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ECOLOGIA E GESTÃO DOS 
RECURSOS NATURAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prezado(a) aluno(a)! 
Vamos abordar a questão das Unidades de Conservação Ambiental no País, 
o que evidencia a necessidade de uma terminologia precisa e completa, além de 
diretrizes para serem seguidas na determinação de uma nova política de 
conservação, controle, proteção e preservação de recursos naturais. Certamente, 
a criação destes espaços a serem protegidos, é um dos principais instrumentos de 
que dispõe o Poder Público para executar um planejamento ambiental coerente e 
para a efetiva implementação da Política Nacional do Meio Ambiente. A lacuna que 
atualmente se observa, deve ser preenchida com urgência por trabalhos a serem 
desenvolvidos por técnicos das mais diversas áreas, que compõem a esfera de 
atuação abrangida pelo assunto em questão, no intuito de buscar o melhor 
planejamento possível para todas as áreas do nosso território. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
AULA 07 – ÁREAS 
PROTEGIDAS E UNIDADES 
DE CONSERVAÇÃO 
 
 
 
7 ÁREAS PROTEGIDAS 
As áreas protegidas não são uma prática inventada recentemente, já existia 
em 252 a.C, quano o imperador da Índia proibiu a caça, pesca e extração de madeira 
em grandes áreas de seu império. Existem registros do ano de 684 (MILLER, 1997) 
e na Inglaterra em 1804, estabelecendo uma área protegida na ilha indonésia de 
Sumatra. O rei Guilherme I criou o primeiro inventário nacional de terras e recursos 
naturais produtivos e planejou seu uso (NOGUEIRA, 2018). 
No entanto, as primeiras preocupações sobre a necessidade de proteger os 
ecossistemas através da criação de áreas protegidas começaram a surgir durante a 
Revolução Industrial do século XIX, que provocou padrões de vida mais consumistas 
e aumentou a pressão sobre os recursos naturais. Um marco histórico para essa 
iniciativa foi a criação do Parque Nacional de Yellowstone, nos Estados Unidos, em 
1872. O Brasil só criou suas primeiras reservas em 1937, no Parque Nacional do 
Itatiaia, no Rio de Janeiro. 
As primeiras áreas protegidas foram criadas por beleza cênica, sem a 
consideração de critérios técnicos e científicos, resultando em criação e gestão 
ineficientes e sem finalidades ambientais específicas (PÁDUA, 1978). 
Inicialmente estabeleceu-se o conceito de conservação da natureza, baseado 
no consumo das paisagens e vivências em espaços naturais, e com o surgimento 
generalizado de áreas protegidas, surgiu a necessidade de sistematizar científica e 
tecnicamente essas áreas (NOGUEIRA, 2018). 
A primeira iniciativa para proteger os recursos naturais e introduzir técnicas de 
gestão foi a criação do Parque Nacional Krugel na África do Sul em 1899, que foi 
criado para restaurar as populações de animais ameaçados pela caça esportiva e 
predatória (NOGUEIRA, 2018). 
A criação de áreas protegidas tem se firmado como importante estratégia de 
conservação de biomas, ecossistemas e espécies da fauna e da flora, principalmente 
por meio da delimitação dessas áreas e da regulamentação de seu uso e ocupação 
(MILANO, 2001). 
Como tal, conforme a União Internacional para a Conservação da Natureza 
(IUCN) (2008), as áreas protegidas são geograficamente definidas, reconhecidas, 
 
