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DELEGAÇÃO DE SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS DO RS 
 
 
1 
 
 
 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
SUMÁRIO 
 
1. PRINCÍPIOS ................................................................................................................. 02 
2. POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR ..................................................................................... 05 
3. INQUÉRITO POLICIAL MILITAR .................................................................................. 09 
4. AÇÃO PENAL .............................................................................................................. 19 
5. DA DENÚNCIA ............................................................................................................. 25 
6. SUJEITOS NO PROCESSO ............................................................................................ 33 
7. JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA .................................................................................... 51 
8. DA CITAÇÃO ................................................................................................................ 95 
9. PROVAS ....................................................................................................................... 99 
10. PRISÃO ................................................................................................................... 123 
11. DOS RECURSOS (ARTS. 510 A 515 DO CPPM) ........................................................ 135 
12. PROCEDIMENTOS ................................................................................................... 153 
13. INSUBMISSÃO ........................................................................................................ 169 
14. DESERÇÃO ............................................................................................................... 174 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DELEGAÇÃO DE SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS DO RS 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
 
PRINCÍPIOS 
 
 
 1. PRINCÍPIOS APLICADOS NO PROCESSO PENAL MILITAR 
a) Do devido processo legal: (CF, art. 5º, LIV) não há privação de liberdade ou perda de bens 
sem o devido processo legal. 
 
Devem respeitar todas as formalidades previstas na legislação para que o Estado possa aplicar a 
lei no caso concreto com a possibilidade de cerceamento da liberdade (sentido amplo) e para que sejam 
garantidos os seus direitos perante o Estado acusador e punitivo. 
 É o princípio fundamental do ordenamento jurídico processual. Todos os outros derivam dele. 
 
b) Do juiz natural: (CF, art. 5º, LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela 
autoridade competente; e XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção). 
c) Do estado de inocência: que é diferente de presunção de inocência (CF, art. 5º, LVII). 
Admite medidas cautelares privativas da liberdade de natureza cautelar. Enquanto não 
houver condenação definitiva, presume-se o réu inocente: sua prisão antes do trânsito em 
julgado só pode ser admitida a título de cautela. 
d) Do contraditório e da ampla defesa: (CF, art. 5º, LV). Aos litigantes, em processo judicial 
ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, 
com os meios e recursos a ela inerentes. Supõe conhecimento dos atos processuais pelo 
acusado e seu direito de resposta e de reação. 
 
Não se confunde com o devido processo legal, integra-o. Está previsto na Convenção Americana 
sobre Direitos Humanos (Pacto de São José de Costa Rica). 
Consuetudinário lógico do sistema acusatório, em que as partes devem possuir plena igualdade. 
O acusado deve ter ciência da acusação para poder responder, dar a sua versão dos fatos. Decorrência 
audiatur et altera pars – a parte contrária deve também ser ouvida. 
 
e) Da verdade real: investigação dos fatos como se passaram na realidade (verdade 
material), possibilitando ao juiz determinar diligências de ofício, para melhor esclarecimento 
dos fatos investigados. 
 
O processo faz o “caminho do crime”, (re)constrói os fatos como se deram. Faz a história de como 
o crime ocorreu (realidade) para a correta aplicação da lei. 
 
f) Da publicidade: (CF, art. 5º, LX; art. 93, IX) pode ser geral – popular, ou especial – para as 
partes do processo. Art. 5º, LX - lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais 
quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem; e art. 93, IX - todos os 
 
 
 
DELEGAÇÃO DE SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS DO RS 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as 
decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei, se o interesse público o exigir, limitar a 
presença, em determinados atos, às próprias partes e aos seus advogados, ou somente a 
estes. 
 
A publicidade dos atos processuais integra o devido processo legal. No Direito pátrio vigora o 
princípio da publicidade absoluta, como regra. As audiências, as sessões e a realização de outros atos 
processuais são franqueadas ao público em geral, ressalvados os casos específicos em lei. 
 
g) Da obrigatoriedade: presentes as condições da ação penal militar, o MPM é obrigado a 
oferecer denúncia. 
h) Da oficialidade: (CF, art. 129, I) o MPM é o exclusivo titular da ação penal militar, que é 
sempre pública, ressalvada a possibilidade da ação privada subsidiária da pública. 
i) Da iniciativa das partes e do impulso oficial: o juiz não pode dar início ao processo sem a 
provocação da parte legítima. 
Cabe à parte provocar a prestação jurisdicional. Há algumas situações em que este princípio 
é mitigado; a concessão de habeas corpus de ofício, decretação de ofício da prisão 
preventiva e produção de provas (verdade real). 
j) Da inadmissibilidade das provas ilícitas: (CF, art. 5º LVI) são ilícitas as provas obtidas 
mediante a prática de algum ilícito, seja penal, civil ou administrativo, da parte daquele 
encarregado de produzi-las. 
 
2. LEI DE PROCESSO PENAL MILITAR E SUA APLICAÇÃO (ART. 1º A 6 º DO 
CPPM) 
O Processo Penal Militar reger-se-á pelas normas contidas no CPPM tanto em tempo de paz 
como em tempo de guerra, salvo legislação especial que lhe for estritamente aplicável. Assim, não há 
regras criadas para regime excepcional, como no caso de guerra declarada. 
Interessante é o regramento em relação aos tratados internacionais incorporados ao nosso 
ordenamento jurídico. Nos casos concretos, se houver divergência entre essas normas e as de convenção 
ou tratado de que o Brasil seja signatário, prevalecerão as últimas. 
Em relação à interpretação das normas, vai depender do caso concreto em que vai ser exigida a 
interpretação literal ou será aceita uma flexibilização com uma interpretação extensiva. 
A Lei de Processo Penal Militar deve ser interpretada no sentido literal de suas expressões. Os 
termos técnicos hão de ser entendidos em sua acepção especial, salvo se evidentemente empregados 
com outra significação. 
Admitir-se-á a interpretação extensiva ou a interpretação restritiva, quando for manifesto, no 
primeiro caso, que a expressão da lei é mais estrita e, no segundo, que é mais ampla do que sua intenção. 
Fica na discricionariedade do julgador ao caso concreto, sempre fundamentada a interpretação e 
aplicação da norma processual. 
Há situações que só admitem interpretação literal da lei, sem interpretação extensiva, quando: a) 
cercear a defesa pessoal do acusado; b) prejudicar ou alterar o curso normal do processo, ou lhe 
desvirtuar a natureza; c) desfigurar de plano os fundamentos da acusação que deram origem ao processo. 
 
 
 
DELEGAÇÃO DE SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS DO RS 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
Pode-se pensar da seguinte forma: para beneficiar o acusado a interpretação extensiva é 
admitida, desde que não afronte os princípios processuais militares, que têm como princípios maiores a 
preservação dadisciplina e hierarquia, que foram lesionados com o cometimento do crime, e o processo 
vem para restaurar a ordem quebrada. 
Os casos omissos no CPPM serão supridos: a) pela legislação de Processo Penal comum, quando 
aplicável ao caso concreto e sem prejuízo da índole do Processo Penal Militar; b) pela jurisprudência; c) 
pelos usos e costumes militares; d) pelos princípios gerais de Direito; e) pela analogia. 
A legislação comum poderá ser aplicada nos casos omissos, desde que não afronte os princípios 
da disciplina e hierarquia. Analogia, somente a in bona parte. Ressalta-se, somente quando ocorrer a 
omissão da lei. 
3. APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL MILITAR NO TEMPO E NO ESPAÇO 
Sem prejuízo de convenções, tratados e regras de Direito Internacional, aplicam-se as normas do 
CPPM: 
I – Em tempo de paz: 
a) em todo o território nacional; 
b) fora do território nacional ou em lugar de extraterritorialidade brasileira, quando se tratar 
de crime que atente contra as instituições militares, ainda que seja o agente processado ou 
tenha sido julgado pela justiça estrangeira; 
c) fora do território nacional, em zona ou lugar sob administração ou vigilância da força 
militar brasileira, ou em ligação com esta, de força militar estrangeira no cumprimento de 
missão de caráter internacional ou extraterritorial; 
d) a bordo de navios, ou quaisquer outras embarcações, e de aeronaves, onde quer que se 
encontrem, ainda que de propriedade privada, desde que estejam sob comando militar ou 
militarmente utilizados ou ocupados por ordem de autoridade militar competente; 
e) a bordo de aeronaves e navios estrangeiros desde que em lugar sujeito à Administração 
militar, e a infração atente contra as instituições militares. 
II – Em tempo de guerra: 
a) aos mesmos casos previstos para o tempo de paz; 
b) em zona, espaço ou lugar onde se realizem operações de força militar brasileira, ou 
estrangeira que lhe seja aliada, ou cuja defesa, proteção ou vigilância interesse à segurança 
nacional, ou ao bom êxito daquelas operações; 
c) em território estrangeiro militarmente ocupado. 
 
4. APLICAÇÃO INTERTEMPORAL DA LEI 
O art. 5º do CPPM refere-se ao princípio da aplicação imediata da lei ao Direito Processual. A lei 
processual é aplicada aos processos em curso, iniciados sob a égide da lei anterior, passando então a 
regulá-los daquele momento em diante. Ressalte-se que os atos processuais realizados em observância à 
lei anterior consideram-se válidos. Tempus regit actum. 
 
 
 
 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
 
 
POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR 
 
 
1. ATRIBUIÇÃO DA POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR 
A polícia judiciária militar está prevista de forma implícita no art. 144, § 4º, da Carta Magna, 
quando assevera que às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, 
ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração das infrações 
penais, exceto as militares. O regramento da polícia judiciária encontra-se nos arts. 7º e 8 º do CPPM. 
A polícia judiciária militar destina-se à apuração de crimes militares 
O art. 8º do CPPM menciona competência da polícia judiciária militar, no entanto o termo 
correto seria atribuição e não competência (órgão jurisdicional). 
 
Assim, as atribuições da polícia judiciária militar são: 
a) apurar os crimes militares, bem como os que, por lei especial, estão sujeitos à 
jurisdição militar, e sua autoria; 
b) prestar aos órgãos e juízes da Justiça Militar e aos membros do Ministério Público as 
informações necessárias à instrução e julgamento dos processos, bem como realizar as 
diligências que por eles lhe forem requisitadas; 
c) cumprir os mandados de prisão expedidos pela Justiça Militar; 
d) representar a autoridades judiciárias militares acerca da prisão preventiva e da 
insanidade mental do indiciado; 
e) cumprir as determinações da Justiça Militar relativas aos presos sob sua guarda e 
responsabilidade; 
f) solicitar das autoridades civis as informações e medidas que julgar úteis à elucidação 
das infrações penais, que estejam a seu cargo; 
g) requisitar da polícia civil e das repartições técnicas civis as pesquisas e exames 
necessários ao complemento e subsídio de inquérito policial militar; 
h) atender, com observância dos regulamentos militares, a pedido de apresentação de 
militar ou funcionário de repartição militar à autoridade civil competente, desde que 
legal e fundamentado o pedido. Tem atribuição de realizar as diligências requisitadas 
pelos órgãos e juízes da Justiça Militar ou pelos membros do Ministério Público 
 
 
 
 
2. AUTORIDADE JUDICIÁRIA 
A polícia judiciária militar é exercida pelas seguintes autoridades, conforme as respectivas 
circunscrições: 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
a) pelos comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, em todo o território 
nacional e fora dele, em relação às forças e órgãos que constituem seus Ministérios, bem 
como a militares que, neste caráter, desempenhem missão oficial, permanente ou 
transitória, em país estrangeiro; 
b) pelo chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, em relação a entidades que, por 
disposição legal, estejam sob sua jurisdição; 
c) pelos chefes de Estado-Maior e pelo secretário-geral da Marinha, nos órgãos, forças e 
unidades que lhes são subordinados; 
d) pelos comandantes de Exército e pelo comandante-chefe da Esquadra, nos órgãos, 
forças e unidades compreendidos no âmbito da respectiva ação de comando; 
e) pelos comandantes de Região Militar, Distrito Naval ou Zona Aérea, nos órgãos e 
unidades dos respectivos territórios; 
f) pelo secretário do Ministério do Exército e pelo chefe de Gabinete do Ministério da 
Aeronáutica, nos órgãos e serviços que lhes são subordinados; 
g) pelos diretores e chefes de órgãos, repartições, estabelecimentos ou serviços 
previstos nas leis de organização básica da Marinha, do Exército e da Aeronáutica; 
h) pelos comandantes de forças, unidades ou navios; 
Essas autoridades podem delegar o exercício da polícia judiciária militar. Obedecidas as 
normas regulamentares de jurisdição, hierarquia e comando, as atribuições poderão ser delegadas a 
oficiais da ativa, para fins especificados e por tempo limitado. 
Na atividade de polícia judiciária militar, a delegação do seu exercício é feita por portaria do 
comandante, chefe ou diretor. Em razão da observância da disciplina e da hierarquia, a autoridade 
delegante pode e deve exercer fiscalização disciplinadora sobre o oficial (longas manus) a quem foi 
delegada a atribuição. 
 Em se tratando de delegação para instauração de inquérito policial militar, deverá aquela 
recair em oficial de posto superior ao do indiciado, seja este oficial da ativa, da reserva, remunerada 
ou não, ou reformado. 
Não sendo possível a designação de oficial de posto superior ao do indiciado, poderá ser feita 
a de oficial do mesmo posto, desde que mais antigo. Se o indiciado é oficial da reserva ou reformado, 
não prevalece, para a delegação, a antiguidade de posto. 
Se o posto e a antiguidade de oficial da ativa excluírem, de modo absoluto, a existência de 
outro oficial da ativa (mesmo posto e mais antigo), caberá ao ministro competente a designação de 
oficial da reserva de posto mais elevado para a instauração do inquérito policial militar; e, se este 
estiver iniciado, avocá-lo, para tomar essa providência. 
Paulo Tadeu da Rosa1 menciona que as forças policiais, civil e federal, não possuem 
competência para apurar os crimes militares, sendo esta atribuição exercida pela polícia judiciária 
militar, que é constituída por autoridades militares e seus auxiliares. Ao tomar conhecimento da 
prática de um ilícito, o comandante da Unidade à qual pertence o militar por meio de portaria 
determinará a abertura de Inquérito Policial Militar (IPM),nomeando um oficial para apurar a autoria 
e a materialidade do fato. Caso o autor do ilícito seja conhecido, o oficial nomeado deverá possuir 
posto ou patente acima do indiciado. 
 
 
1ROSA, Paulo Tadeu Rodrigues. Direito Administrativo Militar Teoria e Prática. Rio de Janeiro, Editora Lumen 
Juris, 2003 p. 118. 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
• Indiciado: denominação que se dá ao militar objeto de investigação no IPM. Antes do 
indiciamento é chamado de suspeito. 
 
Para clarear a questão das atribuições da polícia judiciária militar, trazemos alguns exemplos 
citados pelo professor Jorge César de Assis2 no caso de crime em local sob a Administração militar 
(vilas militares) e atribuição para investigar. 
a) Em caso de crime comum ocorrido no interior das vilas militares, a competência é do 
delegado de polícia. 
b) Crime militar no interior da vila militar, a competência é da polícia judiciária militar, 
logo da referida autoridade militar com jurisdição sobre a área. 
c) Em caso de fugitivo que adentra a vila militar, não há vedação para que a polícia civil 
adentre na área e realize a prisão; é recomendável avisar o oficial de dia que ajudará na 
captura. 
 
O art. 144 da CF menciona o rol das polícias e suas atribuições, por intermédio dos seguintes 
órgãos: 
I - Polícia federal; II - polícia rodoviária federal; III - polícia ferroviária federal; IV - polícias 
civis; V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. 
 
Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a 
competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as 
militares. 
Assim, se o crime é militar, a atribuição é da polícia judiciária militar. Ressalta-se que a 
autoridade policial tem atribuição e não competência. 
Se o crime é comum, depende de cada caso específico. Atribuição da polícia federal para 
apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e 
interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras 
infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, 
segundo se dispuser em lei; prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o 
contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas 
respectivas áreas de competência; exercer as funções de polícia marítima, aérea e de fronteiras; 
exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras. 
A polícia civil fica com atribuição residual, ou seja, o que não estiver expresso que seja 
atribuição das demais polícias, é da sua alçada. 
 
EMENTA: COMPETÊNCIA - HABEAS CORPUS - SUPREMO. A competência do Supremo 
para processar e julgar habeas corpus impetrado contra ato de tribunal pressupõe a 
abordagem da causa de pedir na origem. INVESTIGAÇÃO - ATRIBUIÇÃO - POLÍCIA CIVIL 
E POLÍCIA MILITAR. A simples circunstância de ter-se o envolvimento de policiais 
militares nas investigações não desloca a atribuição do inquérito para a Polícia Militar. 
Tratando-se de fatos estranhos à atividade militar, incumbe a atuação à Polícia Civil. 
CRIME - NATUREZA. Narrando a denúncia o cometimento de crimes não ligados à 
 
2ASSIS, Jorge César. Direito Militar, Aspectos Penais Processuais Penais e Administrativos, 2 ed. Editora Juruá, 
Curitiba, 2006, p. 139/140. 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
atividade militar - como é exemplo o de quadrilha visando à prática de homicídio, de 
tráfico de drogas e de roubo -, descabe cogitar da configuração de delito de natureza 
militar. (STF HC 89102, Relator: Min. MARCO AURÉLIO, DJ 14-09-2007.) 
 
2. NOTITIA CRIMINIS 
A notícia criminis é a informação do fato criminoso, em tese, que chega ao conhecimento da 
autoridade da polícia judiciária militar, de forma espontânea, provocada ou coercitiva. É a notícia do 
crime. 
A espontânea (de cognição direta ou imediata): ocorre quando a própria autoridade da 
polícia judiciária militar toma conhecimento do fato delituoso por meio das suas próprias atribuições. 
Ex: investigação em uma sindicância que ao final conclui por crime militar em tese. 
A notícia criminis provocada (de cognição indireta ou mediata): chega ao conhecimento por 
meio de um ato escrito, que pode ser feito através de requerimento pelo ofendido ou seu 
representante legal, ou, por representação qualquer do povo que tiver conhecimento de crime 
militar. 
A notícia criminis coercitiva: resulta de prisão em flagrante, quando da condução e 
apresentação do autor do fato (arts 10 e 243 do CPPM). 
A delação apócrifa – anônima ‒ notícia inqualificada: deve ser vista com alguma reserva, 
conforme entendimento dos Tribunais. Ela não é meio hábil para sustentar, por si só, a instauração 
de inquérito policial ou de procedimentos investigatórios. A delação anônima não isenta a 
autoridade que a receba de apurar sua verossimilhança ou veracidade e, em consequência, instalar 
o procedimento investigatório. 
 
INQUÉRITO POLICIAL E DENÚNCIA ANÔNIMA -STF 
A 2ª Turma indeferiu habeas corpus em que se pretendia o trancamento de ações 
penais movidas contra a paciente, sob a alegação de que estas supostamente 
decorreriam de investigação deflagrada por meio de denúncia anônima, em ofensa ao 
art. 5º, IV, da CF. Reputou-se não haver vício na ação penal iniciada por meio de 
denúncia anônima, desde que seguida de diligências realizadas para averiguação dos 
fatos nela noticiados, o que ocorrido na espécie. Considerou-se, ainda, que a 
interceptação telefônica, deferida pelo juízo de 1º grau, ante a existência de indícios 
razoáveis de autoria e demonstração de imprescindibilidade, não teria violado qualquer 
dispositivo legal. Concluiu-se que tanto as ações penais quanto a interceptação 
decorreriam de investigações levadas a efeito pela autoridade policial, e não 
meramente da denúncia anônima, razão pela qual não haveria qualquer nulidade. STF- 
HC 99490/SP, rel. Min. Joaquim Barbosa, 23.11.2010. (HC-99490) 
INQUÉRITO POLICIAL E DENÚNCIA ANÔNIMA -STJ 
No STJ, Corte Especial voltou a se manifestar pela impossibilidade de investigação 
embasada em denúncia anônima. Em questão de ordem julgada em 2009, o relator, 
ministro Nilson Naves, citou várias decisões convergentes com esse entendimento. O 
STJ apenas não veda a coleta de provas dos fatos narrados em denúncia anônima. É o 
que ressalta o voto do ministro Teori Albino Zavascki, na Ação Penal 300, julgada em 
2007. “A jurisprudência do STJ e do STF é unânime em repudiar a notícia-crime 
veiculada por meio de denúncia anônima, considerando que ela não é meio hábil para 
sustentar, por si só, a instauração de inquérito policial ou de procedimentos 
investigatórios no âmbito dos tribunais. A delação anônima não isenta a autoridade 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
que a receba de apurar sua verossimilhança ou veracidade e, em consequência, 
instalar o procedimento investigatório. 
 
Notícia Criminis = notícia do crime 
Espontânea (de cognição 
direta ou imediata) 
Provocada (de cognição indireta 
ou mediata) 
Coercitiva 
Investigações, diligências, 
atos de ofício. 
Por meio de escrito Prisão em flagrante 
 
 
 
INQUÉRITO POLICIAL MILITAR 
 
 
Cabe à polícia judiciária militar, exercida pela autoridade militar, a atividade destinada à 
apuração das infrações penais e da autoria por meio do inquérito policial militar (crime militar em 
geral) (IPM), instrução provisória de deserção (IPD), instrução provisória de insubmissão (IPI) e autos 
de prisão em flagrante (APF), preliminar ou preparatório da ação penal. 
À soma da atividade investigatóriacom a ação penal promovida pelo Ministério Público 
(autor imediato) chama-se de persecução penal. 
É um procedimento destinado a reunir os elementos necessários à apuração da prática do 
crime militar e de sua autoria. Trata-se de uma instrução provisória, preparatória e informativa, 
tendo como seu destinatário imediato o Ministério Público Militar para que sirva de substrato para 
formar sua opinio delicti para a propositura da denúncia. O destinatário mediato é o julgador (juiz-
auditor, Conselho de Justiça Permanente ou Especial). 
Assim, o inquérito policial militar constitui-se da colheita de informações acerca do fato 
típico e quem tenha sido seu autor, e tem por finalidade fornecer ao titular da ação penal – o MPM – 
elementos seguros para o oferecimento da denúncia. 
O IPM é iniciado por portaria (independente das várias possibilidades de seu início, neste 
ponto é formal): 
a) de ofício, pela autoridade militar em cujo âmbito de jurisdição ou comando haja 
ocorrido a infração penal, atendida a hierarquia do infrator; 
b) por determinação ou delegação da autoridade militar superior, que, em caso de 
urgência, poderá ser feita por via telegráfica ou radiotelefônica e confirmada, 
posteriormente, por ofício; 
c) em virtude de requisição do Ministério Público;3 
 
3 Neste caso o Ministério Público Militar pode requisitar a instauração de IPM, com base na CF, art. 129, VIII, e na LC 75, e a autoridade militar está 
obrigada a atender. 
Caso o indiciamento seja indevido ou por qualquer motivo que se possa utilizar o Habeas Corpus para o trancamento do IPM, a autoridade coatora é o 
membro do Ministério Público militar, pois a autoridade militar agiu como longa manus do Ministério Público obedecendo à requisição legal. O local de 
impetração do Habeas é no Tribunal Regional Federal. 
 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
d) por decisão do Superior Tribunal Militar, nos termos do art. 25 do CPPM. (Procedência 
de correição parcial em caso de arquivamento de IPM, art. 498 do CPPM). 
e) a requerimento da parte ofendida ou de quem legalmente a represente, ou em virtude 
de representação devidamente autorizada de quem tenha conhecimento de infração 
penal, cuja repressão caiba à Justiça Militar; 
 f) quando, de sindicância feita em âmbito de jurisdição militar, resulte indício da 
existência de infração penal militar. 
 O inquérito policial militar possui as mesmas características do inquérito policial 
comum, dessa forma, é escrito, sigiloso, inquisitivo, informal, indisponível e obrigatório. São, porém, 
efetivamente instrutórios da ação penal os exames, perícias e avaliações realizados regularmente no 
curso do inquérito, por peritos idôneos e com obediência às formalidades legais. 
 
Na Justiça Militar o Juiz de Direito não pode requisitar a instauração de IPM. 
 
 
1. PROCEDIMENTO ESCRITO 
Procedimento escrito, já que é destinado a fornecer elementos ao titular da ação penal, o 
Ministério Público Militar. 
Art. 11. A designação de escrivão para o inquérito caberá ao respectivo encarregado, se 
não tiver sido feita pela autoridade que lhe deu delegação para aquele fim, recaindo em 
segundo ou primeiro-tenente, se o indiciado for oficial, e em sargento, subtenente ou 
suboficial, nos demais casos. 
Não existe no código um procedimento próprio para a oitiva do indiciado, devendo-se aplicar 
a este os procedimentos, no que couber, relativos ao acusado, previsto nos arts. 302 a 306. 
2. SIGILOSO 
Art. 16. O inquérito é sigiloso, mas seu encarregado pode permitir que dele tome 
conhecimento o advogado do indiciado. 
Logicamente o sigilo não se estende ao Ministério Público Militar, que pode acompanhar os 
atos investigatórios (art. 15, III da LOMP, Lei Orgânica do MP, Lei Complementar 40/81), nem ao 
judiciário. O advogado só pode ter acesso ao inquérito policial quando possua legitimatio ad 
procedimentum (Procuração). 
O Superior Tribunal Militar, em decisão recente, entendeu em caso específico o cabimento 
de sigilo no IPM alegando interesse público sobre o particular. 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
MANDADO DE SEGURANÇA. INQUÉRITO POLICIAL MILITAR. NATUREZA SIGILOSA. 
ESTATUTO DO ADVOGADO. ACESSO IRRESTRITO AOS AUTOS. INTERESSE PÚBLICO. 
LITISCONSÓRCIO. Por sua natureza de procedimento administrativo de investigação 
inquisitorial, o Inquérito Policial Militar não está sujeito ao princípio do contraditório, 
especialmente quando a parte impetrante não figura como indiciada. O direito do 
advogado de examinar autos de inquéritos ou de flagrante, findos ou em andamento 
(inciso XIV do art. 7º da Lei nº 8.906/94), não abrange aqueles sujeitos a sigilo (inciso XIII 
do mesmo dispositivo legal), preponderando, na hipótese, o interesse público sobre o 
particular. Inviável a admissibilidade de advogado como litisconsorte na causa que 
patrocina, visando a ter acesso a peças de inquérito policial que corre em sigilo. Ordem 
denegada. Decisão unânime. STM: Proc: MS Num: 2006.01.000686-9 UF: Data da 
Publicação: 12/01/2007. 
No entanto, o STF entende de forma diversa: 
EMENTA: I. Habeas corpus: inviabilidade: incidência da Súmula 691 ("Não compete ao 
Supremo Tribunal Federal conhecer de "habeas corpus" impetrado contra decisão do 
Relator que, em "habeas corpus" requerido a Tribunal Superior, indefere a liminar"). II. 
Inquérito policial: inoponibilidade ao advogado do indiciado do direito de vista dos autos 
do inquérito policial. 1. Inaplicabilidade da garantia constitucional do contraditório e da 
ampla defesa ao inquérito policial, que não é processo, porque não destinado a decidir 
litígio algum, ainda que na esfera administrativa; existência, não obstante, de direitos 
fundamentais do indiciado no curso do inquérito, entre os quais o de fazer-se assistir 
por advogado, o de não se incriminar e o de manter-se em silêncio. 2. Do plexo de 
direitos dos quais é titular o indiciado - interessado primário no procedimento 
administrativo do inquérito policial -, é corolário e instrumento a prerrogativa do 
advogado de acesso aos autos respectivos, explicitamente outorgada pelo Estatuto da 
Advocacia (L. 8906/94, art. 7º, XIV), da qual - ao contrário do que previu em hipóteses 
assemelhadas - não se excluíram os inquéritos que correm em sigilo: a irrestrita 
amplitude do preceito legal resolve em favor da prerrogativa do defensor o eventual 
conflito dela com os interesses do sigilo das investigações, de modo a fazer impertinente 
o apelo ao princípio da proporcionalidade. 3. A oponibilidade ao defensor constituído 
esvaziaria uma garantia constitucional do indiciado (CF, art. 5º, LXIII), que lhe assegura, 
quando preso, e pelo menos lhe faculta, quando solto, a assistência técnica do 
advogado, que este não lhe poderá prestar se lhe é sonegado o acesso aos autos do 
inquérito sobre o objeto do qual haja o investigado de prestar declarações. 4. O direito 
do indiciado, por seu advogado, tem por objeto as informações já introduzidas nos 
autos do inquérito, não as relativas à decretação e às vicissitudes da execução de 
diligências em curso (cf. L. 9296, atinente às interceptações telefônicas, de possível 
extensão a outras diligências); dispõe, em consequência a autoridade policial de meios 
legítimos para obviar inconvenientes que o conhecimento pelo indiciado e seu defensor 
dos autos do inquérito policial possa acarretar à eficácia do procedimento 
investigatório. 5. Habeas corpus de ofício deferido, para que aos advogados constituídos 
pelo paciente se faculte a consulta aos autos do inquérito policial e a obtenção de cópias 
pertinentes, com as ressalvas mencionadas. STF: HC 90232 / AM – AMAZONAS, Relator: 
Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, DJ 02-03-2007. 
 
O encarregado não está obrigado a notificar o advogado sobre as diligências que serãorealizadas, mas poderá acompanhá-las, se tiver conhecimento, desde que não interfira no seu 
andamento. Não se admite contraditório. 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
Súmula Vinculante 14 – “É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso 
amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por 
órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa”. 
 
3. OBRIGATÓRIO 
A autoridade militar deverá instaurá-lo, de ofício, assim que tenha a notícia da prática da 
infração militar no âmbito da sua circunscrição (comando) (art. 10, “a”, do CPPM). 
 
4. INDISPONÍVEL 
Uma vez instaurado regularmente, em qualquer hipótese, não poderá a autoridade militar 
mandar arquivar os autos, embora conclusivo da inexistência de crime ou de inimputabilidade do 
indiciado (art. 24 do CPPM). 
 
5. INQUISITIVO 
Não comporta o contraditório. Há uma autoridade militar encarregada de executar atos 
investigatórios. Tecnicamente não há ainda defesa e acusação. 
 
EMENTA – CORREIÇÃO PARCIAL. Determinar o arquivamento de IPM, em atendimento a 
requerimento do Ministério Público, sem dar vista da referida decisão à Defesa, não 
corresponde a omissão inescusável por “error in procedendo”, visto que não existindo 
ação penal não há contraditório. Descabida a via da Correição parcial, por não estarem 
presentes os requisitos exigidos pelo artigo 498 do CPPM, não podendo ser o mesmo 
conhecido. Decisão unânime. (CORREIÇÃO PARCIAL Nº 1.495-3 - RS - Relator Ministro 
OLYMPIO PEREIRA DA SILVA JÚNIOR . Sessão de 02/04/1996.) 
 
6. INCOMUNICABILIDADE DO INDICADO 
 
Art. 17. O encarregado do inquérito poderá manter incomunicável o indiciado, que 
estiver legalmente preso, por três dias no máximo. 
 
O artigo 17 do CPPM não foi recepcionado pela Constituição Federal, que, no capítulo 
destinado ao “Estado de Defesa e Estado de Sítio”, proclama: “É vedada a incomunicabilidade do 
preso” (art. 136, § 3°, inc. IV). Ademais, é assegurado ainda ao preso a “assistência da família e de 
advogado” (art. 5°, LXIII), determinando que sua prisão seja comunicada imediatamente ao “juiz 
competente e a família do preso ou a pessoa por ele indicada” (art. 5°, LXII). Se em situação 
excepcional que é o estado de defesa ou de sítio, o preso tem direito a entrevista com o advogado, 
com muito mais razão não haveria vedação na normalidade. 
Ainda, teria sido revogado pelo art. 7º, III, da Lei 8.906/94 que dispõe: “São direitos do 
advogado: III - comunicar-se com seus clientes, pessoal e reservadamente, mesmo sem procuração, 
quando estes se acharem presos, detidos ou recolhidos em estabelecimentos civis ou militares, ainda 
que considerados incomunicáveis”. 
 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
7. PRISÃO DO INDICIADO E TÉRMINO DO IPM 
Art. 18. Independentemente de flagrante delito, o indiciado poderá ficar detido, durante 
as investigações policiais, até trinta dias, comunicando-se a detenção à autoridade 
judiciária competente. Esse prazo poderá ser prorrogado, por mais vinte dias, pelo 
comandante da Região, Distrito Naval ou Zona Aérea, mediante solicitação 
fundamentada do encarregado do inquérito e por via hierárquica. Só em crimes 
propriamente militares, com imediata comunicação ao juízo e ao MPM (art. 10 da 
LC075/93). Tempo de prisão: 30 + 20 = 50 dias. 
 
• Não se aplica a prisão temporária prevista na Lei 7960/89 na Justiça Militar. 
 
 
8. PRAZOS DO INQUÉRITO 
 
Art 20. O inquérito deverá terminar dentro em vinte dias, se o indiciado estiver preso, 
contado esse prazo a partir do dia em que se executar a ordem de prisão; ou no prazo 
de quarenta dias, quando o indiciado estiver solto, contados a partir da data em que se 
instaurar o inquérito. 
 
Este último prazo (indiciado solto) poderá ser prorrogado por mais vinte dias pela autoridade 
militar superior, desde que não estejam concluídos exames ou perícias já iniciadas, ou haja 
necessidade de diligência, indispensáveis à elucidação do fato. 
Quanto aos prazos, o IPM deve ser concluído no prazo de 20 dias se o indiciado estiver preso, 
contado esse prazo a partir do dia da execução da ordem de prisão; estando o indiciado solto, o 
prazo é de 40 dias, contado a partir da data em que se instaurar o inquérito, podendo ser prorrogado 
se estiver solto. 
O IPM não comporta prorrogação quanto ao término do prazo de indiciado preso, logo se 
tem que fazer a leitura conjunta dos arts. 20 e 18 do CPPM, que permite a prisão por tempo superior, 
comunicada a autoridade judiciária; no entanto o IPM deve terminar no prazo de 20 dias se preso. 
 
Prazos Conclusão do inquérito Oferecimento da 
denúncia 
Justiça Estadual 10 dias – réu preso 
30 dias – réu solto 
5 dias – réu preso 
15 dias – réu solto 
Justiça Federal (art. 66 
da Lei 5.010/66) 
15 dias – réu preso (pode ser 
prorrogado por mais 15 dias) 
30 dias – réu solto 
5 dias - réu preso 
15 dias - réu solto 
Justiça militar 20 dias – réu preso 
40 dias – réu solto 
5 dias – réu preso 
15 dias – réu solto – Pode ser 
prorrogado ao dobro; ou ao 
triplo, em caso excepcional e se 
o acusado não estiver preso. 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
• Prazo do inquérito: 40 + 20 = 60 dias, indiciado solto. 20 dias, indiciado preso. 
 
 
O regramento do art. 18 destina-se aos crimes propriamente militares, porém a autoridade 
militar deve remeter imediatamente à autoridade judiciária para apreciar a legalidade da detenção. 
Entendo que teriam que estar presentes os requisitos da prisão preventiva, sob pena de abuso de 
autoridade sanável por Habeas Corpus. 
 
EMENTA: Habeas corpus. Paciente indiciado em inquérito policial militar é preso 
preventivamente. Ultrapassado o prazo previsto no artigo 18 do código de processo 
penal militar, configura-se constrangimento ilegal, a teor do disposto no artigo 467, 
alínea 'f' do código de processo penal militar. Ordem concedida. Decisão unânime. STM 
Num: 1988.01.032484-4 UF: RS decisão: 17/05/1988. 
Art. 22. O inquérito será encerrado com minucioso relatório, em que o seu encarregado 
mencionará as diligências feitas, as pessoas ouvidas e os resultados obtidos, com 
indicação do dia, hora e lugar onde ocorreu o fato delituoso. Em conclusão, dirá se há 
infração disciplinar a punir ou indício de crime, pronunciando-se, neste último caso, 
justificadamente, sobre a conveniência da prisão preventiva do indiciado, nos termos 
legais. 
 
O relatório é a peça que encerra o IPM, na qual serão detalhadas todas as diligências 
realizadas, devendo o encarregado concluir pela existência de infração disciplinar ou de indícios de 
crime militar. Se as atribuições para a abertura do inquérito tiverem sido delegadas, o encarregado 
enviará os autos à autoridade delegante para que faça sua apreciação. Em ambos os casos, nem a 
Autoridade Judiciária, nem o órgão do MPM estão vinculados à conclusão da autoridade militar. 
Uma vez instaurado o IPM, deverá ser remetido à Auditoria, necessariamente, exceto se 
houver oficial-general como indiciado, hipótese em que a peça informativa será remetida ao Superior 
Tribunal Militar. 
O representante do Ministério Público Militar, ao apreciar o inquérito policial militar, pode 
oferecer denúncia, requerer o arquivamento, a extinção da punibilidade ou realização de novas 
diligências ou ainda, arguir a incompetência da Justiça Militar ou do Juízo (Auditoria). 
Convém ressaltar que certas diligências dependem de autorização judicial, mesmo durante o 
inquérito, como a quebra de sigilo bancário, a busca e apreensão domiciliar, etc. 
Caso as investigações contidas no auto de prisão em flagrante forem suficientes para a 
elucidação do fato e sua autoria, o auto de flagrante delito constituirá o inquérito,dispensando 
outras diligências, salvo o exame de corpo de delito no crime que deixe vestígios, a identificação da 
coisa e a sua avaliação, quando o seu valor influir na aplicação da pena. A remessa dos autos, com 
breve relatório da autoridade policial militar, far-se-á sem demora ao juiz competente. 
O arquivamento de inquérito não obsta a instauração de outro, se novas provas aparecerem 
em relação ao fato, ao indiciado ou a terceira pessoa, ressalvados o caso julgado e os casos de 
extinção da punibilidade. 
Não há possibilidade de arguir suspeição do juiz-auditor, nem da autoridade militar em 
inquérito policial militar. 
 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
EMENTA: EXCEÇÃO DE SUSPEIÇÃO. IPM. A exceção de suspeição é arguida pelas partes 
quando já existe a ação penal. O IPM é simples investigação, nele não há acusação 
formal do crime. Portanto, é inadmissível a arguição de suspeição de juiz-auditor 
durante o inquérito policial militar. Arguição de exceção de suspeição não conhecida. 
Decisão unânime. (STM ARG SUSP. 2002.01.000020-4, REL MIN. DOMINGOS ALFREDO 
SILVA, DJ 5.9.2002.) 
EMENTA: “HABEAS CORPUS. IPM. IMPEDIMENTO DE POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR. 
DEVIDO PROCESSO LEGAL. Não há falar em impedimento ou suspeição da Autoridade 
policial. Precedentes do STF. Inconfundíveis o processo administrativo ou o processo 
administrativo disciplinar com o Inquérito Policial Militar. O processo administrativo é 
um conjunto de atos coordenados que se destina à solução de controvérsias no âmbito 
administrativo; e o processo administrativo disciplinar é o meio de apuração e punição 
de faltas graves dos servidores públicos. Já o Inquérito Policial Militar é procedimento 
policial – instrução provisória, preparatória, informativa – destinada à coleta de 
elementos que permitam ao MPM formar a opinio delicti para a propositura da ação 
penal. Os princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa que informam os 
processos judicial e administrativos não incidem sobre o IPM (doutrina e jurisprudência). 
Ordem denegada por falta de amparo legal. Unânime. ” (STM HABEAS CORPUS Nº 
2003.01.033828-4/AM Relator Ministro JOSÉ JULIO PEDROSA. Sessão de 26.08.03.) 
 
Uma vez arquivado regularmente o inquérito policial militar, não há possibilidade de 
desarquivamento, no entanto, nos termos do art. 25 do CPPM, não se veda a instauração de outro se 
surgirem novas provas. 
 
EMENTA. CORREIÇÃO PARCIAL. DESARQUIVAMENTO DE IPM. IMPOSSIBILIDADE. Juiz-
Auditor Corregedor da Justiça Militar requer desarquivamento de IPM, sob a alegação 
de existência de crime de prevaricação por parte de Tenente Coronel Comandante de 
OM e de outro militar da mesma unidade. Depreende-se dos autos que o IPM foi 
instaurado por determinação do referido Comandante, objetivando a apuração de fato 
relacionado à agressão sofrida por um soldado dentro da OM. Apurou-se no Inquérito 
que realmente houve a agressão contra o soldado. Porém, como não houve qualquer 
testemunha a apontar os agressores, o representante do MPM pediu o arquivamento do 
Inquérito, o que foi atendido pelo Juiz-Auditor. Não constando do IPM nenhum fato 
relacionado à prevaricação dos Oficiais apontados pelo Juiz-Auditor Corregedor em sua 
Representação, não há como desarquivar o Inquérito, que foi regularmente arquivado 
pelo Juiz-Auditor, uma vez que tal pretensão não preenche os requisitos do artigo 498, 
alínea "b", do CPPM, e do artigo 14, inciso I, alínea "c", da Lei nº 8.457/92. Correição 
Parcial indeferida. Decisão unânime. (STM COR. PAR. 2002.01.001827-4, MIN REL JOSÉ 
LUIZ LOPES DA SILVA, DJ 13.8.2002.) 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
EMENTA. Habeas Corpus. Arquivamento irregular de IPD. Juntada de novos documentos. 
Inexistência de coisa julgada formal. Deserção caracterizada. Ausência de 
constrangimento ilegal. A exclusão do militar durante o prazo de graça não exclui a 
tipicidade do crime de deserção, posto que este se consuma com a ausência 
injustificada e o prazo de graça é apenas uma condição de configuração do delito. A 
juntada de novos documentos corrige o erro referente à contagem do prazo, 
traduzindo-se em novas provas sobre o fato. Inexiste trânsito em julgado em 
arquivamento de inquérito, não havendo falar, portanto, em coisa julgada formal. 
Denegada a ordem. Decisão unânime. Proc: STM HC Num: 2005.01.034103-0 UF: RS, 
Data da Publicação: 01/03/2006. 
 
Deve-se observar que a decisão de arquivamento do inquérito policial no âmbito da Justiça 
comum, acolhendo promoção ministerial no sentido da atipicidade do fato e da incidência de causa 
excludente de ilicitude, impossibilita a instauração de ação penal na Justiça especializada, uma vez 
que o Estado-Juiz já se manifestou sobre o fato, dando-o por atípico, o que enseja coisa julgada 
material. Nesse sentido é o entendimento do STJ. 
 
EMENTA: DIREITO PENAL. HABEAS CORPUS. PEDIDO DE TRANCAMENTO DA AÇÃO 
PENAL. ARQUIVAMENTO DO FEITO. RECONHECIMENTO DE ATIPICIDADE DO FATO. 
DECISÃO PROFERIDA POR JUÍZO ABSOLUTAMENTE INCOMPETENTE. PERSECUÇÃO 
PENAL NA JUSTIÇA MILITAR POR FATO ANALISADO NA JUSTIÇA COMUM. 
IMPOSSIBILIDADE: CONSTRANGIMENTO ILEGAL CARACTERIZADO. INSTAURAÇÃO DE 
AÇÃO PENAL PERANTE O JUÍZO COMPETENTE. IMPOSSIBILIDADE. COISA JULGADA. 
PRECEDENTES. HABEAS CORPUS CONCEDIDO. 1. A teor do entendimento pacífico desta 
Corte, o trancamento da ação penal pela via de habeas corpus é medida de exceção, 
admissível quando emerge dos autos, de forma inequívoca, entre outras hipóteses, a 
atipicidade do fato. 2. A decisão de arquivamento do inquérito policial no âmbito da 
Justiça Comum, em virtude de promoção ministerial no sentido da atipicidade do fato e 
da incidência de causa excludente de ilicitude, impossibilita a instauração de ação 
penal perante a Justiça Especializada, uma vez que o Estado-Juiz já se manifestou 
sobre o fato, dando-o por atípico (precedentes). Ainda que se trate de decisão 
proferida por juízo absolutamente incompetente, deve-se reconhecer a prevalência dos 
princípios do favor rei, favor libertatis e ne bis in idem, de modo a preservar a segurança 
jurídica que o ordenamento jurídico demanda. Precedentes. 4. Ordem concedida, 
acolhido o parecer ministerial, para trancar a Ação Penal n.º 484-00.2008.921.0004, em 
trâmite perante a Auditoria Militar de Passo Fundo⁄RS. ( STJ - Rel. Min. Maria Thereza 
de Assis Moura, DJ 11/04/2011). 
 
Se o representante do Ministério Público Militar entender que é caso de arquivamento e o 
juiz-auditor entender que não é caso de arquivamento, remeterá os autos ao procurador-geral 
militar que decidirá, após a oitiva da câmara de coordenação e revisão do Ministério Público Militar e 
se for o caso designará outro integrante como longa manus para propor a ação penal militar. 
 
São duas hipóteses: 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
1) o Ministério Público Militar propõe arquivamento e o Juiz discorda e remete os autos à 
Procuradora-Geral4 da Justiça Militar. Será ouvida a Câmara de Coordenação e Revisão 
do Ministério Público Militar e a Procuradora-Geral da Justiça Militar decidirá. Se 
entender pelo arquivamento, será arquivado e a questão está resolvida. Pode entender 
pela deflagração da ação penal e pela necessidade de outras diligências, quando 
designará outro membro para tal, que agirá como longa manus da Procuradora-Geral da 
Justiça Militar. 
 
2) o Ministério Público Militar propõe arquivamento e o Juiz discorda e não remete os 
autos à Procuradora-Geral da Justiça Militar. Cabe recurso em sentido estrito (ver art. 
516 do CPPM) ao STM. 
 
Outra hipótese é quando o MPM propõe o arquivamento e o Juiz concorda. O Juiz-
Corregedor pode representar ao Tribunal, mediante correição parcial. O tribunal, se der provimento, 
remeterá os autos à Procuradora-Geralda Justiça Militar, que se manifestará, após ouvir a Câmara de 
Coordenação e a Revisão do Ministério Público Militar, do mesmo modo que acima citado. 
 
EMENTA. CORREIÇÃO PARCIAL. DESARQUIVAMENTO DE IPM. IMPOSSIBILIDADE. 
Juiz-Auditor Corregedor da Justiça Militar requer desarquivamento de IPM, sob a 
alegação de existência de crime de prevaricação por parte de Tenente Coronel 
Comandante de OM e de outro militar da mesma unidade. Depreende-se dos autos que 
o IPM foi instaurado por determinação do referido Comandante, objetivando a apuração 
de fato relacionado à agressão sofrida por um soldado dentro da OM. Apurou-se no 
Inquérito que realmente houve a agressão contra o soldado. Porém, como não houve 
qualquer testemunha a apontar os agressores, o representante do MPM pediu o 
arquivamento do Inquérito, o que foi atendido pelo Juiz-Auditor. Não constando do IPM 
nenhum fato relacionado à prevaricação dos Oficiais apontados pelo Juiz-Auditor 
Corregedor em sua Representação, não há como desarquivar o Inquérito, que foi 
regularmente arquivado pelo Juiz-Auditor, uma vez que tal pretensão não preenche os 
requisitos do artigo 498, alínea "b", do CPPM, e do artigo 14, inciso I, alínea "c", da Lei nº 
8.457/92.Correição Parcial indeferida. Decisão unânime.(STM COR. PAR. 
2002.01.001827-4, MIN REL JOSÉ LUIZ LOPES DA SILVA, DJ 13.8.2002.) 
 
4 Procurador-Geral ou Procuradora-Geral, Chefe do MPM. 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
EMENTA: Habeas Corpus: Crime em tese; ausência de nulidades; presença do fumus 
boni iuris a permear a Denúncia. Não tendo ocorrido a prescrição da pretensão punitiva, 
a ação penal poderá ser proposta a qualquer tempo; descabimento da figura da 
preclusão. O oferecimento da Denúncia fora do prazo não gera preclusão, uma vez que 
se cuida, in casu, de um dever derivado do princípio da obrigatoriedade e firmemente 
assentado na lei; assim, tal demora constitui mera irregularidade, sujeitando apenas o 
representante do Parquet a eventuais penalidades. Também não acarreta preclusão o 
recebimento da Denúncia fora do prazo, eis que se trata, na espécie, de prazo 
impróprio; é que, por não ser o Magistrado parte no Processo, a sua atuação é sempre 
representativa do interesse superior do Estado em afirmar a Justiça, interesse este de tal 
grandeza que, como regra, não se curva diante do decurso do tempo. Tratando-se o 
Inquérito de peça de natureza administrativa e de sentido meramente informativo, a 
sua realização, embora sujeita às regras da lei, não impõe a observância dos princípios 
da ampla defesa e do contraditório. Não gera impedimento a conduta do Magistrado, 
que, tendo rejeitado o pedido de arquivamento, remete o IPM para o Procurador-Geral 
da Justiça Militar, uma vez que, na hipótese, procede ex vi legis, ou seja, nada mais faz 
do que dar consequência prática à disposição ínsita in fine do art. 397 do CPPM. É parte 
legítima para oferecer a Denúncia o Promotor designado pela Procuradoria-Geral da 
Justiça Militar, em substituição a outro precedentemente indicado. Na via estreita do 
Habeas Corpus não é admissível o exame aprofundado da prova, com valoração singular 
e cotejo conjunto, de sorte a se decidir, de antemão e de logo, se o Paciente é culpado 
ou não da imputação que lhe foi feita pelo Parquet Militar; presença, in casu, do fumus 
boni iuris a permear e a justificar o Opinio Delicti. Habeas Corpus conhecido e denegada 
a Ordem, por falta de amparo legal. Unânime. STM Proc: HC Num: 2002.01.033760-1 UF: 
SP, Data da Publicação: 08/10/2002. 
 
Interessante é a impossibilidade de o juiz-auditor indeferir diligências requisitadas pelo MPM 
durante o IPM, outro caso seria a possibilidade de indeferimento de diligências após a instauração da 
ação penal militar, no curso do processo. Peço vênia para transcrever parte do voto da decisão na 
Correição Parcial nº 2003.01.001851-9/PR que explica com clareza a matéria. 
 
