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DIREITO PROCESSUAL PENAL Didatismo e Conhecimento 1 DIREITO PROCESSUAL PENAL ARTIGOS 251 A 258; 261 A 267; 274; DO JUIZ, DO MINISTÉRIO PÚBLICO, DO ACUSADO E DEFENSOR, DOS ASSISTENTES E AUXILIARES DA JUSTIÇA ; Sujeitos do processo: Do juiz Com vistas à superação de um sistema inquisitivo, que con- centra em uma única figura as funções de acusar, defender e julgar, e com o advento do sistema acusatório, passa a ter maior relevân- cia a imparcialidade do juiz. Imparcialidade esta que possui íntima relação com o prin- cípio do juiz natural, com a respectiva vedação ao juiz ou tribunal de exceção, visando evitar a alteração de determinada, concreta e específica decisão. Daí falar-se em casos de impedimento, incompatibilidades e suspensão do juiz. As hipóteses de impedimento estão relaciona- das a fatos e circunstâncias de fato e de direito, e com condições pessoais do próprio julgador. O artigo 252, incisos I e II do Código de Processo Penal, prevê a hipótese na qual determinados parentes do juiz, seu cônju- ge, ou ele próprio tenham exercido funções relevantes no proces- so, que, inclusive, influenciaram na formação do convencimento judicial. O inciso III do referido artigo, ao dispor sobre duplo grau de jurisdição, pronuncia-se sobre a hipótese do juiz também ter exercido a função de juiz em outra instância. Impende consignar que o referido impedimento deve ser suscitado, a fim de que a referida questão seja apreciada, sem pre- juízo da validade do primeiro julgamento. Quanto a este aspecto Eugênio Pacelli de Oliveira[10] es- clarece que: “O simples recebimento da denúncia ou queixa, por exem- plo, embora portador de certo conteúdo decisório, não será cau- sa de impedimento, uma vez que as questões mais relevantes do processo, sejam elas de fato, sejam elas de direito, não são fre- quentemente resolvidas naquele momento. Obviamente, ocorrerá impedimento se a decisão anterior for em sentido contrário, isto é, de rejeição da denuncia ou queixa, hipótese em que o conteúdo decisório é manifesto e evidente.” Prevê, ainda, o artigo 252, inciso IV que também haverá im- pedimento quando o juiz, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, for parte (caso de ação penal privada) ou diretamente interessado no feito, em caso de recomposição civil do dano, por exemplo. Em seguida, prevê o CPP que, nos juízos coletivos, não pode, prestar serviços no mesmo processo, os juízes que foram parentes entre si, para que se evite influência no julgamento. Nos procedimento do Tribunal do Júri, são impedidos de servir no mesmo conselho de sentença, marido e mulher, ascen- dentes, descendentes, sogro e genro ou noras, irmãos, cunhados, tio e sobrinho, padrasto, madrasta ou enteado, conforme prescreve o art. 448, CPP. Consigne-se que o mesmo ocorre com aqueles que mantêm união estável. Já em relação à suspeição, pode-se defini-la como os fatos e/ou circunstancias objetivas que influenciem no ânimo do julga- dor. Podendo ser objetivos, quando se referem ao objeto, ou subje- tivos, em relação aos sujeitos envolvidos. O artigo 254, CPP, estabelece como causas de suspeição: amizade íntima ou inimizade capital com qualquer das partes (in- ciso I); o fato de estar o juiz, cônjuge, ascendente ou descendente respondendo a processo por fato análogo, cujo caráter criminoso haja controvérsia (inciso II); se o juiz, ou o cônjuge, ou paren- te, sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes (inciso III); se tiver aconselhado qualquer das partes (inciso IV); se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes (inciso V); e se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no processo (inciso VI). Leciona Pacelli que o juiz não pode ser administrador de sociedade, a não ser associação de classe, em virtude da vedação ínsita no art. 36, II, Lei Complementar nº 35/79. No que se refere ao parentesco por afinidade, há de se re- gistrar que esta cessa com a dissolução do casamento, exceto na hipótese de sobrevierem descendentes. Entretanto, conforme ar- tigo 255, CPP, o juiz não poderá atuar em processo quando for parte sogro, genro, cunhado ou enteado, ainda que tenha havido dissolução do casamento sem descendentes. Em relação à figura da suspeição provocada – injuria, ou qualquer outro