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Prévia do material em texto

Disciplina 
Teorias de Língua e Segunda Língua 
 
 
Coordenador da Disciplina 
Profª. Sara de Paula 
 
 
9ª Edição
 
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados desta edição ao Instituto UFC Virtual. Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, 
transmitida e gravada por qualquer meio eletrônico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, dos autores. 
 
Créditos desta disciplina 
 
Realização 
 
 
Autor 
 
Profª. Andréia Turolo da Silva 
Profª. Lídia Amélia de Barros Cardoso 
Profª. Maria Cristina Micelli Fonseca 
 
Colaborador 
 
Prof. Antenor Teixeira Junior 
Profª. Cibele Bernardino Gadelha 
Prof. Damião Carlos Nobre Jucá 
Prof. João Tobias Lima
 
 
 
Sumário 
 
Aula 01: Origem da Linguística ............................................................................................................... 01 
 Introdução ............................................................................................................................................... 01 
 Tópico 01: Origem da Linguística ......................................................................................................... 03 
 Tópico 02: Classificação das Línguas .................................................................................................... 08 
 Tópico 03: Aquisição de Língua Materna e Segunda Língua ................................................................ 11 
 
Aula 02: O Estruturalismo ....................................................................................................................... 17 
 Tópico 01: Princípios básicos do estruturalismo .................................................................................... 17 
 Tópico 02: A Teoria do signo linguístico e a relação língua materna e segunda língua ........................ 21 
 Tópico 03: Desenvolvimento de linguísticas estruturais na Europa e na América ................................ 27 
 
Aula 03: Gerativismo ................................................................................................................................ 35 
 Tópico 01: Princípios Básicos do Gerativismo ...................................................................................... 35 
 Tópico 02: A Gramática Gerativa .......................................................................................................... 40 
 Tópico 03: A teoria gerativa e a relação língua materna e língua estrangeira ....................................... 43 
 
Aula 04: O Funcionalismo ........................................................................................................................ 47 
 Tópico 01: Princípios básicos do funcionalismo .................................................................................... 47 
 Tópico 02: A relação formalismo e funcionalismo ................................................................................ 51 
 Tópico 03: Funcionalismo e segunda língua – o modelo de Halliday ................................................... 57 
 
Aula 05: Psicolinguística ........................................................................................................................... 62 
 Tópico 01: Linguística e processamento da linguagem ......................................................................... 62 
 Tópico 02: Métodos de pesquisa psicolinguística .................................................................................. 65 
 Tópico 03: A relação entre psicolinguística e aprendizagem de uma língua estrangeira ...................... 69 
 
Aula 06: A Sociolinguística....................................................................................................................... 72 
 Tópico 01: Princípios básicos da Sociolinguística ................................................................................. 72 
 Tópico 02: A Sociolinguística Interacional ............................................................................................ 77 
 Tópico 03: Estudo da Interlíngua ........................................................................................................... 86 
 
 
 
 
 
