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CASO
2 0 1 8 – 2 0 2 3
ESTUDOS
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2
Índice
Introdução 7
Reclamações de solicitação de acesso 8
Estudo de caso 1: Resposta tardia a um pedido de acesso
(lei aplicável — RGPD e Lei de Proteção de Dados de
2018) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Estudo de caso 11: Falha em responder integralmente a uma
solicitação de acesso. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
158 Estudo de caso 12: Acesso a imagens de CFTV . . . . . . . . . . . .
Estudo de caso 2: Solicitação de acesso ao clube de golfe para
CFTV (Lei aplicável — GDPR e Lei de Proteção de Dados de
2018) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Estudo de caso 13: Obrigação de fundamentar a
recusa de acesso a dados pessoais . . . . . . . . 16
8
Estudo de caso 14: Expressões confidenciais de opinião e
solicitações de acesso a assuntos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Estudo de caso 3: Nenhuma resposta recebida à solicitação de
acesso do sujeito (Resolução Amigável). . . . . . . . . . . . . .
16
9
Estudo de caso 15: Solicitações de acesso e material legalmente
privilegiado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Estudo de caso 4: Privilégio legal invocado para reter dados
pessoais (reclamações de solicitação de acesso) . . . . . . . .
17
10
Estudo de caso 16: Processamento no contexto de uma investigação
no local de trabalho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Estudo de caso 5: Conteúdo ausente em uma solicitação de
acesso (Resolução Amigável) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
18
10
Estudo de caso 17: Base jurídica para o tratamento e
segurança do tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Estudo de Caso 6: Solicitações de identificação no
atendimento a solicitações de acesso (Resolução Amigável)
20
11
Estudo de caso 18: Acesso à informação relativa à avaliação
de crédito de um banco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Estudo de caso 7: Solicitação de filmagem de reunião on-
line (reclamações de acesso) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
21
12
Estudo de caso 19: Divulgação, retirada de consentimento para
processamento e solicitação de acesso do sujeito. . . . . . . . . . . .Estudo de caso 8: Isenções aplicadas a imagens de CCTV
(reclamações de acesso). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
22
13
Estudo de caso 20: Decisão do artigo 60.º relativa ao Airbnb
Ireland UC — Resposta atrasada a um pedido de acesso e a
um pedido de eliminação . . . . . . . . . . . . . . . . .
Estudo de caso 9: Falha na resposta a uma solicitação de acesso 13
Estudo de caso 10: Falha na resposta a uma solicitação de acesso
(II) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
23
Precisão 24
Estudo de caso 21: Direito ao pedido de retificação a um grupo
de cuidados de saúde (Lei Aplicável — RGPD e Lei de Proteção
de Dados de 2018) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Estudo de caso 23: Prova de identificação e minimização de
dados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2724 Estudo de caso 24: Precisão dos dados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Estudo de caso 22: Informações imprecisas mantidas em um
sistema bancário. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
Reclamações transfronteiriças 28
Estudo de caso 25: Tratamento da reclamação de um titular de
dados irlandês contra a Cardmarket, com sede na Alemanha,
usando o mecanismo GDPR One Stop Shop (lei aplicável —
GDPR e Lei de Proteção de Dados de 2018) . . . . . . . .
Estudo de caso 26: A operação do Procedimento do Artigo
60 em reclamações transfronteiriças: Groupon . . . . 29
Estudo de caso 27: Resolução amigável em reclamações
transfronteiriças: MTCH . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .28 30
3
Estudo de caso 28: Resolução amigável em reclamações
transfronteiriças: Facebook Ireland . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Estudo de caso 32: Resolução amigável em reclamações
transfronteiriças — Yahoo EMEA Limited . . . . . . . . . . . . . . . .31 36
Estudo de caso 29: Não resposta do artigo 60.º a um pedido
de acesso da Ryanair. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Estudo de caso 33: TikTok e cooperação com outras autoridades
de proteção de dados da UE. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .32 37
Estudo de caso 30: Resolução amigável em reclamações
transfronteiriças — pedido de acesso à Airbnb. . . . . . . . . . . .
Estudo de caso 34: Pedido de apagamento ao Tinder por titular
de dados grego, tratado pela DPC como Autoridade Supervisora
Principal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
34
Estudo de caso 31: Resolução amigável em reclamações
transfronteiriças: Google (YouTube) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
37
35 Estudo de caso 35: Reclamação transfronteiriça resolvida
através do procedimento de cooperação da UE. . . . . . . . . . . . . . . 38
Notificação de violação de dados 40
Estudo de caso 36: Falha na implementação das políticas de
proteção de dados em vigor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Estudo de Caso 46: Dados bancários de notificação de violação (Setor
Financeiro) enviados por WhatsApp. . . . . . . . . . . . . . . . . . .40 44
Estudo de caso 37: Dispositivo USB não criptografado perdido
no correio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Estudo de caso 47: Notificação de violação (12 cooperativas de crédito) Erro
de codificação do processador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .40
41
41
41
42
42
44
45Estudo de caso 38: Phishing de sites . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Estudo de caso 39: Perda de arquivos em papel em trânsito . . . . . . . . .
Estudo de caso 40: Ataque de troca de SIM . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Estudo de caso 41: Perda de controle de arquivos em papel . . . . . . . .
Estudo de caso 42: Ataque de ransomware . . . . . . . . . . . . . . .
Estudo de caso 48: Violações semelhantes repetidas . . . . . . . . .
Estudo de caso 49: Divulgação não autorizada decorrente de
videoconferência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
46Estudo de caso 50: Divulgação devido a e-mail mal direcionado.
Estudo de caso 51: Descarte inadequado de materiais por
uma instituição educacional. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
Estudo de caso 43: Divulgação de imagens de CCTV através das
redes sociais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42 Estudo de caso 52: Endereços de e-mail divulgados por correio
de grupo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
47
Estudo de caso 44: Notificação de violação (setor voluntário)
— Ataque de ransomware. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43 Estudo de caso 53: Ataque de engenharia social. . . . . . . . . . .
Estudo de caso 45: Notificação de violação (setor público)
Publicação errônea no Twitter . . . . . . . . . . . . . . . . .
Estudo de caso 54: Dados imprecisos que conduzem a um risco
potencial elevado resultante de dados imprecisos da Central de
Responsabilidades de Crédito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
43
48
48Estudo de caso 55: Hacking de e-mail de terceiros. . . . . . . .
Divulgação/Divulgação Não Autorizada 50
Estudo de caso 56: Informações financeiras enviadas erroneamente
para um restaurante (Lei aplicável — Leis de Proteção de Dados de
1988 e 2003 (as Leis)) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Estudo de caso 60: HospitalHSE/Agência de Saúde . . . . 53
Estudo de caso 61: Divulgação não autorizada de registos de
faturação eletrónica de telemóveis, contendo dados pessoais,
por uma empresa de telecomunicações, ao antigo empregador
do titular dos dados (Lei aplicável: Leis de proteção de dados de
1988 e 2003 (“as Leis”)). . . . . . . . . . . . . . . . . .
50
Estudo de caso 57: Violação de dados de OSC — Divulgação de
dados P45 (lei aplicável — Leis de proteção de dados de 1988 e
2003) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 54
Estudo de caso 58: Transcrição do chat web da Ryanair enviada a
outro cliente (Lei aplicável — GDPR e Lei de Proteção de Dados
de 2018) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Estudo de caso 62: Suposta divulgação de dados pessoais do
reclamante por uma autoridade local (Queixa de Violação de
Dados) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .52 55
Estudo de caso 59: Transmissão de dados por um
departamento governamental via WhatsApp (Lei aplicável —
Leis de Proteção de Dados de 1988 e 2003 (as Leis))
Estudo de caso 63: Divulgação não autorizada em ambiente
de trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
52
4
Estudo de caso 64: Falta de medidas de segurança
adequadas, divulgação não autorizada num ambiente de
trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Estudo de caso 69: Divulgação por uma cooperativa de crédito dos
dados pessoais de um membro a uma empresa de investigações
privadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .57
58
58
61
Estudo de caso 65: Divulgação sem consentimento. . . . . . . . .
Estudo de caso 66: Divulgação de dados confidenciais . . . . . . . . .
Estudo de caso 70: Divulgação do nome e número de telemóvel
de um jornalista por uma figura pública . . . . . . . . . . . 62
Estudo de caso 67: Divulgação de extratos de conta por um
banco ao representante de um titular de conta conjunta
Estudo de caso 71: Divulgação de dados pessoais e
financeiros a terceiros e pedido de apagamento . . . . . . . . . .59 63
Estudo de caso 68: Divulgação e publicação não autorizada
de uma fotografia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Estudo de caso 72: Divulgação de dados pessoais (Lei
Aplicável — GDPR e Lei de Proteção de Dados de
2018) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
60
64
Estudo de caso 73: Medidas de segurança apropriadas para dados de
saúde enviados por e-mail. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
Marketing Direto Eletrônico 66
Estudo de caso 74: Acusação da Viking Direct (Ireland)
Limited . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Estudo de caso 81: Processo da Cari's Closet Limited . . 70
66 Estudo de caso 82: Acusação da Shop Direct Ireland
Limited T/A Littlewoods Ireland . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Estudo de caso 75: Processo de Clydaville Investments
Limited, T/A The Kilkenny Group . . . . . . . . . . . . . . . . . .
71
67 Estudo de caso 83: A Vodafone busca detalhes de emprego
dos clientes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Estudo de caso 76: Acusação da DSG Retail Ireland
Limited . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
71
67 Estudo de caso 84: Processo de Three Ireland
(Hutchison) Limited (ePrivacy) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Estudo de caso 77: Acusação da Vodafone Ireland
Limited . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
72
68 Estudo de caso 85: Acusação da Vodafone Ireland
Limited (ePrivacy) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Estudo de caso 78: Processo contra Starrus Eco Holdings
Limited, T/A Panda e Greenstar . . . . . . . . . . . . . . . . .
72
7369 Estudo de caso 86: Acusação da Guerin Media Limited
Estudo de caso 79: Acusação da Vodafone Ireland
Limited . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Estudo de caso 87: Acusação da Vodafone Ireland
Limited . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .69
70
73
Estudo de caso 80: Acusação da Just-Eat Ireland Limited
Apagamento 74
Estudo de Caso 88: Retenção de dados pessoais de menores
por uma Agência Estatal (Resolução Amigável) (Lei Aplicável
— Leis de Proteção de Dados, 1988 e 2003) . . . . . . .
Estudo de caso 96: Solicitação de apagamento e dependência do
Código de Defesa do Consumidor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
8074 Estudo de caso 97: Envolvimento dos cobradores de dívidas . . . . . . . . .
Estudo de caso 89: Pedido de exclusão feito ao motor de
pesquisa na Internet (Lei Aplicável — RGPD e Lei de Proteção de
Dados de 2018) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Estudo de caso 98: Retenção de dados por um banco relativos a
um pedido de empréstimo retirado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
74
75
Estudo de caso 99: Processamento ilegal e solicitação de
apagamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Estudo de caso 90: Direito ao esquecimento (Microsoft) . . . .
Estudo de caso 91: Solicitação de acesso e apagamento (Pinterest) 76
Estudo de caso 92: Direito ao esquecimento (Microsoft) . . . .
82
Estudo de caso 100: Processamento ilegal de fotografia e
pedido de apagamento nos termos do artigo 17.º do RGPD
(Lei Aplicável — RGPD e Lei de Proteção de Dados de
2018) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
77
Estudo de caso 93: Resolução amigável — direito ao
apagamento e conteúdo gerado pelo utilizador . . . . . . . . . . . . . . 77 83
Estudo de caso 94: Resolução amigável numa reclamação
transfronteiriça — direito ao apagamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Estudo de caso 101: Decisão do Artigo 60 relativa à Empresa
Internacional do Twitter — Solicitação de ID, Solicitação de
Apagamento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
78
84
Estudo de caso 95: Resolução amigável — direito ao apagamento 78
5
Diretiva de aplicação da lei (LED) 86
Estudo de caso 102: Restrições de dados — dados de terceiros;
parecer emitido confidencialmente (Diretiva relativa à aplicação
da lei) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Estudo de caso 105: Restrições de dados — processos
pendentes (Diretiva de aplicação da lei) . . . . . . . . . . . . . . 87
86 Estudo de caso 106: Restrições de acesso (Diretiva de
aplicação da lei) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Estudo de caso 103: Restrições de dados — ausência de
consentimento de todas as partes (Diretiva de Aplicação da Lei)
88
8986 Estudo de caso 107: Diretiva de aplicação da lei (LED) . . .
Estudo de caso 104: Limitação da finalidade — Diretiva de
aplicação da lei . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
Objeção ao Processamento 90
Estudo de caso 108: Uso de dados de localização para verificar
declarações de despesas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Estudo de caso 115: Tratamento necessário para efeitos de
interesses legítimos prosseguidos por um responsável pelo
tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
90
Estudo de caso 109: Obtenção justa de reclamação contra
um clube de golfe. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
97
91 Estudo de caso 116: Processamento necessário para
efeitos de execução de um contrato . . . . . . . . . . . . .Estudo de caso 110: Processamento ilegal resultante de
erro de faturação (Lei aplicável — Leis de proteção de dados
de 1988 e 2003 (as Leis)) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
98
Estudo de caso 117: Processamento justo elegal de
imagens CCTV de um cliente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .91
92
99
Estudo de caso 111: Receptores e processamento justo . . . . . . Estudo de caso 118: Processamento e divulgação ilegais de
dados de categorias especiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Estudo de caso 112: Publicação não autorizada de
fotografia (Resolução Amigável) . . . . . . . . . . . . . . . .
100
94 Estudo de caso 119: Processamento ilegal de dados de
categorias especiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Estudo de Caso 113: Processamento de imagens de cerimónia
fúnebre pela igreja paroquial (Resolução Amigável) . . . . .
101
95 Estudo de caso 120: Tratamento leal de dados pessoais (Lei
Aplicável — RGPD e Lei de Proteção de Dados de
2018) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Estudo de caso 114: Processamento adicional para uma finalidade
compatível . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96 101
Limitação de finalidade 104
Estudo de caso 121: Utilização de CFTV no local de trabalho . . . . . . 104 Estudo de caso 122: Processamento de dados de categorias especiais 105
Transparência 106
Estudo de caso 123: Fornecimento de imagens CCTV por um bar
a um empregador (lei aplicável — Leis de Protecção de Dados
de 1988 e 2003 (as Leis)) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Estudo de caso 125: Processamento de dados de saúde . . . . . . . . . 108
Estudo de caso 126: Uso de dados do cartão magnético do
funcionário para fins disciplinares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .106 109
Estudo de Caso 124: Confiança no consentimento na utilização
de fotografias de crianças sob a forma de material promocional
por uma Agência Estatal (Lei Aplicável — Leis de Protecção de
Dados de 1988 e 2003) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
Índice 110
6
Introdução
A missão da Comissão de Proteção de Dados (DPC) é
defender a aplicação consistente da lei de proteção de dados
através do envolvimento, supervisão e aplicação, e promover
o cumprimento da legislação de proteção de dados. A DPC
reconhece que um pilar fundamental para o sucesso desta
missão é apoiar as organizações e promover a conformidade.
Para alcançar este resultado, a DPC comprometeu-se a
publicar regularmente estudos de caso que ilustrem como a
lei de protecção de dados é aplicada, como o incumprimento
é identificado e como são impostas medidas correctivas. Nos
últimos cinco anos, desde a introdução do Regulamento
Geral de Proteção de Dados (RGPD), a DPC publicou estudos
de caso detalhados.
ESTUDOS DE CASO 7
Solicitação de acesso
Reclamações
ESTUDO DE CASO 1
Resposta tardia a uma solicitação de acesso
(Lei aplicável — GDPR e Lei de Proteção de Dados de 2018)
O Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD) impõe
prazos aos responsáveis pelo tratamento de dados para
responder aos pedidos dos titulares dos dados quando estes
exercem os seus direitos. No caso de um titular dos dados
que solicitou a gravação de uma chamada telefónica
realizada entre o titular dos dados e a linha do operador de
atendimento ao cliente de uma empresa tecnológica
multinacional para dar seguimento a uma reclamação de
atendimento ao cliente, foi apresentada reclamação ao
Departamento de Proteção de Dados. Comissão (DPC) que o
pedido de acesso apresentado nos termos do artigo 15.º do
RGPD não foi processado dentro do prazo estabelecido pelo
RGPD.
Após a recepção da reclamação, a DPC contactou a empresa em
causa para a informar da reclamação e para averiguar se havia
alguma acção que gostaria de tomar relativamente a este
assunto. A empresa respondeu ao titular dos dados com cópia da
chamada telefónica solicitada e, consequentemente, o titular dos
dados ficou satisfeito com a resolução amigável da reclamação.
Com base nas circunstâncias deste caso individual, a DPC não
considerou necessária nenhuma ação regulatória adicional.
ESTUDO DE CASO 2
Pedido de acesso ao clube de golfe para CCTV
(Lei aplicável – GDPR e Lei de Proteção de Dados de 2018)
Em novembro de 2018, recebemos uma reclamação de um titular de
dados relativamente a um pedido de acesso aos seus dados pessoais,
incluindo imagens de CCTV para uma determinada hora e data,
efetuado a um clube de golfe, o responsável pelo tratamento dos
dados.
O titular dos dados forneceu-nos uma correspondência inicial do
clube de golfe perguntando-lhe por que razão necessitava das
imagens e correspondência subsequente informando-o de que
tinha descoberto um problema com o software do sistema CCTV e
não lhe foi possível fornecer as imagens solicitadas.
8 ESTUDOS DE CASOS DA COMISSÃO DE PROTEÇÃO DE DADOS
Esta reclamação foi considerada potencialmente capaz de ser resolvida
amigavelmente nos termos da Seção 109 da Lei de Proteção de Dados
de 2018.
empresa que descreveu os problemas com o sistema CCTV,
incluindo o fato de que o disco rígido do sistema CCTV falhou e o
sistema não estava em uso há algum tempo. A DPC ficou
satisfeita com a explicação técnica fornecida e o clube de golfe
concordou que esta carta pudesse ser partilhada com o
queixoso. O queixoso ficou satisfeito com a explicação, o que
conduziu a uma resolução amigável. Este caso ilustra que mesmo
quando trabalha no sentido de facilitar ou arranjar uma
resolução amigável de uma reclamação, a DPC ainda espera a
responsabilização por parte do responsável pelo tratamento ou
subcontratante e examinará minuciosamente as explicações e
razões dadas quanto ao incumprimento das suas obrigações em
a fim de garantir que a posição apresentada seja verificável e
demonstrável.
Como parte do processo de resolução amigável, solicitamos
uma explicação do clube de golfe sobre o motivo pelo qual o
CCTV solicitado não pôde ser fornecido ao reclamante. O
clube de golfe informou-nos que o seu sistema CCTV não
estava operacional na data para a qual o titular dos dados
solicitou imagens, e que tal só foi descoberto quando
procurou dar cumprimento ao pedido de acesso. A DPC não
ficou satisfeita com a generalidade desta explicação e exigiu
uma explicação escrita mais detalhada sobre as questões que
afectam o CCTV, que também poderia ser partilhada com o
queixoso. Em resposta a este pedido, recebemos uma carta
da segurança do clube de golfe
ESTUDO DE CASO 3
Nenhuma resposta recebida à solicitação de acesso do
sujeito (Resolução Amigável)
A DPC recebeu uma reclamação de um indivíduo relativamente a
um pedido de acesso feito por ele a um responsável pelo
tratamento de dados, uma casa de leilões cuja plataforma o
reclamante utilizou para vender mercadorias, para obter uma
cópia de todas as informações relativas aos mesmos. Nenhuma
resposta foi recebida do controlador de dados, apesar do
indivíduo ter emitido dois lembretes subsequentes.
Depois de examinar a questão minuciosamente, ficou evidente para a DPC
que o responsável pelo tratamento de dados violou o artigo 12.º, n.º 3, do
RGPD, uma vez que os responsáveis pelo tratamento têm a obrigação de
fornecer uma resposta ao pedido de acesso do titular do indivíduo dentro
do prazo legal estabelecido no artigo 12.º do GDPR, mesmo quando o
responsável pelo tratamento não estiver na posse de tais dados.
No que diz respeito ao pedido de acesso do indivíduo, não se justificava qualquer
ação adicional sobre este assunto, uma vez que não havia provas que sugerissem
que quaisquer dados relativos ao indivíduo fossem detidos pelo responsável pelo
tratamento dos dados. A DPC emitiu um conselho ao responsável pelo tratamento
de dados, lembrando-lhe as suas obrigações especificamente nos termos dos
artigos 12.º e 15.º e a obrigação de fornecer informações sobre as ações tomadas
em relação a um pedido de acesso do titular, mesmo em circunstâncias em que tal
seja para informar um indivíduo de que não o faz. não contém nenhum dado.
Esta reclamação foiidentificada como potencialmente suscetível de
resolução amigável ao abrigo da Secção 109 da Lei de Proteção de
Dados de 2018, tendo tanto o reclamante como o responsável pelo
tratamento de dados concordado em trabalhar com a DPC para tentar
resolver a questão amigavelmente. O responsável pelo tratamento de
dados contactou a DPC sobre o assunto e informou-nos que, embora
tivesse anteriormente uma relação comercial com o indivíduo em 2016,
não detinha qualquer informação relativa a ele, uma vez que tinha
instalado um novo sistema em maio de 2018, e nenhum dado foi
mantido antes disso. Informou ainda à DPC que havia destruído todos
os arquivos em papel e que seus assessores jurídicos informaram que
não era obrigatório retê-los.
O responsável pelo tratamento também forneceu à DPC capturas de tela do
seu sistema eletrônico dos resultados de uma pesquisa pelo nome da
pessoa, que não identificou nenhum resultado a ser exibido. O artigo 12.º,
n.º 3, do RGPD estabelece que “o responsável pelo tratamento fornecerá
informações sobre as medidas tomadas relativamente a um pedido nos
termos dos artigos 15.º a 22.º ao titular dos dados, sem demora injustificada
e, em qualquer caso, no prazo de um mês a contar da receção do pedido”.
ACESSE q UEST RECLAMAÇÕES 9
ESTUDO DE CASO 4
Privilégio Legal invocado para reter dados pessoais
(Reclamações de Solicitação de Acesso)
A DPC tratou de um caso que dizia respeito ao
requerimento de um indivíduo a um hospital para obter
seus dados pessoais. Este indivíduo instruiu o seu
advogado em relação a uma ação de negligência contra o
hospital decorrente dos cuidados que recebeu.
retido. Através do processo de tratamento de reclamações, a DPC
estabeleceu que as declarações dos funcionários foram preparadas
no decurso de uma revisão interna do hospital sobre os cuidados
prestados ao paciente.
A DPC solicitou a visualização — de forma voluntária — da
documentação retida ao indivíduo em resposta à solicitação
de acesso, a fim de se certificar de que seu conteúdo e
elegibilidade para isenção de liberação foram validamente
aplicados. Nas circunstâncias em que a declaração foi
preparada para o propósito principal de uma revisão interna
e nenhum litígio foi iniciado ou ameaçado na data da criação
das declarações, a DPC não ficou convencida de que o
privilégio de litígio se aplicava e determinou que elas fossem
liberadas.
No momento em que o indivíduo apresentou a queixa, a DPC,
através do seu advogado, o hospital já tinha divulgado alguns
registos médicos, mas o indivíduo informou que aguardavam
notas não clínicas, que o hospital se recusava a divulgar com
base no facto de estarem sujeitos a privilégio de litígio.
Especificamente, o indivíduo (que foi representado pelo seu
advogado na queixa apresentada à DPC) era de opinião que
várias declarações do pessoal tinham sido
ESTUDO DE CASO 5
Conteúdo ausente em uma solicitação de
acesso (Resolução Amigável)
A DPC recebeu uma reclamação de um indivíduo relativamente a
um pedido de acesso do titular feito por ele a um responsável
pelo tratamento de dados para obter uma cópia de todas as
informações que lhe dizem respeito. O responsável pelo
tratamento dos dados estava envolvido na gestão do parque de
estacionamento e surgiu um litígio na sequência do bloqueio do
veículo do indivíduo. O incidente de aperto foi objeto de recurso
para a Autoridade Nacional dos Transportes. O indivíduo não
recebeu nenhuma resposta do controlador de dados.
Posteriormente, o controlador de dados forneceu a este escritório um
relatório da empresa, que hospeda seus serviços de e-mail, mostrando
que o e-mail em questão foi recebido, mas foi colocado em
quarentena como suspeita de spam e não chegou a nenhuma das
caixas de correio pretendidas nem foi aberto por qualquer pessoa
dentro a organização .
Este e-mail foi excluído automaticamente de seus servidores após
14 dias. O responsável pelo tratamento também forneceu capturas
de tela das pesquisas realizadas em cada uma das caixas de
correio pretendidas, que não retornaram o e-mail em questão.
O indivíduo recebeu posteriormente os seus dados pessoais,
mas não considerou que os dados que lhe foram fornecidos
estavam completos. Após a intervenção da DPC, foram
realizadas novas pesquisas e o responsável pelo tratamento
identificou dados adicionais que foram divulgados ao
indivíduo.
O artigo 12.º, n.º 3, do RGPD estabelece que “o responsável pelo tratamento
deve fornecer informações sobre as medidas tomadas relativamente a um
pedido nos termos dos artigos 15.º a 22.º ao titular dos dados, sem demora
injustificada e, em qualquer caso, no prazo de um mês a contar da receção do
pedido”.
Depois de examinar a questão minuciosamente, ficou evidente para a
DPC que o responsável pelo tratamento dos dados não cumpriu as
suas obrigações nos termos do artigo 12.º, n.º 3, do RGPD, uma vez
que tinha a obrigação de fornecer uma resposta ao pedido de acesso
do titular do indivíduo dentro do prazo legal. , e os dados fornecidos
ao indivíduo neste caso foram fornecidos
O indivíduo permaneceu insatisfeito porque não recebeu uma cópia de
um determinado e-mail, que havia enviado ao controlador de dados.
Afirmaram que era importante para o seu recurso que pudessem
provar que o responsável pelo tratamento dos dados tinha recebido o
correio electrónico em questão.
10 ESTUDOS DE CASOS DA COMISSÃO DE PROTEÇÃO DE DADOS
fora deste prazo. Relativamente ao e-mail, que foi colocado em
quarentena pelo sistema do responsável pelo tratamento, ficou
claro que este e-mail não existia no momento em que foi feito o
pedido de acesso. Ao tomar decisões sobre a quarentena de e-
mails, o controlador deve ter a devida consideração
às obrigações de segurança, em conformidade com o artigo 32.º,
mas também garantir que não infrinja os direitos dos indivíduos.
Neste caso, não houve interferência de nenhum direito aparente
durante a quarentena inicial e exclusão do e-mail em questão.
ESTUDO DE CASO 6
Pedidos de identificação na resposta a
pedidos de acesso (Resolução Amigável)
Foi recebida uma reclamação de um indivíduo que apresentou
um pedido de acesso a um hotel (o responsável pelo tratamento
de dados) para obter uma cópia de todas as informações que
lhe dizem respeito. O hotel solicitou ao solicitante que
fornecesse uma cópia da conta de serviços públicos e uma cópia
do documento de identidade com foto verificado pela An Garda
Síochána. A DPC solicitou ao responsável pelo tratamento que
expusesse as preocupações específicas que tinha em relação à
identidade do requerente nos casos em que o endereço postal e
o endereço de e-mail utilizados pelo requerente eram os
mesmos que os fornecidos por ele durante o processo de
reserva e check-in. no hotel. Os dados foram posteriormente
divulgados ao solicitante.
Tendo em conta o princípio geral da minimização dos dados, procurar
mais informações do que as já detidas como meio de provar a
identidade será provavelmente desproporcionado . Um pedido de
identificação oficial só será provavelmente proporcional para validar a
identificação quando a categoria de informação
relativos a esse indivíduo são de natureza sensível e onde as informações
constantes do documento de identidade oficial podem ser corroboradas
com os dados pessoais já detidos pelo responsável pelo tratamento, como
foto, endereço ou data de nascimento.
As categorias de dados pessoais mantidos e a probabilidade dos
riscos associados à sua divulgação devem ser consideradas caso a
caso para determinar o nível mínimo de informação exigido.
Quando não forem mantidos dados pessoais de categoria
especial, a confirmação do endereço poderá ser suficiente.
Nos casos em que exista de facto uma categoria especial de pessoal,
poderão ser proporcionadas informações adicionais, mas apenas
aquelas que sejam suficientes para confirmar a identidade, tendo
em conta os dados jáem tratamento.
Em relação à abordagem geral de pedido de identificação quando os
titulares dos dados procuram exercer os seus direitos, os responsáveis
pelo tratamento apenas devem solicitar a quantidade mínima de
informações adicionais necessárias e proporcionais para provar a
identidade do requerente. A procura de prova de identidade seria
menos apropriada quando não houvesse dúvidas reais sobre a
identidade; mas quando existem dúvidas, ou a informação procurada é
de natureza particularmente sensível, então pode ser apropriado
solicitar provas.
ACESSE q UEST RECLAMAÇÕES 11
ESTUDO DE CASO 7
Solicitação de filmagem da reunião on-line
(reclamações de acesso)
Um indivíduo participou de uma reunião Zoom que foi
gravada pelo controlador de dados. Esta foi a Assembleia
Geral Anual (AGM) do clube desportivo. O indivíduo fez uma
solicitação de acesso para uma cópia desta gravação. O
responsável pelo tratamento recusou o pedido, afirmando
que o mesmo não se enquadrava no âmbito de aplicação do
RGPD. O indivíduo acreditava que os dados contidos na
gravação eram seus dados pessoais. O controlador de dados
afirmou que as gravações de vídeo da Assembleia Geral não
estavam mais acessíveis devido à corrupção durante o
salvamento e à inexperiência do controlador de dados na
utilização deste software de hospedagem remota de vídeo.
No entanto, afirmaram que a ata da reunião estaria
disponível para visualização dentro de algumas semanas.
Outras questões surgiram quando o indivíduo recebeu
transcrições escritas do vídeo. O indivíduo alegou que as
transcrições eram imprecisas e não refletiam o conteúdo do
vídeo original.
Diante disso, a DPC entrou em contato mais uma vez com o
responsável pelo tratamento, tanto destacando a opinião da DPC
quanto ao avanço do artigo 15, n.º 4, quanto solicitando a
visualização do vídeo do qual foi feita a transcrição.
O controlador de dados forneceu apenas o áudio do vídeo. Após a
avaliação, ficou claro que a transcrição era um reflexo preciso do
conteúdo de áudio do vídeo. A DPC recomendou que, para facilitar
uma resolução amigável nesta fase, o responsável pelo
tratamento libere ao indivíduo o mesmo conteúdo de áudio,
previamente fornecido à DPC. O responsável pelo tratamento
atendeu, mas o indivíduo ainda não ficou satisfeito, reafirmando
mais uma vez o seu pedido de visualização do conteúdo do vídeo.
Após nova solicitação da DPC para declarar a isenção em que se
baseava para restringir o acesso ao conteúdo de vídeo, foi
decidido pelo controlador de dados liberar o conteúdo de vídeo
completo ao indivíduo. A DPC não recebeu cópia do conteúdo
completo do vídeo, e por isso não foi possível avaliar diretamente
se havia alguma disparidade entre ele e o áudio fornecido. No
entanto, após a confirmação do seu recebimento, o indivíduo
declarou estar satisfeito com o seu conteúdo e assim o assunto foi
resolvido amigavelmente.
Neste momento, a DPC propôs a conclusão deste caso à luz da
aparente inacessibilidade dos vídeos procurados pelo indivíduo, mas o
indivíduo não concordou com esta abordagem, afirmando que a
videoconferência utilizada durante a AGO tinha sido prática comum
para os dados responsável pelo tratamento durante algum tempo e
por isso parecia improvável ao indivíduo que as dificuldades descritas
pelo responsável pelo tratamento de dados tivessem ocorrido. Após
novo questionamento da DPC, o responsável pelo tratamento dos
dados confirmou que as imagens de vídeo estavam de facto
disponíveis, mas apresentou o artigo 15.º, n.º 4, do RGPD como razão
para a sua restrição. O controlador de dados afirmava agora que as
imagens de vídeo de terceiros visíveis na gravação poderiam ser
consideradas dados de terceiros e o indivíduo não tinha direito a isso.
No entanto, eles estavam dispostos a fornecer transcrições escritas
das filmagens ao indivíduo. A DPC contestou, entendendo que, tendo
em conta o carácter público das gravações originais, por fazerem
parte de uma Assembleia Geral, as mesmas foram realizadas com o
entendimento do participante de que poderiam ser consideradas
acessíveis posteriormente.
O caso acima envolveu extensa comunicação entre a DPC, o
controlador de dados e o indivíduo. Esta questão poderia ter sido
resolvida pelo controlador de dados se ele tivesse divulgado as
imagens de vídeo solicitadas após o recebimento da solicitação de
acesso. Se o responsável pelo tratamento dos dados estivesse ciente
das suas obrigações ao abrigo do RGPD em primeira instância, este
caso não teria sido apresentado à DPC.
12 ESTUDOS DE CASOS DA COMISSÃO DE PROTEÇÃO DE DADOS
ESTUDO DE CASO 8
Isenções aplicadas a imagens de CCTV
(reclamações de acesso)
A DPC recebeu reclamação de uma pessoa física referente a
um pedido de acesso feito ao controlador de dados, um
varejista. Os advogados que actuam em nome do indivíduo
em relação a uma reclamação de danos pessoais
apresentaram o pedido de acesso relativo a um período de
duas semanas quando o alegado incidente ocorreu. Eles
estavam buscando registros do incidente para incluir imagens
de CCTV. Os dados foram divulgados, mas o indivíduo
identificou que as imagens do CCTV, o formulário de relatório
do acidente e os depoimentos das testemunhas não haviam
sido divulgados. Ao responder à consulta do indivíduo em
relação a estes itens, o controlador de dados informou que
estava restringindo o acesso aos itens, pois era necessário
para evitar qualquer obstrução ou prejuízo ao processo
judicial e/ou operação de privilégio legal.
A DPC aconselhou o responsável pelo tratamento dos dados a
preparar uma lista que documentasse quaisquer itens aos quais
a organização estivesse a aplicar uma isenção, ao mesmo tempo
que documentasse a isenção em que se baseava. Ao receber a
lista, a DPC investigou as isenções utilizadas e procurou a
organização para demonstrar como havia garantido que a
restrição era necessária e proporcional. A DPC também procurou
amostras dos documentos a serem divulgados para que
pudéssemos analisar como as isenções estavam sendo aplicadas.
Após investigação, a DPC identificou que os documentos
continham alguns dados pessoais do indivíduo e solicitou ao
controlador de dados a divulgação dos mesmos com as redações
pertinentes. Em relação às imagens de CCTV, a DPC afirmou que o
principal motivo para a captura dos dados foi para fins de
segurança e não para a defesa de uma ação judicial e, portanto,
solicitou que as imagens fossem divulgadas ao indivíduo com as
redações relevantes.
A DPC aceitou que as restantes isenções estavam a ser
validamente aplicadas conforme previsto na legislação.
Esta reclamação foi identificada como potencialmente suscetível de
resolução amigável ao abrigo da Secção 109 da Lei de Proteção de Dados de
2018, tendo tanto o reclamante como o responsável pelo tratamento de
dados concordado em trabalhar com a DPC para tentar resolver a questão
amigavelmente.
ESTUDO DE CASO 9
Falha em responder a uma solicitação de acesso
A DPC recebeu uma reclamação de um indivíduo relativamente a
um pedido de acesso do titular feito por ele a uma organização (o
responsável pelo tratamento de dados) para obter uma cópia de
todas as informações detidas relativamente ao seu envolvimento
com o responsável pelo tratamento de dados. O indivíduo não
recebeu resposta a esta solicitação. A DPC interveio para ver se o
assunto poderia ser resolvido informalmente.
os dados pessoais foram fornecidos “num outro formato”. Os
direitos de acesso à protecção de dados não se referem ao acesso
aos documentos em si. Tratam-se de acesso a dados pessoais. Um
pedido de acesso pode ser satisfeito fornecendo ao indivíduo um
resumo completo dos seus dados de forma inteligível. A forma
como são fornecidos deve ser suficiente para permitir ao
requerente tomar conhecimento dos dados pessoais objeto de
tratamento, verificar a sua exatidão e o seu tratamento lícito.
Tendo examinado quais osdados que o responsável pelo
tratamento forneceu neste caso, a DPC contentou-se em informar
o queixoso de que lhe tinham sido fornecidos todos os dados a
que tinha direito ao abrigo da legislação de protecção de dados.
O queixoso não ficou particularmente satisfeito com o facto de
determinados documentos não terem sido fornecidos em resposta
ao seu pedido de acesso. A posição do responsável pelo tratamento
dos dados foi que os documentos não foram fornecidos como
ACESSE q UEST RECLAMAÇÕES 13
ESTUDO DE CASO 10
Falha em responder a uma solicitação de acesso (II)
A DPC recebeu uma reclamação de um indivíduo relativamente a
um pedido de acesso feito por ela a um estabelecimento de
serviços (o responsável pelo tratamento de dados) para obter
uma cópia de imagens de CCTV relativas à sua visita às
instalações do responsável pelo tratamento de dados numa
determinada data. O indivíduo não recebeu resposta a esta
solicitação. Esta DPC interveio para ver se o assunto poderia ser
resolvido informalmente.
portanto, não estava em condições de fornecer as imagens de CCTV
solicitadas, uma vez que já tinham decorrido mais de 14 dias. Depois de
examinar a questão minuciosamente, ficou evidente para este gabinete que
o responsável pelo tratamento de dados violou o artigo 12.º, n.º 3, do RGPD,
uma vez que os responsáveis pelo tratamento têm a obrigação de fornecer
uma resposta ao pedido de acesso do titular do indivíduo dentro do prazo
legal estabelecido no artigo 12.º do GDPR, mesmo quando o responsável
pelo tratamento não estiver na posse de tais dados. A falha do controlador
de dados em monitorar a caixa de entrada associada ao endereço de e-mail
em sua Política de Privacidade resultou na falha em proteger as imagens de
CFTV relevantes antes de serem excluídas, de acordo com sua política de
retenção. A respeito disso, a falta de medidas organizacionais relevantes
resultou na incapacidade do responsável pelo tratamento de dados de
atender à solicitação de acesso do titular. A DPC emitiu instruções ao
responsável pelo tratamento lembrando - o da sua obrigação de monitorizar
qualquer caixa de correio electrónico que forneça para os pedidos dos
titulares dos dados . A DPC tomará medidas coercivas se ocorrer uma
repetição deste problema com o mesmo controlador.
No momento em que a DPC recebeu a reclamação, constatou-se que o
responsável pelo tratamento já não possuía qualquer informação relativa
a ela, uma vez que não tinha conhecimento do pedido de acesso até que
este foi levado ao seu conhecimento por este gabinete. Isto porque o
endereço de correio eletrónico para o qual foi enviado o pedido de acesso
não era um endereço de utilização regular, apesar de ser o endereço de
correio eletrónico constante da Política de Privacidade do responsável
pelo tratamento de dados. O responsável pelo tratamento afirmou ainda
que as imagens CCTV são retidas durante 14 dias devido à capacidade de
armazenamento do sistema e
ESTUDO DE CASO 11
Falha em responder integralmente a uma solicitação de acesso
Esta reclamação dizia respeito a um pedido de acesso apresentado
pelo queixoso. O queixoso não ficou satisfeito porque o seu pedido
de acesso a uma cópia de qualquer informação mantida sobre o
queixoso pelo responsável pelo tratamento dos dados, em formato
eletrónico e manual, foi recusado pelo responsável pelo tratamento
dos dados, um Conselho do Condado. Em vez disso, o responsável
pelo tratamento informou o reclamante de que os ficheiros
solicitados estavam disponíveis em linha ou para visualização nas
instalações do responsável pelo tratamento.
citações citadas pelo reclamante no pedido de acesso do
reclamante. Assim, o responsável pelo tratamento procurou
distinguir entre os dados pessoais relativos aos ficheiros de
planeamento disponíveis ao público, que foram fornecidos ao
queixoso numa visualização pública, e os dados pessoais criados
na sequência da recusa do pedido de planeamento do queixoso,
que o responsável pelo tratamento considerou ser fora do escopo
da solicitação de acesso.
Embora o queixoso tenha mencionado duas aplicações de
planeamento específicas, o pedido de acesso foi expresso em termos
gerais e solicitava acesso a “qualquer informação que guarde sobre
mim por via electrónica ou em formato manual”. Assim, considerou-se
que os dados pessoais solicitados pelo reclamante incluíam todos os
dados que surgiram no contexto do envolvimento do reclamante com
o responsável pelo tratamento de dados antes da apresentação dos
dois pedidos de planeamento identificados e todos os dados que
surgiram após a recusa desses pedidos.
Durante o decurso da investigação desta queixa, o queixoso alegou
que os ficheiros disponibilizados ao queixoso pelo responsável pelo
tratamento dos dados nas suas instalações não constituíam todos
os dados pessoais relativos ao queixoso que estavam na posse do
responsável pelo tratamento dos dados.
No entanto, o responsável pelo tratamento dos dados considerou que o
pedido de acesso apresentado pelo queixoso se limitava aos dados pessoais
detidos em relação a duas aplicações de planeamento, devido aos números
de referência da aplicação de planeamento.
O responsável pelo tratamento, devido às circunstâncias específicas do caso,
violou as suas obrigações em matéria de protecção de dados quando
14 ESTUDOS DE CASOS DA COMISSÃO DE PROTEÇÃO DE DADOS
não forneceu ao reclamante uma cópia completa dos dados pessoais
do reclamante em resposta ao pedido de acesso dentro do prazo
legal. Nos termos do RGPD, o artigo 15.º refere-se ao direito de acesso
dos titulares dos dados aos dados pessoais que lhes digam respeito e
que sejam titulares pelo responsável pelo tratamento. O artigo 12.º,
n.º 3, estabelece a condição sob a qual um
o responsável pelo tratamento deverá fornecer os referidos dados
pessoais. Cabe ao responsável pelo tratamento o ónus de fornecer
informações sobre as medidas tomadas no âmbito de tal pedido, sem
demora injustificada e, em qualquer caso, no prazo de um mês a contar da
recepção do pedido. Existem também condições previstas neste artigo que
prevêem a prorrogação deste prazo.
ESTUDO DE CASO 12
Acesso a imagens de CFTV
Esta reclamação dizia respeito a uma alegada resposta
incompleta a um pedido de acesso de titular para
Imagens de CFTV feitas pelo reclamante para uma
instituição de ensino. O denunciante informou que
eles foram vítimas de uma suposta tentativa de
agressão. O queixoso solicitou acesso a
Imagens de CCTV do momento em que ocorreu a alegada
agressão, em particular em relação a um período de tempo
específico identificado a partir de dois ângulos de câmara
diferentes.
mês) . O direito de acesso aos dados pessoais é um dos principais
direitos fundamentais previstos na legislação de protecção de
dados. No contexto dos pedidos de acesso a imagens CCTV, a
obrigação do responsável pelo tratamento de fornecer uma cópia
dos dados pessoais do requerente exige normalmente o
fornecimento de uma cópia das imagens CCTV em formato de
vídeo. Quando isso não for possível, como quando a filmagem for
tecnicamente incapaz de ser copiada para outro dispositivo, ou
em outras circunstâncias excepcionais, poderá ser aceitável
fornecer ao titular dos dados imagens estáticas como alternativa
às filmagens de vídeo. No entanto, nas circunstâncias em que são
fornecidas imagens fixas, o responsável pelo tratamento deve
fornecer ao titular dos dados uma imagem fixa para cada
segundo da gravação em que a imagem do titular dos dados
aparece e uma explicação do motivo pelo qual a filmagem não
pode ser fornecida em formato de vídeo.
à medida que o solicitante confirma que está satisfeito com a
resposta fornecida.
Em resposta ao pedido da organização, foi fornecido ao queixoso
um número seleccionado de imagens fixas das imagens CCTV
relativas a uma câmara. O queixoso solicitou que lhe fosse
fornecido um quadro porcada segundo da gravação em que a
imagem do queixoso aparecesse. A resposta recebida da
instituição de ensino foi que todas as filmagens “significativas”, na
opinião do controlador, tinham sido fornecidas e como as
câmaras CCTV estavam num ciclo de gravação de 30 dias, as
filmagens já tinham sido gravadas. O controlador esclareceu que
não armazenou nenhuma filmagem, a menos que houvesse uma
“exigência legal” para fazê-lo.
Dado que o responsável pelo tratamento dos dados não forneceu ao
reclamante nem as imagens CCTV solicitadas nem um conjunto completo
de imagens fixas relativas ao período especificado, o responsável pelo
tratamento dos dados não cumpriu as suas obrigações em relação ao
direito de acesso, tanto numa perspectiva temporal (artigo 12.º, n.º 3) e
relativamente ao fornecimento de um conjunto completo e completo de
dados pessoais tratados pelo responsável pelo tratamento (artigo 15.º).
A DPC observou que, quando um pedido de acesso válido é feito a
um controlador de dados, o pedido deve ser atendido pelo
controlador com um determinado prazo. (Nos termos do Artigo 12(3)
do RGPD, isto é geralmente definido em um
ACESSE q UEST RECLAMAÇÕES 15
ESTUDO DE CASO 13
Obrigação de fundamentar a recusa de
acesso a dados pessoais
Este queixoso era anteriormente proprietário de um
imóvel num empreendimento gerido por uma sociedade
gestora. O queixoso apresentou um pedido de acesso
aos dados à sociedade gestora, mas considerou que o
responsável pelo tratamento dos dados não forneceu
todos os dados pessoais do queixoso na sua resposta.
A DPC também considerou se o responsável pelo tratamento dos
dados tinha fornecido ao reclamante todos os seus dados pessoais,
conforme exigido pela legislação. A DPC observou que o queixoso
forneceu descrições específicas e detalhadas de dados que acreditava
não terem sido fornecidos. Em resposta, o responsável pelo
tratamento afirmou que não conservava dados relativos a assuntos
que considerava encerrados e que tinha fornecido ao reclamante
todos os seus dados pessoais na posse do responsável pelo
tratamento à data do pedido de acesso. O gabinete considerou que
era credível que o responsável pelo tratamento dos dados não
retivesse os dados pessoais por tempo indeterminado. A DPC
considerou que o responsável pelo tratamento de dados tinha
fornecido ao reclamante todos os seus dados pessoais (com exceção
do documento sobre o qual o responsável pelo tratamento de dados
reivindicou privilégio legal, conforme estabelecido acima). Por esse
motivo, não ocorreu mais nenhuma violação da legislação.
A sociedade gestora foi determinada como responsável pelo
tratamento dos dados, uma vez que controlava o conteúdo e a
utilização dos dados pessoais do reclamante para efeitos da sua função
de sociedade gestora relativamente a um empreendimento no qual o
reclamante era proprietário de um imóvel. Os dados em questão
consistiam (entre outros) no nome e endereço do reclamante. Os
dados eram dados pessoais, uma vez que o reclamante podia ser
identificado a partir deles e estavam relacionados com o reclamante
enquanto indivíduo.
Nos termos do artigo 15.º do RGPD, o titular dos dados tem o direito de
obter de um responsável pelo tratamento o acesso aos dados pessoais que
lhe digam respeito e que estejam a ser tratados. No entanto, este direito não
se aplica aos dados pessoais tratados para efeitos de procura, recepção ou
prestação de aconselhamento jurídico, nem aos dados pessoais
relativamente aos quais possa ser feita uma reivindicação de privilégio para
efeitos de ou no decurso de um processo judicial ( Seção 60(3)(a)(iv) da Lei de
Proteção de Dados de 2018). No entanto, quando um responsável pelo
tratamento de dados se recusa a atender a um pedido de acesso a dados
pessoais, é obrigado, nos termos do artigo 12.º do RGPD, a informar sem
demora o titular dos dados sobre os motivos dessa recusa.
