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Aquisição da LinguagemAquisição da Linguagem AUTORIA Greicy Juliana Moreira Bem vindo(a)! Acadêmico (a), Seja muito bem-vindo(a)! Vamos dar início a nossa trilha de aprendizagem. Aqui, vamos construir nosso conhecimento sobre os conceitos fundamentais relacionados à Aquisição de Linguagem. Na unidade I, denominada de “AQUISIÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM”, a ênfase central será conhecer a diferença entre Linguagem, língua e fala. Depois, vamos compreender as acepções da linguagem. Por �m, nosso diálogo será direcionado para o processo de aquisição e desenvolvimento da linguagem. Já na unidade II, denominada de “PRESSUPOSTOS TEÓRICOS SOBRE A LINGUAGEM”, vamos ampliar nossos conhecimentos sobre os pensamentos de: Skinner, Chomsky, Piaget, Vygotsky. Então, vamos conhecer as acepções de cada dessas teorias. Depois, na unidade III, intitulada de “DIFICULDADES NO PERCURSO”, trataremos, especi�camente, sobre as falhas na aquisição e no desenvolvimento de linguagem. Assim, ao longo da unidade, entenderemos o que signi�ca o atraso simples de linguagem. Além disso, quais são as características de desvios fonológicos. Por último, nossa conversa será sobre o Distúrbio Especí�co Da Linguagem - DEL. Para �nalizar, na unidade IV, denominada de de “MULTIMODALIDADE E SEGUNDA LÍNGUA”, nosso primeiro diálogo será sobre a perspectiva Multimodal de aquisição da linguagem. Essa concepção vai além dos estudos linguísticos pautados apenas em aspectos verbais. Os teóricos que defendem a multimodalidade asseveram, que os modos interativos, como por exemplo, os gestos, movimentos corporais, direcionamento do olhar e expressões faciais têm destaque, uma vez que alinhados, proporcionam aquisição da linguagem. No último tópico da unidade, nossos olhares serão direcionados para aquisição do português como língua materna e também como segunda língua para os surdos. Aproveito para reforçar o convite a você, para junto conosco percorrer esta trilha de conhecimento e ampliar os horizontes sobre tantos assuntos abordados em nosso material. Desejo que os assuntos aqui disponibilizados contribuam efetivamente para o seu crescimento pessoal e pro�ssional. Muito obrigada e bom estudo! Sumário Essa disciplina é composta por 4 unidades, antes de prosseguir é necessário que você leia a apresentação e assista ao vídeo de boas vindas. Ao termino da quarta da unidade, assista ao vídeo de considerações �nais. Unidade 1 Aquisição e Desenvolvimento da Linguagem Unidade 2 Pressupostos Teóricos Sobre a Linguagem Unidade 3 Di�culdades no Percurso Unidade 4 Multimodalidade e Segunda Língua Aquisição e Desenvolvimento da Linguagem AUTORIA Greicy Juliana Moreira Sumário Introdução 1 - Conceito de Linguagem, Língua, Fala 2 - Compreendendo a Linguagem 3 - Aquisição e Desenvolvimento da Linguagem Considerações Finais Introdução Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, adquirindo novos conhecimentos e investindo em sua formação pessoal e pro�ssional. Para tanto, este material de estudo, por meio de uma linguagem dialógica, apresentará conceitos teóricos alinhados à situações de realidade, que contribuirão signi�cativamente para o desenvolvimento de competências e habilidades essenciais para sua a atuação pro�ssional. Esta primeira Unidade, intitulada de “Aquisição e Desenvolvimento da Linguagem” é de suma importância para todo pro�ssional que deseja trabalhar na área da educação, em especí�co para aquele que está inserido no processo de ensino da Língua Portuguesa, pois entender a natureza da linguagem é importante para qualquer pessoa que se interesse por possíveis aplicações práticas dos resultados da investigação linguística. Contudo, tal compreensão é imprescindível e também, muito preciosa para quem estuda ou ensina uma língua. Essa unidade está dividida em três tópicos e cada um deles possuem além dos conteúdos propostos as seções #saiba mais, #re�ita, e ainda, dicas de novas leituras, como por exemplo, livros, �lmes e sites, que corroboram para o entendimento dos conteúdos disponibilizados. No tópico I, denominado: “Conceito de Linguagem, língua e fala”, a ideia central é apresentar informações sobre as diferenças existentes entre essa tríade, explicando e exempli�cando as especi�cidades de cada termo. Na sequência, o tópico II, intitulado de “Compreendendo a Linguagem”, a ênfase será realizar uma re�exão teórica acerca das concepções de linguagem: A linguagem como expressão do pensamento; A linguagem como instrumento de comunicação; A linguagem como interação . Por �m e não menos importante, o tópico III, chamado de “Aquisição e Desenvolvimento da Linguagem”, o diálogo será especi�camente sobre o processo que a criança realiza para adquirir e desenvolver a linguagem. Plano de Estudo: 1. Conceito de Linguagem, Língua e Fala 2. Compreendendo a Linguagem 3. Aquisição e Desenvolvimento da Linguagem Objetivos de Aprendizagem: 1. Conceituar e contextualizar as diferenças entre Linguagem, Língua e Fala 2. Compreender as especi�cidades da Linguagem 3. Entender o processo de aquisição da Linguagem Conceito de Linguagem, Língua, Fala Estudante, olá! Neste primeiro tópico da Unidade I, intitulado de “Conceito de Linguagem, língua e fala”, a ênfase é sobre a diferença entre esses três conceitos considerados pelos linguistas como uma tríade, pois são indissociáveis no processo comunicativo, porém individualmente diferenciáveis entre si. É válido ressaltar, que, muitas vezes, esses termos são confundidos como semelhantes e/ou mesmo como sinônimos. Além disso, muitos dos problemas existentes entre os relacionamentos pessoais e/ou pro�ssionais estão relacionados aos problemas de comunicação. Em virtude disso, no decorrer deste tópico, nosso objetivo será apresentar informações sobre as especi�cidades dos termos em questão, elucidando assim as diferenças existentes entre eles, objetivando o entendimento do processo de aquisição da linguagem. Assim, as informações aqui disponibilizadas estão baseadas na perspectiva teórica de Saussure (2012), Bakhtin/Volochinov (1992) e Bakhtin (2003), e demais estudiosos na área, como por exemplo, Geraldi (1997), Koch (2002), Soares (1998), dentre outros . Então, embarque comigo nessa trilha repleta de novos conhecimentos. O que é Linguagem? De acordo com as acepções do dicionário, no que se refere à área da: sf: 1. LINGUÍSTICA: qualquer meio sistemático de comunicar ideias ou sentimentos através de signos convencionais, sonoros, grá�cos, gestuais etc. (Oxford, online). Como podemos perceber, o termo LINGUAGEM tem um conceito bem amplo e, para nosso diálogo, vamos utilizar a seguinte acepção: todo e qualquer sistema de signos empregados pelas pessoas com intuito de produzir sentidos (TRASK, 2004). Infere-se, portanto, que é por meio de um sistema de sinais convencionais, como, por exemplo, a linguagem verbal e/ou não verbal, que o homem se comunica. Estudante, você sabe para que utilizamos a linguagem? Entende-se que a linguagem é uma interação comunicativa, que produz efeitos de sentidos entre interlocutores, os quais ocupam lugares sociais, uma vez que estão organizados em contextos sócio-históricos e ideológicos, por isso atuam e se inter- relacionam nos mais diversos campos da atividade humana. Ela é utilizada para pedir ou transmitir informações, ou seja, uma forma de comunicação além de expressar os sentimentos, as sensações, as emoções. Nesse sentido, “A linguagem é um fato exclusivamente humano, um método de comunicação racional de ideias, emoções e desejos por meio de símbolos produzidos de maneira deliberada” Rabaça & Barbosa (2002, p. 367). Diante do exposto, entendemos que a linguagem é o que nos une em sociedade, é um fenômeno dinâmico, é uma faculdade humana, que pode ser verbal ou não- verbal conforme dito anteriormente. Dessa forma, podemos salientar que a interação entre os interlocutores acontece por meio das mais diversas linguagens, que por vez, re�ete o contexto social, cultural,o momento histórico, como também os valores morais e éticos, no qual eles estão inseridos. O estudo cientí�co da linguagem, em qualquer um de seus sentidos, é chamado de linguística. Ela é a ciência que estuda os fenômenos relacionados à linguagem verbal humana, buscando entender quais são as características e princípios que regem as estruturas das línguas do mundo. Para os linguistas o interesse maior está relacionado em estudar os mecanismos da linguagem, formulando explicações. Para tanto, eles analisam as modi�cações durante um determinado período (Linguística diacrônica ou histórica), ou, então, estudam uma determinada língua no seu estágio de evolução atual (Linguística sincrônica). Já a Linguística Aplicada é uma área voltada para o ensino de línguas, como por exemplo, línguas estrangeiras e para isso, os especialistas na área buscam teorias da linguagem, sejam da linguística, da �loso�a, sociologia, dentre outras outras ciências, como você pode observar na imagem abaixo: Geraldi (1997), linguista e professor brasileiro conhecido por seus trabalhos sobre ensino de língua portuguesa e análise do discurso, além de ser um estudioso da obra Bakhthiniana, assevera que a linguagem é concebida por meio de três concepções distintas, conforme exempli�cado na �gura n.1 Figura 1 - Concepções De Linguagem Linguagem como expressão do pensamento Linguagem como instrumento de comunicação Linguagem como forma de interação Fonte: Produzido pela autora (2021) baseado em Geraldi (1997). Caro(a) aluno(a), no segundo tópico desta unidade, a ênfase do nosso diálogo será sobre as especi�cidades da linguagem, por isso, lá, apresentaremos informações mais detalhadas sobre cada uma dessas três concepções. Na teoria bakhtiniana, o dialogismo é sempre organizado pela linguagem. Essa linguagem parte de um indivíduo que está inserido num determinado contexto social, portanto, a con�guração da linguagem primeiro é social para posteriormente ser individual, ou seja, do exterior para o interior (BAKHTIN/VOLOCHINOV, 2012). Diante do exposto, infere-se que a linguagem é considerada como a capacidade humana que utiliza sinais linguísticos com vistas à comunicação e que possibilita a interação de uns com os outros, em uma dada época e sociedade marcada. Acrescenta-se a essas informações, que uma das formas de manifestação da linguagem é através das LÍNGUAS, por meio das palavras. De acordo com a visão de Saussure, linguista e �lósofo suíço, cujas elaborações teóricas propiciaram o desenvolvimento da linguística enquanto ciência autônoma, para haver comunicação linguística, não basta ter sons articulados pelo aparelho fonador, mas sons articulados de valor semântico. Para ele, a signi�cação será a expressão, construída pela ligação do pensamento aos sons da fala e medida pela língua e ou signo linguístico. Nesse sentido, o signo possui dupla face: Signi�cado e Signi�cante, “une não uma coisa a uma palavra, mas um conceito a uma imagem acústica” (SAUSSURE, 2012, p. 80). Posteriormente, a compreensão do signo enquanto palavra foi reconhecida pelo Círculo de Bakhtin, o qual desenvolveu, segundo Citelli (1986, p. 26), “um dos mais férteis pensamentos sobre o assunto”. Nesse sentido, a palavra não pode suplantar qualquer outro signo ideológico. Infere-se, portanto, que nem toda palavra é um signo, mas todo signo acompanha uma palavra. A partir dessa re�exão, é impossível separar ideologia de signo/palavra, pois há uma questão de dependência entre ambos e a forma de organizar ou dispor um signo não é mero recurso formal, na verdade revela múltiplos comprometimento de cunho ideológico. A ideologia transita através do signo linguístico, conforme exempli�cado, na sequência. Assim sendo, salientamos que para Bakhtin e seu Círculo a linguagem como interação e que enxergaram na linguagem a multiplicidade de vozes que compõem a singularidade do ser humano. @freepik Um produto ideológico faz parte de uma realidade (natural ou social) como todo corpo físico, instrumento de produção ou produto de consumo; mas, ao contrário destes, ele também re�ete e refrata uma outra realidade, que lhe é exterior. Tudo que é ideológico possui signi�cado e remete a algo situado fora de si mesmo. Em outros termos, tudo que é ideológico é um signo. Sem signos não existe ideologia (BAKHTIN/VOLOCHINOV, 1997, p. 31). Além da forma de comunicação expressa anteriormente, há também outras linguagens que possibilitam a comunicação, como por exemplo, a linguagem não- verbal, os sinais, dentre outros, os quais serão apresentados posteriormente, no tópico seguinte. En�m, a linguagem con�gura-se como um mecanismo da língua, utilizada pelos falantes, inseridos em contextos sociais diversos, por meio dos gêneros. Além disso, é considerada como forma de ação, ação sobre o mundo dotada de intencionalidade, veiculadora de ideologia, caracterizando-se, portanto, pela argumentatividade (KOCH, 1996). Agora, para avançarmos nessa trilha de novos conhecimentos, nosso próximo passo será conhecer as acepções que regem o termo Língua. Vamos lá!!! O que é Língua? De acordo com as acepções do dicionário signi�ca Sf: na área da LINGUÍSTICA: é um sistema de representação constituído por palavras e por regras que as combinam em frases que os indivíduos de uma comunidade linguística usam como principal meio de comunicação e de expressão, falado ou escrito (Oxford, online). Para o linguista Saussure (2012), Língua é um sistema abstrato de signos inter- relacionados, de natureza social e psíquica, obrigatório para todos os membros de uma comunidade linguística. Sobre isso, ele destaca que não há ideias preestabelecidas, em primeiro lugar vem o aparecimento da língua, contudo não é como criar um meio fônico material para expressão da ideia, mas servir de intermediário entre pensamento e som. Nesse sentido, a Língua é a organização do pensamento, mas segundo o referido autor, seria ilusório dizer que um aglomerado de sons possa de�nir uma união direta de som a um conceito. A signi�cação será a expressão, construída pela ligação do pensamento aos sons da fala e medida pela língua e ou signo linguístico (SAUSSURE, 2012). Então, na concepção estruturalista ela não se confunde com a linguagem; é somente uma parte determinada, essencial dela, indubitavelmente. É, ao mesmo tempo, um produto social da faculdade de linguagem e um conjunto de convenções necessárias, adotadas pelo corpo social para permitir o exercício dessa faculdade nos indivíduos (SAUSSURE, 2012). Dessa forma, entende-se que o termo LÍNGUA é postulado como um sistema de signos convencionais, de natureza gramatical (fonético, morfossintático e semânticos), utilizado pelas pessoas de um determinado país, como, por exemplo, o Brasil, para realizarem a comunicação, tanto de forma oral, como também a gestual, como é o caso da Língua de Sinais Brasileira (LIBRAS) (BAGNO, 2012). Bakhtin, teórico russo, tornou-se referência no campo da Filoso�a da Linguagem para as áreas da Linguística Aplicada, Análise do Discurso, Semântica, dentre outras. No Brasil, os estudos bakhtinianos surgiram a partir da década de oitenta, con�gurando um marco nos estudos linguísticos, em especial no campo da Linguística Aplicada - LA, pois defendem as relações discursivas entre sujeitos historicamente organizados. O referido autor concorda com Saussure ao salientar que a língua é um fato social fundada na necessidade de comunicação, no entanto, não concorda com a concepção de língua enquanto sistema de regras, pois para o teórico russo todas as esferas da atividade humana, em suas variadas formas, estão sempre relacionadas com a utilização da língua. Dessas acepções, podemos ressaltar que, a linguagem nos faz elaborar o entendimento sobre o mundo, interagindo com as pessoas, que é materializado através de um veículo social, denominado de LÍNGUA, uma forma de comunicação comum entre os membros de uma sociedade, ou seja, uma instituição social de um país, uma comunidade, etc. Então, enquanto instituição social de uma nação,ela possui uma estrutura comum, que possibilita a comunicação efetiva. Além disso, as línguas sofrem mudanças decorrentes de modi�cações sociais e políticas. Logo, é por meio da fala e da escrita que é possível perceber a dimensão histórica da língua, por meio do seu caráter social. @freepik Para Bakhtin/Volochinov (1992), o homem vive em sociedade, é considerado como sujeito sócio- histórico. Assim não pode efetivar o ato de fala sem considerar o momento histórico e social que está inserido, porque é a partir da determinação do social que o individual se con�gura no processo de comunicação, realizando o dialogismos entre interlocutores. Podemos compreender, como base nas acepções do referido autor, que língua, linguagem, história e sujeitos são indissociáveis. A língua é dialógica por natureza e o enunciado, materializado na forma de texto, é o elo na interação entre sujeito e sociedade. Um linguista, por exemplo, está interessado nos elementos que constituem uma língua. Nesse sentido, para estudar uma língua especí�ca, ele precisa separar os elementos que a compõem com o intuito de entender como ela funciona e poder descrevê-la. Tal descrição é chamada de GRAMÁTICA da língua, conjunto de a�rmações que mostram como uma determinada língua funciona. Diferentemente da visão estruturalista proposta por Saussure (2012), a língua como concepção histórica, social e interativa é de�nida por Bagno (2002, p. 24 - 25) relembrando Marcuschi (2000) da seguinte forma: A língua apresenta uma organização interna sistemática que pode ser estudada cienti�camente, mas ela não se reduz a um conjunto de regras de boa-formação que podem ser determinadas de uma vez por todas como se fosse possível fazer cálculos de previsão infalível. As línguas naturais são di�cilmente formalizáveis. A língua tem aspectos estáveis e instáveis, ou seja, ela é um sistema variável, indeterminado e não �xo. Portanto, a língua apresenta sistematicidade e variação a um só tempo. A língua se determina por valores imanentes e transcendentes de modo que não pode ser estudada de forma autônoma, mas deve-se recorrer ao entorno e à situação nos mais variados contextos de uso. A língua é, pois, situada. A língua constrói-se com símbolos convencionais, parcialmente motivados, não aleatórios, mas arbitrários. A língua não é um fenômeno natural nem pode ser reduzida à realidade neuro�siológica. A língua não pode ser tida como um simples instrumento de representação do mundo como se fosse um espelho, pois ela é constitutiva da realidade. É muito mais um guia do que um espelho da realidade. A língua é uma atividade de natureza sócio-cognitiva, histórica e situacionalmente desenvolvida para promover a interação humana. A língua se dá e se manifesta em textos orais e escritos ordenados e estabilizados em gêneros textuais para uso das situações concretas. A língua não é transparente, mas opaca, o que permite a variabilidade de interpretação nos textos e faz da compreensão um fenômeno especial na relação entre os seres humanos. Linguagem, cultura, sociedade e experiência interagem de maneira intensa e variada não se podendo postular uma visão universal para as línguas particulares. Sendo assim, podemos concluir que a linguagem advém da língua e não podemos confundi-las, pois uma tem caráter individual e social (linguagem) e a outra, possui um caráter adquirido e convencional (língua). Acadêmico(a), para �nalizar o tópico e auxiliá-lo no entendimento sobre