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2.
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COMÉRCIO EXTERIOR
2
João Alfredo Lopes Nyegray
São Paulo 
Platos Soluções Educacionais S.A 
2021
COMÉRCIO EXTERIOR
1ª edição
3
2021
Platos Soluções Educacionais S.A
Alameda Santos, n° 960 – Cerqueira César
CEP: 01418-002— São Paulo — SP
Homepage: https://www.platosedu.com.br/
Head de Platos Soluções Educacionais S.A 
Silvia Rodrigues Cima Bizatto
Conselho Acadêmico
Carlos Roberto Pagani Junior
Camila Turchetti Bacan Gabiatti
Camila Braga de Oliveira Higa
Giani Vendramel de Oliveira
Gislaine Denisale Ferreira
Henrique Salustiano Silva
Mariana Gerardi Mello
Nirse Ruscheinsky Breternitz
Priscila Pereira Silva
Tayra Carolina Nascimento Aleixo
Coordenador
Tayra Carolina Nascimento Aleixo
Revisor
Isamaura Krauss Franco
Editorial
Alessandra Cristina Fahl
Beatriz Meloni Montefusco
Carolina Yaly
Mariana de Campos Barroso
Paola Andressa Machado Leal
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)_____________________________________________________________________________________ 
Nyegray, João Alfredo Lopes
N994c Comércio exterior / João Alfredo Lopes Nyegray. – São 
 Paulo: Platos Soluções Educacionais S.A., 2021.
 41 p.
 
 ISBN 978-65-5356-058-1
 1. Comércio exterior. 2. Negócios internacionais. 
 3. General Agreement on Tarifs and Trade (Acordo Geral de 
 Tarifas e Comércio). I. Título. 
CDD 372.86
____________________________________________________________________________________________
Evelyn Moraes – CRB-8 SP-010289/O
© 2021 por Platos Soluções Educacionais S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser 
reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, 
eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de 
sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, 
por escrito, da Platos Soluções Educacionais S.A.
4
SUMÁRIO
Noções introdutórias ao Comércio Internacional e Exterior __ 05
Internacionalização de empresas e os órgãos do comércio 
internacional _________________________________________________ 20
 A regulamentação brasileira sobre o Comércio Exterior _____ 36
O ambiente internacional de negócios _______________________ 53
COMÉRCIO EXTERIOR
5
Noções introdutórias ao Comércio 
Internacional e Exterior
Autoria: João Alfredo Lopes Nyegray
Leitura crítica: Isamaura Krauss Franco
Objetivos
• Entender o Comércio Internacional e o Comércio 
Exterior como consequências e causas do processo 
de globalização.
• Compreender aspectos básicos Comércio 
Internacional e do Comércio Exterior em suas 
distinções.
• Entender a posição do comércio exterior brasileiro 
no mundo.
6
1. Noções introdutórias ao Comércio 
Internacional e Exterior
É tão cotidiano acessar as redes sociais pelo smartphone, conectar-se 
a sites de notícias pelo computador ou ouvir músicas por serviços de 
streaming, que muitas vezes não dos damos conta do caminho que 
esses serviços percorreram até chegar a nós. Além desses serviços é 
possível pensar em muitos produtos que fazem parte de nosso dia a 
dia, como eletrônicos de marcas estadunidenses fabricados em Taiwan, 
automóveis japoneses ou sul-coreanos fabricados no Brasil ou café 
brasileiro aquecendo xícaras e corações na Alemanha. São produtos, 
serviços e marcas que atravessam fronteiras e movimentam o PIB 
global. Por tudo isso, pode-se afirmar: a globalização faz parte de nossa 
vida sem que muitas vezes percebamos a dimensão que o fenômeno 
tem em nosso cotidiano.
Embora hoje tenhamos acesso a informações, produtos e serviços 
vindos de diferentes países, nem sempre foi assim. Até pouco tempo 
atrás, o Brasil era um país ainda mais fechado ao comércio internacional 
do que é hoje. Como consequência, os consumidores nacionais tinham 
acesso apenas aos produtos fabricados aqui, em um cenário em que 
a demanda ultrapassava largamente a oferta. Em ambientes assim, a 
inovação e o aprimoramento de produtos e serviços deixa de ocorrer, 
uma vez que os consumidores têm poucas opções de compra. A 
partir da abertura comercial, ocorrida em 1992, tudo muda: produtos 
importados passam a entrar pelos portos, aeroportos e pontos de 
fronteira do país. Isso não apenas aumentou a concorrência no 
mercado doméstico como nos aproximou da realidade da globalização. 
É isso o que você aprenderá nas próximas páginas. Você verá que a 
internacionalização é, ao mesmo tempo, causa e consequência do 
processo de globalização, e entenderá as diferenças entre comércio 
exterior e comércio internacional.
Bons estudos!
7
1.1 Comércio internacional: para quê?
Olhe ao seu redor. Veja quantas das coisas que você tem ou que está 
usando neste momento são nacionais e quantas são estrangeiras. 
Certamente muitos dos itens de sua vida cotidiana são de marcas 
globais, ainda que tenham sido fabricados no Brasil. Nesse ponto, 
muitas pessoas questionam as razões pelas quais os chineses são os 
grandes produtores globais de smartphones e eletrônicos. A resposta 
simples seria afirmar que o país asiático conta com mão de obra barata. 
A realidade, no entanto, é muito mais complexa do que isso: trata-se de 
uma nação com câmbio artificialmente desvalorizado, zonas especiais de 
exportação, incentivos governamentais e infraestrutura de ponta. Esses 
fatos, somados, deram aos chineses uma intensa vantagem competitiva 
na manufatura de modo geral.
E o Brasil, poderia fabricar esses mesmos eletrônicos que trazemos de 
lá? Sem dúvida, mas esses produtos – se feitos aqui – seriam muito mais 
caros. Para enfrentarmos os chineses nesse quesito, necessitamos de 
reformas tributárias e administrativas estruturais. Por hora, enquanto 
essas reformas não são feitas, seguimos comprando dos chineses. 
Como somos um imenso país, com clima favorável durante boa parte 
do ano, o Brasil despontou no cenário do comércio internacional pelo 
agronegócio. Da mesma forma que o Brasil poderia investir recursos 
na manufatura de eletrônicos, os russos poderiam – pela sua grande 
extensão territorial – produzir itens agrícolas. A grande dificuldade é 
que, por mais que os russos tentem, não conseguem competir com o 
agronegócio brasileiro. Ainda que seja um país imenso, boa parte de seu 
território está congelada. Caso investissem na área, seria muito mais 
caro produzir lá do que comprar do Brasil.
Você está percebendo que, ainda que as nações até consigam produzir 
alguns itens por conta própria, vale a pena comprá-los do exterior. 
Cavusgil, Knight e Riesenberger (2010) afirmam que:
8
O comércio permite aos países usar seus recursos nacionais de modo mais 
eficiente por meio da especialização. O comércio permite a indústrias e 
operários serem mais produtivos. O comércio também permite às nações 
atingirem padrões de vida mais elevados e manterem baixo o custo 
de muitos produtos de uso cotidiano. Sem o comércio internacional, a 
maioria delas ficaria impossibilitada de alimentar, vestir e abrigar seus 
cidadãos nos níveis atuais. Até as economias ricas em recursos como os 
Estados Unidos sofreriam sem comércio. Alguns tipos de alimento ficariam 
indisponíveis ou só poderiam ser obtidos a preços exorbitantes. Café e 
açúcar passariam a ser artigos de luxo. As fontes de energia derivadas de 
petróleo escasseariam. Os veículos parariam de rodar, as cargas deixariam 
de ser entregues, e as pessoas não poderiam aquecer seus lares no 
inverno. Em suma, não se trata somente de nações, empresas e cidadãos 
beneficiarem-se do comércio internacional; a vida moderna é praticamente 
impossível sem ele. (CAVUSGIL; KNIGHT; RIESENBERGER, 2010, p. 68-69)
Em outras palavras: o comércio permite que utilizemos nossos recursos 
de maneira mais vantajosa à nossa nação. Há, então, outra vantagem 
das trocas globais: a concorrência. Até a década de 1990 havia cotas 
de importação no Brasil. Ou seja, se a cota era, porexemplo, de 
mil automóveis e, no segundo dia de um dado ano, uma empresa 
registrasse a importação desses veículos, outras operações para a 
importação deste item somente poderiam ocorrer no ano seguinte. 
Àquela época, a demanda dos brasileiros era maior do que a oferta 
dos itens de uso geral. Como consequência, acabávamos comprando 
produtos não tão bons, pois era o que estava disponível para nós.
Uma grande montadora de veículos vendia seus carros populares com 
espelho retrovisor de um só lado. Caso o cliente quisesse o retrovisor 
em ambos os lados do veículo, teria que pagar mais por isso, como um 
adicional. A partir de 1992, quando as cotas de importação deixaram de 
existir, uma avalanche de produtos importados invade nosso mercado. 
Esses produtos eram, em sua maioria, melhores e mais baratos do que 
aqueles vendidos aqui. Por isso, os brasileiros durante muito tempo 
9
acreditaram que os produtos importados eram sempre melhores do que 
os nacionais. À época, eram.
Quando os importados passaram a entrar livremente no Brasil, as 
empresas nacionais depararam-se com uma concorrência até então 
inédita, e foram forçadas a escolher entre melhorar aquilo que faziam 
ou o serviço que prestavam, ou sair do mercado. A maior parte das 
organizações acabou efetuando a primeira escolha, e a qualidade geral 
dos produtos e serviços no mercado brasileiro aumentou.
Hoje sequer cogitamos a hipótese de que uma montadora venda seus 
automóveis com apenas um espelho retrovisor. Assim, se a qualidade 
geral dos produtos e serviços a que temos acesso melhorou, devemos 
isso à concorrência proporcionada pelo comércio internacional. Como 
ensinam Cavusgil, Knight e Riesenberger (2010):
Onde a concorrência é acirrada, uma empresa não pode forçar os 
consumidores a comprar seus produtos nem os fornecedores a supri-
los com matérias-primas e insumos. […] Com efeito, a gradual integração 
da economia global e a crescente concorrência global, combinadas com 
a privatização de setores em várias nações, estão tornando algumas 
empresas menos poderosas no âmbito de seu próprio mercado. 
(CAVUSGIL; KNIGHT; RIESENBERGER, 2010, p. 33)
É exatamente isso o que ocorreu no Brasil e em tantos outros lugares 
do mundo. Mas, qual é, afinal, a diferença entre comércio internacional 
e comércio exterior? Embora muitas pessoas utilizem ambos os termos 
como sinônimos, o comércio internacional refere-se a todas as trocas 
entre todos os países do mundo. O comércio exterior, por sua vez, 
toma um país por referência. Por isso falamos do “comércio exterior 
brasileiro” ou “comércio exterior alemão”. Seja como for, ambos são 
duas faces de uma mesma moeda, e o comércio não é apenas o motor 
da nossa vida moderna, mas também nos proporciona produtos e 
serviços de maior qualidade em um preço menor.
10
1.2 As teorias do comércio internacional e exterior
Há alguns séculos o comércio internacional era visto como algo negativo. 
Ao contrário do que ocorre hoje, as nações tentavam por conta própria 
produzir tudo aquilo de que necessitavam. Como é de se esperar, 
os padrões econômicos de vida, em geral, eram baixos. Países com 
clima pouco propício despendiam infindáveis recursos na tentativa de 
prosperar suas lavouras. O gasto era sempre elevado e o retorno, muito 
baixo.
Essa visão justifica-se pela ideia do chamado metalismo. O metalismo 
consiste no acúmulo de metais nos cofres de um determinado Estado, 
em uma época em que se corroborava que a riqueza de um país estava 
ligada à quantidade de metais preciosos que esse país detinha. Uma 
vez que o moderno sistema de câmbio só surgiria após muito tempo, 
nessa época as importações eram pagas em ouro ou prata. Como 
consequência, toda vez que entravam produtos, saiam metais. Na 
visão de então, as importações tornavam o local menos rico e menos 
poderoso.
Essa perspectiva foi chamada de “mercantilismo” que, no ensinamento 
de Cavusgil, Knight e Riesenberger (2010), surgiu no século XVI como:
Uma visão dominante do comércio internacional. Em termos simples, 
ele sugere que as exportações são boas e as importações, ruins. Os 
mercantilistas acreditavam que a prosperidade nacional resulta de uma 
balança comercial positiva, obtida pela maximização das exportações e a 
minimização das importações. Eles argumentavam que o poder e a força 
de uma nação aumentam na proporção em que sua riqueza aumenta. Em 
um período no qual os metais preciosos constituíam o principal meio de 
troca, o ouro era particularmente valioso porque podia ser usado para 
proteger e ampliar os interesses nacionais. As exportações eram pagas 
em ouro e, portanto, aumentavam o estoque desse metal. Por outro lado, 
as importações reduziam o acúmulo de ouro porque eram pagas com 
11
ele. Dessa forma, as nações desejavam e promoviam as exportações, 
mas desaprovavam e restringiam as importações. (CAVUSGIL; KNIGHT; 
RIESENBERGER, 2010, p. 69)
Essa visão estendeu-se até que um economista escocês chamado Adam 
Smith desafiou essa lógica. Smith escreveu um livro chamado A Riqueza 
das Nações, no qual afirmava que os países poderiam se beneficiar ao 
trocar produtos em que cada um teria vantagens produtivas. A ideia 
central é que o estado não interferisse no mercado, permitindo que 
pessoas pudessem buscar seus lucros de maneira livre. Como ensina 
Caparroz (2018), o pensamento de Adam Smith:
[…] inaugurou os conceitos de mercado livre e laissez-faire, bem como 
influenciou a economia britânica na prática de tal modo, que a Inglaterra, 
na segunda metade do século XIX, já havia banido todos os resquícios da 
era mercantilista, o que em muito colaborou para o seu posicionamento 
como potência econômica e financeira da época. (CAPARROZ, 2018, p. 64)
Adam Smith, ao inaugurar a visão liberal, percebeu que os países podem 
focar seus esforços em produzir aquilo que lhes é mais vantajoso e que 
despende menos recursos. De outro lado, em vez de tentar produzir 
tudo o que necessita por conta, pode-se importar o que não se sabe ou 
não se consegue produzir no mercado doméstico. É o que se chama de 
princípio das “vantagens absolutas”.