Durante o exame da reclamação pela DPC, o responsável pelo
tratamento forneceu a descrição de um documento contendo os
dados pessoais do reclamante que estavam sendo retidos com
base no fato de serem legalmente privilegiados. Este documento
não foi mencionado na resposta do responsável pelo tratamento
ao pedido de acesso do queixoso. Observou-se que o
responsável pelo tratamento dos dados deveria ter-se referido a
este documento e ao(s) motivo(s) pelo qual se recusou a fornecer
o documento ao queixoso na sua resposta ao pedido de acesso
do queixoso.
ESTUDO DE CASO 14
Expressões confidenciais de opinião e
solicitações de acesso ao assunto
Este reclamante fez um pedido de acesso do titular dos
dados ao seu empregador. No entanto, o queixoso
alegou que o seu empregador omitiu certas
comunicações da sua resposta, reteve indevidamente
dados com base no facto de constituírem uma opinião
dada confidencialmente e não respondeu ao pedido
dentro do prazo exigido, conforme estabelecido na
legislação.
O empregador do reclamante era o responsável pelo tratamento
dos dados, uma vez que controlava o conteúdo e a utilização dos
dados pessoais do reclamante para efeitos de gestão do
emprego do reclamante. Os dados em questão consistiam no
ficheiro RH do queixoso e nos dados relativos à administração
do emprego do queixoso. Os dados eram dados pessoais porque
o reclamante podia ser identificado a partir deles e os dados
diziam respeito ao reclamante como indivíduo.
16 ESTUDOS DE CASOS DA COMISSÃO DE PROTEÇÃO DE DADOS
Durante a análise da reclamação, o responsável pelo
tratamento identificou documentos adicionais contendo os
dados pessoais do reclamante e forneceu-os ao reclamante.
Em relação ao documento, que o responsável pelo tratamento
afirmou constituir uma opinião dada confidencialmente, no
decurso da investigação desta reclamação, a pessoa que
manifestou a opinião em questão consentiu na divulgação do
documento ao reclamante, e portanto, o documento foi
fornecido pelo responsável pelo tratamento dos dados ao
reclamante.
Os documentos fornecidos pelo responsável pelo
tratamento ao reclamante no decurso da análise desta
reclamação deveriam ter sido fornecidos ao reclamante
no prazo previsto na legislação.
Nos termos do artigo 15.º do RGPD, o titular dos dados tem o direito
de obter de um responsável pelo tratamento o acesso aos dados
pessoais que lhe digam respeito e que estejam a ser tratados. O
responsável pelo tratamento dos dados deve responder a um pedido
de acesso do titular dos dados sem demora injustificada e, em
qualquer caso, no prazo de um mês a contar da recepção do pedido.
No entanto, a secção 60 da Lei de Protecção de Dados de 2018 prevê
que o direito de acesso aos dados pessoais não se estende aos dados
que consistem na expressão de opinião sobre o titular dos dados por
outra pessoa, dada em sigilo ou no entendimento de que seriam
tratados como confidenciais para uma pessoa que tenha um
interesse legítimo em receber as informações.
A legislação de proteção de dados prevê o direito de acesso do
titular dos dados aos seus dados pessoais e, além disso, esse
acesso deve ser concedido dentro de um determinado prazo.
Depois de investigar a reclamação, a DPC concluiu que o
responsável pelo tratamento dos dados realizou as pesquisas
adequadas e forneceu ao reclamante todos os dados pessoais que
o reclamante tinha legalmente direito a receber.
ESTUDO DE CASO 15
Solicitações de acesso e material legalmente privilegiado
Esta reclamação dizia respeito a uma alegada resposta
incompleta a um pedido de acesso de um titular de dados.
O pano de fundo desta queixa era que o queixoso tinha
apresentado um pedido de acesso aos administradores
de um regime de pensões (os “administradores”). Como
parte da sua resposta ao pedido de acesso, os
Administradores referiram-se a um projecto de carta
relativa ao queixoso; no entanto, este projecto de carta
não foi fornecido ao queixoso.
Foi decidido, portanto, que o responsável pelotratamento dos
dados não tinha conseguido estabelecer o direito de invocar a
isenção no que diz respeito a dados legalmente privilegiados.
Assim, a carta deveria ter sido entregue ao queixoso em resposta
ao seu pedido de acesso dentro do prazo estabelecido na
legislação.
Nos termos do artigo 15.º do RGPD, o titular dos dados tem o
direito de obter de um responsável pelo tratamento o acesso aos
dados pessoais que lhe digam respeito e que estejam a ser
tratados. O responsável pelo tratamento dos dados deve
responder a um pedido de acesso do titular dos dados sem
demora injustificada e, em qualquer caso, no prazo de um mês a
contar da recepção do pedido. No entanto, o direito de acesso aos
seus dados pessoais não se aplica aos dados pessoais tratados
com a finalidade de procurar, receber ou prestar aconselhamento
jurídico ou aos dados pessoais em relação aos quais possa ser
feita uma reivindicação de privilégio para efeitos de ou no decurso
de processos judiciais. Quando um responsável pelo tratamento
de dados procurar reivindicar privilégio sobre as informações
solicitadas por um titular de dados nos termos do artigo 15.º, a
DPC, ao examinar uma reclamação relativa à recusa, exigirá que o
responsável pelo tratamento de dados forneça informações
consideráveis,
Foi estabelecido que os Administradores eram os responsáveis
pelo tratamento dos dados, uma vez que controlavam o conteúdo
e a utilização dos dados pessoais do queixoso para efeitos da
pensão do queixoso. Os dados em questão consistiam (entre
outras coisas) em informações sobre o emprego e a pensão do
queixoso e eram dados pessoais porque diziam respeito ao
queixoso enquanto indivíduo e o queixoso podia ser identificado a
partir deles.
O responsável pelo tratamento dos dados tentou argumentar que o projecto
de carta era legalmente privilegiado e que, portanto, o responsável pelo
tratamento dos dados não era obrigado a fornecê-lo ao queixoso. A DPC
solicitou mais informações ao responsável pelo tratamento dos dados
relativamente à reivindicação de privilégio legal sobre o projecto de carta.
Em resposta, o responsável pelo tratamento dos dados não esclareceu a
base sobre a qual o privilégio foi reivindicado sobre o projeto de carta, mas
concordou em fornecer os dados ao queixoso.
ACESSE q UEST RECLAMAÇÕES 17
ESTUDO DE CASO 16
Processamento no contexto de uma investigação no local de trabalho
O queixoso esteve envolvido numa investigação
no local de trabalho decorrente de alegações
feitas pelo queixoso contra um colega.
O empregador do queixoso nomeou uma empresa de
consultoria independente (a “empresa de consultoria”)
para realizar a investigação e as conclusões da
empresa de consultoria foram sujeitas a revisão por
um painel independente.
alegado queixoso não tivesse sido recebido, o responsável pelo
tratamento dos dados indicou que, se o queixoso pudesse
especificar detalhes desses documentos, consideraria mais
detalhadamente a alegação do queixoso.
No que diz respeito à reclamação de que o responsável pelo tratamento de
dados divulgou detalhes do desempenho profissional do reclamante aos
colegas do reclamante, o responsável pelo tratamento de dados
argumentou que o desempenho do reclamante teria sido discutido com os
gestores do reclamante e, portanto, foi divulgado por razões comerciais
legítimas. No que diz respeito à reclamação sobre a divulgação de detalhes
relativos à licença médica do reclamante, o responsável pelo tratamento
dos dados observou que não tinha conhecimento de tal divulgação. Por
último, em relação à alegação de que os recibos de vencimento do queixoso
foram divulgados, o responsável pelo tratamento dos dados argumentou
que os mesmos foram fornecidos a um funcionário do responsável pelo
tratamento dos dados para serem revistos no contexto de um caso
separado apresentado pelo queixoso.
Após a conclusão da investigação no local de trabalho, o
queixoso apresentou um pedido de acesso aos dados ao
seu empregador e foram fornecidos vários documentos
em resposta a este pedido. Contudo, o queixoso
considerou que o pedido não foi totalmente respondido.
Por exemplo, o queixoso alegou que os depoimentos das
testemunhas (recolhidos durante a investigação) que
foram fornecidos ao queixoso eram factualmente
incorretos e que determinados documentos não foram
fornecidos ao queixoso (tais como registos de acesso aos
ficheiros pessoais do queixoso). O queixoso alegou ainda
que o seu empregador tinha divulgado detalhes do
desempenho profissional do queixoso, planos de licença
por doença e cópias dos recibos de vencimento do
queixoso aos colegas do queixoso. Finalmente,
O queixoso também apresentou um pedido de rectificação dos
depoimentos das testemunhas, que o queixoso alegou serem factualmente
incorrectos. No entanto, o responsável pelo tratamento dos dados informou
que o que foi registado nos depoimentos das testemunhas representava as
opiniões das pessoas envolvidas e, com base nisso, recusou-se a alterar os
depoimentos das testemunhas.
A DPC considerou que havia cinco questões a serem examinadas
por ela em relação à denúncia. A opinião da DPC sobre cada uma
destas questões está resumida abaixo (nos títulos que
representam cada uma das cinco questões).Foi estabelecido que o empregador do reclamante era o responsável
pelo tratamento dos dados, uma vez que controlava os dados do
reclamante no contexto da investigação no local de trabalho. Os
dados em questão consistiam em informações sobre a folha de
pagamento do queixoso, informações relativas à licença médica do
queixoso e depoimentos de testemunhas relativos ao queixoso. Os
dados eram dados pessoais porque se referiam ao reclamante como
indivíduo e o reclamante podia ser identificado a partir deles.
Solicitação de acesso
A DPC notou que o queixoso tinha feito um pedido de acesso
válido. No entanto, tendo considerado a questão, no final das
contas, a DPC considerou que não havia provas disponíveis que
sugerissem que o responsável pelo tratamento dos dados reteve
ilegalmente informações. A DPC observou, no entanto, que o
pedido de acesso aos dados do queixoso não foi atendido no
prazo exigido pela legislação. A este respeito, o responsável pelo
tratamento dos dados cometeu uma violação da proteção de
dados.
Em resposta à alegação do queixoso de que o seu pedido de acesso
não foi respondido integralmente, o responsável pelo tratamento de
dados afirmou que, em relação aos depoimentos das testemunhas, o
queixoso recebeu as cópias dos depoimentos originais das
testemunhas que se encontravam no processo do queixoso. Em
relação aos registos de acesso, o responsável pelo tratamento
considerou que estes não constituíam dados pessoais (porque
rastreavam o movimento digital de outros funcionários nos sistemas
informáticos do responsável pelo tratamento).
Em relação a outros documentos diversos que o
Nos termos do artigo 12.º, n.º 3, do RGPD, o titular dos dados tem o direito
de obter do responsável pelo tratamento o acesso aos dados pessoais que
lhe digam respeito e que estejam a ser tratados. O responsável pelo
tratamento dos dados deve responder a um pedido de acesso do titular sem
demora injustificada e, em qualquer caso, no prazo de um mês a contar da
recepção do pedido.
18 ESTUDOS DE CASOS DA COMISSÃO DE PROTEÇÃO DE DADOS
Suposta divulgação não autorizada
dos dados pessoais do reclamante
outro destinatário, os responsáveis pelo tratamento dos dados devem informar
o titular dos dados quando os dados pessoais forem divulgados pela primeira vez
pelo destinatário ou categorias de destinatários dos dados pessoais.
Os controladores devem ter uma base legal, de acordo com a
legislação de proteção de dados, para processar dados pessoais,
incluindo a divulgação desses dados a terceiros. Em relação à
divulgação de detalhes relativos ao desempenho profissional do
queixoso, a DPC considerou que tal tratamento era lícito,uma vez
que ocorria por razões comerciais legítimas. Quanto à questão da
divulgação dos detalhes das licenças médicas, a DPC concluiu que
não tinha informações suficientes relativas ao alegado incidente
para determinar se ocorreu uma violação da legislação. Em
relação à divulgação dos recibos de vencimento do queixoso, a
DPC considerou que a divulgação era legal. Isto deveu-se ao facto
de os recibos de vencimento terem sido divulgados para ajudar o
responsável pelo tratamento dos dados na defesa de um processo
judicial separado apresentado pelo reclamante contra ele.
Direito à retificação
Nos termos da legislação de Proteção de Dados, existe o direito à
retificação de dados pessoais incorretos. No entanto, aqui o
responsável pelo tratamento dos dados confirmou que o que foi
registado nos depoimentos das testemunhas representava as opiniões
das pessoas envolvidas. Considerou-se que quando uma opinião é
correctamente registada e quando a opinião se baseia objectivamente
em questões que a pessoa que deu a opinião teria razoavelmente
acreditado serem verdadeiras, o direito à rectificação não se aplica.
Nos termos do artigo 5.º do RGPD, os dados pessoais
tratados devem ser exatos e, sempre que necessário,
mantidos atualizados e os responsáveis pelo tratamento
dos dados são obrigados a garantir que são tomadas
todas as medidas razoáveis para garantir que os dados
pessoais imprecisos, tendo em conta a finalidade para os
quais são processados, são apagados ou retificados sem
demora. Nos termos do artigo 16.º do RGPD, o titular dos
dados tem o direito de obter de um responsável pelo
tratamento, sem demora injustificada, a retificação dos
dados pessoais inexatos que lhe digam respeito. No
entanto, de acordo com a seção 60 da Lei de Proteção de
Dados de 2018,
Nos termos do artigo 6.º do RGPD, o responsável pelo tratamento de
dados é obrigado a ter uma base jurídica para processar (incluindo
divulgar) quaisquer dados pessoais. As bases jurídicas disponíveis para
o tratamento incluem (a) que o titular dos dados deu consentimento,
(b) que o tratamento é necessário para a execução de um contrato do
qual o titular dos dados é parte, (c) que o tratamento é necessário para
cumprimento de uma obrigação legal a que o responsável pelo
tratamento de dados esteja sujeito, (d)
que o tratamento é necessário para proteger os interesses vitais
de um indivíduo, (e) que o tratamento é necessário para o
desempenho de uma tarefa realizada no interesse público, ou (f)
que o tratamento é necessário para fins de interesses legítimos
prosseguidos pelo responsável pelo tratamento dos dados ou
por terceiros.
Conservação dos dados pessoais
do reclamanteProcessamento justo
Existe uma obrigação dos responsáveis pelo tratamento de tratarem
os dados pessoais de forma justa. No decurso da sua investigação, a
DPC solicitou ao responsável pelo tratamento que confirmasse como
cumpriu as suas obrigações de tratar os dados do reclamante de
forma justa, em relação a cada uma das alegadas divulgações dos
dados pessoais do reclamante. O responsável pelo tratamento não
forneceu as informações exigidas e, nestas circunstâncias, a DPC
considerou que o responsável pelo tratamento não procedeu ao
tratamento dos dados do reclamante, em conformidade com as
obrigações de tratamento leal.
A DPC solicitou ao responsável pelo tratamento de dados que
delineasse a base jurídica para a retenção (ou seja, processamento)
dos dados pessoais do reclamante relacionados com a investigação no
local de trabalho. O responsável pelo tratamento dos dados informou
que estes dados estavam a ser retidos para lidar com os pedidos e
recursos do reclamante ao abrigo de vários processos legais. Nesta
base, a DPC considerou que a retenção dos dados pessoais do
queixoso era legal, uma vez que o era por razões comerciais legítimas.
Nos termos do RGPD, o responsável pelo tratamento de dados não só deve
ter uma base legal para obter inicialmente os dados pessoais de um
indivíduo, mas também deve ter uma base jurídica contínua para a retenção
desses dados, em conformidade com o artigo 6.º, conforme estabelecido
acima. Nos termos do artigo 5.º, n.º 1, alínea e), do RGPD, os dados pessoais
que se encontrem num formato que permita a identificação dos titulares
dos dados não devem ser conservados durante o período necessário para os
fins para os quais são tratados.
Nos termos do RGPD, os dados pessoais devem ser tratados de
forma lícita, leal e transparente em relação ao titular dos dados.
Este princípio exige que o titular dos dados receba determinadas
informações nos termos dos artigos 13.º e 14.º do RGPD
relativamente à existência da operação de tratamento e às suas
finalidades. Os titulares dos dados devem ser informados dos
riscos, regras, salvaguardas e rigores em relação ao tratamento
dos seus dados pessoais. Onde os dados pessoais podem ser
legitimamente divulgados a
ACESSE q UEST RECLAMAÇÕES 19
ESTUDO DE CASO 17
Base jurídica para o processamento e segurança do processamento
Um titular de dados apresentou uma reclamação à DPC
contra um responsável pelo tratamento de dados na
sequência de um atraso na resposta a um pedido de acesso
do titular. O titular dos dados estava preocupado com o
tratamento dos seus dados pessoais entre o responsável
pelo tratamento e um terceiro, um investigador de RH
(investigador). Tais preocupações diziam respeito à base
jurídica para o tratamento dos dados pessoais do titular dos
dados e à segurança do tratamento dos dados pessoais, uma
vez que o investigador utilizou uma conta Gmail durante o
exame.
contrato. O titular dos dados também manifestou preocupações em
matéria de transparência, uma vez que, ao assinar o contrato de trabalho,
não teria previsto o tratamento dos seus dados pessoais por um
investigador. Quando questionado sobre a utilização de uma conta Gmail
pelo investigador, o responsável pelo tratamento dos dados afirmou que o
e-mail seria encriptado entre o responsável pelo tratamento dos dados e a
conta do Gmail e que não havia provas disponíveis de que os dados
pessoais do titular dos dados tivessem sido comprometidos.
Durante a análise da queixa, surgiu a questão de saber se
o investigador era um responsável conjunto pelo
tratamento ou um subcontratante. O titular dos dados
considerou que o investigador era um processador de
dados, enquanto o responsável pelo tratamento afirmou
que o investigador era um responsável pelo tratamento de
dados por direito próprio e, como resultado, não havia
requisitos nos termos do artigo 28.º do RGPD. A DPC
examinou os factos desta queixa e estabeleceu que o
investigador recebeu uma lista de indivíduos a entrevistar
para compilar este relatório e, a partir dos termos de
referência, as entrevistas são listadas como o principal
meio de recolha de informações para compilar o seu
relatório. A DPC também observou que o investigador
estava impedido de decidir ou implementar qualquer
sanção resultante das conclusões do relatório. Com base
nessas informações,
O titular dos dados exerceu o seu direito ao abrigo do artigo 15.º do
Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD) ao solicitar o acesso
aos seus dados pessoais. No entanto, não receberam resposta ao seu
pedido no prazo de um mês, conforme exigido pelo artigo 12.º, n.º 3,
do RGPD. Após um período de dois meses e ainda sem resposta, o
titular dos dados informou ao responsável pelo tratamento que seria
apresentada uma reclamação à DPC. Na sequência da intervenção da
DPC, o responsável pelo tratamento forneceu os dados pessoais
relevantes para o pedido de acesso do titular e explicou que o atraso
se devia a um erro técnico no sistema de correio eletrónico. Nesta fase,
o titular dos dados ficou satisfeito por ter recebido todos os dados
pessoais solicitados, bem como alguns dados adicionais. Estes dados
não estavam relacionados com o titular dos dados e não foramredigidos.
Após análise dos dados pessoais recebidos, o titular dos dados manifestou
preocupações em relação ao tratamento dos seus dados pessoais entre o
responsável pelo tratamento dos dados e o investigador. Como parte da sua
análise, a DPC conversou com o responsável pelo tratamento sobre esta
questão. O responsável pelo tratamento de dados citou a secção 46 da Lei de
Proteção de Dados de 2018 (a Lei de 2018) e os artigos 6.º, n.º 1, alínea c) e
artigo 9.º, n.º 2, alínea b), como base legal para o tratamento dos dados
pessoais. Além disso, o titular dos dados era de facto um funcionário, pelo
que o responsável pelo tratamento destacou as suas obrigações legais ao
abrigo da Lei de Segurança, Saúde e Bem-Estar no Trabalho de 2005,
conforme estabelecido no seu Manual do Funcionário. O titular dos dados
contestou esta base legal porque não foi previamente informado disso.
Devido ao incumprimento por parte do responsável pelo
tratamento dos dados da obrigação de um mês nos
termos do artigo 12.º, n.º 3, do RGPD, o DPC lembrou ao
responsável pelo tratamento dos dados as suas
obrigações nos termos do artigo 24.º de implementar
medidas técnicas e organizacionais adequadas para
garantir a conformidade com o GDPR. Ao fazê-lo, o
responsável pelo tratamento dos dados também deve
garantir que apenas fornece dados pessoais relevantes
para o pedido de acesso do titular em questão e ocultar
os dados pessoais de terceiros. Em segundo lugar, no que
diz respeito à base legal invocada pelo responsável pelo
tratamento dos dados, a DPC considerou que essa base
legal era razoável; no entanto, recomenda-se que
informem os membros do pessoal nas suas políticas de
proteção de dados do pessoal que podem basear-se na
secção 46 da Lei de 2018 e nos artigos 6(1)(c) e 9(2)(b) do
RGPD para o tratamento de dados pessoais do pessoal .
Além disso,
No que diz respeito ao investigador, o titular dos dados explicou que não foi
solicitado qualquer consentimento para o tratamento dos dados pessoais
entre o responsável pelo tratamento e o investigador. O responsável pelo
tratamento explicou que o consentimento não era a única base legal ao
abrigo do RGPD e declarou o artigo 6.º, n.º 1, alínea b), como a sua base
legal. O titular dos dados contestou esta base legal afirmando que o
tratamento de dados pessoais pelo investigador não era necessário para o
cumprimento do contrato de trabalho
20 ESTUDOS DE CASOS DA COMISSÃO DE PROTEÇÃO DE DADOS
ESTUDO DE CASO 18
Acesso a informações relativas à avaliação de crédito de um banco
O queixoso nesta reclamação fez um pedido a um banco
ao abrigo da legislação de protecção de dados para
fornecer ao queixoso uma cópia de todos os dados
pessoais que lhe dizem respeito na posse do banco. O
queixoso alegou, em particular, que o banco não lhes
tinha fornecido quaisquer análises internas que
utilizassem os dados pessoais do queixoso para avaliar o
montante do crédito que o banco lhes concederia.
Este gabinete considerou as explicações fornecidas pelo banco e
considerou que o valor do rendimento líquido disponível do
reclamante e o âmbito do crédito constituíam dados pessoais
relativos ao reclamante, uma vez que o reclamante podia ser
identificado a partir dos detalhes e se relacionavam com o
reclamante como indivíduo. Além disso, como o banco não tinha
identificado uma exceção relevante ao abrigo da legislação de
proteção de dados sobre a qual pudesse reter estes dados ao
reclamante, este gabinete considerou que o banco não cumpriu
o pedido do reclamante de acesso aos seus dados. No entanto,
este gabinete concordou que os modelos de pontuação de
crédito utilizados pelo banco no seu processo de avaliação de
crédito não eram dados pessoais relativos ao reclamante e que,
como tal, o reclamante não tinha direito a uma cópia desta
informação.
Este gabinete estabeleceu que o banco foi identificado como o
responsável pelo tratamento de dados relevante em relação à
reclamação, uma vez que controlava os dados pessoais, que o
reclamante forneceu ao banco ao fazer um pedido de empréstimo. Os
dados em questão eram dados pessoais relativos ao reclamante
(consistindo, entre outras coisas, num formulário de pedido de
empréstimo preenchido e documentação comprovativa), uma vez que
o reclamante poderia ser identificado a partir dele e os dados
relacionados com o reclamante como indivíduo. Este escritório ficou,
portanto, convencido de que a queixa deveria ser investigada para
determinar se havia ocorrido uma violação da legislação de proteção
de dados.
Por último, este gabinete considerou que o banco violou
ainda mais as suas obrigações ao abrigo da legislação de
protecção de dados ao não responder ao pedido feito pelo
queixoso dentro do prazo legal aplicável.
Nos termos do artigo 15.º do RGPD, os titulares dos dados têm o
direito de obter dos responsáveis pelo tratamento a confirmação se
os dados pessoais que lhes dizem respeito estão ou não a ser tratados
e, se for o caso, o acesso a esses dados pessoais. Este direito estende-
se apenas aos dados pessoais do titular dos dados, ou seja, qualquer
informação relativa a esse titular dos dados pela qual o titular dos
dados seja identificado ou identificável. O responsável pelo tratamento
dos dados deve responder a um pedido de acesso do titular dos dados
sem demora injustificada e, em qualquer caso, no prazo de um mês a
contar da recepção do pedido. No entanto, o direito de acesso aos
dados pessoais está sujeito a uma série de exceções ao abrigo do
RGPD e da Lei de Proteção de Dados de 2018 (em particular, secções 59
a 61), tais como quando o cumprimento do pedido de acesso afetaria
negativamente os direitos e liberdades dos outros.
Durante o curso da investigação desta reclamação, este escritório
conversou com o banco sobre a natureza de quaisquer dados
pessoais aos quais o reclamante pudesse ter direito. O banco
considerou que o queixoso não tinha direito a detalhes da sua
análise e algoritmos internos ou a quaisquer limites de decisão
internos nos quais baseasse a sua decisão de empréstimo, uma
vez que, na opinião do banco, esta informação não era dados
pessoais e, em Além disso, era sensível ao mercado e era
propriedade intelectual do banco. Em particular, o banco não
forneceu ao reclamante detalhes sobre a pontuação de crédito do
reclamante ou o cálculo do banco do rendimento líquido
disponível do reclamante, que fazem parte dos seus critérios de
avaliação de crédito.
ACESSE q UEST RECLAMAÇÕES 21
ESTUDO DE CASO 19
Divulgação, retirada de consentimento
para processamento e solicitação de acesso do assunto
Um titular de dados apresentou uma reclamação à Comissão de Proteção
de Dados (DPC) contra o seu antigo empregador (o responsável pelo
tratamento dos dados). O titular dos dados tinha uma série de
preocupações em matéria de proteção de dados, nomeadamente:
Nos termos do artigo 17.º do RGPD, o titular dos dados solicitou a remoção
da sua imagem dos meios de comunicação social do responsável pelo
tratamento de dados sem demora injustificada. O titular dos dados retirou o
seu consentimento para o tratamento dos seus dados pessoais nos termos
do artigo 17.º, n.º 1, alínea b), do RGPD. O controlador de dados realizou
uma pesquisa em suas redes sociais e removeu todas as postagens que
identificassem o titular dos dados. O responsável pelo tratamento dos
dados informou que, caso terceiros utilizassem essas imagens, o titular dos
dados teria que enviar um pedido de apagamento diretamente a essas
organizações.
1. A divulgação do seu endereço de e-mail pessoal em um e-mail
de grupo, sendo incluído no campo Carbon Copy (CC),
2. A inclusão da sua imagem nas redes sociais dos responsáveis pelo
tratamento dos dados, O titular dos dados também fez um pedido de acesso ao titular nos termos
do artigo 15.º do RGPD ao responsável pelo tratamento dos dados. O
responsável pelo tratamento atendeuao pedido; no entanto, foram
aplicadas restrições ao abrigo da Secção 162 das Leis de 2018 para restringir
o acesso do titular dos dados à correspondência entre o responsável pelo
tratamento dos dados e os seus consultores jurídicos.
Embora a DPC observe que o direito de um indivíduo de acessar
dados pessoais é um direito fundamental e qualquer restrição
deve ser interpretada de forma estrita, o requisito de que a
restrição dos direitos dos titulares dos dados seja necessária e
proporcional não está contido na seção 162 da Lei de 2018. Agir .
Assim, nem todos os pedidos de acesso podem ser atendidos e
com base nas informações fornecidas à DPC, a DPC concluiu que a
correspondência entre o responsável pelo tratamento e os seus
consultores jurídicos não deve ser divulgada em resposta a um
pedido de acesso do titular dos dados.
3. O titular dos dados não ficou satisfeito com a resposta recebida do
responsável pelo tratamento dos dados relativamente a um pedido de
acesso do titular.
Em consonância com o exame da reclamação, a DPC contactou o
responsável pelo tratamento dos dados e partilhou os detalhes da
reclamação. O responsável pelo tratamento informou à DPC que o
titular dos dados já havia assinado um acordo de liquidação, que
renunciava ao seu direito de fazer quaisquer reclamações ou
reclamações contra a empresa nos termos das Leis de Proteção de
Dados de 1988, 2003 e 2018. Em resposta, a DPC informou ao
responsável pelo tratamento de dados que não era parte nesse acordo
e que a DPC tem a obrigação legal de examinar as reclamações na
medida apropriada. A execução de qualquer acordo de liquidação é
uma questão entre o responsável pelo tratamento e o titular dos
dados. Além do acima exposto, a DPC observou que o responsável pelo
tratamento de dados não cumpriu as suas obrigações nos termos do
artigo 12.º, n.º 3, do RGPD, na medida em que os responsáveis pelo
tratamento de dados devem responder aos pedidos de proteção de dados
dos titulares dos dados no prazo de um mês após a receção desses
pedidos. O responsável pelo tratamento de dados deve informar o titular
dos dados de qualquer prorrogação no prazo de um mês a contar da
recepção do pedido, juntamente com as razões do atraso. No entanto,
observou-se que o responsável pelo tratamento prolongou o período de
resposta do pedido de acesso do titular após decorrido o período inicial
de um mês.
Em relação à divulgação do endereço de e-mail do titular dos dados
num e-mail de grupo, o responsável pelo tratamento reconheceu que a
função Blind Carbon Copy (BCC) deveria ter sido utilizada neste caso. O
responsável pelo tratamento de dados também informou que este
incidente foi comunicado à DPC como uma violação ao abrigo do artigo
33.º do Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD) e que
medidas adicionais foram implementadas para evitar a recorrência do
incidente. O treinamento da equipe foi implementado e o endereço de
e-mail do titular dos dados foi removido dos endereços de e-mail
coletados automaticamente em arquivo. A DPC observou que as
circunstâncias da violação surgiram como resultado de erro humano e
não foram identificadas como um problema sistémico.
Como tal, nos termos da secção 109(5)(f), o DPC escreveu ao responsável
pelo tratamento de dados e lembrou-lhe as suas obrigações nos termos do
artigo 12.º, n.º 3, e do artigo 33.º do RGPD.
22 ESTUDOS DE CASOS DA COMISSÃO DE PROTEÇÃO DE DADOS
ESTUDO DE CASO 20
Decisão do artigo 60.º relativa ao Airbnb Ireland UC — Resposta atrasada a
um pedido de acesso e a um pedido de eliminação
Foi apresentada uma reclamação ao Comissário de Berlim
para a Proteção de Dados e Liberdade de Informação (“DPA de
Berlim”) contra a Airbnb Ireland UC (“Airbnb”) e foi
posteriormente transferida para a DPC para ser tratada no seu
papel de autoridade supervisora principal.
A Airbnb acabou por cumprir o pedido de eliminação do reclamante,
validando a sua identidade, proporcionando-lhe a opção de iniciar
sessão na sua conta para verificar a sua identidade, sem necessidade
de fornecer um documento de identificação. Após intervenção da DPC,
a Airbnb deu cumprimento ao pedido de acesso do reclamante.
Concluído o seu inquérito, em 14 de setembro de 2022, a DPC adotou a
sua decisão relativamente a esta reclamação, em conformidade com o
artigo 60.º, n.º 7, do RGPD. Na sua decisão, a Comissão de Proteção de
Dados concluiu que o responsável pelo tratamento de dados, Airbnb
Ireland UC, violou o Regulamento Geral de Proteção de Dados da
seguinte forma:
O queixoso alegou que a Airbnb não cumpriu um pedido de
apagamento e um pedido de acesso subsequente que lhe
tinha apresentado dentro do prazo legal. Além disso, o
reclamante afirmou que, quando apresentou o seu pedido de
apagamento, a Airbnb solicitou que verificassem a sua
identidade, fornecendo uma fotocópia do seu documento de
identidade (“ID”), que não tinha fornecido anteriormente à
Airbnb.
• Artigo 5(1)(c) do RGPD
A DPC concluiu que a exigência da Airbnb de que o reclamante
verificasse a sua identidade através da apresentação de uma cópia
do seu documento de identificação com fotografia constituía uma
violação do princípio da minimização de dados, nos termos do
artigo 5.º, n.º 1, alínea c), do RGPD. Esta infração ocorreu em
circunstâncias em que a Airbnb tinha menos soluções baseadas
em dados para a questão da verificação de identidade;
A DPC tentou inicialmente resolver esta reclamação de forma amigável
através do seu processo de tratamento de reclamações. No entanto, esses
esforços não conseguiram garantir uma resolução amigável e o caso foi
aberto para investigação adicional. As questões a analisar e determinar
pelo inquérito do DPC foram as seguintes: (i) se a Airbnb tinha uma base
legal para solicitar uma cópia do documento de identificação do
reclamante onde tinha apresentado um pedido de apagamento, nos
termos do artigo 17.º do RGPD, (ii) se o documento de identificação da
Airbnb o tratamento do referido pedido de eliminação estava em
conformidade com o RGPD e a Lei de Proteção de Dados de 2018 e (iii) se
o tratamento do pedido de acesso do reclamante pela Airbnb estava em
conformidade com o RGPD e a Lei de Proteção de Dados de 2018.
• Artigo 6(1) do RGPD
A DPC concluiu que, nas circunstâncias específicas desta reclamação,
o interesse legítimo prosseguido pelo responsável pelo tratamento
não constituía uma base legal válida nos termos do artigo 6.º do RGPD
para solicitar uma cópia do documento de identificação com
fotografia do reclamante, a fim de processar o seu pedido de
apagamento; e
• Artigo 12(3) do RGPD
A DPC concluiu que a Airbnb violou o artigo 12.º, n.º 3, do
RGPD no que diz respeito ao tratamento do pedido de acesso
do reclamante. Esta infracção ocorreu quando a Airbnb não
forneceu ao reclamante informações sobre as medidas
tomadas relativamente ao seu pedido no prazo de um mês
após a recepção do pedido de acesso.
A Airbnb respondeu às alegações do reclamante, justificando
o seu pedido de identificação fotográfica dados os efeitos
adversos que resultariam de uma eliminação indevida de uma
conta. A Airbnb destacou que a eliminação fraudulenta de
uma conta Airbnb pode levar a danos significativos no mundo
real, incluindo, no caso dos anfitriões, os danos económicos
através de reservas canceladas e a perda de boa vontade
acumulada na conta e, no caso dos hóspedes, o potencial
perda de alojamento durante uma viagem ao estrangeiro. A
Airbnb afirmou que estes não são riscos triviais e que devem
ser tomadas medidas adequadas para os resolver. Afirmou
ainda que o fornecimento de um documento de identificação
para autenticar um pedido de apagamento é uma prova fiável
de identificação e que não representa um encargo
desproporcionado para a pessoa que faz o pedido de
apagamento.
À luz da extensão das infrações, a DPC emitiu uma repreensão à Airbnb
Ireland UC, nos termosdo artigo 58.º, n.º 2, alínea b), do RGPD. Além disso,
a DPC ordenou que a Airbnb Ireland UC, nos termos do artigo 58.º, n.º 2,
alínea d), revisse as suas políticas e procedimentos internos para lidar com
pedidos de apagamento, a fim de garantir que os titulares dos dados já
não sejam obrigados a fornecer uma cópia do documento de identificação
com fotografia ao efetuarem o apagamento de dados. solicitações, a
menos que possa demonstrar uma base legal para fazê-lo. A DPC ordenou
que a Airbnb Ireland UC fornecesse detalhes das suas políticas e
procedimentos internos revistos à DPC até 4 de novembro de 2022 . A
Airbnb cumpriu esta ordem no prazo estabelecido.
ACESSE q UEST RECLAMAÇÕES 23
Precisão
ESTUDO DE CASO 21
Direito ao pedido de retificação a um grupo de cuidados de saúde
(Lei Aplicável — RGPD e Lei de Proteção de Dados de 2018)
Recebemos uma reclamação contra um grupo de saúde
decorrente da recusa de um pedido de retificação nos
termos do artigo 16.º do Regulamento Geral de Proteção
de Dados (RGPD). O queixoso alegou que o grupo de
cuidados de saúde estava a escrever incorrectamente o
seu nome no seu sistema informático ao não incluir o
síneadh fada, um sotaque que faz parte da língua
irlandesa escrita.
A rede hospitalar e/ou a rede hospitalar mais ampla não apoiam a
utilização da síneadh fada. O grupo de saúde aconselhou ainda a DPC
a identificar os pacientes com números de identificação do paciente
em vez de nomes isolados.
A DPC examinou esta submissão e concluiu que qualquer atualização
do sistema informático acarretaria custos em termos de custos e
tempo significativos, juntamente com erros de armazenamento e
correspondência de registos. A DPC também se envolveu com An
Coimisinéir Teanga (Regulador da Língua Irlandesa) sobre o seu
aconselhamento às organizações do sector público no que diz respeito
aos sistemas informáticos que suportam a síneadh fada. Um
Coimisinéir Teanga informou que não existe tal obrigação decorrente
da Lei das Línguas Oficiais de 2003, mas tal obrigação pode surgir de
um esquema linguístico - um acordo estabelecido entre um órgão
público e o Ministro da Cultura, do Património e do Gaeltacht.
Os hospitais sob administração deste grupo de saúde utilizam um
sistema de administração de pacientes (PAS) para registrar
inicialmente os dados do paciente que são então compartilhados
com outros sistemas em pontos posteriores de atendimento ao
paciente, ou seja, laboratório, radiologia e cardiologia. O grupo de
saúde informou ao reclamante que não é possível gravar o
síneadh fada porque os caracteres da sintaxe são gravados como
comandos no PAS, impactando na forma como os dados são
armazenados e processados. O grupo de saúde informou a
Comissão de Proteção de Dados (DPC) que o sistema de
administração de pacientes deverá ser substituído em 2019/2020.
Porém, o novo sistema do grupo não permitirá a utilização da
síneadh fada. O grupo de saúde informou à DPC que isto tinha
como objetivo permitir um ponto de contato único e simplificado
para informações dos pacientes em diferentes sistemas. Isto
permitiria aos profissionais aceder a estas informações em
diferentes unidades de um hospital ou grupo hospitalar sem
voltar a introduzir os dados posteriormente, evitando assim a
possibilidade de erros posteriores . Os outros sistemas do atual
grupo de saúde
A DPC questionou o grupo de saúde sobre a existência de um
esquema linguístico e obteve uma cópia. Este esquema estabelece
o respeito pelas escolhas dos pacientes em relação a nomes,
endereços e idioma de escolha. O esquema também prevê o
compromisso de atualizar os sistemas informáticos para alcançar
a “conformidade linguística” . Não há prazo previsto para o
cumprimento deste compromisso no regime linguístico.
O grupo de saúde informou a DPC que está comprometido com a segurança
do paciente como uma preocupação primária e central e informou ainda a
DPC sobre as dificuldades associadas ao compartilhamento e
armazenamento de informações em outros sistemas
24 ESTUDOS DE CASOS DA COMISSÃO DE PROTEÇÃO DE DADOS
se atualizaram seu sistema para permitir o uso da síneadh
fada. Informaram ainda que irão testar a possibilidade de
utilização do síneadh fada em qualquer atualização do seu
sistema informático.
e, portanto, o objetivo do processamento está sendo
alcançado sem o uso de sinais diacríticos.
A DPC também teve em conta quaisquer riscos para o queixoso
na recusa do seu pedido ao abrigo do artigo 16.º. A DPC observou
que o risco para o queixoso aumentaria devido às dificuldades
associadas ao tratamento da síneadh fada entre sistemas e ao
impacto que isso teria em qualquer tomada de decisão sobre
cuidados de saúde para o indivíduo. Nestas circunstâncias, a não
utilização da síneadh fada não constituiria uma interferência nos
direitos fundamentais do indivíduo.
A DPC teve em conta o artigo 16.º e o artigo 5.º, n.º 1, alínea d),
do RGPD ao examinar esta reclamação. Ambos os artigos
estabelecem os direitos dos indivíduos sujeitos às “finalidades do
tratamento”. O direito à retificação nos termos do artigo 16.º do
RGPD não é um direito absoluto. As organizações que controlam
ou processam dados pessoais são obrigadas a tomar medidas
razoáveis de acordo com as circunstâncias. A DPC teve em conta
a jurisprudência do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos
sobre direitos linguísticos e/ou nomenclatura. Esta
jurisprudência reflecte que a grafia dos nomes se enquadra no
âmbito do artigo 8.º da Convenção Europeia dos Direitos do
Homem, mas que o Tribunal adopta uma abordagem restritiva a
este respeito. Como tal, a DPC reiterou que o objectivo do
processamento nas circunstâncias da queixa era a administração
de cuidados de saúde ao reclamante e envolvia a utilização de
números de identificação do paciente. O nome do reclamante
não foi o meio isolado de identificação
Nos termos da secção 109(5) (f) da Lei de Protecção de Dados de
2018 (a Lei de 2018), a DPC solicitou ao grupo de saúde que
informasse o reclamante das suas ações na implementação de
um sistema informático capaz de refletir a síneadh fada. Além
disso, a DPC solicitou que o grupo acrescentasse um adendo ao
arquivo do indivíduo para mostrar que a síneadh fada faz parte
do nome do indivíduo. A DPC, ao abrigo da secção 109(5)(c) da Lei
de 2018, avisou o queixoso que poderia contactar An Coimisinéir
Teanga sobre o esquema linguístico e qualquer violação do
mesmo.
ESTUDO DE CASO 22
Informações imprecisas mantidas em um sistema bancário
O reclamante, neste caso, possuía uma hipoteca sobre
uma propriedade com outro indivíduo. O reclamante e o
outro indivíduo deixaram a propriedade original e
mudaram-se cada um para endereços separados. Apesar
de ter conhecimento deste facto, o banco do reclamante
enviou correspondência relativa à hipoteca do
reclamante para a antiga morada do reclamante, onde
foi aberta pelos inquilinos in situ.
dados porque se referiam ao reclamante como indivíduo e o
reclamante poderia ser identificado a partir deles.
A legislação de proteção de dados, incluindo o GDPR, estabelece
princípios claros que os controladores de dados devem cumprir ao
processar os dados pessoais de uma pessoa. De particular relevância
para esta reivindicação foi a obrigação de garantir que os dados são
precisos e mantidos atualizados sempre que necessário, e a obrigação
de implementar medidas de segurança adequadas para proteger os
dados pessoais.
Ao aplicar estes princípios aos factos desta reclamação, ao manter
um endereço desatualizado do reclamante e ao enviar
correspondência do reclamante para esse endereço, o
responsável pelo tratamento não conseguiu manter atualizados
os dados pessoais do reclamante (artigo 5.º ( 1)(d)) .
Além disso, tendo em conta as múltiplas correspondências enviadas
para o endereço errado, as medidas de segurança do responsável
pelo tratamento dos dados não conseguiram salvaguardar
adequadamente osdados do reclamante (artigo 5.º, n.º 1, alínea f). A
obrigação de implementar medidas de segurança adequadas nos
termos do artigo 5.º ( 1)(f) deve ser interpretado de acordo com o
Artigo 32 do GDPR, que estabelece considerações que devem ser
levadas em consideração por um controlador de dados ao determinar
se medidas de segurança adequadas estão em vigor.
Em resposta, o banco do queixoso observou que o seu sistema
hipotecário foi construído com base na premissa de que haveria
um endereço de correspondência e, nas situações em que as
partes solidárias da hipoteca já não tivessem um endereço de
correspondência único acordado, este teria de ser gerido
manualmente fora do sistema, o que às vezes levava a erros.
Era evidente que o responsável pelo tratamento dos dados para
efeitos da reclamação era o banco do reclamante, uma vez que
controlava os dados pessoais do reclamante para efeitos de gestão
da hipoteca do reclamante. Os dados em questão consistiam (entre
outras coisas) em informações financeiras relativas à hipoteca do
reclamante junto do responsável pelo tratamento dos dados. Os
dados eram pessoais
PRECISÃO 25
ESTUDO DE CASO 23
Prova de identificação e minimização de dados
A DPC recebeu uma reclamação, através da Autoridade de
Proteção de Dados de Berlim, de um indivíduo relativamente
a um pedido que fez a um responsável pelo tratamento de
dados para alterar o endereço de e-mail associado à sua
conta de cliente. O reclamante fez o pedido através da função
de chat online do responsável pelo tratamento de dados e foi
posteriormente informado de que seria necessária uma cópia
de um documento de identificação para autenticar a
titularidade da conta para prosseguir com o pedido. O
queixoso recusou-se a fornecer esta informação e o seu
pedido não foi, portanto, processado pelo responsável pelo
tratamento de dados nessa altura.
À luz da reclamação, o responsável pelo tratamento dos dados concordou
em fornecer instruções claras sobre como o reclamante poderia alterar o
seu endereço de e-mail associado às informações da sua conta sem
fornecer quaisquer dados pessoais adicionais. O controlador de dados
também realizou uma revisão completa de seus sistemas de atendimento
ao cliente e forneceu treinamento de atualização adicional a todos os seus
agentes de atendimento ao cliente sobre os procedimentos operacionais
padrão corretos a serem seguidos em tais casos.
A DPC contactou então o reclamante, através da Autoridade de
Proteção de Dados de Berlim, para fornecer as informações que
recebeu do responsável pelo tratamento dos dados, numa tentativa de
facilitar uma resolução amigável da reclamação. O
O queixoso confirmou posteriormente à DPC que tinha alterado com
sucesso o endereço de correio electrónico da sua conta junto do
responsável pelo tratamento de dados.
Após a recepção da reclamação, a DPC contactou o
responsável pelo tratamento de dados, durante o qual foi
estabelecido que o responsável pelo tratamento de dados
não exige que os indivíduos forneçam um documento de
identificação para alterar o endereço de e-mail associado
a uma conta. Além disso, o agente de atendimento ao
cliente utilizou um procedimento operacional incorreto ao
responder à solicitação do reclamante. O procedimento
padrão do controlador de dados orienta os agentes de
atendimento ao cliente a avisar os clientes de que eles
podem alterar seu endereço de e-mail acessando sua
própria conta e fazendo a alteração diretamente na
página de configurações da 'Conta'. O responsável pelo
tratamento também informou que se um cliente não
desejar ou não puder alterar seu endereço de e-mail por
conta própria,
Este estudo de caso demonstra os benefícios, tanto para os responsáveis
pelo tratamento de dados como para os reclamantes individuais, de se
envolverem no processo de resolução amigável de uma forma significativa.
Neste caso, as ações positivas tomadas pelo responsável pelo tratamento de
dados, incluindo o fornecimento de informações detalhadas ao reclamante
sobre como proceder com a alteração do endereço de e-mail associado à
sua conta, resultaram num bom resultado para ambas as partes.
26 ESTUDOS DE CASOS DA COMISSÃO DE PROTEÇÃO DE DADOS
ESTUDO DE CASO 24
Precisão de dados
O queixoso, neste caso, apresentou uma queixa a um
órgão regulador profissional sobre a conduta de uma
pessoa regulamentada. Esta reclamação não foi
acolhida pela entidade reguladora profissional. Na sua
queixa à DPC, o queixoso alegou que o órgão
regulador profissional tinha registado de forma
imprecisa os dados pessoais relativos a eles na acta da
sua reunião. O queixoso alegou também que o
organismo regulador profissional tinha registado de
forma imprecisa os mesmos dados pessoais relativos
ao queixoso numa carta enviada por este a um terceiro.
prontamente disponíveis para eles certas informações. Este
gabinete analisou a informação que o órgão regulador
profissional afirmou estar à disposição dos particulares sobre
a apresentação de uma reclamação, sob a forma de folheto
informativo. Este folheto não continha, em particular,
quaisquer detalhes sobre o direito dos indivíduos de acesso
aos dados pessoais que lhes dizem respeito e os direitos dos
indivíduos de retificar dados imprecisos que lhes digam
respeito. Uma vez que o folheto informativo não continha
todas as informações que deveriam ser fornecidas aos
titulares dos dados ao abrigo da legislação de protecção de
dados e uma vez que o organismo regulador profissional não
forneceu quaisquer outros detalhes sobre outras medidas que
tinha em vigor no momento relevante para abordar suas
obrigações de processamento justo,Antes de iniciar uma investigação sobre esta reclamação, a DPC
analisou as informações fornecidas e estabeleceu que o órgão
regulador profissional foi identificado como o responsável pelo
tratamento de dados relevante em relação à reclamação, uma vez
que controlava o conteúdo e a utilização dos dados pessoais do
reclamante para efeitos de investigando a denúncia. Os dados em
questão eram dados pessoais relativos ao reclamante, os quais
podiam identificar o reclamante e os dados relativos ao
reclamante enquanto indivíduo. A DPC ficou portanto convencida
de que a queixa deveria ser investigada para determinar se tinha
ocorrido uma violação da legislação de protecção de dados.
