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Puericultura
Saberes e Praticas
Devani Ferreira Pires
organizadora
Puericultura
Uma Relação Dialógica
Reitor
José Daniel Diniz Melo
Vice-Reitor
Henio Ferreira de Miranda
Diretoria Administrativa da EDUFRN
Maria das Graças Soares Rodrigues (Diretora)
Helton Rubiano de Macedo (Diretor Adjunto)
Bruno Francisco Xavier (Secretário)
Conselho Editorial
Maria da Penha Casado Alves (Presidente)
Judithe da Costa Leite Albuquerque (Secretária)
Adriana Rosa Carvalho
Alexandro Teixeira Gomes
Elaine Cristina Gavioli
Everton Rodrigues Barbosa
Fabrício Germano Alves
Francisco Wildson Confessor
Gilberto Corso
Gleydson Pinheiro Albano
Gustavo Zampier dos Santos Lima
Izabel Souza do Nascimento
Josenildo Soares Bezerra
Ligia Rejane Siqueira Garcia
Lucélio Dantas de Aquino
Marcelo de Sousa da Silva
Márcia Maria de Cruz Castro
Márcio Dias Pereira
Martin Pablo Cammarota
Nereida Soares Martins
Roberval Edson Pinheiro de Lima
Tatyana Mabel Nobre Barbosa
Tercia Maria Souza de Moura Marques
Secretária de Educação a Distância
Maria Carmem Freire Diógenes Rêgo
Secretária Adjunta de Educação a Distância
Ione Rodrigues Diniz Morais
Coordenadora de Produção de Materiais 
Didáticos
Maria Carmem Freire Diógenes Rêgo
Coordenadora de Revisão
Aline Pinho Dias
Coordenador Editorial
José Correia Torres Neto
Gestão do Fluxo de Revisão
Edineide Marques
Gestão do Fluxo de Editoração
Mauricio Oliveira Jr.
Conselho Técnico-Científico – SEDIS
Maria Carmem Freire Diógenes Rêgo – SEDIS 
(Presidente)
Aline de Pinho Dias – SEDIS
André Morais Gurgel – CCSA
Antônio de Pádua dos Santos – CS
Célia Maria de Araújo – SEDIS
Eugênia Maria Dantas – CCHLA
Ione Rodrigues Diniz Morais – SEDIS
Isabel Dillmann Nunes – IMD
Ivan Max Freire de Lacerda – EAJ
Jefferson Fernandes Alves – SEDIS
José Querginaldo Bezerra – CCET
Lilian Giotto Zaros – CB
Marcos Aurélio Felipe – SEDIS
Maria Cristina Leandro de Paiva – CE
Maria da Penha Casado Alves – SEDIS
Nedja Suely Fernandes – CCET
Ricardo Alexsandro de Medeiros Valentim –
SEDIS
Sulemi Fabiano Campos – CCHLA
Wicliffe de Andrade Costa – CCHLA
Revisão de ABNT
Edineide da Silva Marques
Capa
Juliana Gomes Atanazio
Diagramação
Juliana Gomes Atanazio
Natal, 2023
Puericultura
Uma Relação Dialógica
Devani Ferreira Pires
organizadora
Catalogação da publicação na fonte
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Secretaria de Educação a Distância
Puericultura uma Relação Dialógica [recurso eletrônico] / organizado por 
Devani Ferreira Pires. – 1. ed. – Natal: SEDIS-UFRN, 2023.
11900 KB; 1 PDF.
ISBN 978-65-5569-366-9
1. Puericultura. 2. Saúde da Criança. 3. Educação em Saúde. 4. Educação 
Interprofissional. I. Pires, Devani Ferreira.
CDU 61:378
P977
Elaborada por Edineide da Silva Marques CRB-15/488.
Sumário
Agradecimentos ............................................................. 10
Apresentação ................................................................. 11
Devani Ferreira Pires
Prefácio ......................................................................... 12
Marcelo Viana da Costa
Capítulo 01 ..................................................................... 20
O desenvolvimento da primeira infância 
e a contribuição da puericultura.
Devani Ferreira Pires
Capítulo 2 ...................................................................... 35
Nutrição no período pré-concepcional, gestacional e 
lactação: implicações na saúde da mulher e da criança
Janaína Cavalcanti Costa de Oliveira
Ana Verônica Dantas de Carvalho
Capítulo 03 ..................................................................... 58
A consulta de puericultura – o desafio do cuidado integrado
Devani Ferreira Pires
Mariama Sousa Salazar
Capítulo 04 ..................................................................... 76
Primeira consulta do recém-nascido
Adriano dos Santos Cavalcanti
Devani Ferreira Pires
Capítulo 05 ..................................................................... 90
Testes de triagem neonatal
Adriano dos Santos Cavalcanti
Devani Ferreira Pires
Capítulo 6 .................................................................... 100
Rotina de cuidados
Adriano dos Santos Cavalcanti
Devani Ferreira Pires
Capítulo 7 .................................................................... 118
A visita domiciliária como estratégia de 
promoção da saúde do binômio mãe e filho
Paula Fernanda Brandão Batista dos Santos
Josilayne Medeiros da Silva
Vinícius Alves de Souza
Capítulo 8 .................................................................... 129
Desordens funcionais do sistema digestório em lactentes
Hélcio de Sousa Maranhão
Maria Katarine Almeida Alves
Mayara Alves Maia
Capítulo 9 .................................................................... 151
Aleitamento Materno
Devani Ferreira Pires 
Capítulo 10 ................................................................... 169
Alimentação Complementar
Ana Suely de Andrade
Capítulo 11 ....................................................................176
Competências para a alimentação 
oral no primeiro ano de vida
Raquel Coube de Carvalho Yamamoto
Capítulo 12 .................................................................. 184
Desenvolvimento nos primeiros três anos de idade
Devani Ferreira Pires
Allana Clarice Figueroa Cortez 
Pedro Henrique Miranda Campos
Capítulo 13 ................................................................... 197
Estimulação precoce no contexto neonatal 
e no seguimento ambulatorial.
Carla Ismirna Santos Alves
Capítulo 14 ................................................................... 220
Desenvolvimento da linguagem e da 
fala nos primeiros anos de vida
Amanda Rose Alves Jorge 
Vanessa Giacchini
Capítulo 15 ................................................................... 228
Importância da saúde mental no ciclo gravídico-puerperal
Ana Catarina Vieira de Menezes
Capítulo 16 ................................................................... 237
Cardiopatia congênita, quando suspeitar e como realizar 
a triagem: do período gestacional ao período neonatal
Thiago Chagas de Amorim
Raimundo Gabriel do Nascimento Lira
Gisele Correia Pacheco Leite
Capítulo 17 ................................................................... 266
Crianças expostas ao vírus da 
imunodeficiência humana (HIV)
Talita Maia Rêgo 
Rodrigo Dantas Rocha
Capítulo 18 ................................................................... 276
Vacinação
Bárbara Monitchelly Fernandes Chaves de Faria 
Mylena Taise Azevedo Lima Bezerra
Capítulo 19 ................................................................... 304
Prevenção de injúrias
Isadora Correia Lopes
Illane Mayara de Oliveira
Capítulo 20 ................................................................... 315
A saúde da criança com síndrome de Down
Talita Maia Rêgo
Maria Edinilma Felinto de Brito
Devani Ferreira Pires
Capítulo 21 .................................................................. 328
Diagnóstico precoce do câncer na clínica pediátrica
Karynne Maria Oliveira da Trindade Medeiros
Capítulo 22 ................................................................... 345
Seguimento ambulatorial do recém-nascido prematuro
Devani Ferreira Pires
Capítulo 23 .................................................................. 369
Crianças e adolescentes vítimas de violência e maus tratos 
Amannda Melo de Oliveira Lima
Capítulo 24 .................................................................. 382
Dificuldade alimentar no lactente
Devani Ferreira Pires
Monique Silveira Rosa
Célia Regina Barbosa de Araújo
Capítulo 25 .................................................................. 399
Choro do lactente e a sua (in)compreensão
Devani Ferreira Pires
Marcelo Viana da Costa
Apêndice ...................................................................... 410
Anexo ........................................................................... 422
Índice ...........................................................................423
Autores colaboradores
Devani Ferreira Pires (organizadora)
10
Agradecimentos
Aos profissionais que tão generosamente colaboraram 
com a produção dos textos e acreditaram na pertinência 
deste trabalho.
Aos residentes de Pediatria do Hospital Universitário 
Onofre Lopes/UFRN, pela colaboração textual e pelas refle-
xões sobre a práxis.
Aos professores, professoras, preceptoras dos depar-
tamentos de Enfermagem, Fonoaudiologia, Nutrição e 
Pediatria da Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
(UFRN), e Fisioterapia do Centro Universitário do Rio 
Grande do Norte (UNI-RN), pelo trabalho de autoria e/ou 
supervisão de capítulos.
À coordenação da Secretaria de Educação a Distância 
(SEDIS) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, pela 
aprovação deste recurso instrucional.
À equipe de revisão e editoração da SEDIS, pelo compro-
misso com a qualidade durante todo o processo de produção, 
tornado possível sua conclusão.
Ao professor Dr. Marcelo Viana da Costa, que prefacia este 
e-book, pela dedicação inspiradora à educação interprofissio-
nal e pelo incentivo à produção acadêmica.
11
Apresentação
O e-book Puericultura: Uma Relação Dialógica tem como 
objetivo apresentar temas sobre a saúde da criança, 
conduzidos por um fio invisível que reúne os diversos 
conhecimentos, pensamentos e práticas profissionais. 
Acreditamos em uma puericultura que reconheça e valorize 
o papel de cada profissional de saúde e de áreas afins, mãe, 
pai, familiar ou cuidador frente à promoção do bem-estar 
integral da criança. Essa não é uma tarefa simples de ser 
realizada, por isso mesmo, exige a lente da complexidade. 
Não se restringe à competência de um único saber ou fazer, 
mas, antes, demanda saber escutar, exercitar o diálogo, 
aprender continuamente (juntos) e refletir sobre como 
podemos fazer melhor. É incontestável a importância do 
desenvolvimento da criança e as suas repercussões para a vida 
individual, familiar e social. O cuidado respeitoso com a 
vida humana e com o planeta nunca foi tão urgente quanto 
no momento presente. Finalizando, convidamos a todos e todas 
para uma leitura crítica e reflexiva, cientes de que a educação 
em saúde é um processo dinâmico, sempre em construção. 
Devani Ferreira Pires
Organizadora
12
Prefácio
Marcelo Viana da Costa
O mundo passa por grandes e importantes transformações. 
A população mundial está envelhecendo, surgem novos riscos 
infecciosos, ambientais e comportamentais, ainda é marcante 
a desigualdade social entre diferentes estratos da socieda-
de, com implicações no acesso aos serviços de saúde, novos 
padrões de comunicação e interações sociais, entre outras 
mudanças (CRISP; CHEN, 2014; FRENK et al., 2010). Essas mu-
danças impõem grandes desafios aos sistemas de saúde. 
Os problemas são provenientes de múltiplos e variados 
determinantes, que se articulam, tonando complexas as 
necessidades de saúde e, consequentemente, as ações para 
seu enfrentamento (BUSS, 2011; BUSS; PELLEGRINI FILHO, 
2007). Considerando essa dimensão complexa e dinâmica 
das necessidades de saúde, é possível entender o título dessa 
obra: “Puericultura: Uma Relação Dialógica”. Não é coerente 
pensarmos uma atenção à saúde de qualidade, coerente com 
as necessidades de saúde, que não aconteça em intrínseca 
articulação e complementariedade entre diferentes saberes 
e práticas profissionais.
O trabalho em saúde é, em essência, uma prática cole-
tiva (MENDES-GONÇALVES, 2017), e a realidade atual de 
vida e saúde é um convite para a defesa intransigente dessa 
assertiva. É estranho fazer essa defesa, quando parece 
óbvio a necessidade de articulação entre diferentes sabe-
res e práticas na produção dos serviços de saúde. Embora 
13
Marcelo Viana da Costa
aparentemente habitual, a realidade mostra que, em algum 
momento da história, a sociedade, a formação e o trabalho 
em saúde legitimaram a intensa fragmentação dos atos em 
saúde como modelo de efetividade e eficácia para a obtenção 
de melhores resultados em saúde. 
O discurso de eficácia, eficiência, agilidade, legitimado 
pelo intenso processo de globalização fez com que o setor 
saúde incorporasse a mesma lógica de uma linha de produção: 
cada pessoa fazendo uma parte, sem, muitas vezes, conhecer 
a totalidade do processo. Trata-se de uma típica tendência 
taylorista/fordista, colocando o usuário como objeto do trabalho 
em saúde, negando a este – na maioria das vezes – o papel de 
coprodutor/sujeito no processo de produção dos serviços de 
saúde (PIRES, 1998, 2008; SCHERER; PIRES; SCHWARTZ, 2009).
Evidências científicas indicam que esse modelo, além de 
caro, demonstra pouca capacidade de resposta às complexas 
necessidades de saúde, com intenso distanciamento do 
processo histórico de lutas pelo fortalecimento dos sistemas 
de saúde nas diferentes realidades do mundo. A fragmentação 
dos atos em saúde, legitimada pela intensa especialização e a 
supervalorização da dimensão técnica como expressão do saber 
profissional gerou, na dinâmica da formação e do trabalho 
em saúde, muito mais um clima de competição e disputa, em 
detrimento da necessária e fundamental colaboração – pilar 
para o efetivo trabalho em equipe (PEDUZZI et al., 2020).
A colaboração, por sua vez, requer uma mudança de 
paradigma e um movimento comprometido em (re)situar 
o usuário na centralidade do processo de produção dos 
serviços de saúde. Embora o trabalho em equipe seja reco-
nhecido como importante e capaz de produzir melhores 
14
Prefácio
resultados em saúde, ainda é marcante a limitação dos pro-
fissionais de saúde e estudantes para interação entre as 
diferentes áreas do conhecimento e práticas profissionais, 
que pode ser explicado, em grande medida, pela tendência 
de atuarem separadamente nas instituições de ensino e de 
saúde – o tribalismo das profissões (HALL, 2005). Umas das 
consequências desse fenômeno é a compreensão reduzida 
da dimensão complexa da colaboração como fundamento 
do trabalho em equipe (D’AMOUR et al., 2005; SAN MARTÍN-
RODRÍGUEZ et al., 2005).
Colaborar exige dos profissionais de saúde e estudante 
atitudes de abertura para compartilhar objetivos, decisões, 
sem que isso seja demérito para atuação profissional dos 
atores/atrizes envolvidos. Exige o fortalecimento de relações 
de interdependência, marcadas pela confiança, pelo respeito 
e pela valorização mútuos e, acima de tudo, equilíbrio de 
poderes entre estudantes e profissionais de diferentes 
categorias profissionais (D’AMOUR; OANDASAN, 2005). 
É com esse propósito que o debate sobre a educação 
interprofissional vem crescendo fortemente em todo o 
mundo (BARR, 2015). Aprender juntos, de forma interativa, 
com o propósito explícito de melhorar a colaboração e a 
qualidade da atenção à saúde (REEVES et al., 2016) repre-
senta a intenção de resgatar a centralidade dos usuários na 
produção dos serviços de saúde, o que implica afirmar que são 
as complexas e dinâmicas necessidades de saúde das pessoas 
que ordenam o nível e a intensidade das interações interpro-
fissionais e interdisciplinares (OANDASAN; REEVES, 2005). 
A educação interprofissional, por sua vez, fornece subsídios 
teórico-conceituais e metodológicos capazes de contribuir no 
15
Marcelo Viana da Costa
desenvolvimento de profissionais mais aptos para a colabo-
ração e o trabalho em equipe (SCHMITT et al., 2013).
Sem dúvidas, é essa intenção que permeia as contribuições 
dessa obra. São muitos saberes e práticas necessários para o 
atendimento das necessidades de saúde da infância, que é 
tão suscetível às intensas transformações mencionadas neste 
estudo. A criança sente com grande força as influências das 
intempéries de nosso tempo, o que exige um esforço para 
que a atenção à saúde a esse grupo experimente a transição 
de uma tendência fragmentada e competitiva para uma 
cultura da colaboração, em que a interprofissionalidade 
e a interdisciplinaridade se mostram complementares 
para a compreensão realista das necessidades de saúde e o 
enfrentamentoadequado, materializado em ações integradas, 
complementares e continuadas.
Por fim, é necessário afirmar que a articulação de 
saberes e práticas é um compromisso com o Sistema 
Único de Saúde e a defesa intransigente de seus preceitos. 
Efetivar a integralidade requer análise ampliada e responsável 
das necessidades de saúde, bem como a integração entre 
diferentes áreas de conhecimento, das práticas e de 
diferentes setores da sociedade – interdisciplinaridade, 
interprofissionalidade e interprofissionalidade. A equidade, 
indispensável ao cuidado com o humano e a universidade, por 
sua vez, demandam sensibilidade e responsabilidade social 
para a construção de uma sociedade mais justa, comprometida 
com a melhoria de vida e saúde de todas as pessoas. 
É bem verdade que muitas políticas e ações foram 
adotadas para fortalecer o SUS e seus princípios. Igualmente 
verídico que a história traz momentos de descontinuidade e 
16
Prefácio
até mesmo de retrocessos. Mas, uma coisa é certa: integrar 
saberes e práticas é o melhor caminho para manter firme o 
propósito de qualificar e fortalecer um SUS, que desde sua 
idealização representa uma das lutas emblemáticas por uma 
sociedade melhor. 
É justo finalizar esse prefácio com Manoel de Barros: 
“Que a importância de uma coisa não se mede com fita métrica 
nem com balanças nem barômetros etc. Que a importância de 
uma coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa 
produza em nós”. Certamente, este livro traz encantamentos, 
mantendo a chama acesa para que a articulação de saberes e 
práticas nos proporcione dias melhores e mais felizes.
17
Marcelo Viana da Costa
Referências
BARR, H. Interprofessional Education: the genesis of 
a global movement. United Kingdon: Center For The 
Advancement of Inteprofessional Care, 2015. 
BUSS, P. Brazil: structuring cooperation for health. Lancet, v. 
377, n. 9779, p. 1722-1723, 2011. 
BUSS, P. M.; PELLEGRINI FILHO, A. A saúde e seus 
determinantes sociais. Physis: revista de saúde coletiva, v. 
17, p. 77-93, 2007. 
CRISP, N.; CHEN, L. Global Supply of Health Professionals. 
New England Journal of Medicine, v. 370, n. 10, p. 950-957, 
mar. 2014. 
D’AMOUR, D. et al., The conceptual basis for interprofessional 
collaboration: core concepts and theoretical frameworks. 
Journal of interprofessional care, v. 19 Suppl 1, p. 116-131, 
maio 2005. 
D’AMOUR, D.; OANDASAN, I. Interprofessionality as the 
field of interprofessional practice and interprofessional 
education: an emerging concept. J Interprof Care, v. 19 
Suppl 1, p. 8-20, 2005. 
FRENK, J. et al., Health professionals for a new century: 
Ttransforming education to strengthen health systems in an 
interdependent world. The Lancet, v. 376, n. 9756, p. 1923-
1958, 2010. 
18
Prefácio
HALL, P. Interprofessional teamwork: Professional cultures 
as barriers. Journal of Interprofessional Care, v. 19, n. 
sup1, p. 188-196, maio 2005. 
MENDES-GONÇALVES, R. B. Saúde, sociedade e história. São 
Paulo: HUCITEC, 2017. 
OANDASAN, I.; REEVES, S. Key elements of interprofessional 
education. Part 2: Factors, processes and outcomes. Journal 
of Interprofessional Care, v. 19, p. 39-48, 2005. 
PEDUZZI, M. et al., Trabalho em equipe: uma revisita 
ao conceito e a seus desdobramentos no trabalho 
interprofissional. Trabalho, Educação e Saúde, v. 18, n. 
suppl 1, 2020. 
PIRES, D. Processo de trabalho em saúde, no Brasil 
no contexto das transformações atuais na esfera do 
trabalho. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 51, n. 3, 
p. 529-532, 1998. 
PIRES, D. Reestruturação produtiva e trabalho em saúde no 
Brasil. In: PIRES, D. Reestruturação produtiva e trabalho 
em saúde no Brasil. [S.l: s.n.], 2008. p. 253. 
REEVES, S. et al., A BEME systematic review of the effects of 
interprofessional education: BEME Guide No. 39. Med Teach, 
v. 38, n. 7, p. 656-668, 2016. 
19
Marcelo Viana da Costa
SAN MARTÍN-RODRÍGUEZ, L. et al., The determinants 
of successful collaboration: A review of theoretical and 
empirical studies. Journal of Interprofessional Care, v. 19, 
p. 132-147, 2005. 
SCHERER, M. D. D. A.; PIRES, D.; SCHWARTZ, Y. Collective 
work: A challenge for health management | Trabalho 
coletivo: Um desafio para a gestão em saúde. Revista de 
Saude Publica, v. 43, n. 4, p. 721-725, 2009. 
SCHMITT, M. H. et al., The coming of age for 
interprofessional education and practiceAmerican 
Journal of Medicine, 2013. Disponível em: https://pubmed.
ncbi.nlm.nih.gov/23415053/. Acesso em: 5 ago. 2021.
20
Capítulo 01
O desenvolvimento da primeira infância 
e a contribuição da puericultura.
Devani Ferreira Pires
1.1 Introdução
O desenvolvimento na primeira infância refere-se às 
etapas evolutivas que ocorrem na área cognitiva, física, 
imunológica, motora, social, emocional e na linguagem de 
crianças, desde a sua concepção até os 06 - 08 anos de idade. 
Essas transformações, especialmente nos primeiros três anos 
de vida, ocorrem numa velocidade sem paralelo no curso 
da vida humana. É nesse período, segundo a neurociência, 
que são construídos os circuitos cerebrais fundamentais para 
a aprendizagem, a produtividade e o bem-estar social ao longo 
da vida (WALKER et al., 2011; BLACK et al., 2017; BRITTO et al., 
2017; WHO, 2018, 2019).
Os fatores de risco para o desenvolvimento infantil 
incluem a estimulação cognitiva inadequada, o atraso no 
crescimento, a restrição de crescimento intrauterino, as 
doenças secundárias às carências nutricionais, como a 
anemia ferropriva; as doenças infeciosas em etapas pré-
-natal, neonatal e pós-neonatal; a exposição aos diversos 
contaminantes ambientais; a violência; o estresse tóxico; os 
sintomas depressivos maternos; e a pobreza, repercutindo 
21
Devani Ferreira Pires
negativamente para a aquisição do capital humano 
(WALKER et al., 2011).
A iniciativa da Nurturing Care Framework, da Organização 
Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para 
a Infância (UNICEF) aponta que todos os cuidadores precisam 
ser capacitados e apoiados para que proporcionem cuidados 
apropriados e responsivos às crianças. As recomendações 
contidas nesse documento incluem orientações adequadas 
à promoção da saúde, nutrição adequada, segurança, prote-
ção, e oportunidades para aprendizagem na primeira infância 
(WHO, 2018, 2019). 
A estratégia global para a saúde das mulheres, das crian-
ças e dos adolescentes (2016-2030), agenda elaborada pela 
Organização Mundial de Saúde e parceiros em 2015, propõe 
esforços para que mulheres, crianças e adolescentes usu-
fruam de seu direito à saúde física e mental e ao bem-estar, 
tenham oportunidades sociais e econômicas e possam parti-
cipar plenamente da construção de sociedades prósperas e 
sustentáveis (OMS, 2016).
1.2. Eventos adversos na infância 
e o risco de problemas de saúde futuros
O número de eventos adversos na infância (Adverse 
Childhood Experiences – ACEs) pontua tipos de abuso, como o 
físico, emocional e sexual; negligência física e emocional; 
disfunção familiar, como doença mental materna, violência 
doméstica, uso de drogas ilícitas, parceiro apenado e/ou 
separação conjugal. Quanto maior o número de eventos 
adversos identificados, maior será o risco de problemas 
de saúde futuros. 
22
Capítulo 01
O desenvolvimento da primeira infância e a contribuição da puericultura.
O estresse tóxico determina modificações metabólicas, 
hormonais e na estrutura cerebral, com repercussão em longo 
prazo na saúde física, no aprendizado, no comportamento, 
no emprego e na renda. A questão do estresse tóxico pode 
também acarretar danos de caráter intergeracional (CDC, 
2010; MIETZLER et al., 2017). Nessa perspectiva, interromper 
esse ciclo requer o compromisso de uma agenda com a família, 
a escola, as redes de atenção social, saúde e com políticas que 
protejam a criança (OMS, 2016).
1.3. A intervenção como proposta 
para a obtenção de melhores resultados
A qualidade do cuidado com a saúde deve ter início antes 
da concepção, no pré-natal e no período pós-natalobjetivando 
a promoção de estilo de vida saudável, nutrição adequada, 
suplementação apropriada de vitaminas e ferro. Além dos 
aspectos relacionados à nutrição, a preocupação com a saúde 
mental materna ocupa um espaço de grande relevância. 
O engajamento do pai nas consultas de pré-natal deve integrar 
as políticas de cuidado centrado na família (OMS, 2016). 
Quanto aos cuidados no período neonatal, os profissio-
nais que atuam em maternidades devem incentivar, apoiar e 
proteger o aleitamento materno, favorecendo o contato pele 
a pele na primeira hora após o nascimento, conforme as reco-
mendações preconizadas pelos dez passos para o sucesso do 
aleitamento materno, uma proposta da OMS e UNICEF lançada 
em 1989. No Brasil, a Iniciativa Hospital Amigo da Criança foi 
implantada como política pública em 1992, pelo Ministério da 
Saúde (LAMOUNIER et al., 2019).
23
Devani Ferreira Pires
A atenção à saúde da mãe e da criança deve ser organizada 
de forma integrada e continuada, incluindo o pré-natal, 
o parto, o alojamento conjunto na elaboração do plano 
de alta hospitalar. Esse trabalho deve ter uma proposta 
interprofissional, interdisciplinar e colaborativa, considerando 
a família na centralidade do cuidado e a valorização da rede de 
apoio e a articulação intersetorial (BRASIL, 2017). 
O Método Canguru, definido como um modelo de atenção 
perinatal voltado para a atenção qualificada e humanizada, 
reúne estratégias de intervenção biopsicossocial com uma 
ambiência que favoreça o cuidado ao recém-nascido e à 
sua família (BRASIL, 2017). No Brasil, o Método Canguru 
é desenvolvido em três etapas. A 1ª etapa inicia no período 
de pré-natal, com o reconhecimento do risco do nasci-
mento prematuro, a internação do neonato na Unidade de 
Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) e Unidade de Cuidado 
Intermediário Convencional (UCINCo); 2ª etapa, internação 
na Unidade de Cuidado Intermediário Canguru (UCINCa); e 3ª 
etapa, o cuidado compartilhado com a Atenção Básica (BRASIL, 
2017, 2018; OMS, 2018). 
O Ministério da Saúde recomenda a iniciativa na primeira 
semana de assistência integral, por meio das consultas nas 
unidades de saúde ou de visitas domiciliares nos primeiros 
sete dias após a alta da maternidade. Quando o recém-nascido 
é classificado como de alto risco, o acompanhamento deve ser 
realizado nos primeiros três dias após a alta da maternidade. 
A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança 
(PNAISC) instituída pela Portaria nº 1.130, de 5 de agosto de 
2015, estabelece como pilares: 
24
Capítulo 01
O desenvolvimento da primeira infância e a contribuição da puericultura.
I - Atenção humanizada e qualificada à gestação, ao parto, 
ao nascimento e ao recém-nascido.
II - Aleitamento materno e alimentação complementar 
saudável.
III - Promoção e acompanhamento do crescimento e do 
desenvolvimento integral.
IV - Atenção integral a crianças com agravos prevalentes 
na infância e com doenças crônicas.
V - Atenção integral a crianças em situação de violências, 
prevenção de acidentes e promoção da cultura de paz.
VI - Atenção à saúde de crianças com deficiência ou em 
situações específicas e de vulnerabilidade.
VII - Vigilância e prevenção do óbito infantil, fetal e materno.
As visitas domiciliares são da competência dos agentes 
comunitários de saúde, compartilhadas por todos os membros 
da estratégia saúde da família (SILVA et al., 2016). Estudos 
evidenciam os resultados protetores obtidos com base nessas 
iniciativas integradas, enfatizando a educação materna e a 
promoção da saúde da criança (KILBURN; CANNON, 2017; 
DUFFEE et al., 2017; DENMARK et al., 2018). 
Reconhecer as necessidades especiais de crianças com 
ou em risco de deficiências do desenvolvimento exige a 
elaboração e a realização de intervenções integradas e 
multidisciplinares em três níveis: a prevenção primária, 
destinada à redução da incidência de deficiências do desen-
volvimento; a prevenção secundária por meio da detecção 
precoce de deficiências durante os períodos sensíveis 
25
Devani Ferreira Pires
da neuroplasticidade e a prevenção terciária a partir de 
programas abrangentes de reabilitação na comunidade 
(OLUSANYA; KRISHNAMURTHY; WERTLIEB, 2018).
A caderneta de saúde da criança é um excelente ins-
trumento para o registro de informações relevantes sobre 
o período gestacional, o nascimento, os testes de triagem 
neonatal, a vigilância do crescimento e o desenvolvimento 
e as notificações referentes ao calendário vacinal. Ela reúne 
conteúdo de promoção à saúde, como as orientações refe-
rentes à amamentação e à alimentação complementar. A 
caderneta esclarece sobre os fatores de risco associados a 
problemas do desenvolvimento, inclui uma triagem para o 
desenvolvimento, fornece um guia básico para acompanha-
mento do bebê com síndrome de Down e orienta quanto 
aos sinais de alerta sobre o transtorno do espectro autista. 
Na caderneta, também devem ser registrados os procedi-
mentos de imunização; os testes de triagem neonatal; a 
saúde bucal, ocular, auditiva; e a suplementação de vita-
mina A. Acompanhar o crescimento também é enfatizado 
a partir do preenchimento das curvas de crescimento da 
Organização Mundial da Saúde, referentes ao perímetro 
cefálico para idade, peso para a idade, comprimento/altura 
para a idade e o índice de massa corporal para a idade.
 A atenção integral à saúde da criança inclui o diagnóstico 
em tempo oportuno de morbidades que determinam doenças 
crônicas, como as detectadas pela triagem biológica neonatal 
(teste do pezinho), o seguimento do bebê prematuro, aqueles 
expostos às doenças infecciosas, os lactentes diagnosticados 
com cardiopatias e outras doenças de evolução crônica. 
26
Capítulo 01
O desenvolvimento da primeira infância e a contribuição da puericultura.
Essa realidade de condições cada vez mais desafiadoras 
exige dos profissionais o compromisso com a permanente 
capacitação e dos formuladores de políticas a organização das 
Redes de Atenção à Saúde (RAS) que garantam a prestação da 
assistência em todos os níveis, de forma integrada, equânime 
e universal. A Organização Mundial da Saúde afirma que 
nenhuma mulher, nenhuma criança e adolescente sejam 
deixados para trás no curso da vida, para que possamos 
vislumbrar uma sociedade mais saudável, produtiva e com 
menos desigualdades (FIERMAN et al., 2016; PLAX et al., 2016; 
SEGE; BROWNE, 2017; KATKIN et al., 2017; DAVID; FORD, 2017; 
WHO, 2018, 2019; HELLLIWEL, 2019; MATTSON et al., 2019).
Para concluir este capítulo introdutório podemos nos 
interrogar: o que pode a puericultura na perspectiva do 
desenvolvimento da primeira infância? Acredito que a 
puericultura contribua a partir da reflexão sobre os diversos 
saberes e práticas que acompanham a história da humanidade 
e que questiona esse fazer ao longo da sua evolução. 
Podemos também fazer mais se trabalharmos com o 
propósito de colaborar efetivamente uns com os outros e com 
a família, buscando o melhor interesse da criança. A pesquisa 
de evidências científicas importa, como também reduzir as 
desigualdades sociais, cuidar do planeta de forma responsável 
e ética, valorizando a vida como um bem primordial.
27
Devani Ferreira Pires
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28
Capítulo 01
O desenvolvimento da primeira infância e a contribuição da puericultura.
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Capítulo 01
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33
Capítulo 2
Nutrição no período pré-concepcional, 
gestacional e lactação: implicações 
na saúde da mulher e da criança
Janaína Cavalcanti Costa de Oliveira
Ana Verônica Dantas de Carvalho
2.1 Introdução
A prevalência da obesidade aumentou em todo o mundo nos 
últimos 50 anos, atingindo níveis de pandemia. O aumento 
significativo da obesidade em mulheres trouxe implicações 
para todos os aspectos da saúdereprodutiva feminina, 
com obesidade materna fortemente associada a um risco 
aumentado de quase todas as complicações maternas e fetais 
(GLASTRAS et al., 2018). No Brasil, entre as mulheres, dados 
do Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças 
Crônicas por Inquérito Telefônico 2018 (VIGITEL), fornecidos 
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são 
preocupantes quando mostram presença de excesso de peso 
(IMC > 25 kg/m2) em 29,7%, 49% e 56,3% nas faixas etárias de 
18-24, 25-34 e 35- 44 anos, respectivamente.
Em um estudo de coorte de base populacional (n = 
226.958), entre 2004-2012, realizado no Canadá, verificou-
-se que uma variação de 10% no Índice de Massa Corpórea 
(IMC) pré-gestacional está associada a diferenças de risco 
clinicamente significativas para pré-eclâmpsia, diabetes 
34
Capítulo 2
Nutrição no período pré-concepcional, gestacional e lactação: 
implicações na saúde da mulher e da criança
gestacional, indicação de parto prematuro, macrossomia 
e morte ao nascimento. Além disso, estudos revelam que 
mulheres com sobrepeso e obesas precisam de mais tempo 
para conceber, correm maior risco de infertilidade e, quando 
submetidas à fertilização in vitro, podem experimentar resul-
tados negativos a uma taxa mais alta do que as mulheres com 
peso normal (SILVESTRIS et al., 2018).
Na perspectiva da saúde fetal, fortes evidências corrobo-
ram a ideia de que a composição corporal, a dieta e o estilo 
de vida durante a gravidez têm efeitos profundos e dura-
douros na saúde em longo prazo do concepto, levando a um 
risco aumentado no surgimento de doenças não transmissí-
veis, incluindo comorbidades cardiovasculares e metabólicas 
(como hipertensão, obesidade e diabetes tipo 2), condições 
atópicas, câncer e comprometimento neurológico. Assim, tem 
surgido o conceito “Origens do Desenvolvimento da Saúde e 
Doença” e evidências crescentes apontam para a importância 
do tempo em torno da concepção para promover uma gesta-
ção mais saudável (FLEMING et al., 2018). Já no puerpério, o 
aporte nutricional adequado deve assegurar o fornecimento 
quantitativo e qualitativo do leite materno, sem comprometer 
as reservas nutricionais maternas (KOMINIAREK et al., 2016). 
Nesse contexto, o presente capítulo visa trazer, de forma 
resumida, as recomendações atuais que permeiam o estado 
nutricional da mulher nos períodos da concepção, da gestação 
e da lactação, de modo a assegurar seu estado de saúde e do 
seu filho em curto e longo prazo, no que se refere ao aporte 
nutricional adequado.
35
Janaína Cavalcanti Costa de Oliveira
Ana Verônica Dantas de Carvalho
2.2 Nutrição no período pré-concepcional
O período de pré-concepção é definido como os 90 
dias que antecedem a fecundação, ou ainda, o tempo que 
corresponde ao momento em que o casal suspende o método 
contraceptivo até a ocorrência da gravidez (STEPHENSON, 
2019). Do ponto de vista biológico, é um período crítico para 
o desenvolvimento embrionário, visto que hábitos de vida 
dos pais influenciam a saúde do feto e das próximas gerações. 
Fatores ambientais, como alimentação inadequada, exposição 
ao fumo, álcool, drogas e xenobióticos*, podem comprometer 
o desenvolvimento da prole na fase embrionária, e isso 
causar repercussões negativas em alguma fase da vida com o 
aparecimento de morbidades cardiovasculares, metabólicas e 
neurológicas (FLEMING et al., 2018; STEPHENSON, 2019).
Assim, o termo programação metabólica é utilizado 
para descrever as adaptações fisiológicas que ocorrem 
em momentos críticos do desenvolvimento embrionário, 
ocasionadas por estímulos externos. Alterações nutricionais 
ou hormonais no microambiente uterino podem alterar 
a expressão gênica fetal e causar danos permanentes em 
várias etapas dos processos fisiológicos da embriogênese 
(LANGLEY-EVANS, 2004).
A gestação, por ser um momento de grande plasticidade 
celular, predispõe o organismo a alterações epigenéticas, ou 
seja, a modificações transmissíveis e reversíveis na expressão 
de um gene sem a ocorrência de alteração estrutural do DNA. 
As alterações epigenéticas mais comuns são a metilação do 
DNA e a modificação de histonas. A metilação é o principal 
fenômeno epigenético pelo qual o gene é silenciado. Ele ocorre 
36
Capítulo 2
Nutrição no período pré-concepcional, gestacional e lactação: 
implicações na saúde da mulher e da criança
quando um grupo metil é transferido de um doador para uma 
base citosina presente no DNA. Esse fenômeno é essencial 
para o desenvolvimento fetal adequado, pois controla 
várias funções do genoma no momento da morfogênese 
(CHAVARRO et al., 2010).
Alguns nutrientes, como os aminoácidos (glicina, histidina 
e metionina) e as vitaminas do complexo B (B6, B12 e ácido 
fólico), são conhecidos por participarem do mecanismo de 
metilação de DNA, sendo os responsáveis pela doação de 
grupamento metil. Portanto, a ingestão e/ou suplementação 
desses nutrientes durante o desenvolvimento embrionário 
pode prevenir o processo de programação transgeracional de 
doenças, como a obesidade (WATERLAND, 2008).
Estudos recentes têm demonstrado a influência paterna 
no risco do desenvolvimento de doenças metabólicas dos 
filhos na idade adulta. Pais com IMC elevado podem gerar 
impacto negativo na qualidade e na integridade do DNA das 
células germinativas (CHAVARRO et al., 2010).
Mudanças na alimentação da gestante podem influenciar 
de forma definitiva a vida do neonato. As situações de risco 
nutricional mais estudadas no período gestacional são: 
excesso de peso, consumo de dietas hipercalóricas, restrição 
do consumo de proteínas, restrição de calorias e a anemia 
ferropriva (COX, 2018).
A hiperalimentação na gestação envolve o consumo de uma 
dieta obesogênica, com excesso no consumo de lipídios e/ou 
de carboidratos refinados. O consumo desse tipo de dieta pode 
ocasionar vários distúrbios na prole, na idade adulta como: 
hiperfagia, resistência à insulina, hipertensão, intolerância à 
glicose (INDRIO et al., 2017).
37
Janaína Cavalcanti Costa de Oliveira
Ana Verônica Dantas de Carvalho
A desnutrição ou subnutrição materna, por sua vez, 
pode ocasionar retardo do crescimento intrauterino e o 
nascimento de crianças com baixo peso e pequenas para a 
idade gestacional; entretanto, essas crianças apresentam um 
aumento da expressão de genes do apetite, o que estimula 
o aumento da ingestão alimentar e a obesidade no futuro. 
Essa é uma adaptação metabólica observada na prole de 
mães que sofrem restrição calórico/proteica ou de disfunção 
placentária por síndromes hipertensivas na gravidez, em que 
há interrupção de nutrientes transplacentários e/ou hipóxia 
fetal (INDRIO et al., 2017).
Os nutrientes mais pesquisados para a saúde fetal são os 
que regulam a síntese de DNA, a divisão celular e o crescimento 
(ácido fólico, vitaminas B12, A, D, ferro e zinco), os que 
ajudam no desenvolvimento cerebral (iodo, ácidos graxos, 
polinssaturados, ômega 3), os antioxidantes (vitaminas A, C e 
E) e aqueles que são doadores de radicais metil (ácido fólico, 
vitamina B12, metionina, colina e betaína) (KOLETZKO et 
al., 2019). O ácido fólico possui papel importante na síntese, 
na reparação e na metilação do DNA. A modificação no 
metabolismo do folato pode causar instabilidade epigenética 
e efeitos transgeracionais, atuando no ambiente uterino da 
prole na fase adulta, podendo causar déficit de crescimento 
na geração seguinte, se considerarmos as más formações 
congênitas que podem persistir até a quinta geração. 
Porém, a suplementação crônica em altas doses de ácido fólico 
podem causar efeitos adversos na prole (VITOLO, 2015).
Após a sua ingestão, o folato é convertido em tetrahi-
drofolato, pela enzima metileno-tetrahidrofolato redutase 
(MTHFR), que promove a remetilação da homocisteína à 
38
Capítulo 2
Nutrição no período pré-concepcional, gestacional e lactação: 
implicações na saúde da mulher e da criança
metionina. A presença de polimorfismo no gene que codifica a 
MTHFRreduz a sua atividade enzimática e, como consequência, 
diminui a produção do ácido fólico ativo (tetrahidrofolato) 
levando ao aumento da homocisteína sérica e a suas reper-
cussões negativas, como: danos vasculares, maiores chances 
para tromboses, infertilidade, pré-eclâmpsia, ruptura prema-
tura de placenta, defeitos no tubo neural, abortamentos de 
repetição, autismo. Portanto, para pacientes que apresentam 
hiperhomocisteinemia, é recomendada a suplementação com 
ácido fólico na forma ativa metilada (L-5- metilfolato), além 
das vitaminas B6 e vitamina B12, com o objetivo de norma-
lizarem essas dosagens séricas de homocisteína e reduzir os 
fatores de riscos e as repercussões negativas para a mãe e para 
o feto (KOLETZKO et al., 2019).
A colina é reconhecida como uma molécula doadora de 
grupo metil. Ela é necessária para a integridade estrutural 
das membranas celulares, sinalização celular e transmissão 
de impulsos nervosos. Possui uma interrelação metabólica 
com o ácido fólico, no que concerne ao desenvolvimento 
adequado do cérebro fetal e à proteção do desenvolvimento 
de doenças do tubo neural e das fissuras orofaciais. É 
importante para o bom funcionamento placentário e possui 
um papel de proteção materno/fetal ao estresse. Suas 
necessidades aumentam ligeiramente durante a gestação, 
sendo necessária a sua suplementação caso a mulher não 
consiga consumir quantidades adequadas com base em dieta 
(MAHAN; RAYMOND, 2018).
A betaína pode ser obtida pela alimentação ou derivada 
da oxidação da colina. Também participa da conversão da 
homocisteína em metionina, como doadora de metil, numa 
39
Janaína Cavalcanti Costa de Oliveira
Ana Verônica Dantas de Carvalho
reação catalisada pela betaína-homocisteína metiltransferase 
(BHMT) que é dependente da vitamina B12 e é fundamental 
para o desenvolvimento embrionário e fetal. Sua deficiência 
pode ocasionar uma série de distúrbios metabólicos e déficit 
de crescimento intrauterino (COX, 2018).
Os disruptores endócrinos são substâncias químicas 
exógenas capazes de mimetizar a ação hormonal no organismo 
humano. Podem interferir na produção, na liberação, no 
transporte, no metabolismo, na ligação, na ação ou na 
eliminação de hormônios naturais. Os mais estudados são o 
bisfenol A (BPA), ftalatos, diclorodifeniltricloroetano (DDT), 
éteres difenílicos polibromados (PBDEs) e bifenis policlorados 
(PCBs) (NOGUEIRA et al., 2013).
Evidências sugerem que exposições perinatais ao bisfe-
nol podem afetar o crescimento fetal e induzir alterações 
comportamentais nas crianças em longo prazo (distúrbios 
de ansiedade, aprendizagem, memória, sociais e sexuais). 
Podem ainda comprometer o funcionamento mitocondrial 
das células hepáticas reduzindo a expressão de enzimas-
-chave da beta-oxidação, provocando efeitos adversos como 
aumento de peso, de triglicerídeos hepáticos e esteatose 
hepática microvesicular no neonato (JEURINK et al., 2019). 
Já os ftalatos podem interferir na ação ou no metabolismo 
dos androgênios, hormônios tireoidianos e glicocorticoides 
(KOMINIAREK et al., 2016).
De um modo geral, as mulheres grávidas ou os casais 
que desejam engravidar estão expostos a uma variedade 
de compostos químicos nocivos à saúde que estão pre-
sentes no ambiente em que vivem de forma intencional, 
como os pesticidas; ou de forma involuntária, como em 
40
Capítulo 2
Nutrição no período pré-concepcional, gestacional e lactação: 
implicações na saúde da mulher e da criança
embalagens de alimentos.
Portanto, a recomendação é que sejam adotadas medi-
das para minimizar a exposição a esses compostos químicos, 
especialmente no período da pré-concepção, gestação e pri-
meira infância. Por exemplo: evitar o consumo de alimentos 
industrializados dando preferência alimentos naturais, orgâ-
nicos e minimamente processados; evitar o uso de utensílios 
ou embalagens plásticas para consumir, acondicionar, aque-
cer ou congelar alimentos ou bebidas, dando preferência a 
embalagens de vidro para esse fim; evitar manusear recibos 
em papel térmico (a composição do papel térmico sensível, o 
qual contém o bisfenol-A) e a utilização de papel filme PVC 
para uso culinário.
2.3 Nutrição na Gestação
a) Oferta energética: 
A gestação é um período fisiológico complexo, dinâmico 
e anabólico. O Institute of Medicine (IOM) recomenda 
um aumento na oferta energética a partir do 2º trimestre 
de gestação de 340kcal/d e 452kcal/dia no 3º trimestre 
(NOGUEIRA et al., 2013). Os requisitos de energia podem variar 
significativamente, dependendo da idade, do IMC e do nível 
de atividade da mulher. A ingestão calórica deve, portanto, 
ser individualizada com base nesses fatores (KOMINIAREK et 
al., 2016). Ademais, recomendações atuais defendem que a 
ingestão energética não deveria aumentar mais do que 10% 
das necessidades normais pré-gestacionais, uma vez que, no 
último trimestre, apesar da alta demanda nutricional, o nível 
de atividade física tende a ser reduzido (KOLETZKO et al., 2019). 
41
Janaína Cavalcanti Costa de Oliveira
Ana Verônica Dantas de Carvalho
Fatores que poderiam indicar uma maior necessidade 
energética estariam relacionados à gestação na adolescência 
(crescimento materno), gravidez múltipla, infecções ou 
distúrbios que possam compremeter a absorção e utilização 
de nutrientes (KOLETZKO et al., 2019). O foco deve estar no 
aumento do consumo de alimentos ricos em nutrientes e na 
minimização de alimentos com calorias vazias que podem 
fornecer a energia extra necessária, mas não fornecem 
micronutrientes necessários em quantidades muito mais altas 
em comparação com as necessidades calóricas aumentadas. 