as diferenças entre os termos, apresento, na Figura 2, uma exempli�cação grá�ca que exempli�ca a visão sobre Linguagem X Língua para os linguistas: Figura 2: Linguagem X Língua LINGUAGEM Habilidade: Capacidade que apenas os seres humanos possuem de se comunicar por meio de línguas. LÍNGUA Sistema de signos vocais: Conjunto organizado de elementos (sons) utilizados como meios de comunicação. Fonte: Produzido pela autora (2021) baseado em Geraldi (1997). Após conhecermos as especi�cidades do termo Língua, como também as diferenças entre Língua e Linguagem, na sequência, vamos nos debruçar sobre os postulados que regem o termo Fala. O que é fala? De acordo com as acepções do dicionário Oxford, esse termo signi�ca: Sf: ato ou efeito de falar. Considerando essa de�nição, infere-se que a Fala é a utilização oral da língua pelo sujeito. É um ato individual, pois cada indivíduo, para a manifestação da fala, pode escolher os elementos da língua que lhe convém, conforme seu gosto e sua necessidade, de acordo com a situação, o contexto, sua personalidade, o ambiente sociocultural em que vive, etc. Diante do exposto, os especialistas na área asseveram que ela materializa o conhecimento que o falante tem da língua, pois somente quando alguém fala é que sabemos a sua nacionalidade. Estudante, a seguir, exempli�camos, na �gura 3, a diferença entre Linguagem x Fala para melhor entendimento sobre o assunto: Figura 3: Diferença Entre Linguagem X Fala LINGUAGEM Trocar informações (receber e transmitir) de forma efetiva. FALA Refere-se basicamente à maneira de articular os sons na palavra (incluindo a produção vocal e a fluência). Fonte: Produzido pela autora (2021) baseado em Geraldi (1997). Na interpretação dos estudiosos sobre o assunto, a Fala é atividade linguística que se realiza por meio de sons produzidos pelo aparelho fonador humano a �m de veicular signi�cados. No sentido linguístico, o conceito de fala está em relação dicotômica com o de língua e pode ser de�nido como a materialização de um conjunto de conhecimentos abstratos que os falantes possuem sobre a estrutura e o funcionamento de um dado sistema linguístico, ou seja, a fala é o canal que viabiliza a expressão da linguagem e corresponde à realização motora da linguagem. Nas revisões de literatura sobre o assunto, entendemos que a língua consiste em conhecimento comum aos falantes, diferentemente, a fala é �exível e heterogênea, uma vez que sofre o efeito de variáveis sociais, regionais e mesmo individuais (CRYSTAL, 1988). Para exempli�car essa a�rmação, na �gura 4, há exempli�cação grá�ca dos diversos fatores de variação linguística. Figura 4: Fatores De Variação Linguística Tempo Faixa etária Grau de escolarização Mercado de trabalhoGênero Rede socialRegião geográfica EstiloSituação socioeconômica Fonte: Produzido pela autora (2021) baseado em Geraldi (1997). Ainda sobre essa questão, destaca-se o fato de que essas variações observadas na língua são inerentes a ela e não são aleatórias, porque o sistema linguístico é comum aos falantes e a condiciona. Comos exemplo disso, podemos dizer que durante um bate papo entre dois cidadãos brasileiros, fazendo uso de qualquer uma das variações citadas anteriormente, contudo utilizando a Língua Brasileira, haverá entendimento, porque eles possuem o mesmo conhecimento linguístico, o que faz com que as variações do sistema, no âmbito vocabular, sintático ou fonológico, ocorram de modo limitado de forma a garantir a inteligibilidade, preservando as situações comunicativas (MIRANDA, on-line). Acadêmico (a), A partir dos conceitos apresentados até então e a importância desse assunto para o entendimento do propósito maior dessa disciplina intitulada de “Aquisição da Linguagem”, é importante considerar que, à luz dos estudos linguísticos, crianças em fase de alfabetização são falantes competentes, participam de grupos onde sua fala é compreendida e, na escola, podem maximizar progressivamente seu desempenho, à medida que observam outras maneiras de dizer e com elas convivem (MIRANDA, on- line). Diante do exposto, a comunicação do entendimento da realidade, como também a interação são realizados por meio de uma instituição social chamada LÍNGUA, que se materializa através da FALA. En�m, com intuito de retomar os conceitos aqui apresentados e contribuir efetivamente com o seu entendimento sobre as diferenças existentes entre eles, apresento uma representação grá�ca, Figura 5, que ilustra e sintetiza os assuntos abordados neste tópico. Figura5: Linguagem X Língua X Fala Linguagem: Sistema de Sinais Linguísticos Fala: Forma pessoal de expressão de cada indivíduo Língua: Conjunto de palavras organizadas por regras gramaticais Fonte: Produzido pela autora (2021) baseado em Geraldi (1997). Por �m, cabe agora concluir que uma “língua” é uma das maneiras como se manifesta exteriormente a capacidade humana a que chamamos “linguagem”. É oportuno lembrarmos, que o termo linguagem é um conceito muito mais amplo do que a língua e ainda, é aplicado a outros tipos de sistemas de comunicação, como por exemplo, linguagem não-verbal, sistema de sinais de trânsito e demais formas de linguagem. Então, a linguagem inclui as línguas entre suas diversas manifestações, uma vez que, a língua é um código verbal característico, ou seja, um conjunto de palavras e combinações especí�cas compartilhado por um determinado grupo. Já a fala é a forma pessoal de expressão de cada indivíduo, que possui uma organização própria de pensamentos. Além disso, segue as regras gramaticais da língua, contudo, é in�uenciada pelo contexto, vivências, o que origina as variações linguísticas. No próximo tópico, vamos dialogar mais especi�camente sobre as concepções de linguagem. Então, venha comigo e amplie seus conhecimentos sobre esse universo. Compreendendo a Linguagem Estudante, olá! Você já sabe que a linguagem é concebida diferentemente em momentos sociais e históricos distintos, o que a�rma seu caráter dinâmico no meio social. Nesse sentido, ela promove a interação entre sujeitos socialmente situados, que atuam e se inter- relacionam nos mais diversos campos da atividade humana. As interações acontecem por meio das mais diversas linguagens, traduzindo o momento histórico, social e cultural, bem como valores estéticos, cognitivos, pragmáticos, morais e éticos constitutivos do sujeito e da sociedade em que ele vive. Diante disso, neste segundo tópico da Unidade I, intitulado de “Compreendendo a Linguagem", nosso diálogo será especi�camente sobre as concepções de linguagem: A linguagem como expressão do pensamento; A linguagem como instrumento de comunicação; A linguagem como interação. Para tanto, as informações aqui disponibilizadas estarão pautadas na concepção dialógica da linguagem, com ênfase na abordagem sócio-histórica. Assim, assume-se a perspectiva teórica da linguagem de Bakhtin, seu círculo e demais autores estudiosos da Linguística Aplicada. Continue comigo, trilhando caminhos que proporcionam novas descobertas e conhecimentos A linguagem como expressão do pensamento Especialistas na área asseveram que essa é a primeira visão de linguagem e que a expressão se constrói no interior da mente, sendo sua exteriorização apenas uma tradução. Considerando essa a�rmação, infere-se que a enunciação é um ato monológico, individual, que não é afetado pelo outro nem pelas circunstâncias que constituem a situação social em que a enunciação acontece (TRAVAGLIA, 1996). Nas revisões de literatura sobre o assunto, percebe-se que os defensores desse modelo de aprendizagem acreditam que a prática de exercícios gramaticais é a melhor maneira de aprender a gramática normativa, considerada como um núcleo de ensino. Diante desse pensamento, a concepção de linguagem como expressão do pensamento faz com que se tenha: o texto como um produto – lógico – do pensamento (representação mental) do autor, nada mais cabendo ao leitor/ouvinte senão captar essa representação mental. (KOCH, 2002). A linguagem como instrumento de comunicação Nesta perspectiva, a linguagem é concebida como instrumento de comunicação, ou seja, a língua é um código, organizado em signos que se combinam por meio de regras e que consegue transmitir uma mensagem entre emissor e receptor. Essa @freepik De acordo com Possenti (1997), essa concepção de linguagem está relacionada às chamadas gramáticas normativas-prescritivas, ou seja, conjunto de regras que possuem como objetivo maior ensinar regras gramaticais e desconsiderar os diversos tipos de variações linguísticas. Podemos compreender, com base no referido autor, que esse tipo de gramática preconiza apenas o ensino da norma culta. No Brasil, por volta de 1960, a concepção de linguagem em questão permeou as práticas dos professores que estavam preocupados com o ensino de conceitos normativos. Nesse período, os alunos que frequentavam as escolas eram da alta sociedade, então, o ensino da Língua Portuguesa era especi�camente para ensinar o reconhecimento de normas e de regras gramaticais (SOARES, 1998). forma de conceber a linguagem alinha-se às acepções do Estruturalismo de Saussure e também, do Transformacionalismo. Dentre muitos autores que compartilham estudos na área, Geraldi (1997) assevera que na concepção em questão, a linguagem transmite informações utilizando apenas a norma padrão da língua e desconsidera as variedades linguísticas. Diante do exposto, infere-se que a perspectiva discutida alinha-se às acepções do Estruturalismo, uma vez que contempla as formas abstratas da língua e ainda concebe a língua como um código que servirá para transmitir uma mensagem do emissor para o receptor. Tais a�rmações apontam também que a perspectiva em questão vai ao encontro da segunda linha de pensamento �losó�co e linguístico discutido pelo Círculo de Bakhtin, o objetivismo abstrato, uma vez que consideram a língua como um sistema estável, imutável (BAKHTIN/VOLOCHINOV, 1992). Nesse sentido, essa concepção separa o homem do seu contexto social, porque limita-se ao estudo do funcionamento interno da língua. Dessa forma, o sujeito é “assujeitado pelo sistema”, ou seja, é apenas um repetidor de uma ideologia. (KOCK, 2002). Através das especi�cidades dessa perspectiva, percebe-se um tipo de abordagem muito super�cial e descontextualizada de ensino da língua. A linguagem como interação Essa concepção de linguagem está pautada na teoria bakhtiniana, a qual defende que que o dialogismo é sempre organizado pela linguagem. Essa linguagem parte de um indivíduo que está inserido num determinado contexto social, portanto, a con�guração da linguagem primeiro é social para posteriormente ser individual, ou seja, do exterior para o interior, o que con�gura a linguagem como interação. A linguagem nessa perspectiva é conceituada de maneira diferente em dada época e sociedade marcada e isso legitima seu aspecto dinâmico e social. Para Bakhtin/Volochinov (1992), o homem vive em sociedade, é considerado como sujeito sócio-histórico, portanto, não pode efetivar o ato de fala sem considerar o momento histórico e social no qual está inserido, porque é a partir da determinação do social que o individual se con�gura no processo de comunicação, realizando o dialogismos entre interlocutores. Infere-se então que, língua, linguagem, história e sujeitos são indissociáveis e a ideologia transita através do signo linguístico. Para BAKHTIN/VOLOCHINOV (1992), a palavra deve ter nascido e se desenvolvido no curso do processo de socialização dos indivíduos, para ser, em seguida, integrada ao organismo individual e tornar-se fala interior. Dessa forma, podemos salientar que palavra é indissociável do discurso; palavra é discurso. “ Mas palavra também é história, é ideologia, é luta social, já que ela é a síntese das práticas discursivas historicamente construídas” (CEREJA, 2007, p.204). Ainda sobre essa questão, Bakhtin e seu círculo (1992) assevera que o evento polifônico que envolve um contexto imediato para determinado �m comunicativo, é chamado de enunciação. Ela é a demonstração da língua em uso e só existe num contexto de alguém para alguém. Dessa forma, infere-se que a teoria enunciativa mantém o sujeito como núcleo de re�exão da linguagem, diferenciado enunciação de enunciado, ou seja, a primeira signi�ca o ato de produzir o enunciado, já o segundo é o ato concreto, realizado. Assim, entendemos que, a interação acontece entre enunciação e/ou enunciações, por isso a interação verbal constitui a ideia central da língua. Ela acontece entre o eu eo outro, num processo contínuo de produção de sentidos. A enunciação é, portanto, produto de interação entre dois indivíduos socialmente organizados. Então, no momento que compõem o enunciado e satisfazem as necessidades das enunciações, as palavras assumem sentido ideológico, caracterizado pela condição extralinguística e por outros elementos que fazem parte da composição do enunciado. Coaduna-se a essas a�rmações o fato de ser única, pois o contexto e o momento no qual ela é estabelecida não se repetem. No momento que compõem o enunciado e satisfazem as necessidades das enunciações, as palavras assumem sentido ideológico, caracterizado pela condição extralinguística e por outros elementos que fazem parte da composição do @freepik A palavra/discurso constitui a interação entre locutor e ouvinte. “A palavra se orienta em função dos interlocutores” (BAKHTIN/VOLOCHINOV, 1992, p. 113), de alguém para alguém, mas para que haja interação é necessário que esses dois indivíduos estejam socialmente organizados para que os signos se constituam, porque nesse momento a palavra/discurso é o território comum do locutor e do interlocutor. Pelo fato de expressarem um sentido particular, as palavras direcionam a compreensão e a reação dependendo de quais delas nos despertarem ideologicamente uma vez que “A palavra está sempre carregada de um conteúdo ou de um sentido ideológico ou vivencial” (BAKHTIN/VOLOCHINOV, 1992, p. 95). enunciado. “A situação social mais imediata e o meio social mais amplo determinam completamente e, por assim dizer, a partir de seu próprio interior, a estrutura da enunciação” (BAKHTIN/VOLOCHINOV, 1992, p.113). De acordo com o exposto, a partir da concepção dialógica da linguagem de Bakhtin, todo dizer é, anteriormente construído por outros dizeres, nossas palavras são concebidas a partir da palavra do outro. Assim os enunciados se organizam a partir de outros já proferidos. O teórico russo ainda considera o enunciado como fruto da interação social, pois as palavras são de�nidas por meio de intenções comunicativas, as quais são desenvolvidas em dada época e sociedade marcada. Além disso, são inerentes à linguagem. É a unidade real da comunicação discursiva, particular, única e individual. Diante disso, infere-se que o uso da língua materializa-se em forma de enunciados, considerados como discursos-interacionistas, que nascem do diálogo e o diálogo, por vez, é toda comunicação verbal em sentido vasto. Acadêmico(a), para �nalizar, com intuito de colaborar com seu aprendizado e entendimento sobre o assunto, a �gura 6, representa gra�camente um resumo sobre as características e diferenças entre as concepções de linguagem apresentadas neste tópico. Figura 6: Concepções De Linguagens - Características · Linguagem como instrumento de comunicação/estruturalista. Exercícios de repetição, superficiais e descontextualizados. · O lócus da linguagem é a interação. A língua se constitui em um processo ininterrupto, realizado através da interação verbal. A LINGUAGEM COMO EXPRESSÃO DO PENSAMENTO · Gramática normativa é utilizada para o domínio das linguagens (oral e escrita). A LINGUAGEM COMO INTERAÇÃO Fonte: Produzido pela autora (2021) baseado em Geraldi (1997). Estudante, no decorrer desse tópico você adquiriu conhecimentos sobre as especi�cidades das três concepções de linguagem, conteúdo muito importante para todo pro�ssional que trabalha com educação básica, em especial com o ensino de línguas. No próximo tópico, nosso objetivo será dialogar sobre a aquisição da linguagem propriamente dita. Então, embarque comigo nessa viagem de descobertas pelo fantástico mundo da linguagem. Vamos lá! Aquisição e Desenvolvimento da Linguagem Estudante, Chegamos ao terceiro e último tópico dessa disciplina intitulado de “AQUISIÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM”. Aqui, a ideia central será dialogar sobre o desenvolvimento adequado da linguagem, que é um dos fatores fundamentais para que o desenvolvimento infantil ocorra de maneira e�caz e tranquila em todas as esferas, como por exemplo, no campo social, como no relacional e no campo da aprendizagem, que é nosso objetivo maior enquanto educadores inseridos no contexto educacional. Para entendermos como acontece a aquisição e o desenvolvimento da linguagem, vamos, primeiramente, considerar dois aspectos: a linguagem na cognição e na comunicação. Na sequência, vamos dialogar sobre algumas etapas de desenvolvimento: Comunicação não-verbal; Produção dos sons; Estrutura das sílabas; Estrutura das Frases; Diálogo. Continue comigo percorrendo este caminho que possibilita novas descobertas e ampliação de conhecimentos. A linguagem na cognição e na comunicação Linguagem e cognição estão relacionadas, na infância, ao domínio responsável pelas representações, como também à capacidade de julgamento, avaliação, atribuição de valores ou signi�cados. Os especialistas na área asseveram que a linguagem é tida como o principal mediador da interação entre as referências do mundo biológico e as referências do mundo sociocultural, então, a construção do conhecimento é um produto da interação social. Diante do exposto, infere-se que a cognição é uma construção social (KOCH, 2002). A partir das revisões de literatura sobre o assunto, e considerando a perspectiva interacionista da Linguística Textual, entendemos que a cognição é um fenômeno situado de inter-relação entre eventos mentais e sociais. Soma-se a isso o fato da linguagem ser considerada como uma ação compartilhada na relação sujeito/realidade, exercendo função intercognitiva (sujeito/mundo) e intracognitiva (linguagem e outros processos), em relação ao desenvolvimento cognitivo (KOCH, 2002). Em síntese, salientamos que na infância, observamos o desenvolvimento da linguagem como apoio à cognição a partir dos dois anos, em média, principalmente por meio da forma como a criança brinca. A linguagem na comunicação A �loso�a da linguagem analisa os pontos que o locutor, o interlocutor detectam por meio de marcas especí�cas o que é que está acontecendo naquele ato de comunicação. A transmissão de informação sai do campo da gramática para uma ação sobre os interlocutores dentro de um enunciado. Dessa forma, as palavras são elo entre os interlocutores carregadas de ideologias socialmente constituídas. Portanto, é por meio da enunciação e dos discursos que o sujeito constitui suas interações e diálogos. @freepik Para Koch (2002), professora e pesquisadora que implementou a área de linguística textual e formou inúmeros pesquisadores, no Brasil, a relação estabelecida entre linguagem e cognição é estreita, interna e de recíproca constitutividade. Diante disso, infere- se que não existem possibilidades integrais de pensamentos ou domínios cognitivos fora da linguagem, nem possibilidades de linguagem fora de processos interativos humanos . A partir dessa re�exão, podemos dizer que, a estruturação da linguagem nos permite recursos in�nitos, que possibilitam a comunicação entre