Nos termos do RGPD, os responsáveis pelo tratamento de dados
devem garantir que os dados pessoais são exatos e, quando
necessário, mantidos atualizados, e devem ser tomadas todas as
medidas razoáveis para garantir que os dados pessoais imprecisos,
tendo em conta as finalidades para as quais são processados, sejam
apagados ou corrigidos sem demora. Nos termos do artigo 16.º do
RGPD, o titular dos dados tem o direito (sujeito a certas exceções) de
obter do responsável pelo tratamento, sem demora injustificada, a
retificação dos dados pessoais inexatos que lhe digam respeito.
No decurso da instrução desta reclamação, a entidade
reguladora profissional admitiu que os dados pessoais em
causa tinham sido registados inexatamente e,
relativamente aos dados registados em ata, corrigiu os
dados através da inserção de um esclarecimento. Nesta
base, este gabinete considerou que os dados pessoais
registados na ata da reunião e na carta ao terceiro foram
registados de forma imprecisa, em violação da legislação
de proteção de dados.
O GDPR também exige que os dados pessoais sejam processados de
forma justa e transparente. O responsável pelo tratamento de dados
deve fornecer ao titular dos dados todas as informações necessárias
para garantir um tratamento justo e transparente, tendo em conta as
circunstâncias e o contexto específicos em que os dados são tratados.
Em particular, quando os dados pessoais são recolhidos junto de um
titular de dados, o artigo 13.º do RGPD exige que o responsável pelo
tratamento forneça ao titular dos dados, entre outras coisas,informações sobre a identificação e os dados de contacto do
responsável pelo tratamento e do seu responsável pela proteção de
dados ( quando aplicável), a finalidade do tratamento, os destinatários
ou categorias de destinatários dos dados e informações quanto aos
direitos de retificação e apagamento dos dados pessoais.
Este gabinete também examinou se o organismo regulador
profissional tinha processado os dados pessoais do queixoso de forma
justa, conforme exigido pela legislação de protecção de dados. A fim
de cumprir o requisito de tratamento leal dos dados pessoais, os
responsáveis pelo tratamento dos dados devem garantir que os
titulares dos dados recebem ou fizeram
PRECISÃO 27
Transfronteiriço
Reclamações
ESTUDO DE CASO 25
Lidar com a reclamação de um titular de dados irlandês contra a
Cardmarket, com sede na Alemanha, usando o mecanismo GDPR One Stop
Shop (Lei aplicável — GDPR e Lei de Proteção de Dados de 2018)
A Comissão de Proteção de Dados (DPC) recebeu uma
reclamação de um indivíduo irlandês contra a
Cardmarket, uma plataforma alemã de comércio
eletrônico e negociação. O indivíduo recebeu um e-
mail da Cardmarket notificando que havia sido
hackeado e que algumas informações pessoais de
seus usuários podem ter vazado. O indivíduo alertou a
DPC e apresentou denúncia em relação ao
descumprimento.
A DPA de Berlim concluiu a sua investigação sobre a
violação e a reclamação do indivíduo. Carregou dois
projetos de decisão, um em relação à violação global que
afetou muitos outros utilizadores da plataforma em toda
a Europa, e outro em relação à queixa específica que foi
apresentada pelo indivíduo irlandês à DPC e comunicada
à DPA de Berlim.
Um aspecto importante do mecanismo OSS é que uma CSA pode
comentar um projecto de decisão emitido por uma autoridade
supervisora principal. Isto visa garantir que as autoridades de
supervisão europeias aplicam o RGPD de forma consistente, ou
seja, que uma decisão final tomada pela DPA de Berlim teria a
mesma conclusão que uma decisão da DPC se a empresa
estivesse localizada na Irlanda e a DPC tivesse investigado a
reclamação como a autoridade supervisora principal. A DPC ficou
satisfeita com os projetos de decisão da APD de Berlim e não
considerou necessário levantar quaisquer pontos de
esclarecimento ou pedidos de alteração nesta ocasião.
No âmbito do mecanismo One Stop Shop (OSS) criado pelo
Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR), a
localização do principal estabelecimento europeu de uma
empresa determina qual autoridade europeia atuará
como autoridade supervisora principal em relação a
quaisquer reclamações recebidas. Uma vez estabelecida a
autoridade supervisora principal (LSA), a autoridade que
recebeu a reclamação atua como autoridade supervisora
competente (CSA). O CSA é o intermediário entre o LSA e o
indivíduo. Entre outras coisas, a razão para esta separação
é para que as autoridades de supervisão possam
comunicar com os reclamantes individuais na sua língua
nativa. Neste caso, a Autoridade de Proteção de Dados de
Berlim (DPA) atuou como LSA, uma vez que a empresa
tinha o seu estabelecimento principal na área territorial de
Berlim. A DPC atuou como CSA,
O projeto de decisão em relação à violação global descreveu uma
série de medidas tomadas pela plataforma para resolver a
violação e mitigar os seus efeitos adversos. As medidas incluíram
retirar seus servidores da rede e excluir todos os dados neles
contidos, bem como redefinir todas as senhas de usuários e
garantir que as novas senhas fossem criptografadas com os
métodos de hash mais recentes. O projeto de decisão considerava
improvável uma repetição do incidente e que a divulgação em
massa de palavras-passe
28 ESTUDOS DE CASOS DA COMISSÃO DE PROTEÇÃO DE DADOS
tornou-se praticamente impossível à luz das medidas
tomadas.
Este caso ilustra as transferências e transferências
desafiadoras envolvidas no mecanismo OSS estabelecido
pelo GDPR. Demonstra a profundidade da cooperação
entre as autoridades de supervisão europeias necessária
para a aplicação consistente do GDPR na Europa.
A DPC informou o indivíduo sobre o resultado da
investigação da DPA de Berlim, fornecendo-lhe uma
cópia da decisão global que investiga a violação e da
decisão que trata da sua queixa específica.
ESTUDO DE CASO 26
A Operação do Procedimento do Artigo 60 em
Reclamações Transfronteiriças: Groupon
A DPC recebeu uma reclamação em julho de 2018
da autoridade polaca de proteção de dados em
nome de um reclamante polaco contra a Groupon
International Limited (“Groupon”). A reclamação
estava relacionada com os requisitos que o
Groupon tinha em vigor na altura para verificar a
identidade dos indivíduos que lhe fizeram pedidos
de direitos de proteção de dados. Neste caso, o
queixoso alegou que a prática do Groupon de exigir
que verificassem a sua identidade através da
apresentação electrónica de uma cópia de um
bilhete de identidade nacional, no contexto de um
pedido que tinham feito para o apagamento de
dados pessoais nos termos do artigo 17.º do do
RGPD, constituiu uma violação do princípio da
minimização de dados, tal como estabelecido no
artigo 5.º, n.º 1, alínea c), do RGPD, em
circunstâncias em que não havia obrigação de
fornecer um documento de identidade quando uma
conta Groupon foi criada. Além disso,
mesmo . Como tal, a questão deveria ser decidida através de uma
decisão nos termos do artigo 60.º do RGPD.
(i) Projeto de Decisão Inicial
O primeiro passo no processo do Artigo 60 implicou que a DPC
preparasse um projecto de decisão relativamente à queixa. No seu
projeto de decisão inicial, o DPC constatou violações dos artigos 5.º, n.º
1, alínea c), e 12.º, n.º 2, do RGPD por parte do Groupon. A DPC
forneceu o projeto de decisão ao Groupon para que este pudesse
apresentar propostas. A Groupon apresentou posteriormente uma
série de observações, que (juntamente com a análise da DPC das
mesmas) foram tidas em conta numa nova versão do projeto de
decisão.
(ii) Fornecimento do Projeto Inicial de Decisão às
Autoridades de Supervisão Interessadas
A segunda fase do processo do artigo 60.º envolveu o
carregamento do projeto de decisão inicial da DPC no IMI para
circulação entre as Autoridades de Supervisão Interessadas (CSA),
nos termos do artigo 60.º, n.º 3, do RGPD. O projeto de decisão da
DPC foi carregado no IMI em 25 de maio de 2020 e, nos termos do
artigo 60.º, n.º 4, do RGPD, os CSA tiveram posteriormente direito
a quatro semanas para apresentar quaisquer objeções relevantes
e fundamentadas à decisão. A DPC recebeu subsequentemente
uma série de objecções e comentários relevantes e
fundamentados sobre a sua decisão por parte dos CSA. Em
particular, alguns APC argumentaram que deveriam ter sido
detectadas infrações adicionais ao RGPD e, além disso, que
deveria ter sido imposta uma reprimenda e/ou multa
administrativa.
A DPC iniciou o exame da denúncia após o recebimento da
mesma. No decurso da sua correspondência com o Groupon
sobre o assunto, tornou-se claro que a política do Groupon de
exigir que um requerente forneça uma cópia de um bilhete de
identidade nacional, que estava em vigor desde antes da entrada
em vigor do RGPD (e que estava em vigor no momento do
pedido de apagamento do reclamante), tinha sido
descontinuado desde outubro de 2018. Em seu lugar, o Groupon
implementou um sistema de autenticação de e-mail que
permitiu aos usuários do Groupon verificar a propriedade de sua
conta. A DPC tentou resolver a reclamação amigavelmente (de
acordo com a seção 109(2) da Lei de Proteção de Dados de
2018), mas o reclamante não estava disposto a aceitar as
propostas do Groupon em relação a
(iii) Projeto de Decisão Revisto
A fase seguinte do processo do Artigo 60 exigia que a DPC
considerasse cuidadosamente cada objecção e comentário relevante e
fundamentado recebido em relação ao seu projecto de decisão, e
incorporasse a sua análise dos mesmosnum projecto de decisão
revisto. Ao rever o seu projecto de decisão, a DPC seguiu algumas
objecções relevantes e fundamentadas recebidas,
RECLAMAÇÕES TRANSFRONTEIRIÇAS 29
e recusou-se a seguir certas objecções relevantes e fundamentadas. O
projeto de decisão revisto da DPC, tendo em conta a sua análise das
objeções e comentários relevantes e fundamentados relativamente ao
seu projeto de decisão, constatou violações adicionais dos artigos 17.º,
n.º 1, alínea a), e 6.º, n.º 1, do RGPD por parte da Groupon. Além disso,
a DPC propôs, no seu projeto de decisão revisto, emitir uma
reprimenda ao Groupon, nos termos do artigo 58.º, n.º 2, alínea b), do
RGPD. A DPC forneceu seu projeto de decisão revisado ao Groupon
para permitir que ele fizesse as apresentações finais. Foram recebidas
diversas observações finais do Groupon, as quais (juntamente com a
análise da DPC das mesmas) foram tidas em conta no projeto de
decisão revisto da DPC.
(v) Adoção da Decisão Final
Após a retirada da objecção final relevante e fundamentada, e
decorrido o prazo para recepção de quaisquer outras
objecções, a última fase do processo do artigo 60.º implicou a
adopção pela DPC da decisão final, que foi carregada no IMI e
comunicada ao Groupon . A decisão final foi carregada em 16
de dezembro de 2020. Nos termos do artigo 60.º, n.º 6, do
RGPD, os CSA foram considerados neste momento como
estando de acordo com a decisão e vinculados a ela. Nos
termos do artigo 60.º, n.º 7, a autoridade polaca de proteção de
dados junto da qual a reclamação foi inicialmente apresentada
era responsável por informar o queixoso da decisão.
(iv) Fornecimento de Projeto de Decisão Revisado às
Autoridades de Supervisão Interessadas
Em resumo, a DPC constatou violações dos seguintes artigos do RGPD
em relação a este caso: artigos 5.º, n.º 1, alínea c), 12.º, n.º 2, 17.º, n.º 1,
alínea a) e 6.º, n.º 1. Este estudo de caso demonstra que, quando uma
reclamação transfronteiriça em matéria de proteção de dados não
pode ser resolvida amigavelmente, o procedimento do artigo 60.º que
se segue é particularmente complicado, complexo e moroso,
especialmente tendo em conta as opiniões de outras autoridades de
controlo em toda a UE/ O EEE deve ser tido em conta e
cuidadosamente considerado em todos esses casos.
Neste caso, após a conclusão da investigação da denúncia,
o projeto inicial da decisão da DPC foi carregado no IMI em
25 de maio de 2020, e a decisão final — incorporando
observações do Groupon, objeções relevantes e
fundamentadas e comentários dos CSAs, e a análise da DPC
sobre o mesmo — foi adotada em 16 de dezembro de 2020,
cerca de sete meses depois.
A fase seguinte do processo do artigo 60.º implicou que a
DPC carregasse o seu projeto de decisão revisto no IMI, para
circulação entre os CSA. Nos termos do artigo 60.º, n.º 5, do
RGPD, os CSA tinham direito a mais duas semanas para
indicar se tencionavam manter as suas objeções. Isto
levantou a perspectiva de que o procedimento de resolução
de litígios ao abrigo do artigo 65.º do RGPD teria de ser
iniciado, o que teria envolvido o Comité Europeu para a
Protecção de Dados (CEPD) a decidir sobre o(s) ponto(s) de
desacordo, e que teria alargado ainda mais o momento em
que a decisão relativa ao caso poderia ser concluída. No
entanto, a consulta adicional foi posteriormente retirada.
ESTUDO DE CASO 27
Resolução Amigável em Reclamações Transfronteiriças: MTCH
A DPC recebeu uma reclamação em junho de 2020, por meio
de seus formulários on-line de reclamação, contra a MTCH
Technology Services Limited (Tinder). Embora a reclamação
tenha sido apresentada diretamente à DPC, por um
residente irlandês, após avaliação, foi considerada uma
reclamação transfronteiriça porque estava relacionada com
as políticas operacionais gerais do Tinder e, como o Tinder
está disponível em toda a UE, o processamento reclamado
foi portanto, considerado de um tipo “….que afeta
substancialmente ou é suscetível de afetar substancialmente
os titulares dos dados em mais de um Estado-Membro” (de
acordo com a definição de processamento transfronteiriço
nos termos do artigo 4.º, n.º 23, do RGPD).
o queixoso apresentou um pedido ao Tinder para o
apagamento dos seus dados pessoais nos termos do
artigo 17.º do RGPD. Em resposta ao seu pedido de
apagamento, o queixoso foi encaminhado pelo Tinder
para a sua política de privacidade para obter informações
relacionadas com as suas políticas de retenção de dados
pessoais. Em particular, o Tinder informou ao reclamante
que “depois que uma conta é encerrada, seja qual for o
motivo (exclusão pelo usuário, conta banida, etc.), os
dados do usuário não ficam mais visíveis no serviço
(sujeito a um atraso razoável) e os dados são descartados
de acordo com a política de privacidade [do Tinder]”. O
denunciante ficou insatisfeito com esta resposta e entrou
novamente em contato com o Tinder solicitando o
apagamento de seus dados pessoais.
A reclamação dizia respeito ao banimento do
denunciante da plataforma Tinder, após o qual o
30 ESTUDOS DE CASOS DA COMISSÃO DE PROTEÇÃO DE DADOS
obrigações de retenção e para o estabelecimento, exercício ou
defesa de ações judiciais, conforme permitido pelo Art. 17(3) do
RGPD.” O queixoso apresentou posteriormente a sua queixa à
DPC.
os dados pessoais do reclamante para que este pudesse abrir uma
nova conta.
O reclamante tinha algumas preocupações residuais em relação à
maneira como o Tinder responde aos pedidos de apagamento. Ao
ser informado de que tais questões estavam sendo examinadas
pela DPC por meio de inquérito estatutário separado, o
reclamante concordou em aceitar a proposta do Tinder para a
resolução amigável da reclamação.
Como tal, a questão foi resolvida amigavelmente nos
termos da secção 109(3) da Lei de Protecção de Dados de
2018 (a Lei), e nos termos da secção 109(3) da Lei a
reclamação foi considerada retirada.
Após o envolvimento do DPC com o Tinder em relação a esta
reclamação, o Tinder informou ao DPC que o reclamante havia sido
banido da plataforma porque suas informações de login estavam
vinculadas a outro perfil banido. Além disso, o Tinder identificou
outras onze contas associadas ao ID do dispositivo do reclamante.
Todas essas contas foram banidas da plataforma Tinder porque
parecia que um cliente não oficial estava sendo usado para acessar o
Tinder (uma violação dos termos de serviço do Tinder). O DPC voltou
ao reclamante com esta informação, e o reclamante informou que
havia usado o cliente oficial do Tinder para Android e o site oficial do
Tinder no Firefox. No entanto, descobriu-se que ele estava usando
uma versão personalizada do Android em seu telefone com vários
complementos de segurança e privacidade. Como resultado, seu
telefone tinha um ID de dispositivo diferente após cada atualização/
reinicialização. Na opinião do reclamante, essa foi a causa provável do
problema que resultou em seu banimento do Tinder. À luz de tal
proibição, de acordo com a política do Tinder sobre retenção de
dados, os seus dados pessoais teriam sido retidos por um longo
período de tempo. No entanto, dadas as circunstâncias, por meio de
uma proposta de resolução amigável, o Tinder ofereceu-se para
excluir imediatamente
Este estudo de caso demonstra que um exame minucioso de uma
reclamação aparentemente intratável pode resultar na sua
resolução amigável, o que muitas vezes resultará numa solução
justa e eficaz para o indivíduo afetado em tempo útil . Neste caso,
as informações recolhidas pela DPC quando investigou mais
profundamente as circunstâncias do banimento do queixoso do
Tinder - nomeadamente o facto de o queixoso ter utilizado uma
versão personalizada do Android com complementos de
segurança e privacidade - contribuíram para uma maior
compreensão. entre as partes e levou o Tinder a apresentar a sua
proposta de resolução do caso, que o denunciante aceitou.
ESTUDO DE CASO 28
Resolução amigávelem reclamações transfronteiriças:
Facebook Irlanda
A DPC recebeu uma reclamação multifacetada em abril de
2019 relativa a pedidos de acesso (nos termos do artigo
15.º do RGPD), de retificação (nos termos do artigo 16.º
do RGPD) e de apagamento (nos termos do artigo 17.º do
RGPD) que o reclamante tinha feito ao Facebook Ireland
Limited (“Facebook”). A reclamação foi feita diretamente à
DPC, por um titular dos dados residente no Reino Unido.
Após avaliação na DPC, a reclamação foi considerada
transfronteiriça porque estava relacionada com as
políticas operacionais gerais do Facebook e, como o
Facebook está disponível em toda a UE, o processamento
reclamado foi, portanto, considerado de um tipo “….que
afecta substancialmente ou seja suscetível de afetar
substancialmente os titulares dos dados em mais de um
Estado-Membro” (de acordo com a definição de
tratamento transfronteiriço nos termos do artigo 4.º, n.º
23, do RGPD).
O queixoso inicialmente fez os seus pedidos ao Facebook porque
a sua conta no Facebook estava bloqueada há mais de um ano,
sem motivo na opinião do queixoso, e ele acreditava que o
Facebook detinha dados pessoais imprecisos relativos a ele.
Desejando, em última análise, apagar todos os dados pessoais
que o Facebook detinha em relação a ele, o queixoso considerou
que esta informação imprecisa o impedia de conseguir iniciar
sessão na sua conta do Facebook para iniciar o processo de
apagamento. Por conseguinte, apresentou um pedido de acesso
ao Facebook, mas não conseguiu verificar a sua identidade de
forma satisfatória para o Facebook. O queixoso apresentou
posteriormente a sua queixa à DPC.
Após um envolvimento considerável da DPC com o
Facebook e com o reclamante com vista a resolver a
reclamação amigavelmente, durante o qual o reclamante
conseguiu verificar a sua identidade para satisfação do
Facebook, o Facebook concordou em fornecer ao
reclamante um link contendo os dados pessoais que
RECLAMAÇÕES TRANSFRONTEIRIÇAS 31
manteve em relação a ele. O denunciante acessou o
material no link, mas continuou insatisfeito porque alegou
que o material fornecido era insuficiente. Em particular, o
queixoso indicou que desejava ser informado sobre
quaisquer dados pessoais detidos em relação a si pelo
Facebook, para além daqueles que foram processados
para operar o seu perfil no Facebook. O Facebook
respondeu à DPC indicando que o material fornecido ao
denunciante através do link era a totalidade dos dados da
conta que possuía em relação a ele. O queixoso
permaneceu insatisfeito com esta resposta, indicando que
pretendia obter informações sobre quaisquer dados
pessoais que o Facebook detinha em relação a ele e que
não estivessem relacionados com a sua conta no
Facebook. Reiterou também a sua convicção de que alguns
destes dados pessoais,
fornecida ao queixoso foi a totalidade dos dados que detinha em
relação a ele que se enquadravam no âmbito do artigo 15.º, e
indicou que procederia ao apagamento dos dados pessoais do
queixoso assim que este tivesse indicado que estava agora
satisfeito com isso para fazer isso.
O reclamante contentou-se em concluir a questão nesta
base e, como tal, a questão foi resolvida amigavelmente nos
termos da secção 109(3) da Lei de Protecção de Dados de
2018 (a Lei) e nos termos da secção 109(3) da Lei a a
reclamação foi considerada retirada.
Este estudo de caso demonstra os benefícios – para os
reclamantes individuais – da intervenção da DPC por meio do
processo de resolução amigável. Neste caso, o envolvimento da
DPC levou o queixoso a poder verificar a sua identidade, a
contento do Facebook, e a que o Facebook lhe fornecesse links
contendo os seus dados pessoais em duas ocasiões. O
envolvimento da DPC com o responsável pelo tratamento
também resultou na confirmação, para satisfação do queixoso,
de que todos os dados pessoais que deviam ser divulgados em
resposta a um pedido do artigo 15.º lhe tinham sido fornecidos.
Isto resultou num resultado justo que foi satisfatório para ambas
as partes da queixa. Este estudo de caso também ilustra o
intenso investimento de recursos necessário por parte das
Autoridades de Proteção de Dados (DPA) para resolver questões
desta natureza. O queixoso, neste caso, levanta uma questão que
lhe preocupa e tem o direito de que a questão seja abordada. A
questão que o caso levanta é se o responsável pelo tratamento
neste caso deveria ter sido capaz de resolver esta questão sem a
necessidade de extensos recursos da DPA para mediar o
resultado.
Em resposta, o Facebook informou à DPC que, desde o início da
reclamação, tinha feito algumas melhorias na sua ferramenta
“Download Your Information”. Na sequência desta atualização das
suas ferramentas de acesso, determinou que existia uma
quantidade muito pequena de dados pessoais adicionais em
relação à conta do Facebook do reclamante e forneceu ao
reclamante um novo link contendo todos os dados pessoais que
possuía em relação ao reclamante. , incluindo estes dados
adicionais . O denunciante acedeu a este material adicional e, com
o objetivo de resolver a sua reclamação, procurou a confirmação
de que, uma vez efetuada a eliminação da sua conta, o Facebook
deixaria de deter quaisquer dados pessoais relativos a ele. O
Facebook voltou a indicar que o material que tinha
ESTUDO DE CASO 29
Artigo 60.º Não resposta a um pedido de acesso da Ryanair
Neste caso, o queixoso apresentou inicialmente a sua
queixa ao Information Commissioner's Office (ICO) do
Reino Unido, que foi posteriormente recebida pela DPC,
em 2 de março de 2019. A queixa dizia respeito ao alegado
incumprimento por parte da Ryanair DAC (Ryanair) em
cumprir um pedido de acesso de titular que lhe foi
apresentado pelo reclamante em 26 de setembro de 2018,
em conformidade com o artigo 15.º do RGPD. O ICO
forneceu à DPC uma cópia do formulário de reclamação
apresentado ao ICO pelo reclamante, uma cópia da
confirmação, datada de 26 de setembro de 2018, que o
reclamante recebeu do controlador de dados ao enviar a
solicitação de acesso, e uma cópia do e-mail de
acompanhamento do reclamante
ao responsável pelo tratamento solicitando uma atualização
em relação ao seu pedido.
Agindo na sua qualidade de Autoridade Supervisora Principal, a
DPC iniciou uma análise da reclamação contactando o
responsável pelo tratamento de dados, descrevendo os detalhes
da reclamação e instruindo o responsável pelo tratamento de
dados a responder integralmente ao pedido de acesso e a
fornecer à DPC uma cópia da carta de apresentação enviada ao
reclamante. A Ryanair forneceu ao queixoso acesso a cópias dos
seus dados pessoais relativos à referência de reserva específica
que o queixoso tinha fornecido ao ICO e aos dados relativos a
uma reclamação separada. A Ryanair informou que não poderia
fornecer ao queixoso uma cópia da gravação da chamada
solicitada, pois, devido ao atraso da Ryanair no processamento do
pedido, a chamada
32 ESTUDOS DE CASOS DA COMISSÃO DE PROTEÇÃO DE DADOS
a gravação foi excluída de acordo com a política da empresa e eles não
conseguiram recuperá-la. A Ryanair informou a DPC de que tinha
informado previamente o queixoso deste facto através do seu portal
online. A Ryanair afirmou que no momento em que o pedido foi
apresentado, devido ao volume de titulares de dados que não
verificaram o seu endereço de correio eletrónico, os pedidos de acesso
não foram atribuídos ao departamento competente até que o e-mail
fosse verificado pelo titular dos dados. A Ryanair informou a DPC que o
reclamante respondeu ao pedido, verificando o seu endereço de
correio eletrónico, mas o agente que estava a trabalhar no pedido
tinha deixado de trabalhar no portal online e, portanto, o pedido não
tinha sido atribuído ao departamento competente. A Ryanair afirmou
que este erro só foi descoberto algum tempo depois, quando o pedido
foi então atribuído ao departamento de atendimento ao cliente para
fornecer os dados necessários,incluindo a gravação da chamada,
altura em que o registo da chamada foi eliminado de acordo com a
política de retenção da Ryanair. A Ryanair forneceu à DPC uma cópia da
sua política de retenção, na qual afirma que as gravações das
chamadas são retidas por um período de 90 dias a contar da data da
chamada. A Ryanair informou que, como a chamada do queixoso tinha
sido feita em 5 de setembro de 2018, teria sido automaticamente
eliminada em 4 de dezembro de 2018. A Ryanair afirmou ainda que não
possui a funcionalidade para recuperar gravações de chamadas
excluídas. Nos termos da Secção 109(2) da Lei de Protecção de Dados
de 2018, a DPC tentou facilitar a resolução amigável da reclamação. No
entanto, o queixoso não estava disposto a aceitar as propostas da
Ryanair relativamente ao mesmo. Como tal, a questão deveria ser
decidida através de uma decisão nos termos do artigo 60.º do RGPD.
distribuídos entre as Autoridades de Supervisão Interessadas
(CSAs), nos termos do Artigo 60(3) do GDPR. O projeto de decisão
da DPC foi carregado no IMI em 25 de maio de 2020 e, nos termos
do artigo 60.º, n.º 4, do RGPD, os CSA tiveram posteriormente
direito a quatro semanas para apresentar quaisquer objeções
relevantes e fundamentadas à decisão.
A DPC recebeu subsequentemente uma série de objecções e
comentários relevantes e fundamentados em relação ao seu
projecto de decisão por parte dos CSA. Em particular, alguns APC
argumentaram que deveriam ter sido detectadas infrações
adicionais ao RGPD e, além disso, que deveria ter sido imposta
uma repreensão.
(iii) Projeto de Decisão Revisto
De acordo com o artigo 60.º, n.º 3, do RGPD, o DPC é obrigado a
ter devidamente em conta as opiniões dos CSA. À luz das objeções
e comentários recebidos dos CSAs, a DPC considerou
cuidadosamente cada objeção e comentário relevante e
fundamentado recebido em relação ao seu projeto de decisão. A
DPC reviu o seu projecto de decisão para incluir um resumo e uma
análise das objecções e comentários expressos pelos CSAs. Ao
rever o seu projecto inicial, a DPC seguiu algumas objecções
relevantes e fundamentadas recebidas e recusou-se a seguir
outras. No seu projeto de decisão revisto, a DPC propôs emitir
uma repreensão à Ryanair, nos termos do artigo 58.º, n.º 2, alínea
b), do RGPD. A DPC forneceu o seu projeto de decisão revisto à
Ryanair para lhe permitir apresentar observações finais. A Ryanair
observou que a DPC concluiu que tinha infringido o RGPD, e que a
DPC exerceu os seus poderes neste caso em conformidade com o
considerando 129 e os requisitos do devido processo previstos no
artigo 58.º do RGPD. A Ryanair informou a DPC que aceitava as
conclusões e a repreensão associada e não desejava apresentar
mais observações.(i) Projeto de Decisão Inicial
Dado que a reclamação dizia respeito ao processamento
transfronteiriço, a DPC foi obrigada, de acordo com o
processo do artigo 60.º, a tomar um projecto de decisão
relativamente à reclamação. Na sua versão inicial do projeto
de decisão, a DPC concluiu por violação do artigo 15.º do
RGPD, na medida em que a Ryanair não forneceu ao
queixoso uma cópia dos seus dados pessoais que estavam
em tratamento no momento do pedido. O DPC também
constatou uma violação do artigo 12.º, n.º 3, do RGPD, na
medida em que a Ryanair não forneceu ao queixoso
informações sobre as medidas tomadas relativamente ao
seu pedido nos termos do artigo 15.º no prazo legal de um
mês. A DPC forneceu o projecto de decisão à Ryanair para
lhe permitir apresentar observações. Posteriormente, a
Ryanair apresentou uma série de observações,
(iv) Fornecimento de Projeto de Decisão Revisado às
Autoridades de Supervisão Interessadas
Em conformidade com o artigo 60.º, n.º 5, do RGPD, uma vez que
o DPC apresentou o seu projeto de decisão revisto aos CSA para
parecerem, os CSA tiveram direito a mais duas semanas para
apresentarem quaisquer outras objeções à decisão.
Nos termos do artigo 60.º, n.º 5, do RGPD, a DPC apresentou o
seu projeto de decisão revisto às CSA para parecer em 20 de
outubro de 2020. Dado que a DPC não recebeu mais objecções
ou comentários em relação ao projecto de decisão revisto por
parte dos CSA dentro do prazo legal, os CSA foram considerados
como estando de acordo com o projecto de decisão revisto da
DPC e vinculados a ele em conformidade com o Artigo 60( 6) do
RGPD.
(ii) Fornecimento de projeto de decisão às autoridades
de supervisão competentes (v) Adoção da Decisão Final
De acordo com o processo do artigo 60.º, a DPC procedeu à submissão
do seu sentido provável de decisão ao IMI para apreciação.
Decorrido o prazo para recepção de quaisquer novas
impugnações, a DPC procedeu à adopção da decisão final,
RECLAMAÇÕES TRANSFRONTEIRIÇAS 33
de acordo com o Artigo 60(7) do GDPR. A DPC carregou
então a sua decisão final no IMI e comunicou-a à Ryanair.
A decisão final foi carregada em 11 de novembro de
2020. Nos termos do artigo 60.º, n.º 7, a OIC, a quem a
denúncia foi inicialmente apresentada, era responsável
por informar o reclamante da decisão.
demorado . Neste caso, o projeto inicial da decisão da DPC foi
carregado no IMI em 25 de maio de 2020, e a decisão final só
foi adotada em 11 de novembro de 2020, cerca de seis meses
depois.
Este estudo de caso também demonstra — mais uma vez — a
intensidade dos recursos da DPA consumidos na obtenção de
resultados sobre questões que poderiam ter sido resolvidas pelo
responsável pelo tratamento sem recurso à DPC, levantando
novamente a questão da drenagem injustificada de recursos da DPA,
afastando-a da resolução de questões sistémicas mais amplas. que
alcançaria melhores resultados para o número máximo de indivíduos.
Em resumo, a DPC constatou violações do artigo 12.º, n.º 3, e do
artigo 15.º do RGPD no que diz respeito a esta queixa.
Este estudo de caso demonstra que, quando uma reclamação
relativa ao tratamento transfronteiriço de dados pessoais não
pode ser resolvida amigavelmente, o procedimento do artigo 60.º
que se segue é particularmente complicado, complexo e
ESTUDO DE CASO 30
Resolução amigável em reclamações transfronteiriças —
pedido de acesso à Airbnb
A DPC recebeu uma reclamação em setembro de 2020
relativa a um pedido de acesso (ao abrigo do artigo 15.º
do RGPD), que o reclamante tinha feito à Airbnb Ireland
UC (“Airbnb”). A denúncia foi feita diretamente à DPC, por
um indivíduo radicado em Malta. Após avaliação da DPC,
a reclamação foi considerada transfronteiriça porque
estava relacionada com as políticas operacionais gerais
da Airbnb e, como a Airbnb está disponível em toda a UE,
o processamento reclamado foi, portanto, considerado
de um tipo “….que afeta substancialmente ou é suscetível
de afetar substancialmente os titulares dos dados em
mais de um Estado-Membro” (de acordo com a definição
de tratamento transfronteiriço nos termos do artigo 4.º,
n.º 23, do RGPD).
Em resposta, a Airbnb explicou que, depois de ter sido informada de
que o link inicial que enviou ao reclamante não estava operacional,
enviou um novo link ao reclamante e não tinha conhecimento de que o
reclamante tivesse tido qualquer dificuldade em aceder a este
segundo link. No entanto, no interesse de resolver a reclamação
amigavelmente, a Airbnb concordou em fornecer ao reclamante um
link adicional para um arquivo de acesso e para que um arquivo
criptografado fosse enviado ao reclamante por e-mail seguro.
Como resultado, a questão foi resolvida amigavelmente nos
termos da secção 109(3) da Lei de Proteção de Dados de 2018
(“a Lei”) e, nos termos da secção 109(3) da Lei, a reclamação
foi considerada retirada. Este estudo de caso demonstra os
benefícios – para os reclamantes individuais – da intervenção
da DPC por meio do processo de resolução amigável.
O reclamante apresentou um pedido de acesso ao Airbnb. A
Airbnb facilitou este pedido de acesso fornecendo ao reclamante
um link para um ficheiro de acesso contendo os seus dados
pessoais.Contudo, quando o queixoso tentou utilizar a ligação,
esta não estava operacional. Além disso, o reclamante ficou
frustrado com a dificuldade que enfrentou em contactar a Airbnb
em relação a este assunto. O queixoso apresentou a sua queixa à
DPC nesta base.
Neste caso, o envolvimento da DPC permitiu ao queixoso ter acesso aos
seus dados. Este estudo de caso ilustra com que frequência questões
simples — como ligações que não funcionam corretamente — podem
tornar-se reclamações de proteção de dados se a questão não for gerida de
forma adequada no front-end das equipas de atendimento ao cliente e de
proteção de dados dos responsáveis pelo tratamento de dados.
A DPC contactou a Airbnb e solicitou que facilitasse o pedido do
reclamante. A DPC especificou que o Airbnb deveria garantir que
todos os links enviados aos reclamantes sejam totalmente testados e
operacionais.
34 ESTUDOS DE CASOS DA COMISSÃO DE PROTEÇÃO DE DADOS
ESTUDO DE CASO 31
Resolução amigável em reclamações transfronteiriças:
Google (YouTube)
A DPC recebeu uma reclamação em setembro de
2020, através do seu formulário web de reclamação,
contra a Google Ireland Limited (YouTube). A
reclamação foi feita por um pai agindo em nome de
seu filho e dizia respeito a um canal/conta do
YouTube. O canal/conta do YouTube foi criado
quando a criança tinha dez anos e numa altura em
que não avaliava as consequências da publicação de
vídeos online.
Esta reclamação foi identificada como potencialmente passível de
resolução amigável nos termos da Secção 109 da Lei de Proteção
de Dados de 2018, com o indivíduo e o Controlador de Dados
concordando em trabalhar com a DPC para tentar resolver a
questão amigavelmente. A DPC investigou os antecedentes da
reclamação e observou que parecia que o Google havia removido
um vídeo específico da conta, para o qual o URL havia sido
fornecido, mas não havia removido a conta na sua totalidade, com
o resultado de que outros vídeos permaneceram on-line .
Embora a reclamação tenha sido apresentada diretamente à DPC por
um residente irlandês, após avaliação foi considerada uma
reclamação transfronteiriça porque estava relacionada com as
políticas operacionais gerais do YouTube e, como o YouTube está
disponível em toda a UE, o processamento reclamado foi, portanto,
considerado de um tipo “que afete substancialmente ou seja
suscetível de afetar substancialmente os titulares dos dados em mais
de um Estado-Membro” (de acordo com a definição de tratamento
transfronteiriço nos termos do artigo 4.º, n.º 23, do RGPD).
A DPC comunicou-se com o Google sobre o assunto e
informou-o sobre os antecedentes específicos da
reclamação. O Google agiu imediatamente e removeu
totalmente a conta do YouTube. O Google confirmou que
surgiu um mal-entendido porque sua equipe de suporte
avaliou incorretamente o URL de um vídeo específico
fornecido pelo reclamante, em vez de toda a conta.
A DPC informou os pais do resultado e propôs uma resolução
amigável para a reclamação. Posteriormente, a mãe
informou à DPC que recentemente tomou conhecimento de
outro canal no YouTube criado por seu filho, que novamente
não estava mais em uso, e que a criança queria ser excluído.
O DPC manteve correspondência com o Google e o Google
confirmou que tomou medidas imediatas para remover a
conta e informou o pai das ações que havia tomado.
Segundo o queixoso, a criança já não tinha controlo sobre
a conta porque tinha perdido as suas palavras-passe e a
conta já não estava a ser utilizada. Porém, colegas da
criança descobriram os vídeos, anteriormente postados
pela criança, que agora eram motivo de constrangimento
para a criança. O progenitor da criança manteve extensa
correspondência com a Google, visando, nomeadamente,
o apagamento da conta da plataforma YouTube. O
responsável forneceu o URL de um vídeo específico na
conta e da própria conta . A controladora foi informada
pelo Google, em diversas ocasiões, de que havia tomado
medidas e removido o conteúdo da plataforma. No
entanto, o pai observou repetidamente que o conteúdo
não havia sido removido e ainda estava disponível online.
Este caso destaca que a DPC pode ajudar os titulares dos dados durante o
processo de resolução amigável, explicando os seus pedidos específicos a
um responsável pelo tratamento de dados, muitas vezes ao nível apropriado,
quando um indivíduo não teve sucesso no envolvimento inicial com o
responsável pelo tratamento de dados. Isto permite ainda que a DPC
monitorize a conformidade dos responsáveis pelo tratamento dos dados,
tomando nota de quaisquer questões que possam ser repetidas noutras
reclamações.
RECLAMAÇÕES TRANSFRONTEIRIÇAS 35
ESTUDO DE CASO 32
Resolução amigável em reclamações transfronteiriças —
Yahoo EMEA Limited
A DPC recebeu uma reclamação em março de 2021 da
autoridade de proteção de dados da Baviera em nome de
um reclamante da Baviera contra o Yahoo EMEA Limited.
No âmbito do mecanismo One Stop Shop (OSS) criado
pelo GDPR, a localização do principal estabelecimento de
uma empresa na UE determina qual autoridade da UE
atuará como autoridade supervisora principal (LSA) em
relação a quaisquer reclamações recebidas. Uma vez
estabelecida a autoridade principal, a autoridade que
recebeu a reclamação atua como autoridade supervisora
competente (CSA). O CSA é o intermediário entre o LSA e
o indivíduo. Neste caso, o DPC é a LSA, uma vez que a
empresa reclamada tem o seu estabelecimento principal
na Irlanda.
O queixoso não ficou satisfeito com esta solução e apresentou uma
reclamação à sua autoridade de supervisão local, que encaminhou a
reclamação para a DPC na sua função de Autoridade de Supervisão
Principal do Yahoo.
Esta reclamação foi identificada como potencialmente passível de resolução
amigável ao abrigo da Secção 109 da Lei de Proteção de Dados de 2018,
com tanto o indivíduo como o responsável pelo tratamento dos dados
concordando em trabalhar com a DPC para tentar resolver a questão
amigavelmente.
A DPC contatou o Yahoo sobre o assunto, e o Yahoo adotou uma
abordagem proativa e imediatamente notou seu desejo de entrar em
contato diretamente com o reclamante para tentar resolver o
problema o mais rápido possível. Posteriormente, o Yahoo
confirmou rapidamente ao DPC que sua equipe de serviços aos
membros entrou em contato com o reclamante, que forneceu
informações alternativas que permitiram ao Yahoo validar com êxito
a identidade do solicitante e, posteriormente, restaurar o acesso à
sua conta.
O queixoso nesta questão perdeu o acesso à sua conta de
correio electrónico na sequência de uma actualização no
seu computador. O queixoso observou que tinha contactado
a Yahoo para recuperar o acesso e que lhe foram solicitadas
informações relativas à conta para autenticar a sua
propriedade. O queixoso afirmou ter fornecido esta
informação. No entanto, o Yahoo informou ao queixoso que
não poderia verificar a sua identidade com a utilização das
informações que lhe foram fornecidas. O queixoso não ficou
claro se as informações fornecidas não eram correctas e,
por isso, continuou a dar as mesmas respostas às questões
de segurança. Como o Yahoo não conseguiu autenticar a
propriedade da conta do reclamante, recomendou que ele
criasse uma nova conta de e-mail.
Este caso destaca que um maior envolvimento directo entre as partes
durante o processo de resolução amigável pode muitas vezes conseguir uma
resolução rápida para os titulares dos dados. Salienta ainda que uma
abordagem proactiva por parte dos responsáveis pelo tratamento de dados
nas fases iniciais de uma reclamação pode muitas vezes resolver questões e
evitar a necessidade de se envolver num processo demorado de tratamento
de reclamações.
36 ESTUDOS DE CASOS DA COMISSÃO DE PROTEÇÃO DE DADOS
ESTUDO DE CASO 33
TikTok e cooperação com outras autoridades de
proteção de dados da UE
Durante 2021, os pedidos de assistência mútua do artigo 61.º doRGPD foram recebidos pela DPC das autoridades de proteção de
dados holandesas e francesas. Cada um desses pedidos
solicitava que a DPC investigasse mais detalhadamente uma
série de preocupações relacionadas ao processamento de dados
pessoais de seus usuários pela TikTok, especialmente usuários
crianças.
as autoridades se certificaram de que o TikTok estava estabelecido
principalmente na Irlanda.
Como resultado, as autoridades holandesas e francesas concluíram
que já não tinham competência para investigar o TikTok e,
consequentemente, transferiram os seus ficheiros de investigação,
solicitando à DPC que investigasse mais a fundo. Essas investigações,
juntamente com a identificação das principais preocupações pelo
próprio DPC por meio do envolvimento ativo com o TikTok em 2021,
levaram o DPC a iniciar duas investigações por vontade própria, de
acordo com a Seção 110 da Lei de Proteção de Dados de 2018, em
relação à conformidade do TikTok com os requisitos do GDPR.
As autoridades em causa estavam a investigar a TikTok antes de a
empresa localizar o seu estabelecimento principal (sede na UE) na
Irlanda, em julho de 2020, após o que, em dezembro de 2020, a DPC
assumiu o papel de autoridade supervisora principal da TikTok, uma
vez que outras autoridades supervisoras da UE
ESTUDO DE CASO 34
Pedido de eliminação ao Tinder pelo titular dos dados grego,
tratado pela DPC como Autoridade Supervisora Principal
Este estudo de caso diz respeito a uma reclamação que o
DPC recebeu através do mecanismo One Stop Shop (OSS)
criado pelo GDPR de um indivíduo em relação a um
pedido de apagamento feito por ele à MTCH Technology
Services Limited (Tinder). A título de informação, a conta
do indivíduo foi suspensa pelo Tinder. Na sequência
desta suspensão, o indivíduo apresentou um pedido ao
Tinder, ao abrigo do artigo 17.º do RGPD, solicitando o
apagamento de todos os dados pessoais detidos em
relação a si. Ao entrar em contato com o Tinder, o
indivíduo também levantou a questão da falta de um
canal direto para entrar em contato com o DPO do
Tinder. Como o indivíduo não ficou satisfeito com a
resposta que recebeu do Tinder, apresentou uma
reclamação à Autoridade de Supervisão Grega.
e resolução informal da questão em primeira instância. A DPC
apresentou o conteúdo da reclamação ao Tinder e tratou dela. Em
resposta e por meio de uma proposta de resolução amigável, o
Tinder se ofereceu para realizar uma nova revisão da proibição
que está no centro deste caso. Após esta revisão, o Tinder decidiu
suspender a proibição. O levantamento de uma proibição por
parte do Tinder permite que um indivíduo possa acessar sua
conta na plataforma. O indivíduo pode então decidir se deseja
usar as ferramentas de autoexclusão para apagar sua conta na
plataforma Tinder. Além do acima exposto, o Tinder forneceu
informações ao indivíduo em relação às suas políticas de
retenção.
Em relação à questão de os indivíduos poderem contactar o seu
DPO, na sequência do envolvimento do DPC com o Tinder, a
plataforma concordou em reforçar os seus processos existentes
publicando uma página dedicada de perguntas frequentes (FAq)
na sua plataforma. Esta página agora fornece informações
aprimoradas aos indivíduos sobre questões específicas
relacionadas ao processamento de dados pessoais e ao exercício
desses direitos diretamente com o DPO do Tinder. Através da
Autoridade Supervisora grega, o DPC informou o indivíduo sobre
as ações tomadas pelo Tinder. Na sua resposta, o indivíduo
confirmou que estava satisfeito em concluir o assunto e, como tal,
o assunto foi amigavelmente
O indivíduo afirmou que nem o seu pedido de apagamento nem
as suas preocupações sobre o acesso aos canais DPO foram
devidamente atendidas pelo Tinder. Como a DPC é a Autoridade
Supervisora Principal (LSA) do Tinder, a Autoridade Supervisora
grega encaminhou a reclamação à DPC para tratamento. A DPC
interveio para procurar uma solução rápida
RECLAMAÇÕES TRANSFRONTEIRIÇAS 37
resolvido de acordo com a seção 109 (3) da Lei de Proteção de
Dados de 2018 (a Lei), e a reclamação foi considerada retirada.
Este estudo de caso demonstra mais uma vez os benefícios —
para os reclamantes individuais — da abordagem da DPC
intervenção através do processo de resolução amigável. O
envolvimento da DPC com o controlador também resultou na
melhoria do Tinder nas informações que disponibiliza a todos os
seus usuários em sua plataforma.
ESTUDO DE CASO 35
Reclamação transfronteiriça resolvida através do
procedimento de cooperação da UE
Em fevereiro de 2021, um titular de dados apresentou uma
reclamação nos termos do artigo 77.º do RGPD à Comissão de
Proteção de Dados relativamente a um responsável pelo
tratamento de dados sediado na Irlanda. A DPC foi considerada
a autoridade competente para efeitos do artigo 56.º, n.º 1, do
RGPD.
1. O responsável pelo tratamento concordou em cumprir o pedido de
apagamento; e
2. O responsável pelo tratamento pediu sinceras desculpas pelo erro.
Em janeiro de 2022, a DPC informou por email o titular dos dados
sobre o resultado final da sua relação com o responsável pelo
tratamento. Ao fazê-lo, a DPC observou que as ações agora tomadas
pelo responsável pelo tratamento dos dados pareciam lidar
adequadamente com as preocupações levantadas na sua reclamação.
Nestas circunstâncias, a DPC solicitou ao titular dos dados que o
notificasse, no prazo de dois meses, caso não estivesse satisfeito com
o resultado, para que a DPC pudesse aprofundar a questão.
Os detalhes da reclamação foram os seguintes:
a . O titular dos dados enviou um e-mail ao responsável pelo tratamento em janeiro de
2021 para solicitar o apagamento dos seus dados pessoais.
b. O titular dos dados não recebeu qualquer resposta do responsável
pelo tratamento
No dia seguinte, o titular dos dados informou por email à DPC que
concordava com a resolução informal, uma vez que as suas
preocupações relativamente ao responsável pelo tratamento estavam
agora satisfeitas. A DPC foi posteriormente informada pelo
responsável pelo tratamento de que o pedido de apagamento foi
concluído e que os dados pessoais do titular dos dados foram
apagados.