Teorias de Língua e Segunda Língua 
Aula 01: Origem da Linguística 
Introdução
Aula 1 – Origem da Linguística
Introdução
Tópico 01: Origem da Linguística.
Tópico 02: Classificação das línguas.
Tópico 03: Aquisição de língua materna e segunda língua.
Atividade de portfólio.
Fórum.
Aula 2 – Estruturalismo
Tópico 01: Princípios básicos do estruturalismo.
Tópico 02: Teoria do signo linguístico e a relação língua materna e segunda 
língua.
Tópico 03: Desenvolvimento de linguísticas estruturais na Europa e na América.
Atividade de portfólio.
Fórum.
Chat (tira-dúvidas).
Aula 3 – Gerativismo
Tópico 01: Princípios básicos do gerativismo.
Tópico 02: A gramática gerativa.
Tópico 03:A teoria gerativa e a relação língua materna e língua estrangeira.
Atividade de portfólio.
Fórum.
Aula 4 – Funcionalismo
Tópico 01: Princípios básicos do funcionalismo.
Tópico 02: A relação formalismo e funcionalismo.
Tópico 03: Funcionalismo e segunda língua – o modelo de Halliday.
Atividade de portfólio.
Fórum.
Chat (tira-dúvidas).
Tópico 01: Linguística e processamento da linguagem.
Tópico 02: Métodos de pesquisa psicolinguística.
Tópico 03: A relação entre psicolinguística e aprendizagem de uma língua 
estrangeira.
Atividade de portfólio.
Fórum.
Aula 6 – Psicolinguística
Tópico 01: Princípios básicos da sociolinguística.
Tópico 02: A Sociolinguística Interacional.
Tópico 03: Estudo da interlíngua.
1
Atividade de portfólio.
Fórum.
Chat (tira-dúvidas).
Antes de entrar propriamente no tópico 1 do módulo de Teorias de língua e segunda língua, achamos 
importante ressaltar que este curso irá fornecer somente noções básicas sobre os tópicos listados na 
agenda do curso. Alguns dos tópicos abordados (como por exemplo, Psicolinguística e Sociolinguística) 
são ministrados na pós-graduação em caráter semestral. Isto significa dizer que no decorrer dos estudos 
de vocês, será possível perceber que vários dos tópicos abordados no modulo exigirão maior 
aprofundamento, demandando consequentemente, mais tempo, atenção e dedicação. Nossa intenção e 
que esse modulo abra caminhos, despertando a curiosidade de vocês por algumas das áreas de 
conhecimento aqui abordadas. Desejamos um feliz aprendizado, cheio de descobertas!
2
Teorias de Língua e Segunda Língua 
Aula 01: Origem da Linguística 
Tópico 01: Origem da Linguística
VERSÃO TEXTUAL 
Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) ao tópico 1 da aula 1 do Módulo Teorias de Língua e 
Segunda Língua!
É objetivo deste tópico reconhecer/identificar os conceitos básicos de linguagem, língua e 
linguística como ciência. 
Os objetivos específicos deste tópico referem-se ao reconhecimento dos seguintes 
aspectos:
11. Predisposição humana para utilizar a linguagem,
2.Todas as línguas são criativas, possuem uma gramática e sofrem mudanças com o tempo, 
3.Todas as gramáticas, independente da língua materna falada, são semelhantes em seus 
fundamentos básicos,
4. Conhecimento gramatical é subconsciente para quaisquer falantes nativos da língua.
O que é linguagem?
"A linguagem é, assim, a forma propriamente humana da comunicação, 
da relação com o mundo e com o outros, da vida social e política, do 
pensamento e das artes".
Marilena Chaui
São inúmeros os textos e obras que se ocupam em esclarecer, definir e refletir sobre as questões da 
linguagem humana e sobre os fenômenos linguísticos. No entanto, atrelados a complexidade da 
linguagem e seus fenômenos, também podemos perceber o fascínio que ela exerce e que sempre exerceu 
sobre o homem. A variedade de possibilidades que a linguagem humana permite é assustadora. Não é de 
uma mera questão de nomear as coisas. A linguagem vai além. 
Através do uso da linguagem somos capazes de criar, transformar o universo no qual estamosinseridos, interagir com as pessoas e o mundo que nos circunda, viver em sociedade, falar sobre o 
passado e o presente, projetar os pensamentos para o plano futuro e exprimir nossa visão de mundo, por 
exemplo. Por tais razões, podemos afirmar com segurança que esse campo de estudo configura-se como 
vasto e abrangente.
Não há quem discorde que aprender uma língua é fundamentalmente um grande feito. A curiosidade 
e os questionamentos que permeiam a linguagem e seu uso vêm em seus primórdios da filosofia. Foi a 
filosofia, que durante muito tempo, ocupou-se em questionar sobre a origem e as causas da linguagem. 
Chauí (2003) aponta que nos primórdios da Grécia, surge o questionamento: A linguagem é natural 
aos homens ou é uma convenção social? As visões daquela época baseiam-se nas obras de Aristóteles, 
Rousseau, Platão e Hjelmslev:
3
Aristóteles
Fonte [1]
Em sua obra Política, afirma que somente o homem e um animal político, isto é, social e 
cívico, porque somente ele é dotado da capacidade de comunicação através da 
linguagem. Os outros animais possuem voz, com as qual conseguem exprimir prazer e 
dor, no entanto, o homem possui a palavra (logos), com a qual pode exprimir o bom e o 
mau, o justo e o injusto (Chauí, 2003 p. 147).
Rousseau
Fonte [2]
No primeiro capítulo do Ensaio sobra a origem das línguas, Rousseau apoia a 
afirmação de Aristóteles, assegurando que a palavra distingue os homens e os 
animais. A linguagem distingue as nações entre si. Não se sabe de onde é um 
homem até que ele tenha falado. (Chaui, 2003 p. 148). Ainda sobre a importância 
da linguagem, ele reitera que a linguagem nasce da profunda necessidade de 
comunicação. (Chaui, 2003 p. 147).
Platão
Fonte [3]
No diálogo Fedro, dizia que a linguagem e um pharmakon (palavra grega, da qual 
vem o vocábulo farmácia, que em português se traduz por poção. Poção possui três 
sentidos centrais = remédio, veneno e cosmético). (Chaui, 2003 p. 147).
Hjelmslev
Fonte [4]
Escrevendo sobre a teoria da linguagem, considera que a linguagem é inseparável 
homem, seguindo-o em todos os atos, sendo o instrumento graças ao qual o homem 
modela seu pensamento, seus sentimentos, suas emoções, seus esforços, sua 
vontade e seus atos, com o qual influencia e é influenciado, a base mais profunda 
da sociedade humana. (Chauí, 2003 p. 147).
A partir daí, séculos mais tarde, chega-se à conclusão que a linguagem, entendida como capacidade 
de expressão inata aos seres humanos, é natural; mas as línguas, entendidas como a expressão humana, 
dadas determinadas características históricas, geográficas, econômicas, políticas e culturais, nas quais 
elas se circunscrevem, são convencionais. É importante ressaltar, no entanto, que uma vez uma língua 
seja constituída, ela passa a ser considerada e a funcionar como natural. 
De acordo com Martin (2003, p.55-56) a linguagem é o conjunto das condições que tornam possível a 
construção da língua. A linguagem apresenta as mesmas condições para qualquer língua, pois é inerente 
ao ser humano, ligada a espécie. Assim, toda criança que possua as capacidades mentais saudáveis é 
capaz de adquirir uma ou mais de uma língua, não importa qual seja. 
4
Um problema fascinante é o da "origem" da linguagem: há quem defenda que a linguagem é inata, e 
outros que acreditam que a linguagem é adquirida socialmente. Este debate sempre nos leva a confrontar 
linguagem humana e linguagem animal. Sobre isso, Martin (op.cit.) diz que a linguagem animal pode ser 
simbólica, como é a linguagem humana, mas que não apresenta relação de signos, não apresenta 
predicação e nem conceitualização, que são características da linguagem humana. 
Ainda sobre a origem da linguagem, podemos acrescentar alguns aspectos:
1. A origem da linguagem seria a imitação dos sons naturais e animais
2. A linguagem nasce por imitação dos gestos
3. A linguagem nasce da necessidade
4. A linguagem nasce das emoções
Precisamos notar que essas afirmações não são excludentes, isto é, a linguagem, muito 
provavelmente nasceu da combinação de todas as formas de expressão citadas anteriormente. 
O que é a linguística?
Fonte [5]
Somente a partir do século XX é que a linguística avança em direção aos principais fundamentos 
que a formam propriamente.
Uma boa explicação sobre o conceito de linguística é encontrada em Martin (2003) que diz que 
esta é, antes de tudo, uma disciplina empírica: ela incide sobre um objeto – as línguas e a linguagem. 
O objeto de estudos da linguística preexiste ao seu estudo, diferentemente de outras ciências, como a 
matemática ou a lógica, pois a linguagem matemática ou lógica não existe sem o matemático ou o 
lógico. As línguas naturais, como o português, o espanhol, o francês, o inglês etc. não têm nenhuma 
necessidade do linguísta para existir. 
O primeiro objetivo do linguísta, assim, é descrever o que a realidade lhe propõe. Mas é preciso 
entender, como ponto de partida, que a língua (o português, o espanhol, o inglês) não é diretamente 
observável. O que podemos observar são produções linguísticas. Assim, a língua em si só pode ser objeto 
de uma construção teórica.
Dessa maneira, a linguística é obrigatoriamente uma ciência teorizadora, no sentido de que é tarefa do 
linguista não somente descrever a língua, mas também explicá-la, dizer por que os fatos são como são. 
5
Devemos entender também que uma explicação não pode escapar a uma teoria, que prediz o que é 
possível e exclui o que não é possível na língua estudada, e que explique as razões para isso.
Vamos considerar os seguintes fundamentos:
"O que é língua"?
No caso dos brasileiros, há a imediata associação com o português. Não resta dúvida que o 
português é a língua usada por uma vasta gama de habitantes (por volta de 190 milhões) que atualmente 
vivem no país. Então, o português, no Brasil, é o sistema de comunicação mais usado por seus habitantes, 
ou seja, a língua dos brasileiros. Sabemos também que não é a única língua falada por nossos 
compatriotas, assim como reconhecemos as variações regionais. 
Um ponto geralmente aceito na linguística é o de que a complexidade dos objetos de estudo, a 
linguagem e as línguas, torna imperativa a necessidade de estabelecer uma seleção entre os fenômenos a 
serem descritos. Quem primeiramente reconheceu essa necessidade foi o próprio Saussure, na célebre 
afirmação de que "outras ciências trabalham com objetos dados previamente e que se podem considerar, 
em seguida, de vários pontos de vista; em nosso campo nada de semelhante ocorre. (...) Bem longe de 
dizer que o objeto precede o ponto de vista, (...) é o ponto de vista que cria o objeto" (Saussure, 1977, p. 15 
apud Pezatti, 2005, p. 165).
Na visão saussuriana, a linguagem, tem a característica específica de ser articulada, podendo ser 
desmembrada em unidades significativas menores. A língua é o resultado que vem a partir da capacidade 
humana de produzir signos e colocá-los em um sistema. Note-se que dessa forma, há a particularização 
do termo ao considerarmos a inserção do âmbito social. Assim, a língua é o objeto de estudo da 
linguística. A fala, por sua vez, é a execução solitária da significação do mundo, restringindo-se ao âmbito 
do falante, usuário, que com suas características e capacidades próprias exprime seu pensar.
Nesse sentido, vamos, em termos de abrangência a partir do fenômeno linguístico, que conota a 
generalidade máxima, constituindo o termo linguagem; para a particularidade, compondo o termo língua; 
chegando a individualidade, que por sua vez, circunscreve o termo fala. 
PARADA OBRIGATÓRIA
Clique a seguir e leia o texto de Ataliba T. de Castillo – O que se entende por língua e linguagem? 
[6]
Ainda na exploração do questionamento acerca dos conceitos de língua e linguagem, VAMOS 
pensar na abrangência que ele possui. Recorram a consulta do dicionário, entrevistem brevemente 
6
duas pessoas de faixa etária distinta (ex: um adolescente e um adulto nafaixa dos 50 anos) e anotem 
suas respostas (elas serão postadas na atividade de fórum). A partir das entrevistas e dos vários 
significados encontrados, elabore a amplitude das noções de língua.
RESUMINDO
A principal característica da linguagem humana é a criatividade.  A linguagem é usada na medida 
em que seus usuários a veiculam objetivando a comunicação, expressão e o pensamento. A 
linguagem é um sistema de sinais com função indicativa, expressiva, comunicativa e conotativa e os 
falantes de uma língua tem acesso a uma gramática, que representa um sistema mental (sub-
consciente) que permite com que frases e orações ora inéditas, ora  familiares sejam formuladas e 
interpretadas. A gramática é responsável por regular a maneira como a língua é articulada e percebida, 
assim como pelos padrões de sons emitidos, pela formação de palavras e orações e pela 
interpretação que realizamos.
Toda e qualquer língua é detentora de uma gramática que se faz semelhante quando 
consideramos sua capacidade potencial de expressão. Todo e qualquer falante de uma língua possui 
o conhecimento (subconsciente) da gramática em questão. A existência de tais sistemas linguísticos
nos seres humanos é resultado da sua predisposição anatômica e cognitiva única. Estes aspectos 
não são encontrados em outras espécies.
GRAMÁTICA
O sentido de gramática ao qual nos referimos aqui é o intricado sistema de conhecimento  
que engloba sons, significados, forma e estrutura.
Toda e qualquer língua é detentora de uma gramática que se faz semelhante quando 
consideramos sua capacidade potencial de expressão. Todo e qualquer falante de uma língua possui 
o conhecimento (subconsciente) da gramática em questão. A existência de tais sistemas linguísticos
nos seres humanos é resultado da sua predisposição anatômica e cognitiva única. Estes aspectos 
não são encontrados em outras espécies.
7
Teorias de Língua e Segunda Língua 
Aula 01: Origem da Linguística 
Tópico 02: Classificação das Línguas
Objetivos
• Como línguas distintas podem ser classificadas de acordo com as semelhanças 
fonológicas, morfológicas e sintáticas.
• Como as línguas se relacionam geneticamente.
• A relação das línguas da família indo-europeia.
Sabemos da existência de milhares de línguas e cada uma delas possui seus próprios sons, sintaxe e 
vocabulário. Porém, são os aspectos em comum dessas línguas que permitem com que os estudiosos da 
língua (linguístas) agrupem-nas com base nas semelhanças encontradas.
Distinção entre língua e dialeto
O teste básico para diferenciar língua de dialeto requer o reconhecimento do critério de inteligibilidade 
mútua. Por inteligibilidade mútua entendemos que as variações linguísticas empregadas por usuários de 
uma mesma língua são compreendidos por falantes das outras variações. Por exemplo: o português do 
Brasil e o português de Portugal são classificados como a mesma língua, embora com variações.
Frequentemente são os fatores históricos, político-sociais, culturais e religiosos que passam a 
interferir ao abordarmos tais determinações linguísticas.
Na linguística contemporânea, geralmente usamos três abordagens para classificar as línguas:
Classificação genética
Compreende classificar as línguas de acordo com sua descendência. Línguas 
que nasceram a partir da mesmo antecessor são agrupadas conjuntamente, por 
estarem geneticamente relacionadas.
Tipologia linguística
Compreende classificar as línguas sem considerar a sua composição genética, 
levando em consideração as características estruturais.
Classificação aérea/geográfica
Compreende a identificação das línguas de acordo com suas características em 
comum. Línguas em contato empregam com frequência palavras, morfemas, sons e 
ate características sintáticas umas das outras, o que faz com que elas se 
assemelhem, embora não façam parte da mesma composição genética.
Clique aqui [7] e leia o texto da revista delta sobre tipologia das línguas, encontrado no endereço 
abaixo:
8
Quando o homem começou a falar, não se sabe ao certo... Cerca de 60 mil anos a.C. a hipótese de 
imitação dos sons da natureza é bastante aceita, como vimos anteriormente. 
Duarte, 2003, afirma que existem algumas teorias (Otto Jespersen) que exploram este aspecto:
1. Bow-wow: imitação dos sons de aves e animais 
2. Pooh-pooh: sons nasceram como respostas naturais (instintivas) a dores, sustos, raiva, prazer 
e outras emoções 
3. Ding-ding: surgimento por reações a estímulos externos 
4. Yo-he-yo: pelo esforço físico no trabalho em conjunto, em ritmos, originando os cantos e 
depois a linguagem 
5. La-la: impulsos românticos 
Como nasceu o Latim?
Os Romanos viviam entre guerras e conquistas. É do conhecimento comum que desde a antiguidade 
eles tinham escolas e professores particulares, o que demonstra que compreendiam a importância da 
linguagem para a dominação de outros povos. 
O latim surgiu no centro da Itália, antiga região do Lácio. Era a língua dos camponeses, mercadores e 
soldados. O Latim pertence a família da línguas indo-europeias. Os primeiros registros escritos datam do 
século III A.C. O Latim deu origem a diversas línguas românicas (espanhol, português, francês, catalão, 
galego, romeno e italiano), influenciou línguas como o inglês e o alemão, ainda hoje servem de base para 
nomenclatura científica. 
Algumas curiosidades (Duarte, 2003. O guia dos curiosos):
• Era composto de 4 mil palavras.
• O alfabeto possuía 23 letras.
O uso popular do latim terminou no império Bizantino dando lugar ao grego.
O indo-europeu
Não deixou registros escritos e por isso não se conhece a idade do idioma nem quais povos o 
utilizaram para se comunicar. Mesmo assim, seus rastros podem ser percebidos.
Esse tronco linguístico pode ser percebido a partir dos pontos comuns entre diversas línguas 
europeias e asiáticas. Acredita-se que dele tenham sido originadas oito subfamílias:
• Indo-iraniano (do qual o sânscrito foi originado)
• Balto-eslávico
• Germânico
• Céltico
• Itálico (que originou o latim)
• Armênio
9
• Albanês
• Grego
Suas semelhanças lexicais e gramaticais implicam uma raiz comum:
Etrusco
Falado pelo povo que habitava a Etúria, antiga província italiana, atual região 
da Toscana. Os estudiosos asseguram que o latim sofreu sua influência.
Grego clássico
Falado pelo povo que habitava Atenas (entre 500 e 300 a.C.). Era a língua 
falada por pensadores de extrema importância e expressão como Platão e 
Demóstenes. O grego clássico é que deu origem ao grego comum, falado no 
período helenístico, do qual evoluiu o grego moderno.
Sânscrito
Origem na Índia, usado nas sagradas escrituras dos hindus, por isso é 
considerado uma língua sagrada e polida.
Tupi
Foi a língua mais falada no Brasil até o século XVIII, porém com a 
colonização portuguesa, e a repressão sofrida, sua disseminação foi ameaçada. 
Apesar de sua coibição pelo Marques de Pombal em 1758, muitos de seus termos 
ainda sobrevivem e são incorporados ao português que falamos atualmente. Leia 
aqui [8] (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.) um texto sobre 
filologia e linguística. 
RESUMINDO
Neste tópico procuramos nos centrar nos critérios usados pelos linguistas para classificar as 
línguas e ressaltar a enorme variedade de línguas encontradas no mundo. A tal diversidade linguística 
na qual nosso mundo atualmente se encontra vem sendo ameaçada. Entendemos inteligibilidade 
mútua como sendo as variações linguísticas empregadas por usuários de uma mesma língua que são 
compreendidos por falantes de variações distintas. Vimos também que alguns linguistas procuram 
classificar as línguas em termos das semelhanças e diferenças estruturais que elas apresentam, ou 
seja, em termos da tipologia linguística. Outro tipo principal de classificação se preocupa com a 
relação genética, ou seja, em estabelecer as famílias das línguas de acordo com sua descendência. 
Descobrimos também que a língua portuguesa nasce do latimvulgar tal como o galego e o 
castelhano, no período românico, mantendo até hoje uma gramática neolatina.
10
Teorias de Língua e Segunda Língua 
Aula 01: Origem da Linguística 
Tópico 03: Aquisição de Língua Materna e Segunda Língua
Objetivos
• Como a aquisição da língua é estudada.
• Que fatores influenciam a aquisição da língua materna e da segunda língua.
Como vimos no tópico 1 um dos aspectos mais fascinantes no desenvolvimento dos humanos e a 
capacidade inata para aprender uma língua. Algumas teorias se ocupam em explicar como a língua é 
aprendida. Exploraremos aqui três visões teóricas centrais sobre aquisição de língua materna. 
Na visão behaviorista, acredita-se que aprender uma língua é uma mera questão de formação de 
hábito e imitação. É ao receber input do ambiente em que está inserido que os bebês passam a 
reconhecer, imitar e praticar os sons familiarizando-se com os modelos de fala, até que em um dado 
momento de seu desenvolvimento passem a reproduzi-los.
A explicação prática da teoria behaviorista é que o aprendizado da língua é 
intuitivo.
Sob o invólucro dessa visão, imitação e prática são os processos iniciais no desenvolvimento da 
aquisição da língua. Imitação refere-se a repetição palavra por palavra de toda ou parte de uma frase 
qualquer produzida por um falante. O termo prática aborda a manipulação repetitiva da forma produzida. 
Ao contrário dos papagaios que repetem regularmente as mesmas frases, os bebes humanos repetem o 
que ouvem de maneira seletiva, tendo como base o contexto no qual estão inseridos. 
“Mesmo quando uma criança imita o que ouve, a escolha feita daquilo 
que está sendo imitado baseia-se no que a criança já sabe, ou seja, em seu 
conhecimento prévio, e não simplesmente no que está “disponível” no 
ambiente ". (Spada e Lightbown, 1993 pag. 3).
Tradução da autora
Uma das premissas admitida pelo behaviorismo é a de overgeneralization, que supõe que uma regra 
adquirida, passe a ser aplicada em todas as situações. Como por exemplo, quando a criança aprende que 
a terminação - OR é usada para designar algumas profissões que ele conhece, no caso, ex: jogad-OR, 
profess-OR, ele aplica a mesma regra a todos os casos ex; dirigid-OR, usando-a incorretamente. 
Outra premissa é o uso criativo do vocabulário, essa ideia quer dizer que a criança, no processo de 
aquisição de vocabulário, brinca com sentido das palavras, testando e criando possibilidades até que 
descubra os verdadeiros sentidos/significados.
Mais uma premissa é quando a criança faz uso errado de uma sentença, repetidas vezes. Ao usar 
uma construção básica enquanto deveria fazer o uso de uma construção mais elaborada. Isso 
normalmente acontece quando a construção mais elaborada ainda não foi completamente adquirida. 
11
A visão inatista, proposta pelo conceituado linguista Noam Chomsky do MIT, postula que as crianças 
são biologicamente programadas para a linguagem e os estágios de desenvolvimento da aquisição da 
língua materna na criança são os mesmos das outras funções biológicas. De acordo com Chomsky a 
aquisição da língua materna assemelha-se ao aprender a andar. 
O ambiente no qual a criança se encontra é responsável pela parcela de contribuição básica enquanto 
que a criança com suas capacidades biológicas inatas se encarrega do resto, desenvolvendo suas 
habilidades e adquirindo a língua materna.
A ideia central da visão inatista é que a predisposição biológica da criança 
é o fator determinante para a aquisição.
A tal predisposição biológica é conhecida como Language Acquisition Device (LAD). O termo, 
cunhado por Chomsky, descreve a caixa negra imaginária localizada no cérebro humano, responsável por 
conter os princípios universais a todas as línguas. Basta que a criança seja exposta a uma língua para que 
o mecanismo seja ativado. Quando o mecanismo é ativado, a criança descobre as regras e a estrutura da 
língua, no decorrer do processo interativo com o ambiente que convive. 
Posteriormente o termo Universal Grammar (UG) passou a substituir o termo LAD. O termo UG 
consiste na série de princípios comuns a todas as línguas que os humanos possuem em suas mentes. 
Um dos principais conceitos a ser explorado sob essa visão é a hipótese do Critical Period. Esta 
hipótese é importante, pois esclarece que há um período específico e limitado para a aquisição da língua 
materna (sugere-se que seja até a puberdade), depois do qual a aquisição da língua se tornará incompleta.
A visão interacionista postula o papel de importância do ambiente linguístico no processo interativo 
com as capacidades inatas da criança. 
A noção que os interacionistas estabelecem é que a língua progride e se 
desenvolve como resultado da interação complexa entre as características 
humanas únicas da criança e o ambiente no qual ela cresce e se desenvolve.
Mencionaremos a seguir três grandes correntes teóricas de aprendizagem de segunda língua. A 
corrente behaviorista, a corrente cognitivista e a corrente interacionista.
A teoria cognitivista-interacionista
A visão behaviorista se concentra na observação do comportamento dos aprendizes como reação a 
estímulos variados. Os behavioristas tentaram explicar a aprendizagem como um processo de 
modificação de comportamento, não levando em consideração os processos mentais envolvidos na 
aprendizagem. A ênfase estava no comportamento observável e na maneira como os seres vivos 
adaptavam seus comportamentos aos estímulos recebidos. O behaviorismo exprime a ideia de que a 
aprendizagem acontece de forma passiva. 
Dois nomes se destacam como pioneiros e propagadores da escola do behaviorismo. Primeiro Ivan 
Petrovich Pavlov, com o famoso experimento da salivação do cachorro (que ao escutar o barulho do sino 
começava a salivar), e posteriormente Frederic Skinner, com o experimento dos pombos na chamada 
"caixa de Skinner". Ambos os experimentos se baseavam nos reflexos apresentados por estes seres vivos. 
Skinner se apoiou na formulação do condicionamento operante.
Para entender melhor estas questões é preciso esclarecer que comportamento operante é aquele 
governado pelas suas consequências. O comportamento respondente, por outro lado, observa como as 
12
variações do ambiente modificam o comportamento. É uma interação estímulo-resposta incondicional e 
que independe da aprendizagem. Foi a partir da definição de condicionamento operante que Skinner 
desenvolveu todo o seu estudo. 
Para a corrente behaviorista o aprendiz é visto como um ser que se adapta ao ambiente. A 
aprendizagem é tida como um processo passivo no qual o aprendiz responde aos estímulos do ambiente 
que o cerca e o conhecimento dado é tido como absoluto. 
REFLEXÃO
Reflita um pouco sobre a afirmação "a aprendizagem é um processo passivo". O que você acha? 
Publique no fórum a sua opinião.
Na visão dos behavioristas, todo aprendizado, quer seja verbal ou não verbal, acontece pelo mesmo 
processo subjacente de formação de hábito. Os aprendizes recebem informação (input) linguística dos 
falantes (interlocutores) em seus ambientes e respondem a este "input" através de repetições ou 