ato praticado com o fim de afastar o juiz, não have- rá configurada a suspeição, segundo inteligência do art. 256, CPP. Diferente das hipóteses de suspeição e impedimento, as hi- póteses de incompatibilidade reclamam o exame detido de cada situação concreta, quando não afirmada de ofício pelo magistrado. Ora, inexiste casuística legal das incompatibilidades (artigo 112, CPP). Diante disto, pode-se dizer que nesta espécie, reúnem-se as recusas do juiz sob o fundamento de razões de foro íntimo. Embo- ra não haja previsão legal, não pairam dúvidas de que a imparcia- lidade do juiz restaria comprometida. Poderes Gerais e Iniciativa Probatória Por certo, o juiz deve zelar pela perfeita regularidade do processo, podendo, inclusive, utilizar-se de força policial. No que concerne à gestão da prova, Pacelli defende que em um sistema processual pautado no livre convencimento motivado seria difícil estabelecer parâmetros para atuação judicial. Entre- Didatismo e Conhecimento 2 DIREITO PROCESSUAL PENAL tanto, tratando-se do sistema de partes, a atividade de controle da prova é exercida, unicamente, sob o prisma da legalidade de sua produção, introdução e valoração. Entretanto, deve-se ponderar que o problema não diz res- peito à gestão da prova, mas à possibilidade do magistrado deter- minar, de ofício, prova na fase da investigação. Tal inconstitucio- nalidade é proveniente da alteração introduzida pela Lei 11.690/08 no artigo 156 do CPP. Frise-se que esta atividade probatória deve existir apenas na hipótese de dúvida razoável sobre ponto relevante do processo. Não se deve aceitar, todavia, a adoção de posição supletiva ou sub- sidiária da atuação do órgão de acusação, em vista da violação ao sistema acusatório e ao princípio da igualdade de armas. Pelas razões supramencionadas, Pacelli não considera que houve uma descaracterização do modelo acusatório, pelo fato do juiz possuir a iniciativa probatória. Aduz, no entanto, que atividade inquisitorial existia no art. 3º da Lei 9.034/95 que permitia a parti- cipação do juiz na coleta e formação do material probatório na fase de investigação. Registre-se que esta disposição foi censurada pela Suprema Corte no julgamento da ADIn 1570, quando houve por reconhecida sua inconstitucionalidade. Juiz Natural Compreende o órgão da jurisdição cuja competência está ínsita na própria Constituição (art. 5º, LIII) e tenha sido fixada antes da prática de infração penal. O princípio do Juiz Natural, indubitavelmente, tem correlação com o juiz imparcial e indepen- dente, restando, em parte, explicado as prerrogativas dispensadas no artigo 95. Princípio da Identidade Física do Juiz A lei 11.719/2008 inovou no processo penal brasileiro, in- serindo o princípio da identidade física do juiz (artigo 399, § 2º, CPP), restando consagrado que o juiz que presidiu a instrução de- verá proferir a sentença. Registre-se que o art. 132, do Código de Ritos pode ser aplicado subsidiariamente, já que não há qualquer vedação quanto a isto, bem como conferir celeridade processual. MINISTÉRIO PÚBLICO O Ministério Público surgiu como consequência da amplia- ção da intervenção estatal a partir da necessidade de se impedir a vingança privada, com a jurisdicionalização das soluções dos con- flitos da sociedade. Sua origem, com as características que hodiernamente po- de-se vislumbrar, remonta ao século XVIII, na França, no apogeu do Iluminismo, cerne do modelo processual acusatório. O Ministério Publico surgiu com a superação do modelo acusatório privado, nasce com a tomada pelo Estado do monopólio da Justiça Penal,onde cabe ao Poder Público não somente dizer o direito, como também formular a acusação. Assim, o Ministério Público se mostra como o órgão estatal responsável pela promoção da persecução penal, não cabendo ao juiz qualquer função pré-processual ou investigativa, para que sua imparcialidade reste preservada. Esse modelo essencialmente acusatório foi adotado no Bra- sil com o advento da Constituição de 1988. Para que o Ministério Público possa desenvolver as suas tarefas a Constituição Federal, instituiu alguns princípios/prerro- gativas aos seus membros, quais sejam, independência funcional, unidade e indivisibilidade, que possuem os seguintes desdobra- mentos no interior da relação processual penal: Imparcialidade