto, considerando a perspectiva mundial, as duasGrandes Guerras foram peças 
fundamentais para essa evolução. A Primeira Guerra Mundial, desencadeada nos anos 
de 1914 a 1918, foi influenciada principalmente pelos processos de imperialismo e 
neocolonialismo. A batalha foi marcada pela disputa da Tríplice Aliança, composta 
pela Alemanha, Império Austro-Húngaro e Itália, contra a Tríplice Entente, inicialmente 
encabeçada pela França, Inglaterra e Rússia, com a posterior aliança dos EUA, presença 
decisiva para o fim do conflito, movidos pelo forte sentimento nacionalista e pelo 
desejo incessante de expansão de territórios. 
 
As batalhas travadas nesta época eram extremamente violentas e, diante do potencial 
bélico das superpotências, o armamento utilizado durante o conflito foi se 
aperfeiçoando, com o uso de tanques de guerra e aviões de combate, a vida de 
milhares de soldados foi ceifada. Além disso, a população não tinha praticamente 
nenhum amparo constitucional, uma vez que os direitos conquistados durante o 
constitucionalismo moderno protegiam, quase que exclusivamente, os nobres e os 
burgueses. 
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Neoconstitucionalismo 
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O conflito encerrou-se com a assinatura do Tratado de Versalhes, consolidando a 
vitória da Tríplice Entente. Países saíram economicamente devastados do confronto, 
além de terem reduzido sua força militar a quase zero. O saldo de mortes, na época, 
foi de aproximadamente 8 milhões de soldados, dos quais 1.800.000 eram apenas 
alemães. 
 
Ainda, neste contexto, é importante ressaltar que a Alemanha, dentre os perdedores, 
foi a mais impactada, pois teve que arcar com os custos da guerra, sendo obrigada a 
ceder territórios já conquistados e a reorganizar sua economia para ressarcir os danos 
causados, principalmente à França. Esse fato é muito importante e teve grande 
influência na Segunda Grande Guerra. 
 
Passados 20 anos do primeiro conflito, uma nova batalha é travada pelos chamados 
Aliados (Reino Unido, França, EUA, URSS etc.) contra o Eixo (Itália, Alemanha, Japão 
etc.). A Segunda Guerra Mundial ocorreu entre os anos de 1939 a 1945 e foi motivada 
pela expansão dos regimes totalitários na Europa, pelo expansionismo germânico e, 
principalmente, pelo sentimento de humilhação que tomou conta da Alemanha 
depois da derrota da Primeira Grande Guerra, culminando em uma grande crise 
econômica que assolou o País por muito tempo. 
 
O período da Segunda Guerra foi marcado pela ascensão dos nazistas comandados 
por Adolf Hitler na Alemanha, que, através de um governo totalitário, buscavam 
reascender a economia do País, bem como o poder bélico e militar. Como era de se 
esperar, a segunda batalha foi muito mais violenta que a primeira, levando a vida de 
aproximadamente 60 milhões de pessoas, mortas na linha de frente e nos campos de 
concentração utilizados pelos nazistas. Além das bombas atômicas, lançadas sobre 
Hiroshima e Nagasaki, em 1945, que concedeu às superpotências um altíssimo poder 
de destruição. 
 
A Segunda Guerra Mundial chegou ao fim em 1945, quando os Aliados invadiram o 
território Alemão, conquistando a capital Berlim. Depois da invasão, o líder do partido 
nazista, Adolf Hitler, cometeu suicídio, pondo fim à batalha. 
A Proteção dos Direitos Humanos - a ascensão do 
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Neoconstitucionalismo 
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Após esse período obscuro da história, quando a população tomou conhecimento 
sobre o horror que era implementado nos campos de concentração, foi que o discurso 
sobre os Direitos Humanos começou a ganhar força no cenário internacional, junto 
com os direitos fundamentais de 3ª, 4ª e 5ª dimensão. 
 
Princípio da Dignidade da Pessoa Humana 
Superado esses aspectos iniciais a respeito do Neoconstitucionalismo, passamos à 
análise do princípio da dignidade da pessoa humana, preceito fundamental para esse 
movimento pós-guerras. 
 
De acordo com Luís Roberto Barroso (2018, p. 152) “o constitucionalismo democrático 
tem por fundamento e objetivo a dignidade da pessoa humana. Após a Segunda 
Grande Guerra, a dignidade tornou-se um dos grandes consensos éticos do mundo 
ocidental, materializado em declarações de direitos, convenções internacionais e 
constituições”. 
 
Em consonância com José Afonso da Silva (2014, p. 107), a “dignidade da pessoa 
humana é um valor supremo que atrai o conteúdo de todos os direitos fundamentais 
do homem, desde o direito à vida”, e desse valor decorrem outros princípios, os quais 
a ordem econômica deve preservar. 
 
Ainda, Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino (2017, p. 90) complementam dizendo que 
“a dignidade da pessoa humana como fundamento da República Federativa do Brasil 
consagra, desde logo, nosso Estado como uma organização centrada no ser humano, 
e não em qualquer outro referencial”. Além disso, os autores defendem que o princípio 
pode ser analisado sob duas ópticas. “De um lado, apresenta-se como um direito de 
proteção individual, não só em relação ao Estado, mas, também, frente aos demais 
indivíduos. De outro, constitui dever fundamental de tratamento igualitário dos 
próprios semelhantes”. 
Além disso, Luís Roberto Barroso (2014, p. 14) é categórico em afirmar que “a 
dignidade humana, como atualmente compreendida, se assenta sobre o pressuposto 
A Proteção dos Direitos Humanos - a ascensão do 
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de que cada ser humano possui um valor intrínseco e desfruta de uma posição 
especial no universo”. Dessa forma, podemos concluir que o princípio da dignidade 
da pessoa humana é o elemento base da nossa sociedade, servindo como fonte do 
direito constitucional contemporâneo. 
 
 
Se você tem interesse em aprofundar seu conhecimento acerca do princípio da 
dignidade da pessoa humana, recomendamos a leitura das obras “A Crítica da Razão 
Pura” e a “Crítica da Razão Prática” do estudioso Immanuel Kant. Outro estudioso que 
trata do assunto com maestria é Giovanni Pico della Mirandola, ambos os autores 
fizeram grandes contribuições a respeito do tema Dignidade da Pessoa Humana. 
 
Além disso, autores brasileiros, como o Min. Luís Roberto Barroso, na obra “A 
dignidade da pessoa humana no direito constitucional contemporâneo”, e Daniel 
Sarmento, no livro “Dignidade da Pessoa Humana - conteúdo, trajetória e 
metodologia”, falam sobre o princípio com maestria, relacionando os aspectos 
históricos com o cenário atual. 
 
No plano filosófico, valor intrínseco é o elemento ontológico da dignidade ligado à 
natureza do ser. Trata-se da afirmação da posição especial da pessoa humana no 
mundo que a distingue dos outros seres vivos e das coisas. As coisas têm preço, mas 
as pessoas têm dignidade, um valor que não tem preço (KANT, 1998). Além disso, o 
autor apresenta um valor social, visto que se preocupa com os impactos das escolhas 
individuais na sociedade. 
 
A inteligência, a sensibilidade e a capacidade de comunicação (pela palavra, pela arte, 
por gestos, pelo olhar ou por expressões fisionômicas) são atributos únicos que 
servem para lhes dar essa condição singular. No plano jurídico, o valor intrínseco está 
na origem de uma série de direitos fundamentais, que incluem: direito à vida, à 
igualdade, à integridade física, à integridade moral ou psíquica (BARROSO, 2017). 
A Proteção dos Direitos Humanos - a ascensão do 
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Neoconstitucionalismo 
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Nesse sentido, sobre o referido princípio, Ferreira Filho (2011) assevera que: 
A dignidade é o fundamento dos direitos humanos. O problema é que essa dignidade é 
concebida de modo diferente pelas filosofias, religiões e culturas, o que põe em risco a 
objetividade da interpretação. Muitas vezes já tem servido abusivamente de “chave falsa” 
(perdoe-me a imagem)para que o intérprete arbitrariamente faça prevalecer a sua concepção 
ideológica contra legem ou praeterlegem. Isto “sem uma justificação política substantiva”, 
como reclama Sunstein. (FERREIRA FILHO, 2011, p. 231) 
 
 
Falando um pouco mais sobre a Declaração Universal dos Direitos Humanos, para 
você que tem interesse nessa área, trazemos alguns aspectos relevantes sobre esse 
assunto. A D.U.D.H. é um documento adotado e proclamado pela Assembleia Geral 
das Nações Unidas, em Paris, através da resolução 217 A III, no dia 10 de dezembro 
de 1948, que tem por objetivo assegurar a proteção universal dos direitos humanos. 
 
Assim, logo no seu 1º artigo, a Declaração firma um de seus princípios basilares: “todos 
os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de 
razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de 
fraternidade”. 
 
Note que o pacto foi firmado três anos após o fim da Segunda Guerra Mundial, e os 
Países membros fizeram questão de mencionar no preâmbulo o seguinte: 
“considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultaram em 
atos bárbaros que ultrajaram a consciência da humanidade e que o advento de um 
mundo em que mulheres e homens gozem de liberdade de palavra, de crença e da 
liberdade de viverem a salvo do temor e da necessidade foi proclamado como a mais 
alta aspiração do ser humano comum [...]”. 
A Declaração Universal dos Direitos do Homem surge como um reflexo às atrocidades 
cometidas durante as duas Grandes Guerras, servindo como base para a elaboração 
de diversas constituições. 
 