Após um exame preliminar do material que lhe foi enviado
pelo queixoso, a DPC considerou que havia uma
probabilidade razoável de as partes envolvidas chegarem
a uma resolução informal do assunto da queixa dentro de
um prazo razoável.
A DPC interagiu tanto com o titular dos dados como com o responsável pelo
tratamento dos dados em relação ao objeto da reclamação. Na sequência
desse compromisso, ficou estabelecido que durante a semana em que o
titular dos dados enviou o seu pedido de apagamento por correio eletrónico
ao responsável pelo tratamento foi implementado pelo responsável pelo
tratamento um novo processo para melhor gerir os pedidos de
apagamento. O responsável pelo tratamento de dados informou a DPC que
se encontrava num período de transição durante a semana em que o e-mail
chegou e aparentemente não houve resposta. Novo pessoal estava sendo
treinado sobre como gerenciar esses tipos de solicitações durante esse
período de transição. O responsável pelo tratamento afirmou que se tratou
de um descuido, possivelmente devido à transição técnica ou a erro
humano, e lamentou o erro. Nestas circunstâncias, o responsável pelo
tratamento concordou em tomar as seguintes medidas:
Para efeitos do procedimento de consistência e
cooperação do RGPD, a DPC comunicou um projeto do
resultado que confirmou que:
• A reclamação, na sua totalidade, foi resolvida
amigavelmente entre as partes envolvidas;
• A resolução acordada foi tal que o objeto da
reclamação deixou de existir.
Não foram recebidas objeções relevantes e fundamentadas das
autoridades de supervisão em causa relativamente ao projeto e a
DPC posteriormente encerrou o processo neste caso.
38 ESTUDOS DE CASOS DA COMISSÃO DE PROTEÇÃO DE DADOS
Violaçãode dados
Notificação
ESTUDO DE CASO 36
Falha na implementação das políticas de proteção de dados em vigor
Um funcionário do controlador de dados, um órgão do setor público, perdeu um dispositivo USB não criptografado
contendo informações pessoais pertencentes a vários colegas e usuários do serviço.
O responsável pelo tratamento público tinha em vigor políticas e procedimentos adequados que proíbem a remoção e o armazenamento de
dados pessoais do seu sistema central de TI através de dispositivos não encriptados. No entanto, faltou-lhe a supervisão e supervisão adequadas
necessárias para garantir que as suas regras fossem cumpridas, e o funcionário parecia não ter conhecimento da política relativa à utilização de
dispositivos não encriptados. A violação poderia ter sido evitada se a organização tivesse implementado totalmente a política e alertado a equipe
sobre ela
ESTUDO DE CASO 37
Dispositivo USB não criptografado perdido na postagem
Um controlador de dados do setor privado notificou a DPC de que um pacote contendo formulários de consentimento e um
dispositivo USB não criptografado havia sido enviado por meio de serviços postais padrão.
No entanto, o pacote foi danificado durante o transporte, fazendo com que o dispositivo USB caísse e se perdesse. O dispositivo USB
continha fotografias de menores participando num evento educativo organizado. A potencial perda/divulgação dos dados pessoais
contidos no dispositivo USB poderia ter sido evitada/mitigada se o controlador de dados tivesse implementado e implementado uma
política de criptografia em torno do uso de dispositivos de memória portáteis e uma política adequada relativa ao envio de material
sensível através do correio , por exemplo, serviço de correio registrado/courier.
40 ESTUDOS DE CASOS DA COMISSÃO DE PROTEÇÃO DE DADOS
ESTUDO DE CASO 38
Phishing de site
Um controlador de dados do setor privado (educacional)
relatou um incidente de phishing, em que um membro
da equipe clicou em um link de site suspeito e inseriu
suas credenciais, resultando no comprometimento de
sua conta de e-mail.
O responsável pelo tratamento de dados não ativou a autenticação
multifator nas suas contas de e-mail. Se esta medida técnica e a formação
adequada em segurança cibernética tivessem sido implementadas desde o
início, esta violação de dados poderia ter sido evitável.
ESTUDO DE CASO 39
Perda de arquivos em papel em trânsito
O controlador de dados, órgão público, notificou a
Comissão de Proteção de Dados (DPC) sobre um
incidente envolvendo o transporte de arquivos jurídicos
impressos contendo dados pessoais de categoria
especial.
perda de dados pessoais. O responsável pelo tratamento não
tinha procedimentos suficientes para a remoção e
armazenamento seguros de ficheiros impressos que continham
dados pessoais de categoria especial. A violação poderia ter sido
evitada se a organização tivesse considerado adequadamente os
seus requisitos ao transportar tais materiais para outro local e os
riscos inerentes envolvidos em tais atividades, e implementado
medidas mais seguras para garantir a proteção dos dados
pessoais.
O controlador contratou uma empresa de courier para transportar os
arquivos para outro departamento, mas os arquivos desapareceram
durante o transporte. Descobriu-se que o controlador não manteve um
backup dos arquivos originais, resultando em um
ESTUDO DE CASO 40
Ataque de troca de SIM
Um titular de dados notificou o responsável pelo tratamento de
dados (um operador de rede de telefonia móvel) de que uma
troca de cartão SIM foi solicitada e autorizada na sua conta de
telemóvel por um terceiro não autorizado.
O agente de atendimento ao cliente do controlador de dados não
seguiu totalmente o processo de validação e facilitou a troca do cartão
SIM na conta do cliente, contrariando a política do controlador. A
violação não teria ocorrido se o controlador tivesse processos mais
robustos que impedissem o acesso às principais informações da conta
e se o agente de atendimento ao cliente tivesse recebido treinamento
suficiente em proteção de dados, inclusive sobre os riscos
representados aos dados pessoais do cliente ao se desviar da política
de validação da empresa.
A pessoa em causa estava preocupada porque o seu número de telemóvel
tinha sido utilizado para receber mensagens de texto para autenticação de
dois fatores do seu banco em relação ao seu serviço bancário. Uma
investigação mais aprofundada realizada pelo responsável pelo
tratamento dos dados indicou que um terceiro desconhecido obteve
dados pessoais limitados pertencentes ao titular dos dados por alguns
meios externos e conseguiu passar nos processos de validação de
identidade do responsável pelo tratamento.
ESTUDO DE CASO 3 6 41
ESTUDO DE CASO 41
Perda de controle de arquivos em papel
Um prestador de serviços de saúde do sector público
notificou a DPC de que vários ficheiros contendo
informações médicas de pacientes tinham sido encontrados
num armário nas instalações de um hospital que já não
estava ocupado.
violação, um representante da organização foi enviado para
localizar e proteger os arquivos. Os arquivos foram removidos
do local e protegidos.
Esta violação destaca a importância de ter políticas adequadas de
gestão de registos; incluindo mecanismos para rastrear arquivos,
instalações seguras de armazenamento adequadas e procedimentos
completos para retenção ou exclusão de registros. A DPC emitiu uma
série de recomendações às organizações para melhorarem as suas
práticas de processamento de dados pessoais.
Os registros foram descobertos por uma pessoa que
acessou ilegalmente um local restrito e posteriormente
postou nas redes sociais fotos do gabinete contendo os
arquivos. A organização do sector público em causa
informou a DPC que, tendo tomado conhecimento da
ESTUDO DE CASO 42
Ataque de ransomware
Uma organização que opera na indústria do lazer notificou a
DPC de que tinha sido vítima de um ataque de ransomware,
que potencialmente encriptou/divulgou os dados pessoais de
até 500 clientes e funcionários armazenados no servidor da
organização. A rota da infiltração foi rastreada até um
roteador de modem que havia sido comprometido (no
entanto, os dados de backup foram armazenados de forma
segura através de um servidor em nuvem).
A DPC recomendou que a organização conduzisse uma análise da sua
infra-estrutura de TIC para determinar se havia mais malware
presente, para rever e implementar medidas apropriadas para garantir
que existe um nível adequado de segurança em torno do
processamento de dados pessoais, e para realizar formação de
funcionários para abranger riscos de segurança cibernética. A DPC tem
recebido atualizações regulares da organização e está satisfeita com o
facto de terem sido tomadas medidas significativas para melhorar e
implementar medidas organizacionais e técnicas relativas às
deficiências na segurança da sua infraestrutura de TIC, incluindo o
desenvolvimento de um plano de formação para todo o pessoal nesta
área. .Após a análise do incidente, a DPC emitiu uma série
de recomendações à organização.
ESTUDO DE CASO 43
Divulgação de imagens de CFTV através das redes sociais
Uma empresa de gestão de imóveis comerciais e
residenciais notificou a DPC de que um funcionário de
uma empresa de segurança cujos serviços
contrataram utilizou o seu telemóvel pessoal para
gravar imagens CCTV de dois membros do público
envolvidos num ato íntimo, que foram captadas pela
administração câmeras de segurança da empresa.
O vídeo gravado foi posteriormente compartilhado via
WhatsApp para um número limitado de pessoas. A
empresa informou à DPC que comunicou aos funcionários
que possam ter recebido a filmagem que deveriam excluí-la
e não solicitou mais divulgação do vídeo.
Tanto a empresa de gestão de propriedades como a empresa de
segurança conseguiram demonstrar que existiam políticas e
procedimentos adequados, emboraa supervisão apropriada
42 ESTUDOS DE CASOS DA COMISSÃO DE PROTEÇÃO DE DADOS
e faltava supervisão para garantir o cumprimento destas
políticas e procedimentos.
treinamento em proteção de dados com ênfase em violações de
dados pessoais. Além disso, foi exibida sinalização adicional
proibindo o uso de dispositivos móveis pessoais dentro dos
limites da sala de controle do CCTV.
Seguindo as recomendações feitas pela DPC à empresa
de gestão imobiliária, a empresa posteriormente
contratou o seu pessoal para fornecer mais
ESTUDO DE CASO 44
Notificação de violação (setor voluntário) —
Ataque de ransomware
Em maio de 2020, a DPC recebeu uma notificação de violação de
um processador de dados irlandês e, posteriormente, uma
notificação de um responsável pelo tratamento de dados irlandês
que opera no setor voluntário e que contratou esse processador
para fornecer serviços de alojamento web e de gestão de dados.
A DPC interagiu tanto com o responsável pelo tratamento como com
o subcontratante através de uma série de comunicações — incluindo
a emissão de questionários técnicos e organizacionais centrados em
áreas de potencial não conformidade com a regulamentação de
proteção de dados. Essas áreas incluíam
a utilização pelo processador de um centro de dados nos EUA para
armazenar dados de cópia de segurança sem acordos adequados — e
supervisão suficiente por parte do responsável pelo tratamento sobre
o seu processador — conforme exigido pelo artigo 28.º do RGPD. A DPC
envolveu-se intensamente com ambas as partes e concluiu este caso
emitindo recomendações tanto ao controlador como ao processador.
Posteriormente, a DPC continuou a colaborar com ambas as partes
para garantir que a implementação das recomendações da DPC tivesse
ocorrido.
A violação estava relacionada a um ataque de ransomware que
ocorreu no data center utilizado pelo processador de dados e que foi
o resultado de malware obtendo acesso por meio de uma porta
Remote Desktop Protocol (RDP) 1 ao servidor.
ESTUDO DE CASO 45
Notificação de violação (setor público)
publicação errônea no Twitter
Uma organização do setor público notificou a DPC de que
tinha publicado inadvertidamente dados pessoais através da
sua plataforma de redes sociais (Twitter).
Os dados pessoais foram publicados em violação da sua política
de anonimização de todo o conteúdo, o que poderia
potencialmente identificar um titular de dados individual. A
organização em questão informou a DPC que a causa deste
incidente foi um erro humano e que o tweet ofensivo foi removido
sem demora injustificada. Com base nas medidas tomadas pelo
responsável pelo tratamento de dados para mitigar o risco de
recorrência deste tipo de incidente, a DPC concluiu a sua análise
desta questão e emitiu uma série de recomendações adicionais à
organização centradas na utilização adequada das suas
plataformas de redes sociais e como suas contas de mídia social
devem ser protegidas e limitadas a um número específico de
pessoal autorizado.
ESTUDO DE CASO 3 6 43
ESTUDO DE CASO 46
Notificação de violação (setor financeiro) Dados
bancários enviados por WhatsApp
Uma organização do sector financeiro privado notificou
a DPC de que um cliente tinha feito um pedido para
obter os seus números IBAN e BIC, que foram
mantidos em arquivo. O cliente que fez a solicitação
era conhecido pessoalmente pelo funcionário que
tratava da solicitação. O colaborador, desviando-se das
práticas aprovadas, utilizou o seu telemóvel pessoal
para enviar uma fotografia do que considerava ser a
informação solicitada através de uma plataforma de
mensagens (WhatsApp). No entanto, o funcionário
enviou erroneamente detalhes pertencentes a outro
cliente ao cliente solicitante.
não estão relacionados com a sua conta e que se comprometeram a
eliminar todo o material ofensivo do seu dispositivo. A organização
comunicou-se com os funcionários para lembrá-los de que apenas
métodos de comunicação autorizados deveriam ser utilizados no
tratamento de futuras solicitações desta natureza. A organização
também emitiu um pedido de desculpas a todos os titulares de dados
afetados.
A DPC emitiu uma série de recomendações que abrangem a utilização
apenas de ferramentas de comunicação organizacional aprovadas,
tornando o pessoal plenamente consciente do comportamento
aceitável e não aceitável ao utilizar ferramentas de comunicação
organizacional, e para garantir que o pessoal tenha recebido formação
adequada em termos das suas obrigações/responsabilidades ao abrigo
as disposições do GDPR e da Lei de Proteção de Dados de 2018.O cliente que recebeu esta informação contactou a
organização para informar que a informação recebida não
ESTUDO DE CASO 47
Erro de codificação do processador de notificação de
violação (12 cooperativas de crédito)
A DPC recebeu relatórios de violação separados de 12
cooperativas de crédito que empregavam os serviços do
mesmo processador, com sede no Reino Unido. A violação
por parte do subcontratante resultou de um erro de
codificação cometido pelo subcontratante na
implementação de medidas introduzidas em resposta à
pandemia de Covid-19.
reembolsos sem afetar negativamente as classificações de crédito dos
mutuários. Os credores foram instruídos a usar códigos específicos nas
declarações do CCR para sinalizar empréstimos pausados. O objectivo era
evitar que esses empréstimos fossem interpretados como inadimplentes ou
que de outra forma sugerissem que a solvabilidade dos mutuários
relevantes se tinha deteriorado.
Neste incidente, o processador empregado pelas 12 cooperativas de crédito
utilizou códigos incorretos nas declarações do CCR referentes a
empréstimos pausados. Os códigos incorrectos indicavam que os mutuários
afectados tinham passado por um «evento de reestruturação» — um evento
de reestruturação ocorre normalmente quando um mutuário não consegue
reembolsar um empréstimo durante o período acordado e o mutuante
concorda em alterar os termos do empréstimo para melhorar a capacidade
do mutuário de retribuir. Isto pode reduzir significativamente a classificação
de crédito de um mutuário, pelo que um registo CCR impreciso de um
evento de reestruturação pode ter consequências graves para as pessoas
afetadas.
As cooperativas de crédito são obrigadas a reportar informações ao Banco
Central da Irlanda relativas aos seus mutuários e ao desempenho dos seus
empréstimos. O Banco Central utiliza essas informações para manter a
Central de Responsabilidades de Crédito (ou CCR). Os credores e as agências
de classificação de crédito, por sua vez, utilizam essas informações para
verificar as dívidas e os históricos de crédito dos mutuários. Um grande
número de credores, especialmente cooperativas de crédito, utiliza os
serviços de empresas de processamento de dados para preparar essas
declarações de CCR e encaminhá-las ao Banco Central.
Durante 2020, o governo irlandês introduziu uma série de medidas para
mitigar as dificuldades financeiras causadas pela pandemia e pelos
confinamentos resultantes. Estas incluíram medidas que permitiram às
instituições financeiras suspender os empréstimos
As cooperativas de crédito em questão tomaram conhecimento do erro de
codificação do processador em relação às suas declarações de CCR várias
semanas depois que o processador enviou pela primeira vez as declarações de
CCR para elas usando os códigos incorretos ao Banco Central.
44 ESTUDOS DE CASOS DA COMISSÃO DE PROTEÇÃO DE DADOS
O problema foi relatado à DPC como uma violação e as cooperativas de
crédito abordaram o assunto diretamente com o processador e por meio
de um grupo de usuários. Isto permitiu que os registros afetados fossem
identificados, que os procedimentos de codificação apropriados fossem
elaborados e que as declarações corrigidas do CCR fossem enviadas ao
Banco Central.
Estes casos ilustram a importância do processamento de contratos
que implementemadequadamente os requisitos do artigo 28.º do
RGPD. Mais relevante para estes casos, os contratos de
processamento devem prever que o processador ajude o
responsável pelo tratamento no cumprimento das suas obrigações
de segurança do processamento e de comunicação e resposta a
violações.
ESTUDO DE CASO 48
Violações semelhantes repetidas
Durante um período de 12 meses, a DPC recebeu
notificações de uma série de violações semelhantes de
um controlador de dados envolvido em questões
financeiras. O controlador vendia serviços por meio de
uma rede varejista nacional pertencente e operada por
um terceiro, que atuava como seu processador. As
violações ocorreram quando clientes existentes do
controlador faziam compras nos pontos de venda do
processador, mas usavam um endereço diferente
daquele que haviam cadastrado anteriormente no
controlador.
Quando a DPC sinalizou o padrão de violações, o controlador
concordou que havia um problema sistêmico que exigia atenção da
sua alta administração. Enquanto uma solução técnica estava a ser
concebida e testada, o controlador e o processador adoptaram
medidas provisórias, incluindo a reciclagem do pessoal, o aumento da
supervisão e um aviso que apareceu nos ecrãs utilizados pelo pessoal
do processador ao efectuar vendas, solicitando-lhes que confirmassem
que a situação actual do cliente o endereço cadastrado estava correto.
O controlador implementou as mudanças em seus sistemas de TI para
evitar o envio de documentos de vendas para endereços incorretos de
clientes, e as violações recorrentes cessaram.
Este caso demonstra como a DPC monitoriza as violações notificadas ao abrigo do
artigo 33.º do RGPD para identificar problemas sistémicos, seja em controladores
individuais, tipos de indústria ou setores económicos. Mostra também como as
alterações destinadas a melhorar os sistemas de informação podem ter efeitos
secundários imprevistos que afectam negativamente os titulares dos dados e o
responsável pelo tratamento. Por último, destaca que os responsáveis pelo
tratamento devem monitorizar o desempenho dos acordos de tratamento para
garantir que os responsáveis pelo tratamento compreendem e seguem
claramente os procedimentos de tratamento de dados pessoais.
As alterações recentes nos sistemas de base de dados de clientes do
responsável pelo tratamento não foram totalmente coordenadas com os
sistemas de vendas, resultando no envio de documentos de vendas
contendo dados pessoais para os endereços antigos dos clientes, em vez
de para os novos. O controlador instruiu o processador a não aceitar
solicitações de compra até que as mudanças de endereço fossem
registradas, mas alguns funcionários do balcão não seguiram
consistentemente os procedimentos corretos.
ESTUDO DE CASO 49
Divulgação não autorizada decorrente de videoconferência
Um instituto educacional utilizou um aplicativo de
videoconferência para permitir que os alunos fizessem
apresentações aos palestrantes, enquanto as restrições da
pandemia impediam reuniões presenciais. Para possibilitar o
compartilhamento com examinadores externos, que é uma
exigência, as apresentações foram gravadas. Todos os
participantes estavam cientes deste acordo, embora não se
pretendesse que os alunos tivessem acesso às gravações das
suas apresentações.
Dois grupos de estudantes fizeram apresentações aos professores em
sessões separadas. Após cada sessão, os docentes discutiram entre si
o trabalho dos alunos. Essas discussões também foram gravadas,
embora a intenção fosse editá-las antes de compartilhar as gravações
com examinadores externos. Acreditava-se erroneamente que as
gravações salvas eram acessíveis apenas aos palestrantes. Na
verdade, todos os participantes convidados, incluindo os alunos que
apresentaram, tiveram acesso às gravações das suas sessões e
receberam automaticamente por e-mail um link para o arquivo
relevante em
ESTUDO DE CASO 3 6 45
servidor da instituição. Como resultado, os alunos tiveram acesso à
discussão dos professores sobre o trabalho de outros alunos, que
incluía comentários pessoais sobre alguns dos alunos.
recomendações sobre o uso de equipamentos de TI, incluindo
videoconferência, e sobre medidas para garantir que funcionários e
alunos entendam e cumpram as políticas relevantes de proteção de
dados.
Estes foram acessados por vários estudantes. Nos dias
seguintes, trechos circularam em aplicativos de mensagens e
redes sociais.
Este caso destaca os riscos potenciais decorrentes do uso de
videoconferência e tecnologias similares. Os responsáveis pelo tratamento
de dados devem garantir que as pessoas que operam estas aplicações estão
familiarizadas com a forma como funcionam e garantir que o fazem em
conformidade com a legislação de protecção de dados. Os responsáveis
pelo tratamento devem garantir que as políticas e procedimentos de
protecção de dados reflectem plenamente as práticas e tecnologias que
utilizam no tratamento de dados pessoais.
A organização comunicou a violação à DPC, que confirmou
que as gravações acessíveis aos alunos foram apagadas, e
esclareceu as diligências tomadas pela organização para que
os trechos fossem retirados das redes sociais onde haviam
sido postados. A DPC concluiu a sua avaliação da violação com
recomendações abrangentes.
ESTUDO DE CASO 50
Divulgação devido a e-mail mal direcionado
Foi recebida uma notificação de um órgão estatutário
cujas funções incluem a investigação de reclamações
relativas à conduta profissional, formação ou competência
de peritos. A violação de dados pessoais ocorreu quando
uma carta referente a uma reclamação contra um
especialista foi anexada a um e-mail e enviada para um
endereço incorreto. O anexo continha dados pessoais de
diversas pessoas, incluindo dados de saúde, e estava
criptografado. No entanto, a senha da carta criptografada
foi emitida em um e-mail separado para o mesmo
endereço incorreto.
da violação, os riscos e as medidas tomadas em resposta a eles,
conforme exigido pelo Artigo 34 do GDPR. A DPC lembrou a
organização da sua obrigação contínua de proteger os dados
pessoais que foram divulgados acidentalmente e da
importância de garantir a segurança ao enviar dados pessoais
por e-mail. O órgão estatutário realizou uma revisão de todos os
seus processos, políticas e procedimentos de proteção de
dados.
E-mails endereçados incorretamente são uma das causas mais
comuns de violações denunciadas à DPC. A criptografia é uma
ferramenta valiosa que pode ajudar a proteger contra divulgações
acidentais. No entanto, é aconselhável utilizar um meio separado –
como uma chamada telefônica ou mensagem SMS – para enviar a
senha, pois um único erro no endereço de e-mail pode anular os
benefícios.
A natureza dos dados pessoais e o contexto indicaram um
elevado risco para os titulares dos dados. A DPC confirmou,
portanto, que todas as pessoas afetadas foram notificadas
ESTUDO DE CASO 51
Descarte inadequado de materiais
por instituição de ensino
Uma universidade focada em ciências da saúde notificou
a DPC sobre uma violação decorrente do descarte
inadequado de materiais contendo dados pessoais.
Devido às restrições da pandemia, um funcionário
trabalhou em casa em um projeto de recrutamento. O
funcionário trabalhou em cópias impressas de uma série
de formulários de emprego e acompanhamento
Currículos. A organização instruiu os funcionários que
trabalham em casa a minimizar a impressão e a destruir
documentos antes de descartá-los. No entanto, o
funcionário colocou os documentos de recrutamento
intactos num contentor de reciclagem doméstico. Os ventos
fortes fizeram com que o conteúdo da lixeira, incluindo os
documentos de recrutamento, fosse disperso.
46 ESTUDOS DE CASOS DA COMISSÃO DE PROTEÇÃO DE DADOS
Ao concluir a análise da violação, a DPC fez uma série de
recomendações. Estas centraram-se não apenas nas práticas de
trabalho dos funcionários,mas, mais importante ainda, nas
medidas técnicas e organizacionais do controlador. Embora seja
importante que o pessoal compreenda e implemente boas
práticas de proteção de dados, é da responsabilidade do
responsável pelo tratamento garantir que o faz e que dispõe dos
meios — incluindo, quando apropriado, dispositivos como
trituradores — para fornecer o padrão de proteção exigido. .
Este caso também ilustra como trabalhar a partir de casa pode alterar o
ambiente ou os hábitos de trabalho das pessoas de formas que podem
representar riscos para os dados pessoais. As instalações do escritório,
como a destruição confidencial, a impressão segura ou mesmo salas
privadas para discussões, nem sempre estão disponíveis ou são viáveis
em casa . À medida que aumenta o número de pessoas que trabalham
remotamente, os controladores devem rever e adaptar os seus recursos,
políticas e procedimentos para garantir que são adequados aos riscos
apresentados e ao ambiente em que ocorrem.
ESTUDO DE CASO 52
Endereços de e-mail divulgados por correio de grupo
A DPC recebeu uma notificação de violação de uma
instituição de caridade que apoia pessoas com deficiência
intelectual. A violação ocorreu quando um boletim
informativo por e-mail foi endereçado aos destinatários
usando o campo Carbon Copy (CC) em vez do campo Blind
Carbon Copy (BCC). O resultado foi que os endereços de e-
mail de todos os destinatários foram divulgados para quem
leu o e-mail. Este é um tipo comum de violação de dados
pessoais que muitas vezes resulta de um simples erro
humano e que geralmente apresenta riscos baixos. Embora
os riscos apresentados neste caso possam não ter sido
significativos, investigações adicionais e uma análise de
submissões anteriores à DPC indicaram uma fraca
consciência das questões e responsabilidades de protecção
de dados entre o pessoal e os voluntários da instituição de
caridade.
Após o envolvimento com a DPC, a organização introduziu formação
sobre protecção de dados para funcionários e voluntários, e avançou
para criar uma nova função de gestão com responsabilidade pela
conformidade da protecção de dados em toda a organização .
As instituições de caridade tratam frequentemente dados pessoais
de pessoas vulneráveis, muitas vezes incluindo dados de categorias
especiais, como informações relativas à saúde . A protecção de
dados é um direito fundamental na União Europeia e a protecção
dos direitos das pessoas vulneráveis requer cuidado, planeamento
e medidas organizacionais cuidadosas. O trabalho árduo e a boa
vontade do pessoal e dos voluntários devem ser acompanhados por
recursos adequados de gestão e conformidade para garantir a
protecção dos direitos dos dados pessoais.
ESTUDO DE CASO 53
Ataque de Engenharia Social
Um escritório de advocacia de médio porte relatou ter sido
vítima de um ataque de engenharia social. Um membro da
equipe abriu um e-mail de um terceiro mal-intencionado que
instalou secretamente malware em seu computador. O
malware permitiu monitorar as comunicações por e-mail e
permitiu que o malfeitor fraudasse um cliente em uma
quantia em dinheiro. A empresa relatou a violação à DPC.
configurações de segurança, como senhas fortes, não foram aplicadas
adequadamente e a autenticação multifator não foi implementada. Ao
tomar conhecimento do incidente, a empresa encomendou
imediatamente uma investigação completa para estabelecer a causa
raiz e a extensão da violação. Com base nas conclusões da
investigação, a empresa respondeu prontamente e implementou
medidas técnicas de segurança adicionais, bem como formação
adicional em segurança cibernética e proteção de dados para todo o
pessoal. O
Através do seu envolvimento da DPC com a empresa, a DPC
estabeleceu que a empresa utilizava um serviço de e-mail na nuvem
amplamente utilizado, gerido por um contratante . Básico
A DPC solicitou que fossem fornecidas atualizações sobre a
implementação de medidas organizacionais e técnicas apropriadas.
ESTUDO DE CASO 3 6 47
medidas de segurança para evitar a recorrência de uma violação
semelhante.
provedor para funções como e-mail ou contrata terceiros para
gerenciar aplicativos . Os responsáveis pelo tratamento e
subcontratantes devem ainda garantir que dispõem de medidas de
segurança adequadas a qualquer risco que possa representar para os
dados pessoais pelos quais são responsáveis.
Este caso demonstra em termos claros que uma organização
não pode presumir que possui medidas adequadas em vigor
simplesmente porque utiliza um serviço estabelecido
ESTUDO DE CASO 54
Dados imprecisos que conduzem a um risco potencial elevado resultante de
dados imprecisos da Central de Responsabilidades de Crédito
A DPC recebeu uma notificação de um responsável pelo
tratamento de dados do sector financeiro relativa a um
indivíduo cuja conta tinha sido comunicada
incorrectamente à Central de Registo de Crédito (CCR). O
controlador comprou a conta do indivíduo como parte de
uma venda de carteira em 2015 e não tinha conhecimento
de que o indivíduo havia sido declarado falido em 2014. Os
indivíduos que foram declarados falidos estão fora do
âmbito das obrigações de comunicação ao CCR.
Adicionalmente, as contas com retornos anteriores ao
início do CCR em 30 de junho de 2017 não lhe são
reportáveis.
as liberdades do indivíduo foram avaliadas como elevadas e a
violação foi, portanto, comunicada pelo responsável pelo
tratamento ao indivíduo nos termos do artigo 34.º do RGPD. A
DPC confirmou junto ao controlador que o registro CCR da
pessoa física foi alterado. A título de mitigação, o controlador
introduziu medidas que exigem que os vendedores de
carteiras divulguem informações sobre indivíduos, como
falências. Este caso destaca a importância de dispor de
sistemas para garantir a segurança e a integridade dos dados
pessoais nos termos do artigo 5.º, n.º 1, alínea f), do RGPD. Os
responsáveis pelo tratamento devem estar cientes dos
dados pessoais que detêm sobre indivíduos e implementar
medidas para validar e compreender os dados quando os
adquirem a terceiros. O caso também demonstra que os
controladores têm o dever de impedir qualquer alteração ou
divulgação não autorizada de dados pessoais,
O indivíduo teve dificuldade em obter um empréstimo porque o
seu registo CCR, que é visível para outras instituições de crédito,
foi reportado erroneamente pelo controlador como ativo e em
atraso. O risco para os direitos e
ESTUDO DE CASO 55
Hacking de e-mail de terceiros
Um Hospice Care Center (controlador de dados) utiliza os
serviços do Microsoft Office 365, um serviço de e-mail
baseado em nuvem e também contrata consultores de TI
terceirizados. Uma auditoria do Office 365 foi conduzida
trimestralmente pelo provedor de TI, onde uma série de
recomendações do provedor de serviços foram identificadas,
incluindo, mas não se limitando a, todas as contas de usuário
para terem autenticação multifator (MFA) e a desativação de
regras de encaminhamento em todas as contas. As
credenciais de um usuário foram posteriormente
comprometidas e os consultores de TI estabeleceram que as
credenciais foram obtidas como resultado de um ataque de
força bruta, que pode ter sido
evitada se o responsável pelo tratamento tivesse introduzido
a autenticação multifator, conforme recomendado no
momento da auditoria. Seguindo o conselho dos consultores
de TI, a senha do usuário comprometido foi redefinida e a
MFA introduzida para esse usuário. O responsável pelo
tratamento iniciou agora a introdução do MFA a todos os
utilizadores. Esta violação provavelmente poderia ter sido
evitada se as recomendações da auditoria tivessem sido
introduzidas em tempo hábil.
48 ESTUDOS DE CASOS DA COMISSÃO DE PROTEÇÃO DE DADOS
Divulgação /
Não autorizado
Divulgação
ESTUDO DE CASO 56
Informações financeiras enviadas erroneamente para um
restaurante (lei aplicável — Leis de proteção de dados de 1988
e 2003 (os Atos))Recebemos uma reclamação relativa à alegada divulgação,
por parte de um concessionário automóvel, dos dados
pessoais dos reclamantes a terceiros. Os reclamantes
forneceram à concessionária cópias de suas carteiras de
motorista e dados bancários, incluindo extratos bancários e
dados completos da conta, para a compra de um carro por
meio de um Plano de Contrato Pessoal. Posteriormente,
eles foram copiados em um e-mail da concessionária para
um endereço de e-mail de terceiros, que se acredita ser um
endereço associado a um banco, que continha as carteiras
de motorista e os dados bancários dos reclamantes. Os
reclamantes estavam preocupados com o fato de o
endereço do terceiro ser o de um restaurante e contataram
a concessionária sobre isso, mas foram garantidos que o
endereço de e-mail em questão pertencia a um banco e era
seguro.
para o endereço em questão e a resposta recebida
confirmou que se tratava de um restaurante.
No decorrer da nossa análise, a concessionária aceitou que o
e-mail havia sido enviado por engano para o endereço errado.
Não obstante este reconhecimento, ficou claro que nenhuma
tentativa posterior foi feita para contactar o restaurante a fim
de solicitar que a informação enviada erroneamente fosse
apagada pelo destinatário involuntário. Por instrução deste
escritório, recebemos a confirmação de que a concessionária
havia entrado em contato com o restaurante e solicitado a
exclusão do e-mail, inclusive dos documentos. A
concessionária apresentou proposta de resolução amigável
que foi aceita pelos reclamantes.
Este caso demonstra que é vital que os responsáveis pelo tratamento
de dados (e os seus colaboradores) implementem e garantam uma
prática de medidas de precaução na transmissão eletrónica de dados
pessoais, nomeadamente informação financeira. Uma grande
proporção das notificações de violação de dados que a Comissão de
Proteção de Dados (DPC) recebe são do tipo divulgação não
autorizada, sendo que uma causa comum são e-mails enviados por
engano para o endereço errado . Quando um responsável pelo
tratamento identifica que tal incidente ocorre, não é suficiente
reconhecê-lo, seja ao titular dos dados ou
Os reclamantes continuaram preocupados com a propriedade do
endereço de e-mail, realizaram pesquisas on-line sobre o assunto
e estavam confiantes de que o endereço de e-mail era de um
restaurante. Para confirmar suas suspeitas, um amigo dos
denunciantes enviou um e-mail
50 ESTUDOS DE CASOS DA COMISSÃO DE PROTEÇÃO DE DADOS
ao DPC. Em vez disso, cabe ao responsável pelo tratamento de
dados tomar todas as medidas razoáveis para remediar tal
violação. Isso inclui recuperar o e-mail do remetente, pedir ao
destinatário não intencional que confirme que excluiu o e-mail e,
posteriormente, implementar medidas para evitar
uma recorrência. O erro humano cometido pelo pessoal apresenta um elevado
risco de violações de dados de forma contínua e é extremamente importante que
sejam feitos esforços para mitigar esses riscos, promovendo a sensibilização para
a protecção de dados em toda a organização, especialmente no que diz respeito
aos novos funcionários.
ESTUDO DE CASO 57
Violação de dados de OSC — Divulgação de dados P45 (lei aplicável
— Leis de proteção de dados de 1988 e 2003)
Recebemos várias reclamações no final de 2017 contra o
Gabinete Central de Estatística (o CSO), cada uma alegando
que o CSO tinha divulgado os dados pessoais dos respetivos
reclamantes sem o seu consentimento ou conhecimento. As
reclamações estavam relacionadas com uma violação de
dados que o CSO nos tinha comunicado anteriormente (ao
abrigo do Código de Prática voluntária sobre violação de
dados pessoais) e aos indivíduos afetados.
também nos informou que, após a violação de dados, implementou uma
série de novos procedimentos para lidar com solicitações P45, incluindo
uma regra de que as solicitações P45 deveriam ser respondidas apenas por
correio a partir de agora.
Esta violação de dados teve impacto nos milhares de indivíduos
cujos dados pessoais estavam contidos nos ficheiros que foram
divulgados ilegalmente aos três antigos recenseadores. O
incidente ocorreu essencialmente em triplicado porque os
arquivos divulgados erroneamente foram anexados a três
comunicações enviadas separadas. Este incidente teria sido
evitável se a OSC tivesse implementado os processos apropriados
para a supervisão da divulgação de dados pessoais relacionados
com impostos.
A violação de dados originou-se de ações tomadas pelo CSO em
resposta a três solicitações durante um período de cinco dias de
antigos recenseadores do censo que buscavam suas informações
P45. E-mails com anexos em PDF contendo P45 e P45 próprios de
milhares de terceiros foram enviados aos recenseadores
solicitantes. O CSO nos informou que a violação de dados foi
identificada quando um membro da equipe do CSO revisou a caixa
de correio de itens enviados do CSO relevante, como parte das
práticas padrão de devida diligência do CSO. O CSO confirmou
que as informações P45 de terceiros divulgadas continham dados
pessoais, incluindo PPSNs, datas de nascimento, endereços e
detalhes de rendimentos de emprego como recenseadores do
censo.
A DPC emitiu uma série de decisões individuais relativamente a
reclamações relacionadas com esta violação, concluindo em
cada caso que ocorreu uma violação da Secção 2A(1) das Leis
de Protecção de Dados de 1988 e 2003, na medida em que os
dados pessoais foram processados sem uma base jurídica,
como ficou claro no relatório de violação apresentado à DPC
pelo CSO. Depois de examinar as novas medidas
implementadas pela OSC para evitar uma recorrência, a DPC
ficou convencida de que elas abordaram de forma abrangente
as falhas que provocaram este incidente. Contudo, na
perspetiva de garantir a licitude do tratamento e a segurança e
confidencialidade dos dados pessoais na posse do OSC, aqueles
novos procedimentos organizativos serviram apenas para
sublinhar a inadequação das anteriores medidas de resposta
aos pedidos de informação de natureza fiscal.
Durante a nossa investigação, o CSO informou-nos que, ao
descobrir a violação, notificou os destinatários do erro, que
posteriormente confirmaram por escrito que tinham
eliminado os ficheiros. A OSC informou-nos que também
notificou os indivíduos afectados dos factos da violação no
que se refere a cada indivíduo. O OSC
DIVULGAÇÃO / DIVULGAÇÃO NÃO AUTORIZADA 51
ESTUDO DE CASO 58
Transcrição do webchat da Ryanair enviada a outro cliente
(lei aplicável — GDPR e Lei de Proteção de Dados de 2018)
Recebemos uma reclamação de um titular de dados
cujo webchat com um funcionário da Ryanair foi
acidentalmente divulgado pela Ryanair num e-mail a
outro indivíduo que também utilizou o serviço de
webchat da Ryanair. A transcrição do webchat
continha detalhes do nome do reclamante e do seu
parceiro, seu endereço de e-mail, número de telefone
e planos de voo. O queixoso informou-nos que foi
alertado sobre a divulgação pelo indivíduo a quem foi
enviada por engano a transcrição do seu webchat.
emitir a função de preenchimento automático no sistema de webchat ao
vivo foi desabilitada pelo processador de dados e o treinamento de
atualização do GDPR foi fornecido à equipe.
Muitas das reclamações que a DPC recebe relacionadas
com a divulgação não autorizada de dados pessoais num
contexto eletrónico — por exemplo, e-mails contendo
dados pessoais enviados para o destinatário errado —
decorrem da utilização das funções de preenchimento
automático no software. Embora os responsáveis pelo
tratamento de dados possam considerar esta ferramenta
útil para poupar tempo num contexto de introdução de
dados, apresenta riscos inerentes quando é utilizada para
preencher detalhes de destinatários para efeitos de
transmissão de dados pessoais. As funções de
preenchimento automático devem, portanto, ser
utilizadas com cautela e, quando os responsáveis pelo
tratamento decidiremintegrar tal função no seu software
para fins de processamento de dados, deverão ser
implementadas, no mínimo, outras salvaguardas, tais
como endereços fictícios no início do livro de endereços,
ou instruções na tela para verificar os detalhes do
destinatário.
Na nossa análise da reclamação, estabelecemos que o serviço de
webchat ao vivo da Ryanair é fornecido por um terceiro, que é um
processador de dados da Ryanair. Estabelecemos também que o
sistema que envia as transcrições do webchat por e-mail possui uma
função de preenchimento automático que preenche o campo do
destinatário com o endereço de e-mail do último cliente enviado. Na
data em questão, o responsável pelo tratamento recebeu pedidos de
quatro clientes da Ryanair para transcrições das suas webchats, todos
tratados pelo mesmo agente. No entanto, o agente não alterou
corretamente o endereço de e-mail do destinatário ao enviar cada
transcrição, de modo que elas foram enviadas aos destinatários
errados. A Ryanair informou-nos que, para evitar a recorrência desta
situação
ESTUDO DE CASO 59
Transmissão de dados por um departamento governamental via
WhatsApp (Lei aplicável — Leis de Proteção de Dados de 1988 e
2003 (as Leis))
Recebemos uma queixa contra o Departamento de
Relações Exteriores e Comércio (DFAT), alegando que a
missão no Cairo, Egito, havia compartilhado os dados
pessoais do reclamante com terceiros (seu empregador)
sem o seu conhecimento ou consentimento, e que havia
não conseguiu manter os dados pessoais do reclamante
seguros e protegidos, tendo-os transmitido via WhatsApp
ao seu empregador. Isto dizia respeito ao tratamento dos
dados pessoais do queixoso contidos num pedido de visto
de curta duração que o queixoso apresentou para realizar
um exame na Irlanda.
Durante a nossa investigação, o DFAT informou-nos que era
prática comum no processamento de pedidos de visto
verificar a exatidão, integridade e validade dos documentos
comprovativos. Segundo o DFAT, surgiu uma suspeita quanto
à veracidade de um documento comprovativo apresentado
pelo queixoso, supostamente assinado pelo seu empregador.
Para verificar a sua validade, um funcionário da missão do
Cairo contactou o empregador (um funcionário de uma
agência governamental egípcia, cujo nome e assinatura
figuravam no documento) por telefone, pois estava em
melhor posição para verificar a autenticidade do documento. .
O empregador confirmou que precisaria ver o
52 ESTUDOS DE CASOS DA COMISSÃO DE PROTEÇÃO DE DADOS
documento para verificá-lo, mas como não tinha endereço
de e-mail oficial, a única forma de recebê-lo era via
WhatsApp. O DFAT informou-nos que antes de enviar os
dados via WhatsApp realizou uma avaliação de risco local,
incluindo a verificação da segurança/criptografia associada
ao WhatsApp. Concluiu que, tendo em conta a encriptação
de ponta a ponta do WhatsApp, este era o meio de
transmissão mais seguro disponível, dada a urgência do
pedido de visto, conforme descrito pelo queixoso no seu
pedido. Neste contexto, o DFAT informou-nos que muitos
funcionários governamentais e funcionários públicos no
Egipto não têm acesso a contas/sistemas de e-mail oficiais
e utilizam frequentemente serviços como Gmail, Hotmail,
WhatsApp e Viber para realizar negócios oficiais. Nesse
caso,
documentos de candidatura, supostamente assinou certos
documentos comprovativos. Observamos a este respeito que a política
de privacidade relevante (para os Serviços Irlandeses de Naturalização
e Imigração) afirma explicitamente que o ônus da prova em um pedido
de visto recai sobre o requerente e que o oficial de vistos pode verificar
qualquer evidência apresentada em apoio a um pedido. A política
também estabelece que qualquer informação fornecida num
formulário de candidatura pode ser divulgada, entre outros, a
governos estrangeiros e outros organismos para fins de imigração.
A DPC considerou que, dada a falta de quaisquer outros meios
seguros para contactar o funcionário em questão, a transmissão
via WhatsApp era necessária para processar os dados pessoais
para a finalidade prevista (elegibilidade do visto) e que o queixoso
foi avisado de que a documentação comprovativa poderia ser
compartilhado com terceiros para verificar a autenticidade. A DPC
também levou em conta o fato de que a avaliação de risco local
realizada pelo DFAT havia estabelecido que, nas circunstâncias, o
envio dos dados pessoais via WhatsApp era o meio de
transmissão mais seguro. Assim, a DPC concluiu que o DFAT
cumpriu as Leis.
Os documentos foram enviados pelo celular do único
funcionário da missão do Cairo com WhatsApp e foram
excluídos do aparelho imediatamente após o envio. Por fim,
o funcionário informou a missão do Cairo que os
documentos eram fraudulentos e o pedido de visto foi
negado. Durante a nossa investigação, o queixoso informou-
nos que estava a pedir uma indemnização de 3.000 euros ao
DFAT, como perda do custo da realização do exame na
Irlanda. Após a DPC informar o queixoso de que não tinha
poderes para conceder indemnizações, o queixoso solicitou
uma decisão formal da DPC. Ao considerar se ocorreu uma
infração às Leis quando os dados pessoais do denunciante
foram enviados pelo DFAT, via WhatsApp, ao funcionário em
questão, a DPC procurou apurar os fatos em relação, em
primeiro lugar, se a transmissão em questão era necessária
e, em segundo lugar, se era segura, incluindo se existiam
métodos mais seguros à disposição do DFAT para transmitir
os dados. Quanto à primeira questão, a DPC considerou que
era necessário que o DFAT partilhasse os dados pessoais do
reclamante com o funcionário que, no pedido de visto de
curta duração, foi indicado como seu empregador e que,
segundo o
Este foi um caso excepcional decorrente das circunstâncias
específicas do país em questão. Aqui, a transmissão de
informações para fins oficiais através do WhatsApp era, de facto, o
método mais seguro disponível e o empregador do queixoso,
embora fosse um funcionário do governo, não tinha acesso a um
sistema de comunicações oficial através do qual os dados pessoais
pudessem ter sido transmitidos. Neste caso, os princípios
fundamentais da proteção de dados de necessidade e
proporcionalidade, aplicados ao contexto único do tratamento em
questão, resultaram na conclusão da DPC de conformidade com
as Leis. Tal conclusão provavelmente não teria prevalecido se a
queixa tivesse surgido num caso equivalente, onde outros canais
de comunicação oficiais estivessem disponíveis para transmitir os
dados pessoais contidos nos documentos comprovativos.
ESTUDO DE CASO 60
HSE Hospital/Agência de Saúde
Em 2019, a DPC recebeu denúncia sobre divulgação
de dados de uma paciente via mensageiro do
Facebook por um porteiro de hospital referente ao
seu atendimento na Unidade de Gravidez Precoce de
um hospital. Ao analisar a denúncia, o HSE esclareceu
à DPC que o porteiro do hospital que divulgou os
dados pessoais do paciente era, na verdade,
funcionário de uma agência de saúde contratada pelo
HSE. A DPC entrou em contato
a agência e buscou uma atualização em relação à sua
investigação interna, detalhes de qualquer ação corretiva,
bem como detalhes de qualquer ação disciplinar tomada
contra o funcionário em questão. Ao mesmo tempo, a DPC
informou o HSE que, uma vez que contrata a empresa em
causa para fornecer pessoal temporário para trabalhar no
hospital, em última análise, o HSE é o responsável pelo
tratamento dos dados pessoais neste caso.
DIVULGAÇÃO / DIVULGAÇÃO NÃO AUTORIZADA 53
A queixa foi posteriormente retirada pelo advogado que agia em
nome da mulher, na sequência de um acordo acordado entre a
parte afectada e o hospital/agência de cuidados de saúde. Os
controladores/processadores de dados podem ser
responsabilizados, de acordo com a Seção 117 da Lei de Proteção de
Dados de 2018, perante um indivíduo por danos se não cumprirem o
dever de cuidado que devem em relação aos dados pessoaisem sua
posse.
qualquer processo sob a Seção 117 da Lei de 2018 ou na
prestação de qualquer aconselhamento jurídico.
O que este caso ilustra é que é necessária formação contínua para todo o
pessoal em relação às suas obrigações ao abrigo da lei de protecção de
dados e que os responsáveis pelo tratamento devem fazer a devida
diligência e certificar-se de que quaisquer contratantes/processadores que
contratam estão totalmente formados e preparados para cumprir as leis de
protecção de dados. .
A DPC não tem qualquer papel no tratamento de pedidos de
indemnização e nenhuma função em relação à tomada de
ESTUDO DE CASO 61
Divulgação não autorizada de registos de faturação eletrónica de
telemóveis, contendo dados pessoais, por uma empresa de
telecomunicações, ao antigo empregador do titular dos dados (Lei
aplicável: Leis de Proteção de Dados de 1988 e 2003 (“as Leis”))
A queixosa, durante um emprego anterior, solicitou à
empresa de telecomunicações que associasse o seu
número de telemóvel pessoal à conta do seu (então)
empregador. Isto permitiu à queixosa beneficiar de um
desconto associado ao seu (então) empregador.