O Ministério Público não deve ser considerado um órgão de acusação, mas sim um órgão legitimado para a acusação nas ações penais públicas, pois, não é por ser o titular desta e por estar ligado ao princípio da obrigatoriedade de oferecimento da denúncia que o parquet deve, fundamentalmente, fazê-lo. Enquanto órgão estatal, o Ministério Público não deve pri- mar pela acusação, mas sim pelo respeito à ordem jurídica, o que faz presumir pela sua imparcialidade na jurisdição penal, devendo ele, tão-somente, perquirir pelo efetivo respeito ao Direito. Impende consignar, consoante assevera Pacelli, que a obri- gatoriedade de oferecimento da denúncia a qual está vinculado o parquet está condicionada ao seu convencimento acerca dos fatos investigados, tanto isso é verdade que o Ministério Público pode requerer arquivamento de inquérito quando se depara com provas insubsistentes, pode recorrer em favor do acusado, etc.. Ele possui inteira liberdade na apreciação dos fatos e do direito, ou seja, cabe ao Ministério Público tanto primar pela condenação do culpado quanto pela absolvição do inocente. Suspeição, Impedimento e Incompatibilidade O artigo 258 do Código de Processo Penal traz as possibi- lidades em que o membro do Ministério Público deve ser afastado do processo pela falta de imparcialidade. São as mesmas aplicá- veis ao juiz (art. 254 do CPP), quais sejam, os casos de suspeição, de impedimento e de incompatibilidade. Senão vejamos, in verbis: “Art. 258 do CPP. Os órgãos do Ministério Público não fun- cionarão nos processos em que o juiz ou qualquer das partes for seu cônjuge, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, e a eles se estendem, no que Ihes for aplicável, as prescrições relativas à suspeição e aos impedimentos dos juízes. O procedimento de impugnação das causas de imparciali- dade do órgão do Ministério Público é aquele previsto no artigo 104 do Código de Processo Penal, o qual determina que “o juiz, depois de ouvi-lo, decidirá, sem recurso, podendo antes admitir a produção de provas no prazo de três dias”. Quando a arguição ocorre durante o processo criminal, o incidente será resolvido antes do julgamento da causa. Após o trânsito em julgado de sentença absolutória, não po- derá haver revisão desta por conta da vedação da revisão pro so- cietate, ou seja, no interesse da acusação, logo, impossível a susci- tação de impedimento suspeição ou incompatibilidade neste caso. A violação da imparcialidade de membro do Ministério Pú- blico possuiu tratamento diferenciado daquele dado a dos magis- trados, haja vista que, a deste último é tratada com mais rigor, pois, ao final, é dele a responsabilidade de julgar o processo. Didatismo e Conhecimento 3 DIREITO PROCESSUAL PENAL Depois de transitada em julgado a sentença condenatória, é vedada a anulação da mesma com fulcro na parcialidade do Mi- nistério Público. O PROMOTOR NATURAL Para que se entenda o princípio do promotor natural, ne- cessário correlacioná-lo com os princípios institucionais da uni- dade, da indivisibilidade e da independência funcional do parquet, acrescentando-se ainda a prerrogativa de inamovibilidade de seus membros. Por unidade entende-se que não pode haver o fracionamen- to do Ministério Público enquanto instituição pública, sem prejuí- zo da distribuição operacional de suas atribuições, tendo sido es- tas distribuídas constitucionalmente: Ministério Público da União (Federal, do Distrito Federal e Militar), Ministério Público dos Estados. A indivisibilidade, por seu turno, é caracterizada pela per- missão de que qualquer membro do respectivo parquet pode par- ticipar de processo já em curso, ou seja, o Ministério Público é indivisível e pode atuar através de qualquer de seus representantes. Já a inamovibilidade dos órgãos do Ministério Público, é uma garantia constitucional que assegura aos membros do parquet que, o afastamento destes tão-somente poderá se efetuar “por in- teresse público, mediante decisão do órgão colegiado competente do Ministério Público, pelo voto da maioria absoluta de seus mem- bros, assegurada ampla defesa”[18]. Fundada no princípio da indivisibilidade funcional, na prer- rogativa de inamovibilidade dos promotores e na inspiração do princípio do juiz natural se desenvolveu a doutrina no promotor natural. O