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BASES DA ESTIMULAÇÃO 
 
ELÉTRICA NEUROMUSCULAR 
 
A estimulação elétrica neuromuscular (EENM) envolve a aplicação de 
estímulos elétricos intermitentes aos músculos esqueléticos com o objetivo principal 
de promover contrações musculares em decorrência da ativação de fibras nervosas 
musculares. 
A EENM tem sido amplamente adotada na pesquisa e na prática clínica como 
um método de preservação e/ou recuperação funcional tanto para indivíduos 
saudáveis como para indivíduos com alguma disfunção muscular, assim como para 
treinamento, buscando melhora da performance. 
Porém, para uma aplicação clínica otimizada da EENM, faz-se necessário o 
entendimento de alguns conceitos elementares, tais como: 
• a definição e a classificação das correntes elétricas; 
• a diferença entre a contração muscular voluntária e a contração gerada 
eletricamente; 
• os principais parâmetros elétricos; 
• o posicionamento de eletrodos e dos segmentos corporais; 
• a aplicação desses conceitos, a fim de se obter a melhor resposta 
neuromuscular. 
 
Dessa forma, busca-se reunir, neste artigo, um conjunto de informações 
pertinentes e que possibilitarão aos leitores o entendimento desses conceitos e, 
consequentemente, o uso adequado da EENM. 
 
 
 
 
 
 
ESQUEMA CONCEITUAL 
 
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CONCEITOS RELACIONADOS ÀS CORRENTES ELÉTRICAS 
 
Os agentes eletrofísicos são usados pelos fisioterapeutas para tratar uma 
grande variedade de condições em pessoas saudáveis ou com doenças. 
Esses agentes incluem a corrente elétrica, que deve ser aplicada por 
fisioterapeutas habilitados por meio de equipamentos de eletrotermofototerapia. 
Alguns conceitos listados a seguir são importantes para que o fisioterapeuta 
empregue os agentes eletrofísicos com maior propriedade. 
A matéria é feita de átomos, sendo o átomo a menor partícula que pode ser 
identificada como sendo daquele elemento. O átomo é feito de um núcleo central 
carrega do positivamente (constituído de prótons (+) e nêutrons sem carga) com 
partículas carregadas negativamente (elétrons (-)) orbitando ao seu redor, 
lembrando um sistema solar em miniatura. 
Definição de estimulação 
elétrica neuromuscular 
Caso clínico 
Conclusão 
Conceitos relacionados às 
 Correntes elétricas 
Contração muscular gerada por 
estimulação elétrica x contração 
voluntária 
Classificação das correntes 
elétricas 
Formas de ondas elétricas 
Duração ou largura do pulso 
Amplitude ou intensidade da 
corrente 
Curva intensidade-duração do 
pulso 
Frequência de estimulação 
Ciclo de Trabalho (ON/OFF) e 
modulação da rampa 
Parâmetros elétricos para uma 
aplicação clínica otimizada 
Utilização de sobrecarga 
progressiva 
Posicionamento dos eletrodos e 
dos segmentos corporais 
Tipos de eletrodos e acopladores 
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Um átomo contém a mesma quantidade de prótons e de elétrons, e, desse 
modo, não há uma carga resultante. Se es se equilíbrio é alterado, o átomo tem uma 
carga resultante diferente de zero, e é chamado de íon. Se um elétron é removido do 
átomo, este se torna um íon positivo, e se um elétron é acrescentado ao átomo este 
se torna um íon negativo. 
 
 
Átomo com propriedades elétricas. 
Fonte- Robinson e Snyder-Mackler (2010). 
 
A corrente elétrica é o fluxo de carga elétrica. Carga elétrica (ou apenas 
“carga”) é uma propriedade física fundamental, do mesmo modo que “massa” e 
“tempo” são propriedades físicas fundamentais. A carga é a propriedade da matéria, 
que é a base da força eletromagnética, e existem dois tipos de carga elétrica, 
positiva e negativa. A carga é carregada pelos elétrons (carga negativa) e prótons 
(carga positiva) dos átomos. 
Se o átomo de um elemento perde elétrons sem mudar o número de prótons 
no núcleo, ele torna-se positivamente carregado; se ele ganha elétrons, torna-se 
negativamente carregado. Os átomos de elementos com excesso ou deficiência de 
elétrons são chamados de íons. Os átomos que são positivamente carregados são 
Elétron 
Prótron 
Nêutron 
Núcleo 
Órbitas 
 
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chamados de cátions, e os negativamente carregados são chamados de ânions. 
Objetos e substâncias podem se tornar eletricamente carregados. 
 