Embora esta medida tenha resultado na mudança do
nome da conta da reclamante para o do seu (então)
empregador, o endereço residencial da reclamante
permaneceu associado à conta e a reclamante
permaneceu responsável pelo pagamento de
quaisquer contas. Após a cessação da relação laboral, a
queixosa contactou a empresa de telecomunicações
para solicitar que (i) restringisse o acesso do seu antigo
empregador aos registos do seu telemóvel; e (ii)
separar a conta da do seu antigo empregador. Na
sequência deste pedido, um gestor de conta tomou
uma série de medidas na crença errada de que isso
resultaria na separação da conta da queixosa da do seu
antigo empregador. A queixosa, no entanto, tomou
conhecimento de que, na sequência do seu pedido, o
seu antigo empregador continuou a aceder aos
registos da sua conta. Após novas investigações por
parte da queixosa, a empresa de telecomunicações
descobriu o seu erro e a conta da queixosa acabou por
ser separada da do seu antigo empregador.
não havia registro da solicitação original de restrição de
conta. Nestas circunstâncias, o queixoso remeteu uma
queixa para este gabinete.
Durante a nossa investigação, a empresa de
telecomunicações reconheceu que a ação inicial tomada pelo
seu gestor de conta foi insuficiente, uma vez que não
separou a conta da reclamante da do seu antigo empregador
e nem impediu o seu antigo empregador de aceder aos seus
registos de faturação eletrónica. A empresa reconheceu
ainda que os seus registos estavam incompletos quando
investigou a queixa do queixoso. Confirmou, a este respeito,
que já tinha localizado o pedido inicial de restrição/separação
do queixoso.
As questões a determinar, portanto, eram se a empresa de
telecomunicações, como controladora de dados:
1. implementou medidas de segurança adequadas, tendo
em conta as Secções 2(1)(d) e 2C(1) dos atos, a fim de
proteger os dados pessoais do reclamante contra
acesso não autorizado e divulgação a terceiros (ou seja,
o ex-empregador do reclamante); e
2. manteve os dados do reclamante precisos, completos e
atualizados, conforme exigido pela Seção 2(1)(b) das Leis.
Este gabinete concluiu que a empresa de telecomunicações não
implementou medidas de segurança adequadas para proteger os
dados pessoais da queixosa contra o acesso não autorizado e a
divulgação ao seu antigo empregador. Isto ficou evidente pelo facto
de o antigo empregador da queixosa ter continuado a aceder aos
seus registos de facturação electrónica, apesar das medidas iniciais
tomadas pela empresa de telecomunicações.O queixoso subseqüentemente apresentou uma reclamação à
empresa de telecomunicações. Após investigar a reclamação,
a empresa informou ao reclamante que
54 ESTUDOS DE CASOS DA COMISSÃO DE PROTEÇÃO DE DADOS
Este escritório observou ainda a obrigação, estabelecida na Seção
2C(2) das Leis, de um controlador de dados “... tomar todas as
medidas razoáveis para garantir que - (a) as pessoas por ele
empregadas... estejam cientes e cumpram as medidas de
segurança relevantes acima mencionadas…”. Este gabinete
constatou que a empresa de telecomunicações não cumpriu as
suas obrigações nesta matéria. Mais uma vez, isto ficou evidente
pelo facto de o gestor de conta que inicialmente atendeu ao
pedido da queixosa estar a agir com base na crença errada de que
as medidas tomadas foram suficientes para conseguir a
separação da conta da queixosa da do seu antigo empregador.
nos termos da Seção 2(1)(b) das Leis em circunstâncias em que
os registros do reclamante, no momento relevante, eram
imprecisos, incompletos e desatualizados.
Principais conclusões
O estudo de caso acima destaca o facto de que a obrigação de manter
os dados pessoais seguros e protegidos é contínua. Os responsáveis
pelo tratamento de dados devem garantir que monitorizam e avaliam
continuamente a eficácia das suas medidas de segurança, tendo em
conta a possibilidade de que as circunstâncias ou disposições que
envolvem as suas atividades de tratamento de dados possam mudar
de tempos em tempos. Neste caso, o responsável pelo tratamento não
tomou as medidas necessárias para refletir a alteração das
circunstâncias que lhe foi notificada pela queixosa quando esta
solicitou a restrição e separação da sua conta da do seu antigo
empregador. O estudo de caso destaca ainda a importância de um
treinamento eficaz para os funcionários em relação a quaisquer
protocolos internos.
Este gabinete considerou também o facto de, no momento
em que a reclamante remeteu a sua reclamação para a
empresa de telecomunicações, a empresa não ter
conseguido localizar o seu pedido inicial de restrição de
conta. O resultado disso foi que o resultado da investigação
da própria empresa sobre a reclamação do indivíduo estava
incorreto. Assim, e não obstante a posterior retificação da
posição, este gabinete concluiu que a empresa de
telecomunicações não cumpriu as suas obrigações
ESTUDO DE CASO 62
Suposta divulgação dos dados pessoais do reclamante por uma
autoridade local (Queixa de Violação de Dados)
A DPC recebeu uma queixa de um indivíduo relativa
a uma alegada divulgação dos dados pessoais do
queixoso por uma autoridade local. O queixoso
alegou que a autoridade local tinha divulgado
erroneamente o nome, o endereço postal e as
informações relativas ao pagamento do apoio à
habitação do queixoso a terceiros.
O indivíduo foi informado pela autoridade local que
esta divulgação ocorreu. No entanto, o indivíduo
estava insatisfeito com as ações tomadas pela
autoridade local em resposta à divulgação e não
desejava envolver-se mais com a autoridade local
com vista a procurar uma resolução amigável da
reclamação.
da reclamação, o incidente em questão foi notificado à DPC pela
autoridade local como uma violação de dados pessoais, conforme
exigido pelo artigo 33.º do RGPD. Nesse contexto, a DPC colaborou
extensivamente com a autoridade local relativamente às circunstâncias
da violação de dados pessoais, às medidas de segurança de dados em
vigor no momento em que ocorreu a violação de dados pessoais e às
medidas de mitigação tomadas pela autoridade local, incluindo as
medidas contínuas da autoridade local. esforços para recuperar os
dados do destinatário.
Com base nesta informação, a DPC concluiu a sua análise
da queixa informando ao indivíduo que a DPC estava
convencida de que os dados pessoais do queixoso não
foram processados pela autoridade local de uma forma
que garantisse a segurança adequada dos dados pessoais
e que um ocorreu divulgação não autorizada dos dados
pessoais do reclamante, constituindo uma violação de
dados pessoais. Com base nas ações tomadas pela
autoridade local em resposta à violação de dados
pessoais e, em particular, no facto de o destinatário dos
dados pessoais do queixoso ter devolvido osdados à
autoridade local, a DPC não considerou que qualquer
acção adicional contra a autoridade local era justificada
em relação ao objecto da queixa.
A DPC examinou a denúncia e contactou a autoridade
local para obter mais informações sobre as alegações do
indivíduo. A autoridade local confirmou à DPC que ocorreu
uma violação de dados pessoais quando os dados
pessoais do reclamante foram incluídos, por engano,
numa resposta a um pedido de liberdade de informação a
um terceiro. Para além da informação prestada pela
autarquia à DPC no âmbito da sua análise
DIVULGAÇÃO / DIVULGAÇÃO NÃO AUTORIZADA 55
ESTUDO DE CASO 63
Divulgação não autorizada em um ambiente de trabalho
O queixoso alegou que o tratamento inseguro por
parte do seu antigo empregador tornou os seus dados
pessoais acessíveis a pessoas não autorizadas,
incluindo antigos colegas e terceiros externos.
Os antigos colegas do queixoso afirmaram que os
documentos relativos à “investigação interna” lhes tinham
sido acessíveis. No entanto, estas declarações não
descreviam detalhadamente a natureza ou o conteúdo
dos documentos, não indicavam quando ou por quem
tinham sido vistos e não indicavam que os documentos
eram acessíveis a não trabalhadores. Contra isso, a
empresa sustentou consistentemente que a apresentação
da WRC, mas não o relatório de investigação interna, tinha
estado indevidamente acessível aos funcionários durante
vários dias. Significativamente, a empresa notificou a DPC
aproximadamente um mês antes de o queixoso ter
apresentado a sua reclamação pela primeira vez. A DPC
considerou que não existiam provas suficientes para
apoiar a alegação de que o relatório da investigação
interna tinha sido divulgado,
O queixoso estava em litígio com a empresa devido ao seu
despedimento. Em conexão com essa disputa, a empresa
preparou documentos, incluindo um relatório de
investigação interna e uma submissão legal à Comissão de
Relações no Local de Trabalho (WRC). Embora a apresentação
da WRC não contivesse muitos dados pessoais do queixoso, o
relatório de investigação interna continha.
Aproximadamente um mês antes de o reclamante contactar pela
primeira vez a DPC, a empresa notificou a DPC sobre uma
violação de dados. A notificação afirmava que a apresentação da
WRC tinha sido inadvertidamente armazenada numa pasta
acessível a todos os funcionários, em vez de numa pasta acessível
apenas ao pessoal de RH autorizado. O erro foi percebido e
corrigido dois dias depois, e a empresa notificou a DPC logo em
seguida. Os sistemas da empresa não registaram se, quando ou
por quem a documentação do WRC poderia ter sido acedida, ou
se tinha sido copiada ou impressa.
No que diz respeito às medidas de segurança da empresa, a DPC observou
que a norma aplicável deveria refletir e mitigar os danos que poderiam ser
causados por riscos relevantes, incluindo, como neste caso, a divulgação
a pessoas não autorizadas. A empresa estava claramente consciente do
risco de divulgação, uma vez que tinha providenciado o armazenamento
de documentos confidenciais de uma forma que dava acesso apenas ao
pessoal de RH autorizado.
Na denúncia, o queixoso alegou que a violação afetou não apenas
a apresentação da WRC, mas também o relatório de investigação
interna, e que estes tinham sido acessíveis a partir de todas as
partes da intranet da empresa, incluindo num dispositivo que
poderia ser utilizado tanto por funcionários como por visitantes.
às instalações da empresa. O queixoso apresentou declarações de
antigos colegas que descreveram ter acesso a documentos
relativos à “investigação interna”. A empresa negou que o
relatório da investigação interna tenha sido acessível a pessoas
não autorizadas.
No entanto, a empresa não conseguiu antecipar e mitigar
adequadamente o risco de erro humano no armazenamento de tais
documentos, como aconteceu com a submissão ao WRC. A DPC
também lembrou à empresa a necessidade de garantir que o pessoal
relevante esteja ciente da necessidade de tratar os dados pessoais de
acordo com as medidas de segurança aplicáveis e de responder às
violações em conformidade. Este caso ilustra como os responsáveis
pelo tratamento de dados devem considerar todos os riscos que
podem surgir quando processam dados pessoais, incluindo o risco de
erro humano. As medidas que adoptam para fazer face a esses riscos
devem reflectir não apenas as possíveis causas de perdas ou danos,
mas também as consequências de uma violação e as formas como
essas consequências podem ser minimizadas ou remediadas.
Sustentou também que, embora a comunicação da WRC tenha estado
indevidamente disponível durante um curto período de tempo na intranet
da empresa, não estava numa parte dela acessível a não trabalhadores.
A DPC abordou duas questões principais: qual foi o
conteúdo e a extensão da violação e se as medidas de
segurança da empresa atenderam ao padrão exigido pela
legislação de proteção de dados aplicável.
56 ESTUDOS DE CASOS DA COMISSÃO DE PROTEÇÃO DE DADOS
ESTUDO DE CASO 64
Falta de medidas de segurança adequadas, divulgação
não autorizada no ambiente de trabalho
A DPC recebeu uma queixa contra um empregador, uma
empresa industrial, afirmando que as suas informações
privadas, incluindo atendimentos com o médico da
empresa, detalhes de uma reclamação de danos pessoais
movida contra a empresa e detalhes de um processo
disciplinar instaurado contra o queixoso, tinham sido
colocadas em o «C-Drive» partilhado pela empresa,
disponível para visualização por qualquer pessoa dentro
da empresa, e que uma cópia dos dados num CD-ROM
também foi deixada na secretária do queixoso.
médico que revelou informações muito pessoais e sensíveis
sobre a saúde física e mental do queixoso e as suas
circunstâncias pessoais. Notou-se que esta informação estava
a ser mantida pela empresa no contexto de processos/
reivindicações legais apresentadas pelo indivíduo. Dada a
natureza das informações, havia um ónus particularmente
forte sobre a empresa para garantir que apenas aqueles que
precisavam de acesso a essas informações tivessem acesso e,
portanto, pudessem acessá-las e processá-las.
A questão desta reclamação foi a colocação de ficheiros para
incluir as informações pessoais do reclamante num disco
partilhado acessível a todos os colaboradores. A DPC considerou
que não foi dada a devida atenção à sensibilidade da informação
contida nos ficheiros e aos riscos que implica a sua
disponibilização a qualquer funcionário da empresa, ainda que
por um período de tempo muito curto. Parece que a decisão de
transferir os ficheiros para a unidade partilhada foi tomada por
razões pragmáticas, ou seja, a empresa confirmou que foi
executada desta forma porque os ficheiros eram demasiado
grandes para serem enviados por email.
Durante a análise da denúncia, tornou-se evidente que vários
computadores do local de trabalho foram utilizados para aceder
aos dados da unidade partilhada, que a empresa afirmou ter sido
descarregada, copiada ou enviada para um endereço de correio
eletrónico externo. A organização informou que realizou uma
investigação do incidente que resultou na rescisão de dois
funcionários, identificados como tendo um papel significativo no
incidente, e que a An Garda Síochána foi notificada sobre o
incidente. A empresa notificou a DPC sobre o incidente de
violação, destacando que determinados dados foram acessados
e visualizados por pelo menos dois de seus funcionários.
No entanto, isso não justificava a colocação dos ficheiros
num local onde qualquer funcionário da empresa pudesse
aceder aos mesmos, especialmente tendo em conta o
risco de danos para o titular dos dados se os seus colegas
conseguissem descobrir informações muito pessoais e
sensíveis que o reclamante pode, legitimamente, não ter
esperado ou desejado que outros funcionários
soubessem, exceto na medida em que fosse estritamente
necessário que funcionários limitados soubessem em
relaçãoa processos/reclamações legais entre o titular dos
dados e seu empregador. Além disso, havia uma série de
opções alternativas na transferência dos arquivos para o
Departamento Jurídico, que não representariam o mesmo
risco para a segurança dos dados pessoais, incluindo
colocar os arquivos em uma pasta, seja na unidade
compartilhada ou de outra forma, onde o acesso era
restrito a indivíduos limitados.
Afirmou-se que os dados estavam sendo transferidos internamente do
departamento de Recursos Humanos (RH) para o departamento
Jurídico devido à saída iminente de um de seus funcionários de RH.
Durante a transferência, um grande volume de ficheiros electrónicos
relativos a processos judiciais envolvendo um grande número de
indivíduos teve o potencial de ser acedido e visualizado por
funcionários que normalmente não teriam acesso a eles.
A implementação de medidas para proteger e proteger os dados
pessoais são princípios fundamentais da lei de protecção de
dados, especialmente em termos de garantir que não haja acesso
não autorizado ou destruição de dados pessoais.
No que diz respeito a esta reclamação específica, a DPC observou,
em primeiro lugar, que as informações relativas ao reclamante que
foram divulgadas no âmbito da violação de dados incluíam
informações muito sensíveis e que constituíam “dados de categoria
especial”, em circunstâncias em que os dados de categoria especial
incluem informações sobre “dados relativos à saúde ou dados
relativos à vida sexual de uma pessoa física”.
As consequências da falta de protecção dos dados pessoais neste
caso foram consideráveis, dando origem a processos judiciais
contra a empresa por parte do indivíduo afectado, a perda de dois
funcionários de longa data que foram despedidos, sem falar no
impacto sobre o indivíduo cujos dados foram divulgados .
As informações (exemplos dos quais foram fornecidos a este
escritório) incluíam detalhes de atendimentos na empresa
DIVULGAÇÃO / DIVULGAÇÃO NÃO AUTORIZADA 57
ESTUDO DE CASO 65 ESTUDO DE CASO 66
Divulgação sem consentimento Divulgação de Dados Sensíveis
Um indivíduo queixou-se à DPC de que o Gabinete
de Activos Criminais (CAB) divulgou os seus dados
financeiros pessoais, sem o seu consentimento, a
vários indivíduos contra os quais o CAB tinha
instaurado processos judiciais. A CAB informou a
DPC que o processo em questão estava ao abrigo da
Lei dos Produtos do Crime, 1996-2016 (PoCA), cujo
objectivo é identificar e confiscar bens, estabelecidos
a contento do Tribunal Superior, como sendo
produtos do crime . A CAB afirmou que as
informações contidas na documentação em questão
eram necessárias para estabelecer a procedência da
propriedade objeto de
o processo. O CAB sublinhou que os dados
pessoais do queixoso estavam interligados com os
dados pessoais dos indivíduos processados e não
podiam ser ocultados dos documentos judiciais. A
DPC observou que tais processos são regidos pela
seção 158 (1) da Lei de Proteção de Dados de 2018
(a Lei), que prevê que o GDPR e a Diretiva de
Aplicação da Lei, conforme transpostos na Lei,
podem ser restringidos, a fim de garantir a
proteção da independência judicial. e processos
judiciais.
Um indivíduo queixou-se à DPC de que uma empresa
de vestuário e alimentação divulgou os seus dados
médicos pessoais através da emissão de
correspondência postal com as palavras “Coeliac
Mailing” impressas no exterior do envelope. Como
parte do recurso Stores Value Card, o indivíduo em
questão se inscreveu para receber um 'Certificado
Anual de Despesas' de produtos sem glúten
adquiridos durante o ano, que poderia ser usado para
fins fiscais. A DPC informou à loja que, nos termos do
Artigo 9 do GDPR, os dados de saúde são
considerados dados confidenciais e recebem proteção
adicional e que a exibição das palavras
“Coeliac Mailing” deve ser examinado à luz do
Artigo 9 do GDPR. Em resposta, a loja informou à
DPC que instruiu seu departamento de marketing a
parar de usar esse texto na parte externa dos
envelopes em todas as correspondências futuras. A
DPC saúda o resultado positivo deste compromisso.
Conforme estabelecido na Secção 101(2) da Lei, a DPC não é
competente para a supervisão das operações de tratamento de
dados dos tribunais quando actuam na sua capacidade judicial.
A DPC informou o queixoso que o CAB preparou os documentos
judiciais para efeitos de processos judiciais e que a supervisão
das operações de processamento de dados dos tribunais
quando actuam na sua capacidade judicial é atribuída a um Juiz
nomeado pelo Chefe de Justiça nos termos da secção 157 da
Lei . A DPC forneceu ao queixoso os dados de contacto do juiz
designado.
58 ESTUDOS DE CASOS DA COMISSÃO DE PROTEÇÃO DE DADOS
ESTUDO DE CASO 67
Divulgação de extratos de conta por um banco ao
representante de um titular de conta conjunta
Neste caso, o queixoso tinha uma conta bancária conjunta
com um familiar. Na sequência de um pedido dos advogados
do outro titular da conta conjunta, o banco (o responsável
pelo tratamento dos dados) divulgou cópias dos extratos
bancários relativos à conta, que incluíam os dados pessoais
do queixoso, a esses advogados. O queixoso estava
preocupado com o facto de esta divulgação não estar em
conformidade com a lei de protecção de dados.
Em segundo lugar, a DPC considerou se o banco tinha uma
base legal para a divulgação dos dados pessoais do queixoso,
conforme exigido pela lei de protecção de dados. A este
respeito, a DPC considerou que o banco tinha o direito de
invocar a base legal dos “interesses legítimos”, que permite o
tratamento de dados pessoais quando esse tratamento for
necessário para efeitos dos interesses legítimos prosseguidos
pelo responsável pelo tratamento dos dados ou por uma
terceira festa . Neste caso, o banco divulgou os dados
pessoais do reclamante com base no facto de o advogado agir
em nome do outro titular da conta conjunta e solicitar os
extratos para fins legítimos, nomeadamente para realizar uma
auditoria aos assuntos financeiros do outro titular da conta.
Nas circunstâncias em que, de acordo com as instruções de
assinatura da conta, o outro titular da conta teria o direito de
administrar a conta, a DPC considerou que o banco não teria
qualquer motivo para suspeitar que a divulgação seria
injustificada devido a qualquer prejuízo aos direitos ou
liberdades fundamentais do queixoso. Assim, a DPC
considerou que o banco tinha uma base legal para a
divulgação, independentemente de o reclamante ter dado
consentimento.
Durante o tratamento desta reclamação pela DPC, o
banco expôs a sua posição de que qualquer titular de
conta conjunta tem direito a aceder aos detalhes e
informações de transação da conta conjunta como um
todo. O banco considerou ainda que, em relação aos
advogados que actuam em nome dos seus clientes, é
suficiente aceitar a confirmação escrita de um advogado,
no seu papel timbrado, de que o advogado actua em
nome do cliente como autoridade para o banco se
envolver com o advogado na qualidade de representante
do cliente do banco. A lei de proteção de dados exige que
os dados pessoais sejam recolhidos ou obtidos para
finalidades específicas, explícitas e legítimas e não sejam
processados de forma incompatível com essas
finalidades (o princípio da “limitação da finalidade”).
Nesse caso, a DPC constatou que o banco obteve os
dados pessoais do reclamante para administrar a conta
conjunta que o reclamante mantinha com o outro titular
da conta, incluindo a realização de pagamentos, a recolha
de informações sobre transações e a preparação de
extratos bancários. Pareceu à DPC que era consistente
com os termos e condições do banco para a conta
conjunta e com as instruções de assinatura do titular da
conta na conta (que permitiam a qualquer uma das
partes assinar transacções sem o consentimento do outro
titular da conta), que o a administração da conta poderia
ser concluída por um titular da conta sem o
consentimentodo outro. Face ao exposto, a DPC
considerou que a divulgação dos extratos bancários aos
solicitadores do outro titular da conta conjunta não era
incompatível com o especificado,
Por último, a DPC considerou se o banco cumpriu as suas
obrigações ao abrigo da lei de protecção de dados de tomar
medidas técnicas e organizacionais adequadas para garantir a
segurança dos dados pessoais contra divulgação não autorizada
ou ilegal. A este respeito, a DPC aceitou a posição do banco,
expressa nas suas políticas, de que era apropriado aceitar a
confirmação escrita de um advogado de que estava autorizado a
agir em nome de um titular de conta, sem procurar outras provas.
A política do banco a este respeito baseou-se no facto de o
advogado ter funções profissionais como funcionário do tribunal
e como membro de uma profissão regulamentada.
DIVULGAÇÃO / DIVULGAÇÃO NÃO AUTORIZADA 59
ESTUDO DE CASO 68
Divulgação e publicação não autorizada de uma fotografia
Um titular dos dados apresentou queixa à DPC
relativamente à publicação da imagem, nome e
morada parcial do seu filho num jornal religioso. A
imagem utilizada na publicação foi obtida
originalmente da página de um grupo religioso no
Facebook. O titular dos dados informou à DPC que
não foi dado consentimento para a utilização mais
ampla da imagem através da publicação em jornal. A
preocupação era com a privacidade da criança
decorrente do uso da imagem, nome e endereço
parcial pelo jornal. Na correspondência enviada
diretamente entre o titular dos dados e o jornal, o
titular dos dados citado no artigo 9.º do RGPD relativo
aos dados pessoais de categoria especial aplica-se à
sua reclamação porque a imagem revelava
informações sobre as crenças religiosas da criança.
havia dado permissão. O jornal afirmou à DPC que esta pessoa
“estava agindo in loco parentis no que dizia respeito [ao jornal]
e, portanto, o consentimento havia sido dado”. O jornal
informou ainda a DPC que se baseiam no artigo 9.º, n.º 2, alínea
a) e no artigo 9.º, n.º 2, alínea e), do RGPD para o tratamento de
dados pessoais de categoria especial.
O jornal concluiu que tinham o interesse legítimo exigido
na publicação da fotografia, que a fotografia era de
domínio público através da página aberta do Facebook,
tomaram medidas para garantir que foi obtido o
consentimento para publicar a fotografia e o
consentimento fornecido foi adequado e foram direito de
confiar no mesmo. O jornal disse estar satisfeito por ter
cumprido as suas obrigações, mas reviu e alterou as suas
políticas internas sobre esta questão.
A DPC forneceu ao titular dos dados a resposta à reclamação e
perguntou ao titular dos dados se considerava que as suas
preocupações em matéria de protecção de dados eram
adequadamente abordadas e resolvidas amigavelmente. Além
disso, o titular dos dados foi convidado a fazer as suas
observações sobre a resposta do responsável pelo tratamento
dos dados. O titular dos dados respondeu informando à DPC que
o assunto não foi resolvido amigavelmente e que deveria ter sido
obtido consentimento explícito. A DPC concluiu o exame e
forneceu um resultado a ambas as partes, conforme exigido pela
seção 109(5) da Lei de Proteção de Dados de 2018 (a Lei de 2018).
Como parte da sua análise, a DPC contactou o responsável pelo
tratamento dos dados e solicitou uma resposta à reclamação. O
responsável pelo tratamento informou à DPC que nunca
pretendeu qualquer sofrimento ao titular dos dados ou à sua
família. Um repórter viu a imagem na página do grupo no
Facebook e pediu permissão para usá-la a um membro
importante do grupo religioso, posteriormente este membro
concedeu permissão para seu uso. O jornal afirma que a imagem
já estava disponível online na página do grupo no Facebook e foi
tirada num evento público e o endereço utilizado foi o do grupo
religioso e não o endereço pessoal da criança.
A DPC informou o titular dos dados, nos termos da secção 109(5)
(c) da Lei de 2018, que a explicação apresentada pelo
responsável pelo tratamento dos dados relativamente ao
tratamento dos dados pessoais da criança nas circunstâncias
desta reclamação era razoável. Ao dizer isto, a DPC escreveu ao
jornal religioso e, nos termos da secção 109(5)(f) da Lei de 2018,
recomendou que considerasse o Código de Prática do Conselho
de Imprensa, em particular o princípio 9 do mesmo, garantindo
que o princípio dos dados a minimização seja respeitada e
conduzir e registrar o exercício de equilíbrio entre o interesse
público na publicação e os direitos e interesses dos titulares dos
dados.
Em resposta às perguntas da DPC, o jornal informou a
DPC que era sua prática normal obter consentimento para
tirar e usar imagens e embora nesta circunstância a
imagem estivesse disponível numa página aberta do
Facebook, o jornal ainda contactou o grupo religioso e
questionou se a permissão foi obtida para usar a imagem.
O membro líder do grupo religioso que contactaram
avisou-os de que outra pessoa in loco parentis (agindo no
lugar dos pais)
60 ESTUDOS DE CASOS DA COMISSÃO DE PROTEÇÃO DE DADOS
ESTUDO DE CASO 69
Divulgação por uma cooperativa de crédito dos dados pessoais de
um membro a uma empresa de investigações privadas
O reclamante neste caso era um mutuário de uma
cooperativa de crédito e supostamente estava com um
empréstimo em atraso. A cooperativa de crédito alegou
não conseguir entrar em contato com o reclamante. A
cooperativa de crédito divulgou dados pessoais do
reclamante a uma empresa privada de investigações com
a intenção de localizar e comunicar com o reclamante. Os
dados divulgados incluíam o nome, morada, morada
anterior, situação familiar e situação profissional do
queixoso. Aproximadamente quatro anos depois, o
reclamante tomou conhecimento dessa divulgação e
apresentou queixa à DPC.
A cooperativa de crédito disse à DPC que a sua política de controlo de
crédito tratava de casos em que era proposto que o empréstimo
inadimplente de um membro fosse anulado como uma dívida
inadimplente. Antes de o fazer, as disposições relevantes
determinavam que a cooperativa de crédito deveria fazer “todos os
esforços… para comunicar com o membro, incluindo a assistência de
terceiros” para tentar continuar com os acordos acordados e ajudar na
cobrança da dívida.
A DPC avaliou que a base legal para a divulgação e a
existência de contrato de tratamento de dados são as
questões centrais da denúncia.
À luz de todos os factos apresentados, e com base na legislação
aplicável, a DPC concluiu que a cooperativa de crédito tinha um
interesse legítimo em procurar obter dados de contacto
atualizados, a fim de restabelecer o contacto com o reclamante
com um com vista a discutir o reembolso do empréstimo. O
tratamento de dados pessoais foi necessário para prosseguir esse
interesse legítimo. A DPC aceitou que a divulgação poderia afetar
os direitos fundamentais e os interesses legítimos do queixoso.
Contra isso, porém, o cumprimento da importante função social
proporcionada pelas cooperativas de crédito exigia que estas
fossem capazes de tomar medidas para interagir com os membros
cujos empréstimos estivessem em atraso. Por essa razão, a
divulgação foi justificada apesar do potencial prejuízo aos direitos
e liberdades fundamentais ou aos interesses legítimos do
queixoso. A cooperativa de crédito afirma, portanto, a prossecução
do seu interesse legítimo em contactar o reclamante e solicitar o
reembolso do empréstimo como base legal para a divulgação de
dados pessoais à empresa privada de investigações.
A empresa de investigações privadas tinha cessado a sua
atividade vários anos antes da denúncia e, portanto, não estava
em condições de ajudar a investigação da DPC. A DPC solicitou à
cooperativa de crédito que explicasse a base legal em que
divulgou os dados e por que considerou necessário fazê-lo.
A cooperativa de crédito informou à DPC que não tinha um contrato escrito
com a empresa de investigações privadas, pelo quea DPC solicitou-lhe que
fornecesse detalhes de qualquer política ou procedimento interno relativo a
quando seria apropriado estabelecer contacto com essa empresa.
No que diz respeito à base jurídica para a divulgação, a cooperativa de
crédito alegou que a divulgação era necessária para efeitos de
prossecução de um interesse legítimo e para a execução do seu
contrato com o reclamante. Referiu-se também a uma disposição da
secção 71(2) da Lei das Cooperativas de Crédito de 1997, que permite a
uma cooperativa de crédito divulgar as informações da conta de um
membro quando o Banco Central da Irlanda (anteriormente, o Registo
das Cooperativas de Crédito) for de opinião que, ao fazê-lo, isso é
necessário para proteger os fundos dos acionistas ou depositantes ou
para salvaguardar os interesses da cooperativa de crédito. (A
cooperativa de crédito não soube dizer se o Banco Central expressou
tal opinião em relação a este caso.)
A DPC também considerou se a seção 71(2) da Lei das Cooperativas de
Crédito de 1997 fornecia uma base legal para a divulgação neste caso.
A DPC observou que o cumprimento de uma obrigação legal, tal como
uma ordem judicial ou uma disposição de uma lei, pode fornecer uma
base legal para o processamento. No entanto, a secção 71(2) (incluindo
a disposição mencionada pela cooperativa de crédito nas suas
observações à DPC) tinha efeitos permissivos e não obrigatórios:
embora permitisse que as cooperativas de crédito divulgassem
informações em determinadas circunstâncias, não exigia que elas o
fizessem. faça isso . Assim, a secção não justificou a divulgação para
efeitos da legislação de proteção de dados aplicável.
A cooperativa de crédito sustentou que a divulgação era
necessária porque não conseguiu comunicar com o reclamante
por carta, telefone ou através do advogado do reclamante. Na
sua opinião, o queixoso procurava fugir aos seus esforços para
actualizar os seus registos e discutir o empréstimo pendente. (O
queixoso contestou veementemente esta afirmação, salientando
que tinha efectuado os reembolsos pouco antes de a cooperativa
de crédito contactar a empresa de investigações privadas.) A DPC observou que o processamento por um processador em nome de um
controlador deve ser conduzido sob os termos de um contrato por escrito
ou em forma equivalente que esteja em conformidade com
DIVULGAÇÃO / DIVULGAÇÃO NÃO AUTORIZADA 61
legislação aplicável em matéria de proteção de dados e, em particular,
garante que o tratamento cumpre as obrigações impostas ao responsável
pelo tratamento. Na opinião da DPC, a política de controlo de crédito da
cooperativa de crédito não foi suficiente para cumprir este requisito, pelo
que a cooperativa de crédito não cumpriu a sua obrigação legal a este
respeito.
fornecer clareza sobre como e por quem seus dados estão sendo
processados e para quais finalidades.
O caso também mostra a importância de ser claro quanto à base
jurídica para o tratamento. Quando a base reivindicada é uma
obrigação legal, não é suficiente simplesmente demonstrar que o
responsável pelo tratamento pode legalmente optar por agir de uma
determinada forma: o tratamento deve ser exigido por lei para que
esta base jurídica seja aplicável. Quando um subcontratante alegar
que o tratamento se destina à prossecução de um interesse legítimo,
deve ser capaz de demonstrar que o tratamento é necessário para
esse fim e que equilibrou cuidadosamente esse interesse com os
direitos e liberdades das pessoas que possam ser afetadas por isso.
Se o interesse não superar esses direitos e liberdades, não fornece
uma base jurídica para o tratamento.
Este caso destaca diversas questões importantes para os controladores de
dados. Sempre que um responsável pelo tratamento contrata um
subcontratante para tratar dados em seu nome, existe um requisito claro de
ter um contrato de tratamento ou medida equivalente que cumpra o artigo
28.º, n.º 3, do RGPD ou outra legislação aplicável. Estes contratos beneficiam
tanto os responsáveis pelo tratamento como os subcontratantes, pois
deixam claro qual o tratamento necessário e como deve ser realizado. Eles
também protegem o titular dos dados
ESTUDO DE CASO 70
Divulgação do nome e número de telemóvel de
um jornalista por uma figura pública
O queixoso neste caso era um jornalista que enviou um e-
mail a uma figura pública para fazer perguntas sobre as
decisões que a figura pública tinha tomado em relação ao
seu trabalho. A figura pública usou sua conta no Twitter
para publicar uma cópia do e-mail. O nome do jornalista,
endereço de e-mail comercial e número de celular
estavam legíveis na cópia publicada do e-mail. O jornalista
relatou ter recebido uma série de mensagens de texto
ameaçadoras posteriormente.
A DPC considerou que o nome, endereço de e-mail e número de
telemóvel do jornalista eram dados pessoais porque o jornalista era
claramente identificável por eles. Relativamente à base jurídica para a
sua divulgação, a DPC observou que, embora a lei de protecção de
dados previsse várias bases jurídicas possíveis para o tratamento, a
única base levantada pela figura pública foi o consentimento. A opinião
da DPC era que um inquérito mediático a uma figura pública realizado
por um jornalista que actuasse nessa qualidade não equivalia a um
consentimento válido para a partilha de quaisquer dados pessoais no
inquérito. Por essas razões, a divulgação dos dados pela figura pública
violou a lei de proteção de dados.
O jornalista pediu à figura pública que apagasse a cópia
publicada do e-mail. A figura pública fez isso, mas também
publicou um Tweet dizendo que o número do celular do
jornalista estava disponível online. Isso incluía um link para
uma mensagem no fórum de discussão postada pelo
jornalista seis anos antes, quando era estudante, que incluía o
mesmo número de celular. O jornalista reclamou à DPC.
Este caso destaca diversas questões importantes. O artigo 6.º do RGPD
prevê seis bases jurídicas sobre as quais um processador pode justificar o
tratamento de dados pessoais. O consentimento é um deles, mas o RGPD
estabelece requisitos importantes, incluindo a forma como o
consentimento é dado, o direito de retirar o consentimento e a
necessidade de os responsáveis pelo tratamento serem capazes de
demonstrar que os titulares dos dados deram o consentimento. Embora
existam outras bases jurídicas, os responsáveis pelo tratamento devem
ter em mente que todas elas estão sujeitas a um teste de «necessidade» e
aos seus próprios requisitos específicos.
No âmbito da sua investigação, a DPC pediu à figura pública que
identificasse a base legal para a divulgação dos dados do
jornalista. A resposta da figura pública questionou se o nome e os
dados de contacto do jornalista constituíam dados pessoais.
Afirmou também que, pelo facto de o jornalista ter disponibilizado
anteriormente essa informação na Internet, o jornalista consentiu
implicitamente na sua publicação pela figura pública. O jornalista
rejeitou essa afirmação.
62 ESTUDOS DE CASOS DA COMISSÃO DE PROTEÇÃO DE DADOS
ESTUDO DE CASO 71
Divulgação de dados pessoais e financeiros a
terceiros e pedido de apagamento
Um titular de dados forneceu os seus dados pessoais e
financeiros a uma organização (o responsável pelo tratamento
dos dados) como parte do pedido do seu familiar para um
esquema. O pedido não foi aceite e foi emitida ao requerente
uma carta de indeferimento, que incluía a discriminação dos
dados pessoais e financeiros do titular dos dados. O titular dos
dados apresentou uma reclamação à Comissão de Proteção
de Dados (DPC) relativamente à falta de transparência no
processo de candidatura e na divulgação dos seus dados
pessoais e financeiros ao seu familiar. O titular dos dados
solicitou a devolução dos seus dados pessoais ao responsável
pelo tratamento. O titular dos dados também solicitou que os
seus dados pessoais fossem apagadospelo responsável pelo
tratamento nos termos do artigo 17.º do Regulamento Geral
de Proteção de Dados (RGPD) e, se o apagamento não fosse
uma opção, a base jurídica para a conservação dos seus
dados.
“Objetivos importantes de interesse público geral da União ou
de um Estado-Membro, em particular um importante
interesse económico ou financeiro da União ou de um Estado-
Membro, incluindo questões monetárias, orçamentais e
fiscais, de saúde pública e de segurança social.”
Foi emitido um pedido de desculpas ao titular dos dados pelo
responsável pelo tratamento, em resultado da divulgação dos
seus dados pessoais na carta de recusa emitida ao seu familiar, o
requerente. O titular dos dados questionou se esta divulgação foi
comunicada à DPC como uma violação. Nos termos do artigo 33.º
do RGPD, o responsável pelo tratamento de dados é obrigado a
comunicar uma violação de dados pessoais à autoridade
competente relevante sem demora injustificada, a menos que seja
improvável que a violação de dados resulte num risco para os
direitos e liberdades das pessoas singulares. Uma violação de
dados é descrita no Artigo 4(12) do RGPD como: “Uma violação de
segurança que conduz à destruição, perda, alteração, divulgação
não autorizada ou acesso acidental ou ilegal a dados pessoais
transmitidos, armazenados ou de outra forma processados”. .
Antes do início da análise da DPC, o titular dos dados apresentou
sugestões para a resolução amigável da sua reclamação, que
incluíam, entre outras coisas, um 'gesto de boa vontade' do
responsável pelo tratamento dos dados. No entanto, devido ao
papel da organização, o responsável pelo tratamento dos dados
não estava em condições de facilitar este pedido.
Através do seu exame, a DPC concluiu que a carta de recusa que
resultou na divulgação dos dados pessoais do titular dos dados pode
ser distinguida de outros registos retidos pelo responsável pelo
tratamento, uma vez que não seguiu diretamente as suas orientações.
Assim, a DPC convidou o responsável pelo tratamento a apagar ou
ocultar os dados pessoais do titular dos dados da carta de decisão
mantida em arquivo. Além disso, uma carta alterada poderá ser
enviada ao requerente, ocultando os dados pessoais do titular dos
dados. O responsável pelo tratamento informou que reemitiria a carta
de recusa e solicitaria ao requerente a devolução da carta inicial
enviada. O responsável pelo tratamento dos dados também avisou
que eliminariam a carta inicial dos seus registos.
No âmbito da sua análise, a DPC contactou o responsável pelo tratamento
dos dados e solicitou uma resposta à reclamação do titular dos dados. O
responsável pelo tratamento dos dados afirmou que, embora faça parte do
seu procedimento informar os requerentes dos motivos da recusa, apenas
uma divulgação parcial deve ser feita nas suas cartas de decisão, sempre
que as informações tenham sido recolhidas junto de terceiros. No que diz
respeito ao pedido de apagamento do titular dos dados, o responsável pelo
tratamento informou que os dados pessoais fornecidos seriam conservados
durante a vida do requerente mais 10 anos. O responsável pelo tratamento
explicou que os dados são conservados durante este período, uma vez que
os dados em questão podem afetar quaisquer pedidos futuros do
requerente.
Nos termos da secção 109(5)(c) da Lei de 2018, a DPC informou o
titular dos dados de que a explicação apresentada pelo responsável
pelo tratamento dos dados nas circunstâncias da sua reclamação era
razoável. Embora o responsável pelo tratamento tenha reconhecido
a divulgação dos dados pessoais do titular dos dados ao seu familiar,
o requerente, emitiu um pedido de desculpas pelo mesmo e indicou
que a carta de recusa original será alterada no seu sistema,
enquanto uma carta atualizada será emitida ao requerente .
Posteriormente, o pedido de apagamento do titular dos dados foi recusado pelo
responsável pelo tratamento de dados, uma vez que este informou que se baseava no
artigo 17.º, n.º 3, alínea b), do RGPD, que restringe as obrigações dos responsáveis pelo
tratamento de dados de apagar dados pessoais quando os dados pessoais são
necessários para o cumprimento com uma obrigação legal. Além disso, o responsável
pelo tratamento dos dados baseou-se no artigo 23.º, n.º 1, alínea e), do RGPD, que
estabelece que os direitos do titular dos dados podem ser restringidos para:
Além disso, nos termos da secção 109(5)(f) da Lei de 2018, a DPC recomendou que
o responsável pelo tratamento de dados fornecesse formação atualizada ao seu
pessoal relativamente às suas orientações para cartas de decisão.
DIVULGAÇÃO / DIVULGAÇÃO NÃO AUTORIZADA 63
ESTUDO DE CASO 72
Divulgação de dados pessoais
(Lei Aplicável — GDPR e Lei de Proteção de Dados de 2018)
Um titular de dados apresentou uma reclamação à Comissão
de Proteção de Dados (DPC) contra a sua sociedade gestora
proprietária (responsável pelo tratamento de dados)
relativamente à divulgação dos seus dados pessoais ao
abrigo do Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD).
O titular dos dados explicou à DPC que um e-mail contendo
os seus dados pessoais foi distribuído por uma sociedade
gestora de imóveis em nome de uma sociedade gestora de
proprietários (OMC) e continha informações relativas ao
pagamento de taxas anuais de serviços.
O responsável pelo tratamento informou a DPC que foi
realizado um teste de equilíbrio e destacou que o tratamento
dos dados pessoais era necessário para atingir o interesse
legítimo da sociedade gestora em obter o pagamento das
taxas de serviço.
Nos termos da secção 109(5)(c) da Lei de 2018, a DPC informou que o
responsável pelo tratamento dos dados não foi capaz de fornecer
uma base legal adequada para o tratamento de dados pessoais,
conforme descrito na reclamação.
O resultado lembrou ao responsável pelo tratamento de dados as
suas obrigações como responsável pelo tratamento de dados ao
abrigo dos artigos 5, 6 e 24 do RGPD e ao abrigo da secção 109(5)(f)
da Lei de 2018, o DPC recomendou que o responsável pelo
tratamento de dados reveja o seu Memorando de Associação garantir
o cumprimento das orientações da DPC; considerar métodos
alternativos para resolver o não pagamento de taxas de serviço e
considerar e equilibrar qualquer obrigação legal ou interesse legítimo
com os direitos e interesses do titular dos dados.
Antes de contactar a DPC, o titular dos dados contactou o OMC para
responder às suas preocupações relativamente à divulgação dos seus
dados pessoais. A OMC respondeu que a sua política era incluir esses
dados pessoais nos e-mails enviados a todos os clientes. O titular dos
dados confirmou que não viu nem assinou esta política.
Após o envolvimento da DPC, o responsável pelo tratamento de
dados citou uma cláusula no seu Memorando de Associação do OMC,
que permitia a divulgação do pagamento ou não pagamento de
taxas de serviço a outros proprietários de unidades.
A DPC forneceu a ambas as partes orientação deste escritório
para consideração, “Considerações sobre proteção de dados
relacionadas a empreendimentos de múltiplas unidades e
empresas de gestão de proprietários”. A orientação indicou que
a divulgação deve ser justificada como necessária e proporcional
para atingir uma finalidade específica, explícita e legítima, de
acordo com a lei de proteção de dados.
64 ESTUDOS DE CASOS DA COMISSÃO DE PROTEÇÃO DE DADOS
ESTUDO DE CASO 73
Medidas de segurança apropriadas para dados de saúde enviados por e-mail
A DPC recebeu uma reclamação do pai de uma
criança cujos dados de saúde foram divulgados
por engano a um terceiro desconhecido. Os dados
constavam de um documento anexado a um e-
mail mal endereçado enviado por um funcionário
de um órgão público.
Ao avaliar o assunto, a questão central identificada pela DPC foi a
obrigação de um controlador de dados tomar medidas de segurança
adequadas contra riscos, incluindo a divulgação não autorizadade
dados pessoais. Deveriam ser identificadas medidas de segurança
adequadas tendo em conta factores que incluíam a tecnologia
disponível, os danos que poderiam ser causados pela divulgação e a
natureza dos dados . Além disso, os responsáveis pelo tratamento
devem tomar todas as medidas razoáveis para garantir que os seus
funcionários estão cientes e cumprem essas medidas.
A criança foi submetida a avaliação de saúde por uma terapeuta
contratada pelo órgão público. O terapeuta preparou um
rascunho de relatório, que deveria ser enviado a um profissional
sênior. Antes de enviá-lo, a terapeuta decidiu pedir uma segunda
opinião a um colega. O colega não estava no consultório, então o
terapeuta optou por enviar a minuta do relatório para o endereço
de e-mail pessoal do colega. Logo após fazer isso, a terapeuta
percebeu que o endereço de e-mail estava incorreto. O serviço de
TI do órgão público não conseguiu recuperar o e-mail mal
endereçado. O provedor de serviços de e-mail do destinatário
confirmou que a conta do destinatário estava ativa, mas os e-
mails do órgão público solicitando ao destinatário que excluísse o
e-mail mal endereçado não foram respondidos. O órgão público
contatou os pais por telefone, pessoalmente e por escrito para
informá-los do erro e pedir desculpas por isso. Também notificou
a DPC sobre uma violação de dados pessoais. Posteriormente, o
progenitor apresentou queixa à DPC.
A opinião da DPC era que o envio de um projecto de relatório para um
endereço de correio electrónico pessoal era claramente inadequado
tendo em conta o nível de segurança exigido e era contrário às
políticas de protecção de dados do próprio órgão público. No entanto,
a mera existência dessas políticas não foi suficiente para satisfazer a
obrigação de tomar medidas razoáveis para garantir que os seus
funcionários as conheciam e as cumpriam. O órgão público só o fez
depois de a violação ter ocorrido.
Este caso destaca a abordagem baseada no risco da legislação de
protecção de dados. O artigo 32.º do RGPD exige que os responsáveis
pelo tratamento (e, quando aplicável, os subcontratantes) implementem
medidas técnicas e organizacionais para garantir a segurança adequada
dos dados pessoais que tratam. As pessoas que processam dados pessoais
em nome do responsável pelo tratamento devem fazê-lo apenas de acordo
com as instruções do responsável pelo tratamento e, portanto, devem
estar cientes das medidas técnicas e organizacionais relevantes.
No âmbito do exame da denúncia, a DPC solicitou à autoridade pública
que explicasse as medidas tomadas para garantir a eliminação do e-
mail mal endereçado, a sua política relativa ao envio de e-mails
relacionados com o trabalho para os endereços pessoais dos
funcionários e as medidas que estão a ser adotadas. para evitar a
recorrência da violação.
A adequação das medidas de segurança será determinada por
referência aos riscos: o risco que uma violação pode representar para
os direitos e liberdades dos indivíduos e a possibilidade de vários tipos
de violação, tais como a perda, divulgação ou acesso não autorizado
aos dados. Os dados de categorias especiais, como os dados de saúde,
têm proteção reforçada ao abrigo do Artigo 9 do RGPD. As medidas de
segurança apropriadas para estas categorias de dados serão,
portanto, provavelmente mais rigorosas. O controlador também deve
ter em mente que os riscos mudam frequentemente ao longo do
tempo; as medidas de segurança também devem ser adaptadas às
circunstâncias.