princípio do promotor natural veda a instituição de órgão (promotor) de exceção, ou seja, “cuja designação não tenha se ori- ginado a partir de critérios rigidamente impessoais”[19]. As regras para a distribuição do promotor para determinado caso devem ser fixadas previamente, somente sendo possível a designação de um outro promotor por critérios estabelecidos em lei. A prerrogativa do promotor natural, entendida também como vedação a promotor de exceção, possui como escopo evitar que “a instituição não se reduza ao comando a as determinações de um único órgão de hierarquia administrativa, impondo-se, por isso mesmo, como garantia individual”[20]. O princípio em comento está ligado, diretamente, aos li- mites da independência funcional, porque com a autonomia dos membros do parquet, com sua livre manifestação, impede-se que ocorram afastamentos de membros com o escopo de fazer preva- lecer sentimento, convicções e/ou inclinações pessoais dos chefes da instituição. O princípio do promotor natural, visto sob a ótica da ina- movibilidade, implica na vedação de substituição do membro do parquet arbitrariamente, sem o atendimento dos critérios legais, como por exemplo, férias, licenças, suspeição, etc. Ocorre que, embora o princípio do promotor natural seja de suma importância para o desenrolar de um processo penal onde se garanta ao réu a fixação do órgão de acusação previamente, sob critérios impessoais, tal princípio vem sendo negado pelo Supremo Tribunal Federal que entende ser este incompatível com a indivi- sibilidade do Ministério Público.[21] Entretanto, consoante visto anteriormente, o princípio do promotor natural não se contradiz com o princípio da indivisibilidade do Ministério Público. A indivisibilidade está assentada, repise-se, na prerrogativa de permitir que qualquer membro do parquet oficie nos autos de qualquer processo sem a necessidade de designações específicas. Tal prerrogativa nada tem a ver com o princípio do promo- tor natural, que deve ser interpretado no sentido de que o promotor somente pode oficiar nos processos distribuídos para ele sob crité- rios previamente fixados. Nada obstante, possa haver a substitui- ção do membro do parquet nos casos previstos em lei, tal qual se dá entre os magistrados. Ademais, ainda sob a ótica do princípio do promotor natu- ral, impende consignar que se denúncia for oferecida por promotor ilegítimo para o caso, antes do trânsito em julgado da sentença, pode dar ensejo a nulidade relativa desta através de apelação ou de habeas corpus. Caso a sentença já tenha passado em julgado e tenha sido absolutória, não poderá ser reexaminada em razão da vedação da revisão pro societate. Todas essas questões são pacífi- cas na doutrina e na jurisprudência. No entanto, em caso de sentença condenatória passada em julgado, há controvérsia quanto à possibilidade de nulidade desta com fulcro nailegitimidade do promotor, ou seja, na violação do princípio do promotor natural. DO ACUSADO Basicamente, é preciso verificar se a figura do acusado é ca- paz de integrar a relação processual penal (a legitimatio ad proces- sum) ou tem capacidade de estar em juízo (legitimatio ad causam). A Constituição da República de 1988 consagra em seu art. 5º, incisos LIII, LIV e LV como direito do acusado o devido pro- cesso, consagrando o Princípio da Legalidade, que ninguém deve ser processado e julgado senão pela autoridade competente, preva- lecendo o Princípio do Juiz Natural e, ainda, consagra o Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa, dando direito ao acusado de se defender, já que o nosso ordenamento coloca a vida como valor supremo e trazendo em seu bojo o Princípio da Humanidade. Calha registrar que o menor de 18 anos, além de penalmente inimputável, não detém de legitimidade ad processum ou capaci- dade. Ressalte-se também que a exigência legal de representação do maior de 18 anos e menor de 21 anos, de que trata o Código de Processo Penal, não foi modificada pelo Código Civil, entretanto a Lei 10.792/03 parece ter alterado a legislação processual e re- vogou expressamente o art. 194 do Código de Processo Penal, no qual fazia exigência de curador. No que concerne ao absolutamente incapaz, cuja inca- pacidade resulte de inimputabilidade proveniente de doença ou retardamento mental, e