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Relatório Final de Atividades de Pesquisa COORDENADOR: PROF. DR. FABRÍCIO AZEVEDO VOLTARELLI PROCESSO NÚMERO: 331264 / 2012 EDITAL DE REFERÊNCIA: EDITAL UNIVERSAL DE APOIO À PESQUISA (Nº. 005/2012) VIGÊNCIA: 2012 a 2014 FAPEMAT RELATÓRIO DE ATIVIDADES DE PESQUISA 2 Título do Projeto: EFEITO DO TREINAMENTO FÍSICO COMBINADO SOBRE A HIPERLACTACIDEMIA DE REPOUSO E O COMPRIMENTO DO TELÔMERO COMO MARCADOR DE SENESCÊNCIA CELULAR DE PESSOAS VIVENDO COM HIV/AIDS Área de Conhecimento (Segundo CNPq) Ciências da Saúde Sub-Área de Conhecimento (Segundo CNPq) Educação Física Palavras-Chaves hiv/aids, treinamento físico combinado, hiperlactacidemia, comprimento do telômero Duração do Projeto Início:2012 Término:2014 Resumo do Projeto (máximo de 10 linhas) O objetivo do PRESENTE PROJETO DE PESQUISA foi verificar O EFEITO DO EXERCÍCIO FÍSICO COMBINADO (tfc) SOBRE A HIPERLACTACIDEMIA de repouso (HR) DE PESSOAS hiv+. OS SUJEITOS foram SUBMETIDOS A 16 SEMANAS de tFc E AVALIADOS, NOS MOMENTOS PRÉ E PÓS-TREINAMENTO, QUANTO ao vo2máx (ergoespirometria), À CINÉTICA DE LACTATO SANGUÍNEO (laCMIN) e as células CD45 (marcador de senescência celular). Podemos concluir que o programa de exercícios físico aplicado não prejudicou os parâmetros analisados e, ainda, foi capaz de melhorar variáveis importantes, sendo estas necessárias para a adesão a um programa de treinamento físico prescrito para pessoas vivendo com HIV/AIDS, garantindo-os, assim, maior independência bem como melhoras da saúde e, consequentemente, da qualidade de vida. Referência da Chamada (Edital) EDITAL UNIVERSAL/FAPEMAT – Nº. 005/ 2012 Instituição Proponente (para Editais de Governo) Universidade Federal de Mato Grosso Coordenador Fabrício Azevedo Voltarelli Instituição Executora Universidade Federal de Mato Grosso Outras Instituições envolvidas no projeto Universidade católica de brasília (ucb) – brasília/DF Equipe Executora* Nome do Pesquisador Instituição 1 – fabrício azevedo voltarelli doutor ufmt/cuiabá 2 – JONATO PRESTES doutor ucb/brasília 3- caRLOS aLEXANDRE FETT DOUTOR UFMT/CUIABÁ FAPEMAT RELATÓRIO DE ATIVIDADES DE PESQUISA 3 4- CHRISTIANNE DE FARIA COLEHO RAVAGNANI DOUTORA UFMT/CUIABÁ 7 – alesandro garcia mestre ufmt/cuiabá 8 – roberto carlos vieira junior mestre ufmt/cuiabá 9 – carolina mendes santos silva mestrandA ufmt/cuiabá 10 – joice cristina dos santos trombeta mestranda ufmt/cuiabá 11 – GÉSSICA ALVES FRAGA mestranda ufmt/cuiabá 1 - Dados do pesquisador NOME: Fabrício Azevedo Voltarelli CPF: 294.893.518-06 2 - Dados do projeto TÍTULO DO PROJETO: EFEITO DO TREINAMENTO FÍSICO COMBINADO SOBRE A HIPERLACTACIDEMIA DE REPOUSO E O COMPRIMENTO DO TELÔMERO COMO MARCADOR DE SENESCÊNCIA CELULAR DE PESSOAS VIVENDO COM HIV/AIDS INÍCIO: 2012 TÉRMINO: 2014 3 - Instituição INSTITUIÇÃO: Universidade Federal de Mato Grosso UNIDADE / DEPARTAMENTO: Faculdade de Educação Física/Departamento de Educação Física RELATÓRIO DE ATIVIDADES Protocolo/Processo 331264/2012 4 - Breve descrição das atividades realizadas, destacando os avanços científicos e/ou tecnológicos alcançados A concentração elevada de lactato sanguíneo, conhecida como hiperlactacidemia, em repouso, pode causar efeitos tóxicos às células, que vão desde a ocorrência de náuseas e vômitos até dores abdominais, fadiga e perda de peso. A hiperlactacidemia na situação de repouso tem sido diagnosticada em inúmeras pessoas vivendo com HIV/AIDS. Diversos estudos vêm sendo realizados com o intuito de desenvolver métodos que visam minimizar o impacto das alterações metabólicas causadas pela associação entre a infecção do vírus HIV e o tratamento farmacológico, visto que esta associação diminui a qualidade de vida das pessoas vivendo com HIV/AIDS. Dentre as intervenções não-medicamentosas para evitar as consequências negativas advindas da infecção do vírus HIV associada ao uso dos fármacos, está a mudança relacionadas ao estilo de vida, como por exemplo alimentar-se de forma saudável, evitar substâncias nocivas ao corpo (álcool, tabagismo e outras drogas) e, de forma importante, praticar exercícios físicos regulares. Um programa de exercícios físicos, bem orientado, que respeite as individualidades dos pacientes vivendo com HIV/AIDS e os estágios da doença, pode trazer inúmeros benefícios, tais como: aumento e manutenção do consumo máximo de oxigênio, aumento das resistências anaeróbia e aeróbia, aumentos da massa e força musculares bem como redução do percentual de gordura. Porém, existem poucos relatos relacionados aos efeitos do treinamento físico aeróbio realizado concomitantemente ao treinamento físico resistido (treinamento físico combinado) sobre as elevadas concentrações de lactato em repouso em pessoas convivendo com HIV/AIDS, bem como sobre a cinética de lactato sanguíneo durante o exercício, dessa população A hipótese de nosso estudo é que ocorressem efeitos positivos sobre as variáveis metabólicas relacionadas à saúde e sobre a concentração de lactato de repouso (e também em exercício e durante o período de recuperação; i.e., cinética) em pessoas vivendo com HIV/AIDS submetidas ao treinamento físico combinado. O que encontramos foi algo não esperado em relação ao lactato sanguíneo e melhoras substanciais no que se refere à saúde dos pacientes, sobretudo relacionado ao sistema imune (células TCD45+). 