Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

Estatuto da Criança 
e do Adolescente
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Reinaldo Zychan de Moraes
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Alessandra Fabiana Cavalcanti
Criança e Adolescente no Ordenamento 
Jurídico Nacional e Internacional
• A Criança e o Adolescente na Constituição Federal;
• Instrumentos Internacionais de Proteção;
• Estatuto da Criança e do Adolescente;
• Disposições Preliminares;
• Direitos Fundamentais.
 · Apresentar os passos iniciais de nossa disciplina, em especial, abor-
dando a forma como as crianças e os adolescentes são protegidas 
pelo Direito Interno de nosso país e pelo Direito Internacional.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Criança e Adolescente no Ordenamento 
Jurídico Nacional e Internacional
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas:
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você 
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão 
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Criança e Adolescente no Ordenamento 
Jurídico Nacional e Internacional
A Criança e o Adolescente 
na Constituição Federal
Em nosso sistema jurídico, a Constituição Federal desempenha um destacado 
papel, em razão do Princípio da Supremacia Constitucional.
Segundo esse princípio, todas as normas do sistema jurídico somente podem ser 
consideradas válidas se guardarem compatibilidade com as disposições constitucio-
nais. Assim, é o texto de nossa Carta Magna que estrutura todo o sistema norma-
tivo. Isso faz com que todos os seus preceitos tenham uma destacada importância, 
pois sinalizam como determinados assuntos devem ser tratados pelas demais nor-
mas que detalham as suas prescrições.
Nesse contexto, podemos verificar que em nossa Constituição Federal, o trata-
mento das questões que diretamente afeta a criança e o adolescente está especifi-
camente inserido no Capítulo VII (Da família, da criança, do adolescente, do jovem 
e do idoso) de seu Título VIII (Da Ordem Social). Falaremos sobre os diversos pre-
ceitos no decorrer de nossas aulas; contudo, precisamos destacar nesse momento 
algumas normas estabelecidas em nossa Lei Maior.
Dever dos pais em relação aos seus filhos
Há um complexo de deveres e de direitos que ligam pais e filhos, chamado 
de poder familiar, sendo que uma de suas faces mais importantes está atrelada 
ao dever de assistir, criar e educar seus filhos menores (art. 229, “caput”, da 
Constituição Federal).
Constituição Federal
Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos me-
nores [...].
O exercício desse poder familiar se dá em igualdade de condições pelos pais e 
mães, não havendo proeminência de um sobre o outro, em nada importando o 
estado civil deles (se são casado, se vivem em união estável, etc.), sendo assegurado 
a qualquer deles o direito de, em caso de discordância, recorrer à autoridade 
judiciária competente para a solução da divergência.
Abuso, violência e exploração de criança e de adolescente
Como nossos constituintes tiveram uma especial preocupação em reconhecer o 
frágil papel da criança e do adolescente em nossa sociedade, foi por eles indicada 
a necessidade de que a nossa legislação tivesse uma maior severidade na apuração 
de casos de abuso, violência e exploração sexual.
8
9
Constituição Federal
Art. 227 [...]
§ 4º - A lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual 
da criança e do adolescente.
Inimputabilidade penal dos menores de dezoito anos
Outro assunto que também foi objeto de expressa estipulação constitucional 
se refere à inimputabilidade dos menores de dezoito anos, ou seja, crianças e 
adolescentes não estão sujeitas às normas do Código Penal (ou da legislação penal 
como um todo), quando da prática de condutas que possam se caracterizar como 
crimes ou contravenções penais.
Constituição Federal
Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, 
sujeitos às normas da legislação especial.
Nessas situações deve ser aplicada a legislação especial, ou seja, o Estatuto da 
Criança e do Adolescente.
Igualdade entre os fi lhos
Nossa Constituição Federal trouxe a plena igualdade entre os filhos, não sendo 
relevante se eles foram havidos ou não da relação do casamento, qual é o estado 
civil de seus pais (se são casados ou solteiros) ou se o filho é adotivo.
Todos eles possuem os mesmos direitos, sendo que qualquer designação dis-
criminatória nesse sentido deve ser abandonada em nossa legislação e nas ques-
tões cotidianas.
Constituição Federal
Art. 227 [...]
§ 6º - Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, 
terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações 
discriminatórias relativas à filiação.
Instrumentos Internacionais de Proteção
Além de preceitos internos (leis, decretos, etc.), há diversos instrumentos inter-
nacionais que, dentre vários assuntos, apresentam disposições que buscam reco-
nhecer direitos das crianças e dos adolescentes, dentre eles, pode ser mencionado 
o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos (adotado pela XXI Sessão da 
9
UNIDADE Criança e Adolescente no Ordenamento 
Jurídico Nacional e Internacional
Assembleia-Geral das Nações Unidas, em 16 de dezembro de 1966 e internaliza-
do pelo Decreto n.º 592, de 6 de julho de 1992). Essa convenção internacional e 
outras foram criadas com o objetivo de reconhecer direitos humanos de todas as 
pessoas, sendo aplicável, inclusive, para crianças e adolescentes. Há nessas nor-
mas poucas menções específicas para direitos de criança e de adolescentes, pois 
elas não buscam a proteção específica de certos grupos sociais.
Há, contudo, alguns desses instrumentos que foram especificamente cunhados 
para tratar somente dos direitos das crianças e dos adolescentes, sendo que 
podemos destacar os seguintes: a Convenção Sobre os Direitos da Criança, 
Convenção Relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de 
Adoção Internacional e a Convenção Sobre os Aspectos Civis do Sequestro 
Internacional de Crianças.
Convenção Sobre os Direitos da Criança
Essa convenção internacional foi adotada pela Assembleia Geral das Nações 
Unidas em 20 de novembro de 1989, sendo ratificada pelo Brasil em 24 de 
setembro de 1990, e internalizada por intermédio do Decreto n.º 99.710, de 21 
de novembro de 1990.
Por meio do Decreto n.º 5.007, de 8 de março de 2004, foi internalizado o 
ProtocoloFacultativo à Convenção, que se refere à venda de crianças, à prostituição 
e à pornografia infantil.
Como um dos reflexos da adesão de nosso país a essa convenção foi estabelecida 
a Lei n.º 13.431/17, que estabelece um sistema de garantia de direitos da criança 
e do adolescente vítima ou testemunha de violência.
Convenção Relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação 
em Matéria de Adoção Internacional
Essa convenção foi concluída em Haia, em 29 de maio de 1993, entrando em 
vigor, no âmbito internacional, em 1º de maio de 1995.
Nosso país ratificou esse instrumento em 10 de março de 1999, sendo 
internalizada pelo Decreto n.º 3.087, de 21 de junho de 1999.
Em razão desse instrumento internacional foi realizada uma grande alteração 
no Estatuto da Criança e do Adolescente, por intermédio da Lei n.º 12.010/09.
Por meio do Decreto n.º 3.174, de 16 de setembro de 1999, foram designadas 
as Autoridades Centrais encarregadas de dar cumprimento a essa Convenção.
O Decreto n.º 5.491, de 18 de julho de 2005, realizou, no âmbito de nosso país, 
a regulamentação de organismos estrangeiros e nacionais de adoção internacional.
10
11
Convenção sobre os Aspectos Civis do 
Sequestro Internacional de Crianças
Esse instrumento foi concluído em 25 de outubro de 1980, em Haia, passando 
a ter vigência internacional em 1º de dezembro de 1983.
Nosso país ratificou essa convenção em 19 de outubro de 1999, sendo interna-
lizada pelo Decreto n.º 3.413, de 14 de abril de 2000.
Por meio do Decreto n.º 3.951, de 4 de outubro de 2001, foi designada a 
Autoridade Central para dar cumprimento a essa Convenção.
Estatuto da Criança e do Adolescente
O Estatuto da Criança e do Adolescente foi criado pela Lei n.º 8.069, de 13 de 
julho de 1990, sendo fruto de muitos debates e da estruturação dada pelas diversas 
normas anteriormente mencionadas, ou seja, de nossa Constituição Federal e de 
diversas convenções internacionais que nosso país aderiu.
Como pode ser observado, algumas dessas convenções são posteriores à elabo-
ração da Lei n.º 8.069/90, razão pela qual acabaram por determinar importantes 
modificação do Estatuto, colocando-o sempre em sintonia com a evolução dos 
direitos internacionalmente reconhecidos das crianças e dos adolescentes.
Considerando todo esse contexto, podemos afirmar que os direitos das crian-
ças e dos adolescentes em nosso sistema jurídico podem ser representados da 
seguinte forma:
ESTATUTO DA 
CRIANÇA E DO 
ADOSLECENTE
DIREITO DA 
CRIANÇA E DO 
ADOLESCENTE
CONVENÇÕES
INTERNACIONAIS
OUTRAS NORMAS
LEGAIS
NORMAS
CONSTITUCIONAIS
Figura 1
11
UNIDADE Criança e Adolescente no Ordenamento 
Jurídico Nacional e Internacional
Ou seja, há uma somatória de normas constitucionais, com normas oriundas de 
convenções internacionais a que nosso país aderiu (e foram internalizados), com o 
texto do Estatuto e outras normas legais.
Dentre essas outras normas legais podemos destacar, por exemplo, o Código 
Civil (Lei n.º 10.406/02), que, dentre vários assuntos, regula uma série de questões 
relacionadas aos direitos de crianças e adolescentes.
É preciso destacar que estamos falando de normas específicas que incidem 
sobre os direitos da criança e do adolescente, contudo, há normas gerais que são 
aplicadas para todos, inclusive para esses destinatários.
Por fim, com a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente foi revogado 
o antigo Código de Menores, Lei n.º 6.697/79, que até então era o principal 
diploma reitor desse assunto.
Disposições Preliminares
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) se inicia um título chamado de 
Disposições Preliminares que apresenta alguns importantes conceitos que são 
extremamente importantes para a compreensão de suas disposições.
Conceito de criança e de adolescente
O conceito de criança e de adolescente é apresentado pelo ECA em seu artigo 2º, 
cuja redação é a seguinte:
ECA
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze 
anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito 
anos de idade.
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente 
este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade.
Temos assim que:
• Criança: do nascimento até o dia da véspera de completar 12 anos de idade;
• Adolescente: do dia do aniversário de 12 anos até a véspera de completar 18 anos.
Para aquele que completou 18 anos não haverá a aplicação do ECA, salvo em 
situações excepcionais, conforme consta do parágrafo único de seu artigo 2º. Nes-
ses casos essa aplicação somente poderá ocorrer até que a pessoa atinja 21 anos.
Essas hipóteses excepcionais são as seguintes:
• O artigo 121, § 5º, do ECA estabelece, no caso de aplicação da internação, 
a liberação compulsória aos 21 anos de idade, ou seja, esse é um dos limites 
máximos para a aplicação dessa medida socioeducativa.
12
13
• O artigo 40 do ECA prescreve que o adotado deve ter, no máximo 18 anos, 
salvo se já estiver sob a guarda ou tutela dos adotantes antes dessa idade. Nesse 
caso, entende-se que a efetivação da adoção poderá ocorrer, no máximo, se o 
adotado possuir 21 anos de idade.
• A Lei n.º 13.431/17 criou um sistema de garantia de direitos da criança e do 
adolescente vítima ou testemunha de violência, que, dessa forma é aplicado 
para pessoa com até 18 anos, contudo, o parágrafo único do artigo 3º dessa 
norma firma que esse tratamento diferenciado pode, de forma facultativa, ser 
aplicado para pessoas com idades entre os 18 e os 21 anos.
Um conceito mais recentemente incorporado ao sistema protetivo é o de pri-
meira infância, sendo que ele é estabelecido pela Lei n.º 13.257/16, abrangendo 
os seis anos completos ou os setenta e dois primeiros meses de vida da crian-
ça, sendo que essa norma estabelece a necessidade de serem criados planos, 
políticas, programas e serviços que objetivem atender às especificidades dessa 
faixa etária.
Sistema de Proteção Integral
O Estatuto estabeleceu o chamado Sistema de Proteção Integral de proteção 
de crianças e adolescentes, ou seja, cabe à família, à sociedade e ao Estado zelar 
pelo pleno respeito dos direitos desses destinatários.
Constituição Federal
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, 
ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à 
saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, 
à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, 
além de colocá-los a salvo de toda negligência, discriminação, exploração, 
violência, crueldade e opressão.
[...]
Dessa forma, mesmo que haja, por exemplo, negligência dos pais em relação 
aos direitos dos filhos (crianças ou adolescentes), a sociedade e o Estado devem 
possuir instrumentos que sejam aptos para superar essa situação.
Seguindo a orientação constitucional, que estabelece o dever de todos no zelo 
dos direitos de crianças e adolescentes, estabelece o artigo 13 da Lei n.º 13.431/17 
o seguinte:
Lei 13.431/17
Art. 13. Qualquer pessoa que tenha conhecimento ou presencie ação ou 
omissão, praticada em local público ou privado, que constitua violência 
contra criança ou adolescente tem o dever de comunicar o fato imediata-
mente ao serviço de recebimento e monitoramento de denúncias, ao con-
selho tutelar ou à autoridade policial, os quais, por sua vez, cientificarão 
imediatamente o Ministério Público.
[...]
13
UNIDADE Criança e Adolescente no Ordenamento 
Jurídico Nacional e Internacional
Contudo, não basta que existam normas estabelecendo o dever de proteção des-
ses direitos, é necessário que eles, efetivamente, sejam utilizados para fazer cessar 
esse desrespeito.
Além disso, estabelece esse sistema de proteção a priorização de atendimento, 
dessa forma, as práticas e as políticas públicas devem buscar maior agilidade para o 
trato de questões diretamente afetas às necessidades das crianças e dos adolescentes.
Direitos Fundamentais
Direitos fundamentais são aqueles direitoshumanos básicos reconhecidos pelo 
Estado, sendo seu dever respeitá-los e propiciar condições para que sejam plena-
mente gozados.
Como foi acima frisado, podemos destacar duas perspectivas desses direitos:
• aqueles afetos a todos, inclusive crianças e adolescentes;
• aqueles especificamente criados para atender à peculiar situação da criança e 
do adolescente.
Vamos destacar em nosso estudo aqueles direitos fundamentais próprios para a 
especial situação das crianças e adolescentes.
Direito à vida e à saúde
O Estatuto em relação a esses dois importantes bens jurídicos, vida e saúde, es-
tabelece uma série de diretrizes indicativas de medidas que devem ser desenvolvidas 
até mesmo antes do nascimento, fazendo com que a legislação se preocupe com 
a gestante, com os atos que cercam o nascimento, com a prevenção de doenças e 
males que afligem os primeiros anos de vida da criança, com o aleitamento mater-
no, dentre outros assuntos relacionados.
ECA
Art. 7º A criança e o adolescente têm direito à proteção à vida e à saúde, 
mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nas-
cimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas 
de existência.
Sobre a gestante, a parturiente e a nutriz deve ser destacado que o ECA 
prescreve que:
• O Sistema Único de Saúde deve proporcionar um adequado atendimento pré 
e perinatal.
• A parturiente, sempre que possível, deverá ser atendida pelo mesmo médico 
que a acompanhou na fase pré-natal.
14
15
• O Poder Público deve, sempre que necessário, propiciar apoio alimentar à 
gestante e à nutriz que dele necessitem.
• O Poder Público deve ser proporcionar assistência psicológica à gestante e à 
mãe, inclusive para aquelas que manifestem interesse em entregar seus filhos 
para adoção (sendo que estas mães devem ser encaminhadas à Justiça da 
Infância e da Juventude).
• Devem ser asseguradas condições adequadas ao aleitamento materno, inclusi-
ve aos filhos de mães submetidas à medida privativa de liberdade.
Particularmente em relação ao parto e aos atos que dele se seguem, estabe-
lece o Estatuto que os hospitais e os estabelecimentos de saúde:
• Devem manter prontuários individuais e registros das atividades desenvolvidas, 
os quais devem ser preservados por, pelo menos, 18 anos.
• Devem identificar o recém-nascido mediante o registro de sua impressão plan-
tar, bem como pela impressão digital da mãe, sem prejuízo de outras formas 
de identificação que possam ser estabelecidas.
• Devem realizar exames para o diagnóstico e o tratamento de anormalidades 
no metabolismo do recém-nascido (“teste do pezinho”).
• Devem fornecer a declaração de nascimento, com eventuais intercorrências do 
parto e do desenvolvimento do neonato.
• Devem manter o alojamento conjunto, de forma que o neonato permaneça 
junto à sua mãe.
• Devem permanecer na unidade hospitalar e orientar sobre o processo de ama-
mentação, inclusive no que se refere à técnica mais adequada para realizá-la.
A criança e o adolescente têm direito a um integral atendimento à sua saúde 
no Sistema Único de Saúde, devendo ser destacado:
• A criança e o adolescente portadores de deficiência devem ter atendimento 
especializado. Esse atendimento deve abranger, dentre outros aspectos a sua 
habilitação e reabilitação, conforme estabelece o Estatuto da Pessoa com 
Deficiência (Lei n.º 13.146/15).
Estatuto da Pessoa com Deficiência
Art. 14. O processo de habilitação e de reabilitação é um direito da pessoa 
com deficiência.
Parágrafo único. O processo de habilitação e de reabilitação tem por ob-
jetivo o desenvolvimento de potencialidades, talentos, habilidades e apti-
dões físicas, cognitivas, sensoriais, psicossociais, atitudinais, profissionais 
e artísticas que contribuam para a conquista da autonomia da pessoa com 
deficiência e de sua participação social em igualdade de condições e de 
oportunidades com as demais pessoas.
15
UNIDADE Criança e Adolescente no Ordenamento 
Jurídico Nacional e Internacional
• Os medicamentos, as próteses e os outros recursos relativos ao tratamento, à 
habilitação ou à reabilitação devem ser fornecidos gratuitamente àqueles que 
necessitarem.
• Os estabelecimentos de atendimento à saúde, inclusive as unidades neonatais, 
de terapia intensiva e de cuidados intermediários, deverão proporcionar con-
dições para a permanência em tempo integral de um dos pais ou do responsá-
vel, nos casos de internação de criança ou adolescente.
• A vacinação das crianças é obrigatória nos casos recomendados pelas autori-
dades sanitárias.
Os casos de suspeita ou de confirmação de maus-tratos contra criança ou 
adolescente devem, obrigatoriamente, ser comunicados ao Conselho Tutelar da 
respectiva localidade, o que não exclui outras providências cabíveis ao caso.
Por fim, deve ser destacado que o Artigo nº. 227 da Constituição Federal esta-
belece a necessidade de que sejam criadas políticas públicas específicas para pro-
mover a saúde de crianças e adolescentes, devendo ser destinadas verbas orça-
mentárias para o seu desenvolvimento. Essa determinação abrange uma especial 
preocupação com aqueles que possuem necessidades especiais, bem como para o 
tratamento daqueles que estejam sob a dependência de drogas.
Constituição Federal
Art. 227 [...]
§ 1º O Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da 
criança, do adolescente e do jovem, admitida a participação de entidades 
não governamentais, mediante políticas específicas e obedecendo aos 
seguintes preceitos:
I - aplicação de percentual dos recursos públicos destinados à saúde na 
assistência materno-infantil;
II - criação de programas de prevenção e de atendimento especializado 
para as pessoas portadoras de deficiência física, sensorial ou mental, 
bem como de integração social do adolescente e do jovem portador de 
deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a 
facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de 
obstáculos arquitetônicos e todas as formas de discriminação.
[...]
§ 3º - O direito à proteção especial abrangerá os seguintes aspectos:
[...]
VII - programas de prevenção e de atendimento especializado à criança, 
ao adolescente e ao jovem dependente de entorpecentes e drogas afins.
16
17
Direito à liberdade, ao respeito e à dignidade
A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade, 
sendo necessário sempre considerar sua especial situação, ou seja, que são pessoas 
em processo de desenvolvimento.
Essa liberdade abrange, em especial, os seguintes aspectos:
• Direito de ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, 
ressalvadas as restrições legais.
• Direito de expressão e de opinião.
• Direito de ter respeitada a sua crença e seus cultos religiosos.
• Direito de brincar, praticar esportes e divertir-se.
