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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM: CUIDADOS AO PACIENTE CRÍTICO NEONATAL RECURSOS TECNOLÓGICOS E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO EM UNIDADE NEONATAL Catalogação na Publicação Biblioteca Setorial do CPT-ETS/UFPB R311 Recursos tecnológicos e assistência de enfermagem ao paciente crítico em unidade neonatal: curso de especialização técnica de nível médio em enfermagem - cuidados ao paciente crítico neonatal / Caroline Evelin Nascimento Kluczynik ... [et al.]. – João Pessoa: Programa Pós- Tec Enfermagem do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), [2023]. ISBN 978-65-5621-364-4 Recurso digital: 13,3 MB Formato: ePDF. Requisito do Sistema: Adobe Acrobat Reader. 1. Enfermagem. 2. Unidade de terapia intensiva neonatal – Recursos tecnológicos. 3. Recém-nascido – Cuidados de enfermagem. 4. Paciente crítico. I. Kluczynik, Caroline Evelin Nascimento. II. Título. UFPB/BS-CPT-ETS CDU 616-083.98-053.31 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO 1. MANIPULAÇÃO DO NEONATO: POSICIONAMENTO, MEDIDAS DE ALÍVIO, CONFORTO E SONO 2. OXIGENIOTERAPIA E FOTOTERAPIA NO RECÉM-NASCIDO: INDICAÇÃO, MONITORAMENTO E CUIDADOS ESPECIAIS 3. TRANSPORTE SEGURO DO RECÉM-NASCIDO: INFRAESTRUTURA, PREPARO, EQUIPAMENTOS E CUIDADOS DE ENFERMAGEM 4. CUIDADOS COM A PELE DO RECÉM-NASCIDO: HIGIENE CORPORAL E DO COTO UMBILICAL, INTEGRIDADE TECIDUAL, PREVENÇÃO DE LESÕES, TERMORREGULAÇÃO E CAPACIDADE SENSORIAL DO RECÉM-NASCIDO 5. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO RECÉM-NASCIDO: HIDRATAÇÃO E ELIMINAÇÃO GLOSSÁRIO REFERÊNCIAS 2.1.3 CPAP POR PRONGA NASAL 2.2 FOTOTERAPIA 2.1 OXIGENOTERAPIA 2.1.4 VENTILAÇÃO MECÂNICA 2.2.1 INDICAÇÃO 2.1.1 CATETER NASAL 4.1 MATERIAL NECESSÁRIO 3.1 EQUIPAMENTOS INDISPENSÁVEIS PARA O TRANSPORTE 4.2 PROCEDIMENTO 3.2 MEDICAMENTOS MÍNIMOS NECESSÁRIOS PARA O TRANSPORTE 3.3 ESTABILIZAÇÃO ANTES DO TRANSPORTE 4.3.1 PROCEDIMENTO 3.4 CUIDADOS DURANTE O TRANSPORTE 4.4 TROCA DE FRALDAS 4.5 COTO UMBILICAL 2.1.2 OXIHOOD (CAPACETE OU HALO) 4.3 BANHO NO LEITO 03 04 08 21 27 35 39 41 12 17 08 15 17 09 29 23 29 23 24 32 26 33 34 10 31 2.2.2 MONITORAMENTO DA FOTOTERAPIA 2.2.3 CUIDADOS ESPECIAIS 19 20 Presidente do Cofen Coordenação do Programa Pós-Tec Enfermagem Coordenação do Curso Cuidados ao Paciente Crítico Neonatal Colaboração Autoria Ficha Técnica Este material foi elaborado e desenvolvido pela equipe do Programa Pós-Tec Enfermagem do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Profa. Dra. Betânia Maria Pereira dos Santos Profa. Dra. Anne Karoline Candido Araújo Profa. Dra. Fabíola Fialho Furtado Gouvêa Profa. Dra. Maria Soraya Pereira Franco Adriano Profa. Dra. Aurilene Josefa Cartaxo de Arruda Cavalcanti Profa. Dra. Kalina Coeli Costa de Oliveira Dias Profa. Dra. Nathalia Costa Gonzaga Saraiva Profa. Dra. Andréa Mendes Araújo Profa. Dra. Angela Amorim de Araújo Profa. Dra. Ana Aline Lacet Zaccara Profa. Dra. Fernanda Maria Chianca da Silva Profa. Dra. Ivanilda Lacerda Pedrosa Profa. Dra. Marcella Costa Souto Duarte Profa. Dra. Márcia Rique Carício Profa. Dra. Verbena Santos Araújo Profa. Dra. Rebeka Maria de Oliveira Belo Profa. Dra. Caroline Evelin Nascimento Kluczynik Profa. Dra. Nathalia Costa Gonzaga Saraiva Profa. Dra. Kalina Coeli Costa de Oliveira Dias Profa. Dra. Maria Soraya Pereira Franco Adriano Profa. Dra. Anne Karoline Candido Araújo Profa. Dra. Aurilene Josefa Cartaxo de Arruda Cavalcanti Profa. Dra. Fabíola Fialho Furtado Gouvêa Diagramação e Projeto Gráfico Assessoria Pedagógica Revisão Textual Imagens Elaine Feitosa da Silva Bárbara Couto Falqueto Emília Cristina Ferreira de Barros Wamberson Adelino pexels.com | pixabay.com | unsplash.com | br.freepik.com | bancodeimagens.portoalegre.rs.gov.br RECURSOS TECNOLÓGICOS E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO EM UNIDADE NEONATAL Apresentação Seja muito bem-vindo(a) a última disciplina do Módulo profissional específico do curso de Especialização Técnica de Nível Médio em Enfermagem - Cuidados ao Paciente Crítico Neonatal: RECURSOS TECNOLÓGICOS E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO EM UNIDADE NEONATAL Como você chegou até aqui, acredito que obteve muitos aprendizados sobre Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), além de relembrar muitos outros conhecimentos de sua época de estudante bem como de sua prática profissional. Na nossa disciplina você aprofundará seus conhecimentos sobre os recursos tecnológicos presentes na UTIN e os cuidados de Enfermagem direcionados ao recém- nascido (RN) em condição grave. Caso você tenha dúvidas, procure seu tutor, participe dos fóruns compartilhando seus aprendizados, expondo suas dúvidas, construindo conhecimento em coletividade. Os conteúdos do e-book foram organizados em cinco capítulos, conforme foi apresentado no sumário. Espero que os conhecimentos aqui compartilhados te ajudem a cuidar do RN na UTIN com mais segurança, humanização e ética. Esse material foi elaborado com o propósito de impactar na qualidade dos cuidados de Enfermagem prestados ao RN, conto com sua dedicação para participar dessa corrente em prol da valorização da nossa Enfermagem Neonatal. ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM3 ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM4 Especialmente após a década de 1980, a UTIN tem avançado na inclusão de novas tecnologias, que se refletem nos equipamentos cada vez mais modernos, no desenvolvimento de novas técnicas, procedimentos e medicamentos, que têm garantido maior sobrevida ao recém-nascido prematuro extremo e/ou com condições de alta gravidade. É importante considerar que para alcançar essa sobrevida, os procedimentos aos quais o RN é submetido podem lhe causar grande estresse físico e emocional. Retardando, inclusive, seu processo de plena recuperação. Nesse momento, vamos refletir sobre a manipulação excessiva no RN. A depender da gravidade em que ele se encontre, podem ocorrer até 132 manipulações diárias, ocasionando prejuízos para o seu conforto, sono e repouso, os quais são elementos essenciais para a recuperação, crescimento e desenvolvimento neurológico do RN. Portanto, como Técnico de Enfermagem e membro da equipe multidisciplinar da UTIN, em cada manipulação do RN é importante refletir: Esse procedimento é indispensável? Como organizar os cuidados de Enfermagem para garantir mais tempo de repouso ao RN? Como realizar esse procedimento com menos dor? Como posso melhorar o conforto desse RN? 1. Manipulação do Neonato: Posicionamento, Medidas de Alívio, Conforto e Sono RECURSOS TECNOLÓGICOS E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO EM UNIDADE NEONATAL RECURSOS TECNOLÓGICOS E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO EM UNIDADE NEONATAL Ressalta-se que uma das maneiras para favorecer o conforto do RN é o cuidado de Enfermagem a respeito do posicionamento. Nesse sentido, o profissional técnico de Enfermagem deve promover a manutenção de uma postura confortável, assim como a realização das mudanças de decúbito para evitar lesões por pressão, por exemplo. O recém-nascido prematuro e/ou em condição grave não apresenta ainda em seus músculos tônus suficiente. Assim, o RN pode manter uma postura em extensão, com o corpo esticado, que o priva da flexão dos membros (posição fetal), dificultando o desenvolvimento de habilidades como colocar as mãos na boca. Na incubadora, o RN está em um espaço diferente do habitual, na vida intrauterina ele se mantinha em posição de flexão, ou seja, na posição fetal. Após o nascimento, há maior espaço na incubadora, os seus movimentos podem gerar insegurança,irritabilidade, aumento da atividade motora e maior gasto calórico. Dessa forma, quando o Técnico de Enfermagem posiciona o RN com conforto e faz o rodízio dos decúbitos, ele experimenta diferentes forças de pressão nas articulações e músculos. Essa atividade otimiza o desenvolvimento do esqueleto, previne o encurtamento dos músculos, favorece a mobilidade, fornece estímulos para as habilidades táteis e visuais, e promove conforto. ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM5 ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM6 RECURSOS TECNOLÓGICOS E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO EM UNIDADE NEONATAL Sobre as mudanças de decúbito, esse cuidado preserva a integridade da pele, tendo em vista que promove rodízio nos pontos de pressão, e favorece o conforto. Ressalta- se que é necessário aprazar os rodízios de reposicionamento e registrar o horário do procedimento após realizá-lo. Para favorecer um posicionamento adequado, além de manipular o RN com gentileza, são utilizadas algumas estratégias, como rolinhos, panos para criar um ninho ou fazer o “charutinho” para envolver o RN (reproduz o aconchego do útero da mãe), para mantê-lo no posicionamento. A seguir são apresentadas fotos com as posições decúbito dorsal, lateral e prona (Ver figuras 1, 2 e 3). Figura 1. Decúbito dorsal. Fonte: FIOCRUZ, 2023. Figura 2. Decúbito lateral. Figura 3. Posição prona. Na posição lateral e dorsal, utilizar coxins, além do “ninho”, para promover conforto e prevenção de hiperextensão, posição em que os membros ficam estendidos. A posição prona, de barriga para baixo, se for usada, precisa de observação contínua, para evitar a morte súbita do RN por sufocamento. A posição dorsal é muito comum, porque facilita o acesso e o cuidado. Contudo, ela favorece a extensão do recém-nascido com hiperextensão do pescoço, elevação dos ombros, retração escapular e achatamento da cabeça. Por isso, é obrigatória a contenção feita pelo ninho e o uso de rolinhos ou suportes permitem utilizar essa posição, e manter o RN confortável, com a flexão e adução dos membros. O ninho consiste na utilização de um rolo de pano em forma de U ou O que promove a contenção do RN, da cabeça aos pés. Ele mantém o RN em posição de flexão, facilita o alinhamento da cabeça e tronco, e mantém o RN com as mãos próximas. RECURSOS TECNOLÓGICOS E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO EM UNIDADE NEONATAL Outro cuidado relevante do Técnico de Enfermagem e que garante melhora no conforto e sono do RN, é o correto aprazamento de procedimentos. O ideal é que o(a) Enfermeiro (a) planeje junto com o Técnico de Enfermagem os cuidados de Enfermagem, de maneira que proporcione longos períodos de descanso ao RN, o que diminui desconfortos e favorece o desenvolvimento neuropsicomotor. Diante disso, é válido destacar que o sono é essencial no desenvolvimento neurológico, e tanto o sono leve quanto o profundo são restauradores. Em um ensaio clínico foi observado que o uso do ninho aumentou significativamente a duração do tempo total de sono. Conclui-se, então, que o ninho utilizado pela equipe de saúde é uma estratégia segura com forte impacto no neurodesenvolvimento e no comportamento do RN, além de ser um excelente método não farmacológico para o controle da dor e para medidas de conforto. Espero que você tenha se sensibilizado e reconhecido a importância dessas atividades do Técnico de Enfermagem na UTIN. Aguardo você no próximo capítulo, revisaremos os cuidados de Enfermagem relacionados à oxigenoterapia e fototerapia. ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM7 ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM8 RECURSOS TECNOLÓGICOS E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO EM UNIDADE NEONATAL 2.1 Oxigenoterapia 2. Oxigenoterapia e fototerapia no recém-nascido: indicação, monitoramento e cuidados especiais A técnica de administração de oxigênio a ser empregada é decisão do médico neonatologista, com base no quadro clínico e resultado de exames. Como equipe multidisciplinar, cabe à equipe de Enfermagem instalar o suporte de oxigênio conforme prescrição, atentar para os sinais de desconforto respiratório e avaliar o RN. Todos os leitos hospitalares têm a régua ou painel de gases (Figura 4). Na UTIN, o painel mais comumente utilizado contempla: ponto de ar comprimido para inalações (cor amarela), ponto de oxigênio (cor verde) e sistema de vácuo (cor cinza) para realizar aspiração de secreções. No centro cirúrgico, inclui-se o ponto de óxido nitroso (cor azul) para anestesia. A seguir serão detalhadas as principais formas de fornecimento de oxigênio na UTIN. Figura 4. Painel ou régua de gases. Fonte: ATHENAS HOSPITALAR, 2023. ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM9 RECURSOS TECNOLÓGICOS E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO EM UNIDADE NEONATAL 2.1.1 Cateter Nasal Esse equipamento oferta oxigênio em baixo fluxo, entre 0,1 l/min a 1 l/min, diretamente nas narinas por meio de duas cânulas, as quais podem ser introduzidas nas narinas ou posicionadas próximas a elas (Figura 5). Figura 5. Oxigenoterapia por cateter nasal. Fonte: HARRISON, 2022. Na opção intranasal, o oxigênio deverá estar aquecido entre 36-36,50C e umidificado, para evitar ressecamento da mucosa nasal. A concentração pode ser de 100%, quando conectado à fonte, ou menor, a depender da necessidade do RN, para tanto, utiliza-se misturador acoplado à rede de gases. O cateter nasal não assegura a concentração exata de oxigênio inspirada pelos pulmões, porque o oxigênio suplementar mistura-se com o ar ambiente. A escolha por esse equipamento ocorre, especialmente, em casos de necessidade de oxigenoterapia por períodos prolongados, transporte do RN dependente de oxigênio, ou situações com maior demanda, a exemplo das mamadas. Como cuidados para instalação, o Técnico de Enfermagem precisa atentar para: utilizar uma placa fina de hidrocolóide nas bochechas do RN, para evitar lesões; observar se as saídas de fluxo pelos orifícios do cateter não estão ocluídas; realizar higiene nasal com solução fisiológica a cada 6h, ou sempre que necessário, utilizando hastes com algodão. ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM10 RECURSOS TECNOLÓGICOS E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO EM UNIDADE NEONATAL Trata-se de equipamento de plástico ou acrílico, semelhante a um capacete, que ao ser posicionado em torno da cabeça do RN, aumenta a concentração de oxigênio inspirado. O equipamento possui saídas de gás carbônico expirado, para evitar a reinalação. 