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11 1 INTRODUÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO Desenvolver um plano de intervenção grupal para um grupo terapêutico de violência doméstica é crucial, pois oferece uma estrutura para abordar as questões complexas e sensíveis que os participantes enfrentam. Nesse contexto, o plano de intervenção pode ajudar a criar um ambiente seguro e de apoio, onde os sobreviventes de violência doméstica possam compartilhar suas experiências, aprender habilidades de enfrentamento saudáveis e reconstruir suas vidas. Um plano bem desenvolvido deve levar em consideração a natureza traumática da violência doméstica e incluir estratégias para lidar com possíveis gatilhos emocionais, promover a segurança emocional dos participantes e fornecer recursos práticos para ajudá-los a romper o ciclo da violência. Além disso, o plano de intervenção grupal pode incluir atividades terapêuticas específicas, como técnicas de regulação emocional, exercícios de empoderamento e construção de redes de apoio. Também é importante abordar questões como autoestima, confiança e reconstrução da identidade pessoal após a violência. 1.1 OBJETIVO GERAL DO GRUPO TERAPÊUTICO SOBRE A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA O objetivo é proporcionar um espaço de escuta, intervenção e apoio para mulheres (ou demais gêneros) vítimas de violência praticada pelos seus companheiros agressores, assim como oferecer espaço para potencializar questões subjetivas, realizar atividades de fortalecimento dos vínculos familiares, bem como realizar encaminhamentos, quando necessário. Os grupos terapêuticos sobre esse tema geralmente têm o objetivo de oferecer um espaço seguro para que as pessoas possam compartilhar suas experiências, receber apoio emocional, aprender sobre relacionamentos saudáveis e desenvolver estratégias para lidar com a violência. É um ambiente onde a empatia e o respeito são fundamentais, e onde os participantes podem se sentir acolhidos e compreendidos. Para que as vítimas dessa violência compartilhe de sentimentos e experiências favorece para que ela entenda que não esta sozinha nessa situação difícil e de que é possível encontrar apoio nos mais diversos ambientes. 2 ANÁLISE DE RECURSOS E CAPACIDADES O enfrentamento da violência doméstica é crucial e existem diversos recursos disponíveis para lidar com essa demanda, tanto internos quanto externos. Internamente, as vítimas podem buscar apoio em organizações não-governamentais, como casas de abrigo e centros de apoio à mulher. Além disso, muitas comunidades contam com serviços de aconselhamento psicológico e jurídico oferecidos por profissionais capacitados. Externamente, as autoridades locais, como delegacias especializadas e unidades de atendimento à mulher, podem fornecer suporte e encaminhamento para serviços essenciais. Também é possível recorrer a linhas diretas de emergência, como o número nacional de denúncia contra a violência doméstica. É importante lembrar que o apoio social e a conscientização da comunidade desempenham um papel fundamental no combate à violência doméstica. A solidariedade e o suporte mútuo são essenciais para ajudar as vítimas a superar essas situações difíceis. 3 DESENVOLVIMENTO DE OBJETIVOS E METAS Objetivos específicos alcançáveis no âmbito da violência doméstica, os quais englobam uma abordagem multifacetada e abrangente para lidar com esse grave problema social: 1.Educação e Sensibilização Pública: Promover campanhas educativas destinadas a aumentar a conscientização sobre os sinais, formas e impactos da violência doméstica, visando tanto a prevenção quanto o reconhecimento precoce da violência. 2. Desenvolvimento e Implementação de Políticas: Estabelecer e executar políticas governamentais voltadas para a prevenção e intervenção na violência doméstica, garantindo a proteção dos direitos das vítimas e a responsabilização dos agressores. 3.Aprimoramento dos Serviços de Apoio: Expandir e melhorar o acesso a serviços essenciais, como abrigos seguros, aconselhamento psicológico especializado e assistência jurídica, para oferecer suporte abrangente às vítimas. 4.Capacitação Profissional: Proporcionar treinamento e capacitação contínua para profissionais de saúde, assistentes sociais, agentes da lei e outros atores relevantes, visando aprimorar suas habilidades na identificação, intervenção e encaminhamento adequado de casos de violência doméstica. 