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PREFÁCIO A maximização da produtividade vegetal de fonna sustentável (do ponto de vista social, ambiental e econômico) depende da interação entre genótipo e ambiente, sendo o efeito da intervenção realizada pelo Homem dependente da compreensão da complexa relação entre os diferentes processos fisiológicos (respiração, fotossíntese, partição de fotoassimilados e eficiência de conversão de carboidrato nos diferentes componentes da matéria, principalmente) que ocorrem na planta. As plantas podem possuir cerca de mais de um trilhão de células, que por sua vez possuem diferentes organelas (cloroplastos e mitocôndrias, p.e.), moléculas (clorofilas, aminoácidos, hormônios, proteínas, água e dióxido de carbono, p.e.), cátions (potássio e cálcio, p.e.) e ânions (nitrato, nitrito, fosfato e hidroxila, p.e.). Nos últimos anos, os efeitos fisiológicos e o uso de reguladores vegetais têm despertado interesse no setor agrícola, em função da melhor otimização, por um determinado genótipo num dado ambiente, dos recursos naturais (água: fonte de oxigênio e hidrogênio; dióxido de carbono: fonte de carbono e oxigênio; e energia: radiação solar, especialmente, a radiação fotossinteticamente ativa), uma vez que cerca de 96% da matéria seca de uma planta (em geral) são compostos por carbono (C) (cerca de 45%), oxigênio (O) (cerca de 45%) e hidrogênio (H) ( cerca de 6% ). Esses efeitos fisiológicos possibiJitam aumentar não só a eficiência da utilização de C, O e H, bem como dos demais nutrientes maximizando, consequentemente, a qualidade (do produto final) e a produtividade, viabi lizando a exploração agrfcola de forma sustentável, devido ao aumento da( o): (i) fotossíntese líquida, (ii) assimilação de nitrogênio (maior atividade da enzima nitrato redutase), (iii) teor de clorofila (efeito verde), (iv) conteúdo endógeno dos honnônios promotores: citocininas (representadas pela zeatina e isopentini ladenina, livres ou conjugadas com ribosfdeo), giberelinas (GA3) e auxinas, (v) atividade de enzimas antioxidantes (superóxido dismutase - SOO, catalase - CAT e peroxidase - POD, principalmente), (vi) produção de matéria seca total (raiz, caule, folha e órgão reprodutivo), (vii) lndice e duração da área foliar e (viii) densidade (massa por unidade de volume) da semente botânica (grão ou 8 • FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS semente, do ponto de vista fitotécnico) e número de vagens por planta (nos casos de soja e de feijão, p.e.); e à diminuição da (i) produção de etileno (minimiza a senescência), (ii) atividade da enzima PPO (polifenoloxidase), (iii) queda de folhas e abortamento de flores e frutos, (iv) incidência de patógenos na semente e das (v) espécies reativas de oxigênio (02- e H202, principalmente) que danificam a membrana celular e o DNA (ácido desoxirribonucleico), além de (i) apresentar tendência de melhoria da qualidade fisiológica da semente (germinação), bem como no teor de óleo do grão de soja, (ii) minimizar o estresse ambiental, (iii) promover o estabelecimento do Sistema de Resistência Adquirida (SAR) a vírus e a bactérias e (iv) não reduzir a duração do ciclo da cultura. Na área da fisiologia vegetal, vários foram os profissionais que contribuíram para a fonnação do conhecimento atual, com suas descobertas iniciadas por Jean Baptista van Helmont (1580-1644), com a implantação do primeiro experimento na área de fisiologia vegetal (primeiro a propor que as plantas precisam de água para crescer) até Melvin Calvin (1911-1997), prêmio Nobel de química (1961) responsável pela identificação do papel do carbono na fotossíntese Guntamente com Andrew Benson, James Alan Basshan e outros colaboradores). Dentre esses inúmeros pesquisadores, destacaram-se nos séculos XVII e XVm: Antonie Philips van Leeuwenhoek (1632-1723), considerado o pai da microbiologia; Marcelo Malpighi (1628-1694), precursor da embriologia e histologia; Francesco Redi (1626-1698), autor da teoria da biogênese; Robert Hook (1635-1703), primeiro a empregar a palavra célula para designar os diminutos compartimentos que fonnam os seres vivos; Stephen Hales ( 1677- 1761 ), primeiro a propor que as plantas precisam de ar para crescer; Charles Bonnet ( 1720-1793 ), primeiro a observar formação de bolhas de ar em folhas iluminadas e submersas em água; Jan lngen-Housz ( 1730-1799), primeiro a demonstrar que a luz é um elemento essencial para a respiração e a identificar o consumo de oxigênio e a produção de dióxido de carbono pelas plantas quando no escuro (importante passo para a descoberta da fotoss(ntese); Carl Wilhelm Scheele ( 1742-1786) identificou o oxigênio e sua importância às plantas; e Antoine Laurent Lavoisier ( 1743-1794) formulou o princípio de conservação de massa e descobriu a função do oxigênio na respiração e nas reações químicas. Nos séculos XVIII e XlX, Joseph Priestley ( 1733-1804) descobriu que as plantas purificam o ar; Jean Sénebier (1742-1809) observou a absorção de CO2 e DJ simultaneamente pelas plantas; Jan Evangelista Purkinje ( 1787-1869) utilizou pela primeira vez o termo protoplasma; Nicolas-Théodore de Saussure ( 1767-1845) afirmou que os vegetais incorporam água nos seus tecidos (importante passo para a descoberta da nutrição vegetal); Pierre Joseph Pelletier ( 1788-1842) e Joseph Bienairné Caventou ( 1795-1877) nomearam os pigmentos verdes em plantas como clorofila; Jean Baptiste Boussingault ( 1802-1887) PREFAC/0•9 determinou a relação entre 0 2 e C02 durante a fotossfntese (fundador da Química agrícola e da Agronomia experimental); Hugo von Mohl ( 1805-1872) descobriu os cloroplastos em células de plantas; Matthias Schleiden ( 1804-1881) afirmou pela primeira vez que todos os tecidos das plantas apresentam organização celular; Theodor Schwann ( 181 O- t 882) propôs a teoria celular (atualmente considerado pai da citologia); Julius Robert von Mayer ( 1814-1878) afirmou que as. plantas convertem energia solar em energia qulmica propondo a lei de conservação de energia; e Gregor Mendel (1822-1884) estabeleceu as bases da genética clássica. Nos séculos XIX e XX, também merecem destaque: Rudolf Virchow (1821-1902), Louis Pasteur (1822-1895) e Eduard Adolf Strasburger (1844- 1912), os quais estabeleceram os princfpios da teoria celular; Julius von Sachs (1832-1897), que definiu a função da clorofila (descobriu que os cloro plastos contêm clorofila); Camilo Golgi ( 1844-1926), primeiro a observar (corando as células com nitrato de prata) e a descrever os dictiossomas; Climent Arkad' evitch Timiryazev (1843-1920) estabeleceu o máximo de absorção da clorofila na faixa do vennelho; Jacques Louis Soret ( 1827-1890) que descobriu a absorção intensa das porfirinas e seus derivados na faixa do azul; Richard Altmann (l 852-1900), primeiro a postular que a mitocôndria possui autonomia metabólica e genética; Hans Molisch (1856-1937) identificou diferentes tipos de clorofilas e de pigmentos acessórios que constituem as substâncias responsáveis pela captação e conversão de energia; Charles Reid Barnes (1858-191 O) propôs, em 1893, o termo "Photosynthesis',; Mikhael Semenovicb Tswett ( 1872-1919) inventou a técnica cromatográfica; Konstantin Sergejewitsch Mereschkowski ( 1855-192 l) mostrou que cloroplasto sintetiza proteína e propôs a teoria da simbiose; Rfohard Willstlltter ( 1872-1942), prêmio Nobel de Química ( 1915) pelas pesquisas com pigmentos de plantas, especialmente clorofila; Otto Heinrich Warburg (1883-1970), prêmio Nobel ( 1931) pela descoberta da natureza e modo de ação da enzima respiratória e Hans Fischer ( 1881-1945), prêmio Nobel ( 1940) por desvendar a estrutura da clorofila. Nos séculos XX e XXI, Robert Emerson (1903-1959) desenvolveu o conceito de unidade fotossintética; Robert Bums Woodward (1917-1979) sintetizou molécula de clorofila e outros produtos naturais (prêmio Nobel em Química, em 196S); André Pirson ( 1910-2004) descobriu ser o Mn essencial ao processo fotossintético; Peter Mitchell(1920-1992) descobriu a síntese de A TP em células vegetais, além de ter estabelecido a teoria quimiosmótica (prêmio Nobel em Química, em 1978); Paul Boyer (1918) e John Emest Walker (1941) elucidaram a estrutura Fl da ATPase mitocondrial e mecanismo de síntese do ATP (prêmio Nobel em Química. em 1997), e James Dewey Watson (1928), Francis Crick (1916-2004) e Maurice Hugh Frederick Wilkins (1916-2004) 10 • RSIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS propuseram o modelo de dupla hélice para a estrutura da molécula de DNA (prêmio Nobel em 1962). Além dos já citados, centenas de pesquisadores têm contribuído para a compreensão e a evolução do conhecimento científico na área de fisiologia vegetal e áreas correlatas, em diferentes épocas e locais, tais como: A. Jagendorf, A. Portis, B. Commoner, B. Anderson, B. Kok, B. Velthuys, C. Amtzen, C. Wraigh4 D. Amon, D. Krogmann, D. Walker, E. Uribe, F. R. Whatley, F. Bendall, G . Dõring, H. Hatch, H. E. Akerlund, H. Witt, H. Gest, H. Kortschak, J. T. Bahr, J. Allen, J. Bennett, J. H. Golbeck, K. C. Parrett, K. Satoh, K. Teinback, L. N. M. Duysens, L. Blinks, L. Bogorad, L. Mclntosh, M. Sugiura, M. Kamen, M. B. Allen, M. Thomas, M. Salvucci, M. Avron, N. G. Tolmach, N. Nelson, O. Nanba, P. Karrer, P. A. Albertsson, R. K. Skow, R. Govindjee, R. J. Jensen, R. K~ R. Brown, R. Hill, R. Marcus, S . Achoa, S. Ruben, S. Wildman, S. Pietro, T. Mehari, T. Engelmann, V. M. K. Young, W. Ogren, W. Vishniac, e W. Junge, entre outros. Destacam-se, aind~ os pioneiros na descoberta das auxinas (primeiro hormônio vegetal): (i) Charles Darwin ( 1809-1882) ( em 188 J, o cientista inglês e seu filho Francis foram os primeiros a mencionar a existência do hormônio vegetal - auxina - no processo de ·detecção de luz pelo coleóptilo de plântulas), (ii) Peter Boysen-Jensen (1883-1959) (em 1913, o cientista dinamarquês demonstrou a mobilidade da auxina - sinal - nas plantas) e (üi) Frits Wannolt Went ( 1903-1990) ( em J 928, o biólogo holandês demonstrou a existência de auxina nas plantas), bem como outros cientistas que realizaram importantes descobertas e trabalhos básicos com hormônios vegetais: (i) Kenneth Vivian Thimann (1904-1997) (isolou e determinou a estrutura química do ácido indolilacético - IAA), (ii) Folke Karl Skoog ( 1908-2001) (fisiologista vegetal, pioneiro no campo de reguladores vegetais, particularmente citocininas), (iii) Kenichi Sawada ( em 1912, em Taiwan, foi o primeiro a propor que a resposta da planta foi devido a wn composto produzido por fungo), (iv) Eiichi Kurosawa (cientist.a japonês, que trabalhou com Sawa~ e que descobriu, em 1926, a giberelina), (v) Teijiro Yabuta (1888-1977) (detenninou, em 1955, a estrutura química do ácido giberélico - GA3), (vi) Dimitry Neljubow (em 1901, descobriu o etileno), (vii) Sarah Doubt ( em 1917, descobriu que o etileno estimula a abscisão), (viii) Shang Fa Yang (em 1979, descobriu o ácido amino ciclopropano-1-carboxilico - ACC, viabilizando a compreensão do processo de regulação da síntese de etileno) e (ix) Frederick Addicott (em 1963, descobriu o ácido abscfsico, enquanto estudava compostos responsáveis pela abscisào de frutos de algodão - descoberta concomitante com P.F. Wareing e R.F.M. van Steveninck), entre outros. O uso racional e a descoberta de reguladores vegetais certamente propiciarão o estabelecimento de novos valores, novos desafios e novas oportunidades no setor agrfcola.. A fisiologia vegetal continuará sendo a PREFACIO· 11 principal ferramenta de desenvolvimento da Ciência e da Tecnologia pelos profissionais que atuam na área básica, bem como norteará as ações de manejo pelos profissionais que trabalham mais diretamente no campo, além de propiciar o melhor entendimento dos diferentes processos fisiológicos e suas complexas inter-relações. OS AUTORES Piracicaba-SP, IS de maio de 2015. SUMÁRIO Agradecimentos ..................................................................................................... 5 Prefácio ................................................................................................................. 7 LISTA DE FIGURAS ........................................................................................ 23 LISTA DE TABELAS ....................................................................................... 33 LISTA DE ABREVIATURAS .......................................................................... 35 PARTE I - CONCEITUAÇÃO BÁSICA ........................................................ .41 Capítulo 1: REGULADOR VEGETAL ............................................................ 43 J .1 - Honn.ôn.io vegcml ......................•.................•.......................•.....•............... 4 3 1.2 - Reguladores vegeta.is ...................................................................................... 45 1.3 • Modo de ação do hormônio vegetal. ......................................................... .45 1.4 - Crescimento e desenvolvimento vegetal.. ................................................. .48 l .S - Metabolismo secundário ................................................................................ 49 1.5.1 - Terpenos ....................................... ............................................................ 50 1.S.1.1 - Biossíntese de terpenos ........................................................................ 51 1.5.1.2 - Funções dos terpen.os ....................................................................................... 52 1.S.l - Compostos fenólicos ........................................................................................ 53 1.5.2.1- Biossíntese dos compostos fenólicos ................................................... 53 1.5.3 - Compostos nitrogeriados ................................................. .................................... SS 1.6 - Modo de ação e efeitos fisiológicos: conceitos .......................................... 55 t. 7 - Uso de reguladores vegetais em agricultura ............................................... 56 PARTE D-HORMÔNIOS PROMOTORES DE DESENVOLVIMENTO .... S9 Capftulo 2: AUXINAS ............ .......................... ................................... , ................................... 61 2.1 - Tipos de aux.in.as ................................................................................................. 62 2.2 Distribuição das auxinas nas plantas ............................................................ 62 2.3 - T ra.nsporte ................................................................................................................ 62 2.4 • S ln te-se ............................................................................................................. 64 2.5 Inativaçlo .......................................................................................................... 64 2.6 - Modo de ação ................................................................................................. 67 14 • RSIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS 2 7 Efi . ti · ló · 71 - ............................ . • e1tos 1s10 g1cos ..................................................... .. 2.7.1 - Alongainento celular ............................................................................... 71 2.7.2 - Divisão celular .......................................................................................... 73 2. 7.3 - Tropismos ............................................................. .................................. 73 2.7.3.1 - Gravitropismo (teoria estatólito-amido) ............................................... 73 2. 7.3.2 - Gravitropismo: modelo da tensogridade .............................................. 73 2.7.3.3 - Redistribuição lateral das auxinas na coifa .......................................... 74 2.7.3.4 - Como as raízes de Arabidopsis sp. diferenciam o hidrotropismo do gravitr·opismo? .....................................................................................80 2.7.3.5 - Fototropismo ........................................................................................ 80 2.7.4 - Atividade cambial em plantas lenhosas .................................................. 81 2. 7.S - Dominância apical ............................. ............................... ...... ........................... 81 2. 7 .6 - Expressão do sexo da flor ....................................................................... 83 2. 7. 7 - Crescin'lento do Ô"llto ...••.•..••..•••.•..•..•.......•..••••....•...•..•.•..•..••.•..••••.••......... 83 2.7.8 - Partenoca.rpia ............................................................................ ... ........................... 84 2. 7.9 - Efeito herbicida ....................................................................................... 84 2.7.10 - Iniciação de raízes em estacas e fonnação de raízes Iaterais ................. 89 2.7.11 - Diferenciação de raízes ......................................................................... 89 2.8 - Relação entre auxina e luz ......................................................................... 91 2.9 - Substâncias antiauxinas ............................................................................. 93 2.1 O - Utilização comercial .............................................. ~•······· ......................... 93 Cap(tulo 3: GIBERELfNAS .............................................................................. 95 3.1 - Hormônios endógenos ............................................................................... 9 5 3.2 - Síntese .......................................................................................................... 96 3.3 - Tran.sporte .................................................................................................... 99 3.4 - Controle da biosslntese de giberelina ......................................................... 99 3.4. l - F eedback ........................ ·••i . . . ............ ................ ................................... ..... 99 3.4.2 - Fotoperiodo ........................................................................................... 100 3.4.3 - Temperatura .......................................................................................... 1 O 1 3.4.4 - Auxina .......................................... • •···································· ................... 102 3.S - Inativaçã.o .................................................................................................. 102 SUMARJ0-15 3.6 - Modo de ação ............... , ........................................................................... 102 3.6.1 - Genninação de sementes de cereais ...................................................... 103 3. 7 - Efeitos fisiológicos ., ..............•..•...... , .. ,. ••................................................•• 104 3. 7. J - Alongamento celular ............................................................................. 104 3. 7.2 - Divisão celular ....................................................................................... 104 3. 7.3 - Floração ..............................................•................................................. 104 3. 7.4 - Crescimento de plantas anãs ................................................................. 106 3. 7 .S - Expressã.o sexual .........................•.......•...••................•...............•........... 1 06 3. 7.6 - Partenoca.rpia ........•.....................•......••......•...................................•...... 106 3. 7. 7 - Senesc-ência ...................................................................•....................... l 06 3. 7.8 - Superação de donnência de gemas ....................................................... 107 3. 7.9 - Modifica.ção da juvenilidade ttU•tt••······••tt••••u••····· ................................. 107 3. 7. 1 O - Estabelecimento e crescimento de frutos ............................................ 107 3.7.11 - Controle da relação fonte-dreno .......................................................... 108 3.8 - Aplicação comercial de giberelinas ......................................................... 109 3.8.1 - Produção de :fi1.Jtos .......................................•........................................ 109 3.8.2 - Maltagem da cevada ............................................................................. 11 O 3.8.3 - Produção de can.a-de-açúcar .................................................................. 11 O 3.8.4 - Uso de inibidores da síntese de giberelina ............................................ 11 O Capitulo 4: CITOCININAS ............................................................................... 111 4.1 - Hom1ônios endógenos ...................•......................................................... 112 4.l - Reguladores sintéticos ...................•.......................................................... 113 4.3 • Distribuição e transporte nas plantas ........................................................ 114 4.4 - Sínte-se ........................................................................................................ 114 4.5 - .Inativaç.ão ......................................................................................... .......... 114 4.6 - Modo de ação .........................................•.......................•.......................... 116 4.6.1 - Regulação da síntese proteica pelas citocininas .................................... 116 4.6.2 - Citocininas regulam a concentração de Ca2• no citosol ........................ 117 4.6.3 - Divisão celular ...................................................................................... 117 4. 7 - Efeitos flsiológ icos .................................................................................... 118 4. 7. t - Diferenciação celular ............................................................................ 118 18 - FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS 4. 7.2 - Expansão celular em cotilédones e folhas de dicotiledóneas ................ 119 4.7.3 - Desenvolvimento de cloroplasto e síntese de clorofila ......................... 119 4.7.4 - Retardo na senescência .......................................................................... 119 4.7.5 -Aumento da capacidade dos tecidos como drenos fisiológicos ............. 120 4. 7.6 - Dom.inâ.ncia a picai •............................................................................... 121 4. 7. 7 - Genn.inação de sementes .............................................•......................... 122 4.7.8 - Enraizamento de folha ........................................................................... 122 4. 7 .9 - Ação da citocinina no processo de infecção .......................................... 122 4.7.10- Efeito das citocininas na imunidade de plantas ................................... 122 4.7.11 - Efeitos das citocininas na adaptação de plantas ao estresse ................ 125 4.8 - Interação de citocininas com nutrientes ................................................... 128 4.9 - Aplicação comercial de citocininas .......................................................... 128 PARTE m - HORMÔNIOS INIBIDORES DE DESENVOLVIMENTO ..... J 29 Capitulo 5: ETILEN0 ........................................................................................................................ 13 I 5.1 - Estrl.ltura. ••••••.• ••••••••••• •••••.•••••••••••••.•••••.••••.••••.••••••••••. ••••••••••••• •••••••••••••••••••• 13 1 5.2 - Histórico ..•............................................................................................... 131 5.3 - Regu.ladores sintéticos ............................................................................. 132 5.4 .. Sfn.tese ........................................................................................................................................132 5.5 - Fatores que afetam a síntese de etileno .................................................... 132 5 .S.1 - Tem. peratura • . . . . . . . . . . • . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 2 5.5.l - Concentração de C02 e 02 .................................................................... 134 5.5.3 - Lum.inosidade ........................................................................................ 134 5.5.4 - A.lag·amento e seca ..........•.....•.......•....•...............•........•......................... 134 5.5.5 - Ferimentos mecân.icos ............................................................................... 134 S.5.6 - Subst.âncias químicas .................................................................................. 135 5.5. 7 - Outros honnônios vegetais ...................................................................... 13 5 5.6 - Tra.ns"porte .................................................................................................. 135 5.7 - Inativação ................................................................................................... 13S S.8 - Mecan.ismo de ação .................................................................................. 136 S.9. Efeitos fisiológicos ..................................................................................... 137 SUMARI0-17 S.9.1 - Genninação de sementes ....................................................................... 137 S.9.2 - Nodulaç.ão .............................................................................................. 138 S.9.3 - Florescimento ........................................................................................ 139 S.9.4 - Polinização ............................................................................................. 139 5.9.S - Maturação de frutos .............................................................................. 139 5.9.6 - Abscisão e senescência foliar ................................................................ 14 l 5.9. 7 - Fom1ação do aerênquima ...................................................................... 142 S.9.8 - Tríplice resposta .................................................................................... 143 5.9.9 - Ação do etileno na reorientação do padrão de divisão e divisão celular .................................................................................................... 144 S.9.1 O - Epinastia foliar .................................................................................... 145 5.9.11 - Gancho plumular fonnado durante a genninação e emergência da plântula ............................................................................................. 146 5.9.12 - Formação de raizes adventícias e pelos absorventes ........................... 147 5.9.13 - Estiolamento em plantas alagadas ....................................................... 147 5.9.14 - Defesa contra patógenos ..................................................................... 147 S.9.15 - O papel do etileno no controle da fotossmtese .................................... 149 5.10 -Auxina e etileno: rotas de antagonismo e sinergismo ............................ 150 5.11 - Inibidores de etileno ............................................................................... 152 S.11 .1 - Inibidores de síntese ............................................................................ 152 S.11.2 - Inibidores da atividade ........................................................................ 152 S.11.3 - Absorvedores do etileno ........................................................ u•·········· 153 5.12 - Aplicação comercial do etileno .............................................................. 153 Capitulo 6: ÁCIDO ABSCÍSICO ................................................................... 155 6.1 - Honnônios endógenos ............................................................... ·-···· .. · .... l55 6.2 - Reguladores sintéticos ............................................................................. 156 6.3 • Distribuição nas plantas ........................................................................... 156 6.4 - Síntese ....................................... , ...•.......................................................... 156 6.5 - Transporte de ácido abscísico .................................................................. 160 6.6 - Catabolismo ............................................................................................. 162 6.7 - Modo de ação ........................................................................................... 163 18- FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS 6.8 - Efeitos fisiológicos .................................................................................. J 64 6.8.1 - Desenvolvimento de sementes .............................................................. 164 6.8.2 - Genninação de sementes ....................................................................... 165 6.8.3 · Senescência e abscisão ..... ................ u,,, ................ ........ .. ,, ••.•... .. .....•....... 166 6.8.4 - Dormência de gemas ............................................................................. 166 6.8.S - Fechamento estomático ......................................................................... 166 6.8.6 - Absorção de água e fons ........................................................................ l 67 6.8. 7 - Relação entre crescimento da parte aérea e raiz .................................... 168 6.9 - Utilização comercial do ABA .................................................................. 169 PARTE IV - HORMÔNIOS RELACIONADOS Á DEFESA DE PLANTAS ............................................................................ 171 Capítulo 7: JASMONATOS ........................................................................... 173 7 .1 - Honnônios endógenos e reguladores sintéticos ....................................... l 74 7.2 - Distribuição .............................................................................................. 174 7.3 - Síntese ...................................................................................................... 174 7.4 - Inarivação ................................................................................................. 176 7.S - Transporte ................................................................................................ 176 7.6 - Modo de ação ........................................................................................... 176 7.7 - Efeitos fisiológicos .................................................................................. 177 7.7.1 - Inibição de crescimento ........................................................................ 177 7.7.2 - Senescência ........................................................................................... 178 7.7.3 - Defesa da planta contra a herbivoria ..................................................... 178 7.7.4 - Ação do ácido jasmônico como indutor de controle biológico ............. 179 7.7.5- Movimento nos vegetais ....................................................................... 180 7. 7.6 - Genn.inação ........................................................................................... 180 7. 7. 7 - Fotossfntese ........................................................................................... 180 7.7.8 - Desenvolvimento de frutos ................................................................... 180 7. 7.9 - Dreno vegetativo e proteínas de annazenamento .................................. 181 7. 7. J O - Interação com o ácido abscf sico .......................................................... t81 SUMARI0-19 7. 7.11 - Efeito do ácido jasmônico nplicado exogenarnente na produção de gavinhas .......................................................................... 18 l Capítulo 8: SALICILA TOS ............................................................................ 183 8.1 - Hormônios e reguladores vegetais ........................................................... 183 8.2 - Biossíntese ............................................................................................... 183 8.3 - Catabolismo ............................................................................................. 185 8.3.1 - Glicosilação ......... .......................................... ........................... ............ 185 8.3.2 - Metilação .............................................................................................. 185 8.3.3 - Conjugação com aminoácidos .............................................................. 187 8.3.4 - Sulfonação ............................................................................................ 187 8.4 - Modo de ação ..................................... ....................................................... 189 8.5 - Efeitos fisiológicos .................................................................................. 190 8.S.1 - Floração ................................................................................................ 190 8.S.2 - Indutor natural de termogênese em Sauronalum gullatum ................... 190 8.5.3 - Resistência a doenças ............................................................................ 190 8.5.4 • Outros efeitos ........................................................................................ 191 8.6 - Interação com outros hormônios vegetais na indução da morte c,e)ular programada ................................................................................... 192 PARTE V- OUTRAS CLASSES DE HORMÔNIOS VEGETAIS ............... 193 Capitulo 9: BRASSINOSTEROIDES ............................................................. 195 9. l - Estrutura .................................................................................................... 196 9.2 - Condições para atividade dos brasinosteroides ........................................ 196 9.3 - Biossintese ............................................................................................... 196 9.4 • lnativação .................................................................................................. 197 9.S - Modo de ação ........................................................................................... 197 9.6 - Efeitos fisiológicos .................................................................................. 198 9.6.1 -AlongBI11ento celular ............................................................................. 198 9.6.2 - Promoção da biossíntese de etileno e epinastia ..................................... 198 9.6.3 - Crescimento e desenvolvimento das ra(zes ........................................... 198 20 • FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS 9 6 4 - Controle de 1·nsetos ............................................. 198 . . ................................... . 9.6.S - Síntese de ácidos nucleicos e proteínas ................................................. 199 9.6.6 - Indutor de resistência a fatores bióticos ................................................ 199 9.6. 7 - Resistência a fatores abióticos .............................................................. 200 Cap(tulo 10: POLIAMINAS ........................................................................... 201 1 O. 1 - Introdução .............................................................................................. 201 10.2 - Biossíntese de poliaminas (PA) ............................................................. 202 10.3 - Catabolismo das PA ............................................................................... 204 10.4 - Transporte de PA ................................................................................... 205 1 0.S - Efeitos fisiológicos ................................................................................. 205 10.5.1 - Divisão celular e diferenciação celular ............................................... 205 10.5.2 - Estrutura e função das membranas ...................................................... 206 10.5.3 - Interação com ácidos nucleicos ........................................................... 206 10.S.4 - Controle da estrutura e síntese de proteínas e atividade enzimática ... 206 10.5.S - Tampão do pH celular ......................................................................... 207 10.5.6 - Fisiologia de flores .............................................................................. 207 10.5. 7 - Embriogênese ...................................................................................... 207 10.5.8 - Senescência ......................................................................................... 207 10.5.9 - Fisiologia de frutos ............................................................................. 208 10.S.10 - Germinação de sementes ................................................................... 208 10.5.11 - Respostas da planta aos estresses abióticos e bióticos ...................... 208 10.6 - Regulação da ação de poliaminas na planta ........................................... 214 10.6. l - Luz ...................................................................................................... 214 10.6.2 - Estresse fisico e químico ..................................................................... 2 J 4 10.6.3 - Chilling ...................................•........................................................... 2 J 4 10.6.4 - Calor e seca ......................................................................................... 214 J 0.6.S - Estresse biológico ............................................................................... 215 10.6.6 - Auxin.as •................. · ·· ·· ······ ·· ··· · ··· ···· · · ·· ·· ............................................... 21 S 10.6. 7 - G iberel inas .......................................................................................... 215 10.6.8 - Citocinin.as .......................................................................................... 215 10.6.9 -Etileno.......................................................................... 215 ...... ·········· ...... . SUMAR/0•21 1 O. 7 - Interação das poliaminas com outros honnônios vegetais ..................... 215 10.8 - Conclusão ............................................................................................... 216 Capitulo 11: FITOSSEROTONINAS ............................................................. 217 Capitulo 12: ESTRIGOLACTONAS .............................................................. 219 12.1 - Descoberta e ação em plantas hemiparasitas .......................................... 219 12.2 - Arquitetura da parte aérea ...................................................................... 221 12.3 - Regulação no crescimento radicular ...................................................... 222 12.4 - Utili7llçilo no controle da Striga asiatlca ............................................... 222 12.5 - Tolerância a estresse nutricional: fósforo e nitrogênio .......................... 223 PARTE VI - METABOLISMO SECUNDÁRIO ............................................ 225 Capitulo 13: COMPOSTOS FENÓLICOS ..................................................... 227 13.1 - Ácidos fenólicos ...................................................................................... 228 13.1.1 - Efeitos fisiológicos .............................................................................. 228 13.2 - Flavonoides ............................................................................................230 13.2.1 - Efeitos fisiológicos .............................................................................. 232 13.3 - Cumarinas .............................................................................................. 233 13.4 - Fenólicos complexos .............................................................................. 234 PARTE VIl - SfNALIZADORES HORMONAIS ......................................... 237 Capítulo 14: ÁCIDO FÓLJCO ........................................................................ 239 14.l - Biossíntese de ácido fólico em plantas ................................................... 240 14.2 - Uso de ácido fólico em plantas .............................................................. 240 Capftulo 15: ÓXIDO NÍTRICO ...................................................................... 243 15. t • Sinali:zação ao ataque de patógenos ....................................................... 244 15.2 - Fechaniento estomático .......................................................................... 244 15.3 - Gernlinação de sementes ......................................................................... 245 22 · FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS 15.4 - Crescimento de ra{zes ............................................................................ 245 1S.5 - Senescência de plantas ........................................................................... 246 PARTE VIII - INTERAÇÃO ENTRE HORMÔNIOS E ABSORÇÃO DE NUTRIENTES ................................................................... 249 Capitulo 16: HORMÔNIOS E NUTRlENTES ............................................... 25 l 16.1 - Sinalização em plantas ........................................................................... 25 l 16.1.1 - Citocininas .......................................................................................... 251 16.1.1.1 - Regulação da biossíntese de citocinina pelo nitrogênio ................... 252 16.1.1.2 - Controle da absorção de nitrogênio pelas citocininas ...................... 252 16.1.1.3 - Papel das citocininas na arquitetura radicular em resposta ao nitrogênio ..................................................................................... 253 16.1.2 - Auxinas ............................................................................................... 253 16.2 - Papel dos honnônios e nutrientes na arquitetura radicular ..................... 255 16.3 - Interação entre hormônios e nutrientes .................................................. 256 16.4 - Variação honnonal ao longo do dia ....................................................... 257 16.5 - Inibidores de florescimento em plantas de dias curtos ........................... 258 16.5. 1 - Influência de regu.Jadores vegetais na cana-de-açúcar ........................ 258 16.S.2 - Florescimento: esquema fisiológico resumido .................................... 259 16.S.3 - Controle do florescimento: uso de reguladores vegetais ..................... 260 REFERÊNCIAS ............................................................................................... 267 LISTA DE FIGURAS CAPfTULO 1 FIGURA 1.1. Dcscriçao do experimento realizado por Frit.s Wnrmolt Went. em 1928, para identificar como os auxinas promovem o crescimento direcionado à luz: "pequenos blocos de gelatina contendo reguladores de crescimenlo foram colocados no lado direito de tocas de coleóptilos de aveia. A curvatura negativa resultante foi fotografada depois de 3 horas" . .......................................... 44 FIGURA 1.2. Amplificação do sinal hormonal que ativa respostas celulares ................. 44 FIGURA 1.3. Modo de ação dos hormônios (H) esteroides em plantas (R: receptores) ................................................................................................................ 4 6 FIGURA 1.4. Vias de sinalização de hormônios vegetais não esteroides, em que: H (hormônio), R (receptor), FLC (fosfolipase e), DAG (diacilg)icerol), IP1 (inositol trifosfato), PI (fosfatil inositol) e PKC (proteína quinase C) ...................... 4 7 FIGURA 1.5. Esquema resumido do metabolismo primário e secundário nas plantas . ..................................................................................................................... 49 FIGURA 1.6. Estrutura de isopreno (5C) dos terpcnos ................................................... 50 FIGURA 1.7. Biossíntese de terpenos pelas vias do ácido mevalônico e do metileritritol fosfato (MEP) do metabolismo secundário vegetal. ............................ 51 FJGURA 1.8. Estrutura básica de um composto fenólico ............................................... 53 FIGURA 1.9. Biossíntese dos compostos fen6licos a pnnir das vias do ácido chiquímico e do ácido maJônico. (EPSPS: enzima 5-enolpiruvil-3- fosfochiquimato sintase. PAL: enzima fenilalanina amônialiase. CS: enzima chaJcona sintase). •aminoácidos aromáticos ............................................................ 54 CAPfTUL02 FIGURA 2.1. Distância entre uma pequena carga positiva no anel aromático e um grupo cnrboxila negativamente carregado, utilizando como exemplo o ácido indol-3-acético (lAA), ácido fenilacético, ácido naftalcnoacético (NAA) e ácido 2.4-diclorofcnoxiacético (2,4-D) .................................................................... 6 t FIGURA 2.2. Transporte polar das auxinas produzidas nos ápices caulinares: o IAA entra na célula na fonna prolonada (IAAH•) como transportador ativo; a parede celular é mflntida em pH ácido devido à atividade da A TPose; o forma iônica (lAA') predomina no citosol (pH neutro); a saída de IAA· ocorre via 24 • FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS transportadores especlficos, que se encontram nn bnse dns células. (P.C.: parede celular. M.P.: membrnnn plasrm\lica) ............................................. ............... 63 FIGURA 2.3. Fonnaçdo do ácido indolilocético (IAA) pelas vins dependentes de triptof ano ................................ ......................................................... ......................... 65 FIGURA 2.4. Fonnaçl1o do ácido indolilncético (IAA) pclns dos vins nno dependentes de triptofano .......................................................... ... ............................ 65 FIGURA 2.5. Vias de biossíntese, conjugnçdo, transporte, compnrtimcntnliznçlio (vacúolo) e biodcgradaçllo do ácido indolilocético (IAA) ........................................ 66 FIGURA l.6. Via de conjugaçfto do ácido indolilocético (IAA) . ................................... 66 FIGURA 2.7. Mecanismo de açllo das auxinns pela rota do receptor ABPI (auxin binding protein 1). Ligação da nuxina (Ax) oo ABPI promove a ligação à proteína integral de membrana que é responsável pela trnnsmissao do sinal auxinico pelos mensageiros secundârios (CA2♦• calmodulina e proteinn-G). O ex.ato papel do CA2 • na sinalização auxfnica é pouco conhecida; esse CA2+ pode ligar-se à calmodulina e o complexo CA2•-calmodulina promove a ativação de enzimas como as proteínas quinases (PKC). A protdna-G pode promover a ativação de fosfolipase C (PLC) e a síntese de enzimas quinases dependentes de ciclinas (CDK.s) que silo importantes na divisão celular. A ativação da PLC promove a produção de inositol trifosfato (IPJ) e DAG (diacilglicerol). O IPJ promove a abertura de cunnis nas membranas, liberando CA 2• do vacúolo para o citosol e este aumento promove a ligação com a calmodulina O DAG promove a ativação de PKC . ................................................. 69 FIGURA 2.8. Mecanismo de ação das auxinas pelo rota do receptor TIRI (transpor/ inhibition response l ). Ligação da auxina (Ax) ao complexo TIRl/protefna AUX/IAA promove a ligação SCfTIR1 e esse receptor .. combinatório" promove o ubiquitinação da proteína AUX/IAA que será degradada no proteassomo, permitindo a formação dos fatores de transcrição à respostada atLxina (ARF) ........... 70 FIGURA 2.9. Mecanismo de ativação da ATPase por intennédio das auxinas no meio interno da membrana celulnr. (M.P.: membrana plasmática. IAA: ácido indolilacético. ABPS1: receptor auxinico) ................................................................. 72 FIGURA 2.10. Mecanismo de percepção da gravidade via cstatólitos ........................... 74 FIGURA 2.1 J. Modelo fisiológico de percepção da gravidade em funçllo do lAA e do cálcio: (a) raiz se desenvolvendo na dircçâo vcnical e (b) raiz se desenvolvendo na dircçao horizontal estimulada pela ação da auxina e dos cstatólitos . ........................................... ..................................................................... 75 FIGURA 2.12. A estrutura da raiz e dos estatócitos. (a) Plântula de três dias de idade estimuladas pela gravidade devido oo seu posicionamento horizontal durante um dia de escuro. Tonto as rafzes como o hipocótilo mostraram resposta graviotrópica. (b) PUlntulas de três dias de idade com dessecação do sistema radicular (6pice radicular (AR); zona de alongamento distal (ZAD), zona de alongamento central (ZAC). zona de dlfercnciaçao visfvcl (ZDV)). (e) LISTA DE FIGURAS • 25 Estrutura da raiz. Uma das três plântulns foram cornda.o; com uma solução de iodeto de potássio. Os amiloplnstos tornaram-se visíveis nas células da columela da coifa. (d) A estrutura esquemótica da célula da columela, que mostra o núcleo {N), vacúolo (V), os amiloplastos (A} e o retículo endoplasmático (RE). Adaptado de Morita e Tnsaka (2004) .................................... 