O ritmo do ganho de peso na gestação é o principal indicador 
da ingestão calórica.
b) Oferta proteica: 
A Dietary Reference Intakes (DRI) da proteína para uma 
mulher não grávida é de 0,8 g /kg/dia; já para mulheres 
grávidas recomenda-se 1,1g/kg/dia de peso corporal ou 
25g/dia adicionais para atender as necessidades da gravidez 
(NOGUEIRA et al., 2013).
Quadro 1 - Quantidade de proteínas por porções de alimentos
Alimento Medida caseira Proteina
Leite de vaca 1 copo americano: 200ml 7g
Iogurte 1 und: 200ml 8g
Ovo 1 und 6,7g
Queijo Mussarela 1 fatia 6,8g
Frango 1 porção: 100g 31,5g
Carne vermelha 1 porção: 100g 35,9g
Fonte: TACO (2014).
42
Capítulo 2
Nutrição no período pré-concepcional, gestacional e lactação: 
implicações na saúde da mulher e da criança
Esse aporte proteico pode ser dificil de ser alcançado em 
populações especiais, como vegetarianos, veganos, mulheres 
de baixa renda que sofrem insegurança alimentar e mulheres 
com náuseas e vômitos graves. 
c) Lipídios
Os lipídios são essenciais para a formação de membranas 
celulares e hormônios e são necessários para o desenvol-
vimento adequado dos olhos e do cérebro, especialmente 
durante o período pré-natal e nos primeiros anos de vida 
da criança (INNIS; FRIESEN, 2008). Na DRI, não há reco-
mendação diferenciada para a ingestão de lipídios durante 
a gravidez, assim, permanece a mesma quantidade de 
mulheres não gestantes, de 20% a 35% do total de calorias. 
A ingestão de lipidios durante a gravidez deve enfatizar 
fontes que forneçam os ácidos graxos essenciais e a colina, 
um componente dos fosfolipídios necessários para a função 
cerebral saudável (IOM, 2005). 
O I Consenso da Associação Brasileira de Nutrologia sobre 
recomendações de Ácido-Doca-Hexaenóico (DHA) durante a 
gestação, lactação e infância recomenda que, 
independente da dieta, toda gestante deve receber 
suplemento diário de DHA, preferencialmente obtido 
industrialmente através de algas, evitando-se o risco 
de contaminação por metais pesados, sugerindo a 
suplementação de 200mg de DHA/dia (NOGUEIRA-DE-
ALMEIDA et al., 2014, p. 45). 
d) Micronutrientes: 
43
Janaína Cavalcanti Costa de Oliveira
Ana Verônica Dantas de Carvalho
Comparado às necessidades dos macronutrientes, a 
necessidade dos micronutrientes pode ser bem mais acentuada 
nos períodos pré-concepcional, gestacionale durante a 
lactação. Além disso, riscos de deficiência nutricional 
aumentam à medida que se avalia, por meio de uma consulta 
de rotina, os hábitos alimentares das mulheres em questão. 
É preciso um olhar mais criterioso para a densidade dos 
nutrientes nos alimentos ingeridos. A obesidade ou o sobrepeso 
não são sinônimos de uma boa nutrição. Muitas vezes, a 
alimentação apresenta um alto teor calórico derivado de 
calorias vazias e uma escassez de micronutrientes essenciais. 
e) Controle do peso na gestação
O excesso do peso na gestação pode alterar o crescimento 
fetal e, em longo prazo, o comportamento alimentar da 
criança. Além disso, pode predispor a criança à obesidade 
(WEFFORT, 2018). 
Tabela 1 - Metas de Ganho de Massa Corporal 
Pré-natal do Instituto de Medicina Americano (IOM)
IMC Ganho de peso
Magreza: <18,5 12,5 – 18kg
Normal: 18,5 – 24,9 11,5 – 16kg
Sobrepeso: 25 – 29,9 7 – 11,5 kg
Obesa: ≥ 30 5 – 9kg
Fonte: Mahan e Raymond (2018).
A estatura e o peso pré gestacional devem ser medidos, 
não perguntados, para determinar o IMC pré-gestacional. É 
necessário orientar as gestantes em relação à meta de ganho 
44
Capítulo 2
Nutrição no período pré-concepcional, gestacional e lactação: 
implicações na saúde da mulher e da criança
de peso durante a gestação, que deve ser monitorado para 
avaliar o progresso e permitir intervenção quando necessário. 
Em relação à obesidade pré-gestacional, a recomendação de 
ganho de peso da IOM não distingue a obesidade de grau 
1 (IMC 30-34,9), grau 2 (IMC 35 – 39,9) e grau 3 (IMC ≥ 40). 
O ganho ideal de peso na gestação para esses grupos não é 
conhecido (MAHAN; RAYMOND, 2018).
f) Utilização de adoçantes: 
A Academia de Nutrição e Dietética (AND) sinaliza que as 
pesquisas abordando a segurança de adoçantes não nutritivos 
em uma gravidez saudável ou na diabetes gestacional são 
limitadas (PROCTER; CAMPBELL, 2014). O consenso de diabetes 
recomenda que os adoçantes artificiais sejam consumidos 
apenas quando necessário e com moderação, sempre 
respeitando os limites diários determinados pela Organização 
Mundial de Saúde (OMS). Os limites diários dos adoçantes, 
segundo OMS, também aceitos pela Agência Nacional de 
Vigilância Sanitária (ANVISA), estão listados abaixo:
•	 Sacarina: 2,5mg/kg de peso
•	 Ciclamato: 11mg/kg de peso
•	 Aspartame: 40mg/kg de peso
•	 Acessulfame K: 15mg/kg de peso
•	 Esteviosídeo: 5,5 mg/kg de peso
•	 Sucralose: 15mg/kg de peso
g) Cafeína: 
A meia-vida da cafeína aumenta na gravidez, de 3 horas no 
primeiro trimestre para 80 a 100 horas no final da gravidez. 
As mulheres que estão grávidas ou tentando engravidar são 
aconselhadas pelo Colégio Americano de Obstetrícia e Gine-
45
Janaína Cavalcanti Costa de Oliveira
Ana Verônica Dantas de Carvalho
cologia a consumir não mais que 200 mg de cafeína por dia, o 
que equivale a 2 xícaras de café (PROCTER; CAMPBELL, 2014).
2. 4 Nutrição na lactação
No período da lactação, há pelo menos duas preocupações 
pertinentes em relação ao estado nutricional materno. 
Uma delas diz respeito à composição do leite humano e sua 
influência no desenvolvimento em curto e longo prazo da 
criança. A outra questão se relaciona tanto à recuperação de 
um peso saudável como à reposição de nutrientes necessários 
para restaurar um estado nutricional adequado antes que 
ocorra a próxima gravidez (ACADEMY OF NUTRITION 
AND DIETETICS, 2017).
No período do pós-parto, o excesso de peso adquirido 
está associado ao diabetes mellitus gestacional e à hipertensão 
na gestação futura. Assim, os cuidados nutricionais devem 
continuar visando à recuperação do peso pré-gestacional de 
6 a 12 meses, de modo a alcançar um IMC adequado antes 
da próxima gestação. Além disso, as reservas de nutrientes 
devem ser restauradas, e intervalos curtos, menores que 12 a 
18 meses entre um parto e outro, estão relacionados ao parto 
prematuro, ao aumento de risco para aborto espontâneo, à 
Restrição de Crescimento Intrauterino (RCIU), à morte fetal e 
à morte neonatal precoce (MAHAN; RAYMOND, 2018).
Em uma revisão considerando 12 estudos envolvendo 910 
mulheres com excesso de peso no pós-parto, os autores suge-
rem que a perda de peso a partir da combinação de exercício 
e dieta é preferível do que apenas a dieta, uma vez que o exer-
cício melhora a aptidão cardiovascular e preserva a massa 
46
Capítulo 2
Nutrição no período pré-concepcional, gestacional e lactação: 
implicações na saúde da mulher e da criança
magra. É possível que essas intervenções desempenhem um 
papel na prevenção da obesidade materna futura. As mulhe-
res saudáveis na lactação podem perder até 450g por semana 
e ainda fornecer leite suficiente para manter o crescimento 
adequado da criança (MAHAN; RAYMOND, 2018).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o 
aleitamento materno exclusivo até os seis meses, podendo ser 
continuado com a introdução dos alimentos complementares 
até os dois anos ou mais. A composição do leite materno é 
semelhante para todas as mulheres que amamentam, apesar 
da enorme variedade do consumo alimentar. Já o estado 
nutricional materno adequado em relação a micronutrientes 
é especialmente crítico durante a gestação e a lactação. Nesses 
períodos, as necessidades para a maior parte dos nutrientes 
estão elevadas, o que aumenta o risco de inadequação 
alimentar. A OMS recomenda uma atenção especial àquelas 
mulheres que não tiveram um ganho de peso adequado 
durante a gestação e que, possivelmente, não acumularam 
reservas suficientes, uma vez que elas correm o risco de terem 
uma lactação comprometida (VITOLO, 2015). 
Durante a lactação, as mulheres requerem aproximada-
mente 500 kcal adicionais/dia além do recomendado para 
mulheres não grávidas. A estimativa é derivada do volume 
médio de leite materno produzido por dia (média de 780 mL, 
intervalo de 450-1200 mL) e do conteúdo energético de leite 
(67 kcal/100 mL). Durante a gravidez, a maioria das mulheres 
armazena de 2 a 5 kg extras, principalmente como gordura, no 
preparo fisiológico da lactação. Se as mulheres não consomem 
calorias extras, as reservas corporais são usadas para man-
ter a lactação. Não é incomum as mulheres que amamentam 
47
Janaína Cavalcanti Costa de Oliveira
Ana Verônica Dantas de Carvalho
perderem 0,5-1,0 kg/mês após o primeiro mês pós-parto 
(KOMINIAREK et al., 2016). 
A concentração de diversos minerais e vitaminas, tanto no 
plasma quanto no leite materno, sofre influência da dieta e 
do estado nutricional da puérpera. Sabe-se que os nutrientes 
mais afetados seriam vitamina A, tiamina, riboflavina, vitami-
na B6 e B12, iodo e selênio já que o consumo inadequado e as 
reservas maternas mais baixas levam a maiores prejuízos na 
saúde da criança. Nutrientes como ferro, ácido fólico, cobre, 
zinco e vitamina D parecem não influenciar na composição 
do leite materno, mas podem ajudar a corrigir as deficiências 
maternas (NETO CORINTIO, 2018).
A ingestão de cafeína não é contraindicada pela Academia 
Americana de Pediatria (AAP), entretanto, devido à remoção 
da cafeína ser muito lenta, recomenda-se que a nutriz não ul-
trapasse 300ml diariamente (2 xícaras). A ingestão excessiva 
pode provocar insônia e irritabilidade no bebê (VITOLO, 2015).
Não há contraindicações de alimentos na lactação, a 
não ser que haja comprovações clínicas ou bioquímicas da 
necessidade de exclusão de determinados alimentos na dieta 
(VITOLO, 2015). A prática comum pelas lactantes de excluir 
certos alimentos com potencial alergênico da dieta materna 
não resultou em diminuição das manifestações alérgicas. 
Nesse sentido, as dietas de exclusão devem ser desencora-
jadas, pois, além da depleção nutricional que podem causar 
as nutrizes, impactam negativamente na sua motivação para 
amamentar. Uma dieta de exclusão prolongada pode ser indi-
cada apenas em casos de alergia alimentar diagnosticada pelo 
médico após exames médicos rígidos (JEURINK et al., 2019). 
48
Capítulo 2
Nutrição no período pré-concepcional, gestacionale lactação: 
implicações na saúde da mulher e da criança
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Nutrição no período pré-concepcional, gestacional e lactação: 
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Nutrição no período pré-concepcional, gestacional e lactação: 
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54
Capítulo 03
A consulta de puericultura – o 
desafio do cuidado integrado
Devani Ferreira Pires
Mariama Sousa Salazar
3.1 Introdução
A consulta de puericultura tem como premissa o diálogo e uma 
boa comunicação entre o profissional de saúde e o responsável 
pela criança. Habitualmente, é a mãe quem acompanha a 
criança. Entretanto, a presença do pai deve ser estimulada e/
ou outra pessoa da escolha da mãe. 
A compreensão de novos arranjos familiares auxilia nas 
relações com a família, favorecendo a tomada de decisão 
compartilhada em prol do melhor interesse da criança. 
Por isso, cada encontro requer habilidades de comunicação 
empática, buscando o entendimento de expectativas e dúvidas 
que afligem os pais/cuidadores e que potencialmente poderão 
dificultar a formação de vínculo e apego saudáveis entre os 
pais e a criança. 
A consulta de puericultura aborda os diversos tópicos 
pertinentes à saúde da criança, como avaliaçãonutricional; 
alimentação; prevenção de injúrias; orientações sobre higiene 
corporal, oral, sono; cuidados ambientais, posturais; estimu-
lação psicomotora; e a promoção de um ambiente enriquecido 
para a aprendizagem. Alguns desses temas, como a rotina de 
cuidados, serão descritos no capítulo 6. O acompanhamento 
55
Devani Ferreira Pires
Mariama Sousa Salazar
do crescimento e o desenvolvimento da criança (conhecido 
também pela sigla CD) ou puericultura ocupa um papel rele-
vante na formação de estudantes e profissionais que atuam na 
área da saúde materno-infantil. 
No Brasil, a Política de Atenção Integral à Saúde da Criança 
do Ministério da Saúde contempla sete eixos temáticos 
relacionados à promoção e à proteção à saúde da criança, 
com especial atenção à primeira infância (crianças entre 0 e 
5 anos de idade) e às populações de maior vulnerabilidade, 
visando à redução da morbimortalidade e à promoção de 
condições dignas de existência e ao desenvolvimento de todo 
seu potencial (BRASIL, 2015).
A puericultura abrange não apenas um conjunto de 
técnicas a serem utilizadas durante as consultas de rotina 
da saúde da criança. Segundo a Organização Mundial da 
Saúde, é indispensável a firmação de um compromisso 
compartilhado entre famílias, profissionais de saúde, serviços 
de saúde, comunidade, instituições de ensino, tecnologias de 
comunicação e políticas promotoras de saúde, com o objetivo 
de uma melhor qualidade de vida e uma sociedade mais 
equânime (OMS, 2018).
3.2 Anamnese
A anamnese é um recurso semiológico essencial para o 
reconhecimento de fatores de risco e para orientar a consulta 
com relação à construção de diagnósticos diferenciais e 
hipóteses diagnósticas, guiando a solicitação de exames 
complementares, os encaminhamentos às especialidades, as 
condutas terapêuticas e a reabilitação, quando necessário. 
A avaliação tem início com a identificação, a data de 
56
Capítulo 03
A consulta de puericultura – o desafio do cuidado integrado
nascimento, a idade, a naturalidade e a procedência, além 
da identificação dos genitores, incluindo idade, profissão, 
visto que a faixa etária dos familiares de primeiro grau 
pode se configurar como fator de risco para a saúde da 
criança. Os pais muito jovens podem suscitar mais chances 
de vulnerabilidade infantil por imaturidade emocional, 
além da dependência financeira de seus próprios pais; no 
caso do outro extremo, mães com idades mais avançadas, 
deve-se atentar para o risco maior de cromossomopatias.
A anamnese deve investigar a presença de doenças 
familiares, hábitos de vida, condição socioeconômica, 
escolaridade dos pais, moradia, saneamento, situação de 
violência, droagadição, alcoolismo, tabagismo, redes de 
apoio familiares e na comunidade. É igualmente relevante 
identificar o acompanhante presente na consulta e o grau 
de parentesco com a criança.
O uso de álcool na gestação pode acarretar a síndrome 
alcoólica fetal, com graves repercussões em curto e longo 
prazo. O consumo de drogas ilícitas também ocasiona danos 
imediatos, como a síndrome de abstinência neonatal e outros 
agravos neurológicos. É reconhecido também que o tabagismo 
durante a gestação aumenta o risco de nascimento prema-
turo e/ou o baixo peso ao nascimento. Ademais, o tabagismo 
passivo está associado a um número maior de infecções respi-
ratórias na criança e à dificuldade no ganho ponderal.
É necessária a percepção sobre a estabilidade no relacio-
namento entre os genitores e a vinculação afetiva dos pais 
com a criança. Deve-se realizar registro sobre o tipo sanguí-
neo dos pais; a história sobre cirurgias e transfusões antes 
57
Devani Ferreira Pires
Mariama Sousa Salazar
da gestação; interrogar sobre consanguinidade dos pais, pela 
maior predisposição às doenças genéticas.
Também são importantes os antecedentes obstétricos, 
como o número de gestações anteriores, sua evolução (nati-
morto, abortamentos), via de parto e internações anteriores; 
interrogar número de consultas no pré-natal, conferir as 
sorologias maternas realizadas durante o pré-natal, pelo risco 
de infecções congênitas. Obter informações sobre o tipo de 
parto, o tempo de rotura de membranas, as características 
do líquido amniótico, o uso de medicações, a idade gesta-
cional e a características da placenta também é importante. 
As condições do nascimento, como o teste de Apgar no 1º e 5º 
minutos de vida, a informação sobre eventuais manobras de 
reanimação realizadas na sala de parto e os dados antropo-
métricos ao nascer (peso, comprimento, perímetro cefálico), 
registros de internamentos, diagnósticos e condutas são dados 
imprescindíveis ao seguimento pós-natal.
A experiência pregressa da mãe em aleitamento materno 
(se amamentou outros filhos, duração, problemas durante 
a lactação) devem fazer parte da abordagem. A história 
materna de cirurgia realizada sobre a mama (drenagem de 
abscesso, mamoplastia redutora etc.) alertam ao profissional 
sobre possíveis riscos para o desmame precoce e determinam 
a necessidade de vigilância (UNICEF, 2009).
O Quadro 1 sintetiza a classificação do recém-nascido 
(RN) quanto à idade gestacional ao nascimento e o Quadro 2 
o peso ao nascer. Os Quadros 3 e 4 trazem as classificações 
que devem ser realizadas a partir de dados antropométricos 
do nascimento, como o peso ao nascimento e o conhecimento 
58
Capítulo 03
A consulta de puericultura – o desafio do cuidado integrado
da idade gestacional. Essas informações são fatores de risco 
importantes para o crescimento e desenvolvimento.
Quadro 1 – Classificação do recém-nascido 
de acordo com a idade gestacional
Classificação quanto à idade gestacional (IG)
Recém-nascido pré-termo: IG inferior a 37 semanas
Recém-nascido a termo: IG entre 37 semanas e 41 semanas e 06 dias
Recém-nascido pós-termo: IG igual ou superior a 42 semanas
Fonte: OMS (2012).
No Quadro 02, encontra-se a classificação do neonato 
quanto ao peso de nascimento.
Quadro 2 – Classificação do recém-nascido 
de acordo com o peso ao nascer
Classificação quanto ao peso de nascimento
Extremo baixo peso ao nascer < 1.000g
Muito baixo peso ao nascer ≥1.000 e <1.500g
Baixo peso ao nascer ≥1.500 e <2.500g
Fonte: OMS (2012).
A classificação do recém-nascido quanto ao seu peso de 
nascimento e à adequação para a idade gestacional encontra-
se registrada no Quadro 3.
Quadro 3 – Classificação do peso de 
nascimento para a idade gestacional
Classificação peso de nascimento para a idade gestacional
Pequeno para a idade gestacional (PIG): < percentil 10
Adequado para idade gestacional (AIG): entre os percentis 10 e 90
Grande para a idade gestacional (GIG): > percentil 90
Fonte: Battaglia e Lubchenco (1967).
59
Devani Ferreira Pires
Mariama Sousa Salazar
No Quadro 4, encontra-se registrada a classificação 
segundo os grupos etários da criança.
Quadro 4 – Classificação da criança 
de acordo com a faixa etária
Recém-nascido
Zero a 28 dias
Infância
Lactente: 29 dias a 1 ano e 11 meses 
Pré-escolar: 2 a 6 anos 
Escolar: 7 a 10 anos 
Primeira Infância
Período compreendido entre 0 e 5 anos de idade*
Adolescência
Pré-puberal: 10 a 12 anos 
Puberal: 12 a 16 anos 
Pós-puberal: 16 a 18 anos
Fonte: Brasil (2012). 
 * Segundo definição da PNAISC, 2015
Após a observação dos diagnósticos do período neonatal, 
deve-se seguir a consulta abordando sobre a Queixa Principal 
(QP) e a História da Doença Atual (HDA), bem como realizar 
Interrogatório Sistemático dos Diversos Aparelhos (ISDA) para 
posteriormente obter as informações sobre os Antecedentes 
Pessoais (AP) e os Antecedentes Familiares (AF). Importante 
ressaltar as informações sobre os dados antropométricos; a 
história alimentar; se a criança recebeu aleitamento materno 
e a sua duração; a introdução de alimentos complementares; 
o recordatório alimentar; higiene; perfil psicossocial e 
60
Capítulo 03
A consulta de puericultura – o desafio do cuidado integrado
comportamental; estado vacinal; suplementação de vitaminas 
e minerais;hábitos de vida (sono, atividade recreativa, 
tempo de exposição a telas); funções eliminatórias; uso de 
medicamentos; prevenção de injúrias; desenvolvimento 
neuropsicomotor (DNPM); e o exame físico. 
3.2 O exame físico
O exame físico deve ocorrer no sentido craniocaudal e 
levar em consideração a idade da criança que está sendo exa-
minada. Observar a temperatura do ambiente, além do estado 
comportamental da criança: preferencialmente realizar o 
exame com a criança em estado alerta calmo. Sempre que pos-
sível, evitar as situações que agravam o estresse como o choro, 
e condições associadas à sensação de desconforto que podem 
prejudicar o exame. O exame pode ser realizado no colo da 
mãe ou da cuidadora, quando necessário. O examinador deve 
procurar estabelecer uma comunicação compatível com a 
idade e o estágio de desenvolvimento da criança.
Um fator que reforça a importância do exame físico 
completo é a predominância do valor dos sinais gerais sobre 
os regionais. A criança, especialmente os recém-nascidos 
e lactentes, tendem a responder de forma mais sistêmica, 
independentemente da região afetada.
A inspeção é um dos principais passos no exame físico da 
criança, pois se pode observar a face, a presença de alterações 
no segmento cefálico, o pescoço, o tronco, os membros, 
a genitália e a região anal. O comportamento, tanto da 
criança como do cuidador, contribui para a avaliação global, 
complementando as informações obtidas pela entrevista. 
61
Devani Ferreira Pires
Mariama Sousa Salazar
Quanto à pele, é importante atentar para as alterações 
cutâneas habituais do recém-nascido (alterações na coloração, 
presença de hemangiomas, integridade da pele) a fim de 
orientar os familiares e realizar diagnósticos diferenciais. A 
presença de icterícia constitui um dado clínico relevante no 
período neonatal, com atenção especial dirigida à anamnese 
quanto ao início, à evolução, à intensidade, à progressão, e à 
avaliação de exames complementares.
Sequencialmente, devem-se realizar exames neurológi-
cos e dos aparelhos locomotor, cardiovascular, respiratório, 
do abdome e da genitália. O exame do quadril do recém-
-nascido deve ser rotineiro e realizado na maternidade e no 
seguimento ambulatorial da criança, nos primeiros meses de 
vida. Para o rastreamento da displasia do desenvolvimento 
do quadril (DDQ), devem-se realizar as manobras de Barlow 
(provocativa do deslocamento) e Ortolani (sua redução) nas 
primeiras consultas (5º dia, 30 dias e 2 meses), testando um 
membro de cada vez. A observação de limitação da abdução 
dos quadris e o encurtamento de um dos membros inferiores 
devem ser os exames de rastreamento nas consultas após os 
3 meses de idade. 
Em recém-nascidos, é necessário ainda observar os refle-
xos primitivos: a sucção, a preensão palmo-plantar, o cutâneo 
plantar em extensão, a marcha reflexa, a fuga à asfixia, a pas-
sagem do braço, a reptação; bem como avaliar a postura e o 
tônus (semiflexão e discreta hipertonia no período neonatal), 
com lateralização da cabeça, mãos fechadas, movimentos 
normais e espontâneos de flexão e extensão dos membros.
Além disso, é importante atentar aos sinais vitais, visto que, 
na criança, os valores são diferentes em seus diversos grupos 
62
Capítulo 03
A consulta de puericultura – o desafio do cuidado integrado
etários. O Quadro 5 apresenta os valores das frequências 
cardíacas e respiratórias.
Quadro 5 – Parâmetros de frequências 
cardíaca e respiratória em crianças
Frequência cardíaca (FC)
Recém-nascido (RN): 120-160bpm (média: 120bpm)
Até 12meses: 120-140bpm (média 120bpm)
Até 24meses: 110-130bpm (média 110bpm)
04 anos: 100-120bpm (média 100bpm)
06 anos: 75-115bpm (média 100bpm)
08-10 anos: 70-110bpm (média 90bpm
Frequência respiratória – incursões 
respiratórias por minuto (ipm)
RN e lactentes até 02 meses de idade: 40-60ipm
Entre 02-11 meses de idade: até 50 ipm
Entre 12 meses a 05 anos de idade: até 40ipm
Entre 06 a 08 anos: até 30ipm
Acima de 08 anos: 16-20ipm
Fonte: Adaptado de Brasil (2012).
3.3 Avaliação nutricional
A vigilância nutricional visa promover e proteger a saúde 
da criança, identificando precocemente situações de risco 
nutricional em todas as etapas, como o período intrauterino, 
o neonatal, a primeira infância, a idade escolar, a pré-búbere 
e a adolescência, com o objetivo de evitar que desvios do cres-
cimento possam comprometer a saúde atual e sua qualidade 
63
Devani Ferreira Pires
Mariama Sousa Salazar
de vida futura. Portanto, a avaliação nutricional deve ser 
realizada em todas os grupos etários, abordando a anamnese 
clínica, o exame físico detalhado e o monitoramento do cres-
cimento. Os dados da anamnese clínica, da história alimentar 
detalahda e do exame físico sugerem a carência nutricional, 
que pode ser específica de determinado macro ou micronu-
triente ou combinada. 
O peso é a medida antropométrica mais utilizada, de 
simples obtenção. Para a sua realização, é imprescindível que 
a balança esteja corretamente calibrada. Para a aferição do 
peso, o neonato ou o lactente deve ser posicionado deitado até 
a idade de 8 meses e sentado entre 8 meses e 2 anos de idade, 
preferencialmente despido.
O comprimento é o melhor indicador de crescimento 
linear e reflete a massa corporal magra. O crescimento encon-
tra-se alterado na deficiência nutricional de evolução crônica 
e se intensifica nos períodos de grande velocidade de cresci-
mento. O crescimento é determinado pelo potencial genético 
e por fatores nutricionais e ambientais.
 O registro periódico do perímetro cefálico (nos primei-
ros dois anos de idade), peso, comprimento/altura e do IMC 
na Caderneta de Saúde da Criança se constitui no melhor 
método para acompanhar o crescimento infantil. As crian-
ças de até 2 anos de idade podem ter a aferição do peso em 
balanças pediátricas mecânicas ou eletrônicas, com preci-
são de até 16 kg. Após essa idade, deve-se utilizar balança 
do tipo plataforma.
O exame físico deve investigar os sinais clínicos de 
carência nutricional. Por isso, atentar aos seguintes aspectos 
durante a inspeção: (a) cabelos (fracos, quebradiços, sem 
64
Capítulo 03
A consulta de puericultura – o desafio do cuidado integrado
brilho, despigmentados, ressecados); (b) olhos (xeroftalmia, 
queratomalácia, manchas de Bitot); (c) pele (xerose, 
hiperqueratose folicular, petéquias, equimoses, xantomas); 
(c) unhas (coiloníquia, quebradiças); (d) lábios (queilite 
angular, queilose); (e) língua (escarlate, magenta, edematosa); 
(f) sistema muscular (hipotrofia); (g) sistema esquelético 
(craniotabes, rosário raquítico; alargamento epifisário).
No segmento cefálico, o profissional avaliará: a fontanela 
anterior (bregmática) que tem o formato de losângulo, mede 
entre 3 e 5 cm, fecha-se clinicamente entre 6 e 18 meses. 
A fontanela posterior (lambdoidea), que mede, ao nascimento 
cerca, de 2 cm, fecha-se até os 2 meses de vida. A aferição 
do perímetro cefálico deverá ser realizada mensalmente 
no primeiro semestre de vida e a intervalos bimensais no 
segundo semestre de vida. Ao término do primeiro ano, o 
perímetro cefálico tem aumentado em média 12 cm, como 
especificado no Quadro 6.
O recém-nascido costuma perder cerca de 10% do peso do 
nascimento até o 10º dia de vida, recuperando o peso inicial 
em até 14 dias. O manejo adequado do aleitamento materno, 
iniciado na sala de parto e continuado até o momento da alta, 
contribui para uma menor perda de peso nos primeiros dias 
(UNICEF, 2009). Além da Iniciativa Hospital Amigo da Criança 
(IHAC), estratégias como a consulta na primeira semana de 
vida e visita domiciliar são promotoras de boas práticas que 
auxiliam a consolidar a amamentação nas primeiras semanas 
de vida, período particularmente desafiador para a mãe, em 
que o apoio do profissional de saúde, da família e da sociedade 
torna-se essencial (UNICEF, 2009; OMS, 2018, 2019). 
65
Devani Ferreira Pires
Mariama Sousa Salazar
Em condições saudáveis, a criança duplicao peso do 
nascimento entre o 5º e 6º mês de vida e triplica aos 12 meses. 
A partir do 2º ano, o ganho ponderal é aproximadamente de 2 
kg/ano até 8 anos. 
No primeiro ano de vida, a criança cresce em média 25 cm, 
sendo 15 cm no 1º semestre e 10 cm no 2º semestre. Portanto, 
ao término do primeiro ano de vida, o lactente deverá ter 
aumentado 50% do comprimento ao nascer. No segundo ano 
de vida, a criança cresce em média 12 cm. Entre o terceiro e o 
quarto ano de vida, o crescimento é 5 a 7 cm/ano. 
Altura-alvo, baseada na altura dos pais, é calculda 
utilizando-se da seguinte fórmula: 
•	 Altura-alvo para o sexo masculino: 
Altura do pai + (Altura da mãe +13)
2
•	 Altura-alvo para o sexo feminino:
Altura da mãe + (Altura do pai -13)
2
O Índice de Massa Corporal (IMC) é o indicador que avalia 
a proporção entre o peso e altura. Esse indicador é calculado 
pela fórmula abaixo:
•	 IMC = Peso (kg) / Estatura (m2).
O Quadro 6 resume a média de ganhos esperados para o 
peso, o crescimento e o perímetro cefálico durante o primeiro 
ano de vida.
66
Capítulo 03
A consulta de puericultura – o desafio do cuidado integrado
Quadro 6 – Ganho ponderal, crescimento 
e PC entre 0 e 12 meses.
Idade Ganho Ponderal Crescimento Perímetro 
Cefálico(PC)
1º trimestre 25 a 30 g/dia 
(≅ 700 g/mês)
≅ 3,5 cm/mês ≅ 2 cm por mês
2º trimestre 20 g/dia 
(≅ 600 g/mês)
≅ 2 cm por mês ≅ 1 cm por mês
3º trimestre 15 g/dia 
(≅ 500 g/mês)
≅ 1,5 cm por mês
0,5cm por mês no 
segundo semestre 4º trimestre 10 g/dia 
(≅ 300 g/mês)
≅ 1,2 cm por mês
Fonte: autoria própria.
A avaliação da antropometria é realizada utilizando-
-se as curvas de crescimento da OMS publicadas em 2006, 
disponibilizadas nas cadernetas de saúde da criança para 
meninos e meninas, distribuídas pelo Ministério da Saúde. 
As medidas devem ser plotadas nas respectivas curvas para 
idade e sexo, a saber: perímetro cefálico para a idade, peso 
para a idade, crescimento para a idade e índice de massa 
corporal para a idade. 
A avaliação nutricional a partir dos dados antropométricos 
correlacionados à idade e utilizando as curvas de crescimento 
da OMS (2006) como referência está resumida no Quadro 7.
67
Devani Ferreira Pires
Mariama Sousa Salazar
Quadro 7 – PC, peso, comprimento e IMC 
para a idade entre 0 e 2 anos.
Classificação do Perímetro cefálico (PC) Escore z
PC abaixo do esperado para a idade < -2
PC adequado para a idade ≥ -2 e ≤ +2
PC acima do esperado para a idade > +2
Classificação do peso para a idade Escore z
Peso muito baixo para a idade < -3
Peso baixo para a idade < -2
Peso adequado para a idade ≥ -2 e ≤ +2
Peso elevado para a idade > +2
Classificação do crescimento para a idade Escore z
Comprimento muito baixo para a idade < -3
Comprimento baixo para a idade < -2
Comprimento adequado para a idade ≥ -2 e ≤ +2
Comprimento elevado para a idade > +2
Classificação - Índice de 
Massa Corporal (IMC)
Escore z
Magreza acentuada < -3
Magreza ≥ -3 e < -2
IMC Adequado para≥ a idade ≥ -2 e ≤ +2
Risco de sobrepeso > 1 e ≤ +2
Sobrepeso > 2 e ≤ +3
Obesidade > +3
Fonte: Adaptado de SBP (2018).
3.4 Conclusões
A puericultura, como o Nurturing Care, necessita de um 
aprofundamento sobre as políticas de saúde existentes e como 
estão implantadas, as informações e os serviços essenciais 
para o desenvolvimento da primeira infância, bom como de 
identificar os serviços baseados na comunidade e todas as 
instituições que possam ser interlocutoras e parceiras no 
apoio aos cuidados voltados para o desenvolvimento, como 
68
Capítulo 03
A consulta de puericultura – o desafio do cuidado integrado
também o preenchimento de lacunas críticas. Ressalta-se a 
importância das instituições de ensino no sentido de atualizar 
os recursos educacionais sobre aconselhamento em saúde 
materno-infantil, padrões de atendimento, elaboração de 
currículos e material educacional (OMS, 2019). A integração 
entre o aleitamento materno, a alimentação complementar 
oportuna e saudável, a imunização e os cuidados responsivos 
compõem a arquitetura de conhecimentos capaz de 
transformar expectativas futuras mais promissoras para 
todas as crianças. 
69
Devani Ferreira Pires
Mariama Sousa Salazar
Referências
BATTAGLIA, F. C.; LUBCHENCO, L.,O. A practical classification 
of newborn infants by weight and gestational age. J Pediatr., 
[S. l.], v. 71, n. 2, p. 159-163, 1967. DOI:10.1016/s0022-
3476(67)80066-0
BRASIL. Saúde da criança: crescimento e desenvolvimento. 
Brasília: Ministério da Saúde, 2012.
BRASIL. Portaria nº 1.130, de 5 de agosto de 2015. Institui 
a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança 
(PNAISC) no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). 
Brasília, DF: Ministério da Saúde, [2015]. Disponível em: 
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2015/
prt1130_05_08_2015.html. Acesso em: 10 dez. 2021. 
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Manual de 
Alimentação: orientações para alimentação do lactente ao 
adolescente, na escola, na gestante, na prevenção de doenças 
e segurança alimentar. 4. ed. São Paulo: SBP, 2018.
70
Capítulo 03
A consulta de puericultura – o desafio do cuidado integrado
UNICEF. Iniciativa Hospital Amigo da Criança: revista, 
atualizada e ampliada para o cuidado integrado: módulo 
3: promovendo e incentivando a amamentação em um 
Hospital Amigo da Criança: curso de 20 horas para equipes 
de maternidade. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 
2009. Fundo das Nações Unidas para a Infância: Organização 
Mundial da Saúde.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Born Too Soon: The 
Global action report on preterm Birth. Geneva: World Health 
Organization, 2012.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Nurturing care for early 
childhood development: a framework for helping children 
survive and thrive to transform health and human potential. 
Geneva: World Health Organization, 2018. 
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Operationalizing 
nurturing care for early childhood development: the 
role of the health sector alongside other sectors and actors. 
Geneva: World Health Organization, 2019. 
71
Capítulo 04
Primeira consulta do recém-nascido
Adriano dos Santos Cavalcanti
Devani Ferreira Pires
4.1 Introdução
A primeira consulta do recém-nascido (RN), também conhe-
cida como consulta do 5º dia, surgiu a partir da necessidade 
de dar mais atenção e apoio ao binômio materno-infantil nos 
primeiros dias após o parto. Essa consulta deve acontecer na 
primeira semana de vida da criança, e tem seus objetivos ilus-
trados no Quadro 1. 
Quadro 1 – Objetivos da primeira consulta do recém-nascido
Objetivos da consulta do 5º dia
1. Realizar uma anamnese dirigida para a identificação de fatores de 
risco à saúde e ao crescimento e desenvolvimento normal da criança
2. Examinar a criança, orientando sobre achados fisiológicos ao 
exame físico e avaliando condutas aos achados patológicos
3. Identificar questões maternas sobre os cuidados 
com o recém-nascido e sua própria saúde 
4. Ouvir as dúvidas referentes ao aleitamento materno, 
incentivando e apoiando a mãe e a família para a sua prática 
4. Avaliar o padrão de diurese e evacuação da criança
5. Atentar para a presença de icterícia neonatal
6. Conferir a documentação da criança
7. Verificar a realização dos testes de triagem neonatal
8. Orientar e realizar imunizações e suplementações
72
Capítulo 04
Primeira consulta do recém-nascido
9. Fazer orientações gerais e recomendações 
sobre a prevenção de acidentes
11. Promover o vínculo afetivo da tríade mãe-pai-filho e família
12. Identificar os determinantes sociais de saúde
13. Planejar o calendário de consultas para o seguimento.
Fonte: autoria própria.
4.2 Anamnese e exame físico
Para iniciar a consulta, o profissional de saúde deve se 
apresentar à família, bem como identificar a criança e os pais 
(ou acompanhantes). É imprescindível a utilização da Caderneta 
de Saúde da Criança, conferindo e registrando as principais 
informações sobre a saúde da criança, conforme Quadro 2.
Quadro 2 – Dados a ser conferidos eregistrados 
na Caderneta de Saúde da Criança
Informações relevantes da caderneta de saúde 
da criança do Ministério da Saúde – 2019
Direitos e garantias sociais Página 04-13
Identificação da criança Página 04-05
Assistência Social Página 06-07
Educação e vida escolar Página 08-09
Direito da criança Página 10-11
Direitos dos responsáveis Página 12-13
Cuidando da saúde da criança Página 14-22
Amamentação Página 23-29
Registros do acompanhamento Página 64-73
Dados do nascimento e alta da maternidade Página 65
Exames de triagem neonatal Página 66
73
Adriano dos Santos Cavalcanti
Devani Ferreira Pires
Primeira consulta – consulta da primeira semana Página 66
Consulta do primeiro mês Página 67
Consulta do 2º mês Página 68
Vigilância no desenvolvimento Página 74-82
Acompanhamento do crescimento Página 83-95
Curvas de crescimento para 
crianças nascidas pré-termo
Página 85
Gráfico: perímetro cefálico x idade - 0 a 2 anos Página 86
Gráfico: peso x idade - 0 a 2 anos Página 87
Gráfico: comprimento x idade - 0 a 2 anos Página 88
Gráfico: índice de massa corporal x idade - 0 a 2 anos Página 89
Vacinas do calendário básico Página 99-101
Suplementação de vitamina A e ferro Página 98
Fonte: autoria própria.
Na anamnese, além de questionar sobre queixas e dúvidas 
dos pais, devem ser avaliados os antecedentes perinatais (rea-
lização do pré-natal e número de consultas; intercorrências 
clínicas na gestação; idade gestacional; data, tipo e local de 
parto; intercorrências no parto e no período neonatal; peso, 
estatura e perímetro cefálico ao nascer; índice de Apgar) e 
os antecedentes familiares (número de gestações anteriores, 
número de irmãos, condições de saúde dos pais e dos irmãos); 
mais detalhes no Apêndice 1 - Roteiro de anamnese.Quanto 
ao exame físico, este deve ser realizado de forma completa 
e, preferencialmente, seguindo sequência craniocaudal (o 
Roteiro de Exame Físico do Recém-nascido pode ser encon-
trado no Apêndice 2). Seus achados devem ser registrados e 
compartilhados com os pais, tranquilizando-os sobre os acha-
dos fisiológicos com provável regressão espontânea ou sem 
74
Capítulo 04
Primeira consulta do recém-nascido
importância clínica, bem como os esclarecendo sobre achados 
patológicos (se presentes), avaliando a conduta e o segui-
mento a ser compartilhados.
4.3 Amamentação
Na primeira consulta do recém-nascido, deve ser reforçada 
a orientação do aleitamento materno exclusivo (AME) até os 
6 meses de vida sob livre demanda, ou seja, sem restrição de 
horários e de tempo de permanência na mama. Em geral, o 
bebê irá mamar cerca de 8 a 12 vezes por dia e mães inseguras 
podem interpretar essa quantidade normal como sinal de 
fome, leite fraco ou pouco leite. Deve-se estar atento para 
esclarecimentos e evitar uso desnecessário de suplementos. 
Alguns pontos a ser abordados envolvem a técnica da 
amamentação e a alimentação da nutriz. Observar se existem 
contraindicações ao aleitamento ou situações especiais em 
que o aleitamento deva ser interrompido temporariamente. 
Para mais informações, ver Capítulo - Aleitamento materno 
neste manual e na caderneta de saúde da criança.
4.4 Funções excretórias
O padrão de diurese do RN nos fornece informação sobre 
seu estado de hidratação. Então, deve ser observado se a criança 
molha a fralda, necessitando de seis ou mais trocas por dia.
Já o padrão de evacuações é bastante variável e pode 
preocupar as mães primíparas e/ou as mais inseguras. O RN 
em AME pode evacuar cerca de 8 vezes ao dia (especialmente 
nas primeiras 06 semanas de vida), bem como pode passar 
cerca de 8 dias sem evacuar (pseudoconstipação); o que 
75
Adriano dos Santos Cavalcanti
Devani Ferreira Pires
deve ser avaliado com maior atenção é o aspecto das fezes, 
conforme Quadro 3.
Quadro 3 – Aspecto das fezes do recém-nascido
Fezes meconiais Coloração escura e esverdeada semelhante 
a piche ou óleo de carro; não tem odor.
Fezes do bebê 
em aleitamento 
materno
Coloração amarelada ou esverdeada, 
consistência pastosa ou semilíquida; 
odor, menos intenso do que aqueles que 
fazem uso de fórmulas ou leite de vaca.
Fezes do bebê em 
uso de outros leites
Coloração amarelada ou esverdeada 
tendendo ao marrom; consistência pastosa; 
tem odor mais forte do que aqueles 
em aleitamento materno exclusivo
Fezes do bebê em 
uso de suplemento 
de ferro
Coloração esverdeada em tons escuros.
Fezes do bebê 
constipado
Coloração variável, a consistência é 
endurecida, em cíbalos; a criança pode sentir 
dor e apresentar lesões perianais devido ao 
esforço evacuatório (ex.: fissuras, plicomas)
Fezes do bebê 
com diarreia
Coloração variável, tendendo a tons mais 
amarelados e consistência aquosa
Fonte: autoria própria.
4.5 Icterícia neonatal
Devido à sua elevada frequência, nos primeiros dias de 
vida, a presença de icterícia sempre deve ser avaliada na 
primeira consulta do RN de acordo com as zonas de Kramer, 
descritas no Quadro 4.
76
Capítulo 04
Primeira consulta do recém-nascido
Quadro 4 – Progressão dérmica da icterícia.
Zonas de 
Kramer
Topografia Bilirrubina indireta 
(BI) estimada (mg/dL)
I Cabeça e pescoço 4 a 7,5
(Média = 6)
II Tronco até umbigo 5,6 a 12
(Média = 9)
III Hipogastro, coxas (até joelhos)
e braços (até cotovelos)
7 a 14,8
(Média = 12)
IV Pernas (até tornozelos)
e antebraços (até punhos)
9,3 a 18,4
(Média = 15)
V Pés e mãos, incluindo
palmas e plantas
>10,5
(Média 18)
Fonte: Adaptado de Kramer (1969); Rai et al (2015). 
No período neonatal, em geral, essa condição é 
fisiológica, com evolução benigna, de início é após 24 horas de 
vida, e com pico entre o 4º e o 5º dia de vida (no recém-nascido 
de termo). A icterícia fisiológica tem duração entre 10 a 14 
dias, se ultrapassar esse período, é denominada de icterícia 
prolongada e deve ser investigada.
Alguns neonatos podem apresentar icterícia 
patológica, aquela que surge nas primeiras 24 horas de vida, 
podendo alcançar níveis elevados de BI e apresentar como 
consequência a encefalopatia bilirrubínica ou “kernicterus”, 
caracterizada por sintomas neurológicos como: hipotonia, 
dificuldade de sucção, recusa alimentar e convulsões. Uma 
condição que requer encaminhamento urgente é a icterícia 
com predominância de bilirrubina direta, acompanhada de 
colúria e acolia fecal, para a pesquisa de atresia de vias biliares 
por especialista.
77
Adriano dos Santos Cavalcanti
Devani Ferreira Pires
Apenas a estimativa clínica não é suficiente para 
avaliar os recém-nascidos com valores de bilirrubina indireta 
sérica superior a 12 mg/dL (BRASIL, 2011; SOCIEDADE 
BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2012). Para evitar a instalação de 
quadros graves, é mandatória uma rigorosa avaliação clínica 
e laboratorial. Os fatores de risco para o desenvolvimento 
de hiperbilirrubinemia significante estão sistematizados no 
Quadro 5 e os exames laboratoriais para solicitação inicial são 
apresentados no quadro 6.
Quadro 5 – Fatores de risco para o desenvolvimento 
de hiperbilirrubinemia significante no recém-
nascido ≥ 35 semanas de idade gestacional
Fatores de risco
1. Icterícia com início nas primeiras 24 horas de vida
2. Incompatibilidade materno-fetal
2.1 Rh: antígeno D, mãe negativo e recém-nascido positivo
2.2 ABO: mãe O e recém-nascido A ou B
2.3 Antígenos irregulares: c, e, E, Kell, outros
2.4 Mãe com diagnóstico de isoimunização
3. Idade gestacional de 35 e 36 semanas, inde-
pendentemente do peso ao nascer
4. Dificuldade no estabelecimento do aleitamento materno 
5. Perda de peso > 7% em relação ao peso de nascimento
6. Irmão com icterícia neonatal tratado com fototerapia
7. Presença de cefaloematoma ou equimoses
8. Descendência asiática
9. Mãe diabética
10. Deficiência de glicose-6-fosfato-desidrogenase (G6PD)
11. Bilirrubina total na zona de alto risco (> percentil 95) ou 
intermediária superior (percentis 75 a 95) antes da alta hospitalar
Fonte: Adaptado de Sociedade Brasileira de Pediatria (2012).