 
Cargas elétricas. 
Fonte: Robinson e Snyder-Mackler (2010). 
 
A força elétrica das partículas carregadas é transportada para outras 
partículas carregadas pelo campo elétrico (E) que cada carga cria. As cargas 
transmitem a força através de um campo elétrico e podem ser determinadas de 
modo experimental. A força (F), expressa em coulombs (C), entre duas cargas 
estacionárias, (q1) e (q2), é proporcional à magnitude e ao sinal das cargas e 
inversamente proporcional ao quadrado da distância (r) entre elas: Fα (q1 x q2) / r2. 
 
Carga positiva 
Meio condutor 
Meio condutor 
Neutro Neutro 
Carga negativa 
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Linhas do campo elétrico em volta de partículas carregadas opostamente. 
Fonte: Robinson e Snyder-Mackler (2010). 
 
Duas partículas de cargas opostas se atraem e duas partículas com a mesma 
carga se repelem (se empurram para longe uma da outra). Assim, um elétron e um 
próton são atraídos um para o outro, enquanto dois elétrons se repelem. Em torno 
de qualquer partícula carregada existe um campo elétrico. Se uma carga menor, que 
está livre para se mover, é colocada no campo, os trajetos por onde irá se mover 
são chama dos de linhas de força (ou linhas de campo). 
O campo elétrico �⃑� define-se como a força 𝐹 por unidade de carga q0. 
Assim: �⃑� =𝐹 / q0. 
Em alguns materiais, nos quais os átomos são ligados formando uma 
estrutura tipo treliça (por exemplo, metais), a carga é transportada por elétrons. Em 
materiais nos quais os átomos são livres para se moverem, a carga é transportada 
por íons. Um líquido no qual os íons são os transportadores de carga é chamado de 
eletrólito. 
Um isolante é um mate rial que não tem condutores de carga livres e, desse 
modo, é incapaz de conduzir corrente elétrica. A corrente é medida usando um 
amperímetro, e a unidade em que é dada é o ampère (A). Um ampère representa 1 
coulomb (C) de carga fluindo através de um ponto em 1 segundo (s). 
A intensidade (I) da corrente elétrica é definida como a razão entre o módulo 
da quantidade de carga (ΔQ) que atravessa certa seção transversal (corte feito ao 
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longo da menor dimensão de um corpo) do condutor em um intervalo de tempo (Δt). 
A corrente elétrica, designada por I, é o fluxo das cargas de condução dentro de um 
material. A intensidade da corrente é a taxa de transferência da carga, igual à carga 
(dQ) transferida durante um intervalo infinitesimal (dt) dividida pelo tempo: 
I = Q/Δt. 
 
A Figura, a seguir, mostra a representação da corrente elétrica. 
 
 
 
 
Representação da intensidade de corrente elétrica. 
 
