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INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS E MATEMÁTICA ANGELA CRISTINA CAVAGLIERI DO NASCIMENTO GAMIFICAÇÃO COMO ESTRATÉGIA PARA POTENCIALIZAR A APRENDIZAGEM DE QUÍMICA EM ESTUDANTES DA EJA. Vitória, 2022 ANGELA CRISTINA CAVAGLIERI DO NASCIMENTO GAMIFICAÇÃO COMO ESTRATÉGIA PARA POTENCIALIZAR A APRENDIZAGEM DE QUÍMICA EM ESTUDANTES DA EJA. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação de Educação em Ciências e Matemática do Centro de Referência em Formação e Educação a Distância do Instituto Federal do Espírito Santo, IFES, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Educação de Ciências e Matemática. Orientador: Profa. Drª. Márcia Gonçalves de Oliveira. Vitória, 2022 (Biblioteca do Centro de Referência em Formação e em Educação a Distância - Cefor) CDD: 507 Bibliotecário/a: Viviane Bessa Lopes Alvarenga CRB/06-ES nº 745 N17g Nascimento, Angela Cristina Cavaglieri do. Gamificação como estratégia para potencializar a aprendizagem de química em estudantes da EJA / Angela Cristina Cavaglieri do Nascimento. - 2022. 81 f. : il ; 1262Kb. Orientador: Márcia Gonçalves de Oliveira Dissertação (Mestrado) Instituto Federal do Espírito Santo, Cefor, Mestrado Profissional em Educação em Ciências e Matemática, 2022. 1. Ciência – estudo e ensino. 2. Quimica - estudo e ensino. 3. Jogos no ensino de química. 4. Educação de jovens e adultos. 5. Aprendizagem ativa. I. Oliveira, Márcia Gonçalves de . II.Título III. Instituto Federal do Espírito Santo. Dedico este trabalho a minha filha, Ana Carolina, minha vida e meu grande amor. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, pois sem Ele nada teria sentido, tudo que consegui fazer até agora foi Ele que me amparou e me deu força e sabedoria para seguir. À orientadora, Márcia Gonçalves de Oliveira, pela dedicação, paciência e suporte destinado a minha pesquisa. Sem ela, com certeza o caminho percorrido seria muito mais difícil. A minha filha, Ana Carolina, por ser minha motivação diária. Aos meus pais, Antônio e Maria, que sempre me deram apoio, conselhos e força nesta jornada e, que nos últimos meses, vêm me ajudando ainda mais, cuidando de minha filha para que pudesse estudar. Amo vocês imensamente... essa conquista não é minha, é nossa! Ao meu esposo, meu grande parceiro de vida, por ter me incentivado e acreditado na conclusão desse mestrado. A meu irmão, Domingo e minha cunhada Tatiane, por todo apoio e ajuda com a Ana. A ajuda de vocês foi muito especial! A minha afilhada, Daiany, por ter tomado conta da Ana para que pudesse me dedicar ao estudo neste último mês. Sem sua ajuda, tudo seria mais difícil! Aos meus amigos, grandes professores do EDUCIMAT, Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática, com vocês aprendi muito mais que conteúdos. Vou levar seus ensinamentos e conselhos para vida! Vocês são maravilhosos, muito obrigada pelo apoio e incentivo. À escola EEEFM Ermentina Leal e equipe pedagógica, obrigada pelos conselhos e orientações e por me acolherem excepcionalmente. A professora regente, Thyara, por ter me acolhido, aconselhado e dado suporte na trajetória. Aos membros da banca, Vilma e Iara, pelas relevantes contribuições. “[...] a nossa responsabilidade maior no ensinar Ciências é procurar que nossos alunos e alunas se transformem, com o ensino que fazemos, em homens e mulheres mais críticos. Sonhamos que, com o nosso fazer educação, os estudantes possam tornar-se agentes de transformações – para melhor – do mundo em que vivemos”. Áttico Chassot (2016) RESUMO Na atualidade, é perceptível que as metodologias tradicionais de ensino têm tido pouca eficácia no processo de aprendizagem da disciplina de Química, considerando novo perfil dos alunos de Ensino Médio no segmento da Educação de Jovens e Adultos (EJA), caracterizados com perfil de estudantes heterogêneos que normalmente trabalham, têm filhos e estudam à noite. Contemplando esta demanda, com o objetivo de analisar a influência do uso da gamificação para potencializar a aprendizagem do ensino de Química para esse perfil. O trabalho apresenta uma prática educativa com metodologia de gamificação. Para aplicar essa prática desenvolvemos, como produto educacional, um almanaque, que consiste em um conjunto de desafios de Química em forma de jogos. Os desafios de Química têm o objetivo de auxiliar no processo de ensino e verificar a apropriação do conhecimento. Em resumo, o presente trabalho busca mostrar que metodologias ativas, como a gamificação, podem tornar o ensino de Química menos abstrato e mais engajador, colaborativo, significativo e atrativo aos olhos dos discentes com perfil da Educação de Jovens e Adultos. Palavras-chave: Química. Gamificação. EJA. Aprendizagem Significativa. ABSTRACT Currently, it is noticeable that traditional teaching methodologies have had little effectiveness in the process of teaching and learning the discipline of inorganic chemistry considering the new profile of high school students in the Youth and Adult Education (EJA) segment, which are characterized as a profile of heterogeneous students who normally work, have children and study at night. Contemplating this demand, with the objective of analyzing the influence of the use of gamification to enhance the learning of chemistry teaching for this profile, this work presents an educational practice with a gamification methodology and an inverted classroom. To apply this practice, we developed an almanac as an educational product, which consists of a set of chemistry challenges in the form of games. These chemistry challenges are intended to help the teaching process and verify the appropriation of knowledge. In summary, this paper seeks to show that active methodologies such as gamification can make chemistry teaching less abstract and more engaging, collaborative, meaningful and attractive to students with a profile of youth and adult education. Keywords: Chemistry. Gamification. EJA. Meaningful Learning. LISTA DE FIGURAS Figura 1- Quiz da Química ........................................................................................ 53 Figura 2 - Aplicação do Quiz ..................................................................................... 53 Figura 3 - Atividade do Canva ................................................................................... 55 Figura 4 - Resolução do Desafio ............................................................................... 56 Figura 5 - Almanaque de Química ............................................................................. 57 Figura 6 - Aplicação do almanaque de Química........................................................ 58 LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Resumo dos trabalhos da revisão de literatura: Gamificação no Ensino de Química e na EJA. .................................................................................................... 34 Quadro 2 - Entrevista com a Professora regente. ..................................................... 47 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Etapas do projeto realizado em uma turma da EJA ................................. 50 LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS BNCC - Base Nacional Comum Curricular CTS - Ciência, tecnologia e sociedade EAD - Educação a Distância EJA - Educação de Jovens e Adultos ERE - Ensino Remoto Emergencial ENEM - Exame Nacional do Ensino Médio LD - Livros didáticos TIC - Tecnologia de Informaçãoe Comunicação SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 17 1.1 OBJETIVOS .................................................................................................................................. 23 1.1.1 objetivos específicos ................................................................................................................ 23 2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................................ 24 2.1 ENSINO DE QUÍMICA ................................................................................................................ 24 2.2 TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO ................................................................................................ 26 2.3 JOGOS E LUDICIDADE NO ENSINO ...................................................................................... 29 2.4 GAMIFICAÇÃO NO ENSINO ..................................................................................................... 31 3 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO......................................................................................... 38 3.1 CARACTERIZAÇÃO DO PÚBLICO-ALVO .............................................................................. 39 3.2 ANÁLISE DE CONTEXTO ......................................................................................................... 39 3.4 ALINHAMENTO COM OS OBJETIVOS ................................................................................... 42 3.5 PLANO DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA EM UMA TURMA DE QUÍMICA DA EJA ......................................................................................................... 44 3.6 DEPOIMENTO DE UMA PROFESSORA DE QUÍMICA DA EJA ........................................ 46 3.7 APLICAÇÃO DAS ATIVIDADES EM EAD ............................................................................... 49 3.8 UMA PROPOSTA METODOLÓGICA PARA O ENSINO DE QUÍMICA ............................. 50 3.9 ESTRATÉGIA DE AVALIAÇÃO ................................................................................................ 59 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................... 60 4.1 O CONTEXTO DA PANDEMIA ................................................................................................. 60 4.2 GAMIFICAÇÃO ............................................................................................................................ 61 4.3 INTERAÇÃO ................................................................................................................................. 62 4.4 MOTIVAÇÃO ................................................................................................................................ 62 4.5 CONSIDERAÇÕES DA PROFESSORA REGENTE ............................................................. 62 4.6 ANÁLISE DO PRODUTO EDUCACIONAL ............................................................................. 63 5 CONCLUSÕES ............................................................................................................................... 65 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 68 APÊNDICE I ........................................................................................................................................ 72 APÊNDICES II .................................................................................................................................... 73 APÊNDICE III ...................................................................................................................................... 74 APÊNDICE IV ..................................................................................................................................... 76 ANEXO A – QUIZ DA QUÍMICA ..................................................................................................... 78 ANEXO B – PRODUTO EDUCACIONAL ...................................................................................... 81 17 1 INTRODUÇÃO Na atualidade, é perceptível que as metodologias tradicionais de transmissão de conteúdos já não são suficientes no processo de ensino e aprendizagem da disciplina de Química para estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Essa geração compreende jovens e adultos que possuem dificuldade em manusear as tecnologias móveis, pois mesmo utilizando o celular para atividades cotidianas como ligar, enviar mensagens e comunicar-se por WhatsApp e Facebook, não utilizam tal tecnologia para fins acadêmicos. Por serem pessoas as quais trabalham durante o dia, têm filhos, pouco tempo para estudar, e por consequência, para concluir o Ensino Médio, optam pela EJA, fazendo em um ano e seis meses, o segmento regular, de três anos. A Base Nacional Comum Curricular do Ensino Médio (Brasil, 2017) aponta que a escola deve promover uma educação integral, ou seja, que vise o desenvolvimento do estudante de forma universal, que vai além do simples acúmulo de informação. Por sua vez, a tecnologia pode ser uma boa aliada do professor, quando este pretende ensinar de forma a promover uma educação íntegra e plena. Os recursos tecnológicos possibilitam avanços nas mais variadas áreas de interação humana e podem ser grandes aliados na educação. (GARCIA, 2020, p.3) Nesse contexto, os recursos didáticos, utilizando tecnologia para estudantes da EJA, podem potencializar a aprendizagem de Química, ajudando na compreensão e abstração da disciplina como elemento formador da vida. O ensino baseado em abordagens que utilizam recursos audiovisuais, além de permitir aos alunos uma maior reflexão acerca dos conteúdos estudados, tornando as aulas dinâmicas e atrativas confere ao professor a possibilidade de inserir ferramentas tecnológicas em sua sequência didática, principalmente no contexto atual em que a tecnologia se faz muito presente na sociedade. Essas práticas enriquecem muito o planejamento, a aula, promovendo mudanças de atitudes no professor e no aluno. (SILVA, 2020, p.2) Ao analisar o papel das tecnologias e seus recursos na sociedade, observa-se que, levar informação e conhecimento de qualidades efetivos e significativos à população em qualquer lugar e no tempo em que forem requeridos se fazem necessários. Assim, ao mensurar sobre a importância de estudar metodologias e recursos didáticos, como a sala de aula invertida, jogos, entre outros facilitam e potencializam o conhecimento para EJA. 18 Desse modo, os estudos baseados em metodologias ativas utilizando a interdisciplinaridade e a contextualização, como os jogos didáticos, gamificação, realidade virtual e laboratórios virtuais, têm mostrado um avanço grande e positivo em relação à educação e ao ensino de Química. Para Niles e Socha (2014), as atividades lúdicas possuem valor educacional intrínsecas na área de ciências, podendo ser usado como recurso pedagógico contribuindo no processo de ensino aprendizagem. Destacando que dentre estas atividades, 11% representam a construção de materiais alternativos. Segundo Carvalho et al. (2013), uma possibilidade de diferenciação pedagógica é a utilização de recursos metodológicos que favoreçam a ludicidade, interatividade e a ligação dos conteúdos com aspectos cotidianos da vida dos alunos, como a brincadeira e a simulação computacional. (SOARES et al, 2017, p.72) A metodologia ativa auxilia no processo de ensino, já que transforma o contexto em um espaço mais lúdico, atraente e engajador e pode, assim, potencializar a aprendizagem dos discentes. A utilizaçãode métodos mais lúdicos, como jogos, no processo de ensino e aprendizagem não é recente. Desde a década de 50, as empresas internacionais utilizam os jogos como metodologia ativa no processo de ensino. No Brasil, particularmente, tal evolução chegou, apenas, na década de 80. Todavia, introduz-se a tecnologia na educação, na mesma época. Segundo Souza (2005) a utilização dos jogos como ferramenta de aprendizagem, teve seu desenvolvimento nos Estados Unidos, na década de 50, com o propósito de treinar executivos da área financeira. Por consequência dos resultados positivos, seu uso ampliou-se a outras áreas, chegando ao Brasil com muita força na década de 1980. (TOLÊDO, 2018, p.8) Hodiernamente, os jogos acompanham os avanços da tecnologia, desenvolvendo e aprimorando as regras, motivações e objetivos, sendo levados ao público. É possível, por exemplo, ter jogos disponíveis em redes de tecnologia móvel, como o celular. Assim, a ludicidade envolta aos jogos provoca prazer a grande parte da população. 