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Neonatologia Define-se neonatologia como a ciência responsável pelo estudo concernente aos recém-nascidos. Do nascimento até a segunda semana de vida no cão e até o décimo dia ou o momento da abertura dos olhos para os gatos. E são chamados de recém nascidos até o desmame, ou seja, até as quatro semanas de vida. • Neonatologia de cães e gatos: aspectos fisiológicos, aspectos patológicos, desenvolvimento psíquico e da evolução comportamental • Mortalidade neonatal em cães varia de 5 a 33% em média • Mais de 75% das mortes dos filhotes ocorrem antes da terceira semana de vida • Causas ligadas às condições fisiológicas, congênitas, comportamentais, ambientais ou por ocorrência de septicemias bacterianas. • Dieta, vacinas, exames, histórico, temperamento, ambiente... • Histórico da mãe e do pai • Histórico da gestação: nutrição, fármacos, doenças, imunoprofilaxia, vermífugos... • História do parto: duração, natimortos • Ambiente que o animal está e vive • Histórico e avaliação da ninhada e do neonato colostro etc) • Primeiros 14 dias: 90% tempo dormindo • Primeiros 4 dias cães: posição fletida • Os recém-nascidos têm mais água corporal (80%) doque os adultos (60%) -> permite aos medicamentos hidrossolúveis um grande volume de distribuição Termorregulação • Neonato não é capaz de manter a própria temperatura! • Ausência de controle hipotalâmico • Superfície corpórea x peso (grande superfície favorece a evaporação) • Gordura subcutânea escassa • Ausência de reflexo de tremor Sistema digestório • Colonização intestinal se inicia no 2 dia e dura até 1 mês de vida (cuidado com o uso de antibiótico) • Capacidade gástrica: 5mL para cada 100gr de peso vivo! • Função hepática imatura • Não consegue manter glicemia adequada • Amamentação a cada 2 a 3 horas • Valores de glicemia muito variáveis • Hipoglicemia ≤40mg/dL Exame físico do neonato • Condição corporal • Comportamento (chorar o tempo todo não é normal) • Peso • Temperatura • Hidratação • Coloração de mucosas • Reflexo sucção • Reflexo anogenital Postura e locomoção • Imaturidade cerebelar (incoordenação) • Sustentação do peso com membros torácicos (a partir do dia 5) • Peso: muito importante na avaliação do neonato. Pesar diariamente, no mesmo horário, na mesma balança A identificação precisa de cada filhote, pesando-o imediatamente após o nascimento, repetindo a pesagem depois de doze horas, diariamente até quatorze dias e então a cada 3 dias até um mês de idade Temperatura • 35 a 36C ao nascimento • 36 a 37C 1º e 2º semana • 36.1 a 37.8C 2º e 3º semana • Temp. de adulto 4º semana Hidratação • Umidade de mucosa • Avaliação de urina: reflexo anogenital (fisiologicamente a urina precisa ser clara, se concentrada indica desidratação) Frequências • FC: 200 a 220 bpm • FR: 10 a 18 mpm depois 16 a 32 Abertura dos olhos • Cães: 12 a 15 dias • Gatos: 8 a 12 dias • Desprendimento do cordão umbilical: 2 a 3 dias • Olhos – abertura das pálpebras • Orelha – abertura das orelhas • Narinas- obstrução, secreção, formato • Cavidade oral • Reflexo pupilar à luz • Reflexo de deglutição • Abertura 12 a 17 dias • Inspeção e palpação dos membros • Extensão e flexão das articulações • Padrão respiratório • Auscultação (ritmo e frequencia) • Não esquecer de avaliar: pele, cicatriz umbilical, região anogenital e genitália externa • Auscultação de abdômen: “burburinhos” – peristaltismo progressivo • Se possível avaliar também mãe (gl mamária etc.) e irmão • Reflexo magno: No reflexo Magno o pescoço é rotacionado para um lado e a resposta normal deve ser a extensão dos membros torácico e pélvico do lado para o qual a cabeça foi virada, e a flexão dos membros do lado oposto Tríade do neonato • A tríade neonatal é composta por hipotermia, hipoglicemia e desidratação e acomete principalmente neonatos órfãos. Cuidado com o nenonato Deixar o recém-nascido com a mãe ou fêmea lactente é a opção que ajuda a prevenir a tríade, pois a mamada ajuda na termorregulação, além do leite manter a hidratação e ser fonte de glicose para o animal. Quando verificada a desidratação, a fluidoterapia deve ser feita na temperatura de 37°C para não causar hipotermia. No caso de hipotermia, o animal só deve ser alimentado quando for restabelecida a normotermia. Hipotermia Nessa fase, o neonato não consegue regular sua temperatura corporal devido à imaturidade do sistema hipotalâmico regulador, por isso: A temperatura do neonato deve estar entre 35-36°C na primeira semana e 37-38°C nas semanas seguintes. A temperatura ambiental deve ser de 32°C. (Menor que 27°C causa hipotermia e maior que 33°C, problemas respiratórios e desidratação). Quando hipotérmicos, perdem o reflexo de sucção e a mãe tende a afastá-los. Desidratação O neonato tem 80% do seu peso em água, imaturidade renal para concentrar urina, pele mais permeável e superfície corpórea extensa. Isso predispõe o animal a maior chance de desidratação. Outros fatores associados são: alta temperatura ambiental, diarreias, amamentação inadequada. A desidratação pode ser identificada pela urina, que estará com cor amarelada e pela mucosa que estará seca e pálida. Hipoglicemia Os neonatos não conseguem manter bons níveis de glicogênio, além de possuir imaturidade hepática e baixa reserva de gordura corporal. Esses fatores favorecem a hipoglicemia neonatal. As manifestações de hipoglicemia incluem incoordenação, flacidez, fraqueza ou coma. Um período de jejum de 2 a 3 horas é suficiente para causar esse quadro. Farmacocinética Absorção de fármacos: • Oral – efetiva (*pH gástrico mais ácido) • Intramuscular= não utilizar (pouca massa muscular e pouca vascularização ainda) • Subcutânea = efetiva se paciente normotérmico • Intravenosa = muito boa• • Retal = efetiva • Respiratória = endotraqueal para parada cardíaca Alterações fetais • Hidropsia • Lábio leporino • Fenda palatina • Mumificação fetal • Atresia anal • A maceração e a mumificação fetal ocorrem em casos de morte embrionária após a ossificação fetal, podendo o feto ser abortado ou permanecer no útero da fêmea Doenças Respiratórias Doenças respiratórias Trato respiratório superior: narinas, cavidades nasais, faringe, laringe Trato respiratório inferior: traqueia, pulmões, brônquios, bronquíolos, alvéolos, pleura Doenças da região nasal • O nariz é constituído por: parte externa do nariz, ossos, cartilagens e cavidades nasais. • O comprimento da cavidade nasal é relativo ao tipo de conformação craniana. Quando suspeitar de afecções nas cavidades