imitações. Os erros são vistos como hábitos da língua materna que interferem na aquisição dos hábitos 
da segunda língua. Esta teoria de aprendizagem psicológica é chamada de Contrastive Analysis 
Hypothesis- Hipótese da Análise Contrastiva (Lightbown e Spada 1993, p. 23).
Em suma, a visão behaviorista está baseada na formação de hábitos que 
levam a mudanças de comportamento. A principal ênfase é no novo modelo de 
comportamento adquirido através de inúmeras repetições até que o 
comportamento venha a se tornar automático. 
A teoria cognitivista
As teorias cognitivistas surgiram como uma alternativa à perspectiva reducionista do behaviorismo 
que via a aprendizagem de línguas como resultado de um processo mecânico de formação de hábitos. Os 
cognitivistas analisam a maneira como as pessoas solucionam difíceis tarefas mentais e constroemmodelos para demonstrar essas explicações. A ênfase é no processamento mental ativo por parte do 
aprendiz. 
Os questionamentos embrionários da teoria cognitivista procuravam compreender as capacidades, os 
processos, as estratégias e as representações mentais básicas subjacentes ao comportamento inteligente 
apresentados pelos indivíduos no desempenho de tarefas. 
Lightbown e Spada (1993, p. 25) afirmam que os psicólogos cognitivistas tendem a ver a aquisição de 
uma segunda língua como a construção de um sistema de conhecimentos que pode eventualmente ser 
acionado automaticamente na produção e na compreensão de uma língua. A aprendizagem é um 
processo gradual, que ocorre através da experiência, da prática e também da instrução formal, até que os 
aprendizes sejam capazes de usar o conhecimento automaticamente (McLaughling, 1987). 
Os cognitivistas investigaram também o fenômeno da Reestruturação (restructuring), que resulta da 
interação entre o conhecimento previamente adquirido e a aquisição do conhecimento novo, que se 
encaixa no sistema já existente e o reestrutura, mesmo que não tenha sido praticado exaustivamente. 
Resumidamente, a visão cognitivista baseia-se no processo mental que está por trás do 
comportamento. As mudanças de comportamento são observadas, mas como resultado dos processos 
mentais do aprendiz. 
13
Enquanto a Análise Contrastiva enfatizava fortemente os efeitos negativos da língua materna sobre o 
processo de aprendizagem da segunda língua, as concepções cognitivistas da aprendizagem de LE 
consideravam a língua materna (L1) como uma das fontes para a construção de hipóteses sobre a língua 
estrangeira (L2). A teoria da Construção Criativa busca entender como ao interagir com seu meio, os 
aprendizes constroem o que parece ser um verdadeiro sistema da língua que é na verdade uma série de 
regras de estrutura. Estas regras, a seu tempo, trazem um tipo de ordem ao caos linguístico sobre o qual 
eles se debruçam. 
Embora existam pesquisas sobre os processos cognitivos na aquisição de segunda língua, ainda não 
há análise exaustiva que permita ampla compreensão da influência desses processos. No entanto, vários 
teóricos admitem o fato de existir um componente cognitivo no processo de aprendizagem de uma 
segunda língua. Dois campos de pesquisa surgiram deste posicionamento. A tentativa de construção de 
um arcabouço teórico que descrevesse a proficiência na língua e a tentativa de explicar as influências na 
aquisição da segunda língua. 
Em busca de uma compreensão dos processos cognitivos envolvidos na aquisição de segunda língua, 
McLaughling (1983) propõe um modelo de processamento da informação. Neste modelo, o aprendiz é um 
organizador ativo da informação explicitada. Embora possua capacidades e habilidades de 
processamento limitadas, o aprendiz impõe seu próprio esquema cognitivo de modo a tentar organizar a 
informação. Este modelo admite que os aprendizes podem adquirir fluência na língua tanto ao usar o 
sistema de processamento descendente (top-down) imposto a partir do esquema interno, quanto ao usar 
o processamento ascendente (bottom-up) acionado a partir da informação externa. 
O processamento cognitivo ocorre, portanto, tanto no modo descendente 
quanto no ascendente, embora o nível de envolvimento cognitivo seja 
determinado pela interação entre as exigências das tarefas, os processos 
mentais e o conhecimento usado pelo aprendiz.
A teoria cognitivista-interacionista
Para os cognitivistas interacionistas, a aprendizagem é um processo pelo qual se ganha ou muda de 
ideias, perspectivas, expectativas, ou linhas de pensamento. Ao discorrerem sobre o processo de 
aprendizagem dos alunos, eles preferem usar os termos pessoas, ambiente psicológico e interação ao 
invés de organismos, ambiente físico ou biológico e ação e reação. Consequentemente, um professor 
behaviorista deseja ver a mudança no comportamento observável do aluno, enquanto que o interacionista 
espera poder ajudar o aluno a perceber e formular sua própria compreensão de problemas e situações 
significativas.
Sob o invólucro da visão interacionista, a aprendizagem é uma mudança constante do conhecimento, 
das capacidades e habilidades, atitudes, valores e comprometimentos, que pode ou não ser refletida nas 
mudanças de comportamento do indivíduo. Nesta perspectiva, para que ocorra aprendizado, o "fazer" deve 
estar acompanhado da percepção do indivíduo das consequências daquele ato. Em outras palavras, a 
aprendizagem ocorre pela e como resultado da experiência. O simples fazer não constitui a experiência. 
Para que uma atividade possa ser considerada uma experiência, ela deve estar inter-relacionada com a 
percepção das consequências que a seguem. (Bigge e Sheremis, 1998) 
Para Schmeck (1988) o termo aprendizagem abrange três perspectivas. A primeira perspectiva é a da 
experiência (fenomenológica). Nesta perspectiva, a aprendizagem pode ser caracterizada de várias 
maneiras, e cada aprendiz possui sua maneira própria. Sob a segunda perspectiva, a de comportamento, 
pode-se dizer que a aprendizagem é uma mudança observável na reação do indivíduo a uma situação de 
estímulo igualmente observável. Sob a terceira e última perspectiva, a neurológica, a aprendizagem é o 
processo pelo qual o sistema nervoso é transformado pela sua própria atividade. São os caminhos ou as 
14
pistas deixadas pelo pensamento, isto é, a atividade neural muda os neurônios que são ativos e que por 
sua vez mudam a base estrutural da aprendizagem. 
Para concluir gostaríamos que vocês acessassem o site do museu da língua portuguesa, cliquem no 
ícone textos para ler o texto de José Carlos P. Almeida Filho: Ensino de português como língua não 
materna: concepções e contextos de ensino [9] (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.), 
e reflitam sobre algumas semelhanças e diferenças entre o ensino de L1 e L2.
FÓRUM
1. Vamos refletir sobre as afirmações abaixo:
a. A linguagem se constitui de a língua e a fala. A língua entendida como instituição social e sistema; e 
a fala compreendida como a palavra, ou o ato individual do uso da língua. 
b. A língua é uma totalidade, composta por signos, significante e significado.
c. O signo é o elemento material da língua, o significante é um grupo organizado de signos; e o 
significado são os sentidos veiculados pelos signos.
d. A relação dos signos e significantes com as coisas é convencional, ou seja, o uso das palavras para 
expressar um significado é condição necessária a todos os falantes da língua em questão.
e. A língua é um código de emissão/recepção de mensagens.
f. A língua é realizada pelos falantes de maneira inconsciente e criativa.
Agora, escolha pelo menos duas afirmações e escreva as suas reflexões neste fórum. Não se 
esqueça de comentar as reflexões de pelo menos um colega.
2. Após a leitura do tópico 3: Reflita um pouco sobre a afirmação: “A aprendizagem é um 
processo passivo”. Dê sua opinião e publique no fórum.
ATIVIDADE DE PORTFÓLIO
Escolha um dos questionamentos para responder e publicar como atividade referente ao 
portfólio.
1. O que pode ser dito sobre o Latim? É uma língua morta, ou simplesmente evoluiu?
2. Pesquisem sobre a variedade linguística da Espanha. Quantas ramificações podem ser percebidas? 
Em quais regiões são faladas? As ramificações são consideradas línguas oficiais?
3. Depois da leitura do Texto de JOSÉ CARLOS P. ALMEIDA FILHO, O ensino de Português 
como língua não materna: concepções e contextos de ensino (Visite a aula online para 
realizar download deste arquivo.), reflita sobre algumas semelhanças e diferenças que podem ser 
apontadas ao confrontarmos língua maternal (L1) e L2.
4. Como você se sente ao aprender o espanhol? Descreva seu contexto de aprendizagem, aponte 
algumas características e reflita sobre como você acha que seu aprendizado pode se tornar mais 
eficiente.
REFERÊNCIAS 
ARCHIBALD, John et al. Contemporary Linguistics:an introduction. Bedford St. Martins, 5ª edição. 
Boston/New York, 2005.
15
BENTES, A.M.; MUSSALIM, F.(Orgs.) Introdução à Linguística. São Paulo: Cortez Editora, 2ª ed.2005. 3 
v.
BIGGE, Morris L. and Shermis, S.Samuel. Learning Theories for Teachers.Addison Wesley Longman, 
Inc, 1999.
CHAUÍ, Marilena. Convite a Filosofia. Editora Ática, 13a edição, 4a impressão, 2005. 
DOUGHTY, Catherine and LONG, Michael H. The handbook of second language acquisition. Blackwell 
Publishing Ltd, 2003. 
DUARTE, Marcelo. O guia dos curiosos: Língua Portuguesa. Editora Panda. São Paulo, 2003.
ELLIS, Rod. The Study of Second Language Acquisition. New York: Oxford University Press, 1997.
__________. Second Language Acquisition New York: Oxford University Press, 5a impressão, 2000.
LIGHTBOWN, Patsy M. e Nina Spada. How Languages are Learned. Oxford Univeristy Press, 7a 
impressão, 1997.
MARTIN, Robert. Para entender a linguistica: epistemologia elementar de uma disciplina. Parábola 
Editorial, São Paulo, 2003.
MIOTO, C. (et al). Novo Manual de Sintaxe. Florianópolis: Editora Insular, 2ª ed. 2005.
PINTO, J. P. Pragmática. In: MUSSALIM, F.; BENTES, A.C. (orgs.) Introdução à lingüística 2: domínios 
e fronteiras. São Paulo: Cortez, 2001. p. 47-68.
SCHEMECK, Ronald R. Learning Strategies and Learning Styles. Plenum Press, NY, 1988.
Fontes das Imagens
1 - https://www.timetoast.com/timelines/taxonomia-5a3ad03f-e0bf-4c4d-ab4c-ec415fabccf9
2 - http://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2010/09/jean-jacques-rousseau.jpg
3 - http://www.pucsp.br/pos/cesima/schenberg/cientistas/platao2.jpg
4 - https://avent.savoirslibres.ca/louis-hjelmslev/
5 - http://4.bp.blogspot.com/_13pKMZejnhQ/SSbvzetCh-I/AAAAAAAAA6E/yzO4HhM-E74/s1600-h/thestilltravelersdj0.jpg
6 - http://docplayer.com.br/5105722-O-que-se-entende-por-lingua-e-linguagem.html
7 - http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s0102-44502006000200005
8 - http://www2.videolivraria.com.br/pdfs/14284.pdf
9 - http://museudalinguaportuguesa.org.br/wp-content/uploads/2017/09/ENSINO-COMO-LINGUA-NAO-MATERNA.pdf
16
Teorias de Língua e Segunda Língua 
Aula 02: O Estruturalismo 
Tópico 01: Princípios básicos do Estruturalismo
VERSÃO TEXTUAL 
Caro(a) aluno(a), seja bem vindo(a) ao tópico 1 da aula 2 do Módulo Teorias de Língua e 
Segunda Língua. É objetivo deste tópico reconhecer os princípios gerais da proposta de Saussure 
para o estudo da linguagem.
Os objetivos específicos deste tópico são os de identificar e comparar as relações distintivas 
entre língua e fala, forma e substância, sincronia e diacronia.
Tenha uma boa aprendizagem!
REFLEXÃO
"Toda revolução científica, toda orientação teórica inovadora parte de um pequeno conjunto de 
metáforas que produzem um modo novo de enfocar os fatos a serem explicados."
Rodolfo Ilari (2005, p. 57)
Fonte [1]
Você já jogou xadrez? Mesmo que nunca tenha jogado, certamente conhece pelo menos um 
pouco deste jogo praticado mundialmente, não é?
Então, imagine-se incumbido da tarefa de ensinar o jogo a um amigo. Qual seria o seu ponto de 
partida? Você convidaria seu amigo para iniciar um jogo e, na experiência interativa, buscaria construir 
com ele o conhecimento desejado, ou você primeiramente explicaria as regras do jogo?
Em suas reflexões sobre os fenômenos da linguagem, Ferdinand de Saussure [2] lança mão da 
metáfora do "jogo de xadrez". Com esta metáfora, Saussure define os princípios básicos da Linguística 
Estruturalista e, apoiando-se na noção de "valor", propõe uma série de distinções básicas, como língua x 
fala, sincronia x diacronia, forma x substância, significante x significado.
PARADA OBRIGATÓRIA
17
Você deve estar se perguntando como Saussure compara o jogo de xadrez ao estudo da 
linguagem. Para saber sobre isso, clique aqui (Visite a aula online para realizar download deste 
arquivo.).
Louis Hjelmslev [3] elaborou a distinção feita por Saussure entre forma e substância, ao chamar de 
forma tudo aquilo que uma determinada língua institui como unidades linguísticas através da oposição. 
Assim como para Saussure, para Hjelmslev a forma é oposta à substância, definida como suporte físico 
da forma, que tem existência perceptiva, mas não necessariamente linguística (Mussalim; Bentes, 2005, p. 
61).
SAIBA MAIS
Para entendermos melhor a distinção entre forma e substância, vamos observar as palavras 'caro' 
e 'carro': é possível identificar uma diferença de pronúncia, ou substância, que implica em diferença na 
forma, ou seja, o elemento linguístico 'caro' é distinto de 'carro'. Mas, de acordo com o autor, se 
tomarmos em português a pronúncia apical da palavra 'carro', no falar gaúcho, e a pronúncia velar de 
'carro', no falar cearense, teremos apenas distinção na substância, mas não na forma, já que a 
representação conceitual será a mesma (automóvel de quatro rodas, movido a combustível etc.) e, 
dessa maneira, esta última distinção não seria considerada pela análise linguística estruturalista.
Outra distinção considerada por Hjelmslev refere-se a expressão e conteúdo. Observe a tabela a 
seguir proposta pelo autor e a explicação desta tabela feita por Rodolfo Ilari:
Forma Substância
Expressão
Forma da 
expressão
(carro – caro) 
(1)
Substância da expressão 
(falar gaúcho e cearense - 'carro')
(2)
Conteúdo
Forma do 
conteúdo
(carro – 
carroça)
(3)
Substância do conteúdo
(pensamento – diferentes 
representações de carro) 
(4)
Descrição da tabela:
Expressão:
Forma da expressão(carro – caro);
Substância da expressão: (falar gaúcho e cearense - 'carro').
Conteúdo:
Forma do conteúdo:(carro – carroça);
Substância do conteúdo :(pensamento – diferentes representações de carro). 
Para o linguista estruturalista, os quatro campos identificados como (1), (2), (3) e (4) 
sempre existem quando há linguagem; mas apenas a parte cinza tem interesse linguístico; 
por exemplo, a substância da expressão (identificada com os sons da fala) é encarada sem 
hesitação como o assunto de uma disciplina não-linguística – a fonética – à qual se atribui, 
18
no máximo, um caráter auxiliar. Por sua vez, a substância do conteúdo, identificada com o 
pensamento, é deixada aos cuidados de várias disciplinas científicas ou filosóficas, que 
tratarão de estudar a realidade empírica e a maneira como é conceitualizada; esse trabalho 
de conceitualização sempre existe, mas só se torna "visível" para o linguista quando se 
traduz em diferenças que possam ser capturadas por testes de pertinência. (Ilari, 2005, p. 
61).
EMPÍRICA
É o conhecimento que adquirimos no decorrer do dia. É feito por meio de tentativas e erros 
num agrupamento de ideias. É caracterizada pelo senso comum, pela forma espontânea e direta 
de entendermos. Essa forma de conhecimento, é adquirida também por experiências que vivemos 
ou que presenciamos que, diante do fato obtemos conclusões. É uma forma de conhecimento 
superficial, sensitiva, subjetiva, acrítica e assistemática. O conhecimento empírico é aquele que 
não precisa ter comprovação científica e esta também não tem importância. O fato é que se sabe 
e pronto, não precisa ter um motivo de ser.
Esta teoria é chamada Glossemática e parte do princípio de que a língua é uma estrutura, isto é, uma 
entidade de dependências internas, que se conforma numa rede abstrata de inter-relações, uma espécie 
de álgebra da linguagem. 
De acordo com Borba (1984), deste ponto de vista, a análise linguística é realizada por comutação, 
aplicável tanto ao plano da Expressão (Substância Fônica) como ao do Conteúdo (Substância Semântica) 
e admite-se que há o mesmo tipo de relações operando nesses dois planos, por meio de relações 
combinatórias, como você pode ver nos exemplos trazidos.
DESAFIO
Pense em outros exemplos, na língua estrangeira que você estuda, que contemplem a distinção 
de forma e substância, ou só de substância, conforme as definições de Hjelmslev!
FÓRUM
"... a língua é um sistema que conhece somente sua ordem própria.Uma comparação com o jogo 
de xadrez fará compreendê-lo melhor. Nesse jogo, é relativamente fácil distinguir o externo do interno; 
o fato de ele ter passado da Pérsia para a Europa é de ordem externa; interno, ao contrário, é tudo 
quanto concerne ao sistema e às regras. Se eu substituir as peças de madeira por peças de marfim, a 
troca será indiferente para o sistema; mas se eu reduzir ou aumentar o número de peças, essa 
mudança atingirá profundamente a 'gramática' do jogo." (Saussure, 1995, p. 31-32).
A partir das leituras realizadas e suas próprias reflexões, discuta neste fórum as seguintes 
questões: 
1. Qual é o ponto de partida de Saussure: a experiência interativa de jogar ou a explicação das regras 
do jogo?
19
2. Por que a "substância" é deixada de lado, dando-se o interesse somente pela forma?
3. Você consegue encontrar pontos falhos nas propostas teóricas estudadas?
Exemplifique os seus argumentos com dados dos textos lidos e não se esqueça de comentar as 
colocações de seus colegas.
MULTIMÍDIA
Sobre o conceito de vocábulo na obra de Mattoso Câmara [4] (por Margarida Basílio).
Sobre Chomsky, estruturalismo e a fundação da linguística moderna [5] (por John Passmore).
Sobre O estruturalismo e o ensino de línguas [6].
REFERÊNCIAS 
BORBA, F. S. Introdução aos estudos linguísticos. São Paulo: Ed. Nacional, 1984.
CAMACHO, R.G. Algumas reflexões sobre as tendências atuais da linguística. In: Confluência. Assis: 
UNESP, 1994.
ILARI, R. O Estruturalismo linguístico: alguns caminhos. In: MUSSALIM, F. BENTES, A.C. Introdução à 
Linguística: fundamentos epistemológicos. São Paulo: Editora Cortez, 2005, p. 53-92.
MALMBERG, B. As Novas tendências da linguística: uma orientação à linguística moderna. São Paulo: 
Companhia Editora Nacional, 1974.
SAUSSURE, F. Curso de linguística geral. São Paulo: Cultrix, 1995.
20
Teorias de Língua e Segunda Língua 
Aula 02: O Estruturalismo 
Tópico 02: A Teoria do signo linguístico e a relação língua materna e Segunda Língua
Caro(a) aluno(a), seja bem vindo(a) ao tópico 2 da aula 2 Módulo Teorias de Língua e Segunda Língua! 
É objetivo deste tópico reconhecer a teoria do signo linguístico proposta por Saussure, e relacioná-la a 
questões de língua materna e estrangeira.
Os objetivos específicos deste tópico são os de identificar a relação arbitrária e convencional entre 
significado e significante no signo linguístico, bem como sua natureza psíquica e social. Tenha uma boa 
aprendizagem!
REFLEXÃO
O que são "palavras"?
Algumas definições populares giram em torno de vocábulo, ou uma unidade da língua falada ou 
escrita, ou o nome das coisas. Mas será que é isso mesmo? Será que a língua é uma nomenclatura? 
"Palavras", nas palavras de Marcelo Fromer e Sérgio Britto, podem ser entendidas como algo bem 
mais complexo do que as definições populares trazidas acima. 
Ouça a canção Palavras [7] gravada pelos Titãs, e reflita sobre o que é a "palavra".
Clique aqui para ler a letra
PALAVRAS
Composição: Marcelo Fromer / Sérgio Britto 
Palavras não são más 
Palavras não são quentes 
Palavras são iguais 
Sendo diferentes 
Palavras não são frias 
Palavras não são boas 
Os números pra os dias 
E os nomes pra as pessoas 
Palavra eu preciso 
Preciso com urgência 
Palavras que se usem 
em caso de emergência 
Dizer o que se sente 
Cumprir uma sentença 
Palavras que se diz 
Se diz e não se pensa 
Palavras não têm cor 
Palavras não têm culpa 
Palavras de amor 
Pra pedir desculpas 
21
Palavras doentias 
Páginas rasgadas 
Palavras não se curam 
Certas ou erradas 
Palavras são sombras 
As sombras viram jogos 
Palavras pra brincar 
Brinquedos quebram logo 
Palavras pra esquecer 
Versos que repito 
Palavras pra dizer 
De novo o que foi dito 
Todas as folhas em branco 
Todos os livros fechados 
Tudo com todas as letras 
Nada de novo debaixo do sol
PARADA OBRIGATÓRIA
Assim como os Titãs, Saussure de forma alguma acreditava que as palavras fossem uma 
nomenclatura, ou melhor, não acreditava que a língua fosse uma nomenclatura. Para evitar confusões, 
ele define o conceito de signo linguístico e o coloca como central nos estudos da linguagem.
Leia aqui sobre O signo linguístico. (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.)
Descrição da imagem:
Signo linguístico: significante + significado.
22
Você leu no texto anexo que Saussure definiu a língua como um sistema de signos. Agora vamos 
refletir sobre a natureza do signo e, então, da língua. Há três princípios básicos sobre a natureza dos 
signos: a arbitrariedade, a imutabilidade e a linearidade.
Veja:
Princípio da arbitrariedade
Dizer que o signo linguístico é arbitrário significa dizer que ele é imotivado, ou 
seja, não há motivação ou laço natural na realidade que una o significante ao 
significado. Por este motivo, pode-se dizer simplesmente que não há relação 
intrínseca entre a sequência de sons e o conceito. O conceito ou significado de 
"árvore" não está ligado por uma relação alguma interior à sequência de 
sons /α:rvəri/, poderia muito bem ser representado igualmente por outra sequência 
de sons, desde que seu valor seja convencionado socialmente.
Uma prova disso, trazida por Saussure (1995, p. 83) é o significado da palavra 
francesa bouef (boi), que tem por significante b-o-f de um lado da fronteira franco-
germânica e o-k-s (ochs) do outro. O mesmo pode acontecer entre línguas diferentes, 
mesmo que sejam das mesmas famílias.
Segundo o próprio Saussure, o contraditor ao princípio da arbitrariedade poderia 
se apoiar nas onomatopeias, como tic-tac ou au-au, por exemplo, que teria uma 
relação motivada, e não arbitrária. O linguista chega a considerar esta possibilidade, 
mas logo a descarta com argumentos de que são pouco numerosas e sua escolha é 
também, em certa medida, arbitrária, pois as onomatopeias para ele não passam de 
imitação aproximativa e já meio convencional de certos ruídos. Um exemplo da 
arbitrariedade das onomatopeias são as suas representações nas línguas diferentes, 
como o latido do cachorro no Brasil "au au" e nos Estados Unidos "woof woof".
Princípio da imutabilidade
Dizer que não há relação natural entre o significante e o significado num signo 
linguístico não significa dizer que ele poderá ser facilmente alterado. O indivíduo não 
tem o poder de mudar aquilo que o seu grupo linguístico aceitou. Isso significa dizer 
que o signo linguístico possui um valor socialmente convencionado e que não está 
sujeito a alterações individuais. 
Vemos assim, que noção de arbitrariedade se relaciona com a noção de 
imutabilidade que, por sua vez, se relaciona com a noção de valor linguístico: 
entende-se que cada língua organiza seus signos através de uma complexa rede de 
relações que não será reencontrada em nenhuma outra língua. Essa rede de relações 
se dá por oposição de traços numa relação negativa entre os signos de uma dada 
língua, ou seja, um signo se define pelo que os outros não são. 
Para entender melhor como um certo número de traços definem um signo por 
oposição veja o esquema pictórico abaixo:
23
Tomando o latim, "arbor" se define por meio de traços que não são encontrados 
em "equos", ou seja, a representação de um tipo de vegetal de uma ordem de 
determinada grandeza e com propriedades de forma determinadas, que permitem 
referir esta imagem a sequências sonoras bastantes diferenciadas das de "equos". 
Esta divisão é socialmente convencionada e arbitrária. 
Malberg (1974, p. 68) resume objetivamente esta questão dizendo que a 
combinação de um certo número de unidades acústicas com iguais "recortes" na 
"massa do pensamento"cria "um sistema de valores". Desse ponto de vista não há 
nada que impeça duas línguas, mesmo que da mesma família, como o português e o 
latim, de segmentar a realidade de modos diferentes, aplicando conjuntos diferentes 
de signos da mesma realidade objetiva.
Princípio da linearidade
Entendendo o caráter auditivo do signo, Saussuredefine o princípio de 
linearidade: o signo desenvolve-se no tempo, representa uma extensão que é 
mensurável numa só dimensão, ou seja, numa linha. Dessa forma, um signo 
linguístico se apresenta após o outro formando uma cadeia. Não há possibilidade de 
simultaneidade de dois elementos para o linguista. 
Essas cadeias, mais ou menos longas, nas quais vem inserir-se os elementos da 
língua, Saussure chama de sintagmas. Um elemento linguístico toma seu valor pelo 
fato de que está colocado em oposição ao elemento que o precede ou que o segue – 
ou com ambos – no sintagma. Na frase citada por Saussure: "se fizer bom tempo, 
sairemos", cada elemento recebe seu valor de ambivalência. Por exemplo, a relação 
com os demais elementos do sintagma,  sobretudo com "fazer bom", que determina 
o valor do termo “tempo” como estado meteorológico, e não como duração temporal.
Por outro lado, cada elemento linguístico suscita no falante ou no ouvinte a 
imagem de outros elementos. Todo elemento se encontra em relação com outros 
elementos do sistema linguístico. Saussure chama essas relações de associativas 
24
ou paradigmáticas, por que todo elemento linguístico pode ser integrado num 
paradigma.  
Malberg (1974, p. 70) resume a teoria de Saussure sobre esse ponto dizendo 
que todo signo linguístico está em oposição a todos os outros, tanto no sintagma 
quanto no paradigma e recebe sua função em virtude desta oposição. Onde há a 
oposição, há identidade.
CASO
Relações de oposição e o valor linguístico no estudo da segunda língua.
A língua é comparada a uma folha de papel, que vai sendo recortada por uma tesoura: é 
impossível recortar uma face do papel sem recortar simultaneamente a outra face (...) para se 
compreender cada uma das unidades que compõem uma língua, temos que relacioná-la (opô-
la) a todas as demais unidades daquela mesma língua. 
Ilari, 2005, p. 62.
Falar em valor linguístico do ponto de vista de Saussure é, antes de mais nada, ressaltar a natureza 