Na explicação de Cavusgil, Knight e Riesenberger (2010, p. 70), cada 
“país aumenta sua riqueza ao se especializar em determinados bens e 
importar outros, uma vez que isso leva ao aumento de consumo.”
A visão de Smith foi alterada por outro economista poucos anos 
após sua publicação original. David Ricardo publicou, em 1817, sua 
obra Princípios de Economia Política, na qual defendia o comércio e 
as importações mesmo quando um só país possuísse vantagem na 
produção de dois ou mais itens. Para entendermos melhor, analise a 
tabela a seguir:
12
Tabela 1 – Vantagens comparativas
Vinhos/hora Tecidos/hora
França 100 120
Alemanha 90 80
Fonte: elaborada pelo autor.
À primeira vista, parece que os alemães não precisam comercializar 
com a França, uma vez que conseguem produzir tanto vinhos como 
tecidos em menos tempo (considere os números como a quantidade de 
horas necessárias para se produzir um quilo/litro do item). No entanto, 
a vantagem alemã é maior nos tecidos (80 horas) e menor nos vinhos 
(90 horas). Por isso, a Alemanha poderia, na visão de David Ricardo, 
importar os vinhos franceses (em que sua vantagem comparativa é 
menor) e seguir focando-se e especializando-se na produção de tecidos, 
uma vez que sua vantagem na produção desse item é maior. Essa é a 
chamada teoria das “vantagens comparativas”.
Tanto o trabalho de Adam Smith quanto o trabalho de David Ricardo são 
avanços nas visões econômicas em relação ao comércio, que suplantam 
a antiga visão mercantilista. Como afirma Caparroz (2018, p. 73) as 
“obras de Adam Smith e David Ricardo estabeleceram as fundações da 
chamada economia clássica, cuja aplicação no comércio internacional 
repercute até os dias de hoje”.
Essas teorias não são as únicas. Em 1919, os economistas Eli Heckscher 
e Bertil Ohlin perceberam que o comércio internacional se baseia 
principalmente nos fatores produtivos de cada país.De acordo com 
os autores, que criaram o chamado “Teorema de Heckscher-Ohlin”, 
cada país exportará itens que utilizam o que esses países possuem de 
mais abundante. No caso brasileiro, por exemplo, o que temos de mais 
abundante é terra agriculturável, e por isso exportamos tantos produtos 
agrícolas. No caso chinês, o que há de mais abundante são pessoas, e 
por isso a China exporta produtos intensivos em manufatura.
13
Desde então outras teorias a respeito do comércio foram criadas, 
mas não há dúvida que os trabalhos de Adam Smith, David Ricardo e 
Heckscher-Ohlin são os mais importantes.
1.3 O comércio e a riqueza das nações
Considere por um instante as duas Coreias. Por mais que saibamos 
pouco da realidade da Coreia do Norte, podemos afirmar que é um 
país certamente menos próspero que seu vizinho do sul. Diferenças 
semelhantes são encontradas por todo o mundo, como na fronteira 
entre EUA e México. Durante séculos, teóricos e economistas buscaram 
entender as razões pelas quais as nações diferem tanto entre si – ainda 
que algumas delas estejam tão próximas.
Uma das hipóteses levantadas para responder esse questionamento 
foi a colonização. Aqueles que teriam sido colonizados por Portugal ou 
Espanha teriam sido apenas explorados pelos seus recursos naturais. 
De outro lado, países colonizados pelos ingleses teriam prosperado 
e se tornado nações de alto desenvolvimento humano como Canadá, 
Austrália e Nova Zelândia. Mas, se essa hipótese fosse verdadeira, a 
economia brasileira não seria tão distinta das economias argentina, 
peruana e boliviana. Se a colonização inglesa fosse a resposta, o que 
explicaria os 40% dos indianos na extrema miséria ou 30% dos sul-
africanos desempregados?
Descartada a hipótese da colonização, muitos voltam-se ao clima. Países 
mais frios e de clima temperado tenderiam a ser mais desenvolvidos, 
enquanto países de clima tropical estariam fadados ao fracasso. Como 
explicar então o sucesso de Austrália e da Nova Zelândia? Como explicar 
a competitividade da tropical Singapura? Como explicar a riqueza dos 
Emirados Árabes Unidos? A resposta climática e geográfica, portanto, 
também está descartada.
14
Se o clima, a geografia e a colonização/cultura não são suficientes 
para que possamos compreender as diferenças entre os países, como 
podemos explicar a riqueza das nações? Veja as listas a seguir:
Quadro 1 – Maiores e menores exportadores do mundo
1. China 91. Turcomenistão
2. Estados Unidos 92. Bahrein
3. Alemanha 93. Bolívia
4. Japão 94. Uruguai
5. Holanda 95. Trinidad e Tobago
6. Hong Kong 96. Macedônia do Norte
7. Coreia do Sul 97. Brunei
8. Itália 98. Jordânia
9. França 99. Laos
10. Bélgica 100. Bósnia e Herzegovina
Fonte: adaptado de Workman (2020).
No Quadro 1 podemos ver os 10 maiores exportadores do mundo, 
assim como os 10 últimos dessa lista. O Barhein, mesmo rico em 
petróleo, apresenta um desempenho inferior ao de seus vizinhos. Hong 
Kong, assim como Trinidad e Tobago, é uma ilha. O Uruguai é maior 
em termos de território do que a Bélgica – embora no caso uruguaio 
possamos compreender que sua pequena população explica seu 
desempenho menor nas exportações. O que, então, diferencia essas 20 
nações entre si?
De forma geral, a grande diferença entre essas e outras nações está 
na liberdade econômica. Os países mais ricos são, não por acaso, 
grandes exportadores. Essas nações são também caracterizadas por 
liberdade econômica e pouca burocracia. Como consequência, sua 
competitividade é maior, uma vez que empresas gastam menos tempo 
de trabalho para pagar tributos e mais tempo para gerar inovação. 
Como explicam Acemoglu e Robinson (2012):
As instituições econômicas inclusivas preparam o terreno também 
para dois outros motores da prosperidade: tecnologia e educação. O 
15
crescimento econômico sustentado é quase sempre acompanhado de 
melhorias tecnológicas que permitem às pessoas (mão de obra), à terra 
e ao capital existente (prédios, maquinário e assim por diante) aumentar 
a sua produtividade. […] Esse processo de inovação é viabilizado por 
instituições econômicas que estimulem a propriedade privada, assegurem 
contratos, criem condições igualitárias para todos, e incentivem e 
possibilitem o surgimento de novas empresas, capazes de trazer as novas 
tecnologias à vida. Não deveria, portanto, ser surpresa para ninguém o 
fato de ter sido a sociedade norte-americana, e não o México ou o Peru 
que gerou Thomas Edison, e que é a Coreia do Sul, e não a do Norte, que 
hoje produz empresas inovadoras em termos tecnológicos, como Samsung 
e Hyundai. (ACEMOGLU; ROBINSON, 2012, p. 33)
Uma vez que uma boa parte da riqueza das nações vem do comércio, 
fechar-se para tentar proteger a própria indústria tende a não funcionar. 
É nesse sentido o ensinamento de Cavusgil, Knight e Riesenberger 
(2010):
Os negócios internacionais são tanto a causa quanto o resultado de uma 
crescente riqueza nacional. Eles contribuem para a disseminação do 
progresso e a abundância das economias avançadas para aquelas em 
desenvolvimento. As nações que já sofreram de estagnação econômica 
agora se tornam cada vez mais prósperas. Por exemplo, China, Índia e os 
países do Leste Europeu são ativos no comércio internacional. A parcela 
de cidadãos abastados nessas localidades cresce em ritmo acelerado. 
(CAVUSGIL; KNIGHT; RIESENBERGER, 2010, p. 16)
A partir disso tudo, vale questionarmos: quando essa crescente riqueza 
nacional alcançará o Brasil?
1.4 O comércio exterior brasileiro e sua posição no 
mundo
A história brasileira caminha de forma muito próxima com o comércio 
exterior. Inicialmente aqueles que chegaram aqui estavam em busca 
16
de novas rotas comerciais. Logo depois, produtos começaram a ser 
retirados daqui e levados para a Europa. Com o desenvolvimento da 
colonização portuguesa, o Brasil tornou-se não apenas um posto de 
comércio, mas uma fonte de produtos exportáveis. Por isso tudo, era de 
se esperar que o Brasil tivesse uma participação bastante significativa no 
comércio global.
Infelizmente, não é o caso. Oscilamos entre a 24ª e 27ª posição entre 
os maiores exportadores do mundo. Bélgica, Hong Kong, Singapura, 
Emirados Árabes e Holanda – países territorialmente muito menores do 
que nós – estão muito à nossa frente no quesito exportações.
E quais as razões para isso? Inicialmente, a falta de liberdade econômica. 
Nosso país é burocrático, cobra juros altos, tem infraestrutura defasada. 
Esse e outros fatores compõem o chamado “custo Brasil”:
Figura 1 – Componentes do custo Brasil
Fonte: elaborada pelo autor.
17
Enquanto abrir uma empresa nos EUA leva cerca de 48 horas, e em 
Singapura, 12 horas, no Brasil o mesmo processo pode durar cerca de 
110 dias. Em termos aduaneiros, temos mais de 3.600 regras diferentes, 
22 órgãos anuentes e outros tantos procedimentos complexos e 
desconexos. Como afirma Nyegray (2016, p. 502):
Os impostos que pagamos e que deveriam ser destinados à melhoria 
de nossa situação em infraestrutura, serviços públicos e na melhoria da 
vida dos mais necessitados não estão atendendo a este fim. Cada vez 
mais filas formam-se no embarque dos portos. Cada vez mais caminhões 
de transporte quebram nas rodovias mal-cuidadas. Cada vez mais 
perdemos nosso espaço no comércio internacional para nações que 
estão melhor preparadas do que nós. Triste, não é mesmo? Não é à toa 
que nosso crescimento econômico deixa a desejar tanto quanto nossa 
competitividade. (NYEGRAY, 2016, p. 502)
Os impostos no Brasil superam os 40% do PIB. A carga tributária média 
no Brasil está na casa dos 50%. No momento, não é possível reduzir 
os tributos, pois os gastos do Estado são imensos. Supersalários, 
ministérios, secretarias e mais de 400 empresas estatais dificultam uma 
reforma tributária que facilite a vida daqueles que querem inovar e 
gerar empregos.
Ao considerarmos todos esses fatores em conjunto, perceberemos que 
a posição brasileira no comércio internacional reflete o cenário interno. 
Embora possamos produziritens de alta qualidade – como o exemplo do 
agronegócio nos permite aferir – dos centros produtivos até os portos e 
aeroportos tem-se uma grande complicação. Cerca de 90% das cargas 
brasileiras são transportadas pelas rodovias, embora apenas 11% dessas 
rodovias sejam pavimentadas. Como consequência, os fretes possuem 
valores elevados.
A China, que na década de 1970 possuía PIB menor do que o brasileiro, 
investiu pesadamente em infraestrutura, desburocratização e 
simplificação das regras empresariais e tributárias. Como consequência, 
18
os produtos chineses tomaram o mundo, e embora no passado o país 
fosse visto como um fornecedor de itens de baixa qualidade, esse 
certamente não é mais o caso.
Nesta leitura digital você aprendeu que o comércio internacional é 
o motor da vida moderna, e que sem ele nosso acesso a produtos e 
serviços que hoje nos são comuns e cotidianos seria quase impossível. 
O Brasil foi um país fechado ao comércio internacional até a abertura 
comercial da década de 1990. A ideia inicial era favorecer a indústria 
nacional, o que acabou não ocorrendo. O comércio internacional tem 
gerado concorrência, o que estimula a inovação e permite o acesso de 
um maior número de pessoas a bens e serviços variados.