76 FIGURA 2.13. Estrutura do cstatócito cm Arabidopsls sp. (a) haste com inflorescência com cinco semanas foi estimulada pelo gmvitropismo. Após 30 minutos de estimulo gravitrópico fornm realizadas imagens a cada 10 minutos em um total de 100 minutos: (b) estrutura esquemática de tecido do caule. A posição de uma única camada da endodennc é indicada no coloração rosa, (c) corte longitudinal da haste. A amostra foi corada com nzul de toluidina e observado em microscópio. A epidenne (EPI), córtex (CO) e endodcrme (EN) são visíveis. Na endodenne, os amiloplastos estão sedimentndas no sentido da gravidade e (d) estrutura esquemática da célula endodérmica, mostrando o vacúolo (V) e os amiloplastos (A) (MORIT A, 20 IO) •.••••..••..•..•••.•..•...••••...••••.•..•••..• 77 FIGURA 2.14. Representação esquemática do hidrotropismo de raízes versus gravitropismo cm plãntulas de Arabidopsis sp. A seta indica o gradiente de umidade no Indo (a), sendo que no lado (b) não há gradiente de umidade. As setas localizadas dentro das raízes indicam a direção do transporte de au.xina. A largura destas setas está correlacionada aos níveis de au.xina transportada. Seta com tracejado duplo indica aumento na concentração de Ca2 • quelatiz.ado e pH na célula da columela (EAPEN et ai., 2005) ............................................................ 79 FIGURA 2.15. Modelo fisiológico que explica o, mecanismo de fototropismo em plantas baseado na ação das auxinas. Fosforilação e desfosforilação da proteína riboflavina de acordo com a disponibilidade de luz azul.. ........................................ 81 FIGURA 2.16. Dominância apical. Adaptado de Evers et ai. (2011) ............•................. 82 FIGURA 2.17. Respostas diferenciais de crescimento de órgãos distintos às variações nas concentrações de auxinas ............................................................... .... 82 FIGURA 2.18. Modelo fisiológico de interação entre a auxina e citocinina na fonnaçâo de ramificações laterais. Legenda: (n) meristemn apicnl intacto. (b) meristema apical decapitado, e (e) brotaçdo da gema axilar. Adaptado de Shimizusato et al. (2009). (CKX: citocinina oxidase. PIN: pln sliaped injlorescences. IPT: isopentcniltransferase) . ............................................................ 84 FIGURA 1.19. Mecanismo de ação de herbicidas auxínicos em dicotiledóneas. Em que: TIRJ/AFB (receptor de AUX/IAA); AUX/IAA (repressor transcricional de proteínas) proteínas; ARF (fatores de resposta a auxinas); ACC (ácido orninociclopropano carboxflico): ACS (ACC-sintasc); NCED (9-ci.r epoxicarotcnóide dioxigenase; ABP 1 (proteína ligante cm auxina 1 ); ABA (ácido abscísico); ROS (es~ies reativas de oxigênio) (DA YAN; DUKE; GROSSMANN, 20 l O) ............................................................................................. 87 26 • FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS FIGURA 2.20. Via de biosslntese do etileno induzido por herbicidas auxlnicos. Legenda: SAM: s-adenosilmctioninn. ACC: ácido ominociclopropano carboxílico e HCN: ácido cinnldrico (DA YAN ct ai., 2010) .................................... 88 FIGURA 2.21. Vln de slntesc do ABA n pnrtir de herbicidas auxlnicos e IAA (GROSSMANN, 2007) . .................... .......................................................... ............. 88 FIGURA 2.22. Processo de inotivoçâo do 2.4-D por hidroxilaçâo . .......... ...................... 89 FIGURA 2.23. Fonnoção de ralzcs laterais em milho: sccçno transversal de um primórdio de raízes lnternis cm desenvolvimento (barril de escalo: 50 µm). Máxima resposta da nuxinn associadn no flocmo determinando o posicionamento radial de raízes laterais cm milho (JANSEN et oi., 2012) .............. 90 FIGURA 2.24. Iniciação de raízes cm estocas caulinarcs e formação de ralzes laterais ...................................................................................................................... 91 FIGURA 2.25. Feedback do âcido indolilocético {IAA) e das citocininas nas plantas (PELEVOI, 2001 ) ........................................................................................ 91 FIGURA 2.26. Esquema básico dos controles regulntórios em plantas (PELEVOI. 2001 ) ...................... - ............................ .................................................................... 92 FIGURA 2.27. Esquema simplificado do potencial de crescimento da planta (PELEVOI, 2001) ................................ .................................................................... 93 CAPfTULOJ FIGURA 3.1. Estiolamento em plantas de milho ocasionado pela infecçao com Gibberella fujila,roi .................................................................................................. 96 FIGURA 3.2. Fases da biosslntese das giberelinas em 3 compartimentos diferentes dentro da célula. ....................................................................................................... 97 FIGURA 3.3. Feedback positivo da nutorregulaçao dn slntese de giberelinas ............. ) 00 FIGURA 3.4. Alongamento do caule ocasionado pela GA1 produzido em dias longos(ZEEVAARTetal., 1993) .......................................................................... I0I FIGURA 3.5. Relação entre germinnçno de sementes de cercais e ácido gibcrélico (GA). Adaptado de He e Yang et aJ. (2013) .......................................................... 103 FIGURA 3.6. Ciclo de divisão celular e abundância rclntivn de diferentes ciclinas. As ciclinas a e b são mitóticas e d e e sllo ciclinas du fase G,. Células dividindo gasta maior tempo cm G I e G0 cm rclnçilo às fases S e M . ................................... 105 FIGURA 3.7. Biosslntcse de OA1 nas plantas a partir de GA12-nldeldo. Em condições de dias longos GA10 ~ convenidn cm GA20 que se converte cm GA1, induzindo o florescimento c:m plantas de dias longos (PDL) ....... ......................... 105 FIGURA 3.8. Hormônios vegetais envolvidos no crescimento de frutos de tomateiro ............................................................................................................... 108 USTA DE FIGURAS· 27 FIGURA 3.9. Carrcgnmcnto e dcscnrrcgamcnto apoplástico do flocma mediado pdo modulação do atividade do invcrtosc cxtrocclulnr. A sacnrose é carregada para dentro <lo floemo através do cotmnsportc comprótons e descarregamento apopló.stico pelo açlio do invcrtnse extrocelular degradando a sacarose em hcxoses. As hcxoscs silo transportodns através de transportadores (IQBAL et ai.. 2011) (TP: transportador. SPS: sacarose fosfato sintase. Comp cell: célula companheira. +SPS: efeito fotossintético positivo. -: efeito fotossintético negativo) . .............................................................................................................. 109 CAPITULO 4 FIGURA 4.1. Estruturo da adcninn, considerado precursora dos citocininas ................ 111 FIGURA 4.2. Principais citocininas sintéticas (BAP e cinctina) ou de ocorrência natural (iP e zcatina) em plantas ............................................................................ 113 FIGURA 4.3. Modelo da síntese de citocininas em plantas (KAKIMOTO, 2001) ...... 115 FIGURA 4.4. Modelo de sinalização das citocininas. (CK: citocinina CRE I e CKI 1: receptores da citocinina 1-1: histidina. G: glutamato) .................................. 117 FIGURA 4.5. Modelo hormonal do ciclo celular induzido pelas auxinas e citocininas ............................................................................................................. 118 FIGURA 4.6. Atraso na senescência de folhas intactas e separadas da SAG (gene associado a senescência): plantas de tabaco transformadas-kn J. (a) Porção inferior de uma planta controle aos 5 meses. (b) Porção inferior de uma planta com o gene SAG: KN l aos 5 meses. O aumento da ativação da isopentenil transferase é realizado pelo gene Knottedl {K.Nl ), que ao se associar com SAG 12 atrasa a scncscência foliar que é acompanhada pelo aumento do teor de citocinina na folha (ORI et ai., 1999) .................................................................... 120 FIGURA 4.7. Interação entre a auxina (IAA) e citocinina (CK) na regulação do desenvolvimento das gemas laterais (IPT: isopcntenil transferase. CKX: citocinina oxidase) ................................................................................................ 121 FIGURA 4.8. Efeito das citocininns no processo de infecção pelo rizóbio (FRUGlER et ai., 2008) ........................................................................................ 123 FIGURA 4.9. Modulação da planta de Arabidopsis thaliana à ação da bactéria Rhodococcus fascians através da sinalização via citocinina. onde é possível observar in1c:rações entre fatores de transcrição (ARR e AHP) com genes de defesa (TGA1) e de patogcnecidade (CYCD1) (CHOI et al., 2011 ) ....................... 124 FIGURA 4.IO. Papel das citocininas e do ácido salicflico (SA) na imunidade de plantas a vírus (CHOI et al., 2011 ) ........................................................................ 126 FIGURA 4.11. Possíveis mecanismos de oçoo dos citocininas que induzem a tolerância de Arabidopsis sp. Ao estresse. Adaptado de Sukbong ct al. (2012). AHP: Arabidopsis lúslldine phosphotransferase. ARR: Arabidopsis respome regulators. AHR: Arabidopsi.s histidine Ainase ..................................................... 127 28 • FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS CAPITULO 5 FIGURA 5.1. Ciclo de Yang: rota biosslntética do etileno (BRADf-ORD. 2008). •····· 133 FIGURA 5.2. Mecanismo de nçno do etileno (WANG: LI; ECKER, 2002) ................ 137 FIGURA 5.3. Modelo de germinnçAo de sementes de tabaco (METZGER, 2003): (a) dia 1: genninaçno (estádio i - semente intacta). (b) dia 2: germinação (estádio ii - mptura da casca. Endospermn intacto). (e) dia 3: germinnçilo (estádio iii - ruptura da casca e do endospermn) e (d) dia 6: controle e tmtamcnto com ABA. ................ 138 FIGURA 5.4. Curva da respiração cm frutos climatéricos e ntlo climatéricos ............. 140 FIGURA 5.5. Abscisilo foliar controlada pelo balanço entre auxinas e etileno cm planta de tomate (MCCUE et ai., 2009) ................................................................ 142 FIGURA 5.6. Progressão da scncscêncin foliar cm Arabidopsls lha//ana (KOYAMA et ai •• 2013) . ...................................................................................... 143 FIGURA S. 7. Reorientação dos microtúbulos em função da ação do etileno .............. 144 FIGURA 5.8. Diagrama de uma planta de tomate estilizado antes (painel esquerdo) e depois (à direita do painel) do estresse por alagamento. Setas ascendentes indicam movimento acrópeto de ACC do local de slntese nas raízes para as folhas, onde ocorre a conversão de etileno, na presença de oxigênio resultando na epinastia (ANISH; 8 URNS, 2007) ................................................................... 145 FIGURA S.9. Processo de formação do gancho plumular em dicotiledôneas. 146 FIGURA 5.10. Etileno e estratégias da planta de arroz à tolerância ao cncharcamento (VOESENEK; BAILEY-SERRES, 2009ab) . ............................... 148 FIGURA S.11. Auxina e etileno alteram o crescimento e desenvolvimento de raízes. Cinco dias após as plântulas de Arabidopsis sp. Serem transferidas para locais contendo I µM 1AA ou ACC. Adaptado de Sharp e Lenoble (2002) .................... l 50 FIGURA 5.12. Modelo de ação das auxinas e do etileno no processo de desenvolvimento radicular. Adaptado de Muday et ai. (2012) .............................. l 51 FIGURA 5.13. Metabolismo do ethephon liberando etileno em pH superior a 3.5 . .... 153 CAPITUL06 FIGURA 6.1. Estrutura ativa e inativa do ABA ........................................................... 156 FIGURA 6.2. Rota de síntese do ácido obscfsico pela via direta. ................................ 157 FIGURA 6.3. Rota de síntese do ácido abscfsico pela via indireta. ............................. ) 58 FIGURA 6.4. Vias de transporte do ácido absclsico (ABA) no sistema radicular de plantas (SA UTER ct ai., 2001 ) .............................................................................. 16 l FIGURA 6.S. Transporte de ácido abscfsico (ABA) entre us células do caule e do xilcmo (SAUTER ct ai., 2001 ) ....................................... ....................................... 162 USTA DE FIGURAS• 29 FIGURA 6.6. Rotas de inativação do ABA (ácido obscfsico) ...................................... 163 FIGURA 6.7. Mecanismo de fechamento estomático promovido pelo ABA . ............. 167 FIGURA 6.8. Efeito do ABA e do etileno no crescimento da parte érea e raiz: (a) com deficit hf d rico (maior elongoçilo radicular e inibição do crescimento da parte aérea) e (b) sem deficit hídrico (crescimento normal da parte a~). Adaptado de Sharp e Lenoblc (2002) .................................................................... 168 CAPfTUL07 FIGURA 7.1. Estruturas dos estereoisômeros de ácido jasmõnico. Adaptado de Sembdner e Porthier ( 1993 ) .................................................................................... 173 FIGURA 7.2. Estrutura química dos jasmonatos ......................................................... 174 FIGURA 7.3. Processo de biossfntese do ácido jasmõnico e metil-jasmonato no cloroplasto ............................................................................................................. 175 FIGURA 7.4. Processo de sinalização via ácido josmônico induzido por insetos, ferimentos, herbívoros e patógenos. Em que: oligouronídeos não são transportados pelo floema, sistemina são transportados pelo flocma. Adaptado de Creelman e Mullet ( 1997) ....................................................................... ·-······· 177 FIGURA 7.5. Inibição do crescimento radicular pela adição de 100 µm de metil jasmonato em pl~tas de Arab/dopsis sp. selviigens (Col MS) e do tipo nao sensfvel ao metil jasmonato (Col• 16 MS) (WASTERNACK, 2007) .................... 178 FIGURA 7.6. Efeito de ferimentos na produção e transporte de ácido jasmônico em plantas. ........... .. ......... ..................... ............... ......................... ............... ....... ......... 1 79 CAPfTUL08FIGURA 8.1. Salicilatos endógenos e sintéticos . ........................................................ 183 FIGURA 8.2. Rota biossintética do ácido salicllico (SA). Adaptado de Meuwly et ai. ( 1995) ............................................................................................................... 184 FIGURA 8.3. Biossíntese de ácido snlicllico •em plantas pelas vias do isocorismato (IC) e da fenilalanina amoninliase (PAL). (ICS: isocorismato sinia,e. IPL: isocorismato piruvato liase. CM: corisrnato mutase. 4CL: 4.cumarato-CoA ligase. MO: nlde(do oxi~e; BZL: benzoit-CoA ligasc. BA2H: ácido benzoico 2-hidroxilase) ......................................................................................... 186 FIGURA 8.4. Metabolismo do ácido salicmco nas plantas por processos de g)icosileção, metileção, conjugação com aminoácido (a.a.), sulfonação e hidroxilação. Adaptado de Dempsey et ai. (2011 ) ................................................. 188 30 • FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS FIGURA 8.5. Interações honnonnis que rcgulnm a produçilo de espécies rcntivas de oxigênio (ROS) e a morte cclul11r. Adnptndo de Ovcrmyer, Brosché e Knngnsjtirvi (2003) ................................................................................................ 192 CAP(TULO9 FIGURA 9.1. Estruturo do brnssinolldeo (CLOUSE; SASSE, 1998) . ................ ......... 195 FIGURA 9.2. Esquemn de biossf ntese de brassinosteroidcs. Adaptndo de Clouse e Sassc ( 1998) .......................................................................................................... 196 FIGURA 9.J. Mecanismo de nçllo dos brnssinostcroides. Adaptado de Clousc e Snssc ( 1998). .. ..... .. ... ...... .... .. .. .............. ...... .. . . . .. .... ................. .... .... .... ...... .. . ... ... .... 197 FIGURA 9.4. Efeito do homobrassinolfdco (HBL) no crescimento radicular de Cole11.S sp. (SWAMY: RAO. 2010) ........................................................................ 199 CAPITULO 10 FIGURA 10.1. Rota biossintéticn das diferentes poliaminns em vegetais ................... 202 FIGURA 10.2. Relação entre a síntese de poliaminns e de etileno .............................. 203 CAPfTULO 11 FJGUR.\ 11.1. Rota biossintética de serotonina induzida durante a senescência de folhas de arroz. Adaptado de Kang ct ai. (2009) ................................................... 217 CAPITULO 12 FIGURA 12.1. Ciclo de vida da planta parasita, orobancher minar: (a) genninaçilo de sementes estimulada por estrigolactonas secretadas pelo hospedeiro, (b, e, d) a planta parasita desenvolve um haustório que se lig11 à planta hospedeira. e (e) a planta parasita se desenvolve abaixo da superflcie do solo por meses por intmn~io de tubtrculos com posterior emergência do solo (XJAONAN; YONEY AMA; YONEYAMA, 201 O) ................................................................... 220 FIGURA 12.2. Principais estrigolactonas de ocorrência natural... ............................... 220 FJGURA 12.3. Funções das estrlgolactonas (SL) observadas em plantas superiores cm forma esquemática. ............................................................................... _ ......... 223 CAPITULO 13 FIGURA 13.1. Estruturo qulmica de ácidos fcnólicos: ona.dihidroxi e tri- hidroxifenólicos ....................................... .............................................................. 229 FIGURA 13.2. Estrutura qufmica de ácidos fenólicos: mono-hldroxifcnólicos ........... 229 LJSTA DE FIGURAS• 31 FIGURA 13.3. Estruturo básica dos flavonoides ......................................................... 230 FIGURA 13.4. Rcprcsentaçilo da estrutura básica das isotlavonas .............................. 231 FIGURA 13.5. Estrutura química de tlevonoidcs: quercetina e carnpfcrol.. ................ 232 FIGURA 13.6. Estrutura química de flnvonoides: opigenina e naringcnina . ............... 232 FIGURA 13.7. Estrutura básica de uma cumarina simples .......................................... 234 CAPITULO 14 FIGURA 14.1. Estrutura de folatos. Estrutura quimice do tetra-hidrofolnto (THF), forma de monoglutmnil (HANSON; GREGORY, 2002) ...................................... 239 FIGURA 14.2. Rotas de bioss(ntcse de fo1nto cm seus diferentes compartimentos (HANSON; GREGORY, 2011) ............................................................................ 240 CAPITULO IS FIGURA 15.1. Doadores de no induzem o desenvolvimento de raízes adventícias em expiantes de pepino (PAGNUSSAT et nl., 2002) ............................................ 246 CAPIT1JLO 16 FIGURA 16.1. Representação esquemática da interação entre nitrogênio e hormônios vegetais (ABA: ácido absc(sico. Ax: auxinas. Citocininas: CK (KIBA et al., 2011) ................................................................................................ 254 FIGURA 16.2. Resposta do sistema radicular de Arabidopsls sp. à disponibilidade de fósforo (P). nitrogênio (N) e enxofre (S) sob condições de elevada ( t ) e baixa concentração U) (KUTZ et al., 2002; LÓPEZ-BUCIO et o.L, 2002) . .......... 256 FIGURA 16.3. Níveis endógenos de ácido indolilacético (IM), ácido abscfsico (ABA) e citocininas (CK) ativa em folhas de tabaco (Nicoliana tabacwn) ao longo de 24 horas . ................................................................................................. 2S7 FIGURA 16.4. Ação do Ethephon no aumento da sacarose em cana-de-açúcar .......... 263 nGURA 16.5. Etil-trinexapac e inibidores da slntcse de gibcrclirm ('RA.DEMAC~IER, 2000) . ........................................................................................ 264 LISTA DE TABELAS CAPITULO 1 TABELA 1.1. Classificação dos terpcnos dependendo do número de unjdades de isopreno (N) e do número de cnrbonos (NC) ............................................................ 50 CAPfTUL04 TABELA 4.1. Principais tipos de citocininas e seus conjugados (KERBAUY, 2008) ..... 112 CAPfTUL05 TABELA 5.1. Relação de frutos climatéricos e não climatéricos ................................. 140 CAPITULO 13 TABELA 13.1. Algumas classes de compostos fenólicos em plantas. Adaptado de Angelo e Jorge (2007) ............................................................................................ 228 TABELA 13.2. Tipos de antocianidinas e a cor apresentada nos tecidos vegetais ....•... 231 LISTA DE ABREVIATURAS 1-MCP 12-oxo-PDA 2McScZ 2,4-D 2,4-DP 2,4.5-T 3-PGA 4-CL 4Cl·lAA 4-CPA [9RJiP A AAO ABA ABA· ABA-GE ABAH ABPl ACC acetil CoA ADC ADP AFB AHP AIBA AMP AOA AP AREBs ARF ARRs ATP Aux.RE AVG Ax BA2H BAP BMSTJ BR BZL 1-metil-ciclopropeno Ácido 12-oxo-fitodienoico 2-metiltio-cis-zcatina Ácido 2,4-diclorofenoxincético Ácido 2,4-diclorofcnoxi-propllnoico Ácido 2,4,5-triclorofcnoxiacético 3-fosfoglicerato 4-cumarato-CoA liga.se Ácido 4-cloroindolilacético 4-clorofenoxiacético lsopenteniladenosina Amiloplastos Aldeído-ABA oxidase Ácido absc[sico ABA na forma aniônica ABA•P.D•glicosil•éster ABA na forma protonada Auxin bindin protein I Ácido aminociclopropano carboxflico Acetil coenzima A Arginina descarboxilase Adenosina difosfato Auxin binding F-box proteins Proteínas de fosfotransferência de histidina Ácido a-aminoisobutirico Adenosina monofosfato Ácido amino-oxiacétko Ápice radicular Elementos de resposta ao ABA Fatores de transcrição à resposta da auxina Reguladores de resposta Adenosina trifosfato Elementos de resposta à auxino Aminoetoxivinilglicioa Auxino Ácido benzoico 2-hidroxilase Benzllaminopwina Ácido benzoico/ácido salicílico carboxilmetiltransferase l Brassinosteroides Benz.oil-CoA ligasc 36 - FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS Cad cADPR CaM quinases CCC Cdc2 CDKs CDV CEPA CHLH CK CKll CKX CM cPTIO CREI cs CTRI cZ DAG DAO DAP DFMA DFMO DHBA DHF DL DMAPP DNA DPA DXPS E3 ligase EIN ENT EPSPSERF ET FLC FPP FV FVE G GA GABA GCHI GGPP GIDI GPP GSNO GST Cadaverinn Adenosina difosfato ribose-clclicn Prote(nns quinases dependentes de Ca2• -culmodulinas Cloreto de chlonnequnt Ce/1 division cycle 2 Quinascs dependentes de ciclinas Células derivadas de vasos Ácido 2-cloroetil-fosfõnico ou cthephon Mg-che/atase Citocinina Cytokinin independent 1 Citocinina oxidase Corismato mutase 1, 4-carbox i feni 1-4, 4,5, 5-tetrameti 1 im idazol i na-ox i 1-3-oxi de Cytokinin response 1 Chalcona sintase Constitutive tripie response 1 Cis-zeatina Dincilglicerol Diarnina oxidase Diamino propano a-difluorometilarginina a-difluorometionitina Di-hidroxibenzoatos Di-hidrofolato Dias longos Dimetilalil-difosfato ou pirofostafo Ácido desoxirribonucteico Ácido di-hidrof aseico t-deoxi-D-xitulose-5-fosfato sintase Ubiquitina ligase Ethy/ene lnsensitive Equillbralive Nuc/eoside Transporler 5-enolpiruvil-3-fosfochiquimato sintase Ethylene response faclors Etileno Fosfolipase C F arnesil-dif osf ato Fitocromo vennelho Fitocromo venne]ho extremo Glutamato Giberetina ou ácido giberélico Ácido y-aminobutfrico GTP cicto-hidrolase 1 Geranil geranil-difosfato GA lnsensllive Dwarf/ Gcranil-difosfato S-Nitrosogluta.tio·na Glutationa S-transferasc GTG GTPase H HBL HCN HMDPH HMGR HMNHP HR lAA IAA· IAAH• IAld lAN IBA IC ICS IPJ IPo iP IPA TPL IPP IPT JA Kt. LEA LHCII LHKI LOX MAP MAPA MCPA MeJA MEP MES MeSA MGBG mRNA N NAA NADPH NCED NDRl NO NOD NOS NPA NR LISTA DE ABREVIATURAS- 31 GPCR-type-G-proteins Guanosina trifosfato Honnônio Homobrassinolldco Ácido cian(drico 6-hidroximetildi-hidropterinn P-3-hidroxi-3-metil-glutnril redutase Di-hidromonoptcrino Respostas de hipersensibilidade Ácido indolilecético Ácido indolilacético na fonna aniônica Ácido indolilacético na forma protonada lndol 3-acetalde(do Indol 3-acetonitrila Ácido indolilbut(rico Isocorismato lsocorismato sintase lnositosil trifosfato Mioinositol-hexafosfeto lsopcnteniladenina Ácido 3-indol-pirúvico lsocorismeto piruvato-liase lsopentenil-pirofosfato ou difosfeto Fosfato-isopentcnil transferase Jasmonatos e ácido jasmônico Cinetina lAte-embryogenesis-abundanl Sistema de antenas do fotossistema li Lorus hístidina Kinase 1 Lipoxigcnase Mitogen activated proteln Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Ácido 2-meti 1-4-diclorof enoxiacético Metil-jasmonato Metileritritol fosfato Metil esterase Metilsalicilato Metilglioxal bis-guanilhidraz.ona RNA mensageiro Núcleo Ácido naftalenoacético Nicotinamida adeninn dinuclcotfdeo fosfato 9-c/J-dioxigenase epoxicarotenoide Nonspecljlc dlsease resistance 1 Óxjdo nítrico Fatores de nodulação Óxido nltrico sintase Ácido 1-N-naftilflalâmico Nitrito redutnse 38 • RSIOLOGJA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS N-Spd N-Spm ODC PA PAA PAL PAMPs PAO PBS3 PBZ PCD PDC PDH PDL PDS PEP PI PIN PKC PLAi PLC PP2C ppm PPT PR PRP PUP Put PYR/PYL/RCAR R RE RNA RR ROS RSNO Rubisco SIP s SA SA-Asp SAG SAM SAR SAS SCF SDR SER SGE SK Nor espcnnidina Nor espennina Omitina descarboxilnsc Poliarninas Ácido fcnilacético Fenilalnnina arnônln-linse Padrão molecular associado ao patógeno Poliarnina oxidasc Patógeno avirulento phB suscctlvel 3 Pnclobutrnzol Morte celular programada Plnntas de dias curtos Pirrolina deidrogc:nnse Plantas de dias longos Fitocno dessaturase Ácido fosfoenol-pinivico Fosfutidil inositol Prote(nns Pin-shaped inflorescences Proteína quinase C Fosfolipase Ai Fosfolipase C Fosfatases Parte por milhão Hormônios peptfdeos Protdnas de resistência Proteínas relacionadas a patógenos Purina permeases Putrescina Pyrabactin resistance/pyrabaclin-likelregulatory components of ABA receptor Receptor Retlculo endoplasmático Ácido ribonucleico Reguladores de resposta Espécies reativas de oxigênio S-nitrosotióis Ribulose 1,S-difosfnto-cnrboxilnse Esfingosina-J -fosfato Slntese Salicilatos ou ácido salicílico Salicioil-L-nspartato Senescence assoclated gene S-adenosilmctionina Resistencie sistem icn adquirida SA sintase Complexo Skpl/Cullin/F-bax Desidrogcnasc/redutase de cadeia curta Serotonina Saliciloto glicose-éstcr Snorkel SLRl SNAP SNP soo SOT Spd Spm SUB1A1 TsH TAM TDC THF TIBA TIRI TMV tRNA ucz UGT V Xan XET z ZAC ZAD ZDV ZDP ZEP ZMP ZTP LJSTA DE ABREVIATURAS • 38 S/ender Rlce-1 S-nitroso-N-acetil-D-penicilamina Nitroprussiato de sódio Superóxido-dismutase Sulfotransfcroscs Espcnnidina Espennina Gene de submersão Triptamina-5-hidroxilase Triptamina Triptofano dcscarboxilase Tetra-hidrofolato Ácido 2,3,S tri-iodobenzoico Transpor/ lnhlbltion response Vírus do mosaico do tabaco RNA transportador Uniconamle UDP-glicosiltransfcrase Vacúolo Xantoxina Xiloglucano cndotransglicosilase Zeatina Zona de alongamento central Zona de alongamento distal Zona de diferenciação visível Zcatina difosfato Zcaxantina epoxidase Zeatina monofosfato Zeatina trifosfato Parte I CONCEITUAÇÃO BÁSICA Capítulo I REGULADOR VEGETAL 1.1 • Hormônio vegetal Fitonnõnios ou honnônios vegetais são compostos orgânicos de ocorrência natural, que em baixas concentrações (ppm) causam profundas influências na fisiologia das plantas. São mensageiros químicos que produzidos em pequena quantidade em um local especifico induzem respostas em outras localizações da planta. Os primeiros estudos sobre a ocorrência de hormônios em plantas foram realizados por Sachs (1832-1897), o qual propôs a existência de mensageiros químicos que proporcionavam o crescimento de diversos órgãos vegetais. Posteriormente, Darwin foi um dos. primeiros pesquisadores a verificar a influência de mensageiros em plantas. Em 1880, Charles Darwin e seu filho Francis realizaram um experimento para determinar a sensibilidade da estrutura apicaJ de uma plântula à luz (fototropismo). O conceito de hormônio surgiu no contexto das plantas em 1909, quando Fitting utilizou o termo para descrever o fenômeno de senescência induzida pela fecundação da flor em orquídeas. O uso do termo se consolidou a partir dos trabalhos feitos com fototropismo que levaram à descoberta das auxinas. Em 1913, Peter Boysen-Jensen conduziu um experimento que aprimorou a ideia de Darwin. O pesquisador determinou como o sinal do fototropismo era transmitido. No experimento de Darwin, a resposta fototrópica ocorreu apenas quando a luz alcançava o topo do coleóptilo. Por isso, eles concluíram que o ápice é sensitivo à luz. Boysen-Jensen observou que a resposta fototrópica no ápice ocorreu, mesmo estando este separado por uma barreira penneável (gelatina), mas não se for separado por uma barreira sólida impermeável (mineral chamado mica). Esses resultados sugerem que o sinal ativado pela luz é um mensageiro químico móvel. Em 1928, Frits Warmolt Went identificou esse mensageiro denominando-o de auxinas. Os pesquisadores verificaram que o hormônio promovia o crescimento direcionado à luz; além disso, constataram que a substância podia se difundir em cubos de gelatina (Figura 1.1 ). Importante para a ação hormonal é a presença de células-alvo e de seus receptores proteicos nos diferentes tecidos ou órgãos, dependendo do estágio de desenvolvimento. As células-alvo são grupos de células que reconhecem e 44 - RS/OLOG/A VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS selecionam os diferentes honnônios através de receptores proteicos, prote(nas estruturais que ocorrem na membrana plasmática, onde atuam os honnônios esteroides. Durante a ligação com O honnõnio, a protelna receptora sofre alteração confonnacional, causando mudanças metabólicas que levam à amplificação do sinal honnonal ou à produção de mensageiros secundários, que por sua vez levarão à resposta fisiológica, como mostra a Figura 1.2 (AMARAL, s/d). A sinalização hormonal possui três passos principais: a recepção, que édependente da presença de células-alvo; a transdução do sinal, que engloba as reações de produção dos mensageiros secundários e a resposta fisiológica em nível celular. Figura 1.1 - Descrição do experimento realizado por Frits Warmolt Went, em 1928, para identificar como as auxlnas promovem o crescimento direcionado à luz: "pequenos blocos de gelatina contendo reguladores de crescimento foram colocados no lado direito de tocas de coleóptilos de Avais. A curvatura negativa resultsnte foi fotografada depois de 3 horas". Hannüruo _. a. --.. W t /Receptor ----....-.:-""\ 1 Rcccpçlo 1 ! ProdDçlo de mmarc1n>• ac:euod4rloa l 1 1 Rc:,iposb 1 Figura 1.2 - Ampllficaçio do alnal honnonal que ativa resposta, celulares. REGULADOR VEGETAL• 45 Os principais gropos honnonais encontrados em plantas são divididos em promotores e inibidores de desenvolvimento. Os promotores de desen• volvimento são as auxinas (Ax), giberelinas (GA) e citocininas (CK), enquanto que os inibidores mais conhecidos são o etileno (ET) e o ácido abscfsico (ABA). Contudo, também existem outros compostos que recentemente foram considerados hormônios vegetais, dentre eles destacam•se os brassinosteroides (BR), salicilatos (SA), jasmonatos (JA), poliaminas (PA), hormônios peptfdeos (PPT) e estrigolactonas. 1.2 - Reguladores vegetais Em 1951, o Dr. Kenneth V. Thimann, Presidente da Sociedade Ameri• cana de Fisiologia Vegetal, convocou um grupo de cientistas para estabelecer uma nomenclatura uniforme dentro das substâncias reguladoras do desenvolvi• mento vegetal (plant growth substances) (OVERBEEK et ai., 1954). Esse comi• tê, a partir de estudos existentes na época, definiu que os honnônios vegetais (planl hormones ou phytohormones) podem ser definidos como "reguladores produzidos pelas plantas, os quais em baixas concentrações regulam processos fisiológicos nessas plantas" e que os honnônios vegetais podem se mover do local de síntese para o local de ação nas plantas (ARTECA, 1995). A partir dessa definição, o termo "hormônio" em plantas deve ser utilizado exclusivamente para as substâncias naturais das plantas, ou seja, endógenas e o termo ''regulador vegetal" para substituir o termo honnônio vegetal quando se refere aos produtos químicos não naturais da planta, como os produtos agrícolas que são utilizados para controlar os cultivas (WEA VER, 1982). Segundo Clealand (1996), o termo plant growth regu/ators ou reguladores do desenvolvimento vegetal tem sido utilizado como sendo "um composto sintético que quando utilizado em baixas concentrações (1 µmol.L- 1 ou menos) modifica o crescimento ou o desenvolvimento vegetal. Para Castro e Vieira (2001 ), os reguladores vegetais são substâncias sintetizadas que quando aplicadas exogenemente nas plantas promovem efeitos semelhantes aos grupos de honnônios vegetais conhecidos. 1.3 - Modo de açlo do honnõnlo vegetal Podemos considerar a divisão dos honnônios vegetais em dois grupos. os hormônios esteroides (brassinosteroides) e os honnõnios n!o esteroides (auxinas, giberelinas, citocininas, etileno, ABA, jasmonatos, salicilatos e hormônios pcptfdcos). Os hormônios esteroides, minoria entre os hormônios vegetais, mas não menos importantes, são compostos lipossolúveis que em função disso se difundem muito facilmente através das membranas celulares. Uma vez no interior da célula, um hormônio esteroide liga•se a receptores espcc{ficos, localizados no citoplasma. Em seguida, o complexo honnônio- 4S • RSIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS receptor penetra no núcleo, liga-se a uma parte do DNA da célula ativando detenninados genes. Esse processo é denominado ativação gênica direta. Em resposta a essa ativação, o mRNA é sintetizado no núcleo e entra no citoplasma promovendo a síntese enzimática e proteica. Já os hormônios não esteroides, não são lipossolúveis e por essa razão não conseguem atravessar facilmente as membranas celulares, ligando-se a receptores -especfficos localizados no exterior da célul~ sobre a membrana celular. Uma molécula de hormônio não esteroide liga-se ao seu receptor e desencadeia uma serie de reações enzimáticas que acarretam a formação de um segundo mensageiro, às vezes até um mensageiro terciário. O mensageiro secundário mais amplamente distribuído seria o Ca2 \ Assim, o modo de ação dos hormônios esteroides é atravessar a membrana plasmática é se ligar a um receptor específico, localizado no citoplasm~ perto do núcleo induzindo duas rotas principais. A primeira refere se à ativação de enzimas que induzem a resposta fisiológica. A segunda via envolve a transcrição de genes que codificam o mRNA no núcleo e este ao ser traduzido no retículo endoplasmático, no citoplasma, produz enzimas ou proteínas de ação fisiológica (Figura 1.3). __ ..,. 1 Alh'ld:idl" 1:nrlm:ítk :1 1 plnçiio l:IIEITU M~mbrana plu m,Uca Figura 1.3. - Modo de açlo dos hormõntos (H) H teroldea em plantas (R: receptores). REGULADOR VEGETAL· 47 Em relação aos honnônios não esteroides, as vias de sinalização envolvem outras moléculas que não são observadas nos hormônios esteroides. Inicialmente o honnônio liga-se a um receptor na membrana plasmática que ativa a enzima fosfo1ipase C (PLC) que por sua vez quebra o fosfatidil inositol (PI) produzindo o diacilg1icerol (DAG) e o inositol trifosfato (IP3). O inositol trifosfato segue para o núcleo onde induz a transcrição de genes que codificam enzimas e proteínas que proporcionam o efeito esperado pelo hormônio (Figura 1.4). r11rrnr1nnm •~ HHHUUJWU1.;,~ .. -. ~ ,. 1 EFl::ITO 1 <(i- - ! Alh·ltJack rn~mli11t:1 !Ca-Cnhuudullnn ! ~ / l\h-mllrnna 11l11bo11ilku Figura 1.4 - Vias de sinalização de hormônios vegetais nao esteroides, em que: H (hormônio), R (receptor), FLC (fosfolipase C), DAG (dlacllgllcerol), IP, (lnosltol trifosfato), PI (rosfatidil lnosltol) e PKC (protelna qulnase C). O IP3 também é capaz de se ligar aos receptores no tonoplasto, membrana do vacúolo, induzindo a salda de cálcio para o citosol, inicialmente via canais de cálcio e, posteriormente,. com a decomposição do JP3, via Ca2~ A TPases. Esse nutriente ativa a proteína quinase C (PKC), que também é responsável por alterações no metabolismo celular, bem como ao ligar-se à 48 • FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS calmodulina, para ativar diretamente várias enzimas, sendo a maioria proteínas quinases dependentes de Ca2+-calmodulinas (CaM quinases) (Figura 1.4). 1.4 - Crescimento e desenvolvimento vegetal Segundo Erickson (1996), crescimento é definido como o aumento de uma medida de um órgão ou organismo em função do tempo. O mesmo autor define que desenvolvimento é a mudança de um padrão de crescimento ao outro. O desenvolvimento engloba o crescimento e a diferenciação. O crescimento é um aumento quantitativo e irrevers{ vel no tamanho e na massa. O crescimento pode ser avaliado através de diferentes medidas, como, por exemplo, na cultura de células pela contagem do número de céluJas ou a massa fresca dessas células. Para a avaliação do crescimento das plantas, pode se utilizar a massa de matéria seca, comprimento, altura, diâmetro e área, principalmente. A escolha da característica que será medida depende do órgão ou planta e que represente melhor o crescimento. Diferenciação é uma medida qualitativa na qual as células adquirem diferentes características anatômicas e funcionais. Por exemplo, a divisão do zigoto dá origem a células que originarão raízes e parte aérea. Mas, células altamente diferenciadas ou especializadas, por algum estimulo, podem reverter o processo e retomar à forma embriônica, ou seja, as células podem se desdiferenciar (processo de desdiferenciação ). É como se as células fossem geneticamente reprogramadas, revertendo o processo e diferenciar-se nova mente em uma outra forma. Como exemplo, temos a cultura de células na qual células de um tecido vegetal dividem-se em células não diferenciadas formando o calo,que é um grupo de células não diferenciadas e, este, podendo originar uma nova planta. Essa capacidade de células diferenciadas regenerarem uma nova planta mostra que as células vegetais são totipotentes, ou seja, têm a capacidade de desdiferenciação e informação das características genéricas da planta que as originou. O crescimento biológico é muito mais complexo que o crescimento não biológico. No caso, a planta retira e transforma substâncias do ambiente nos seus próprios constituintes e essas transformações promovem o seu crescimento. No metabolismo vegetal, as plantas apresentam ganho de energia e de matéria orgânica e, estes, são utilizados pela planta toda ou por parte da planta (órgão) em seu crescimento, promovendo o aumento de massa, altura, comprimento, diâmetro e área, principalmente. O crescimento pode ocorrer sem que haja aumento do tamanho, mas com aumento no número de células. Tamb~m pode haver crescimento com aumento de tamanho, mas redução da massa seca, como é o caso de uma plântula originada da genninação de uma semente e, também,, aumento de massa sem que haja crescimento, que é o que ocorre durante o dia nas folhas, quando esta acumula produtos da fotossíntese. REGULADOR VEGETAL • 49 1.5 - Metabolismo aecundérto Todo o metabolismo vegetal é dividido em metabolismo primário e secundário. O metabolismo primário engloba os processos da fotossíntese e respiração, ou sej~ o metabolismo de carbono e conversão de energia metabólica. Muito do carbono assimilado e a energia produzida são convertidos em moléculas de proteínas, ácidos nucleicos, lipídios e outras moléculas comuns para todas as células e necessários para o funcionamento dessas células e organismos vivos. sendo, nas plantas, denominados de mctabólitos primários (HOPKINS, 1999). No entanto, uma proporção do C assimilado e da energia produzida é direcionada para a síntese de moléculas orgânicas que, muitas vezes, não se conhece seu papel exato no crescimento e desenvolvimento vegetal, sendo estas moléculas denominadas de metabólitos secundários (Figura 1.5). COJ 1 Fotossfntesc ( IMhiH··t·•MêH¼ii·t·II l l l Fodocnolpírovnto a.li!!ticm rriairboxilicos l Amm.oiu:,das ... Ciclo dos ácidos TI Acctil CoA 1 -' - rri~gcruulo:. 1 Aminoãcidos , 8l'(l!DJlJlOOS Terpcnos Figura 1.5 - Esquema resumido do metabollsmo pnm~no e secundário nas plantas. O metabolismo secundârio é composto por 4 rotas: via do ácido chiqufmico, via do ácido malônico, via do ácido mevolõnico e a via do metiJeritritol fosfato (MEP) (Figura 1.7). 50 • FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS Os metabólitos secundários, muitas vezes, podem estar presentes em todas as espécies e grupos vegetais, como é o caso dos hormônios vegetais ou estarem restritos em algumas espécies, fammas ou gêneros. Esses compostos apresentam importante papel na proteção da planta contra a herbivoria e infecções por patógenos, na atração de polinizadores e dispersares de sementes, como agentes alelopáticos e protetores aos estresses abióticos, mas também, atuam sobre o crescimento e o desenvolvimento vegetal, como é o caso dos hormônios vegetais. Os metabólitos secundários são divididos em 3 classes: tcrpenos, compostos fenólicos e compostos nitrogenados. 1.5.1 - Terpenos Segundo Castro et ai. (2005), os terpenos são compostos semelhantes aos polímeros. Cada unidade básica dos terpenos é formada de cinco carbonos (C), estrutura denominada de isopreno ou isopentenil-pirofosfato ou difosfato {IPP) (Figura 1.6). Assim, a classificação dos terpenos depende do número de unidades de isoprenos (Tabela 1.1 ). N 1 2 3 4 6 8 n Tabela 1.1 - Classificação dos terpenos dependendo do número de unidades de isopreno (N) e do número de carbonos (Nc). Nc Nome Exemplo 5 lsopreno Cadeia lateral da citocinina 10 Monoterpeno Piretrnides e óleos essenciais (mentol) 15 Sesqulterpeno ABA e lactonas 20 Diterpeno GAe taxai 30 Triterpeno Brassinosteroides, saponinas e limonoides 40 Tetraterpeno Carotenoldes n Politerpeno Borracha Fonte: Castro ct ai. (200S) Figura 1.6 • Estrutura de lsopreno (5C) dos terpenos. REGULADOR VEGETAL • 51 Vários grupos honnonais pertencem a esse grupo de metabólitos secundários como o ácido abscfsico (ABA), giberelinas (GA) e brassi nosteroides (BR) ou são derivados de terpenos como as citocininas (CK), consideradas meroterpenos, ou seja, compostos mistos, formados a partir de moléculas de isopreno mais moléculas como proteinas e no caso das citocininas, adenosina monofosfato (AMP), adenosina difosfato (ADP) ou adenosina trifosfato (ATP), sendo essa reação catalisada pela enzima fosfato-isopentenil transferase (IPT). 1.5.1.1 - Blossfntese de terpenoa A síntese de terpenos pode ocorrer através de duas vias do metabolismo secundário, a partir de intennediários do metabolismo primário como a acetil CoA, piruvato e 3-fosfoglicerato (3-PGA), a via do ácido mevalônico e da via do metileritritol-fosfato (MEP) (Figura 1.7). r n $ ..... ' 1 l--.d_-~-1 :i: 1 ~ ...... ]1-----... ., ~~ ; ,..n ,__ ~- •fllC) lanlllrJUN (•K) Figura 1.7 - Blosalnlese de terpenoa pelas vias do éddo mevalõnico e do metileritritol fosfato (MEP) do metabolismo secundério vegetal. 52 • FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS Pela via do ácido mevalônico (Figura 1.7), 3 moléculas de acetil CoA por uma sequência de reações forma O ácido mevalônico (6C). O ácido mevalônico é, então, pirofosforilado, descarboxilado e desidratado fonnando o isopentenil difosfato (IPP) que é fonnado de se (isopreno), formando a unidade básica para a fonnação dos diferentes terpenos. Essa via ocorre no retículo endoplasmático e no citosol e é por essa via que ocorre a s(ntese de sesquiterpcnos, triterpenos e politerpenos utiliz.ando IPP sintetizado a partir do ácido mevalônico. A enzima -chave desta rota de síntese é a ~-3-hidroxi-3-metil-glutaril redutase (HMGR). Na via do MEP, piruvato e 3-fosfoglicerato (3-PGA) condensam-se, fonnando o l-deoxi-D-xilulose-5-fosfato que sofre um rearranjamento e redução fonnando o 2-C-metil-D-eritritol 4-fosfato (MEP) que é convertido em IPP. Já essa via ocorre nos plastídeos e é por essa via que ocorre a síntese de monoterpenos, diterpenos e tetraterpenos, bem como politerpenos também, utiliz.ando IPP sintetizado a partir do MEP (Figura 1. 7). A enzima-chave ou limitante desta rota de síntese é a l-deoxi-D-xilulose-5-fosfato sintase (DXPS). O IPP formado tanto pela via do ácido mevalônico como da via do MEP pode originar também o isõmero dimetilalil-difosfato ou pirofostafo (DMAPP) numa reação de mão dupla de direção (Figura 1. 7). 1.5.1.2 - Funções dos terpenos Como já relatado anterionnente, muitos honnônios vegetais fazem parte do grupo dos terpenos e, assim, com ações bem definidas sobre o crescimento e desenvolvimento vegetal. Estes hormônios vegetais podem ser considerados metabólitos secundários, como é o caso das giberelinas (diterpenos) que são diterpenos que promovem o alongamento e a divisão celular. Outro grupo honnonal são os brassinosteroides (triterpenos) que são honnônios esteroides que também promovem o alongamento celular. As citocininas (meroterpenos) são hormônios vegetais derivadas do isopreno e, també~ promovem a divisão celular. Outro grupo hormonal é do ácido abscísico (ABA - sesquiterpeno) que controla tanto o alongamento celuJar como a divisão celular. Muitos óleos essenciais são classificados como monoterpenos ou sesquiterpenos voláteis, responsáveis pelo aroma característico das folhas de algumas espécies como, por exemplo, a hortelã, manjericão e sálvia, principalmente. Esse aroma, dessas espécies, é considerado repelente de insetos, evitando a herbivoria. Os carotenoides (tetratcrpenos), responsáveis pelos pigmentos que conferem a cor vermelha, amarela e laranja, são classificados como pigmentos acessórios da fotossíntese por absorverem a energia lwninosa e protegerem osistema de antenas da fotossíntese da fotoxidação, bem como atuam na dissipação do excesso de energia. AJém disso, nas flores, atuam na atração de polinizadores. REGULADOR VEGETAL - 53 1.5.2 - Compostos fenólicos Os compostos fenólicos são substâncias que contêm um grupo fenol, um grupo hidroxila e um anel aromático (Figura 1.8). OH Figura 1.8 • Estrutura básica de um compost.o fenõlico. O grupo dos compostos fenólicos é representado pelos ácidos fenólicos, flavonoides e cumarinas. A principal função dessas substâncias na planta é na defesa da planta contra herbívoros e patógenos e, ain~ atuam na atração de polinizadores ou dispersores de frutos e sementes. 1.5.2.1 - Blosalntese dos compostos fenóllcos A síntese dos compostos fenólicos ocorre em duas rotas do metabo lismo secundário, a via do ácido chiquimico e a via do ácido malônico (Fi gura 1.5). Pela via do ácido chiquimico, ocorre a síntese da maioria dos compostos fenólicos e pela via do ácido malônico ocorre a síntese dos flavonoides. A via do ácido chiquimico tem início pela reação da eritrose 4-P, resultante da via pentose-P, com o ácido fosfoenol-pinívico (PEP), resultante da glicólise, na produção do ácido chiqufmico (Figura 1.9). A partir do ácido chiquírnico, pode ocorrer a síntese da fenilalanina que iniciará a sfntese da maioria dos compostos fenólicos. Os principais ácidos fenólicos são o ácido salic()ico, ácido p-cumá rico, ácido o-cumárico, ácido cafeico, ácido clorogênico, ácido ferúlico, ácido gálico, ácido p-hidroxibenzoico, ácido sinápico e ácido benzoico. O grupo dos flavonoides engloba várias classes, mas as principais são as antocianinas, flavonas, isoflavonas e flavonóis. O grupo das cumarinas é representado pelas cumarinas. furanocumarinas, escopolctina, esculetine e umbclifcrona. 54 • FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS PEP + Entrose 4-P EPSl'S ----+ Tnptof;mll --~► (Áado úidobl:adtico (IM) ] ,-------- Ácido~ ,\laloidct iDd6licOII _____ __, Áodo corisrrnco "' Prc fcruto "' Fc:rublanm.l• ! l'AJ, Acido cmiuuco ÁcadojH:tllDirico Áodo çafcico Àa:lo ít:IJilieo [ Ácido~ ) Tuosm.1• ~ ( ~ ~~ J ( Vi:a do ácido awdcuro- 1 ! fbYOaOJdc:s [ T~ condc:nPdos ) Figura 1.9 - Biossíntese dos compostos fenólicos a partir das vias do ácido chiqufmico e do ácido malOnico. (EPSPS: enzima 5-enolpiruvil-3-fosfochiquimato sintase. PAL: enzima fenilalanina amõnla-llase. CS: enzima chalcona sintase). •aminoácidos aromáticos. Algumas substâncias orgânicas importantes para a planta são derivadas dos ácidos fenólicos ou de flavonoides, como a lignina e os taninos, respec tivameme. A lignina é uma das substâncias mais abundantes nas plantas sendo sintetizada a partir de 3 ácidos fenólicos: ácido p-cumárico, ácido ferúlico e ácido sinápico. Os taninos são divididos em duas categorias: os taninos condensados e os hidrolisáveis. Os taninos condensados são formados a partir da polimeriz.ação de unidades de flavonoides e são comumente encontrados em plantas lenhosas. Estes compostos são toxinas que podem reduzir o crescimento e a sobrevivên cia de muitos herbívoros e, também, atuam na defesa da planta contra mi cro-organismos. REGULADOR VEGETAL • 55 1.5.3- Compostos nitrogenados Os compostos nitrogenados encontrados nas plantas são os alcaloides, glicosídeos cianogênicos, glucosinolatos e aminoácidos não proteicos. Esses compostos apresentam papel bem conhecido na defesa das plantas à herbivoria, devido à sua toxicidade (HARTMANN, 1982). Todos os alcaloides são tóxicos para o homem quando ingeridos em grande quantidade, como exemplos temos a estricnina, atropina e coniina. Alguns alcaloides quando utilizados em baixas doses são benéficos ao homem, como é o caso da morfina, codefna e escopolamina. Outros alcaloides são estimulantes ou sedativos como a cocaína, nicotina e cafeína. Os glicosídeos cianogênicos e glucosinolatos não são tóxicos, mas quando as plantas são lesionadas, essas substâncias decompõem-se rapidamente, liberando o ácido cianídrico (HCN), conhecido veneno gasoso. Os tubérculos de mandioca (Manihot escu/enta) contêm altos níveis de glicos(deos cianogênicos. Os métodos tradicionais de processamento levam à remoção ou degradação dessas substâncias. No entanto, existem muitos casos de envenenamento em regiões nas quais esta espécie é uma rica fonte de alimento. Os glucosinolatos encontrados, principalmente nas Brassicaceae, liberam compostos responsáveis pelo odor e sabor característico de vegetais como o repolho, brócolis e rabanete. A decomposição dos glucosinolatos leva à produção de isotiocianato e nitrilas que são tóxicos e atuam como repelentes contra herbívoros. Os aminoácidos não proteicos são aminoácidos que não são incorporados às proteínas, mantendo-se na forma livre e atuam como substância de defesa das plantas. Esses aminoácidos bloqueiam a síntese ou a absorção de aminoácidos proteicos. A biossíntese dos alcaloides também ocorre pela via do ácido chiqufmico como mostrado na Figura 1.9. 