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Aspectos Epidemiológicos das doenças transmissíveis Tayane N. dos Santos Enf. Prof. Esp. Unidade de Terapia Intensiva. Doenças Transmissíveis. As doenças transmissíveis constituem importante causa de morte e ainda afligem milhões de pessoas em numerosas regiões, principalmente nos países em desenvolvimento; A descoberta do antibiótico pelo médico Alexander Fleming em 1928 (penicilina) trouxe esperança para a humanidade, com a possibilidade de aniquilar os microrganismos causadores das infecções (que na época era a principal causa de mortes) Aspectos Epidemiológicos das doenças transmissíveis Epidemiologia EPI: sobre DEMIO: população; LOGIA: estudo; Ramo da ciência que estuda os diferentes fatores que intervêm na difusão e propagação da doença. Com relação a frequência, distribuição, evolução e prevenção de doenças. Aspectos Epidemiológicos das doenças transmissíveis Na vigilância de doenças que são transmissíveis, um dos principais objetivos é interromper a cadeia de transmissão de doenças. Aspectos Epidemiológicos das doenças transmissíveis Importante prevenir a propagação de doenças, para impedir os surtos, epidemias, e pandemias. Surtos: Aumento repentino no número de casos em um espaço e tempo muito delimitado (bairro, rua, creche, escola etc.). É uma epidemia de proporções menores, que atinge uma pequena comunidade humana. Aspectos Epidemiológicos das doenças transmissíveis Epidemia: É a ocorrência de doença em grande número de pessoas ao mesmo tempo, excedendo a incidência (intensidade com que acontece uma doença em uma população) Pandemia: É o nome dado à ocorrência epidêmica (em grande número de pessoas ao mesmo tempo) caracterizada por uma larga distribuição espacial, atingindo várias nações e continentes. (Ex: Pandemia da COVID -19) Endemia: Presença de forma regular e constante de doença em um determinado território, podendo indicar a prevalência usual de determinada doença nessa área geográfica. Aspectos Epidemiológicos das doenças transmissíveis Incidência: É uma medida da ocorrência de novos casos durante um período especificado em uma população em risco de ter a doença. Enfoca apenas os casos novos Prevalência: Se refere a casos novos e casos existentes da doença. Conceitos Importantes Doença Desajustamento ou uma falha nos mecanismos de adaptação do organismo ou uma ausência de reação aos estímulos a cuja ação está exposto. O processo conduz a uma perturbação da estrutura ou da função de um órgão, ou de um sistema, ou de todo o organismo de suas funções vitais. Conceitos Importantes Doença Estado de desequilíbrio do indivíduo com as forças de seu ambiente externo e interno, ou seja, ocorre perda ou limitação da sua capacidade de adaptação ao meio ambiente. Definição de Saúde Saúde A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções (alterações sobre o corpo) e enfermidades”. Mental ligado a espiritualidade/filosofia de vida. Conceitos em epidemiologia A história natural de doença mostra que de um estado inicial de saúde passa-se a uma situação interativa na qual o organismo sadio, se encontra com presença de agentes patogênicos ou de fatores de risco que irão perturbar sua normalidade, ou contribuir para tanto. Conceitos em epidemiologia O estágio inicial é seguido de outros até o estado avançado da doença. Nessa etapa, ocorrem alterações irreversíveis da morfologia, podendo evoluir para invalidez total ou parcial ou para a morte. Conceitos em epidemiologia Doenças infecciosas: Segundo a organização Pan-Americana de Saúde, é a doença clinicamente manifesta, do homem e dos animais, resultantes de uma infecção; Infecção: A penetração e desenvolvimento ou multiplicação de um agente infeccioso no organismo de uma pessoa ou animal. Doenças agudas: Doenças que se desenrolam em curto prazo. Conceitos em epidemiologia Doenças não infecciosas: Também chamadas de doenças não transmissíveis, serão todas aquelas que não resultarem de infecção Ex: Hipertensão arterial; diabetes; etc. Doenças crônicas: Crônicas são as doenças que se desenrolam a longo prazo; Famosas comorbidades. Conceitos em epidemiologia Comorbidades – Toda doença, condição ou estado físico e mental que, em razão da gravidade, pode potencializar os riscos à saúde caso o portador venha se infectar com algum agente patogênico. Conceitos em epidemiologia Doenças transmissíveis: Doença cujo agente etiológico é vivo e é transmissível. São doenças transmissíveis