Educação e Cidadania: Desafios e Transformações

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL VIRTUAL
Isadora Cappuccelli RGM: 38605180
Prática de Ensino em Ciências Nos Anos Finais do Ensino Fundamental
Atividade Avaliativa II
Campinas
2024
Com a vigência da Constituição Federal de 1988, do Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA) e da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a educação se
tornou um direito universal, sem restrição de cor, classe social, religião, características
físicas ou sexuais. Segundo essas leis, a escola visa formar um indivíduo que exerce a
cidadania e está preparado para trabalhar. Porém, segundo Paulo Freire, a escola deve
também ser um local de transformação, não só de conhecimento, mas também para tornar
a sociedade mais humana, melhorar a realidade e incentivar que cada indivíduo seja sujeito
de sua história. [1]. Para isso, é necessário que a escola e seus docentes façam mais do
que apenas transmitir conhecimento acadêmico.
Devido ao direito universal a educação, o ambiente escolar se faz plural. Nesse
aspecto, Canivez [2] diz:
A escola, de fato, institui a cidadania. É ela o lugar onde as crianças deixam de
pertencer exclusivamente à família para integrarem-se numa comunidade mais
ampla em que os indivíduos estão reunidos não por vínculos de parentesco ou
de afinidade, mas pela obrigação de viver em comum. A escola institui, em outras
palavras, a coabitação de seres diferentes sob a autoridade de uma mesma regra.
A escola é um ambiente que permite ao indivíduo interagir pessoas com diferentes
pensamentos e características, sob as mesmas regras. Com a instituição crescente do
ensino integral, a escola também se torna o local onde o indivíduo passa a maior parte
de seu dia. É através da interação com o “diferente” que se pode aprender a respeitar a
diferença. [3]
Ao incentivar a diferença e a troca positiva de ideias, a escola tem as ferramentas
para reduzir ou eliminar preconceitos culturais, étnicos, religiosos e sexuais ali presentes, e
expandir esse pensamento para a sociedade na qual se insere. Para isso, o trabalho deve
ser realizado por toda a comunidade escolar, que deve ser preparada previamente, para
que o ambiente na totalidade incentive o respeito e inclusão.
Entretanto, entende-se que muitas vezes ocorrem demandas que advém do ambiente
extraescolar, trazidas indiretamente para o ambiente escolar. Por isso, é fundamental a
atuação de um assistente social na educação, cujo trabalho, dentre outros aspectos, visa
elaborar, coordenar, implementar, executar e avaliar políticas sociais com participação
da sociedade civil. [4] Ou seja, é papel do assistente social capacitado, atuar frente às
demandas da escola, mediando conflitos e buscando alternativas cabíveis.
É importante salientar, contudo, que as medidas acima citadas só funcionam em
um ambiente propício, sem corrupção. A corrupção na educação é uma séria ameaça
1
aos objetivos da Educação para Todos, pois a longo prazo aumenta as desigualdades
sociais e incentiva a “cultura da corrupção“. Portanto, visando reduzir práticas de corrupção,
vários países criaram códigos de conduta para o setor de educação. Embora, verifique-se
que a autorregulação é o método mais eficaz de contenção da corrupção. Sendo assim, a
criação de “códigos de honra” objetivando fortalecer comportamentos éticos juntamente com
ações que impeçam situações de fraude, tornam-se opções viáveis que permite redução da
corrupção em ambiente escolar. [5]
Assim, trazendo o acima discutido para o trabalho a ser realizado por Pedro na
comunidade da escola Construindo o Saber em Imaginópolis, se faz necessário que esse
não haja não sozinho, mas em conjunto com toda a comunidade escolar com o apoio de
um assistente social.
Para iniciar, Pedro pode verificar que uma assistente social atue com os profissionais
da educação presentes na escola para encontrar formas de trabalhar as demandas sociais.
Quando a corrupção de servidores públicos se faz presente, o primeiro passo deve ser
resolver isso, para que com a escola funcionando como deve, possam ser tomadas medi-
das para auxiliar a sociedade na totalidade. Assim, tomando como base a orientação da
UNESCO, Pedro pode iniciar um movimento para que a escola em conjunto tome medidas
a fim de evitar processos corruptivos e valorize ações éticas.
Com esse primeiro desafio resolvido, agora é necessário auxiliar que os indivíduos
dessa comunidade se entendam como pertencentes ao mesmo local e se respeitem. Isso
pode ser feito, por exemplo, através de oficinas e palestras para discussão do que é o
preconceito, as diferenças e o porquê essa incomoda aqueles indivíduos, motivando-os a
serem preconceituosos.
Pedro também pode levar para discussão com os colegas o Guia Prático para
Educadores para resolução de conflitos lançado em 2014 pelo Conselho Nacional do
Ministério Público. Esse guia pode ser discutido em uma reunião de pais e mestres, para
levar as ideias para o ambiente familiar, diminuindo também conflitos fora da escola. [6]
Também se faz importante, o incentivo de Pedro e colegas para construir um diálogo com as
famílias, mostrando a importância da escola como um ambiente restaurador e construtivo.
Aliado a isso, a construção da relação de escola e família, o assistente social pode
trabalhar para prevenir o trabalho infantil, relembrando a família da importância escolar
como citado acima. Para combater casos já existentes de trabalho infantil, pode-se fazê-lo
por meio das medidas legais, tais como ações Conselho Tutelar.
