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INTRODUÇÃO 
AOS ESTUDOS 
GEOGRÁFICOS
Anna Paula Lombardi
Paradigmas em geografia
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Caracterizar o determinismo geográfico.
  Explicar a relação entre os seres humanos e o meio.
  Comparar a geografia determinista e a geografia possibilista.
Introdução
A geografia percorreu um longo caminho até se constituir como ciência 
e formar seus paradigmas próprios. Os paradigmas procuram explicitar os 
elementos do discurso científico que têm importância universal. Para Kuhn 
(2006), os paradigmas são realizações científicas universalmente reconhecidas 
que, durante algum tempo, fornecem problemas e soluções modeladoras 
do conhecimento científico para a comunidade de praticantes de uma 
ciência. Por meio deles, é possível eleger o que é importante para a pesquisa.
Quando surgem, as novas ciências não têm um paradigma estabelecido, 
de modo que são chamadas por Kuhn (2006) de ciências imaturas. Para ele, 
quem faz ciência na ausência de um paradigma unificador se depara com 
uma coleção arbitrária de conceitos não organizados, sem qualquer estrutura 
integradora capaz de lhes dar coerência e unidade, ou então com múltiplas 
propostas de estruturas integradoras incompatíveis entre si. Na geografia, a 
primeira teoria ou paradigma foi o determinismo geográfico, proposto pelo 
alemão Friedrich Ratzel. Há ainda outros quatro paradigmas importantes: 
possibilismo geográfico, método regional, nova geografia e geografia crítica.
O determinismo geográfico e as suas 
características
O determinismo geográfi co também é conhecido como determinismo ambiental. 
Como você sabe, o desenvolvimento das grandes potências da Europa e da Amé-
rica foi possível por meio de vantagens relacionadas ao território, à localização e 
principalmente às questões ambientais. Em meados do século XVI, a geografi a, 
por meio do senso comum e aliada às explicações religiosas e ao conhecimento 
fi losófi co, orientou as preocupações do homem em relação ao universo. Somente 
após o século XVI, com a perda de espaço da religião, é que a ciência seguiu uma 
linha de pensamento que propunha encontrar um conhecimento embasado em 
maiores garantias, ou seja, na procura do real ou das realidades estabelecidas na 
superfície terrestre. Assim, a geografi a não buscava mais compreender os fenô-
menos apenas por meio das descrições da natureza. Ela procurava compreender 
as relações entre os fenômenos aliando a observação científi ca ao raciocínio.
A expressão “determinismo geográfico” foi criada pelo etnógrafo e geó-
grafo alemão Friedrich Ratzel (1844–1904), que contribuiu para a história do 
pensamento geográfico e geopolítico. Segundo Moreira (2014), a modernidade 
industrial e a geografia fragmentária dos séculos XIX e XX foram construídas 
a partir do holismo e com as características do século das luzes. Nesse perí-
odo, a geografia teve como particularidade a organização do conhecimento 
científico, e o positivismo aparece como a matriz paradigmática.
De acordo com Côrrea (2000), os geógrafos deterministas, junto à geografia 
tradicional em suas diversas versões, privilegiaram os conceitos de paisagem e 
região, estabelecendo discussões sobre o objeto da geografia e a sua identidade 
em relação às demais ciências. Nesse período, a abordagem espacial, associada 
à localização das atividades dos homens, era secundária. Ratzel também definiu 
o que chamou de “espaço vital”, compreendido como base indispensável para 
a vida do homem e determinante para as condições de trabalho, sendo elas 
naturais ou socialmente produzidas. Portanto, para Ratzel, o espaço vital é o 
domínio do espaço transformando-se em elemento para a história do homem.
Moreira (2014) explica que a geografia, nessa ordem paradigmática, se 
consolidou com o surgimento das “geografias sistêmicas”, originadas da 
interface da geografia com outras ciências. Considere, por exemplo, que da 
união entre a geografia e a geologia surgiu a geomorfologia; da união entre 
a meteorologia e a geografia, a climatologia; e da união entre a geografia e a 
biologia, a biogeografia. Essa tendência fragmentária se opôs a uma tendência 
surgida com a manifestação geral das ciências, o que repercutiu na geografia 
por meio da criação das conhecidas geografia humana, geografia física e 
geografia regional. Essa tendência da geografia veio na trilha do positivismo 
e foi uma expressão do novo paradigma que teve início na Alemanha.