opositiva do signo. Porém, quanto a isso, Malberg (1974, p. 66) nos chama a atenção para um problema: 
se cada língua corresponde a um certo modo de mapear a experiência em estruturas verbais, devemos 
entender que nossas possibilidades expressivas ficam pré-determinadas pelo código que usamos?
Alguns estruturalistas pensam que sim, outros dizem que tudo pode ser expresso em qualquer língua 
natural, e que a "tirania" que a língua exerce sobre nós não se manifesta pela impossibilidade de verbalizar 
o que quer que seja, mas pela obrigatoriedade de dizer certas coisas; por exemplo, quem quiser falar de 
um rio em Francês deve explicitar se trata-se de um fleuve ou de riviere. 
Rodolfo Ilari (2005, p. 61-65) também apontou esse problema com outros exemplos: "carne de boi ou 
de vaca", em português, pode significar o animal e o nome da carne. Em inglês, por um acidente histórico 
da conquista normanda da Inglaterra, os nomes dos animais, respectivamente "ox" e "cow", diferem-se de 
"beef", que não se aplica aos animais, mas serve para indicar de que animal procede a carne. 
O que Ilari quer dizer ao levantar este problema é que o senso comum ao qual Saussure se opôs é o 
de que "carne de vaca" equivale a "beef", porque ambos falam dos mesmos alimentos. Pela teoria 
saussuriana de valor, ao contrário, não há equivalência possível, pois a língua inglesa faz um recorte a 
mais ("ox", animal bovino x "beef", carne do animal bovino) que para o português não é pertinente. Ele 
reforça que o problema se agrava ao começarmos a pensar nos cortes da carne: picanha, maminha, chã 
de fora, etc. já que os cortes não são os mesmos. 
A crítica vem no sentido de que, ao falar em valor linguístico no sentido de Saussure, a relação 
significante e significado deve ser sempre considerada a luz do sistema linguístico em que o signo se 
insere, e não das situações práticas em que a língua intervém ou das realidades extralinguísticas de que 
permite falar. Esta é, no ponto de vista de Ilari, uma linguística que busca minimizar as relações que as 
línguas mantêm com o mundo - dá prioridade lógica às relações que se estabelecem no interior do 
sistema apenas.  
EXERCITANDO
25
Revisite a canção Palavras, dos Titãs, agora sob a luz da teoria do signo linguístico, de Saussure. 
Busque encontrar aproximações e distanciamentos entre o conceito "palavras", na canção, e "signo 
linguístico", na teoria de Saussure!
LEITURA COMPLEMENTAR
É importante que você visite o original: SAUSSURE, F. Curso de linguística geral. São Paulo: Cultrix, 
1995.
MULTIMÍDIA
Vídeos Complementares
Confira!
Sobre Signos, em Português (por Samuel Lamberti) Semiótica - Peirce, Sausurre, Jakobson, 
Bakhtin e Lotman [8].
Sobre Teoria da Linguagem, em Inglês (por Manuel de Landa) Manuel De Landa. Theory of 
Language. 2009 [9]
REFERÊNCIAS 
BORBA, F. S. Introdução aos estudos linguísticos. São Paulo: Ed. Nacional, 1984.
CAMACHO, R.G. Algumas reflexões sobre as tendências atuais da linguística. In: Confluência. Assis: 
UNESP, 1994.
ILARI, R. O Estruturalismo linguístico: alguns caminhos. In: MUSSALIM, F. BENTES, A.C. Introdução à 
Linguística: fundamentos epistemológicos. São Paulo: Editora Cortez, 2005, p. 53-92.
MALMBERG, B. As Novas tendências da linguística: uma orientação à linguística moderna. São Paulo: 
Companhia Editora Nacional, 1974.
SAUSSURE, F. Curso de linguística geral. São Paulo: Cultrix, 1995.
26
Teorias de Língua e Segunda Língua 
Aula 02: O Estruturalismo 
Tópico 03: Desenvolvimento de linguísticas estruturais na Europa e na América
VERSÃO TEXTUAL 
Caro(a) aluno(a), seja bem vindo(a) ao tópico 3 da aula 2 do Módulo Teorias de Língua e 
Segunda Língua! É objetivo deste tópico reconhecer o desdobramento de linguísticas estruturais 
na Europa e na América.
Os objetivos específicos deste tópico são os de identificar a escola de Praga, o 
funcionalismo de Martinet e Jakobson, e o estruturalismo americano, assim como apontar falhas 
nas propostas e encaminhamentos para novas práticas de pesquisa.
Tenha uma boa aprendizagem! 
DESAFIO
Vamos tentar resumir o que estudamos nos tópicos 1 e 2 a respeito dos fundamentos básicos da 
proposta saussuriana para o estudo da linguagem?
O Estruturalismo
Vimos que, para Saussure, o objetivo da Linguística é estudar a língua como um sistema de signos 
arbitrários, que tem natureza social, e não a fala, que tem natureza individual. 
SAUSSURE
27
A justificativa de Saussure ao eleger a língua como objeto de estudos é de que os fenômenos da 
língua se justificam pelo próprio sistema, diferentemente da fala, que é influenciada por fatores externos 
ao sistema.
O que o pesquisador busca é estudar a língua cientificamente, em si mesma e por si mesma. A língua 
enquanto estrutura é entendida como uma entidade de dependências internas que se constrói numa rede 
abstrata de inter-relações, uma espécie de álgebra da linguagem, que seria um modelo para a descrição de 
línguas particulares. 
Como ponto de vista epistemológico, o estruturalismo parte da observação de que todo conceito num 
dado sistema é determinado por todos os outros conceitos do mesmo sistema e nada significa por si 
próprio, pois há sempre a necessidade das relações de oposição.
No entanto, Saussure não deixou nenhum modelo acabado de análise linguística, ele propôs um 
programa de investigação que foi tomado como base por escolas que priorizaram a análise do sistema, 
lançando mão da concepção da língua enquanto forma (descarte a substância), e a preferência pela 
sincronia. Estas escolas se dividem basicamente em duas correntes: distribucionalista e funcionalista.
A escola distribucionalista, mais reconhecida como estruturalismo americano, teve como principal 
pesquisador o linguista Bloomfield. Quanto às escolas europeias, destacam-se: o círculo linguístico de 
Praga e Roman Jakobson, a glossemática de Hjelmslev e o funcionalismo de Martinet.
GLOSSEMÁTICA
é a teoria da linguagem, elaborada pelolinguista dinamarquês Louis Hjelmslev, tendo por 
colaborador Hans Jorgen Uldall, segundo a qual a língua deve ser estudada com um fim em si 
mesma, livre de considerações fisiológicas, sociais, literárias etc. As demais teorias, até então, não 
fugiram a tais considerações, tratando, pois, a língua como um meio de algo, sem constituir um 
sistema autônomo. A teoria linguística de Hjelmslev foi estudada, sobretudo, pelo Círculo Linguístico 
de Copenhague. Trata-se da primeira teoria semiótica e acabada, responsável na formação da 
semiótica na França, segundo Greimas. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Glossem%C3%A1tica [10].
Para estas escolas, de uma maneira geral, a função principal da linguagem é a de instrumento de 
comunicação. Por isso, percebemos que a função informativa é a base da linguística estruturalista, como 
veremos a seguir.
O Estruturalismo Americano
Nos Estados Unidos, entre as décadas de 20 e 50, havia um projeto nacional dos linguistas de 
descrever as línguas indígenas do continente. Essa era uma preocupação antiga que carecia de um 
método para o estudo de todas as línguas ágrafas. O método foi construído a partir dos postulados de 
Saussure de que cada língua tem uma gramática própria, e as diferenças linguísticas determinam 
diferenças no modo como as várias culturas representam a realidade.
Coerentemente com a proposta de Saussure, no estruturalismo americano as categorias gramaticais 
deveriam ser extraídas dos dados e não buscadas na tradição ou em experiências prévias de análise, 
assim reafirmava-se a tese saussuriana da arbitrariedade.
28
Fonte [11]
Esta linguística foi representada principalmente por Leonard Bloomfield [12] que elaborou um 
sistema coerente de conceitos descritivos relacionados à descrição sincrônica de qualquer língua. Sua 
proposta era distribucionalista, no sentido de reunir um conjunto de enunciados para compor um 
corpus produzido pelos falantes e buscar descrever a organização do sistema, sua regularidade, sem 
questionar o seu significado. 
A exclusão do significado nas pesquisas estruturalistas americanas se justificava pela sua 
orientação indutiva, proposta por Bloomfield em sua obra mais influente "Language". Com isso, 
evitava-se que a intuição influenciasse a análise dos dados de maneira que algo não pudesse ser 
comprovado cientificamente.
A intenção era produzir uma descrição exaustiva por meio da coleção de um corpus produzido por 
falantes, segmentá-lo e transformá-lo em sequências discretas de unidades. Na presença de um 
falante nativo da língua pesquisada, o linguista substituía aleatoriamente os trechos dessas 
sequências por outros trechos que mostrassem a mesma duração e, assim, o falante nativo o ajudava 
na avaliação da gramaticalidade das substituições em relação ao trecho inicial, independentemente do 
sentido.
O foco da pesquisa estava na distribuição, pois o objetivo geral era verificar como uma unidade 
linguística se combina com as demais na cadeia falada. Assim eles identificaram as partes do discurso, e 
suas propriedades distribucionais em determinados ambientes sintáticos chegando às árvores 
sintagmáticas (Teixeira-Júnior, 2006).
O círculo linguístico de Praga
Os principais representantes desta escola são Troubetzkoy [13], Roman Jakobson [14] e Mathesius 
[15], que harmonizaram os pensamentos de Saussure e do psicólogo Karl Bühler [16], formulando uma 
concepção da comunicação mais rica que a de Saussure, conhecida como perspectiva funcional da 
sentença.
Em Saussure, o que conta em sua concepção de comunicação é que os interlocutores tenham pleno 
controle sobre os elementos pertinentes dos signos linguísticos mediante os quais se comunicam. Espera-
se que os falantes usem os signos linguísticos que compõem suas mensagens de modo tal que se 
reconheçam nesses signos todos os traços pertinentes que permitem identificá-los. Porém, este 
procedimento reduz de certo modo o processo de interpretação a uma questão de discriminação dos 
signos que se transmitem, e nada nos diz sobre o que acontece quando interpretamos. 
Mathesius indicou um caminho possível para entender o que acontece quando interpretamos ao 
lançar a ideia de que a comunicação afeta dinamicamente nossos conhecimentos e nossa consciência 
das situações, uma concepção dinâmica de comunicação, que se distribui de maneira desigual nos 
enunciados que efetivamente utilizamos para fins de comunicação: os enunciados comportam uma parte 
menos dinâmica -  o tema, e uma parte mais dinâmica – o rema (Ilari, 2005, p. 69-70). 
29
O autor também mostrou que estas duas funções comunicativas, o tema e o rema, são autônomas 
em relação à função sintática do sujeito e do predicado, e que em inglês e em checo são indicadas pela 
ordem das palavras e pela entoação. Compare os exemplos para entender melhor:
1. The duke [theme] gave my aunt that teaport [rheme].
2. What the duke gave to my aunt [theme] was that teapot[rheme].
3. What happened [theme] was that duke gave my aunt that teapor [rheme].
Fonte [17]
Jakobson, a sua maneira, também foi funcionalista. Ele ampliou o modelo da teoria da 
informação, de Bühler, fazendo uma relação entre os elementos da comunicação e as funções 
envolvidas na comunicação verbal. Assim, Jakobson construiu o famoso quadro de funções da 
linguagem [18], atentando para o maior ou menor relevo dado aos vários fatores de uma mensagem 
típica (Teixeira-Junior, 2006).
Mas o interesse maior de Jakobson foi a possibilidade de pensar num tipo de mensagem que 
retém a atenção dos interlocutores por suas próprias características, o que deu origem a uma linha de 
análise das mensagens literárias segundo a qual o texto poético não é aquele que nos interessa pelo 
assunto, mas sim aquele que nos atrai pelo tratamento da linguagem. Na poesia concreta, o linguista 
via uma forma de realização de ideias por meio de usos estéticos da linguagem.  Por seu interesse 
pela poesia e a literatura, ficou conhecido como o "linguista dos poetas" (Ilari, 2005, p. 76).
Além disso, Jakobson pesquisou a aquisição de fonemas em crianças e a perda da linguagem em 
pacientes com afasia. Assim, ele mostrou que, no nível dos traços e dos fonemas, funcionam alguns 
processos combinatórios que tiram partido de duas relações fundamentais: a contiguidade e a 
similaridade, as mesmas relações que, em outros níveis, garantem o funcionamento da gramática, e dão 
origem a figuras de linguagem fundamentais da metáfora e da metonímia. 
No campo da tradução, ao contrário do que postulava a teoria saussuriana, Jakobson afirma que tudo 
pode ser expresso em qualquer língua humana, e que as línguas não se distinguem por aquilo que podem 
dizer (pois todas podem dizer tudo), mas por aquilo que nos obrigam a dizer, quando queremos expressar 
algo. Para ilustrar isso, retomemos aquele mesmo exemplo já apresentado nos tópicos anteriores sobre o 
"rio" em Francês: deve-se explicitar se trata-se de um fleuve ou de um riviere. 
A glossemática
30
Fonte [19]
Hjelmslev, já apresentado a você no tópico 1 desta aula, consolida uma forte tradição do estudo 
crítico da gramática. O linguista procurou aplicar a tese saussuriana de que as línguas se constituem 
como sistema de oposições: estudo das relações por meio das quais as línguas se estruturam. No 
entanto, segundo Ilari (2005), este autor é criticado por produzir textos abstratos e de difícil aplicação, 
fugindo à análise propriamente dita.
Salvo as críticas, as contribuições do autor residem na sua explicação de como a forma e a 
substância se articulam com a expressão e o conteúdo, do par terminológico sintagma e paradigma e 
também a definição de conotação. A sua reflexão linguística é menos aderente ao significante, 
conseguiu dar enfoque estruturalista a significação, pois trata da significação por meio de matrizes de 
traços semânticos, um tipo de análise que enumera os componentes últimos da significação e por 
isso conhecida como análise componencial.Um exemplo disso é trazido por Ilari (2005, p. 71): um traço semântico (ou componente) pode anular a 
equivalência de dois signos, por exemplo, o traço semântico "brilho" relacionado à "cor negra" nas palavras 
latinas niger [+brilho] e ater [-brilho].
O funcionalismo de Martinet
Fonte [20]
O estruturalismo na França teve Andre Martinet [21] relacionando o termo 'função' a conceitos 
como: o caráter próprio da fala de ser instrumento de comunicação entre as pessoas; a possibilidade 
de fazer referência a objetos diferentes por meio de unidades linguísticas diferentes; e o tipo de 
relação gramatical que liga uma unidade sintática ao contexto sintático maior. Uma grande 
contribuição foi discutir com clareza a 'dupla articulação da linguagem', estabelecendo a existência, 
em toda língua natural, de dois níveis de oposição (e de combinatória):
Aquele em que as unidades podem ser contrastadas de modo a fazer aparecer, 
simultaneamente, diferenças de forma e de sentido (esta é, para Martinet, a primeira articulação, 
31
que corresponde muito aproximadamente às palavras), e aquele em que se podem pôr à mostra 
diferenças que apenas servem para distinguir unidades (esta é a segunda articulação, cujas 
unidades são os fonemas) (Ilari, 2005, p. 72).
A primeira articulação consiste de unidades mínimas significativas, isto é, uma forma fônica dotada 
de um sentido. Por exemplo, em "eu" / "estar"/ "fome" / "com", cada palavra pode ser utilizada em outros 
contextos totalmente diversos com outros significados. Porém, ao utilizá-las como elementos mínimos da 
primeira articulação, podemos organizar nossos enunciados dentro das mais diversas situações de 
comunicação a partir de regras pré-estabelecidas de combinações (sintaxe).
Pela segunda articulação podemos dividir cada morfema [22] em unidades ainda menores, 
desprovidas de sentido. Por exemplo, o morfema 'rat-' pode dividir-se nos fonemas /r/ /a/ etc. Neste plano, 
as unidades mínimas têm valor distintivo, pois quando as substituímos mudamos o sentido: /p/ /a/ /t/ 
'pat-' diferente de 'rat-'.
Martinet também contribuiu com a fonologia diacrônica propondo o conceito de economia: na cadeia 
da fala, os fonemas sofrem uma pressão no sentido de se assimilarem aos fonemas vizinhos, o que leva 
ao desgaste de algumas posições fonológicas, e a criação de algumas oposições fonológicas 
previamente inexistentes – há uma relação custo-benefício. Seu raciocínio mostrava que o que evolui na 
língua não são elementos isolados, mas sim as estruturas, e que é possível esperar ou predizer a evolução 
da estrutura analisando as propriedades que ela apresenta sincronicamente (Ilari, 2005, p. 72). 
OLHANDO DE PERTO
O Estruturalismo no Brasil
Segundo Ilari (2005), o estruturalismo chegou ao Brasil em torno de 1960 concomitante com o 
reconhecimento da disciplina como autônoma nos Cursos de Letras das principais universidades da 
época. Uma consequência disso foi a impressão de que a Linguística tem como objetivo autônomo a 
descrição da língua, identificada pura e simplesmente com a linguística estrutural, o que não é mais 
verdade.
Hoje são poucos os linguistas brasileiros que se declaram publicamente como estruturalistas. 
Mas ficaram saldos positivos: o estruturalismo instaurou a crença de que a língua portuguesa tal 
como é falada no Brasil deveria ser tomada como objeto de descrição contrariando uma longa 
tradição normativa. Isso afetou os estudos do português padrão e variedades não padrão da língua 
passaram a ser consideradas como objetos legítimos de análise. Quando a orientação era normativa, 
acreditava-se que somente a variedade padrão era sistemática, e as variações eram consideradas 
"erro" ou "corrupção" da variedade padrão. Com a atitude descritiva da corrente Estruturalista, 
descobriu-se naturalmente que as variedades não padrão, como era considerado o português do 
Brasil, não era necessariamente uma estrutura pobre ou ineficiente, mas apenas uma estrutura 
diferente. Assim, variedades brasileiras da língua portuguesa e línguas indígenas ganham prestígio.
Hoje o linguista brasileiro não precisa mais justificar seu espaço, apesar de não existir mais uma 
orientação hegemônica: outras orientações prestigiadas são o gerativismo, o funcionalismo e a 
análise do discurso. Sobre isso Ilari (op.cit.) nos lembra do projeto A Gramática do Português Falado, 
iniciativa de Ataliba Castilho, que contem mais de 40 pesquisadores em todo país com orientações 
variadas da linguística contemporânea. Mas há que se referenciar que o estágio da linguística 
brasileira hoje se deve ao Estruturalismo.
32
ATIVIDADE DE PORTFÓLIO
Abaixo você verá críticas ao estruturalismo feitas por quatro grandes estudiosos da linguística. 
Busque nos textos lidos em toda aula 2 os pontos da linguística estruturalista que os linguistas abaixo 
estão criticando e resuma-os explicando o que você entendeu de cada ponto usando suas próprias 
palavras. Produza um texto de no máximo duas páginas, tomando o cuidado de fazer as referências 
de acordo com as normas da ABNT. O titulo da atividade deve ser “aula 2”.  Consulte seu tutor para as 
orientações necessárias. 
1. Uma grande crítica ao estruturalismo vem de Émile Benveniste (1902-1976), que diz que o 
estruturalismo teria negligenciado o papel essencial que o sujeito desempenha na língua. 
2. Outra crítica ao estruturalismo foi acerca da oposição sincronia e diacronia. Eugenio Coriseu dizia 
que a possibilidade de delimitar a sincronia era uma ficção, pois a língua convive com mecanismos 
gramaticais e recursos lexicais que são fruto de diferentes momentos da história. O velho convive 
com o novo e isso caracteriza um estado de língua dado. 
3. Michel Pêcheux criticou a linguística saussuriana porque ao retirar-se do campo da parole, a 
abordagem estruturalista teria transformado todos os fenômenos textuais e semânticos numa 
espécie de terra de ninguém. Ao descartar a fala como objeto de estudo científico, Saussure teria 
destruído simultaneamente a possibilidade de uma linguística textual, e a possibilidade de uma 
análise científica do sentido dos textos. 
4. Outra crítica ao estruturalismo veio de Noam Chomsky, que diz que a linguística deveria se 
concentrar em algo que não é possível de se observar nem é perceptível aos sentidos.
REFERÊNCIAS 
BORBA, F. S. Introdução aos estudos linguísticos. São Paulo: Ed. Nacional, 1984.
CAMACHO, R.G. Algumas reflexões sobre as tendências atuais da linguística. In: Confluência. Assis: 
UNESP, 1994.
ILARI, R. O Estruturalismo linguístico: alguns caminhos. In: MUSSALIM, F. BENTES, A.C. Introdução à 
Linguística: fundamentos epistemológicos. São Paulo: Editora Cortez, 2005, p. 53-92.
SAUSSURE, F. Curso de linguística geral. São Paulo: Cultrix, 1995.
TEIXEIRA-JUNIOR, A. Abordagens Linguísticas. Fortaleza: FGF, 2006.
Fontes das Imagens
1 - http://blogdebrinquedo.com.br/wp-content/uploads/2008/05/xadrez-lego-knights_kingdom-01.jpg
2 - http://pt.wikipedia.org/wiki/Ferdinand_de_Saussure
3 - http://pt.wikipedia.org/wiki/Louis_Hjelmslev
4 - http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-44502004000300007&script=sci_arttext
5 - https://criticanarede.com/fil_chomsky.html
6 - http://e-revista.unioeste.br/index.php/linguaseletras/article/viewFile/1155/945
7 - http://www.youtube.com/watch?v=OQ3qJhap8Qw
8 - http://www.youtube.com/watch?v=BDXBqG60lLo&feature=related
9 - http://www.youtube.com/watch?v=kr11PhgyOOk
33
10 - http://pt.wikipedia.org/wiki/Glossem%C3%A1tica
11 - http://waiyu.bjfu.edu.cn/UserFiles/2006-9/28/200692831131661.jpg
12 - http://pt.wikipedia.org/wiki/Leonard_Bloomfield
13 - http://pt.wikipedia.org/wiki/Troubetzkoy
14 - http://pt.wikipedia.org/wiki/Roman_Jakobson
15 - http://en.wikipedia.org/wiki/Vil%C3%A9m_Mathesius
16 - http://pt.wikipedia.org/wiki/Karl_B%C3%BChler
17 - http://www.christianlehmann.eu/ling/gesch_sw/Roman_Jakobson_2_blu.jpg
18 - http://www.cyberartsweb.org/cpace/theory/luco/Hypersign/Jakobson.html19 - https://www.christianlehmann.eu/ling/gesch_sw/Hjelmslev/Hjelmslev_jung.jpg
20 - http://hablablah.habla.cl/imagenes/martinet.png
21 - http://en.wikipedia.org/wiki/Andr%C3%A9_Martinet
22 - http://pt.wikipedia.org/wiki/Morfema
34
Teorias de Língua e Segunda Língua 
Aula 03: Gerativismo 
Tópico 01: Princípios Básicos do Gerativismo
VERSÃO TEXTUAL 
Caro(a) aluno(a), seja bem vindo(a) ao tópico 1 da aula 3 do Módulo Teorias de Língua e 
Segunda Língua. É objetivo deste tópico reconhecer os princípios gerais da teoria gerativista 
propostos por Noam Chomsky para o estudo da linguagem.
Os objetivos específicos deste tópico são os de diferenciar o processo de aquisição da 
linguagem por crianças do ponto de vista behaviorista e do ponto de vista inatista, relacionar a 
gramática gerativa ao processo criativo de aquisição da linguagem e reconhecer a teoria inatista 
da gramática universal.
Tenha uma boa aprendizagem!
REFLEXÃO
Você já observou como uma criança aprende a sua língua materna? 
Liste suas ideias iniciais a este respeito antes da leitura. A seguir, compare-as às propostas que 
seguem no texto deste tópico. 
Esta reflexão é o nosso ponto de partida para o estudo aqui proposto!
O que se convencionou chamar de gramática gerativa é, na verdade, um Programa de Pesquisa que 
tem como objetivo maior responder o que Noam Chomsky [1] intitulou de o Problema de Platão, ou seja: 
como a criança sabe tanto sobre a sua língua sem ter jamais estudado sobre ela? E qualquer um de nós, 
que já tenha convivido com uma criança de 0 a 6 anos, já presenciou estes fenômenos sem ter se dado 
conta do que eles indicam. Vejamos. É comum, que a criança por volta dos 3 anos produza sentenças 
como a abaixo:
(1) *Eu fazi 
tudo.
Que conhecimentos linguísticos estão embutidos nesse "fazi"? Observe que a criança "quebra" o 
verbo fazer no lugar certo, separando o radical de fazer (faz-) da desinência verbal (-i). Ela sabe 
exatamente a morfologia da sua língua, pois este '-i' significa:
Pretérito 
Perfeito
Primeira Pessoa do 
Singular
Ela reconhece nessa idade aquilo que os professores de português irão ensinar lá na 5ª ou 6ª série. 
Observe que a criança não produz sentenças como:
35
(2) *Eu fazeri tudo.
(3) *Eles fazi tudo.
(4) *Ele choveu.
(5) *Com brinquei ele eu.
Isso mostra que a criança tem um conhecimento linguístico que ninguém ensinou. Ela sabe que o 
verbo chover não leva sujeito, embora brincar, fazer, entre outros sim. Ela sabe qual é a ordem das 
palavras na sua língua, não produzindo jamais sentenças como a (4).
O Programa Gerativo se propôs a investigar a razão pela qual a criança 
comete os mesmos erros sempre, na mesma idade, como se fosse um 
processo. Em seguida, rapidamente os corrige, porque crianças de 9 ou 10 
anos não produzem mais erros desse tipo. Ademais, independentemente da 
classe social ou variedade do português que ela é exposta, o ‘fazi’, entre 
outras incorreções, aparecerá. Ao passo que, outras produções, como as 
elencadas acima, não ocorrerem. Alguns responderiam que ela reproduz o 
que ouve, uma afirmação sensata, mas com certeza ela não ouve ‘fazi’ e 
mesmo assim produz invariavelmente.
Na época que Chomsky, um linguísta, lança sua proposta de pesquisa, os estudos de aquisição de 
primeira língua estavam altamente influenciados pela corrente da psicologia em voga: o behaviorismo e a 
corrente linguística da época, o estruturalismo. 
CHOMSKY
Fonte [2]
PRIMEIRA LÍNGUA
36
Segunda também, falaremos disso mais adiante.
Essas correntes afirmavam que uma língua é simples comportamento, um hábito manipulável, um 
condicionamento, por repetição, ou seja, aprender uma língua era como aprender um hábito, observa-se e 
repete-se, repete-se até que se aprende, até se esteja condicionado. 
Chomsky lança então a pergunta, se isso é verdade, como a criança produz 'fazi'? Com certeza ela não 
ouve dos adultos com quem convive tal produção? E se a criança só repete o que ouve, ela nunca formará 
sentenças novas? Não há criatividade em linguística? Então a língua jamais mudaria? Há evidências da 
socio-linguística de que as línguas estão em permanente variação.
Para explicar como a criança aprende tão rapidamente uma ou várias línguas a qual é exposta, 
Chomsky lança a hipótese de que haveria uma parte do nosso cérebro que é responsável pela aquisição 
da linguagem. Esse dispositivo ficou conhecido como DAL e seria o responsável pela aquisição rápida, 
regular e uniforme da linguagem nos seres humanos. O avanço dos estudos fez com Chomsky 
aprimorasse essa ideia, como veremos adiante. Tentando delimitar o escopo do seu trabalho, ele 
apresenta a dicotomia competência/performance. A competência seria o conhecimento que o falante-
ouvinte possui da sua língua, ao passo que a performance seria o uso efetivo da língua em situações 
concretas.
DAL
