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1 Geografia Urbana Aula 2 Prof. Augusto dos Santos Pereira 2 Conversa inicial Prezado Aluno, para darmos continuidade aos nossos estudos de Geografia Urbana, trataremos hoje das cidades na história. Abordaremos brevemente as condições para o surgimento da cidade, da cidade na Antiguidade, com os exemplos de Atenas e Roma, da cidade medieval, da cidade industrial e da contemporânea. Ao falarmos da cidade, assim como entidade espacial, precisamos ter cuidado para entender que falamos de algo que apresenta mudanças radicais ao longo da história. As cidades, nos diferentes contextos históricos, requerem que tenhamos diferentes olhares para sua compreensão, como veremos adiante. Contextualização Sabemos que a Geografia Urbana estuda a cidade e o espaço urbano, coisas que são distintas, como será reiterado ao longo desta aula. A cidade, no entanto, tem mais de 5.000 anos. Um objeto de estudos como esse, provavelmente mudou significativamente ao longo do tempo. Isso nos coloca questões sobre como estudá-lo, compreendê-lo e ensiná-lo a nossos alunos. Essa é uma questão fundamental para nós professores. Precisamos ter uma boa compreensão da mudança da cidade na história para que possamos, com base nessa melhor compreensão, ser melhores professores e compartilhar, de maneira mais adequada, esse conhecimento com nossos alunos. Vejamos, portanto, como surgiu a cidade e, em seguida, alguns exemplos significativos de suas manifestações ao longo do tempo. Tema 1: Como surgiram as cidades? Os grupos humanos anteriores à Antiguidade, marcados pelo nomadismo e por um sistema rudimentar de divisão dos papéis sociais, em clãs ou tribos, garantiam sua subsistência pela coleta de alimentos e pela caça. Nesse contexto, a base física para a reprodução dessas sociedades era todo a porção da superfície terrestre alcançável e que desse condições para a coleta, a caça e a pesca, conforme as características técnicas de cada grupo. 3 Com a domesticação de animais e de plantas, com início da agricultura e da pecuária, houve a condição para a redução da importância do nomadismo nos grupos humanos e para a instalação do sedentarismo. Mais ainda, houve a possibilidade para excedente de alimentos, fato importante para o surgimento da cidade, como aponta Paul Singer: A produção do excedente alimentar é uma condição necessária [...] para o surgimento da cidade. É preciso ainda que se criem instituições sociais, uma relação de dominação e de exploração [...]. Isto significa que a existência da cidade pressupõe uma participação diferenciada dos homens no processo de produção e de distribuição, ou seja, uma sociedade de classes (Singer, 1973, p. 13). Como podemos observar pelo argumento de Paul Singer, essa condição de produção de excedente alimentar vem acompanhada de mudanças sociais e políticas. Estabelecem-se formas mais complexas de papéis para a dominação do excedente. De fato, o excedente produtivo tem efeito sobre diversas dimensões da vida: aumento das condições de saúde, aumento da longevidade, com implicações sobre o aumento do número de pessoas, necessidade de mudança da estrutura social, tendo em vista a urgência em se manter o excedente seguro de ataques invasores, conhecimento dos efeitos da astronomia sobre o clima e desse sobre a produção agrícola (conhecimento calcado em observações e interpretações religiosas, à época). Em tal quadro, há, portanto, um aumento de população dos grupos e diferenciação de seus papéis. Pode permanecer a existência do caçador, mas as habilidades daqueles que sabem manusear armas de caça agora são mais necessárias para guardar a produção pertencente ao grupo. Os curandeiros podem permanecer nesses grupos, mas são necessários sacerdotes, que precisam observar os sinais dos astros para emitirem suas profecias sobre as colheitas. A organização mais complexa e numerosa também precisa de uma estrutura de comando, capaz de julgar as questões quanto à propriedade do gado de diferentes pastores, a criar as estruturas de armazenamento e espaços para as trocas de bens produzidos, e a comandar os guerreiros que devem proteger todo esse sistema social. 4 Sobre esse aspecto, vejamos o que afirma Ângela Maria Endlich: As condições políticas e sociais que permitiram a divisão socioespacial do trabalho, originando a contraposição entre o rural e o urbano, existem há mais de 5.500 anos, ou seja, desde a Antiguidade. O que estava na essência dessa separação? A capacidade de produção de excedente dos produtos básicos para a sobrevivência, por parte de alguns homens, liberou outros desta atividade. Portanto, a história da divisão do trabalho, segundo sua natureza e pelo espaço onde eram exercidos diferentes papéis, conduziu a um contínuo desenvolvimento das formas de produção da existência do homem. (Endlich, 2006, p.11). Anteriormente havíamos falado de divisão do trabalho (caçador, coletor, cultivador, pastor, guerreiro, líder, curandeiro, sacerdote, etc.). Notemos, no entanto, que Ângela Endlich (2006) fala em divisão