19 Os jogos são exemplos de mídias digitais que tem o potencial de proporcionar aos usuários uma experiência prazerosa e divertida. O emprego de jogos como estratégia didática surge como alternativa ao modelo tradicional de ensino, com potencial de oportunizar aos estudantes uma aprendizagem de forma lúdica, com intuito de encorajar, engajar, motivar, envolver e entreter o estudante em atividades escolares (LAURINDO, 2019, p.2). Segundo Poyatos (2015, p.30), os Jogos virtuais fornecem feedbacks instantâneos e frequentes através de moedas, recursos, medalhas, status e que são atrativos e incentivadores para o jogo. Os jogos digitais se expandiram a partir da década de 70, quando o custo dos equipamentos, como computadores e internet diminuíram e ficaram acessíveis à população em geral, mas devido à grande expansão da tecnologia a aplicabilidade dos jogos foi melhorada. Nesse contexto, com a expansão da tecnologia de jogos, surgiu a gamificação, técnica utilizada para criar desafios, pontuação e ranking, a fim de potencializar a aprendizagem, ajudar o engajamento de pessoas e motivá-las a participarem de desafios. Além disso, o feedback é presente durante todo processo, fazendo com que o estudante sinta que está avançando e possa pedir auxílio durante o processo. Quando se fala em gamificar a aprendizagem, busca-se incorporar elementos presentes nos jogos em uma dinâmica na sala de aula, com a participação ativa do aluno, proporcionando o desenvolvimento de determinadas habilidades e comportamento. A educação gamificada tem como objetivo incentivar os alunos a aprenderem se divertindo, isto é, a gamificação desperta o interesse dos educandos, aumentando sua vontade de aprender. (LEITE, 2017, p.3) A importância da formação para professores, advém disso, pois somente com formação o professor consegue conhecer metodologias diferentes, para ajudar o estudante a assimilar o conteúdo e, além disso, torná-lo sujeito ativo na própria construção do saber, além de um cidadão consciente, reflexivo e com possibilidades de transformar sua vida e o meio em que vive. 20 A técnica de gamificação começou há muito tempo com esquemas de marketing de grandes empresas, tais como DELL, Apple, Duolingo, que ao comprarem ou fazerem atividades, o usuário acumula pontos e moedas a fim de trocá-las por recompensas e passar de nível. Segundo Fernandes (2013) a aplicabilidade da Gamificação no processo de ensino e aprendizagem torna os discentes mais motivados a participar determinadas tarefas para concluir os objetivos do curso. Mas além disso ela pode incentivar e promover uma maior interação entre os estudantes, possibilitando um desenvolvimento mais integral, com metas sendo atingidas de maneira colaborativa e não somente através de notas individuais. Dessa forma, pode-se direcionar os estudantes a trocarem experiências e conhecimento, tornando o processo mais dinâmico e atrativo e engajador. Porém, vale ressaltar que os docentes devem sempre possuir conhecimentos prévios ou fazerem formações contínuas sobre metodologias e recursos didáticos os quais pretendem utilizar em sala de aula. Já que, com essas formações o docente consegue ter mais segurança, um melhor aproveitamento e resultados de suas aulas. Desse modo, conhecerá melhor o leque de opções e metodologias que mais se adequam à realidade de seus alunos. Nessa proposta em particular, é muito importante que se conheça a metodologia de gamificação, para que, seja possível mediar e desenvolver essa relação de conhecimento, havendo realmente uma apropriação do saber, a fim de que não se torne mais uma atividade sem propósito, ou que traga apenas diversão para os discentes. Nesse contexto, é válido salientar, que os estudantes da EJA têm acesso à informação através da internet, mas, nem sempre o conhecimento chega com facilidade e pode ainda não ser de boa qualidade ou não apresentar as conexões necessárias à aprendizagem. Ainda vale ressaltar que os estudantes da EJA possuem bastante conhecimentos próprios, porém, na maioria das vezes não conseguem conectá-lo à Química, por isso o conteúdo não se torna significativo a eles. Nesse momento, entra o docente para ajudar o estudante a fazer uma seleção criteriosa da matéria. 21 Segundo Mancini (2005), a aprendizagem significativa pressupõe que o novo material seja relevante e significativo ao aprendiz além de uma estrutura cognitiva preexistente, da mesma forma que haja disposição de sua parte para realizar o processo. Tendo em vista como se propicia a aprendizagem significativa e que os discentes da EJA já possuem muito conhecimento prático, o professor tem desafio de fazer essa ligação com contexto. Fazer com que eles entendam que tabela periódica não é só um monte de regras, nomes e símbolos sem sentido. Os discentes têm que ter a noção que quando no café da manhã tomam leite ingerem também a substância contendo o cálcio (Ca), elemento presente na tabela periódica, na família 2A, além de ser substância responsável pela construção e manutenção dos ossos e dentes. Tendo em vista tal complexidade da abstração do ensino de Química e refletindo sobre a nova necessidade de se renovarem as práticas didáticas, propõe-se uma estratégia que inclui a tecnologia para tornar o ensino mais atrativo, engajador e colaborativo, assim, tornando-o menos impalpável, mas, para que isso ocorra, é preciso investir tempo e pesquisa em recursos didáticos a fim de tornar o processo de ensino e aprendizagem mais significativos para os discentes EJA. Segundo Castro e Fernandes (2013) É necessário criar mecanismos ou utilizar tecnologias que auxiliem o aluno no desenvolvimento da capacidade de construção representativa de circunstâncias ou modelo, em questões que necessitem de compreensão de conceitos abstratos. Considerando essa complexidade do ensino e aprendizagem de Química, o docente deve utilizar estratégias como gamificação que podem potencializar o ensino da matéria, tornando o estudo mais engajador, colaborativo e significativo. Posto isso, dentro deste contexto da complexidade no ensino de Química ainda há outros desafios para o professor, os quais o debate torna-se válido, tais como o perfil dos estudantes da modalidade EJA e a alta evasão escolar nessa modalidade. Já que são jovens e adultos que trabalham em tempo integral e possuem por vezes filhos e escasso tempo para estudar. 22 Muitas vezes os estudantes da EJA chegam na sala de aula cansados, resultado de uma carga horária exaustiva no trabalho, problemas familiares, sociais e financeiros, tais problemas somados às aulas de Química pouco atrativas e independentes do cotidiano do aluno, causam o desinteresse e a consequente taxa de evasão escolar. Silva et al (2019) fala sobre mudanças que devem ocorrer para minimizar a evasão escolarna EJA. Em decorrência, observa-se a necessidade de rever as políticas educacionais da EJA e, mais especificamente, a organização curricular de suas escolas. Com esta visão, espera-se superar um dos grandes problemas da EJA que é a evasão dos estudantes em todo o período letivo. É essencial que o coletivo escolar da EJA conheça, discuta e pesquise, colocando princípios para uma melhor atuação e que seja coerente com sua realidade, de maneira que propicie o conhecimento das especificidades da EJA e o registro das ações desenvolvidas por essa modalidade. (SILVA, 2019, p.8) Ainda dentro desse contexto da complexidade do ensino de Química e levando em consideração a citação acima, é possível ainda debater quanto a existência de um novo público presente nessa modalidade atualmente, que são aqueles discentes que reprovaram no ensino regular e, portanto, apresentam falta de interesse com o ensino. Eles identificam a possibilidade de aprovação com maior facilidade na EJA do que na modalidade regular, pois acham que as provas são de nível inferior, devido a esse fato, migram para essa modalidade, outro atrativo é o menor tempo para conclusão do curso. Nesse sentido, os educadores têm um grande desafio, o de tornar o ensino mais atrativo, engajador, colaborativo e significativo em pouco tempo para esse público alvo. O que comprova tal mudança do público alvo são os dados do Censo (2018) sobre a EJA, demonstram que isso ocorre há a alguns anos. O estudo aponta que 62,2% das matrículas são de jovens e adultos de até 30 anos. Outro fato observado é a maior predominância dessa parcela ser do sexo masculino. Sendo assim, com esse dado mensura-se que as mulheres de até 30 anos que pararam de estudar, seja por terem filhos precocemente ou trabalharem a fim de ajudarem financeiramente suas famílias têm mais dificuldade para retornarem aos estudos. 23 O presente trabalho será aplicado em parceria com a professora regente na turma de 2⁰ ano do Ensino Médio no segmento da EJA, do turno noturno, da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio, Ermentina Leal. A aplicação do projeto terá como objetivo analisar o uso da gamificação para potencializar a aprendizagem do ensino de Química na EJA. 1.1 OBJETIVOS Investigar a influência da gamificação em uma abordagem de ensino híbrida a fim potencializar a aprendizagem do ensino de Química para estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA). 1.1.1 objetivos específicos Para alcançar o objetivo geral desta pesquisa, iremos cumprir os objetivos específicos citados abaixo: • Investigar como a gamificação pode potencializar a aprendizagem significativa. • Planejar uma estratégia de ensino híbrido baseado na gamificação de forma que possa promover o engajamento e colaboração dos discentes da EJA. • Desenvolver um almanaque para apoio ao ensino de Química. • Analisar através da avaliação de resultados, fotos e comentários, a estratégia de gamificação, como também o impacto na apropriação do conhecimento de Química. 24 2 REFERENCIAL TEÓRICO Neste capítulo, apresentamos as discussões e teóricos que fundamentam a proposta de pesquisa dividida em tópicos: 2.1 Ensino de Química, 2.2 Tecnologia na Educação, 2.3 Jogos e Ludicidade no Ensino, 2.4 Gamificação no Ensino. E, por fim, demonstramos como proposta pedagógica a utilização da gamificação pode potencializar o ensino significativo de Química. 2.1 ENSINO DE QUÍMICA O ensino de Química costuma ser tradicionalista, com fórmulas e nomenclaturas e pouco contextualizado ou interdisciplinar. Porém, a Química estuda muito mais que nomenclatura e fórmulas, estuda fenômenos e elementos presentes na nossa vida e no nosso cotidiano. Hoje, apesar de já termos grande avanço em relação ao material didático da disciplina de Química para segundos anos das escolas públicas, ainda há muito a evoluir, já que alguns livros apresentam uma contextualização sobre vários conteúdos, mas ainda é muito deficiente no modo em que é apresentado. Devido a esse fato, é extremamente importante que os professores façam avaliações constantes dos livros didáticos (LD). Sendo a atuação do professor a peça fundamental para a contextualização dos conhecimentos, seja através da escolha de temas CTS para abordagem dos conhecimentos químicos, seja na promoção das adaptações necessárias para a utilização do LD, é essencial ouvir esse profissional, a fim de identificar em sua fala sua concepção de contextualização, a importância dada ao LD, bem como a escolha desse material. (FARIAS, 2018, p.15) Analisando esse contexto e as metodologias ativas e seu vasto leque de opções de recursos didáticos para construir o conhecimento de forma que se torne significativo, lúdico, engajador, colaborativo e atraente para o discente, e nesse cenário, podemos apoiar a prática nas ideias de Ausubel. Segundo Moreira (2014) cita que Ausubel fala sobre aprendizagem. A atenção de Ausubel está constantemente voltada para a aprendizagem tal como ela ocorre na sala de aula, no dia a dia da grande maioria das escolas. Para ele, o fator 25 isolado que mais influencia a aprendizagem é aquilo que o aluno já sabe (cabe ao professor identificar isso e ensinar de acordo). Novas ideias e informações podem ser aprendidas e repetidas, na medida em que conceitos relevantes e inclusivos estejam adequadamente claros e disponíveis na estrutura cognitiva do indivíduo e funcionem, dessa forma, como ponto de ancoragem às novas ideias e conceitos. (MOREIRA, 2014, p.152) Analisando que a presente pesquisa tem como objetivo conectar a Química como conteúdo científico ao cotidiano dos discentes a fim de tornar os conceitos mais significativos e fazer, assim, a compreensão de que a Química está presente o tempo todo em nossas vidas. Levando em consideração que público alvo desta pesquisa são estudantes da EJA, é possível dizer que possuem conhecimentos adquiridos por outras vivências sociais e históricas. Tais vivências por eles trazidas, podem ser trabalhadas pelo professor juntamente aos conteúdos assim, favorecendo a apropriação do conhecimento, além de tornar o estudante sujeito ativo nessa relação. Nesse sentido, Ausubel afirma que existem fatores que favoreçam a aprendizagem significativa e que entre eles, os mais importantes são o conhecimento prévio do discente e material apropriado. Pois esses conhecimentos prévios trazem sentido e luz aos conteúdos estudados. Ausubel, Novak e Hanesian (1968) enfatizam a valorização dos conhecimentos prévios no processo de aprendizagem, pois o novo conhecimento aprendido tem que ter significado/sentido para o aluno. Quando o autor falar em fator isolado, ele quer dizer que “se fosse possível isolar uma única variável como sendo a que mais influência novas aprendizagens, esta variável seria o conhecimento prévio, os subsunçores já existentes na estrutura cognitiva do sujeito que aprende”. (SILVA, 2020, p.3) O ensino de Química tem que associar os conteúdos com a política, Meio ambiente, História e o cotidiano que esse estudante está inserido, para que o novo conhecimento adquirido a partir daí se torne significativo. Pois, o professor de Química além de auxiliar a apropriação do conteúdo, tem que preparar o estudante para a vivência na sociedade e para a cidadania. 