Dispositivo de Aquisição da Linguagem.
A competência é ligada ao conhecimento tácito da língua, àquela intuição 
que temos para julgar se uma sentença pertence ao conjunto das sentenças 
possíveis da nossa língua materna, julgamentos de gramaticalidade e 
interpretação de sentenças. Esse julgamento pode ser feito por qualquer 
falante, mesmo que jamais tenha sido exposto ao ensino formal da língua, na 
escola, por exemplo. A performance ficaria com a escolha de estruturas e 
vocabulário que fazemos de acordo com a situação em que estamos inseridos.
Esse conhecimento, que todo falante nativo tem das possibilidades de construção sintática da sua 
língua, ficou conhecido como língua-I (I de Interno), I de Interno, mas que assuntos ligados a outras 
questões cognitivas e sociais dariam origem a língua-E (E de Externo). Essa língua-E, segundo Chomsky 
pode ser o reflexo imperfeito da língua-I. Nessa divisão, Chomsky faz um recorte no seu objeto de estudo.
O empreendimento gerativo vai se ocupar em estudar o que é interno, biológico e psicológico, 
deixando o social para as demais áreas do conhecimento. Porém, como a ciência ainda não tem acesso à 
língua-i dentro do cérebro humano, os gerativistas farão uso da língua-E, que é aquela, que por ser externa, 
está à disposição para ser observada.
Ao lançar a hipótese de que os seres humanos nascem com um dispositivo para adquirir qual(is)quer 
línguas a quer forem expostos implica dizer que há um mecanismo no cérebro que começada à exposição 
da criança a uma determinada língua, a estrutura sintática dessa língua começaria a se formar. Chomsky 
postula, então, o que ficará conhecido como a Gramática Universal (GU). O ser humano nasce com a 
gramática em estado inicial zero, Sº, ou seja, vazia, pronta para formar qual(is)quer língua(s) a que for 
37
exposta, seja essa língua o português ou espanhol ou chinês. E seus falantes aprenderão da mesma forma 
e no mesmo tempo, independente da língua. Para uma criança, o chinês não é mais difícil do que o 
espanhol ou do que o português.
Esse empreendimento gerativo deve, então, criar uma teoria de língua Sº, uma gramática que de conta 
de todas as línguas. Nessa gramática deverão caber as regras do mandarim, do português, do espanhol, 
ou de qualquer outra língua humana. Essa teoria tem que ser abrangente o suficiente para dar conta de 
todas as línguas humanas do mundo, mas ao mesmo tempo ser restritiva, pois as crianças a aprendem 
rapidamente. 
Fonte [3]
Chomsky fala então, da faculdade da linguagem, que seria um componente biológico dentro do 
cérebro que é transmitido geneticamente, isto quer dizer, que qualquer ser humano nascerá dotado 
com essa faculdade, e a experiência linguística da criança nos primeiros anos de vida dará origem a 
gramática da língua particular, ou das línguas particulares, a qual a criança for exposta. Por isso, 
Chomsky postula que a linguagem é inata. Perceba que não é a língua que é inata, mas a faculdade da 
linguagem que permite que uma criança, filha de falantes do português, se mudar de país e for exposta 
a outra língua, falaráaquela língua, diferente da língua dos pais biológicos.
LÍNGUA
Portuguesa, espanhola ou inglesa. 
FÓRUM
O que você sabe sobre o conceituado Noam Chomsky? Pesquise informações sobre o teórico na 
internet e publique no fórum. Procure relacionar em seu texto os conceitos linguísticos propostos por 
ele e não se esqueça de indicar sua fonte de pesquisa.
MULTIMÍDIA
Veja também uma Entrevista com Noam Chomsky para a BBC sobre suas ideias linguísticas [4].
EXERCITANDO
1. Numere as sentenças abaixo de acordo com as definições que seguem.
38
1. 
Língua-E
2. 
Competência
3. 
Língua-I
4. 
Gramática 
Universal
5. 
Performance
a. intuição que temos para julgar se estruturas de uma língua são gramaticais.
b. habilidade do falante de escolher estruturas e vocabulário adequados às situações 
comunicativas.
c. conhecimento que o falante nativo tem sobre as possibilidades de construções gramaticais da 
sua língua.
d. a língua em funcionamento nas atividades sociais.
e. dispositivo no cérebro humano que faz com que as crianças adquiram qual(is)quer língua(s) a 
que venham a ser expostas.
RESPOSTAS 
a) 2, b) 5, c) 3, d) 1, e) 4.
2. Preencha as lacunas com as expressões que melhor a completam.
a. A criança nasce com a gramática em estado inicial zero, conhecido como .
b. DAL significa: .
RESPOSTAS 
a) S°
b) Dispositivo de Aquisição da Linguagem
39
Teorias de Língua e Segunda Língua 
Aula 03: Gerativismo 
Tópico 02: A Gramática Gerativa
VERSÃO TEXTUAL 
Caro(a) aluno(a) , seja bem vindo(a) ao tópico 2 da aula 3 do Módulo Teorias da Língua e 
Segunda Língua. É objetivo deste tópico conceituar a Gramática Gerativa proposta por Noam 
Chomsky.
Os objetivos especifícos deste tópico são os de comparar e contrastar os conceitos de 
estrutura profunda e de superfície, e reconhecer a contribuição da Gramática Transformacional 
para os estudos de diferentes línguas.
Tenha uma boa Aprendizagem!
REFLEXÃO
Será que o conceito de "gramática" é algo que se relaciona a cada língua de uma maneira 
específica, ou a "gramática" pode ser considerada inerente ao ser humano, relacionada a todas as 
línguas da mesma maneira?
Esta reflexão é o ponto de partida para o estudo deste tópico.
Como é a Gramática Universal (GU)?
O lançamento dessa questão levou muitos linguístas no mundo todo a começar a descrever suas 
línguas dentro do modelo de regras que foi proposto por Chomsky ainda na década de 60. Esse modelo, 
conhecido como Gramática Transformacional, apresentava regras às quais as línguas se submetiam para 
dar origem a outras construções, ou seja, se transformavam em outra estrutura. Haveria uma estrutura 
profunda para todas as línguas, que através de regras de transformação gerais, fazia com que ela sofresse 
transformações e se apresentasse na forma de estruturas superficiais diferentes para cada língua 
particular.
Estrutura Profunda → Transformações → Estrutura Superficial
As sentenças seriam formadas a partir de constituintes sintáticos: sintagmas nominais (SN), verbais 
(SV), adjetivais (SAdj), e preposicionais (SP). Por exemplo, de forma simplificada, no português a sentença 
(5) representa a estrutura superficial de (6), estrutura profunda:
(5) A menina come a banana madura.
(6) menin- + comer + banana – madur-
Esta Estrutura Profunda pode ser reescrita ainda como o esquema abaixo, que permite inúmeras 
sentenças:
40
SUJEITO + VERBO + C0MPLEMENTO
SN + SV + SN-SAdj
Aplicação das regras:
Sujeito + Verbo + Complemento
SN Det. SV
SN- 
banana
Det. A SAdj.
menin- A com- -e substantivo Artigo madur- 
substantivo artigo
radical do 
verbo
desinência feminino feminino -a
-a singular Singular Feminino
feminino, 
singular
feminino, 
singular
Singular 
(7) A menina come a banana que amadureceu.
Sujeito + Verbo + Complemento
SN – Det. SV SN que - SV
menina - a come banana que - amadureceu
A sentença (5) permite uma transformação, onde o adjetivo madura pode dar lugar a uma outra 
sentença que amadureceu. Essa construção tem o mesmo valor que a palavra madura, descrever uma 
qualidade da banana, por isso que se chama esta sentença de oração adjetiva, pois desempenha o papel 
de um adjetivo.
A descrição de tantas línguas humanas deu origem a uma lista enorme de regras transformacionais. 
No início da década de 70, Chomksy estudou a compilação de todas as regras de todas as línguas 
estudadas até então e percebeu que elas tinham um conjunto de regras que eram comuns, e outros que 
eram diferentes.
O conjunto de regras comuns a todas as línguas naturais humanas, com as quais a gu da criança já 
vem equipada, ele chamou de princípios. Ao conjunto de regras particulares para cada língua, ele chamou 
de parâmetros. Os parâmetros são fixados pela criança ao aprender a língua materna.
41
DESAFIO
Leia a sentença abaixo e responda as questões que seguem:
O menino doente jogava bola na chuva.
1. Qual seria a Estrutura Profunda da sentença acima?
2. Quais sintagmas formam a oração acima?
3. Que encaixes poderiam ser feitos na oração acima, mantendo sua Estrutura Profunda?
EXERCITANDO
1. Preencha as lacunas do parágrafo abaixo com os termos que se encontram na caixa, a fim de 
torná-lo coerente:
Estruturas 
Superficiais
Gramática 
Transformacional
Estrutura 
Profunda
(a) apresenta regras pelas quais as línguas se submeteriam dentro do 
módulo do nosso cérebro responsável pela gramática. Haveria uma (b) que 
através de transformações daria origem a (c) diferentes. 
RESPOSTAS 
a. Gramática Transformacional
b. Estrutura Profunda
c. Estruturas Superficiais
2. Complete as sentenças abaixo com os termos correspondentes a fim de tornar essas 
definições corretas.
Parâmetros Princípios
a) O conjunto de regras com o qual a criança já vem equipada na GU chama-se . 
b) O conjunto de possibilidades de regras que a criança aprenderá para a sua língua particular é 
conhecido como . 
RESPOSTAS 
a. Princípios
b. Parâmetros 
42
Teorias de Língua e Segunda Língua 
Aula 03: Gerativismo 
Tópico 03: A Teoria Gerativa e a relação Língua Materna e Língua Estrangeira
VERSÃO TEXTUAL 
Caro(a) aluno(o) , seja bem vindo(a) ao tópico 3 da aula 3 do Módulo Teorias da Língua e 
Segunda Língua. É objetivo deste tópico conceituar a Gramática Gerativa proposta por Noam 
Chomsky.
Os objetivos específicos deste tópico são os de comparar e contrastar os conceitos de 
princípios e parâmetros, e reconhecer a contribuição do Programa Minimalista para os estudos 
de diferentes línguas.
Tenha uma boa Aprendizagem!
REFLEXÃO
Estudamos anteriormente o processo criativo da aquisição da língua materna. Vamos agora 
voltar nossas reflexões para o processo de aquisição da língua estrangeira, do ponto de vista da GU? 
O que você já pode antecipar a esse respeito?
Esta reflexão é a base para o estudo deste tópico!
Dada a velocidade com que a criança adquire a língua a que está exposta, Chomsky adianta que 
levaria muito tempo marcar todas aquelas regras, mesmo sendo através da faculdade da linguagem. 
Após estudar todas as regras apresentadas, ele postula que o conjunto de regras que era comum para 
todas as línguas seriam princípios, que já viriam prontos dentro da faculdade da linguagem, uma vez 
que são os mesmos para todas as línguas; e os haveria também os parâmetros, que seriam marcados 
pela criança de acordo com a língua de sua experiência.
Esse avanço dentro da Teoria Gerativa vai dar impulso aos estudos de aquisição de primeira língua. 
Os estudiosos dessa questão investigaram de que forma se dava o processo de aquisição e observaram 
que há sim uma regularidade espantosa entre os estágios da aquisição, independentemente da língua 
sendo adquirida. Além disso, a ordem dos estágios em que os fenômenos acontecem é universal para 
todas as línguas.
Os estudos em aquisição de primeira língua apontam que a criança começa aprendendo a melodia da 
sualíngua. Com poucos dias de vida, ela já é capaz de reconhecer a prosódia da língua dos pais. Em 
43
seguida a criança aprende os fonemas do seu idioma, ou seja, até a idade de cerca de dez meses o bebê é 
capaz de distinguir qualquer fonema produzido por uma língua humana. 
Nesta fase esta característica da faculdade da linguagem começa a desaparecer e outra capacidade 
aparece a aquisição das palavras. Entre 10 e 24 meses há um crescimento muito grande de palavras, a 
criança começa a nomear os objetos a sua volta e por volta dos 2 anos já combina duas palavras. Essas 
palavras não apresentam uma combinação aleatória, elas já mostram um sistema governado por regras: a 
marcação de parâmetros para sua língua.
Essa fase da teoria gerativa ficou conhecida como Modelo de Princípios e Parâmetros. Dentro desse 
modelo postulou-se que as línguas organizam-se através de uma estrutura X-barra formada de 
constituintes sintáticos: sintagmas nominais (SN), verbais (SV), adjetivais (SAdj), e preposicionais (SP), 
colocados de forma hierárquica. Essa estrutura sintática é regularmente representada através de esboços 
que apresentam galhos, as partes da estrutura X-barra, e ficaram conhecidos como árvores.
Estes sintagmas se combinam hierarquicamente dando origem a uma sentença, um período, etc. Veja 
como fica a sentença (5) abaixo colocada em uma árvore. Observe como existe uma hierarquia, onde o 
verbo tem posição de destaque por decidir quais complementos ele precisa; sujeito, sim ou não, no 
português; objeto direto ou indireto, depende do verbo. A distribuição dos outros sintagmas se dá a partir 
do verbo comer para o caso da sentença (5).
Esse modelo apresenta variações que serão marcadas entre as línguas: os parâmetros. Vários 
parâmetros foram postulados e todos com uma estrutura binária do tipo sim ou não, que a faculdade da 
linguagem acionaria quando da exposição da criança à língua. Um dos parâmetros mais famosos que 
envolveram o português, o espanhol, inglês e francês, entre outras línguas, foi o parâmetro do sujeito nulo. 
Esse parâmetro estudava como a criança aprende que sua língua obrigatoriamente tem um sujeito, ou 
não. O português, assim como o espanhol, pode ter sujeito nulo. O inglês e o francês têm que marcar a 
posição de sujeito, nem que seja com um sujeito sem valor semântico.
Este fato remete a sentença (1) apresentada acima. A criança exposta ao português sabe que sua 
língua admite:
(6) Choveu.
(7) Comi.
(8) Eu falei.
Assim, como a criança, falante do inglês, sabe que sua língua admite:
(9) It rained.
44
(10) He plays the 
guitar.
Assim, o parâmetro do sujeito estaria por ser marcado, ou seja, escolhido em língua com ou sem 
sujeito nulo, pela faculdade da linguagem. Ao ser exposta, a criança marca essa possibilidade. Como esse, 
existem outros parâmetros, que a criança vai marcando ao ouvir, e essa sucessão de escolhas dará 
origem a um conjunto de parâmetros que formará a sintaxe da sua língua materna.
Como podemos ver, nesses mais de 50 anos do Programa Gerativista, Noam Chomsky fez vários 
ajustes e até recortes nos dados que sua imensa equipe de linguístas espalhados pelos quatro cantos do 
mundo recolheu. Ele julgou que tal era necessário para poder permanecer fiel ao seu objeto de estudo. Em 
virtude desse rigor científico, em 1995, mais uma vez, ele ajusta o foco da pesquisa para responder a 
pergunta de Platão.
Estes 50 anos têm sido dedicados a descobrir como é essa estrutura 
linguística inata, com a qual os seres humanos nascem, e ao preenchê-la com 
qualquer língua humana, nasce uma língua natural, que é o que conhecemos. 
Com base no conhecimento que se tem do corpo humano, postulou-se que a 
mente/cérebro humano é modular, ou seja, é composta por módulos, partes do 
cérebro que são responsáveis por diferentes atividades. Indo mais longe, a 
própria faculdade da linguagem deve ser modular e seus módulos responsáveis 
por áreas diferentes que se interconectam no momento de produzir uma 
sentença ou na hora de interpretá-la. Um destes módulos seria responsável 
pelo armazenamento do vocabulário, chamado de Lexicon, que acumularia 
todas as palavras que aprendemos. Existem evidências que fazem crer que o 
Lexicon guarda as palavras separando os radicais das desinências, da 
morfologia da língua, etc. Outro módulo seria a semântica que atribuiria o 
sentido às palavras, à própria morfologia, etc.
Este movimento que tenta dar um novo enfoque à estrutura gramatical da GU, chama-se Programa 
Minimalista. Esta nova etapa dos estudos, tenta aliviar as operações da sintaxe dentro da GU, atribuindo a 
outros módulos, tarefas antes atribuídas à sintaxe, como a formação de palavras, ou seja, acrescentar aos 
radicais a morfologia, ou seja, colocar nos radicais as desinências de plural, feminino, masculino, tempo, 
entre muitos outros. Esta tarefa agora fica por conta do Lexicon, que já os manda prontos para a sintaxe. 
Cabe agora ao Programa Gerativista, dentro da perspectiva Minimalista, entender como se dá as 
interfaces entre módulos, como eles se comunicam.
Os dados robustos obtidos através dos estudos da aquisição de primeira língua fizeram com que 
muitos estudiosos, desta vez de aquisição de segunda língua, se perguntassem se a Gramática Universal 
estava disponível no adulto que aprende língua estrangeira. Após vários anos de pesquisa durante a 
década de 90, os estudos acabaram por mostrar que a GU já não pode operar como o fez na aquisição da 
língua materna, pois já foi preenchida com os dados dessa língua. Assim, estudos mais recentes apontam 
que os princípios ainda estão operantes, mas não os parâmetros. Tal constatação explica porque é muito 
mais difícil para um adulto aprender língua estrangeira do que para uma criança aprender sua língua 
materna. 
O adulto vai então, apoiar-se, não nos parâmetros, mas na sua experiência linguística prévia, seja a 
língua materna ou qualquer outra língua estrangeira com a qual tenha tido contato. Assim, nos estágios 
iniciais, a língua estrangeira que está sendo adquirida apresentará uma forte interferência da língua 
materna. Essa mistura da língua materna e da língua estrangeira é conhecida como interlíngua. 
45
Pesquisas recentes mostram que a criança tem recursos fonológicos que lhe permite quebrar as 
sentenças em palavras, e provavelmente estes sinais são os que seriam responsáveis pela marcação dos 
parâmetros. Como o ouvido humano adulto já tem dificuldade para reconhecer estes sons, esse seria um 
possível motivo para a não marcação de parâmetros.
OLHANDO DE PERTO
Ao fim desses três tópicos, pudemos compreender que a teoria gerativa tenta estudar a estrutura 
de uma língua interna, que está na faculdade da linguagem no cérebro humano, com a qual todos os 
seres humanos nascem equipados. Como não temos acesso a essa gramática dentro do cérebro, os 
gerativistas a estudam através da produção dos falantes. Essa produção, a fala, tem uma parte ligada 
a uma estrutura interna, a sintaxe da GU, e outra ligada aos fatores sociais externos. A gramática 
gerativa enfoca a sintaxe interna da língua, a GU, através da sua produção e interpretação.
ATIVIDADE DE PORTFÓLIO
Um aluno, falante do português do Brasil, nos estágios iniciais de aquisição de espanhol como 
língua estrangeira, muito provavelmente produzirá sentenças como:
a) *Yo gusta de bailar.
Baseado nas evidências acima, tal sentença foi produzida baseando-se na sintaxe do português 
ou do espanhol? Como seria esta sentença em espanhol? Quais as diferenças sintáticas existem entre 
os verbos gustar e gostar?
REFERÊNCIAS 
BENTES, A. M. & MUSSALIM, F. Introdução à Linguística Vol. 3 .São Paulo: Cortez Editora, 2ª ed. 2005.
CHOMSKY, N. Knowledge of Language: Its Nature, Origin and Use. Westpoint, Connecticut: Praeger 
Publishers 1986.
MIOTO, C. et alli Novo Manual de Sintaxe. Florianópolis: Editora Insular, 2ª ed. 2005.
Fontes das Imagens
1 - http://en.wikipedia.org/wiki/Noam_Chomsky2 - https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/b/bb/Noam_Chomsky%2C_2004.jpg/300px-Noam_Chomsky%
2C_2004.jpg
3 - http://mommyspeechtherapy.com/wp-content/uploads/2010/08/speech_development.jpg
4 - https://www.youtube.com/watch?v=3LqUA7W9wfg
46
Teorias de Língua e Segunda Língua 
Aula 04: O Funcionalismo 
Tópico 01: Princípios básicos do Funcionalismo
VERSÃO TEXTUAL 
Caro(a) aluno(a), seja bem vindo(a) ao tópico 1 da aula 3 do Módulo Teorias de Língua e 
Segunda Língua. É objetivo deste tópico reconhecer os princípios gerais do Funcionalismo para o 
estudo da Linguagem.
Os objetivos específicos deste tópico são os de relacionar a teoria funcionalista à 
pragmática e conceituar o termo função.
Tenha uma boa aprendizagem!
REFLEXÃO
"outras ciências trabalham com objetos dados previamente e que se podem considerar, em 
seguida, de vários pontos de vista; em nosso campo nada de semelhante ocorre. (...) Bem longe de 
dizer que o objeto precede o ponto de vista, (...) é o ponto de vista que cria o objeto" (Saussure, 1995, 
p. 15).
Vimos até agora que o objeto de estudos da Linguística é a língua, mas o que é “língua”? Até agora, 
em nosso curso, você pode perceber que não há uma resposta única que dê conta por si só do fenômeno 
da linguagem, ou da língua. Até mesmo o conceito “fenômeno” é fluído. O que se estuda então?
Daí a reflexão colocada por Saussure, acima, se justifica: em estudos da linguagem, o que estudamos 
depende do nosso ponto de vista. Da maneira como olhamos e entendemos o que é “língua” e 
“linguagem”. As correntes funcionalistas de estudo da linguagem têm alguns princípios gerais:
Linguagem é entendida como um instrumento de comunicação e de interação social;
Para a delimitação do objeto de estudos parte-se do uso real e,assim, não se admite 
separações entre o sistema e o uso(ou fala e língua, ou competência e desempenho);
Fenômeno linguístico é sempre explicado com base nas relações que, no contexto sócio-
interacional, se estabelecem entre falante, ouvintes e a pressuposta informação sobre a 
situação interacional de ambos, ou seja, a informação pragmática.
E o que é a interação verbal?
47
Segundo Dik (1989) a interação verbal é uma forma de atividade cooperativa estruturada, em torno de 
regras sociais, normas ou convenções. As regras propriamente linguísticas devem ser consideradas 
instrumentais em relação aos objetivos comunicativos da interação verbal (Pezatti, 2005, p.168).
Reconhecemos o Funcionalismo por duas propostas bastante divulgadas e que, de certa forma, já 
pertencem a um domínio comum dos estudiosos da linguagem. Estas propostas têm base em Karl Bühler 
e em Jakobson. Vamos relembrá-las?
Karl Bühler
Fonte [1]
A proposta de Karl Bühler é bastante conhecida no 
contexto escolar através da leitura de Mattoso Câmara 
(1959, apud Moura-Neves, 1994, p. 110). O autor indica três 
funções da linguagem que são hierarquicamente 
organizadas nos enunciados: a função de representação, a 
de exteriorização e a de apelo. Em cada evento 
comunicativo podemos reconhecer três elementos: uma 
pessoa informa outra pessoa de algo e é nessa atividade 
comunicativa que se manifestam as três funções, que não 
se excluem, ao contrário, coexistem no mesmo evento de 
comunicação.
Roman Jakobson
Fonte [2]
A proposta de Roman Jakobson expande as três 
funções propostas por Karl Bühler, redefinindo seis 
funções da linguagem, cada uma delas mais diretamente 
ligada a um dos fatores que interagem no evento de 
comunicação: são elas a função referencial (relacionada 
ao contexto), a função emotiva (relacionada ao 
remetente), a função conativa (relacionada ao 
destinatário), a função fática (relacionada ao contato), a 
função metalinguística (relacionada ao código), e a função 
poética (relacionada à mensagem).
Agora é importante que você entenda bem os conceitos de Sintaxe, Semântica e Pragmática. Estes 
termos nos acompanharão daqui por diante! Clique abaixo e leia sobre eles!
48
As relações funcionais se distribuem, de acordo com Pezatti (2005), por três níveis: o das funções 
semânticas, o das funções sintáticas e o das funções pragmáticas. No nível de funções semânticas, 
devemos levar em conta os papéis que os referentes exercem dentro do "estado de coisas" designado 
pela predicação em que ocorrem, tais como agente, meta, recipiente etc. No nível de funções sintáticas, 
leva-se em consideração a apresentação do estado de coisas na expressão linguística, como sujeito, 
objeto etc. Finalmente, no nível de funções pragmáticas, considera-se o estatuto informacional dos 
constituintes dentro do contexto comunicacional, como foco, tópico, processamento da informação.
A gramática funcional se inclui numa teoria pragmática da linguagem, entendendo que a interação 
verbal é o objeto de análise, e que uma de suas tarefas é revelar as propriedades das expressões 
linguísticas em relação à descrição das regras que regem a interação verbal. Dessa maneira, a pragmática 
apresenta maior peso na teoria funcionalista, uma vez que uma gramática funcional deve ser sempre 
entendida como uma teoria integrada que se constrói a partir de um modelo de usuário da língua natural. 
As capacidades humanas que são levadas em consideração são: a capacidade linguística, epistêmica, 
lógica, perceptual e social. 
Sobre a análise linguística ancorada na convenção social, a perspectiva funcional envolve dois tipos 
de sistema de regras: 
- regras que governam a constituição das expressões linguísticas, que são as regras 
semânticas, sintáticas, morfológicas e fonológicas.
- As regras que governam os padrões de interação verbal em que essas expressões 
linguísticas são usadas, que são as regras pragmáticas.
PARADA OBRIGATÓRIA
49
Para saber sobre o conceito de função, clique aqui (Visite a aula online para realizar download 
deste arquivo.).
Tendo definido os princípios básicos do Funcionalismo para o estudo da Linguagem, vamos agora 
sistematizar o conhecimento? A seguir leia as instruções para o fórum de discussão desta aula e bom 
trabalho!
FÓRUM
A partir das leituras realizadas e suas próprias reflexões, explique o que pode ser entendido por 
"língua" e "linguagem" do ponto de vista Funcionalista.
Exemplifique os seus argumentos com informações dos textos lidos e os conceitos de sintaxe, 
semântica e pragmática, e não se esqueça de comentar as colocações de seus colegas!
LEITURA COMPLEMENTAR
Sobre Funcionalismo e Formalismo na Linguística [3] (por Alzenir Rabelo Mendes)
REFERÊNCIAS 
HALLIDAY, M.A.K. An Introduction to Functional Grammar. London: Arnold, 2004.
MOURA-NEVES, M.H. Uma visão geral da gramática funcional. In: Alfa. São Paulo, 38: 109-127, 1994.
PEZATTI, E. G. O funcionalismo em linguística. In: MUSSALIM, F. BENTES, A.C. Introdução à 
Linguística: fundamentos epistemológicos. São Paulo: Editora Cortez, 2005 (p. 165-218).
SAUSSURE, F. Curso de linguística geral. São Paulo: Cultrix, 1995
50
Teorias de Língua e Segunda Língua 
Aula 04: O Funcionalismo 
Tópico 02: A Relação Formalismo e Funcionalismo
VERSÃO TEXTUAL 
Caro(a) aluno(a) , seja bem vindo(a) ao tópico 2 da aula 4 do Módulo Teorias da Língua e 
Segunda Língua. São objetivos deste tópico comparar e contrastar o Funcionalismo e o 
Formalismo.
Os objetivos específicos deste tópico são os de identificar diferentes correntes 
funcionalistas e confrontar os princípios básicos do Formalismo e do Funcionalismo nos estudos 
da linguagem.
Tenha uma boa Aprendizagem!
REFLEXÃO
"A experiência científica é um método de progresso literalmente ilimitado. De sorte que o homem 
passou a tudo ver em função dessa mobilidade. Tudo que ele faz é simples ensaio. Amanhã será 
diferente. Ele ganhou o hábito de mudar, de transformar-se, de progredir, como se diz. E essa mudança 
e esse progresso o homem moderno os sente: é ele que os faz." 
(Teixeira, 1975, p. 28 e 29).