que caiba medida de segurança, do qual decorre de prática de ato ilícito e fato típico, pode integrar a re- lação processual, desde que esteja devidamente representado por um curador, seja aquele que já estiver no exercício da curatela le- gal ou pode ser nomeado pelo Juiz Criminal, conforme arts. 149 e Didatismo e Conhecimento 4 DIREITO PROCESSUAL PENAL seguintes do CPP. Em razão do Princípio da inocência, se existir circunstância que exclua o crime ou isente o réu de pena, em razão da comprovada exclusão de culpabilidade, não é cabível imposi- ção de medida de segurança. Imperioso se faz destacar que mesmo havendo impossibili- dade do acusado com seu verdadeiro nome, art. 259 do Código de Processo Penal, não evitará a instauração e o desenvolvimento da ação penal, desde que seja possível a sua identificação física. Destarte, no ordenamento penal vigente há possibilidade da pessoa jurídica ser responsabilizada penalmente em crimes am- bientais, conforme Lei de n. 9.605/98. DEFENSOR O ordenamento jurídico preleciona no art. 261 do Código de Processo Penal que “nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado sem defensor”, sendo evi- denciada, pois, a exigência de que todo ato processual se realiza na presença de um defensor devidamente habilitado no quadro da Ordem dos Advogados do Brasil, corroborando em defesa técnica, de acordo parágrafo único do artigo em epígrafe. Entretanto, na prática, depende do próprio réu a produção de algumas provas, já que ele é o único que detém das informações necessárias à preparação da defesa. Cumpre salientar que a manifestação fundamentada somen- te pode ser aplicada nas fases procedimentais em que haja debate sobre questões de fato e de direito. Mas, tratando-se de fase que antecede à instrução, na qual a defesa terá a oportunidade de se manifestar de forma conclusiva, não se poderá impor sanção de nulidade absoluta do processo por ausência de manifestação fun- damentada do defensor dativo ou público. Em fases procedimentais como as alegações finais, a au- sência de fundamentação será causa de nulidade absoluta do pro- cesso, por violar o princípio da ampla defesa e o aludido artigo 185 do CPP, que traz a possibilidade de participação e intervenção do defensor no interrogatório, que até então não era permitido, e a ausência de nomeação de defensor para o citado ato constitui nulidade absoluta. A defesa se dará por defensor constituído, ou seja, aquele escolhido livremente pelo acusado, pelo defensor dativo, nomeado pelo Estado, para quem não pode ou não quiser constituir advoga- do pelo defensor ad hoc, designado especificamente para o caso. Se o acusado não dispuser de suficientes condições financeiras, o juiz arbitrará os honorários do defensor dativo, pelo que preleciona o art. 263, parágrafo único do CPP, e quando pobre será custeado pelo Estado, através das Defensorias Públicas. Nesse contexto, se o juiz entender insuficiente, deficiente ou inexistente a defesa realizada pelo defensor dativo, deverá nomear outro, podendo a todo tempo o acusado nomear advogado de sua confiança, conforme arts. 263, 422 e 449, parágrafo único, CPP. Quando se tratar de defensor constituído, o juiz não poderá adotar a mesma medida, pois não foi por ele nomeado. Diz o Código que a nomeação de defensor constituído in- dependerá de instrumento de mandato, como a procuração, se o acusado o indicar por ocasião do interrogatório (art. 266, CPP). É válido ressaltar, sobre a defesa técnica, o entendimento jurisprudencial manifestado na Súmula nº 523 do Supremo Tribu- nal Federal, quando ensina que a falta de defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só anulará se houver prova de pre- juízo para o réu. Desse modo, é mister a defesa efetiva, pois configura-se em garantia constitucional, que não se limita apenas à impossibilida- de de participação no processo, mas deve-se entender e exigir a efetiva atuação do defensor pelo interesse do acusado, podendo ser auferido sempre diante de um caso concreto, ponderando-se as provas carregadas aos autos pela acusação e a possibilidade real de sua confrontação pela defesa. O interrogatório é a real oportunidade de que dispõe o acu- sado para se defender diante do juiz, configurando-se em um meio de defesa. Nesse diapasão, a Lei 11.719/08 regulamentou