Você aprendeu também que houve várias formas e teorias que 
tentaram entender o comércio. O mercantilismo foi seguido pelas 
vantagens absolutas de Adam Smith, pelas vantagens comparativas de 
David Ricardo e pelo teorema de Heckscher-Ohlin. Essas teorias não 
conseguiram, no entanto, explicar as diferenças em prosperidade e 
sucesso econômico entre as nações. No passado, acreditava-se que tais 
distinções poderiam ser explicadas por razões culturais ou geográficas, 
mas hoje sabe-se que o que define a prosperidade e a riqueza é 
a existência de instituições econômicas inclusivas e um ambiente 
econômico livre. Você aprendeu também que o Brasil ainda está 
caminhando nesse sentido. Após décadas de políticas protecionistas, 
hoje estamos entre a 24ª e 27ª posição no ranking de maiores 
exportadores. Essa posição contrasta com o tamanho e potencial do 
país, mas reflete o elevado custo Brasil que onera a população.
Referências
ACEMOGLU, Daron; ROBINSON, James. Por que as nações fracassam – as origens 
do poder, da prosperidade e da pobreza. Rio de Janeiro: Campus Elsevier, 2012.
CAPARROZ, Roberto. Comércio internacional e legislação aduaneira 
esquematizado. São Paulo: Saraiva Educação, 2018.
19
CAVUSGIL, S. Tamer; KNIGHT, Gary; RIESENBERGER, John. Negócios Internacionais 
– estratégia, gestão e novas realidades. Pearson: São Paulo, 2010.
NYEGRAY, João A. L. Legislação Aduaneira, Comércio Exterior e Negócios 
Internacionais. Curitiba: InterSaberes, 2016.
WORKMAN, Daniel. World’s Top Export Countries. World’s Top Export, c2021. 
Disponível em: https://www.worldstopexports.com/worlds-top-export-countries/. 
Acesso em: 26 ago. 2021.
20
Internacionalização de empresas 
e os órgãos do comércio 
internacional
Autoria: João Alfredo Lopes Nyegray
Leitura crítica: Isamaura Krauss Franco
Objetivos
• Entender o que é a internacionalização de empresas 
e quais as suas formas principais.
• Compreender a normatização do comércio 
internacional a partir do Acordo Geral de Tarifas e 
Comércio.
• Entender o papel da Organização Mundial do 
Comércio.
21
1. A internacionalização e os órgãos do 
comércio internacional
Atualmente o ambiente internacional de negócios tem uma 
composição bastante heterogênea. São duas centenas de países, cada 
qual com seu sistema legal e sua cultura. Cada uma das diferentes 
nações que compõem o mundo tem suas várias empresas. Ao 
se internacionalizarem, essas empresas tendem a levar consigo 
suas culturas de origem. Ao encontrar outros hábitos, alguns 
desentendimentos podem ocorrer. É justamente por isso que é tão 
necessário estar atento ao tema da internacionalização.
Nesse ponto surge o questionamento: mas qual a relação entre 
internacionalização e comércio exterior? Essa resposta é bastante 
simples: é por meio da internacionalização que o comércio exterior 
acontece. Para harmonizar práticas e simplificar operações, o 
comércio internacional de hoje é regulamentado por uma série de 
regras e acordos surgidos a partir de 1944. Justamente por isso é 
que, nas próximas páginas, você aprenderá não apenas o que é a 
internacionalização, mas as maneiras pelas quais esse processo ocorre 
e quais as principais normas do comércio global. Embora em alguns 
setores específicos algumas formas de internacionalizar sejam mais 
usuais, isso não significa que a internacionalização tem regras rígidas e 
sempre vai se desdobrar da mesma forma.
Pronto para aprender a respeito? Bons estudos!
1.1 Internacionalização de empresas
Todos os produtos brasileiros enviados ao exterior são resultado de uma 
atividade de internacionalização. Isso também vale para os produtos 
e marcas estrangeiras que estão no Brasil e que fazem parte de nossa 
vida cotidiana. Em algum momento, essas empresas alemãs, italianas, 
22
japonesas ou estadunidenses decidiram se internacionalizarem para o 
Brasil. Por isso temos automóveis de marcas alemãs, roupas de grifes 
italianas, tecnologias japonesas e eletrônicos de marcas estadunidenses 
acessíveis a todos nós.
Mas o que é a internacionalização? Para Welch e Loustarinen (1988), 
a internacionalização refere-se ao movimento de empresas para 
operações internacionais. Leonidou e Katsikeas (1996) explicam a 
internacionalização como a transferência de bens e serviços através de 
fronteiras. Essas explicações relativamente simples de 1988 e de 1996 
acabaram sagrando-se como as mais aceitas para descrever o fenômeno 
da internacionalização. Obviamente que existem outros conceitos 
mais recentes, mas esses autores citados conseguiram expressar em 
breves palavras uma operação internacional que acaba sendo bastante 
complexa.
Inicialmente podemos perceber a internacionalização como um 
processo. Isso significa aceitar que ela ocorre em etapas diferentes. Na 
sequência podemos percebê-la como algo que necessariamente envolve 
movimentos internacionais. Isso significa não apenas enviar itens ao 
exterior, mas também trazê-los de lá.
Atualmente existem ao menos três tipos diferentes de empresas que 
atuam dessa forma. O primeiro tipo de empresa é a chamada “empresa 
internacionalizada”. Trata-se de empresas de pequeno e médio porte 
que exportam ou importam. Pode, ainda, ser o caso de uma empresa 
que tem uma licença para produzir brinquedos de uma grande marca 
ou personagem internacionalmente conhecido. É o caso de fabricantes 
paulistas de bonecos e pelúcias licenciados pela Disney, por exemplo.
O segundo tipo de empresa é a chamada empresa multinacional. As 
multinacionais são grandes empresas que têm sua matriz em uma 
nação, e subsidiárias próprias espalhadas pelo resto do mundo. 
Enquanto as empresas internacionalizadas apenas desempenham 
23
atividades de comércio exterior e negócios internacionais, a empresa 
multinacional tem presença física em outros países.
Como explicam Cavusgil, Knight e Riesenberger (2010, p. 11), uma 
empresa multinacional:
caracteriza-se por ter recursos substanciais, realizando negócios por meio 
de uma rede de subsidiárias e afiliadas localizadas em diversos países. 
Uma de suas marcas registradas consiste em conduzir atividades de P&D, 
compras, manufatura e marketing em qualquer parte do mundo onde 
isso seja economicamente viável. Além de um escritório ou sede central, a 
multinacional típica possui uma rede mundial de subsidiárias e colabora 
com inúmeros fornecedores e parceiros independentes no exterior (por 
vezes, denominados afiliados). Dentre as multinacionais típicas, podemos 
citar Caterpillar, Kodak, Nokia, Samsung, Unilever, Citibank, Vodafone, 
Carrefour, Bechtel, Four Seasons Hoteis, Disney, DHL e Nippon Life 
Insurance. As mais conhecidas são classificadas, com base na receita 
de vendas internacionais, em listas anuais como a Global 500 da revista 
Forbes.(CAVUSGIL; KNIGHT; RIESENBERGER, 2010, p. 11)
As empresas multinacionais – como essas elencadas – movimentam não 
apenas recursos, mas também pessoas e tecnologias. São funcionários 
que atuam em diferentes países, projetos desenhados em um lugar e 
executados em outro e várias outras atividades transfronteiriças. Em 
alguns casos as multinacionais adaptam produtos para os mercados de 
destino ou mesmo lançam no exterior produtos não comercializados em 
seu país sede. É o caso da Coca-Cola, que comercializa refrigerantes de 
guaraná no Brasil e uma ampla gama de chás e cafés no Japão. Nenhum 
desses itens pode ser encontrado nos Estados Unidos, seu país de 
origem.
O terceiro tipo de empresa que faz a internacionalização ocorrer é um 
tanto mais recente, e chama-se de empresa born global ou empresa 
nascida global. Trata-se de uma startup ou organização de histórico 
operacional ainda recente que, nos primeiros anos de atividade, 
24
consegue obter pelo menos um terço de seu faturamento vindo de pelo 
menos três continentes distintos. O atual estágio de interconectividade 
global proporcionado pelas tecnologias da informação e comunicação 
tem feito essas organizações cada vez mais comum. Facebook, Google, 
Spotify e Netflix se encaixam nessa categoria.
Por mais que as empresas – seja qual for seu tipo e tamanho – procurem 
a internacionalização pelas mais variadas razões, alguns riscos são 
inerentes a esse processo. Na figura a seguir, resumimos aqueles mais 
comuns:
Figura 1 – Riscos da internacionalização
Fonte: adaptada de Cavusgil, Knight e Riesenberger (2010, p. 97). Descrição audiovisual: 
há um círculo central no qual se lê “Riscos”, cercado por outros quatro círculos onde se lê: 
comercial, monetário, intercultural e país.
25
Inicialmente, o risco comercial refere-se a uma estratégia mal pensada 
ou mal implementada. É preponderantemente presente quando a 
operação de internacionalização não teve o planejamento necessário, 
e foi feita de forma apressada. O risco monetário refere-se a chances 
de perdas financeiras. Aqui está, por exemplo, o risco cambial. Em 
algumas situações, a oscilação no valor das moedas pode reduzir os 
ganhos de um processo de internacionalização. Entram nesse risco as 
potenciais dificuldades de se remeter lucros para os países de origem 
das empresas, quando o país de destino restringe a saída de divisas.
Na sequência tem-se o risco intercultural, que decorre da má 
interpretação de diferenças em hábitos e estilos de vida. Palavras, 
símbolos, gestos e até mesmo cores podem ter significados diferentes 
em culturas diferentes. Por fim, há o risco país. Esse risco envolve a 
intervenção do estado na economia, a burocracia os desdobramentos 
do ambiente político e jurídico. Mudanças bruscas de legislação, 
estatizações e movimentos afins são elencados aqui.
Esses riscos estão presentes em todas as operações de negócios 
internacionais e comércio exterior, mas um bom planejamento e uma 
boa pesquisa podem, certamente, reduzi-los bastante. É correto afirmar 
que esses riscos caminham lado a lado com a internacionalização.
1.2 Formas de internacionalizar
Ainda que duas empresas no mesmo setor em um país de origem 
internacionalizem-se da mesma forma para um mesmo país de destino, 
a internacionalização ocorrerá de maneiras diferentes em cada uma 
dessas organizações. Isso ocorre por duas razões. A primeira delas é 
o preparo organizacional. É necessário que as empresas se preparem 
para se internacionalizar, tanto com recursos financeiros para custear 
eventuais adaptações em produtos ou serviços quanto com recursos 
26
humanos para novas contratações de profissionais capazes de levar a 
internacionalização adiante.
A segunda razão é pelo uso de diferentes formas de se internacionalizar, 
expressa na Figura 2.
Figura 2–Formas de internacionalizar-se em risco crescente
Fonte: elaborada pelo autor.
Tradicionalmente, empresas que nunca se internacionalizaram tendem 
a iniciar sua expansão internacional pelas exportações ou importações. 
São formas um pouco menos arriscadas, pois envolvem menor 
exposição financeira, e com a existência de formas de pagamento e 
seguros internacionais de baixo risco, tendem a ser a porta de entrada 
para as operações globais das empresas. O aspecto negativo da 
internacionalização via exportação ou importação é a lenta aquisição 
de conhecimentos do mercado externo, a vulnerabilidade a tarifas 
27
e as distâncias, que podem tornar a entrega de produtos um tanto 
demorada.
Uma outra forma de se internacionalizar, comumente utilizada 
no setor de serviços, é a internacionalização via franquias. Trata-
se de um contrato no qual o franqueador transfere ao franqueado 
o conhecimento e os meios necessários para desempenhar uma 
determinada atividade. Fast-food, redes de lavanderia e hotéis 
podem se internacionalizar dessa forma. Também uma forma de se 
internacionalizar que envolve uma relação contratual, os licenciamentos 
envolvem licenciador e licenciado. Nesse caso, o licenciado pode 
produzir itens cuja marca, personagem ou imagem pertençam ao 
licenciador. Acerca do licenciamento, Ferreira, Reis e Serra (2012, p. 54) 
explicam que se trata de:
Um método de entrada nos mercados externos, especialmente relevante 
para empresas que têm propriedade intelectual (que pode estar 
patenteada) ou algum ativo que é legalmente protegido e que adiciona 
valor à sua oferta no mercado. Este ativo pode ser um nome de marca, 
uma tecnologia, um design de um produto ou um processo operativo. 
(FERREIRA; REIS; SERRA, 2012, p. 54)
É o caso dos personagens da famosa saga Harry Potter – o caso de 
licenciamento mais bem sucedido da história – que se tornaram 
personagens de Lego, de bonecos, roupas e até mesmo de produtos 
comestíveis. A respeito das franquias e licenciamentos, Cavusgil, Knight 
e Riesenberger (2010, p. 50) explicam que “são comuns na transferência 
internacional de intangíveis. Um franqueador faz um contrato com um 
franqueado estrangeiro; um provedor de experiência faz um contrato 
com um cliente estrangeiro e assim por diante.”
Além de exportações e importações, franquias e licenciamentos, pode-
se internacionalizar uma empresa por meio de uma joint-venture. 
Em tradução literal direta, trata-se de um empreendimento conjunto 
entre empresas. No caso da internacionalização, duas empresas de um 
28
mesmo país ou localizadas em países distintos unem-se para alguma 
operação conjunta. Pode ser o caso, por exemplo, de uma empresa 
brasileira que traz uma marca estrangeira para o Brasil, ou de duas 
empresas brasileiras que criam uma marca, produto ou serviço e 
internacionalizam-se juntas para outro país.