5 - Objetivos previstos no plano de trabalho e que foram alcançados Os objetivos previstos e alcançados seguem descritos abaixo: Geral: Verificar a a cinética de lactato sanguíneo e sua resposta ao treinamento físico combinado, assim como avaliar os efeitos sobre a aptidão física relacionada à saúde e performance, parâmetros bioquímicos e função imunológica de pessoas vivendo com HIV/AIDS. (alcançado) Específicos Avaliar os efeitos do treinamento físico combinado, como fator interveniente, no que se refere: a. aos aspectos sanguíneos e bioquímicos presentes no leucograma e eritograma e demais analises (fosfatase alcalina, transaminase glutamico oxalacética- TGO/AST, transaminase glutamico pirúvica- TGP/ALT, proteínas totais, albumina, globulina, razão A/G., mineirais, ácido úrico e creatinina; ALCANÇADO b. à cinética de lactato sanguíneo durante sessões simuladas de exercícios aeróbios e resistido: ALCANÇADO. c. à hiperlactacidemia de repouso como possível marcador fisiológico de disfunção mitocondrial do músculo esquelético; ALCANÇADO. d. à aspectos imunológicos: Quantificação da carga viral; Contagem das células TCD4+, células TCD8+ e células CD45+; Razão CD4+/CD8; CD45+: ALCANÇADO. e. ao perfil glicêmico e lipídico: Glicemia de jejum, HDL, Colesterol total, Triglicerídeos, LDL, VLDL; ALCANÇADO f. aos componentes da aptidão física relacionada à saúde (força e resistência muscular de membros superiores e inferiores); ALCANÇADO. g. aos parâmetros de performance, tais como Consumo Máximo de Oxigênio e cinética de lactato durante o exercício aeróbio e resistido; ALCANÇADO h. à composição corporal e antropometria; ALCANÇADO 6- METODOLOGIA DO PROJETO METODOLOGIA: Este estudo foi realizado na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT/ Cuiabá/MT) e contou com a participação de uma equipe multidisciplinar composta por enfermeiros, médicos, professores de educação física e nutricionistas. O trabalho foi desenvolvido entre os meses de Outubro de 2012 e Julho de 2013, dando continuidade aos trabalhos desenvolvidos pelo grupo de pesquisa FIBAMEF/NAFIMES sobre esta temática. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do HUJM (Número do Protocolo: 673/09). SUJEITOS DA PESQUISA: A amostra foi composta, inicialmente,por 12 pacientes vivendo com HIV/AIDS (Idade: 39,75±10,67 anos de idade; Tempo de Portador: 7,75±7,88 anos; Tempo de HAART: 6,41±5,93 anos) em tratamento no Serviço de Assistência Especializada (SAE) e Centro Estadual de Referência de Alta e Média Complexidade (CERMAC), ambos localizados no município de Cuiabá-M, os quais finalizaram todas as etapas relacionadas às avaliações, coletas e ao treinamento físico. Os critérios de inclusão do estudo foram: ter idade mínima de 18 anos, ser sedentário, não ter nenhum impedimento quanto à prática de atividade física, estar fazendo uso da Terapia Antirretroviral de Alta Potência (HAART) e ter completado todas as etapas pré-treinamento. Não foram incluídos os pacientes que apresentaram: doenças inflamatórias agudas ou crônicas (artrites, lesões músculo-articulares); doenças cardíacas e vasculares; câncer; contagem de CD4 menor que 200 células/mm3; gravidez e que não obtiveram liberação médica. TREINAMENTO FÍSICO: O período de treinamento físico foi de 18 semanas, composto da seguinte maneira: 2 semanas de adaptação; 16 semanas de treinamento físico propriamente dito; 6 semanas disponibilizadas para a realização dos testes (inicio, 8 semanas e 16 semanas de treinamento físico), totalizando um período de treinamento físico + avaliações de 24 semanas. TREINAMENTO FÍSICO COMBINADO: O treinamento físico resistido foi realizado na forma de circuito, onde os participantes realizavam uma série em cada equipamento de musculação (alternados por segmentos). Ao final do circuito, era feito um intervalo de recuperação de aproximadamente 90 segundos. Posteriormente, repetia-se a mesma sequência. Os valores de carga foram obtidos a partir do teste de 10RM e os de resistência muscular localizada pelo número máximo de repetições por minuto. Após a realização do treinamento físico resistido, os sujeitos iniciavam o treinamento físico aeróbio, consistido de caminhada em pista de atletismo (400 metros) de 30 a 40 minutos; esse treinamento foi prescrito com base nos valores da frequência cardíaca individual obtidos pela seguinte fórmula: FCmáxima=208-(0,7 x idade) (Haskell e Fox; 2001); durante toda o período de treinamento físico, os participantes fizeram uso de frequêncimetros (POLAR ®). TESTES E EXAMES: Os exames bioquímicos foram realizados no início e ao final do período de treinamento físico. As coletas sanguíneas foram realizadas por enfermeiras experientes cedidas pelo CERMAC-MT. As coletas e avaliações a seguir foram realizadas em três momentos distintos: pré-treinamento, após 8 e 16 semanas de treinamento físico. Todas as outras avaliações (abaixo) foram realizadas na academia e na sala de avaliação física da Faculdade de Educação Física da UFMT e na pista de atletismo da mesma instituição. Análise do Lactato Sanguíneo de repouso: Análise da concentração de lactato sanguíneo, em repouso, de cada participante/paciente, a qual consistiu de duas coletas sanguíneas por meio de perfuração do dedo indicador As coletas ocorreram nos momentos iniciais do teste de 2400 m de Cooper e da sessão simulada de treinamento resistido. O resultado final foi obtido pela média das duas coletas. Análise da Cinética de Lactato durante o treinamento resistido: Para esta avaliação foi respeitado o período de 2 semanas de adaptação e somente foi realizada após a conclusão do teste de 10 RM. Uma sessão simulada de treinamento resistido (uma volta no circuito, 10 repetições a 60% de carga) foi executada e as coletas sanguíneas aconteceram nos momentos anterior à sessão simulada e ao final desta, assim como, aos 15, 30, 45, 60 e 120 minutos de repouso passivo. Análise da Cinética de Lactato durante o treinamento aeróbio: Esta análise foi realizada durante a execução do teste de 2400 metros. As coletas aconteceram antes do teste, ao final do mesmo e aos 5 e 10 minutos de recuperação ativa e passiva, respectivamente. Avaliação da aptidão Cardiorrespiratória: Para essa avaliação foi utilizado o Teste de 2400 m de Cooper, que consiste na realização de um deslocamento de 2400 metros, na máxima velocidade possível, permitindo aos participantes caminhar ou correr. Composição corporal: Os participantes foram orientados anteriormente a avaliação quanto: não ingerir bebidas alcoólicas, não consumir alimentos ou bebidas que contivessem substâncias estimulantes, ingerir a quantidade mínima de 2 litros de água, assim como, urinar até no máximo 30 minutos antes do teste. No dia da avaliação brincos, correntes e/ou anéis foram retirados, assim como, o tênis dos participantes. Força e resistência muscular: Para a padronização do treinamento foi utilizado um teste de repetições máximas (RMs). O teste de 10 RMs foi realizado seguindo as seguintes recomendações adaptadas de Kraemer e Fry (1995): 1) aquecimento de 5 a 10 repetições de 40 a 60% de carga estimada, seguido de um descanso de 1 minuto 2) execução de 3 a 5 repetições com 60% de carga estimada e um descanso de 3 minutos; 3) Incremento do peso, tentando alcançar as 10 repetições máximas em três ou cinco tentativas, usando 3 a 5 minutos de descanso entre uma tentativa e outra. Sendo que as mudanças de carga ocorrem da seguinte maneira: realização de menos de 10 repetições, a carga foi diminuída em 2 a 10%. Se o individuo realizou mais de 2 repetições, além da pedida, a carga sofreu alteração positiva na mesma proporção. ANÁLISE ESTATÍSTICA: Para testar a normalidade dos dados foi usado o teste de Kolmogorov-Smirnov. Posteriormente, foi utilizado o teste t Student para comparar os momentos pré e pós-intervenção. Os momentos pré, 8 semanas e 16 semanas foram analisados pelo teste ANOVA. O nível de significância pré-estabelecido foi de 5% (p < 0,05). 7 - Dificuldades encontradas Não foram encotradas dificuldades de grande magnitude durante todas as etapas do projeto. O ÚNICO PROBLEMA FOI O ATRASO NA LIBERAÇÃO DO DINHEIRO, FATO QUE NOS FEZ ALTERAR ALGUNS OBJETIVOS E DIRECIONAMENTOS DO PROJETO. NO ENTANTO, TAL FATO NÃO IMPACTOU NEGATIVAMENTE SOBRE A QUALIDADE DO QUE FOI FEITO. 8 - Soluções encontradas para superar as dificuldades A solução foi encontrar parceiros que pudessem suprir nossas necessidades, tanto as que ocorreram em curto prazo ou àquelas estendidas. 9 – RESULTADOS OBTIDOS Tabela 4. Aspectos imunológicos dos participantes submetidos ao treinamento físico combinado de 16 semanas CARGA VIRAL (CÓPIAS⁄ML) Pré-treinamento Pós-treinamento Média±DP Média±DP P 12.896±28.627 9.418±19.079 0,62 TCD4+ (cél/µl) 519±173 633±222 0,04* TCD8+ (cél/µl) 988±622 1076±693 0,21 TCD4+/TCD8+ 0,52 0,59 0,46 TCD45+ (cél/µl) 1985±809 2303±1015 0,05* LEUCÓCITOS (mil/mm3) 5,45±1,55 5,47±1,87 0,95 NEUTRÓFILOS (mil/mm3) 3,17±1 3,24±1,24 0,78 EOSINÓFILOS (mil/mm3) 0,22±0,1 0,21±0,17 0,52 BASÓFILOS (mil/mm3) 0,05±0,03 0,03±0,02 0,02* LINFÓCITOS (mil/mm3) 1,68±0,53 1,70±0,66 0,902 MONÓCITOS (mil/mm3) 0,32±0,14 0,32±0,15 0,614 Linfócitos T CD4+ (TCD4+) (células/ µl); Linfócitos T CD8+ (TCD8+) (células/ µl); Linfócitos T CD45+ (TCD45+) (células/ µl); Os valores estão expressos em média±desvio padrão; Teste T Student * Para os valores de p≤0,05. Tabela 5. Aptidão cardiorrespiratória, teste de força (1RM) e teste de