EMENTA: No mérito, é cediço que o juiz-auditor não pode indeferir diligências 
requisitadas pelo Parquet antes do oferecimento da denúncia, uma vez que é ao órgão 
ministerial que cabe dizer da necessidade dessas diligências para o exercício da ação 
penal, conforme se depreende da simples leitura do citado inciso I do art. 26 do CPPM. 
Não se deve confundir as diligências requisitadas pelo Ministério Público antes do 
oferecimento da denúncia com as diligências requeridas na fase do art. 427 do CPPM. 
Enquanto as primeiras não podem ser negadas, pois constituem uma prerrogativa do 
Parquet como titular da ação penal, as do art. 427 podem ser indeferidas pelo Juiz, 
quando julgá-las protelatórias, desnecessárias ou não pertinentes ao processo. É 
tranquila a jurisprudência nesse sentido, como mostram as decisões proferidas nos 
Recursos Criminais nºs 1983.01.005598-9/RJ, Relator Ministro RUY DE LIMA PESSOA, 
julgado em 08/03/1984; 1989.01.005870-8/AM, Relator Ministro EVERALDO DE 
OLIVEIRA REIS, julgado em 28/03/1989; 1989.01.005882-1/RS, Relator Ministro JORGE 
FREDERICO MACHADO SANT’ANNA, julgado em 29/08/1989; 1991.01.006011-7/MG, 
Relator Ministro PAULO CÉSAR CATALDO, julgado em 16/12/1991; e, 1993.01.006080-
0/PR, Relator Ministro ANTONIO CARLOS DE SEIXAS TELLES, julgado em 27/05/1993. 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
EMENTA: CORREIÇÃO PARCIAL. INDEFERIMENTO DE DILIGÊNCIAS REQUISITADAS PELO 
MPM ANTES DO OFERECIMENTO DA DENÚNCIA E ARQUIVAMENTO DOS AUTOS. Pedido 
ajuizado pelo MPM como recurso em sentido estrito, recebido em 1ª instância como 
apelação e autuado na corte como correição parcial. A teor do art. 153 do RISTM 
nenhum recurso poderá ser convertido de ofício em Correição Parcial. Também não há 
falar em Apelação, pois inexistente o processo, que se inicia com o recebimento da 
denúncia, não se cogita de sentença definitiva ou com força de definitiva. Hipótese 
prevista na alínea "b", "in fine", do art. 516 do CPPM. Pedido preliminarmente 
conhecido como recurso em sentido estrito. Maioria. No mérito, é cediço que o juiz-
auditor não pode indeferir diligências requisitadas pelo "Parquet" antes do 
oferecimento da denúncia, uma vez que é ao órgão ministerial que cabe dizer da 
necessidade dessas diligências para o exercício da ação penal, conforme inciso I do art. 
26 do CPPM. Precedentes. Recurso em sentido estrito provido para, cassando a decisão 
recorrida, determinar que sejam cumpridas as diligências requeridas pelo "Parquet". 
Unânime. (STM Correição Parcial nº 2003.01.001851-9/PR, em decisão datada de 
03/04/2003, Relator Ministro José Júlio Pedrosa.) 
 
Eventual nulidade no inquérito policial militar não contamina a ação penal militar. 
 
EMENTA: PECULATO-FURTO. CABO DO EXÉRCITO. DESVIO DE DINHEIRO DA 
ADMINISTRAÇÃO MILITAR. UTILIZAÇÃO DE SENHA PARA ACESSO AO SISTEMA 
INTEGRADO DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA (SIAFI). FACILIDADE PROPICIADA EM 
RAZÃO DA FUNÇÃO DESEMPENHADA PELO RÉU. PRELIMINAR DE NULIDADE DO IPM. 
REJEIÇÃO. 1. NULIDADE DO INQUÉRITO POLICIAL MILITAR. Não merece acolhida a 
preliminar de nulidade do IPM, suscitada pela Defesa. Isto, porque, a Jurisprudência do 
Supremo Tribunal Federal é no sentido de que, "por se tratar de peça meramente 
informativa da denúncia ou da queixa, eventual irregularidade no inquérito policial não 
contamina o processo, nem enseja sua anulação..." (HC nº 80.902-2/SP). 2.PECULATO-
FURTO. É uníssono o entendimento doutrinário e jurisprudencial no sentido de que o 
Peculato-Furto (previsto no art. 303, § 2º, do CPM, e no art. 213, § 1º, do CPB) é um tipo 
penal que exige, para a sua configuração, que a subtração e/ou o desvio do dinheiro, 
valor ou bem móvel, esteja ligada à infringência do dever funcional a que está obrigado 
o réu. É o caso dos autos, uma vez que o Acusado tinha a senha de acesso ao respectivo 
banco de dados. Rejeitada a preliminar suscitada pela Defesa.Decisão unânime. No 
mérito, por maioria, provido parcialmente o recurso ministerial. (STM APELAÇÃO Nº 
2002.01.049203-8 - MS - Relator Ministro ANTONIO CARLOS DE NOGUEIRA. Revisor e 
Relator para o Acórdão Ministro SÉRGIO XAVIER FEROLLA. Sessão de 02/12/03.) 
 
 
AÇÃO PENAL 
 
 
 
1. AÇÃO PENAL MILITAR E SEU EXERCÍCIO 
Ação penal é o direito público subjetivo que tem o Estado de buscar a concretização do ius 
puniendi e tem como seu titular o Ministério Público Militar. 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
Para Loureiro Neto ação nada mais é do que invocar a jurisdição do juiz, a fim de que o Poder 
Judiciário aplique o direito objetivo a determinado caso concreto. Consiste no direito de se pedir ao 
Estado Juiz a aplicação do Direito Penal Militar objetivo. 
O Código Penal Militar e o Código de Processo Penal Militar contêm regras sobre ação penal 
perante a justiça militar. 
• A natureza jurídica da ação penal é processual. 
A ação penal pode ser pública, e se subdivide em: ação penal pública incondicionada e ação 
penal pública condicionada, por sua vez condicionada à representação do ofendido ou à requisição 
do Ministro da Justiça; e ação penal privada e ação penal privada subsidiária da pública. 
Ação penal militar é pública e somente pode ser promovida por denúncia do Ministério 
Público Militar (art. 29. do CPPM). Vale ressaltar, que há possibilidade de ação penal privada 
subsidiária da pública na justiça militar. 
Nos crimes previstos nos arts. 136 a 141 (hostilidade contra país estrangeiro, provocação de 
país estrangeiro, ato de jurisdição indevida, violação de território estrangeiro, entendimento para 
empenhar o Brasil à neutralidade ou à guerra, entendimento para gerar conflito ou divergência com 
o Brasil) do Código Penal Militar, a ação penal é pública condicionada; quando o agente for militar ou 
assemelhado, depende de requisição, que será feita ao procurador-geral da Justiça Militar, pelo 
Ministério a que o agente estiver subordinado; no caso do art. 141 do mesmo Código, quando o 
agente for civil e não houver coautor militar, a requisição será do Ministério da Justiça (art. 31 do 
CPPM). 
 A requisição é uma condição de procedibilidade, tem natureza jurídica de um ato 
administrativo, discricionário e irrevogável, e não vincula a atuação do Ministério Público que é 
titular da ação penal. 
No Processo Penal Militar não se admite a ação penal privada, exceto a subsidiária da 
pública, consoante o disposto no art. 5º, LIX, da Constituição Federal, nem a pública condicionada à 
representação, ocorrendo apenas a hipótese da ação penal pública incondicionada e a da 
condicionada à requisição do Ministério Militar (Comandante Militar da Arma) se o agente for militar, 
ou do Ministério da Justiça se o agente for civil. 
EMENTA: CONSTITUCIONAL. PENAL MILITAR. PROCESSUAL PENAL MILI-TAR. CRIME 
PRATICADO POR EX-CABO DA AERONÁUTICA CONTRA MI-LITAR DA ATIVA E EM LUGAR 
SUJEITO À ADMINISTRAÇÃO MILITAR: CRIME MILITAR. REPRESENTAÇÃO DA VÍTIMA. I. - 
Crime de injúria praticado por ex-cabo da Aeronáutica contra militar da ativa e em lugar 
sujeito à administração militar: competência da Justiça Militar, na forma do art. 9º, III, 
"b", do CPM II. - Na Justiça Militar, a ação penal é pública incondicionada e somente 
pode ser instaurada por denúncia do Ministério Público Militar (CPPM, art. 29). 
Inexistência de nulidade. III. - recurso improvido. RHC 81341 / DF, Relator: Min. CARLOS 
VELLOSO. DJ 01/02/2002. 
• Não há ação penal exclusiva privada na Justiça Militar. 
Há outra possibilidade de ação penal pública condicionada: quando comandante do teatro de 
operações cometer crime, responderá a processo perante o Superior Tribunal Militar, condicionada a 
instauração da ação penal à requisição do Presidente da República (art. 95, parágrafo único, da 
LOJMU). 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
 
2. Princípios da Ação Penal Pública 
2.1 Da oficialidade: Os arts. 129, I, da CF e 29 do CPPM dando atribuição privativa para 
ação penal pública ao Ministério Público, somente o Ministério Público Militar pode promover a ação 
penal militar, salvo privada subsidiária da Pública. 
2.2 Da obrigatoriedade: A denúncia deve ser apresentada sempre que houver prova de 
fato que, em tese, constitua crime e indícios de autoria (art. 30 do CPPM). 
Havendo crime em tese, aferindo apenas a tipicidade, prova da materialidade e indícios de 
autoria, o Ministério Público Militar está obrigado a ofertar a denúncia. Para o oferecimento da 
denúncia deve-se utilizar o in dubio pro societatis, sendo o fato típico, o Ministério Público Militar 
deverá oferecer a denúncia. 
 
EMENTA: DENÚNCIA. REJEIÇÃO. PROVA INDICIÁRIA. FILMAGEM. Ofendido que tendo 
seu patrimônio danificado instala câmera de filmagem visando identificar o autor. Não 
constitui prova ilícita aquela coletada nestas circunstâncias, mesmo sem autorização 
judicial. Para recebimento de denúncia "não se exige prova plena nem um exame 
aprofundado e valorativo dos elementos contidos no inquérito policial ou peças de 
informação, sendo suficientes elementos que tornam verossímil a acusação" 
(MIRABETE). Denúncia recebida. Decisão unânime. STM (RECURSO CRIMINAL Nº 
2004.01.007146-1 - RS - Relator Ministro HENRIQUE MARINI E SOUZA. Sessão de 
03/03/04.). 
 
2.3 Da indisponibilidade: Apresentada a denúncia, o Ministério Público Militar não poderá 
desistir da ação penal (art. 32 do CPPM). 
A indisponibilidade é que, uma vez proposta a ação penal, mediante o oferecimento da 
denúncia e recebimento dessa, há uma ação penal tramitando, a partir daí o Ministério Público 
Militar não pode desistir da ação, não pode desistir do processo. 
Ressalta-se que o Promotor Militar tem independência funcional e, sopesando a prova 
contida nos autos, convence-se de que não é caso de condenação e postula a absolvição. Essa 
hipótese não é de disposição (desistência) da ação penal militar, pois o seu requerimento não vincula 
o órgão julgador que pode condenar, mesmo com a postulação de absolvição do titular da ação 
penal. 
O processo inicia-se com o recebimento da denúncia pelo juiz, efetiva-se com a citação do 
acusado e extingue-se no momento em que a sentença definitiva se torna irrecorrível, quer resolva o 
mérito, quer não. 
 A competência para decidir sobre o recebimento da denúncia é do Juiz-Auditor 
monocraticamente, a quem é endereçada. A partir deste momento passa a atuar o Conselho de 
Justiça Permanente (acusado civil ou praça) ou Conselho Especial de Justiça (acusado oficial e/ou civil 
ou praça em concurso com oficial). 
No caso de aditamento da denúncia, a competência para aferição dos critérios e 
recebimento é do Juiz-Auditor e não do conselho, assim decidiu o Superior Tribunal Militar: 
 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
EMENTA: ADITAMENTO À DENÚNCIA. APRECIAÇÃO PELO CONSELHO DE JUSTIÇA. 
IMPOSSIBILIDADE. FUNÇÃO PRIVATIVA DO JUIZ-AUDITOR "EX VI LEGIS". 1. É princípio 
constitucional que "ninguém será processado nem sentenciado então pela autoridade 
competente" (art. 5º, LIII, da CF). 2. No caso específico da Justiça Militar, competente 
para decidir se inicia, ou não, o processo, é o Juiz-Auditor, não o Conselho de Justiça, 
uma vez que o artigo 35 do CPPM determina que é do primeiro a prerrogativa de 
apreciar a Exordial Acusatória. 3. O Aditamento à Denúncia deve receber o mesmo 
tratamento que se dá à denúncia, com todas as consequências processuais previstas em 
lei como, por exemplo, a citação do réu, seu interrogatório, oitiva de testemunhas, etc. 
4. Diz a Doutrina: "Havendo, na denúncia dada, omissão do nome de mais alguém, que 
se ache implicado no crime, ou de fato criminoso, atribuído ao indiciado, que não tenha 
sido mencionado nela, far-se-á um aditamento à denúncia,para que se inclua o 
indiciado omitido ou para que se complete e efetive a narração do que se olvidou na 
primitiva ou denúncia original. É, assim, consoante expressa o próprio substantivo, o 
acréscimo do nome omitido ou do fato não mencionado anteriormente na denúncia..." 
(DE PLÁCIDO E SILVA). Deferida a Correição Parcial, para que o Juiz-Auditor aprecie, 
singularmente, o Aditamento à Denúncia oferecido pelo MPM. Decisão unânime. (STM 
COR, PAR. 2002.01.001828-2, REL MIN SERGIO XAVIER FEROLLA, DJ 22.8.2002.) 
EMENTA: RECURSO CRIMINAL CONTRA DECISÃO DO JUIZ-AUDITOR QUE INDEFERIU 
PRETENSÃO MINISTERIAL DE ADITAMENTO À DENÚNCIA (art. 516, "b", do CPPM). 
INDÍCIOS DE COMETIMENTO DE CRIME POR PARTE DE TESTEMUNHA. 1. O Ministério 
Público pode aditar a denúncia antes da sentença, desde que surjam, na fase instrutória, 
novos elementos de prova capazes de fundamentar seu pleito, em aplicação do art. 80 
do Código de Processo Penal Militar c/c o art. 569 do Código de Processo Penal comum. 
2. É de se deferir requerimento ministerial de aditamento à Denúncia desde que 
preenchidos os requisitos do art. 77 do CPPM e os novos fatos guardem conexão com a 
conduta descrita originariamente, de forma a exigir a unidade do processo. Recurso 
ministerial conhecido e provido. Decisão Unânime. ACÓRDÃO N° 2002.01.006965-3 UF: 
RS Ministro Relator JOSÉ COÊLHO FERREIRA sessão em 20/06/2002. 
 
3. Casos de suspensão do processo 
O Processo Penal Militar suspende-se e extingue-se nos casos previstos no Código de 
Processo Penal Militar. 
 
3.1 No caso de conflito positivo de competência, o relator do feito poderá ordenar, 
desde logo, que se suspenda o andamento do processo, até a decisão final. 
 
3.2 Em questões prejudiciais, o juiz poderá suspender o processo e aguardar a solução, 
pelo juízo cível, de questão prejudicial que não se relacione com o estado civil das pessoas, desde 
que: tenha sido proposta ação civil para dirimi-la; seja ela de difícil solução e não envolva direito ou 
fato cuja prova a lei civil limite. 
 
3.3 Na exceção de suspeição ou impedimento, o juiz sustará a marcha do processo, 
mandará juntar aos autos o requerimento do recusante com os documentos que o instruam e, por 
despacho, se declarará suspeito, ordenando a remessa dos autos ao substituto. 
 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
3.4 Na exceção de litispendência, se o arguente não puder apresentar a prova da 
alegação, o juiz poderá conceder-lhe prazo para que o faça, ficando-lhe, nesse caso, à discrição, 
suspender ou não o curso do processo. 
 
3.5 Em incidente de insanidade mental, sustará o processo quanto à produção de prova 
em que seja indispensável a presença do acusado submetido ao exame pericial. 
 
3.6 No caso de doença mental superveniente, caso a doença mental sobrevier ao 
crime, o inquérito ou o processo ficará suspenso, se já iniciados, até que o indiciado ou acusado se 
restabeleça, sem prejuízo das diligências que possam ser prejudicadas com o adiamento. 
 
3.7 No incidente de falsidade de documento, o juiz poderá sustar o feito até a 
apuração da falsidade, se imprescindível para a condenação ou absolvição do acusado, sem prejuízo, 
entretanto, de outras diligências que não dependam daquela apuração. 
 
4. Caso de extinção do processo 
 Pelo reconhecimento das causas extintivas da punibilidade previstas no art. 123 do Código 
Penal Militar. 
 
4.1 Na existência de coisa julgada, se o juiz reconhecer que o feito sob seu julgamento já 
foi, quanto ao fato principal, definitivamente julgado por sentença irrecorrível, mandará arquivar a 
nova denúncia, declarando a razão por que o faz. 
 
5. Inaplicabilidade da Lei 9.099/95 no âmbito da Justiça Castrense 
A aplicabilidade dos benefícios da Lei 9.099/95 no âmbito da Justiça Militar foi vedada pela 
legislador com o advento da Lei 9.839/99, o qual criou o art. 90-A inserido na primeira lei (“As 
disposições desta Lei não se aplicam no âmbito da Justiça Militar”), todavia, vem se observando que 
muitos Juízes têm reconhecido a inconstitucionalidade dessa vedação e continuam aplicando a 
mencionada Lei que disciplina o tratamento das infrações de pequeno potencial ofensivo e assim 
dispõe da ação penal pública condicionada para os delitos de lesão corporal dolosa leve e de lesão 
culposa, além da suspensão condicional do processo. 
Para Damásio de Jesus, no que tange aos delitos militares próprios, ainda poderia ser 
defensável a lei nova, uma vez que são regidos pelas regras da hierarquia e disciplina. No que diz 
respeito aos delitos militares impróprios, contudo, é de flagrante inconstitucionalidade, ferindo os 
princípios de isonomia e da proporcionalidade. 
O Supremo Tribunal Federal já decidiu pela inaplicabilidade dos benefícios da Lei 9.099/95 
aos militares, após a Lei 9.839/99 ter nela inserido o art. 90-A para afirmar que suas disposições não 
se aplicam no âmbito da Justiça Militar (STF – HC 80.173). 
Abriu-se uma discussão no STF da possível aplicabilidade da Lei 9.099/95 aos civis que 
cometessem crimes militares. O Plenário denegou habeas corpus impetrado em favor de militar 
condenado, pela prática do crime de deserção (CPM, art. 187), à pena de 6 meses de detenção. A 
defesa solicitava que fosse declarada a inconstitucionalidade da Lei 9.839/99, que dispõe sobre a 
inaplicabilidade da Lei dos Juizados Especiais no âmbito da justiça militar. 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
Os Ministros Luiz Fux, Ayres Britto e Celso de Mello também denegaram o writ, em razão de 
o paciente ser militar, mas declararam, obter dictum, que se ele fosse civil deveria ser excluído do 
âmbito de incidência da lei restritiva. O Min. Luiz Fux afirmou, com ênfase no princípio da isonomia, 
haver casos em que particulares cometem crimes subsumidos ao CPM que possuem figuras 
assemelhadas no âmbito da legislação comum. Sublinhou que, na hipótese de crimes comuns, eles 
teriam direito ao benefício da suspensão condicional. Frisou que o fato de esse diploma proibir o 
sursis processual, mas, ao mesmo tempo, garantir a suspensão condicional da pena, seria um 
paradoxo. Consignou que a arguição de que as organizações militares são engendradas com 
fundamento na disciplina não seria compatível com a CF/88, visto que a ordem constitucional teria 
surgido para imprimir disciplina nas relações jurídicas entre os cidadãos, mas o descumprimento 
voluntário do Direito seria um fenômeno histórico e a razão de ser da sanção correspondente. 
Acrescentou que a Constituição tem a dignidade da pessoa humana como um dos fundamentos da 
República, bem como estabelece que o país é pacífico e que as Forças Armadas têm papel 
notadamente preventivo. Destacou que o mesmo raciocínio deveria ser aplicado no caso de lex 
mitior, que teria de incidir em crime militar. O Min. Celso de Mello lembrou que a lei impugnada teria 
surgido como uma reação da justiça castrense em face de decisões do STF que firmaram 
entendimento no sentido da plena aplicabilidade da Lei 9.099/95 ao processo penal militar, inclusive 
quanto aos institutos despenalizadores por ela criados. Asseverou, também, que civis, notadamente 
em tempos de paz, não estariam sujeitos à hierarquia e à disciplina militar. Por fim, os Ministros 
Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski e Cezar Peluso, Presidente, denegaram a ordem, porém não se 
manifestaram acerca da constitucionalidade, ou não, do preceito discutido, considerado o contexto 
fático do processo. 
 
EMENTA: PENAL MILITAR. HABEAS CORPUS. DESERÇÃO – CPM, ART. 187. CRIME 
MILITAR PRÓPRIO. SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO - ART. 90-A, DA LEI N. 
9.099/95 – LEI DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS E CRIMINAIS. INAPLICABILIDADE, NO 
ÂMBITO DA JUSTIÇA MILI-TAR. CONSTITUCIONALIDADE, FACE AO ART. 98, INCISO I, § 1º, 
DA CARTA DA REPÚBLICA. OBITER DICTUM: INCONSTITUCIONALIDADE DA NORMA EM 
RELAÇÃO A CIVILPROCESSADO POR CRIME MILITAR. O art. 90-A, da n. 9.099/95 - Lei dos 
Juizados Especiais Cíveis e Criminais -, com a redação dada pela Lei n. 9.839/99, não 
afronta o art. 98, inciso I, § 1º, da Carta da República no que veda a suspensão 
condicional do processo ao militar processado por crime militar. In casu, o pedido e a 
causa de pedir referem-se apenas a militar responsabilizado por crime de deserção, 
definido como delito militar próprio, não alcançando civil processado por crime militar. 
Obiter dictum: inconstitucionalidade da norma que veda a aplicação da Lei n. 9.099 ao 
civil processado por crime militar. Ordem denegada. HC 99743/RJ, rel. orig. Min. Marco 
Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Luiz Fux, 6.10.2011. 
 
 
Já está sinalizando pela aplicabilidade apenas na Justiça Militar da União quando o réu for 
civil. Frisa-se, não há decisão específica sobre o tema, apenas na fundamentação do acórdão 
colacionado acima. 
Entendemos pela aplicabilidade dos institutos despenalizadores aos crimes militares 
impróprios cometidos por civis ou militares, pois não pode a lei dar um tratamento desigual a um 
determinado fato-crime, por exemplo, furto julgado na justiça comum e furto julgado na justiça 
militar com a possibilidade de suspensão condicional de processo em uma justiça em outra não. 
Ainda, pelo princípio da igualdade, deve-se tratar os desiguais de maneira desigual e nos casos 
autorizados pela Constituição Federal, que não é o caso. 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
Os Tribunais de Justiça Militar dos Estados de São Paulo e Rio Grande do Sul comungam do 
entendimento e também decidem pela inaplicabilidade da Lei 9.099/95 aos militares estaduais. 
Há decisões no TJMG pela aplicação dos institutos da transação penal e suspensão condicional do 
processo. Entendem que a vedação do art. 90-A refere-se apenas à Justiça Militar da União. Ressalta-
se que os juízes de direito da Justiça Militar de MG aplicam os institutos e algumas decisões são 
reformadas pelo tribunal mineiro e outras confirmadas. 
 
 
DA DENÚNCIA 
 
 
No que tange à ação penal pública, a petição inicial, ou seja, a peça que inicia a ação penal se 
chama denúncia. Em algumas obras se pode encontrar a distinção da denúncia, em denúncia 
originária e denúncia substitutiva (queixa-crime). 
A denúncia é a petição inicial acusatória proposta pelo Ministério Público Militar, pela qual 
esse órgão exerce seu direito como titular da ação penal, visando ao processamento da ação penal 
militar contra sujeito que tenho cometido um crime militar. Já a chamada denúncia substitutiva 
ocorre na hipótese da ação penal privada subsidiária da pública, quando o Ministério Público fica 
inerte. 
Não poderá propor ação penal privada subsidiária da pública, se o Ministério Público Militar 
requerer diligências para embasar a sua opinio delicti ou se requerer o arquivamento. 
 
Ementa: INQUÉRITO. AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA AÇÃO PENAL PÚBLICA 
NÃO PROPOSTA PELO MPM. A REPRESENTAÇÃO DE FLS. FOI ARQUIVADA NA PGJM SOB 
A ALEGAÇÃO DE PRESCRIÇÃO E, AINDA, DECADÊNCIA DE PRAZO, TENDO EM VISTA A 
DATA EM QUE TERIAM OCORRIDO OS FATOS. TENDO SE MANIFESTADO O MPM 
FUNDAMENTADAMENTE, QUANTO AO NÃO OFERECIMENTO DE DENÚNCIA, NÃO PODE 
PROSPERAR A INICIATIVA DO INTERESSADO, NA PROPOSITURA DE AÇÃO PENAL 
PRIVADA. REPRESENTAÇÃO NÃO CONHECIDA, POR FALTA DE AMPARO LEGAL. DECISÃO 
UNÂNIME. Proc: Inq - INQUERITO (STM), Num: 1996.01.000182-2 UF: RJ, Data da 
Publicação: 21/08/1996. 
 
Preferimos optar por denúncia como a peça inaugural exclusiva do Ministério Público Militar, 
e queixa-crime, a petição inicial em ação penal privada subsidiária da pública, com cabimento 
quando da inércia do representante do Ministério Público Militar. 
A denúncia será oferecida quando houver prova de fato que em tese constitui crime e 
indícios de autoria. No momento da propositura da ação penal não se exige a certeza, apenas 
indícios, pois se deve aplicar o in dubio pro societate. 
 
1. SÃO REQUISITOS DA DENÚNCIA (art. 77 do CPPM): 
a) a designação do juiz a que se dirigir; 
b) o nome, idade, profissão e residência do acusado, ou esclarecimentos pelos quais 
possa ser qualificado; 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
 
A qualificação do acusado, que são os esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo. 
c) o tempo e o lugar do crime; 
Para se poder aplicar as regras de competência, prescrição e aplicação da lei penal em 
geral. 
d) a qualificação do ofendido e a designação da pessoa jurídica ou instituição 
prejudicada ou atingida, sempre que possível; 
e) a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias; 
 
A exposição do fato ou descrição do fato é a parte fundamental da denúncia. O acusado se 
defende do fato descrito na denúncia, razão pela qual tem que ser clara, concisa e completa. Incluir 
necessariamente na descrição do fato o verbo nuclear do tipo penal, uma vez que o fato delituoso 
em que se baseia a pretensão é que fixa o objeto da decisão do órgão judiciário, ou seja, o julgador 
não poderá decidir além dos limites definidos na denúncia. 
 
Ementa: EMBARGOS INFRINGENTES CONTRA ACÓRDÃO QUE MANTEVE DECISÃO DE 1º 
GRAU DE REJEIÇÃO DE DENÚNCIA. FALSIDADE DE DOCUMENTO (ART. 311 DO CPM). 
FALTA DE JUSTA CAUSA.INÉPCIA DA DENÚNCIA. AUSÊNCIA DA MATERIALIDADE. 1. 
Quando o falso perpetrado é grosseiro e perceptível ictu oculi, revela incapacidade 
objetiva de iludir a boa-fé ou causar dano, o que retira a justa causa da ação penal, 
mormente quando o documento apresentado é inexistente. Precedentes. 2. "É inepta a 
denúncia que, deixando de descrever a conduta do acusado, bem como os fatos 
supostamente típicos a ele imputados, inviabiliza o pleno exercício do direito 
constitucional da ampla defesa". Precedente do STJ (Resp 201259/SP). 3. O crime de 
falsidade documental deixa vestígio e, como tal, exige a produção de prova técnica para 
a deflagração da ação penal, ainda mais quando ausentes quaisquer outros elementos 
de convicção da ilicitude do fato imputado. 4. Negado provimento aos embargos. 
Decisão por maioria. STM EMBARGOS (FO),Num: 2003.01.007064-1 UF: RJ,Data da 
Publicação: 17/10/2003. 
 
f) as razões de convicção ou presunção da delinquência; 
g) a classificação do crime; 
 
É a capitulação legal ao tipo penal incurso. Esta classificação tem que se adequar com a 
descrição do fato, no entanto, capitulação errônea não é suficiente para afastar o recebimento da 
denúncia, pois o acusado se defende dos fatos e não da capitulação legal. 
 
EMENTA: RECURSO CRIMINAL. REJEIÇÃO DE DENÚNCIA.TIPO PENAL DESCRITO NA 
EXORDIAL ACUSATÓRIA. DESNECESSIDADE DE PERFEITO AJUSTAMENTO AOS FATOS 
ILÍCITOS, EM TESE. A indicação do preceito primário da norma penal, que à primeira 
vista pareça desajustada aos fatos narrados, não constitui óbice ao recebimento da 
denúncia sob o enfoque de impossibilidade jurídica do pedido, uma vez que o 
denunciado se defende dos fatos ali apontados e não do tipo penal mencionado. 
Prevalência do secular provérbio "narra mihi factum dabo tibi jus." Denúncia recebida 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
pela Corte, com baixa dos autos à instância de origem, para prosseguimento do feito. 
Decisão unânime. (RECURSO CRIMINAL Nº 2003.01.007078-3 - RJ - Relator Ministro 
HENRIQUE MARINI E SOUZA. Sessão de 20.05.03.) 
 
h) o rol das testemunhas, em número não superior a seis, com a indicação da sua 
profissão e residência; e o das informantes com a mesma indicação. O rol de 
testemunhas poderá ser dispensado, se o Ministério Público dispuser de prova 
documental suficiente para oferecer a denúncia. 
 
Como diz a lei: o rol de testemunhas poderá ser dispensado. Ou seja, podem existir 
circunstâncias em que ele não seja de forma alguma necessário, como,por exemplo, prova 
documental suficiente. 
 
2. A DENÚNCIA SERÁ REJEITADA PELO JUIZ-AUDITOR (art. 78 do CPPM): 
a) se não contiver os requisitos expressos comentados anteriormente; 
b) se o fato narrado não constituir evidentemente crime da competência da Justiça 
Militar; 
c) se já estiver extinta a punibilidade em qualquer das hipóteses do art. 123 do CPM; 
d) se for manifesta a incompetência do juiz ou a ilegitimidade do acusador. 
 
EMENTA: Habeas corpus - Trancamento da ação penal. Denúncia que atribui ao paciente 
conduta que tipificou como "homicídio doloso qualificado em sua forma tentada" ao 
arrepio da prova dos autos. - Inexistência sequer de conduta culposa ou até mesmo de 
contravenção disciplinar. Exercício real de resgate em que só participam militares 
altamente qualificados. Reconhecimento pelas próprias autoridades militares de que o 
resultado lesivo a um dos participantes do exercício deveu-se à "imperfeição na maneira 
como vinha sendo executado o adestramento específico do grupo especial de retomada 
e resgate", determinando a revisão de todos os procedimentos técnicos e de segurança. 
- Denúncias desse porte devem ser de pronto repelidas sob pena de desmoralização do 
próprio Judiciário sem falar nas sequelas morais e profissionais que podem causar ao 
oficial indevidamente denunciado. Habeas corpus conhecido por unanimidade de votos 
e concedido o writ para trancar a ação penal por falta de justa causa. Decisão 
majoritária. (STM RCR. 2002.01.00693-9, REL MIN CARLOS ALBERTO MARQUES SOARES, 
DJ 27.6.2002.) 
EMENTA: HABEAS CORPUS. PACIENTE CONDENADO POR INFRAÇÃO AO ART. 235 DO 
CPM. ALEGADA NULIDADE DA CONDENAÇÃO, POR TER COMO ÚNICO FUNDAMENTO 
DEPOIMENTOS COLHIDOS NO INQUÉRITO, PRESTADOS POR OUTROS ACUSADOS NA 
CONDIÇÃO DE TESTEMUNHAS, SEM A RESSALVA DO ART. 5º, INCISO LXIII, DA CF. 
PEDIDOS ALTERNATIVOS DE INÉPCIA DA DENÚNCIA E DE AUSÊNCIA DE 
FUNDAMENTAÇÃO NA DOSIMETRIA DA PENA APLICADA. Caso em que o julgado da 
Corte castrense fez várias referências a outros elementos de convicção que teriam 
contribuído para validar as provas colhidas no Inquérito Policial Militar, não restando, 
portanto, dúvidas quanto à utilização de outras provas para respaldar a condenação, 
que não os depoimentos prestados na fase inquisitorial. Impossibilidade de, em sede de 
habeas corpus, imiscuir-se no mérito da suficiência ou não das demais provas reputadas 
 
 
 
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bastantes para a condenação pelo Tribunal a quo. Alegação de inépcia da denúncia que, 
além de manifestamente improcedente - já que a inicial preenche os requisitos do art. 
77 do CPPM, atendendo perfeitamente à finalidade a que se destina -, somente foi 
suscitada posteriormente à condenação e ao julgamento dos embargos infringentes. 
Assim, é de se entender preclusa a questão, na linha da remansosa jurisprudência deste 
Supremo Tribunal Federal. Precedentes. Prejuízo da questão relativa à ausência de 
fundamentação quanto à pena aplicada, diante da posterior diminuição da reprimenda, 
fixada em definitivo no mínimo legal previsto para a espécie. Habeas corpus indeferido. 
HC 84316 / MG, Relator: Min. CARLOS BRITTO,DJ 17-09-2004. 
EMENTA: RECURSO CRIMINAL. REJEIÇÃO DE DENÚNCIA FUNDAMENTADA EM 
DEPOIMENTOS E ANÁLISE DE MÉRITO. Preenchendo a denúncia os requisitos do artigo 
77 do CPPM, deve o Juiz-Auditor recebê-la. Na Justiça Militar é defeso ao Magistrado 
analisar provas e mérito do processo para o recebimento da denúncia. Provas e mérito 
devem ser analisados quando do julgamento da ação penal, pelo Conselho de Justiça, 
que é o Órgão da Justiça Militar competente. Recurso Criminal parcialmente provido. 
Decisão unânime. STM (RECURSO CRIMINAL n° 2002.01.006986-6 RJ Decisão: 
11/10/2002- Rel. Min. JOSÉ LUIZ LOPES DA SILVA). 
Ementa: RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. NÃO RECEBIMENTO DA DENÚNCIA. 
ADEQUAÇÃO TÍPICA DO ART. 9º DO CPM. 1. Ofensa à dignidade de civil praticada por 
miliciano da ativa, de folga, em lugar não sujeito à administração militar, não encontra 
moldura nos critérios caracterizadores de crime militar. 2. Para a caracterização do 
ilícito penal militar a conduta, embora descrita na parte especial do Código Penal 
Militar, necessita de complementação de tipicidade de que trata o art. 9º do CPM – a 
denominada tipicidade indireta. 3. Não se verificando a devida adequação típica 
complementar, para definir uma conduta como crime militar, impõe-se o não 
recebimento da denúncia por não constituírem crimes militares as condutas narradas na 
peça incoativa estatal. 4. Recurso improvido. Decisão unânime. (TJM/RS. Recurso em 
Sentido Estrito n.º 1644-98.2012.9.21.0000. Relator: Juiz-Cel. Paulo Roberto Mendes 
Rodrigues. Sessão de 27/07/2012) 
Ementa: EMBARGOS INFRINGENTES. RECEBIMENTO DA DENÚNCIA. PROVA DA 
MATERIALIDADE. INDÍCIOS DE AUTORIA. EXCLUDENTES DE ILICITUDE. ESTREME DE 
DÚVIDAS. NÃO OCORRÊNCIA. EMBARGOS ACOLHIDOS. UNÂNIME. O recebimento da 
denúncia exige apenas a presença de prova da materialidade (crime material) ou da 
existência do fato (crime formal ou de mera conduta) e indícios de autoria, não 
requerendo um exame aprofundado da participação dos denunciados no fato descrito 
na inicial acusatória, questão a ser analisada na sentença, após a instrução do processo. 
O reconhecimento de causas excludentes da ilicitude, entre elas a legítima defesa, 
enseja o afastamento da antijuridicidade penal. Todavia, somente é cabível quando 
estreme de dúvidas, o que não se revela nesta fase processual. No caso em tela, tem-se 
que o caderno investigatório militar, meramente inquisitivo, está destituído das 
garantias do contraditório e da ampla defesa. Embora existam alguns indicativos de ação 
em legítima defesa, não há a certeza necessária capaz de autorizar o reconhecimento da 
excludente da antijuridicidade da conduta. Embargos acolhidos. Unanimidade. (461-
2012, Juiz Fernando Guerreiro de Lemos, Embargos Infringentes e de Nulidade) 
 
No caso de ausência de requisitos formais, o juiz, antes de rejeitar a denúncia, mandará, em 
despacho fundamentado, remeter o processo ao órgão do Ministério Público para que, dentro do 
prazo de três dias, contados da data do recebimento dos autos, sejam preenchidos os requisitos que 
não o tenham sido. 
 
 
 
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EMENTA: Recurso Criminal. Complementação de denúncia. Não conhecimento do 
pedido. Recurso contra decisão que, antes de rejeitar a denúncia, devolve os autos ao 
'parquet' para complementar a peça acusatória. Inviabilidade do conhecimento do 
pleito como recurso em sentido estrito, diante da falta de previsão legal no estatuto 
processual castrense quanto à possibilidade de a decisão em 'commentu' ser objeto de 
impugnação por meio da via eleita. Preliminarmente o tribunal não conheceu do pedido 
como recurso, por falta de previsão legal, determinando a devolução do feito ao juízo 'a 
quo' para produzir despacho delibatório. Decisão unânime STM (RECURSO CRIMINAL n° 
1995.01.006236-5 - RJ Ministro Relator ANTONIO CARLOS DE NOGUEIRA sessão em 
12/12/1995). 
 
No caso de ilegitimidade do acusador, a rejeição da denúncia não obstará o exercício da ação 
penal, desde que promovida depois por acusador legítimo, a quem o juiz determinará a apresentação 
dos autos. 
No caso de incompetência do juiz, este a declarará em despacho fundamentado, 
determinando a remessa do processo ao juiz competente. 
 
Ementa: RECURSO CRIMINAL. COMPETÊNCIA. FASE INQUIRITÓRIA. FUNGIBILIDADE. 
Recurso interposto contra Decisão que não acolhe pretensão de declinatoria fori, na fase 
pré-processual, quando "O juiz penal exerce, ainda, funções anômalas, tais como 
fiscalizar o princípio da obrigatoriedade da ação penal (CPP, art.28), requisitar a 
instauração de inquérito (CPP, art. 5º, II), receber a notitia criminis (CPP, art. 39) e levá-
la ao Ministério Público(CPP, art. 40) etc.". (Mirabete) Incomportável na espécie o tipo 
de recurso utilizado. Inaplicável, in casu, o princípio da fungibilidade. Recurso não 
conhecido. Decisão uniforme. RECURSO CRIMINAL (FO), Num: 2006.01.007330-8 UF: 
MG, Data da Publicação: 19/04/2006. 
EMENTA: ESTELIONATO. OFICIAL TEMPORÁRIO DO EXÉRCITO. OBTENÇÃO DE 
VANTAGEM ILÍCITA CONTRA O PATRIMÔNIO SOB A ADMINISTRAÇÃO MILITAR. CRIME 
EM TESE. REFORMA DA DECISÃO RECORRIDA. RESTABELECIMENTO DA COMPETÊNCIA 
DA JUSTIÇA MILITAR DA UNIÃO. RECEBIMENTO DA DENÚNCIA. Impõe-se o recebimento 
da denúncia quando os fatos atribuídos ao acusado constituem, ainda que em tese, 
crime previsto no Código Penal Militar, com indícios suficientes de autoria e, ainda, com 
materialidade comprovada. A existência de tais circunstâncias é bastante para 
recomendar a apuração do ocorrido, em sede de instrução criminal, onde será facultado 
ao denunciado utilizar-se de todos os meios de prova em direito admitidos e do 
contraditório em toda a sua plenitude. O que não se pode aceitar é a obstrução da busca 
da verdade real, razão maior que norteia o processo penal. Provido o recurso ministerial 
para, reformando a decisão hostilizada, restabelecer a competência da JMU e receber a 
denúncia, determinando a baixa dos autos à Auditoria de origem para o prosseguimento 
do feito. Decisão unânime. STM (RECURSO CRIMINAL Nº 2003.01.007113-5 - RS - Relator 
Ministro SÉRGIO XAVIER FEROLLA. Sessão de 09/09/03). 
 
Não há necessidade de inquérito policial militar para oferecimento da denúncia se o membro 
do Ministério Público Militar, por outros meios, formou a sua opinio delicti com a prova do fato e 
indícios da autoria. 
 
 
 
 
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EMENTA: Recurso Criminal: rejeição da Denúncia. 1. Não é essencial ao oferecimento 
da Denúncia a instauração de IPM, desde que a peça de acusação esteja amparada em 
documentos suficientes à caracterização da materialidade do crime e de indícios 
suficientes de autoria, mormente quando se trata de Sindicância elaborada com 
especial esmero e suficiente alcance apuratório. 2. Hipótese em que a Denúncia, em sua 
face formal, atende aos requisitos exigidos no CPPM e, em seu aspecto material, se 
revela assentada em peça investigatória sólida, a demonstrar o suficiente "fumus boni 
iuris" para o desencadeamento da ação penal. 3. Provimento ao Recurso, para, cassando 
a decisão "a quo", receber a denúncia e determinar o prosseguimento do feito no Juízo 
da 4ª Auditoria da 1ª CJM. Unânime. (RECURSO CRIMINAL n° 2001.01.006835-5/ RJ Rel. 
Min JOSÉ ENALDO RODRIGUES DE SIQUEIRA sessão em 19/06/2001). 
 
Partindo da premissa de que não é necessário inquérito policial militar para o oferecimento 
da denúncia, com muito mais razão pode a denúncia ser formulada com amparo em sindicância. 
 
EMENTA: HABEAS CORPUS. DENÚNCIA. AUSÊNCIA DE IPM. PROVAS EMPRESTADAS DE 
SINDICÂNCIA. POSSIBILIDADE. Pedido de habeas corpus para desconstituir decisão 
judicial de recebimento da denúncia, sob o fundamento de inexistência de IPM que dê 
suporte à Acusação. I - O Inquérito é procedimento meramente administrativo e 
informativo para a formação da opinio delicti do titular da ação penal, sendo até mesmo 
dispensável nos termos do artigo 28, alínea 'a', do CPPM. II - Possibilidade de 
aproveitamento de provas indiciárias colhidas em diligências realizadas na Sindicância 
instaurada por requisição do MPM, nos termos do art. 33, § 2º, do CPPM, e convertida 
em IPM, em face da presença de crime militar, em tese, sendo ratificados os atos antes 
praticados pelo mesmo oficial investigante. III - Segundo remansosa jurisprudência de 
nossos Tribunais, as eventuais irregularidades do inquérito não afetam a ação penal. 
Habeas Corpus conhecido e ordem denegada, por falta de amparo legal. Decisão 
unânime. (HABEAS CORPUS n° 2002.01.033715-6 DF - Rel. Min JOSÉ COÊLHO FERREIRA 
sessão em 30/04/2002). 
 
• O IPM não pode ser dispensado no caso de falso testemunho ou falsa perícia. 
 
Em decisão recente o Superior Tribunal Militar, seguindo o entendimento do Supremo 
Tribunal Federal, entendeu que não pode o Ministério Público Militar ofertar denúncia com base em 
procedimento investigatório presidido pelo próprio órgão do Ministério Público. A questão é 
interessante. O Superior Tribunal de Justiça entende que pode. 
 
EMENTA. HABEAS CORPUS. ESTELIONATO. SOLICITAÇÃO DE TRANSPORTE. 
INQUÉRITO PENAL INICIADO E PRESIDIDO PELO PRÓPRIO ÓRGÃO DO MINISTÉRIO 
PÚBLICO MILITAR. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. O Ministério Público teve 
reconhecida sua inegável importância na Constituição Federal. Tem incontáveis poderes, 
mas, conforme decidiu a Corte Suprema, dentre eles não estão o de instaurar e realizar 
procedimento investigatório criminal, com o escopo de colecionar informações que 
embasem uma denúncia. Ao dar início e praticar uma investigação criminal, ele mesmo, 
por sua própria iniciativa, na sede da Procuradoria da Justiça Militar em Fortaleza, 
fazendo requisições, intimações e tomadas de depoimentos, inclusive sem possibilidade 
alguma de qualquer tipo de participação na investigação criminal pela Defesa ou pelo 
 
 
 
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Indiciado, e sem nenhum motivo para a não requisição da abertura de IPM à autoridade 
militar competente, o Órgão do Ministério Público agiu exorbitando de suas funções 
institucionais, não podendo, em consequência, ser recebida a denúncia oferecida com 
base em tal investigação, devendo ser trancada a ação penal. O art. 7º do CPPM dispõe 
sobre quem exerce a polícia judiciária militar. Ordem concedida para trancar o Processo 
nº 16/06-0, a que responde o Paciente, em curso na Auditoria da 10ª CJM, sem prejuízo 
de eventual instauração de inquérito policial militar se assim requisitar o Parquet ou a 
autoridade militar competente, e determinar a remessa de cópia do Acórdão ao 
Comando da Base Aérea de Fortaleza para as providências que entender cabíveis. 
Maioria. STM: Num: 2006.01.034226-5 UF: CE Decisão: Proc: HC, Data da Publicação: 
29/09/2006. 
EMENTA: HABEAS CORPUS. DIREITO PROCESSUAL PENAL. PROCEDIMENTO 
INTERNO NO MINISTÉRIO PÚBLICO. PRETENSÃO DE ACESSO AOS AUTOS. 
PREJUDICIALIDADE. PODER INVESTIGATÓRIO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. LEGALIDADE. 
INVESTIGAÇÃO. INOCORRÊNCIA. DENEGAÇÃO. 1. Desconstituído, em parte, o objeto da 
impetração heroica, em razão da concessão da ordem de habeas corpus impetrada no 
Supremo Tribunal Federal, é de se julgar, nesse tanto, prejudicado o writ. 2. O respeito 
aos bens jurídicos protegidos pela norma penal é, primariamente, interesse de toda a 
coletividade, sendo manifesta a legitimidade do Poder do Estado para a imposição da 
resposta penal, cuja efetividade atende a uma necessidade social. 3. Esta, a razão pela 
qual a ação penal é pública e atribuída ao Ministério Público, como uma de suas causas 
de existência. Deve a autoridade policial agir de ofício. Qualquer do povo pode prender 
em flagrante. É dever de toda e qualquer autoridade comunicar o crime de que tenha 
ciência no exercício de suas funções. Dispõe significativamente o artigo 144 da 
Constituição da República que "A segurança pública, dever do Estado, direito e 
responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da 
incolumidade das pessoas e do patrimônio". 4. Não é, portanto, da índole do direito 
penal a feudalização da investigação criminal na Polícia e a sua exclusão do Ministério 
Público. Tal poder investigatório, independentemente de regra expressa específica, é 
manifestação da própria natureza do direito penal, da qual não se pode dissociar a da 
instituição do Ministério Público, titular da ação penal pública, a quem foi 
instrumentalmente ordenada a Polícia na apuração das infrações penais. 5. 
Diversamente do que se tem procurado sustentar, como resulta da letra do seu artigo 
144, a Constituiçãoda República não fez da investigação criminal uma função exclusiva 
da Polícia, restringindo-se, como se restringiu, tão somente a fazer exclusivo, sim, da 
Polícia Federal o exercício da função de polícia judiciária da União (parágrafo 1º, inciso 
IV). Essa função de polícia judiciária – qual seja, a de auxiliar do Poder Judiciário –, não 
se identifica com a função investigatória, isto é, a de apurar infrações penais, bem 
distinguidas no verbo constitucional, como exsurge, entre outras disposições, do 
preceituado no parágrafo 4º do artigo 144 da Constituição Federal, verbis: "§ 4º às 
polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a 
competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, 
exceto as militares." Tal norma constitucional, por fim, define, é certo, as funções das 
polícias civis, mas sem estabelecer qualquer cláusula de exclusividade. 6. O exercício 
desse poder investigatório do Ministério Público não é, por óbvio, estranho ao Direito, 
subordinando-se, à falta de norma legal particular, no que couber, analogicamente, ao 
Código de Processo Penal, sobretudo na perspectiva da proteção dos direitos 
fundamentais e da satisfação do interesse social. 7. "A participação de membro do 
Ministério Público na fase investigatória criminal não acarreta o seu impedimento ou 
suspeição para o oferecimento da denúncia." (Súmula do STJ, Enunciado nº 234). 8. Em 
inexistindo investigação criminal promovida pelo Ministério Público Federal, tratando o 
 
 
 
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expediente que nele tramita de "peças de informação enviadas pelo Banco Central com 
a finalidade de instruir eventual procedimento investigatório", sob exame de membro 
do Parquet para manifestação, descabe falar em constrangimento ilegal a ser reparado 
na via do remédio heroico. 9. Writ parcialmente prejudicado e denegado. STJ: HC 54719 
/ RJ, Relator: Ministro HAMILTON CARVALHIDO, DJ 06.08.2007. 
 
3. PRAZO PARA OFERECIMENTO DA DENÚNCIA 
A denúncia deverá ser oferecida, se o acusado estiver preso, dentro do prazo de cinco dias, 
contados da data do recebimento dos autos para aquele fim; e, dentro do prazo de quinze dias, se o 
acusado estiver solto. O Juiz deverá manifestar-se sobre a denúncia, dentro do prazo de quinze dias. 
 
4. PRORROGAÇÃO DE PRAZO 
O prazo para o oferecimento da denúncia poderá, por despacho do juiz, ser prorrogado ao 
dobro, ou ao triplo, em caso excepcional e se o acusado não estiver preso. 
 
EMENTA: Habeas Corpus: Crime em tese; ausência de nulidades; presença do fumus 
boni iuris a permear a Denúncia. Não tendo ocorrido a prescrição da pretensão punitiva, 
a ação penal poderá ser proposta a qualquer tempo; descabimento da figura da 
preclusão. O oferecimento da Denúncia fora do prazo não gera preclusão, uma vez que 
se cuida, in casu, de um dever derivado do princípio da obrigatoriedade e firmemente 
assentado na lei; assim, tal demora constitui mera irregularidade, sujeitando apenas o 
representante do Parquet a eventuais penalidades. Também não acarreta preclusão o 
recebimento da Denúncia fora do prazo, uma vez que se trata, na espécie, de prazo 
impróprio; é que, por não ser o Magistrado parte no Processo, a sua atuação é sempre 
representativa do interesse superior do Estado em afirmar a Justiça, interesse este de tal 
grandeza que, como regra, não se curva diante do decurso do tempo. Tratando-se o 
Inquérito de peça de natureza administrativa e de sentido meramente informativo, a 
sua realização, embora sujeita às regras da lei, não impõe a observância dos princípios 
da ampla defesa e do contraditório. Não gera impedimento a conduta do Magistrado, 
que, tendo rejeitado o pedido de arquivamento, remete o IPM para o Procurador-Geral 
da Justiça Militar, uma vez que, na hipótese, procede ex vi legis, ou seja, nada mais faz 
do que dar consequência prática à disposição ínsita in fine do art. 397 do CPPM. É parte 
legítima para oferecer a Denúncia o Promotor designado pela Procuradoria-Geral da 
Justiça Militar, em substituição a outro precedentemente indicado. Na via estreita do 
Habeas Corpus, não é admissível o exame aprofundado da prova, com valoração singular 
e cotejo conjunto, de sorte a se decidir, de antemão e de logo, se o Paciente é culpado 
ou não da imputação que lhe foi feita pelo Parquet Militar; presença, in casu, do fumus 
boni iuris a permear e a justificar o Opinio Delicti. Habeas Corpus conhecido e denegada 
a Ordem, por falta de amparo legal. Unânime. STM Proc: HC, Num: 2002.01.033760-1 
UF: SP, Data da Publicação: 08/10/2002. 
 