Na sua resposta, o órgão público confirmou a sequência de eventos
descritos acima, incluindo as suas tentativas de recuperar o e-mail e as
suas interações com o fornecedor de serviços de e-mail. Informou à
DPC que havia reeditado uma cópia de sua política de proteção de
dados a todos os membros da equipe em que a terapeuta trabalhava,
e escreveu-lhe lembrando que não é permitido enviar qualquer
informação para endereços de e-mail pessoais, independentemente de
se eles foram convidados a fazê-lo. Ficou claro que isto incluía
relatórios e outra documentação relacionada com o trabalho. A
proteção de dados foi adicionada como item fixo na agenda das
reuniões bimestrais da equipe, e todos os membros da equipe foram
agendados para treinamento de conscientização sobre proteção de
dados.
DIVULGAÇÃO / DIVULGAÇÃO NÃO AUTORIZADA 65
Eletrônico
Marketing direto
ESTUDO DE CASO 74
Acusação da Viking Direct (Irlanda) Limited
Em abril de 2017, recebemos uma reclamação de um
proprietário de empresa sobre e-mails de marketing não
solicitados que o endereço de e-mail comercial estava
recebendo da Viking Direct (Ireland) Limited. A queixosa
indicou que já tinha contactado a empresa para solicitar
a remoção do seu endereço de correio eletrónico
comercial da lista de marketing, mas, apesar disso,
continuaram a ser enviados mais e-mails de marketing.
A Viking Direct (Ireland) Limited foi objeto de uma
investigação em 2012 devido a uma reclamação feita à
DPC sobre e-mails de marketing não solicitados. Naquela
época, concluímos aquela investigação com um alerta à
empresa. Diante desse alerta, a DPC decidiu processar a
empresa em relação à denúncia de 2017.
No Tribunal Distrital Metropolitano de Dublin, em 14 de maio de
2018, a empresa declarou-se culpada de uma acusação de envio
de um e-mail de marketing não solicitado para um endereço de e-
mail comercial, em violação do Regulamento 13(4) do S.I. N.º 336
de 2011. Nos termos deste regulamento, é uma infracção enviar
uma comunicação de marketing directo não solicitada por correio
electrónico a um assinante (que inclui assinantes empresariais)
quando esse assinante tiver notificado o remetente de que não
consente na recepção de tal comunicação. O caso foi adiado para
sentença até 11 de junho de 2018. Na audiência de sentença, o
tribunal aplicou a Secção 1(1) da Lei de Liberdade Condicional de
Infratores em vez de uma condenação e multa. A empresa
concordou em cobrir os custos processuais incorridos pela DPC.
Durante a nossa investigação, a Viking Direct (Ireland) Limited
confirmou que o queixoso tinha solicitado várias vezes para ser
removido da sua lista de correio . Explicou que os processos
internos de transferência de dados para a lista de supressão
falharam e os dados permaneceram na lista de discussão. A
empresa afirmou que os sistemas já foram corrigidos e testados,
para que a situação não se repita. Pediu desculpas por qualquer
inconveniente causado ao reclamante. A nossa investigação
encontrou provas de três pedidos de exclusão enviados pelo
reclamante à Viking Direct (Ireland) Limited por e-mail entre 30 de
março de 2017 e 11 de abril de 2017.
66 ESTUDOS DE CASOS DA COMISSÃO DE PROTEÇÃO DE DADOS
ESTUDO DE CASO 75
Acusação de Clydaville Investments Limited, T/
A The Kilkenny Group
Relatório Anual 2018 Estudo de caso de maio
a dezembro 16
O assunto foi levado ao Tribunal Distrital de Tralee em 15 de outubro
de 2018. O réu enfrentou um total de quatro acusações. Dois deles
diziam respeito a alegadas infracções ao Regulamento 13(1) do S .I .
Não . 336 de 2011 para o envio de e-mails de marketing não solicitados
ao reclamante em novembro de 2016 e novembro de 2017 sem o seu
consentimento. Duas outras acusações relacionavam-se com alegadas
contravenções do Regulamento 13(12) (c) do S .I . Não . 336 de 2011.
Este regulamento prevê que uma pessoa não deverá enviar
correspondência electrónica de marketing que não possua um
endereço válido para o qual o destinatário possa enviar um pedido de
cessação dessa comunicação.
Como não foram apresentadas confissões de culpa em nenhuma
das acusações, o assunto foi submetido a uma audiência plena
envolvendo três testemunhas de defesa e duas testemunhas de
acusação, incluindo o queixoso. No final do processo, o tribunal
concluiu que os factos estavam provados em relação a duas
infrações ao Regulamento 13 (1) relacionadascom o envio de dois
e-mails de marketing sem consentimento. Entendendo que o
arguido pagaria as custas judiciais de 1.850 euros, o tribunal
aplicou a Secção 1(1) da Lei de Liberdade Condicional de
Infratores em relação a ambas as acusações, em vez de uma
condenação e multa. O tribunal rejeitou as duas acusações
relativas ao Regulamento 13(12)(c).
Em novembro de 2017, recebemos uma reclamação
de um indivíduo que recebeu um e-mail de
marketing do Grupo Kilkenny. O e-mail, que lhe foi
endereçado pessoalmente, promovia uma
promoção pré-natalina e informava que havia até
50% de desconto e que tudo estava reduzido. O
reclamante informou-nos que não acreditava ter
optado por receber e-mails de marketing.
Durante a nossa investigação, descobriu-se que um e-mail de
marketing anterior tinha sido enviado ao mesmo reclamante um
ano antes, em novembro de 2016, convidando-o para um evento
corporativo na loja de Cork da empresa. O queixoso informou-nos
posteriormente que se lembrava de ter respondido a esse e-mail,
solicitando que o seu endereço de e-mail fosse eliminado. Em
setembro de 2012, decorrente da nossa investigação de uma
reclamação sobre mensagens de texto de marketing não
solicitadas enviadas pelo Grupo Kilkenny a um reclamante
diferente, emitimos um aviso à empresa. Diante disso, a DPC
decidiu processar a empresa em relação à denúncia de 2017.
ESTUDO DE CASO 76
Acusação da DSG Retail Ireland Limited
DSG Retail Ireland Limited opera sob vários nomes
comerciais e nomes comerciais registrados, como
Dixons, Currys, PC World e Currys
Mundo PC. Em novembro de 2017, recebemos uma
reclamação de uma mulher que havia comprado
uma televisão da Currys um ano antes. Informou-
nos que forneceu o seu endereço de e-mail à
empresa para efeitos de recepção de recibo e que
não consentiu em receber e-mails de marketing. Ela
afirmou que cancelou o recebimento de novos e-
mails, mas os e-mails não solicitados continuaram.
Durante nossa investigação, a empresa nos informou que o cliente
cancelou com sucesso a inscrição em sua lista de e-mails em
novembro de 2016. No entanto, quando ela fez uma nova compra
em janeiro de 2017 e mais uma vez optou por não receber
comunicações de marketing, foi criado um registro duplicado após
a segunda transação do cliente. Segundo a empresa, esse registro
duplicado, aliado a um bug de sistema surgido durante uma
atualização de seus sistemas em maio de 2017, resultou em um
erro quanto ao registro das preferências de marketing do cliente.
Como resultado, houve um período entre agosto e novembro de
2017 durante o qual foram enviados e-mails de marketing para
ela.
MARCAÇÃO DIRETIVA ELETRÔNICA 67
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Como já havíamos emitido um alerta à empresa em
novembro de 2014, após uma reclamação anterior de um
membro do público sobre uma suposta violação dos
regulamentos em relação a e-mails de marketing não
solicitados, a DPC decidiu processar a empresa em
relação ao última suspeita de contravenção.
336 de 2011 para o envio de e-mail de marketing não
solicitado à reclamante sem o seu consentimento. Em vez
de condenação e multa, o tribunal ordenou que a empresa
fizesse uma doação de caridade de 1.500 euros ao Peter
McVerry Trust. A empresa demandada concordou em
cobrir os custos processuais da DPC. A confirmação da
doação de caridade foi posteriormente fornecida ao
tribunal em 26 de novembro de 2018 e o assunto foi
arquivado.
No Tribunal Distrital Metropolitano de Dublin, em 22 de outubro
de 2018, a empresa declarou-se culpada em relação a uma
acusação por violação do Regulamento 13(1) do S .I . Não .
ESTUDO DE CASO 77
Acusação da Vodafone Ireland Limited
Em maio de 2018, recebemos uma reclamação de um
indivíduo que afirmava receber frequentemente
chamadas não solicitadas da equipa de marketing da
Vodafone. Afirmou que a Vodafone lhe telefonou
inicialmente em 10 de maio de 2018, altura em que
afirmou não estar interessado na oferta; desde então, a
empresa ligava para ele todos os dias. Ele ignorou as
comunicações.
Em resposta às nossas indagações, a Vodafone referiu-se a um
relatório de violação de dados que apresentou à DPC em 21 de junho
de 2018. Este relatório notificou a DPC de que vários clientes que
optaram por não receber marketing entre 18 de maio e 11 de junho
de 2018 receberam erroneamente comunicações de marketing devido
a dificuldades na implementação de alterações no sistema como
parte do seu programa de conformidade com o GDPR. Isto resultou
em que as preferências de marketing recentemente alteradas não
fossem lidas claramente em todos os seus sistemas e,
consequentemente, os clientes em causa foram erroneamente
incluídos nas campanhas de marketing.Durante a nossa investigação, confirmámos que uma gravação da
chamada telefónica de marketing de 10 de maio de 2018 incluía o
queixoso a informar o agente chamador de que não estava
interessado no serviço de banda larga da Vodafone. A Vodafone
informou-nos que o agente deveria ter retirado o número de telefone
da campanha de marketing, utilizando um código adequado ao
encerrar a chamada. Um erro humano fez com que a ligação fosse
encerrada com um código incorreto para retorno de chamada - o que
significa que o número de telefone do reclamante permaneceu,
levando a novas ligações.
A DPC decidiu processar a Vodafone em ambos os casos. No
Tribunal Distrital Metropolitano de Dublin, em 22 de outubro de
2018, a empresa declarou-se culpada em relação a duas
acusações por infrações ao Regulamento 13(6)(a) do S .I . Não .
336 de 2011 pela realização de chamadas telefónicas de
marketing não solicitadas para os telemóveis dos dois
denunciantes sem o seu consentimento. O tribunal condenou a
Vodafone pelas duas acusações e impôs multas de 1.000 euros em
relação a cada uma das duas acusações (uma multa total de 2.000
euros). A Vodafone concordou em cobrir os custos processuais da
DPC.
Recebemos uma reclamação separada em julho de 2018 de um
cliente da Vodafone. Informou ter recebido uma chamada
telefónica de marketing não solicitada da Vodafone em junho de
2018, apesar de ter optado por não receber chamadas telefónicas
de marketing durante uma chamada telefónica de marketing não
solicitada anterior em maio de 2018, cuja confirmação lhe foi
enviada por email pouco depois.
68 ESTUDOS DE CASOS DA COMISSÃO DE PROTEÇÃO DE DADOS
ESTUDO DE CASO 78
Acusação de Starrus Eco Holdings Limited, T/
A Panda e Greenstar
Em Abril de 2018, um cliente do fornecedor de serviços de
recolha de lixo, Panda, queixou-se connosco de ter recebido
SMS e mensagens de e-mail de marketing não solicitadas, com
as quais não tinha consentido, publicitando o negócio de
electricidade da Panda. Ele afirmou que as mensagens não
ofereciam a opção de cancelamento de assinatura.
Em resposta às nossas perguntas, a Greenstar informou-nos
que, dado o lapso de tempo (que reconheceu não ser
absolutamente desculpa) desde a reclamação de 2011, os seus
registos relativos ao reclamante não eram o que deveriam ter
sido no que diz respeito ao reclamante ter optado
anteriormente de receber marketing da empresa — que nem
os dados do reclamante nem os detalhes da reclamação de
2011 eram precisos e atualizados, na medida em que não
deveria ter utilizado o número de telemóvel do reclamante
para fins de marketing.Durante a nossa investigação, fomos informados pela
Panda que o reclamante não deveria ter recebido as
mensagens de marketing. Afirmou que, devido a um erro
humano, um membro da equipe do departamento de
marketing acreditou incorretamente que o reclamante
havia consentido em receber mensagens de marketing
direto. Lamentou não ter incluído um opt-out nas
mensagens e explicou que o seu prestador de serviços de
e-mails de marketing não agiu de acordo com as suas
instruçõespara incluir um opt-out. Em maio de 2018,
recebemos uma reclamação de um cliente da Greenstar,
outro prestador de serviços de recolha de lixo. Este
indivíduo já havia reclamado conosco em 2011 sobre
mensagens de texto de marketing não solicitadas enviadas
a ele sem consentimento. Concluímos essa reclamação
anterior emitindo um aviso à Greenstar em setembro de
2011 .
À luz do nosso aviso anterior, a DPC decidiu processar a Starrus
Eco Holdings Limited, a T/A Panda e a Greenstar relativamente aos
delitos cometidos em ambos os casos. No Tribunal Distrital
Metropolitano de Dublin, em 24 de outubro de 2018, a empresa
declarou-se culpada em relação a acusações por infrações ao
Regulamento 13(1) do S .I . Não . 336 de 2011 para o envio de
mensagens SMS de marketing não solicitadas aos dois
reclamantes sem o seu consentimento. Em vez de uma
condenação e multa, o tribunal ordenou que a empresa fizesse
uma doação de caridade de 2.000 euros ao Peter McVerry Trust. A
empresa demandada concordou em cobrir os custos processuais
da DPC. A confirmação da doação de caridade foi posteriormente
fornecida ao tribunal em 15 de novembro de 2018 e o assunto foi
arquivado.
ESTUDO DE CASO 79
Acusação da Vodafone Ireland Limited
Em abril de 2019, a DPC recebeu duas reclamações
distintas de um indivíduo que tinha recebido
comunicações de marketing direto não solicitadas por
texto e por e-mail do operador de rede móvel
Vodafone. O indivíduo afirmou que a Vodafone
ignorou as configurações de preferências dos
clientes, que registaram que não pretendiam receber
tal marketing.
No caso da mensagem SMS, a Vodafone confirmou que um texto
oferecendo aos destinatários a oportunidade de ganhar bilhetes para
um jogo de rugby Irlanda-França foi enviado a cerca de 2.436 clientes
que já tinham optado por não receber marketing direto por texto. Isto
ocorreu como resultado de uma falha na aplicação de um filtro de
preferências de marketing à campanha publicitária por SMS antes de
ela ser enviada.
No caso do email recebido pelo reclamante, foi utilizada
erradamente uma aplicação que se destinava a enviar
marketing direto a potenciais clientes e a mensagem foi
enviada a clientes existentes da Vodafone. Embora a
Vodafone não tenha conseguido confirmar de forma definitiva
o número de clientes que foram contactados por email
contrário à sua preferência, o email marketing foi enviado
Durante a nossa investigação, a Vodafone confirmou que o
reclamante tinha optado por não receber contacto de marketing
direto, mas que as comunicações lhe foram enviadas devido a erro
humano, tanto no caso das mensagens de texto como nas
campanhas de email marketing.
MARCAÇÃO DIRETIVA ELETRÔNICA 69
para 29.289 clientes existentes da Vodafone. A empresa confirmou
que cerca de 2.523 dos 7.615 deles foram contatados por engano.
No entanto, não foi possível associar os restantes 21.674 clientes a
quem foi enviado o mesmo email às suas preferências de
marketing no data warehouse da Vodafone para confirmar o
número total contactado erroneamente.
o número de telemóvel do reclamante não foi retirado da
plataforma utilizada para envio de comunicações de
marketing quando o seu número já não estava ativo na rede.
Dado que a DPC já havia processado a Vodafone em 2011,
2013 e 2018 em relação a infrações de marketing eletrónico
direto, decidimos iniciar um processo judicial em relação a
estas reclamações.
A DPC também recebeu uma reclamação separada em
fevereiro de 2019 de outro indivíduo que era ex-cliente da
Vodafone. Este cliente tinha deixado de ser cliente da
Vodafone há mais de cinco anos e continuava a receber
mensagens de texto promocionais. No decurso da nossa
investigação, a Vodafone confirmou que as mensagens de
marketing direto foram enviadas por engano ao reclamante.
Disse que neste caso excepcional,
No Tribunal Distrital Metropolitano de Dublin, em 29 de julho de 2019, a
Vodafone se declarou culpada de cinco acusações de envio de
comunicações de marketing direto não solicitadas, em violação do S.I.
Não . 336 de 2011 («Regulamentos sobre Privacidade Eletrónica») . A
empresa foi condenada e multada em 1.000 euros por cada uma das três
acusações e condenada e multada em 750 euros cada, relativamente às
duas acusações restantes.
ESTUDO DE CASO 80
Acusação de Just-Eat Ireland Limited
Recebemos uma reclamação de um indivíduo em
novembro de 2018 relativa a e-mails de marketing direto
não solicitados da Just-Eat Ireland Limited. O reclamante
cancelou a assinatura dos e-mails de marketing direto da
empresa, mas vários dias depois recebeu um e-mail de
marketing não solicitado. Durante a investigação desta
reclamação, a empresa informou-nos que a tentativa do
reclamante de cancelar a subscrição não teve sucesso
devido a um problema técnico com a sua plataforma de e-
mail. Este problema afetou 391 clientes na Irlanda.
Como a Just-Eat Ireland Limited já havia sido avisada pela
DPC em 2013, após reclamações relacionadas a e-mails de
marketing direto não solicitados, decidimos iniciar um
processo judicial.
No Tribunal Distrital Metropolitano de Dublin, em 29 de julho de 2019, a Just-
Eat Ireland Limited se declarou culpada de uma acusação relacionada ao
envio de um e-mail de marketing direto não solicitado. O tribunal aplicou a
secção 1(1) da Lei de Liberdade Condicional de Infratores em vez de uma
condenação e multa com base no facto de a empresa doar 600 euros à
instituição de caridade Peter McVerry Trust.
ESTUDO DE CASO 81
Processo de Cari's Closet Limited
Em maio de 2018, recebemos uma reclamação contra o
varejista de moda on-line Cari's Closet de um indivíduo
que já havia feito um pedido on-line na empresa. A
reclamação dizia respeito ao recebimento de três e-
mails de marketing direto não solicitados. A mesma
pessoa já havia
queixou-se à DPC em janeiro de 2018 sobre e-mails
não solicitados daquela empresa. Naquela ocasião,
o reclamante disse ter recebido mais de quarenta
e-mails de marketing apenas em um mês. A
pessoa tentou, sem sucesso, cancelar a assinatura
em algumas ocasiões.
Cari's Closet atribuiu a falha em cancelar adequadamente a
assinatura de e-mails do reclamante a um erro genuíno de sua
parte.
Como a DPC emitiu uma advertência em abril de 2018 em
relação à denúncia anterior, decidimos iniciar um
processo judicial contra a empresa.
No Tribunal Distrital Metropolitano de Dublin, em 29 de julho de 2019, Cari's
Closet se declarou culpado de uma acusação de envio de um e-mail de
marketing direto não solicitado ao reclamante. Em vez de uma condenação e
multa, o tribunal aplicou a secção 1(1) da Lei de Liberdade Condicional de
Infratores com base no facto de a empresa doar 600 euros à instituição de
caridade Little Flower Penny Dinners.
70 ESTUDOS DE CASOS DA COMISSÃO DE PROTEÇÃO DE DADOS
ESTUDO DE CASO 82
Acusação de Shop Direct Ireland Limited T/
A Littlewoods Ireland
Em maio de 2019, a DPC recebeu uma reclamação de
um indivíduo que afirmou ter recebido mensagens de
texto de marketing direto de Littlewoods desde março.
O autor da denúncia afirmou ter seguido as instruções
para cancelar a subscrição, enviando cinco vezes a
palavra «STOP» para um número designado conhecido
como código curto, mas não conseguiu cancelar a
inscrição e continuou a receber mensagens de texto de
marketing.
incluiu erroneamente a palavra-chave de exclusão 'STOP' em vez
de 'LWISTOP' no final dos textos de marketing.
A Shop Direct Ireland Limited já havia sido processada pela DPC em
2016 em relação a um problema semelhante, que resultou na
tentativa de um cliente, sem sucesso, de cancelar a assinatura de e-
mails de marketing direto. Nessa ocasião, o resultado do tribunal
resultou na doação de 5.000 euros por parte da empresa para
instituições de caridade, em vez de condenação e multa.
A DPC decidiu processar a empresa por infrações de
marketing eletrónico direto em relação à denúncia de
maio de 2019.
No decurso dasnossas investigações, a Shop Direct Ireland
Limited (T/A Littlewoods Ireland) confirmou que tinha um registo
da recusa do reclamante de receber textos de marketing direto
submetidos através das suas definições de conta no website da
Littlewoods em 8 de maio de 2019. No entanto, não tinha registo
das suas tentativas de exclusão de textos de marketing direto em
ocasiões anteriores utilizando o código curto SMS. Isto ocorreu
devido a um erro humano na configuração do conteúdo das
mensagens de marketing SMS. A empresa afirmou que o
responsável pela preparação e envio de conteúdos relativos a
textos de marketing tinha
No Tribunal Distrital Metropolitano de Dublin, em 29 de julho de 2019,
a Shop Direct Ireland Limited (T/A Littlewoods Ireland) declarou-se
culpada de duas acusações relacionadas com o envio de mensagens de
texto de marketing direto não solicitadas. O tribunal decidiu que a
empresa seria poupada de uma condenação e multa se doasse € 2.000
cada para as instituições de caridade Peter McVerry Trust e Little Flower
Penny Dinners e a seção 1(1) da Lei de Liberdade Condicional de
Infratores fosse aplicada.
ESTUDO DE CASO 83
Vodafone procura detalhes de emprego junto dos clientes
A DPC recebeu diversas consultas relativas a clientes
novos ou existentes que foram solicitados pela Vodafone
a apresentarem os seus dados laborais e número de
telefone profissional como requisito para a prestação do
serviço por aquela empresa.
princípio de limitação da finalidade, conforme estabelecido no Artigo 5
do GDPR. Terceiro, também havia preocupações entre os clientes de
que o aviso de proteção de dados/privacidade da empresa não
cumpria o requisito de transparência do Artigo 13(1) do GDPR.
Após contacto com a DPC, a Vodafone admitiu ter cometido um
erro na recolha desta informação. A empresa afirmou que os
problemas foram causados por um sistema informático antigo
que não tinha sido actualizado para eliminar este requisito e que
qualquer acesso aos dados era excepcionalmente limitado e não
era utilizado para quaisquer fins de processamento adicionais
por parte deles. A Vodafone iniciou imediatamente um plano
para remediar os problemas causados e, por insistência da DPC,
publicou no seu site o detalhe do ocorrido, para que os clientes
tomassem conhecimento do problema.
As preocupações que surgiram foram que os pedidos eram
excessivos e contrários ao princípio do artigo 5.º da recolha legal,
justa e transparente, uma vez que o tratamento de dados
relativos à sua situação profissional não estava totalmente
relacionado com o produto ou serviço que recebiam da empresa
de telecomunicações, que era apenas para uso pessoal ou
doméstico.
Em segundo lugar, havia preocupações de que o pedido obrigatório de
ocupação/local de trabalho/número de telefone comercial de um cliente
não fosse adequado, relevante ou necessário ao abrigo do requisito de
“minimização de dados” e não cumprisse os requisitos
MARCAÇÃO DIRETIVA ELETRÔNICA 71
ESTUDO DE CASO 84
Acusação de Three Ireland (Hutchison) Limited (ePrivacy)
Em fevereiro de 2021, a DPC recebeu uma reclamação de
um indivíduo relativa a correio eletrónico de marketing
não solicitado que tinha recebido da empresa de
telecomunicações Three Ireland (Hutchison) Limited. O
reclamante optou por não receber e-mails de marketing
em meados de fevereiro de 2021.
dados de permissões. Ele também configurou um alerta por e-mail para
monitorar o script e emitir um alerta caso o script pare de funcionar.
O DPC já havia processado a Three Ireland (Hutchison)
Limited em 2020 e 2012 por violação do Regulamento 13
do Regulamento de Privacidade Eletrônica em relação a
reclamações anteriores. Assim, a DPC decidiu prosseguir
com outro processo decorrente deste caso de
reclamação.
Em resposta à investigação da DPC, a Three Ireland (Hutchison) Limited
explicou que quando tentou executar o pedido de exclusão, surgiu um
problema de um cenário de dois registos serem enviados
simultaneamente e perderem a sequência, resultando na não
atualização correta do seu sistema. Como resultado, foram enviadas
mais três mensagens de correio eletrónico de marketing ao autor da
denúncia nas semanas seguintes. A Three Ireland (Hutchison) Limited
declarou que solucionou o problema implementando um roteiro para
resolver diferenças entre
No Tribunal Distrital Metropolitano de Dublin, em 6 de setembro de 2021, a
Three Ireland (Hutchison) Limited se declarou culpada de duas acusações
nos termos do Regulamento 13(1) dos Regulamentos de Privacidade
Eletrônica. O Tribunal Distrital aplicou a Lei de Liberdade Condicional de
Infratores de 1907, com base numa doação de caridade de 3.000 euros à
Little Flower Penny Dinners. A Three Ireland (Hutchison) Limited concordou
em pagar as custas judiciais da DPC.
ESTUDO DE CASO 85
Acusação da Vodafone Ireland Limited (ePrivacy)
Em agosto de 2019, março e setembro de 2020, a DPC
recebeu três reclamações de indivíduos relativamente a
chamadas telefónicas de marketing não solicitadas,
mensagens de texto e e-mails que receberam da Vodafone
Ireland Limited. Em resposta à investigação da DPC sobre
a primeira reclamação, a Vodafone Ireland Limited
explicou que o antigo cliente ligou para a Vodafone Ireland
Limited em sete ocasiões distintas para tentar cancelar o
recebimento de chamadas telefónicas de marketing no
seu telemóvel. Em cada ocasião, o agente com quem
falaram não seguiu os procedimentos adequados e isso
fez com que o antigo cliente não fosse excluído do
marketing e recebesse novas ligações de marketing. O
queixoso encerrou a sua conta na Vodafone Ireland
Limited e mudou para outro operador devido às chamadas
telefónicas de marketing que recebeu.
chamadas telefónicas de marketing para o telemóvel do reclamante, uma
vez que o seu agente não tomou qualquer medida para alterar as
preferências de marketing do reclamante.
No outro caso, o queixoso preencheu um formulário de
transferência de propriedade no qual expôs claramente as suas
preferências de marketing para não receber quaisquer
comunicações de marketing da Vodafone Ireland Limited. O
agente responsável pela transação não seguiu um processo para
inserir as preferências de marketing do cliente. Como resultado, o
cliente recebeu posteriormente mais 14 mensagens de marketing
não solicitadas – sete e-mails e sete mensagens de texto.
A DPC já havia processado a Vodafone Ireland Limited
em 2019, 2018, 2013 e 2011 por violação do
Regulamento 13 do Regulamento de Privacidade
Eletrônica em relação a reclamações anteriores. Assim, a
DPC decidiu proceder a outro processo decorrente
destes casos de denúncia.
Nos outros dois casos, os autores da denúncia são clientes
existentes da Vodafone Ireland Limited. Num caso, o cliente
recebeu uma chamada de marketing para o seu número de
telemóvel em fevereiro de 2019 e, durante essa chamada, o
cliente disse ao autor da chamada que não pretendia receber
mais chamadas de marketing. Apesar deste pedido, a Vodafone
Ireland Limited efectuou posteriormente mais doze
No Tribunal Distrital Metropolitano de Dublin, em 6 de setembro de 2021,
a Vodafone Ireland Limited se declarou culpada de sete acusações nos
termos do Regulamento 13(1) e 13(6)(a) dos Regulamentos de Privacidade
Eletrônica. O Tribunal Distrital condenou a Vodafone Ireland Limited por
sete acusações e impôs multas num total de 1.400 euros. A Vodafone
Ireland Limited concordou em pagar as custas judiciais da DPC.
72 ESTUDOS DE CASOS DA COMISSÃO DE PROTEÇÃO DE DADOS
ESTUDO DE CASO 86
Acusação de Guerin Media Limited
Em janeiro de 2022, a DPC recebeu duas reclamações de
dois indivíduos relativas a e-mails de marketing não
solicitados recebidos da Guerin Media Limited. Em
resposta à investigação das reclamações pela DPC, a
Guerin Media Limited explicou que os dados de contacto
de e-mail dos dois indivíduos tinham sido previamente
removidos de todas as listas de marketingmantidas pela
empresa, com exceção de uma lista de contactos do
Gmail que ela mantém. Afirmou que, devido a erro
humano e ao facto dos seus dados terem permanecido
na lista de contactos do Gmail, ambos os indivíduos
receberam e-mails de marketing da Guerin Media
Limited, o que não deveria ter ocorrido.
A DPC já havia processado a Guerin Media em 2019 por violação do
Regulamento 13 do Regulamento de Privacidade Eletrônica em
relação a reclamações anteriores sobre incidentes semelhantes de
marketing por email não solicitado. Assim, a DPC decidiu proceder a
outro processo decorrente destes casos de denúncia. No Tribunal
Distrital de Naas, em 5 de dezembro de 2022, a Guerin Media Limited
se declarou culpada de três acusações nos termos do Regulamento
13(1) dos Regulamentos de Privacidade Eletrônica. O Tribunal Distrital
condenou a Guerin Media Limited pelas três acusações e aplicou
multas num total de 6.000 euros. A Guerin Media Limited concordou
em pagar € 1.000 para as custas judiciais da DPC.
ESTUDO DE CASO 87
Acusação da Vodafone Ireland Limited
Em julho de 2021, a DPC recebeu uma reclamação de
um indivíduo relativa a uma chamada telefónica de
marketing não solicitada recebida da Vodafone Ireland
Limited. Em resposta à investigação da reclamação
pela DPC, a Vodafone Ireland Limited explicou que o
cliente existente optou por não receber comunicações
de marketing em março de 2018. Apesar disso, a
Vodafone Ireland Limited realizou uma verificação
manual de preferências antes de conduzir uma
campanha de marketing , e devido a erro humano, o
reclamante foi incluído na campanha de marketing.
A DPC já havia processado a Vodafone Ireland Limited em 2021, 2019,
2018, 2013 e 2011 por violação do Regulamento 13 do Regulamento de
Privacidade Eletrônica em relação a reclamações anteriores. Assim, a
DPC decidiu prosseguir com outro processo decorrente deste caso de
reclamação. No Tribunal Distrital Metropolitano de Dublin, em 27 de
junho de 2022, a Vodafone Ireland Limited se declarou culpada de uma
acusação nos termos do Regulamento 13(6) dos Regulamentos de
Privacidade Eletrônica. O Tribunal Distrital aplicou a Lei de Liberdade
Condicional de Infratores de 1907 neste caso, com base numa doação
de caridade de 500 euros à Little Flower Penny Dinners. A Vodafone
Ireland Limited concordou em pagar as custas judiciais da DPC.
MARCAÇÃO DIRETIVA ELETRÔNICA 73
Apagamento
ESTUDO DE CASO 88
Retenção de dados pessoais de menores por uma Agência
Estatal (Resolução Amigável) (Lei Aplicável — Leis de Proteção
de Dados, 1988 e 2003)
Neste caso, os queixosos envolvidos tinham solicitado
anteriormente que uma agência estatal irlandesa apagasse
um ficheiro relativo a um incidente na escola envolvendo o
seu filho pequeno, que tinha sido originalmente notificado à
agência. No entanto, embora a agência tenha decidido que o
incidente não justificava uma investigação mais
aprofundada, recusou-se a apagar os dados pessoais do
menor – indicando que tais ficheiros são retidos até que o
menor em questão atinja a idade de 25 anos.
A Comissão de Proteção de Dados (DPC) solicitou que o órgão
estadual delineasse sua base legal para a retenção de dados
pessoais do menor. A agência forneceu-os e citou a sua
política de retenção conforme declarada aos queixosos, mas a
DPC não considerou um período de retenção geral aplicável
nas circunstâncias específicas.
A DPC informou ambas as partes sobre o processo de resolução
amigável e ambas manifestaram a vontade de participar no
mesmo. Após um envolvimento iterativo entre os reclamantes e o
controlador para discutir o assunto, a agência estatal confirmou
aos reclamantes que o arquivo contendo os dados pessoais de
seus filhos seria excluído.
ESTUDO DE CASO 89
Pedido de exclusão feito ao mecanismo de pesquisa da Internet
(Lei Aplicável - GDPR e Lei de Proteção de Dados de 2018)
Um titular de dados apresentou uma reclamação contra um
motor de pesquisa da Internet relativamente à resposta do
motor de pesquisa ao seu pedido de exclusão. A
reclamação dizia respeito a dois URLs que apareciam como
resultados de pesquisas pelo nome do indivíduo no
mecanismo de busca. Durante o manuseio deste
reclamação, o indivíduo incluiu mais um URL que
procurou o mecanismo de pesquisa para remover.
O critério a aplicar pelos motores de busca é que a exclusão
deve ocorrer se os resultados forem irrelevantes,
inadequados ou excessivos. Um equilíbrio caso a caso
74 ESTUDOS DE CASOS DA COMISSÃO DE PROTEÇÃO DE DADOS
o exercício deve ser conduzido pelo mecanismo de pesquisa que
equilibra os direitos de acesso e os direitos dos indivíduos afetados
pelos resultados da pesquisa.
é necessária “para o exercício do direito à liberdade de expressão
e informação”. Ao examinar esta reclamação, a DPC observou que
as informações contidas nas páginas da Web — objeto da
reclamação do indivíduo — referem-se à conduta comercial
anterior deles relevante para a sua vida profissional. O indivíduo
continua a exercer a mesma esfera e atividades profissionais. O
indivíduo aceitou isso argumentando que o conteúdo estava
impactando sua vida profissional. O indivíduo argumentou que o
conteúdo era impreciso porque era difamatório. A DPC observou
que uma maioria significativa do conteúdo que o indivíduo disse
ser impreciso era uma postagem de blog e comentários de
terceiros e relacionados às suas atividades profissionais;
parecendo ser as opiniões de comentaristas terceiros.
O indivíduo inicialmente se envolveu pessoalmente com o
mecanismo de pesquisa buscando a remoção dos URLs
porque argumentou que os URLs continham conteúdo
difamatório, tornando ilegal seu processamento, e que os
URLs estavam impactando a vida privada e profissional do
indivíduo devido ao seu conteúdo. O operador do motor de
busca recusou-se a remover os URLs porque se referiam a
informações sobre a vida profissional do indivíduo e havia
interesse público em aceder a essas informações.
A DPC conversou com o operador do mecanismo de
pesquisa sobre sua recusa de exclusão. O operador do
motor de pesquisa baseou-se no interesse legítimo de
terceiros para aceder às informações constantes dos URL.
Nenhum processo de difamação foi iniciado pelo indivíduo
contra os editores originais do conteúdo relevante e,
portanto, não foi possível decidir definitivamente se o
conteúdo dos URLs era difamatório ou não.
A DPC concluiu que se um terceiro considerasse as páginas da Web
objeto desta reclamação, ficaria claro que os comentários foram feitos
como conteúdo gerado pelo usuário e representam opiniões de
terceiros, em vez de aparecerem como fatos verificados. A função do
motor de pesquisa na listagem não é contestar ou censurar as
opiniões de terceiros, a menos que a listagem de resultados dê origem
a um tratamento de dados pessoais por parte do motor de pesquisa
que seja irrelevante, inadequado ou excessivo.Dito isto, durante o tratamento desta reclamação pela DPC, o
operador do motor de pesquisa retirou os URLs apenas na
Irlanda com base nos argumentos de difamação do indivíduo.
O indivíduo continuou com a sua queixa DPC visando a
exclusão da lista em toda a Europa e não apenas na Irlanda.
Além disso, as páginas Web subjacentes a todos os três URLs
foram desativadas pelo webmaster durante o tratamento
desta reclamação .
A DPC concluiu que dado o papel empresarial do indivíduo e
o papel na vida pública decorrente da sua vida profissional,
existe um interesse público em aceder à informação relativa
à sua vida profissional na União Europeia. A DPC escreveu ao
indivíduo e, nos termos da secção 109(5)(b) da Lei de 2018,
rejeitou a reclamação do indivíduo com base nas
considerações acima.O Artigo 17(3)(a) do GDPR afirma que o direito ao esquecimento não
se aplicará quando o processamento de dados pessoais
ESTUDO DE CASO 90
Direito de ser esquecido (Microsoft)
A reclamação dizia respeito à insatisfação do
indivíduo com a respostada Microsoft Ireland
Operations Limited (controlador de dados) ao seu
pedido de direito de ser esquecido, nos termos do
Artigo 17 do RGPD. O indivíduo solicitou a exclusão
de dois URLs que retornavam no mecanismo de
busca do controlador de dados ao pesquisar o nome
do indivíduo. O controlador de dados confirmou ao
indivíduo que os URLs foram removidos. Porém, uma
busca pelo nome da pessoa física, realizada pelo seu
representante legal, mostrou que as URLs
continuaram sendo retornadas. A DPC analisou os
URLs ao receber a reclamação e confirmou que os
URLs ainda estavam sendo retornados.
A DPC interveio para tentar resolver o assunto de forma rápida e
informal. A DPC se correspondeu com o controlador de dados e
observou que, apesar da confirmação de que os URLs foram
retirados da lista, eles continuaram a retornar ao pesquisar o
nome do indivíduo. O responsável pelo tratamento investigou
mais aprofundadamente o pedido e confirmou à DPC que os URL
tinham sido retirados da lista. Após uma investigação mais
aprofundada pela DPC, foi determinado que, embora os URLs
originais solicitados para exclusão não aparecessem mais, um URL
diferente estava aparecendo, distinto dos outros URLs,
redirecionando para o mesmo conteúdo. O controlador de dados
também removeu este URL a pedido feito pela DPC em nome do
indivíduo. A DPC escreveu ao indivíduo e descreveu as ações do
controlador de dados. A DPC confirmou que todos os três URLs
foram retirados da lista pelo controlador de dados.
APAGAR 75
das autoridades de supervisão, neste caso a DPC, realizando as suas
próprias investigações e garantindo que os pedidos dos indivíduos
são satisfeitos em conformidade com o RGPD. O acima exposto é um
exemplo de como a DPC tomou medidas extras para garantir
que o indivíduo pudesse alcançar um resultado satisfatório de
forma abrangente, em vez de ter que enviar uma nova
reclamação para o novo URL .
ESTUDO DE CASO 91
Solicitação de acesso e apagamento (Pinterest)
A reclamação dizia respeito à insatisfação do
indivíduo com a resposta do Pinterest Europe
(controlador de dados) aos seus pedidos de acesso e
apagamento nos termos do artigo 15.º do RGPD e
do artigo 17.º do RGPD, respetivamente. O indivíduo
apresentou os seus pedidos após a suspensão da
sua conta, a fim de obter uma cópia de todos os
seus dados pessoais e de os eliminar dos sistemas
do responsável pelo tratamento. A conta do
indivíduo foi suspensa devido a uma violação das
políticas do controlador de dados em relação a
spam. O controlador de dados respondeu às
solicitações por meio de resposta automática,
afirmando que havia revisado a conta e decidido
não reativá-la porque detectou atividades que
violavam sua política de spam. Como resultado, o
indivíduo não conseguiu mais acessar os dados
pessoais armazenados em sua conta.
assunto e explicou que quando uma conta é suspensa com base
em uma violação de spam, toda a correspondência é
automaticamente direcionada para sua equipe de operações de
spam. O controlador de dados explicou ainda o processo de
apelação e observou que o indivíduo se correspondia com a
equipe de Operações de Spam em relação à apelação de sua
suspensão. A equipe de Operações de Spam não conseguiu
identificar que a correspondência também incluía solicitações de
acesso e exclusão do indivíduo e, portanto, isso não foi abordado
em sua resposta . A resposta do controlador de dados também
observou que, embora a equipe de Operações de Spam tivesse
rejeitado o apelo do indivíduo à suspensão de sua conta, ela havia
realizado outra revisão à luz de suas políticas de spam
atualizadas. Após esta análise, o responsável pelo tratamento de
dados reativou a conta do indivíduo.
O responsável pelo tratamento também reconheceu o
atraso na resposta ao indivíduo e confirmou que, desde
então, tomou medidas para garantir que tais atrasos não
ocorreriam na resposta a pedidos futuros. O responsável
pelo tratamento dos dados confirmou que atendeu aos
pedidos de acesso e apagamento do indivíduo.
Confirmou também que contactou o indivíduo para
informá-lo das medidas tomadas em resposta à
correspondência da DPC e forneceu ao indivíduo as
explicações acima expostas. As ações tomadas e as
explicações dadas pelo responsável pelo tratamento
também foram descritas ao indivíduo pela DPC. O
indivíduo informou à DPC que estava satisfeito com as
ações tomadas pelo responsável pelo tratamento dos
dados em resposta à correspondência da DPC, uma vez
que lhe permitiu descarregar os seus dados e eliminar a
sua conta.
A DPC aceitou a reclamação junto ao Pinterest. A DPC descreveu as
preocupações do indivíduo em relação aos seus pedidos de acesso e
apagamento e solicitou que o responsável pelo tratamento dos dados
abordasse essas preocupações de forma mais substantiva. A DPC
também solicitou que o controlador de dados indicasse se o indivíduo
teve a oportunidade de recorrer da suspensão de sua conta e, em
caso afirmativo, descrevesse o procedimento para tais recursos. O
responsável pelo tratamento respondeu à DPC informando que havia
investigado o
76 ESTUDOS DE CASOS DA COMISSÃO DE PROTEÇÃO DE DADOS
ESTUDO DE CASO 92
Direito de ser esquecido (Microsoft)
A reclamação dizia respeito à insatisfação do indivíduo
com a resposta da Microsoft Ireland (controlador de
dados) ao seu pedido de direito a ser esquecido nos
termos do artigo 17.º do RGPD. O indivíduo solicitou que
sete URLs fossem retirados da lista de retorno em uma
pesquisa por seu nome no mecanismo de pesquisa do
controlador de dados.
O indivíduo afirmou que o seu número de identidade
nacional estava contido nos URLs devolvidos e levantou
preocupações de que a disponibilidade do seu número de
identidade nacional aumentava o risco de roubo de
identidade.
A Autoridade de Protecção afirmou que devido à introdução do RGPD,
a lei espanhola de protecção de dados foi modificada e o Governo já
não está autorizado a divulgar o número de identificação nacional
completo dos cidadãos juntamente com o seu nome e apelidos na
divulgação de actos administrativos. Após esclarecimento da
Autoridade Espanhola de Protecção de Dados, a DPC informou o
responsável pelo tratamento dos dados sobre a alteração da lei
espanhola de Protecção de Dados. O controlador de dados afirmou
que, com base na atualização da lei espanhola de proteção de dados,
removeria todos os URLs solicitados para serem retornados em nome
do indivíduo, de acordo com o Artigo 17 do GDPR. Este caso destaca a
importância da comunicação com outras autoridades de supervisão
durante o processo de resolução de reclamações. Nessas
circunstâncias, a DPC recebeu esclarecimentos sobre como a Espanha
adaptou a sua legislação nacional para cumprir o RGPD. Permitiu
também que o responsável pelo tratamento dos dados adaptasse o seu
procedimento actual para garantir que os pedidos que envolvem a
exclusão de URL contendo números de identidade nacional completos
sejam tratados em conformidade com a legislação nacional actualizada.
A DPC interveio em nome do queixoso. O responsável pelo
tratamento dos dados inicialmente recusou o pedido de
exclusão, afirmando que os URLs continham informações de
relevância pública e que as informações foram publicadas
num boletim oficial de um órgão governamental; neste caso, o
Governo espanhol. A DPC correspondeu-se com a Autoridade
Espanhola de Proteção de Dados em relação à informação
publicada nas URLs. Os dados espanhóis
ESTUDO DE CASO 93
Resolução amigável — direito ao apagamento e
conteúdo gerado pelo usuário
Esta reclamação dizia respeito a uma recusa inicial do
responsável pelo tratamento de dados em cumprir um
pedido de apagamento apresentado pelo reclamante, nos
termos do artigo 17.º do RGPD. O queixoso apresentou
primeiro a sua reclamação através da Autoridade Espanhola
de Protecção de Dados, a AEPD, que depois transferiu a
reclamação para a DPC como Autoridade Supervisora
Principal.em questão no contexto das suas próprias diretrizes de
privacidade para a remoção de conteúdo do site e que
consideraram que o conteúdo não infringia as mesmas.
A DPC solicitou que o responsável pelo tratamento revisse novamente o
assunto, no espírito de resolver a reclamação de forma amigável. O
responsável pelo tratamento dos dados voltou posteriormente a
informar que, após uma avaliação mais aprofundada do conteúdo em
questão, tinha tomado a decisão de remover a publicação da crítica na
sua totalidade.
O queixoso afirmou que foram nomeados e, portanto,
identificados, numa análise negativa relativa ao seu local
de trabalho. A análise, acompanhada de uma imagem
parcial do reclamante, foi publicada online. O queixoso
solicitou a remoção do seu nome e de quaisquer imagens
associadas da crítica.
Este estudo de caso demonstra os benefícios, para os reclamantes
individuais, da intervenção da DPC por meio do processo de
resolução amigável. Neste caso, isto levou o reclamante a poder
afetar o seu direito de apagamento dos seus dados pessoais,
concedido aos indivíduos nos termos do artigo 17.º do RGPD.
Durante o seu envolvimento com a DPC sobre o assunto, o
controlador de dados informou que havia revisado o conteúdo
APAGAR 77
ESTUDO DE CASO 94
Resolução amigável numa reclamação transfronteiriça — direito
ao apagamento
A DPC recebeu uma reclamação de um particular relativamente a
um pedido de apagamento feito por este a um responsável pelo
tratamento de dados, uma plataforma de reserva de alojamento,
nos termos do artigo 17.º do RGPD. O reclamante começou a
criar uma conta na plataforma do responsável pelo tratamento
de dados, mas optou por abandonar o processo antes de este
estar concluído. O reclamante comunicou então o seu pedido de
apagamento ao responsável pelo tratamento dos dados por
correio eletrónico e telefone. Em resposta ao pedido de
apagamento, o responsável pelo tratamento dos dados informou
ao reclamante que necessitava de um documento de identidade
para dar cumprimento ao pedido de apagamento.
dação ou usar o serviço de qualquer forma. Na sequência da
intervenção da DPC, o responsável pelo tratamento
comprometeu-se a eliminar a conta do reclamante sem
solicitar ao reclamante qualquer documentação adicional.
A DPC comunicou estes desenvolvimentos ao queixoso. O
queixoso respondeu confirmando que aceitava a acção
proposta e que o apagamento da conta resolveria a sua
reclamação. A DPC contactou ainda o responsável pelo
tratamento dos dados, que confirmou à DPC que tinha
apagado a conta do queixoso. O responsável pelo
tratamento também transmitiu esta confirmação de
apagamento diretamente ao reclamante.
A reclamação foi resolvida amigavelmente de acordo com a seção 109
da Lei de Proteção de Dados de 2018. Este estudo de caso demonstra
os benefícios, para os indivíduos, da intervenção da DPC por meio do
processo de resolução amigável. Em particular, este estudo de caso
traz à tona a forma como a DPC pode ajudar um reclamante através
do processo de resolução amigável. Isto inclui explicar as
preocupações individuais do reclamante ao responsável pelo
tratamento dos dados, sempre que o envolvimento inicial entre ele e
o responsável pelo tratamento dos dados não tenha levado a uma
resolução das suas preocupações . Neste caso, o envolvimento da DPC
resultou na eliminação dos dados pessoais do reclamante pelo
responsável pelo tratamento, nos termos do artigo 17.º, sem exigir
qualquer ação adicional por parte do indivíduo.