Para iniciarmos nossa reflexão neste tópico, propomos uma retomada dos princípiosbásicos da 
teoria saussuriana e chomskyana. Tanto Saussure quanto Chomsky foram adeptos irrestritos a uma 
idealização do que pode ser o sistema linguístico. O interesse destes autores estava na língua e na 
competência, respectivamente, focalizando o aspecto formal da língua. Cada um a sua maneira não 
considerava as condições de uso da língua, ou seja, a fala ou o desempenho, para os estudos da 
linguagem. 
A reação provocada pela desconsideração de questões discursivas, de uso da linguagem, 
desencadeou o surgimento de várias tendências, como a Sociolinguística, a Linguística Textual, a Análise 
do Discurso, a Análise da Conversação, e o Funcionalismo está entre elas. Porém, o Funcionalismo, como 
você já estudou, não é recente. Ostenta uma história quase tão longa quanto a do paradigma formal: 
Whitney
Já em 1897, Whitney (apud Pezatti, 2005) dizia que o estudo da linguagem deve 
pressupor certas instrumentalidades mediante as quais o ser humano de forma 
consciente e intencional representa seus pensamentos com a finalidade principal de 
torná-los conhecidos por outros, ou seja, a função principal da linguagem, segundo 
Whitney é a comunicação.
Jakobson
51
Também encontramos o funcionalismo na escola de Praga, em que Roman 
Jakobson propunha a noção de função da linguagem que leva em conta os 
participantes da interação, como a função emotiva, a conativa e a fática, e fatores da 
comunicação como a mensagem, na função poética, e o próprio código, na função 
metalinguística.
Correntes mais recentes
Além dos autores ao lado, há também uma visão funcionalista na tradição 
americana de Sapir (1921-1949) e a tagmêmica de Pike (1967), o trabalho 
etnográfico de Hymes, introduzindo a noção de competência comunicativa e na 
Inglaterra há Firth e Halliday. Também com orientação funcionalista há a tradição 
filosófica de Austin e Searle que conduziu a teoria dos atos de fala na Pragmática. 
Na Califórnia há Givon e Chafe, e em New York há uma corrente funcionalista 
denominada gramática do papel e da referência de Van Valin e em Berkeley uma 
tendência funcional-cognitiva com Lakoff.
Enfim, o termo funcional tem sido vinculado a uma variedade tão grande de modelos teóricos, de 
acordo com Pezatti (2005, p. 167), que se torna impossível a existência de uma teoria monolítica 
compartilhada por todos que se dizem funcionalistas.
Formalismo x Funcionalismo
Fonte [4]
O que podemos distinguir até o momento é que existem dois polos de atenção opostos no 
pensamento linguístico: o funcionalismo e o formalismo:
O funcionalismo, no qual a função das formas linguísticas parece desempenhar um papel 
predominante, e o formalismo, no qual a análise da forma linguística parece ser primária, 
enquanto os interesses funcionais são apenas secundários. (Moura-Neves, 1994, p. 114).
RESUMINDO
De acordo com Pezatti (2005, p. 174), os defensores do Funcionalismo orientam-se e direção 
oposta ao Formalismo com base, principalmente, nos seguintes argumentos:
1. A forma linguística deriva de seu uso no processo real de comunicação.
2. A estrutura gramatical é dependente das regularidades das situações de fala, constituindo então 
objeto probabilístico. 
3. A explicação da estrutura gramatical depende da comunicação.
4. O pesquisador deve fazer sua análise linguística "no" e não "do" discurso.
52
5. O enfoque funcional realiza um trabalho indutivo, do particular para o geral, sendo a recorrência de 
formas regulares o que permite fazer generalizações, ao invés de critérios de natureza formal.
6. Explicam-se fatos linguísticos por meio de fatores não linguísticos, entendidos como as exigências 
do processo de comunicação, que, por sua vez, produzem os parâmetros funcionais para a análise, 
identificados nos conceitos de figura/fundo, cadeia tópica, transitividade e fluxo de informação.
A gramática formal trata a estrutura sistemática das formas da língua e a gramática funcional analisa 
a relação sistemática entre as formas e as funções em uma língua. Veja no quadro a seguir, proposto por 
Dik e adaptado por Moura-Neves, um resumo esquematizado sobre esta oposição:
Como definir a língua
Paradigma Formal Paradigma Funcional
Conjunto de orações Instrumento de interação social
Principal função da língua
Paradigma Formal Paradigma Funcional
Expressão dos pensamentos Comunicação
Correlato psicológico
Paradigma Formal Paradigma Funcional
Competências: capacidade de produzir, interpretar 
e julgar orações
Competência comunicativa: habilidade de 
interagir socialmente com a língua
O sistema e seu uso
Paradigma Formal Paradigma Funcional
O estudo da competência tem prioridade sobre o 
da atuação
O estudo do sistema deve fazer-se dentro do 
quadro do uso
53
Língua e contexto/situação
Paradigma Formal Paradigma Funcional
As orações da língua devem descrever-se 
independentemente do contexto/situação
A descrição das expressões deve fornecer dados 
para a descrição de seu funcionamento num dado 
contexto
Aquisição da linguagem
Paradigma Formal Paradigma Funcional
Faz-se com o uso de propriedades inatas, com base 
em um input restrito e não estruturado de dados
Faz-se com a ajuda de um input extenso e 
estruturado de dados apresentado no contexto 
natural
Universais linguísticos
Paradigma Formal Paradigma Funcional
Propriedades inatas ao organismo humano
Explicados em função das restrições: 
comunicativas; biológicas ou psicológicas; 
contextuais
Relação entre a sintaxe, a semântica e a 
pragmática
Paradigma Formal Paradigma Funcional
A sintaxe é autônoma em relação à semântica; as 
duas são autônomas em relação à pragmática; as 
prioridades vão da sintaxe à pragmática, via 
semântica
A pragmática é o quadro dentro do qual a 
semântica e a sintaxe devem ser estudadas; as 
prioridades vão da pragmática à sintaxe, via 
semântica
Para Halliday (1985), as gramáticas funcional e formal se distinguem da seguinte maneira:
Gramática Formal
54
• Orientação primariamente sintagmática.
• Interpretação da língua como um conjunto de estruturas entre as quais podem ser 
estabelecidas relações regulares.
• Ênfase nos traços universais da língua (sintaxe como base: organização em torno 
da frase).
Gramática Funcional
• Orientação primariamente paradigmática.
• Interpretação da língua como uma rede de relações: as estruturas como 
interpretação das relações.
• Ênfase nas variações entre línguas diferentes (semântica como base: organização 
em torno do texto ou discurso).
OLHANDO DE PERTO
Estudar o sistema da língua, a ordem das palavras, por exemplo, o fato de uma determinada 
língua escolher a organização verbo-objeto, ou a organização objeto-verbo, parece ser secundário para 
o funcionalismo: muitos fenômenos de ordem de palavras (topicalização, extraposição, apassivação) 
podem ser relacionados a considerações funcionais, por exemplo, à avaliação que o falante faz do 
ouvinte. (Moura-Neves, 1994)
Para finalizar, a discussão sobre a oposição entre Formalismo e Funcionalismo resultou atualmente 
numa visão “moderada”, que entende que estes são diferentes enfoques que tratam de diferentes 
fenômenos do mesmo objeto, igualmente importantes, não havendo o que se discutir se o Funcionalismo 
é melhor que o Formalismo. Para explicar esta visão moderada, Pezatti retoma uma analogia bastante 
ilustrativa trazida por Dillinger (1991, apud Pezatti, 2005, p. 175-176):
Descrição da imagem:
É, a propósito, bastante ilustrativa a analogia estabelecida por Dillinger (1991) entre o 
fazer científico e o relatório de avaliação de duas equipes da revista Quatro Rodas: uma 
55
deve desmontar o motor, a direção, os freios, etc. Para determinar a estrutura de suas 
partes: já a outra deve levar o carro até a pista de provas para determinar suas 
características de aceleração, de frenagem, estabilidade etc. – sua interação com o 
contexto (a pista, o ar, etc.). As duas equipes estudam, assim, o mesmo objeto, elegendo, 
no entanto, diferentesfenômenos dele, com base em diferentes perspectivas. Ninguém 
suportaria que a leitura de um dos relatórios das duas equipes fosse alternativa em relação 
à da outra, pelo contrário, o melhor resultado a respeito da avaliação de um carro é a 
integração dos dois. Similarmente, como os enfoques funcionalista e formalista tratam de 
diferentes fenômenos do mesmo objeto, não há nenhuma necessidade de discutir se um é 
mais importante que o outro: as diferentes perspectivas para o estudo da linguagem são 
complementares e igualmente necessárias.
Vemos que, de um ponto de vista moderado, estes são estudos complementares e igualmente 
necessários, e não estudos alternativos quando a escolha de uma orientação rejeitaria a outra. Há 
necessidade da coexistência de diferentes perspectivas teóricas para o estudo da linguagem.
MULTIMÍDIA
Sobre Funções da Linguagem, em português [5] e Funções da Linguagem (Destaque: Função 
Conativa) [6]
REFERÊNCIAS 
HALLIDAY, M.A.K. An Introduction to Functional Grammar. London: Arnold, 2004.
MOURA-NEVES, M.H. Uma visão geral da gramática funcional. In: Alfa. São Paulo, 38: 109-127, 1994.
PEZATTI, E. G. O funcionalismo em linguística. In: MUSSALIM, F. BENTES, A.C. Introdução à 
Linguística: fundamentos epistemológicos. São Paulo: Editora Cortez, 2005 (p. 165-218).
TEIXEIRA, Anísio. Pequena introdução à filosofia da educação. São Paulo: Companhia Editora 
Nacional, 1975. 
56
Teorias de Língua e Segunda Língua 
Aula 04: O Funcionalismo 
Tópico 03: Funcionalismo e Segunda Língua – O Modelo de Halliday
VERSÃO TEXTUAL 
Caro(a) aluno(a) , seja bem vindo(a) ao tópico 3 da aula 4 do Módulo Teorias da Língua e 
Segunda Língua. São objetivos deste tópico reconhecer a proposta funcionalista da Halliday.
Os objetivos específicos deste tópico são os de reconhecer os principais de Halliday para o 
estudo da língua em uso e suas implicações para o estudo da segunda língua com base na 
análise textos.
Tenha uma boa Aprendizagem!
REFLEXÃO
O que caracteriza a concepção de linguagem defendida pela gramática funcional é o seu caráter 
não apenas funcional como também dinâmico. Ela é funcional porque não separa o sistema 
linguístico e suas peças das funções que têm de preencher, e é dinâmica porque reconhece, na 
instabilidade da relação entre estrutura e função, a força dinâmica que está por detrás do constante 
desenvolvimento da linguagem.
(Maria Helena de Moura Neves, 1994, p. 125-126)
Você se lembra dos conceitos de paradigma e sintagma? Para entendermos a base da teoria 
funcionalista de Halliday, vamos ter que retomá-los, mas agora num novo sentido.
PARADA OBRIGATÓRIA
Clique aqui (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.) para ler um resumo sobre a 
teoria funcional de Halliday. 
Agora que você leu sobre os princípios básicos da teoria sistêmico-funcional de Halliday (que diz que 
a língua é um sistema de escolhas paradigmáticas que se realizam em uma cadeia sintagmática; que as 
escolhas não são aleatórias, mas sim dependentes de um contexto e que realizam funções da linguagem; 
e que o texto é a unidade mínima significativa de qualquer língua, nada pode ser explicado fora dele), 
lançamos o seguinte desafio:
DESAFIO
Como uma língua estrangeira deve ser ensinada do ponto de vista da teoria sistêmico-funcional 
de Halliday? Coloque as suas contribuições no Fórum 4, referente a esta aula.
57
Temas relevantes da teoria funcional
Os temas mais representativos nas diferentes correntes funcionalistas referem-se ao da Perspectiva 
Funcional da Sentença (PFS), cujo conceito principal é a articulação tema-rema. Outros temas relevantes 
da teoria funcionalista estão relacionados a PFS, como a distribuição da informação na sentença, a 
articulação dado-novo, tópico, ponto de vista, fluxo de atenção, dinamismo comunicativo, noção de 
estrutura argumental preferida etc. Sendo a PFS entendida como um termo guarda-chuva para os temas 
relevantes, vamos saber mais sobre ela? Clique sobre a expressão abaixo para abrir o texto:
Perspectiva Funcional da Sentença (PFS) (Visite a aula online para realizar download deste 
arquivo.)
Análise de textos
O texto a seguir foi extraído de um estudo de Halliday sobre a relação "tema e rema". Veja como o 
texto é analisado:
Goa Gajah is the “elephant cave” on the Road to Gianyar, a Hindu-Buddhist 
temple area… The atmosphere outside is peaceful… while inside the small cave 
it is surprisingly humid and dry (sic). Beyond the main complex is a lovely 
stream that bubbles under a wooden bridge, and further on are steep stone 
steps leading to another complex… For this popular tourist attraction, dress 
properly…
Theme Rheme
Goa Gajah
is the "elephant cave" on the Road to Gianyar, a Hindu-
Buddhist temple area…
Goa Gajah
is the "elephant cave" on the Road to Gianyar, a Hindu-
Buddhist temple area…
The atmosphere outside is peaceful…
… while inside the small 
cave
it is surprisingly humid and dry (sic).
Beyond the main complex
is a lovely stream that bubbles under a wooden bridge, 
and further on are steep stone steps leading to another 
complex…
For this popular tourist 
attraction,
dress properly…
Descrição da tabela:
58
Theme: Goa Gajah
Rheme: is the "elephant cave" on the Road to Gianyar, a Hindu-Buddhist temple area…
Theme: Goa Gajah.
Rheme: is the "elephant cave" on the Road to Gianyar, a Hindu-Buddhist temple area…
Theme: The atmosphere outside.
Rheme: is peaceful…
Theme: … while inside the small cave.
Rheme: it is surprisingly humid and dry (sic).
Theme: Beyond the main complex.
Rheme: is a lovely stream that bubbles under a wooden bridge, and further on are steep 
stone steps leading to another complex…
Theme: For this popular tourist attraction,
Rheme: dress properly…
Fonte: Holly Smith et al. Indonesia. Travbugs Travel Guides. Singapore and London: Sun Tree Publishing Ltd. 1993, p. 317, apud 
Halliday, 2004, p. 65.
O tema sempre inicia da sentença, é o que introduz a cena dentro da própria estrutura da oração e a 
posiciona em relação ao texto como um todo. No tema, o interlocutor é convidado a perceber e apreciar, 
no segundo, no rema, o interlocutor e preso firmemente ao tópico que está sendo descrito.
Observemos agora um estudo do status informacional e as noções de dado e novo:
Child: Shall I tell you why the North Star stays still?
Parent: Yes, do.
Child:
Because that's where the magnet is, and it gets attracted by the earth. But the 
other stars don't; so they move around…
Descrição da tabela:
Child: Shall I tell you why the North Star stays still?
Parent: Yes, do.
Child: Because that's where the magnet is, and it gets attracted by the earth. But the other 
stars don't; so they move around…
Vemos que a criança principia com o oferecimento de uma informação na qual tudo é novo, o foco 
não é marcado, e está no final. A oferta é aceita e a criança continua com explicações:
Given New
because that's Contrastive
Where the magnet is Fresh
and it gets attracted Fresh
by the earth Fresh
59
Given New
But the other Contrastive
Stars don't Contrastive
So They Contrastive
move around Fresh
Vimos resumidamente que o estudo da unidade mínima significativa da linguística funcional é o texto 
e estudá-la é perceber como ele se constrói, como ele se desdobra ao longo da comunicação, e isso pode 
ser estudado e explicado por meio da Perspectiva Funcional da Sentença.
ATIVIDADE DE PORTFÓLIO
Com base em tudo o que estudamos, você irá buscar um trecho de uma interação oral e real, que 
pode ser extraído de filme de sua escolha (cerca de 10 linhas). Transcreva o texto (use as legendas 
para ajudá-lo) e analise a perspectiva funcional das sentenças em relação ao status informacional 
dado e novo, e ao tema e rema, se são coincidentes ou não, e busque, na teoria estudada, as 
justificativas para isso.
O seu trabalho não deve ultrapassar a duas laudas. Ao terminar, envie o seu trabalho para o seu 
portfólio de grupo.
Tenha umbom trabalho!
MULTIMÍDIA
Sobre Halliday e sua teoria sistêmico-funcional [7], em espanhol:
REFERÊNCIAS 
HALLIDAY, M.A.K. An Introduction to Functional Grammar. London: Arnold, 2004.
MOURA-NEVES, M.H. Uma visão geral da gramática funcional. In: Alfa. São Paulo, 38: 109-127, 1994.
PEZATTI, E. G. O funcionalismo em linguística. In: MUSSALIM, F. BENTES, A.C. Introdução à 
Linguística: fundamentos epistemológicos. São Paulo: Editora Cortez, 2005 (p. 165-218).
TEIXEIRA, Pequena introdução à filosofia da educação. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 
1975. 
Fontes das Imagens
60
1 - http://austria-forum.org/attach/Biographien/B%C3%BChler%2C_Karl/B%C3%BChler_Karl.jpg
2 - https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn%3AANd9GcS63ia7DXBT3YIL0KI-pNxNCcIdjmHocniEG-
Rg5odu3G3cB07k
3 - http://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=43783&cat=Artigos&vinda=S
4 - http://3.bp.blogspot.com/_iqtIeHiVbJo/R77_v6t3KZI/AAAAAAAAAKw/tHJ78CdNspw/s320/mundo.gif
5 - http://www.youtube.com/watch?v=Ytu96T1qylo&feature=related
6 - http://www.youtube.com/watch?v=OcHPa4aTfWo&feature=fvsr
7 - http://www.youtube.com/watch?v=biPXRobZF_o
61
Teorias de Língua e Segunda Língua 
Aula 05: Psicolinguística 
Tópico 01: Linguística e Processamento da Linguagem
Afinal, o que é Psicolinguística e qual é sua principal corrente?
Acredito que a princípio seja pertinente dizer que a psicolonguística não é uma área de estudo que 
possa ser facilmente definida, pois apresenta como uma de suas principais características a 
interdisciplinaridade. Qualquer área de conhecimento interdisciplinar pressupõe em seu escopo a noção 
de abrangência no sentido em que não se limita a perspectivas de um único campo.
A Psicolinguística situa-se e agrega conceitos e pressupostos advindos 
tanto da psicologia quanto da linguística. Isto significa dizer que a 
Psicolinguística apoia-se ora nos construtos linguísticos, ora nos pressupostos 
da psicologia. 
No início de seu desenvolvimento, a psicolinguística buscava responder questões comuns às duas 
disciplinas.
Psicólogos Linguístas
"Como o homem aprende?"
"Por que o humano fala?"
"Por que usamos a voz 
passiva ao invés da ativa 
em algumas situações?"
"Aprendemos primeiro o 
sistema fonológico ou 
semântico de uma língua?"
Descrição da tabela:
Psicólogos: 
Como o homem aprende?"
"Por que o humano fala?
Linguístas
"Por que usamos a voz passiva ao invés da ativa em algumas situações?"
"Aprendemos primeiro o sistema fonológico ou semântico de uma língua? 
É importante ressaltar que ambas concepções, a princípio, não caminhavam conjuntamente. Embora 
tentassem a todo custo responder a questões comuns, a intenção majoritária de ambas era conseguir 
firmar-se de maneira autônoma.
Psicologia + Linguística → Psicolinguística
A atração dos dois campos de investigação gerou seus frutos iniciais impulsionada pelas noções do 
movimento estruturalista no âmbito da linguística e pelos construtos do behaviorismo na Psicologia. 
62
Embora não houvesse esforço comum, na medida em que os dois paradigmas não se desenvolviam 
colaborativamente, era possível perceber que os avanços se davam em paralelo.
ESTRUTURALISTA
Sobre o qual vocês leram na aula 2.
Vejamos como se deu sua evolução na breve descrição de seus períodos:
Início e meados dos anos 50
No período formativo, início e meados da década de 50, a psicolinguística foi 
fundada e seus estudos revelavam "um amplo painel de pesquisas geradas no 
berço da psicologia, orientadas para a linguística; e de pesquisas desenvolvidas 
com o viés da linguística com a orientação dos construtos da psicologia" Baliero 
Jr. In Mussalim, F.; Bentes, A.C. Introdução a linguística – domínios e fronteiras 2. 
São Paulo: Editora Cortez, 2001 p. 176.
Final dos anos 50 e início dos anos 60
No final da década de 50, o invólucro teórico que se apresentava era o 
gerativismo, tendo o teórico e linguista Chomsky como maior impulsionador 
(sobre o qual vocês leram anteriormente na aula 3); e o teórico behaviorista 
Skinner, crítico do operacionalismo, que intencionava criar uma abordagem 
racional e dedutiva, com base em dados e experimentos. O modelo gerativo, 
responsável por dar uma guinada nos estudos psicolinguísticos, propunha dentre 
outras coisas que houvesse uma clara distinção entre competência (o saber falar 
e ouvir de um nativo da sua língua materna) e performance (o ato comunicativo 
de falar e ouvir que acontece em contexto concreto).
Meados dos anos 60 e anos 70
No período cognitivo, os fundamentos da teoria linguística permanecem 
sólidos, mas passam a não ser os únicos a contribuir ao desenvolvimento da 
ciência. Na visão do período cognitivista, postulava-se que os fatores cognitivos 
eram o conjunto maior e que a linguagem era um fator subjacente, estando 
subordinada aos princípios cognitivos. Em outras palavras, a centralidade e a 
independência da gramática foi rejeitada, considerando-se a existência e a 
importância de outros sistemas cognitivos e de comportamento que são 
acionados no processo de aquisição e uso da linguagem.
A partir dos anos 80
O período atual, que integra as estruturas linguísticas com as ciências 
cognitivas e o modelo computacional, decorre do grande número de trabalhos 
caracterizados pela interdisciplinaridade. A principal preocupação está em 
demonstrar que problemas oriundos de um campo A, embora especificamente 
circunscrito, implicam em consequências encontradas em outros campos (B, C e 
D, por exemplo). Desta forma, atesta-se a correlacionalidade. Segundo Baliero Jr 
(2001), podemos considerar que os dois principais enfoques do período são (a) o 
63
modularista que pressupõe que a mente é um sistema composto por módulos 
capazes de integração e de processamento de informação com caráter 
independente; ou (b) o não-modularista que assume que há troca de informações 
ativa entre os níveis de conhecimento linguístico, sem que haja uma delimitação 
definida de seus módulos.
RESUMINDO
O interesse comum das duas áreas (Linguística e Psicologia) está no relacionamento que existe 
entre a linguagem e o pensamento, ou seja, nos modelos de processamento que envolve questões 
biológicas da linguagem, incluindo os problemas causados por lesões cerebrais, questões do 
subsistema linguístico, no qual que se inserem os âmbitos da fonética, da sintaxe, da lexicologia e da 
semântica; os subsistemas psíquicos que abordam questões de memória, percepção, conhecimento 
de mundo; o processamento da linguagem propriamente dita (e.g. texto, discurso), incluindo, por fim, 
questões de aprendizagem no âmbito da leitura e da escrita.
Psicolinguístas
VERSÃO TEXTUAL 
Que processos mentais acontecem quando procuramos entender uma mensagem verbal?
De que maneira a dislexia afeta a compreensão de textos escritos?
Por que retemos mais certas informações do que outras? 
FÓRUM
Para participar do Fórum 5, primeiro você precisa ler dois artigos. O primeiro, voltado para a 
aquisição da leitura e da escrita, O título e sua função estratégica na articulação do texto (Visite a aula 
online para realizar download deste arquivo.), de Renilson José Menegassi e Maria Izabel Afonso 
Chaves. O segundo é voltado para a aquisição da oralidade, Estratégias de comunicação em uma 
língua estrangeira - A perspectiva da sala de aula (Visite a aula online para realizar download deste 
arquivo.) de Cássio Rodrigues. A partir daí, liste os pressupostos da Psicolinguística que você 
encontrar nos artigos. Envie as suas reflexões para o Fórum 5 e discuta com seus colegas e 
professor-tutor sobre elas. Como as suas reflexões divergem das dos colegas? Quais são os pontos 
em comum entre as suas reflexões e as dos colegas?
REFERÊNCIAS 
BALIERO Jr. In MUSSALIM, F.; Bentes, A.C. Introdução a linguística – domínios e fronteiras 2. São 
Paulo: Editora Cortez, 2001 p. 183.
64
Teorias de Língua e Segunda Língua 
Aula 05: Psicolinguística 
Tópico 02: Métodos de Pesquisa PsicolinguísticaFonte [1]
Como vimos no tópico 1, o estudo da psicolinguística se concentra nos mecanismos e nas 
operações subjacentes ao processamento da linguagem. As questões de interesse de seus estudiosos 
dizem respeito a "como a linguagem é realizada". É possível encontrar em pesquisas psicolinguísticas 
análises que se debruçam sobre como as palavras complexas e as sentenças são compostas no ato 
da fala ou sobre a maneira como tais aspectos estão subdivididos em seus constituintes nos atos da 
leitura e da escuta, por exemplo.
Precisamos levantar uma questão primordial nas pesquisas psicolinguísticas. Em sua 
metodologia, o fator que a norteia é que os usuários da linguagem não tem consciência dos detalhes 
do processamento da linguagem. Quando assumimos que tais processos são subconscientes, 
admitimos um desafio a ser enfrentado por seus pesquisadores. Já que a maioria de seus processos 
não podem ser observados a olho nu, por observação direta, o processamento mental da linguagem 
requer a inferência de eventos por parte dos pesquisadores. 
Por exemplo, a fim de entender os processos mentais que os leitores realizam na construção de 
sentidos de um texto, o pesquisador tem que recorrer a verbalização dos leitores sobre processos.
MULTIMÍDIA
Clique aqui [2] Para entender melhor os processos mentais envolvidos durante a leitura.
O método de pesquisa mais utilizado em pesquisas psicolinguísticas é chamado de Método 
Experimental.
O que é um método experimental?
De maneira bem simplificada, o método experimental é um design de pesquisa que adota 
procedimentos específicos para sua execução. Uma pesquisa de caráter experimental consiste na 
elaboração de hipóteses que sugerem relações de causa/efeito entre variáveis que podem ser 
dependentes e independentes. A partir disso, o pesquisador conduz o experimento com o objetivo de 
confirmar a(s) hipótese(s) inicialmente levantadas, verificando se é possível confirmá-la(s) ou refutá-la(s).
Veja abaixo algumas técnicas utilizadas em pesquisas psicolinguísticas.
65
1. Slips of tongue/ speec
SLIPS OF TONGUE/ SPEEC
Tropeços/ erros de fala.
Consiste em procurar entender certo fenômeno da linguagem através da 
observação do erro. Por exemplo: A fim de entender como um aluno em processo 
de alfabetização aprende a relacionar grafemas (as letras que estão no papel) a 
fonemas, o pesquisador pode observar que tipo de erros (quando, na produção de 
que fonema, ou na percepção de que grafema) o alfabetizando comete ao ser 
solicitado a ler um pequeno texto em voz alta. Apesar de não ser um paradigma 
experimental, no sentido em que o pesquisador não tem papel ativo no controle 
das circunstâncias que o processamento da linguagem ocorre nem na maneira 
como o "sujeito" observado irá responder ao estímulo, foi um das primeiras 
técnicas de análise a ser observada na área da psicolinguística.