Para as franquias, licenciamentos e joint-ventures há algumas vantagens 
comuns, como a divisão dos custos da operação. Da mesma forma, 
há também pontos negativos semelhantes, como a disseminação de 
conhecimentos críticos entre os envolvidos e eventuais conflitos entre os 
parceiros comerciais.
Por fim, a forma mais arriscada de se internacionalizar é o Investimento 
Estrangeiro Direto (IED). Esse é o caso de empresas que fisicamente 
fazem-se presentes noutra nação. É o que ocorre quando uma 
montadora sul-coreana ou francesa inicia sua produção em nosso país: 
essa montadora envia uma quantidade substancial de recursos de seu 
país de origem para comprar ou construir uma fábrica aqui. É uma 
forma de internacionalização que permite que a organização esteja mais 
próxima de seus consumidores e, como consequência, consiga aprender 
mais rapidamente suas preferências e hábitos.
Toda empresa estrangeira com sede própria no Brasil fez, em algum 
momento de sua trajetória, um IED. O risco do IED envolve retirar-se do 
país: em algumas situações é necessário encerrar as operações de forma 
ágil, o que nem sempre é possível. Vimos isso ocorrer na Venezuela 
e Argentina quando os governos desses países decidiram estatizar 
algumas companhias. Para o IED ocorrer – que é a forma mais arriscada 
de internacionalização– é necessário que o retorno do potencial 
empreendimento seja superior ao risco inerente no processo.
29
1.3 GATT – Acordo Geral de Tarifas e Comércio
Quando duas empresas têm algum tipo de desentendimento, elas 
tendem a procurar o Poder Judiciário para que se resolva a controvérsia. 
Pode ser um produto entregue em desacordo, uma cobrança abusiva 
ou qualquer situação que a justiça facilmente soluciona com seus 
procedimentos. De outro lado, quando países têm algum tipo de 
desentendimento, as coisas ficam um pouco mais complexas. Foram 
as dificuldades na solução de controvérsias entre as nações que 
acabaram motivando um incontável número de conflitos armados. 
Embora hoje exista uma Corte Internacional de Justiça (CIJ) e uma série 
de organizações internacionais que auxiliam nas variadas soluções de 
controvérsias, na esfera comercial a coisa nem sempre foi assim.
Entre 1914 e 1918 o mundo viveu a Primeira Guerra Mundial. Com o 
final da guerra em 1918, o então presidente dos EUA, Woodrow Wilson, 
instou o mundo a criar uma organização de nações para debater temas 
de interesse coletivo. Essa organização foi criada, a Liga das Nações, mas 
não contou com a presença dos EUA – justamente o país que havia dado 
a ideia de criá-la.
Com a eclosão da crise econômica de 1929, a Liga das Nações mostra-se 
insuficiente para lidar com temas de natureza econômico-financeira. A 
consequência é que cada uma das nações envolvidas na crise acabou, 
por conta própria, adotando medidas que acreditavam poder solucionar 
os problemas econômicos de então. Dentre essas medidas, uma das 
mais comuns chamava-se beggar thy neighbor, ou “empobreça teu 
vizinho”. Tratava-se de criar altas barreiras ao comércio internacional 
para apenas exportar, e não importar. Obviamente que em um cenário 
em que todos querem exportar e ninguém quer importar, fazer negócios 
é uma tarefa praticamente impossível.
Uma das consequências dessa crise foi a ascensão de discursos 
extremos e nacionalistas. Em 1939 inicia-se a Segunda Guerra Mundial, 
30
que se encerra apenas em 1945 com um saldo de mais de 60 milhões 
de mortos. Quando a guerra caminhava para o fim, em 1944, aliados 
de diversas nações reuniram-se na cidade estadunidense de Bretton 
Woods para discutir o sistema financeiro do pós-guerra. A ideia inicial 
era reconstruir os países afetados pela guerra e impedir que uma crise 
como a de 1929 se repetisse. Assim, a reunião de Bretton Woods criou 
o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Internacional para 
Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), e havia a intenção de criar uma 
Organização Internacional do Comércio (OIC), que acabou não saindo do 
papel.
Na impossibilidade da criação da OIC, os países de então ficaram com o 
preâmbulo do que seria o estatuto dessa organização. Esse preâmbulo 
era justamente o Acordo Geral de Tarifas e Comércio, o GATT (General 
Agreement on Tariffs and Trade, em inglês). Criado em 1944, o GATT 
entrou em vigor em 1947 quando atingiu as 23 ratificações necessárias 
para tanto. Naquele mesmo ano de 1947, iniciaram-se rodadas de 
negociação para debater questões tarifárias.
Como ensina Nyegray (2016, p. 393), durante vinte anos, entre 1947 e 
1967, o tema predominante das discussões foram as reduções tarifárias. 
Depois, entraram na pauta as medidas antidumping, as medidas não 
tarifárias e os acordos jurídicos. Apenas na Rodada Uruguai, que foi de 
1986 até 1994 – quando foi criada a Organização Mundial do Comércio 
(OMC) – que a solução de controvérsias passou a ser debatida.
Por isso, pode-se afirmar que o GATT é a base para a OMC. Até hoje 
alguns dos princípios basilares do GATT seguem aplicáveis à legislação 
do comércio internacional. O primeiro desses princípios é o da nação 
mais favorecida que afirma que, quando um país signatário do acordo, 
concede um benefício tarifário para qualquer outro país, esse benefício 
será estendido a todos os demais membros do GATT.
31
O princípio da concorrência leal, por sua vez, define a proibição aos 
subsídios e às sobretaxas. Ainda assim, hoje muitas nações são acusadas 
de utilizar subvenções para tentar estimular certos setores de suas 
economias. Outro princípio de grande importância é o da liberdade de 
trânsito. De acordo com essa regra não se pode tributar um produto que 
não tenha seu país como destino. Por essa razão, todas as importações 
paraguaias que desembarcam inicialmente no Brasil podem atravessar 
nosso território livremente.
O GATT e a OMC também proíbem e condenam a prática do dumping. 
Como comenta Nyegray (2016, p. 404):
Existem casos nos quais empresas de um segmento específico, como o de 
papel ou cimento, vão a outros países para vender seus produtos. Como 
essas empresas são realmente muito grandes, conseguem vender um item 
X a um preço abaixo da média de mercado, mesmo com todas as taxas 
aduaneiras. A venda abaixo da média de mercado tem uma intenção: levar 
os concorrentes à falência. A partir do momento em que os concorrentes 
estão falidos, esses grandes competidores compram seus antigos rivais 
e sobem os preços do produto final. Essa operação chama-se dumping. 
(NYEGRAY, 2016, p. 404)
Essa prática tornou-se proibida a partir da rodada Kennedy, ocorrida 
na cidade de Genebra entre 1964 e 1967. Embora seja realizada por 
empresas, os países onde essas organizações estão sediadas podem ser 
penalizados. Por isso, o Brasil aprovou a Lei n. 12.529/2011 que aponta 
o dumping como uma infração à ordem econômica. Da mesma forma 
que eventualmente algumas nações concedem subsídios ou aplicam 
sobretaxas, o dumping eventualmente é praticado. Atualmente, quando 
isso ocorre, as nações afetadas podem buscar o Órgão de Solução de 
Controvérsias (OSC) da OMC.
32
1.4 A OMC – Organização Mundial do Comércio
A reunião de Bretton Woods, ocorrida em 1944, criou o Fundo Monetário 
Internacional (FMI), o Banco Internacional para Reconstrução e 
Desenvolvimento (BIRD) e havia a intenção de criar uma Organização 
Internacional do Comércio (OIC), o que acabou não ocorrendo. O GATT 
(General Agreement on Tariffs and Trade, em inglês) acabou fazendo as 
vezes de uma organização internacional de caráter comercial mesmo 
sem sê-lo. É apenas em primeiro de janeiro de 1995 que a Organização 
Mundial do Comércio (OMC) passou a operar.
Até então, os países podiam escolher livremente quais cláusulas do 
acordo do GATT seriam obedecidas. Isso deu origem ao termo “GATT 
à lá carte”, e essa prática reduzia a eficácia pretendida para o acordo. 
Com a criação da OMC na Rodada do Uruguai (1986-1994), toda nação 
que quisesse ser membro fundador da OMC precisaria ratificar todas as 
cláusulas do GATT. Explica o professor Casella (2020, p. 359) que:
O antigo Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT, 1947) não era 
organização internacional, propriamente dita, mas acordo “temporário”, 
cuja vigência se estendeu de 1948 até 1994, quando veio a ser 
“absorvido” pelo conjunto institucional mais amplo e mais estruturado da 
Organização Mundial do Comércio. Assim, pôs-se fim à lacuna institucional 
remanescente desde o fracasso da pretendida instauração da Organização 
Internacional do Comércio, que, nunca tendo entrado em vigor, dera 
lugar ao “acordo” de “vigência provisória”, sobre o qual se estrutura 
e desenvolve, em considerável extensão, o sistema mundial de livre 
comércio. (CASELLA, 2020, p. 359)
A abertura comercial brasileira ocorreu nesse período, não por 
beneplácito do então presidente Fernando Collor de Melo, mas pela 
proibição das restrições quantitativas que constava no GATT e que até 
então o Brasil não respeitava. Foi apenas em 1992 que o Brasil retirou 
suas cotas de importação para tornar-se membro fundador do GATT.
33
Desde então, os princípios e normas do GATT foram absorvidas pela 
OMC. Para Casella (2020, p. 360):
A transição do GATT para a OMC representou extensão considerável 
não somente quanto ao número de participantes, como ao aumento 
da abrangência dos temas regulados pelos diferentes acordossetoriais, 
inseridos no conjunto da Ata final de Marraqueche, de 1994, cuja adoção 
conduz à entrada em vigor da OMC, com a implantação da rede de 
acordos multilaterais setoriais, até mesmo em matéria de proteção da 
propriedade intelectual (TRIPs), como também pela implementação de 
sistema institucionalmente aperfeiçoado de solução de controvérsias, com 
mecanismo de revisão. (CASELLA, 2020, p. 360)
Pode-se perceber, portanto, que a OMC traz uma série de extensões 
quando comparada com o GATT. A mais óbvia é tratar-se atualmente de 
uma Organização Internacional. Outras referem-se aos demais acordos 
assinados em seu âmbito e, por fim, a existência de um Órgão de 
Solução de Controvérsias (OSC).
Toda vez que um país se sentir lesado por uma prática comercial de 
outra nação que viole os termos do GATT, esse país pode acionar o 
OSC. O OSC citará o reclamado para que apresente defesa. Havendo 
indícios de práticas comerciais em desacordo com o Direito do 
Comércio Internacional, instaura-se um painel. O painel ouvirá os lados, 
especialistas no assunto, fará perícias das provas apresentadas pelas 
partes e dará uma sentença. Essa sentença é irrecorrível em seu teor, e 
tende a ser respeitada de forma ampla pelas nações.
Todos esses acordos e avanços são uma inegável evolução nas normas 
do comércio internacional. Com o GATT e a OMC sabemos que um 
comércio internacional livre não é uma tarefa fácil, mas que certamente 
estamos em uma posição muito melhor do que estávamos na década 
de 1940. Paulatinamente novos temas são incluídos nessa agenda, 
como condições mínimas de trabalho que devam ser asseguradas aos 
34
trabalhadores. Nesse tópico, a ideia central é que países que explorem 
sua mão de obra não consigam colher os frutos dessa exploração.
Outro ponto relevante é que muitas das regras e princípios do GATT e 
da OMC foram recepcionados pelo ordenamento jurídico brasileiro. O 
princípio do GATT de liberdade de trânsito, por exemplo, tornou-se o 
regime aduaneiro especial de trânsito aduaneiro. As modernas técnicas 
de valoração aduaneira, usadas em quase a totalidade do comércio 
global, também são um benefício oriundo da evolução do Direito do 
Comércio Internacional.
Nesta leitura digital você aprendeu que a internacionalização de 
empresas é a maneira pela qual o comércio exterior acontece. 
Normalmente, empresas que nunca internacionalizaram tendem 
a iniciar suas operações globais pelas operações de exportação ou 
importação. A baixa exposição financeira e as formas seguras de 
pagamento internacional acabam justificando essa opção.
Além de importação e exportação, pode-se internacionalizar via 
franquias. As franquias são um contrato em que uma empresa cede o 
direito de uso de sua marca e know-how a alguém. Os licenciamentos, 
por outro lado, consistem no uso de uma imagem ou personagem em 
um determinado produto. É o caso das maçãs da turma da Mônica 
ou dos bonecos dos Vingadores. Seja para as franquias seja para os 
licenciamentos, o grande risco reside em potenciais conflitos com 
parceiros comerciais. Você aprendeu também que algumas empresas 
internacionalizam via joint ventures, que são acordos conjuntos pelo 
qual uma nova empresa é criada ou uma atividade desempenhada por 
duas organizações distintas. A forma mais arriscada de internacionalizar 
é o Investimento Estrangeiro Direto, pelo qual uma empresa passa a ter 
presença física no exterior.
Por fim, você conheceu as normas do comércio internacional. Essas 
normas evoluíram a partir do GATT, criado na reunião de Bretton Woods 
35
em 1944, que entrou em vigor em 1947. Os princípios do GATT, tal 
qual a Nação Mais Favorecida, a Liberdade de Trânsito e a proibição ao 
dumping, fazem parte da base do que é hoje a Organização Mundial do 
Comércio (OMC).