repetições máximas (10 RM) nos momentos pré, 8 e 16 semanas de treinamento físico combinado Pré-treinamento 8 semanas Pós-treinamento Média±DP Média±DP Média±DP P APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA VO2máx (ml.kg-1.min-1) 22,68±3,32A 28,09±4,73B 28,07±5,20B 0,005* Tempo (min) 25,73±4,50A 20,16±3,70B 20,24±3,72B 0,002* Velocidade média (m/s) 1,50±0,27A 2,05±0,40A 2,04±0,45B 0,008* TESTE DE REPETIÇÕES MÁXIMAS ½ Agachamento (kg) 38±19A 52±23A,B 65±26B 0,023* Supino reto(kg) 20±11 24±11 28±14 0,261 Mesa flexora (kg) 33±15 39±17 45±17 0,202 Puxada alta (kg) 27±12 31±13 34±12 0,325 Leg press 45º (kg) 110±48A 150±49A, B 178±60B 0,013* Tríceps polia (Kg) 22±9 26±10 30±13 0,234 Des. de ombro (kg) 16±1021±10 23±11 0,303 Rosca direta (kg) 14±7 18±6 20±6 0,119 TESTE DE 1 RM Supino reto(kg) 22±9 30±14 34±15 0,107 Leg press 45º (kg) 156±62A 185±71A,B 221±75B 0,085* Rosca direta (kg) 20±8 23±10 24±10 0,579 Consumo máximo de oxigênio (VO2máx) (ml.kg-1.min-1); Tempo (minutos); Velocidade média (metros/segundos); Repetições Máximas (RM). Resultados expressos em média±desvio padrão; Tabela 6. Perfil bioquímico geral dos pacientes submetidos ao treinamento físico combinado de 16 semanas. Pré-treinamento Pós-treinamento Média±DP Média±DP p-valor Glicose(mg/dL) 93±9,88 86±6,52 0,004* CT(mg/dL) 165±40,74 164±32,35 0,87 HDL-c(mg/dL) 44±9,50 49±9,43 0,044* LDL-c(mg/dL) 101±43,09 95±33,29 0,214 VLDL-c(mg/dL) 24±11,73 20±8,08 0,165 TG(mg/dL) 135±67,61 101±39,36 0,031* Hemácias(mm3) 3,85±0,76 4,05±0,85 0,116 Hemoglobina(mm3) 12,63±1,78 13,16±1,69 0,112 Plaquetas(mil/mm3) 260,25±54,50 252,67±66,39 0,548 Creatinina(mg/dL) 0,70±0,17 0,70±0,19 1 Ácido Úrico(mg/dL) 4,26±1,13 4,50±1,22 0,004* PT(g/dL) 7,27±0,53 7,34±0,64 0,571 Albumina(g/dL) 4,18±0,19 4,17±0,23 0,825 Globulina(g/dL) 3,08±0,43 3,17±0,54 0,490 A/G 1,38±0,16 1,35±0,24 0,675 TGO/AST(U/L) 25,75±4,80 30,24±15,42 0,231 TGP/ALT(U/L) 30±11,89 28,75±22,17 0,784 FA(U/L) 89,24±19,72 95,42±42,10 0,567 Transferina(mg/dL) 245,92±30,47 245,75±33,82 0,971 Sódio(mmol/L) 138,83±3,58 139,83±2,72 0,380 Potássio(mmol/L) 4,27±0,44 4,23±0,43 0,804 Fósforo(mmol/L) 3,59±0,50 3,42±0,43 0,289 Cloro(mmol/L) 101,67±2,09 101,75±3,05 0,938 Magnésio(mmol/L) 1,90±0,16 1,93±0,16 0,434 Cálcio(mmol/L) 9,13±0,42 9,12±0,37 0,962 Tabela 7. Composição corporal e antropometria de pessoas vivendo com HIV/AIDS nos momentos pré, 8 e 16 semanas de treinamento físico combinado Pré-treinamento 8 semanas Pós-treinamento Média±DP Média±DP Média±DP P COMPOSIÇÃO CORPORAL MCT(kg) 70±20,61 69,24±19,92 69,08±19,58 0,993 MGA (Kg) 24,28±16,32 24,27±16,13 23,54±15,80 0,992 MGR (%) 32,60±12,50 32,17±12,21 31,74±12,34 0,986 MMA (Kg) 45,73±8,68 45,55±8,39 45,23±8,5 0,990 MMR (%) 68,25±12,48 67,83±12,29 67,52±12,37 0,989 AA (Lt) 33,48±6,34 33,10±6,14 33,33±6,24 0,989 AR (%) 49,95±9,15 49,65±8,58 49,65±9,04 0,995 IMC (kg/m²) 27,50±9,7 27,22±9,5 26,98±9,3 0,991 CIRCUNFERÊNCIA PanturrilhaD. (cm) 36,1±5,60 36,1±5,71 36,30±5,69 0,995 Panturrilha E. (cm) 36,3±5,74 36,2±5,25 36,53±5,32 0,990 Coxa medial D.(cm) 53,4±9,45 53,9±9,35 54,59±9,77 0,957 Coxa medial E. (cm) 53,1±9,31 53,4±8,67 54,30±9,56 0,950 Quadril (cm) 103±16,42 102,56±15,87 104,61±17,03 0,953 Abdômen (cm) 90,8±12,50 89,35±11,97 92,96±16,76 0,827 Cintura (cm) 83±12,57 82,25±11,43 83,54±12,63 0,969 Peitoral (cm) 93,6±11,77 92,42±10,07 93,60±10,21 0,954 Braço direito (cm) 29,3±5,80 29,67±5,57 29,85±5,43 0,971 Braço esquerdo (cm) 28,9±5,59 29,40±5,80 29,29±5,19 0,975 RCQ (m.a) 0,81±0,07 0,81±0,06 0,80±0,07 0,977 Figura 1. Concentração de lactato de repouso dos participantes nos momentos pré, 8 e pós treinamento físico. Resultados expressos como média±desvio padrão. Tabela 8. Concentração de lactato sanguíneo nos momentos inicial e final durante sessão simulada de treinamento resistido e nos momentos de repouso. Lac inicial Lac final 15' 30' 45' 60' Pré - T 3,19±0,59A 7,83±2,29 5,71±1,86 4,15±1,09A 3,64±1,02A 3,40±0,80 8 SEM 4,66±1,75B 9,53±1,71 6,69±1,50 5,63±0,92B 5,12±1,16B 4,28±0,60 PÓS - T 4,39±0,76B 10,05±2,90 7,10±1,72 6,12±1,39B 5,63±1,80B 4,34±0,66 P 0,009* 0,068 0,136 0,001* 0,003* 0,003* Lactato sanguíneo (Lac) (mmol/l); pré-treinamento (pré-T); semanas (sem); pós-treinamento (pós-T); Resultado em média±desvio padrão. Teste ANOVA com post hoc de Tukey. A B B Figura 2. Cinética de lactato sanguíneo (mmol/L)durante uma sessão simulada de treinamento resistido nos momentos pré, 8 semanas e pós treinamento. C.L (cinética de lactato sanguíneo); Teste ANOVA com post hoc de Tukey. * Nível de significância p<0,05. Figura 3. Cinética de lactato sanguíneo (mmol/L) durante a realização do teste de 2400 m de Cooper.C.L (cinética de lactato sanguíneo); Resultado expresso em média; Teste ANOVA com post hoc de Tukey.