as hipóteses de adiamento de audiência, quando em razão do não compareci- mento do defensor, que deverá justificar, por qualquer meio, a sua ausência até antes do início da audiência de instrução (art. 265, § 2°), adiando-se o ato por tal razão. Se a ausência decorrer de obs- táculo insuperável e de última hora, é conveniente que o juiz, antes de determinar o prosseguimento da causa, verifique a sua comple- xidade e as provas a serem produzidas naquele momento, sob pena de, nomeando outro procurador, causar dano irreparável à defesa. ASSISTÊNCIA Por certo, determinadas infrações penais além de produzir sanção penal, também criam efeitos de natureza patrimonial. Sur- gindo, assim, para as vítimas o direito de recomposição do patri- mônio atingido. Diante disto, há grande interesse por parte da vítima do cri- me na condenação do acusado na ação penal, a fim de ver cons- tituído título judicial executivo. Por estas razões, é assegurada a intervenção da vítima na ação penal. LEGITIMAÇÃO A modalidade de procedimento que viabiliza esta interven- ção é denominada assistência. O legitimado a agir é o ofendido, ou o seu representante legal, nas hipóteses elencadas em lei, ou em caso de ausência e morte, as pessoas indicadas no art. 31 do CPP. O ASSISTENTE COMO CUSTOS LEGIS Apesar de tudo quanto exposto, não é a satisfação do dano civil o único interesse a justificar a atuação do assistente na ação penal. O artigo 29 do CPP e o artigo 5º, LIX da Constituição Fede- ral dão à vítima a faculdade de iniciativa processual penal, em caso de inércia do Ministério Público, o que chamamos de ação privada subsidiária da pública. Resta aqui evidenciado outro interesse jurídico ao ofendi- do, consubstanciado na reprovação do Estado ao ato praticado pelo ofensor, e a conseqüente aplicação de sanção penal. Obviamente, o interesse da vítima na ação penal não é unicamente a obtenção de título executivo para obtenção de seu direito reparatório, vez que caso fosse teria ela a opção de recorrer ao juízo da vara cível. A escolha do ofendido e de seus sucessos como legitimados para figurarem como assistente, deve encontrar respaldo no prin- cípio da igualdade processual, já que com a figura de um terceirona relação processual pode ocorrer um desequilíbrio, afetando a paridade de armas. Didatismo e Conhecimento 5 DIREITO PROCESSUAL PENAL A justificativa, entretanto, é simples: o ofendido, indubita- velmente, já é titular de interesse jurídico, embora não penal, rele- vante. Logo, podendo ele demandar civilmente contra o réu pelos mesmos fatos, pode também participar da ação penal. Assim, há de se concluir que a posição de custos legis é apenas do particular, já que a pessoa de direito público somente legitima sua interferência na defesa de interesse de outra espécie de natureza. DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA PERITOS, INTÉRPRETES E FUNCIONÁRIOS DA JUSTIÇA Além dos sujeitos processuais acima considerados, não se pode olvidar o grupo dos auxiliares da justiça, os quais Capez classifica como sujeitos acessórios, mas cuja relevância pode ser fundamental na persecução pela verdade real no processo penal. Tais sujeitos são convocados a interferir no processo, mere- cendo regulamentação própria no Código Processual Penal (Título VIII), ainda que esparsa, abarcando o artigo 274 para os funcio- nários da justiça, bem como os artigos 275 a 281, para peritos e intérpretes. Nestor Távora e Rosmar Antonni R. C. de Alenca, identi- ficam os funcionários da justiça: “os servidores da justiça – ou serventuários – são funcionários públicos pagos pelo Estado, a ser- viço do Poder Judiciário. São os escrivães-diretores, escreventes, oficiais de justiçam dentre outros”. A regulamentação legal para os serventuários da justiça é que se lhes aplicam, no que couber, as prescrições sobre suspeição dos juízes. A maior parte dos doutrinadores assevera que tal suspeição apenas pode recair sobre os escrivães, em virtude de sua maior proximidade com o magistrado e da sua condição de chefia nos serviços cartorários, sendo esta a posição de Nucci e Pacelli. Con- tudo, é acertado o juízo de Antonni e Távora ao observar que, com o crescimento da quantidade de demandas no Poder Judiciário, os juízes têm delegado aos serventuários, cada vez mais, ainda que