interlocutores. Para exempli�car tal a�rmação, na �gura n.7, dividimos didaticamente a linguagem enquanto, forma, conteúdo e uso, conforme Figura 7: Linguagem Na Comunicação FORMA: Produção dos sons: níveis fonético, fonológico e morfossintático. CONTEÚDO: Nível semântico (palavra/ discurso). USO: Uso social da língua; Adequação ao contexto. Fonte: Produzido pela autora (2021) baseado em Geraldi (1997). Estudante, A partir dessas informações, cabe-nos agora, dialogarmos sobre algumas etapas de desenvolvimento: Comunicação não-verbal; Produção dos sons; Estrutura das sílabas; Estrutura das Frases; Diálogo. Comunicação não-verbal: Logo após o nascimento, o querer dizer da criança é interpretado pelo outro e isso pode ser observado desde as primeiras trocas de informações entre a mãe e o bebê, como por exemplo, expressões faciais, olho no olho, etc. Por volta de 11 meses, por exemplo, o bebê começa a expressar movimentos de apontar, indicando que quer alguma coisa. Isso decorre de uma troca enunciativa,que, mesmo não verbalizando, consegue fazer-se compreender, ainda que por meio de aspectos não verbais. Produção dos sons: os primeiros fonemas da língua são aqueles produzidos com os lábios, como /b/ /m/ /p/. Logo depois surgem /n/ /t/ /l/ , e, em seguida, /d/ /g/ /1/ /s/ e /g/ /v/ /z/ /R/ / gh/ /j/. Só mais tarde observamos a produção adequada de alguns fonemas como /lk/ /nk/ / r/. Estrutura das sílabas: As formações silábicas mais simples são consoante-vogal (CV), como PA, LO, etc; ao se inverter essa ordem (vogal- consoante), já se tornam um pouco mais difíceis, como AR, US, etc. Quanto maiores, mais difíceis se tornam. Para ilustrar, podemos apresentar palavras com sílabas consoante- vogal-consoante LAR, RIS, etc. e consoante- consoante-vogal FRA, BRI, etc. No português, temos sílabas como TRANS (consoante- consoante-vogal-consoante-consoante), dentre outras, com enorme di�culdade de produção para crianças menores. Estrutura de frases: Primeiramente, as crianças usam uma única palavra funcionando com frases para se comunicar. Quando tratamos de aquisição da linguagem, dizemos que são as pessoas mais próximas, que estão inseridas no mesmo contexto situacional e histórico da fala da criança que conseguem interpretar as primeiras produções, como por exemplo, “pepe” para chupeta, “popo” para cobertor, etc. Diálogo: até atingir a capacidade de estabelecer um diálogo (com) alguém, a criança passa por fases em que depende do adulto para que o mesmo seja possível. De acordo com Bakhtin (1992), todo enunciado é composto por um modo composicional, um tema e um estilo, sendo esses enunciados relativamente estáveis em cada esfera ou campo de atividade humana. O que se diz, para quem e como vai sendo apreendido pela criança conforme ela vai entrando na língua/linguagem. E então, as frases telegrá�cas, com duas palavras em média, isso acontece por volta dos dois anos de idade. Depois, as frases vão se alongando, passando a ter cada vez mais elementos e as frases mais complexas, com verbos e pronomes começam a ser pronunciadas por volta dos 3 anos. Estudante, A �m de melhor visualizar tais parâmetros, a Tabela 1 apresenta de tais aspectos nas fases do desenvolvimento da linguagem de 0 a 6 anos. Tabela 1: Aspectos do desenvolvimento da linguagem de 0 até 6 anos O que é esperado para cada idade? Zero a 12 meses - Mostrar interesse pelas pessoas e objetos. - Fazer contato de olhos. - Emitir sons, chorar, agarrar objetos com a mão, reagir a sons e vozes familiares. 12 a 18 meses - Responder a comandos verbais sem pistas visuais. Ex. Dar tchau, jogar beijo, bater palmas quando alguém canta parabéns. - Começar a dizer as primeiras palavras com signi�cado. Ex. mama, papa, dadá, teté. - Olhar quando chamado pelo nome. - Entender o “não”. 18 a 24 meses - Utilizar duas palavras. Ex. dá neném! Dá dedera! É meu! - Saber as partes do corpo e identi�cá-las. Ex. cadê o cabelo? Cadê a barriga? Cadê a boca? - Responder “sim” e “não” e usar gestos com a cabeça ou dedinho para responder perguntas. - Brincar com os objetos da forma convencional. Ex. utilizar colher para comer, pente no cabelo, copo para beber. 2 a 3 anos - Saber o nome dos objetos do dia a dia. Ex. copo, boneca, cachorro (au-au), carro, bola, etc. (Fala aproximadamente 200 a 300 palavras). - Saber quem são as pessoas próximas. Ex. papai, mamãe, vovó, titia, o nome do irmão, etc. - Saber a diferença entre grande e pequeno, muito e pouco. - Utilizar “quem” e “onde” para fazer perguntas. - Conhecer algumas cores básicas (mas ainda não sabe falar). Ex. pegue o carro vermelho! - Usar verbos para formar frases simples. Ex. “eu estava brincando”. “papai está dormindo”, “eu fui à escolinha”, “cadê o au-au?”, “que au-au grande!”. - Gostar de “ajudar” os adultos nas atividades domésticas, brincar de faz de conta, entender o que é permitido e proibido. 3 a 4 anos - Responder a perguntas com “quem”, “onde”, e “o que”. - Ter noção de “frente” e “atrás”. - Conhecer as cores (vermelho, azul, amarelo, verde) e formas geométricas (círculo, quadrado, triângulo). - Utilizar frases de 3 a 4 palavras. Ex. “mamãe é linda!” e “cadê minha bola?” - Obedecer a ordens seguidas. Ex. “vai ao quarto e pega o sapato e dá para a vovó”. - Gostar de cantar e brincar com palavras e sons. - Brincar com outras crianças e saber esperar a sua vez no jogo. - Perguntar muito. - Início do uso de discurso direto e indireto. 4 a 5 anos - Falar todos os sons da língua, mas ainda pode ter di�culdades nos encontros consonantais. Ex. planta, prato, braço. - Manter uma conversa. - Conseguir lembrar situações passadas e contar histórias simples, por exemplo, o que fez na Dessas acepções, podemos inferir que os primeiros anos de vida da criança são cruciais na formação de seus conteúdos linguísticos, por esse motivo, buscamos apresentar informações acerca da aquisição da linguagem que contribuam signi�cativamente para sua formação pro�ssional, pois muito desse desenvolvimento linguístico da criança estará sob orientação e supervisão do pro�ssional da área da educação que esteja inserido no mesmo contexto educacional. Até mais! escola, o que comeu, quem encontrou na rua, etc. - Gostar de brincar em grupo, de imitar personagens e brincar de faz de conta. - Ser curioso e ansioso para mostrar o que aprendeu e o que sabe fazer. - Conseguir contar histórias como narrador. 5 a 6 anos - Ter noção temporal. Ex. amanhã, ontem, hoje, antes, depois, dias da semana, manhã, tarde, noite, primeiro, segundo, terceiro... - Identi�car letras do próprio nome. - Conhecer os números. - Manter uma conversa. - Falar as palavras corretamente. - Gostar dos amigos e de brincar de faz de conta. Ex. super herói. - Interessar-se pela leitura e escrita. - Contar histórias com mais detalhes. Fonte: (Prates, 2011). SAIBA MAIS ÁREA DA LINGUAGEM NA BNCC Na Base Nacional Comum Curricular-BNCC, a área de Linguagens é composta pelos seguintes componentes curriculares: Língua Portuguesa, Arte, Educação Física e,no Ensino Fundamental – Anos Finais, Língua Inglesa. A �nalidade é possibilitar aos estudantes participar de práticas de linguagem diversi�cadas, que lhes permitam ampliar suas capacidades expressivas em manifestações artísticas, corporais e linguísticas, como também seus conhecimentos sobre essas linguagens, em continuidade às experiências vividas na Educação Infantil (BRASIL, 2018). As linguagens, antes articuladas, passam a ter status próprios de objetos de conhecimento escolar. O importante, assim, é que os estudantes se apropriem das especi�cidades de cada linguagem, sem perder a visão do todo no qual elas estão inseridas. Mais do que isso, é relevante que compreendam que as linguagens são dinâmicas, e que todos participam desse processo de constante transformação (BRASIL, 2018). BRASIL.Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018. Dê um click para saber mais: ACESSAR REFLITA Acadêmico(a), Após ampliar seus conhecimentos sobre o assunto em questão nessa unidade, re�ita: existe relação entre língua, linguagem e sociedade? Caso a resposta seja positiva, qual relação é essa? Exempli�que. Fonte: Elaborado pela Autora (2021). http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf REFLITA Para contribuir com sua re�exão, sugiro a seguinte leitura: “SOBRE LÍNGUA, LINGUAGEM E LINGUÍSTICA – UMA ENTREVISTA COM MÁRIO A. PERINI” PERINI, Mário A. Sobre língua, linguagem e linguística: uma entrevista com Mário A. Perini. ReVEL. Vol. 8, n. 14, 2010. ISSN 1678-8931. Fonte: Elaborado pela Autora (2021). Livro Filme Web Pressupostos Teóricos Sobre a Linguagem AUTORIA Greicy Juliana Moreira Sumário Introdução 1 - A Perspectiva Behaviorista para a Aquisição da Linguagem 2 - Gerativismo e Aquisição da Linguagem 3 - Aquisição da Linguagem na Abordagem Epigenética 4 - Interacionismoem Aquisição da Linguagem Considerações Finais Introdução Estudante, Investigações acerca da linguagem da criança possuem grande relevância, uma vez que os especialistas na área buscam desvendar os mistérios desse universo. Para tanto, eles propuseram, após muitos estudos, diferentes perspectivas teóricas, com intuito de apontar caminhos e diretrizes aos pro�ssionais inseridos no contexto educacional, como também, para aqueles da área da saúde, como por exemplo, os fonoaudiólogos. Então, para contribuir com a sua aprendizagem sobre as diversas teorias existentes, nesta Unidade II, intitulada de “PRESSUPOSTOS TEÓRICOS SOBRE A LINGUAGEM”, dividimos o conteúdo em quatro (4) tópicos, didaticamente organizados, que traçam diálogos entre as principais teorias que explicam e exempli�cam a maneira como o ser humano adquire a linguagem. No primeiro tópico, nosso objetivo será dialogar sobre “A perspectiva behaviorista para a aquisição da linguagem”, leia-se teoria de Skinner. Na sequência, no segundo tópico, vamos centralizar as informações sobre o “Gerativismo e aquisição da linguagem”, leia-se teoria de Chomsky. Posteriormente, no terceiro tópico, nosso objetivo será entender a “Aquisição da linguagem na abordagem epigenética”, leia-se teoria de Piaget. Por último e não menos importante, a ênfase será sobre o “Interacionismo em aquisição da linguagem”, leia-se teoria de Vygotsky. Então, venha comigo, embarque nessa viagem recheada de novas descobertas sobre a linguagem. Plano de Estudo: 1. A perspectiva behaviorista para a aquisição da linguagem. 2. Gerativismo e aquisição da linguagem 3. Aquisição da linguagem na abordagem epigenética. 4. Interacionismo na aquisição da linguagem. Objetivos de Aprendizagem: 1. Conceituar teorias de aquisição da linguagem 2. Compreender as diferenças existentes entre as teorias de aquisição da linguagem 3. Estabelecer relações entre teoria e prática A Perspectiva Behaviorista para a Aquisição da Linguagem Estudante, olá! Estamos iniciando o primeiro tópico da Unidade II, intitulado de “A Perspectiva Behaviorista para a Aquisição da Linguagem”. Aqui, nossos olhares estarão direcionados às especi�cidades do behaviorismo, doravante abreviada por TBL. Para tanto, vamos dialogar sobre as diferenças entre as acepções psicológicas e linguísticas da teoria em questão. Por volta dos anos 50 e 60, novas descobertas teóricas inspiraram os pesquisadores a olharem para o fenômeno da aquisição da linguagem de uma forma cada vez mais sistemática, orientada para a busca de padrões linguísticos existentes na fala das crianças. A escola behaviorista estudou o comportamento humano, passível de ser observado e mensurado. Essa abordagem behaviorista (ou mecanicista) iniciou-se com Watson (condicionamento clássico) e mais tarde consolidou-se com Skinner (condicionamento operante). Na esfera psicológica, a TBL é considerada como um método que investiga o comportamento, conhecida como teoria comportamental, estreitamente alinhada ao empirismo, que foi defendido por �lósofos como Thomas Hobbes, Francis Bacon, John Locke e David Hume. É válido ressaltar que nesta perspectiva empírica, a principal fonte de conhecimento advém da experiência do mundo, ou seja, o mecanismo de aquisição considera que a informação é copiada do mundo, lembrada e associada com outras informações. Nesse sentido, as ideias complexas resultam da associação de um conjunto de ideias simples. Dessa forma, entende-se que a criança nasce como uma tabula rasa, como se fosse uma folha em branco. Para ilustrar esse conceito, podemos relembrar um contexto escolar tradicionalista, no qual os alunos apenas recebem o conhecimento e não podiam exercer uma postura crítica e re�exiva. Já o raciocínio nessa linha de pensamento é considerado como Indutivo, ou seja, parte do particular ao geral (SCLIAR-CABRAL, 1991). Na esfera linguística, nosso foco, o behaviorismo teve maior in�uência nos anos 50 e apoiou-se nos pressupostos teóricos de L. Bloom�eld. Posteriormente, em Skinner, psicólogo americano, considerado como o principal teórico dessa escola. Isso aconteceu em meio à fase do behaviorismo moderno, que representou tanto o auge quanto a queda deste período. Essa concepção de linguagem propõe uma teoria de linguagem baseada em rigorosos procedimentos de descoberta, sendo as evidências restritas à informação empírica ou dados observáveis (SCLIAR-CABRAL, 1991). Estudante, para melhor entendimento sobre o assunto, a �gura n.1, exempli�ca a divisão existente no Behaviorismo: Figura 1: Divisão Behaviorista Divide-se em Deriva do B.F. SkinnerJ.B. Watson Criado por Criado por Propõe Propõe RadicalMetodológico Comportamento OperanteComportamento Respondente Fonte: (adaptado de Tourinho & Sério, 2010). O objetivo dessa teoria era explicar os fenômenos da comunicação linguística e da signi�cação na língua em termos de estímulos observáveis e respostas produzidas pelos falantes em situações especí�cas. Em suma, a aprendizagem para Skinner é entendida como uma cadeia de estímulo-resposta-reforço. Diante do exposto, infere-se que essa concepção era limitada, porque negligenciava os processos mentais envolvidos no comportamento humano. Além disso, para Skinner a aprendizagem dependia do ambiente e não do sujeito, ou seja, o aprendizado da língua, para ele, é semelhante ao de qualquer outro aprendizado, sendo adquirido através de reforços e privações. Nesse sentido, infere-se que, na perspectiva teórica em questão, as crianças nascem com comportamento inato preexistente, mas de forma bem reduzida. Além disso, a in�uência do meio ganha destaque signi�cativo, então, a criança é considerada apenas como um receptor passivo da linguagem, diminuindo e/ou excluindo o seu papel no processo de aprendizagem, como um ser único homogêneo, não um todo constituído de corpo e mente (SCLIAR-CABRAL, 1991). Os estudos do referido autor ainda defendia a ideia de que o ser humano é submetidos a três níveis de seleção: natural (características da espécie), por consequências (comportamentos adequados frente mudanças ambientais), na qual pode-se considerar o comportamento verbal (musculatura vocal sob controle operante para adaptar-se ao meio) e, advindo deste, a cultural, com o comportamento voltado para a sobrevivência coletiva e não apenas individual (SCLIAR-CABRAL, 1991). Para Skinner, as consequências são mediadas pela ação de outro indivíduo, sendo o comportamento de mediação condicionado pela comunidade verbal. Ou seja, o comportamento age indiretamente sobre o ambiente, pois seu primeiro efeito é sobre um outro, preparado pela comunidade verbal para responder adequadamente (SCLIAR-CABRAL, 1991). Ainda sobre a ênfase dessa teoria, é importante destacar que os comportamentos somente são aprendidos quando reforçados, maximizando, assim, a ideia do condicionamento instrumental e operante, entendido como sendo a resposta individual para o estímulo fornecido. Na interpretação de tal objetivo, estudiosos na área perceberam lacunas no processo, como por exemplo, ausência de consideração dos aspectos cognitivos, como as estratégias, durante o processo de aprendizagem, uma vez que, apenas a relação entre estímulo e resposta é tida como importante e isso, resultou em críticas severas às acepções de Skinner (SCLIAR-CABRAL, 1991). Estudante, Em suma, a tese de Skinner é a de que a linguagem humana é um comportamento comunicativo aprendido pela criança e essa aprendizagem depende essencialmente de fatores externos ao próprio sujeito, ou seja, pelos estímulos que a criança ouve e a recompensa à resposta verbal que emite (SIM-SIM, 1998). Para auxiliar o seu entendimento sobre o assunto a �gura n.2 exempli�ca as especi�cidades do behaviorismo: Figura 2: Teoria Behaviorista CONHECIMENTO APRENDIZAGEMBEHAVORISMO Absoluto e Transmissível Resposta aos fatores externos Mente como uma caixa preta Realidade exterior convergente Aplicar estímulos e reforços adequados Fonte: (adaptado de Tourinho & Sério, 2010).Diante do exposto, infere-se que para a teoria behaviorista, a mente de uma criança é como folha em branco, que necessita de estimulação de outras pessoas, resultando no processo de estímulo e reação. Quando esse estímulo é verbal e a resposta manifestada não corresponde ao estímulo proposto, então essa é uma relação puramente arbitrária. Nesse sentido, todo conhecimento, inclusive o linguístico, nessa perspectiva, advém unicamente da experiência, limitando-se ao que pode ser captado do mundo externo, pelos sentidos, ou do mundo subjetivo, pela introspecção, sendo deixadas de lado as verdades inatas do racionalismo. Posteriormente, em 1957, Chomsky lançou a sua obra “Syntact Structures”, lançando os fundamentos da sua Gramática Gerativa Transformacional, que deu início à segunda fase da Psicolinguística, denominada de período linguístico. Nesse momento, a teoria behaviorista foi duramente criticada por Chomsky e seu modelo gerativista minimizou as acepções da teoria de Skinner. Mas isso, Caro(a) Aluno(a), é assunto para nosso próximo tópico. Então, embarque comigo, em mais essa viagem de descobertas pelo mundo da Aquisição da Linguagem. Gerativismo e Aquisição da Linguagem Estudante, olá! Neste segundo tópico da Unidade II, intitulado de “Gerativismo e Aquisição da Linguagem” nosso diálogo será em torno da teoria desenvolvida pelo linguista Noam Chomsky e como ele explica a aquisição da linguagem. Essa teoria foi considerada uma das mais importantes no campo da linguística do século XX (o que lhe rendeu o prêmio Frontiers Award). Além de conhecermos a especi�cidade dessa perspectiva teórica, vamos entender as diferenças existentes entre as duas teorias: behaviorismo e o gerativismo. Estudante, a compreensão sobre a Aquisição da Linguagem não é muito simples e para que tal processo fosse entendido, estudiosos na área realizaram muitas pesquisas que, consequentemente, resultaram em diversas publicações e teorias. Dentre os diversos estudos publicados, o Inatismo ganhou destaque, pois suas acepções são reveladoras, uma vez que é baseada na corrente �losó�ca do Racionalismo, que surgiu depois do Empirismo. Inicialmente, o Gerativismo surgiu como oposição ao Behaviorismo, o qual de�niu os indivíduos como tábuas rasas e ausência de capacidade para a linguagem, ou seja, de acordo com Skinner, a linguagem era adquirida apenas a partir da interação, prevalecendo o caráter externo e social. Em meados dos anos 50, Noam Chomsky, linguista americano, inspirado no racionalismo e da tradição lógica dos estudos da linguagem, apresentou sua teoria, a qual objetivou estudar a linguagem considerando as propriedades da mente humana e a relação destas com a organização biológica da