O potencial elétrico é medido em unidades de volts (V). A diferença no 
trabalho necessário para mover uma carga do infinito até um ponto, X, e aquele 
necessário para movê-la para outro ponto, Y, é chamada de diferença de potencial 
(d.p.) entre os dois pontos – também medida em volts. 
Segundo a lei de Ohm: “A corrente fluindo através de um condutor metálico é 
proporcional à diferença de potencial que existe através dele, desde que todas as 
condições físicas permaneçam constantes. ” Desse modo, /∞V também pode ser 
escrito como V∞I, em que a constante de proporcionalidade é a resistência (R). A 
equação resultante da lei de Ohm é, portanto, V = IR. 
INTENSIDADE DA CORRENTE ELÉTRICA 
A Intensidade da corrente 
elétrica será maior quanto 
mais elétrons passarempela secção transversa em 
um intervalo de tempo. 
I = 
Q 
Δt 
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A resistência é medida em ohms (Ω). O ohm é definido como a resistência de 
um corpo de modo que uma diferença de potencial de 1 volt através do corpo resulte 
em uma corrente de 1 ampère através dele. A resistência de um pedaço de fio 
aumenta com seu comprimento e diminui à medida que sua área de secção 
transversal aumenta. Uma propriedade chamada de resistividade é defini da como 
sendo uma propriedade apenas do material, e não da forma do material. 
A resistência (R) de um pedaço de fio com resistividade (p), comprimento (L) 
e área (a) é dada por: R = pL/a. 
A força que age sobre os elétrons é chamada de força eletromotiva ou 
eletromotriz (f.e.m.), definida como a energia elétrica produzida por unidade de 
carga dentro da fonte. A unidade na qual a f.e.m. é medida é o volt, pois 1 volt é 1 
joule/coulomb. 
Quando os elétrons fluem através de um condutor, eles colidem com os 
átomos no material condutor e conferem energia a esses átomos. Isso leva ao 
aquecimento do condutor. A unidade usada para medir energia é o joule (J). 
A diferença de potencial é o trabalho feito por unidade de carga: volt = 
joule/coulomb, e, desse modo, joule = volt coulomb. 
A unidade de medida de potência é o watt (W). Potência é a taxa com que o 
trabalho é feito em relação ao tempo. Assim, 1 watt = 1 joule/segundo. A partir da 
definição dada, sabe-se que 1 coulomb/segundo é 1 ampère. Desse modo, portanto: 
1W = 1 volt.ampère ou 1W= 1J/s. Em outras palavras, a potência elétrica 
desenvolvida em um circuito é dada por: potência = VI, onde V é em volts, / é em 
ampères e a potência é em watts. O símbolo VA = volt.ampère é a unidade utilizada 
na medida de potência aparente em sistemas elétricos de corrente alternada. 
A partir da lei de Ohm, podem ser feitas substituições nessa equação para 
expressar potência em termos de diferentes combinações de V, I e R. Desse modo, 
(W = VI) ou (W = I2R) ou (W = V2/R) são equações equivalentes, nas quais W é em 
watts, I é em ampères, V é em volts, e R é em ohms. 
Qualquer dispositivo passivo capaz de armazenar carga elétrica é chamado 
de capacitor. 
Um capacitor armazena carga até que possa liberá-la, tornando-se parte de 
um circuito elétrico completo. Se você aplica um potencial elétrico, V, entre duas 
placas de um capacitor, uma placa se torna carregada positiva mente e a outra se 
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torna carregada com uma carga igual, porém oposta negativa. Se um material 
isolante, conhecido como dielétrico, é colocado entre as placas, a capacidade de 
armazenar carga é aumentada. 
Como Q é medida em coulombs e V é medi da em volts, a unidade para 
capacitância é coulomb/ volt, conhecida como farad (F). Capacitância (C) é definida 
como a carga (Q) armazenada por unidade de diferença de potencial através de 
suas placas. Um capacitor é carregado aplicando-se uma diferença de potencial 
através de suas placas. Ele é descarregado (ou seja, permite-se que a carga flua 
para fora das placas) proporcionando-se uma conexão elétrica entre as placas. 
Como já mencionado, corrente elétrica é o fluxo de carga elétrica ou o 
deslocamento de cargas dentro de um condutor quando existe uma diferença de 
potencial elétrico entre as extremidades. Nos metais, existe grande quantidade de 
elétrons livres, em movimento desordenado. Quando se cria, de alguma maneira, 
um no interior de um corpo metálico, esses movimentos passam a ser ordenados 
no sentido oposto ao do vetor campo elétrico , constituindo a corrente elétrica. 
Nas soluções eletrolíticas, existe grande quantidade de cátions e ânions 
livres, em movimento desordenado. Quando se cria, de alguma maneira, um campo 
elétrico no interior de uma solução eletrolítica, esses movimentos passam a ser 
ordenados: o movimento dos cátions no sentido do vetor campo elétrico e o dos 
ânions no sentido oposto. Essa ordenação constitui a corrente elétrica. Quando uma 
corrente elétrica passa através de um condutor, parte dessa energia se converte em 
calor, o que é conhecido como efeito joule. 
Quando um condutor é aquecido ao ser percorrido por uma corrente elétrica, 
ocorre a transformação de energia elétrica em energia térmica. Esse fenômeno 
ocorre devido ao encontro dos elétrons da corrente elétrica com as partículas do 
condutor. Os elétrons sofrem colisões com átomos do condutor, e parte da energia 
cinética (energia de movimento) do elétron é transferida para o átomo, aumentando 
seu estado de agitação e, consequentemente, sua temperatura. Assim, a energia 
elétrica é transformada em energia térmica (calor). 
O efeito joule pode ser medido por meio da equação: Q = I2. R. t. 
No Quadro estão resumidos os principais símbolos utilizados na eletroterapia. 
 