nasais? • Secreção nasal (Serosa, mucosa, mucopurulenta, hemorrágica) • Espirros • Deformidades • Lesões como crostas, descamação etc (dermato). Epistaxe: • Sangramento nasal • Cavidade nasal: rinite fúngica, corpo estranho, neoplasia, trauma • Sistêmico: o Vasculites (inflamatória, imuno mediada, infecciosa): Exemplo: leishmaniose, erlichiose o Coagulopatias: alteração plaquetas (patologia clínica: morfologia da plaqueta) o Alteração de fator de coagulação: rodenticidas, distúrbios genéticos, CID etc... o Hipertensão arterial A rinite canina é uma inflamação da mucosa das narinas e a sinusite é uma inflamação dos seios nasais. As duas inflamações irritam as mucosas do trato respiratório superior do cão. • Alérgica • Infecciosa: fúngica, viral e bacteriana • Neoplasia • Corpo estranho • Alterações dentárias • Corrimento nasal* • Epistaxis • Espirros • Espirro reverso • Respiração ruidosa/roncos • Deformidade facial • Epífora, conjuntivite • Ulceração oral/estomatite • Manifestações sistêmicas (inespecíficas) - letargia, inapetência, febre, perda de peso• Sinais de comprometimento de SNC (raros) Corrimentos • Corrimento nasal seroso: normal, infecção viral, irritação da mucosa nasal • Corrimento nasal mucopurulento: causas infecciosas, parasitárias, CE, neoplasia, pólipo, extensão de doença da cavidade oral. • Corrimento nasal hemorrágico: trauma, corpo estranho, processos agressivos locais (neoplasia/ micose), hipertensão distúrbios de coagulação, erliquiose (pode haver associação com secreção mucopurulenta) Rinoscopia anterior • Acesso rostral à cavidade nasal (septo nasal, meatos nasais, conchas nasais, etmoturbinados) • Rinoscopia posterior (nasofaringe) • Aumento de volume: punção/biopsia • Secreção nasal: citocologia • Lavado nasal: citologia/cultura • Rinites virais (cinamose) • Rinites bacterianas (normalmente secundárias: CE, afecções dentárias, viroses etc) o Hidratação o Nutrição o Sintomático o Nebulização – 20 min/qid o Descongestionantes nasais (oximetazolina) Rinite parasitária • Pneumonyssoides caninum • Selamectina: 6 a24mg/kg, tópico a cada2 semanas (por 3 vezes) • Ivermectina 0,2 mg/kgSC a cada 3 semanas Rinite fúngicas (cão: aspergillus, criptococcus) • Acometimento respiratório, deformidades faciais, exoftalmia, sintoma neurológico etc. • Tratamento: itraconazal (10mg/kg/sid); fluconazol cães (2,5 mg/kg/bid) Neoplasias • Invasiva, as mais comuns: carcinoma (mas também linfoma, sarcomas mastocitoma etc) • Secreção nasal mucopurulenta a hemorrágica, dispneia, espirros, deformidades esternosa etc) • Metástase? (linfonodos regionais) Síndrome das vias aéreas braquicefálicas Se refere às múltiplas anormalidades anatômicas comumente encontradas em cães braquicefálicos. As anormalidades anatômicas: • Narinas estenosadas • Palato mole alongado • Traqueia hipoplásica A obstrução prolongada das vias aéreas superiores, resultando em esforço inspiratório aumentado, pode levar à eversão dos sáculos laríngeos. • respiração ruidosa, estertores, aumento de esforço inspiratório • cianose e síncope • Os sinais clínicos são exacerbados com exercício, excitação e altas temperaturas ambientais O aumento do esforço inspiratório, pode causar edema e inflamação secundários da mucosa da laringe e da faringe e aumentar a eversão dos sáculos da laringe ou o colapso da laringe, estreitando ainda mais a glote, exacerbando os sinais clínicos • Alterações digestórias: Aerofagia (dilatação de esôfago e estômago, flatulência, regurgitação/vômito A tentativa de diagnóstico é realizada com base: • Raça • Manifestações clínicas e aparência externa das narinas • Laringoscopia • Avaliação radiográfica da traqueia • Evitar situações estressantes • Não fazer exercícios exacerbados • Dias quentes: banhos frios, sombra e água fresca • Animais hiperexcitados: butorfanol0.01 a 0.02 mg/Kg Tratamento Cirúrgico: • Rinoplastia • Estafilectomia • Ventriculectomia (remoção dos sacos laríngeos) • Corticoide (inflamação) Traqueobronquite infecciosa canina Etiologia: • Adenovirus canino tipo 2 • Virus da parainfluenza • Herpesvirus canino 1 • Bordetella bronchiseptica • Mycoplasma sp • Coronavirus canino respiratório • Geralmente sazonal (inverno) Pode afetar qualquer faixa etária. O período de incubação varia de 5 a 7 dias, seguido de um início súbito dos sintomas. É altamente contagiosa, podendo causar inflamação crônica ou aguda. Os principais sinais são tosse e secreção naso- ocular. Nos filhotes, pode evoluir para broncopneumonia, nos Idosos ou debilitados pode resultar bronquite crônica Quadro agudo (menos de 2 semanas) • Exacerbada após exercício • Além da secreção, anorexia e febre. Normalmente autolimitante, mas pode complicar (Broncopneumonia) Tratamento (tosse seca) • Codeína 0,25mg/kg VO qid/bid• • Broncodilator: o Aminofilina 11mg/kg/tid o Teofilina 9-10 mg/kg/bid/tid o Terbutalina 0,625 – 5mg/cão/bid/tid o Albuterol 0,02-0,05 mg/kg/bid o Não usar em casos de tosse produtiva • Prednisola • Nebulização com soro fisiológico Colapso de traqueia Estreitamento ou deformidade na traqueia cervical ou torácica. Podendo ser causado por déficit de sulfato de condroitina e déficit de glicosaminoglicanos. Causa angústia respiratória (cianose e hipertermia). Mais comumente em cães toy e miniaturas de meia-idade. Os sintomas podem ser agudos, mas podem progredir lentamente por meses a anos. A principal característica clínica inclui: tosse não produtiva, “grasnar de ganso”. A tosse piora durante exercício ou excitação, ou quando a coleira exerce pressão sobre o pescoço. Diagnóstico: • Exame clínico/histórico • Raio X: Estreitamento da luz traqueal (posições DV e LL) • Cervical (inspiração) e torácica (expiração) Tratamento (sintomático) • Antitussigenos • Broncodilatadores • Prednisolona • Terapias integrativas • Tratamento cirúrgico: Complicações/rejeição...opção quando as demais opções de tratamento não deram certo • Emergência: butorfanol (0,05-0,1 mg/kg/SC QID), acepromazina (0,01-0,05 mg/kg SC QID), broncodilatadores, dexametasona (0,04 mg/kg IV) Obstrução traqueal • Tumores, neoplasias • Parasitas • Aspiração de corpo estranho Sinais clínicos • Tosse, posição ortopneica, cianose Diagnóstico • Raio x (DV e LL), cervical e torácica • Traqueobroncoscopia • Traqueoscopia • Tomografia Oslerus osleri Diagnóstico • Raio x (calcificação) • Broncoscopia • Coproparasitológico Tratamento • Ivermectina – 0.3mg/kg SC cd 21 dias (4x) • Doramectina 0,2 mg/kg SC (1x) • Febendazol – 50 mg/kg/25 dias Ruptura de traqueia • Anamnese + exame clínico • Enfisema subcutâneo • Sensibilidade dolorosa • Cianose • Posição ortopneica • Fazer tratamento da ferida (mordedura) • Tratamento cirúrgico- traqueorrafia Bronquite crônica A bronquite crônica canina é definida como tosse que ocorre diariamente, por dois ou mais meses consecutivos na ausência de qualquer outra causa identificada. Existem muitas causas de base possíveis para a tosse em cães, portanto, é extremamente importante a exclusão das outras causas antes de se estabelecer um diagnóstico definitivo de bronquite crônica. • Inflamação dos brônquios, (inflamação neutrofílica) e evidente aumento da produção de muco • Tosse crônica: cardiopatia? Colapso de traqueia? Problemas pulmonares? Bronquite? (atenção a auscultação) Diagnóstico • Auscultação pulmonar • Raio-x sem alteração ou espessamento de brônquios • Broncospcopia • TC Objetivos da terapia dos pacientes com bronquite crônica estão direcionados: • alívio sintomático • redução da inflamação • restrição da tosse • melhora da intolerância ao exercício • Essencial a manutenção da hidratação das vias respiratórias para facilitar a limpeza mucociliar • obesidade deve ser tratada agressivamente, pois agrava os quadros de tosse e da função pulmonar. • Coleiras peitorais devem ser indicadas em vez de coleiras cervicais • Episódios de latidos excessivos devem ser reduzidos com a modificação do comportamento apropriado, (agitação e estresse podem exacerbar os sintomas) Bronquite alérgica • Broncopneumopatia eosinofílica (BPE) • A infiltração das vias respiratórias ou do parênquima pulmonar por eosinófilos. • Hipersensibilidade a alergênios inalados Sinais clínicos • Tosse, intolerância ao exercício • Cianose, angustia respiratória Diagnóstico • Auscultação pulmonar • Raio-x sem alteração ou espessamento de brônquios • Broncoscopia • TC • Hemograma: leucocitose/eosinofilia • coproparasitológico Tratamento • Prednisolona 1mg/kg VO/Bid (redução 25% semanal) • Fluticasona Bronquietasia A bronquiectasia é um termo utilizado para definira dilatação irreversível de brônquios de diâmetro médio com acúmulo de secreções após perda da integridade estrutural das paredes brônquicas • consequência secundária e não específica à exposição crônica das vias respiratórias a inflamação, infecções e obstrução das vias respiratórias. Sinais Clínicos • tosse produtiva ou improdutiva, • mímica de vômito prosseguindo a tosse, • alguns pacientes podem apresentar histórico recidivante de pneumonia. Pneumonia Doença pulmonar inflamatória causada por diversos agentes etiológicos (bactérias, vírus, fungos e parasitas), por aspiração de fluidos ou alimentos, por infiltrado de células inflamatórias ou de origem idiopática • Causa quadro de hipoxemia – oxigenação insuficiente do sangue necessário para realizar os requerimentos metabólicos • A pneumonia bacteriana é a inflamação das vias respiratórias posteriores, secundária à infecção bacteriana. • A broncopneumonia bacteriana é caracterizada pela inflamação originária da junção broncoalveolar Agentes etiológicos virais • Adenovirus canino tipo 2 • Virus da parainfluenza• Virus da influenza • Herpesvirus canino 1 • Vírus da cinomose • Coronavirus canino respiratório Sinais clínicos: • Tosse, corrimento nasal, taquipneia/desconforto respiratório • Febre, anorexia, letargia, perda de peso, desidratação Diagnóstico • sintomas, achados radiográficos, citologia e do isolamento do agente pela cultura. • O padrão-ouro de diagnóstico em qualquer espécie é a confirmação histológica Tratamento: • Oxigênioterapia • Fluidoterapia • Antibióticoterapia • Broncodilatadores • Fluidificantes • Nebulização • Fisioterapia pulmonar Anemias – avaliação clínica e laboratorial Definição: termo aplicado a uma síndrome clínica e a um quadro laboratorial caracterizado por: • diminuição do hematócrito • diminuição da concentração de hemoglobina no sangue; • diminuição da concentração de eritrócitos (hemácias) por unidade de volume. Histórico do animal • intolerância ao exercício • episódios de síncope • Sangramentos • história de viagem • má nutrição • palidez ou icterícia. • Letargia • mudança na alimentação Exame físico • sinais de petéquias, equimoses • hematúria, sangue nas fezes- • hepatomegalia • esplenomegalia • cardiomegalia • linfadenopatia • palidez das mucosas e icterícia Exame complementar Hemograma completo • Observar se há autoaglutinação • No tubo de coleta, avaliar o plasma para hemólise, lipemia e icterícia. • Observar o esfregaço sanguíneo, avaliando a morfologia dos eritrócitos e dosleucócitos (pesquisar inclusões, esferócitos, tamanho e coloração dos eritrócitos) • Fazer contagem de reticulócitos • Classificar a anemia (regenerativa e não regenerativa - OBSERVAÇÃO) • Avaliação morfológica: índices hematimétricos (VGM e CHGM) • As hemácias normais: normocíticas e normocrômicas • Volume Globular Médio (VGM) (tamanho) • Hemoglobina Globular Média (HCM) (peso da Hb) • Concentração de Hemoglobina Globular Média (CHCM) Anemia regenerativa Função medular adequada. Causas: perda de sangue para fora do organismo (hemorragia externa) ou destruição dos eritrócitos dentro do organismo (hemólise ou hemorragia interna). Os sintomas clínicos de hemorragia com perda acima de 20% do volume sanguineo total: • Vasoconstrição periférica • Taquicardia • Hipotensão • Colapso cardiovascular O tratamento para esse tipo de anemia inclui reposição do fluido, prevenção da continuidade da hemorragia, suporte transfusional e tratamento da causa primária. • Fluidoterapia intravenosa agressiva com cristaloides e coloides, ou transfusão de sangue total e subprodutos em geral é necessária em pacientes com anemia por hemorragia. Anemias não regenerativas Caracterizadas por diminuição ou ineficiente produção de eritrócitos pela medula óssea. Causas: doenças primárias ou secundárias da medula óssea (aplasia e doenças renais). • Aproximadamente 0,8 a 1,6% dos eritrócitos (hemácias) coram-se como reticulócitos • % de reticulócitos no sangue periférico constitui um indicador da capacidade funcional da medula ossea em anemia: • % normal ou reduzida de reticulócitos em paciente anêmico indica medula hipoproliferativa (da mesma forma o aumento de reticulócitos indica atividade proliferativa compensatória da medula óssea, como em anemias hemolíticas) Transfusão de sangue • Aumenta a capacidade do sangue em transportar oxigênio. • Restaura o volume sanguíneo do organismo • Corrige distúrbios da coagulação • Sangue total: termo utilizado para se referir aos produtos sanguíneos que não