A reclamação foi identificada como potencialmente passível de resolução
amigável nos termos da Seção 109 da Lei de Proteção de Dados de 2018, e o
controlador de dados concordou em trabalhar com o DPC para tentar
resolver a reclamação amigavelmente. O responsável pelo tratamento dos
dados forneceu à DPC as suas respostas ao reclamante relativas às questões
levantadas na reclamação até ao momento e confirmou que, em resposta ao
pedido de apagamento do reclamante, o responsável pelo tratamento dos
dados tinha solicitado um documento de identidade.
No decurso da investigação da reclamação pela DPC, o responsável
pelo tratamento também confirmou que a conta em questão nunca
tinha sido utilizada para reservar ou hospedar alojamento.
ESTUDO DE CASO 95
Resolução amigável – direito ao apagamento
Esta reclamação dizia respeito à alegada não resposta a
um pedido de apagamento feito pelo reclamante a um
responsável pelo tratamento de dados nos termos do
artigo 17.º do RGPD.
O responsável pelo tratamento informou a DPC que foi durante este período
de transição do antigo sistema para o novo sistema que foi recebido o
pedido de apagamento do titular dos dados. O responsável pelo tratamento
de dados informou ainda que, embora novos funcionários estivessem a ser
formados sobre como gerir estes tipos de pedidos durante este período,
parecia ter sido perdida uma resposta ao pedido de eliminação. O
responsável pelo tratamento afirmou que se tratou de um descuido,
possivelmente devido a um problema técnico ou erro humano, e que
lamentava o erro.
Após a recepção da queixa do queixoso, a DPC contactou ambas as
partes em relação ao objecto da queixa. Na sequência deste
compromisso, foi estabelecido que, durante a semana em que o
reclamante enviou o seu pedido de apagamento por correio eletrónico
ao responsável pelo tratamento, estava a ser implementado pelo
responsável pelo tratamento um novo processo de gestão dos pedidos
de apagamento de dados pessoais.
Nestas circunstâncias, o responsável pelo tratamento concordou em
cumprir o pedido de apagamento e pediu sinceras desculpas pelo erro. O
responsável pelo tratamento também confirmou posteriormente
78 ESTUDOS DE CASOS DA COMISSÃO DE PROTEÇÃO DE DADOS
à DPC que apagou os dados pessoais do denunciante. Nesta circunstância, a reclamação foi considerada
resolvida amigavelmente e retirada, de acordo com a
seção 109 da Lei de Proteção de Dados de 2018.
A DPC informou o reclamante sobre o resultado do seu envolvimento com o
responsável pelo tratamento de dados, observando que as ações positivas
tomadas pelo responsável pelo tratamento de dados pareciam dar resposta às
preocupações levantadas na sua reclamação.
Este estudo de caso demonstra os benefícios, tanto para os responsáveis
pelo tratamento de dados como para os reclamantes individuais, de se
envolverem no processo de resolução amigável de uma forma significativa.
Neste caso, a explicação detalhada do responsável pelo tratamento de
dados sobre como ocorreu a supervisão, a sua oferta de um pedido de
desculpas e o compromisso de resolver a questão para o reclamante,
resultaram num bom resultado para ambas as partes. Mais importante
ainda, o queixoso conseguiu exercer o seu direito de obter do responsável
pelo tratamento o apagamento dos dados pessoais que lhe dizem respeito,
tal como lhe é concedido ao abrigo do RGPD.
O queixoso confirmou posteriormente à DPC que concordava
com a resolução amigável da sua queixa, uma vez que as
suas preocupações foram agora resolvidas e que a sua
queixa foi agora retirada.
ESTUDO DE CASO 96
Solicitação de apagamento e confiança no Código de Defesa do Consumidor
Na sequência de um pedido de cartão de crédito sem sucesso, o
titular dos dados neste caso solicitou o apagamento dos seus
dados pessoais nos termos do artigo 17.º do Regulamento Geral
de Proteção de Dados (RGPD). Quando o pedido de apagamento
foi recusado pelo responsável pelo tratamento dos dados, o titular
dos dados manifestou preocupações à DPC de que os seus dados
pessoais estavam a ser retidos ilegalmente. A DPC contactou o
responsável pelo tratamento dos dados para avaliar a
fundamentação de tal recusa.
Para referência, o CPC é um conjunto de regras e princípios que todas
as empresas de serviços financeiros regulamentados devem seguir ao
fornecer produtos e serviços financeiros aos consumidorese foi
publicado pelo Banco Central da Irlanda em conformidade com a
secção 117 da Lei do Banco Central de 1989. Nos termos da secção
117(4) da Lei do Banco Central de 1989, é um crime uma empresa
financeira regulamentada deixar de fornecer ao Banco Central
informações para demonstrar a conformidade com o CPC.
As disposições 11.5 e 11.6 do CPC exigem que os responsáveis
pelo tratamento de dados conservem os registos de um
consumidor durante seis anos após a data em que uma
determinada transacção for descontinuada ou concluída. Os
registros exigidos incluem, mas não estão limitados a: todos os
documentos exigidos para identificação do consumidor; os dados
de contacto do consumidor; toda a correspondência com o
consumidor; todos os documentos preenchidos ou assinados pelo
consumidor. O titular dos dados contestou esta confiança, uma
vez que nenhum serviço foi prestado, pelo que considerava que
não era um consumidor e, como tal, sentia que o responsável pelo
tratamento dos dados não tinha o direito legal de manter os
dados pessoais. O CPC define um consumidor e inclui, quando
apropriado, um consumidor potencial. Além disso, o responsável
pelo tratamento declarou que quando o titular dos dados solicitou
um cartão de crédito,
Em resposta ao pedido inicial de apagamento do titular dos dados, o
responsável pelo tratamento dos dados declarou, em conformidade
com a disposição 11.6 do Código de Defesa do Consumidor de 2012 e
a sua Política de Privacidade e Declaração de Cookies, que tinha a
obrigação legal de reter as informações fornecidas. O responsável
pelo tratamento explicou ainda que os dados pessoais fornecidos na
aplicação seriam conservados por um período de seis anos a partir da
data em que o serviço fosse prestado.
Como parte da sua análise, a DPC contactou o responsável pelo tratamento
dos dados e solicitou uma resposta à reclamação. O responsável pelo
tratamento afirmou que se baseava no artigo 6.º, n.º 1, alínea c), do RGPD
para conservar os dados pessoais, sendo o tratamento necessário para o
cumprimento de uma obrigação legal a que o responsável pelo tratamento
está sujeito. O responsável pelo tratamento, neste caso, também estava
sujeito ao Código de Defesa do Consumidor de 2012 (CPC). Nesta base, o
responsável pelo tratamento baseou-se nesta base legal para recusar o
pedido de apagamento. Nos termos do artigo 17.º, n.º 3, alínea b), do
RGPD, o direito do titular dos dados ao apagamento não se aplica e pode
ser restringido quando o tratamento for necessário para o cumprimento de
uma obrigação legal.
Nos termos da secção 109(5)(c) da Lei de 2018, a DPC informou o
titular dos dados que, na aceção do CPC, foi classificado como
potencial consumidor. Como resultado, o responsável pelo
tratamento é legalmente obrigado a conservar os dados pessoais
por um período de seis anos. A DPC não considerou necessária
qualquer acção adicional no momento da publicação do resultado.
APAGAR 79
ESTUDO DE CASO 97
Envolvimento do cobrador de dívidas
Um titular de dados contactou a DPC por não estar
satisfeito com as respostas a um pedido de acesso e
apagamento do titular dos dados. Este caso foi contra um
cobrador de dívidas e o titular dos dados levantou
preocupações sobre a forma como os seus dados pessoais
foram obtidos. O titular dos dados explicou que a dívida
tinha sido liquidada, mas ainda assim recebeu uma carta
de um cobrador de dívidas. Esta carta referia-se a um valor
pendente devido a um terceiro.
O processador de dados, neste caso, aceitou que o titular dos dados
pode ter pago a dívida pendente, mas declarou que não poderia ser
responsabilizado se o titular dos dados pagar diretamente ao
controlador de dados e o controlador de dados não notificar o
processador de dados para liquidar a dívida pendente em seus
sistemas. A DPC destacou que parecia haver um erro na carta recebida
pelo titular dos dados. Nesta correspondência, o cobrador de dívidas
referiu-se a si próprio como responsável pelo tratamento dos dados. O
cobrador de dívidas aceitou esse erro e afirmou que deveria ter lido o
processador de dados, esse erro foi causado por um descuido na
utilização de um modelo de carta.
O titular dos dados esclareceu à DPC que o seu pedido de acesso ao titular
foi efetuado através de uma plataforma online. O titular dos dados não
recebeu resposta ao seu pedido de acesso ao abrigo do artigo 15.º ou ao
seu pedido de apagamento nos termos do artigo 17.º do Regulamento Geral
de Proteção de Dados (RGPD). Antes do envolvimento da DPC, ambas as
partes envolveram-se directamente.
Na sua correspondência com o titular dos dados, o cobrador
explicou que os dados pessoais foram obtidos de terceiros.
Os dados pessoais foram então carregados no seu sistema
online e foi emitida uma carta ao titular dos dados.
No que diz respeito ao pedido de acesso do titular dos dados, devido à sua
relação com o processador de dados, não responderam diretamente ao
pedido de acesso do titular dos dados, mas partilharam-no com o terceiro, o
responsável pelo tratamento dos dados. No que diz respeito ao pedido de
apagamento, o processador de dados informou ao titular dos dados que
seria obrigado a conservar os dados pessoais durante seis meses para
efeitos fiscais/financeiros/de auditoria. Tinham decorrido seis meses antes
do envolvimento da DPC e o processador de dados assegurou à DPC que os
dados pessoais tinham sido apagados. O processador de dados pediu
desculpas diretamente ao titular dos dados e ofereceu um pagamento como
um gesto de boa vontade.
Como parte da sua análise, a DPC contactou o cobrador de dívidas e solicitou que delineasse a sua
relação com este terceiro. O cobrador de dívidas informou à DPC que estava agindo como
processador de dados em nome do terceiro e que um acordo de processador de dados, em
conformidade com o artigo 28.º, n.º 3, do RGPD, estava em vigor no momento em que processava
estes dados pessoais. O cobrador de dívidas informou à DPC que este contrato estava rescindido e
que eles não agiriam em nome do terceiro daqui para frente. A DPC aceitou esta resposta e
identificou o cobrador de dívidas como processador de dados e o terceiro como controlador de
dados. O processador de dados, declararam que a cobrança de dívidas é do interesse público e,
como tal, tinham um interesse legítimo em processar dados pessoais quando a conta do titular dos
dados lhes fosse legalmente atribuída ou quando estivessem a agir ao abrigo de um contrato legal.
O responsável pelo tratamento afirmou que o tratamento dos dados pessoais do titular dos dados
foi necessário para a cobrança da dívida e é permitido mesmo que o titular dos dados não consinta
com o tratamento; o que significa que o processador de dados se baseou nos artigos 6(1)(b) e 6(1)(f)
do GDPR para processar os dados pessoais. O responsável pelo tratamento afirmou que o
tratamento dos dados pessoais do titular dos dados foi necessário para a cobrança da dívida e é
permitido mesmo que o titular dos dados não consinta com o tratamento; o que significa que o
processador de dados se baseou nos artigos 6(1)(b) e 6(1)(f) do GDPR para processar os dados
pessoais. O responsável pelo tratamento afirmou que o tratamento dos dados pessoais do titular
dos dados foi necessário para a cobrança da dívida e é permitido mesmo que o titular dos dados
não consinta com o tratamento; o que significa que o processador de dados se baseou nos artigos
6(1)(b) e 6(1)(f) do GDPR para processar os dados pessoais.
A DPC informou ao titular dos dados, de acordo com a seção
109 (5) (c) da Lei de 2018, que o processador e controlador de
dados tinha um interesse legítimo em cobrar dívidas e
divulgar dados pessoais para cobrar as dívidas. A DPC
reconheceu os erros na correspondência fornecida ao titular
dos dados e, nos termos da secção 109(5)(f) da Lei de 2018,
recomendou que o processador de dados realizasse testesregulares de processos organizacionais e técnicos para
garantir a conformidade com o GDPR, a fim de cumprir o
Artigo 28 do GDPR.
80 ESTUDOS DE CASOS DA COMISSÃO DE PROTEÇÃO DE DADOS
ESTUDO DE CASO 98
Retenção de dados por um banco relativos a
um pedido de empréstimo retirado
Neste caso, o queixoso apresentou um pedido de
empréstimo a um banco. Posteriormente, o
queixoso retirou o pedido de empréstimo e
escreveu ao banco informando que estava a retirar
o consentimento para o tratamento de quaisquer
dados pessoais detidos pelo banco relacionados
com o pedido de empréstimo e solicitando a
devolução de todos os documentos que continham
os dados pessoais do queixoso. Em resposta, o
banco informou o reclamante de que tinha parado
de processar todos os dados pessoais do
reclamante, com exceção dos dados contidos em
registos que o banco declarou ser obrigado a reter e
processar ao abrigo do Código de Proteção do
Consumidor do Banco Central da Irlanda. O
queixoso não ficou satisfeito com esta resposta e
argumentou, na sua queixa a este Gabinete,
O queixoso argumentou também que o tratamento
continuado dos seus dados pessoais pelo banco se
destinava a uma finalidade que não era compatível com a
finalidade para a qual os dados foram originalmente
obtidos, em violação da legislação de protecção de
dados.
o banco armazena, utiliza e processa os seus dados
pessoais para diversos fins, incluindo para processar
pedidos de crédito ou serviços financeiros. No entanto,
este gabinete observou que as finalidades para as quais o
reclamante deu o seu consentimento não incluíam o
tratamento para efeitos de cumprimento das obrigações
legais do banco em geral e, especificamente, não incluíam
o tratamento dos dados pessoais do reclamante para
efeitos de cumprimento de o Código de Defesa do
Consumidor. Assim, este gabinete considerou que, no
momento da recolha dos dados pessoais do reclamante, o
banco não alegava basear-se no consentimento como
base legal para a recolha e tratamento dos dados pessoais
do reclamante, a fim de cumprir as suas obrigações legais.
Em vez de,
Este gabinete observou que, quando um pedido de empréstimo
for subsequentemente retirado ou não for bem sucedido e o
banco não celebrar um contrato com o requerente, a retenção de
dados pessoais relativos ao pedido de empréstimo já não pode
basear-se no facto de o tratamento ser necessário para tomar
medidas a pedido do titular dos dados antes de celebrar um
contrato, uma vez que já não existe a possibilidade de celebrar um
contrato com o titular dos dados. Como tal, o banco identificou
uma base jurídica distinta para a conservação dos dados pessoais
do reclamante relativos ao pedido de empréstimo,
nomeadamente que esse tratamento era necessário para o
cumprimento de uma obrigação legal a que o banco estava
sujeito.
Este gabinete estabeleceu que o banco foi identificado como o
responsável pelo tratamento de dados relevante em relação à
reclamação, uma vez que controlava os dados pessoais que o
reclamante tinha fornecido ao banco ao fazer um pedido de
empréstimo. Os dados em questão eram dados pessoais relativos ao
reclamante (consistindo, entre outras coisas, num formulário de
pedido de empréstimo preenchido e documentação comprovativa),
uma vez que o reclamante poderia ser identificado a partir dele e os
dados relativos ao reclamante como indivíduo. Este escritório ficou,
portanto, convencido de que a queixa deveria ser investigada para
determinar se havia ocorrido uma violação da legislação de proteção
de dados.
Este escritório observou que o Código de Defesa do Consumidor
obrigava as entidades regulamentadas a reter detalhes de “transações
individuais” por seis anos após a data em que a transação específica for
descontinuada ou concluída. Este Gabinete considerou, no entanto,
que um pedido de empréstimo posteriormente retirado ou finalmente
infrutífero não constitui uma «transacção» para efeitos do Código de
Defesa do Consumidor. Este gabinete referiu então que o Código de
Defesa do Consumidor também obrigava as entidades reguladas a
conservar “todos os outros registos” durante seis anos a contar da data
em que a entidade regulada deixou de fornecer qualquer produto ou
serviço ao consumidor, incluindo potencial consumidor, em causa. No
entanto, este escritório também não considerou que os registros
relativos a um pedido de empréstimo que é posteriormente retirado se
enquadrassem no escopo desta exigência do Código de Defesa do
Consumidor. De acordo,
Durante a investigação desta reclamação, este gabinete analisou o
formulário de pedido de empréstimo do banco, que previa que, ao
assinar o formulário, a pessoa consentisse em
APAGAR 81
este gabinete considerou que não era necessário que o banco
conservasse os dados pessoais relativos ao pedido de
empréstimo retirado do reclamante para efeitos de cumprimento
das suas obrigações legais ao abrigo do Código de Defesa do
Consumidor, e considerou que o banco não tinha identificado
uma base legal nos dados legislação de proteção para a retenção
dos dados pessoais do reclamante relativos ao seu pedido de
empréstimo.
para uma ou mais finalidades específicas, que o tratamento é
necessário para a execução de um contrato no qual o titular dos dados
é parte ou para tomar medidas a pedido do titular dos dados antes de
celebrar um contrato, e que o tratamento seja necessário para o
cumprimento de uma obrigação legal a que o responsável pelo
tratamento esteja sujeito. Os responsáveis pelo tratamento dos dados
devem também ter em atenção que o tratamento de dados pessoais
para fins diferentes daqueles para os quais os dados pessoais foram
originalmente recolhidos só é permitido quando o tratamento for
compatível com os fins para os quais os dados foram inicialmente
recolhidos.
Nos termos do artigo 6.º do RGPD, os responsáveis pelo tratamento de dados
devem ter uma base legal para qualquer tratamento de dados pessoais. As
bases lícitas disponíveis incluem que o titular dos dados tenha dado
consentimento para o tratamento dos seus dados pessoais
ESTUDO DE CASO 99
Processamento ilegal e pedido de eliminação
Após a sua deslocação a um local de lazer (o responsável pelo
tratamento dos dados), um titular dos dados apresentou uma
reclamação à Comissão de Proteção de Dados (DPC), por estar
insatisfeito com a forma como o responsável pelo tratamento
dos dados tratou os seus dados pessoais. O titular dos dados
também pretendia exercer os seus direitos ao abrigo do artigo
17.º do Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD) e ver
os seus dados e os dos seus familiares eliminados pela
organização. Antes de contactar a DPC, o titular dos dados
solicitou o apagamento dos seus dados diretamente ao
responsável pelo tratamento e este pedido foi recusado.
Após a reclamação do titular dos dados, o responsável pelo tratamento dos
dados reviu as suas políticas e identificou uma lacuna na formação do seu
pessoal. Após esta identificação, o responsável pelo tratamento informou o
seu pessoal para garantir que estava ciente de que os clientes não eram
obrigados a fornecer detalhes da sua reserva ao aceder a determinadas
instalações. O responsável pelo tratamento também informou que atualizou
o Procedimento Operacional do Departamento de Regulação da Proteção de
Dados para refletir este procedimento de forma mais clara.
No que diz respeito ao pedido de apagamento do titular dos dados, o
responsável pelo tratamento informou a DPC que removeu o titular dos
dados para todas as comunicações de marketing direto. No entanto, não
conseguiram apagar quaisquer outros dados pessoais relativos ao titular
dos dados e à sua família, uma vez que são conservados de acordo com a
sua política de retenção. A política de retenção do responsável pelo
tratamento de dados estabelece que todos os dados pessoais são
mantidos em arquivo, pois podem ser necessários nadefesa de uma ação
judicial e somente excluídos após o membro mais jovem da reserva atingir
a idade de 21 anos, de acordo com os prazos de prescrição legais.
O titular dos dados explicou à DPC que, durante a sua estadia no
centro de lazer, considerou que os seus dados pessoais foram
tratados ilicitamente, uma vez que foi repetidamente solicitado a
fornecer detalhes da sua reserva ao pessoal, a fim de ter acesso
às instalações no local, como restaurantes e atividades. O titular
dos dados considerou que se tratava de um tratamento
excessivo e declarou na altura que não tinha a opção de se opor
a esse tratamento ou não poderia receber acesso total às
instalações.
Nos termos da secção 109(5)(f) da Lei de 2018, a DPC recomendou que o
responsável pelo tratamento de dados continuasse a ministrar formação a
todos os seus funcionários sobre as suas obrigações e os direitos dos
titulares dos dados ao abrigo da legislação de protecção de dados e que
mantivesse esta formação actualizada.
Em consonância com a análise da reclamação, a DPC contactou o
responsável pelo tratamento dos dados e partilhou os detalhes da
reclamação do titular dos dados. O responsável pelo tratamento
informou à DPC que a sua base legal para o tratamento de dados
pessoais é o artigo 6.º, n.º 1, alínea f), do Regulamento Geral de
Proteção de Dados (RGPD), também vulgarmente referido como
interesse legítimo. O responsável pelo tratamento explicou ainda que
solicita os dados do cliente antes de aceder às instalações ou fazer uma
compra, a fim de “compreender padrões e melhorar a gama de
serviços e instalações disponíveis para os hóspedes”. Isso também está
detalhado em sua política de privacidade, disponível em seu site.
A DPC recomendou ainda, nos termos da seção 109(5)(f) da Lei
de 2018, que o controlador de dados exclua todos os dados
pessoais de acordo com seu período de retenção.
A DPC não considerou necessária qualquer ação adicional no momento da
publicação do resultado, uma vez que observou que o responsável pelo
tratamento dos dados tinha requalificado todo o pessoal, pediu desculpa
ao titular dos dados e ofereceu-lhe uma indemnização em resultado da
sua reclamação.
82 ESTUDOS DE CASOS DA COMISSÃO DE PROTEÇÃO DE DADOS
ESTUDO DE CASO 100
Processamento ilegal de fotografia
e solicitação de exclusão nos termos do Artigo 17 do GDPR (Lei
Aplicável - GDPR e Lei de Proteção de Dados de 2018)
Um titular de dados apresentou uma reclamação à Comissão
de Proteção de Dados (DPC) relativamente à publicação da
sua imagem histórica num jornal (responsável pelo
tratamento dos dados). O titular dos dados explicou à DPC
que o artigo foi publicado sem o seu conhecimento e sem o
seu consentimento. Antes de contactar a DPC, o titular dos
dados contactou o responsável pelo tratamento dos dados
para responder às suas preocupações de que considerava
que os seus dados pessoais tinham sido tratados ilegalmente
e para solicitar o apagamento da imagem do jornal nos
termos do artigo 17.º do Regulamento Geral de Proteção de
Dados (RGPD); no entanto, o responsável pelo tratamento
rejeitou todos os elementos do pedido do titular dos dados.
Em relação ao pedido de apagamento do titular dos dados, o
responsável pelo tratamento baseou-se na Secção 43 da Lei de 2018
como base para recusar o apagamento da imagem do artigo.
Tendo considerado todos os elementos desta reclamação, a DPC
concluiu que o jornal tinha uma base legal, ao abrigo da Secção
43 da Lei de 2018 e do Artigo 85 do RGPD, para publicar a
imagem histórica do titular dos dados num artigo noticioso.
A DPC observa que a isenção jornalística não isenta o
controlador de dados de todo o GDPR e das leis de proteção
de dados. Um controlador de dados deve levar em
consideração suas obrigações restantes sob o GDPR e a Lei
de 2018. A DPC considerou proporcionado o tratamento dos
dados pessoais do titular dos dados pelo responsável pelo
tratamento, considerando que a imagem em questão é uma
imagem histórica na qual se pode razoavelmente presumir
que o titular dos dados já não é facilmente identificável a
partir da mesma. A DPC reconhece que um terceiro é a
principal pessoa de interesse e diretamente citado no artigo
e, portanto, o titular dos dados não é objeto de discussão.
Como parte da sua análise, a DPC contactou o
responsável pelo tratamento dos dados e solicitou uma
base legal nos termos do artigo 6.º do RGPD para o
tratamento dos dados pessoais do titular dos dados da
forma descrita nesta reclamação. O controlador de dados
informou ao DPC que não se baseia no Artigo 6 do GDPR
para processar os dados pessoais do titular dos dados e
informou que se baseia na seção 43 da Lei de Proteção de
Dados de 2018, (a Lei de 2018), (processamento de dados
e liberdade de expressão e informação), nomeadamente
que fica isento o tratamento de dados pessoais para
efeitos do exercício do direito à liberdade de expressão e
informação, incluindo o tratamento para fins jornalísticos
para fins de expressão académica, artística ou literária.
A DPC informou o titular dos dados ao abrigo da secção 109(5) (c) da
Lei de 2018 que a explicação apresentada pelo responsável pelo
tratamento dos dados relativamente ao tratamento dos seus dados
pessoais nas circunstâncias desta reclamação era razoável.
APAGAR 83
ESTUDO DE CASO 101
Decisão do Artigo 60 relativa à Empresa Internacional do Twitter
– Solicitação de ID, Solicitação de Apagamento
Uma reclamação foi apresentada diretamente à DPC em 2
de julho de 2019 contra a Twitter International Company
(“Twitter”) e, consequentemente, foi tratada pela DPC na
sua função de autoridade supervisora principal. O
queixoso alegou que, após a suspensão da sua conta no
Twitter, o Twitter não cumpriu, dentro do prazo legal, um
pedido de apagamento que lhe tinha apresentado. Além
disso, o reclamante alegou que o Twitter havia solicitado
uma cópia do seu documento de identidade fotográfico, a
fim de atender ao seu pedido de apagamento, sem base
legal para fazê-lo. Por último, o queixoso alegou que o
Twitter reteve os seus dados pessoais na sequência do seu
pedido de apagamento, sem base jurídica para o fazer.
não verificar a identidade do titular da conta. O Twitter afirmou
que está ciente do fato de que contas de e-mail podem ser
hackeadas e outras partes interessadas podem tentar apagar uma
conta, especialmente em uma situação como esta, onde a conta
foi suspensa devido a inúmeras supostas violações da Política de
Conduta de Ódio do Twitter. A empresa indicou que retém
informações básicas dos assinantes indefinidamente, de acordo
com seu interesse legítimo em manter a segurança de sua
plataforma e de seus usuários.
O Twitter argumentou ainda que, como não recolheu realmente
qualquer identificação do reclamante, o artigo 5.º, n.º 1, alínea c),
não foi aplicado. Não obstante, afirmou que o pedido de
identificação com fotografia era proporcional e necessário neste
caso. Indicou que é necessário um nível mais elevado de
autenticação em circunstâncias em que uma pessoa não tenha
sessão iniciada na sua conta, como será sempre o caso quando a
conta de uma pessoa tiver sido suspensa.A conta do Twitter do reclamante foi suspensa porque o Twitter
considerou que o reclamante violou sua Política de Conduta de
Ódio. Depois que o Twitter suspendeu a conta, o reclamante
solicitou que todos os seus dados pessoais, como endereço de e-
mail e número de telefone, fossem excluídos. Eles enviaram
diversas solicitações ao Twitter solicitando que seus dados
fossem apagados. O Twitter pediu ao reclamante que
apresentasse uma cópia do seu documento de identidade para
verificar se era, de fato, o titular da conta. O queixoso recusou-se
a fazê-lo. Nas instalações, o Twitter acabou por cumprir o pedido
de apagamento sem a identificação fotográfica do denunciante.
Tendo em conta o pedido de apagamento do reclamante
e a obrigação associada de que qualquer pedido dessetipo seja processado sem “atraso injustificado”, o Twitter
estabeleceu um cronograma de correspondência
referente ao pedido de apagamento entre ele e o
reclamante. O Twitter afirmou que o reclamante fez
solicitações duplicadas e, como tal, atrasou o próprio
processo de exclusão/apagamento. No que diz respeito à
retenção de dados, o Twitter informou à DPC que reteve o
número de telefone e o endereço de e-mail do reclamante
após a conclusão do seu pedido de acesso. Afirmou que
retém estas informações limitadas para além da
desativação da conta indefinidamente, de acordo com os
seus interesses legítimos para manter a segurança da sua
plataforma e dos utilizadores. Afirmou que se eliminasse o
endereço de e-mail ou o número de telefone do
reclamante dos seus sistemas,
A DPC tentou inicialmente resolver esta reclamação de forma amigável
através do seu processo de tratamento de reclamações. No entanto,
esses esforços não conseguiram garantir uma resolução amigável e o
caso foi aberto para investigação adicional. As questões a serem
examinadas e determinadas pelo inquérito do DPC foram as seguintes:
(i) se o Twitter tinha uma base legal para solicitar identificação
fotográfica quando um pedido de apagamento foi apresentado nos
termos do Artigo 17 do RGPD, (ii) se o tratamento do referido
apagamento pelo Twitter a solicitação estava em conformidade com o
GDPR e a Lei de Proteção de Dados de 2018 e (iii) se o Twitter cumpriu
os requisitos de transparência do Artigo 12 do GDPR.
Após a conclusão do seu inquérito em 27 de abril de 2022, a DPC
adotou a sua decisão em relação a esta reclamação, em conformidade
com o artigo 60.º, n.º 7, do RGPD. Na sua decisão, a DPC concluiu que
o responsável pelo tratamento dos dados, Twitter International
Company, violou o Regulamento Geral de Proteção de Dados da
seguinte forma:
Em defesa de sua posição, o Twitter afirmou que autenticar que
o solicitante é quem diz ser é de suma importância nos casos em
que uma parte solicita o apagamento de sua conta. Afirma que
os identificadores únicos fornecidos no momento do registo de
uma conta (ou seja, endereço de e-mail e número de telefone)
simplesmente associam um utilizador a uma conta, mas estes
identificadores não
• Artigo 5(1)(c): A exigência do Twitter de que o reclamante
verificasse sua identidade mediante o envio de uma cópia de seu
documento de identificação com fotografia constituía uma infração.
84 ESTUDOS DE CASOS DA COMISSÃO DE PROTEÇÃO DE DADOS
aplicação do princípio da minimização de dados, nos termos do artigo
5.º, n.º 1, alínea c), do RGPD;
• Artigo 6.º, n.º 1: o Twitter não identificou uma base legal válida nos termos do
artigo 6.º, n.º 1, do RGPD para solicitar uma cópia do documento de
identificação com fotografia do reclamante, a fim de processar o seu pedido
de apagamento;
• Artigo 17.º, n.º 1: O Twitter violou o artigo 17.º, n.º 1, do RGPD, uma
vez que houve um atraso indevido no tratamento do pedido de
apagamento do reclamante; e
• Artigo 12.º, n.º 3: O Twitter violou o artigo 12.º, n.º 3, do RGPD ao não
informar o titular dos dados, no prazo de um mês, sobre as medidas
tomadas relativamente ao seu pedido de apagamento, nos termos do
artigo 17.º do RGPD.
A DPC também concluiu na sua decisão que o Twitter tinha uma base
jurídica válida, em conformidade com o artigo 6.º, n.º 1, alínea f), para a
retenção do endereço de correio eletrónico e do número de telefone do
reclamante que estavam associados à conta. Constatou também que, sem
prejuízo da conclusão acima relativa ao princípio da minimização dos
dados no que diz respeito à identificação com fotografia, o Twitter cumpria
o princípio da minimização dos dados, uma vez que o tratamento dos
dados do endereço de correio eletrónico e do número de telefone se
limitava ao necessário em relação à as finalidades para as quais são
processados.
À luz da extensão das infrações, a DPC emitiu uma repreensão à
Twitter International Company, nos termos do artigo 58.º, n.º 2,
alínea b), do RGPD. Além disso, a DPC ordenou que a Twitter
International Company, nos termos do Artigo 58(2) (d), revisse suas
políticas e procedimentos internos para lidar com solicitações de
apagamento para garantir que os titulares dos dados não sejam mais
obrigados a fornecer uma cópia do documento de identificação com
fotografia ao fazer o apagamento de dados. solicitações, a menos
que possa demonstrar uma base legal para fazê-lo. A DPC ordenou
que a Twitter International Company fornecesse detalhes de suas
políticas e procedimentos internos revisados à DPC até 30 de junho
de 2022. O Twitter cumpriu esta ordem no prazo estabelecido.
APAGAR 85
Aplicação da lei
Diretiva (LED)
ESTUDO DE CASO 102
Restrições de dados — dados de terceiros; parecer emitido
confidencialmente (Diretiva relativa à aplicação da lei)
A Comissão de Proteção de Dados (DPC) examinou um caso em que foram impostas restrições de acesso pela
An Garda Síochána com base nas Seções 91 (7) e (8) da Lei de Proteção de Dados de 2018.
O assunto dizia respeito a um indivíduo que procurava cópias de alegações de abuso feitas contra ele no que diz respeito ao bem - estar
dos seus pais . Tendo examinado esta questão, ficou claro para a DPC que a divulgação da informação implicaria a divulgação de dados
de terceiros e revelaria a identidade da pessoa que fez as alegações. A DPC ficou convencida na revisão de que as informações
solicitadas foram fornecidas com a mais estrita confidencialidade e considerou as disposições da Seção 91(9)(a)
também aplicado.
ESTUDO DE CASO 103
Restrições de dados — ausência de consentimento de todas as
partes (Diretiva de aplicação da lei)
Num caso examinado pela DPC, um progenitor solicitou à An Garda Síochána cópias dos dados pessoais dos seus
filhos pequenos.
A Garda Síochána recusou-se a fornecer os dados. A DPC informou ao progenitor que concordava com a restrição imposta, uma vez
que o responsável pelo tratamento neste caso tinha conhecimento particular de todas as circunstâncias relativas a um acordo de
tutela partilhada em vigor e considerou que seria necessário o consentimento de todos os tutores legais para libertar os dados neste
caso.
86 ESTUDOS DE CASOS DA COMISSÃO DE PROTEÇÃO DE DADOS
ESTUDO DE CASO 104
Limitação da finalidade — Diretiva relativa à aplicação da lei
A DPC examinou uma queixa em que um indivíduo alegava que os dados recolhidos num contexto específico de
aplicação da lei estavam a ser utilizados pelo mesmo responsável pelo tratamento de dados para outros fins de
aplicação da lei. A queixa dizia respeito ao processo contra um indivíduo por crimes na área de remédios para equinos e
animais pelo Departamento de Agricultura, Alimentação e Marinha (DAFM) e o encaminhamento separado pelo DAFM de
alegações de má conduta profissional ao Conselho Veterinário da Irlanda (VCI) em relação à mesma pessoa.
Depois de examinar as questões levantadas, a DPC remeteu o reclamante para a Secção 71(5) da Lei de Protecção de Dados de 2018:
Quando um controlador coleta dados pessoais para uma finalidade especificada na seção 70 (1) (a), o controlador ou outro controlador
pode processar os dados para uma finalidade especificada diferente daquela para a qual os dados foram coletados, na medida em que
— (a) o responsável pelo tratamento está autorizado a processar esses dados pessoais para esse fim, de acordo com a lei da União
Europeia ou a lei do Estado, e (b) o processamento é necessário e proporcional à finalidade para a qual os dados são sendo
processado .
No que diz respeito à secção 70(1)(a) e à “lei do Estado”, a DPC observou as disposições estabelecidas na Lei de Prática Veterinária de
2005 relativamente à condução de inquéritos pela VCI sobre alegações de má conduta profissional. Em particular, a secção 76 da Lei da
Prática Veterinária de 2005 descreve que a VCI ou qualquer pessoa pode solicitar um inquérito relativamente à aptidão paraexercer a
medicina veterinária de uma pessoa registada. Nesta base, a DPC não considerou que a legislação de protecção de dados proibisse o
encaminhamento separado pela DAFM de alegações de má conduta profissional à VCI em relação a uma pessoa, em conjunto com
processos judiciais da DAFM contra o mesmo indivíduo por crimes nos equídeos e área de remédios para animais.
ESTUDO DE CASO 105
Restrições de dados — processos pendentes
(Diretiva de aplicação da lei)
A DPC examina frequentemente queixas relacionadas com restrições impostas pela An Garda Síochána e pelo
Diretor do Ministério Público (DPP) devido a processos penais pendentes. As reclamações vão desde casos de
agressão em que se procura documentação como registos PULSE, fotografias e relatórios da An Garda Síochána
sobre os incidentes, até pedidos de imagens CCTV das próprias estações da An Garda Síochána.
Em alguns casos, a An Garda Síochána pode fornecer a um indivíduo uma cópia da sua declaração fornecida pelos indivíduos, mas
reterá outros dados com base na Secção 94(3)(a) da Lei, segundo a qual um responsável pelo tratamento de dados pode restringir o
acesso, totalmente ou parcialmente, para efeitos de “prevenção, detecção ou investigação de crimes, apreensão ou acusação de
infratores ou a eficácia de métodos, sistemas, planos ou procedimentos legais empregados para os fins dos assuntos acima
mencionados”.
Após a confirmação por um responsável pelo tratamento de dados de que estão pendentes processos criminais, o DPC informará um indivíduo que, uma vez
concluídas as questões jurídicas relacionadas com esses casos, os indivíduos poderão solicitar novamente uma cópia dos seus dados, conforme estabelecido na
Secção 91 do Lei de Proteção de Dados de 2018.
ESTUDO DE CASO 1 0 2 87
ESTUDO DE CASO 106
Restrições de acesso (Diretiva de aplicação da lei)
A DPC recebeu denúncia de um indivíduo que alegou ter
sido vítima de um crime. O indivíduo solicitou que os
seus dados pessoais sensíveis fossem tratados pela An
Garda Síochána (AGS) de acordo com os seus termos
específicos, nomeadamente, solicitou que lhes fosse
disponibilizada uma cópia completa dos resultados
médicos dos exames forenses realizados pela Forensic
Science Ireland (FSI). imediatamente após o recebimento
dos resultados pela AGS. O indivíduo então solicitou a
divisão do kit de amostras, sendo esta solicitação
posteriormente alterada para solicitar a análise de
frascos de amostras específicas.
Um relatório emitido pela Forensic Science Ireland para a AGS é
regido pelas disposições da Secção 94 da Lei, que estabelece
restrições ao acesso que podem ser impostas por um responsável
pelo tratamento de dados, incluindo uma restrição para evitar
prejudicar uma investigação. Depois de examinar as questões
levantadas, a DPC informou ao indivíduo que a Diretiva de Aplicação
da Lei (UE) 2016/680, conforme transposta nas Partes 5 e 6 da Lei, não
prevê que os indivíduos estipulem as condições sob as quais os
titulares dos dados consentem em ter seus dados pessoais dados
processados por uma autoridade responsável pela aplicação da lei.
Em relação ao processamento de amostras forenses num contexto de
aplicação da lei, a DPC considerou que o processamento de dados
sensíveis estava em conformidade com as secções 71 e 73(1)(b)(i) da
Lei. A DPC observou que o formulário “Consentimento para Liberação
de Perícia Forense Armazenada e Relatório Legal à Custódia de An
Garda Síochána” especificava todos os destinatários pretendidos dos
dados, bem como o fato de que as conclusões dos testes laboratoriais
e do relatório legal poderiam também serão entregues aos tribunais
para uso como prova. A DPC recomendou a adição de um Aviso de
Proteção de Dados ao formulário, para permitir aos titulares dos dados
obter informação detalhada sobre o quadro legislativo e os
procedimentos que regem as condições de tratamento relativamente a
amostras forenses e investigações AGS.
A DPC referiu que todo o processo de pedido de análise de
amostras forenses, na sequência do alegado crime, foi iniciado
pelo próprio titular dos dados. Para prosseguir com os testes
forenses, o indivíduo foi obrigado a preencher um formulário
intitulado 'Consentimento para Liberação de Perícias
Armazenadas e um Relatório Legal à Custódia de An Garda
Síochána'. A DPC determinou que quaisquer dados pessoais
tratados pela AGS no contexto descrito seriam abrangidos pela
Diretiva de Aplicação da Lei (UE) 2016/680, conforme transposta
na Lei de Proteção de Dados.
A AGS informou a DPC que, nos casos em que um indivíduo
submeta os seus dados pessoais à AGS e à FSI para testes
adicionais, qualquer processamento adicional relacionado pela
AGS e pela FSI será realizado para fins de prevenção,
investigação, detecção ou repressão de infracções penais, ou a
execução de sanções penais.
88 ESTUDOS DE CASOS DA COMISSÃO DE PROTEÇÃO DE DADOS
ESTUDO DE CASO 107
Diretiva de aplicação da lei (LED)
A Comissão do Provedor de Justiça Garda Síochána
(GSOC) enviou uma carta contendo o resultado da sua
investigação sobre uma queixa para um endereço
onde a pessoa que fez a queixa já não residia. A DPC
constatou que a carta foi enviada para o endereço
onde o indivíduo residia no momento da reclamação
anterior que havia feito ao GSOC. O indivíduo em
questão informou posteriormente ao GSOC que já não
residia naquele endereço e que, relativamente à nova
reclamação, só podia ser contactado por correio
eletrónico.
A DPC colaborou extensivamente com o GSOC relativamente a esta
queixa. O GSOC comunicou a violação de dados à DPC através dos
canais normais de comunicação de violação. Para evitar que este tipo
de incidente se repita, o GSOC informou a DPC que foi enviado um e-
mail internamente a todos os colaboradores alertando para a
importância de garantir a veracidade dos dados pessoais inseridos no
Sistema de Gestão de Casos (CMS). O GSOC também destacou que
enviou um e-mail separado a todos os gestores de linha na seção de
Casos do GSOC, alertando-os sobre a necessidade de inserir dados
pessoais com precisão no CMS e de alterar essas informações sempre
que informações atualizadas forem recebidas.
ESTUDO DE CASO 1 0 2 89
Objeção
para processamento
ESTUDO DE CASO 108
Uso de dados de localização para verificar declarações de despesas
O queixoso neste estudo de caso era um antigo funcionário
de um prestador de serviços estatutário, cujo trabalho
envolvia conduzir até locais atribuídos pela sua entidade
patronal. Quando isto originasse pedidos de horas
extraordinárias ou de subsistência, o reclamante
preencheria formulários fornecidos pelo empregador,
detalhando itens como datas e locais relevantes, números
de referência de expedição e os montantes reclamados. A
entidade patronal utilizou um sistema de despacho
destinado a garantir a utilização mais eficiente dos
condutores e dos veículos, nomeadamente na resposta em
situações de emergência. Esse sistema registrava o
desempenho e a conclusão das chamadas de serviço,
quando os veículos estavam em serviço ou de volta à base e
quando os motoristas estavam de serviço ou fora de serviço.
finalidade, se esse tratamento era compatível com a finalidade
para a qual os dados foram recolhidos e se o empregador
tinha uma base legal para esse tratamento.
O empregador não tinha uma política escrita sobre a utilização do
sistema de despacho. Em vez disso, baseou-se na “consciência
geral” dos funcionários de que o sistema era utilizado para esse
fim. O empregador salientou que tal utilização tinha sido
constatada num acordo com os sindicatos dos seus trabalhadores,
alguns anos antes. A DPC observou que os pedidos de horas
extras e ajudas de custo exigiam que os funcionários incluíssem
números de referência de despacho relevantes do sistema de
despacho. A DPC considerou que a inclusão de números de
referência relevantes do sistema de despacho nos pedidos de
horas extraordinárias e de subsistênciaindicava que os
trabalhadores estavam cientes de que os dados eram utilizados
não apenas para processamento logístico, mas também para
verificar os seus pedidos. Mesmo que o objetivo principal do
sistema de despacho fosse auxiliar a logística, a sua utilização
para verificar reclamações de horas extras não era incompatível
com esse propósito,
O queixoso apresentou um pedido de horas extraordinárias e de
subsistência. O empregador rejeitou esta proposta devido a
inconsistências entre os dados constantes do formulário de
reclamação do reclamante e os registados no sistema de despacho do
empregador. O queixoso opôs-se à utilização dos dados do sistema de
despacho para este efeito e apresentou queixa à Comissão de
Protecção de Dados (DPC).
A DPC observou que os regulamentos financeiros aplicáveis exigiam que o
empregador verificasse as horas extraordinárias e os pedidos de
subsistência. O tratamento para verificação dos pedidos de horas
extraordinárias e de ajudas de custo foi necessário não apenas para
cumprir essa obrigação legal, mas para cumprir o contrato de trabalho do
reclamante e por razões de interesses legítimos dos empregadores.A DPC considerou se a utilização de dados do sistema de despacho
para verificar horas extraordinárias e pedidos de subsistência estava
em conformidade com os requisitos de processamento justo. A
equidade do tratamento deveria ser avaliada com base no facto de o
queixoso e os colegas terem sido informados da utilização dos dados
pelo empregador para esse efeito.
Este caso é um exemplo de quando os dados recolhidos para uma
finalidade legítima — neste caso, o controlo logístico — podem ser
tratados adequadamente para outra finalidade, neste caso
90 ESTUDOS DE CASOS DA COMISSÃO DE PROTEÇÃO DE DADOS
verificação de reclamações de horas extras. No entanto, os responsáveis
pelo tratamento devem ter em mente o requisito geral de tratar os dados
pessoais de forma justa e garantir que os titulares dos dados são
informados dos dados que são recolhidos e da natureza
e finalidade do processamento. Igualmente importante é que o
tratamento tenha uma base jurídica, o que na maioria dos casos
exigirá que o tratamento seja necessário para a finalidade declarada.
ESTUDO DE CASO 109
Obtenção justa de reclamação contra um Clube de Golfe
Um indivíduo apresentou uma queixa à DPC relativamente à
utilização, pelo responsável pelo tratamento de dados, de
imagens de CCTV para investigar um incidente no qual o
indivíduo esteve envolvido. O indivíduo organizou um
evento numa instalação de lazer (o responsável pelo
tratamento de dados) e exibiu sinalização relativa aos
procedimentos da Covid-19 para auxiliar os participantes.
Ao final do evento, o indivíduo retirou inadvertidamente
uma placa diferente também em relação aos procedimentos
da Covid-19 ao retirar a sinalização que havia instalado para
o evento. O controlador de dados revisou as imagens do
CCTV para estabelecer quem havia removido a placa. O
queixoso era de opinião que o responsável pelo tratamento
de dados não tratava os seus dados pessoais de forma
proporcional ou transparente e que não cumpria as suas
obrigações como responsável pelo tratamento de dados na
forma como
investigou o incidente. Dessa forma, o
indivíduo apresentou denúncia à DPC.
A DPC interveio para tentar resolver a questão informalmente
e as partes chegaram a uma resolução amigável quando o
centro de lazer concordou em realizar uma auditoria à sua
utilização do sistema CCTV e em restringir o acesso à revisão
das imagens CCTV aos funcionários designados. O indivíduo
agradeceu à DPC por ter tratado a sua reclamação de uma
forma profissional e prestativa e afirmou ainda que
inicialmente estava relutante em apresentar a reclamação,
pois estava ciente do volume de reclamações com que a DPC
lida e das consequentes restrições de recursos. O queixoso
afirmou estar confiante de que a questão não surgirá no
futuro como resultado do envolvimento da DPC. O indivíduo
desejou expressar o seu apreço e reconhecer a eficiência da
DPC no tratamento do assunto.
ESTUDO DE CASO 110
Processamento ilegal resultante de erro de faturação
(Lei aplicável — Leis de proteção de dados de 1988 e
2003 (as Leis))
Em abril de 2018, recebemos uma reclamação de um
titular de dados que deixou de ser cliente do responsável
pelo tratamento de dados. No entanto, ela descobriu que
seus dados ainda estavam sendo processados enquanto
ela continuava a receber faturas do controlador de dados.
A reclamante recebeu garantias verbais e escritas de que
não devia o valor cobrado.
qualquer informação sobre a alegada dívida até que ela lhes
fornecesse dados pessoais que verificassem a sua identidade, o que
ela se recusou a fazer. Mais tarde, no mesmo dia, a queixosa recebeu
uma carta da empresa de cobrança de dívidas confirmando que esta
procurava recuperar o dinheiro devido por ela ao responsável pelo
tratamento dos dados.
Esta reclamação foi identificada como potencialmente suscetível de
resolução amigável ao abrigo da Secção 109 da Lei de Proteção de
Dados de 2018, tendo tanto o reclamante como o responsável pelo
tratamento de dados concordado em trabalhar com a DPC para
tentar resolver a questão amigavelmente. A Empresa A confirmou
com a DPC que um erro fez com que o saldo da conta do
reclamante parecesse pendente, mas que quando
No entanto, o queixoso recebeu posteriormente uma mensagem
de texto de uma empresa de cobrança de dívidas, pedindo-lhe que
a contactasse. Quando a queixosa telefonou para a empresa de
cobrança de dívidas, esta recusou fornecer-lhe
OBJEÇÃO AO PROCESSAMENTO 91
o erro foi identificado pelo controlador de dados, o saldo devedor foi
removido da conta. O responsável pelo tratamento dos dados
também confirmou que tinha instruído a empresa de cobrança de
dívidas a cessar quaisquer atividades de cobrança e também a
eliminar quaisquer dados associados ao reclamante.