78
Capítulo 04
Primeira consulta do recém-nascidoQuadro 6 – Exames complementares para 
investigação diagnóstica de icterícia neonatal
Solicitação de exames laboratoriais
1. Bilirrubina total e frações (direta e indireta)
2. Hemograma: hemoglobina, hematócrito; con-
tagem de reticulócitos; esferócitos
3. Classificação sanguínea da mãe e recém-nascido – sistemas ABO e Rh
4. Coombs direto no recém-nascido
5. Coombs indireto na mãe, se mãe Rh negativo
6. Pesquisa de anticorpos maternos para antígenos irregulares, 
se mãe multípara ou com antecedente de transfusão sanguí-
nea anterior e recém-nascido com Coombs direto positivo
7. Dosagem quantitativa de glicose-6-fosfato-desidrogenase
8. Dosagem quantitativa de hormônio tireoidiano e TSH, se indicado.
Fonte: Adaptado de Sociedade Brasileira de Pediatria (2012).
4.6 Documentação
O Registro Civil de Nascimento é um documento gratuito 
para todos os brasileiros, garantido pela Lei Nº 9.534/97 e é 
solicitado frequentemente em serviços públicos (escolas, 
centros de saúde e hospitais). A criança pode ser registrada 
na maternidade onde nasceu, caso essa instituição possua o 
serviço de Registro Civil; ou ainda no Cartório de Registro 
Civil, desde que os pais portem os documentos necessários, 
conforme Quadro 7.
79
Adriano dos Santos Cavalcanti
Devani Ferreira Pires
Quadro 7 – Documentos para Registro Civil da criança
Situação 
conjugal
Pais casados Pais não casados
Apresentação Deve estar presente, pelo 
menos, um dos pais
Devem estar presentes 
ambos os pais
Documentos
necessários
Declaração de Nascido 
Vivo da criança
Declaração de Nascido 
Vivo da criança
Certidão de casamento
dos pais
Documento de 
identificação* do pai
Documento de 
identificação* da mãe
Legenda: *São ditos documentos de identificação: Carteira de 
Identidade, Carteira de Trabalho e Carteira Nacional de Habilitação.
Fonte: autoria própria.
4.7 Testes de triagem neonatal
O Quadro 8 aborda os testes de triagem neonatal durante a 
primeira consulta do recém-nascido. 
Quadro 8 – Avaliação dos testes de triagem neonatal 
na primeira consulta do recém-nascido
Triagem neonatal
Teste do coraçãozinho Deve ter sido realizado antes da alta da 
maternidade, nas primeiras 48h de vida.
Teste da linguinha 
(avaliação do 
frênulo lingual)
Conferir se foi realizado antes da alta da 
maternidade; se não for o caso, realizar 
na primeira consulta do recém-nascido.
Teste do olhinho 
(Teste do reflexo 
vermelho)
Conferir se foi realizado antes da alta da 
maternidade; se não for o caso, realizar 
na primeira consulta do recém-nascido.
80
Capítulo 04
Primeira consulta do recém-nascido
Teste do pezinho 
(triagem metabólica 
neonatal)
Deve ser realizado idealmente entre 3 e 7 dias 
de vida, podendo ser coletado até 28 dias, caso 
não tenha sido providenciado anteriormente.
Teste da orelhinha 
(emissões 
otoacústicas)
Caso não tenha sido realizado na 
maternidade, orientar os pais para 
agendar a triagem o mais breve possível.
Triagem do 
desenvolvimento 
displásico do 
quadril (DDQ)
A manobra de Barlow e Ortolani deve ser 
realizada na maternidade, na primeira 
consulta do recém-nascido e repetida 
durante os primeiros 3 meses.
Fonte: autoria própria.
4.8 Vacinação 
O recém-nascido deve receber alta da maternidade com as 
vacinas BCG e contra a hepatite B aplicadas e registradas na 
Caderneta de Saúde da Criança. Se não for o caso, investigar 
o motivo e atualizar o calendário vacinal. Os pais devem 
ser orientados que as próximas vacinas serão realizadas 
no segundo mês de vida, conforme orientações do Capítulo 
referente à Imunização.
4.9 Orientações gerais, conforme quadro 9:
Quadro 9 – Orientações gerais e prevenção de acidentes
Orientações gerais para a primeira consulta
1. Lavagem de mãos por todas as pessoas que têm 
contato com o bebê a fim de evitar a propagação de 
microrganismos causadores de doenças respiratórias
2. Orientar técnica de aleitamento materno 
em regime de livre demanda
3. Atentar para a temperatura do banho (ideal é de 37 ºC), e evitar 
deixar a criança sozinha na banheira, mesmo que com pouca água
81
Adriano dos Santos Cavalcanti
Devani Ferreira Pires
4. Cuidados com o coto umbilical, mantendo-o limpo 
e seco até queda nas primeiras duas semanas
5. Cuidados com a troca de fraldas, prevenção de 
assaduras e de dermatite das fraldas, evitando uso de 
talcos pelo risco de aspiração das partículas
6. Evitar o uso de chupetas pela possibilidade de interferir 
negativamente na duração do aleitamento materno
7. Orientar decúbito dorsal para dormir devido à proteção contra 
a morte súbita do lactente, evitando o decúbito ventral
8. Evitar colocar o bebê para dormir na cama com os pais 
devido ao maior risco de morte súbita, bem como de lesões 
não intencionais (queda, prensa ou sufocamento)
9. Manter as grades do berço em boa distância 
(<6cm), evitar o uso de travesseiros;
10. Não deixar objetos ou brinquedos dentro do 
berço devido ao risco de sufocação do bebê
11. Não permitir que pessoas fumem dentro da casa 
nem que aqueles que acabaram de fumar peguem o 
bebê no colo (evitar exposição ao fumo passivo)
12. Transportar o bebê em automóvel com cadeirinha especial 
(apropriada à idade do bebê) sempre no banco traseiro com cinto 
de segurança, e posicionada de costas para o motorista;
13. Não deixar o bebê perto de animais, mesmo animais 
domésticos, pois eles podem ter reações imprevisíveis.
Fonte: autoria própria.
3.10 Calendário de consultas
Segundo o Ministério da Saúde, são recomendadas 7 
consultas de rotina no 1º ano de vida (1ª semana, 1º mês, 2º 
mês, 4º mês, 6º mês, 9º mês e 12º mês), e 2 consultas no 2º 
ano de vida (18º mês e 24º mês). A partir do 2º ano de vida, as 
consultas são anuais, próximas ao mês de aniversário. Quando 
houver necessidade de mais atenção, as crianças devem ser 
vistas com maior frequência.
82
Capítulo 04
Primeira consulta do recém-nascido
Conclusão
A primeira consulta estabelece o início de uma relação 
de confiança e responsabilidade compartilhada entre o/a 
profissional de saúde e a mãe, o pai e a família do recém-
nascido, a promoção de vínculos e o planejamento na 
perspectiva de um acompanhamento longitudinal.
83
Adriano dos Santos Cavalcanti
Devani Ferreira Pires
Referências
BRASIL. Lei nº 9.534, de 10 de dezembro de 1997. Dá nova 
redação ao art. 30 da Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 
1973, que dispõe sobre os registros públicos; [...]; e altera os 
arts. 30 e 45 da Lei nº 8.935, de 18 de novembro de 1994, que 
dispõe sobre os serviços notariais e de registro. Brasília, DF: 
Ministério da Justiça, [1997]. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9534.htm. Acesso em: 10 
dez. 2021.
BRASIL. Atenção à saúde do recém-nascido: guia para os 
profissionais de saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2011.
BRASIL. Ministério da Saúde. Programa Nacional de 
Imunizações. Calendário nacional de vacinação. Brasília: 
Ministério da Saúde, 2016.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à 
Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança: 
aleitamento materno e alimentação complementar. 2. ed. 
Brasília: Ministério da Saúde, 2015. (Cadernos de Atenção 
Básica, n. 23).
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à 
Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança: 
crescimento e desenvolvimento. 1. ed. Brasília: Ministério da 
Saúde, 2012. (Cadernos de Atenção Básica, n. 33). 
84
Capítulo 04
Primeira consulta do recém-nascido
BRASIL. Ministério da Saúde. Caderneta da Criança – 
Passaporte da cidadania. 1. ed. Brasília: Ministério da 
Saúde, 2019.
KRAMER, L. I. Advancement of Dermal Icterus in the 
Jaundiced Newborn. Am J Dis Child., [S. l.], v. 118, n. 3, p. 
454-458, 1969. DOI: 10.1001/archpedi.1969.02100040456007
LIMA, E. J. F.; SOUZA, M. F. T.; BRITO, R. C. C. M. Pediatria 
ambulatorial. 2. ed. Recife: Instituto Materno Infantil de 
Pernambuco, 2016.
RAI, S.; KAUR, S.; HAMID, A.; SHOBHA, P. Association of 
Dermal Icterus with Serum Bilirubin in Newborns Weighing 
<2000 Grams.International Journal of Scientifi c Study, 
[S. l.], v. 3, n. 7, p. 65-69, Oct. 2015. Disponível em: https://
www.ijss-sn.com/uploads/2/0/1/5/20153321/ijss_oct_
oa11_20151102_v1.pdf. Acesso em: 10 dez. 2021.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Documento 
científico: icterícia no recém-nascido com idade gestacional 
≥ 35 semanas. [S. l.]: SBP, nov. 2012.
85
Capítulo 05
Testes de triagem neonatal
Adriano dos Santos Cavalcanti
Devani Ferreira Pires
5.1 Introdução
Os testes de triagem apresentam papel relevante no rastreio 
de doenças cujo diagnóstico tardio possa acarretar elevada 
morbidade e/ou mortalidade. Este capítulo aborda os tes-
tes de triagem realizados no Sistema Único de Saúde (SUS): 
testes do pezinho, da orelhinha, do olhinho, do coraçãozinho 
e da linguinha.
5.2 Teste de triagem neonatal 
biológica (teste do pezinho)
O teste de triagem neonatal em papel filtro, em sua versão 
básica, que é ofertada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), 
é um método responsável por identificar precocemente 
indivíduos com doenças metabólicas, genéticas, enzimáticas 
e endocrinológicas, para que eles possam ser tratados em 
tempo oportuno, evitando as sequelas e até mesmo a morte. 
As doenças rastreadas são o hipotireoidismo congênito, a 
fenilcetonúria, as hemoglobinopatias, a fibrose cística, a 
deficiência de biotinidase e a hiperplasia adrenal congênita. 
Em versões ampliadas, encontradas em serviços privados, 
são avaliadas também diversas condições clínicas, como a 
galactosemia e a deficiência de G6PD, entre outras. 
O diagnóstico definitivo ou de certeza ocorre por meio de 
testes confirmatórios e/ou avaliação clínica.
86
Capítulo 05
Testes de triagem neonatal
O teste deve ser realizado após 48 horas e a criança ter 
sido alimentada. O prazo para a realização é de, no máximo, 
até 28 dias de vida; idealmente, entre 3 e 7 dias de vida. O 
sangue é obtido por meio da punção da porção lateral do 
calcanhar, e a amostra é coletada em papel filtro. O papel é 
mantido em temperatura ambiente até a secagem completa, 
e o envio da amostra deve ser feito em até 5 dias após coleta. 
Algumas situações especiais são destacadas no Quadro 1.
Quadro 1 – Situações especiais para coleta do teste do pezinho
Situação especial Conduta
Recém-nascido
prematuro ≥ 32 semanas
- Coletar até 7º dia de vida, realizar 
2ª ou 3ª coleta aos 28 dias de vida
Recém-nascido com indicação 
de transfusão sanguínea
- Tentar programar a coleta 
para antes da transfusão
- Caso o recém-nascido já tenha 
recebido a transfusão, realizar a coleta 
da primeira amostra 10 dias após a 
data da transfusão para realizar os 
exames de TSH, PKU e IRT. A segunda 
amostra acontecerá 120 dias após 
a data da última transfusão para 
realizar a triagem de hemoglobinas.
Recém-nascido em uso
de medicamentos
- Não é fator restritivo para coleta, 
registrar medicamentos em uso
Fonte: autoria própria.
4.3 Teste de emissões otoacústicas 
(teste da orelhinha)
O teste de emissões otoacústicas evocadas é utilizado no 
rastreio de deficiência auditiva, já que seu diagnóstico tardio 
determina pior prognóstico pela perda dos períodos iniciais de 
87
Adriano dos Santos Cavalcanti
Devani Ferreira Pires
desenvolvimento da linguagem. Atualmente, o teste é realiza-
do para todas as crianças, mas se deve atentar para os fatores 
de risco para deficiência auditiva, listados no Quadro 2.
O teste é rápido, indolor, e consiste na emissão de ondas 
por aparelho digital e sondas para avaliação da resposta a esse 
estímulo. O ideal é que o teste seja realizado até os primeiros 
28 dias de vida e durante o sono. A resposta e a conduta estão 
descritas no Quadro 3.
Quadro 2 – Fatores de risco para deficiência 
auditiva em recém-nascidos
Permanência em UTI neonatal por mais de 2 a 5 dias
Malformações de cabeça e pescoço
Síndromes associadas a deficiências auditivas
História familiar de deficiência auditiva congênita
Consanguinidade dos pais
Infecções congênitas
Peso ao nascer < 1.500g
Hiperbilirrubinemia
Uso de medicação ototóxica por > 5 dias
Meningite bacteriana
Índice de Apgar < 5 no 1º minuto
Índice de Apgar < 7 no 5º minuto
Uso de ventilação mecânica por > 5 dias
Fonte: Lima, Souza e Brito (2016).
88
Capítulo 05
Testes de triagem neonatal
Quadro 3 – Respostas e condutas ao Teste da Orelhinha
Resposta Conduta
Resposta normal 
(passa) na triagem 
neonatal, RN sem 
fatores de risco.
Orientar os pais sobre desenvolvimento 
normal da audição e da linguagem durante 
infância, não necessita realizar novos testes
Resposta alterada 
(falha) na triagem,
em um ou ambos 
os ouvidos.
Reavaliar a criança com 30 a 50 dias após 1º 
exame: solicitar reteste nos dois ouvidos.
Resposta normal 
(passa) no reteste.
Orientar os pais sobre desenvolvimento 
normal da audição e da linguagem durante 
infância, não necessita de novos testes
Falha no reteste. Encaminhar o paciente ao fonoaudiólogo 
e otorrinolaringologista para a realização 
do PEATE e orientar os pais que novos 
testes auditivos serão realizados.
Fonte: autoria própria.
A identificação de fatores de risco para a perda auditiva 
e/ou a defasagem dos marcos do desenvolvimento da audi-
ção e da linguagem indica a necessidade de encaminhar o 
lactente ou a criança para o diagnóstico com otorrinolarin-
gologista e fonoaudiólogo(a).
5.4 Teste do reflexo vermelho 
(teste do olhinho)
O teste de triagem visual tem como objetivo identifi-
car alterações na transparência das estruturas oculares, tais 
como córnea, cristalino, vítreo além de problemas na retina. 
O teste do reflexo vermelho (TRV) permite a detecção precoce 
89
Adriano dos Santos Cavalcanti
Devani Ferreira Pires
de problemas oculares congênitos, como a catarata congênita 
(alteração da transparência do cristalino), o glaucoma con-
gênito (alteração da transparência da córnea), as opacidades 
congênitas da córnea, os tumores intraoculares (alteração da 
transparência do vítreo pelo tumor intraocular), as inflama-
ções intraoculares importantes (alteração da transparência 
do vítreo pela inflamação, como na toxoplasmose ocular), e as 
hemorragias vítreas. O retinoblastoma se destaca em virtude 
de sua malignidade justificando a necessidade do diagnóstico 
em tempo oportuno.
O TRV deve ser realizado pela primeira vez 
preferencialmente antes da alta da maternidade (primeiras 48 
horas de vida) ou na primeira consulta do recém-nascido. A 
recomendação é de que seja repetido duas a três vezes ao ano 
nos primeiros três anos de vida.
O TRV é realizado em sala sob penumbra, com o oftalmos-
cópio direto (próximo ao examinador e a uma distância entre 
30 e 50 cm da criança), cuja luz projetada nos olhos atravessa 
as estruturas transparentes, atinge a retina e se reflete, cau-
sando o aparecimento do reflexo vermelho observado nas 
pupilas. A cor vermelha do reflexo ocorre devido à vasculatura 
da retina e coroide e do epitélio pigmentário. Dependendo da 
maior ou menor pigmentação, o reflexo pode se mostrar mais 
ou menos vermelho e até amarelo ou amarelo-alaranjado. Na 
presença de opacidade dos meios oculares no eixo visual, esse 
reflexo estará ausente ou diminuído.
Resultados diferentes – como pontos pretos, assimetria 
ou presença de reflexo branco (leucocoria) – indicam enca-
minhamento ao oftalmologista para realização de exame 
de fundo de olho. Atentar para o fato de que pequenos 
90
Capítulo 05
Testes de triagem neonatal
tumores podem resultar em falso-negativo, o que reforça a 
recomendação de repetir o teste do reflexo vermelho, bem 
como realizar exame da órbita, estruturas externas do olho, 
motricidade ocular e pupila em consultas subsequentes nos 
primeiros três anos de vida.
5.5 Teste da oximetria de pulso 
(teste do coraçãozinho)
O teste do coraçãozinho ou teste da oximetria de pulso 
rastreia as cardiopatias congênitas críticas, como atresia 
pulmonar, síndrome da hipoplasia do coração esquerdo, 
coarctação de aorta crítica, e transposição dos grandes vasos. 
O teste deve ser realizado entre as primeiras24 a 48 horas de 
vida ou antes da alta da maternidade. Não deve ser realizado 
em prematuros com menos de 34 semanas de idade gestacional. 
A técnica consiste na aferição da oximetria de pulso no 
membro superior direito e um dos membros inferiores.
O resultado é dito normal quando a saturação de O2 é igual 
ou maior que 95% nos dois membros e a diferença entre as 
medidas é menor que 3%; e é dito alterado quando a saturação 
é menor que 95% em algum dos membros ou se a diferença for 
maior que 3% entre as medidas. As condutas em cada caso são 
descritas no Quadro 4. Atentar que esse teste de triagem não 
descarta a realização de exame físico do aparelho cardiovascu-
lar, incluindo ausculta cardíaca e palpação de pulsos femorais 
e periféricos já na sala de parto e em exames subsequentes.
91
Adriano dos Santos Cavalcanti
Devani Ferreira Pires
Quadro 4 – Resultado e condutas ao teste do coraçãozinho
1º teste: 
normal
Paciente pode receber alta de maternidade e 
não necessita de seguimento especializado
1º teste: 
alterado
Paciente deve ser reavaliado, sendo 
feito reteste após 01 hora
2º teste: 
normal
Paciente pode receber alta de maternidade e 
não necessita de seguimento especializado
2º teste: 
alterado
Paciente deve ser submetido a ecocardio-
grama e não poderá receber alta da mater-
nidade até esclarecimento diagnóstico
Fonte: autoria própria.
5.6 Avaliação do frênulo lingual 
(teste da linguinha)
O teste do frênulo da língua possibilita o diagnóstico 
precoce de anquiloglossia (língua presa), condição que pode 
limitar os movimentos da língua e interferir na sucção, 
mastigação, deglutição e fala. As alterações no padrão de 
sucção podem dificultar o esvaziamento da mama, ocasionar 
trauma mamilar e acarretar prejuízo à amamentação. O teste 
deve ser realizado preferencialmente nas primeiras 48 horas 
de vida por profissional de saúde habilitado, utilizando a 
técnica proposta no protocolo de avaliação do frênulo lingual 
para bebês. (MARTINELLI et al., 2013; FRAGA et al., 2020; CALDA 
et al., 2023).
A anquiloglossia é definida como uma anomalia do 
desenvolvimento da língua, caracterizada por um frênulo 
lingual curto e espesso, resultando em limitação do movimento 
92
Capítulo 05
Testes de triagem neonatal
da língua. O diagnóstico é baseado no exame clínico, por meio 
da avaliação morfológica e da mobilidade da língua, a inserção 
do frênulo lingual (na superfície ventral da língua e no 
assoalho da boca); a elasticidade e o comprimento do frênulo 
lingual. Caso o teste não tenha sido realizado na maternidade, 
pode ser efetuada a avaliação morfofuncional da língua e do 
frênulo lingual na primeira consulta do recém-nascido e/ou 
em consultas subsequentes de puericultura.
93
Adriano dos Santos Cavalcanti
Devani Ferreira Pires
Referências
BRASIL. Nota técnica nº 35/2018. Anquiloglossia em 
recém-nascidos. Brasílias, DF: Ministério da Saúde, [2018]. 
Disponível em: https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/
biblioteca/nota-tecnica-n-o-35-2018-anquiloglossia-em-
recem-nascidos/. Acesso em: 10 dez. 2021.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretária de Atenção à Saúde. 
Departamento de Atenção Especializada e Temática. Triagem 
neonatal biológica: manual técnico. Brasília: Ministério da 
Saúde, 2016.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretária de Atenção à 
Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. 
Diretrizes de Atenção da Triagem Auditiva Neonatal. 
Brasília: Ministério da Saúde, 2012.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretária de Atenção à 
Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. 
Diretrizes de atenção à saúde ocular na infância: detecção 
e intervenção precoce para prevenção de deficiências visuais. 
Brasília: Ministério da Saúde, 2013.
CALDAS, T. T. S.; CARVALHO, W. C.; THOMES, C. R. 
Anquiloglossia sob a visão da odontologia: um panorama de 
evidências científicas. International Journal of Science 
Dentistry, Niterói/RJ, v. 3, n. 62, p. 9-17, set./dez. 2023. 
Disponível em: https://periodicos.uff.br/ijosd/article/
view/57241/33945. Acesso em: 29 jun. 2023.
94
Capítulo 05
Testes de triagem neonatal
FRAGA, M. R. B. A.; BARRETO, K. A.; LIRA, T. C. B.; , CELERINO, 
P. R. R. P.; TAVARES, I. T. S.; MENEZES, V. A. Anquiloglossia 
versus amamentação: qual a evidência de associação? Rev. 
CEFAC., v. 22, n. 3, p. e12219, 2020. DOI: 10.1590/1982-
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LIMA, E. J. F.; SOUZA, M. F. T.; BRITO, R. C. C. M. Pediatria 
ambulatorial. 2. ed. Recife: Instituto Materno Infantil de 
Pernambuco, 2016.
MARTINELLI, R. L. C; MARCHESAN, I. Q.; BERRETIN-FELIX, G. 
Protocolo de avaliação do frênulo da língua em bebês: relação 
entre aspectos anatômicos e funcionais. Rev. CEFAC, [S. l.], v. 
15, n. 3, p. 599-610, mai./jun. 2013.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Departamento 
Científico. Grupo de trabalho em Oftalmologia Pediátrica. 
Teste do reflexo Vermelho. [S. l.]: SBP, 2018. (Documento 
Científico, n. 1).
95
Capítulo 6 
Rotina de cuidados
Adriano dos Santos Cavalcanti
Devani Ferreira Pires
6.1 Introdução
O capítulo rotina de cuidados abordará os cuidados referentes 
à higiene do sono, corporal, oral; à troca das fraldas; à lavagem 
da roupa e à exposição à tela, este último aspecto represen-
tando um grande desafio e preocupação, em decorrência do 
impacto sobre o desenvolvimento, a socialização, o comporta-
mento e a composição corporal.
6.2 Higiene do sono
O recém-nascido (RN) desenvolve o ritmo circadiano 
no período pós-natal. Inicialmente, o seu ciclo é ultradiano 
(menor que 24 horas). No primeiro mês de vida, o neonato 
dorme cerca de 16 em 24 horas, a duração do sono é distribuída 
similarmente entre o dia e a noite. Após a sexta semana 
de vida, o sono diurno reduz e o sono noturno aumenta 
gradativamente. Por volta do 6o mês, os bebês já passam a 
apresentar seu próprio padrão de sono (YATES, 2018).
A resistência à hora de dormir envolve um comportamento 
de oposição por parte da criança e, por sua vez, pode levar a 
uma duração mais curta do sono. Os problemas de despertar 
noturno ocorrem quando as crianças acordam à noite e 
não voltam a dormir de forma independe. Em crianças que 
96
Capítulo 6
Rotina de cuidados
despertam com frequência e/ou por um longo período de 
tempo e requerem assistência dos pais para voltar a dormir, 
o despertar noturno torna-se problemático (TURNBULL; 
REID; MORTON, 2013).
Os despertares noturnos acontecem com frequência na 
infância. Nos primeiros seis meses de vida, eles se concentram 
em 1–2 picos de microdespertares noturnos, sendo mais 
frequentes no primeiro trimestre, podendo atingir até 6 
episódios (MELTZER; MINDELL, 2006). A partir dos 3 meses de 
vida do bebê, a mãe deve ser orientada sobre rotinas favoráveis 
à organização do sono.
Para as famílias que relatam suas preocupações referentes 
ao sono da criança, a recomendação para o preenchimento do 
registro diário do sono permite: (a) avaliar o comportamento 
do sono; (b) dimensionar o impacto da dificuldade para dormir 
na criança e nos cuidadores; (c) a duração do problema e; (d) 
os fatores associados com a melhora e a piora dos sintomas. 
Durante a investigação desse registro, também é útil 
avaliar as expectativas da família relacionadas ao sono, a 
história familiar de transtorno de sono e a descrição das 
práticas habituais de sono da família. No Quadro 1, encontra-
se sumarizada a duração do sono e suas características, de 
acordo com o esperado para os diversos grupos etários.
97
Adriano dos Santos Cavalcanti
Devani Ferreira Pires
Quadro 1 - Duração e características do sono segundo à idade da criança.
Idade Duração do sono Características do sono
0 a 28 dias (recém-
nascido)
16 a 20 horas em 24 horas Ciclos do sono entre 1 e 4h de duração, intercalados por 
período de vigília, entre 1 e 2 horas, independentemente 
de ser noite ou dia. Inexiste ritmo circadiano. Os picos 
de despertares entre 2 e 6 episódios durante a noite.
1 a 4 meses 14 a 15 horas por dia: cerca de 10 delas à noite 
e as outrasdivididas em sonecas diurnas.
Entre 6 semanas e 3 meses a diferenciação dos ciclos 
de sono se inicia: período diurno menos prolongado 
e o noturno que gradativamente ficará mais longo.
5 e 8 meses 14 horas de sono Algumas sonecas durante o dia.
9 aos 12 meses 10 e 12 horas por noite Apresentam sestas diurnas (cerca de duas por 
dia) que podem durar, em média, 2 horas.
12 – 24 meses 11 – 14 h/24h Sono noturno mais consolidado e uma 
sesta por dia (1,5 a 3,5 horas).
3 a 6 anos 10 a 13 horas de sono/24h As sestas diurnas são raras entre 4 e 5 anos de idade.
6 a 12 anos 10 a 11 horas Pode haver alterações na duração do 
sono nos finais de semana.
Fonte: Adaptado de Paruthi et al (2016).
98
Capítulo 6
Rotina de cuidados
A variabilidade individual da necessidade de sono é 
influenciada por fatores genéticos, comportamentais, 
orgânicos e ambientais. Dos 5 até os 12 anos de idade, é iniciada 
a transição para o padrão adulto de sono. 
Segundo a Academia Americana de Medicina do Sono, 
dormir o número de horas recomendadas está associado a 
melhores resultados de saúde, incluindo: melhor atenção, 
comportamento, aprendizagem, memória, regulação emocio-
nal, qualidade de vida e saúde física e mental. A insônia, queixa 
frequente entre os distúrbios do sono, pode ser definida como 
a dificuldade de iniciar o sono (em crianças, considera-se a 
dificuldade que ocorre para iniciar o sono sem a intervenção 
de cuidadores); ou de manter o sono (despertares frequen-
tes durante a noite e dificuldade de retornar ao sono sem a 
intervenção de cuidadores); ou despertar antes do horá-
rio habitual com incapacidade de retornar ao sono (NUNES; 
BRUNI, 2015). 
A insônia pode causar sofrimento ou prejuízo no 
funcionamento social, profissional, educacional ou com-
portamental, além de interferir na rotina dos pais e 
familiares. Portanto, faz-se necessário o reconhecimento e 
o manejo adequado desse problema na atenção primária à 
saúde (NUNES; BRUNI, 2015). 
As recomendações da Academia Americana de Pediatria 
sobre o sono seguro estão listadas abaixo:
• O aleitamento materno confere proteção contra a sín-
drome da morte súbita do lactente, além dos benefí-
cios nutricionais e imunológicos.
• O bebê deve dormir sobre uma superfície firme: evitar 
colocar o bebê sobre superfícies depressíveis pelo 
99
Adriano dos Santos Cavalcanti
Devani Ferreira Pires
risco de sufocação. Nunca colocar o bebê para dormir 
em um sofá ou poltrona.
• O bebê pode dormir no mesmo quarto dos pais durante 
os primeiros 6 meses, porém, não deve compartilhar a 
mesma cama. Uma opção seria colocar o berço portátil 
próximo à cama dos pais. 
• O bebê deve dispor do seu próprio espaço para dormir. 
Evitar travesseiros, lençóis, cobertores ou qualquer 
outro item que possa cobrir o rosto, a cabeça e o pes-
coço do bebê ou o superaquecer.
• Evitar objetos macios, roupas de cama soltas ou quais-
quer objetos que possam aumentar o risco de aprisio-
namento, sufocamento ou estrangulamento, como tra-
vesseiros, colchas, edredons, cobertores, brinquedos, 
protetores ou produtos semelhantes. 
• Evitar a exposição passiva ao fumo durante a gestação 
e posteriormente. A casa e o carro onde o bebê é trans-
portado devem permanecer livres de fumo. 
• Não utilizar álcool ou drogas ilícitas durante a gravi-
dez ou após o nascimento do bebê.
• Colocar o bebê em decúbito ventral por alguns minutos 
durante os períodos de vigília. Um lembrete útil: decú-
bito dorsal para dormir e decúbito ventral para brincar.
A Sleep Fondation.org elenca um conjunto de rotinas que 
podem ser utilizadas pelos pais e/ou cuidadores direcionadas 
à higiene do sono como descrevemos a seguir:
•	 Criar uma rotina para a hora de dormir que deve ser 
iniciada 20 a 30 minutos antes de colocar a criança para 
dormir. Entre as rotinas, os pais devem estabelecer o 
100
Capítulo 6
Rotina de cuidados
horário para dormir; dar o banho; escovar os dentes; 
colocar o pijama; ler uma história ou colocar uma mú-
sica suave.
•	 O horário definido para dormir deve ser seguido todas 
as noites, pois a rotina torna-se útil quando é realizada 
consistentemente.
•	 Evitar exposição à tela. Os dispositivos eletrônicos de-
vem ser mantidos fora do quarto e, de preferência, não 
devem ser utilizados 1 a 2 horas antes de dormir. 
•	 Evitar atividades físicas e brincadeiras mais vigorosas 
2 horas antes de colocar a criança para dormir. Além 
disso, evitar filmes ou programas de televisão de con-
teúdo violento ou assustador.
•	 Evitar bebidas que contenham cafeína como chá, café, 
refrigerante e chocolate, antes do horário estabelecido 
para dormir.
•	 Preparar o ambiente, com uma temperatura agradável, 
redução do barulho e da luminosidade (a penumbra 
ajuda na liberação da melatonina e no ajuste do reló-
gio biológico).
6.3 Higiene oral
O Quadro 2 resume as recomendações de higiene oral 
conforme o grupo etário. 
101
Adriano dos Santos Cavalcanti
Devani Ferreira Pires
Quadro 2 - Higiene bucal para crianças na primeira infância.
Grupo etário Recomendação
0 - 6 meses Higienização da cavidade oral com gaze ou fralda 
umedecida com água fervida fria ou filtrada, pelo 
menos 1xdia ou mais frequente, se necessário.
6 - 18 meses 
(erupção 
dos dentes 
incisivos)
Realizar escovação dental, caso tenha ocorrido a 
erupção dos dentes, com uma escova com extre-
midade pequena, arredondada e cerdas macias.
18 - 36 meses
(erupção 
dos dentes 
molares)
Escova dental macia, 3xdia. O uso do fio dental 
está indicado quando os dentes estão sem espaços 
entre eles, 1xdia ao dia, ou mais, se necessário.
3 - 6 anos Progressivamente, a criança deve ser estimulada 
a escovar seus dentes sob supervisão. A esco-
vação noturna deve ser realizada pelos pais.
Quantidade do 
creme dental
Menor de 2 anos: quantidade correspondente a um 
grão de arroz; entre 2-5 anos, um grão de ervilha.
Fonte: autoria própria.
Quando encaminhar à equipe de saúde bucal: 
• A partir da erupção dentária 
• Dentes permanentes em erupção, sem a queda dos 
decíduos 
• Maloclusão dentária 
• Trauma dentário 
• Sangramento gengival 
• Cárie dentária
• Avaliação de rotina 
102
Capítulo 6
Rotina de cuidados
6.4 Higiene Corporal
A higiene do recém-nascido (RN) e da criança é um 
tópico relevante no desenvolvimento da criança, que pode 
afetar a sua saúde. 
6.4.1 Banho
O primeiro banho para neonatos saudáveis pode ser 
postergado após as primeiras 24 horas de vida, segundo 
a Organização Mundial da Saúde, com a justificativa de 
aguardar a estabilização dos sinais vitais. O primeiro banho 
tem como objetivo a remoção de sangue, mecônio e outras 
possíveis secreções. 
Em casos específicos, ele deve ser realizado o mais breve 
possível, antes do contato pele a pele, como no caso de RN 
exposto ao HIV. Em filhos de mães com hepatite B ou C, o 
banho será efetuado após a primeira hora de contato pele a 
pele com a mãe.
A recomendação consiste em não se remover de forma 
completa o vernix caseoso, permitindo seu desprendimento 
natural e gradual (em torno de 24h), desde que não haja risco 
de transmissão de doenças maternas. Isso porque o vernix tem 
como funções a hidratação, a termorregulação e a cicatrização 
de feridas devido a sua característica antimicrobiana. 
As recomendações gerais após a alta da maternidade 
incluem: 
• O banho no período neonatal pode ser diário, não obs-
tante alguns autores argumentarem 1 a 2 vezes por 
semana como suficiente. Realizar a higiene da região 
das fraldas antes do banho. 
103
Adriano dos Santos Cavalcanti
Devani Ferreira Pires
• O banho de banheira é permitido, com atenção ao 
volume e à temperatura de água. 
• A temperatura ideal é entre 36º e 40o c; com duração 
entre 5 a 10 minutos. A verificação da temperatura da 
água antes de colocar o bebê evita queimadura. 
• Manter uma das mãos segurando o bebê (antebraço 
livre da cuidadora apoia a região cefálica, cervical e 
dorsal e a mão circunda o braço do bebê, fazendo uma 
alça de segurança), paraevitar acidentes como queda 
ou afogamento.
• Iniciar a lavagem pelo rosto, couro cabeludo e depois 
lavar o resto do corpo, evitando molhar o coto umbili-
cal. Se molhar, secar de forma apropriada.
• Secar a pele suavemente (sem esfregar) com uma toa-
lha macia e limpa.
• Os sabonetes suaves podem se apresentar sob a forma 
em barra ou líquidos destinados às crianças (pH pró-
ximo a 5). 
• A utilização de talcos não é recomendada nos bebês, 
pelo risco de inalação acidental, que pode causar irri-
tação, pneumonite, com formação de granuloma e 
fibrose pulmonar. 
• Xampus: não existe uma fórmula pediátrica padroni-
zada. Enquanto o cabelo é curto, fino e frágil, não é 
necessário; o mesmo produto pode ser utilizado para o 
corpo e o cabelo. Eles deverão ser suaves, apenas leve-
mente detergentes, com pH próximo ao da lágrima, 
para não provocar ardência nem irritação nos olhos 
nem na pele, não devem alterar as raízes do cabelo nem 
agredir o couro cabeludo, que são frágeis, na infância. 
104
Capítulo 6
Rotina de cuidados
• Apesar de os lenços umedecidos de limpeza serem 
práticos, não são recomendados pela maioria dos 
autores pelo risco de remover o filme lipídico da pele 
e causar sensibilização. 
• Loções e sabões antissépticos também devem ser 
evitados.
• Coto umbilical: é recomendada a limpeza regular do 
coto umbilical com clorexidina em concentrações de 
0,5% a 4% (aplicar na extremidade e na base do coto 
umbilical, 01 vez ao dia), ou álcool 70%, nos primeiros 
dias de vida, até ocorrer a sua queda.
• As unhas dos bebês devem ser mantidas limpas e cur-
tas, para evitar que machuquem a pele.
c) Higiene das roupas
As roupas pessoais, de banho e cama podem conter 
substâncias tóxicas e irritantes à pele, que, por sua vez, 
podem desencadear processos alérgicos em pacientes que 
têm predisposição ou hipersensibilidade. Tecidos com mais 
estampas e cores são potencialmente mais danosos à saúde. 
A recomendação é para que todas as roupas sejam lavadas 
antes de serem usadas, utilizando detergente neutro e fazendo 
vários enxagues, o que permite remover ao máximo os produ-
tos químicos presentes no tecido; lavar a roupa em separado 
por suas características próprias (tecido, cor, textura e finali-
dade de uso); secar bem para evitar umidade entre as tramas 
do tecido, o que favorece o surgimento de fungos e ácaros.
d) Importância da higiene da região das fraldas
A dermatite de fraldas é a forma mais frequente de 
dermatite de contato por irritante primário na criança. Essa 
105
Adriano dos Santos Cavalcanti
Devani Ferreira Pires
afecção é um processo inflamatório na pele coberta pela fralda 
e resulta da interação de múltiplos fatores como: aumento da 
umidade, pH elevado, enzimas fecais e microrganismos que se 
desenvolvem pela condição ideal proporcionada pela oclusão 
(SBP, 2016a). As principais características das dermatites das 
fraldas estão sumarizadas no Quadro 3.
Quadro 3 - Características das dermatites das fraldas
Classificação Característica 
Dermatite 
das fraldas 
forma leve ou 
por fricção
Eritema, descamação, aspecto brilhante da 
pele e, eventualmente, pápulas. As lesões 
estão tipicamente localizadas nas regiões 
convexas cobertas pelas fraldas, poupando 
as dobras, tipicamente em formato de W. A 
evolução é aguda. Fatores desencadeantes: 
contato com urina e fezes e pH alcalino.
Forma 
moderada
Lesões papuloerosivas ou maceradas que 
se tornam violáceas e liquenificadas.
Forma grave 
ou ulcerativa
(mais comum 
em menores 
de 2 anos)
Conhecida como dermatite amoniacal. 
Caracteriza-se por pápulas com ulcerações apicais 
que variam de profundidade e são denominadas 
úlceras de Jacquet, localizadas nas regiões 
convexas da área das fraldas, dispostas em W, face 
interna das coxas, glúteos e glande ou vulva.
Fonte: Adaptado de SBP (2016a).
A prevenção é realizada por meio de uma higiene 
adequada, de trocas de fraldas frequentes (a cada 1 a 3 horas) 
de forma a reduzir a exposição da pele à urina e às fezes. Os 
lenços úmidos podem ser utilizados eventualmente, desde que 
sem álcool e sem fragrância. O manejo da dermatite de fraldas 
106
Capítulo 6
Rotina de cuidados
é direcionado à manutenção da área limpa e seca (expor a pele 
ao ar) e à limitação da irritação e maceração (SBP, 2016a). 
A higienização pode ser feita com algodão e água (fria ou 
morna), com uma limpeza suave. Os cremes de barreira geral-
mente contêm óxido de zinco e/ou petrolato, além de óleo de 
fígado de bacalhau, aloe barbadensis, dimeticona e dexpante-
nol. Deve-se evitar a retirada excessiva da pomada nas trocas 
subsequentes. O diagnóstico diferencial inclui intertrigo, 
dermatite seborreica, candidíase, dermatofitoses, sífilis con-
gênita, histiocitose de células de langerhans e psoríase.
6.5 A criança na era digital
Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o 
excesso e o uso precoce dos aplicativos on-line podem acarretar 
prejuízos no desenvolvimento das crianças e adolescentes, 
como problemas de socialização, dificuldades escolares, 
aumento da ansiedade, transtornos de sono e alimentação, 
sedentarismo, problemas auditivos, visuais, posturais e até 
mesmo envolvendo a sexualidade. Portanto, é de fundamental 
importância o bom senso e a informação adequada a fim de que 
se atinja o equilíbrio para um uso benéfico. A recomendação 
da SBP para o tempo de tela baseado no grupo etário está 
esquematizada no Quadro 4.
107
Adriano dos Santos Cavalcanti
Devani Ferreira Pires
Quadro 4 – Recomendação do tempo de tela 
em conformidade com o grupo etário.
Faixa etária Recomendação 
< 2 anos Desencorajar, evitar e até proibir a exposição 
passiva em frente às telas digitais, com 
exposição aos conteúdos inapropriados de 
filmes e vídeos, para crianças com menos 
de 2 anos, principalmente durante as horas 
das refeições ou 1-2 h antes de dormir.
2 a 5 anos Limitar o tempo de exposição às mídias 
a, no máximo, 1 hora por dia.
< 10 anos Não devem fazer o uso de televisão ou 
computador nos seus próprios quartos.
Crianças 
de todas 
as idades 
Jogos on-line com cenas de tiroteios como mortes 
ou desastres que ganham pontos de recompensa 
como tema principal não são apropriados em 
idade alguma, pois banalizam a violência como 
sendo aceita na resolução dos conflitos, sem 
expor a dor ou o sofrimento causado às vítimas, 
e contribui para o aumento da cultura de ódio e 
intolerância. Portanto, devem ser proibidos.
Fonte: SBP (2016b).
O tempo de uso diário ou a duração total/dia do uso de 
tecnologia digital deve ser limitado e proporcional às idades 
e às etapas do desenvolvimento cerebral-mental-cognitivo-
psicossocial de crianças e adolescentes. A família deve estar 
atenta ao conteúdo e ao tempo empregado no seu uso. 
Recomendações da SBP (2016b):
(a) estabelecer limites de horários e mediar o uso 
com a presença dos pais para ajudar na compreensão de 
imagens. Equilibrar as horas de jogos on-line com atividades 
108
Capítulo 6
Rotina de cuidados
esportivas, brincadeiras, exercícios ao ar livre ou em 
contato direto com a natureza.
(b) conversar sobre as regras de uso da internet, con-
figurações para segurança e privacidade e sobre nunca 
compartilhar senhas, fotos ou informações pessoais ou se 
expor através da utilização da webcam com pessoas des-
conhecidas, nem postar fotos íntimas, mesmo com ou para 
pessoas conhecidas em redes sociais. (c) monitorar os sites, 
programas, aplicativos, filmes e vídeos que as crianças estão 
acessando, visitando e em que estão trocando mensagens, 
sobretudo em redes sociais. Manter os computadores e os 
dispositivos móveis em locais seguros e ao alcance das res-
ponsabilidades dos pais (na sala) ou das escolas (durante o 
período das aulas). (d) usar antivírus ou programas que ser-
vem de filtros de segurança e monitoramento para palavras, 
categorias ou sites. Alguns restringem o tempo de uso de jogos 
on-line, aplicativos e redes sociais por faixa etária. Ainda 
assim, é importante explicar com calma esem amedrontar 
as crianças quais são os motivos e perigos que existem na 
internet, espaço vazio e virtual onde nem tudo é o que parece 
ser. (e) aprender/ensinar a bloquear mensagens ofensivas 
ou inapropriadas, redes de ódio, violência ou intolerância ou 
vídeos com conteúdo sexual e como denunciar cyberbullying. 
A SBP recomenda a inclusão, nos protocolos de atendimento, 
de rotinas que permitam tanto a prevenção como o diagnós-
tico e o tratamento dos danos à saúde física, decorrentes do 
uso abusivo das tecnologias digitais, tais como: obesidade, 
distúrbios do sono, lesões articulares, problemas posturais, 
alterações da visão, perda auditiva, transtornos comporta-
mentais e mentais entre outros já demonstrados por diversos 
109
Adriano dos Santos Cavalcanti
Devani Ferreira Pires
estudos da literatura científica. Considerar e avaliar com 
mais atenção crianças e adolescentes que apresentem com-
portamentos agressivos, dissociativos entre o mundo real e 
o virtual, dependentes da tecnologia-Internet-videogames, 
que apresentem transtornos de sono, alimentação, higiene, 
uso de drogas ou queda do rendimento escolar ou pratiquem/
apresentam sinais de violência/bullying/cyberbullying, sinais 
corporais de automutilação (self-cutting) ou quando relatam 
“desafios” on-line com colegas da escola. Todos esses dados 
obtidos pelos pais, escolas ou relatados pela própria criança 
ou pelo adolescente devem ser valorizados e conduzidos 
de forma apropriada por uma equipe capacitada em saúde 
mental (SBP, 2016b).
110
Capítulo 6
Rotina de cuidados
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à 
Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança: 
crescimento e desenvolvimento. Brasília: Ministério da 
Saúde, 2012. 272 p. (Cadernos de Atenção Básica, 33).
FERNANDES, J. D.; MACCHADO, M. C. R.; OLIVEIRA, Z. N. P. 
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nascido. An Bras Dermatol., [S. l.], v. 86, n. 1, p. 102-10, 2011.
MELTZER, L. J.; MINDELL, J. A. Sleep and sleep disorders in 
children and adolescentes. Psychiatric Clinics of North 
America, [S. l.], v. 29, n. 4, p. 1059-1076, 2006. DOI: 10.1016/j.
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NUNES, M. L.; BRUNI, O. Insomnia in childhood and 
adolescence: clinical aspects, diagnosis, and therapeutic 
approach. J Pediatr., Rio de Janeiro, v. 91, n. 6, p. 26-35, 
2015. Supl. 1. Disponível em: https://jped.elsevier.es/pt-
pdf-S2255553615001330. Acesso em: 08 fev. 2022. 
PARUTHI, S.; BROOKS, L. J.; D’AMBROSIO, C.; HALL, W. 
A.; KOTAGAL, S.; LLOYD, R. M.; MALOW, B. A.; MASKI, K.; 
NICHOLS, C.; QUAN, S. F.; ROSEN, C. L.; TROESTER, M. M.; 
WISE, M. S. Recommended amount of sleep for pediatric 
populations: a consensus statement of the American 
Academy of Sleep Medicine. J Clin Sleep Med., [S. l.], v. 12, n. 
6, p. 785-786, 2016. 
111
Adriano dos Santos Cavalcanti
Devani Ferreira Pires
SBP. Consenso sobre cuidado com a pele. [S. l.]: SBP, 2015. 
Disponível em: http://www.sbp.com.br/fileadmin/user_
upload/flipping-book/consenso-cuidados-pele/cuidados-
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fev. 2022.