* Nível de significância p<0,05. Tabela 9. Concentração de lactato nos momentos inicial e final do treinamento do teste de 2400m de Cooper e nos momentos de repouso Lac inicial Lac final 5' 10' Pré - T 2,9±1,10A 4,4±3,13 A 4,25±2,96A 4,1±2,12 8 SEM 3,4±1,75A,B 7,5±2,40 B 5,8±1,14A,B 5,5±1,74 PÓS - T 4,3±0,76B 8,4±2,67 B 6,7±2,44B 5,9±1,89 P 0,010* 0,003 0,048* 0,076 Resultado em média±desvio padrão. Teste ANOVA com post hoc de Tukey. * * * * * * * 10 – Discussão Dos Resultados No presente estudo, foram verificados os efeitos de um programa de treinamento físico combinado de 16 semanas sobre os aspectos bioquímicos (principalmente hiperlactacidemia de repouso e cinética de lactato sanguíneo durante sessões simuladas de exercícios aeróbio e resistido), imunológicos, cardiorrespiratório, força, e, também, antropometria e composição corporal de pessoas vivendo com HIV/AIDS. O estudo contou com a participação de 12 pacientes e não teve grupo controle. Ao final das 16 semanas de treinamento físico combinado, houve aumento na contagem de células TCD4+ e TCD45+, melhora na aptidão cardiorrespiratória (VO2máx) e, ainda, melhor desempenho nos testes de 1 e 10 RM nos equipamentos Leg press 45º e agachamento. No perfil bioquímico geral, ocorreu melhora no perfil glicêmico, aumento nos níveis de HDL-c e diminuição nos níveis de triglicerídeos. Em relação à cinética de lactato sanguíneo, notamos aumento desse substrato durante as avaliações realizadas nos momentos 8 e 16 semanas após o treinamento físico combinado (sessões simuladas de treinamento físico resistido e teste de 2400m de Cooper). Após os principais resultados serem citados acima, discutimos nossos achados na forma de tópicos, devido à variedade de nossos dados e para o melhor entendimento. Sistema imunológico: O sistema imunológico, associado à pratica regular de exercício físico, é uma das grandes preocupações dos profissionais da saúde quando se trata de pessoas vivendo com HIV/AIDS, pois estudos demonstraram que o exercício físico de intensidade vigorosa deprime o sistema imunológico até 72 horas após a sua realização, possibilitando uma “janela aberta” ao surgimento de infecções (FILHO, ABRÃO; 2007; SOUZA, MARQUES, 2000; RASO et al, 2007) . O estresse causado pelo exercício gera respostas agudas e crônicas, seja em pessoas infectadas pelo vírus HIV ou não. As células do sistema imune, leucócitos, neutrófilos, monócitos e linfócitos aumentam durante e imediatamente após o exercício, sendo maiores no esforço de alta intensidade e longa duração (LAPERRIERE et al, 1994). Em nosso estudo, não realizamos coletas de sangue para a determinação dessas células de forma aguda (após as sessões de treinamento físico), ao passo que essas avaliações não foram realizadas no nosso Laboratório de pesquisa, mas, sim, na unidade de tratamento da cidade, a qual possui um limite para realização de exames por paciente. Por outro lado, as coletas sanguíneas para a análise do perfil imunológico foram realizadas nos momentos pré e após 16 semanas (não após 8 semanas de treinamento físico) de treinamento e não foram observadas alterações em relação às células do sistema imune (leucócitos, neutrófilos, monócitos, linfócitos e eosinófilos). Somente foi observada diminuição significativa nos valores dos basófilos. A função dos basófilos está associada ao combate de alergias a longo prazo, como asma ou alergias da pele. Geralmente, essas células constituem menos de 1% do leucograma total (SILVA, GROTTO, VILELA, 2001). Dessa forma, a diminuição observada não pode ser considerada negativa e tampouco decorrência da prática regular de exercício físico, pois é multifatorial. Ainda se tratando de sistema imunológico,houve aumento significativo na contagem de células CD4+ após o programa de treinamento físico combinado. Os estudos de Perna et al (1999) e Garcia et al (2014), este último realizado pelo nosso grupo de pesquisa, também encontraram aumento significativo na contagem das células CD4+ de indivíduos HIV+ que participaram programas de exercícios físicos. Em contrapartida, diversos estudos não encontraram diferenças significativas referentes a esse tipo de célula (ROJAS et al, 2003; ENGELSON et al, 2006; DOLAN et al, 2006). No presente estudo, também foram encontrados valores maiores das células CD45+; por se tratar de uma análise relativamente nova nas unidades de referência, não foram encontradas pesquisas associando as alterações desse tipo de célula com o treinamento físico. De forma importante, sabe-se que a diminuição no funcionamento das células CD45+ está relacionada ao envelhecimento (EARL, BAUM, 2008). Podemos sugerir que, para nossos sujeitos, o treinamento físico combinado além de melhorar a função imune (como já citado) também pode ter contribuído, em partes, para a “desaceleração” do processo de envelhecimento, este aumentado em pessoas vivendo com HIV/AIDS. No entanto, para confirmar essa hipótese, seria necessária a mensuração de marcadores mais fidedignos, tais como o comprimento dos telômeros e/ou a atividade da enzima telomerase. Somado a este contexto, estão os valores