26 Portanto, o ensino de Química deve ser integrado ao cotidiano do aluno, a fim de que possa fazer sentido em sua vida, assim formando o conhecimento. As TDIC, presentes no ensino, como ferramentas pedagógicas, se configuram como uma possibilidade de aproximar os conceitos e conteúdos químicos dos contextos sociais, os quais o estudante comanda em suas distrações do dia a dia. (MATA, 2018, p.41) Tendo em vista, que o foco do projeto é a construção do conhecimento pela aprendizagem cognitiva, através de Química podemos nos pautartambém nas ideias de Piaget sobre a aprendizagem. Na citação abaixo, Munari (2010) expõe as ideias de Piaget. Toda teoria, todo conceito, todo objeto criado pelo homem foi anteriormente uma estratégia, uma ação, um gesto. Desse postulado básico nasce, portanto, uma nova norma pedagógica: se para aprender bem é necessário compreender bem, para compreender bem é preciso reconstruir, por si mesmo, não tanto o conceito ou objeto de que se trate, mas o percurso que levou do gesto inicial a esse conceito ou a esse objeto. (MUNARI, 2010, p.23) Além disso, esse princípio pode ser aplicado tanto ao objeto de conhecimento como ao sujeito que o conhece: daí há necessidade de desenvolver paralelamente uma meta de reflexão sobre o próprio processo de aprendizagem. 2.2 TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO Na atualidade, a tecnologia está presente em várias áreas da vida da humanidade. E na educação não é diferente, ela é um recurso amplamente utilizado para ajudar e até mesmo a potencializar o processo de ensino e aprendizagem dos discentes. A tecnologia aplicada no âmbito da educação auxilia os docentes a atualizarem a prática pedagógica diariamente para tornar o ensino mais engajador, eficiente e com maior qualidade. Oliveira (2015), salienta sobre recursos tecnológicos: A utilização de recursos tecnológicos no processo de ensino é cada vez mais necessária, pois torna a aula mais atrativa, proporcionando aos alunos uma forma diferenciada de ensino. Para que isso se concretize de maneira que todos os envolvidos se sintam beneficiados, a questão das TIC deve estar bem consolidada. As formas de ensinar e de aprender pode ser beneficiada 27 por essas tecnologias, como, por exemplo, a Internet, que traz uma diversidade de informações, mídias e softwares, que auxiliam nessa aprendizagem. (OLIVEIRA, 2015, p.76) A tecnologia de informação e comunicação (TIC) tem um papel muito importante e fundamental na sociedade que é o de disseminar a educação a todos e em qualquer lugar onde o discente esteja e com qualidade igualitária. Exemplo disso são as Faculdades de Ensino à Distância ou de Ensino Híbrido que proporcionam a muitas pessoas oportunidades de conseguirem continuar a estudar e de se aperfeiçoar. Na atualidade, a relação entre tecnologias digitais e práticas pedagógicas em prol de melhorias na educação andam em conjunto. Essa relação vem também para aprimorar o desenvolvimento da Ciência e da Tecnologia, tornando, assim, o ensino cada vez mais acessível. Segundo Leal et al (2020), sobre recursos tecnológicos na educação: Os recursos tecnológicos vêm promovendo uma mudança no modo de ensinar e aprender na disciplina de Química, por aproximar o cotidiano dos alunos à ciência química. De acordo com Santos (2011), as possibilidades educacionais com a inovação das tecnologias digitais no ensino permitem a construção de um conhecimento por meio de metodologias mais atrativas, através de uma abordagem contextualizada e significativa, promovendo uma aprendizagem mais à frente dos métodos tradicionais de ensino baseados somente nos livros didáticos. (LEAL, 2020, p.3739) O ensino de Química não é diferente pois, a tecnologia vem fortemente ajudando esse docente a criar e inovar suas práticas pedagógicas. É sabido, que o ensino de Química é abstrato e muitas vezes longe da realidade do discente, nesse contexto a tecnologia vem como recurso trazendo melhorias no processo de abstração e conexão entre a prática e a teoria. Os laboratórios de Química virtuais, gamificação, chemsketch são exemplos de recursos que docentes de Química podem utilizar em suas práticas educativas. Porfírio (2011), cita sobre a utilização da tecnologia na construção do ser humano como agente reflexivo: [...]se às tecnologias de comunicação se inserem no contexto da existência humana e servem de suporte para a construção da realidade, como cartas, telégrafo, televisão, vídeos, computadores, etc, a educação, portanto, não pode abster-se de pensar, de promover e de utilizar tais tecnologias, desde que elas colaborem para aquele intuito primeiro, retomando, a promoção do homem no sentido de liberdade, autonomia e colaboração. (PORFÍRIO, 2011, p47) 28 As TIC’s no ensino de Química possibilitam que os estudantes consigam ter uma melhor visão da natureza e assim se tornarem cidadãos com pensamento mais crítico e reflexivo. Elas conseguem aproximar o meio onde o discente está inserido com o conteúdo que está sendo administrado em sala de aula. Essas simulações ou reproduções de fenômenos da realidade que as tecnologias possibilitam, permitem ao aluno um estabelecimento de realismo em seus trabalhos, fornecendo uma grande eficiência no aprendizado, já que o aluno aprende melhor ao estabelecer relações entre aquilo que se aprender e a realidade. (LOCATELLI, 2018, p.27) Nesse contexto, há algumas preocupações a serem salientadas pelo professor: a maioria das escolas possuem computadores e internet, porém na maioria das vezes não é de qualidade suficiente para que possa comportar o acesso dos alunos para fazerem atividades. E ainda, há também a questão das escolas do interior que em sua maioria, não têm acesso a essa tecnologia. A instituição pública é exatamente o oposto dos particulares. O acesso à tecnologia e a internet ocorre quase exclusivamente dentro dos laboratórios. Em um total de escolas públicas brasileiras, 81% delas têm laboratório de informática, mas somente 59% desses laboratórios são utilizados de fato. Outro fator também é a qualidade dessa internet que chega a essas escolas públicas. Muitas das vezes são de baixa conexão e equipamentos ultrapassados. (GONÇALVES et al, 2019, p.25) Outro ponto a ser discutido é a grande mudança causada pela pandemia do Covid-19 na Educação brasileira pois, durante esse período devido ao distanciamento social houve a necessidade de muitas escolas irem para o ensino remoto emergencial (ERE) e posteriormente para o ensino híbrido, sendo necessário que o docente transformasse a sua práxis para se adaptar a essa nova realidade, numa tentativa de tornar o ensino mais acessível possível ao estudante. Assim, surgiu a necessidade ainda maior da utilização da tecnologia para auxiliar o professor. Nesse sentido, Moreira (2020) vem falando sobre utilização da tecnologia no ensino de qualidade. Muitas interfaces da web social são subutilizadas quando os referenciais adotados ainda replicam práticas adquiridas na web 1.0. Por isso, e sendo a educação digital em rede um processo que se caracteriza pela utilização de tecnologias digitais da web 29 social, é necessário promover práticas pedagógico-didáticas ativas e construtivistas, que sustentem um conhecimento coletivo e uma aprendizagem colaborativa. (MOREIRA, 2020, p.355) Dentro dessa realidade, foi necessário que o docente tivesse conhecimento das diversas possibilidades a fim de utilizar tecnologias na escola que mesmo com bloqueios causados pela pandemia do Covid-19, foi possível utilizar recursos como softwares, jogos, gamificação entre outros no processo de ensino e aprendizagem. 2.3 JOGOS E LUDICIDADE NO ENSINO Os jogos estão presentes acompanhando a história da humanidade desde sempre e alguns até hoje não foram possíveis de datar. Algumas pesquisas apontam que o surgimento dos jogos foi no século XVI, na Grécia e em Roma, porém, como antigamente algumas civilizações não faziam registro, pode ser que possa ter sido inventado até mesmo antes disso. Os jogos fazem parte da nossa sociedade até hoje no processo de ensino e aprendizagem, de forma a transformar o contexto tornando-o mais lúdico e engajador e assim potencializando o processo de aprendizagem. A ludicidade dos jogos pedagógicos tem papel importante nesse contexto, pois, transforma o processo de ensino mais divertido e atraente para discentes, sem perder conteúdos de aprendizagem.Segundo Kishimoto (1994), o jogo, considerado um tipo de atividade lúdica, possui duas funções: a lúdica e a educativa. Elas devem estar em equilíbrio, pois se a função lúdica prevalecer não passará de um jogo, e se a função educativa for predominante será apenas um material didático. Os jogos se caracterizam por dois elementos que apresentam: o prazer e o esforço espontâneo, além de integrarem as várias dimensões do aluno, como a afetividade e o trabalho colaborativo. Assim sendo, eles devem ser inseridos como impulsores nos trabalhos escolares. Os jogos são indicados como um tipo de recurso didático educativo que podem ser utilizados em momentos distintos, como na apresentação de um conteúdo, ilustração de aspectos relevantes ao conteúdo, como revisão ou síntese de conceitos importantes e avaliação de conteúdos já desenvolvidos (CUNHA; 2004; LIMA et al, 2011). Nessa perspectiva, Souza (2018) correlaciona os jogos no processo de ensino. 30 Considerando que o jogo pode promover uma aprendizagem mais significativa, é válido afirmar que ele pode ser usado tanto como material didático, como uma das formas de avaliação de aprendizagem. Para Ausubel, para que ocorra uma aprendizagem significativa, ou seja, que elementos conceituais novos sejam assimilados efetivamente, é necessário que o aluno correlacione a novo conceito com alguma informação já pré-existente ou reorganize uma informação pré-existente, formando uma hierarquia conceitual (MOREIRA, 2011). Outras utilidades para os jogos podem ser mencionadas como, por exemplo, instrumento de avaliação, mediação de um novo conteúdo ou melhorar os relacionamentos interpessoais, sejam entre aluno-aluno ou professor-aluno. (SOUZA, 2018, p.1279). Nesse contexto, os jogos são apontados como recursos didáticos viáveis que o professor pode utilizar para auxiliar ou até mesmo potencializar a construção do conhecimento para aquele discente ou turma. Os jogos podem ser digitais ou físicos, podendo ser de materiais alternativos e assim o professor pode fazer planejamento e programar a dinâmica do jogo para que a construção do conhecimento esteja mais próxima da realidade do estudante. precisamos explorar mais proximamente a característica dialógica do jogo em sala de aula. Ao explorar diferentes aspectos de motivação dos alunos, o professor pode abordar diferentes percepções e interesses. Consequentemente haverá um enriquecimento da sua atuação didática e resgate da autoestima e valorização daquilo que o aluno já conhece. (FELÍCIO, 2018, p.5) O professor tem que ter conhecimento e se atualizar constantemente sobre a metodologia ou recurso didático que pretende trabalhar pois, a partir desse conhecimento e juntamente com seu planejamento e organização será possível explorar ao máximo as potencialidades dos recursos em suas aulas. Com base na realidade dos educandos da escola em que iremos aplicar a proposta pedagógica, e levando em consideração que durante a pandemia covid-19 os estudantes não fizeram atividades escolares em EAD, decidimos utilizar como produto educacional um almanaque contendo jogos desplugados (não digitais). Pois a sua abrangência nessa situação será maior e possibilitará que os discentes participem ativamente da sua resolução. Além disso ele servirá como parâmetro para 31 analisarmos se a atividade não digital despertará a colaboração, engajamento e participação ativa pelos estudantes tanto quanto as online. 