socioespacial do trabalho. Está aqui a questão do surgimento da cidade. A essa divisão social, que Singer (1973) aponta como surgimento de sociedade de classes, corresponde uma divisão espacial. O caçador, o pescador, o cultivador e o pastor estão nas áreas dispersas, onde há a produção. O sacerdote, o líder e os guerreiros, por sua vez, onde há concentração de pessoas, de recursos, de conhecimento e de poder, no espaço recentemente edificado, o espaço de comando da produção, que chamamos de cidade. De fato, a evolução das cidades parte de pequenos vilarejos permitidos nesse processo, mas que já demonstravam para a época essa divisão clara de conteúdo social (campesinos com seus papéis diferente dos aldeões ou citadinos e seus papéis) e forma (área edificada e concentrada diferente da área dispersa). A separação entre a cidade e o campo toma lugar entre as primeiras e fundamentais divisões do trabalho (a biológica e a técnica). Ela corresponde à separação entre o trabalho material e o trabalho intelectual, pois à cidade cabe funções de organização, direção, atividades políticas, militares e elaboração do conhecimento. Assim (...) a filosofia nasce da cidade. Portanto, só é possível o reconhecimento da diferença e o exercício de reflexão sobre o rural e o urbano, sobre a cidade e o campo em decorrência da mencionada divisão do trabalho. (Endlich, 2006, p.11). 5 Neste momento, portanto, observamos que a cidade é o espaço construído para a concentração de poder político e militar, de população, de edificações diversas, de conhecimento, de infraestruturas de armazenamento e de espaços de troca. Muitas dessas cidades, com o tempo, passaram a ser bem delimitadas por muros. Nelas havia um conteúdo social específico, o urbano, com sua cultura, modos de vida, economia, política e instituições próprias. Próprias, porque distintos do outro par, campo e rural. Se a cidade era a concentração de poder, o campo era o espaço da produção dos alimentos, dos insumos para as vestimentas e para o artesanato. Nesse campo, o rural é o seu conteúdo social claro, com seus modos de vida, dominado politicamente pelo comando advindo da cidade, com a produção econômica voltada para o atendimento das demandas da cidade e com papéis sociais voltados para essa produção. Tema 2: Como eram as cidades na Antiguidade? Poderíamos falar de diversas cidades da Antiguidade, as cidades hebréias, as cidades egípcias, as cidades mesopotâmicas, entre outras. Vamos nos ater, no entanto, à polis grega de Atenas e à cidade de Roma, dado o exemplo claro que elas prestam para a nossa compreensão da correspondência entre um tipo de formação sócio-histórica e suas cidades. Willian Ribeiro da Silva demonstracomo a cidade sempre esteve sintonizada com a sociedade que a produzia: O processo histórico de urbanização revela que as cidades, que surgiram há mais de 5.000 anos, seguem a orientação do modo de produção ao qual estão vinculadas [...]. As cidades da Antiguidade, tanto orientais quanto as clássicas, possuíam lógicas que eram oriundas das sociedades escravistas com uma considerável concentração de poder, socialmente e espacialmente. Desta maneira, as cidades eram produzidas para melhor reprodução desta sociedade (Silva, 2006, p. 74). 6 As cidades da Antiguidade, portanto, concentravam poder e estavam intimamente atreladas aos regimes escravistas. Da leitura de Henri Lefebvre (1985), depreendemos que a cidade era uma obra. O poder expansionista grego e, posteriormente, o romano da Antiguidade estavam presentes nas suas cidades. Era marcante, portanto, a opulência. As marcas do poder, da grande riqueza e do domínio econômico, político, militar e cultural, são evidentes na cidade antiga, como mostra Munford: Começando como uma concentração de força de trabalho sob uma chefia firme, unificada e autoconfiante, a cidade ancestral foi, antes de tudo, um instrumento para a arregimentação de homens e para o domínio da natureza, dirigindo a própria comunidade para o serviço dos deuses. (Munford, 2004, p. 109). Nesse sentido, podemos observar a antiga cidade grega de Atenas. Na chamada Era de Ouro grega, entre os séculos VI e IV a.C., Atenas chegou ao seu apogeu na Antiguidade, constituindo-se a partir da Acrópole, que, de modo geral, significa “a cidade alta”, “a porção elevada da cidade”, como aponta Munford: Com sua Acrópole dominando toda a planície, e, contudo, a segura distância do mar, Atenas é a cidade grega arquetípica. A própria Acrópole é uma pedra de fortaleza, uma verdadeira cidadela, mas também um têmenos, um recinto sagrado destinado aos deuses, com suas antigas covas sepulcrais e cavernas do lado da colina, e muitos santuários sagrados e monumentos, agora obliterados, cuja existência explica, em parte, a colocação irregular das edificações (Munford, 2004, p. 109). Sobre a Acrópole, os gregos antigos erigiram o Parthenon, o grande templo para a deusa Atena, cercado por outros espaços sagrados. O conjunto da estética suave e grandiosa dos templos, em especial do Parthenon, associado à elevação da Acrópole, enfatizavam o papel religioso central de Atenas (Munford, 2004, p. 142). O comércio e os debates públicos ocorriam na Ágora, porção baixa, adjacente à Acrópole, com praças, mercado e diversos edifícios públicos. Das bases filosóficas clássicas e das atividades daqueles reconhecidos como cidadãos atenienses (não todos os habitantes) nos debates públicos ocorridos na Ágora, o Ocidente retirou muitos de seus fundamentos para a democracia. 