2.1.2 Oxihood (capacete ou halo) O oxihood tamanho 1 é utilizado em RN com menos de 1.000 gramas. O tamanho 2 para RN entre 1.000-3.000 gramas. Enquanto o tamanho 3 é indicado para RN com mais de 3.600 gramas. Sobre um dos cuidados a ser despendido pelo Técnico de Enfermagem, tem o posicionamento adequado do equipamento no RN, para promover a inalação adequada do oxigênio ofertado. Outrossim, a observação da face do RN fica prejudicada, devido a umidificação interna do hood, por isso, é importante monitorar a oximetria de pulso frequentemente. Como desvantagens, tem-se: (1) o aumento de ruídos devido ao alto fluxo de gases e a condensação da umidificação, que amplificam o som dentro do hood; (2) a constante umidificação aumenta o risco de infecção, porque forma um meio de cultura que favorece a proliferação bacteriana e fúngica; (3) risco de acidose, pois caso o hood não tenha saída expiratória suficiente, pode ocorrer acúmulo de gás carbônico. RECURSOS TECNOLÓGICOS E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO EM UNIDADE NEONATAL Os principais cuidados de Enfermagem ao RN em uso do oxihood incluem: Instalar o equipamento de modo a evitar vazamentos, em torno da cabeça, sem pressionar ombros e pescoço, se necessário utilizar tecido macio para acolchoar; Limpar o equipamento diariamente com detergente neutro a 1%; Trocar o frasco umidificadore intermediários e o adaptador em “Y” a cada 72h; Trocar água do nebulizador a cada 24h (não completar); Manter água do umidificador na altura indicada; Observar umidificação e aquecimento da mistura; Atentar para hipotermia, principalmente, quando o RN não estiver em incubadora; Avaliar valores do oxímetro de pulso, rodiziar sua posição a cada 2h; Evitar manipulações desnecessárias que exijam a retirada do halo; Manter vias aéreas pérvias; Enfermeiro deve avaliar o padrão respiratório e auscultar o RN, a cada plantão e sempre que necessário, atentando para os resultados de gasometria. Sua indicação está reservada para RN com desconforto respiratório leve ou moderado, que requerem uma concentração suplementar de até 60% de oxigênio, que apresentam hipoxemia sem hipercapnia; ou em desmame do CPAP – equipamento de oxigenoterapia que será detalhado adiante. Os materiais para instalação incluem: Fonte de oxigênio e gás comprimido; Três intermediários de silicone estéril; Copo umidificador; Conexão em “Y”; Cúpula de acrílico transparente. Observe na figura 6 os materiais indispensáveis para instalação do oxihood. Figura 6: Partes para instalação do equipamento oxihood. Fonte: IWASA, 2023. Legenda: (1) Conector reto (2) conector de traqueia (3) copo umidificador. ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM11 12 A sigla CPAP refere-se a “Continuous Positive Airway Pressure” ou pressão positiva contínua em vias aéreas. Trata-se de técnica usada para manter pressão positiva contínua nas vias aéreas. Indicada ao RN com Síndrome do Desconforto Respiratório, Taquipnéia Transitória do RN, apneia da prematuridade, Síndrome de aspiração meconial, displasia broncopulmonar, edema pulmonar, suporte respiratório e pós- extubação, traqueomalácia, paralisia diafragmática, e, na sala de parto com RN com menos de 1.000g. A utilização do CPAP em RN favorece o aumento da capacidade residual funcional e do volume de gás torácico. Esse bom resultado ocorre devido à reversão de áreas de atelectasia e o aumento da superfície alveolar em plena atividade para realização das trocas gasosas. A escolha por essa técnica previne atelectasias, o que preserva o sistema surfactante e aumenta a capacidade funcional; aumenta o calibre de vias aéreas, ao promover redução da resistência e aumento da ventilação em áreas parcialmente obstruídas; regulariza a respiração e diminui o trabalho respiratório; diminui a frequência respiratória e a ventilação-minuto. A instalação e monitoramento do CPAP tem sido considerada de fácil manuseio. Porém, caso ocorra deslocamento das narinas, a pressão é diminuída, sendo cuidado especial da equipe de Enfermagem garantir o posicionamento adequado (ver figura 7). 2.1.3 CPAP por pronga nasal RECURSOS TECNOLÓGICOS E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO EM UNIDADE NEONATAL Figura 7: CPAP nasal. Fonte: FIOCRUZ, 2023. ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM O CPAP por tubo orotraqueal é utilizado na presença de obstrução das vias aéreas ou quando o RN não consegue manter boa saturação via nasal. RECURSOS TECNOLÓGICOS E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO EM UNIDADE NEONATAL Quadro 1. Tamanho da pronga do CPAP de acordo com o peso do RN FONTE: Souza, 2017. Peso < 700 g 700 a 1000 g 1000 a 1250 g 1250 a 2000 g 2000 a 3000 g > 3.000 g > 3.000 g (e idade entre 1 e 2 anos) N0 da pronga 00 0 1 2 3 4 5 É válido ressaltar que, na presença de obstrução das vias aéreas ou quando o RN não consegue manter boa saturação via nasal, é utilizado o CPAP por tubo orotraqueal. ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM13 A escolha do tamanho da pronga nasal está relacionada ao peso do RN. Conforme detalhado no quadro a seguir: RECURSOS TECNOLÓGICOS E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO EM UNIDADE NEONATAL Enfaixar as mãos do RN de forma suave, para evitar o deslocamento da pronga; Minimizar os ruídos atendendo prontamente aos alarmes; Avaliar dor e administrar medicamentos conforme prescrição; Posicionar a touca para evitar que as traqueias pressionem a cabeça do RN, fixando-as na touca acima das sobrancelhas; Manter RN em decúbito dorsal elevado a 30°, uso de coxim na região subescapular e cabeça, com apoios na lateral do corpo, para evitar lesões do nariz; Trocar as prongas a cada 72h (higienizar diariamente); Manter a região nasal seca e protegida com placa de hidrocolóide; Aspirar vias aéreas, se necessário (queda da saturação, dispneia e ronco), evitar aspiração de rotina (privativo do Enfermeiro); Oferecer oxigênio sempre úmido e aquecido; Trocar as tubulações a cada 7 dias ou quando necessário; Evitar a distensão estomacal mantendo sonda gástrica aberta (nº 8 ou 10). Se o RN não estiver em jejum, abrir a sonda 1 h após a infusão da dieta, mantê-la vertical, até o próximo uso; Aferir circunferência abdominal e comparar com a medida anterior. Explicar o equipamento e procedimento aos pais; Montar e conectar o circuito com técnica asséptica; Colocar água estéril no umidificador; Ajustar os alarmes; Higienizar as narinas com hastes flexíveis embebidas com soro fisiológico a 0,9% e inserir as prongas com a curvatura para baixo; Manter RN sobre colchão macio; Mudar decúbito; O CPAP pode ser conectado ao ventilador mecânico, ao Bilevel Positive Airway Pressure (BiPAP) ou ser instalado com uma coluna de água. Os cuidados da equipe de Enfermagem para RN em uso desse equipamento, incluem: ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM14 ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM15 RECURSOS TECNOLÓGICOS E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO EM UNIDADE NEONATAL Os ventiladores mecânicos usados no RN podem ser do tipo convencional ou de alta frequência. Os convencionais são normalmente de fluxo contínuo, ciclados a tempo e limitados à pressão. O médico é o responsável por estabelecer o modo ventilatório e a alteração dos parâmetros do ventilador. Para conectar o ventilador mecânico ao RN, o médico pode realizar a entubação orotraqueal (Figura 8) ou realizar procedimento cirúrgico, no qual é criado um óstio, abertura na traquéia, chamada de traqueostomia (Figura 9). A segunda opção é escolhida quando há previsão de utilização da ventilação mecânica por tempo prolongado. 