2.4 GAMIFICAÇÃO NO ENSINO O ensino de Química vem se transformando e se adequando constantemente para manter o interesse dos discentes na busca do saber. Assim, cumpre o seu papel de formar cidadãos mais reflexivos e críticos sobre seu meio. Esse processo de fazer um ensino significativo não é fácil pois, é relatado por muitos que o ensino da Química é complexo e abstrato e na EJA isso não ocorre de modo diferente. Levando em conta que a tecnologia faz parte constantemente da vida dos estudantes, os docentes devem inclui-la na práxis, para que ela possa dar possibilidades de auxiliar no interesse do discente pelo ensino. Desse modo, é de se esperar que a escola, tenha que “se reinventar”, se desejar sobreviver como instituição educacional. É essencial que o professor se aproprie de gama de saberes advindos com a presença das tecnologias digitais da informação e da comunicação para que estes possam ser sistematizadas em sua prática pedagógica. (SOUSA, 2011, p.20) Nesse contexto, a ampla utilização das TIC’s na educação, juntamente com os recursos didáticos vêm tornando a educação de qualidade mais acessível para todos, independentemente da localização, idade, raça, sexo entre outros. Nessa linha de pensamento entre tecnologia e educação aparecem algumas metodologias que são divididas entre ativas, ágeis, imersivas e analíticas. Filatro (2018) fala sobre metodologias imersivas e analíticas. As metodologias imersivas e as analíticas são, evidentemente, mais dependentes das tecnologias. Nesse aspecto, fazem mais sentido para aqueles que comungam uma visão mais heutagógica e conectivista da educação. Por essa razão, são metodologias que, de imediato, balançam as estruturas convencionais do ensino – ou seja, além de deslocarem o centro do poder para as mãos dos aprendizes, também implicam a participação de novos atores e players no cenário educacional. (FILATRO, 2018, p.8) A metodologia imersiva analisa mais a relação entre tecnologia e ensino, e como isso pode proporcionar o ensino significativo. A maior parte dos recursos dessa metodologia depende diretamente de um computador ou tecnologia móvel como 32 celulares e tablets. Destacam-se como exemplos dessa metodologia a gamificação, a realidade aumentada, o roleplaying entre outros recursos. Nesse contexto, vale salientar que recursos imersivos têm características muito interessantes e atrativas tanto para o professor quanto para os estudantes, entre os quais se destaca o feedback instantâneo. Esses recursos como gamificação e sala de aula invertida fazem com que o aluno se torne sujeito ativo e o próprio construtor do seu saber. É através de informações dadas por meio da tecnologia como ocorrem com as videoaulas e materiais suplementares que juntamente com os saberes trazidos das interações sociais ajudam a construir novos saberes. No presente trabalho será utilizada a metodologia imersiva, que vem ganhando espaço na educação pois, ela utiliza a tecnologia como realidade virtual, gamificação e simuladores para aproximar os estudantes de situações-problema do cotidiano fazendo com que busquem estratégias e se tornem os protagonistas de suas próprias apropriações do conhecimento. As tecnologias imersivas vêm ganhando cada vez mais espaço no contexto educacional, pois permitem uma customização maior da aprendizagem, proporcionando uma experiência mais autêntica aos alunos, oportunizando que experimentem diferentes situações do mundo real. Realidade virtual, realidade aumentada e mundo virtual começam a trazer novas experiências de uma aprendizagem imersiva, de visualização de materiais, de interação com histórias, personagens, ambiente e assim podem simular situações que colaborem para um ensino por competências visando a uma formação integral do estudante da Educação Básica. (SCHNEIDER, 2020, p.3) Dentro dessa metodologia será trabalhado com gamificação no ensino de Química. Uma das metodologias que vêm sendo explorada na atualidade pois, ela se aproxima da realidade dos estudantes que normalmente são da era digital. Logo, a sua linguagem tecnológica acaba sendo apropriada para esses jovens, tornando o ensino atrativo, promovendo o engajamento e a colaboração em atividades no âmbito escolar. Mas, apesar desses detalhes ela ainda traz certos receios para os professores no ensino de Química, devido à falta de conhecimento sobre a metodologia e os recursos utilizados.33 A gamificação do conteúdo de Química a ser ensinado, que consiste em aplicar sistemáticas e mecânicas do ato de jogar, pode estimular o engajamento dos alunos para a participação nas aulas, além de possibilitar a construção do conhecimento por meio da interação que ocorre durante a dinâmica do jogo. Neste cenário, o desenvolvimento de jogos representa uma boa alternativa de recurso didático, ou até mesmo de instrumento avaliativo… (LOPES, 2020, p.11) Em um contexto de expansão da tecnologia e de jogos surgiu a gamificação que é uma técnica utilizada em jogos para potencializar a aprendizagem, ajudar o engajamento de pessoas e motivá-las a sempre participar. Além disso, a gamificação traz feedback durante todo o processo o qual faz o estudante sentir que está avançando. Segundo Neto (2015), a ideia de utilizar elementos e mecânicas de um jogo, com o objetivo de incrementar a participação e gerar engajamento às atividades cotidianas, dá o nome de gamificação. A gamificação pode ser desenvolvida no ensino presencial, a distância ou híbrido. Pode ser do tipo estrutural ou de conteúdo dependendo como será utilizada. Na estrutura, os mecanismos de jogos como regalias e fases são utilizados para levar os estudantes a se engajarem e interagirem com a proposta educacional. O conteúdo, por sua vez, utiliza esses mesmos elementos de jogos para que o estudante consiga atingir competências necessárias para se apropriar do conhecimento. Levando em consideração que hoje, nas escolas, há turmas de EJA mais heterogêneas, as quais em sua maioria são formadas por jovens e adultos que não conseguem frequentar o ensino regular por terem filhos ou trabalharem o dia inteiro, mas que almejam concluir o ensino médio em um menor tempo, o uso da tecnologia colabora para um ensino mais atrativo a esse público. Ainda existe uma parcela desse público que são jovens desinteressados. O ensino tradicional com quadro branco e pincel não consegue fazer com que esses discentes se apropriem do conhecimento com qualidade e nem faz com que para eles esse conhecimento seja significativo e nem atrativo. Daí a importância dos professores se aperfeiçoarem, evoluírem e trazerem práticas pedagógicas mais efetivas. 34 Nesse sentido, Filatro (2018) vem citando funcionalidades da gamificação no processo de ensino: É fato que a gamificação pode ser aplicada de várias formas em contextos educacionais para engajar e motivar alunos a aprender. Decerto, as promessas de aumento do envolvimento de estudantes e profissionais, a possibilidade de maior interação e experimentação, e a sensação de protagonismo proporcionada pela gamificação seduzem aqueles que buscam aprimorar a experiência educacional. (FILATRO, 2018, p.171) Tendo em vista que muitos pesquisadores vêm buscando práticas didáticas para tornar o ensino da Química mais atrativo, menos difícil e abstrato, torna-se necessário modificar as práticas didáticas diárias do professor para tornar o ensino mais próximo da realidade do educando, resultando na qualidade do ensino. Segundo Fernandes (2013), a disciplina de Química requer uma atenção e um comprometimento por parte dos alunos, devido à complexidade e abstração de seus conceitos (CRISP et al 2011). Daí a importância de utilizar recursos didáticos como gamificação para potencializar o ensino de Química, tornando o ensino mais engajador e integrado. Segundo Fernandes (2013) a aplicação da Gamificação no processo de Ensino/Aprendizagem pode fazer com que os alunos sejam motivados a cumprir determinadas tarefas ou gincanas para atingir os objetivos do curso. Mas ainda, as tarefas podem incentivar e promover maior interação entre os alunos, possibilitando um desenvolvimento harmonioso da turma como um todo, com metas sendo atingidas de maneira coletiva e não somente através de notas individuais. Dessa forma, em vez de ser um treinamento unidirecional, pode-se direcionar os alunos a trocarem experiências e conhecimento, tornando o processo mais dinâmico e atrativo. Para a realização dessa pesquisa buscou -se artigos, teses e livros com a mesma perspectiva teórica e metodológica adotada e que pudessem contribuir de forma efetiva com nossa pesquisa. A busca foi feita usando os tópicos gamificação no ensino de Química, Gamificação no ensino de Química na EJA. Quadro 1 - Resumo dos trabalhos da revisão de literatura: Gamificação no Ensino de Química e na EJA. GÊNERO OBRA AUTORIA/ANO 35 PERIÓDICO Gamificação no ensino de química: uma revisão de pesquisas no período 2010 – 2020 (Cardoso,2021) ARTIGO Gamificando as aulas de química: uma análise prospectiva das propostas de licenciandos em química (Leite, Bruno Silva,2017) DISSERTAÇÃO Gamificação no ensino de química: funções inorgânicas (Lopes,2020) Fonte: Autor da pesquisa (2022) O artigo de Cardoso (2021) publicado na revista thema com título “Gamificação no ensino de química: uma revisão de pesquisa no período 2010-2020” fez uma coleta de dados nos principais eventos da área de Química e ciências utilizando como tema principal a gamificação durante período de 10 anos. No artigo cita que o objetivo era tentar entender como a gamificação é utilizada na sala de aula no ensino de Química e ciências. Os eventos selecionados para coleta de dados foram Congresso Brasileiro de Química (CBQ), Simpósio Brasileiro de Educação Química (SIMPEQUI), Encontro Nacional de Ensino de Química (ENEQ), Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências (ENPEC), Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química (RASBQ), Encontro Nacional de Jogos e Atividades Lúdicas no Ensino de Química, Física e Biologia (JALEQUIM) e Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia (SINECT). Autores falam que foram escolhidos esses eventos pela sua importância na formação e prática docente. Na análise encontrou-se 11 trabalhos, e neles os autores contam como a dinâmicas de jogos podem potencializar o engajamento e a motivação no processo de aprendizagem. E ainda que esses elementos de jogos podem ser utilizados em diferentes segmentos da educação e nem sempre dependem de recursos tecnológicos. No artigo com título “Gamificando as aulas de química: uma análise prospectiva das propostas de licenciandos em química” publicado na renote em 2017 cita que foi feita 36 uma pesquisa com 79 estudantes da licenciatura em Química Universidade Federal em Pernambuco. Essa pesquisa foi realizada na disciplina Informática, Química e Educação (IQE), disciplina Instrumentação para o Ensino de Química (IEQ). A coleta de dados pelos estudantes ocorreu no Google Acadêmico, Periódico CAPES, Banco de Teses e Dissertações, Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações e Scielo. Nessa pesquisa foi sugerido que eles fizessem uma busca por propostas de como gamificar as aulas de química. Na coleta de dados foram encontrados 4 artigos e 2 dissertações. Segundos autores essa falta de matérias sobre tema leva a importância de termos pesquisas envolvendo a gamificação no ensino de Química. E a partir das percepções dos estudantes e com base nos resultados das pesquisas eles deveriam sugerir uma proposta gamificada para ensino de Química. Essa proposta foi apresentada em um seminário. Na dissertação de LOPES (2020) com título “Gamificação no ensino de química: funções inorgânicas” publicado repositório institucional Universidade Federal Fluminense (UFF) traz como proposta um jogo didático gamificado para tentar potencializar o processo de ensino e aprendizagem dos estudantes. A autora ainda fala das dificuldades encontradas no ensino de química, e propõe que esse jogo didático como avaliação formativa. Na tese a autora elaborou um jogo de tabuleiro denominado Desafio da Química, o qual consiste na aplicação de conhecimentos acerca das caraterísticas das funções inorgânicas. Ela fala ainda queo jogo foi utilizado como metodologia ativa para tentar tornar o ensino mais atrativo para estudantes. E que a avaliação do impacto das técnicas de gamificação foi realizada com base em resultados de estudos presentes na literatura. A autora ainda fala que devido a pandemia de Covid-19 não foi possível a aplicação do jogo, mas que no futuro, pós-pandemia, pretende aplicar em sala de aula, de modo a expandir os resultados. Com base nos trabalhos selecionados e analisados foi possível achar propostas que contribuem para uma melhor reflexão crítica sobre tema. No entanto na literatura não 37 encontramos nem um trabalho no ensino híbrido propondo a intervenção pedagógica aqui descrita. Assim, buscou-se, por meio do projeto aqui apresentado oportunidade de promover vivências de ensino de Química para discentes do segundo ano do ensino médio da EJA com uso de recursos didáticos a partir da gamificação, no sentido de investigar sua influência no processo de ensino e aprendizagem. 38 3 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO Neste capítulo será descrito o procedimento metodológico seguido para conclusão dessa dissertação. Para iniciar, descreve-se um resumo de como e onde ocorrerá a pesquisa e o público alvo. Após isso, serão feitos tópicos descrevendo o percurso, desde o planejamento até a avaliação do projeto de pesquisa. No 3.1 será realizada a caracterização do público-alvo e no 3.2 a análise de contexto. O 3.3 a caracterização da pesquisa e no 3.4 os alinhamentos com os objetivos. Após isso, será proposto no 3.5 um plano de intervenção pedagógica, a partir da observação feita na turma da EJA. No 3.6 para ter um contraponto na visão do professor de como ensinar na EJA será apresentado um depoimento da professora regente. No 3.7 serão explicadas as dificuldades na aplicação de desafios em EAD relatados pela equipe pedagógica e estudantes. No 3.8 será apresentado um quadro com a proposta metodológica e nos subtópicos detalhado como foi a aplicação dos desafios e do produto educacional. E por último, no 3.9 será evidenciada a estratégia de avaliação. A pesquisa realizada é de caráter qualitativo, do tipo participante. Caracteriza-se como qualitativa pois há uma proximidade do pesquisador com a situação em estudo. Os dados foram abordados de maneira descritiva, levando em consideração a concepção de cada participante frente ao problema proposto (LÜDKE E ANDRÉ, 2018). Essa pesquisa é do tipo participante, pois, tanto o pesquisador quantos estudantes se participam e se envolve no processo de aprendizagem. É uma estratégia que envolve, pois, não só a observação direta, mas todo um conjunto de técnicas metodológicas pressupondo um grande envolvimento do pesquisador na situação estudada. (LÜDKE E ANDRÉ, 1986). O presente trabalho traz uma proposta de intervenção utilizando metodologia ativa com estudantes do 2° ano do Ensino Médio, do segmento da EJA, em uma escola no município de Aracruz. Nessa intervenção, será trabalhado, por meio da gamificação, os conteúdos de Química presentes no cotidiano dos estudantes. A ideia é trabalhar curiosidades relacionadas aos conteúdos de Química presentes na rotina e na vida do estudante através do ensino híbrido, de modo contextualizado em formato presencial utilizando a tecnologia móvel WhatsApp como ponto de conexão entre os estudantes e os docentes. Para isso, com as finalidades de fixar e avaliar 39 conteúdos, será utilizado um almanaque e um livro de bolso, contendo jogos como cruzadinhas, caça palavras, entre outros que serão aplicados em sala de aula. Para que fosse possível fazer um projeto com as reais necessidades da turma da EJA, foi feito uma observação em sala de aula durante três semanas com objetivo de coletar dados e após isso fazer planejamento das atividades que seriam desenvolvidas durante o projeto. 