aquelas em que o organismo parasitante pode migrar do parasitado para o sadio. Doença manifesta: Aquela que lhe apresenta todas as características clínicas que lhe são típicas; Infecções Inaparentes: O indivíduo não apresenta sinais e sintomas clínicos manifestos. Conceitos em epidemiologia Quarentena é a restrição de movimentação de pessoas que se presume terem sido expostas a uma doença contagiosa, mas que não estão doentes. Muitas vezes, devido ao período de incubação. A quarentena pode ser aplicada em nível individual ou coletivo. Ex: Casa, bairro, cidades. Conceitos em epidemiologia Isolamento social é a separação de pessoas doentes infectadas pelo vírus, sintomáticas ou assintomáticas, para impedir a propagação da infecção e transmissão local. O isolamento é determinado por prescrição médica, ou por agente de vigilância epidemiológica. O indivíduo permanece isolado por um prazo máximo de 14 dias em casa, ou hospital. EX: DT transmissível por gotículas: Meningite. EX – DT transmissível por Aerossóis: Tuberculose. EX – DT transmissível por contato: Herpes Zóster. Conceitos em epidemiologia Período de incubação: O período de incubação consiste no intervalo de tempo decorrente entre a exposição a um agente infeccioso e o aparecimento de sinais ou sintomas da doença. É extremamente variável, desde algumas horas até meses ou anos. Conceitos em epidemiologia Período de transmissibilidade: Período durante o qual o agente infeccioso pode ser transferido, direta ou indiretamente, de uma pessoa infectada a outra, ou de um animal infectado ao ser humano, ou de um ser humano infectado a um animal. Geralmente se inicia após o período de incubação. Conceitos em epidemiologia Bioagentes patogênicos: Agente infeccioso é um ser vivo vírico, bacteriano, fúngico, protozoário ou helmíntico que por meio das formas em que assume em seu ciclo reprodutivo (adulto, larva, cisto, ovo, esporo etc.), pode ser introduzido em outro ser vivo, onde é capaz de se desenvolver ou de se multiplicar e dependendo das predisposições intrínsecas do novo hospedeiro, pode aí gerar ou não um estado patológico manifesto, denominado doença infecciosa que também é doença transmissível. Conceitos em epidemiologia O agente é vivo (bio) e sua importância reside no fato de ser capaz de gerar (geneo) doenças (patos) quando associados a outros fatores do hospedeiro suscetível e do ambiente. As propriedades dos Bioagentes que mais importam são as que regem sua relação com o hospedeiro e as que contribuem para o aparecimento de doenças como produto dessa relação. Conceitos em epidemiologia Infectividade; patogenicidade; virulência; poder invasivo e poder imunológico são essas propriedades… Vamos estudá-la agora! Conceitos em epidemiologia Infectividade: É o nome que se dá a capacidade de certos organismos penetrar e se desenvolver ou se multiplicar no novo hospedeiro ocasionando infecção. Há agentes dotados de alta infectividade como por ex. o vírus da gripe; As relações agentes-hospedeiro atravessam etapas que se iniciam em grandes flutuações epidêmicas, variando clinicamente em ondas cuja intensidade vai se fazendo decrescente até se transformar em uma endemia. Conceitos em epidemiologia Patogenicidade: É a habilidadeque tem o agente infeccioso de, uma vez instalado no organismo do ser humano e de outros animais, produzir sintomas em maior ou menor proporção dentre os hospedeiros infectados. Patogenicidade: Casos de doença x100 Total de casos de doença Capacidade que o bioagente tem de gerar sintomas. Conceitos em epidemiologia Virulência: É a capacidade do bioagente produzir casos graves ou fatais. Alta virulência indica uma grande proporção de casos fatais ou graves. Virulência: Casos graves ou fatais x 100 Total de casos das doenças Capacidade que o bioagente tem de gerar casos graves ou fatais. Conceitos em epidemiologia Dose infectante: Consiste na quantidade do agente etiológico necessária para iniciar uma infecção. Quanto maior o número de parasitos inoculados no suscetível, maior será a probabilidade de infectá-los. Poder invasivo: Consiste na capacidade que tem o parasito de se difundir, através de tecidos, órgãos e sistemas anátomo fisiológicos do hospedeiro. Conceitos em epidemiologia Imunogenicidade: Também chamada de poder imunogênico, imunogenicidade é a capacidade que tem o bioagente de induzir a imunidade no hospedeiro. O hospedeiro suscetível: Indivíduo, pessoa ou animal, ou a espécie humana ou outra