 
designadas e geridas por meios legais, visando conservação a longo prazo da 
natureza, serviços ecossistêmicos, patrimônio e valores culturais. 
7.1 Importância das unidades de conservação 
Ao longo da história do Brasil, muitas vozes se manifestaram contra a 
exploração predatória dos recursos naturais. Ao longo do século XIX, a preocupação 
com os danos ambientais cresceu entre alguns intelectuais, e José Bonifácio de 
Andrada, desempenhou um papel fundamental na denúncia dessa atitude predatória. 
Uma grande motivação para proteger o meio ambiente natural foi de suma importância 
na construção da nação. Os recursos naturais são grandes ativos para o progresso 
futuro de um país e devem ser usados com sabedoria e cuidado (VILELA, 2014). 
A criação do Parque Nacional de Yellowstone nos Estados Unidos em 1872, 
abriu um novo campo de batalha para os brasileiros interessados em conservação: 
a criação de parques nacionais no Brasil. Mas os cenários político, econômico, social 
e cultural para a realização desse ideal, há muito permanecem desfavoráveis. Por 
mais de meio século, vários indivíduos fizeram campanha por um parque nacional, 
mas suas reivindicações não foram atendidas até 1937, onde foi criado o Parque 
Nacional do Itatiaia, e uma geração de conservacionistas tem trabalhado arduamente 
para consolidar e expandir o setor de conservação dos parques nacionais brasileiros. 
A geração de hoje deve muita gratidão a esses visionários do passado (LAGO, 1991). 
Embora muito progresso tenha sido feito, deve-se notar que ainda há muito a 
ser feito, particularmente no que diz respeito ao desenvolvimento de áreas protegidas, 
representação de ecossistemas e controle de qualidade de áreas protegidas. 
O primeiro a propor a criação de um parque nacional no Brasil foi o engenheiro 
André Rebouças (1838-1898). Com seu irmão Antonio, foi proprietário da Companhia 
Florestal Paranaense, a primeira madeireira privada autorizada a operar no Brasil. Em 
1876, inspirado por uma iniciativa norte-americana, Rebouças propôs dois locais para 
concretizar as suas ideias, a Ilha do Bananal no Rio Araguaia e Sete Quedas no Rio 
Paraná. Ele já tinha visto o progresso que o turismo poderia trazer, advindo da criação 
dos parques para aquelas regiões. 
A geração atual não tem nada melhor do que manter duas das mais belas ilhas, 
Araguaia e Paraná, livres do ferro e do fogo. Daqui a centenas de anos, nossos 
 
 
descendentes poderão ver um exemplar do Brasil criado por Deus. No Norte e no Sul 
encontrar os mais belos representantes da diversidade de flora e fauna, e sobretudo 
plantas sem igual no mundo (LAGO, 1991). 
Segundo Lago (1991), as condições políticas, sociais, econômicas e culturais 
do Império e da Primeira República (1889-1930) não favoreceram a implementação 
das propostas de André Rebouças. Ao contrário, combinaram-se com a degradação 
natural em favor da expansão econômica. Um imigrante português no Brasil em busca 
de riqueza. No entanto, isso pode ser alcançado com audácia, não com trabalho. Da 
nossa herança lusitana vem o nosso desejo de adquirir riquezas sem custos, com 
facilidade. Nossos ancestrais buscavam extrair grandes lucros da terra sem fazer 
grandes sacrifícios e sem se preocupar com o futuro. Como tal, os vários ciclos 
econômicos que o Brasil experimentou resultaram inevitavelmente na degradação 
ambiental e no uso excessivo dos recursos naturais (VILELA, 2014). 
As políticas fundiárias nacionais também contribuíram para a degradação 
ambiental. O Real Decreto nº 17 de 1822, aboliu o sistema de Sesmaria vigente no 
período colonial. Desde então, houve um período extrajudicial de terras públicas 
desreguladas, abrindo a possibilidade de apropriação de terras públicas por cerca de 
30 anos. Assim, a avalanche de ocupação de terras se intensificou. Em 1850, a Lei nº 
601 da Casa Imperial veio regulamentar a matéria, e após a extinção do sistema de 
Sesmaria, em 1822, os posseiros passaram a ter a propriedade das terras ocupadas. 
A Lei 601 estabeleceu as condições básicas para a legalização da posse: as terras 
deveriam estar cultivadas. 
Segundo Ometto (1981), nesse período, quando as terras públicas não eram 
regulamentadas, o café se consolidou como um dos principais produtos agrícolas do 
Brasil, estimulando ainda mais a grilagem de terras. Do estado do Rio de Janeiro, a 
cultura se expandiu para a Zona da Mata do Vale do Paraíba e Minas Gerais. O café 
substituiu a natureza em todos os lugares. 
Milhares de hectares de terras públicas foram legalizados por expropriadores 
por meio de vários meios fraudulentos. As plantações decafé proliferaram nesses 
países, e a especulação imobiliária em grande escala em torno dessas plantações 
contribuiu significativamente para a remoção da cobertura vegetal no Sudeste do 
Brasil (VANZOLINI, 1980). 
Em 1876, Rebouças fez uma proposta de criação de uma força de proteção no 
 