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Movimento neoconstitucionalista no Brasil 
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Por fim, se a sua intenção é se aprofundar mais nessa área, indicamos alguns 
documentários que falam a respeito e podem ser úteis: 
→ 20 anos da Conferência de Viena 
 Link: https://www.youtube.com/watch?v=I4bTmVyAXDg 
→ Para todos em todo lugar: o ‘making of’ da Declaração Universal dos Direitos 
Humanos 
 Link: https://www.youtube.com/watch?v=D4p3aJvFq3A&feature=emb_title 
→ 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948 
 Link: https://www.youtube.com/watch?v=SJy1M4iYiMo 
 
Movimento neoconstitucionalista no Brasil 
No cenário brasileiro, o movimento neoconstitucionalista foi consolidado com a 
Constituição Federal de 1988, também conhecida como a Constituição Cidadã, que foi 
pautada na Declaração Universal dos Direitos Humanos e garantiu aos brasileiros 
inúmeros direitos. 
 
De acordo com Luís Roberto Barroso (2018, p. 280), “a Constituição promoveu uma 
transição democrática bem-sucedida e assegurou ao país estabilidade institucional, 
mesmo em momentos de crise aguda. Sob a Constituição de 1988, o direito 
constitucional passou da desimportância ao apogeu em menos de uma geração”. 
 
Ainda, é importante ressaltar que, na opinião de José Afonso da Silva (2014, p. 90), 
assim como no cenário mundial, a luta pela democracia no Brasil se intensificou 
durante períodos de muita repressão, de modo que: 
A luta pela normalização democrática e pela conquista do Estado Democrático de Direito 
começara assim que se instalou o golpe de 1964 e especialmente após o AIS, que foi o 
instrumento mais autoritário da história política do Brasil. Tomara, porém, as ruas, a partir da 
eleição dos Governadores em 1982. Intensificara-se, quando, no início de 1984, as multidões 
acorreram entusiásticas e ordeiras aos comícios em prol da eleição direta do Presidente da 
República, interpretando o sentimento da Nação, em busca do reequilíbrio da vida nacional, 
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Neoconstitucionalismo e a centralidade da Constituição 
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que só poderia consubstanciar-se numa nova ordem constitucional que refizesse o pacto 
político-social (SILVA, 2014, p. 90). 
 
Dessa forma, com a promulgação da Constituição Federal de 1988, o Brasil finalmente 
consolidou sua transição democrática, elevando o indivíduo a um grau máximo de 
importância na sociedade. 
 
Neoconstitucionalismo e a centralidade da Constituição 
Como bem destaca Luís Roberto Barroso (2018, p. 286), a principal característica do 
Constitucionalismo contemporâneo é “a centralidade da Constituição, que, além de 
reger o processo de produção das leis, impõe limites ao seu conteúdo e institui 
deveres de atuação para o Estado”. 
 
Assim, considerando que o marco inicial do neoconstitucionalismo na Europa foi com 
a reconstitucionalização da Alemanha e da Itália, ao final da década de 40, no território 
brasileiro não foi diferente, uma vez que o neoconstitucionalismo no Brasil foi 
marcado pela redemocratização que se operou sobre a Constituição de 1988, após a 
ditadura militar. 
 
Esse novo movimento constitucional que surgiu em meados do século XX na Europa 
visou reconhecer a supremacia material e axiológica da Constituição, cujo conteúdo 
passou a ser dotado de força normativa. No entanto, para compreendermos melhor 
esse aspecto, precisamos relembrar alguns conceitos básicos que veremos adiante. 
 
Teoria Pura do Direito 
Hans Kelsen foi um jurista e filósofo austríaco que fez grandes contribuições para o 
mundo do Direito, como quando fundou a teoria pura do direito, também conhecida 
como a pirâmide de Kelsen. De acordo com Nathalia Masson (2020, p. 39): 
 
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Neoconstitucionalismo e a centralidade da Constituição 
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Kelsen estruturou o ordenamento de forma estritamente jurídica, baseando-se na constatação 
de que toda norma retira sua validade de outra que lhe é imediatamente superior. Segundo o 
autor, no mundo das normas jurídicas uma norma só pode receber validade de outra, de modo 
que a ordem jurídica sempre se apresente estruturada em normas superiores fundantes —que 
regulam a criação das normas inferiores — e normas inferiores fundadas — aquelas que 
tiveram a criação regulada por uma norma superior (MASSON, 2020, p. 39). 
 
 
Observe, a seguir, a representação da teoria, na forma de pirâmide, apresentada pelo 
autor: 
 
Para tornar mais didática essa questão, podemos utilizar o exemplo da Lei 8.666/1993, 
lei federal que regulamenta os contratos administrativos e licitações no âmbito da 
administração pública. Por ser uma lei federal, todos deverão observar estes 
parâmetros, estando ela acima na “pirâmide das normas”. 
 
Além disso, é importante destacar que, até a Segunda Guerra Mundial, a teoria jurídica 
centrava-se na influência do Estado Legislativo de Direito, tendo por fonte única do 
Direito a lei. Dessa forma, uma norma jurídica tinha sua validade, eficácia e vigência 
vinculadas à autoridade que a editou, e não ao seu valor de justiça. Sob o fundamento 
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de observância da lei, barbáries foram cometidas no mundo, a exemplo do genocídio 
cometido pelo governo nacional-socialista alemão quando judeus foram 
exterminados pelos nazistas no período de 1939 a 1945. 
Esse acontecimento fez o mundo repensar esse Estado Legislativo de Direito, formulando um 
sistema jurídico que tivesse seus fundamentos no respeito aos direitos fundamentais. Instalou-
se, então, a constitucionalização do Direito, evidenciando, a supremacia da Carta Magna. Essa 
constitucionalização do Direito é um processo de transformação de um ordenamento jurídico, 
ao fim do qual a ordem jurídica em questão resulta totalmente impregnada pelas normas 
constitucionais, que passam a condicionar tanto a legislação como a jurisprudência, a doutrina, 
as ações dos atores políticos e as relações sociais(GUASTINI, 2009). 
 
No entanto, após esse período, a Constituição tornou-se o centro do sistema jurídico, 
devendo toda interpretação jurídica ser feita em consonância com os valores e 
princípios constitucionais. Além disso, a supremacia da Constituição impõe deveres 
negativos e positivos ao legislador quando da elaboração de leis, e impõe ao julgador, 
quando este decide casos resultantes de conflitos de interesses decorrentes da lei, 
respeitar e observar os fins estabelecidos pela Constituição. 
 
O processo de constitucionalização é uma característica essencial da própria jurisdição 
constitucional, que permite possibilidades interpretativas fundamentadas nessa 
supremacia, como o controle de constitucionalidade, possibilitando a revogação de 
leis inconstitucionais e a interpretação conforme a Constituição. Essa 
reconstitucionalização, observada após a Segunda Guerra Mundial, também fez surgir 
um patriotismo constitucional, o qual, segundo Habermas (1998): 
[...] produziu de forma reflexiva uma identidade política coletiva conciliada com uma 
perspectiva universalista comprometida com os princípios do Estado Democrático de Direito. 
Isto é, o patriotismo constitucional foi defendido como uma maneira de conformação de uma 
identidade coletiva baseada em compromissos com princípios constitucionais democráticos e 
liberais capazes de garantir a integração e assegurar a solidariedade, com o fim de superar o 
conhecido problema do nacionalismo étnico, que por muito tempo opôs culturas e povos 
(HABERMAS, 1998, p. 55). 
 
Por fim, é importante lembrar que, embora a teoria de Hans Kelsen tenha sido baseada 
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na hierarquia das normas, quando elas estão no mesmo plano, esse critério não é 
considerado, pois não há hierarquia entre as leis federais ou estaduais, por exemplo. 
Dessa forma, além da teoria pura do direito, existem outras variáveis que devem ser 
consideradas diante de um eventual conflito de normas, como o critério da 
competência. 
 
Competência Legislativa 
Antes de falarmos especificamente sobre a competência legislativa, precisamos 
compreender alguns aspectos relativos à nossa Magna Carta. A Constituição Federal 
que conhecemos hoje foi promulgada no dia 05 de outubro de 1988 e instituída pelo 
chamado Poder Constituinte Originário, o qual, por meio de uma Assembleia Nacional 
Constituinte, firmou as normas constitucionais originárias. 
 
No entanto, assim como a sociedade, o direito deve estar em constante evolução para 
que seja capaz de solucionar, de forma eficiente, os conflitos que lhe são 
apresentados. Dessa forma, quando o texto constitucional carece de mudanças, o 
Poder Constituinte Derivado, representado pelo Congresso Nacional, propõe sua 
alteração através de Emendas Constitucionais. 
 
Todavia, nesse ponto é importante lembrar que não existe hierarquia entre normas do 
mesmo plano. Assim, conforme explica Nathalia Masson (2020, p. 32) “se houver um 
conflito entre essas leis, a solução não será dada por critério hierárquico. Teremos que 
verificar qual ente da federação (União, Estados-membros ou Municípios) possui a 
competência para legislar sobre o tema. Se, por exemplo, a competência para legislar 
é dos Estados, a lei estadual vai prevalecer; se é dos Municípios, a lei municipal 
prevalecerá”. 
Assim, por mais que alguns doutrinadores organizem a estrutura do ordenamento 
jurídico em forma de pirâmide, de modo a situar as normas federais acima das 
estaduais, e estas acima das municipais, o pacto federativo pressupõe a autonomia de 
suas partes. Portanto, o mais correto seria dizer que todas as normas devem obedecer 
aos parâmetros estabelecidos pela Constituição Federal e, por menor que seja um 
município, apenas ele poderá legislar a respeito de alguns assuntos, sem qualquer 
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interferência ou usurpação de competência por parte dos outros entes. 
 