Quadro 
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PRINCIPAIS SÍMBOLOS UTILIZADOS NA ELETROTERAPIA 
Eletricidade/magnetismo Símbolo 
Ampère (intensidade) A 
Coulomb (quantidade) C 
Carga Q 
Campo elétrico 
Farad (capacidade) F 
Henry (indutância) H 
Hertz (frequência) Hz 
Intensidade (ampere) I 
Joule (energia) J 
Miliampere mA 
Ohm (resistência) Ω 
Quilojoule kJ 
Quilovolt kV 
Quilovolt-ampere kVA 
Resistência (ohms) R 
Volt (tensão) V 
Volt-ampère VA 
Watt (potência) W 
 
 
 
DEFINIÇÃO DE ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA NEUROMUSCULAR 
 
A EENM envolve a aplicação de uma série de estímulos intermitentes aos 
músculos esqueléticos superficiais, com o objetivo principal de promover contrações 
musculares visíveis em decorrência da ativação de fibras nervosas musculares. O 
estímulo elétrico geralmente é fornecido por meio de aparelhos de estimulação 
programáveis e de um ou mais eletrodos ativos posicionados na proximidade dos 
pontos motores dos músculos. 
Para promover contrações musculares com a aplicação da EENM, a 
existência de um nervo motor intacto é pré-requisito. 
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A EENM tem sido amplamente adotada na pesquisa e na prática clínica como 
uma técnica para preservação e/ou recuperação funcional tanto para indivíduos 
saudáveis como para indivíduos com alguma disfunção muscular, assim como para 
treinamento. 
Dependendo do estado do músculo estimulado, a EENM pode ser usada 
para: 
• Preservação da massa e da função muscular durante períodos 
prolongados de desuso ou imobilização, como, por exemplo, em 
pacientes críticos internados em unidades de terapia intensiva (UTIs); 
• Recuperação da massa e da função muscular seguida de prolongados 
períodos de desuso ou imobilização, como, por exemplo, em período 
pós-operatório; 
• Melhora da função muscular em diferentes populações, como idosos e 
atletas, e na reabilitação de pacientes com doenças cardiopulmonares. 
 
CONTRAÇÃO MUSCULAR GERADA POR ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA X 
CONTRAÇÃO VOLUNTÁRIA 
 
O recrutamento das unidades motoras durante as contrações geradas pela 
EENM é diferente do que ocorre na contração voluntária. É importante lembrar que 
as unidades motoras são formadas por centenas ou milhares de fibras musculares e 
que cada fibra muscular é inervada por um neurônio motor específico que varia em 
tamanho, mielinização e velocidade de condução nervosa. 
Tipicamente, as fibras musculares do tipo I, que são oxidativas e resistentes à 
fadiga, são inervadas por neurônios com axônios de pequeno diâmetro, constituindo 
pequenas unidades motoras. Em contraste, fibras do tipo II, que são mais fatigáveis, 
porém produzem maior nível de força, são inervadas por axônios com grande 
diâmetro e constituem unidades motoras rápidas. Existem, ainda, subtipos de fibras 
rápidas: IIa, IIb e IId (x). 
A fibra Iia é uma fibra rápida intermediária, possuindo potencial 
moderadamente desenvolvido para geraçãode força, utilizando tanto o metabolismo 
oxidativo como o glicolítico para a produção de energia durante a contração 
muscular, sendo rápida, porém com certa resistência à fadiga. A fibra IIb utiliza 
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predominantemente o metabolismo glicolítico para a produção de energia, sendo 
mais rápida, porém mais fatigável que a IIa. 
São essas propriedades das unidades motoras que aparentemente ditam a 
ordem de recrutamento durante a contração voluntária, que segue o princípio do 
tamanho, isto é, ocorre um recrutamento progressivo de pequenas unidades 
motoras, tipicamente lentas, seguido por um recrutamento de unidades motoras 
maiores, normalmente rápidas. 
Tem sido sugerido que o recrutamento de unidades motoras com a EENM 
segue o padrão contrário de recrutamento ocorrido na contração voluntária, 
recrutando primeiro as unidades motoras rápidas seguidas das unidades motoras 
lentas. Essa teoria pode estar baseada em três aspectos: 
• Os axônios das unidades motoras maiores são mais facilmente 
excitados com a estimulação elétrica, pois possuem menor limiar de 
excitabilidade; 
• As unidades motoras maiores estão localizadas em regiões mais 
superficiais, o que, inevitavelmente, pode reduzir a distância entre aos 
axônios maiores e os eletrodos ativos; 
• A fadiga gerada com a EENM é maior do que a fadiga gerada pela 
contração voluntária. 
 
