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GEOGRAFIAGEOGRAFIA CAP. 07 RECURSOS HÍDRICOS E HIDROGRAFIA Exportado em: 20/05/2024 Escaneie com o leitor de QR Code da busca de capítulos na aba ConteúdoConteúdo VER CAPÍTULOVER CAPÍTULO SLIDES DO CAPÍTULOSLIDES DO CAPÍTULO Investigando: de onde vem a água que você consome? PRÁTICA ATIVA Neste capítulo, vamos estudar a água, elemento essencial à vida no planeta, seja em termos ambientais, seja da própria constituição dos organismos. Nosso corpo, por exemplo, é formado, em sua maioria, por água, que também precisamos consumir para mantê-lo funcionando – isso sem mencionar outras atividades fundamentais que demandam a utilização de recursos hídricos. Somos, portanto, mais de 7 bilhões de pessoas consumindo água de diversas formas e devolvendo-a para o ciclo hidrográfico – ou seja, dividimos as reservas desse recurso e a responsabilidade por sua qualidade e disponibilidade. O prejuízo advindo de sua escassez ou baixa qualidade também será de todos(as). Para esta atividade inicial, propomos que você e sua turma pense o consumo de água da sua região. Orientações: – Calcule quanto de água você usa em sua casa. Para isso, utilize o simulador de consumo da empresa de saneamento básico do Estado de São Paulo – a Sabesp. Clique aqui para acessar o simulador. – Faça uma lista com outras coisas do seu cotidiano que utilizam água, como alimentos, limpeza de ruas, entre outros. Pense sobre o seu consumo: é Para começar e refletirPara começar e refletir 1 http://simuladordeconsumo.sabesp.com.br/ file:///tmp/Nesse%20programa%20https:/bacias.cptec.inpe.br/ possível reduzi-lo? – Pesquise a rede de água e esgoto que abastece sua região. Veja se estão ocorrendo problemas e de que tipo são. – Ainda sobre a rede de água e esgoto da sua cidade: todos os bairros são atendidos, como funciona, quais são os custos? Reflita: Como está a situação hídrica de sua cidade? Compartilhe com a sua turma as seguintes questões: 1. Quais áreas da cidade são as mais afetadas e por quais razões? 2. É possível fazer um melhor gerenciamento dos recursos hídricos em seu município? A hidrografia refere-se aos fluxos e caracteri ́sticas das a ́guas superficiais, como rios, lagos e mares, e subterra ̂neas, como os aqui ́feros. Esses fluxos e caracteri ́sticas esta ̃o envolvidos no ciclo de evaporac ̧a ̃o e precipitac ̧a ̃o que ocorre entre a superfi ́cie e a atmosfera, denominado ciclo da a ́gua. A água é um elemento fundamental para a existência e a manutenção da vida no planeta. Isso ocorre porque, além do corpo dos seres vivos ser composto por ela, as condições climáticas necessárias para o equilíbrio térmico envolvem a umidade e suas relações com os demais elementos da atmosfera e da litosfera. A importância da água para a vidaA importância da água para a vida 2 Quedas-d'água e corredeira. shutterstock.com O capítulo divide-se em 4 partes: O objetivo 1 traz a explicação do ciclo hidrológico e sua importância para a manutenção da vida no planeta Terra, inclusive os principais conceitos encontrados no que diz respeito às águas continentais. No objetivo 2, encontram-se os conceitos relativos às águas oceânicas, que possuem dinâmicas próprias dos grandes corpos d'água. No objetivo 3, estudaremos a hidrografia do Brasil, um país privilegiado nesse aspecto, pois é rico em recursos hídricos. Vamos conhecer as grandes bacias hidrográficas do território e os principais rios. Por fim, o objetivo 4 explicita o uso desses recursos hídricos pela sociedade, em algumas diferentes esferas de análise. Esse capítulo propõe um panorama aprofundado sobre os temas relativos à hidrosfera, seus conceitos e interseções com os temas da sociedade. Dinâmica hídricaDinâmica hídrica 3 Ilustração que demonstra o ciclo d'água. U.S. Geological Survey. Disponível em: <http://www.usgs.gov>. Acesso em: 2 dez. 2016. (adaptado) Ciclo d'água No planeta Terra, a água presente na hidrosfera encontra-se na forma de vapor d'água condensado ou de cristais de gelo. Na litosfera, ela se infiltra, formando as águas subterrâneas, ou flui, formando as águas superficiais. A água muda de estado físico, mas possui quantidade fixa e se renova por meio do chamado ciclo hidrológico. O calor (quantidade de energia), a luz e outras fontes de energia aceleram o processo de evaporação e evapotranspiração, que serão seguidos pelo processo de condensação e precipitação. Na atmosfera, o vapor d'água condensado se precipita em forma de chuva, orvalho e granizo, fornecendo o seu aporte às nascentes dos rios, aos oceanos e às geleiras, ou se infiltra no solo, alimentando o lençol freático. É importante destacar que nem toda água que chega à superfície por meio da precipitação sofre infiltração. Isso ocorre porque, em algumas cidades, grande parte do solo encontra-se impermeável, por ser cimentado ou asfaltado. Esse ato pode causar problemas como enchentes e alagamentos. Nos ambientes áridos e semiáridos, a taxa de evaporação supera a de precipitação, originando rios de regime intermitente (sazonal), de débito fluvial menor do que os de ambientes equatoriais, por exemplo. Glossário Débito fluvial: ou volume de água de um rio é resultado da precipitação menos o somatório do volume evaporado e o volume infiltrado. 4 Distribuição e disponibilidade de água no planeta Cerca de 70,9% da superfície do planeta Terra é composta por água. De toda a água que cobre a superfície, 1,39 bilhão cerca de 97,5%, é salgada e apenas 2,5% corresponde à água doce. Gráficos de distribuição da água no mundo. A maior parte dessa água doce está confinada em mantos de gelo, geleiras, camadas de neve, na permafrost (69,6%) ou retida no solo e em aquíferos alimentados por infiltração (30,1%). Nos rios e lagos, em plantas, animais e na atmosfera, encontram-se apenas 0,3% da quantidade total de água doce existente no planeta. Glossário Permafrost : solo congelado do bioma da tundra. 5 Virou notícia Recursos de água doce disponíveis por pessoa baixam mais de 20% em duas décadas – relatório Estado da Alimentação e da Agricultura 2020 – Sofa Mais de 3 bilhões de pessoas vivem em áreas agrícolas com níveis altos a muito altos de escassez de água. Quase metade dessas pessoas enfrenta severas restrições. Essa é uma das conclusões do relatório Estado da Alimentação e da Agricultura 2020, publicado esta quinta-feira pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura, a FAO. Em inglês, o documento é conhecido pela abreviatura Sofa. Globalmente, os recursos de água doce disponíveis por pessoa diminuíram mais de 20% nas últimas duas décadas, destacando a importância de produzir "mais com menos", especialmente no setor agrícola, o maior usuário de água do mundo. A matéria completa sobre os recursos de água doce no mundo está na página das Nações Unidas – ONU News. Disponível em: <https://news.un.org/pt/story/2020/11/1734182>. Acesso em: 16 dez. 2021. De olho no mapa Questão 01 6 https://news.un.org/pt/story/2020/11/1734182 Unep-GEO, 2000. Na figura acima, estão destacados os nomes de três países de grande extensão: Estados Unidos, com alto desenvolvimento econômico; Brasil e Índia, integrantes do Brics e com mercados econômicos emergentes. a) Analise a situação dos Estados Unidos e da Índia quanto ao consumo de água registrado em 1995 e o previsto para 2025. b) Compare a situação desses países, no que se refere ao consumo de água, com a situação do Brasil. Bacia hidrográfica Águas continentaisÁguas continentais 7 Bacia hidrográfica Denomina-se bacia hidrográfica a área de drenagem de um rio principal e seus afluentes e subafluentes. As bacias hidrográficas são separadas entre si pelos divisores de água ou interflúvios, incluindo o leito do rio, as margens, as várzeas, vertentes ou encostas. O conjunto de bacias vizinhas que apresentam semelhanças ambientais, sociais e econômicas formam uma região hidrográfica. Disponível em: atlasescolar.ibge.gov.br.Os rios sa ̃o cursos d'a ́gua com canais definidos, pertencentes a uma rede de drenagem. Sa ̃o formados pelo escoamento superficial da a ́gua, cuja origem pode ser a chuva, o degelo, o afloramento da a ́gua subterra ̂nea ou do lenc ̧ol frea ́tico. O ini ́cio do escoamento e ́ denominado de nascente e o fim, de foz. Portanto, todo rio tem a sua nascente, que normalmente se encontra em a ́reas mais elevadas do relevo e, por meio da forc ̧a gravitacional, escoa ate ́ as a ́reas mais baixas, onde a desembocadura ou foz pode ser em outro rio, lago ou mar. 8 Partes do rio, da nascente à foz. VectorMine / Shutterstock.com Os rios sa ̃o considerados os principais modeladores da paisagem, pois esculpem as a ́reas por onde passam, aprofundam vertentes e formam plani ́cies fluviais, ou seja, modelam e remodelam o relevo. Esses processos sa ̃o executados por meio da erosa ̃o, causada pela forc ̧a da a ́gua e pela deposic ̧a ̃o de sedimentos. Considerando a velocidade e a forc ̧a da a ́gua, podemos dividir o percurso do rio em tre ̂s partes: curso superior, curso me ́dio e curso inferior. E ́ comum denominar os cursos com as ac ̧o ̃es predominantes, ocorrendo no curso superior à erosa ̃o das rochas; no curso me ́dio, o transporte de fragmentos de rochas e sedimentos; e no curso inferior, a deposic ̧a ̃o de sedimentos. Essas denominac ̧o ̃es sa ̃o dadas ja ́ que no curso superior, pro ́ximo a ̀ nascente, o relevo apresenta altitudes maiores e as vertentes apresentam uma declividade mais elevada, com isso o escoamento da a ́gua ocorre com forc ̧a e velocidade maiores rumo a ̀s partes mais baixas. Tambe ́m, a velocidade da a ́gua e os sedimentos suspensos causam a erosa ̃o da rocha e das margens por onde percorre o rio. Essa erosa ̃o ocorre por abrasa ̃o, que e ́ o desgaste da rocha pela fricc ̧a ̃o dos sedimentos suspensos na a ́gua. Ale ́m disso, o contato constante da a ́gua resulta na decomposic ̧a ̃o qui ́mica dos minerais da rocha, que se enfraquecem e se fragmentam, cujo processo e ́ denominado intemperismo qui ́mico. No curso me ́dio, a velocidade diminui, mas mante ́m-se o suficiente para erodir as margens e transportar os fragmentos das rochas erodidas. A ̀ medida que a a ́gua perde sua forc ̧a, vai depositando os fragmentos maiores de rochas ao longo do caminho. No curso inferior, ha ́ uma brusca diminuic ̧a ̃o da velocidade e da forc ̧a da a ́gua, ocorrendo a deposic ̧a ̃o dos 9 sedimentos menores, como gra ̃os de areia, siltes e argilas. O processo de deposic ̧a ̃o e ́ extremamente importante, pois vai modelar a plani ́cie fluvial e a forma da foz do rio. A densidade de um rio esta ́ diretamente relacionada ao clima da regia ̃o onde ele se forma. Um rio formado em uma regia ̃o u ́mida tera ́ uma fonte permanente, apresentando um grande volume de a ́gua ao longo do ano. Esses rios sa ̃o chamados de perenes. Ja ́ os rios formados nas regio ̃es de climas mais secos podem desaparecer nas e ́pocas de estiagem, e sa ̃o conhecidos como tempora ́rios. Existem tipos de rios que mante ̂m seu curso em regio ̃es de planalto e outros, em regio ̃es de plani ́cie. Os rios com curso em planalto normalmente apresentam declives em seu trajeto. Isso faz com que as a ́guas escoem com maior velocidade, tendo o seu limite ma ́ximo nas cachoeiras. Devido a ̀ velocidade e a ̀ vaza ̃o elevada, na maioria das situac ̧o ̃es, esses rios te ̂m um bom potencial para a produc ̧a ̃o de energia hidrele ́trica. Ja ́ os rios de plani ́cie sa ̃o mais lentos, apresentando curvas em seu percurso. Isso ocorre porque as suas a ́guas sa ̃o obrigadas a desviar de obsta ́culos. Sa ̃o chamados de mea ̂ndricos e apresentam um bom potencial para a navegac ̧a ̃o, ja ́ que na ̃o possuem grandes quedas- d’a ́gua. Padrões dos canais do rio O percurso do rio pode apresentar padro ̃es definidos pelo substrato rochoso, pelas caracteri ́sticas geomorfolo ́gicas do local, velocidade da a ́gua, ale ́m das condic ̧o ̃es clima ́ticas. Ao considerar os aspectos geolo ́gicos e geomorfolo ́gicos do lugar, os rios podem ser sinuosos, retos ou com canais entrelac ̧ados ou ramificados. sobregeologia.com.br Os rios sinuosos sa ̃o denominados de meandros e caracterizam-se por curvas ao longo do seu percurso. Essas curvas se formam quando o curso d'a ́gua ocorre em uma a ́rea plana, 10 com declividade suave e sedimentada, normalmente em a ́reas baixas ou de plani ́cies. Os rios retili ́neos sa ̃o controlados por falhas ou fraturas nas rochas, direcionando o seu percurso. Os rios que apresentam canais interconectados sa ̃o denominados de anastomosados. Sa ̃o formados em a ́reas com baixa declividade e susceti ́veis a alagamentos. Os rios ramificados caracterizam-se pela divisa ̃o do canal em virtude da deposic ̧a ̃o de sedimentos, resultando na formac ̧ão de pequenas ilhas ao longo do percurso. Essa morfologia resulta da elevada capacidade de erosa ̃o das margens, o que aumenta a quantidade de sedimentos suspensos na a ́gua. A ̀ medida que a a ́gua perde a velocidade, esses sedimentos são depositados no fundo do rio e dividem o canal principal em ilhas. Cabe ressaltar que e ́ possi ́vel encontrar mais de um padra ̃o no mesmo rio, pois tudo depende das condic ̧o ̃es geolo ́gicas e do relevo do lugar por onde ele está passando. Rio sinuoso Rio Mississípi, Estados Unidos. shutterstock.com 11 ► ► ► ► Rio retilíneo Rio Reno, Alemanha. shutterstock.com Rio ramificado Rio Waimakariri, Nova Zelândia. Gobeirne / Wikimedia Commons Classificação dos cursos de água Tipos de drenagem Arreica: quando as bacias hidrográficas não apresentam estruturas definidas, típicas de regiões áridas. Criptorreica: quando a drenagem é subterrânea, formando-se em baixo-relevo cárstico (calcário). Endorreica: quando a água desemboca em lagos ou mares fechados, não havendo saída para o oceano. Exorreica: quando a drenagem tem o oceano como destino. 