Referências
CAPARROZ, Roberto. Comércio internacional e legislação aduaneira 
esquematizado. São Paulo: Saraiva Educação, 2018.
CASELLA, Paulo. Manual de Direito Internacional Público. São Paulo: Saraiva, 
2020.
CAVUSGIL, S. Tamer; KNIGHT, Gary; RIESENBERGER, John. Negócios Internacionais 
– estratégia, gestão e novas realidades. Pearson: São Paulo, 2010.
FERREIRA, Manuel P.; REIS, Nuno R.; SERRA, Fernando R. Negócios Internacionais – 
e internacionalização para as economias emergentes. Lisboa: Lidel, 2011.
NYEGRAY, João A. L. Legislação Aduaneira, Comércio Exterior e Negócios 
Internacionais. Curitiba: InterSaberes, 2016.
LEONIDOU, L. C.; KATSIKEAS, C. S. The export development process: an integrative 
review of empirical models. Journal of International Business Studies, v. 28, n. 3, 
p. 517-551, 1996. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/155437. Acesso em: 3 
dez. 2021.
WELCH, L. S.; LUOSTARINEN, R. Internationalization: evolution of a concept. Journal 
of General Management, v. 14, n. 2, p. 34-55, 1988. Disponível em: https://www.
researchgate.net/publication/285844787_Internationalization_Evolution_of_a_
Concept. Acesso em: 3 dez. 2021.
36
A regulamentação brasileira 
sobre o Comércio Exterior
Daniele João Alfredo Lopes Nyegray
Leitura crítica: Isamaura Krauss Franco
Objetivos
• Entender como a atuação da OMC se materializa por 
meio da defesa comercial.
• Compreender a regulamentação brasileira sobre o 
Comércio Exterior.
• Entender a classificação fiscal de mercadorias e as 
infrações aduaneiras.
37
1. A internacionalização e os órgãos do 
comércio internacional
A segunda metade do século XX foi marcada pela Guerra Fria. Mas, para 
além do confronto indireto entre EUA de um lado e União Soviética do 
outro, o comércio internacional atingiu níveis inéditos para a época. 
Certamente que muito desse crescimento pode ser creditado à criação 
de acordos globais de comércio como o Acordo Geral de Tarifas e 
Comércio (GATT). Com a previsibilidade proporcionada pelos acordos, 
comercializar ficou mais fácil.
Na década de 1990, as evoluções do GATT foram recepcionadas pela 
Organização Mundial do Comércio (OMC). Até então o GATT não era 
uma organização, mas um acordo. A partir de primeiro de janeiro de 
1995, a OMC passou a existir, sendo uma organização de fato incumbida 
de tratar de temas comerciais. Se, desde a entrada em vigor do GATT 
em 1947, os países poderiam escolher quais cláusulas iriam ou não 
respeitar, a partir da entrada em vigor da OMC, todas as cláusulas 
deveriam ser aceitas pelas nações participantes.
O Brasil, que até 1995 respeitava apenas algumas das previsões do 
GATT, precisou adaptar sua legislação aduaneira interna ao novo 
patamar normativo global. Com isso, a regulamentação interna sobre 
o Comércio Exterior mudou. Esses são alguns dos vários aspectos que 
discutiremos nas próximas páginas.
Pronto para aprender a respeito? Bons estudos!
1.1 OMC e defesa comercial
A criação da Organização Mundial do Comércio (OMC) responde um 
longo anseio da comunidade internacional. Quando, ainda em meio 
à Segunda Guerra, os países aliados reuniram-se no Hotel Mount 
38
Washington em Bretton Woods para discutir o sistema monetário 
e financeiro global, houve a tentativa de criar uma Organização 
Internacional do Comércio (OIC). Essa organização, infelizmente, 
não saiu do papel. Temas como tarifas e protecionismo acabaram 
dificultando um acordo em definitivo. Ainda assim, a reunião de Bretton 
Woods foi responsável por criar o Fundo Monetário Internacional (FMI) e 
o Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD).
O GATT era, originalmente, o preâmbulo do que seria a carta constitutiva 
da OIC. Por isso ocorreram tantas rodadas de negociação no decorrer 
do século XX, para harmonizar interesses comerciais que eram, desde o 
princípio, conflitantes. A OMC acaba sendo criada na rodada do Uruguai 
do GATT, que se estendeu entre 1986 e 1994. Os princípios do GATT 
recepcionados pela OMC foram:
• Nação Mais Favorecida.
• Tratamento Nacional.
• Liberdade de Trânsito.
• Antidumping.
• Valoração Aduaneira.
• Proibição às restrições quantitativas (cotas de importação).
• Proibição aos subsídios.
Percebacomo muitos desses princípios tornaram-se regras do Direito 
brasileiro. Aqui, realizar dumping – que consiste em vender um produto 
abaixo do seu preço de custo para prejudicar os concorrentes – é um 
crime contra a ordem econômica. Além disso, as técnicas e formas de 
valoração aduaneira que são parte importante do cálculo dos tributos 
de importação, são uma norma que veio do GATT, segue valendo pela 
39
OMC e faz parte do Direito Aduaneiro brasileiro. Mas, mais do que 
contar com princípios e regras, é necessário que a OMC tenha formas de 
implementar suas decisões e de penalizar aqueles que não as cumprem. 
É exatamente aqui que entra uma “inovação” da OMC: seu Órgão de 
Solução de Controvérsias (OSC).
Estados que se sintam ofendidos por práticas comerciais 
desempenhadas por outras nações podem efetuar uma consulta ao 
OSC. Apenas Estados-membro, não empresas, podem postular. Como 
explica o Ministério das Relações Exteriores (BRASIL, 2020):
(i) Consultas: fase inicial do contencioso, momento em que a parte 
demandante solicita à parte demandada informações sobre sua 
legislação e suas práticas comerciais, e requer modificações das medidas 
questionadas, conforme os acordos da OMC. A parte demandada tem 
o prazo de 10 dias para responder à parte demandante, e as consultas 
devem ser realizadas em 30 dias. Se as consultas não solucionarem a 
disputa em 60 dias do recebimento do pedido, a parte demandante pode 
requerer o estabelecimento de painel.
(ii) Painel: os painéis são constituídos por três membros, que deverão 
ser escolhidos de comum acordo pelas partes. As partes apresentam ao 
painel petições escritas e participam de audiências, oportunidade em que 
podem apresentar e defender oralmente seus argumentos. Ao final de 
seus trabalhos, o painel emite um relatório sobre a compatibilidade das 
medidas questionadas em relação aos acordos da OMC. Em teoria, o prazo 
para a apresentação deste relatório é de até 6 meses, prorrogáveis por 
mais três. Na prática, a fase de painel tem durado cerca de 12 meses, a 
não ser em casos de maior complexidade, como, por exemplo, o caso do 
algodão (DS267), que chegou a durar quase dois anos, e o caso Boeing-
Airbus (DS353), que superou os cinco anos. (BRASIL, 2020, [s.p.])
Uma vez que o Painel percebe que uma parte envolvida na disputa está 
em desacordo com as regras do Direito Internacional do Comércio, 
o painel dará uma sentença. Nesse caso, conforme o Ministério 
das Relações Exteriores (BRASIL, 2020), “a parte demandada deve 
40
modificar aquela medida, a fim de recompor o equilíbrio entre direitos 
e obrigações no âmbito do sistema multilateral de comércio.” Ou seja: 
uma decisão do OSC deve suscitar a mudança na legislação interna do 
país acusado de uma prática ilegal.
Além da possibilidade de acionar no OSC uma nação cujas práticas 
estejam em desacordo com as regras comerciais globais, há outro ponto 
importante realizado por cada país: sua defesa comercial. Uma vez 
que apenas Estados podem postular no OSC, os setores que se sentem 
afetados por práticas alheias podem requerer o apoio de seus países. 
No Brasil, esse apoio fica a cargo da Subsecretaria de Defesa Comercial e 
Interesse Público (SDCOM), ligada ao Ministério da Economia.
Além de acionar o OSC, a SDCOM pode iniciar as chamadas medidas 
de salvaguarda. Essas medidas servem para impedir um “surto de 
importações” de um item em específico. É o que ocorre quando uma 
nação consegue produzir um item de forma tão barata que esse 
item toma o mercado de outro país de forma abrupta. Nesse caso, 
as medidas de salvaguarda servem para proteger o setor nacional 
afetado e tomam forma de uma sobretaxa acrescentada aos tributos de 
importação do produto que está entrando em demasia no país.
De outro lado, existem as medidas compensatórias. Enquanto 
as medidas de salvaguarda aplicam-se quando há um surto de 
importações, as medidas compensatórias servem para aplicar uma 
sobretaxa ao produto importado que recebeu subsídio em seu país de 
origem. A ideia, como o próprio nome permite vislumbrar, é compensar 
um subsídio dado irregularmente.
41
Figura 1 – Medidas de defesa comercial
Fonte: elaborada pelo autor.
Ambas as medidas – compensatórias ou de salvaguarda – são medidas 
de defesa comercial, como se pode perceber na Figura 1.
1.2 Regulamentação Brasileira de Comércio Exterior
A história brasileira está intimamente ligada ao comércio exterior. 
Logo quando portugueses chegaram aqui, nossos produtos começam 
a ser levados para outros países. Isso ocorreu sem nos trazer grandes 
benefícios por cerca de três séculos. Hoje nosso comércio exterior, ainda 
que tímido quando comparado com o comércio de outras nações, é 
fonte de renda e riquezas para nosso país.
O órgão brasileiro encarregado de supervisionar a entrada e saída 
de mercadorias e a Secretaria da Receita Federal (SRF ou RF). É o que 
afirma o Decreto n. 6759, de 5 de fevereiro de 2009, conhecido como 
Regulamento Aduaneiro – RA (BRASIL, 2009) em seu art. 15:
42
Art. 15. O exercício da administração aduaneira compreende a fiscalização 
e o controle sobre o comércio exterior, essenciais à defesa dos interesses 
fazendários nacionais, em todo o território aduaneiro.
Parágrafo único. As atividades de fiscalização de tributos incidentes sobre 
as operações de comércio exterior serão supervisionadas e executadas por 
Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil. (BRASIL, 2009, [s.p.])
Ou seja: toda fiscalização sobre o Comércio Exterior é realizada pela 
Receita Federal. O Regulamento Aduaneiro afirma, também, que a 
Receita pode editar atos normativos que regulamentem aspectos do 
Comex. Primordialmente, a fiscalização sobre o Comércio Exterior ocorre 
na zona primária do território aduaneiro. De acordo com o Regulamento 
Aduaneiro (BRASIL, 2009):
Art. 2º O território aduaneiro compreende todo o território nacional.
Art. 3º A jurisdição dos serviços aduaneiros estende-se por todo o território 
aduaneiro e abrange (Decreto-Lei nº 37, de 18 de novembro de 1966, art. 
33, caput):
I–a zona primária, constituída pelas seguintes áreas demarcadas pela 
autoridade aduaneira local:
a) a área terrestre ou aquática, contínua ou descontínua, nos portos 
alfandegados;
b) a área terrestre, nos aeroportos alfandegados; e
c) a área terrestre, que compreende os pontos de fronteira alfandegados; e
II–a zona secundária, que compreende a parte restante do território 
aduaneiro, nela incluídas as águas territoriais e o espaço aéreo. (BRASIL, 
2009, [s.p.])
Isso significa que todo o Brasil compõe o chamado território aduaneiro. 
A zona primária, nesse sentido, é todo aquele local do território nacional 
43
em que existe entrada e saída de pessoas e mercadorias do exterior e 
para lá destinados. Nessa definição encaixam-se portos, aeroportos e 
zonas terrestres de fronteira.
Nesse momento muitos perguntam: isso significa que na zona 
secundária não há controle aduaneiro? Pelo contrário. Uma vez que a 
maior parte do território nacional não é contemplada com aeroportos 
internacionais, portos ou zonas de fronteira, existem as chamadas 
Estações Aduaneiras de Interior (EADI), conhecidas popularmente como 
os Portos Secos. O RA (BRASIL, 2009) também menciona esses recintos:
Art. 11. Portos secos são recintos alfandegados de uso público nos quais 
são executadas operações de movimentação, armazenagem e despacho 
aduaneiro de mercadorias e de bagagem, sob controle aduaneiro.
§ 1º Os portos secos não poderão ser instalados na zona primária de 
portos e aeroportos alfandegados.
§ 2º Os portos secos poderão ser autorizados a operar com carga de 
importação, de exportação ou ambas, tendo em vista as necessidades e 
condições locais. (BRASIL, 2009, [s.p.])
Com os portos secos, todas as partes do território nacional que não 
possuem interface direta com o exterior podem ter portos secos. 
Esses ambientes são bastante úteis para exportadores e importadores, 
uma vez que se podem realizar operações de carga ou descarga de 
mercadoriasem caminhões e contêineres. Um produto em trâmite de 
exportação pode ser fiscalizado no porto seco e, quando chega ao lugar 
onde embarcará ao exterior, embarcar diretamente sem fiscalizações 
adicionais. Um produto em trâmite de importação não precisa 
necessariamente ser fiscalizado no porto ou aeroporto de chegada, e 
pode ser averiguado em um porto seco mais próximo ao importador. 