7 A suntuosidade desses elementos, aos quais podemos ainda adicionar os anfiteatros gregos e dos templos a outros deuses, bem como as diversas obras, fontes e esculturas espalhadas pela polis, guarda íntima relação com as lógicas daquela sociedade, associada à sua cultura dedicada aos seus deuses, à sua filosofia, e à sua riqueza, oriunda do escravismo e de seu poder bélico, expansionista e colonizador. Esteticamente, os gregos utilizavam significativamente as colunas, as estátuas de dimensões humanas – diferentemente dos Egípcios, por exemplo, que faziam os seus deuses muito maiores –, preferindo os ângulos retos, as linhas retas e proporções matemáticas constantes, que reforçavam a sua noção de equilíbrio e harmonia. A cidade de Roma, por sua vez, teve suas bases fundadas no período da República, entre 509 a.C. e 27 a.C., e seu apogeu no Império, entre 27 a.C. e 476 d.C. Apresenta sua lógica também ligada ao expansionismo, agora romano, à dominação escravista, à valorização dos soldados, da conquista, ao culto aos deuses e à participação pública dos cidadãos, também um grupo seleto à época. Em seu apogeu, Roma chegou a ter por volta de um milhão de habitantes, elemento significativo, se pensarmos na necessidade de abastecimento de alimentos, fornecimento de água e retirada de resíduos. Roma se destacou, assim, por sua engenharia, com a construção de ruas pavimentadas, estradas, grandes aquedutos e sistemas de esgotos. De fato, essas obras eram de tal forma engenhadas que, ainda hoje, parte do sistema de esgoto da cidade de Roma passa pelas suas antigas fossas (Munford, 2004). 8 Roma é também conhecida como exemplo central da cidade da festa. Centenas eram seus dias de celebração e feriados em um ano. Estruturas tinham que ser feitas para esse ritmo de celebração, de uma cidade opulenta pela expansão de seu exército, domínio de áreas produtoras e pelo escravismo. Por conta disso, destaca Munford: Os anfiteatros eram suficientemente grandes e suficientemente numerosos para conter, juntamente com as arenas, teatros e banhos, a maior parte da população da cidade: mais do que se pode dizer mesmo do mais extravagante conjunto de tais edifícios hoje em dia. (Munford, 2004, p. 230, grifo nosso) Os banhos romanos, espaços fechados, com diversos anexos, em que o cidadão romano buscava banhos quentes, frios, massagens e salas para o convívio, usualmente associados a bibliotecas e ginásios (Munford, 2004). A riqueza dos grupos dominantes da cidade, abastecida pelo escravismo imperial, era tamanha que edifícios contavam com os chamados vomitórios, espaços dedicados a expelir rapidamente o alimento em noites de glutonaria, para que se pudesse voltar aos banquetes para mais comidas e bebidas. O grande marco do entretenimento romano, no entanto, é o Coliseu, estrutura que servia a apresentações diversas, entre elas as batalhas entre gladiadores. Ainda sobre a cidade romana, é importante destacarmos a muralha, que se não era um elemento preferencial das polis gregas, era algo marcante de Roma, bem como de diversas outras cidades erigidas pelo império (Munford, 2004). Usualmente, o traçado da muralha era retangular. A cidade tinha uma estrutural axial, com duas ruas principais que se cruzavam em ângulo reto nas proximidades do centro. Nesse centro se encontrava o fórum romano, “equivalente romano da acrópole e da ágora, concebidos como uma só coisa” (Munford, 2004, p. 229). Segundo a tradição, era Roma constituída pela união de várias tribos estrangeiras nas colinas próximas, sob a liderança dos próprios romanos [...]. O símbolo dessa união [...] foi a fundação de um mercado comum (o Fórum), com um lugar de assembleia ou de comitium, que era também usado nos primeiros tempos para disputas atléticas e gladiatórias. Sem dúvida, um templo era parte essencial e original do Fórum, pois a “paz de mercado”, tão necessária à libre troca, era conservada tornando-se sagrada a própria área. 9 [...] O fórum romano não era simplesmente uma praça abeta. Tal como se desenvolveu em Roma, era antes todo um recinto, complexo no traçado, no qual santuários e templos, os prédios da justiça e as casas do conselho, e espaços abertos circundados por majestosas colunatas, desempenhavam um papel. Dentro desses espaços abertos, os oradores podiam dirigir-se a grandes multidões, ao passo que, para o tempo inclemente, grandes auditórios, as basílicas serviam para muitas finalidades (Munford, 2004, p. 244) Como podemos ver, o fórum era destinado a ser o centro da vida pública, não somente da cidade, mas do império. Além dele, outra marca da Roma antiga é o Panteon, conforme é definido por Munford. O Panteon [...], o mais belo monumento individual que Roma deixou, simboliza o poder e a aspiração de Roma nos seus melhores momentos. O interior, com sua cúpula aberta para o céu, traz uma profundeza de sentimento religioso [...]