O Juiz deverá manifestar-se sobre a denúncia, dentro do prazo de quinze dias, podendo o 
Ministério Público interpor mandado de segurança devido a sua inércia. 
 
Ementa: MANDADO DE SEGURANÇA. IMPETRAÇÃO POR MEMBRO DO MINISTÉRIO 
PÚBLICO. LEGITIMIDADE. DENÚNCIA. LIQUIDEZ E CERTEZA À OBTENÇÃO DA PRESTAÇÃO 
 
 
 
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JURISDICIONAL. INÉRCIA DO JUIZ. O Ministério Público tem legitimidade "ad causam" 
para impetrar mandado de segurança nas questões processuais penais, quando inexistir 
recurso específico, porque é parte na relação jurídica processual. O Juiz-Auditor deverá 
se manifestar sobre a denúncia oferecida no prazo de quinze dias (art. 79, "in fine", do 
CPPM). Como titular da ação penal pública incondicionada detém o Ministério Público 
direito líquido e certo de ver apreciada sua pretensão deduzida na denúncia, no prazo 
estabelecido na legislação específica. A inércia injustificada do Juiz para se manifestar 
sobre o pedido constitui recusa à prestação jurisdicional. Segurança concedida. Decisão 
unânime. STM Proc: MS Num: 2001.01.000579-0 UF: PR, Data da Publicação: 
14/05/2001. 
 
Prazos Conclusão 
do inquérito 
Oferecimento da denúncia 
Justiça Estadual 10 dias – réu preso 
30 dias – réu solto 
5 dias – réu preso 
15 dias – réu solto 
Justiça Federal (art. 66 da 
Lei 5.010/66) 
15 dias – réu preso 
(pode ser 
prorrogado por 
mais 15 dias) 
30 dias – réu solto 
5 dias - réu preso 
15 dias - réu solto 
Justiça militar 20 dias – réu preso 
40 dias – réu solto 
5 dias – réu preso 
15 dias – réu solto – Pode ser 
prorrogado ao dobro; ou ao triplo, em 
caso excepcional e se o acusado não 
estiver preso. 
 
Do não recebimento ou da rejeição da denúncia cabe recurso em sentido estrito e do 
recebimento habeas corpus. 
 
 
 
SSUUJJEEIITTOOSS NNOO PPRROOCCEESSSSOO 
 
 
 
O processo, instrumento destinado para a resolução do conflito (agente que pratica crime, 
fato típico antijurídico e culpável) no caso concreto, pressupõe a existência de três sujeitos: o autor, 
o réu e o juiz. 
Além desses sujeitos principais, que representam a relação processual no processo (uma vez 
realizada a citação válida), há os denominados sujeitos acessórios, os quais não são indispensáveis 
para a constituição da relação jurídica processual, tais como os auxiliares da justiça e o assistente da 
acusação. Veremos todos a seguir: 
 
 
 
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1. DO JUIZ 
O juiz tem o poder-dever de dizer o direito (jurisdição), e a competência é a limitação deste 
poder-dever. A jurisdição em abstrato todos os juízes possuem, desde que legalmente investidos no 
cargo, e a competência é em concreto, no caso específico, que tem seu regramento no art. 9º do 
CPM (desenvolvido no livro Penal Militar); sua competência interna, que será estudada a seguir, 
regrada no CPPM e agora a competência do juiz-auditor na Lei 8.457/92. 
Vale lembrar, conforme a alteração pela Emenda Constitucional nº 45, nas Auditorias 
Militares Estaduais não existe mais a denominação juiz-auditor e sim juiz de direito, conforme o art. 
124, § 3º, da Constituição Federal. 
 O ingresso na Magistraturase fará por concurso público de provas e títulos, com a 
participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as suas fases. 
Os juízes possuem as garantias constitucionais da vitaliciedade, inamovibilidade e 
irredutibilidade de subsídio, em contrapartida, possuem vedações do exercício de outro cargo ou 
função, do recebimento de custas ou participação em processo e da dedicação à atividade político-
partidária. 
O juiz, singular ou colegiado (conselhos permanente ou especial), no exercício de sua função, 
goza de independência, está subordinado à lei e à sua consciência, deve decidir de acordo com seu 
entendimento e a prova dos autos. 
 A função do juiz é, portanto, substituir a vontade das partes, pondo fim ao conflito 
(cometimento do crime), com o objetivo de alcançar a paz social. Para que o juiz possa exercer 
validamente a atividade jurisdicional deve possuir capacidade funcional ou investidura (jurisdição), 
capacidade processual (competência) e imparcialidade. Existem três gêneros de situações que 
afastam o magistrado do processo, porquanto evidenciam a ausência de imparcialidade: 
Para que possa exercer a sua competência no caso concreto, deve-se observar, ainda, se não 
há suspeição, impedimento e incompatibilidade. 
 
1.1 SUSPEIÇÃO (art. 38 do CPPM) É O VÍNCULO DO JUIZ COM AS PARTES 
O juiz dar-se-á por suspeito e, se o não fizer, poderá ser recusado por qualquer das partes: a) 
se for amigo íntimo ou inimigo de qualquer delas; b) se ele, seu cônjuge, ascendente ou 
descendente, de um ou de outro, estiver respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo 
caráter criminoso haja controvérsia; c) se ele, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo ou afim até o 
segundo grau inclusive, sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por 
qualquer das partes; d) se ele, seu cônjuge, ou parente, a que alude a alínea anterior, sustentar 
demanda contra qualquer das partes ou tiver sido procurador de qualquer delas; e) se tiver dado 
parte oficial do crime; f) se tiver aconselhado qualquer das partes; g) se ele ou seu cônjuge for 
herdeiro presuntivo, donatário ou usufrutuário de bens ou empregador de qualquer das partes; h) se 
for presidente, diretor ou administrador de sociedade interessada no processo; i) se for credor ou 
devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes. 
Tem regramento próprio em relação à suspeição entre adotante e adotado ou por afinidade 
(arts. 39 e 40). 
A suspeição entre adotante e adotado será considerada nos mesmos termos da resultante 
entre ascendente e descendente, mas não se estenderá aos respectivos parentes e cessará no caso 
de se dissolver o vínculo da adoção. 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
Já a suspeição ou impedimento decorrente de parentesco por afinidade cessará pela 
dissolução do casamento que lhe deu causa, salvo sobrevindo descendentes. Mas, ainda que 
dissolvido o casamento, sem descendentes, não funcionará como juiz o parente afim em primeiro 
grau na linha ascendente ou descendente ou em segundo grau na linha colateral, de quem for parte 
do processo. 
A suspeição não poderá ser declarada nem reconhecida quando a parte injuriar o juiz, ou de 
propósito der motivo para criá-la. 
 
EMENTA. CORREIÇÃO PARCIAL. Juiz-Auditor que, dando-se por suspeito de atuar com 
Defensor Público, ao invés de remeter os autos ao substituto legal, com intimação das 
Partes, nomeia advogado dativo para atuar no Processo. Preliminar de não 
conhecimento por intempestividade rejeitada, à unanimidade, uma vez que o prazo para 
o oferecimento de correição parcial deve ser contado a partir da ciência do ato. 
Preliminar de ilegitimidade do MPM rejeitada por maioria, uma vez que o Parquet 
Militar, como fiscal da lei, tem legitimidade para insurgir-se contra procedimento que 
julgue incorreto e desconforme com o direito. No mérito, pleito correicional deferido 
para que sejam anulados os atos decisórios praticados pelo Magistrado a partir da data 
em que se considerou suspeito, determinando-se a remessa dos autos, se for o caso, ao 
Juiz-Auditor Substituto para prosseguimento do feito. Unânime. STM Num: 
2005.01.001915-9 UF: PR. Proc: Cparcfe - CORREIÇÃO PARCIAL (FE). Data da Publicação: 
02/06/2006. 
Ementa: Suspeição de Juiz-Auditor. Exceção não conhecida. Intempestividade. No CPPM, 
o momento de opor Exceção de Suspeição do Juiz é após o interrogatório e dentro de 
quarenta e oito horas (art. 407 do Código citado). Não se conhece da Exceção de 
Suspeição do Juiz-Auditor, no caso, arguida após a apresentação das Alegações Escritas, 
se a manifestação deste, considerada como conselho ao réu, motivo da suposta 
suspeição, se deu por ocasião do interrogatório do acusado. Preliminar acolhida. 
Exceção não-conhecida por intempestiva. Decisão unânime. STM Num: 2005.01.000021-
2 UF: CE - ARGUIÇÃO DE SUSPEIÇÃO. Data da Publicação: 18/08/2005. 
 
1.2 IMPEDIMENTO (art. 37 do CPPM) é o vínculo do juiz com o processo; são 
“incompatibilidades” objetivas e vedam o juiz de exercer a competência no caso específico. 
O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que: a) como advogado ou defensor, 
órgão do Ministério Público, autoridade policial, auxiliar de justiça ou perito, tiver funcionado seu 
cônjuge, ou parente consanguíneo ou afim até o terceiro grau inclusive; b) ele próprio houver 
desempenhado qualquer dessas funções ou servido como testemunha; c) tiver funcionado como juiz 
de outra instância, pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre a questão; d) ele próprio ou seu 
cônjuge, ou parente consanguíneo ou afim, até o terceiro grau inclusive, for parte ou diretamente 
interessado. 
Serão considerados inexistentes os atos praticados por juiz impedido. 
 
EMENTA: Apelação - peculato. Impedimento. Ministro que funcionou no caso como 
autoridade policial. Preliminares defensivas. Cerceamento de defesa e nulidade 
processual. Conduta delituosa desclassificada em sede de alegações escritas da 
acusação. Franqueada oportunidade de defesa e contraditório. Impossibilidade de 
aplicação subsidiária do artigo 384 do código de Processo Penal Comum. Ausência de 
omissão na lei processual castrense. Laudo pericial. Ausência de nulidade. Estrita 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
observância das formalidades legais. Pedido de nomeação de terceiro perito 
devidamente apreciado em julgamento pelo conselho de justiça. Autoria e 
materialidade provadas. Recurso do ministério público. Semi-imputabilidade 
comprovada. Manutenção da redução da pena. Condenação de praça a pena privativa 
de liberdade superior a dois anos implica aplicação de pena acessória de exclusão do 
serviço ativo. Artigo 102 do código penal militar. 1. Ministério Público e defesa 
insurgem-se contra decisão do Conselho Permanente, que condenou 2º Sargento da 
Aeronáutica à pena de dois anos e quatro meses de reclusão, pela prática do crime de 
peculato. 2. Impedimento de Ministro que atuou como autoridade policial, no início da 
persecução. Artigo 37, alínea "b", do Código de Processo Penal Militar. 3. Recurso 
defensivo. Preliminares. A desclassificação da conduta para o crime de peculato, em 
sede de alegações escritas do Ministério Público, não implicou cerceamento de defesa. 
Está fartamente demonstrado que a defesa teve inúmeras oportunidades de refutar a 
tese acusatória. Não há omissão da lei adjetiva militar a justificar a aplicação subsidiária 
do art. 384 do Código de Processo Penal comum. Aplicação do art. 437, alínea "a", do 
CPPM. 4. Não houve nulidade processual durante a instrução, por inobservância de 
formalidades legais. A pretensão da defesa, no sentido de que fosse nomeado terceiro 
perito, não pode ser acolhida, eis que ausente a divergência exigida pelo artigo 322 do 
Código de Processo Penal Militar. Os peritos que lavraram o laudo apresentaram 
conclusão concordante. Inocorrência,ademais, de qualquer impedimento da Juíza-
Auditora. 5. Autoria e materialidade estão provadas. O recurso não merece provimento. 
A acusada serviu-se da função desempenhada junto à Administração Militar para 
cometer o ilícito penal. 6. Recurso ministerial. A redução da pena é direito da acusada, 
ante a prova concreta da semi-imputabilidade. Artigo 48 do Código Penal Militar. 
Condenação de praça a pena privativa de liberdade superior a dois anos importa 
exclusão das Forças Armadas. Artigo 102 do Código Penal Militar. 7. Preliminares 
rejeitadas. Recurso defensivo improvido, por maioria. 8. Recurso ministerial 
parcialmente provido, para que seja aplicada à acusada a pena acessória de exclusão das 
Forças Armadas. STM Num: 2003.01.049387-5 UF: SP Proc: Apelfo - APELAÇÃO (FO). 
Data da Publicação: 28/01/2005. 
 
Uma vez formado o Conselho Permanente ou Especial de Justiça, a estes competem o 
julgamento de arguição de impedimento suscitado pelas partes se este não se declarar de ofício. 
 
EMENTA: A competência para apreciar a arguição de impedimento dos juízes, em 1ª 
instância, é do Conselho Permanente de Justiça, ex vi do que dispõe o art. 28, inciso V, 
da Lei 8.457, de 04/09/1992. Despacho monocrático do Ministro-Relator. Competência 
do Plenário para determinar tal providência. Tratando-se de matéria de ordem pública, 
são declarados nulos o despacho do Ministro-Relator e as decisões do Juiz-Auditor e do 
Conselho Permanente de Justiça. Baixa dos autos para que nova decisão seja proferida 
pelo Conselho Permanente de Justiça. Decisão por maioria de votos. Num: 
2002.01.001811-8 UF: AM. CORREIÇÃO PARCIAL (FO). Data da Publicação: 13/06/2002. 
 
Tanto a suspeição, quanto o impedimento e a incompatibilidade se aplicam ao juiz-auditor e 
aos juízes militares, juízes de fato. 
 
EMENTA: Correição Parcial - Nulidade de atos processuais em que teriam participado 
juízes impedidos que atuaram como peritos na fase provisional. Um funcionou no 1º 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
trimestre e outro no 3º trimestre. Atos meramente instrutórios. O artigo 509 da Lei 
Adjetiva Castrense resolve a "quaestio". Nenhuma sentença foi proferida tendo o 
Conselho em sua composição tais juízes. Indeferida a Correição Parcial por falta de 
amparo legal. Decisão unânime. STM Num: 2002.01.001837-1 UF: AM Decisão: 
17/10/2002. -CORREIÇÃO PARCIAL (FO). Data da Publicação: 06/12/2002. 
Ementa. Petição. Redistribuição do feito. Declaração de impedimento. A rejeição da 
denúncia, com o argumento de que a conduta imputada é atípica, não desobriga o autor 
do despacho de continuar na condução do processo, caso sua decisão seja reformada, 
em grau de recurso, com a determinação de prosseguimento da instrução criminal no 
juízo de origem. Em face desse entendimento, não é razoável a redistribuição do feito. 
(Precedente: Correição Parcial 1.796-0/PR) Não tem amparo a declaração de 
impedimento com base na alínea "c" do art. 37 do CPPM, se o juiz não funcionou no 
processo em outra instância da Justiça Militar da União, senão a primeira, onde ainda 
exerce jurisdição. As causas de impedimento são taxativas, não admitindo interpretação 
extensiva. A convicção íntima do magistrado sobre a tipicidade penal de determinada 
conduta é inerente à função judicante e não compromete sua imparcialidade. 
(Precedente: Petição 455-2/DF) Os princípios do juiz natural e da indeclinabilidade da 
jurisdição não podem ser maculados por modificação de competência que aflore da 
incapacidade subjetiva decorrente de suspeição ou impedimento não previstos em lei. 
(Precedente: Petição 461-7/RJ) Petição conhecida para, cassando as decisões de fls. 39 
(redistribuição) e 41/42 (declaração de impedimento), determinar a baixa dos autos à 
Auditoria de origem, para o imediato cumprimento do acórdão proferido no Recurso 
Criminal nº 6.795-2/PR, em 24/04/2001, devendo funcionar no Processo o Juiz-Auditor 
ao qual coube o feito por distribuição, e o Juiz-Auditor Substituto, nos casos de 
substituição previstos no Capítulo VII, Título V, da Lei nº 8.457/92, determinando, ainda, 
a remessa de cópia da presente Petição e do acórdão à Presidência do STM. Decisão 
unânime. Num: 2001.01.000466-8 UF: PR. - PETIÇÃO (FO) Cód. 230. Data da Publicação: 
05/11/2001 Vol: 07601-06 Veículo: DJ. 
 
1.3 INCOMPATIBILIDADES (Lei 8.457/92, art. 61) são hipóteses decorrentes de 
vínculo de parentesco existente entre os sujeitos processuais. 
Não podem servir, conjuntamente, os magistrados, membros do Ministério Público e 
advogados que sejam entre si cônjuges, parentes consanguíneos ou afins em linha reta, bem como 
em linha colateral, até o terceiro grau, e os que tenham vínculo de adoção. 
Vale lembrar que não pode ser arguida exceção de impedimento e suspeição da autoridade 
judiciária militar. 
 
EMENTA. HABEAS CORPUS. IPM. IMPEDIMENTO DE POLÍCIA JUDICIÁ-RIA MILITAR. 
DEVIDO PROCESSO LEGAL. Não há falar em impedimento ou suspeição da Autoridade 
policial. Precedentes do STF. Inconfundíveis o processo administrativo ou o processo 
administrativo disciplinar com o Inquérito Policial Militar. O processo administrativo é 
um conjunto de atos coordenados que se destina à solução de controvérsias no âmbito 
administrativo; e o processo administrativo disciplinar é o meio de apuração e punição 
de faltas graves dos servidores públicos. Já o Inquérito Policial Militar é procedimento 
policial - instrução provisória, preparatória, informativa - destinada à coleta de 
elementos que permitam ao MPM formar a opinio delicti para a propositura da ação 
penal. Os princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa que informam os 
processos judicial e administrativo não incidem sobre o IPM (doutrina e jurisprudência). 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
Ordem denegada por falta de amparo legal. Unânime. STM Num: 2003.01.033828-4 UF: 
AM Decisão: 26/08/2003. Proc: HC - HABEAS CORPUS. Data da Publicação: 17/09/2003. 
 
A Competência do juiz-auditor vem disciplinada no art. 30 e incisos, da Lei 8457/92. 
 
Art. 30. Compete ao Juiz-Auditor: 
I - Decidir sobre recebimento de denúncia, pedido de arquivamento, de devolução de 
inquérito e representação; 
II - Relaxar, quando ilegal, em despacho fundamentado, a prisão que lhe for comunicada 
por autoridade encarregada de investigações policiais; 
III - manter ou relaxar prisão em flagrante, decretar, revogar e restabelecer a prisão 
preventiva de indiciado, mediante despacho fundamentado em qualquer caso; 
IV - Requisitar de autoridades civis e militares as providências necessárias ao andamento 
do feito e esclarecimento do fato; 
V - Determinar a realização de exames, perícias, diligências e nomear peritos; 
VI - Formular ao réu, ofendido ou testemunha suas perguntas e as requeridas pelos 
demais juízes, bem como as requeridas pelas partes para serem respondidas por 
ofendido ou testemunha; 
VII - relatar os processos nos Conselhos de Justiça e redigir, no prazo de oito dias, as 
sentenças e decisões; 
VIII - proceder ao sorteio dos conselhos, observado o disposto nos arts. 20 e 21 da Lei 
8457/92; 
IX - Expedir alvará de soltura e mandados; 
X - Decidir sobre o recebimento de recursos interpostos; 
XI - executar as sentenças, inclusive as proferidas em processo originário do Superior 
Tribunal Militar, na hipótese prevista no § 3° do art. 9° desta lei; 
XII - renovar, de seis em seis meses, diligências junto às autoridades competentes, para 
captura de condenado; 
XIII - comunicar, à autoridade a que estiver subordinado o acusado, as decisões a ele 
relativas; 
XIV - decidir sobre livramento condicional; 
XV - Revogar o benefício da suspensão condicional da pena; 
XVI - remeter à Corregedoria da Justiça Militar, no prazo de dez dias, os autos de 
inquéritos arquivados e processos julgados, quando não interpostos recursos; 
XVII- encaminhar relatório ao Presidente do Tribunal, até o dia trinta de janeiro, dos 
trabalhos da Auditoria, relativos ao ano anterior; 
XVIII - instaurar procedimento administrativo quando tiver ciência de irregularidade 
praticada por servidor que lhe é subordinado; 
XIX - aplicar penas disciplinares aos servidores que lhe são subordinados; 
XX - Dar posse, conceder licenças, férias e salário-família aos servidores da Auditoria; 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
XXI - autorizar, na forma da lei, o pagamento de auxílio-funeral de magistrado e dos 
servidores lotados na Auditoria; 
XXII - distribuir alternadamente, entre si e o Juiz-Auditor Substituto e, quando houver, o 
Substituto de Auditor estável, os efeitos aforados na Auditoria, obedecida a ordem de 
entrada; 
XXIII - cumprir as normas legais relativas às gestões administrativa, financeira e 
orçamentária e ao controle de material; 
XXIV - praticar os demais atos que lhe forem atribuídos em lei. 
Parágrafo único. Compete ao Juiz-Auditor Substituto praticar todos os atos enumerados 
neste artigo, com exceção dos atos previstos nos incisos VIII, XVII, XVIII, XIX, XX, XXI, XXII 
e XXIII, que lhes são deferidos somente durante as férias e impedimentos do Juiz-
Auditor. 
 
2. DO MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR 
O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, 
incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e 
individuais indisponíveis. 
O processo penal moderno, em razão do caráter acusatório (Esta-do-Acusador, Estado-Juiz e 
Estado-Defesa) exige que a função de acusação seja de um órgão independente do Estado-Julgador. 
Uma vez ferido o preceito legal primário (cometimento de crime) surge para o Estado o 
dever-poder de punir, no entanto a titularidade da ação para a punição deste infrator, regra geral, é 
pública incondicionada, tendo como titular privativo o Ministério Público Militar. 
Obs. Não há ação penal privada na justiça militar, exceto a privada subsidiária da pública, 
quando houver inércia do Ministério Público em intentar a ação penal. 
A Constituição Federal, em seu art. 129, I, atribuiu ao Ministério Público a função de exercer 
privativamente a ação penal pública. 
O Ministério Público Militar é, portanto, regra geral, o titular da ação penal pública, atuando 
como parte e como fiscal da correta aplicação da lei. 
Vale lembrar que o Ministério Público Militar é integrante do Ministério Público da União e 
seus membros possuem foro privilegiado, nos termos do art. 108, I, “a”, da Constituição Federal, 
sendo processados e julgados no Tribunal Regional Federal da Região em que estiverem lotados, 
ressalvada a competência da Justiça Eleitoral, em que serão julgados no Tribunal Regional Eleitoral 
do Estado em que tiverem lotados. 
 
Ex.1: Membro do Ministério Público Militar da União lotado em Porto Alegre/RS que cometer 
crime comum ou de responsabilidade será julgado no TRF da 4ª Região. Se cometer crime eleitoral, 
será julgado no TRE/RS. 
 
Ex.2: Membro do Ministério Público Militar da União lotado em Curitiba/PR que cometer 
crime comum ou de responsabilidade será julgado no TRF da 4ª Região. Se cometer crime eleitoral, 
será julgado no TRE/PR. 
 
A mesma regra vale para o juiz-auditor. 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
 
2.1 GARANTIAS 
Os membros do Ministério Público Militar possuem as mesmas garantias dos magistrados: 
1) vitaliciedade, após dois anos de exercício, não podendo perder o cargo senão por 
sentença judicial transitada em julgado; 
2) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, mediante decisão do órgão 
colegiado competente do Ministério Público, por voto de dois terços de seus membros, 
assegurada ampla defesa; 
3) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma do art. 39, § 4º, e ressalvado o disposto 
nos arts. 37, X e XI, 150, II, 153, III, 153, § 2º, I. 
 
2.2 PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS 
São princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a indivisibilidade e a 
independência funcional. 
A estrutura do Ministério Público Militar, além da regulamentação disposta na Constituição 
Federal, arts. 127 a 130, vem definida na LC nº 75/93. 
Trazemos apenas alguns exemplos de ATRIBUIÇÕES, do Ministério Público Militar, que não 
tem competência e sim atribuição. 
Compete ao Ministério Público Militar o exercício das seguintes atribuições nos órgãos da 
Justiça Militar: I - promover, privativamente, a ação penal pública; II - promover a declaração de 
indignidade ou de incompatibilidade para o oficialato; III - manifestar-se em qualquer fase do 
processo, acolhendo solicitação do juiz ou por sua iniciativa, quando entender existente interesse 
público que justifique a intervenção. 
Ainda, incumbe ao Ministério Público Militar: I - requisitar diligências investigatórias e a 
instauração de inquérito policial-militar, podendo acompanhá-los e apresentar provas; II - exercer o 
controle externo da atividade da polícia judiciária militar. 
O Ministério Público tem como prerrogativa a intimação pessoal, no entanto a jurisprudência 
dominante, que continua entendendo que faz jus a esta prerrogativa, menciona que a contagem 
inicial do prazo se dará com a carga ou remessa dos autos para a Instituição e não com a data do 
ciente acostado nos autos. 
 
Ex.: O processo é remetido da Auditoria Militar para o Ministério Público Militar no dia 01/ 
10 e o integrante do Ministério Público Militar dá o seu “ciente” nos autos no dia 10/10. A contagem 
do prazo do Ministério Público Militar iniciará no dia 01/10. 
 
EMENTA: A Turma, tendo em conta que a eficácia do lançamento do “ciente” pelo 
representante do parquet como termo inicial do prazo recursal pressupõe a ausência de 
outra intimação pessoal, anterior, que, per si, baste para consumar o ato, deferiu habeas 
corpus para, reconhecendo a intempestividade de embargos de declaração opostos pelo 
Ministério Público Federal, anular o julgamento destes e, em consequência, restabelecer 
o acórdão embargado, que não conhecera de recurso especial. Considerou-se que, na 
espécie, deveria prevalecer, para efeito de contagem de início de prazo recursal, a data 
constante de certidão, não contestada, e lavrada pela Coordenadoria da 6ª Turma do 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
STJ, na qual certificado que o membro do MPF fora devidamente intimado, na pessoa de 
seu representante legal. Ademais, afirmou-se que essa intimação deveria preponderar, 
inclusive, em relação a que é realizada mediante entrega do processo em setor 
administrativo do Ministério Público, formalizada a carga pelo servidor. Precedente 
citado: (STF HC 83255/SP (DJU de 12.3.2004). HC 83915/SP, rel. Min. Sepúlveda 
Pertence, 19.4.2005). 
EMENTA DIREITO INSTRUMENTAL - ORGANICIDADE. As balizas normativas instrumentais 
implicam segurança jurídica, liberdade em sentido maior. Previstas em textos 
imperativos, hão de ser respeitadas pelas partes, escapando ao critério da disposição. 
INTIMAÇÃO PES-SOAL - CONFIGURAÇÃO. Contrapõe-se à intimação pessoal a intimação 
ficta, via publicação do ato no jornal oficial, não sendo o mandado judicial a única forma 
de implementá-la. PROCESSO - TRATA-MENTO IGUALITÁ-RIO DAS PARTES. O tratamento 
igualitário das partes é a medula do devido processo legal, descabendo, na via 
interpretativa, afastá-lo, elastecendo prerrogativa constitucionalmente aceitável. 
RECURSO - PRAZO – NATUREZA. Os prazos recursais são peremptórios. RECURSO - 
PRAZO - TERMO INICIAL - MINISTÉRIO PÚBLI-CO. A entrega de processo em setor 
administrativo do Ministério Público, formalizada a carga pelo servidor, configura 
intimação direta, pessoal, cabendo tomar a data em que ocorrida como a da ciência da 
decisão judicial. Imprópriaé a prática da colocação do processo em prateleira e a 
retirada à livre discrição do membro do Ministério Público, oportunidade na qual, de 
forma juridicamente irrelevante, apõe o "ciente", com a finalidade de, somente então, 
considerar-se intimado e em curso o prazo recursal. Nova leitura do arcabouço 
normativo, revisando-se a jurisprudência predominante e observando-se princípios 
consagradores da paridade de armas. (STF HC 83255, Rel. Min. Marco Aurélio) 
 
A mesma regra vale para os integrantes da Defensoria Pública que têm com prerrogativa a 
intimação pessoal dos atos processuais. 
 
3. DA DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO 
Por ser um livro direcionado a concursos na área militar, vamos dar maior ênfase às 
particularidades da Defensoria Pública da União, pois para este concurso específico o candidato vai 
ser cobrado e terá grande peso na sua prova o conhecimento das suas atribuições e em especial nas 
Auditorias Militares. 
Em 1988, a Constituição da República Federativa do Brasil, a chamada “Constituição Cidadã”, 
amplia o conceito de assistência jurídica gratuita, que passa a integrar o “rol” dos direitos e garantias 
fundamentais do cidadão, devendo ser prestada pela Defensoria Pública, instituição essencial à 
função jurisdicional do Estado. 
A Defensoria Pública tem assento no art. 134 da Constituição da República, que, por sua vez, 
se refere aos incisos do art. 5o da Carta Política, assim transcritos: 
 
LXXIV - O Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem 
insuficiência de recursos. 
LV - Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são 
assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ele inerentes. 
 
 
 
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Art. 134. A Defensoria pública é instituição essencial à função jurisdicional do estado, 
incumbindo-lhe a orientação jurídica e a defesa, em todos os graus, dos necessitados, na 
forma do art. 5º, LXXIV. 
Parágrafo único. Lei complementar organizará a Defensoria Federal e dos Territórios e 
prescreverá normas gerais para sua organização nos Estados, em cargos de carreira, 
providos, em classe inicial, mediante concurso público de provas e títulos, assegurada a 
seus integrantes a garantia da inamovibilidade, independência funcional, e 
irredutibilidade de vencimentos, mas sendo vedado o exercício da advocacia fora das 
atribuições institucionais. 
 
Para dar eficácia ao preceito constitucional, a Defensoria Pública da União foi organizada pela 
Lei Complementar nº 80, de 12 de janeiro de 1994, que estabeleceu normas gerais sobre sua 
organização. 
 
3.1 A DEFENSORIA PÚBLICO E SUA ESTRUTURA NA FEDERAÇÃO 
 
I - A Defensoria Pública da União; 
II - A Defensoria Pública do Distrito Federal e dos Territórios (atualmente não existem 
territórios no Brasil); 
III - as Defensorias Públicas dos Estados. 
A DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO, ABRANGÊNCIA E ÁREA DE ATUA-ÇÃO (arts. 18 a 24 
da LC 80/94) 
 
Aos Defensores Públicos da União incumbe o desempenho das funções de orientação, 
postulação e defesa dos direitos e interesses dos necessitados, cabendo-lhes, especialmente: I - 
atender às partes e aos interessados; II - postular a concessão de gratuidade de justiça para os 
necessitados; III - tentar a conciliação das partes, antes de promover a ação cabível; IV - acompanhar 
e comparecer aos atos processuais e impulsionar os processos; V - interpor recurso para qualquer 
grau de jurisdição e promover revisão criminal, quando cabível; VI - sustentar, oralmente ou por 
memorial, os recursos interpostos e as razões apresentadas por intermédio da Defensoria Pública da 
União; VII - defender os acusados em processo disciplinar. 
A carreira, atualmente, segundo sua área de atuação, é organizada da seguinte maneira: 
I - Defensor Público Federal de 2ª Categoria (inicial) 
Os Defensores Públicos Federais de 2ª Categoria atuarão junto aos Juízos Federais, aos Juízos 
do Trabalho, às Juntas e aos Juízes Eleitorais, aos Juízes Militares, às Auditorias Militares, ao Tribunal 
Marítimo e às instâncias administrativas. 
 
II - Defensor Público Federal de 1ª Categoria (intermediária) 
Os Defensores Públicos Federais de 1ª Categoria atuarão nos Tribunais Regionais Federais, 
nas Turmas dos Juizados Especiais Federais, nos Tribunais Regionais do Trabalho e nos Tribunais 
Regionais Eleitorais. 
III - Defensor Público Federal de Categoria Especial (final). 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
Os Defensores Públicos Federais de Categoria Especial atuarão no Superior Tribunal de 
Justiça, no Tribunal Superior do Trabalho, no Tribunal Superior Eleitoral, no Superior Tribunal Militar 
e na Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais. 
O Defensor Público-Geral atuará junto ao Supremo Tribunal Federal. 
 
3.2 PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS 
São princípios institucionais das Defensorias Públicas: a unidade, a indivisibilidade e a 
independência funcional. 
 
a) Princípio da Unidade 
A primeira advertência é o fato de que, em conformidade com a teoria da imputação, as 
manifestações dos defensores públicos, na qualidade de titulares de órgãos de atuação, são 
atribuídas à Defensoria Pública, na condição de órgão composto, de sorte que a Defensoria Pública 
atua pela vontade externa dos defensores públicos que a integram. 
Portanto a unidade da Defensoria Pública “não significa que qualquer de seus membros 
poderá praticar qualquer ato em nome da instituição, mas, sim, sendo um só organismo, os seus 
membros presentam (não representam) a instituição sempre que atuarem, mas a legalidade de seus 
atos encontra limites da divisão de atribuições e demais princípios e garantias impostas pela lei”. 
b) Princípio da Indivisibilidade 
Os defensores públicos podem ser substituídos uns pelos outros nos processos, sempre na 
forma prevista em lei, por ato de autoridade com atribuição para tanto e com vistas ao exercício de 
funções comuns, sem que isso importe qualquer alteração processual. 
Cumpre enfatizar que a substituição, todavia, não implica vinculação de opiniões. Neste 
sentido, nada impede que o defensor público que vier a atuar posteriormente tenha entendimento 
diverso sobre determinada questão e, em consequência, adote procedimento distinto daquele 
iniciado pelo defensor público que atuou antes, sem que haja prejuízo para a atuação da Instituição 
ou para a validade do processo. 
 
c) Independência funcional 
Princípio institucional maior, a independência funcional traduz-se na inocorrência de 
subordinação hierárquica, ou seja, no desempenho de suas funções os Defensores Públicos da União 
não estão adstritos, em qualquer hipótese, ao comando de quem quer que seja. Cabe acentuar que 
essa prerrogativa é qualificada como ilimitada, pois os membros da Defensoria Pública da União, nas 
suas atribuições, não se encontram sujeitos sequer a recomendações de órgãos da administração 
superior da instituição, pautando sua conduta somente pela lei e pela sua convicção. 
No entanto podem ser designados para atuar em determinados processos ou instâncias 
diferentes, em caráter excepcional, e, mesmo nesses casos, possuem independência funcional. 
 
3.3 CLASSIFICAÇÃO DAS FUNÇÕES 
As funções institucionais da Defensoria Pública, conforme a doutrina, são divididas em 
funções típicas e funções atípicas. 
 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
a) Típicas são as exercidas pela Defensoria Pública na tutela de direitos e interesses de 
hipossuficientes econômicos, em atenção à carência patrimonial dos mesmos. 
 
b) Atípicas são as desempenhadas independentemente da situação econômico-patrimonial 
do destinatário da atividade institucional. Dessa maneira, entre as múltiplas satisfeitas pela 
DefensoriaPública sem que haja prequestionamento do estado do juridicamente necessitado 
exsurgem, no campo criminal, a defesa de réu revel e, na área cível, a curadoria especial. 
 
Por conseguinte, há distinção entre necessitado econômico e necessitado jurídico, de sorte 
que o primeiro corresponde àquele cuja situação pecuniária não lhe permita pagar as custas do 
processo e os honorários de advogado sem prejuízo do sustento próprio ou da família, nos termos do 
art. 2°, parágrafo único, da Lei 1.060, de 05.02.50, ao passo que o segundo equivale àquele que, em 
certa situação fática, é assistido pelos órgãos institucionais sem que seja perquirida a hipossuficiência 
econômica, como, por exemplo, nos casos de nomeação para acusado revel. 
 
3.4 FUNÇÕES INSTITUCIONAIS DA DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO 
a) Defesa em ação penal - Quanto à seara penal, como peculiaridade, a atuação da 
Defensoria Pública não é necessariamente condicionada à miserabilidade do acusado. Cabe fixar: em 
decorrência das garantias constitucionais do contraditório e da ampla defesa, em determinadas 
hipóteses prosperam atividades institucionais de conteúdo atípico, não sendo mister o 
prequestionamento a respeito da condição econômica do acusado, assegurada a intervenção da 
instituição ainda que não haja insuficiência financeira, bastando que o acusado seja revel, não haja 
constituído advogado ou tenha constituído advogado, e no decorrer do procedimento, seja verificada 
a renúncia do advogado inicialmente constituído. 
Contudo, enquanto nas circunstâncias de ausência de indicação de patrono, uma vez 
intimada a parte para constituir advogado de sua confiança, há a intervenção imediata da Defensoria 
Pública. Agora, no caso de renúncia de advogado inicialmente constituído há o estabelecimento de 
um prazo para a indicação de novo patrono e intimação pessoal, não cabendo a intervenção da 
Defensoria Pública, sob pena de nulidade. Assim tem decidido o Superior Tribunal de Justiça e com 
analogia da Súmula 707 do Supremo Tribunal Federal: “Constitui nulidade a falta de intimação do 
denunciado para oferecer contrarrazões ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não a 
suprindo a nomeação de defensor dativo”. 
 
3.5 PRERROGATIVAS DOS MEMBROS DA DEFENSORIA PÚBLICA (art. 44 e 
incisos da LC 80/94) 
a) Conceito 
As prerrogativas dos membros da Defensoria Pública, como peculiaridades do regime jurídico 
da Instituição, são faculdades especiais conferidas aos defensores públicos na condição de “agentes 
políticos do Estado” (na visão de Helly Lopes), inerentes ao cargo ou à função que exercem na 
carreira a que pertencem, almejando a consecução das finalidades institucionais colimadas. 
 
Os componentes da Defensoria Pública da União podem figurar como impetrantes de 
mandado de segurança “contra ato de autoridade que tolher o desempenho de suas atribuições ou 
afrontar suas prerrogativas”. 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
 
b) Ciência pessoal de todos os atos do processo 
I- Receber intimação pessoal em qualquer processo e grau de jurisdição, contando-se lhe em 
dobro todos os prazos. 
 
Constitui prerrogativa dos membros da Defensoria Pública, a teor dos arts. 44, I, da Lei de 
Organização da Defensoria Pública (LC 80/94), a obrigatória intimação pessoal para todos os atos do 
processo, em qualquer grau de jurisdição ou instância administrativa. 
EMENTA: Embargos de Nulidade e Infringentes do Julgado. Ausência de intimação 
pessoal da Defensoria Pública da União, acerca da data da Sessão de Julgamento. Vício 
processual insanável. Nulidade do Acórdão. Está pacificado, tanto na doutrina como na 
jurisprudência, o entendimento de que a falta de intimação pessoal do defensor público 
acarreta nulidade do acórdão prolatado. Acolhidos os Embargos de Nulidade, 
declarando-se nulo o acórdão prolatado para que se realize novo julgamento, 
observando-se a regular intimação pessoal da DPU, restando prejudicado o exame dos 
Embargos Infringentes. Decisão unânime. STM Num: 2006.01.000195-5 UF: DF Decisão: 
07/11/2006 Proc: Embfo - EMBARGOS (FO). Data da Publicação: 05/12/2006. 
 
c) Contagem em dobro dos prazos processuais 
I- Receber intimação pessoal em qualquer processo e grau de jurisdição, contando-se lhe em 
dobro todos os prazos; 
 
A desigualdade de tratamento se justifica em face da existência de problemas específicos, 
que não afetam os litigantes particulares. Com referência aos limites da prerrogativa, todos os prazos 
processuais, sejam eles legais, vale dizer, os fixados em lei, sejam eles judiciais, isto é, os marcados 
pelas autoridades judiciárias, são duplicados em favor do defensor público na esfera judicial ou 
administrativa, tudo nos termos do art. 44, inc. I, da LC 80/94. 
 
Ementa. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. CABIMENTO. TEMPESTIVIDA-DE. APRECIAÇÃO 
RECURSAL. Preliminar de Ofício que suscita o cabimento do Recurso. Cabe Recurso em 
Sentido Estrito quando interposto contra decisão que não recebe Recurso Inominado, 
conforme estabelece o art. 516, "q", do CPPM. Preliminar rejeitada por maioria. 
Preliminar suscitada pelo Ministério Público Militar quanto à tempestividade do Recurso 
não prospera em face da contagem em dobro dos prazos referentes aos processos sob o 
patrocínio da Defensoria Pública da União. Preliminar rejeitada à Unanimidade. Cabível 
e Tempestivo o Recurso, a questão deve ser examinada por este Superior Tribunal 
Militar. Recurso provido. Decisão por maioria. STM Num: 2005.01.007280-8 UF: RJ - 
RECURSO CRIMINAL (FO)Data da Publicação: 28/04/2006. 
 
d) Oficiamento por cotas 
IX - Manifestar-se em autos administrativos ou judiciais por meio de cota. 
 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
Pela regra contida no art. 44, IX, da LC 80/94, é admitido aos defensores públicos “falar” nos 
autos de processos judiciais ou administrativos por meio de cotas, quer dizer, é facultada a 
manifestação dos defensores mediante anotações nos próprios autos. 
 
EMBARGOS INFRINGENTES. NULIDADE. PUBLICAÇÃO DA PAUTA DE JULGAMENTO. 
INCIDÊNCIA DA CIRCUNSTÂNCIA AGRAVANTE GENÉRICA DE ESTAR DE SERVIÇO. A 
publicação dos atos administrativos e judiciais nos órgãos oficiais de divulgação, como o 
Diário da Justiça da União, atende ao preceito constitucional da publicidade (art. 37 da 
CF). Somente as partes especificadas em legislação própria gozam do privilégio de 
intimação pessoal ou nos autos, como é o caso do Ministério Público, da Defensoria 
Pública da União, etc. A expressão "estar", ou "estando", de serviço, aos mais afeitos à 
atividade da caserna, refere-se ao militar que, em regra, cumpre escala de serviço, por 
tempo normalmente definido nos regulamentos específicos, ou nas normas gerais de 
ação (NGAs), quase sempre com duração de vinte e quatro horas, onde o militar 
permanece, em média, duas horas no posto ou local de serviço, com intervalos de 
quatro horas de descanso. Embargos rejeitados. Decisão majoritária. STM Num: 
2005.01.049758-9 UF: RJ Decisão: 02/03/2006. Proc: Embfo - EM-BARGOS (FO). Data da 
Publicação: 20/04/2006. 
 
e) Requisição 
X - Requisitar de autoridade pública e de seus agentes exames, certidões, perícias, vistorias, 
diligências, processos, documentos, informações, esclarecimentos e providências necessárias 
ao exercício de suas atribuições. 
 
Sem embargo, o preceito objetiva viabilizar “à parte a essencial produção de prova que 
efetivamente garantirá o seu direito de ação ou de defesa”, tendo sempre sob enfoque “a 
necessidade de proporcionar ao necessitado os mesmos meios e possibilidades que possam os 
poderosos obter à custa dos seus recursos financeiros”. 
Neste ponto faz-se necessário distinguir “requisição” de “requerimento”. Requisição é 
exigência legal, enquanto requerimento é solicitação de algo permitido por lei. 
Por conseguinte, não poderão as autoridades públicas ou seus agentesdeixar de atender às 
requisições dos defensores públicos, desde que lhes sejam fornecidos os dados suficientes para o 
fornecimento das informações requisitadas, sob pena de desobediência, sem prejuízo de eventuais 
sanções disciplinares, salvo quando alguma lei comine determinada penalidade administrativa ou 
civil sem ressalvar expressamente a cumulativa aplicação do art. 330 do Código Penal (crime de 
desobediência). Ao contrário, os agentes públicos detêm a faculdade jurídica de não prestar os 
esclarecimentos por requerimentos que lhes sejam destinados. 
Ex.: Para fazer prova da inocência em Processo Penal Militar, pode o Defensor Público da 
União requisitar documentos ou informações na organização militar que prestava serviço militar o 
acusado, e o comandante não poderá deixar de prestar as informações requisitadas sob pena de, em 
tese, cometer o delito de desobediência. 
 
f) Inexigibilidade de instrumento de mandato 
 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
XI - representar a parte, em feito administrativo ou judicial, independentemente de 
mandato, ressalvados os casos para os quais a lei exija poderes especiais. 
 
Em linha de regra, conforme o art. 44, XI, da LC 80/94, na prestação da assistência jurídica o 
defensor público, em sede judicial ou administrativa, independe de procuração, conquanto “o 
vínculo mantido entre o membro do órgão público encarregado de dinamizar a assistência judiciária 
e o juridicamente necessitado deflui da dicção da lei e da investidura do agente no cargo e não da 
outorga de mandato. É um lia-me de natureza público-estatutária, exsurgente da legislação que 
estabelece a estrutura do órgão, comete atribuições específicas e disciplina as atividades dos seus 
componentes, e não de natureza privatística-contratual”. 
Deve-se observar que, no caso de propor ação penal privada (não existe na legislação 
processual penal militar) e desistir de recursos, há necessidade de procuração com poderes 
especiais, nestes casos específicos, mesmo sendo Defensor Público da União; nos demais casos, é 
dispensável a procuração. 
 
4. DO ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO (arts. 60 a 68 do CPPM) 
O ofendido, seu representante legal e seu sucessor podem habilitar-se a intervir no processo 
como assistentes do Ministério Público, considerando-se representante legal o ascendente ou 
descendente, tutor ou curador do ofendido, se menor de dezoito anos ou incapaz; e sucessor, o seu 
ascendente, descendente ou irmão, podendo qualquer deles, com exclusão dos demais, exercer o 
encargo, ou constituir advogado para esse fim, em atenção à ordem. 
Cabe ao juiz do processo, ouvido o Ministério Público, conceder ou negar a admissão de 
assistente de acusação, enquanto não passar em julgado a sentença e recebendo a causa no estado 
em que se achar. 
O ofendido que for também acusado no mesmo processo não poderá intervir como 
assistente, salvo se absolvido por sentença passada em julgado, e daí em diante. 
A atuação do assistente é restrita e complementar sendo permitido, com aquiescência do 
juiz e ouvido o Ministério Público, apenas atuar nos seguintes casos: 
 
a) propor meios de prova; 
b) requerer perguntas às testemunhas, fazendo-o depois do procurador; 
c) apresentar quesitos em perícia determinada pelo juiz ou requerida pelo Ministério Público; 
d) juntar documentos; 
e) arrazoar os recursos interpostos pelo Ministério Público; 
f) participar do debate oral. 
 
Não poderá arrolar testemunhas, exceto requerer o depoimento das que forem referidas, 
nem requerer a expedição de precatória ou rogatória, ou diligência que retarde o curso do processo, 
salvo a critério do juiz e com audiência do Ministério Público, em se tratando de apuração de fato do 
qual dependa o esclarecimento do crime. 
Não poderá, igualmente, impetrar recursos, salvo de despacho que indeferir o pedido de 
assistência. 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
Interessante frisar que, ao contrário do previsto na legislação processual comum, no 
Processo Penal Militar o assistente de acusação não tem legitimidade para impetrar apelação 
substitutiva quando o Ministério Público Militar não interpõe apelação em caso de absolvição. 
 
Ementa: APELAÇÃO. ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO. LEGITIMIDADE PARA RECORRER. No 
âmbito da Justiça Castrense, o Assistente de Acusação não tem legitimidade para apelar 
de sentença absolutória, por falta de previsão legal. A ação penal militar é 
exclusivamente pública incondicionada, tendo como dominus litis unicamente o 
Ministério Público Militar. Ao Assistente da Acusação legalmente investido é reservado o 
efeito residual de auxiliar a comprovação dos fatos narrados na denúncia. Preliminar de 
não conhecimento de recurso acolhida. Decisão unânime. STM Num: 2003.01.049490-1 
UF: RJ. Proc: Apelfo - APELAÇÃO (FO) Data da Publicação: 21/06/2004. 
EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA DECLARAÇÃO "A QUO" DE 
ILEGITIMIDADE PARA RECORRER DE SENTENÇA ABSOLUTÓRIA. IN-
CONSTITUCIONALIDADES ALUDIDAS EM FACE DA LEI ADJETIVA CAS-TRENSE. NÃO 
PROSPERA O "WRIT" IMPETRADO. Pretensão mandamental envolvendo quadro fático 
relativo a atropelamento fatal de pedestre por viatura oficial conduzida por militar em 
serviço, que resultou absolvido na ação penal estabelecida para sopesar a ocorrência. 
Em tal feito, a impetrante do vertente "mandamus", filha do "de cujus", fizera-se 
inclusive representar-se como assistente da acusação. Inconformada com a absolvição 
do denunciado, apelou do decreto de 1º grau, sendo, então, declarada a sua 
ilegitimidade para recorrer "in casu", decisão essa que intenta cassar com "remedium 
juris" ora em foco. Argumenta no sentido de inconstitucionalidade que entende existir 
quanto aos cerceios impostos, no processo penal militar, à atuação da assistência de 
acusação. Inquestionavelmente correto o teor do despacho de ilegitimidade ditado "in 
prima instantia", tendo-se como incabível na "quaestio" o propósito da impetrante. Os 
ritos processuais do Foro Castrense, devido ao próprio hermetismo que caracteriza o 
Direito Penal Militar, se fundamentam mais restritivamente se comparados em termos 
do contexto processual da Justiça Comum, não significando, contudo, que as 
peculiaridades dos Diplomas que regem a aplicação da Justiça Militar, "id est", o CPM e 
o CPPM, impliquem, "in concreto", como máculas à vigente Carta Constitucional. 
Denegada a segurança em crivo. Decisão por unanimidade. Num: 1998.01.000430-0 UF: 
AM. Proc: MS - MANDADO DE SEGURANÇA Cód. 210. Data da Publicação: 13/10/1998. 
MANDADO DE SEGURANÇA. LEGITIMIDADE ATIVA. Impetrante que se vale do remédio 
heroico para fazer subir Correição Parcial requerida na instância" a quo". De outra parte, 
o citado pedido correicional visava afastar decisão que inadmitiu recurso em sentido 
estrito. Acontece que o Impetrante não havia se habilitado como Assistente da 
Acusação, mesmo porque sequer existia ação penal. Falta de legitimidade "ad causam'' e 
'''ad processum'' do Impetrante. Postulação não conhecida. Decisão unânime. STM 
Num: 2005.01.000669-9 UF: AM Decisão: 24/05/2005 Proc: MS - MANDADO DE 
SEGURANÇA. Data da Publicação: 01/07/2005. 
 
5. DO ACUSADO (arts. 69 a 76 do CPPM) 
Considera-se acusado aquele a quem é imputada a prática de infração penal em denúncia 
recebida. 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
 Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado sem defensor, 
e sua constituição independerá de instrumento de mandado, se o acusado o indicar por ocasião do 
interrogatório ou em qualquer outra fase do processo por termo nos autos. 
O juiz nomeará defensor ao acusado que não o tiver, ficando a este ressalvado o direito de, a 
todo o tempo, constituir outro, de sua confiança, no entanto, deve-se primeiro possibilitar que oacusado constitua um de sua confiança sob pena de nulidade do feito. 
Nada impede que, além da defesa pessoal (exercida no interrogatório), faça a sua defesa, 
caso tenha habilitação, ou seja, capacidade postulatória. 
Regra geral, as praças (aqueles que não são oficiais) são defendidas no Processo Penal Militar 
pela Defensoria Pública da União. No caso de acusado incapaz, poderá ser nomeado curador o 
próprio defensor. Esta nomeação é feita no ato do interrogatório pelo juiz-presidente (oficial militar 
de maior graduação). 
A falta de comparecimento do defensor, justificada, adiará o ato do processo, desde que nele 
seja indispensável a sua presença. Marcará nova data, mas, em se repetindo a falta, o juiz nomeará 
substituto para efeito do ato; persistindo a ausência nomeará outro defensor para prosseguir no 
processo, lembrando sempre que o acusado pode, a qualquer tempo e antes de nomeado pelo juiz 
novo patrono, nomear um novo de sua confiança. 
O advogado é impedido e não poderá funcionar como defensor o cônjuge ou o parente 
consanguíneo ou afim, até o terceiro grau inclusive, do juiz, do membro do Ministério Público ou do 
escrivão. Mas, se, em idênticas condições, qualquer destes for superveniente no processo, tocar-lhe-
á o impedimento, e não ao defensor, salvo se dativo, caso em que será substituído por outro. 
 