As ideias de Friedrich Ratzel contribuíram para a institucionalização cien-
tífica da geografia. Compreender o pensamento de Ratzel implica entender o 
período histórico em que ele viveu e produziu suas obras. Ratzel tem formação 
geográfica, porém também estudou farmácia e zoologia. Seus estudos tiveram 
Paradigmas em geografia2
a influência de Ernst Haeckel (1834–1919). O mentor de Ratzel foi o criador 
da ecologia, a disciplina que examina a interação entre o homem e o meio. 
Portanto, Ratzel desde a juventude tinha uma visão orgânica e evolucionista 
do mundo (ARCASSA; MOURÃO, 2011).
Haeckel foi um biólogo, naturalista, filósofo, médico, professor e artista alemão que 
ajudou a popularizar o trabalho de Charles Darwin. Ele foi um dos grandes expoentes 
do cientificismo positivista.
Na escola alemã, contudo, Ratzel defendia um império colonial alemão. 
Ele trabalhou na África e confeccionou um mapa do continente, que não era 
muito conhecido no final do século XIX. A África, apesar de pouco conhecida, 
já era disputada pelas potências europeias. Ao mesmo tempo, Ratzel escreveu 
as obras teóricas Estudo sobre o espaço político, em 1895, Estado e Solo, em 
1896, e Geografia política: uma geografia dos estados, do comércio e da 
guerra, em 1897. Ratzel também publicou Alemanha: introdução a uma ciência 
do país natal, em 1898. Nessa obra, ele expõe seu ponto de vista ambicioso a 
respeito da cientificidade, identificando as leis objetivas do desenvolvimento 
geográfico (ARCASSA; MOURÃO, 2011).
Por fim, em 1902, Ratzel elaborou mais uma obra de caráter filosófico, A 
Terra e a vida: uma geografia comparada. Nessa obra, ele esclarece a questão 
do misticismo e a comparação entre a biogeografia e a geografia humana. Para 
Ratzel, todas as dinâmicas das atividades humanas estão tomadas pelas perspec-
tivas vitais, biológicas, políticas e orgânicas, com a influência direta da geografia 
ou da superfície terrestre e com as particularidades desse ramo de estudo. São 
essas características que marcam a teoria do determinismo geográfico.
Durante seus estudos no ensino superior, Ratzel conheceu a obra A Origem das Espécies, 
de Charles Darwin, que influenciou grande parte de seus estudos futuros, tanto os de 
cunho naturalista quanto os de teor político. Após concluir seus estudos na Universidade 
3Paradigmas em geografia
A relação entre os seres humanos e o meio 
na perspectiva geográfica
A relação entre a sociedade e a natureza ou entre os seres humanos e o meio 
faz parte das particularidades que cercam a ciência geográfi ca moderna. Tal 
ciência tem como aspecto fundante a expansão do conhecimento da superfí-
cie terrestre por parte dos homens. No período moderno, a Terra passa a ser 
encarada como um objeto de estudo da geografi a.
Para entender melhor a relação entre a sociedade e a natureza, é necessário 
conhecer as obras dos grandes pioneiros da modernidade. Immanuel Kant 
(1724–1804) foi um deles. Ele contribuiu para a geografia moderna conciliando 
a matemática para a esfera do tratamento científico da natureza com a mate-
mática institucional para a esfera do tratamento científico do homem. Desse 
modo, nasceram as ciências naturais e as ciências humanas (MOREIRA, 2010).
A ciência moderna geográfica começou a se institucionalizar em meados do 
século XIX. Três acontecimentos importantes levaram à institucionalização. 
Os dois primeiros estão relacionados às funções sociais: as guerras inglesa e 
francesa, que eclodiram na Europa entre os séculosXVI e XVII. O terceiro 
foi a Revolução Industrial. Tudo isso levou ao surgimento de um novo modo 
de produção, vigente até os dias de hoje, que substituiu o sistema feudal. Tal 
modo de produção foi essencial para que a ciência geográfica moderna definisse 
novos objetos de estudo, que serviriam para formular as primeiras teorias e 
métodos para a modificação das paisagens naturais. Nesse contexto, surgiu 
também uma sociedade marcada pela hierarquia de classes sociais, o que foi 
tema de diversos estudos (BERGAMO, 2014).