1.6 - Modo de ação e efeitos flalológlcos: conceitos Muitos autores não separam o modo de ação dos honnônios vegetais e os seus diversos efeitos fisiológicos, mas são aspectos diferentes. O modo de ação seria o mecanismo como os honnônios atuam em nivel celular, promovendo ou inibindo a síntese de proteínas, enzimas e outras substâncias específicas e/ou controlando a atividade de enzimas especificas. A ação dessas substâncias sintetizadas e/ou o controle da atividade dessas enzimas serão responsáveis pelas respostas da planta aos diferentes honnônios vegetais e essas respostas são denominadas de efeitos fisiológicos. Os honnônios vegetais são responsáveis por inúmeros efeitos fisiológicos, como, por exemplo, a divisão e alongamento celular, abscisão de órgãos, brotação de gemas, indução e desenvolvimento de flores, crescimento de frutos e amadurecimento, dominância apical, iniciação de 56 - RSIOLOG/A VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS raízes. gcnninação de sementes, senescência vegetal, defesa das plantas, diferenciação de tecidos, entre outros. Cada honnõnio ou o balanço honnonal é responsável pelas respostas da plantn toda ou de partes da planta e essas respostas fisiológicas dependem da espécie, da fase de desenvolvimento da planta, da interação entre os honnônios vegetais e de fatores abióticos. Assim, para que ocorra a ação dos honnônios vegetais, três aspectos devem ser considerados: (i) a presença do honnônio em concentrnções adequadas; (ii) o honnônio deve ser reconhecido pelas células que respondem à e le, as células-alvo, pois as moléculas de proteínas, receptores possuem estrutura para reconhecer e selecionar as moléculas hom1onais e (iii) as proteínas receptoras, cuja confonnação se altera quando da ligação com o hormônio, situadas na membrana plasmática das células vegetais, causam mudanças metabólicas que levam à amplificação do sinal pelo mensageiro secundário. As mudanças de fases do desenvolvimento vegetal são acompanhadas por mudanças na concentração do honnônio, mas também, na disponibilidade de proteinas receptoras e na capacidade de amplificação ou transdução do sinal hormonal e do mensageiro secundário. O grande modo de ação hormonal é controlar a atividade de genes. A ativação da expressão de genes representa extenso processo de amplificação, visto que o sinal hormonal atua no DNA nuclear e a transcrição do DNA em mRNA (RNA mensageiro), seguida pela tradução do mRNA em enzimas. O estimulo honnonal primário leva à atividade modificada da enzima, processos metabólicos alterados e, depois, células fisiológicas e morfologica mente diferentes, onde os honnônios mais os fatores ambientais, interagem para criar órgãos ou plantas diferentes (SALISBURY; ROSS, 2012). Assim, como alterações no metabolismo causadas por uma enzima no citosol afetam a expressão gênica, seja por transcrição, processamento do mRNA ou tradução do mRNA, parece que ocontrole sobre a atividade enzimática, depois da recepção inicial do hormônio é devido à presença de mensageiros secundários ou terciários como o inositol trifosfato (lP3), diacilglicerol (DAG) e Ca2+. Logo, os efeitos fisiológicos dos hormônios vegetais, traduzem-se nas ações dessas enzimas especificas fonnadas ou pela sua atividade controlada no modo de ação e que, em função das fases fenológicas, demonstram a ação dos hormônios em respostas visíveis ou não, como a floração, abscisão, promoção de raízes adventícias em estacas caulinares, coloração de frutos, senescência, entre outros. 1.7. Uao de reguladores vegetais em agricultura O uso de reguladores vegetais na agricultura tropical tem mostrado grande potencial no aumento da produtividade, principalmente, em culturas de alto valor e com alto nível tecnológico como a videira, onde o desenvolvimento REGULADOR VEGETAL· 57 nonnal das plantas depende da interação entre fatores externos (temperatura, luz, água, nutrientes) e internos (honnônios). Essas substâncias naturais ou sintéticas podem ser aplicadas diretamente nas plantas (folhas, frutos, sementes), provocando alterações nos processos vitais e estruturais, com a finalidade de incrementar a produção, melhorar a qualidade e facilitar a colheita, ou seja, essas substâncias promovem ações semelhantes aos hormônios vegetais e, também, podem afetar o balanço honnonal da planta. Através delas, pode-se interferir em diversos processos, tais como a genninação, enraizamento, florescimento, frutificação e senescência, principalmente. Esta interferência pode ocorrer pela aplicação dos reguladores vegetais, via semente, solo ou foliar; para isso, precisam ser absorvidos a fim de que possam exercer sua atividade (CASTRO; MELOTTO, 1989). Entretanto, de acordo com a concentração utilizada, uma mesma substância pode passar do papel de ativadora do processo para inibidora (RUIZ, 1998). Os principais grupos hormonais são as auxinas (Ax), giberelinas (GA), citocininas (CK), etileno (En, ácido abscfsico (ABA), brassinosteroides (BR), jasmonatos (JA), salicilatos (SA) e poliaminas (PA). Com a descoberta dos efeitos dos reguladores vegetais sobre as plantas cultivadas e os benefícios promovidos por estas substâncias, muitos compostos e combinações desses produtos têm sido pesquisados, com a finalidade de melhorar qualitativa e quantitativamente a produtividade das culturas (VIEIRA, 2001). Segundo Rodrigues et al. (2015), no site do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) existem 41 reguladores vegetais registrados no Brasil para utilização em diferentes cultives como soja, milho, algodão, cana-de-açúcar, várias frutíferas e hortaliças. Assim, diversos tipos de reguladores vegetais encontram-se disponf veis na forma de um grupo honnonal especifico ou com combinação de diferentes grupos honnonais ou grupos hormonais com minerais. Alguns exemplos de reguladores vegetais disponf veis para a agricultura são: o 2,4-D (ácido 2,4-diclorofenoxiacético, uma auxina sintética), NAA (ácido naftalenoacético), IBA (ácido indolilbutfrico), todos como auxinas sintéticas; BAP (benzilaminopurina) e Kt (cinetina ou furfurilaminopurina), citocininas sintéticas; ethephon ou ácido 2-cloroetil-fosfõnico (liberador de etileno na planta) e GA3 e GA4+1 (giberelinas). Todos esses reguladores vegetais apresentam efeitos fisiológicos semelhantes aos honnônios vegetais. Além disso, existem outros reguladores vegetais disponíveis para a agricultura como o paclobutrazol (PBZ), CCC (cloreto de chlormequat), etil trinexapac, cloreto de mepiquat e prohexadione-Ca que são substâncias inibi doras da síntese endógena de giberelinas nas plantas; o A VG (aminoetoxivi nilglicina) e o 1-MCP (l-metil-ciclopropeno) que são, respectivamente, inibi dores da síntese e da atividade do etileno. 58 • FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS O 2A·D e o ácido 4-clorofenoxiacético (4•CPA) são auxinas sintéticas muito utilizadas como herbicidas por serem tóxicos para espécies de folhas largas. As auxinas sintéticas são favorecidas, comercialmente, pelo seu baixo custo e alta estabilidade quimice. O lBA e NAA são amplamente utilizadas na propagação vegetativa por estimularem a formação de raizes adventlcias, principalmente, em estacas caulinares e de folhas. O 4-CPA pode ser aplicado em tomateiro para favorecer o florescimento e promover uma maior fixação de frutos, enquanto o NAA e o 2,4•D podem ser utilizados para induzir o florescimento em abacaxi pelo fato das auxinas promoverem a sintesc de etileno na planta. O NAA também é utilizado para a fixação de frutos e na prevenção da queda pré-colheita de frutos de maçã e pera. O principal uso comercial das giberelinas (GA) é na produção de uvas finas de mesa, como a 'Thompson Seedless'. A GA em videira é utilizada para promover o crescimento do engaço, dos cachos e das bagas. As GAs também são muito utiliz.adas para aumentar a germinação e estimular a emergência e crescimento de plântulas em videira, citros, macieira, pessegueiro e cerejeira. Em cucurbitáceas, a aplicação de GA nas plantas promove a formação de flores masculinas e, assim, sendo importante para a produção de sementes híbridas. As auxinas também em cucurbitáceas promove a produção de flores femininas e, assim, aumentando a produção nessa família de grande importância econômica. Parte II A. HORMONIOS PROMOTORES DE DESENVOLVIMENTO Capítulo 2 AUXINAS A função das auxinas é regular o alongamento e divisão celular, promo vendo o crescimento de segmentos de órgãos (Auxein: vem do grego crescer, alongar). Embora quimicamente diversas, uma característica comum a todas as auxinas ativas é a distância entre uma pequena carga positiva no anel aromático e um grupo carboxila negativamente carregado de 0,5 nm (Figura 2.1 ). 1( 0.5 nm ----+ 1 1 +-- 0,5 nm ----+ 1 o OCH2~c(r ~ 'CH2◄c/. 'º N • . Áddo H 1 1 feni/acético . . 1 1 1 • • 1 o o o;:H2◄c✓:. 'CH2◄c/• o 'º 'º 1 a-NA.A 1 1 2,4-D i • • 1 +- 0,5 nm --+ 1 1 ~ 0,5nm --+ Figura 2.1 - Dlatêncla entre uma pequena carga positiva no anel aromâUco e um grupo carbo>Cila negativamente carregado, utilizando como exemplo o ácido indol-3-ac:étlco (IAA), ácido fenilacético, ácido naftalenoacélico (NAA) e ácido 2,4-dlclorofenoxiacético {2,4-0). 62 · FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS Assim, existem alguns requisitos para que moléculas atuem como auxinas. sendo eles: (i) a presença de anel cíclico insaturado (carga +); (ii) cadeia lateral ácida (radical carboxila, carregada negativamente e ligada ao C1); (iii) separação entre a cadeia lateral ácida e o anel; (iv) urna posição orto livre; e (v) disposição espacial adequada (distância de 0,5 nm entre o grupo carboxila e a posição orto do anel). Quanto à atividade auxínica, alguns requisitos devem ser alcançados pela molécula em questão: (i) quanto maior a substituição dos hidrogênios do anel por halogênios como o CJ·, maior atividade auxlnica. No entanto, não pode haver substituição nos carbonos 2 e 6 do anel ao mesmo tempo. em se tratando de anel fenil; (ii) comprimento da cadeia lateral; (iii) uma substituição na cadeia lateral por radical metil (CH3); (iv) substituição na cadeia lateral por radical OH ou álcool (CH20H) causa a perda da atividade auxfnica. Quando a cadeia lateral é muito longa, sofre P-oxidação, onde ocorre a quebra da cadeia de 2 em 2 carbonos, fonnando outras substâncias; (v) cadeia com número par de carbonos e (vi) cadeia com número ímpar de carbonos (forma fenol, sem atividade au.xínica). 2.1 - Tipos de auxinas O ácido indolilacético (IAA) foi a primeira auxina a ser descoberta em 1930. Posterionnente, foram descobertas outras auxinas em vegetais superiores. A partir da descoberta de várias auxinas, foi necessária a separação em dois gru pos: (i) endógenas: IAA, ácido 4-cloroindol-acético (4Cl·IAA), ácido fenilacé tico (P AA) e ácido indolilbutírico (IBA) e (ii)sintéticas: ácido naftalenoacético (NAA), IBA, ácido 2,4-diclorofenoxiacético (2,4-D), ácido 2-metil-4-diclo rofenoxiacético (MCPA) e ácido 2,4,5-triclorofenoxiacético (2,4,5-T). 2.2 - Distribuição das auxlnas nas plantas Nas fanerógamas e gimnosp,ennas, a au.xina distribui-se em órgãos jovens em crescimento (folhas, ápices e sementes em desenvolvimento). As maiores concentrações de auxinas estão nas regiões meristemáticas (meristema apical e folhas jovens) e as menores nas regiões basais do caule e raízes. 2.3 - Transporte O transporte da auxina é basípeto 'e polar, de célula a célula. A entrada da auxina na célula ocorre por difusão passiva e com transportadores do tipo simporte-H .. (transporte ativo), como mostra Figura 2.2. Na difusão passiva, a entrada de auxina depende do pH apoplástico. O meio apoplástico é rico em cargas positivas, H .. (a A TPase mantém o pH em tomo de 5,0) e, portanto, forma IAAH º, protonada, o qual atravessa facilmente a membrana plasmática. AUXINAS-63 Em tomo de 50% da auxina do apoplasto está na fonna IAAH ... Assim, transportada por difusão passiva. O transporte ativo é realizado por protelnas do tipo simporte H• (2H. para cada IAA·). No interior da célula, a auxina dissocia-se (IAA·), sendo transportada por efluxo na porção basal da célula pelas protelnas transportadoras PfN (nome dado devido a grampo das inflorescências visualizadas em mutantes). ÁpiCl' da célul:1 Base da célula --.,..------- - - - n· 1- 1 111 IAA IA:A.· IM· lil\A' IA/\· ' ' 1 . 1 1 ' w pll 1 . I\ÇUlnl ; • • 11 '-ATPasc Tn111sport~1dor Figura 2.2 • Transporte polar das auxinas produzidas nos ápices caulinares: o lAA entra na célula na forma protonada (IAAW) como transportador ativo; a parede celular é mantida em pH ácido devido à atividade da ATPase; a forma Iônica (IAAº) predomina no citosol (pH neutro); a salda de 1AA· ocorre via transportadores especlficos, que se encontram na base das células. (P.C.: parede celular. M.P.: membrana plasmétlca). Existem algumas moléculas inibidoras do transporte de auxinas, incluindo as fitotropinas, que se ligam ao receptor proteico da membrana 64 • FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS plasmática, as quais inibem o transporte polar de auxinas. O NPA (ácido 1-N nafti lftalâmico) e o TIBA (ácido 2,3,5- tri-iodobenzoico) são inibidores do transporte de auxinas não fitotropinas. As cumarinas e genisteínas (flavonoide) são inibidores naturais do transporte de auxinas. A auxina pode ser transportada pelo tloema de forma não polar, isso parece acontecer na maior parte do JAA produzido em folhas não maduras e transportadas para o resto da planta com velocidade muito maior do que no sistema polar. Esse tipo de movimento pode ser importante para o controle do processo de divisão celular do câmbio, no acúmulo de calose ou sua remoção dos tubos de elementos crivados e ramificação de raízes. 2.4 - Síntese A síntese das auxinas está relacionada aos tecidos de elevada taxa metabólica, especialmente na parte aérea das plantas. Quase todos os tecidos vegetais são capazes de produzir baixos níveis de IAA. Os meristemas apicais, folhas jovens, frutos e sementes em desenvolvimento são os principais órgãos de produção desse hormônio vegetal. De modo geral, uma parte da síntese das auxinas ocorre no cloroplasto a partir do triptofano e o restante no citosol. Existem evidências que suportam a hipótese de que existem duas vias metabólicas para a síntese do IAA: as vias dependentes de triptofano e as vias não dependentes desse aminoácido. Abordar-se-á primeiro as vias dependentes, onde nestas o triptofano é convertido em IAA, a partir de cinco rotas, dentre as quais serão apresentadas as três principais: (i) rota do IPA: rota do ácido 3-indol pirúvico que é provavelmente a via mais dependente do triptofano. Essa rota envolve uma reação de desaminação para formar o TP A, seguindo para uma reação de descarboxilação para formar o indo) 3-acetalde{do (IAld), o qual é ox idado a lAA por urna desidrogenase (Figw-a 2.3); (ii) rota T AM: a rota triptamina que é semelhante à rota do lP A, exceto as ordens inversas de carboxilação e desaminação (Figura 2.3) e (iii) rota do IAN: na rota do indol 3- acetonitril~ o triptofano é primeiro convertido a indo) 3-acetaldoxima e, posteriormente, convertido a indol 3-acetonitrila (IAN) e, consequentemente, à ácido indolilacético (Figura 2.3 ). As vias não dependentes de triptofano utilizam o indol ou seu precursor indo) glicerol-fosfato (TAIZ; ZEIGER, 201'.3) (Figura 2.4). 2.5 - lnatlvação Embora as auxinas sejam moléculas biologicamente ativas, grande parte está covalentemente ligada. A inativação pode ocorrer pela degradação enzimática (peroxidases e IAA-oxidase que é ativada pelo boro), pela conjugação com glicose, pela fotoxídação que pode ser promovida pelo pigmento riboflavina ou pela compartimentalização no vacúolo (Figura 2.S). AUXINAS- 65 A conjugação ocorre com moléculas de baixo (glicose, mio-inositol e N aspartato) e alto peso molecular (7 a 50 unidades de glicose por IAA e IAA glicoprotefnas) com o intuito de prevenir a degradação (Figura 2.6) e inativar a molécula. i-- -- -, ,-------------- 1 Tr1ptor1110 1 ✓--- - . U ndol - 3 - acetaldoxinuo I ll lndol - 3 - ocetamida (1AM) : 1- Trlptominn(TAM) lndol - 3 - aoetonilrila (IAN) I , --- - -- - - - - - - 1 Indol - 3 - acetal dei do (Wd) l _______ _,. ! Ácido hadol-3 - acé~!8-~)] Figura 2.3 - Formação do ácido indolilacétlco (IAA) pelas vias dependentes de triptofano. lndol-3-glicerol fmfato 1 1.ndol L / \ Indol -3- autanltrlla \ / Figura 2., - Formação do ,cldo lndolllacétlco (IAA) pelas das vias nlo dependentes de triptofano. 66 - FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS Uios..'iíntcsc Conjugação omportimcntali1..ação Transpor ,.__,-,1 Biodcgrndaçiio Figura 2.5 - Vias de blosslntese, conjugação, transporte, compartlmentallzação (vacúolo) e blodegradação do ácido lndolilacélico (IAA). ~parta~j 1 IÃA 1 ('7> f IAA-N-Asportat~ 1 mio-inositol ti 1 IAA-glicose IAA-mio-inositol E ) / IAA-mio-inositol galactosfdeo 1 ~ -mlo-inositol arabinose Figura 2.6 - Via de conjugação do ácido lndolllacético (IAA). Em relação ao armazenamento, existem dois pools subcelulares de IAA: o citosol e os cloroplastos. A distribuição do IAA na célula é regulada pelo pH. O IAA· não se difunde rapidamente pelas membranas. Assim, a auxina tende a se acumular em compartimentos da céluJa que sejam mais alcalinos. Em tomo de 1/3 do lAA está localizado no cloroplasto (maior acidez) e 2/3 no citosol (conjugados exclusivos no citosol por ser alcalino). A metaboliz.ação por conjugação e pela oxidação do anel ocorre no cloroplasto. A sensibiJidade dos tecidos à ação das auxinas é variável. Uma pe quena variação na concentração de auxinas é capaz de estimular e até AUXINAS- 61 inibir o crescimento radicular. Nos meristemas apicais localizados no caule, a variação dessa concentração deve ser elevada quando comparada ao sistema radicular. Dessa forma, a concentração ótima para o alongamento celular varia de órgão para órgão, seguindo nonnalmente a seguinte sequência: [raiz] < [gema] < [caule] Elevadas concentrações de auxinas estimulam a sfntese de etileno, o qual inibe o alongamento do caule e das rafzes laterais, sendo essa uma das características que determina um nível ótimo de auxina para cada órgão. 2.6 - Modo de ação A auxina é um dos hormônios vegetais que participa de diferentes processos de crescimento e desenvolvimento celular, como a divisão celular, alongamento celular, dominância apical, controle da abscisão de órgãos, formação de raízes, crescimento de frutos, desdiferenciação, tropismos e senescência, principalmente. Assim, o mecanismo de ação das auxinas deve ocorrer de forma a promover a sua participação nesses diferentes processos fisiológicos. A percepção das auxinas pela célula, ou o modo de açãodos honnônios vegetais, como descrito no Capítulo 1., item 1.3 Modo de ação do hormônio vegetal, tem início com a ligação do hormônio com o seu receptor. Já foram identificados e descritos 2 receptores awdnicos: o ABPl (auxin bindin protein 1) e TIRI (transport inhibition response). Este último é o receptor considerado pela comunidade científica, mas vários estudos têm mostrado a importância do ABPl nas respostas à auxina., principalmente no processo do alongamento celular (SCHERER 2011 ). O ABPl liga-se em duas moléculas de auxinas como um dímero e está relacionada às respostas da célula à auxina intracelular, enquanto que a ligação da auxina com o TIRI se dá na fonna de um usandufche" composto pelo TIRl, auxina e uma IAA-protefna e está relacionada à expressão gênica (SCHERER, 2011). O receptor ABP 1 é uma protefna sem regiões hidrofóbicas, tfpica de proteínas de membrana, encontrado, principalmente, nas membranas do reticulo endoplasmático e complexo de Golgi. Esse receptor liga-se à protefna integral de membrana, levando o sinal da auxina para dentro da célula (KERBAUY, 2008). 68 • FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS A auxina liga-se ao ABPI promovendo uma mudança confonnacional no complexo Aux/ABPl /protefna integral de membrana que será o .re~ponsável pela transmissão do sinal da auxina para dentro da célula. Esses sma1s podem ser a hiperpolarização da membrana plasmática, controle de canais iônicos da membrana plasmática e regulação da secreção de componentes da parede celular (polissacar[deos e glicoproteínas), promovendo a reconstrução da parede celular no processo do alongamento celular. A ligação da auxina ao receptor ABP l também tem papel no ciclo da divisão celular promovendo a passagem da fase G 1 para Se da G2 para a mitose {M). Após a ligação da auxina aos receptores, para que ocorra a transmissão do sinal auxínico pela transdução através de moléculas sinalii.adoras, tem a ação dos mensageiros secundários. Os mensageiros secundários envolvidos na transdução do sinal da auxina são o Ca2+, calmodulina e proteína-O (Figura 2.7). A função exata do Ca2+ no modo de ação da auxina ainda não foi detenninada, mas sabe-se que a aplicação de auxina na planta promove o aumento da concentração de Ca2+ livre intracelular. A calmodulina é uma proteína que se liga ao Ca2+ para se tomar ativa, formando o complexo Ca2+ -calmodulina que atua na ativação enzimática como as proteínas quinases que podem ativar outras enzimas (Figura 2. 7). A proteína-G pertence à superfamília de GTPases da membrana plasmática que, urna vez ativa, atua na ativação de enzimas como a fosfolipase C (PLC) e, também, atua na síntese de quinases dependentes de ciclinas (CDKs) que são enzimas importantes no ciclo da divisão celular (Figura 2.7). A fosfolipase C promove a produção de inositol trifosfato (IP3) que tem ação na abertura de canais nas organelas celulares como é o caso da liberação de Ca2+ do vacúolo para o citosol (CASTRO et ai., 2005). O receptor TIRI apresenta um domínio F-box sugerindo seu envolvimento com a degradação de proteínas mediada pela ubiquitina. As proteínas F-box determinam a especificidade ao substrato, o complexo Skpl/Cullin/F-box (SCF), que promove a ubiquitinação da proteína-alvo que será degradada pelo proteassomo. A auxina promove a ubiquitinação da proteína AUX/IAA pela SCFTRJ1 objetivando sua degradação e, assim, ativwtdo a expressão gênica (WOODW ARD; BARTEL, 2005; MOCKAITIS; ESTELLE, 2008). O receptor TIRI liga-se a uma IAA-proteína (proteína AUX/IAA), proteína esta que é repressora de genes induzidos pela auxina inibindo a fonnação de fatores de transcrição em resposta à auxina (ARF). Nesse complexo, TIRI AUX/IAA, é que ocorre a ligação da auxina estabiliz.ando o complexo TIRl AUX/IAA que se associa ao SCF"ª1 (Figura 2.8). Esse tipo de receptor ucombinatório" é que possibilita à auxina regular vários processos fisiológicos. O complexo TIRI-AUX/IAA-SCF11 R 1 ativado promove a ubiquitinação da proteína AUX/IAA pela ação da ubiquitina ligase (E3 ligase), levando à degradação da proteína no proteassomo 26S, processo que requer ATP. A degradação da proteína repressora dos fatores de transcrição à resposta da auxina (ARF) promove AUXINAS-69 a ligação da auxina aos elementos de resposta à auxina (AuxRE) e estimula a transcrição dos genes induzidos pela auxina (Figura 2.8). 1 Protchrn · rro1cín11 -!, / 1 Mc...,;,f ,.,;,;;,;dá;;;;:, - -------.. ---➔> [ Cnlmodulina I Proldnn-G ,I Papel aindo não , definido : Comrloxo C112· cahno<lulina i __ Ativoi;ào cnzimnticu 1 Ativação ! fosfolirasl! C -!, 1 Pro<l~çiiu li' 3 cDAG -- ~ Lilx:iruçilo ,__ ______ ---oi Ctti,. ui1osol Figura 2.7 - Mecanismo de ação das euxlnas pele rote do receptor ABP1 (auxln bindlng proteln 1). Ligação de auxina (Ax) ao ABP1 promove a ligação à proteína integral de membrana que é responsável pela transmissão do sinal auxlnlco pelos mensageiros secundários (Ca2•, calmodulina e protelna-G). O exato papel do Ca2• na sinalização auxfnlca é pouco conhecido; esse ca2• pode llgar-se à calmodulina e o complexo ca2+ - calmodulina promove a ativação de enzimas como as protelnas quinaaes (PKC). A protef na-G pode promover a ativação de fosfolipaae C (PLC) e a slntese da enzimas quinases dependentes de cicllnas (CDKs) que são importantes na divisão celular. A ativação da PLC promove a produção de inositol trifosfato (IP,) e OAG (diadlgllcerol). O IP3 promove a abertura de canais nas membranas, liberando Ca~ do vacúolo para o citosol e este aumento promove a ligação com a calmodullna. O OAG promove a ativação de PKC. 10 • FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS CI ( ARF llbiquitinaçõo d■ AllX/LU. Protrassomo 265 Drg111d1çio ARF Figura 2.8 • Mecanismo de ação das auxinas pela rota do receptor TIR1 (transport inhibffion response 1). Ligação da auxina (Ax) ao complexo TIR1/protelna AUX/IAA promove a ligação SCFTIR1 e esse receptor ·combinatório• promove a ubiqultlnação da protelna AUX/IAA que será degradada no proteassomo, permitindo a formação dos fatores de transcrição à resposta da auxina (ARF). Os genes induzidos pela auxina são divididos em 2 grupos: os genes de resposta primária rápida ou genes precoces e genes tardios para adaptação ao estresse. Os genes de resposta primár.ia rápida têm ação na expressão gêmea e este processo tem inf cio poucos minutos ou poucas horas após a aplicação de auxina; a indução da expressão desses genes ocorre pela ativação de fatores de transcrição já presentes na célula, fato este que explica a rápida expressão gênica. Esses genes são induzidos pela rota de sinaliz.ação do TJR 1 e pertencem às familias gênicas auxliaa, saur e gh3. Esses genes promovem a transcrição de AUXINAS· 71 genes de resposta secundária ou genes tardios necessários para as respostas de longo prazo ao hormônio; são genes que estão envolvidos na comunicação intercelular ou sinalização célula à célula ou são genes que codificam proteínas que estão envolvidas na inativação por conjugação ou degradação de IAA ativo, impedindo o acúmulo de auxina. Genes da família auxliaa - genes estimulados pela auxina num perfodo de 5 a 60 minutos. Esses genes codificam fatores de transcrição de curta duração que poderão ativar ou reprimir genes de resposta secundária à auxina ou genes tardios. Genes da família saur e ghJ - genes estimulados pela auxina num período de 2 a 5 minutos. Os genes sa11r estão envolvidos com as respostas de fototropismo e gravitropismo e os genes gh3 são responsáveis pelas respostas reguladas pela luz. Os genes tardios para adaptação ao estresse são estimulados num período de 2 a 4 horas após o aumento da concentração de auxina. Esses genes são os genes da ACC sintase e glutationa S-transferase que promovem, respectivamente, a síntese das enzimas ácido 1-aminociclo-propano-l carboxílico sintase (ACC sintase) que tem papel importante na síntesede etileno e glutationa S-transferase (GST). Essas enzimas estão relacionadas com a adaptação das plantas aos diferentes tipos de estresses. Além das auxinas atuarem na ativação de genes, este grupo honnonal também promove a ativação direta da H+ -A TPase da membrana plasmática numa resposta rápida (15 minutos) e não transcricional. A ativação desta bomba de prótons promove a acidificação da parede celular no processo do alongamento celular ("crescimento ácido"). Os estudos têm mostrado que o receptor que participa desse processo é o ABP 1 que parece ser o responsável pela ativação da H•-ATPase da membrana plasmática. 2.7- Efeitos flslológlcos 2. 7 .1 - Alongamento celular O alongamento celular é importante no crescimento e desenvolvimento das plantas. As auxinas promovem o crescimento da célula pelo aumento da extensibilidade da parede celular que é explicada pela hipótese do 'crescimento ácido' . Essa hipótese propõe que as auxinas induzem a ativação de H•-ATPases preexistentes das membranas plasmáticas por se ligarem na ABP,1 e, também, por promover a síntese de nova H•-ATPase. A ABP,, interage com o domínio inibitório da ATPase-H• (Figura 2.9). Dessa fonna, a ligação do lAA provoca mudança confonnacional na ABP,1, a qual interage com o domínio inibitório da A TPase-H• da membrana plasmática ativando a enzima. 72 • FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS MembranaffM plasmátlcnÜtlli ~íllo cataUllco 1 Sitio dc U1,taçlo Melo externo ~: ~ 1 11 • ~e Meio interno mt Figura 2.9 - Mecanismo de ativação da ATPase por intennédlo das auxinas no meio lntemo da membrana celular. (M.P.: membrana plasmétlca. IAA: ácido lndolllac:étlco. ABP57: receptor auxlnico). A H+-ATPase induz a extrusão de prótons para o apoplasto levando a sua acidificação. O decréscimo no pH proporciona a ativação da proteína expansina que promove a quebra das pontes de hidrogênio existentes entre as microfibrilas de celulose e hemicelulose (polissacarídeos). Posterionnente, o pH ácido também ativa outras enzimas como a celulase, hemicelulase, glucana• ses, pectinases e xiloglucano endotransglicosidase (XEn que promoverão maior extensão da parede celular ('afrouxamento' da parede celular). Esse afrouxamento da parede celular leva a redução do turgor celular (redução do potencial hídrico) promovendo a absorção de água pela célula e o crescimento celular. Para que o alongamento celular seja completado, é necessária a redução da extensibilidade da parede celular e isso será realiz.ado pela enzima P-1,4 glucan sintetase que será responsável pela deposição de polissacarídeos na parede celular e a reconstrução da parede celular. A auxina é responsável pela indução dos genes dessa enzima. Assim, a auxina atua tanto no aumento da extensibiUdade da parede celular como na posterior reconstrução da parede celular. A concentração ótima para o alongamento celular varia de órgão para órgão, normalmente seguindo e seguinte sequência: [raiz] < [gema) < [caule] AUXINAS-13 Elevadas concentrações de auxinas estimulam a sf ntese de etileno, o qual inibe o alongamento do caule e das raízes laterais, sendo esta uma das carac terísticas que detennina um nível ótimo de auxina para cada órgão. 2. 7 .2 - Divisão celular As auxinas juntamente com as citocininas promovem a divisão e a diferenciação celular. Na divisão celular, esses honnõnios vegetais regulam o ciclo de divisão celular controlando a atividade de proteínas específicas, essenciais a esse processo, as quinases dependentes de ciclina (CDKs). As auxinas induzem a expressão de genes para essas enzimas (CDKs) que irão atuar na passagem da fase G 1 para Se da fase G2 para M do ciclo celular. Assim, a auxina promove a síntese das CDKs e a citocinina promove a ativação dessa enzima. Já o ABA (ácido abscfsico) inibe o processo da divisão celular por inibir o efeito da auxina na indução da síntese de CDKs. 2.7.3 - Tropismos As respostas graviotrópicas das plantas envolvem a distribuição lateral de auxinas. Por exemplo, quando os coleóptilos se curvam em direção oposta à gravidade, a auxina é transportada lateralmente para a parte inferior, tomando o crescimento mais rápido que a parte superior. Na parte aérea e nos coleóptilos, ocorre a presença da bainha de amido, uma camada de células que circunda os tecidos vasculares, que faz a percepção da gravidade. 2.7.3.1 - Gravitropismo (teoria eatatóllto-amldo) Ao contrário da luz unilateral, a gravidade não forma gradiente entre as metades inferiores e superiores dos órgãos, sendo a resposta percebida por intennédio do movimento de um corpo em queda ou sedimentação (Figura 2.1 O). Os candidatos para serem sensores vegetais são os amiloplastos, considerados organelas grandes e densas que rapidamente se sedimentam na porção inferior do citoplasma, em resposta à gravidade. Os amiloplastos com grãos de amido que funcionam como sensores da gravidade são chamados de estatólitos (teoria estatólito-amido ). 2.7.3.2- Gravltroplamo: modelo da tenaogrldade Outra teoria utiliz.ada para descrever o gravitropismo foi desenvolvida por Andrew Staeheli, denominado de modelo da ttnsogrldade. Esse modelo consiste na integridade estrutural criada pela tensão interativa entre dois com ponentes estruturais. Nesse caso, a rede estrutural consiste de microfilamentos 74 • FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS de actina que fonnam parte do citoesqueleto das células centrais da coifa. De acordo com o modelo, a sedimentação de estatólitos pelo citosol rompe localmente a rede de actina, mudando a distribuição da tensão transmitida sobre o retículo endoplasmático, sobre o acúmulo de proteínas PIN3 e sobre os canais de Ca2 .. na membrana. Ápice rndiculnr Estntócitos Amiloplastos Pressão unifonne no RE Figura 2.1 O • Mecanismo de percepção da gravidade via estatólitos. 2.7.3.3 • Redistribuição lateral das auxlnas na coifa Embora a coifa apresente pequenas quantidades de auxinas e ácido abscísico, as auxinas são mais efetivas na inibição do crescimento de raízes quando aplicado diretamente na zona de alongamento. Nessa zona, acumula-se a auxina, a qual não ultrapassa essa região, pois seu transporte é inibido por flavonoides produzidos no mesmo local (MURPHY et ai., 2000). O processo é iniciado quando o IAA é sintetii.ado na parte área e transportado pelo esteio até a raiz. Quando a raiz está na posição vertical, os estal6fitos sedimentam-se na base das células. As auxinas são distribuídas igualmente nos dois lados da coifa das rafzes. O IAA é então transportado na direção basípeda do córtex para a zona de alongamento, onde inibe a divisão e o alongamento celular. Consequentemente, a maior quantidade de auxina na porção inferior inibe a divisão, enquanto a baixa concentração na porção superior estimula a mesma, ocasionando a curvatura da raiz para baixo. A relação dos estatólitos com o processo está ligada ao transpone de auxinas, pois a sedimentação lateral dos estatólitos pcnnitem o transporte polar do IAA para e porção inferior da coifa (TAIZ; ZEIGER, 2013). AUXINAS· 75 O cálcio proveniente do retículo endoplasmático auxilio o transporte de auxinas, além de ser essencial para a ligação com a calmodulina e, assim, a ativação da A TPase (Figura 2.11 ). Córtex Esteio Córtex Alon1tnmenlo AIA (A) Alallpmnito Córtn E,trlo C6rln ++ (B) IAIMcto do alupaacato ,-1• 111llu Figura 2.11 - Modelo fiIiol6glco de percepçlo da gravidade em funçlo do lAA e do ollcio: (A) ,alz ae desenvolvendo na dlreçlo vertical e (B) raiz se desenvolvendo na dlreçlo horizontal estimulada pela açlo da auxina e do■ estat6llt01. 76 • FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS A gravidade é um dos mais importantes componentes do ambiente que direcionam o crescimento das plantas. As raízes apresentam crescimento direcional, próximo ou distante do estímulo ambiental que está relacionado com a gravidade, água, danos mecânicos e concentraçãode produtos químicos. O crescimento direcionado por estímulo ambiental contribui para o estabelecimento do sistema radicular, evitando riscos ocasionados por adver sidades abióticas e bióticas (TAKAHASHI, 1994). Em geral, a parte aérea cresce em direção contrária à gravidade (gravitropismo negativo), enquanto que as raízes se desenvolvem cm direção à gravidade (gravitropismo positivo). Em plantas superiores (multicelulares), o crescimento direcionado de acordo com a variação da gravidade é detectado por células especializadas chamadas de estatócitos, que são capazes de converter uma infonnação flsica em fisiológica. Esse sinal é transmitido para as células vizinhas e outros tecidos, produzindo um crescimento diferenciado. Essas células são encontradas no ápice radicular, também denominado de "capa radicular'' (Figura 2.12). (11) (b) (e) : 1 : . . . l.D\ . . . . . . . . . . . . . : l..\. . . . . . : ;1 1 . . Figura 2.12 - A estrutura da raiz e dos el1at6citos. (a) Plêntula da três dias de Idade estimulada pela gravidade devido ao seu posicionamento horizontal durante um dia de escuro. Tanto as ralzea como o hlpocóUlo mostraram reaposta gravlotróplca. (b) Plêntulas de três dias de Idade com dessecaçlo do sistema radicular (éplce radicular (AR); zona de alongamento distal (ZAD), zona de alongamento central (ZAC), zona de diferenciação vlslvel (ZDV)). (e) Estrutura da raiz. Uma das três plêntulaa foi corada com uma solução de Iodeto de potjaslo. Oa amlloplaatoa tomaram-se vislvela nas oélulu da columela da coifa. (d) A estrutura esquemétlca da célula da columela, que mostra o núcleo (N), vacúolo M, os amiloplaatoa (A) e o reUculo endoplasméllco (RE). Adaptado da Morita e Tasaka (2004). AUXINAS· n O retículo endoplasmático está envolvido na conversão do sinal desses processos com os estatócitos. Estudos realizados com células animais inspi raram um modelo que incorpora canais de fons mecanosscnsitivos (NJKLAS, 1997; KANG et ai., 2002). O hidrotropismo é um mecanismo diflcil de ser quantificado, uma vez que existe interação direta com o gravitropismo. Em 1900, evidências experimentais demonstraram que a orientação do ápice radicular é importante para o gravitropismo. O ápice radicular consiste de uma capa que protege os meristemas apicais (Figura 2.12-A e B), a coifa. Em algumas plantas, a remoção da coifa não causa dano ao crescimento das mesmas. Contudo, a decapitação do ápice radicular repercute na perda da sensibilidade gravitrópica das raízes. Em alguns casos, essa capacidade responsiva pode ser recuperada devido à regeneração do ápice radicular. Isso se deve, principalmente, devido à co)umela de células do ápice radicular apresentar amiloplastos sedimentados que direcionam o crescimento em direção à gravidade (Figura 2.12-C e D). A endodenne contém amiloplastos sedimentados que podem estar localizados na parte aérea de algumas espécies. Estudos genéticos têm estabelecido o papel de células endodérmicas, bem como dos estatócitos na parte aérea. Na Figura 2.13, visualiza-se o comportamento de Arabidopsis sp., onde se obseiva os amiloplastos da endodenne sedimentados em relação à gravidade, o que ocasionou o crescimento vertical da planta. Figura 2.13 - Estrutura do estat6cito em Arabldopsls sp. (a) Haste com lnflorescllncia com cinco semanaa foi estimulada pelo gravltroplsmo. Após 30 minutos de estimulo gravitróplco, foram reallzadaa lmag1n1 a cada 10 minutos em um total de 100 minutos; (b) Estrutura esquemáUca de tecido do caule. (e) Corte longitudinal da haste. A amostra foi corada com azul de toluldlna e obaervada em mlaoacóplo. A epiderme (Epl), córtex (Co) e endodenne (En) alo vlaível1. Na endoderme, os amllopl■atos eatlo sedimentadas no sentido da gravidade e (d) E1trutura eaquenwUca da c61ula endod6nnlca, mostrando o vacúolo Me os Amllopl11to1 (A) (MORITA, 2010). 78 • FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS Embora os amiloplastos sejam encontrados comumente na parte aérea e raízes, existem diferenças entre eles quando são localizados na endoderme e nas células da columela da raiz. Os amiloplastos da columela da raiz são derivados de proplastídeos, os quais contêm grandes grânulos de amido. Porém, não apresentam uma estrutura de membrana dos tilacoides organizada e tampouco pigmentos fotossintéticos. Os amiloplastos encontrados em hipocótilos são similares aos que se desenvolvem no escuro, embora possa ser verificado a presença de corpos prolamelares. Os amiloplastos do hipocótilo desenvolvem a membrana dos tilacoides sobre condição de luz induzindo a atividade fotossintética dessa célula. Os amiloplastos de células endodérmicas da parte aérea são como cloroplastos que especificamente acumulam amido. Os amiloplastos desenvolvidos em caules de Arabidopsis sp., ou em cereais, contêm pulvinos com membranas de tilacoides. A habilidade fotossintética dos amiloplastos da parte aérea pode conduzir a diferenças funcionais dos amiloplastos radiculares, como a produção de A TP, radicais livres e omeostase iônica. Os amiloplastos da endoderme exibem movimento "saltatório't, movendo-se para a parte superior da célula. O hidrotropismo nas raízes apresenta uma resposta mais qualitativa do que quantitativa. Normalmente, o grau de mudanças de resposta hidrotrópica ocorre sob diferentes intensidades de graviestimulação. Isso porque o hidrogravitropismo pode interagir com o gradiente de umidade. Quando a resposta gravitrópica é reduzida, seja genética ou fisiologicamente, a resposta hidrotrópica de raízes é mais eficaz. Além disso, as raízes mais sensíveis à gravidade parecem exigir maior gradiente de umidade para a indução de hidrotropismo. Isso pode ser visualizado devido a um diferencial de crescimento na zona de alongamento, que foi mais inibida no lado úmido do que no lado seco das raízes (TAKAHASHJ, 1994). As células sensíveis à gravidade que estão localizadas na columela, no ápice radicular, apresentam um movimento de auxinas lateralmente para o sentido da gravidade, que conduz à curvatura da raiz (BOONSIRICHAI et ai.. 2002) (Figura 2.14-8). Em raízes, o ponto inicial de estimulo requerido para a indução de gravitropismo é de aproximadamente 1 O segundos. Isso conduz ao movimento de auxinas, lateralmente no sentido inferior da célula (no sentido da gravidade), que ocasiona o crescimento diferencial, após um período de apro ximadamente I O minutos (PERBA; DRJSS-ECOLE, 2003). o padrão do movimento de sinal do hidrotropismo é similar ao gravitropis:mo em raízes devido tanto a células sensíveis aos estímulos, como as células que residem no ápice radicular (Figura 2.14-A). O tempo inicial para ocorrer a indução do hidrotropismo é maior em relação ao gravitropismo. Uma distinção aparente que pode ser observada entre hidrotropismo e gravitropismo está relacionada ao tempo do sinal de transdução e transmissão AUXINAS- 79 que finalmente inicia a curvatura. Nas raízes, o gene nhr J pode inibir a resposta gravitrópica e, portanto, pennite o desenvolvimento das raízes em direção à água. Essa constatação sugere que a coifa pode usar alguns genes como "inte gradores" de duas ou mais áreas sensíveis, cuja última função é avaliar e conci liá-las. Assim, o gene nhr J pode inibir a resposta gravitrópica da raiz quando os gradientes de umidade e sensibilidade à gravidade apresentarem antagonismo. Sabe-se que os agentes químicos, tais como o inibidor do transporte de auxina polar e Ca2"" quelatizado são inibitórios para o hidrotropismo e gravitropismo, mesmo em condições de indução (T AKAHASHI; SUGE, 1991 ). (1) ---o + Grndlent.e de umidade (b) .VMJ I" Et~ ' lnatf\•o ~ AIU.iu_,j ••• o 1t pHeCa:- Aaifsp1tn• Srm arndlcntc de um1dnde Gnw1dnde 1 Figura 2.14 - Representação esquemática do hidrotroplsmo de ralzes versus gravitroplsmo em plãntulas de Arabidopsis sp. A seta Indica o gradiente de umidade no lado (a), sendo que no lado (b) nAo há gradiente de umidade.As setas localizadas dentro das ralzes Indicam a direção do transporte de auxlna. A largura destas setas está correlacionada aos nlvels de auxina transportada. Seta com tracejado duplo Indica aumento na concentração de Ca2• quelatizado e pH na célula da columela (EAPEN et ai., 2005). Um novo protagonista para a regulação hidrotrópica pode ser o ABA, que pode impulsionar o crescimento da raiz em busca de água sob condições de estresse moderado. Ao mesmo tempo, o ABA pode antagonizar a transdução precoce da resposta gravitrópica de raízes responsivas .. De acordo com o modelo proposto por Eapen et al (2005 ), a percepção da gravidade ocorre em célula da columela, que tem amiloplastos que podem ser se<Hmentados, o que tomam as raízes sensitivas à gravidade. Uma vez que o estímulo hidrotrópico é percebido, um sinal assimétrico tem origem no interior das células da colurnela, o que leva a um movimento de auxina lateral descendente. A percepção de gradientes de umidade pode ocorrer em qualquer lugar do ápice radicular (provavelmente, na região lateral da coifa), que por sua vez, desencadeia a degradação de amiloplasto em células da columela. Esse 80 • FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS processo provavelmente reorienta a raiz na direção de gradientes de umidade (EAPEN et ai., 2005). 2.7.3.4 - Como as ralzes de Arabldopsls ap. diferenciam o hldrotroplsmo do gravttroplamo? O hidrotropismo radicular é uma resposta à umidade, que é considerado importante por evitar o deficit hídrico. Recentes avaliações do hidrotropismo radicular têm enfatizado o efeito dominante do gravitropismo radicular nessa situação. Isto sugere que a atividade dos amiloplastos dentro das células de colu mela e a regulação da auxina atuem neste mecanismo, apesar da existência de diferentes rotas de estimulo dos dois tropismos (MlY AZA WA; T AKAHASHI, 2007). A sequência do aminoácido MlZl apresenta um domínio descarac teriz.ado, que é conservado entre plantas terrestres (domlnio MIZJ); acredita-se que a função deste gene seja diferenciar o gravitropismo do hidrotropismo, através de alterações ambientais, gradientes de umidade e gravidade. Várias investigações tentam separar gravitropismo e hidrotropismo, e esclarecer as interações entre estes dois tropismos. Estudos recentes de monstraram que o hidrotropismo radicular é uma resposta genuína da planta e este interage com o gravitropismo. Entretanto, esta interação sobre o mecanismo do crescimento radicular ainda não foi detalhada. Outra questão é a regulação genética deste tropismo. Atualmente, somente dois genes mutantes foram relatados não serem hidrotrópicos. De acordo com os resultados de análises fisiológicas e estudos genéticos, o isolamento destes dois genes não significaria que estes tropismos são controlados somente por eles. Futuros trabalhos em fenótipos de MIZ poderão fornecer dados para a compreensão deste processo e sua relação com a regulação honnonal. O fato destes genes com domínio MIZ aparecerem somente em plantas terrestres, sugere que seja urna adaptação ao ambiente. Estudos comparativos do MIZl e seus homólogos podem revelar a evolução do gradiente de umidade de espécies terrestres e o processo do hidrotropismo radicular. O mecanismo de resposta hidrotrópica está longe de ser compreendido, porém, a identificação do MIZJ pode ser considerada o começo das pesquisas sobre o hidrotropismo, pois este gene foi o primeiro a ser identificado como fundamental para esse processo (MIY AZA W A; TAKAHASHI, 2007). 2. 7 .3.5 - Fototroplamo É o movimento da planta em resposta a uma distribuição desigual de auxina nos tecidos (Figura 2.15). A auxina é trans)ocada do lado de maior iluminação para o lado menos iluminado, lateralmente, em vez de ser AUXINAS-81 transportada de forma basípeda. Isso porque o pigmento flavoproteína (fototropina 1 e 2) são fotorreceptores de luz azul, percepção que ocasiona o movimento de auxina. Essas proteínas são autofosforilantes (CHRISTIE et ai., 2002) e essa fosforilação induz o movimento de auxina para o lado sombreado, onde é desfosforilada, estimulando o alongamento (TAIZ; ZEIGER, 2013). ,\ 1,\ Figura 2.15 - Modelo fisiológico que explica o mecanismo de fototropismo em plantas baseado na ação das auxinas. Fosforilação e desfosforilação da protelna riboflavlna de acordo com a disponibilidade de luz azul. 2.7.4-Ativldade cambial em plantas lenhosas Em regiões temperadas, as plantas no inverno apresentam baixa atividade cambial, enquanto que no período da primavera esse processo inverte. Esse efeito possivelmente está relacionado ao aumento da síntese de auxinas nas folhas jovens que são produzidas na primavera, que estimula a atividade do câmbio, levando a diferenciação das células cambiais (BRUCK; PAOLILLO JÚNIOR, 1984). Nas condições de baixa atividade cambial, a aplicação de auxina exógena eleva essa atividade e promove o crescimento secundário do caule. 2.7.5- Domlnlncla aplcal As auxinas são produzidas nos meristemas apicais mantendo inibidas as gemas laterais das plantas. Entretanto, quando o ápice é removido, a concentração de auxinas nas gemas laterais aumenta (Figura 2.16). Isso ocorre porque a concentração ótima de awdnas para o crescimento das gemas é baixa, muito mais baixa que a concentração nonnalmente encontrada nos caules (Figura 2.1 7). 82 - FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS Gfmn l:itrr:a 1, destnnlvld:u, Mrrtstrm1111pk11I rorudo \ -;-_ \/ \ l' 1 '/ ~ ,: , ', j 't 1 1 I .... y \ hrhttm:i 111l0I ....._ Auxloa 'Ir r~m:u. 1:11rrals olo dr\cn,·otvldu Figura 2.16 - Dominância apical. Adaptado de Evers et ai. (2011 ). 