12 • • • • • • • • ► Tipos de regime Pluvial: quando o volume de água está associado diretamente às chuvas das regiões pelas quais passa o rio. Equatorial: canal fluvial de grande vazão, com chuvas regulares durante o ano. Tropical: canal fluvial de regime irregular, com cheias de verão e vazantes de inverno. Subtropical: canal fluvial com cheias em um curto período de verão de chuvas bem distribuídas. Semiárido: canal fluvial de regime intermitente e sazonal, típico de regiões de semiaridez. Nival: quando o abastecimento se relaciona ao derretimento da neve em áreas montanhosas. Periglacial: quando o abastecimento encontra-se vinculado ao derretimento de neve das regiões polares. Misto: quando o canal fluvial sofre influência das chuvas e do gelo (degelo). Tipos de foz A foz de um rio pode ser em estua ́rio ou delta. A foz em estua ́rio e ́ aquela em que o rio na ̃o encontra dificuldades para desaguar, e na qual se forma uma u ́nica sai ́da, dificultando a acumulac ̧a ̃o de sedimentos. Ja ́ a foz em delta e ́ quando o rio desa ́gua com va ́rios brac ̧os de a ́gua, formando o delta, devido ao acu ́mulo de sedimentos na sai ́da do rio, e criando ilhas, que, em muitos pai ́ses, sa ̃o utilizadas para agricultura por causa de sua alta concentrac ̧a ̃o em nutrientes. A denominac ̧a ̃o de delta se da ́ pela semelhanc ̧a da foz com a letra do alfabeto grego "delta", semelhante a um tria ̂ngulo. Ilustração dos tipos de foz. shutterstock.com Delta: quando deságuam acumulando sedimentos, formando pequenas ilhas. 13 ► • • • ► Estuário: quando deságuam de forma aberta em um único canal. Mista: quando deságuam em vários canais e um se sobressai em relação aos demais. researchgate.net Aquíferos VectorMine / Shutterstock.com Os aquíferos subterrâneos concentram a maior parte da água doce do planeta, o que os transforma em recursos de valor inestimável. Essas formações geológicas consistem em rochas preenchidas por excedente de água pluvial (das chuvas) que penetra no solo. Existem três tipos de aquíferos segundo o nível de porosidade:Aquífero Cárstico: nesse tipo de aquífero, composto de rochas carbonáticas, o carbono é dissolvido na água, provocando fraturas que podem chegar a atingir grandes dimensões. Aquífero fraturado ou fissural: composto de rochas magmáticas e metamórficas, é através das fendas, fraturas e falhas que a água circula. Aquífero poroso: composto de rochas sedimentares, nele a água circula pelos poros, pequenos espaços vazios entre as rochas. 14 • • Já em relação à profundidade e penetrabilidade dos aquíferos, eles são divididos em dois: Aquífero livre/freático: bem próximo à superfície, podendo ter inclusive afloramentos que formam solos encharcados, como charcos ou pântanos. Aquífero confinado/artesiano/cativo: esse tipo de aquífero tem uma profundidade bem maior, aparecendo entre as camadas de rochas permeáveis ou semipermeáveis no subsolo, onde a pressão atmosférica é bem maior do que na superfície. Quando o solo é perfurado, ocorre o repuxo, um fluxo contínuo de água, pois a diferença de pressão supera a gravidade. No Brasil, estão localizados os dois maiores aquíferos existentes no mundo, o Alter do Chão e o Guarani. Aquífero Guarani Scientific American Brasil / cprm.gov.br O Aquífero Guarani, ou Sistema Aquífero Guarani, que é confinado/artesiano e poroso, é o maior do mundo em extensão, com 1,2 milhões de km², e o segundo maior em densidade hídrica, com 40 trilhões de m³ (dados da organização Juntos Pela Água). A maior parte desse aquífero encontra-se em território brasileiro, e a menor parte está distribuída entre Paraguai, Uruguai e Argentina. Aquífero Alter do Chão Confinado/artesiano e poroso, o Alter do Chão é o maior aquífero do mundo em densidade hídrica, com estendendo-se por Amapá, Amazonas e Pará. Sua área é de 480 15 mil km². Compõe o Sistema Aquífero Grande Amazônia (SAGA). Leitura Complementar Mais da metade dos rios do mundo para de fluir por pelo menos um dia por ano O mapa de rios não perenes resultante deste estudo, o primeiro de seu tipo, também fornece informações de linha de base cruciais para a avaliação de mudanças futuras na intermitência do fluxo do rio e para determinar e monitorar o papel desses rios e riachos na água global e bioquímica, bem como no apoio à diversidade biológica. Disponível em: <https://www.ecodebate.com.br/2021/06/16/mais-da-metade-dos-rios-do-mundo-param- de-fluir-por-pelo-menos-um-dia-por-ano/>. Acesso em: 16 dez. 2021. Curiosidade Maiores bacias hidrográficas do mundo América do Norte Rio Yukon: Países: Canadá (nascente) e Estados Unidos, Alasca (foz no mar de Bering) Extensão: Área da bacia hidrográfica: Volume de descarga média: Rio Mackenzie País: Canadá (nascente e foz no oceano Ártico) Extensão: Área da bacia hidrográfica: Volume de descarga média (na foz): Rio Nelson 16 País: Canadá (nascente no Lago de Winnipeg e foz na baía do Hudson) Extensão: 644 km Área da bacia hidrográfica: Volume de descarga média: Rio Mississippi País: Estados Unidos (nascente e foz no golfo do México) Extensão: Área da bacia hidrográfica: Volume de descarga média (na foz): Rio São Lourenço Países: Canadá (nascente e foz no oceano Atlântico) e Estados Unidos Extensão: 500 km Área da bacia hidrográfica: Volume de descarga média (na foz): América do Sul Rio Amazonas: Países: Peru (nascente nos Andes), Bolívia, Venezuela, Colômbia, Equador e Brasil (foz no oceano Atlântico) Extensão: Área da bacia hidrográfica: Volume de descarga média: Rio Paraná Países: Brasil (nascente), Paraguai e Argentina (foz no oceano Atlântico) Extensão: 17 Área da bacia hidrográfica: Volume de descarga média: Europa Rio Danúbio Países: Alemanha (nascente), Áustria, Eslováquia, Hungria, Croácia, Sérvia, Bulgária, Romênia (foz em delta no Mar Negro), Moldávia e Ucrânia (foz no Mar Negro) Extensão: Área da bacia hidrográfica: Volume de descarga média (na foz): África Rio Nilo Países: Etiópia (nascente do Nilo Azul), Burundi / Ruanda (nascente do Nilo Branco), Quênia, Tanzânia, Uganda, República Democrática do Congo, Sudão do Sul, Sudão e Egito (foz em delta no mar Mediterrâneo). Extensão: Área da bacia hidrográfica: Volume de descarga média (em Aswan e Cairo, respectivamente): Bacia do Lago Chad Países: Etiópia (nascente do Nilo Azul), Burundi / Ruanda (nascente do Nilo Branco), Quênia, Tanzânia, Uganda, República Democrática do Congo, Sudão do Sul, Sudão e Egito (foz em delta no mar Mediterrâneo). Área da bacia hidrográfica: Rio Zambezi Países: Zâmbia (nascente), Angola, Namíbia, Botsuana, Zimbábue e Moçambique (foz no oceano Índico). 18 Extensão: Área da bacia hidrográfica: Volume de descarga média: Rio Orange Países: Lesoto (nascente), África do Sul (foz no oceano Atlântico) e Namíbia. Extensão: Área da bacia hidrográfica: Volume de descarga média: Rio Congo País: República Democrática do Congo (nascente nas cataratas Boyoma foz no oceano Atlântico) Extensão: Área da bacia hidrográfica: Volume de descarga média: Rio Níger Países: Guineia (nascente), Mali, Níger, Benin e Nigéria (foz em delta no oceano Atlântico) Extensão: Área da bacia hidrográfica: Volume de descarga média (delta do Níger): Ásia Rio Eufrates Países: Turquia (nascente), Síria e Iraque (confluência com o rio Tigre) Extensão: Área da bacia hidrográfica: 19 Volume de descarga média: 356 m³/s Rio Tigre Países: Turquia (nascente), Síria e Iraque (confluência com o rio Eufrates) Extensão: Área da bacia hidrográfica: Volume de descarga média (Bagdá): Rio Indo Países: China (nascente no planalto tibetano), Índia e Paquistão (foz no oceano Índico) Extensão: Área da bacia hidrográfica: Volume de descarga média (foz no mar da Arábia): Rio Ganges Países: Índia (nascente) e Bangladesh (foz em delta na baía de Bengala) Extensão: Área da bacia hidrográfica: Volume de descarga média (baía de Bengala): Rio Brahmaputra Países: China (nascente nos Himalaias), Índia e Bangladesh (foz no delta do Ganges) Extensão: Área da bacia hidrográfica: Volume de descarga média: Rio Yangtsé Países: China (nascente Colina Jari nas montanhas Tanggula – planalto tibetano), China (foz no Mar da China Oriental ) 20 Extensão: Área da bacia hidrográfica: Volume de descarga média: Rio Huang He Países: China (nascente Bayan Kara Ula (Chingai), China (foz no Mar de Bohai) Extensão: Área da bacia hidrográfica: Volume de descarga média: Rio Volga Países: Rússia (nascente Valdai) (foz mar Cáspio) Extensão: 3 688 km Área da bacia hidrográfica: Volume de descarga média: Rio Ob Países: Rússia (nascente Montes Altai) (foz mar de Kara) Extensão: Área da bacia hidrográfica: Volume de descarga média: Rio Yenisei: Ienessei Países: Rússia e Mongólia (nascente Kyzyl, Tuva, Rússia) (foz Oceano Ártico, Rússia) Extensão: Área da bacia hidrográfica: Volume de descarga média: 21 Rio Lena: Países: Rússia (nascente Montanhas Baikal) (foz Mar de Laptev) Extensão: Área da bacia hidrográfica: Volume de descarga média: Rio Kolyma Países: Rússia (nascente cordilheira Khalkan) (foz Mar da Sibéria Oriental) Extensão: Área da bacia hidrográfica: Volume de descarga média: Rio Amur Países: Mongolia, Russia e China (nascente montanhas do nordeste da China ) (foz Oceano Pacífico – China) Extensão: Área da bacia hidrográfica: Volume de descarga média: Rio Mekong Países: China (nascente colinas da parte ocidental do Nordeste da China) (foz Golfo de Tartária – Rússia) Extensão: Área da bacia hidrográfica: Volume de descarga média: Rio Jordão Países: Jordânia, Israel, Síria e Palestina (nascente Colinas de Golã – Monte Hérmon localizada na porção terminal sul da cordilheira do Antilíbano, na fronteira Líbano- 22 ► Síria) (foz Mar Morto – Jordânia) Extensão: Área da bacia hidrográfica: Volume de descarga média: 16 m³/s Oceania Rio Murray Darling País: Austrália (nascente interior dosudeste australiano) (foz Oceano Pacífico) Extensão: Área da bacia hidrográfica: Volume de descarga média: 450 m³/s Na faixa de contato entre os continentes, mares e oceanos ocorrem va ́rios processos de transformac ̧a ̃o no relevo, os quais apresentam particularidades em relac ̧a ̃o a ̀s suas estruturas e formas. A morfologia litora ̂nea destaca-se por analisar essas diversas formas. Tipos de morfologia litorânea. shutterstock.com Falésias: trata-se de uma escarpa costeira com paredo ̃es formados pelos movimentos das a ́guas do mar, que criam estruturas geolo ́gicas constantemente desgastadas pela ac ̧a ̃o das ondas e promovem o conti ́nuo recuo do relevo litora ̂neo. Ocorre entre o limite do continente e a praia. No Brasil, as fale ́sias sa ̃o encontradas em diversos pontos do litoral. Morfologia litorâneaMorfologia litorânea 23 ► ► ► ► Penínsulas: porc ̧o ̃es de terras circundadas pelas a ́guas do mar por quase todos os lados, com excec ̧a ̃o do ponto que ainda permanece ligado ao continente. Grande parte das peni ́nsulas existentes foi formada no processo de separac ̧a ̃o dos continentes. Em alguns casos, sucessivas erupc ̧o ̃es vulca ̂nicas colaboram para o surgimento e o alongamento dessas estruturas geolo ́gicas – por exemplo, a Peni ́nsula Siberiana de Kamchatka, situada na Ru ́ssia. Algumas dessas formac ̧o ̃es te ̂m grande importa ̂ncia histo ́rica sob o ponto de vista de formac ̧a ̃o territorial, como Portugal e Espanha, cujos territo ́rios formam a Peni ́nsula Ibe ́rica. Recifes: sa ̃o formac ̧o ̃es rochosas, submersas em a ́guas litora ̂neas presentes pela acumulac ̧a ̃o de esqueletos calca ́rios de corais constituindo importantes ecossistemas e o mais diversificado habitat marinho do mundo. Sa ̃o encontrados em a ́guas quentes e rasas, associando sua formac ̧a ̃o a ambientes tropicais. Golfos: correspondem a grandes aberturas em forma de ferraduras que permitem a penetrac ̧a ̃o das a ́guas do mar. Sa ̃o formados, muitas vezes, por falhas tecto ̂nicas. Por apresentarem extensas a ́reas rodeadas por terras, representam grande vantagem em relac ̧a ̃o a outros ambientes marinhos, proporcionando a ́guas mais calmas, propi ́cias a ̀ navegac ̧a ̃o e a ̀ atividade pesqueira. Os golfos se diferenciam das bai ́as pela dimensa ̃o da sua abertura – golfos te ̂m aberturas extensas; bai ́as constituem-se em estruturas com aberturas menores para a entrada das a ́guas do mar. Dunas: estruturas formadas por areia, conseque ̂ncia do transporte e da acumulac ̧a ̃o de sedimentos por meio de processos eo ́licos. Te ̂m altura varia ́vel e passi ́vel de constante deslocamento, ou seja, dificilmente permanecera ̃o em uma mesma formac ̧a ̃o por longos peri ́odos. No Brasil, sa ̃o formac ̧o ̃es famosas os Lenc ̧o ́is Maranhenses, resultantes da ac ̧a ̃o de ventos fortes em direc ̧a ̃o constante, ligando-se em linhas conti ́nuas e dispondo-se em cadeias. 24 Assista: estudo sobre a dinâmica de dunas ajudará a compreender a formação do relevo de Marte https://www.youtube.com/watch?v=c6QWmCE-WF0 25 https://www.youtube.com/watch?v=c6QWmCE-WF0 Leitura Complementar Geomorfologia fluvial A erosão de uma bacia hidrográfica está relacionada com a extração progressiva de materiais do leito e das margens dos rios. Isso ocorre devido à pressão exercida pela água em constante movimento. Os materiais erodidos resultam da meteorização física e química sofrida pelas rochas, que provocam a sua fragmentação e alteração. Esse intemperismo ocorre de forma mais acentuada em épocas de cheias, porque a velocidade das águas é maior. A erosão provoca modificações nos vales e sulcos onde o rio corre, provocando, ao longo dos anos, o aprofundamento e o alargamento deste. O transporte é o deslocamento dos detritos rochosos erodidos pela corrente de água para outros locais. A carga sólida de um curso de água é o conjunto de fragmentos sólidos por ele transportado. Esse transporte pode ser feito por suspensão, em que os sedimentos finos movem-se com a mesma velocidade da água; ou por saltação, rolamento e deslizamento, em que as partículas mais pesadas e mais grosseiras movem-se com velocidade inferior à da água. A deposição caracteriza-se pela sedimentação dos materiais erodidos ao longo do leito e às margens dos cursos de água, nos terraços fluviais, nos deltas e nos aluviões. Essa sedimentação depende da velocidade da corrente e das características dos sedimentos transportados, como dimensões, forma e peso. INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO. Geomorfologia e ocupação antrópica do território. Lisboa: IST, 2006. Questão 01 O século XXI assiste a um grande desafio em relação à questão da água no planeta. Observe o gráfico da distribuição da água e as afirmações a seguir: Pratique: Pratique: Conceitos de hidrografia e o ciclo hidrológicoConceitos de hidrografia e o ciclo hidrológico 26 A B C D E I. A maior parte da água doce do planeta encontra-se nas geleiras. II. O uso doméstico é onde se tem o maior consumo mundial da água, seguido da agricultura. III. A água doce encontra-se distribuída irregularmente pelo planeta. IV. De toda a água do planeta, apenas 50% é doce. V. Brasil, Rússia e Canadá são países privilegiados quanto às reservas hídricas. Estão corretas: I, II e III. I, II e V. I, III e V. II, III e V. III e IV. Questão 02 Consumo mundial de água por setor, segundo a renda dos países (em %) Ribeiro, 2008. 