Na virada do século XIX para o XX, nasceram a geografia física e a geografia 
humana. As subáreas da geografia física são a geomorfologia, a climatologia e 
a biogeografia. Assim, a geografia física estuda os aspectos físicos e naturais. 
de Jena, na Alemanha, Ratzel realizou pesquisas e publicou alguns estudos com base 
no darwinismo e outros com base no naturalismo.
Em 1870, Ratzel se alistou nas tropas alemães, pois objetivava combater a França de 
Napoleão III. Depois, ele viajou pela Itália (1872) e pelos Estados Unidos (1873). Foi na 
observação do espaço americano que se tornou um geógrafo. Em 1876, Ratzel ocupou 
a cadeira de geografia da Universidade Técnica de Munique. A sua tese intitula-se A 
emigração chinesa. Nesse trabalho, ele dedica sua atenção à geografia, aos movimentos 
da população sobre o Planeta e às diferentes formas de invasão. Em 1886, Ratzel foi 
nomeado para a cadeira de geografia da Universidade de Leipzig. Essa trajetória 
contribuiu para o avanço do pensamento geográfico (ARCASSA; MOURÃO, 2011).
Paradigmas em geografia4
Já as subáreas da geografia humana são a geografia agrária, a geografia ur-
bana e a geografia econômica. Nesse período, a geografia física e a geografia 
humana eram simples nomenclaturas que não ofereciam referências teóricas e 
metodológicas, embora o neokantismo tenha oferecido tais referências para o 
plano geral das ciências, reafirmando o modelo matemático para as ciências 
naturais e introduzindo o modelo das regras e normas culturais para as ciências 
humanas. Logo, seguiu-se uma direção epistemológica (MOREIRA, 2010).
A ciência geográfica moderna teve sua origem na dicotomia referida an-
teriormente. Tal dicotomia ocorreu porque os estudos das ciências exatas, da 
astronomia, da matemática e da física acabaram por originar novos instrumentos, 
como as locomotivas e as máquinas a vapor. Além disso, os aspectos econômicos 
estabeleceram uma nova ordem social. Isso levou diversos pensadores e geógrafos 
a pesquisar e escrever obras com viés teórico e com um método estabelecido. A 
questão do método é importante pois diz respeito à construção de um sistema 
intelectual que possibilita abordar analiticamente uma realidade a partir de 
um ponto de vista, e não de dados estabelecidos a priori (BERGAMO, 2014).
A seguir, veja alguns autores e obras que contribuíram para a compreensão da relação 
entre sociedade e natureza e possibilitaram a evolução do pensamento geográfico 
(MOREIRA, 2010).
  Eliseé Reclus (1830–1905): sua obra A Terra: descrição dos fenômenos, de 1869, inspirou 
estudos do quadro físico do Planeta até o surgimento do Tratado da Geografia Física, de 
Emmanuel de Martonne (1873–1955). Além disso, sua obra A nova geografia universal, 
de 1875, publicada em Paris, trouxe um olhar libertador sobre a natureza e o homem. 
O autor a escreveu com a ideia de tratar da organização espacial das ações humanas.
  Vidal de La Blache (1845–1918): sua obra Quadro da Geografia da França, de 1903, 
aborda os aspectos da regionalização. Já sua obra Princípios da geografia humana, 
de 1922, é relacionada à geografia da civilização e ao gênero de vida.
Como você pode notar, os estudos do período foram importantes para a compre-
ensão da relação dos homens com a natureza, relação esta que passou a incorporar 
a cultura industrial. A partir da técnica, foi possível, por exemplo, estudar as 
distâncias, o que facilitou o deslocamento de pessoas e mercadorias por meio de 
trens, navios e automóveis. Nesse período, a natureza já era compreendida como 
recurso, mas, para se chegar nessa perspectiva, foi necessário incorporar a natureza 
à vida social, o que ocorreu por meio das técnicas desenvolvidas e aperfeiçoadas 
5Paradigmas em geografia
que começaram a fazer parte da cultura vigente, mesmo que ainda em escala 
local e regional. Além disso, as mudanças radicais na relação entre o homem e a 
natureza foram incorporadas ao território ocupado. Assim, surgiram as imagens de 
satélites, que permitiram conhecer toda a superfície terrestre (WENDEL, 2005).