 
Brasil, mas ela não se concretizou durante a Primeira República. No início da era 
republicana, a economia brasileira era organizada segundo o modelo primário-
exportador. Ou seja, o país concentrou sua produção no abastecimento de 
commodities primárias destinadas ao abastecimento do mercado externo. O poder 
político e econômico concentrava-se nas mãos de oligarcas ligados à exportação 
agrícola, relutantes em reservar áreas para a conservação da natureza em detrimento 
do potencial de aumento da atividade econômica. 
A Primeira República também foi o ápice do liberalismo brasileiro, nascido da 
Constituição de 1891. O estado liberal limitava-se essencialmente a manter a ordem 
pública, a liberdade, a propriedade e a segurança pessoal. A Constituição garante 
plena autonomia do Estado e poder irrestrito sobre a propriedade dos donos de terras. 
Coerente com os ideais liberais, o direito de propriedade atingiu sua perfeição, não 
permitindo que nenhum governo interferisse na forma como os proprietários utilizavam 
os recursos naturais de suas terras. As leis destinadas a controlar a exploração dos 
recursos naturais não foram bem recebidas pela oligarquia governante (VILELA, 
2014). 
No entanto, a destruição da natureza começou a despertar o espírito de 
conservação e a agitação em grandes segmentos da população, que levantou-se para 
seguir em frente (VANZOLINI, 1980). 
No início do século XX, o jornalista Euclides da Cunha (1866-1909) publicou os 
ensaios Fazedores dos Desertos e Entre as Ruínas, nos quais explorou inúmeros 
estoques armazenados ao longo das servidões da ferrovia e terrenos abandonados 
de uma plantação de café após promover o esgotamento total do solo. A classe média 
da cidade, alarmada com essas publicações, acusou proprietários de terras e 
funcionários da ferrovia de causar tais problemas, e funcionários do governo também 
os acusaram de permitir que eles o fizessem (VANZOLINI, 1980). 
No mesmo período, o governo paulista buscava modernizar suas instituições 
para promover o desenvolvimento econômico do estado. Um fator estratégico nessa 
visão foi fazer o melhor uso possível dos recursos naturais. Então iniciou-se a 
contratação de vários cientistas e engenheiros para agências governamentais. Alguns 
se tornaram líderes importantes na luta para proteger os recursos naturais. Dentre 
eles, destaca-se Alberto Loefgren, Orville Derby, Herman Von Ihering e Edmundo 
Navarro de Andrade. 
 