6. DOS AUXILIARES (arts. 42 a 46 do CPPM) 
Os funcionários ou serventuários da Justiça Militar são, nos processos em que funcionam, 
auxiliares do juiz, a cujas determinações devem obedecer, estando sujeitos às regras disciplinares 
estabelecidas no Regime Jurídico Único dos Servidores Civis da União. 
 Cabe ao escrivão providenciar para que estejam em ordem e em dia as peças e termos dos 
processos; ao oficial de justiça realizar as diligências que lhe atribuir a lei de organização judiciária 
militar e as que lhe forem ordenadas por despacho do juiz, certificando o ocorrido (fé pública), no 
respectivo instrumento, com designação de lugar, dia e hora. 
As diligências serão feitas durante o dia, entre as seis e as dezoito horas e, sempre que 
possível, na presença de duas testemunhas. 
Os auxiliares da justiça ficam sujeitos, no que for aplicável, às mesmas normas referentes a 
impedimento ou suspeição do juiz. 
 
7. PERITOS E INTÉRPRETES (arts. 47 a 53 do CPPM) 
Os peritos e intérpretes serão de livre nomeação do juiz, sem intervenção das partes, e serão 
nomeados de preferência dentre oficiais da ativa, atendida a especialidade. 
Não poderão ser peritos os menores de 21 anos. 
Os peritos ou intérpretes prestarão compromisso de desempenhar a função com obediência 
à disciplina judiciária e de responder fielmente aos quesitos propostos pelo juiz e pelas partes. Não 
pode ser recusado o encargo, salvo motivo relevante que será analisado pelo juiz. Caso venham a 
infringir alguma dessas regras, poderão, em tese, responder pelo delito de falsa perícia (art. 346 do 
CPM). 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
Observa-se que para cada perícia será necessário o compromisso do perito. 
Deve-se atentar que há necessidade de que a perícia seja realizada por dois peritos 
compromissados, no caso de apenas um, já se decidiu que teria validade como laudo indireto. 
 
EMENTA: LESÃO CORPORAL LEVE (ARTIGO 209 DO CPM). LAUDO PERI-CIAL FIRMADO 
POR UM ÚNICO PERITO. CONSONÂNCIA COM OS DE-MAIS MEIOS DE PROVA. EXAME DE 
CORPO DE DELITO INDIRETO. AU-TORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS. 
CONDENAÇÃO MANTIDA. DECISÃO UNÂNIME. 1. O laudo pericial, embora firmado por 
um único experto, quando em consenso com outros meios de prova, equivale a corpo 
de delito indireto, com idôneo valor probante. 2. Precedentes do Superior Tribunal de 
Justiça (RTJ, 65/816). 3. Apelo defensivo conhecido e improvido. Decisão unânime. STM 
Num 2002.01.049205-4 UF: PE - APELAÇÃO (FO). Data da Publicação: 18/03/2003. 
 
Distinta é a situação que, com apenas um perito não compromissado, trata de ausência de 
perícia; aqui não há que se falar em laudo indireto. 
 
EMENTA: Apelação. Lesão corporal culposa. Exame de Corpo de Delito. Obrigatoriedade. 
Art. 318 do CPPM. Contrariedade. Tratando-se de delito que deixa vestígio, torna-se 
imprescindível a realização de exame pericial para comprovação da materialidade. Prova 
técnica precária, porquanto deixou de observar norma processual inscrita no art. 318 do 
CPPM, que exige que o exame pericial seja realizado por dois peritos. Além disso, o 
único perito não era compromissado, contrariando o disposto no art. 48, parágrafo 
único, do CPPM. Tendo como inexistente o exame de corpo de delito, não se pode 
afirmar que a materialidade do crime imputado ao Apelante se comprovou. Provimento 
do apelo defensivo. Decisão unânime. (APELAÇÃO Nº 2002.01.049193-7 - PE - Relator 
Ministro VALDESIO GUILHERME DE FIGUEIREDO. Revisor Ministro FLAVIO FLORES DA 
CUNHA BIERREN-BACH. Sessão de 11/09/03.) 
 
Não poderão ser peritos ou intérpretes aqueles que estiverem sujeitos à interdição que os 
inabilite para o exercício de função pública ou que tiverem prestado depoimento no processo ou 
opinado anteriormente sobre o objeto da perícia. 
Possuem as mesmas vedações quanto à suspeição e ao impedimento aplicável aos juízes. 
A parte não é obrigada a se submeter à perícia, pois ninguém está obrigado a fazer prova 
contra si. 
 
Ementa: MANDADO DE SEGURANÇA. PERÍCIA GRAFOTÉCNICA. VISTA À DEFESA PARA 
REQUERER O QUE DE DIREITO. Assiste razão a defesa que argui não dispor de poder de 
coação para determinar alguém a se submeter a uma perícia. Entretanto, é certo que o 
Juiz não pode ficar a mercê de uma prova requerida que não se conseguiu implementar. 
O magistrado deve abrir vista para que a defesa requeira o que de direito, desista do 
requerimento ou insista na prova, hipótese em que deverá indicar o endereço onde 
possa ser encontrada a pessoa que deverá fornecer os padrões do exame grafotécnico. 
Não se pode simplesmente dar prosseguimento ao processo sem essa oportunidade à 
defesa que requereu e teve deferida a prova técnica. Decisão por maioria. STM 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
2004.01.000637-0 UF: SP Decisão: MS - MANDADO DE SEGURANÇA. Data da Publicação: 
24/03/2005. 
 
No caso de divergência de laudos ou conclusões de perícia, deve-se observar aquela que mais 
beneficie o acusado. 
 
CONSELHO DE JUSTIFICAÇÃO. INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL CU-JOS LAUDOS 
APRESENTAM DISCREPÂNCIA ENTRE AS CONCLUSÕES DOS PERITOS JUDICIAIS E AS DO 
PERITO ASSISTENTE, SUSCITANDO DÚVIDAS QUANTO À HIGIDEZ DO JUSTIFICANTE. 'IN 
DUBIO PRO REO'. PRELIMI-NAR DE INIMPUTABILIDADE ACOLHIDA EM DECISÃO 
MAJORITARIA. RE-JEITADA, A UNANIMIDADE, A PRELIMINAR DE INCONSTITUCIONALIDA-
DE SUSCITADA PELA DEFESA, POR FALTA DE AMPARO LEGAL. STM Num: 
1989.01.000136-1 UF: DF - CONSELHO DE JUSTIFICAÇÃO. Data da Publicação: 
13/06/1990. 
 
 
 
 
 
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA 
 
 
 
 
Jurisdição é a função estatal exercida com exclusividade pelo poder judiciário, consistente na 
aplicação de normas da ordem jurídica a um caso concreto, com a consequente solução do litígio. É o 
poder de julgar um caso concreto, de acordo com o ordenamento jurídico, por meio do processo. 
A competência é a delimitação do poder jurisdicional (fixa limites dentro dos quais o juiz 
pode prestar jurisdição); aponta quais os casos que podem ser julgados pelo órgão do poder 
judiciário. É, portanto, uma verdadeira medida da extensão do poder de julgar. 
 
1. PRINCÍPIOS 
a) Juiz natural: O princípio do juiz natural está expresso nos incisos “XXXVII - não haverá juízo 
ou tribunal de exceção”; e LIII do art. 5º da CF - “ninguém será processado nem sentenciado senão 
pela autoridade competente”; uma vedação imposta ao legislador infraconstitucional da instituição 
do juízo ou tribunal de exceção. 
b) Da investidura: A jurisdição somentepode ser exercida por juiz aprovado em concurso 
público de provas e títulos e que esteja no exercício de suas funções (juízes militares são sorteados e 
nomeados para atuar, investidos no ato para julgar). 
c) Devido processo legal (Nulla poena sini judicio): Art. 5º, LIV, da CF - “ninguém será 
privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo”. Não há pena sem processo. Não 
admite exceções. 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
d) Da titularidade ou inércia (Ne procedat judex ex officio): O juiz não pode agir de ofício. 
Tem que ter ação para haver jurisdição. A ação exercida pelo Ministério Público Militar dá início à 
jurisdição e instaura o Processo Penal Militar. 
e) Indeclinabilidade da jurisdição: A Constituição Federal prevê expressamente este 
princípio quando declara que a lei não excluirá da apreciação do poder judiciário lesão ou ameaça a 
direito (art. 5º, XXXV). Assim, uma vez acionado, o juiz deve apreciar o pedido da parte. 
f) Indelegabilidade da jurisdição: Não se pode delegar a outro órgão, que não o Judiciário, o 
poder de julgar, salvo nas hipóteses previstas na própria Constituição Federal. 
g) Improrrogabilidade ou aderência da jurisdição: O juiz somente pode exercer a função 
jurisdicional dentro dos limites que lhe são traçados por lei. A jurisdição não se prorroga à autoridade 
que não tem competência delineada em lei, salvo os casos expressos de prorrogação, 
 
2. ESPÉCIES DE COMPETÊNCIA 
a) Ratione materiae: em razão da matéria, do crime praticado. Os crimes militares estão 
previstos nos arts. 9º e 10º do Código Penal Militar. Na legislação especial militar, adota-se o critério 
ex vis legis para saber se o crime é militar. 
b) Ratione personae: em razão de uma qualidade da pessoa ou da função exercida, seriam os 
foros por prerrogativa de função que, enquanto o sujeito estiver desempenhando alguma atividade 
que a lei determine que seus integrantes responderão em foro privilegiado. A prerrogativa é em 
razão do cargo ocupado. 
c) Ratione loci, que seria determinada, de modo geral, pelo lugar da infração, pela residência 
ou domicílio do acusado. 
 
3. DIVISÃO JUDICIÁRIA MILITAR 
A delimitação da jurisdição, ou seja, a competência para facilitar a aplicação da lei penal, é 
delimitada em comarcas na Justiça Estadual, seção e subseção na Justiça Federal e circunscrição na 
Justiça Militar. 
A Justiça Militar divide-se em Justiça Militar da União, com competência para processar e 
julgar os integrantes das Forças Armadas e os civis que venham a praticar crimes militares, e Justiça 
Militar Estadual, com competência para processar e julgar os policiais militares e bombeiros militares 
que venham a cometer crimes militares. 
3.1 DAS CIRCUNSCRIÇÕES JUDICIÁRIAS MILITARES (Justiça Militar da União) (Art. 
2º da Lei nº 8.457/92): 
 Para efeito de administração da Justiça Militar em tempo de paz, o território nacional 
divide-se em doze Circunscrições Judiciárias Militares, abrangendo: 
 
a) 1ª - Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo (quatro Auditorias); 
b) 2ª - Estado de São Paulo (duas Auditorias); 
c) 3ª - Estado do Rio Grande do Sul (três Auditorias); 
d) 4ª - Estado de Minas Gerais; 
e) 5ª - Estados do Paraná e Santa Catarina; 
f) 6ª - Estados da Bahia e Sergipe; 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
g) 7ª - Estados de Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba e Alagoas; 
h) 8ª - Estados do Pará, Amapá e Maranhão; 
i) 9ª - Estados do Mato Grosso do Sul e Mato Grosso; 
j) 10ª - Estados do Ceará e Piauí; 
l) 11ª - Distrito Federal e Estados de Goiás e Tocantins (duas Auditorias); 
m) 12ª - Estados do Amazonas, Acre, Roraima e Rondônia. 
 
A Justiça Militar é dividida em Circunscrições Judiciárias, para efeito de competência. 
A cada Circunscrição Judiciária Militar corresponde uma Auditoria, com exceção da 1ª, que 
tem quatro Auditorias, da 2ª com duas Auditorias, da 3ª, com três Auditorias e da 11ª, com duas 
Auditorias, embora ainda não tenha sido instalada a 2ª Auditoria da 11ª CJM. Por sua vez, cada 
Auditoria tem um juiz-auditor e um juiz-auditor substituto, além dos funcionários constantes do 
quadro previsto em lei. 
 
4. COMPETÊNCIA E SUA DETERMINAÇÃO 
A função jurisdicional, que é uma só, é atribuída abstratamente a todos os órgãos do Poder 
Judiciário, passa por um processo gradativo de concretização, até chegar-se à determinação do juiz 
competente para o processo,: por meio de regras constitucionais e legais que atribuem a cada órgão 
o exercício da jurisdição com referência a dada categoria de causa (regras de competência), e 
excluem os demais órgãos jurisdicionais para que só aquele deva exercê-la em concreto. (Grinover, 
2004-49). 
Para se chegar à competência militar, pode-se fazer o seguinte caminho. 
No primeiro momento tem-se que saber se tratasse de crime militar (legislação especial) em 
razão da matéria (art. 9º do CPM). 
Sendo crime militar, se é crime militar estadual ou federal. 
Se é crime militar estadual, saber se é competência do juiz de direito ou do conselho de 
justiça permanente ou conselho de justiça especial (competência interna). 
Se é crime militar federal, saber se é o conselho permanente de justiça ou conselho especial 
que julga (competência interna) ou qual o órgão jurisdicional hierarquicamente competente, caso o 
acusado tenho foro por prerrogativa de função. 
Respondendo a essas questões, por fim, saber o lugar da infração ou residência ou domicílio 
do acusado e, não sendo possível utilizar a regra da prevenção para determinar qual a circunscrição 
judiciária competente, saber qual auditoria militar que irá julgar (competência ratione loci). 
E por fim, pela distribuição ou prevenção, saber qual o juiz competente dessa auditoria 
militar. 
 
5. DO FORO MILITAR (arts. 82 a 84 do CPPM) 
O foro militar é especial, e, exceto nos crimes dolosos contra a vida praticados contra civil, a 
ele estão sujeitos, em tempo de paz, nos crimes definidos em lei contra as instituições militares (art. 
9º do CP), as seguintes pessoas: 
 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
a) os militares em situação de atividade; 
b) os militares da reserva, quando convocados para o serviço ativo; 
c) os reservistas, quando convocados e mobilizados, em manobras, ou no 
desempenho de funções militares; 
d) os oficiais e praças das Polícias e Corpos de Bombeiros, Militares, quando 
incorporados às Forças Armadas; 
e) aos militares da reserva remunerada e os reformados que cometam crimes 
militares definidos em lei. 
f) os civis que cometam crimes militares definidos em lei, somente na Justiça 
Militar da União. Os civis jamais serão processados na Justiça Militar Estadual. 
 
6. FORO MILITAR EM TEMPO DE GUERRA 
O foro militar, em tempo de guerra, poderá, por lei especial, abranger outros casos além dos 
previstos, desde que tenham previsão legal anterior, respeitando o princípio da legalidade e da 
vedação do julgamento por tribunal de exceção, ou seja, a previsão tem que ser anterior ao fato. 
 
7. A COMPETÊNCIA DO FORO MILITAR SERÁ DETERMINADA 
a) pelo lugar da infração (arts. 88 a 92 do CPPM) (forum commissi delicti). 
A competência será, em regra, determinada pelo lugar da infração; e, no caso de tentativa, 
pelo lugar em que for praticado o último ato de execução. 
Para a fixação da competência pelo lugar da infração, o Código de Processo Penal Militar 
adotou a teoria do resultado. 
 
EMENTA: CONFLITO DE COMPETÊNCIA. FRAUDE EM CONCURSO. ESCO-LA DE 
ESPECIALISTAS DA AERONÁUTICA. LOCAL EM QUE O AGENTE PERCEBE A VANTAGEM. 
COMPETÊNCIA DEFINIDA. O crime de estelionato consuma-se no local onde o agente 
obtém a vantagem. No caso, a fraude no concurso foi meio de se obter vantagem ilícita 
com a matrícula na Escola de Especialistasda Aeronáutica. A vantagem foi auferida 
quando da matrícula na EEAR, em Guaratinguetá - SP. Conflito conhecido para declarar 
competente para processar e julgar o feito o Juízo da 1ª Auditoria da 2ª CJM. Decisão 
majoritária. (STM CC 2002.01.000310-2, REL MIN SÉRGIO XAVIER FEROLLA, DJ 
24.9.2002.) 
 
Não há conflito com a regra do Código Penal Militar que adota quanto ao local do crime a 
teoria da ubiquidade ou mista. Este regramento é utilizado para os crimes à distância, ou seja, 
aqueles cujo início da execução se deu em um país estrangeiro e a consumação se deu no Brasil, ou o 
início da execução se deu no Brasil e consumação se deu no estrangeiro. 
Para os crimes militares perpetrados no Brasil, utiliza-se a teoria do resultado. 
Na tentativa também é utilizada a teoria do resultado. Deve-se atentar para o iter criminis 
(caminho do crime, cogitação, preparação, execução e não chega à consumação por circunstâncias 
alheias à vontade do agente) sendo competente o local onde foi praticado o último ato de execução. 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
Este critério é utilizado para facilitar a colheita da prova, bem como foi o local em que 
ocorreu a quebra dos princípios da disciplina e hierarquia. 
Por ser uma competência territorial, é competência relativa que admite prorrogação, 
ressaltando-se que apenas entre órgãos da Justiça Militar, tendo em vista que se trata de uma justiça 
especial prevista constitucionalmente, logo competência absoluta, que não se prorroga e que pode 
ser alegada a qualquer tempo. 
Assim, a competência constitucional atribuída à Justiça Militar é absoluta, não pode ser 
modificada, podendo ser alegada a qualquer tempo pelas partes e ser declarada de oficio pelo juiz. 
Já a competência territorial é relativa, admite prorrogação entre os juízos militares 
competentes constitucionalmente, sob pena de preclusão, isto é, se não for alegada em momento 
oportuno pelas partes, considera-se sanada e pode também ser declarada de ofício pelo juiz. 
 
b) A bordo de navio (art.89 do CPPM) 
Os crimes cometidos a bordo de navio ou embarcação sob comando militar ou militarmente 
ocupado em porto nacional, nos lagos e rios fronteiriços ou em águas territoriais brasileiras serão, 
nos dois primeiros casos, processados na Auditoria da Circunscrição Judiciária correspondente a cada 
um daqueles lugares; e, no último caso, na Capital Federal, Brasília, 11 ª Circunscrição Judiciária 
Militar. 
 
c) A bordo de aeronave (art. 90 do CPPM) 
Os crimes cometidos a bordo de aeronave militar ou militarmente ocupada, dentro do 
espaço aéreo correspondente ao território nacional, serão processados pela Auditoria da 
Circunscrição em cujo território se verificar o pouso após o crime; e se este se efetuar em lugar 
remoto ou em tal distância que torne difíceis as diligências, a competência será da Auditoria da 
Circunscrição de onde houver partido a aeronave, salvo se ocorrerem os mesmos óbices, caso em 
que a competência será da Auditoria mais próxima da 1ª, se na Circunscrição houver mais de uma. 
 
d) Crimes fora do território nacional (arts. 91 e 92 do CPPM) 
Os crimes militares cometidos fora do território nacional serão, em regra, processados em 
Auditoria da Capital da União. 
No caso de crime militar somente em parte cometido no território nacional, se iniciada a 
execução em território estrangeiro, o crime se consumar no Brasil, será competente a Auditoria da 
Circunscrição em que o crime tenha produzido ou devia produzir o resultado. 
Iniciada a execução no território nacional, o crime se consumar fora dele, será competente a 
Auditoria da Circunscrição em que se houver praticado o último ato ou execução. 
Em tempo de guerra, a competência do foro militar reger-se-á, por norma, pelo critério 
ratione loci cabendo o processo e julgamento do feito à auditoria existente no teatro de operações 
(LOJMU art. 94). Exceção se faz ao crime praticado pelo comandante do teatro de operações de 
guerra, cuja competência será do STM, por prerrogativa de função (LOJMU art. 95, Parágrafo único) . 
 
 
 
 
 
 
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8. RESIDÊNCIA OU DOMICÍLIO DO ACUSADO OU PELA SEDE DO LUGAR DO 
SERVIÇO (arts. 93 e 96 do CPPM) 
É critério subsidiário em relação ao local da infração. Se não for conhecido o lugar da 
infração, a competência regular-se-á pela residência ou domicílio do acusado, salvo para o militar em 
situação de atividade. Nestes casos, o lugar da infração, quando este não puder ser determinado, 
será o da unidade, navio, força ou órgão onde estiver servindo, não lhe sendo aplicável o critério da 
prevenção, salvo entre Auditorias da mesma sede. 
 
9. DA COMPETÊNCIA POR PREVENÇÃO (arts. 94 e 95 do CPPM) 
 A competência firmar-se-á por prevenção, sempre que, concorrendo dois ou mais juízes 
igualmente competentes ou com competência cumulativa, um deles tiver antecedido aos outros na 
prática de algum ato do processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento 
da denúncia. 
 
A competência pela prevenção pode ocorrer: 
a) quando incerto o lugar da infração, por ter sido praticado na divisa de duas ou 
mais jurisdições; 
b) quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições; 
c) quando se tratar de infração continuada ou permanente, praticada em 
território de duas ou mais jurisdições; 
d) quando o acusado tiver mais de uma residência ou não tiver nenhuma, ou 
forem vários os acusados e com diferentes residências. 
 
É um critério subsidiário de determinação da competência que vai ser utilizado quando os 
critérios anteriores (lugar da infração e domicílio ou residência do réu) não forem suficientes para 
dirimir a dúvida de qual juiz será o competente. 
A antecedência de algum ato no processo tem que ter cunho decisório, tais como, 
homologação da prisão em flagrante e seu relaxamento, a decretação da prisão preventiva e sua 
liberdade provisória, a concessão ou não de menagem, quebra de sigilo bancário e fiscal. 
Deve-se observar desta maneira se ato tem conteúdo decisório, assim, atos de investigação 
no inquérito policial militar em que o juiz apenas remete os autos do inquérito da autoridade 
judiciária militar para o Ministério Público Militar não previne o juiz. 
 
10. DA COMPETÊNCIA POR DISTRIBUIÇÃO (art. 98 do CPPM) 
Quando, na sede de Circunscrição, houver mais de uma Auditoria com a mesma 
competência, esta se fixará pela distribuição. A distribuição realizada em virtude de ato anterior à 
fase judicial do processo prevenirá o juízo. 
Com a utilização dos critérios anteriores, já estará fixada a Circunscrição Judiciária Militar. 
Ocorre que é possível que tenha mais de um juiz igualmente competente para o caso. Se algum deles 
adiantar-se aos demais na prática de algum ato do processo ou de medida a este relativa, ainda que 
anterior ao oferecimento da denúncia, passa a ser o único competente mediante prevenção. Se não 
houver prevenção, será feita a distribuição. 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
 
11. PRERROGATIVA DE POSTO E FUNÇÃO (art.108 do CPPM) 
Em face da relevância do cargo ou da função exercida por determinadas pessoas, são elas 
julgadas originariamente por órgãos superiores da jurisdição e não pelos órgãos comuns. 
A denúncia deve ser oferecida pelo órgão do Ministério Público Militar em atuação com o 
Superior Tribunal Militar. Estende-se a competência do Superior Tribunal Militar sobre seu 
jurisdicionado qualquer que tenha sido o local da prática do delito. 
A competência por prerrogativa do posto ou da função decorre da sua própria natureza e 
não da natureza da infração, e regula-se estritamente pelas normas expressas na legislação especial. 
Compete ao Superior Tribunal Militar processar e julgar originariamente os oficiaisgenerais 
das Forças Armadas, nos crimes militares definidos em lei (art. 6º, I, “a”, da Lei 8457/92), como os 
oficiais generais das três forças: Marinha, Exército e Aeronáutica, isto é, Almirantes, na Marinha, 
Brigadeiros na Aeronáutica e Generais no Exército. 
A lei menciona crimes militares, assim, os oficiais generais por crimes militares são julgados 
pelo Superior Tribunal Militar. Todavia, se um oficial general pratica qualquer outro crime comum, 
doloso contra a vida contra civil, de trânsito, será julgado pelo tribunal do júri ou juízo comum no 
lugar da infração. A prerrogativa da função dos oficiais generais é somente para os crimes militares, 
no Superior Tribunal Militar. 
O comandante do teatro de operações responderá a processo perante o Superior Tribunal 
Militar, condicionada a instauração da ação penal à requisição do Presidente da República (art. 95, 
parágrafo único, da Lei 8457/92). 
Nesta situação, o legislador ressalta na hipótese a função que o acusado exerce, e não o fato 
de ele ser oficial-general, mesmo porque tal função não será, necessariamente, privativa do 
oficialato máximo, ou até mesmo de militar. Condiciona-se ainda a instauração da ação penal à 
requisição do Presidente da República, exceção que se faz à norma geral da ação penal militar 
pública incondicionada. 
Compete ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar, originariamente nas infrações 
penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Comandantes da Marinha, do Exército e da 
Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, que menciona competência privativa ao Senado 
Federal para processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de 
responsabilidade, os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma 
natureza conexos com aqueles (art. 102, I, “c”, da CF). 
Assim, os comandantes das três forças serão julgados pelos crimes comuns e de 
responsabilidade (infrações político-administrativas) perante o Supremo Tribunal Federal, salvo a 
última, quando conexa com o Presidente e o Vice-presidente da República; neste caso serão julgados 
pelo Senado Federal (jurisdição política). 
 
12. PRERROGATIVA DE POSTO E DE FUNÇÃO NA JUSTIÇA MILITAR ESTADUAL 
Os Oficiais da PM e do BM são processados e julgados pelo Conselho Especial de Justiça, 
competência por prerrogativa de posto. Entretanto, nos crimes militares cometidos contra civil, o 
militar estadual, independentemente de posto, graduação ou praça, é julgado, singularmente, pelo 
Juiz de Direito do Juízo Militar. A prerrogativa estende-se ao Oficial na inatividade. 
 
13. PRERROGATIVA DE FORO E CRIME MILITAR 
 
 
 
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No caso de autoridades que têm foro por prerrogativa de função assegurada 
constitucionalmente em razão da importância do cargo que ocupam, possuem um foro originário 
que pode ser, dependendo do caso, os Tribunais Superiores (STF e STJ) ou Tribunais Regionais ou 
Estaduais (TRF, TJ e TRE). 
Em relação à Justiça Militar Estadual, não tem maiores problemas, pois civis não respondem 
perante a Justiça Militar Estadual por vedação expressa no art. 125, § 4º, da CF. 
No que tange à Justiça Militar da União, em que o civil pode cometer crime militar definido 
em lei ou em crime conexo com militar, é que pode suscitar alguma dúvida. 
Eugênio Pacceli menciona que, em tema de foro privativo por prerrogativa de função, a 
dicotomia adotada na jurisdição penal brasileira biparte-se na definição de crimes comuns e crimes 
de responsabilidade. E só. Assim, entre crimes comuns estão incluídas, unicamente para tais 
finalidades (determinação de foro privativo), todas as infrações penais que não constituam crime de 
responsabilidade, visto que estes estão submetidos à jurisdição política. 
Ronaldo João Roth analisa que a condição especial da Justiça Militar vem justificada na CF 
quando definiu a sua competência de julgar os crimes militares definidos em lei, resultando de uma 
Lei de Organização Judiciária Militar, que existe no plano federal e de maneira autônoma em cada 
unidade da federação, um Código Penal Militar e o Código de Processo Penal Militar, com aplicação 
na Justiça Militar Estadual e Federal. 
Célio Lobão conclui que o Direito Penal Militar é especial em razão do bem jurídico tutelado – 
as instituições militares – especificamente, na disciplina e hierarquia, do serviço e do dever militar, 
acrescido da condição de militar dos sujeitos do delito. Dessa forma, seriam delitos especiais apenas 
os crimes propriamente militares, enquanto os impropriamente militares, embora inseridos no 
Código Penal Militar, não seriam crimes especiais. Apesar de serem julgados por órgãos especiais 
constitucionalmente previstos, em razão de circunstâncias expressas na lei, tais delitos não se 
especializam e continuam sendo crimes comuns. O autor faz referência a dois crimes 
impropriamente militares cometidos por civil, atentatórios ao serviço militar, que são: insubmissão, 
que se encontra previsto nos arts. 183 a 186 do CPM e favorecimento a desertor no art. 193 do CPM. 
Dessa forma concluímos que o crime militar é um crime comum julgado em justiça 
constitucionalmente especializada. Ou melhor, um crime comum especial, pois, em contrapartida, 
por não ser um crime de responsabilidade e por ser processado em justiça especializada que julga 
apenas delitos constitucionalmente delimitados e infraconstitucional-mente tipificados. 
Ressaltamos que, caso seja objeto de questão em prova, deve-se responder que se trata de 
crime comum. 
Com respeito às autoridades que têm o foro por prerrogativa de função determinada 
expressamente na Constituição Federal nos Tribunais Superiores, sem nenhuma ressalva, 
entendemos que, caso sejam agentes de um crime militar, responderão em seus respectivos foros 
constitucionalmente previstos. Ex. A mãe de um deputado federal, viúva de militar que recebia 
pensão, vem a falecer e o deputado federal continua recebendo os vencimentos da pensão que era 
devida a sua mãe, sem comunicar o óbito à administração militar. Ele responderá pelo crime, em 
tese, de estelionato ou apropriação indébita (divergências na doutrina e jurisprudência) no Supremo 
Tribunal Federal, art. 102, I, “b”, da CF. Compete ao Supremo Tribunal Federal, I - processar e julgar, 
originariamente: b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-presidente, os 
membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República. 
O STF enfrentou esta questão em relação a deputado federal, militar da reserva remunerada, 
pela suposta prática do crime de publicação ou crítica indevida, previsto no art. 166 do Código Penal 
Militar - CPM, em razão de ter publicado, em seu jornal, matéria crítica a ato de comandante de 
batalhão da polícia militar. Salientou-se que o indiciado, embora no exercício de mandato de 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
deputado federal, submeter-se-ia à aplicação da lei penal militar por ser militar da reserva 
remunerada (art. 9º, III e 13 do CPM), e responderia ao inquérito e posterior ação penal no STF 
enquanto deputado federal. 
Já em relação às autoridades que têm a sua competência constitucionalmente prevista nos 
Tribunais inferiores, com a única ressalva da competência da Justiça Eleitoral, entendemos que segue 
a regra geral e serão processadas nos foros que a CF prevê expressamente considerando os crimes 
militares como crimes comuns. 
Como exemplo, o art. 96: “Compete privativamente: III - aos Tribunais de Justiça julgar os 
juízes estaduais e do Distrito Federal e Territórios, bem como os membros do Ministério Público, nos 
crimes comuns e de responsabilidade, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral”, e o art. 108: 
“Compete aos Tribunais Regionais Federais: I - processar e julgar, originariamente: a) os juízes 
federaisda área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos crimes 
comuns e de responsabilidade, e os membros do Ministério Público da União, ressalvada a 
competência da Justiça Eleitoral”. 
No exemplo acima, se juiz estadual cometer crime militar federal, será julgado no seu 
respectivo tribunal; da mesma forma, se juiz federal cometer o mesmo delito, será julgado no seu 
respectivo Tribunal Regional Federal. 
Hipótese que pode suscitar alguma celeuma é no caso dos deputados estaduais e prefeitos, 
que têm a regra constitucional implícita de competência em relação aos crimes militares federais 
prevista no art. 29, X, da CF- julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça em relação aos 
prefeitos e art. 27, § 1º - aos Deputados Estaduais, aplicando-se lhes as regras desta Constituição 
sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades c/c art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se 
pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição, ambos da Carta 
Política. 
Eugênio Pacelli menciona que, em relação aos deputados estaduais e prefeitos, o foro 
privativo na jurisdição do Tribunal de Justiça somente se aplicará quando se tratar de crime de 
competência da Justiça Estadual, ficando, portando, ressalvada a competência da Justiça Federal – 
nos crimes federais, quando será do Tribunal Regional Federal –, da Justiça Eleitoral (nos crimes 
eleitorais, cuja competência desloca-se para o Tribunal Regional Eleitoral) e até mesmo da Justiça 
Militar da União ( na hipótese de crime militar). 
Concordamos com o autor, no entanto, ao fazer o seu correto raciocínio, deixou de 
mencionar qual seria o tribunal competente para julgar prefeito ou deputado estadual que cometam 
crime militar. O Superior Tribunal de Justiça se pronunciou a respeito do tema, porém sem 
mencionar qual seria o tribunal competente. 
 
Ementa: constitucional. Processual penal. Prefeito municipal. Foro criminal. Tribunal de 
justiça.- a carta magna de 1988 instituiu em favor dos prefeitos municipais o privilégio 
de foro, tornando imperativo o seu julgamento pelo tribunal de justiça, tanto nos crimes 
funcionais como nos comuns, ressalvada a competência da justiça federal, da justiça 
militar da união e da justiça eleitoral (art. 29, x). Tendo sido cometido o crime durante o 
cumprimento do mandato, prevalece a competência especial mesmo após o período de 
exercício funcional (SUM. 394/STF).- habeas corpus concedido. STJ HC 4697/CE; Relator 
Ministro Vicente Leal, DJ 24.02.1997. 
 
Esta jurisprudência deve ser lida com as regras atuais, no que tange ao período em que o 
ocupante do cargo irá gozar de foro privilegiado, uma vez cancelada a Súmula 392 do STF e 
declaração de inconstitucionalidade na ADI 2.797 e 2860 da Lei 10.628/2002, que afastou de vez a 
 
 
 
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possibilidade de ocupante de cargo com foro por prerrogativa de função continuar a responder 
processo no foro privilegiado, após o afastamento do cargo. 
Na Justiça Militar Federal a competência funcional vertical ou em razão de recurso é do 
Superior Tribunal Militar. 
No caso dos deputados estaduais e dos prefeitos não há uma regra constitucionalmente 
expressa em relação aos crimes militares nem uma excepcionalidade constitucional. Fredie Didier Jr 
lembra que o STF admite que se reconheça a existência de competência implícita (implied power): 
“quando não houver regra expressa, algum órgão jurisdicional haverá de ter competência para 
apreciar a questão". 
Da mesma forma o professor Canotilho comenta que o poder implícito ou implied power é o 
poder não expressamente mencionado na constituição, mas adequado à prossecução dos fins e 
tarefas constitucionais atribuídos aos órgãos de soberania. 
Valendo-se desse raciocínio e de uma interpretação sistemática, entendemos que, em 
relação aos prefeitos e deputados estaduais que venham a cometer crime militar, a competência 
será implícita e em simetria com o Tribunal de Justiça, órgão jurisdicional de segundo grau que é 
competente para processar e julgar as autoridades em crimes estaduais; caso cometam crimes 
militares, deverão ser julgadas pelo Superior Tribunal Militar, órgão jurisdicional de segundo grau da 
Justiça Militar da União, competente implicitamente para o processo e julgamento. 
Assim, os prefeitos e deputados estaduais serão julgados pelo Superior Tribunal Militar. 
A mesma regra será utilizada pelo agente militar que vier a ocupar algum cargo com foro por 
prerrogativa de função. Deve ser iniciado o processo no foro militar, caso tenha início na Justiça 
Militar e no correr do processo venha o militar a exercer cargo civil com prerrogativa de foro, o 
processo deve ser remetido à justiça constitucionalmente competente, observando o regramento da 
súmula 451 do STF. 
 
EMENTA: - Conflito de competência. 2. Acusação de participação de cerca 2.000 
integrantes da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais em fatos ocorridos entre os dias 
13 a 24 de junho de 1997, em Belo Horizonte, de possível caráter delituoso. 3. Hipótese 
de aplicação do art. 80 do Código de Processo Penal, justificando-se o desmembramento 
dos processos em face do excessivo número de acusados. 4. Competência do Tribunal 
de Justiça do Estado de Minas Gerais para o processo e julgamento dos policiais 
investidos em mandato de Deputado Estadual, devendo os demais ser remetidos à 
Primeira Instância da Justiça Militar do Estado de Minas Gerais. Pet-QO 2020 / MG - 
MINAS GERAIS QUESTÃO DE ORDEM NA PETIÇÃO Relator: Min. NÉRI DA SILVEIRA, 
Julgamento:08/08/2001, Órgão Julgador: Tribunal Pleno 
 
14. CONEXÃO E CONTINÊNCIA (arts. 99 a 107 do CPPM) 
Alguns doutrinadores entendem que a conexão e a continência são critérios para a fixação da 
competência; filiamo-nos à corrente majoritária que entende ser caso de prorrogação. Com efeito, 
quando existe algum vínculo entre duas ou mais infrações, estabelece a lei que deve existir um só 
processo para facilitar a colheita da prova e evitar decisões conflitantes. 
Uma regra básica para diferenciar a conexão da continência é que nesta necessariamente há 
uma conduta (ação ou omissão), mesmo que tenha mais de um resultado. Naquela há mais de uma 
conduta (ação ou omissão) e mais de um resultado. Em ambas pode ocorrer pluralidade de agentes. 
 Assim, para facilitar e guardar a regra: continência, uma; conexão, duas (conduta). 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
As regras do Código de Processo Penal Militar são muito parecidas com a legislação comum 
em relação à conexão e à continência. 
 Para que exista conexão, deve haver um vínculo, uma ligação entre dois ou mais crimes, 
militares ou comuns (latu sensu). O art. 99 do Código de Processo Penal Militar enumera essas 
hipóteses, devendo-se salientar que só se fala em conexão quando forem praticadas duas ou mais 
infrações, no entanto não é o critério diferenciador com a continência que provoca a ocorrência de 
duas ou mais infrações. 
 
14.1 HAVERÁ CONEXÃO (art. 99 do CPPPM): 
a) se, ocorridas duas ou mais infrações, tiverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias 
pessoas reunidas ou por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por 
várias pessoas, umas contra as outras; 
Conexão intersubjetiva: nesta, as duas ou mais infrações são praticadas por dois ou mais 
sujeitos (intersubjetiva), sendo que o vínculo entre os delitos reside justamente nisso. Dá-se pelas 
seguintes formas: 
a.1) intersubjetiva por simultaneidade: se, ocorrendo duas ou mais infrações penais, 
houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas. Não há liame subjetivo ou 
acordo de vontade prévio. Ex. GRENAL em que a torcida do Grêmio depredou o estádio do Gigante 
da Beira-Rio. 
a.2) intersubjetiva por Concurso: se, ocorrendo duas ou mais infrações penais,houverem 
sido praticadas por várias pessoas em concurso, embora diverso tempo e lugar. Neste caso há liame 
subjetivo entre os agentes. Ex.: quadrilhas especializadas a roubo de banco na região metropolitana 
de Porto Alegre, no mesmo dia e horário. 
a.3) intersubjetiva por reciprocidade: se as infrações forem praticadas por duas ou mais 
pessoas, umas contra as outras. Ex.: as torcidas organizadas (bem delimitado o grupo) na saída do 
GRENAL. 
b) se, no mesmo caso, umas infrações tiverem sido praticadas para facilitar ou ocultar as 
outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas; 
Conexão objetiva: são hipóteses em que o vínculo entre as infrações está na motivação de 
uma delas em relação à outra. Classificam-se em: 
b.1) objetiva teleológica: quando uma infração penal visa a assegurar a execução de 
outra. Ex.: matar o único vigia em uma casa para entrar e furtar objetos. 
b.2) objetiva consequencial: quando uma infração visa a assegurar a ocultação, a 
impunidade ou vantagem de outra. Depois de entrar na casa e furtar, ser surpreendido por vigia 
(testemunha) e o matar para assegurar a impunidade do crime. 
Não há um vínculo subjetivo nesta hipótese e sim, por uma questão fática (objetiva), houve a 
realização de um segundo crime conexo com o primeiro. 
 
EMENTA. RECURSO INOMINADO. ART. 146 DO CPPM. COMPETÊNCIA REGULADA PELA 
CONEXÃO. É mister que o Juiz, ao apreciar a legalidade da prisão em flagrante, adentre à 
análise da tipicidade do delito em tese praticado pelo preso. Mas os fundamentos da 
decisão, bons ou ruins, não servem para impedir o Parquet de exercer seu mister de 
dominus litis, nem têm o condão de rejeitar denúncia ainda não oferecida. A expressão 
"no mesmo caso" contida na alínea "b" do art. 99 do CPPM não se refere à expressão 
 
 
 
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"ao mesmo tempo" inserta na alínea "a" do mesmo artigo mas à expressão "se, 
ocorridas duas ou mais infrações" com a qual se inicia o referido dispositivo. "Para existir 
a conexão objetiva, não há necessidade de mais nada que a relação de causalidade, não 
se cogitando, por isso, de concomitância, pluralidade de agentes ou concerto prévio" 
(FREDE-RICO MARQUES). Conexão reconhecida em virtude de a infração, se havida, ter 
sido praticada para conseguir impunidade ou vantagem em relação a outra. Recurso 
parcialmente provido. Unânime. STM (RECURSO CRIMINAL N° 2001.01.006929-7 - RJ - 
Ministro Relator JO-SÉ JULIO PEDROSA - sessão em 11/04/2002.) 
 
c) quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares influir 
na prova de outra infração. 
Conexão instrumental ou probatória: quando a prova de uma infração ou de qualquer de 
suas circunstâncias elementares influir na prova de outra infração. Esta hipótese é o cerne de toda a 
conexão, pois a sua maior função é facilitar a colheita da prova e alcançar a verdade real (utopia). 
A reunião dos processos é um dos instrumentos para facilitar a prova de um ou ambos os 
crimes (instrumental probatória). 
 
14.2 HAVERÁ CONTINÊNCIA (art. 100 do CPPM): 
a) quando duas ou mais pessoas forem acusadas da mesma infração; 
Por cumulação subjetiva: quando duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração 
(concurso de pessoas). 
 
Ementa: Concurso de agentes. Crime de natureza militar em face do critério "ratione 
personae". Coautor estranho à carreira militar. Irrelevância. Em se tratando de concurso 
de agentes, cujo crime de estelionato fora em tese praticado por um militar da ativa 
associado a um civil, contra outro militar, também da ativa, devem ambos os agentes, 
na condição de coautores, responderem pela conduta na Justiça Especializada, nos 
termos do artigo 9º, inciso II, alínea "a", do CPM, c/c o artigo 100, alínea "a", do CPPM. 
Prevalece o entendimento segundo o qual se um civil participa de um crime que só será 
considerado militar pelo critério "ratione personae", incide nas penas dele, apesar de 
ser civil, pois a qualidade militar do autor se comunica ao partícipe. Provido o recurso do 
MPM para, reconhecendo a competência da Justiça Militar da União, cassar a decisão 
recorrida e determinar a baixa dos autos à Auditoria de origem, a fim de que o MM. Juiz-
Auditor se manifeste sobre o recebimento ou não da denúncia oferecida contra o civil, à 
luz dos demais requisitos do artigo 77 do CPPM. Decisão majoritária. (STM Recurso 
Criminal nº 2002.01.007039-2/RJ, decisão de 20/03/2003, Relator Ministro ANTONIO 
CARLOS DE NOGUEIRA.) 
 
b) na hipótese de uma única pessoa praticar várias infrações em concurso. 
Por cumulação objetiva: Nas hipóteses de concurso formal, inclusive na aberratio ictus e 
aberratio criminis. Uma única conduta com dois ou mais resultados. 
 
Ementa: Nulidade do processo. Inocorrência de conexão ou continência. Ausência de 
violação ao princípio do juiz natural. Cerceamento de defesa caracterizada. Prescrição 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
da pretensão punitiva. Não se tem conexão porque as infrações não foram cometidas 
uma para facilitar ou ocultar a outra, ou para assegurar impunidade ou vantagem em 
relação a quaisquer delas, e porque a prova de uma ou de quaisquer de suas 
circunstâncias elementares não influi na prova da outra infração. Também não há que se 
falar em continência, porque os dois militares não foram acusados da mesma infração, 
mas, sim, de infrações diferentes embora com a mesma capitulação. Em relação à 
substituição de um membro do Conselho, transferido para outra OM, embora irregular, 
tal providência não tem o condão de gerar nulidade, conforme dispõe o art. 509 do 
CPPM, pois para a condenação decretada em primeira instância, que foi unânime, a 
maioria não se constituiu com o seu voto. A disposição contida no § 2º do art. 417 do 
CPPM, estabelecendo o número máximo de 03 (três) testemunhas de Defesa por 
acusado, é incompatível com os princípios da isonomia e da ampla defesa, devendo ser 
assegurada a oitiva do mesmo número de testemunhas permitido à acusação. Em se 
tratando de nulidade do processo, como a nova sentença não poderá aplicar pena mais 
grave, posto que implicaria reformatio in pejus indireta, a prescrição da pretensão 
punitiva deve ser regulada pelo quantum da pena imposta na sentença anulada. 
Preliminarmente e de ofício, com base no art. 500, inc. I, do CPPM, foi declarada a 
nulidade do processo; rejeitada a preliminar que alegava violação ao princípio do juiz 
natural; acolhida a preliminar de cerceamento de defesa para declarar nulo o processo, 
e, ainda, de ofício, declarada a extinção da punibilidade. Decisão unânime. (STM AP. 
2001.01.048869-3, REL MIN ANTONIO CARLOS DE NOGUEIRA, DJ 5.11.2002.) 
 
14.3 REGRAS PARA DETERMINAÇÃO (art. 101 do CPPM) 
Na determinação da competência por conexão ou continência, serão observadas as seguintes 
regras: 
 
Concurso e prevalência 
I - No concurso entre a jurisdição especializada e a cumulativa, preponderará aquela; 
Esta regra é utilizada para os crimes militares cometidos fora do território nacional, os quais 
serão, de regra, processados em Auditoria da Capital da União. 
II - No concurso de jurisdições cumulativas: 
a) prevalecerá a do lugar da infração, para a qual é cominada pena mais grave; 
Ex.: Sujeito prestando serviço militar em Bagé, RS, rouba um celular de um colega e é 
transferido para prestar serviço militar em Porto Alegre e lá, antes de iniciada a ação penal em Bagé, 
vende este celular para outro colega de farda na guarnição, sabendo ser produto de crime 
(receptação). Temos dois crimes militares, um de receptação – pena de reclusão até cinco anos –, e 
roubo – pena de reclusão de quatro a quinze anos. 
Utilizando-se a regra do art. 101, II, “a”, será competente para julgar e processar os dois 
delitos a Auditoria de Bagé/RS. 
 
ESTELIONATO. USO DE DOCUMENTO FALSO. CRIMESCONEXOS. ARGUI-ÇÃO DE 
INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO FORMULADA PELO MPM. MANU-TENÇÃO DA DECISÃO "A 
QUO". 1. Trata a hipótese, ainda que em tese, de crimes conexos, uma vez que os fatos 
apurados em um processo (estelionato) e os averiguados em outro feito (uso de 
documento falso) estão intimamente ligados, não devendo, por isso mesmo, serem 
 
 
 
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julgados separadamente, considerando-se que o resultado do julgamento de um 
processo poderá influir, diretamente, no do outro. 2. "Havendo conexão entre dois 
crimes, deve preponderar a jurisdição do lugar da infração mais grave... ." (STF. RT 
537/412). É o caso dos autos. Negado provimento ao recurso ministerial, mantendo-se a 
Decisão "a quo". Decisão unânime. (STM RCR. 2002.01.006933-5, MIN REL SERGIO 
XAVIER FEROLLA, DJ 12.3.2002.) 
 
b) prevalecerá a do lugar onde houver ocorrido o maior número de infrações, se as 
respectivas penas forem de igual gravidade; 
Ex.: Militar prestando serviço militar em Bagé, RS, subtrai um aparelho celular de um colega 
e uma mochila de outro, no alojamento da organização militar. Transferidos para Porto Alegre, um 
dos colegas de farda empresta-lhe um aparelho celular, que, após receber, inverte a pôs-se e não 
entrega mais o aparelho para seu colega, apropriando-se do bem. 
Neste caso temos dois crimes de furto com pena de reclusão até seis anos e um crime de 
apropriação indébita com igual pena. Assim, prevalece o foro de Bagé onde foi cometido o maior 
número de crimes com igual apenação. 
c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos demais casos, salvo disposição especial 
(Prevenção). 
Não sendo possível estabelecer a competência pelas regras anteriores, vale-se da regra 
subsidiária da prevenção, ou seja, aquele que primeiro tiver conhecimento do processo e proferir 
algum despacho de cunho decisório. 
 
EMENTA. Recurso Criminal. Estelionato. Rejeição de denúncia. Arguição de 
incompetência. Teoria da ubiquidade. Prevenção. Fraude na realização de concurso, em 
que o candidato se faz substituir por pessoa diversa, logrando aprovação no certame. 
Prova realizada em Belém com a utilização de fraude e obtenção da vantagem ilícita em 
São Paulo. Incerteza quanto à competência resolvida pela regra da prevenção (CPPM, 
art. 94), quando um juiz (2ª CJM) se antecipa a outro (8ª CJM) por haver praticado 
medida no processo, mesmo an-tes do oferecimento da denúncia. Precedentes. Recurso 
ministerial improvido, para declarar a competência do Juízo da 2ª Auditoria da 2ª CJM. 
Decisão unânime. (STM RCR. 2004.01.007213-1, REL MIN VALDÉSIO GUILHERME DE 
FIGUEIREDO, DJ 9.11.2004.) 
 
III - no concurso de jurisdição de diversas categorias, predominará a de maior graduação. 
Regra utilizada em relação ao Superior Tribunal Militar e Auditorias. Prevalece o Superior 
Tribunal Militar. 
Em caso de conexão ou continência, o juízo prevalente terá a sua competência prorrogada 
para processar as infrações cujo conhecimento, de outro modo, não lhe competiria. 
Ex.: Soldado em concurso comete um crime militar com um General do Exército; ambos 
serão julgados no Superior Tribunal Militar. 
Verificada a reunião dos processos, em virtude de conexão ou continência, ainda que no 
processo da sua competência própria venha o juiz ou tribunal a proferir sentença absolutória ou que 
desclassifique a infração para outra que não se inclua na sua competência, continuará ele 
competente em relação às demais infrações (art. 104 do CPPM). 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
É o caso de perpetuação da jurisdição. No exemplo acima, caso o General venha ser 
absolvido, o Superior Tribunal Militar continuará competente para julgar o soldado. 
 