de CD8+, da razão CD4+/CD8+ e da carga viral, os quais não sofreram alterações. Sendo assim, podemos concluir que o programa de exercícios físico aplicado não deprimiu o sistema imunológico dos participantes e, ainda, foi capaz de melhorar alguns de seus componentes, sendo isso de extrema importância para a saúde e para adesão nos programas das pessoas vivendo com HIV/AIDS. Capacidade cardiorrespiratória e força muscular: Em indivíduos HIV+, normalmente ocorrem redução da capacidade de esforço e do VO2máx predito para a idade quando estes são comparados a indivíduos saudáveis, fazendo-se necessária a adesão e a assiduidade em programas de atividade física, a fim de minimizar tais sintomas (SOUZA, MARQUES, 2000; PALERMO,FEIJÓ, 2003). Em nosso estudo, os indivíduos foram submetidos a 16 semanas de treinamento físico combinado (aeróbio+resistido) e, ao final deste, foram observados valores de VO2máx significativamente maiores quando comparados ao período pré-treinamento (lembrando que, como limitação, não tivemos grupo controle). Além disso, foi verificada diminuição significativa no tempo de realização do teste cardiorrespiratório e, como consequência, aumento na velocidade média atingida durante este. A melhora nesse importante parâmetro cardiorrespiratório corrobora os achados de outros autores (ROJAS et al, 2003; DOLLAN et al. 2006; GARCIA et al. 2013). Outros estudos associaram o treinamento físico ao uso de fármacos como metformina e testosterona e observaram, além de alteração cardiorrespiratória, melhoras no ganho de força muscular em pessoas vivendo com HIV/AIDS (MCARTHUR et al, 1993; GRISPOON et al, 2000; DRISCOLL et al, 2004). Outra alteração deletéria e comum ao organismo do indivíduo HIV+ é a redução na força muscular e a incapacidade funcional, levando a um quadro de fragilidade e dependência que pode ser associado à baixa qualidade de vida e ao aumento nos riscos de mortalidade. Nesse sentido, o treinamento físico resistido é o que mais contribui para o aumento desta capacidade física devido às adaptações musculares à carga de trabalho (BRASIL, 2012; DUDGEON et al, 2004). Em nosso trabalho, foram encontrados valores estatisticamente positivos nos testes de repetições máximas (10 RMs) nos exercícios ½ agachamento e Leg press 45º, tendo este último apresentando diferenças significativas também no Teste de Força de 1RM. Os achados obtidos por Dolan et al (2006), Lindegaard et al (2008) e Garcia et al (2013) corroboram nossos achados. Há de se ressaltar tais resultados, pois as complicações associadas à infecção pelo HIV (somado ao uso prolongado da HAART), além de diminuírem a tolerância ao esforço físico, podem limitar o desempenho nas atividades da vida diária desses sujeitos. Além disso, a manutenção de valores ótimos de carga de trabalho, VO2máx e força pode minimizar os efeitos deletérios dos quadros de infecção oportunistas e possibilitar a manutenção ou o retorno mais rápido às funções diárias (SOUZA, MARQUES, 2000; BRASIL, 2012; LAZZAROTO, DERESZ, SPRINZ, 2010). Perfil bioquímico: Em relação ao perfil lipídico, foi observado aumento significativo na concentração de HDL- c bem como diminuição nas concentrações sanguíneas de glicose e triglicerídeos, sendo isto de extrema importância para a saúde dos participantes. Sabe-se que o baixo condicionamento físico, força muscular diminuída e sedentarismo aumentam a prevalência de alterações metabólicas de pessoas vivendo com HIV/AIDS, principalmente se as mesmas estivem em uso da HAART (VALENTE et al, 2005; BACHETTI et al, 2005). Ao analisarmos a mudança de hábitos do nosso grupo (adesão ao programa de atividade física; não controlamos a questão nutricional, sendo esta também uma limitação de nosso estudo), observamos que, mesmo fazendo uso da medicação, o treinamento físico combinado foi capaz de, pelo menos em parte, melhorar os perfis glicêmico (<Gl) e lipídico (>HDL- c e <TG) dos participantes. As alterações no perfil lipídico apresentam controvérsias na lieratura quando da aplicação do treinamento físico, pois alguns estudos mostraram resultados semelhantes ao obtidos por nós (isto é, diminuição nos valores de triglicerídeos e aumento do HDL-c) (THONY et al, 2002; LINDEGAARD et al, 2008) e outros não (manutenção dos níveis pré e pós- treinamento físico) (THERRY et al, 2006; ROBINSON, QUINN, RIMMER, 2007). Tais diferenças podem estar relacionadas, pelo menos em parte, aos desenhos experimentais distintos, país de realização e protocolos de exercícios utilizados. Composição corporal e antropometria: Em nosso estudo, não foram observadas alterações quando comparados os valores de composição corporal e antropometria nos momentos pré, 8 e 16 semanas após treinamento físico combinado, corroborando os achados de DOLAN (2006). Porém, diversos estudos verificaram o contrário (ROBINSON, QUINN, RIMMER, 2007; THONI et al, 2002; ENGELSON et al, 2007). Ao analisarmos nossos resultados