Nesse sentido, Luís Roberto Barroso (2018, p. 285-286) complementa dizendo que 
“nas democracias contemporâneas, as Constituições desempenham duas funções 
principais: a) a de veicular os consensos mínimos e essenciais da sociedade, que se 
expressam nos valores, instituições e direitos fundamentais; e b) assegurar o 
funcionamento adequado dos mecanismos democráticos, com a participação livre e 
igualitária dos cidadãos, o governo da maioria e a alternância do poder”. 
 
Assim, a Constituição determina a competência para legislar sobre determinados 
assuntos, se será privativa ou concorrente entre os entes federativos. Um exemplo que 
reflete essa situação é o art. 30 da CF, que fixa a competência legislativa dos 
municípios. Além disso, no que diz respeito à competência concorrente, o art. 24 da 
Constituição Federal reconhece a possibilidade de que a União, os Estados e o Distrito 
Federal - os municípios são contemplados, no que couber, pelo art. 30, II, CF - legislem 
a respeito de temas comuns, mas cada um exercerá essa atribuição em relação a um 
conteúdo ou especificidade própria, sem que haja uma sobreposição de normas. 
 
 
Imagine a seguinte situação: um dos assuntos que é de COMPETÊNCIA LEGISLATIVA 
concorrente entre os entes federativos é a saúde (art. 24, XII, CF). Recentemente 
(15/04/2020), no julgamento da medida cautelar na ADI 6341, o STF afirmou, uma vez 
mais, que NÃO É POSSÍVEL compreender que as normas federais a respeito da 
matéria prevalecem, por força hierárquica, em relação às normas dos Estados e 
Municípios, devendo-se atentar sempre às competências organizadas no âmbito do 
pacto federativo (art. 24, §1º ao 4º, CF). 
 
Veja que interessante, a Constituição Federal concede competência concorrente, ou 
seja, ambos podem legislar e, nesse sentido, os Estados e Municípios podem sim criar 
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Nova interpretação da Constituição 
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suas normas sobre a saúde. Tudo porque é competência concorrente, e não privativa. 
Se na Constituição estivesse expresso como competência privativa da União, teríamos 
prevalência da lei federal, mas neste caso isso não ocorre. 
 
No mais, outro ponto que deve ser observado são os limites estabelecidos pela Magna 
Carta. A Constituição Federal permite que os Estados tenham Constituição própria, 
mas, para tanto, devem OBSERVAR ALGUNS PRECEITOS (cláusulas de simetria), que 
são previstos pela CF e que não podem ser modificados na organização dos Estados. 
De modo semelhante, os Municípios também podem ter as suas Leis Orgânicas, mas 
precisam observar os preceitos/princípios (limites e obrigações) previstos na 
Constituição Federal e Estadual. Esse é o entendimento manifestado no art. 29, CF: 
 
Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício 
mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a 
promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do 
respectivo Estado e os seguintes preceitos. 
 
Sendo assim, devemos considerar a Constituição Federal como norma máxima e 
superior a todas as demais, uma vez que tem a função de estabelecer as diretrizes 
fundamentais que servirão como base para as normas inferiores. Entretanto, 
considerando que adotamos a forma federativa, dividindo o território brasileiro em 
União, Estados, Distrito Federal e Municípios, devemos observar o critério da 
competência legislativa, pois em determinados casos, a hierarquia será colocada em 
segundo plano e a competência prevalecerá. 
 
Nova interpretação da Constituição 
Seguindo para o fim domaterial, faremos uma análise da nova interpretação da 
Constituição Federal, realizada através do constitucionalismo contemporâneo. 
 
Nas palavras de Luís Roberto Barroso (2010), onde havia unidade, passou a existir uma 
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Nova interpretação da Constituição 
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pluralidade. A recente interpretação incorporou um conjunto de novas categorias, 
destinadas a lidar com as situações mais complexas e plurais referidas anteriormente. 
Dentre elas, a normatividade dos princípios (como dignidade da pessoa humana, 
solidariedade e segurança jurídica), as colisões de normas constitucionais, a 
ponderação e a argumentação jurídica. 
 
Além disso, Barroso (2010) comenta ainda que 
[Passa], por fim, a ideia de casos difíceis. Casos fáceis são aqueles para os quais existe uma 
solução pré-pronta no direito positivo. Por exemplo: a) a Constituição prevê que aos 70 anos 
o servidor público deve passar para a inatividade. Se um juiz, ao completar a idade limite, 
ajuizar uma ação pretendendo permanecer em atividade, a solução será dada de maneira 
relativamente singela: pela mera subsunção do fato relevante – implementação da idade – na 
norma expressa, que determina a aposentadoria; b) a Constituição estabelece que o Presidente 
da República somente possa se candidatar a uma reeleição. Se o Presidente Lula, por exemplo, 
tivesse pretendido concorrer a um terceiro mandato, a Justiça Eleitoral teria indeferido o 
registro de sua candidatura, por simples e singela aplicação de uma norma expressa. A 
verdade, porém, é que para bem e para mal, a vida nem sempre é fácil assim. Há muitas 
situações em que não existe uma solução pré-pronta no Direito. A solução terá de ser 
construída argumentativamente, à luz dos elementos do caso concreto, dos parâmetros 
fixados na norma e de elementos externos ao Direito (BARROSO, 2010, p. 13). 
 
Por outro lado, Lênio Streck (2011) tece algumas críticas a respeito do que chama 
positivismo normativista pós-kelseniano. Isto é, ao positivismo que admite 
discricionariedades (ou decisionismos e protagonismos judiciais). Para o jurista, esse 
ativismo possui uma origem solipsista; passando, dessa forma, a democracia e os 
avanços a dependerem de posições individuais da Suprema Corte. O autor considera 
que, no âmbito destas reflexões, está superado 
[...] o velho positivismo exegético. Ou seja, não é (mais) necessário dizer que o “juiz não é a 
boca da lei” etc.; enfim, podemos ser poupados, nessa quadra da história, dessas “descobertas 
polvolares”. Essa “descoberta” não pode implicar um império de decisões solipsistas, das quais 
são exemplos as posturas caudatárias da Jurisprudência dos Valores (que foi “importada” de 
forma equivocada da Alemanha), os diversos axiologismos, o realismo jurídico (que não passa 
de um “positivismo fático”), a ponderação de valores (pela qual o juiz literalmente escolhe um 
dos princípios que ele mesmo elege prima facie) etc. (STRECK, 2011, p. 31). 
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Conclusão 
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Contudo, não restam dúvidas de que o Neoconstitucionalismo trouxe uma mudança 
de postura na elaboração das Constituições contemporâneas. Se no surgimento do 
movimento constitucionalista, no final do século XVIII, as Constituições limitavam-se 
a estabelecer regras atinentes à organização do Estado e do Poder, após a Segunda 
Guerra Mundial as Constituições inovaram com a inserção em seus textos de valores 
(dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais). 
 
Esse fenômeno aprofundou a forma de se realizar a interpretação constitucional, 
fundamental para soluções de casos jurídicos decorrentes da complexidade da vida 
contemporânea, especialmente os já mencionados casos difíceis (situações para as 
quais não há soluções pré-prontas no ordenamento jurídico, exigindo a atuação 
criativa de juízes e tribunais). 
 
Assim, conforme exemplifica Luís Roberto Barroso, embora o modelo do 
constitucionalismo democrático tenha chegado com um certo atraso ao território 
brasileiro, não é tarde demais. O autor comente que: 
“As últimas três décadas representam não a vitória de uma Constituição específica, concreta, 
mas de uma ideia, de uma atitude diante da vida. O Estado constitucional democrático, que se 
consolidou entre nós, traduz não apenas um modo de ver o Estado e o Direito, mas de desejar 
o mundo, em busca de um tempo de justiça, liberdade e igualdade ampla” (BARROSO, 2018, 
p.283). 
 
Portanto, percebe-se que o ativismo judicial tem se manifestado como forma para 
atender as questões sociais não enfrentadas pelo processo legislativo, sobretudo as 
que envolvem assuntos de forte impacto religioso e moral. 
 
Conclusão 
Nesta aula, compreendemos que o movimento constitucionalista pode ser dividido 
em várias etapas, de acordo com sua origem e fases, e que o chamado 
Neoconstitucionalismo é um movimento que tem origem na Europa, no contexto de 
pós-Segunda Guerra Mundial. 
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Referências Bibliográficas 
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Além disso, vimos que esse movimento busca concretizar a supremacia material e 
formal da Constituição, a partir da observação do princípio da dignidade humana, e 
percebemos que, além do critério hierárquico, esse movimento estabelece a 
concretização material dos direitos fundamentais. Compreendemos também que uma 
parcela da doutrina constitucionalista faz críticas a essa nomenclatura – 
Neoconstitucionalismo –, afirmando que pode ser chamado, entre outros, de pós-
positivismo. 
Para concluir, refletimos sobre a forma desregulada da utilização do princípio da 
dignidade humana para justificar a ampliação de direitos e o exercício de 
interpretação do judiciário. 
 