27 A B C D E A B C D E De acordo com a tabela, o consumo de água é maior: na agricultura mundial, devido à produção de biocombustíveis. nos domicílios do que na agricultura, nos países de industrialização tardia. no setor domiciliar, em países de renda média com altos índices de urbanização. na indústria do que na agricultura, em países da Primeira Revolução Industrial. na agricultura, em países com uso intensivo do solo e de renda elevada. Questão 03 Neste início de século, o uso da água requer planejamento e cuidado. Além do volume existente, é importante considerar a distribuição geográfica desse recurso e as providências a serem tomadas a fim de preservá-lo. Assim, tendo como referência o planeta, pode-se afirmar que: o consumo mundial de água doce é maior na agricultura (mais de 70%), mas esse índice tende a cair, pois essa atividade está se concentrando cada vez mais em áreas já úmidas. o maior estoque de água doce é subterrânea, superando o volume de águas em estado sólido (calotas polares, geleiras e neve permanente), em razão do derretimento provocado pelo efeito estufa. apenas 25% das águas do planeta não são de água salgada, e esse volume é insuficiente para as necessidades humanas, o que obriga ações de dessalinização das águas oceânicas. existe notória desigualdade na distribuição das águas continentais e, nesse aspecto, a América do Sul é um dos continentes mais abastecidos com esse recurso natural, em especial nas áreas tropicais. os estoques de água doce não são expressivos na área intertropical do planeta, pois, embora nessa área haja uma dominância de climas chuvosos, também é uma área de grande evaporação. Questão 04 Embora repleto de rios, mares e oceanos, o planeta Terra tem apenas 3% de água doce disponível para o consumo de cerca de 7 bilhões de pessoas. Abundante em alguns países, escasso em outros, esse recurso natural essencial para a sobrevivência humana é usado intensamente pela agricultura, indústria e em atividades domésticas – só que de forma cada vez mais insustentável. É o que alerta um novo relatório da consultoria britânica de risco Maplecroft, que avaliou a 28 A B C D E pressão sobre a demanda de água em mais de 160 países. O resultado preocupa. Economias em crescimento como China e Índia e, até mesmo a maior do mundo, Estados Unidos, são identificadas pela empresa de análise tendo grandes regiões geográficas e setores da economia onde a demanda de água está superando a oferta. Segundo a Maplecroft, a situação tem o potencial de limitaro crescimento econômico, restringindo atividades empresariais e agrícolas. E à medida que aumenta a insegurança hídrica, cresce também o medo em relação à capacidade de produzir alimentos suficientes para abastecer o mundo. Disponível em: <http://goo.gl/Ol3m3U>. Acesso em: 27 dez. 2014. (adaptado) A situação em que a procura de água por habitante é maior que a capacidade de oferta de um corpo hídrico é conhecida como: regime hídrico. estresse hídrico. demanda hídrica. termitência hídrica. anecumenização hídrica. Questão 05 Anualmente, as principais bacias hidrográficas do mundo fazem ingressar nos oceanos dezenas de bilhões de toneladas de partículas sólidas removidas das áreas continentais, resultantes do trabalho erosivo das águas correntes superficiais. Observe o mapa a seguir. World Atlas of Geomorphic Features, 1980 e Milliman, J. D., 2011. (adaptado) A bacia hidrográfica Ganges-Brahmaputra, se comparada à do Amazonas, produz 3,4 vezes mais sedimentos por unidade de área, tendo, aproximadamente, da área de drenagem e 29 18% da vazão média da bacia hidrográfica amazônica. Comparando-se os dados anteriormente apresentados, a posição geográfica e o uso do solo nessas áreas, identifique um fator responsável pela: a) quantidade relativamente baixa da produção anual de sedimentos, por unidade de área, da bacia hidrográfica amazônica. Explique; b) elevada produção anual de sedimentos, por unidade de área, da bacia hidrográfica Ganges-Brahmaputra. Explique. Questão 06 América do Sul – grandes reservas de água doce Apesar dos avanços tecnológicos, os recursos naturais continuam sendo motivo de disputas entre os Estados Nacionais. É o caso da água doce, que vem ganhando destaque internacional e é, hoje, considerada um recurso estratégico. Nessa disputa, a América do Sul tem uma situação privilegiada: é a região do mundo que dispõe das maiores reservas de água doce, tanto de águas de superfície quanto de águas subterrâneas. a) Apresente dois fatos que fazem da água doce um recurso natural estratégico. b) Avalie a importância do Brasil no quadro dos recursos hídricos mundiais. Questão 07 30 A B C D E A B C D A B C D O Rio São Francisco, no Brasil, e o Rio Nilo, na África, apesar de suas diferenças de extensão, traçado e paisagens percorridas, oferecem algumas sugestivas analogias geográficas. Isso ocorre porque apresentam: trechos terminais em forma de estuários, situados em regiões intertropicais secas, e nascentes em áreas equatoriais úmidas. trechos terminais fertilíssimos, em forma de grandes deltas intensivamente cultivados, situados em oceanos abertos. médios e baixos cursos em zonas desérticas que se beneficiam com a regularidade de suas cheias, obtidas graças aos grandes represamentos realizados nos altos cursos. longos cursos permanentes de direção sul-norte, cortando zonas de climas quentes muito contrastantes, inclusive secos, alimentados por cabeceiras situadas em áreas úmidas. cursos típicos de planaltos com climas tropicais de estações alternadas, só atingindo cotas abaixo de em trechos bem próximos da foz. Questão 08 Como podemos chamar o limite geográfico que separa a direção para onde correm as águas pluviais, ou bacias de drenagem? Divisor de água Rios Lagos Bacias hidrográficas Questão 09 Como podemos chamar os rios que apresentam acentuados desníveis entre a nascente e a foz, com grandes quedas-d'água? Rio de planalto Rio de planície Rio misto Rio de vegetação Questão 10 Caracterize o ciclo hidrológico e explique como as atividades humanas podem alterar a dinâmica do seu funcionamento. 31 ► ► As correntes mari ́timas sa ̃o massas de a ́gua que se deslocam no oceano com temperaturas e densidades diferentes das a ́guas ao redor. Essas correntes sa ̃o movimentadas pelos ventos e podem ser quentes ou frias, de acordo com seu local de origem. As correntes sa ̃o observadas em diferentes profundidades: na superfi ́cie do mar encontramos correntes quentes – menos densas; em a ́guas profundas, encontramos correntes frias – mais densas. A rotac ̧a ̃o da Terra tem influe ̂ncia em suas trajeto ́rias, desviando-as para a direita no Hemisfe ́rio Norte e para a esquerda no Hemisfe ́rio Sul, devido ao Efeito de Coriolis. Outro feno ̂meno comum e que esta ́ relacionado a ̀ movimentac ̧a ̃o das correntes mari ́timas e ́ a ressurge ̂ncia, a qual consiste no afloramento das a ́guas subsuperficiais do mar. E ́ induzida pela ac ̧a ̃o dos ventos e faz com que as a ́guas mais quentes sejam arrastadas, permitindo que as a ́guas mais frias cheguem a ̀ superfi ́cie. Esse feno ̂meno tambe ́m e ́ responsa ́vel por atrair cardumes que se alimentam dos fitopla ̂nctons que emergem com a a ́gua subsuperficial. https://www.youtube.com/watch?v=CCmTY0PKGDs De acordo com a temperatura e sua regia ̃o de origem, as correntes mari ́timas podem ser: Correntes quentes: provenientes das zonas equatoriais, como as Guianas, as correntes do Golfo, do Brasil e a Sul-Equatorial. Correntes frias: oriundas das regio ̃es polares ou frias, como as correntes do Labrador, de Humboldt, das Malvinas, de Benguela e Circumpolar Anta ́rtica. Dinâmicas oceânicasDinâmicas oceânicas 32 https://www.youtube.com/watch?v=CCmTY0PKGDs A corrente do Golfo e ́ um exemplo de corrente quente, formada na regia ̃o equatorial e que se desloca em direc ̧a ̃o aos polos, elevando a temperatura e o i ́ndice de umidade das regio ̃es costeiras por onde passa. Essa corrente exerce forte influe ̂ncia em alguns pai ́ses europeus como Portugal e Reino Unido, que apresentam invernos menos rigorosos que outras regio ̃es com a mesma posic ̧a ̃o latitudinal. Ao contra ́rio da corrente do Golfo, a do Labrador contribui para intensificar o inverno na costa nordeste dos Estados Unidos. A corrente de Humboldt, formada no Oceano Paci ́fico, e ́ um exemplo de corrente fria e exerce forte influe ̂ncia no clima de pai ́ses da Ame ́rica do Sul, como o Peru e o Chile. Em condic ̧o ̃es normais, essa corrente contribui para a manutenc ̧a ̃o de uma das mais produtivas atividades pesqueiras do mundo, pois, ao esfriar a a ́gua do oceano, contribui para o aumento da presenc ̧a de grande quantidade de pla ̂nctons na a ́gua, atraindo os peixes para essas regio ̃es. A corrente tambe ́m influencia na aridez das a ́reas costeiras. A umidade do mar precipita-se sobre o oceano ao entrar em contato com o ar mais frio sobre a corrente de Humboldt, fazendo com que a umidade na ̃o consiga alcanc ̧ar as a ́reas continentais. Esse e ́ um dos fatores que contribuem para a formac ̧a ̃o do Deserto do Atacama. 33 Leitura Complementar Os movimentos das baleias jubarte pela costa do Brasil shutterstock.com As baleias jubarte, em geral, são migratórias. Costumam se alimentar durante o verão nas águas mais geladas e se reproduzir nas águas quentes e mais rasas das baixas latitudes durante o inverno, sempre próximas à costa ou a bancos com recifes de corais. Disponível em: <https://www.biota.org.br/os-movimentos-das-baleias-jubarte-pela-costa-do-brasil/>. Acesso em: 16 dez. 2021. Os oceanos sa ̃o grandes extenso ̃es de a ́gua salgada que ocupam as porc ̧o ̃es mais baixas do relevo terrestre. Estes sa ̃o compostos por altos teores de sais como cloreto de so ́dio, magne ́sio, ca ́lcio e pota ́ssio, sendo componentes importantes para entender a vida marinha, a possibilidade de utilizac ̧a ̃o da a ́gua do mar para abastecimento e, ate ́ mesmo, para calcular a resiste ̂ncia de estruturas construi ́das nos oceanos. Oceanos e mares do mundoOceanos e mares do mundo 34 Importante: salinidade Os oceanos apresentam grande quantidade de sais minerais, sendo o cloreto de so ́dio o mais abundante. Estima-se que a quantidade de sais existentes e ́ de aproximadamente 3,5%, que representa 35 gramas de sal por litro de a ́gua. Pore ́m, esses valores podem variar de uma parte do oceano para outra. Nas regio ̃es equatoriais, por exemplo, a quantidade de sais e ́ menorque nas regio ̃es subtropicais, e as a ́reas mais profundas concentram menos sais que as mais superficiais. A salinidade junto com a temperatura define a densidade da a ́gua. Dessa forma, as a ́guas mais densas sa ̃o as das regio ̃es onde ha ́ maior concentrac ̧a ̃o de sais. Essas informac ̧o ̃es sa ̃o importantes para entender a circulac ̧a ̃o das correntes mari ́timas, a biologia marinha, ale ́m da potencialidade do uso da a ́gua do mar para atividades humanas. Formação dos oceanos Os cientistas sempre buscaram respostas para entender o processo de formac ̧a ̃o dos oceanos. A teoria mais aceita indica uma relac ̧a ̃o direta entre a formac ̧a ̃o dos oceanos e a da atmosfera terrestre. Com o resfriamento das rochas que compo ̃em o planeta, muitos gases foram liberados, entre eles o vapor d'a ́gua, compondo uma camada gasosa, presa por forc ̧as gravitacionais a ̀ Terra. A condensac ̧a ̃o do vapor d'a ́gua deu origem a um grande volume de chuvas, cujas a ́guas se acumularam nas porc ̧o ̃es de terrenos mais baixos do nosso planeta. Tambe ́m, houve um peri ́odo em que a Terra foi bombardeada constantemente por meteoros que carregavam parti ́culas de gelo. Com o choque constante desses corpos celestes, por muitos anos, a a ́gua se acumulou na superfi ́cie. 35 Oceanos do mundo A extensa ̃o ocea ̂nica e ́ conti ́nua e interligada em todo o globo e na ̃o ha ́ barreiras geogra ́ficas que a separam, formando um u ́nico corpo de a ́gua, denominado Oceano Global. Pore ́m, considerando a localizac ̧a ̃o no globo terrestre, como a posic ̧a ̃o latitudinal, a proximidade com os continentes e o processo de circulac ̧a ̃o das a ́guas, ha ́ convencionalmente cinco oceanos principais. Sa ̃o eles: Paci ́fico, Atla ̂ntico, I ́ndico, A ́rtico e Anta ́rtico. Ressalta-se que alguns pesquisadores consideram que existem apenas tre ̂s oceanos principais (Paci ́fico, Atla ̂ntico e I ́ndico), sendo o A ́rtico e o Anta ́rtico classificados como grandes mares. Oceano Pacífico O Oceano Paci ́fico e ́ o mais extenso do planeta, com aproximadamente 165 milho ̃es de quilo ̂metros quadrados. O assoalho do Paci ́fico caracteriza-se pelas bordas em processo de subducc ̧a ̃o, resultando na seque ̂ncia de vulco ̃es ativos que sa ̃o denominados Ci ́rculo de Fogo do Paci ́fico. O oceano tem importa ̂ncia estrate ́gica para os pai ́ses, principalmente em relac ̧a ̃o a ̀s atividades pesqueiras e ao fluxo comercial e de transporte de mercadorias entre o Ocidente e o Oriente. 