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Cuidados de Enfermagem no tratamento de gestantes diabéticas Isabel Moreira Gomes1 Caroliny Cristine dos Santos Mendes2 Christian Raphael Fernandes Almeida2 Maria Vilani Cavalcante Guedes3 RESUMO: Introdução: O Diabetes Melittus Gestacional (DMG) faz parte de um grupo de doenças de etiologia múltipla, o Diabetes Melittus, que tem se tornado um problema de saúde pública na população de gestantes, com cerca de 7,6% de mulheres portadoras da doença no Brasil nos últimos 20 anos. As alterações hormonais são importantes para o feto, contudo, essa descompensação pode ser grave para o binômio mãe-bebê, sendo necessário excelentes cuidados de enfermagem. Objetivo: Identificar na literatura científica nacional a assistência de enfermagem no tratamento de gestantes diabéticas. Metodologia: Trata-se de uma revisão bibliográfica do tipo narrativa, realizada em bases de dados da saúde. Foram encontrados 14 artigos na base de dados SciELO e 14 artigos na base de dados LILACS, dos quais 14 foram excluídos, sendo a amostra composta de 5 artigos. Resultados: Os cuidados mais presentes foram: pré-natal eficiente (1), realização de atividades em educação em saúde (1), estabelecimento de um vínculo de confiança entre o profissional e a gestante (1). Conclusão: conclui-se que os cuidados de enfermagem a essas gestantes, utilizando as práticas de educação em saúde, é de suma importância, haja vista o bom desempenho do tratamento da DMG. Palavras-chave: Diabetes Gestacional; Assistência de Enfermagem INTRODUÇÃO O Diabetes Melittus é um grupo de doenças de etiologia múltipla que ocorre devido à uma deficiência na produção ou na ação do hormônio insulina. Dentre os tipos existentes de Diabetes, existe o Diabetes Melittus Gestacional (DMG), causado por uma resistência ao hormônio insulina (RI), que ocorre à medida que a placenta cresce, havendo, em torno da 20ª semana de gestação, uma alta produção hormonal de progesterona, cortisol, lactogênio placentário humano, dentre outros. Devido à isso, a DMG costuma ser diagnosticada no final do segundo trimestre de gravidez ou no início do terceiro trimestre, onde a resistência à insulina encontra-se aumentada. (SCHMALFUSS; BONILHA, 2015; SCHMALFUSS et al., 2014; SABINO et al., 2017). Sabe-se que que essas alterações hormonais durante a gravidez são necessárias para que as necessidades do feto sejam supridas e que a RI ocorre para que haja uma manutenção adequada de glicose para o bebê. Contudo, existem mulheres que engravidam com algum grau de RI ocasionado por histórico de sobrepeso, por exemplo, e, dessa forma, essa descompensação glicêmica pode trazer consequências graves para o binômio mãe-bebê. Devido a essas complicações, é necessário que o cuidado à gestante se inicie nas primeiras consultas do pré-natal, sendo necessário e obrigatório o rastreamento da doença e de fatores de risco (SCHMALFUSS; BONILHA, 2015; BOLOGNAMI; SOUZA; CALDERON, 2014; SABINO et al., 2017). No Brasil, a prevalência do DMG em mulheres com mais de 20 anos de idade atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), foi de 7,6%. Tal índice demonstra a relevância do DMG, tanto por ser uma doença adquirida no decorrer da gravidez, quanto por ter se tornado um problema de saúde pública. Ademais, ao contrário das mulheres que engravidaram já possuindo DM tipo I ou II, aquelas que se descobrem diabéticas na gravidez possuem o acréscimo de uma condição de risco que está acima de qualquer gestação de baixo risco (SCHMALFUSS, et al., 2014; ARAÚJO et al., 2013). Em vista das possíveis complicações que podem acometer a gestante, é importante que o profissional que a acompanha possa instruí-la acerca dos cuidados que ela deve ter em casa e na sua rotina. Entre eles, devem ser adotados: o controle glicêmico, atividades físicas e uma dieta alimentar. Dessa forma, visando a essa necessidade, a enfermagem obstétrica se mostrou eficiente e possuidora de um grande potencial na mudança do atual cenário de altos índices de complicações em mulheres portadoras de DMG, visto que fazem o acompanhamento da gestante no pré-natal, solicitando exames, visando a detectar qualquer anormalidade no organismo dessa mulher. (SCHMALFUSS, et al., 2014; SCHMALFUSS; BONILHA, 2015). Nesse contexto, ao considerar o bem-estar da mãe e do bebê aliadas ao bom desempenho do profissional de Enfermagem, no intuito de buscar meios para tratar a doença, evitar futuras complicações e conhecendo-se os dados estatísticos acerca do tema, questiona-se: Quais as evidências científicas a respeito do cuidado de enfermagem no tratamento de gestantes diabéticas? OBJETIVO Identificar as evidências científicas sobre os cuidados de enfermagem prestados a gestante com DMG na literatura nacional. METODOLOGIA Trata-se de uma revisão bibliográfica do tipo narrativa, com busca de artigos em bases de dados nacionais, pois a mesma traz contribuições para um maior aprofundamento de conhecimento sobre o tema devido à realização de levantamento de dados em estudos já existentes na literatura. Foram utilizadas duas bases de dados a fim de expandir a esfera das pesquisa: Scientific Eletronic Library online (SciELO) e Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde (LILACS). A busca foi efetuada por meio dos Descritores em Ciências da Saúde (DECS): diabetes gestacional e assistência de enfermagem, encontrando-se no total 5 artigos na base de dados Scielo e 14 artigos na base de dados LILACS, dos quais 14 foram excluídos por não obedecerem os critérios