Esses direitos, como não poderia deixar de ser, abrangem o respeito à invio-
labilidade da integridade física, psíquica e moral, especialmente no que se refere 
à preservação de sua imagem e identidade, sendo obrigação de todos velar pela 
dignidade da criança e do adolescente, para que não estejam sujeitos a qualquer 
tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.
Essa preservação da dignidade de criança e adolescente abrange o direito de ser 
educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degra-
dante, como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto. 
Assim, não podem os pais, os integrantes da família ampliada, os responsáveis, os 
agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou qualquer pessoa encar-
regada de prestar-lhes cuidado, utilizar-se desses meios.
Objetivando dar menor subjetividade, o Estatuto apresenta a conceituação de:
Estatuto da Criança e do Adolescente
Art. 18 – A [...]
Parágrafo único: [...]
I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva aplicada com o 
uso da força física sobre a criança ou o adolescente que resulteem:
a) sofrimento físico; ou
b) lesão;
II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma cruel de tratamento 
em relação à criança ou ao adolescente que:
a) humilhe; ou
b) ameace gravemente; ou
c) ridicularize.
17
UNIDADE Criança e Adolescente no Ordenamento 
Jurídico Nacional e Internacional
A utilização desses meios, além de poderem caracterizar a prática de crimes, 
faz com que os responsáveis por essas práticas estejam sujeitos a medidas que são 
aplicadas pelo Conselho Tutelar, sendo as seguintes:
• encaminhamento à programa oficial ou comunitário de proteção à família;
• encaminhamento à tratamento psicológico ou psiquiátrico;
• encaminhamento a cursos ou programas de orientação;
• obrigação de encaminhar a criança à tratamento especializado;
• advertência.
Buscando aumentar os níveis de proteção de crianças e adolescentes contra 
atos de violência, a Lei n.º 13.431/17 estabeleceu um sistema de garantia de 
seus direitos. Dentre várias medidas, essa norma apresentou uma detalhada defi-
nição das mais variadas formas de violência a que crianças e adolescentes podem 
estar submetidos.
Lei n.º 13.431/17
Art. 4º Para os efeitos desta Lei, sem prejuízo da tipificação das condutas 
criminosas, são formas de violência:
I - violência física, entendida como a ação infligida à criança ou ao 
adolescente que ofenda sua integridade ou saúde corporal ou que lhe 
cause sofrimento físico;
II - violência psicológica:
a) qualquer conduta de discriminação, depreciação ou desrespeito em re-
lação à criança ou ao adolescente mediante ameaça, constrangimento, 
humilhação, manipulação, isolamento, agressão verbal e xingamento, ridi-
cularização, indiferença, exploração ou intimidação sistemática (bullying) 
que possa comprometer seu desenvolvimento psíquico ou emocional;
b) ato de alienação parental, assim entendido como a interferência na 
formação psicológica da criança ou do adolescente, promovida ou in-
duzida por um dos genitores, pelos avós ou por quem os tenha sob sua 
autoridade, guarda ou vigilância, que leve ao repúdio de genitor ou que 
cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculo com este;
c) qualquer conduta que exponha a criança ou o adolescente, direta ou 
indiretamente, a crime violento contra membro de sua família ou de 
sua rede de apoio, independentemente do ambiente em que cometido, 
particularmente quando isto a torna testemunha;
III - violência sexual, entendida como qualquer conduta que constranja a 
criança ou o adolescente a praticar ou a presenciar conjunção carnal ou 
qualquer outro ato libidinoso, inclusive exposição do corpo em foto ou em 
vídeo por meio eletrônico ou não, que compreenda:
a) abuso sexual, entendido como toda ação que se utiliza da criança ou 
do adolescente para fins sexuais, seja conjunção carnal ou outro ato 
libidinoso, realizado de modo presencial ou por meio eletrônico, para a 
estimulação sexual do agente ou de terceiro;
18
19
b) exploração sexual comercial, entendida como o uso da criança ou do 
adolescente em atividade sexual em troca de remuneração ou qualquer 
outra forma de compensação, de forma independente ou sob patro-
cínio, apoio ou incentivo de terceiro, seja de modo presencial ou por 
meio eletrônico;
c) tráfico de pessoas, entendido como o recrutamento, o transporte, a 
transferência, o alojamento ou o acolhimento da criança ou do adoles-
cente, dentro do território nacional ou para o estrangeiro, com o fim de 
exploração sexual, mediante ameaça, uso de força ou outra forma de 
coação, rapto, fraude, engano, abuso de autoridade, aproveitamento de 
situação de vulnerabilidade ou entrega ou aceitação de pagamento, entre 
os casos previstos na legislação;
IV - violência institucional, entendida como a praticada por instituição 
pública ou conveniada, inclusive quando gerar revitimização.
Dentre as diversas formas de violência apresentadas por essa norma devem 
ser destacadas duas delas, as quais têm sido alvo de muitas discussões em nossa 
sociedade: o “bullying” e a alienação parental.
Direito à convivência familiar e comunitária
A criança e o adolescente têm direito de ser criada em sua família natural e, 
excepcionalmente, em uma família substituta, além disso, tem direito de participar 
da vida na comunidade onde reside.
Os pais, em razão do poder familiar, exercem em igualdade de condições os 
deveres de sustento, guarda e educação dos filhos menores (crianças ou adolescentes), 
sendo que eventual descumprimento pode acarretar medidas judiciais aplicadas 
pelo Juiz da Infância e da Juventude.
Em casos mais extremos pode ocorrer a suspensão ou a perda desse poder, o 
que possibilita a colocação da criança ou do adolescente em uma família substituta. 
Deve ser frisado que todas essas situações somente podem ocorrer em processo 
judicial em que se possibilite aos pais o pleno exercício do contraditório.
Se o descumprimento desses deveres decorrer, exclusivamente, da falta ou da 
carência de recursos materiais não é possível a decretação da suspensão ou a perda 
do poder familiar, sendo que essa família deverá ser inscrita em programa oficial 
de auxílio.
ECA
Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não constitui motivo 
suficiente para a perda ou a suspensão do poder familiar.
§ 1.º Não existindo outro motivo que por si só autorize a decretação 
da medida, a criança ou o adolescente será mantido em sua família de 
origem, a qual deverá obrigatoriamente ser incluída em serviços e em 
programas oficiais de proteção, apoio e promoção.
[...]
19
UNIDADE Criança e Adolescente no Ordenamento 
Jurídico Nacional e Internacional
Outra questão relevante que deve ser analisada com muito cuidado se relaciona 
às situações em que o pai ou a mãe sofrem uma condenação criminal. Nesse caso, 
não há uma presunção de que se faz necessária a suspensão ou a destituição do 
poder familiar. Contudo, se algum deles praticar crime doloso, sujeito à pena de 
reclusão, contra o próprio filho ou filha, essa medida se fará necessária.
Família Natural
O § 4º do artigo 226 da Constituição Federal apresenta um conceito de entidade 
familiar, cuja redação é a seguinte:
Constituição Federal
Art. 226 [...]
§ 4º - Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada 
por qualquer dos pais e seus descendentes.
Esse conceito influenciou na formulação do conceito de família natural, cons-
tante do “caput” do artigo 25 do ECA.
ECA
Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade formada pelos pais 
ou qualquer deles e seus descendentes.
O ECA também estabelece um conceito relacionado ao da família natural, a 
que ele denomina de família extensa ou ampliada, englobando outros parentes 
próximos com quem a criança ou o adolescente mantém convivência e vínculos de 
afinidade e de afetividade.
ECA
Art. 25 [...]
Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou ampliada aquela que 
se estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, 
formada por parentes próximos com os quais a criança ou o adolescente 
convive e mantém vínculos de afinidade e de afetividade.
Reconhecimento do estado de filiação
O reconhecimento do estado de filiação é um dos direitos de personalidade mais 
importantes de nossa legislação, pois desse reconhecimento decorrem importantes 
efeitos para a pessoa natural.
Em razão dessas características, esse direito:
• não pode ser transmitido;
• é irrenunciável;
20
21
• não pode sofrer qualquer limitação voluntária; e
• não está sujeito à prescrição.
Ele pode ser exercido a qualquer tempo, contra os pais ou outros herdeiros, 
sendo que o processo corre em segredo de Justiça.
Essas características estão expressamente indicadas no artigo 11 do Código 
Civil e no artigo 27 do ECA.
Código Civil
Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da persona-
lidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício 
sofrer limitação voluntária.
ECA
Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo,indisponível e imprescritível, podendo ser exercitado contra os pais ou 
seus herdeiros, sem qualquer restrição, observado o segredo de Justiça.
O reconhecimento de filhos havidos fora do casamento pode ocorrer de forma 
conjunta ou separadamente pelos pais, sendo que ele pode ser formalizado de várias 
formas, conforme estabelece o Artigo no. 1.609 do Código Civil e o Artigo 26 
do ECA:
• no registro do nascimento;
• por escritura pública ou escrito particular, que deve ser arquivado no cartório 
onde se procedeu ao registro;
• por testamento, ainda que incidentalmente manifestado;
• por manifestação direta e expressa perante o juiz, ainda que o reconhecimento 
não haja sido o objeto único e principal do ato que o contém.
O reconhecimento, em qualquer dessas formas, não está sujeito a qualquer 
forma de revogação. Ele pode preceder o nascimento do filho ou ser posterior ao 
seu falecimento, contudo, neste último caso, somente poderá ocorrer se ele deixar 
descendentes – isso impossibilita que os pais reconheçam os filhos já falecidos 
somente com a intenção de participarem da sucessão de seus bens.
Família Substituta
Não havendo a possibilidade de manutenção da criança ou do adolescente em 
sua família natural, ou mesmo na extensa, ele poderá ser inserido em uma família 
substituta.
Essa é uma medida excepcional, pois todos os esforços devem ser realizados 
para que ela não ocorra.
21
UNIDADE Criança e Adolescente no Ordenamento 
Jurídico Nacional e Internacional
No ECA as três formas de colocação em família substituta decorrem:
• da guarda;
• da tutela;
• da adoção.
Essas três possibilidades serão detidamente estudadas em outra unidade.
Direito à educação, à cultura, ao esporte e ao lazer
O direito à educação é também tratado pelo ECA, devendo ser destacados os 
seguintes preceitos:
• Deve ser garantido o acesso à escola pública e gratuita nas proximidades da 
residência da criança e do adolescente. Esse é um direito público subjetivo, ou 
seja, pode ser exigido judicialmente em caso de descumprimento por parte 
do Poder Público, além de poder acarretar a responsabilização da autoridade 
pública que não ofertou vagas suficientes.
• Deve ser obrigatório o ensino fundamental, inclusive para aqueles que não 
tiveram acesso a ele na idade própria.
• Têm direito ao atendimento em creche e pré-escola, crianças de zero a cinco 
anos de idade.
• Deve ocorrer o atendimento educacional especializado aos portadores de ne-
cessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino. Para isso, se 
faz necessário que haja um aprimoramento do sistema educacional para que se 
estabeleçam condições de acesso, permanência, participação e aprendizagem.
Estatuto da Pessoa com Deficiência
Art. 28. Incumbe ao poder público assegurar, criar, desenvolver, imple-
mentar, incentivar, acompanhar e avaliar:
I - sistema educacional inclusivo em todos os níveis e modalidades, bem 
como o aprendizado ao longo de toda a vida;
II - aprimoramento dos sistemas educacionais, visando a garantir condi-
ções de acesso, permanência, participação e aprendizagem, por meio da 
oferta de serviços e de recursos de acessibilidade que eliminem as barrei-
ras e promovam a inclusão plena;
[...]
• Deve haver a oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do 
adolescente trabalhador.
22
23
• Devem ser criados programas suplementares de material didático-escolar, 
transporte, alimentação e assistência à saúde, para o ensino fundamental.
O Estatuto, ao se referir ao ensino médio, estabelece que deveria haver uma gra-
dual e progressiva extensão da sua obrigatoriedade, contudo, a Lei n.º 12.796/13, 
ao modificar a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei n.º 9.394/96), estabele-
ceu que o ensino médio é parte integrantes do ensino básico obrigatório (Art. 
4º, inciso I da LDB), assim os preceitos do ECA, nesse particular, se encontram 
superados pela nova forma como a nossa legislação trata do assunto.
Os pais ou o responsável têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos 
na rede regular de ensino, sendo que a falta de observância desse preceito pode, 
inclusive, acarretar a caracterização da infração penal prevista no Artigo 246 do 
Código Penal – “Abandono intelectual”.
Estabelece o Artigo 56 do ECA o dever dos dirigentes dos estabelecimentos de 
ensino fundamental de comunicar ao Conselho Tutelar os casos de:
ECA
Art. 56 [...]
I - maus-tratos envolvendo seus alunos;
II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, esgotados os 
recursos escolares;
III - elevados níveis de repetência.
Direito à profi ssionalização e à proteção ao trabalho
O adolescente tem direito à profissionalização e à proteção no trabalho, sempre 
se observando o respeito à sua peculiar condição de pessoa em desenvolvimento, 
devendo haver esforços do Poder Público e da sociedade para que haja a sua 
capacitação profissional adequada ao mercado de trabalho.
Uma questão que deve ser observada com atenção se refere à idade em que o 
adolescente pode ingressar no mercado de trabalho, pois, na redação original 
da Constituição Federal de 1988 havia a indicação de uma idade mínima em dois 
lugares (inciso XXXIII do artigo 7º e inciso I do §3º do Artigo 227). Essa indicação 
foi repetida pelo ECA (Artigo 60).
Ocorre, contudo, que o inciso XXXIII do Artigo 7º do texto constitucional foi 
alterado pela Emenda Constitucional n.º 20/98, mas essa mudança não ocorreu 
nem no outro dispositivo de nossa Carta Magna, nem no ECA, o que pode gerar 
alguma confusão para um leitor mais desavisado dessas normas.
23
UNIDADE Criança e Adolescente no Ordenamento 
Jurídico Nacional e Internacional
Observe o esquema abaixo que indica essa situação:
Situação
Anterior
Art. 7º, XXXIII, CF
Art. 227, §3º, I, CF
Art. 60 ECA
PROIBIÇÃO DO 
TRABALHO PARA O 
MENOR DE 14 ANOS, 
SALVO NA CONDIÇÃO 
DE APRENDIZ
EMENDA
CONSTITUCIONAL
N.º 20/98
Art. 7º, XXXIII, CF
Art. 227, §3º, I, CF
Art. 60 ECA
PROIBIÇÃO DO 
TRABALHO PARA O 
MENOR DE 16 ANOS, 
SALVO NA CONDIÇÃO 
DE APRENDIZ
PROIBIÇÃO DO 
TRABALHO PARA O 
MENOR DE 14 ANOS, 
SALVO NA CONDIÇÃO 
DE APRENDIZ
REVOGAÇÃO TÁCITA 
DAS DISPOSIÇÕES 
ANTERIORES
Figura 2
Portanto, hoje a disposição que possui vigência é a seguinte:
Constituição Federal
Art. 7º [...]
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores 
de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na 
condição de aprendiz, a partir de quatorze anos;
24
25
O ECA estabelece alguns padrões sobre a formação técnico-profissional e a 
aprendizagem, as quais são detalhadas na legislação trabalhista.
ECA
Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação técnico-profissional minis-
trada segundo as diretrizes e as bases da legislação de educação em vigor.
Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá aos seguintes 
princípios:
I - garantia de acesso e frequência obrigatória ao ensino regular;
II - atividade compatível com o desenvolvimento do adolescente;
III - horário especial para o exercício das atividades.
Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é assegurada bolsa de 
aprendizagem.
[...]
Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é assegurado trabalho 
protegido.
Muito embora o adolescente maior de 16 anos possa trabalhar, o Artigo 67 do 
ECA estipula uma série de restrições, as quais são estabelecidas em razão de sua 
peculiar situação de pessoa em formação.
ECA
Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime familiar de 
trabalho, aluno de escola técnica, assistido em entidade governamental ou 
não-governamental, é vedado trabalho:
I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um dia e as cinco 
horas do dia seguinte;
II - perigoso, insalubre ou penoso;
III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu desenvolvi-
mento físico, psíquico, moral e social;
IV - realizado em horários e em locais que não permitam a frequência 
à escola.
25
UNIDADE Criança e Adolescente no Ordenamento 
JurídicoNacional e Internacional
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Leitura
Constituição Federal
https://goo.gl/zaRrL
Estatuto da Criança e do Adolescente
https://goo.gl/1NtGKk
Convenção sobre os Direitos da Criança
https://goo.gl/LPU4JW
Convenção Relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional
https://goo.gl/qcGTBt
Convenção sobre os Aspectos Civis do Sequestro Internacional de Crianças
https://goo.gl/RFJgKY
26
27
Referências
CUNHA, Rogério Sanches; LÉPORE, Paulo Eduardo; ROSSATO, Luciano Alves. 
Estatuto da criança e do adolescente comentado. 4. ed. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 2012.
ISHIDA, Valter Kenji. Estatuto da criança e do adolescente. 14. ed. São Paulo: 
Atlas, 2013.
MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 29. ed. São Paulo: Atlas, 2013.
PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e o direito constitucional internacional. 
14. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
27
Estatuto da Criança 
e do Adolescente
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Reinaldo Zychan de Moraes
Revisão Textual:
Prof. Esp. Claudio Pereira do Nascimento
A Colocação em Família Substituta
• Direito à Convivência Familiar;
• Família Substituta.
 · Compreender de que forma o Estatuto da Criança e do Adolescente, 
ao disciplinar as relações familiares, estabelece a priorização de 
manutenção da criança e do adolescente em sua família natural, ou 
de que forma este propõe uma família substituta.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
A Colocação em Família Substituta
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você 
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão 
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE A Colocação em Família Substituta
Direito à Convivência Familiar
Considerações Iniciais
Como vimos em nossa aula anterior, o Estatuto da Criança e do Adolescente 
estabeleceu em seu Título II os diversos Direitos Fundamentais reconhecidos pelo 
Estado brasileiro para as crianças e adolescente, sendo que, dentre eles está o Di-
reito à Convivência Familiar e Comunitária (Capítulo III).
Mais do que apreciar meramente questões formais ou de conveniências, o legis-
lador apontou uma clara direção que deve ser seguida, ou seja, a criança e o adoles-
cente, como pessoas em formação, necessitam estar inseridos na vida comunitária 
dela participando ativamente, contudo, isso não se compara à importância que a 
família representa.
ECA
Art. 19. Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no 
seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada 
a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de 
pessoas dependentes de substâncias entorpecentes.
Para que haja uma maior clareza de linguagem, o legislador buscou definir as 
várias formas que a família pode apresentar.
Na Constituição Federal está a definição de entidade familiar.
Constituição Federal
Art. 226 [...]
§ 4º - Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada 
por qualquer dos pais e seus descendentes.
Essa definição, como vimos na aula passada, em muito influenciou os conceitos 
apresentados no ECA, sobretudo o conceito de família natural.
Antes de retornarmos a esses conceitos, vamos falar sobre poder familiar.
Poder familiar
O poder familiar é um complexo de direitos e deveres que liga os pais, em igual-
dade de condições, aos seus filhos.
ECA
Art. 21. O poder familiar será exercido, em igualdade de condições, pelo 
pai e pela mãe, na forma do que dispuser a legislação civil, assegurado a 
qualquer deles o direito de, em caso de discordância, recorrer à autoridade 
judiciária competente para a solução da divergência.
O poder familiar anteriormente recebia o nome do “pátrio poder”, contudo, 
essa denominação foi abandonada pelo Código Civil (Lei n.º 10.406/02) e, 
8
9
posteriormente, todas as menções a essa nomenclatura foram alteradas no ECA 
pela Lei n.º 12.010/09.
Como está claramente disposto no ECA, o poder familiar é exercido de forma 
conjunta pelos pais, em igualdade de condições, sendo que eventuais divergências 
devem ser objeto de decisão judicial.
Em decorrência desse poder, aos pais incumbe o sustento, guarda e educação dos 
filhos, além da obrigação de cumprir decisões judiciais eventualmente prolatadas 
para regular alguma questão que, direta ou indiretamente, possa influenciar nos 
direitos da criança ou do adolescente.
ECA
Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos 
filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de 
cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais.
Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os responsáveis, têm direitos iguais 
e deveres e responsabilidades compartilhados no cuidado e na educação 
da criança, devendo ser resguardado o direito de transmissão familiar de 
suas crenças e culturas, assegurados os direitos da criança estabelecidos 
nesta Lei.
Quando os pais não cumprem com os deveres inerentes ao poder familiar ou, de 
qualquer outra forma, colocam os filhos menores em condições que afetem seus di-
reitos básicos, ocorre uma conduta irregular que poderá acarretar a suspensão ou a 
perda desse poder. Contudo, se a família está sujeita a condições de miserabilidade 
e não há outra razão para o descumprimento desses deveres, não poderá o juiz de-
terminar essa medida tão drástica, devendo determinar que o Poder Público a insira 
em um programa assistencial para que os direitos das crianças sejam respeitados.
ECA
Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não constitui motivo 
suficiente para a perda ou a suspensão do poder familiar.
§ 1º Não existindo outro motivo que por si só autorize a decretação da 
medida, a criança ou o adolescente será mantido em sua família de origem, 
a qual deverá obrigatoriamente ser incluída em serviços e programas 
oficiais de proteção, apoio e promoção.
[...]
O ECA estabelece que essa drástica medida de suspensão ou perda do poder 
familiar somente pode ocorrer em razão de decisão judicial, em processo em que 
se permita aos pais exercer o contraditório.
ECA
Art. 24. A perda e a suspensão do poder familiar serão decretadas 
judicialmente, em procedimento contraditório, nos casos previstos na 
legislação civil, bem como na hipótese de descumprimentoinjustificado 
dos deveres e obrigações a que alude o art. 22. 
9
UNIDADE A Colocação em Família Substituta
Família natural
O conceito de família natural é bastante restrito, abrangendo somente os pais, 
ou qualquer um deles (ante a falta do outro) e seus descendentes.
ECA
Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade formada pelos pais 
ou qualquer deles e seus descendentes.
Quando o filho nasce (ou é concebido) na constância do casamento, a legislação 
presume o estado de filiação, ou seja, presume que as pessoas casadas são o pai e 
a mãe da criança. Nesse sentido, podemos observar que o artigo 1.597 do Código 
Civil estabelece uma série de situações em que essa presunção encontra arrimo.
Código Civil
Art. 1.597. Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos:
I - nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida a 
convivência conjugal;
II - nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissolução da sociedade 
conjugal, por morte, separação judicial, nulidade e anulação do casamento;
III - havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o marido;
IV - havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários, 
decorrentes de concepção artificial homóloga;
V - havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia 
autorização do marido.
Observe que essa presunção abrange situações decorrentes da relação conjugal – 
incisos I e II – que se ligam ao provável período de convivência dos pais, bem como 
situações que envolvem de concepção artificial homóloga (com material genético 
do pai e da mãe) ou heteróloga (com material genético somente da mãe ou do pai), 
contudo, neste último caso, com clara autorização do marido.
Há, contudo, situações outras em que se faz necessário o reconhecimento desse 
estado de filiação. Isso ocorre, normalmente, pela realização de declaração dos pais 
quando da lavratura do termo de nascimento (também conhecido como “registro 
de nascimento”). Além disso, também é admitido esse reconhecimento por outras 
formas não contenciosas (como vimos em nossa aula anterior).
ECA
Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão ser reconhecidos 
pelos pais, conjunta ou separadamente, no próprio termo de nascimento, 
por testamento, mediante escritura ou outro documento público, qualquer 
que seja a origem da filiação.
Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nascimento do filho 
ou suceder-lhe ao falecimento, se deixar descendentes.
10
11
Também devemos acrescentar que esse reconhecimento também pode decorrer 
de processo judicial contencioso, promovido contra os pais (ou qualquer um deles), 
ou ainda contra seus herdeiros.
ECA
Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo, 
indisponível e imprescritível, podendo ser exercitado contra os pais ou 
seus herdeiros, sem qualquer restrição, observado o segredo de Justiça.
Família extensa ou ampliada
Outro importante conceito é o de família extensa ou ampliada, que, sem excluir 
o conceito de família natural, o aumenta ao inserir outros parentes ligados à criança 
ou ao adolescente com os quais há convivência e laços de afinidade e afetividade.
ECA
Art. 25 [...]
Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou ampliada aquela que 
se estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, 
formada por parentes próximos com os quais a criança ou adolescente 
convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade.
Acolhimento familiar ou institucional
Em razão de diversas situações, tais como abandono e suspensão do poder 
familiar, que podem colocar a criança ou o adolescente em uma situação pessoal e 
jurídica de risco, deve ocorrer a sua colocação em um programa de acolhimento.
A colocação em acolhimento se dá por decisão do Juiz da Infância e Juventude, 
contudo, em caráter excepcional e de urgência, essas entidades podem acolher 
crianças e adolescentes sem prévia determinação do magistrado, havendo, contudo, 
a obrigação de comunicar o ocorrido ao juiz da infância e da juventude no prazo 
de 24 horas.
Esse programa pode ser familiar ou institucional, sendo que nele se objetivará, 
sempre que isso for possível, a sua reinserção em sua família natural ou extensa. O 
ECA parte do pressuposto que é a família (natural ou extensa) o melhor lugar para 
que a criança ou o adolescente se desenvolva e alcance a maior idade.
Durante o período de acolhimento, deve o Poder Público acompanhar, por in-
termédio de uma equipe interprofissional ou multidisciplinar, as medidas que são 
realizadas para se buscar atingir essa reinserção, sendo que, pelo menos a cada três 
meses, deve o juiz reavaliar a situação da criança ou do adolescente.
Nessa reavaliação, poderá o juiz, em razão das provas existentes e do parecer da 
equipe interprofissional ou multidisciplinar, decidir pela possibilidade de reintegração 
familiar ou pela colocação em família substituta, em quaisquer de suas modalidades 
– guarda, tutela ou adoção.
11
UNIDADE A Colocação em Família Substituta
O acolhimento institucional da criança ou adolescente não pode se prolongar por 
mais de dezoito meses, exceto se houver comprovada necessidade que atenda ao 
seu interesse, devendo essa situação ser sempre decidida de forma fundamentada 
pelo Juiz da Infância e Juventude.
Apadrinhamento
O apadrinhamento foi criado pela Lei n.º 13.509/17 e busca estabelecer e 
proporcionar à criança e ao adolescente que se encontram em acolhimento vínculos 
externos à instituição para fins de convivência familiar e comunitária e colaboração 
com o seu desenvolvimento nos aspectos social, moral, físico, cognitivo, educacional 
e financeiro.
Para viabilizar a aplicação desse instituto, devem ser criados programas de apa-
drinhamento, onde devem ser estabelecidos, dentre outros elementos, os seguintes:
• Requisitos e perfis das pessoas que podem participar do programa;
• Perfil das crianças e adolescentes que serão beneficiados pelo programa, de-
vendo ter preferência aquelas que possuem remota possibilidade de reinserção 
familiar ou colocação em família adotiva.
Os padrinhos e madrinhas devem ser pessoas maiores de dezoito anos, que 
não estejam inscritas nos cadastros de adoção, desde que cumpram os requisitos 
exigidos pelo programa de apadrinhamento de que fazem parte.
As pessoas jurídicas podem fazer parte desses programas realizando o apadri-
nhamento de crianças e adolescentes.
Os programas ou serviços de apadrinhamento devem ser apoiados pela Justiça 
da Infância e da Juventude e podem ser executados por órgãos públicos ou por or-
ganizações da sociedade civil.
Família Substituta
Características da medida
O ECA somente admite três formas de colocação da criança e do adolescente 
em uma família substituta, ou seja, a guarda, a tutela e a adoção.
ECA
Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á mediante guarda, 
tutela ou adoção, independentemente da situação jurídica da criança ou 
adolescente, nos termos desta Lei.
12
13
Em razão da severidade dessa medida, sempre se faz necessária que essa colo-
cação ocorra por decisão judicial, devendo ser observado que:
• A criança ou o adolescente será sempre ouvido por uma equipe multiprofissional 
e considerada a sua opinião. Naturalmente, deve ser levado em conta o seu 
grau de desenvolvimento e de compreensão sobre essa medida.
• No caso de adolescente, será necessário seu consentimento, que será colhido 
em audiência.
• Em sua decisão o juiz deve levar em conta o grau de parentesco e a relação 
de afinidade ou de afetividade, buscando evitar ou minorar as consequências 
decorrentes da medida.
• Quando essa medida recair sobre grupos de irmãos, deve haver o cuidado de 
que todos eles sejam colocados sob adoção, tutela ou guarda da mesma família 
substituta, salvo se comprovada a possibilidade de risco de abuso ou outra 
situação que justifique plenamente a excepcionalidade de solução diversa. 
Nessas situações extremas, deve-se procurar evitar o rompimento definitivodos vínculos fraternais.
• A colocação em família substituta deve ser precedida de preparação gradativa 
e acompanhamento posterior.
Quem recebe a criança ou o adolescente em família substituta, não pode transferi-lo 
a qualquer outra pessoa ou entidade, salvo se houver expressa determinação judicial.
O ECA é expresso em determinar que não deferirá colocação em família subs-
tituta a pessoa que revele:
• incompatibilidade com a natureza da medida;
• não ofereça ambiente familiar adequado.
Por fim, estabelece o ECA que estrangeiros não podem receber a guarda ou a 
tutela de crianças e adolescentes, sendo somente admissível a adoção, contudo, 
essa medida deve sempre ser considerada excepcional (artigo 31 do ECA).
Guarda
A guarda é a forma mais simples de colocação em família substituta, podendo 
ser usada:
• Para a regularização de situações de fato;
• Como forma inicial ou incidental durante o processo de adoção ou tutela, salvo 
se os adotantes forem estrangeiros;
• Para suprir a falta eventual dos pais;
• Em outras situações peculiares.
13
UNIDADE A Colocação em Família Substituta
O guardião deve prestar assistência material, moral e educacional à criança ou 
adolescente, tendo o direito de se opor a terceiros, inclusive aos pais, sendo que 
estes continuam com o dever de prestar alimentos.
Ao estabelecer a guarda, o juiz regulará o direito de visita dos pais, porém esse 
direito não será reconhecido quando:
• houver fato grave que justifique a medida, situação em que o juiz deverá ex-
pressamente proibir as visitas;
• a colocação em guarda ocorrer como uma medida preparatória em um pro-
cesso de adoção.
Entre o guardião e a criança ou adolescente submetido à medida não se estabelece 
uma relação de parentesco, mas de dependência, para todos os fins e efeitos de 
direito, inclusive previdenciários.
A guarda pode ser revogada a qualquer tempo, mediante ato judicial fundamen-
tado, ouvido o Ministério Público.
Tutela
A tutela é uma forma de colocação em família substituta que tem como carac-
terística a atual ausência do poder familiar, seja em razão do falecimento dos pais 
ou a prévia perda ou suspensão desse poder, sendo que o tutor passa a cuidar da 
pessoa do tutelado (criança ou adolescente implicado com essa medida), bem como 
de seus bens.
Como vimos, essa forma de colocação em família substituta somente pode 
ser deferida por decisão judicial, contudo, há uma segunda possibilidade, ou seja, 
os pais podem nomear o tutor em testamento ou outro documento autêntico, 
contudo, neste último caso, é necessário que esse tutor, no prazo de trinta dias 
após a abertura da sucessão, ingresse com pedido destinado ao controle judicial do 
ato. Nesse controle da tutela testamentária, o juiz somente irá deferir a medida se 
restar comprovado que ela é vantajosa ao tutelado e que não existe outra pessoa 
em melhores condições de assumi-la.
Da mesma forma que a guarda, a tutela poderá ser revogada por decisão judicial, 
ouvido o Ministério Público.
Adoção
Das formas de colocação da criança ou do adolescente em uma família substituta, 
a adoção é a mais complexa e a que causa maiores implicações legais e pessoais a 
todas as pessoas envolvidas – adotante e adotado.
Como vimos, o ECA tem como pressuposto básico que a criança ou o adolescente 
deve permanecer junto à sua família natural, sendo que todos os esforços da família, 
da sociedade e do Estado devem estar voltados para esse objetivo.
14
15
Dessa forma, a adoção constitui uma medida excepcional, que somente pode 
ser utilizada quando não houver condições de manutenção da criança ou do ado-
lescente em sua família natural ou extensa.
Outra característica da adoção é que ela é irrevogável, pois com ela se estabelece 
o parentesco entre o adotado e o adotante, bem como entre adotado e os demais 
parentes do adotante, sem a possibilidade de, pela vontade de quem quer que seja, 
se retornar à situação anterior.
Requisitos
• O adotando (criança ou adolescente submetida a essa medida) deve possuir, 
no máximo, dezoito anos à data do pedido, salvo se já estiver sob a guarda ou 
tutela dos adotantes. Neste caso, a efetivação da adoção deverá ocorrer, no 
máximo, aos vinte e um anos de idade do adotado.
• O adotante deve ser maior de dezoito anos e ser, pelo menos, dezesseis anos 
mais velho do que o adotando.
• O estado civil do adotante não é causa de impedimento para a adoção, sendo que:
 » Os adotantes, quando forem casados ou viverem em união estável, poderão 
adotar em conjunto, desde que comprovada a estabilidade da família.
 » Os divorciados, os judicialmente separados e os ex-companheiros podem 
adotar conjuntamente, porém:
 » Precisam estabelecer um acordo sobre a guarda e o regime de visitas.
 » O estágio de convivência deve ter sido iniciado na constância do período 
de convivência.
 » Deve ser comprovada a existência de vínculos de afinidade e afetividade 
com aquele não detentor da guarda, que justifiquem a excepcionalidade 
da concessão.
• É possível que um dos cônjuges adote o filho do outro.
• É vedada a adoção por ascendentes e por irmãos do adotando.
A adoção pode ocorrer mesmo após a morte do adotante (adoção póstuma), 
desde que:
• Ele ingresse com o processo de adoção.
• O falecimento ocorra durante a tramitação do processo (antes de prolatada 
a sentença).
• Antes do seu falecimento, o adotante tenha, de forma inequívoca, manifestado 
a sua vontade de adotar.
Na adoção póstuma, os efeitos retroagem à data da morte do adotante. A adoção 
somente pode ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotando e 
fundar-se em motivos legítimos.
15
UNIDADE A Colocação em Família Substituta
Características
Com a adoção, diferentemente das outras formas de colocação de família subs-
tituta, o adotado passa ser filho do adotante, com os mesmos direitos e deveres, 
inclusive sucessórios.
Outra consequência é que há o rompimento do vínculo entre o adotado e sua famí-
lia natural e demais parentes, salvo no que se refere aos impedimentos matrimoniais.
Nem a morte dos adotantes pode restabelecer o poder familiar dos pais naturais.
Consentimento para a adoção
Para que ocorra a adoção é necessário que haja o consentimento dos pais ou 
do representante legal do adotando, contudo, esse consentimento é dispensado se 
os pais forem desconhecidos (tais como ocorre, com certa frequência, nos casos de 
abandono de crianças recém-nascidas) ou se eles forem destituídos do poder familiar.
Quando o adotando for maior de doze anos de idade, será também necessário 
o seu consentimento.
Registro civil do adotado
O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial que será inscrita no regis-
tro civil mediante mandado. A inscrição consignará o nome dos adotantes como 
pais, sendo que também constatará o nome dos seus ascendentes. Não se admite 
qualquer observação sobre a origem desse registro, ou seja, não há qualquer men-
ção sobre a adoção.
Com essa inscrição ocorrerá o cancelamento do registro original do adotado.
Na sentença, o juiz especificará que o adotado passa a ter o nome do adotante 
e, a pedido de qualquer deles, poderá determinar a modificação do prenome.
A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em julgado da sentença consti-
tutiva, exceto na adoção póstuma, pois, como foi acima mencionado, seus efeitos 
retroagem à data do óbito do adotante.
Conservação do processo de adoção
O processo relativo à adoção, bem como outros a ele relacionados, deve ser 
mantido em arquivo, devendo ser garantida a sua conservação para consulta a 
qualquer tempo.
Isso é particularmente importante, em razão do ECA garantir ao adotado o di-
reito de conhecer sua origem biológica. Para tanto, após completar dezoito anos, 
o adotado pode obter acesso irrestrito ao seu processo de adoção.
Há também a possibilidade de que esse acesso seja deferido ao adotado menor de 
dezoito anos, a seu pedido, assegurada orientação e assistência jurídica e psicológica.
16
17
Estágio de convivênciaO estágio de convivência é uma etapa importante do processo de adoção, sendo 
que realizado antes da decisão final, por prazo máximo de 90 dias, fixado pelo 
juiz, observada idade da criança ou adolescente e as peculiaridades do caso. Esse 
prazo poderá ser prorrogado por igual período pela autoridade judiciária, se houver 
razões que demonstrem a sua necessidade.
Pode, contudo, esse estágio ser dispensado se o adotando já estiver sob a tutela 
ou guarda legal do adotante durante tempo suficiente para que seja possível avaliar 
a conveniência da constituição do vínculo. Deve, contudo, ser observado que a 
simples guarda de fato (aquela sem decisão judicial que a determine ou a regularize) 
não autoriza, por si só, a dispensa da realização do estágio de convivência.
No caso de adoção por pessoa ou casal residente ou domiciliado fora do território 
nacional (adoção internacional), o estágio de convivência será de, no mínimo trinta 
dias e no máximo de quarenta e cinco dias (prorrogável somente uma vez por igual 
período). Nesse caso, seu cumprimento deve ocorrer, integralmente.
ECA
Art. 46 [...]
§ 5o O estágio de convivência será cumprido no território nacional, pre-
ferencialmente na comarca de residência da criança ou adolescente, ou, 
a critério do juiz, em cidade limítrofe, respeitada, em qualquer hipótese, a 
competência do juízo da comarca de residência da criança.
O estágio de convivência é um período de extrema importância para que o juiz 
possa verificar se a adoção, realmente, irá trazer verdadeiros benefícios para a 
criança ou o adolescente, sendo que haverá o acompanhamento por uma equipe 
interprofissional, que irá apresentar um relatório minucioso acerca da conveniência 
do deferimento da medida.
Cadastro de crianças e adolescentes em condições de serem adotadas 
e de interessados
Em cada comarca ou foro regional devem ser organizados dois tipos de registros:
• das crianças e adolescentes em condições de serem adotados;
• de pessoas interessadas na adoção.
Esse registro é realizado após consulta aos órgãos técnicos do juízo, bem como 
da manifestação do Ministério Público.
No caso das pessoas que postulam a adoção, o registro deve ser precedido de 
um período de preparação psicossocial e jurídica, onde o interessado receberá 
orientações da equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude.
Sempre que presentes condições para que isso ocorra, essa preparação incluirá 
o contato com crianças e adolescentes em acolhimento familiar ou institucional em 
condições de serem adotados.
17
UNIDADE A Colocação em Família Substituta
Esses cadastros locais devem estar interligados a cadastros estaduais e nacional, 
sendo que, em regra, não se defere a adoção a pessoa que não faça parte deles.
Também deve ser criado um cadastro para pessoas ou casais residentes fora 
do País, que somente serão consultados na inexistência de postulantes nacionais 
habilitados nos cadastros estaduais e nacional.
O Ministério Público é incumbido de realizar a fiscalização desses cadastros.
Adoção internacional
O regramento da adoção internacional no ECA sofreu uma grande modificação 
com a Lei n.º 12.010/09, que incorporou os preceitos da Convenção de Haia 
- Relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção 
Internacional, de 29 de maio de 1993 (aprovada pelo Decreto Legislativo n.º 1, 
de 14 de janeiro de 1999, e promulgada pelo Decreto n.º 3.087, de 21 de junho 
de 1999).
Em razão das disposições da mencionada Convenção, a definição de adoção 
internacional é a seguinte:
ECA
Art. 51. Considera-se adoção internacional aquela na qual o pretendente 
possui residência habitual em país-parte da Convenção de Haia, de 29 de 
maio de 1993, relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em Maté-
ria de Adoção Internacional, promulgada pelo Decreto no 3.087, de 21 ju-
nho de 1999, e deseja adotar criança em outro país-parte da Convenção.
[...]