36 O lugar mais profundo do planeta Fossa das Marianas. WindVector / Shutterstock.com Oceano Atlântico O Oceano Atla ̂ntico tem aproximadamente 106 milho ̃es de quilo ̂metros quadrados e e ́ o segundo mais extenso do mundo. Sua formac ̧a ̃o teve ini ́cio ha ́ 150 milho ̃es de anos, quando iniciou a separac ̧a ̃o da A ́frica da Ame ́rica do Sul. O processo de abertura do assoalho ocea ̂nico resultou na formac ̧a ̃o da Dorsal Mesoatlântica, uma longa cadeia de montanhas que se estende por todo o Atla ̂ntico no sentido norte-sul. Oceano Índico O Oceano I ́ndico tem aproximadamente 73 milho ̃es de quilo ̂metros quadrados e banha a porc ̧a ̃o leste da A ́frica, o sul da A ́sia e o leste da Austra ́lia. As principais atividades econo ̂micas esta ̃o relacionadas a ̀ piscicultura, à navegac ̧a ̃o e à explorac ̧a ̃o de ga ́s e petro ́leo. Oceano Glacial Ártico O Oceano Glacial A ́rtico, com aproximadamente 13 milho ̃es de quilo ̂metros quadrados, esta ́ localizado pro ́ximo ao Ci ́rculo Polar A ́rtico e banha o extremo norte de alguns pai ́ses da Europa, o Canada ́, o estado do Alasca (EUA) e o territo ́rio da Groenla ̂ndia. 37 Oceano Glacial Antártico Tambe ́m conhecido como Oceano Austral, tem aproximadamente 36 milho ̃es de quilo ̂metros quadrados e e ́ convencionalmente delimitado a partir da latitude de 40ºS. O oceano ocupa cerca de 20% da a ́rea ocea ̂nica global e origina a Corrente Circumpolar Anta ́rtica, uma das maiores e mais frias correntes mari ́timas do mundo. Mares Sa ̃o massas de a ́guas menores e mais rasas que os oceanos. São delimitados pelos continentes, grandes responsáveis pelas características químico-físico-biológicas destes através de processos de interação como a erosão das rochas próximas ao encontro com a água. Conforme a relação com os oceanos, os mares são classificados em: Mar aberto A maioria dos mares tem ampla comunicac ̧a ̃o com os oceanos e, em decorre ̂ncia disso, sa ̃o chamados de mares abertos ou costeiros. Reprodução Mar fechado Mares que não apresentam nenhum contato com os oceanos. Sa ̃o os mares fechados ou isolados, como e ́ o caso do Mar Morto, localizado entre Israel e Jordânia. Mar interior 38 ► ► ► Apresentam uma comunicac ̧a ̃o estreita com os oceanos. Esses mares sa ̃o chamados interiores ou continentais, como e ́ o caso do Mar Mediterra ̂neo. Movimentos do mar Marulho: ocorre pela oscilac ̧a ̃o das a ́guas do mar. E ́ o simples movimento de subida e descida, provocado pela ac ̧a ̃o do vento. Ondas: trata-se da movimentac ̧a ̃o das a ́guas do mar, provocada por uma considera ́vel intensidade de ventos, tanto nos mares quanto nos oceanos. Dessa maneira, o tamanho das ondas varia em func ̧a ̃o da velocidade, da durac ̧a ̃o e da dista ̂ncia dos ventos. As ondas podem atingir grande altura, podendo superar os 30 metros. Ao se aproximar das praias, a profundidade tende a diminuir. Em decorre ̂ncia disso, as ondas quebram na praia, diminuindo de comprimento e aumentando de altura. A regia ̃o onde as ondas quebram é conhecida como arrebentação. Em situac ̧o ̃es extremas, quando as rajadas de vento sa ̃o muito fortes, as ondas chegam ate ́ a costa com volume e forc ̧a maior que o normal. Devido ao volume e a ̀ forc ̧a, a a ́gua avanc ̧a para ale ́m da faixa de areia. Esse feno ̂meno e ́ popularmente conhecido como "ressaca" e pode trazer prejui ́zos para as cidades que na ̃o te ̂m um planejamento urbano adequado. As ressacas sa ̃o comuns no Sul do Brasil, devido a ̀ atuac ̧a ̃o constante de frentes frias que trazem ventos fortes da regia ̃o polar da Anta ́rtica. E ́ possi ́vel prever uma ressaca pelos sistemas de monitoramento clima ́tico com alguns dias de antecede ̂ncia. Por isso, grande parte dos prejui ́zos sa ̃o apenas materiais. Designua / Shutterstock.com Marés: constituem uma lenta subida e descida do ni ́vel das a ́guas do oceano. Esse feno ̂meno ocorre, principalmente, devido a ̀ atrac ̧a ̃o que a Lua exerce sobre os oceanos e mares. Assim, por onde ela passa em seu movimento aparente, o ni ́vel das a ́guas aumenta. Desse modo, ocorrem duas elevac ̧o ̃es e dois rebaixamentos do ni ́vel das a ́guas por dia. O Sol tambe ́m exerce atrac ̧a ̃o sobre as a ́guas. Mas essa atrac ̧a ̃o e ́ muito menor que a da 39 Lua. Dessa forma, as mare ́s geradas pela Lua sa ̃o muito maiores que as geradas pelo Sol. VectorMine / Shutterstock.om Curiosidade Sons dos oceanos NOAA / noaa.maps.arcgis.com No site da NOAA – o centro nacional de informações do meio ambiente nos Estados Unidos, você pode ouvir os sons captados pelos sonares em cada oceano. 40 file:///tmp/site%20https:/noaa.maps.arcgis.com/apps/Cascade/index.html?appid=c653c78262a7487da42149ebc86f80c2 A Acesse: Monitoramento de navios comerciais pelo planeta Você já comprou algo pela internet que vem de outro país? No site, você consegue acompanhar um navio e ainda visualizar as principais rotas de navegação pelo globo. Acesse para conhecer. shipmap.org Questão 01 Água também é mar E aqui na praia também é margem Já que não é urgente, aguente e sente, aguarde o temporal Chuva também é água do mar lavada no céu imagem ANTUNES, Arnaldo; MONTE, Marisa; BROWN, Carlinhos. Água é mar. Intérprete: Marisa Monte. In: ______. Memórias, crônicas e declarações de amor. São Paulo: EMI, 2000. 1 CD. Esse trecho faz menção ao ciclo hidrológico, sendo a chuva apresentada como "água do mar lavada". Com a tecnologia dos tempos atuais, a água do mar pode ser tratada em grandeescala a ponto de tornar-se potável. Com relação à possibilidade de dessalinização, assinale a alternativa correta. A principal consequência do processo de dessalinização de águas é a salinização de solos produtivos. Pratique: Pratique: OceanosOceanos 41 https://www.shipmap.org/ B C D E A B C D E A A salinidade é menos elevada em águas mais quentes, fator que favorece a dessalinização no Oriente Médio. Devido à grande disponibilidade hídrica em todo o território, é desnecessário ao Brasil recorrer ao processo de dessalinização. O processo de dessalinização tem por objetivo principal a retirada de vírus e bactérias das águas por meio de técnicas específicas. O processo de dessalinização pode ser realizado em águas do mar e, também, em águas continentais salobras. Questão 02 Assinale a alternativa correta, considerando as figuras anteriores. As figuras 1 e 2 representam tipos de desembocaduras em delta e estuário, respectivamente. O rio da figura 2 tem maior capacidade de sedimentação que o rio da figura 1. O rio da figura 1 representa um delta com intensa sedimentação. O rio da figura 2 representa um delta em que a capacidade de erosão supera a de sedimentação. O rio da figura 1 representa um estuário em que a capacidade de sedimentação supera a de erosão. Questão 03 Que mares são os que se localizam completamente no interior dos continentes e não possuem comunicação com os oceanos? Mares abertos 42 B C D A B C D E Mares interiores Mares fechados Mares posteriores Questão 04 Brisa marinha mais úmida A temperatura superficial do Oceano Atlântico no litoral paulista aumentou cerca de um grau entre os anos de 1950 e 2010. Passou de para Pode parecer pouco, mas uma das consequências desse aquecimento é aumentar a taxa de evaporação da água do oceano, combustível que torna a brisa marinha ainda mais carregada de umidade. Esse processo tem repercussões sobre o clima acima da Serra do Mar, no planalto onde fica a região metropolitana. Revista da Fapesp, 11 maio 2012. De acordo com o texto, considere as afirmativas a seguir. I. A alteração da umidade da brisa marítima é um fator considerável nos transtornos causados pelas enchentes em São Paulo, somado a outros, como a impermeabilização dos solos. II. A elevação da temperatura do Oceano Atlântico é uma prova indiscutível do processo de aquecimento global. Esse fato é a principal causa de fenômenos locais, como as enchentes em São Paulo; regionais, como tornados em Santa Catarina; e globais, como o tsunami que atingiu o Japão em março de 2011. III. O aumento da umidade da brisa marítima provoca, entre outros fatores, uma elevação dos índices de pluviosidade na escarpa da Serra do Mar, em razão das chuvas orográficas, típicas da região. Assinale a alternativa correta. Estão corretas as afirmativas I, II e III. Estão corretas apenas as afirmativas II e III. Estão corretas apenas as afirmativas I e III. Está correta apenas a afirmativa I. Está correta apenas a afirmativa III. Questão 05 43 Cerca de da extensão da Terra é ocupada pelos oceanos. Essa grande massa de água foi formada há cerca de quatro bilhões de anos, por meio da condensação de vapores de água da atmosfera, que atingiram a superfície terrestre em forma de chuva. A topografia da Terra fez com que as águas se deslocassem para os terrenos mais baixos, formando os oceanos. Relacione as colunas identificando as informações sobre cada oceano por meio dos códigos: (OP) Oceano Pacífico (OI) Oceano Índico (OA) Oceano Atlântico (OGA) Oceano Glacial Ártico ( ) Serve como rota para o grande fluxo de transporte marítimo entre a Europa, as Américas e a África, porções bastante ricas do planeta. ( ) Banha a parte setentrional do Alasca, as ilhas que formam o norte do Canadá, a Groenlândia e o extremo norte da Europa e da Ásia. ( ) É o terceiro maior em extensão, estende-se da costa oriental africana até as ilhas do Sudeste Asiático e a costa ocidental da Austrália. ( ) É o mais extenso dos oceanos e banha a costa oeste da América e a costa leste da Ásia e da Oceania. O Brasil possui uma grande extensão territorial e suas características físico-ambientais proporcionam uma vasta rede de drenagem que se destaca pela extensão e densidade de seus rios. Apesar do alto potencial hidrológico, a distribuição dos recursos hídricos no território brasileiro ocorre de forma irregular em razão das condições geográficas. A hidrografia tem sido imprescindível para o desenvolvimento de atividades socioeconômicas, como a instalação de usinas hidrelétricas, o transporte fluvial de pessoas e mercadorias, o abastecimento de água para as cidades e para as atividades agropecuárias; ou seja, pode-se considerá-la estrategicamente necessária ao desenvolvimento econômico do país. Aspectos gerais da hidrografia brasileiraAspectos gerais da hidrografia brasileira 44 As Cataratas do Iguaçu, consideradas uma das sete maravilhas naturais do planeta, estão localizadas na fronteira entre o Brasil e a Argentina. shutterstock.com Formação A maior parte dos rios brasileiros é abastecida por águas provenientes das chuvas, ou seja, apresenta regime pluvial. A exceção mais marcante é o Rio Amazonas, com regime misto. Esse rio também é abastecido por águas da chuva (regime pluvial) e uma pequena parte provém do derretimento da neve do topo das montanhas andinas (regime nival), onde se localizam suas nascentes. Curso Em relação à continuidade do fluxo de água, predominam os rios perenes, isto é, rios que não secam ao longo do ano, apresentando alterações apenas no nível do leito. Já na região semiárida nordestina, o longo período de estiagem e as elevadas taxas de evaporação contribuem para a ocorrência de rios intermitentes (ou temporários), cujo fluxo é interrompido pela ausência de chuvas. No entanto, a açudagem (represamento de água) tem colaborado para que importantes rios nessa região sejam perenizados artificialmente a partir do controle da vazão da água acumulada nos reservatórios. Também é comum que os rios brasileiros deságuem no oceano, assumindo a drenagem exorreica, com foz predominantemente em forma de estuário. Apesar de pouco comuns no país, também existem rios que deságuam em forma de delta, como é o caso do Rio Parnaíba. Rios brasileiros segundo a topografia A variedade hidrográfica brasileira apresenta predomínio de rios de planalto, que, em decorrência da descontinuidade topográfica e das condições geológicas locais, possuem, ao 45 longo do seu percurso, rupturas de declive e vales encaixados. Nesses rios, as quedas- d'água, geralmente caudalosas, conferem grande potencial hidrelétrico ao país, com destaque para os rios Paraná e São Francisco. Os rios de planície, aqueles com baixo desnível na maior parte de seu leito, como o Amazonas e o Paraguai, são utilizados desde muito tempo para o deslocamento de pessoas e para o transporte de cargas. Apesar de dispendiosos, avanços nas áreas de tecnologia e engenharia têm permitido, também, o aproveitamento energético desses rios. Lagos, lagunas e lagoas Lagoa dos Patos (RS). Ao lado, o Oceano Atlântico. Wikimedia Commons A hidrografia do Brasil, todavia, é inexpressiva em lagos de grande porte, apesar da vastidão do seu território. Quanto às características lacustres, identificam-se as lagoas dos Patos e Mirim, ambas no Rio Grande do Sul, que ocupam uma área de aproximadamente e respectivamente. Em termos comparativos, o Lago Superior, localizado entre os Estados Unidos e o Canadá, possui cerca de de área, o que reforça a distinção entre essas duas realidades hídricas. Bacias do Brasil IBacias do Brasil I 46 • • • Bacias hidrográficas do Brasil Os rios brasileiros costumam ser agrupados em seis bacias hidrográficas principais e seis bacias hidrográficas secundárias: principais (abrigam os rios de maior porte); secundárias (abrigam os rios de médio porte); terciárias (abrigam os rios de menor porte). IBGEIBGE. Atlas geográfico escolar. 6. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. Bacia Amazônica A Bacia Amazônica é a maior do planeta, com uma área de aproximadamente 6,1 milhões de entre os quais cerca de 63% se encontra em território brasileiro, totalizando em torno de 4 milhões de e abrangendo os seguintes estados: Acre, Amazonas, Roraima, Rondônia, Mato Grosso, Pará e Amapá. Como pode ser visto no mapa a seguir, o restante dessa bacia drena os territórios de países sul-americanos vizinhos, fronteiriços ou não, do Brasil. Bacias do Brasil IBacias do Brasil I 47 • • • BRASÍLIA. Superintendência de Gestão da Informação. Região hidrográfica Amazônica. Distrito Federal: Agência Nacional das Águas, 2006. As nascentes dos rios pertencentes a essa bacia têm origem em três centros dispersores de águas: a Cordilheira dos Andes, onde nascem os afluentes do Rio Amazonas; o Planalto das Guianas, onde nasce boa parte dos rios da margem esquerda do Rio Amazonas; o Planalto Central Brasileiro, local de origem dos rios que compõem boa parte da margem direita do Rio Amazonas. O Rio Amazonas, com os seus 6 992 quilômetros, ultrapassou o Nilo, até 2007 considerado o mais extenso do mundo. Sua extensão é quase equivalente à distância entre Nova York e Berlim, e ele é considerado o rio com maior volume de água, sendo responsável por um quinto de toda a água doce do planeta. Ainda que não completamente aproveitado, a Bacia Amazônica possui o maior potencial elétrico do país. Fotolia Bacia do Tocantins-Araguaia 48 Bacia do Tocantins-Araguaia A Bacia do Tocantins-Araguaia é a maior bacia hidrográfica totalmente inserida no território brasileiro, com área de que corresponde a cerca de 11% do território nacional, abrangendo os estados de: Goiás, Tocantins, Pará, Maranhão e Mato Grosso e o Distrito Federal. Grande parte de seus afluentes localiza-se na região Centro-Oeste, desde as nascentes dos rios Araguaia e Tocantins até o ponto de encontro entre os dois, adentrando a Região Norte até a sua foz. BRASÍLIA. Superintendência de Gestão da Informação. Região hidrográfica do Tocantins-Araguaia. Distrito Federal: Agência Nacional das Águas, 2006. No curso inferior do Rio Tocantins, situa-se a hidrelétrica de Tucuruí, a maior hidrelétrica totalmente brasileira e a primeira a abastecer os projetos de mineração da Serra dos Carajás e da empresa Albras. Na região hidrográfica do Tocantins-Araguaia, estão presentes os biomas Floresta Amazônica, ao norte e noroeste, e Cerrado, nas demais áreas. 49 Apesar de ser o maior em extensão, o Araguaia é um rio secundário da Bacia do Tocantins, considerado o rio principal da bacia. shutterstock.com Bacia Atlântico Nordeste Ocidental A Bacia Atlântico Nordeste Ocidental situa-se, quase totalmente, no estado do Maranhão, com uma pequena porção localizada no estado do Pará. Com uma área de aproximadamente ocupa cerca de 3% do território brasileiro. BRASÍLIA. Superintendência de Gestão da Informação. Região hidrográfica Atlântico Nordeste Ocidental. Distrito Federal: Agência Nacional das Águas, 2006. A região caracteriza-se por ser uma transição entre os biomas da Amazônia e do Cerrado, coberta pela mata dos cocais e por apresentar formações litorâneas. A utilização dos recursos hídricos envolve o abastecimento dos centros urbanos da região e as atividades agrícolas, principalmente a irrigação. Porém, parte dos rios da região sofre com o 50 desflorestamento das matas ciliares para o desenvolvimento da pecuária e da agricultura, o qual ocasiona assoreamento, que é a deposição dos sedimentos ao longo do leito dos rios, formando bancos de areia e provocando impacto ambiental nesses recursos hídricos. Leitura Complementar Arqueologia subaquática na Amazônia – documentação e análise das gravuras rupestres do sítio Mussurá, Rio Trombetas, Pará, Brasil Os sítios arqueológicos com gravuras rupestres ocorrem em grande quantidade por toda a região amazônica. A maioria desses sítios está situada em lajeiros ou blocos rochosos que margeiam os rios ou em meio às corredeiras e cachoeiras. Nos dias de hoje, esses sítios ficam temporariamente submersos no período das cheias, aflorando apenas durante o auge do estio, quando podem ser documentados e pesquisados. Desconhecemos se essa situação era a mesma no momento da elaboração das gravuras, uma vez que ainda não existem para a Amazônia datações que permitam situar no tempo a atividade rupestre desenvolvida por diferentes grupos humanos em tempos pré-coloniais. A falta de datações é devida, em grande parte, pelo fato de os sítios ficarem submersos durante um período do ano, o que compromete, devido à dinâmica hídrica, a permanência de evidências materiais que possibilitem a sua datação. A relação entre sítios arqueológicos com gravuras rupestres e as possíveis mudanças climáticas evidenciadas pela variação no nível das águas dos rios amazônicos foi um dos focos de atenção dos pesquisadores que recentemente trabalharam na região do rio Trombetas. A bacia desse rio possui numerosos sítios com gravuras rupestres, no entanto, um deles, o Mussurá, localizado nas margens do lago de mesmo nome, chamou a atenção dos pesquisadores, pois mesmo no verão suas gravuras raramente afloravam à superfície. Em 1996, uma forte seca assolou a região possibilitando que as rochas nas quais estavam as gravuras pré-históricas ficassem parcialmente expostas à superfície. Nessa oportunidade, o sítio foi visitado e fotografado por arqueólogos que estavam em visita na região da Mineração Rio do Norte. Em 2000, o Museu Emílio Goeldi iniciou trabalhos de prospecção e salvamento dos sítios arqueológicos existentes na área de impacto das atividades realizadas pela 51 Mineração Rio do Norte na região de Porto Trombetas. O sítio Mussurá, apesar de localizado fora da área de impacto direto desse empreendimento, passou a constituir objeto de interesse de pesquisadores ligados ao projeto de salvamento arqueológico. Durante mais de sete anos esperou-se que o nível das águas do rio Trombetas baixasse a ponto de expor novamente à luz do dia as gravuras pré-históricas para que pudessem ser documentadas e estudadas. Como isso não ocorria, a solução encontrada foi documentar o sítio debaixo d’água. Assim, em junho de 2004, a documentação do sítio Mussurá foi realizada por arqueólogos mergulhadores do Centro de Estudos de Arqueologia Náutica e Subaquática da Universidade Estadual de Campinas, especialmente convidados para esse trabalho. Esse foi o primeiro trabalho de documentação submersa de um sítio com arte rupestre realizado no mundo. Arqueologia subaquática na Amazônia O ponto de partida para a documentação realizada no sítio Mussurá foi a convicção de que a Arqueologia Subaquática é Arqueologia. Assim, as diferenças existentes entre a pesquisa de um sítio arqueológico localizado em superfície e a de um sítio arqueológico submerso não justificam a necessidade de se falar em uma nova disciplina, apenas exigem adaptações de métodos e técnicas da Arqueologia ao ambiente aquático. Algumas dessas diferenças estão relacionadas diretamente com as características físicas inerentes ao ambiente aquático, seja ele oceânico, marítimo, fluvial, lacustre ou interface, como: densidade, óptica, térmica, acústica; que são corrigidas facilmente com o emprego de equipamentos, tecnologia e técnicas apropriadas. Assim, uma vez localizados os painéis com gravuras no fundo do lago, a uma profundidade média de seis metros e visibilidade de aproximadamente 1,5 metro, o que se fez, através do mergulho autônomo, foi a planimetria geral do sítio e o decalque em plástico das gravuras rupestres. Ou seja, foi feito o que se faria normalmente em um sítio arqueológico desse tipo localizado em superfície. Mas pelo fato de o sítio estar submerso, a pesquisa acabou ganhando destaque. (...) O sítio Mussurá representa a inclusão, de fato, do patrimônio cultural subaquático no universo arqueológico brasileiro. Emborajá exista esta especialidade na Arqueologia acontecendo há mais de dez anos no Brasil em diferentes projetos científicos, e até 52 mesmo um centro especializado – o Centro de Estudos de Arqueologia Náutica e Subaquática (CEANS), locado junto ao Núcleo de Estudos Estratégicos da Universidade Estadual de Campinas (NEE/Unicamp) – os sítios arqueológicos submersos no Brasil estão à mercê dessa incompreensão conceitual que legitima uma legislação (Lei Federal 10.166/00) que contraria os princípios fundamentais da própria ciência arqueológica e das leis e convenções de proteção aos sítios arqueológicos, por permitir sua exploração por empresas ou grupos de mergulhadores sem qualquer preparo científico para isso, e sua comercialização. Além da discussão conceitual apresentada, o sítio Mussurá nos remete a uma discussão teórica arqueológica não menos importante. O fato de os painéis fazerem parte da dinâmica hídrica local e regional – mesmo que não tenha sido possível definir datações ou o contexto lacustre no momento da elaboração dos grafismos – indica que pessoas interagiam diretamente com a diversidade aquática amazônica. Não tem como pensar em sociedades amazônicas sem se considerar a relação delas com o ambiente aquático. O uso desse ambiente por essas "sociedades aquáticas" extrapola as questões banais relativas à captação de recursos, ao domínio da navegação, ao lazer. Passa a ser também simbólico, metafísico. (...) O artigo completo está disponível no Repositório Museu Goeldi. Acesso em: 10 jan. 2022. Bacia do Parnaíba A segunda bacia hidrográfica mais importante do Nordeste é a Bacia do Parnaíba. Drenando os estados do Maranhão, Ceará e principalmente o Piauí, essa bacia abrange uma área de O Rio Parnaíba, principal rio da bacia, possui de extensão desde a sua nascente, na Chapada das Mangabeiras, no Maranhão, até a sua foz no estado do Piauí, na região do Delta do Parnaíba, no Oceano Atlântico. Bacias do Brasil IIBacias do Brasil II 53 file:///tmp/%20https:/repositorio.museu-goeldi.br/bitstream/mgoeldi/138/1/Revista%20de%20Hist%25c3%25b3ria%20da%20Arte%20e%20Arqueologia%20n11%202009%20PEREIRA%20Arqueologia%20Subaqu%25c3%25a1tica.pdf. BRASÍLIA. Superintendência de Gestão da Informação. Região hidrográfica do Parnaíba. Distrito Federal: Agência Nacional das Águas, 2006. Há grande disparidade socioeconômica entre as regiões banhadas pelo Rio Parnaíba, pois sua nascente localiza-se em uma área geograficamente rica (fauna, flora, aquíferos e subterrâneos) e banha outras áreas que convivem com a seca, como em grande parte do território piauiense, inclusive na capital Teresina, principalmente no período de estiagem. Bacia do Atlântico Nordeste Oriental A Bacia do Atlântico Nordeste Oriental abrange uma área de abarcando os estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas. Ao longo dos anos, grandes intervenções antropomórficas ocorreram nessas regiões, sendo responsáveis não só pelo desmatamento da vegetação original litorânea – a Mata Atlântica –, devido à implementação da cultura da cana-de-açúcar e ao avanço da urbanização, bem como pela devastação da Caatinga, em virtude da expansão da atividade agropecuária no Sertão brasileiro. 54 BRASÍLIA. Superintendência de Gestão da Informação. Região hidrográfica Atlântico Nordeste Oriental. Distrito Federal: Agência Nacional das Águas, 2006. A Bacia do Atlântico Nordeste Oriental caracteriza-se pela ausência de grandes rios, configurando um cenário de baixa disponibilidade hídrica, com destaque para os rios intermitentes. Destacam-se os rios Capibaribe, Paraíba, Apodi, Acaraú e Jaguaribe, sendo esse último um rio perenizado pelas águas do Açude Orós e do Castanhão. Bacia do Atlântico Leste A Bacia do Atlântico Leste possui uma área de abrangendo o estado de Sergipe, o leste da Bahia, o nordeste de Minas Gerais e o norte do Espírito Santo. BRASÍLIA. Superintendência de Gestão da Informação. Região hidrográfica Atlântico Leste. Distrito Federal: Agência Nacional das Águas, 2006. É nessa região hidrográfica que se observa um dos maiores resultados da intervenção humana sobre a vegetação nativa – a Caatinga – devastada pela pecuária que invadiu os sertões. Observa-se também parte da Zona da Mata e o Recôncavo Baiano, desmatados para a implementação da cultura canavieira, e as matas úmidas do sul da Bahia, que foram substituídas pelas plantações de cacau. Bacia do São Francisco A Bacia do São Francisco abrange uma área de e é de fundamental importância para o Brasil devido, principalmente, ao volume de água transportado para as regiões semiáridas, o que tem contribuído para o desenvolvimento econômico do Nordeste. Seu principal rio, o São Francisco, com cerca de de extensão, nasce na Serra da Canastra (Minas Gerais) e deságua no Atlântico, em um estuário entre Alagoas e Sergipe. Esse rio corre no sentido geral sul-norte, interligando as duas regiões de mais antigo 55 povoamento do país, o Nordeste e o Sudeste, sendo, por esse motivo, denominado rio da integração nacional. BRASÍLIA. Superintendência de Gestão da Informação. Região hidrográfica do São Francisco. Distrito Federal: Agência Nacional das Águas, 2006. O Rio São Francisco possui acentuados declives em seu leito, grande potencial energético e produção hidrelétrica, que abastece tanto o Sudeste (usina de Três Marias, em Minas Gerais) como o Nordeste (usinas de Sobradinho e do Complexo de Paulo Afonso, na Bahia), sendo a segunda bacia mais aproveitada no país para geração de energia elétrica. Diferente da maioria dos rios nordestinos, o São Francisco é um rio perene e, embora seja de planalto, é navegável entre Pirapora e Juazeiro/Petrolina, e em um trecho menor, com 208 quilômetros, entre Piranhas e a foz. Paulo Virgílio Moreira Monteiro 56 Leitura Complementar Transposição do Rio São Francisco senado.leg.br A transposição das águas do Rio São Francisco é um antigo projeto do governo federal com o objetivo de levar uma parcela das águas do rio para irrigar a região semiárida do Brasil. Isso deverá ser feito por meio de dois canais, somando 700 quilômetros de extensão, para ligar o São Francisco a bacias hidrográficas menores do Nordeste e a alguns açudes, de onde adutoras distribuirão a água a 390 municípios dos estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte, atingindo uma população de 12 milhões de nordestinos. O projeto levantou enorme polêmica pelos possíveis efeitos que a transposição pode ocasionar no ecossistema da bacia do Rio São Francisco e pela dúvida se seus benefícios chegarão efetivamente ao pequeno agricultor. Estima-se que as obras estarão concluídas por volta de 2025. Rio São Francisco. In: Britannica Escola Online. Enciclopédia Escolar Britannica, 2015. Disponível em: <http://escola.britannica.com.br>. Acesso em: 15 out. 2015. Bacia do Atlântico Sudeste A Bacia do Atlântico Sudeste possui uma área de correspondendo a 2,5% do Bacias do Brasil IIIBacias do Brasil III 57 país, distribuída pelos estados do Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná. A região destaca-se nacionalmente pelo seu elevado contingente populacional e pela importância econômica do setor industrial. BRASÍLIA. Superintendência de Gestão da Informação. Região hidrográfica do Sudeste. Distrito Federal: Agência Nacional das Águas, 2006. Devido à elevada concentração urbana, ao desmatamento excessivo, ao assoreamento dos rios, à poluição e à grande demanda agropecuária, industrial e domiciliar, essa bacia foi bastante modificada, o que provocou inúmeros impactos ambientais que comprometeram seu ciclo hidrológico. Dois exemplos disso são os rios Paraíba do Sul (que compreende o eixo Rio-São Paulo) e o Doce (área de desenvolvimento mineral, urbano e industrial), que estão bastante assoreados, comprometendo a atividade pesqueira e a disponibilidade de água na região. Bacia do Paraná A Bacia do Paraná situa-se na parte central do PlanaltoMeridional Brasileiro, sendo essencialmente planáltica. 