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PROJETO E 
CONSTRUÇÃO DE 
ESTRADAS E 
FERROVIAS 
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 > Relacionar os estudos para escolha do traçado.
 > Identificar os serviços iniciais e projetos de engenharia.
 > Definir o traçado inicial da diretriz.
Introdução
O projeto de uma via de transporte terrestre, quer estrada ou ferrovia, é feito 
com o intuito de ligar dois pontos de interesse. Após a definição desses pontos, 
começa-se a pensar nas alternativas de traçados que melhor atendam às neces-
sidades de ligação. Essas alternativas devem satisfazer requisitos fundamentais 
de atração de desenvolvimento à região contemplada pela obra e desviar de 
elementos problemáticos que possam onerar sua execução. 
Muito embora os modais de rodovias e ferrovias apresentem diferenças 
significativas de projeto geométrico, a escolha da melhor alternativa de traçado 
para qualquer via de transporte toma como base o conhecimento técnico da 
caracterização geomorfológica, geotécnica e hidrológica de toda a extensão 
por onde a obra passará. Tais caraterizações e reconhecimentos da região são 
possíveis mediante estudos preliminares de topografia, geologia, geotecnia, 
hidrologia e viabilidade técnica, econômica e social das alternativas traçadas. 
Conceitos básicos 
em projeto de 
rodovias e ferrovias
Caroline Silva Sena
O conhecimento desses elementos definirá o projeto geométrico de ligação 
entre os dois pontos em questão. 
Neste capítulo, você verá os principais estudos preliminares que ajudam a 
escolher traçados e também seus aspectos técnicos. Além disso, conhecerá os 
serviços iniciais e projetos de engenharia que fazem parte do projeto de uma via 
de transporte terrestre e, por fim, verá como definir o traçado inicial da diretriz.
Estudos básicos para escolha de traçado
As infraestruturas de vias de transporte de grande porte apresentam carac-
terísticas próprias que as definem como obras lineares de infraestrutura, 
pois apresentam uma das dimensões significativamente superior às demais, 
ou simplesmente podem ser chamadas de obras lineares (FREIRE, 2014). 
A exemplo disso, temos as rodovias e ferrovias, que se caracterizam por 
apresentar grande extensão, sendo a unidade de comprimento linear muito 
maior que as demais dimensões de sua estrutura.
A técnica de traçar estradas deve combinar os elementos geométricos 
da rodovia com o meio em que será implantada. Os elementos geométricos 
(tangente, curvas horizontais, rampas e curvas verticais) devem estar em 
harmonia com a paisagem, de modo a servir eficientemente ao tráfego, 
levando em conta os fatores dinâmicos, sociais, psicológicos e os custos 
razoáveis de construção (DNIT IPR 706), o que não é diferente para o traçado 
de ferrovias. Porém, embora esses sistemas de transporte exigiam os mesmos 
estudos investigativos para a caracterização da região a ser implantada e, de 
certa forma, os mesmos projetos complementares para a sua implantação, 
há diferenças significativas que devem ser conhecidas e levadas em conta 
na definição do melhor traçado.
O sistema de transporte ferroviário, por exemplo, lida com veículos pesados 
que imprimem uma velocidade reduzida, e necessita de um sistema estrutural 
menos flexível quando comparado com o sistema estrutural de uma rodovia. 
Seu traçado deve apresentar trechos longos em forma de tangentes (retas) e 
curvas circulares horizontais com raio mínimo estabelecido por norma, para 
que se permita a fixação e segurança da roda e trilho do veículo (DNIT ISF 207).
Para os sistemas de transporte rodoviário, recomenda-se que os traçados 
apresentem trechos em tangente não tão longos, porque esse tipo de traçado 
pode causar cansaço e monotonia ao condutor do veículo, ocasionando sono 
e prováveis acidentes na pista. Nas rodovias, é necessário dimensionar curvas 
horizontais e verticais e distância de visibilidade que forneçam segurança e 
distância adequada para as possíveis ultrapassagens, uma vez que requerem 
Conceitos básicos em projeto de rodovias e ferrovias2
mais pistas para o deslocamento de veículos de um sentido ao outro (DNIT 
IPR 706).