foram separados. • Hemocomponentes: são os produtos sanguíneos separados e processados mecanicamente por métodos biotecnológicos. • Derivados do sangue: são produtos proteicos do sangue preparados por métodos bioquímicos (ex: soluções de albumina, imunoglobulina intravenosa). Uso limitado na Medicina Veterinária Antígeno eritrocitário canino Doador • Peso mínimo: 27 kg • Idade: 1 a 8 anos • Volume total de sangue em um cão = 80 ml/Kg10 a 20% desse volume pode ser doado seguramente • Podem doar 450mL a cada 3 meses • Atualmente as bolsas de coleta de sangue utilizadas são originalmente de uso humano, e o volume mínimo de sangue a ser coletado é de 300 mℓ, já que valores inferiores desequilibrariam a proporção sangue: anticoagulante. • Não deve ter recebido transfusões prévias • Estado geral do doador: bem nutrido, livres de ectoparasitas, negativos para doenças infecciosas transmissíveis pelo sangue. Os cães devem ser testados para ehrlichiose, anaplasmose, brucelose, leishmaniose, dirafiloriose, babesiose e rangeliose. Femeas no cio, gestantes ou acasaladas não dever ser submetidas a doação sanguínea. • O sangue deve ser coletado de um vaso calibroso, preferencialmente a jugular • Nos cães, deve-se fazer contenção sem estressa- los. Nos gatos, é necessário sedação • A técnica deve ser asséptica e deve durar no máximo 10-15 min para evitar contaminação bacteriana • O sistema fechado não permite que o sangue seja exposto ao ar ou a elementos externos durante a coleta, o processamento ou o armazenamento • Um sistema aberto, é quando o sangue é coletado por meio de seringas (felinos: 1ml de anticoagulante e 9ml de sangue) Calculo transfusional A quantidade estimada do volume de concentrado de hemácias ou de sangue total necessário é de 10ml/kg de papa de hemácias ou 20ml/kg de sangue total para o hematócrito aumente em 10% pós transfusão • Cães: Ht menor 15% • Gatos: Ht menor 12% Para felinos, na formula, usa-se 70. • Para a administração, deve-se utilizar equipos com filtro para remover coágulos e outros materiais particulados, como agregados plaquetários Felinos • Tipo sanguineo, tipo A, tipo B e tipo AB • As reações transfusionais em gatos costumam ser hemolíticas agudas e fatais, especialmente em transfusões de sangue A e AB em receptores do tipo B. • Domiciliado • Esquema de vacinação atualizado- • Livres de ecto e endoparasitos- • Hemograma e perfil bioquímico- • Testar para testes para leucemia viral felina (FeLV), vírus da imunodeficiência felina (FIV) e hemobartonelose. • Peso mínimo 5kg- 1 a 8 anos de idade- • Temperamento dócil • Sem histórico de cardiopatia ou convulsão • Volume máximo de 11 a 15 mℓ/kg intervalo de 3 meses) Velocidade de transfusão • Início: 15 a 30 minutos (0,25 ml/kg) • Após 30 minutos: 5 a 10 ml/kg/hora • Nefropatas e cardiopatas: 2ml/kg/hora • Não usar bomba de infusão Diferenciar • Anemias Normocíticas/Normocrômicas• Anemia Macrocíticas/Hipocrômicas • Anemia Macrocíticas/Normocrômicas • Anemias Microcíticas/Hipocrômicas Sistema Digestório Fisiologia: Processo de digestão 1. Ingestão do alimento 2. Hidrólise no tubo gastrointestinal 3. Atividade das glândulas anexas 4. Absorção dos nutrientes 5. Excreção dos resíduos não absorvidos Fases da digestão: 1. Mastigação 2. Deglutição 3. Secreção do suco gástrico 4. Digestão no intestino delgado 5. Digestão no intestino grosso 6. Defecação Vômito Causas: alimentação, doença infecciosa, endoparasitose, obstrução do aparelho digestório, drogas, toxemia, ingestão de substância toxicas, hepatopatia, nefropatia, enfermidades do pâncreas, dor intensa, enfermidades inflamatórias, fatores psicogênicos Tratamento • Suporte e sintomático • Dimenidrinato: cão 25-50mg VO TID, gato 12,5mg VO TID • Cloridrato de metoclopramida: 0,2-0,5 mg/kg BID- QUID, SC ou IV. • Alimentaçõa Regurgitação • Expulsão de alimentos e de fluidos da cavidade faríngea ou esôfago • pH < 4 -> vômito (mimica) • pH > 4 -> regurgitação • Causas: megaesôfago, distúrbios da motilidade esofágica, corpo estranho, esofagite, hernia de hiato • Tratamento irá depender da causa Disfagia • Definição: dificuldade em engolir • Distúrbios que alteram a deglutição: corpo estranho, lesões traumáticas, contração muscular, inflamações, neoplasias • Sinais clínicos: engasgo, salivação abundante, regurgitação, tosse, dispneia, queda de alimento da boca, perda de peso, halitose, alteração da voz • Tratamento: sintomático Timpanismo • Acúmulo de ar ou/e gases no estômago e intestino • Sinais clínicos: eructação ou arroto, flatulência, distensão abdominal • Causas: ingerir muita água após alimentação, ingerir grande quantidade de alimento, rações de má qualidade • Tratamento: dimeticona:20-40 mg TID VO Constipação • definição: perturbação onde os movimentos intestinais são esporádicos ou incompletos • sinais clínicos: obstipação, tenesmo, disquesia, megacólon, hematoquesia Cavidade oral: doença periodontal • Etiologia: O desenvolvimento da doença periodontal é afetado por vários fatores, entretanto o agente etiológico primário é a placa bacteriana, que é a responsável pela maioria das infecções bucais • Patogenia: Gengivite e periodontite. A gengivite é causada pelo acúmulo de placa bacteriana junto à margem gengival e nos sulcos dentários. A periodontite é uma inflamação acompanhada de perda do ligamento, sendo um processo irreversível. • Sinais clínicos: halitose, sangramento gengival, gengivas avermelhadas e inchadas, recessão gengival, mobilidade dentária, perda de peso • Diagnóstico: clínico • Exames complementares: raio x • Tratamento: remoção dos cálculos dentários, em casos avançados é necessário a extração dos dentes moles/danificados • Prevenção: escovação e alimentação de qualidade • Evolução: As conseqüências locais incluem as fístulas oronasais, lesões endo-periodontais, problemas oculares, osteomielite e o aumento da incidência de câncer oral. Em nível sistêmico, as consequências podem estar associadas à doença renal, hepática, pulmonar, cardíaca, articulares, osteoporose e a efeitos adversos da gravidez e de diabetes mellitus. Esôfago • Dilatação esofagiana ou megaesôfago • Esofagite • Neoplasia • Corpo estranho Estômago: gastrite aguda e crônica • Definição: Inflação da mucosa gástrica • Causas: Na gastrite aguda ocorre de forma abrupta causada por fatores que agridam o orgão nas ultimas horas, como corpo estranho, ingestão de substâncias toxicas, parasitas, infecções bacterianas ou virais. Na gastrite crônica, as causas podem ser intolerância a algum alimento, doenças