1 1 1 1 1 1 1 ---r-- Raiz 1 Botãotvcgetativo 1 1 1 Concenttnçilo de auxilUl Figura 2.17 - Respostas diferenciais de crescimento de órgãos distintos às variações nas concentraçiões de auxlnas. AUXINAS-83 No entanto, parece pouco provável que a auxina produzida no ápice caulinar iniba diretamente o crescimento das gemas laterais. Dessa forma, atualmente se acredita que outros honnônios como as citocininas e o ABA estejam envolvidos neste processo. A aplicação direta de citocininas em gemas laterais estimula o crescimento dessas, independente da produção das auxinas na gema apical. A auxina faz do ápice caulinar um dreno para as citocininas produzidas na raiz. Isso pode ser um dos fatores envolvidos na dominância apical (TAIZ; ZEIGE~ 2013). Assim, alguns critérios devem ser obedecidos para que a dominância apical ocorra: (i) elevada concentração de auxinas na gema apical e baixa na lateral inibe o desenvolvimento de gemas laterais; (ii) gema apical atrai nutrientes e citocininas, pois não há conexão dos vasos com as gemas laterais; (iii) baixa concentração de citocinina na gema lateral que inibe a divisão celular; (iv) alta concentração de ABA nas gemas laterais que inibe o seu crescimento; (v) alta concentração de Ax na gema apical mantém alta concentração de ABA na gema lateral inibindo o desenvolvimento e (vi) balanço entre Ax e CK direcionam a dominância apical: baixa relação entre Ax/CK ocasiona brotação de gemas, enquanto que a baixa relação entre Ax/CK induz a dominância apical. Foi proposto por Shimizu-Sato et ai. (2009) um modelo de ação da citocinina e auxina na formação de ramificações (Figura 2.18). Em plantas intactas, a auxina sintetizada no ápice da parte aérea reprime o gene que codifica a enzima IPT (isopenteniltransferase), enzima envolvida na síntese de CK, ao mesmo tempo ocorre a indução da enzima citocinina oxidase (CKX), que ocasiona a inativação da citocinina. Consequentemente, a brotação da gema axilar não ocorre (Figura 2.18-A). Quando o ápice é removido, o nível de auxina no caule diminui Consequentemente, ocorre um incremento da força de dreno das folhas e gemas para o caule. Ao mesmo tempo a enzima IPT é ativa e a CKX inibida (Figura 2.18-8). No momento em que a gema inicia a brotação, aauxina começa a ser sintetizada e translocada para o caule. Dentre as suas funções, está a formação de folhas e vascularização. No caule, o lPT é reprimido e a CKX ativada (Figura 2.18-C). 2.7.6- Expreaslo do aexo da flor As auxinas estimulam a diferenciação de flores femininas em cucur bitáceas, anterior ao estádio de 3 a 4 folhas definitivas. 2.7.7 - Creaclmento do fruto O endosperma das sementes pode fornecer auxinas para o desen volvimento de frutos e o embrião como fonte de auxinas nos estádios subse quentes. Assim, a auxina é wn hormônio envolvido no crescimento de frutos. 84 • FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS @ (Íri') r,ff ►"" ► ~ CK l (ri -,,,, (a) (l>) (f:1i. (e) "" 11Jf IAA Figura 2.18 - Modelo fisiológico de interação entre a auxlna e cítocinlna na formação de ramificações laterais. Legenda: (a) Merlstema apical Intacto; (b) Meristema aplcal decapitado, e (e) Brotação da gema axilar. Adaptado de Shimizu-Sato et ai. (2009). (CKX: citocinlna oxidase. PIN: pln shsped inflorescences. IPT: lsopentenlltransferase). 2.7.8- Partenocarpla Os tratamentos de flores não polinizadas com auxinas podem induzir a formação de frutos partenocárpicos. Nesse processo, a auxina pode proporcionar a sua própria síntese pelos tecidos do fruto para promover o crescimento e a fixação de frutos. 2.7.9 - Efeito herbicida O uso de herbicidas à base de auxinas tem sido utilizado como uma ferramenta para o controle de plantas daninhas da classe dicotiledônea. Elevadas concentrações de auxinas têm efeito na sensibilidade do sistema de ~oxidação de substâncias sintéticas~ que transforma no interior da planta uma substância sintétic~ em um herbicida. Existem auxinas derivadas de várias moléculas. Nas plantas, o ácido indolilacético é a principal forma de auxina que permite o controle de várias reações. Porém, existe uma gama de derivados sintéticos do IAA, incluindo: (i) os ácidos fenoxi-acéticos [2,4-0; 2,4,5-T; MCPA (ácido 4-Cl-2-metilfenoxi-.acético); 2,4-DP (ácido 2,4-diclorofe noxi-propanoico], (ii) ácidos benzoicos [Dicamba (ácido 3,6-dicloro-2- metoxibenzóico); Chloramban (ácido 3-amino-2,5-diclorobenzoico)], (iii) piridina [picloram (ácido 4-wnino-3,5,6-tricloropicolínico), triclopyr (ácido 3,5,6-tricloro-2-piridinil oxiacético)], e (iv) âcidos quinolina (quinmerac e quinclorac) que podem provocar fortes reações auxínicas, com a vantagem de AUXINAS- 85 ser mais estável em plantas do que os hormônios naturais (WOODWARD; BARTEL, 2005). Essas molécuJas sintéticas têm ganhado importância considerável para verificar as funções complexas de auxina em plantas. Auxinas sintéticas em elevadas concentrações limitam, deformam e inibem o crescimento de plantas. Os eventos fisiológicos e bioquímicos associados ao aumento na concentração de herbicidas auxinicos foram divididos em fases de: (i) estímulo, (ii) inibição e (iii) queda (GROSSMANN, 2003). Os efeitos dos herbicidas auxínicos foram elucidados a partir do estu do de receptores. Recentemente foi identificado receptores do tipo TIRl (Transpor/ lnhibition Response) que possibilitam a percepção de auxina (DHARMASJRI et ai., 2005; KEPTNSKI; LEYSER, 2005). Também foi descoberta uma nova interação hormonal na sinalização entre auxinas, etileno e a regulação do carotenoide 9-cis-dioxigenase epoxicarotenoide (NCED) que atua na biossíntese de ácido abscísico (ABA) (KRAFT et ai., 2007). Essa interação está relacionada aos efeitos atribuídos aos herbicidas auxínicos (Figura 2.19). Em relação ao receptor TIR 1. constatou-se que o lAA ou auxina sintética liga-se na base do mesmo à proteína repressora situada acima do mesmo (T AN et ai., 2007). Nesse caso, o lAA funciona como uma "cola molecular" que melhora a interação entre Aux/lAA e o TIR 1. O TIR 1 também responde ao 2,4- D e ao NAA, parcialmente (DHARMASIRI et ai., 2005; KEPINSKI;, LEYSER, 2005; TAN et ai., 2007). A ligação do IAA (ou auxinas sintéticas) no TIRI estabiliza a interação com o repressor Aux/lAA e o receptor, fazendo com que o complexo ubiquinona ligase E3 SCFTIR1 ligue covalentemente a ubiquinona à proteína Aux/lAA. Desta forma, é formado o substrato para a degradação do proteossoma 26S1 (Figura 2.19). A perda de proteínas repressoras Aux/lAA proporciona a inibição da repressão preexistente em fatores de resposta a auxinas (ARF). Essas proteínas de ligação ao DNA continuam a ativar genes responsivos às auxinas, incluindo aqueles relacionados à síntese de ácido 1-aminocipropano 1-carboxHico sintase (ACC sintase), que está relacionado à produção de etileno e repressores Aux/IAA para processos de inibição emfeedback, enquanto as concentrações de auxinas no tecido vegetal mantiverem-se elevadas (HAGEN; GUILFOYLE, 2002). 1 O protcossomo 26S ~ dependente de A TP e 1cm massa molecular cm tomo de 2000 kDalton. 86 • FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS As plantas apresentam vários homólogos do TIR I incluind? o receptor "auxin binding F-box proteins" (AFB), que respondem de fonna diferente p~ra herbicidas auxfnicos como O 2,4-D e os herbicidas do ácido piridinocarboxfhco (W ALSH et ai., 2006), indicando que estes herbicidas podem ser utilizados para sondar as proteínas receptoras para diferentes auxinas. A diversidade e especificidade de tecidos, tanto para as proteínas Ax/lAA como para as ARF, podem explicar a grande quantidade de respostas específicas às auxinas (BADESCU; NAPIER, 2006). No caso de respostas rápidas à auxina, tais como a indução de fluxos de íons de expansão celular, provavelmente exista uma via de sinalização adicional, através da membrana, sendo que a proteína de ligação de auxina (ABP,) e proteínas relacionadas podem estar envolvidas (BADESCU; NAPIER, 2006). A ABP1 pode atuar como um coordenador da divisão e expansão celular, com auxinas locais que influenciam os níveis de eficácia do ABP1 (BRAUN et ai., 2008) (Figura 2.19). Os receptores recentemente descobertos TIR 1/AFB, elo entre herbicidas auxinicos e concentração de IAA, para concentrações supraótimas do fator de transcrição e superexpressão de genes responsivos à auxina, são responsáveis por eventos bioquímicos associados à ação de herbicidas (KELLEY; RIECHERS, 2007) (Figura 2.19). O excessivo estimulo da fonnação de ACC e do etileno ocorre através da indução da enzima ACC-sintase (Figura 2.20), a qual é considerada uma das respostas mais conhecidas de espécies sensíveis a herbicidas auxínicos (ARGUESO et ai., 2009; GROSSMANN, 2003; STERLING; HALL, 1997). Herbicidas auxínicos também são ferramentas úteis para induzir a biossíntese de ABA (GROSSMANN, 2003; SCHEL TRUP; GROSSMANN, 1995). A indução da produção de ABA a partir das auxinas (Figura 2.21) está ligada ao aumento da quebra de xantofila que libera a xantoxína que é precursora do ABA (HANSEN; GROSSMANN, 2000). Esse passo da via de fonnação de ABA é regulado pela enzima plastidial NCED (SCHWARTZ et al, 2003;. TAYLOR et aJ., 2005), que é desencadeada pelo estimulo da auxina (GROSSMANN, 2003; HANSEN; GROSSMANN, 2000). Nas dicotiledôneas, verifica-se efeito inibitório de várias reações bioquímicas quando as plantas são submetidas a doses elevadas de auxinas. Assim, utiliz.a-se herbicidas que atuam de fonna semelhante à auxina endógena (IAA). As dicotiledõneas são plantas muito sensíveis às altas concentrações de auxinas. A ação principal destas concentrações elevadas de auxinas, funcio nando como herbicidas, pare.ce ser o aumento da plasticidade da parede celular e da síntese de ácidos nucleicos. Altas concentrações de auxina no ápice caulinar e radicular também inibem a síntese de proteínas. Outros efeitos verificados são um sistema de degradação pouco efetivo, lento sistema de compartimentalização no vacúolo, epinastia, enrolamento do caule que diminui a eficiência fotos sintética e rompimento do tloema (divisão celular desorganizada) inibindo a translocação de fotoassimilados da parte aérea para as rafzes. l'lll\ alui ,1 da hu:-. tc l:Xpi.1tb5o celular t Fluxo dl! Hllb L l3arxa auxina 0Jrno11 11 Alta au:\ i na l! hcrbicidns l lh:prcssào g.cn~ticn AUXINAS-81 Proteína Ubcquitinn ligasc Comph::rn SCF TIRI .,rn Destruição da Aux / IAA t ... ·~1 •.••.• pela 26S Protcassoma Ativ:içiio gcn~licn - - -' / ~ ACS mRNA ~ NCED mRNA ~ t ACS E1ikno ( ACC ~<-- SAM Xan1oxina 4-(--Xantofi hrs Epmnsua fülrar. mchn o Jos lecidbs, :1c:nescênom. imb1ção do rmn~pone de auxma t ABA _ Dek-rioru ou (lo 11.'Cido ,!n~CllChl I t htitiíçâo do cn::,ctmtnto ' Superprod1rçãu d ROS ~ f Fticbamm10 dos es1ôrna10s ~ lrúbiejdo da J~ tnulo_çio dç CO! e da lntll$Jllmç.1o lnlbiçio da elonga9!0 -""""!~~ lniblgio do ans1maito celular e dlruão Figura 2.19 - Mecanismo de ação de herb.lcldas auxlnlcos em dlcoliled0neas. em que: TIR1/AFB (receptor de Aux/lAA); Aux/lAA (repressor transcricional de proteínas) protelnas; ARF (fatores de resposta e auxlnes); ACC (écldo amlnoclciopropano carboxlllco); ACS, (ACC-slntase); NCEO (9-c/s epoxlcarotenolde dloxigenase; ABP1 (proteína ligante em auxína 1): ABA (ácido abscfalco): ROS (espécies reativas da oxigênio) (DAYAN: DUKE; GROSSMANN, 201 O). ( f 88 - FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS Medonlna sn,· 0 oocM:\11: P-Cbnoawwu Alpan1l111 BJdrotn, P - Cb noabolna li >=<" n li 1 1 ' J 0 1S Cl11rlna 1 ~ V IIC~ 1 ... "" -----p -Claooalanlna :,. ... - 1lnlut [ 11.ltno ,, ,, \ ; ,,, \ co, -- ... ,,,. ,,,. ,, \ \ 1 1 I I I Figura 2.20 - Via de biossíntese do ellleno induzido por herbicidas auxlnicos. Legenda: SAM: S-adenosilmetionina. ACC: ácido amlnoclc/opropano carboxllico e HCN: ácido cianldrico (OAVAN et ai., 2010). __ 1_Se:nc:sc_ênn_-,_ 1 :7 Dctcriançlo do tc:àdo t Supaproduçlo lnibiÇjo do deROS aacimc:zlto t / lmbiçlo da nDrnilaçlo de C02 e dA truspiraçao l FcchmlcDID dai cstbmato, "- fiiibiçto :!:fanpmto e: dj ce.lulu ] . ~] 1 Curvatma 1 1 ·~11fní;; - ciD wlc: TIRI/AfD-SCF ABA l ARfs Dcgradaçao J Aux/lAA Xantoxina mR.~A ,__ _____ _, l Mc:tiooina l 1-HcED J.. _ ACC Xmtoftla.s L l unta.se: ACC eL '--------J------✓ 1 ~P~• foliar, dilataçao dot tc:cü!o.s, 1cncscenáa, inibiç&, do lra,portc de IIWIW Figura 2.21 - Via de slntese do ABA a partir de herbicidas auxf nicos 8 IAA (GROSSMANN, 2007). AUXINAS·89 Em monocotiledôneas, plantas pouco sensíveis às altas concentrações de auxinas, os herbicidas auxfnicos ou níveis elevados de auxinas não causam efeitos no crescimento de plantas, o que os tomam excelentes herbicidas se letivos. A seletividade dessa classe de plantas se deve: (i) a presença de feixes vasculares protegidos com tecido de esclerênquima que previne a destruição do íloema; (ii) degradação rápida da auxina sintética pela aril hidroxilação do 2,4- D (Figura 2.22); (iii) conjugação do 2,4-D com aminoácidos; (iv) com partimentalização rápida no vacúolo e (v) algumas plantas liberam auxinas pelo sistema radicular. Ac. 2,5-dicloro-4-hidroxifcnoxi-acético Hidroxilaçâo 2,4-D Ác. 2,3-dicloro-4-hidroxifenoxi-acético Perde atividade auxínica Figura 2.22 - Processo de lnatlvação do 2,4-0 por hldroxllação. 2.7.10 - Iniciação de ralzes em eatacaa e fonnaçlo de ralzes laterais As auxinas estimulam as células do periciclo a se dividirem. As células em divisão fonnam a raiz lateral que cresce através do córtex e da epiderme da raiz. No entanto, as raízes necessitam de uma concentração mínima de aux.inas (altas concentrações inibem o seu crescimento), menores que as exigidas nos caules. Logo, as auxinas estimulam a fonnação de raízes, mas em concentrações acima da mínima, inibem seu crescimento. O processo de fonnação de raízes secundárias em milho pode ser visualizado na Figura 2.23, em que as auxinas têm efeito direto na diferenciação do periciclo. Já na Figura 2.24, tem-se o aspecto prático da iniciação radicular em estacas caulinares como uma fonna de propagação assexuada das plw,tas. 2. 7 .11 - Difere nc laçlo de raiz•• Expiantes foliares de Medicago lruncatula, quw,do expostos à auxina, apresentam fonnação de raízes iruciais em uma semana. As células associadas com vasos condutores são estimuladas pela adição de auxina, células derivadas de vasos (CDV) que crescem para fora do calo, fonnam o meristema radicular. Diferentes produtos dos meristemas são destinados ao desenvolvimento de 90 • FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS tecidos na ra iz. Essas CDV pnrecem ser originlldas de células do tlocma ou próximas a ele. Em A1. 1nmcat11la se citocinina é adicionada juntamente com a auxina, a produção de rnlzes é bloqueada e os embriões sõo produzidos, porém, muito mais tecidos vasculares são produzidos através do calo. Entretanto, se o.s e>..-plantes são expostos à auxina por sete dias antes da adição de citocinina, ocorre somente a fom1ação de raízes (1 MIN; ROLFE, 2007). Figura 2.23 . Fonnação de ralzes laterais em mllho: secçao transversal de um primórdio de ralzes laterais em desenvolvimento (barra de escala: 50 µm). Méxima resposta da auxína associada ao floema detennlnando o posicionamento radial de raízes laterais em milho (JANSEN et ai., 2012). AUXINAS-91 Figura 2.24 - lniclaçao de raízes em estacas caulinares e formação de ralzes laterais. Assim, uma vez induzido, o processo é irreversível. Esse trabalho sugere que células meristemáticas existentes em tecidos vasculares de folhas podem ser estimuladas pela adição de auxina, sendo que o número de raízes formado dos mesmos explantes pode ser intensificado pela adição de glutationa oxidada ou reduzida ou pela alteração da percepção do etileno. 2.8 - Relação entre auxlna e luz O ácido indol-3-acético (IAA) é um hormônio vegetal produzido, principalmente, na parte aérea responsável pela divisão, crescimento e diferenciação de células. Esse, quando translocado para o sistema radicular, induz o desenvolvimento inicial de raízes laterais, aumentando assim, a síntese de citocininas. Essas são translocadas para a parte aérea onde controlam a divisão e expansão celular (Figura 2.25). Cltoclnlnu +t J IAA + Figura 2.25 •. F~edbsck do écldo lndolilacétlc.o (IAA) e das cltoclnlnaa nas plantas (PELEVOI, 2001). 92 • FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS Os controles regulatórios são essenciais para manter a integridade das plantas. Esses consistem basicamente em uma zona sensorial, onde os receptores celulares reconhecem um sinal externo que é transportado a longa distância por sinais endógenos (canais de comunicação). Existem tecidos e órgãos que respondem de forma adaptativa a esses sinais com eficientes mu danças nas atividades funcionais (Figura 2.26). Sinal externo ~ Percepção + Tramdução Célula receptora .... 1 -+ Sinais endógenos 1 ..... "' Translocação do sinal : Canais de conexão -► Sinais endógenos "' Percepção : da célula ! ___________________ J _ _ _ Efeito~ i TramduçJo Célula efetora Figura 2.26 - Esquema básico dos controles regulatórios em plantas (PELEVOI, 2001). A percepção e transdução de sinais externos por células sensoras proporciona a geração endógena de receptores de sinais, tais como hormônios vegetais (Figura 2.27). Essas células sensoriais encontram-se em maior número no ápice da parte aérea e das raízes. Desta forma, em plantas estioladas de milho, as células do coleóptilo subepidermal reconhecem a gravidade; as células do coleóptilo apical reconhecem a luz azul e os tecidos de mesocótilo e meristema foliar reconhecem a luz vermelha. Já o ápice da raiz reconhece a gravidade, luz, pressão mecânica, bem como a umidade e nutrientes minerais. Em plantas de milho estioladas, a luz vermelha inibe dramaticamente o crescimento do mesocótilo, que depende primeiramente do transporte de IAA do coleóptile. Na verdade, o conteúdo de IAA livre no mesocótilo diminui após o tratamento com a luz vennelha. Alguns pesquisadores acreditam que o fitocromomediador do efeito da luz vermelha cause uma menor produção e transporte de lAA (LINO, 1982). Outros relatam um aumento no conteúdo de lAA conjugado nesta zona de crescimento (mesocótilo) (ZELENA, 2000). Cntro de drtno da parte arrn Órglos autrlth·o, (fonte) CltodJllAu Centro de dreno da raiz ~ - AUXINAS-93 C::I•• •• -•••-no ~--------------, 1 C~lalu sraJOl'H 1 L--------------• r------------------t, Slatrtt r tnasportr dr lAA • L-------------------~ r--:.ã.;.;;;;,-.;;;;-.~ ;ii,i,; ~ •-----------------· ------------.... 1 Morfo1hnr 1 L-----------r---------, L -~!.'!.c:m.!!'! J 1' ~ FoUau m■daraa +- ZoDI dr 1b1orçlo ((olo111lmtl1do• r _. radicular (H20 , ~ lllormôalos) aatrtratn mlarr■b) AIA .a. ~ ,-----------. - 1 C~sdmralo 1 -, ___________ , G r--,,~;;:.,.-;;-.. ~ L----------•' ---------------~ ~!~.!~º.!9!.~~!!'---' +-- --, ----------· ~ j Súursr dr 1 1 Transporte dr JAA J ~ clfocbltlul1 1 L---------- -----r-ciillh~;;;;;i t L-----------1 + SIJl1l1 H1tl'1lOI Figura 2.27 - Esquema simplificado do potencial de crescimento da planta (PELEVOI, 2001). 2.9 - Substâncias antlauxlnas São substâncias químicas semefüantes estruturalmente às auxinas, que podem possuir pequena atividade auxfnica, mostrando antagonismo competitivo com as auxinas pelo mesmo receptor. As substâncias antiauxinas são consideradas moléculas que apresentam: (i) posição orto do anel ocupado; (ii) eliminação do radical carboxila e (iii) disposição espacial inadequada (cadeia lateral longa, introdução de radicais volumosos entre a cadeia e o anel) (Exemplos: TIBA e morfactina). 2.10 - Utlllzação comercial As auxinas são utili:zadas na agricultura e na horticultura hã muitos anos para promover diversos efeitos, como na prevenção da abscisão de folhas e frutos, na indução do florescimento em abacaxi pela auxina induzir a sfntese de 94 • FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS etileno, na indução da fonnação de frutos partenocárpicos, no raleio de frutos em concentrações mais elevadas, no crescimento de frutos e na fonnação de raízes em estacas caulinares para a fonnação de mudas de diferentes espécies. Uma das maiores utilizações da auxina deve-se ao seu efeito herbicida, principalmente, o 2,4-D que é utilizado como herbicida seletivo para folhas largas, controlando plantas infestantes do grupo das dicotiledôneas, mas não controlando das monocotiledôneas em concentrações elevadas. Capítulo 3 GIBERELINAS As giberelinas apresentam diferentes efeitos como a]ongamento de caule, crescimento de frutos, germinação de sementes, divisão celular e desen volvimento de gemas, principalmente. A descoberta da giberelina está associada com o efeito observado pelos agricultores japoneses em suas plantações de arroz com crescimento excessivo de suas plantas e para esse sintoma os agricultores deram o nome de bakanaê, "p]anta boba" (Figura 3.1 - exemplo Hustrativo com milho). Em 1898, foi publicado o primeiro artigo demonstrando que esse sintam~ bakanaê, era uma doença causada pelo fungo do gênero Fusarium (HORI, 1898). Em 1926, o fisiologista japonês Kurosawa mostrou que substâncias secretadas pelo fungo é que eram responsáveis pelo alongamento de plantas de arroz (Oryza saliva) e essa substância foi isolada em 1930 por T. Yabuta e T. Hayashi e denominada de giberelina (GA). Após o trabalho de Hori de identificação do fungo, ocorreram muitas controvérsias quanto à exata nomenclatura do fungo e esse problema foi resolvido por Wollenweber em 1931 quando denominou o estádio imperfeito do fungo (assexual) de Fusarium moniliforme (Sheldon) e o estádio perfeito (sexual) de Gibberella fujikuroi (Saw.) Wr. (TAKAHASHI; PHINNEY; MacMlLLAN, 1991). 3.1 - Hormõnlos endógenos Todas as giberelinas são derivadas do esqueleto ent-glberelano com 19 ou 20 carbonos e são substâncias ácidas denominadas de ácido giberélico (GA) (SALISBURY; ROSS, 2013). Existem 136 giberelinas já identificadas em plantas, fungos e bactérias, sendo estas denominadas de giberelina A1 (GA1), giberelina A2 (GA2), giberelina AJ (GAJ) e, assim, sucessivamente, ou seja, a sigla GA seguida de um número (GAn), que é a ordem de identificação das giberelinas. Dessas 136 giberelinas, poucas são ativas como a GA1, GA3, GA., GA7 e GA9, sendo a GA1 a mais ativa de todas as giberelinas. Como veremos posteriormente, são numerosos os efeitos das giberelinas. assim, estes reguladores vegetais são amplamente utilizados comercialmente em 96 · FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS culturas como videira, citros e hortaliças, principalmente. Os principais fatores limitantes da expansão de utilização das giberelinas em diferentes culturas é o seu custo, uma vez que dependemos do fungo Gibberella para sintetizar as diferentes giberelinas ativas, principalmente o GA3 (SALISBURY; ROSS, 2013). Assim, as principais giberelinas encontradas comercialmente são a GA3, GA. eGA,. Controle Planta infectada por Gibberellafuj/kuroi Figura 3.1 • Estiolamento em plantas de mllho ocasionado pela infecção com Gibberella fufikuroi. 3.2 - Sfntese As giberelinas (GA) são sintetizadas, principalmente, nas folhas jovens, sementes imaturas e caule jovem em crescimento ativo e são diterpenoides tetracíclicos (estrutura em anel chamado de ent-giberelano) derivadas de unidades básicas pentacarbonadas denominadas de isoprenos. A sua s(ntese envolve três etapas que ocorrem nos plastldeos (síntese de caureno), retículo endoplasmático (oxidação do caureno) e citosol (síntese das diferentes GA) (Figura 3.2) pela via do metileritritol-fosfato do metabolismo secundário. Pela via do MEP, piruvato e 3-fosfoglicerato (3-PGA) condensam-se, fonnando o l-deoxi-D-xilulose-5-fosfato que sofre um rearranjamento e redução fonnando o 2-C-metil-D•eritritol 4-fosfato (MEP) que é convertido em isopentenil-difosfato (IPP) que, por sua vez, pode originar também o isõmero dimetilalil•difosfato ou pirofostafo (DMAPP) numa reação de mão dupla de direção (Figura 3.2) e essa etapa ocorre nos plastídeos. Em seguida, quatro GIBEREUNAS • 97 unidades básicas de isopreno (IPP) são ligadas para fonnar uma substância de 20 carbonos, geranil difosfato (GGPP). O GGPP fonnado inicia a fase 1 da via biossintética de GA que é convertido em en/-copalil difosfato e, posterionnente, em ent-caureno (Figura 3.2). Fase l geranil geranil - PP ~ e111 - copalil - PP ~ em - caureno Plastidoo t .. J Fase 2 GA.53 GA12 e- GA1i - aldcfdo ~ ent- caweno lumitlco Fase 3 Figura 3.2 - Fases da bloasf ntese das glberellnas em 3 compartimentos diferentes dentro da c61ula. Nessa primeira etapa da rote, alguns inibidores podem inibir a atividade da enzima caureno sintase que, consequentemente, irá inibir a sfntese de 98 • FIS/0/..0G/A VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS giberelinas. Os principais exemplos são o cloreto de chlormequat (CCC), Phosphon-D, AMO 1618 e cloreto de mepiquat. A segunda fase de síntese das giberelinas ocorre no retículo endoplas mático onde o ent-caureno é oxidado pela enzima ent-caureno oxidase produ zindo os seguintes compostos intermediários, nessa sequência: caurenol, cau renal e ácido caurenoico que será oxidado em OA,2-alde{do. O GA12-alde{do é uma molécula de 20 carbonos que possui esqueleto en/'-giberelano (Figura 3.2). Os inibidores da segunda fase da síntese de giberelinas são representados pelos seguintes reguladores vegetais: paclobutrazol (PBZ), uniconazole (UCZ), ancymidol, flurprimidol, tetcyclacis e norbomanodiazetina que são moléculas que bloqueiam a oxidação de ent-caureno à ácido ent-7a-hidroxicaurenoico e o uniconazole inibe também a atividade da enzima ent-caureno oxidase. Posterionnente, o GA12-aldefdo é convertido em GA12 e GA.sJ e a partir destas giberelinas irá ocorrer a síntese das demais gibereJinas no citosol (terceira fase da síntese de giberelinas). Na maioria das plantas, o GA12 é convertido em GAsJ por bidroxilação no carbono 13, mas em algumas plantas comona Arabidopsis sp. o GA12 é convertido em GAsJ pela rota da não-carboxilação do C-13. Em seguida, o GA12 e o GAsJ podem sofrer vârias oxidações no carbono 20 com perda de um C, formando as giberelinas de 19 C. Na rota da não -hidroxilação do C-13 pela ação da enzima GA20-oxidase ocorre a formação de GA9 que é oxidado no carbono 3 pela enzima GA3-oxidase ou 3J3-hidroxilase para formar a GA-4 que é uma giberelina ativa e, esta, por sua vez, pode ser oxidada no carbono 2 pela enzima GA2-oxidase ou 2(3-hidroxilase formando a GA34, que é urna forma inativa de giberelina. Na rota de hidroxilação do C-13, a GA.53 sofre oxidação no C-20 pela ação da enzima GA20-oxidase formando a GA20 que por ação da GA3-oxidase fonna a GA1 que é a giberelina mais ativa (Figura 3.2). Na terceira etapa, ocorre a formação das giberelinas no citosol e as rotas metabólicas utilizam dioxigenases e necessitam de a.-cetoglutarato e oxigênio como substrato e ferro e ascorbato como cofatores. Nessa etapa, algumas substâncias também inibem a oxidação do carbono 20 e do carbono 3, inibindo a atividade das enzimas GA20-oxidase e GA3-oxidase. Os inibidores da síntese de GA da terceira fase mais conhecidos são; prohexadione-Ca, etil-trinexapac e daminozide. De modo geral, as giberelinas de 19 carbonos são mais ativas (GA1, GAJ, GA-4, GA7, QA9, GA20 e GAM) que as giberelinas de 20 C; embora existam em tomo de 136 giberelinas, poucas são ativas e as demais representam formas precursoras ou formas de inativação. A grande quantidade de giberelinas encontradas em plantas foi por muito tempo objeto de estudo. Atualmente se sabe que grande parte das giberelinas são intermediários para a biosslntese de formas ativas ou metabólitos inativos GIBERELJNAS • 99 gerados pela oxidação do carbono 2. A fonnação dessas moléculas pode estar relacionada ao grande número de vias envolvidas na síntese de giberelinas com pontos regulatórios. Além disso, algumas enzimas ligadas à biossíntese podem ser reguladas por feedback negativo ou positivo controlados por fatores ambientais como temperatura e fotoperíodo. A descoberta de pontos regulatórios na biossíntese de giberelinas oportunizou a produção de moléculas que regulem a síntese de giberelinas. As principais moléculas disponíveis são mimetizadores estruturais (prohexadione Ca conhecido como ácido Ca-3,5-dioxo-4-propionilciclo-hexanocarboxnico; ácido etil éster 4(n-propil-a-hidroximetileno )-3,5-dioxo-ciclohexanocarboxflico; etil-trinexapac e daminozide) de ácido 2-óxido glutárico, o qual é co-substrato de dioxigenases que catalisam o último passo da fonnação de giberelinas. O prohexadione-Ca inibe a atividade da 3(3-hidroxilase, a qual converte GA20 em GA1. Essa molécula é muito efetiva para retardar o crescimento de trigo (Triticum aestivum L.) e cevada (Hordeum vu/gare L.), assim, prevenindo o 'acamamento' que leva à perda da produção, principalmente, de cereais. 3.3 - Transporte O transporte das giberelinas é realizado pelo floema, xilema e através de transporte polar em células não diferenciadas. 3.4 - Controle da blossf ntese de glberellna Alguns fatores endógenos e exógenos controlam a síntese de giberelinas na planta, controlando a concentração de giberelinas nos tecidos que promoverá os diferentes efeitos fisiológicos no desenvolvimento vegetal que serão descritos a seguir. 3.4.1 - Feedback A giberelina endógena controla sua própria síntese por inibir a transcrição de genes que codificam as enzimas da biossíntese e degradação de GA, processo de feedback. Por exemplo, o aumento da concentração de GA1 inibe a expressão dos genes biossintéticos de GA, GA20-oxidase e GA3-oxidase e aumenta a transcrição do gene de degradação da GA, a GA2-oxidase, controlando a concentração de GA nos tecidos (Figura 3.3). De modo geral, altas concentrações de GA de 19 carbonos inibem a síntese de GA20-oxidase. Além disso, a atividade da GA3-oxidase ou 313- hidroxilase também é controlada pelofeedback (Figura 3.3). 100 • FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS GA19 +! GA20 ), 1 GA1 1 i GA1+R Reguln o nível de mRNA Figura 3.3 - Feedback positivo da autorregulação da slntese de giberelinas. 3.4.2 - Fotoperfodo O metabolismo das giberelinas é alterado em função do aumento no comprimento do dia. Os níveis de todas as giberelinas hidroxiladas (GAs3 ➔ GA.« ➔ GA20 ➔ GA1 ➔ GAa) são aumentados de acordo com o comprimento do dia. Embora o aumento de 16 vezes ocorra na GA20, é o aumento de S vezes na GA1 que ocasiona o crescimento do caule (Figura 3.4) (ZEEV AART et al., 1993). Os dias longos aumentam o nível de mRNA da GA20•oxidase, enzima esta que converte GAsJ em GA20, aumentando os níveis dessa giberelina e, consequentemente, os níveis de GA1• Essa resposta tem relação com os fitocromos que controlam a transcrição de genes para a biossíntese e degradação de giberelinas. Assim, a luz vermelha distante ocasiona aumento na concentração de GA 1 por aumentar a 3 ~-hidroxilação de GA20 e reduzir a 2P-hidroxilação de GA1, induzindo incremento na taxa de alongamento da parte aérea. Porém, quando as plantas de dias longos são submetidas a dias curtos ocorre alteração no metabolismo das giberelinas. Por exemplo, o espinafre (PDC - Planta de Dia Curto) em dias curtos apresenta a fonnação de roseta por diminuir os níveis de GA 13-hidroxiladas. Porém, quando mantido em dias longos começa a crescer e não forma roseta, devido ao aumento do nível de GA 13-hidroxHadas. Nessas condições, aumenta a atividade da GA20-oxidase, além de aumentar as quantidades de mRNA da GA20-oxidase e da síntese de ent-caureno. Quanto à intensidade de luz, observa-se que em baixa irradiância ( 40 µmoJ.m·2.s·1) aumenta o nível de GA20 em sete vezes. Já em alta irradiância (386 µmol .m·2.s·1) diminui a concentração de GA20, quando comparada a condições de baixa irradiância. " 1 1500 "'0 -i:: ~ ::::, C"' o Nível no início dos dias longos (ng/g massa fresca·1) GA20: 1.4 GA1: 1,0 GA3: 18,0 GA20: precursor inativo do ~ 1 ' ' ' GIBERELINAS • 101 GA1: metabolismo inativo do GA1 ~----.... ~'.l 4 8 Número de dias longos GA1: GA ativa responsável pelo crescimento 12 Figura 3A - Alongamento do caule ocasionado pela GA1 produzido em dias longos (ZEEVAART et si., 1993). 3.4.3 - Temperatura A exposição de certas plantas a baixas temperaturas é necessária para a indução do florescimento (vemalização) e para a genninação de sementes (estratificação). Em baixas temperaturas, o ácido ent-caurcnoico é acumulado nos ápices caulinares onde ocorre a percepção do frio. A baixa temperatura aumenta a atividade da enzima ácido ent-caurenoico 7P-hidroxilase e caureno oxidase. Quando a temperatura aumenta, o ácido ent •caurenoico é transformado em GA11, considerada a giberelina mais ativa na indução do florescimento (TAIZ; ZEIGER, 2013). ~ e = ~ 1000 " ~ " Q. Nível no início dos dias longos (nglg massa fresca·1) GA20: 1,4 GA1: 1,0 GA8: 18,0 GA20: precursor inativo do ~ 1 ' ' " GIBERELJNAS • 101 GA8: metabolismo inativo do GA1 ~-------- ..... o 4 8 Número de dias longos GA1: GA ativa responsável pelo crescimento 12 Figura 3.4 - Alongamento do caule ocasionado pela GA, produzido em dias longos (ZEEVAART et ai., 1993). 3.4.3 - Temperatura A exposição de certas plantas a baixas temperaturas é necessária para a indução do florescimento (vemalização) e para a genninação de sementes (estratificação). Em baixas temperaturas, o ácido ent-caurenoico é acumulado nos ápices caulinares onde ocorre a percepção do frio. A baixa temperatura aumenta a atividade da enzima ácido ent-caurenoico 7P-hidroxilase e caureno oxidase. Quando a temperatura aumenta, o ácido ent -caurenoico é transformado em GA9, considerada a giberelina mais ativa na indução do florescimento (TAIZ; ZEIGE~ 2013). 102 - FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS . Estudos em diversas plantas d,estacama importância da temperatura e suas mterações com a síntese do ácido giberélico (GA). No trigo (Trilicum ~estivum L.), o gene Rht3 apresenta papel essencial na sinalii.ação de GA. As lmhas do mutante Rhr3 mostram o nanismo e a obscuridade extremos. Interessante, os alelos do tipo selvagem Rht3 causam um similar fenótipo em 10,8ºC, mas este fenótipo pode ser evitado aplicando GA. 3.4.4 - Auxlna Atualmente, sabe-se que as giberelinas podem influenciar na síntese de auxina e vice-versa. A atuação da auxina na síntese de GA é na promoção da transcrição do gene da enzima GA3-oxidase e repressão da transcrição do gene da enzima GA2-oxidase, ou seja, a auxina promove a conversão da GA20 para GA1 e inibe a oxidação de GA1 em GA8, que é uma giberelina inativa. 3.5 - lnativação Um dos processos de inativação das giberelinas ocorre pela conjugação com a glicose: (i) GA glicosfdeo (grupo carboxila) e (ii) GA glicosil éster (grupo hidroxila). Outro processo de inativação ocorre pela 2Jl-hidroxilação pela ação da enzima GA2-oxidase. Nesse caso, a GA20 é transfonnada em GA29 (inativa) e a GA1 em GAa (inativa). 3.6 - Modo de ação Em 2005, Ueguchi-Tanaka e seus colaboradores identificaram o receptor das giberelinas em arroz, denominando-o de GIDI (GA Jnsensitive Dwarfl) e, cm 2006, Nakajima e seus colaboradores isolaram em Arabidopsis thaliana três genes homólogos ao GIDl, denominados de AtGIDla, AtGIDlb e AtGIDlc, os quais codificam prote{nas ligases, semelhantes ao receptor do arroz. A sinalização da giberelina atue por meio da desrepressão da expressão de genes de respostas da planta à GA, que é dependente da ligação da giberelina com o seu receptor GIDI e é modulado por membros da família de proteínas nucleares, denominadas de proteínas DELLA (KERBAUY, 2008). As protelnas DELLA atuam como reguladores da transcrição nuclear, reprimindo a sinaliz.ação de giberelinas. O mecanismo molecular de atuação das proteínas OELLA ainda não está esc.Jarecido, mas parece que a inativação e a degradação de prote(nas DELLA seja um evento-chave para desencadear a sinaliz.açlo das gibcrclinas. As proteínas DELLA parecem controlar muitas respostas da planta à sinaliZJlÇllo dada pela luz e hannônios vegetais, como no processo da ger minação de sementes. GIBEREUNAS • 103 As vias de transdução do sinal das giberelinas envolvem a participação de intermediários e mensageiros secundários, fosforilases, proteína G, quinases e fosfatases, principalmente. O modo de ação das giberelinas com a participação dessas substâncias e das proteínas DELLA será mostrado utilizando um modelo bem conhecido: a genninação de sementes de cereais. 3.6.1 - Germinação de sementes de cereais As giberelinas são sintetizadas pelo embrião embebido e transportadas via escutelo para o endosperma amiláceo e, logo após, se difundem para a camada de aleurona. As células da camada de aleurona são induzidas a sintetizar mRNA de enzimas hidrolfticas ( a-amilases, proteases, hidrolases e ribonucleases) que são transportadas para o endosperma onde promove a quebra das substâncias de reservas do endosperma, que serão utilizadas no processo de respiração do embrião, promovendo a formação de energia e compostos intermediários para o desenvolvimento do embrião em plântula (Figura 3.5). A ligação das giberelinas com o seu receptor GIDI promove a degradação das proteínas DELLA que inibe e germinação de sementes. Em seguida, a giberelina promove a ativação de elementos de resposta à GA, denominado GA•MYB que é um fator de transcrição induzido pela GA e que desencadeia a expressão de genes de síntese da a-amilase, proteases e ribonucleases, mobilizando as reservas das sementes para o desenvolvimento do embrião. Embrião ____ A, ___ _ r " Amido no endospenna figura 3.5 - Relação entre germinação de eementes de cereal• e écido glber6llco (GA). Adaptado de He e Yang et ai. (2013). 104 • FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS 3.7 • Efeitos flslológlcos 3.7.1- Alongamento celular As giberelinas (GA3) estimulam a atividade do meristema intercalar e, este, o alongamento celular, modificando a extensibilidade da parede celular, sem promover a acidificação como a auxina. Há evidências da participação da enzima xiloglucano endotransglicolsilase (XET) que aumenta a extensibilidade da parede celular. A XET hidrolisa os xiloglucanos da parede celular ocasionando "buracos", o que facilita a entrada das expansinas na parede celular. As expansinas são proteínas da parede celular que em condições de pH ácido quebram as ligações de hidrogênio entre os polissacarídeos, promovendo o afrouxamento da parede celular. Esse fato mostra o efeito conjunto das auxinas e giberelinas na extensibilidade da parede celular, a auxina promovendo a acidificação da parede celular e GA promovendo a s{ntese da XET. O ácido giberélico diminui a concentração de cálcio da parede celular por proporcionar um aumento no transporte para o citoplasma, condição que também aumenta a extensibilidade da parede celular. O GA também inibe a atividade das peroxidases da parede celular, diminuindo a ligação dos compostos fenólicos (lignina), prevenindo o endurecimento da mesma. Na expansão celular, as giberelinas também podem auxiliar no aumento do potencial osmótico. A GA ativa a síntese de enzimas hidroHticas (a-amilase) que causam hidrólise de amido, glicose e frutose que promove a redução do potencial hídrico da célula, promovendo a entrada de água e, consequentemente, o alongamento celular. 3.7.2 - Divisão celular O ácido giberélico primeiro estimula o alongamento celular e depois a divisão celular. Na divisão celular, a GA está envolvida no ciclo celular (G1 ➔ S ➔ G2 ➔ Mitose (M)), estimulando a passagem da fase G, para a fase S, causando o encurtamento da última fase e, depois, regulando a transição da fase G2 para M. A atuação da giberelina é na expressão de genes para as proteínas quinases dependentes de ciclina (CDKs), essenciais no processo da divisão celular (Figura 3.6). 3.7.3 - Floraçlo A GA estimula a floração de plantas de dias longos (PDL) e àquelas que necessitam de vemalização. A GA substitui o fotoperfodo indutor, ou sej~ plantas de dias longos submetidas a.o fotoperfodo nlo indutor aumentam a GIBERELJNAS • 105 concentração de GA19 que não induzirá o florescimento. Essa mesma planta quando submetida ao fotoperfodo indutor (DL) aumenta a concentração de GA20 pelo aumento da expressão de genes da enzima GA20-oxidase. GA20 é, então, convertida em GA1, pela ação da GA3-oxidase, induzindo o florescimento (Figura 3.7). Ciclinas do G , 1,. S ítio d,: lii:o~·ào das C DKs 1ws d clina~ Sitio c.italilico Região de concxiio do substrato Figura 3.6 - Ciclo de divisão celular e abundância relativa de diferentes ciclinas. As ciclinas A e B são mitóticas e O e E são ciclinas da fase G1. Células dividindo gastam maior tempo em G, e G2 em relação às fases S e M. Fonna mais eficiente da GA G.A11 aldefdo GA (20C) Figura 3.7 - Biossíntese de GA, nas plantas a partir de GA12-aldeldo. Em condições de dias longos, GA,i> é convertida em GA20 que se converte em GA,, induzindo o florescimento em plantas de dias longos (POL). inúmeros trabalhos mostram que a GA inibe o florescimento em plantas de dias curtos (PDC). Alexander (1973) afirma que GA a 100 mg.L·1 inibe o florescimento da cana-de-açúcar, estimulando o seu crescimento vegetativo. As giberelinas também estão envolvidas na indução do florescimento em plantas que necessitam passar por um per(odo de baixas temperaturas, vemalização. O frio induz a atividade da enzima ácido ent-caurenoico hidro xilase nos ápices caulinares, enzima esta responsável pela conversão de áci- 106 - FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS do ent-caurenoico a ácido ent-hidroxicaurenoico e, posterionnente, em GA12-aldefdo. A partir do GA12-aldeído é que ocorre a síntese das diferentes giberelinas e, nesse caso, ocorrerá a síntesede GA9, que é a giberelina mais ativa na indução do florescimento. 3.7.4 - Crescimento de plantas anãs O nanismo vegetal é uma característica genética que não ocasiona a produção de GA (não alongamento). Nessas plantas falta o gene responsável pela síntese da enzima GA3-oxidase que converte o GA20 em GA1, que é a giberelina mais ativa no crescimento das plantas. Assim, o tratamento dessas plantas com GA promove o seu crescimento nonnal, devido a conversão da GA aplicada em GA1, pela produção de proteases transfonnando as proteínas em aminoácidos, sendo um deles o triptofano, que é precursor do ácido indolilacético (IAA), pela redução da atividade do sistema IAA-oxidase, mantendo alta a concentração de auxinas que, assim como as giberelinas, promove o crescimento das plantas (exemplo: em milho anão - Zea mays). 3. 7 .5- Expressão sexual Em plantas de arroz para formação de grãos de pólen há a necessidade da expressão de GA-MYB (fator de transcrição) que é induzida pela GA. O GA -MYB ativa a transcrição de genes envolvidos na síntese de componentes da parede dos grãos de pólen. A ausência de giberelinas ativas induz a esterilidade masculina nas plantas de arroz. Em Arabidopsis thaliana, a ausência de giberelinas ativas também induz a esterilidade masculina (TAIZ; ZEIGER, 2013). Em plantas com flores unissexuais, apesar do sexo da flor ser geneticamente controlado, esta característica é influenciada por fatores ambientais como o fotoperfodo e as condições nutricionais da planta que são mediados pelas GA. Em plantas da família Cucurbitaceae, no cânhamo e no espinafre, a giberelina promove a formação de flores masculinas. 3. 7 .6 - Partenocarpla A GA estimula a partenocarpia (formação de frutos sem sementes), além de proporcionar awnento no crescimento, principalmente, em cachos e bagas de videira. 3. 7. 7 - Seneecêncla As giberelinas também atuam como hormônios retardadores da senes cência. De modo especial, o GAJ retarda a senescência de folhas e frutos cítricos por inibir a quebra da molécula de clorofila. GIBEREUNAS • 107 Ferri et ai. (2004) reportaram o efeito positivo de aplicação de GAJ sobre a preservação da finneza da polp~ sugerindo que a giberelina promove uma redução da atividade metabólica da parede, especialmente pela redução da produção de etileno nos frutos. 3.7.8 - Superação de donnêncla de gamas O processo de dormência tanto em sementes como em gemas depende da interação entre fotoperfodo e temperatura. Em condições de dias curtos e baixas temperaturas, as p]antas sintetizam menor quantidade de GA e maior de ABA, induzindo a donnência. Já em dias Jongos e a1tas temperaturas, ocorre aumento na concentração de GA e redução na concentração de ABA propor cionando a superação de dormência. As baixas temperaturas são necessárias para ativar a enzima ácido ent-caurenoico hidroxilase nos ápices caulinares, enzima esta responsável pela conversão de ácido ent-caurenoico a ácido ent -hidroxicaurenoico e, posterionnente, em GA12-aldeído que com o aumento da temperatura na primavera, 'será convertido em GA,, promovendo a superação da dormência de gemas. 3.7.9- Modificação da juvenilidade Muitas plantas lenhosas perenes não entram na fase reprodutiva até atingirem um certo estádio de maturidade, assim, essas plantas permanecem um longo tempo na fase juvenil. A aplicação de giberelinas nessas plantas promove a mudança da fase juvenil para a fase adulta ou reprodutiva, mas essa resposta dependendo da espécie pode ser o inverso, ou seja, a GA pode promover o retomo da fase adulta para a fase juvenil. Em coníferas, a aplicação da mistura de GA. e GA7 encurta a fase juvenil e induz a entrada da planta na fase reprodutiva (TAIZ; ZEIGER, 2013). 3.7.10 - Eatabeleclmento e crescimento de frutos O estabelecimento dos frutos é dependente de sinais dados a partir da polinização, fertilização e desenvolvimento do embrião. A atividade de auxinas e giberelinas atuam no estabelecimento do fruto (KERBAUY, 2008) e os teores endógenos desses hormônios vegetais aumentam nos ovários após a fertilização, aumentando o estabelecimento dos frutos na planta. A aplicação de giberelinas auxilia no estabelecimento do fruto após a polinização nos casos em que a auxina não apresenta esse efeito. GA4+7 em macieira aumenta o estabelecimento de frutos e em videira, a aplicação de GA3 proporciona aumento no tamanho da baga e do cacho. 108 • FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS No caso do tomateiro, pode ser evidenciada a influência de todos os hormônios vegetais no crescimento e desenvolvimento do fruto (Figura 3 .8). Na antese (fase 1), os hormônios que apresentam maior relevância são as giberelinas, auxinas e citocininas, os quais se mantêm até a fase II (divisão) e fase Ili (expansão), promovendo o crescimento dos frutos e, nessas duas fases, o fruto apresenta decréscimo progressivo na concentração de fitosterol. Ainda na fase III, observa-se aumento na concentração de ABA, que inibe a germinação da semente no próprio fruto (viviparidade). A partir do início da fase de maturação, a concentração de etileno awnenta (produção de enzimas de degradação e maturação); comportamento semelhante é verificado com as auxinas (GILLASPY et ai., 1993). E.stipo de CttSdmeato de rr.to1 ANIESE CRESCIMENTO Divido celular Expansio celular MATUllAÇÃO COLHEITA _,._ _______ ..,_ ________ ...., Pegamento de frutos _J Prtadpal req.eriaeato íle llopraoWes · AUXIN,J; . ~ ÁCIDO ABSciSJC Figura 3.8 - Hormônios vegetais envolvidos no crescimento de frutos de tomateiro. 3.7.11 - Controle da relação fonte-dreno O efeito da giberelina no controle da relação fonte-dreno em plantaS envolve vários processos. A GA estimula o aumento da taxa fotossintética devido GIBERELINAS - 109 ao seu efeito no incremento no conteúdo da enzima ribulose 1,5-difosfato carboxilase (Rubisco) e na atividade da enzima sacarose-fosfato sintase e frutose- 1,6-bifosfatase (YUAN; XU, 2001; IQBAL et ai., 2011). Esse hormônio também aumenta a eficiência do uso de nitrogênio, pois incrementa o crescimento da parte aérea, requerendo, assim, maior disponibilidade de nitrogênio. A GA estimula a translocação no floema devido à sua ação na síntese de sacarose, que proporciona turgescência nas células do floema, criando pressão para o transporte (teoria do fluxo de pressão). Contudo, o efeito mais marcante na translocação de assimilados é o acréscimo na atividade da enzima invertase ácida extracelular, a qual é responsável pelo descarregamento do tloema no órgão dreno (Figura 3.9). O aumento da força dreno também está indiretamente ligada ao aumento da expansão das células governando, assim, o tamanho do dreno (IQBAL et ai., 2011). ® Expi.1nsi10 ~l!IUl:lr Sac:arost Ptnta■ \.8C■l'OSC' E.Jemeato crlvacl• Cilal.a compaallelra SPS /' \ Glberdiu Tamru1ho dt d~iia - - _ Huosc TP Dreno ' e.., dt dnllO . e , - .... .. .. - ~- f' "' ~lie dé'rotoabatac (:!) ,,r,· Ge~ de,(~ ~alar Figura 3.9 - Carregamento e descarregamento apoplástlco do floema mediado pela modulação da atividade da lnvertase extracelular. A sacarose é carregada para dentro do floema através do cotransporte com prótons e descarregamento apopléstlco pela ação da invertase extracelular degradando a sacarose em hexoses. As hexoses são transportadas através de transportadores (IQBAL et ai., 2011) (TP: transportador. SPS: Sacarose Fosfato Sintas.e. Comp cell: célula companheira. +SPS: efeito fotossintétlco positivo. -: efeito fotosslntétlco negativo). 