 
A análise do governo concluiu pela necessidade de um órgão único para gerir 
a política de conservação dos recursos naturais renováveis do país. Posteriormente, 
o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) 
foi formado a partir da fusão do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal 
(IBDF), da Secretaria Especial do Meio Ambiente (Sema), da Agência de Fomento e 
Fiscalização Pesqueira e da Seringueira Agência de Inspeção. Experiência repetida 
de criação de IBDF e integração de órgãos sem preparação prévia (VANZOLINI, 
1980). 
A década de 1980 foi mais liberal na conservação do que nas décadas 
anteriores. Além disso, 14 parques nacionais, 15 florestas nacionais, 3 reservas 
naturais, 21 ecostações, 16 bioreservas e 6 ecoreservas foram criados sob jurisdição 
federal (ZENY, 1997). 
Na década de 1990, houve grande incremento das unidades de conservação 
no Brasil. A partir de 1991, começou a ser executado o Programa Nacional do Meio 
Ambiente – PNMA I. Seu planejamento se deu no período de 1987 a 1989 e sua fase 
I durou de 1991 a 1998, contemplando investimentos da ordem de 170 milhões de 
dólares em três componentes: 
 Fortalecimento institucional; 
 Unidades de conservação; 
 Proteção de ecossistemas. 
Segundo Dourojeanni (2001), em 1991, foi criada a primeira Reserva da 
Biosfera da Mata Atlântica do Brasil. Então, em 1994, foi criada a Reserva da Biosfera 
do Cerrado, do Pantanal em 2000, Caatinga e Amazônia Central em 2001 e Serra do 
Espinhaço em 2005. 
De acordo com Dourojeanni (2001), em 1992, como parte da Eco-92, foi 
lançado um programa piloto para a proteção das florestas tropicais no Brasil - o PPG7. 
O programa foi proposto na Cúpula do Grupo dos Sete (G7) de 1990 em Houston, 
Texas. O chanceler alemão Helmut Kohl pediu a criação de um programa piloto para 
trabalhar em conjunto para reduzir a taxa de desmatamento nas regiões tropicais do 
Brasil. Representantes do governo brasileiro, do Banco Mundial e da Comissão 
Europeia estão trabalhando para criar o programa, a proposta foi aprovada pelo G7 e 
pela Comissão Europeia em dezembro de 1991 e os primeiros projetos começaram a 
ser implementados em 1995. 
 
 
O programa consiste em uma série de projetos integrados do Governo Federal 
e da sociedade civil. Seu objetivo é programar um modelo de desenvolvimento 
sustentável nas florestas tropicais brasileiras, ou seja, melhorar os benefícios 
ecológicos dos ecossistemas conforme as metas de desenvolvimento do Brasil. 
Representa uma tentativa de implementar um modelo de desenvolvimento endógeno 
na Amazônia legítima. (ZENY, 1997). 
No Brasil, até meados da década de 1970, a criação das UC's obedeciam a 
critérios estéticos preponderantes ou respondia a circunstâncias políticas favoráveis. 
Nunca houve uma forma mais abrangente de planejamento. Pádua e Quintão (1984) 
relatam que as unidades de conservação brasileiras criadas entre 1937 e meados da 
década de 1970 não seguiam padrões técnicos e científicos, muito menos a ideia do 
sistema. Isso é chamado de planejamento ad hoc, e é definido como o planejamento 
de áreas protegidas com base apenas em questões de uso da terra, com igual 
prioridade, sem considerar a conservação da biodiversidade em todos os níveis 
(SHIGUNOV, 2009). 
Essa realidade começou a mudar a partir de 1976 com a elaboração do 
documento Análise de Prioridades para a Conservação da Amazônia (Wetterberg et 
al., 1976) e a proposta de um sistema de unidades de conservação do Brasil. No 
entanto, esses planos não foram traduzidos em legislação abrangente sobre o 
Sistema Nacional de Unidades de Conservação. Em meados da década de 1980, o 
Brasil era um dos três países sul-americanos que ainda não havia iniciado a 
elaboração de legislação para um sistema nacional de áreas protegidas. 
Foi em 1988 que começaram as discussões sobre a legislação para 
estabelecer tal sistema. Como resultado, a Lei n.º 9.985 foi promulgada em 2000, 
instituindo o Sistema Nacional de Unidades Protegidas (SNUC). Esta lei estabelece 
padrões e normas para a criação, implantação e gestão de unidades de conservação. 
O SNUC é formado por vários grupos conservacionistas federais, estaduais e locais 
que cumprem a lei. Os objetivos nacionais de conservação estabelecidos no SNUC, 
que devem nortear as ações das entidades envolvidas na gestão ambiental, são os 
seguintes: 
 Contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos 
genéticos no território nacional e nas águas jurisdicionais; 
 Proteger as espécies ameaçadas de extinção em âmbito regional e nacional; 
 