Sobre essa diferenciada forma de adoção, precisamos destacar os seguintes 
elementos:
• A adoção internacional somente poderá ocorrer se, após consulta ao cadastro 
de pessoas ou casais habilitados à adoção, mantido pela Justiça da Infância e 
da Juventude na comarca, bem como nos cadastros estaduais e nacional não 
forem encontrados interessados com residência permanente no Brasil.
• Excepcionalmente, somente poderá ser deferida a adoção para pessoa não 
domiciliada em nosso país e que não esteja no cadastro de interessados.
• Os brasileiros residentes no exterior terão preferência aos estrangeiros, nos 
casos de adoção internacional de criança ou adolescente brasileiro.
• A pessoa ou casal estrangeiro interessado em adotar criança ou adolescente 
brasileiro deverá formular pedido de habilitação à adoção perante a Autoridade 
Central em matéria de adoção internacional no seu país de acolhida, ou seja, 
naquele de sua residência habitual.
18
19
• Se a Autoridade Central do país de acolhida considerar que os solicitantes 
estão habilitados e aptos para adotar, emitirá um relatório que será por aquela 
Autoridade remetido para a Autoridade Central Estadual Brasileira, com cópia 
para a Autoridade Central Federal Brasileira.
• Os documentos em língua estrangeira devem ser devidamente autenticados 
pela autoridade consular, bem como devem estar acompanhados da respectiva 
tradução, por tradutor público juramentado.
• Verificada a compatibilidade da legislação estrangeira com a nacional, além do 
preenchimento dos requisitos por parte dos postulantes, a Autoridade Central 
Estadual expedirá um laudo de habilitação à adoção internacional, que terá 
validade por, no máximo, um ano.
• Com o laudo de habilitação, o interessado será autorizado a formalizar pedido 
de adoção perante o Juízo da Infância e da Juventude do local em que se 
encontra a criança ou adolescente.
Como foi anteriormente mencionado, o estágio de convivência deve ser realiza-
do, obrigatoriamente, em nosso território.
Durante a tramitação do processo de adoção, a criança ou adolescente não po-
derá sair do território nacional, sendo que, com a decisão transitada em julgado, o 
juiz expedirá alvará autorizando a expedição de passaporte para o adotando e, em 
seguida, autoriza a sua saída para o país de acolhida.
A Autoridade Central Federal Brasileira poderá, a qualquer momento, solicitar 
informações sobre a situação das crianças e adolescentes adotados.
Prazo do processo de adoção
O processo de adoção deve ser encerrado no prazo de cento e vinte dias, somente 
se admitindo que haja uma prorrogação que não poderá ultrapassar esse período.
ECA
Art. 47 [...]
§ 10. O prazo máximo para conclusão da ação de adoção será de 120 
(cento e vinte) dias, prorrogável uma única vez por igual período, mediante 
decisão fundamentada da autoridade judiciária.
19
UNIDADE A Colocação em Família Substituta
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Leitura
Estatuto da Criança e do Adolescente
https://goo.gl/9ULiJB
Constituição Federal
https://goo.gl/zaRrL
Código Civil
https://goo.gl/1k18iF
Convenção de Haia
Relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional
https://goo.gl/qcGTBt
20
21
Referências
CUNHA, Rogério Sanches; LÉPORE, Paulo Eduardo; ROSSATO, Luciano Alves. 
Estatuto da criança e do adolescente comentado. 4. ed. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 2012.
ISHIDA, Valter Kenji. Estatuto da criança e do adolescente. 14. ed. São Paulo: 
Atlas, 2013.
MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 29. ed. São Paulo: Atlas, 2013.
PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e o direito constitucional internacional. 
14. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
21
Estatuto da Criança 
e do Adolescente
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Reinaldo Zychan de Moraes
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Conselho Tutelar e Acesso à Justiça
• Conselho Tutelar;
• Acesso à Justiça.
 · Estudar as estruturas utilizadas pelo Estatuto da Criança edo Ado-
lescente para tornar realidade os seus diversos preceitos. Não basta 
que a norma crie direitos e obrigações, é necessário que ela esta-
beleça quais são as pessoas e os Órgãos Públicos que devem atuar 
para que os comandos da Lei façam parte de nosso dia a dia. Nesse 
contexto, o Estatuto da Criança e do Adolescente criou os Conselhos 
Tutelares e os Juizados da Infância e da Juventude, que são impor-
tantes estruturas que atuam em várias situações em que os direitos 
das crianças e dos adolescentes estão em risco ou que, efetivamente, 
estão sendo lesados. Dentro do Sistema de Proteção Integral, tam-
bém criado pelo Estatuto, faz-se necessário que a sociedade conheça 
essas estruturas e saiba qual é a missão delas, pois, assim, estaremos 
contribuindo para que a Lei se torne uma verdadeira realidade.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Conselho Tutelar e Acesso à Justiça
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você 
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão 
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Conselho Tutelar e Acesso à Justiça
Conselho Tutelar
Considerações Iniciais
O Conselho Tutelar é um importante órgão criado pelo Estatuto da Criança e 
do Adolescente, pois participa ativamente do sistema de proteção integral criado 
por essa norma.
O Estatuto apresenta esse Órgão em seu Artigo 131, cuja redação é a seguinte:
Estatuto da Criança e do Adolescente
Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, não 
jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos 
direitos da criança e do adolescente, definidos nesta Lei.
Dessa definição, precisamos destacar os seguintes elementos:
• Órgão permanente: significa que ele deve ser constituído formalmente e deve 
atuar de forma contínua;
• Órgão autônomo: apesar de possuir ligações com o Poder Público Municipal e 
com a Vara da Infância e Juventude da Comarca, não está subordinado a eles;
• Órgão não jurisdicional: significa que ele não está na estrutura do Poder 
Judiciário e que suas decisões não possuem características de decisões judiciais.
A sociedade incumbiu os Conselhos Tutelares de zelar pelo efetivo respeito dos 
direitos das crianças e dos adolescentes.
Lei municipal ou distrital deve dispor sobre o local, o dia e o horário de funcio-
namento do Conselho Tutelar, bem como sobre a remuneração dos respectivos 
membros (Artigo 134 do ECA).
Constituição dos Conselhos Tutelares
Cada município e cada região administrativa do Distrito Federal devem ter, pelo 
menos, um Conselho Tutelar.
Características desses Conselhos:
• São formados por 5 membros;
• Seus membros são escolhidos pela população local;
• O mandato dos membros dos Conselhos é de 4 anos, sendo permitida uma 
única recondução, mediante novo processo de escolha:
8
9
Estatuto da Criança e do Adolescente
Art. 132. Em cada Município e em cada Região Administrativa do 
Distrito Federal haverá, no mínimo, 1 (um) Conselho Tutelar como 
órgão integrante da administração pública local, composto de 5 (cinco) 
membros, escolhidos pela população local para mandato de 4 (quatro) 
anos, permitida 1 (uma) recondução, mediante novo processo de escolha.
Para que alguém concorra a uma das vagas no Conselho Tutelar, deve atender 
aos seguintes requisitos:
• Possuir reconhecida idoneidade moral;
• Ter idade superior a 21 anos;
• Residir no município em que pretende atuar:
Estatuto da Criança e do Adolescente
Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho Tutelar, serão 
exigidos os seguintes requisitos:
I - reconhecida idoneidade moral;
II - idade superior a vinte e um anos;
III - residir no município.
Além dos requisitos mencionados no Artigo 133, o pretendente a uma vaga do 
Conselho Tutelar não pode incidir em nenhum dos impedimentos apontados no 
Artigo 140 do Estatuto. 
Esses impedimentos são os seguintes:
Não podem servir no mesmo Conselho:
• Marido e mulher;
• Ascendentes e descendentes;
• Sogro e genro ou nora;
• Irmãos;
• Cunhados, durante o cunhadio;
• Tio e sobrinho;
• Padrasto ou madrasta e enteado.
Também não pode o integrante do Conselho Tutelar possuir os tipos de 
parentesco citados, ou relação conjugal, com:
• O juiz que atua na Vara da Infância e Juventude;
• O promotor de justiça que atua junto à Vara da Infância e Juventude:
9
UNIDADE Conselho Tutelar e Acesso à Justiça
Estatuto da Criança e do Adolescente
Art. 140. São impedidos de servir no mesmo Conselho marido e mulher, 
ascendentes e descendentes, sogro e genro ou nora, irmãos, cunhados, 
durante o cunhadio, tio e sobrinho, padrasto ou madrasta e enteado.
Parágrafo único. Estende-se o impedimento do conselheiro, na forma 
deste Artigo, em relação à autoridade judiciária e ao representante do 
Ministério Público com atuação na Justiça da Infância e da Juventude, em 
exercício na comarca, foro regional ou distrital.
Processo de escolha – Artigo 139
O processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar:
• É estabelecido em Lei Municipal;
• É realizado sob a responsabilidade do Conselho Municipal dos Direitos da 
Criança e do Adolescente, sendo fiscalizado pelo Ministério Público;
• Esse processo de escolha ocorre a cada 4 anos, no primeiro domingo do mês 
de outubro do ano subsequente ao da eleição presidencial1;
• O dia em que se desencadeia esse processo de escolha é unificado nacionalmente.
No processo de escolha, o pretendente a uma vaga no Conselho Tutelar não 
pode doar, oferecer, prometer ou entregar ao eleitor bem ou vantagem pessoal de 
qualquer natureza, inclusive brindes de pequeno valor.
Os conselheiros tomam posse no dia 10 de janeiro do ano subsequente ao do 
processo de escolha.
Atribuições
As principais atribuições do Conselho Tutelar estão descritas no Artigo 136 do ECA:
Estatuto da Criança e do Adolescente
Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar:
I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas nos arts. 98 
e 105, aplicando as medidas previstas no art. 101, I a VII;
II - atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as medidas 
previstas no art. 129, I a VII;
III - promover a execução de suas decisões, podendo, para tanto:
a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço social, 
previdência, trabalho e segurança;
1 Como as eleições para Presidente da República ocorrem a cadaquatro anos, temos que elas se darão em 2018, 
2022, 2026, e assim por diante. Dessa forma, o processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar ocorrerá no 
primeiro domingo de outubro dos anos subsequentes a esses, ou seja, em 2019, 2023, 2017, e assim por diante.
10
11
b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de descumprimento 
injustificado de suas deliberações.
IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que constitua infração 
administrativa ou penal contra os direitos da criança ou adolescente;
V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua competência;
VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade judiciária, dentre as 
previstas no art. 101, de I a VI, para o adolescente autor de ato infracional;
VII - expedir notificações;
VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou adoles-
cente quando necessário;
IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta 
orçamentária para planos e programas de atendimento dos direitos da 
criança e do adolescente;
X - representar, em nome da pessoa e da família, contra a violação dos 
direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso II, da Constituição Federal;
XI - representar ao Ministério Público para efeito das ações de perda 
ou suspensão do poder familiar, após esgotadas as possibilidades de 
manutenção da criança ou do adolescente junto à família natural. 
XII - promover e incentivar, na comunidade e nos grupos profissionais, 
ações de divulgação e treinamento para o reconhecimento de sintomas de 
maus-tratos em crianças e adolescentes. 
Parágrafo único. Se, no exercício de suas atribuições, o Conselho Tutelar 
entender necessário o afastamento do convívio familiar, comunicará in-
continenti o fato ao Ministério Público, prestando-lhe informações sobre 
os motivos de tal entendimento e as providências tomadas para a orienta-
ção, o apoio e a promoção social da família.
Aquele que demonstrar legítimo interesse poderá solicitar ao Juiz da Infância e 
da Juventude que revise qualquer decisão do Conselho Tutelar:
Estatuto da Criança e do Adolescente
Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar somente poderão ser revistas 
pela autoridade judiciária a pedido de quem tenha legítimo interesse.
Acesso à Justiça
Dentro do seu foco de proteger as crianças e os adolescentes de práticas que 
possam afetar o exercício de seus direitos, estabelece o Estatuto a garantia de pleno 
acesso desses destinatários aos seguintes órgãos:
11
UNIDADE Conselho Tutelar e Acesso à Justiça
• Defensoria Pública;
• Ministério Público;
• Poder Judiciário:
Estatuto da Criança e do Adolescente
Art. 141. É garantido o acesso de toda criança ou adolescente à Defensoria 
Pública, ao Ministério Público e ao Poder Judiciário, por qualquer de seus 
órgãos.
[...]
Além desses Órgãos Públicos, o acesso à Justiça é garantido pela participação 
dos advogados.
Outra forma encontrada pela Estatuto para facilitar esse acesso à Justiça foi a 
de isentar de custas e emolumentos as Ações Judiciais de competência da Justiça 
da Infância e da Juventude, exceto quando ficar caracterizada a chamada litigância 
de má-fé2:
Estatuto da Criança e do Adolescente
Art. 141 [...]
§ 2º As ações judiciais da competência da Justiça da Infância e da 
Juventude são isentas de custas e emolumentos, ressalvada a hipótese de 
litigância de má-fé.
O grau de desenvolvimento da criança e do adolescente faz com que seja neces-
sária a participação de outras pessoas (determinados adultos) para que esse acesso 
à Justiça seja realizado. Para tanto, o Estatuto estabeleceu que:
• Menores de 16 anos devem ser representados por seus pais, tutor ou curador;
• Maiores de 16 anos e menores de 18 anos devem ser assistidos por essas 
mesmas pessoas.
A diferença básica é que, na representação, o menor de 16 anos não participa 
do ato, assim, por exemplo, na constituição de um advogado, somente os pais é 
que, em nome do filho, irão assinar a procuração. 
Já na assistência, esse mesmo ato somente é válido se houver a participação 
do adolescente, ou seja, no mesmo exemplo, a procuração deve ser assinada por 
ele e pelos pais.
2 As situações em que está caracterizada a litigância de má-fé estão descritas no Artigo 80 do Código de Processo Civil. 
São diversas hipóteses que buscam identificar situações em que as partes utilizam o processo para tentar alcançar 
objetivos ilícitos ou buscam indevidamente turbar o exercício de um direito por meio do processo, particularmente, 
postergando-o sem qualquer fundamento.
12
13
Curador especial
Em uma ação judicial, o Juiz da Infância e da Juventude pode nomear um curador 
especial para a criança ou o adolescente sempre que:
• Seus interesses colidirem com os de seus pais ou responsáveis;
• Ele necessitar de representação ou assistência, ainda que de forma eventual:
Estatuto da Criança e do Adolescente
Art. 142 [...]
Parágrafo único. A autoridade judiciária dará curador especial à criança 
ou adolescente, sempre que os interesses destes colidirem com os de seus 
pais ou responsável, ou quando carecer de representação ou assistência 
legal ainda que eventual.
Vedação de divulgação
Uma medida que com frequência observamos em nosso dia a dia, particularmente, 
ao assistirmos o noticiário, refere-se à total impossibilidade de se divulgar a autoria 
de atos infracionais praticados por crianças ou adolescentes.
É possível divulgar o ocorrido, contudo, a criança ou o adolescente envolvidos 
não podem ser identificados, sendo que, para tanto:
• Não pode ser exibida a sua fotografia;
• Não pode ser divulgado seu nome, apelido, filiação, parentesco e residência;
• Não podem ser divulgadas as iniciais de seu nome e sobrenome:
Estatuto da Criança e do Adolescente
Art. 143. É vedada a divulgação de atos judiciais, policiais e administrativos 
que digam respeito a crianças e adolescentes a que se atribua autoria de 
ato infracional.
Parágrafo único. Qualquer notícia a respeito do fato não poderá identificar 
a criança ou adolescente, vedando-se fotografia, referência ao nome, 
apelido, filiação, parentesco, residência e, inclusive, iniciais do nome e 
sobrenome.
Como parte dessa vedação de divulgação, encontramos a prescrição do Artigo 144 
do Estatuto sobre as certidões ou cópia de documentos que registram a prática de 
atos infracionais. 
Nesse caso, essa expedição somente poderá ocorrer por decisão judicial, desde 
que demonstrado o interesse e justificada a finalidade:
13
UNIDADE Conselho Tutelar e Acesso à Justiça
Estatuto da Criança e do Adolescente
Art. 144. A expedição de cópia ou certidão de atos a que se refere o Artigo 
anterior somente será deferida pela autoridade judiciária competente, se 
demonstrado o interesse e justificada a finalidade.
Justiça da Infância e Juventude
Com a instituição do Estatuto da Criança e do Adolescente foi necessária a cria-
ção de Órgãos Judiciais na chamada Justiça Comum, no âmbito estadual e distrital:
Estatuto da Criança e do Adolescente
Art. 145. Os Estados e o Distrito Federal poderão criar varas especializadas 
e exclusivas da infância e da juventude, cabendo ao Poder Judiciário 
estabelecer sua proporcionalidade por número de habitantes, dotá-las de 
infraestrutura e dispor sobre o atendimento, inclusive em plantões.
As principais competências da Justiça da Infância e Juventude estão dispostas 
no Artigo 148 do Estatuto, sendo que, dentre elas, podemos destacar as seguintes:
• Conhecer causas em que está sendo discutida alguma questão que diretamente 
esteja afetando os direitos de certa criança ou adolescente, tal como ocorre na 
colocação em família substituta;
• Conhecer causas em que estejam sendo discutidas questões que afetem todas as 
crianças ou adolescentes ou um grupo específico delas - são as chamadas ações 
civis públicas fundadas em interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos;
• Conhecer causas relacionadas à prática de atos infracionais praticados por 
adolescentes;
• Disciplinar, pormeio de Portaria, a entrada ou a participação de crianças e de 
adolescentes em certos eventos – Artigo 149 do Estatuto;
• Apurar irregularidades em entidades de atendimento;
• Apreciar os casos encaminhados pelos Conselhos Tutelares;
• Aplicar sanções administrativas nos casos de infrações contra norma de prote-
ção à criança ou ao adolescente:
Estatuto da Criança e do Adolescente
Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é competente para:
I - conhecer de representações promovidas pelo Ministério Público, para apu-
ração de ato infracional atribuído a adolescente, aplicando as medidas cabíveis;
II - conceder a remissão, como forma de suspensão ou extinção do processo;
III - conhecer de pedidos de adoção e seus incidentes;
IV - conhecer de ações civis fundadas em interesses individuais, difusos 
ou coletivos afetos à criança e ao adolescente, observado o disposto no 
art. 209;
14
15
V - conhecer de ações decorrentes de irregularidades em entidades de 
atendimento, aplicando as medidas cabíveis;
VI - aplicar penalidades administrativas nos casos de infrações contra 
norma de proteção à criança ou adolescente;
VII - conhecer de casos encaminhados pelo Conselho Tutelar, aplicando 
as medidas cabíveis. 
Parágrafo único. Quando se tratar de criança ou adolescente nas hipóteses 
do art. 98, é também competente a Justiça da Infância e da Juventude 
para o fim de:
a) conhecer de pedidos de guarda e tutela;
b) conhecer de ações de destituição do poder familiar, perda ou modificação 
da tutela ou guarda;
c) suprir a capacidade ou o consentimento para o casamento;
d) conhecer de pedidos baseados em discordância paterna ou materna, 
em relação ao exercício do poder familiar; 
e) conceder a emancipação, nos termos da lei civil, quando faltarem os pais;
f) designar curador especial em casos de apresentação de queixa ou 
representação, ou de outros procedimentos judiciais ou extrajudiciais em 
que haja interesses de criança ou adolescente;
g) conhecer de ações de alimentos;
h) determinar o cancelamento, a retificação e o suprimento dos registros 
de nascimento e óbito.
Uma diferenciada competência do Juiz da Infância e Juventude é descrita no 
Artigo 149 do Estatuto. Segundo esse dispositivo, o juiz deve disciplinar e autorizar:
• A entrada e a permanência de crianças e adolescentes desacompanhadas 
de seus pais e responsáveis em diversos locais, tais como, estádios, ginásios, 
campos desportivos, bailes, boates etc.;
• A participação de crianças e adolescentes em espetáculos públicos e seus 
ensaios, bem como em concursos de beleza:
Estatuto da Criança e do Adolescente
Art. 149. Compete à autoridade judiciária disciplinar, através de portaria, 
ou autorizar, mediante alvará:
I - a entrada e permanência de criança ou adolescente, desacompanhado 
dos pais ou responsável, em:
a) estádio, ginásio e campo desportivo;
b) bailes ou promoções dançantes;
c) boate ou congêneres;
15
UNIDADE Conselho Tutelar e Acesso à Justiça
d) casa que explore comercialmente diversões eletrônicas;
e) estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e televisão.