Referências Bibliográficas 
BARROSO, L. R. Curso de direito constitucional contemporâneo: os conceitos 
fundamentais e a construção do novo modelo. 7 ed. São Paulo: Saraiva Educação, 
2018. 
_______. Curso de direito constitucional contemporâneo. 2 ed. São Paulo: Editora 
Saraiva, 2010. 
______. O Constitucionalismo democrático no Brasil: crônica de um sucesso 
imprevisto. [2017]. Disponível em: 
http://www.luisrobertobarroso.com.br/wpcontent/uploads/2013/05/O 
constitucionalismo-democratico-no-Brasil.pdf. Acesso em: 27 set. 2020. 
CUNHA JÚNIOR, D. Curso de direito positivo constitucional. 6. ed. Salvador: 
Juspodivm, 2012. 
FERREIRA FILHO, M. G. Aspectos de direito constitucional contemporâneo. 3. ed. 
São Paulo: Saraiva, 2011. 
GUASTINI, R. La “Constitucionalización”’ dei ordenamiento jurídico: el caso Italiano. In: 
CARBONEL, M. (Org.). Neoconstitucionalismo(s). 4.ed. Madrid: Trotta, 2009. 
HABERMAS, J. Identidades nacionalesy postnacionales. Madrid: Tecnos, 1998. 
KANT, I. Groundwork of the Metaphysics of Morals. Cambridge: Cambridge 
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Referências Bibliográficas 
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University Press, 1998. 
MASSON, N.. Manual de direito constitucional. 8 ed. rev. ampl. e atual. Salvador: 
Juspodivm, 2020. 
PAULO, V.; ALEXANDRINO, M. Direito Constitucional Descomplicado. 16 ed. rev. 
ampl. e atual. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017. 
SILVA, J. A. Curso de Direito Constitucional Positivo. 37 ed. São Paulo: Malheiros 
Editores, 2014. 
STRECK, L. L. Verdade e consenso: constituição, hermenêutica e teorias discursivas. 4. 
ed. São Paulo: Saraiva, 2011. 
A Proteção dos Direitos Humanos - a ascensão do 
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Referências Bibliográficas 
www.cenes.com.br | 24 
 
 
 
Contextualização 
histórica de Sistemas 
internacionais de 
proteção a Direitos 
Humanos
 