Os estudos iniciais para construção dessas obras iniciam-se com a escolha 
do traçado, que tem por objetivo a ligação de dois pontos. O traçado de uma 
obra linear é o conjunto de segmentos que representam o eixo da constru-
ção, relacionando sua posição espacial. A decisão de escolha desse traçado 
deve ser estratégica, ou seja, é preciso levar em consideração os fatores que 
nortearam o melhor caminho para o desenvolvimento do projeto. O estudo de 
um traçado de uma obra linear é uma investigação das soluções possíveis, em 
que se desenvolverá a via em estudo, sendo representado pelo conjunto de 
formas geométricas (tangente, curvas) interligadas que caracterizam a obra 
(FREIRE, 2014). A Figura 1 exibe uma representação gráfica de um traçado que 
liga um ponto A a um ponto B. 
Figura 1. Exemplo de traçado.
Fonte: Adaptada de Brasil ([2018]).
No dia a dia, são solicitadas algumas alternativas de traçado com 
suas respectivas justificativas, com quadros resumidos que possam 
ilustrar as vantagens e as desvantagens de cada opção. A utilização de software 
facilitou a análise das informações. Isso é vantajoso, pois esses dados possi-
bilitam aos analistas de projeto sugerir mais opções para um mesmo traçado 
(FREIRE, 2014).
Conceitos básicos em projeto de rodovias e ferrovias 3
Os estudos usados para a escolha do traçado de uma rodovia devem 
ser realizados conforme as Diretrizes Básicas para Elaboração de Estudos e 
Projetos Rodoviários, recomendadas na IS-207 pelo Departamento Nacional de 
Infraestrutura de Transportes (DNIT) que tem o intuito de instruir os estudos 
preliminares do traçado. 
Em relação às ferrovias, encontramos as especificações da Valec e da 
DIF/DNIT para o estudo de traçados, além de conceitos que podem ser encon-
trados com pequenas adaptações na IS-207 (DNIT). A Valec orienta esse estudo 
por meio da Especificação de Projeto nº 80-EG-000A-26-0000, e existe, além 
disso, a ISF-205 da DIF/DNIT (NABAIS, 2014). A Figura 2 ilustra tarefas do estudo 
de traçado baseadas nas diretrizes básicas para elaboração recomendadas 
na IS-207 DNIT (BRASIL, 2010a).
Figura 2. Tarefas para elaboração de estudos e projetos rodoviários.
Fonte: Adaptada de Brasil (2010a).
Fase preliminar
Coleta e compilação de
dados
Identificação e estudo das
alternativas de traçado
Estabelecimento de critérios
Planos funcionais
preliminares
Avaliação preliminar
comparativa
Fase definitiva
Geologia e geotecnia
Terraplenagem
Hidrologia e drenagem
Obras de arte especiais
Faixa de domínio
Pavimentação
Estudos ambientais
Plano funcional definitivo
Estimativa preliminar de
custos
Conceitos básicos em projeto de rodovias e ferrovias4
Para a construção de uma estrada de transporte terrestre, é imprescin-
dível que haja um conjunto de projetos com memorial descritivo, memorial 
de cálculo e orçamento, atendendo aos requisitos de segurança, economia 
e sociais. De forma geral, os estudos e projetos que norteiam um projeto 
incluem (BRASIL, 2010a):
 � Estudos de tráfego — compreendem a coleta de dados de tráfego, 
fazendo uma análise de toda a conjuntura de tráfego de veículos na 
região, com o propósito de ajudar a definir o traçado e também a 
classificação da rodovia.
 � Estudo de viabilidade técnica-econômica — é um estudo inicial de re-
conhecimento da região/ área, utilizado para garantir a melhor escolha 
do traçado, com objetivo de definir a viabilidade técnica e econômica 
do projeto de construção de uma rodovia.
 � Estudos hidrológicos — analisam os dados coletados acerca dos re-
cursos hídricos, bacias hidrográficas e outros alvos de estudo para o 
projeto da estrada. Esses dados são bastantes importante para projetos 
de drenagem de estradas.
 � Estudos topográficos — consistem na busca do pleno conhecimento 
do terreno por meio de levantamento topográfico convencional ou 
por processo aerofotogramétrico, com formas de trabalho, precisão e 
tolerânciaem consonância à fase de projeto que se desenvolve.