3.1 CARACTERIZAÇÃO DO PÚBLICO-ALVO O público-alvo dessa pesquisa é constituído por uma turma heterogênea, do segundo ano do Ensino Médio do segmento da EJA, que é formado por estudantes jovens e adultos, em sua maioria, de até 35 anos. Eles lidam com tecnologia móvel utilizando recursos como WhatsApp, Facebook, Instagram, entre outros, aparentemente bem, porém, quando solicitados para pesquisar temas sugeridos pela professora regente, possuem dificuldade para selecionar e analisar as informações de modo correto. Muitos são estudantes que trabalham em tempo integral, possuem filhos e condições financeiras desfavoráveis. Dentro desse contexto, frequentam a aula no período noturno da EJA com objetivo de concluir o Ensino Médio em menos tempo, começar a faculdade, através dela poderem alcançar uma vaga de emprego ou até mesmo oportunidade de um emprego melhor. 3.2 ANÁLISE DE CONTEXTO Para desenvolvimento dessa pesquisa, foi realizada uma avaliação diagnóstica através da observação e diálogos no 2° ano do Ensino Médio regular do segmento da EJA, na escola EEEFM Ermentina Leal. A escola possui ambiente propício a desenvolver atividades criativas e colaborativas, pois possui corpo pedagógico que apoia propostas que possam auxiliar na aprendizagem e disponibilizar as tecnologias e internet para o docente incrementar a sua prática diária. Segundo a docente regente de uma das turmas dessa escola, Ana Carolina Souza Lopes, as turmas não são grandes e a infraestrutura da escola propicia esse engajamento. A escola foi beneficiada pelo projeto do Governo e recebeu computadores chromebook novos o que facilita a utilização da tecnologia móvel em sala de aula. 40 As observações tiveram duração de aproximadamente três semanas e, como se tratava de um 2º ano do Ensino Médio do segmento da EJA, possuíam uma aula de 50 minutos por semana. Ainda é válido salientar, que no primeiro ano do Ensino Médio da EJA os estudantes não possuem na grade curricular aulas da disciplina de Química. Então, no Segundo Ano, o conteúdo de Química de dois anos é condensado em seis meses, que é a duração do ano letivo para EJA. Durante as observações foi constatado que a docente tentava tornar a aula mais integradora e criativa, ainda assim os conceitos de Química para os estudantes são extensos, maçantes e muito abstratos. Durante as aulas, em sua maioria, eram aplicados conceitos contextualizados e ainda havia aulas diferenciadas utilizando metodologias ativas e neste momento eles interagiram e participaram mais. Nessa turma, foram trabalhados na disciplina de Química os conteúdos referentes à Modelos Atômicos, Misturas e Substâncias Puras, Íons, Ligações Químicas, entre outros. 3.3 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA A pesquisa encontra-se desenvolvida de maneira qualitativa pois, lida com fenômenos humanos, culturais e sociais. Esses aspectos serão analisados através dos dados coletados como comentários escritos, fotos e observações feitas durante o desenvolvimento e a aplicação da intervenção pedagógica. Stake (2011) descreve sobre pesquisa qualitativa Cada uma das divisões da ciência também possui um lado qualitativo em que a experiência pessoal, a intuição e o ceticismo trabalham juntos para ajudar a aperfeiçoar as teorias e os experimentos. Qualitativa significa que seu raciocínio se baseia principalmente na percepção e na compreensão humana. (STAKE, 2011, p.21) Nesse contexto, a pesquisa qualitativa leva em consideração as dificuldades, experiências e vivências do cotidiano do discente, o estudo analisa o lado interpretativo, experiencial, situacional e personalístico. São coletados dados através de fotos, relatos escritos, vídeos, mensagens de texto, entre outros. A pesquisa qualitativa não é nada definida e pronta. Não é como pesquisa quantitativa que, a partir de equações e valores é possível explicar situações e fenômenos. Leva- 41 se em consideração um leque de possibilidades e percepções como meio em que o indivíduo vive, os valores, conhecimentose crenças que ele traz na bagagem. Lemos (2018) cita sobre o que se baseia a pesquisa qualitativa. Destaca-se, em primeiro lugar, a utilização do ambiente natural como fonte direta para obtenção de dados e tem no pesquisador seu principal instrumento de busca de informações. No que tange aos dados coletados, eles são predominantemente descritivos, isto é, ricos em transcrições de pessoas, situações, acontecimentos, entrevistas, depoimentos, as quais subsidiarão os esclarecimentos dos pontos de vista. (LEMOS, 2018, p.534) Essa pesquisa será aplicada a estudantes da EJA, em sua maioria jovens e adultos, que já possuem certa vivência no trabalho e têm foco na agricultura, comércio ou nas indústrias, eles detêm uma bagagem extensa de informações ligadas a Química, porém, em sua maioria não têm noção da aplicabilidade da mesma. A pesquisa qualitativa é de caráter participativa, uma vez que, tanto o docente, quanto o discente estarão envolvidos no processo, identificando se a gamificação pode potencializar o ensino, assim como analisando o processo e buscando soluções em conjunto. Segundo Behar (2009, p.287), na pesquisa participativa (PP) os participantes são atores e não somente “sujeitos de pesquisa”, ou seja, aqueles que fornecem os dados. A PP é vista como uma possibilidade de aproximar o mundo acadêmico do mundo escolar. Ele ainda fala que conforme Le Boterf (1984, p.72-73) suas bases seguem os mesmos critérios, ou seja, a pesquisa parte da realidade sem hipóteses prévias, há constante interação entre a pesquisa e a ação, junto aos participantes em situações reais, sendo ainda, um processo educativo. Nesse contexto, os docentes-pesquisadores ao mesmo tempo em que avaliam as estratégias da gamificação como potencialidades educativas para o ensino de Química, estabelecem relações com os discentes instigando-os, auxiliando-os em seus desafios e ensinando-os a aprender. Desse modo, há uma interação entre ambos, sujeitos e objeto de estudo, nessa busca por solucionar o desafio ali proposto. Para começar a desenvolver o projeto foi realizada uma observação em sala de aula afim de confeccionar um diário de bordo, para que fosse possível caracterizar o público-alvo, que nesse caso, é formado por estudantes do 2º ano do Ensino Médio 42 do segmento da EJA. Após essa observação, foi feito o planejamento de como seria a intervenção pedagógica e por último seria confeccionado almanaque e o material auxiliar. 3.4 ALINHAMENTO COM OS OBJETIVOS No primeiro momento, ocorreria em sistema presencial e na sala de aula da turma, onde seria aplicada a pesquisa. Nela, foi feita a observação em sala de aula juntamente com docente regente para que fosse possível planejar uma estratégia educativa com desafios mais adaptados a EJA. Em conversa com equipe pedagógica e com estudantes sobre as atividades em EAD, percebeu-se que a estratégia não seria adequada. Após esse momento e a criação do planejamento reformulou-se os desafios e pode- se passar para a próxima etapa, a confecção do material gamificado para ensino híbrido focado e baseado na Matriz Curricular e na BNCC do Segundo Ano do Ensino Médio do segmento da EJA. Como o foco dessa pesquisa é aproximar a teoria de Química ao cotidiano do estudante, para dar sentido a essa ciência, os docentes, planejaram a confecção do material para que fosse mais didático e engajador e menos abstrato, a fim de que a pesquisa promovesse uma aprendizagem significativa. Antes de começar o desafio houve um diálogo com os estudantes explicando e negociando como ocorreriam os desafios e em quanto tempo eles poderiam resolvê-los a fim de, definir a pontuação do desafio. Nessa hora, também seria dialogado sobre a divisão das duplas e sobre o prêmio de incentivo simbólico para o primeiro lugar no ranque. Esse momento foi de extrema importância tanto para pesquisador quanto para os estudantes, pois o foco desses desafios além de propiciarem a aprendizagem significativa também os ajudou a tornarem-se mais colaborativos, engajados, reflexivos, críticos e sujeitos ativos na construção do seu próprio saber e ajudou ainda na interação entre eles e o professor-pesquisador, fazendo com que o feedback fosse mais personalizado. Foi feita a aplicação do quiz no Kahoot em conjunto com WhatsApp em sistema online. Essa etapa só foi desenvolvida após a explanação dos conceitos pela professora 43 regente. Nessa etapa, foi utilizado o WhatsApp e o plataforma Kahoot, foi aplicado um desafio do tipo quiz para as duplas, contendo algumas perguntas com níveis de dificuldade e pontuações diferentes, com objetivo de analisar se o educando estava atento e assimilando a Química no seu próprio meio. Para resolução desse desafio eles tiveram uma aula. A terceira etapa foi presencial e online com utilização do WhatsApp e do Canva. Nessa fase os alunos tiveram acesso ao material de apoio usando o Chromebook para pesquisar pequenos vídeos de curiosidades, páginas sobre sustentabilidade e Química entre outros materiais que pudessem aprimorar, após isso, eles teriam que resolver um desafio criando um post para Instagram e Facebook, histórias em quadrinhos, vídeos curtos, criação de jornal e jogos, entre outros, conectando conteúdos como a Ligação Química com cotidiano deles no Canva. Esse material foi produzido por eles e enviados pelo WhatsApp pelo grupo já existente para correção e feedback. Nessa etapa o tempo de resolução foi de uma aula. O Canva é uma plataforma online com parte paga e outra gratuita, porém possui muitas possibilidades na parte gratuita e pode ser utilizado tanto no computador quanto no celular. Na última fase foi desenvolvida uma revista, tipo almanaque, como apoio a aprendizagem de Química pelo pesquisador, contendo jogos físicos como cruzadinhas, caça palavras, caminhos entre outros, referentes aos conteúdos Íons, Ligações Químicas, tipos de substâncias e curiosidades já descritas anteriormente. Os discentes resolveram presencialmente, em grupo pré-definido, e durante duas aulas da professora regente. Após a correção dos almanaques dos grupos e analisando os resultados dos outros desafios foi possível saber qual o grupo que levaria o primeiro lugar no ranque. O grupo que venceria levaria como prêmio uma cesta de chocolates. Os tempos dados para resolução dos desafios levaram em consideração que a turma era do segmento da EJA e não tinham na grade curricular a disciplina de Química no Primeiro Ano. Além disso, por ser um público-alvo que normalmente trabalha, possui filhos e muitas das vezes por falta de tempo não consegue se dedicar ao estudo. 44 Durante o processo da aplicação da intervenção pedagógica, eles tiveram acesso e ajuda do pesquisador-professor. 3.5 PLANO DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA EM UMA TURMA DE QUÍMICA DA EJA Sabe-se que na atualidade o Ensino de Jovens e Adultos (EJA) vem sendo desafiado por situações inerentes aos docentes dificultando a forma de ensinar, dessa forma, a aprendizagem torna-se pouco efetiva e significativa para os estudantes. Fatos esses são a diminuição da carga horária em algumas disciplinas, mudança no perfil dos discentes da EJA, alta evasão das turmas com a pandemia de Covid-19, além disso, os professores tiveram mais dificuldades de tornar o ensino online mais atrativo, significativo ou engajador. Entretanto, segundo os professores, essa forma de ensino também acarreta prejuízos, especialmente no que tange a qualidade do aprendizado e o futuro profissional, visto que as matérias são resumidas e não contemplam, por exemplo, os principais assuntos do ENEM, podendo assim, interferir no objetivo de ingressar no ensino superior. (DAMACENO, 2020, p.104) Na disciplina de Química, esse cenário não foi diferente. Em algumas escolas, por exemplo, foram retiradas da grade curricular todas as aulas semanais pertencentesao primeiro ano do Ensino Médio, já no segundo e terceiro ano da EJA foi retirada uma aula semanal. Esse fato impacta diretamente os discentes pois, conforme destacou um estudante, a matéria é ensinada rapidamente e em menor quantidade, o que afeta diretamente a qualidade do ensino e a aprendizagem. Os estudantes relataram ainda, dificuldades e complexidades com os conteúdos de Química e chegaram a dizer que a matéria é muito chata e de difícil compreensão. Eles não conseguiam conectar a Química apresentada com fórmulas e classificações com o cotidiano deles. Além desses desafios, há a questão da pandemia. Os alunos relatam que tiveram dificuldades para se adaptar ao ensino remoto, segundo eles, precisavam estudar as aulas em casa juntamente com filhos, trabalhos domésticos, profissionais e muitas vezes, sem acesso à internet. O professor, por sua vez, tenta auxiliar o estudante e ensinar da melhor forma possível, nesse complexo cenário. Mas, devido a condensação das matérias, ficou 45 mais difícil o seu trabalho, uma vez, que ele teria que escolher qual conteúdo, com sua complexidade, iria explicar, em pouco tempo. Devido a isso, nem sempre ele conseguia promover uma contextualização e interdisciplinaridade dos conteúdos de Química ensinados. Tendo esses fatores em vista, e a vontade de desenvolver um projeto para tornar o ensino de Química diferenciado para uma turma da EJA, foi realizado um acompanhamento das aulas durante um período, com objetivo de, a partir das observações, propor uma solução que pudesse potencializar e facilitar o processo de aprendizagem para os estudantes. Vale salientar, que o público da EJA é composto por jovens e adultos que trabalham, frequentam a escola, têm filhos e não possuem muito tempo para estudar. Levando em consideração esse fato, é necessário utilizar metodologias que facilitem essa aprendizagem para eles. A experiência de observação relatada neste trabalho foi realizada em uma turma de 2° ano do Ensino Médio do segmento da EJA na escola EEEFM Ermentina Leal. Essa observação teve como objetivo conhecer essa turma da EJA e mapear o seu perfil. A partir dessa observação, foi possível analisar dentro do contexto na EJA e da pandemia de Covid-19 o que realmente era possível desenvolver como pesquisa que fosse relevante e significativa, e que possivelmente pudesse agregar conhecimento tanto para o estudante, quanto para o docente. Durante as observações nas aulas, os estudantes falavam muito que os conteúdos da disciplina de Química eram difíceis, que não os compreendiam por que precisavam memorizar tantas fórmulas e nomes que a Química não trazia significado prático para eles. Além disso, eles destacaram que a Química é muito abstrata e que, na maioria das vezes, achavam que ela estava bem longe do cotidiano deles. Os alunos não conseguem perceber ou mesmo assimilar a teoria e a prática no seu próprio cotidiano, por exemplo, o que eles aprendem dentro da sala de aula em teorias que falam sobre Elemento Químico, torna-se abstrato ou disperso para o estudante, que não faz a conexão entre o Elemento Químico, Cálcio, que além de ter símbolo Ca, com Número Atômico 20 e Massa Atômica 40u, também está presente nos ossos, no leite, na couve e em outros lugares do cotidiano. 