SST
Zolotar, M.; 
Contextualização históricade Sistemas internacionais de 
proteção a Direitos Humanos / Márcia Zolotar
Ano: 2020
nº de p.: 11 páginas
Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados.
Contextualização histórica 
de Sistemas
3
Apresentação
Passaremos a aprender, nesta unidade, quais foram os acontecimentos marcantes 
que deram ensejo à criação de um sistema, internacional e regional, de órgãos de 
proteção aos Direitos Humanos. Conheceremos quais são esses órgãos, como 
funcionam e suas principais funções dentro desses sistemas.
Neste caminho, iremos entender onde e quando surgiram os primeiros passos 
dos Direitos Humanos e sua evolução histórica até chegarmos a estes sistemas 
mencionados.
O início dos direitos humanos
Acontecimentos marcantes deram ensejo à criação de um sistema internacional 
de proteção aos direitos humanos. 
Fonte: Plataforma Deduca (2020)
Ao longo dos períodos na história das sociedades, o poder dos Estados não 
encontrava limites impostos por uma ordem jurídica internacional. A soberania 
nacional era absoluta, não obstante a existência de violações a direitos 
fundamentais, dentre os quais se incluíam os direitos humanos. Eles eram tratados 
como uma questão doméstica não submetida ao escrutínio e à análise de um 
sistema internacional que até então inexistia.
4
Foi a partir da 1ª Guerra Mundial que esse panorama se modificou-se. Logo após o 
fim desta guerra, três acontecimentos simbolizaram o início da internacionalização 
dos direitos humanos: (i) o direito humanitário, (ii) a criação da Liga das Nações e 
(iii) a criação da Organização Internacional do Trabalho (“OIT”).
A soberania, antes absoluta, passou a ser considerada relativa, e limites foram 
impostos à atuação do Estado, a fim de assegurar aos indivíduos, de forma 
eficiente, a proteção aos direitos humanos. Eles passaram a gozar de um status 
internacional de proteção e a ser sujeito de direitos, dentro do âmbito do Direito 
Nacional.
Direito Humanitário
O Direito Internacional Humanitário, ou Direito dos Conflitos Armados, ou Direito 
da Guerra, surgiu como parte do Direito Internacional Universal. Fábio Konder 
Comparato (2015) comenta que, em seus primórdios, o Direito Humanitário dividia-
se em dois grupos: (i) normas que limitavam os usos de técnicas e armas de 
combate durante os conflitos armados e (ii) normas com objetivo de proteção às 
vítimas de conflitos bélicos. No final do século XX, tais distinções praticamente 
desapareceram.
Flavia Piovesan detalha o conceito de Direito Humanitário (2015b, p. 189-190):
É o direito que se aplica na hipótese de guerra, no intuito de fixar limites à 
atuação do Estado e assegurar a observância de direitos fundamentais. 
A proteção humanitária se destina, em caso de guerra, a militares 
postos fora de combate (feridos, doentes, náufragos, prisioneiros) e a 
populações civis.
Conforme lembra Comparato (2015, p. 222), “Tais normas, pelo fato de terem sido 
adotadas em conferências internacionais patrocinadas pelo Comitê Internacional da 
Cruz Vermelha, passaram a compor o Direito de Genebra”.
O Direito de Genebra é composto pelos seguintes instrumentos:
• Protocolo para a Proibição do Uso na Guerra de Gases Asfixiantes, veneno-
sos ou outros, e de Métodos Bacteriológicos de Guerra - Protocolo de Gene-
bra de 1925;
• Tratado para a Proscrição de Armas Nucleares da América Latina– 1968;
5
• Convenção sobre a Proibição do Desenvolvimento, Produção e Estocagem de 
Armas Bacteriológicas e à Base de Toxinas e sua Destruição –1972;
• Convenção sobre a Proibição do Desenvolvimento, Produção, Estocagem e 
Uso de Armas Químicas e sobre a Destruição de Armas Químicas Existentes 
no Mundo, adotada no Âmbito das Nações Unidas –1993;
• Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares –1996;
• Convenção de Ottawa sobre a Proibição de Uso, Armazenagem, Produção e 
Transferência de Minas Antipessoais –1997.
A proibição de atividades nucleares definida pelo direito humanitário. 
Fonte: Plataforma Deduca (2020)
Liga das Nações
A Liga das Nações foi uma organização criada em 10 de janeiro de 1919 em 
Genebra. Tinha como principal objetivo a manutenção da paz, a cooperação 
mundial e a independência política de seus membros, dentre outros.
É importante lembrar que a Liga das Nações não possuía forças armadas próprias. 
Seu poder de coerção se baseava-se na aplicação de sanções econômicas e 
militares.
Confira o organograma da estrutura da Liga das Nações.
6
Liga das Nações
Secretaria Geral 
Permanente Assembleia Geral
Liga das Nações
Conselho
Fonte: autor 
Flavia Piovesan detalha o conceito de Direito Humanitário (2015b, p. 189-190):
É o direito que se aplica na hipótese de guerra, no intuito de fixar limites à 
atuação do Estado e assegurar a observância de direitos fundamentais. 
A proteção humanitária se destina, em caso de guerra, a militares 
postos fora de combate (feridos, doentes, náufragos, prisioneiros) e a 
populações civis.
Conforme lembra Comparato (2015, p. 222):, 
“Tais normas, pelo fato de terem sido adotadas em conferências 
internacionais patrocinadas pelo Comitê Inter-nacional da Cruz Vermelha, 
passaram a compor o Direito de Genebra.
A Assembleia Geral, mostrada na figura, se reúne uma vez por ano com 
representantes de todos os países membros da organização, cada qual com direito 
a um voto.
O Conselho é o órgão político e decisório, cujos membros permanentes são: Grã-
Bretanha, França, Itália, Japão e, posteriormente, Alemanha e União Soviética (atual 
Rússia). E os não permanentes são escolhidos pela Assembleia Geral.
A existência de um órgão internacional, como a Liga das Nações, foi mais um passo 
decisório na limitação da soberania dos Estados. A proteção dos direitos humanos 
não poderia ficar restrita ao Estado. Não era mais considerada uma questão 
doméstica, conforme lembrado anteriormente.
A importância da Liga das Nações é enfatizada por Piovesan (2015b, p.191):
A Liga das Nações, de 1920, continha previsões genéricas relativas aos 
direitos humanos, destacando-se as voltadas a mandate system of the 
7
League, ao sistema das minorias e aos parâmetros internacionais do 
direito ao trabalho – pelo qual os Estados se comprometiam a assegurar 
condições justas e dignas de trabalho para homens, mulheres e crianças.
A Liga das Nações durou até 1946, quando foi desfeita para a criação da 
Organização das Nações Unidas (ONU).
Organização Internacional do Trabalho (OIT)
A OIT foi fundada em 1919 como parte do Tratado de Versalhes e tem como objetivo 
principal promover padrões internacionais de condições de trabalho dignas e bem-
estar social. Como organização, ela foi ganhadora do Prêmio Nobel da Paz em 1969.
Dentro dessa estrutura, a Conferência Internacional do Trabalho tem por tarefa 
definir as normas internacionais do trabalho e as políticas gerais da OIT. Seu 
encontro acontece todos os anos em Genebra.
O Conselho de Administração é o Conselho Executivo da OIT. Ele se reúne três vezes 
ao ano no Escritório Internacional do Trabalho ano em Genebra. É responsável 
por tomar decisões sobre as políticas da OIT. Além disso, estabelece o programa 
e o orçamento que são submetidos à Conferência para adoção. O Escritório 
Internacional do Trabalho é secretariado permanente da OIT. É o ponto focal para 
todas as atividades gerais da OIT, preparadas sob o escrutínio do Conselho de 
Administração e sob a liderança do Diretor-Geral.
A formulação e aplicação das normas internacionais do trabalho (Convenções e 
Recomendações) também são atribuições da OIT. Esses instrumentos, uma vez 
ratificados por decisão soberana de um determinado do Estado, passam a fazer 
parte de seu ordenamento jurídico.
Neste momento, vale a pena uma pausa, no sentido de resumir os acontecimentos 
explanados acima para passarmos a um segundo momento na história dos 
Direitos Humanos. 
8
A reconstrução dos Direitos Humanos – 
O Pós 2ª Guerra Mundial
Iniciamos uma nova fase na construção do sistema global de proteção dosDireitos 
Humanos. Chamaremos essa fase de Reconstrução dos Direitos Humanos. Ela se 
inicia com o fim da 2ª Guerra Mundial. Comecemos pelos números, citados por 
Fábio Konder Comparato (2015, p.225):
Calcula-se que 60 milhões de pessoas foram mortas durante a Segunda 
Guerra Mundial, a maior parte deles civis, ou seja, seis vezes mais do que 
o conflito no início do século, em que as vítimas, em sua quase totalidade, 
eram militares. Além disso, enquanto a guerra no início do século provocou 
o surgimento de cerca de 4 milhões de refugiados, com a cessação das 
hostilidades na Europa, em maio de 1945, contava-se mais de 40 milhões 
de pessoas deslocadas, de modo forçado ou voluntário, dos países onde 
viviam em meados de 1939.
O sistema global de proteção dos direitos humanos inicia uma 
nova fase após a Segunda Guerra Mundial.
Fonte: Plataforma Deduca (2020)
Mais uma vez, a violação em massa, as atrocidades praticadas pelo nazismo, 
os milhões de pessoas mortas, submetidas à tortura e a condições degradantes 
deixaram clara a total ruptura do respeito aos direitos humanos.
O sistema de proteção aos direitos humanos, criado após a 1ª Guerra, não foi 
efetivo face ao surgimento de Estados totalitários. Foi necessária uma efetiva 
delimitação da soberania estatal e a criação de um novo sistema de órgão e normas 
9
no qual o indivíduo fosse sujeito de direito internacional e que houvesse uma 
responsabilização do Estado, face às violações sistemáticas de direitos humanos.
Podemos afirmar que, neste momento, com a reconstrução dos direitos humanos, 
surgiu o movimento de internacionalização da proteção dos direitos humanos. 
Importante notar a diferença entre o papel da Liga das Nações e da futura 
Organização das Nações Unidas (ONU). 
A Organização das Nações Unidas 
(ONU)
Conforme dito anteriormente, a Liga das Nações teve seu fim com o advento 
da criação das Organizações das Nações Unidas. Não podemos tratar da ONU 
sem mencionar a Carta do Atlântico. Considerada precursora das ideias con- 
sagradas pela Declaração de 1948 e pela ONU, tal documento resultou do en- 
contro do Presidente dos EUA, Franklin D. Roosevelt, com o Primeiro Ministro 
britânicoBritânico, Winston Churchill, em agosto de 1941.
A declaração das Nações Unidas foi assinada em 1º de janeiro de 1942.
Fonte: Plataforma Deduca (2020)
Dois importantes documentos merecem destaque. A Declaração das Nações Unidas 
foi assinada em 1º de janeiro de 1942 e refletia o desejo dos aliados em não firmar 
acordos de forma separada. A Carta das Nações Unidas, por sua vez, foi assinada 
em 26 de junho e entrou em vigor em 24 de outubro do mesmo ano. Lembramos que 
10
a Conferência de San Francisco foi a primeira assembleia internacional da história 
moderna que não transcorreu sob o domínio de nações europeias.
A organização não se propôs a constituir um "superestado" ou um governo mundial, 
mas a criar um sistema de segurança coletiva pela cooperação voluntária de seus 
membros. A soberania dos Estados-membros é respeitada e a jurisdição interna 
dos estados é mantida. Confira o organograma da ONU na figura a seguir.
Estrutura da ONU
Assembleia 
Geral
Conselho 
Econômico 
Social
Conselho de 
Segurança
Conselho de 
Tutela
ONU
Corte 
Internacional 
de Justiça
Secretariado
Fonte: autor
Fechamento
Nesta unidade, você, estudante, analisou o caminho percorrido pelos Direitos 
Humanos dentro da sociedade contemporânea, ou seja, sua função e importância 
na busca por proteger direitos e garantir a cidadaniade e a dignidade das pessoas.