SBP. Dermatite da Área das Fraldas – Diagnóstico 
Diferencial. [S. l.]: SBP, 2016a. Documento Científico do 
Departamento Científico de Dermatologia da SBP. Disponível 
em: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/
publicacoes/Dermatologia-Dermatite-da-rea-das-fraldas.pdf. 
Acesso em: 08 fev. 2022.
SBP. Saúde de Crianças e Adolescentes na Era Digital. 
[S. l.]: SBP, 2016b. Documento Científico do Departamento 
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TURNBULL, K.; REID, G. J.; MORTON, J. B. Behavioral Sleep 
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jcsm.7426.
112
Capítulo 7
A visita domiciliária como estratégia de 
promoção da saúde do binômio mãe e filho
Paula Fernanda Brandão Batista dos Santos
Josilayne Medeiros da Silva
Vinícius Alves de Souza
O nascimento é um momento marcado por intensa carga de 
estresse e de necessidades adaptativas para o recém-nascido, 
assim como para a mãe. Para o primeiro representa um 
processo que envolve a separação dos sistemas materno e 
fetal, bem como um novo processo de adaptação ao mundo 
exterior. Para a segunda representa um momento em que o 
organismo materno retorna às suas condições pré-gravídicas 
com regressões das modificações locais e sistêmicas, num 
período denominado de puerpério. 
É nessa fase que ocorre a maioria das mortes maternas e 
infantis relacionadas a uma assistência de baixa qualidade. 
Estima-se que a maioria das mortes maternas e infantis ocorre 
nos primeiros dias após o parto e até o primeiro mês de vida 
da criança, sendo 66% delas na primeira semana de vida. 
Nesse cenário, são previstos que todo ano mais de 3 milhões 
de recém-nascidos vão a óbito antes do primeiro mês de vida. 
Desses, três quartos morrem na primeira semana e um terço 
não sobrevive ao primeiro dia. São mortes, em geral, evitáveis, 
que podem estar relacionadas à qualidade da atenção à saúde 
recebida no período pré-natal e no pós-parto (LUCENA et al., 
2018; ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 2015).
113
Paula Fernanda Brandão Batista dos Santos
Josilayne Medeiros da Silva
Vinícius Alves de Souza
É nesse contexto que se impõe a necessidade de mais 
articulação e qualificação da rede de atenção à saúde da mulher 
e da criança. A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da 
Criança do Ministério da Saúde, visando qualificar e orientar 
a rede de serviços de saúde para a garantia do direito à vida e 
à saúde, prevê que ações sejam efetivadas de forma integrada 
entre os serviços de atenção básica e as maternidades. Entre 
essas ações encontra-se a Primeira Semana de Saúde Integral 
(PSSI), que traz a visita domiciliária como principal estratégia 
para o desenvolvimento de ações de acompanhamento da 
criança e da mãe no estabelecimento saudável desse processo 
adaptativo (BRASIL, 2015).
A visita domiciliária (VD) constitui-se como potente 
instrumento que possibilita conhecer os principais aspectos 
relativos ao modo de vida e cultura das famílias e comunidades. 
É adentrando nesse espaço domiciliar que os profissionais 
identificam fatores potencializadores do cuidado à saúde ou 
fatores que podem aumentar as situações de vulnerabilidade, 
possibilitando, assim, a viabilização de ações integradas de 
vigilância, reabilitação, prevenção e promoção de saúde 
(CRUZ; BOURGET, 2010).
A PSSI, por sua vez, consiste num protocolo de atenção à 
saúde da mulher e da criança na primeira semana após o parto, 
visando identificar sinais de risco ou agravos que possam 
comprometer o crescimento e o desenvolvimento saudável do 
RN e a saúde materna. A visita domiciliária se configura nesse 
contexto como ação estratégica mais adequada para a promo-
ção da saúde e a prevenção desses agravos, uma vez que tem 
demonstrado resultados importantes na redução mortalidade 
114
Capítulo 7
A visita domiciliária como estratégia de promoção 
da saúde do binômio mãe e filho
neonatal (LUCENA et al., 2018; ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE 
SAÚDE, 2015).
A realização da visita domiciliária pressupõe uma série 
de ações dos profissionais de saúde no que concerne ao seu 
planejamento e sua execução, a fim de possibilitar a melhor 
intervenção. Assim, é essencial que o profissional disponha de 
um roteiro com objetivos claros para nortear suas ações. Os 
objetivos dessa visita podem ser assim definidos: identificar 
sinais de risco ou vulnerabilidades ao processo adaptativo do 
recém-nascido e da mulher no período puerperal; instituir 
ações de promoção e prevenção da saúde da criança e da 
mulher no período puerperal; promover a continuidade do 
cuidado à criança e à mulher na atençãobásica (ANDRADE et 
al., 2015; BRESOLINI et al., 2017).
As principais ações a ser realizadas pela equipe de saúde 
visando à promoção da saúde e prevenção de agravos na PSSI 
podem ser assim destacadas: avaliação da saúde da criança, 
avaliação de saúde da puérpera, promoção do aleitamento 
materno exclusivo (AME), identificação e reforço da rede de 
apoio à família, promoção de orientações sobre imunizações, 
triagem neonatal, cuidados com o recém-nascido, oferta de 
apoio emocional às mulheres e famílias, estímulo ao desen-
volvimento da parentalidade e agendamento das próximas 
visitas à unidade de saúde (BRASIL, 2004). Na avaliação da 
saúde do recém-nascido, devem-se abordar as condições 
gerais da criança, e também as condições de parto e pós-
-parto como potentes fatores intervenientes no processo de 
adaptação da criança. As principais causas de morte neonatal 
estão relacionadas a fatores como prematuridade, baixo peso 
ao nascer, presença de anomalias congênitas e baixo escore 
115
Paula Fernanda Brandão Batista dos Santos
Josilayne Medeiros da Silva
Vinícius Alves de Souza
de Apgar nos 1º e 5º minutos de vida (DEMITTO et al., 2017; 
GAIVA; FUJIMORI; SATO, 2016). Nesse sentido, a identificação 
de crianças em situações de risco ou vulnerabilidades é ação 
essencial dessa primeira visita (BRASIL, 2004).
A avaliação materna deverá se reportar às condições 
gerais da mãe, sua disponibilidade para amamentar e ainda os 
aspectos emocionais que envolvem esse processo adaptativo. 
As principais causas de morte materna estão relacionadas 
à baixa qualidade da assistência às gestantes e puérperas, 
além da presença de distúrbios hemorrágicos e infecções 
decorrentes do processo de parturição. Os partos por cesarianas 
representam um fator de risco para o desenvolvimento de 
infecções puerperais (MASCARELLO et al., 2018).
No tocante aos aspectos emocionais, há de se consi-
derar a grande prevalência de depressão pós-parto, que 
pode atingir 20% das puérperas, e sua repercussão sobre a 
saúde da mulher e da criança. Dentre os fatores associados 
à depressão destacam-se: ansiedade gestacional, não plane-
jamento e desejo da gravidez, dificuldades financeiras, rede 
de apoio enfraquecida, conflito familiar/conjugal e história 
de aborto. Como fatores protetores ligados a essa condição 
podem-se citar o suporte profissional e o apoio da equipe de 
saúde durante e após o parto. Por isso, é importante os pro-
fissionais de saúde oferecerem apoio emocional às mulheres 
e famílias, e identificar situações que podem culminar com 
quadros de depressão pós-parto durante a visita domiciliá-
ria e no seu acompanhamento por parte de toda a equipe 
(ARRAIS; ARAUJO; SCHIAVO, 2018). 
A VD também representa importante estratégia para 
potencializar o aleitamento materno exclusivo e diminuir 
116
Capítulo 7
A visita domiciliária como estratégia de promoção 
da saúde do binômio mãe e filho
os fatores que interferem no desmame precoce. Entre as 
causas de interrupção do AME podem ser citadas: falta de 
apoio de familiares durante o período de lactação; crenças 
errôneas acerca do leite materno, que por muitos é visto 
como insuficiente às necessidades do RN; pega incorreta da 
mama e as suas consequências, como fissuras nos mamilos; 
inserção de fórmulas à alimentação do RN; e o retorno da 
mulher às atividades, com o fim da licença maternidade. 
Assim, esse primeiro momento de acolhimento e assistên-
cia pela equipe de saúde pode representar ação decisiva no 
estabelecimento efetivo e na manutenção do AME (FREITAS; 
WERNECK; BORIM, 2018; MANGRIO; PERSSON; BRAMHAGEN, 
2018; MIKAMI et al., 2018).
Esse momento também representa uma oportunidade 
para dialogar com a mãe sobre outras ações de saúde que 
devem ocorrer nos primeiros momentos após o nascimento, 
tais como: a imunização para BCG e Hepatite B assim como 
os testes de triagem neonatal, que incluem teste do pezinho, 
teste do olhinho, teste da orelhinha e teste do coraçãozinho 
e são importantes para diagnosticar distúrbios de origem 
metabólica, genética e/ou infecciosa antes que apareçam 
sintomas evidentes que possam prejudicar o desenvolvimento 
do recém-nascido (MARQUI, 2016; SILVA et al., 2017; BERTOLDI; 
MANFREDI; MITRE, 2017).
O diálogo com a mães também deve ser conduzido para as 
orientações sobre os cuidados gerais com o recém-nascido, que 
envolve os cuidados de higiene física e bucal, considerando a 
fase de desenvolvimento em que a criança encontra-se e suas 
necessidades de estimulação. Há também a necessidade de 
117
Paula Fernanda Brandão Batista dos Santos
Josilayne Medeiros da Silva
Vinícius Alves de Souza
estimular os demais membros da família para participar do 
cuidado com a criança (BRASIL, 2004).
Ao final da visita, os profissionais de saúde devem agendar 
o retorno da criança à unidade básica de saúde para iniciar 
o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento, bem 
como suas próximas vacinações, também deve ser agendado 
o retorno da mãe para consulta com trinta dias após o parto. 
Essas ações possibilitam a continuidade do cuidado e o acesso 
ao serviço de saúde.
A visita domiciliária deve ser conduzida a partir de uma 
boa comunicação, do desenvolvimento de uma atitude empá-
tica e respeitosa. É fundamental restringir a orientação ou a 
investigação ao objetivo da visita, da mesma forma que man-
ter a postura profissional mesmo fora do espaço institucional. 
Diante dessas prerrogativas, a visita domiciliária é ação 
estratégica essencial para promover a saúde materna e infantil 
nos primeiros dias após o parto e num momento delicado 
no processo de vida de crianças e mulheres que necessitam 
dos serviços de saúde com atenção, comprometimento e 
corresponsabilização.
118
Capítulo 7
A visita domiciliária como estratégia de promoção 
da saúde do binômio mãe e filho
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122
Capítulo 8
Desordens funcionais do sistema 
digestório em lactentes
Hélcio de Sousa Maranhão
Maria Katarine Almeida Alves
Mayara Alves Maia
8.1 Introdução
As desordens gastrointestinais funcionais (DGIFs) e os 
distúrbios da motilidade estão entre as queixas mais comuns 
na população em geral (RACHID et al., 2016; BELLAICHA et al., 
2018). O termo “funcional” é geralmente aplicado a desordens 
nas quais há comprometimento das funções normais do 
corpo – e incluem uma combinação variável de sintomas 
frequentemente dependentes, crônicos ou recorrentes –, não 
explicadas por anormalidades estruturais ou bioquímicas 
(ZEEVENHOOVEN; KOPPEN; BENNINGA, 2017; DUARTE, 2017; 
RACHID et al., 2016; BENNINGA et al., 2016).
As taxas de prevalência relatadas de DGIFs em neonatos e 
crianças pequenas variam entre 27,1% e 38,0%, sendo a regur-
gitação do lactente e a constipação funcional consideradas as 
de maior frequência (ZEEVENHOOVEN; KOPPEN; BENNINGA, 
2017). Os DGIFs na infância são comuns, correspondendo a 
aproximadamente 5% das queixas em ambulatórios de cuida-
dos primários e até 40% das consultas de gastroenterologia 
pediátrica (DUARTE, 2017).
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=Nassar-Sheikh%20Rashid%20A%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=26348686
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=Nassar-Sheikh%20Rashid%20A%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=26348686
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Hélcio de Sousa Maranhão
Maria Katarine Almeida Alves
Mayara Alves Maia
Suspeita-se que a motilidade intestinal esteja alterada 
nos DGIFs. Nota-se resposta motora exacerbada a um estres-
sor emocional ou fisiológico entre os pacientes. Alteração 
na imunomodulação ou na interação entre sistema nervoso 
central (SNC), sistema nervoso entérico e sistema imuno-
lógico também são considerados fatores etiopatogênicos. A 
hipótese mais discutida é a presença de distúrbios no eixo 
cérebro-intestino, que liga o sistema nervoso entérico ao 
SNC. Portanto, é necessária uma visão holística do paciente, 
avaliando-se os aspectos ambientais, comportamentais, cog-
nitivos, sociais, psicológicos, imunológicos e fisiológicos nos 
DGIFs (DUARTE, 2017).
O diagnóstico das DGIFs baseia-se principalmente em 
relatórios dos pais e interpretações dos sintomas de seus 
filhos e das observações do médico, treinado para diferenciar 
saúde e doença (ZEEVENHOOVEN; KOPPEN; BENNINGA, 2017; 
BENNINGA et al., 2016). A abordagem diagnóstica pode ser 
facilitada pela utilização dos critérios de Roma, cuja última 
publicação se deu em 2016, o ROMA IV. Neles, tais desordens 
são divididas em dois grupos: 1º) Neonatos e crianças < 4 anos; 
e 2º) Crianças > 4 anos e adolescentes. 
No Quadro 1, estão descritas as desordens funcionais 
estabelecidas pelo Roma IV para a primeira faixa.
124
Capítulo 8
Desordens funcionais do sistema digestório em lactentes
Quadro 1 - Desordens gastrointestinais 
funcionais estabelecidas pelo ROMA IV para 
neonatos e crianças menores de 4 anos.
Regurgitação do lactente
Síndrome da ruminação do lactente
Síndrome dos vômitos cíclicos
Cólica do lactente
Diarreia funcional
Disquezia do lactente
Constipação funcional
Fonte: Adaptado de Benninga et al (2016).
Neste capítulo, serão abordadas as desordens funcionais 
mais frequentes em lactentes, especialmente, e em crianças 
menores de 4 anos, a saber: regurgitação, cólica e constipação 
funcional. Consideram-se as desordens funcionais como um 
diagnóstico de exclusão, pois fatores orgânicos devem ser 
sempre lembrados no diagnóstico diferencial. A história 
clínica detalhada pode ser suficiente para trazer confiança 
ao profissional na identificação, evitando investigações 
dispensáveis com exames complementares. Todavia, esses 
podem ser de auxílio na suspeita de enfermidades orgânicas. 
Para melhor discernimento entre os processos funcionais e 
orgânicos, o pediatra deve estar sempre atento à ocorrência 
de sinais de alarme para doenças orgânicas que justificariam 
abordagem mais específica, conforme serão descritos nas 
desordens a seguir.
125
Hélcio de Sousa Maranhão
Maria Katarine Almeida Alves
Mayara Alves Maia
8.2 Regurgitação do Lactente
O refluxo gastroesofágico (RGE) é caracterizado pelo 
retorno de conteúdo gástrico para o esôfago e “regurgitação” 
é usado quando esse conteúdo pode ser visualizado. No 
lactente, é muito frequente o RGE fisiológico acompanhar-
se de regurgitações que não se associam à redução no ganho 
de peso ou outras manifestações clínicas. A regurgitação do 
lactente (RL) consiste em desordem funcional gastrintestinal 
transitória e dependente da imaturidade funcional do aparelho 
digestivo no primeiro ano de vida (DAVIES et al., 2015). Tem 
pico aos 4 meses de idade e tende a desaparecer com o tempo 
(LEUNG; HON, 2019). 
A RL ocorre em aproximadamente 50% dos lactentes 
com menos de dois meses de idade, 60-70% dos lactentes 
com 3-4 meses e 5% dos lactentes aos 12 meses de idade. 
Bebê prematuro tem mais risco de refluxo gastroesofágico, 
estimando-se incidência de refluxo gastroesofágico em 
lactentes nascidos com menos de 34 semanas de gestação em 
aproximadamente 22% (LEUNG; HON., 2019). Espera-se que 
a RL se resolva espontaneamente com a idade e não esteja 
associada a consequências negativas em longo prazo (AYERBE 
et al., 2019). A maioria dos episódios de refluxo gastroesofágico 
é causada pelo relaxamento transitório do esfíncter inferior 
do esôfago, desencadeado pela distensão gástrica pós-prandial 
(LEUNG; HON, 2019).
A história clínica completa e o exame físico minucioso per-
manecem a pedra angular do diagnóstico. Os bebês com RL se 
alimentam e crescem bem e não apresentam outros sintomas; 
126
Capítulo 8Desordens funcionais do sistema digestório em lactentes
eles são descritos como “regurgitadores felizes”. Bebês e 
crianças pequenas com doença do refluxo gastroesofágico, além 
da regurgitação, podem apresentar sinais de alarme como 
irritabilidade, choro excessivo, falta de apetite, recusa na ali-
mentação, engasgos, dificuldade no crescimento, distúrbios do 
sono, tosse crônica, chiado no peito, estridor e até opistótono 
e torcicolo como tentativa de evitar o refluxo (AYERBE et al., 
2019). Quando o diagnóstico é incerto ou quando há suspeita 
de complicações, novas investigações podem ser necessárias. 
Os critérios diagnósticos recomendados pelo Roma IV para 
regurgitação do lactente estão descritos no Quadro 2.
Quadro 2 - Critérios diagnósticos para 
regurgitação do lactente 
Deve incluir todos os itens a seguir em lactentes 
saudáveis de 3 semanas a 12 meses de idade:
Regurgitações duas ou mais vezes por dia por 3 ou mais semanas
Sem vômito, hematêmese, aspiração, apneia, falha de crescimento, 
dificuldades de alimentação ou de deglutição, ou postura anormal
Fonte: Adaptado de Benninga et al (2016).
A parte mais importante do tratamento é a tranquilidade. 
A relação entre o cuidador e a criança pode ser melhorada 
resgatando os medos do cuidador sobre a condição de seu 
filho. Intervenções médicas não são necessárias no manejo da 
regurgitação (BENNINGA et al., 2016). Em relação à posição, 
manter a criança em posição vertical por 20 a 30 minutos após 
a alimentação ajuda a reduzir a regurgitação. A posição prona 
a 45 graus e o decúbito lateral esquerdo estão relacionados 
a menos frequência de relaxamento transitório do esfíncter 
127
Hélcio de Sousa Maranhão
Maria Katarine Almeida Alves
Mayara Alves Maia
esofagiano inferior. Entretanto, a Academia Americana de 
Pediatria e a Sociedade Brasileira de Pediatria recomendam 
que as crianças durmam na posição supina para prevenção da 
síndrome da morte súbita (ROSEN et al., 2018; MOON, 2011). 
Assim, a recomendação de postura mais adequada seria a 
supina elevada. 
A orientação da diminuição do volume das mamadas 
e, para compensar, do intervalo entre as refeições, evitando 
maior distensão gástrica, pode ser considerada antes de 
outras intervenções. O uso de fórmulas AR (antiregurgitação) 
para aqueles lactentes não alimentados ao seio pode melhorar 
aparentemente a ocorrência da regurgitação evidente e trazer 
mais satisfação aos cuidadores e à família. No entanto, essa 
prescrição não se constitui medida dietética essencial para a 
condução. O uso de espessantes de adição nas mamadeiras ou 
alimentos está relacionado à sobrecarga calórica e ao risco de 
obesidade (MOUSA; HASSAN, 2017).
8.3 Cólica do lactente
A cólica do lactente (CL) consiste em episódios de choro 
intenso e inconsolável, irritabilidade, inquietação que se ini-
ciam e desaparecem repentinamente, sem causa aparente, 
principalmente ao final da tarde. A tendência é a resolução 
espontânea em torno de 3 a 4 meses de idade ou, para os pre-
maturos, 3 a 4 meses após a idade gestacional corrigida para o 
termo (DUARTE, 2017). A prevalência geral de cólica nas pri-
meiras 6 semanas de vida varia de 17 a 25%. Essas taxas caem 
para 11% e 0,6% em 8–9 semanas e 10–12 semanas de idade, 
128
Capítulo 8
Desordens funcionais do sistema digestório em lactentes
respectivamente (ZEEVENHOOVEN; KOPPEN; BENNINGA, 
2017).
Apesar da causa da cólica infantil permanecer incerta, 
dentre os fatores aventados, a imaturidade do sistema ner-
voso entérico (SNE), que leva à motilidade intestinal anormal 
e funções sensoriais, seria importante (ZEEVENHOOVEN et al., 
2018). Mais recentemente, as relações da microbiota intes-
tinal com cólicas têm sido estudadas em lactentes. Esses 
estudos parecem indicar que um estado de disbiose intestinal 
pode desempenhar papel na expressão dos sintomas de cólica 
infantil (RHOADS et al., 2018), com repercussão no eixo da 
microbiota-intestino-cérebro (ZEEVENHOOVEN et al., 2018). 
Outro fator hipotético é a fisiologia da produção e regulação 
dos ácidos biliares durante os primeiros meses de vida pós-
natal. A redução dos níveis intraluminais de ácidos biliares no 
intestino do lactente pode resultar em má absorção de gordura 
e nutrientes e em alterações na composição da microbiota 
intestinal, o que poderia contribuir para a manifestação da 
cólica infantil (ZEEVENHOOVEN et al., 2018).
A CL é muitas vezes acompanhada de rubor facial, 
franzimento da testa, tensionamento do abdômen, aperto dos 
punhos e levantamento das pernas. As crises de choro são 
prolongadas, difíceis de acalmar e inexplicadas e sua duração 
está associada à ansiedade e à frustração dos pais. Nos primeiros 
4 meses de vida, a dificuldade em acalmar a criança com cólica 
infantil é angustiante para os pais (ZEEVENHOOVEN; KOPPEN; 
BENNINGA, 2017).
Os critérios diagnósticos recomendados pelo ROMA IV 
para cólica do lactente estão descritos no Quadro 3.
129
Hélcio de Sousa Maranhão
Maria Katarine Almeida Alves
Mayara Alves Maia
Quadro 3 - Critérios diagnósticos para cólica do lactente 
Para fins clínicos, deve incluir todos os itens a seguir:
Lactente < 5 meses de idade quando os sintomas começam e param.
Períodos recorrentes e prolongados de choro, agitação ou irri-
tabilidade relatados pelos cuidadores que ocorrem sem causa 
óbvia e não podem ser prevenidos ou resolvidos por eles.
Nenhuma evidência de falha de crescimento, febre ou doença
A “agitação” refere-se à vocalização angustiada e intermitente, 
sendo definida como “comportamento que não está chorando 
muito, mas também não está acordado nem contente”. Os lacten-
tes costumam variar entre “chorar” e ficar “agitado”, de modo 
que os dois sintomas são difíceis de distinguir na prática.
Fonte: Adaptado de Benninga et al (2016).
O tratamento consiste na orientação dos pais quanto à 
benignidade e temporalidade do quadro. Nenhum artifício 
nutricional ou tratamento analgésico tem a capacidade 
de aliviar os sintomas (DUARTE, 2017). Embora diferentes 
terapias tenham sido testadas na prática (por exemplo, ervas 
medicinais, acupuntura, massagem, fórmulas especiais), 
quase nenhum deles mostrou ser mais eficaz que o placebo 
em ensaios clínicos. Sob o ponto de vista prático, algumas 
alternativas podem trazer conforto ao lactente e à família, 
como amamentar em ambiente calmo e tentativas de desviar 
o foco da cólica, com alternativas como música ambiente 
tranquila, contato pele a pele, banhar a criança em água 
ligeiramente morna e diminuir a sobrecarga materna através 
do auxílio do pai ou outro familiar nos cuidados da criança e 
divisão de tarefas. 
Em relação ao uso de probióticos, há relatos na literatura 
que demonstraram resultados favoráveis sob circunstâncias 
130
Capítulo 8
Desordens funcionais do sistema digestório em lactentes
específicas como o uso da linhagem Lactobacillus reuteri 
(LR) Deutsche Sammlung von Mikroorganismen (DSM) 17 
938 (SUNG et al., 2018). No entanto, ainda se está longe de 
entender o microbioma e há necessidade de comprovação 
dos reais benefícios dessa intervenção e suas consequências 
em longo prazo. 
8.4 Constipação Funcional
Constipação intestinal é o distúrbio mais comum da 
defecação. Estima-se que cerca de 90 a 95% dos casos de 
constipação intestinal crônica sejam de natureza funcional. 
Na prática, pode ser definida como a eliminação de fezes 
endurecidas com ou sem dor, dificuldade ou esforço, ocorrência 
de comportamento de retenção, aumento no intervalo entre 
as evacuações e incontinência fecal secundária à retenção de 
fezes (MORAIS, 2017; MORAIS, 2018).
A prevalência em todo o mundo é de cerca de 3%, sendo 
responsável por cerca de 3-5% de todas as visitas a pediatras 
(FLEMMING, 2019). No primeiro ano de vida, estima-se que 
a prevalência é de 2,9% e aumenta para 10,1% no segundo 
ano de vida. Estudo de coorte no Brasil relatou prevalência 
de constipação funcional (CF) em 27% aos 24 meses de idade 
(MOTA et al., 2012).
A CF é frequentemente oresultado de repetidas tentativas 
de retenção voluntária de fezes por uma criança que tenta 
evitar a defecação desagradável por causa dos medos 
associados à evacuação. Em crianças pequenas, o início da 
constipação pode coincidir com o treinamento da toalete, 
quando há pressão excessiva do cuidador para manter o 
131
Hélcio de Sousa Maranhão
Maria Katarine Almeida Alves
Mayara Alves Maia
controle intestinal e/ou técnicas inadequadas (BENNINGA et 
al., 2016). Considera-se que o comportamento de retenção é 
importante para a fisiopatologia da CF em crianças pequenas. 
O ciclo vicioso de retenção voluntária leva ao aumento da 
absorção de água e, portanto, as fezes ficam mais duras e a 
defecação torna-se mais difícil e dolorosa (MORAIS, 2018; 
ZEEVENHOOVEN; KOPPEN; BENNINGA, 2017).
CF é um diagnóstico clínico que pode ser feito com base 
em uma história clínica completa (BENNINGA et al., 2016). 
A anamnese deverá ser detalhada e as informações sobre o 
hábito evacuatório devem incluir: frequência de evacuações, 
formato e consistência das fezes, dor, dificuldade e esforço 
excessivo para evacuar, ocorrência de incontinência fecal, 
relação temporal entre as evacuações e períodos de piora da 
incontinência fecal, dor abdominal, assim como os tratamen-
tos realizados e respostas clínicas (MORAIS, 2018). 
No lactente, em geral, observam-se com mais frequên-
cia manifestações clínicas caracterizadas pela evacuação de 
fezes endurecidas, em cíbalos, eliminadas com dor, esforço e 
dificuldade. É comum a presença de fissura anal. Na criança 
maior, pode-se perceber a incontinência fecal por retenção. 
As crianças perdem o conteúdo fecaloide nas vestes íntimas 
esporadicamente, ao que se pode chamar de incontinência 
fecal retentiva, em virtude de a ampola retal estar impac-
tada por fezes endurecidas. Assim, fezes recém-formadas não 
conseguem mais ser retidas na ampola retal e, portanto, são 
eliminadas involuntariamente ao longo do dia (MORAIS, 2017).
O exame físico inclui a avaliação do tamanho da massa 
fecal retal. Quando a história é típica de constipação, o períneo 
deve ser obrigatoriamente inspecionado, mas o exame retal 
132
Capítulo 8
Desordens funcionais do sistema digestório em lactentes
digital pode não ser necessário até que uma tentativa de 
tratamento falhe, haja incerteza no diagnóstico ou suspeita 
de um problema anatômico (BENNINGA et al., 2016). Quando 
necessário, o toque retal traz informações importantes como 
a presença ou não de massa fecal na ampola, seu diâmetro, 
suas características e o tônus esfincteriano. Em geral, na CF, 
a ampola retal está preenchida por massa fecal endurecida e 
volumosa, o que não acontece nas suspeitas de aganglionose 
intestinal (Doença de Hirschsprung), quando se espera que 
esteja vazia. Nessa situação, a eliminação explosiva de fezes, 
ao se desfazer o toque digital, também pode ser encontrada. 
No Quadro 4, estão descritos os critérios de Roma IV para 
o diagnóstico de CF.
Quadro 3 - Critérios diagnósticos para cólica do lactente 
Deve incluir 1 mês de pelo menos dois dos seguintes 
itens em crianças até 4 anos de idade:
Duas ou menos evacuações por semana
História de retenção excessiva de fezes
História de evacuações dolorosas ou endurecidas
História de fezes de grande diâmetro
Presença de massa fecal calibrosa no reto
Em crianças treinadas à toalete, os seguintes 
critérios adicionais podem ser usados:
Pelo menos um episódio por semana de incontinên-
cia fecal após a aquisição de habilidades na toalete
História de fezes de grande diâmetro que 
podem obstruir o vaso sanitário
Fonte: Adaptado de Benninga et al (2016).
133
Hélcio de Sousa Maranhão
Maria Katarine Almeida Alves
Mayara Alves Maia
Deve-se estar atento para os sinais de alarme, descritos 
no Quadro 5 a seguir. Na presença deles, o profissional deve 
avaliar consideravelmente a necessidade de investigação 
complementar a depender da situação. Na sua ausência e 
história clínica compatível, recomenda-se iniciar a terapêutica 
para constipação funcional. 
Quadro 5 - Sinais de alarme em pacientes 
pediátricos com constipação 
Constipação com início no primeiro mês de vida
Eliminação de mecônio após 48 horas de vida
Antecedente familiar de Doença de Hirschsprung
Fezes em fitas
Sangue nas fezes na ausência de fissura anal
Déficit de crescimento
Febre
Vômitos biliosos
Anormalidade na tireoide
Distensão abdominal grave
Fístula perianal
Posição anal anormal
Ausência do reflexo cremastérico
Anormalidades na motricidade de membros inferiores
Tufo de pelo na região espinhal
Depressão sacral
Assimetria entre os glúteos
Medo excessivo durante a inspeção anal
Cicatrizes anais
Fonte: Morais (2018); Benninga et al (2016).
134
Capítulo 8
Desordens funcionais do sistema digestório em lactentes
O tratamento não farmacológico da CF consiste em educação 
e aconselhamento dietético regular (ingestão suficiente 
de fibras e líquidos). Para aquelas com desenvolvimento 
neuropsicomotor adequado e que já tenham controle 
esfincteriano, é recomendável estimular a criança a usar o vaso 
sanitário ou troninho, sem forçar, em posição confortável, 
com assento redutor e apoio para os pés nos sanitários, por 
curto período ao dia (5 a 10 minutos) após alguma principal 
refeição, depois que se atingiu a desimpactação do reto e a 
ocorrência de fezes mais macias. É importante reduzir o medo 
e, se possível, fazer com que a criança e os pais entendam os 
mecanismos fisiopatológicos subjacentes e a necessidade de 
aprender a reconhecê-los na vida cotidiana (ZEEVENHOOVEN; 
KOPPEN; BENNINGA, 2017).
A maioria das crianças com CF necessitará de tratamento 
farmacológico. Aquelas com impactação fecal terão de 
desimpactar o reto antes de iniciar a terapia de manutenção. 
Atualmente, sugere-se que os medicamentos orais para 
a desimpactação sejam preferidos à terapia retal, porque 
esse método não é invasivo e pode ajudar a criança a se 
sentir no controle, embora as soluções via retal (clisteres ou 
fosfoenemas) ainda sejam utilizadas por sua eficácia, pelos 
custos e resultados imediatos (FLEMMING, 2019).
A chave para uma terapia de manutenção eficaz é assegurar 
a defecação indolor até que a criança esteja confortável e a 
aquisição da aprendizagem da toalete esteja completa. Para a 
fase de manutenção do tratamento, os amaciadores de fezes 
continuam por meses a anos (BENNINGA et al., 2016).
Os principais medicamentos utilizados na desimpactação 
e na manutenção estão descritos no Quadro 6.
135
Hélcio de Sousa Maranhão
Maria Katarine Almeida Alves
Mayara Alves Maia
Quadro 6 - Súmula dos principais medicamentos para desimpactação 
e tratamento de manutenção da constipação funcional 
Medica-
mento
Dose Efeitos Colaterais Observações
Desimpactação
Polietilenogli-
col 3350 e 4000
1,0 a 1,5g/kg/dia, via oral, 
de 3 a 6 dias, preferencial-
mente em dose única
Enema 
Fosfatado
2,5ml/kg/dia, dose máxima 
de 133ml/dose, via retal. 
Duração máxima da desim-
pactação: 6 dias. Não usar 
antes dos dois anos de idade.
Risco de trauma mecânico no reto, 
distensão abdominal e vômitos; 
raramente pode provocar quadro 
grave e letal de hiperfosfatemia 
e hipocalcemia com tetania.
Parcela dos eletrólitos é absor-
vida, mas se a função renal é 
normal, não ocorre toxicidade; 
a maior parte dos efeitos cola-
terais é observada em pacien-
tes com insuficiência renal 
ou Doença de Hirschsprung.
Manutenção
Polietilenoglicol 
3350 e 4000
0,2 a 0,8g/kg/dia, via oral
Os estudos divergem sobre a 
idade mínima de prescrição, 
apesar disso, admite-se 
após 6 meses de vida.
Quando em farmácias de 
manipulação, a apresentação pode 
ser sem eletrólitos. Quando com 
eletrólitos (produtos comerciais em 
farmácias), tem menor aceitação e 
pode provocar náuseas e vômitos.
Bem tolerado; não há 
evidências sobre a 
segurança em lactentes.
136
Capítulo 8
Desordens funcionais do sistema digestório em lactentes
Lactulose 1 a 3ml/kg/dia, via oral 
– considerado seguro 
para todasas idades
Flatulência e dor abdominal Bem tolerada em longo prazo
Leite de 
Magnésia 
(Hidróxido de 
magnésio)
1 a 3ml/kg/dia, via oral, em 
crianças maiores de 2 anos
Raro, mas pode causar intoxicação 
por magnésio em lactentes; 
sobredosagem pode ocasionar 
hipermagnesemia, hipofosfatemia 
e hipocalemia; não usar em 
pacientes com insuficiência renal.
Efeito osmótico; libera 
colecistoquinina, que 
estimula a secreção e a 
motilidade intestinal.
Óleo Mineral 1 a 3ml/kg/dia, via oral. 
Dose máxima: 60 a 90ml/
dia. Não prescrever para 
lactentes < de dois anos e 
portadores de neuropatias.
Se aspirado, provoca pneumonia 
lipoídica; teoricamente pode 
diminuir a absorção de vitaminas 
lipossolúveis, com necessidade 
de suplementação, mas não 
existe comprovação em estudos 
clínicos; perda anal do óleo indica 
dose superior à necessária.
Fonte: Flemming (2019); Morais (2018); Bekkali et al (2018); Tabbers et al (2014).
137
Hélcio de Sousa Maranhão
Maria Katarine Almeida Alves
Mayara Alves Maia
Conclusão
Apesar da prevalência cada vez maior das desordens 
funcionais do sistema digestório e suas repercussões gradativas 
na qualidade e no estilo de vida daqueles comprometidos, elas 
não estão completamente esclarecidas sob o ponto de vista 
fisiopatogênico. Ainda serão necessários mais estudos para 
que informações mais fidedignas sejam elucidadas. O mais 
importante é reconhecer a existência de tais desordens, sendo 
estas relatadas frequentemente nos consultórios de pediatria 
e gastroenterologia pediátrica. Na sua maioria, recebem 
contribuição do estilo de vida moderno e os componentes 
envolvidos devem ter uma abordagem biopsicossocial. 
Partir da história clínica completa – com anamnese e 
exame físico detalhado, associados ao conhecimento da 
abordagem diagnóstica facilitada pelos critérios de Roma IV – 
é essencial para o bom desfecho clínico e, inclusive, para evitar 
exames desnecessários e estresses para a família e a criança. 
Os guidelines atuais podem favorecer, direcionar e facilitar a 
prática profissional, porém, a boa relação médico-paciente é 
insubstituível e imprescindível para a condução adequada dos 
casos, a fim de assegurar o seu acompanhamento para que não 
fuja de seu caráter de benignidade. 
138
Capítulo 8
Desordens funcionais do sistema digestório em lactentes
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142
Capítulo 9
Aleitamento Materno
Devani Ferreira Pires 
9.1. Introdução
Evidências disponíveis consolidam o fato de que a decisão 
de não amamentar uma criança tem efeitos importantes em 
curto, médio e longo prazo em relação à saúde, à nutrição e 
ao desenvolvimento da criança, e também à saúde da mãe. 
Para as crianças, em contextos de baixa, média e alta renda, 
o desmame precoce contribui para o aumento da mortalidade 
por doenças infecciosas; hospitalização por doenças evitáveis, 
como gastroenterites, doenças respiratórias e otite média 
(HORTA; VICTORA, 2013; SANKAR et al., 2015; VICTORA et al., 
2016). Quanto aos benefícios em longo prazo, a amamentação 
diminui o risco de diabetes tipo 2 e reduz as chances de 
sobrepeso/obesidade (HORTA; MOLA; VICTORA, 2015).
Aproximadamente metade de todos os episódios de 
diarreia e um terço das infecções respiratórias poderiam ser 
evitados pelo aleitamento materno. O aleitamento materno 
tem o potencial de prevenir 72% das internações por diarreia 
e 57% por infecções respiratórias. A amamentação também foi 
associada com maior desempenho em testes de inteligência 
em crianças e adolescentes, com um aumento combinado de 
3,4 pontos no quociente de inteligência (VICTORA et al., 2016). 
143
Devani Ferreira Pires
No que se refere à saúde materna, há uma associação 
inversa entre amamentação e câncer de mama. Cada 
aumento de 12 meses na amamentação foi associado com 
uma diminuição de 4,3% na incidência de câncer de mama 
invasivo. Estudos indicam uma redução de 30% de câncer de 
ovário associada com períodos mais longos de amamentação 
(VICTORA et al., 2016). 
O aleitamento materno é essencial para a alimentação de 
recém-nascidos prematuros, devido à composição única de 
seus componentes bioativos, imunológicos, antinflamatórios 
e antioxidantes. A amamentação, no contexto do método 
canguru, demonstrou redução na incidência e gravidade de 
morbidades evitáveis, como a enterocolite necrosante, sepse 
tardia, além de diminuir o risco de reinternação após a alta 
hospitalar e melhorar o ganho ponderal (CONDE-AGUDELO; 
DÍAZ-ROSSELLO, 2016). 
9.2 Fisiologia da lactação
A fisiologia da lactação é regulada por um complexo hor-
monal como estrogênio, progesterona, prolactina, ocitocina 
e hormônios metabólicos, representados pelos glicocorti-
coides, insulina, fator de crescimento semelhante à insulina 
(IGF-I), hormônio do crescimento e hormônio tireoidiano. A 
fase da lactogênese I caracteriza-se pela diferenciação secre-
tória, que possibilita às células alveolares a capacidade de 
sintetizar e secretar componentes-chave do leite humano 
(GRZESKOWIAK; WLODEK; GEDDES, 2019). 
A lactogênese II corresponde à ativação secretória. Essa 
etapa é desencadeada pela queda dos níveis sanguíneos de 
144
Capítulo 9
Aleitamento Materno
progesterona (após a saída da placenta), acompanhada pela 
elevação dos níveis de prolactina circulante. Nessa fase da 
lactação, ocorre o início da secreção copiosa de leite entre 
24 e 102 horas (em média, 60 horas) após o nascimento. Esse 
fenômeno, descrito como “descida do leite” ou apojadura, 
constitui um marco importante no processo da lactação.
Uma vez estabelecida a lactação, a produção de leite 
passa do controle endócrino para o autócrino, por meio do 
feedback local, cuja manutenção da oferta é baseada na 
remoção efetiva do leite da glândula mamária. O acúmulo 
de leite (sem o esvaziamento adequado) determina a estase 
do leite, que por sua vez aumenta a concentração de uma 
proteína que promove um feedback negativo, inibindo a ação 
da prolactina nos receptores das células secretoras alveolares. 
A remoção eficaz e regular de leite é um fator essencial para 
a manutenção da produção láctea, atuando como feedback 
positivo para a amamentação.
9.3 Práticas recomendadas
As práticas ideais de alimentação constituem a base da 
sobrevivência, da nutrição e do desenvolvimento saudável 
nos primeiros anos de vida. A esse respeito, a Organização 
Mundial da Saúde e o Fundo das Nações Unidas para a Infância 
recomendam:
a) início da amamentação na primeira hora de vida e o 
contato pele a pele; 
b) aleitamento materno exclusivo nos primeiros 6 meses 
de vida; 
145
Devani Ferreira Pires
c) aleitamento materno complementado após 6 meses e 
até pelo menos 2 anos de idade ou mais, com a introdução de 
alimentos que sejam nutricionalmente adequados, seguros e 
de forma sustentável.
9.4 Intervenção: apoio, 
incentivo e promoção
As melhorias nas taxas de início e manutenção do aleita-
mento materno foram observadas quando o aconselhamento 
ou a educação foram fornecidos concomitantemente na 
atenção primária à saúde, atenção hospitalar (maternidade) e 
na visita domiciliar. O treinamento de equipes de saúde tam-
bém está associado a uma maior prevalência do aleitamento 
materno (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2009, 2018). 
No Quadro 1 são descritas atividades associadas a 
resultados satisfatórios para a amamentação.
146
Capítulo 9
Aleitamento Materno
Quadro 1 - Intervenções promotoras de boas práticas em aleitamento materno.
Etapa Atividade
Pré-natal Fornecer orientações individuais ou em grupos educativos, por meio de 
rodas de conversa e individualmente, durante as consultas de rotina. 
Parto Apoiar o início do aleitamento materno na primeira hora de vida, 
promovendo o contato pele a pele entre o recém-nascido e a sua mãe.
Alojamento 
conjunto
Desenvolver atividades educativas; esclarecer dúvidas; incentivar aleitamento 
sob livre demanda; prevenir e ou identificar problemas precoces com mamas e 
mamilos; orientar técnica de aleitamento materno e ordenha manual; facilitar 
o reconhecimento pela mãe dos sinais de fome do recém-nascido.
Alta hospitalar Elaborar um plano de alta em que a mãe, o recém-nascido e a família 
estejam na centralidade do cuidado. A alta deve ser qualificada, 
responsável e compartilhada com a Atenção Primária à Saúde. 
Cuidado pós-alta Programar uma agenda de visita domiciliar, sob a responsabilidade da Atenção Primária, 
ou a consulta do 5º ou 7º dia. Identificar as redes disponíveis e a existência de grupos 
de apoio à amamentação na comunidade. Durante todas as etapas do ciclo gravídico e 
puerperal, a equipe deve valorizar a presença da rede de apoio social da gestante/puérpera, 
e dar suporte à construção da parentalidade, incentivando a participação do pai. 
Mobilização 
social
Toda a sociedade deve ser convidada a dialogar sobre a importância do 
aleitamento materno para a saúde da criança e da mulher,e discutir 
questões relevantes como amamentação e trabalho. 
Fonte: autoria própria.
147
Devani Ferreira Pires
A Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC) é uma das 
estratégias reconhecidas pelo aumento da prevalência do 
aleitamento materno na população.
OS DEZ PASSOS PARA O SUCESSO DA AMAMENTAÇÃO 
(Organização Mundial da Saúde e Fundo das Nações Unidas 
para a Infância, 1989):
Os dois passos iniciais (passo 1 e passo 2) referem-se à gestão 
e os passos seguintes estão relacionados às práticas clínicas:
Passo 1 - ter uma política de aleitamento materno escrita 
que seja rotineiramente transmitida a toda a equipe de 
cuidados de saúde;
Passo 2 - capacitar toda a equipe de cuidados de saúde nas 
práticas necessárias para implementar essa política;
Passo 3 - informar todas as gestantes sobre os benefícios e 
o manejo do aleitamento materno;
Passo 4 - ajudar as mães a iniciar o aleitamento materno 
na primeira meia hora após o nascimento, conforme nova 
interpretação: colocar os bebês em contato pele a pele com 
suas mães, imediatamente após o parto, por pelo menos 
uma hora e orientar a mãe a identificar se o bebê mostra 
sinais de que está querendo ser amamentado, oferecendo 
ajuda se necessário;
Passo 5 - mostrar às mães como amamentar e como 
manter a lactação mesmo se vierem a ser separadas dos 
filhos;
Passo 6 - não oferecer a recém-nascidos bebida ou 
alimento que não seja o leite materno, a não ser que haja 
indicação médica e/ou de nutricionista;
148
Capítulo 9
Aleitamento Materno
Passo 7 - praticar o alojamento conjunto – permitir que 
mães e recém-nascidos permaneçam juntos – 24 horas por 
dia;
Passo 8 - incentivar o aleitamento materno sob livre 
demanda;
Passo 9 - não oferecer bicos artificiais ou chupetas a 
recém-nascidos e lactentes;
Passo 10 - promover a formação de grupos de apoio 
à amamentação e encaminhar as mães a esses grupos 
na alta da maternidade, conforme nova interpretação: 
encaminhar as mães a grupos ou outros serviços de apoio 
à amamentação, após a alta, e estimular a formação e a 
colaboração com esses grupos ou serviços.
9.5. Técnica correta de 
aleitamento materno
Para que a mãe consiga amamentar de forma exitosa, é 
importante que, desde as consultas de pré-natal, o aleitamento 
materno seja esclarecido quanto à sua importância para a saúde 
da mãe e do bebê. Ademais, a gestante e a puérpera devem ser 
orientadas como amamentar de forma confortável. A família, 
especialmente o pai, deve participar desses momentos. 
O posicionamento e a pega correta são orientações 
relevantes para o início e a manutenção do aleitamento 
materno, integrando o treinamento da Iniciativa Hospital 
Amigo da Criança. 
Posicionamento adequado da mãe e do bebê:
 - mãe confortavelmente posicionada, dorso e pés 
apoiados;
149
Devani Ferreira Pires
 - mãe traz o bebê à mama (e não a mama ao bebê);
 - corpo do bebê alinhado (cabeça, tronco e membros);
 - corpo do bebê apoiado pelo antebraço e pela mão da 
mãe;
 - corpo do bebê voltado para o corpo da mãe: tórax com 
tórax;
 - o pescoço do bebê deve estar apoiado na curva do 
braço da mãe;
 - o braço e o antebraço do bebê circunda o corpo da mãe.