Apesar dessa teoria, estudos sugerem que o recrutamento das unidades 
motoras durante a EENM é não seletivo, e que as unidades motoras são ativadas 
sem sequenciamento relacionado ao tipo de unidade motora. Isso implica que a 
EENM pode ativar algumas unidades motoras rápidas, em adição a unidades lentas, 
mesmo a baixos níveis de força. Evidências indiretas sugerem que a proporção 
relativa de unidades motoras rápidas e lentas em um músculo ativado por EENM, a 
diferentes níveis de força, seria bastante constante. 
Além da ordem de recrutamento das unidades motoras descrita 
anteriormente, outros fatores diferem a contração muscular voluntária da contração 
gerada pela EENM, tais como: 
Recrutamento temporal – na contração voluntária, o recrutamento das fibras 
ocorre de forma assincrônica, enquanto que na EENM ocorre de forma sincrônica; 
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Recrutamento espacial – a EENM, utilizada com intensidade constante, 
impõe uma atividade contrátil contínua à mesma população de fibras musculares 
superficiais (isto é, aquelas com os ramos axonais próximos dos eletrodos), e o 
recrutamento espacialmente fixo diminui proporcionalmente com o aumento na 
distância dos eletrodos, conforme apresenta o Quadro, a seguir. 
 
Quadro 
PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE A CONTRAÇÃO VOLUNTÁRIA E A CONTRAÇÃO GERADA 
ELETRICAMENTE 
Variáveis Contração voluntária Contração por EENM 
Recrutamento temporal Assincrônico Sincrônico 
Recrutamento espacial Dispersado Superficial (perto dos eletrodos) 
Rotação É possível Espacialmente fixada 
Ordem de recrutamento Seletiva: fibras lentas para 
fibras rápidas 
Não seletiva e desordenada 
Fadiga Parcialmente fatigante Extremamente fatigante 
Fonte: Maffiuletti (2010). 
 
Existem pelo menos três estratégias que podem maximizar o recrutamento 
espacial durante a aplicação da EENM: 
• Aumentar a intensidade de estimulação sempre que possível – 
idealmente, após cada contração, para despolarizar novas e mais 
profundas fibras musculares localizadas a uma distância maior dos 
eletrodos; 
• Mover os eletrodos após uma série de contrações (dentro da mesma 
sessão e entre as sessões do tratamento), de forma a alterar a 
população de fibras superficiais preferencialmente ativadas pela 
EENM; 
• Alterar o comprimento do músculo pela manipulação do ângulo da 
articulação, para variar a posição das fibras musculares em relação ao 
eletrodo e modificar a contribuição dos receptores cutâneos e 
articulares estimulados na contração. 
 
Devido ao padrão de recrutamento das unidades motoras com a EENM, as 
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contrações musculares eletricamente induzidas podem, teoricamente, produzir mais 
tensão e força, mas também podem causar maior e mais recente fadiga do que as 
contrações voluntárias, pois exigem maior custo metabólico. 
Apesar da desvantagem de exigir um maior custo metabólico, a EENM 
apresenta como maior vantagem o fato de poder ser utilizada em músculos com 
disfunções, como, por exemplo, em pacientes que não podem realizar treinamento 
com altas intensidades (idosos, pacientes com doenças cardíacas e respiratórias, 
doenças ortopédicas, pós-operatório imediato) e atletas buscando melhor 
performance. 
 
CLASSIFICAÇÃO DAS CORRENTES ELÉTRICAS 
 
Devido à diversidade de nomes utilizados para denominação das correntes 
elétricas, a divisão de eletrofisiologia clínica da American Physical Therapy 
Association estabeleceu uma terminologia unificada para as correntes elétricas 
clínicas: 
• corrente direta; 
• corrente alternada; 
• corrente pulsada. 
 