Hoje, como você sabe, os homens se encontram cada vez mais na condição 
de produtores da natureza. Desde 1970, vem se acentuando a globalização, por 
meio do processo internacional de integração econômica entre as diferentes 
sociedades. Logo, o homem passa a dominar a natureza utilizando tecnologias 
com o objetivo de acumular capital. Isso tudo acaba aprofundando ainda mais 
a crise mundial e as desigualdades.
As relações entre a geografia determinista 
e a geografia possibilista
A geografi a determinista e a geografi a possibilista foram importantes para a 
consolidação dos primeiros paradigmas da geografi a moderna. Tais paradig-
mas estão relacionados com o método tradicional da geografi a, do período de 
1870 até 1950. A história do pensamento geográfi co enfatiza a falsa dualidade 
entre o determinismo e o possibilismo. No período mencionado, estavam em 
cena a escola determinista alemã e a escola possibilista francesa, considerada 
banal por alguns autores. Ao se comparar a obra de Ratzel com a de Vidal de 
la Blache, costuma-se opor o pensamento determinista do primeiro ao pen-
samento possibilista do segundo. Porém, essas particularidades e o dualismo 
não condizem com o propósito das teorias.
Ratzel foi muito importante para a sistematização da geografia moderna. 
Ele desenvolveu estudos geográficos pioneiros especialmente direcionados à 
discussão dos problemas humanos, integrados à área que Ratzel chamou de 
antropogeografia. Esses estudos, com caráter interdisciplinar, tiveram como 
objetivo principal compreender as diversas formas de circulação de pessoas 
e bens materiais e a distribuição dos povos sobre a superfície terrestre. Desse 
modo, Ratzel considerava a influência das condições naturais sobre o com-
portamento humano, o que culminaria no determinismo. Ele também levava 
em conta as formações do território e, intimamente ligada a elas, a dimensão 
política da relação entre o homem e a natureza (SOUZA et al., 2016).
Vidal de la Blache teve a iniciativa de inserir e institucionalizar a geografia 
na França. Por mais conflitante que isso pareça, ele tomou como referência 
as obras e os pensamentos de geógrafos alemães (Humboldt, Ritter e, inclu-
sive, Ratzel). Vidal de La Blache realizou estudos bastante inovadores na 
Paradigmas em geografia6
geografia e deu sustentação à criação da escola francesa de geografia, que 
influenciou o desenvolvimento dessa ciência em diversas partes do mundo. 
Seu pensamento geográfico teve como características fundantes as ideias de 
totalidade, possibilismo, mapeamento das densidades e do gênero de vida. 
Contudo, as obras dos dois geógrafos jamais podem ser consideradas algo 
simples e acabado. Ambas suscitam muitas indagações e acirram os ânimos 
de diversos estudiosos da geografia e de outras ciências (SOUZA et al., 2016).
No Quadro 1, a seguir, você pode ver alguns outros paradigmas da geografia.
Fonte: Adaptado de Morais e Diniz (2008).
Método 
regional
É o terceiro paradigma e ganha expressão apenas em 1940, nos 
Estados Unidos, tendo como incentivador o geógrafo ameri-
cano Richard Hartshorne. Esse paradigma se caracteriza por 
utilizar modelos matemáticos e estatísticos, desenvolver diagra-
mas e matrizes e utilizar a análise fatorial e a cadeia de Markov 
na geografia. Esse método também é marcado pela neutrali-
dade científica que se associa à difusão do sistema capitalista.
Nova 
geografia
O quartoparadigma é o da geografia teórico-quantitativa 
ou nova geografia. O momento histórico foi determinante e 
consolidou essa corrente marcada pela situação socioeco-
nômica em que vivia o mundo no pós-Segunda Guerra. O 
panorama de destruição fez com que os geógrafos procu-
rassem novas formulações para superar a crise econômica 
capitalista. Essa corrente efetua uma crítica à geografia 
tradicional pela insuficiência da sua análise.
Geografia 
crítica
O quinto paradigma é o da geografia crítica, que coloca sob 
severas críticas a nova geografia (método regional) e as ou-
tras correntes de tendência tradicional (a geografia determi-
nista e a geografia possibilista). Esse paradigma está pautado 
no materialismo histórico e na dialética marxista.