46 Como o professor tem pouquíssimas aulas, todo um conteúdo e etapas a serem desenvolvidas do currículo em seis meses, ele não consegue explorar esse lado interdisciplinar da Química que trata da sustentabilidade como a reciclagem, a presença dos elementos no dia a dia ou no corpo humano. Esses fatos relatados pelos estudantes demonstram a importância de nós, docentes, estudarmos e aperfeiçoarmos nossa prática diária para que haja a possibilidade de uma transformação no ensino em que a Química esteja mais próxima e tenha significados aos estudantes. Contemplando esses objetivos, nossa proposta para facilitar a aprendizagem dos estudantes é que através de um projeto de gamificação, com uso da metodologia de ensino híbrido possamos mediar esse complexo contexto de aprendizagem e potencializar o ensino e aprendizagem dos estudantes, para que por meio desse projeto as aulas de Química tornem-se, para os alunos, mais atrativas, engajadoras e contextualizada à vida real. Nesse projeto, nas aulas online serão enviados jogos com curiosidades relacionando o conteúdo com o cotidiano. Já na parte presencial, serão feitos desafios e almanaque com a intenção de verificar a apropriação do conhecimento e se na comparação às atividades online realmente proporcionaram uma maior interação e colaboração, do que nas aulas presenciais. 3.6 DEPOIMENTO DE UMA PROFESSORA DE QUÍMICA DA EJA Para desenvolvimento de uma proposta metodológica para o ensino de Química, além do trabalho de observação de uma turma, realizamos uma entrevista com uma professora de Química da EJA. A Entrevista teve como objetivo ter a percepção e opinião da professora sobre qualidade e eficiência do ensino de Química na turma do 2° da EJA. O Quadro 1, a seguir, apresenta as perguntas e respostas dessa entrevista: 47 Quadro 2 - Entrevista com a Professora regente. 1 - Qual o seu nome completo e sua formação acadêmica? Você tem alguma outra formação? Ana Carolina Souza Lopes, sou Licenciada em Química. Ainda não possuo nenhuma complementação. 2 - Há quanto tempo você atua como docente? E desde quando você leciona em turmas da EJA? Atuo como docente desde 2018, porém como professora regente este é meu primeiro ano na EJA. Como professora cobrindo licença, atuei na EJA em 2018 também. 3 - Normalmente os discentes das turmas de EJA têm que idade? Eles normalmente trabalham? As turmas de EJA são muito heterogêneas. Temos muitos estudantes com 18 anos oriundos do Ensino Regular, pois já reprovaram um ou dois anos e acabam indo para EJA para concluir. Mas temos também alunos mais velhos, como uma senhora de quase 80 anos. Todavia, predominantemente são jovens e normalmente trabalham, ou cuidam das casas dos familiares. 4 – Você, a partir da sua vivência em sala de aula consegue caracterizar o perfil dos seus estudantes dessa modalidade? Como meu primeiro ano de regência na EJA foi este ano e está acontecendo durante a pandemia fica difícil caracterizar os estudantes ou mesmo conhecê-los, pois eu não os vi ou conheci, porém, posso dizer que têm estudantes que realmente querem estar ali, pretendem fazer Enem e até mesmo tem sonhos de faculdade. Cumprem as atividades, porém também têm estudantes que não querem estudar e estão ali somente para concluir o Ensino Médio o mais rápido possível. 5 - Nós sabemos que com a pandemia do Covid - 19 mudou muito a rotina da escola pública e afetou bastante o ensino e aprendizagem dos discentes. Você acha que este fato afetou o desempenho dos estudantes da EJA? Existiram muitas evasões? Qual sua opinião sobre este fato? Com certeza a pandemia afetou o ensino e aprendizagem dos estudantes porém, o ensino a distância possibilitou também a oportunidade para àqueles que trabalham fora da cidade até mesmo do estado poderem estudar, como exemplo, meus alunos que trabalham na Imetame Metal Mecânica e que viajam o país. Hoje, com a volta às aulas presenciais obrigatórias, não sabem como irão poder continuar a estudar. Por outro lado, a falta de conexão prejudicou muito o ensino e aprendizagem, pois nem sempre possuíam internet para desenvolver as atividades. Às vezes, os celulares não comportavam a demanda e nem sempre possuíam computadores. Levando em consideração que o ensino de Química é muito abstrato, cheio de regras e normas. Para o estudante aprender não foi fácil 48 e nem dedutivo. Devido a esses fatores, durante a pandemia houve muita evasão escolar nas turmas da EJA. Apesar da chamada ter 30 alunos, o rodízio de alunos que se matricularam e desistem foimuito grande. 6 - Você dá aula de Química para EJA? Quais recursos didáticos que normalmente utiliza? Sim. Quando estávamos no remoto utilizamos vídeos no Youtube e APNPS (atividades pedagógicas não presenciais). As APNPS eram postadas no Google Sala de Aula, grupos de WhatsApp e impressas. Tinha que ter essa última opção, pois nem todos os alunos tinham acesso à internet. E assim, aconteciam as devolutivas. Agora, que as aulas estão presenciais, ocorrem através de aulas expositivas, porém, devido a pandemia não é possível levar os alunos ao laboratório, pois o espaço é pequeno. Outro fato é que há poucas aulas, pois recentemente a escola adotou a EJA profissionalizante e com isso a Química só possui uma aula semanal. Mas dentro do possível faço algo diferente. Como para iniciar a etapa, fiz em todas as turmas, uma demonstração. Fiz uma aula demonstrativa do porquê usar o álcool em gel, que é uma proposta dessa EJA, a fim de ligar a Química com realidade dos alunos. E a partir da desnaturação da proteína do ovo abordei, também, diversos assuntos que posso trabalhar da 1ª a 3ª etapa da EJA. 7 - Nesse momento quais são as principais dificuldades para lecionar Química para a EJA? As maiores dificuldades da escola, atualmente, não é o conteúdo, mas sim a burocracia do sistema, muito papel para nada, a questão da quantidade de hora/aula e como estávamos em EAD (Ensino a distância) eu tinha 4 páginas para explicar e passar as atividades. Como faria para colocar nas APNPS fluxogramas, mapas mentais entre outros? Nesse formato é difícil de trabalhar na EJA. Ainda existe o fato que muitos não tinham acesso à internet o que dificultava ainda mais a nossa interação. 8 - Você acha que, com conteúdos aplicados, os alunos, conseguem, ao final compreender e fazer contextualização com cotidiano? Se não, o que você poderia mudar nesse contexto? Não acho que fazem essa conexão. Muitas das vezes quando estou explicando uma matéria percebo que eles não compreendem e não há traços das aprendizagens de matérias anteriores, pois na Química, uma matéria depende da outra, que por mais que tente trazer o máximo para realidade deles, acabam não tendo essa visão. Não posso ficar muito tempo na mesma matéria, pois não tenho tempo, visto que há muitos conteúdos a serem estudados. Acho que se o ensino fosse híbrido poderia ajudar, pois teríamos mais tempo. Para isso, o professor teria que ser valorizado, com melhor salário e, não apenas aumentar o número de aulas. Já que o professor trabalha mais horas do que é contratado. A educação pode ser mudada, porém para melhorar, é necessário alterar todo um contexto. 49 9 - Na sua visão, qual a maior dificuldade, encontrada pelo discente, na aprendizagem de Química? A maior dificuldade do ensino e aprendizagem na EJA está nos assuntos complementares. Não é só no conteúdo, apesar de eles acharem o conteúdo difícil e abstrato e não conseguirem fazer a conexão com realidade, porém, há também fatores pessoais que influenciam nessa falta de interesse. Na verdade, é todo um contexto. 10 - Os discentes, durante o semestre, costumam ser ativos em sala de aula? Eles normalmente entregam as atividades para casa? Na maioria das vezes eles não estavam ativos ou interagiam na sala de aula e não faziam atividades. Porém, como já citei, existiam casos surpreendentes de alunos que mesmo na adversidade levavam a sério o ensino, como é o caso dos alunos que trabalham viajando. Fonte: Autor da pesquisa (2022) A partir do que foi apresentado pela professora na entrevista, juntamente com a observação feita em sala de aula, foi possível fazer um planejamento mais realista para aplicação do projeto. Após essas informações, tivemos uma melhor noção do que poderia ser feito a fim de tentar melhorar e potencializar a aprendizagem para a turma da EJA. Nas subseções abaixo será descrita a proposta metodológica baseada na gamificação no ensino de Química. 3.7 APLICAÇÃO DAS ATIVIDADES EM EAD A priori, as atividades foram planejadas para ocorrer em partes, EAD e presencial, no sistema de Sala de Aula Invertida. Porém, em conversa com a equipe pedagógica da escola foi relatado que os estudantes não se adaptaram e não participaram das atividades no sistema de EAD durante a pandemia de Covid-19. Além disso, quando foi explicado aos estudantes como ocorreriam os desafios, falaram que teriam dificuldades para resolução dos mesmos devido aos filhos, trabalho, entre outras coisas que fazem fora da escola. Então, com base nisso, decidimos utilizar os Chromebooks disponibilizados pela escola e fizemos a maioria das atividades presenciais. Tentamos aplicar alguns desafios online, mas, como já esperávamos, não deram certo, porém, quando refeitas tais atividades no presencial durante as aulas, mesmo com menor tempo de resolução, eles participaram dos desafios ativamente, perguntando, tirando dúvidas e explanado sobre o tema. 50 3.8 UMA PROPOSTA METODOLÓGICA PARA O ENSINO DE QUÍMICA Este projeto de pesquisa foi realizado na EEEFM Ermentina Leal com a turma da segunda etapa da EJA, no turno noturno. Teve como objetivo tentar tornar o ensino de Química mais significativo através da intervenção pedagógica, utilizando gamificação. Ela ocorreu entre os meses de novembro a dezembro. Nessa pesquisa, a fase participante aconteceu durante todo o período, pois tanto os estudantes, quanto o pesquisador tinham acesso livre aos estudantes através do grupo criado no WhatsApp. Como a pesquisadora não exercia a função de professora, no primeiro momento, antes da intervenção pedagógica, foi feita a observação em sala de aula e uma entrevista com a docente regente da turma, para tentar entender o funcionamento do ensino de Química na EJA e assim, conseguir propor desafios que pudessem fazer sentido e condissessem com cotidiano do estudante. A partir desses momentos, foram realizados o planejamento dos desafios que seriam aplicados. Foram utilizadas quatro aulas para aplicação dessa pesquisa, pois na EJA interligada com Ensino Profissionalizante, a disciplina de Química possui, apenas, uma aula semanal, então não poderíamos utilizar mais aulas para o projeto já que, a professora regente precisava cumprir os conteúdos básicos. A tabela 1 abaixo demonstra o que foi feito desde o planejamento do projeto até sua aplicação. Nela, é apresentada quais são as atividades e o modo em que foram aplicadas. Tabela 1: Etapas do projeto realizado em uma turma da EJA ESCOLA EEEFM ERMENTINA LEAL PROFESSORA REGENTE DA TURMA ANA CAROLINA SOUZA LOPES DISCENTE DO EDUCIMAT E ORIENTADORA ANGELA CRISTINA CAVAGLIERI DO NASCIMENTO MÁRCIA GONÇALVES DE OLIVEIRA SÉRIE 2ª ETAPA DA EJA 51 ÁREA DE CONHECIMENTO CIÊNCIAS DA NATUREZA COMPONENTE CURRICULAR QUÍMICA FASE AÇÕES PRESENCIAL/EA D PROJETO I Coleta de dados Presencial Observação em sala de aula II Coleta de dados Presencial Entrevista com Professora regente III Desenvolvimento atividade com conteúdos Tabela periódica, Separação de matéria Online/ Presencial Aplicação do quiz gamificado no kahoot em conjunto com whatsapp IV Desenvolvimento atividade com conteúdos Mistura, ligação Química EAD e Presencial Aplicação do desafio gamificado de Química utilizando o canva e o whatsapp V Desenvolvimento atividade com conteúdos Tabela Periódica, Mistura e Ligação Química Presencial Aplicação do almanaque gamificado impresso Fonte: Autor da pesquisa (2022) A tabela 1 demonstra que, para a conclusão do projeto de pesquisa, o pesquisador teve que passar por algumas etapas, a fim de, conseguir realizar uma proposta que melhor se adequasse à turma, entre elas a observação em sala de aula. Ele também traz o que foi aplicado na turma e de que modo, online ou presencial. As etapas I e II 52que a tabela acima traz já foram descritas detalhadamente nos tópicos 3.5 e 3.6. As etapas III até a V serão descritas detalhadamente nas próximas seções. ETAPA III - APLICAÇÃO DO DESAFIO NO KAHOOT EM CONJUNTO COM WHATSAPP Na primeira aula foram definidas as duplas que iriam participar dos desafios durante toda a pesquisa, porém, devido a quantidade de estudantes, foi formado um trio, e após isso foi explanado como seria o desenvolvimento do projeto. Alguns desafios seriam online, a princípio, dentre esses o quiz do Kahoot. E nesse momento foi salientado pela turma a dificuldade para resolução das atividades no EAD. Então decidimos aplicar a atividade presencialmente, mesmo que eles tivessem menos tempo para resolução. Foi utilizado o site e o aplicativo do Kahoot para criar e jogar o quiz com título: Cotidiano x Sustentabilidade, um jogo de perguntas e respostas. O quiz possui 10 perguntas relacionando o conteúdo de Química que os estudantes aprenderam em sala de aula como Tabela Periódica, Métodos de Separação e matéria com a Química presente no cotidiano deles. Cada pergunta possui um tempo e uma pontuação diferenciada pois, foi pensado de acordo com a dificuldade para resolução das perguntas e ,assim, possibilitando montar um ranque. Se durante o quiz o estudante errasse a pergunta, a alternativa correta aparecerá para ele. O feedback nesse desafio aconteceu a todo momento, pois os estudantes tinham acesso a professora e a pesquisadora para tirar dúvidas, falar curiosidades e reflexões sobre o