A corrente direta ou monofásica, também conhecida como corrente galvânica, 
é caracterizada por um fluxo contínuo ou ininterrupto e unidirecional de elétrons. 
Clinicamente, além de satisfazer essas características, esse fluxo deve ser 
sustentado por, no mínimo, um segundo. Outra característica da corrente direta é 
ser polarizada. 
As principais aplicações clínicas da corrente direta são para iontoforese, que 
é o estímulo da penetração de íons benéficos terapeuticamente através da barreira 
da pele, para cicatrização de feridas ou para o tratamento de inflamações. 
A corrente alternada é definida como o fluxo bidirecional contínuo de elétrons. 
Sua característica principal é o fato de os pulsos estarem ligados e contínuos, não 
havendo intervalo entre os pulsos. Além disso, o fluxo muda constantemente de 
direção, revertendo a polaridade, caracterizando-se como uma corrente não 
polarizada. A corrente alternada usada clinicamente possui frequência na faixa de 
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1.000Hz a 10.000Hz, também classificada como correntes de média frequência. 
Porém, a corrente alternada é modulada em burst, ou trem de pulsos, para 
otimizar seus efeitos. A frequência do burst normalmente está na faixa biológica de 1 
a 120Hz. 
Cada ciclo completo da corrente alternada consiste em duas fases, uma 
positiva e outra negativa, as durações da fase (ou pulso) estão na faixa de 50 a 
500µs. Além disso, o fluxo de corrente é equilibrado, isto é, a quantidade de carga 
em cada fase é idêntica. São exemplos de nomes comerciais para essa corrente, a 
corrente Russa (2.500Hz), a corrente Interferencial (2.000Hz, 4.000Hz e 8.000Hz) e 
a corrente Aussie (1.000Hz e 4.000Hz). 
A corrente pulsada é definida como o fluxo uni ou bidirecional de partículas 
carregadas que periodicamente cessa por um período de tempo breve e finito. A 
corrente pulsada, usada terapeuticamente, possui frequência na faixa de 1 a 
1.000Hz, sendo também classificada como de baixa frequência. Exemplos de nomes 
comerciais para essa corrente são a estimulação elétrica nervosa transcutânea 
(TENS) e a estimulação elétrica funcional (FES). 
 A EENM pode ser aplicada com a utilização de correntes pulsadas ou 
alternadas. 
Mas qual forma de corrente elétrica é a melhor para a estimulação 
euromuscular, visando principalmente o aumento e/ou preservação da força 
muscular? Em uma revisão sistemática com metanálise, recentemente publicada por 
Silva e colaboradores (2015),17 foi constatado que a corrente pulsada e a alternada 
determinam efeitos similares sobre o torque do quadríceps femoral e o nível de 
desconforto. 
Ainda, para tentar responder essa questão, Dantas e colaboradores 
estudaram o efeito de quatro diferentes correntes de EENM, duas correntesalternadas (Aussie – 1.000Hz, com frequência modulada de 50Hz, duração do pulso 
de 500µs, e Russa – 2.500Hz, com frequência modulada de 50Hz e duração do 
pulso de 200µs) e duas correntes pulsadas (PC500, com frequência de 50Hz e 
duração do pulso de 500µs, e PC200, com frequência de 50Hz e duração do pulso 
de 200µs), isoladas e em combinação com o exercício voluntário, sobre o torque 
isométrico de extensão de joelho e nível de desconforto em 21 mulheres saudáveis. 
Os autores demonstraram que a corrente Russa gerou o menor torque quando 
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comparada com as outras modalidades (Russa, 50%, PC200, 70%, Aussie, 71%, e 
PC500, 77%, p < 0.001). Adicionalmente, não houve vantagem em combinar EENM 
com exercícios voluntários, quando comparada com a aplicação da EENM isolada. 
Dessa forma, os autores concluíram que as correntes pulsadas e a corrente 
Aussie foram superiores à corrente Russa na geração do torque isométrico de 
extensão de joelho em mulheres saudáveis. Bellew e colaboradores (2012) também 
demonstraram a mesma superioridade das correntes pulsadas e da corrente 
Interferencial em relação à corrente Russa em indivíduos saudáveis. 
 
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