. No Panteon, os deuses dos países e cidades que Roma conquistava eram postos à vista:em seu tempo, uma espécie de museu vivo de religiões comparadas, algumas das quais, como o culto de Ísis e Serápis, ou a religião mitraica da salvação, se revelaram mais atraentes que os deuses de Roma, antes que o cristianismo as varresse para longe. (Munford, 2004, p. 230). Arquitetonicamente, destacam-se as colunas, a incorporação de algumas noções estéticas do helenismo, ou seja, da cultura grega antiga, adicionando-se os arcos, os obeliscos e as basílicas, com o teto em formato de abóboda, em que se buscava replicar um modelo de curvatura celeste sob o ponto de vista da observação humana. Atenas e Roma antigas Forma: Com obras suntuosas, opulentas, que marcam a grandiosidade política, militar e religiosa da cidade. Processo de urbanização: Os romanos fundavam várias cidades e incorporavam diversas cidades de povos dominados, para utilizarem como seus pontos de organização do território e arregimentação de militares, o que dava grande impulso à urbanização. No período das expansões de Alexandre Magno, inúmeras cidades foram fundadas, as chamadas Alexandrias, para as quais o império tinha a intenção de que se conformassem em centros comerciais e culturais, com base na cultura helênica. 10 Função: Militar, política, religiosa, de celebração. Não eram versadas na produção, que era estritamente campesina. Contexto: Dominação imperial escravista Elementos marcantes da paisagem urbana romana: Ginásios, teatros, anfiteatros, fórum, templos, panteão, obeliscos, basílicas, coliseu, banhos romanos, etc. Elementos marcantes da paisagem urbana ateniense: Ágora, acrópole, Parthenon, templos, teatros, anfiteatros, fontes, etc. Tema 3: Como eram as cidades medievais? Sabemos que, com a queda do Império Romano, em 476 d.C, houve um processo de desmantelamento das relações entre as diferentes cidades em que o espaço de antigo domínio romano, especialmente na Europa, passou pela instituição de um sistema que não era mais baseado no domínio de áreas distantes e do escravismo. Tratava-se do processo de instituição do feudalismo, período com crescimento da influência da igreja católica, certo rompimento, ainda que não linear, com parte das tradições estéticas e filosóficas da Antiguidade Clássica grega e romana. Neste vasto período, chamado de medieval, houve a ascensão das relações de suserania e vassalagem. Em vez da escravidão, foi marcante, no período, a servidão, em que o trabalhador da terra tinha status de servo, não podendo ser vendido como escravo, mas não tinha direito à terra em que trabalha, servindo-se dela, por permissão do senhor, que demandava obediência, cobrava-lhe taxas e serviços diversos, além de parte da produção. Trata-se de um período muito longo, que atravessa inúmeros séculos, com grandes diferenças geográficas e históricas. Esse quadro apresentado, no entanto, serve para que possamos ter um ponto de partida para avaliarmos as cidades da Idade Média. Na Alta Idade Média (476 d.C. a 1000 d.C.), com a queda do Império Romano, os anfiteatros são abandonados, por influência da Igreja. A retomada da arte circense e do teatro ocorreu com os artistas errantes somente a partir do século XII. Da mesma forma, o estádio não tinha mais razão de ser no início 11 da Idade Média, dado que o esporte passou a ser uma atividade da nobreza, eminentemente militar, como a “justa”, duelos de cavaleiros com lanças. Os fóruns não existiam mais; as discussões públicas, se aconteciam, ocorriam na igreja (Le Goff, 1998). Disso decorreu a centralidade das igrejas, dos monastérios, dos conventos e dos campanários, com o sino, nas cidades medievais. Somente com o desenvolvimento da burguesia, da monetarização da economia, da ascensão dos ofícios de artesanato e a generalização das feiras, é que a praça central tomou maior destaque nas trocas comerciais, bem como nas discussões políticas. A função de recrutamento militar diminuiu na cidade. Em parte, pela segurança conferida pelos castelos fortificados com muralhas e fossos, por outro lado, porque o sistema de suserania, vassalagem e servidão criava condições para que fossem arregimentadas forças militares conforme surgissem as demandas por proteção. Muitos exércitos medievais eram temporários. A capacidade administrativa e política das cidades também diminuiu significativamente, uma vez que os diferentes feudos se organizavam quase que isoladamente, comparados às grades redes do Império Romano, de maneira que a organização da produção nos feudos ligados às cidades fortificadas era muito mais simples (Le Goff, 1998). As cidades tinham um caráter marcadamente religioso, com predomínio dos mosteiros, conventos e igrejas católicas romanas. Culturalmente, as cidades medievais eram dominadas pela arte sacra, sobretudo na