II - a participação de criança e adolescente em:
a) espetáculos públicos e seus ensaios;
b) certames de beleza.
§ 1º Para os fins do disposto neste Artigo, a autoridade judiciária levará 
em conta, dentre outros fatores:
a) os princípios desta Lei;
b) as peculiaridades locais;
c) a existência de instalações adequadas
d) o tipo de frequência habitual ao local;
e) a adequação do ambiente a eventual participação ou frequência de 
crianças e adolescentes;
f) a natureza do espetáculo.
§ 2º As medidas adotadas na conformidade deste Artigo deverão ser 
fundamentadas, caso a caso, vedadas as determinações de caráter geral.
Juiz
Na estrutura das Varas da Infância e Juventude, o juiz é uma das mais desta-
cadas figuras:
Estatuto da Criança e do Adolescente
Art. 146. A autoridade a que se refere esta Lei é o Juiz da Infância 
e da Juventude, ou o juiz que exerce essa função, na forma da lei de 
organização judiciária local.
Na Justiça Estadual, a atuação territorial dos Juízes é circunscrita a uma deter-
minada área territorial, em geral denominada Comarca. Em cada Comarca há, ao 
menos, um juiz competente para decidir as questões afetas aos direitos de crianças 
e adolescentes, exercendo as competências fixadas, em especial, nos Artigos 148 
e 149 do Estatuto.
A Comarca em que deve ser proposto o processo obedece a critérios estipulados 
no Artigo 147 do Estatuto.
Assim:
• O processo deve ser proposto na Comarca de domicílio dos pais ou responsáveis;
• Se não se souber o local em que estão os pais ou os responsáveis, o processo 
deve ser proposto na Comarca em que se encontra a criança ou o adolescente;
16
17
• Contudo, no caso da prática de atos infracionais3, o processo deve ser proposto 
onde ocorreu a conduta a ser apurada.
Há, também, na Legislação, uma regra específica para casos em que uma infra-
ção à Legislação protetiva tenha sido praticada por meio de transmissão simultânea 
de Rádio ou Televisão que tenha atingido mais de uma Comarca. 
Nesse caso, o processo deve ser proposto na sede estadual da Emissora ou Rede, 
sendo que a decisão tem eficácia para todas as transmissoras ou retransmissoras 
situadas no Estado em que o processo tramitou – §3º do Artigo 147 do Estatuto.
Serviços auxiliares
O trato das questões jurídicas afeta às crianças e aos adolescentes e, na maioria 
dos casos, necessita de um importante apoio de profissionais de outras áreas, pois 
eles podem contribuir de maneira substancial para que haja uma melhor decisão 
do juiz.
Com esse foco, prevê o Estatuto nos seus Artigos 150 e 151 a necessidade de 
que sejam criadas Equipes Interprofissionais para assessorar a Justiça da Infância 
e da Juventude. 
Essas equipes são compostas, em geral, por psicólogos, pedagogos, assistentes 
sociais e outros profissionais que irão, por meio de laudos e pareceres, apresentar 
elementos nesses processos.
Ministério Público
O Estatuto da Criança e do Adolescente reservou ao Ministério Público (repre-
sentado pelos Promotores de Justiça, em primeira instância) importantes atribui-
ções, sendo que as principais estão descritas em seu Artigo 201. 
Dentre elas, devem ser destacadas as seguintes:
• Tem o Ministério Público legitimidade para propor uma série de ações que bus-
quem garantir direitos de criança ou adolescente individualmente considerados;
• Pode acompanhar ações que digam respeito a direitos de todas as crianças e 
adolescentes ou um grupo específico delas;
• Propõe ações para apurar atos infracionais praticados por adolescentes, sendo 
que, nesses casos, o Ministério Público pode conceder remissão para a exclu-
são do processo;
3 Atos infracionais são condutas, praticadas por adolescentes, previstas na legislação penal como crimes ou 
contravenções penais. É o caso de um adolescente que pratica, mediante violência ou grave ameaça, a subtração de 
coisa alheia móvel (por exemplo, um relógio) - essa conduta é descrita no Código Penal (art. 157) como sendo o crime 
de roubo. Como foi praticada por um adolescente, será a questão tratada no Estatuto da Criança e do Adolescente 
como sendo um ato infracional. Iremos estudar esse assunto nas próximas unidades.
17
UNIDADE Conselho Tutelar e Acesso à Justiça
• Promover Inquérito Civil e Ações Civis Públicas para a defesa de interesses 
difusos, coletivos e individuais de crianças e adolescentes;
• Instaurar e presidir procedimentos administrativos para apurar condutas que 
possam causar, de alguma forma, prejuízo ao pleno respeito dos direitos de 
crianças e adolescentes.
O representante do Ministério Público, no exercício de suas funções, terá livre 
acesso a todo local em que se encontre criança ou adolescente – § 3º do Artigo 201.
A falta de participação do Ministério Público nos processos em que deva atuar 
acarreta nulidade do feito no qual essa omissão se deu:
Art. 204. A falta de intervenção do Ministério Público acarreta a nulidadedo feito, que será declarada de ofício pelo juiz ou a requerimento de 
qualquer interessado.
Advocacia e Defensoria Pública
Estabelece o Estatuto que a criança, adolescente, seus pais ou responsáveis, bem 
como qualquer pessoa que tenha legítimo interesse, poderão intervir nos processos 
disciplinados por essa Lei, contudo, isso sempre deverá ocorrer por intermédio de 
um advogado – Artigo 206:
Estatuto da Criança e do Adolescente
Art. 206. A criança ou o adolescente, seus pais ou responsável, e qualquer 
pessoa que tenha legítimo interesse na solução da lide poderão intervir 
nos procedimentos de que trata esta Lei, através de advogado, o qual 
será intimado para todos os atos, pessoalmente ou por publicação oficial, 
respeitado o segredo de justiça.
Parágrafo único. Será prestada assistência judiciária integral e gratuita 
àqueles que dela necessitarem.
Para aqueles que necessitarem (criança, o adolescente ou suas famílias) deverá o 
Estado propiciar assistência jurídica gratuita, conforme determina o inciso LXXIV 
do Artigo 5º da Constituição Federal, cuja redação é a seguinte:
Constituição Federal
Artigo 5º [...]
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que 
comprovarem insuficiência de recursos;
Essa assistência é realizada por meio de defensores públicos ou advogados no-
meados pelo juiz (os chamados advogados dativos) que, em razão do desempenho 
dessas funções, serão remunerados pelo Estado.
18
19
A assistência do advogado (ou defensor público) é particularmente importante 
nos casos em que o adolescente é acusado da prática de atos infracionais, razão 
pela qual o Estatuto estabelece, especificamente, a impossibilidade de que esse tipo 
de processo ocorra sem que haja essa representação, mesmo que o adolescente 
esteja foragido:
Estatuto da Criança e do Adolescente
Art. 207. Nenhum adolescente a quem se atribua a prática de ato 
infracional, ainda que ausente ou foragido, será processado sem defensor.
§ 1º Se o adolescente não tiver defensor, ser-lhe-á nomeado pelo juiz, 
ressalvado o direito de, a todo tempo, constituir outro de sua preferência.
[...]
19
UNIDADE Conselho Tutelar e Acesso à Justiça
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Leitura
Estatuto da Criança e do Adolescente
https://goo.gl/9ULiJB
Constituição Federal
https://goo.gl/zaRrL
Código Civil
https://goo.gl/1k18iF
Código de Processo Civil
https://goo.gl/6b0EbE
20
21
Referências
CUNHA, Rogério Sanches; LÉPORE, Paulo Eduardo; ROSSATO, Luciano Alves. 
Estatuto da criança e do adolescente comentado. 5.ed. São Paulo: Editora 
Revista dos Tribunais, 2013.
CURY, Munir. Estatuto da criança e do adolescente comentado. 12.ed. São 
Paulo: Malheiros, 2013.
ISHIDA, Valter Kenji. Estatuto da criança e do adolescente. 15.ed. São Paulo: 
Atlas, 2014.
TAVARES, José de Farias. Comentários ao estatuto da criança e do adolescente. 
8.ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012.
21
Estatuto da Criança 
e do Adolescente
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Reinaldo Zychan de Moraes
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Alessandra Fabiana Cavalcanti
Prevenção, Política de Atendimento e Medidas de Proteção
• Da prevenção;
• Da política de atendimento;
• Medidas de proteção.
 · O Sistema de Proteção Integral, criado pelo Estatuto da Criança e do 
Adolescente, possui uma inegável preocupação com a prevenção de 
ações que possam lesar ou colocar em risco direitos das crianças e 
dos adolescentes.
 · Nesta unidade, iremos conhecer essas medidas preventivas, as quais 
possuem grande relevância para o trato de muitas questões que 
envolvem as crianças e os adolescentes.
 · Por outro lado, quando os direitos são efetivamente lesados ou há 
um inegável risco de que isso ocorra devem ser aplicadas as medi-
das protetivas.
 · Nesta unidade iremos conhecer esses importantes assuntos!
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Prevenção, Política de Atendimento
e Medidas de Proteção
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você 
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão 
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Prevenção, Política de Atendimento e Medidas de Proteção
Da prevenção
Disposições gerais
Dentro do Sistema de Proteção Total, previsto no Estatuto, a todos cabe preve-
nir a ocorrência de ameaça ou de violação aos direitos da criança e do adolescente, 
que têm direito à informação, à cultura, ao lazer, aos esportes, às diversões, aos es-
petáculos e aos produtos e serviços; contudo, sempre deve ser observada a neces-
sidade de pleno respeito à sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.
A pessoa física ou jurídica, que não respeita as normas de prevenção a serem 
estudas a seguir, receberá as sanções estabelecidas pelo Estatuto em razão de sua 
ação ou omissão.
Prevenção especial
Da informação, da cultura, do lazer, dos esportes, das diversões e dos espetáculos
O poder público deve regular as diversões e os espetáculos públicos, sendo 
obrigatório informar a natureza deles, as faixas etárias a que se recomendem, os 
locais e os horários em que sua apresentação se mostre inadequada – é o que a lei 
chama de certificado de classificação.
Seguindo as prescrições do certificado de classificação, os responsáveis pelas 
diversões e pelos espetáculos públicos deverão afixar, em lugar visível e de fácil 
acesso, à entrada do local de exibição, essas informações, sendo que devem ser 
destacadas:
• a natureza do espetáculo;
• a faixa etária recomendada.
A criança ou o adolescente deve ter acesso às diversões e aos espetáculos públicos 
classificados como adequados à sua faixa etária, sendo que as crianças menores de 
dez anos somente podem ingressar e permanecer nos locais de apresentação ou 
em exibição, quando acompanhadas dos pais ou do responsável.
Nas emissoras de rádio e de televisão, nenhum espetáculo será apresentado ou 
anunciado sem aviso de sua classificação, antes de sua transmissão, apresentação 
ou exibição.
As empresas que se dedicam à venda ou ao aluguel de fitas (ou qualquer outro 
tipo de mídia, tais como DVD, streaming, locadoras on line, etc.) de programação 
em vídeo cuidarão para que não haja venda ou locação em desacordo com o 
certificado de classificação. Essas fitas (ou mídias) devem exibir, na embalagemou 
em qualquer outra forma de apresentação utilizada, informação sobre a natureza 
da obra e a faixa etária a que se destinam.
8
9
Já as revistas e as publicações que possuem material impróprio ou inadequado a 
crianças e adolescentes devem ser comercializadas em embalagem lacrada, com a 
advertência de seu conteúdo. Se as capas possuírem mensagens pornográficas ou 
obscenas devem ser protegidas com uma embalagem opaca.
As revistas e as publicações destinadas ao público infanto-juvenil não poderão 
conter ilustrações, fotografias, legendas, crônicas ou anúncios de:
• bebidas alcoólicas;
• tabaco;
• armas e munições.
Além disso, devem respeitar os valores éticos e sociais da pessoa e da família. 
Desse modo, não podem, por exemplo, possuir conteúdo que enalteça condutas 
racistas e preconceituosas.
Estabelecimentos, que exploram comercialmente bilhar, sinuca ou congênere 
ou por casas de jogos, ou seja, aquelas onde são realizadas apostas, não podem 
permitir a entrada e a permanência de crianças e de adolescentes no local, devendo 
ainda afixar aviso para orientação ao público.
Dos produtos e dos serviços
Em razão de sua particular situação de pessoa em desenvolvimento, o Estatuto 
vetou a venda de certos produtos a crianças e adolescentes que, de alguma forma, 
podem colocá-los em risco físico ou moral.
Aqui, também, devemos enquadrar a proibição de venda a crianças e adolescentes 
de uma série de produtos que podem causar dependência física ou psíquica, mas 
que são de corriqueira utilização nas residências e em atividades empresariais. É o 
caso de colas (“cola de sapateiro”), solventes, tintas e esmaltes que, quando usados 
de forma indevida, podem causar essa consequência.
ECA
Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adolescente de:
I - armas, munições e explosivos;
II - bebidas alcoolicas;
III - produtos cujos componentes possam causar dependência física ou 
psíquica ainda que por utilização indevida;
IV - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que pelo seu reduzido 
potencial sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de 
utilização indevida;
V - revistas e publicações a que alude o art. 78;
VI - bilhetes lotéricos e equivalentes.
9
UNIDADE Prevenção, Política de Atendimento e Medidas de Proteção
Deve ser destacada a proibição de venda de fogos de estampido ou de artifício 
para crianças e adolescentes, exceção feita para materiais desse tipo que que não 
possuem capacidade de provocar danos físicos, mesmo em caso de utilização 
indevida, em razão do seu reduzido potencial.
Outra importante restrição se refere à hospedagem em hotel, motel, pensão ou 
estabelecimentos congêneres.
ECA
Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou de adolescente em ho-
tel, motel, pensão ou estabelecimento congênere, salvo se autorizado ou 
acompanhado pelos pais ou responsável.
Da autorização para viajar
Por causar importante risco, estabelece o Estatuto uma série de regras para a 
viagem de crianças e adolescentes para locais fora da comarca onde residem.
A regra geral é a seguinte: “Nenhuma criança poderá viajar para fora da 
comarca onde reside, desacompanhada dos pais ou do responsável, sem 
expressa autorização judicial” – artigo 83, caput.
Essa autorização judicial não será exigida nas seguintes situações:
• Quando se tratar de comarca contígua à da residência da criança, se na mesma 
unidade da Federação, ou incluída na mesma região metropolitana;
• Se a criança estiver acompanhada;
• de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, comprovado documen-
talmente o parentesco;
• de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, pela mãe ou pelo responsável.
Essa autorização expedida pelo juiz poderá, a pedido dos pais ou do responsável, 
ser expedida com validade de até dois anos.
No caso de viagem para o exterior a autorização judicial é dispensável, se a 
criança ou adolescente:
• estiver acompanhado de ambos os pais ou o responsável;
• viajar na companhia de um dos pais, autorizado expressamente pelo outro 
através de documento com firma reconhecida.
Por fim, estabelece o Estatuto que, sem expressa autorização judicial, nenhuma 
criança ou adolescente nascido em território nacional poderá sair do país em 
companhia de estrangeiro residente ou domiciliado no exterior.
10
11
Da política de atendimento
Disposições gerais
A política de atendimento dos direitos da criança e do adolescente se faz por um 
conjunto articulado de ações governamentais e não governamentais, da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
Entidades de atendimento
As entidades de atendimento são responsáveis pelo planejamento e pela exe-
cução de programas de proteção e socioeducativos destinados a crianças e adoles-
centes, em regime de:
• orientação e apoio sócio familiar;
• apoio socioeducativo em meio aberto;
• colocação familiar;
• acolhimento institucional;
• prestação de serviços à comunidade;
• liberdade assistida;
• semiliberdade; e
• internação.
Elas podem ser governamentais ou não governamentais sendo que estas 
últimas somente podem funcionar depois de registradas no Conselho Municipal 
dos Direitos da Criança e do Adolescente. Esse registro tem prazo de validade 
máximo de quatro anos.
Tanto as entidades governamentais como as não governamentais devem ins-
crever seus programas (especificando os regimes de atendimento) no Conselho 
Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, tendo esse órgão a incum-
bência de comunicar essas informações ao Conselho Tutelar e à Vara da Infância 
e da Juventude.
Os programas em execução devem ser reavaliados pelo Conselho Municipal dos 
Direitos da Criança e do Adolescente, no máximo, a cada dois anos, particularmente, 
para que sejam verificadas questões como o pleno respeito dos direitos das crianças 
e dos adolescentes e a qualidade do serviço prestado. Havendo irregularidades não 
poderá ocorrer a renovação da autorização de manutenção do programa.
11
UNIDADE Prevenção, Política de Atendimento e Medidas de Proteção
Essas entidades (governamentais ou não) devem receber recursos públicos 
destinados à implementação e à manutenção desses programas, sem prejuízo do 
recebimento de recursos privados.
Entidades que desenvolvem programas de acolhimento
O programa de acolhimento tem grande importância na estrutura do Estatuto, pois 
pode representar um passo para a colocação da criança ou do adolescente em uma 
família substituta ou, por outro lado, pode representar o retorno para a convivência 
com sua família natural – resolvendo uma série de situações ligadas ao abandono.
Em razão de sua importância, a lei dedica especial atenção às entidades que de-
senvolvem esse programa, seja na modalidade familiar ou institucional. O importante 
é que elas busquem preservar ou reatar os vínculos familiares (na família natural ou 
extensa) e, na impossibilidade, devem buscar a colocação em uma família substituta.
O dirigente de entidade que desenvolve programa de acolhimento institucional é 
equiparado ao guardião para todos os efeitos de direito.
Esses dirigentes dessas entidades devem remeter à Vara da Infância e da Juven-
tude, no máximo a cada seis meses, relatório circunstanciado acerca da situação de 
cada criança ou adolescente acolhido e sua família.
As entidades que desenvolvem programa de acolhimento institucional poderão, 
em caráter excepcional e de urgência, acolher crianças e adolescentes sem prévia 
determinação do Juiz da Infância e da Juventude, contudo, devem, no prazo de 24 
horas, comunicar essa ocorrência à Vara da Infância e da Juventude.
Entidades que desenvolvem programa de internação
A internação é a medida socioeducativa mais gravosa (aplicada no caso de atos 
infracionais mais graves praticados por adolescentes), razão pela qual o Estatuto 
estipulou que as entidades que realizam esse programa devem:
ECA
Art. 94 [...]
I - observar os direitos e as garantias de que são titulares os adolescentes;
II - não restringir nenhum direito quenão tenha sido objeto de restrição 
na decisão de internação;
III - oferecer atendimento personalizado, em pequenas unidades e grupos 
reduzidos;
IV - preservar a identidade e oferecer ambiente de respeito e de dignidade 
ao adolescente;
V - diligenciar no sentido do restabelecimento e da preservação dos 
vínculos familiares;
12
13
VI - comunicar à autoridade judiciária, periodicamente, os casos em que 
se mostre inviável ou impossível o reatamento dos vínculos familiares;
VII - oferecer instalações físicas em condições adequadas de habitabilidade, 
higiene, salubridade e segurança e os objetos necessários à higiene pessoal;
VIII - oferecer vestuário e alimentação suficientes e adequados à faixa 
etária dos adolescentes atendidos;
IX - oferecer cuidados médicos, psicológicos, odontológicos e farmacêuticos;
X - propiciar escolarização e profissionalização;
XI - propiciar atividades culturais, esportivas e de lazer;
XII - propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, de acordo com 
suas crenças;
XIII - proceder a estudo social e pessoal de cada caso;
XIV - reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo máximo de seis 
meses, dando ciência dos resultados à autoridade competente;
XV - informar, periodicamente, o adolescente internado sobre sua situação 
processual;
XVI - comunicar às autoridades competentes todos os casos de adolescentes 
portadores de moléstias infectocontagiosas;
XVII - fornecer comprovante de depósito dos pertences dos adolescentes;
XVIII - manter programas destinados ao apoio e ao acompanhamento de 
egressos;
XIX - providenciar os documentos necessários ao exercício da cidadania 
àqueles que não os tiverem;
XX - manter arquivo de anotações no qual constem data e circunstâncias 
do atendimento, nome do adolescente, seus pais ou responsável, parentes, 
endereços, sexo, idade, acompanhamento da sua formação, relação de 
seus pertences e demais dados que possibilitem sua identificação e a 
individualização do atendimento.