Geografia 
humanista 
e cultural
O método da geografia humanista e cultural foi criado pra-
ticamente junto ao método crítico e é considerado o sexto 
paradigma. Ele defende que, no entendimento das questões 
humanas, a cultura é primordial. Ela é mediadora entre o ser 
humano e a natureza e é o resultado da comunicação no 
grupo, na sociedade. Esse paradigma permite compreender 
como os homens se estabelecem na sociedade, como se 
organizam e como se identificam no espaço em que vivem.
Quadro 1. Paradigmas da geografia
7Paradigmas em geografia
Apesar da organização científica de Vidal de La Blache e Ratzel, segundo 
Santos (1978), eles vulgarizaram a noção de unidade terrestre, que Carl Rit-
ter já havia estabelecido anteriormente. A noção filosófica de natureza está 
relacionada com “[...] o conjunto de todas as coisas, conjunto coerente, onde 
ordem e desordem se confundem nesse processo de totalização permanente 
pelo qual uma totalidade evolui para tornar-se outra” (SANTOS, 1978, p. 4). 
Portanto, o princípio da totalidade é básico para a elaboração de uma filosofia 
do espaço do homem. Contudo, tanto Ratzel quanto Vidal de La Blache pouco 
usaram o princípio da totalidade, mas foram imprescindíveis na elaboração dos 
primeiros paradigmas que utilizaram a razão e os acontecimentos da época 
relacionados à dinâmica entre a sociedade e a natureza.
A teoria ratzeliana, com a perspectiva da geografia humana, vê o homem 
do ponto de vista biológico, e não social. Desse modo, o homem não pode ser 
visto fora das relações de causa e efeito que determinam as condições de vida 
no meio ambiente, já que o homem e a sociedade seriam um fruto do ambiente 
em que se encontram. Nesse sentido, o homem é subordinado ao ambiente, 
que influencia fortemente a fisiologia e a psicologia humanas. Além disso, 
Ratzel compreendia que a história dos povos estava relacionada à interação 
entre o homem e a natureza, de modo que algumas sociedades seriam melhor 
adaptadas para sobreviver ao meio (SOUZA et al., 2016).
Souza et al. (2016) explicam que Vidal de La Blache é considerado um dos 
principais nomes da história do pensamento geográfico. Em 1875, ele foi no-
meado conferencista de geografia da Universidade de Nancy e, em 1880, se 
tornou subdiretor da Escola Normal Superior. Já em 1898, foi para a famosa e 
reconhecida Universidade Sorbonne, de Paris. Seus estudos específicos na área 
da geografia foram realizados quando ele foi à Turquia para desenvolver o seu 
trabalho e tomou como guia uma obra que o famoso geógrafo Carl Ritter havia 
escrito sobre o país. Além disso, ele percorreu toda a Europa e boa parte do norte 
da África e da América do Norte. Vidal de La Blache desenvolveu o pensamento 
geográfico possibilista e foi considerado o fundador da escola regional francesa.
Leia o artigo de Lúcia Cony Faria Cidade “Visões de mundo, visões da natureza e a 
formação de paradigmas geográficos”, disponível no link a seguir.
https://qrgo.page.link/hrkSo
Paradigmas em geografia8
Você ainda deve considerar que La Blache não concordava com a carac-
terização da escola alemã como geografia determinista, o que havia sido 
postulado por Ratzel. Para este, as condições naturais do meio ambiente 
influenciavam e originavam as atividades humanas e sociais. Por outro lado, 
La Blache compreendia que o homem era quem transformava o meio onde 
vivia com suas ações (SOUZA et al., 2016).
Ratzel via como fundante a relação entre causa e efeito, acreditando que 
o homem era passivo e submisso às condições locais e que tinha como prin-
cípio de sobrevivência a necessidade de se adaptar ao meio. Já Vidal de La 
Blache defendia que as relações entre homem e natureza aconteciam pela sua 
complexidade, atentando às iniciativas humanas transformadoras do meio 
ambiente. A teoria do determinismo geográfico de Ratzel foi refutada pela 
teoria do possibilismo geográfico de Vidal de La Blache.
Os alemães Immanuel Kant, Alexander Von Humboldt e Carl Ritter cons-
truíram conhecimentos importantes para que Friedrich Ratzel e Vidal de La 
Blache criassem as teorias que os consagraram como figuras importantes da 
história do pensamento geográfico, partindo dos paradigmas para a compre-
ensão da relação entre a sociedade e a natureza. A partir daí, surgiram outros 
paradigmas importantes, ajudando a ciência geográfica a se consolidar e os 
estudiosos a pensar a respeito da complexa interação entre sociedade e natureza.