que, em condições naturais, penetradas por Bioagentes patogênicos, concede subsistência a estes, permitindo-lhes seu desenvolvimento ou multiplicação. Conceitos em epidemiologia Expressões mais comumente usadas na epidemiologia das doenças transmissíveis: Indivíduo suscetível ou infectável: É a pessoa ou animal sujeito a uma infecção; Indivíduo resistente: É aquele que, via algum mecanismo natural ou por meio de imunização artificial, tornou-se capaz de impedir o desenvolvimento, em seu organismo de agentes infecciosos; Conceitos em epidemiologia Em dado momento o conjunto de todos os indivíduos de uma espécie hospedeira suscetível à infecção estará formado por: Indivíduos não infectados: É a pessoa ou animal pertencente a uma espécie suscetível que, na atualidade, não alberga um determinado agente infeccioso. Não expostos; suscetíveis-expostos ainda não infectados; expostos porém resistentes. Conceitos em epidemiologia Indivíduos infectados: Pessoa ou animal que alberga um agente infeccioso e que apresenta manifestações da doença ou uma infecção inaparente. Doentes; portadores. Paciente enfermo ou caso de doença infecciosa: É um indivíduo infectado pessoa ou animal, que alberga um agente infeccioso e que apresenta manifestações da doença. Suspeito: É aquele cuja história clínica e sintomatologia indicam estar acometido por alguma doença ou tê-la em incubação. Conceitos em epidemiologia Portador: Indivíduo infectado (ou animal) que alberga um agente infeccioso de uma doença sem apresentar sintomas e constituindo fonte potencial de infecção. Portadores convalescentes são os que já apresentaram os sintomas clínicos e portadores incubados são os que ainda vão apresentar os sintomas. Conceitos em epidemiologia As relações do hospedeiro com o bioagente patogênico podem ser descritas pelas categorias resistência, suscetibilidade e imunidade. Resistência: Caracteriza o sistema de defesa com o qual o organismo impede a difusão ou a multiplicação de agentes infecciosos que o invadiram ou os efeitos nocivos de seus produtos tóxicos. Conceitos em epidemiologia Suscetibilidade: É o indivíduo que não apresenta resistência a determinado agente patogênico e que, por esta razão, pode contrair a doença, se posto em contato com ele. Resistência natural: É a capacidade de resistir à doença, independentemente de anticorpos ou de reação específica dos tecidos. Resulta de fatores intrínsecos do hospedeiro, anatômicos ou fisiológicos; pode ser genética ou adquirida, permanente ou temporária. Conceitos em epidemiologia Indivíduo imune: É oque contém anticorpos protetores específicos ou imunidade celular em consequência de uma infecção ou imunização anterior. Imunidade: Consiste no estado de resistência, geralmente associado à presença de anticorpos que exercem ação específica sobre o microorganismo responsável por determinada doença infecciosa ou sobre suas toxinas. Conceitos em epidemiologia Imunidade passiva: Imunidade de curta duração, pode ser obtida naturalmente, por transferência de mãe para filho ou artificialmente pela inoculação de anticorpos protetores específicos (soro hiperimune ou imunoglobulina humana) Conceitos em epidemiologia Imunidade ativa: Dura anos, pode ser adquirida naturalmente em consequência de uma infecção com ou sem manifestações clínicas, ou artificialmente, mediante a inoculação de frações ou produtos do agente infeccioso, do próprio agente, morto ou atenuado, ou de suas variantes. O ambiente nas doenças transmissíveis Vetores: São seres vivos que veiculam o agente desde o reservatório até o hospedeiro potencial. Os vetores mecânicos agem apenas como transportadores de agentes infecciosos São insetos que caminham ou voam e que carregam o agente através de suas patas, probóscida ou asas contaminadas, ou pela passagem do microorganismo através do trato gastrointestinal. O ambiente nas doenças transmissíveis Moscas e baratas transportam externamente microrganismos, também as conduzem internamente, ingerindo-os e regurgitando-os sobre os alimentos contaminando-os. Cistos de ameba têm sido detectados no estômago de baratas e em material regurgitados por elas. Vetores biológicos: Aquele que além da ação de transportar, abriga uma parte do ciclo vital do bioagente. O ambiente nas doenças transmissíveis Hospedeiro definitivo (HD): Abriga o parasito em fase de maturidade ou em fase de atividade sexual. Hospedeiro intermediário (HI): Abriga o parasito em fase larvária ou em fase