renais, doenças hepáticas , infecção por Helicobacter spp • Sinais clínicos: dor abdominal, náuseas, sialorreia, vômitos constantes, febre, prostração, falta de apetite, perda de peso, rigidez abdominal • Diagnóstico: clínico, endoscopia e ultrassom • Tratamento: ranitidina (1-4 mg/kg VO, SC, IV, SID- BID), cimetidina (5-10mg/kg VO, SC, IV, BID-QID), omeprazol (0,7mg/kg VO SID) Diarreia As diarreias são causas frequentes de visitas ao medico veterinário, porém podem indicar uma ampla variedade de etiologias Etapas do diagnóstico ID e IG Diarreia Intestino Delgado • Enterite • Síndrome de má absorção • Diarreia induzida pela dieta Enterite • Definição: inflamação na mucosa do intestino delgado • Sinais clínicos: vômito, diarreia, dor abdominal, • Diagnóstico: sinais clínicos, ultrassom, endoscopia, hemograma • Tratamento: A terapêutica em casos de enterite depende da sua causa subsequente, existindo várias terapêuticas que se podem utilizar desde a mudança da dieta, antibioterapia, terapias imunossupressoras (anti-inflamatório), entre outras. Síndrome de má absorção • Digestão e absorção incompleta de carboidratos, gorduras e proteinas • Sinais clínicos: diarreia, anemia, perca de peso • Diagnóstico: sinal clínico, ultrassom • Tratamento: cianocobalamina (B12) 40mg/kg/semana + ác. fólico 0,5mg/kg/d Colite aguda • Causas: Staphylococcus sp, Streptococcus sp, salmonella sp, e. coli, proteus sp • Sinais clínicos: vomito, diarreia, náuseas, dor abdominal • Diagnóstico: exames laboratoriais (hemograma, bioquímica sérica, fezes), ultrassom • Tratamento: Sintomático Colite aguda • Colite eosinofílica • Colite ulcerativa ou granulomatosa • Colie por histoplasmose (Histoplasma capsulatum) • Colite por endoparasitos (Trichuris vulpis, bala, Balantidium Sp, Entamoeba histolítica) Colite eosinofílica • Autoimune • Sinais clínicos: vomito, diarreia, náuseas, dor abdominal • Diagnóstico: biópsia • Tratamento: prednisona 0,5mg/kg BID 10 a 20 dias + protetor de mucosa Colite ulcerativa • Causa desconhecida • Sinais clínicos: diarreia, nauseas • Diagnóstico: proctoscopia ou biópsia • Tratamento: cloranfenicol 50mg/kg SID 10 dias Colite por Histoplasmose • Histoplasma capsulatum • Sinais clínicos: vômito, diarreia • Diagnóstico: cultura e biópsia • Tratamento: cetoconazol 10 a 20mg/kg SID Colite por endoparasitos • Trichuris vulpis, balantidium sp, entamoeba histolítica • Sinais clínicos: diarreia, dor abdominal • Diagnóstico: exame de fezes • Tratamento: Antiparasitário Ânus e reto Fissura e fistula perianal • Sinais clínicos: dor, disquezia, hematoquezia e incontinência fecal • Predisposição: cães de meia-idade, machos, da raça Pastor Alemão (maior frequência) • Diagnóstico diferencial: abscedação dos sacos adanais, hérnias perianais, neoplasias • Tratamento clínico: higienização local (clorexidine), • Fármacos sistêmicos: antibioticoterapia e imunossupressores (ex: amoxicilina associada ao clavulanato de potássio e prednisona/ ciclosporina) • Utilizar colar elisabetano e, eventualmente, substâncias laxativas • Tratamento cirúrgico (última opção) Saculite anal • Eritema, edema excreção purulenta acompanhada de prurido e lambedura. • Compressão da glândula para retirada da secreção acumulada • Lavagem da área afetada com clorexidina a 2% • Tratamento tópico com pomadas à base de anti- inflamatórios esteroides (betametasona) e antibióticos (neomicina ou gentamicina), por aproximadamente 10 a 15 dias. • a terapia tópica apresenta uma boa resposta, mas, em quadros mais graves, pode ser necessário associar terapia sistêmica. Miíases • Cochliomia sp • Sinais clínicos: Feridas na pele ou em cavidades • Diagnóstico: clínico • Tratamento: remoção das larvas Doença traqueia e brônquiosem gatos Complexo respiratório O complexo respiratório felino, também conhecido como “gripe felina”, tem etiologia múltipla. Acomete, principalmente, animais jovens, embora gatos de qualquer idade que vivam em locais com alta densidade populacional, como abrigos e gatis, possam apresentar sinais respiratórios. Patógenos: • Herpesvírus (rinotraqueíte): conjuntiva, nasofaringe, seios nasais. • Calicivírus (Calicivorise): tropismo pelo epitélio da orofaringe, língua, cavidade nasal e pneumonócitos alveolares. Sinais clínicos • Secreção nasal serosa – mucopurulenta • Dispnéia inspiratória, espirro • Olhos: conjuntivite, ceratite • Cavidade oral: periodontite, gengivite • Dor articular.... Cuidados...desidratação, anorexia etc. Requerimento energético basal Ex: gato de 4kg 1,5 (30 X 4) + 70 = 1,5 (120 + 70) = 1,5 X 190 = 285 CALORIAS POR DIA Tratamento: • Fluidoterapia • Antibiótico terapia o Amoxicilina/clavulanato 20mg/kg/vo/bid ou tid o Amoxicilina 20mg/kg/bid o Ampicilina 11 a 20 mg/kg/vo/tid o Azitromicina 5 a 10mg/kg/sid/3dias depois a cada 72 horas. • Inalação e desobstrução das vias aéreas • Cloridato de oximetazolina 0.03% 1 gota/narina/bid 5 dias • Nebulização: solução fisiológica / bid • Fármaco mucolítico: acetiscisteína (70mg/kg/bid/VO) Traqueia Doenças específicas da traqueia são incomuns em gatos. Ao contrário do cão, a traqueíte é raramente diagnosticada e, quando ocorre, provavelmente é secundária à infecção viral do trato respiratório anterior Trauma cervical: Feridas penetrantes: • Sedação do paciente • Tricotomia da região acometida • Tratamento da ferida contaminada • Antibioticoterapia • Analgésico CAUSAS IATROGÊNICAS de trauma traqueal em gatos • Superinsuflação do cuff de tubos traqueais colocação imprópria do tubo • Não desinsuflação do cuff antes da retirada • Lesões traqueais pelo uso de bisturi O tratamento conservador: • repouso em gaiola, suplementação de oxigênio, sedativos e monitoramento respiratório. • O tratamento cirúrgico é indicado quando há dispneia grave Parasitas traqueais A forma adulta do nematóideo Capillaria aerophila pode alojar- se sob o epitélio traqueal de gatos, causando tosse seca. O diagnóstico pode ser realizado por demonstração de ovos nas fezes ou no fluido de lavado traqueobrônquico. O febendazol (25 a 50 mg/kg, 2 vezes/dia/10 dias) é o tratamento de escolha NEOPLASIAS TRAQUEAIS A neoplasia traqueal é rara em gatos, mas deve ser considerada no diagnóstico diferencial de dificuldade respiratória envolvendo o trato respiratório anterior. As neoplasias mais frequentes incluem linfomas e carcinomas. TRAQUEOBRONQUITE INFECCIOSA Muito mais comum em cães. • Bordetella bronchiseptica Sensível a tetraciclinas, amoxicilina + ácido clavulânico. Asma felina e bronquite crônica São as doenças respiratórias mais