Se não fosse pelos portos secos, certamente as filas para portos, 
aeroportos e pontos de fronteira seriam ainda maiores do que já são.
44
Até este momento você deve ter percebido que uma palavra apareceu 
algumas vezes: “alfandegado”. Mas o que significa isso? É nos 
ambientes alfandegados que a Receita Federal realiza seu mister. Diz o 
Regulamento Aduaneiro (BRASIL, 2009):
Art. 5º Os portos, aeroportos e pontos de fronteira serão alfandegados 
por ato declaratório da autoridade aduaneira competente, para que neles 
possam, sob controle aduaneiro:
I–estacionar ou transitar veículos procedentes do exterior ou a ele 
destinados;
II–ser efetuadas operações de carga, descarga, armazenagem ou passagem 
de mercadorias procedentes do exterior ou a ele destinadas; e
III–embarcar, desembarcar ou transitar viajantes procedentes do exterior 
ou a ele destinados.
Art. 6º O alfandegamento de portos, aeroportos ou pontos de fronteira 
será precedido da respectiva habilitação ao tráfego internacional pelas 
autoridades competentes em matéria de transporte. (BRASIL, 2009, [s.p.])
Isso significa que somente nos ambientes alfandegados é que pode 
ocorrer a chegada ou saída de pessoas ou mercadorias do exterior ou 
para lá destinados. É nesses ambientes que toda a fiscalização aduaneira 
ocorrerá.
1.3 O SISCOMEX e a classificação fiscal de mercadorias: 
SH e NCM
No passado, toda a operação de importação ou exportação era feita da 
forma mais analógica. Exportadores ou importadores preenchiam ou 
datilografavam formulários e os entregavam na sede da Receita Federal. 
Isso mudou, felizmente, em meados da década de 1990 com a criação 
45
do Sistema Integrado de Comércio Exterior, hoje administrado pela 
Receita Federal. De acordo com a própria Receita (BRASIL, 2020):
O Sistema Integrado de Comércio Exterior–Siscomex é um instrumento 
administrativo que integra as atividades de registro, acompanhamento e 
controle das operações de comércio exterior.
Foi instituído pelo Decreto nº 660, de 25 de setembro de 1992, e constituiu 
extraordinário avanço, ao informatizar os controles existentes, que eram 
realizados por meio de declarações em papel, carimbos e assinaturas.
Inovou também ao criar um fluxo único de informações, em que todos os 
intervenientes, públicos e privados, registram informações, declarações 
em sucessivas etapas, conforme fluxograma estabelecido, uniformizando 
assim os procedimentos. Não é possível, por exemplo, prestar uma 
informação a um órgão, e prestar outra, diferente, a outro. (BRASIL, 2020, 
[s.p.])
O Siscomex Exportação entrou em vigor entre 1992 e 1993. O Siscomex 
Importação entrou em vigor um pouco depois, em 1997. Atualmente, os 
órgãos anuentes – aqueles que precisam dar seu aval para a importação 
ou exportação de determinados itens –, os órgãos intervenientes – 
aqueles que de alguma forma atuam no comércio exterior, sejam 
despachantes aduaneiros ou as autarquias especializadas do governo – 
e ainda outros têm uma interface com o Siscomex, e todas as operações 
de exportação ou importação estão centralizadas ali.
O Siscomex tem, também, seus órgãos gestores, que são a Receita 
Federal, o Banco Central e a Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), 
órgão ligado à Presidência da República. De acordo com a Receita 
Federal (2020), podem acessar o Siscomex:
Aduana: AFRFB, ATRFB e outros servidores aduaneiros;
Secex, Bacen e anuentes: atuam no controle administrativo e cambial;
Importador [ou exportador];
46
Depositário: responsável pelo Recinto Alfandegado (RA), fiel depositário 
das cargas sob controle aduaneiro;
Transportador: transportador de cargas do percurso internacional e/ou 
transportador de trânsito aduaneiro. (BRASIL, 2020, [s.p.])
No Siscomex, os importadores ou exportadores efetuam todo o 
cadastro da operação de comércio exterior que estão realizando. No 
caso dos importadores, é apontado o valor aduaneiro da mercadoria, 
seu fabricante, porto de origem, transportador e porto de destino. No 
caso dos exportadores, declaram-se no Siscomex o valor aduaneiro 
da mercadoria, seu destinatário, porto de origem, porto de destino e 
transportador. Em ambos os casos, o INCOTERM da operação deve 
também ser informado. E, também, em ambos os casos, informa-se a 
NCM da mercadoria.
NCM significa Nomenclatura Comum do Mercosul. Trata-se de um 
código de ao menos oito dígitos utilizado nas operações comerciais 
dos países membros do Mercosul desde 1995. A NCM tem como base 
um outro sistema de classificação fiscal de mercadorias, chamado 
Sistema Harmonizado (SH). O SH foi criado pela Organização Mundial 
das Alfândegas (OMA) após décadas de estudo de formas distintas de 
classificar mercadorias.
Como ensina Nyegray (2016, p. 263), “atualmente, mais de 200 países 
utilizam o SH, e 98% do comércio mundial adota seus códigos”. A ordem 
dos itens não é alfabética ou por gênero (animal, vegetal, mineral) mas 
por “ordem crescente da participação humana na criação do bem. Por 
esse motivo, o primeiro capítulo é o de animais vivos e o último, obras 
de arte” (LUZ, 2010, p. 299 apud NYEGRAY, 2016, p. 263).
A Nomenclatura Comum do Mercosul que entrou em vigor em 1995 
baseia-se na lista do Sistema Harmonizado e acrescenta-lhe dois dígitos, 
como mostra a Figura 2 a seguir.
47
Figura 2 – A especificação da Nomenclatura Comum do Mercosul
Fonte: Nyegray (2016, p. 282).
A tabela da NCM consiste em 99 capítulos, dos quais dois estão em 
branco para utilização futura. Um dos grandes avanços que a lista 
do SH – e, consequentemente, da NCM – trouxe foi a possibilidade 
de atualização e uso contínuo, pela sua estrutura ramificada, sem a 
necessidade de reclassificar tudo o que já está ali. Além dos dois dígitos 
a mais que o código do NCM acrescenta à lista do SH, há mais uma 
diferença.
Enquanto a tabela do Sistema Harmonizado consiste em duas colunas 
(código e descrição da mercadoria), a tabela da NCM possui três colunas 
distintas: código, descrição da mercadoria e TEC. TEC significa Tarifa 
Externa Comum. Uma vez que Brasil, Uruguai, Paraguai e Argentina 
compõem o bloco do Mercosul, a ideia inicial era que os países 
cobrassem os mesmos impostos dos produtos oriundos de países de 
fora do bloco, o que não ocorre.
48
Ainda assim, para a Legislação Aduaneira e para o Direito Tributário 
brasileiro a TEC é a base para o cálculo do imposto de importação e dos 
demais tributos que incidem sobre as operações de comércio exterior.
1.4 Delitos e infrações aduaneiras
Da mesma forma que a integração econômica global proporcionada pela 
globalização facilitou os negócios e a vida das pessoas, aproximando 
compradores de vendedores e clientes de fornecedores, algumas coisas 
ruins também se tornaram mais fáceis. É o caso da criminalidade em 
escala global. O comércio exterior não escapa dessa triste realidade, e 
muitas vezes é utilizado para o cometimento de crimes.
Inicialmente, os crimes, delitos e infrações são objeto do Direito Penal. 
De acordo com o Código Penal, um crime é toda aquela conduta à qual 
a lei atribui uma pena, seja qual for essa penalidade (reclusão, detenção 
ou pagamento de multa, por exemplo). Nesse sentido, um delito seria 
uma conduta à qual a lei também atribui uma pena, embora seja uma 
conduta de menor potencial ofensivo. Seja nos crimes ou nos delitos, 
muitas das condutas são praticadas não apenas por uma, mas por 
várias pessoas. No caso do Comércio Exterior é comum que os jornais 
noticiem quadrilhas especializadas em traficar drogas ou armas através 
de fronteiras. Tem-se aqui um crime cometido, ao mesmo tempo, por 
várias pessoas.
Mas afinal, quaissão os crimes que podem ocorrer no Comércio 
Exterior? Vejamos o Código Penal (BRASIL, 1940):
Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto 
devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria.
Pena–reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (BRASIL, 1940, [s.p.])
49
Trata-se, portanto, de trazer um produto permitido do exterior para o 
Brasil, mas sem o devido pagamento dos tributos. Muitas vezes a pessoa 
que trouxe os produtos sem pagar impostos já os vendeu. É por isso que 
o Código Penal (BRASIL, 1940) vai além no artigo 334:
§ 1º Incorre na mesma pena quem:
I–pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei;
II–pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho
III–vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, 
utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial 
ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira que introduziu 
clandestinamente no País ou importou fraudulentamente ou que sabe ser 
produto de introdução clandestina no território nacional ou de importação 
fraudulenta por parte de outrem;
IV–adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício 
de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência 
estrangeira, desacompanhada de documentação legal ou acompanhada de 
documentos que sabe serem falsos.
§ 2o Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, 
qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias 
estrangeiras, inclusive o exercido em residências. (BRASIL, 1940, [s.p.])
Ou seja: o descaminho não é apenas trazer mercadoria permitida do 
exterior sem o devido pagamento dos tributos, mas armazenar, vender, 
ocultar ou beneficiar-se do descaminho de forma geral. Muitas pessoas 
confundem o descaminho e o contrabando. E o que é contrabando? 
Vejamos mais uma vez o que diz o Código Penal (BRASIL, 1940):
Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida:
Pena–reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. (BRASIL, 1940, [s.p.])
50
Eis aqui a diferença entre ambas as condutas: o contrabando envolve 
mercadoria proibida. Da mesma forma que fez em relação ao 
descaminho, no contrabando o Código Penal (BRASIL, 1940) também vai 
além:
§ 1º Incorre na mesma pena quem:
I–pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando;
II–importa ou exporta clandestinamente mercadoria que dependa de 
registro, análise ou autorização de órgão público competente;
III–reinsere no território nacional mercadoria brasileira destinada à 
exportação;
IV–vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, 
utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial 
ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira;
V–adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de 
atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira. 
(Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) § 2º–Equipara-se às atividades 
comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio 
irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido 
em residências.
§ 2º–Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, 
qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias 
estrangeiras, inclusive o exercido em residências. (BRASIL, 1940, [s.p.])
Neste caso estão as drogas, armas, munições e até mesmo a 
importação de certos tipos de medicamentos e de agrotóxicos. Ainda 
que medicamentos e agrotóxicos sejam permitidos pela lei brasileira, 
trazer ou enviar esses produtos requer autorizações e procedimentos 
especiais, não cumpridos pelos contrabandistas. Ou seja: o descaminho 
envolve mercadorias permitidas. O contrabando envolve mercadorias 
51
proibidas ou mercadorias permitidas, mas sem o devido processo de 
importação ou exportação.
Nesta leitura digital você aprendeu que a Organização Mundial do 
Comércio não apenas conta com princípios norteadores da atuação 
dos Estados em termos de Comércio Internacional, mas há também 
mecanismos de implementar essas regras. O Órgão de Solução de 
Controvérsias é a grande inovação da OMC em relação ao comércio 
global, uma vez que ali os países podem demandar as nações que 
adotam práticas prejudiciais ao comércio como um todo. Quando 
uma nação concede um subsídio, ilegal por conta do princípio da 
concorrência leal e proibição às subvenções, a nação afetada pode 
aplicar uma medida compensatória. De outro lado, quando há um surto 
de importações que não é fruto de uma prática ilegal, o país afetado 
pode aplicar uma medida de salvaguarda. Em ambos os casos, aplica-
se uma sobretaxa ao produto importado. Nesta leitura digital você 
aprendeu também que o órgão responsável pelo Comércio Exterior 
brasileiro é a Receita Federal. A Receita realiza sua fiscalização em todo 
o território aduaneiro, em especial nos recintos alfandegados em zona 
primária. Os importadores e exportadores iniciam suas operações 
internacionais por meio do Sistema Integrado de Comércio Exterior, o 
SISCOMEX. Ali são colocados os detalhes do que está sendo importado 
e exportado, como valores, origem, destino e NCM, que é o código 
da Nomenclatura Comum do Mercosul. O NCM tem por base outra 
classificação fiscal de mercadorias que é o Sistema Harmonizado, 
originalmente elaborado pela Organização Mundial das Alfândegas 
(OMA). Por fim, você aprendeu que entre os crimes e delitos aduaneiros 
estão, principalmente, o descaminho – que consiste em trazer do 
exterior mercadoria permitida, mas sem o devido pagamento de tributos 
– e o contrabando, que consiste em trazer do exterior mercadoria 
permitida sem o devido procedimento ou trazer mercadoria proibida.
52
Referências
BRASIL. Presidência da República. Decreto n. 6759, de 5 de fevereiro de 2009. 
Regulamenta a administração das atividades aduaneiras, e a fiscalização, o controle 
e a tributação das operações de comércio exterior. Regulamento Aduaneiro. 
Brasília: D.O.U., 2009. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2009/decreto/d6759.htm. Acesso em: 29 nov. 2021.