Alta Idade Média. Na chamada Baixa Idade Média, após o ano 1000 até 1473, no entanto, ocorreram mudanças significativas nas cidades europeias. Em um primeiro momento, houve uma maior articulação entre essas cidades, dados os avanços de integração sob o comando político dos reis e o crescimento das relações comerciais entre os diferentes burgos. Nesse contexto, ocorreu ainda um fenômeno muito marcante: a atração da produção para a cidade. Inúmeros artesãos passaram fazer itens diversos de consumo na cidade (instrumentos musicais, roupas, mobiliário, sapatos, etc.), utensílios 12 esses que buscavam atender às demandas mais exigentes que se estabeleceram entre os europeus após as cruzadas e o contato com os produtos de outras regiões, sobretudo da Ásia. O emprego de máquinas, como os moinhos, na Baixa Idade Média, permitiu a moedura de grãos e uvas, garantindo novos produtos como diferentes tipos de pães e vinhos para o comércio na cidade (Le Goff, 1998). Na Baixa Idade Média, vemos, assim, o surgimento da burguesia, essa classe livre, habitante das cidades, e voltada para diversas profissões, como o artesanato, a medicina, a engenharia, a advocacia, as operações financeiras, as artes, etc. (Le Goff, 1998). Também na Baixa Idade Média, notamos a instituição da escola em diversas cidades, em algumas voltadas inclusive para meninas, com a transformação das escolas monásticas e episcopais. Notamos, ainda, a formação das primeiras universidades, a partir do século XII, com aumento a partir do século XV (Le Goff, 1998). Por aspectos diversos, como esse desenvolvimento econômico burguês na Baixa Idade Média, com base nas trocas mediadas pela moeda (economia monetária), Le Goff (1988) considera que a cidade medieval tem mais relação com as cidades contemporâneas do que com as cidades da Antiguidade Clássica. A cidade medieval Forma: Cidades fortificadas, com infraestrutura menos gigantesca do que as apresentadas no Império Romano, ainda que com grandes desenvolvimentos arquitetônicos nas basílicas, nas praças e nas pontes. Ruas sinuosas crescentes, por vezes conectadas com malhas regulares restantes do império romano, ou projetadas por novos arquitetos para o centro das cidades. Cidades fortificadas, muradas, com a centralidade do castelo e da igreja. Processo de urbanização: Na Alta Idade Média, inflexão do tamanho das cidades, agora desconectadas do centro organizador que era Roma. Na Baixa Idade Média, houve o florescimento das cidades, com crescimento das atividades produtivas artesanais, das corporações de ofício, da economia de base monetária e da burguesia. 13 Função: Religiosa, centro organizador da produção agropecuária feudal (Baixa Idade Média), agregando a função de centro comercial e produtivo na Alta Idade Média, além de centro do conhecimento, com a instituição das universidades. Contexto: Feudalismo e subsequente ascensão da economia monetarizada, mercantil e artesanal do final da Idade Média. Elementos marcantes da paisagem urbana: Igrejas, campanários, com sinos, praçado mercado, muro, castelo. Tema 4: Quais são as características da cidade industrial moderna? A nossa análise sobre a cidade industrial não se baseia, de maneira tão sólida em um período histórico classicamente delimitado, no esquema Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna (1453-1789) e Idade Contemporânea (de 1789 e ainda corrente). De fato, tratamos de eventos que começam no fim da Modernidade e se estendem por parte significativa da Contemporaneidade, geralmente ligadas à Primeira e à Segunda Revoluções Industriais e à Ordem do Imperialismo. Vimos na Antiguidade que a cidade não era definida especialmente como o lugar da produção. Não se trata de negar que, em algum lugar da cidade, um artesão poderia ou não fazer seus artigos de ferraria, por exemplo. Trata-se de destacar que isso não era uma de suas características definidoras. Na Antiguidade, com o escravismo, a produção era fundamentalmente algo do campo, enquanto restava à cidade o comando, a organização militar e poder religioso. Vimos que uma das novidades da Baixa Idade Média foi a incorporação da produção como uma das funções principais da cidade. As corporações de ofício, que ligavam artesão de diversas cidades, garantiam padrões elevados de produtos diversos. As oficinas urbanas desses artesãos contavam com seus aprendizes para reproduzir uma quantidade elevada de produtos para uma burguesia ascendente em uma economia recém monetarizada. 