comuns em gatos. Apesar de as manifestações clínicas serem muito similares entre as duas doenças, ainda é controverso se a bronquite crônica e asma felina são duas condições diferentes ou se compartilham a mesma fisiopatologia com diferentes perfis inflamatórios (neutrofílico /eosinofílico) São as doenças respiratórias mais comuns em gatos. Asma Felina Inflamação das vias aéreas posteriores Origem alérgica: hipersensibilidade tipo 1 (IgE) Causa broncoconstrição, aumento de permeabilidade vascular, hipersecreção de muco e recrutamento de eosinófilos para as vias respiratórias Inflamação de vias respiratórias: origem alérgica (Ácaro, granulado, pólens, produtos de limpeza): • Hiperreatividade das vias respiratórias/aumento de muco/ hipertrofia musculatura lisa • Gatos jovens e de meia idade são mais comumente afetados Sinais clínicos • Desde tosse até dificuldade respiratória grave • TOSSE AGUDA: dispneia, cianose, “boca aberta” • TOSSE CRÔNICA: Tosse recorrente Sibilo respiratório Pelo fato de o coração felino ser mais horizontalizado na caixa torácica, dificilmente a cardiomegalia estimulará os receptores de tosse da traqueia e brônquios. Diagnóstico • Dados adquiridos por meio de exame físico • Radiografia torácica • Broncoscopia • Lavagem broncoalveolar • Hemograma • Fase de expiração longa • Siibilos e crepitação audível à auscultação pulmona, tórax com aspecto de “barril” devido ao acúmulo de ar • Reflexo de tosse positivo à palpação traqueal Tratamento • Oxigenioterapia • Cateter IV • Broncodilatador (terbutalina 0,01mgqkg/BID) / nebulização com albuterol • Prednisolona oral na dose de 1 a 2 mg/kg, 2 vezes/dia, durante 7 a 10 dias, sendo que a dose pode ser gradualmente reduzida em 2 a 3 meses Bronquite A bronquite crônica é uma condição progressiva causada por inflamação idiopática das vias respiratórias, que leva a produção excessiva de muco e tosse crônica. É clinicamente difícil diferenciá-la da asma felina e, portanto, muitas vezes, ambas as doenças são referidas como “doença brônquica felina Fluidoterapia A definição atual para "medicamento" é um remédio ou outra substância que tem um efeito fisiológico quando ingerido ou de outra forma introduzido no corpo. Quando o tipo errado de fluido é usado, na dose errada ou por duração inadequada, efeito colaterais prejudiciais e potencialmente fatais podem ocorrer. A sobrecarga de volume intravascular pode ser tão prejudicial quanto a hipovolemia. Os fluidos são medicamentos com indicações, contraindicações e efeitos colaterais. As três principais indicações para prescrever fluidos são: 1. expansão do volume intravascular 2. reposição de perdas de fluidos 3. manutenção das necessidades de água. Em outras palavras., repor déficit de volume intravascular para melhorar a perfusão tecidual. Repor o volume de fluído intersticial (desidratação). Manter volume de fluídos e eletrólitos em pacientes que não estão consumindo quantidades suficientes de fluídos. A terapia de líquido compreende três fases: • reanimação • distribuição • manutenção A reposição volêmica com grandes volumes de líquido em pequenos intervalos de tempo (15 a 60 min) é indicada nos diversos tipos do choque Hipovolêmico: Caracterizado por baixo volume intravascular ou baixo volume relativo à sua capacitância, o que determina hipovolemia absoluta ou relativa. O volume contido no compartimento intravascular é inadequado para perfusão tecidual. Há diminuição na pré-carga e diminuição do débito cardíaco. A resistência vascular sistêmica está tipicamente aumentada na tentativa de compensar a diminuição do débito cardíaco e manter a perfusão nos órgãos vitais. Exemplos incluem desidratação, hemorragia e sequestro de líquidos Choque cardiogênico Acontece quando o coração perde sua capacidade para bombear sangue em quantidade adequada para os órgãos. A fase de distribuição ou reidratação é aquela em que o líquido se desloca para o meio intravascular e se equilibra no meio intracelular. O volume de manutenção é a quantidade de líquido para manter a homeostase e é indicado para pacientes que não têm ingestão hídrica e não apresentam depressão de volume, hipotensão ou perdas contínuas. A seleção do líquido a ser utilizada é ditada pela necessidade de cada paciente, incluindo volume, taxa, frequência e composição. Alguns fatores devem ser levados em consideração: estado do paciente e curso da doença (agudo ou crônico); alterações no equilíbrio acidobásico, hidreletrolítico e nas pressões hidrostática e/ou oncótica; e, por último, comorbidades associadas. É importante ressaltar que a expansão volêmica desnecessária piora a congestão sistêmica e/ou pulmonar; desta maneira, a avaliação volêmica adequada é crucial no manejo hemodinâmicodesses pacientes. Como avaliar hidratação? A desidratação pode ser medida comparando-se o peso corporal inicial (antes da desidratação) com o peso do animal desidratado. Os primeiros e mais importantes sinais de desidratação são o ressecamento e o enrugamento da pele. Em animais desidratados, quanto maior for o grau de desidratação, maior será o tempo (em segundos) que a pele permanecerá deformada. Aprofundamento ou a retração do globo ocular na órbita, em virtude da perda de fluido em região periorbital e ocular. Até 5% • ↓ Elasticidade da pele discreta ou sem alteração • Enoftalmia ausente ou muito discreta • Estado geral sem alteração ou levemente alterado • Apetite preservado/sucção geralmente presente • Animal alerta e em posição quadrupedal Entre 6 e 8% • ↓ Elasticidade da pele (2 a 4 s) • Enoftalmia leve • Animal ainda alerta Entre 8 e 10% • ↓ Elasticidade da pele (6 a 10 s) • Enoftalmia evidente • ↓ Reflexos palpebrais • ↓ Temperatura das extremidades dos membros, de orelhas e focinho • Mucosas secas • Animal se mantém em posição quadrupedal e/ou em decúbito esternal • Apatia de intensidade variável Entre 10 e 12% • ↓ Marcante da elasticidade da pele (> 10 s) • Enoftalmia intensa • Extremidades, orelhas e focinho frios • Tônus muscular ↓ ou ausente • Mucosas ressecadas • Reflexos muito ↓ ou ausentes • Decúbito lateral • Mais de 12%: esturpor morte Existem duas causas principais de desidratação: 1. perda excessiva de líquido promovida pela ocorrência de diarreia e/ou vômito 2. ingestão inadequada de água devido à privação ou à diminuição na ingestão de água em decorrência de algumas enfermidades (impedimento à ingestão por paralisia faríngea ou obstrução esofágica) Vias de administração de fluido • Oral: sonda nasogástrica, seringa, mamadeira. Indicado para pacientes