Pega correta:
 - boca do bebê deve realizar uma ampla abertura;
 - a boca apreende toda ou quase toda aréola;
 - lábio inferior deve estar evertido (virado para fora);
 - visualiza-se mais aréola acima do lábio superior do que 
abaixo do lábio inferior;
 - o queixo do bebê toca a mama;
 - ao aproximar o queixo da mama, o bebê libera as 
narinas, evitando a sufocação.
Figura 1 – Pega correta.
Fonte: Brasil (2015, p. 34).
150
Capítulo 9
Aleitamento Materno
9.6 Técnica de massagem das mamas 
e ordenha do leite materno
A rede de Bancos de Leite Humano – Brasil orienta o 
procedimento da massagem realizada pela própria mãe, no 
sentido aréola-tórax, a partir de movimentos circulares, caso 
ela não consiga, o profissional pode ajudá-la. A mãe e o pro-
fissional podem localizar nódulos mais firmes e dolorosos, 
provavelmente por acúmulo de leite, podendo demandar 
uma massagem mais demorada no local. O objetivo desse pro-
cedimento é melhorar a mobilização do leite no interior da 
glândula mamária para facilitar a retirada do leite. Um alerta 
sobre a possibilidade de trauma na mama, caso a pressão seja 
exagerada. A mãe deve ser acolhida com respeito e comunica-
ção empática e o procedimento não deve ser doloroso.
A ordenha segue as orientações seguintes: a mãe deve 
prender os cabelos, utilizar máscara, retirar relógio, anel, 
pulseira; lavar mãos e antebraços com água e sabão; secar com 
papel toalha ou toalha limpa; realizar a massagem em toda a 
mama, iniciando pela região próxima à aréola; o profissional 
de saúde deve usar luvas. Na técnica de ordenha, a mãe ou o 
profissional posiciona o polegar a cerca de 2 cm da aréola, com 
os dedos indicador e médio em oposição ao polegar. Pressiona 
a mama contra o tórax, comprime a mama e depois relaxa; 
segue os três tempos: pressiona contra o tórax, comprime 
os seios lactíferos e depois solta. Observar a saída do leite 
(UNICEF, 2009).
A ordenha é fundamental para as mães com bebês 
internados na unidade de terapia intensiva neonatal e 
151
Devani Ferreira Pires
impossibilitados de mamar temporariamente. A ordenha a 
intervalos regulares auxilia na manutenção da lactação até 
esses neonatos tornarem-se aptos à sucção do seio materno. 
Também é útil se a nutriz (a) possui uma produção excessiva 
de leite; (b) apresenta ingurgitamento mamário; (c) necessita 
deixar leite materno ordenhado para ser ofertado ao bebê no 
momento do retorno ao trabalho (UNICEF, 2009). 
Toda mãe que apresenta uma produção excessiva de leite 
deve ser orientada para entrar em contato com o Banco de 
Leite Humano mais próximo a sua residência para fazer sua 
doação. A doação de leite humano salva vidas.
9.7 Problemas com a amamentação
O motivo principal alegado para a introdução da fórmula 
infantil em substituição ao aleitamento materno é a baixa 
produção láctea ou hipogalactia. Essa baixa produção pode 
ser uma percepção real ou apenas presumida pela mãe. 
A proporção de mulheres que não podem produzir leite 
adequado às necessidades nutricionais do recém-nascido 
é desconhecida. Alguns fatores de risco incluem estresse, 
obesidade, diabetes, resistência à insulina, fatores genéticos e 
epigenéticos, por meio de mecanismos ainda não elucidados. 
Outros fatores associam-se à introdução de fórmula 
infantil, como a falta de apoio familiar e social, a má técnica 
de aleitamento materno, a queixa de dor e as intercorrências 
clínicas da mãe e/ou do neonato. No Quadro 2, estão listados 
alguns dos problemas mais comuns relacionados à mama da 
lactante (PÉREZ-ESCAMILLA et al., 2019).
152
Capítulo 9
Aleitamento Materno
Quadro 2 - Problemas comuns durante a amamentação 
Problema Causa Prevenção / tratamento 
Trauma 
mamilar 
(fissura)
- Causa mais comum: pega incorreta – o 
bebê apreende apenas o mamilo;
- Recém-nascido com anquiloglossia;
- Investigar: uso de produtos 
irritantes sobre a mama.
Orientação da técnica correta de aleitamento 
materno (AM). Avaliar o frênulo lingual 
para indicação de frenotomia s/n.
Ingurgitamento 
mamário
Esvaziamento inadequado da mama; demora 
no início do aleitamento materno; técnica 
incorreta, RN sonolento ou prematuro. 
Início oportuno, na 1ª hora, esvaziamento 
adequado e regular das mamas, técnica correta 
de AM, técnica de massagem e ordenha.
Ducto 
bloqueado
Ocorre quando o leite produzido 
numa determinada área da mama 
não é drenado adequadamente.
Esvaziamento correto das mamas, técnica de 
aleitamento materno, uso de sutiãs adequados, 
evitar uso de cremes nos mamilos. Técnica de 
massagem; anti-inflamatório pode ser útil.
Galactocele Formação cística de conteúdo 
lácteo nos ductos mamários.
Aspiração ou conduta cirúrgica.
153
Devani Ferreira Pires
Mastite 
puerperal ou 
lactacional
Presença de sinais inflamatórios na mama, 
podendo ser uni ou bilateral, área endurecida,eritematosa, quente, dolorosa; sinais sistêmicos: 
febre, cefaleia, adinamia, hiporexia. Geralmente 
a mastite é precedida pelo ingurgitamento 
mamário e pela fissura mamilar.
Numa fase inicial, pode apresentar um 
caráter inflamatório, evolui com frequência 
para um quadro infeccioso, necessitando de 
antibióticos, analgésico ou anti-inflamatório, 
esvaziamento adequado da mama, técnica 
correta de AM, descanso e apoio familiar. 
Formas clínicas de maior gravidade requerem 
hospitalização. Consulta de controle em 24 
a 48 horas após o início do tratamento.
Abscesso 
mamário
Complicação da mastite ou galactocele ou 
ducto bloqueado. Caracteriza-se pela presença 
de material purulento em um segmento da 
mama, acompanhado de sinais inflamatórios 
localizados (calor, rubor e dor) e sistêmicos. 
O diagnóstico é clínico, eventualmente há 
necessidade de ultrassonografia da mama.
Antibioticoterapia e drenagem cirúrgica.
O apoio ao aleitamento materno com 
uma equipe interprofissional capacitada 
é imprescindível em todos os casos para 
que não ocorra o desmame precoce.
Fonte: autoria própria.
154
Capítulo 9
Aleitamento Materno
9.8 Conclusões
Além da elaboração de políticas promotoras de 
aleitamento materno, torna-se imprescindível somar esforços 
incluindo pesquisadores, educadores, profissionais da saúde, 
comunidade, a partir da articulação intersetorial para que 
possamos alcançar a agenda da nutrição ideal, integrada aos 
cuidados com a saúde da mulher e da criança. 
Os responsáveis pela formulação de políticas precisam 
compreender mais como os sistemas de saúde se interligam 
para integrar e expandir os serviços de nutrição de maneira 
eficaz (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2018, KAVLE et 
al., 2019, PÉREZ-ESCAMILLA; ENGMANN, 2019). Importante 
destacar que melhorar a nutrição materna deve ser uma 
prioridade em saúde pública, não só para garantir a qualidade 
na composição do leite materno mas também para promover a 
nutrição e o bem-estar da própria mulher (PÉREZ-ESCAMILLA 
et al., 2019).
155
Devani Ferreira Pires
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Capítulo 9
Aleitamento Materno
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Devani Ferreira Pires
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158
Capítulo 10
Alimentação Complementar
Ana Suely de Andrade
A nutrição e a alimentação são direitos essenciais para o 
crescimento e o desenvolvimento humano e a alimentação 
da criança desde o nascimento. Nos primeiros anos de vida, 
representa um pilar desse processo que tem repercussões ao 
longo de toda a vida do indivíduo. O aleitamento materno é 
uma importante ferramenta da alimentação infantil ótima, 
pois exclusivamente é capaz de suprir todas as necessidades 
nutricionais das crianças nos primeiros 6 meses de vida. 
Entretanto, a partir desse período, deve ser complementado 
para continuar assegurando um perfeito desenvolvimento.
A alimentação complementar é definida como o conjunto 
de outros alimentos, oferecidos à criança em adição ao leite 
materno. Ela é influenciada por fatores econômicos, culturais 
e psicossociais e tem a família como um dos pilares decisivos 
para o aprendizado da alimentação saudável por parte da 
criança. De acordo com as recomendações da Organização 
Mundial da Saúde (OMS), a introdução da alimentação 
complementar deve se iniciar a partir dos 6 meses, quando 
o uso do leite materno exclusivo já não supre todas as 
necessidades nutricionais da criança e ela atinge maturidade 
fisiológica e neurológica para receber outros alimentos além 
do leite materno. 
Aos seis meses de vida, a criança tem desenvolvidos os 
reflexos necessários para a deglutição, como o reflexo da 
159
Ana Suely de Andrade
extrusão lingual; já sustenta a cabeça, facilitando a alimen-
tação oferecida por colher e se inicia a fase de erupção dos 
primeiros dentes, que facilitam a mastigação. Além disso, a 
criança já produz enzimas digestivas em quantidade suficientepara começar a digerir uma maior variedade de alimentos. A 
introdução de alimentos, em idade oportuna, além de comple-
mentar as necessidades nutricionais, aproxima a criança da 
rotina alimentar da família e tem papel decisivo na formação 
dos hábitos alimentares que a acompanharão por toda a vida.
A alimentação complementar deve ser variada, equili-
brada e composta de alimentos com quantidade adequada de 
macronutrientes (carboidratos, proteínas e lipídios) e micro-
nutrientes (especialmente, ferro, zinco, cálcio, vitamina A, 
vitamina C e ácido fólico). É imprescindível ainda que essa 
alimentação esteja livre de contaminação (biológica, química 
ou física), seja de fácil consumo e aceitação, economicamente 
acessível e preparada a partir dos alimentos habitualmente 
consumidos pela família. De forma geral, a dieta deve contem-
plar pelo menos um alimento de cada grupo alimentar para 
suprir adequadamente as necessidades da criança, promo-
vendo seu perfeito crescimento e desenvolvimento: 
	y Cereais e tubérculos: arroz, batata, mandioca, man-
dioquinha salsa, cará, batata-doce, macarrão, inhame, 
quinua.
	y Hortaliças e frutas: folhas verdes, laranja, abóbora, 
cebola, banana, beterraba, abacate, quiabo, mamão, 
cenoura, melancia, tomate e manga.
	y Leguminosas: feijões, ervilha, lentilha, grão de bico. 
É importante sempre variar, ou seja, não ofereça 
160
Capítulo 10
Alimentação Complementar
somente o feijão diariamente e sim cada dia uma 
leguminosa diferente.
	y Origem animal: carne magra de boi, peixe, frango, 
vísceras e ovos.
É importante sempre variar os alimentos de um mesmo 
grupo, pois são fontes de diferentes nutrientes, bem como 
atentar para a forma de administração da alimentação, que 
deve ser sempre oferecida em colher ou copo, no caso da 
oferta de líquidos. De forma prática e em conformidade com 
o Guia Alimentar para Crianças Menores de 2 Anos proposto 
pelo Ministério da Saúde, seguem orientações para essa fase 
inicial da alimentação infantil:
	y No sexto mês, deve-se oferecer somente uma das refei-
ções (almoço ou jantar) e complementar com o leite 
materno até que a criança se mostre saciada apenas 
com a papa. O primeiro alimento ofertado tanto pode 
ser uma fruta quanto um legume e a escolha pode 
partir da mãe.
	y No início da introdução alimentar, a alimentação da 
criança deve ser preparada especialmente para ela, 
caracterizando alimentação de transição. 
	y A introdução de novos alimentos deve ser gradual 
(um de cada vez, a cada 3 a 7 dias). É comum a criança 
rejeitar os novos alimentos, não devendo esse fato de 
ser interpretado como uma aversão permanente da 
criança ao alimento. Em média, a criança precisa ser 
exposta a um novo alimento de 8 a 10 vezes para que 
o aceite bem. 
161
Ana Suely de Andrade
	y Os alimentos complementares devem ser oferecidos 
à criança utilizando-se colher e copo que são bem 
aceitos por crianças pequenas. Mamadeiras devem 
ser evitadas porque, além de ser uma fonte de conta-
minação para a criança, prejudicam a mastigação e o 
desenvolvimento da dentição.
	y A oferta da alimentação deverá ser feita com calma e 
em um ambiente tranquilo. É necessário respeitar o 
tempo da criança, que demora a se alimentar. 
	y Duas refeições principais, o almoço e o jantar, devem 
ser iniciadas a partir do sétimo mês. Após o oitavo 
mês, aproximadamente, a criança pode receber os 
alimentos da família desde que amassados, desfiados 
ou em pequenos pedaços.
	y Após o primeiro ano de vida, a criança já começa a 
receber a alimentação preparada para toda a família. 
Porém, é necessário que a família tenha uma alimen-
tação saudável.
	y É importante lembrar que não se deve oferecer à 
criança “alimentos inadequados” que são bebidas 
açucaradas, inclusive chás, refrigerantes, chocolates, 
iogurte, gelatina, queijinhos petit suisse, macarrão 
instantâneo, bebida alcoólicas, salgadinhos, doces, 
sorvetes, biscoitos recheados, entre outros. Não se 
deve utilizar mel antes de um ano de idade.
	y É fundamental o cuidado com a higiene durante o 
processo de preparo e armazenamento dos alimentos. 
162
Capítulo 10
Alimentação Complementar
O sucesso da alimentação complementar depende de 
paciência, afeto e suporte por parte da mãe e de todos os 
cuidadores da criança. Toda a família deve ser estimulada a 
contribuir positivamente nessa fase, na qual os profissionais 
de saúde têm papel relevante, informando e conscientizando 
a todos os envolvidos sobre a importância e a influência da 
alimentação saudável para a saúde atual e futura. 
163
Ana Suely de Andrade
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164
Capítulo 10
Alimentação Complementar
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165
Capítulo 11
Competências para a alimentação 
oral no primeiro ano de vida
Raquel Coube de Carvalho Yamamoto
Para que a alimentação aconteça de maneira adequada, é 
necessário que se respeitem as habilidades orais que a criança 
apresenta nas diferentes idades durante seu desenvolvimento. 
Em cada etapa do desenvolvimento, a criança será capaz 
de realizar determinada competência motora oral, o que 
irá favorecer a decisão de iniciar a ingesta de diferentes 
consistências alimentares.
As habilidades motoras orais, assim como a competência 
necessária para a alimentação, são definidas conforme as 
respostas orais apresentadas durante a alimentação com 
diferentes consistências e utensílios para realizar essa tarefa. 
A presença de disfunção motora oral pode acarretar dificul-
dade no ganho de peso e no desmame precoce, tendo como 
consequência a desnutrição, trazendo prejuízos ao desenvol-
vimento infantil (STEVENSON; ALLAIRE, 1991). 
As disfunções motoras orais, mesmo que discretas, po-
dem gerar dificuldades no desenvolvimento da alimentação 
podendo ser notada dificuldade no ganho de peso, um tempo 
aumentado para alimentar-se, presença de vômitos e, por ve-
zes, indícios de recusa alimentar (JONSSON; VAN DOORN; VAN 
DEN BERG, 2013). A alimentação é uma função extremamente 
vital em qualquer idade. Compreender sobre as competências 
166
Capítulo11
Competências para a alimentação oral no primeiro ano de vida
alimentares é de grande importância para o manejo e o cuidado 
precoce, evitando inadequações alimentares e dificuldades 
alimentares no futuro, pensando na significativa contribui-
ção que a habilidade oral tem para uma nutrição eficiente 
(PRIDHAM et al., 2007).
O recém-nascido, quando nasce saudável e a termo, apre-
senta reflexos orais indispensáveis para conseguir sugar 
e, assim, suprir sua necessidade nutricional. A função de 
sucção é importante para que ocorra a adequação da mus-
culatura orofacial (LOPES; MOURA; LIMA, 2017), bem como 
para que favoreça o crescimento equilibrado das estruturas 
do sistema estomatognático. 
Para que a habilidade de sucção aconteça de maneira 
apropriada, o neonato deve apresentar íntegras as estruturas 
do sistema estomatognático e estar em estado de alerta 
durante a alimentação (MEDEIROS et al., 2017; SARTORIO et 
al., 2017). Uma forma de favorecer a dinâmica da sucção é o 
posicionamento propício para realizar o aleitamento materno. 
A postura de cabeça do bebê está diretamente ligada à pega 
favorável, pois facilita o posicionamento de língua dentro da 
cavidade oral (BRASIL, 2015). 
O movimento de língua e de mandíbula, além dos aspectos 
quanto a pega, sucção e posicionamento do recém-nascido, 
deve estar adequado e sincronizado para que o desempenho da 
sucção no seio materno aconteça eficientemente (MEDEIROS et 
al., 2017; ALVES et al., 2019). Alterações na pega e dificuldades 
na movimentação de mandíbula podem proporcionar prejuízo 
no desempenho da mamada. Mediante as dificuldades com 
a sucção, o fonoaudiólogo pode auxiliar na identificação de 
possíveis dificuldades de sucção e ajudar no favorecimento de 
167
Raquel Coube de Carvalho Yamamoto
uma sucção efetiva influenciando diretamente o sucesso da 
amamentação (ALVES et al., 2019).
A maturação das habilidades motoras orais ocorre 
conjuntamente ao desenvolvimento do sistema nervoso 
central e está associada à experiência de aprendizado da 
criança (STEVENSON; ALLAIRE, 1991). No primeiro ano de 
vida, o aprendizado está diretamente ligado à evolução 
do sistema nervoso central observada no surgimento e no 
desaparecimento de algumas funções orais, nos reflexos orais 
que se desenvolvem e se tornam mais complexas e voluntárias 
no decorrer do primeiro ano de vida (DIAMENT; CYPEL, 2005).
O amadurecimento da função de sucção é um excelente 
exemplo quando falamos na maturação das habilidades 
motoras orais. Após o quarto ou quinto mês de vida, a função de 
sucção usada para alimentar-se, que até o momento acontecia 
de maneira reflexa, gradativamente vai sendo substituída pela 
movimentação oral voluntária (CARRUTH; SKINNER, 2002). 
Conforme a criança desenvolve-se nos aspectos motores 
globais, como conseguir a estabilidade na sustentação da 
cabeça, pode-se observar, concomitantemente, uma melhora 
no controle da mandíbula (REDSTONA; WEST, 2004).
As habilidades orais que demanda a criança devem ser 
observadas para que apenas a partir do momento que a fun-
ção de sucção passar a ser voluntária é que se inicie a inclusão 
de novos utensílios, como o uso da colher; e se introduzam 
outras consistências na alimentação, como o pastoso, sem 
que a criança apresente risco de complicação. A introdução 
de novas consistências alimentares, no momento de desen-
volvimento motor oral adequado, favorece o surgimento de 
novas habilidades orais, com a presença de movimentos de 
168
Capítulo 11
Competências para a alimentação oral no primeiro ano de vida
lábios, língua e mandíbula que vão aprimorando-se conforme 
a evolução do desenvolvimento das habilidades e competên-
cias motoras orais.
Quando o lactente alcança a idade de cinco a seis meses, 
pode-se observar que, durante a oferta do alimento, ela 
apresenta movimentos verticais de mandíbula e amassa o 
alimento contra o palato com a língua. Nesse momento, deve-
se iniciar oferta de alimento pastoso amassado na colher para 
que a criança tenha condições de iniciar a apreensão labial, 
vedando os lábios em contato com a colher para retirar o 
alimento (PROENÇA, 1994).
Com a experiência e o aprendizado, no sétimo mês de vida 
da criança, já é possível observar movimentos de lateralização 
de mandíbula e de língua, com o objetivo de direcionar o 
alimento, proporcionando o aprendizado e a evolução da 
mastigação. Nessa etapa, é possível iniciar a introdução de 
alimentos semissólidos, devido à aquisição de habilidades 
para tal consistência. 
Quando chega à idade entre 12 e 18 meses, a criança 
consegue, gradualmente, adquirir a competência de mastigar 
com movimentos rotatórios de mandíbula. Nessa etapa, 
a refeição já deve conter pequenos pedaços de alimentos 
sólidos bem cozidos. Nesse período, a língua movimenta o 
bolo alimentar lateralmente e os lábios permanecem ocluídos 
durante a alimentação, possibilitando uma mastigação mais 
amadurecida, características observadas no desempenho de 
alimentação do indivíduo adulto (LEVY; RAINHO, 2004).
A observação de dificuldades alimentares no decorrer do 
desenvolvimento das habilidades motoras orais é fundamental 
para que se inicie, o quanto antes, o acompanhamento 
169
Raquel Coube de Carvalho Yamamoto
fonoaudiológico oportunamente. Esse acompanhamento irá 
favorecer para que a alteração observada não gere condições 
compensatórias persistentes em longo prazo, sanando o quanto 
antes e propiciando uma adequação ao desenvolvimento das 
habilidades motoras orais em período apropriado.
Dificuldades como presença de engasgos durante as 
refeições; recusa ou vômitos frequentes em determinada 
consistência alimentar; movimentos inadequados de 
língua, lábios e mandíbula; e alimentação com a boca aberta 
apresentando ou não escape de alimento; assim como 
produção de ruídos durante a alimentação são fatores que 
devem receber um olhar atento e realizar o encaminhamento 
para um profissional especializado o mais rápido possível. 
Essas dificuldades podem ser denominadas como disfunção 
motora oral e não devem estar presentes no período de 
desenvolvimento motor oral para a transição gradativa das 
diferentes consistências alimentares. 
As habilidades motoras orais e as competências necessá-
rias para uma alimentação efetiva marcam o desenvolvimento 
de um lactente durante o primeiro ano de vida. A oferta dos 
alimentos, nas diversas consistências, é muito importante 
para favorecer o estímulo do meio para que ocorra um equilí-
brio harmônico das estruturas estomatognáticas, assim como 
para gerar habilidade motora oral necessária para que se 
adquira a competência necessária para a alimentação.
170
Capítulo 11
Competências para a alimentação oral no primeiro ano de vida
Referências 
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172
Capítulo 12 
Desenvolvimento nos primeiros 
três anos de idade
Devani Ferreira Pires
Allana Clarice Figueroa Cortez 
Pedro Henrique Miranda Campos
12.1 Introdução
O desenvolvimento infantil envolve, além do crescimento 
pondero-estatural, a maturação neurológica e a construção de 
habilidades nos domínios motores, cognitivo, social e psíquico 
da criança, sendo, portanto, um processo complexo, contínuo, 
dinâmico e progressivo. Nesse sentido, está associado não 
só à integridade biológica e física mas também ao contexto 
sociocultural no qual a criança está inserida (OPAS, 2005). 
A Organização Mundial da Saúde (OMS, 2020) afirma 
que permitir que as crianças possam atingir seu pleno 
potencial de desenvolvimento é um direito humano e 
requisito fundamental para o desenvolvimento sustentável. 
O desenvolvimento infantil tem início na vida intrauterina e 
até antes, já que o estado de saúde da mãe antes da concepção 
pode acarretar implicações futuras para o filho. É fundamental 
que os marcos sejam compreendidos nos domínios motor 
(habilidades motoras finas e grosseiras), cognitivo, linguagem 
e o socioemocional. 
173
Devani Ferreira Pires
Allana Clarice Figueroa Cortez 
Pedro Henrique Miranda Campos
A esse respeito, a Teoria bioecológica do desenvolvimento 
humano de Urie Bronfenbrenner considera os quatro aspectos 
multidirecionais que se inter-relacionam: o modelo PPCT- 
pessoa, processo, contexto e tempo. De acordo com essa 
teoria, o ambiente tanto influencia o desenvolvimento da 
criança quanto é influenciado por ela.
Devido à plasticidade neural, o período que compreende 
a primeiríssima infância (zero a três anos) representa 
uma janela de oportunidade essencial em que as melhores 
respostas às intervenções podem ser alcançadas. É 
fundamental que o profissional de saúde, em conjunto com 
a família e a comunidade, realize a vigilância e promova 
os estímulos necessários ao desenvolvimento das crianças 
(KOLB; HARKER; GIBB, 2017). 
12.2 Vigilância do desenvolvimento
A vigilância do desenvolvimento é o processo responsável 
pelo monitoramento do desenvolvimento infantil ao longo 
do tempo, além da sua promoção e identificação de possíveis 
problemas. A Academia Americana de Pediatria (AAP) 
recomenda a utilização de um instrumento de triagem, mesmo 
na ausência de fatores de risco, para aumentar a capacidade 
de identificação de possíveis atrasos. A AAP também enfatiza 
a grande importância da continuidade do atendimento na 
supervisão integral da saúde e a necessidade de evitar a 
fragmentação de cuidado (HAGAN; SHAW; DUNCAN, 2017). 
Com esse propósito, muitos instrumentos de triagem podem 
ser utilizados, tais como: Ages and Stages Questionaires 
(ASQ), Bayley Scale of Infant Development, Alberta Infant 
174
Capítulo 12
Desenvolvimento nos primeiros três anos de idade
Motor Scale (AIMS), Teste de Denver II, Caregiver Reported 
Early Development Instruments (CREDI), Survey of Well Being 
of Young Children (SWYC), Harris Infant Neuromotor Test 
(HINT) e o modelo desenvolvido pelo Ministério da saúde 
contemplado na Caderneta de Saúde da Criança. 
As preocupações de pais e profissionais de saúde devem 
ser incluídas para a avaliação de fatores de risco ou alterações 
que sinalizem transtornos no desenvolvimento, indicando a 
necessidade de triagem e/ou diagnóstico acurados e condutas 
apropriadas (NORITZ; MURPHY, 2013; HARRIS, 2016). São 
fatores de risco para anormalidades no desenvolvimento: 
questões socioambientais; história de infecção materna no 
período gestacional (doenças sexualmente transmissíveis, 
toxoplasmose, citomegalovírus, rubéola, zika, herpes); 
história de uso de álcool ou drogas ilícitas; pré-natal não 
realizado ou incompleto; problemas de saúde na gestação ou 
no parto/nascimento; prematuridade; depressão materna; 
baixo peso ao nascer (peso de nascimento inferior a 2500g); 
hiperbilirrubinemia; hospitalização no período neonatal; 
doenças graves como meningite, malformações congênitas; 
asfixia perinatal; convulsões e doenças genéticas.
Uma sugestão para o encaminhamento do paciente com 
suspeita de atraso no desenvolvimento neuropsicomotor 
(DNPM) pode ser o algoritmo proposto pela Academia 
Americana de Pediatria em 2006, que avalia o desenvolvimento 
motor em idades-chave. Entretanto, qualquer teste de triagem 
alterado indica a necessidade de avaliação especializada. 
O manual para a vigilância do desenvolvimento infantil, 
no contexto da Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na 
Infância (OPAS, 2005), orienta que os profissionais de saúde 
175
Devani Ferreira Pires
Allana Clarice Figueroa Cortez 
Pedro Henrique Miranda Campos
avaliem os marcos de desenvolvimento da criança, incluindo: 
aferição do perímetro cefálico, verificação de presença ou 
ausência de alterações fenotípicas, presença ou ausência de 
marcos de desenvolvimento em idades-chave. Os achados 
devem ser finalizados com classificação de acordo com Figura 
1, a seguir.
Figura 1 – Grupos de classificação do desenvolvimento infantil
Fonte: Adaptado de OPAS (2005, p. 23).
Os testes de triagem de desenvolvimento neuropsi-
comotor (DNPM) geralmente avaliam quatro domínios 
principais, a saber: habilidades motoras grosseiras; habi-
lidades motoras finas; linguagem e pessoal-social. O 
desenvolvimento da linguagem será tema de um outro 
capítulo neste manual. O Quadro 1, a seguir, mostra a ava-
liação do desenvolvimento motor.
176
Capítulo 12
Desenvolvimento nos primeiros três anos de idade
Quadro 1 – Avaliação do desenvolvimento motor grosseiro e fino entre 0-36 meses:
Marcos do desenvolvimento Idade
Desenvolvimento motor grosseiro
Eleva a cabeça (> 45º) em decúbito prona 02 meses
Rola da posição prona para supina e se apoia sobre os antebraços em posição prona 04 meses
Rola da posição supina para prona 06 meses
Inicia o sentar com apoio 06-07 meses
Estando deitado, consegue sentar-se; engatinha 09 meses
Fica de pé sem apoio; inicia a marcha (10m – 16m) 12 meses
Anda para trás; corre 15 meses
Sobe degraus com ajuda 18 meses
Pula sobre dois pés 24 meses
Inicia a subida de escada com pés alternados 30-36 meses
Escala móveis (cuidado!); pedala tricíclico 36 meses 
Desenvolvimento motor fino
Brinca com as mãos na linha média (jogo das mãos) 04 meses 
177
Devani Ferreira Pires
Allana Clarice Figueroa Cortez 
Pedro Henrique Miranda Campos
Preensão cúbito palmar: inicia a preensão voluntária, sem utilizar o polegar 04 meses 
Preensão palmar simples ou aperto; transfere objetos de uma mão para a outra 05-06 meses
Preensão radio-palmar; inicia preensão em pinça inferior; maior domí-nio do pegar, soltar, bater um objeto contra o outro
07-08 meses
Preensão radio-digital: realiza pinça superior 09 meses
Retira e coloca objetos em um recipiente (caneca) 10 meses 
Realiza pinça fina, solta os objetos quando solicitado, rea-
liza encaixes amplos, lança a bola em uma direção
12 meses 
Inicia uso da colher 12-24 meses
Empilha dois cubos 15 meses
Empilha três cubos; come pegando com os próprios dedos 18 meses 
Empilha seis cubos; copia linha vertical 24 meses 
Empilha nove a dez cubos; desenha uma linha horizontal e um círculo; desenha 
uma pessoa com cabeça e outra parte do corpo; constrói uma ponte com 3 blocos; 
usa colher e garfo, bebe em copo sem tampa, retira meias, sapatos e a roupa
36 meses
Fonte: Adaptado de Nuritz e Murphy (2013); BRASIL (2016).
178
Capítulo 12
Desenvolvimento nos primeiros três anos de idade
A avaliação do tônus muscular, a amplitude articular e os 
movimentos oculares também são aspectos importantes na 
triagem do desenvolvimento infantil durante as consultas de 
puericultura (HARRIS, 2016). O tônus muscular é um estado 
de tensão constante a que estão submetidos os músculos 
em repouso. O primeiro mês de vida é caracterizado pelo 
padrão flexor nos quatro membros; posteriormente, por volta 
dos quatro meses, ocorre a inversão fisiológica dos tônus 
(DUARTE, 2018).
A seguir, algumas manobras para avaliação do tônus são 
apresentadas: 
(1) Manobra da tração: consiste em segurar as mãos da 
criança, puxando-a para a posição sentada. A resposta é a 
elevação da cabeça com o corpo. Ao atingir a posição sentada, 
a cabeça se mantém na linha média. 
(2) Manobra de suspensão horizontal: a criança, ao ser 
suspensa horizontalmente, fica com a cabeça ereta, dorso reto 
e com flexão dos cotovelos, joelhos, tornozelos e quadris. 
(3) Manobra de suspensão vertical: consiste em segurar a 
criança pelas axilas sem agarrar o tórax, puxando-a para cima. 
A resposta esperada é a criança adotar uma posição de semi-
flexão dos membros (DUARTE, 2018, p. 41-42). O Quadro 2, a 
seguir, mostra os marcos do desenvolvimento socioemocional.
179
Devani Ferreira Pires
Allana Clarice Figueroa Cortez 
Pedro Henrique Miranda Campos
Quadro 2 – Desenvolvimento socioemocional 
Marcos de desenvolvimento socioemocional Idade
Sorriso social 01-02 meses
Início da regulação fisiológica e aprende a se acalmar 02-03 meses
Conversas por turno, vocalizações 04 meses
As interações acontecem progressivamente; estranha rostos desconhecidos, 
brinca de esconde-achou; gosta de se ver no espelho
06 meses
Participa de brincadeiras interativas como esconde-achou, acena tchau, 
bate palmas; demonstra medo; mostra o que quer, sem chorar
12 meses
Imita atividades do cotidiano da casa 15 meses
Ajuda em tarefas simples (guardar o brinquedo) 16-17 meses
Pode ter acessos de raiva; demonstra afeto; entrega objetos aos outros; procura 
o colo da cuidadora em situações novas; brinca de dar comida à boneca
18 meses
Usa colher/garfo 17-20 meses
Retira peças de roupa 20-24 meses
Demonstra independência e comportamento desafiador 24 meses
Veste-se com supervisão 26-30 meses
Demonstra preocupação se um amigo está chorando (empatia); compreende ideia de 
“meu” e “dele”; consegue vestir-se e se despir. Surgem as habilidades de brincar de fingir, 
demonstra evidências de brincadeira simbólica, usando um objeto como algo diferente
30-36 meses
Fonte: Adaptado Malik e Marwaha (2020).
180
Capítulo 12
Desenvolvimento nos primeiros três anos de idade
12.3 Conclusão
Concluindo, para assegurar a adequada vigilância do 
DNPM infantil, torna-se imprescindível a organização de 
sistemas integrados de atenção. A formação e o contínuo 
desenvolvimento profissional devem contemplar a educação 
interprofissional e o trabalho colaborativo, objetivando a 
prevenção, a identificação oportuna e o planejamento de 
projetos terapêuticos singulares para as crianças e suas 
famílias. A identificação do atraso do desenvolvimento exige 
uma rede que acolha a criança e sua família para que o seu 
potencial possa ser plenamente alcançado.
181
Devani Ferreira Pires
Allana Clarice Figueroa Cortez 
Pedro Henrique Miranda Campos
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184
Capítulo 13
Estimulação precoce no contexto neonatal 
e no seguimento ambulatorial.
Carla Ismirna Santos Alves
13.1 Introdução
O avanço científico e tecnológico do último século impulsio-
nou o desenvolvimento da neonatologia, aumentando, assim, 
as taxas de sobrevida de recém-nascidos (RN) mais imaturos 
e de muito baixo peso ao nascer. Esse aumento na sobrevida 
do RN de risco suscita questões relativas à assistência especia-
lizada, à qualidade de vida, e ao seguimento ambulatorial em 
longo prazo dessas crianças (TRONCHIN; TSUNECHIRO, 2007).Sabe-se que o prognóstico e a qualidade de vida estão 
diretamente relacionados ao grau de imaturidade fisiológica 
e anatômica de seus sistemas, ao peso, às condições de 
nascimento e às intercorrências decorrentes de suas condições 
clínicas ou do tratamento intensivo a que são submetidos. 
Dessa forma, o pré-termo, aquele que nasce antes de completar 
37 semanas de gestação e com peso inferior ou igual a 1.500g, 
também é susceptível a uma ampla variedade de problemas 
de neurodesenvolvimento (ALVES et al., 1997; BLACKBURN; 
VANDENBERG, 1998). 
Esses problemas de neurodesenvolvimento incluem: 
desorganização de comportamento, falta de atenção, 
dificuldades nas áreas de linguagem, aprendizagem, integração 
185
Carla Ismirna Santos Alves
visomotora, problemas sensoriais e perceptivos que podem se 
manifestar na primeira infância ou por ocasião do ingresso 
escolar (BENNETT, 1994; ALVES et al., 1997). Assim, o pré-
termo de muito baixo peso precisa de um número maior de 
avaliações do estado de saúde e a alta hospitalar não expressa 
a resolução dos problemas dessa população, tornando-se 
indispensável o follow up ambulatorial especializado voltado 
à detecção e intervenção precoces das intercorrências, com 
atenção especial voltada para o seguimento de crescimento, 
nutrição, funções visuais, auditivas, neuromotoras, cognitivas, 
imunização e cuidados domiciliares (MELLO, 1998).
Pode-se afirmar que os diferentes contextos de tra-
tamento que se apresentam nos ambientes hospitalar, 
ambulatorial ou domiciliar podem causar alterações físicas, 
emocionais e comportamentais na criança. Em muitos casos, 
a criança é afastada do seu lar e colocada num ambiente 
estranho, sendo obrigada a conviver com pessoas desconhe-
cidas e a seguir rotinas rígidas. Nesse contexto, ainda são 
submetidas a inúmeros procedimentos, muitas das vezes, 
dolorosos. A fisioterapia, como integrante de uma equipe 
multiprofissional, está inclusa nessa realidade, sendo, às 
vezes, percebida tanto pela criança como pelos pais como 
mais um manuseio invasivo e desagradável (CARICCHIO, 
2017). Diante do exposto, torna-se imprescindível a esti-
mulação precoce como suporte aos RN suspeitos de atraso 
do seu neurodesenvolvimento ainda na fase hospitalar e 
também no follow up após alta, uma vez que o Ministério da 
Saúde preconiza que qualquer programa de estimulação do 
desenvolvimento da criança deve ter seu início no período 
que engloba desde a concepção até os três anos de idade.
186
Capítulo 13
Estimulação precoce no contexto neonatal e no seguimento ambulatorial.
13.2 Estimulação Precoce – definição
A estimulação precoce (EP) pode ser definida como uma 
abordagem de caráter sistemática e sequencial que utiliza 
técnicas e recursos terapêuticos capazes de estimular todos 
os domínios que interferem na maturação da criança, de 
forma a favorecer o desenvolvimento motor, cognitivo, 
sensorial, linguístico e social, evitando ou amenizando 
eventuais prejuízos (HALLAL; MARQUES; BRACHIALLI, 2008). 
Sabe-se que a plasticidade neural fundamenta e justifica a 
estimulação precoce para bebês que apresentem risco em 
potencial de atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, 
pois é justamente no período de zero a três anos que o 
indivíduo é mais suscetível a transformações provocadas 
pelo ambiente externo (LIMA; FONSECA, 2004). Dessa forma, 
pode-se afirmar que a estimulação precoce tem como objetivo 
explorar esse período crítico para estimular a criança a 
ampliar suas competências, tendo como referência os marcos 
do desenvolvimento típico, diminuindo, assim, os efeitos 
negativos de uma história de riscos (PAINEIRAS, 2005). 
13.3 Estimulação precoce 
no contexto neonatal
Atualmente, observa-se uma melhora dos cuidados 
neonatais (administração de surfactante, suporte ventilatório, 
esteroide antenatal e procedimentos intrauterinos) por 
parte de uma equipe multiprofissional mais preparada para 
o tratamento intensivo neonatal aumentando a expectativa 
de sobrevivência dos recém-nascidos pré-termo (RNPT). 
Embora tenha se constatado a melhora do índice de 
187
Carla Ismirna Santos Alves
sobrevida, também se verifica que a morbidade pulmonar e 
o neurodesenvolvimento permanecem como duas grandes 
questões de interesse que precisam ser mais bem estudadas 
e acompanhadas com o intuito de minimizar as sequelas 
que possam vir a assolar esse RN de risco (TRONCHIN; 
TSUNECHIRO, 2007). 
A maioria dos pacientes internados em UTI pediátrica e 
neonatal apresenta morbidades respiratórias ou complica-
ções pulmonares decorrentes de procedimentos cirúrgicos 
ou de longos períodos submetido à Ventilação Pulmonar 
Mecânica (VPM). Sabe-se que uma vez estabilizados os parâ-
metros cardiopulmonares no paciente crítico, a atenção 
deve ser voltada ao Sistema Nervoso Central (SNC), pois sua 
estabilidade é essencial para garantir a recuperação e o de-
senvolvimento infantil (CARVALHO; SOUZA; SOUZA, 2004; 
BERK; SAMPLINER, 1991).
Diante dessa situação, programas de estimulação 
suplementar têm sido desenvolvidos com o objetivo de 
potencializar a interação do bebê com o ambiente por meio 
de estímulos sensório-motores buscando o reposicionamento 
do RN na direção da maturação fisiológica, fornecendo 
condições para que ele se auto-organize e obtenha 
respostas próximas ao padrão de normalidade, evitando a 
aprendizagem de posturas e movimentos inadequados. O 
desenvolvimento motor do primeiro ano de vida é uma fase 
extremamente delicada e rica de estímulos para o bebê, 
com mudanças complexas e interligadas, dependente tanto 
da maturação dos aparelhos e sistemas como do ambiente 
e das tarefas. Dessa forma, a intervenção motora precoce 
é de grande importância para a otimização desse processo, 
188
Capítulo 13
Estimulação precoce no contexto neonatal e no seguimento ambulatorial.
proporcionando avanços nas aquisições motoras (FORMIGA; 
PEDRAZZANI; TUDELA, 2010; BRASIL, 2016).
Nesse contexto, o Método Canguru tem um papel 
importante e indispensável como amparo à estimulação de 
RNPT defendido e preconizado pela Organização Mundial 
de Saúde e pelo Ministério de Saúde do Brasil. A posição 
canguru está baseada na manutenção do RN, em contato 
pele a pele, apenas de fraldas, na posição vertical junto ao 
peito dos pais, respeitando o tempo mínimo necessário para 
manutenção da estabilização do RN e pelo tempo máximo 
que ambos entenderem ser prazeroso e suficiente. A adoção 
da postura deve ser realizada com orientação especializada, 
pautada pela segurança e auxiliada por uma equipe de saúde 
adequadamente capacitada. A equipe de assistência ao RNPT 
orienta e estimula a posição canguru desde a internação do 
neonato na unidade de terapia intensiva neonatal (UTIN) 
a partir da estabilidade clínica do bebê e do desejo de seus 
genitores, devendo ter sequência em nível de enfermaria e 
após a alta hospitalar. O Método Canguru tem como alicerce 
5 pilares que são: cuidado integral e qualificado ao recém-
nascido, seus pais e sua família; respeito às individualidades; 
promoção do contato pele a pele precoce e prolongado; 
promoção do aleitamento materno e envolvimento da mãe e 
do pai nos cuidados com o recém-nascido (BRASIL, 2018). 
Mesmo sendo de extrema importância, a estimulação 
precoce encontra limitações no período neonatal, pois diante 
do paciente pré-termo extremo ou do RN de risco crítico, 
faz-se necessário cautela, uma vez que todo e qualquer 
procedimento pode levar à maior instabilidade. Dessa forma, 
preconiza-se, nesses casos, que a equipe da Unidade de Terapia 
189
Carla Ismirna Santos Alves
Intensiva neonatal (UTIN) adote o protocolo de manuseio 
mínimo que deve ser seguido nos primeiros 5 dias de vida, com 
o intuito de proteger a matriz germinativa de hemorragia, 
pois esse é o período de maior risco para a hemorragia peri-
intraventricular. O Quadro 1 mostra os 5 pilares do protocolo 
de manuseio mínimo (CABRAL; BRAZ, 2014).
Quadro 1 – Pilares do protocolo de manuseio mínimo
1. Manutenção da posturadorsal por 96 horas.
2. Manutenção da temperatura.
3. Não elevação dos membros inferiores na troca de fraldas.
4. Trocas de lençóis apenas se estiverem sujos.
5. Realização de procedimentos agrupados como: avaliação clínica; 
coleta de exames; fisioterapia; mudança de fraldas, entre outros.
Fonte: autoria própria.
Findado o período crítico e estando o RN estabilizado, 
deve-se iniciar a estimulação precoce. No período neonatal, 
o objetivo da estimulação precoce deve ser voltado para iden-
tificar e intervir precoce e adequadamente nos problemas do 
desenvolvimento motor; eliminar as reações posturais indese-
jadas e facilitar a motricidade normal; favorecer, por meio de 
manobras e técnicas realizadas de forma passiva, que o RN se 
desenvolva de forma adequada, sem complicações no sistema 
musculoesquelético; aumentar o limiar de sensibilidade tátil 
e cinestésica do RN; promover integração entre os familiares 
e o RN; favorecer a interação do bebê com estímulos visuais, 
auditivos e táteis. O Quadro 2 demonstra, de forma resumida, 
os pontos que devem ser priorizados na estimulação precoce 
durante o período neonatal (IZUMI; FUJISAWA; GARANHANI, 
2011; FELTRIM, [201-]; LANZA et al., 2012).
190
Capítulo 13
Estimulação precoce no contexto neonatal e no seguimento ambulatorial.
Quadro 2 – Pontos prioritários da estimulação precoce neonatal.
Estimulação das 
Aquisições Motoras
A estimulação neurosensoriomotora deve tomar como base as aquisições neuromoto-
ras próprias à idade pós-natal e deve ocorrer de forma a favorecer o desenvolvimento 
neuropsicomotor normal que se dá no sentido céfalo-caudal. Se o RN for pré-termo, 
deve-se corrigir a idade para só então estimar o atraso que ele possa vir a apresentar.
Estimulação Tátil A estimulação tátil tem como objetivo diminuir a aversão ao toque e os sinais de 
estresse do RN; favorecer a integração do RN com o meio e proporcionar matura-
ção dos reflexos primitivos, além de facilitar o desenvolvimento da percepção. A 
estimulação tátil deve ser realizada pelo toque das mãos do terapeuta por meio de 
manuseios firmes, no entanto, suaves e lentos no sentido céfalo-caudal, no tronco e 
caudo-cefálico nos membros e na cabeça (sentido da contração dos principais múscu-
los). A literatura recomenda que a estimulação tátil ocorra entre 5 a 15 minutos. Para 
a estimulação tátil, podem ser utilizadas texturas diferentes, como algodão e gaze.
Estimulação Visual A visão deve ser estimulada promovendo a organização comportamental e a estabili-
dade fisiológica do RN. Na execução da estimulação visual, devem-se utilizar figuras 
simples, com grandes contrastes (preto e branco); no RNPT, o tempo de fixação deve 
ser de 1,5 a 2,5 segundos com uma distância de 18 a 21 cm à frente da sua face; no 
RNT, o tempo de fixação deverá ser de 3 a 10 segundos a uma distância de 20 a 30 cm 
à frente de sua face; iniciar o deslocamento lentamente e variar progressivamente 
a velocidade, movimento e direção; orientar a mãe a mostrar sua face sem falar, por 
10 a 15 segundos e, após esse tempo, emitir algum som e estabelecer contato efetivo.
191
Carla Ismirna Santos Alves
Estimulação Auditiva Tem como objetivo promover o ganho de peso, diminuição do comportamento 
de estresse, diminuição do tempo de hospitalização e aumento dos níveis de 
saturação. A estimulação auditiva deve iniciar a partir da 28ª semana de idade 
gestacional corrigida; a música cantada tem demonstrado eficácia superior em 
relação à música gravada ou à inexistência de música; em caso da utilização de 
músicas gravadas, colocar apenas pequenas caixas de som na parte superior da 
incubadora do RN para que a distribuição do estímulo sonoro seja uniforme.