 
 Contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas 
naturais; 
 Promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais; 
 Promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza no 
processo de desenvolvimento; 
 Proteger as paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica; 
 Proteger as características relevantes de natureza geológica, geomorfológica, 
espeleológica, arqueológica, paleontológica e cultural; 
 Proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos; Recuperar ou restaurar ecossistemas degradados; 
 Proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica, estudos 
e monitoramento ambiental; 
 Valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica; 
 Favorecer condições e promover a educação e interpretação ambiental, 
recreação ao ar livre e ecoturismo; 
 Proteger os recursos naturais necessários à sobrevivência das populações 
tradicionais, respeitando e valorizando seus conhecimentos e cultura e 
promovendo-os social e economicamente. 
Com base em características específicas, foram criados pelo SNUC dois 
grupos de Unidades de Conservação distintos: as Unidades de Proteção Integral e as 
Unidades de Uso Sustentável. Cada grupo reúne diversas categorias de manejo para 
as UCs. 
No final da década de 1980, a legislação sobre Unidades de Conservação 
encontrava-se bastante dispersa. Em 1988, no âmbito do Programa Nacional de Meio 
Ambiente (PNMA), o IBDF tomou uma iniciativa para estabelecer uma legislação 
abrangente sobre essa temática. Encomendou a elaboração de um anteprojeto de lei 
para instituir o Sistema Nacional de Unidades de Conservação, a Fundação Pró-
Natureza (Funatura). Essa organização não governamental era dirigida por Maria 
Tereza Jorge Pádua, uma das principais autoras das duas etapas do Plano do Sistema 
de Unidades de Conservação do Brasil, elaboradas em 1979 e 1982, respectivamente 
(SHIGUNOV, 2009). 
As unidades de conservação no Brasil estiveram subordinadas ao Serviço 
 
 
Florestal (1938 a 1962), ao Departamento de Recursos Naturais Renováveis – DRNR 
(1962 a 1967), ao Instituto Brasileiro do Desenvolvimento Florestal – IBDF (1967 a 
1989) e ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis 
– IBAMA (1989 até o presente). As áreas de proteção ambiental e as estações 
ecológicas estiveram subordinadas à Secretaria Especial do Meio Ambiente (Sema) 
de 1981 a 1989, quando passaram à subordinação do IBAMA. Desde a década de 
1940, existe uma luta para a criação de um Instituto Brasileiro de Unidades de 
Conservação (ZENY, 1997). 
A história das instituições responsáveis pela gestão das unidades de proteção 
mostra que desaparecer e criar novas unidades não resolve o problema. O IBDF foi 
estabelecido como uma organização independente como parte das reformas 
administrativas de 1967. A independência foi o compromisso do governo federal em 
implementar controles modernos e ágeis. No entanto, os resultados obtidos ficaram 
aquém das expectativas. Como será relatado posteriormente, o ambiente institucional 
em que as instituições públicas operam no Brasil não é propício para alcançar bons 
resultados. Uma nova diretoria será criada, mas as velhas práticas de gestão serão 
reproduzidas. Nenhum esforço é feito para construir uma cultura organizacional 
voltada para resultados (SHIGUNOV, 2009). 
Um grande desafio no início do século XXI é modernizar a gestão das 
organizações responsáveis pelo setor da conservação e avançar para uma gestão de 
qualidade. Só assim podemos realmente garantir a conservação efetiva da 
biodiversidade (ZENY, 1997). 
7.2 AS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO COMO ORGANIZAÇÕES 
Segundo Zeny (1997), no Brasil, as unidades de conservação – UC’s, são 
definidas como um espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo águas 
jurisdicionais com características naturais relevantes, legalmente instituídos pelo 
poder público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial 
de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção (Lei nº 
9.985/2000). No entanto, é preciso ampliar essa visão, levando-se em conta que as 
unidades de conservação são organizações (Lei n.º 9.985 de 2000). No entanto, essa 
visão precisa ser ampliada, tendo em vista que as unidades de conservação são 
 