 � Estudos geológicos e geotécnicos — buscam o conhecimento da cons-
tituição do terreno e do subsolo por meio de sondagens e coleta de 
materiais, que são levados para análises com objetivo de determinar 
sua utilização na obra. Além disso, devem ser feitos estudos de em-
préstimos e jazidas, que nortearão uma pré-seleção de áreas que 
tenham materiais para utilização na terraplenagem e pavimentação.
Conforme Nabais (2014), as diferenças entre o estudo de traçado para 
ferrovias e para rodovias está relacionado às curvas horizontais, 
pois o raio mínimo ferroviário não deve ser inferior a 341,823 m, um valor que 
é maior que o valor mínimo rodoviário. Outro ponto é a limitação da inclinação 
das rampas, que apresentam em ferrovias valores sempre muito inferiores aos 
limites adotados em rodovias. 
Conceitos básicos em projeto de rodovias e ferrovias 5
Para o estudo de traçado, o DNIT estabelece normas que orientam seu 
desenvolvimento. Cabe salientar que compete ao projetista sempre consultar 
normas atualizadas. A seguir, são listadas as principais normas que devem 
ser observadas para o estudo de traçado:
 � Manual de Projeto Geométrico de Rodovias Rurais (1999) — Publicação 
IPR 706; 
 � Manual de Acesso de Propriedades Marginais a Rodovias Federais 
(2006) — Publicação IPR 728;
 � Manual de Análise, Diagnóstico, Proposição de Melhorias e Avaliações 
Econômicas dos Segmentos Críticos (1988);
 � Manual de Ordenamento do Uso do Solo nas Faixas de Domínio e Lin-
deiras das Rodovias Federais (2005) — Publicação IPR 712;
 � Manual de Projeto de interseções (2005) — Publicação IPR 718;
 � EB 108 — Estudos para Adequação da Capacidade e Segurança de Ro-
dovias Existentes;
 � IS 204 — Estudos Topográficos para Projetos Básicos de Engenharia; 
 � IS 207 — Estudos Preliminares de Engenharia para Rodovias - Estudos 
de Traçado;
 � IS 229 — Estudos de Viabilidade Econômica de Rodovias (em áreas 
rurais); 
 � IS 231 — Estudos de Plano Funcional para Projetos de Melhoramentos 
em Rodovias para Adequação da Capacidade e Segurança (2018); 
 � IS 232 — Estudos de Definição de Programa para Adequação da Capa-
cidade segurança;
 � IS 237 — Estudos de Traçado do Projeto Executivo de Engenharia para 
Construção de Rodovias Vicinais;
 � ISF 205 — Instrução de Serviço Ferroviário: Estudos de Traçado;
 � ISF 209 — Instrução de Serviço Ferroviário — Projeto Geométrico.
É importante salientar que os projetistas de estradas convivem com inú-
meras solicitações por parte de proprietários de projetos para apresentar 
argumentos que justifiquem a escolha de áreas para exploração e determi-
nação dos traçados durante a fase de estudos para projetos de infraestrutura 
de transporte. Tais solicitações são mais frequentes em projetos ferroviários 
de carga, em que existe a necessidade de evitar núcleos urbanos e áreas de 
interesse especial, além das maiores exigências geométricas em virtude das 
características do transporte ferroviário (FREIRE, 2014).
Conceitos básicos em projeto de rodovias e ferrovias6
Projetos iniciais de engenharia
Os serviços de engenharia são divididos em projeto, execução e operação. 
A fase de projeto é composta por estudos e levantamentos de dados sobre a 
região. Já a fase de construção de uma obra de engenharia é a parte prática, 
que se baseia no projeto, sendo formada por subetapas: implantação básica, 
obras de arte especiais, túneis e superestrutura. 
O projeto de engenharia para a construção de rodovias é dado por um 
conjunto de estudos e documentos técnicos que visam a viabilidade técnica 
e econômica e o conforto e segurança dos usuários, além da durabilidade 
da obra a ser construída. O projeto é dividido em duas fases: anteprojeto 
de engenharia iniciada e projeto básico. O anteprojeto de engenharia deve 
conter um conjunto de estudos e/ou análises que instruirão na realização 
das obras. Além disso, apresenta informações técnicas que respaldam o 
desenvolvimento da obra/e ou serviço em questão. É nessa fase que são 
analisadas as principais condicionantes, incluindo aspectos topográficos, 
geológicos, hidrológicos, e também é a fase em que é estabelecida a diretriz 
geral (uma reta que liga o ponto inicial ao final).