58 BRASÍLIA. Superintendência de Gestão da Informação. Região hidrográfica do Paraná. Distrito Federal: Agência Nacional das Águas, 2006. Atualmente, essa bacia é a de maior capacidade instalada de energia elétrica do país. Com uma área de a região abrange os estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás, Santa Catarina e o Distrito Federal. Na foto está a Usina hidrelétrica de Itaipu, localizada no Rio Paraná na fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai. O Rio Paraná é formado pela união dos rios Grande e Paranaíba e separa os estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, Paraná e Mato Grosso do Sul. Herr Stahlhoefer / Wikimedia Commons Bacia do Paraguai A Bacia do Paraguai abrange uma área de envolvendo os estados brasileiros de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, bem como três países vizinhos ao Brasil: a Argentina, o Paraguai e a Bolívia. 59 BRASÍLIA. Superintendência de Gestão da Informação. Região hidrográfica do Paraguai. Distrito Federal: Agência Nacional das Águas, 2006. É uma bacia típica de planície, destacada pelo seu aproveitamento como hidrovia e interligada a outras bacias, especialmente a do Paraná, por meio dos rios Pardo e Coxim. A navegação nessa bacia é internacional, pois o rio Paraguai drena terras do Brasil, do Paraguai e da Argentina. Essa bacia inclui também uma das áreas mais úmidas do planeta, o Pantanal. Quando chega o período chuvoso, o nível dos rios aumenta, alagando a maior parte da região. Por isso, o Pantanal é a maior planície inundável do planeta, pois é cercado por planaltos que drenam seus rios para essa área. Além disso, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) a considera Patrimônio Natural Mundial e Reserva da Biosfera. Vale ressaltar que essa bacia faz parte da Bacia Platina, juntamente com as bacias dos rios Paraná e Uruguai. Acesse: Itaipu binacional Aqui você pode acessar o site da usina hidrelétrica de Itaipu e conhecer os dados, planos de funcionamento e outros projetos relacionados a área. Bacia do Uruguai A bacia do Uruguai possui, em território brasileiro, de área, que correspondem Bacias do Brasil IVBacias do Brasil IV 60 https://www.itaipu.gov.br/ a 2% do território nacional. Divide-se em dois trechos distintos: o de planalto (curso superior) e o de planície (cursos médio e inferior). Seu principal rio, o Uruguai, possui quilômetros de extensão e origina-se da confluência dos rios Pelotas (RS) e Canoas (SC), onde divide os estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. BRASÍLIA. Superintendência de Gestão da Informação. Região hidrográfica do Uruguai. Distrito Federal: Agência Nacional das Águas, 2006. Da nascente à foz, o Rio Uruguai é muito aproveitado economicamente. Além de fornecer água para o abastecimento das cidades localizadas na bacia e para a irrigação, os trechos de planaltos geram muita energia para a Região Sul e para os países vizinhos (Argentina e Uruguai). Já os trechos navegáveis são diminutos no Brasil, devido ao relevo acidentado predominante nos rios dessa bacia. Gilson Marques Aires A região hidrográfica do Uruguai tem grande importância para o Brasil em função das atividades desenvolvidas no setor agroindustrial e por seu potencial hidrelétrico, ainda que 61 não totalmente aproveitado. Bacia do Atlântico Sul A Bacia do Atlântico Sul inicia-se próximo à divisa entre os estados de São Paulo e do Paraná, prolongando-se até o Arroio Chuí, no estado do Rio Grande do Sul. A área total da região é de abrangendo municípios da Região Sul, destacando-se por abrigar um expressivo contingente populacional, em razão do desenvolvimento econômico e da sua importância para o turismo. BRASÍLIA. Superintendência de Gestão da Informação. Região hidrográfica Atlântico Sul. Distrito Federal: Agência Nacional das Águas, 2006. Nessa região hidrográfica predominam rios de pequeno porte que correm diretamente para o Oceano Atlântico. Na região do Rio Grande do Sul, ocorrem rios de grande porte, como Taquari-Antas, Jacuí, Vacacaí e Camaquã, ligados aos sistemas lagunares da Lagoa Mirim e da Lagoa dos Patos. 62 Acesse: Programa de monitoramento das bacias hidrográficas – ANA/Cepetc bacias.cptec.inpe.br Nesse programa você pode consultar os dados hidrográficos das bacias brasileiras. Questão 01 Defina e classifique bacia hidrográfica. Questão 02 Os recursos hídricos estão cada vez mais escassos, o que os torna valiosos e estrategicamente importantes. No Sudeste brasileiro, inúmeras represas sofrem por causa da eutrofização artificial, multiplicação de algas e de micro-organismos que retiram oxigênio dissolvido das águas, tornando-as impróprias para uma série de usos. Pode-se relacionar como causas da eutrofização I. o despejo de esgotos industriais não tratados nas águas dos reservatórios. II. o despejo de resíduos provenientes das atividades agrárias. III. a poluição do ar e a queda de metais pesados da atmosfera sob a forma de partículas presentes nas águas das chuvas. IV. a vegetação remanescente, em represas, não retirada antes da formação do lago artificial. Pratique: Pratique: as principais características das bacias hidrográficasas principais características das bacias hidrográficas brasileirasbrasileiras 63 https:/bacias.cptec.inpe.br/ A B C D E A B C D E Estão corretas: apenas I e IV. apenas II e III. apenas I, II e IV. apenas I, III e IV. I, II, III e IV. Questão 03 As principais hidrelétricas do Brasil estão localizadas, em sua maioria, na Bacia do Paraná. Porém, o principal potencial hidrelétrico brasileiro está na Bacia Amazônica, com as maiores quedas-d'água do país. Explique por que as principais usinas não estão localizadas onde há maior potencial. Questão 04 Acerca do aproveitamento da rede hidrográfica brasileira: I. A Bacia do Uruguai, embora apresente alto potencial hidrelétrico, é pouco aproveitada. II. A Bacia do Paraguai, constituída por rios de planalto, é responsável pela maior parte da energia gerada em Itaipu. III. A instalação da Usina de Tucuruí elevou o aproveitamento hidrelétrico da bacia do Rio São Francisco. Marque a alternativa correta. Apenas I é verdadeira. Apenas I e II são verdadeiras. Todas são verdadeiras. Apenas II e III são verdadeiras. Apenas II é verdadeira. Questão 05 Sabendo que o Sudeste brasileiro é a principal região socioeconômica do país, explique a influência que a hidrografia exerce no desenvolvimento econômico de uma região. 64 A B C D E A B C D E Questão 06 A rede hidrográfica brasileira, utilizada para os transportes fluviais: é bem distribuída e apresenta um alto potencial de navegação no Sudeste, especialmente na sua porção centro-oriental. é distribuída desigualmente pelo país, estando o maior potencial navegável localizado perifericamente às áreas de economia mais avançada. apresenta um potencial de navegação que coincide com as áreas de maior exploração de hidreletricidade. apresenta suas principais bacias voltadas para o Atlântico Sul nas costas orientais brasileiras, facilitando os transportes com o interior. é rica em interligações por canais fluviais que facilitam os transportes entre as bacias do rio São Francisco e do Paraná. Questão 07 Sobre a hidrografia brasileira é correto afirmar que: apesar da maioria dos rios brasileiros ter a vertente para o Oceano Atlântico, o Rio Negro, na Bacia Amazônica, tem sua vertente para o Oceano Pacífico em virtude de sua nascente se localizar nos Andes peruanos. todas as grandes bacias hidrográficas brasileiras têm a sua vertente para o Oceano Atlântico. a grande maioria dos rios brasileiros tem a sua foz em forma de delta, como é o caso do Rio São Francisco. o Rio São Francisco atravessa vários estados brasileiros percorrendo uma trajetória no sentido norte/sul do país. no Brasil predominam rios de planície, o que favorece a navegação fluvial, como nosrios Uruguai e na maior parte do São Francisco. Questão 08 A bacia do rio Uruguai, que influencia vasta área do território dos estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, figura entre os mais importantes sistemas hídricos da região Sul. Sobre esse sistema, marque V para verdadeiro e F para falso, nas seguintes afirmativas. ( ) O Rio Uruguai, o mais importante manancial do Sul do Brasil, nasce da confluência dos rios Pelotas e Canoas e demarca grande parte da fronteira de Santa Catarina com o Rio Grande do Sul. 65 ( ) A bacia do Rio Uruguai, do ponto de vista energético, possui um significativo potencial, mas sua utilização deflagrou conflitos com os agricultores, cujas terras seriam atingidas pelas barragens. ( ) O Rio Uruguai, além de servir como fronteira entre as terras gaúchas e catarinenses, separa o Rio Grande do Sul do Paraguai para, finalmente, desembocar no delta do Rio da Prata, no litoral argentino. ( ) O sistema hídrico do Rio Uruguai, que foi a porta de entrada para a ocupação e colonização de boa parte do oeste catarinense, vem sofrendo um processo de degradação com reflexos para a economia regional e para a qualidade de vida da população. ( ) A formação dos reservatórios para o funcionamento das hidrelétricas de Itá e de Machadinho inundarão terras catarinenses e gaúchas de municípios situados próximos ao rio Uruguai. Questão 09 Relacione as colunas a seguir de acordo com as características da hidrografia brasileira. Coluna 1 (1) Rio de planície (2) Rio perene (3) Rio de sedimentação (4) Rio intermitente Coluna 2 ( ) São rios em que a foz se formou em delta. ( ) São rios permanentes, abastecidos por chuvas regulares ou por afluentes. ( ) São rios bem aproveitados em atividades hidroviárias. ( ) São rios muito comuns nos sertão nordestino, devido aos baixos índices pluviométricos. 66 A B C D E A sequência correta é: 3, 2, 4, 1. 4, 2, 1, 3. 3, 2, 1, 4. 2, 1, 3, 4. 2, 3, 1, 4. A água é um recurso natural utilizado de diversas formas para atender às necessidades humanas em alimentação, higiene e até no acesso a bens industrializados. Tudo o que a sociedade consome só existe porque a água foi aproveitada em sua forma virtual, ou seja, como matéria-prima ou como insumo para a produção de bens ou de serviços. Por exemplo, para produzir uma camiseta de algodão são necessários litros de água; já para a produção de um par de sapatos de couro, são usados litros. É claro que vários fatores podem influenciar na variação do consumo de água virtual, dos quais se destacam os métodos, tecnologias e eficiência na utilização hídrica. Buscando estimar o consumo de água doce em produtos e serviços, considerando o uso direto ou indireto nas várias etapas da cadeia produtiva, construiu-se o conceito de pegada hídrica ou pegada de água. A pegada hídrica não leva em conta apenas a água agregada ao produto, mas também o volume poluído. O consumo de águaO consumo de água 67 Water Footprint Network Diferentes fatores, como o acelerado crescimento demográfico, a degradação ambiental, o desperdício, a pouca disponibilidade de recursos para proteger os mananciais e a carência de saneamento básico, exercem forte pressão sobre os recursos hídricos da Terra. A poluição de rios no perímetro urbano impacta diretamente na qualidade de vida da população. shutterstock.com Diante da crise hídrica planetária, é necessário que haja mudanças no comportamento do consumo e nas atividades econômicas, daí a necessidade de se promover um manejo adequado que garanta a sustentabilidade do recurso. 68 Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) A agropecuária é a atividade que exerce maior pressão sobre a água, sendo responsável por 70% do consumo desse recurso natural. Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês), a irrigação é o setor que mais desperdiça água, sendo que cerca de 60% desse recurso é perdido por fenômenos como a evaporação. No ranking do consumo, depois do setor agrícola vem a atividade industrial, responsável por 22% do consumo de água no mundo. Somente depois vem o uso doméstico, responsável por cerca de 8% de toda a utilização dos recursos hídricos. Estresse hídrico Existem nações ricas em caudalosos cursos de água e com profunda discrepância no acesso a esse recurso por parte de sua população, como acontece nas regiões áridas e semiáridas, as mais afetadas pela escassez hídrica. Dessa forma, quando a água disponível não atende à necessidade de consumo, acontece o que se chama de estresse hídrico. 