EMENTA: - Habeas Corpus. 2. Competência. 3. Justiça Militar. 4. Lei nº 8457/1992, art. 
23, §§ 2º e 3º. 5. Se a acusação abranger oficial e praça, responderão todos perante o 
mesmo Conselho, ainda que excluído do processo o oficial. 5. Hipótese em que a 
competência era do Conselho Especial de Justiça para processar o oficial e praça (Lei nº 
8457/1992, art. 27, I). 6. A unidade do processo era obrigatória, no caso, ut arts. 102 e 
99, alínea c, do CPPM. Conexão dos fatos e sua incindibilidade. 7. Habeas Corpus 
deferido, acolhendo-se o parecer da Procuradoria-Geral da República, anulando-se, em 
consequência, o processo, por incompetência do Juízo de primeiro grau (Conselho 
Permanente de Justiça), devendo o feito ser renovado, no Conselho Especial de Justiça, 
perante o qual foi processado e julgado o oficial. HC 77972 / AM – AMAZONAS, 
Relator(a): Min. NÉRI DA SILVEIRA, DJ 21-05-1999. 
 
15. SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA DOS PROCESSOS (art. 102 do CPPM): 
A conexão e a continência determinarão a unidade do processo, salvo: 
a) no concurso entre a jurisdição militar e a comum; 
No caso de civil praticar crime conexo com policial militar, por vedação expressa, o policial 
militar será julgado na Justiça Militar Estadual, e o civil, na Justiça comum, tendo em vista que o civil 
jamais cometerá crime militar estadual. 
Já no caso de crime militar federal, se o civil cometer crime militar conexo com militar 
federal, ambos serão julgados na Justiça Militar Federal. Outra situação, se o civil cometer crime 
comum (não crime militar) e militar, crime militar, o civil será julgado pela Justiça comum e o militar 
pela Justiça Militar. 
 
EMENTA: RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. INDEFERIMENTO DE DECLI-NATÓRIA DE 
FORO. DENÚNCIA SOBRE RECEPTAÇÃO E FURTO QUALIFI-CADO DE ARMAS DE FOGO. 
SUBTRAÇÃO DE UNIDADE MILITAR E APRE-ENSÃO EM RESIDÊNCIAS DOS DENUNCIADOS. 
TIPICIDADES EM FACE DO CPM E DA LEI Nº 9.437/97. COMPETÊNCIAS DISTINTAS, "IN 
CASU", DAS JUSTIÇAS CASTRENSE E ORDINÁRIA. Concurso de crimes tornando os 
agentes, de forma respectiva, objetos de sanções dos Arts. 254 e 240, § 5º, do Diploma 
Repressor Castrense e do Art. 10 da "Lex" supra destacada, cabendo, em processos 
separados, a apreciação das específicas ilicitudes pelos devidos foros competenciais, "id 
est", o militar e o comum. Inteligências dos arts. 100, alínea b), e 102, alínea b), do 
CPPM. Provimento do recurso "in tela". Desconstituição, em parte, do "decisum" de 1º 
grau. Encaminhamento de cópias de atinentes peças de IPM à Justiça Comum do Estado 
de São Paulo. Decisão por unanimidade. (STM RCR. 2001.01.006803-7, REL MIN CARLOS 
EDUARDO CEZAR DE ANDRADE, 26.9.2001.) 
PROCESSUAL PENAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. CRIME MILITAR. CRIME DE 
HOMICÍDIO. CONEXÃO. REUNIÃO DOS PROCESSOS. IMPOS-SIBILIDADE. 1.Mesmo 
havendo a conexão entre o crime de homicídio e de furto de armas do patrimônio sob 
administração militar, não é possível a reunião do processo, diante de vedação expressa. 
2. Conflito conhecido para declarar competente para o julgamento do crime de furto das 
armas o juízo da 1ª Auditoria da 3ª CJM do Rio Grande do Sul, anulando-se a sentença e 
 
 
 
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a decisão do tribunal do júri relativamente ao mesmo crime. (STJ, CC nº 79.555, 
RELATORA : MINISTRA MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, DJ: 20/08/2007.) 
 
Pode acontecer de o militar cometer um crime militar e comum conexo com aquele. O fato 
de um crime ser cometido por militar não é suficiente para atrair a competência da Justiça Especial. 
Nesse caso também há separação obrigatória. Súmula 90 do STJ: “Compete à Justiça Estadual Militar 
processar e julgar policial militar pela prática do cri-me militar, e à Comum pela prática do crime 
comum simultâneo àquele”. 
 
EMENTA: AÇÃO PENAL. Competência. Crime de roubo. Fato praticado, com abandono 
de posto e arma da corporação, fora da área sujeita à administração castrense. 
Incompetência da Justiça Militar. Feito da competência da Justiça Comum, sem 
prejuízo da competência daquela para o delito de abandono de posto. HC concedido 
para o reconhecer.Inteligência do art. 124 da CF. Precedentes. Ação penal por delito 
cometido por militar, com abandono de posto e arma da corporação, fora da área 
sujeita à administração castrense, não tem por objeto delito militar e, pois, é da 
competência da Justiça Comum, sem prejuízo da competência da Justiça Militar para o 
delito de abandono de posto. (STF - HC 91658 / RJ - Relator: Min. CEZAR PELUSO. DJe- 
22-05-2009). 
 
Um mesmo fato pode originar duas ações, por exemplo, na Justiça Federal Comum e Justiça 
Militar da União. É o caso, por exemplo, dos controladores de voo e sargentos da Força Aérea 
Brasileira responsáveis pelo monitoramento das rotas do Boeing 737 da Gol Linhas Aéreas e do Jato 
Legacy, da empresa americana Excel Air Service, cujo choque resultou no acidente que vitimou todos 
os passageiros e tripulantes do avião da Gol que continuarão a ser processados pela Justiça Federal e 
também pela Justiça Militar. A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal rejeitou o Habeas 
Corpus (HC 105301) contra o acórdão do STJ assim ementado. 
 
“PENAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. ACIDENTE AÉREO. ATENTADO CONTRA A 
SEGURANÇA DE TRANSPORTE AÉREO. INOBSERVÂNCIA DE LEI, REGULAMENTO OU 
INSTRUÇÃO E HOMICÍDIO CULPOSO. DELITOS PRATICADOS POR MILITARES, 
CONTROLADORES DE VOO. CRIMES DE NATUREZA MILITAR ECOMUM. 
DESMEMBRAMENTO. PRINCÍPIO DO NE BIS IN IDEM. INEXISTÊNCIA DE CONFLITO. 1. 
Não ofende o princípio do ne bis in idem o fato dos controladores de voo estarem 
respondendo a processo na Justiça Militar e na Justiça comum pelo mesmo fato da vida, 
qual seja o acidente aéreo que ocasionou a queda do Boeing 737/800 da Gol Linhas 
Aéreas no Município de Peixoto de Azevedo, no Estado do Mato Grosso, com a morte de 
todos os seus ocupantes, uma vez que as imputações são distintas. 2. Solução que se 
encontra, mutatis mutandis, no enunciado da Súmula 90/STJ: "Compete à Justiça Militar 
processar e julgar o policial militar pela prática do crime militar, à Comum pela prática 
do crime comum simultâneo àquele". 3. Conflito não conhecido.” ( STJ - CC nº 91.016-
MT) 
 
O Ministério Público Federal denunciou os controladores por dois crimes dolosos de 
atentado contra a segurança de transporte aéreo, em concurso formal, sendo um na modalidade 
fundamental (art. 261 do Código Penal), quanto à periclitação do jato Legacy, e outro qualificado por 
154 mortes (art. 261, § 1º, c/c o art. 263, ambos do Código Penal), em relação ao avião da Gol. 
 
 
 
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Na sequência, o Ministério Público Militar ofereceu denúncia contra os mesmos profissionais 
pela prática do delito de inobservância de lei, regulamento ou instrução (delito previsto 
exclusivamente no artigo 324 do Código Penal Militar). Um dos controladores foi denunciado ainda 
por homicídio culposo, que tem igual definição na lei penal comum e na castrense. 
De acordo com o relator do HC, ministro Joaquim Barbosa, os controladores e sargentos não 
são processados pela prática das mesmas condutas delituosas na Justiça Federal e na Justiça Militar, 
muito embora tais ações penais tenham se originado de um mesmo fato. Já no tocante à alegação de 
bis in idem, o relator destacou que as informações prestadas pelo juiz federal de Sinop (MT) e pela 
11ª Circunscrição Judiciária Militar deixam claro que as imputações que recaem sobre os 
denunciados “são distintas, bem delineadas e peculiares dos respectivos âmbitos de competência”. 
Joaquim Barbosa ressaltou que a decisão do STJ no conflito de competência (CC 91.016) 
acentuou que “os controladores de voo estão respondendo a processos, nas Justiças Federal do 
Mato Grosso e Federal Militar da Circunscrição Judiciária do Distrito Federal, pelo mesmo fato da 
vida, mas com imputações distintas, inexistindo bis in idem”. 
“Frise-se que a jurisprudência desta Corte é firme no sentido de que um determinado 
acontecimento, em regra, pode dar origem a mais de uma ação penal, sobretudo quando envolverem 
delitos inerentes à competência absoluta de distintos e especializados segmentos jurisdicionais, no 
caso, Justiça Comum e Justiça Penal Militar”. 
Interessante na separação obrigatória de processos, que o trânsito em julgado da decisão do 
juiz absolutamente competente (militar ou comum) não impede o processamento no juízo 
absolutamente competente pelo delito remanescente e que importaria a hipótese de separação 
obrigatória. 
Por exemplo, um fato praticado por um policial militar, que em tese configuraria o delito de 
abuso de autoridade, tipificado na Lei 4898/65, e lesão corporal, tipificada no art. 209 do CPM. Deve-
se atentar à Súmula 172 do STJ: “Compete à Justiça Comum processar e julgar militar por crime de 
abuso de autoridade, ainda que praticado em serviço”. 
A transação penal aceita e homologada no juizado especial relativamente ao crime de abuso 
de autoridade, de competência da justiça comum, não constitui causa de extinção da punibilidade 
em relação ao crime conexo de lesão corporal leve, previsto no Código Penal Militar, não sendo 
possível o julgamento por uma única das instâncias, diante de vedação legal expressa. 
 
EMENTA: HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. AÇÃO PENAL. TRAN-CAMENTO. 
ALEGAÇÃO DE DUPLICIDADE DE PROCESSOS SOBRE OS MESMOS FATOS. CRIMES DE 
NATUREZA COMUM E CASTRENSE. CUM-PRIMENTO DE TRANSAÇÃO PENAL E EXTINÇÃO 
DA PUNIBILIDADE NA JUSTIÇA ESTADUAL. COISA JULGADA MATERIAL. PERSECUÇÃO 
PENAL NA JUSTIÇA MILITAR. PRINCÍPIO DO NE BIS IN IDEM: AUSÊNCIA DE 
PLAUSIBILIDADE JURÍDICA DOS FUNDAMENTOS APRESENTADOS. HA-BEAS CORPUS 
INDEFERIDO. 1. Eventual reconhecimento da coisa julgada ou da extinção da 
punibilidade do crime de abuso de autoridade na Justiça comum não teria o condão de 
impedir o processamento do Paciente na Justiça Castrense pelos crimes de lesão 
corporal leve e violação de domicílio. 2. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal 
firmou entendimento no sentido de que, por não estar inserido no Código Penal Militar, 
o crime de abuso de autoridade seria da competência da Justiça comum, e os crimes de 
lesão corporal e de violação de domicílio, por estarem estabelecidos nos arts. 209 e 226 
do Código Penal Militar, seriam da competência da Justiça Castrense. Precedentes. 3. 
Ausência da plausibilidade jurídica dos fundamentos apresentados na inicial. 4. Habeas 
corpus indeferido. (STF HC 92912, Relatora: Min. CÁRMEN LÚCIA, DJ 19-12-2007.) 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
 
b) no concurso entre a jurisdição militar e a do Juízo de Menores. 
O civil ou militar responderá na Justiça Militar e o menor na vara ou juízo da infância e 
juventude pelo ato infracional conexo com o cri-me militar. 
A separação do processo, no concurso entre a jurisdição militar e a civil, não quebra a 
conexão para o processo e julgamento, no seu foro, do militar da ativa, quando este, no mesmo 
processo, praticar em concurso crime militar e crime comum. 
Caso o civil e o militar tenham praticado crime militar e comum, continua havendo a reunião 
dos processos na Justiça comum pelo crime comum a que ambos irão responder em conexão. 
 
16. SEPARAÇÃO FACULTATIVA (art. 106 do CPPM): 
O juiz poderá separar os processos: 
 
a) quando as infrações houverem sido praticadas em situações de tempo e lugar 
diferentes; 
b) quando for excessivo o número de acusados, para não lhes prolongar a prisão; 
c) quando ocorrer qualquer outro motivo que ele próprio repute relevante. 
 
A principal função da reunião dos processos pela conexão e continência é facilitar a colheita 
da prova e evitar decisões conflitantes. Acontece que, em determinadas situações como as acima, a 
reunião ao invés de ajudar acaba prejudicando o bom andamento do processo ou causando um 
grande gravame para o acusado, autorizando a cisão do processo. 
Da decisão do Juiz-Auditor ou de Conselho de Justiça que determinar a separação do 
processo,haverá recurso de ofício para o Superior Tribunal Militar. 
 
17. SEPARAÇÃO DO PROCESSO NA ETAPA DO JULGAMENTO (art. 105 do CPPM) 
 Separar-se-ão somente os julgamentos: 
 a) se, de vários acusados, algum estiver foragido e não puder ser julgado à 
revelia; 
b) se os defensores de dois ou mais acusados não acordarem na suspeição de 
juiz de Conselho de Justiça, superveniente para compô-lo, por ocasião do 
julgamento. 
 
 
 
 
18. AVOCAÇÃO DE PROCESSO (art. 107 do CPPM): 
Se, não obstante a conexão ou a continência, forem instaurados processos diferentes, a 
autoridade de jurisdição prevalente deverá avocar os processos que corram perante os outros juízes, 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
salvo se já estiverem com sentença definitiva. Neste caso, a unidade do processo só se dará 
ulteriormente, para efeito de soma ou de unificação de penas. 
A sentença definitiva que refere o regramento é aquela que decide o mérito e com o recurso 
cabível de apelação. Não há sentença com trânsito em julgado. 
 
19. DESAFORAMENTO (arts. 109 a 110 do CPPM) 
O desaforamento do processo poderá ocorrer: 
a) no interesse da ordem pública, da Justiça ou da disciplina militar; 
b) em benefício da segurança pessoal do acusado; 
c) pela impossibilidade de se constituir o Conselho de Justiça ou quando a dificuldade de 
constituí-lo ou mantê-lo retarde demasiadamente o curso do processo. 
 
EMENTA: HABEAS CORPUS. PROCESSO MILITAR. IMPOSSIBILIDADE DE REALIZAÇÃO DO 
SORTEIO PARA CONSTITUIR-SE O CONSELHO DE JUSTI-ÇA. DESAFORAMENTO. AUSÊNCIA 
DE VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL. SUSPENSÃO DO PROCESSO: QUESTÃO 
NÃO SUBMETIDA A EXAME DO TRIBUNAL A QUO. 1. Verificada a impossibilidade de 
realizar-se o sorteio para a constituição do Conselho Especial de Justiça, em razão da 
insuficiência numérica de oficiais-generais na circunscrição da respectiva Auditoria 
Militar, cabível é o desaforamento do feito, nos termos da norma processual 
pertinente. Não configura violação ao princípio do juiz natural decisão nesse sentido, 
dado que os acusados serão levados a julgamento pela autoridade judiciária 
competente. 2. Alegação de que os pacientes fazem jus à suspensão do processo com 
base no artigo 89 da Lei 9099/95. Inviável, neste writ, o exame da questão, já que não 
fora submetida à análise do Tribunal a quo. Habeas corpus conhecido em parte e, nessa 
parte, indeferido. HC 82578/AM – AMAZONAS, HABEAS CORPUS Relator: Min. 
MAURÍCIO CORRÊA, DJ 21-03-2003. 
 
 
20. COMPETÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL MILITAR 
 O pedido de desaforamento poderá ser feito ao Superior Tribunal Militar, pelas seguintes 
autoridades: 
 
a) pelos Ministros da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica; 
b) pelos comandantes de Região Militar, Distrito Naval ou Zona Aérea, ou 
autoridades que lhe forem superiores, conforme a respectiva jurisdição; 
c) pelos Conselhos de Justiça ou pelo auditor; 
d) mediante representação do Ministério Público ou do acusado. 
 
Em qualquer dos casos, o pedido deverá ser justificado e sobre ele ouvido o procurador-
geral, se não provier de representação deste. 
O Superior Tribunal Militar, se deferir o pedido, designará a Auditoria na qual deva ter curso 
o processo. 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
O pedido de desaforamento, embora denegado, poderá ser renovado se o justificar motivo 
superveniente. 
No Estado do Rio Grande do Sul, é possível o desaforamento das Auditorias de Passo Fundo e 
de Santa Maria para Porto Alegre. Nos processos de competência singular do Juiz de Direito das 
referidas Auditorias, cabível o desaforamento no interesse da ordem pública, da disciplina militar, ou 
para garantia da integridade física, ou da vida do acusado, ou do defensor. Cabe ao Tribunal de 
Justiça Militar do RS decidir do pedido de desaforamento (art. 234, X, do COJE/RS). 
 
21. DOS CONFLITOS DE COMPETÊNCIA (arts. 111 a 121 do CPPM) 
Haverá conflito positivo, quando duas ou mais autoridades judiciárias entenderem, ao 
mesmo tempo, que lhes cabe conhecer do processo e, negativo, quando cada uma de duas ou mais 
autoridades judiciárias entender, ao mesmo tempo, que cabe a outra conhecer do mesmo processo. 
O conflito poderá ser suscitado: a) pelo acusado; b) pelo órgão do Ministério Público; c) pela 
autoridade judiciária. 
O conflito será suscitado perante o Superior Tribunal Militar pelos auditores ou os Conselhos 
de Justiça, sob a forma de representação, e, pelas partes interessadas, sob a forma de requerimento, 
fundamentados e acompanhados dos documentos comprobatórios. Quando negativo o conflito, 
poderá ser suscitado nos próprios autos do processo. 
Tratando-se de conflito positivo, o relator do feito poderá ordenar, desde logo, que se 
suspenda o andamento do processo, até a decisão final. 
Da decisão final do conflito não caberá recurso. 
O Superior Tribunal Militar, mediante avocatória, restabelecerá sua competência sempre que 
invadida por juiz inferior. 
Compete ao Superior Tribunal de Justiça processar e julgar originariamente os conflitos de 
competência entre quaisquer tribunais, bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e 
entre juízes vinculados a tribunais diversos (art. 105, I, “d”, da CF). 
Ex.: Conflito de competência entre Auditoria Federal e a Justiça comum. Conflito de 
competência entre Auditoria Federal e Auditoria Estadual. 
 
EMENTA: CONFLITO DE COMPETÊNCIA. PENAL. CRIME MILITAR. FALSI-FICAÇÃO DE 
DOCUMENTO MILITAR. UTILIZAÇÃO PERANTE ÓRGÃO SU-JEITO À ADMINISTRAÇÃO 
MILITAR. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA CAS-TRENSE. 1. Comete crime militar o civil não só 
quando realiza ação típica prevista no Código Penal Militar e definida de modo diverso 
na lei penal comum, ou nela não previsto, mas também quando pratica ilícito penal 
contra as instituições militares, que compreendem os crimes previstos de igual maneira 
na lei penal militar e na lei penal comum, nos casos previstos no inciso III do artigo 9º do 
Código Penal Militar. 2. A falsificação de Certificado de Saúde (CCF), emitido pelo Centro 
de Medicina Aeroespacial da Aeronáutica (CEMAL), e sua utilização perante o 
Departamento de Aviação Civil (DAC), ambos órgãos que compõem a estrutura básica 
do Ministério da Aeronáutica, constituem crimes militares. 3. Conflito conhecido para 
declarar competente o Juízo Auditor da 1ª Auditoria da 1ª Circunscrição Judiciária 
Militar, suscitante. STJ CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 37.893 - RJ (2002/0175850-6) 
RELATOR: MINISTRO HAMILTON CAR-VALHIDO, DJ, 16/08/2004. 
 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
Compete ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar originariamente os conflitos de 
competência entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais Superiores, 
ou entre estes e qualquer outro tribunal (art. 102, I. “o”, da CF). 
 
EMENTA: - DIREITO CONSTITUCIONAL, PENAL E PROCESSUAL PENAL MILITAR. 
JURISDIÇÃO. COMPETÊNCIA. CRIME MILITAR. 1. Considera-se crime militar o doloso 
contra a vida, praticado por militar em situação de atividade, contra militar, na mesma 
situação, ainda que fora do recinto da administração militar, mesmo por razões 
estranhas ao serviço. 2. Por isso mesmo, compete à Justiça Militar - e não à Comum - o 
respectivo processo e julgamento. 3. Interpretação do art. 9°, II, "a", do Código Penal 
Militar. 4. Conflito conhecido pelo STF, já que envolve Tribunais Superiores (o Superior 
Tribunal de Justiça e o Superior Tribunal Militar) (art. 102, I, "o", da C.F.) e julgado 
procedente, com a declaração de competência da Justiça Militar, para prosseguir nos 
demais atos do processo. 5. Precedentes. STF CC 7071 / RJ - RIO DE JANEIRO. CONFLITO 
DE COMPETÊNCIA, Relator: Min. SYDNEY SANCHES. DJ 01-08-2003. 
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM CONFLITO DE COMPETÊNCIA. CON-FLITOINEXISTENTE. DECISÃO AGRAVADA MANTIDA. AGRAVO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 
Inexiste conflito de competência quando juízo-auditor militar e Superior Tribunal Militar 
afirmam não ser da competência da Justiça Militar o julgamento do feito. O que existe 
nos autos é mero desacordo da parte com a declaração de incompetência formulada na 
Justiça Militar. O suscitante pretende utilizar-se do Poder Judiciário como órgão de 
consulta, o que é inadmissível. Agravo regimental a que se nega provimento. STF CC-AgR 
7159 / DF - AG.REG.NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA Relator: Min. JOAQUIM BARBOSA, 
DJ 06-11-2006. 
Ementa: “Conflito de Jurisdição entre Tribunal Superior Militar e Juiz estadual (de 1º 
grau) (Justiça comum). Competência para dirimi-lo. Compete ao Supremo Tribunal 
Federal - e não ao Superior Tribunal de Justiça - dirimir conflito de jurisdição entre 
Tribunal Superior Militar e Juiz estadual de 1º grau (justiça comum). Interpretação dos 
artigos 102, I, "o", e 105, I, "d", da CF de 1988. Conflito conhecido nessa parte, declarada 
a competência do juiz estadual para o processo-crime contra civil, acusado por lesões 
corporais culposas em militares, resultantes de acidente de trânsito. Não conhecido, 
porém, no ponto em que o conflito ainda não se configurou (quanto ao acusado 
militar)”. (Conflito de Jurisdição Criminal nº 6895/RJ, Relator Ministro Sydney Sanches, 
julgado em 19/04/1989, pelo Pleno do STF.) 
 
Compete ao Superior Tribunal Militar julgar os conflitos de competência entre Conselhos de 
Justiça, entre Juízes-Auditores, ou entre estes e aqueles, bem como os de atribuição entre 
autoridades administrativa e judiciária militares (art. 6º, II, “g”, da Lei 8457/92). 
Assim, no conflito entre duas auditorias militares federais, a competência para dirimir o 
conflito é do Superior Tribunal Militar. 
 
 
22. COMPETÊNCIA ABSOLUTA E JULGAMENTO POR JUSTIÇA INCOMPETENTE 
Vale ressaltar que é uma competência da Justiça Militar é absoluta, não necessitando 
demonstrar prejuízo por ser uma norma de ordem pública, logo não admite prorrogação, podendo 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
ser suscitada pelas partes a qualquer tempo e reconhecida de oficio, ressalvando a reformatio in 
pejus. 
Tratando-se de incompetência absoluta, logo nulidade absoluta, após trânsito em julgado da 
decisão proferida por um juiz constitucionalmente incompetente, esta decisão poderá ser reformada 
desde que em benefício do “réu”, nos termos da Súmula 160 do STF. Por exemplo, se um militar 
comete um crime de lesão corporal contra outro militar em serviço fora da unidade militar, em tese, 
seria da competência da justiça militar; processado e julgado por este suposto delito na justiça 
comum estadual e se vier a ser absolvido na justiça “constitucionalmente incompetente”, após o 
trânsito em julgado dessa decisão, não poderá ela ser desconstituída para ser julgado pelo juiz 
absolutamente competente, pois virá em prejuízo ao réu. Agora, se, neste mesmo caso, for 
condenado por juiz absolutamente incompetente poderá, após o trânsito em julgado, ser declarada a 
nulidade dessa decisão, pois será em benefício do “acusado”. 
Após o trânsito em julgado da decisão que declara a extinção da punibilidade pelo 
cumprimento integral das condições estabelecidas em transação penal oferecida pelo Ministério 
Público sem atribuição, aceita e homologada por juiz absolutamente incompetente, opera o trânsito 
em julgado e produz os seus efeitos, mesmo em hipótese de nulidade absoluta. Ainda, o princípio do 
ne bis in idem pelo ordenamento jurídico penal complementa os direitos e garantias individuais 
previstos na Constituição, cuja interpretação sistemática leva à conclusão de que o direito à 
liberdade, com base em coisa julgada material, prevalece sobre o dever estatal de acusar. 
 
23. COISA JULGADA E JUÍZO INCOMPETENTE 
O Supremo Tribunal e o Superior Tribunal Militar entendem que há eficácia da coisa julgada 
ainda que a sentença tenha sido proferida por juízo incompetente, pois, embora não tenha 
competência para o feito, tinha o poder para exercer a jurisdição. Se o crime era da competência da 
Justiça Militar Federal e foi proferida sentença absolutória na justiça comum, esta produz efeitos, 
vedada reformatio in pejus. Frisa-se, desde que em benefício do réu. 
 
1-EMENTA: HABEAS CORPUS. ACIDENTE DE TRÂNSITO COM MOTOCI-CLETA PILOTADA 
POR SOLDADO DO EXÉRCITO. FATOS ANALISADOS PE-LO JUÍZO COMUM DA VARA DE 
ACIDENTES DE TRÂNSITO. TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA EXTINTIVA DA 
PUNIBILIDADE. ABERTURA DE NOVO PROCESSO PERANTE A JUSTIÇA CASTRENSE. 
IMPOSSIBILIDADE. INEXISTÊNCIA DE CRIME MILITAR (ALÍNEA "D" DO INCISO III DO ART. 
9º DO CPM). EFICÁCIA DA COISA JULGADA, AINDA QUE A DECISÃO HAJA SIDO 
PROFERIDA POR JUÍZO INCOMPETENTE. Não há que se falar em competência da Justiça 
Castrense se o acidente de trânsito se deu quando o soldado já havia encerrado a 
missão de escolta e retornava ao quartel, não se encontrando, assim, no desempenho 
de função militar (alínea "d" do inciso III do art. 9º do CPM). É de se preservar a coisa 
julgada quanto à decisão extintiva da punibilidade do acusado, ainda que a sentença 
haja sido proferida por juízo incompetente para o feito. Precedentes. Habeas corpus 
deferido. (STF HC 89592 REL MIN CARLOS BRITTO/SP, un., 1ªT., DJ 27.04.2007.) 
Ementa: DECISÃO SUJEITA A DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO. COISA JULGADA. Decisão de 
Conselho de Justiça que reconhece exceção de coisa julgada em relação a um dos 
acusados que, na esfera da justiça ordinária, por haver indenizado a vítima, obteve 
decisão homologatória de acordo decretando a extinção de sua punibilidade. Remessa 
oficial recebida, "ex vi legis", como Recurso Criminal. Questões atinentes à competência, 
agasalhadas pelo manto da "res judi-cata", não podem ser apreciadas por esta Corte 
Castrense. Recurso improvido. Decisão majoritária. STM (RECURSO CRIMINAL Nº 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
2002.01.007012-0/RS, em decisão de 08/10/2002, Relator Ministro HENRIQUE MARINI E 
SOUZA). 
 
Diferente é a hipótese de não ter sido apreciada a questão no juízo incompetente, nestes 
termos, não há coisa julgada. 
 
DECISÃO SUJEITA A DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO (RECURSO DE OFÍ-CIO). COISA 
JULGADA. Fatos ilícitos, em tese, praticados por militar do Exército Brasileiro contra 
policiais militares que, pela amplitude dos bens jurídicos afetados e pluralidade de 
ofendidos, ultrapassa as relações interpessoais. A existência de transação penal no Juízo 
Cível quanto a um dos ofendidos, de validade jurídica duvidosa, ante a existência de 
crime de natureza militar, não configura coisa julgada em relação a outros delitos 
imputados na denúncia formulada na Justiça Castrense, em especial, àqueles que 
atentam contra a autoridade, a disciplina e a administração militar. Recurso provido. 
Decisão unânime. (STM RCR. 2004.01.007199-2, REL MIN HENRIQUE MARINI E SOUZA, 
DJ 26.10.2004.) 
 
O Superior Tribunal Militar entende que, quando não há julgamento do mérito no juízo 
incompetente, não surte efeito a coisa julgada, logo pode ser reapreciada a questão no foro 
competente. 
 
EXTINÇÃO DE PROCESSO SEM JULGAMENTO DE MÉRITO. RECONHECI-MENTO DE COISA 
JULGADA. ENTENDIMENTO PAUTADO BASICAMENTE EM "LEX" NÃO APLICÁVEL NO 
FORO CASTRENSE. DECISÃO DESCONSTI-TUÍDA. "Error in procedendo" que se constata 
em face de inadequado fundamento legal pretendido na "quaestio". Em crime de 
competência, "stricto sensu", da Justiça Castrense, não resta com efeito de coisa julgada 
"decisum" de Foro Comum tomado com respaldo em dispositivos da Lei nº 9.099/95. 
Provimento de recurso "ex-officio". Baixa dos autos ao Juízo de origem, para 
prosseguimento do feito. Decisão por unanimidade. STM (RECURSO CRIMINAL 
2002.01.007026-0/RJ, em decisão de 03/12/2002, Relator Ministro CARLOS EDUARDO 
CEZAR DE ANDRADE).O Supremo Tribunal Federal entende de forma diversa. Após o trânsito em julgado da 
decisão que declara a extinção da punibilidade pelo cumprimento integral das condições 
estabelecidas em transação penal oferecida pelo Ministério Público sem atribuição, aceita e 
homologada por juiz absolutamente incompetente opera o trânsito em julgado e produz os seus 
efeitos, mesmo em hipótese de nulidade absoluta. Ainda, o princípio do ne bis in idem pelo 
ordenamento jurídico penal complementa os direitos e garantias individuais previstos na 
Constituição, cuja interpretação sistemática leva à conclusão de que o direito à liberdade, com base 
em coisa julgada material, prevalece sobre o dever estatal de acusar. Assim, segundo o STF não 
poderá ser interposta ação penal no juiz absolutamente competente, após a homologação da 
transação penal no absolutamente incompetente. 
 
Ementa: HABEAS CORPUS. ACIDENTE DE TRÂNSITO COM MOTOCICLETA PILOTADA POR 
SOLDADO DO EXÉRCITO. FATOS ANALISADOS PELO JUÍ-ZO COMUM DA VARA DE 
ACIDENTES DE TRÂNSITO. TRÂNSITO EM JUL-GADO DA SENTENÇA EXTINTIVA DA 
 
 
 
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PUNIBILIDADE. ABERTURA DE NO-VO PROCESSO PERANTE A JUSTIÇA CASTRENSE. 
IMPOSSIBILIDADE. INE-XISTÊNCIA DE CRIME MILITAR (ALÍNEA "D" DO INCISO III DO ART. 
9º DO CPM). EFICÁCIA DA COISA JULGADA, AINDA QUE A DECISÃO HA-JA SIDO 
PROFERIDA POR JUÍZO INCOMPETENTE. Não há que se falar em competência da Justiça 
Castrense se o acidente de trânsito se deu quando o soldado já havia encerrado a 
missão de escolta e retornava ao quartel, não se encontrando, assim, no desempenho 
de função militar (alínea "d" do inciso III do art. 9º do CPM). É de se preservar a coisa 
julgada quanto à decisão extintiva da punibilidade do acusado, ainda que a sentença 
haja sido proferida por juízo incompetente para o feito. Precedentes. Habeas corpus 
deferido. (STF HC 89592 REL MIN CARLOS BRITTO/SP, un., 1ªT., DJ 27.04.2007.) 
EMENTA: AÇÃO PENAL. Crime militar. Causa processada perante a Justiça estadual. 
Suspensão condicional do processo. Aceitação. Benefício não revogado. Instauração de 
nova ação penal na Justiça castrense, pelo mesmo fato. Inadmissibilidade. Preclusão 
consumada. HC concedido. Voto vencido. Estando em curso suspensão condicional do 
processo penal, não pode, pelo mesmo fato, outro ser instaurado, ainda que em 
Justiça diversa. (STF HC 91505 / PR, Relatora: Min. Ellen Gracie. DJ. 21-08-2008.) 
 
24. DA EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA (arts. 143 a 147 do CPPM) 
A exceção de incompetência poderá ser oposta verbalmente ou por escrito, logo após a 
qualificação do acusado. No primeiro caso, será tomada por termo nos autos. 
 
EMENTA. Exceção de incompetência. IPD. Ausência de pressupostos. Não conhecimento. 
O Estatuto Processual Castrense prevê, nos artigos 143 e 407, as hipóteses em que a 
exceção de incompetência pode ser oposta pelo Acusado. "In casu", trata-se de 
instrução provisória de deserção, inexistindo acusação formal e demanda instaurada 
contra o Suscitante, razão pela qual não pode, ainda, ser considerado "acusado". 
Preliminarmente, não conhecida a arguição. Decisão unânime. (STM: CC 
2003.01.000312-9, REL MIN VALDESIO GUI-LHERME DE FIGUEIREDO, DJ 27/03/2003.) 
 
Se aceita a alegação, os autos serão remetidos ao juízo competente. Se rejeitada, o juiz 
continuará no feito. Mas, neste caso, caberá recurso, em autos apartados, para o Superior Tribunal 
Militar, que, se lhe der provimento, tornará nulos os atos praticados pelo juiz declarado 
incompetente, devendo os autos do recurso ser anexado aos do processo principal. 
O órgão do Ministério Público poderá alegar a incompetência do juízo, antes de oferecer a 
denúncia. A arguição será apreciada pelo auditor, em primeira instância; e, no Superior Tribunal 
Militar, pelo relator, em se tratando de processo originário. Em ambos os casos, se rejeitada a 
arguição, poderá, pelo órgão do Ministério Público, ser impetrado recurso, nos próprios autos, para 
aquele Tribunal. 
Em qualquer fase do processo, se o juiz reconhecer a existência de causa que o torne 
incompetente, declará-lo-á nos autos e os remeterá ao juízo competente. 
 
 
25. COMPETÊNCIA INTERNA 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
Uma vez reconhecendo a competência da Justiça Militar para processar e julgar crime militar 
definido em lei praticado por militar ou civil, forma-se o Conselho para o julgamento com o 
recebimento da denúncia, dependendo da força atingida e ou da graduação ou patente do militar. 
As Auditorias têm jurisdição mista, cabendo-lhes conhecer dos feitos relativos à Marinha, 
Exército e Aeronáutica. Dessa forma, haverá três conselhos, um para cada força atingida, quanto ao 
cometimento de crime por militares integrantes destas forças ou de crimes militares praticados por 
civis contra estas. 
Assim, um crime cometido por um militar do exército ou por um civil contra administração 
do exército, por estelionato, a formação do conselho será por oficias dessa força, exército. 
Agora, se em coautoria um militar do exército da marinha e aeronáutica cometam um crime 
militar, como ficará a composição do conselho? 
Não poderá ser for formado um conselho misto, ou seja, composto por oficiais de forças 
distintas. Nesse caso, resolve-se com a regra do art. 23 e parágrafos da Lei 8.457/2 que organiza a 
Justiça Militar da União. 
Os juízes militares que integrarem os Conselhos Especiais serão de posto superior ao do 
acusado, ou do mesmo posto e de maior antiguidade. No caso de pluralidade de agentes, servirá de 
base à constituição do Conselho Especial a patente do acusado de maior posto. Se a acusação 
abranger oficial e praça ou civil, responderão todos perante o mesmo conselho, ainda que excluído 
do processo o oficial. 
Assim, no caso concreto, deve-se analisar de qual força pertence o militar de maior 
graduação. Se pertencerem às três forças (Marinha, Exército e Aeronáutica) e o militar de maior 
posto for do exército, o conselho será formado por oficiais do exército. Iniciado o julgamento e 
mesmo que o militar do exército seja absolvido, o conselho continua competente para julgar os 
demais militares. 
A mesma sistemática é utilizada em relação à justiça militar estadual. Na maioria dos estados 
a polícia militar é separada dos bombeiros militares, cada um com um comando próprio. Cada um 
com a disciplina e hierarquia que devem ser mantidas na sua corporação. Dessa forma, nesses 
estados, se o crime for praticado por policial militar o conselho será formado por oficiais da polícia 
militar, mantendo a disciplina e hierarquia dessa corporação. Nesse caso, não pode ter composição 
mista do conselho. 
Agora, se o crime for cometido por bombeiro militar e policial militar, deve-se perquirir qual 
o de maior graduação para saber de qual corporação será a composição dos conselho. Se o de maior 
posto, capitão da polícia militar e cabo dos bombeiros, a composição será de oficiais da polícia 
militar. 
Em alguns estados, por exemplo, Paraíba, sendo o acusado do posto mais elevado na 
corporação policial ou do corpo de bombeiro militar, o conselho especial será composto por oficiais 
da respectiva corporação militar, que sejam da ativa, do mesmo posto do acusado e mais antigos que 
ele; não havendo na ativa oficiais mais antigos que o acusado, serão sorteados e convocados oficiais 
da reserva remunerada. Sendo o acusado do posto mais elevado da corporação, e nela não existindo 
oficial, ativo ou inativo, mais antigo que ele, o conselho especial será composto por oficiais que 
atendam ao requisito da hierarquia, embora pertencentes à outra instituição militar estadual. 
Nos estados do Rio Grande do Sul e São Paulo, em que a polícia militar e os bombeiros 
militares não são separados, pode ter a composição mista dos conselhos, ou seja, em um mesmo 
conselho podem funcionar oficiais da políciamilitar e dos bombeiros militares. 
 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
• Obs.: aconselha-se a ler a legislação estadual do local em que estiver prestando o 
concurso público, pois em alguns estados, embora com separação das corporações, admite-se a 
composição de um conselho misto. 
 
26. CONSELHO DE JUSTIÇA PERMANENTE 
Compete ao Conselho de Justiça Permanente processar e julgar as praças (são por ordem de 
ascendência hierárquica soldado, cabo, terceiro-sargento, segundo-sargento, primeiro-sargento e 
subtenente), praças especiais (aspirante a oficial) e civis que cometam crimes militares definidos em 
lei. 
 Será composto por um juiz-auditor e por quatro oficiais até o posto de capitão ou capitão-
tenente; também pode ser composto por tenente e pelo seu presidente, um oficial superior. A 
doutrina do Direito Processual Penal Militar classifica-se como um ramo especial ou específico, por 
ter bens jurídicos maiores, disciplina e hierarquia das Forças Armadas, razão pela qual justificam a 
composição do Conselho de Justiça, órgão julgador formado por oficiais, pois estes teriam 
comprometimento e conhecimento para preservação de tais princípios. 
O sorteio dos juízes do Conselho Permanente de Justiça é feito pelo juiz-auditor, em 
audiência pública, na presença do procurador e diretor de secretaria. 
Funciona por três meses consecutivos, coincidindo com o trimestre do ano civil. Passa a atuar 
após o recebimento da denúncia que é ato privativo do juiz-auditor (JMU) e juiz de direito (JME). 
Até o recebimento da denúncia, as decisões competem ao juiz-auditor monocraticamente, 
como, por exemplo, prisão ou liberdade provisória; após o recebimento da denúncia, as decisões 
competem ao conselho, no mesmo exemplo a prisão ou liberdade provisória. 
 
27. CONSELHO ESPECIAL DE JUSTIÇA 
Ao Conselho Especial de Justiça compete processar e julgar oficiais (primeiro-tenente, 
capitão, major, tenente-coronel, coronel) e civis que pratiquem crimes conexos com aqueles. 
Os oficiais generais serão julgados pelo Superior Tribunal Militar nos crimes militares 
definidos em lei. 
 É composto pelo juiz-auditor e quatro juízes-militares, sob a presidência de um oficial-
general ou oficial superior, de posto mais elevado que os demais juízes, ou de maior antiguidade, no 
caso de igualdade. 
É instituído para cada processo e dissolvido após o trânsito em julgado. Caso seja declarada a 
nulidade do processo ou julgamento, ou determinada diligência em superior instância e a remessa 
dos autos para o juízo a quo, novamente é composto o mesmo conselho. 
Verifica-se que o Conselho Especial de Justiça (CEJ) acompanha toda a instrução criminal até 
o julgamento. Se, por exemplo, um oficial componente do Conselho for transferido para outro estado 
da federação não poderá ser substituído, devendo ser convocado para cada sessão, sob pena de 
nulidade. Haverá substituição quando o oficial passar para a reserva ou for reformado. 
Pela interpretação dos artigos 18 e 31 da Lei de Organização da Justiça Militar da União (Lei 
8457/92), a intervenção do Superior Tribunal Militar só é necessária quando da existência de “outro 
motivo” que não os “afastamentos de sede por movimentação, que decorram de requisito de 
carreira”. Nesse caso, deverá tal motivo ser “justificado e reconhecido pelo Superior Tribunal Militar 
como de relevante interesse para a administração militar”, cabendo o encaminhamento de 
representação ao Egrégio Superior Tribunal Militar (o que pode se dar por intermédio do Juiz-Auditor 
 
 
 
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– art. 168-B do Regimento Interno do Superior Tribunal Militar, na redação dada pela Emenda 
Regimental nº 05, de 26 de maio de 1997). Nos casos de afastamentos de sede por movimentação, 
que decorram de requisito de carreira, o próprio Juiz-Auditor faz novo sorteio. 
Deve-se analisar caso a caso e, em situações excepcionais, podem os integrantes do conselho 
especial serem substituídos por outros, desde que autorizado pelo Superior Tribunal Militar. 
 
EMENTA: Reclamação. 2. Justiça Militar. 3. Competência do Conselho Especial de Justiça. 
4. Decisão do STF que determinou anulação de processo por incompetência do Conselho 
Permanente de Justiça. 5. Impossibilidade de recomposição integral do Conselho 
Especial de Justiça. 6. Não caracterização de descumprimento de decisão do STF. 7. 
Reclamação julgada improcedente. STF Rcl 1195 / AM – AMAZONAS Relator: Min. 
GILMAR MENDES, DJ 28-03-2003. 
 
No caso de pluralidade de agentes, servirá de base à constituição do Conselho Especial a 
patente do acusado de maior posto. Se a acusação abranger oficial e praça ou civil, responderão 
todos perante o mesmo conselho, ainda que excluído do processo o oficial. 
 
EMENTA: HABEAS CORPUS. 2. Competência. 3. Justiça Militar. 4. Lei n° 8457 1992, art. 
23, §§ 2° e 3°. 5. Se a acusação abranger oficial e praça, responderão todos perante o 
mesmo conselho, ainda que excluído do processo o oficial. 5. Hipótese em que a 
competência era do Conselho Especial de Justiça para processar o oficial e praça (Lei n° 
8.457 1992, art. 27). 6. A unidade do processo era obrigatória, no caso, os art. 102 e 99 
alínea c do CPPM. Conexão dos fatos e sua incidibilidade. 7. Habeas Corpus deferido, 
acolhendo-se o parecer da Procuradoria-Geral da República, anulando-se, em 
consequência, o processo, por incompetência do Juízo de primeiro grau (Conselho 
Permanente de Justiça) devendo o feito ser renovado no Conselho Especial de Justiça, 
perante o qual foi processado e julgado o oficial.(HC 77.972 /AM - Relator Min. NÉRI DA 
SILVEIRA.) 
 
Os Conselhos Especial e Permanente de Justiça podem instalar-se e funcionar com a maioria 
de seus membros, sendo obrigatória a presença do juiz-auditor e do presidente. Na sessão de 
julgamento são obrigatórios a presença e voto de todos os juízes (auditor e militares). 
Nos Conselhos de Justiça, tanto o juiz-auditor como os militares apreciam as matérias 
relativas à existência ou não do delito, bem como a aplicação da pena. O peso do voto de cada juiz é 
o mesmo, significando dizer que, se o juiz-auditor e o presidente, que é militar de mais alto posto ou 
mais antigo, votarem pela condenação, e os demais absolverem, o réu será absolvido por maioria, 
não cabendo embargos infringentes. 
Concordo com os autores, apenas para clarear neste momento, não cabem embargos 
infringentes em decisão de primeiro grau. Esse assunto será visto no capítulo de recursos. 
Os juízes militares são sorteados entre os oficiais de carreira que estejam servindo na sede da 
Auditoria, com vitaliciedade assegurada quando da composição dos Conselhos, não sendo possível, 
entre os oficiais que estejam sobre a circunscrição judiciária militar. 
Os comandantes de Distrito ou Comando Naval, Região Militar e Comando Aéreo Regional 
elaborarão trimestralmente uma lista com todos os oficiais na ativa, com postos, antiguidade e local 
 
 
 
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de prestação do serviço remetendo ao juiz-auditor da circunscrição para que possa realizar o sorteio 
dos Conselhos. 
O juiz-auditor, único togado, não é vinculado a nenhum processo como acontece no 
Conselho de Justiça Especial; sua investidura se dá mediante concurso público de provas e títulos, 
com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil tendo as garantias de vitaliciedade, 
inamovibilidade e irredutibilidade de subsídios. 
Competem aos Conselhos de Justiça Permanente e Especial, após o recebimento da denúncia 
e consequente formação do processo, os seguintes atos (art. 28 da Lei 8457/92): 
 
I - Decretar a prisão preventiva de acusado, revogá-la ou restabelecê-la; 
II - Conceder menagem e liberdade provisória, bem como revogá-las; 
III - decretar medidas preventivas e assecuratórias,nos processos pendentes de seu 
julgamento; 
IV - Declarar a inimputabilidade de acusado nos termos da lei penal militar, quando 
constatada aquela condição no curso do processo, mediante exame pericial; 
V - Decidir as questões de direito ou de fato suscitadas durante instrução criminal ou 
julgamento; 
VI - Ouvir o representante do Ministério Público sobre as questões suscitadas durante as 
sessões; 
VII - conceder a suspensão condicional da pena, nos termos da lei; 
VIII - praticar os demais atos que lhe forem atribuídos em lei. 
Ementa. Correição Parcial. Decisão de arquivamento de processo pelo Juiz-Auditor 
Substituto. Error in procedendo. Magistrado é incompetente para decidir pelo 
arquivamento de processo, independente de manifestação do Conselho Permanente de 
justiça. No processo de deserção, após o recebimento da denúncia, as questões de fato 
e de direito deverão ser submetidas ao Conselho Especial ou Permanente de Justiça. 
Decisão unânime. STM Num: 2005.01.001916-7 UF: DF Decisão: 11/05/2006 CORREIÇÃO 
PARCIAL (FE), Data da Publicação: 07/06/2006. 
Ementa: “CORREIÇÃO PARCIAL – PEDIDO DE AFASTAMENTO DO SIGILO FISCAL. 
COMPETÊNCIA. A instrução criminal acontece na Ação Penal, e esta inicia-se com o 
recebimento da Denúncia. Logo, a partir da instauração da Ação Penal, somente em 
conjunto, no Conselho de Justiça, podem ser decididas as questões suscitadas pelas 
partes, cabendo ao Juiz decidir, aí sim, monocraticamente, os despachos de mero 
expediente. Correição deferida. Decisão por maioria. (COR-REIÇÃO PARCIAL Nº 
2003.01.001863-0 - RJ - Relator Ministro OLYM-PIO PEREIRA DA SILVA JUNIOR. Sessão 
de 16/09/03.) 
 
Compete aos Presidentes dos Conselhos Especial e Permanente de Justiça (art. 29 da Lei 
8.457/92): 
 
I - Abrir as sessões, presidi-las, apurar e proclamar as decisões do conselho; 
II - Mandar proceder à leitura da ata da sessão anterior; 
III - nomear defensor ao acusado que não o tiver e curador ao revel ou incapaz; 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
IV - Manter a regularidade dos trabalhos da sessão, mandando retirar do recinto as 
pessoas que portarem armas ou perturbarem a ordem, autuando-as no caso de 
flagrante delito; 
V - Conceder a palavra ao representante do Ministério Público Militar, ou assistente, e 
ao defensor, pelo tempo previsto em lei, podendo cassá-la após advertência, no caso de 
linguagem desrespeitosa; 
VI - Resolver questões de ordem suscitadas pelas partes ou submetê-las à decisão do 
conselho, ouvido o Ministério Público; 
VII - mandar consignar em ata incidente ocorrido no curso da sessão. 
 
O Conselho de Justiça permanente, competente para julgar praça e civis, embora o nome 
mencione permanente, funciona por um trimestre; três meses, após será dissolvido e sorteado novo 
conselho. 
O Conselho de Justiça especial, competente para julgar oficiais e crimes conexos com 
aqueles, funciona desde o início do processo, e o recebimento da denúncia até o seu trânsito em 
julgado; mesmo declarando a nulidade do processo e superior instância, volta-se à composição do 
mesmo conselho. 
É especial, pois funciona em todo o processo. Temos neste caso um exemplo em nossa 
legislação do princípio da identidade física do juiz: aquele que colhe a prova irá julgar. 
Os juízes militares são substituídos em suas licenças, faltas e impedimentos, bem como nos 
afastamentos de sede por movimentação, que decorram de requisito de carreira, ou por outro 
motivo justificado e reconhecido pelo Superior Tribunal Militar como de relevante interesse para a 
administração militar. 
Em casos excepcionais, pode-se autorizar a substituição de um dos integrante do Conselho 
de Justiça Especial. 
 
EMENTA. Representação para Substituição de Juiz Militar. Transferência de oficial por 
necessidade do serviço. Hipótese que autoriza a substituição de Juiz Militar, a teor do 
art. 31 da Lei n.º 8457/92. Representação acolhida. Decisão unânime. STM Num: 
2005.01.000013-7UF: BA, Proc: Repsjmil – REPRESENTAÇÃO PARA SUBSTITUIÇÃO DE 
JUIZ MILITAR, Data da Publicação: 13/05/2005. 
EMENTA: SUBSTITUIÇÃO DE JUÍZES MILITARES. TRANSFERÊNCIA. INTE-RESSE RELEVANTE 
PARA A ADMINISTRAÇÃO MILITAR. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO À ADMINISTRAÇÃO DA 
JUSTIÇA. Consideradas justificadas as substituições de Juízes Militares ocorridas em 
virtude de transferência para outra localidade ou transferência para a Reserva 
Remunerada, tendo em vista que nos dois primeiros casos a transferência se deu 
atendendo interesse da Administração Militar; no terceiro, por imposição legal, posto 
que de acordo com o art. 19 da LOJM, para compor o Conselho Especial de Justiça 
devem ser relacionados Oficiais em serviço ativo. As substituições referidas estão 
devidamente justificadas, à luz do art. 31 da Lei n° 8.8457/92, com a redação dada pela 
Lei n° 10.445/02. Pedido deferido. Decisão unânime. STM: Num. 2005.01.000012-9 UF: 
RS, Proc: - REPRESENTAÇÃO PARA SUBSTITUIÇÃO DE JUIZ MILITAR, Data da Publicação: 
31/05/2005. 
 