BRASIL. Presidência da República. Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 
1940. Código Penal. Rio de Janeiro: D.O.U., 1940. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848.htm. Acesso em: 29 nov. 2021.
BRASIL. Ministério das Relações Exteriores. O Sistema de Solução de 
Controvérsias da OMC. 2020. Disponível em: https://www.gov.br/mre/pt-br/
assuntos/politica-externa-comercial-e-economica/comercio-internacional/o-sistema-
de-solucao-de-controversias-da-omc. Acesso em: 3 set. 2021.
BRASIL. Receita Federal. Sistema Integrado de Comércio Exterior. Receita Federal, 
18 set. 2020. Disponível em: https://www.gov.br/receitafederal/pt-br/assuntos/
aduana-e-comercio-exterior/importacao-e-exportacao/sistema-integrado-de-
comercio-exterior-siscomex. Acesso em: 3 set. 2021.
NYEGRAY, João A. L. Legislação Aduaneira, Comércio Exterior e Negócios 
Internacionais. Curitiba: InterSaberes, 2016.
53
O ambiente internacional 
de negócios
Autoria: João Alfredo Lopes Nyegray
Leitura crítica: Isamaura Krauss Franco
Objetivos
• Entender como é realizado o controle aduaneiro.
• Compreender os termos internacionais de 
comércio.
• Entender o balanço de pagamentos e os riscos e 
desafios da atuação empresarial global.
54
1. O ambiente internacional de negócios
A globalização certamente aproximou pessoas e países. No entanto, 
ainda que possamos ter acesso a bens fabricados pelas mesmas 
empresas – os mesmos perfumes, automóveis e até assistimos aos 
mesmos filmes – isso não significa que o mundo hoje é plenamente 
padronizado. Pessoas e países ainda têm diferenças culturais 
significativas. Toda vez que uma empresa se internacionaliza, essa 
organização carrega ao exterior características de sua cultura original.
Mesmo com potenciais diferenças culturais, grande parte da riqueza 
dos países vem das trocas comerciais. Alguns produtos como as 
commoditiessão padronizados, o que facilita sua comercialização. 
Outros como vestuário e alimentação, necessitam de maior adaptação. 
Seja como for, pode-se analisar as trocas internacionais de um país por 
sua balança de pagamentos. Foi para facilitar essas trocas que a Câmara 
de Comércio Internacional criou os Termos Internacionais de Comércio. 
Todos esses fatores, portanto, estão interrelacionados e falaremos deles 
pelas próximas páginas.
Pronto para aprender a respeito? Bons estudos!
1.1 O controle aduaneiro
Buscando proteger a saúde da população de produtos nocivos ou não 
devidamente importados, e tentando proteger aqueles que agem em 
conformidade com a lei e pagam seus tributos da forma correta, a 
Receita Federal realiza o chamado controle aduaneiro no caso do Brasil. 
Inicialmente, importadores e exportadores colocam as informações 
de suas transações internacionais no Sistema Integrado de Comércio 
Exterior (SISCOMEX). Ainda assim, a Receita Federal efetua a conferência 
do que chega e do que sai de nosso país.
55
O Regulamento Aduaneiro, o Decreto n. 6759, de 5 de fevereiro de 2009 
(BRASIL, 2009) afirma que:
Art. 15. O exercício da administração aduaneira compreende a fiscalização 
e o controle sobre o comércio exterior, essenciais à defesa dos interesses 
fazendários nacionais, em todo o território aduaneiro
Parágrafo único. As atividades de fiscalização de tributos incidentes sobre 
as operações de comércio exterior serão supervisionadas e executadas por 
Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil. (BRASIL, 2009, [s.p.])
Sobre o que é realizado o controle aduaneiro? Pessoas, mercadorias 
e veículos. O art. 26 do Regulamento Aduaneiro diz, em seu primeiro 
parágrafo: “§ 1º O controle aduaneiro do veículo será exercido desde 
o seu ingresso no território aduaneiro até a sua efetiva saída, e será 
estendido a mercadorias e a outros bens existentes a bordo, inclusive 
a bagagens de viajantes.” Isso significa que, em áreas de trânsito 
internacional de veículos, a aduana pode fiscalizar não apenas o veículo 
em si, mas as bagagens e as pessoas que ali estão (BRASIL, 2009).
No caso das mercadorias, o controle aduaneiro é feito pelos 
documentos que amparam a transação comercial. Ensina Nyegray (2016, 
p. 87) que quando:
se celebra uma venda internacional, contrata-se um serviço de frete que 
transportará a mercadoria até o país de destino. Quando transportadores 
internacionais contratam um frete, emite-se o que se chama de 
conhecimento de carga. De acordo com a Receita Federal, O conhecimento 
de carga, também conhecido como conhecimento de transporte emitido 
pelo transportador, define a contratação da operação de transporte 
internacional, comprova o recebimento da mercadoria na origem e a 
obrigação de entregá-la no lugar de destino. (NYEGRAY, 2016, p. 87)
O próprio Regulamento Aduaneiro comenta a respeito do conhecimento 
e dos manifestos de carga, em especial a partir do art. 44. Em seu artigo 
56
42, o RA explica um pouco mais do controle aduaneiro realizado pela 
Receita Federal (BRASIL, 2009):
O responsável pelo veículo apresentará à autoridade aduaneira, na forma 
e no momento estabelecidos em ato normativo da Secretaria da Receita 
Federal do Brasil, o manifesto de carga, com cópia dos conhecimentos 
correspondentes, e a lista de sobressalentes e provisões de bordo. (BRASIL, 
2009, [s.p.])
Essas documentações todas são analisadas pelos auditores-fiscais 
da Receita quando as embarcações e mercadorias chegam ao Brasil, 
e também quando estão saindo daqui para o exterior. Aqui muitos 
questionam: mas e o que ocorre quando há um indício de fraude? É o 
RA (BRASIL, 2009) que responde esse questionamento: “Art. 36. Havendo 
indícios de falsa declaração de conteúdo, a autoridade aduaneira poderá 
determinar a descarga de volume ou de unidade de carga, para a devida 
verificação, lavrando-se termo.”
Todo esse procedimento destinado a verificar a veracidade daquilo 
que chega, dos documentos e do que os importadores e exportadores 
declaram é o que se chama de despacho aduaneiro. No ensinamento de 
Nyegray (2016, p. 90) o “despacho aduaneiro tem por finalidade verificar 
a exatidão dos dados declarados pelo exportador ou importador 
em relação à mercadoria exportada ou importada, aos documentos 
apresentados e à legislação vigente”.
O Regulamento Aduaneiro aborda esse tema a partir do artigo 542. 
Rigorosamente toda a mercadoria procedente do exterior, até mesmo 
aquela que não ficará em definitivo no Brasil, deve ser submetida 
ao procedimento de despacho aduaneiro. E quando se inicia o 
procedimento de despacho, quando a mercadoria chega ao Brasil, no 
caso das importações? Ainda antes disso: quando as operações – sejam 
de exportação sejam de importação – são cadastradas no Siscomex?
57
Uma vez registrada a importação ou exportação, efetuam-se os 
procedimentos de conferência aduaneira, dentre os quais destaca-se 
a parametrização. Os canais de parametrização podem ser vistos na 
Figura 1.
Figura 1 – Canais de Parametrização
Fonte: elaborada pelo autor.
É o próprio Siscomex quem direciona as cargas que chegam ou saem do 
país para um dos canais de parametrização. A Instrução Normativa RFB 
n. 680, de 2 de outubro de 2006, afirma que:
Art. 21. Após o registro, a DI será submetida a análise fiscal e selecionada 
para um dos seguintes canais de conferência aduaneira:
58
I–verde, pelo qual o sistema registrará o desembaraço automático 
da mercadoria, dispensados o exame documental e a verificação da 
mercadoria;
II–amarelo, pelo qual será realizado o exame documental, e, não sendo 
constatada irregularidade, efetuado o desembaraço aduaneiro, dispensada 
a verificação da mercadoria;
III–vermelho, pelo qual a mercadoria somente será desembaraçada após a 
realização do exame documental e da verificação da mercadoria; e
IV–cinza, pelo qual será realizado o exame documental, a verificação da 
mercadoria e a apuração de elementos indiciários de fraude. (BRASIL, 
2006, [s.p.])
Como se pode perceber, são níveis distintos de conferência, com 
características também distintas. Entre a parametrização na importação 
e exportação muda a cor do canal intermediário (amarelo na importação 
e laranja na exportação), mas o caráter da conferência documental 
permanece o mesmo.
1.2 Os Termos Internacionais de Comércio
Cada país caracteriza-se por um tipo de sistema jurídico e forma de 
organização de suas leis. O Brasil, por exemplo, tem na Constituição 
Federal sua lei máxima. Aqui, a aplicação da lei baseia-se nas normas 
escritas como o Código Civil, o Código Penal ou mesmo o Regulamento 
Aduaneiro. Em outros países, por outro lado, a aplicação da lei tem por 
base os costumes de determinada região, assim como julgamentos 
anteriores de temas semelhantes. Há também aqueles países onde toda 
a lei baseia-se em preceitos religiosos. Como você pode perceber, são 
muito diferentes esses sistemas legais entre si.
Por conta de tais diferenças, durante muito tempo, importadores e 
exportadores não conseguiam chegar a um consenso a respeito de 
59
quem deveria pagar o frete e o seguro da mercadoria transacionada. 
Quem paga o frete e seguro da fábrica até o porto do país de origem? E 
do porto de origem até o porto de destino? E do porto de destino até a 
fábrica ou armazém de destino?
No ensinamento de Cavusgil, Knight e Riesenberger (2010, p. 330):
Para eliminar essas contendas, um sistema universal e padronizado de 
termos de venda e entrega, conhecido como Incoterms (abreviatura 
de International Commercial Terms) foi desenvolvido pela Câmara 
Internacional do Comércio (http://www.iccwbo.org). Comumente usados 
em contratos de vendas internacionais, os Incoterms especificam como 
compradores e vendedores rateiam o custo de frete e seguro, além do 
ponto a partir do qual o comprador assume a responsabilidade pelos bens. 
(CAVUSGIL; KNIGHT; RIESENBERGER, 2010, p. 330)
Para manter os Incoterms atualizados, a Câmara Internacional do 
Comércio os atualiza de 10 em 10anos, retirando aqueles que estão 
em desuso e acrescentando modificações. Os Termos Internacionais 
de Comércio estão divididos em quatro grupos distintos: E, F, C e D. 
Do primeiro Incoterm, o Ex-Works (EXW) até o último Delivered Duty 
Paid (DDP), a responsabilidade pelo pagamento do frete e do seguro 
internacional vai, aos poucos, saindo do comprador e migrando para o 
vendedor. No quadro a seguir, você pode consultar quatro Incoterms: o 
primeiro, o último e os dois mais usados.
Quadro 1 – Incoterms
Incoterm Sigla Significado
Ex-Works EXW O comprador retira a mercadoria na fábrica 
do vendedor, e todo o transporte dali até o 
destino ficam por sua conta.
60
Free on Boad FOB O vendedor entrega a mercadoria pronta 
para exportação no navio no porto de origem. 
Dali em diante a responsabilidade por frete e 
seguro é do comprador.
Cost, Insurance and 
Freight
CIF O vendedor entrega a mercadoria pronta 
para exportação no navio no porto de 
origem, com frete e seguro pagos até o porto 
de destino. Do porto de destino até sua 
fábrica ou armazém, a responsabilidade pela 
mercadoria é do comprador.
Delivered Duty Paid DDP O vendedor entrega a mercadoria com 
tributos, frete e seguro pagos no país do 
comprador. 
Fonte: elaborado pelo autor.
Como você pode perceber nesse quadro, a obrigação vai mudando de 
mãos: enquanto o Incoterm EXW representa obrigação máxima para o 
comprador e mínima para o vendedor, o Incoterm DDP é exatamente o 
oposto: obrigação máxima para o vendedor e obrigação mínima para o 
comprador.
A partir do surgimento dos Incoterms, seja qual for o regime jurídico do 
importador ou exportador, independentemente do seu sistema legal; há 
uma harmonização das práticas comerciais. Os Incoterms certamente 
facilitaram muito as transações comerciais globais. Os dois mais 
utilizados hoje são o FOB e o CIF.
1.3 O Balanço de Pagamentos
O registro de tudo aquilo que entra e sai dos países é normalmente 
realizado pelos seus respectivos ministérios da economia. Isso ajuda os 
países a monitorar seu comércio, criar estatísticas e saber quais áreas 
61
precisam ou não ser estimuladas para que a nação prospere. É aqui que 
entra a importância do chamado Balanço de Pagamentos.