3.8 - Aplicação comercial de glberellnaa 3.8.1 - Produção de frutos Em tangerina 'Ponkan', a aplicação de 15 mg.L·1 de GA3 aumenta o estabelecimento de frutos na planta. Na cultura de laranja, a aplicação de GAJ + 110-F/SIOLOG/A VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS 2,4-D (12,5 mg.L·1) altera a época de colheita, por atrasar a abscisão e mudança de cor dos frutos. A aplicação de GA em videiras causao aumento no comprimento do cacho de uvas sem sementes e das bagas. O uso de BA (benzil aminopurina) + G~ + GA1 ocasiona alongamento do fruto de maçã. 3.8.2 - Maltagem da cevada A utilização de GA em cevada também é considerada um manejo importante no processo de maltagem, pois a GA aumenta a produção de malte por aumentar a atividade da a.-amilase e, consequentemente, a fennentação. 3.8.3 - Produção de cana-de-açúcar Em cana-de-açúcar, a aplicação de GA promove o alongamento dos entrenós, assim, maior annazenamento de sacarose no colmo e maior produção de açúcar. 3.8.4 - Uso de inibidores da sintese de glberellna Na fruticultura, o uso de inibidores da síntese de GA tem por objetivo inibir o crescimento dos ramos, uniformizar e acelerar o florescimento. Em cereais, a utiliz.ação de inibidores da síntese de GA diminui o alongamento das plantas e, desta forma, previne o acamamento. Capítulo 4 CITOCININAS As citocininas são hormônios vegetais derivados da adenina (Figura 4.1) ou aminopurina com diversas funções, sendo a principal o estímulo da divisão celular ( citocinese ). NH2 S 1 '.) l N N 1 H Figura 4.1 - Estrutura da adenina, considerada precursora das citoclnlnas. De 1940 a 1950, Fo)k Skoog (da Universidade de Wisconsin) realizou o teste de várias substâncias na cultura de tabaco e a base adenina do ácido nucleico apresentou fraco efeito dessa molécula na divisão celular. O pesquisador testou a possibilidade de ácidos nucleicos estimularem a divisão celular utiliz.ando esperma de peixe (arenque) no meio de cultura, observando considerável efeito sobre a divisão celular. Carlos Miller em 1955 isolou essa substância e denominou de cinetina ou 6-furfurilaminopurina, primeira citocinina sintética. Os pesquisadores verificaram ainda, que essa substância em conjunto com a auxina também estimulava a divisão celular na cultura de tabaco. Em 1950, David Letham descobriu a primeira citocinina natural em endospenna imaturo de sementes de milho que denominou de zeatina (6- (ymetil-y-hidroximetilalilamino)-purina). A zeatina é a principal citocinina encontrada nas plantas, mas outros representantes da aminopurina com atividade de citocinina têm sido isolados de muitas espécies vegetais e bactérias. Essas 112 • FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS moléculas diferem da zeatina na cadeia lateral ligada ao nitrogênio 6 ou na ligação de uma cadeia lateral ao carbono 2. O principal papel das citocininas na planta está no seu efeito na divisão celular, mas este hormônio vegetal participa de outros efeitos como no controle da senescência vegetal, dominância apical, mobilização de nutrientes, germi nação de sementes, superação da dormência de gemas, desenvolvimento floral e atividade dos meristemas apicais. 4.1 - Hormônios endógenos Nas plantas, já foram identificadas algumas citocininas derivadas da adenina: zeatina, di-hidrozeatina, isopenteniladenina (iP) e isopenteniladenosina ([9R]iP). A cadeia lateral da zeatina apresenta ligação dupla, o que lhe pode conferir a configuração eis ou trans. As duas formas são encontradas nas plantas superiores, embora possam ser interconvertida pela enzima zeatina isomerase. A trans-zeatina é considerada a citocinina mais ativa em sistemas biológicos. As citocininas podem ser encontradas na planta tanto na forma livre como na forma conjugada a rnacromoléculas como ribosídeos, ribotídeos ou glicosídeos (Tabela 4.1 ). Nome Tabela 4.1 - Principais tipos de citocininas e seus conjugados (KERBAUY, 2008). Nª-t:l-isopenteniladenina Nª-.12-isopenteniladenosina Nª-.12-isopenteniladenosina-5-monofosfato Nª-A 2-isopenteniladenina-7-glicosldeo Nª-A.2-isopenteniladenina-9-glicosldeo Trans-zeatina Trans-zeatina ribosldeo Trans-zeatlna rlbosfdeo-5-monofosfato Trans-zeatina-7-glicosldeo Trans-zeatina-9-glicosldeo Acido luplnico Trans-zeatina-9-gllcosldeo-O-gllcosldeo Trans-zeatina-0-gllcosldeo Trans-zeatina ribosldeo-O-gllcosldeo [9RJ(9G)-5'-monofosfato Trans-zeatina-0-xilosldeo Trans-zeatlna rtbosfdeo-O-xilosf de o 01-hldrozeatlna Di-hidrozeatina ribosf deo Di-hidrozeatina ribosldeo-5-monofosfato Dl-hldrozeatlna-3-gllcosrdeo Dl-hldrozeatlna-7-g llcosf de o Sigla iP [9R]iP [9R-5'P]iP (7G]iP [9G]iP Z ou t-Z [9R]Z [9R-5'P]Z [7G]Z [9G]Z [9Ala]Z [9G](OG)Z (OG)Z (9R)(OG)Z [9R-5'P](OG)Z (OX)Z [9R](OX)Z (dlH)Z [9R](dlH)Z [9R-5'P)(dlH)Z [3G)(dlH)Z [7G]{diH)Z _ (Cont.) CITOCININAS- 113 Tabela 4.1 (Cont.) - Principais tipos de citocininas e seus conjugados (KERBAUY, 2008). Nome Di-hidrozeatina-9-glicosídeo Di-hidrozeatina-0 -glicosídeo Di-hidrozeatina ribosldeo-0-glicosldeo [9R](OG )( diH)Z-5 '-monofosfato Di-hidrozeatina-0-xilosídeo Di-hidrozeatina rlbosídeo-0-xllosldeo Cis-zeatina Cis-zeatina-9-glicosldeo 4.2 - Reguladores sintéticos Sigla [9G](diH)Z (OG)(dlH)Z [9R](OG)(dlH)Z [9R-5'P](OG)(diH)Z (OX)(dlH)Z [9R](OX)(diH)Z c-Z [9G]c-Z As principais citocininas sintéticas são aquelas que apresentam moléculas com anel aminopurina (derivados da adenina), as chamadas citocininas purínicas: benzilaminopurina (BAP) ou benziladenina; 6-furfurilaminopurina (cinetina) e 3- metil-7-(3metilbutilamino )pirazolo( 4,3-0 )pirimidina. As citocininas não purínicas que não apresentam o anel aminopurina são a difenilureia, benzimidazol, imidazo~ fluorofenilbiureto, tidiazuron e forchlorfenuron (CCPU) (N-(2-Cloro-4- piridil)-N' -fenilureia) (Figura 4.2). HOCH1 H ' / C•C cu( '-cn:JvN~ ~N~N/ Zeatina 1 H Q-cn,-:(NH N N ~ ~N N/ 1 H 6 Benzilaminopurina BAP CH3 H ' / e-e / ' CH, C~êx:> 1 lsopentcuJI adeolna (IP) H Figura 4.2 - Principais cltocinlnas sintéticas (BAP e cinetina) ou de ocorrência natural {IP e zeatlna) em plantas. 114- FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS 4.3 - Distribuição e transporte nas plantas As citocininas são encontradas em fanerógamas, briófitas, leveduras, fungos e bactérias. De modo geral, sua produção é verificada em órgãos jovens como sementes, frutos, folhas jovens, embrião, meristema apical e, prin cipalmente, ápice radicular. O transporte de citocininas ocorre via xilema pela corrente de transpiração, uma vez que o principal sitio de síntese das citocininas é o ápice da raiz. A forma de citocinina preferencialmente transportada pelo xilema é a ribosídica. As citocininas também podem ser transportadas pelo floema, principalmente, na forma glicosídica. Esse transporte pelo floema é importante da redistribuição das citocininas na planta, principalmente, de tecidos senescentes para tecidos jovens. 4.4 - Sf ntese O principal local de síntese é o ápice radicular, mas também pode ocorrer nos tecidos meristemáticos como o ápice caulinar. As citocininas apresentam um anel aminopurina derivado de um nucleotídeo e uma cadeia lateral no nitrogênio 6 do anel, representada por uma unidade de isopreno produzido pela via do ácido mevalônico ou do metileritritol-fosfato. A molécula de citocinina apresenta em sua composição uma unidade de isopreno, por isso ela é clas sificada como meroterpeno. A síntese inicia-se quando um grupo isopentenil dimetilalil difosfato (DMAPP) é adicionado a uma parte da molécula de adenosina. O modelo de síntese de citocininas em plantas visualiza a transferência de um isopentenil do DMAPP para o ATP, ADP ou AMP, transformando-o em isopenteniladenosina tri-, di- ou monofosfato (iPTP, iPDP, ou iPMP, respectivamente) (Figura 4.3) pela ação da enzima isopentenil transferase (IPT). Posteriormente, isopenteniladenosina monofosfato é hidroxilado em sua cadeia lateral, sendo transformado em zeatina monofosfato (ZMP). Similar hidroxilações também ocorrem no iPTP ou iPDP para produzir a zeatina tri (ZTP) e difosfato (ZDP), o qual em subsequente desfosforilação pode formar ZMP. No passo 3, ZMP é convertida em zeatina (KAKIMOTO, 2001). Os produtos imediatos do IPT são a isopentenil-ribotídeos que são posteriormente convertidos em zeati.na-ribotídeo(TAKEI et ai., 2004). As citocininas nucleotf deos podem ser convertidas na base livre, sua forma mais ativa, através de desfosforilação e desribosilação (KURAKA W A et ai., 2007). 4.5 - lnatlvação A enzima citocinina oxidase promove a clivagem da cadeia lateral da zeatina, zeatina ribosfdeo, isopenteniladenina (iP) e de seus derivados N-glicosfdeos. Mas, a di-hidrozeatina e seus conjugados, como também a C/TOC/NINAS-115 benziladenina são resistentes à clivagem. A citocinina oxidase inativa irreversivelmente as citocininas, controlando a concentração de citocininas no tecido. A ativação da enzima citocinina oxidase ocorre quando a célula apresenta altas concentrações de citocinina. Nesse caso, a enzima remove o C.s da cadeia lateral e libera adenina. f- • o ~ - o T,11111 7,utia Z,adn• trlf•sf•t" (ZTPJ Z1llfint1 •lforfato (ZDP) (ZJIP) (U) Figura 4.3 - Modelo da slntese de citocininas em plantas (KAKIMOTO, 2001). A citocinina também pode ser encontrada conjugada com glicose em várias posições, nos nitrogênios da posição 3, 7 e 9 do anel aminopurina. A alanina também pode se conjugar no N9, fonnando o ácido luplnico. O grupo hidroxiJa da cadeia lateral também pode ser conjugado à glicose ou xilose. Essas conjugações no anel aminopurina podem ser citocininas conjugadas N- ou O-, sendo essas citocininas somente ativas quando da desconjugação. As conjugações N-, nonnalmente, são irreversf veis e as conjugações O- são reversíveis. As conjugações na cadeia lateral são removidas por glicosidases, produzindo citocininas livres. As citocininas glicosfdeos podem ser fonnas de armazenamento de citocinina nos tecidos. 116- FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS Assim, o nível de citocininas ativas na célula depende do somatório da síntese, da desconjugação e do transporte para o interior da célula subtraindo-se a citocinina conjugada, a degradada e àquela transportada para o exterior da célula (TAIZ; ZEIGER, 2013). 4.6 - Modo de ação Dois receptores da citocinina já foram identificados e denominados de CRE 1 (cytokinin response /) e CKII (cytokinin independenl /) que são proteínas do tipo histidina quinase. Alguns reguladores de resposta (ARRs) envolvidos na sinalização de citocininas já foram isolados, sendo os reguladores do tipo B (ARR 1, 2, 10) fatores de transcrição ativados pela citocinina. Esses fatores de transcrição, por sua vez, ativam a transcrição de genes dos reguladores de resposta do tipo A (ARR 4, 5, 6, 7). A ligação das citocininas ao CRE 1 localizado na membrana plasmática faz com que este complexo atue como urna histidina quinase que inicia uma série de fosforilação que irá desencadear a ativação de reguladores de resposta (ARRs) (KERBAUY, 2008). A primeira fosforilação é a transferência de fósforo do aminoácido histidina (H) para um resíduo de glutamato (G) no próprio receptor (autofosforilação). Depois, o fósforo é transferido para as proteínas de fosfotransferência de histidina (AHP) que fosforilam as proteínas ARR do tipo B (ARR 1, 2, l O). As proteínas do tipo B são fatores de transcrição que, quando ativados por fosforilação, ligam-se ao DNA e promovem a ativação de genes ARR do tipo A (ARR 4, 5, 6, 7). A ativação de reguladores de resposta do tipo A pode desencadear a ação de ciclinas, tais como a cdc2 e cycd3, que regulam o ciclo celular, explicando a p,articipação das citocininas no processo da divisão celular (Figura 4.4). As citocininas e etileno partilham o mesmo caminho de amplificação do sinal. A aplicação de citocinina aumenta a concentração de etileno e inibe o alongamento de caule e raízes. 4.6.1 - Regulação da slntese proteica pelas cltoclnlnas As citocininas modificam o espectro da síntese proteica em células vegetais. Esse honnônio aumenta a quantidade de polirribossomos e, dessa fonna, a taxa de síntese de a]gumas proteínas e enzimas. O papel das citocininas na síntese de proteínas ainda está sendo investigado, mas alguns resuJtados mostram que a atuação das citocininas possa ser na estabilização do mRNA, na tradução ou mesmo na transcrição. Mas, já foi comprovado o seu papel na síntese de proteínas de ligação das clorofilas a/b do sistema de antenas (LHCID do tilacoide e de proteínas de urna subunidade da enzima ribulose 1,5-difosfato carboxilase (Rubisco ). As citocininas também podem regular a síntese proteica facilitando a ligação do tRNA ao mRNA. A citocinina ocupa posição crítica adjacente ao CITOCININAS • 117 anticódon que influencia a ligação do tRNA ao mRNA. A citocinina controla a transcrição de genes das enzimas nitrato redutase e nitrito redutase. m.~1~: F~Jo , Figura 4.4 - Modelo de sinalização das citocininas. (CK: citocinlna. CRE1 e CKl1: receptores da citocinina. H: histidina. G: glutamato). 4.6.2 - Cltoclnlnas regulam a concentração de ca2+ no cltosol O aumento da concentração de cálcio no citosol pode ser promovida pelas citocininas, pois a citocinina promove a absorção de cálcio extracelular. O cálcio no citoplasma pode regular vários caminhos metabólicos devido a sua ação junto à calmodulina, como mensageiro secundário, que podem ativar várias enzimas, como as proteínas quinases. Estas enzimas promovem a fosforilação de proteínas como a serina e tirosina e a forma fosfatada dessas proteínas apresenta mudança nas suas atividades. 4.6.3 - Divisão celular A divisão celular influenciada pelas citocininas deve-se aos seguintes fatores: (i) as citocininas diminuem o tempo de G2, levando rapidamente à mitose aumentando a sintese de proteínas que serão utilizadas na mitose; (ii) a citocinina diminui a fase S; (iii) não foi comprovado o efeito da citocinina na 118 • FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS síntese de DNA; (iv) auxinas e giberelinas regulam eventos que levam à replicação do DNA e (v) a citocinina regula eventos que levam à mitose (Fi gura 4.5). As aux:inas ativam a expressão de genes que codificam as enzimas quinases dependentes de ciclinas (CDK), como a Cdc2 (ce/1 division cyc/e 2), mas essa enzima induzida pela auxina é inativa. As citocininas ativam enzimas semelhantes à fosfatase, Cdc25, que retira o grupo fosfato das CDK. Assim, a auxina e a citocinina regulam o ciclo celular. t Transcriçio e acúmulo da clcllna D t Citodnina s Mitose CltocinJna J Incremento da Cdc:25 fosfatase Relativo a enzima quinasc ________ , Figura 4.5 - Modelo hormonal do ciclo celular Induzido pelas auxinas e citocininas. 4.7 - Efeitos flslológlcos 4. 7 .1 - Diferenciação celular As citocininas além do papel na divisão celular também atuam na diferenciação celular de calos, principalmente, em cultura de tecido. Mas esse efeito fisiológico depende da razão auxina:citocinina presente no meio de cultura. Assim, uma alta razão Ax/CK ( 114 em tabaco) promoveu a diferenciação de rafzes, enquanto uma baixa razão Ax/CK (abaixo de 2) promoveu apenas a proliferação das células, formação de calos e uma razão intermediária de Ax/CK (2 a S) promoveu a diferenciação da parte aérea. Assim, C/TOCININAS - 119 o balanço entre a concentração de auxina e citocinina é importante para a diferenciação tanto das ra ízes como da parte aérea em cultura de tecido. 4.7.2- Expansão celular em cotilédones e folhas de dlcotlledõneas A expansão dos cotilédones em dicotiledôneas é incrementada pelas citocininas, função que não é desempenhada nem pelas giberelinas e nem pelas auxinas. Estudos mostram que essa expansão ocorre, principalmente, pela atuação das citocininas na expansão celular. As citocininas também promovem a expansão das folhas, tanto pelo efeito da expansão celular como pelo seu efeito na divisão celular. 4.7.3 - Desenvolvimento de cloroplasta e sintese de clorofila O efeito das citocininas na biossíntese de clorofilas e diferenciação de cloroplastos é uma das funções mais importantes desse hormônio vegetal. A adição de citocininas em folhas ou em cotilédones promove a diferenciação dos etioplastos(plastídios jovens) em cloroplastos, especialmente promovendo a formação de grana e incrementando a taxa de síntese de clorofilas. As citocininas aumentam a formação de proteínas fotossintéticas que se ligam à clorofila, estabilizando-as nos dois sistemas de antenas dos fotossistemas. 4.7.4- Retardo na senescêncla A senescência é um processo de desenvolvimento natural que ocorre em plantas que, de certa forma, serve como um mecanismo de remobilização de nutrientes de órgãos mais velhos, senescentes, para tecidos jovens em cres cimento. As citocininas possuem papel importante no retardo desse processo. Esse hormônio mantém a integridade das membranas, evitando que proteases do vacúolo sejam transportadas ao citoplasma e hidrolisem proteínas solúveis das membranas plasmáticas, do cloroplasto e mitocôndria. Outras funções no atraso da senescência atribuídas a esse hormônio são: (i) na prevenção da oxidação de ácidos graxos (fosfolipídios) evitando a degradação das membranas; (ü) na inibição da formação e quebra de radicais livres, como superóxidos (02·) e hidroxilas (OH·), prevenindo a oxidação das membranas; (iii) na inibição da degradação de clorofila, mantendo os tecidos verdes; e (iv) na promoção da síntese de proteínas e RNAs. Na Figura 4.6, é possfvel verificar o efeito da citocinina no retardo da senescência foliar em tabaco. Plantas de tabaco contendo o gene SAG:KNl (B) apresentam redução da senescência das folhas baixeiras, pois gene SAG confere superativação da isopentenil transferase e quando associado ao SAG 12 atrasa este processo, o qual é acompanhado do aumento da citocinina foliar. Como comparativo, as plantas selvagens (A) mostram as folhas do estrato inferior senescentes (ORI et ai., 1999). 120 • FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS Figura 4.6 - Atraso na senescência de folhas intactas e separadas da SAG (gene associado a senescência): plantas de tabaco transformadas-kn1. (A) Porção inferior de uma planta controle aos 5 meses. (B) Porção inferior de uma planta com o gene SAG: KN1 aos 5 meses. O aumento da ativação da isopentenil transferase é realizado pelo gene knotted1 (KN1), que ao se associar com SAG12 atrasa a senescência foliar que é acompanhada pelo aumento do teor de citocinina na folha (ORI et ai., 1999). 4.7.5 -Aumento da capacidade dos tecidos como drenos fisiológicos A citocinina é um grupo hormonal que promove a divisão celular e tem papel importante na regulação de vários processos biológicos associados com crescimento, metabolismo e desenvolvimento de plantas. Pelo fato desses processos estarem associados com o aumento da demanda de fotoassirnilados, a relação da partição de fotoassimilados e de fonte e dreno têm sido especuladas por alguns autores (ROITSCH; EHNESS, 2000; LARA et al., 2004). Lara et al. (2004) têm sugerido que as citocininas regulam a atividade da enzima invertase extracelular e um transportador de hexase. A invertase tem sua ação na quebra da sacarose em hexoses (frutose e glicose) promovendo o descarregamento apoplástico do floema. A ativação do transportador de hexose pela citocinina é necessária para promover a entrada das hexases na célula dreno. C/TOCININAS - 121 4. 7 .6 - Domlnãncla a picai O grau de dominância apical é que determina a forma vegetal, ou seja, com muitas gemas laterais desenvolvidas (muitas ramificações) ou pouca ou nenhuma gema lateral desenvolvida. Fisiologicamente, a formação de ramos é regulada por uma interação entre auxinais, citocininas e um fator proveniente da raiz, recentemente, identificado como a estrigolactona. A auxina sintetizada no ápice caulinar e transportada de fonna polar e basípeta para outros tecidos da planta inibe o desenvolvimento das gemas laterais, ou seja, promove a dominância apical. O papel da auxina nesse processo está na inibição de genes da enzima IPT (isopentenil transferase) que catalisa uma etapa limitante da biossíntese de citocininas na planta (Figura 4.7). Além disso, a auxina também aumenta a atividade da enzima citocinina oxidase, que atua na degradação das citocininas. Assim, a auxina inibe a síntese de citocininas e promove a sua degradação, reduzindo os níveis de citocinina na gema apical inibindo a divisão celular e o brotamento das gemas. A estrigolactona é sintetizada nas raízes e transportada para a parte aérea, atuando como as auxinas suprimindo o desenvolvimento das gemas laterais. Ápice do caale Intacto Ápice do caule dec1ptado Merlstema aplcal Gema /wlar IPTattvo CKX laattva Crescimento da gema uilar IPTIDattvo CKXattva figura 4.7 - Interação entre a auxina (IAA) e citoclnlna (CK) na regulação do desenvolvimento das gemas laterais (IPT: lsopentenll transferate. CKX: cltoclnina oxl daae). 122-FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS 4.7.7- Germinação de sementes Durante a genninação, a citocinina prepara a camada de aleurona para receber GA do embrião, alterando a pem1eabilidade da membrana, facilitando assim, o transporte de GA e nutrientes. Em cereais e feijão, estimula a síntese de enzimas como a a-amilase. Na planta de alface (Lactuca saliva L.), Xanthium sp., picão-preto (Bidens pilosa) e fumo (Nicotiana tabacum), associado com a luz vennelha, acelera a genninação. 4.7.8- Enraizamento de folha O enraizamento de folhas pode ser ocasionado pelas citocininas ( exemplos: violeta, begônias e maçã). 4.7.9-Ação da citocinlna no processo de Infecção O fator de percepção Nod é percebido através de motivo de lisina (LysM), contendo receptores sinalizados por Ca2+ através de uma calmodulina dependente de quinase (CCaMK). Fato este que conduz à biossíntese localizada e/ou ativação de uma citocinina que ainda é um mecanismo desconhecido. Parte dessa sinalização pode ser realizada através de sinalizações provenientes de citocininas produzidas pela bactéria (Rhizobium sp.) ou moléculas semelhantes a citocininas como o Nod (FRUGIER et al., 2008) (Figura 4.8). A citocinina produzida na epiderme pode ser translocada para o córtex através de difusão ou transporte seletivo de célula a célula. Entretanto, um mensageiro alternativo pode ser transportado para o córtex funcionando como elicitor do sinal localizado da citocinina (FRUGIER et ai., 2008) (Figura 4.8). A percepção da citocinina ocorre através do receptor LHK1 (Lotus histidina Kinase 1) que sinaliza aos reguladores de resposta da citocinina (RR) conduzindo a iniciação da organogênese do nódulo (divisão celular). Esse processo requer fatores de transcrição como NSP1, NSP2 e ERN, bem como reguladores NIN e ENQD40. Na epiderme, o NIN é requerido para a infecção ser realizada, mas também regula negativamente a suscetibilidade das raízes a infecção do rizóbio (FRUGIER et ai., 2008) (Figura 4.8). A sinalização da citocinina não contribui apenas na reprogramação da expressão gênica, mas também, através da regulação da atividade de fatores de transcrição como o NSP2, o qual é conhecido por realocar do envelope nuclear para dentro do núcleo sinais do fator Nod. A citocinina também pode estar envolvida na regulação local e no feedeback (FRUGlER et ai., 2008) (Figura 4.8). 4.7.10 - Efeito das cltoclnlnas na Imunidade de plantas As citocininas são consideradas honnônios promotores de crescimento, os quais promovem a divisão celular, mobilização de nutrientes e longevidade foliar (ZHAO et ai., 2010). CITOC/NINAS-123 Epiderme Figura 4.8 - Efeito das citoclnlnas no processo de infecção pelo riz6blo (FRUGIER et ai., 2008). Em arroz (Oryza saliva L.), as citocininas aumentam a produção de grãos por estimular a atividade de meristemas das inflorescências (ASHIKARI et ai. , 2005). No entanto, alguns estudos têm demonstrado que as citocininas também se destacam em processos relacionados à defesa de plantas e, em alguns casos, em reações conjuntas com o ácido salicflico (SA) (CHOI et ai., 2011 ). Alguns fungos biotróficos e bactérias patogênicas secretam citocininas nas plantashospedeiras para proporcionar atraso na senescência e aumentar a atividade dreno das mesmas para que possam explorar a energia da planta por períodos mais prolongados. Por exemplo, as bactérias Rhodococcus fascians e Agrobacterium tumefaciens, assim como o fungo biotrófico Puccinia striiformis, produzem auxinas e citocininas para realçar a patogenicidade e modular a atividade fisiológica do hospedeiro (ROBERT-SEILANIANTZ et ai., 2007; W AL TERS; MCROBERTS; FIIT, 2008). Na Figura 4.9, é possível verificar a modulação da planta pela bactéria Rhodococcus fascians através da sinalização via citocinina. Dependendo do 124- FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS hospedeiro, vários tipos de citocininas como a isopenteniladenina (iP), cis zeatina (cZ) e 2-meti ltio-cis-zeatina (2MeScZ) acumulam em tecidos infectados por Rhodococcus f ascians. Essa bactéria também é capaz de produzir diferentes tipos de citocininas, como a (i) isopenteniladenina (iP), (ii) cis-zeatina (cZ) e (iii) derivados de 2-metiltio (MeScZ; MeSiP e MeStZ) (LEE et ai., 2009). A percepção da citocinina no hospedeiro é realizada por três receptores (AHK4, AHK3 e AHK2, Arabidopsis histidina kinase). Sintetizados pela planta: tZ IP cZ. R. fasciBnS ··• \ Citoplasma Figura 4.9 - Modulação da planta de Arabldopsls lha/Ians à ação da bactéria Rhodococcus fascisns através da sinalização via cltoclnlna, onde é passivei observar Interações entre fatores de transcrição (ARR e AHP) com genes de defesa (TGA3) e de patogenecldade (CYC03) (CHOI et ai., 2011 ). CITOC/NINAS - 125 A expressão do receptor AHK4 é altamente induzida pela Rhodococcus fascians, a qual realça a sensibilidade do hospedeiro à citocinina. Cada citocinina apresenta diferentes afinidades de ligações nos receptores AHK; assim, a grande variação de citocininas produzidas pode ocasionar potencializ.ação dos efeitos induzidos pelo hospedeiro. É também possível que as auxinas secretadas ou produzidas suprimam os genes AHK2 e AHKJ e ARR2 que atua na intermediação das respostas de defesa. Quando o receptor é ativado ocorre a fosforilação da proteína AHP (Arabidopsis Histidine Phosphotransfer), a qual migra para o núcleo onde transfere o fósforo para o fator de transcrição ARR (Arabidopsis Response Regulator). O fator de transcrição ARR do tipo A é induzido por citocininas e apresentam sinal negativo durante a transdução de sinal, enquanto que os ARR do tipo B são ativadores de transcrição que controlam a sinalização de saída da citocinina. No momento em que a ARR2 ativa o gene TGAJ, ocorre reações de defesa da planta ao patógeno. Por isso, a secreção de auxina pelo mesmo auxilia na infecção. No entanto, quando a ARR ativa o gene AHKt ocorre a transcrição de genes que codificam o receptor AI-IKi, que por sua vez ativa o AHP, que ativa outro fator de transcrição ARR e este o gene CYDC3 ( citocininas induzidas por ciclinas) que proporciona os sintomas de patogenicidade. As citocininas também estão envolvidas em muitos processos de imunidade de plantas contra infecções virais (PERTRY et al, 2010). Na Figura 4.1 O, verifica-se o papel das citocininas e do ácido salicilico na imunidade de plantas a vírus. Nesse modelo, é possível verificar que a citocinina se liga ao receptor AHK2 e AHKJ, os quais fosforilam a AHP que migra para o núcleo onde se liga ao NPR, (non expressor of pr genes J, um mediador-chave que tua na intermediação da resistência sistêmica adquirida via SA) que ativa o TGA; que modula a sinalização através do SA. As citocininas também induzem a produção de SA, que por sua vez se ligam ao NPR1• No modelo, também é ressaltado que as citocininas promovem a síntese de óxido nítrico (NO), o qual ocasiona o fechamento de estômatos e respostas de hipersensibilidade auxiliando na defesa da planta contra vírus. 4.7.11 - Efeitos daa cltoclnlnas na adaptação de plantas ao estresse Estresses ambientais como o deficit hídrico e salinidade reduzem a produção e transporte de citocininas das raízes para a parte aérea. A aplicação exógena de citocininas pode incrementar a abertura estomática e, conse quentemente, a transpiração (DA VIES; ZHANG, 1991; POSPÍSILOV Á et al, 2005). Outro efeito atribuído à citocinin.a é a redução de estresse por excesso de luminosidade. Nesse caso, a elevada luminosidade ocasiona a inibição do fotossistema li induzindo a síntese de espécies reativas de oxigênio (ROS}, que atuam na degradação e reparo da proteína D,. A citocinina atua protegendo esse 126 • FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS sistema por atuar na formação do sistema antioxidante (ascorbato e glutationa) e, também, no reparo da proteína D1• o mecanismo é mediado pelos receptores AHK.2 e AHK3 (CORTLEVEN et ai., 2014). - RPS2 RPM1 (; ♦ HR Figura 4.1 o - Papel das citocininas e do ácido sallclllco (SA) na Imunidade de plantas a vfrus (CHOI et ai., 2011). Para entender melhor o efeito das citocininas no mecanismo de tolerância ao estresse, Sukbong et al. (2012) elaboraram um modelo de ação (Figura 4.11). De acordo com esse modelo, a tolerância ao estresse abiótico pode ser aumentada através de uma redução dos nfveis de CK ativas ou pela repressão da sinalização da CK. Esse processo é obtido por inativação dos componentes da via de sinalização de CK (AHK, receptores de CK). As CK sintetizadas podem ser transportadas para o citosol por meio de purina penneases (PUP) e C/TOCININAS • 127 transportadores nucleosídeos (ENT - Equilibrative Nucleiside Transporler) ou degradadas pela citocinina oxidase (CKX) no apoplasto. Após a sua síntese, algumas citocininas oxidases (CKX2, CKX.i, CKX.s e CKX6) são secretadas para o apoplasto, ao passo que outras retomam ao vacúolo (CKX1 e CKXJ) ou pennanecem no citosol (CKX,). A maioria dos receptores de CK (AHK2, AHK3 e AHK4) está localizada no retículo endoplasmático (RE). A percepção da CK é provável que ocorra no interior do lúmen do RE, enquanto que a autofosforilação (P) do resíduo His (H) e transferência do grupo de fósforo ao resíduo Asp (D) do domínio do receptor ocorre no citosol. Duldros~uses ' CKX?; CKX4; CKX5 t CKX6 Ptnata (PUP) cxx, ~ceptor . r- --- ~-- ', - ... - .... AJJP' r--,,,o~ (ADP'~-. ',.' lilllt~ tl_po U Mtlf trp. A c:Jeo -1' ;- t ~ - ---~ • a Cn~ alv: l utauJuaftiu, a.tr,110 dr ,uuuínci.1 t lo,c"m•••a J. CK, p,I• ...,,•wrlo a, ~tdta CK A(IO)l lll~lo CK [o.PR. tZX) rn .. ,-ru.i., (L'"T) Figura 4.11 - Possfvels mecanismos de ação das cltoclnlnas que induzem a tolerãncia de Arabidopsls sp. ao estresse. Adaptado de Sukbong et ai. (2012). AHP: Arsbldops/s Histidine Phosphotransfersse. ARR: Arsbidopsls Response Regulstors. AHR: Arsbldopsis Hlstldlne Klnsse. As AHP são fosforiladas no resíduo de histidina através das AHK mas a , sua localiz.ação no núcleo ou no citosol é independente do estado de 128- FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS fosforilação. As ARR do tipo B ou do tipo A são moléculas fosfoaceptoras finais no resíduo His-Asp. As ARR do tipo B são fatores de transcrição responsáveis por induzir a expressão dos genes do tipo-A, resposta primária, e a jusante dos genes regulados pelas CK. As do tipo ARR do tipo A podem reprimir as sinalizações da CK através de "loops de feedback negativo", provavelmente ao nível da AHP. As ARR22 tipo C apresentam atividade fosfatase que, através da estrutura fosfo-histidina específica (AHP2, HPA3 e AHP5) no citoplasma podem reprimir a sinalização de CK. A repressão da CK é indicado por 'X'. A ativação do osmosensor AHK.1, que está localizado na membrana plasmática, pode também melhorar a tolerância ao estresse sem utilizar a sinalização das CK. A estratégia alternativa para o aumento da tolerância ao estresse é a elevação dos níveis de CK após o início da resposta, que pode ser obtido por meio de estímulos dos genes biossintéticos de CK induzidos por estresse e/ou promotores induzidos por senescência. 4.8 - Interaçãode citocininas com nutrientes Um dos principais nutrientes com o qual as citocininas interagem é o nitrogênio pela regulação das enzimas do metabolismo do nitrogênio. O papel das citocininas nessa interação se dá pela ativação da enzima nitrato redutase que converte o nitrato a nitrito. Em plantas de milho, foi observada que a aplicação de nitrato levou ao acúmulo de citocinina nas raízes, depois, na solução do xilema e por último nas folhas (T AKEI et ai., 2001 ). Em Arabidopsis thaliana, observou-se que a presença de NQ3· estimulava a expressão do gene AtlPT que é responsável pela codificação de uma enzima-chave na biossíntese de citocininas (fPT). 4.9 - Aplicação comercial de citoclninas A utilização dos três hormônios citados acima (auxinas, citocininas e giberelinas) como promotores de crescimento em plantas tem se tornado uma prática comum no meio agrícola. O uso de produtos comerciais tem propor cionado vários efeitos positivos, como aumento de enraizamento, fixação de frutos e produtividade. As citocininas podem ser utilizadas na agricultura para manter as folhas verdes, assim, fotossinteticwnente ativas por um período de tempo maior, consequentemente, com maior produção da planta. Também pode ser utilizada para atrasar o processo da senescência, maior desenvolvimento das gemas laterais e aumento do tamanho de frutos, principalmente. Parte III " HORMONIOS INIBIDORES DE DESENVOLVIMENTO 5.1 - Estrutura Capítulo 5 ETILENO O etileno é um hormônio fundamental no metabolismo das plantas. O etileno é um hormônio gasoso produzido em quase todas as partes dos tecidos dos vegetais superiores. De modo geral, as regiões meristemáticas e as regiões dos nós são as mais ativas na síntese de etileno. Esse honnônio é responsável por várias alterações no crescimento e desenvolvimento de plantas, entre elas a maturação de frutos e senescência de plantas. O etileno é um hidrocarboneto insaturado (C2Hi) e que sofre rápida oxidação em contato com o ar e é uma molécula que apresenta pelo menos uma dupla ligação carbono-carbono. O etileno é inflamável e rapidamente sofre oxidação ( óxido de etileno) e pode ser hidrolisado a etilenoglicol, tem solubilidade em água de aproximadamente 140 ppm para temperatura de 25°C e 760 mm Hg de pressão. É aproximadamente 15 vezes mais solúvel que o oxigênio. 5.2 - Histórico A descoberta dos efeitos do etileno em plantas já era evidenciada a 4.000 a.e., quando o gás produzido por frutos maduros era utilizado pelos anciões egf pcios como um gás que estimulava a colheita de frutos. Em 1864, anciões chineses ao colocar incenso em câmaras fechadas observavam aumento do amadurecimento de peras (Pyrus communls). Já no Século XIX, observou-se que o gás produzido pelo carvão utilizado em iluminação de ruas proporcionava a queda de folhas de árvores próxima das lâmpadas. Mais tarde, em 1901, Dimitry Neljubov, aluno de pós-graduação do Instituto Botânico de São Petesburgo (Rússia), observou que o etileno produzido pelo carvão utilizado em laboratório era o causador de crescimento anonnal em plântulas de ervilhas (Pisum sativus L.). Mas somente em 1910, Cousins realizou a primeira menção de que o etileno é um produto natural de tecidos vegetais. Suas observações foram realizadas em experimentos com bananas (Musa spp.), p9rém, apenas a partir de 1970 a 1980 que foi elucidada a rota 132 • FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS biossintética do etileno por Yang (FRANKENBERG; ARSHAD, 1995; TAIZ; ZEIGER, 2013). 5.3 - Reguladores sintéticos O principal regulador sintético é o ácido 2-cloroetil-fostõnico (CEPA ou ethephon), substância esta que libera etileno em pH acima de 3,5 em contato com o tecido vegetal. No mercado existem vários produtos disponíveis com ethephon como o Ethrel (240 e 720 g.L·1 i.a.), Arvest (480 g.L·1 i.a) e Ethephon Sanachen (480 g.L·1 i.a). 5.4 - Síntese Folhas novas, geralmente, produzem etileno em concentrações mais elevadas do que as folhas velhas. Esse fato é explicado devido à auxina promover a produção de etileno. Durante o envelhecimento da folha, a bios síntese de auxina diminui e a folha torna-se mais sensível ao etileno. A via biossintética do etileno foi descrita primeiramente por Yang e colaboradores entre 1970 e 1980 e o aminoácido metionina é o precursor do etileno. A etapa limitante da rota é a conversão de S-adenosilmetionina (SAM ou AdoMet) em ácido l-aminociclopropano-1-carboxílico (ACC), que é catalisada pela enzima ACC-sintase. A última etapa da rota é a conversão de ACC em etileno, a qual necessita de oxigênio e é catalisada pela enzima ACC ox.idase. O grupo CH3-S da metionina é reciclado via o ciclo de Yang e, assim, regenerando metionina para a continuidade da síntese (Figura 5.1 ). A ACC oxidase utiliza como cofatores o CO2, Fe+2 e o ascorbato. Outro ponto de controle na rota de biossíntese do etileno é a conversão de ACC a N-malonil ACC pela malonil transferase ou glutamil-ACC. A formação desses conjugados de ACC é uma forma de inativação do ACC e controle dos níveis de etileno no tecido. A ACC-sintase é uma enzima citossólica que é dependente de piridoxal 5-fosfato que tem sua atividade inibida pelo aminoetoxivinilglicina (A VG) e ácido amino-oxiacético (AOA), bloqueando a conversão de SAM a ACC. É uma enzima cuja atividade é influenciada por vários fatores ambientais, hormonais e por vários eventos fisiológicos. 5.5 - Fatores que afetam a síntese de etileno 5.5.1 - Temperatura O aumento da temperatura do ar é um fator detenninante na produção de etileno. O acréscimo da temperatura até 30ºC incrementa a síntese de etileno. ETILENO • 133 No entanto, em temperaturas acima desse valor, a enzima ACC oxidase é inativada, provavelmente, devido à sua localização nas membranas ou no apoplasto. Temperaturas extremas, ou muito baixas (geada) ou muito altas ( 40ºC), promovem a síntese de etileno por promover estresse na planta e, este, promovendo a síntese de etileno. NH_,• 1 :'\H~· 1 CH, -S - UI, -<.:H, -CH -coo· R - CH-coo· Metfoalna a-1-:e~o-~-ácido rnetütiobutirico CUJ-S t-H> 1 ~Ql c~o-0 OH OH S-!,.letiltionbo, e 1-fosfato S-Adeoosll-L-metloaina (SAM) MTR }::ADP Cinase :ATr CHl-s CHz-S 1 1 OH ~ A<lt.'lUIII!. C.~Qº Adenlna CH~ MTA OH OH nucleosidase OH OH ~-Metillionl>ose S-Mr:rílrin11rlr:11n~i1111 ~ITR) (\fTA) ~-Malooil-ACC ACC N-mnlonU- CoASH NH3• HS-CH: -e! -COO <.:isteinn NH,• N■CB1 -d1 -COO P-Cynuohmlne +----- At:t: sintnse R.C' i\~ i e/ H1C/ '-coo· Âddo 1- Alui.uodduvrupllllo-1- c-111hoxil11tn (AC.q CCa:J&>e P-Ciauollllline sint.uc Figura 5.1 - Ciclo de Yang: rota biosslntétlca do etileno (BRADFORD, 2008). 134 · FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS 5.5.2 - Concentração de C02 e 02 O CO2 promove a transformação de ACC em etileno, pois concentrações de 0,5% de CO2 ativam a ACC-oxidase. No entanto, concentrações de 5 a 10% inibem a atividade do etileno; nesse caso, o CO2 compete com o etileno pelo mesmo sítio de ligação no receptor. O oxigênio é necessário para a conversão do ACC em eti leno pela atividade da ACC-oxidase. Assim, em condições de anaerobiose, as plantas apresentam limitação na síntese de etileno. 5.5.3 - Luminosidade Em células fotossintetizantes, a luz inibe a síntese de etileno (inibe a transformação de ACC em etileno). Provavelmente, esse efeito está ligado à fotossíntese que reduz a disponibilidade de CO2• A luz afeta a biossíntese de etileno de forma negativa, à medida que estimula a conjugação de ACC (malonil ACC e glutamil ACC) (JIAO et al., 1987), limitando a disponibilidade do substrato ACC para a enzima ACC-oxidase e a consequente conversão do mesmo em etileno (ZACARIAS; REID, 1990). Em plantas superiores, existe um complexo proteico (cromóforo) com posto por vários tipos de fitocromo B (SCOTT et al, 1999). Uma dessas funções parece ser o controle do ritmo circadiano do etileno. Foi verificadaa existência de ritmos circadianos da taxa de etileno produzido (num período de aproxima damente 24 h), assim como da expressão do mRNA das enzimas ACC-oxidase e ACC-sintase controladas possivelmente pelo fitocromo b (SCOTT et ai., 1998). 5.5.4 - Alagamento e seca O excesso de água no solo, além da capacidade de campo, diminui os níveis de oxigênio no solo, assim, ocorre acúmulo de ACC nas raízes das plantas que são transportados via xilema para a parte aérea. Na parte aérea, com a disponibilidade de oxigênio, o ACC é convertido a etileno pela atividade da ACC-oxidase. Em condições de estresse hídrico por deficit hídrico, o aumento dos níveis de etileno parece estar relacionado ao aumento dos níveis de ABA, o qual promove a síntese de etileno. O ABA é o principal hormônio vegetal rela cionado com as respostas da planta à falta de água. 5.5.5 - Ferimentos mecãnlcos Os ferimentos mecânicos causados pelo destacamento de órgãos, herbivoria e infecção por patógenos, principalmente, promovem aumento na ETILENO • 135 produção de ACC sintase e, assim, maior conversão de SAM a ACC e, consequentemente, maior produção de etileno. 5.5.6 - Substãnclaa qulmlcaa A presença de metais pesados fitotóxicos, compostos inorgânicos como amônia, bissulfito e ozônio, principalmente, e compostos orgânicos como her bicidas, glifosato, desfolhantes, cianeto de potássio e pesticidas, principalmente, promovem a síntese de etileno. 5.5.7 -Outros honnõnloa vegetais As auxinas estimulam a produção de etileno por atuarem na síntese da ACC-sintase (nível de transcrição de mRNA), aumentando a conversão de SAM (S-adenosil metionina) a ACC. A aplicação de citocininas nas plantas promove aumento de 2 a 4 vezes na produção de etileno nas plantas e quando estas são associadas às auxinas, essa produção tem aumento mais significativo do que quando estes hormônios vegetais são aplicados separadamente. O efeito sinérgico está relacionado ao aumento da atividade da ACC sintase. A giberelina apresenta pouco ou nenhum efeito sobre a síntese de etileno. A GA pode diminuir a síntese de etileno em algumas plantas como na banana. A ação do ABA na síntese de etileno é bastante conhecida e este promove a expressão de genes da enzima ACC-oxidase e, também, a transcrição do gene da ACC-sintase. O próprio etileno controla a sua síntese induzindo a autocatálise e a auto inibição, ou seja, o próprio etileno promove a conversão de ACC a etileno na autocatálise e inibe a atividade da ACC sintase, reduzindo os níveis de ACC e, consequentemente, os níveis de etileno. Os brassinosteroides e jasmonatos também promovem a síntese de etileno. 5.6 - Transporte O transporte de etileno independe de tecidos vasculares, uma vez que é um gás que se difunde facilmente nos tecidos vegetais e nos espaços intercelulares, mas também, pode ser perdido para a atmosfera. 5.7 - lnatlvação O catabolismo do etileno nos tecidos vegetais ocorre pela sua oxidação liberando C02, óxido de etileno e etileno glicol como produtos dessa quebra. No 136 • FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS entanto, o catabolismo do etileno não é o principal processo que regula os níveis de etileno no tecido (RASKIN; BEYER, 1980). A conjugação do ACC, principalmente, com malonil (malonil ACC) é a fonna mais significativa no controle da biossíntese e níveis de etileno na planta. O malonil ACC é acumulado no vacúolo. O ACC também pode se conjugar com o glutamil, mas não é o mais importante no controle da síntese de etileno. O ACC também pode ser hidrolisado pela ACC-desaminase em amônia e a-cetobutirato (GLICK, 2005), controlando também a síntese de etileno 5.8 - Mecanismo de ação Já foram identificados vários receptores do etileno, sendo estes classificados dentro de duas familias: família I e familia 11. Os receptores da família I (ETRl e ERSl) apresentam características de histidinas quinases que são capazes de transferir grupos fosfato do A TP para os resf duos de histidina em outras proteínas que poderão ativar ou desativar essas proteínas. Os receptores da família II (ETR2, ERS2, EIN4) não apresentam atividade de histidina quinase. Todos esses receptores apresentam um íon cobre para a ligação do etileno. O modo de ação do etileno pode ocorrer pela regulação positiva e negativa na resposta hormonal. A proteína CTRI (constitutive tripie response J), provavelmente, seja um.regulador negativo da resposta da planta ao etileno e o papel desta proteína estaria na sua capacidade de interagir com o domínio de histidina quinase dos receptores do etileno. Na regulação positiva, a ausência do hormônio desativa a via de sinalização, mas a partir do momento 9ue o etileno se ·liga ao receptor ocorre alterações na estrutura do receptor desacoplando a proteína CTRI e ativando os elementos da cascata de transdução do sinal do etileno como as proteínas da família das MAP quinases (milogen activated prolein) (Figura 5.2). Esse fato pennite que O· elemento regulador EIN2 (ethy/ene insensitive 2) sinalize positivamente para os fatores de transcrição da familia EIN3. Este último ativa a transcrição dos fatores ERFs (ethylene response factors) que promovem a transcrição de genes-alvo ativados pelo etileno como os genes da ~-1,3 glucanases, quitinases, fitoeno sintase, algumas proteínas relacionadas a patógenos (PRPs ), algum~ isofonnas de e~ansinas e as enzimas de biossíntese do próprio etileno, ACC smtase e ACC ox1dase (KERBAUY, 2008), levando as respostas ao honnônio. Já na regulação negativa, a ausência do hormônio toma o receptor ativo e a sua atividade inibe os elementos da cascata .de transdução do sinal do etileno e 85 respostas ao hormônio não ocorrem. Assini, a Jigação do etileno a~ receptor inibe o desacoplamento da proteína ~TRI, n~o. permitindo ~ ativação dos elementos da cascata de transdução d,o sinal ao et1leµo (Figura 5.2). lnativ.ição da via de ~Z21ção +- ,.L i Sem respostas ao Etileno CTill SIMKK(7) ETILENO - 137 McmbraM do R.erlculo Endoplam.lát ico CTil l inalivn AtivaçAo da '11111 de sinal izaçao Figura 5.2 - Mecanismo de ação do etileno (WANG; LI; ECKER, 2002). 5.9 - Efeitos fislológlcos 5.9.1 - Gennlnaçlo de sementes A produção de etileno pelas sementes inicia-se após a embebição e acelera-se com o tempo, entretanto, há variação entre as espécies. Nas sementes, o embrião é o principal local da produção de etileno (KETRING; MORGAN, 1969; ESASHI; KA TOH, 1975). O etileno possivelmente tem interação com a luz durante a genninação (Figura 5.3). Essa constatação foi comprovada em alface pela superação da fotoinibição (DUNLAP; MORGAN, 1977). O etileno estimula a síntese de algumas enzimas responsáveis pela degradação da parede celular como a ~-1,3-glucanases. Outras enzimas responsáveis pela degradação da parede celular também mostram uma dependência ao etileno como endopoUgalacturonase, algumas isoformas de a galactosidases, (3-arabinosidase e galactanase (PECH et ai., 1998). 138 • FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS e l tn/bldor 1 E9 1 Promotor j f v1t ,up,nor cio tndo,p~ ABA~ .,;:BA7 I Conttolt 1 ' ~ D,,6 \ ' ' t -~Ell-dorpt:) ~------' • :R,,p ... . .. ""'" ., au, ..... ,~t··•rm• , -n ( ) •~,. Qlltbl'3 do . a (b) t udo,ptnn., (e) ' (d) Figura 5.3 • Modelo de germinação de sementes de tabaco (METZGER, 2003): (a) dia 1: germinação (estádio 1 - Semente intacta). (b) dia 2: germinação (estádio li - Ruptura da casca. Endosperma intacto). (e) dia 3: germinação (estádio Ili - Ruptura da casca e do endosperma). (d) dia 6: controle e tratamento com ABA. O etileno promove a germinação em algumas espécies de mono e dicotiledôneas e a dormência de algumas espécies sugere-se que esteja relacionada com os baixos níveis de etileno, por exemplo, em sementes de carrapicho dormentes os tecidos da semente apresentam acúmulo de ACC e baixa atividade da enzima ACC oxidase, consequentemente, baixos níveis de etileno.O tratamento de algumas sementes donnentes com etileno promove a superação da dormência e a germinação das sementes. 5.9.2 - Nodulaçlo O papel do etileno na nodutação é do controle da infecção causada pelo rizóbio. Essa autorregulação inibe em parte a nodulação. O etileno pode funcionar como um hormônio autorregulativo, controlando o número de nódulos em função do teor de nitrogênio na planta. O etileno inibe os fatores de nodulação (NOD) de transdução de sinal na planta, inibindo a iniciação e a manutenção do sinal. O controle loca) da nodulação pelo etileno vem da observação que a síntese de etileno ou a sua percepção incrementa o número de nódulos fonnados na região oposta ao floema. Em condições nonnais, os nódulos são fonnados na direção oposta aos polos do protoxilema. Experimentos mostram a expressão especifica da ACC- ETILENO- 139 -oxidase oposta aos polos do floema. Por isso, o etileno pode oferecer uma infonnação posicional para a divisão de células do córtex (OLDROYD et ai., 2001 ). 5.9.3 - Florescimento O etileno inibe o florescimento em muitas plantas e promove o florescimento em plantas como o abacaxi (Ananas comosus L.) e espécies ornamentais de Bromeliaceae. Além dessas plantas, também promove o florescimento em mangueira. Assim, a aplicação de ethephon em plantas de abacaxi é uma prática comercial nonnal para a sincronização da floração e colheita de frutos. O etileno também estimula a fonnação de flores femininas em algumas espécies, principalmente, nas Cucurbitaceae. Esse processo pode ser resultante da indução da formação de meristema floral feminino ou numa ação letal do etileno na gametogênese masculina (KERBAUY, 2008). Assim, a aplicação de ethephon em Cucurbitaceae, Morus sp., Ricinus communis (mamona) e Spinacia sp. induz a formação de flores femininas, assim como as auxinas. 