espécie. Então, posteriormente,as publicações do renomado deram origem à Gramática Gerativa Transformacional. Assim, essa perspectiva foi além da abordagem estruturalista, distribucionista e comportamentalista que existiam até então sobre estudo da linguagem natural. No ano de 1957, foi publicado o livro Estruturas Sintáticas de Noam Chomsky, então, o ano em questão �cou caracterizado como o ano do nascimento da Linguística Gerativista. De acordo com interpretação dos especialistas na área, para o Noam, a aquisição da linguagem é apenas secundária à teoria global da linguagem, mas, é por meio dos estudos do processo de aquisição de linguagem que ele desenvolveu sua teoria (SCARPA, 2001). O referido autor apresenta uma abordagem inata (ingênita), o Modelo Gerativista, nesse sentido, assevera que o bebê nasce com equipamento físico básico (neural e estrutural), por isso, é totalmente capaz de entender e expressar a linguagem falada, apenas através do contato com outros falantes da língua. Diante de tal apontamento, entende-se que a criança nasce com a linguagem e adquire a língua materna num processo de amadurecimento em relação à língua. Estudante, Outra informação relevante sobre o Gerativismo é que ele trabalha com dois princípios, a competência e o desempenho linguístico, ou seja, os dois referem-se à distinção entre conhecimento e o uso da linguagem, questão de extrema importância para o entendimento dessa teoria. Assim, infere-se que o conhecimento é sempre muito maior que sua manifestação. Acadêmico(a), na Figura n.3, apresentamos as especi�cidades do Gerativismo, no que tange a competência e o desempenho linguístico: @freepik Por isso, ele defende ainda que, a capacidade de compreender e produzir a linguagem decorre de princípios universais que constituem o órgão da linguagem, princípios estes também chamados de Gramática Universal (GU). Assim, quando há estímulos externos na aquisição de determinada língua, esse órgão age sobre esse estímulo e produz a aquisição de uma língua especí�ca. Então, o módulo responsável pela sintaxe, ou, metaforicamente falando, o órgão da sintaxe, trabalha como um sistema computacional para que falemos, favorecendo as propriedades linguísticas utilizadas para falarmos (CHOMSKY, 1997). Figura 3: Competência x Desempenho Linguístico Aquisição da linguagem INATA Fonte: (adaptado de CHOMSKY, 1997). Conforme exempli�cado na Figura n.3, de acordo com as revisões sobre o assunto, o termo Competência refere-se ao conhecimento do falante de um sistema linguístico concebido como um conjunto de regras. Nesse sentido, cada indivíduo tem, de sua linguagem, um conhecimento pessoal, não �nito, que é a sua competência linguística. Logo, o falante nativo dispõe de um conhecimento sobre a estrutura de sua língua que o orienta no uso dela. Dessa forma, quando a criança está inserida num determinado contexto social, no qual pessoas dialogam, automaticamente vai despertar nela o desenvolvimento da competência inata. Contudo se houver a ausência desse contato social, no qual a linguagem verbal é produzida e praticada, tal capacidade não será desenvolvida (SCARPA, 2001). Como exemplo de desenvolvimento da competência inata, podemos citar um caso de um rapaz chamado Kaspar Hauser, que inclusive, virou �lme (indicação do �lme está no �nal da unidade). O menino em questão, por muito tempo, permaneceu isolado, privado de um ambiente propício para o desenvolvimento da linguagem. Em virtude disso, não desenvolveu sua capacidade de fala. Fala-se, que, apenas com mais ou menos 15 anos é que ele conseguiu pronunciar suas primeiras palavras e isso somente foi possível, porque ele começou a ter contato com um falante. Diferentemente, o sistema de desempenho e/ou performance está relacionado ao uso, a utilização da língua pelo falante nativo num contexto social especí�co, ou seja, a utilização dessas regras observado no comportamento linguístico. A performance é a estrutura responsável pela forma como o indivíduo utilizará essa competência, composto pelos sistemas sensório-motor (SM), responsáveis pela materialização do signi�cado, isto é, responsável pelo signi�cante (sons, gestos, etc.). Além disso, a estrutura é composta também pelo sistema conceitual-intencional (CI), responsável pela constituição do signi�cado. Juntos, o SM e o CI, recebem os spell-outs (leituras computacionais) da GU e os materializam no que conhecemos por língua: o SM e o CI são sistemas de interface da GU. Pode-se dizer, então, que é o imediato, o efêmero que se atualiza na palavra, a superfície do discurso, sua face perceptível (SCARPA, 2001). Com intuito de exempli�car tal conceito, apresentamos a Figura n. 4: Figura 4: Sistema Computacional - GU Spell-out GU = Língua SM CI Fonte: Baseado em (PEREIRA, online). Para Chomsky (1997), a criança tem um dispositivo de aquisição da linguagem (DAL) inato que é ativado e trabalha a partir de sentenças (Imput) e gera, como resultado, a gramática da língua à qual a criança está exposta. Para o autor, esse dispositivo é formado por uma série de regras, e a criança, em contato com as sentenças de uma língua, seleciona as regras que funcionam naquela língua em particular, desativando as que não têm nenhum papel. Na interpretação de tal conceito, infere-seque as crianças não imitam ou apenas reproduzem as falas dos adultos, na maioria das vezes elas são originais, conseguem produzir sentenças inéditas, por isso, possuem suas próprias regras de fala. Porém, o convívio com os adultos moldam o inatismo. Ressalta-se que nessa perspectiva, a criança possui um mecanismo que possibilita a aquisição da linguagem, chamado de Dispositivo de Aquisição da Linguagem (DA), considerado uma parte da herança genética de sua espécie, que quando acionado pelas frases ou falas (imput) dos adultos, com as quais irá atuar, resulta na gramática da língua na qual a criança está contextualizada (SCARPA, 2001). Por outro lado, a teoria de princípios e parâmetros de Chomsky (1997), mudou o conceito de Gramática Universal, pois defende que a origem das diferenças entre as línguas e as mudanças numa mesma língua são os parâmetros. Assim, é a criança quem decide qual valor vai atribuir a cada parâmetro. Caro(a) Aluno(a), Por �m, salientamos que pelos motivos expostos, o gerativismo dominou e ainda ganha destaque no que se refere-se aos estudos de aquisição da linguagem, uma vez que, essa teoria, mesmo sendo baseada em uma estrutura mental/ cerebral hipotética, explica como um fenômeno complexo como esse acontece. É válido ressaltar, que esse é um assunto amplo, o qual demanda muitos estudos e leituras complementares, por isso, sugiro leituras adicionais no �nal da Unidade. No próximo tópico, nossos olhares estarão direcionados para mais uma teoria sobre a Aquisição da Linguagem: abordagem epigenética. Então, vamos lá, viajar pelo mundo das acepções piagetianas. REFLITA Acadêmico(a), Chomsky defende que muitos dos princípios inatos que determinam a natureza do pensamento e da experiência podem ser ativados inconscientemente. Nesse sentido, é verdade absoluta que existe período, ou seja, uma fase mais favorável para a aquisição da linguagem (no sentido de língua). Depois desse período, torna-se mais difícil o processo de aquisição. E você concorda com esse pensamento do referido autor? Re�ita! Fonte: Produzido pela autora com base em (CHOMSKY, 1998). Aquisição da Linguagem na Abordagem Epigenética Estudante, olá! Estamos iniciando o terceiro tópico da Unidade II, intitulado de “Aquisição da Linguagem na Abordagem Epigenética”. Tal abordagem, denominada também de cognitivismo construtivista ou epigenético, é baseada nos estudos de Jean Piaget (1896 - 1980), suíço, foi um biólogo, psicólogo e epistemólogo, considerado como um dos mais importantes pensadores do século XX. Ele revolucionou o modo de encarar a educação de crianças ao mostrar que elas não pensam como os adultos, pois constroem o seu próprio aprendizado. Diante disso, criou um campo de investigação que denominou a epistemologia genética - isto é, uma teoria do conhecimento centrada no desenvolvimento natural da criança. Dessa forma, o autor em questão promulga que o conhecimento acontecerá por meio de descobertas realizadas pela própria criança. Tal pensamento, anteriormente já havia sido publicado por outros pensadores, contudo, foi estabelecido e comprovado na prática através da teoria piagetiana. Nesse sentido, para o suiço, o aprendizado é construído pelo aluno e, tal pensamento deu início à corrente construtivista. O referido autor defende dois conceitos essenciais e complementares que fazem parte do crescimento cognitivo da criança, uma vez que, para ele, ela não raciocina como os adultos e se insere nas regras, gradualmente, a partir dos valores e símbolos da maturidade psicológica. Diante disso, entendeu que essa inserção se dá mediante dois mecanismos: assimilação e acomodação. É válido destacar que um não existe sem o outro: Acomodação: Adquirir novas informações oriundas do ambiente externo e atualizando com as informações pré-existentes, encaixando-as às novas informações (PIAGET, 1974). Assimilação: Diferentemente mas complementar, nesse momento, acontece a percepção e adaptação às novas informações. Como exemplo, quando nos deparamos com novas informações, contudo analisamos as informações antigas que armazenamos para interpretar as novas. Estudante, Antes de dialogarmos sobre Aquisição da Linguagem nesta perspectiva, precisamos entender, primeiramente, a teoria do desenvolvimento cognitivo, ou seja, as quatro (4) fases do desenvolvimento mental infantil, defendida pelo autor, porque, para ele, o pensamento infantil passa por quatro estágios, desde o nascimento até o início da adolescência, quando a capacidade plena de raciocínio é atingida. Estudante, você sabe o que as crianças são capazes de aprender em cada fase do seu desenvolvimento? Segundo Piaget (1974), cada fase de desenvolvimento mental é marcada por uma faixa etária e por processos de aprendizagem novos, os quais estão relacionados com a capacidade cognitiva do ser humano, ou seja, com a construção do conhecimento na psiquê, conforme exempli�cado na Figura n.5: Figura 5: Os quatro estágios do desenvolvimento Fase 1: Sensório-motor Fase 2: Pré-operatório Fase 3: Operatório concreto Fase 4: Operatório formal Fonte: Produzida pela autora com base em (PIAGET, 1974). Na interpretação da imagem podemos perceber que os estágios expressam as etapas pelas quais se dá a construção do mundo pela criança, logo, são quatro períodos, que estão relacionados ao desenvolvimento das estruturas cognitivas, intimamente interligados ao desenvolvimento da afetividade e da socialização da criança: Inteligência sensório-motora (até os 2 anos, aproximadamente): Esse momento é de extrema importância para o desenvolvimento cognitivo, uma vez que, as realizações formam a base de todos os processos cognitivos do indivíduo. Os esquemas sensório-motores são as primeiras formas de pensamento e expressão; são padrões de comportamento que podem ser aplicados a diferentes objetos em diferentes contextos. A evolução cognitiva da criança nesse período pode ser descrita em seis subestádios nos quais estabelecem-se as bases para a construção das principais categorias do conhecimento que possibilitam ao ser humano organizar a sua experiência na construção do mundo: objeto, espaço, causalidade e tempo (PIAGET, 1974). Inteligência simbólica ou pré-operatória (2 a 7-8 anos): Nesse momento, acontece a realização da transição entre a inteligência propriamente sensório- motora e a inteligência representativa, isso acontece de forma lenta e sucessiva (PIAGET, 1974). Inteligência operatória concreta ( Entre 7-8 a 11-12 anos): A criança com mais ou menos sete anos entra na fase operatória, com a aquisição da reversibilidade lógica. A reversibilidade aparece como uma propriedade das ações da criança, suscetíveis de se exercerem em pensamento ou interiormente (PIAGET, 1974). Inteligência formal (Após os 12 anos): Tanto as operações como as estruturas que se constroem até aproximadamente os onze anos, são de natureza concreta; permanecem ligadas indissoluvelmente à ação da criança sobre os objetos. Entre os 11 e os 15-16 anos, aproximadamente, as operações se desligam progressivamente do plano da manipulação concreta (PIAGET, 1974). A partir dessas acepções, podemos ressaltar que, os estágios ocorrem, basicamente, nas mesmas idades para as diferentes crianças e cada um se constrói sobre o estágio precedente. É oportuno destacar, que para o referido autor, eles acontecem em uma ordem �xa e são irreversíveis. Estudante, Agora que conhecemos as acepções da teoria piagetiana, na sequência, direcionamos nossos olhares para a visão do autor sobre o assunto em foco nesta Unidade Curricular II, a Aquisição da Linguagem. Os estudos do autor em questão apontam que o aparecimento da linguagem acontece por volta dos 18 meses de idade, na fase da superação do estágio sensório- motor. Como vimos anteriormente, é nesse estágio que acontece o desenvolvimento da função simbólica. Coaduna-se a essa informação, o fato de que Piaget considera a linguagem como uma manifestação da função simbólica, ou seja, a a capacidade cognitivamais especi�camente humana. Assim, a criança desenvolve a capacidade de imitação e interiorização por meio desses modelos e passa a representá-los. Nesse sentido, a função simbólica permite que a criança adquira a linguagem e é na evolução das condutas sensório-motoras que se deve veri�car as fontes da linguagem. (AIMARD, 1998). É válido destacar que para o teórico suiço, o desenvolvimento da linguagem é limitado pelo desenvolvimento cognitivo. Além disso, ele não considera que a linguagem seja uma fonte su�ciente para a cognição, como também não reconhece que o desenvolvimento cognitivo seja su�ciente para o desenvolvimento da linguagem. Diante dessa informação, infere-se que, nessa perspectiva, a criança aprende as palavras por imitação, quando torna-se capaz de pensamento representativo (AIMARD, 1998). Coaduna-se com essas acepções a ideia de que, a fala das crianças em idade pré- escolares aponta que elas, possivelmente, estejam quase adaptadas socialmente, pois, segundo o autor, a linguagem re�ete o pensamento sem modelá-lo. Nesse sentido, a criança deveria atingir um certo estágio de desenvolvimento até tornar-se um ser social (AIMARD, 1998). Assim sendo, podemos inferir que há uma estreita ligação entre a linguagem e o pensamento, que a precede, por isso, a linguagem é uma das condições de socialização de nossa existência e, sobretudo, considerada como um momento essencial da infância. En�m, para Piaget(1974), primeiramente, a criança adquire o conhecimento enquanto fala, posteriormente, ela desenvolve a linguagem. Com intuito de exempli�car os pressupostos da teoria em questão, a Figura n. 6 apresenta informações sobre o cognitivismo piagetiano: Figura 6: Teoria Cognitiva CONHECIMENTO APRENDIZAGEMCOGNITIVISMO Absoluto e Transmissível Representação Simbólica na mente humana da realidade exterior Mente como processador de informação Realidade exterior convergente Manipular o processo mental do aluno Fonte: Produzida pela autora com base em (PIAGET, 1974). Estudante, Nesse terceiro tópico, dialogamos especi�camente sobre a teoria piagetiana, ou teoria cognitiva, e, então, entendemos que Piaget privilegia a maturação biológica. Além disso, para o autor em questão, os fatores internos sobressaem-se aos externos, por isso, o desenvolvimento segue uma sequência �xa e universal de estágios, que foram separados em quatro grandes momentos. No que tange a Aquisição da Linguagem, para o suiço, o pensamento aparece antes da linguagem, que apenas é uma das suas formas de expressão. Assim, a linguagem acontece somente depois que a criança já alcançou um determinado nível de habilidades mentais, subordinados aos processos de pensamento. No próximo tópico, vamos conhecer a teoria de Vygotsky e suas acepções sobre a Aquisição da Linguagem. Então, encontro você, logo ali, para continuarmos nosso diálogo!! SAIBA MAIS Estudante, O desenvolvimento humano acontece na inter-relação entre: Físico- motor (maturação neuro�siológica); Cognitivo (raciocínio, abstração); Afetivo (modo como integra suas vivências); • Social (relação com as pessoas e a cultura). Diante de tal informação, por muito tempo teóricos desenvolveram estudos sobre o assunto e então, em suas publicações destacaram os seguintes aspectos: Inatismo: Condições biológicas (maturação e fatores hereditários) são determinantes para o desenvolvimento; Ambientalista: Ser humano seria condicionado pelas experiências decorrentes de seu contexto familiar, socioeconômico, cultural; Interacionista: Construção do conhecimento acontece a partir das interações do sujeito com o meio e de suas ações sobre o mundo. É Importante destacar que Piaget e Vygotsky são considerados teóricos interacionistas. Fonte: Produzido pela autora com base em (AIMARD, 1998). Interacionismo em Aquisição da Linguagem Estudante, olá! Chegamos ao quarto e último tópico dessa Unidade II, intitulado de “Interacionismo em Aquisição da Linguagem”. Nos interessa, agora, saber como a criança aprende e constrói a linguagem, numa perspectiva que defende a importância da interação para efetividade de tal processo. Conforme comentamos anteriormente, existem diversas teorias que discutem e esclarecem o processo de Aquisição da Linguagem. Nessa unidade, já apresentamos os postulados dos mais renomados teóricos que apresentam estudos sobre o assunto, como por exemplo, Skinner, Chomsky e Piaget. Então, agora, o enfoque será sobre a teoria de Lev Semionovich Vigotsky (1896 - 1934), psicólogo, proponente da psicología cultural-histórica, muito conhecido como o teórico do ensino como processo social, pois a sua obra evidencia o papel da escola no desenvolvimento mental das crianças. Além disso, é uma das teorias mais estudadas na contemporaneidade. Isso posto, faz-se necessário, então, conhecermos o pensamento do referido autor sobre: conhecimento, pensamento e linguagem. Vygotsky, em sua obra “Pensamento e Linguagem” (1998), defendia a importância da função mediadora no processo de aquisição do conhecimento. Segundo ele, os processos cognitivos podem ser divididos em dois níveis: Processos cognitivos inferiores ou no plano natural: tipos de conhecimento que ocorrem de uma forma imediata, sem mediação. Esses processos naturais seguem o ritmo da maturação; Processos cognitivos superiores ou mediados: formas de conhecimentos que indicam ocorrência de interações sociais e culturais entre indivíduos em desenvolvimento e indivíduos mediadores. Para teórico interacionista, toda aprendizagem deve ser coerente com o nível de desenvolvimento da criança, ou seja, existe uma relação entre determinado nível de desenvolvimento e a capacidade potencial de aprendizagem. Dessa forma, para ele, existem dois níveis de desenvolvimento (VYGOTSKY, 1998): O nível do desenvolvimento atual da criança: nível de desenvolvimento das funções psicointelectuais da criança que se conseguiu como resultado de um processo especí�co de desenvolvimento já realizado. Ou seja, é aquilo que a criança realiza com autonomia; sem ajuda de um ser mais desenvolvido. A zona do desenvolvimento potencial: a diferença entre o nível das tarefas realizáveis com o auxílio dos adultos e o nível das tarefas que podem desenvolver-se com uma atividade independente de�ne a área de