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Razão e fé: A interpretação racional do fenômeno religioso INTRODUÇÃO O presente estudo é uma reflexão sobre o texto Razão e Fé – A interpretação racional do fenômeno religioso, levando em consideração os preceitos dos pensadores ateístas ou que negam a existência de Deus e os preceitos dos pensadores religiosos, que defendem a existência de Deus e da religião. Nessas condições são analisados os pensamentos/ideias dos filósofos ateístas Feuerbach, Marx, Nietzsche e Freud, assim como os filósofos religiosos Kierkegaard, Bergson, Blondel, James e Marcel, tudo objetivando a elaboração de uma análise crítica e pessoal sobre suas teses, levando em consideração os temas estudados na disciplina Humanidade e Transcendência até o presente momento. Assim o trabalho está subdividido em três capítulos, o primeiro deles trata do pensamento dos filósofos ateístas, o segundo capítulo trata dos filósofos religiosos e o terceiro e último capítulo trata das considerações finais, onde é realizado uma avaliação pessoal ou análise crítica acerca dos preceito e ideias defendidas por cada um dos filósofos acima mencionados. CAPÍTULO 1. ARGUMENTOS DA NEGAÇÃO DE DEUS OU DA RELIGIÃO Segundo Ludwig Feuerbach, “Fora da filosofia não existe salvação”, sendo a filosofia o argumento para rejeição da teologia, que não passa de sentimento e imaginação. O objetivo desse filósofo era provar ser a religião um produto puramente humano, com um Deus superior inexistente, fruto do imaginário, preparado para ser adorado. Assim, a religião é uma alienação, sua exclusão está na filosofia, que busca o homem voltado para si mesmo, sendo seu próprio Deus, vez que o Deus da religião, nada mais é que uma prospecção da pessoa perfeita. Resumindo, a filosofia é o instrumento para liberdade total do homem, acabando em definitivo com a adoração a Deus, e com o aprisionamento do homem as doutrinas teológicas ou religiosas. Karl Marx inicia adotando o humanismo absoluto de Feuerbach em seus trabalhos, afirmando que “O ser supremo do homem, é o próprio homem”, para tanto, o homem precisa se livrar de toda alienação para encontrar-se consigo mesmo. A consciência religiosa é a própria consciência pervertida do homem. A religião é o suspiro da criatura oprimida, ela é o “ópio do povo”, sendo uma arma para exploração das classes, sendo fonte de alienação, um sol ilusório. Resumindo, Marx segue sua doutrinação político econômica, a Religião é fonte de alienação e exploração das classes trabalhadoras, devendo ser excluída da sociedade, mas, em seu pensamento, a política não aliena nem explora. Friedrich Nietzsche, é um forte crítico da religião, negar a Deus e a religião está em suas principais obras, ele busca uma autonomia do homem e uma total liberdade de vida, não podendo ficar o homem obediente ou preso a normas divinas. Apenas com a exclusão dessas normas alienantes o homem pode atingir seu ápice, sua autonomia total. A expressão Deus está morto aparece em várias de suas obras, a morte de Deus é necessária a qualquer homem que busque esse lugar, será o super-homem. A religião foi criada por homens fracos para aceitação dos mais fortes, por isso só os mais humildes são bons, assim como os fracos, os doentes, os pobres, etc. O super-homem deve ser materialista, criador de valores, destruidor de valores antigos, é a finalidade do mundo, advindo de uma casta de homens superiores, será um homem divinizado. É um pensamento bem complicado, negar a Deus e declarar sua morte parece contraditório, assim como acreditar em castas superiores e homem divinizado após pregar o fim da religião. Para Sigmund Freud, a religião é uma tentativa para superar o sentimento de culpa engendrado por um assassinato e testemunhas do arrendamento que o inspirou. Esse é o início da religião totêmica, que inspirou as demais. A religião é pura ilusão, com preceito do que pode vir a acontecer, mas, que não é certeza acontecer, assim a religião é ilusória, devendo ser superada pelo pensamento científico. Deus é o resultado de uma projeção humana, ilusão que converte ideias em dogmas. Pelo que entendi, a teoria de Freud segue a linha do humanismo absoluto, busca uma liberdade total do homem, a religião é ilusória e irreal, devendo ser excluída da sociedade em prol das realidades humanas. CAPÍTULO 2 ARGUMENTOS DA EXISTÊNCIA DE DEUS OU DA RELIGIÃO Segundo o filósofo Joren Kierkegaard, “A religião não pode ser reduzida a um momento lógico de um sistema geral de pensamento, pois ela pertence a uma esfera da existência, da vida”. A religião não pode ser atingida pela razão, mas, pela fé. O homem é finito, Deus é infinito, essa descoberta é que prostra o homem perante