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História da América II
Aula 4: O continente americano e a Segunda Gerra Mundial
Apresentação
Nesta aula, vamos analisar a inserção do continente americano no contexto da Segunda Guerra Mundial. Para isso,
discutiremos sobretudo como a região se preparou para o con�ito. Os países da América se organizaram e estabeleceram
posições diante da guerra �rmando alianças e interesses comuns para a região sob a liderança dos Estados Unidos. A
participação do continente americano no con�ito ocorreu de forma direta, com envio de tropas por alguns países e com a
consolidação de�nitiva dos Estados Unidos como potência regional e mundial.
Objetivos
Estabelecer a relação entre o continente americano e a Segunda Guerra Mundial;
Analisar os acordos e a posição da América diante do con�ito;
Avaliar as consequências da guerra para os americanos;
Relacionar a Segunda Guerra Mundial e seus desdobramentos com as mudanças ocorridas na região.
Introdução
Conforme estudamos em aulas anteriores, desde o início do século XX, o continente americano passou por muitas
transformações, incluindo revoluções, participação em con�itos internacionais e advento de governos populistas. Houve ainda
o advento de um novo con�ito internacional, a Segunda Guerra Mundial.
Nas palavras de Eric Hobsbawm, esse con�ito foi global e praticamente todos os estados independentes do mundo se
envolveram, forçadamente ou não, embora a América Latina participasse de forma mais nominal.
 Soldados na Segunda Guerra Mundial / Fonte: Shutterstock
Os Estados Unidos e a América Latina antes da Segunda Guerra 
Os Estados Unidos adotaram uma postura de distanciamento em relação aos acontecimentos europeus, buscando se
aproximar cada vez mais de seus parceiros latino-americanos. Com a ascensão de Franklin Delano Roosevelt à presidência da
República em 1933, houve uma reorientação da política estadunidense.
Atenção
O Big Stick, política estabelecida no �nal do século XIX, dá lugar à política de boa vizinhança.
O objetivo era diminuir ainda mais a in�uência europeia, em especial a alemã e a italiana, na região.
As décadas de 1930 e 1940 marcaram essa política de aproximação dos Estados Unidos com a América Latina por meio de
uma forte massi�cação cultural ― essencial para que os Estados Unidos se a�rmassem ―, inserindo, em todos os países da
região, sobretudo no Brasil, sua cultura, seus costumes...
…o “American Way of Life”.
Para fortalecer essa política, foi criado um órgão especí�co pelo governo estadunidense, o OCIAA , sob a direção de Nelson
Rockefeller.
1
 Photo by Valery on Unsplash
Os Estados Unidos procuraram a�rmar sua soberania
No campo político, os Estados Unidos procuraram a�rmar sua soberania sobre a América formando alianças que visavam
sobretudo impedir a penetração dos países fascistas e garantir a supremacia dos estadunidenses diante de seus irmãos
latinos.
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Assim, foram realizadas várias conferências, nas quais se procurava estabelecer qual seria a posição da região em relação aos
acontecimentos europeus. Não podemos deixar de destacar que a iniciativa para a realização dessas conferências era sempre
dos Estados Unidos.
Veremos a seguir as conferências interamericanas e a entrada do continente americano na Segunda Guerra . 
Conferência de Buenos Aires 
A Conferência de Buenos Aires, realizada em 1936, nessa cidade, tinha a preocupação de assegurar uma defesa continental
comum para a região diante de um possível con�ito internacional.
Segundo Seintenfuss (1981, p. 281):
"Nessa oportunidade, adota-se uma recomendação segundo
a qual qualquer atentado à soberania de um Estado do
continente por um Estado extracontinental é considerado
atentado ao conjunto do Novo Mundo."
- SEINTENFUSS, 1981
Essa preocupação com a segurança continental foi reforçada nas conferências seguintes, que contaram com a participação de
todos os países do continente americano.
Conferência de Lima
Em dezembro de 1938, tivemos a VIII Conferência Pan-Americana, conhecida como Conferência de Lima, ocorrida no Peru, e
que também contou com a participação de vários países do continente. Vejamos o principal item da agenda dessa conferência.