assexuada. Elos de transmissão Indivíduo infectado AG Saída Estágio ambiental AG Indivíduo suscetível 0 Entrada Estágio ambiental AG Indivíduo suscetível Entrada Indivíduo infectado AG Indivíduo suscetível Saída Entrada 1) 2) 3) Elos de transmissão Saída do agente infeccioso, estágio no ambiente e entrada num novo hospedeiro. Como exemplo: Indivíduo infectado por doença respiratória transmissíveis tuberculose que dispersa partículas de aerossóis no ar (ambiente), e o hospedeiro suscetível inala. Doenças cujos agentes são fungos, habitantes normais do solo ou de vegetais superiores, onde se nutrem da matéria orgânica em decomposição. Ex de doença transmissível: blastomicose; histoplasmose. (doenças que acometem região pulmonar provocando dispneia, hipertermia, astenia, cefaléia) Elos de transmissão 3) Nesse processo de transmissão, a primeira e a terceira etapas são concomitantes ( como se tratasse de uma só etapa), anulando-se portanto a segunda, o estágio ambiental. Assim é que se passa a transmissão direta imediata de um agente infeccioso. Ex: A transmissão de doenças chamadas congênitas de mãe para filho, as doenças sexualmente transmissíveis ou a transmissão da raiva por mordeduras de cães com o vírus da raiva. Elos de transmissão Indivíduo infectado Indivíduo infectável (Reservatório) Indivíduo infectado (Reservatório) Indivíduo infectável Indivíduo infectado (Reservatório) Indivíduo infectável A) B) C) Elos de transmissão O indivíduo infectado e infectável pertencem à mesma espécie. Ex: transmissão do treponema pallidum (bactéria) agente da sífilis no contato sexual. São duas as espécies hospedeiras envolvidas. O infectante pertence a uma espécie suscetível e o infectável a outra espécie igualmente suscetível. A transmissão do vírus rábico através da mordedura do cão em humano é um exemplo. Elos de transmissão C) Envolve como hospedeiro primário, somente a figura do indivíduo suscetível,desaparecendo no processo unitário de transmissão, a figura do indivíduo infectado e infectante. (ambiente) Ex: transmissão da Clostridium tetani, agente etiológico do tétano. Esporos potencialmente infectantes do bacilo são encontrados em fezes de animais e humanos, terra ou areia contaminada com fezes, pregos e latas contaminados, fios de categute e agulhas de injeção inadequadamente esterilizadas. Os indivíduos com ferimentos na pele, que são infectados por esporos veiculados por esses materiais e acometidos de tétano, não se tornam infectantes (tétano não é transmissível) Elos de transmissão VETOR VETOR Hospedeiro normal Hospedeiro normal Ciclo acidental de transmissão. Elos de transmissão Um hospedeiro normal, um hospedeiro suscetível acidental, um agente infeccioso e um vetor são os quatro fatores vivos presentes nesse esquema. Os vírus amariliticos existem normalmente no sangue de animais vertebrados selváticos. Ocasionalmente, ao penetrar na floresta, o ser humano suscetível (hospedeiro acidental) poderá infectar-se. Elos de transmissão Veículos: Veículos são objetos ou materiais contaminados que sirvam de meio mecânico, auxiliando um agente infeccioso a ser transportado e introduzido em um hospedeiro suscetível. São veículos a água, o leite, outros alimentos e objetos contaminados. Elos de transmissão Contaminação: Presença de agente infeccioso na superfície do corpo, no vestuário e nas roupas de cama, em brinquedos, instrumentos cirúrgicos, em outros objetos inanimados ou na água, no leite ou em outros alimentos. Poluição: Implica a presença de substâncias nocivas mas não necessariamente infecciosas no ambiente. Elos de transmissão Às vezes o veículo funciona como meio de cultura para certos microrganismos, no caso, os alimentos quando mal refrigerados, condicionamento inadequado, mau cozimento, dá se a multiplicação de microrganismos e de toxinas presentes no processo de fermentação, (designa o processo que envolve o crescimento e a atividade de microrganismos nos alimentos, como bolores, bactérias ou leveduras) gerando as chamadas toxinfecções alimentares. Bons estudos! image1.jpg image2.jfif image3.jpeg image4.png image5.png image6.png image7.png image8.png image9.png image10.jpg image11.png image12.jpg image13.png image14.png image15.png image16.png image17.jpg image18.png image19.svg image20.jpg image21.png image22.png image23.jpg image24.png image25.jpg image26.png image27.jpg image28.jpg image29.jfif image30.png image31.jpg image32.jpg image33.jpg image34.jpg image35.jfif image36.png