Deus. O caminho da fé é difícil e sem garantias, a angústia surge ante o livre arbítrio da humanidade. Em resumo Kierkegaard prega a separação total entre a ciência e a religião, a ciência deriva da razão, enquanto a religião da fé. Dessa forma, ciência e religião jamais poderão ter um encontro, são como linhas paralelas que nunca irão se tocar. Para Henri Bergson, o fenômeno religioso deve ser examinado “pela experiência dos místicos para chegar a existência de Deus”, a religião deve ser dinâmica, o amor impulsiona a alma além dela mesma, ultrapassando infinitamente a “religião estática”, invenção de humanidade contra a morte. Alma e corpo, espírito e matéria, razão e intuição são inseparáveis, complementos de uma mesma realidade. Em resumo, essa teoria é menos radical que as anteriores, admitindo uma dinamicidade religiosa e uma religião estática criada pelo homem, além da inseparabilidade da razão e da intuição, é a busca de novos horizontes entre a ciência e a religião. Segundo Maurice Blonder, a existência de Deus se confirma pela dialética de ação, através do estudo do dinamismo humano, que aspira um crescimento infinito para chegar a Deus, é aquilo que não podemos ser nem fazer com nossas próprias mãos. Esse filósofo adota uma teoria bem parecida com a de Bergson, parte para o dinamismo da humanidade, que busca seu crescimento pessoal e moral a um patamar superior, objetivando atingir um patamar divino. William James entende que a religião jamais será um sistema de posições científicas, pois o fundamento da religião é a fé, não a razão. Isso não significa que a religião esteja totalmente desprovida de conceitos ou doutrinas, porém, a fé é o seu maior pilar. O pensamento de William é bem claro no sentido da Religião ter seu fundamento na fé, porém, os preceitos religiosos também podem ser alcançados pela ciência, é um pensamento que abre espaço a união entre ciência e religião. O filósofo Gabriel Marcel entende que a “intuição é o caminho à transcendência”, ao invés de argumentações ou processos lógicos, o caminho a Deus está na adoração de humilde oração. Em resumo este pensador radicaliza contra a ciência, o caminho a Deus está na adoração, na oração e na fé, não havendo espaço para razão nessa busca. CAPÍTULO 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Observei uma grande radicalidade nos pensadores que defendem o ateísmo, sendo contra a religião ou contra a existência de Deus, na verdade todos tratam a religião como instrumento de ilusão e maquinação da massas, creditando tosa salvação da humanidade ao abandono da religiosidade ou das divindades, tudo na busca por uma realidade de liberdade integral do homem, todos na busca e na luta por um líder humano maior, que futuramente seria chamado ou tratado como uma divindade, atraindo esse conceito para toda sua linhagem, ou seja, seria quase um retorno ao tempo dos faraós, seria uma humanidade quase animalesca em busca do mais forte ou do mais poderoso. É difícil compreender uma sociedade evoluindo sem religiosidade, sem os preceitos de amor e perdão, seria acreditar numa sociedade em eterna disputa pelo poder e pela divindade, que estaria sendo negada a um ser superior para ser entregue a um ente humano, os pensamentos são radicais e inconcebíveis para uma sociedade atual. Quanto ao pensamento dos religiosos,com exceção de Kierkegaard e Marcel, que são radicalmente contra a proximidade entre a Ciência e a religião, os demais pensadores estudados nesse texto, como Blondel, Bergson e James, de alguma forma são menos radicais e admitem a possibilidade de aproximação entre Ciência e Religião, até porque hoje, a ciência já admite a possibilidade da ocorrência de alguns fatos narrados nos textos bíblicos ou religiosos, pelo que é essencial para o avanço da sociedade a convivência pacífica entre Religião e Ciência, que logicamente eleva a sociedade a uma condição de avanços tecnológicos em busca de uma melhor condição e/ou, evolução social. Na minha interpretação, como acredito já demonstrei em trabalhos anteriores, o caminho da evolução em todos os sentidos, está no encontro dos pensamentos religiosos e científicos, o encontro desse ponto vai desenrolar todo carretel do início da civilização aos dias atuais e até o futuro, a religião não está mais dotada de só fé e, a ciência não pode ser apenas razão, por isso, entendo ser a ação do bem mais importante que só a oração, a religiosidade não se restringe a orações e cultos, mas, além desses ao conjunto de ações, ou seja, é a parte subjetiva ou mística somada com a parte objetiva ou física, que nos levará ao caminho do bem, por isso, acredito que ciência e religião precisam se unir, para desvendar o caminho da humanidade.