desenvolvimento potencial da criança. No que se refere à Aquisição da Linguagem, o autor em questão tem postula que a linguagem acompanha o pensamento e não o direciona, diferenciando-se assim das acepções piagetianas. Vale ressaltar que para ele, o pensamento, leia-se cognição e a linguagem têm raízes diferentes, portanto sem qualquer dependência linear entre si. A estrutura da linguagem funciona como uma re�exão no espelho do pensamento, por esse motivo, o pensamento não é vestido de palavras, ele sofre alterações diversas e transforma-se em fala. Nesse sentido, não é limitado encontrar expressão na fala, pois encontra nela a sua realidade e forma (VYGOTSKY, 1998). Além disso, o defensor do interacionismo assevera que para a criança possuir uma compreensão sobre o mundo, não basta obter informações, ela deve agir sobre ele. Nesse sentido, assegura que o pensamento na criança, primeiramente, evolui sem a linguagem. Da mesma forma, os primeiros balbucios da criança constituem-se numa forma de comunicação sem pensamento. No entanto, ele considera que a função social da fala existe, justi�cando, que desde o início o bebê produz sons para efetivar a comunicação com os pais. Diante do exposto, para o autor, a criança nos primeiros meses de vida, possui um pensamento pré-linguístico e uma linguagem pré intelectual (VYGOTSKY, 1998). No estudo dessa teoria, especialistas na área observaram que para Vygotsky, a fala egocêntrica é transitória, no entanto, ela precede o pensamento verbal, ou seja, funciona como uma manifestação de um processo que está próximo de internalizar- se, logo, pensamentos que começam a serem falados (ELLIOT, 2001). Para o teórico interacionista, pensamento e linguagem, no início davida, são independentes, contudo, no decorrer do tempo começam a estabelecer uma relação de interdependência, ou seja, a linguagem começa contribuir para a estruturação do pensamento. Assim, o autor defende a existência de um período pré- cognitivo da linguagem e um período pré-verbal da cognição (pensamento), con�rmando ontogeneticamente que as raízes e o curso seguido pelo desenvolvimento cognitivo diferem da linguagem. Estudante, nesse terceiro e último tópico, dialogamos sobre o campo de estudos de Vygotsky, o qual postulou que a base da aquisição e do desenvolvimento da linguagem é social e cultural, divergindo das acepções piagetiana, que defende uma aquisição individual e biológica. Assim, desejo ter contribuído signi�cativamente com a aquisição e/ou ampliação de conhecimentos sobre as teorias apresentadas sobre a Aquisição da Linguagem. Mas, as informações aqui disponibilizadas não pretendem esgotar o assunto e sim, abrir janelas para a ampliação de mais conhecimento. Um abraço!! SAIBA MAIS Argumentação, humor e incongruência na linguagem da criança Este artigo tem por objetivo discutir a questão da incongruência nos discursos humorístico e argumentativo, tratando da de�nição de cada um desses termos e, além disso, de sua emergência na fala das crianças. Para tanto, trazemos, para embasar as discussões, alguns dados produzidos por duas crianças brasileiras monolíngues – português, G. e S., gravadas em situação de interação com os pais e nos contextos cotidianos, como o jantar, durante suas brincadeiras, entre outros. Trata- se de investigar de que modo a argumentação e o humor estão relacionados na fala dessas crianças, interligadas muitas vezes pela incongruência, fenômenos ainda pouco estudados nas pesquisas sobre a aquisição de linguagem, especialmente sobre as intersecções desses elementos na fala de crianças pequenas. Nossas primeiras observações demonstram que as crianças utilizam precocemente estratégias linguísticas, tanto para defender seu ponto de vista quanto para escapar da repreensão de seus pais e, muitas vezes, elas as fazem utilizando o humor. Argumentação, humor e incongruência na linguagem da criança. Alessandra Jacqueline Vieira, Alessandra Del Ré. Estudos Linguísticos (São Paulo. 1978), v. 48, n. 2, p. 1133-1149, jul. 2019. Dê um click para saber mais: DOI: ACESSAR http://dx.doi.org/10.21165/el.v48i2.2360 REFLITA Acadêmico(a), após estudar sobre a Aquisição da Linguagem, em especial, sobre as acepções propostas por Piaget e Vygotsky, qual a importância que o meio social tem nos processos propriamente cognitivos das crianças? Apresente as opiniões que contrapõem a obra piagetiana à do pensador Lev Vygotsky e re�ita sobre isso!! Para colaborar com sua re�exão, sugiro algumas leituras complementares: Atualidade de Jean Piaget, Emília Ferreiro. 2001. Ed. Artmed. Epistemologia Genética, de Jean Piaget. 2019. Ed. Martins Fontes. Piaget - O Diálogo com a Criança e o Desenvolvimento do Raciocínio, Maria da Glória Seber. 1997. Ed. Scipione. Livro Filme Web Di�culdades no Percurso AUTORIA Greicy Juliana Moreira Sumário Introdução 1 - Atraso simples de linguagem 2 - Desvio Fonológico 3 - Distúrbio Especí�co da Linguagem Considerações Finais Introdução Acadêmico(a), olá! Seja muito bem-vindo à Unidade III, intitulada de “DIFICULDADES NO PERCURSO”. A aprendizagem da linguagem oral e escrita é de extrema importância no desenvolvimento das crianças, uma vez que favorecem as possibilidades de inserção e de participação nas diversas esferas sociais. O trabalho com a linguagem constitui um dos eixos básicos na Educação Infantil e também do Ensino Fundamental I, porque contribui signi�cativamente para a formação do sujeito, que interage e constrói conhecimentos, no contexto educacional, como também nas demais esferas da sociedade. Considerando o exposto, nesta terceira unidade, nossos olhares serão direcionados para as di�culdades que podem aparecer durante o período de aquisição da linguagem. Assim, no primeiro tópico, nosso diálogo será sobre o atraso simples de linguagem. Para tanto, primeiramente, vamos conhecer como acontece o processo de aquisição e depois entender quais são os possíveis atrasos que podem ocorrer no durante o processo de aquisição da linguagem. Posteriormente, no segundo tópico, a ênfase será sobre os Desvios Fonológicos. A aquisição fonológica considerada normal acontece entre o nascimento e aproximadamente entre cinco/seis anos de idade. Porém, nem todas as crianças possuem aquisição típica, algumas têm aquisição mais tardia que podem resultar em atrasos. Nesse sentido, possivelmente, essas crianças possuem desvios fonológicos e outras di�culdades, que terão as causas investigadas por uma equipe multidisciplinar. Por �m, no último tópico, conversaremos especi�camente sobre o Distúrbio Especí�co da Linguagem, caracterizado por di�culdade na aquisição e no uso da linguagem e descrito como Transtorno de Linguagem Infantil no DSM-5. Então, venha comigo, embarque mais uma vez nessa trilha de conhecimentos!! Plano de Estudo: 1. Conceitos e De�nições sobre Atraso Simples de Linguagem. 2. Tipos de desvio Fonológico. 3. Distúrbio Especí�co Da Linguagem. 4. Kauê, houve alteração desse plano após distribuição. Obs: dúvidas falar com a Fabiane -Matheus. Obgda! Objetivos de Aprendizagem: 1. Conceituar e contextualizar o Atraso Simples de Linguagem 2. Conhecer os tipos de Desvio Fonológico 3. Entender os Distúrbios Especí�co Da Linguagem. Atraso simples de linguagem Acadêmico(a), olá! Seja bem-vindo ao primeiro tópico da Unidade III, intitulado de “Atraso Simples de Linguagem”. Você sabe por que algumas crianças com a mesma idade falam primeiro do que as outras? Ou ainda por que outras demoram mais a falar estando com a mesma faixa etária? Por que algumas falam perfeitamente e outras falam de uma maneira tão enrolada, que até parece que dialogam em outra língua? Situações como essas são consideradas pelos especialistas como atraso ou perturbação da linguagem. Esse tipo de problema atinge cerca de 5- 10% das crianças nos primeiros anos de vida e, muitas vezes, acontecem, porque existem transtornos que operam di�cultando o processo simples de aquisição de desenvolvimento da linguagem, favorecendo um padrão de linguagem incompatível com a idade cronológica. Então, para elucidar essas adversidades, neste momento, nosso objetivo será dialogar sobre os tipos de problemas apresentados pelas crianças, como por exemplo, a defasagem no desenvolvimento da linguagem, ou seja, a demora para falar. Alguns especialistas defendem que, muitas vezes, crianças que apresentam esses tipos de incoerência na fala são consideradas como imaturas. É válido destacar também que, em decorrência do atraso na aquisição da linguagem, consequentemente, aparecerão algumas di�culdades de aprendizagem. Assim, para facilitar seu entendimento do assunto, separamos didaticamente o conteúdo proposto em: primeiramente, nosso objetivo será dialogar sobre o processo normal de desenvolvimento da linguagem. Posteriormente, apresentaremos informações sobre as causas dessas alterações. Estudante, para iniciarmos vamos relembrar alguns conceitos já abordados nessa disciplina: O que é linguagem? Na área biológica, a linguagem é entendida como um exemplo de função cortical superior, e seu desenvolvimento se sustenta, por um lado, em uma estrutura anatomofuncional geneticamente determinada e, por outro, em um estímulo verbal que depende do ambiente (SCHIRMER; FONTOURA; NUNES, 2004). Já para abordagem cognitivista, a linguagem é construída mediante a interação da criança com o meio social e disso decorre o surgimento do simbolismo e então, é por meio dele que a criança consegue representar mentalmente os seus esquemas de ação. Nesse sentido, o desenvolvimento da linguagem ocorre no período representativo, por volta dos dois anos de vida. Segundo as acepções piagetianas, infere-se que a linguagem é um sistema desímbolos culturais internalizados, e é utilizada com o �m último de comunicação social (VARGAS; MEZZOMO; FREITAS, 2015). Como acontece o desenvolvimento da linguagem? É sabido que desde os primeiros dias de vida a criança já expressa comunicação por meio do olhar, sorrisos, gestos, etc, além de emitir sons. No decorrer do tempo, conforme cresce, começa a aprender o código linguístico, baseando-se nas relações com o meio social e, assim, por meio da interação entre as capacidades biológicas inatas e a estimulação social, a linguagem vai evoluindo progressivamente. Estudos apontam a existência de duas fases que correspondem ao desenvolvimento da linguagem: Pré-linguística: Essa fase acontece antes das primeiras falas, quando são apenas fonemas (sem palavras) e dura até mais ou menos 1 ano de idade; Fase linguística: Nesse momento começa acontecer o aparecimento das primeiras palavras isoladas. Depois, num processo contínuo de progressão, as palavras vão sendo internalizadas e verbalizadas, um aumento gradativo do número de palavras proferidas . Então, com 6 anos de idade, a criança com desenvolvimento adequado para essa faixa etária, possui uma articulação correta da maioria dos sons da fala. Relata fatos com frases gramaticalmente estruturadas, possui um léxico acima de 10.000 palavras. Especialistas na área destacam que o processo de aquisição da linguagem acontece por meio de quatro sistemas interdependentes (SCHIRMER; FONTOURA; NUNES, 2004): Pragmático: A comunicação por meio do uso da linguagem num contexto social; Fonológico: Está relacionado à percepção e a produção de sons para formar palavras; Semântico: Diz respeito ao signi�cado das palavras proferidas; Gramatical: Compreende as regras sintáticas e morfológicas para combinar palavras em frases. Posto isso, infere-se que o aparecimento da fala e da linguagem, entre um e dois anos de idade, pode ser considerado um dos principais marcos do desenvolvimento infantil. Nesse particular, é importante ressaltarmos, que as alterações da fala e da linguagem são as perturbações do desenvolvimento mais frequentes nas crianças em idade pré-escolar. Assim, faz-se necessário agora entendermos quais são as causas dos problemas para os atrasos de linguagem, assunto central deste tópico. Quais as causas dos problemas de atraso da linguagem? Para iniciar nosso diálogo sobre o assunto, faz-se necessário, antes, distinguir os problemas da linguagem, daqueles que dizem respeito à fala, que é caracterizada pela articulação, ressonância, voz, �uência/ritmo e prosódia, ou seja, àqueles relacionados aos aspectos mecânicos da produção das palavras, como o ritmo do discurso ou a articulação das palavras. Os autores que se dedicaram ao estudo do assunto em questão, asseveram que as alterações da linguagem estão relacionadas aos mais diversos problemas do desenvolvimento, atingindo 3 a 15% das crianças na idade pré-escolar. Tais alterações podem ser de ordem diferente, diante disso, entende-se por Atraso de Linguagem a aquisição adquirida de maneira quase que normal, segundo o parâmetro utilizado para faixa etária em questão, contudo, um pouco mais tarde do que o normal para aquela etapa. Diferentemente, a utilização do termo “Perturbação Especí�ca do Desenvolvimento da Linguagem (PEDL)” está diretamente relacionada às situações atípicas, ou seja, fora do padrão esperado. Além disso, existem outras situações mais raras, nas quais existem regressão da linguagem e a criança perde capacidades que já tinha previamente adquirido, porém não entraremos nesta seara no momento (SCHIRMER; FONTOURA; NUNES, 2004). Ainda sobre essa questão os estudiosos que desenvolveram pesquisas sobre o assunto, promulgam que tais problemas/alterações podem ser classi�cados em atraso, dissociação e desvio, conforme exempli�cado na Tabela n. 1: Nas revisões de literatura sobre o assunto, infere-se que a etiologia das di�culdades de linguagem e aprendizagem é múltipla e envolve diversos fatores que, muita vezes, estão inter-relacionados, como exemplo: os fatores orgânicos, intelectuais/cognitivos e emocionais (estrutura familiar relacional). Além disso, estudos mostram que as di�culdades de aprendizagem, na maioria das vezes, são concomitantes com outras condições desfavoráveis (retardo mental, distúrbio emocional, problemas sensório- motores), por vezes, podem também, ser maximizadas por in�uências externas, como, por exemplo, diferenças culturais, instrução insu�ciente ou inapropriadas (SCHIRMER; FONTOURA; NUNES, 2004). Para um melhor entendimento, exempli�camos as etiologias na tabela n. 2: Tabela 1: Classi�cação das alterações da linguagem Atraso Dissociação Desvio A progressão na linguagem processa-se na sequência correta, mas em ritmo mais lento, sendo o desempenho semelhante ao de uma criança de idade inferior. Existe uma diferença signi�cativa entre a evolução da linguagem e das outras áreas do desenvolvimento O padrão de desenvolvimento é mais alterado: veri�ca-se uma aquisição qualitativamente anômala da linguagem. É um achado comum nas perturbações da comunicação do espectro do autismo. Fonte: (SCHIRMER; FONTOURA; NUNES, 2004). Uma revisão bibliográ�ca seletiva sobre o assunto aponta que os problemas da linguagem oral, conforme dito anteriormente, na maioria das vezes, estarão associados às di�culdades de aprendizagem, leia-se da leitura e escrita, como também ao problemas emocionais e comportamentais, mais tarde, possivelmente, aparecerão outras di�culdades de inserção social, como também, pro�ssional. Assim, abaixo elencamos as di�culdades de aprendizagem da leitura e da escrita, geralmente, que são oriundas de problemas de linguagem oral: Dislexia (podem ser divididas em dois tipos: central e periférica); Dislexia e distúrbio da atenção/hiperatividade; Dislexia e baixo peso ao nascimento; In�uências genéticas na dislexia; Disgra�a e disortogra�a (alterações da linguagem escrita) Acadêmico(a), Tabela 2: Etiologia dos distúrbios da linguagem oral e escrita DISTÚBIOS DESCRIÇÃO Causa ambiental Fatores de risco sociais e emocionais Atraso isolado da linguagem expressiva (constitucional) Atraso de causa não-demonstrável associado a compreensão, pragmática e desenvolvimento não-verbal normais. Dé�cit cognitivo Nos primeiros anos, a evolução da linguagem na criança com atraso de desenvolvimento é semelhante à da criança normal, mas num ritmo inferior. Dé�cit auditivo In�uencia a aquisição da linguagem após 6-9 meses, quando observam-se alterações da vocalização (perda da qualidade vocal, consoantes que desaparecem ou não chegam a surgir, modi�cação da sonoridade das vogais) até que apenas sons primitivos e guturais acabam por persistir. Autismo Pode ocorrer imediata ou tardia, perseveração (persistência inapropriada no mesmo tema) em associação a alterações da comunicação não-verbal, comportamentos estereotipados e perseverantes, interesses restritos e/ou não-usuais e comprometimento da capacidade social. Alterações especí�cas de linguagem Caracterizam-se por limitações signi�cativas da função linguística que não podem ser da linguagem atribuídas a perda auditiva, dé�cit cognitivo ou alterações da estrutura e função fonadora. É um diagnóstico de exclusão. Fonte: (SCHIRMER; FONTOURA; NUNES, 2004). Diante do exposto, infere-se que as causas de alterações de linguagem e de di�culdades de aprendizagem são diversas e alguns estudos apontam também fatores neurológicos para tais problemas. No próximo tópico, a ênfase será sobre os “Desvios fonológicos". Então, vamos lá, conhecer mais sobre o assunto!!! REFLITA Estudante, na sua opinião existe alguma relação entre a di�culdade para se alimentar e o atraso da fala e/ou fala pouco compreensível? Para auxiliar na sua re�exão sobre o assunto, sugiro a seguinte leitura: GIUSTI. Elisabete. Di�culdade na fala e na alimentação: qual a relação? Disponível em: ACESSAR http://www.atrasonafala.com.br/dificuldade-na-fala-e-na-alimentacao-qual-a-relacao-1.htmlDesvio Fonológico Estudante, olá! A criança que está se desenvolvendo de acordo com os padrões esperados para sua idade biológica tem uma aquisição fonológica normal, uma vez que, o domínio do sistema fonológico acontece espontaneamente. Contudo, quando há alguma diferença da normalidade ou mesmo atraso nessa aquisição, os especialistas dizem que há um desvio de ordem fonológica. Então, neste tópico dois da Unidade III, intitulado de “Desvio Fonológico”, nossa ênfase será direcionada às acepções de tal problema, que é de extrema importância, pois contribui para o desenvolvimento da prática pro�ssional de todos aqueles que estão inseridos no contexto de educação, em especial, daqueles que trabalham com o ensino da língua materna. Para tanto, apresentaremos informações sobre o signi�cado, entenderemos o momento que ocorre, ou seja, quando começa a criança começa apresentar indícios de que há algo em desacordo e ainda, vamos dialogar sobre as diversas abordagens que realizam tratamento para o desvio fonológico. O que é o desvio fonológico? Os especialistas na área de�nem como um evento ocorrido na fala das crianças quando existe uma simpli�cação das regras fonológicas, como por exemplo, quando há apagamento ou mesmo substituição de alguns fonemas. Assim, os desvios @freepik Ele é caracterizado por alterações que ocorrem na fala da criança, ou seja, quando ela começa a produzir inadequações dos fonemas, como utilizar inadequadamente as regras fonológicas da língua . Diante disso, infere-se que a criança está apresentando uma desorganização mental dos sons, como também inadequação da informação oral recebida. acontecem em diferentes graus e também, não são limitados às alterações na forma ou mobilidade dos órgãos responsáveis pela fala, mas decorrem de di�culdades na aquisição das consoantes da sua língua materna (SPINDOLA; PAYAO; ANDINI, 2007). A partir de uma revisão bibliográ�ca seletiva sobre o assunto, entendemos o desvio fonológico como um transtorno linguístico, que proporciona alterações na produção da fala da criança e na ausência de determinados fatores etiológicos com por exemplo: di�culdade geral de aprendizagem, dé�cit intelectual, desordem neuromotora, distúrbios psiquiátricos, problemas otológicos ou fatores ambientais (SPINDOLA; PAYAO; ANDINI, 2007). Como acontece a aquisição fonológica? Nas revisões da literatura disponível, veri�cou-se que a aquisição fonológica acontece nas primeiras fases do desenvolvimento da criança, à medida que a criança vai aprendendo a língua. Durante a aquisição fonológica é esperado que ocorram substituições e/ou omissões de fonemas (não realização de segmentos e até de estruturas silábicas complexas). No entanto, quando os processos fonológicos naturais não são suprimidos até mais ou menos os 4 anos de idade, a criança que apresenta tal di�culdade é classi�cada como portadora de desvio fonológico (SPINDOLA; PAYAO; ANDINI, 2007). No processo de aquisição fonológica, a criança, espontaneamente, faz uso de recursos que simpli�cam determinados sons da fala e esse evento é denominado pelos especialistas na área de processos fonológicos. Contudo, com o avanço da idade tais processos tendem a diminuir e cessar. Assim, no processo de aquisição típica, ou seja, dentro dos parâmetros da normalidade a criança, conforme cresce, adiciona fonemas ao arquivo fonológico. Diferentemente, no processo atípico, o desvio fonológico acontece, porque há atraso na produção de fonemas, em especial nas consoantes e, também nos encontros consonantais. Isso acontece no tempo de aquisição fonológica considerado normal ou mesmo depois do prazo. Estudos apontam que algumas não conseguem adquirir novos fonemas e/ou mesmo aperfeiçoá-los, assim não acompanham o ritmo normal de evolução de aspecto fonológico. Isso acontece por diversos motivos, como por exemplo (SPINDOLA; PAYAO; ANDINI, 2007): A partir das publicações dos estudiosos sobre o assunto, constata-se que é inelegível a fala de crianças com desvio fonológico de grau moderado a severo, o que ocasiona situações adversas na comunicação, como também na interação social da criança. Para os especialistas no assunto, as trocas fonológicas mais frequentes são (SPINDOLA; PAYAO; ANDINI, 2007): Os desvios fonológicos possuem visões distintas: ordem fonológica e evolutiva, conforme destaca DEL RÉ (2006): Visão fonológica: é separada em três categorias: sistema de sons, características do sistema das estruturas e características de estabilidade. Perspectiva evolutiva: os desvios também são classi�cados em três categorias evolutivas: 1. O atrasado: a criança aprende os padrões normais, porém demora mais do que o esperado pra isso.; 2. O variável: a criança usa estágios diferentes para desenvolver e isso ocasiona o desencontro cronológico. 