pediátricos. Desidratação subclínica. • Subcutânea: Desidratação leve. Fluidos hipotônicos. Mamadeira. Aplicar de 10 a 12ml/kg por sítio de aplicação. De 50 a 100ml em gato • Intraóssea • Intravenosa Qual fluido empregar? Cristalóides: solutos com e sem eletrólitos que penetram em todos os compartimentos corporais • solução fisiológica de cloreto de sódio a 0,9% • ringer com lactato • ringer simples • solução glicosada a 5% Colóides: solução com substâncias de alto peso molecular que se mantém exclusivamente no plasma. Usados para restaurar a pressão oncótica • plasma • dextran Cálculo de volume Reidratação Volume necessário (mL) = % de desidratação x peso (Kg) x 10 Exemplo: Animal de 12kg com 3% de desidratação Reidratação: 3 x 12 x 10 = 360mL Manutenção • Cão jovem: 60ml/kg/dia • Cão adulto: 50ml/kg/dia • Cão idoso: 40 ml/kg/dia • Gato: 70 ml/kg/dia Perdas • Vomito: 2.5mL/Kg episódio • Diarreia: 5mL/Kg episódio Internou o paciente e calculou a fluidoterapia. Três horas depois teve 2 episódios de êmese e 1 de diarréia (Peso 14kg): Êmese: 2,5mL x 14 x 2 = 70 mL Diarréia: 5mL x 14 x 1 = 70mL *adicionar 140 mL Equipo: • Equipo microgotas: 60 gotas por mL • Equipo macrogotas: 20 gotas por mL Velocidade de administração: Depende: • Severidade dos sinais • Estado geral do paciente • Velocidade de perda dos fluidos Situações menos urgentes 1/4 a 1/2 do déficit estimado nas primeiras 2 a 4 horas, seguido pelo restante calculado em 22 a 24 horas" Ex: Cão, 14kg, diarreia a 3 dias Reidratação: 14 x 10 x 8 = 1120 ml/dia Manutenção: 50 x 14= 700 ml/dia Perdas: 5 x 14 x 3 = 210 ml/dia = 2030 ml/dia : 24 = 84,58 ml/h 84,58 ml/h : 60= 1,40 ml/min 1,40 x 20 gotas= 28 gotas por min Palestra Cardio O que é hipertensão arterial pulmonar (HAP)? Elevação da resistência vascular pré-capilar e/ou pós capilar na circulação pulmonar, determinada indiretamente por parâmetros ecodopplercardiográficos e aumento anormal e persistente na pressão arterial pulmonar sistólica (> 25 a 30 mmHg). Como classificar a HAP? HAP pré capilar e pós capilar. A HAP pré capilar é decorrente do aumento da resistência arteriolar pulmonar, como em casos de fibrose pulmonar, doença pulmonar obstrutiva crônica, bronquite, pneumonia. A pressão venosa pulmonar se apresenta normal. A HAP pós capilar é decorrente do aumento da pressão venosa pulmonar. Aumento da pressão venosa pulmonar. Como em casos de ICCE, doença valvar mixomatosa mitral, miocardite e doenças miocárdicas em geral. Quais as manifestações clínicas de HAP? Cianose, intolerância a exercício, síncope, dispneia/taquipneia, insuficiência cardiaca congestiva direita (ICCD), pulso jugular Qual a melhor maneira de diagnosticar? Como tratar? Raio x, ECG (avaliação de arritmias), Eco (melhor método) Para tratamento é principalmente utilizado Sildenafil (vasodilatador), Pimobendam (indicado na HAP pós carga), e oxigenioterapia em emergências Quando iniciar a terapia? (pré x pós capilar) HAP pré capilar: Clínica ou > 50 mmHg HAP pós capilar: sempre tratar! Palestra zoonoses Raiva O vírus apresenta variantes antigênicas, tendo sido encontradas no Brasil: • As linhagens genéticas mais comumente encontradas no estado de São Paulo, atualmente, são as compatíveis com as variantes de Desmodus rotundus e de morcegos insetívoros. Sintomas • Sintomas oriundos da variante do morcego • Sintomatologia compatível com raiva paralítica; • Sintomas neurológicos parecidos com cinomose e outras doenças. • Podem comportar-se como hospedeiros terminais. Observação recomendada: Animal não observável (protocolo de imunização); Acidente com morcego (soro e vacinação) – mesmo que por contato; Vacinar animais contactantes com morcegos. Animal vacinado, não corresponde obrigatoriamente a animal imunizado, portanto, acidentes devem sempre ser comunicados! Diagnóstico pós mortem: exame com amostra do encéfalo Não há tratamento. Óbito. Leishmaniose visceral canina Brasil • Agente etiológico: Leishmania chagasi; • Cães desenvolvem geralmente a forma visceral da doença. Vetor: mosquitos da família dos flebotomíneos Brasil: Lutzomia longipalpis (mosquito-palha, birigui, tatuquiras) Transmissão: picada do mosquito Sintomas: perda de peso, poliuria, polidipsia, epistaxe, linfoadenomegalia, caquexia, hipertermia, esplenomegalia, onicogrifose (crescimento exagerado das unhas), sinais dermatológicos Controle e prevenção: Falta de higiene no ambiente propicia a proliferação do mosquito, na sua forma de larva, o mosquito palha se alimenta de matéria orgânica, como lixo doméstico (restos de comida), frutos apodrecidos, folhas de árvores, vegetais em decomposição e fezes de animais. Tratamento: pode propiciar uma melhora dos sinais clínicos, prognóstico é muito variável; cão continua como reservatório; Não tratar cães com produtos de uso humano; A miltefosina é o princípio ativo do Milteforan, único produto autorizado no Brasil para tratamento da Leishmaniose Visceral Canina no Brasil, e consta na lista das substâncias sujeitas a controle especial. A supervisão da comercialização da substância é feita pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). Notificação obrigatória!!! Diagnóstico diferencial: tumores cutâneos, granulomas, piodermites, pênfigo foliáceo, sarna demodécica, dermatopatias alérgicas, dermatopatias endócrinas. . Brucelose Contágio: Mucosa genita, oronasal e conjuntival. Lesões em pele, forma venérea, urina, fetos, secreções do aborto, sêmem, fômites Sinais clínicos: Orquite, epididimite, atrofia testicular, infertilidade, linfoadenopatia generalizada(machos como nas fêmeas), aborto, metrite Diagnóstico: isolamento bacteriano do micro-organismo; diagnósticos sorológicos variam em sensibilidade e especificidade; Os dados clínicos e da anamnese devem ser usados em associação com a sorologia e bacteriologia para se chegar a um diagnóstico definitivo. Tratamento: tetraciclina (30mg/kg) duas vezes ao dia durante 28 dias, e estreptomicina (20mg/kg) uma vez ao dia por 14 dias Controle e Prevenção: • Quarentena em canis com diagnóstico confirmado; • Animais infectados excluídos da reprodução; • Rigorosa higienização nas instalações é procedida por meio do emprego de desinfetantes à base de hipoclorito de sódio a 2,5%, cresóis a 5% e fenol a 1%, sob exposição de no mínimo uma hora; • Todos os machos e fêmeas de canis devem ser rotineiramente submetidos a exames sorológicos antes do acasalamento; • Novos indivíduos devem ficar em quarentena e realizando-se dois testes laboratoriais específicos, cada um com intervalo de