Estimulação Vestibular Tem como objetivo facilitar o controle cervical; ajudar a consolar o RN; auxiliar o 
despertar e a manutenção do alerta, além de promover sensação de segurança e 
organização. A estimulação vestibular deve iniciar na posição canguru ou no colo 
seguido de balanço do RN nas direções ântero-posterior e latero-lateral, de forma 
suave; pode ser realizado também em rede, na bola, em colchões d’água ou cadeira de 
balanço seguindo as mesmas direções de movimento realizadas na postura canguru.
Estimulação 
Proprioceptiva
Tem como objetivo minimizar lesões iatrogênicas e favorecer a organização da 
postura flexora fisiológica e o equilíbrio das cadeias cinéticas, além de promover o 
alongamento da região cervical, cinturas escapular e pélvica. Para realizar a estimu-
lação proprioceptiva, deve-se posicionar o RN em decúbito lateral apoiado em uma 
das mãos do terapeuta, inclinado a 30°; deslizar a cabeça e o pescoço para a lateral 
enquanto o ombro oposto é rebaixado suavemente, soltar vagarosamente o ombro 
e retornar a cabeça para a linha média. Repetir o movimento para o outro lado.
Fonte: autoria própria.
192
Capítulo 13
Estimulação precoce no contexto neonatal e no seguimento ambulatorial.
A literatura relata que a estimulação neurosensorio-
motora (ENSM) deve ser realizada em dias alternados, 
revezando com a fisioterapia motora. Não deve ultrapassar 
o tempo de 15 minutos. Devem-se respeitar os desequilí-
brios hemodinâmicos, períodos de sono e vigília e não 
deve ser realizada em pacientes com risco de Hemorragia 
Peri-ventricular (HPV) e em pacientes com menos de 
72 horas de vida (IZUMI; FUJISAWA; GARANHANI, 2011; 
FELTRIM, [201-]; LANZA et al., 2012).
13.4 Estimulação precoce no 
segmento ambulatorial
Como relatado anteriormente, por ocasião da 
alta hospitalar, não se findam os riscos de desvios do 
neurodesenvolvimento da criança de risco. Dessa forma, a 
estimulação neurosensoriomotora deve ter continuidade no 
follow up ambulatorial especializado, sendo imprescindível 
que as atividades também tenham continuidade nos cuidados 
domiciliares. Em relação ao recém-nascido de risco, a 
Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda um Ambulatório 
de Atenção Integral ao Desenvolvimento de Recém-Nascidos 
de risco que deve ter como objetivo uma intervenção 
profilática, a identificação e a terapêutica precoce dos desvios 
de crescimento e das deficiências motoras, visuais, auditivas, 
de linguagem, mental e cognitiva, com visão global centrada 
na criança e em sua família.
Quanto ao acompanhamento da criança egressa de UTI 
Neonatal, destacamos a importância do trabalho em rede, 
proporcionando à criança a promoção da saúde, inclusive 
193
Carla Ismirna Santos Alves
com o desenvolvimento de ações para prevenção de agravos, 
contribuindo, assim, para que ela possa desenvolver todo 
seu potencial (SILVA, 2005). A integralidade da assistência à 
saúde é percebida na articulação institucional, intencional e 
processual das múltiplas integralidades focalizadas, visto que 
cada serviço de saúde vitaliza fluxos a partir das necessidades 
das pessoas e da população, ou seja, pela escuta, compreende 
as necessidades do usuário aumentando, desse modo, a 
capacidade e a possibilidade de intervenção por parte dos 
profissionais de saúde, preocupados com os problemas que as 
pessoas e ou a comunidade demandam aos serviços de saúde 
(FURTADO et al., 2010).
O acompanhamento regular na primeira infância 
e avaliações fisioterapêuticas programadas permitem 
detectar de forma precoce desvios ou atrasos, orientar 
os pais sobre as características da criança pré-termo, 
ensinar princípios básicos de estimulação sensório-motora, 
registrar e acompanhar dados sobre o crescimento e o 
desenvolvimento das crianças em seguimento na caderneta 
infantil. Por isso, quanto mais precoces as intervenções, 
maiores as chances de minimizar os riscos de desvios do 
desenvolvimento (DAVID et al., 2013).
A estimulação neurosensoriomotora deve ter como base 
os marcos do desenvolvimento infantil típico no primeiro ano 
de vida e deve ser trabalhada de maneira a favorecer essas 
aquisições. O Quadro 3 sugere uma sequência de atividades 
que deve ser priorizada na estimulação neurosensoriomotora 
no primeiro ano de vida.
194
Capítulo 13Estimulação precoce no contexto neonatal e no seguimento ambulatorial.
Quadro 3 – Estimulação neurosensoriomotora no primeiro ano de vida.
Inicie a estimulação observando bem o bebê: pos-
tura, movimentos, comportamento e contato visual. 
Identifique se há sinais de estresse, choro, descon-
forto, irritabilidade, cansaço, sono ou fome.
Estabeleça uma boa comunicação.
O que fazer: 
- Conversar com o bebê
- Tocar/fazer massagem
- Manter contato visual
- Brincar/Cantar/Sorrir
- Estimular posturas adequadas
Durante os primeiros meses, o mais importante é fortalecer 
os músculos do pescoço, dos membros superiores e das 
costas. Isso ajudará o bebê a adquirir o controle da cabeça. 
• ATENÇÃO – para esse exercício, as mãos da mãe/pai ou do(a) 
cuidador(a) devem apoiar os braços e ombros do bebê.
• Deitar o bebê de barriga para cima e o trazer para 
a posição sentada. Depois, deitá-lo novamente.
Esse exercício pode ser realizado durante as trocas das fraldas.
Repetir esse movimento 5 (cinco) vezes, lentamente. 
195
Carla Ismirna Santos Alves
Deitar o bebê de barriga para baixo e proporcionar apoio 
mantendo os antebraços do bebê sobre o colchonete, segu-
rar a fronte (testa) para que ele consiga elevar a cabeça. 
Você pode colocar na frente do bebê brinque-
dos coloridos ou que produzam som.
Repetir esse movimento 5 vezes.
A partir de 4 meses de idade.
Deitar o bebê de barriga para cima, trazer o bebê para 
a posição sentada, segurando-o pelos antebraços. 
Realizar este movimento 5 vezes, lentamente. 
Repetir durante as trocas de fraldas.
196
Capítulo 13
Estimulação precoce no contexto neonatal e no seguimento ambulatorial.
 
Deitar o bebê de barriga para baixo e estimular o olhar 
nos dois sentidos (direita e esquerda) com um brinquedo 
colorido. Colocar o brinquedo a uma distância de apro-
ximadamente 20 a 30 centímetros do rosto do bebê. 
Estimular a visão utilizando um espelho e obje-
tos ou brinquedos bem coloridos.
O bebê irá apoiar-se, ora sobre um antebraço, ora sobre o 
outro, transferindo o peso do corpo de um lado para o outro, 
de acordo com o lado em que estiver voltado o olhar. 
Repetir o movimento 5 vezes para cada lado.
Exercício com o rolo 
Esse exercício tem como objetivo facilitar o controle do tronco. 
O rolinho pode ser elaborado com len-
çol, toalha ou travesseiro enrolado.
Colocar o rolinho por baixo do tórax do bebê.
197
Carla Ismirna Santos Alves
Exercício de alongamento dos membros superiores 
Iniciar com os braços do bebê ao longo do corpo, segurar 
as mãos do bebê e estender os braços no sentido horizontal 
(como asas de avião). Sustentar a posição de alongamento 
durante trinta segundos, aproximadamente, depois 
posicionar os braços próximos ao corpo novamente.
Repetir este movimento 5 vezes.
Exercício
Aproximar braços e mãos do bebê na linha média, no 
campo de visão do bebê, estimular o toque das mãos 
e manter por trinta segundos, aproximadamente.
Repetir este movimento 5 vezes. 
Realizar esse exercício a cada troca de fralda.
198
Capítulo 13
Estimulação precoce no contexto neonatal e no seguimento ambulatorial.
Sustentação do bebê no colo (a partir de 4 meses de idade)
Sentar o bebê sobre o seu antebraço, e com o outro antebraço 
e mão apoiar barriga e peito do bebê contra o seu corpo.
Essa postura contribui para o controle da cabeça, do 
pescoço e o sentar com apoio, além de ajudar o bebê 
a explorar mais o ambiente e estimular a visão.
Estimulação para o rolar (a partir de 4 meses de idade)
Segurar o bebê e estimular o rolar para os lados.
Para incentivar o deslocamento do bebê, colo-
car brinquedos no campo de visão.
199
Carla Ismirna Santos Alves
Exercícios de flexão dos membros inferiores
Flexionar os joelhos e o quadril, e aproxi-
mar as coxas sobre o abdome (barriga).
Manter essa posição por, aproximadamente, trinta segundos.
Repetir, lentamente, 5 vezes.
 
Realizar flexão e extensão alternadas dos membros inferio-
res, como o pedalar em bicicleta, de forma lenta e suave. 
Repetir esse movimento 5 vezes em cada membro.
200
Capítulo 13
Estimulação precoce no contexto neonatal e no seguimento ambulatorial.
Estimular a posição com quatro apoios (posição de gato)
A partir do 3° trimestre 
Posicionar braços estendidos, joelhos dobrados e 
rolinho de apoio abaixo do abdome (barriga). 
Acrescentar, quando o bebê se encontrar na posi-
ção de gato, o deslocamento para frente e para 
trás, incentivando o posterior engatinhar. 
Após o engatinhar sem dificuldade, podem-se ini-
ciar os estímulos para ficar de pé com apoio, ficar de 
pé sem apoio, andar com apoio e andar sem apoio. 
Essa última é uma etapa com muita variação.
Fonte: autoria própria.
201
Carla Ismirna Santos Alves
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Capítulo 13
Estimulação precoce no contexto neonatal e no seguimento ambulatorial.
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205
Capítulo 14
Desenvolvimento da linguagem e da 
fala nos primeiros anos de vida
Amanda Rose Alves Jorge 
Vanessa Giacchini
A aquisição da linguagem inicia antes mesmo do nascimento, 
pois, ainda na gestação, há o desenvolvimento e a maturação 
de estruturas neurológicas que são responsáveis pelo proces-
samento dos sons e, consequentemente, da linguagem. Isso 
faz com que, ao nascimento, as estruturas responsáveis pela 
linguagem já estejam em desenvolvimento.
O choro, que inicialmente é considerado um ato reflexo, é 
o primeiro meio de comunicação das crianças até os 3 meses 
de idade. As características acústicas do choro variam de 
acordo com a demanda da criança e essa comunicação é inter-
pretada pelo cuidador a partir do vínculo e interação com 
o bebê. O choro é considerado uma forma de se comunicar, 
sendo o único meio pelo qual a criança consegue interagir 
com o adulto que atribui diferentes significados e padrões de 
respostas para o choro do bebê.
Dos 3 meses aos 5 meses de vida, é observada a produção 
de sons vocálicos como “a”, “o”, sendo estes repetitivos, 
com diferentes modulações. Além disso, pode ser vista a 
presença de murmúrio, ou seja, de sons que se assemelham 
às “reclamações”. Porém, esses sons produzidos ainda 
não possuem significados, tampouco há a presença de 
entonação da fala.
206
Capítulo 14
Desenvolvimento da linguagem e da fala nos primeiros anos de vida
A partir dos 6 meses, a criança começa a brincar com 
os sons da fala. É nesse momento que surge a “produção 
de palavras” como “mamama” e “papapapa” que irão se 
ajustando de acordo com o feedback auditivo e a interação com 
as pessoas. É durante essa fase que é observada a imitação 
de algumas das sílabas feitas pelos adultos à sua volta. Às 
produções vocálicas nos bebês, nessa faixa etária, ainda não 
são atribuídos significados, quem imprime o significado às 
produções são os adultos que interagem com ele. 
Por volta dos 9 meses, os sons que as crianças produzem 
possuem a entonação da língua apesar de não terem sentido 
para quem o escuta. Com isso, já é capaz de utilizar gestos 
sociais como: dar tchau, movimentos de cabeça para represen-
tar o sim e o não. Nesse período, o bebê utiliza a comunicação 
como um ato intencional, ou seja, ele passa a reconhecer o 
outro como uma possibilidade de atender os seus pedidos, pas-
sando, assim, a chamar a atenção para si quando necessário.
Todo esse processo é importante para possibilitar o sur-
gimento das primeiras palavras, pois, apesar de não serem 
verbais ou não serem carregadas de significados na sua produ-
ção, são considerados os precursores da linguagem oral. Entre 
os 10 e 12 meses, surgem as primeiras palavras atribuídas de 
significados com cerca de 3 palavras por semana. As primeiras 
palavras são, geralmente, as de maior frequência, ou seja, as 
que ela escuta mais vezes. Sendo consideradas como “palavras 
funcionais”, a criança produz aquelas palavras que têm uma 
função específica para o cotidiano dela. Porém, já é possível 
perceber que a criança compreende muito mais do que con-
segue falar. A partir dos doze meses, a criança já reconhece o 
significado de ordem como “não”, “venha aqui”, “me dá”. 
207
Amanda Rose Alves Jorge 
Vanessa Giacchini
A partir da aquisição das primeiras palavras, a criança 
entra em uma fase de crescimento de aquisição de novas 
palavras. Por volta dos 24 meses, é esperado que a criança 
possua entre 50 a 200 palavras, sendo considerada a “explosão 
no vocabulário”. Nessa fase, a criança adquire em torno de 8 
palavras novas por semana.
As frases passam a ser construídas, apresentando inicial-
mente 2 palavras, que geralmente são substantivos, seguidas 
de verbos e adjetivos. Com o aprimoramento das frases, pre-
posições, conjunções, advérbios e pronomes são utilizados 
para complementar a fala da criança. 
Aos 3 anos de idade, a fala está totalmente fluente e, apesar 
de comumente não iniciarem uma conversa, conseguem 
manter o significado de cada frase no contexto do diálogo. São 
capazes de descrever pequenas situações, quando solicitadas, 
assim como narrar uma pequena história que geralmente são 
as mais presentes na realidade daquela criança. 
Apesar de a criança ter adquirido as palavras, estas não 
são produzidas corretamente, pois os fonemas, ou seja, os 
sons das letras nas palavras, apresentam-se em fase de aqui-
sição até aproximadamente os 5 anos de idade. Entretanto, 
existem idades de domínio de cada som, com o avanço da 
idade, as crianças passam a produzir menos erros na fala. 
Por exemplo, uma criança que aos 3 anos em vez de “suco” 
falava “tuco”; aos 4 anos, ela já possui a capacidade de pro-
duzir essa palavra corretamente. 
A aquisição dos fonemas da língua segue um padrão muito 
parecido entre as crianças, mas isso não significa que todas 
vão ter o mesmo desenvolvimento. As pesquisas mostram 
que inicialmente, até a idade de 2 anos, 2 anos e 6 meses, a 
208
Capítulo 14
Desenvolvimento da linguagem e da fala nos primeiros anos de vida
criança produz mais sons como “p”, “b”, “t”, “d”, “k”, “g”, “f”, 
“v”. Esses seriam os sons mais fáceis para ela nessa fase de 
crescimento e maturação cerebral. Mas os estudos mostram 
que até aproximadamente os 4 anos, a criança já é capaz de 
produzir todos os sons da sua língua corretamente, sendo que 
palavras que contenham encontros consonantais, palavras 
muito longas e aquelas não comuns ao cotidiano da criança 
podem permanecer com alguns erros.
Assim, se uma criança aos 2 anos não fala, ou fala muito 
pouco, é importante fazer uma avaliação fonoaudiológica 
para analisar o que está acontecendo e interferir se algo está 
inadequado. Essa avaliação refere-se às questões tanto do 
desenvolvimento da linguagem como da audição da criança.
Algo essencial que favorece o desenvolvimento da aqui-
sição da linguagem é a brincadeira, pois é uma forma de 
comunicar-se e que mais se assemelha ao cotidiano, possi-
bilitando o aprendizado de como reagir aos desafios que irá 
enfrentar no decorrer da vida. Além disso, é na brincadeira 
que a imaginação se desenvolve e, esta, por sua vez, rela-
ciona-se diretamente com os aspectos físico, social, cultural, 
afetivo e cognitivo. 
Portanto, a aquisição da linguagem tem importantes 
marcos que devem ser observados:
209
Amanda Rose Alves Jorge 
Vanessa Giacchini
Quadro 1- Marcos do desenvolvimento da linguagem
Idade Marcos do desenvolvimento da linguagem
0-3 meses Choros com diferentes entonações 
para diferentes situações
3-5 meses Produção das vogais de forma 
repetitiva e sem significado
6 meses Produção de vogais mais consoantes
Ex. “papapa”,”mamama”
9 meses Surge a intenção comunicativa, produção de 
sons com entonação da língua – jargões
10-12 meses Produção de primeiras palavras com significados
12-18 meses Compreende ordens simples
3 anos Fala fluente com manutenção de discurso
4 anos Todosos sons da língua são produzidos corretamente
5 anos Todos os encontros consonantais são 
produzidos corretamente
Fonte: Elaboração das autoras.
O cuidado no desenvolvimento da linguagem, a inte-
ração entre a criança e outras crianças e com adultos irá 
auxiliar e aprimorar cada vez mais a capacidade de a criança 
se comunicar. Os jogos eletrônicos não são recomendados 
nessa fase inicial, pois eles não fornecem algo importantís-
simo: a interação. 
A fala e a linguagem da criança se desenvolverão a partir 
da conversação com o outro, nas brincadeiras, percebendo as 
diferenças de entonação na voz das pessoas, suas expressões 
faciais, seus gestos, características muito particulares que não 
são possíveis nas interações com telas. O bom desenvolvimento 
da linguagem nos primeiros anos de vida é fundamental para 
210
Capítulo 14
Desenvolvimento da linguagem e da fala nos primeiros anos de vida
um melhor desempenho nas demandas que surgirão para a 
criança, como o processo de alfabetização. Cuidar desse início 
é primordial para um adequado desempenho da criança nos 
anos futuros.
Em caso de dúvidas sobre como está o desenvolvimento 
da linguagem ou da fala da criança, é importante procurar 
um fonoaudiólogo para uma avaliação formal. Essa consulta 
deve ocorrer o quanto antes, uma vez que o trabalho de 
estimulação precoce auxilia muito para o adequado desen-
volvimento da linguagem. 
Nos casos de atraso de linguagem ou de fala, a estimulação 
precoce irá ajudar muito a criança a superar essa dificuldade. O 
auxílio do profissional de fonoaudiologia irá minimizar ou até 
eliminar possíveis alterações que, se não tratadas de maneira 
precoce, podem ser um problema futuro para a criança.
211
Amanda Rose Alves Jorge 
Vanessa Giacchini
Referências
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WAJSKOP, G. Brincar na pré-escola. São Paulo: Cortez, 1995.
212
Capítulo 15
Importância da saúde mental no 
ciclo gravídico-puerperal
Ana Catarina Vieira de Menezes
15.1 Introdução
A gestação é um período que acarreta diversas mudanças 
na vida da mulher, que abrange aspectos sociais, familiares, 
conjugais e, sobretudo, pessoais (ALMEIDA; ARRAIS, 2016). 
Tais transformações perpassam uma importante transição 
existencial e podem desencadear uma sobrecarga emocional à 
mulher durante a gravidez (SARMENTO; SETÚBAL, 2003).
O progresso do conhecimento dos fenômenos em obste-
trícia tem possibilitado o desenvolvimento de habilidades 
essenciais a médicos, enfermeiros e profissionais que pres-
tam assistência à mulher durante o período gestacional. 
Todavia, as condutas baseadas somente nos processos fisio-
lógicos não são suficientes (BRASIL, 2005). Na atualidade, as 
questões emocionais da gravidez, do parto e do puerpério 
são largamente reconhecidos, o que implica a adoção, pelos 
profissionais de saúde, de uma visão holística da mulher, 
levando em conta a sua história, o contexto de vida e seus 
sentimentos (BRASIL, 2005).
Seguindo essa proposta de atenção integral e integrada, o 
pré-natal psicológico é um conceito novo e complementar ao 
pré-natal tradicional, com foco sobre os cuidados humanizados 
durante a gestação e o parto, buscando uma maior implicação 
213
Ana Catarina Vieira de Menezes
dos pais no exercício da parentalidade (ARRAIS; MOURÃO; 
FRAGALLE, 2014).
Desse modo, os benefícios dos cuidados psicológicos no 
pré-natal não se limitam ao período gravídico. As interações 
com o outro e como o mundo são apresentadas a uma criança 
desde os períodos mais iniciais e têm repercussões em etapas 
posteriores da vida, como a formação de laços afetivos e 
o desenvolvimento do apego seguro. Nessa perspectiva, 
contribuir para que mães, pais e/ou cuidadores acreditem em 
si próprios e, assim, consigam proporcionar um lar no qual 
essas crianças possam crescer e desenvolver-se é uma das 
atribuições do profissional de saúde (WINNICOTT, 2015).
15.2 As principais demandas psicológicas 
no curso da gravidez e no pós-parto
Conforme Sarmento e Setúbal (2003), no decorrer da 
gestação, é possível verificar a presença de ansiedades típicas, 
que podem ser dispostas de acordo com a divisão de trimestres, 
haja vista serem mais frequentes em determinados momentos, 
embora não restrito a eles, as quais serão sistematizadas no 
Quadro 1, a seguir. 
Quadro 1- Ansiedades típicas do período gestacional. 
Primeiro trimestre Segundo trimestre Terceiro trimestre
Ambivalência 
entre querer e não 
querer a gravidez
Introversão e 
passividade
Ansiedades 
intensificadas pela 
proximidade do parto
Medo de abortar Alteração do desejo e 
desempenho sexual
Medo da dor do parto
214
Capítulo 15
Importância da saúde mental no ciclo gravídico-puerperal
Oscilações do 
humor (aumento 
da irritabilidade)
Alteração do 
esquema corporal
Medo da morte
Modificações corporais 
e desconfortos
Percepção dos 
movimentos fetais 
e seu impacto 
(presença do filho 
é concretamente 
sentida)
Aumento das 
queixas físicas
Fonte: Adaptado de Sarmento e Setúbal (2003).
Do mesmo modo que a gravidez, o puerpério é um período 
vulnerável a crises em decorrência das profundas mudanças 
advindas após o parto e com a chegada do bebê (MALDONADO, 
2017). O baby blues costuma surgir nos primeiros dias após o 
nascimento do bebê, sendo o auge no quarto ou quinto dia 
após o parto. Os principais sintomas são: choro fácil, labili-
dade do humor, irritabilidade e comportamento hostil para 
com familiares e acompanhantes. Os referidos sintomas desa-
parecem de modo espontâneo, no máximo, em duas semanas 
(CAMACHO et al., 2006). A depressão pós-parto, enquadrada 
na depressão maior, caracteriza-se pela presença de humor 
deprimido ou perda de interesse ou prazer em todas ou 
quase todas as atividades na maior parte do dia, quase todos 
os dias, durante um período de duas semanas (AMERICAN 
PSICHYATRIC ASSOCIATION, 2014).
15.3 Sinais de alerta e 
possibilidades de cuidados
A despeito da frequência, da ocorrência e da importância 
dos transtornos mentais no ciclo grávido puerperal, o 
diagnóstico nesse período pode ser difícil em face da linha tênue 
215
Ana Catarina Vieira de Menezes
entre o patológico e o fisiológico, gerando, assim, dúvidas em 
obstetras, clínicos, pediatras e demais profissionais da saúde 
envolvidos nos cuidados da díade mãe-bebe (CAMACHO et al., 
2006). Entre as particularidades clínicas, pode-se elencar como 
sinais de alerta: comportamento ansioso mais proeminente, 
relatos de sentimentos ambivalentes em relação ao bebê, 
pensamentos recorrentes de causar-lhe danos, pensamentos 
de agressividade contra seus filhos e relato de opressão pela 
responsabilidade de cuidar dos filhos (CAMACHO et al., 2006).
A esse respeito, Sarmento e Setúbal (2003) frisam a 
importância de se ficar atento a sintomas que se caracterizem 
como mais desestruturantes e que fogem daadaptação 
“normal”, típica do puerpério. As autoras ressaltam que 
“normal” não se refere a dados puramente estatísticos em 
relação ao que ocorre com a faixa média. Nesse sentido, 
é importante correlacionar com o histórico dessa mulher 
antes do estado gravídico-puerperal e com a sua capacidade 
adaptativa ou a resiliência frente às diversas situações da vida 
(AUGRAS, 2013).
Segundo Camacho e colaboradores (2006), trabalhos 
recentes demonstram os benefícios da utilização de esca-
las de autoavaliação nos serviços de atendimento primá-
rio para a triagem de mulheres com suspeita de depressão 
pós-parto. As escalas contribuem para a identificação de 
mães que necessitam de avaliação mais atenta e trata-
mento. A Edinburgh Postnatal Depression Scale (EPDS) é um 
instrumento utilizado com essa finalidade.
São reconhecidas como fatores de risco ou predisponentes 
as seguintes condições: ser primípara; ser mãe solteira; 
conflitos e falta de apoio conjugal; evento de vida estressante; 
216
Capítulo 15
Importância da saúde mental no ciclo gravídico-puerperal
falta de apoio familiar e social; histórico pessoal ou familiar 
de doença psiquiátrica; complicações obstétricas durante 
a gravidez ou imediatamente pós-parto; parto traumático; 
parto múltiplo e prematuro; abortos anteriores; partos de 
natimorto ou síndrome de morte súbita infantil; e a idealização 
da maternidade (ARRAIS; MOURÃO; FRAGALLE, 2014). No 
que tange às possibilidades de cuidado, Maldonado (2017) 
sugere a psicoterapia breve na gravidez e no pós-parto, tanto 
individualmente quanto em grupos; grupos de preparação 
para a maternidade e paternidade, ações em comunidades e 
outras frentes de trabalho, tais como programas de incentivo 
à participação do pai nos cuidados precoces com o bebê; e 
grupos de apoio presenciais e on-line quando os bebês nascem 
com problemas de saúde.
15.4 Considerações finais
As mulheres durante o período gestacional e do puerpério, 
regularmente, são acompanhadas por seus obstetras, 
enfermeiras, fisioterapeutas, nutricionistas, pediatras dos 
seus filhos (CAMACHO et al., 2006), o que faz da saúde mental 
da mulher – gestante, puérpera e mãe – um cuidado a 
ser compartilhado entre todos os que atuam na atenção 
primaria à saúde. Diante da realidade brasileira na qual os 
médicos são, com frequência, obrigados a fazer atendimentos 
de um grande número de pacientes em pouco tempo, as escalas 
de autoavaliação nos serviços de atendimento primário 
tornam-se instrumentos valorosos, sobretudo por serem 
práticos, podendo ser aplicados por profissional diverso do 
médico e por ser de baixo custo (CAMACHO et al., 2006).
217
Ana Catarina Vieira de Menezes
Ressalta-se que o objetivo básico dos cuidados com a 
saúde mental das gestantes e puérperas não é a “cura” e, sim, 
facilitar a elaboração da nova situação, em uma tentativa de 
melhorar o funcionamento presente e futuro (MALDONADO, 
2017), proporcionando o estabelecimento de um vínculo está-
vel e consistente entre a mãe e o bebê. Por fim, enfatizamos 
que a gravidez, o parto e os primeiros anos de vida represen-
tam um período de grande importância para a construção das 
bases para a saúde e o bem-estar futuros. Estudos demostram 
que vínculos estáveis e afetivamente significativos na ges-
tação e nos primeiros anos de vida, aliados à boa nutrição, à 
estimulação apropriada e a experiências ricas de aprendiza-
gem oferecem benefícios em longo prazo, contribuindo para a 
formação dos alicerces de uma sociedade sólida e sustentável 
(MALDONADO, 2017; OMS, 2020).
218
Capítulo 15
Importância da saúde mental no ciclo gravídico-puerperal
Referências
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ARRAIS, Alessandra da Rocha; MOURÃO, Mariana Alves; 
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219
Ana Catarina Vieira de Menezes
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220
Capítulo 16
Cardiopatia congênita, quando suspeitar 
e como realizar a triagem: do período 
gestacional ao período neonatal
Thiago Chagas de Amorim
Raimundo Gabriel do Nascimento Lira
Gisele Correia Pacheco Leite
16.1 Introdução
A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) define Cardiopatia 
Congênita (CC) como qualquer anormalidade na estrutura ou 
função do coração que surge nas primeiras oito semanas de 
gestação quando se forma o coração do bebê (SBC, [201-]). 
Essa alteração ocorre por uma alteração no desenvolvimento 
embrionário da estrutura cardíaca, mesmo que os sintomas e 
diagnósticos sejam mais tardios (SBC, [201-]). Dentre as CCs 
mais frequente, destacam-se comunicação interventricular 
(CIV), comunicação interatrial (CIA), persistência do canal 
arterial (PCA) e estenose pulmonar (EP) (LINDE et al., 2011).
As CCs afetam cerca de 10 a 12 indivíduos para cada 
1.000 nascidos vivos, e responde por 40% das malformações 
congênitas (MC) (HOFFMAN; KAPLAN, 2002; LINDE et al., 2011; 
WREN, 2012; ROSA et al., 2013). No Brasil, estima-se que nasçam 
cerca de 29 mil crianças por ano com CC (BRASIL, 2017), porém, 
dados no DATASUS apontam para apenas 2.864 casos de MC 
do aparelho circulatório em 2017 (BRASIL, 2019). Supõe-se 
221
Thiago Chagas de Amorim
Raimundo Gabriel do Nascimento Lira
Gisele Correia Pacheco Leite
que essa divergência seja fruto da ausência do diagnóstico6 ou 
subnotificação, uma vez que a mortalidade por CC na infância 
é muito maior do que o registro de nascidos vivos com CC, 
tornando-a a terceira causa de óbito no período neonatal. 
Nesse cenário de dificuldades de vigilância e assistência à 
saúde, outrodado se torna alarmante: cerca de 80% dos casos 
necessitam de cirurgia cardíaca como opção de tratamento 
(SOARES, 2018), porém, falta uma assistência adequada. Isso 
consolida as CC como uma das principais causas de morte de 
crianças em seu primeiro ano de vida (ROSA et al., 2013).
Assim, o objetivo principal deste capítulo é sensibili-
zar para o diagnóstico precoce da CC, abordando a triagem 
pré-natal e neonatal, bem como o período até os 05 anos de 
idade, colaborando na formação de estudantes e profissio-
nais da saúde, impactando em melhorias na assistência à 
saúde das crianças.
16.2 Reconhecendo a 
Cardiopatia Congênita
Período fetal 
A triagem das CCs pode ser dividida em dois momentos 
diferentes: pré-natal e pós-natal. As estratégias utilizadas 
em cada triagem são realizadas com base na relação entre 
beneficência e maleficência, e recursos tecnológicos 
disponíveis. Durante a fase pré-natal para o diagnóstico 
precoce de CC faz-se o ecocardiograma fetal, exame “padrão 
ouro” na investigação das alterações morfofuncionais e de 
ritmo do coração do feto. 
222
Capítulo 16
Cardiopatia congênita, quando suspeitar e como realizar a 
triagem: do período gestacional ao período neonatal
O coração do feto já está com as suas quatro cavidades 
formadas a partir de 08 semanas de idade gestacional 
(IG). Porém, somente a partir da 18ª semana que é possível 
a visualização de todas as estruturas cardíacas pelo 
ecocardiograma fetal (ECOF) transabdominal. As melhores 
imagens, no entanto, são obtidas entre 24 e 28 semanas 
de IG, quando o coração já apresenta dimensões maiores, o 
feto se movimenta bem e os ossos não constituem barreira 
significativa ao ultrassom. Vale ressaltar que a avaliação 
precoce do coração pode ser feita após a 14ª semana de IG por 
via transvaginal. Em geral, esse exame é indicado à gestante 
com alto risco para cardiopatia fetal, particularmente quando 
a triagem ultrassonográfica obstétrica do primeiro trimestre 
é indicativa de malformações cardíacas ou anomalia cardíaca 
específica (LOPES et al., 2003; PEDRA et al., 2019).
Na impossibilidade de se realizar ECOF como rastreio de 
cardiopatias em nível populacional, utilizam-se os fatores 
de riscos maternos (Quadro 1), fetais (Quadro 2) e familiares 
(Quadro 3) como triagem para indicação do exame. Entretanto, 
é fundamental ressaltar que mais de 90% das malformações 
cardíacas ocorrem em fetos sem qualquer fator de risco 
gestacional (PINTO; WESTPHAL; ABRAHÃO, 2018). 
No Quadro 1, encontramos os principais fatores de riscos 
associados ao histórico da genitora. Entre eles, está bem 
documentada a associação de CC com: diabetes mellitus; 
fenilcetonúria com concentrações de fenilalanina acima de 
10mg/dl no sangue; lúpus eritematosos sistêmicos (LES), e 
sorologia positiva para anticorpos SSA e SSB – sendo necessária 
a realização do ECOF nessas situações. 
223
Thiago Chagas de Amorim
Raimundo Gabriel do Nascimento Lira
Gisele Correia Pacheco Leite
Quadro 1 - Fatores de risco materno para que o feto desenvolva cardiopatia 
congênita e sua indicação para o ecocardiograma fetal.
Fator de Risco Materno 
para que o feto desenvolva 
cardiopatia congênita
Indicação de 
ecocardiograma 
fetal?
Observações
Diabetes Mellitus (DM) Sim DM prévio à gestação tem maior associação com CC 
(principalmente as críticas) do que o DM gestacional (DMG).
DMG: o feto pode evoluir com disfunção ventricular, 
hipertrofia septal assimétrica e outros, principalmente 
quando há o descontrole glicêmico. 
Fenilcetonúria Sim, se o nível de 
fenilalanina for 
maior que 10 mg/dl
Somente para os casos do primeiro trimestre.
Doenças autoimunes
Lúpus eritematoso 
sistêmico (LES)
Sorologia para anticorpo 
SSA e SSB positiva
Sim No caso do LES, há forte associação com bloqueio 
atrioventricular ou serosites no feto. 
O ecocardiograma fetal deve ser realizado no 
início do segundo trimestre da gestação até a 28ª 
semana; se houver arritmia descompensada, pode 
haver necessidade de controle ecocardiográfico 
seriado, até com um intervalo de 1-2 semanas. 
224
Capítulo 16
Cardiopatia congênita, quando suspeitar e como realizar a 
triagem: do período gestacional ao período neonatal
Medicação Teratogênica:
Anticonvulsivantes, lítio, 
Ácido Retinóico (Análogo à 
Vitamina A), paroxetine
Considerar a 
prescrição
Algumas medicações estão altamente relacionadas à CC, 
tais como lítio e forte associação com Anomalia de Ebstein. 
Anticonvulsivantes:
Carbamazepine
Valproato
Difenilhidatoina
Considerar a 
prescrição
Os riscos dos fetos das genitoras com epilepsia 
desenvolverem malformações são similares quando 
tratadas para epilepsias ou sem tratamento.
Inibidores da enzima 
conversora de angiotensina
Considerar a 
prescrição
A exposição no primeiro trimestre está associada ao 
aumento das CCs, contudo, as alterações apontadas nos 
estudos não são detectáveis no ecocardiograma fetal.
Anti-inflamatórios 
não esteroidais
Considerar a 
prescrição
Em especial, nos casos de exposição no segundo e terceiro 
trimestre, principalmente quando mais próximo ao parto, 
pelo risco de constrição prematura do canal arterial.
Rubéola
Síndromes Febris
Sim Devido aos aspectos éticos e metodológicos, é difícil 
diferenciar se as CCs são consequências diretas do agente 
infeccioso, da febre ou da medicação utilizada para tratar.
Fonte: Adaptado de Donofrio et al., (2014).
225
Thiago Chagas de Amorim
Raimundo Gabriel do Nascimento Lira
Gisele Correia Pacheco Leite
Os fatores de risco fetais também se constituem uma 
fonte de investigação para o risco da CC. Entre os dispostos 
no Quadro 2, a necessidade de identificar o perfil do feto está 
indicada pela literatura nos casos de suspeita de: malformação 
cardíaca em ultrassom obstétrico; suspeita de anormalidade 
do ritmo ou frequência cardíaca; malformação extracardíaca; 
anormalidade cromossômica; gêmeos monocoriônico; 
hidropisia fetal ou efusões não imunes; sendo que, para os 
demais fatores, é necessário um olhar mais criterioso.
226
Capítulo 16
Cardiopatia congênita, quando suspeitar e como realizar a 
triagem: do período gestacional ao período neonatal
Quadro 2 - Fatores de risco do feto para o desenvolvimento de cardiopatia 
congênita e sua indicação para o ecocardiograma fetal.
Fator de risco do feto 
para que este desenvolva 
cardiopatia congênita
Indicação de 
ecocardiograma 
fetal?
Observações
Suspeita de malformação cardíaca 
em ultrassom obstétrico.
Sim Deve ser realizado em todos os casos com 
suspeita de malformação cardíaca.
Suspeita de anormalidade do 
ritmo ou frequência cardíaca
Sim É relevante estudar o mecanismo da alteração rítmica. 
Bradicardia devido à má condução atrioventricular 
está associado às CCs em 50% dos casos.
Malformação extracardíaca Sim Exceto em malformações que possuam baixo 
risco para CC e a ultrassonografia obstétrica não 
tenha apresentado alterações cardiovasculares.
Anormalidade Cromossômica Sim Especial atenção nos casos de mutação genética, 
deleção, rearranjo ou aneuploidia. *
Síndrome de Down: todos devem passar por 
avaliação cardiológica nos 3 primeiros meses 
de vida da criança de acordo com a Sociedade 
Brasileira de Pediatria, de preferência. 
227
Thiago Chagas de Amorim
Raimundo Gabriel do Nascimento Lira
Gisele Correia Pacheco Leite
Aumento da translucência 
nucal no primeiro trimestre
Considerar a 
prescrição se 
translucência 
nucal 3mm
Translucência nucal 3.5 mm possui uma 
correlação com CCs mais forte.
Anormalidade no sistema 
venoso do cordão umbilical
Considerar 
prescrição
Os dados sugerem correlação, porém, 
metodologias com vieses prejudicam a 
avaliação da utilidade do exame
Gêmeos Monocoriônico Sim -
Hidropsia Fetal ou 
Efusões não imunes
Sim -
 Fonte: Adaptado de Donofrio et al., (2014).
228
Capítulo 16
Cardiopatia congênita, quando suspeitar e como realizar a 
triagem: do período gestacional ao período neonatal
É importante enfatizar, também, a necessidade de 
identificar operfil dos familiares (Quadro 3) com os dados 
de anamnese e compreender o contexto da gestação já nas 
primeiras consultas pré-natais, pois a suspeita precoce de 
uma possível CC, bem como diagnóstico inicial, pode mudar 
o prognóstico do paciente e reduzir a morbimortalidade, haja 
vista a possibilidade de planejamento das condutas cabíveis.
229
Thiago Chagas de Amorim
Raimundo Gabriel do Nascimento Lira
Gisele Correia Pacheco Leite
Quadro 3 - Fatores de risco familiares para que o feto desenvolva de 
cardiopatia congênita e sua indicação para o ecocardiograma fetal.
Fator de Risco 
Familiar para que 
o feto desenvolva 
cardiopatia congênita
Indicação de 
ecocardiograma 
fetal?
Observações
Genitores com CCs Sim As recorrências são maiores quando a genitora é 
portadora de CC, especialmente nos casos de heterotaxia, 
defeitos do septo atrioventricular e estenose aórtica.
Irmãos com CCs Sim, caso seja 
mais de um irmão 
afetado com CCs
-
Doenças Cromossômicas
ou mendelianas
Sim, caso um irmão 
seja portador de uma 
síndrome, doença 
ou desordem
Em especial nas síndromes de DiGeorge, Alagille e Williams.
 Fonte: Adaptado de Donofrio et al., (2014).
230
Capítulo 16
Cardiopatia congênita, quando suspeitar e como realizar a 
triagem: do período gestacional ao período neonatal
Período neonatal 
Vencido o período fetal, os neonatos e os lactentes podem 
ser examinados fisicamente e nos apresentar algumas altera-
ções clínicas sugestivas de CC como: desconforto respiratório, 
cianose, sopro cardíaco, arritmia, insuficiência cardíaca e 
baixo débito cardíaco (SBP, [200-]). A seguir, veremos como 
essas alterações podem se apresentar e quais os recursos que 
podemos utilizar para compreender mais a situação.
Desconforto respiratório (DR): pode ser sinal de CC e 
insuficiência cardíaca. O raio-X de tórax na criança com DR 
irá auxiliar a diferenciar CC com hiperfluxo ou hipofluxo pul-
monar; avaliar a posição do coração em dextro ou levocardia; 
bem como aumento da área cardíaca (BURNS et al., 2017). 
Cianose: a cianose é do tipo central, quase sempre 
generalizada; entretanto, em alguns casos, ela pode ser 
evidente nos membros inferiores e ausente nos membros 
superiores e mucosas, ou vice-versa – a qual é denominada 
cianose diferencial (SBP, [200-]). Quando a criança apresenta 
cianose, as causas podem ser hematológicas, neurológicas, 
pulmonares ou cardíacas. O teste de hiperóxia orienta o 
diagnóstico: se houver melhora da cianose com administração 
de oxigênio, provavelmente a causa não é cardíaca, e sim 
pulmonar. Há também o teste do coraçãozinho que pode 
orientar quanto à triagem para CC crítica no período neonatal, 
que logo mais será abordado (BURNS et al., 2017). 
Sopro cardíaco (SC): o SC é a maior causa de encami-
nhamento para a investigação de CC. Aproximadamente 
metade dos pacientes apresenta SC inocente, caracterizado 
por: sopro sistólico, timbre musical, que aparece e desaparece 
231
Thiago Chagas de Amorim
Raimundo Gabriel do Nascimento Lira
Gisele Correia Pacheco Leite
conforme a posição do paciente sentado/deitado. A criança 
com SC inocente não tem alteração no exame físico suges-
tiva de doenças, nem alterações nos exames complementares 
(eletrocardiograma, raio-X de tórax, ecocardiograma). Se 
houver alguma dessas alterações descritas associadas ao SC, o 
caso é sempre patológico e merece investigação com exames. 
Quando o sopro cardíaco é detectado em consulta de rotina, 
sem outros sintomas cardíacos associados, a cardiopatia 
normalmente é classificada como leve e de bom prognóstico 
(SBP, [200-]; AZEKA et al., 2014; BURNS et al., 2017). 
Arritmia: a arritmia é uma manifestação menos 
frequente nas CCs. O bloqueio atrioventricular total é a 
arritmia congênita isolada ou associada mais frequente. Em 
outras doenças, como a transposição corrigida das grandes 
artérias e a doença de Ebstein, a arritmia pode ser a primeira 
manifestação clínica (SBP, [200-]).
Insuficiência cardíaca (IC): uma variedade de CCs pode 
evoluir com IC. O quadro clínico, em geral, é de IC global, com 
taquipneia, cansaço e interrupções às mamadas, sudorese, 
taquicardia, cardiomegalia e hepatomegalia (SBP, [200-]). 
Importante saber a classificação de IC no feto e na criança 
para diferenciar do adulto (sugere-se leitura da Diretriz de 
Insuficiência Cardíaca (AZEKA et al., 2014)). Nesse contexto, o 
não ganho de peso pode ser um indicativo de IC grave e CC des-
compensada, bem como fator preponderante para indicação 
de cirurgia em algumas cardiopatias (tais como as de hiper-
fluxo pulmonar) (BURNS et al., 2017). Lembre-se: dificuldade de 
ganho de peso pode representar gravidade na criança cardiopata!
Baixo débito cardíaco: sinal de gravidade máxima na 
criança cardiopata, evidenciando falência cardíaca. A criança 
232
Capítulo 16
Cardiopatia congênita, quando suspeitar e como realizar a 
triagem: do período gestacional ao período neonatal
apresenta: palidez cutânea, sudorese fria, taquicardia e 
taquipneia, oligúria, pulsos finos, má perfusão periférica e 
redução nível consciência. 
Para o período neonatal, temos um exame com boa relação 
custo benefício, de baixo risco para o neonato, e que tem seu 
uso obrigatório na triagem neonatal do Sistema Único de Saúde 
(SUS) por portaria de lei do Ministério da Saúde: a oximetria 
de pulso ou Teste do Coraçãozinho (TC) (SBP, 2011; BRASIL, 
2018). Trata-se de um exame que utiliza a saturação sanguínea 
periférica de O2 (SPO2) medida pelo oxímetro de pulso como 
parâmetro para rastreio das CCs, apresentando uma sensibili-
dade 75% e uma especificidade de 95% (SBP, 2011).
O TC deve ser realizado entre as primeiras 24h-48h do 
nascimento, e/ou antes da alta hospitalar, para rastreio das 
CCs críticas, que são aquelas que possuem canal arterial 
dependentes e que sem tratamento podem levar a óbito no 
período neonatal. As medidas de SPO2 devem ser tomadas no 
membro superior direito, e em um dos membros inferiores. É 
primordial que a aferição seja feita durante um minuto depois 
de observado traçado contínuo da curva de saturação pelo 
visor do oxímetro de pulso (SBP, 2011). 
O resultado para afastar um diagnóstico de CCs é uma SPO2 
95% e uma diferença entre membro superior e inferior 3%. 
Com esse resultado, é possível seguir a rotina neonatal. Caso o 
resultado seja contrário, há de se repetir o TC após uma hora 
e considerar os possíveis erros de mensuração. Caso, a SPO2 
passe nos pontos de cortes na segunda verificação, segue-se 
a rotina neonatal; se os resultados forem sugestivos de CCs, 
encaminhar o paciente para ecocardiograma com o intuito de 
investigar o caso (Figura 1) (SBP, 2011).
233
Thiago Chagas de Amorim
Raimundo Gabriel do Nascimento Lira
Gisele Correia Pacheco Leite
Figura 1 - Algoritmo do Teste do Coraçãozinho. 
Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria (2011).
234
Capítulo 16
Cardiopatia congênita, quando suspeitar e como realizar a 
triagem: do período gestacional ao período neonatal
Pode haver erros de mensuração na realização do TC. 
Durante a fixação do eletrodo no membro superior direito 
e em um dos membros inferiores, é importante estar atento 
para que os eletrodos estejam fixados adequadamente ao 
membro do neonato; e que as extremidades dos neonatos 
não estejam expostas ao frio/ar-condicionado, a fim de evitar 
a vasoconstrição periférica; também é importante evitar 
ambientes muito luminosos, pois podem interferir com a 
leitura do feixe de luz (SBP, 2011). 
Por fim, é importante destacar que a persistência do 
canal arterial pode ser responsável por um falso negativo 
durante o exame. Caso o canal tenha fechamento tardio, é 
possível que o neonato tenha alta hospitalar e venha a apre-
sentar o sintoma de CC mais tardiamente, evoluindo com IC 
e baixo débito cardíaco, podendo progredir para óbito pre-
coce. Se a criança apresentar TC negativo para CC na alta 
hospitalar, mas evoluir com sinais de CC no primeiro mês de 
vida (apresentando DR, cianose, SC, IC, arritmia,dificuldade 
de ganho ponderal ou de estatura), orienta-se exame de eco-
cardiograma para afastar CC.