 
organizações. 
Uma organização pode ser entendida como um grupo planejado de pessoas 
que visam atingir um ou mais objetivos, geralmente refletidos no fornecimento de bens 
ou serviços. Cada organização existe para oferecer uma combinação de bens e 
serviços a seus usuários (clientes). Os produtos e serviços oferecidos pelas 
organizações conservacionistas variam conforme a divisão administrativa a que 
pertencem. Em geral, são ambientes adequados para recursos naturais conservados, 
recursos naturais usados de forma sustentável, remediação ambiental, pesquisa 
científica e aplicações ecológicas como regulação do clima, proteção de recursos 
hídricos, ciclagem de nutrientes, polinização e controle de pragas (SHIGUNOV, 2009). 
Os usuários das unidades de armazenamento se beneficiam dos bens e 
serviços oferecidos, público, governos reguladores, comunidades locais, 
pesquisadores, governos locais, turistas, grupos interessados em manter os serviços 
ecossistêmicos. A visão das unidades de proteção como uma organização abre 
caminhos promissores, pois permite o uso de modernas técnicas de gestão para 
gerenciá-las (BARBIERI, 2007). 
De acordo com uma abordagem sistemática, qualquer organização - escola, 
posto de saúde, de proteção - é vista como um sistema aberto e dinâmico que interage 
constantemente com seu ambiente. É concebida como um sistema sociotécnico 
estruturado sobre dois subsistemas: 
 Subsistema social: composto por todas as pessoas que trabalham na 
organização – gerentes, trabalhadores – com suas habilidades e atitudes, com 
todos os seus relacionamentos, necessidades, valores, crenças, 
compreensões a respeito do trabalho e da organização. 
 Subsistema técnico: compreende as tarefas a serem desempenhadas, as 
instalações físicas, os equipamentos e instrumentos utilizados, as utilidades e 
técnicas operacionais, o ambiente físico e a maneira como está disposto, bem 
como a duração da operação das tarefas. 
Segundo Ometto (1981), o subsistema técnico é responsável pela eficiência 
potencial da organização, cabendo ao subsistema social transformar a eficiência 
potencial em real. Os dois subsistemas se inter-relacionam, influenciam-se 
mutuamente e são interdependentes. Daí não é possível definir uma organização 
apenas como um sistema técnico ou como um sistema social, ou seja, eles não podem 
 
 
ser considerados separadamente. Qualquer mudança em um subsistema trará, 
inevitavelmente, consequências para o outro. 
A gestão das áreas protegidas no Brasil continua focada nos aspectos técnicos 
dos subsistemas. Praticamente nada foi relatado sobre subsistemas sociais e cultura 
organizacional. Uma análise dos registros de quatro Conferências da Sociedade 
Conservacionista Brasileira realizadas entre 1997 e 2004, constatou que dos 490 
trabalhos apresentados, apenas 1 estava superficialmente preocupado com a unidade 
de consevação como uma organização. Apenas um, e apenas um desses trabalhos 
tratou de questões sociais como um subsistema. 
Conforme Ometto (1981), no Brasil, isso representa um grande paradoxo, pois 
a baixa eficácia da gestão é explicada principalmente por problemas do subsistema 
social. Uma cultura organizacional não orientada para resultados, baixo 
reconhecimento e reconhecimento dos funcionários leva a alta motivação, conflito 
entre os membros da equipe, baixa iniciativa e capacidade de inovar. Por esse motivo, 
mesmo as UC’s estabelecidas, com corpo técnico e instalações adequadas, não 
apresentam os resultados esperados. 
Compreender a cultura organizacional é uma parte essencial para melhorar a 
gestão de áreas protegidas. Cultura organizacional é o conjunto de costumes, 
crenças, valores e tradições, interações e relações sociais inerentes a qualquer 
organização. Representa a forma tradicional e costumeira de pensar e fazer as coisas 
compartilhada por todos os membros da organização. Também representa um código 
informal e não escrito que orienta as ações cotidianas dos membros da organização 
e direciona suas ações para o alcance dos objetivos da organização. A cultura 
organizacionalinfluencia o comportamento de todos os indivíduos e grupos dentro da 
organização, podendo afetar o dia a dia. Suas decisões, atributos dos funcionários, 
formas de recompensa e punição, estilos de liderança utilizados, processos de 
comunicação, etc. Nesse sentido, acaba por reforçar o comportamento de seus 
membros, decidindo o que seguir e o que deve ser evitado (BARBIERI, 2007). 
A atual cultura organizacional dos grupos conservacionistas e das 
administrações públicas, reflete a cultura burocrática patrimonial do setor público 
brasileiro. Você não precisa se preocupar em atender adequadamente seus usuários, 
aumentar a produtividade e reduzir custos para a sociedade. Grande parte da 
mudança nas práticas de gestão dos grupos conservacionistas no Brasil, dependem 
 