2. Palavras na mente
O léxico, as decisões lexicais.
DECISÕES LEXICAIS
O efeito frequência/ efeito priming.
Muitos psicolinguistas consideram que o léxico mental como o conjunto de 
unidades individuais. É como se o léxico se consistisse dos espaços nos quais 
diferentes tipos de informação estão localizados. As principais perguntas seriam 
como essas informações se conectam. Por exemplo, (1) como ocorre a ativação 
de duas palavras como Relógio + pulso, para a formação do termo "relógio de 
pulso"? (2) como as informações dos verbos OLHAR, ASSISIR e VER são 
acessadas? (3) como acessamos as terminações ao tentarmos conjugar os 
verbos (ex. –NDO)? (4) Que tipo de informação carrega cada unidade do léxico? 
No paradigma que analisa as decisões lexicais, o falante da língua nativa é 
convidado a responder um questionário, na frente de um computador e julgar, 
apertando a tecla SIM ou Não, se as palavras que aparecem na tela do 
computador são palavras que realmente existem em sua língua materna. O efeito 
frequência diz respeito ao tempo utilizado pela pessoa que responde ao 
questionário. Admite-se que palavras mais complexas exigem mais tempo para a 
resposta. O paradigma priming é uma extensão das decisões lexicais. 
Psicolinguistas afirmam com base em pesquisas já realizadas, que quando uma 
palavra como GATO é vista, a imagem é ativada na mente e tal ativação se 
conecta a outras palavras do léxico que estejam relacionadas a ela 
semanticamente. Tal paradigma procura responder a pergunta: "Como as 
palavras na mente se relacionam?".
66
3. Processamento de sentenças.
PROCESSAMENTO DE SENTENÇAS.
Experimentos de leitura com tempo marcado, estudos de movimento dos 
olhos.
Essas pesquisas partem do pressuposto que quanto mais complicada for a 
sentença,  mais tempo o leitor levará para  processá-la.  A leitura de sentenças 
engloba uma série de movimentos nos olhos chamados de saccades. Os detalhes 
da movimentação dos olhos durante a leitura de sentenças são estudados por 
procedimentos sofisticados. Nos estudos, os "sujeitos" que estão sendo 
analisados sentam-se na frente do computador e leem um texto. Um raio 
infravermelho de baixa intensidade acompanha e registra  o movimento dos 
olhos. A imagem captada pelo vídeo é analisada pelo computador, que calcula 
com precisão para onde o leitor fixou os olhos, apontando especificamente as 
palavras. Um dos aspectos que essa técnica revela é o tempo de fixação dos 
olhos em palavras menos frequentes (mais complexas). Outro aspecto é que os 
pontos de fixação normalmente se concentram em palavras como verbos e 
substantivos, de maneira inversa, os resultados da técnica também apontam para 
a questão que a fixação é menor em conjunções, por exemplo.
4. Processamento da atividade cerebral
PROCESSAMENTO DA ATIVIDADE CEREBRAL
ERP = event related potentials.
Esta técnica, embora tenha os mesmos procedimentos da técnica que 
analisa o movimento dos olhos, destaca-se como promissora. A técnica consiste 
em analisar um "sujeito" sentado na frente da tela do computador  
desempenhando a atividade de leitura. A avaliação, no entanto, concentra-se em 
observar a atividade elétrica do cérebro.  Por exemplo, o computador registra o 
instante no qual o estímulo acontece e compara a flutuação da voltagem 
imediatamente depois da exposição ao estimulo. O processo é repetido várias 
vezes e a média é calculada. Um dos aspectos revelados através dessa técnica é 
que o processamento de sentenças é imediato e online. Ao ler uma sentença, não 
há espera pelo fim completo da leitura. Na verdade, o que ocorre é uma constante 
constução de interpretações na medida em que a leitura é desvendada.  Sempre 
que o que lemos contradiz as nossas expectativas, o sinal de anomalia semântica 
tem um pico. O sinal de anomalia semântica é chamado de N400.
N400
Pico negativo aos 400 milisegundos após a apresentação do estímulo.
67
5. Processamento da linguagem e linguística
LINGUAGEM E LINGUÍSTICA
Fonética e fonologia - processamento (bottom-up) ascendente e (top-
down) descendente , fonemas, sílabas.
É preciso ressaltar que o processamento da linguagem envolve a troca de 
informações que ocorrem simultaneamente em vários níveis de análise. 
Tomemos o exemplo "O cão mordeu o gato". Na oração ocorre uma análise 
fonética que tenta isolar os fonemas e também a tentativa de delimitar as 
palavras na tentativa de relacioná-las as representações no léxico mental. A 
análise indutiva realizada é chamada de processamento ascendente. Nós não 
esperamos pela análise dos morfemas antes de começar a compreender. Na 
verdade, a interpretação é espontânea e automática para qualquer que venha ser 
a oração disponibilizada. Por esta razão, quando chegamos em "mordeu" , não 
estamos utilizando só o processamento ascendente, ao mesmo tempo, 
empregamos o processamento descendente. No uso rotineiro da língua, sempre 
empregamos as duas atividades ao mesmo tempo.
Até o presente escolhemos detalhar algumas das técnicas de análise dos estudos da psicolinguística. 
Em todo caso, não esgotamoso detalhamento de todas. Ainda restam técnicas de análise no âmbito do 
processamento morfológico , da sintaxe, bem como no âmbito do uso das metáforas. 
MORFOLÓGICO
Que analisa a ativação de morfemas (decomposição pos-lexical e pre-lexical).
SINTAXE
Que fundamenta sua análise em técnicas como "garden path sentence" e ambiguidade de 
sentenças.
METÁFORAS
Que enfatiza as técnicas de análise nos modelos de processamento seriado, modelos de 
processamento em paralelo ou modelos de rota única e rota dupla.
68
Teorias de Língua e Segunda Língua 
Aula 05: Psicolinguística 
Tópico 03: A relação entre psicolinguística e aprendizagem de uma Língua Estrangeira
McLaughing, ao escrever sobre as implicações dos estudos e das pesquisas na psicolinguística, 
aponta a existência de vantagens de tal abordagem para o estudo da aprendizagem de uma língua 
estrangeira. Porque os professores de língua estrangeiras partem do mesmo pressuposto básico dos 
psicólogos, as análises sobre a aprendizagem são consideradas correspondentes. Por exemplo:
MCLAUGHING
In HEALY, Alice F. and Lyle E. Bourne. Foreign Language Learning: psycholinguistics studies on 
training and retention. Lawrence Erlbaum Associates Inc, 1998.
1. Professores de língua estrangeira assumem que o aprendizado de uma língua é uma 
habilidade que só será adquirida através da prática. 
2. Que aprendizes de língua materna distintas não farão os mesmos erros no desempenho de 
suas tarefas no aprendizado da língua alvo. 
3. Que professores de línguas estrangeiras são conscientes da importância do papel que 
representam a atenção e o esforço cognitivo exigido na realização das tarefas na L2, e por isso 
são capazes de modificar a linguagem ao se dirigir a alunos não fluentes, ajustando a 
“complexidade” de seus discursos as necessidades do aprendiz.. 
Fonte [3]
Long e Doughty (2003), sugerem, no mesmo sentido, que os avanços da ciência cognitiva que 
investiga os processos mentais, trazem respostas significativas ao processo de ensino e aprendizado 
de língua estrangeira. Eles se referem especificamente a aspectos que consideram o aprendizado da 
línguas estrangeiras como um processo que antes de mais nada é complexo, interno, individual, em 
parte especificamente inato, que pode ocorrer em contexto social, sendo influenciado pelas variações 
daquele contexto, de seus interlocutores; mas que caracteriza-se primordialmente por ocorrer na 
mente (cérebro), lugar que guarda seus segredos.
De qualquer maneira, a visão apresentada acima não é a mesma que compartilham os teóricos 
adeptos da visão sociolinguística. A visão dos estudiosos que observam os fenômenos linguísticos com 
69
a lente da ciência cognitiva, impõe a necessidade de investigação cujo enfoque aos processos mentais 
envolvidos nas realização de tarefas sejam considerados.
SOCIOLINGUÍSTICA
Sobre a qual vocês irão ler na útima aula.
RESUMINDO
Psicolinguística é o estudo do processamento da linguagem. A área de investigação é definida 
tanto pelas disciplinas que a fundamentam quanto pela metodologia utilizada em suas pesquisas. O 
que os estudiosos da psicolinguística procuram entender é como as pessoas realizam as funções de 
compreensão e produção da linguagem em uso. A procura é por respostas sobre a natureza das 
representações mentais que subjazem a tais operações, sobre a natureza dos processos cognitivos e 
sobre as operações e computações que são empregadas na medida em que as pessoas produzem e 
compreendem a linguagem.
ATIVIDADE DE PORTFÓLIO
Responda as questões abaixo e poste no portfólio da aula:
1. Como os métodos de investigação da psicolinguística se diferenciam dos métodos de investigação 
linguística?
2. Vamos imaginar que você seja um(a) psicolinguísta e tenha como objetivo analisar como as pessoas 
usam a língua. Que pesquisas você desenvolveria para responder as perguntas abaixo?
a. Considere palavras abstratas e concretas (no sentido semântico). Qual dos dois grupos é 
processado com mais facilidade?
b. As pessoas em geral leem as palavras do começo ao fim?
c. Pessoas com níveis diferentes de formação acadêmica processam a linguagem de maneira 
fundamentalmente diferente?
LEITURA COMPLEMENTAR
Sobre o desenvolvimento da autonomia e os aspectos psicolinguísticos leia o artigo: Autonomia e 
Complexidade uma análise de narrativas de aprendizagem [4] de Vera Lúcia Menezes de Oliveira 
Paiva.
REFERÊNCIAS 
ARCHIBALD, John et al. Contemporary Linguistics: an introduction. Bedford St. Martins, 5ª edição. 
Boston/New York, 2005.
DOUGHTY, Catherine and LONG, Michael H. The handbook of second language acquisition. Blackwell 
Publishing Ltd, 2003. 
70
SHEALY, Alice F. and Lyle E. Bourne. Foreign Language Learning: psycholinguistics studies on training 
and retention. Lawrence Erlbaum Associates Inc, 1998.
Fontes das Imagens
1 - https://emp-scs-uat.img-osdw.pl/img-p/1/kipwn/d576082e/std/2bc-452/106033836o.jpg
2 - http://www.youtube.com/watch?v=YvmpjOg_7X4%20\
3 - http://www2.fcsh.unl.pt/psicolinguistica/images/faces.jpg
4 - http://www.veramenezes.com/autocomplex.htm
71
Teorias de Língua e Segunda Língua 
Aula 06: A Sociolinguística 
Tópico 01: Princípios básicos da Sociolinguística
VERSÃO TEXTUAL 
Caro(a) aluno(a), seja bem vindo(a) ao tópico 1 da aula 06 do Módulo Teorias de Língua e 
Segunda Língua. É objetivo deste tópico reconhecer os princípios gerais Sociolinguística para o 
estudo da linguagem.
Os objetivos específicos deste tópico é o de relacionar a teoria sociolinguística aos estudos 
tradicionais em linguística.
Tenha uma boa aprendizagem!
REFLEXÃO
Para Benveniste, é dentro da, e pela língua, que indivíduo e sociedade se determinam 
mutuamente, dado que ambos só ganham existência pela língua... a linguagem sempre se realiza 
dentro de uma língua, de uma estrutura linguística definida e particular, inseparável de uma sociedade 
definida e particular. Logo língua e sociedade não podem ser concebidas uma sem a outra.
Alkmin, 2001, p. 26).
MULTIMÍDIA
Assista ao vídeo motivador: Preconceito Linguístico [1]
Você percebeu que a relação entre linguagem e sociedade vem sempre sendo tratada de modo quase 
que inquestionável? No ponto mais extremo, percebemos que esta relação pode ser entendida como a 
base da constituição do ser humano, ou seja, que a história da humanidade está sempre permeada pelo 
sistema de comunicação oral, ou seja, a língua.
Então porque falar em uma área específica da Linguística para tratar das relações entre linguagem e 
sociedade, ou seja, a Sociolinguística?
PARA SABER MAIS
72
Fonte [2]
As teorias da linguagem, do passado ou atuais, refletem as percepções particulares sobre o 
que é língua e linguagem e o seu papel na vida social de acordo com o contexto histórico daqueles 
que se propuseram a estudar a linguagem. Ou seja, os linguistas assumiram posições teóricas que 
eram coerentes com o que se entendia por ciência no momento em que estavam inseridos.
Assim, podemos mencionar Schleicher e sua perspectiva naturalista evolucionista da língua, 
Saussure e sua perspectiva sincrônica que concebia a língua como um produto da faculdade 
social da linguagem, separando língua de fala, Chomsky e sua perspectiva inatista que concebia a 
língua da perspectiva do falante ideal, Halliday e sua perspectiva funcional da linguagem, entre 
outros.
De acordo com Alkmin (2001), a história dos estudos da linguagem toma dois caminhos 
diferentes a partir da proposta de Saussure, que, mesmo entendendo a natureza social da língua, 
institucionalizou uma divisão entre uma linguística interna (fala) e uma linguística externa (língua), que 
foi amplamente aceita em seu tempo, mas que deixa a herança de visão da Linguística como um 
campo dividido entre uma perspectiva formalista (homogênea) e uma perspectiva contextualizada 
(heterogênea) nos estudos da linguagem.
Com o passar do tempo, refutou-se o princípio da homogeneidade do código linguístico. 
Entendeu-se quetodo indivíduo participa de diferentes comunidades linguísticas e que o próprio 
código linguístico é multiforme, heterogêneo, e que é realizado conforme as escolhas que os falantes 
realizam na situação comunicativa.
A retomada da perspectiva da linguagem como algo de fato social, em que língua, cultura e 
sociedade precisam ser estudadas em conjunto, e que as línguas não existem fora dos sujeitos que as 
falam, por isso não pode a língua ter uma existência autônoma, precisa, neste contexto, surgir com 
uma nova nomenclatura, então: Sociolinguística.
Fonte [3]
Em 1964, o termo Sociolinguística foi apresentado no texto introdutório dos anais de um 
congresso na Califórnia, do qual participaram estudiosos da Sociologia, Antropologia e Linguística, 
como William Bright, John Gumperz, William Labov, Dell Hymes, entre outros. A proposta era que a 
Sociolinguística consiste em uma área que deve:
Demonstrar a covariação sistemática das variações linguística e social. Ou seja, 
relacionar as variações linguísticas observáveis em uma comunidade às 
diferenciações existentes na estrutura social desta mesma sociedade.
73
Definiu-se, assim, o objeto da Sociolinguística como: a diversidade linguística da língua falada, 
observada, descrita e analisada em seu contexto social, ou seja, em situações de uso real.
Descrição da imagem:
Fatores sociais que interferem na diversidade linguística:
- Identidade social do emissor ou falante;
- Identidade social do receptor ou ouvinte;
- Contexto Social;
- Julgamento social; 
O ponto de partida para os estudos da Sociolinguística é a Comunidade linguística. Ao estudarmos 
qualquer comunidade linguística, verificaremos que há diferentes maneiras de falar presentes nesta 
mesma comunidade. Estas diferentes maneiras de falar são chamadas de variedades Linguísticas. O 
conjunto de variedades linguísticas é chamado de repertório verbal. 
COMUNIDADE LINGUÍSTICA
Um conjunto de pessoas que interagem verbalmente e que compartilham um conjunto de normas 
com respeito aos usos linguísticos. A comunidade linguística se caracteriza não só por pessoas que 
falam do mesmo modo, mas também por pessoas que se relacionam por meio de textos diversos e 
que orientam seu comportamento comunicativo por um mesmo conjunto de regras.
VARIEDADES LINGUÍSTICAS
Diferentes maneiras de falar encontradas em uma mesma comunidade linguística.
REPERTÓRIO VERBAL
Conjunto de variedades linguísticas presentes em uma mesma comunidade linguísticas, dentro 
do qual os indivíduos fazem escolhas.
EXEMPLO
74
Um exemplo ilustrativo disso é trazido por Alkmin (2001, p. 33): os funcionários do governo em 
Bruxelas que são de origem flamenga, nem sempre usam o holandês entre si. Eles lançam mão de um 
repertório verbal que contém o holandês coloquial, o holandês padrão, o francês coloquial, uma 
variedade carregada de termos administrativos etc.
Outro exemplo encontrado na cidade de Fortaleza é quando um mesmo falante pode escolher 
falar "jogar o lixo fora" ou, em outra ocasião, "rebolar o lixo no mato". Isso mostra que toda 
comunidade sempre dispõe de um repertório verbal que lhe permite fazer escolhas.
Mais sobre a variação linguística
Fonte [4]
A língua pode variar no tempo e no espaço, de maneira horizontal e vertical. No tempo, ou seja, no 
plano diacrônico, as mudanças na língua são pesquisadas pela linguística histórica, pois trata-se da 
história das línguas.
No espaço, vertical ou horizontal, entende-se um plano sincrônico em que é possível recortar 
diversos fatores que influenciam nas escolhas linguísticas: a origem geográfica, a idade, o sexo, etc. 
Para fins de estudos, recorta-se então a variação geográfica e a variação social.
GEOGRÁFICA
Chamada diatópica.
SOCIAL
Chamada diastrática.
As variações linguísticas relacionadas aos contextos são chamadas de registros formal ou 
informal, coloquial ou familiar, ou pessoal. Os falantes podem escolher entre um ou outro conforme 
percebe a importância de adequação de sua fala ao contexto em que está inserido no momento da 
comunicação e o julgamento que faz de si próprio e dos seus interlocutores, ou seja, a imagem que 
deseja projetar de si mesmo.
75
Isso se explica pela relação de valor agregada as variedades linguísticas: estas podem refletir uma 
hierarquia dos grupos sociais de uma determinada comunidade e, por conseguinte, as relações de poder. 
Algumas variedades linguísticas são consideradas superiores e outras inferiores e, por isso, projetam a 
autoridade que elas tem nas relações econômicas e sociais.
Na Sociolinguística, o nome que se dá as variedades consideradas superiores é "variedades de 
prestígio" e seu uso é requerido normalmente em situações de interação de alto grau de formalidade, 
dependendo do assunto tratado e o meio em que a interação ocorre. São também chamadas de "norma 
culta". Porém, linguisticamente, não há como provar que as variedades de prestígio, ou "norma culta", 
sejam mais puras, ou perfeitas, ou modos corretos de falar, em detrimento das outras variedades. 
Aprendemos a falar na interação com o meio e a comunidade em que nascemos. Herdamos os 
hábitos linguísticos de determinadas classes sociais localizadas em determinadas regiões da comunidade 
linguística. Neste sentido, é preciso ter claro que os grupos situados na base da escala social não 
adquirem a língua de modo imperfeito, não deturpam ou estragam a língua, portanto, sua variedade 
linguística não deve ser entendida como "erro". O julgamento de "valor" ou prestigio de determinada 
variedade linguística em detrimento de outra não tem outra explicação a não ser pela questão política e 
econômica da comunidade linguística.
Porém, se há uma variedade considerada padrão, percebemos que há um esforço para que falantes 
de outras variedades busquem adotá-la, para que possa participar de interações mais simétricas com 
falantes de outras variedades em situações públicas de fala, de trabalho ou escolar.
SIMÉTRICAS
Interações simétricas são percebidas como equilibradas em relação ao status social de cada 
participante, ou seja, as relações de poder entre os participantes são mais equilibradas.
FÓRUM
Neste fórum de discussão você deverá trazer exemplos de variedades linguísticas na língua 
estrangeira alvo (inglês ou espanhol), que se justificam pelos fatores sociais descritos acima 
(identidade social do falante, do ouvinte, o contexto e o julgamento social em relação as variedades 
diastráticas e diatópicas).
Explique os exemplos que trouxer e comente a participação de pelo menos um colega. Bom 
trabalho!
LEITURA COMPLEMENTAR
Sobre Sociolinguística (por Roberto Gomes Camacho): Uma retrospectiva crítica da 
sociolinguística variacionista [5]
REFERÊNCIAS 
ALKMIN, T. M. Sociolinguística – Parte I. In: MUSSALIM, F. BENTES, A.C. Introdução à Linguística: 
caminhos e fronteiras 1. São Paulo: Editora Cortez, 2001 (p. 21-47).
76
Teorias de Língua e Segunda Língua 
Aula 06: A Sociolinguística 
Tópico 02: A Sociolinguística Interacional
VERSÃO TEXTUAL 
Caro(a) aluno(a), seja bem vindo(a) ao tópico 2 da aula 6 do Módulo Teorias de Língua e 
Segunda Língua. É objetivo deste tópico reconhecer os princípios gerais da Sociolinguística 
Interacional.
Os objetivos específicos deste tópico são os de identificar os fatores que influenciam nas 
escolhas linguísticas durante a interação.
Tenha uma boa aprendizagem!
REFLEXÃO
Para Bakhtin, a verdadeira substância da língua não é constituída por um sistema abstrato de 
formas linguísticas, nem pela enunciação monológica isolada, nem pelo ato psicofisiológico de sua 
produção, mas pelo fenômeno social da interação verbal realizada através da enunciação ou das 
enunciações. A interação social constitui assim a realidade fundamental da língua
(Alkmin, 2001, p. 25).
Fonte [6]
O que podemos entender da reflexão acima é que a fala, de acordo com Bakhtin, está 
indissoluvelmente ligada às condições da comunicação, que, por sua vez, estãosempre ligadas a 
estruturas sociais. Deste ponto de vista, a interação social se mostra como algo complexo, pois todos 
os atributos cognitivos e socioculturais dos participantes de uma interação influenciam sua atividade 
comunicativa.
A Sociolinguística Interacional é uma área de investigação que se propõe estudar o uso da língua 
de grupos humanos particulares na interação social, ou seja, o estudo do discurso interacional. A 
abordagem do discurso aqui proposta refere-se à organização social do discurso oral em interação, 
levando-se em conta a natureza dialógica da comunicação humana e o intenso trabalho social e 
77
linguístico envolvido na co-construção do significado, principalmente, no que se refere aos fenômenos 
de inferência conversacional e sua contextualização (Gumperz, 1992).
Porém, a interação face a face possui suas próprias regras que não são de natureza simplesmente 
linguística:
A interação face a face tem seus próprios regulamentos, tem seus próprios 
processos e sua própria estrutura, e estes não parecem ser de natureza 
intrinsecamente linguística, mesmo que frequentemente expressos por um 
meio linguístico (Goffman, 1998, p. 15).
As regras que governam a interação face a face pressupõem colaboração e esforço entre 
interagentes para que a conversa se mantenha e atinja os seus objetivos.  Deve haver organização para 
que aquele que fala mantenha o seu turno de fala, para que os turnos não se sobreponham e para que um 
turno de fala esteja sempre em andamento. Para isso, é necessário que haja pistas orientando as tomadas 
de turno sem que a conversa seja prejudicada e garantindo que o foco permaneça estável.
Seguindo esse ponto de vista, uma teoria geral das estratégias do discurso deve iniciar por especificar 
o conhecimento linguístico e sociocultural necessário para a co-sustentação do envolvimento 
conversacional. Ao enunciar, o falante se apoia em seu conhecimento linguístico e de mundo, e pressupõe 
o conhecimento linguístico e de mundo de seu ouvinte para que haja co-construção de significados. O 
ouvinte infere as intenções do falante também a partir dessa pressuposição sobre o conhecimento 
linguístico e de mundo de seu interlocutor. Com base nesse conhecimento partilhado é que se realiza o 
fenômeno de inferência conversacional e, dessa forma, os significados são construídos e o objetivo 
comunicativo atingido. 
O conhecimento prévio que os interagentes possuem em comum, e no qual se embasam para poder 
inferir as intenções comunicativas de outros interagentes no processo de co-construção de significados 
durante a interação, são aspectos do contexto social, como as variações linguísticas e significados 
sociais, a situação social, enquadres, alinhamentos, pistas de contextualização e estruturas de 
participação. Vale dizer que estes aspectos não são totalmente isoláveis: poderemos ver que estão 
intrinsecamente relacionados.
A estrutura linguística e o seu significado social
Fonte [7]
Como já estudamos no tópico 1 desta aula, o repertório linguístico de qualquer falante é 
composto por variáveis linguísticas relacionadas a fatores socioculturais que podem ser selecionadas 
de acordo com suas intenções comunicativas. A escolha que os interagentes fazem a partir do 
repertório linguístico da comunidade em que vivem influencia o seu comportamento verbal em 
78
situações sociais específicas. Dessa forma, a comunicação eficaz requer que falante(s) e ouvinte(s), 
ou melhor, interagentes, estejam de acordo quanto aos significados dessas escolhas e quanto à sua 
importância social ou quanto aos valores a elas relacionados.
Blom e Gumperz (1998), buscando a comprovação dessa hipótese, realizaram um estudo sobre a 
alternância de códigos em uma comunidade bilíngue (Hemnesberget – Noruega), cujo repertório 
linguístico compreendia dois dialetos: o local e o oficial. Conforme os autores puderam verificar, os 
moradores faziam uso dos dois dialetos intencionando significados de acordo com a situação social 
em que se encontravam e de acordo com as variáveis sociolinguísticas apresentadas nas situações.
Os estudiosos explicam que os eventos interacionais como as saudações e perguntas pessoais sobre 
o estado da família eram realizados no dialeto local devido ao valor relacionado ao código pela 
comunidade (os habitantes se orgulham de ser de origem local, de possuir relações de amizade e 
ascendência comum, e identificam-se com valores locais, entre eles, o dialeto local). Já quanto à língua 
padrão, esta é a língua oficial do país que é aprendida na escola, utilizada em cultos religiosos, 
comunicações oficiais e comerciais, implicando certo distanciamento e comprovando que estruturas 
linguísticas possuem valor social convencionado localmente.
A situação social
Fonte [8]
Segundo Goffman (1998), o esforço entre os participantes para manter a conversação é motivado 
de duas formas: correlacionalmente e indicativamente. No nível indicativo, as características 
semânticas, expressivas, paralinguísticas e sinestésicas dos interagentes são orientadas, além do 
corpo que as executa, pelo cenário material, pelo ambiente imediato. Blom e Gumperz (1998) se 
referem ao cenário como o ambiente ecológico extracorpóreo em que os interagentes se encontram e 
que pode exercer restrições quanto aos seus comportamentos. Por exemplo, tratando-se dos mesmos 
indivíduos, estes podem se comportar, tanto verbalmente, quanto gestualmente, de forma muito 
diferente, se encontrados em um festival de música rock ou em um concerto de música clássica.
Do ponto de vista da motivação correlacional, quando duas pessoas estão conversando, valores 
agregados aos atributos sociais dos interagentes influenciam seus comportamentos comunicativos, na 