 
 
 
 
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28. JUÍZO HIERÁRQUICO 
Os princípios de “disciplina” e “hierarquia” constituem a base institucional das Forças 
Armadas, Polícias Militares e Bombeiros Militares e são seus alicerces sociais e estruturais. 
A legislação determina que a hierarquia e a disciplina são a base institucional das Forças 
Armadas. A autoridade e a responsabilidade crescem com o grau hierárquico. A hierarquia militar é a 
ordenação da autoridade, em níveis diferentes, dentro da estrutura das Forças Aramadas. A 
ordenação se faz por postos ou graduações ; dentro de um mesmo posto ou graduação se faz pela 
antiguidade no posto ou na graduação. 
O respeito à hierarquia é consubstanciado no espírito de acatamento à sequência de 
autoridade. Disciplina é a rigorosa observância e o acatamento integral das leis, regulamentos, 
normas e disposições que fundamentam o organismo militar e coordenam seu funcionamento 
regular e harmônico, traduzindo-se pelo perfeito cumprimento do dever por parte de todos e de 
cada um dos componentes desse organismo. A disciplina e o respeito à hierarquia devem ser 
mantidos em todas as circunstâncias da vida entre militares da ativa, da reserva remunerada e 
reformados. 
A hierarquia e disciplina estão presentes no Processo Penal Militar, devido às suas 
particularidades, tais como composição do órgão julgador por superiores hierárquicos, tendo em 
vista que os juízes militares que integrarem os Conselhos Especiais serão de posto superior ao do 
acusado, ou do mesmo posto e de maior antiguidade. 
Assim, os Juízes militares devem ser superiores hierárquicos ou se de igual posto, mais 
antigos que o acusado. 
Essa é uma questão interessante e discutida na doutrina. O juízo hierárquico na composição 
dos conselhos, tendo em vista que: os Juízes militares devem ser superiores hierárquicos ou se de 
igual posto, mais antigos que o acusado. 
 
Vejamos alguns possíveis casos: 
1) Se quem está sendo processado é o coronel mais antigo na ativa: 
Existe discussão na doutrina quanto a sorteio de Conselho Especial no caso de pelo menos 
um dos acusados ser coronel (posição mais alta). Em regra, os oficiais devem ser de posto superior ao 
do acusado ou, caso sejam do mesmo posto, mais antigos. 
Em tese, se o coronel estiver na ativa, não existiria ninguém mais antigo que ele, além 
daqueles que possuem mais tempo de serviço. A doutrina sugere que se deve reverter tantos 
coronéis da reserva, desde que mais antigos que o processado. 
 
2) Se quem está sendo processado é o coronel mais antigo na reserva: 
A situação é emblemática e, portanto, há discussão na doutrina e jurisprudência acerca da 
melhor forma de resolver, pois o Coronel que está sendo processado está na reserva e é o mais 
antigo, ainda, em tese, na ativa não teria Coronel mais antigo. 
A primeira corrente, capitaneada porVander Ferreira Andrade e pelo excelente Juiz e 
Doutrinador Ronaldo João Roth. Entendem que devem ser sorteados e revertidos tantos Coronéis na 
reserva sejam necessários, desde que tenham maior tempo de serviço no posto de Coronel. Não 
poderia ser julgados por Coronéis da ativa, se estes tivessem menor tempo de serviço no posto de 
Coronel. 
 
 
 
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O Juiz Militar que está em atividade de menor antiguidade tem precedência, em 
determinados momentos, àquele que está na reserva. No entanto, isso não altera a antiguidade 
entre os militares, pois essa é apurada pela data de promoção ao posto e pelo tempo de serviço que 
detém seu titular, independentemente de estar na ativa ou não. 
Este foi o entendimento utilizado pelo STJ: 
 
EMENTA Justiça Militar. Conselho Especial de Justiça (incompetência). Formação 
(irregularidade). Juízo hierárquico (não observância do critério de antiguidade). Nulidade 
absoluta (caso). 1. No julgamento de coronel da reserva da Polícia Militar – último posto 
da hierarquia militar estadual –, todos os integrantes do Conselho Especial devem ser da 
mesma patente, porém mais antigos que o acusado. 2. À vista disso, não é lícito aceitar 
que um coronel da reserva que foi superior hierárquico possa, apenas porque se 
encontra na reserva, ser julgado por subordinado que o alcançou no último posto. 3. 
Caso em que, na composição do Conselho Especial de Justiça, quatro membros que 
participaram do julgamento eram mais modernos que o paciente, evidenciando-se, 
assim, a nulidade absoluta. 4. Ordem de habeas corpus concedida para se declarar nulo 
o julgamento realizado. (STJ HC nº 42.162, RELATOR: MINISTRO NILSON NAVES, - DJ: 
25/08/2008.). 
 
Achamos que essa solução pode levar à impunidade, pois em estados em que o efetivo das 
policias ou bombeiros são pequenos, fica muito difícil ou até mesmo inviável constituir um conselho 
quando o acusado for Coronel antigo na reserva. 
A segunda corrente entende que todos os coronéis que estão na ativa são mais antigos que 
os coronéis que estão na inatividade, pois o militar que se encontra na inatividade deixa de contar 
tempo de serviço. Essa corrente é defendida por Célio Lobão. 
O Prof. Jorge César traz seu próprios fundamentos no sentido que o militar que está na 
reserva não exerce qualquer função e o art. 24 do Código Penal estabelece que o militar que, em 
virtude da função, exerce autoridade sobre outro de igual posto ou graduação, considera-se superior, 
para efeito da aplicação da Lei Penal Militar. Portanto na inatividade, independente do tempo de 
serviço na ativa, são mais modernos dos que estão na ativa e podem ser julgados por quaisquer 
desses. Outro fundamento interessante é o regramento contido no Estatuto dos Militares (Lei 
6.880/80), especificamente o § 3º do art. 17. 
 
Art. 17. A precedência entre militares da ativa do mesmo grau hierárquico, ou 
correspondente, é assegurada pela antiguidade no posto ou graduação, salvo nos casos 
de precedência funcional estabelecida em lei. 
§ 1º A antiguidade em cada posto ou graduação é contada a partir da data da assinatura 
do ato da respectiva promoção, nomeação, declaração ou incorporação, salvo quando 
estiver taxativamente fixada outra data. 
§ 2º No caso do parágrafo anterior, havendo empate, a antiguidade será estabelecida: 
a) entre militares do mesmo Corpo, Quadro, Arma ou Serviço, pela posição nas 
respectivas escalas numéricas ou registros existentes em cada Força; 
b) nos demais casos, pela antiguidade no posto ou graduação anterior; se, ainda assim, 
subsistir a igualdade, recorrer-se-á, sucessivamente, aos graus hierárquicos anteriores, à 
 
 
 
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data de praça e à data de nascimento para definir a procedência, e, neste último caso, o 
de mais idade será considerado o mais antigo; 
c) na existência de mais de uma data de praça, inclusive de outra Força Singular, 
prevalece a antiguidade do militar que tiver maior tempo de efetivo serviço na praça 
anterior ou nas praças anteriores; e 
d) entre os alunos de um mesmo órgão de formação de militares, de acordo com o 
regulamento do respectivo órgão, se não estiverem especificamente enquadrados nas 
letras a , b e c. 
§ 3º Em igualdade de posto ou de graduação, os militares da ativa tem precedência 
sobre os da inatividade. 
§ 4º Em igualdade de posto ou de graduação, a precedência entre os militares de 
carreira na ativa e os da reserva remunerada ou não, que estejam convocados, é 
definida pelo tempo de efetivo serviço no posto ou graduação. 
 
No mesmo sentido é o Estatuto dos Servidores Militares da Brigada Militar do Estado do Rio 
Grande do Sul (LC 10.990/97), especificamente o § 3º do art. 15. 
 
Art. 15 – A precedência entre servidores militares da ativa, do mesmo grau hierárquico, 
é assegurada pela antiguidade no posto ou na graduação, salvo nos casos de 
precedência funcional do Comandante-geral, do Subcomandante-Geral e do Chefe do 
Estado Maior. 
§ 1° - A antiguidade em cada posto ou graduação é contada a partir da data da 
publicação do ato da respectiva promoção, nomeação, ou inclusão, salvo quando estiver 
taxativamente fixada outra data. 
§ 2° - No caso de igualdade na data referida no parágrafo anterior, a antiguidade é 
estabelecida através dos seguintes critérios: 
I - Entre servidores militares do mesmo quadro, pela posição nas respectivas escalas 
numéricas ou registro de que trata o artigo 17; 
II - Nos demais casos, pela antiguidade no posto ou na graduação anterior e, se, ainda 
assim, subsistir a igualdade de antiguidade, recorrer-se-á, sucessivamente, aos graus 
hierárquicos anteriores, à data de inclusão e à data de nascimento, para definir a 
precedência e, neste último caso, o mais velho será considerado mais antigo; 
III - entre os alunos de um mesmo órgão de formação de servidores militares, de acordo 
com o regulamento do respectivo órgão, se não estiverem especificamente 
enquadrados nas disposições dos incisos I e II. 
§ 3° - Em igualdade de posto ou graduação, os servidores militares na ativa têm 
precedência sobre os na inatividade. 
 
O Tribunal de Justiça Militar de São Paulo decidiu sobre composição do Conselho Especial de 
Justiça, a partir do PROCEDIMENTO AD-MINISTRATIVO instaurado em face do Proc. nº 35.871/03. 
Segue a ementa: 
 
 
 
 
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EMENTA: Conselho Especial de Justiça – Composição – Réu Cel PM – Serviço – Ativo – 
Inativo – Juízes Militares – Antiguidade. Réu é Cel PM do serviço inativo. Os Juízes 
Militares que integram o Conselho Especial de Justiça devem ser Coronéis do serviço 
ativo. Réu é Cel PM do serviço ativo e não há número suficiente de Coronéis mais 
antigos que aquele no serviço ativo para compor o Conselho Especial de Justiça. 
Reverte-se da reserva tantos Coronéis quantos necessários com maior antiguidade. 
 
Partilhamos do mesmo entendimento do Prof. Jorge César e materializado no julgado acima 
do TJM/SP. Assim, mantém o juízo hierárquico e não há risco de que ocorra impunidade pela 
impossibilidade de composição do conselho 
 
JUÍZO HIERÁRQUICO = Juízes militares devem ser superiores hierárquicos ou se de igual posto, mais 
antigos que o acusado 
Réu coronel mais antigo na ativa: Réu é coronel mais antigo na reserva: 
Reverter tantos coronéis da reserva, desde que 
mais antigos que o processado. 
Os Juízes Militares que integram O Conselho 
Especial de Justiça devem ser Coronéis do 
serviço ativo. 
 
29. QUEM PODERÁ SER JULGADO NA JUSTIÇA MILITAR ESTADUAL 
A Lei Complementar n.º 10.990/97-RS dispõe sobre o Estatuto dos Servidores Militares da 
Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul e dá outras providências. 
Art. 3°. Os integrantes da Brigada Militar do Estado, em razão da destinaçãoconstitucional da Corporação e em decorrência das leis vigentes, constituem uma 
categoria especial de servidores públicos estaduais, sendo denominados servidores 
militares. 
§ 1° - Os servidores militares encontram-se em uma das seguintes situações: 
I - Na ativa: 
a) os servidores militares de carreira; 
b) os servidores militares temporários; 
c) os componentes da reserva remunerada, quando convocados; 
d) os alunos de órgãos de formação de servidor militar da ativa. 
II - Na inatividade: 
a) na reserva remunerada, quando pertencem à reserva da Corporação e percebem 
remuneração do Estado, porém sujeitos, ainda, à prestação de serviço na ativa, 
mediante convocação; 
b) reformados, quando, tendo passado por uma das situações anteriores, estão 
dispensados, definitivamente, da prestação de serviço na ativa, mas continuam a 
perceber remuneração do Estado; 
c) na reserva não remunerada, na forma da legislação específica. 
 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
A condição de militar na ativa inicia-se com a incorporação e deixa de existir com a passagem 
do militar para a inatividade, ou sua exclusão da instituição militar. 
Vale lembrar que a Justiça Militar Estadual jamais julgará civil, quando do cometimento do 
crime, apenas policiais militares e bombeiros militares, diversamente da Justiça Militar da União que 
poderá julgar militar e civil que cometam crimes militares definidos em lei. 
A competência da Justiça Militar Estadual de processar e julgar apenas os militares dos 
Estados, excluindo, portanto, o civil. Essa competência fixada em função da qualidade que o sujeito 
apresenta no momento do cometimento do fato (tempo do crime = teoria da atividade), não 
podendo ser alterada por conta de alteração fática posterior ligamento ‒ exoneração). 
 A Justiça Militar é Justiça especializada, e a sua competência é prevista pela Constituição 
Federal, constituindo o juízo natural para o julgamento de crime militar cometido por militar no 
exercício da função. A garantia do juízo natural liga-se à ideia de anterioridade, devendo ser 
verificada à época do cometimento do crime, ou seja, qual o juízo que à época do cometimento do 
crime se mostrava competente. Dessa forma, deve-se levar em consideração a época do fato, 
quando ostentava a condição de militar da ativa, pouco importando o seu desligamento posterior da 
Polícia Militar, regra geral, salvo exceções, como no crime de deserção, em que a condição de militar 
é condição de procedibilidade. 
Vale lembrar que se o crime é cometido por militar na ativa, poderá ele responder ao 
processo, mesmo que tenha “dado baixa” das fileiras. Ou seja, que não ostente no momento da 
propositura da ação penal e no seu decorrer o status de militar. A justiça militar é para julgar os 
crimes militares e não apenas o militar. Se policial militar à época dos fatos, de folga sem farda, “a 
paisana”, juntamente com os demais militares, se identificaram como policiais com fim de cometer 
crimes estarão cometendo crimes da competência da Justiça Militar. 
 
• A condição de militar do estado na ativa deve ser verificada à época do delito 
(tempus delicti). Tempo do crime – teoria da atividade. 
 
30. COMPETÊNCIAS INTERNAS NA JUSTIÇA MILITAR ESTADUAL (EC/45) 
A competência da Justiça Militar Estadual vem estabelecida na Constituição Federal: 
Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos 
nesta Constituição. 
§ 1º - A competência dos tribunais será definida na Constituição do Estado, sendo a lei 
de organização judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça. 
§ 2º Cabe aos Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade de leis ou 
atos normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual, vedada a 
atribuição da legitimação para agir a um único órgão. 
§ 3º A lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça 
Militar estadual, constituída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos 
de Justiça e, em segundo grau, pelo próprio Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de 
Justiça Militar nos Estados em que o efetivo militar seja superior a vinte mil integrantes. 
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 
§ 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos 
crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, 
ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal 
 
 
 
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competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das 
praças. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 
§ 5º Compete aos juízes de direito do juízo militar processar e julgar, singularmente, os 
crimes militares cometidos contra civis e as ações judiciais contra atos disciplinares 
militares, cabendo ao Conselho de Justiça, sob a presidência de juiz de direito, processar 
e julgar os demais crimes militares. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 
 
Em relação aos crimes militares estaduais, há algumas diferenças e outros pontos de 
encontro para a fixação da competência interna. 
Compete à Justiça Militar Estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes 
militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a 
competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda 
do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças. 
Determinado que o crime é militar estadual, passa-se para a competência interna. 
A competência penal militar estadual permanece a mesma, o que mudou foi a competência 
interna, competência processual penal militar estadual. 
Alteração significativa que difere da Justiça Militar Federal é a competência dos juízes de 
direito (não juízes-auditores) processar e julgar, singularmente, os crimes militares cometidos contra 
civis e as ações judiciais contra atos disciplinares militares. 
Nestas hipóteses, crime militar contra civil e punição disciplinar militar, a competência é 
monocrática do juiz de direito; não se instala um conselho de justiça para julgamento destes delitos e 
punições. 
Questão interessante foi a suscitada no conflito de competência nº Nº 100.682 – MG, 
perante o STJ. Resume-se em definir a competência ‒ Justiça Estadual Comum ou Militar ‒ para 
julgamento de ação civil por improbidade administrativa proposta contra policiais militares pela 
prática de agressões físicas e morais a menor infrator no âmbito de suas funções, na qual o 
Ministério Público autor requer, dentre outras sanções, a perda da função pública. 
Asseverou o julgado que não se pode confundir o ato disciplinar que constitui pressuposto 
para a competência da Justiça Militar com ato indisciplinado praticado pelos militares. Vale observar 
que a Justiça Militar não possui competência para aplicar sanções pela prática de infrações 
disciplinares, mas sim para analisar a validade jurídica de sanções que são aplicadas pela 
administração militar. 
No caso, a ação civil por ato de improbidade não se dirigiu contra a Administração Militar, 
nem discute a validade ou consequência de atos disciplinares militares que tenham sido 
concretamente aplicados. Pelo contrário, volta-se a demanda contra o próprio militar e discute ato 
de "indisciplina" e não ato disciplinar. 
Todavia, não é certo afirmar, genericamente, que a Justiça Militar Estadual não detém 
competência para processar e julgar ações civis públicas por ato de improbidade, pois a ação de 
improbidade pode direcionar-se contra o próprio ato disciplinar, buscando a sua anulação e a 
punição do superior hierárquico ímprobo. 
Assim, por exemplo, deverá ser processada na Justiça Militar Estadual a ação civil por ato de 
improbidadeadministrativa proposta contra o comandante militar que, por perseguição ou qualquer 
outro desvio de finalidade, infligiu castigo demasiado, tratamento físico desumano ou punição além 
dos limites legais a um subalterno. 
 
 
 
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Na espécie, a ação civil por ato de improbidade deve ser processada perante a Justiça 
Estadual comum, já que não se volta contra ato disciplinar, mas contra ato de indisciplina cometido 
por policiais militares no exercício de suas funções. Nesse sentido, decidiu o STJ conforme julgado 
abaixo. 
 
EMENTA CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO CIVIL DE IM-PROBIDADE 
ADMINISTRATIVA PROPOSTA PELO MP CONTRA SERVIDO-RES MILITARES. AGRESSÕES 
FÍSICAS E MORAIS CONTRA MENOR INFRA-TOR NO EXERCÍCIO DA FUNÇÃO POLICIAL. 
EMENDA 45⁄05. ACRÉSCIMO DE JURISDIÇÃO CÍVEL À JUSTIÇA MILITAR. AÇÕES CONTRA 
ATOS DISCI-PLINARES MILITARES. INTERPRETAÇÃO. DESNECESSIDADE DE FRACIO-
NAMENTO DA COMPETÊNCIA. INTERPRETAÇÃO DO ART. 125, § 4º, IN FINE, DA CF⁄88. 
PRECEDENTES DO SUPREMO. COMPETÊNCIA DA JUS-TIÇA COMUM DO ESTADO. 
1. Conflito negativo suscitado para definir a competência - Justiça Estadual Comum ou 
Militar - para julgamento de agravo de instrumento tirado de ação civil por improbidade 
administrativa proposta contra policiais militares pela prática de agressões físicas e 
morais a menor infrator no âmbito de suas funções, na qual o Ministério Público autor 
requer, dentre outras sanções, a perda da função pública. 
2. São três as questões a serem examinadas neste conflito: (a) competência para a causa 
ou competência para o recurso; (b) limites da competência cível da Justiça Militar; e (c) 
necessidade (ou não) de fracionar-se o julgamento da ação de improbidade. 
3. Competência para a causa ou competência para o recurso: 
3.1. O julgamento do conflito de competência é realizado secundum eventum litis, ou 
seja, com base nas partes que efetivamente integram a relação, e não aqueles que 
deveriam integrar. De igual modo, o conflito deve ser examinado com observância ao 
estágio processual da demanda, para delimitar-se, com precisão, se no incidente se 
discute a competência para a causa ou a competência para o recurso. 3.2. Na espécie, o 
juízo estadual de primeira instância concedeu em parte o requerimento de suspensão 
cautelar dos réus na ação de improbidade, o que gerou recurso de agravo interposto 
pelo MP perante a Corte Estadual que, sem anular a decisão de primeira instância, 
determinou a remessa dos autos ao Tribunal Militar. 3.3. Discute-se, portanto, a 
competência para o recurso, e não a competência para a causa. Nesses termos, como o 
agravo ataca decisão proferida por juiz estadual, somente o respectivo Tribunal de 
Justiça poderá examiná-lo, ainda que seja para anular essa decisão, encaminhando os 
autos para a Justiça competente. Precedentes. 
4. Neste caso, excepcionalmente, dada a importância da matéria e o fato de coincidirem 
a competência para o recurso e a competência para a causa, passa-se ao exame das 
duas outras questões: especificamente, os limites da jurisdição cível da Justiça Militar e 
a necessidade (ou não) de fracionar-se o julgamento da ação de improbidade. 
5. Limites da jurisdição cível da Justiça Militar: 
5.1. O texto original da atual Constituição, mantendo a tradição inaugurada na Carta de 
1946, não modificou a jurisdição exclusivamente penal da Justiça Militar dos Estados, 
que teve mantida a competência apenas para "processar e julgar os policiais militares e 
bombeiros militares nos crimes militares, definidos em lei". 5.2. A Emenda 
Constitucional 45⁄04, intitulada "Reforma do Judiciário", promoveu significativa 
alteração nesse panorama. A Justiça Militar Estadual, que até então somente detinha 
jurisdição criminal, passou a ser competente também para julgar ações civis propostas 
contra atos disciplinares militares. 5.3. Esse acréscimo na jurisdição militar deve ser 
 
 
 
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examinado com extrema cautela por duas razões: (a) trata-se de Justiça Especializada, o 
que veda a interpretação tendente a elastecer a regra de competência para abarcar 
situações outras que não as expressamente tratadas no texto constitucional, sob pena 
de invadir-se a jurisdição comum, de feição residual; e (b) não é da tradição de nossa 
Justiça Militar estadual o processamento de feitos de natureza civil. Cuidando-se de 
novidade e exceção, introduzida pela "Reforma do Judiciário", deve ser interpretada 
restritivamente. 5.4. Partindo dessas premissas de hermenêutica, a nova jurisdição civil 
da Justiça Militar Estadual abrange, tão-somente, as ações judiciais propostas contra 
atos disciplinares militares, vale dizer, ações propostas para examinar a validade de 
determinado ato disciplinar ou as consequências desses atos. 5.5. Nesse contexto, as 
ações judiciais a que alude a nova redação do § 4º do art. 125 da CF⁄88 serão sempre 
propostas contra a Administração Militar para examinar a validade ou as consequências 
de atos disciplinares que tenham sido aplicados a militares dos respectivos quadros. 5.6. 
No caso, a ação civil por ato de improbidade não se dirige contra a Administração 
Militar, nem discute a validade ou consequência de atos disciplinares militares que 
tenham sido concretamente aplicados. Pelo contrário, volta-se a demanda contra o 
próprio militar e discute ato de "indisciplina" e não ato disciplinar. 
6. Desnecessidade de fracionar-se o julgamento da ação de improbidade: 
6.1. Em face do que dispõe o art. 125, § 4º, in fine, da CF⁄88, que atribui ao Tribunal 
competente (de Justiça ou Militar, conforme o caso) a tarefa de "decidir sobre a perda 
do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças", resta saber se há, ou não, 
necessidade de fracionar-se o julgamento desta ação de improbidade, pois o MP 
requereu, expressamente, fosse aplicada aos réus a pena de perdimento da função de 
policial militar. 6.2. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal assentou que a 
competência para decidir sobre perda do posto ou da patente dos oficiais ou da 
graduação dos praças somente será da competência do Tribunal (de Justiça ou Militar, 
conforme o caso) nos casos de perda da função como pena acessória do crime que à 
Justiça Militar couber decidir, não se aplicando à hipótese de perda por sanção 
administrativa, decorrente da prática de ato incompatível com a função de policial ou 
bombeiro militar. Precedentes do Tribunal Pleno do STF e de suas duas Turmas. 6.3. 
Nesse sentido, o STF editou a Súmula 673, verbis: "O art. 125, § 4º, da Constituição não 
impede a perda da graduação de militar mediante procedimento administrativo". 6.4. Se 
a parte final do art. 125, § 4º, da CF⁄88 não se aplica nem mesmo à perda da função 
decorrente de processo disciplinar, com muito mais razão, também não deve incidir 
quando a perda da patente ou graduação resultar de condenação transitada em julgado 
na Justiça comum em face das garantias inerentes ao processo judicial, inclusive a 
possibilidade de recurso até as instâncias superiores, se for o caso. 6.5. Não há dúvida, 
portanto, de que a perda do posto, da patente ou da graduação dos militares pode ser 
aplicada na Justiça Estadual comum, nos processos sob sua jurisdição, sem afronta ao 
que dispõe o art. 125, § 4º, da CF⁄88. 
7. Conflito conhecido para declarar competente o Tribunal de Justiça do Estado de 
Minas Gerais, o suscitado. (STJ – Relator: MINISTRO CASTRO MEIRA CC Nº 100.682 – 
MG- DJ 10-06-09). 
 
• Ação civil por ato de improbidade deve ser processada perante a Justiça Estadual 
comum. 
 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
A administração tem a faculdade de remover o servidor militar no interesse da 
administração, se a remoção se deu em decorrência das transgressões cometidaspelo autor que 
culminaram com sua prisão em flagrante, ou seja, tem caráter de punição. Nesse contexto, a 
remoção constituiu verdadeiro ato disciplinar, pelo que, nos termos do art. 125, § 4º, da Constituição 
Federal, com redação conferida pela Emenda Constitucional 45⁄2004, compete à Justiça Militar 
processar e julgar a demanda. 
 
EMENTA. PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. CONFLITO DE COMPE-TÊNCIA. POLICIAL 
MILITAR. CRIMES DE DESOBEDIÊNCIA E ABANDONO DE POSTO. PRISÃO EM FLAGRANTE. 
REMOÇÃO. ATO DISCIPLINAR MILI-TAR. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA MILITAR. 1. Embora 
o servidor militar possa ser removido por interesse da administração, na hipótese dos 
autos evidencia-se que o ato administrativo foi motivado pelas transgressões militares 
cometidas pelo autor, configurando verdadeiro ato disciplinar. 2. Em regra, compete à 
Justiça Militar processar e julgar atos disciplinares militares, nos termos do § 4º do art. 
125 da Constituição da República. 3. Conflito conhecido para declarar a competência do 
Tribunal de Justiça Militar do Estado de Minas Gerais, o suscitante. (STJ – Ministro: 
Arnaldo Esteves Lima. CC. Nº 99.137 – MG. DJ 25-03-09). 
 
O Supremo Tribunal Federal entende que não existe óbice à cumulação, pelo mesmo juiz de 
direito, das competências de juiz-auditor (juiz de direito) da Justiça Militar Estadual e de juiz criminal 
comum em Estado em que não há quadro isolado de juízes auditores da Justiça Militar; ao Tribunal 
de Justiça comum caberá o julgamento dos crimes militares. 
 
E M E N T A: "HABEAS CORPUS" - IMPETRAÇÃO POR PROMOTOR DE JUSTIÇA DE 
PRIMEIRA INSTÂNCIA - POSSIBILIDADE - LEI DE ORGANIZA-ÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO 
DE RONDÔNIA (LC Nº 94/93) - AMPLIA-ÇÃO DA COMPETÊNCIA DO JUIZ DE DIREITO 
TITULAR DE VARA DE AU-DITORIA MILITAR, PARA, NELA, INCLUIR A ATRIBUIÇÃO DE 
PROCESSAR E JULGAR "FEITOS CRIMINAIS GENÉRICOS" - ALEGADA OFENSA, POR 
REFERIDO DIPLOMA LEGISLATIVO, AO POSTULADO DO JUIZ NATURAL - INOCORRÊNCIA - 
PEDIDO INDEFERIDO. - A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal tem admitido a 
possibilidade de o representante do Ministério Público, embora com atuação no 
primeiro grau de jurisdição, ajuizar, em nome do "Parquet", ação originária de "habeas 
corpus" perante esta Suprema Corte ou junto a qualquer outro Tribunal judiciário. 
Precedentes. - A LC nº 94/93 do Estado de Rondônia - que instituiu, nessa unidade da 
Federação, a respectiva Lei de Organização Judiciária - não transgride o postulado 
constitucional do juiz natural, revelando-se legítima no ponto em que defere, ao juiz 
estadual que desempenha funções próprias da Vara de Auditoria Militar, a prática de 
outras atribuições jurisdicionais, inclusive o exercício da competência penal em face de 
réu civil acusado de suposto cometimento de crime desvestido de natureza militar. Esse 
diploma legislativo, na realidade, limitou-se a atribuir, ao titular da Vara de Auditoria 
Militar da comarca de Porto Velho/RO - que é magistrado estadual -, o exercício 
cumulativo tanto de funções peculiares à Justiça Militar local (CF, art. 125, § 4º) quanto 
de atribuições jurisdicionais próprias da Justiça Comum estadual. Precedentes. STF HC 
85725 / RO – RONDÔNIA, HABEAS CORPUS,Relator: Min. CELSO DE MELLO, DJ 23-02-
2007. 
 
31. CRIME PRATICADO POR MILITAR ESTADUAL EM SERVIÇO CONTRA CIVIL 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
O art. 125, § 5.º, da Constituição Federal determina que compete aos juízes de direito do 
juízo militar processar e julgar, singularmente, os crimes militares cometidos contra civis e as ações 
judiciais contra atos disciplinares militares, cabendo ao Conselho de Justiça, sob a presidência de juiz 
de direito, processar e julgar os demais crimes militares. 
Deve-se ter cuidado ao interpretar esse dispositivo constitucional, pois nem todos os crimes 
cometidos por militares contra civis serão julgados por juiz de direito singularmente. Dependendo do 
crime, pode ser julgado pelo conselho, senão vejamos. 
Por exemplo: Quem irá julgar o crime de dano cometido por praça contra particular em Porto 
Alegre-RS? 
Resposta: pelo conselho de justiça permanente da auditoria militar de Porto Alegre. 
Será na Auditoria da Justiça Militar de Porto Alegre-RS, lugar da consumação do crime de 
Dano. Art. 88 do CPPM. Lugar da infração. Art. 88 do CPPM. A competência será, de regra, 
determinada pelo lugar da infração; e, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último 
ato de execução. 
A Emenda Constitucional nº 45/04, ao introduzir modificações na competência dos órgãos de 
primeiro grau da JME, instituindo o juízo monocrático, atribuiu-lhes o julgamento dos crimes 
militares cometidos contra civis. 
O delito previsto no art. 259 do CP Militar é crime contra o patrimônio, e não contra civil, e a 
competência para processar e julgar o acusado é do Conselho Permanente de Justiça, e não do juízo 
singular. 
Como reiteradamente tem decidido o TJME-RS, a competência do Juiz de Direito do Juízo 
Militar está limitada ao julgamento dos crimes previstos no Título IV do Livro I da Parte Especial do 
Código Penal Militar – crimes contra pessoa, porque, nos demais títulos, os bens juridicamente 
tutelados são outros. 
Assim, numa interpretação lógico-sistemática do Direito Penal brasileiro, chega-se à 
conclusão de que quando a Constituição Federal se refere à vítima civil, trata do objeto material do 
crime doloso contra a vida; quando se refere a crimes cometidos contra civis, trata do bem jurídico 
pessoa civil. 
Nessas condições, a competência do Juiz de Direito do Juízo Militar estaria limitada ao 
julgamento dos crimes previstos no Título IV do Livro I da Parte Especial do Código Penal Militar – 
crimes contra pessoa, porque, nos demais títulos, os bens juridicamente tutelados são outros, 
mesmo que o objeto material seja pessoa civil. Exemplo: violência arbitrária – art. 333 do CPM, cujos 
bens juridicamente tutelados são o dever funcional e a administração militar, muito embora a vítima 
(objeto material) seja pessoa civil, à semelhança de como ocorre com o latrocínio. 
O crime de dano (art. 259, caput, do CP Militar) está inserido no Título V do CP Militar, que 
trata dos crimes contra o patrimônio. Neste diapasão, a competência para o julgamento é do órgão 
colegiado – juízo natural dos militares no pretório castrense na órbita penal. Logo, tendo sido o feito 
processado e julgado por juiz singular, curial a decretação de nulidade absoluta, haja vista a 
incompetência do juízo monocrático para apreciar crimes patrimoniais. 
Nesse sentido é o entendimento dos Tribunais Estaduais. 
Crime de furto (art. 240, caput, do CPPM). Sentença condenatória exarada 
monocraticamente pelo juízo a quo. A competência do Juiz de Direito do Juízo Militar, 
fixada no § 5º do art. 125 da Constituição Federal, introduzido pela Emenda 
Constitucional nº 45/2004, é para processar e julgar os crimes previstos no Título IV do 
Livro I do CPM, quando cometidos contra civil – pessoa, bem jurídico tutelado pela 
norma penal militar. Por se tratar de delito contra o patrimônio compete ao Conselho 
 
 
 
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julgar os autos, e não ao juízo monocrático. Precedentes desta Corte nesse sentido. 
Decretação de nulidade absoluta do processo por incompetência do juízo monocrático. 
Decisão unânime (TJM, Apelação Criminal nº 730- 05.2010.9.21.0000, julgada em 
13/4/11, sitio do TJM/RS na internet).Ante o exposto, acordam os Juízes do Tribunal de 
Justiça Militar, à unanimidade, acolher preliminar suscitada pelo Juiz-Relator e anular o 
processo ab initio, por incompetência absoluta do juízo monocrático, podendo os atos 
instrutórios serem ratificados. APELAÇÃO CRIMINAL N.º 4.189/07 
 
Crime de dano (art. 259 do CPM). Sentença condenatória prolatada pelo juiz singular. 
Preliminar de nulidade arguida pela defesa. Acolhimento. Segundo entendimentomajoritário da Corte, compete ao Juiz de Direito do Juízo Militar julgar, singularmente, 
tão somente os crimes previstos no Título IV do Livro I da Parte Especial do CPM – 
Crimes contra a Pessoa. Por conseguinte, na espécie, tratando-se de crime de dano 
simples atribuído ao acusado, compreendido no Título V do CPM – Crimes contra o 
Patrimônio, incumbe ao Conselho Permanente de Justiça o julgamento. Por maioria, 
acolheram a preliminar e decretaram a nulidade a partir do julgamento. TJM-RS 
 
COMPETÊNCIA INTERNA DA JUSTIÇA MILITAR ESTADUAL 
JUIZ DE DIREITO CONSELHO DE JUSTIÇA (Presidência Juiz de 
Direito) 
Crimes militares cometidos contra civis. Processar e julgar os demais crimes militares. 
Crimes contra pessoa. 
Crimes previstos no Título IV do Livro I da 
Parte Especial do Código Penal Militar. 
Nos demais títulos, os bens juridicamente 
tutelados são outros. 
Ex: Lesão Corporal ( art. 209 do CPM). Ex: Furto (art. 240 do CPM) ou Dano (art. 259 
do CPM). 
 
32. PROCEDIMENTO PERANTE O JUIZ DE DIREITO 
A alteração feita pela EC 45/04 determina que compete aos juízes de direito do juízo militar 
processar e julgar, singularmente, os crimes militares cometidos contra civis. 
O Código de processo penal militar é de 1969 e a alteração foi em 2004 e nada foi modificado 
em relação ao procedimento dos crimes que serão julgados pelos juízes de direito da justiça militar 
estadual. No CPPM há apenas o procedimento perante os conselhos. 
A partir dessas alterações surgiram dúvidas de qual o procedimento a ser utilizado, o 
procedimento do código de processo penal comum ou do código de processo penal militar. 
O Prof. Célio entende que nos feitos de competência singular do Juiz de Direito do Juízo 
Militar, inexiste disposição na lei adjetiva processual penal militar, suprimindo alegações escritas, 
sustentação oral e sessão de julgamento. Logo, não há como prevalecer opiniões contrárias à 
sustentação oral no julgamento desses feitos. Até que se mude o CPPM, o rito a ser seguido é o 
mesmo dos feitos da competência dos Conselhos de Justiça. 
Com a devida vênia, não concordamos, pois o juiz conhece o direito e não há necessidade de 
uma sustentação oral para ratificar as alegações escritas que são obrigatórias. 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
No procedimento do júri na justiça comum e nos procedimentos na justiça militar em que há 
juízes leigos (jurados e juízes militares) que não têm a obrigação de saber o direito é indispensável a 
sustentação oral para que se possa explicar e explorar mais detidamente as suas teses. Agora, 
quando o julgamento é feito exclusivamente pelo juiz de direito não há necessidade da sustentação 
oral. Entendemos que deve ser usado o procedimento da justiça militar até as alegações escritas sem 
a necessidade das alegações orais. 
A jurisprudência dos tribunais é no sentido de que deverá seguir o rito do CPPM, porém, 
sendo dispensáveis os debates orais nesses julgamentos, existindo também a possibilidade de o juiz 
não prolatar a sentença ao fim da audiência, chamando os autos para si para prolatar a sentença em 
momento posterior. 
 
Irresignação do Ministério Público, visando à correção de erro judicial relativo ao 
procedimento adotado, para que o Policial Militar denunciado na sanção do artigo 163, 
caput, do CPM, venha a ser processado nos termos dos artigos 394 a 405 do CPP. Não há 
erro ou ato tumultuário. Trata-se de rito regrado pelo CPPM, portanto é de ser 
adotado. Recurso indeferido. Decisão unânime (TJME-RS Correição Parcial nº. 2807-
84.2010.9.21.0000 - Relator: Dr. Octavio Augusto Simon de Souza). 
 
Ementa: LESÕES CORPORAIS LEVES. ART. 209, CAPUT, DO CPM. DES-NECESSIDADE DOS 
DEBATES ORAIS NOS JULGAMENTOS DE COMPE-TÊNCIA DO JUIZ SINGULAR. 
Plenamente regular a conduta do magistrado monocrático ao prescindir dos debates 
orais, máxime na inexistência de qualquer pronunciamento em contrário nas alegações 
escritas oferecidas pelas partes. Nesse sentido é a jurisprudência pacificada nesta Corte. 
No mérito, o simples disparo de arma de fogo pelas costas, por si só, não ilide a tese 
defensiva da legítima defesa. O policial que, devidamente identificado em abordagem 
de negociação de tráfico de drogas, se deparou com indivíduo que se evade e saca o 
revólver, não é obrigado a esperar que se vire em sua direção para fazer cessar a 
ameaça. A coerência da versão do acusado, em sendo atingida região não vital e 
realizados apenas os tiros necessários para por fim ao perigo vislumbrado, impõe dúvida 
fundada de sua culpa, devendo ser aplicado o princípio do in dúbio pro reo. Apelo do 
Ministerial desprovido. Decisão majoritária. (TJM/RS. Apelação Criminal nº 600-
15.2010.9.21. Relator: Juiz-Cel. Paulo Roberto Mendes Rodrigues. Sessão de 23/6/2010. 
DJE nº 4.401 de 13/8/2010) 
 
Ementa: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DEBATES ORAIS. NULIDADE RE-LATIVA. 
FRAGILIDADE DA PROVA TESTEMUNHAL. PRINCIPIOLOGIA CONSTITUCIONAL. PRINCÍPIO 
IN DUBIO PRO REO. INOCORRÊNCIA DE OMISSÃO. APRECIAÇÃO DE TODOS OS PONTOS 
CITADOS PELA DEFESA. NÃO CABIMENTO. EMBARGOS REJEITADOS. UNANIMIDADE. 
Conforme entendimento jurisprudencial desta Corte, a supressão dos debates orais 
constitui-se em nulidade relativa, e caso não arguida, no momento oportuno (art. 428 
do CPPM), resta sanado pelo silêncio. A historicidade detalhada dos fatos, com 
apontamento do conjunto probatório, confrontando as circunstâncias e evidências 
existentes nos autos, afasta a apontada fragilidade da prova testemunhal, principiologia 
constitucional, bem como o Princípio do in dúbio pro reo. Ao julgador cabe manifestar-
se sobre as questões que lhe são submetidas com o seu livre convencimento, não lhe 
sendo, entretanto, obrigatório analisar todos os pontos ou dispositivos citados pelas 
partes. Após cotejar as alegações do embargante e o acórdão atacado, verifico que os 
embargos de declaração não merecem acolhimento, pois inexiste qualquer omissão a 
 
 
 
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ser suprida, contradição a ser sanada e ambiguidade a ser aclarada, consoante o 
disposto no artigo 542 do CPPM. Embargos rejeitados. Unanimidade. (TJME-RS - 
Embargos de declaração - Nro e Ano do Acórdão: 448-2011. Juiz Relator: Juiz Fernando 
Guerreiro de Lemos). 
 
Já nos crimes militares cometidos contra militar, compete aos Conselhos de Justiça, sob a 
presidência de juiz de direito, processar e julgar. 
A diferença aqui está na presidência dos conselhos, enquanto na Justiça Militar da União a 
presidência cabe aos juízes militares, na Justiça Militar Estadual a presidência compete aos juízes de 
direito. 
Quanto à competência em relação ao posto e patente do acusado e formação dos conselhos, 
continuam valendo as mesmas regras, conforme visto acima na competência interna das justiças 
militares. 
Ressalta-se que, se o militar cometer crime militar em outra unidade federativa, responderá 
na auditoria da sua unidade. Ex.: Militar Estadual do Rio Grande do Sul cedido para uma missão no 
Rio de Janeiro, que comete crime militar no Rio de Janeiro, irá responder a processo na Auditoria 
Militar do Rio Grande do Sul (Porto Alegre). 
Nesses termos é a Súmula 78 do STJ: “Compete à justiça militar processar e julgar policial de 
corporação estadual, ainda que o delito tenha sido praticado em outra unidade federativa.” 
 
33. CRIMES CONEXOS E CONTINENTES DA COMPETÊNCIA DO JUIZ DE DIREITO E 
DO CONSELHO DE JUSTIÇA 
Policial militar em serviço investe contra duas pessoas que se encontram conversando, 
ocasionando-lhes lesões corporais, sendo um superior hierárquico fardado e outro civil. Nessa 
situação, quem irá processar e julgar o policial militar? 
RESPOSTA: haverá separação de processos; a violência contra superior agravada pela lesão 
corporal (art. 157, § 3º, do CPM) será julgada pelo Conselho e a lesão corporal contra o civil (art. 209 
do CPM)será julgada pelo juiz de direito do Juízo Militar. Segundo o nosso entendimento, pois a 
questão não é pacífica. 
Acabamos de ver no tópico anterior que se o policial militar cometer crime contra civil 
(crimes contra a pessoa) será julgado pelo juiz de direito monocraticamente e quando cometer os 
demais crimes militares será julgado pelo conselho. 
Problema pode surgir em relação aos crimes conexos ou continentes, ou seja, quando 
cometido crime contra civil e militar. 
O Professor Célio Lobão traz uma solução com a qual concordamos. Com a competência 
interna do Juízo Militar bipartida, surge o problema de crimes conexos e continentes da competência 
do juiz de direito e do Conselho de Justiça do mesmo ou de outro Juízo Militar. Considerando-se a 
competência processual penal militar constitucional do juiz de direito e do Conselho de Justiça, os 
processos serão separados. A constitucionalidade da competência processual penal dos órgãos 
internos do Juízo Militar não autoriza a prorrogação da competência de nenhum deles para conhecer 
do processo unificado. Acrescente-se que, se os processos forem reunidos para o julgamento por 
qualquer um dos órgãos judiciários internos do Juízo Militar, haverá supressão do juiz natural, do juiz 
constitucional. Por exemplo, policial militar em serviço investe contra duas pessoas que se 
encontram conversando, ocasionando-lhes lesões corporais, sendo um superior hierárquico e outro 
civil, haverá separação de processos; a violência contra superior agravada pela lesão corporal (art. 
 
 
 
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157, § 3º, do CPM) será julgada pelo Conselho e a lesão corporal contra o civil (art. 209 do CPM) será 
julgada pelo juiz de direito do Juízo Militar. 
Já o professor Renato Brasileiro de Lima traz outra solução para o caso. Aplicando o princípio 
da economia processual poderia se fazer uma única instrução perante o conselho de justiça e, ao 
final da instrução, cada órgão jurisdicional deverá julgar o delito de sua competência, ou seja, ao 
conselho cabe julgar o crime militar praticado contra militar e ao juiz de direito, singularmente, o 
crime militar cometido contra o civil. 
O Prof. Ronaldo João Roth , entende no mesmo sentido do Professor Renato Brasileiro, que, 
por razões processuais de conexão ou de continência, em que a prova de um delito influirá na do 
outro delito ou exista coautoria na prática infracional, o processo deva ocorrer perante o Conselho 
de Justiça, formado pelo juiz de direito (que é o seu presidente) e pelos quatro juízes militares, 
devendo o julgamento do crime contra a vítima civil ocorrer perante o juiz de direito singularmente, 
e perante o Conselho de Justiça, os demais delitos. 
É que o juiz de direito integra o Conselho de Justiça como relator e presidente, logo, como 
afirma Célio Lobão, tem poderes de instrução, de disciplina, de impulsão, além da competência para 
a prática de atos decisórios em procedimentos cautelares sobre coisa (arts. 199 a 219 do CPPM), 
além de outros, assim, a instrução criminal conduzida, colhida e presidida pelo juiz de direito – ainda 
que se processe perante o Conselho de Justiça ‒ não importará desrespeito à garantia do juiz natural. 
Segundo esses autores, essa medida do processamento único teria como vis attractiva os 
crimes de competência do Conselho de Justiça, seja, como se falou, por conexão ou por continência, 
trazendo economia processual à instrução do fato, quando então tornaria uno o processo. 
O julgamento sim, como se falou, deve ser cindido (artigo 105 do CPPM), guardando-se a 
exclusividade imposta pela EC n. 45 e deixando os crimes contra civil para o julgamento do juiz de 
direito. 
A sessão de julgamento pode ser única, todavia, será precedida da cisão do julgamento, 
permitindo que os crimes processados numa mesma instrução e com base numa única denúncia 
fossem julgados separadamente. 
Com a devida vênia, não concordamos, pois o princípio constitucional do juiz natural (art. 5º, 
LII da CF) determina que ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade 
competente. Assim, a instrução processual, colheita da prova realizada por juiz absolutamente 
incompetente (conselho de justiça) torna nulo todos os demais atos que dele dependam. 
Esse é o entendimento do Tribunal de Justiça Militar do Estado do Rio Grande do Sul. 
 
Inconformado com o despacho exarado pela Juíza, que rejeitou o pedido de exceção de 
incompetência para acarretar a conexão de dois processos e o julgamento pelo 
Conselho de Justiça, a defesa, com fulcro no art. 145 do CPPM, interpôs recurso 
inominado. Todavia acertada a decisão da culta juíza. O princípio do juiz natural não 
pode ser violado, ex vi do disposto no art. 125, § 5.º, da CF. As regras 
infraconstitucionais que disciplinam a atribuição da competência pela vinculação de 
causas não podem, em hipótese alguma, sobrepor-se às regras constitucionais. 
Conforme as modificações introduzidas pela Emenda Constitucional n.º 45/04, o crime 
do art. 319, praticado, em tese, pelo recorrente e por outro colega de farda, deve ser 
julgado pelo Conselho de Justiça, e o art. 209, praticado, em tese, pelos outros quatro 
policiais militares elencados na peça incoativa, deve ser julgado pelo juiz monocrático. 
A cisão processual determinada pela juíza vai ao encontro da jurisprudência dominante 
nesta Corte. A norma constitucional relativa à competência tem aplicação imediata; 
logo, recomenda-se aos juízes de primeiro grau a observância dos procedimentos 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
preconizados no diploma processual penal militar para efetuar os julgamentos, 
consoante dispõe o art. 36, § 1.º, do CPPM. Portanto, por imposição constitucional, 
deve haver cisão processual, como nos casos de concurso de crimes de competência 
das Justiças Comum e Militar, pois a Carta Magna ressalvou expressamente a 
competência do juízo monocrático, que deverá, singularmente, julgar e processar os 
delitos militares praticados contra o bem jurídico pessoa, quando seu titular for civil. 
Logo, impossível a conexão pretendida pela defesa. Recurso improvido, à unanimidade. 
(RECURSO INOMINADO N.º 143/06 - TJM-RS.). 
 
A mudança constitucional veio ao encontro da manutenção da disciplina e hierarquia (crimes 
militares contra militares, julgado por militares) e do princípio da isonomia e igualdade, crimes 
militares contra civil (julgado por civil). 
Em relação aos crimes cometidos contra militares na Justiça Militar Estadual, o procedimento 
a ser utilizado será o ordinário, que será visto no Capítulo XII. 
Agora, qual o procedimento a ser utilizado nos crimes na Justiça Militar Estadual cometido 
por militar contra civil com a alteração dada pela EC 45/04, que acresceu o art. 125, § 5º, da CF? 
Houve recente alteração na legislação processual comum, com a entrada em vigor da Lei 
11.719/08, que modificou vários artigos do Processo Penal Comum, alterou alguns, revogou outros e 
acresceu outros tantos. No entanto, como é da tradição legislativa brasileira, nada constou 
expressamente a respeito da aplicação ou não na Justiça Militar, em especial, aos crimes cometidos 
contra civil na Justiça Militar Estadual. 
O Supremo Tribunal Federal, em decisão anterior à entrada em vigor da Lei 11.719/08, 
entendeu que, na falta de normas procedimentais no Código de Processo Penal Militar, devem ser 
observadas as regras do Código de Processo Penal comum. Nessa esteira entendemos que as 
alterações procedimentais devem ser aplicadas na Justiça Militar Estadual. 
Justiça Militar da União Justiça Militar dos Estados 
1. Crimes militares (art. 124 da CF). 1. Crimes militares (art. 125, § 4º, da 
CF). 
2. Ações judiciais contra atos 
disciplinares militares (art. 125, § 4º, 
da CF). 
1. Militares (incorporado às Forças 
Armadas). 
2. Civis (quando há intuito de 
atingir as ForçasArmadas). 
1. Militares dos estados (integrante 
da Polícia Militar e do Corpo de 
Bombeiros Militares) (tempus delicti). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
 
 
 
DDA CITAÇÃO 
 
 
 
 
Citação é o chamamento do réu a juízo, dando-lhe ciência do ajuizamento da ação, 
imputando-lhe a prática de uma infração penal, bem como lhe oferecendo a oportunidade de se 
defender pessoalmente por meio de defesa técnica. 
É o chamamento do réu a juízo para defender-se da ação proposta pelo Ministério Público 
Militar. Com a citação válida está integrada a relação processual. 
A partir deste instante (citação válida), o réu passa a ser parte na relação processual e está 
sujeito a ônus processual, sendo considerado revel, se, estando solto e tendo sido regularmente 
citado, não atender ao chamado judicial para o início da instrução criminal, ou, sem justa causa, se 
previamente cientificado, deixa de comparecer a ato de processo em que sua presença seja 
indispensável. 
Espécies de citação: a citação poderá ser real ou ficta. Real quando o réu toma conhecimento 
pessoalmente de seu chamamento em Juízo, e ficta quando se presume que ele tenha tido esse 
conhecimento, feito mediante edital. 
 