Período lactente até os 05 anos de idade 
Saindo do período neonatal temos outros sinais e 
sintomas a incluir no reconhecimento de CC, tais como 
(KOBINGER, 2003): 
•	 Cansaço aos esforços;
•	 Sudorese aos esforços ou em repouso;
•	 Crises de cianose ou palidez;
•	 Crises de taquicardia;
235
Thiago Chagas de Amorim
Raimundo Gabriel do Nascimento Lira
Gisele Correia Pacheco Leite
•	 Fadiga, palpitação, claudicação, fenômeno de Raynaud;
•	 Dor torácica, dispneia, tosse, hemoptise;
•	 Edemas;
•	 Pré-síncope, síncope e mal-estar inexplicado;
•	 Vômitos e regurgitações frequentes podem sugerir 
malformações vasculares compressivas;
•	 Anemia: pode causar alterações transitórias da 
ausculta cardíaca (estado hipercinético); evoluir com 
acometimento do sistema cardiovascular (anemia 
falciforme); agravar os quadros de IC; dificultar a 
avaliação da cianose nos indivíduos normais e naqueles 
com cardiopatias cianogênicas;
•	 Déficit no ganho ponderal, infecções respiratórias de 
repetição e/ou crises recorrentes ou persistentes de 
sibilância pulmonar: associado à CC com hiperfluxo 
pulmonar, hipertensão pulmonar;
•	 Dificuldade no ganho pondero-estatural e no 
desenvolvimento: associado à CC com hipofluxo 
pulmonar, que levam à hipoxemia grave e/ou ao 
tromboembolismo;
•	 Obesidade, hipertensão arterial (HA), dislipidemia, 
síndrome metabólica: aumentam o risco cardiovascular, 
incluindo evolução para doença arterial coronariana 
e infarto precoce. Atentar para a hipercolesterolemia 
familiar; 
•	 Crianças com amigdalites de repetição, artralgias, 
artrites: atentar para a evolução de febre reumática 
(FR) com cardite reumática;
•	 Síndromes;
236
Capítulo 16
Cardiopatia congênita, quando suspeitar e como realizar a 
triagem: do período gestacional ao período neonatal
•	 Pacientes com doenças hereditárias como 
mucopolissacaridoses, distrofias musculares (tipo 
Duchenne), neurofibromatose, osteogênese imperfecta, 
esclerose tuberosa, anemia falciforme, arritmias 
congênitas e outras: devem ter avaliação cardiovascular 
não somente na ocasião da detecção da patologia, mas 
durante toda a vida, uma vez que alterações estruturais 
podem surgir no curso da doença;
•	 História familiar de CC: antecedente de CC nos pais e 
irmãos eleva o risco de ocorrência de lesões iguais ou 
similares em 3, 4 ou até 10 vezes (especialmente se a 
mãe e/ou mais de um familiar for acometido);
•	 História familiar de doenças com risco cardiovascular: 
FR, HA e doença coronariana também têm índices 
elevados de recorrência familiar.
História familiar de morte súbita e arritmia sugerem as 
miocardiopatias como doenças estruturais e alterações do 
ritmo como Síndrome de Wolf-Parkinson-White. Em alguns 
casos, todos os parentes de primeiro grau do paciente deverão 
ser rastreados para as CCs, como a miocardiopatia hipertrófica 
e a não compactada (KOBINGER, 2003).
16.3 Reconhecendo a Cardiopatia 
Congênita: exame clínico 
Neonato e lactente
Nesse período, temos maior dificuldade para encontrar os 
achados de CC, visto que se confundem com outras doenças, 
tais como a sepse. Por isso, é importante buscar na anamnese 
237
Thiago Chagas de Amorim
Raimundo Gabriel do Nascimento Lira
Gisele Correia Pacheco Leite
e no exame físico indícios de CC. Dessa forma, é necessário 
sempre avaliar a criança nessa faixa etária em 03 situações: 
repouso, esforço e repouso para buscar situações em que as 
CCs possam apresentar seus sinais e sintomas. A mudança 
no exame clínico com o paciente sob esforço ocorre devido 
à dependência do fluxo sanguíneo pelo Canal Arterial para 
manter o débito cardíaco. A cianose ou o registro de queda da 
SPO2, na maioria das vezes, só irá se manifestar aos esforços 
nessa faixa etária a exemplo da amamentação, da evacuação, 
e principalmente do choro. Se a criança manifesta cianose 
central ao choro, ou registra redução na SPO2 durante o exame 
clínico, sugere CC grave.
Para o paciente em UTI: com o paciente em repouso, veri-
fique os parâmetros de frequência cardíaca (FC) e respiratória 
(FR), SPO2, o padrão respiratório e os indícios de síndrome.
• Ao manusear o paciente para examinar, este tende 
a aumentar sua FC (reação espontânea); se não 
acontecer, teremos o 1º sinal de alteração cardíaca. 
Quando retornar o paciente para o repouso, espera-
se que a FC retorne ao valor basal. Caso não ocorra, já 
temos outro sinal de alteração cardíaca. Tal situação 
também pode ser aplicada à FR e à pressão arterial do 
paciente observando a adequação das respostas em 
situação basal, no esforço ao chorar e no retorno ao 
basal. 
• Se ao manusear o paciente, este apresentar palidez, 
sudorese, taquicardia, taquidispneia, com pulsos 
reduzidos em membros inferiores ou ausentes 
globalmente (sinais de baixo débito cardíaco); e 
quando retornar ao repouso o paciente voltar a ficar 
238
Capítulo 16
Cardiopatia congênita, quando suspeitar e como realizar a 
triagem: do período gestacional ao período neonatal
rosado, com FC e FR basais, bons pulsos; temos um 
indício forte de CC crítica! Temos então uma situação 
de urgência e é preciso descartar a patologia com 
ecocardiograma. 
Para o paciente em ambulatório: examinar em repouso. 
Colocar o paciente para esforço (amamentar, chorar). Após 
isso, examinar novamente o paciente em repouso. Verificar 
alterações de FC, FR, aparecimento de cianose e de sinais de 
baixo cardíaco. Se ocorrer, principalmente com o paciente no 
esforço, é mandatório afastar CC. Lembrar que, no período 
neonatal, as CC críticas são as maiores responsáveis pelo 
aparecimento de sinais de baixo débito cardíaco ao esforço 
da criança, por isso, é urgente o ecocardiograma para afastar 
essas patologias e garantir a sobrevida do infante. 
Sopro Cardíaco
Para melhor avaliação ao exame físico desse achado, 
recomendamos a ausculta cardíaca do paciente em 3 posições: 
deitado; lateralizado à esquerda, com o estetoscópio no foco mitral 
para auscultarmos com maior intensidade os sopros leves de lesões 
na valva mitral; e sentado. Atentar para as variações da ausculta 
nessas 3 posições e correlacionar os achados com a clínica 
do paciente, para melhor esclarecimento do diagnóstico. 
Não esqueça de auscultar a fontanela anterior enquanto ela 
estiver aberta, pois o sopro nessa região sugere malformações 
arteriovenosas; também é igualmente importante realizar a 
ausculta do abdome para identificar patologias da aorta.
239
Thiago Chagas de Amorim
Raimundo Gabriel do Nascimento Lira
Gisele Correia Pacheco Leite
Pulsos
Com relação aos pulsos, buscar sempre no exame físico 
palpar os pulsos nos 4 membros (radiais, pediosos e tibial 
posterior), observando se estão finos ou cheios, assimétricos 
e outras alterações. Atenção para a diferença de pressão 
entre pulsos! Os membros superiores com diferença de 
pressão sistólica > 10 mmHg sugere vasculites; enquanto que 
a diferença entre os membros superiores e inferiores, estando 
mais amplos nos superiores em relação aos inferiores, com 
diferença de pressão sistólica > 20 mmHg fala a favor de 
Coarctação da Aorta. 
Achados de cardiopatia na criança maior
•	 Dificuldade de ganho de peso é um sinal forte de CC 
grave! Lembrar do rastreio de CC quando houver essa 
queixa no seguimento do paciente;
•	 Dificuldade de crescimento e atraso no 
desenvolvimento, principalmente nas CC hipoxêmicas, 
incluir no rol de diagnóstico diferencial;
•	 Posição de cócoras: criança que brinca e assume essa 
posição para se sentir melhor, lembrar-se da Tetralogia 
de Fallot, que ocasiona o RX TX em forma de bota);
•	 Palpitações, síncopes: pode traduzir sintomas de 
arritmia cardíaca, investigar;
•	 Abaulamento precordial, ictus desviado, frêmito: 
sugerem CC.
240
Capítulo 16
Cardiopatia congênita, quando suspeitar e como realizar a 
triagem: do período gestacional ao período neonatal
16.4 Quando encaminhar a criança 
ao especialista,cardiopediatra? 
O sopro inocente não necessita de acompanhamento com o 
especialista. Porém, há situações que evidenciam necessidade 
de encaminhamento ao especialista (KOBINGER, 2003):
•	 Recém-nascido e lactente com cianose não responsiva 
ao oxigênio e/ou SC: avaliação com cardiopediatra o 
mais breve possível, afastar CC crítica;
•	 Se houver insuficiência cardíaca e/ou baixo débito 
cardíaco, a criança deve ser encaminhada com urgência, 
mesmo que não haja alterações auscultatórias; 
•	 SC patológico; 
•	 Se um paciente inicialmente foi diagnosticado com 
SC inocente, mas na sua evolução clínica começa 
a apresentar sinais e sintomas sugestivos de CC, 
principalmente se evoluiu com IC; 
•	 Crianças com história familiar de CC e/ou arritmia, 
morte súbita (caracterizada pela idade < 45 anos); 
•	 Quando os exames complementares sugerirem 
alterações cardiovasculares. 
16.5 Conclusão
Cardiopatia Congênita é uma malformação prevalente 
na população mundial, responsável pela maior mortalidade 
no grupo das malformações congênitas. Como estratégia 
de enfrentamento às CCs é de extrema importância que 
os profissionais da saúde saibam buscar indícios de CCs 
precocemente para o seu diagnóstico e tratamento. 
241
Thiago Chagas de Amorim
Raimundo Gabriel do Nascimento Lira
Gisele Correia Pacheco Leite
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Especiais (OPM) do Sistema Único de Saúde e estabelece 
recurso do Bloco de Custeio das Ações e Serviços Públicos 
de Saúde a ser incorporado ao Grupo de Atenção de Média 
e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar - MAC dos 
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Capítulo 16
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Capítulo 16
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245
Capítulo 17
Crianças expostas ao vírus da 
imunodeficiência humana (HIV)
Talita Maia Rêgo 
Rodrigo Dantas Rocha
17.1 Introdução
O Brasil está comprometido com a eliminação da transmissão 
vertical do HIV. Para tanto, é necessário que toda o sistema 
de saúde funcione de forma integrada, contemplando a 
saúde reprodutiva, o pré-natal, a assistência ao parto e pós-
-parto, o diagnóstico precoce, o tratamento e o seguimento 
ambulatorial. As crianças expostas ao HIV devem ser atendi-
das em serviços especializados, em conjunto com o cuidado 
na unidade de atenção básica (UBS) até a definição de seu 
diagnóstico. A criança exposta ao HIV durante a gestação, o 
parto ou que tenha sido amamentada por uma mulher infec-
tada pelo HIV deve ser notificada como “criança exposta” 
(BRASIL, 2018).
É recomendado que as crianças expostas e não infectadas 
realizem acompanhamento com especialista até o fim da 
adolescência, por causa da exposição ao vírus e as terapêuticas 
antirretrovirais (TARV) utilizadas pela mãe. Em geral, essas 
crianças tendem a apresentar mais infecções bacterianas e 
quadros mais graves quando comparadas às crianças não 
expostas. Isso se deve à diminuição dos níveis de anticorpos 
246
Capítulo 17
Crianças expostas ao vírus da imunodeficiência humana (HIV)
maternos transferidos por via placentária e ao não aleita-
mento materno.
Os cuidados na sala de parto de mães com o diagnóstico da 
infecção pelo HIV são (BRASIL, 2018): 
•	 Realizar, sempre que possível, a retirada do neonato 
mantendo as membranas corioamnióticas íntegras.
•	 Clampear o cordão umbilical imediatamente após o 
nascimento.
•	 Imediatamente após o nascimento,realizar banho com 
chuveirinho, torneira ou outra fonte de água corrente. 
Além disso, limpar todo o sangue e as secreções com 
compressas macias.
•	 Aspirar delicadamente vias aéreas e conteúdo gástrico 
de líquido amniótico (se necessário), evitando trauma-
tismos e, se houver presença de sangue, realizar lava-
gem gástrica com soro fisiológico.
•	 Colocar o RN junto à mãe o mais breve possível.
•	 Iniciar a primeira dose do AZT solução oral (preferen-
cialmente na sala de parto), logo após os cuidados ime-
diatos ou nas primeiras 4 horas após o nascimento.
•	 Em neonatos expostos ao HIV cujas mães não fizeram 
uso de ARV durante o pré-natal ou não possuem car-
ga viral menor que 1000 cópias/ml documentada no 
último trimestre de gestação, acrescentar Nevirapina 
(NVP) ao esquema de profilaxia, com início precoce e 
nas primeiras 48 horas de vida.
•	 Contraindicar o aleitamento materno exclusivo, misto 
e qualquer forma de aleitamento materno.
247
Talita Maia Rêgo 
Rodrigo Dantas Rocha
São consideradas condições de alto rico no momento da 
admissão da gestante, segundo a Organização Mundial da 
Saúde (OMS, 2018):
•	 Mulheres cujo diagnóstico ocorreu em até 72h do 
parto. 
•	 Mulheres com diagnóstico conhecido, porém, sem 
realizar o TARV.
•	 Mulheres cuja terapêutica antirretroviral tenha 
iniciado < 04 semanas.
•	 Carga viral (CV) superior a 1.000 cópias.
A identificação precoce do recém-nascido (RN) e da 
criança infectada verticalmente é essencial para indicar o 
início da TARV e da profilaxia das infecções oportunistas (IO), 
além da realização do manejo das intercorrências infecciosas 
e dos distúrbios nutricionais (BRASIL, 2018).
O diagnóstico por testes moleculares em neonatos que 
receberam profilaxia deve incluir 2 dois exames de CV-HIV. A 
primeira CV deverá ser coletada duas semanas após o término 
da profilaxia com ARV e a segunda CV deve ser coletada 
pelo menos seis semanas após o término da profilaxia. Se a 
primeira CV tiver um resultado acima de 5.000 cópias/mL, 
esta deve ser repetida imediatamente para confirmação. Caso 
o resultado da primeira CV fique abaixo de 5.000 cópias/mL, 
deve-se realizar nova coleta após quatro semanas da primeira 
coleta. Se os resultados entre a primeira e a segunda CV 
forem discordantes, uma terceira amostra deverá ser coletada 
imediatamente. A criança será considerada infectada pelo HIV 
caso haja dois resultados consecutivos de CV-HIV acima de 
5.000 cópias/mL.
248
Capítulo 17
Crianças expostas ao vírus da imunodeficiência humana (HIV)
Em caso de criança que não recebeu a profilaxia, 
recomenda-se que a CV seja realizada imediatamente após 
a identificação do caso. Se o resultado for acima de 5.000 
cópias/mL, repete-se o exame em seguida e, se o resultado 
do segundo exame se mantiver acima de 5.000 cópias/mL, 
considera-se a criança infectada. Em RN sintomáticos, a CV 
pode ser coletada a qualquer momento.
Todos os RN expostos ao HIV devem receber profilaxia 
com ARV. A Zidovudina (AZT) deve ser administrada 
imediatamente após o nascimento (nas primeiras quatro 
horas de vida). A Nevirapina (NVP), quando indicada, deverá 
ser administrada o mais precocemente possível e em 48 horas 
de vida. Na impossibilidade de o RN realizar profilaxia por 
via oral, podem-se utilizar doses disponíveis endovenosas, 
de acordo com a idade gestacional ao nascimento: Idade 
gestacional ≥ 35 semanas: 3 mg/kg IV de 12/12 h por 4 semanas; 
entre 30 e 35 semanas: 1,5 mg/kg IV de 12/12 h nos primeiros 
14 dias de vida e 2,3 mg/kg/dose de 12/12 h a partir do 15º dia 
por 4 semanas; Idade gestacional < 30 semanas 1,5 mg/kg IV 
de 12/12 h por 4 semanas.
O Quadro 1 mostra a indicação de ARV de acordo com 
cada caso.
249
Talita Maia Rêgo 
Rodrigo Dantas Rocha
Quadro - 1 Indicação de ARV para profilaxia da transmissão vertical do HIV 
USO DE ARV DURANTE PRÉ-NATAL MEDICAÇÃO 
INDICADA 
NO RN
POSOLOGIA DE ARV NO RN DURAÇÃO DA 
PROFILAXIA 
NO RN
Uso de ARV no pré-natal e 
periparto com CV < 1.000 
cópias/ml em 3° trimestre.
Zidovudina 
(AZT / VO)
RN com 35 semanas ou mais de idade 
gestacional: 4 mg/kg/dose de 12/12 h.
RN entre 30 e 35 semanas de idade gesta-
cional: 2 mg/kg/dose 12/12 h até 14° dia e 
3 mg/kg/dose 12/12 h a partir do 15° dia
RN com menos de 30 semanas de idade 
gestacional: 2 mg/kg/dose de 12/12 h
4 semanas
Sem utilização de ARV durante 
a gestação, independentemente 
do uso no periparto; ou
Uso de ARV na gestação, mas CV des-
conhecida ou acima de 1.000 cópias/
ml no 3° trimestre de gestação; ou
Histórico de má adesão, com CV < 
1.000 cópias/ml no 3° trimestre; ou 
Mãe com IST, especialmente sífilis; ou
Parturiente com resultado rea-
gente no momento do parto.
AZT (VO)
Associado 
com Nevira-
pina (NVP 
/ VO)
RN com 35 semanas ou mais de idade 
gestacional: 4 mg/kg/dose de 12/12 h.
RN entre 30 e 35 semanas de idade gesta-
cional: 2 mg/kg/dose 12/12 h até 14° dia e 
3 mg/kg/dose 12/12 h a partir do 15° dia
RN < 30 semanas de idade gestacio-
nal: 2 mg/kg/dose de 12/ 12h
Peso de nascimento > 2 kg: 12 mg/dose (1,2 ml).
Peso de nascimento 1,5 a 2 
kg: 8 mg/dose (0,8 ml)
Peso de nascimento < 1,5 kg: não usar NVP
4 semanas
1° dose: até 
48 h de vida.
2° dose: 48 h 
após 1° dose.
3° dose: 96 h 
após 2° dose. 
Fonte: Brasil (2018).
250
Capítulo 17
Crianças expostas ao vírus da imunodeficiência humana (HIV)
Na elaboração da alta, registrar no resumo de alta do RN 
as informações do pré-natal, as condições do nascimento, o 
tempo de uso do AZT injetável na mãe, o momento do início do 
AZT xarope e da NVP no RN, a dose utilizada, a periodicidade e 
a data de término, as mensurações antropométricas, o tipo de 
alimento fornecido à criança e outras informações importantes 
relativas ao parto. A consulta deverá ser programada em uma 
semana após a alta da maternidade, com encaminhamento 
para o serviço especializado em seguimento de crianças 
expostas ao HIV.
17.2 Prevenção da infecção pelo 
Pneumocystis jiroveci
A pneumonia por Pneumocystis jiroveci é a mais frequente 
infecção oportunista (IO) em crianças infectadas pelo HIV. A 
faixa de maior risco é a do primeiro ano de vida. Recomenda-
se que todas as crianças expostas ao HIV recebam profilaxia 
com Sulfametoxazol + Trimetoprima (SMX-TMP) a partir 
de quatro semanas de vida até que tenham duas CV 
indetectáveis. Essa profilaxia é mantida somente para as 
crianças infectadas, até um ano de idade, independentemente 
da contagem de LT-CD4+.
Após um ano de idade, a indicação desse medicamento 
será orientada pela contagem de LT-CD4+. O Quadro 2 
sumariza as recomendações da profilaxia para a infecção por 
Pneumocystis jiroveci.
251
Talita Maia Rêgo 
Rodrigo Dantas Rocha
Quadro 2 – Recomendações para profilaxia 
primária para Pneumocystis jirovecii em crianças 
nascidas de mães infectadas pelo HIV
Idade Recomendação
0 a 4 semanas de vida Não há indicação de profilaxia 
com SMX-TMP
4 semanas a 4 meses Indicar profilaxia até definição 
do diagnóstico
4 meses a 12 meses:
Criança não infectada 
Criança infectada 
pelo HIV ou infecção 
indeterminada
Não indicar ou suspender profilaxia
Manter profilaxia
Após os 12 meses:
Criança infectada
Indicar profilaxia se a 
contagem de LT-CD4+ for
menor que 200 céls/mm3 ou LT-CD4<25%
Fonte: Brasil (2018).
As recomendações das doses para a profilaxia primária 
para Pneumocystis jiroveci estão resumidas no Quadro 3.
Quadro 3 – Recomendações das doses para 
profilaxia primária para Pneumocystis jiroveci em 
crianças nascidas de mães infectadas pelo HIV
Idade Dose Frequência
Menores de 
6 meses
100 mg = 2,5 mL/dia 1x/dia 
ou dividir em 2 tomadas
3x/semana em dias 
alternados, ou às
2ªs, 4as e 6as feiras
Entre 6–12 
meses
200 mg = 05 mL/dia 1x/dia 
ou dividir em 2 tomadas
3x/semana em dias 
alternados, ou às
2as, 4as e 6as feiras
Maiores de 
12 meses
200 mg = 05 mL/dia 01x/dia 
ou dividir em 2 tomadas
3x/semana em 
dias alternados.
Fonte: Brasil (2018).
252
Capítulo 17
Crianças expostas ao vírusda imunodeficiência humana (HIV)
17.3 Exames laboratoriais
Os exames laboratoriais a ser solicitados:
•	 Hemograma: na primeira consulta ambulatorial; entre 
1 a 2 meses; 4 meses; entre 6 a 12 meses e entre 12-18 
meses.
•	 AST, ALT, GGT, FA, bilirrubinas: entre 1 a 2 meses; e 
entre 12 a 18 meses.
•	 Glicemia: entre 1 a 2 meses; 4 meses e entre 12 a 18 
meses.
•	 CV-HIV: entre 1 a 2 meses e com 4 meses.
•	 Sorologia TORCH: primeira consulta ambulatorial.
•	 Anti-HBs: entre 6-12 meses (30 a 60 dias após a 3ª dose 
da VHB). 
•	 Sorologia anti-HCV: entre 12 a 18 meses.
•	 Sorologia para HTLV ½: entre 12-18 meses.
•	 Sorologia para doença de Chagas (se área endêmica ou 
mãe portadora): entre 12 a 18 meses.
O acompanhamento deve ser mensal nos primeiros 
6 meses, com, no mínimo, uma consulta bimestral após 
o 1° de vida. Em todas as consultas, devem-se registrar o 
peso, o comprimento e o perímetro cefálico. A avaliação do 
crescimento e desenvolvimento é de grande importância, 
visto que as crianças infectadas podem, já nos primeiros meses 
de vida, desenvolver alterações. As crianças expostas têm 
maior risco de exposição a outros agentes infecciosos. Dentre 
eles, destacam-se Treponema pallidum, os vírus da hepatite B 
e C, o HTLV 1 e 2, o vírus herpes simples, o citomegalovírus, 
Toxoplasma gondii e Mycobacterium tuberculosis. 
253
Talita Maia Rêgo 
Rodrigo Dantas Rocha
Alguns agentes infecciosos de regiões endêmicos (malária, 
leishmaniose, doença de Chagas etc.) também devem ser 
considerados. O reconhecimento precoce e o tratamento de 
possíveis coinfecções devem ser considerados prioritários no 
atendimento dessas crianças.
254
Capítulo 17
Crianças expostas ao vírus da imunodeficiência humana (HIV)
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em 
Saúde. Departamento de Vigilância. Prevenção e Controle 
das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/Aids 
e das Hepatites Virais. Protocolo Clínico e Diretrizes 
Terapêuticas para Manejo da Infecção pelo HIV em 
Crianças e Adolescentes. Brasília: Ministério da Saúde, 2018.
OMS. HIV diagnosis and ARV use in HIV-exposed infants: 
a programmatic update. Geneva, Switzerland: World Health 
Organization, 2018. Disponível em: https://apps.who.int/
iris/bitstream/handle/10665/273155/WHO-CDS-HIV-18.17-
eng.pdf. Acesso em: 3 mar. 2022.
255
Capítulo 18
Vacinação
Bárbara Monitchelly Fernandes Chaves de Faria 
Mylena Taise Azevedo Lima Bezerra
18.1 Introdução
A vacinação representa uma das principais medidas na 
prevenção de doenças. Com segurança, estimula o sistema 
imunológico contra doenças transmissíveis. Quando 
adotada como estratégia de saúde pública, é considerada 
um dos melhores investimentos quanto a custo-benefício. O 
Programa Nacional de Imunizações do Brasil (PNI) é um dos 
maiores do mundo, ofertando 45 diferentes imunobiológicos 
para toda a população, definindo nosso Calendário Básico de 
Vacinação (Anexo 1). Atualmente, há 19 vacinas recomen-
dadas à população, desde o nascimento até a terceira idade, 
que são distribuídas gratuitamente nos postos de vacinação 
da rede pública. 
As sociedades científicas, como a Sociedade Brasileira 
de Imunizações (SBIm) e a Sociedade Brasileira de Pediatria 
(SBP), cientes dos conhecimentos mais recentes e da dispo-
nibilidade de novos produtos, têm elaborado calendários 
ampliados e para grupos específicos. Este capítulo se baseia 
nas recomendações do PNI na faixa etária pediátrica, consi-
derando também as orientações das sociedades supracitadas 
(Anexo 2). 
256
Capítulo 18
Vacinação
18.2 Vacinas
BCG
Prevenção: a vacina BCG previne formas graves de 
tuberculose como meningite tuberculosa e tuberculose miliar, 
principalmente nos primeiros cinco anos de vida. É composta 
pelo bacilo de Calmette-Guérin (BCG), obtido pela atenuação 
do Mycobacterium bovis.
Esquema de doses: dose única, ao nascimento, podendo 
ser feita até os 5 anos de idade. Em 2019, o PNI incorporou 
a recomendação da OMS em não revacinar com BCG pacien-
tes que não desenvolveram cicatriz após a vacina, diante da 
ausência de evidências que justifiquem manter a revacinação 
nessas situações. Comunicantes de hanseníase devem receber 
duas doses de BCG, com intervalo mínimo de seis meses (con-
siderar a presença de cicatriz vacinal como primeira dose).
Cicatrização: a evolução habitual da cicatriz após 2 
semanas consiste em pequena elevação avermelhada e 
dolorosa de 5 a 15 mm; com 3 a 4 semanas, pequena bolha 
com pus, evoluindo à crosta; 4 a 5 semanas, úlcera de 4 a 10 
mm de diâmetro; 6-12 semanas, cicatriz de 4 a 7 mm. Alguns 
casos evoluem mais lentamente e podem ser mais brandos, 
demorando até 6 meses para a formação da cicatriz vacinal. 
A vacina pode ser aplicada simultaneamente ou a qualquer 
intervalo de outras vacinas, sendo a via de administração 
intradérmica, no braço direito, na inserção inferior do 
músculo deltoide.
Eventos adversos: úlceras com mais de 1 cm ou 
que demoram muito a cicatrizar; gânglios axilares ou 
257
Bárbara Monitchelly Fernandes Chaves de Faria 
Mylena Taise Azevedo Lima Bezerra
supraclaviculares podem ocorrer em até 10% dos casos e 
desaparecer espontaneamente após 1 a 3 meses; disseminação 
do bacilo da vacina pelo corpo causando lesões em diferentes 
órgãos. O surgimento de abscesso frio local, úlcera maior que 1 
cm, linfonodo maior que 3 cm e/ou fistulizado, é considerado 
evento adverso local exacerbado e merece seguimento e 
tratamento. Qualquer que seja o evento, o serviço de vacinação 
deve notificá-lo. 
Contraindicação:
•	 menor que 2.000 g;
•	 lesão de pele no local de aplicação;
•	 imunodepressão;
•	 tratamento com quimioterapia ou radioterapia;
•	 uso de corticoide oral ou parenteral por mais de duas 
semanas (> 2 mg/kg/dia ou 20 mg/dia de prednisona);
•	 outros: febre, gravidez.
Hepatite B 
Prevenção: vacina recombinante humana que previne 
contra o vírus da hepatite B
Esquema de doses: primeira dose ao nascer, o 
mais precocemente possível, nas primeiras 24 horas, 
preferencialmente nas primeiras 12 horas após o nascimento, 
ainda na maternidade. Essa dose pode ser administrada em até 
30 dias após o nascimento. A continuidade do esquema vacinal 
será com a pentavalente (difteria, tétano, pertussis, hepatite 
B e Haemophilus) aos 2, 4 e 6 meses de idade. Em crianças que 
perderam a oportunidade de receber a vacina hepatite B 
258
Capítulo 18
Vacinação
em até 1 mês de idade, não se deverá administrar mais essa 
vacina. Em crianças com até 6 anos 11 meses e 29 dias, sem 
comprovação ou com esquema vacinal incompleto, iniciar 
ou complementar esquema com penta que está disponível na 
rotina dos serviços de saúde, com intervalo de 60 dias entre as 
doses, mínimo de 30 dias, conforme esquema. Em crianças a 
partir de 7 anos de idade: se estiver sem comprovação vacinal, 
administrar 3 doses da vacina hepatite B com intervalo de 30 
dias entre a primeira e a segunda dose e de 6 meses entre a 
primeira e a terceira dose (0, 1 e 6 meses); com esquema vacinal 
incompleto, não reiniciar o esquema, apenas completá-lo 
conforme situação encontrada.
Logo após o nascimento, os recém-nascidos de mulheres 
com HBV (HBsAg reagente) devem receber: imunoglobulina 
humana anti-hepatite B (IGHAHB); a primeira dose do 
esquema vacinal para vírus da hepatite B (HBV); e as demais 
doses conforme já citado. A avaliação da soroconversão deve 
ser realizada mediante anti-HBs entre 30 a 60 dias após a 
última dose da vacina para hepatite B.
Eventos adversos: manifestações locais como dor e 
hiperemia, irritabilidade e desconforto gastrintestinal 
acometem de 1% a 20%.
Contraindicação: não deve ser aplicada em pessoas que 
apresentaram anafilaxia com dose anterior, ou naquelas que 
desenvolveram púrpura trombocitopênica. 
Tríplice Bacteriana (difteria, tétano e pertussis)
Prevenção: vacina inativada, que previne contra difteria, 
tétano e coqueluche (Bordetella pertussis).
259
Bárbara Monitchelly Fernandes Chaves de Faria 
MylenaTaise Azevedo Lima Bezerra
Esquema de doses: 3 doses: 2, 4 e 6 meses; o primeiro 
reforço deve ser administrado entre 15 e 18 meses; e o segundo 
entre 4 e 5 anos, podendo este ser feito com dTpa, DTPa ou 
DTPw. No entanto, o uso da vacina DTPa é preferível ao da 
DTPw (vacina de células inteiras), pois os eventos adversos 
associados com sua administração são menos frequentes e 
intensos, embora, nas unidades básicas de saúde, seja ofertado 
apenas DTPw. Já o reforço dos 9 a 10 anos de idade deve ser 
feito com a vacina tríplice acelular do tipo adulto (dTpa).
Eventos adversos:
Podem ocorrer manifestações locais como vermelhidão, 
calor, endurecimento, dor e inchaço, como também 
manifestações sistêmicas, as quais se relacionam 
principalmente ao componente pertussis, que incluem:
•	 febre baixa a moderada de 3 a 12 horas após a vacinação, 
com duração de cerca de 24 horas;
•	 sonolência prolongada que acomete 32% dos vacinados, 
iniciando nas primeiras 24 horas e persistindo por até 
72 horas;
•	 perda de apetite de pouca intensidade e duração é 
comum em 21% dos vacinados, em geral, nas primeiras 
24 horas;
•	 vômitos, Irritabilidade, choro persistente;
•	 episódio hipotônico-hiporresponsivo (EHH) pode 
acontecer nas primeiras 48 horas após a vacinação — 
cerca de um para cada 1.750 doses aplicadas. Costuma 
ser precedido por irritabilidade e febre, evoluindo 
para palidez, hipotonia e inconsciência, que melhoram 
sem deixar sequelas; 
260
Capítulo 18
Vacinação
•	 convulsão, também de caráter benigno. Em caso de 
convulsão nas primeiras 48 horas, as próximas doses 
devem ser feitas com a vacina acelular (DTPa ou dTpa).
Contraindicação:
Pessoas com mais de 7 anos de idade.
Crianças que apresentaram, após a aplicação da DTPw ou 
combinada a ela:
•	 episódio hipotônico-hiporresponsivo — EHH (palidez, 
perda de tônus muscular e consciência) nas primeiras 
48 após a aplicação; nesse caso, administrar a vacina 
DTPa;
•	 convulsões nas primeiras 72 horas;
•	 reação anafilática nas primeiras duas horas;
•	 encefalopatia aguda nos sete dias após a vacinação.
Haemophilus
Prevenção: previne doenças causadas pelo Haemophilus 
influenzae tipo b, principalmente meningite. 
Esquema de doses: o Programa Nacional de Imunizações 
(PNI) recomenda e disponibiliza a vacina em três doses: aos 2, 
4 e 6 meses de idade, associado à vacina tríplice bacteriana. 
A SBP e a SBIm recomendam uma quarta dose entre 12 e 18 
meses, em especial, para crianças vacinadas com a vacina 
DTPa. Crianças com mais de 5 anos não vacinadas e com 
doenças que aumentem o risco da doença: duas doses com 
intervalo de dois meses.
Eventos adversos: pode ocorrer dor no local da aplicação, 
inchaço, endurecimento e vermelhidão. Não é comum 
apresentar febre.
261
Bárbara Monitchelly Fernandes Chaves de Faria 
Mylena Taise Azevedo Lima Bezerra
Contraindicação: pessoas que apresentaram anafilaxia pro-
vocada por qualquer componente da vacina ou por dose anterior. 
Poliomielite 
(VIP: vacina com o vírus da poliomielite 1, 2, e 3 inativados; 
VOP: Vacina poliomielite 1, 3 atenuada).
Prevenção: previne a poliomielite (paralisia infantil).
Esquema de doses: vacina inativada (VIP): 2, 4 e 6 meses. 
Vacina oral (VOP): reforço com 15 meses e 4 anos. A SBIm 
recomenda que todas as doses sejam com a VIP para evitar a 
paralisia que pode ser causada pelo vírus contido na vacina 
oral. A VOP não deve ser utilizada em crianças hospitalizadas 
e indivíduos imunodeficientes.
Eventos adversos: 
VIP: com vírus inativos, a maioria dos efeitos se restringe a 
manifestações no local da aplicação, como endurecimento e dor.
VOP: por conter vírus atenuados, porém, vivos, a vacina 
pode causar eventos como:
•	 poliomielite associada à vacina (VAPP): ocorre quando 
o vírus da vacina consegue causar poliomielite na 
pessoa vacinada ou em contactantes, de 4 a 40 dias após 
a vacinação. Envolve sintomas como febre, dificuldade 
de movimentação, dor e fraqueza dos músculos, 
principalmente das pernas;
•	 meningite asséptica e encefalite: é raro, porém, pode 
ocorrer principalmente em crianças imunodeficientes;
•	 reações de alergia: são raras e se devem aos 
componentes da vacina. Pode acontecer urticária e 
262
Capítulo 18
Vacinação
erupções na pele, com coceira, mas não contraindicam 
doses subsequentes. 
Contraindicação: 
VIP: anafilaxia à dose anterior da vacina.
VOP: 
•	 imunocomprometidos, gestantes e pessoas que 
convivem com esses grupos; 
•	 anafilaxia após o uso de componentes da fórmula 
da vacina (em especial, os antibióticos neomicina, 
polimixina e estreptomicina); 
•	 poliomielite vacinal após dose anterior. 
OBSERVAÇÃO
Processo febril: em crianças com febre moderada a alta 
(acima de 38 ºC), a vacinação com a VOP deve ser adiada até 
que o quadro clínico melhore. Importante: diarreia e vômitos 
leves não contraindicam a vacinação, mas é aconselhável 
adiá-la ou repetir a dose após quatro semanas.
Rotavírus (Rotavírus Humano Vivo Atenuado)
Prevenção: doença diarreica causada pelo rotavírus.
Esquema de doses: aos 2 e 4 meses, sendo que a primeira 
dose deve ser obrigatoriamente aplicada até a idade de 3 
meses e 15 dias, e a última dose até os 7 meses e 29 dias.
Eventos adversos: os mais comuns das vacinas rotavírus 
são irritabilidade, febre e vômitos, o que pode ser também 
atribuído às vacinas que são aplicadas simultaneamente no 
calendário vacinal, além de sintomas gastrintestinais como 
diarreia e sangue nas fezes. Também pode ocorrer invaginação 
intestinal, embora, entre 2006 e 2012, no Brasil, 6,1 milhões 
263
Bárbara Monitchelly Fernandes Chaves de Faria 
Mylena Taise Azevedo Lima Bezerra
de doses tenham sido aplicadas, com apenas oito registros de 
casos de invaginação. 
Contraindicação: 
•	 imunodeprimidos;
•	 alergia grave (urticária disseminada, dificuldade res-
piratória e choque anafilático) provocados por algum 
dos componentes da vacina ou por dose anterior dela;
•	 doença gastrintestinal l ou história prévia de 
invaginação intestinal. 
Pneumocócica Conjugada
Prevenção: a vacina pneumocócica conjugada 10-valente 
(VPC10) previne cerca de 70% das doenças graves (pneumonia, 
meningite, otite) em crianças, causadas por dez sorotipos de 
Streptococcus pneumoniae.
Esquema de doses: duas doses com 2 e 4 meses e reforço 
aos 12 meses da VPC10, conforme recomendação do PNI. A 
Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e a Sociedade Brasileira 
de Imunização (SBIm) recomendam, a partir dos 2 meses de 
idade e sempre que possível, o uso preferencial da VPC13, 
com o intuito de ampliar a proteção para os três sorotipos 
adicionais em relação à VPC10, em 3 doses: aos 2, 4 e 6 meses 
de vida; com reforço entre 12 e 15 meses. No entanto, quando 
isso não for possível, crianças menores de 6 anos com esquema 
completo ou incompleto de VPC10 podem se beneficiar com 
dose(s) adicional(is) de VPC13, respeitando-se a recomendação 
de bula para cada idade de início e o intervalo mínimo de 
dois meses da dose anterior da VPC10. Para crianças entre 2 
e 5 anos e portadoras de doenças crônicas que justifiquem, 
264
Capítulo 18
Vacinação
pode ser necessário complementar a vacinação com a vacina 
pneumocócica polissacarídica 23-valente (VPP23).
Eventos adversos: reações locais como dor, inchaço e 
vermelhidão, podendo apresentar irritabilidade, sonolência e 
perda de apetite. 
Contraindicação: crianças que apresentaram anafilaxia 
após usar algum componente da vacina ou após dose anterior.
Meningocócica
Prevenção: vacina inativada que previne doenças 
causadas pelo meningococo C (incluindo meningite e 
meningococcemia). 
Esquema de doses: o PNI disponibiliza três doses da 
vacina meningocócica C: aos 3 e 5 meses e reforço aos 12 
meses (podendo ser aplicado até os 4 anos). A SBP e a SBIm 
recomendam que, além dessas doses, sejam feitos reforços 
entre 5 e 6 anos e aos 11 anos, tendo em vista a perda rápida 
de proteção. Orientam também que a vacina meningocócica 
conjugada quadrivalente (ACWY) deveser a vacina de escolha 
por conferir proteção para três outros tipos de meningococos, 
além do C, mas alertam que, em todas as faixas etárias 
supracitadas, na impossibilidade de usar a ACWY, deve-se 
utilizar a meningocócica C, sem atrasos.
No Brasil, quatro vacinas estão licenciadas para crianças:
•	 MenC e MenACWY-TT: esquema do PNI, supracitado; 
•	 MenACWY-CRM: três doses (3, 5 e 7 meses) e reforço 
entre 12 e 15 meses; 
•	 MenACWY-D: duas doses, com intervalo mínimo de 3 
meses, para crianças de 9 a 23 meses de idade. 
265
Bárbara Monitchelly Fernandes Chaves de Faria 
Mylena Taise Azevedo Lima Bezerra
Eventos adversos: quando acontecem reações, estas se 
limitam às primeiras horas após a vacinação e melhoram 
em cerca de 72 horas. Em mais de 10% dos vacinados 
ocorrem vermelhidão, inchaço, dor ou sensibilidade no 
local da aplicação.
Contraindicação: pessoas que tiveram anafilaxia após uso 
de algum componente da vacina ou na dose anterior.
Tríplice Viral
Prevenção: vacina de vírus vivos atenuados que previne 
contra sarampo, caxumba e rubéola.
Esquema de doses: duas doses, sendo a primeira aos 12 
meses de idade e a segunda aos 15 meses com a tetra viral 
(sarampo, caxumba, rubéola e varicela). Para ser considerado 
protegido, todo indivíduo deve ter tomado duas doses na vida, 
com intervalo mínimo de 1 mês. Para crianças com esquema 
completo, não há evidências que justifiquem uma terceira 
dose como rotina, podendo ser considerada em situações de 
surto de caxumba e risco para a doença. Em situação de risco 
para o sarampo (surto ou exposição domiciliar), a primeira 
dose pode ser aplicada a partir de 6 meses de idade. Nesses 
casos, a aplicação de mais duas doses após a idade de 1 ano 
ainda será necessária.
Eventos adversos: a vacina não costuma causar efeitos 
adversos. As reações locais acometem menos de 0,1% dos 
vacinados e incluem: ardência, vermelhidão, dor e formação 
de nódulo. Compressas frias aliviam a reação no local da 
aplicação. Febre alta (maior que 39,5 °C), que surge de cinco 
266
Capítulo 18
Vacinação
a 12 dias após a vacinação, com um a cinco dias de duração, 
pode ocorrer em 5% a 15% dos vacinados. 
 Contraindicações: 
•	 imunodeprimidos e gestantes;
•	 uso atual de imunossupressores ou suspensão há me-
nos de 1 mês;
•	 uso atual de quimioterápicos ou suspensão há menos 
de 3 meses;
•	 pessoas transplantadas há menos de 12 a 24 meses. 
Hepatite A 
Prevenção: vacina inativada que previne hepatite A
Esquema de doses: o PNI recomenda dose única da vacina 
aos 15 meses de idade ou para crianças que não completaram 
2 anos. A SBP e a SBIm orientam aplicação rotineira aos 12 e 
18 meses de idade e destacam que, para crianças a partir de 
12 meses de idade não vacinadas para hepatite B, no primeiro 
ano de vida, a vacina combinada hepatite A e B na formulação 
adulto pode ser considerada para substituir a vacinação 
isolada (A ou B), em 2 doses (0-6 meses).
Eventos adversos: em 10% dos vacinados ocorrem 
irritabilidade, dor de cabeça, cansaço, dor e vermelhidão no 
local da aplicação.
Contraindicação: pessoas que tiveram reação anafilática 
a algum componente da vacina ou a dose anterior. 
Varicela (vírus vivo atenuado)
Prevenção: vacina que previne contra varicela (catapora)
267
Bárbara Monitchelly Fernandes Chaves de Faria 
Mylena Taise Azevedo Lima Bezerra
Esquema de doses: 2 doses, sendo uma com a tetra viral 
(tríplice viral + varicela) aos 15 meses de idade e a segunda 
aos 4 anos. Em situação de surto na região de moradia ou na 
creche/escola, ou ainda quando há um caso de varicela dentro 
de casa, a vacina pode ser aplicada em bebês a partir de 9 meses 
— essa dose aplicada antes de 12 meses será desconsiderada 
no futuro e a criança deverá tomar as duas doses de rotina.
Eventos adversos: dor e vermelhidão local. Em raros casos 
(3% a 5% dos indivíduos), pode haver exantema pelo corpo, 
semelhante às lesões causadas pela varicela, com duas a cinco 
lesões aparecendo entre 5 e 26 dias após a vacinação. Já as 
lesões que surgem duas ou mais semanas após a aplicação da 
vacina são indicativas da doença provocada pelo vírus varicela 
zoster que foi adquirido antes da vacinação e ficou incubado.
Contraindicação: 
•	 Anafilaxia causada por qualquer dos componentes da 
vacina ou após dose anterior, e gestantes.
•	 Imunodeprimidos. 
Influenza (Vírus inativado)
Prevenção: previne infecção pelo vírus influenza
Esquema de doses: para crianças de 6 meses a 9 anos de 
idade: duas doses na primeira vez em que forem vacinadas 
(primovacinação), com intervalo de um mês e revacinação 
anual. Para crianças maiores de 9 anos, adolescentes, adultos 
e idosos: dose única anual.
Eventos adversos: manifestações locais como dor, 
vermelhidão que desaparecem em até 48 horas. Todos os 
estudos que buscaram relação de causa entre vacina influenza 
268
Capítulo 18
Vacinação
e Síndrome de Guillain-Barré (SGB) obtiveram resultados 
contraditórios. Até hoje, não se sabe se a vacina influenza 
pode, de fato, aumentar o risco de recorrência da SGB em 
indivíduos que já a tiveram.
Contraindicação: pessoas com alergia grave (anafilaxia) 
ao ovo de galinha, a algum componente da vacina ou 
identificada na dose anterior.
Febre Amarela (Vírus vivo 
atenuado da Febre Amarela)
Prevenção: previne contra a febre amarela
Esquema de doses: recomendada em dose única, a partir 
de 9 meses de vida, para residentes ou viajantes para áreas 
de vacinação (de acordo com classificação do MS). Pode ser 
recomendada também para atender exigências sanitárias de 
determinadas viagens internacionais, devendo a vacinação 
ser feita em até dez dias antes de viagens. A indicação de 
uma segunda dose da vacina, especialmente para crianças 
vacinadas antes de 2 anos de idade, não é consensual, mas deve 
ser considerada de acordo com o risco epidemiológico e pela 
possibilidade de falha vacinal na primeira dose. Recomenda-
se que crianças menores de 2 anos de idade não recebam as 
vacinas febre amarela e tríplice viral no mesmo dia. Nesses 
casos, e sempre que possível, respeitar intervalo de 30 dias 
entre as doses. 