A soberania estatal é relativizada devido à construção de um sistema global e 
regional, onde estes passam a ser os atores sociais, na busca de garantia da 
dignidade humana e cidadania, onde a ONU compõe o sistema global de direitos 
humanos com esta finalidade.
11
Referências
COMPARATO, F. K. A afirmação histórica dos direitos humanos. 10. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2015. 
PIOVESAN, F. Temas de Direitos Humanos. São Paulo: Saraiva, 2013. 
______. Direitos Humanos e a Justiça Internacional: um estudo comparativo dos 
sistemas regionais europeu, interamericano e africano. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 
2015a. 
______. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional. 6. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2015b.
ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. História da OIT. [2017]. Disponível 
em: https://www.ilo.org/brasilia/conheca-a-oit/hist%C3%B3ria/lang--pt/index.htm. 
Acesso em 15 jun. 2018.
https://www.ilo.org/brasilia/conheca-a-oit/hist%C3%B3ria/lang--pt/index.htm
Dos tratados, 
princípios, atos 
e obrigações 
do Direito 
Internacional
SST
Vargas, Fábio Aristimunho
Dos tratados, princípios, atos e obrigações do Direito 
Internacional / Fábio Aristimunho Vargas
Local: 2020
nº de p. : 14
Copyright © 2019. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados.
Dos tratados, princípios, 
atos e obrigações do 
Direito Internacional
3
Apresentação
Todos os ramos direitos possuem as suas fontes próprias, as fontes representam os 
processos de produção de normas jurídicas. Consideramos como fontes do Direito: 
leis, costumes, princípios gerais do direito, jurisprudência, ato negocial, analogia, 
equidade e, ainda, a doutrina.
 O Direito Internacional é dinâmico e possui diversas fontes que servem de material 
para a sua aplicação. Vamos estudar agora as fontes do Direito Internacional, os 
processos de produção de normas internacionais que vinculam os sujeitos de Direito 
Internacional.
Fontes materiais e fontes formais e a 
corte internacional de justiça
A doutrina costuma distinguir as fontes do Direito em fontes materiais e fontes 
formais, de acordo com a ênfase no conteúdo ou na forma. Essa classificação 
também se aplica ao Direito Internacional, ainda que com alguma ressalva.
Consideramos fontes materiais os elementos sociais, históricos, econômicos, 
culturais e psicológicos, ou seja, os elementos que materializam as fontes formais. 
Fontes formais são os meios e as formas por meio dos quais as fontes materiais se 
exteriorizam, de acordo com Gomes e Montenegro (2006).
Segundo Mazzuoli (2016), as fontes materiais não pertenceriam ao universo da 
Ciência Jurídica, mas sim à Política do Direito, visto que se referem ao exame do 
conjunto de fatores sociais, econômicos, culturais e psicológicos que condiciona a 
decisão do poder no ato de edição e formalização das fontes do Direito. Já as fontes 
formais seriam “os métodos ou processos de criação das normas jurídicas, as 
diversas técnicas que permitem considerar uma norma como pertencente ao mundo 
jurídico, vinculando os atores para os quais se destinam”. No plano internacional, 
onde não há subordinação entre os sujeitos de Direito Internacional, predomina, em 
vez disso, uma relação de coordenação entre eles, as normas não são produzidas 
tal como ocorre no Direito Interno. Não existe um mecanismo “constitucional” a 
4
determinar um processo legislativo de produção das normas internacionais, logo, 
não parece adequado falar-se em fontes formais para o Direito Internacional.
Você sabia que a Corte é integrada por quinze juízes eleitos com 
base em seu mérito individual, que representem os diversos 
sistemas jurídicos do mundo? Esses juízes permanecem em seus 
cargos por nove anos, podendo ser reeleitos. A eleição dos juízes 
é feita a cada três anos, quando é renovado um terço do tribunal 
em votação na Assembleia Geral da ONU. Por tradição, os países 
membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU têm 
mantido nas últimas décadas sempre um representante de sua 
nacionalidade entre os juízes da CIJ.
Curiosidade
O artigo 38 do Estatuto da CIJ arrola o que se costuma designar por fontes do 
Direito Internacional Público, a serem aplicadas para a resolução das controvérsias 
submetidas àquele tribunal. Esse dispositivo não estabelece hierarquia entre 
as fontes. Dessa maneira, podem ocorrer situações em que o costume, a título 
de prática geral aceita como sendo o direito, venha a se sobrepor a um tratadointernacional, a despeito de este originar-se de uma expressa manifestação de 
vontade por parte do Estado enquanto aquele é não mais do que uma prática, um 
comportamento recorrente, uma práxis.
A alínea d do art. 38.1 do Estatuto da CIJ chama de “meios auxiliares” a 
jurisprudência internacional e a doutrina. É um nome bastante apropriado, visto que 
tanto a doutrina, quanto a jurisprudência não são tecnicamente fontes do direito, 
pois delas não nascem quaisquer direitos. São apenas meios auxiliares para que se 
determine corretamente o direito alegado em questão.
A doutrina inclui ainda no rol de fontes do DIP duas categorias que, por razões 
diversas, não mereceram referência no Estatuto da CIJ: os atos unilaterais e as 
decisões tomadas no âmbito das organizações internacionais.
Desde 1945, a CIJ proferiu mais de cento e dez sentenças relativas a diversos 
âmbitos, como fronteiras terrestres e marítimas e questões de direito humanitário. 
Até o momento, apenas uma única sentença não foi acatada, quando os EUA 
5
descumpriram as medidas cautelares emitidas pela Corte em favor de um 
condenado à morte mexicano, que veio a ser executado pelas autoridades do país.
A chamada cláusula “Raul Fernandes” estabelece a adesão facultativa à jurisdição 
obrigatória da CIJ. Significa que os Estados podem ou não aceitar sua jurisdição 
obrigatória. Se um Estado a aceita, torna-se jurisdicionável ante a Corte e pode 
ter seus litígios por ela julgados, caso as demais partes na controvérsia também 
consintam. A cláusula é facultativa, mas, uma vez aceita, a jurisdição da Corte torna-
se obrigatória. O Brasil não aceita a jurisdição da CIJ, embora o Estado brasileiro 
tenha indicado vários juízes à Corte. 
De acordo com o Tratado Americano de Soluções Pacíficas (Pacto de Bogotá, 
celebrado durante a IX Conferência Panamericana, em 1948, os Estados do 
continente se comprometem a submeter seus litígios à Corte Internacional 
de Justiça (CIJ) e a acatar suas resoluções. Assim, os patamares deverão ser 
cumpridos pelos signatários.
Palácio da Paz, sede da Corte de Haia, nos Países Baixos
Fonte: Plataforma Deduca (2020).
Como podemos ver, a Corte de Haia é um tribunal internacional vocacionado a 
resolver conflitos internacionais entre Estados membros da ONU. Nos últimos 
6
anos, questões territoriais e conflitos de fronteiras têm sido alguns dos temas mais 
frequentemente levados pelos países à sua jurisdição.
Fontes de direito internacional público
Com base no Estatuto da Corte Internacional de Justiça (CIJ), abaixo serão 
analisadas as fontes de DIP, além de outras fontes apresentadas por estudiosos do 
tema.
Tratado internacional
Tratados internacionais constituem um assunto vasto e complexo. Neste tópico, 
apresentamos apenas algumas de suas características gerais, o suficiente para 
caracterizá-los como fonte do Direito Internacional.
Podemos conceituar tratado internacional como um acordo 
decorrente da convergência das vontades de dois ou mais sujeitos 
dotados de personalidade jurídica internacional, formalizado em 
um texto escrito, com o objetivo de produzir efeitos jurídicos no 
plano internacional.
Atenção
Segundo Motta (2010), tratado internacional “é um acordo ou pacto internacional 
firmado entre Estados/países, em forma escrita e regulado pelo direito 
internacional, consubstanciado em um único instrumento ou mais, qualquer que 
seja a sua designação específica”.
Outras denominações para o instituto do tratado internacional: convenção, acordo, 
protocolo, carta, entre outros. Esses nomes tendem a ser adotados em certas 
situações particulares, embora não haja uma regra geral a respeito.
Para se tornarem válidos e produzir efeitos jurídicos tanto no plano internacional 
quanto no plano interno, os tratados internacionais devem passar por diversas 
7
etapas de celebração, tais como assinatura, ratificação e incorporação, gerando 
diferentes consequências após o cumprimento de cada uma delas.
Costume internacional
Costumes são práticas repetidas ao longo do tempo e aceitas como sendo o direito. 
O Direito Internacional também tem práticas que já se consolidaram no plano 
internacional, denominadas costume internacional. São exemplos o direito de asilo 
político, a forma antiga de demarcação do mar territorial, etc. O objetivo do costume 
internacional é preencher as lacunas do DIP, ao lado de suas demais fontes.
Asilo político serve para a preservação da integridade do indivíduo, 
como imperativo humanitário; evitar que o próprio influencie 
politicamente em seus país de origem, o que poderia resultar em 
grave cisão política e social.
Atenção
São condições para a vigência do direito costumeiro: continuidade (a vigência do 
costume não pode ter sido interrompida), diuturnidade (o costume deve existir há 
um tempo considerável), moralidade (o costume deve estar em conformidade com a 
moral instituída na sociedade), uniformidade (a prática costumeira deve ser repetida 
de forma análoga ou idêntica), obrigatoriedade (a prática do ato costumeiro deve 
ser exigida, por toda a coletividade, de cada membro da sociedade). O costume não 
pode ser contra legem, quer dizer, contrário ao direito positivado. Norberto Bobbio 
(2006) lista as seguintes características: generalidade, uniformidade, continuidade, 
durabilidade.
Princípios gerais do Direito
Princípios gerais do Direito são diretrizes que emanam do ordenamento jurídico, 
servindo-lhe de alicerce. Não é necessário que estejam positivados em uma norma 
jurídica.
Analise alguns princípios gerais do Direito Internacional no quadro abaixo: 
8
Princípios do Direito Internacional
• o princípio da não agressão;
• o princípio da solução pacífica de controvérsias entre Estados;
• o princípio da autodeterminação dos povos (um povo tem o direito de escolher seus próprios
governantes e de se autogovernar);
• o princípio da coexistência pacífica (dois Estados devem conviver pacificamente, mesmo que
tenham divergências insolúveis);
• o princípio da proibição da propaganda de guerra;
Fonte: Elaborado pelo autor (2020).
Em sua jurisprudência, a Corte Internacional de Justiça tem reconhecido princípios 
gerais do Direito como o pacta sunt servanda (o que foi acordado pelas partes deve 
ser cumprido) e res iudicata (coisa julgada, cujos efeitos não podem ser afetados 
pela nova lei).
Pelo contexto histórico em que se elaborou o Estatuto da CIJ, tendo como pano 
de fundo a Guerra Fria, não foram prestigiados princípios como o do respeito aos 
direitos adquiridos e o da justa indenização por nacionalização de bens, devido 
à restrições impostas pelos países socialistas à época. Hoje, esses princípios já 
integram os princípios gerais do DIP.
O DIP moderno depende cada vez menos dos princípios gerais, pois inúmeras 
normas deles derivadas já se encontram codificadas ou incorporadas aos costumes.
Jurisprudência internacional
Como fonte do Direito Internacional, a jurisprudência se caracteriza como o 
conjunto de decisões emanadas dos tribunais internacionais. Exemplo de tribunais 