 
de mudanças na cultura dessas instituições. Portanto, para que os atores 
conservacionistas alcancem plenamente seus objetivos de manejo, eles precisam 
criar uma nova cultura com fundamentos profundamente enraizados para um bom 
manejo (VILELA, 2014). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
BARBIERI, J. C.; SIMANTOB, M. (org.). Organizações inovadoras sustentáveis: 
uma reflexão para o futuro das organizações, São Paulo: Atlas, 2007. 
DOUROJEANNI, M. J.; PÁDUA, M. T. J. Biodiversidade: a hora decisiva. Curitiba: 
Ed. da UFPR, 2001. p. 41-69. 
INTERNATIONAL UNION FOR CONSERVATION OF NATURE (IUCN). Speaking a 
commom language. 2004. Disponível em: Acesso em: 11 abr 2023. 
MILANO, M.S. Unidades de Conservação, Conceitos Básicos e princípios Gerais 
de Planejamento, Manejo e Administração. In Curso de Manejo de Áreas Naturais 
Protegidas. Unilivre. Curitiba, Paraná, 1997. 129 p. 
MILLER, K. R. Evolução do conceito de áreas de proteção: oportunidades para 
o século XXI. IN: CONGRESSO BRASILEIRO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO, 
1, 1997, Curitiba. Anais... Curitiba, Paraná: 1997. v.1, p. 3 – 21. 
NOGUEIRA Barbara Gabriele de. et al. Introdução às unidades de 
conservação.2018. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal - 
Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2018. 
OMETTO, J. C. Bioclimatologia vegetal. São Paulo: Ed. Agronômica Ceres, 1981, 
440 p. 
PÁDUA, M. T. J. Categorias de unidades de conservação – objetivos de manejo. 
Boletim FBCN, 1978. 
SHIGUNOV Neto, A.; CAMPOS, L. M. S.; SHIGUNOV, T. Fundamentos da gestão 
ambiental. Rio de Janeiro: Moderna, 2009. 
VANZOLINI, P.E. 1980. Questões ecológicas ligadas à conservação da natureza 
no Brasil. São Paulo: Instituto de Geografia – USP. 
 
VILELA, Frederico Macedo. BOMFIM, Tuliane Machado. Gestão de unidades de 
conservação: princípios e ações para um meio ambiente equilibrado. V 
Congresso Brasileiro de Gestão Ambiental. Belo Horizonte. 2014. 
ZENY, A.S. et alii. Curso de Gestão Ambiental. Goiânia: CNI/SENAI, 01-05 dez. 
1997. 
 
 
Barbara Gabriele de Souza Nogueira 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
	7 Áreas protegidas
	7.1 Importância das unidades de conservação
	7.2 AS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO COMO ORGANIZAÇÕES
	REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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