quatro a 12 semanas, devendo ambos exibir negatividade para haver a introdução dos animais nos canis TOXOPLASMOSE Toxoplasma gondii, agente intracelular que parasita, praticamente, todos os mamíferos e as aves. • Felinos são os hospedeiros definitivos; • Os oocistos são eliminados pelas suas fezes, e esporulam no ambiente, sendo então infectantes, e também mais resistentes às condições ambientais; • Humanos, demais mamíferos e aves são hospedeiros intermediários, nos quais ocorre apenas a reprodução assexuada do protozoário, sendo encontrado, portanto, na forma de bradizoítos ou de taquizoítos. Transmissão: • ingestão de carne crua e/ou mal cozida contendo cistos teciduais; • ingestão de água e alimentos contaminados pelos oocistos provenientes das fezes de felinos; • Vertical - que se dá da mãe para o feto durante a gestação pela passagem trasplacentária de taquizoítos. • Nos felinos ocorre a partir da caça de roedores ou passeriformes que contenham cistos de bradizoítos; • ingestão direta de taquizóitos presentes na carne crua e/ou mal passada; • ingestão de oocistos presentes no ambiente; • começam a eliminar os oocistos, após 3 a 5 dias no ambiente, com temperatura e condições ideais para seu desenvolvimento, é que os oocistos se tornam infectantes; • eliminação 7 a 15 dias pelas fezes em grande quantidade. Sinais clínicos nos felinos: emese, diarreia, linfoadenopatia, Icterícia, uveíte, convulsões; Diagnóstico: esfregaço de conjuntiva ocular, punção de linfonodo e fígado, sorologia pareada com intervalo de 15 dias entre uma amostra de soro e outra, com elevação do título em 4 vezes ou mais, determina se animal está infectado; Oocistos nas fezes (não recomendado) - a quantidade liberada nas fezes pode ser muito pequena e não detectada e os oocistos não se diferenciam de outros protozoários. Tratamento: clindamicina 25 mg/kg – BID – 14 a 30 dias. Prevenção para casos humanos: • incentivar hábitos de higiene • não ingestão de carne crua e/ou mal passada; • lavagem de frutas e vegetais; • manter as caixas de areia dos felinos sempre limpas; • retirada diária das fezes para se evitar esporulação; • lavar as mãos após manipulação de carne crua, • ingerir apenas leite pasteurizado; Prevenção nos gatos: • evitar que os felinos saiam de casa; • controle populacional de gatos errantes (oocistos); Leptospirose Mais de 250 sorovares, identificados com base em antígenos de superfície, são conhecidos, e cada um deles tem um hospedeiro preferencial.; Os sorovares predominantes na infecção canina: Canicola, Icterohaemorrhagiae (Rattus norvegicus) Transmissão: • contato com urina, • transferência placentária, mordidas ou ingestão de tecidos infectados, uma vez que o micro-organismo penetra as mucosas ou pele lesada. • A transmissão indireta ocorre com a exposição de animais ou humanos susceptíveis a ambientes contaminados com urina de animais infectados. • Água contaminada é a forma mais comum de disseminação, uma vez que ambientes alagados favorecem a sua sobrevivência. Sinais clínicos: associados ao sorovar envolvido. Sorovares adaptados à espécie hospedeira, como é o caso do sorovar canicola em cães: • Ictérica • Hemorrágica • Urêmia • Febre • perda de apetite • diarréia • Falência renal Em felinos, apesar de serem mais resistentes, o sorovar mais comumente encontrado parece ser o Pomona, embora estudos conduzidos na França mostrem prevalência do sorovar Canicola. Gatos com altos títulos de anticorpos têm tendência a desenvolverem doença renal e eliminarem leptospiras. Alterações laboratoriais: Estágio inicial da doença: pode haver leucopenia seguida de leucocitose com trombocitopenia, o que pode explicar a hemorragia. Durante a leptospirose crônica, os parâmetros hematológicos são normais, havendo necessidade da dosagem de enzimas hepáticas para investigação de hepatite crônica. Diagnóstico: • Além de sorologia e cultura bacteriológica; • Detecção de anticorpos específicos pelo teste de microaglutinação microscópica (MAT), (é o mais utilizado por possuir a vantagem de ser específico para sorovares (ou ao menos sorogrupos), porém não diferencia anticorpos resultantes de infecção ou vacinação); • imunoensaios como o ELISA; • PCR. Prevenção e controle: • Limitar o contato dos animais de estimação com animais-reservatório e com água contaminada; • Controle de roedores; • Retirar vasilhas de água e comida durante a noite para evitar a presença de roedores; • vacinação canina com (sorovares mais importantes para a espécie esta indicada pelo menos anualmente, lembrando que a proteção é sorovar específica. Esporotricose A Esporotricose é uma doença micótica causada por fungos do complexo Sporothrix spp. No Brasil, destaca-se S. brasiliensis como agente causador. • É uma importante zoonose de distribuição mundial; • Ainda não é objeto de vigilância epidemiológica nacional; • Por não ser uma doença de notificação compulsória, a prevalência ainda é desconhecida; • É considerada uma doença negligenciada e um problema de saúde pública; • O desconhecimento sobre a epizootia contribui significativamente com a rápida dispersão geográfica. Principal reservatório: Gatos Potencial zoonótico caracterizado pela abundância de leveduras encontradas em suas lesões e pela proximidade com os seres humanos. Transmissão: Ambiental: Através do contato do fungo com pele ou mucosa por meio de trauma decorrente de acidentes com espinhos, palha ou lascas de madeira; contato com vegetais em decomposição. Atividade ocupacional de manutenção de solo, como jardinagem, carpintaria, agricultura e pecuária. Direta: Através do ato reprodutivo ou em confrontos entre os animais, uma vez que o animal sadio é infectado pelo microorganismo presente nas garras do animal doente. Através da inoculação traumática do microorganismo em feridas (mordedura, arranhadura) ou contato direto com as lesões cutâneas dos animais doentes. Médicos veterinários, tratadores, tutores e protetores de animais. Sinais clínicos: • Cutânea localizada - Lesões ulceradas, recobertas ou não por crostas, nódulos e/ou gomas. • Cutânea-linfática - Múltiplos nódulos ulcerados, presente em região cefálica, auricular, plano nasal e membros torácicos. • Sistêmica - Disseminação para outros órgãos, ou primariamente sistêmica resultante da inalação de esporos, podendo ocasionar comprometimento sistêmico fatal. Tratamento: • Itraconazol – 100 mg/animal – SID • Avaliar associação com outros medicamentos (iodeto de patassio). • Considerar efeitos colaterais, condição geral da saúde do animal.