1. MODALIDADES DE CITAÇÃO 
A citação real pode dar-se mediante mandado, requisição e precatória. 
a) Mediante mandado: Ocorre quando o acusado está residindo na sede do Juízo em que se 
promove a ação penal (art. 277, I, do CPPM). É feita a todo aquele que não é militar em serviço ativo, 
por intermédio de oficial de justiça que faz sua leitura ao citando, com os requisitos do art. 278 do 
CPPM, entregando-lhe a cópia integral do mandado, que se chama contrafé, certificando a realização 
do ato, cuja certidão constituirá sua prova. 
 
b) Mediante requisição: Ocorre em duas situações; ao militar em atividade e ao acusado 
preso (art. 277, III, do CPPM). 
A citação do militar em atividade dá-se nos moldes do art. 280 do CPPM, nos seguintes 
termos: a citação a militar em situação de atividade far-se-á mediante requisição à autoridade sob 
cujo comando ou chefia estiver, a fim de que o citando se apresente para ouvir a leitura do mandado 
e receber a contrafé. 
A citação ao réu preso, art. 282 do CPPM, será feita nos termos do art. 279 do CPPM, 
encaminhando-se ofício ao diretor do presídio requisitando a apresentação do preso ao oficial de 
justiça, que no recinto da prisão, fará a ele a leitura do mandado e a entrega da contrafé. 
 
c) Por precatória: Ocorre quando o réu se encontra fora do território de jurisdição do juiz 
processante (art. 277, II, do CPPM). 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
O juiz deprecante encaminhará carta precatória ao juiz do lugar onde se encontra o réu para 
que o mande citar. O art. 284 do CPPM estabelece que a precatória será devolvida ao juiz 
deprecante, independentemente de translado, depois de lançado o “cumpra-se” e de feita a citação 
por mandado do juiz deprecado, com os requisitos do art. 279. 
 
d) Por carta citatória: O art. 285 encontra-se derrogado pela Lei 9.271/96. Estando o réu no 
estrangeiro, em lugar sabido, será citado mediante carta rogatória e não mais por carta citatória. 
 
e) Por edital: Há uma presunção de que o réu dela tomará conhecimento. Ocorre se o réu 
furtar-se à ação da justiça, nos seguintes casos (art. 277, V, do CPPM): 
a) quando o acusado se ocultar ou opuser obstáculo para não ser citado; 
b) quando estiver asilado em lugar que goze de extraterritorialidade de país estrangeiro; 
c) quando não for encontrado; 
d) quando estiver em lugar incerto ou não sabido; 
e) quando incerta a pessoa que tiver de ser citada. 
Nos casos das alíneas “a”, “c” e “d”, o oficial de justiça, depois de procurar o acusado por 
duas vezes, em dias diferentes, certificará, cada vez, a impossibilidade da citação pessoal e o motivo. 
No caso da alínea “b”, o oficial de justiça certificará qual o lugar em que o acusado está asilado. 
O edital deve observar os prazos do art. 287 do CPPM, que são distintos, dependendo do 
motivo por que está sendo citado por edital, remetendo aos casos das alíneas do art. 277, inc. V, do 
CPPM, visto acima. 
O prazo do edital será conforme o art. 277, V: 
a) de cinco dias, nos casos das alíneas “a” e “b”; 
b) de quinze dias, no caso da alínea “c”; 
c) de vinte dias, no caso da alínea “d”; 
d) de vinte a noventa dias, no caso da alínea “e”. 
Parágrafo único. No caso da alínea “a”, bastará publicar o edital uma só vez. 
 
O edital deverá ser publicado por três vezes em jornal oficial do lugar ou, na falta deste, em 
jornal que tenha ali circulação diária, e afixado em lugar ostensivo, na portaria do edifício onde 
funciona o juízo. Pode ser publicado resumidamente, caso a denúncia seja muito longa. 
Vale lembrar que para usar essa forma de citação é necessário esgotar todos os meios 
anteriores de citação real, sob pena de nulidade do feito. 
 
Ementa: RECURSO CRIMINAL - RECURSO DE OFÍCIO. PRELIMINAR DE NULIDADE. 
AUSÊNCIA DE ESGOTAMENTO DAS POSSIBILIDADES DE CI-TAÇÃO PESSOAL. 
EXCEPCIONALIDADE DA CITAÇÃO EDITALÍCIA. IMPOS-SIBILIDADE DE APRECIAÇÃO DO 
MÉRITO. 1- Recurso de ofício do Conselho Especial de Justiça da 3ª Auditoria da 1ª 
Circunscrição Judiciária Militar, sobre decisão que determinou a suspensão do processo 
e do prazo prescricional em relação ao acusado civil revel. Aplicação subsidiária do 
artigo 366 do Código de Processo Penal comum. 2- Preliminar de nulidade. A citação real 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
é a forma de chamamento que efetivamente respeita os direitos constitucionais à ampla 
defesa e ao contraditório. A citação editalícia é recurso extremo, somente cabível 
quando exauridas todas as possibilidades de citação pessoal. Precedentes. 3- O 
despacho judicial ordenando diligências em dois endereços foi preterido. O juízo não 
atendeu à solicitação da empresa de telefonia, no sentido de enviar os dados 
necessários para permitir o fornecimento de informações sobre o paradeiro do réu. Tais 
omissões tomam nula a citação ficta. Baixa dos autos ao juízo de origem para realização 
das diligências necessárias. O vício prejudica a apreciação do mérito do recurso sobre a 
suspensão do processo e do prazo prescricional. 4. Recurso conhecido, preliminar 
acolhida. Decisão unânime. STM Num: 2004.01.007165-8 UF: RJ. RECURSO CRIMINAL 
(FO) Data da Publicação: 25/08/2004. 
Ementa RECURSO EM SENTIDO ESTRITO - CITAÇÃO EDITALÍCIA. INOB-SERVÂNCIA DE 
FORMALIDADES ESSENCIAIS. ANULAÇÃO, EM PARTE, DO PROCESSO DA INSTRUÇÃO 
CRIMINAL. ARTIGO 277, INCISO V, ALINEA 'C', PARÁGRAFO UNICO DO CPPM. DIVERSOS 
ENDEREÇOS DO RÉU, SENDO O MESMO PROCURADO, APENAS UMA VEZ, NO ÚNICO 
ENDE-REÇO MENCIONADO NO MANDADO DE CITAÇÃO. NECESSIDADE DO OFICIAL DE 
JUSTIÇA ESGOTAR AS INDICAÇÕES REFERIDAS NOS AUTOS, PARA SUA LOCALIZAÇÃO, 
BEM COMO, POR DUAS VEZES EM DIAS DIFE-RENTES, PROCURAR O RÉU, CERTIFICANDO, 
A CADA VEZ, A IMPOSSIBI-LIDADE DA CITAÇÃO PESSOAL E O MOTIVO, SEM O QUE NÃO 
SE LEGI-TIMA A CITAÇÃO POR EDITAL. DENEGADO PROVIMENTO AO RECURSO DO MPM, 
PARA MANTER A DECISÃO 'A QUO', QUE ANULOU O PROCES-SO A PARTIR DA 
DILIGÊNCIA PARA CITAÇÃO. DECISÃO UNÂNIME. STM Num: 1987.01.005789-2 UF: RJ - 
RECURSO CRIMINAL (FO) Data da Publicação: 17/03/1988. 
 
2. DA INTIMAÇÃO E DA NOTIFICAÇÃO 
Intimação é a ciência que se dá a alguém de um ato processual já realizado, como, por 
exemplo, a notícia de uma decisão. 
Notificação quer dizer cientificar, não só ao acusado, mas a qualquer pessoa que deva 
comparecer em juízo, como testemunha, perito, advogado, a fim de participar de algum ato 
processual. 
Em regra são feitas pelo diretor de secretaria, às partes, testemunhas e peritos, para prática 
de atos ou seu conhecimento no curso do processo, pormeio de carta, telegrama ou comunicação 
telefônica, bem como pessoalmente, se estiverem presentes em juízo, o que será certificado nos 
autos (art. 288 do CPPM). 
A regra do art. 288 do CPPM não pode ser aplicada aos integrantes do Ministério Público 
Militar e da Defensoria Pública da União, tendo em vista que essas autoridades têm a prerrogativa de 
intimação pessoal. Assim, estas modalidades de notificação ou intimação poderão ser feitas aos 
advogados constituídos, e não aos advogados nomeados (defensores dativos) pelo Juízo, pois estes 
também têm a prerrogativa de intimação pessoal, aplicando-se nesse caso omisso a regra do art. 3º, 
“a”, do CPPM, que autoriza a aplicação do Processo Penal Comum, regra contida no art. 370, § 4º do 
CPP . 
 
Interessante é a previsão de intimação por telefone na Justiça Militar. 
 
EMENTA: CALÚNIA. INJÚRIA. DIVULGAÇÃO. CORRESPONDÊNCIA. VÍ-CIOS DO 
INQUÉRITO. NULIDADE PROCESSUAL. INOCORRÊNCIA. NOME-AÇÃO DE CURADOR. RÉU 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
REVEL. INTIMAÇÃO POR TELEFONE. LEGALI-DADE. 1 - O Inquérito é peça meramente 
informativa, cujo fim é fornecer elementos para o ajuizamento de uma ação penal, eis 
por que os vícios dele decorrentes não causam nulidade da ação penal respectiva. No 
caso, o IPM foi realizado em estrita observância às normas procedimentais. 2 - Houve 
nomeação de curador em cada ato do processo, evitando-se qualquer prejuízo ao réu. A 
defesa não poderia se valer de uma nulidade que ela própria deu causa. Intimada, não 
compareceu em juízo. 3 - Intimação por telefone. Ato válido no âmbito da Justiça Militar 
da União. Previsão na legislação castrense (CPPM art. 288). 4 - Calúnia. Atipicidade. 
Conduta descrita na denúncia de forma vaga, sem qualquer caso específico, 
impossibilitando a sua tipificação à luz da lei substantiva castrense. 5 - Delito de injúria 
com agravante configurado nos termos ofensivos à dignidade do Ofendido, e em carta 
enviada à Câmara Federal, e daí ao Comando do Exército. Reforma parcial da Sentença 
condenatória. Absolvição pelo delito de calúnia. Condenação pela injúria. Decisão 
unânime. STM: Num: 2004.01.049722-6 UF: RS- APELAÇÃO (FO). Data da Publicação: 
26/10/2006. 
 
Tratando-se de militar em situação de atividade, a intimação ou notificação será feita por 
intermédio da autoridade a que estiver subordinado (art. 288, par. 3º, do CPPM). 
As notificações, intimações e citações serão sempre feitas de dia e com antecedência de 24 
horas, pelo menos, do ato a que se referirem (art. 291 do CPPM). 
A citação feita no início do processo é pessoal, bastando, para os demais termos, a intimação 
ou notificação do seu defensor, salvo se o acusado estiver preso, caso em que será, da mesma forma, 
intimado ou notificado (art. 293 do CPPM). 
O processo seguirá à revelia do acusado que, citado, intimado ou notificado para qualquer 
ato do processo, deixar de comparecer sem motivo justificado (art. 292 do CPPM). 
 
• No processo ordinário e nos processos especiais, é admitida a revelia de acusado preso 
ou solto. 
 
Se estiver preso e recusar a comparecer no ato. Se solto, notificado e não comparecer ao ato 
judicial. Se citado e não responder ao chamado, decreta-se a revelia e não se aplica o art. 366 do 
CPP. Em relação à aplicação do art. 366 do Código de Processo Comum, em recente decisão, o STF 
negou provimento a recurso ordinário em habeas corpus em que a Defensoria Pública da União 
pleiteava a aplicação subsidiária, ao Processo Penal Militar, da regra do art. 366 do CPP (“Se o 
acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e 
o curso do prazo prescricional...). No caso, o paciente fora denunciado pela suposta prática do crime 
de ingresso clandestino em área de administração militar (CPM, art. 302) e tivera sua revelia 
decretada em virtude de diversas tentativas frustradas de citá-lo. Considerou-se ausente, no caso, 
fundamento legal para justificar a aplicação da suspensão prevista no Processo Penal Comum ao 
Processo Penal Militar. 
Tendo em conta o caráter excepcional e os pressupostos de interpretação analógica do 
CPPM, entendeu-se que não existiria omissão a ensejar a incidência da legislação comum. Ademais, 
salientou-se que a pretensão implicaria situação desfavorável ao paciente, quanto à interrupção do 
prazo prescricional, uma vez que esta hipótese não estaria prevista na legislação castrense. 
 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
EMENTA: HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL PENAL. IMPETRAÇÃO 
CONTRA DECISÃO DO SUPERIOR TRIBUNAL MILITAR. AU-SÊNCIA DE CÓPIA DA DECISÃO 
IMPUGNADA. APLICAÇÃO DO ART. 366 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL AO PROCESSO 
PENAL MILITAR. PRE-CEDENTES. ORDEM DENEGADA. 1. Crime de mera conduta - formal 
e instantâneo - atribuído ao Paciente, o qual se consuma com a simples ação do agente 
penetrar de forma clandestina em qualquer lugar, explícita e indubitavelmente sujeito à 
administração castrense, onde seja defeso ou que não seja passagem regular ou, ainda, 
quando o agente ilude a vigilância de sentinela ou vigia (art. 302 do Código Penal 
Militar). 2. O trancamento da ação é medida excepcional, não sendo possível a 
substituição do rito ordinário da ação penal, no qual todos os elementos de convicção 
serão apresentados e postos à disposição das partes para eventuais questionamentos, 
até mesmo garantindo-se a oportunidade processual própria ao Paciente para o 
exercício de todos os meios de provas admitidos em direito o que não é possível de ser 
conferido pela via acanhada do habeas corpus, na qual não se tem a dilação própria. 3. 
Ordem denegada. STF: HC 90977 / MG – MINAS, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA 
GERAIS, DJ 08-06-2007 
 
Da mesma forma entende o STM que não se aplica o art. 366 do CPP ao Processo Penal 
Militar. 
 
EMENTA: EMBARGOS. CITAÇÃO. EDITAL. NULIDADE. ART. 366, CPP. APLICAÇÃO 
SUBSIDIÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE OMISSÃO. SUSPENSÃO DA PRESCRIÇÃO. 
IMPREVISÃO LEGAL. PRINCÍPIO DA RE-SERVA LEGAL. 1. A aplicação subsidiária do Código 
de Processo Penal, no processo e julgamento de crimes militares, está regulada no 
artigo 3º, alínea "a", da lei processual penal militar. A regra exige, antes de tudo, a 
omissão para que se invoque a subsidiariedade. 2. A citação por edital e a revelia 
encontram regulamentação no Código de Processo Penal Militar, o que torna ausente a 
omissão necessária à invocação subsidiária. 3. O artigo 366, do Código de Processo 
Penal, tem natureza dúplice, já que guarda norma de processo, como a suspensão, e de 
direito penal, como é o caso da suspensão da prescrição. Nesse caso específico, por 
representar restrição ao direito do acusado, em observância ao princípio da reserva 
legal, apenas por expressa disposição legal, e não pela via hermenêutica, é possível 
suspender o curso prescricional 4. Configura omissão do legislador, e não do Poder 
Judiciário, a manutenção do texto do Código de Processo Penal Militar, a despeito de 
compromissos internacionais assumidos pelo Brasil, como é o caso da Convenção 
Americana sobre Direitos Humanos. 5. Embargos rejeitados. Decisão majoritária. STM 
Num: 2006.01.049632-0 UF: DF Decisão: 05/10/2006 Proc: Embfo - EMBARGOS (FO). 
Data da Publicação: 01/03/2007 Vol: Veículo: 
 
 
PPRROOVVAASS 
 
 
 
 
 
Em relação às provas, houve recente alteração na legislação processual penal comum pelo 
advento da Lei 11.690/08, e seguindo a tradição legislativa, esta nova lei silenciou em relação às 
 
 
 
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provas do CPPM, assim, entendemos que as alterações trazidas pela nova lei não se aplicam ao 
Processo Penal Militar que tem regramento próprio, como veremos a seguir, devido a sua 
especialidade. 
Para certames, provas objetivas,nas quais cobram a “letra fria da lei”, deve-se responder 
conforme a legislação que não contempla a aplicação dessa nova legislação na Justiça Militar. No 
entanto, é prudente esperar o pronunciamento dos Tribunais Superiores acerca da possibilidade ou 
não da aplicação desse regramento na Justiça Militar. 
A palavra prova traduz os elementos produzidos pelas partes ou determinados pelo juiz, 
visando a estabelecer, dentro do processo, a existência de certos fatos. 
Seu objetivo é formar a convicção do juiz sobre os elementos necessários para a decisão do 
processo. 
O sistema da livre convicção ou da verdade real ou livre convencimento foi adotado pelo 
CPPM no art. 297, segundo o qual o juiz formará sua convicção pela livre apreciação do conjunto das 
provas colhidas em juízo. As provas não são valoradas previamente pelo antigo e vedado sistema das 
provas tarifadas. Dessa forma, o Conselho Permanente ou Especial tem liberdade de apreciação, 
limitado apenas aos fatos e circunstâncias constantes nos autos. 
Ementa: Apelação. Receptação. Materialidade. Apreciação das provas. Para formar a sua 
convicção, o juiz é livre na apreciação das provas, a serem consideradas conjuntamente 
na aferição da verdade. O fato de não ser apreendido o objeto receptado em posse do 
acusado é insuficiente para um decreto absolutório sob a alegação de inexistência de 
crime. O confronto de elementos probatórios, harmônicos e compatíveis, leva a firmar a 
convicção da prática da conduta delituosa pelo acusado. Inteligência do art. 297 do 
CPPM. Apelo ministerial provido. Decisão majoritária. Descabe a afirmação do 
desconhecimento da origem ilícita de um objeto, quando, por suas características e 
conhecimento profissional do agente, permite-se antever sua procedência criminosa. O 
intermediário de uma transação de objeto procedente de crime pratica a conduta típica 
prevista no art. 254 do CPM. A condenação de acusado no crime de receptação não 
exclui a responsabilidade criminal de outros envolvidos na receptação do mesmo objeto. 
Apelo defensivo improvido. Decisão unânime. STM: Num: 2005.01.050015-4 UF: MG 
Decisão: 24/10/2006 - APELAÇÃO (FO). Data da Publicação: 13/03/2007. 
 
O dispositivo é claro em não aceitar as provas que foram produzidas no inquérito ou 
sindicância sem o crivo do contraditório. 
Assim, toda a prova admite a contraprova, não sendo admissível a produção de provas sem o 
conhecimento da outra parte que deve ter ciência do ato ou da juntada. 
No entanto, o STM admite a utilização de provas do inquérito militar para condenação, desde 
que em harmonia com os demais elementos probatórios colhidos sob o crivo do contraditório. 
Ementa: FURTO QUALIFICADO. TENTATIVA. ELEMENTOS INFORMATIVOS CONTIDOS NO 
INQUÉRITO POLICIAL MILITAR. VALIDADE COMO MEIO DE PROVA. REFORMA DA 
SENTENÇA ABSOLUTÓRIA. É pacífica a Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no 
sentido de que "os elementos informativos colhidos no inquérito, em harmonia com 
outros dados colhidos na instrução judicial", são válidos como meio de prova a ensejar 
uma condenação. Precedentes: HC 68.041/RJ, de 05.02.91; 73.360-3/SP, de 13.02.96; e 
76.872-9/SP, de 02.06.98. No caso concreto, existem provas suficientes para justificar a 
condenação, uma vez que o conjunto probatório conduz à certeza de que o Acusado 
consumou o crime de furto qualificado, na forma tentada, cujo delito possui autoria, 
materialidade e culpabilidade comprovadas. Provido o apelo ministerial. Decisão 
 
 
 
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majoritária. STM: Num: 2001.01.048833-2- APELAÇÃO (FO). Data da Publicação: 
02/07/2002. 
 
Uma vez produzida, servirá a ambos, Ministério Público Militar e defesa, pertencendo ao 
processo e não à parte que a requereu. Assim, a acusação pode valer-se de provas requeridas pela 
defesa e vice-versa. 
 
 
1. ADMISSIBILIDADE DAS PROVAS 
A prova no juízo penal militar, salvo quanto ao estado das pessoas, não está sujeita às 
restrições estabelecidas na lei civil, sendo admissível qualquer espécie de prova, desde que não 
atente contra a moral, a saúde ou a segurança individual ou coletiva, ou contra a hierarquia ou a 
disciplina militar. 
Ainda, aplicam-se no Processo Penal Militar as provas obtidas por meios ilícitos, que 
constituem espécie de provas vedadas (CF, art. 5, LVI). 
Prova vedada é aquela produzida em contrariedade a uma norma legal e poderá classificar-se 
em provas ilícitas ou em provas ilegítimas. Tanto uma quanto a outra são proibidas pela Carta 
política. 
Provas ilícitas são aquelas produzidas com violação de regras de direito material, ou seja, 
mediante a prática de algum ilícito penal, civil ou administrativo. Exemplos clássicos: a busca e 
apreensão sem autorização judicial, a confissão obtida mediante tortura, a interceptação telefônica 
sem ordem judicial, etc. 
Provas ilegítimas são as obtidas mediante violação de regras de natureza processual. 
Há duas teorias para aceitabilidade ou não das provas vedadas. 
A primeira é a dos frutos da árvore envenenada ou do efeito à distância. Assim, quando uma 
prova for produzida por mecanismos ilícitos, tal como a escuta ilegalmente realizada, não se pode 
aceitar as provas que daí advenham. A segunda é a teoria da razoabilidade ou do interesse 
predominante, que tem por finalidade equilibrar os interesses individuais com os interesses da 
sociedade, não se admitindo, pois, a rejeição das provas obtidas por meios ilícitos, sendo necessário 
ponderar os interesses em jogo, quando se viola uma garantia qualquer. Assim, para o 
esclarecimento de um sequestro, libertando-se a vítima do cativeiro, prendendo-se e processando-se 
criminosos perigosos, por exemplo, seria admissível a violação do sigilo das comunicações, como a 
escuta clandestina. Vale ressaltar que esta última teoria é aceita somente pro reo, conforme 
doutrina e jurisprudência majoritária. 
 
Ementa: HABEAS CORPUS IMPETRADO PELA DEFENSORIA PÚBLICA CONTRA 
RENOVAÇÃO DE PEDIDO DE QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. ORDEM DENEGADA EM 
MANDADO DE SEGURANÇA AJUIZADO NA FASE INQUISITORIAL E DEFERIDA PELO 
CONSELHO PERMANENTE DE JUSTIÇA NO CURSO DO PROCESSO. INOCORRÊNCIA DE 
PRECLUSÃO. INEXISTÊN-CIA DA ALEGADA VIOLAÇÃO DE PRIVACIDADE DA FALECIDA 
CORREN-TISTA. 1. Impetração de Habeas Corpus com base na jurisprudência do 
Supremo Tribunal Federal, que vem admitindo o remédio heroico em situações 
semelhantes (Precedente: HC 79191/SP, relator Ministro Sepúlveda Pertence, DJ de 
09/10/1999, pp 00039); 2. A decisão de indeferimento de quebra de sigilo bancário 
proferida pelo Juiz-Auditor na fase do Inquérito não gera preclusão, podendo o pedido 
 
 
 
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ser renovado a quem interessar no curso do processo; 3. "A quebra do sigilo da conta 
bancária de correntista falecida não afeta sua esfera de privacidade, por corresponder 
ao período após seu falecimento, quando as movimentações, que são de dinheiro 
público, não foram feitas por ela ou sob sua responsabilidade". Precedente deste 
Tribunal: MS nº 2004.01.000629-0. 4. Habeas Corpus conhecido e ordem denegada. 
Decisão majoritária. STM: Num: 2005.01.034014-9 UF: PR: HC - HABEAS CORPUS. Data 
da Publicação: 02/09/2005. 
EMENTA: I. Decisão judicial: fundamentação: alegação de omissão de análise de teses 
relevantes da Defesa: recurso extraordinário: descabimento. Além da falta do 
indispensável prequestionamento (Súmulas 282 e 356), não há violação dos art. 5º, LIV e 
LV, nem do art. 93, IX, da Constituição, que não exige o exame pormenorizado de cada 
uma das alegações ou provas apresentadas pelas partes, nem que sejam corretos os 
fundamentos da decisão; exige, apenas, que a decisão esteja motivada, e a sentença e o 
acórdão recorrido não descumpriram esse requisito (v.g., RE 140.370, 1ª T., 20.4.93, 
Pertence, DJ 21.5.93; AI 242.237 - AgR, 1ª T., 27.6.00, Pertence,DJ 22.9.00). II. Quebra 
de sigilo bancário: prejudicadas as alegações referentes ao decreto que a determinou, 
dado que a sentença e o acórdão não se referiram a qualquer prova resultante da 
quebra do sigilo bancário, tanto mais que, dado o deferimento parcial de mandado de 
segurança, houve a devolução da documentação respectiva. III. Decreto de busca e 
apreensão: validade. 1. Decreto específico, que somente permitiu que as autoridades 
encarregadas da diligência selecionassem objetos, dentre aqueles especificados na 
decisão e na sede das duas empresas nela indicadas, e que fossem “interessantes à 
investigação” que, no caso, tinha pertinência com a prática do crime pelo qual foi 
efetivamente condenado o recorrente. 2. Ademais não se demonstrou que as instâncias 
de mérito tenham invocado prova não contida no objeto da medida judicial, nem 
tenham valorado qualquer dado resultante da extensão dos efeitos da decisão 
determinante da busca e apreensão, para que a Receita Federal e a “Fiscalização do 
INSS” também tivessem acesso aos documentos apreendidos, para fins de investigação 
e cooperação na persecução criminal, “observado o sigilo imposto ao feito”. IV - 
Proteção constitucional ao sigilo das comunicações de dados - art. 5º, XVII, da CF: 
ausência de violação, no caso. 1. Impertinência à hipótese da invocação da AP 307 
(Pleno, 13.12.94, Galvão, DJU 13.10.95), em que a tese da inviolabilidade absoluta de 
dados de computador não pode ser tomada como consagrada pelo Colegiado, dada a 
interferência, naquele caso, de outra razão suficiente para a exclusão da prova 
questionada - o ter sido o microcomputador apreendido sem ordem judicial e a 
consequente ofensa da garantia da inviolabilidade do domicílio da empresa - este 
segundo fundamento bastante, sim, aceito por votação unânime, à luz do art. 5º, XI, da 
Lei Fundamental. 2. Na espécie, ao contrário, não se questiona que a apreensão dos 
computadores da empresa do recorrente se fez regularmente, na conformidade e em 
cumprimento de mandado judicial. 3. Não há violação do art. 5º. XII, da Constituição 
que, conforme se acentuou na sentença, não se aplica ao caso, pois não houve “quebra 
de sigilo das comunicações de dados (interceptação das comunicações), mas, sim, 
apreensão de base física na qual se encontravam os dados, mediante prévia e 
fundamentada decisão judicial”. 4. A proteção a que se refere o art. 5º, XII, da 
Constituição, é da comunicação ‘de dados’ e não dos ‘dados em si mesmos’, ainda 
quando armazenados em computador. (cf. voto no MS 21.729, Pleno, 5.10.95, red. Néri 
da Silveira - RTJ 179/225, 270).V - Prescrição pela pena concretizada: declaração, de 
ofício, da prescrição da pretensão punitiva do fato quanto ao delito de frustração de 
direito assegurado por lei trabalhista (C. Penal, arts. 203; 107, IV; 109, VI; 110, § 2º e 
114, II; e Súmula 497 do Supremo Tribunal). STF: RE N. 418.416-SC. RELATOR: MIN. 
SEPÚLVEDA PERTENCE, DJ 19-12-2006. 
 
 
 
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O ônus da prova compete a quem alegar o fato, mas o juiz poderá, no curso da instrução 
criminal, ou antes de proferir sentença, determinar, de ofício, diligências para dirimir dúvida sobre 
ponto relevante. Realizada a diligência, sobre ela serão ouvidas as partes, para dizerem nos autos, 
em quarenta e oito horas, contadas da intimação, por despacho do juiz (art. 296 do CPPM). 
 
2. INTERROGATÓRIO (arts. 302 a 306 do CPPM) 
O interrogatório é ato privativo do juiz. Somente este pode inquirir o acusado. No Processo 
Penal Militar, todos os membros do Conselho de Justiça podem fazer perguntas ao acusado, sendo o 
primeiro o juiz-auditor e, posteriormente, os juízes militares por ordem de hierarquia, sendo as 
perguntas formuladas por intermédio do juiz-auditor que poderá entender não ser pertinente e não 
repassar ao acusado. 
O acusado será qualificado e interrogado num só ato, no lugar, dia e hora designados pelo 
juiz, após o recebimento da denúncia; e, se presente à instrução criminal ou preso, antes de ouvidas 
as testemunhas, caso se apresentar ou for preso no curso do processo, serão feitos logo que ele 
comparecer perante o juiz. 
Findo o interrogatório, poderão as partes levantar questões de ordem, que o juiz resolverá 
de plano, fazendo-as consignar em ata com a respectiva solução, se assim lhe for requerido. No 
entanto, o Ministério Público e a Defesa não têm direito de formular perguntas ao réu. 
Não tem aplicação na justiça castrense a Lei 10.792/03 que alterou o interrogatório no 
Código de Processo Penal comum. 
 
EMENTA: FURTO QUALIFICADO. BEM PERTENCENTE À FAZENDA PÚBLI-CA. 
PRELIMINARES DE NULIDADES. INOCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE DE-FESA TÉCNICA. 
AUSÊNCIA DO ACUSADO À SESSÃO DE JULGAMENTO. OMISSÃO DE FORMALIDADE 
ESSENCIAL – RATIFICAÇÃO DE QUESITOS PARA CARTA PRECATÓRIA. INTIMAÇÃO DE 
ADVOGADO DE RÉU SOLTO. 1. É válido o interrogatório realizado por meio de carta 
precatória na forma do CPPB, cuja disposição é idêntica ao art. 306 do CPPM; 2. A Lei nº 
10.792/03, que tornou obrigatória a presença do advogado no interrogatório, não se 
aplica à Justiça Castrense, tanto mais quando o referido ato foi realizado antes de sua 
vigência; 3. Ausência de defesa técnica. Oportunizada ampla assistência jurídica ao 
acusado, não cabe a esta alegação de cerceamento de Defesa; 4. Não ratificação de 
quesitos para carta precatória pelo conselho de justiça não gera nulidade do feito se não 
adveio prejuízo ao acusado; 5. A intimação ou notificação do advogado supre a do 
acusado, salvo se este estiver preso (art. 288, § 2º, do CPPM); Preliminares rejeitadas. 
No mérito, autoria e materialidade cabalmente demonstradas pelo cotejo do conjunto 
probatório. Apelo improvido. Unânime. STM: Num: 2005.01.049843-5 UF: AM- 
APELAÇÃO (FO) Data da Publicação: 13/03/2007. 
Ementa: CORREIÇÃO PARCIAL. INTERROGATÓRIO. ATO TUMULTUÁRIO. INEXISTÊNCIA 
NO CASO CONCRETO. 1. O moderno processo penal assegura aos acusados ampla defesa 
e instrução criminal contraditória, de modo a permitir um julgamento justo. 2. Se por 
um lado o interrogatório é meio de prova para o julgador, para o réu é meio de defesa, 
motivo pelo qual deve sempre ser observado, em seu favor, o mais amplo direito de 
tentar provar sua inocência. 3. Não há de ser considerado "ato tumultuário", passível de 
ser atacado via Correição Parcial, uma decisão do Conselho que, ao final do 
interrogatório, mas antes de encerrá-lo, visando à busca da verdade real e em respeito 
ao princípio constitucional da ampla defesa, permite que as partes formulem outras 
 
 
 
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perguntas de seus interesses ao interrogando, desde que aferidas a pertinência e a 
relevância pelo juiz-auditor. É o caso dos autos. 4. Não se diga que o artigo 188 do 
Código de Processo Penal (com a redação dada pela Lei nº 10.792/03) tem o condão de 
substituir a regra do artigo 303 do Código de Processo Penal Militar. Não substitui e nem 
poderia fazê-lo, pois embora a legislação comum tenha aplicação subsidiária na Justiça 
Castrem-se, a lei específica tem autonomia e prevalência sobre a ordinária. Indeferida a 
Correição Parcial, mantendo-se a decisão hostilizada. Decisão majoritária. STM: Num: 
2005.01.001888-6 UF: PE CORREI-ÇÃO PARCIAL (FO). Data da Publicação: 03/06/2005. 
 
Se houver mais de um acusado, cada um deles será interrogado separadamente. 
Há uma previsão no art. 305 do CPPM de que, antes de iniciar o interrogatório, o juiz 
observará ao acusado que, embora não esteja obrigado a responder às perguntas a ele formuladas, o 
seu silêncio poderá ser interpretado em prejuízo da própria defesa. Essa regra não foi recepcionada 
pela nova Constituição Federal de 1988, que garante ao acusado o direito ao silêncio, no art. 5º, inc. 
LXIII, da Carta Política, como um dos corolários do exercício da autodefesa. 
EMENTA: HABEASCORPUS PREVENTIVO. NULIDADE DE INTERROGATÓ-RIO REALIZADO 
EM IPM. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE ADVOGADO NO IPM. DIREITO AO SILÊNCIO. 
LEI Nº 10.792/2003. 1. A Constituição Federal de 1988 (art. 5º, LXIII) assegura ao preso a 
assistência de advogado. Para a Doutrina, essa garantia é estendida a toda pessoa 
submetida a interrogatório, tanto na justiça como na polícia. Todavia a presença de 
advogado, na polícia, não é obrigatória, nem mesmo com o advento da Lei nº 
10.792/2003 que alterou dispositivos do CPP. 2. Direito ao silêncio não violado. Embora 
não alertado sobre o direito ao silêncio, o acusado teve liberdade para falar, calar e, 
inclusive, gravar o interrogatório. 3. As irregularidades do inquérito não fulminam a 
Ação Penal. Aquele não é processo administrativo, e sim, mero procedimento 
investigatório. Ordem denegada. Decisão unânime. STM: Num: 2006.01.034195-1 UF: 
HC - HABEAS CORPUS. Data da Publicação: 25/08/2006. 
 
Ao presidente do Conselho caberá nomear defensor ao acusado que não o tiver, e curador ao 
revel ou incapaz. 
O interrogatório é um meio de prova, no entanto, para servir de lastro a um decreto 
absolutório, tem que estar amparado nas demais provas produzidas; não pode o acusado apenas 
alegar as suas teses, deve prová-las. Ressalta-se que cabe ao Ministério Público Militar fazer prova 
para condenação; uma vez realizada esta, não elide simples negativa ou tese levantada pelo acusado 
sem posterior comprovação. 
 
Ementa: HOMICÍDIO DOLOSO QUALIFICADO - RÉU PRESO - CONDENA-ÇÃO. Alegações 
prestadas no interrogatório judicial desprovidas de suporte nas provas oral e 
documental. Materialidade configurada pela Certidão de Óbito e a autoria evidenciada 
na prova oral e confissão. Dinâmica do delito a demonstrar que, estando o alojamento 
às escuras, após carregar o fuzil, o Apelante efetuou o primeiro disparo, para baixo, em 
direção à cama onde estava a vítima deitada, não a atingindo. Persistiu em sua intenção 
maligna, fazendo outro disparo que veio a ceifar a vida de jovem colega de farda. Agiu 
com animus necandi. Negado provimento ao Recurso. Decisão unânime. STM: Num: 
2006.01.050367-6 UF: MS - APELAÇÃO (FO). Data da Publicação: 19/12/2006. 
 
 
 
 
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Entendemos que o interrogatório, além de um meio de prova, é um meio de defesa, 
especificamente da autodefesa que faz parte da ampla defesa. O acusado pode trazer a sua versão, 
inclusive não produzir prova contra si, corolário do princípio da presunção de inocência ou não 
culpabilidade. Tem do direito de não ser obrigado a depor contra si mesmo, nem a confessar-se 
culpado - nemo tenetur se detegere. 
Sendo meio de defesa, deve-se observar alguns regramentos. A sua inobservância ofende o 
devido processo legal e a ampla defesa: 
 
1) direito de não ser obrigado a depor contra si mesmo, nem a confessar-se culpado - 
nemo tenetur se detegere; 
2) direito de ser informado antes do seu interrogatório o direito ao silêncio. Art. 5º, LXIII, 
da CRFB – “o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer 
calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado”; 
3) de estar acompanhado de advogado de sua livre escolha. Caso não tenha condições 
de arcar com os custos, o Estado tem o dever de proporcionar; 
4) direito de entrevista prévia e reservada com o seu defensor. 
Dessa forma, para preservar o direito de defesa no interrogatório ele deve ser o último ato 
da instrução processual – produção probatória. Não se concebe a preservação da ampla defesa o 
acusado ser ouvido antes da produção da prova da acusação, como primeiro ato nos termos do art. 
302 do CPPM. 
 
Art. 302. O acusado será qualificado e interrogado num só ato, no lugar, dia e hora 
designados pelo juiz, após o recebimento da denúncia; e, se presente à instrução 
criminal ou preso, antes de ouvidas as testemunhas. 
Parágrafo único. A qualificação e o interrogatório do acusado que se apresentar ou for 
preso no curso do processo, serão feitos logo que ele comparecer perante o juiz. 
 
Como visto no art. 302 acima, no CPPM o interrogatório é o primeiro ato, logo após o 
recebimento da denúncia em audiência específica. 
Vale lembrar que no Código de Processo Penal Comum, com a reforma de 2008 que trouxe 
nova redação ao art. 400 do CPP, determina o interrogatório como o último ato. 
 
Art. 400 do CPPP. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo 
máximo de 60 (sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, à 
inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, 
ressalvado o disposto no art. 222 deste Código, bem como aos esclarecimentos dos 
peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em 
seguida, o acusado. 
 
A questão a ser enfrentada é se o art. 302 do CPPM continua sendo aplicado ou se deve 
aplicar o art. 400 do CPP no Processo Penal Militar. 
O Superior Tribunal Militar tem posição firme no sentido da não aplicação do regramento 
comum ao processo castrense, pois esse tem dispositivo específico e não há lacuna a ser suprida. O 
 
 
 
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entendimento é que no processo penal militar a realização do interrogatório no início da instrução 
criminal não viola as garantias constitucionais da ampla defesa e do contraditório, mesmo diante da 
superveniência da lei reformadora do Código de Processo Penal Comum, o qual, até então, possuía 
procedimento idêntico ao CPPM, e nem por isso se pode afirmar que as condenações ocorridas na 
Justiça Comum até o início da vigência da Lei nº 11.719/2008 estejam eivadas de vício de 
inconstitucionalidade. 
 
Nesse sentido a jurisprudência do STM: 
 
EMENTA: HABEAS CORPUS. INTERROGATÓRIO REALIZADO APÓS O RE-CEBIMENTO DA 
DENÚNCIA (ART. 302 DO CPPM). PEDIDO DE DECLA-RAÇÃO DE NULIDADE, 
DESENTRANHAMENTO E REALIZAÇÃO DE NOVO INTERROGATÓRIO, EM OBSERVÂNCIA 
AO ART. 400 DO CPP. IMPOSSI-BILIDADE. I - A alteração do art. 400 do CPP pela Lei nº 
11.719/2008, que inaugurou a inversão do interrogatório em relação aos demais atos 
probatórios, foi concebida tão somente para conferir celeridade nos procedimentos 
penais no âmbito da Justiça penal comum, não se aplicando subsidiariamente ao Código 
de Processo Penal Militar. II - O disposto no art. 8º, 2, alíneas "d" e "g", do Pacto de São 
José da Costa Rica não revogou a disposição legal contida no art. 302 do CPPM, uma vez 
que esse artigo permanece dotado de plena eficácia e não viola o direito ao exercício do 
contraditório e da ampla defesa do Paciente. Portanto, a realização do interrogatório do 
Paciente, na forma preconizada pelo citado dispositivo legal, não configura 
constrangimento ilegal por parte do Juízo a quo, uma vez que o referido ato processual 
deu-se em observância ao princípio da legalidade estrita. Ordem de Habeas Corpus 
denegada. Decisão unânime. (HC- nº 0000053-08.2011.7.00.0000, Relator(a): Min. José 
Coêlho Ferreira, julgado em 23/05/2011 e publicado em 29/06/2011). 
EMENTA: Habeas Corpus. Interrogatório. Lei nº 11.719/2008. Inaplicabilidade. Pedido de 
ordem com vista a aplicação das alterações trazidas pela Lei nº 11.719/2008 do Código 
de Processo Penal (art. 400), que passou a considerar o interrogatório como último ato 
da instrução criminal. O Diploma Processual Penal Castrense não é omisso na questão 
sub examine, possuindo regra própria e diferenciada para regular a matéria, conforme 
estatuído no art. 302 do CPPM. Conhecido o writ e denegada a ordem por falta de 
amparo legal. Decisão unânime. 21 (HC- nº 0000060-97.2011.7.00.0000, Relator(a): Min. 
Francisco José da Silva Fernandes, julgado em 23/05/2011 e publicado em 25/07/2011). 
 
Assim, no STM, a questão é pacífica, inclusive, em janeiro de 2013 foi publicada a Súmula 15 
referente à ordem do interrogatório.Súmula 15 do STM: A alteração do art. 400 do CPP, trazida pela Lei nº 11.719, de 20 Jun 
08, que passou a considerar o interrogatório como último ato da instrução criminal, não 
se aplica à Justiça Militar da União. 
 
Acontece que a discussão chegou ao STF e o Pretório Excelso tem entendido que deve ser 
aplicado o regramento do art. 400 do CPP – interrogatório como último ato – no processo penal 
militar. Os julgados abaixo trazem a nova tendência, ou seja, a aplicação do interrogatório como 
último ato. 
 
 
 
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Vale trazer parte da fundamentação da lavra do Min. Luiz Fux: A importância da nova 
sistemática processual introduzida no CPP para a promoção da máxima efetividade das garantias 
constitucionais do contraditório e da ampla defesa (CRFB, art. 5º, LV), corolários elementares do 
devido processo legal (CRFB, art. 5º LIV) e cânones essenciais do Estado Democrático de Direito 
(CRFB, art. 1º, caput). Deveras, o interrogatório realizado ao final da instrução processual é medida 
indispensável à plenitude de defesa, na medida em que permite ao sujeito passivo da persecução 
penal manifestar-se sobre todas as provas coligida e, como indicado pelo Min. Ricardo Lewandowski, 
“esclarecer divergências e incongruências que, não raramente, afloraram durante a edificação do 
conjunto probatório”. Ainda, ficou esclarecido que tal entendimento não se aplica aos casos em que 
o interrogatório tenha ocorrido antes da entrada em vigor da Lei nº 11.719/2008. 
 
EMENTA: PROCESSUAL PENAL. INTERROGATÓRIO NAS AÇÕES DE COM-PETÊNCIA DA 
JUSTIÇA MILITAR. ATO QUE DEVE PASSAR A SER REALIZA-DO AO FINAL DO PROCESSO. 
NOVA REDAÇÃO DO ART. 400 DO CPP. PRECEDENTE DO PLENÁRIO DO SUPREMO 
TRIBUNAL FEDERAL (AÇÃO PENAL Nº 528, PLENÁRIO). ORDEM CONCEDIDA. 1. O art. 400 
do Código de Processo Penal, com a redação dada pela Lei nº 11.719/2008, fixou o 
interrogatório do réu como ato derradeiro da instrução penal. 2. A máxima efetividade 
das garantias constitucionais do contraditório e da ampla defesa (CRFB, art. 5º, LV), 
dimensões elementares do devido processo legal (CRFB, art. 5º LIV) e cânones essenciais 
do Estado Democrático de Direito (CRFB, art. 1º, caput) impõem a incidência da regra 
geral do CPP também no processo penal militar, em detrimento do previsto no art. 302 
do Decreto-lei nº 1.002/69. Precedente do Supremo Tribunal Federal (Ação Penal nº 528 
AgR, rel. Min. Ricardo Lewandowski, Tribunal Pleno, j. em 24/03/2011, DJe-109 divulg. 
07-06-2011). 3. Ordem de habeas corpus concedida. ( STF - HC 115698/AM, rel. Min. 
Luiz Fux, 25.6.2013). 
 
EMENTA: HABEAS CORPUS. DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL MILITAR. CRIME DE 
USO E POSSE DE ENTORPECENTE EM LUGAR SUJEI-TO À ADMINISTRAÇÃO MILITAR 
(CPM, ART. 290). ARGUIÇÃO DE IN-CONSTITUCIONALIDADE DA ORGANIZAÇÃO DA 
JUSTIÇA PENAL MILITAR (LEI N. 8.457/92). IMPROCEDÊNCIA. EXISTÊNCIA DE GARANTIAS 
PRÓ-PRIAS E IDÔNEAS À IMPARCIALIDADE DO JULGADOR. SIMETRIA CONS-TITUCIONAL. 
ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA DE PROVA DO FATO CRIMINO-SO. COMPROVAÇÃO DO ILÍCITO 
POR LAUDO PERICIAL SUBSCRITO POR UM ÚNICO PERITO. VALIDADE. INAPLICABILIDADE 
DA SÚMULA 361 DO STF. PERITO OFICIAL. PRECEDENTES. INTERROGATÓRIO NAS AÇÕES 
DE COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA MILITAR. ATO QUE DEVE PASSAR A SER RE-ALIZADO AO 
FINAL DO PROCESSO. NOVA REDAÇÃO DO ART. 400 DO CPP. PRECEDENTE DO PLENÁRIO 
DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (AÇÃO PENAL Nº 528). ORDEM CONCEDIDA. 
1. A Lei nº 8.457/92, ao organizar a Justiça Militar da União criando os Conselhos de 
Justiça (art. 1º c/c art. 16) e confiando-lhes a missão de prestar jurisdição criminal, não 
viola a Constituição da República ou a Convenção Americana de Direitos Humanos 
(Pacto de São José da Costa Rica), porquanto assegura a seus respectivos membros 
garantias funcionais idôneas à imparcialidade do ofício judicante, ainda que distintas 
daquelas atribuídas à magistratura civil. 
2. O Enunciado nº 361 da Súmula da Jurisprudência Dominante do Supremo Tribunal 
Federal não é aplicável aos peritos oficiais, de sorte que, na espécie, exsurge válido o 
laudo pericial assinado por um só perito da Polícia Federal. Precedentes do Supremo 
Tribunal Federal: HC 95595, Relator(a): Min. EROS GRAU, Segunda Turma, julgado em 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
04/05/2010. HC 72921, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO, Segunda Turma, julgado em 
21/11/1995). 
3. O art. 400 do Código de Processo Penal, com a redação dada pela Lei nº 11.719/2008, 
fixou o interrogatório do réu como ato derradeiro da instrução penal, sendo certo que 
tal prática, benéfica à defesa, deve prevalecer nas ações penais em trâmite perante a 
Justiça Militar, em detrimento do previsto no art. 302 do Decreto-Lei nº 1.002/69, como 
corolário da máxima efetividade das garanti-as constitucionais do contraditório e da 
ampla defesa (CRFB, art. 5º, LV), dimensões elementares do devido processo legal 
(CRFB, art. 5º LIV) e cânones essenciais do Estado Democrático de Direito (CRFB, art. 1º, 
caput). Precedente do Supremo Tribunal Federal (Ação Penal nº 528 AgR, rel. Min. 
Ricardo Lewandowski, Tribunal Pleno, j. em 24/03/2011, DJe-109 divulg. 07-06-2011). 4. 
In casu, o Conselho Permanente de Justiça para o Exército (5ª CJM) rejeitou, 
27/02/2012, o requerimento da defesa quanto à realização do interrogatório do 
paciente ao final da sessão de julgamento, negando aplicação do art. 400 do Código de 
Processo Penal, o que contraria a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. 5. Ordem 
de habeas corpus concedida para anular os atos processuais praticados após o 
indeferimento do pleito defensivo e permitir o interrogatório do paciente antes da 
sessão de julgamento, com aplicação subsidiária das regras previstas na Lei nº 11.719/08 
ao rito ordinário castrense. HC 115530/PR , rel. Min. Luiz Fux, 25.6.2013. (HC-115530). 
 
 INTERROGATÓRIO 
Art. 302 do CPPM Art. 400 do CPP 
Primeiro ato Último ato 
 Entendimento dos Tribunais 
STM STF 
Não se aplica o regramento do 
art. 400 do CPP. 
Aplica-se o regramento do art. 
400 do CPP. 
 
 
3. INTERROGATÓRIO POR VIDEOCONFERÊNCIA 
O art.185, § 2º, do CPP comum, prevê, excepcionalmente, que o juiz, por decisão 
fundamentada, de ofício ou a requerimento das partes, poderá realizar o interrogatório do réu preso 
por sistema de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em 
tempo real, desde que a medida seja necessária 
 
• Não consta no CPPM autorização para videoconferência. 
 
Na Justiça Federal, a maioria das suas subseções trabalha com processos eletrônicos. A 
Justiça Estadual caminha no mesmo sentido e não poderia ser diferente na Justiça Militar. Não somos 
contra a informatização do processo ou a utilização de novas tecnologias. Somos contra a 
relativização de direitos do réu através de uma interpretação extensiva em seu prejuízo ou a 
utilização da analogia in malam partem: aquela onde adota-se lei prejudicial ao réu, valendo-se de 
um dispositivo de caso semelhante 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
Explico: a uma, o processo castrense não é omisso em relação a formalidade exigida para a 
colheita do interrogatório e o art. 3º do CPPM determina que os casos omissos serão supridos: a) 
pela legislação de processo penal comum, quando aplicável ao caso concreto e sem prejuízo da 
índole do processo penal militar. A duas, o art. 22, I, da CF estabelece a competência privativamente 
à União de legislar sobre processual. Portanto, qualquer alteração no procedimento do 
interrogatório no processo penal militar deve ser feita mediante lei ordinária federal. A três, fere o 
princípio da ampla defesa- especificamente – direito de audiência – o direito que o réu tem de ser 
ouvido pelo juiz presencialmente. Ainda, art. 8,2 “d” do Dec. 678/92 (Pacto San José da Costa Rica) 
assegura o direito do acusado de defender-se pessoalmente ou de ser assistido por um defensor de 
sua escolha e de comunicar-se, livremente e em particular, com seu defensor. 
O STF já enfrentou situação semelhante em que fora utilizado o sistema de videoconferência 
baseada em lei estadual, portanto, sem lei federal específica. Entendeu-se que a lei estadual viola 
flagrantemente a disciplina do artigo 22, inciso I, da Constituição da República, destacou que a 
hipótese não se refere à procedimento, mas à processo, ressaltando que a matéria está 
explicitamente regulada no artigo 185, do Código de Processo Penal. Com isso, a matéria é de 
processo e sendo de processo a União detém o monopólio, a exclusividade para estabelecer a 
disciplina legal na matéria. 
 