5. Promoção de Relações Saudáveis: Desenvolver e implementar programas educacionais e de conscientização voltados para a promoção de relações saudáveis, equitativas e livres de violência desde idades precoces, visando prevenir a perpetuação do ciclo de violência. 6. Apoio às Vítimas: Oferecer suporte integral às vítimas, incluindo assistência emocional, financeira e social, para ajudá-las a superar o trauma e reconstruir suas vidas com segurança, autonomia e independência. 7. Responsabilização dos Agressores: Implementar medidas legais eficazes para responsabilizar os agressores por seus atos, incluindo o acesso à justiça, o acompanhamento dos casos e a oferta de programas de reabilitação e prevenção de reincidência. 8. Cooperação Multissetorial: Fomentar a colaboração e a coordenação entre diferentes setores da sociedade, incluindo governos, organizações não governamentais, setor privado e comunidades locais, para desenvolver e implementar estratégias integradas e eficazes de combate à violência doméstica. Essa cooperação é essencial para maximizar os recursos e o impacto das iniciativas de prevenção e intervenção. 4 PLANEJAMENTO DE AÇÕES E ATIVIDADES O projeto envolve um grupo psicoeducativo de ajuda mútua, tendo como regente o modelo cognitivo-comportamental e o modelo de inspiração feminista. O grupo será constituído por um formato de oito a dez mulheres vítimas de violência doméstica. A sua constituição obedecerá a alguns critérios de inclusão (estar em uma relação de violência ou ter saído há 12 meses, idade, escolaridade, classe social, estado civil) e a critérios de exclusão (transtorno de personalidade, depressão grave, abuso de substâncias psicoativas, ideação e comportamento suicida). O grupo terá uma duração de três meses e as sessões serão orientadas pela facilitadora, com formação em Psicologia e uma experiência considerada na intervenção com vítimas de violência doméstica. As sessões terão somente uma frequência semanal é uma duração de uma hora e trinta minutos. Ao longo da terapia, a proposta feminista integra, também, um componente educativo (e.g., consciencialização das forças de opressão no contexto social com vista à mudança) (e.g., Foreman & Dallos, 1993, cit. in Matos 2006). Quanto ao papel do facilitador no grupo, a sua função passa por tarefas como o planejamento, logística, organização, composição e a estrutura do grupo (Werner, 1996, cit. In Matos & Machado, 2012), deverá também, definir os tópicos que serão abordados, os princípios e as regras que ditarão o grupo. Na mesma linha de raciocínio, o facilitador deverá ter por objetivo trazer confiança no ambiente para que as mulheres se sintam seguras ao partilharem suas experiências. 5 REFERÊNCIAS Coleção Violência de Género COMISSÃO PARA A CIDADANIA E A IGUALDADE DE GÉNERO Presidência do Conselho de Ministros. [s.l: s.n.]. Disponível em: <https://www.cig.gov.pt/siic/wp-content/uploads/2015/01/Viol%C3%AAncia-dom%C3%A9stica-Interven%C3%A7%C3%A3o-em-grupo-com-mul-heres-v%C3%ADtimas.pdf>. Acesso em: 9 abr. 2024. COSENZA, B. Terapia de grupo: o que é e seus benefícios. Blog Vittude, 16 out. 2023. Disponível em: <https://w ww.vittude.com/blog/terapia-de-grupo/>. Acesso em: 6 abr. 2024 GARCIA, E. L.; SCHLICHTING, A. W. S.; SONTAG, J. GRUPO TERAPÊUTICO: MULHERES EM MOVIMENTO. Anais do Salão de Ensino e de Extensão, v. 0, n. 0, p. 274, 2012. DE GÊNERO E O COMBATE À VIOLÊNCIA DOMÉSTICA, E. Glossário Antidiscriminatório - vol.4. Disponível em: <https://www.mpmg.mp.br/data/files/CB/E1/16/74/D0EB6810F80D2068760849A8/Glossario_Antidiscriminatorio_Vol4.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2024. Desenvolvimento e Implementação de Políticas: World Health Organization. (2013). Global and regionalestimates of violence against women: Prevalence and health effects of intimate partner violence and non-partner sexual violence. Aprimoramento dos Serviços de Apoio: Stark, E. (2007). Coercive control: How men entrap women in personal life. Oxford University Press. Capacitação Profissional: Macy, R. J., & Ferron, J. (2008). In-person versus computer screening for intimate partner violence: A pilot study with low-income women. Violence and Victims, 23(4), 497-509. Promoção de Relações Saudáveis: Jewkes, R. (2002). Intimate partner violence: Causes and prevention. The Lancet, 359(9315), 1423-1429. Apoio às Vítimas: Herman, J. L. (2003). The mental health of crime victims: Impact of legal intervention. Journal of Traumatic Stress, 16(2), 159-166. Responsabilização dos Agressores: Gondolf, E. W. (2002). Batterer intervention systems: Issues, outcomes, and recommendations. Sage Publications.