A seguir, você pode conhecer outros geógrafos importantes para o desenvolvimento 
da geografia nos séculos XIX e XX.
  Maximilien Sorre (1880–1962): nasceu na França e suas obras são reconhecidas 
mundialmente até os dias de hoje. Porém, ainda é pouco estudado no Brasil. 
Sorre pesquisou os aspectos da geografia humana junto à sociologia e à biologia. 
O seu livro O homem na Terra é uma das obras mais lidas desde a sua publicação 
até os dias de hoje.
  Delgado de Carvalho (1884–1980): nasceu na França e, no Brasil, contribuiu com a 
publicação do livro A geografia do Brasil, em 1913.
  Carl Sauer (1889–1975): geógrafo americano da Universidade de Berkeley, na Califór-
nia, foi uma referência na geografia cultural. A sua obra A morfologia da paisagem, 
publicada em 1925, encarava a fenomenologia de uma perspectiva científica.
  Yves Lacoste (1929): é um geógrafo geopolítico francês. Publicou uma das obras da 
geografia mais lidas no mundo, A geografia: isso serve em primeiro lugar para fazer a 
guerra. A obra enfatiza as diferentes sociedades atingidas pela organização de seus 
espaços a partir dos interesses das estatais e das grandes corporações privadas.
9Paradigmas em geografia
ARCASSA, W. S. de.; MOURÃO, P. F. S. Ratzel: para além do determinismo geográfico. 
[S.l.: s.n.], 2011. Disponível em: http://www2.fct.unesp.br/semanas/geografia/2011/2011-
-ensino%20e%20epistemologia/Wesley%20e%20Paulo.pdf. Acesso em: 7 maio 2019.
BERGAMO, M. S. As matrizes geográficas na modernidade e o desenvolvimento da 
ciência sob vista de Gaston Bachelard. In: ENCONTRO DE GEÓGRAFOS DA AMÉRICA 
LATINA, 14., 2014. Anais [...]. Lima. 2014. Disponível: http://observatoriogeograficoa-
mericalatina.org.mx/egal14/Teoriaymetodo/Teoricos/01.pdf. Acesso em: 7 maio 2019.
CÔRREA, R. L. Geografia: conceitos e temas. Rio de Janeiro: Bertrand, 2000.
DANTAS, E. M.; MORAIS, I. R. D. Região no contexto da renovação da geografia. Natal: UFRN, 
2008. Disponível em: http://www.ead.uepb.edu.br/ava/arquivos/cursos/geografia/orga-
nizacao_do_espaco/Org_Esp_A11_M_WEB_SF_190808.pdf. Acesso em: 10 maio 2019.
KUHN, T. S. A estrutura das revoluções cientificas. 9. ed. São Paulo: Perspectiva, 2006.
MOREIRA, R. Para onde vai o pensamento geográfico? Epistemologia crítica. São Paulo: 
Contexto, 2014.
MOREIRA, R. O pensamento geográfico brasileiro: matrizes clássicas originárias. São 
Paulo: Contexto, 2010.
SANTOS, M. Por uma geografia nova. São Paulo: Edusp, 1978.
SOUZA, C. N. de. et al. Determinismo e posibilismo: uma análise epistemológica e 
crítica. Revista Maiêutica, v. 4, n. 1, p. 43-54, 2016. Disponível em: https://publicacao.
uniasselvi.com.br/index.php/GED_EaD/article/view/1456/593. Acesso em: 7 maio 2019.
WENDEL, H. Proposta de periodização das relações sociedade e natureza: uma abor-dagem geográfica de ideias, conceitos e representações. Terra livre, v. 1, n. 24, p. 151 
– 175, 2005. Disponível em: https://www.agb.org.br/publicacoes/index.php/terralivre/
article/view/390/369. Acesso em: 7 maio 2019.
Leitura recomendada
CIDADE, L. C. F. Visões de mundo, visões da natureza e a formação de paradigmas geo-
gráficos. Terra Livre, n. 17, p. 99-118, 2001. Disponível em: http://www.geoambiente.ufba.
br/Arquivos%20extras/Textos/Vis%C3%B5es%20de%20mundo%20Vis%C3%B5es%20
de%20Natureza.pdf. Acesso em: 7 maio 2019.
Paradigmas em geografia10

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