14 A indústria continua essa atribuição produtiva da cidade. No entanto, o princípio da indústria não foi eminentemente urbano. As primeiras indústrias se instalaram próximas a algumas fontes de energia, como o carvão, por vezes fora da cidade. Em seguida, ainda nos momentos iniciais da Primeira Revolução Industrial, as populações pobres, desterradas pelos cerceamentos das propriedades na Inglaterra, fizeram com que os entornos das indústrias fossem rapidamente tomados por aglomerações urbanas. Da mesma forma, muitas indústrias, precisando de mão-de-obra intensiva, instalaram-se dentro das cidades logo nas décadas subsequentes às primeiras experiências industriais (Lefebvre, 1985). Como vimos, a uma formação social, política, econômica e cultural grega, correspondia uma cidade grega, a polis. Da mesma forma, ocorria com Roma e com as cidades da Idade Média. A cidade capitalista industrial também apresenta, assim, as suas marcas e lógicas próprias. O capitalismo industrial foi, por um tempo considerável, o grande propulsor das mudanças políticas, sociais e econômicas, bem como geográficas de diversos países. Mudanças que afetaram a relação do homem com o ambiente, as questões de saúde, a longevidade, a dinâmica da acumulação de riquezas, a cultura, etc. No plano socioespacial, a industrialização também deixou claras as suas marcas. Lefebvre demonstra que a racionalidade industrial “toma de assalto” a cidade (LEFEBVRE, 1985). Para o filósofo, a cidade é reorganizada pelos arranjos político-econômicos dominantes para dar fluidez ao capital industrial, a exemplo das reformas de Hausmann em Paris, na segunda metade do século XIX. A reforma tratou, com lógica produtiva industrial, a cidade, separando as classes sociais no espaço da cidade e criando áreas distintas conforme a funcionalidade. Essa lógica produtiva industrial também operou uma mudança no padrão de arruamentos sinuosos de muitas cidades europeias, no momento do advento ruas mais amplas e retilíneas, como os bulevares. São as lógicas que permitiram ainda os centros de negócios, os primeiros arranha-céus, as infraestruturas para trens e automóveis. 15 Os limites da cidade, com o advento da Segunda Revolução Industrial, eram significativamente mais difusos. Na Idade Média, os limites dos muros marcavam a cidade, ou mesmo em cidades não muradas, a cidade era bastante compacta, dada sua delimitação relacionada a deslocamentos realizados a pé ou a cavalo. Nas cidades industriais, no entanto, com a chegada do automóvel e das redes técnicas de telecomunicação, no final do século XIX e início do Século XX, os limites urbanos se difundiram com pequenos fragmentos da cidade se estendendo a grandes distâncias do core urbano, entremeados por paisagens de campo (Endlich, 2006). O processo de crescimento da cidade é notável a partir da industrialização. A migração campo-cidade se torna cada vez mais acentuada, variando conforme diversos fatores, mas, entre eles, o processo de industrialização da cada país. Dessa forma, a migração campo-cidade foi acentuada nos países europeus que passaram pelas primeiras ondas de industrialização, seguindo-se dos Estados Unidos e do Japão, na segunda onda, e, em seguida, de diversos países do mundo, inclusive o Brasil, no século XX. Essa forte migração esteve tanto ligada a condições de repulsão no campo, como, por exemplo, o cerceamento das propriedades na Inglaterra, no século XVIII, como pela atração que a cidade fez com a possibilidade de emprego nas indústrias. Para entendermos o processo de transformação das cidades, podemos lançar mão da concepção de implosão/explosão da cidade de Henri Lefebvre. Para Lefebvre (1985), a implosão da cidade se refere ao fato de que a função, a forma e o conteúdo da cidade que prevaleceram em tempos pretéritos sucumbem sob a lógica industrial. A cidade foi rearranjada para refletir a lógica do capitalismo industrial. Da mesma forma, houve uma explosão da cidade, que não era mais compacta, pois seus fragmentos se lançaram a grandes distâncias dos centros, junto com uma difusão de valores urbanos para além dos limites da cidade. 16 Para Lefebvre (1985), ocorreu aqui uma distinção entre o urbano e a cidade. A cidade como elemento distintivo no espaço, delimitável em oposição ao campo, é a forma, enquanto o urbano é o modo de vida da cidade, o seu conteúdo social. Ocorreu, no entanto, que a explosão da cidade, provocada pela lógica do capital industrial, criou um cenário em que há tendência de virtual urbanização global. O urbano, portanto, passou a ter influência global, para além dos limites das cidades, deixando marcas até mesmo nos hábitos das comunidades rurais, ao mesmo tempo que os próprios limites das cidades se tornaram cada vez mais indistintos. A cidade industrial Estrutura e forma: Cidades que passam por um processo de reestruturação, com separação de funções e processo de separação das diferentes classes na cidade. A racionalização industrial toma a forma da cidade, com a abertura de vias amplas para o escoamento da produção. Os limites são mais difusos, não tão claros quanto no período medieval. Processo de urbanização: Crescimento da cidade dirigido pelo crescimento econômico industrial e pela migração, com a busca de novas condições de vida pela população vinda do campo. Altas taxas de crescimento urbano. A urbanização passa a ser também considerada como elemento difundido a partir da cidade, modos de vida racionalizados a partir da cidade levados para fora dela, em um mundo com tendência virtual de urbanização. Função: A cidade adiciona o papel da produção industrial, perdendo significativamente a sua capacidade de mediação das questões de diferentes classes, dado o aumento da segregação urbana. Contexto: Primeira e Segunda Revoluções Industriais; Imperialismo. Elementos marcantes da paisagem urbana: A indústria, os centros de negócios, os primeiros arranha-céus, as infraestruturas para trens e automóveis, ruas amplas. 