e, comparando-os aos trabalhos que obtiveram êxito, notamos algumas limitações que poderiam explicar os valores encontrados. Em primeiro lugar, nosso grupo era formado, na sua maioria, por mulheres, as quais possuem menor força muscular e maior acúmulo de gordura corporal. Outro ponto elencado é a ausência de um inquérito/questionário alimentar para controle e orientação nutricional destes indivíduos. E, por último, o aumento no número de ausências ocorrido após a décima segunda semana de treinamento físico. Concentração de lactato sanguíneo (repouso e durante sessões simuladas de exercícios aeróbio e resistido): O fenômeno da hiperlactacidemia de repouso em pacientes fazendo uso da HAART não está totalmente elucidado, mas o mesmo pode estar associado à disfunção mitocondrial causada pelo uso de ITRNs. Em nosso estudo, observamos a ocorrência da hiperlactacidemia de repouso nos três períodos avaliados (pré, 8 e 16 semanas de treinamento físico combinado); nossos achados corroboram outros estudos (JOHN et al, 2010; ROGE et al, 2002; DUONG et al, 2007). No estudo de DOUNG (2007), além do diagnóstico de hiperlactacidemia, os autores demonstraram que pessoas hiperlactacidêmicas possuem redução significativa na capacidade de trabalho quando comparadas às pessoas HIV+ não hiperlactacidêmicas. Infelizmente, em nosso trabalho não foi possível realizar essa comparação, devido ao número reduzido de participantes (embora essa seja uma limitação clássica de estudos com pessoas vivendo com HIV/AIDS; DOLAN et al, 2006; SOUZA et al, 2008) e, por essa razão, sempre corremos o risco de perda amostraldurante o período experimental. Em geral, os autores justificam o aumento do lactato sanguíneo em repouso pela falha no mecanismo da fosforilação oxidativa; este fenômeno (falha) aconteceria devido à mutação e à deterioração do DNA mitocondrial. A inibição da enzima DNA polimerase γ altera a replicação do DNA mitocondrial (DNAmt), sendo este um codificador de subunidades de um complexo de enzimas da cadeia respiratória (BAUER et al, 2004; JOHN et al, 2001; ROGE et al,2002; DUONG et al,2007; MAMIAFO et al,2014). Em nosso estudo, além de efetuarmos as análises de forma aguda e em repouso, nós as efetuamos cronicamente (pré, 8 e 16 semanas de treinamento físico) e imediatamente após (tempos 0, Final, 15, 30, 45, 60 e 120min após o final das sessões) a realização de sessões simuladas de exercícios (resistido e aeróbio). Estudos que investigaram o efeito do treinamento físico combinado sobre a cinética de lactato de pessoas vivendo com HIV/AIDS são escassos na literatura. O presente estudo, para nosso conhecimento, é apenas o segundo a verificar a influência do treinamento físico combinado sobre a cinética de lactato de pessoas vivendo com HIV/AIDS. O outro estudo, também realizado pelo nosso grupo de pesquisa (GARCIA et al. 2014). Os valores aumentados de lactato sanguíneo após o treinamento físico mostraram-se contrários à nossa hipótese inicial; no entanto, não consideramos tal fato como negativo ou prejudicial, pois esse aumento, hipoteticamente, possibilitou um melhor desempenho (possivelmente devido à maior formação de ATP advindo da degradação da glicose durante os testes) no teste indireto de VO2máx e suas variáveis (velocidade e tempo) após 8 e 16 semanas de treinamento, assim como nos exercícios ½ agachamento e Leg Press 45° de uma SSTR. Podemos sugerir, também, que os sujeitos, após adquirirem condicionamento físico adequado (como já mostrado), podem ter se tornado tolerantes à acidose e, com isso, terem obtido resultados satisfatórios. Esse fato, bem como suas possíveis explicações, nos trouxe dúvida, pois a disfunção mitocondrial (que sabidamente pode acometer pessoas vivendo com HIV/AIDS) seria ponto chave para a piora da aptidão cardiorrespiratória desses sujeitos, fato que não ocorreu. A falta de marcadores específicos para a elucidação dessas importantes questões caracteriza-se como uma das principais limitações de nosso estudo. Ao realizarmos trabalhos envolvendo análise do lactato sanguíneo, devemos considerar alguns fatores que podem influenciar sua concentração em repouso, durante e após a realização de exercícios físicos, tais como: tipo de fibra muscular, atividade glicolítica e/ou lipolítica, densidades capilar e mitocondrial e reserva de substratos energéticos (MUJICA, PADILHA, 2001; FAUDE, KINDERMANN, MEYER, 2009). O controle, mesmo que parcial, dessas variáveis, são indispensáveis para a geração de conhecimentos mais concretos acerca desse assunto tão instigante e, ainda, obscuro do ponto de vista científico. Considerações Finais: A realização de estudos futuros, os quais utilizem marcadores teciduais e específicos, torna-se necessária para melhor esclarecer as influências do treinamento físico combinado sobre o perfil imunológico (principalmente em relação às células TCD45+) e a concentração de lactato sanguíneo de pessoas vivendo com HIV/AIDS. 11 - Bibliografia consultada e/ou mais relevante BAUER,A.M. et al. Kinetics of lactate metabolism after submaximal ergometric exercise in HIV-infected patients. HIV Medicine. v. 5, nº 5, p. 371-376, mar. 2004. BRINKMAN,K. et al. Adverse Effects of reverse transcriptase inhibitors: mitochondrial toxicity as common pathway. AIDS. v. 12, nº 14, p. 1735-1744, out.1998. BRITO, C.J. et al. 