2.1.4 Ventilação Mecânica Figura 8: Entubação orotraqueal. Fonte: HARRISON, 2022 Figura 9: Colar de traqueostomia. Fonte: HARRISON, 2022. RECURSOS TECNOLÓGICOS E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO EM UNIDADE NEONATAL A seguir, listaremos os principais cuidados da equipe de Enfermagem ao RN em uso de oxigenoterapia do tipo ventilação mecânica: Orientar os pais sobre equipamento e função; Após controle radiológico, fixar o tubo, com o cuidado de certificar que o número indicador esteja na altura dos lábios; Instalar monitorização cardíaca, oxímetro de pulso (rodízio a cada 2h) e alarmes; Manter decúbito a 30°; Avaliar ruídos respiratórios, expansibilidade e simetria torácica; Aspirar cânula traqueal, quando necessário, e anotar aspecto e volume; Avaliar dor e medicar se necessário, conforme prescrição; Monitorar nível de consciência e sedação; Mudar decúbito a cada 2-4 horas; Realizar higiene oral a cada plantão, utilizar hastes flexíveis embebidas em solução antisséptica padronizada, por exemplo clorexidina 0,12%; Observar e anotar parâmetros do ventilador a cada hora; Analisar os níveis de CO2 no capnógrafo, se instalado; Trocar a água do umidificador aquecido a cada 24h; Retirar a água condensada do circuito, sempre que necessário; Trocar circuito do ventilador a cada 7 dias. ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM16 ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM17 RECURSOS TECNOLÓGICOS E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO EM UNIDADE NEONATAL A fototerapia é utilizada no tratamento da hiperbilirrubinemia neonatal.Basicamente o RN é exposto à radiação concentrada no espectro azul da luz, por tempo variável. Esse tratamento tem como objetivo reduzir rapidamente os níveis séricos de bilirrubina, para diminuir a necessidade da exsanguineotransfusão. A enfermeira inglesa Ward descobriu que a exposição à luz natural reduzia os casos de coloração amarelada na pele dos bebês. Atualmente, em recém-nascidos ictéricos (Figuras 10 e 11), é coletado sangue para que o médico avalie a indicação para fototerapia e exsanguineotransfusão, com base na dosagem de bilirrubina sérica total (BST), as idades gestacional e pós-natal, além dos fatores agravantes da lesão bilirrubínica neuronal. 2.2.1 Indicação 2.2 Fototerapia RECURSOS TECNOLÓGICOS E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO EM UNIDADE NEONATAL A luz na região de 400 a 500 nanômetros é absorvida pela bilirrubina. A luz emitida pela fototerapia penetra na epiderme e alcança o tecido subcutâneo. Portanto, a bilirrubina presente próxima à pele será reduzida a uma forma que o organismo humano consegue eliminar. Após reação à molécula resultante, ela é solúvel em água, sendo excretada pela bile e urina. Os RN prematuros com peso < 1.000 g recebem a fototerapia se Bilirrubina total (BT) = 4mg/dl; peso de 1.000 a 1.500g, se BT = 6mg/dl; 1500 a 2.000 g, se BT = 8mg/dl. Cabe destacar que a efetividade do tratamento depende do tipo de fototerapia, da intensidade e do comprimento da onda luminosa, da área de superfície corporal exposta, da distância da pele do RN, e da concentração inicial da bilirrubina. Há vários modelos de equipamentos de fototerapia, com utilização de lâmpadas do tipo fluorescente, halógenas e de diodo. Figura 10: RN com coloração de pele saudável. Fonte: Adaptado de drparents.com Figura 11: RN com coloração de pele com icterícia . Fonte: Adaptado de drparents.com ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM18 ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM19 RECURSOS TECNOLÓGICOS E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO EM UNIDADE NEONATAL Na Sistematização da Assistência de Enfermagem a esse RN, é elementar realizar o exame físico e identificar os Diagnósticos de Enfermagem prioritários, dentre os quais são mais comuns: Risco de icterícia neonatal e icterícia neonatal, relacionado à hiperbilirrubinemia; Amamentação interrompida, relacionada ao tratamento e doença apresentada pelo RN; Hipertermia, relacionada ao calor proveniente da fototerapia; Risco de desequilíbrio na temperatura corporal, relacionado à fototerapia; Risco de volume de líquidos deficiente, relacionado à fototerapia; Diarreia e desidratação, relacionadas à fototerapia; Percepção sensorial perturbada, relacionada a estímulos excessivos proveniente da claridade da fototerapia. A partir dos Diagnósticos de Enfermagem identificados como prioritários, o Enfermeiro prescreverá os cuidados necessários a serem implementados e avaliados pela equipe. Uma das atividades da equipe de Enfermagem na UTIN é monitorar continuamente o RN em uso de fototerapia, para garantir o resultado esperado do tratamento e segurança. Após conclusão do tratamento, é imprescindível monitorar os sinais do RN, uma vez que pode ocorrer o efeito rebote e retorno da hiperbilirrubinemia. A equipe multidisciplinar da UTIN é responsável pela fototerapia. Cabe ao médico prescrever o tratamento; e o monitoramento contínuo é realizado pelo Técnico de Enfermagem com supervisão do Enfermeiro. 2.2.2 Monitoramento da fototerapia ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM20 RECURSOS TECNOLÓGICOS E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO EM UNIDADE NEONATAL No caso de pacientes da UTIN submetidos ao tratamento de fototerapia, os cuidados de Enfermagem incluem: Iniciar e pausar a fototerapia, conforme prescrição; Orientar família sobre o tratamento e importância de manter o RN sob à luz; Estimular o contato e toque dos pais com o RN; Checar funcionamento e limpeza do equipamento; Manter RN despido ou com fralda aberta; Posicionar o equipamento à 30cm de distância do RN, exceto em caso de lâmpada halógena (manter 50cm de distância); Manter proteção opaca nos olhos; fechar os olhos do RN, antes de colocar; preferir fixação por velcro; retirar a proteção durante amamentação e banho para promover contato visual com os pais; Trocar a proteção ocular após o banho; Realizar diariamente a higiene ocular com soro fisiológico estéril e observar sinais de hiperemia e secreção ocular; Utilizar compressa dobrada nos genitais dos RN, ao invés de fralda descartável que diminui a superfície de pele em contato com a luz radiante; Observar boa hidratação, por meio de mucosas úmidas, fontanela bregmática normotensa e presença de urina (anotar débito, pesando as fraldas); Estimular aleitamento materno em livre demanda (excluindo-se situações de hiperbilirrubinemia do tipo leite materno); Manter cabeceira elevada a 30°; Realizar controle da radiância das lâmpadas 1 vez ao dia e temperatura a cada 2 ou 4h; Promover mudança de decúbito a cada 2h, evitar decúbito ventral (risco de morte súbita no RN), se usar posição prona, observar o RN continuamente; Proibir uso de substâncias oleosas ou loções na pele do RN; Observar e comunicar a equipe alterações na pele; Coletar amostra de sangue, envolver tubo ou seringa em papel alumínio para evitar a degradação da bilirrubina no contato com a luz; Usar tecido branco abaixo e ao redor do RN, favorece a ação refletora da luz; Avaliar se houve aumento das evacuações, realizar a limpeza com água morna; Atentar para as reações adversas: contratura muscular, rash cutâneo (surgimento de manchas avermelhadas em todo o corpo) e no caso dos meninos, pode ocorrer priapismo (ereção dolorosa, anormal e persistente); Limpar o equipamento com detergente enzimático e compressas limpas. Assim, encerramos o capítulo sobre oxigenoterapia e fototerapia. Espero você no próximo capítulo, iremos abordar questões relacionadas ao transporte intra e extra- hospitalar de RN grave. 