A implementação da Declaração de Buenos Aires de 1936, que instituía que qualquer ato suscetível de perturbar a paz do
hemisfério dizia respeito a todos os Estados e justi�cava uma consulta. A delegação dos EUA:
"(...) esperava obter aprovação da declaração segundo a qual
a tentativa de um Estado não americano de perturbar a paz
de uma nação americana dizia respeito a todos e que
tomariam iniciativa para uma resistência conjunta."
- MACCAN, 1995
Ainda sobre a conferência, podemos destacar o seguinte:
"(...) defesa continental contra as ameaças externas; reunião
não protocolar e urgente dos ministros das Relações
Exteriores quando uma situação, continental ou
extracontinental, o exigir; não reconhecimento das aquisições
territoriais realizadas através da coerção ou força; rejeição do
conceito de minoria étnica, linguística ou religiosa."
- SEINTENFUSS, 1981
Os países do Eixo acompanhavam atentamente os acontecimentos da Conferência de Lima. A imprensa italiana destacava
que esse era um sonho do presidente Roosevelt e que não se consolidaria. Já a imprensa alemã de�nia a conferência como
uma manifestação do imperialismo político e econômico dos Estados Unidos.
O documento �nal dessa conferência, conhecido como Declaração de Lima, estabeleceu como princípios importantes a
consagração da não intervenção estrangeira nas questões continentais e, quando houvesse necessidade, a convocação de
reuniões extraordinárias por qualquer país signatário da Conferência de Lima.
2
Iº Reunião Extraordinária de Ministros de Relações Exteriores das
Repúblicas Americanas
Após a eclosão da guerra na Europa, os países do continente americano decidiram convocar uma reunião extraordinária, item
previsto na Conferência de Lima.
Ocorreu a Iº Reunião Extraordinária de Ministros de Relações Exteriores das Repúblicas Americanas, em setembro de 1939, que
apresentou alguns pontos principais.
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NEUTRALIDADE
DO NOVO
MUNDO
PROTEÇÃO DA PAZ NO HEMISFÉRIO OCIDENTAL
COOPERAÇÃO ECONÔMICA CONTINENTAL
Ao �nal da reunião foram geradas algumas declarações.
Declaração de Neutralidade

Declaração de Solidariedade Continental

Declaração do Panamá 3
Conferência de Havana
Buscando posicionar o continente americano acerca dos
acontecimentos internacionais, foi realizada a Conferência
de Havana, que objetivava fornecer uma visão comum
acerca do contexto internacional e reforçar as decisões
adotadas nas conferências e reuniões anteriores.
 Fonte: Shutterstock
Conferência do Rio de Janeiro
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Em dezembro de 1941, os Estados Unidos tiveram uma frota naval localizada em Pearl Harbor, no Pací�co, atacada pelos
japoneses, o que gerou uma imediata declaração de guerra, mergulhando o Novo Mundo em um con�ito de proporções
internacionais.
Foi então convocada uma nova conferência, reunida na cidade do Rio de Janeiro, em janeiro de 1942, a Conferência do Rio de
Janeiro, que de�niu os rumos adotados pela região no con�ito.
Pequeno barco resgata sobreviventes do ataque de caças e bombardeiros do Japão ao navio USS Virginia, no porto de
Pearl Harbor (Havaí), em 7 de dezembro de 1941. Após o ataque, o governo americano declararia huerra ao Japão e
entraria na Segunda Guerra Mundial.
Navio americano USS Arizona, atingido por ataque de aviões japoneses, afunda na baía de Pearl Habour, em 7 de
dezembro de 1941. O ataque pegou as forças americanas de surpresa - a expectativa era de que o alvo fossem as
Filipinas.
Foi decididoo seguinte nessa Conferência:
"As nações americanas rea�rmavam a Resolução XV,
aprovada na II Reunião de Havana de 1940, referente à
“Assistência Recíproca e Cooperação De�nitiva das Nações
Americanas”, que estabeleceu o princípio de que todo
atentado de um Estado não americano contra a integridade
ou inviolabilidade do território, contra a soberania ou
independência política de um Estado Americano, será
considerado como um ato de agressão contra os Estados que
assinam esta Declaração."