69 unesdoc.unesco.org A água, a exemplo dos demais recursos naturais, encontra-se irregularmente distribuída pelo planeta. O desequilíbrio na distribuição dos recursos hídricos não é apenas fisiográfico: é também político, econômico e social, potencializando focos de guerras, revoltas e atentados, principalmente quando as reservas hídricas alimentam nascentes que se encontram entre dois ou mais países. No mundo, a lista de rios com vocação para gerar conflitos é extensa, porém, entre todos, podem ser destacados o Indo, entre a Índia e o Paquistão; o Mekong e o Amarelo, entre a China e o Tibete; o Nilo, entre a Etiópia e o Egito; o Eufrates, entre a Turquia e a Síria; e o Kavango, entre Botsuana e Namíbia. A área que registra os maiores conflitos armados pela disputa por água é o Oriente Médio, e as disputas envolvem Israel, Síria e Líbano pelo acesso ao Rio Jordão e seus afluentes à borda das Colinas de Golã. Chorume proveniente da decomposição do lixo descartado irregularmente na natureza. Reprodução Poluição das águasPoluição das águas 70 A água é um recurso natural renovável de extrema importância para o ser humano e para o planeta, visto que cerca de do corpo humano e da superfície da Terra são constituídos por essa substância. No entanto, o ciclo hidrológico não tem sido capaz de tornar toda a água pura novamente, e isso se deve, principalmente, à intensa poluição e à forma descomedida como é utilizada. As principais consequências da poluição da água são o chorume, a maré negra e a maré vermelha. Nas cidades, é comum o grande acúmulo de resíduos, que, muitas vezes, é levado para lixões, onde fica exposto à ação do Sol e da chuva. A matéria orgânica que se encontra no lixo passa por processos biológicos, químicos e físicos de decomposição, dando origem a um líquido escuro, de odor nauseante e poluente, conhecido como chorume. A chuva, por sua vez, leva o chorume para rios e lagos, poluindo-os; além disso, ocorre a infiltração do chorume no solo, o qual pode atingir reservatórios de água subterrânea, tornando-os impróprios para o consumo humano. O rápido e desordenado processo de urbanização das cidades tem ocasionado também a falta de saneamento básico, processo que envolve desde o tratamento da água para os domicílios até o direcionamento adequado dos resíduos produzidos (esgoto). No Brasil, segundo dados do IBGE (2014), apenas dos domicílios possuem coleta de esgoto. O problema se agrava na Região Norte do país, local onde das residências não possuem destino correto de resíduos, pois é nessa região que se concentra a maior parte de água doce do país. No mundo, o número de pessoas que vive sem saneamento básico ultrapassa um bilhão. Quando uma residência não possui sistema de esgoto, os resíduos seguem para uma fossa séptica, destino inadequado a médio e longo prazo, pois o material armazenado nesse sistema pode vazar e entrar em contato com aquíferos subterrâneos e lençóis freáticos; ou escoam para os recursos hídricos mais próximos, como rios, mares e lagoas. Os oceanos também sofrem com a poluição e, apesar do seu imenso tamanho, a degradação em ambientes marinhos já atinge grandes proporções em algumas regiões do planeta. A maré vermelha, um fenômeno natural que muda a tonalidade das águas para vermelho ou marrom, é causada pela excessiva proliferação de microalgas nos estuários ouno mar. Além de impedir a passagem da luz solar, a elevada concentração desses microrganismos também pode provocar o envenenamento das águas e causar a morte dos peixes, já que alguns deles liberam toxinas. Esse fenômeno é intensificado pela ação humana devido ao lançamento de esgoto no mar. 71 Em 2013, um vazamento de óleo atingiu praias turísticas no leste da Tailândia. shutterstock.com Outro problema relacionado à poluição da água é a maré negra, causada pelo derramamento e posterior acúmulo de óleo em forma de grandes manchas sobre as águas dos oceanos. Isso ocasiona efeitos altamente destrutivos e, geralmente, irreversíveis em razão da elevada toxidade do petróleo. Além disso, as imensas manchas de óleo impedem que os raios solares alcancem o interior dos oceanos, e, assim, seres autótrofos fotossintetizantes, como as algas, não podem realizar a fotossíntese, processo metabólico indispensável para a biota marinha. O resultado é a proliferação generalizada de organismos anaeróbicos, com consequente mortalidade de peixes e de outros representantes da fauna e flora marinhas. Cenário brasileiro Embora seja um dos rios economicamente mais importantes para o estado de São Paulo e para o país, o Rio Tietê ficou mais conhecido por seus problemas ambientais. Ernesto Rodrigues / Folhapress Apesar da imensa importância dos recursos hídricos, os seres humanos não têm sido capazes de evitar os diversos impactos ambientais, sendo os rios os mais atingidos nesse processo de degradação. No século XX, o Brasil deixou de ser um país eminentemente agrário e tornou-se uma das maiores economias do mundo, junto a outras nações emergentes, como China e Índia. No 72 entanto, o rápido crescimento da economia e da população urbana não foi acompanhado de investimentos correspondentes na área de saneamento, particularmente no que se refere à coleta de lixo e ao tratamento de esgotos sanitários. Entre os maiores desafios da gestão pública de recursos hídricos no Brasil está a redução da poluição da água, com destaque para as regiões metropolitanas, onde a diminuição da qualidade da água vem criando situações insustentáveis do ponto de vista do desenvolvimento social. Estima-se que menos da metade dos esgotos urbanos seja coletado e que somente um terço deles receba algum tipo de tratamento, sendo lançado nos rios e lagos, o que acarreta risco à saúde do ecossistema e da população local. No entanto, a poluição não vem somente dos esgotos, visto que a utilização inadequada de agrotóxicos na agricultura provoca infiltração de água contaminada nos solos, atingindo aquíferos e lençóis subterrâneos. Em 2014, o governo federal, em uma força-tarefa envolvendo sete ministérios (Integração Nacional, Meio Ambiente, Cidades, Casa Civil, Saúde, Planejamento e Fazenda), criou o Plano Nacional de Saneamento Básico (PNSB), denominado Plansab. Esse projeto tem como objetivo alcançar 99% de cobertura no abastecimento de água potável – 100% na área urbana e de 92% no esgotamento sanitário, sendo 93% na área rural nos próximos 20 anos. O governo federal calcula um investimento de cerca de bilhões nesse período, com apoio dos estados, municípios, iniciativa privada, organismos internacionais, entre outros. Saiba mais: profissões Oceanografia 73 Hector Pertuz / Shutterstock.com O(A) oceanógrafo(a) é o(a) profissional que trabalha com os ambientes aquáticos marinhos e terrestres. Pode atuar nas áreas de licenciamento ambiental, saneamento básico, gerenciamento de recursos naturais, cultivo de organismos vivos marinhos, entre outras. A formação é voltada para as Ciências Biológicas com intersecção na Geografia, Geologia, Ciências da Natureza e Matemática. O curso de bacharel tem duração média de 5 anos. 74 A B C D E Agora é com você Questão 01 Quanto cada um gasta (em litros) Homem 100 anos a.C.: Homem romano: Homem do século XIX (cidades pequenas): Homem do século XIX (cidades grandes): Homem do século XX: Revista Superinteressante, ano 9, n. 5, p. 48. maio 1995. A água doce vem se transformando em uma mercadoria de alto potencial de valorização econômica e política. Seu controle faz com que estados nacionais e empresas busquem medidas e soluções técnicas que assegurem fontes viáveis e ecologicamente sustentáveis de abastecimento. Dentre as já tomadas, considera-se como a de resultados mais eficientes, em termos econômicos e ecológicos, a: implementação de usinas de dessalinização da água dos mares e oceanos. importação de icebergs dos polos para o seu posterior derretimento. exploração de lençóis subterrâneos existentes em regiões de rochas cristalinas. instituição de programas de reciclagem de esgotos urbanos e indústrias. difusão de técnicas de saturação de nuvens e indução de chuvas artificiais. Investigando: Ciclo geomorfológico e uso do solo PRÁTICA ATIVA O sensoriamento remoto é um conjunto de técnicas utilizado no levantamento Atividade prática – analisando imagens deAtividade prática – analisando imagens de sensoriamento remotosensoriamento remoto 75 de imagens e dados da superfície terrestre, instalados em satélites, aviões e em campo. A partir dele é possível a análise de fenômenos naturais e sociais em grandes áreas. Nesta atividade, faremos uso dessa técnica para analisar as formas da superfície e os processos erosivos que transformam o delta do Rio Amarelo, na China, ao longo de 30 anos. Leia o excerto sobre a área e faça o que se pede após as imagens. O Rio Amarelo é o segundo rio mais longo da China, depois do Rio Yangtze, e o sexto sistema fluvial mais longo do mundo no comprimento estimado de Originário das montanhas Bayan Har, na província de Qinghai, no oeste da China, atravessa nove províncias e deságua no Mar de Bohai, perto da cidade de Dongying, na província de Shandong. A bacia do Rio Amarelo tem uma extensão leste-oeste de cerca de e uma extensão norte-sul de cerca de Sua área de drenagem total é de cerca de Sua bacia foi o berço da civilização chinesa e foi a região mais próspera do início da história chinesa. Existem inundações devastadoras frequentes e mudanças de curso produzidas pela elevação contínua do leito do rio, às vezes acima do nível dos campos agrícolas circundantes. Disponível em: <https://en.wikipedia.org/wiki/Yellow_River>. Acesso em: 9 jun. 2021. Bacia do Rio Amarelo na China. Wikimedia Commons O Huang He (Rio Amarelo) da China é o rio mais cheio de sedimentos da Terra. Fluindo para nordeste em direção ao Mar de Bo Hai a partir das montanhas Bayan Har, o Rio Amarelo atravessa um planalto coberto com até 300 metros pés) de solo fino soprado pelo vento. O solo é facilmente erodido e milhões de toneladas dele são carregadas pelo rio todos os anos. Parte dela chega à foz do rio, onde constrói e reconstrói o delta. 76 Disponível em: <https://earthobservatory.nasa.gov/world-of-change/YellowRiver>. Acesso em: 17 dez. 2021. Delta do Huang He (Rio Amarelo) na China. Foto: 13 fev. 1989. earthobservatory.nasa.gov Delta do Huang He (Rio Amarelo) na China. Foto: 24 out. 2020. earthobservatory.nasa.gov 1. Caracterize as formas de relevo do trajeto que o Rio Amarelo atravessa. 2. Quais são as funções ecológicas que o rio desenvolve em seu percurso? 3. Explique a relação entre a erosão e a fertilidade do solo na bacia hidrografia. 4. Quanto às imagens, quais são as alterações que podemos observar nelas? 5. 77 A B C D E Quais são os agentes exógenos que atuam na região? 6. Pesquise possíveis soluções para a ocupação do delta do rio. Questão 01 Com base nos gráficos 1 e 2, discorra sobre a participação do Brasil em relação à distribuição mundial de água doce superficial. Questão 02 "Águas de março definem se falta luz este ano." Esse foi o título de uma reportagem em jornal de circulação nacional, pouco antes do início do racionamento do consumo de energia elétrica, em 2001. No Brasil, a relação entre a produção de eletricidade e a utilizaçãode recursos hídricos, estabelecida nessa manchete, se justifica porque: a geração de eletricidade nas usinas hidrelétricas exige a manutenção de um dado fluxo de água nas barragens. o sistema de tratamento da água e sua distribuição consomem grande quantidade de energia elétrica. a geração de eletricidade nas usinas termelétricas utiliza grande volume de água para refrigeração. o consumo de água e de energia elétrica utilizadas na indústria compete com o da agricultura. é grande o uso de chuveiros elétricos, cuja operação implica abundante consumo de água. Pratique: Pratique: impactos nos recursos hídricosimpactos nos recursos hídricos 78 A B C Questão 03 Explique por que o Brasil, quanto aos recursos hídricos, é considerado um país privilegiado. Questão 04 Lenine e Carlos Rennó Carbono. Universal Music, 2015. As discussões sobre o problema da seca vêm se ampliando nos dias atuais. Várias regiões do planeta que antes não eram atingidas por esse fenômeno já sentem seus efeitos, como destaca a letra da canção. Aponte uma consequência da seca para as atividades humanas e uma para a dinâmica natural da Terra. Questão 05 Nas últimas décadas, a água tem sido alvo de inúmeras discussões no mundo, envolvendo várias temáticas, como as secas, a poluição, o uso inadequado e a má distribuição. Sobre a questão hídrica no planeta, assinale a alternativa correta. A poluição dos rios e mares representa um pequeno problema, pois os peixes não são contaminados e, assim, não afetam a alimentação humana. Algumas nações do Oriente Médio, a Índia e a África estão entre as áreas que apresentam altos índices de escassez hídrica. O aumento da população urbana e a urbanização não provocam grande preocupação, pois ainda existe muita água no planeta. 