EMENTA Habeas corpus. Processual penal e constitucional. Interrogatório do réu. 
Videoconferência. Lei nº 11.819/05 do Estado de São Paulo. Inconstitucionalidade 
formal. Competência exclusiva da União para legislar sobre matéria processual. Art. 22, 
I, da Constituição Federal. 1. A Lei nº 11.819/05 do Estado de São Paulo viola, 
flagrantemente, a disciplina do art. 22, inciso I, da Constituição da República, que prevê 
a competência exclusiva da União para legislar sobre matéria processual. 2. Habeas 
corpus concedido. 
 
4. DA CONFISSÃO (arts. 307 a 310 do CPPM) 
É a aceitação pelo réu da acusação que lhe é dirigida em um processo penal. É a declaração 
voluntária, feita por imputável, a respeito de fato pessoal e próprio, desfavorável e suscetível de 
renúncia. 
É um meio de prova que deixou de ser considerada a “rainha das provas”, não tendo 
hierarquia em relação às provas e não tendo força probatória absoluta, pois de acordo com o artigo 
307 do CPPM, para que tenha valor de prova, a confissão deve ser feita perante autoridade 
competente; ser livre, espontânea e expressa; versar sobre o fato principal; ser verossímil; ter 
compatibilidade e concordância com as demais provas do processo. 
 
Ementa: furto qualificado. Exame de corpo de delito (falta). Prova ilícita. Princípio 
tantum devolutum quantum appellatum. No processo moderno não há hierarquia de 
provas nem provas específicas para casos determinados. A falta do auto de corpo de 
delito não sugere nulificação se o julgador, por meios probatórios hábeis, deduz 
seguramente comprovada a materialidade do delito (precedentes do Superior Tribunal 
de Justiça). A inviolabilidade do sigilo assegurada pela Carta Magna não alcança escritos 
outros, senão a correspondência na acepção jurídica, por isso excluído da franquia 
constitucional o bilhete entregue simplesmente dobrado e não envolto em sobrecarta. 
Os limites do apelo são fixados na petição de interposição, a teor de orientação 
pretoriana hoje pacificada. Apelo ministerial provido. Unânime. STM: Num: 
1994.01.047274-6 UF: CE- APELAÇÃO (FO). Data da publicação: 14/06/1995. 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
Ementa: ROUBO QUALIFICADO. LATROCÍNIO. CONFISSÃO EXTRAJUDI-CIAL. 
INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. 1. A acusação de que o acusado matou a vítima para 
assegurar a impunidade do roubo de produto da venda do veículo da vítima não restou 
provada. 2. Condenação fundada em confissão feita em leito hospitalar, por quem 
apresenta histórico de graves transtornos mentais, não corroborada por outras provas. 
3. Recurso provido para cassar a sentença e absolver o acusado. Decisão majoritária. 
STM: Num: 2002.01.049130-9 UF: RJ - APELAÇÃO (FO). Data da Publicação: 26/02/2003. 
 
De acordo com o art. 309 do CPPM, a confissão é retratável e divisível, sem prejuízo do livre 
convencimento do juiz, fundado no exame das provas em conjunto. Divisível no sentido de que, no 
momento de julgar, o conselho pode considerar verdadeira parte da confissão e falsa outra parte. 
Retratável, no sentido de que pode ser suscetível de retratação, mas nesse caso caberá ao conselho 
confrontar a retratação com outros meios de prova para formar sua convicção. 
 
Ementa: APROPRIAÇÃO INDÉBITA I - Na hipótese dos autos, restou, cristalinamente, 
demonstrado que o Recorrido era cotitular, juntamente com seu irmão, da conta 
corrente da pensionista falecida, consoante informação da Caixa Econômica Federal. 
Destarte, ambos os réus tinham acesso a todas as informações necessárias para 
movimentar a pré-citada conta corrente, o que, considerando as confissões feitas no 
IPM e demais provas dos autos, permite a formação de induvidoso juízo de valor quanto 
à culpabilidade dos dois acusados. II - Cumpre destacar ainda que a retratação judicial 
de confissões em IPM é expediente, comumente, utilizado pelos acusados para lograrem 
a absolvição. No caso em análise, observa-se que os réus, antevendo que o conjunto 
probatório dos autos induziria à condenação de ambos, retrataram as respectivas 
confissões, feitas na fase inquisitorial, a fim de que apenas um deles fosse condenado. III 
- Entretanto, a retratação somente tem validade, acaso haja, nos autos, indícios 
ponderáveis que a confirmem. Ao contrário, se, como neste caso concreto, as demais 
provas corroboram com a confissão extrajudicial, esta deve prevalecer. IV - Dado 
provimento ao Recurso Ministerial por decisão uniforme. STM: Num: 2005.01.049997-0 
UF: PE - APELAÇÃO (FO) Cód. 40 Data da Publicação: 04/07/2006. 
EMENTA. Apelação. Roubo qualificado. Confissão perante a autoridade policial. 
Validade. Ação ousada e coordenada de militares e civis, resultando em invasão à 
Unidade Militar e que, mediante violência e grave ameaça a vários militares, subtraíram 
grande quantidade de armamento e munição, tudo pertencente ao patrimônio da 
Administração Militar. Arguição de irregularidades processuais na fase inquisitorial, as 
quais não geram a nulidade da ação penal. Não comprovadas as alegações dos Acusados 
de que sofreram coação para confessar. Conjunto probatório harmônico com as 
confissões detalhadas perante a autoridade policial, suficientes para conduzir a um 
decreto condenatório. Retratação em Juízo, sem ressonância nas provas dos autos. 
Apelos defensivos improvidos. Decisão unânime. STM: Num: 2004.01.049678-5 UF: RJ 
Decisão- APELAÇÃO (FO). Data da Publicação: 08/11/2004. 
Ementa: ROUBO QUALIFICADO. ARMAMENTO DO EXÉRCITO. CONFIS-SÃO 
EXTRAJUDICIAL. RETRATAÇÃO EM JUÍZO. EXISTÊNCIA DE OUTROS ELEMENTOS DE 
PROVA. REFORMA DA SENTENÇA ABSOLUTÓRIA. 1. É pacífico o entendimento 
doutrinário e jurisprudencial no sentido de que a confissão extrajudicial, mesmo 
retratada em juízo, tem validade como meio de prova, quando existem no processo 
outros elementos que demonstram a culpabilidade do acusado. "De acordo com a 
orientação do STF, a confissão feita no inquérito policial, embora retratada em juízo, 
 
 
 
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tem valia, desde que não elidida por quaisquer indícios ponderáveis, mas ao contrário, 
perfeitamente ajustável aos fatos apurados" (DAMÁSIO DE JESUS). É o caso dos autos. 2. 
"In casu", ao término da instrução criminal restou indubitavelmente comprovado que os 
ora Apelados cometeram o crime capitulado no art. 242, § 2º, incisos I e II, do CPM, 
considerando-se que o roubo das pistolas foi praticado com emprego de arma e em 
concurso de mais de duas pessoas. Provido o apelo ministerial para, reformando-se a 
Sentença "a quo", condenar os Apelados. Decisão majoritária. STM: Num: 
2002.01.049013-2 UF: SP Decisão - APELAÇÃO (FO). Data da Publicação: 17/06/2003. 
 
5. DAS PERGUNTAS AO OFENDIDO (arts. 311 a 313 do CPPM) 
Ofendido é o sujeito passivo do delito; é aquele que tem interesse lesado ou posto em 
perigo; não integra o rol de testemunhas; não presta o compromisso legal de dizer a verdade; suas 
declarações devem ser avaliadas em conjunto com as demais provas trazidas aos autos. 
Sempre que possível, o ofendido será qualificado e perguntado sobreas circunstâncias da 
infração, quem seja ou presuma ser seu autor, as provas que possa indicar, tomando-se por termo as 
suas declarações. Se, notificado para esse fim, deixar de comparecer sem motivo justo, poderá ser 
conduzido à presença da autoridade, sem ficar sujeito, entretanto, a qualquer sanção. 
As declarações do ofendido serão feitas na presença do acusado, que poderá contraditá-las 
no todo ou em parte, após a sua conclusão, bem como requerer ao juiz que o ofendido esclareça ou 
torne mais precisa qualquer das suas declarações, não podendo, entretanto, reperguntá-lo. 
 
Ementa: CORREIÇÃO PARCIAL - PEDIDO DO MPM CONTRA DECISÃO DO CPJ QUE 
MANTEVE OS ATOS PROCESSUAIS EM QUE O ACUSADO CON-TRADITOU PESSOALMENTE 
AS DECLARAÇÕES DOS OFENDIDOS EM SEUS INTERROGATORIOS. A DECISÃO RECORRIDA 
SE REVESTE DE LEGALIDADE 'EX VI' DO ART. 312 DO CPPM. PREDOMINÂNCIA DO 
PRINCÌPIO MAIOR ESCULPIDO NO ART. 499 DO MESMO DIPLOMA LEGAL. POR UNANIMI-
DADE, O TRIBUNAL INDEFERIU A CORREIÇÃO PARCIAL PARA MANTER A R. DECISÃO 
ATACADA. STM: Num: 1994.01.001446-5 UF: PA - COR-REIÇÃO PARCIAL (FO) Data da 
Publicação: 06/09/1994. 
Ementa: CORREIÇÃO PARCIAL. AUDIÊNCIA DE OITIVA DO OFENDIDO. PROCEDIMENTO. 
NADA IMPEDE QUE A AUDIÊNCIA DE OITIVA DO OFENDIDO SE PROCEDA, POR 
ANALOGIA, APLICANDO-SE AS REGRAS QUE DISCIPLINAM A INQUIRIÇÃO DAS 
TESTEMUNHAS, AFASTADAS OS ÒBICES LEGAIS, COMO POR EXEMPLO, O 
COMPROMISSO DE DIZER A VERDADE. EM ASSIM SENDO, NÃO EXISTE VEDAÇÃO LEGAL 
PARA QUE O REPRESENTANTE DO MINISTÉRIO PÚBLICO FORMULE PERGUNTAS AO 
OFENDIDO, POR INTERMÉDIO DO JUIZ. DEFERIDA A CORREIÇÃO, DE-TERMINANDO-SE A 
RENOVAÇÃO DO ATO DE OITIVA DO OFENDIDO, OB-SERVADAS AS PRECEITUAÇÕES 
LEGAIS. DECISÃO UNÂNIME. STM: Num: 1992.01.001402-3 UF: AM Decisão: 
25/02/1992- CORREIÇÃO PARCI-AL (FO) Data da Publicação: 06/04/1992. 
 
O ofendido não está obrigado a responder pergunta que possa incriminá-lo, ou seja, estranha 
ao processo. 
 
 
 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
6. DAS PERÍCIAS E EXAMES (arts. 314 a 346 do CPPM) 
A perícia é o exame de algo ou alguém realizado por técnicos ou especialistas em 
determinados assuntos, podendo fazer afirmações ou extrair conclusões pertinentes ao processo. 
A perícia pode ter por objeto os vestígios materiais deixados pelo crime ou as pessoas e 
coisas, que, por sua ligação com o crime, possam servir-lhe de prova. 
De acordo com a regra do artigo 328 do CPPM, o exame de corpo de delito direto ou indireto 
é indispensável para a comprovação da materialidade, nas infrações que deixam vestígios, não 
podendo supri-lo a confissão do acusado e podendo ser feito a qualquer dia e hora. 
O artigo 328, parágrafo único, do CPPM permite, na impossibilidade, havendo desaparecido 
os vestígios, seja essa prova suprida pela prova testemunhal, considerado neste caso exame de corpo 
de delito indireto. 
 
FURTO QUALIFICADO (PERÍODO NOTURNO E EMPREGO DE CHAVE FAL-SA) I - Diante da 
prova oral, trazida aos autos, a autoria e a materialidade do furto qualificado restaram, 
plenamente, comprovadas. II - Afastada a qualificadora de emprego de chave falsa, à 
míngua de exame direto ou indireto para aferir-se de sua eficácia, como prescreve o art. 
345, do CPPM. III - Recurso Ministerial, parcialmente, provido para, reformando-se a 
Sentença, condenar-se o Apelado, com o afastamento da qualificadora de emprego de 
chave falsa. IV - Decisão majoritária. STM: Num: 2005.01.050101-0 UF: DF - APELA-ÇÃO 
(FO).Data da Publicação: 03/04/2007. 
 
As perícias serão, sempre que possível, feitas por dois peritos, especializados no assunto ou 
com habilitação técnica, nomeados de preferência dentre os oficiais da ativa, atendida a 
especialidade, que deverá prestar compromisso para cada nomeação. Não há um instituto de 
perícias na Justiça Militar. 
 
7. DAS TESTEMUNHAS (arts. 347 a 364 do CPPM) 
 Testemunha é a pessoa que declara ter tomado conhecimento de algo, podendo, pois, 
confirmar a veracidade do ocorrido, agindo sob o compromisso de estar sendo imparcial e dizendo a 
verdade. 
A testemunha enquanto ouvida como tal, tem a obrigação de dizer a verdade, sob pena de 
responder pelo crime de falso testemunho. Todavia, até mesmo a testemunha não está obrigada a 
responder sobre fato que em tese possa incriminá-la. 
 
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. FALSO TESTE-MUNHO. 
INOCORRÊNCIA. LEI 1.579/52, ART. 4º, II (CP, ART. 342). COMISSÃO PARLAMENTAR DE 
INQUÉRITO. TESTEMUNHA. PRISÃO EM FLAGRANTE. CPP, ART. 307. I. - Não configura o 
crime de falso testemunho, quando a pessoa, depondo como testemunha, ainda que 
compromissada, deixa de revelar fatos que possam incriminá-la. II. - Nulidade do auto 
de prisão em flagrante lavrado por determinação do Presidente da Comissão 
Parlamentar de Inquérito, dado que não se consignou qual a declaração falsa feita pelo 
depoente e a razão pela qual assim a considerou a Comissão. III. - Auto de prisão em 
flagrante lavrado por quem não preenche a condições de autoridade (art. 307 do CPP). 
IV. - H.C. deferido 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
 
PENAL. PROCESSUAL. FALSO TESTEMUNHO. IRRELEVÂNCIA QUANTO AO RESULTADO DO 
PROCESSO PRINCIPAL E DA FORMALIDADE DO COM-PROMISSO. DELITO NÃO 
CARACTERIZADO POR OUTRO FUNDAMENTO. 1. A caracterização do crime de falso não 
está condicionada à decisão judicial condenatória no processo principal em que se 
verificou. Precedentes do STJ. 2. É irrelevante a formalidade do compromisso para a 
caracterização do crime de falso testemunho. Precedentes do STF. 3. Nos termos de 
recente precedente do STF, o crime de falso testemunho não se configura quando com a 
declaração da verdade o depoente assume o risco de ser incriminado. (HC n.º 
73.035/DF, in DJ de 19.12.96, p. 51.766). 4. Habeas corpus concedido para trancar a 
ação penal. ( STJ - HC – 20924). 
 
As testemunhas serão notificadas em decorrência de despacho do juiz-auditor ou 
deliberação do Conselho de Justiça, em que será declarado o fim da notificação e o lugar, dia e hora 
em que devem comparecer. 
O comparecimento é obrigatório, nos termos da notificação, não podendo dele eximir-se a 
testemunha, salvo motivo de força maior, devidamente justificado. 
A testemunha que, notificada regularmente, deixar de comparecer sem justo motivo, será 
conduzida por oficial de justiça e receberá uma multa na quantia de um vigésimo a um décimo do 
salário mínimo vigente. Havendo recusa ou resistência à condução, o juiz poderá impor-lhe prisão de 
até quinze dias, sem prejuízo do processo penal por crime de desobediência. 
Qualquer pessoa poderá ser testemunha. A testemunha não poderá eximir-se da obrigação 
de depor. Excetuam-se o ascendente, o descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que 
separado ou divorciado, e o irmão do acusado, bem como pessoa que, com ele, tenha vínculo de 
adoção, salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e de 
suas circunstâncias. 
Não se deferirá compromisso a essas pessoas, nem aos doentes e deficientes mentais e aos 
menores de quatorze anos. 
São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, 
devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu 
testemunho. Ex. advogado, psicólogo, padre, etc. 
O militar, ou funcionário público será requisitado ao respectivo chefe, pela autoridade que 
ordenar a notificação. 
As testemunhas serão arroladas pelo Ministério Público Militar na denúncia e pela defesa, 
regra geral, até após a oitiva das testemunhas da acusação, que mudará o prazo para o seu 
oferecimento, caso de procedimento ordinário até 5 dias após (art. 428, parágrafo único, do CPPM), 
e em procedimentos especiais (deserção e insubmissão) até 3 dias após a oitiva das testemunhas do 
Ministério Público Militar que serão ouvidas noato do interrogatório do réu, (art. 457, § 4º, do 
CPPM). 
O número de testemunhas é seis, por fato, ao Ministério Público Militar, e seis, por acusado, 
para a defesa. Esta é a regra contida na leitura dos artigos 77, “h”, e 417, § 2º, do CPPM. No entanto, 
entendo que mesmo assim há uma violação ao princípio da isonomia, pois, um sujeito acusado por 
dois delitos em uma única denúncia, poderá o Ministério Público Militar arrolar até doze 
testemunhas, enquanto a sua defesa poderá arrolar apenas seis testemunhas. 
 
 
 
 
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Ementa: HABEAS CORPUS. ART. 417, § 2º, DO CPPM. DESIGUALDADE ENTRE O NÚMERO 
DE TESTEMUNHAS DE DEFESA E O DE ACUSAÇÃO. DISPOSITIVO PROCESSUAL CASTRENSE 
NÃO RECEPCIONADO PELA CONSTITUIÇÃO. Impetração visando à cassação do despacho 
que determinou a redução, a três testemunhas, do rol apresentado pela defesa. 
Preliminar de não conhecimento por inadequação da via eleita suscitada, de ofício, pelo 
Ministro-Relator, rejeitada por maioria. No mérito, configurado o cerceamento à ampla 
defesa em face da decisão que indeferiu o pedido de oitiva de quatro testemunhas de 
defesa, limitando a três. "Writ" procedente por afrontar as disposições do art. 417, § 2º, 
do CPPM, o princípio constitucional da isonomia entre as partes, ao estabelecer número 
de testemunhas de defesa aquém das apresentadas pelo Ministério Público Militar, 
previsto no art. 77, letra "h", do mesmo Diploma Processual Castrense. Precedentes 
jurisprudenciais. Ordem concedida, à unanimidade de votos. m: 2005.01.034037-8 UF: 
CE: - HABEAS CORPUS. Data da Publicação: 27/06/2005. 
EMENTA: HABEAS CORPUS. IGUALDADE NO NÚMERO DE TESTEMU-NHAS ARROLADAS 
PELA DEFESA E PELO MINISTÉRIO PÚBLICO. ISONO-MIA PROCESSUAL. Pleito defensorial. 
Com o advento da Constituição Federal de 1988, tornou-se proibido tratamento 
diferenciado entre Acusação e Defesa, em obediência ao princípio da igualdade entre as 
partes. Inaplicabilidade do art. 417, § 2°, do CPPM. Inconstitucionalidade deste artigo 
declarada pelo STF na apreciação do Habeas Corpus nº 80.855-7/RJ. Concedida a ordem. 
Maioria. STM Num: 2005.01.034029-7 UF: CE - HABEAS CORPUS. Data da Publicação: 
02/06/2005. 
 
Poderá o juiz, quando julgar necessário, ouvir testemunhas suplementares, além das 
indicadas pelas partes. Ainda, é facultado ao juiz, se parecer conveniente, ainda que não haja 
requerimento das partes, ouvir testemunhas referidas nos depoimentos das testemunhas que foram 
ouvidas anteriormente em juízo. 
EMENTA: CORREIÇÃO PARCIAL - TESTEMUNHAS ARROLADAS PELA DE-FESA ACIMA DO 
PERMITIDO EM LEI - ACAREAÇÃO - PEDIDOS INDEFERI-DOS PELO CONSELHO JULGADOR 
DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. ART. 417, §§ 2º E 3º, CPPM - Dispositivo legal não 
recepcionado pela Carta Magna - Princípio da isonomia e da ampla defesa - Art 5º, inciso 
LV, da CF - MPM e Defesa - Igual número de testemunhas. Fica a critério do CPJ ouvir o 
número arrolado excedido, caso julgue pertinentes os respectivos depoimentos, na 
qualidade de referidas ou testemunhas do Juízo. Acareação - Não se trata de 
providência obrigatória - A sua realização também fica ao prudente arbítrio do Juízo a 
quo. Correição Parcial conhecida e indeferida. Decisão unânime. STM: Num: 
2006.01.001932-7 UF: SP PARCIAL (FO).Data da Publicação: 27/10/2006. 
Ementa: Oitiva de Testemunhas Referidas. I - Segundo o Magistério de Júlio Fabbrini 
Mirabete: "Podem ser ouvidas outras testemunhas; são as referidas pelas que já 
depuseram, se ao Juiz parecer conveniente...... Pode a parte requerer a oitiva da 
testemunha referida, cabendo ao Juiz deferir o pedido, ou não (R 567/459)". II - No caso 
concreto, a Defesa arrolou, como referidas, duas testemunhas, que não foram referidas 
pelas que depuseram. III - Pedido de Correição Parcial indeferido para, mantido o 
Despacho atacado, determinar-se o prosseguimento do Feito. IV - Decisão uniforme. 
STM: Num: 2000.01.001717-0 UF: RJ - CORREIÇÃO PARCIAL (FO). Data da Publicação: 
14/07/2000. 
 
É pacífico na jurisprudência que o juiz pode ouvir testemunhas suplementares para chegar-se 
à verdade real. Não concordamos, pois entendemos que fere o sistema acusatório. O MPM acusa e 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
traz as provas do crime e autoria. A defesa a prova contrária e o juiz de forma imparcial deve apenas 
apreciar o arcabouço probatório trazido pelas partes. Deve ficar inerte. Na dúvida deve absolver e 
não buscar prova para condenar por meio de testemunhas suplementares. 
 
Ementa: LESÃO CORPORAL. ART. 209, “CAPUT”, DO CÓDIGO PENAL MILITAR. 
ABSOLVIÇÃO. VÍTIMA E TESTEMUNHAS. AUSÊNCIA DE PROVA JUDICIALIZADA. 
CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. CORRÉU. EFEITO EXTENSIVO. APELO PROVIDO. 
DECISÃO MAJORITÁRIA. In casu, é imperiosa a absolvição dos policiais militares 
envolvidos por insuficiência de prova, porquanto na fase judicial as testemunhas e a 
vítima arroladas pela acusação não foram ouvidas, mas tão somente os réus, não 
havendo nenhum outro indício ou prova formada sobre o resguardo do contraditório e 
da ampla defesa. Portanto, se impõe a absolvição, sustentada pela aplicação da máxima 
in dubio pro reo, posto que decorrente dos princípios da reserva legal e da presunção 
da inocência. A decisão teve o seu efeito estendido ao coréu, em face da especial 
peculiaridade da legislação penal militar prevista no parágrafo 1º do art. 125 do CPM e 
conforme preconiza o artigo 515 do CPPM. Apelo provido. Maioria. (551-2011, Juiz 
Fernando Guerreiro de Lemos, Apelação). 
 
8. OITAVA PRECATÓRIA 
A testemunha que residir fora da jurisdição do juízo poderá ser inquirida pelo juiz-auditor ou 
por juiz da justiça comum do lugar da sua residência, expedindo-se, para esse fim, carta precatória, 
intimadas as partes, que formularão quesitos, a fim de serem respondidos pela testemunha. 
A expedição da precatória não suspende a instrução criminal (art. 359, § 1º, do CPPM), no 
entanto, deve-se observar o regramento do art. 417, § 2º. do CPPM que é claro no sentido que as 
testemunhas da defesa poderão ser indicadas até cinco dias após a inquirição da última testemunha 
de acusação. Assim, caso a precatória seja para a oitiva das testemunhas da acusação, deve-se 
aguardar a sua inquirição e, a partir desta, a defesa tem ainda um prazo de cinco dias para juntar as 
suas no procedimento ordinário. 
Vale ressaltar que a defesa pode juntar o seu rol até cinco dias após a inquirição da última da 
acusação. Caso a defesa optar espontaneamente pela juntada antes desse prazo, não será caso de 
nulidade, pois, pelo princípio do interesse, “Nenhuma das partes poderá arguir nulidade a que haja 
dado causa, ou para que tenha concorrido, ou referente a formalidade cuja observância só à parte 
contrária interesse”. 
Agora, caso seja cerceada a possibilidade de juntada do seu rol antes da oitiva da última 
testemunha de acusação, mesmo que por precatória, será causa de nulidade absoluta, tendo em 
vista que ato processual será declarado nulo, com evidente prejuízo para uma das partes, nesse caso 
a defesa. Art. 499 do CPPM (pas de nullité sans grief). 
No curso do inquérito policial militar, pode ser expedida precatória à autoridade militar 
superior do local onde a testemunha estiver servindo ou residindo, a fim de notificá-la e inquiri-la, ou 
designar oficial que a inquira, tendo em atenção as normas de hierarquia, se a testemunha for 
militar. 
Tema tormentoso e não pacífico nos tribunais superiores é se o réu precisa estar presente na 
oitiva das testemunhas no juízo deprecado. 
Entendemos que se o réu estiver preso, sob os cuidados do Estado, este tem a obrigação de 
apresentar o réu no local da oitiva das testemunhas, principalmente se for da acusação. 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
A garantia constitucional do due processof Law, da ampla defesa que subdivide-se no direito 
de audiência e o direito de presença do réu, esteja ele preso ou não, devem ser assegurados sob 
pena de nulidade. O acusado tem o direito de comparecer aos atos processuais a serem realizados 
perante o juízo processante, ainda que situado este em local diverso daquele em que esteja 
custodiado o réu. Dessa forma, caso esteja custodiado, o Estado deve apresentar. 
O acusado tem o direito de estar frente ao “juiz” no momento da oitiva das testemunhas de 
acusação e logicamente, se estiver preso, somente poderá, se o Estado providenciar a apresentação. 
Tolher esse direito de presença-audiência, viola a ampla defesa e consequentemente é causa de 
nulidade absoluta. 
Deve-se é assegurar o direito de presença e de audiência que são renunciáveis pelo próprio 
réu, dessa forma, caso esteja solto, não há nulidade pelo seu não comparecimento. Estará eivado de 
formalidade legal, caso não tenha ciência da expedição da precatória e ao interessado verificar a data 
do ato. Aliás, o assunto é sumulado: Súmula 155 do STF - “É relativa a nulidade do processo criminal 
por falta de intimação da expedição de precatória para inquirição de testemunha” e Súmula 273 do 
STJ: “intimada a defesa da expedição da carta precatória, torna -se desnecessária intimação da data 
da audiência no juízo deprecado”. 
 
E M E N T A: "HABEAS CORPUS" - INSTRUÇÃO PROCESSUAL - RÉU PRE-SO - PRETENDIDO 
COMPARECIMENTO À AUDIÊNCIA PENAL EM QUE INQUIRIDAS TESTEMUNHAS DA 
ACUSAÇÃO - RÉU REQUISITADO, MAS NÃO APRESENTADO AO JUÍZO DEPRECADO - 
INDEFERIMENTO DO PE-DIDO DE ADIAMENTO DA AUDIÊNCIA - CONSTRANGIMENTO 
ILEGAL CARACTERIZADO - A GARANTIA CONSTITUCIONAL DA PLENITUDE DE DEFESA: 
UMA DAS PROJEÇÕES CONCRETIZADORAS DA CLÁUSULA DO "DUE PROCESS OF LAW" - 
CARÁTER GLOBAL E ABRANGENTE DA FUN-ÇÃO DEFENSIVA: DEFESA TÉCNICA E 
AUTODEFESA (DIREITO DE AUDIÊN-CIA E DIREITO DE PRESENÇA) - PACTO 
INTERNACIONAL SOBRE DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS/ONU (ARTIGO 14, N. 3, "D") E 
CONVENÇÃO AMERI-CANA DE DIREITOS HUMANOS/OEA (ARTIGO 8º, § 2º, "D" E "F") - 
DE-VER DO ESTADO DE ASSEGURAR, AO RÉU PRESO, O EXERCÍCIO DESSA 
PRERROGATIVA ESSENCIAL, ESPECIALMENTE A DE COMPARECER À AU-DIÊNCIA DE 
INQUIRIÇÃO DAS TESTEMUNHAS, AINDA MAIS QUANDO ARROLADAS PELO MINISTÉRIO 
PÚBLICO - RAZÕES DE CONVENIÊNCIA ADMINISTRATIVA OU GOVERNAMENTAL NÃO 
PODEM LEGITIMAR O DESRESPEITO NEM COMPROMETER A EFICÁCIA E A OBSERVÂNCIA 
DES-SA FRANQUIA CONSTITUCIONAL - NULIDADE PROCESSUAL ABSOLUTA - PEDIDO 
DEFERIDO. - O acusado, embora preso, tem o direito de comparecer, de assistir e de 
presenciar, sob pena de nulidade absoluta, os atos processuais, notadamente aqueles 
que se produzem na fase de instrução do processo penal, que se realiza, sempre, sob a 
égide do contraditório. São irrelevantes, para esse efeito, as alegações do Poder Público 
concernentes à dificuldade ou inconveniência de proceder à remoção de acusados 
presos a outros pontos da própria comarca, do Estado ou do País, eis que razões de 
mera conveniência administrativa não têm - nem podem ter - precedência sobre as 
inafastáveis exigências de cumprimento e respeito ao que determina a Constituição. 
Doutrina. Jurisprudência (HC 86.634/RJ, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.). - O direito de 
audiência, de um lado, e o direito de presença do réu, de outro, esteja ele preso ou não, 
traduzem prerrogativas jurídicas essenciais que derivam da garantia constitucional do 
"due process of law" e que asseguram, por isso mesmo, ao acusado, o direito de 
comparecer aos atos processuais a serem realizados perante o juízo processante, ainda 
que situado este em local diverso daquele em que esteja custodiado o réu. Pacto 
Internacional sobre Direitos Civis e Políticos/ONU (Artigo 14, n. 3, "d") e Convenção 
Americana de Direitos Humanos/OEA (Artigo 8º, § 2º, "d" e "f"). Precedente: HC 
 
 
 
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117 
 
 
 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
86.634/RJ, Rel. Min. CELSO DE MELLO. - Essa prerrogativa processual reveste-se de 
caráter fundamental, pois compõe o próprio estatuto constitucional do direito de 
defesa, enquanto complexo de princípios e de normas que amparam qualquer acusado 
em sede de persecução criminal, mesmo que se trate de réu processado por suposta 
prática de crimes hediondos ou de delitos a estes equiparados. Precedentes. (STF — HC 
93.503). 
 
 
Em sentido diverso: 
 
EMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL E PROCESSUAL PENAL. INQUIRIÇÃO DE 
TESTEMUNHAS NO JUÍZO DEPRECADO. REQUISIÇÃO DE RÉU PRESO. DESNECESSIDADE. A 
ausência de requisição de réu preso para acompanhar a oitiva de testemunha no juízo 
deprecado não consubstancia constrangimento ilegal. Havendo ciência da expedição da 
carta precatória, como no caso se deu, cabe ao paciente ou a seu defensor acompanhar 
o andamento do feito no juízo deprecado. Ordem denegada. (STF — HC 93.598). 
 
 PRECATÓRIA 
• Não suspende a instrução 
• Réu preso – Estado tem que apresentar 
• Réu solto – basta intimação da expedição da precatória 
 
Deve-se observar que, caso o réu (solto) seja militar e esteja lotado em uma unidade e 
responda processo em outra unidade, a administração da sua unidade deve liberar o acusado e, além 
disso, custear o seu deslocamento. O Supremo enfrentou um caso nesse sentido e entendeu que foi 
desrespeitado dispositivo da legislação militar (Decreto 4.307/2002, artigo 28, inciso I) que garante o 
custeio do transporte do militar da ativa que tiver de efetuar deslocamento fora de sua organização 
militar, entre outros casos, no interesse da Justiça. No caso específico, seu deslocamento para 
acompanhar o interrogatório de testemunhas arroladas pela acusação (Ministério Público Militar) e 
pela defesa foi negado em duas ocasiões pela administração militar, sob o argumento de “falta de 
verbas. Entendeu o Ministro Celso de Mello, que razões de conveniência administrativa ou de 
eventual incapacidade financeira do Poder Público não podem desobrigar o Estado de cumprir um 
dever que lhe é imposto em ato normativo emanado de autoridade competente e que atende às 
próprias peculiaridades da organização militar, em que sendo réu ou não, o militar não pode 
ausentar de seu quartel sem autorização de seu comandante. 
 
E M E N T A: “HABEAS CORPUS” - RÉU MILITAR - INSTRUÇÃO PROCES-SUAL - 
PRETENDIDO COMPARECIMENTO À AUDIÊNCIA PENAL EM QUE INQUIRIDAS 
TESTEMUNHAS DA ACUSAÇÃO E DA DEFESA - AUSÊNCIA DE OFERECIMENTO DE 
TRANSPORTE PARA O LOCAL DE REALIZAÇÃO DO ATO PROCESSUAL - 
CONSTRANGIMENTO ILEGAL CARACTERIZADO - A GARANTIA CONSTITUCIONAL DA 
PLENITUDE DE DEFESA: UMA DAS PROJEÇÕES CONCRETIZADORAS DA CLÁUSULA DO 
“DUE PROCESS OF LAW” - CARÁTER GLOBAL E ABRANGENTE DA FUNÇÃO DEFENSIVA: 
DE-FESA TÉCNICA E AUTODEFESA (DIREITO DE AUDIÊNCIA E DIREITO DE PRESENÇA) - 
PACTO INTERNACIONAL SOBRE DIREITOS CIVIS E POLÍTI-COS/ONU (ARTIGO 14, N. 3, “D”) 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
E CONVENÇÃO AMERICANA DE DIREI-TOS HUMANOS/OEA (ARTIGO 8º, § 2º, “D” E “F”) - 
DEVER DO ESTADO DE ASSEGURAR, AO RÉU MILITAR, O EXERCÍCIO DESSA 
PRERROGATIVA ESSENCIAL, ESPECIALMENTE A DE PROPICIAR TRANSPORTE (DECRETO 
Nº 4.307/2002, ART. 28, INCISO I) PARA COMPARECER À AUDIÊNCIA DE INQUIRIÇÃO 
DAS TESTEMUNHAS, AINDA MAIS QUANDO ARROLA-DAS PELO MINISTÉRIO PÚBLICO - 
RAZÕES DE CONVENIÊNCIA ADMINIS-TRATIVA OU GOVERNAMENTAL NÃO PODEM 
LEGITIMAR O DESRESPEI-TO NEM COMPROMETER A EFICÁCIA E A OBSERVÂNCIA DESSA 
FRAN-QUIA CONSTITUCIONAL - NULIDADE PROCESSUAL ABSOLUTA - PEDIDO DEFERIDO. 
- O acusado tem o direito de comparecer, de assistir e de presenciar, sob pena de 
nulidade absoluta, os atos processuais, notadamente aqueles que se produzem na fase 
de instrução do processo penal, que se realiza, sempre, sob a égide do contraditório. 
São irrelevantes, para esse efeito, as alegações do Poder Público concernentes à 
dificuldade ou inconveniência de proceder ao custeio de deslocamentodo réu, no 
interesse da Justiça, para fora da sede de sua Organização Militar, eis que razões de 
mera conveniência administrativa não têm - nem podem ter - precedência sobre as 
inafastáveis exigências de cumprimento e de respeito ao que determina a Constituição. 
Doutrina. Jurisprudência. - O direito de audiência, de um lado, e o direito de presença do 
réu, de outro, esteja ele preso ou não, traduzem prerrogativas jurídicas essenciais que 
derivam da garantia constitucional do “due process of law” e que asseguram, por isso 
mesmo, ao acusado, o direito de comparecer aos atos processuais a serem realizados 
perante o juízo processante, ainda que situado este em local diverso daquele da sede da 
Organização Militar a que o réu esteja vinculado. Pacto Internacional sobre Direitos Civis 
e Políticos/ONU (Artigo 14, n. 3, “d”). Convenção Americana de Direitos Humanos/OEA 
(Artigo 8º, § 2º, “d” e “f”) e Decreto nº 4.307/2002 (art. 28, inciso I). - Essa prerrogativa 
processual reveste-se de caráter fundamental, pois compõe o próprio estatuto 
constitucional do direito de defesa, enquanto complexo de princípios e de normas que 
amparam qualquer acusado em sede de persecução criminal, seja perante a Justiça 
Comum, seja perante a Justiça Militar. Precedentes. (HC 98676 / PA - Relator: Min. 
CELSO DE MELLO - Julgamento: 07/02/2012). 
 
A testemunha deve falar sobre o fato objeto do processo, assim, o juiz não permitirá que a 
testemunha manifeste suas apreciações pessoais, salvo quando inseparáveis da narrativa do fato. 
O juiz poderá, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, tomar-lhe 
antecipadamente o depoimento, se qualquer testemunha tiver de ausentar-se ou, por enfermidade 
ou idade avançada, inspirar receio de que, ao tempo da instrução criminal, esteja impossibilitado de 
depor. 
 
Ementa: Homicídio qualificado - Tentativa. Provada com saciedade a materialidade e a 
autoria, não há que se falar em absolvição. A prova testemunhal não é medida pela 
quantidade e sim por sua qualidade. Sendo ela firme e em harmonia com as demais 
provas existentes nos autos, é suficiente para sustentar uma condenação. A 
jurisprudência e a doutrina nos indicam que os depoimentos são pesados e não 
contados. A audácia e a ousadia extrema de praticar o delito no interior de uma Unidade 
Militar, utilizando-se de armamento pesado, autorizam, nos termos do art.69, do CPM, a 
fixação de uma pena base acima do mínimo legal. Provimento parcial do Recurso. 
Decisão unânime. STM:Num: 1981.01.048088-9 UF: RJ - APELAÇÃO (FO) Cód. 40 Data da 
Publicação: 20/01/1999. 
 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
9. TESTEMUNHO POR VIDEOCONFERÊNCIA 
O CPP comum prevê no art. 222, § 3º, a possibilidade da oitiva das testemunhas por 
videoconferência: “Na hipótese prevista no caput deste artigo, a oitiva de testemunha poderá ser 
realizada por meio de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e 
imagens em tempo real, permitida a presença do defensor e podendo ser realizada, inclusive, durante 
a realização da audiência de instrução e julgamento”. Ainda, no art. 217 do CPP: “Se o juiz verificar 
que a presença do réu poderá causar humilhação, temor, ou sério constrangimento à testemunha ou 
ao ofendido, de modo que prejudique a verdade do depoimento, fará a inquirição por 
videoconferência e, somente na impossibilidade dessa forma, determinará a retirada do réu, 
prosseguindo na inquirição, com a presença do seu defensor”. 
O artigo art. 222, § 3º, foi incluído pela Lei nº 11.900, de 2009 e o art. 217 teve nova redação 
pela Lei nº 11.690, de 2008. Esses diplomas não alteraram o processo castrense. 
 
• Não consta no CPPM autorização para videoconferência 
 
No que tange à possibilidade da videoconferência, Jorge César de Assis entende ser possível 
a sua aplicação nos casos onde a presença do réu possa causar humilhação, temor ou sério 
constrangimento à testemunha ou ao ofendido, pois o CPPM não teve, desde a sua edição, nenhuma 
alteração, é necessário que se aplique, de forma analógica, as mudanças da legislação processual 
comum no que se compatibilizar com o procedimento da Justiça Militar. Afirma ainda que o direito 
processual penal brasileiro é um só, mesmo que se divida em procedimento comum e especial, 
diferenciando-se somente nas suas peculiaridades. 
Na Justiça Federal, a maioria das suas subseções trabalha com processos eletrônicos. A 
Justiça Estadual caminha no mesmo sentido e não poderia ser diferente na Justiça Militar. Não somos 
contra a informatização do processo ou a utilização de novas tecnologias. Somos contra a 
relativização de direitos do réu através de uma interpretação extensiva em seu prejuízo ou a 
utilização da analogia in malam partem: aquela onde adota-se lei prejudicial ao réu, valendo-se de 
um dispositivo de caso semelhante 
Explico: a uma, o processo castrense não é omisso em relação à formalidade exigida para a 
oitiva das testemunhas e o art. 3º do CPPM determina que os casos omissos serão supridos: a) pela 
legislação de processo penal comum, quando aplicável ao caso concreto e sem prejuízo da índole do 
processo penal militar. A duas, o art. 22, I, da CF estabelece a competência privativamente à União 
de legislar sobre processual. Portanto, qualquer alteração no procedimento da oitiva das 
testemunhas no processo penal militar deve ser feita mediante lei ordinária federal. A três, fere o 
princípio da ampla defesa especificamente – direito de presença – o direito que o réu tem de 
acompanhar, ao lado de seu defensor, os atos da instrução processual. 
Mutatis mutandis, a STF já enfrentou situação semelhante em que fora utilizado o sistema de 
videoconferência baseada em lei estadual, portanto, sem lei federal específica. Entendeu-se que a lei 
estadual viola flagrantemente a disciplina do artigo 22, inciso I, da Constituição da República, 
destacou que a hipótese não se refere à procedimento, mas à processo, ressaltando que a matéria 
está explicitamente regulada no artigo 185 do Código de Processo Penal. Com isso, a matéria é de 
processo e sendo de processo a União detém o monopólio, a exclusividade para estabelecer a 
disciplina legal na matéria. 
 
EMENTA Habeas corpus. Processual penal e constitucional. Interrogatório do réu. 
Videoconferência. Lei nº 11.819/05 do Estado de São Paulo. Inconstitucionalidade 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
formal. Competência exclusiva da União para legislar sobre matéria processual. Art. 22, 
I, da Constituição Federal. 1. A Lei nº 11.819/05 do Estado de São Paulo viola, 
flagrantemente, a disciplina do art. 22, inciso I, da Constituição da República, que prevê 
a competência exclusiva da União para legislar sobre matéria processual. 2. Habeas 
corpus concedido. 
 
10. APLICAÇÃO DO PROGRAMA DE PROTEÇÃO A VÍTIMAS E TESTEMUNHAS 
A Lei nº 9.807, de 13 de julho de 1999, estabelece normas para a organização e a 
manutenção de programas especiais de proteção a vítimas e a testemunhas ameaçadas e dispõe 
sobre a proteção de acusados ou condenados que tenham voluntariamente prestado efetiva 
colaboração à investigação policial e ao processo criminal. 
As medidas de proteção requeridas por vítimas ou por testemunhas de crimes que estejam 
coagidas ou expostas a grave ameaça em razão de colaborarem com a investigação ou processo 
criminal serão prestadas pela União, pelos Estados e pelo Distrito Federal, no âmbito das respectivas 
competências, na forma de programas especiais organizados com base nas disposições desta Lei. 
Entendemos que é possível a aplicação desse programa aos acusados, vítimas ou 
testemunhas no processo penal militar, tendo em vista que a lei não traz um regramento taxativo de 
qual justiça que poderia ou não ser aplicada. Assim, pode ser implementado em processos 
envolvendo crimes federais, estaduais, eleitorais e militares.11. DA ACAREAÇÃO (arts. 365 a 367 do CPPM) 
A acareação é admitida, assim na instrução criminal como no inquérito, sempre que houver 
divergência em declarações sobre fatos ou circunstâncias relevantes: 
 
a) entre acusados; 
b) entre testemunhas; 
c) entre acusado e testemunha; 
d) entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida; 
e) entre as pessoas ofendidas. 
 
EMENTA. Habeas Corpus. Indeferimento de diligência. Cerceamento de defesa. 
Inexistência. A acareação é medida facultativa, sujeitando-se ao prudente arbítrio do juiz 
da causa, que, a seu critério, decide a necessidade ou não da realização dessa prova 
complementar para o seu convencimento. O seu indeferimento não caracteriza 
cerceamento de defesa. Writ conhecido (art. 67, parágrafo único, I, primeira parte, do 
RISTM), e denegada a ordem, por unanimidade. STM: Num: 2001.01.033668-0 UF: SP - 
HABEAS CORPUS. Data da Publicação: 25/01/2002. 
 
12. Do Reconhecimento de Pessoas e Coisas (arts. 368 a 370 CPPM) 
Quando houver necessidade de se fazer o reconhecimento de pessoa e coisa, proceder-se-á 
da seguinte forma: 
 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
a) a pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será convidada a descrever a pessoa 
que deva ser reconhecida; 
b) a pessoa cujo reconhecimento se pretender, será colocada, se possível, ao lado de 
outras que com ela tiverem qualquer semelhança, convidando-se a apontá-la quem 
houver de fazer o reconhecimento; 
c) se houver razão para recear que a pessoa chamada para o reconhecimento, por efeito 
de intimidação ou outra influência, não diga a verdade em face da pessoa que deve ser 
reconhecida, a autoridade providenciará para que esta não seja vista por aquela. 
 
Se várias forem as pessoas chamadas a efetuar o reconhecimento de pessoa ou coisa, cada 
uma o fará em separado, evitando-se qualquer comunicação entre elas. Se forem várias as pessoas 
ou coisas que tiverem de ser reconhecidas, cada uma o será por sua vez. 
 
Ementa: Lesão leve. Crime praticado por civil. Negativa de autoria. Reconhecimento 
isolado. Validade. acareação. 1. Restando comprovadas a autoria, a materialidade e a 
culpabilidade do acusado, não há que se falar em absolvição. 2. Negativa de autoria. O 
reconhecimento dos réus, em juízo, por testemunhas idôneas, desmoraliza a negativa 
dos réus, que, a prevalecer, tornariam inexplicáveis os reconhecimentos feitos' (STF - 
R.CRIM. NUMERO 1.312 - RTJ 88/371). 3. Reconhecimento isolado. Validade. 'Não anula 
o ato a circunstância de a pessoa que se pretende reconhecer não ser colocada junto a 
outras. Esse detalhe, como dispõe a lei, deve ser observado 'quando possível'. Trata-se 
de uma recomendação, não de uma exigência'. (Damásio de Jesus, 'in', código de 
processo penal anotado, ed. saraiva, quarta edição, 1984, São Paulo, pág. 145). 4. 
Acareação. Verificando o conselho que existem divergências entre os depoimentos do 
agressor e da vítima. STM: NUM: 1992.01.046799-8 UF: RJ- Apelação(fo). Data da 
publicação: 22/03/1993. 
 
13. DOS DOCUMENTOS (arts. 371 a 381 do CPPM) 
Documento é o escrito que condensa graficamente o pensamento de alguém, podendo 
provar um fato ou realização de algum ato de relevância jurídica. É a coisa ou papel sobre o qual o 
homem insere, mediante qualquer expressão gráfica, um pensamento. 
Consideram-se documentos quaisquer escritos, instrumentos ou papéis, públicos ou 
particulares. O documento público tem a presunção de veracidade, quer quanto à sua formação quer 
quanto aos fatos que o serventuário, com fé pública, declare que ocorreram na sua presença. 
Deve-se atentar para o disposto no art. 373 do CPPM, que menciona que fazem a mesma 
prova que os respectivos originais: a) as certidões textuais de qualquer peça do processo, do 
protocolo das audiências ou de outro qualquer livro a cargo do escrivão, sendo extraídas por ele, ou 
sob sua vigilância e por ele subscritas; b) os traslados e as certidões extraídas por oficial público, de 
escritos lançados em suas notas; c) as fotocópias de documentos, desde que autenticadas por oficial 
público. 
Assim, no Processo Penal Militar, a simples fotocópia, sem autenticação, desacompanhada 
de fé-pública, não tem valor probante de documento. 
Ementa: falsificação de documento e falsidade ideológica. Impossibilidade material de 
perícia grafotécnica, pela imprestabilidade de documentos acostados aos autos por 
cópias xerox. Em face da inidoneidade dos papéis carreados aos autos para 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
comprovação da materialidade das imputações contidas na denúncia, a prova se 
enfraquece e não permite uma decisão condenatória. Absolvição operada na instância 'a 
quo' que se confirma. Negado provimento ao apelo do MPM. Decisão unânime. STM: 
NUM: 1994.01.047364-5 UF: PR – APELAÇÃO (FO). Data da publicação: 01/06/1995. 
 
Poderão os documentos ser juntados em qualquer fase do processo, até o momento dos 
autos conclusos para julgamento, respeitando sempre o contraditório. 
 
14. DOS INDÍCIOS (arts. 382 e 383 do CPPM) 
Indício é a circunstância ou fato conhecido e provado, de que se induz a existência de outra 
circunstância ou fato, de que não se tem prova. 
Para que o indício constitua prova, é necessário: a) que a circunstância ou fato indicante 
tenha relação de causalidade, próxima ou remota, com a circunstância ou o fato indicado; b) que a 
circunstância ou fato coincida com a prova resultante de outro ou outros indícios, ou com as provas 
diretas colhidas no processo. 
 
EMENTA: Violação de domicílio. Apelação interposta pela defesa visando 
exclusivamente à reforma da sentença absolutória para alteração de seu fundamento. 
Dubiedade da prova produzida. Não há prova segura da existência do fato delituoso. 
Meros indícios contraditórios não podem servir de convicção ao julgador, quer para 
reconhecer a inexistência do fato, como também para acolher a autoria do mesmo. 
Manutenção da sentença absolutória apelada com fulcro na falta de provas (letra "e", 
do art. 439, do CPPM). Decisão unânime. STM: Num: 2001.01.048872-3 UF: AM 
Decisão:- APELAÇÃO (FO). Data da Publicação: 05/07/2002. 
Ementa: FURTO. PROVA INDICIÁRIA. Para o Ministério Público, como "manus longa" do 
Estado, provocar a "persecutio criminis" basta unicamente a prova do fato criminoso, 
em tese, e a existência de indícios suficientes de autoria. Todavia, para o exercício 
efetivo do "jus puniendi", é indispensável a comprovação do fato criminoso ventilado e 
a certeza de que o acusado foi o autor da ação delituosa ou que a ele seja debitada a 
conduta omissiva. No caso vertente, não restou comprovada, extreme de dúvida, a 
autoria do furto. Recurso improvido. Decisão unânime. STM: Num: 2005.01.050109-6 
UF: RS - APELAÇÃO (FO).Data da Publicação: 22/11/2006. 
 
15. PROVA EMPRESTADA 
É aquela colhida em um processo e trasladada para outro, podendo ser um testemunho, uma 
confissão, uma perícia, ou um documento. Pode-se utilizar a prova emprestada, desde que, porém, 
facultado o contraditório e a ampla defesa. Do contrário, ela torna-se ilícita, porquanto obtida em 
violação aos princípios constitucionais. 
 
Ementa: DESACATO A SUPERIOR. PROVAS EMPRESTADAS. AGENTE INIMPUTÁVEL. COISA 
JULGADA. ABSOLVIÇÃO. Tratando-se de réu condenado com fundamento em provas 
emprestadas de outro processo a que o mesmo respondeu, provas essas representadas 
por laudos periciais inexatos em relação à higidez mental do acusado, ora considerando-
o como inimputável, ora como semi-imputável e já tendo esta Corte, em decisão 
transitada em julgado, reconhecido em favor do recorrente a solução que lhe era mais 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 
favorável, tendo-o por inimputável, impõe-se mais uma vez, nesta assentada, a 
absolvição do apelante do

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