Para que um responsável pelo tratamento contrate legalmente um
subcontratante para processar dados pessoais, deve existir, em primeiro
lugar, uma justificação para o tratamento dos dados pessoais. Neste caso, o
responsável pelo tratamento ignorou preocupações anteriores levantadas
pela queixosa de que lhe estavam a ser emitidas faturas apesar de já não
receber serviços do responsável pelo tratamento e não analisou a utilização
continuada dos seus dados pessoais para efeitos de faturação em
circunstâncias em que ela não era mais cliente. A DPC incentiva os
indivíduos a levantarem questões relativas à protecção de dados
directamente ao responsável pelo tratamento, em primeira instância, para
que estes possam resolvê-las.
Embora o queixoso estivesse satisfeito com o resultado final, a DPC
enfatizou ao responsável pelo tratamento de dados que o queixoso
tinha sido previamente informado, em pelo menos duas ocasiões, de
que a questão tinha sido resolvida. Apesar disso, os seus dados foram
tratados de forma injusta, ao serem repassados a uma empresa de
cobrança de dívidas, sem que houvesse qualquer justificativa para tal
divulgação. No entanto, os responsáveis pelo tratamento de dados ignoram
frequentemente ou desconsideram as tentativas diretas feitas por um titular
de dados para apresentar queixas até que a DPC se envolva. Isto é
inaceitável e, como parte das obrigações de responsabilização de cada
organização, esta deve ter medidas significativas e eficientes em vigor para
lidar e resolver reclamações sobre proteção de dados quando levantadas
diretamente por um titular de dados, sem a necessidade de o titular dos
dados recorrer à intervenção da DPC .
Em reconhecimento das suas falhas, o responsável pelo tratamento dos
dados pediu desculpa à queixosa, deu-lhe certas garantias de que o
assunto não teria qualquer efeito na sua classificação de crédito e fez
doações a instituições de caridade da sua escolha.
ESTUDO DE CASO 111
Destinatáriose processamento justo
Recebemos uma reclamação contra um administrador judicial
privado que foi nomeado por uma instituição financeira sobre a
propriedade do reclamante.
o reclamante e a instituição financeira. Ao ser nomeado, o
administrador judicial escreveu ao reclamante informando-o da
sua nomeação como administrador judicial dos bens do
reclamante e forneceu uma cópia da DOA. O administrador
judicial nomeou uma empresa separada como seu agente gestor
para auxiliar na administração da propriedade. Durante a
concordata, o síndico entrou em contato com a Receita para
pagar quaisquer impostos pendentes sobre a propriedade, como
o Imposto Local sobre a Propriedade (LPT). Também foi
estabelecido que o síndico abriu uma conta bancária para fins de
administração dos rendimentos do imóvel. O nome da conta
bancária incluía o nome do reclamante. Constatou-se ainda que
foi subscrita uma apólice de seguro relativamente ao imóvel. Esta
apólice de seguro referia-se ao nome do reclamante.
A denúncia alegou violações das Leis com base no fato de que o
administrador judicial:
• Não foi registrado como controlador de acordo com a seção
16 das Leis;
• Não tinha base legal para obter os dados pessoais do
reclamante junto da instituição financeira;
• Processamento posterior de dados pessoais ilegalmente,
através da divulgação de informações a uma empresa
designada pelo síndico para administrar a concordata (o
“agente gestor” do síndico);
• Abriu uma conta bancária em nome do reclamante; A DPC considerou primeiro se um destinatário era obrigado a
registrar-se como controlador de dados de acordo com a seção
16 das Leis, e se as isenções listadas na Lei de Proteção de Dados
de 1988 (Seção 16(1)) Regulamentos de 2007 (os “Regulamentos
de Registro”) aplicado. A DPC considerou que um destinatário não
era obrigado a registar-se, uma vez que a isenção ao abrigo do
regulamento 3(1)(g) do Regulamento de Registo se aplicava ao
destinatário. O Regulamento 3(1)(g) isentava os controladores de
dados que processavam dados em relação aos seus clientes.
Tendo considerado a relação entre o reclamante e o destinatário,
a DPC considerou que o
• Obteve o ID da propriedade e o PIN da Receita que
deu ao destinatário acesso à conta online pessoal da
Receita do reclamante; e
• Segurou o imóvel em nome do reclamante.
Após uma investigação de acordo com a seção 10 das Leis, o DPC
estabeleceu que o administrador judicial foi nomeado pela
instituição financeira com base em uma Escritura de Nomeação do
Receptor (DOA), que concedeu poderes ao administrador judicial
de acordo com a Lei de Transmissão de 1881, e de acordo com à
escritura de hipoteca entre
92 ESTUDOS DE CASOS DA COMISSÃO DE PROTEÇÃO DE DADOS
isenção aplicada em relação às atividades do administrador
judicial em relação ao reclamante.
• O tratamento deve ser necessário à finalidade e aos
interesses legítimos prosseguidos; e
Em seguida, a DPC considerou se o destinatário tinha uma
base legal para obter os dados pessoais da instituição
financeira, divulgando-os ao agente gestor, e se tal
tratamento constituía um tratamento posterior incompatível
com a finalidade original que foi obtido nos termos da
secção 2(1) (c)(ii) das Leis. O queixoso tinha uma hipoteca
junto da instituição financeira, que estava em atraso. De
acordo com a seção 19(1)(ii)
do Conveyancing Act 1881, a instituição financeira poderia
nomear um administrador judicial assim que a dívida da
hipoteca vencesse. A Seção 2A(1)(b)(i) das Leis permite o
processamento de dados pessoais quando o processamento
for necessário “para a execução de um contrato do qual o
titular dos dados é parte”. A escritura de hipoteca era um
contrato entre o titular dos dados e a instituição financeira, e
nas circunstâncias em que os termos do contrato não
estivessem a ser cumpridos, era necessária a nomeação do
síndico pela instituição financeira para a realização do
contacto. A DPC considerou que o destinatário tinha uma base
legal para obter os dados pessoais do reclamante junto da
instituição financeira.
• Os direitos e liberdades fundamentais do indivíduo em
questão não têm precedência.
A DPC considerou que a abertura da conta bancária era uma
medida razoável para gerir as receitas e despesas durante uma
recuperação judicial. O administrador judicial alegou que a
referência ao nome do reclamante como parte do nome da conta
bancária era necessária para garantir que a liquidação judicial
fosse realizada de forma eficiente e para evitar confusão entre
diferentes falências. Embora tivesse sido possível abrir uma conta
sem utilizar o nome do queixoso, o DPC teve em conta o acórdão
do TJUE no processo Huber v Bundesrepublik C-524/062, onde o
Tribunal considerou que o processamento poderia ser
considerado necessário quando permitisse que o objectivo
relevante fosse atingido. ser alcançado de forma mais eficaz. A
DPC considerou que a referência ao nome do reclamante na
conta bancária era, portanto, necessária, pois permitia a
prossecução mais eficaz dos legítimos interesses do síndico.
No que diz respeito ao terceiro elemento do teste dos
interesses legítimos (que exige um exercício de equilíbrio,
tendo em conta os direitos e liberdades fundamentais do
titular dos dados), a DPC considerou que a referência ao
nome do reclamante na conta os teria identificado aos
indivíduos quem teve acesso à conta bancária ou recebeu o
nome da conta bancária. A DPC equilibrou estas
preocupações com os custos administrativos e financeiros,
que resultariam da necessidade de o administrador judicial
implementar um procedimento alternativo para a nomeação
de contas. No geral, a DPC não concluiu que os direitos
fundamentais do queixoso tivessem precedência sobre os
interesses legítimos do destinatário e, como resultado, o
destinatário tinha uma base legal para processar o nome do
queixoso, para efeitos dos interesses legítimos do
destinatário.
A DPC também concluiu que o síndico tinha uma base legal, de acordo com a seção 2A(1)
(b)(i) das Leis, para divulgar dados pessoais ao seu agente gestor, para auxiliar na gestão
diária da concordata. A DPC constatou que a instituição financeira obteve os dados
pessoais do reclamante para efeitos de celebração de contrato de empréstimo. Este era
um propósito específico, explícito e legítimo. A divulgação dos dados pessoais do
reclamante pela instituição financeira ao destinatário, e pelo destinatário ao agente
gestor, esteve de acordo com a finalidade inicial para a qual os dados pessoais foram
obtidos. Este processamento durante a recuperação judicial não constituiu
processamento adicional de acordo com a seção 2(1)(c)(ii) das Leis. A DPC avaliou se o
síndico tinha base legal para abrir uma conta bancária em nome do reclamante. O
queixoso alegou que esta conta foi aberta sem o seu conhecimento ou consentimento. O
consentimento é uma das bases legais para o processamento de dados pessoais nos
termos das Leis. A DPC considerou se o destinatário tinha de outra forma uma base legal
para o processamento nos termos da seção 2A(1)(d) das Leis, com base em interesses
legítimos. Para avaliar esta base jurídica, o DPC teve em conta o processo C-13/16(1) do
Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE), que estabelece um teste em três etapas para
o tratamento com base em interesses legítimos, como segue: com base em interesses
legítimos. Para avaliar esta base jurídica, o DPC teve em conta o processo C-13/16(1) do
Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE), que estabelece um teste em três etapas para
o tratamento com base em interesses legítimos, como segue: com base em interesses
legítimos. Para avaliar esta base jurídica, o DPC teve em conta o processo C-13/16(1) do
Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE), que estabelece um teste em três etapas para
o tratamento com base em interesses legítimos, como segue:
No que diz respeito à alegação de que o destinatário tinha
obtidoacesso à conta pessoal da Receita do reclamante, a
DPC concluiu que o destinatário não obteve acesso à conta
pessoal online da Receita do reclamante, conforme alegado. O
síndico atuava como agente tributário em relação ao LPT e
isso não permitia o acesso a uma conta pessoal da Receita. Em
relação à apólice de seguro subscrita em nome do
reclamante, a DPC considerou que o destinatário não
procedeu ao tratamento de dados pessoais neste caso.
Durante o curso da investigação, a DPC também examinou
se o destinatário havia cumprido os princípios de proteção
de dados previstos na seção 2 das Leis. A este respeito, a
DPC examinou a correspondência inicial que o síndico enviou
ao queixoso, notificando-o da sua nomeação. Esta
correspondência consistia em uma carta de apresentação e
uma cópia do DOA. A carta de apresentação e a DOA foram
avaliadas para determinar se o
Valsts policijas Rīgas reģiona pārvaldes Kārtības
policijas pārvalde v Rīgas pašvaldības SIA «Rīgas
satiksme» Processo C-13/16
• O tratamento de dados pessoais deve ser para a prossecução de um
interesse legítimo do responsável pelo tratamento ou de terceiro;
OBJEÇÃO AO PROCESSAMENTO 93
o destinatário cumpriu a sua obrigação de processar os dados
pessoais de forma justa. A Seção 2D das Leis exigia que uma
organização que controla dados pessoais fornecesse informações
sobre a identidade do controlador de dados, informações sobre os fins
pretendidos para os quais os dados podem ser processados, as
categorias dos dados em questão, bem como quaisquer outras
informações necessárias. para permitir um processamento justo. A
DPC considerou que a correspondência era suficiente para informar o
reclamante da identidade do responsável pelo tratamento dos dados
(e do responsável pelo tratamento dos dados original). No entanto, a
DPC considerou que, embora o destinatário não fosse obrigado a
fornecer informações granulares sobre cada finalidade para a qual os
dados pessoais deveriam ser processados, o destinatário deveria ter
fornecido uma descrição geral das finalidades para as quais os dados
pessoais se destinavam a ser processados. , e isso não foi feito neste
caso . Foi também considerado que o destinatário deveria ter
fornecido as categorias de dados pessoais que possuía em relação ao
reclamante, mas isso não foi feito. À luz disto, a DPC considerou que o
receptor não cumpriu a secção 2D das Leis.
para gerenciar e realizar ativos garantidos. Os indivíduos devem
estar cientes de que as suas informações podem ser processadas
sem o seu consentimento em circunstâncias em que uma escritura
de hipoteca preveja a nomeação de um destinatário. Ao mesmo
tempo, os destinatários devem cumprir as suas obrigações ao
abrigo das Leis e do RGPD de fornecer aos indivíduos informações
sobre o processamento no início da liquidação. A decisão é
actualmente objecto de recurso por parte do queixoso para o
Tribunal de Circuito.
1. Valsts policijas Rīgas reģiona pārvaldes kārtības policijas
pārvalde v Rīgas pašvaldības SIA «Rīgas satiksme» Processo
C-13/16
2. Heinz Huber/Bundesrepublik Deutschland Processo
C-524/06
3. O tratamento de dados pessoais foi considerado num caso
semelhante em que o mesmo reclamante apresentou
uma reclamação contra o agente gestor neste caso. Nessa
decisão, a DPC considerou que o agente gestor tinha
interesse legítimo no tratamento dos dados pessoais do
reclamante para efeitos de seguro do imóvel.
Esta decisão da DPC demonstra que os destinatários privados e os
seus agentes podem tratar licitamente dados pessoais dos
mutuários, sempre que tal tratamento seja necessário para
ESTUDO DE CASO 112
Publicação não autorizada de fotografia
(Resolução Amigável)
A DPC recebeu uma reclamação de um indivíduo
relativamente à publicação da sua fotografia num artigo
contido num boletim informativo do local de trabalho sem o
seu consentimento. O responsável pelo tratamento dos
dados, que era o empregador do indivíduo no setor público,
informou o indivíduo que deveria ter obtido consentimento
para utilizar a fotografia no boletim informativo do local de
trabalho, uma vez que não era esse o propósito para o qual a
fotografia foi obtida. O responsável pelo tratamento também
informou ao indivíduo que ocorreu uma violação de dados
neste caso.
fotografia do indivíduo no boletim informativo do local de trabalho.
A(s) finalidade(s) para a(s) qual(is) a fotografia foi inicialmente obtida
não incluía(m) a publicação numa newsletter. Um pedido de
desculpas do empregador foi emitido ao indivíduo. No entanto, o
queixoso não considerou que esta fosse uma resolução adequada
para a queixa em questão.
A DPC forneceu recomendações para que um folheto de
informações de consentimento seja distribuído ao pessoal antes
do uso de fotografia, áudio e/ou vídeo, e que um formulário de
consentimento para fotografia, áudio e vídeo seja preenchido e
assinado antes da obtenção de imagens ou gravações, o que o
controlador posteriormente implementado.
Esta reclamação foi identificada como potencialmente resolvida amigavelmente ao
abrigo da Secção 109 da Lei de Protecção de Dados de 2018, tendo tanto o
reclamante como o responsável pelo tratamento de dados concordado em
trabalhar com a DPC para tentar resolver a questão amigavelmente.
O Artigo 5(1)(b) do GDPR afirma que “os dados pessoais serão
coletados para finalidades específicas, explícitas e legítimas e não
serão processados posteriormente de maneira incompatível com
essas finalidades ('limitação de finalidade'). o controlador de
dados processou posteriormente os dados pessoais do indivíduo
sem o seu consentimento (ou outra base legal) para fazê-lo
quando publicou a fotografia do funcionário no boletim
informativo do local de trabalho. A DPC emitiu uma carta
informando o queixoso sobre o mesmo. O
O controlador de dados entrou em contato com a DPC sobre o
assunto e informou que havia conduzido uma investigação
interna e determinado que ocorreu uma violação de dados e
que deveria ter sido obtido consentimento para usar o
94 ESTUDOS DE CASOS DA COMISSÃO DE PROTEÇÃO DE DADOS
A DPC ficou satisfeita com as medidas organizacionais introduzidas
posteriormente e, como tal, não se justificaram quaisquer outras acções por
parte do responsável pelo tratamento neste caso.
significativo, mas mesmo assim o processamento de dados pessoais
incomoda o indivíduo e é uma violação do GDPR nas circunstâncias.
Isto sublinha a necessidade de todas as organizações formarem o
pessoal — a todos os níveis e em todas as funções — para estarem
conscientes do RGPD e terem em conta os seus princípios.
Neste estudo de caso, os riscos para os direitos e liberdades
fundamentais do indivíduo não poderiam ser considerados
ESTUDO DE CASO 113
Processamento de imagens de cerimónia fúnebre pela igreja paroquial
(Resolução Amigável)
Relatório Anual 2021 Estudo de Caso 3 (Lei Aplicável
— GDPR e Lei de Proteção de Dados de 2018)
a igreja informa aos participantes no início dos cultos que eles serão
transmitidos ao vivo e possuem placas com essas informações nas
portas de entrada. A igreja paroquial implementou alterações devido a
esta reclamação, incluindo informar os participantes durante um culto
que o mesmo está a ser transmitido em directo, incluindo informações
sobre a sua transmissão em directo e gravação em boletins
informativos paroquiais e no seu site, apenas respondendo a pedidos
por escrito de gravações e protegendo a senha do gravações no futuro.
Um indivíduo apresentou uma reclamação contra uma
igreja paroquial relativa ao tratamento de dados pessoais
do indivíduo decorrentes da transmissão e gravação em
direto do funeral de um familiar a que o indivíduo tinha
assistido. O indivíduo também reclamou da falta de
transparência da gravação.
A DPC escreveu ao indivíduo e informou-o, ao abrigo da
secção 109(5)(c) da Lei de 2018, que a igreja paroquial e
aqueles que não podiam comparecer a um serviçofúnebre
tinham um interesse legítimo em assistir ao serviço por
transmissão em directo ou gravação. A DPC registou o
período de retenção de 30 dias das imagens, a visão fixa
restrita da câmara e as alterações que a igreja paroquial
fez decorrentes desta denúncia, incluindo a exigência de
pedido de gravação por escrito e protecção de palavra-
passe dessas gravações. A DPC informou ao indivíduo que
a resposta da igreja paroquial era razoável nas
circunstâncias desta queixa e referiu que a gravação foi
solicitada por outro familiar do falecido. No entanto,
O indivíduo queixou-se à DPC sobre a resposta da igreja
paroquial à sua preocupação com a utilização de transmissão e
gravação em directo nos serviços fúnebres. Na nossa análise da
reclamação, a DPC contactou a igreja paroquial para determinar a
sua base legal para o processamento e para esclarecimentos
sobre a sua resposta à reclamação de dados. A igreja paroquial
informou a DPC que foi utilizada a transmissão em directo dos
serviços fúnebres durante as restrições da Covid-19 e que gravam
os serviços fúnebres quando solicitados pelos familiares, o que
aconteceu nesta denúncia, geralmente quando não se pode
comparecer ao funeral. A igreja paroquial informou a DPC que
utiliza uma câmara em local fixo para fazer estas gravações e
para transmissão em directo. A igreja paroquial remove as
gravações do seu site ao final de 30 dias.
A igreja paroquial pediu desculpas ao indivíduo por qualquer
sofrimento causado e particularmente por não ter informado o
indivíduo do período de retenção de apenas 30 dias. A paróquia
OBJEÇÃO AO PROCESSAMENTO 95
ESTUDO DE CASO 114
Processamento adicional para uma finalidade compatível
O queixoso era um advogado que contratou outro
advogado para os representar em processos
judiciais. A relação entre o queixoso e o advogado
contratado pelo queixoso ruiu e o advogado
apresentou uma queixa sobre o comportamento
do queixoso à Sociedade Jurídica. Neste contexto,
o advogado forneceu certas informações sobre o
queixoso à Law Society. O queixoso remeteu o
assunto para a DPC, alegando que o advogado
tinha infringido a legislação de protecção de
dados.
A DPC salientou que, quando o responsável pelo tratamento
apresentou uma reclamação à Law Society, procedeu ao
tratamento posterior dos dados pessoais do reclamante. Dado
que o tratamento posterior se destinava a uma finalidade
diferente da finalidade para a qual foi recolhido, a DPC teve de
considerar se a finalidade subjacente ao tratamento posterior
era incompatível com a finalidade original.
A DPC confirmou que uma finalidade diferente não é
necessariamente uma finalidade incompatível e que a
incompatibilidade deve ser sempre avaliada caso a caso. Neste
caso, a DPC considerou que, por existir um interesse público em
garantir a adequada regulamentação da profissão jurídica, a
finalidade para a qual os dados do reclamante foram
posteriormente tratados não era incompatível com a finalidade
para a qual foram originalmente recolhidos. Nesta base, o
responsável pelo tratamento agiu de acordo com a legislação de
proteção de dados.
Foi estabelecido que o advogado do reclamante era o responsável
pelo tratamento dos dados, uma vez que controlava o conteúdo e a
utilização dos dados pessoais do reclamante para efeitos de
prestação de serviços jurídicos ao reclamante. Os dados em questão
consistiam (entre outras coisas) em informações relacionadas com o
processo judicial do queixoso e eram dados pessoais porque o
queixoso podia ser identificado a partir deles e estavam relacionados
com o queixoso como indivíduo.
A DPC observou então que, além de outros requisitos legais, um
controlador de dados deve ter uma base legal para o processamento
de dados pessoais. A base jurídica que o responsável pelo tratamento
procurou invocar neste caso foi que o tratamento era necessário para
efeitos dos interesses legítimos prosseguidos pelo responsável pelo
tratamento. A este respeito, a DPC considerou que o responsável pelo
tratamento dos dados tinha um interesse legítimo em divulgar à
Sociedade Jurídica qualquer comportamento que pudesse
desacreditar a reputação da profissão jurídica. Além disso, o Código
de Conduta da Sociedade Jurídica exigia que o controlador de dados
denunciasse má conduta grave à Sociedade Jurídica). Como resultado,
a DPC considerou que o responsável pelo tratamento dos dados tinha
uma base jurídica válida para divulgar os dados pessoais do queixoso
e não tinha infringido a legislação.
A DPC observou a jurisdição da Law Society para lidar com
queixas relacionadas com a má conduta de advogados (em
virtude das Leis dos Solicitadores de 1954-2015). Também aceitou
que o tipo de má conduta que a Law Society pode investigar inclui
qualquer conduta que possa prejudicar a reputação da profissão.
A DPC também observou que a Law Society aceita jurisdição para
investigar reclamações feitas por advogados sobre outros
advogados (e não apenas reclamações feitas por ou em nome de
clientes) e o seu código de conduta exige que, se um advogado
acreditar que outro advogado está envolvido em má conduta ,
deverá ser reportado à Law Society. A DPC considerou, portanto,
que a reclamação apresentada pelo responsável pelo tratamento
dos dados à Law Society foi devidamente apresentada e que cabia
à Law Society decidir sobre o mérito da reclamação.
Nos termos do artigo 6.º do RGPD, o responsável pelo tratamento de dados
deve ter uma base jurídica válida para o tratamento de dados pessoais.
Uma dessas bases jurídicas, no artigo 6.º, n.º 1, alínea f), do RGPD,
estabelece que o tratamento é lícito se e na medida em que for necessário
para efeitos dos interesses legítimos prosseguidos pelo responsável pelo
tratamento ou por um terceiro, exceto sempre que tais interesses sejam
anulados pelos interesses ou direitos ou liberdades fundamentais do titular
dos dados. No entanto, o artigo 6.º, n.º 4, do RGPD prevê que, quando o
tratamento de dados pessoais for realizado para uma finalidade diferente
daquela para a qual os dados foram inicialmente recolhidos, tal só será
permitido quando esse tratamento posterior for compatível com as
finalidades para as quais o foram inicialmente recolhidos dados pessoais.
A DPC considerou então se o responsável pelo tratamento dos dados
tinha cometido uma violação da legislação de protecção de dados. A
este respeito, a DPC observou que os responsáveis pelo tratamento
dos dados devem cumprir determinados princípios jurídicos que estão
estabelecidos na legislação pertinente. De particular relevância para
esta reclamação foi o requisito de que os dados devem ser obtidos
para fins específicos e não processados de forma incompatível com
esses fins. A DPC estabeleceu que a razão pela qual os dados pessoais
do reclamante foram inicialmente recolhidos/tratados foi para efeitos
de prestação de serviços jurídicos ao reclamante. O
Ao considerar se o tratamento para outra finalidade é compatível com a
finalidade para a qual os dados pessoais foram inicialmente recolhidos,
os responsáveis pelo tratamento devem tomar em consideração
96 ESTUDOS DE CASOS DA COMISSÃO DE PROTEÇÃO DE DADOS
em consideração (i) qualquer ligação entre as finalidades para as
quais os dados foram recolhidos e as finalidades do tratamento
posterior pretendido, (ii) o contexto em que os dados foram
recolhidos, (iii) a natureza dos dados pessoais, (iv) o
possíveis consequências do tratamento posterior pretendido para
os titulares dos dados e (v) a existência de garantias adequadas.
ESTUDO DE CASO 115
Tratamento necessário para efeitos de interesses legítimos
prosseguidos por um responsável pelo tratamento
Este reclamante era funcionário de uma loja situada
num centro comercial e esteve envolvido num incidente
no parque de estacionamento do centro comercial
relativo ao pagamento da taxa de estacionamento.
Após o incidente, o gestor do parque de
estacionamentoapresentou uma queixa ao
empregador do queixoso e as imagens das imagens
CCTV foram fornecidas ao empregador do queixoso. O
queixoso remeteu o assunto à DPC para examinar se a
divulgação das imagens CCTV era lícita.
afirmou que o responsável pelo tratamento dos dados tinha, em princípio,
um interesse legítimo em divulgar os dados pessoais do queixoso pelas
razões que apresentou. No entanto, não era “necessário” que o responsável
pelo tratamento dos dados divulgasse as imagens fixas da CCTV ao
empregador do queixoso para efeitos de prossecução desses interesses
legítimos. Isto deveu-se ao facto de o funcionário do parque de
estacionamento contratado pelo responsável pelo tratamento dos dados ter
poder discricionário para tomar medidas contra o reclamante, na
prossecução dos interesses legítimos, sem necessidade de envolver o
empregador do reclamante. Por exemplo, o atendente do estacionamento
tinha poder discricionário para proibir o reclamante de usar o
estacionamento sem envolver o empregador do reclamante. Nesta base, a
DPC determinou que não era necessário que o responsável pelo tratamento
dos dados notificasse o empregador do reclamante sobre o incidente e lhe
fornecesse imagens fixas do CCTV. Assim, o responsável pelo tratamento
dos dados não tinha base jurídica para o fazer e violou a legislação em
matéria de protecção de dados.
Foi estabelecido que o centro comercial era o responsável pelo
tratamento dos dados, uma vez que controlava o conteúdo e a
utilização das informações pessoais do reclamante para efeitos de
divulgação das imagens fixas do CCTV ao empregador do
reclamante. Os dados em questão consistiam em imagens do
reclamante e eram dados pessoais porque se referiam ao
reclamante como indivíduo e o reclamante podia ser identificado a
partir deles.
Nos termos do artigo 6.º do RGPD, os dados pessoais só podem ser
tratados quando exista uma base legal para o fazer. Uma dessas bases
jurídicas é o artigo 6.º, n.º 1, alínea f), que estabelece que o tratamento
é lícito se e na medida em que for necessário para efeitos dos
interesses legítimos prosseguidos pelo responsável pelo tratamento
ou por um terceiro, exceto quando tais interesses são anulados pelos
interesses ou direitos ou liberdades fundamentais do titular dos
dados. Os responsáveis pelo tratamento dos dados devem estar
cientes, no entanto, de que não é suficiente apenas demonstrar que
existe um interesse legítimo no tratamento dos dados pessoais;
Artigos 5.º, n.º 1, alínea c) e 6.º, n.º 1
(f) exigir que os responsáveis pelo tratamento dos dados sejam capazes de
demonstrar que o tratamento em questão se limita ao que é “necessário” para a
prossecução desses interesses legítimos.
O responsável pelo tratamento de dados argumentou que tinha um
interesse legítimo em divulgar as imagens CCTV ao empregador do
queixoso, por exemplo, para evitar que as pessoas saíssem do parque de
estacionamento sem pagar e para rescindir o acordo que tinha com o
empregador do queixoso relativamente ao estacionamento do seu pessoal
no estacionamento. A DPC observou que um controlador de dados deve ter
uma base legal para processar os dados pessoais de uma pessoa. Uma das
bases jurídicas em que um responsável pelo tratamento pode confiar é que
o tratamento é necessário para efeitos dos interesses legítimos
prosseguidos pelo responsável pelo tratamento. (Esta foi a base jurídica em
que o responsável pelo tratamento procurou basear-se aqui.) A DPC
reconhece
OBJEÇÃO AO PROCESSAMENTO 97
ESTUDO DE CASO 116
Tratamento necessário para efeitos de
execução de um contrato
Este queixoso esteve envolvido num incidente num
parque de estacionamento de um edifício onde
trabalhava. Uma reclamação foi apresentada pelo
gestor do parque de estacionamento ao empregador
do queixoso e as imagens das imagens CCTV do
incidente foram posteriormente obtidas pelo
empregador do queixoso. Foram então instaurados
processos disciplinares contra o queixoso decorrentes
do incidente no parque de estacionamento. O gestor
do queixoso e outros colegas do queixoso visualizaram
as imagens fixas da CCTV no contexto do processo
disciplinar.
os dados estão sendo processados) é uma parte. A DPC observou
que o responsável pelo tratamento dos dados procurou
argumentar que a utilização das imagens CCTV era necessária para
a execução do contrato de trabalho do queixoso. No entanto, a DPC
considerou que não era «necessário» que o responsável pelo
tratamento processasse os dados pessoais do queixoso contidos
nas imagens CCTV para executar esse contrato. Para que este
argumento fosse bem sucedido, o responsável pelo tratamento dos
dados teria de demonstrar que não poderia ter executado o
contrato de trabalho do queixoso sem tratar os dados pessoais do
queixoso. Como o controlador de dados não conseguiu convencer a
DPC de que este era o caso, o controlador de dados foi considerado
como tendo infringido a legislação de proteção de dados.
O empregador do reclamante era o responsável pelo
tratamento dos dados em relação à reclamação, porque
controlava o conteúdo e a utilização dos dados pessoais do
reclamante para efeitos de gestão do emprego do
reclamante e de condução do processo disciplinar. Os dados
em questão consistiam em imagens do reclamante e eram
dados pessoais porque se referiam ao reclamante como
indivíduo e o reclamante era identificável a partir deles.
A DPC observou ainda que, além do requisito de ter uma base legal
para o tratamento, existem também certos princípios jurídicos que um
responsável pelo tratamento de dados deve cumprir, ao tratar dados
pessoais. Destacou que o tratamento deve ser adequado, relevante e
limitado ao necessário em relação às finalidades para as quais os
dados são tratados. A DPC tomou nota do argumento do responsável
pelo tratamento de dados de que as imagens fixas do CCTV estavam
limitadas ao incidente em questão e que apenas um número limitado
de pessoal envolvido no processo disciplinar viu as imagens fixas. No
entanto, a DPC considerou que o responsável pelo tratamento não
conseguiu demonstrar por que era necessário utilizar as imagens
CCTV. Nesta base, houve uma nova violação da legislação por parte do
responsável pelo tratamento dos dados.
Em resposta à reclamação, o responsável pelo tratamento dos
dados sustentou que tinha uma base legal para o tratamento dos
dados pessoais do reclamante ao abrigo da legislação, porque as
imagens CCTV foram utilizadas para fazer cumprir o código de
conduta dos funcionários, que fazia parte do contrato de trabalho
do reclamante. Afirmou ainda que, devido à gravidade do
incidente envolvendo o reclamante, era necessário que o
responsável pelo tratamento investigasse o incidente de acordo
com a política disciplinar da empresa, referida no contrato de
trabalho do reclamante. O responsável pelo tratamento dos dados
também argumentou que as imagens fixas do CCTV estavam
limitadas ao incidente em questão e que apenas um número
limitado de pessoas envolvidas no processo disciplinar as
visualizaram.
Nos termos do artigo 6.º do RGPD, os dados pessoais só podem ser
tratados quando exista uma base legal para o fazer. Uma dessas bases
jurídicas é o artigo 6.º, n.º 1, alínea b), que estabelece que o tratamento é
lícito se e na medida em que for necessário para a execução de um
contrato do qual o titular dos dados seja parte. Os responsáveis pelo
tratamento dos dados devem estar cientes, no entanto, de que não é
suficiente apenas demonstrar que existe uma base contratual para o
tratamento dos dados pessoais; Os artigos 5.º, n.º 1, alínea c), e 6.º, n.º 1,
alínea b), exigem que os responsáveis pelo tratamento dos dados sejam
capazes de demonstrar que o tratamento em questão se limita ao que é
“necessário” para efeitos de execução do contrato.
A DPC observou que a legislação de protecção de dados
permite o tratamento de dadospessoais de uma pessoa
quando o tratamento for necessário para a execução de um
contrato ao qual o titular dos dados (a pessoa cujo
98 ESTUDOS DE CASOS DA COMISSÃO DE PROTEÇÃO DE DADOS
ESTUDO DE CASO 117
Processamento justo e legal de imagens CCTV de um cliente
Esta queixa dizia respeito ao tratamento dos dados pessoais
do queixoso sob a forma de uma imagem fixa proveniente de
imagens CCTV captadas numa casa de apostas, através da
distribuição dessa imagem a diversas casas de apostas da
cadeia com uma nota de advertência ao pessoal, a fim de
evitar que o queixoso fazer apostas.
A Comissão examinou então se a obrigação de tratar os
dados pessoais de forma leal tinha sido cumprida pelo
responsável pelo tratamento dos dados. Neste contexto, a
Comissão observou que o responsável pelo tratamento
dos dados é obrigado a fornecer ao reclamante
informações sobre os elementos-chave da recolha e
utilização dos dados pessoais do reclamante. O
responsável pelo tratamento de dados forneceu ao
reclamante um documento interno da empresa e
confirmou que os dados pessoais do reclamante foram
processados de acordo com este documento. No
entanto, o documento tinha uma data posterior à data em
que os dados pessoais do reclamante foram tratados.
Nesta base,
A Comissão determinou que a casa de apostas era a
responsável pelo tratamento dos dados porque controlava e
tratava os dados pessoais em questão. Os dados eram (entre
outras coisas) uma imagem do reclamante e notas internas
distribuídas ao pessoal do responsável pelo tratamento de
dados sobre o reclamante. Os dados eram dados pessoais
porque se referiam ao reclamante como indivíduo e o
reclamante podia ser identificado a partir dos dados.
Em resposta à reclamação, o responsável pelo tratamento apresentou
uma série de razões para o tratamento dos dados pessoais do
reclamante e procurou argumentar que existia uma base jurídica
válida para cada finalidade, conforme previsto na legislação de
proteção de dados.
Por último, a Comissão considerou o período de tempo durante o
qual os dados pessoais foram conservados. A este respeito, observou
que a legislação pertinente exige que o responsável pelo tratamento
de dados guarde os dados pessoais apenas durante o período
necessário para os fins para os quais os dados são tratados. Os
dados pessoais do queixoso foram conservados durante
aproximadamente sete anos. A Comissão considerou que, uma vez
que o responsável pelo tratamento dos dados tinha um interesse
legítimo em conservar os dados do queixoso (para gestão do risco
comercial), o responsável pelo tratamento dos dados agiu em
conformidade com a legislação a este respeito.
As razões e correspondentes bases jurídicas apresentadas pelo
responsável pelo tratamento incluíram o seguinte:
1. Obrigações legais e regulamentares: O responsável pelo
tratamento de dados argumentou que é obrigado a reter e
utilizar dados pessoais para cumprir determinadas obrigações
legais e regulamentares, tais como detectar atividades de apostas
suspeitas e transações fraudulentas ao abrigo da legislação de
justiça criminal aplicável. A base jurídica apresentada pelo
responsável pelo tratamento dos dados foi que o tratamento era
lícito porque era necessário que o responsável pelo tratamento
dos dados cumprisse uma obrigação legal.
Nos termos do artigo 6.º do RGPD, um responsável pelo tratamento de
dados deve ter uma base legal válida para o tratamento de dados pessoais.
Entre as bases lícitas disponíveis estão que o tratamento de dados pessoais é
necessário para a prossecução dos interesses legítimos prosseguidos pelo
responsável pelo tratamento ou que o tratamento é necessário para o
cumprimento de uma obrigação legal a que o responsável pelo tratamento
está sujeito. O responsável pelo tratamento deve ter uma base legal não
apenas para a obtenção inicial dos dados pessoais, mas também para o seu
processamento contínuo, incluindo o armazenamento, e os dados não
devem ser conservados por mais tempo do que o necessário para a
finalidade para a qual são processados ( Artigo 5(1)(e) do RGPD) .
2. Gestão de Risco: O responsável pelo tratamento alegou que
regista dados pessoais relativos a clientes para gestão de risco
comercial. A base jurídica apresentada a este respeito foi que o
tratamento era lícito porque era necessário para efeitos dos
interesses legítimos prosseguidos pelo responsável pelo
tratamento dos dados.
3. Criação de perfis: O responsável pelo tratamento de dados confirmou que
realiza a criação de perfis das atividades de apostas dos clientes para
(entre outras coisas) melhorar a experiência do cliente. O responsável
pelo tratamento alegou que esse tratamento é lícito, pois é necessário
para o cumprimento das obrigações legais e para efeitos dos interesses
legítimos prosseguidos pelo responsável pelo tratamento.
Além de ter uma base legal válida para o processamento de dados pessoais,
no entanto, um responsável pelo tratamento de dados deve cumprir uma
série de obrigações adicionais em relação aos dados pessoais que estão
sendo processados. Em particular, os dados pessoais devem ser tratados de
forma justa e transparente. Para este efeito, o responsável pelo tratamento
de dados é obrigado a fornecer ao titular dos dados determinadas
informações nos termos do artigo 13.º do artigo 14.º do RGPD, de acordo
com os requisitos do artigo 12.º do RGPD. As informações que devem ser
fornecidas ao
A Comissão decidiu que o responsável pelo tratamento dos dados
identificou uma base jurídica adequada para cada finalidade para
a qual tratou dados pessoais relativos aos seus clientes.
OBJEÇÃO AO PROCESSAMENTO 99
o titular dos dados inclui a identidade e os dados de contacto do
responsável pelo tratamento e do responsável pela proteção de dados do
responsável pelo tratamento, quando aplicável, as finalidades do
tratamento e os destinatários ou categorias de destinatários dos dados,
caso existam . A informação deve ser prestada de forma
concisa, transparente, inteligível e de fácil acesso, utilizando
linguagem clara e simples.
ESTUDO DE CASO 118
Processamento e divulgação ilegais de dados de categorias especiais
Um titular de dados apresentou uma reclamação à
Comissão de Proteção de Dados (DPC) contra o seu
banco (o responsável pelo tratamento dos dados), por
acreditar que os seus dados pessoais foram tratados
ilicitamente. O titular dos dados explicou que possuía
uma hipoteca junto do responsável pelo tratamento
dos dados, e esta hipoteca foi vendida a outro banco,
no âmbito de um contrato de venda de empréstimo. O
titular dos dados queixou-se de que esta venda foi
processada sem o seu conhecimento ou consentimento
prévio e estava especificamente preocupado com o
facto de o responsável pelo tratamento partilhar o seu
endereço de e-mail pessoal e número de telemóvel
com outro banco, por considerar que se tratava de uma
divulgação excessiva de dados pessoais. Embora o
titular dos dados não tenha se oposto à partilha do seu
nome, morada ou número de telefone fixo,
dados pessoais sem consentimento prévio, uma vez que uma das
outras cinco bases, listadas no Artigo 6 do GDPR, seja atendida. Neste
caso, o responsável pelo tratamento de dados baseou-se no artigo 6.º,
n.º 1, alínea f), e, como tal, é obrigado a realizar um teste de equilíbrio
para garantir que os interesses legítimos prosseguidos pelo
responsável pelo tratamento não são anulados pelos interesses,
direitos, ou liberdades fundamentais do titular dos dados. O
responsável pelo tratamento confirmou à DPC que tinha realizado um
teste de equilíbrio e foi confirmado que o tratamento dos dados
pessoais, neste caso, não se sobrepõe aos interesses, direitos ou
liberdades fundamentais do titular dos dados.
O responsável pelo tratamento explicou ainda que era necessário que o
responsável pelo tratamento partilhasse as informações de contacto do
titular dos dadoscom o outro banco, uma vez que eram os novos
responsáveis pelo tratamento dos dados para o empréstimo do titular dos
dados. O responsável pelo tratamento também esclareceu que não faz
distinção entre os diferentes tipos de informações de contacto, ou seja,
números de telefone fixo e móvel, uma vez que esta informação foi
fornecida ao responsável pelo tratamento de dados para efeitos de contacto
com clientes. Como tal, esta informação é exigida pelo banco gestor do
empréstimo.
Antes de contactar a DPC, o titular dos dados contactou diretamente o
responsável pelo tratamento dos dados relativamente à sua
reclamação. O responsável pelo tratamento respondeu ao titular dos
dados e informou que a sua base legal para o tratamento dos seus
dados pessoais era o artigo 6(1)(f) do Regulamento Geral de Proteção
de Dados (RGPD), que afirma: “O tratamento é necessário para efeitos
do legítimo interesses perseguidos pelo controlador.”
O Artigo 9 do GDPR descreve dados pessoais de categoria especial
como:
“dados pessoais que revelem a origem racial ou étnica, as opiniões
políticas, as convicções religiosas ou filosóficas, ou a filiação sindical, e o
tratamento de dados genéticos, dados biométricos para efeitos de
identificação inequívoca de uma pessoa singular, dados relativos à saúde
ou dados relativos à saúde de uma pessoa singular vida sexual ou
orientação sexual.”
Ao iniciar o exame, a DPC comunicou a reclamação do titular dos
dados ao responsável pelo tratamento e solicitou uma resposta
detalhada. O responsável pelo tratamento informou à DPC que,
como parte do seu Aviso de Privacidade de Dados, cuja cópia é
fornecida aos seus clientes, detalha que o responsável pelo
tratamento pode vender ativos da empresa para gerir os seus
negócios. Isso também é detalhado na carta de oferta de
empréstimo aos solicitantes de hipotecas.
Assim, a DPC esclareceu ao titular dos dados que os números de telemóvel
e endereços de correio eletrónico não se enquadram nesta categoria. Nos
termos da secção 109(5)(c) da Lei de 2018, a DPC informou o titular dos
dados que, depois de examinar a sua reclamação, a DPC não encontrou
provas de que os seus dados pessoais tenham sido tratados ilegalmente.
Embora o responsável pelo tratamento se baseasse numa base legítima
para processar os dados, fê-lo de forma transparente e manteve o titular
dos dados totalmente informado em todas as fases principais da venda,
pelo que esta foi conduzida com o conhecimento prévio do titular dos
dados. A DPC não considerou necessária qualquer acção adicional no
momento da publicação do resultado.
Em relação à partilha excessiva de dados pessoais, o
responsável pelo tratamento destacou que não considera um
endereço de e-mail ou um número de telemóvel como
informação sensível, nem se enquadra em categorias especiais
de dados pessoais nos termos do artigo 9.º do RGPD.
A DPC informou que, embora o consentimento seja uma das seis bases
legais para o processamento de dados pessoais, é legal processar
100 ESTUDOS DE CASOS DA COMISSÃO DE PROTEÇÃO DE DADOS
ESTUDO DE CASO 119
Processamento ilegal de dados de categorias especiais
Um titular de dados apresentou uma reclamação à
Comissão de Proteção de Dados (DPC) contra o seu
empregador (responsável pelo tratamento de dados)
relativamente ao tratamento dos seus dados de saúde nos
termos do artigo 9.º do Regulamento Geral de Proteção de
Dados (RGPD). O titular dos dados explicou à DPC que tinha
sido dispensado do trabalho pelo seu médico de família e,
por isso, apresentou o seu atestado médico à sua entidade
empregadora, num envelope endereçado ao Médico da
organização. Um membro da equipe na função de gerente
interino abriu o atestado médico; no entanto, o papel dessa
pessoa não era o de médico. Antes de contactar a DPC, o
titular dos dados contactou o seu empregador para
responder às suas preocupações de que considerava que os
seus dados pessoais sensíveis tinham sido tratados
ilegalmente; no entanto, eles não receberam resposta à sua
reclamação.
Como parte da sua análise, a DPC contactou o responsável pelo
tratamento dos dados e partilhou os detalhes da reclamação do
titular dos dados. O responsável pelo tratamento respondeu à
DPC e explicou que, de acordo com os Procedimentos
Operacionais Padrão da sua organização, como não havia
nenhum médico de serviço no dia em questão, a responsabilidade
e autoridade para conceder licença, por doença ou não, cabe
automaticamente ao gestor no dia, que neste caso foi o gestor
que processou o atestado médico.
O titular dos dados não aceitou a explicação fornecida pelo
responsável pelo tratamento dos dados e contestou que um atestado
médico não deveria ser processado por ninguém que não fosse o
médico responsável designado.
Através do seu exame, a DPC concluiu que, nos termos da secção 109(5)(c)
da Lei de 2018, o responsável pelo tratamento dos dados tinha uma base
legítima para processar os dados pessoais sensíveis do titular dos dados ao
abrigo do RGPD e, portanto, não ocorreu qualquer tratamento ilegal.
Nenhuma ação adicional contra o responsável pelo tratamento foi
considerada necessária em relação à reclamação do titular dos dados.
ESTUDO DE CASO 120
Processamento leal de dados pessoais
(Lei Aplicável — GDPR e Lei de Proteção de Dados de 2018)
Um titular de dados apresentou uma reclamação à Comissão de
Proteção de Dados (DPC) contra o seu empregador (responsável
pelo tratamento de dados) relativamente ao tratamento dos seus
dados pessoais ao abrigo do Regulamento Geral de Proteção de
Dados (RGPD). O titular dos dados explicou à DPC que os
detalhes de um assunto confidencial como parte de uma
referência foram fornecidos a um terceiro (um potencial
empregador). Antes de contactar a DPC, o titular dos dados
contactou o responsável pelo tratamento para responder às suas
preocupações, pois considerava que os seus dados pessoais
tinham sido tratados ilegalmente; no entanto, não receberam
uma resposta satisfatória à sua reclamação.
mencionou que o responsável pelo tratamento dos dados divulgou
um assunto confidencial na referência fornecida ao potencial
empregador.
Como parte da sua análise, a DPC contactou o responsável pelo
tratamento dos dados e partilhou os detalhes da reclamação do
titular dos dados. O responsável pelo tratamento respondeu à
DPC e explicou que se baseia no consentimento e no interesse
legítimo para divulgar o assunto confidencial. O responsável pelo
tratamento sublinhou que, ao equilibrar os direitos do titular dos
dados com os interesses do terceiro (e daqueles a quem presta
cuidados), determinou que tinha o dever de diligência para
garantir que o destinatário da referência (potencial empregador)
recebesse um referência verdadeira, precisa, justa e relevante
para a função a que o titular dos dados se candidatou.
A DPC observa que o fornecimento de uma referência sobre um
funcionário de um empregador atual/antigo a um terceiro, como
um potencial empregador, geralmente envolverá a divulgação
de dados pessoais. O titular dos dados
O responsável pelo tratamento dos dados ficou satisfeito com o facto de
os dados terem sido tratados de forma justa e transparente. Afirmou
ainda que, devido à natureza do emprego, tinha uma
OBJEÇÃO AO PROCESSAMENTO 101
dever de cuidado não apenas com as pessoas que apoiam, os
funcionários, mas também com os potenciais empregadores que
prestam serviços de apoio à mesma categoria de clientes.
É importante considerar se o estatuto do responsável pelo tratamento
dos dados, as obrigações legais ou contratuais aplicáveis (ou outras
garantias feitas no momento da recolha) podem dar origem a
expectativas razoáveis de confidencialidade mais rigorosa e
limitações mais rigorosas à utilização posterior. A DPC levou em
consideração se o responsável pelo tratamento dos dados poderia ter
alcançado o mesmo resultado sem divulgar os detalhes confidenciais