tema. A Figura 1 mostra algumas perguntas do quiz. 53 Figura 1: Quiz da Química Fonte: Autor da pesquisa (2022) Para resolução das atividades do quiz e do Canva foram utilizadas 2 aulas corridas. Na primeira, começamos aplicando o quiz. Antes do começo da aula, a professora regente pegou os Chromebooks para utilizarmos e mandarmos o link da atividade no grupo de WhatsApp, para que pudessem acessar. Após esse momento, foi aplicado o quiz contendo perguntas relacionando conteúdos como Mistura, Métodos de Separação, Tabela Periódica entre outro, como o cotidiano e o habitat em que eles estão inseridos, num primeiro momento, perguntaram sobre o site Kahoot e demonstraram interesse. A figura 2 abaixo mostra o momento da aplicação do quiz. Figura 2: Aplicação do Quiz Fonte: Elaborada pela autora (2022) A foto mostra o momento da aplicação, em que todos os estudantes fizeram o desafio, até mesmo uma estudante que não estava na sala de aula. Durante a resolução eles 54 participaram ativamente, perguntando, competindo entre si, divertindo-se e fazendo ao mesmo tempo que houvesse interações, reflexões e associações com a Química Ambiental e a Sustentabilidade. Na aplicação, houve a todo momento interações com a professora regente e a pesquisadora, seja para tirar dúvidas, quanto para falar sobre o tema. ETAPA IV - DESAFIO UTILIZANDO O CANVA E O WHATSAPP Após a aplicação do quis, houve a apresentação do programa Canva, e os estudantes falaram que não conheciam o programa e suas utilidades. Nesse momento, foi explicado que o programa tinha uma parte gratuita e outra paga. E que utilizaríamos a parte gratuita, após isso foi demonstrado como utilizá-lo e ainda nesse momento foi salientado que o IFES possuía uma plataforma com cursos gratuitos e de pequena duração chamados moocs e que nessa plataforma existia um, em específico, que era curso mooc sobre a utilização educacional do Canva. Após a demonstração foi proposto que os estudantes escolhessem um tema e uma modalidade do Canva como post de Instagram, vídeo, história em quadrinhos, entre outros relacionando o cotidiano a algum conteúdo já visto. Nesse desafio eles teriam que dar a devolutiva no grupo do WhatsApp, pois começaríam a atividade em sala de aula e terminariam em casa. Porém, a parte da devolutiva não deu certo, somente o trio concluiu a parte EAD. Escolheram o tema reciclagem e falaram sobre a produção do sabão a partir do óleo reutilizável que a mãe de uma autora juntamente com ela fazia. A parte que a turma teria que fazer em EAD não houve aceitação e a maioria não mandou o feedback. A figura 3 mostra o momento das conversas e pesquisas sobre temas durante a aula. 55 Figura 3: Atividade do Canva Fonte: Elaborada pela autora (2022) Durante a parte presencial, as duplas e o trio explanaram vários temas relacionados com o cotidiano deles, como o problema com rejeito de minério da Samarco que impactou a comunidade deles. Porém, foi notório, com base nas falas deles, e nas da equipe pedagógica, que a parte online não daria certo naquele momento. Durante as aulas presenciais, participaram ativamente e fizeram várias considerações importantes porém, demonstraram pouco interesse em fazer desafios online e disseram que estavam cansados devido ao ano atípico com a pandemia de Covid-19 e havia muitos outros afazeres como trabalhar fora e filhos pós escola. Durante a aplicação do desafio, houve muita interação entre estudantes, com a docente e a pesquisadora. Os desafios começaram em sala de aula, mas terminaram em casa. A figura 4 mostra o post de Instagram que o trio fez e mandou como resolução do desafio 56 Figura 4: Resolução do Desafio Fonte: Elaborada pela autora (2022) A figura acima mostra que o trio escolheu fazer post de Instagram com o tema reciclagem, falando sobre a fabricação do sabão caseiro a partir da reciclagem do óleo usado, o tema partiu do cotidiano dos estudantes. Na aplicação, foi possível perceber que eles entenderam o que o desafio propunha, porém, a turma não tinha interesse em resolver a parte online. ETAPA V - APLICAÇÃO DO ALMANAQUE IMPRESSO A elaboração do produto educacional é uma exigência para conclusão do mestrado profissional educação de ciências e matemática (Educimat), tem como objetivo propor materiais há ser utilizados por profissionais da área e que possam trazer melhorias ao ensino. O produto educacional dessa pesquisa foi desenvolvido no formato de almanaque, que é um livro contendo vários jogos relacionando os conteúdos que aprendem na sala de aula com a Química presente no cotidiano. Para a aplicação, foram utilizadas duas aulas de 50 minutos. O almanaque possui cinco jogos diferentes e entre eles estão a cruzadinha, o caça palavras, o complete, o criptograma e a labirinto. Na figura 5 é possível ver partes dos jogos do almanaque. 57 Figura 5: Almanaque de Química Fonte: Elaborada pela autora (2022) A figura acima mostra alguns jogos que estão no almanaque impresso, ele foi aplicado na turma da EJA, porém como eles estavam em duplas e trio e a qualidade dos impressos não estavam muito boas, eles utilizaram, também, a revista online. Foi enviado o link da revista para grupo de WhatsApp que foi acessada pela internet. Todas as duplas e o trio demonstraram interesse na resolução, fizeram explanações interessantes ligando os conceitos com a realidade deles, como quando falaram que um amigo deles trabalhava em uma empresa, em Aracruz, na função de soldador e fazia a solda de ligas metálicas. Outra fala sobre ter noção da utilização do carboreto nas oficinas mecânicas, mas não terem noção de que era utilizado para diminuir o tempo de amadurecimento em bananas e outras frutas. Outro comentário foi sobre a reciclagem a partir da fabricação do sabão. A figura 6 mostra o almanaque sendo feito pelos estudantes e as resoluções de alguns jogos. 58 Figura 6: Aplicação do almanaque de Química Fonte: Elaborada pela autora (2022) Como a figura acima mostra durante a resolução do almanaque, os discentes participaram ativamente e com interesse, se não sabiam a resposta, procuravam auxílio da pesquisadora ou da professora regente. Para resolução dos desafios, tanto do almanaque quanto do quis, percebeu-se através de observações,falas e comportamentos que houve uma maior interação entre os discentes e com o docente, tal metodologia ajudou a aumentar o interesse pelo conteúdo e colaboração entre eles com finalidade para resolução. Para realização da pesquisa, foi pensado e planejado, a utilização de dois recursos didáticos: a Sala de Aula Invertida e a gamificação. Porém, nas atividades online da Sala de Aula Invertida, não obtivemos êxito. Nos desafios propostos nesta modalidade, somente uma dupla aderiu e realizou a atividade. Os estudantes comentaram sobre as preocupações com o excesso da carga de trabalho, com os filhos e cansaço, os quais foram acrescidos pela pandemia de Covid-19 e que, por isso, não teriam tempo para a realização dos desafios. Porém, em conversa com a equipe pedagógica, foi salientado que a turma não interagiu ou se adaptou durante os meses em que a escola funcionou em EAD. Outro fato abordado foi a realização do projeto no final do ano letivo, que torna-se notório 59 um menor interesse nas turmas, principalmente nos anos atípicos da pandemia de Covid-19, o que levou à falta de desempenho dos estudantes. 3.9 ESTRATÉGIA DE AVALIAÇÃO A intervenção pedagógica ocorreu em cinco etapas nas quais os estudantes tiveram livre acesso ao pesquisador através do WhatsApp para dúvidas, reflexões e interações. Durante esse processo, os feedbacks das atividades do pesquisador acontecerão juntamente com explanações, elogios e críticas dos discentes. Então, a avaliação ocorreu durante todo o processo da intervenção, e assim, através destes fatos, foi possível analisar os resultados, se houve contribuições da estratégia de gamificação na apropriação do conhecimento de Química ligada ao cotidiano dos estudantes. 60 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Durante todo processo de aplicação da estratégia foi feita coleta de dados e após isso feito a análise desses dados. Segundo Ludke e André (1986): Analisar os dados qualitativos significa “trabalhar” todo o material obtido durante a pesquisa, ou seja, os relatos das observações, as transcrições de entrevistas, as análises de documentos e as demais informações disponíveis (LUDKE; ANDRÉ, 1986, p.45) As análises também foram feitas segundo Ausubel e a teoria aprendizagem significativa. Segundo Agra (2019) cita a partir de sucessivas interações, um determinado subsunçor, progressivamente, adquire novos significados, torna-se mais rico, mais refinado, mais diferenciado e é capaz de servir de âncora para novas aprendizagens significativas. O ponto central da reflexão na Teoria de Ausubel é que, dentre todos os fatores que influenciam a aprendizagem, o mais importante é o que o aluno previamente sabe; aspecto considerado ponto de partida. (AGRA,2019,p.259) Nessa seção, apresentamos os resultados e as análises de dados que ocorreram durante e após o processo de aplicação. Eles serão descritos segundo os tópicos: 4.1 O contexto da pandemia, 4.2 a Gamificação, 4.3 Interação, 4.4 Motivação, 4.5 considerações da professora regente. 4.1 O CONTEXTO DA PANDEMIA A pandemia de Covid-19 exigiu uma série de mudanças na sociedade, na forma de se trabalhar, na educação e nesta pesquisa. As escolas estaduais disponibilizavam as atividades quinzenais por meio de APNPs (atividades pedagógicas não presenciais) de forma digital, muito embora, algumas escolas realizassem a entrega das APNPs impressas aos estudantes. Na escola de aplicação da pesquisa, grande parte dos estudantes da EJA realizavam a retirada das APNPs impressas na instituição. Alguns, por falta de acesso à internet e dificuldade com as tecnologias ou outros aspectos. As devolutivas das atividades não presenciais eram muito baixas, a turma não se adaptou ao sistema EAD e por conta desta característica, optou-se por realizar as atividades dessa pesquisa de forma presencial. 61 Outro fato, em que a pandemia afetou a escola na qual a pesquisa foi realizada foi que na volta a aulas para presencial uma boa parte da turma se evadiu da escola, seja por estarem trabalhando ou com outra dificuldade. Porém, os estudantes que estavam presentes na aplicação participaram dos desafios. E ainda podemos falar base na análise de dados e a teoria de Ausubel que a estratégia foi efetiva, pois, tornou o ensino de Química mais significativo para estudantes, o que demostra isso e que durante a estratégia todos quiseram participar e ainda começaram a fazer conexão do seu cotidiano com as teorias da disciplina. 4.2 GAMIFICAÇÃO A metodologia utilizada foi essencial para o funcionamento das atividades da pesquisa. A gamificação foi de fundamental importância para o envolvimento e colaboração dos discentes nas atividades propostas. Em avaliação posterior, foi apresentada como responsável pelo engajamento dos discentes. A atividade diferenciada apresentou-se como uma ótima ferramenta no ensino, uma vez que possibilitou de forma divertida, ligar o conteúdo de Química com o cotidiano. E como todos os estudantes fizeram as atividades gamificadas, podemos dizer, que esse recurso didático trouxe benefícios positivos para turma da modalidade da EJA. Podemos perceber que essa estratégia foi proveitosa, pois os estudantes após aplicações das atividades gamificadas conseguiram fazer, minimamente, algumas conexões dos conteúdos de Química com seu cotidiano, demonstrando que, para eles o ensino foi mais significativo. Portanto segundo Pelizzari e col (2002) Em termos de sala de aula, podemos dizer que a aprendizagem significativa só se concretiza, quando o conteúdo apresentado pelo professor consegue ancorar-se a um conceito relevante “subsunçor” que o aluno já tenha em sua estrutura cognitiva. Isto evidencia que o professor deve ficar atento ao conhecimento prévio de seus alunos, pois assim, à medida que outras informações lhes forem expostas, os alunos conseguirão assimilar e reestruturar seu conhecimento (Pelizzari e col.2002,p.40). Nos atentando a esses fatos, os discentes mostraram ao final da aplicação interesse pelo projeto, eles participaram ativamente e fizeram reflexões importantes com seu cotidiano, mostrando que, para eles o projeto foi significativo e dentro da sua 62 realidade. O que demostra que a teoria de aprendizagem utilizada como suporte foi acertada. 4.3 INTERAÇÃO A interação, por parte dos discentes presentes, foi bastante proveitosa. Vale ressaltar, que no período de aplicação da atividade proposta estávamos em pandemia do Covid- 19 e as escolas estaduais não estavam, mais realizando o revezamento dos estudantes das turmas mas, a frequência dos discentes ainda era muito baixa. Muito embora, a frequência fosse baixa, a participação dos discentes na atividade foi grande, os estudantes estavam dispostos a participar mesmo estando no final do ano letivo. A interação acontecia o tempo todo entre estudantes, com a professora e a pesquisadora. 4.4 MOTIVAÇÃO Motivação, o contexto da pandemia de Covid-19 esteve muito presente durante a realização do projeto. De modo geral, os estudantes não estavam muito motivados a realizar as atividades das disciplinas, como exposto, pela própria equipe pedagógica da instituição. Entretanto, os estudantes participantes apresentaram-se solícitos, participativos e empolgados com a atividade, sobretudo, por conta da gamificação metodologia utilizada no projeto. 4.5 CONSIDERAÇÕES DA PROFESSORA REGENTE Em conversa com a professora Regente, ela destacou a contribuição da gamificação nas atividades realizadas, segundo ela, a competitividade despertada entre as duplas ou trios de discentes foi ótima para gerar o engajamento entre os estudantes. Ela ainda salienta, que mesmo com poucos estudantes presentes, uma vez que já haviam obtidos a aprovação e estavam no final do ano letivo, os alunos participantes apresentaram-se solícitos e participativos nas atividades propostas. Ela aindafalou, que como a pandemia por Covid-19 afetou financeiramente muitas das famílias, quando voltaram as aulas para presencial, uma boa parte da turma se evadiu, porque na maioria das vezes, eles eram os únicos provedores das famílias ou tinham que ajudar no orçamento familiar. Nesse contexto, em que eles não estavam muito participativos e motivados a aplicação das atividades gamificadas, o projeto veio para 63 fazer a diferença, pois eles participaram ativamente durante toda pesquisa e fizeram reflexões importantes ligados às suas realidades e cotidianos. Isso demonstra que a gamificação tornou a aula mais atrativa e dinâmica. 