Nabais (2014) destaca que na fase de projeto básico, a definição do traçado 
de uma ferrovia é muito importante, pois são incluídas as restrições de rampa 
máxima e de raio mínimo indicadas nos estudos operacionais, o que pode 
tornar a construção inviável devido, aos custos de gerados pelos volumes de 
terraplenagem e pela eventual necessidade de túneis e viadutos extensos. 
Cabe ressaltar que tais características também se aplicam a rodovias.
O projeto básico tem a finalidade de detalhar a solução selecionada, 
fornecendo plantas, desenhos e notas de serviço que permitam a construção 
da rodovia (BRASIL, 1999). A seguir, temos os principais projetos encontrados 
em obras lineares:
 � projeto geométrico;
 � projeto de terraplenagem;
 � projeto de pavimentação estradal ou ferroviária;
 � projeto de drenagem;
 � projeto de obra de arte especial (OEA);
 � projeto de obras de artes complementares (OAC); 
 � projeto de interseções;
 � projeto de sinalização;
 � projeto de paisagismo;
 � projeto de desapropriações;
Conceitos básicos em projeto de rodovias e ferrovias 7
 � projeto de instalações;
 � projeto orçamentário;
 � projeto de impacto ambiental;
 � projeto de canteiro de obras para obras lineares a céu aberto.
A seguir, veja os principais conceitos de alguns desses documentos 
(BRASIL, 2005).
 � Projeto geométrico: estipula os parâmetros técnicos e geométricos de 
uma estrada relacionados aos raios de curvatura, rampas e plataforma, 
com objetivo de tornar um projeto viável e seguro para os usuários.
 � Projeto de terraplenagem: tem o objetivo de determinar os volumes 
de terraplenagem, movimento de terra e locais de armazenagem de 
materiais.
 � Projeto de drenagem: tem o intuito de promover que a água escoe para 
locais seguros, evitando, em caso de rodovias, acidentes aos usuários, 
e, de forma geral (obra linear), garantindo a durabilidade da via.
 � Projeto de pavimentação: visa detalhar o pavimento que será utili-
zado, apresentando em seu escopo os materiais a serem indicados, 
o dimensionamento e a definição dos trechos homogêneos, além de 
cálculos dos volumes e distâncias de transporte desses materiais.
 � Projeto de sinalização: é constituído por detalhes de sinalização hori-
zontal e vertical das vias, que promovem a segurança aos seus usuários.
 � Projeto de desapropriação: objetiva fazer um levantamento topográfico 
da região estudada para determinar os custos de desapropriação dos 
imóveis. 
Conforme Nabais (2014, p. 107–108), o estudo de traçado de ferrovias 
diferencia-se do rodoviário nos seguintes aspectos:
A decisão sobre a implantação de uma rodovia passa por critérios econômicos, 
sociais, políticos e estratégicos, que definem, após uma estimativa de volume e 
composição de tráfego, qual classe de rodovia será adequada a essa demanda de 
obras de arte correntes e especiais, [sendo] possível melhorar o traçado e o greide 
e, com isso, concretizar um projeto geométrico (básico) em escala de 1:5.000 (H) e 
1:500 (V), com precisão suficiente para essa segunda fase.
Conceitos básicos em projeto de rodovias e ferrovias8
Um bom projeto de rodovia deve buscar a harmonia entre os elementos 
físicos, as características de operação das vias e as capacidades dos veículos 
circulantes. Esse conceito também é destinado às ferrovias, uma vez que esse 
tipo modal de transporte necessita que em seu projeto haja embasamento em 
geometria, física e nas características operacionais dos trens, metrôs e outros. 
Escolha do traçado inicial da diretriz
Como foi visto anteriormente, o estudo de traçado de um corpo estradal ou 
ferroviário engloba projetos que têm como objetivo garantir a viabilidade 
técnica, econômica, ambiental e social de uma obra linear. 