Fiscalização das entidades
A fiscalização das entidades que desenvolvem programas voltados para as 
crianças e os adolescentes é realizada:
• pelo Poder Judiciário (sobretudo pelos Juízes da Infância e da Juventude);
• pelo Ministério Público; e
• pelo Conselho Tutelar.
No caso das entidades que desenvolvem programa de internação, o descumpri-
mento de suas obrigações estipuladas no artigo 94 acarreta as seguintes medidas:
13
UNIDADE Prevenção, Política de Atendimento e Medidas de Proteção
• No caso de entidades governamentais:
 » advertência;
 » afastamento provisório de seus dirigentes;
 » afastamento definitivo de seus dirigentes;
 » fechamento de unidade ou interdição de programa.
• No caso das entidades não governamentais:
 » advertência;
 » suspensão total ou parcial do repasse de verbas públicas;
 » interdição de unidades ou suspensão de programa;
 » cassação do registro.
Medidas de proteção
Disposições gerais
As chamadas medidas de proteção são uma série de providências criadas pelo 
Estatuto para situações em que os direitos da criança ou do adolescente estejam 
sendo ameaçados ou violados:
ECA
Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis 
sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou 
violados:
I - por ação ou por omissão da sociedade ou do Estado;
II - por falta, por omissão ou por abuso dos pais ou do responsável;
III - em razão de sua conduta.
No antigo Código de Menores (revogado quando entrou em vigor o ECA), essas 
situações eram nominadas como sendo aquelas em que a criança ou o adolescente 
encontrava-se em situação de risco. Muito embora essa legislação não mais esteja 
em vigor, é perfeitamente possível continuar a utilizar essa denominação.
Em cada caso concreto devem ser verificadas qual ou quais dessas medidas devem 
ser aplicadas, visto que elas podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem 
como substituídas a qualquer tempo. Contudo, sempre deve ser dada preferência para 
aquelas medidas que visem ao fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.
14
15
As medidas de proteção, sempre que necessário, devem acarretar a regulariza-
ção do registro civil da criança ou do adolescente. É o caso, por exemplo, de uma 
criança de poucos meses que é inserida em um programa de acolhimento sem que 
haja qualquer notícia de seus pais ou de sua origem. Assim, nessa situação se pro-
videnciará seu registro de nascimento com os elementos que estiverem disponíveis.
Medidas específi cas
O ECA estabelece no artigo 101 as medidas específicas de proteção, contudo, 
há possibilidade de aplicação de outras, sempre que se verificar a sua necessidade 
e desde que sejam respeitados os princípios firmados por essa norma.
Encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo
de responsabilidade
Essa medida, apesar de ser a mais simples, pode resolver uma série de situações, 
tais como aquelas em que uma criança de pouca idade é encontrada perdida de 
seus pais.
Não podemos esquecer que essa medida de proteção, tal como as demais, pode 
ser aplicada de forma cumulativa com outras.
Orientação, apoio e acompanhamento temporários
Em alguns casos, particularmente quando a família natural se mostra mal 
estruturada, pode ser importante essa medida, sobretudo para se evitar que haja 
uma agravação na situação da criança ou do adolescente.
Ela, apesar de ser temporária, não comporta prazo certo, devendo subsistir até 
que seja verificada a cessação das causas que lesem ou ameacem os direitos da 
criança ou do adolescente.
Matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial
de ensino fundamental
Como vimos anteriormente, o Estado deve proporcionar o acesso das crianças 
e dos adolescentes ao ensino fundamental.
ECA
Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente:
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele 
não tiveram acesso na idade própria;
[...]
15
UNIDADE Prevenção, Política de Atendimento e Medidas de Proteção
Por outro lado, decorre do poder familiar o dever dos pais de criar condições 
para que seus filhos frequentem o ensino fundamental.
ECA
Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, de guarda e de educação 
dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação 
de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais.
Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os responsáveis, têm direitos iguais e 
deveres e responsabilidades compartilhados no cuidado e na educação da 
criança, devendo ser resguardado o direito de transmissão familiar de suas 
crenças e culturas, assegurados os direitos da criança estabelecidos nesta Lei.
Caso essa frequência não ocorra, seja em razão do Estado não proporcionar o seu 
acesso, seja em razão da omissão dos pais em matricular seus filhos ou garantir-lhes 
condições para que frequentem a escola, poderá ser aplicada essa medida protetiva.
É o caso, por exemplo, da inexistência de vagas no ensino fundamental público 
disponibilizado próximo da residência da criança. Nesse caso, poderá o Juiz da 
Infância e da Juventude determinar que os dirigentes públicos resolvam esse pro-
blema, pois isso afeta, de forma contundente, os direitos dessa criança.
Inclusão em serviços e em programas oficiais ou comunitários de proteção, 
de apoio e de promoção da família, da criança e do adolescente
Essa medida protetiva é especialmente importante naquelas situações em que a 
família natural se encontra em situação de miséria.
Como vimos anteriormente, decorre do poder familiar uma série de deveres, 
os quais, quando não cumpridos, podem acarretar a suspensão ou a perda desse 
poder. Contudo, no caso de miserabilidade, essa consequência não pode ocorrer, 
devendo a família ser inserida em um programa oficial de auxílio.
ECA
Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não constitui motivo 
suficiente para a perda ou a suspensão do poder familiar.
§ 1º Não existindo outro motivo que por si só autorize a decretação 
da medida,a criança ou o adolescente será mantido em sua família de 
origem, a qual deverá obrigatoriamente ser incluída em serviços e em 
programas oficiais de proteção, de apoio e de promoção.
[...]
Requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime 
hospitalar ou ambulatorial
O direito da criança e do adolescente a um atendimento integral à sua saúde está 
assegurado no artigo 11 do Estatuto, sendo que, diante de um obstáculo a esse pleno 
pode ser resolvido, em situações concretas, pela aplicação dessa medida protetiva.
16
17
ECA
Art. 11. É assegurado acesso integral às linhas de cuidado voltadas à 
saúde da criança e do adolescente, por intermédio do Sistema Único de 
Saúde, observado o princípio da equidade no acesso a ações e serviços 
para promoção, proteção e recuperação da saúde.
[...]
Inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, de orientação e de 
tratamento a alcoolatras e toxicômanos
Esta medida protetiva decorre da anterior havendo, na verdade, uma verdadeira 
demonstração do legislador da sua preocupação com o alcoolismo e outras 
toxicomanias e as consequências que elas têm em crianças e em adolescentes.
Acolhimento institucional
O acolhimento institucional ou familiar é normalmente uma medida protetiva 
aplicada para resolver diversas situações, tais como:
• Em casos emergenciais que o Poder Público ou a sociedade se depara, tal 
como naqueles casos em que adolescentes ou crianças (muitas vezes com 
poucos dias de vida) são encontradas em situação de completo abandono.
• Dar atendimento para crianças e para adolescentes que, em razão de maus 
tratos ou mesmo crimes contra eles praticados por seus pais ou responsável, 
não podem continuar a conviver (pelo menos nesse primeiro momento) com 
os autores dessas condutas.
• Dar atendimento para criança ou para adolescente que, por qualquer razão, 
esteja afastado de sua família natural ou extensa, enquanto essa situação não 
é resolvida.
• Dar atendimento para criança ou para adolescente que se encontra em proces-
so de colocação em família substituta.
Assim, o acolhimento se destina sempre a ser uma medida provisória e excep-
cional, não podendo ser confundido com qualquer forma de privação de liberdade.
O encaminhamento de criança ou de adolescente para o acolhimento institucional 
(exceto em situações emergenciais) somente pode se dar por atuação do Juiz da 
Infância e da Juventude.
Imediatamente, após o acolhimento da criança ou do adolescente, a entidade 
responsável pelo programa de acolhimento institucional ou familiar deve elaborar 
um plano individual de atendimento, visando à reintegração familiar, salvo em 
situações excepcionais determinadas pelo Juiz da Infância e da Juventude.
O acolhimento familiar ou institucional deve ocorrer no local mais próximo à 
residência dos pais ou do responsável e, como parte do processo de reintegração 
familiar, sempre que identificada a necessidade, a família de origem será incluída em 
17
UNIDADE Prevenção, Política de Atendimento e Medidas de Proteção
programas oficiais de orientação, de apoio e de promoção social, sendo facilitado e 
estimulado o contato com a criança ou com o adolescente acolhido.
Sendo constatada a impossibilidade de reintegração da criança ou do adolescente 
à família de origem, a entidade que desenvolve o programa deve enviar relatório 
ao Ministério Público, propondo a destituição do poder familiar, ou a destituição de 
tutela ou de guarda.
Após o recebimento desse relatório, o Ministério Público deve ingressar com a 
ação de destituição do poder familiar, salvo se entender necessária a realização de 
estudos complementares ou outras providências que entender indispensáveis ao 
ajuizamento da demanda.
Ao final dessa ação, as crianças ou os adolescentes deverão ser incluídas no ca-
dastro de crianças e de adolescente que podem ser colocadas em famílias substitutas.
Inclusão em programa de acolhimento familiar
O acolhimento familiar é sempre preferível ao institucional, pois possibilita uma 
maior atenção à criança ou ao adolescente, razão pela qual essa modalidade deve 
ser empregada, sempre que for possível e houver famílias dispostas a participar 
dessa medida.
Colocação em família substituta
É uma medida de proteção para as diversas situações que foram tratadas em 
nossa aula específica sobre esse tema.
18
19
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
Estatuto da Criança e do Adolescente
https://goo.gl/9ULiJB
Constituição Federal
https://goo.gl/zaRrL
Código Civil
https://goo.gl/1k18iF
Código de Processo Civil
https://goo.gl/6b0EbE
19
UNIDADE Prevenção, Política de Atendimento e Medidas de Proteção
Referências
CUNHA, Rogério Sanches; LÉPORE, Paulo Eduardo; ROSSATO, Luciano Alves. 
Estatuto da criança e do adolescente comentado. 5. ed. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 2013.
CURY, Munir. Estatuto da criança e do adolescente comentado. 12. ed. São 
Paulo: Malheiros, 2013.
ISHIDA, Valter Kenji. Estatuto da criança e do adolescente. 15. ed. São Paulo: 
Atlas, 2014.
TAVARES, José de Farias. Comentários ao estatuto da criança e do adolescente. 
8. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012.
20
Estatuto da Criança 
e do Adolescente
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Reinaldo Zychan de Moraes
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Alessandra Fabiana Cavalcanti
Atos Infracionais e Medidas Socioeducativas
• Atos Infracionais;
• Medidas socioeducativas;
• Remissão;
• Medidas Pertinentes aos Pais ou ao Responsável.
 · Estudar o que são os atos infracionais e quais são as medidas aplicadas 
pelo Estatuto da Criança e do Adolescente em razão dessas condutas.
Esse é um dos temas mais polêmicos da legislação protetiva das 
crianças e dos adolescentes, sendo constante palco de grandes 
debates públicos, particularmente, naquelas situações em que os 
adolescentes praticam condutas mais graves.
 · Em toda a discussão sobre esses assuntos, não podemos perder o 
foco sobre a particular situação do adolescente como pessoas em 
desenvolvimento, o que impede, de forma peremptória qualquer tipo 
de comparações entre condutas criminosas praticadas por adultos e 
atos infracionais praticados por adolescentes.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Atos Infracionais e Medidas 
Socioeducativas
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você 
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão 
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Atos Infracionais e Medidas Socioeducativas
Atos Infracionais
Nosso sistema legal considera que os menores de 18 anos não possuem desen-
volvimento e maturidade suficientes para responderem pela prática de crimes, sen-
do, dessa forma, denominados inimputáveis. Trata-se de uma presunção absoluta, 
razão pela qual não se admite prova em contrário.
Dessa forma, se um adolescente, de forma deliberada, resolve matar outra 
pessoa não responderá pelo crime de homicídio (Artigo 121 do Código Penal), 
ou seja, não pode ser inserido no sistema penal. Isso não quer dizer que sua 
conduta seja “um nada jurídico”, bem ao contrário, essa conduta não deixa de se 
caracterizar como antijurídica, contudo, será objeto de apuração em outro sistema, 
no caso, na esfera do Estatuto da Criança e do Adolescente.
Essa situação, além de previsão no ECA, também se encontra em nossa 
Constituição Federal e no Código Penal.
Constituição Federal
Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, 
sujeitos às normas da legislação especial.
Código Penal
Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, 
ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial.
ECA
Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, 
sujeitos às medidas previstas nesta Lei. [...]
Conceito de ato infracional
O conceito de ato infracional é dado pelo artigo 103 do ECA, cuja redação é 
a seguinte:
ECA
Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou 
contravenção penal.
Desse conceito, precisamos destacar alguns aspectos:
• A conduta, que se caracteriza como ato infracional, encontra-se descrita em 
normas penais, porém não se trata de uma infração penal, em razão das 
características do seu autor. Dessa forma, é incorreto falar que um adolescente 
praticou um crime de homicídio. Nessa situação, o correto é simplesmente 
falar que o adolescente praticou um ato infracional.
8
9
• Infrações penais referem-se a um gênero que abrange crimes e contravenções 
penais. Embora os crimes de maior recorrência estejam no Código Penal 
(Decreto-Lei n.º 2.848/40), há outros previstos em diversas leis penais, tais 
como a Lei de Drogas (Lei n.º 11.343/06) e a Lei de Tortura (Lei n.º 
9.455/97).
• Da mesma forma, em grande parte, as contravenções penais estão previstas 
na Lei das Contravenções Penais (Decreto-lei n.º 3.688/41), contudo, há 
outras normas penais que veiculam esse tipo de infração.
Tempo da conduta
Esse limite entre crime e ato infracional pode gerar algumas situações curiosas, 
tais como a seguinte:
“A”, com 17 anos, 11 meses e 29 dias de idade, de forma intencional, 
atira em “B”. A vítima é socorrida, contudo, cinco dias depois morre em 
razão do ferimento.
Nesse caso, estamos falando de crime (homicídio – Artigo 121 do Código 
Penal) ou de ato infracional?
No ECA, essa situação é regida pelo seu Artigo 104.
ECA
Art. 104
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser considerada a idade 
do adolescente à data do fato.
Medidas aplicadas em razão da prática do ato infracional
A prática de um ato infracional irá gerar para a criança ou para o adolescente a 
aplicação de uma medida prevista no ECA, sendo essas medidas as seguintes:
ATO INFRACIONAL
PRATICADO POR
CRIANÇA
ADOLESCENTE
MEDIDA
SOCIOEDUCATIVA
(ART. 112)
MEDIDA PROTETIVA
(ART. 101)
Figura 1
Especificamente, em relação às crianças que praticam atos infracionais, a 
previsão da aplicação de medidas protetivas encontra-se no Artigo 105 do Estatuto.
9
UNIDADE Atos Infracionais e Medidas Socioeducativas
ECA
Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança corresponderão as 
medidas previstas no art. 101.
Direitos dos adolescentes que praticam atos infracionais
Não é correto se falar que o “adolescente foi preso”, sendo que o Estatuto fala 
em “apreensão”.
Essa privação da liberdade de ir e vir somente pode ocorrer em duas circunstâncias:
• Apreensão em flagrante em razão da prática de ato infracional;
• Apreensão determinada por autoridade judiciária.
A realização da apreensão do adolescente irá implicar uma série de providências 
pelas autoridades responsáveis pela execução dessa medida, sendo que podemos 
destacar as seguintes:
• O adolescente tem direito à identificação dos responsáveis pela sua apreensão, 
devendo ser informado acerca de seus direitos.
• Essa apreensão de qualquer adolescente e o local onde se encontra devem ser 
comunicados imediatamente: à autoridade judiciária competente e à família do 
apreendido ou à pessoa por ele indicada.
A apreensão em flagrante delito se realiza somente nos atos infracionais 
praticados com violência ou grave ameaça à pessoa. Nesse caso, a 
internação provisória (ou seja, antes do final do processo judicial) somente 
poderá perdurar essa medida por, no máximo, quarenta e cinco dias.
Outra questão importante na apreensão de adolescente é que, desde logo, deve 
ser analisada a possibilidade de liberação imediata.
O Artigo 111 do ECA estabelece para esses adolescentes uma série de garantias 
que devem ser respeitadas.
ECA
Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre outras, as seguintes 
garantias:
I - pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, mediante 
citação ou meio equivalente;
II - igualdade na relação processual, podendo confrontar-se com vítimas e 
testemunhas e produzir todas as provas necessárias à sua defesa;
III - defesa técnica por advogado;
IV - assistência judiciária gratuita e integral aos necessitados, na forma 
da lei;
V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade competente;
VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável em qualquer 
fase do procedimento.
10
11
Medidas Socioeducativas
Disposições gerais
As medidas socioeducativas são aplicadas pelo Juiz da Infância e da Juventude 
após a realização de processo judicial em que sejam respeitadas as garantias 
processuais do adolescente envolvido nos fatos em apuração.
Na sua aplicação, o juiz deve considerar:
• a capacidade do adolescente em cumpri-la;
• as circunstâncias; e
• a gravidade da infração.
Essas medidas são aplicadas isolada ou cumulativamente, sendo que durante a 
sua execução, sempre que for justificável, poderão ser substituídas por outras.
Em sua aplicação deverá ainda o juiz levar em considerações as necessidades 
pedagógicas, preferindo-se aquelas que visem ao fortalecimento dos vínculos 
familiares e comunitários; assim, aquelas que implicam cerceamento da liberdade 
de ir e vir sempre devem ser consideradas excepcionais.
Vamos ver as características de cada uma dessas medidas.
Advertência
A advertência é a medida socioeducativa menos gravosa, consistindo em uma 
admoestação verbal que será reduzida a termo e assinada.
Obrigação de reparar o dano
Essa medida pode ser aplicada nos atos infracionais que possuem reflexos 
patrimoniais, sendo que o juiz poderá determinar:
• a restituição da coisa;
• o ressarcimento do dano, ou
• alguma outra forma de compensação do prejuízo da vítima.
Se ficar demonstrada a impossibilidade dessa reparação, a medida poderá ser 
substituída por outra adequada.
Prestação de serviços à comunidade
Essa medida consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse geral em 
entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, 
bem como em programas comunitários ou governamentais.
11
UNIDADE Atos Infracionais e Medidas Socioeducativas
Na atribuição de tarefas ao adolescente são consideradas as suas aptidões, 
devendo ser destacado que essa medida:
• não pode durar mais de seis meses;
• tem jornada máxima de oito horas semanais; e
• as atividades devem ser realizadas aos sábados, domingos e feriados ou em 
dias úteis, de modo a não prejudicar a frequência à escola ou à jornada normal 
de trabalho.
Liberdade assistida
Na liberdadeassistida, como o próprio nome menciona, o adolescente irá per-
manecer em liberdade, contudo, o juiz irá nomear um orientador, que terá como 
principais atribuições, acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente.
Cabe a esse orientador as tarefas definidas no Artigo 119 do Estatuto.
ECA
Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a supervisão da autoridade 
competente, a realização dos seguintes encargos, entre outros:
I - promover socialmente o adolescente e sua família, fornecendo-
lhes orientação e inserindo-os, se necessário, em programa oficial ou 
comunitário de auxílio e assistência social;
II - supervisionar a frequência e o aproveitamento escolar do adolescente, 
promovendo, inclusive, sua matrícula;
III - diligenciar no sentido da profissionalização do adolescente e de sua 
inserção no mercado de trabalho;
IV - apresentar relatório do caso.
Essa medida será fixada pelo prazo mínimo de seis meses, podendo a qualquer 
tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por outra medida, ouvido o 
orientador, o Ministério Público e o defensor.
Inserção em regime de semiliberdade
A medida de inserção em regime de semiliberdade é a primeira que implica 
restrição da liberdade de ir e vir.