estabelecidos pela autora, sendo a amostra composta por 5 artigos. Os critérios de inclusão para a composição da revisão foram: artigos que respondessem a questão norteadora, disponíveis eletronicamente na íntegra, no idioma português, sem recorte temporal. RESULTADOS E DISCUSSÕES Dos artigos utilizados na composição desse estudo as assistências mais citadas foram: pré-natal eficiente (1), realização de atividades em educação em saúde (1), estabelecimento de um vínculo de confiança entre o profissional e a gestante (1), dieta alimentar saudável (1), estado emocional de gestantes com DMG hospitalizadas (1). O enfermeiro por ser um dos profissionais que recepcionam em todas as esferas biopsicossociais do paciente acaba exercendo um papel fundamental na prestação do seu cuidado para com gestantes portadoras do DMG. A aproximação e o ganho da confiança é a garantia de uma relação funcional para prestação do cuidado de enfermagem, todavia gestante conseguirá expor melhor seus pensamentos para o profissional da saúde, apresentando suas queixas, aceitando melhor as orientações e seguindo-as (SABINO et al., 2017). O pré-natal é um fator fundamental decisivo na vida das gestantes, pois é a partir dele que a mesma poderá entender todo o processo fisiometabólico pelo qual seu organismo está passando e reconhecer as anormalidades. As consultas realizadas durante todo o período gestacional devem possuir um caráter eficiente, visando orientar e empoderar a mulher visando o seu protagonismo enquanto ser (SABINO et al., 2019; BOLOGNAMI et al., 2014). Durante as consultas de pré natal o enfermeiro deve avaliar o histórico familiar, buscando correlações entre a história prévia genética da mulher; conhecer o contexto social e econômico em que sua paciente se insere; solicitar o atendimento com a equipe multidisciplinar; além de desenvolver um plano de autocuidado para que a gestante possa fazer a prevenção do DMG (SABINO et al., 2019). Sendo uma de suas atribuições profissionais a atuação em educação em saúde torna-se primordial como uma assistência de enfermagem à gestante, nas quais o mesmo deve incentivar a alimentação saudável, indicar a realização de práticas de atividades físicas e levar o conhecimento acerca da doença e dos fatores de risco que podem potencializá-la, trazendo riscos para o binômio mãe-filho (SABINO et al., 2019; BOLOGNAMI et al., 2014). Juntamente com as medidas apresentadas, a mulher deve ter atenção máxima em sua dieta alimentar. Esse controle, é de grande importância para um tratamento de sucessodo DMG, considerando que esse cuidado será orientado desde a detecção da doença e seguirá durante toda a gestação. Segundo Schmalfuss e Bonilha (2014), destaca-se que 60% das gestantes podem se manter euglicêmicas somente com a realização de dieta e atividade física, evitando maiores riscos para a gravidez e, que a hiperglicemia materna pode ser bem controlada apenas com uma dieta saudável. A mulher com diabetes na gestação têm mais possibilidade de desenvolver DM2 após o parto e, em outras gestações, apresentam maior risco das crianças desenvolverem a doença. Esse fator advindo do diagnóstico de DMG, causam repercussões sérias no estado emocional das gestantes acometidas, sendo ainda mais preocupante quando existe a obrigatoriedade da internação (ARAÚJO et al., 2013). Devido a esse estado emocional comprometido, é necessário que os profissionais de saúde, sobretudo os enfermeiros, estejam disponíveis e capacitados para o diálogo com as pacientes na rotina hospitalar, buscando acolher os sentimentos e dificuldades trazidos pelo diagnóstico. CONCLUSÃO OU CONSIDERAÇÕES FINAIS Verificou-se, a partir da literatura nacional, que a assistência de enfermagem a essas gestantes é de suma importância, haja vista o bom desempenho do tratamento da DMG. A conduta adotada pelos enfermeiros baseada na educação em saúde é a principal medida utilizada, onde, nas consultas de pré-natal, a gestante será avaliada e será aconselhada a seguir diversas mudanças no seu estilo de vida para que o tratamento da doença possa ser satisfatório. Com isso, pode concluir que o estudo atingiu seu objetivo de identificar na literatura nacional estudos que abordassem a assistência de enfermagem no tratamento de gestantes diabéticas. REFERÊNCIAS ARAÚJO, M.F.M et al. Diabetes gestacional na perspectiva de mulheres grávidas hospitalizadas. Rev Bras Enferm, v. 66, n. 2, p. 222-227, 2014. BOLOGNAMI, C.V; SOUZA, S.S; CALDERON, I.M.P. Diabetes mellitus gestacional – enfoque nos novos critérios diagnósticos. Com. Ciências Saúde, v. 22, n.1, p. 31-42, 2014. SABINO, K.C.V et al. Gestantes portadoras de Diabetes Mellitus: características e vivências durante a gestação. Bras Journal Surg Clinic Res, v. 20, n. 3, p. 137-141, 2017. SCHMALFUSS, J.M; BONILHA, A.L.L. Implicações das restrições alimentares na vida diária de mulheres com diabete melito gestacional. Rev Enferm UERJ, v. 23, n. 1, p. 39-44, 2015. SCHMALFUSS, J.M et al. Diabetes melito gestacional e as implicações para o cuidado de enfermagem no pré-natal. Rev Cogitare Enferm, v.19, n. 4, p. 815-822, 2014. ___________________________ 1 Acadêmica de Enfermagem pela Universidade Estadual do Ceará - UECE e bolsista do Grupo de Pesquisa Epidemiologia, Cuidado em Cronicidades e Enfermagem - isabel.gomes@aluno.uece.br 2 Acadêmicos de Enfermagem pela Universidade Estadual do Ceará - UECE. 3 Professora Draª do curso de Enfermagem da Universidade Estadual do Ceará - UECE. image1.png image2.png image3.png image4.png image6.png image5.png