- SEINTENFUSS, 1981
A entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial
O rompimento de relações diplomáticas e comerciais de diversos países do continente americano com os países do Eixo gerou
retaliações, com o afundamento de vários navios comerciais que trafegavam no Atlântico, incluindo diversas embarcações
brasileiras, tanto comerciais quanto de passageiros, o que levou à entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial.
Dezenove embarcações brasileiras foram afundadas por submarinos
alemães e italianos.
Participação no con�ito
Enquanto Brasil e México participaram do con�ito de forma muito intensa, a Argentina manteve uma posição de neutralidade
durante longo período. Em abril de 1943, o Chile rompeu com o Eixo, ao passo que a Argentina manteve a posição anterior.
De acordo com Amado Luiz Cervo (2001), a mudança de governo ocorrida na Argentina em virtude de um golpe de Estado
militar não se re�etiu em mudança nas relações com o Eixo e na política de cooperação continental.
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Essa postura de neutralidade deixou o governo dos Estados Unidos bastante
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Assista os vídeos
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insatisfeito com o país.
A participação da América na Segunda Guerra foi forte elemento de integração da região com o restante do mundo e, ao
mesmo tempo, posicionou os Estados Unidos como grande potência internacional, pois sua participação na vitória dos Aliados
foi de grande importância para consolidar sua posição internacional no contexto contemporâneo.
Internamente, durante a guerra, o governo estadunidense tinha atitudes de cunho racial, como no caso de uma ordem executiva
expedida por Roosevelt, em 1942, incumbindo o exército de prender os japoneses que se encontravam na Costa Oeste do país,
que permaneceram em campos de prisioneiros no interior durante todo o período do con�ito.
Ao término da Segunda Guerra Mundial, que acabou por contar com a adesão de todos os países da região, até da Argentina,
que declarou guerra ao Eixo quase ao �nal do con�ito, toda a América se reorganizou e várias mudanças ocorreram, com uma
era de redemocratização que se consolidou e com novas orientações nas políticas econômica e externa do continente
americano.
Muitos países, antes exportadores de produtos primários, iniciaram um processo de industrialização que se consolidou ao
longo do tempo, re�etindo-se em mudanças que veremos melhor em nossa próxima aula.
  
AtenÁ„o! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conte˙do online
Notas
OCIAA 1
O�ce Coordinator Inter-American Affairs
OCIAA permaneceu em atuação durante todo o período da guerra; no Brasil, assim que o con�ito se encerrou, o escritório foi
fechado.
Segundo Gerson Moura (1985), o OCIAA atuou em segmentos distintos, desde o combate à malária no Nordeste até a vinda de
astros de �lmes hollywoodianos para férias em nosso país e, consequentemente, para a divulgação de seus trabalhos.
Era uma forma de fortalecer o mercado externo para os Estados Unidos, que buscavam se recuperar dos efeitos da crise de
1929, e expandir a indústria do cinema hollywoodiano.
Países do Eixo 2
Alemanha, Itália e Japão.
Declaração do Panamá 3
A Declaração do Panamá tornou efetiva a neutralidade e a paz no continente americano e criou uma zona de segurança
continental marítima no Atlântico.
Brasil e México4
Amado Cervo fala sobre a participação de Brasil e México:
As relações dos Estados Unidos com os países latinos dependeram, no contexto da Segunda Guerra, do grau de adesão desses
à política de guerra e de envolvimento no con�ito.
Assim, foram muito densas com o Brasil, desde que Vargas lançou-se francamente à cooperação com os aliados, e com o
México, um dos primeiros a declarar guerra ao Eixo, havendo os presidentes Roosevelt e Camacho se encontrado a 20 de abril
de 1943 para discutir a cooperação conjunta, a exemplo do que sucedera, com Vargas, do Brasil.
Referências
SOARES, Mariza de Carvalho. A Revolução Mexicana. São Paulo: FTD, 2000.
Próxima aula
A Guerra Fria e sua aplicabilidade no continente americano;
A inserção da região nesse novo con�ito internacional;
As mudanças políticas e econômicas ocorridas no continente americano e relacionadas com a Guerra Fria.
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