5.9.4 - Polinização De modo simplificado, a auxina regula o gene que codifica a enzima ACC-sintase que induz o sinal primário de polinização. O ACC sintetizado no estigma é convertido a etileno pela enzima ACC-oxidase, inicialmente presente em baixo teor, mas incrementado após a polinização para iniciar a produção de etileno no estigma. O ACC translocado do estigma para o perianto mantém a síntese de etileno no órgão iniciando a senescência das sépalas e pétalas. O mecanismo de regulação entre órgãos é mantido devido a translocação do ACC para órgãos distantes, a fim de manter a síntese de etileno. 5.9.5 - Maturação de frutos O amadurecimento de frutos é um dos processos mais relacionado com o papel do etileno nas plantas e devido a esse fato, o etileno é conhecido como o "hormônio do amadurecimento". O amadurecimento de frutos envolve mudanças nas características dos frutos, como a perda de firmeza da polpa do fruto (amolecimento do fruto), devido à ação de enzimas induzidas pelo etileno na quebra das paredes celulares, à mudança de sabor devido à hidrólise de amido, acúmulo de açúcares e o desaparecimento dos ácidos orgânicos e mudanças no aroma dos frutos pela slntese de compostos fenólicos. Por muito tempo o etileno tem sido reconhecido como o hormônio vegetal que acelera o amadurecimento de frutos, mas nem todos os frutos respondem ao etileno. Os frutos que respondem ao etileno são aqueles que 140 • FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS apresentam antes do início do amadurecimento aumento característico da respiração, denominado de climatério respiratório (Figura 5.4). E, nesses frutos, antes do climatério respiratório ocorre um pico na produção de etileno. Alguns exemplos de frutos climatéricos são a maçã, banana, tomate, abacate e mamão, principalmente {Tabela 5.1 ). 1 \ Fruto cllmatérko 1 ' ' ' \ \ \ \ Pico climatérico \ ' ' -, ' I \ ,, I \ ,, I \ ,..,. I \ ,..,...._ I \ ............ ,' \ ...... ___ , ' ', ..... ____________________ _,.~m~ ) Crescimento e desenvolvimento Maturação Senrscênda Figura 5.4 - Curva da respiração em frutos climatéricos e não climat6ricos. Tabela 5.1 - Relação de frutos climatéricos e não climatéricos. Frutos cllmatjrlcos Abacate Ameixa Banana Damasco Goiaba Kiwi Maçã Mamão Manga Maracujá Melão Pera P6ssego Tomate Frutos nlo cllmatérlcos Abacaxi Cereja Figo Framboesa Laranja Limão Melancia Morango Tangerinas Uva ETILENO - 141 Os frutos que não apresentam o aumento da respiração, o climatério, são denominados de frutos não climatéricos e estes não respondem ao etileno (Figura 5.4). Em trabalhos com tomateiros selvagens (Lycopersicum sculentum), observou-se que a expressão gênica do amadurecimento é regulada pelo menos por duas rotas independentes: (i) uma rota dependente do etileno que inclui genes envolvidos com a síntese de licopeno e do aroma, do metabolismo respiratório e da ACC-sintase e (ii) uma rota independente do etileno que inclui genes que codificam as enzimas ACC-oxidase e clorotilase. Hamilton et al. (1990) realizaram a transfonnação genética de tomate com o clone de DNA pTOM13 (em orientação antisenso), implicado na via de biossíntese do etileno. Os frutos transgênicos ou transfonnados apresentaram forte redução na produção de etileno e redução da velocidade de amadurecimento. Klee et ai. (1993) isolaram um gene codificador da enzima ACC-desaminase, em bactérias saprófitas. Esse gene, nunca identificado em tomateiro, foi introduzido nessa espécie visando sua superexpressão e por consequência, redução da disponibilidade do substrato imediato do etileno, o ACC, inibindo o amadurecimento dos frutos pela ausência de etileno. Esse fato comprova a necessidade de etileno para promover o amadurecimento de frutos climatéricos. 5.9.6 - Abscisão e senescêncla foliar A síntese de etileno também está relacionada à queda de folhas, frutos e flores e outros órgãos vegetais. A capacidade do gás etileno em causar a abscisão em plantas é devido ao enfraquecimento das paredes celulares nas células da camada de abscisão. De acordo com Taiz e Zeiger (2013), o controle hormonal da abscisão foliar é apresentada em três etapas distintas: (i) fase de manutenção da folha: o alto nível de auxina na folha (sitio de produção de auxina) reduz a sensibilidade da zona de abscisão ao etileno e evita a queda da folha e estas permanecem funcionais. A manutenção de um gradiente de auxina entre a lâmina foliar e o caule é responsável pela insensibilidade da camada de abscisão ao etileno; (ii) fase de indução de queda: a redução do gradiente de auxina na folha promovida pela senescência e o aumento na produção de etileno promove a sensibilidade da camada de abscisão ao etileno, que desencadeia a fase de queda; e (iii) fase de queda: as células da camada de abscisão sensibilizadas ao etileno promovem síntese de enzimas como a celulase e poligalacturonase que hidrolisam a parede celular, resultando na separação de células e na abscisão de folhas. O processo de abscisão foliar está ligado à separação de grupos de células (Figura 5.5) (ROSE et al., 2003 apud McCUE et al., 2009). 142 - FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS Figura 5.5 - Absclsão foliar controlada pelo balanço entre auxinas e etileno em planta de tomate (McCUE et ai., 2009). Tecidos senescentes realizam processos catabólicos que exigem a produção de várias enzimas hidrolíticas, tais como proteases, nucleases, lipases e enzimas degradadoras de clorofilas (clorofilases). Durante a senescência, alguns genes têm a expressão induzida (genes associados à senescência, SAG). Os genes SAG (senescence associated gene) incluem genes que codificam enzimas hidrolíticas, tais como proteases, ribonucleases e lipases, assim como enzimas envolvidas na biossíntese de etileno (ACC-sintase e ACC-oxidase). Assim, o etiJeno também está envolvido no processo da senescência. A senes cência induzida pelo etileno progride das margens da folha para o centro. As células que circundam o sistema vascular senescem mais tardiamente, pois elas auxiliamno fluxo de nutrientes das células senescentes adjacentes (Figura 5.6) (SRIV ASTA V A, 2002). A senescência é um processo regulado pelo balanço honnonal, entre citocininas, etileno e ácido abscfsico (ABA). 5.9.7 - Fonnaçlo do aerênqulma O aerênquima é um tecido observado na anatomia de raízes e tem como principais funções o annazenamento e transporte de gases como 0 2, N2 e vários ETILENO • 143 metabólitos gasosos como o C02 e etileno, entre a parte aérea e as raízes. O aerênquima é encontrado nas raízes de plantas submetidas ao alagamento para pennitir a circulação de ar e a síntese de ATP, mesmo em condições de hipoxia. Idade (semanas) 3 4 5 6 7 8 Figura 5.8 - Progressão da senescêncla follar em Arabldopsis thsllana (KOYAMA et ai., 2013). O aerênquima pode ser formado a partir de divisões sucessivas de célu]as meristemâticas, originando um tecido esponjoso ou pelo afastamento de células ou pela lise celular, aerênquima esquizógeno e lisígeno, respectivamente (JUSTIN; ARMSTRONG, 1987). O desenvolvimento de aerênquima Jisígeno é induzido pela hipoxia, que estimula a síntese de etileno, o qual ativa uma rota metabólica envolvendo fosfoinositídeos e Ca2+, onde também estão envolvidas enzimas como: celulase, proteases, lipases, DNAases, xiloglucano endotransglicosilase (XET) e muitas outras (DREW; CHUAN-mJ; PAGE, 2000). A ação dessas enzimas na célula leva à morte celular (morte celular programada), fonnando aerênquima lisfgeno. O etileno leva à morte e desintegração do córtex da raiz. Os locais anterionnente ocupados por essas células são preenchidos por ar que facilita o movimento de 02 e, assim, a fonnação dos aerênquimas. 5.9.8 - Triplice reaposta A tríplice resposta ocorre quando uma plântula de ervilha estiolada apresenta três alterações morfológicas induzidas pelo aumento na concentração de etileno, sendo elas; (i) redução do alongamento e aumento da expansão lateral próximo ao gancho plumular; (ii) inibição do alongamento das raízes e (iii) fonnação de gancho plwnular ou apical exagerado. A tríplice resposta induzida pelo etileno é bastante pronunciada em dicotiledôneas evidenciado por um gancho plumular saliente. O gancho 1.U • FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS plumular facilita a emergência da plântula através do solo, protegendo o delicado meristema apical. Quando o gancho plumular é exposto à luz branca, ele abre em decor rência do aumento do alongamento das células do lado interno do gancho. O etileno produzido pelo tecido do gancho, mantido no escuro, inibe o alon gamento no lado interno. Em arroz (Oryza saliva), o alagamento promove a produção de etileno, o qual resulta no alongamento do caule e, assim, eleva a planta acima do nível da água. 5.9.9 - Ação do etileno na reorientação do padrão de divisão e divisão celular As células em geral têm uma orientação para o sentido de divisão. Os microtúbulos orientam as microfibrilas para o sentido da divisão que, geralmente, se dá perpendiculannente ao sentido dos mesmos (Figura 5.7). O etileno reorienta o sentido dos microtúbulos e, assim, altera o sentido da divisão celular e reduz o crescimento longitudinal e promovendo o crescimento lateral das células, que é uma das respostas tríplice. Expaulo em CODdiçlet normal, l ------·-· -·-·-··-·--_::::::::::~::::::::: -- ------~---··-······-·-· tt.·:tt --. -. . -· --- ;;;: _:) ~ do etileno ~-~=::::::::== - .. ·---------··· . .... -------·--· --- •:.,. .-.:: 1 _,..-~:J"~: .. i:-,.::.·-~.,!".-. - . -. --~ .... --· --.--- ... . . ·"--. ... - .. __ .. - ....... ... . . · .. -. -.. ---.--... ,.-. ·-.. -. -. -.-. ·--.---.. ---------.. · ...... ·. :: :~ :--.·=·:-:· :-:-:-:·:·:-:-=·:-=-=-=-:w :·==== ==== ·-:::::::::::::::::::::::::::: "'-:::::::::::::::::::: ·- ···- -- --· -·= Figura 5.7 - Reorientação dos microtúbuloa em função da ação do etlleno. ETILENO • 145 Além do estresse hídrico, o estresse mecânico também induz a produção de etileno e alteração no padrão de divisão celular. Um dos papéis do etileno está na redução do crescimento em plantas pelo seu efeito no retardamento ou inibição da divisão celular, aumentando as fases do ciclo celular, G 1, S ou G2.0 5.9.1 O - Epinaatia foliar A epinastia consiste na curvatura das folhas para baixo, devido ao maior crescimento da face adaxial das folhas que a face abaxial. O etileno e as altas concentrações de auxina induzem a epinastia. Atualmente está confinnado que a auxina age indiretamente pela indução da produção de etileno. Em condições anaeróbicas de encharcamento do solo, no entorno das raízes, acentuam-se a síntese de etileno na parte aérea, levando a resposta epinástica. Para isso, é necessário que um sinal seja enviado das raízes para a parte aérea e esse sinal é o ACC ( ácido l-amino-ciclopropano-1-carboxflico) que é o precursor imediato do etileno. Mas, para a fonnação do etileno, o ACC necessita de 0 2• Assim, o ACC é transportado via xilema pela corrente transpiratória chegando na parte aérea onde é rapidamente convertido em etileno, devido à presença de oxigênio (Figura 5.8). +02 ACC~C2H4 Figura 5.8 - Diagrama de uma planta de tomate estilizado entes (painel esquerdo) e depois (à direita do painel) do estresse por alagamento. Setas ascendentes Indicam movimento acrópeto de ACC do local de sfntese nas relzes pare as folhes, onde ocorre a conversão de etileno, na presença de oxigênio resultando na eplnastla (ANISH; BURNS, 2007). 148- FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS 5.9.11 - Gancho plumular formado durante a germinação e emergência da plântula O gancho plumular é encontrado em plântulas jovens que protege o meristema apical durante o crescimento e a emergência das plântulas do solo. Esse gancho é formado devido ao maior crescimento das células do lado externo do gancho do que do lado interno devido à maior produção de etileno no lado interno que ocorre no escuro. Quando o gancho plumular é exposto à luz branca ou à luz vermelha, ocorre a sua abertura em decorrência do aumento da troca de alongamento das células do lado interno. A luz branca ou vermelha induz à abertura do gancho devido à inibição da síntese de etileno. Assim, existe uma interação entre o etileno e os fitocromos na formação ou abertura do gancho plumular. A inibição na síntese de etileno na luz deve-se à redução dos teores de ACC disponíveis devido à sua conjugação com malonil (malonil ACC). Esse efeito deve-se também, à inibição da translocação da auxina pelo etileno. Na presença de luz, o etileno inibe a translocação de auxina para o lado externo do gancho e promove a translocação de auxina para o lado interno, promovendo o crescimento das células do lado interno e a abertura do gancho plumular (Figura 5.9). ~'élOJ 8 t l i ~ + ( ~€€) AloDpmnte lalltldo do lade E1t1cio intcrae do pacllo } (r.:=A.=-~=c~il~~~o~I 1 T ( Luz ] figura 5.9 - Processo de formação do gancho plumular em dlcotlledõneas. ETILENO - 141 5.9.12 - F onnação de rafzes adventiclas e pelos absorventes O etileno é capaz de induzir a formação de raízes adventícias em folhas, caules e pedúnculos foliares e mesmo em outras raízes. As auxinas também promovem a fonnação de raízes em estacas, assim, acredita-se que o papel do etileno nesse processo é de aumentar a sensibilidade dos tecidos à auxina e, esta, promovendo a fonnação de raízes adventícias nas estacas. Os pelos absorventes são responsáveis por aumentar a superflcie de absorção de água e nutrientes nas raizes. O etileno atua como um regulador positivo na diferenciação de pelos absorventes. 5.9.13 - Estiolamento em plantas alagadas O alongamento das células do caule e da folha é positivamente regulado pelo ácido giberélico (GA). Erri circunstâncias nonnais, o ácido abscísico (ABA) inibe a atividade da GA. Quando plantas são expostas em condições de alagamento, o etileno se acumula devido à sua lenta difusão para fora da água, emborasua síntese seja reduzida pela redução da concentração de 02. No entanto, a formação de aerênquima possibilita o transporte de 02 para essa região e, consequentemente, induz a síntese de etileno, mesmo em baixas concentrações. Em função disso, o etileno por ser um antagonista do ABA diminui a sua síntese, pennitindo, assim, o aumento da concentração de GA, o qual atua nas células do meristema intercalar. Esse aparato fisiológico é alicerçado nas seguintes estratégias: (i) a estratégia de fuga de espécies de águas profundas envolve o alongamento rápido do caule a fim de alcançar a superfície. O alongamento celular induzido pela GA é estimulado por fatores de transcrição codificados por dois genes regulados pelo etileno, Snorke/1 e Snorke/1 (SK, e SK2) e (ii) na estratégia de quiescência de espécies tolerantes à submersão, o alongamento de caule é suprimido de modo a conservar os hidratos de carbono e aumentar a sobrevida em condições de inundação rápida. A sinalização da GA e, portanto, o alongamento é inibido pela ação do etileno em um gene de submersão (SUB1A 1) que atua nos genes de inibição do crescimento Slender Rice-1 (SLR,) e SLR Like-1 (SLRL1) (Figura 5.1 O). 5.9.14 - Defesa contra patógenos A ação do etileno durante a infecção de patógenos em plantas ocorre via regulação da biossíntese transcripcional e pós-transcripcional. O etileno também possui papel importante na produção de metabólitos secundários antimicrobianos como as fitoalexinas. Em folhas de arroz, por exemplo, o etileno induz a produção de fenilpropanoides, derivados da fitolalexina sakuranetina (NAKAZATO et ai., 2000). 148 • FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS Ar Parci3lmente abpdo Submergido Ar SIQ 1S10 ..... ............... ABA ..... ALONGAMENTO DE CAULE SUB lA-1 SLRl1SLRL2 Figura 5.10 • Etileno e estratégias da planta de arroz à tolerancia ao encharcamento (VOESENEK; BAILEY-SERRES, 2009ab). Em geral, fitoalexinas derivadas de fenilpropanoides são induzidas pelo etileno em diferentes espécies de plantas. Em caso de ataque dle insetos na planta, ocorrem inúmeros processos de defesa incluindo o ácido jasmônico e etileno. O etileno em combinação com o ácido jasmônico é necessário para ativação de vários genes de defesa vegetal, entre eles os inibidores de pro teinases. As plantas respondem ao ferimento por insetos através do re conhecimento de elicitores específicos do inseto, dando à planta a oportunidade de otimizar as suas defesas (NAKAZATO et ai., 2000). As sequências de eventos relacionados à defesa de plantas de tabaco a insetos são: (i) durante o ferimento, a planta incrementa a produção de ácido jasmônico a partir do ácido linolênico da membrana celular (ação de uma lipase de membrana), o qual é amplificado pela ação do herbívoro; (ii) o ferimento amplifica a produção de compostos voláteis de defesa da planta, que funcionam como atrativos; (iii) o ferimento da lagarta ou inseto causa um elevado incremento na síntese de etileno; (iv) o etileno atenua o acúmulo de nicotina ETILENO - 149 pela supressão do acúmulo de transcritos, reguladores-chave na biossíntese da nicotina (putresina-N-metil-transferase) e (v) a atenuação da defesa direta (nicotina) pode ser uma adaptação para a alimentação de herbívoros especializados, os quais são totalmente tolerantes a altas concentrações de alcaloides e pode ser potencialmente usada como uma poderosa defesa. 5.9.15 - O papel do etileno no controle da fotosslnteae O metabolismo fotossintético fundamenta-se em vários fatores internos na planta. Além do efeito do ácido abscisico (ABA) sobre a condutância estomática, pouco se conhece sobre a interação entre sinais hormonais e fotossíntese. Recentemente, foi descoberto que a rota de transdução do etileno está envolvida com a regulação da fotossíntese (THOLEN et ai., 2008). Utilizando um genótipo de tabaco insensível ao etileno, observou-se que a ausência de receptores de etileno proporcionou redução na enzima ribulose 1,5-difosfato carboxilase (Rubisco) e na capacidade fotossintética. A taxa de fotossíntese por área foliar foi 12% menor em plantas insensíveis ao etileno. Além disso, a concentração de ABA em plantas insensíveis ao etileno foi muito maior em comparação a plantas do tipo selvagem. Outros estudos em Arabidopsis sp. mostraram que genótipos insensíveis ao etileno são hipersensf veis à aplicação de glicose e que este efeito é mediado pelo ABA. A expressão da Rubisco foi fortemente inibida por altos nf veis de glicose em plantas insensíveis ao etileno (THOLEN et ai., 2008). Análises do aparato fotossintético demonstram que na ausência de um receptor de etileno, em plantas com frações comparáveis de nitrogênio em função da colheita, tem-se menor quantidade de transporte de elétrons e de Rubisco. A inibição da fotossíntese pelo etileno pode ser explicada por vários mecanismos. Primeiramente, o etileno induz à senescência, levando a um~ quebra da rota fotossintética, como foi demonstrado por Grbic e Bleecker (1995), que plantas mutantes insensíveis ao etileno têm atraso na senescência, resultando em maior atividade carboxilativa em folhas velhas. Outra explicação para a inibição da fotossíntese é o efeito negativo do etileno na condutância estomática com redução na concentração intracelular de C02. Entretanto, recentemente foi observado por Khan (2004) que o etileno pode afetar a fotossíntese, independente da alteração da condutância estomática. A concentração interna de glicose está correlacionada positivamente com a produção de etileno em plantas de arroz e a aplicação externa de açúcar nessas espécies estimula significativamente a produção de etileno. Em girassol (Helianthus annuus), a síntese de etileno é estimulada em resposta a altas concentrações de C02, mas somente na presença de luz. Provavelmente, a maior disponibilidade de etileno exerça papel importante na manutenção do 150 · FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS crescimento em situações onde a concentração de glicose é elevada, como também em plantas que se desenvolvem em níveis elevados de COi atmosférico. 5.10 - Auxlna e etileno: rotas de antagonismo e sinergismo De acordo com Muday et ai. (2012), o etileno influencia muitas rotas de crescimento relacionadas às auxinas como o crescimento de plântulas. No processo de alongamento do sistema radicular, o papel do etileno e da auxina é bem conhecido. Nesse órgão, o ACC (precursor do etileno) quando produzido atua de forma sinérgica com as auxinas inibindo o alongamento radicular (Figura 5.11 ). No entanto, elevados nfveis de etileno aumentam a resposta à auxina em zonas de alongamento radicular. Figura 5.11 - Auxina e etileno alteram o crescimento e desenvolvimento de ralzes. Cinco dias após as plãntulas de Arabldops/s sp. serem transferidas para locala contendo 1 µM IAA ou ACC. Adaptado de Sharp e LeNoble (2002). Analisando a Figura 5.11, observa-se que apenas a aplicação de auxina ocasiona incremento na produção de raízes laterais, porém com menor alongamento. No controle, notou-se que as plantas de Arabidopsls sp. possuíam raízes longas, mas pouco ramifiçadas, enquanto que as plantas que foram ETILENO • 151 tratadas com etileno possuíram baixo crescimento radicular, tanto em número quanto em comprimento (alongamento). Normalmente, o incremento dos níveis de etileno aumenta o transporte e resposta das auxinas na zona de alongamento celular. Sugere-se que seja necessário um acréscimo no nível de auxina para que ocorra a resposta ao etileno nas raízes:- conduzindo, assim, a uma redução na taxa de expansão celular (Figura 5.12). De acordo com Muday et ai. (2012), as respostas ao etileno e à auxina são requeridas para o máximo alongamento do pelo radicular e que esses dois hormônios atuam em conjunto. Sugere-se que o etileno e a auxina atuem de forma sinérgica e independentes no desenvolvimento de raízes. upM• • i..c:.1 ....... ••u.lu t Tnuport.•taalM(La .... ,,.. ........... tia•) . ..... , ... laleral•~nlr y,_.,.... .. am:iiu pana raiz EZ T.....-.. aa:iu pua o caá Nlo lntadaa ACC INJ/PIN7 • b PINl/AUX1 (1) o _... .. AI•" • ••• .ACC lalk. tl11'M■TDfflllllnl8 tio nius lalena: bbca•u■d• aban(6■t u al11u4bcia ... loaJ ... p ...... laú •• ln■ql■rte •• aniaa 11.•• tlttumiiu a ro~ •• raiarnbluá. (li) Tnta-■lol •- .ACC •i-.■b• a tnu,:riç:i• de P~l • POO u■ndo ao .. .,_to u alo•■tliacia 4e pro._. • nal(udo • tnaiport• d.a HDll para U nka. (W) .A ca■,■q..cia ._ iatnaa■lo &Ji>l,al •• lraaspont •• aaaa ' • por4a ti■ aCJilulo •• a:zi■a - ,.- • mad■ns da ru ,.. poclari d-"'-d•tnt do LJU>. (lv) :Sa a■làda ti■ elioao, • _,.__.. locMii.atl■ tio .AL\ DCOl'N ,lffitl■ a ... ~à■ d■ anáa al,:aa:o tio loal de (..-..açio radie.alar. (l') :Sa pnsaça tia ACC acna■-ta a npl"Nd■ tia pn--.s P~l • Pl''l7 ........... • tnuporte ele AJA ru■ltaatlo u ndillrib,dcS• de aaiu pan ,... aadan• u nil, li•ha■do a íenuç1• de nlln lalwaio.. Figura 5.12. Modelo de ação das auxlnas e do etileno no processo de desenvolvimento radicular. Adaptado de Muday et a.l. (2012). Outro processo de desenvolvimento, no qual a auxina e o etileno podem atuar de forma sinérgica é o início do alongamento dos pelos radiculares. Pelos 152 • FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS radiculares são essenciais para a absorção de água e nutrientes, e facilitam a interação com micro-organismos do solo e ajudam as raízes na ancoragem da planta. Após o início da fonnação dos pelos radiculares, ocorre o alongamento pela ação conjunta do etileno e da auxina. De acordo com Rahrnan et ai. (2002), a ativação constitutiva de sinalização do etileno ocorre através do tratamento endógeno com etileno ou com ACC. A ação do etileno e das auxinas é necessária para o alongamento dos pelos radiculares. Assim, sugere-se que as auxinas e etileno atuem sinergicamente e de forma independente. Embora a auxina e o etileno regulem positivamente a formação de pelos radiculares, a auxina é necessária para formação do pelo mesmo na ausência de etileno. No entanto, no alongamento e no posicionamento do pelo radicular, a auxina e o etileno atuam de forma sinérgica, muito provavelmente por intennédio da modulação celular da concentração de auxina por intermédio do etileno, com os dois hormônios possuindo papéis reguladores. 5.11 .. Inibidores de etileno Os inibidores de etileno podem ser divididos em três grupos: (i) os inibidores da síntese de etileno; (ii) os inibidores de atividade do etileno e (iii) os absorvedores de etileno do meio. Esses inibidores de etileno podem ser utilizados para definir os efeitos do etileno e também para atrasar os efeitos do etileno, como no caso do amadurecimento de frutos, no atraso da senescência de flores, atrasar a abscisão de folhas e frutos, principalmente. 5.11.1 - Inibidores de síntese Os inibidores de síntese de etileno têm ação na atividade das enzimas ACC-sintase e ACC-oxidase. O aminoetoxivinilglicina (A VG) e o ácido aminoxiacético (AOA) inibem a conversão da SAM em ACC controlando a atividade da ACC-sintase, pois são inibidores de enzimas que utilizam como cofator o piridoxal fosfato. O íon cobalto (Co2+) e o ácido a-aminoisobutírico (AlBA) bloqueiam a conversão de ACC em etileno por inibir a atividade da enzima ACC-oxidase inibindo a síntese de etileno. 5.11.2 - Inibidores da atividade Os íons prata, aplicados na forma de tiossulfato (Ag(S20 3) 2) 3·) ou nitrato de prata (AgN03), são inibidores potentes da ação do etileno. O 1- metilciclopropeno (1-MCP) é um inibidor competitivo do receptor do etileno, ligando-se irreversivelmente ao receptor e inibindo a atividade do etileno. Altas ETILENO - 153 concentrações de C02 (5-10%) inibem o efeito do etileno, embora seja menos eficiente que o íon Ag2 .... O composto volátil trans-ciclo-octano também é um inibidor da atividade do etileno, também competindo pelo receptor do etileno. 5.11.3 - Absorvedores do etileno Como o etileno é uma substância gasosa, este se difunde do tecido para a atmosfera podendo influenciar o desenvolvimento de outros órgãos ou tecidos. O permanganato de potássio (KMnO◄) é um sal absorvedor de etileno do meio, o qual reduz a concentração de etileno no meio. 5.12 - Apllcação comercial do etileno Como o etileno é um gás, a sua difusão dificulta a aplicação no campo, assim, utiliu-se o ethephon que é urna substância liberadora de etileno no tecido vegetal em pH superior a 3,5 (Figura 5.13). ~ ~" CL - CH- CH2 - P-OH +OH--+ Cl1 + H2P04 +CH2=CH2 1 Etileno o Figura 5.13 - Metabolismo do ethephon liberando etDano em pH superior a 3,5. O ethephon pode ser utilizado para promover vários efeitos fisiológicos atribuídos ao etileno como: (i) acelerar o amadurecimento de fiutos como no tomate, banana e mamão; (ii) na mudança de cor da casca de frutos como nos frutos cítricos e bagas de uva; (iii) para acelerar a abscisão de flores e fiutos; (iv) no raleio de frutos para promover maior crescimento de fiutos; (v) indução da diferenciação de flores femininas em Cucurbitaceae (pepµto) e (vi) maturador da cana-de-açúcar, inibindo o crescimento dos colmos e acumulando mais açúcares no colmo. Capítulo 6 ÁCIDO ABSCÍSICO Liu e Cams (1961) isolaram uma substância em frutos de algodoeiro maduro e observaram que esta promovia a abscisão dos pecf o los, denominan do-a de abscisina I. Em 1963, o grupo de Addicott nos E.V.A. isolou uma substância de frutos jovens de algodoeiro que também promovia a abscisão de pecíolos de algodoeiro (OHKUMA et ai., 1963). O grupo de Addicott caracterizou parcialmente a substância mostrando que era um composto de 15 carbonos e denominaram-no de abscisina II. No mesmo período, o grupo de pesquisadores do laboratório de Wareing na Inglaterra isolarou uma substância de folhas de bétula cultivadas em condições de dias curtos. Os pesquisadores aplicaram essa substância em plântulas jovens de bétula e verificaram que esta inibia o crescimento da gema apical. Em razão desse efeito, o grupo de Wareing sugeriu que essa substância era a responsável por promover a dormência de gemas e denominaram-na de dormina. Em 1965, o grupo do laboratório de Addicott mostrou a estrutura química da abscisina II e o grupo de Wareing em colaboração com pesquisadores da empresa Shell na Inglaterra caracterizaram quimicamente a dormina e verificaram que a abscisina II e dormina eram a mesma substância (CORNFORTH et ai., 1965; CORNFORTH; MILBORROW; RYBAC~ 1965). Pesquisadores dessa área de estudo se reuniram e decidiram denominar essa substância de ácido abscísico e enviaram essa decisão ao Sixth Jnternational Conference on Plant Growth Substances realizado em 1967 em Otawa que aprovou essa decisão. Em 1968, Addicott e seus colaboradores publicaram essa decisão. Hoje se sabe que a abscisina I e II e a dormina são as mesmas substâncias. O ácido abscísico (ABA) é um hormônio vegetal que promove inúmeros efeitos na planta, como a inibição do crescimento e da genninação de sementes, o fechamento estomático, entre outros. 8.1 - Honnõnlo• endógeno• O ácido abscfsico (ABA) é um sesquiterpeno (15 carbonos) semelhante a algumas moléculas de carotenoides. A orientação do grupo carboxila no carbono 156- FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORl:S VEGETAIS 2 detennina os isômeros eis e trans do ABA, mas a fonna endógena é a eis, sendo a fonna trans inativa, mas interconversível com a fonna eis ativa. O ABA também apresenta um átomo de carbono assimétrico na posição 1' do anel, resultando nos enantiômeros S e R, sendo o enantiômero S a forma endógena do ABA (Figura 6.1 ). (S)-ds•ABA o (S)-2-fRM•ABA 1 COOH COOH Figura 6.1 - Estrutura ativa e inativa do ABA. 6.2 - Reguladores sintéticos COOH O ABA disponível comercialmente é a mistura das fonnas (S)-ABA e (R)-ABA em partes iguais. 6.3 - Distribuição nas plantas o ABA é um grupo hormonal encontrado em todas asplantas vasculares, sendo também encontrado em musgos e fungos. Nas plantas, o ABA é encontrado em todos os órgãos ou tecidos vivos, da raiz até a gema apical. A concentração de ABA nas raízes aumenta quando o solo apresenta decréscimo no seu teor de água. 6.4 - Síntese A síntese de ABA pode ocorrer em qualquer órgão ou tecidos vivos, sendo os precursores e as enzimas envolvidas na síntese de ABA encontradas ACIDO ABSCISICO- 157 nos cloroplastos, cromoplastos, leucoplastos, amiloplastos e proplastídeos. No geral, a síntese ocorre em órgãos e tecidos adultos, apesar de elevados níveis de ABA serem encontrados em órgãos e tecidos jovens. O ABA encontrado nesses tecidos se deve ao transporte de ABA dos tecidos adultos para os jovens através do floema. As principais enzimas envolvidas na biossíntese de ABA são encontradas nas células companheiras do floema e nas células parenquimáticas do xilema, assim, sugere-se que o tecido vascular seja aquele de maior envolvimento na síntese de ABA. O precursor do ABA também é o isopentenil-difosfato (IPP), isopreno que também é precursor da GA e da CK. A síntese de ABA é realizada por duas rotas: (i) rota direta e (ii) rota indireta. O início do processo se dá nos plastídeos e cloroplastos, a partir de isopentenil-difosfato (IPP), que gera o geranil-difosfato (GPP) e através de várias reações produzirá a xantofila (Figura 6.2). Pela via direta a partir de IPP ocorre a produção de farnesil-difosfato (FPP), um terpeno de 15 C, que dará origem diretamente ao ácido abscf sico ou o FPP será convertido num composto intermediário, xantoxina, que dará origem ao ABA (Figura 6.2). Essa via de síntese é importante em fungos, mas pouco significativa em plantas vasculares. IIPP7 GPP FPP !'ABA7 ~---._1o_c __ ----►•--1s~c_.---~ xantoxlna 1s e Figura 6.2 - Rota de síntese do ácido absclslco pela via direta. A via indireta de biossíntese de ABA, que é a mais importante, ocorre pela via de síntese dos carotenoides (40 carbonos) e essa via é dividida em 3 etapas: (1) síntese de carotenoides não oxigenados nos plastfdeos; (2) síntese e clivagem das xantotilas nos plastfdeos e (3) síntese do ABA no citosol (Fi gura 6.3). 158- FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS li'J' (S<.:) 1,kor~n (40 C) 1 + n -ca~ I CDD (40 q l l cxantmn ,1'(l~iJ.t>C + 1 An1c,l"llu■llnlL (◄fl q n 1 + 1- dJi - 'rimnu_ayu(40 q Áddo n■tóIJco ............... + AAO~lo/ ~ 1 Aldddo -AJJA (15 L') 1 Figura 6.3 - Rota de si ntese do ácido abscfslco pela via indireta. Etapa 1- Síntese de carotenoides não oxigenados nos plastídeos Nessa etapa, o IPP formado tanto pela via do ácido mevalônico como na via do metileritritol-fosfato sofre condensações com outras unidades de isopreno formando o geranil difosfato (GPP) de 1 O carbonos, depois famesil-difosfato (FPP) de 15 carbonos e, em seguida, geranilgeranil-difosfato (GGPP) de 20 carbonos. O GGPP é o terpeno que entra na via de síntese dos carotenoides não oxigenados. Duas moléculas de GGPP ( 40 C) são convertidas em fitoeno pela ação da enzima fitoeno sintase. O fitoeno sofre dessaturação, sendo convertido em ~ caroteno pela ação da enzima fitoeno dessaturase (PDS). O ~-caroteno será convertido em licopeno e, este, em '3-caroteno. Etapa 2· Síntese e clivagem das xantofilas nos plastideos O ~-carotenQ é o precursor da zeaxantina e a partir dessa etapa ocorre clivagem das xantofil~ para tanto, a zeaxantina é convertida em anteraxantina \ ACIDO ABSCISIC0-159 que é convertida a trans-violaxantina com duas reações de incorporação de oxigênio nos anéis epóxidos (epoxidação), catalisada pela enzima zeaxantina epoxidase (ZEP). Depois, a trans-vio\axantina é convertida em trans-neoxantina ou a 9 ' -cis-violaxantina que são convertidos em 9'-cis-neoxantina. A 9'-cis neoxantina irá formar a xantoxina (Xan), um epóxido de 15 C e mais um subproduto de 25 C, pela ação da enzima 9'-cis-epoxicarotenoide dioxigenase (NCED). Etapa 3- Sintese do ABA no citosol A última etapa da síntese de ABA ocorre no citosol a partir da xantoxina formada na etapa anterior. A xantoxina pela ação da enzima desidro genase/redutase de cadeia curta (SDR) será convertida em aldeído-ABA que será oxidado formando o ABA pela ação da enzima aldeído-ABA oxidase (AAO) que tem como cofator o molibdênio. Em alguns mutantes de Arabidopsis sp., Nicotiana sp. e tomate, a síntese de ABA a partir de aldeído-ABA não ocorre devido à inatividade da aldeído ABA oxidase (AAO) e nesses mutantes a xantoxina é convertida a ABA-álcool e este a ABA. Essa via só ocorre em plantas que apresentam baixos níveis de atividade da AAO. Uma outra via de síntese de ABA foi identificada na qual a xantoxina é convertida em ácido xantóxico e este a ABA. Essa via ainda é pouco conhecida. As concentrações de ABA nas plantas variam de acordo com o desenvolvimento da planta ou com as condições do ambiente. Um dos fatores de maior influência na síntese de ABA é o deficit hídrico que pode aumentar em 50 vezes os níveis de ABA nas folhas. O deficit hídrico aumenta a síntese e a atividade da enzima NCED em todos os tecidos vegetais, aumentando os níveis de ABA na planta que serão responsáveis pelas respostas de proteção da planta ao deficit hídrico. A enzima zeaxantina epoxidase tem sua atividade aumentada também pelo deficit hídrico, mas apenas em sementes e nas raízes. A desidrogenase/redutase (SDR) não é induzida pelo deficit hídrico, mas por açúcares. Os tecidos radiculares que sintetizam o ABA são o córtex e o cilin dro central. Ambos apresentam equivalente capacidade de biossíntese de ABA. As raízes possuem todas as enzimas necessárias para a síntese de ABA, porém, é preciso que haja sinalização vinda do solo (pela redução na dispo nibilidade hídrica). Solos de ambientes áridos, frequentemente, apresentam alta salinidade, pH alcalino e baixa soma de nutrientes. Isso porque a redução no teor de água no solo incrementa as concentrações de sais ( como NaCl e CaCh). Além disso, o suprimento de amónio, a deficiência de fosfato e o alto impedimento mecânico 160 • FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS estimulam a síntese de ABA, onde altas concentrações de ABA são observadas no tecido radicular e conduzidos via xilema para as folhas. A produção de ABA nas folhas incrementa-se somente quando o potencial de turgor das células tende a zero, sugerindo que em condições de estresse mediano, o ABA necessário para fechar os estômatos são provenientes do xi1ema. A biossíntese de ABA nas folhas é incrementada apenas quando o turgor das folhas se aproxima de zero. Entretanto, o fechamento do estômato ocorre quando o solo inicia o secamento, quando o potencial de água na folha não é afetado. Por isso, considera-se que o ABA importado via xilema é importante para regular a condutância estomática sobre condições de estresse suave. 6.5 - Transporte de ácido abscísico O ácido abscísico é wn honnônio que quando sintetizado nas raízes se move para a parte aérea via xilema pela corrente de transpiração, a qual regula a perda de água via controle estomático. O transporte do ABA pode ocorrer no floema e no xilema com velocidade de 24 a 36 mm.h·1, valor superior ao observado para as auxinas (4 a 9 mm.h·1). As raízes produzem AaA quando o teor de ágqa no SQlo é reduzido. A abertura e o fechamento estomático e o desenvolvimento da parte aérea po dem ser regulados por estes sinais. Alguns trabalhos mostram que grandes concentrações de ABA no xilema são alteradas em plantas não estressadas, quando o transporte lateral de água das raízes para o xilema é alterado. Têm sido postulados mecanismos para manter a homeostase de ABA no xilema em plantas não estressadas. Sauter et al. (2001) apresentaram hipóteses sobre o transporte e o armazenamento de ABA nas raízes, caules e folhas de plantas. Os fatores que modificam o sinal do ABA no xílema são de interesse particular por causa das células-alvoreconhecerem essas concentrações. O ABA do xilema pode decrescer através de um aumento no fluxo radia) das raízes, assumindo que o transporte radial de ABA ocorre apenas no simplasto. A diluição do hormônio na planta pode ocorrer em diferentes caminhos, o qual ajuda a manter uma concentração constante no xilema: (i) desvio do fluxo apoplástico do ABA; (ii) fluxo de ABA entre o parênquima do caule e xilema durante o transporte e (iii) a ação das enzimas ~-D-glicosidases que liberam ABA livre do conjugado do córtex radicular para o apoplasto da folha (SAUTER et ai., 2001) (Figura 6.4), As concentrações de ABA no xilema são fortemente dependentes e afetadas pelo fluxo de água radial nas raízes causados pela transpiração. Quando 0 ABA é transportado exclusivamente pelo simplasto, a entrada para as células ACIDO ABSCISICO • 161 parenquimáticas do xi lema através da membrana plasmática é um passo limitado (Figura 6.4-E). O fluxo lateral de água das raízes, causado pela transpiração, poderá diluir o ABA do xilema. Entretanto, a alteração na abertura do estômato como um resultado das alterações estomáticas induzidas pela luz pode causar alterações na concentração de ABA no xilema em condições de plantas não estressadas. r.m -ABA • ··► ABA--GE 9 B.-0-gluc:osidase • ABC-transporter tubo crivado comdlula compltlhm _ 1 _ ....... ..,t.parinquime do xi1tma -., \ \ .,vuo do xilema Figura 6.4 - Vias de transporte do ácido abscf slco (ABA) no sistema radicular de plantas (SAUTER et ai., 2001 ). O ABA pode ser transportado pelo xilema quando: (i) a concentração desse reduzir ou for baixa no xilema; (ii) o nível de ABA do parênquima do caule for elevado ou (iii) o pH do xilema aumentar em plantas estressadas. O ABA pode ser redistribuído para as células do parênquima do caule (Figura 6.5), quando o ABA do xilema for alto ou até mesmo for transportado para o floema. O coeficiente de permeabilidade das células parenquimáticas do caule é elevado para o ABA, o que proporciona rápida troca entre estas e o xilema contribuindo para a homeostase do ABA na seiva xilemática. 162- FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS npke G ' ~ ' \ raiz tABA ABA-GE intemódlos Figura 6.5 - Transporte de ácido absclsico (ABA) entre as células do caule e do xilema (SAUTER et ai., 2001 ). 6.6 - Catabollsmo A inativação do ABA pode ocorrer pela hidroxilação nas posições 7', 8' ou 9' do anel, formando o 7'-hidroxi ABA ou 8'-hidroxi ABA ou 9'-hidroxi ABA. O 8'-hidroxi ABA é oxidado a ácido faseico (PA) e, posterionnente, a ácido di-hidrofaseico (OPA), que é a forma totalmente inativa do ABA (Figura 6.6). O ABA do xilema pode ser originado do ABA-~-D-glicosil-éster (ABA ÓE), absorvido pelas raízes e armazenado no córtex apoplástico. As enzimas P D-glicosidases têm sido encontradas no córtex radicular.de milho. Essa enzima quebra a ligação do ABA com a glicose, tomando-o livre para ser transportado .Pelo xilema; O ABA-GE é uma molécula de ABA conjugada covalentemente com um monossacarfdeo. A conjugaçã9 resulta na inativação . desse hormônio, mas também altera a sua polaridade e distribuição celular. Enquanto o ABA livre ACIDO ABSC/SICO - 163 está localizado no citosol, o conjugado é acumulado nos vacúolos e, assim, pode servir como uma fonna de armazenamento desse hormônio. O ABA, após ter alcançado o apoplasto foliar, pode sofrer com partimentação nos tecidos com pH alcalinos, de acordo com o conceito do 'aprisionamento de ânions' em meio alca1ino. O ABA armazenado nesses locais toma-se indisponível para as respostas da planta ao ABA, até que este seja liberado. O ABA pode ser encontrado nas plantas sob duas formas: a forma protonada (ABAH) e a forma aniônica (ABA·) e essas duas formas dependem do pH do meio. Em condições de pH ácido, predomina a forma protonada, que tem a passagem facilitada pelas membranas e em pH alcalino, predomina forma aniônica que tem baixa facilidade de atravessar as membranas. Assim, a fonna que sofre a compartimentação é a forma aniônica em compartimentos com pH alcalino. ~---- ~ C-S-..pç:ão 1 Í.sier~lkA>-ABA. . I< ABA .9"-hldroxi-ABA Áddo neofuelco Figura 6.6 - Rotas de ínativação do ABA (ácido abscfslco). 6. 7 - Modo de ação Os receptores do ABA identificados até o momento são divididos em três classes: (i) PYR/PYL/RCAR (pyrabactln resistancelpyrabactin-like/regu/atory components of ABA receptor) que estão presentes no citoplasma e no núcleo (PARK et ai., 2009; MA et ai.; 2009); (ii) CHLH (Mg-che/atase) encontrado nos plastídeos e envolvidos na síntese de clorofila e na expressão gênica nos plastfdeos e no núcleo; e (iii) Proteínas GTG I e GTG2 (GPCR-type-G-proteins) localizadas na membrana plasmática e pertencente à famllia das proteínas G. Os receptores do ABA localizam-se tanto na membrana plasmática, nas membranas de outras organelas como o cloropfasto, como podem estar presentes no citoplasma. Esses receptores atuam na expressão de genes em resposta ao ABA e nos eventos que controlam a abertura e fechamento dos estômatos. 164- FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS Para a sinalização do ABA, há a participação de diversos, mensa,ge_iros secundários, como o Cah, ROS (espécies reativas de 0 2), nucleot1deos c1chcos e fosfolipídeos. A ligação do ABA com o receptor GTG na membrana plasmática promove a abertura dos canais de entrada de Ca2+ na planta, aumentando a concentração de Ca2+ no citosol e ativando a sua ligação com a calmodulina. O complexo Ca2 ... -calmodulina controla a atividade de proteínas quinases e fosfatases, controlando a atividade de outras proteínas que serão responsáveis pelas respostas ao ABA, como o fechamento dos estômatos. O ABA pode promover o fechamento dos estômatos tanto pelo aumento da concentração de Ca2+ citossólico como por uma via independente de cálcio como veremos no item "Efeitos fisiológicos". O ABA também pode ativar a fosfolipase C (FLC) liberando inositol trifosfato (JP3) e mioinositol-hexafosfato (IP6), que também são mensageiros secundários. O ABA também pode ativar a enzima esfingosina quinase produzindo esfingosina-1-fosfato (SI P), um outro fosfolipídio das membranas que também atua como mensageiro secundário no processo da abertura e fechamento dos estômatos. A ativação da fosfolipase D também pode ser promovida pelo ABA degradando a fosfatidilcolina em ácido fosfatídico que é outro mensageiro secundário na via de sinalização do ABA para o fechamento dos estômatos e na expressão de genes de resposta ao ABA. O ABA regula a expressão gênica durante a maturação de sementes, aclimatação das plantas a condições de estresse como seca, baixas temperaturas e tolerância à salinidade. Além disso, o ABA pode controlar a atividade de algumas proteínas como as proteínas quinases e as proteínas fosfatases. As proteínas quinases ativadas pelo ABA ou pelo estresse {SAPKs) e a primeira a ser identificada na planta foi a SnRK2 (sucrose non-fermenting Related Kinase 2), que é necessária para a regulação estomática e é ativada pelas ROS e pelo Ca2+. As SnR.Ks podem fosforilar os fatores de transcrição conhecidos por fatores de ligação a elementos de resposta ao ABA (AREBs ou ABFs), aumentando a atividade desses fatores, controlando os efeitos do ABA na expressão gênica. A ligação do ABA aos receptores PYR/PYL/RCAR leva à liberação dos eventos reprimidos pelas fosfatases (PP2C). 6.8 - Efeitos flslológlcos 6.8.1 - Desenvolvimento de sementes O desenvolvimento das sementes é dividido em 3 fases (TAIZ; ZEIGER, 2013): fase 1: a qual é caracterizada pela divisão celular e diferenciação dos ACIDO ABSC/SICO - 165 tecidos; o zigoto sofre a embriogênese e ocorre a formação do tecido do endosperma; fase 2: nessa fase, as divisões celulares encerram-se e tem início o armazenamento de compostos no endosperma e fase 3: é fase final de formação da semente e naquelas classificadas como ortodoxas, o embriãotoma-se tolerante ao dessecamento e a semente perde mais de 90% de água; com essa grande perda de água, a semente entra num estado quiescente. Já, as sementes recalcitrantes não toleram essa grande perda de água. No início da embriogênese, o teor de ABA nas sementes é baixo, aumentando logo em seguida, atingindo o máximo na fase intermediária da embriogênese e decaindo lentamente até a semente atingir a maturidade. Esse pico da concentração de ABA inibe a viviparidade, prevenindo a germinação precoce das sementes em condições não ideais. Além disso, o ABA também promove a produção de proteínas que são tolerantes à dessecação, conhecidas como proteínas LEA (late-embryogenesis-abundanl) ou proteínas abundantes da embriogênese tardia. Essas proteínas são solúveis em água e com estrutura básica rica em glicina e lisina e com poucos resíduos hidrofóbicos. Devido essas moléculas serem extremamente hidrofllicas, possibilita a proteção das membranas, ligando a água firmemente ou fornecendo interações hidro filicas na ausência de água livre e impedindo a cristalização de componentes celulares (SWIRE-CLARK; MARCOTTE JÚNIOR, 1999), promovendo a tolerância ao dessecamento. Ainda nessa fase, o ABA também promove a síntese de outras proteínas e lipídios de reserva da semente. O ABA também pode manter o embrião maduro, mas em estado de dormência até que as condições do meio tomem-se ótimas para o crescimento da plântula. A manutenção da alta concentração de ABA é importante para manter as sementes donnentes e impedir a germinação das sementes em condições não ótimas. No entanto, a donnência é controlada pelo balanço entre a concentração de ABA e GA, embora o papel do ABA seja imprescindível no início e na manutenção da dormência. 6.8.2- Gennlnaçlo de semente• Como mencionado antetionnente, altas concentrações de ABA inibem a genninação de sementes e o balanço da concentração de ABA e GA são importante no controle da genninação. A promoção da genninação pela GA requer a destruição das proteínas da famJlia DELLA, que reprimem a genninação pelo aumento da expressão de proteínas que promovem a síntese de ABA e este promove a expressão das proteínas DELLA que inibem a genninação. É um processo de retroalimentação positiva (TAIZ; ZEIGER, 2013). Além desse fato, o ABA inibe a síntese de enzimas hidrolf ticas induzidas pela GA. Essas enzimas, como a a-amilase, protease e outras, são importantes para a quebra das substâncias de reserva da semente e possibilitar o 166 • FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS desenvolvimento do embrião. O mecanismo de ação do ABA na inibição da síntese de enzimas pode ocorrer por duas rotas, uma direta e outra indireta: I) a VP l , uma proteína identificada como ativadora da expressão gênica induzida pelo ABA, atua como repressora transcricional de alguns genes regulados pela GA; e 2) o ABA reprime a expressão do fator de transcrição GAMYB, induzida pela GA, que promove a expressão da a-amilase. 6.8.3 - Senescência e absclsão Durante a sua descoberta, o ABA foi relacionado ao processo da abscisão de órgãos, mas hoje se sabe que este hormônio induz a abscisão em apenas algumas espécies e que o etileno é o hormônio responsável pela abscisão. Mas, o ABA está envolvido na senescência foliar pelo seu próprio efeito, mas também, por promover a síntese de etileno e, este, também promover a senescência. O ABA ativa a síntese de hidrolases que causam a quebra de ácidos nucleicos e clorofilas que estimulam a senescência. 6.8.4- Donnência de gemas A dormência de gemas é observada em plantas lenhosas em condições de baixas temperaturas e é um caráter adaptativo a climas frios. Em temperaturas muito baixas, as gemas (meristemas) são recobertas por escamas tedll2!indo seu metabolismo e, consequentemente, o seu crescimento. Além disso, essas esca mas protegem o meristema dos danos causados pelo frio. A alta concentração de ABA foi designada como a responsável por esse efeito, mas hoje se sabe que é, novamente, o balanço entre a concentração de ABA, GA e CK que é respon sável pela dormência das gemas. 