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V Congresso Brasileiro de Metabolismo, Nutrição e Exercício, 2014. v. 5. p. 149-149. - VOLTARELLI, Fabrício Azevedo ; Garcia, A ; Fraga, G.A. ; SILVA, C. M. S. ; Vieira-Junior, R.C. ; Rubim, C.C. ; FERNANDES, T. A. B. ; Trombeta, J.C.S. ; Reis Filho, A . COMBINED PHYSICAL TRAINING ENHANCES THE BLOOD LACTATE DISAPPEARANCE OF HIV SEROPOSITIVE PATIENTS DURING PASSIVE RECOVERY. In: 60th Annual Meeting of the American College of Sports Medicine (ACSM) and 4th World Congress on Exercise is Medicine, 2013, Indianápolis - IN. MEDICINE & SCIENCE IN SPORTS & EXERCISE, 2013. v. 45. p. S526-S526. - Trombeta, J.C.S. ; FERNANDES, T. A. B. ; Vieira-Junior, R.C. ; Rubim, C.C. ; RIBEIRO, T. C. ; SILVA, V. G. ; Voltarelli, Fabricio A . Análise bioquímica, cardiorrespiratória e antropométrica de participantes do Projeto HIV+Vida / UFMT - Cuiabá. In: 3º Congresso Brasileiro sobre HIV-AIDS e Vírus Relacionados, 2013, Salvador-BA. 3º Congresso Brasileiro sobre HIV-AIDS e Vírus Relacionados, 2013. v. 3. p. 8-8. Trombeta, J.C.S. ; VOLTARELLI, Fabrício Azevedo . Verificação da cinética de lactato sanguíneo e da força muscular de sujeitos HIV+ submetidos ao treinamento físico combinado. In: IV SEMANA ACADÊMICA DA UFMT, 2013, Cuiabá-MT. IV SEMANA ACADÊMICA DA UFMT, 2013. p. 2-2. - Trombeta, J.C.S. ; FERNANDES, T. A. B. ; Rubim, C.C. ; Vieira-Junior, R.C. ; VOLTARELLI, Fabrício Azevedo . Verificação da cinética de lactato sanguíneo e do VO2max de sujeitos HIV+ submetidos ao treinamento físico combinado. In: IX Congresso Brasileiro de Atividade Física e Saúde, 2013, Curitiba-PR. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde (Suplemento 1), 2013. v. 18. p. 251-251. Artigos Publicados: - GARCIA, ALESANDRO ; FRAGA, GÉSSICA ALVES ; VIEIRA, ROBERTO CARLOS ; SILVA, CAROLINA MENDES SANTOS ; TROMBETA, JOICE CRISTINA DOS SANTOS ; NAVALTA, JAMES WILFRED ; PRESTES, JONATO ; VOLTARELLI, FABRICIO AZEVEDO . Effects of combined exercise training on immunological, physical and biochemical parameters in individuals with HIV/AIDS. Journal of Sports Sciences (Print) , v. 32, p. 785- 792, 2014. - FERNANDES, T. A. B. ; Garcia, A ; Trombeta, J.C.S. ; Fraga, G.A. ; Vieira-Junior, R.C. ; PRESTES, J. ; VOLTARELLI, Fabrício Azevedo . EFEITOS DO TREINAMENTO FÍSICO COMBINADO REALIZADO NA INTENSIDADE DO LAN SOBRE A COMPOSIÇÃO CORPORAL E SISTEMA IMUNE DE SUJEITOS HIV. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, v. 21, p. 5-12, 2013. Artigo no Prelo: - Garcia, A ; FRAGA, GÉSSICA ALVES ; SILVA, C. M. S. ; Vieira-Junior, R.C. ; FERNANDES, T. A. B. ; Trombeta, J.C.S. ; TIBANA, R. A. ; PRESTES, J. ; REIS FILHO, ADILSON DOMINGOS DOS ; Voltarelli, Fabricio A . Cinética de lactato de sujeitos HIV+ após 20 semanas de treinamento físico combinado. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde, 2014. 12 - Participações em eventos com apresentação de trabalhos relativos ao projeto Evento / local NOME DO EVENTO: DATA V Congresso Brasileiro de Metabolismo, Nutrição e Exercício – Londrina-PR 60th Annual Meeting of the American College of Sports Medicine (ACSM) and 4th World Congress on Exercise is Medicine – Indianápolis 2013 IV SEMANA ACADÊMICA DA UFMT, 2013, Cuiabá-MT. IV SEMANA ACADÊMICA DA UFMT, 2013 2013 3º Congresso Brasileiro sobre HIV-AIDS e Vírus Relacionados, 2013, Salvador-BA. 3º Congresso Brasileiro sobre HIV-AIDS e Vírus Relacionados, 2013 2013 IX Congresso Brasileiro de Atividade Física e Saúde, 2013, Curitiba-PR. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde (Suplemento 1), 2013 2013 13 - Ganhos obtidos pela instituição, advindos do desenvolvimento do projeto. -Fortalecimento do grupo de pesquisa NAFIMES; -Intercâmbio com laboratórios de pesquisa intra e interinstitucionais; -Qualificação de alunos para atuação em pesquisa por meio da Iniciação Científica; -Publicação de artigos e resumos em periódicos e eventos nacionais e internacionais; -Fortalecimento da linha “Nutrição, Exercício, Rendimento Físico e Doenças Metabólicas” do mestrado em Biociências-Nutrição da Faculdade de Nutrição da UFMT; -Recomendação pela CAPES, da abertura do mestrado em Educação Física da UFMT em 2012; - 02 alunos de Iniciação Científica (ambos bolsistas FAPEMAT) - 01 aluno de Mestrado (defesa já realizada e cópia da Dissertação em CD em anexo ao presente processo) 14 - Data e assinatura Cuiabá-MT, 19 de fevereiro de 2014. . ________________________________________ ASSINATURA DO PESQUISADOR (Prof. Dr. Fabrício Azevedo Voltarelli)