3. O diferente: a criança utiliza padrões atípicos que são considerados idiossincráticos. Di�culdades em realizar uma sequência articulatória (apraxia de fala); Di�culdades na articulação como distorção na produção articulatória, isto é, o desvio fonético; Di�culdades decorrentes de base linguística, de organização mental da produção dos sons, ou seja, o desvio fonológico. S por CH, como ckapo ao invés de sapo; R por L, balata ao invés de barata; V por F, faso por vaso; Z por S, sebra por zebra. Diante do exposto, entende-se que o desvio fonológico é uma desorganização, ou seja, alteração no sistema de sons emitidos pela criança, mas sem relação com comprometimentos orgânicos que afetem a produção da fala. Quais são as abordagens de tratamento? Estudante, existem diversas abordagens que tratam especi�camente o desvio fonológico, por isso, faz-se necessário apresentar informações sobre cada uma delas. Contudo é importante ressaltar que o diagnóstico deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar e, somente depois, é indicada a escolha pelo melhor método de intervenção: Psicolinguística: Investiga o processamento da linguagem da criança para entender qual é a de�ciência e propõe uma intervenção personalizada com intuito de sanar a di�culdade apresentada; Focada no vocabulário: Enfatiza a organização dos fonemas em palavras isoladas e depois ensina o encadeamento das palavras que fazem parte do cotidiano da criança. Esse método tem apresentado e�cácia quando o desvio está relacionado aos erros de falas incomuns e inconsistentes; PACT: Este modelo terapêutico inclui pais e responsáveis no tratamento, como também treino metalinguístico, treino fonético, pares mínimos, tarefas para casa, etc. A partir dessas informações, é importante destacar que, independentemente do modelo terapêutico utilizado na intervenção do desvio fonológico, a intenção é utilizar recursos e técnicas que minimizem as di�culdades das crianças. Um estudo menciona a importância de conhecer a prevalência do desvio fonológico, para que esta possa contribuir na criação de projetos de prevenção e intervenção fonoaudiológicas na área de linguagem oral, especialmente na aquisição fonológica. Distúrbio Especí�co da Linguagem Estudante, olá! Chegamos ao terceiro e último tópico da Unidade III, intitulado de “Distúrbio Especí�co da Linguagem - DEL” e nesse momento, nossos olhares estarão direcionados novamente para desenvolvimento da linguagem e as di�culdades apresentadas. Este é um assunto complexo, uma vez que, o percurso de desenvolvimento da linguagem está relacionado a diversos fatores, como por exemplo, orgânicos, ambientais, sociais, etc. Por isso, dialogar sobre o DEL e entender suas especi�cidades é imprescindível para todos aqueles que atuam na esfera educacional, pois os problemas apresentados podem ser tanto de expressão verbal, como também, nas falhas de processamento da informação linguística e isso re�ete em problemas para área da linguagem. O que é Distúrbio Especí�co de Linguagem – DEL? De acordo com os especialistas na área, o DEL é caracterizado por di�culdade na aquisição e no uso da linguagem, por esse motivo, a criança apresenta di�culdade em compreenderou produzir palavras e frases durante uma conversa. Além disso, pode afetar o vocabulário e a gramática. Recentemente, houve uma mudança na terminologia e o DEL passou a ser nomeado como TDL - Transtorno do Desenvolvimento da Linguagem. Na 5ª edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - DSM-5, ele é caracterizado como Transtorno de Linguagem Infantil (APA, 2014). Mas, neste momento, ainda vamos utilizar a expressão DEL para denominar tal conceito, por ser a expressão mais conhecida no contexto educacional. Conforme estudamos anteriormente, o desenvolvimento da linguagem verbal oral ocorre desde os primeiros anos de vida, ou seja, no primeiro ano de vida do bebê, surgem as primeiras palavras e isso con�gura a primeira forma verbal da linguagem, no entanto, as habilidades comunicativas pré-verbais já estão em funcionamento. Posteriormente, mais ou menos com cinco anos, a criança começa a aprimorar sua linguagem. A Figura n. 1 exempli�ca os momentos de fala, como reguladora da conduta na infância. Figura 1: 0 Momentos de Fala 2º MOMENTO Começa a falar as primeiras palavras, mas só nomeia o que vê 4º MOMENTO Fala antes de agir (fala dirigida para o futuro) A fala se internalizou Fala convertida em instrumento de planejamento/organização do comportamento 3º MOMENTO Fala enquanto age, é a “fala egocêntrica” É a fala se internalizando 1º MOMENTO A criança ainda não fala É a fala do adulto que orienta o comportamento da criança Fonte: Baseado em Silveira (1998, p. 42). Na interpretação da �gura, podemos perceber que o desenvolvimento e a estruturação da linguagem acontecem numa sequência lógica, conforme observa Silveira (1998): Intencionalidade da criança na comunicação (gestos, expressões faciais e contato visual) Habilidades comunicativas pré-verbais Habilidades conversacionais Habilidades linguísticas mais evoluídas No entanto, uma criança com DEL apresenta algumas alterações em habilidades de linguagem oral, receptiva, expressiva ou ambas. De acordo com os especialistas na área, por habilidade receptiva entende-se a capacidade de receber e compreender o que outro está falando. Já a habilidade expressiva é entendida pela capacidade de produzir a fala de forma a ser compreendida verbalmente por outro indivíduo, neste caso pode apresentar também a dispraxia oral, que é a di�culdade de programar e executar o som da fala. Diante do exposto, infere-se que tais alterações acarretam diversos problemas de ordem social e educacional (ZORZI & HAGE, 2004). Estudante, você sabe quando começam a aparecer os primeiros sinais? O Distúrbio Especí�co de Linguagem - DEL é mais comum na pré-escola, geralmente a identi�cação das alterações acontece por volta dos 3 e 5 anos. Os especialistas apontam que há uma prevalência - 5 a 10% da população infantil (ZORZI & HAGE, 2004). Conforme exposto anteriormente, com 6 meses os bebês já emitem balbucios, no entanto, caso isso não aconteça neste período já é um indicativo de que há algum tipo de alteração. Posteriormente, entre 1 e 2 anos as crianças já estão na fase de pronunciar as primeiras palavras, como por exemplo, nomear objetos, chupeta, animais, etc e, na maioria das vezes, ausência de pronúncias de palavras, já é um alerta (ZORZI & HAGE, 2004).. Seguindo o curso natural, após os 2 anos, elas vão adquirindo e verbalizando novas palavras e também, neste período, começam a acrescentar verbos à fala, mesmo que a pronúncia não seja tão clara. Assim, se houver di�culdade em falar pequenas frases por volta dos 3 anos, apresentando vocabulário restrito ou mesmo di�culdade em adquirir novas palavras, formar frases curtas, etc, compreende-se que há fortes indícios de a criança apresentar DEL (ZORZI & HAGE, 2004). Ainda sobre essa questão, estudos apontam que as crianças com Del, no que tange à Memória de Trabalho Fonológica, apresentam (ZORZI & HAGE, 2004): Dé�cit em memória de curto prazo; Dé�cit na alça fonológica da memória de trabalho; Baixo rendimento em tarefas de repetição de palavras reais e inventadas É importante ressaltar que as crianças que apresentam os problemas mencionados característicos do DEL, consequentemente terão ansiedade ao se comunicarem, muitas delas já em idades maiores, apresentarão também di�culdades para memorização numérica, sequências de sons, como também problemas para relatar histórias em ordem cronológicas. Contudo o DEL não é relacionado aos transtornos mais globais do desenvolvimento: de�ciência intelectual, de�ciência auditiva, distúrbios neuromotores e outros (critério exclusão - diagnóstico) (ZORZI & HAGE, 2004). Na interpretação das di�culdades discutidas, infere-se que a criança com DEL, pode apresentar alguns sintomas gerais (ZORZI & HAGE, 2004): Desempenho de linguagem: incompatível com a capacidade intelectual não- verbal; Co-ocorrência: defasagem na brincadeira simbólica, alteração no processamento temporal e fonológico ; Evidências: distribuição atípica dos neurônios no córtex cerebral – constituindo pequenos e múltiplos giros (polimicrogiria); Especialistas na área, apontam que no campo linguístico, a criança pode manifestar as seguintes características (ZORZI & HAGE, 2004): Estudante, mas como será que é realizado o diagnóstico? Vamos descobrir? Diante da constatação de tais di�culdades, é necessário diagnóstico clínico, realizado por uma equipe multidisciplinar. Uma vez realizado, essa avaliação pode apontar outros distúrbios que contribuem com a alteração do desenvolvimento da linguagem, conforme exempli�cado na Figura n. 2. Desempenho mais lento e menos e�ciente do processamento da informação; Capacidade de compreensão alterada; Uso de frases simples e elaboração sem respeito às regras gramaticais; Di�culdade em entender frases complexas; Uso inadequado de formas de linguagem de acordo com o contexto social; Vocabulário pouco desenvolvido SAIBA MAIS Acadêmico(a), você sabia que o Transtornos de linguagem oral, principalmente o DEL, são indicadores de risco para di�culdades com a leitura e a escrita, bem como para o sucesso acadêmico geral, por isso devem ser identi�cados precocemente e tratados com intervenção clínica adequada (LEITE, 2008). Figura 2: Distúrbios X Linguagem Deficiência auditiva principal causa de dificuldades linguísticas Deficiência intelectual Deficiência sensorial ou motora da fala Doenças neurológicas, como: afasias adquiridas Fonte: Baseado em (ZORZI & HAGE, 2004). Estudante, é possível também que ocorram associações de DEL e outros transtornos do neurodesenvolvimento, conforme observam os autores (ZORZI & HAGE, 2004): Transtorno especí�co aprendizagem (leitura, escrita e aritmética). 85% das crianças com dislexia tiveram ou têm comprometimento na linguagem oral; Transtorno de dé�cit de atenção/hiperatividade (TDAH); Transtorno do espectro autista (TEA); Transtorno do desenvolvimento da coordenação; Transtorno social (pragmático). Os estudos dos especialistas na área apontam relações entre DEL e Transtornos de Aprendizagem - Dislexia. O Transtornos de Aprendizagem - Dislexia é de origem biológica e consiste em dé�cit no processamento fonológico. Contudo, a criança disléxica possui um bom desenvolvimento das habilidades cognitivas e também, ausência de problemas neurológicos, visuais ou auditivos. Na interpretação da literatura, infere-se que a dislexia é considerada como um dos transtornos de linguagem. Diante disso, os atrasos ou distúrbios no desenvolvimento da linguagem, geralmente, aparecem na primeira infância, o que indica propensão para a dislexia (ALVES, 2011). De acordo com o exposto, é interessante revermos alguns aspectos essenciais para entendermos se a relação entre a dislexia e os atrasos ou distúrbios no desenvolvimento da linguagem oral tem relação direta. Para tanto, a Figura n. 3 exempli�ca as características de tais conceitos: Figura 3: DEL x DISLEXIA DEL Transtorno de Linguagem oral + estudos Déficits no sistema da linguagem Habilidades cognitivas não-verbaisnormais Rendimento inferior ao esperado/idade escolar DISLEXIA Específico da aprendizagem da leitura Dificuldade na soletração e decodificação Dificuldade de interpretação Fonte: Baseado em (ZORZI & HAGE, 2004). Nas revisões de literatura sobre o assunto, estudos apontam que entre 18 a 36% de crianças diagnosticadas com DEL no Jardim de Infância apresentaram diagnóstico de dislexia. Já na idade escolar, isso acontece entre duas a três vezes maior do que crianças com desenvolvimento típico de linguagem. Além disso, as crianças diagnosticadas com DEL + histórico familiar positivo para dislexia tiveram quatro vezes maior probabilidade de ter dislexia do que as crianças com desenvolvimento típico de linguagem, sem risco familiar (ALVES, 2011). Em síntese, as crianças disléxicas possuem propensão para apresentação de dé�cits nos componentes da linguagem oral, que podem ser de grau leve a severo. Já as crianças diagnosticadas com DEL apresentam dé�cit no processamento fonológico e, posteriormente, podem apresentar di�culdades no reconhecimento da palavra, além disso, de modo geral o dé�cit no processamento fonológico leva a comprometimentos na linguagem oral, na área expressiva e receptiva, bem como na linguagem escrita. Nesse sentido, infere-se que DEL e dislexia são transtornos diferentes, porém, possuem estreita relação, porque existe fraco desempenho em processamento fonológico nas duas situações. Em suma, os especialistas na área orientam que o tratamento deve ser iniciado logo após os primeiros indícios, na maioria das vezes por volta dos três anos de idade, o que leva ao diagnóstico realizado por uma equipe multidisciplinar. Então, com o diagnóstico posto, a intervenção terapêutica deve acontecer de maneira adequada, o que resultará na melhora da aquisição de linguagem, contribuindo signi�cativamente para o sucesso no aprendizado escolar. Estudante, chegamos ao �nal dessa terceira Unidade, na qual dialogamos mais especi�camente sobre os problemas manifestados durante o percurso de Aquisição da Linguagem. Na próxima, nosso objetivo será entender a como a Multimodalidade contribui para o processo de aquisição da linguagem e, também, sobre a aquisição da segunda língua. Então, vamos embarcar comigo em mais essa trilha de conhecimentos!!! SAIBA MAIS Você sabia que o DEL é um problema muito comum,principalmente na infância e afeta um número muito maior de meninos do que meninas. Fonte: Produzido pela autora - Baseado em (ZORZI & HAGE,2004). SAIBA MAIS Dislexia: sinais podem surgir antes da alfabetização: Pais e responsáveis devem se atentar ao desenvolvimento das crianças, principalmente na faixa etária de 2 anos. Segundo a professora do Departamento de Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina da UFMG, Luciana Alves, a maioria dos casos é devido à predisposição genética. Apesar de ser recomendado que o diagnóstico seja feito após o �nal do oitavo ano de vida, os pais devem �car atentos ao desenvolvimento dos �lhos a partir dos 2 anos e meio, fase em que alguns sinais já podem indicar o transtorno. Como identi�car? Entre os primeiros sinais, a professora Luciana Alves, também especialista em fonoaudiologia educacional, destaca alguns que podem ser facilmente observados durante o convívio com os pequenos. “A partir dos 2 anos e meio, as crianças que vão manifestar dislexia têm atraso no desenvolvimento da linguagem. Então demoram mais para falar as primeiras palavras, têm di�culdades em reproduzir alguns sons da língua e em lidar com os sons do idioma”, explica. Campos, Laryssa. Dislexia: sinais podem surgir antes da alfabetização. 14 DE NOVEMBRO DE 2019. Disponível em: https://www.medicina.ufmg.br/>. Acesso em: 19 de março de 2021. Dê um click para saber mais: ACESSAR https://www.medicina.ufmg.br/primeiros-sinais-do-transtorno-podem-surgir-antes-do-periodo-de-alfabetizacao/ https://www.medicina.ufmg.br/primeiros-sinais-do-transtorno-podem-surgir-antes-do-periodo-de-alfabetizacao/ REFLITA Estudante, no decorrer dessa Unidade Curricular dialogamos sobre as di�culdades apresentadas no percurso de Aquisição de Linguagem. Considerando o exposto, re�ita: “Crianças com alteração precoce de linguagem verbal e oral vão desenvolver dislexia?” Para auxiliar, sugiro algumas leituras complementares: HAGE, Simone Rocha de Vasconcelos et al. Distúrbio especí�co de linguagem: aspectos linguísticos e neurobiológicos. Arq. Neuro- Psiquiatr. [online]. 2006, vol.64, n.2a, pp.173-180. ISSN 1678-4227. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S0004-282X2006000200001>. Takiuchi, Noemi. Do DEL ao Transtorno do Desenvolvimento da Linguagem (TDL): o novo consenso, 2010. Diponível em: <https://www.dislexia.org.br/>. http://dx.doi.org/10.1590/S0004-282X2006000200001 https://www.dislexia.org.br/wp-content/uploads/2017/12/Do-DEL-ao-Transtorno-do-Desenvolvimento-da-Linguagem-TDL-o-Novo-Consenso.pdf Livro Filme Web Multimodalidade e Segunda Língua AUTORIA Greicy Juliana Moreira Sumário Introdução 1 - Aquisição da Linguagem e Multimodalidade 2 - Aquisição do Português como Língua Materna e como Segunda Língua Considerações Finais Introdução Acadêmico(a), olá! Seja muito bem-vindo à quarta unidade desta disciplina, intitulada de “MULTIMODALIDADE E SEGUNDA LÍNGUA”. A linguagem é a primeira forma de socialização da criança e o início dessa fase acontece por meio da socialização entre pais e �lhos, num processo de interação verbal. Então, é função do professor(a) inserido(a) no contexto da educação infantil, como também o que trabalha com o desenvolvimento da língua materna nas demais etapas da educação básica promover o conhecimento da Língua Portuguesa. Além disso, a aquisição do português como segunda língua é um assunto que necessita de atenção especial, em virtude do alto número de de�cientes auditivos/surdos existentes no Brasil. Nesse sentido, dialogar sobre tal assunto vai ao encontro das acepções da educação inclusiva, a qual objetiva viabilizar, em especial, no contexto educacional, o respeito à valorização e ainda a possibilitar o acesso à comunicação precisa e e�caz, para todos àqueles que necessitam de atendimento especial. Diante desse contexto, faz-se necessário entendermos alguns processos que contribuem para a aquisição da linguagem. No primeiro tópico, intitulado de “Aquisição da linguagem e multimodalidade'', vamos dialogar sobre a perspectiva multimodal da linguagem, a qual considera os gestos e a fala como sistemas indissociáveis. Além disso, nessa perspectiva tais elementos são considerados como modalidades que atuam concomitantemente e expressam informações semânticas no processo de comunicação. Na sequência, no segundo tópico, intitulado de “Aquisição do Português como língua materna e como segunda língua”, daremos ênfase à aquisição da linguagem sob as acepções da Base Nacional Comum Curricular - BNCC. Depois, vamos conhecer o que os especialistas na área dizem sobre a aquisição do português como segunda língua para os surdos, um assunto de extrema importância para muitas áreas do conhecimento, em especial para aqueles que estão diretamente ligados ao processo de ensino-aprendizagem da língua materna. Então vamos lá, trilhar caminhos de novos conhecimentos!!! Plano de Estudo: 1. Conceitos e De�nições de Aquisição da Linguagem e Multimodalidade 2. Campos de estudo sobre a Aquisição do português como língua materna e como segunda. Objetivos de Aprendizagem: 1. Conceituar e contextualizar Aquisição da Linguagem e Multimodalidade 2. Estabelecer a importância da Aquisição do português como língua materna e como segunda Aquisição da Linguagem e Multimodalidade Estudante, olá! Seja muito bem-vindo ao primeiro tópico da Unidade IV, intitulado de “Aquisição da Linguagem e Multimodalidade”. A aquisição da linguagem aborda um processo dialógico, contínuo e não linear de produção de sentidos, porque abrange todo o desenvolvimento da fala, dos gestos e do olhar, os quais estão inter-relacionados. Esse conjunto é denominado deconcepção de Linguagem Multimodal, por isso, neste tópico, apresento informações sobre o desenvolvimento linguístico, ou seja, a aquisição da linguagem infantil em uma perspectiva multimodal. Assim, iniciaremos nossa discussão dialogando sobre o termo “multimodalidade” e a perspectiva multimodal da linguagem, abordando as produções gestuais e as vocais enquanto modalidades comunicativas. Para tanto, utilizaremos os pressupostos teóricos de autores que têm apresentado estudos na área e expandido as discussões e re�exões sobre a multimodalidade, nacional e internacionalmente, como por exemplo, os trabalhos de Kendon (2000), McNeill (2002), Cavalcante (2015), Ávila e Nóbrega (2010), Soares (2014), entre outros. A Perspectiva Multimodal da Linguagem Para iniciarmos esse diálogo, vamos entender primeiramente qual é o signi�cado de Multimodalidade: De acordo com as acepções do dicionário, esse termo é entendido como um S.f: Qualidade de multimodal, do que apresenta variados modos, feitios, aspectos, formas; Característica da comunicação que se efetiva simultaneamente por vários meios, formas (gesto e fala; escrita e leitura; imagem e texto etc.) (Oxford, online). Diante dessas considerações, para nosso estudo, utilizaremos a segunda acepção que diz respeito à Multimodalidade como diversas formas de comunicação, o que inclui os gestos, etc. Uma revisão seletiva sobre o assunto aponta que, a multimodalidade é um termo relativamente novo, e diz respeito às modalidades de uso da língua (fala, gesto, olhar) que visam à comunicação. Assim, as acepções sobre a multimodalidade direcionam para a ideia de que os signi�cados são produzidos, interpretados por meio de diversas formas de representação e comunicação, e não apenas por meio da linguagem falada ou escrita. Infere-se, portanto, que a linguagem não está limitada apenas ao aspecto verbal, conforme dito nas unidades anteriores. Logo, os gestos, expressões faciais e o olhar, por exemplo, expressam uma forma de linguagem. Especialistas na área apontam que a criança está inserida como sujeito linguísticamente interativo desde o nascimento, contudo, precisa da mediação do outro, mesmo antes de seu nascimento, mediando a língua como multimodal (Ávila Nóbrega, 2010). Para os estudiosos sobre o assunto, existem quatro momentos dinâmicos e justapostos para a aquisição e funcionamento prosódico-vocal: o balbucio, o jargão, as primeiras palavras e os blocos de enunciados, conforme ilustrado na Tabela n. 01: Os estudos de Soares (2014), também destacam que a criança apresentará trechos de linguagem, representados por balbucio, jargões, holófrases e blocos de enunciados, e que tal processo independe da idade ou de alguma patologia que venha a apresentar. Além disso, a autora assevera que a variação linguística das produções de fala (vocalizações) pela criança ocorre ao longo de todo processo de aquisição da linguagem. Diante do exposto, entende-se que a multimodalidade, é uma forma de comunicação, que utiliza processos além dos verbais, ou seja, por meio dos gestos, posturas, direcionamento do olhar, posição espacial, risos, etc (Kress, 2001). Além disso, o falar e gesticular são entendidos como sistemas interligados, o que justi�ca os pressupostos multimodais de língua. Nesse sentido, (Kendon 2000) desenvolveu um “contínuo”, que são os quatro tipos de gestos inter-relacionados: gesticulação, pantomima, emblemas e língua de sinais. Para ele a conexão se dá na: relação com a produção de fala (linha 1); relação com as propriedades linguísticas (linha 2); relação com as convenções (linha 3), relação com o caráter semiótico (linha 4), conforme exempli�cado na Tabela n.1 (Kendon, 2000): Tabela 01: Prosódico-vocal infantil MOMENTOS DESCRIÇÃO Balbucio Produção de sílabas com o formato consoante-vogal, de forma repetitiva e ritmada. Jargão Longas sequências de sílabas que contêm padrões variados e variáveis de entonação e de acento. Contudo, não apresentam conteúdo linguístico ou estrutura gramatical equivalente à língua de sua comunidade. Primeiras palavras Surgem os primeiros enunciados da criança, chamados de holófrases. Elas possuem contraste entoacional e são constituídas de uma só palavra para expressar uma ideia complexa, associada a um contexto linguístico mais abrangente, por exemplo, através de gestos. Blocos de enunciados Período em que a criança alterna sua produção verbal entre a produção de holófrase e a de enunciados completos. A criança já é capaz de fazer pedidos, perguntas e produzir respostas mais longas com signi�cado completo, superando os enunciados holofrásticos. Fonte: McNeill (2000). Figura 01: Quatro tipos de gestos Pantomima Ausência de propriedades linguísticas Não convencional Global e analítica Ausência de fala Emblemáticos Presença opcional de fala Presença de algumas propriedades linguísticas Parcialmente convencional Segmentada e analítica Língua de sinais Ausência de fala Presença de propriedades linguísticas Segmentada e analítica Totalmente convencional Gesticulação Prensença obrigatória de fala Ausência de propriedades linguísticas Não convencional Global e sintética Fonte: McNeill (2002) Para McNeill (2002) a palavra gesto recobre uma multiplicidade de movimentos comunicativos. Os gestos são utilizados juntamente com a fala, contudo, o uso se relaciona com as marcas individuais do falante. Coaduna-se com o referido autor, as acepções de Kendon (2000) sobre os gestos contínuos, pois ao analisarmos da esquerda para a direita, percebemos que a presença obrigatória da fala diminui, porque a presença de propriedades linguísticas aumenta e ainda, temos os gestos individuais sendo substituídos por aqueles regulados socialmente. Já sobre a gesticulação e �uxo de fala, os teóricos destacam que a presença da gesticulação é pequena nos meses iniciais de vida do bebê. Diferentemente, os gestos emblemáticos são aqueles que, por exemplo, utilizamos para balançar a cabeça, aprovando e/ou desaprovando uma situação. Já, a pantomima é considerada como um tipo de gesto que indica representação de ações, apontando para um aspecto narrativo, uma vez que envolve uma sequência de micro ações. Por último, a língua de sinais, é entendida como um sistema linguístico próprio de uma comunidade, uma vez que, as línguas de sinais têm sua própria estrutura linguística, incluindo padrões gramaticais, morfológicos, etc, como por exemplo, a Libras para o Brasil. Os sinais são obrigatoriamente ausentes de fala, mas têm propriedades essenciais de uma língua (MCNEILL, 2002). Acrescenta-se ao exposto, que os referidos autores ampliaram os estudos sobre os gestos, apresentando novas tipologias (gestos icônicos, metafóricos, dêiticos e beats), ou seja, são gestos que estão delimitados como gesticulação ou preenchedores no continuum (MCNEILL, 2002); (KENDON, 2000). Os icônicos referem-se à apresentação de imagens de entidades e/ou objetos concretos, como por exemplo, um símbolo referencial. O objetivo deles é informar e estão estreitamente ligados ao discurso, ilustrando o que está sendo dito, como por exemplo, quando uma pessoa demonstra o tamanho de um objeto com mãos (pequeno/grande). Diferentemente, os gestos metafóricos são apenas parecidos em sua superfície com os gestos icônicos, contudo, possuem diferença, pois existe refere-se às expressões abstratas, ou seja, estão limitados à descrição de eventos concretos, adicionando também o conteúdo abstrato. Dessa forma, um signi�cado abstrato é descrito como se tivesse forma ou ocupasse um espaço. Por sua vez, os dêiticos são prototípicos, como exemplo temo o “apontar”, que identi�ca um objeto. Então os beats, são as mãos batendo ritmadamente, servindo como marcador da fala (MCNEILL, 2002; KENDON, 2000). Ainda a respeito da multimodalidade, no que tange os estudos sobre a aquisição da linguagem, abordando gesto e fala, temos a noção de Envelope Multimodal em momentos de interação entre mãe-bebê. Essa perspectiva considera a conexãode três componentes da interação: olhar, gestos e produção vocal, que emergem concomitantemente, ou seja, uma inter-relação entre os elementos multimodais (ÁVILA NÓBREGA, 2010). Considerando o que foi exposto, o que se refere à multimodalidade englobando o uso dos gestos e da fala, entende-se que eles estão interligados a uma mesma matriz de signi�cação e juntos completam-se. Contudo, o gesto quando produzido isoladamente, domina a comunicação, ele toma forma de língua (como é o caso dos sinais no continuum de Kendon). Ele traz em si algo comunicativo, porque se constitui a partir de uma ação. Desse modo, ele surge concomitantemente à produção vocal, tornando-se uma modalidade multimodal no processo de aquisição da linguagem. Mas, quando o gesto é produzido em conjunto com a fala, ele �ca em segundo plano, completando a informação transmitida pela fala. Infere-se, portanto, que a linguagem é construída na conexão entre os elementos multimodais nos momentos de interação entre os sujeitos que estão envolvidos em um mesmo contexto histórico-social, seja por meio da linguagem oralizada ou gestual. Assim, essa interação contribui para a aquisição da linguagem infantil, como também, para a construção de sentidos. Estudante, no próximo tópico ampliaremos nossas discussões sobre aquisição da língua, enfatizando a aquisição do Português como língua materna e como segunda língua. Vamos lá para mais um diálogo!! REFLITA Estudante, no decorrer desse tópico dialogamos sobre as conexões entre gesto e fala e ainda, que juntos formam uma única matriz de signi�cação e que não podem se dissociar. Mas vamos re�etir, por que não? Por que não podem ser dissociados? Re�ita sobre isso! Para contribuir com sua re�exão, sugiro a seguinte leitura: CAVALCANTE, Marianne Carvalho Bezerra; BARROS, Andressa Toscano Moura de Caldas, SILVA, Paula Michely Soares da, NÓBREGA, Paulo Vinícius Ávila. Sincronia gesto-fala na emergência da �uência infantil. ACESSAR https://doi.org/10.21165/el.v45i2.984 Aquisição do Português como Língua Materna e como Segunda Língua Caro(a) aluno(a), Neste momento, estamos iniciando o segundo tópico da Unidade IV, intitulado “Aquisição do português como língua materna e como segunda língua''. Aqui, nosso diálogo será sobre a aquisição da língua portuguesa, enquanto língua materna e também, como segunda língua, especialmente no que tange a educação de surdos. Esse recorte justi�ca-se, porque, no Brasil, de acordo com os últimos dados estatísticos publicados, em 2019, pelo Instituto Locomotiva, o país tem 10,7 milhões de pessoas com de�ciência auditiva, que utilizam a Libras como primeira língua e o português no segundo momento. A Libras é uma língua e foi reconhecida o�cialmente como segunda língua o�cial do Brasil e primeira língua do surdo desde 2002, a partir da publicação da Lei nº 10.436. Desde o início desta disciplina trilhamos caminhos que nos apresentaram informações importantíssimas, as quais corroboram com o entendimento acerca da aquisição da linguagem, bem como os problemas de percursos que podem aparecer no decorrer do caminho. Isso justi�ca-se, porque estudar sobre as �loso�as e métodos educacionais relacionados à aquisição da linguagem proporciona o entendimento sobre às práticas educacionais propostas, como por exemplo, pela Base Nacional Comum Curricular - BNCC, que é um documento de referência para a formulação dos currículos escolares de todo o Brasil. Para tanto, primeiramente, vamos entender as perspectivas que direcionam à aquisição do Português como língua materna e, posteriormente, como segunda língua. Encontro você, futuro(a) educador(a), logo mais, para conversarmos sobre esses assuntos tão essenciais, os quais contribuirão efetivamente para sua prática pro�ssional. Aquisição do Português como língua materna Estudante, Aprender a linguagem oral e escrita de maneira efetiva é de extrema importância, pois disso decorre a interação social da criança, sua formação enquanto sujeito ativo e re�exivo, como também auxilia na construção do conhecimento. Por esse motivo, o trabalho com a linguagem é considerado um dos eixos básicos na Educação Infantil. Diante disso, infere-se que aprender uma língua não diz respeito apenas à aquisição de palavras, mas também sobre toda carga semântica que elas carregam, uma vez que elas transmitem as ideologias de uma sociedade. De acordo com Saussure (2012), para haver comunicação linguística, não basta ter sons articulados pelo aparelho fonador, mas sons articulados de valor semântico, ou seja, a signi�cação será a expressão, construída pela ligação do pensamento aos sons da fala e medida pela língua e ou signo linguístico. Corrobora com essas a�rmativas, o conceito de palavra/discurso, segundo a concepção dialógica da linguagem, caracterizada sob a perspectiva do Círculo de Bakhtin, para ele, as palavras são elo entre os interlocutores carregadas de ideologías socialmente constituidas (BAKHTIN/VOLOCHINOV, 1992). A partir dessa re�exão, podemos dizer que, como primeira etapa da Educação Básica, a Educação Infantil é o início e o fundamento do processo educacional, assim, tem de promover experiências signi�cativas de aprendizagem da língua materna, por meio de um trabalho com a linguagem oral e escrita, ampliando as capacidades de comunicação e expressão e de acesso ao mundo letrado pelas crianças. Estudante, mas isso só será possível se teoria e prática estiverem alinhadas. E você sabe a diferença entre Prática Pedagógica e Práxis? A Prática Pedagógica é o processo que envolve os aspectos sociais e culturais e tem como parâmetro os valores e saberes utilizados no processo de ensino. Já a práxis pedagógica está relacionada à ação de um professor re�exivo, que além de conduzir o ensino e a aprendizagem contribua para formação crítica e social do seu educando. Uma revisão seletiva sobre o assunto aponta que a prática pedagógica que contemple diversidades de experiências signi�cativas con�gura o desenvolvimento gradativo das capacidades associadas às quatro competências linguísticas básicas: falar, escutar, ler e escrever. Nesse sentido, o professor precisa estabelecer relações com seu trabalho e a realidade daquele contexto escolar, para que consiga alcançar os seus propósitos, seguindo um planejamento plausível. A Base Nacional Curricular Comum - BNCC (BRASIL, 2016), documento que apresenta quais são as aprendizagem essenciais para aluno na educação básica, ou seja, uma atualização e complementação do Plano Nacional de Educação. Dentre as dez competências apontadas pela BNCC. O documento normativo BNCC tem por objetivo atender às demandas de sistemas nacionais de avaliação, como a Prova Brasil, a Provinha Brasil e o ENEM, fortalecidos com a implementação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), em 2007. Contudo, para que seja atingido o índice esperado, deve haver a implementação de práticas pedagógicas e formação de professores, de forma imediata (AZEVEDO; DAMASCENO, 2017). No que tange à aquisição da linguagem, as metodologias de ensino propostas pela BNCC não de�nem um método de alfabetização a ser aplicado e executado pelos professores, ou seja, não há indicação de como fazer, mas um parâmetro para ser seguido e aplicado. Nesse sentido, segundo as acepções da Base, a criança estará alfabetizada se, ao longo do processo, construir as habilidades, como por exemplo (BRASIL, 2019): @freepik É válido ressaltar, que na sua prática pedagógica, o professor precisa pautar-se em teorias, por que essa dicotomia (teoria e prática) é que trará resultados satisfatórios. Para tanto, faz-se necessário que o educador esteja sempre atualizado, participando de formação continuada, promovendo um desenvolvimento pro�ssional, que possibilite contextualizar e dar sentido à sua atuação enquanto mestre. Aluno(a), você sabe o que diz a BNCC sobre a aquisição da língua materna? Vamos descobrir? Ainda que a BNCC atribua a etapa de alfabetização aos anos iniciais do Ensino Fundamental,alguns preceitos e antecedentes do período alfabetizador estão presentes na fase da Educação Infantil. É válido ressaltar que mesmo não aparecendo o nome “alfabetização”, as orientações para essa etapa, como também para o letramento constam na etapa da Educação Infantil da BNCC (BRASIL, 2019). O campo de experiência nomeado Escuta, fala, pensamento e imaginação está relacionado às experiências e saberes da criança voltados para a comunicação. Neste momento de etapa escolar, as orientações da BNCC apontam para o trabalho com práticas que explorem o falar e o ouvir por meio de situações e exercícios interativos e lúdicos (BRASIL, 2019). A aquisição da linguagem envolve habilidades que são obtidas durante o percurso da alfabetização, por isso a BNCC aponta orientações bastantes relevantes. Assim, é importante destacar que, desde o início da etapa da criança na escola, ou seja, na Educação Infantil, a orientação é que sejam trabalhadas as práticas letradas e nesse momento já se inicia o processo de alfabetização, contudo