Para cumprir osprocessos de dimensionamento e disposição das carac-
terísticas geométricas de uma estrada, o projeto de traçado passa pelas 
fases de reconhecimento, exploração e locação. A seguir, detalharemos cada 
uma delas.
Reconhecimento
O reconhecimento é a fase inicial de escolha do traçado. Seu objetivo principal 
é fazer um levantamento e uma análise de dados dos possíveis locais onde 
a obra linear pode ser construída. Nessa fase, são definidas as principais 
influências na escolha do traçado, incluindo aspectos topográficos, geológi-
cos, hidrológicos e desapropriação (PONTES FILHO, 1998). Esses levamentos 
e análises podem ser feitos por meio de:
 � mapas rodoviários; 
 � fotografias aéreas (aerofotogrametria);
 � cartas geográficas; 
 � planos e estudos anteriores;
 � explorações topográficas em campo.
De acordo com o DNIT (BRASIL, 1999), as principais etapas compreendidas 
na fase de reconhecimento são:
 � coleta de dados sobre a região (mapas, cartas, fotos aéreas, topografia, 
dados socioeconômicos, tráfego, estudos geológicos e hidrológicos já 
existentes);
Conceitos básicos em projeto de rodovias e ferrovias 9
 � observação do terreno dentro do qual se situam os pontos obrigatórios 
de passagem de condição no campo, em cartas ou em fotografias 
aéreas;
 � determinação das diretrizes geral e parciais, considerando-se apenas 
os pontos obrigatórios de condição;
 � determinação dos pontos obrigatórios de passagem de circunstância;
 � determinação das diversas diretrizes parciais possíveis;
 � seleção das diretrizes parciais que forneçam o traçado mais próximo 
da diretriz geral;
 � levantamento de quantitativos e custos preliminares das alternativas;
 � avaliação dos traçados.
Na Figura 3, temos a representação gráfica do traçado de uma diretriz 
geral (reta AB) e os pontos obrigatórios de condição e circunstância. 
Figura 3. Exemplo de traçado de uma diretriz geral.
Fonte: Adaptada de Pontes Filho (1998). 
Para construção do traçado, é necessário determinar dois pontos: o ponto 
inicial e o ponto final. Esses pontos extremos determinados no projeto são 
denominados pontos obrigatórios de condições (pontos C e D na Figura 3). 
Entre esses pontos extremos, existem os pontos intermediários, que podem 
advir de fatores não técnicos, como fatores políticos, econômicos, sociais, 
históricos e até mesmo pelo contratante do empreendimento, ou por fatores 
de ordem técnica, como travessia de rios, acidentes geográficos, entre outros 
Conceitos básicos em projeto de rodovias e ferrovias10
— nesse caso, são chamados de pontos obrigatórios de passagem (pontos 
G e E na Figura 3).
Na fase de pontos obrigatórios, conforme Nabais (2014), são escolhidos 
os principais pontos de travessia dos rios mais relevantes da área de estudo 
e são evitados os pontos de problemas de ordem ambiental, geológica, 
arqueológica e social, tais como: reservas ecológicas, áreas de instabilidade 
ou regiões alagadiças, terras indígenas, áreas de quilombolas, entre outros.
Exploração
Após a definição dos pontos extremos e da diretriz para o desenvolvimento 
do projeto da rodovia, inicia-se a segunda etapa, a exploração, que tem como 
objetivo detalhar a diretriz (PONTES FILHO, 1998). Também são realizadas as 
tarefas de levantamento planimétrico, levantamento altimétrico longitudinal 
e transversal, desenho e, por fim, projeto.
Na fase de exploração, há um detalhamento maior do projeto de terraple-
nagem, avaliando os custos e as soluções proposta, servindo de base para o 
projeto da estrada pretendida. Após o levamento dos dados de exploração, 
é executado o projeto de exploração para a futura estrada.
Para a construção das plantas, o projetista se baseia nas características 
técnicas que norteiam todo o projeto e que estão definidas de acordo com cada 
classe de rodovia ou via urbana. Essas orientações levam em consideração a 
conformação do terreno (plano, ondulado, montanhoso), tráfego, velocidade 
diretriz e características geométricas (BRASIL, 2010b). 