6.8.5- Fechamento estomátlco O fechamento do estômato inicia-se com a ligação do ABA (vindo do apoplasto) com um receptor de membrana na célula-guarda. A ligação do ABA ao receptor de membrana induz a formação de espécies reativas de oxigênio (ROS), como o H202· e 02, as quais ativam os canais de influxo de Ca2+ do apoplasto para o citosol. Além disso, o ABA ao se ligar ao receptor de membrana, também ativa uma proteína de membrana que ativa fosfolipase C (FLC) a qual quebra o fosfolipídio da membrana (fosfatidilinositol bifosfato) em inositol trifosfato OP3) e diacilglicerol (DAG). O IP3, NO, adenosina difosfato ribose-cíclica (cADPR) ou o próprio aumento da concentração de Ca2+ abre os canais de efluxo de Ca2• do vacúolo e do retículo endoplasmático. Assim, o nível de Ca2+ no citosol aumenta, provocando a despolarização temporária das membranas, que não é suficiente para ativar os canais de efluxo do K+, mas ativam os canais ACIDO ABSC/SICO- 167 de efluxo de ânions, promovendo a saída de CJ· e maiato· para o apoplasto. Essa perda de ânions e a despolarização temporária promovida pelo aumento da concentração de Ca2 + no citosol, provocam a despolarização das membranas por um período de tempo maior, ativando os canais de efluxo de K+ para o apoplasto e promovendo o fechamento estomático. O acúmulo de cálcio no citosol, por sua vez, também pode inibir a atividade da H+ -A TPase. Mas, o fechamento dos estômatos pelo ABA também pode ocorrer por uma via independente de Ca2+. Nessa via, o ABA promove a alcalinização do citosol da célula-guarda que inibe a atividade das bombas de prótons (H .. - ATPase) da membrana plasmática. A inibição da saída de H+ para fora da célula provoca a despolarização da membrana plasmática, ativando os canais de efluxo de K+ para o apoplasto e fechamento dos estômatos. Yb EROS \'I• li',, r ,\DJ>R Figura 6.7 - Mecanismo de fechamento estométlco promovido pelo ABA. 6.8.6 - Absorção de água e lona O ABA em altas concentrações no tecido radicular aumenta a absorção de água · e íons. O ABA pode elevar a condutância hidráulica das células radiculares, pois ao se ligar nas aquaporinas permite um aumento no fluxo de água. Esse hormônio também induz o crescimento das ralzes e estimula a emergência de raízes laterais, aumentando a superflcie de absorção. 168 - FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS 6.8. 7 - Relação entre crescimento da parte aérea e raiz Por que o ABA tem respostas diferentes no alongamento da parte aérea e do sistema radicular? Sabe-se que na parte área, o ABA inibe o crescimento, já na raiz, promove o crescimento. Esse efeito é altamente dependente da condição hídrica no vegetal. Em plantas sob condições de alta disponibilidade de água, o ABA endógeno promove tanto o crescimento da parte aérea como das raízes. Já sob condições de deficit hídrico, o ABA endógeno inibe a produção de etileno durante o estresse, o qual inibe o crescimento das raízes. Assim, o ABA promove o crescimento das raízes em condições de deficit hídrico (Figura 6.8). (a) (b) Figura 6.8 - Efeito do ABA e do etileno no crescimento da parte área e raiz: (a) com deficit hídrico (maior elongação radicular e Inibição do crescimento da parte aérea) e (b) sem deficit hídrico (crescimento normal da parte aérea), Adaptado de Sharp e LeNoble (2002). Em condições de deficit hídrico, o ABA inibe a síntese de etileno, enquanto que em condições nonnais de disponibilidade de água, o ABA promove a síntese de etileno. ACIDO ABSC/SICO • 189 Na ramificação de raízes, a auxina é o honnônio envolvido nesse processo, mas estudos indicam que o ABA atua na sinalização da auxina para esse efeito. Assim, em condições de deficit hídrico, há um aumento na razão rai:z/parte aérea e fechamento dos estômatos que protegem a planta contra o deficit hídrico. Ainda não se sabecomo o ABA atua de fonna diferente no crescimento de acordo com a condição hídrica da planta e o órgão vegetal. Na inibição do crescimento promovido pelo ABA, este parece inibir o efeito da auxina na ativação da H"+-A TPase, assim, inibindo o bombeamento de H• para o apoplasto e impedindo a acidificação do apoplasto e o chamado ' crescimento ácido'. 6.9 - Utlllzaçlo comercial do ABA Historicamente, o custo para a produção de ABA era muito elevado, não justificando a sua utilização nas práticas agrícolas, mas recentemente a metodologia de produção do ABA melhorou o suficiente para considerá-lo como um regulador vegetal com alto potencial de uso na viticultura, pois o ABA promove a síntese de antocianinas melhorando a coloração das bagas. O ABA tem se mostrado ser mais efetivo que o ethephon na coloração de bagas da videira. Assim, laboratórios têm desenvolvido e patenteado uma metodologia biológica para produzir ABA em grande escala, pcnnitindo seu uso comercial. Além disso, a utilização comercial de ABA também tem obtido resultados satisfatórios na proteção das plantas de abóbora e tomate à baixa temperatura e baixa disponibilidade de água no solo. Outro efeito da utilização comercial de ABA é na manutenção da donnência de gemas em tubérculos de batata. Parte IV HORMÔNIOS RELACIONADOS ' A DEFESA DE PLANTAS Capítulo 7 JASMONATOS As descobertas sobre a ação do jasmonato (JA) em plantas iniciaram-se em 1962 por Demole, quando ocorreu o descobrimento do metil-jasmonato como componente no óleo essencial de jasmim e alecrim. Em 1971, os jasmonatos foram isolados de fungos como um inibidor do crescimento e seis anos mais tarde (1977), o ácido cucúrbico (tipo de jasmonatos) foi isolado de sementes imaturas de abóbora, considerado um inibidor diferente do ABA. Já em 1980, foram identificados o jasmonato e o metil-jasmonato (Figura 7. 1 ), considerados promotores de senescência ou retardadores de crescimento em plantas. II ô:c~ (3R. 7R)- Ácido jasrnônico (-)- Ácido jasmônico t Diasteômeros (3R, 7R)- Ácido jasmônico (+)- 7-iso-Ácido jasmônico (+)- epi-Ácído jasmõnico lsômeros nativos V Metiljnsmonnto (MeJA) +- Enantiômero ➔ +- Enantiômero ➔ m ''//COC>H TV (3R, 7R)-Ácido jasmônico (+)-Ácido jasmônico t Diasteômeros i h.,,~ v,,~COOH (3R, 7R)- Ácido jasmônico (+)- 7-iso-Ácido jasmônico ( • )· cpi-Ácido jasmônico Isômeros sintéticos Figura 7.1 - Estruturas doa estereolsOmeros de écido Jasmõnlco. Adaptado de Sembdner e Parthier (1993). 174 • FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS O metii.jasmonato (MeJA) é componente do óleo essencial de várias plantas, sendo um líquido volátil. Esse pode ser utilizado como ó leo aromático que distingue o aroma de frutos e flores, bastante utilizado na indústria de perfumes. O MeJA é derivado do ácido graxo que regula o crescimento e o desenvolvimento da planta e as respostas ao sinal de estresse. A concentração endógena de JA e MeJA varia de 1-1 O ng a 3 µg.g·1 de massa de matéria fresca. O acúmulo de JA e MeJA é derivado da ocorrência de ferimentos e doenças. A atividade do ácido jasmônico depende da orientação eis e trans, sendo a eis menos estável. O metil-jasmonato (MeJA) é considerado mais ativo que o ácido jasmônico quando aplicado exogenamente. 7 .1- Hormõnlos endógenos e reguladores sintéticos Os jasmonatos pertencem à classe das ciclopentanonas e os jasmonatos identificados na planta são o ácido jasmõnico (JA), tanto na orientação eis e trans, e o metil-jasmonato (MeJA) (Figura 7.2). Os mesmos jasmonatos endó genos podem ser produzidos sinteticamente. o o Ácido Jnmõnlco Metll-Ja■monato Flgura 7.2. Estrutura química dos jasmonatos. 7 .2 - Distribuição Os jasmonatos foram isolados em fungos, musgos, algas e plântulas de soja sugerindo uma ampla distribuição pelo reino vegetal. Os maiores nfveis de jasmonatos são encontrados no ápice caulinar, folhas, jovens, frutos imaturos e ápice radicular (SEMBDNER; PARTHIER, 1993). 7 .3 - Slntese A síntese de ácido jasmônico pode ser induzida por ferimentos, danos mecânicos, tato, vento ou deficit hfdrico. Essa síntese envolve a participação de JASMONATOS • 175 duas organelas. o cloroplasto e o peroxissomo. O precursor do ácido jasmônico é o ácido linolênico, um fosfolipidio presente nas membranas, principalmente, nas membranas do cloroplasto. Assim, a primeira etapa de síntese ocorre no cloroplasto com a liberação de ácido linolênico das membranas pela ação de uma lipase. Em seguida, a lipoxigenase promove a formação do ácido 13-hidroperoxilinolênico e este sofre a ação de uma desidrogenase formando o ácido 12-oxo-fitodienóico que, por sua vez, é transportado para o pe roxissomo, sendo reduzido e desencadeando reações de P-oxidações que pro duzem o ácido jasmônico (Figura 7.3). Danos causados por herbf voros nas plantas aumentam rapidamente a produção de ácido jasmônico (Figura 7.3). noooooomr .\tcmbraoa fosfollptdka UUllUUWlWl e golactollpnsc COOH 0 2 ---Ácido 13-hldroperoxllinol@nko l Alcno óxido slnlasc (AOS) Ácido i-2,1J-epoxi-octadecotrien6ico Ácido linolênico l Aleno óxido GOG~t' (~00) ÁcJdo U-tt-xo-ntod1c:n0lco (12-uxo--PDA) 1 1 Reduçlo (;loroplHIO ! (3 p,-0~fd1ç•Q 3 \ 'ttZff) Áoldo J.-sntanlcq Figura 7.3. Processo de blossfntese do ácido Jasmõnlco e metll-Jaamonato no cforoplasto. 176 • RSIOLOG/A VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS 7 .4 • lnativação A inativação do ácido jasmônico segue os mesmos princípios utilizados pelos hormônios citados anteriormente. O primeiro é a formação de conjugados com aminoácidos aromáticos (fenilalanina, tirosina e triptofano), alifáticos (valina, leucina e isoleucina) e aos glicosídeos. O catabolismo de JA também pode ocorrer pela redução do carbono 6 e hidroxilação no carbono 11 ou 12. A compartimentabilização é semelhante ao que ocorre com o ABA. Durante o dia, sob iluminação, ocorre acúmulo de JA no cloroplasto, pois a luz estimula esse processo. Contudo, à noite, o JA, é liberado para o citoplasma onde inibe a expressão de genes envolvidos na fotossíntese. 7.5 - Transporte O JA é considerado um ácido fraco e uma substância lipofilica que atravessa facilmente as membranas. Porém, pode ser observado o transporte via floema e, também, pode ocorrer a volatiliz.ação do MeJA e, assim, ser trans portado pela difusão para a atmosfera circundante e atingir outros órgãos ou plantas vizinhas. 7 .6 - Modo de ação Em 1986, foi atribuído ao JA a síntese de numerosas proteínas, as quais também podem ser sintetizadas pelo estresse ao ferimento, seca, ataque de patógenos, adição de ABA e outros. O MeJA induz o acúmulo d.e mRNA para proteínas inibidoras de proteases em plantas normais ou mutantes. O JA induz o sinal intermediário na sequência de reações do ABA para responder ao ferimento e ativar a transcrição de genes. O ABA age sobre as membranas para ativar a lipoxigenase (LOX). Também é importante salientar que o efeito do JA deve-se ao awnento da atividade da enzima fenilalanina amõnia-liase (PAL), promovendo a síntese de compostos fenólicos e fitoalexinas e à redução da síntese de proteínas que compõe a enzima Rubisco. Quatro tipos de sinais são capazes de induzir a síntese de proteínas inibidoras de proteases: ABA, honnônio peptfdico (sistemina), oligossacarldeos produzidos pelo contato com o patógeno e MeJA (Figura 7.4). As proteínas induzidas pelo JA são produzidas das proteínas armazenadas durante a fase JASMONATOS - 177 vegetativa nas células da epidenne, mesofilo ou bainha perivascular (F ARMER; RA Y AN, 1990). / S inal / ~ i i i Olii:n-un,nhl,,n, -§ -------- -□-1 ln\t•lu, t· 1 Fdf,J:!pjdlAI 1 huhh""" 1 - l ., t- l OX 1--ê 1 Rccc,r,1or · ~ ltc<"c(lltlr L__ ---► 1 ,..,,e L " l •i•" 1 :J ' ' Áddo linolniiro : _+ 1'111cii:1•110, ~ v Cis ) ltcxcnal --+ Tmns 2 hcx.mnl ~ c;,o;ODA -+ ·- IOODA Mnnõmcro, de culÍJ\11 Ácido IJ billro.,ip,.."n\XidnliMli:nico lAOS Ácido 12. 12 q,o.,iod.ldccatricnoico i AOC 12 oxo DPA i Rcduwc l ll - oxidação x 3 ( u cctol + Y c:clol Ácido Jamõnico --+ Calabólillls f;J:a ~ t=jugado, Figura 7.4 - Processo de sinalização via écldo jasmõnico Induzido por Insetos, feri mentos, herbívoros e patógenos, em qu,e: oligo-uronldeos não são transportados pelo floema e sistemina é transportada pelo floema. Adaptado de Creelman e Mullet (1997). 7.7 - Efeitos fislológlcos 7.7.1- lnlblçlo de crescimento o primeiro efeito observado com a aplicação exógena de JA se refere à inibição do crescimento vegetal (Figura 7 .5). O JA inibe o crescimento de 178 • FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS Figura 7 .5 - Inibição do crescimento radicular pela adição de 100 µM de metil-jasmonato em plantas de Arabídopsis sp. selvagens (Col MS) e do tipo não sensível ao metil -jasmonato (COl-16 MS) (WASTERNACK, 2007). 7. 7 .2 - Senescêncla A indução da senescência ocasionada pelo ácido jasmônico e metil -jasmonato deve-se ao seu efeito sobre a ativação de enzimas de degradação de clorofilas e da enzima Rubisco. Estudos mostram que a aplicação de MeJA exógeno induz a síntese de etileno por aumentar a atividade das enzimas ACC sintase e ACC-oxidase, no entanto, esse efeito depende da espécie e do estádio de desenvolvimento. Acredita-se que os efeitos dos jasmonatos sobre a senescência foliar e amadurecimento de frutos seja devido à indução da biossíntese de etileno. 7.7.3- Defesa da planta contra a herblvorla O tecido vegetal lesionado pelo herbf voro promove a síntese de pró sistemina nas células parenquirnáticas que é quebrado em sistemina (Figura JASMONATOS • 179 7.6). A sistemina liga-se a um receptor específico na membrana plasmática ativando uma cascata de sinalização: primeiro ativando a fosfolipase A2 (PLA2) e uma proteína quinase (MAP) que irão ativar a síntese de ácido jasmônico no cloroplasto. O nível de ácido linolênico livre duplica após I h e o nível de JA aumenta 1 O vezes em plantas feridas (sistemina). Esse hormônio ativa genes inibidores de proteases que protegem a planta contra o ataque de insetos. Parêaquima do Doema ._ _______ ....;... .. ' MelA ......, __ _ Célala compweira : HterMt : Me.TA Me.TA Nãdeo --------,.----------' 1 Ele.me.tos crivado , , Cél.ias-alvo ' i Gençio de siul Trn,porte de siul Racoüecillluto desiaa.l Figura 7.6 - Efeito de ferimentos na produção e transporte de ácido jasmônico em plantas. O ácido jasmônico induz a produção da proteína tionina, uma proteína rica em enxofre e envolvida na defesa da planta, a qual é encontrada na parede celular e no vacúolo. Além disso, o JA aumenta a atividade de enzimas: (i) chalcona sintase, envolvida na síntese de antocianinas, (ii) fenilalanina amõnia liase (PAL), enzima-chave na biossintese de compostos fenólicos e (iii) hidroxi metil-glutaril CoA-redutase, proporcionando a produção de fitoalexinas que também atuam na defesa das plantas. 7.7.4-Açlo do ácido J11mtmlco como Indutor de controle blológlco De acordo com Paré e Tumlinson ( 1997), plantas danificadas pela herbivoria por insetos apresentam o aumento da síntese de ácido jasmônico que induzem a produção de compostos voláteis que são liberados na superficie da folha ou são acumulados em células foliares. Esses compostos voláteis podem pertencer ao grupo dos terpenos, compostos fenólicos e alcaloides. 180 - FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS Esses danos causados pela herbivoria também podem promover a liberação de produtos derivados de lipídios, denominados de voláteis de folhas verdes (green-leaf vo/ati/es) que é uma mistura de aldeídos de 6 carbonos, álcoois e ésteres. Esses voláteis de folhas verdes atraem inimigos naturais do inseto herbívoro, predadores ou parasitos, que utilizam esses voláteis para encontrar suas presas ou hospedeiros. Esses voláteis também ligam-se à superficie da folha, prevenindo a herbivoria por outros insetos, devido ao seu sabor não pai atável aos herbf voros. Outra atuação desses voláteis é que estes podem difundir-se da planta atacada para a atmosfera e servir como um sinal às plantas vizinhas, que iniciam a expressão de genes relacionados à defesa. 7.7.5- Movimento nos vegetais Os jasmonatos estimulam o fechamento estomático e inibem a abertura dos pulvinos em Mimosa pudica e Cassiafasciculata. 7.7.6- Germinação Nas sementes não donnentes, o JA inibe a genninação, enquanto que nas dormentes, o processo se inverte (induz a germinação). 7.7.7- Fotossíntese Em relação à fotossíntese, pode ser atribuído um efeito inibitório do JA, o qual envolve a inibição da formação da clorofila e promove a sua degradação, promove também a degradação da Rubisco e reduz a sua síntese. Durante o período noturno, o JA armazenado no cloroplasto é trans portado para o citoplasma onde inibe a expressão de genes envolvidos com a fotossíntese (proteínas do cloroplasto ). Nas células meristemáticas, o JA inibe a produção prematura do aparato fotossintético. 7.7.8- Desenvolvimento de frutos O efeito do JA no desenvolvimento de frutos inicia-se quando esse honnônio e seus derivados voláteis aumentam a atração de insetos, permitindo a dispersão dos grãos de pólen. No amadurecimento de frutos, o JA causa um incremento na atividade da ACC-sintase e ACC-oxidase e da respiração, promovendo a síntese de etileno, hormônio responsável pelo amadurecimento de frutos. JASMONATOS- 181 7. 7 .9 - Dreno vegetativo e proteínas de annazenamento Os drenos vegetativos apresentam altos níveis de JA, o que proporciona elevada capacidade dreno. 7.7.10 - lnteraçlo com o 6cldo abscíslco O ABA e o JA apresentam similaridades, bem como diferenças na estrutura, nas propriedades flsicas e na atividade. Ambos inibem o crescimento, a germinação de sementes, promovem a senescência, estimulam os inibidores de proteinase e promovem o acúmulo de proteínas de reserva em sementes de Brassica. Mas, apenas os JA induzem a formação de proteinas de arm~ namento em soja. 7.7.11 - Efeito do 6cldo Jaamõnlco aplicado exogenamente na produçlo de gavinha, Muitas plantas conseguem se desenvolver verticalmente através da produção de suportes denomirutdos de gavinhas. A formação de estruturas de sustentação de plantas pode ser induzida pelo toque mecânico (resposta tigmotrópica) e é causado igualmente pela exposição de tecidos da planta ao MeJA e, mais potentement.e, quando derivado de um intermediário da síntese do JA, o ácido 12-oxo-fitodienoico (12-oxo-PDAJ (FALKENSTEIN et al, 1991). Capítulo 8 SALICILATOS Antigamente, índios americanos e antigos gregos descobriram que as folhas e casca das árvores de salgueiro (Sa/ix, daí o nome ácido salicílico, SA), diminuíam os sintomas de dores e febres. Atualmente, essa molécula é clas sificada como ácido fenólico vegetal que possui um anel aromático carregando um grupo carboxila ou seu derivado funcional. A concentração endógena é de aproximadamente 30 µg g·• massa fresca em folhas de arroz, sendo transportado basicamente via floema. O ácido salicflico é amplamente distribuído nas plantas e encontrado tanto nas folhas como nas estruturas reprodutivas (KERBAUY, 2008). 8.1- Honnõnlos e reguladores vegetais Os salicilatos pertencem à classe dos compostos fenólicos, sendo um ácido orgânico. Os representantes na planta são o ácido salicflico e a salicina (Figura 8.1 ). Os representantes sintéticos dos salicilatos são o ácido salicilico, o ácido acetilsalicílico e o metilsalicilato. o o OH «OH H o Acido ulidlic:o o~ Aàdo acdil-aüálico Figura 8.1 - Salicllatos endógenos e sintéticos. 8.2- Blosslntese o processo de biossíntese do ácido salicflico é derivado da rota do ácido chiqufmico e o precursor direto é o corismato, intermediário do caminho dos 184 • FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS fenilpropanoides (Figura 8.2). Estudos mostram que existem dois caminhos para a biossíntese de SA, a via do isocorismato(IC) e a da fenilalanina amônia-liase (PAL) (Figura 8.2). As duas vias originam-se do corismato, o produto final da via do chiquimato. C00B COOB ~~ .. ~n-----.. , ~ .1-.. ,_...,.. - !!7!:.:. Áàlo cillmico (CA) ~-W-,iee (nt) Corill■at. 1 1 1 COOB ~ õ Ádb-:-'ND --+ c..aàn , ÁcWo Budice (BA) / ~ IWII 1 COOB / 0--- ÁcW.aalclico (,U) Figura 8.2 - Rota biossintética do ácido saliclllco (SA). Adaptado de Meuwly et ai. (1995). Pela via da PAL, que é a primeira enzima na via dos fenilpropanoides, converte a fenilalanina a ácido trans-cinârnico e NH3 via uma reação de deaminação não oxidativa (RAES et ai., 2003; ROHDE et ai., 2004). O ácido trans-cinâmico é o precursor para a biossíntese de diferentes compostos fenólicos. A partir do ácido trans-cinâmico, a sintese de SA pode ocorrer pela via do ácido cumárico ou pela via do ácido benzoico, dependendo da espécie (KLAMBT et ai., 1962; EL-BASYOUNl et ai., 1964; CHADHA; BROWN, 1974). A partir de ácido trans-cinâmico, o ácido benzoico pode ser sintetizado por 3 rotas: 1) pela rota da P-oxidação de cinamoil-CoA; 2) uma rota não oxidativa de cinamoil-CoA e 3) outra não oxidativa de ácido trans-cinâmico a ácido benzoico (WILDERMUTH, 2006). A conversão de ácido benzoico a SA pode ocorrer pela ação da enzima ácido benzoico 2-hidroxilase (BA2H). A atividade dessa enzima pode ser SAUCILA TOS· 185 aumentada por infecção ao vírus do mosaico do tabaco (TMV) e pela exposição ou tratamento com ácido benzoico ou H2O2 {LÉON et ai., 1993; Y ALPANI et a i., 1994; LEÓN et ai., 1995a). Muitas bactérias sintetizam o SA a partir do corismato a isocorismato (IC) através de um intermediário (VERBERNE et ai., 1999). Em outras bactérias, tal como Pseudomonas aeruginosa e P. jluorescens uma enzima unifuncional, a isocorismato sintase (ICS) isomeriza o corismato a IC e este é convertido a SA e piruvato por outra enzima unifuncional, isocorismato piruvato-liase (IPL) (SERINO et ai., 1995; MERCADO-BLANCO et ai., 2001). Em Yersinia enteroco/itica e Mycobacterium tuberculosis, a síntese de SA se dâ pela ação da enzima SA sintase {SAS) que converte diretamente o corismato a SA via um intermediário, isocorismato (PELLUDAT et ai., 2003; KERBARH et ai., 2005; HARRISON et ai., 2006). Nas plantas, o corismato é sintetizado no plastídeo (POULSEN; VERPOORTE, 1991; SCHMID; AMRHEIN, 1995) e muitas das vias locali zadas nos plastídeos são derivados da endossimbiose procariótica, sugerindo que o caminho da IC para a síntese de SA também ocorra nas plantas (VERBERNE et ai., 1999; WILDERMUTH et ai., 2001). A atividade da ICS tem sua atividade aumentada pela presença de Mg2+. 8.3 - Catabollsmo A regulação da concentração de ácido salicílico em células pode ocorrer pela conjugação com glicose (glicosilação), com metil (metilação) e com aminoácidos (Figura 8.3). A glicosilação inativa o SA e permite o armazenamento no vacúolo em quantidades elevadas. A metilação também inativa o SA, enquanto aumenta a sua permeabilidade às membranas, bem como, a sua volatilidade, permitindo o seu transporte à longa distância para o sinal na defesa da planta. A conjugação do SA com aminoácidos pode estar envolvida no catabolismo do SA (DEMPSEY et ai., 2011). 8.3.1 - Gllcosllaçlo A glicosilação ocorre pela ação da enzima UDP•glicosiltransferase (UGT) que catalisa a conjugação de glicose no seu grupo hidroxila formando o SA 2-0-P-D-glicosídeo (SAG) e também, no grupo carboxila, formando salicilato glicose-éster (SGE). Pode ocorrer a hidrólise da SAG pela enzima P D-glucan glico-hidrolase (HRMOV A; FINCHER, 2007). 8.3.2 - Matllaçlo Ácido benzoico/ácido salicflico caboxil metiltransferase catalisa a formação do SA-metil éster e metilsalicilato (MeSA) (CHEN et ai., 2003). A 186 - FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS metilação se dá numa menor taxa quando comparada à glicosilação, devido à menor afinidade da enzima ao SA. A expressão dessa enzima é maior em flores do que em folhas, uma vez que, o papel do MeSA é importante na formação do aroma floral, que tem papel na atração de polinizadores (EFFMERT et al., 2005). A expressão dessa enzima também se dá em resposta aos estresses bióticos ou abióticos (CHEN et ai., 2003; KOO et ai., 2007; SONG et al., 2009; LIU et ai., 201 la) e o aumento nos níveis de MeSA está relacionado com a sinalização das respostas da planta à defesa. O MeSA precisa ser convertido a SA para ser ativo. 1 Áddo chiquímfoo 1 1 Ácido isocorismico J i IPL t CM,-.--- ---,. Acido corismico 1 ➔ 1 Ácido corismico 1 ➔ 1 Fenllalanina /.AL t . Ácido trans-<in.âm:i_co ,/ + [!cido ulidlico (AS) 1 [ Ácido ortO-CU:árico J Benzaldeído e:sez ( Cinamoil..CoA l • - 3A ,/ BA1 + BZL + [ Ácido salldllco (SA) ~J~ L Ácido bc02-0lco 1 ~ ,.-_-B_e_uz_oll_..C_, o-A--, Figura 8.3 - Biossíntese de écldo sallcfllco em plantas pelas vias do isocorismato (IC) e da fenilalanina amõnla-llase (PAL). (ICS: isocorismato slntase. IPL: lsocorismato piruvato llase. CM: corismato mutase. 4CL: 4-cumarato-CoA llgase. MO: aldeído oxidase; BZL: benzoll-CoA ligase. BA2H: ácido benzoico 2-hldroxilase). Além disso, o MeSA pode se conjugar com a 2-0-P-D glicos(deo, fonnando MeSAG que é armazenado no vacúolo e outras organelas, mas sua função ainda é desconhecida (DEAN et ai., 2003, 2005). SAUCILA TOS - 181 O MeSA deve ser a fonna de transporte de SA entre ou dentro da planta e, portanto, o sinal para o desencadeamento das respostas de defesa aos estresses bióticos e abióticos (BALDWIN et ai., 2006; KOO et ai., 2007; KARL et ai., 2008). O MeSA é um sinal endógeno móvel que desencadeia a SAR em Arabidopsis sp., tabaco e batata (PARK et ai., 2007; MANOSAL V A et ai., 20 l O). Estudos em tabaco mostram que a SAR é ativada na seguinte sequência: (i) SA é acumulado na folha em que ocorreu a inoculação do patógeno que é convertido em MeSA; e (ii) o MeSA é transportado para as folhas distais via floema, nas quais é convertido em SA pela atividade da metilesterase, aumentando a concentração de SA que desencadeia a defesa sistêmica (PARK et ai., 2007). Estudos têm mostrado que a SAR em Arabidopsis sp. é ativada por um processo similar. Existe interação entre o SA e o JA no caminho de sinalização das defesas. Enquanto o SA está envolvido na defesa contra patógenos, o JA é o regulador principal na defesa contra os patógenos necrotrópicos e insetos. Existem evidências que os SA e JA são parcialmente responsáveis pela regulação da produção de MeJA que irá influenciar na atividade dessa defesa. 8.3.3- Conjugação com aminoácidos Pouco se conhece ainda sobre os conjugados de SA com aminoácidos. Salicioil-L-aspartato (SA-Asp) é um conjugado estável detectado em espécies de Vitis (STEFFAN et ai., 1988), em Phaseo/us vulgaris (BOURNE et ai., 1991) e em Arabidospsis (ZHANG et ai., 2007). Alguns dados têm evidenciado que o SA-Asp seja uma fonna inativa de SA, o qual é, provavelmente, o alvo para o catabolismo (WOODW ARO; BARTEL, 2005). 8.3.4 - Sulfonaçlo A sulfonação é um processo comum nos mamíferos para promover a ativação e inativação de vários hormônios. Em Arabldopsis sp., flavonoides, glicosinolados, brassinosteroides, hidroxi-jasmonatos e, mais recentemente, os SA podem sofrer a sulfonação in vitro por membros da famflia SOT de sulfotransferases (KLEIN; PAPENBROCK, 2004; BAEK et ai., 2010). No entanto, SA sulfonados não foram detectados em plantas. Além da glicosilação, metilação e conjugação com aminoácidos, ocorre a conversão do SA em di-bidroxibenzoatos (DHBA), 2,3-DHBA e 2,5-DHBA, também conhecidos como ácido gentfsico que são induzidos pelos patógenos (Figura 8.4) (IBRAHIN; TOWERS, 1959). Outros estudos têm mostrado que os SA podem neutralizar o radical hidroxila ( •OH·), resultando na fonnação não enzimática de 2,3 e 2,5-DHBA in vitro, com a proporção desses produtos dependentes da concentração de ferro e 188 • FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS do pH (MASKOS etai., 1990; CHANG et ai., 2008). A produção dessas substâncias é localizada e pode ocorrer durante a ativação das defesas. UFGT Glicosi~ão ; Saliciloil glico~ ..._ ____ -=-;,;;__--li•-.--- 1 éster B-D-glucan ________ _, hidrolnsc BN AS c:uboxil ~---- mctiltrnnsfcras,...e _____ __ ____ Aminoác:ido.---------, Coajupçào 5intetise com Saliciloil-L- . . · 'do 2,5-dihidro,cibenzoato Hiclroxl1!._ ~---•1 (2,S-DHBA) ? Ácido saJicllico 2- o-fl-glicos{4eo Figura 8.4 - Metabolismo do ácido salicilico nas plantas por processos de gllcosllação, metilação, conjugação com aminoácido (a.a.), sulfonação e hldroxllação. (Adaptado de Dempsey et ai. (2011). Os genes das enzimas envolvidas na síntese de 2,3 e 2,5-DHBA são des conhecidos, mas com base nas vias em bactérias, suger~se que a isocorismatase catalisa a fonnação de 2m3-DHBA diretamente de IC (RUSNAK et ai., 1990) e a hidroxilação de SA pode ser realizada por uma monoxigenase semelhante àquela identificada em Pseudomonas sp. e Ra/stonia sp. (HICKEY et ai., 2001). As funções biológicas de 2,3-DHBA e 2,5-DHBA em Arabidopsis sp. ainda não foi identificada. Os níveis totais de 2,3-DHBA aumentam em folhas SALJC/LATOS- 189 de Arabidospsis em resposta à infecção com patógenos avirµlento e com a idade. A aplicação exógena de 2,3-DHBA foi um fraco indutor da expressão das proteínas de resistência quando comparados com os SA (BAR TSCH et ai., 201 O). Esses resultados são coerentes com o papel do 2,3-DHBA, uma vez que esta substância é uma fonna inativada do SA. Mas, o 2,3-DHBA pode funcionar como um protetor contra o estresse oxidativo. O 2,5-DHBA é fortemente induzido em resposta à infecção por patógenos não necrotizantes e patógenos de hábitos específicos (BEL LÉS et ai., l 999, 2006). A aplicação exógena de 2,5-DHBA em tomate, pepino e Gynura induz um conjunto de genes das proteínas de resistência. Assim, sugere-se que o 2,5-DHBA e SA apresentam papel complementar na sinalização para a ativação da defesa das plantas (BELLÉS et ai., 1999, 2006; DEAN; DELANEY, 2008). O 2,5-DHBA também apresenta atividade antifüngica (LA TT ANZIO et ai., 1994). As enzimas que promovem os diferentes tipos de conjugação do SA apresentam diferentes afinidades pelo substrato, por exemplo, a UDP-glicosil transferase apresenta baixa afinidade pelo SA, assim, necessita de uma alta concentração de SA para promover a sua glicosilação, já a enzima metilesterase apresenta alta afinidade pelo SA. 8.4 - Modo de ação De acordo com o modelo proposto por Dempsey et al. (2011 ), o metabolismo de SA é regulado em nível transcricional e envolve o seu mecanismo de ação na defesa da planta contra os patógenos, promovendo a expressão dos genes das proteínas de resistência e promovendo a fonna. Na ausência de um estresse indutor ou de um hormônio, os genes envolvidos na síntese de SA e modificações na sua molécula são pouco expressos. Já, numa planta sob estresse abiótico e biótico, ocorre a ativação da expressão do gene da enzima ICS (isocorismato sintase) que requer a desrepressão dos reguladores de transcrição negativo, ta) como o EIN3 (ethylene insensitive 3) e EILl (EIN-like /) e ativação por reguladores positivos, incluindo CBP60g (calmodulin-binding protein 60-/ike g), SARDl (SAR dejicienl 1) e/ou WRKY28. Uma vez que a concentração de SA tenha atingido um nível satisfatório para induzir a defesa da planta, este honnõnio induz a ativação de NDRl (nonspeciflc disease resistance 1) que leva à inibição do feedback da expressão de ICS l, assim, prevenindo o acúmulo excessivo de SA. A regulação transcricional de genes de SA conjugados, como BSMTl (ácido benzoico/ácido salicílico carboxilmetiltransferase 1) e GH3.5 (membro da familia acil adenilase GH3) pelos honnônios ácido indolilacético {IAA), ácido jasmônico (JA) e etileno, também apresentam papel no controle dos níveis celulares de SA (GODA et ai., 2008). Dessa maneira, IAA, JA e etileno podem limitar o acúmulo de SA livres, os quais suprimem a ativação das respos tas induzidas pelo SA. Além disso, o etileno e JA promovem a expre- 190 - FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS são/estabilização de ElN3, o qual regula negativamente a expressão de ICS I e, assim, controlam negativamente os níveis de SA. O próprio SA controla a sua concentração, inibindo a atividade das enzimas PBS3 (patógeno avirulento phB suscetível 3) e MES (metil esterase) que promovem o acúmulo de SA livres no citosol. 8.5 - Efeitos fisiológicos 8.5.1 - Floração O SA aumenta a longevidade de flores cortadas, pois bloqueia a conver são de ACC a etileno, inibindo a atividade da ACC oxidase. O SA também promove a formação de gemas florais em Lemna gibba. A indução da floração de algumas plantas de dias longos é considerada um dos efeitos do SA por agir como um agente quelante. O grupo o-hidroxil confere atividade de metal quelante sobre o ácido benzoico. 8.5.2 - Indutor natural de tennogênesi's em Sauronatum guttatum A tennogênese é a produção de calor oriunda do fluxo de elétrons desviado da via citocromo respiratória à via de transporte de elétrons não fosforilativa insensível ao cianeto que ocorre na mitocôndria, via oxidase alternativa. A tennogenicidade envolve a ativação de enzimas da via glicolítica e do ciclo de Krebs, os quais fornecem substratos para esse processo. Normalmente, a termogenicidade ocorre em estruturas reprodutivas de Cycas e nas flores de algumas angiospennas (RASKIN, 1992; VLOT et ai., 2009), próximo à antese (desdobramento da espátula), quando a concentração de SA aumenta. Os SA induzem a expressão da oxidase alternativa que aumenta a capacidade da via respiratória mitocondrial alternativa. Essa via, ao contrário da via respiratória do citocromo, produz A TP em apenas um ponto e o restante da energia potencial é liberada na forma de calor. Dessa forma, primeiro, a espádice superior começa a gerar calor e depois, a espádice inferior, causando a volatilização de amina e indol (aroma acre, forte para atração de polinjzadores). A temperatura da espádice superior pode alcançar até 14°C acima da temperatura ambiente, enquanto que a espádice inferior pode alcançar até 1 OºC acima da temperatura ambiente (RASKIN et ai., 1990). 8.5.3 - Resistência a doenças O SA é um sinal-chave para a ativação da resistência a doenças por infecção com micro-organismos que é transportado via floema do local de SALICILA TOS - 191 infecção para as folhas onde será induzida a resistência sistêmica adquirida (SAR). Após a penetração do patógeno na folha ou na supertlcie da raiz e na parede celular, há a síntese de SA e, este, encontra receptores extracelulares na superftcie da membrana que reconhecem o padrão molecular associado ao patógeno (PAMPs). Quando ocorre o reconhecimento de PAMP, várias respos tas de defesas são ativadas em associação com a imunidade desencadeada pelo P AMP (PTI), como a produção de ROS, acúmulo de SA e aumento da expressão de genes das proteínas de resistência (PR) (VLOT et ai., 2009). O aumento dos níveis de PR e aumento da expressão de genes PR desencadeia uma alta resistência para uma próxima infecção pelo patógeno, conhecida como resistência sistêmica adquirida (SAR) (MISHIMA; ZEIER, 2007; VLOT et ai., 2009). Alguns patógenos desenvolvem efetores que suprimem o PTI e quando estes infectam uma planta, esta reconhece esses efetores e ocorre a indução da imunidade desencadeada pelos efetores (ETI). O ETI pode levar ao de senvolvimento das respostas de hipersensibilidade (HR) no local da entrada do patógeno onde se forma uma lesão necrótica que incrementa a resistência. 8.5.4 - Outros efeitos O ácido salicilico e o ABA apresentam ações de proteção ao deficit hídrico incrementando o acúmulo de prolina (YOSHIBA et ai., 1995). O SA protege a nitrato-redutase, mantém o conteúdo de nitrogênio e proteína e incrementa o teor de clorofila, a taxa fotossintética e atividade da en zima Rubisco de plantas de trigosubmetidas ao estresse hídrico (BHUPINDER; us~ 2003). Outros efeitos do SA no metabolismo de plantas são: (i) inibe a biossíntese de etileno, (ii) inibe a germinação de sementes, (iii) bloqueia respostas de ferimento, (iv) interfere com o transporte de fons pela membrana e absorção pelas raízes, (v) indução de rápida despolarização da membrana e colapso do potencial eletroquímico transmembrana, (vi) afeta o movimen to nástico foliar, (vii) reduz a transpiração em folhas e epiderme revertendo o fechamento dos estômatos induzido pelo ABA, abscisão foliar e inibição do crescimento, (viii) induz a produção de antocianina em plântulas de milho, (ix) aumenta o número de vagens e a produção de feijão mungo, (x) aumenta a altura e o número de grãos de milho, (xi) SA em combinação com IAA estimula a iniciação de raízes adventícias em feijão mungo, (xii) aumenta a atividade da nitrato-redutase em plântulas de milho · e (xiii) a aspirina e o ácido hidroxibenzoico bloqueiam a resposta ao ferimento de plantas de tomate. 192 • FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS 8.6 - Interação com outros hormônios vegetais na indução da morte celular programada A ação das espécies reativas de oxigênio (ROS) formadas em resposta à infecção pelo patógeno promove a síntese de SA e a morte celular é ocasionada por esse hormônio no local da lesão. No início do processo de morte celular, a ação do ácido jasmônico é suprimida pelo SA e etileno. A produção de etileno é induzida pelas ROS que se difunde também induzindo a morte celular. Esse modelo é consistente com uma ação cooperativa entre o SA e etileno, durante o desenvolvimento dos sintomas de infecção. As espécies reativas de oxigênio produzidas no local da lesão se dispersam para outras células, sendo o etileno dependente do SA para induzir a morte celular. A morte celular resulta na produção de JA, que pode impedir a progressão da lesão em várias vias como, por exemplo, pela inibição da produção de ácido salicílico e sinalização, além de diminuir a sensibilidade da célula ao etileno (OVERMYER et al., 2003), como mostra a Figura 8.5. Iniciação Propagação Compartimento EROS rerccpção ~SA ~ --~JA l'CI) l'CD t-- JA / ' ET ET / ET JA -------1-- JA ET Figura 8.5 - Interações hormonais que regulam a produção de espécies reativas de oxigênio (ROS) e a morte celular. Adaptado de Overmyer, Brosché e Kangasjarvl (2003). ParteV OUTRAS CLASSES. " DE HORMONIOS VEGETAIS Capítulo 9 BRASSI NOSTEROI DES Os esteroides são honnônios que desempenham diversas funções em plantas e animais. As plantas produzem numerosos esteroides e esteróis, alguns dos quais são reconhecidos como honnônios sintetizados por animais. Os primeiros relatos sobre hormônios esteroides em plantas foram em estruturas de grão de pólen. Em 1979, foi identificado e isolado o brassinolídeo (hormônio lipídico), o qual foi inserido ao grupo de brassinosteroides (BR). Os grãos de pólen são considerados as estruturas que apresentam as maiores concentrações de brassinosteroides (BISHOP; KONCZ, 2002). Atualmente, foram identificados 60 tipos; destes, 31 foram totalmente caracterizados (29 livres e 2 conjugados). Os principais tipos de esteroides endógenos em plantas são: (i) castas terona, (ii) teasterona, (ili) 3-de-hidroasterona, (iv) tifasterol e (v) bras sinoHdeos. Os brassinolídeos são considerados os mais ativos (Figura 9.1). OH 2s 26 27 16 o Figura 9.1 - Estrutura do braasinolldeo (CLOUSE; SASS_E, 1998). A produção dos brassinosteroides ocorre em dicotiledôneas e mono cotiledôneas (grãos de pólen, folhas, flores, sementes e parte aérea). Também foram encontrados brassinosteroides em gimnospermas e algas. 196 - FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS 9.1 - Estrutura Em relação à estrutura, pode-se observar diferentes substituintes do anel A e B e da cadeia lateral (Figura 9.1 ), produzida por reações de oxidação e redução durante sua biossíntese. A cadeia lateral dos brassinosteroides é dividida em esteroides de 27, 28 e 29 carbonos (Figura 9 .1 ). 9.2 - Condições para atividade dos brassinosteroldes Para que uma molécula possa apresentar atividade de brassinosteróide é necessário satisfazer as seguintes condições: (i) sistema de anel trans NB (C5 - ligação a-hidrogênio); (ii) sistema C6-cetona ou C,-oxa-6-cetona no anel B; (iii) grupamento h.idroxila eis-a orientado na posição C2 e C3; (iv) grupamento cis hidroxi no C22 e C23 e metil ou etil no C24; e (v) orientação a no C22, C23 e C24 são mais ativas do que ~. 9.3 - Biossíntese Os brassinosteroides são extremamente móveis em plantas, podendo assim serem aplicados exogenamente. Quando se considera a rota biossintética endógena, evidencia-se que o precursor de todos os BR é o campestenol que sofre várias reações de hidrolixação e oxidação até a formação do brassinolídeo. Esta rota é descrita detalhadamente na Figura 9.2. , .. ~ 1 .i 111\'.:1~1\o JIJ• hidro.xilu ~,n Ju. hi,hnxlln 1 lillroxilnç"o C1u Oxidoçl\o impo 6- oxo Figura 9.2 - Esquema de biossíntese de brassinosteroldes. Adaptado de Clouse e Sasse (1998). BRASS/NOSTERO/DES • 197 9.4 - lnatlvação A inativação fisiológica dos brassinosteroides por ser ocasionada por epimerização da hidroxila 2 e 3, seguida pela glicosilação ou esterifica ção, hidroxilação do C20 e clivagem da cadeia lateral, glicosilação do grupo hidroxila C23, e hidroxilação do C25 e C26• A glicosilação e hidroxilação do C25 da molécula de epibrassinolídeo aumenta em 1 O vezes a atividade e do C26 reduz a atividade (FUJIOKA; YOKOTA, 2003). 9.5 - Modo de ação Os brassinosteroides ligam-se a um receptor específico localizado na membrana plasmática, denominado de BRI I que é um receptor-quinase da membrana plasmática rica em resíduos de leucina (Figura 9.3) . Ligan1c: desconhecido -4 Apoplas&o Mernbtani Cil0pbm1:I EfriloJ ullo ~ruciauic,os cm micn11übulo r íosíorilacio t / ., +-'- BRII n:cq,tor +- í_l_l 1 DRJl 1 ___ J ____ BRU Domínio quinuc: BR i l'rolflu:a rrcrplor . , BR-40 -------- --1 1 Núcleo F'osCorila(iO C' d"ío1fonla(Au , , ____ _! - 0 ! Ali\~ da cicpn:ado de Gc11(1 (l'CH4) Ex: XE Te exp111Jinas Figura 9.3 - Mecanismo de ação dos brasslnosteroldes. Adaptado de Clouse e Sasse (1998). Os brassinosteroides agem sinergicamente com as auxinas estimulando o alongamento celular e a produção de etileno. O efeito dos brassinosteroides no 198- FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS alongamento celular pode ser caracterizado pelo seu estímulo na síntese da enzima xiloglucano endotransglicosilase (XET) que ocasiona aumento na extensibilidade da parede celular. Além disso, os brassinosteroides aumentam a sensibilidade dos tecidos a auxinas. Algumas hipóteses têm sido levantadas para explicar o aumento da atividade das auxinas induzidas pelos brassinosteroides: (i) os brassinosteroides estão envolvidos na sensibilidade do tecido à auxina por aumentar a atividade dos receptores auxínicos, (ii) aumenta os níveis de auxinas ativas no tecido por aumentar a síntese, transporte e desconjugação das mesmas, (iii) diminui a pressão osmótica durante o alongamento, (iv) aumenta o conteúdo endógeno de auxina e diminui os níveis de ABA (o aumento de auxina leva a diminuição nos níveis de CK ou aumento da sua degradação), (v) alteração da proporção Ax/CK nos tecidos, e (vi) ativação da bomba protônica. 9.6- Efeitos fisiológicos 9.6.1 - Alongamento celular O alongamento celular é mediado pela orientação dos microtúbulos e pela sensibilidade ao IAA. Os brassinosteroides estimulam a biossíntese da xiloglucano endotransglicosilase (XET), o qual altera as propriedades da parede celular (aumenta a extensibilidade). Outro efeito que envolvem os brassinos teroides é o aumento da concentração de solutos no interior das células. 9.6.2 - Promoção da biossíntese de etileno e eplnastla Os brassinosteroides aumentam a atividadeda ACC-sintase e consequentemente a síntese de etileno. A aplicação de BR nas raízes incrementa a produção de ACC e etileno ocasionando a epinastia. 9.6.3. Crescimento e desenvolvimento das raízes Os BR são considerados promotores potentes do crescimento e desenvolvimento de raízes. Em Coleus sp. a concentração de 100 µM de homobrassinolídeo (HBL) foi efetiva para promover a fonnação de raízes (Figura 9.4), provavelmente devido às possíveis interações com outros honnônios relacionados à expansão celular, como é o caso das auxinas. 9.6.4- Controle de Insetos Os BR apresentam ação similar aos equidisteroides (honnônios de insetos) e assim competem com esses hormônios pelo sítio de ação, tomando-se uma molécula natural para controle de insetos. BRASS/NOSTEROIDES • 199 Figura 9.-4 - Efeito do homobrassinolídeo (HBL) no crescimento radicular de Co/eus sp. (SWAMY; RAO, 2010). 9.6.5. Síntese de ácidos nuclelco1 e proteínas As células que produzem brassinosteroides possuem alta atividade da RNA e DNA polimerase e desta forma elevada síntese de DNA, RNA e proteínas. 9.6.6 - Indutor de resistência a fatores bióticos Na natureza, as plantas estão constantemente expostas a esporos de fungos patogênicos que, sob condições apropriadas, germinam e desenvolvem hifas sobre os tecidos. Órgãos infectados por fungos fitopatogênicos normalmente formam regiões cloróticas e necróticas, reduzindo assim a área fotossintética da folha e consequentemente a produtividade. Alguns trabalhos têm relatado efeitos positivos do uso de brassinosteroides via foliar em plantas, ocasionando redução de agentes patogênicos como Phytophthora infestans (VASYUKOVA et al., 1994). 200 • FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADOR·ES VEGETAIS Embora esses resultados não tenham sido conclusivos, proporcionaram uma série de outros trabalhos com o intuito de avaliar possíveis efeitos de brassinosteroides na indução de resistência de plantas. Em função disso, Roth, Friebe e Schnabl (2000) constataram que plantas cultivadas, quando tratadas com brassinosteroides, apresentavam ativação dos seus mecanismos de defesa. Korableva et al. (2002) verificaram que a utilii.ação de 24-epibras sinolídeo incrementou a produção de etileno nas gemas de tubérculos de batata. Também foi verificado um decréscimo de volume e de número de vacúolos por célula. Essas alterações tornaram os tubérculos mais resistentes à infecção de Phytophthora infestans. Os efeitos de indução de resistência também foram verificados em outras culturas, como na Cucumis sativus (L.). Nessa cultura, Xia et ai. (2008) verificaram aumento da atividade das enzimas NADPH-oxidase e nos níveis de H2O2 no apoplasto. O aumento na concentração de H202 media a indução de fatores de transcrição relacionados a genes de defesa. Plantas de milho submetidas a estresse, por deficit hídrico, com aplicação de brassinosteroides apresentam aumento nas atividades das enzimas superóxido dismutase, catalase, ascorbato peroxidase, bem como no teor de ácido ascórbico e carotenoides (LI et ai., 2012). 9.6.7- Resistência a fatores ablótlcos Devido à ação dos brassinosteroides no metabolismo oxidativo, também se evidenciou em alguns trabalhos aumento da tolerância das plantas a estresses abióticos. Em feijoeiro, a aplicação de 24-epibrassinolfdeo induziu acréscimo na nodulação, conteúdo de zeatina e atividade da enzima nitrogenase (UPRETI; MURTI, 2004). Zhang et ai. (2008) constataram que folhas de soja tratadas com brassinos teroides submetidas a deficit hídrico, possuem incremento na produção quântica máxima do fotossistema Il, além do aumento da atividade da Rubisco, do con teúdo de água, açúcares solúveis e prolina. Também foi verificada maior ativação das enzimas peroxidase e superóxido dismutase, quando comparadas ao controle. Em relação à salinidade, Ôzdemir et al (2004) verificaram que tratamentos de sementes de arroz com 24-epibrassinolfdeo tornam as plantas mais tolerantes à peroxidação lipídica, além de reduzir o acúmulo de prolina. Os pesquisadores sugeriram que o uso de brassinosteroides possibilita aumento na capacidade das plantas de arroz em reduzir o estresse oxidativo. Os danos ocasionados devido aos estresses por alta e baixa temperatura, também são reduzidos quando se utiliza aplicações de brassinosteroides. Em altas temperaturas, um dos efeitos ocasionados pelos brassinosteroides seria o acréscimo de proteínas de choque térmico (MAZORRA et ai., 2002). 