17 Tema 5: O que há de novo nas cidades contemporâneas? A cidade contemporânea é desses elementos mais difíceis de serem tratados, sobretudo porque é mais complexo falar de algo no qual estamos vivendo hoje. Alguns apontamentos podem ser feitos: o papel do terciário na economia da cidade; o papel da cidade na organização da produção em escala local, regional e nacionale global; as novas escalas de grandeza da cidade; o espraiamento e a verticalização; o papel dos agentes imobiliários altamente capitalizados na produção da cidade; e a fragmentação social. Alguns desses pontos não são necessariamente exclusivos da cidade contemporânea, mas tomam novos contornos e proporções, conforme as características das sociedades hodiernas. Há algumas décadas, observamos que a indústria perdeu o seu papel de grande matriz econômica das cidades. Não podemos dizer que seja irrelevante, pelo contrário. No entanto, os serviços têm apresentado maior participação na formação econômica das cidades. Esses serviços variam significativamente em complexidade conforme a posição de cada cidade na rede global de cidades. Assim, Nova Iorque, Londres e Tóquio, por exemplo, contam com serviços avançados de comando do capital financeiro, não encontrados em cidades médias e mesmo em grandes cidades de países periféricos (Sassen, 1991). Isso coloca em evidência a globalização, a interconexão global de capitais, informação, bens de produção e pessoas, no contexto da nova divisão internacional do trabalho, em que os países ricos mantêm a produção do conhecimento, de patentes, artigos industriais de última geração, enquanto os países periféricos se industrializam, mas com fornecimento dos produtos das indústrias tradicionais ou, ainda, o fornecimento de commodities, com processos marcados pela fragmentação das etapas produtivas com a terceirização. Nessa escala internacional, com a globalização, notamos que diversas partes do mundo fazem hoje parte de um sistema produtivo altamente interconectado, com a manutenção das cadeias de comando superiores mantidas em pólos de países ricos. 18 Nesse contexto, ganha destaque a elevada taxa de urbanização de países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento da África e da Ásia. Somadas as suas contribuições ao quadro urbano dos demais países, encontramos uma situação com número significativo de cidades milionárias, a partir de um milhão até o patamar de 10 milhões de habitantes, e de megacidades, com mais de 10 milhões de habitantes. Nesse ínterim, há os processos de conturbação, ou seja, a aglutinação de cidades vizinhas, que passam a criar uma unidade morfológica e funcional, como Juazeiro e Petrolina. Entre eles, há a formação de metrópoles, grandes centros conurbados de elevada hierarquia na rede de cidades e altamente conectados ao capitalismo globalizado e à organização regional da produção em diversos países, como Belo Horizonte, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, entre outras cidades brasileiras. Além disso, há as megalópoles, regiões altamente adensadas e amplas, com diversos centros metropolitanos com paisagem e função urbanas contíguas, sem relevantes interstícios rurais, como San-San, Boshwash e Chippits, nos Estados Unidos. Esses processos fazem com que dimensão da urbanização tome uma escala jamais vista anteriormente. O espraiamento da cidade, possível com a economia industrial e a popularização do automóvel, ganhou novos contornos com as novas redes técnicas, sobretudo as informacionais, que afetam significativamente a localização de diversos empreendimentos. Em cidades europeias, por exemplo, a localização de grandes empresas de tecnologia da informação e de grandes condomínios da classe média tem ocorrido fora da mancha urbana principal, dada a maior autonomia locacional desses núcleos empresarias por conta das redes de comunicação (Piorr et al., 2011). Entre os diversos atores de produção do espaço urbano, têm destaque atualmente os agentes imobiliários. Em diversas cidades de porte médio e grande, os agentes imobiliários bastante capitalizados, com ações em bolsas de valores e influência sobre as gestões das cidades, ditam os ritmos e as formas de crescimento do espaço urbano. 