forma como são reconhecidos na situação imediata. Estamos falando agora da situação social, que 
envolve o conceito de cenário, bem como valores de atributos sociais dos indivíduos que estão presentes 
na interação.
A situação social permite que se construa uma escala limitada de relações sociais dentro de uma 
hierarquia específica de status, distribuindo-se assim, direitos e deveres entre os participantes. Um bom 
exemplo para ilustrar o cenário é a sala de aula, onde se encontram professores e alunos. Dentro deste 
cenário, podemos nos referir a uma situação social de ensino formal e tradicional, quando normalmente é 
desejável o uso da variação "culta" da língua e ao professor é atribuído o valor de autoridade máxima da 
situação por ser o detentor do conhecimento a ser apreendido, cabendo aos alunos ouvi-lo com atenção. 
79
Podemos, por outro lado, pensar sobre uma situação social de ensino contemporânea, quando é 
esperado que os alunos realizem questionamentos e participem mais ativamente das interações em sala 
de aula. Em situações sociais desse tipo, pode existir uma certa liberdade para que os alunos tomem o 
turno de fala com maior frequência e, até mesmo, escolham uma variação linguística local.
A partir das colocações acima, podemos dizer que a situação social não preexiste à interação, mas é 
dinâmica e construída de momento a momento, pois as escolhas linguísticas que os participantes fazem 
são realizadas a partir do entendimento que possuem sobre os fatores contextuais emergentes no ato 
comunicativo e esse entendimento dos participantes sobre a situação não é algo puramente individual, 
mas sim, partilhado e co-construído durante a interação.
Enquadre e Alinhamento
Fonte [9]
A partir da identificação da situação social em que se encontram, os interagentes podem orientar-
se quanto à recepção da mensagem por meio de "molduras", ou enquadres, acerca de como devem 
entender o que está acontecendo no momento da interação, assim como uma moldura pode nos 
orientar acerca de como devemos olhar para um quadro. A noção de enquadre foi difundida pelo 
psicólogo Gregory Bateson (1998) que enfatizou que todo o enunciado possui metamensagens que 
nos orientam paraa interpretação de seus sentidos implícitos.
Tomemos o exemplo citado por Goffman (1998, p. 74) para melhor ilustrar este conceito. Porém, 
trago, primeiramente, o excerto como um texto corrido:
Agora ouçam todos. As 10:00, teremos uma reunião. Vamos sair juntos, ir 
ao auditório e vamos nos sentar nas duas primeiras fileiras. O Prof. Dock, nosso 
diretor, vai falar conosco. Quando ele entrar, fiquem sentados, quientos e 
ouçam com atenção. Não balance as pernas. Preste atenção no que estou 
dizendo.
Esta interação entre professor e alunos parece uma fala contínua, sem grandes mudanças, mas 
somente o acesso às gravações audiovisuais da interação nos permitiria saber que ali ocorriam mudanças 
significativas. É por isso que o autor traz o trecho dividido em três momentos:
VERSÃO TEXTUAL 
1. Agora ouçam todos.
2. As 10:00, teremos uma reunião. Vamos sair junto, ir para o auditório e vamos nos sentar nas 
duas primeiras fileiras. O Prof. Dock, nosso diretor, vai falar conosco. Quando ele entrar, fiquem 
sentados, queitos e ouçam com atenção.
3. Não balance as pernas.Preste atenção no que eu estou dizendo(Goffman, 1998,p.74)
80
No primeiro momento, a professora, ao chamar a atenção dos alunos, pode estar sinalizando o tipo de 
enquadre que canalizará a interpretação de sua mensagem conforme suas intenções comunicativas. No 
segundo momento, então, as crianças, a partir da atitude da professora, podem compreender que a 
mensagem é séria e devem ouvi-la em silêncio. No terceiro momento, a professora se dirige a um aluno 
específico chamando-lhe a atenção, o enquadre sinalizado então pode ser entendido como uma 
repreensão. 
Para sinalizar o enquadre, a professora pode ter usado recursos como sua postura corporal em 
relação aos alunos, expressões faciais, tom de voz ou outros tipos de comportamentos que podem estar 
relacionados a valores agregados à sua posição na estrutura social como professora. Esse dinamismo 
interacional é o que Goffman denominou "footing"(ou alinhamento), englobando os significados de 
postura, posição e projeção do "eu" de um participante em relação ao outro, consigo próprio e com o 
discurso em construção. A mudança de um alinhamento, dessa forma, pode sinalizar a mudança de um 
enquadre interpretativo e, consequentemente, mudanças de eventos sociais no discurso interacional, não 
só da parte de quem fala, mas também de quem escuta. 
Pistas de contextualização
Fonte [10]
Antes de tentarmos fazer qualquer tentativa de conceitualização, faz-se necessário voltarmos ao 
conceito de enquadre definido por Bateson (1998), o qual Gumperz (1992) preferiu chamar de 
"atividade". Assim como Bateson, Gumperz entende a natureza dinâmica de um enquadre, ou 
atividade, e a necessidade de ser um tipo de conhecimento partilhado entre interagentes para que este 
seja identificável e os objetivos comunicativos atingidos. Ambos os autores, porém, negam que os 
enquadres sejam determinantes dos significados a serem construídos durante a interação, mas 
apenas restringem as interpretações, canalizando as inferências ao direcionar a atenção dos 
interagentes para aspectos mais relevantes do objetivo interacional.
A canalização de interpretações se realiza devido a pistas de contextualização que os falantes 
sinalizam no momento em que realizam uma enunciação. Gumperz (1998, p. 100) diz que é:
Através de traços presentes na estrutura de superfície das mensagens 
que os falantes sinalizam e os ouvintes interpretam qual é a atividade que 
está ocorrendo, como o conteúdo semântico deve ser entendido e como 
cada oração se relaciona ao que a precede ou segue.
Visando a compreensão do que seria estrutura de superfície de uma mensagem e pistas contextuais 
sinalizadas por meio de traços ali presentes, faz-se necessária a referência à teoria dos atos de fala de 
Austin e Searle.
81
ATOS DE FALA
Segundo essa perspectiva teórica, quando um falante enuncia uma mensagem, ele age em três 
níveis, concomitantemente. O primeiro é o nível locucionário, o nível superficial da mensagem, que se 
realiza por meio de um conjunto de sons organizados a fim de efetivar um significado referencial e 
predicativo, ou seja, uma proposição. O segundo nível é o ato ilocucionário, ação essa que produz uma 
força a partir do enunciado que pode significar pergunta, afirmação, promessa etc., e isso depende da 
posição do locutor em relação ao que ele quer dizer. No último nível, o falante realiza o ato 
perlocucionário, que é o efeito produzido na pessoa que ouve o enunciado, podendo este ser, por 
exemplo, de agrado, ou de ameaça. Dessa forma, para que uma proposição possa atingir os três níveis 
de fala, o falante sinaliza a sua intenção comunicativa por meio de pistas contextualizadoras (Pinto, 
2001).
As pistas de contextualização podem ser tanto verbais quanto não verbais. Entre os tipos de pistas de 
contextualização mais comumente diagnosticados encontram-se:
PROSÓDICAS
Entoação, acento ou tom de voz.
PARALINGUISTICA
Pausas, tempo de fala ou hesitações.
LINGUISTICAS
Alternância de código, de dialeto ou de estilo, expressões formulaicas.
NÃO VERBAIS
Variam entre gestos, direcionamento do olhar e postura corporal (alinhamentos).
82
Para que o ouvinte possa interpretar as mensagens conforme as expectativas do falante, há 
necessidade de que ambos os interagentes compartilhem dos mesmos esquemas de conhecimento, 
baseados em suas experiências em situações semelhantes, bem como o conhecimento gramatical e 
lexical. A partir desses esquemas de conhecimento dos indivíduos, formam-se as suas expectativas em 
relação ao discurso, orientado, assim, o seu comportamento comunicativo. Esse conhecimento prévio é 
construído por meio de um contato intenso entre os membros de uma comunidade específica que 
convencionará as pistas de contextualização localmente.
As pistas são tão cotidianamente utilizadas que podem passar despercebidas no momento da 
interação, sendo compreendidas, muitas vezes, sem esforço consciente dos interagentes. Dessa forma, 
podemos dizer que o significado das pistas de contextualização é implícito e altamente dependente do 
contexto, tornando-se muito difícil referirmo-nos a elas de forma descontextualizada.
Estruturas de participação
Fonte [11]
Pela observação de qualquer um dos participantes de uma interação, e sua relação com os outros 
e com o discurso da interação, somos capazes de definir o seu status de participação na interação, 
bem como o dos outros participantes. A partir da relação entre as pessoas e o discurso, as estruturas 
de participação são construídas, orientando seus comportamentos e falas.
Philips (1972) em seu famoso estudo sobre o desempenho interacional das crianças da 
comunidade indígena "Warm Spring", no estado norte-americano de Oregon, definiu estruturas de 
participação como arranjos estruturais da interação, referindo-se ao modo como a interação verbal se 
organiza. A pesquisadora distinguiu quatro estruturas de participação nas interações que ocorriam 
tipicamente nas salas de aula que investigou, para que pudesse estudar o desempenho interacional 
das crianças indígenas e anglo-americanas.
Esses possíveis arranjos estruturais são guiados pelos papéis sociais de cada indivíduo dentro da 
estrutura social, pelos direitos e obrigações a eles conferidos, e pelos alinhamentos que assumem uns em 
relação aos outros. O conjunto de comportamentos comunicativos resulta do papel social dos 
interagentes, o que é esperado de cada um de acordo com seu status social, e dos alinhamentos que 
assumem uns em relação aos outros. 
Podemos dizer, então, que as estruturas de participação estão sujeitas a modificações a todo o 
momento, pois os papéis sociais dos participantes podem mudar de um momento para o outro durante a 
interação e resultar na mudança de seus papéis discursivos, bem como dos alinhamentos que assumem 
entre si, que também são de natureza dinâmica. 
Os papéis discursivos de falantese ouvintes que os interagentes assumem se relacionam aos valores 
agregados a suas identidades na situação social em que se encontram. 
83
O papel do falante na comunicação sempre teve seu lugar na investigação sociolinguística. Podemos 
diferenciar três tipos de papéis discursivos de falante: o Animador; o autor; e o principal.
ANIMADOR
Responsável pela atividade física, acústica da fala.
AUTOR
Dono do script e responsável pelo conteúdo e implicações da fala.
PRINCIPAL
Indivíduo revestido de uma posição estabelecida pela fala que produz.
Porém, de acordo com Philips (1972), o papel do ouvinte foi por muito tempo negligenciado. A autora 
foi uma das pioneiras em chamar a atenção dos pesquisadores para a importância do ouvinte na 
sustentação da conversação e de sua contribuição com o falante, mesmo que seja de forma somente não 
verbal. 
A autora aponta a distinção a ser feita sobre os tipos de ouvintes, já que os mesmos podem se 
diferenciar quanto ao endereçamento da palavra: numa interação composta por três participantes ou 
mais, há aqueles ouvintes para os quais a palavra está sendo diretamente dirigida, chamados de 
"interlocutores ratificados", e aqueles ouvintes para quem o falante não está dirigindo a palavra, ainda que 
momentaneamente, os "interlocutores não ratificados".
Os interlocutores ratificados podem ser nomeados verbalmente e/ou de maneira não verbal, quando 
recebem o olhar do falante mais frequentemente do que os interlocutores não ratificados. Além do olhar, o 
falante tende a orientar o seu alinhamento para o ouvinte ratificado, que, provavelmente, será o próximo 
interagente a tomar o turno de fala.
Todavia, a ordenação de turnos não é algo pré-estabelecido quanto ao seu sequenciamento e 
duração, mas é sim algo construído durante a interação e revelado pelas estruturas de participação. 
Apesar de haver algumas características básicas de uma conversa, como, por exemplo, repetidas trocas 
de turno entre participantes, tendência em evitar sobreposição de turnos ou intervalos entre eles, técnicas 
de atribuição de turnos etc., estas características podem variar de cultura para cultura e também de 
acordo com a situação social em que os interagentes se encontram. 
Para ilustrar, durante seminários de cursos de pós-graduação, existem normas convencionadas 
localmente a respeito da ordenação da fala e das estruturas de participação: o apresentador do trabalho 
deve se posicionar de pé, ou sentado, em frente à plateia e não deve ser interrompido em situações de 
sala de aula em uma universidade do Brasil. Porém, é totalmente aceitável que haja certas interrupções 
com fins de clarificação ou questionamento. Já em universidades dos Estados Unidos, uma interrupção 
seria considerada totalmente descabida e acarretaria julgamentos acerca da falta de polidez daquele que 
toma o turno do apresentador.
84
Esse exemplo esclarece a importância de sabermos os papéis dos participantes de uma interação no 
que se refere à ordenação da fala para analisarmos o discurso da interação social, por meio das estruturas 
de participação.
DESAFIO
Assista a um filme na língua estrangeira alvo (inglês ou espanhol) e selecione um trecho para 
análise: busque identificar os fatores contextuais presentes na interação que influenciam as escolhas 
e os comportamentos comunicativos dos interagentes: a situação social, os enquadres e os 
alinhamentos, e as pistas de contextualização.
REFERÊNCIAS 
ALKMIN, T. M. Sociolinguística – Parte I. In: MUSSALIM, F. BENTES, A.C. Introdução à Linguística: 
caminhos e fronteiras 1. São Paulo: Editora Cortez, 2001 (p. 21-47).
BATESON, G. Uma teoria sobre brincadeira e fantasia. In: RIBEIRO, B. T. e GARCEZ, P. M. (orgs.) 
Sociolingüística interacional: antropologia, lingüística e sociologia em análise do discurso. Porto 
Alegre: AGE, 1998, p. 57-69.
BLOM, J-P.; GUMPERZ, J. J. O significado social na estrutura lingüística: alternância de códigos na 
Noruega. In: RIBEIRO, B. T. e GARCEZ, P. M. (orgs.) Sociolingüística interacional: antropologia, 
lingüística e sociologia em análise do discurso. Porto Alegre: AGE, 1998.
GOFFMAN, E. A situação negligenciada. In: RIBEIRO, B. T. e GARCEZ, P. M. (Orgs.) Sociolingüística 
interacional: antropologia, lingüística e sociologia em análise do discurso. Porto Alegre: AGE, 1998 
(a).
GUMPERZ. J. J. Discourse Strategies. Cambridge: CUP, 1992.
______. Convenções de contextualização. In: RIBEIRO, B. T. e GARCEZ, P. M. (orgs.) Sociolingüística 
interacional: antropologia, lingüística e sociologia em análise do discurso. Porto Alegre: AGE, 1998.
PHILIPS, S. U. Participant Structure and Communicative Competence: Warm Springs Children in 
Community and Classroom. In: CAZDEN, C. B.; HYMES, D. Functions of Language in the Classroom. 
New York: Teachers College Press, 1972.
PINTO, J. P. Pragmática. In: MUSSALIM, F.; BENTES, A.C. (orgs.) Introdução à lingüística 2: domínios 
e fronteiras. São Paulo: Cortez, 2001. p. 47-68.
85
Teorias de Língua e Segunda Língua 
Aula 06: A Sociolinguística 
Tópico 03: Estudo da Interlíngua
VERSÃO TEXTUAL 
Caro(a) aluno(a), seja bem vindo(a) ao tópico 3 da aula 6 do Módulo Teorias de Língua e 
Segunda Língua. É objetivo deste tópico reconhecer a definição de interlíngua nos estudos da 
Sociolinguística.
Os objetivos específicos deste tópico são os de identificar os fatores que influenciam a 
interlíngua no processo de aprendizagem de segunda língua ou língua estrangeira.
Tenha uma boa aprendizagem! 
REFLEXÃO
Para Benveniste, a língua permite que o homem se situe na natureza e na sociedade, o homem se 
situa necessariamente em uma classe, seja uma classe de autoridade ou uma classe de produção. 
Por isso, revela o uso particular que grupos ou classes de homens fazem dela e as diferenciações que 
daí resultam no interior de uma língua comum. 
(Alkmin, 2001, p. 27)
Ao estudar uma segunda língua ou língua estrangeira (doravante L2 e LE), buscamos sempre entender 
um "núcleo duro" que chamamos de inglês ou espanhol. Porém, já sabemos que há diferentes variedades 
linguísticas na língua que estudamos que se definem por diversos fatores sociais e interacionais.
No inglês, por exemplo, a variação linguística mais notada é a regional, devido a fonologia. Nós 
normalmente reconhecemos diferentes dialetos pela pronúncia ou sotaque, antes mesmo que 
percebamos escolhas vocabulares (léxico) ou gramaticais (morfossintaxe). Um nativo de Lancashire 
pode ser reconhecido por um nativo de Yorkshire devido a pronúncia do /r/ retroflexo depois de vogais 
como em stir, ou hurt. Escolhas vocabulares são percebidas por exemplo no australiano "middy"para 
cerveja. Na gramática, ao invés de dizer "I saw it", um indivíduo de Nova York poderia dizer "I see it", 
enquanto que um indivíduo da Pensilvania diria "I seen it"e na Virginia "I seen it" ou "I seed it", ao usar o 
dialeto local.
Segundo Quirk (1992), é perda de tempo nos perguntarmos quantos dialetos há em inglês. É o grau de 
familiaridade com os dialetos regionais que nos permite identificá-los. Por exemplo, no Brasil, percebemos 
a variação nordestina ou sulista como algo homogêneo, mas para um indivíduo pertencente à comunidade 
nordestina poderá perceber diferenças entre os dialetos regionais do Ceará e da Paraíba. Mais ainda, no 
estado do Ceará, um indivíduo poderá perceber diferentes variações na capital e no interior, podendo até 
identificar o município ou comunidade a qual pertence o indivíduo. 
Quanto maior a experiência que temos nas interações com comunidades linguísticas diferentes, mais 
seremos capazes de diferenciar dialetos regionais. Não somente regionais, há também, como já vimos, 
86
variações relacionadas aos grupos sociais, quanto ao nível de escolaridade, sexo, idade e a situação 
interacional.
Precisamos lembrar que há as variações de acordo com a atitude do falante, e que isso pode também 
ser um aspecto cultural, por isso, precisamos evitar julgamentos ao se aprenderL2 ou LE, tratando 
variações como diferenças. Por exemplo: grau de formalidade, frieza, impessoalidade, relaxamento, 
informalidade, amistosidade, etc. 
Você mesmo pode  questionar que quando consideramos as frases isoladamente, não podemos 
afirmar quais fatores de fato estão interagindo com as escolhas dos falantes, se a questão é o julgamento, 
se é a situação social, se é a idade ou a classe profissional, etc. Por isso a necessidade de estudarmos as 
línguas, seja língua materna (l1), l2 ou lê, em contexto! 
Interlíngua [12]
Perspectivas Sociolinguísticas para Aquisição/Aprendizagem de L2
Fonte [13]
Se perguntados, aprendizes de uma L2 poderão dar respostas bem diferentes sobre seus 
objetivos de aprender uma L2. No entanto, uma coisa há em comum: o desenvolvimento da 
competência comunicativa na língua alvo para interagir na comunidade linguística alvo. Além dos 
fatores sociais e interacionais apontados pela Sociolinguística variacionista e interacionista já 
estudadas, que certamente irão influenciar a sua competência comunicativa, outros fatores 
investigados por Mitchell e Myles (1998) também podem interagir com estes já estudados
COMPETÊNCIA COMUNICATIVA
A competência comunicativa vem sendo definida a partir da proposta de Hymes (1972) que 
consiste, de maneira bem geral, de saberes sobre a língua, a cultura, a sociedade, os gêneros 
praticados e a ativação das quatro habilidades linguísticas.
Estes fatores também estão relacionados a Interlíngua,pois se relacionam a "transferência" de 
conhecimentos ou comportamentos comunicativos da L1 para a L2 ou LE:
Relações de poder
Na sala de aula, sabemos que há relações de poder diferenciadas entre 
professor e alunos, mas além disso, na interação social de estrangeiros com 
nativos podemos também encontrar relações de poder desequilibradas que são 
fruto de preconceito ou discriminação racial. Isso pode influenciar o entendimento 
mútuo sobre a atividade comunicativa em andamento e levar ao fracasso. Um 
87
exemplo disso pode ser a interação abaixo que mostra que o falante estrangeiro 
acreditava que o agente de viagem tinha o direito de lhe fazer perguntas pessoais, 
e confunde "how" com "why", por interferência de sua língua materna: "par quoi", 
para "how", e "pourquoi", para "why":
Moroccan: I am leaving for Casablanca, Morocco.
Agent: How do you wish to go?
Moroccan: A lot of problems there father is ill.
Agent: I don't understand that what do you want where do you want to go.
A expectativa da relação desigual de poder na interação da parte do 
estrangeiro interferiu em seu desempenho comunicativo. Estes desencontros 
podem levar o falante estrangeiro a perder a vontade de interagir consequente de 
possíveis tomadas de decisões não apropriadas, desencontros da interpretação 
do que lhe é dito e escolhas não apropriadas conforme os objetivos da interação.
Desencontros nas expectativas culturais
Falantes nativos e estrangeiros podem trazer diferentes expectativas sobre o 
que deve acontecer na interação conforme os seus comportamentos 
comunicativos na língua materna. Um exemplo trazido por Mitchell e Myles (1998) 
é o do mesmo falante marroquino que não reconhece uma pergunta hipotética 
sobre preferências em uma entrevista de trabalho, o que ele esperaria em uma 
situação semelhante em sua comunidade linguística, e a reinterpreta como uma 
pergunta fatual sobre a sua profissão:
Native: Hmmm, all right then, good, and now what kind of job would you like to 
do there?
Moroccan: as a job?
Native: Mmm
Moroccan: ah, because don't work, unemployment
Native: There. You are unemployed, but if you have a job, what kind of job you 
are looking for, would you accept??
Isso mostra que um grau mínimo de conhecimento partilhado sobre 
conhecimento cultural é necessário para interagir na língua alvo, assim a 
interação poderia prosseguir cooperativamente.
Identidade e autoestima
Considera-se aqui a imagem que o indivíduo tem de si mesmo, que deriva de 
seu conhecimento enquanto membro de um grupo social, associado ao fator 
emocional relacionado a este grupo. A identidade social pode ser entendida como 
o sentimento de "pertencer" a um grupo social particular, seja definido pela etnia, 
pela língua ou de outras maneiras, mas que é importante considerar pois interfere 
no esforço do estrangeiro em buscar oportunidades de interação na língua alvo. 
Um exemplo que Mitchell e Myles traz é o da tcheca, Martina, que, enquanto 
empregada doméstica não respondia ou reclamava das situações imposta pelos 
seus patrões. Mas enquanto funcionária de uma lanchonete, em que seu chefe 
era adolescente, logo assumiu um status de autoridade perante a jovem e buscou 
seus direitos de fala:
"In restaurant was working a lot of children, but the children always thought 
that I am – I don't know – maybe some broom or something. They always said "Go 
and clean the living room". And I was washing the dishes and they didn't do 
nothing. They talked to each other and they thought that I had to do everything. 
And I said "no". The girl is only 12 years old. She is younger than my son. I said 
"No, you are doing nothing, you can go and clean the tables or something."
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Afetividade e fatores emocionais
O impacto da afetividade e da emoção na comunicação vem sendo bastante 
investigado nos estudos da interlíngua por interferirem diretamente no 
comportamento comunicativo dos estrangeiros durante interações, 
principalmente, quando há relações desiguais de poder. Um exemplo disso é uma 
mãe estrangeira que, no hospital desejava saber sobre sua filha acidentada, não 
foi atendida pelo médico de plantão, que pediu que ela voltasse na manhã 
seguinte para saber as informações desejadas. Furiosa, ela enfrentou o médico 
para dar-lhe a devida atenção, mas com a emoção, não conseguiu dizer o que 
desejava:
"He told me that I leave at once from, from the hospital because well, I think it 
is the time, because it is nine twenty, twenty-one, twenty-one (..) and it is what I 
said, because I was very angry with him well I got angry with him and (…) I told him 
a lot of things but I forgot a lot of words, I didn't find the words to say the things I 
tell him because it is not good manners and he said goodbye to me..."
Em outros estudos em que a afetividade e fatores emocionais são favoráveis, 
como a identificação do falante estrangeiro com a cultura alvo e relações de 
poder mais simétricas, poderíamos encontrar interações muito diferentes, 
consideradas mais bem sucedidas.
ATIVIDADE DE PORTFÓLIO
Para o portfólio 6, siga as seguintes instruções:
Leia o texto anexado aqui (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.), como um 
modelo de resumo crítico de toda as teorias estudadas neste módulo. A partir daí, faça também um 
resumo crítico sobre as teorias da Sociolinguística estudadas nesta aula. Você pode intitular o texto 
como: Um panorama sobre os estudos sociolinguísticos. Use as normas da ABNT e inclua a 
bibliografia. O seu texto não deve conter mais de duas laudas. 
Tenha um bom trabalho!
REFERÊNCIAS 
ALKMIN, T. M. Sociolinguística – Parte I. In: MUSSALIM, F. BENTES, A.C. Introdução à Linguística:
caminhos e fronteiras 1. São Paulo: Editora Cortez, 2001 (p. 21-47).
QUIRK. R. et. Al. A Grammar of Contemporary English. Harlow: Longman, 1992.
MITHELL, R.; MYLES, R. Second Language Learning Theories. London: Arnold, 1998.
Fontes das Imagens
1 - https://www.youtube.com/watch?v=EbBJ_XUW1Dc&t=18s
2 - http://4.bp.blogspot.com/_GjtXAWPwsmI/RxZ2xS4KV9I/AAAAAAAAAD0/wzgL_zeEQIc/s200/FALAR.gif
3 - http://1.bp.blogspot.com/_lRx7-ylrguQ/SX9V1UzydNI/AAAAAAAAA5M/epTJqbrqjg0/s200/conversation.jpg
4 - http://revistadeletras.files.wordpress.com/2009/07/13599323.jpg
5 - http://www.gel.org.br/estudoslinguisticos/volumes/31/htm/mesaredo/MR03.htm
89
6 - http://www.messa.com.br/eric/ecode/uploaded_images/redepessoas-778135.jpg
7 - http://3.bp.blogspot.com/_WlkvrUXsSL8/TCnHxFCXLQI/AAAAAAAAAH4/gI5oYU-M5Tc/S749/logo_bonecos1.jpg8 - http://3.bp.blogspot.com/_WmIyaZPESuQ/SCnlP7tInDI/AAAAAAAAA88/pRtA5uqlrtM/s400/todas-as-criancas-do-
brasil06.jpg
9 - http://4.bp.blogspot.com/-chD2bu1jNl4/UqJmrHoo2OI/AAAAAAAAG2o/OdKrhTwQ_bc/s320/dialogo.JPG
10 - http://pbs.twimg.com/media/C5-G7-iUsAIW3BJ.jpg:medium
11 - http://1.bp.blogspot.com/_8jj2tXjYB0k/ScKoaWST4CI/AAAAAAAAAEE/IpJzSpyqU28/S220/conversation1-300x2311.jpg
12 - http://cvc.cervantes.es/ensenanza/biblioteca_ele/diccio_ele/diccionario/interlengua.htm
13 - http://www.fetecpr.org.br/wp-content/uploads/2016/07/bla_bla.jpg
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