4.6 ANÁLISE DO PRODUTO EDUCACIONAL O produto educacional foi resultado do projeto de pesquisa do mestrado. Foi aplicado aos estudantes do 2° ano da modalidade EJA. Ele foi feito para responder à questão norteava a pesquisa, que é se a gamificação ligada ao ensino híbrido pode potencializar a aprendizagem do ensino de química? Freire, Guerrine e Dutra50 (p. 102) definem produtos educacionais como “ferramentas pedagógicas, elaboradas pelos próprios profissionais em formação, que comportam conhecimentos organizados objetivando viabilizar a prática pedagógica”. Esses proporcionam não apenas os meios de uma formação docente engajada com a pesquisa científica, mas também ferramentas viabilizadoras do transporte da pesquisa para dentro da escola. (GONZAGA,2020,p.498) A partir da definição de produto educacional, e levando em conta que a pesar dele ser um material didático, ele faz com que crie momentos de conexões com cotidiano para tornar o ensino atrativo e significativo para estudantes da modalidade EJA. O produto educacional dessa pesquisa foi um almanaque Químico, que é uma revista contendo cinco jogos desplugados. Nesse contexto Miranda (2020,p.651) fala sobre jogos. Nesse aspecto, o desenvolvimento de jogos educativos voltados para o púbico adulto, pode possibilitar uma maior aproximação entre professor e alunos, necessária à discussão conceitual de uma série de conceitosquímicos/científicos em sala de aula, o que pode ter como consequência, aumento do interesse por este tipo de conteúdo. (MIRANDA,2020,p.651) Dentro desse contexto, o almanaque cumpriu seu papel já todos discentes participaram voluntariamente ativamente, se divertiram, mas também trouxe como ponto positivo a colaboração e engajamento entre os discentes e com docente Vale ressaltar ainda que durante a resolução do almanaque os estudantes fizeram associações do cotidiano envolvendo conceitos químicos e os temas propostos no almanaque. Isso comprova que almanaque atingiu o pressuposto da teoria que o norteava que era da aprendizagem significativa de Ausubel. Esses temas tornaram o processo de ensino e a aprendizagem de Química para eles significativa e atrativa. 64 O Almanaque Químico foi aplicado para 2° ano da modalidade EJA, porém o produto educacional pode ser aplicado em outros contextos e no ensino regular, é só professor adaptar à realidade dele e aplicar segundo a sua disposição. Ele pode ser utilizado em qualquer âmbito escolar mesmo não tenha acesso a internet. Pois o professor pode imprimir em casa ou mandar link para seus estudantes imprimirem e qualquer outro local. Vale ainda ressaltar que dentro das pesquisas realizadas nas plataformas não foram encontradas na literatura nem um trabalho com o material didático o almanaque Químico aplicado na EJA ou ensino regular seja destinado a professores ou discentes. Isso comprova que almanaque é um material novo e inovador. 65 5 CONCLUSÕES O presente trabalho foi aplicado em parceria com a professora regente na turma de 2⁰ ano do Ensino Médio, no segmento da EJA, do turno noturno, da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Ermentina Leal. A aplicação deste projeto teve com o objetivo investigar a influência da gamificação em uma abordagem de ensino híbrido para potencializar a aprendizagem do ensino de Química para estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA). As atividades da intervenção foram construídas sob as bases epistemológicas dos princípios da metodologia imersivas em diálogo com a Teoria da Aprendizagem Significativa. Desse modo, buscamos explorar o cotidiano dos discentes, trazendo para dentro da sala de aula suas vivências, além de proporcionar ao estudante o papel de protagonista no processo da aprendizagem. Outro fato vale salientar na pesquisa participante é valorizado o engajamento e a colaboração. Essa pesquisa teve como objetivo tentar potencializar essas características, pois consideramos para ter uma aprendizagem significativa os estudantes têm de ser sujeitos ativos na aprendizagem e tem de querer aprender. Dentre tantas opções e recursos didáticos dentro da metodologia imersiva, decidimos trabalhar com gamificação. As características dela em conjunto com a aprendizagem significativa com certeza levaram ao bom aproveitamento da pesquisa. Ao analisarmos os objetivos específicos, que foram cumpridos neste projeto, observamos que a intervenção pedagógica foi correta para estudantes do 2° ano do segmento da EJA, pois ajudou a tornar os estudantes mais colaborativos, engajados, reflexivos, críticos e sujeitos ativos na construção do seu próprio saber e ainda propiciou a aprendizagem significativa. Para construção da intervenção foi de extrema importância termos feito a observação em sala de aula, a entrevista com professora e diálogos com equipe pedagógica, com base no que foi falado, percebeu-se que a parte EAD da estratégia não seria adequada. E por isso, as atividades foram refeitas e aplicadas presencialmente. E na única experiencia que fizemos aplicando a atividade que possuía parte em EAD, a turma não se interessou e nem fez. 66 Tendo como base o que a BNCC fala sobre o dever da escola em promover a educação integral, esse projeto cumpre essa etapa, pois a base dele era a aprendizagem significativa e assim, podemos dizer que os estudantes fizeram a ligação da teoria com o seu cotidiano e a partir disso entenderam alguns contextos que os cercam e fizeram algumas reflexões interessantes, sendo críticos com o seu meio. Após essas informações, podemos dizer que a aprendizagem foi significativa para eles. Após a aplicação, com base no que foi observado e falado pelos discentes, pode-se dizer que a gamificação fez a diferença como estratégia no processo de ensino e aprendizagem dos conteúdos, pois, ela trouxe diversão, colaboração e sentido para o que estava sendo estudado. Segundo os estudantes, no momento da aplicação houve competição, que tornou o desafio mais divertido, por serem temas que estavam relacionados ao seu dia a dia e com isso trouxe uma vertente diferente do que eles compreendiam como Química. Os desafios gamificados trouxeram aos estudantes percepções da Química as quais não associavam, porém, tinham conhecimento de causa, tornando então, o conteúdo mais significativo e produtivo. Com base nas observações, também podemos salientar que o produto educacional desse projeto foi eficiente, pois todos os estudantes fizeram, refletiram e discutiram temas ali propostos. Além disso, o almanaque pode ser utilizado no futuro por outro professor adequando a realidade dele e tendo resultados positivos. Tendo em vista a participação ativa da turma, interação, diversão e colaboração dos estudantes nas realizações dos desafios gamificados, podemos dizer, que é possível aplicar esse tipo de pesquisa utilizando a gamificação nas aulas presenciais de turmas da EJA e potencializar a aprendizagem, além de tornar as aulas mais atraentes e significativas para estudantes. Pois a Química é mais que um conteúdo a ser gravado, para fazer a prova, ela está presente em tudo, seja no corpo humano, problemas ambientais ou no leite que bebemos.É necessária a utilização de recursos como gamificação para tornar a aprendizagem significativa, fazendo com que o estudante faça a ligação a partir do que sabe com os conteúdos e , assim, afim de tornar-se o agente ativo no seu próprio saber. Prova 67 disso, é que com a aplicação dos desafios gamificados na turma, os estudantes começaram a ligar os conteúdos com situações do seu cotidiano. Mas, para que a utilização de estratégias didáticas como a gamificação e a Sala de Aula Invertida sejam utilizadas na educação com mais frequência, faz-se necessário o investimento nas formações de professores com temas como esses, para que, possam aprender e transformar a sua prática diária auxiliando e potencializando a aprendizagem dos seus estudantes. 68 REFERÊNCIAS AGRA, Glenda et al. Análise do conceito de Aprendizagem Significativa à luz da Teoria de Ausubel. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 72, p. 248-255, 2019. BEHAR, Patrícia Alejandra. Modelos pedagógicos em educação a distância [recurso eletrônico] / (orgs.). – Dados eletrônicos. – Porto Alegre: Artmed, 2009. BIZOLATTI, Aline da silva; NETO, Joao Coelho. Sala de Aula Invertida: possíveis aproximações para o ensino da Matemática. 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Vila Velha – ES, ___ de ___________ de 20__ _______________________________________ Márcia Gonçalves de Oliveira Siape 74 APÊNDICE III AUTORIZAÇÃO PARA DISPONIBILIZAÇÃO DO TRABALHO Anexo III da Portaria REI nº. 1709, de 21 de outubro de 2021 Termo de Autorização para Disponibilização do Trabalho Final de Curso no Repositório Institucional do Ifes MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO ESPÍRITO SANTO REITORIA TERMO DE AUTORIZAÇÃO PARA DISPONIBILIZAÇÃO Na qualidade de titular dos direitos de autor da publicação, e em consonância com as disposições da Lei n° 9.610 de 19 de fevereiro de 1988 ou em outras que regulem ou vierem a regular a matéria, autorizo o Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) a disponibilizar, on-line, em seu Repositório Institucional (RI), sem ressarcimento dos direitos autorais, o Trabalho Final de Curso abaixo citado, para fins de leitura, impressão e/ou download, a título de divulgação da produção científica brasileira. 1. Material Bibliográfico Data da defesa: 26/07/2022 Título: GAMIFICAÇÃO COMO ESTRATÉGIA PARA POTENCIALIZAR A APRENDIZAGEM DE QUÍMICA EM ESTUDANTES DA EJA. Nome do curso ou programa de pós-graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS E MATEMÁTICA Campus do curso ou programa de pós-graduação: VILA VELHA Área do conhecimento (conforme tabela do CNPq): Natureza e/ou Formato do Trabalho Final de Curso: ( ) Tese ( ) Monografia de curso de especialização ( X ) Dissertação ( X ) Produto educacional ( ) Monografia de curso de graduação ( ) Outro (especifique): _______________________ 2. Agência de Fomento ( ) CAPES ( ) CNPq ( ) FAPES ( ) Outro (especifique): _____________________________ 3. Autor 75 Nome: ANGELA CRISTINA CAVAGLIERI DO NASCIMENTO CPF: 13205936744 E-mail: Cristina.anginha1@gmail.com Telefone: 27998471753 Endereço: Rua Carlos Drumond de Andrade,74, Cupido, Aracruz -ES Titulação: 4. Orientador Nome: MÁRCIA GONÇALVES DE OLIVEIRA Instituição: INSTITUTO FEDERAL DO ESPIRITO SANTO E-mail: clickmarcia@gmail.com 5. Informações de Disponibilização do Documento Nível de acesso ao documento: ( ) Acesso aberto1 ( ) Acesso embargado2 ( ) Acesso restrito3 Tempo de embargo e/ou restrição4: _________________________ Em caso de acesso embargado, especifique o motivo do embargo: Em caso de acesso restrito, especifique capítulo(s), restrito(s): Local: ____________________________________ Data: ____/____/______ ___________________________________ Assinatura do autor __________________________________ Assinatura do orientador 1 Acesso aberto: permite a disponibilização imediata do trabalho para acesso mundial. 2 Acesso embargado: o conteúdo integral do documento permanecerá indisponível enquanto vigorar o período de embargo. 3 Acesso restrito: disponibiliza apenas metadados, impossibilitando o acesso ao texto integral do documento. 4 O período máximo de embargo e/ou restrição da obra não deve exceder dois anos, a contar da data de depósito no Repositório Institucional. Para a renovação deste prazo, o autor deve manifestar-se junto ao Comitê Gestor do Repositório. Se não houver manifestação, o texto completo do documento será disponibilizado integralmente. 76 APÊNDICE IV ROTEIRO DE ENTREVISTA DOS PROFESSORES DAS ESCOLAS ESTADUAIS. ROTEIRO DE ENTREVISTA Olhar do Professor Projeto: GAMIFICAÇÃO COMO ESTRATÉGIA PARA POTENCIALIZAR A APRENDIZAGEM DE QUÍMICA EM ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO. Período de aplicação: Novembro/2021 - Validado previamente Projeto de Mestrado: Análise do potencial pedagógico da Primeira Feira de Ciências e Engenharia do Espírito Santo para o desenvolvimento de uma Educação CTSA nas escolas públicas estaduais. Pesquisadora: Angela Cristina Cavaglieri do Nascimento Orientador: Prof. Dra. Márcia Gonçalves de oliveira Objetivo: Levantar as percepções da professora sobre ensino de Química inorgânica para turma da segunda etapa da EJA. E após isso, fazer um complemento com as observações em sala de aula para que fosse possível fazer um planejamento mais realista para aplicação do projeto. Importante: Os dados fornecidos, são dedicados à pesquisa. Nenhum dado pessoal será divulgado. A identidade do professor será codificada e mantida em sigilo. Pergunta 1. Qual o seu nome completo e sua formação acadêmica? Você tem alguma outra formação? Pergunta 2. Há quanto tempo você atua como docente? E desde quando você leciona em turmas de EJA? Pergunta 3. Normalmente os discentes das turmas de EJA tem que idade? Eles normalmente trabalham? Pergunta 4. Você a partir da sua vivência em sala de aula consegue caracterizar o perfil dos seus estudantes dessa modalidade? Pergunta 5. Nós sabemos que com a pandemia por covid - 19 mudou muito a rotina da escola pública e afetou bastante o ensino e aprendizagem dos discentes. Você acha que este fato afetou o desempenho dos estudantes da EJA? Houve muitas evasões? Qual sua opinião sobre este fato. Pergunta 6. Você dá aulade química inorgânica para EJA? Quais recursos didáticos que normalmente utiliza? 77 Pergunta 7. Nesse momento quais são as principais dificuldades para lecionar química inorgânica para a EJA? Pergunta 8. Você acha que com conteúdos aplicados, eles conseguem ao final compreender e fazer contextualização com cotidiano? Se não, o que você poderia mudar nesse contexto? Pergunta 9. Na sua visão hoje qual a maior dificuldade na aprendizagem de química inorgânica na visão do discente. Pergunta 10. Os discentes durante o semestre costumam ser ativos em sala de aulas? Eles normalmente entregam as atividades para casa? 78 ANEXO A – QUIZ DA QUÍMICA ATIVIDADE PRESENCIAL 79 80 81 ANEXO B – PRODUTO EDUCACIONAL ATIVIDADE PRESENCIAL bf13846d6397a3d71572cc458bc4dc74b7d88a37f85e7eb79afb939a288e3c74.pdf bf13846d6397a3d71572cc458bc4dc74b7d88a37f85e7eb79afb939a288e3c74.pdf bf13846d6397a3d71572cc458bc4dc74b7d88a37f85e7eb79afb939a288e3c74.pdf