19 Quanto à fragmentação social, precisamos deixar claro que essa esteve presente de uma ou de outra maneira nas diferentes formas de cidade ao longo do tempo. Desde a racionalização industrial da cidade, a exemplo das reformas de Hausmann, essa fragmentação tem tomado novas proporções. De fato, em Paris, por exemplo, durante parte do Século XIX, antes dessas reformas, pobres, classe média e alguns ricos dividiam muitos dos mesmos bairros. Os edifícios franceses geralmente tinham os mais ricos morando na sua parte baixa e os mais pobres, no mesmo prédio, nos andares mais elevados. Os estudos atuais apontam para novas proporções dos fenômenos de segregação urbana. Tratam-se, assim, dos shoppings, dos espaços exclusivos para classes alta e média alta, das ruas particulares, dos grandes condomínios, do esvaziamento dos espaços públicos, da formação de guetos, da gentrificação – substituição gradual das populações pobres por outras solváveis, em que a chegada das novas classes contribui para o encarecimento das condições de vida e exige que os pobres mudem para mais longe –, da periferização e da favelização. Esse contexto é abordado por David Harvey, como podemos observar: As cidades sempre foram lugares de desenvolvimentos geográficos desiguais (às vezes de um tipo totalmente benevolente e entusiasmante), mas as diferenças agora proliferam e se intensificam de maneiras negativas, até mesmo patológicas, que inevitavelmente semeiam a tensão civil. A luta contemporânea de abserver o mais-valor durante a fase frenética de construção da cidade (basta observar o horizonte das cidades de Xangai, Mumbai, São Paulo, Cidade do México) contrasta dramaticamente com o desenvolvimento de um planeta onde favelas proliferam. (Harvey, 2013, versão Kindle, posição 514 de 2403). Alguns desses pontos, como a segregação social, não são necessariamente exclusivos da cidade contemporânea. As dinâmicas de urbanização em meio à globalização, no entanto, implicam naturezas específicas do atual momento e dimensões superiores às evidenciadas anteriormente, dada maior participação da população urbana no mundo atualmente. 20 A cidade contemporânea Estrutura e forma: Cidades com o core urbano altamente densificado, com participação significativa da verticalização no centro de negócios, aliado ao espraiamento das manchas urbanas. Processo de urbanização: A urbanização aliada aos investimentos do capital globalizado em diversas frentes, com destaque para os serviços. Crescimento das cidades em ritmo acelerado em países pobres, e menos acelerado em países ricos. Maior ritmo de crescimento urbano na África e na Ásia. Crescimento significativo das cidades milionárias e das megacidades. Crescimento do processo de favelização, periferização e segregação social urbana. Função: Organização da produção e dos fluxos de capitais em nível local, regional, nacional ou global, conforme a posição na rede global de cidades. Perda do poder de sua função de mediação social com a fragmentação social urbana. Contexto: Globalização e nova divisão internacional do trabalho. Elementos marcantes da paisagem urbana: Os shoppings, os arranha-céus, os megacondomínios, etc. Síntese Ao longo desta aula, vimos o surgimento da cidade, atrelado à produção de excedentes agrícolas, à sedentarização, à formação de uma sociedade de classes e à divisão social e espacial do trabalho. Vimos elementos importantes da cidade de Atenas (Acrópole, Ágora e Parthenon) e de Roma (Panteão, fórum, muros, sistemas de engenharia, etc.) na Antiguidade, ligados ao seu sistema sócio-histórico escravista e expansionista. Observamos, ainda, a cidade na Idade Média, cercada por suas muralhas, com seu castelo e participação central da igreja, seguida por um período de ascensão dos negócios, de surgimento da burguesia e incorporação da função produtiva com os artesãos. Em seguida, observamos alguns efeitos da lógica industrial sobre a cidade, dando destaque para as reformas de Hausmann, esseprocesso que serviu de modelo para experiências de urbanização em todo o mundo. 21 Por fim, observamos a cidade contemporânea, com a emergência das megacidades, o crescimento vertiginoso de cidades na África e na Ásia, o poder dos agentes imobiliários, a economia urbana mais ligada ao terciário, a fragmentação urbana, com os processos de segregação das classes, a presença de significativas densidades nas áreas verticalizadas em contraste com o espraiamento cada vez mais difuso das cidades. Referências ENDLICH, A. M. Perspectivas sobre o urbano e o rural. In: SPOSITO; M. E. B.; WHITACKER, A. M. Cidade e campo: relações e contradições entre o urbano e o rural. São Paulo: Expressão Popular, 2006. HARVEY, D. A liberdade da cidade. In: Harvey et al. Cidades rebeldes. Versão Kindle. São Paulo: Boitempo, 2013. LE GOFF, J. Por amor às cidades: conversações com Jean Lebrun. São Paulo: Ed. Unesp, 1998. LEFEBVRE, Henry, O direito à cidade. São Paulo: Ed. Moraes, 1985. MUNFORD, L. A cidade na história. 4ª ed. Belo Horizonte: Itatiaia, 2004. PIORR, A. et al. Peri-urbanisation in Europe: towards European policies to sustain urban-rural futures. Copenhagen: University of Copenhagen. 2011. Disponível em: <http://www.plurel.net/Synthesis_report_Peri-urbani_- sation_in_Europe-115.aspx>. Acesso em: 20 fev. 2016. SASSEN, S. The Global City: New York, London, Tokyo. Princeton: Princeton University Press, 1991. 22 SILVA, W. R. Reflexões em torno do urbano no Brasil. In: SPOSITO; M. E. B.; WHITACKER, A. M. Cidade e campo: relações e contradições entre o urbano e o rural. 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