espera-se que até o segundo ano do Ensino Fundamental I a criança esteja alfabetizada. Então, agora, vamos saber quais são as práticas sugeridas pela BNCC para o processo de alfabetização. Assim, para melhor entendimento sobre o assunto, apresentamos tais informações na Figura n. 02 (BRASIL, 2019): Compreender diferenças entre escrita e outras formas grá�cas (outros sistemas de representação); Dominar as convenções grá�cas (letras maiúsculas e minúsculas, cursiva e script); Conhecer o alfabeto; Compreender a natureza alfabética do nosso sistema de escrita; Dominar as relações entre grafemas e fonemas; Saber decodi�car palavras e textos escritos; Saber ler, reconhecendo globalmente as palavras; Ampliar a sacada do olhar para porções maiores de texto que meras palavras, desenvolvendo assim �uência e rapidez de leitura (fatiamento). Figura 02 - Processo de Alfabetização - BNCC Consciência fonológica e formatos do alfabeto Consciência fonológica e formatos do alfabeto Relações fonografêmicas Relações fono-ortográficas Capacidades gerais do alfabetizado Fonte: (Brasil, 2019). No que se refere à escrita na Educação Infantil, o documento normativo destaca os seguintes aspectos (BRASIL, 2019): Já as orientações da BNCC sobre a Língua Portuguesa para o Ensino Fundamental I, ou seja, os anos iniciais, prevê os seguintes eixos (BRASIL, 2019): Oralidade: aprofundam-se o conhecimento e o uso da língua oral, as características de interações discursivas e as estratégias de fala e escuta em intercâmbios orais; Análise Linguística/Semiótica: sistematiza-se a alfabetização, particularmente nos dois primeiros anos, e desenvolvem-se, ao longo dos três anos seguintes, a observação das regularidades e a análise do funcionamento da língua e de outras linguagens e seus efeitos nos discursos; A criança, naturalmente, manifesta curiosidade linguística acerca de textos escritos. Sozinha, ela constitui sua própria concepção de língua escrita e já é capaz de reconhecer a multiplicidade dos usos da escrita; A partir dos conhecimentos e desejos manifestados pelas crianças, a imersão na cultura da escrita deve ser iniciada; O contato precoce com a Literatura colabora para o desenvolvimento do gosto pela leitura e estímulo à criatividade; A familiaridade com textos escritos faz com que as crianças desenvolvam hipóteses sobre o escrever. Na maioria das vezes, os pequenos conseguem identi�car a escrita como um sistema de representação da língua. Leitura/Escuta: amplia-se o letramento, por meio da progressiva incorporação de estratégias de leitura em textos de nível de complexidade crescente, assim como no eixo Produção de Textos, pela progressiva incorporação de estratégias de produção de textos de diferentes gêneros textuais. Considerando o exposto, de acordo com a proposta da BNCC, nos anos iniciais (1º e 2º anos), o processo de alfabetização deve ser o foco da ação pedagógica. Isso justi�ca- se, porque, aprender a ler e escrever é um inovação para eles, que amplia suas possibilidades de construir conhecimentos nos diferentes componentes, por sua inserção na cultura letrada, e de participar com maior autonomia e protagonismo na vida social. (BRASIL, 2019). Acadêmico(a), após entendermos as orientações da BNCC relacionadas ao processo de alfabetização, na sequência, vamos dialogar sobre a aquisição do Português como segunda língua para o surdo. Português como segunda língua para os surdos Acadêmico(a), No Brasil, como no mundo, houve muitos avanços relacionados à inclusão das populações surdas nos diversos setores da sociedade brasileira, como também, no que tange o aumento de acessibilidade comunicativas. Porém, ainda existem grandes desa�os para tornar essa inserção ainda mais efetiva. Nesse sentido, o sistema educacional brasileiro tem participação essencial para que mais conquistas aconteçam e a inclusão social seja uma verdadeira realidade. Então, nosso objetivo central será entender a importância do português como segunda língua na formação do aluno surdo. A pessoa surda/de�ciente auditivo passa por grandes desa�os diariamente, pois vive em uma sociedade ouvinte, em que toda comunicação se dá por meio de outra língua. Em âmbito nacional, a Língua Portuguesa é considerada como a língua materna do brasileiro, no entanto, ela é a segunda língua para o público em questão, que é alfabetizado, primeiramente em Libras. Corroborando com essa a�rmação, a Unesco, a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com De�ciência e a Federação Mundial dos Surdos, com intuito de minimizar tais preconceitos e inserir o surdo no contexto social, sem barreiras, asseveram que o direito linguístico do surdo é o direito à comunicação por meio da língua de sinais, sua primeira língua e, no caso do Brasil, o Português como segunda língua (BRASIL, 2006). Esse direito mencionado é, antes de tudo, um direito humano, imprescindível, que deve ser colocado em prática em todas as esferas sociais para disseminar a comunicação por meio da LIBRAS. Conforme reforçado no Glossário da Educação Especial Censo Escolar: “Cabe destacar que os alunos surdos usuários da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) demandam a priorização e valorização desta língua, como primeira língua, e a organização de todo o processo educacional na perspectiva da educação bilíngue” (BRASIL, 2020). Assim, foi assegurada a opção pelas especi�cidades linguísticas que a língua de sinais tem, conforme disposto no Decreto 5.626/05, previsto no art.14, parágrafo 1°, inciso II, houve a obrigatoriedade do ensino de LIBRAS. Dessa forma, desde a educação infantil, os surdos podem optar por uma educação bilíngue, aprendendo a Língua Portuguesa (escrita) como segunda língua (BRASIL, 2005). Para Soares (1998), especialista na área, ensinar a Língua Portuguesa como segunda língua aos Surdos, favorece o letramento, o que signi�ca ir além da alfabetização, esse processo possibilita o desenvolvimento das práticas sociais, fundamentais para o exercício da cidadania. Colaborando com essas acepções, o Glossário da Educação Especial- Censo Escolar destaca que os tipos de atividades de AEE coletados no Censo Escolar para educação de alunos com surdez são (BRASIL, 2020): Além disso, o documento ainda faz uma observação reforçando que o ensino da LIBRAS e da Língua Portuguesa como Segunda Língua, oferecidas aos estudantes surdos, surdo-cegos e com de�ciência auditiva, possui metodologias de ensino especí�cas, desenvolvidas por professores bilíngues, com pro�ciência em Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), utilizada para comunicação, instrução e ensino (BRASIL, 2020). Estudante, você sabe o que signi�ca ensino bilíngue para os surdos? O termo 'bilíngue' designa falantes que possuem competência linguística em pelo menos duas línguas, competência essa que pode ser adquirida de diversas formas, em diferentes idades e contextos, com níveis diversos de pro�ciências. Ensino da Língua Brasileira de Sinais(LIBRAS): consiste no desenvolvimento de estratégias pedagógicas para a aquisição das estruturas gramaticais e dos aspectos linguísticos que caracterizam essa língua. Ensino da Língua Portuguesa como Segunda Língua: consiste no desenvolvimento de atividades e estratégias de ensino da Língua Portuguesa na modalidade escrita, como segunda língua, para alunos usuários de LIBRAS, voltadas à observação e análise da estrutura da língua, seu sistema linguístico, funcionamento e variações, tanto nos processos de leitura como na produção de textos. Por volta dos anos 80, Willian Stokoe e Ronice Quadros foram os defensores do BILINGUISMO, o qual considera o canal visogestual essencial para o desenvolvimento da aquisição de linguagem da pessoa surda. Esse método defende a aquisição da língua de sinais como imprescindível para construção da identidade do sujeito surdo. Nesse sentido, tal abordagem educacional apresenta a possibilidade de trabalho com duas línguas, no caso do Brasil, a LIBRAS, língua de sinais o�cial, primeiramente, como língua materna (L1) e, depois, o Português, na modalidade escrita como segunda língua (L2) (CAPOVILLA, 2000). De acordo com os especialistas na área, promover ensino para o surdo nessa perspectiva favorece a aprendizagem, pois facilita o trabalho pedagógico e possibilita o desenvolvimento cognitivo, além de estimular as relações humanas. Essa modalidade de ensino é de extrema importância para que a criança surda desenvolva melhor o processo de aprendizagem e tenha mais socialização. Ela está prevista no Decreto nº 9.665/2019, o qual de�niu as funções da Diretoria de Políticas de Educação Bilíngue de Surdos. Mais tarde, foi revogado pelo Decreto nº 10.195/2019, que aprovou a Estrutura Regimental e o Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comissão e das Funções de Con�ança do Ministério da Educação (BRASIL, 2019). No entanto, especialistas revelam que o ensino bilíngue é praticado de maneiras diversas, de acordo com a regionalidade, assim, em muitos lugares, a LIBRAS é utilizada como instrucional e o Português é ensinado como segunda língua nas séries iniciais do ensino fundamental. Já nos anos �nais do ensino fundamental II, há a Língua de instrução – LIBRAS com apoio de intérpretes e, na sala de recurso, em contraturno, o ensino da Língua Portuguesa (QUADROS; SCHMIEDT, 2006). No que tange à prática pro�ssional e às metodologias utilizadas, primeiramente, sugere-se que o educador tenha conhecimentos da cultura surda, bem como domine a língua de sinais, pois é por meio dela que o aluno se reconhece enquanto surdo, percebe sua diferença, mas também entende que há possibilidades de aprender tanto quanto os demais alunos, que são ouvintes. Isso proporciona o acesso ao desenvolvimento da linguagem e estabelece relações de signi�cado entre a LIBRAS e o Português. Infere-se, portanto, que é a partir da prática da língua materna do de�ciente auditivo que a Língua Portuguesa começará a fazer sentido e ser internalizada pelo aluno surdo. Dentre muitos benefícios promovidos, o bilinguismo favorece o aprendizado digital, habilidade essencial para o indivíduo inserido num contexto educacional 4.0. Além disso, esse método de ensino possibilita também que o aluno participe ativamente das atividades propostas, tornando-se um indivíduo autônomo, que são parâmetros educacionais propostos pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Infere-se, portanto, que essa proposta se con�gura como pré-requisito para qualquer aprendizado que necessite leitura e escrita (LACERDA; ALBRES; DRAGO, 2013). @freepik Por esse motivo, observam que a metodologia bilíngue é a mais indicada, uma vez que não é segregadora e sim inclusiva, além de desenvolver práticas pedagógica que contribuem com a aprendizagem desse aluno, pois assegura a comunicação, primeiramente, por meio da LIBRAS e depois o aprendizado da Língua Portuguesa como segunda língua (CAMPELLO et al., 2012). Ao encontro dessas a�rmações anteriores, temos as acepções dos especialistas na área que defendem que “A ideia não é simplesmente uma transferência de conhecimento da primeira língua para a segunda língua, mas sim um processo paralelo de aquisição e aprendizagem em que cada língua apresenta seus papéis e valores sociais representados” (QUADROS; SCHMIEDT, 2006, p. 24). É válido ressaltar que existem diferentes tipos de escolas bilíngues que utilizam a LIBRAS como primeira língua e a Língua Portuguesa como língua de instrução, contudo, nas opções utilizadas, o professor precisa também ser bilíngue (NASCIMENTO; COSTA, 2014): Uma revisão seletiva sobre o assunto aponta que as crianças surdas não possuem problemas cognitivos que as impeçam de se apropriarem dos conteúdos do português escrito. Contudo, é válido ressaltar que muitos surdos possuem di�culdades na aquisição do português, mesmo participando de metodologias educacionais, como por exemplo o bilinguismo desde a educação infantil. Diante disso, infere-se que o ensino de português para alunos surdos deve ser desenvolvido do mesmo modo como o ensino de uma língua estrangeira a qualquer pessoa (FERNANDES, 2006). Nesse sentido, faz-se necessário que mais estudos sejam desenvolvidos para que o ensino do Português como (L2) seja praticado de forma que surja efeito. Também é imprescindível que haja a ampliação de políticas de educação para surdos, uma vez que o ensino bilíngue é recurso importante para a aprendizagem e socialização de crianças surdas. Para a diretora de Políticas de Educação Bilíngue de Surdos, do ministério da Educação, o objetivo agora é implementar a formação continuada de professores que trabalham com crianças surdas. Em suma, a educação de surdos é um campo amplo que ainda precisa de muita re�exão e estudo, principalmente no que se refere à inclusão desse público na sala comum, como também à prática da metodologia Bilíngue, pois ainda há diversos problemas que precisam ser superados para que eles consigam ter direito a uma escolarização e�caz e satisfatória. Um abraço! 1. Escola bilíngue para surdos, como é o caso do INES; 2. Escola bilíngue onde há possibilidade de matrícula de alunos surdos e ouvintes concomitantemente, na qual utilizam a LIBRAS e fazem uso do Português escrito como segunda língua. SAIBA MAIS Você sabia que não é correto utilizar o termo “linguagem de sinais brasileira”? Sim, utilizar esse termo é errado, o correto é “Língua de Sinais Brasileira – LIBRAS”. Contudo, por ser visual-espacial é também considerada como linguagem verbal e não-verbal, uma vez que essa forma de comunicação expressa sentimentos por meio de gestos, ou seja, uma comunicação realizada com sinais e o receptor do olho, diferentemente de línguas oral-auditivas. Fonte: Produzido pela Autora - Baseado (FERNANDES, 2006). SAIBA MAIS O contexto de riso numa perspectiva multimodal: contribuições para a aquisição da linguagem. Esse artigo tratará da multimodalidade, enfatizando o uso do riso pela criança, com idade dos 16 aos 24 meses de vida. O principal objetivo é investigar como o riso enquanto instância multimodal é construído na relação com o outro; bem como compreender o seu papel na aquisição da linguagem. Tomamos como referência Del Ré (2003, 2006), que trata do riso ao discutir o humor na aquisição da linguagem e teorias referentes ao riso e à multimodalidade em aquisição da linguagem. Metodologicamente, realizamos um estudo longitudinal, cujo corpus foi composto por �lmagens de interação mãe - bebê, entre os 16 e 24 meses, de forma mais natural possível. Os dados analisados foram transcritos no software ELAN. Partimos da hipótese de que as rotinas envolvendo o riso vão se constituindo através da multimodalidade, guiadas pelo movimento dialógico entre adulto e criança. Tais resultados con�rmam nossa tese de que a criança utiliza o riso como elemento multimodal para estabelecer interação com os que o cercam. PALAVRAS-CHAVE:Contextos de riso; Aquisição da Linguagem; Multimodalidade. Fonte: CAVALCANTE, M. C. B.; LIMA, V. P. de. O contexto de riso numa perspectiva multimodal: contribuições para a aquisição da linguagem (The laugther context in a multimodal perspective: contributions to language acquisition). Estudos da Língua(gem), [S. l.], v. 17, n. 2, p. 43-64, 2019. DOI: 10.22481/el.v17i2.5335. Dê um click para ler na íntegra: ACESSAR https://periodicos2.uesb.br/index.php/estudosdalinguagem/article/view/5335/4008 Livro Filme Prezado(a) aluno(a), Neste material, busquei trazer para você os principais conceitos a respeito da Aquisição da Linguagem e juntos construímos nossa trilha de novos conhecimentos. Os assuntos aqui abordados foram disponibilizados para contribuírem signi�cativamente para sua atuação pro�ssional. Na primeira unidade, estudamos os aspectos relacionados à AQUISIÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM, então, entendemos a diferença entre linguagem, língua e fala. Depois, dialogamos sobre como a linguagem é compreendida pelos especialistas e por �m, conhecemos como acontece o processo de aquisição e desenvolvimento da linguagem. Já, na segunda unidade, abordamos os PRESSUPOSTOS TEÓRICOS SOBRE A LINGUAGEM e para que isso fosse possível, nos debruçamos sobre as abordagens teóricas dos principais estudiosos sobre o assunto: Skinner, o mais famoso psicólogo defensor da hipótese behaviorista; Noam Chomsky, o primeiro linguista a revelar a complexidade do sistema e também, é também considerado como precursor da moderna revolução na ciência cognitiva e na ciência da linguagem; O Epistemólogo suíço, Jean Piaget, que criou o cognitivismo construtivista ou epigenético. Para o referido autor, a aquisição da linguagem depende do desenvolvimento da inteligência na criança e acontece na superação do estágio sensório-motor, por volta dos 18 meses; Por �m, falamos sobre Vygotsky, psicólogo suíço, o qual entendeu que o uso da linguagem é a condição mais importante para o desenvolvimento das estruturas psicológicas superiores (a consciência) da criança. Ele defendeu que a criança é o sujeito no processo de aquisição da linguagem, construindo seu conhecimento de mundo com a ajuda do outro. Prosseguindo, na terceira unidade, apresentamos informações sobre as DIFICULDADES NO PERCURSO de aquisição da linguagem, para que isso fosse possível, investigamos quais são características do atraso simples de linguagem. Os atrasos indicam que a criança vai se desenvolver mais tarde do que o normal e/ou lentamente a linguagem. Depois, analisamos os aspectos relacionados aos desvios Conclusão fonológicos e assim, entendemos que isso decorre de um evento que ocorre na fala das crianças quando há uma simpli�cação das regras fonológicas da língua, por meio de apagamento ou substituição dos fonemas. Diante disso, a criança, pode apresentar di�culdade de organização mental dos sons da língua e ainda, inadequação da informação oral recebida. Na sequência, entendemos as especi�cidades do Distúrbio Especí�co da Linguagem - DEL, que reúne um conjunto heterogêneo de manifestações de comprometimentos no desenvolvimento da linguagem. Isso acontece com pelo menos cerca de 7% das crianças em idade escolar. Esse distúrbio é caracterizado por di�culdade na aquisição e no uso da linguagem. Assim, a criança apresenta di�culdade em compreender ou produzir palavras e frases durante uma conversa. Além disso, pode afetar também o vocabulário e a gramática. No DSM-5, é descrito como Transtorno de Linguagem Infantil. Por último e não menos importante, na quarta unidade, centralizamos nossa conversa sobre o conceito de MULTIMODALIDADE E SEGUNDA LÍNGUA. Compreendemos, portanto, que a perspectiva Multimodal de aquisição da linguagem considerada as modalidades de uso da língua (fala, gesto, olhar) como atuantes na produção linguística com vistas à interação. Posteriormente, entendemos as acepções da BNCC para aquisição da linguagem e por �m, dialogamos sobre a aquisição do português como segunda língua para o surdo e então, de acordo com os especialistas, infere-se que a metodologia bilíngue, ou seja, o Bilinguismo é a mais apropriada para esse �m. De acordo com o exposto, a partir de agora, acredito que você já está preparado(a) para seguir em frente, desenvolvendo ainda mais suas habilidades e competências na prática docente. Até uma próxima oportunidade. Muito Obrigada! Me. Greicy Juliana 01-Aquisição da Linguagem 02-Aquisição e Desenvolvimento da Linguagem 03-Pressupostos Teóricos Sobre a Linguagem 04-Dificuldades no Percurso 05-Multimodalidade e Segunda Língua 06-Conclusão