2
Com relação ao uso de drogas, pode-se verificar a possibilidade do programa
Proerd [7] atuar na escola, ou mesmo palestras de instituições que auxiliem viciados em
drogas. Isso visa mostrar ao indivíduo a importância de manter-se limpo ou de buscar ajuda
caso já tenha contato com drogas.
Visando a solução de problemas ambientais, a depender da extensão do mesmo,
a formação de Pedro, permite que esse instaure um projeto de reciclagem, ecoponto ou
algo similar. Isso pode ocorrer após uma palestra com toda a escola sobre a importância de
manter o ambiente limpo e seguro. Nessa palestra, Pedro pode incluir exemplos de doenças
como a dengue se proliferam em ambientes em que não se tem descarte adequado. Em
interdisciplinaridade com a disciplina de Química, é possível trazer exemplos de como a
educação ambiental e acadêmica andam juntas, ao citar o acidente ocorrido em Goiânia
em 1987. [8]
Esse tipo de discussão abre caminho para a importância da ciência e como essa
se faz presente no dia a dia, bem como ajuda a salvar vidas. Assim, Pedro pode sugerir a
direção e coordenação escolar de contatar a universidade estadual ou federal mais próxima,
para realizar um projeto para desmistificar fake news na ciência, mostrando como a mesma
pode ser útil em pandemias, tais como a da COVID em 2020.
Em uma situação tal como a de Pedro, a mudança é lenta e árdua, porém, ao recrutar
cada dia mais adeptos a mudanças sociais promovidas pelo ambiente escolar, é possível a
longo prazo reestruturar a sociedade ao redor da escola.
3
REFERÊNCIAS
1 MOACIR GADOTTI. PAULO FREIRE: Uma biobibliografia. São Paulo: Cortez Editora,
1996. ISBN 85-249-0610-3. Disponível em: https://acervoapi:paulofreire:org/server/api/core/
bitstreams/010c2d36-b5ef-446b-8234-c4b4b806d0e5/content. Acesso em: 25/05/2024.
2 CANIVEZ, Patrice. Educar o cidadão? Campinas: Editora Papirus, 1991.
3 SILVA, Luis Gustavo Moreira da; FERREIRA, Tarcísio José. O papel da escola e suas
demandas sociais. Projeção e Docência, v. 5, n. 2, p. 6 – 23, Dezembro 2014. ISSN
2178-6275. Disponível em: https://revista:projecao:br/index:php/Projecao3/article/view/415.
4 BRASIL. Lei Nº 8.662, de 7 de junho de 1993. Dispõe sobre a profissão de Assistente
Social e dá outras providências, Diário Oficial da União, Brasília - DF, 1993.
5 UNESCO et al. Escolas corruptas, universidades corruptas: o que fazer? Resumo execu-
tivo. In: Seminário Internacional Ética e Responsabilidade na Educação: Compromisso
e resultados. [s.n.],2008. Debates XI. Disponível em: https://unesdoc:unesco:org/ark:
/48223/pf0000161895. Acesso em: 30/05/2024.
6 CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO. DIÁLOGOS E MEDIA-
ÇÃO DE CONFLITOS NAS ESCOLAS: Guia Prático para Educadores. Brasília -
DF, 2014. Disponível em: https://www:cnmp:mp:br/portal/images/stories/Comissoes/
CSCCEAP/Di%C3%A1logos_e_Media%C3%A7%C3%A3o_de_Conflitos_nas_Escolas_-
_Guia_Pr%C3%A1tico_para_Educadores:pdf.
7 SCARINGI, Sara. Programa mostra a estudantes como ficar longe das drogas. Dis-
ponível em: http://portal:mec:gov:br/component/tags/tag/34829. Acesso em: 30/05/2024.
8 GOVERNO DO ESTADO DE GOIÁS. Césio 137 Goiânia. Disponível em: https://
goias:gov:br/saude/cesio-137-goiania/. Acesso em: 30/05/2024.
4
https://acervoapi.paulofreire.org/server/api/core/bitstreams/010c2d36-b5ef-446b-8234-c4b4b806d0e5/content
https://acervoapi.paulofreire.org/server/api/core/bitstreams/010c2d36-b5ef-446b-8234-c4b4b806d0e5/content
https://revista.projecao.br/index.php/Projecao3/article/view/415
https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000161895
https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000161895
https://www.cnmp.mp.br/portal/images/stories/Comissoes/CSCCEAP/Di%C3%A1logos_e_Media%C3%A7%C3%A3o_de_Conflitos_nas_Escolas_-_Guia_Pr%C3%A1tico_para_Educadores.pdf
https://www.cnmp.mp.br/portal/images/stories/Comissoes/CSCCEAP/Di%C3%A1logos_e_Media%C3%A7%C3%A3o_de_Conflitos_nas_Escolas_-_Guia_Pr%C3%A1tico_para_Educadores.pdf
https://www.cnmp.mp.br/portal/images/stories/Comissoes/CSCCEAP/Di%C3%A1logos_e_Media%C3%A7%C3%A3o_de_Conflitos_nas_Escolas_-_Guia_Pr%C3%A1tico_para_Educadores.pdf
http://portal.mec.gov.br/component/tags/tag/34829
https://goias.gov.br/saude/cesio-137-goiania/
https://goias.gov.br/saude/cesio-137-goiania/
	Referências