Eventos adversos: manifestações gerais, como febre, 
dor de cabeça e muscular são os eventos mais frequentes e 
acontecem em cerca de 4% dos que são vacinados na primeira 
269
Bárbara Monitchelly Fernandes Chaves de Faria 
Mylena Taise Azevedo Lima Bezerra
vez e menos de 2% nas segundas doses. Manifestações graves 
são raras. 
Contraindicação: se o risco de adquirir a doença superar 
os riscos potenciais da vacinação, o médico deverá avaliar sua 
utilização. São contraindicações consensuais:
•	 crianças abaixo de 6 meses de idade; 
•	 imunossuprimidos;
•	 pacientes que tenham apresentado doença neurológica 
desmielinizante no período de seis semanas após a 
aplicação de dose anterior da vacina; 
•	 mulheres amamentando crianças abaixo de 6 meses de 
idade; 
•	 pacientes com câncer; 
•	 pessoas com história de reação anafilática relacionada 
a substâncias presentes na vacina (ovo de galinha e 
seus derivados, gelatina bovina ou outras); 
•	 pacientes com história pregressa de doenças do timo 
(miastenia gravis, timoma, casos de ausência de timo ou 
remoção cirúrgica). 
HPV
Prevenção: previne contrainfecções persistentes e lesões 
pré-cancerosas causadas pelos tipos de HPV 6,11,16,18. 
Também previne o câncer de colo do útero, da vulva, da 
vagina, do ânus e verrugas genitais (condiloma).
Esquema de doses: o PNI disponibiliza a vacina para 
meninas de 9 a 14 anos de idade, meninas de 15 anos que já 
tenham tomado uma dose, meninos de 11 a 14 anos, pessoas 
que convivem com HIV/Aids entre 9 e 26 anos, transplantados 
270
Capítulo 18
Vacinação
entre 9 e 26 anos e pacientes oncológicos em tratamento com 
quimioterapia e radioterapia entre 9 e 26 anos. A SBP e a SBIm 
estendem a faixa etária feminina até os 45 anos e masculina 
até os 26 anos. 
Eventos adversos: raros. Quando apresenta, são 
manifestações no local da administração (dor, hiperemiae 
inchaço).
Contraindicação: gestantes e pessoas que apresentaram 
anafilaxia após receber uma dose da vacina ou a algum de seus 
componentes.
18.3 Falsas contraindicações das vacinas
•	 doenças agudas leves como resfriados, alergias e diar-
reia;
•	 uso de antibióticos;
•	 reação local a uma dose prévia da tríplice bacteriana;
•	 história ou diagnóstico prévio da doença contra a qual 
se pretende vacinar;
•	 desnutrição;
•	 doença neurológica estável;
•	 uso de corticoide em doses não imunodepressoras;
•	 internação hospitalar;
•	 prematuridade ou baixo peso (exceto BCG)
271
Bárbara Monitchelly Fernandes Chaves de Faria 
Mylena Taise Azevedo Lima Bezerra
Situações Especiais 
Imunodeficiências
A utilização de vacinas vivas na vigência de imunodepres-
são só deve ser realizada na forma de protocolos de pesquisa 
em situações específicas. Vacinas à base de agentes vivos ate-
nuados não devem ser administradas em pessoas com defi-
ciência da imunidade celular. Os pacientes com deficiência de 
complemento devem receber vacinas que protegem contra 
germes capsulados por representarem alto risco para esses 
pacientes, como a meningocócica. Pacientes com deficiência 
de fagocitose não devem receber vacinas bacterianas vivas 
como a BCG, mas podem receber todas as demais. O esquema 
vacinal de pacientes em terapia imunodepressora deve ser 
atualizado em até 14 dias antes do início da terapia. Três 
meses após cessada a condição de imunodepressão, podem-se 
utilizar vacinas vivas, bacterianas ou virais na dependência da 
situação clínica. 
Doses maiores de 2 mg/kg/dia de prednisona ou equiva-
lente, por um período maior que 14 dias, deve ser considerada 
imunodepressora, logo, esses indivíduos não devem receber 
vacinas vivas antes de pelo menos 1 mês após o término. A imu-
nogenicidade e a eficácia da vacina hepatite B recombinante 
(HB) em pacientes imunodeprimidos, assim como ocorre nos 
renais crônicos, são menores que nos indivíduos saudáveis. 
Doses maiores e/ou número aumentado de doses são necessá-
rios para indução de anticorpos em níveis protetores. Por esse 
motivo, são recomendadas quatro doses de vacina hepatite B 
recombinante (HB), com o dobro da dose habitual.
272
Capítulo 18
Vacinação
Transplante de órgãos sólidos
Os candidatos a receber transplantes de órgãos sólidos 
devem ter seus esquemas vacinais avaliados e atualizados. A 
necessidade de imunização para os candidatos a receptores 
de transplantes de órgãos sólidos é justificada pela atividade 
imunodepressora da doença de base (como é o caso, por 
exemplo, de pacientes com insuficiência renal crônica, 
pacientes com neoplasias) e porque vão ser submetidos à 
terapia imunodepressora após o transplante, para evitar 
a rejeição do órgão transplantado. No caso dos candidatos 
a transplante de órgãos sólidos, devido à possibilidade de 
o transplante ocorrer a qualquer momento, propõe-se um 
esquema acelerado de vacinação contra hepatite B: zero, 1, 2 e 
6 meses e avaliação da necessidade de uso de dose dobrada de 
acordo com a situação clínica de base.
Transplante de medula óssea
Independentemente do tipo de transplante, a célula-
tronco hematopoiética é a responsável pela reconstituição 
do sistema imune do receptor pós-transplante. A atualização 
do esquema de vacinação do doador deve ser feita com 
antecedência suficiente para que haja resposta imune efetiva 
antes do transplante. De maneira geral, o esquema vacinal 
deverá ser completado em até 14 dias antes do transplante, 
para que o doador tenha o seu sistema imune reconstituído 
após o transplante. A imunidade do doador transferida para 
o receptor é de curta duração. Estudos têm demonstrado 
que os transplantados de células-tronco hematopoiéticas 
273
Bárbara Monitchelly Fernandes Chaves de Faria 
Mylena Taise Azevedo Lima Bezerra
(medula óssea), tanto alogênicos quanto autólogos, perdem 
a imunidade protetora no pós-transplante. Por isso, esses 
indivíduos devem ter seu esquema vacinal refeito.
Asplenia anatômica ou funcional, 
hemoglobinopatias, doenças 
de depósito e outras condições 
associadas à disfunção esplênica
A anemia falciforme é a hemoglobinopatia mais prevalente 
no Brasil, sendo as complicações infecciosas bastante 
frequentes, principalmente por germes capsulados como 
Haemophilus influenzae tipo b, pneumococo e meningococo. 
Maior consumo de zinco, comum nas anemias hemolíticas, 
pode ser responsável por deficiência de resposta do linfócito 
T. Além das vacinas de rotina, esses pacientes necessitam 
de vacinas varicela, hepatite B recombinante, hepatite A, 
influenza inativada e contra os germes capsulados já citados, 
incluindo Meningo B, ACWY e Pneumo 23. Nos pacientes que 
serão submetidos à esplenectomia eletiva, a vacinação deverá 
preceder o procedimento cirúrgico pelo período mínimo de 
14 dias.
Prematuros
Os prematuros apresentam concentrações de anticorpos 
mais baixas que os RN a termo. Sua imunização deve seguir 
a idade pós-natal em vez de a idade gestacional ou o peso do 
nascimento, portanto, devem ser vacinados na mesma idade 
cronológica pós-natal que os lactentes a termo de acordo com 
274
Capítulo 18
Vacinação
o calendário rotineiro (Anexo 3). A vacinação de contactantes 
é especialmente indicada para quem convive ou cuida de RNPT 
e inclui as vacinas: coqueluche, influenza, varicela, sarampo, 
caxumba e rubéola. Vale lembrar que o uso simultâneo 
de múltiplas doses injetáveis em RNPT pode associar-se à 
apneia, devendo-se dar preferência à administração de menor 
número de injeções em cada imunização. Qualquer dose não 
administrada na idade recomendada deve ser aplicada na 
visita subsequente. 
275
Bárbara Monitchelly Fernandes Chaves de Faria 
Mylena Taise Azevedo Lima Bezerra
Anexo 1 - Calendário Nacional de Vacinação da Criança Adotado pelo Ministério da Saúde- Ano 2022
Vacina Quando aplicar Número de doses Reforço
BCG1 Ao nascer Dose única Sem reforço
Hepatite B Ao nascer 1ª dose na maternidade + 03 
doses posteriormente.
As doses 02, 04 e 06m 
incluídas na v. Penta.
Poliomielite 1,2,3 
(VIP-inativada)
1ª dose: 2 meses
2ª dose: 4meses
3ª dose: 6 meses
03 doses. Intervalo entre doses: 60 
dias. Intervalo mínimo de 30 dias.
Reforços entre 15 e 
18 meses e aos 5 anos 
de idade (VOP). 
Rotavírus2 humano G1P1 1ª dose: 2 meses
2ª dose: 4 meses
02 doses. Intervalo: 60 
dias. Ler comentário.
Sem reforço.
Penta (DTP+Hib+HB) 1ª dose: 2 meses
2ª dose: 4meses
3ª dose: 6 meses
03 doses. Intervalo: 60 dias. 
Intervalo mínimo: 30 dias.
2 reforços: 1º com a 
vacina DTP aos 15 
meses e 2º c/4 anos.
Pneumocócica 
10 valente3
1ª dose: 2 meses
2ª dose: 4meses
02 doses. Intervalo: 60 dias. Intervalo 
mínimo: 30 dias da 1ª para a 2ª dose. 
Reforço: 12 meses.
Meningocócica C
3
1ª dose: 3 meses
2ª dose: 5 meses
02 doses. Intervalo: 60 dias Reforço: 12 meses. 
Influenza A partir de 6 meses. 1º esquema < 8a: 02 doses. 
Intervalo: 30 dias. 
Reforço: administrar 
01 dose a cada ano.
Febre Amarela4 1ª dose: 09 meses 01 dose 04 anos de idade.
276
Capítulo 18
Vacinação
Sarampo, Caxumba 
e Rubéola (SCR)
1ª dose: 12 meses
2ª dose: 15 meses 
com SRC/Varicela
02 doses. Intervalo: 03meses 
e mínimo de 30 dias.
Sarampo, Caxumba, 
Rubéola
Varicela (SCRV)5
1ª dose: 15 meses 2ª dose da varicela: 04 
anos de idade, com a 
vacina varicela isolada.
Hepatite A (HA) 1 dose na idade 
de 15 meses.
Dose única -
Difteria, Tétano e 
Pertussis (DTP)
Considerar doses 
anteriores com 
penta e DTP.
1º reforço: 9 meses após 3ª dose; 2º 
reforço: 3 anos após o 1º reforço.
1º reforço: 15 meses; 2º 
reforço: 4 anos de idade.
Difteria e Tétano (dT) A partir de 07anos de 
idade, caso não tenha 
recebido Penta ou DTP.
03 doses com intervalo de 
60 dias. Intervalo mínimo 
entre as doses: 30 dias.
Reforço a cada 10 anos. 
Em casos de ferimentos 
graves, a cada 5 anos.
Papilomavírus 
humano (HPV)
9 a 14 anos para 
meninas; 11 a 14 
anos para meninos.
02 doses com intervalo de 06 meses. -
Varicela (isolada) 01dose: 04 anos. 01 dose. Corresponde a 2ª dose 
da vacina SCR-V.
Fonte: Adaptado do calendário nacional de vacinação do Ministério da Saúde, disponível em https://www.gov.br/saude/
pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/c/calendario-nacional-de-vacinacao. Acessado em: 20/09/2022.
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/c/calendario-nacional-de-vacinacao
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/c/calendario-nacional-de-vacinacao
277
Bárbara Monitchelly Fernandes Chaves de Faria 
Mylena Taise Azevedo Lima Bezerra
Caso a criança não tenha recebido a vacina BCG na 
maternidade, deve ser administrada quando do primeiro 
atendimento realizado na Unidade Básica de Saúde.
1. A idade mínima para a administração da primeira dose 
é de 1 mês e 15 dias e a idade máxima é de 3 meses e 15 
dias. A idade mínima para a administração da segunda 
dose é de 3 meses e 15 dias e a idade máxima é de 7 meses 
e 29 dias. Se a criança regurgitar, cuspir ou vomitar após 
a vacinação, não repetir a dose. 
2. Administrar 1 (uma) dose da vacina Pneumocócica 10V 
(conjugada), da v. Meningocócica C (conjugada), v. da 
hepatite A e da v. tetra viral em crianças até 4 anos (4 
anos 11 meses e 29 dias) de idade, que tenham perdido 
a oportunidade de se vacinar.
3. Para as crianças a partir de 5 (cinco) anos de idade, admi-
nistrar 1 (uma) dose única.
4. A vacina SCR-V está recomendada para crianças e ado-
lescentes com menos de 12 anos em substituição às vaci-
nas tríplice viral (SCR) e varicela, quando a aplicação 
destas duas for coincidente. O Programa Nacional de 
Imunizações (PNI) adotou a vacina SCR-V aos 15 meses, 
como segunda dose da SCR e primeira da varicela. O 
intervalo mínimo preconizado é de 30 dias entre a dose 
de tríplice viral (SCR) e a dose de tetra viral (SCR-V).
278
Capítulo 18
Vacinação
Anexo 2 - Calendário: Recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria (2022)
Vacina Quando aplicar Número de Doses Reforço
BCG1 Ao nascer Dose única Sem reforço
Hepatite B2 Ao nascer 1ª dose na maternidade + 
02 doses (2 e 6 meses)
Poliomielite 1, 2, 
3-Vacina Inativada (VIP)3
1ª dose: 2 meses
2ª dose: 4meses
3ª dose: 6 meses
03 doses. Intervalo: 60 dias. 
Intervalo mínimo: 30 dias.
Reforços: 15 meses e entre 4 e 
5 anos de idade (VIP ou VOP). 
Rotavírus humano 1ª dose: 2 meses
2ª dose: 4 meses
02 doses. Intervalo: 60 dias. Sem reforço.
Penta (DTP+Hib+HB)
Ou Hexa (DTP + 
Hib +HB + VIP)
1ª dose: 2 meses
2ª dose: 4meses
3ª dose: 6 meses
03 doses. Intervalo: 60 dias. 
Intervalo mínimo: 30 dias.
2 reforços: 1º com a vacina DTP 
aos 15 meses e 2º c/4 anos.
Pneumocócica con-
jugada 13-valente4
1ª dose: 2 meses
2ª dose: 4meses
3ª doce: 6 meses
03 doses. Intervalo: 60 dias. Reforço: 01 dose entre 
12 e 15meses.
Meningocócica B 1ª dose: 3 meses
2ª dose: 5 meses
02 doses. Intervalo: 60 dias. Reforço: 12 meses.
Meningocócica C e ACWY 1ª dose: 3 meses
2ª dose: 5 meses
02 doses. Intervalo: 60 dias. Reforço: 12 meses e 
entre 4 e 6 anos.
Influenza A partir de 6 meses. 1º esquema < 8a: 02 doses. 
Intervalo: 30 dias. 
Reforço: administrar 
01 dose a cada ano.
Febre Amarela5 1ª dose: 09 meses 01 dose 04 anos de idade.
279
Capítulo 18
Vacinação
Sarampo, Caxumba 
e Rubéola (SCR)
1ª dose: 12 meses
2ª dose: 15 meses com 
SRC/Varicela
02 doses. Intervalo: 03meses 
e mínimo de 30 dias.
Reforço: 15 meses.
Sarampo, Caxumba, 
Rubéola
Varicela (SCRV)
1ª dose: 15 meses
2ª dose: 04 anos
02 doses 2ª dose da varicela: 04 
anos de idade, com a 
vacina varicela isolada.
Hepatite A (HA) 1ª dose: 12 meses; 2ª 
dose: 18 meses.
02 doses -
Difteria, Tétano e 
Pertussis (DTP)
Considerar doses anterio-
res com penta e DTP.
1º reforço: 9 meses após 3ª dose; 2º 
reforço: 3 anos após o 1º reforço.
1º reforço: 15 meses; 2º 
reforço: 4 anos de idade.
Difteria e Tétano 
(dT)/DTPa6
A partir de 07anos de 
idade, caso não tenha 
recebido Penta ou DTP.
03 doses com intervalo de 
60 dias. Intervalo mínimo 
entre as doses: 30 dias.
Reforço a cada 10 anos. 
Em casos de ferimentos 
graves, a cada 5 anos. 
Covid-197 A partir de 03 anos. 02 doses Seguir recomendação 
do fabricante.
Papilomavírus 
humano (HPV)8
9 a 14 anos para meninas; 11 
a 14 anos para meninos.
02 doses com intervalo: 06 meses p/ 
< 14 a anos. 03 doses p/ > 15 anos.
-
Varicela (isolada) 01 dose: 04 anos. 01 dose. Corresponde a 2ª dose 
da vacina SCR-V. 
Dengue9 A partir de 09 anos até 45 anos. três doses: 0, 6 e 12 
meses de intervalo.
-
Fonte: Adaptado da Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento de Imunizações e Departamento de Infectologia. 
Calendário de Vacinação da SBP- Atualização 2022.
280
Bárbara Monitchelly Fernandes Chaves de Faria 
Mylena Taise Azevedo Lima Bezerra
• Comunicantes domiciliares de hanseníase, independente 
da forma clínica, podem receber uma segunda dose da 
vacina BCG. Em recém-nascidos filhos de mãe que utili-
zaram imunossupressores na gestação, ou com história 
familiar de imunossupressão, a vacinação deverá ser 
adiada, pelo menos até os 6 meses de idade, ou contrain-
dicada, dependendo da situação.
• Os lactentes que são vacinados em clínicas privadas 
podem manter o esquema de três doses, a primeira ao 
nascimento e a segunda e terceira dose aos 2 e 6 meses 
de idade, respectivamente. Nestas duas doses, podem ser 
utilizadas vacinas combinadas acelulares – DTPa/IPV/
Hib/HB (Hexa). Importante enfatizar que recém-nascido 
com idade gestacional inferior a 33 semanas ou peso de 
nascimento inferior a 2Kg, deverão receber 04 doses da 
VHB: 0, 2, 4 e 6 meses, como preconizado rotineiramente 
pelo Ministério da Saúde.
• ATENÇÃO: Contraindicar VOP para crianças imunocom-
prometidas e para seus contatos domiciliares. Nestas 
circunstâncias utilizar a VIP.
• Está indicada para todas as crianças até 5 anos de idade. 
O PNI utiliza a vacina pneumocócica conjugada 10-valente 
no esquema de duas doses, administradas aos 2 e 4 meses, 
seguidas de um reforço aos 12 meses, podendo ser aplicada 
281
Bárbara Monitchelly Fernandes Chaves de Faria 
Mylena Taise Azevedo Lima Bezerra
até os 4 anos e 11 meses de idade. A SBP recomenda, sem-
pre que possível, o uso da vacina conjugada 13-valente, no 
esquema de três doses no primeiro ano (2, 4, e 6 meses) e 
uma dose de reforço entre 12 e 15 meses de vida. Crianças 
saudáveis com esquema completo com a vacina 10-valente 
podem receber dose(s) adicional(is) da vacina 13-valente, 
até os cinco anos de idade.
• Crianças acima de 5 anos o esquema preconizado da 
vacina contra febre amarela é de dose única. ATENÇÃO: 
Lactantes de bebês menores de 6 meses de idade, quando 
vacinadas, devem ser orientadas para a suspensão do 
aleitamento materno por 10 dias após a vacinação. 
• Adolescentes com esquema primário de DTP ou DTPa 
completo devem receber um reforço com dT ou dTpa, 
preferencialmente com a formulação tríplice acelular, 
aos 14 anos de idade. Alguns calendários preconizam este 
reforço aos 10 anos. No caso de esquema primário para 
tétano incompleto, este deverá ser completado com uma 
ou duas doses da vacina contendo o componente tetânico, 
sendo uma delas preferencialmente com a vacina tríplice 
acelular. Crianças com 7 anos ou mais, nunca imunizadas 
ou com histórico vacinal desconhecido, devem receber 
três doses da vacina contendo o componente tetânico, 
sendo uma delas preferencialmente com a vacina tríplice 
282
Capítulo 18
Vacinação
acelular com intervalo de dois meses entre elas (0, 2 e 4 
meses - intervalo mínimo de quatro semanas).
• Vacina licenciada para crianças a partir de 03 anos 
e adolescentes, segundo recomendações vigentes no 
período pandêmico, no esquema primário de duas 
doses, com orientações de dose de reforço quatro meses 
após a segunda dose, dependendo da idade e do tipo 
de vacina utilizada.
• A vacina HPV4, disponível no PNI é recomendada em duas 
doses com intervalo de 6 meses entre elas para indivíduos 
entre 9 e 14 anos, e em trêsdoses (0, 1 a 2 e 6 meses) para 
maiores de 15 anos. Imunocomprometidos por doença 
ou tratamento devem receber o esquema de três doses.
• A vacina dengue foi licenciada no Brasil no esquema de 
três doses (0, 6 e 12 meses) e está recomendada para crian-
ças e adolescentes a partir de 9 anos até no máximo 45 
anos de idade que já tiveram infecção prévia confirmada 
pelo vírus da dengue (soropositivos). Está contraindicada 
para gestantes, mulheres que amamentam e portadores 
de imunodeficiências. A vacina não deve ser administrada 
simultaneamente com outras vacinas do calendário.
283
Bárbara Monitchelly Fernandes Chaves de Faria 
Mylena Taise Azevedo Lima Bezerra
Referências
BALLALAI, Isabella; BRAVO, Flavia (org.). Imunização: tudo o 
que você sempre quis saber. Rio de Janeiro: RMCOM, 2016.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância 
em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças 
Transmissíveis. Manual dos Centros de Referência para 
Imunobiológicos Especiais. 4. ed. Brasília, DF: Ministério da 
Saúde, 2014.
BRASIL. Coordenação Geral do Programa Nacional de 
Imunizações. Departamento de Vigilância das Doenças 
Transmissíveis. Secretaria de Vigilância em Saúde. 
Instrução Normativa referente ao Calendário Nacional de 
Vacinação. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2019a.
BRASIL. Ministério da Saúde. Nota informativa nº 
10/2019-CGPNI/DEVIT/SVS/MS. Atualização da 
recomendação sobre revacinação com BCG em crianças 
vacinadas que não desenvolveram cicatriz vacinal. Brasília, 
DF: Ministério da Saúde, [2019b]. 
BRASIL. Ministério da Saúde. Febre Amarela - Guia para 
Profissionais de Saúde. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 
2018.
LIMA, E. J. F. et al., Pediatria ambulatorial: Prevenção de 
doenças infecciosas: Imunização. 2. ed. Rio de Janeiro, RJ: 
MedBook, 2017.
284
Capítulo 19
Prevenção de injúrias
Isadora Correia Lopes
Illane Mayara de Oliveira
19.1 Introdução
Quando falamos sobre mortalidade e incapacidade em 
criança, o trauma se torna a causa mais importante, ficando 
atrelado a mais mortes do que todas as doenças combinadas 
(WAKSMAN; BLANK, 2014). Segundo a Organização Mundial 
da Saúde (OMS), as cinco causas mais comuns de lesões não 
intencionais são lesões no trânsito, quedas, queimaduras, 
afogamento e envenenamento. Tais acidentes trazem impacto 
para as crianças, suas famílias e a sociedade.
A questão da idade é fundamental, pois mesmo que o 
pediatra não seja capaz de modificar a idade de seus pacientes, 
pode sempre tentar, por meio da orientação, reduzir a 
exposição aos riscos. A faixa etária em que os acidentes são 
mais frequentes é entre os três e cinco anos de vida. Podemos 
justificar essa estatística pela ótica de que as crianças de até 
um ano de idade têm uma maior supervisão dos responsáveis, 
visto que após o primeiro ano a criança começa a adquirir 
alguma independência. 
Os riscos das divergentes lesões estão associados a 
diferentes idades e fases de desenvolvimento da criança e 
requerem diversas práticas preventivas e de fiscalização. 
Generalizando, lactentes e pré-escolares sofrem mais quei-
maduras, afogamentos, quedas e intoxicações; escolares 
285
Isadora Correia Lopes
Illane Mayara de Oliveira
sofrem mais atropelamentos e quedas de bicicletas; ado-
lescentes estão mais sujeitos a afogamentos e traumas no 
trânsito por armas de fogo (BLANK, 2002).
Considerando esses riscos, o pediatra deve focar na 
segurança no ambiente doméstico, no trânsito, nas atividades 
de lazer e no uso dos brinquedos. O domicílio requer atenção, 
pois cerca de metade das mortes em menores de 15 anos se dão 
em casa (WAKSMAN; BLANK, 2014). As áreas de maior risco 
são a cozinha, o banheiro e as escadas. O Quadro 1 resume as 
medidas preventivas de quedas conforme o grupo etário.
Quadro 1 – Prevenção de quedas nas diversas faixas etárias
Prevenção de quedas 
0 – 1 ano - Não deixar a criança sozinha em cima de qualquer móvel.
- Baixar o estrado do berço quando o bebê sentar sem apoio.
- Não deixar objetos soltos no berço.
- O espaço entre as grades do berço 
não deve ultrapassar 0,9 cm.
- Não utilizar andadores.
1 – 4 anos - Colocar proteção em janelas e varandas.
- Impedir acesso a escadas usando por-
tas ou grades de proteção.
- Não deixar fios soltos.
- Não deixar toalhas pendentes na mesa.
Maior de 5 anos - Pisos devem permanecer limpos e secos.
- Evitar brincar em locais próximos a buracos ou bueiros.
- Utilizar equipamento de segurança nas 
atividades de esporte e lazer.
- Desencorajar brincadeiras em lajes, telhados e varandas.
Fonte: autoria própria.
As injúrias decorrentes do contato com fogo podem acar-
retar longos períodos de tratamento e deixar sequelas físicas 
e psicológicas por toda a vida, além do perigo de óbito. Dessa 
forma, a consulta de puericultura tem sua grande importância 
para orientar a prevenção dos acidentes que ocorrem no am-
286
Capítulo 19
Prevenção de injúrias
biente predominantemente doméstico. O Quadro 2 resume os 
principais cuidados para a prevenção de queimaduras.
Quadro 2 – Prevenção de queimaduras
Prevenção de Queimaduras
Avaliar a temperatura do banho de crianças 
pequenas (temperatura da água até 37,5ºC). 
Impedir acesso à cozinha.
Não comer ou beber alimentos quentes com criança no colo.
Usar os acendedores de trás do fogão e colocar 
os cabos das panelas para trás.
Colocar protetores adequados em interruptores 
e substituir os fios desencapados. 
Impedir manipulação de fogos de artifícios.
Evitar soltar pipa perto de fios elétricos.
Evitar contato com ferro de passar roupa, cigarro 
aceso, velas, fósforos, isqueiros etc.
Álcool líquido e outros combustíveis não 
devem ser armazenados em casa. 
Fonte: autoria própria.
No Quadro 3, as orientações de prevenção para acidentes 
com arma de fogo estão elencadas.
Quadro 3 - Prevenção de agressões por armas
Agressões por Armas
Guardar objetos pontiagudos e armas de fogo longe 
do alcance de crianças e adolescentes. 
Não estimular brincadeiras com armas de brin-
quedo ou jogos digitais violentos. 
Guardar munições em lugar trancado, separado da arma.
Guardar armas de fogo descarregadas e travadas. 
Fonte: autoria própria.
287
Isadora Correia Lopes
Illane Mayara de Oliveira
Os afogamentos são outros exemplos de injúrias que re-
querem nossa atenção no atendimento às crianças pequenas. 
O cuidado se estende tanto a espaços abertos (mar, lagoas, re-
presas e rios) como a piscinas, banheiras e até balde com água. 
O Quadro 4 resume as medidas de prevenção de afogamentos.
Quadro 4- Prevenção de afogamento
Acidentes por Submersão
Nunca deixar a criança sozinha na banheira, em tanques, piscinas e praias. 
Baldes e bacias devem permanecer vazios, em locais 
mais altos e com a boca voltada para baixo.
A criança deve usar sempre um colete salva-vidas quando 
estiver em embarcações próximo a rios, represas, mares, 
lagos, piscinas e estar acompanhadas por adultos.
Portas de acesso ao banheiro devem estar sempre fechadas. 
Fonte: autoria própria.
O Quadro 5 sumariza a prevenção de intoxicações.
Quadro 5- Prevenção de intoxicações
Prevenção de Intoxicações 
Os produtos devem ser guardados nas embalagens 
originais e fora do alcance da criança.
Limpar a casa com produtos de odor reduzido ou sem cheiro.
Adquirir brinquedos que tenham obrigatoriamente o certificado do Inmetro.
Atentar para a validade dos medicamentos e a dosagem receitada pelo médico.
Não permitir que a criança toque ou ingira plantas 
sabidamente tóxicas ou desconhecidas.
Evitar o consumo de alimentos industrializados, consultando rotineiramente 
prazo de validade, composição, condições de armazenamento 
(temperatura), aspecto da embalagem e alertas do fabricante.
Fonte: autoria própria.
288
Capítulo 19
Prevenção de injúrias
No âmbito da segurança do trânsito, o profissional de 
saúde tem a responsabilidade de orientar quanto o cuidado 
como pedestre; o uso correto dos assentos de segurança e 
capacetes. É necessário falar com clareza as indicaçõesdos 
vários assentos de segurança em cada faixa de idade, conforme 
resumido na Tabela seguinte. 
289
Isadora Correia Lopes
Illane Mayara de Oliveira
Quadro 6 – Transporte no automóvel. 
TRANSPORTE NO CARRO
LACTENTE – BEBÊ CONFORTO - Os recém-nascidos e lactentes devem ser transpor-
tados de costas para o movimento do veículo até pelo 
menos 2 anos de idade ou até alcançar 10Kg.
- As tiras da cadeirinha devem ficar abaixo do ombro.
- Nunca colocar nada entre a criança e a cadeira.
A partir dos 2 anos de idade até os 5 
anos (de 20 a 22 kg): cadeirinha
- Assento de segurança voltado para frente.
290
Capítulo 19
Prevenção de injúrias
A partir de 20-22 kg até alcançar 1,45 
m: assento de elevação (BOOSTER)
- Usar assento de segurança para que o cinto de três pontos do 
carro passe confortavelmente pelo meio do ombro, o centro do 
peito e sobre os quadris da criança (nunca sobre o abdome).
Para criança com mais de 1,45 m: cinto de 3 pontos do próprio carro
- A porção subabdominal deve passar pela pelve, a por-
ção do ombro passar pelo meio do ombro e do tórax 
e os pés devem estar encostados no assoalho.
Fonte: autoria própria.
291
Isadora Correia Lopes
Illane Mayara de Oliveira
Na consulta de puericultura, também deve ser indagado 
sobre os hábitos de deslocamento da família, pois a segurança 
do pedestre deve ter uma visibilidade equivalente ao uso de 
dispositivos restritivos, como assentos infantis e cintos de 
segurança. A orientação para a prevenção de atropelamento 
está contemplada no Quadro 7. 
Quadro 7- Prevenção de atropelamento.
Prevenção de Atropelamento
Não atravessar a rua por trás de carros, ônibus, árvores e postes.
Utilizar sempre a faixa de pedestres.
Entender e obedecer sinais de trânsito.
Esperar que o veículo pare totalmente para poder descer 
e aguardar que ele se afaste para atravessar a rua.
 Fonte: autoria própria.
Um ponto relevante na consulta de rotina da criança 
é instruir os pais sobre o cuidado com os brinquedos, suas 
normas e respectivas instruções. A aspiração e a consequente 
asfixia constituem causas de complicações graves, inclusive 
a morte. A prevenção de acidentes causados por brinquedos 
consta do Quadro 8. 
Quadro 8- Prevenção de acidentes causados por brinquedos.
Prevenção de Acidentes Causados por 
Uso Inapropriado de Brinquedos
Ao escolher um brinquedo, levar em consideração a idade da criança.
Evitar brinquedos com cordas, alças ou fitas maiores que 15 cm.
Brinquedos de locomoção não devem ser utilizados 
próximos a escadas, tráfego e piscina.
292
Capítulo 19
Prevenção de injúrias
Todas as partes do brinquedo devem ser maiores que o pulso da 
criança. Evitar brinquedos que desprendam partes pequenas, 
especialmente para crianças menores de três anos de idade. 
Crianças menores não devem ter acesso aos 
brinquedos de crianças maiores.
Os brinquedos, como as brincadeiras, devem corresponder 
à idade e à etapa de desenvolvimento da criança.
Evitar utilizar balões coloridos de látex, pilhas esféricas.
 Fonte: autoria própria.
Conclusões
Medidas educativas isoladas são insuficientes para o 
controle de injúrias, sendo essencial a participação ativa 
dos pediatras e de todos os profissionais que supervisionam 
a saúde da criança, a partir de um trabalho interdisciplinar 
e interprofissional, de forma integrada e colaborativa, em 
todas as consultas de puericultura, e em ações programadas 
de educação na comunidade. 
293
Isadora Correia Lopes
Illane Mayara de Oliveira
Referências
BLANK, D. Prevenção e controle de injúrias físicas: saímos ou 
não do século 20? J. Pediatr., [S. l.], v. 78, n. 2, p. 84-86, 2002. 
DOI: https://doi.org/10.1590/S0021-75572002000200003. 
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arttext&pid=S0021-75572002000200003&lng=en. Acesso em: 
23 nov. 2020.
GONÇALVES, Anderson César et al., Acidentes na infância: 
casuística de um serviço terciário em uma cidade de médio 
porte do Brasil. Rev Col Bras Cir, [S. l.], v. 46, n. 2, p. 1-7, 
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php?script=sci_arttext&pid=S0100-69912019000200150. 
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RODRIGUEZ, Hugo et al., Peligro de asfixia: conocimiento 
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Disponível em: http://faso.org.ar/revistas/2017/1/9.pdf. 
Acesso em: 9 jul. 2019.
SILVA, M. F. D. et al., Fatores determinantes para a ocorrência 
de acidentes domésticos na primeira infância. Journal of 
Human Growth and Development, [S. l.], v. 27, n. 1, p. 10-
18, abr. 2017. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/
rbcdh/v27n1/pt_02.pdf. Acesso em: 3 jul. 2019.
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http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-69912019000200150
http://faso.org.ar/revistas/2017/1/9.pdf
294
Capítulo 19
Prevenção de injúrias
WAKSMAN, Renata Dejtiar; BLANK, Danilo. Prevenção 
de acidentes: um componente essencial da consulta 
pediátrica. Residência Pediátrica, [Rio de Janeiro], 
v. 3, n. 4, p. 36-44, jun. 2014. Disponível em: http://
residenciapediatrica.com.br/detalhes/117/prevencao-
de-acidentes--um-componente-essencial-da-consulta-
pediatrica. Acesso em: 9 jul. 2019.
295
Capítulo 20
A saúde da criança com síndrome de Down
Talita Maia Rêgo
Maria Edinilma Felinto de Brito
Devani Ferreira Pires
20.1 Introdução
A Síndrome de Down (SD) caracteriza-se por ser a cromosso-
mopatia mais comum entre os recém-nascidos (RN) vivos. A SD 
tem sua apresentação clínica explicada por um desequilíbrio 
da constituição cromossômica, a trissomia do cromossomo 21, 
que pode ocorrer principalmente por trissomia livre, translo-
cação ou mosaicismo. A incidência de nascidos vivos com SD 
é estimada em 1 para cada 700 nascidos vivos, independente-
mente de etnia, gênero ou classe social. 
Etiologia: 
• Origem citogenética:
- Trissomia 21 livre: 
- Cromossomo extra provavelmente de origem 
materna (não disjunção durante a meiose 
cromossômica materna), mais frequente em 
mulheres de idade avançada, que corresponde 
a maioria dos casos. 
• Mosaicismo:
- Presença de duas ou mais constituições cromos-
sômicas (pelo menos uma normal e outra com 
T21) num mesmo indivíduo e as manifestações 
296
Capítulo 20
A saúde da criança com síndrome de Down
dependem de como ocorre essa distribuição; 2 
a 4% dos casos. Nas crianças com mosaicismo 
(46,XY/47,XY + 21 ou 46,XX/47,XX + 21), o fenó-
tipo pode ser atenuado, dificultando o diagnós-
tico ao nascimento.
• Translocação Robertsoniana:
- Podem ser de origem familiar ou casual, sem 
ligação com a idade materna;
- 2 a 4% dos casos;
• Outros rearranjos estruturais:
- O fenótipo dependerá das características de cada 
paciente, desde muito leve a muito comprometidos;
- Menos de 1% dos casos.
A suspeita diagnóstica pode ocorrer durante o pré-natal. 
A detecção de alteração da translucência nucal, detectada em 
ultrassonografia fetal entre a 11ª e a 14ª semana de gestação 
pode contribuir com o diagnóstico de SD em até 70% dos casos, 
com taxas de falso-positivo de apenas 5%. 
No período pós-natal, a identificação de alterações 
fenotípicas características da SD, em geral, direcionam ao 
diagnóstico clínico. A realização do cariótipo identifica o 
mecanismo genético da Síndrome de Down: trissomia livre, 
mosaicismo ou translocação. Contudo, a identificação do 
mecanismo genético não determina as características físicas 
ou o desenvolvimento das pessoas com SD.
20.2 A comunicação com a família
A comunicação do diagnóstico deve ser realizada quando 
os sinais característicos forem identificados por mais de um 
membro da equipe. O diálogo deve ocorrer preferencialmente 
297
Talita Maia Rêgo
Maria Edinilma Felinto de Brito
Devani Ferreira Pires
na presença da mãe e do pai, ou, em condições excepcionais 
(ausência de um deles ou impedimento de ambos), outro 
membro da família, com um relacionamento significativo 
paraos pais e a criança, será esclarecido sobre o diagnóstico. 
Antes da notícia, é importante que a mãe e o pai tenham 
tido a oportunidade de ver, acariciar e amamentar o recém-
nascido, estabelecendo o vínculo com a criança e evitando 
ideias fantasiosas após o diagnóstico. O profissional deve estar 
atento aos sinais de sofrimento dos pais e à necessidade de 
apoio psicológico. Portanto, as habilidades de comunicação 
empática são indispensáveis no momento do diagnóstico e 
durante o acompanhamento da saúde do bebê.
20.3 Características fenotípicas 
e dados do exame físico da criança 
com Síndrome de Down
• Cabeça: braquicefalia;
• Cabelos: fino, liso e de baixa implantação;
• Olhos: epicanto, fenda palpebral oblíqua;
• Orelhas: alterações no tamanho (pequenas), na rota-
ção e implantação;
• Nariz: pequeno e com ponte nasal plana;
• Cavidade oral: boca pequena; macroglossia; 
glossoptose
• Pescoço: excesso de tecido adiposo e pele;
• Abdome: diástase do músculo reto abdominal;
• Mãos: prega palmar única, clinodactilia do 5º dedo da 
mão; braquidactilia;
• Tônus: hipotonia e frouxidão ligamentar;
298
Capítulo 20
A saúde da criança com síndrome de Down
• Pés: espaço aumentado entre o 1º e 2º pododáctilos; 
prega na área halucal.
Alterações clínicas mais comuns no paciente com SD:
1) Instabilidade atlanto-axial:
- Presente de modo assintomático em 13% das 
crianças com SD;
- Sintomas: podem apresentar um quadro de 
síndrome medular por compressão da medula; dor 
no pescoço, torcicolo, anormalidades na marcha, 
perda de controle intestinal ou de bexiga ou sinais 
de para ou tetraparesia.
2) Problemas oftalmológicos:
- Erros de refração (50%); 
- Estrabismo 
- Nistagmo.
- Catarata (15% dos RN); 
- Glaucoma;
3) Problema auditivo:
- Deficiência auditiva (38-78%);
- Otite
4) Cognição: 
- Déficit cognitivo (quase 100%) dos pacientes, 
variando de leve a grave;
- Demência: a doença de Alzheimer ocorre em idade 
mais precoce.
5) Distúrbios comportamentais e psiquiátricos:
- O autismo: presente em 7% dos casos;
- Transtornos de comportamento opositor; 
- TDAH;
- Depressão: comum em adolescentes.
299
Talita Maia Rêgo
Maria Edinilma Felinto de Brito
Devani Ferreira Pires
6) Malformações cardíacas:
- Cardiopatias congênitas estão presentes em 
aproximadamente 50% dos pacientes, como a 
Persistência do Canal Arterial (PCA); Tetralogia de 
Fallot; defeito do septo AV total ou parcial; defeito 
do septo atrial (CIA); defeito do septo ventricular 
(CIV).
7) Problemas respiratórios:
- Pneumonia é a principal causa de morte;
- Broncoaspiração crônica;
- Apneia do sono: as principais causas são a obesidade 
e a hipertrofia de amígdala faríngea (adenoide) e 
amígdala palatina;
- Asma;
- Doenças pulmonares parenquimatosas.
8) Malformações e doenças do trato gastrointestinal:
- Atresia de esôfago com fístula traqueo-esofágica;
- Estenose ou atresia duodenal;
- Pâncreas anular;
- Ânus imperfurado;
- Doença de Hirschsprung (risco <1%); 
- Doença Celíaca (5-16%).
9) Anormalidades urológicas:
- Hipospádia; 
- Câncer testicular;
- Malformações renais.
10) Problemas de pele:
- Dermatite seborreica; 
- Alopecia areata; 
- Xerose e hiperceratose palmo-plantar; 
300
Capítulo 20
A saúde da criança com síndrome de Down
- Cutis marmorata; 
- Foliculite.
11) Artropatias:
- Artrite Idiopática Juvenil (6 vezes mais comum na 
SD).
12) Problemas reprodutivos:
- Homens: a maioria infértil (problemas na 
espermatogênese);
- Mulheres: são férteis e podem engravidar.
13) Problemas hematológicos:
- Leucemia: (risco 30 vezes maior do que a população 
geral); 
- Transtorno Mieloproliferativo Transitório - TMT 
(incidência cerca de 10%);
- Anemia e a deficiência de ferro (10%).
16) Problemas endocrinológicos e metabólicos: 
- Distúrbios da tireoide (risco de 1,4% de 
hipotireoidismo congênito e 14% a 66% de 
hipotireoidismo ao longo da vida);
- Diabetes Mellitus;
- Obesidade.
 18) Distúrbios do crescimento: 
- Baixa estatura 
 19) Aspectos relacionados à imunidade: 
- Desregulação imune generalizada e crônica;
- Doenças autoimunes; risco maior de infecções 
virais respiratórias e maior mortalidade por 
pneumonia bacteriana e sepse. 
301
Capítulo 20
A saúde da criança com síndrome de Down
20.4 Seguimento clínico da criança 
com Síndrome de Down
A criança com SD necessita de um seguimento e cuidados 
direcionados, com uma equipe multidisciplinar e interpro-
fissional para promover o estímulo precoce e proporcionar o 
desenvolvimento do potencial de cada paciente, objetivando a 
autonomia, a integração social e o reconhecimento precoce de 
patologias que possam afetar sua saúde. O Quadro 1 sumariza 
os cuidados com a saúde de criança com SD.
302
Talita Maia Rêgo
Maria Edinilma Felinto de Brito
Devani Ferreira Pires
Quadro 1 – Cuidados com a saúde da criança com Síndrome de Down:
Triagem do período neonatal Cariótipo; triagem biológica neonatal (T. Pezinho); hemograma; 
emissões otoacústicas; teste da oximetria de pulso e ecocardio-
grama. A ultrassonografia abdominal deve ser realiza para afastar 
malformações associadas ao sistema urológico ou digestório.
Encaminhamento a 
especialidades médicas
Geneticista, Cardiologista (quando indicado), Endocrinologista (quando 
indicado), Gastroenterologista (quando indicado), Hematologista (quando 
indicado), Oftalmologista (avaliação inicial e seguimento anual), Reu-
matologista (quando indicado) e Psiquiatra (quando indicado).
Acompanhamento 
Interprofissional de rotina.
Assistente Social, Pediatra, Enfermeiro, Fisioterapeuta, Fonoaudiólogo, 
Terapeuta ocupacional, Nutricionista, Odontólogo, Pedagogo e Psicólogo.
Consultas de rotina, 
atenção aos cuidados 
apropriados à idade
Aconselhamento genético; avaliação nutricional, alimentação, vín-
culo afetivo, dinâmica familiar. Para a avaliação antropométrica, uti-
liza-se a curva de crescimento específica para criança com SD. 
Avaliação de desenvolvimento neuropsicomotor, sensorial, lin-
guagem, comportamento e Transtorno de Espectro Autista. 
Imunização (vacinas do calendário básico, vacina contra influenza e 
antipneumocócia 10 ou 13, no primeiro ano de vida e aos 2 anos fazer 
uma dose da Pneumo 23 e repetir após 5 anos; cuidados posturais, 
higiene, prevenção de injúrias, estimulação precoce e reabilitação. 
As consultas devem ser mensais até 12 meses, bimensais entre 12-36 meses; 
semestrais a partir dos 3 anos e anuais no período da adolescência. Atenção 
quanto à prevenção de abusos físicos e sexuais e cuidados reprodutivos.
303
Talita Maia Rêgo
Maria Edinilma Felinto de Brito
Devani Ferreira Pires
Curvas de crescimento SD Curvas do CDC / 2015. Disponível em: https://www.cdc.gov/ncb-
ddd/birthdefects/downsyndrome/growthcharts.html
Atenção às doenças 
prevalentes
Infecções respiratórias de repetição, refluxo gastroesofágico, otite média, apneia 
do sono, obstipação intestinal, obesidade, problema de pele, problemas visuais.
Benefício de Prestação 
Continuada (BPC)
É um benefício individual, não vitalício e intransferível que assegura o 
valor mensal de 1 salário mínimo à pessoa com deficiência de qualquer 
idade, com impedimentos de longo prazo, de natureza física, mental, 
intelectual ou sensorial que possa obstruir sua participação plena e efe-
tiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.
Inclusão escolar Crianças com SD devem ser colocadas nas escolas desde os pri-
meiros anos de vida, assim como qualquer outra, assegurado 
pela Lei Nº 13.146/2015 (Lei Brasileira de Inclusão).
Legislação: Estatuto da 
Pessoa com Deficiência (EPD)
Trata de inclusão social, condições de acesso às áreas de educação, saúde, 
trabalho, cultura, esporte e infraestrutura urbana, além de estabelecer 
punições para atitudes discriminatórias contra a dignidade humana.
Fonte: autoria própria.
304
Capítulo 20
A saúde da criança com síndrome de Down
A idade esperada para a aquisição de marcos motores 
grosseiros estão listados no quadro 2.
Quadro 2- Desenvolvimento

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