79 D A B C D E A dessalinização é apontada como grande solução para a crise hídrica, pois já é uma técnica amplamente desenvolvida e de baixo custo. Questão 06 As Nações Unidas estimam que, até 2025, dois terços da população mundial sofrerão escassez, moderada ou severa, de água. Essa situação tem sido interpretada como resultante da falta física de água doce para o atendimento da demanda das populações da Terra. Entretanto, no plano geral, há água suficiente no mundo [...] para satisfazer as necessidades de todos. De fato, este cenário de escassez significa que, no ano 2025, apenas um terço da humanidade deverá dispor de dinheiro suficiente para pagar o serviço de abastecimento d'água decente, isto é, com regularidade de fornecimento e qualidade garantida da água. REBOUÇAS, Aldo. O ambiente brasileiro: 500 anos de exploração. In: RIBEIRO, Wagner Costa (Org.). Patrimônio Ambiental Brasileiro. São Paulo: Edusp, 2003. p. 206. Considerando os argumentos do texto, é correto afirmar que: a "crise da água" resulta do elevado crescimento da população dos países mais pobres. a "crise da água" não pode ser enfrentada com as tecnologias disponíveis, por isso tende a se aprofundar. no cenário projetado pela ONU, a escassez de água tenderá a se agravar devido à continuidade do processo de urbanização. fatores sociais e econômicos desempenham um papel importante no problema da escassez de água. a água é um recurso natural renovável, portanto, a escassez resulta apenas da distribuição desigual desse recurso pela superfície da Terra. Questão 07 A irrigação da agricultura é responsável pelo consumo de mais de de toda a água retirada dos rios, lagos e lençóis freáticos do mundo. Mesmo no Brasil, onde achamos que temos muita água, os agricultores que tentam produzir alimentos também enfrentam secas periódicas e uma competição crescente por água. MARAFON, G. J. et al. O desencanto da terra: produção de alimentos, ambiente e sociedade. Rio de Janeiro: Garamond, 2011. No Brasil, as técnicas de irrigação utilizadas na agricultura produziram impactos socioambientais como: 80 A B C D E A B C D E A B redução do custo de produção. agravamento da poluição hídrica. compactação do material do solo. aceleração da fertilização natural. redirecionamento dos cursos fluviais. Questão 08 Pesca industrial provoca destruição na África O súbito desaparecimento do bacalhau dos grandes cardumes da Terra Nova, no final do século XX – o que ninguém havia previsto –, teve o efeito de um eletrochoque planetário. Lançada pelos bascos no século XV, a pesca e depois a sobrepesca desse grande peixe de água fria levaram ao impensável. Ao Canadá o bacalhau nunca mais voltou. E o que ocorreu no Atlântico Norte está acontecendo em outros mares. Os maiores navios do mundo seguem agora em direção ao sul, até os limites da Antártida, para competir pelos estoques remanescentes. MORA, J. S. Disponível em: <http://www.diplomatique.com.br>. Acesso em: 14 jan. 2014. O problema exposto no texto jornalístico relaciona-se à: insustentabilidade do modelo de produção e consumo. fragilidade ecológica de ecossistemas costeiros. inviabilidade comercial dos produtos marinhos. mudança natural nos oceanos e mares. vulnerabilidade social de áreas pobres. Questão 01 A água constitui um elemento fundamental para o desenvolvimento da vida no nosso planeta. Com relação a esse elemento, assinale a alternativa correta. A água do planeta está sendo comprometida pela poluição doméstica, industrial e agrícola e pelos desequilíbrios ambientais resultantes dos desmatamentos e do uso indevido do solo. Desvios de água para projetos de irrigação, construção de hidrelétricas, consumo excessivo, desmatamento e poluição têm contribuído para a redução de conflitos entre usuários. Pratique: Pratique: Vestibulares e EnemVestibulares e Enem 81 C D E A B C D E A água tem sido utilizada para a geração de energia elétrica assegurando a sustentabilidade do meio ambiente local. O Brasil possui pouca quantidade de água superficial e subterrânea devido às suas características geológicas dominantes. A diminuição da chuva no Brasil tem sido o maior problema ligado à falta de água para abastecer as cidades. Questão 02 O Brasil, a Rússia, o Canadá e os Estados Unidos são países que têm grande potencial hidrelétrico, o que facilita a obtenção de energia elétrica. A obtenção de energia por meio da hidreletricidade é uma alternativa de abastecimento energético menos comprometedora para o meio ambiente. Mesmo assim, ocorrem impactos socioambientais, principalmente quando se opta por grandes barragens. a) Quais são os problemas socioambientais resultantes da instalação de grandes barragens? b) Por que essa fonte energética é menos comprometedora para o meio ambiente? c) Que aspectos geográficos explicam o grande potencial hidrelétrico dos países mencionados? Questão 03 À medida que a demanda por água aumenta, as reservas desse recurso vão se tornando imprevisíveis. Modelos matemáticos que analisam os efeitos das mudanças climáticas sobre a disponibilidade de água no futuro indicam que haverá escassez em muitas regiões do planeta. São esperadas mudanças nos padrões de precipitação, pois: o maior aquecimento implica menor formação de nuvens e, consequentemente, a eliminação de áreas úmidas e subúmidas do globo. as chuvas frontais ficarão restritas ao tempo de permanência da frente em uma determinada localidade, o que limitará a produtividade das atividades agrícolas. as modificações decorrentes do aumento da temperatura do ar diminuirão a umidade e, portanto, aumentarão a aridez em todo o planeta. a elevação do nível dos mares pelo derretimento das geleiras acarretará redução na ocorrência de chuvas nos continentes, o que implicará a escassez de água para abastecimento. a origem da chuva está diretamente relacionada com a temperatura do ar, sendo que atividades antropogênicas são capazes de provocar interferências em escala local e global. 82 Questão 04 Água que nasce na fonte serena do mundo e que abre o profundo grotão água que faz inocente riacho e deságua na corrente do ribeirão águas escuras dos rios quelevam a fertilidade ao sertão águas que banham aldeias e matam a sede da população. Planeta Água, de Guilherme Arantes. Na atualidade, o debate em torno da utilização racional da água está em evidência. a) Aponte e explique duas formas de utilização dos recursos hídricos identificadas nos versos. b) Comente duas ações humanas que podem comprometer a qualidade das águas. Questão 05 Chama-se água virtual o volume total de água gasto na obtenção de um determinado bem. Essa denominação deve-se ao fato de, ao final do processo produtivo, a maior parte da água utilizada não estar contida efetivamente no produto confeccionado. Considerando que os países desenvolvidos apresentam elevado consumo de água virtual por habitante, indique dois fatores que explicam esse nível de consumo, justificando cada um deles. Questão 06 O governo federal brasileiro executa, sob responsabilidade do Ministério da Integração Nacional, o Projeto de Integração do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional. Esse projeto objetiva a transposição de parte das águas do Rio São Francisco por meio da construção de dois canais com 700 quilômetros de extensão total, os 83 A B C D E A B C D E quais viabilizarão o aumento da oferta de recursos hídricos em áreas semiáridas dos estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Sobre o assunto, assinale a alternativa correta. A realidade hídrica, principalmente nos aspectos relativos à oferta e uso das águas, é tema que, historicamente, não tem integrado o debate sobre o semiárido nordestino. A transposição das águas do Rio São Francisco não é vista como solução para resolver o problema do abastecimento das cidades e aliviar a sede dos nordestinos. O São Francisco é um rio inteiramente localizado no Nordeste semiárido, com nascente no estado da Bahia e foz no litoral de Pernambuco. A escassez de água no Nordeste brasileiro pode ser atribuída a características geoambientais específicas dessa região e, também, a falhas na gestão dos recursos hídricos por parte do poder público. As chuvas na Região Nordeste são bem distribuídas no tempo, graças a fenômenos climáticos, tais como o El Niño, que favorece a ocorrência de frentes frias causadoras de chuvas. Questão 07 Observe, atentamente, o desenho esquemático acima, correspondente a uma morfoestrutura observada no relevo submarino, fortemente influenciada pelas ações tectônicas. O que a seta está indicando? Planície Abissal Talude Continental Plataforma Continental Delta-Estuário Dorsal Oceânica Questão 08 Os ingredientes que compõem uma gotícula de nuvem são o vapor de água e um núcleo de 84 A B C D E condensação de nuvens (NCN). Em torno desse núcleo, que consiste em uma minúscula partícula em suspensão no ar, o vapor de água se condensa, formando uma gotícula microscópica, que, devido a uma série de processos físicos, cresce até precipitar-se como chuva. Na Floresta Amazônica, a principal fonte natural de NCN é a própria vegetação. As chuvas de nuvens baixas, na estação chuvosa, devolvem os NCNs, aerossóis, à superfície, praticamente no mesmo lugar em que foram gerados pela floresta. As nuvens altas são carregadas por ventos mais intensos, de altitude, e viajam centenas de quilômetros de seu local de origem, exportando as partículas contidas no interior das gotas de chuva. Na Amazônia, cuja taxa de precipitação é uma das mais altas do mundo, o ciclo de evaporação e precipitação natural é altamente eficiente. Com a chegada, em larga escala, dos seres humanos à Amazônia, ao longo dos últimos 30 anos, parte dos ciclos naturais está sendo alterada. As emissões de poluentes atmosféricos pelas queimadas, na época da seca, modificam as características físicas e químicas da atmosfera amazônica, provocando o seu aquecimento, com modificação do perfil natural da variação da temperatura com a altura, o que torna mais difícil a formação de nuvens. ARTAXO, Paulo et al. O mecanismo da floresta para fazer chover. Scientific American Brasil, ano 1, n. 11, abr. 2003. p. 38-45. (adaptado) Na Amazônia, o ciclo hidrológico depende, fundamentalmente: da produção de oriundo da respiração das árvores. da evaporação, da transpiração e da liberação de aerossóis que atuam como NCNs. das queimadas, que produzem gotículas microscópicas de água, as quais crescem até se precipitarem como chuva. das nuvens de maior altitude, que trazem para a floresta NCNs produzidos a centenas de quilômetros de seu local de origem. da intervenção humana, mediante ações que modificam as características físicas e químicas da atmosfera da região. Questão 09 As condições atuais do clima global são responsáveis pela diferenciação da salinidade dos oceanos em diferentes latitudes, conforme a ilustração abaixo. 85 A B C D A PINET, Paul R. Fundamentos de Oceanografia. São Paulo: LTC, 2017, p. 97. (adaptado) A partir do texto e do gráfico, é correto afirmar que: Os baixos teores de sais dos oceanos são observados em toda a faixa de baixas latitudes, em decorrência do balanço existente entre o excesso de precipitação e o declínio da evaporação ao longo de todo o ano. O excesso de precipitação nas áreas de médias latitudes e na proximidade dos polos é responsável pela ocorrência de maior salinidade nos oceanos do Hemisfério Sul. Nas áreas próximas a 90° de latitude, a salinidade dos oceanos é similar, pois as condições climáticas favorecem a ocorrência de grandes volumes de chuva e um grande deficit de evaporação. O percentual mais baixo de salinidade dos oceanos nas altas latitudes tem relação com a maior entrada de água doce nos oceanos, que ocorre em razão do derretimento de geleiras. Questão 10 O uso da água aumenta de acordo com as necessidades da população no mundo. Porém, diferentemente do que se possa imaginar, o aumento do consumo de água superou em duas vezes o crescimento populacional durante o século XX. TEIXEIRA, W. et al. Decifrando a Terra. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2009. Uma estratégia socioespacial que pode contribuir para alterar a lógica de uso da água apresentada no texto é a: ampliação de sistemas de reutilização hídrica. 86 B C D E • • • • • • • • • expansão da irrigação por aspersão das lavouras. intensificação do controle do desmatamento de florestas. adoção de técnicas tradicionais de produção. criação de incentivos fiscais para o cultivo de produtos orgânicos. A hidrografia refere-se aos fluxos e características das águas superficiais, como rios, lagos e mares, e subterrâneas, como os aquíferos. Esses fluxos e características estão envolvidos no ciclo de evaporação e precipitação que ocorre entre a superfície e a atmosfera, denominado ciclo da água. Cerca de 70,9% da superfície do planeta Terra é composta por água. De toda a água que cobre a superfície, 1,39 bilhão cerca de 97,5%, é salgada e apenas 2,5% corresponde à água doce. Denomina-se bacia hidrográfica a área de drenagem de um rio principal e seus afluentes e subafluentes. As bacias hidrográficas são separadas entre si pelos divisores de água ou interflúvios, incluindo o leito do rio, as margens, as várzeas, vertentes ou encostas. O conjunto de bacias vizinhas que apresentam semelhanças ambientais, sociais e econômicas formam uma região hidrográfica. Os rios são cursos d'água, com canais definidos, pertencentes a uma rede de drenagem. O início do escoamento é denominado de nascente e o fim, de foz. A morfologia litorânea analisa vários processos de transformação no relevo que ocorrem na faixa de contato entre os continentes, mares e oceanos. Os oceanos são grandes extensões de água salgada que ocupam as porções mais baixas do relevo terrestre. Estes são compostos por altos teores de sais como cloreto de sódio, magnésio, cálcio e potássio, sendo componentes importantes para entender a vida marinha, a possibilidade de utilização da água do mar para abastecimento e, até mesmo, para calcular a resistência deestruturas construídas nos oceanos. As correntes marítimas são massas de água que se deslocam no oceano com temperaturas e densidades diferentes das águas ao redor. Essas correntes são movimentadas pelos ventos e podem ser quentes ou frias, de acordo com seu local de origem. As características físico-ambientais brasileiras conferem ao país uma vasta rede de drenagem que se destaca quanto à extensão e à densidade de seus rios. As bacias hidrográficas, que são conjuntos de terras drenadas por um rio principal e seus afluentes, no Brasil, costumam ser agrupadas em seis bacias principais e seis ResumoResumo 87 • • secundárias. São exemplos de principais a Bacia Amazônica e a do São Francisco. Os desafios modernos da gestão pública são consideráveis, visto que, visando à sustentabilidade, é necessário gerir os recursos hídricos de modo a reduzir os índices de poluição e a contaminação dos corpos hídricos. É importante destacar que nem toda água que chega à superfície por meio da precipitação sofre infiltração. Isso ocorre porque, em algumas cidades, grande parte do solo encontra-se impermeável, por ser cimentado ou asfaltado. Esse ato pode causar problemas como enchentes e alagamentos. 88 GEOGRAFIA VER CAPÍTULO SLIDES DO CAPÍTULO Para começar e refletir A importância da água para a vida Dinâmica hídrica Águas continentais Morfologia litorânea Pratique: Conceitos de hidrografia e o ciclo hidrológico Dinâmicas oceânicas Oceanos e mares do mundo Pratique: Oceanos Aspectos gerais da hidrografia brasileira Bacias do Brasil I Bacias do Brasil II Bacias do Brasil III Bacias do Brasil IV Pratique: as principais características das bacias hidrográficas brasileiras O consumo de água Poluição das águas Atividade prática – analisando imagens de sensoriamento remoto Pratique: impactos nos recursos hídricos Pratique: Vestibulares e Enem Resumo