Alguns dos principais elementos comuns à classe da via são: raio mínimo 
das curvas de concordância horizontal, raio mínimo das curvas de concor-
dância vertical, taxa de declividade máxima, extensão máxima de rampa 
com declividade máxima, distâncias de visibilidade, abaulamento, largura 
da pista, acostamentos, refúgios, estacionamentos e calçadas.
Locação
O projeto de locação, ou projeto definitivo, é uma fase de detalhamento e 
eventual alteração do anteprojeto escolhido. Nesta etapa, são escolhidos 
todos parâmetros e definidos todos os cálculos necessários para melhor 
definição do projeto em planta, perfil longitudinal e seções transversais. 
O conjunto desses desenhos finais, acompanhados das tabelas necessárias 
Conceitos básicos em projeto de rodovias e ferrovias 11
à locação do projeto no campo, forma o projeto geométrico final (PONTES 
FILHO, 1998). 
O projeto definitivo é composto por todos os projetos complementares 
por memórias de cálculo, justificativa de solução e processos adotados, 
quantificação de serviços, especificações de materiais, métodos de execução 
e orçamento. De acordo com Pontes Filho (1998), as regras básicas para uma 
estrada bem projetada são: 
 � as curvas devem ter o maior raio possível; 
 � a rampa máxima somente deve ser empregada em casos particulares 
e com a menor extensão possível; 
 � a visibilidade deve ser assegurada em todo o traçado, principalmente 
nos cruzamentos e nas curvas horizontais e verticais;
 � devem ser minimizados ou evitados os cortes em rocha; 
 � devem ser compensados os cortes e os aterros; 
 � as distâncias de transporte devem ser as menores possíveis;
 � o eixo da estrada deve ter a indicação do estaqueamento e a represen-
tação do relevo do terreno, com curvas de nível a cada metro; 
 � é preciso indicar bordas da pista, pontos notáveis do alinhamento 
horizontal e elementos das curvas (raios, comprimentos, ângulos 
centrais, etc.); 
 � devem ser explicitadas as linhas indicativas dos offsets de terraplena-
gem (pés de aterro, cristas de corte), dos limites da faixa de domínio, 
das divisas entre propriedades, nomes dos proprietários, tipos de 
cultura e indicações de acessos às propriedades;
 � serviços públicos existentes devem ser listados.
Neste capítulo, vimos que as rodovias e ferrovias são módulos de trans-
porte terrestre que apresentam a mesma sistemática em termos de conjunto 
de projetos necessários ao seu dimensionamento, assim como os estudos 
preliminares, projetos e escolha de traçado; porém, cabe ressaltar que di-
ferem em alguns projetos, como em seus respectivos projetos estruturais e 
projetos de sinalização.
Referências
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RS]. [Brasil]: DAER, [2018]. Disponível em: https://www.daer.rs.gov.br/upload/
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Conceitos básicos em projeto de rodovias e ferrovias12
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Rio de Janeiro: DNER, 1999. (IPR, 707).
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de%20de%20Estudos%20e%20Projetos.pdf. Acesso em: 5 maio 2021.
BRASIL. Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. Diretoria Exe-
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FREIRE, P. A. da C. Método de seleção de faixa para estudo de traçado de obras lineares. 
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NABAIS, R. J. da S. Manual básico de engenharia ferroviária. São Paulo: Oficina de 
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PONTES FILHO, G. Estradas de rodagem: projeto geométrico. São Carlos: G. Pontes 
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Leituras recomendadas
BRASIL. Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. Diretoria de Infra-
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Rio de Janeiro: DNIT, 2015a. Disponível em: https://www.gov.br/dnit/pt-br/ferrovias/
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5 maio 2021.
BRASIL. Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. Diretoria de Infra-
estrutura Ferroviária. Instrução de serviço ferroviário – ISF 209: projeto geométrico. 
Rio de Janeiro: DNIT, 2015b. Disponível em: https://www.gov.br/dnit/pt-br/ferrovias/
instrucoes-e-procedimentos/instrucoes-de-servicos-ferroviarios/isf-209-projeto-
-geometrico.pdf/view. Acesso em: 5 maio 2021.
Conceitos básicos em projeto de rodovias e ferrovias 13
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Conceitos básicos em projeto de rodovias e ferrovias14

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