10.1 - Introdução Capítulo 1 O POLIAMINAS Antonie van Leeuwenhoek, em 1678, observou a presença de substâncias cristalinas no sêmen humano, após alguns dias de armazenamento, não sendo observado em sêmen fresco. Vauquelin (1791) relatou que esses cristais eram substâncias derivadas de fosfato, ainda desconhecidas e Schreiner, em 1878, identificou esse composto como uma base orgânica. A partir disso, Rosenheim (l 924) sintetizou uma diamina: a putrescina (Put); uma triamina: a espermidina (Spd) e a espermina (Spm), uma tetramina. Esses compostos são encontrados em todos os organismos vivos como animais e bactérias e, inclusive, no reino vegetal, no qual a sua identificação é mais recente que nos demais organismos. As principais poliaminas (P A) encontradas nas plantas são a putrescina (diamina-NH2(CH2)NH2), esper midina (triamina-NH2(CH2)NH(CH2)..NH2) e a espermina (tetramina-NH2(CH2)3 NH(CH2)..NH(CH2)NH2). Outra poliamina encontrada em vegetais é a cadaverina (Cd), também uma diamina, que é encontrada, principalmente, nas Leguminosas. Poliaminas especiais são descritas como marcadores taxonômicos de briófitas, pteridófitas, gimnospermas e fungos, como a norespermidina, norespermina e homoespermina (HAMANA; MA TSUZAKI, 1985). Somente em 1971, Seymor Cohen fez a primeira referência sobre o papel das p A na fisiologia vegetal e na década de 80, as PA começaram a ser investigadas na atividade metabólica das células vegetais. Essas poliaminas estão envolvidas em diferentes processos do desenvolvimento vegetal como replicação, transcrição, tradução e estabilização de membranas e modulação da atividade enzimática, regulando também a atividade do genoma, a divisão e expansão celular, as respostas da planta aos diferentes estresses abióticos (KAUR-SAWHNEY et ai., 2003), formação de tubérculos, iniciação de raízes, embriogênese, desenvolvimento de flores e maturação de frutos. As poliaminas são encontradas em todos os compartimentos da célula vegetal, incluindo o núcleo, indicando a sua participação em processos fundamentais à célula (BOUCHEREAU et ai., 1999; BACHRACH, 20 l O), 202 • FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS também podem ser encontradas no vacúolo, mitocôndria, cloroplasta e na parede celular. A concentração de poliaminas nas plantas varia de lQ·9 a 10·5 M, concentração esta superior que aquelas dos honnônios vegetais ( 10·3 a 10·7 M), fato este que faz com que muitos cientistas não a considerem como um grupo honnonal (GUPTA et ai., 2013). Essas PA podem ser encontradas tanto na fonna livre ou na fonna conjugada com compostos fenólicos (ácido hidroxicinâmico hidroxicinamoil-PA, ácido p-cumárico-cumaroil-PA, ácido ferúlico-feruloil-PA e ácido cafeico-cafeoil-PA, principalmente). A concentração de PA total e as concentrações de cada PA variam muito com a espécie, órgão e tecido vegetal e, também, com a fase de desenvolvimento da planta. Além disso, as poliaminas podem associar-se a macromoléculas aniônicas, uma vez que possuem natureza policatiônica, tendo alta afinidade com o DNA, RNA, fosfolipfdios, proteínas, lignina e com grupos aniônicos de membranas e parede celular. Esses conjugados podem alcançar até 90% do total de poliaminas nas plantas. 10.2- Biossíntese de poliaminas (PA) A mesma via biossintética ocorre nas plantas, micro-organismos e ma míferos. A putrescina (Put) é sintetizada a partir da L-arginina por duas rotas, uma envolvendo a L-omitina e a outra, pela agmatina (Figura 10.1 ).---- AM SAM dtsêorbotUado 1 !4 ~ ~ ~ $ • 11u:lilli1111drulr111 EIP.crmldlba ---~==~---------~--- ~ s.~~ .__••_· u. ___ ln_• _ _'.;----... '(c--------_.,. [, @aB,:verlaa CO: t r-----------------+,. ljpmoatQffil11a ~=--~--=-.;=.--' Figura 10.1 - Rota blossintétlca das diferentes poliamlnas em vegetais. POLIAMINAS • 203 A formação da Put a partir da L-omitina se dá pela ação da enzima omitina descarboxilase (ODC). A rota da L-arginina envolve a participação da enzima arginina descarboxilase (ADC) convertendo a L-arginina em agmatina que pela via N-carbamoilputrescina dará origem à putrescina. Nas plantas, a ODC é menos ativa que a enzima ADC. A enzima ADC é modulada pela luz e o estresse ambiental aumenta a sua atividade, promovendo o acúmulo de Put. A síntese de Put por uma ou outra rota depende da espécie e outros fatores como o estresse. A síntese de espermidina (Spd) e espermina (Spm) também ocorre por duas rotas, uma a partir de Put e a outra, a partir de duas moléculas de S adenosilmetionina (SAM). Pela via da Put, há a participação da enzima espermidina sintase que converte a Put em Spd e a enzima espermina sintase controla a conversão de espennidina à espennina. Pela via da SAM, a enzima SAM descarboxilase converte este composto em SAM descarboxilada que irá ativar a Spd sintase e Spm sintase, promovendo a síntese de Spd e Spm, respectivamente. A SAM também é precursora da síntese de etileno (Figura 10.2), assim, ocorre a competição pela SAM entre a síntese de etileno e poliaminas (Spd e Spm). A descarboxilação de SAM é inibida pelo aumento do nível de Spd, mas que aumenta em resposta ao aumento da concentração de putrescina. 1 ACC sl111Uu111bra""J ACC • IDla.e ! llalllllJIJ;\Ccj---! Arklo l -amlaadrlo11n1p1no nrlinilbo 1 1 ,\t,ld• Nlebvllfkõ 1 1 AC~ ,díb't aJIII•••~ ) ,\CC Gl lda.'t -l l'rogrcul o nor11111l (111 llllllO l'IIÇDO tio~ rrutot Figura 10.2 - Relação entre a slntese de pollamlnas e de etileno. l ! E.t tlffwld lna ) l 1 204 • FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS Aplicação de auxina, GA ou citocinina promove o aumento da concentração de poliaminas e a aplicação de ABA inibe a síntese de PA. O etileno compete pela SAM com as PA (Spd e Spm), sendo que a aplicação de P A inibe a síntese de etileno promovida pela auxina em pétalas, folhas e flores, pois poliaminas exógenas bloqueiam a passagem de SAM em ácido 1- aminociclopropano-1-carboxílico (ACC) e deste a etileno. O b1oqueio da síntese de ACC desvia os C da SAM para a síntese de PA e a inibição da síntese de PA promove a síntese de etileno. O etileno inibe a atividade da ACC e a redução da concentração de PA aumenta a atividade da ADC. A PA cadaverina é sintetizada a partir de L-Hsina, cuja reação é catalisada pela lisina descarboxilase (Figura 10.2), mas também pode ser sintetizada a partir de L-homoarginina. A atividade da Jisina descarboxilase é baixa em muitos tecidos vegetais; no entanto, o acúmulo do alcaloide quino lizidina aumenta a atividade dessa enzima. A síntese desse alcaloide ocorre a partir da cadaverina. Os inibidores da síntese de Put mais conhecidos são a a-difluorome tilarginina (DFMA) e a-difluorometi1omitina (DFMO), que inibem, respec tivamente, a atividade das enzimas ADC e ODC da via biossintética da Put. O inibidor da síntese de esperrnidina e esperrnina é o metilglioxal bis-guanilhi drazona (MGBG). 10.3- Catabolismo das PA A degradação de P A se dá pela ação de duas enzimas: a diamina oxidase (DAO) e a poliamina oxidase (PAO). A enzima DAO oxida a Put e Cad liberando pirrolina, H20i e~- A PAO é responsável pela degradação da Spd e Spm, levando à liberação de pirrolina e 1,5-diabicilcononano e diamino porpano (DAP) e H202, respectivamente. O DAP pode ser metabolizado à 13-alanina, enquanto a pirrolina pode ser convertida em ácido y-aminobutírico (GABA) pela ação da enzima pirrolina de -hidrogenase (PDH). O GABA, por sua vez, pode ser transaminado e oxidado para formar o ácido succínico e este pode entrar no Ciclo de Krebs (FLORES; FILNER, 1985). A Cad também pode ser oxidada pela ação da lisina oxidase. Outra enzima envolvida na oxidação de poliarninas é a Spm oxidase, que converte a Spm em Spd, liberando 3-aminopropanol e H20 2• As P A servem como substrato para precursores do metabolismo secundário como, por exemplo, dos alcaloides, sendo a enzima envolvida nesse processo a N-metilputrescina oxidase. Todas as enzimas que estão envolvidas na oxidação das PA liberam H2Ú2 que é um radical livre e, também, uma molécula sinalizadora de estresse que pode estar envolvida nas respostas da planta ao estresse como veremos adiante. POUAMINAS • 205 A oxidação catabólica das PA além de regular a concentração desta nos tecidos, pela liberação de H20 2, pode ter papel na lignificação da parede celular. A compartimentalização das PA no vacúolo e nas mitocôndrias e a conjugação das PA com ácidos fenólicos podem ser um mecanismo de controle dos níveis de P A endógenos. 10.4-Transporte de PA Ainda existem muitas lacunas quanto ao mecanismo de transporte das PA na planta. Estudos têm mostrado que as PA podem ser transportadas de célula a célula por um mecanismo ativo e estimulado pela auxina, sendo essas PA absorvidas, armazenadas no vacúolo. As células possuem um sistema de transporte eficiente, mas ainda, não se sabe se esse transporte se dá por um único transportador para todas as P A ou se cada PA tem o seu respectivo transportador. Sabe-se também que esse transporte, em nível celular, é rápido, alcançando sua saturação 1 a 2 minutos após a aplicação de PA. O transporte de PA pela membrana plasmática é dependente de energia e Ca2+, pois o tratamento com antagonistas da atividade da calmodulina ou de inibidores da atividade da proteína quinase e fosfatase reduzem a absorção de Put ativada pelo Ca2+ (ANTOGNONJ et al., 1995). Assim, a hipótese é que o cai+ influencia nos processos de transporte das PA por uma via envolvendo a atividade da proteína quinase e fosfatase. Quanto ao transporte à longa distância, estudos têm demonstrado a existência de um transporte não polar (BAGNI; PISTOCCHI, 1991 ), via xilema, pela corrente de transpiração. 10.5- Efeitos fisiológicos Os efeitos fisiológicos das PA na planta têm sido estudados utilizando os inibidores de síntese das PA, DFMO, DFMA e MGBG, os mutantes com concentrações alteradas de PA ou mutantes com alteração na sensibilidade às PA e pela biologia molecular. Mas, mesmo com todas essas ferramentas e todos esses estudos, o modo de ação das PA na planta ainda não foi detenninado. Tanto as P A livres como as conjugadas estão direta ou indiretamen te associadas com diferentes processos fisiológicos e moleculares de crescimento e desenvolvimento, como a divisão celular, florescimento, formação da parede celular, respostas da planta aos diferentes estresses (BASSARD et ai., 2010; MOSCHOU et ai., 2012) com os principais efeitos das PA sendo discu-tidos a seguir. 10.5.1 - Dlvlalo celular e dlferenclaçlo celular A conversão de Put para Spd parece ser importante para o controle da taxa de divisão celular e a Spd e Spm são importantes na passagem da fase G I 206 - FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS para S do ciclo da divisão celular. Foi observada também, correlação positiva entre a atividade da ODC e a divisão celular. Vera-Sirera et ai. (2010) propuseram o papel do metabolismo de PA sobre o desenvolvimento dos tecidos vasculares, principalmente o xilema. Há evidências que sugerem que o H20 2, derivado da oxidação das PA pela DAO ou PAO, possa estar envolvido na morte celular programada (PCD) para a diferenciação do elemento de xilema nas plantas (MOSCHOU et ai., 20 J 2). 10.5.2 - Estrutura e função das membranas As PA conjugadas podem interagir com cátions inorgânicos como o Ca2+ que pode influenciar na estabilização das membranas. A conjugação das PA com proteínas e fosfoJipídiosda membrana demonstra o· papel dessas P A na regulação das propriedades flsicas e químicas das membranas. As PA também apresentam papel como um antioxidante através da sua interação com fosfolipídios das membranas ou pela neutralização direta das espécies reativas de oxigênio (ROS). As PA e as ROS alteram a atividade das bombas de H + da membrana plasmática. 10.5.3 - Interação com ácidos nuclelcos O complexo Spm-DNA estabiliza o DNA contra a desnaturação ténnica in vitro. As Spd e Spm facilitam a mudança de conformação do DNA da forma B-DNA para Z-DNA com a metilação dos polinucleotídeos (DA VIES, 1995). A adição de DFMO, o inibidor da atividade da ODC e, assim, inibidor da síntese de Put, pode reduzir a incorporação de Jeucina dentro das proteínas e prolongar a fase G 1 do ciclo celular, comprovando, assim, a necessidade da ação da Spd e Spm na fase S para a síntese de DNA. A conjugação das PA com DNA e RNA regula as propriedades flsicas e químicas dos ácidos nucleicos. As P A também se podem ligar a dupla hélice do DNA estabilizando-as. Estabilizam, também, o DNA das mitocôndrias e dos cloroplastos. 10.5.4 - Controle da estrutura e síntese de protef nas e atividade enzimática As PA controlam a fosforilação da ODC, inativando a principal enzima da via biossintética das PA. Assim, as P A controlam a sua própria síntese. Outros trabalhos sugerem a inativação da ODC pela ligação da Put. As PA ativam várias enzimas quinases e outras, como a enzima de oxidação do NADPH e a frutose 1,6-difosfatase. A aplicação de DFMO ou MGBG nas plantas inibe o seu crescimento, provavelmente, pelas PA serem essenciais na sua própria síntese. Vários estudos POUAMINAS - 207 com cultura de células de tabaco, aveia e arroz têm mostrado a ligação da Spd a uma proteína específica de 18 kDa e esta foi identificada como um fator de iniciação da tradução, regulando o crescimento vegetal. 10.5.5 - Tampão do pH celular A acidificação do apoplasto promove a síntese de Put, sugerindo que a protonação reversível do grupo arnina das PA possa funcionar como um tampão celular. 10.5.6 - Fisiologia de flores Martin-Tanguy et ai. ( 1985) observaram em plantas de tabaco altos níveis de ácido hidroxicinamoil amida nas folhas do ápice da planta e nos órgãos florais. Esses conjugados de ácidos fenólicos e PA são translocados das folhas para as gemas florais ou são metabolicamente convertidos. No pico do florescimento, ocorre aumento brusco da fonnação das PA conjugadas, sugerindo a participação dessas P A na fonnação normal das flores e na diferenciação sexual. Em Xanthium strumarium L., planta de dia curto (PDC), em condições de noites longas observou-se aumento dos nf veis de PA conjugadas nas folhas e, depois, nas gemas. Em Sinapis alba L., planta de dia longo (PDL), sob condições de dias longos, observou-se aumento do n(vel de Put livres, durante a transição floral. 10.5.7 - Embriogênese Estudos sobre a embriogênese somática em cultura de tecido de cenoura mostraram que: (i) o crescimento do embrião é inibido pela presença de auxina no meio, (ii) o aumento da síntese de P A é necessário para a embriogênese com a remoção da auxina e (iii) o etileno inibe a embriogênese. Robie e Minocha ( 1989) mostraram que células de cenoura crescidas na presença de auxina produziram mais etileno e menos P A, do que células crescidas na ausência de auxina. Geralmente, a auxina promove a síntese de etileno no tecido vegetal e assim ocorre competição entre a síntese de etileno e PA, controlando a concentração desses honnônios vegetais e, consequen temente, a embriogênese. Na embriogênese, ocorre o aumento da atividade da enzima ADC e, assim, aumento da concentração de espemúdina que seria importante nesse processo. 10.5.8 - Senescêncla Com a senescência vegetal ocorre declinio na ação das ,:> A, tanto que a aplicação de PA na planta ou tecido pode atrasar ou prevenir os processos 208 - FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS relacionados à senescência, tal como o declínio do conteúdo de clorofila, proteínas e RNA em folhas de monocotiledôneas e dicotiledôneas. As PA atuam através da inibição da síntese ou ação do etileno ou, ainda, pela sua ação no atraso da senescência. 10.5.9 - Fisiologia de frutos A aplicação de Put exógena antes da antese ou na antese total promove o aumento no tamanho final do fruto e melhora a fixação de frutos em macieira (EGEA-CORTINES; MIZRAHI, 1991). Em frutos de pereira, a Put melhorou a fixação de frutos, atrasou a senescência dos óvulos e aumentou a germinação de grãos-de-pólen e fertilização em 2 dias (EGEA-CORTINES; MIZRAHI, 1991). A redução nos níveis de PA pode promover o aborto do desenvolvimento do ovário, após a polinização. 10.5.10 -Genninação de sementes Na genninação de sementes de arroz, PA conjugadas parecem atuar como uma forma de PA armazenadas que por hidrólise serão fornecidas à célul~ influenciando a divisão e expansão celular no processo da germinação (BONNERAU et al., 1994). Os níveis dessas ·PA conjugadas também estão relacionados à viabilidade das sementes. Os altos níveis de PA conjugadas, observadas em sementes (FACCHINI et al., 2002), servem de fonte de ~ para o processo de germinação de sementes. 10.5.11 - Respostas da planta aos estresses abiótlcos e bióticos PA estão relacionadas com a aquisição de tolerância aos estresses como a aita e baixa temperatura, salinidade, estresse osmótico, hipóxia e poluentes atmosféricos, principalmente. Os diferentes tipos de estresses abióticos levam ao aumento da expressão de genes das enzimas de síntese de PA; assim, o controle do·estresse pode estar relacionado à capacidade da planta sintetizar P A (LIU et al., 2007). Mas, o significado fisiológico do aumento do nível de PA nas.plantas estressadas ainda precisa ser desvendado. Condições de estresse na planta podem regular as enzimas do catabolismo de PA, ocorrendo, por exemplo, aumento na expressão de genes da PAO e DAO (QUINET et ai., 2010; TOUMI et ai., 2010). O estresse abiótico leva ao catabolismo de PA no apoplàsto promovendo a produção de ROS, como o H20 2 que desencadeia uma cascata de resposta ao estresse (MOSCHOU et ai., 2008a). O H2O2 produzido em ~ondições de estresse , l_eva à morte celular programada (PCD). Alguns relatos sugerem que o aumento da oxidação de PA no apoplasto altera o equilíbrio entre as diferentes ROS (CAMPESTRE et al., 2011) ou leva ao acúmulo de ácido y-aminobutírico (GABA) (XING et ai., POLIAM/NAS - 209 2007), através da indução da atividade da DAO para manter o crescimento vegetal sob condições de estresse. O estresse abiótico nas plantas promove o aumento da atividade da enzima ADC (BOUCHERAU et ai., 1999), promovendo a síntese de PA. O hormônio vegetal ABA apresenta importante papel nos processos de desenvolvimento e nas respostas adaptativas aos estresses abióticos nas plantas (RAGHAVENDRA et ai., 2010; FUJITA et ai., 2011). A concentração de ABA no tecido aumenta com os diferentes tipos de estresses, como os causados pela seca e por excesso de sais. Sabe-se também que o ABA desencadeia a expressão de genes de adaptação aos estresses (RADHAKRISHNAN; LEE, 2013), como, os genes da biossíntese de PA em Arabidopsis sp. (HUSSAIN et ai., 2011 ). O ABA aplicado exogenamente controla a transcrição e biossíntese das enzimas ADC, Spd sintase e Spm sintase, aumentando os níveis de PA na planta. O catabolismo das P A leva a produção de H2O2 que funciona como uma molécula sinalizadora que ativa as respostas de defesa contra o estresse (DICKINSON; CHANG, 2011). Tum et ai. (2006) também têm relatado a ligação de PA e óxido nítrico (NO), outra molécula sinalizadora, afirmando que as PA promovem a produção de NO em vários tecidos. Assim, as PA, ABA, H2O2 e NO são moléculas envolvidas nas múltiplas respostas fisiológicas e biológicas ao estresse (WIMALASEKARA et ai., 2011 ). Nas próximas páginas discutiremos a atuação das PAnos principais tipos de estresses abióticos e bióticos. a) Estresse por temperatura O estresse por baixa temperatura, frio, promoveu aumento do nível de PA em diferentes espécies. No geral, variedades tolerantes ao frio apresentam níveis de PA endógenos superiores àquelas não tolerantes (GROPPA; BENA VIDE, 2008). Em Arabidopsis sp., os níveis de Put livre aumentam 24 horas após a exposição ao frio, mas não houve mudanças nos n(veis de Spd (CUEV AS et ai., 2008). Alcázar et ai. (2011) relatam que o acúmulo de Put durante o estresse à baixa temperatura é resultado do aumento da atividade da ADC. A Put ativa a zeaxantina levando ao acúmulo de ABA que, por sua vez, ativa os elementos de resposta ao ABA, promovendo a síntese de metabólitos de proteção e aclimatação ao frio. As PA, Spd e Spm também estão envolvidas na resposta da planta à baixa temperatura. O tratamento de p Jantas de pepino com Spd melhorou à tolerância da planta ao frio e do aparelho fotossintético (HE et ai., 2002) havendo também aumento da SAM descarboxilase. 210- FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS Em plantas de algodão e arroz tolerantes ao calor, há incremento nos níveis de PA livres e conjugadas e PA de cadeia longa, bem como, o acúmulo de PAO e PA sintetizadas a partir da atividade da ADC (CONA et ai., 2006). Plantas de tabaco submetidas a altas temperaturas apresentam aumento dos níveis de Put livres e conjugadas, estando esse aumento relacionado às enzimas biossintéticas (CVIKROV Á et ai., 2012). No estresse ambiental, principalmente, as altas temperaturas promovem o awnento das chamadas P A não comuns, a N-Spd e N-Spm com ação na tolerância das plantas ou tecido a esse estresse (ROY; GHOSH, 1996; CVIKROV Á et ai., 2012). b) Estresse salino Em condições de estresse salino, há um aumento da atividade das enzimas de síntese de PA e de inativação, a DAO e PAO, em Arabidopsis sp., aveia e tomate (ALCÁZAR et ai., 2010b). Como resultado da atividade da DAO e PAO, há aumento na produção de H20 2, que aumenta a expressão dos genes envolvidos com a tolerância à salinidade. Além disso, em plantas de soja crescidas em condições de estresse saJino, foi observado que, além do aumento dos níveis de PA, há o awnento do GABA que é um catabólito das PA. Este composto também está envolvido nos mecanismos de defesa da planta ao estresse salino (XING et ai., 2007). Considerando o envolvimento das P A, PAO, DAO e NO no estresse salino e a localização das PA e NO no peroxissomo, pode se sugerir que as PA induzem a fonnação de NO, possivelmente através da atividade das DAO e PAO, podendo ser wn intermediário nas respostas da tolerância ao estresse salino. Roycboudhury et ai. (2011) relatam que existem diferenças quanto à função e o papel das P A no estresse salino entre as espécies, variedades e entre os órgãos. Apesar dos vários trabalhos realizados, o exato papel das P A na resistência ou melhoria ao estresse salino, ainda não foi elucidado. Estudos indicam que as PA podem atuar como um sinal celular com a participação de hormônios vegetais, como o ABA, nas respostas ao·estresse abiótico (GUPTA et ai., 2012ab; ALCÁZAR et ai., 20J0a). O estresse salino e o tratamento das plantas com ABA induzem o transporte de PA no apoplasto (MOSCHOU et ai., 2009; TOUMI et ai., 20 l O). Gupta et ai. (20 l 2ab) demonstraram in vitro que a Spd promove a fosforilação de um fator de transcrição (OSPDK), uma proteína quinase que regula a expressão de genes em nível de transcrição e tradução. Zapata et ai. (2004) observaram em várias espécies que a salinidade diminuiu os níveis de Put, mas aumentou os níveis de Spd e/ou Spm, sugerindo POUAMINAS - 211 que a razão entre (Spd + Spm)/Put esteja relacionada com a tolerância à salinidade. Bouchereau et al. (1999) e Lefrevre et ai. (2001) têm relatado que os estresses osmótico e salino promovem o aumento da atividade da ADC e com isso, o aumento dos nf veis de Put. e) Estresse hídrico Em condições de deficil hídrico, é observado aumento dos níveis endógenos de PA nas plantas. Por exemplo, em Arabidopsis sp., há aumento da atividade da ADC, aumentando os níveis de Put que promove o fechamento dos estômatos, aumentando a tolerância à seca (ALCÁZAR et al., 2006). O ABA é um hormônio vegetal que controla o metabolismo de PA; aumentando a expressão de genes da ADC, Spd sintase e Spm sintase em condições de estresse hídrico. Em Arabidopsis sp., foi observado aumento da expressão da SAM descarboxilase, promovendo o aumento da Spd e Spm, que por sua vez, promovem a ativação da enzima 9-cis-epoxicarotenoide dioxi genase (NCED) que tem papel na síntese de ABA pela via de síntese dos carotenoides. Assim, as PA estão envolvidas no controle do movimento estomático, controlando os canais de entrada/saída de K+ da célula-guarda (LIE et ai., 2000). Radhakrishnan e Lee (2013) trabalhando com soja, verificaram que a aplicação exógena de Spm melhorou os efeitos do estrese hídrico, reduzindo a peroxidação de lipídios e elevando o conteúdo de polifenóis, a atividade das enzimas antioxidativas, como a catalase e superóxido-dismutase (SOO). Também observaram aumento nos níveis de ABA. A Put promove a despolarização de membranas e com isso a saída de K .. das células-guarda (TIBURCIO et ai., 1990), consequentemente, o fechamento estomático. A regulação do movimento estomático em resposta ao ABA é dependente de H202 e NO, de tal modo que o NO gerado, depende da produção de H2O2 (PASCHALIDIS et ai., 2010). A geração de H2O2 depende da degradação de Put e não de Spd e Spm (AN et ai., 2008). Assim, os dados mostram que as PA regulam o fechamento estomático por estarem diretamente envolvidas na biossíntese de moléculas sinalizadoras como o ABA, H2O2 e NO. d) Estresse oxldativo As PA podem atuar como agentes antioxidativos por atuarem na neutralização das Substâncias Reativas de Oxigênio (ROS), prevenindo a peroxidação de lipídios (BORS et ai., 1989). As PA conjugadas são bons substratos para a peroxidase, que as utilizam para remover o H2O2 no apoplasto. Trabalhos têm mostrado que as PA 212 - FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS conjugadas são mais efetivas na atividade antioxidativa (EDREVA et ai., 2007). O efeito protetor das PA exógenas contra os danos dos superóxidos foi dependente da fonnação das fonnas conjugadas de P A. O efeito das PA nos estresses oxidativos, neutral izando as ROS, provavelmente, se deve às propriedades aniônicas e catiônicas, inibindo a peroxidação de lipídios das membranas, a reação oxidativa catalisada por metais e a produção de H2O2 pela ação da DAO e PÀO (GROPPA; BENA VIDES, 2008). A modulação dos níveis de PA em plantas protege-as contra os danos oxidativos causados pelo ozônio e seus derivados (GROPPA; BENA VIDES, 2008). O H2O2 produzido no catabolismo das PA pode ativar as respostas ao estresse oxidativo. Os estresses bióticos e abióticos promovem a produção das ROS nos tecidos vegetais, causando danos nas membranas e macromoléculas. Nessa situação, as PA parecem atuar como agentes antioxidantes, neutralizando os radicais livres e estabilizando as membranas (VELIKOVA et ai., 2000; ROY et ai., 2005; GROPPA; BENAVIDES, 2008). Segundo Hussain et ai. (2011 ), em uma abrangente revisão sobre o papel das PA no estresse oxidativo, concluíram que as plantas acumulam PA para neutralizar os radicais livres e para produzir os conjugados que são mais efetivos no papel antioxidante. Em tecido foliar de Brassica sp. em condições de estresse salino, a aplicação de Put awnentou a atividade das enzimas antioxidativas e de carotenoides, reduzindo o conteúdo de H2O2 e a peroxidação de lipídios das membranas (VERNA; MISHRA, 2005). e) Deficiência mineral e tolerância aos metais pesados A deficiência mineral é conhecida por alterar o metabolismo de PA (GROPP; BENA VIDES, 2008). Na deficiência de K+, é observado aumento da atividade da ADC, o que leva ao acúmulo de Putna planta, que está relacionado com as respostas da planta ao estresse (WATSON; MALMBERG, 1996). A deficiência de Mg2+, B e amônia em várias espécies também promove alteração nos níveis endógenos de PA (ARMENGAUD et ai., 2004; HOUDUSSE et ai., 2005; GROPPA; BENAVIDES, 2008). A produção de PA conjugadas também está associada com as respostas da planta à deficiência de minerais. O aumento do nível de Put, por ser um policátion, repõe 30% da perda catiônica representada pela deficiência de K+. A toxicidade por metais pesados também promove o acúmulo de PA, por exemplo, em plantas de girassol tratadas com Cd2+ e Cu2+ observou-se au mento da atividade da ADC e ODÇ, promovendo o acúmulo de Put e alterando POUAMINAS - 213 a atividade da DAO e PAO (GROPPA et ai., 2003). A aplicação de Spd e Spm reverteu os danos oxidativos causados por esses metais pesados, evitando a peroxidação lipídica e aumentando a atividade da glutationa redutase e da SOO (GROPPA et ai., 2001). Muitos trabalhos têm mostrado a relação entre a resposta da planta aos metais pesados como o Cu, Cd, Cr e AI. A presença desses metais na planta altera a atividade das enzimas antioxidativas, mas o exato significado fisiológico e molecular das PA, quanto à tolerância das plantas aos metais pesados, ainda é obscuro (ROYCHOUDHURY et ai., 2012). Muitos trabalhos mostram a existência de relação entre as PA e a tolerância aos metais pesados como, por exemplo, War et ai. (201 O), os quais, trabalhando com pereira (Pyrus communis L. 'Ballad'), observaram aumento na expressão de genes da Spd sintase, aumentando os níveis de Spd, que promove a tolerância aos metais pesados. Um dos papéis dos brassinosteroides (BR) na planta é na tolerância desta aos efeitos dos estresses abióticos (BAJGUZ, 2011). Choudhury et ai. (2012b) verificaram o efeito da aplicação de BR e PA em plantas de rabanete (Raphanus sativus L.) expostas a concentrações tóxicas de Cu. A aplicação de 24- epibrassinolídeo, um BR, e Spd modulou a expressão dos genes das enzimas de síntese das PA e genes das enzimas que atuam no metabolismo de ácido indolilacético (IAA) e ABA, resultando na tolerância ao estresse pela alta concentração de Cu. Wang et ai. (2012) elucidaram o envolvimento da Put e NO na tolerância ao AI, modulando a secreção de citrato pelas raízes de feijoeiro. f) Estresse mecinico As PA também atuam em plantas com alguma injúria mecânica como o observado em plantas de Arabidopsis sp. e Brassica napus L. com significativo aumento dos níveis de Put (COWLEY; WAL TERS, 2005). As enzimas DAO e PAO têm importante papel na cicatrização de ferimentos, uma vez que estas enzimas promovem a degradação de PA liberando H2O2 (ANGELINI et aJ., 201 O). Esse radical livre participa da síntese de lignina e suberina que serão depositadas na área ferida, promovendo a cicatriz.ação do tecido (ANGELINI et ai., 2008). g) Estresse biótico As formas conjugadas de PA estão envolvidas em eventos de sinalização molecular na interação planta-patógeno (MARTIN-TANGUY, 1987). Infecções virais promovem o acúmulo de Put conjugadas como a cumaroil-Put, dicu- 214 • FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS maroil-Put e cafeoil-Put que inibem a mu]tiplicação virai. A cumaroil-agmatina tem propriedades antifúngicas. O estresse promovido pela presença de micro-organismos promove o transporte de Spd para o apoplasto, onde será oxidada pela PAO, produzindo H202 que pode levar à ativação da morte celular programada {REAPE; McCABE, 2008). 10.6 • Regulação da ação de pollamlnas na planta Vários fatores internos e externos influenciam na síntese e na ação de PA e esse efeito parece ter ação direta nas enzimas de síntese, ADC, ODC e Spd sintase. 10.6.1 - Luz Em folhas destacadas de aveia, a atividade da ADC e ação da P A reduzem no escuro e aumentam em condições de luz branca. A mudança na ação de P A e na atividade da ADC não é consequência da alteração da taxa de crescimento. 10.6.2 • Estresse físico e químico A deficiência de K + promove o aumento da atividade da ADC em plântulas de aveia (YOUNG; GALSTON, 1984). O aumento da atividade da ADC e do nível de Put também é observado em condições de estresse osmótico, acidificação do meio, alto nível de NH4 + ou exposição a sei- e Cd2+. Sugere-se que esse acúmulo de Put não ocorre apenas devido ao aumento da atividade da ADC, mas também devido à redução da atividade da Spd sintase (DA VIES, 1995). 10.6.3 - Chllllng As injúrias promovidas pelo chi/ling aumentam significativamente os níveis de Put em frutos e vegetais; no entanto, ainda não está claro, se esse aumento da concentração de Put é uma_ resposta como forma de proteção ou se a Put é a causa das injúrias. Mas, muitos trabalhos têm mostrado que as P A protegem a integridade das membranas, durante o chil/ing. 10.6.4 • Calor e seca Altas temperaturas e seca promovem a produção de análogos à Spd e Spm, as chamadas·tennópoliaminas, nofespemidina (N-Spd) e norespermina (N Spm), que são PA·que mantêm a síntese de proteínas nessas condições. POLIAM/NAS· 215 10.6.5 - Estresse biológico A infecção por patógenos nas plantas promove o acúmulo de Put, promovendo a fonnação de Put conjugadas que inibem o desenvolvimento do patógeno (micro-organismos). Por outro lado, os micro-organismos, principalmente os fungos, apre sentam apenas uma via de síntese da Put, apenas a via da ODC, enquanto que as plantas apresentam duas vias, pela atividade da ODC e ADC. Assim, várias doenças causadas pelos micro-organismos podem ser controladas com a aplicação de DFMO, que inibe a síntese de Put, inibindo o crescimento do patógeno. 10.6.6 - Auxlnaa As auxinas promovem aumento de 4 vezes na atividade da ODC e aumento da atividade da ADC, promovendo a síntese e acúmulo de PA. Além disso, a apJicação de auxinas exógenas na planta promove aumento da ação das PA e síntese de macromoléculas, que induzem o crescimento do tecido vegetal. 10.6.7 - Glberellnas O crescimento de plantas-anãs é acompanhado pelo aumento da atividade da ADC e ação das PA, promovendo a divisão celular e o alongamento dos entrenós de ervilha. Em sementes de aveia, a GA e PA aumentam a atividade da ODC, promovendo a síntese de PA. 10.6.8 - Cltoclninas As citocininas promovem a biossíntese de PA e, também, aumentam a ação das PA. 10.6.9 - Etileno PA e etileno competem pelo mesmo precursor para as suas biossfnteses, a SAM, assim, um inibe a síntese do outro. PA exógenas inibem a síntese de etileno, promovida pela auxina, inibindo a passagem de ACC para etileno e, também, na passagem de SAM para ACC. O etileno inibe a atividade da ADC. 10.7 • Interação das pollamlnae com outros hormõnlos vegetais A Put está positivamente ligada à expressão de genes que regulam a biossíntese de ABA, mas inibe a síntese de etileno, jasmonatos e giberelinas. 216 • FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS A Spm aumenta a expressão de genes para a biossíntese de etileno e jasmonatos, mas inibe a síntese de giberelinas e ABA. A Spd regula positivamente os genes de sinalização dos hormônios vegetais, como os salicilatos., auxinas e citocininas. As PA modulam o transporte de íons do vacúolo e pela membrana plasmática, sendo a efetividade de transporte na seguinte sequência: Spm, Spd e Put. 10.8 - Conclusão Pelo exposto neste capítulo, pode-se verificar que as poliaminas participam de diferentes processos bioquímicos e fisiológicos essenciais para o desenvolvimento vegetal. Assim, apesar da concentração dessas substâncias ser maior do que a aceita para os hormônios vegetais, acredita-se que as poliaminas possam ser consideradas como um novo grupo hormonal. Apesar dos muitos estudos já concluidos, mais ainda precisa ser realizado para desvendar vários pontos ainda desconhecidos no papel das poliaminas nas plantas. Capítulo 11 FITOSSEROTONINAS A serotonina (5-hidroxitriptamina - SER) é um dos neurotransmissores maisbem estudados em vertebrados. Na década de t 950, a SER também foi encontrada em plantas de Mucuna pruriens (BOWDEN; BROWN; BA TTY, 1954). Além dessa planta, também foi observada a presença de serotonina em uma grande variedade de plantas nas raízes, caule, folhas, sementes e frutos (RAMAKRISHNA; GIRIDHAR; RAVISHANKAR, 201 t). A função da serotonina em plantas parece estar relacionada à regulação de crescimento, florescimento, exsudação de seiva do xilema, permeabilidade de fons e sistema de morfogênese de plantas. A sua função parece ser semelhante à ação das auxinas (RAMAKRISHNA; GlRIDHA.R; RA VISHANKAR, 2011). Em plantas de arroz, verificou-se que a serotonina auxilia na manutenção da integridade celular durante a senescência, facilitando a reciclagem de nutrientes em plantas. A biossíntese de serotonina ocorre via duas etapas enzimáticas (Figura 11. l ). Na primeira etapa, a enzima triptofano dcscarboxilase (TDC) catalisa a conversão do triptofano em triptamina. A enzima final desse processo, triptamina-5-hidroxilase (T,H), hidroxiliza a posição do carbono 5 da triptamina formando a serotonina (K.ANG et ai., 2009). H Trtptofano COOH H Trtptamlna H Serotonlna figura 11.1 - Rota blosslntétlca de aerotonlna Induzida durante• aenesc6ncla de folhas de arroz. Adaptado de Kang et ai. (2009). Capítulo 12 ESTRIGOLACTONAS Esta nova classe de hormônios vegetais foi descrita em 2008, via publicação na revista Nature, por dois grupos de pesquisadores, um japonês e outro francês (UMEHARA et. ai.; GOMEZ-ROLDAN et ai., 2008), em artigos separados. Esses novos hormônios foram batizados como estrigolactonas, que pertencem ao grupo dos terpenos, sendo derivados da degradação dos carotenos, especificamente do betacaroteno. Foram isolados inicialmente na década de setenta, da erva daninha Striga asialica. 12.1 - Descoberta e ação em plantas hemlparasitas As estrigolactonas (Figura 12.1) têm sido encontradas em exsudatos de raízes de diversas espécies de plantas. Aproximadamente 1 % das angiospennas (3.500 a 4.000 espécies) são hemiparasitas ou holoparasitas. Dessa forma,. dependem do hospedeiro para suprir parte de suas necessidades em água, nutrientes e fotossintatos (NICKRENT et al, 1998). O gênero Striga sp. possui plantas hemiparasitas que colonizam raízes das culturas de milho, sorgo e arroz. Esses hemiparasitas apresentam cloroplastos funcionais, porém oferecem apenas parte dos fotoassimilados necessários à planta. Dados recentes sugerem que em tomo de 50 milhões de hectares de cultivo a campo na região sul do Saara na África são infestados pelas plantas do gênero Striga com perdas anuais de 1 O bilhões de dólares (EJETA; GRESSEL, 2007). Em 1966, o estrigol e o estrigol acetato foram isolados primeiramente como estimulantes da germinação de sementes de Striga a partir de exsudatos de algodão. Recentemente foi descoberto que as estrigolactonas têm ação entre raízes e fungos micorrízicos arbusculares (AKIY AMA; MA TSUZAKI; HA Y ASHI, 2005), os quais facilitam a absorção de nutrientes pelas plantas. A síntese de estrigolactonas ocorre principalmente em raízes e envolve um precursor carotenoide sintetizado via rota do ácido mevalônico. As principais estrigolactonas de ocorrência natural são estrigol, sorgolactona, alectril e orobancol (Figura 12.2). 220- FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS Plan ln b ospetlelrn Scmcnk a e Figura 12.1 - Ciclo de vida da planta parasita Orobancher mlnor. (a) germinação de sementes estimulada por estrigolactonas secretadas pelo hospedeiro; (b, e, d) a planta parasita desenvolve um haustório que se liga à planta hospedeira, e (e) a planta parasita se desenvolve abaixo da superfície do solo por meses por Intermédio de tubérculos com posterior emergência do solo (XIAONAN; YONEYAMA; YONEYAMA, 2010). Estrigol Sorgolactona Alectril Orobancol Figura 12.2 - Principais estrlgolactonas de ocorrência natural. ESTRIGOLACTONAS - 221 O processo de interação entre a planta e o hospedeiro somente é possível quando ocorre sinalização entre a planta hospedeira e o parasita. Tal processo está relacionado às estrigolactonas (TAKEDA-KAMIY A et ai., 2008). Ini cialmente essas substâncias foram caracterizadas como estimulantes de genninação de sementes de plantas que apresentam rafzes parasitas como as espécies de Striga sp. e Orabanche sp. (HUMPHERY; BEALE, 2006). Dentre as principais funções desse hormônio, destaca-se o controle no desenvolvimento e arquitetura da parte aérea e raiz. 12.2- Arquitetura da parte aérea As plantas possuem uma homeostase de crescimento e desenvolvimento altamente reguJada para poder habitar ambientes inóspitos. Através disso, as mesmas adaptaram-se por meio do desenvolvimento de meristemas pluri potentes (BREWER; KOL T AI; BEVERIDGE, 2013). As ações dos meristemas em plantas são coordenadas pelos hormônios, especialmente as citocininas, auxinas, giberelinas, ácido abscfsico e estrigolactona. O controle da formação de ramificações envolve sinais hormonais que são enviados sentido acrópeto e basfpeto. O sinal mais estudado é aquele originado do ápice caulinar, o qual é produzido em folhas jovens da estrutura do caule principal de plantas e direcionado para o sistema radicular. Esse movimento é denominado basfpeto polar. A quantidade de auxina transportada reflete na decisão da diferenciação da gema lateral. O sinal da auxina como foi supracitado é apenas polar basf peto. Portanto, não pode ocorrer no sentindo inverso. Assim, outras classes honnonais como estrigolactonas e citocininas agem como mensageiros de longa distância no sentido acrópeto. As estrigolactonas inibem a diferenciação de gemas laterais (GOMEZ et al., 2008), enquanto que as citocininas induzem a diferenciação das mesmas. Ambas são reguladas pela auxina. Aparentemente as estrigolactonas e as citocininas atuam no gene Branchedu que é alvo específico para a formação de brotos. O modelo desenvolvido por Ferguson e Beveridge (2009) representa a ação desses três hormônios na diferenciação de gemas laterais em alguns estádios. De acordo com os autores, uma gema dormente necessita de um "gatilho" para se tomar receptiva a sinais e iniciar a diferenciação; nesse modelo, a retirada do ápice é considerado o gatilho, proporcionando assim a quebra da dominância apical. O crescimento ou inibição das gemas laterais é, nesse caso, influenciado pelo status de auxina e a força dreno relativa no interior da planta, além de 222 - FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS direta ou indiretamente afetar a capacidade de resposta a estrigolactona (ONGARO; LEYSER, 2008). A estrigolactona inibe a diferenciação da gema lateral enquanto que a citocinina promove. Em uma planta intacta, a auxina inibe a diferenciação das gemas laterais através de alta concentração de estrigolactona e baixa de citocinina (T ANAKA et ai., 2006). Baixo teor de nitrato também é um fator que pode atuar na manutenção de uma baixa concentração de citocininas e, consequentemente, reduzir o potencial de ramificações (TAKEI et ai., 2004). Dessa forma, para induzir a formação de ramificações, é necessário que a gema apresente uma redução na concentração de estrigolactona, independentemente da citocinina ou mesmo antes do aumento da produção desse honnônio. Também é necessário um decréscimo na produção do gene RAMOSUS (RMS) e incremento da expressão do gene IPT (isopentenil transferase). 12.3- Regulação no crescimento radicular Na formação de raízes laterais, a auxina é um regulador de crescimento chave onde a sua distribuição detennina o posicionamento, formação e alongamento da raiz lateral. As estrigolactonas podem afetar a formação de raízes laterais, por meio das alterações do efluxo de auxina na raiz, devido à sua interferência nos transportadores P/N que atuam no efluxo de auxina (KOLTAI et al, 2010). Similarmente, as citocininas afetam negativamente a formação de raízeslaterais, possivelmente devido à interferência no transporte lateral de auxina no primórdio radicular (BISHOPP; BENKOV A; HELARIUTT A, 2011 ). Assim, estrigolactonas e citocininas atuam de forma similar alterando a distribuição de auxinas nas raízes. As estrigolactonas também estão envolvidas nos processos de raízes laterais. Em condições normais de crescimento, as estrigolactonas reprimem a formação de raízes laterais (RUYTER-SPIRA et ai., 2011) e promovem alongamento de pelos radiculares (KAPULNIK et ai., 2011). 12.4 - Utlllzação no controle da Striga aslatlca A Striga asiatica é uma das plantas daninhas mais agressivas para as culturas de todo o mundo. Suas sementes permanecem no solo, sem germinar, por anos, genninando somente quando a planta hospedeira libera via raiz o estrigoJ, composto que a Striga sp. utiliza para o seu crescimento. O conhecimento deste hábito da Striga asiatica, levou a um interessante manejo que é a utilização do estrigoJ para eliminar essa planta não desejável, aplicando º ao solo e provocando, com isso, a sua germinação e o seu crescimento. Como ESTRJGOLACTONAS-223 não encontra a planta hospedeira, ocorre a morte da Stríga sp. Após esse fato é que os produtores fazem a semeadura das suas culturas, fato esse que viabiliza a produção agricol~ seja qual for a cultura de interesse. \umcnto da blo"inlr~ e e uulhçio tlr S)_,. Dr fic1r ntl11 dc:- I' r lou i\ .. ~l -1or ck111klldl' d~ r~ •••~rali Slln.bhac e•• Ntkto ctuch,-.cc4k •· fnlbl<(o d• t1mfflc~ da puc~ún• SlanblOlt ff Figura 12.3 - Funções daa estnoolactonu (SL) oblervada em pt.nta:s 1uperlon,1 em forma esquem6tica. 12.5 - Tole,rãncla a estreaae nutrlclon1t: fósforo e nitrogênio Em condições de baixas concentrações de fósforo no solo, as estri golactonas auxiliam as plantas na otimização e adaptação a essas condições de crescimento (KOHLEN et al, 2011 ). As estrigolactonas nessas condições inibem a fonnação de ramificações, aumentam o número de raízes latcra.is (RUYTER-SPLRA ct al., 2011) e aumentam a densidade de pelo radicular (MA YZISH-GA TI ct ai., 2012). Portanto, plantas que apresentam menores teores de estrigolactonas possuem menor capacidade de responder a baixos teores de fósforo no solo. Outros efeitos foram observados em ambientes com deficiencia de nittog!nio (YONEYAMA et ai., 2011). Parte VI METABOLISMO SECUNDÁRIO Capítulo 13 COMPOSTOS FENÓLICOS Compostos fenólicos são estruturas químicas oriundas de metabolismo secundário em plantas apresentando hidroxilas e anéis aromáticos em sua composição molecular. Estão envolvidos essencialmente no desenvolvimento vegetal, na adaptação às condições de estresses ambientais e na interação planta inseto. Possuem ações antioxidantes (agem como antioxidantes naturais) e são os compostos principais que conferem sabor e aroma a diferentes alimentos. Atuam também na proteção contra herbivoria, além de possuírem outras propriedades biológicas como, por exemplo, anti-inflamatória, antimicro biana, anticâncer, melhora no sistema cardiovascular e outras em função de sua organi7.aÇào molecular (OUTHIE; DUTHIE; KYLE, 2000; MIDDLE TON JUNIOR; KANDASWAMI; THEOHARIDES, 2000; CURIN; ANDRIANTSITOHAINA, 2005). Todos os compostos fenólicos dividem a mesma via metabólica. Sua síntese ocorre em duas rotas do metabolismo secundário, a via do ácido chiquímico e a via do ácido malônico. Pela via do ácido chiqufmico, ocorre a síntese da maioria dos compostos fenólicos e pela via do ácido malônico, ocorre a síntese dos flavonoides. A via do ácido chiquímico tem início pela reação da eritrose 4-P, originada da via pentose-P, com o ácido fosfoenol-pirúvico (PEP), resultante da glicólise, na produção do ácido chiqu&nico (Figura 1.9). A partir do ácido chiquimico pode ocorrer a síntese da fenilalanina que iniciará a síntese da maioria dos compostos fenólicos. Devido à diversidade estrutural, principalmente em razão de diferentes combinações ocorrentes naturalmente pelas plantas, que podem modificar os esqueletos carbônicos básicos de compostos fenólicos simples para elaborar compostos mais complexos, são categorizadas em classess conforme apre... sentado na Tabela 13.1 e os compostos resultantes dessas combinações denominam-se de polifenóis, com destaque para os flavonoides (HARBORNE, 1989; RAMARATHNAM et al., 1995). 228 - FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS Tabela 13.1 - Algumas classes de compostos fenólicos em plantas. Adaptado de Angelo e Jorge, (2007). Classes Fenólicos simples, benzoquinonas Ácidos hidroxibenzoicos Acetofenol, ácidos fenllacético Ácidos hidroxicinãmicos, fenilpropanoides Naftoquinonas Xantonas Estilbenos, antoquinonas Flavonoides, isoflavonoides Lignanas, neolignanas Biflavonoides Ligninas Taninos condensados Estrutura C6 C6-C1 C6-C2 C6--C3 C6-C4 C6--C1--C6 C6-C2-C6 C6-C3-C6 (C6-C3)2 (C6-C3--c6)2 (C6-C3)n (C6--c3--c6)n • C6 indica um anel benzênico, C3 uma cadeia de três carbonos e C2 uma cadeia de dois carbonos. 13.1 - Ácidos fenólicos Os ácidos fenólicos são os principais polifenóis produzidos pelas plantas. Caracterizam-se por possuírem um anel benzênico, um grupamento carboxílico e um ou mais grupamentos de hidroxila e/ou metoxila na molécula. Possuem diversas funções biológicas desde germinação de sementes, alongamento celular a enraizamento de estacas, mas destacam-se, principalmente, pela sua ação na interação planta-micro-organismos com ação antimicrobiana devido a essa composição molecular (MANDAL; CHAKRABORTY; DEY, 2010). São incorporados à parede celular das plantas em resposta ao estresse biótico com um aumento do fluxo pela via metabólica dos fenilpropanoides que resultam na síntese dos ácidos hidroxicinâmicos e nos derivados de ácidos benzoicos que são esterificados e incorporados a uma fração da parede celular (ASCENSAO; DUBERY, 2003). Exemplos de ácidos fenólicos: ácido salicílico, ácido p-hidroxibenzoico, ácido gálico, ácido p-cumárico, ácido o-cumárico, ácido cafeico, ácido ferúlico, ácido clorogênico e ácido sinápico. 13.1.1 - Efeitos fiaiológlcos (i) Alongamento celular Os ácidos fenólicos podem promover ou inibir o alongamento celular, dependendo do tipo de ácido fenólico. Assim, estes podem ser divididos em dois COMPOSTOS FENÓLJCOS - 229 grupos com relação ao número de hidroxilas (OH) ligadas à sua molécula (COLL et ai., 2007): a) orto-di-hidroxi e tri-hidroxifenólicos: como o ácido cafeico, ácido clorogênico e ácido gálico (Figura 13.1 ). Estes ácidos fenólicos inibem a atividade do sistema IAA-ox:idase e, dessa fonna, mantêm a con centração de auxinas no tecido vegetal e promove o alongamento celular. OH Ácldoca~lco Ácido clorogênko Ácldopllco Figura 13.1 - Estrutura qulmica de ácidos fenóllcos: orto-di-hldroxi e tri-hidroxifenóllcos. b) Mono-hidroxifenóis: os ácidos p-cwnar1co, ferúlico e o-cumárico (Figura 13 .2) aumentam a atividade do sistema IAA-oxidase e, assim, promovem a oxidação da auxina. Consequentemente, reduzem o seu nível nos tecidos vegetais e inibem o alongamento celular. CHCHCOOH OH ÓCH•CH-COOH Acw. ....... Figura 13.2. Estrutura qulmlca de ácidos fenóllcoa: mono-hidroxlfenóllcos. (li) Germinação de sementes Os ácidos fenólicos previnem a viviparidade, inibindo a atividade das enzimas glicose-6-deidrogenase, aldolase e glicose-6-isomerase. o ácido o-cumárico e o ácido ferúlico são encontrados em altos nf veis no solo e inibem a germinação de sementes de outras espécies (alelopatia). 230- FISIOLOGIA VEGETAL: REGULADORES VEGETAIS (ili) Enraizamento de estacas Os ácidos fenólicos do grupo dos orto-di-hidrioxi e tri-hidroxifenólicos, por manterem os níveis de auxinas nas estacas caulinares, podem promover o enraizamento das mesmas, enquanto os mono-hidroxifenólicos inibem. (iv) Alelopatia As plantas podem liberar ácidos fenólicos, como o ácido cafeico e o ácido ferúlico, no meio pelas folhas e raízes