No ensinamento de Lima, Silber e Vasconcellos (2011):
O Balanço de Pagamentos de um país nada mais é que o registro contábil 
de todas as operações de um país com o resto do mundo. Em termos 
gerais, o Balanço de Pagamentos é composto de cinco grandes itens: 
Balança Comercial, Conta de Serviços e Rendas, Transferências Unilaterais 
Correntes, Balanço de Transações Correntes (que é a soma das anteriores) 
e a Conta de Capitais (Capital e Financeira). (LIMA; SILBER; VASCONCELLOS, 
2011, p. 114)
Trata-se de uma área bastante importante para economistas, como fica 
fácil de perceber pela composição do Balanço de Pagamentos apontada 
na citação apresentada. O balanço de pagamentos é, inicialmente, 
um mecanismo de contabilidade nacional que ajuda um país e seus 
governantes a entender de onde vieram e para onde foram suas 
principais riquezas. No ensinamento de Cavusgil, Knight e Riesenberger 
(2010),
em um nível mais amplo, os governos devem administrar seu balanço 
de pagamentos, o cômputo anual de todas das transações de um país 
com todos os demais. Isso representa o balanço geral de comércio, 
investimentos e transferências de pagamento de um país com o restante 
do mundo. Representa a diferença entre o total de entrada e saída de 
moeda de um país. (CAVUSGIL; KNIGHT; RIESENBERGER, 2010, p. 213)
Para o comércio exterior há uma parte de especial interesse: a balança 
comercial. A balança comercial representa a diferença entre as 
exportações e as importações de uma determinada nação. Cavusgil, 
Knight e Riesenberger (2010) comentam que a balança comercial:
é a diferença entre o valor monetário das exportações de um país e suas 
importações no decorrer de um ano. Por exemplo, se a Alemanha exporta 
carros para o Quênia, a moeda deixa o Quênia para entrar na Alemanha, 
62
porque o importador queniano paga o exportador alemão. (CAVUSGIL; 
KNIGHT; RIESENBERGER, 2010, p. 215)
Entram aqui duas palavras: déficit e superávit. Há um déficit toda vez 
que um país importa mais do que exporta. Há um superávit toda vez 
que um país exporta mais do que importa.
Figura 2 – Balança comercial pressionada por 
importações e exportações
Fonte: elaborada pelo autor.
Um país deficitário, que importa mais do que exporta, perceberá uma 
saída maior de moeda estrangeira. Em um cenário assim, a moeda 
interna se desvaloriza e as moedas externas tornam-se escassas. De 
outro lado, um país que mais exporta do que importa terá uma entrada 
maior de moedas estrangeiras. Como consequência, a moeda local se 
valorizará. Com isso podemos perceber, como ensinam Cavusgil, Knight 
63
e Riesenberger (2010, p. 216), que a balança comercial de cada país tem 
muita relação com o câmbio:
A balança comercial de cada país está intimamente associada à taxa 
de câmbio de sua moeda. Se um país possui superávit comercial, há 
relativamente mais demanda por sua moeda, que pode se fortalecer, ou 
valorizar, com o tempo. Por outro lado, se ele apresenta uma posição 
crônica de déficit, sua moeda pode enfraquecer ou desvalorizar com o 
tempo. (CAVUSGIL; KNIGHT; RIESENBERGER, 2010, p. 216)
Ou seja: se você ouvir a notícia de que o dólar está “em alta” ou 
“subindo”, significa que há muitos dólares deixando o Brasil, e essa 
moeda está ficando mais escassa. Como consequência, seu valor em 
relação ao real sobe e nossa moeda se desvaloriza. De outro lado, se 
você ouvir que o dólar está “em queda” isso significa que há mais dólares 
entrando no Brasil, e que está havendo um aumento na oferta dessa 
moeda. Esse é o caso do real valorizado.
Dólares caros podem favorecer a exportação, uma vez que os produtos 
nacionais ficam mais baratos para o mercado externo. Por exemplo, se 
US$ 1 está a R$ 5 então tudo o que o Brasil produzir por R$ 500 acabará 
custando US$ 100 para os importadores externos. Nesse cenário, 
os importadores é que são prejudicados, pois gastarão mais reais 
para pagar suas compras em dólares. Ao contrário do que se pensa, 
importações não são ruins. Pode-se importar tecnologias e maquinário 
que vão modernizar o país. Por isso o câmbio deve, ao mesmo tempo, 
conseguir a árdua tarefa de agradar importadores e exportadores.
1.4 Riscos e desafios da atuação empresarial global
O mundo de hoje é composto por pelo menos duas centenas de países. 
O país mais novo do mundo é o Sudão do Sul, que surgiu em 2011 após 
um triste genocídio ocorrer na parte sul do Sudão. Além dos países, o 
ambiente internacional possui diversas Organizações Internacionais 
64
(O.I.’s). São órgãos internacionais criados por Estados, cada qual com 
personalidade própria. Podem ser globais, como a Organização Mundial 
do Comércio ou como a Organização das Nações Unidas, ou regionais 
como a Organização dos Estados Americanos.
Além disso, cada um dos cerca de 206 países tem suas culturas próprias. 
Sim, culturas, no plural. Mais de uma. Veja só o caso brasileiro. O Sul tem 
expressões idiomáticas que o Nordeste não conhece. O Sudeste tem 
hábitos que o centro-oeste não sabe quais são. A Região Norte tem uma 
rica gastronomia que muitas vezes não atinge outras regiões do país. O 
mesmo ocorre em várias outras nações. A África do Sul, por exemplo, 
possui 13 idiomas oficiais mesmo sendo um país territorialmente muito 
menor do que o Brasil.
Cada um dos mais de 200 países, com suas dezenas de culturas distintas, 
tem suas centenas de empresas. Essas centenas de empresas podem 
tanto atuar domesticamente quando de forma internacional. Ao 
internacionalizarem-se, as empresas carregam sua cultura de origem e 
entram em contato com a cultura do mercado de destino. Surge um risco 
ao qual devemos estar sempre atentos: o risco intercultural. Como ensinam 
Cavusgil, Knight e Riesenberger (2010, p. 9),
Risco intercultural refere-se a uma situação ouevento em que a má 
interpretação cultural coloca em jogo alguns valores humanos. Decorre de 
diferenças em idioma, estilo de vida, modo de pensar, costumes e religião. Os 
valores singulares de uma cultura tendem a ser duradouros e transmitidos 
de uma geração a outra. Esses valores influenciam a mentalidade e o modo 
de trabalhar de funcionários e os padrões de compra de consumidores. 
As características dos clientes estrangeiros diferem de forma significativa 
das dos locais. O idioma constitui uma dimensão crucial da cultura, pois, 
além de facilitar a comunicação, é uma janela para os sistemas de valores e 
condições de vida de um povo. Por exemplo, na língua dos esquimós há várias 
palavras para ‘neve’ enquanto para os astecas na América do Sul a mesma 
raiz linguística denota neve, gelo e frio. Na tradução de uma língua para 
outra, com frequência é difícil encontrar palavras que transmitam o mesmo 
65
significado. […] Tais desafios impedem a comunicação efetiva e causam mal-
entendidos. A falha de comunicação causada por diferenças culturais dá 
origem a estratégias inadequadas de negócios e relações ineficazes com os 
clientes. (CAVUSGIL; KNIGHT; RIESENBERGER, 2010, p. 9)
Ou seja: a cultura representa um grande risco e um grande desafio para 
a internacionalização. Mas a cultura não é algo herdado geneticamente 
que está no sangue das pessoas. É algo que pode ser aprendido e 
compreendido. Por isso, as empresas acabam adaptando seus produtos 
para que estejam de acordo com as culturas dos mercados de destino. Isso 
envolve, inclusive, as cores. Para nós, brasileiros, o preto é a cor do luto; 
mas os japoneses expressam seu luto usando branco. Os sul-africanos 
expressam seu luto usando vermelho.
O McDonald’s dos Emirados Árabes, sabendo que boa parte da população 
local vem da Índia e Paquistão, oferece suas refeições com opções de carne 
de frango e carneiro. Índia e Paquistão são países de maioria hindu e estes 
não consomem carne bovina. A Brasil Foods especializou-se em realizar o 
chamado “abate Halal”, que segue a lei religiosa dos muçulmanos e, como 
consequência, passou a vender frango em grandes quantidades para Egito 
e Arábia Saudita.
Além do desafio de passar a barreira cultural para internacionalizar, 
empresários brasileiros precisam saber lidar com a burocracia que 
caracteriza nosso comércio exterior, em suas mais de 3.600 regras. Essa 
burocracia, aliada à infraestrutura ruim, é uma das responsáveis pela 
posição 26ª do Brasil no ranking dos maiores exportadores do mundo.
Outro desafio importante está na criação de estratégias internacionais 
adequadas. Buscar clientes internacionais é uma tarefa que acaba levando 
bastante tempo, e por isso paciência é fundamental. As estratégias de 
internacionalizam devem, então, ser sempre de longo prazo. Empresas 
devem estar atentas a situações que possam gerar oportunidades para 
sua inserção global. Por exemplo: mudanças demográficas. Quando um 
66
número maior de clientes sai da classe C e vai para a classe B, esses clientes 
buscarão produtos e serviços diferentes daqueles que consumiam antes. 
Outra mudança demográfica relevante está na idade média das pessoas. O 
Brasil, por exemplo, é um país em que as pessoas estão tendo menos filhos 
e vivendo mais. Como consequência, teremos em breve um número maior 
de pessoas na 3ª idade. Uma vez que as modernas tecnologias médicas e 
farmacêuticas permitem uma vida mais longa – e melhor –, a 3ª idade está 
cada vez mais ativa. Tem-se nessa nova característica desse público uma 
oportunidade para oferecer produtos e serviços que atendam às novas 
demandas dessas pessoas.
Outra fonte importante de oportunidades está nos hábitos dos 
consumidores. Enquanto o fast-food perde adeptos, a alimentação saudável 
ganha clientes. Além da alimentação saudável, a prática de atividades físicas 
e a busca por estilos de vida que façam bem também registraram um 
aumento em seus adeptos.
Para internacionalizar-se, a empresa e os profissionais devem considerar 
se essas mudanças estão sendo percebidas também em outros países, 
e de que forma. Em um mundo tão dinâmico e integrado, estar atento a 
esses fatores todos pode, certamente, representar melhor inserção da 
organização em mercados globais.
Nesta leitura digital você aprendeu a respeito do controle aduaneiro 
realizado pela Receita Federal. Esse controle é feito sobre pessoas, veículos 
e mercadorias destinadas ao exterior ou de lá provenientes. A Receita 
fiscaliza os transportadores internacionais, assim como as cargas que 
chegam a portos, aeroportos ou pontos de fronteira. O Sistema Integrado 
de Comércio Exterior, onde são registradas as operações de importação e 
exportação, direcionam as cargas para um dos canais de parametrização: 
verde, amarelo ou laranja e vermelho. Em casos em que há indícios de 
fraude, o Siscomex direciona as cargas ao chamado “canal cinza”.
67
Você aprendeu também que existem termos internacionais de comércio – 
os Incoterms – que facilitaram a vida de importadores e exportadores ao 
padronizar as opções para pagamento do frete e do seguro internacional. 
Os Incoterms estão divididos em quatro grandes grupos, e os mais 
utilizados são o Incoterm FOB e o Incoterm CIF.
Para sistematizar as informações das transações comerciais, existe o 
chamado balanço de pagamentos. Em termos de comércio exterior, um dos 
itens mais importantes do balanço de pagamentos é a balança comercial. 
Países que exportam mais do que importam possuem uma balança 
comercial superavitária. De outro lado, países que importam mais do que 
exportam têm uma balança comercial deficitária.
Por fim, você aprendeu que a atuação internacional das organizações tem 
vários riscos – como os riscos culturais e burocráticos –, mas que empresas 
comprometidas com sua atuação internacional conseguem superar esses 
riscos adotando boas estratégias e conhecendo os potenciais mercados de 
destino para seus produtos ou serviços.
Referências
BRASIL. Presidência da República. Decreto n. 6759, de 5 de fevereiro de 2009. 
Regulamenta a administração das atividades aduaneiras, e a fiscalização, o controle 
e a tributação das operações de comércio exterior. Regulamento Aduaneiro. 
Brasília: D.O.U., 2009. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2009/decreto/d6759.htm. Acesso em: 29 nov. 2021.
BRASIL. Receita Federal. Secretaria da Receita Federal. Instrução Normativa SRF 
n. 680, de 2 de outubro de 2006. Disciplina o despacho aduaneiro de importação. 
Disciplina o despacho aduaneiro de importação. 2006. Disponível em: http://
normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?idAto=15618. Acesso em: 4 
set. 2021.
CAVUSGIL, S. Tamer; KNIGHT, Gary; RIESENBERGER, John. Negócios Internacionais 
– estratégia, gestão e novas realidades. Pearson: São Paulo, 2010.
LIMA, Miguel; SILBER, Simão; VASCONCELLOS, Marco A. Manual de Economia e 
Negócios Internacionais. São Paulo: Saraiva, 2011.
NYEGRAY, João A. L. Legislação Aduaneira, Comércio Exterior e Negócios 
Internacionais. Curitiba: InterSaberes, 2016.
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BONS ESTUDOS!
	Sumário
	Noções introdutórias ao Comércio Internacional e Exterior
	Objetivos
	1. Noções introdutórias ao Comércio Internacional e Exterior
	Referências 
	Internacionalização de empresas e os órgãos do comércio internacional
	Objetivos
	1. A internacionalização e os órgãos do comércio internacional
	Referências 
	A regulamentação brasileira sobre o Comércio Exterior
	Objetivos
	1. A internacionalização e os órgãos do comércio internacional
	Referências
	O ambiente internacional de negócios
	Objetivos
	1. O ambiente internacional de negócios 
	Referências

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