internacionais são a Corte Internacional de Justiça (CIJ), a Corte Interamericana 
de Direitos Humanos, a Corte Europeia de Direitos Humanos, o Tribunal Penal 
Internacional (TPI), o sistema de soluções controversas da Organização Mundial do 
Comércio (OMC), entre outros.
9
Um tribunal interno, como o STF, no Brasil, não pode criar 
jurisprudência internacional, ainda que o teor da matéria seja de 
natureza internacional. Decisões dos tribunais nacionais dos 
Estados, ao contrário das da CIJ e de outros tribunais internacionais, 
não constituem fontes do Direito Internacional.
Atenção
Doutrina
Doutrina é o conjunto de ensinamentos e descrições explicativas elaboradas pelos 
mestres e pelos juristas e estudiosos. Como fonte do Direito Internacional, trata-se 
de obras especializadas na disciplina.
As convenções internacionais que ainda não entraram em vigor também são 
consideradas como fonte doutrinária, visto que elaboradas por renomadosespecialistas.
Equidade
O Estatuto da CIJ, em seu art. 38.2, autoriza a Corte, se os Estados em litígio assim 
concordarem, a decidir uma questão ex aequo et bono, ou seja, por equidade.
O Instituto Jurídico da Equidade, identificado como técnica 
hermenêutica ou um modo de aplicação do direito por alguns 
autores, consiste na adaptação de uma norma existente a um 
caso concreto, específico, observando-se os critérios de justiça 
e igualdade. É a adaptação de uma norma a um caso específico, 
deixando-a mais justa, levando em conta os valores sociais vigentes 
e os princípios gerais do Direito.
Atenção
10
O Direito Internacional tem, assim, a equidade como uma de suas fontes. Ao decidir 
por equidade, os juízes da CIJ devem procurar adaptar a norma internacional 
existente a um caso específico, a fim de deixá-la mais justa, observando os critérios 
de justiça e igualdade e levando em conta os valores da comunidade internacional.
Atos unilaterais
Alguns atos praticados de modo unilateral pelos Estados podem gerar efeitos na 
ordem internacional, sendo considerados pela doutrina como fontes do DIP, embora 
o art. 38 do Estatuto da CIJ não inclua os atos unilaterais entre as fontes do DIP.
Nas relações internacionais, são frequentes os atos unilaterais praticados pelos 
Estados, que produzem efeitos jurídicos concretos. Apesar de não constarem da lista 
do artigo 38 de seu Estatuto, os atos unilaterais têm sido considerados pela Corte de 
Haia na decisão de controvérsias que lhe são submetidas.
Os atos unilaterais podem ser não normativos ou normativos. Atos unilaterais 
não normativos com repercussão internacional são, por exemplo, a notificação, 
a renúncia e o reconhecimento. Por exemplo, quando um Estado reconhece 
unilateralmente a existência de outro, sem entrar em acordo nem fazer negociações, 
ele o faz por iniciativa própria, normalmente por meio de uma declaração.
Após mais de duas décadas de guerra civil no Sudão, na África, a 
região sul do país declarou-se independente em 9 de julho de 2011. 
Surgia, assim, o Sudão do Sul, país que, cinco dias depois, seria 
aceito pela ONU como seu 193º e mais novo membro. O governo 
brasileiro, por meio de nota emitida pelo Ministério das Relações 
Exteriores (conhecido como Itamaraty), reconheceu imediatamente 
o novo país. 
Curiosidade
Já atos unilaterais normativos são as normas promulgadas no interior do 
ordenamento jurídico nacional, emanados de uma única vontade soberana. Se o 
seu objeto se voltar para fora, para o exterior, essa norma se qualifica como fonte 
do Direito Internacional. São exemplos de atos unilaterais normativos as leis com 
que um Estado determina a extensão de seu mar territorial, o regime dos portos e a 
11
franquia das águas interiores à navegação estrangeira: a lei é criada para vigorar no 
interior do Estado, mas acaba gerando repercussão internacional e se transforma em 
fonte do DIP.
Decisões das organizações internacionais
Não figuram no rol do art. 38 do Estatuto da CIJ as decisões das organizações 
internacionais. Na época da fundação da Corte de Haia (1921), não era ainda 
expressiva a atuação das organizações internacionais. O dispositivo foi repelido 
em 1945, sem revisão. As resoluções, declarações e diretrizes emitidas por uma 
organização internacional têm efeitos diversos sobre os membros da entidade.
As decisões meramente procedimentais quase sempre obrigam a totalidade dos 
membros da organização. Quando se trata de decisões importantes, no entanto, 
estas só obrigam a todos quando tomadas por unanimidade; se majoritários, 
obrigam apenas os integrantes da maioria vitoriosa.
As decisões das organizações internacionais podem ser emitidas pela assembleia 
dos países membros, por um órgão ou por uma decisão personalíssima do 
secretariado geral. Em nenhum caso terão a natureza de “acordos formais”.
Qualidades das atribuídas às normas 
internacionais: obrigações erga 
omnes, normas jus cogens e soft law
Vamos tratar, neste tópico, não propriamente de fontes do Direito Internacional, mas 
de certas qualidades que podem ser atribuídas às normas internacionais.
Consideram-se erga omnes as obrigações a todos impostas, sem possibilidade de 
objeção. São normas que atingem a todos os sujeitos, sem exceção. As normas de 
caráter costumeiro integram o núcleo das obrigações erga omnes. O chamado direito 
de passagem inocente, no qual um Estado ribeirinho deve respeitar o livre trânsito de 
embarcações mercantes procedentes de outros países por seu litoral, é um exemplo 
de obrigação erga omnes, com fonte na Convenção das Nações Unidas sobre o 
Direito do Mar, de 1982.
12
São jus cogens as normas internacionais que ocupam hierarquia superior às demais 
normas e se sobrepõem à autonomia da vontade dos Estados, não podendo ser 
revogadas. Segundo a Convenção de Viena de 1969, art. 53, considera-se nulo um 
tratado que esteja “em conflito com norma imperativa de direito internacional geral 
(jus cogens)”. Mesmo a superveniência de uma norma jus cogens tem o condão 
tornar nulo qualquer tratado em conflito com ela, de acordo com o art. 64. 
São consideradas jus cogens: 
I. Certas normas costumeiras, como aquelas que protegem 
os fundamentos da própria ordem internacional.
II. Certas normas convencionais, como a Carta das Nações 
Unidas, de 1945.
III. O Direito Internacional Especial, a exemplo da Declaração 
Universal de Direitos Humanos, de 1948. Note que o con-
teúdo dessas normas se associa, não por acaso, aos Direi-
tos Humanos.
Atenção
Soft law são textos deliberadamente desprovidos de caráter jurídico nas relações 
mútuas entre os responsáveis por sua redação. Segundo Mazzuoli (2016), 
integram uma “zona cinzenta” entre o universo do direito e do não direito. A 
flutuação da conjuntura econômica internacional, que impõe a necessidade de 
maior flexibilização e de acomodação de interesses, seria umas das razões para 
o desenvolvimento desse tipo de relação não normativa. Muitas vezes, tomam a 
forma de uma opinio juris acerca de determinado tema, a exemplo das declarações 
conjuntas proferidas ao final de conferências sobre temas como meio ambiente, 
aquecimento global e desigualdade social. Seus objetivos podem, não raro, visar aos 
comportamentos futuros dos Estados.
13
Fechamento
Todos as normas de qualquer ramo do direito se pretendem efetivas, pois, se assim 
não fossem, o seu valor se resumiria ao histórico e não à aplicabilidade efetiva 
dessas normas. As normas dos diversos ramos do direito provêm de várias fontes, 
essa constante renovação e rediscussão das normas é capaz de manter o direito 
“vivo”.
Reconhecemos neste estudo, as principais fontes do Direito Internacional. Como 
visto as fontes são variadas e muitas vezes decorrem da própria aplicação do direito, 
como é o caso da jurisprudência. Ao se conhecer as fontes é possível observar a 
dinamicidade desse ramo do direito, bem com as qualidades que as suas normas 
assumem.
14
Referências
________. Tratado Americano de Soluções Pacíficas (Pacto de Bogotá). Conclusão e 
assinatura: Bogotá – Colômbia, 30 de abril de 1948. Promulgação no Brasil: Decreto 
nº 57.785, de 11 de fevereiro de 1966.Disponível em: <https://www2.camara.
leg.br/legin/fed/decret/1960-1969/decreto-57785-11-fevereiro-1966-398647-
publicacaooriginal-1-pe.html>. Acesso em: out. 2020. 
BRASIL. Estatuto da Corte Internacional de Justiça. Promulgado no Brasil Decreto n. 
19.841, de 22 de outubro de 1945. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/
decreto/1930-1949/d19841.htm>. Acesso em: out. 2020. 
BOBBIO, Norberto. O positivismo jurídico: lições de filosofia do direito. São Paulo: 
Ícone, 2006.
COSTA RICA; ECUADOR. Convenio sobre delimitación de áreas marinas y 
submarinas entre las repúblicas de Costa Rica y Ecuador (Tratado Gutiérrez-Terán). 
Quito, 12 de marzo de 1985. Disponível em: <http://extwprlegs1.fao.org/docs/pdf/
bi-99237.pdf>Acesso em: out. 2020. 
GOMES, E. B.; MONTENEGRO, J. F. Introdução aos estudos de Direito Internacional.Curitiba: InterSaberes, 2006. 
MAZZUOLI, V. O. Curso de Direito Internacional Público. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 2016. 
MOTTA, A. L. B. Curso introdutório de Direito Internacional do Comércio. Barueri: 
Manole, 2010.
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1960-1969/decreto-57785-11-fevereiro-1966-398647-publicacaooriginal-1-pe.html
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https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1960-1969/decreto-57785-11-fevereiro-1966-398647-publicacaooriginal-1-pe.html
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1930-1949/d19841.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1930-1949/d19841.htm
http://extwprlegs1.fao.org/docs/pdf/bi-99237.pdf
http://extwprlegs1.fao.org/docs/pdf/bi-99237.pdf
Declarações e tratados 
Internacionais de proteção 
dos direitos humanos 
ratificados pelo Brasil
SST
Zolotar, Márcia
Declarações e tratados internacionais de proteção dos 
direitos humanos ratificados pelo Brasil / Márcia Zolotar 
Ano: 2020
nº de p.: 11
Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados.
3
Declarações e tratados internacionais 
de proteção dos direitos humanos 
ratificados pelo Brasil
Apresentação
Desde os tempos mais remotos, as nações foram se adaptando e criando estruturas 
de relacionamento, considerando as atividades executadas como comércio, 
estabelecimento de fronteiras, regras de conflitos, entre outras. As declarações 
e tratados internacionais são documentos importantes que buscam estabelecer 
um relacionamento equilibrado entre as nações, com o objetivo dessa relação ser 
sempre harmoniosa entre os interesses particulares de cada país. Dentro dessas 
relações, podem existir eventualmente conflitos de interesse, e as declarações e 
tratados costumam estabelecer as bases de relacionamento entre as nações que o 
assinam.
Nesta unidade, vamos abordar os conceitos essenciais, seu funcionamento e 
apresentar quais são as declarações e tratados internacionais assinados pelo 
Brasil. 
Declarações e tratados internacionais 
no Brasil
O Brasil, assim como os demais países da América Latina, vive um processo 
de democratização e de fortalecimento de suas instituições. Nesse sentido, a 
Constituição Federal (CF) de 1988 foi um marco importante ao consagrar os direitos 
humanos e a dignidade humana ao patamar de núcleo básico e formador do 
ordenamento jurídico brasileiro. Segundo o art. 1º da CF/88:
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel 
dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado 
Democrático de Direito e tem como fundamentos:
III - a dignidade da pessoa humana […]. (BRASIL, 1988).
4
Mas como os tratados internacionais passaram a ser interpretados frente a essa 
nova Constituição? Comecemos pela leitura do art. 5, § 2º da CF/88:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes:
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem 
outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos 
tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja 
parte. (BRASIL, 1988)
Assim, a Constituição de 1988 conferiu aos direitos elencados em tratados 
internacionais a hierarquia de normas constitucionais.
No caso dos tratados internacionais que versem sobre direitos 
humanos, há uma outra peculiaridade. Eles possuem o que 
chamamos de natureza constitucional, ao passo que os demais 
tratados têm tão somente natureza infraconstitucional.
Sobre isso, Flavia Piovesan (2013, p. 60) afirma: “[...] o Direito 
Brasileiro faz opção por um sistema misto, que combina regimes 
jurídicos diferenciados: um regime aplicável aos tratados de 
direitos humanos e um outro aplicável aos tratados tradicionais”.
Atenção
Uma questão importante que se coloca diz respeito ao resultado, no ordenamento 
jurídico brasileiro, da ratificação de um tratado internacional. Três situações 
poderão surgir:
1. Compatibilização com o determinado na Constituição:
Neste caso, não haveria problema, tendo em vista que a Constituição de 1988 
prevê vários artigos cujo objeto é a proteção aos direitos humanos, tais como 
os arts. 5º, III e LVIII, dentre outros.
5
2. Complementação dos direitos previstos no texto constitu-
cional:
Nesta segunda situação, embora ainda não existentes no ordenamento 
jurídico nacional, os tratados internacionais servem exatamente para 
preencher essa lacuna e auxiliar na efetividade na proteção aos direitos 
humanos.
3. Colisão com o ordenamento jurídico interno:
Aqui, há um difícil conflito. A solução é dada pela prática adotada pela 
jurisprudência dos órgãos de supervisão internacional de direitos humanos: 
“A escolha da norma mais benéfica ao indivíduo é tarefa que caberá 
fundamentalmente aos Tribunais nacionais e a outros órgãos aplicadores do 
direito, no sentido de assegurar a melhor proteção possível ao ser humano” 
(PIOVESAN, 2013, p. 73).
Instrumentos internacionais de 
proteção aos direitos humanos no 
Brasil
Abaixo, destacamos os mais importantes instrumentos internacionais de proteção 
aos direitos humanos ratificados pelo Brasil (PIOVESAN, 2013, p. 55):
1. Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura – 20
de julho de 1989.
2. Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos Cruéis ou
Degradantes – 28 de setembro de 1989.
3. Convenção sobre os Direitos da Criança – 24 de setembro de
1990.
4. Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos – 24 de janeiro
de 1992.
Citação
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5. Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais
– 24 de janeiro de 1992.
6. Convenção Americana de Direitos Humanos – 25 de setembro de
1992.
7. Convenção Americana para Punir, Prevenir e Erradicar a
Violência contra a Mulher – 27 de novembro de 1995.
8. Protocolo à Convenção Americana referente à Abolição da Pena
de Morte – 13 de agosto de 1996.
9. Protocolo à Convenção Americana referente aos Direitos
Econômicos, Sociais e Culturais – Protocolo de San Salvador – 21
de agosto de 1996.
10. Convenção Interamericana para Eliminação de todas as Formas
de Discriminação contra Pessoas Portadoras de Deficiências – 15
de agosto de 2001.
11. Estatuto de Roma – Tribunal Penal Internacional – 20 de junho
de 2002.
12. Protocolo Facultativo à Convenção sobre a Eliminação de
todas as formas de Discriminação contra a Mulher – 28 de junho de
2002.
13. Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Direitos das Crianças 
sobre o Envolvimento em Conflitos Armados – 27 de janeiro de 2004.
14. Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Direitos das
Crianças sobre Venda, Prostituição e Pornografia Infantis – 27 de
janeiro de 2004.
15. Protocolo Facultativo à Convenção contra a Tortura – 11 de
janeiro de 2007.
16. Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiências e
seu Protocolo Facultativo – 1º de agosto de 2008.
17. Protocolo Facultativo ao Pacto Internacional dos Direitos Civis
e Políticos, bem como do Segundo Protocolo ao mesmo Pacto
visando à Abolição da Pena de Morte em 25 de setembro de 2009.
Citação
7
Sistema Europeu de Proteção dos 
Direitos Humanos
Pode-se afirmar que o Sistema Europeu de Proteção dos Direitos Humanos é 
reconhecidamente o mais eficiente dentre os demais Sistemas Regionais de 
Proteção. Tal entendimento é defendido por Flavia Piovesan (2015, p. 114):
Ressalte-se que, dos sistemas regionais, é o europeu o que traduz mais 
extraordinária experiência de justicialização de direitos humanos, por 
meio da atuação da Corte Europeia. Isto é, o sistema europeu não apenas 
elenca um catálogo de direitos, mas institui um sistema inédito que 
permite a proteção judicial dos direitos e liberdades neles previstos.
O Sistema Europeu foi fruto de um esforçoconjunto para a promoção da unidade 
europeia, progresso econômico e proteção aos direitos humanos em uma Europa 
dizimada após a 2ª Guerra Mundial. O Conselho da Europa foi fundado em 1949 e é 
integrado por 47 Estados-Membros. Todos eles assinaram a Convenção Europeia 
de Direitos Humanos, cujo objetivo é a defesa dos direitos humanos no Continente 
Europeu. Confira, abaixo, o organograma do Conselho da Europa.
Estrutura do Conselho da Europa
Conselho da Europa
Comitê de 
Ministros
Assembleia 
Parlamentar
Secretariado-Geral Tribunal Europeu dos 
Direitos do Homem
Congresso dos 
Poderes Locais e 
Regionais
 Fonte: Elaborada pela autora (2018).
A Convenção Europeia dos Direitos Humanos e das Liberdades Fundamentais foi 
elaborada no âmbito do Conselho da Europa Ocidental, entrando em vigor no dia 3 
de setembro de 1953. É importante destacar que, nesse documento, os Estados-
partes aceitam a supervisão internacional quanto à proteção de direitos humanos e 
à adoção interna de parâmetros mínimos em matéria de proteção desses direitos.
No entendimento de Comparato (2015, p. 282), a Convenção Europeia teve 
importância ímpar na proteção aos direitos humanos:
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Mas a grande contribuição da Convenção Europeia para a proteção da 
pessoa humana foi, de um lado, a instituição de órgãos incumbidos de 
fiscalizar o respeito aos direitos nela declarados e julgar as suas eventuais 
violações pelos Estados signatários; de outro, o reconhecimento do 
indivíduo como sujeito do direito internacional, no que tange à proteção 
dos direitos humanos.
Os direitos protegidos na Convenção Europeia são fundamentalmente os direitos 
civis e políticos que representavam à época os ideias liberais e individualistas. São 
os chamados direitos de 1ª geração.
A proteção aos direitos de 2ª geração – direitos econômicos, sociais e culturais
– foram objeto da Carta Social Europeia, que entrou em vigor em 26 de fevereiros de
1965.
A Corte Europeia adotou quatro importantes princípios. Vamos conhecer agora cada 
um deles?
1. Princípio da interpretação teleológica:
Segundo este princípio, a interpretação a ser dada aos direitos elencados na 
Convenção deve ser a mais apropriada possível, visando alcançar os fins e 
objetivos ali traçados. Devem ser evitadas quaisquer leituras interpretativas 
que limitem o alcance das obrigações assumidas pelos Estados-partes.
2. Princípio da interpretação efetiva:
Este princípio fala por si. A Corte Europeia deve assegurar aos direitos 
previstos na Convenção efetividade, adequação e caráter satisfatório.
3. Princípio da interpretação dinâmica e evolutiva:
A interpretação pela Corte deve se adaptar às mudanças ocorridas na 
sociedade, nos planos político, econômico e social. Os direitos humanos 
se caracterizam por serem um conceito histórico, em processo contínuo de 
evolução e desenvolvimento.
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4. Princípio da Proporcionalidade:
Este princípio determina uma razoabilidade entre os meios empregados e 
os fins a serem atingidos. Dessa forma, deve haver um equilíbrio entre o 
interesse geral da comunidade e as demandas individuais de proteção aos 
direitos humanos.
A partir de 1º de novembro de 1988, surgiu um novo sistema que substituiu a Corte 
e a Comissão de Direitos Humanos por uma Corte permanente. Esse sistema foi 
aprovado pelo Protocolo nº 11. A nova Corte é regida por importantes princípios do 
direito: contraditório e da ampla defesa.
A quantidade de seus membros deve ser a mesma do Conselho da Europa. Quando 
o Estado-Membro ratifica a Convenção, já está, implicitamente, aceitando a
jurisdição da Corte Europeia. Possui, ainda, jurisdição contenciosa e consultiva.
Os princípios do contraditório e da ampla defesa são indissociáveis 
e estão presentes no processo judicial e administrativo. 
Pelo contraditório, cada uma das partes tem direito a tomar 
conhecimento do que é alegado no processo e contestar. No caso 
da ampla defesa, as partes podem trazer ao processo quaisquer 
provas lícitas para provar a verdade, omitir-se ou calar-se, a fim 
de evitar autoincriminação
Saiba mais
O novo sistema, com a criação de uma Corte Europeia, trouxe importantes 
modificações, tais como:
• indivíduos, grupos de indivíduos e organizações não governamentais (ONGs)
têm acesso direto à Corte Europeia, mediante o direito de petição;
• a Corte possui competência consultiva e contenciosa. No caso desta última,
as decisões são vinculantes e têm natureza declaratória;
• o número de juízes deverá ser igual ao número de Estados-partes;
• as línguas oficiais são o inglês e o francês.
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O Sistema Europeu enfrenta novos desafios diante da inclusão de países na 
Comunidade Europeia e da onda de refugiados que acometeu o continente. Sobre 
isso, comenta Piovesan (2015, p. 131):
Atente-se, todavia, que a inclusão dos países do leste Europeu no 
sistema europeu, com sua agenda própria de violações, está a deflagrar 
a crescente abertura da Corte Europeia à jurisprudência interamericana 
relativa a graves violações de direitos perpetradas por regimes autoritários, 
envolvendo a prática de tortura, execução su- mária e desaparecimento 
forçado de pessoas.
Conclusão
O tema desta unidade é bastante amplo e, dependendo da questão analisada, 
por ser muito complexo. Isso porque, quando se trata de questões envolvendo 
interesses difusos, até se chegar a um consenso, as negociações podem demorar 
muitos anos, e analisar as variáveis presentes em um caso concreto levam em 
consideração as declarações e tratados internacionais.
Por conta disso, trata-se de um tema muito relevante para os seus estudos, que 
pode ser o diferencial de conhecimento em um processo de seleção de um trabalho, 
por exemplo. Nesse ponto, é importante que seus conhecimentos sejam difundidos 
entre a sua comunidade, gerando oportunidades de discussões e aprendizado para 
todos.
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Referências
COMPARATO, F. K. A afirmação histórica dos direitos humanos. 3. ed. rev. amp. São 
Paulo: Saraiva, 2003.
PIOVESAN, F. Direitos Humanos e Justiça Internacional: um estudo comparativo dos 
sistemas regionais europei, interamericano e africano. São Paulo: Saraiva Educação, 
2015.
PIOVESAN, F. Direitos humanos e o direito constitucional internacional. 14. ed., rev. 
e atual. São Paulo: Saraiva, 2013.

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