2.2.3 Cuidados Especiais RECURSOS TECNOLÓGICOS E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO EM UNIDADE NEONATAL 3. Transporte seguro do Recém-Nascido: infraestrutura, preparo, equipamentos e cuidados de enfermagem Para realizar o transporte de maneira segura de RN com necessidades especiais de cuidado, ou seja, da sala de parto para UTIN, da UTIN para realizar exames ou procedimentos em outros setores do hospital, ou mesmo, se deslocar entre serviços de saúde diferentes, é necessário garantir segurança. Destaca-se que o RN prematuro e/ou RN com necessidade de cuidados de alta complexidade, apresentam maior risco de apresentar instabilidade hemodinâmica. Portanto, o limite de viabilidade do transporte deve considerar o estágio de desenvolvimento pulmonar e a capacidade de trocas gasosas do RN. O que requer equipe treinada, materiais e equipamentos em pleno funcionamento. Nesse cenário, para transporte de RN grave intra ou extra-hospitalar, é indispensável a utilização de incubadora de transporte (Figura 12). Ela é alimentada por uma bateria com tensão externa de 12 volts, com autonomia de 90 minutos, que pode ser recarregada em tomadas veiculares, de ambulâncias e aeronaves. Figura 12: Incubadora de Transporte. Fonte: Acervo pessoal dos Autores, 2023. ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM21 ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM22 Similar a uma incubadora estacionária, a incubadora de transporte mantém o controle térmico, aquece, e possui portinholas laterais que permitem manusear o RN e realizar procedimentos em condições de emergência. Quanto aos meios de transporte, as ambulâncias precisam ser amplas, que garantam ao profissional da saúde realizar o procedimento em pé, em caso necessidade de manobras de emergência. Precisa conter armários para guardar os materiais, espaço para incubadora, assentos para equipe e um gerador de correntepara alimentar com energia os equipamentos utilizados. No transporte aéreo há a utilização de helicópteros para distâncias de até 240km e aeronaves de asas fixas para distâncias maiores. Sua utilização tem desvantagens, tais como: espaço interno limitado, muito ruído, a cabine pressurizada predispõe ao escape dos gases da incubadora, instabilidade durante o voo dos equipamentos eletrônicos que monitoram o RN, maior risco de instabilidade térmica e hipotermia por causa da altitude. Durante o transporte, em caso de hipotermia, a fonte de calor radiante deve ser ligada e deve-se monitorar a temperatura do RN a cada 15 minutos. A temperatura pode ser aferida via axilar ou retal. RECURSOS TECNOLÓGICOS E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO EM UNIDADE NEONATAL ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM23 RECURSOS TECNOLÓGICOS E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO EM UNIDADE NEONATAL Incubadora de transporte: transparente, de dupla parede, bateria e fonte de luz; Cilindros de oxigênio, no mínimo dois; Dispositivo bolsa-válvula-máscara (Ver figura 13) ou respirador neonatal; Monitor cardíaco e oxímetro de pulso com bateria; Material para intubação, venóclise e drenagem torácica; Termômetro, estetoscópio e glicosímetro; Bomba de infusão. 3.1 Equipamentos indispensáveis para o transporte Para o transporte de RN inter ou intra-hospitalar são necessários, minimamente, os seguintes equipamentos: Figura 13: Dispositivo bolsa-válvula-máscara ou ambu. Fonte: HARRISON, 2022. 3.2 Medicamentos mínimos necessários para o transporte Para o aporte hidroeletrolítico: soro fisiológico a 0,9% e glicosado a 5 e 10%, glicose a 50%, cloreto de potássio a 10%, cloreto de sódio a 20%, gluconato de cálcio a 10% e água destilada; Para a reanimação: adrenalina (1/10.000); Drogas de efeito cardiovascular: dobutamina, dopamina, furosemida; Drogas de efeito neurológico: morfina ou fentanil, midazolam, fenobarbital sódico e difenil-hidantoína; Antibióticos: penicilina e aminoglicosídeo; Diversos: aminofilina, dexametasona, pancurônio, vitamina K, heparina e lidocaína 0,5%. RECURSOS TECNOLÓGICOS E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO EM UNIDADE NEONATAL O transporte do RN ocorre após adequada estabilização clínica. Para tanto, os seguintes cuidados são necessários: Temperatura: Verificar na região axilar. O transporte só ocorre se o RN estiver normotérmico. A manutenção da temperatura poderá ser atingida por meio da utilização de secagem adequada, se o transporte ocorrer logo após o nascimento; utilização de incubadora de transporte; envolver o corpo, mas não a cabeça, em filme transparente de PVC para diminuir a perda de calor por evaporação e convecção; uso de toucas. Estabilização Respiratória: Inclui manutenção de vias aéreas pérvias, por meio de aspiração de vias aéreas superiores; verificar posicionamento correto do RN. Por vezes, pode ser indicada a intubação traqueal antes da remoção de pacientes instáveis com risco de desenvolver insuficiência respiratória. Oxigenoterapia: Pode ser administrado por nebulização, cateter nasal, halo, CPAP ou ventilador. O oxigênio deverá estar aquecido e umidificado, para se evitar hipotermia e lesão da mucosa respiratória. A intubação nasotraqueal tem como vantagem uma fixação mais estável, o que ajuda no transporte. Quando o paciente a ser transportado estiver intubado deve-se: Providenciar fisioterapia respiratória 2 horas antes da saída e materiais para a aspiração e umidificação do oxigênio durante o transporte. Se for utilizada a ventilação manual com o balão autoinflável, este deve possuir reservatório para que a fração de oxigênio administrada ao paciente seja próxima a 100%. 3.3 Estabilização antes do transporte ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM24 RECURSOS TECNOLÓGICOS E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO EM UNIDADE NEONATAL Manter o acesso venoso: Se possível, transportar o RN com duas vias de acesso vascular. A veia umbilical pode ser usada, desde que se tenha confirmação radiológica da posição do cateter. Quando o acesso for feito por meio de veias periféricas, utilizar as veias mais calibrosas e fixá-las adequadamente. Suporte Metabólico e Ácido-Básico: Monitorar a glicemia capilar. A função do soro de manutenção durante o transporte é manter as necessidades hídricas e manter o RN normoglicêmico. Evita-se a infusão do cálcio durante o transporte devido ao risco de necrose de partes moles no caso de extravasamento, exceto quando esteja na correção de hipocalcemia. Recomenda-se, também, que o transporte só seja iniciado quando o pH sanguíneo estiver acima de 7,25. Monitorização Hemodinâmica: Avaliação da perfusão cutânea, frequência cardíaca, pressão arterial, débito urinário e balanço hídrico. Controle da Infecção: Na suspeita de sepse, indica-se a coleta de hemocultura e a administração imediata de antibioticoterapia de amplo espectro, antes do início do transporte. Não esquecer de anotar os horários que os antibióticos foram administrados. ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM25 ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM26 3.4 Cuidados durante o transporte Verificar a temperatura a cada 15 minutos; Avaliar a permeabilidade de vias aéreas: observar a posição do pescoço, a presença de secreções em vias aéreas e, se intubado, a posição e a fixação da cânula traqueal; Monitorar a oxigenação por meio da oximetria de pulso; Avaliar a frequência cardíaca, pressão arterial, perfusão periférica e débito urinário; Verificar a glicemia capilar imediatamente antes do início do transporte e, depois, a cada 60 minutos; Observar o funcionamento da bomba de infusão; Orientar o motorista para um transporte calmo e seguro. O objetivo principal é transportar o RN em condições que favoreçam que ele permaneça estável. Convido você a ler o próximo capítulo, revisaremos os cuidados com a sensível pele do recém-nascido. Cristina Leipnitz/ Procempa/ PMPA RECURSOS TECNOLÓGICOS E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO EM UNIDADE NEONATAL RECURSOS TECNOLÓGICOS E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO EM UNIDADE NEONATAL 4. Cuidados com a pele do recém-nascido: higiene corporal e do coto umbilical, integridade tecidual, prevenção de lesões, termorregulação e capacidade sensorial do recém-nascido São cuidados elementares da equipe de Enfermagem na UTIN: higiene corporal, limpeza do coto umbilical, troca de fraldas e cuidados gerais com a pele e temperatura do RN. É relevante revisar as técnicas para evitar intervenções desnecessárias e complicações. A pele do RN, especialmente o prematuro, é fina, frágil e sensível, muito vulnerável a lesões e infecções. Ao nascer, a pele do RN está recoberta com vérnix caseoso, uma substância gordurosa que funciona como barreira térmica e imunológica. Para o RN com menos de 30 semanas de gestação, para higiene corporal, devemos usar apenas água morna, sem uso de sabonete, até ele completar 8 semanas de vida. Em RN a termo, o banho pode ser diário ou três vezes por semana, com higiene perineal a cada troca de fraldas, com água morna. O banho diário em RN enfermos é desconfortável. Portanto, banhar RN “limpos” diariamente é mais um ritual social do que necessidade. Quanto à duração, o banho não deve ultrapassar 10 minutos, pelo risco de hipotermia. Se utilizar sabonete, reduzir o tempo para 5 minutos, a fim de diminuir o contato do produto com a pele e causar macerações ou outras lesões. Evitar o banho após a alimentação. ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM27 ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM28 Sobre a temperatura, em regiões de clima quente a água pode estar entre 35-36 °C; em regiões mais frias, mesmo com a climatização, é difícil manter a água morna, sendo aceitável a temperatura da água de banho de 32°C. Os produtos de limpeza devem ser líquidos, sem álcool e com pH neutro. Oprimeiro banho é cheio de expectativas sociais, se possível, facilitar o registro de imagens por parte dos pais. Em geral, após a estabilização do RN, ele pode ser banhado após 6h, o ideal é não tomar banho no primeiro dia, porque o vérnix caseoso é parcialmente absorvido pela pele no primeiro dia de vida. Lembrar que RN com menos de 2.000g não é banhado diariamente, pode ser autorizado diariamente apenas banho no leito rápido, realizado por profissional treinado e com utilização de fonte de calor radiante. Para prematuros usar apenas água morna, o esquema para frequência é: RN baixo peso (1.500 a 2.500g) banhos em dias alternados; RN muito baixo peso (1.000 a 1.500g) banho uma vez por semana; e, RN baixo peso extremo (menos que 1.000 g) banho a cada 15 dias. RECURSOS TECNOLÓGICOS E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO EM UNIDADE NEONATAL RECURSOS TECNOLÓGICOS E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO EM UNIDADE NEONATAL 4.1 Material necessário Banheira; berço hospitalar; luvas de procedimento; agente de limpeza líquido neutro; toalha ou tecido macio; gazes; hastes flexíveis de algodão; escova macia; fralda de algodão ou descartável; roupa; e, lençol. 4.2 Procedimento O técnico de Enfermagem, antes de executar esse procedimento, precisa retirar os adornos, explicar o procedimento aos pais e estimular a participação deles. Verificar prontuário e avaliar real necessidade de banho; Checar identificação do RN e temperatura, prosseguir se normotérmico; Reunir material necessário; Assegurar ambiente com temperatura adequada, excluir correntes de ar como portas e janelas abertas, colocar toalha onde será realizada a troca de fraldas; Posicionar banheira em superfície firme e altura adequada ao profissional, encher com água morna; Higienizar as mãos, calçar luvas, manter o RN vestido ou coberto por pano (para evitar perda de calor nesse momento), porque o banho será iniciado pela cabeça; Com a sua mão não dominante, segure o RN com firmeza pela cabeça e tórax, feche a entrada dos ouvidos com seus dedos polegar e anelar, mantenha o RN com a barriga para cima, aproxime a cabeça dele da banheira; Inicie a higiene pelo rosto, limpe os olhos, do canto interno para o externo, usar gaze ou pano limpo umedecido com água; ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM29 Lavar a cabeça com shampoo ou sabonete neutro apropriado para peles sensíveis, usar pouco produto, enxaguar bem, secar em seguida rosto e cabeça; Retirar o pano ou roupa que envolvia o RN, retirar a fralda, limpar a região íntima com algodão ou tecido macio e água morna; Colocar o RN dentro da banheira, familiarizando-o lentamente com a água, usar o seu antebraço da mão não dominante para apoiar o pescoço e tórax do RN, com sua mão não dominante, segurar o braço distal do RN; Usar apenas água morna em caso de RN prematuros ou sabão apropriado, se indicado (usar pouco produto). Limpar na seguinte sequência: tórax anterior, abdômen, braços, pernas e coto/cicatriz umbilical, genitais. Enxaguar; Girar o RN, de forma que o antebraço do técnico passe a apoiar o tórax e rosto do RN (ficará de barriga para baixo). A mão não dominante do técnico segurará o braço distal do RN. Atenção, o rosto do RN não pode tocar a água da banheira; Limpar dorso, glúteos e pernas, enxaguar, retirar o RN da banheira e secar cuidadosamente sem esfregar, atenção para palma das mãos e dobras do corpo; Colocar a fralda e vestir o RN; Completar com a higiene de narinas e orelhas; Manter o RN com unhas limpas e curtas. RECURSOS TECNOLÓGICOS E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO EM UNIDADE NEONATAL ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM30 RECURSOS TECNOLÓGICOS E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO EM UNIDADE NEONATAL 4.3 Banho no Leito O banho de imersão é indicado apenas quando o RN pré-termo consegue manter a temperatura corporal fora da incubadora (>36,5 °C). Porque a exposição à hipotermia aumenta o gasto energético para manter a temperatura e, assim, compromete a evolução clínica e ponderal do RN. Nesses casos, nos quais o banho de imersão não está indicado, é utilizado o banho no leito. Alguns cuidados de Enfermagem são necessários durante esse procedimento: Estar atento aos cuidados com o ambiente, diminuir a iluminação e reduzir os ruídos excessivos; Iniciar o banho se a temperatura do RN estiver 36,5°C ou mais; Preparar o material antes de iniciar o procedimento: água morna, bolas de algodão ou tecido atoalhado para lavagem, toalha macia para secar. Utilizar sabonete neutro, caso não haja contraindicação; Estimular, sempre que possível, a participação do pai e da mãe. 31 ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM RECURSOS TECNOLÓGICOS E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO EM UNIDADE NEONATAL 4.3.1 Procedimento Fazer a higiene por partes (Figura 14). Primeiramente despir o RN, envolvê-lo em uma toalha macia. Iniciar a higiene pelo rosto, sem sabonete: limpar primeiramente os olhos utilizando uma bola de algodão para cada olho; em seguida, limpar narinas e orelhas, secar. Em seguida, lavar o cabelo com sabonete ou shampoo neutro, caso não haja contraindicação. Enxaguar e secar, sem esfregar. Prosseguir com a higiene de pescoço, membros, tronco e região perineal. Lavar cada uma dessas partes separadamente, evitar friccionar a pele, tanto ao lavar como ao secar. Fazer movimentos compressivos leves, com toalha macia, para secar. Trocar os lençóis ou tecidos utilizados no berço aquecido ou incubadora. Finalizar organizando o RN no leito, em posição confortável, e observe o estado geral. Por fim, guardar os materiais utilizados e fazer as anotações. Figura 14: Executando o banho no leito. Fonte: BRASIL, 2018. ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM32 Cristina Leipnitz/ Procempa/ PMPA RECURSOS TECNOLÓGICOS E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO EM UNIDADE NEONATAL 4.4 Troca de Fraldas Após a eliminação de urina ou fezes, é necessário realizar o procedimento de troca de fralda, para evitar a dermatite de fraldas. Destaca-se que a amamentação protege mais a pele, porque as enzimas fecais promovem a alcalinização das fezes, que são menos irritantes à pele do RN. As fraldas descartáveis são comumente utilizadas em ambiente hospitalar. Para sua troca, são recomendados os seguintes passos: O técnico de Enfermagem deve lavar as mãos, calçar luvas de procedimento, retirar a fralda suja, limpar a região genital com algodão e água morna, secar, avaliar integridade da pele; Para retirar ou colocar a fralda limpa, não elevar os membros inferiores dos RN (porque favorece hemorragias em RN prematuro, por aumento da pressão torácica e intracraniana), usar, portanto, mudança de decúbito, girando o RN um pouco para direito e depois esquerda para encaixar a fralda na altura correta; Se prescrito, manter o RN sem fraldas pelo tempo determinado para promover a aeração da pele; Aplicar pomadas ou outro produto, conforme prescrição da Enfermeira ou Médico. Observação: No caso de meninas, atentar para afastar os grandes lábios e higienizar os pequenos lábios, no sentido de frente para trás, para impedir que as bactérias da região anal contaminem a vulva e vagina. ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM33 ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM34 RECURSOS TECNOLÓGICOS E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO EM UNIDADE NEONATAL 4.5 Coto Umbilical O coto umbilical é inicialmente gelatinoso e amolecido, com o passar dos dias, se torna seco, escurecido e endurecido, no processo chamado de mumificação. Ele se desprende e cai do abdômen entre o quarto e oitavo dia pós-nascimento, em alguns casos, pode demorar até 14 dias. Caso o Técnico de Enfermagem identifique presença de vermelhidão, odor, sangramento ou presença de pus, informar ao Enfermeiro(a) e ao Médico(a) responsáveis. O coto precisa ser limpo a cada troca de fraldas e apóso banho, com gaze ou cotonete embebida em álcool a 70%, com movimentos circulares únicos, em sentido único, da base onde está aderido ao abdômen para fora. Utilizar luvas de procedimento. A fisiologia do corpo humano, para manter plenamente suas funções vitais, exige o equilíbrio dos processos fisiológicos, dentre eles, destaca- se o equilíbrio entre a quantidade de água e eletrólitos no organismo. O RN apresenta imaturidade dos sistemas, principalmente renal e pulmonar, sendo portanto, um desafio manter esse equilíbrio nos casos de prematuro, muito baixo peso e doenças associadas. Na vida intrauterina, o peso corporal do feto inicialmente é composto de 80-95% de água. Com o passar das semanas gestacionais, esse valor diminui, chegando entre 72-29% na 40ª semana de gestação. Nos adultos, a água corporal representa 50% do nosso peso. Destaca-se também que o RN possui maior volume de líquido extracelular, por volta de 35-40%, o que não os protege da hipovolemia, porque eles ingerem e eliminam mais água que os adultos, proporcionalmente. Nos primeiros dias de vida, a diurese é abundante e fisiológica, com consequente perda de peso. Sendo de 5-10% em RN a termo e 15% em RN prematuro. Adicionalmente, o RN prematuro apresenta maior perda insensível de água, porque eles têm maior frequência respiratória, pele mais fina e maior fluxo sanguíneo. Na UTI, os RN prematuros ou não, estão mais vulneráveis a apresentar condições que também levam a perdas insensíveis de água: febre, fototerapia, hiperventilação, berço aquecido e manipulações excessivas. 5. Assistência de enfermagem ao recém-nascido: hidratação e eliminação RECURSOS TECNOLÓGICOS E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO EM UNIDADE NEONATAL 35 ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM36 RECURSOS TECNOLÓGICOS E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO EM UNIDADE NEONATAL Portanto, é atividade essencial da equipe de Enfermagem avaliar continuamente a ingestão e a eliminação de líquidos, porque os RNs são muito sensíveis ao desequilíbrio hidroeletrolítico, com consequências ruins para todo o funcionamento do organismo. A desidratação é a redução de líquido extracelular decorrente de um desequilíbrio entre a ingestão e a eliminação de água. O que acarreta no RN a hipovolemia. A hipovolemia é um problema frequente na UTIN e pode ocorrer devido a episódios de vômito, diarreia, pós de cirurgias abdominais e diminuição da ingesta (por exemplo, RN em nutrição parenteral total). Lembrem-se que as perdas de água podem ser insensíveis, como no caso de aumento importante na frequência respiratória, aumento da temperatura corporal (febre ou uso de berço aquecido), queimados, etc. A desidratação pode ser avaliada por meio de sinais clínicos e do peso, abaixo temos o quadro com a descrição detalhada da avaliação: Parâmetro Estado geral Irritação, sede, dorme mal e pouco. Mais agitado, muita sede e raramente dorme. Deprimido, comatoso, não chora mais. Seca, lábios vermelhos, língua seca e saburrosa. Muito seca, lábios às vezes cianóticos. Lábios cianóticos. Normais Fundos Muito fundos Presentes Ausentes Ausentes Normal, plana Deprimida Muito deprimida Normais Finos Muito finos Normal (até 3 segundos) Lentificado (3 a 10 segundos) Muito lentificado (acima de 10 segundos) 2,5% a 5% 5% a 10% Acima de 10% 25 a 30 ml/Kg 50 a 100 ml/Kg > 100 ml/Kg Quente, seca, elasticidade normal. Extremidades frias, elasticidade diminuída. Fria, acinzentada, elasticidade muito diminuída. Boca Olhos Lágrimas Fontanela anterior Pele Pulsos Enchimento capilar Perda ponderal Déficit estimado Leve (10 grau) Moderada (20 grau) Grave (30 grau) RECURSOS TECNOLÓGICOS E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO EM UNIDADE NEONATAL Além dos sinais clínicos que o técnico de Enfermagem poderá observar no RN, há uma classificação da desidratação muito importante para você conhecer. A desidratação é classificada em três tipos detalhados a seguir: Desidratação isotônica: é o tipo mais frequente, ocorre quando a perda de água e sódio (sal) acontece na mesma proporção, ao realizar o exame de sangue, os valores séricos de sódio estão entre 135 mEq/l a 150 mEq/l. Desidratação hipotônica: nesse tipo de desidratação o RN tem proporcionalmente mais perda de sódio do que de água. Como o RN tem muito líquido extracelular, essa água migra para o espaço intracelular. No exame de sangue, o valor sérico de sódio fica inferior a 130 mEq/l. Desidratação hipertônica: o RN perde mais água do que sódio. No exame de sangue, o valor sérico de sódio fica superior a 150 mEq/l. Nesse caso, há uma grave desidratação celular e o RN pode apresentar problemas cerebrais. O tratamento da desidratação consiste em voltar ao equilíbrio de água e eletrólitos, como o sódio. Na desidratação leve e moderada, é possível utilizar a terapia de reidratação oral. Nos casos de desidratação grave, é necessário utilizar a via parenteral, via endovenosa. ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM37 Cesar Lopes/ PMPA RECURSOS TECNOLÓGICOS E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO EM UNIDADE NEONATAL CUIDADOS DE ENFERMAGEM A depender se o RN apresenta desidratação ou excesso de líquidos, haverá uma prescrição para aumentar ou diminuir a oferta hídrica e avaliação da resposta ao tratamento. Como membro da equipe multidisciplinar na UTIN, cabe ao Técnico de Enfermagem: Verificar os sinais vitais a cada hora; Checar o volume hídrico prescrito e administrar; Registrar os volumes administrados por todas as vias; Registrar as eliminações: pesar ou medir vômitos e diarreia por meio de saco coletor e fraldas; Fazer balanço hídrico a cada plantão; Monitorar débito urinário, pesando as fraldas ou saco coletor; Diariamente aferir o peso do RN e avaliar perda ou ganho ponderal; Avaliar hidratação de mucosas; Avaliar a fontanela anterior quanto a tensão e se está em depressão (afundada) ou tensão (abaulamento). Assim encerramos nosso E-book, espero que você tenha construído mais conhecimentos sobre as temáticas. Convido você a continuar se dedicando ao nosso curso, estudando o material das aulas interativas, participando dos fóruns, ouvindo o podcast, respondendo o questionário e os jogos educativos. Vamos juntos garantir qualidade no cuidado de Enfermagem prestado ao RN internado na UTIN. Conto com você! ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM38 Cesar Lopes/ PMPA ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM39 RECURSOS TECNOLÓGICOS E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO EM UNIDADE NEONATAL REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, Thais Melo; ALBUQUERQUE, Raquel Costa. Estratégias de posicionamento e contenção de recém- nascido pré-termo utilizadas em unidades de terapia intensiva neonatal. Revista Interinstitucional Brasileira de Terapia Ocupacional, v.1, n.1, p.40-51, 2017. Disponível em: https://revistas.ufrj. br/index.php/ribto/article/view/4254. Acesso em 24 de março de 2023. ATHENAS HOSPITALAR. Réguas de gases: imagem. Disponível em: https:// www.athenasgrupo.com.br/reguas.php. Acesso em 16 de abril de 2023. BALDINI, Sônia Maria; KREBS, Vera Lúcia Jornada. Humanização em UTI pediátrica e neonatal: estratégias de intervenção junto ao paciente aos familiares e à equipe. São Paulo: Editora Atheneu, 2010. BRASIL. Ministério da Saúde. Portal de Boas Práticas em Saúde. Atenção ao recém-nascido. O banho do recém-nascido pré-termo. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2018. Disponível em: https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/handle/icict/30290/ banhornpt-181022213503.pdf?sequence=2. Acesso em: 17 de abril de 2023. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Manual de orientações sobre o transporte neonatal. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2010. FIOCRUZ. Fundação Oswaldo Cruz. Principais questões sobre organizaçãopostural do recém-nascido e neurodesenvolvimento. 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ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM40 Vanessa Conte/ PMPA ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM41 RECURSOS TECNOLÓGICOS E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO EM UNIDADE NEONATAL Glossário Atelectasia: Colapso reversível do tecido pulmonar, ocorre quando os alvéolos pulmonares sofrem um colapso, se fechando e ficando sem ar em seu interior. Comatoso: Estado de inconsciência de que o paciente não desperta mesmo com a aplicação de estímulos externos. Débito urinário: É definido como a quantidade de urina produzida pelos rins em um período pré-definido, relacionando seus valores diretamente com a função e perfusão renal. Desequilíbrio hidroeletrolítico: Sempre que os principais eletrólitos no corpo humano (sódio, potássio, cálcio, magnésio, cloro, fosfato, sulfato, bicarbonato, entre outros) não estejam dentro das taxas fixas necessárias para que possam exercer normalmente suas funções. Diurese: Termo utilizado para denominar a quantidade de urina eliminada em determinado período. Eletrólitos: São minerais que carregam uma carga elétrica quando estão dissolvidos em um líquido como o sangue. Os eletrólitos do sangue são: sódio, potássio, cloreto e bicarbonato; ajudam a regular as funções dos nervos, músculos e manter um equilíbrio ácido-base. Enchimento capilar: É um indicador de perfusão periférica. O tempo de enchimento maior que dois segundos indica hipotensão, hipovolemia ou vasoconstrição periférica. O teste consiste em comprimir a polpa do dedo contra a unha até esta ficar branca e libertar a pressão e verificar quantos segundos para a recoloração do leito ungueal. Exsanguineotransfusão: Procedimento pelo qual o sangue do bebê é removido e substituído por outro, de um doador compatível, para tratar condições clínicas determinadas. Hemocultura: Exame realizado com o objetivo de isolar e identificar microrganismos patogênicos no sangue de um paciente que se supõe ter uma infecção. Hiperventilação: É a ventilação aumentada dos alvéolos pulmonares, levando à perda excessiva de gás carbônico. Hipoxemia: Baixa concentração de oxigênio no sangue. Hipovolemia: Diminuição do volume sanguíneo. Hipercapnia: Aumento dos níveis sanguíneos de dióxido de carbono. Hiperbilirrubinemia: Acúmulo de um pigmento, chamado de bilirrubina, RECURSOS TECNOLÓGICOS E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO EM UNIDADE NEONATAL que é excretado por meio da bile. A bilirrubina é formada a partir da degradação de glóbulos vermelhos no baço, na medula óssea e nas células do próprio fígado, sendo depois liberada na corrente sanguínea. Líquido extracelular: É constituído pelo plasma e pelo líquido intersticial. Perfusão cutânea: Teste de perfusão capilar ou tempo de enchimento capilar (TEC), é definido como o tempo necessário para que um leito capilar distal recupere sua cor após uma pressão ter sido aplicada para causar seu branqueamento. Língua saburrosa: As papilas da língua estão elevadas ou inchadas, aumentando a área de superfície e permitindo o acúmulo de resíduos. Séricos: Quantidade de uma determinada substância no sangue. Surfactante: Composto lipoproteico que evita o colapso dos alvéolos. Trata-se de um líquido produzido pelo organismo que tem como função facilitar a troca de gases no pulmão e evita o colapso do tecido pulmonar, chamado de atelectasia. ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM42 ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM43 ‘‘Os benefícios da Ciência não são para os cientistas, e sim para a Humanidade! Louis Pasteur RECURSOS TECNOLÓGICOS E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO EM UNIDADE NEONATAL