Nela, o adolescente irá permanecer em uma entidade que desenvolva esse 
programa, contudo, poderá sair para realizar atividades externas, em especial, para 
frequência escolar e em cursos de profissionalização, que é obrigatória nesse caso.
12
13
Essa medida não comporta prazo determinado, devendo ser acompanhada e 
reavaliada periodicamente.
Ela pode ser aplicada:
• inicialmente, ou seja, na decisão judicial que apreciou a conduta do adolescente; e
• como transição entre a internação e o meio aberto.
Internação em estabelecimento educacional
A internação é a medida socioeducativa mais gravosa, pois implica em cerceamen-
to da liberdade de ir e vir do adolescente. Considerando a particular situação do ado-
lescente, estabelece o ECA que essa medida deve ser sujeita aos princípios de brevida-
de, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.
Essa medida não possui prazo determinado, sendo que o Juiz deverá, a cada seis 
meses, decidir sobre a sua manutenção, encerramento ou substituição por outra 
medida socioeducativa.
Não pode essa medida durar mais que três anos, sendo que, atingido esse limite 
o adolescente deve ser:
• liberado;
• colocado em regime de semiliberdade ou de liberdade assistida.
Vale destacar que deverá ocorrer a liberação compulsória quando a pessoa 
submetida a essa medida atingir os vinte e um anos de idade.
Pode a internação ser aplicada para maiores de 18 anos?
Conforme aprendemos em outra aula, o ECA pode ser excepcionalmente 
aplicado para pessoas maiores de dezoito e menores de 21 anos (parágrafo 
único do Artigo 2º). É essa uma dessas situações.
É o que ocorre, por exemplo, com um adolescente de 17 anos que 
provoca a morte de outra pessoa. Ao final do processo que analisa a sua 
conduta, o Juiz da Infância e da Juventude pode aplicar a internação.
Não é incomum que nesses casos, a decisão judicial somente ocorra quando 
o autor da conduta já possui mais de 18 anos. Iniciado o cumprimento da 
medida a sua continuidade deve ser revista a cada seis meses, sendo que, 
aos 21 anos deverá ocorrer a liberação compulsória (nesse caso, não pode 
ocorrer a transferência para a liberdade assistida ou para a semiliberdade).
A internação, em razão da sua gravidade, não pode ser aplicada em todos os 
atos infracionais, sendo que o legislador restringiu seu cabimento às hipóteses 
previstas no artigo 122 do Estatuto.
13
UNIDADE Atos Infracionais e Medidas Socioeducativas
ECA
Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada quando:
I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou 
violência à pessoa;
II - por reiteração no cometimento de outras infrações graves;
III - por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente 
imposta.
[...]
Deve ser destacado que no caso do descumprimento reiterado e injustificável 
da medida anteriormente imposta (inciso III) a internação somente poderá 
perdurar por até três meses.
Adolescentes que estão cumprindo essa medida:
• não podem permanecer em entidades que desenvolvem o acolhimento institucional;
• devem ser separados conforme critérios de idade, compleição física e gravidade 
da infração;
• devem frequentar, obrigatoriamente, atividades pedagógicas.
Em razão da severidade dessa medida, o Estatuto estipula específicos direitos 
aos adolescentes internados.
ECA
Art. 124. São direitos do adolescente privado de liberdade, entre outros, 
os seguintes:
I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do Ministério Público;
II - peticionar diretamente a qualquer autoridade;
III - avistar-se reservadamente com seu defensor;
IV - ser informado de sua situação processual, sempre que solicitada;
V - ser tratado com respeito e dignidade;
VI - permanecer internado na mesma localidade ou naquela mais próxima 
ao domicílio de seus pais ou responsável;
VII - receber visitas, ao menos, semanalmente;
VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos;
IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e ao asseio pessoal;
X - habitar alojamento em condições adequadas de higiene e salubridade;
14
15
XI - receber escolarização e profissionalização;
XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer;
XIII - ter acesso aos meios de comunicação social;
XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e desde que 
assim o deseje;
XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de local seguro para 
guardá-los, recebendo comprovante daqueles porventura depositados em 
poder da entidade;
XVI - receber, quando de sua desinternação, os documentos pessoais 
indispensáveis à vida em sociedade.
§ 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade.
§ 2º A autoridade judiciária poderá suspender temporariamente a visita, 
inclusive de pais ou responsável, se existirem motivos sérios e fundados 
de sua prejudicialidade aos interesses do adolescente.
Infelizmente, não são incomuns casos em que adolescentes submetidos à 
internação tenham suas integridades física e mental comprometidas nas instituições 
em que se encontrem, tais como em situações de brigas entre internos, conflitos 
com funcionários, etc.
Porém, o Estatuto deixa claro que é dever do Estado zelar pela integridade 
física e mental dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas adequadas de 
contenção e de segurança – Artigo 125.
Medidas protetivas
Por fim, o Juiz da Infância e da Juventude, considerando as circunstâncias da 
conduta do adolescente que praticou o ato infracional, poderá decidir aplicar uma 
medida protetiva (Artigo 101, I a VI).
Com isso, podemos verificar que as medidas protetivas podem ser aplicadas nas 
seguintes situações indicadas na seguinte ilustração:
MEDIDAS
PROTETIVAS
(ART. 101)
PODEM SER
APLICADAS PARA
CRIANÇAS OU
ADOLESCENTES
QUE PRATICARAM 
ATOS INFRACIONAIS
EM SITUAÇÃO
DE RISCO
Figura 2
15
UNIDADE Atos Infracionais e Medidas Socioeducativas
Remissão
Mesmo caracterizada a ocorrência do ato infracional, poderá não ser aplicada 
qualquer medida socioeducativa ao adolescente se for concedida a remissão. Ela é 
uma forma de perdão que deve ser aplicada considerando, em especial, os seguintes 
elementos:
• as circunstâncias e as consequências do fato;
• o contexto social;
• a personalidade do adolescente;
• sua maior ou menor participação no ato infracional.
Ela eventualmente poderá, contudo, incluir a aplicação de medidas socioeduca-
tivas, exceto a colocação em regime de semiliberdade e a internação.
Há duas possibilidades na sua aplicação, ou seja, ela pode ser aplicada pelo 
Ministério Público ou pelo Juiz.
Remissão aplicada pelo Ministério Público
O Ministério Público poderá conceder a remissão antes de iniciado o processo 
que irá apurar a conduta do adolescente suspeito da prática do ato infracional.
Nesse caso,a remissão é considerada uma causa de exclusão do processo.
Remissão aplicada pelo Juiz
Iniciado o processo, a remissão somente poderá ser aplicada pelo Juiz da 
Infância e da Juventude.
Nesse caso, a remissão será uma causa de suspensão ou de extinção do processo.
Medidas Pertinentes aos 
Pais ou ao Responsável
Aos pais, aos tutores e aos guardiães estabelece o ECA a possibilidade de 
aplicação de uma série de medidas previstas no Artigo 129, sempre que ficar 
caracterizado que eles, em razão de suas ações ou omissões, ameaçaram ou lesaram 
direitos da criança ou adolescente.
16
17
ECA
Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou responsável:
I - encaminhamento a serviços e programas oficiais ou comunitários de 
proteção, apoio e promoção da família;
II - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e 
tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
III - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico;
IV - encaminhamento a cursos ou a programas de orientação;
V - obrigação de matricular o filho ou o pupilo e de acompanhar sua 
frequência e aproveitamento escolar;
VI - obrigação de encaminhar a criança ou o adolescente a tratamento 
especializado;
VII - advertência;
VIII - perda da guarda;
IX - destituição da tutela;
X - suspensão ou destituição do poder familiar.
Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas nos incisos IX e X 
deste artigo, observar-se-á o disposto nos Arts. 23 e 24.
É importante lembrar que as medidas previstas nos incisos IX e X somente 
podem ser aplicadas em processo judicial, em que seja garantida a ampla defesa e 
o contraditório.
Outra importante medida se aplica para os casos de maus-tratos, opressão ou 
abuso sexual impostos pelos pais ou por responsável (tutor, guardião ou qualquer 
outra situação fática). Nesse caso, o Juiz poderá determinar, de forma cautelar, ou 
seja, por ato motivado durante ou logo no início de um processo, o afastamento do 
agressor da moradia comum.
Essa providência não afasta a incidência de outras medidas que podem ser 
aplicadas ao agressor, tais como sanções penais. Além disso, em sua decisão de 
afastar o agressor, poderá o juiz fixar, ainda que de forma provisória, alimentos de 
que necessitem a criança ou o adolescente dependentes do agressor.
17
UNIDADE Atos Infracionais e Medidas Socioeducativas
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
Estatuto da Criança e do Adolescente
https://goo.gl/9ULiJB
Constituição Federal
https://goo.gl/zaRrL
Código Penal
https://goo.gl/t0Tjp
Código de Processo Penal
https://goo.gl/YQWRv
18
19
Referências
CUNHA, Rogério Sanches; LÉPORE, Paulo Eduardo; ROSSATO, Luciano Alves. 
Estatuto da criança e do adolescente comentado. 5. ed. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 2013.
CURY, Munir. Estatuto da criança e do adolescente comentado. 12. ed. São 
Paulo: Malheiros, 2013.
ISHIDA, Valter Kenji. Estatuto da criança e do adolescente. 15. ed. São Paulo: 
Atlas, 2014.
TAVARES, José de Farias. Comentários ao estatuto da criança e do adolescente. 
8. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012.
19
Estatuto da Criança 
e do Adolescente
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Reinaldo Zychan de Moraes
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Crimes e Infrações Administrativas
• Infrações Penais Previstas no ECA;
• Infrações Administrativas Previstas no ECA;
• Disposições Finais e Transitórias.
 · Conhecer as disposições finais do Estatuto da Criança e do Adoles-
cente, em especial, as infrações penais e as administrativas criadas por 
essa norma. Essas infrações foram criadas para dar maior efetividade 
aos direitos das crianças e dos adolescentes, estabelecendo sanções 
para uma série de condutas ilegais e que não se compatibilizam com 
os preceitos dessa norma. Tudo isso faz com que o Estatuto se firme 
como uma norma de grande importância dentro do cenário social de 
nosso país, pois apresenta farta regulação sobre as relações entre a 
família, a sociedade e o Estado, sempre com o objetivo de buscar dar 
maior proteção a uma parcela tão importante de nossa população.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Crimes e Infrações Administrativas
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você 
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão 
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Crimes e Infrações Administrativas
Infrações Penais Previstas no ECA
Considerações Iniciais
Além de criar uma série de normas protetivas no texto do ECA, também foram 
construídos alguns tipos penais especificamente voltados para tipificar condutas 
praticadas contra crianças e adolescentes:
ECA
Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes praticados contra a criança 
e o adolescente, por ação ou omissão, sem prejuízo do disposto na 
legislação penal.
É certo que há infrações penais que somente estão previstas no Estatuto, 
contudo, elas não afastam a incidência de outras normas penais, nas quais crianças 
e adolescentes possam ser sujeitos passivos, bem como circunstâncias em que essa 
situação especial acaba por gerar agravantes ou causas de aumento, tal como 
ocorre, por exemplo, nas seguintes situações:
• O crime de homicídio (Artigo 121 do Código Penal) pode ter como sujeito 
passivo qualquer pessoa, sendo que, em alguns casos, essa conduta pode 
vitimar crianças e adolescentes;
• Nesse mesmo crime, se o ofendido é menor de 14 anos, haverá a incidência de 
uma causa de aumento de pena em um terço – Artigo 121, §4º, do Código Penal;
• Em qualquer caso, o crime praticado contra criança tem uma agravação 
genérica prevista na alínea “h” do Inciso II do Artigo 61 do Código Penal:
Código Penal
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não 
constituem ou qualificam o crime:
(...)
II - ter o agente cometido o crime:
(...)
h) contra criança, [...]
Dessa forma, podemos afirmar que o ECA aumentou, sob o enfoque penal, a pro-
teção às crianças e aos adolescentes, sem excluir a aplicação de outras normas penais.
Apuração
O ECA não criou qualquer procedimento de apuração próprio para essas infra-
ções penais, razão pela qual devem ser utilizados aqueles previstos na Legislação 
Processual Penal:
8
9
• Termo Circunstanciado: se o crime puder ser enquadrado na categoria de 
InfraçãoPenal de menor potencial ofensivo, ou seja, aqueles cuja pena máxima 
é de até dois anos;
• Inquérito Policial: para os demais crimes.
O Estatuto autoriza que o Poder Público crie Delegacias de Polícia especializadas 
no atendimento de crianças e adolescentes vítimas de violência, contudo, essa 
criação não é obrigatória.
Há, contudo, duas importantes particularidades criadas pela Lei n.º 13.431/17, 
ou seja, a escuta especializada e o depoimento especial.
Escuta especializada
A escuta especializada é um procedimento de entrevista da criança ou ado-
lescente sobre situações de violência que tenha presenciado ou tenha sido vítima, 
sendo realizada perante órgão da rede de proteção.
Tanto a escuta especializada como o depoimento especial devem ser realiza-
dos em local apropriado e ambiente acolhedor, com infraestrutura e espaço físico 
que garantam a privacidade da criança ou do adolescente.
Nesses procedimentos, não será permitido qualquer tipo de contato, ainda que 
visual, com o suposto autor ou acusado, ou, ainda, com qualquer pessoa que repre-
sente ameaça, coação ou constrangimento.
Depoimento especial
Já o depoimento especial é o procedimento de oitiva de criança ou adolescente 
vítima ou testemunha de violência perante autoridade policial ou judiciária.
Esse depoimento deve ser regido por protocolos que busquem resguardar os 
direitos da criança ou do adolescente e, sempre que possível, deve ser feito em uma 
única vez, sem prejuízo de se garantir ao acusado ou ao investigado o respeito a 
seus direitos. 
Somente pode ser realizado novo depoimento especial se ficar demonstrada a 
sua imprescindibilidade e houver a concordância da vítima ou da testemunha, ou 
de seu representante legal. 
O depoimento especial seguirá o Rito Cautelar de antecipação de prova: 
• Quando a criança ou o adolescente tiver menos de 7 (sete) anos; 
• Em caso de violência sexual. 
Na realização do depoimento especial, deve ser adotado o seguinte procedimento: 
• Profissionais especializados devem esclarecer a criança ou o adolescente 
sobre a tomada do depoimento especial, informando-lhe os seus direitos e os 
procedimentos a serem adotados e planejando sua participação, sendo vedada 
a leitura da denúncia ou de outras peças processuais; 
9
UNIDADE Crimes e Infrações Administrativas
• É assegurada à criança ou ao adolescente a livre narrativa sobre a situação 
de violência, podendo o profissional especializado intervir quando necessário, 
utilizando técnicas que permitam a elucidação dos fatos; 
• No curso do Processo Judicial, o depoimento especial será transmitido em 
tempo real para a sala de audiência, preservado o sigilo; 
• Após a narrativa, o juiz, depois de consultar o Ministério Público, o Defensor e 
os Assistentes Técnicos, avaliará a pertinência de perguntas complementares, 
as quais serão organizadas em bloco; 
• O profissional especializado poderá adaptar as perguntas à linguagem de 
melhor compreensão da criança ou do adolescente; 
• O depoimento especial será gravado em áudio e vídeo. 
Pode, contudo, a vítima ou testemunha de violência prestar depoimento direta-
mente ao juiz, se assim este o entender. 
Durante a realização do depoimento, o profissional especializado deve comunicar 
ao juiz o fundado receio, se for o caso, de que a presença, na sala de audiência, do 
autor da violência pode prejudicar o depoimento especial ou colocar o depoente em 
situação de risco, situação em que poderá o magistrado determinar o afastamento 
do acusado desse ato processual.
Competência para julgamento
Os crimes praticados contra as crianças e adolescentes não são julgados pelas 
Varas da Infância e da Juventude, mas por Varas Criminais Comuns.
Contudo, podem ser criados órgãos judiciais especializados em crimes contra 
crianças e adolescentes:
Lei n.º 13.431/17
Art. 23. Os órgãos responsáveis pela organização judiciária poderão 
criar juizados ou varas especializadas em crimes contra a criança e o 
adolescente. 
Parágrafo único. Até a implementação do disposto no caput deste Artigo, 
o julgamento e a execução das causas decorrentes das práticas de violência 
ficarão, preferencialmente, a cargo dos juizados ou varas especializadas 
em violência doméstica e temas afins.
Mudanças no Código Penal provocadas pelo ECA
Quando o Estatuto entrou em vigor, ocorreram algumas mudanças no Código 
Penal, sendo elas estabelecidas no Artigo 263 do ECA, que buscou trazer maior 
harmonização dessas normas, bem como ressaltar a importância da proteção penal 
dos direitos das crianças e dos adolescentes.
10
11
Aplicação do Código Penal e do Código de Processo Penal
Nos crimes previstos no ECA, deve ser aplicada a Parte Geral do Código Penal 
e as normas do Código de Processo Penal:
ECA
Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as normas da Parte 
Geral do Código Penal e, quanto ao processo, as pertinentes ao Código 
de Processo Penal.
Ação penal
Todas as infrações penais previstas no ECA são de Ação Penal Pública Incondicionada:
ECA
Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de ação pública incondicionada
Isso faz com que o início da apuração dos crimes se faça sem que haja a vontade 
de quem quer que seja. Assim, havendo a notícia de que essas condutas ilícitas 
ocorreram, o Poder Público deve apurá-las, mesmo que não haja a concordância 
dos pais, responsáveis ou qualquer outra pessoa.
Dos crimes em espécie
Para facilitar a nossa análise, vamos agrupar as infrações previstas no Estatuto 
levando em considerações alguns elementos comuns.
Crimes ligados aos cuidados com o neonato
Nos crimes contra neonatos, o que se observa, em especial, é que o Legislador 
teve destacada preocupação com a falta de adequado registro sobre ele e sua 
mãe nos estabelecimentos de saúde, bem como com a entrega dos documentos 
necessários para o Registro Civil da criança:
 ECA
Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente de 
estabelecimento de atenção à saúde de gestante de manter registro das 
atividades desenvolvidas, na forma e prazo referidos no art. 10 desta Lei, 
bem como de fornecer à parturiente ou a seu responsável, por ocasião da 
alta médica, declaração de nascimento, onde constem as intercorrências 
do parto e do desenvolvimento do neonato:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Parágrafo único. Se o crime é culposo:
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.
11
UNIDADE Crimes e Infrações Administrativas
Também é considerada infração penal a conduta de não identificar corretamente 
o neonato (para evitar a sua troca), bem como, a falta de realização dos exames 
obrigatórios – tais como o conhecido “exame do pezinho” (Inciso III do Artigo 10):
ECA
Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento 
de atenção à saúde de gestante de identificar corretamente o neonato e 
a parturiente, por ocasião do parto, bem como deixar de proceder aos 
exames referidos no art. 10 desta Lei:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Parágrafo único. Se o crime é culposo:
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.
Crimes ligados à liberdade de ir e vir de crianças e adolescentes
Nos Artigos 230, 231, 234 e 235 do Estatuto, vamos encontrar infrações penais 
voltadas à proteção da liberdade de ir e vir de crianças e adolescentes, sendo que, 
nesse particular, há preocupações de duas ordens: 
• Realização de apreensões sem que haja flagrante ou ordem judicial;
• Falta de obediência às formalidades para que as apreensões ocorram, bem 
como o pleno respeito aos direitos das crianças e adolescentes privados da 
liberdade de ir e vir:
ECA
Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, procedendo 
à sua apreensão sem estar em flagrante de ato infracional ou inexistindo 
ordem escrita da autoridade judiciária competente:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que procede à apreensão 
sem observância das formalidades legais.
ECA
Art. 231. Deixar a autoridade policial responsávelpela apreensão de 
criança ou adolescente de fazer imediata comunicação à autoridade judici-
ária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
ECA
Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa causa, de ordenar a 
imediata liberação de criança ou adolescente, tão logo tenha conhecimento 
da ilegalidade da apreensão:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
12
13
ECA
Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado nesta Lei em 
benefício de adolescente privado de liberdade:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Crime ligado ao respeito moral de crianças e adolescentes
No Artigo 232, vamos encontrar uma infração penal criada para punir condutas 
que acarretem desrespeito moral à criança ou adolescente. O que se veda é a 
submissão deles a vexames e constrangimentos:
ECA
Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou 
vigilância a vexame ou a constrangimento:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Crime ligado à atuação dos órgãos protetivos
No Artigo 236, vamos encontrar uma infração penal que se refere à conduta de 
quem impede ou embaraça a atuação dos órgãos protetivos, ou seja, da autoridade 
judiciária, dos membros de Conselho Tutelar ou do Representante do Ministério 
Público, quando eles estejam exercendo as competências definidas no ECA:
ECA
Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade judiciária, membro 
do Conselho Tutelar ou representante do Ministério Público no exercício 
de função prevista nesta Lei:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Crimes ligados ao exercício do poder familiar
Nos Artigos 237, 238 e 239, encontramos a descrição de graves condutas que 
afrontam os deveres inerentes ao exercício da guarda, tutela ou poder familiar 
sendo que, dentre outras formas, essas infrações penais buscam reprimir a ação 
daqueles que:
• “Vendem” ou “prometem vender” filho ou pupilo;
• Subtraem criança ou adolescente para colocá-los em lar substituto;
• Enviam criança ou adolescente ao exterior sem o pleno respeito às prescrições 
do ECA:
ECA
Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem o tem sob 
sua guarda em virtude de lei ou ordem judicial, com o fim de colocação 
em lar substituto:
Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa.
13
UNIDADE Crimes e Infrações Administrativas
ECA
Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a terceiro, 
mediante paga ou recompensa:
Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa.
Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem oferece ou efetiva a 
paga ou recompensa.
ECA
Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao envio de 
criança ou adolescente para o exterior com inobservância das formalidades 
legais ou com o fito de obter lucro:
Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa.
Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave ameaça ou fraude: 
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da pena correspondente 
à violência.
Crimes com conteúdo sexual e relativos à pedofilia
No Estatuto, foram criados diversos crimes que buscam reprimir condutas 
voltadas para a exploração sexual de crianças e adolescentes, sendo que podemos 
destacar as seguintes:
• A posse de fotografias (e imagens em geral – ainda que na forma de arquivos 
magnéticos ou eletrônicos) de cenas de sexo envolvendo crianças e adolescentes;
• Uma série de condutas paralelas à anterior, tais como a venda, a exposição 
dessas imagens etc.;
• A realização de cenas ou simulações de conteúdo sexual envolvendo crianças 
e adolescentes – mesmo sob a forma de montagens;
• Aliciamento com o fim de praticar atos libidinosos;
• Submeter crianças ou adolescente à prostituição ou qualquer outra forma de 
exploração sexual:
ECA
Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por 
qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo crian-
ça ou adolescente: 
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa
§ 1º Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, recruta, coage, ou 
de qualquer modo intermedeia a participação de criança ou adolescente nas 
cenas referidas no caput deste Artigo, ou ainda quem com esses contracena. 
§ 2º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente comete o crime: 
14
15
I – no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de exercê-la; 
II – prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de 
hospitalidade; ou
III – prevalecendo-se de relações de parentesco consanguíneo ou afim até 
o terceiro grau, ou por adoção, de tutor, curador, preceptor, empregador 
da vítima ou de quem, a qualquer outro título, tenha autoridade sobre ela, 
ou com seu consentimento. 
ECA
Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro registro 
que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança 
ou adolescente: 
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. 
ECA
Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar 
ou divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de sistema de informática 
ou telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de 
sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente: 
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. 
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: 
I – assegura os meios ou serviços para o armazenamento das fotografias, 
cenas ou imagens de que trata o caput deste Artigo; 
II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de computadores às 
fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste Artigo.
§ 2º As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1o deste Artigo são 
puníveis quando o responsável legal pela prestação do serviço, oficialmente 
notificado, deixa de desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito de que trata o 
caput deste Artigo. 
ECA
Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, 
vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou 
pornográfica envolvendo criança ou adolescente: 
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 1º A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se de pequena 
quantidade o material a que se refere o caput deste Artigo. 
[...]
15
UNIDADE Crimes e Infrações Administrativas
O Artigo 241-B tipifica a conduta daquele que possui fotografias, vídeos ou 
qualquer outra forma de registro (tais como arquivos de vídeos ou fotos digitais) de 
cenas de sexo explícito ou pornográfica que envolvam crianças ou adolescentes.
Ocorre, contudo, que há organizações (públicas e privadas) criadas com o 
específico objetivo de reprimir essas práticas, sobretudo na Internet e nas Redes 
Sociais, sendo que a conduta dos integrantes delas (ou qualquer outra pessoa) de 
gravar esse tipo de material para entregá-los à autoridade competente poderia 
gerar a discussão de que eles também estariam praticando essas infrações penais. 
Para afastar essa discussão, o §2º do Artigo 241-B deixa claro que esse tipo de 
proceder não caracteriza a prática dessa infração penal:
Art. 241 B (...)
§ 2º Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a finalidade de 
comunicar às autoridades competentes a ocorrência das condutas descritas 
nos arts. 240, 241, 241-A e 241-C desta Lei, quando a comunicação for 
feita por: 
I – agente público no exercício de suas funções; 
II – membro de entidade, legalmente constituída, que inclua, entre 
suas finalidades institucionais, o recebimento, o processamento e o 
encaminhamento de notícia dos crimes referidos neste parágrafo;
III – representante legal e funcionários responsáveis de provedor de 
acesso ou serviço prestado por meio de rede de computadores, até o 
recebimento do material relativo à notícia feita à autoridade policial, ao 
Ministério Público ou ao Poder Judiciário. 
§ 3º As pessoas referidas no § 2o deste Artigo deverão manter sob sigilo 
o material ilícito referido. 
Reforçando o combate aesses crimes, a Lei nº 13.441/17, criou a possibilidade 
da infiltração de agentes de polícia na Internet com o fim de investigá-los. 
Nessas situações, esses agentes, igualmente, não estarão praticando crimes:
ECA
 Art. 241-C. Simular a participação de criança ou adolescente em cena 
de sexo explícito ou pornográfica por meio de adulteração, montagem ou 
modificação de fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de representação 
visual:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda, 
disponibiliza, distribui, publica ou divulga por qualquer meio, adquire, 
possui ou armazena o material produzido na forma do caput deste Artigo. 
16
17
ECA
Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio 
de comunicação, criança, com o fim de com ela praticar ato libidinoso: 
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: 
I – facilita ou induz o acesso à criança de material contendo cena de sexo 
explícito ou pornográfica com o fim de com ela praticar ato libidinoso;
II – pratica as condutas descritas no caput deste Artigo com o fim de 
induzir criança a se exibir de forma pornográfica ou sexualmente explícita. 
O Artigo 241-E é o que se chama de norma penal explicativa, pois busca 
esclarecer, para aplicação da Lei Penal, o conteúdo de determinada expressão, no 
caso “cena de sexo explícito ou pornográfica”.
ECA
Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a expressão “cena 
de sexo explícito ou pornográfica” compreende qualquer situação que 
envolva criança ou adolescente em atividades sexuais explícitas, reais ou 
simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou adolescente 
para fins primordialmente sexuais. 
ECA
Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais definidos no 
caput do art. 2º desta Lei, à prostituição ou à exploração sexual:
Pena – reclusão de quatro a dez anos e multa, além da perda de bens e 
valores utilizados na prática criminosa em favor do Fundo dos Direitos da 
Criança e do Adolescente da unidade da Federação (Estado ou Distrito 
Federal) em que foi cometido o crime, ressalvado o direito de terceiro de 
boa-fé.
§ 1º Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente ou o responsável 
pelo local em que se verifique a submissão de criança ou adolescente às 
práticas referidas no caput deste Artigo. 
§ 2º Constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de 
localização e de funcionamento do estabelecimento. 
A questão da prostituição de crianças e adolescentes também é objeto de outra 
norma penal específica, nesse caso o Artigo 218-B do Código Penal, cuja redação 
é a seguinte:
Código Penal
Favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de 
criança ou adolescente ou de vulnerável. 
17
UNIDADE Crimes e Infrações Administrativas
Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma 
de exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por 
enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento 
para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone: 
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos. 
§ 1º Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, 
aplica-se também multa. 
§ 2º Incorre nas mesmas penas: 
I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém 
menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situação descrita 
no caput deste Artigo; 
II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se 
verifiquem as práticas referidas no caput deste Artigo. 
§ 3º Na hipótese do inciso II do § 2o, constitui efeito obrigatório da 
condenação a cassação da licença de localização e de funcionamento do 
estabelecimento.
É importante destacar que essa norma prevista no Código Penal é considerada 
um crime hediondo:
Lei dos Crimes Hediondos – Lei n.º 8.072/90
Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados 
no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, 
consumados ou tentados:
(...)
VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração 
sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e 
§§ 1º e 2º).
Crimes ligados às normas de prevenção
O Título III do ECA estabelece diversas formas de prevenção especial para que 
sejam evitadas condutas que possam causar lesão ou ameaça de lesão aos direitos 
de crianças e adolescentes.
Nos Artigos 242 a 244, encontramos a caracterização de crimes ligados ao 
desrespeito dessas normas de prevenção em casos mais graves, tais como a venda 
de armas, munições e explosivos, bem como qualquer forma de fornecimento de 
substâncias que possam causar dependência em crianças e adolescentes:
ECA
Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de 
qualquer forma, a criança ou adolescente arma, munição ou explosivo:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. 
18
19
ECA
Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda que gratui-
tamente, de qualquer forma, a criança ou a adolescente, bebida alcoólica 
ou, sem justa causa, outros produtos cujos componentes possam causar 
dependência física ou psíquica:
Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato não 
constitui crime mais grave.
ECA
Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de 
qualquer forma, a criança ou adolescente fogos de estampido ou de 
artifício, exceto aqueles que, pelo seu reduzido potencial, sejam incapazes 
de provocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida:
Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa.
Crime de corrupção de crianças e adolescentes
No Artigo 244-B, encontramos a descrição do crime daquele que corrompe 
ou facilita a corrupção de criança ou do adolescente, sendo que essa conduta se 
caracteriza:
• Quando o adulto pratica crime junto com a criança e o adolescente.
• Quando o adulto induz criança ou adolescente para a prática de crimes:
ECA
Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito) 
anos, com ele praticando infração penal ou induzindo-o a praticá-la: 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. 
§ 1º Incorre nas penas previstas no caput deste Artigo quem pratica 
as condutas ali tipificadas utilizando-se de quaisquer meios eletrônicos, 
inclusive salas de bate-papo da internet. 
§ 2º As penas previstas no caput deste Artigo são aumentadas de um 
terço no caso de a infração cometida ou induzida estar incluída no rol do 
art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990. 
Infrações Administrativas Previstas no ECA
Considerações iniciais
Outra forma específica de repressão a condutas graves que ameaçam ou causam 
efetivo prejuízo para os direitos das crianças e dos adolescentes foi criada pelo ECA 
ao estabelecer diversas infrações administrativas.
19
UNIDADE Crimes e Infrações Administrativas
O Estatuto prevê algumas formas de sanção, sendo a mais comum a de multa.
Apuração
A apuração dessas condutas se dá, em especial, pelo Ministério Público (Artigo 
201, incisos VI e VII), sendo que, muitas vezes, o início da apuração ocorre em 
razão da atuação dos Conselhos Tutelares (Art. 136, IV).
Competência
A competência para a aplicação das sanções administrativas pertence ao Juiz da 
Infância e da Juventude – inciso V do Artigo 148.
Infrações em espécie
Infração ligada à prevenção de maus tratos
A infração administrativa do Art. 245 está voltada à prevenção de maus tratos 
contra crianças e adolescentes e busca sancionar aquele que tem o dever de 
comunicar a suspeita de sua ocorrência para autoridades competentes mas que, de 
forma omissiva, deixa de fazê-lo:
ECA
Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por estabelecimento 
de atenção à saúde e de ensino fundamental, pré-escola ou creche, de 
comunicar à autoridade competente os casos de que tenha conhecimento, 
envolvendosuspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou 
adolescente:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro 
em caso de reincidência.
Infração ligada ao respeito aos direitos de adolescente privado de liberdade
Esta infração administrativa está voltada a proteger direitos de adolescentes 
privados de liberdade. Não pode haver exasperação das medidas aplicadas contra 
eles, pois eles conservam, nessa situação, todos os demais direitos não afetados 
pela medida a que estão submetidos:
ECA
Art. 246. Impedir o responsável ou funcionário de entidade de atendimento 
o exercício dos direitos constantes nos incisos II, III, VII, VIII e XI do art. 
124 desta Lei:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro 
em caso de reincidência.
20
21
Infração ligada à vedação de divulgação de informações
de criança ou adolescente envolvido em ato infracional
Nesse caso, veda-se a indevida divulgação de dados de crianças e adolescentes 
envolvidos na prática de infrações penais:
ECA
Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização devida, por 
qualquer meio de comunicação, nome, ato ou documento de procedimento 
policial, administrativo ou judicial relativo a criança ou adolescente a que 
se atribua ato infracional:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro 
em caso de reincidência.
§ 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou parcialmente, fotografia 
de criança ou adolescente envolvido em ato infracional, ou qualquer 
ilustração que lhe diga respeito ou se refira a atos que lhe sejam atribuídos, 
de forma a permitir sua identificação, direta ou indiretamente.
§ 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou emissora de rádio 
ou televisão, além da pena prevista neste Artigo, a autoridade judiciária 
poderá determinar a apreensão da publicação. (Expressão declara incons-
titucional pela ADIN 869-2).
Infração ligada à proteção de adolescente empregado doméstico
No Artigo 248, está prevista uma infração administrativa voltada à proteção 
de adolescente que realiza o trabalho de empregado doméstico – historicamente, 
eles sempre foram alvo de muito desrespeito; assim, o legislador buscou criar um 
mecanismo de ampliação do controle de seus direitos:
ECA
Art. 248. Deixar de apresentar à autoridade judiciária de seu domicílio, 
no prazo de cinco dias, com o fim de regularizar a guarda, adolescente 
trazido de outra comarca para a prestação de serviço doméstico, mesmo 
que autorizado pelos pais ou responsável:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro 
em caso de reincidência, independentemente das despesas de retorno do 
adolescente, se for o caso.
Infração ligada ao descumprimento de deveres
inerentes ao poder familiar, guarda e tutela
No Artigo 249, encontramos a previsão da infração administrativa daquele 
que, de forma dolosa ou culposa, descumpre com seus deveres inerentes ao poder 
familiar, guarda ou tutela:
21
UNIDADE Crimes e Infrações Administrativas
ECA
Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres inerentes ao 
poder familiar ou decorrente de tutela ou guarda, bem assim determinação 
da autoridade judiciária ou Conselho Tutelar: 
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro 
em caso de reincidência.
Infrações ligadas ao respeito às normas de prevenção
O desrespeito às normas de prevenção acarretam a caracterização de uma série 
de infrações administrativas – Artigos 250 a 258:
ECA
Art. 250. Hospedar criança ou adolescente desacompanhado dos pais ou 
responsável, ou sem autorização escrita desses ou da autoridade judiciária, 
em hotel, pensão, motel ou congênere: 
Pena – multa. 
§ 1º Em caso de reincidência, sem prejuízo da pena de multa, a autoridade 
judiciária poderá determinar o fechamento do estabelecimento por até 15 
(quinze) dias. 
§ 2º Se comprovada a reincidência em período inferior a 30 (trinta) dias, 
o estabelecimento será definitivamente fechado e terá sua licença cassada. 
ECA
Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por qualquer meio, com 
inobservância do disposto nos arts. 83, 84 e 85 desta Lei:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro 
em caso de reincidência.
ECA
Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou espetáculo público de 
afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada do local de exibição, 
informação destacada sobre a natureza da diversão ou espetáculo e a 
faixa etária especificada no certificado de classificação:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro 
em caso de reincidência.
ECA
Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer representações ou 
espetáculos, sem indicar os limites de idade a que não se recomendem:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplicada em caso de 
reincidência, aplicável, separadamente, à casa de espetáculo e aos órgãos 
de divulgação ou publicidade.
22
23
ECA
Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão, espetáculo em horário 
diverso do autorizado ou sem aviso de sua classificação:
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; duplicada em caso de 
reincidência a autoridade judiciária poderá determinar a suspensão da 
programação da emissora por até dois dias.
ECA
Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou congênere classificado 
pelo órgão competente como inadequado às crianças ou adolescentes 
admitidos ao espetáculo:
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; na reincidência, a 
autoridade poderá determinar a suspensão do espetáculo ou o fechamento 
do estabelecimento por até quinze dias.
ECA
Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente fita de programação em 
vídeo, em desacordo com a classificação atribuída pelo órgão competente:
Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso de reincidência, a 
autoridade judiciária poderá determinar o fechamento do estabelecimento 
por até quinze dias.
ECA
Art. 257. Descumprir obrigação constante dos arts. 78 e 79 desta Lei:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplicando-se a pena em 
caso de reincidência, sem prejuízo de apreensão da revista ou publicação.
ECA
Art. 258. Deixar o responsável pelo estabelecimento ou o empresário de 
observar o que dispõe esta Lei sobre o acesso de criança ou adolescente 
aos locais de diversão, ou sobre sua participação no espetáculo: 
Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso de reincidência, a 
autoridade judiciária poderá determinar o fechamento do estabelecimento 
por até quinze dias.
Infrações ligadas ao descumprimento de criação
e manutenção de cadastros para a adoção
O desrespeito do dever de criar e manter o cadastro de crianças e adolescente 
que estão em condições para serem adotados, bem como das pessoas interessadas 
na adoção, também gerou a criação de infração administrativa específica:
23
UNIDADE Crimes e Infrações Administrativas
ECA
Art. 258-A. Deixar a autoridade competente de providenciar a instalação 
e operacionalização dos cadastros previstos no art. 50 e no § 11 do art. 
101 desta Lei: 
Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais). 
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas a autoridade que deixa de 
efetuar o cadastramento de crianças e de adolescentes em condições de 
serem adotadas, de pessoas ou casais habilitados à adoção e de crianças e 
adolescentes em regime de acolhimento institucional ou familiar. 
Infração ligada ao encaminhamento de gestante 
ou mãe interessada em entregar filho para adoção
Por fim, no Artigo 258-B, temos a descrição da infração administrativa praticada 
por aqueles que não efetuam o encaminhamento para a autoridade competente de 
gestante ou mãe interessada em entregar o seu filho para adoção:
ECA
Art. 258-B. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento 
de atenção à saúde de gestante de efetuar imediatoencaminhamento 
à autoridade judiciária de caso de que tenha conhecimento de mãe ou 
gestante interessada em entregar seu filho para adoção: 
Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais). 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena o funcionário de programa 
oficial ou comunitário destinado à garantia do direito à convivência familiar 
que deixa de efetuar a comunicação referida no caput deste Artigo. 
Disposições Finais e Transitórias
Já no seu final, o Estatuto revogou a Lei n.º 4.513/64 e o antigo Código de 
Menores (Lei n.º 6.697/79):
ECA
Art. 267. Revogam-se as Leis n.º 4.513, de 1964, e 6.697, de 10 de ou-
tubro de 1979 (Código de Menores), e as demais disposições em contrário.
24
25
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Leitura
Estatuto da Criança e do Adolescente
https://goo.gl/9ULiJB
Constituição Federal
https://goo.gl/zaRrL
Código Penal
https://goo.gl/t0Tjp
Código de Processo Penal
https://goo.gl/YQWRv
25
UNIDADE Crimes e Infrações Administrativas
Referências
CUNHA, Rogério Sanches; LÉPORE, Paulo Eduardo; ROSSATO, Luciano Alves. 
Estatuto da criança e do adolescente comentado. 5.ed. São Paulo: Editora 
Revista dos Tribunais, 2013.
CURY, Munir. Estatuto da Criança e do Adolescente Comentado. 12.ed. São 
Paulo: Malheiros, 2013.
ISHIDA, Valter Kenji. Estatuto da Criança e do Adolescente. 15.ed. São Paulo: 
Atlas, 2014.
TAVARES, José de Farias. Comentários ao estatuto da criança e do adolescente. 
8.ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012.
26

Mais conteúdos dessa disciplina