informalmente, a prática de atos ordinatórios e a confecção de “mi- nutas” das decisões. Assim, a possibilidade de aferição de suspei- ção deve ser averiguada em cada caso concreto, resguardando-se a impessoalidade do serviço público. No que concerne aos peritos, estes são, em regra, integran- tes da Administração Pública. Contudo, ainda que sejam peritos particulares, com os requisitos autorizadores do artigo 159, §1° do Código de Processo, estão submetidos à disciplina judiciária cons- tante do artigo 275, haja vista estarem no desempenho de função pública, sob o manto do princípio da legalidade. Confluindo para a formação de convencimento do magistra- do, os peritos e intérpretes desempenham papel de grande relevân- cia no processo penal, do que se verifica manifesta a necessidade de cautela quanto à qualidade e a idoneidade do serviço prestado, não se esquecendo de que se trata de serviço público. Por esse motivo, mais uma vez como medida de resguardo do princípio da impessoalidade do serviço público e pela legítima persecução da verdade real, ou melhor, judicial, aplicam-se aos in- térpretes e peritos as normas de impedimento consubstanciadas no artigo 279 do Código de Ritos Penal, bem como se lhe estendem as hipóteses de suspeição de magistrados, no que for cabível. OFENDIDO A sistemática do Código de Processo Penal não inclui no Título referente aos sujeitos processuais a figura do ofendido, o qual é regulamentado nos artigos 201, no Título VII – Da Prova, Capítulo V, com redação alterada pela Lei n° 11.690/2008. Pacelli enuncia entendimento de que no caso estaria o ofen- dido atuando como parte, e não sujeito processual. Verifica-se obs- curo o entendimento, pois, embora haja distinção entre sujeito pro- cessual e parte, é cediço que as partes são subespécies dos sujeitos processuais, com qualificação diferenciada das demais. ARTIGOS 351 A 372 - CITAÇÕES E INTIMAÇÕES ; Citação do Réu É o ato pelo qual o réu toma ciência da acusação, com o efeito de conferir eficácia à relação processual e tornar válidos os atos posteriores. A citação do acusado, de acordo com o Novo Có- digo Processual Civil, é o ato pelo qual são convocados o réu, o executado ou o interessado para integrar a relação processual (art. 238 NCPC). A citação é uma garantia individual (decorrência do art. 5, LV, CR/88), tratando-se de ato essencial do processo, cuja falta lhe determina a nulidade absoluta (art. 564, III, “e”), sendo o processo inteiramente nulo a partir do ato e mesmo que haja sentença com trânsito em julgado poderá ser desfeita a res judicata seja por meio de habeas corpus (art. 648, VI), seja pela revisão criminal. A falta de citação no processo penal causa nulidade absoluta do processo (art. 564, III e IV, do CPP), pois contraria os princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa. Exceção: o art. 570 do Código de Processo Penal dispõe que se o réu comparece em juízo antes de consumado o ato, ainda que para arguir a ausên- cia de citação, sana a sua falta ou a nulidade. Nesse caso, o juiz ordenará a suspensão ou o adiamento do ato. “Não ocorrendo a rejeição liminar, o juiz recebe a denúncia ou queixa e determina a citação do acusado para, em 10 dias, res- ponder por escrito à acusação (art. 396, CPP). Com a citação do acusado, o processo completa a sua for- mação (art. 363, CPP).” O Código de Processo Penal tratou da citação em capítulo próprio, compreendendo os arts. 351 ao 369. A citação pode ser de duas espécies: - citação real (pessoal); - citação ficta (por edital). Didatismo e Conhecimento 6 DIREITO PROCESSUAL PENAL Citação a) Por mandado (regra) – oficial de justiça (art. 351) - Classificada como citação real. - A citação pessoal far-se-á quando o réu estiver na jurisdi- ção do juiz que a determinar. - A citação deve ser feita pelo menos 24 horas antes do momento em que o acusado deverá ser interrogado, não se tem admitido à citação no mesmo dia em que o acusado deva ser in- terrogado. - O oficial deverá fazer a leitura do mandado e entregar a contrafé. b) Por hora certa (art. 362) A Lei 11.719/08 introduziu a citação por hora certa no pro- cesso penal. Adotando-se o mesmo procedimento do processo ci- vil (arts. 252 a 254 do CPC/2015). “Art. 252. Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça houver procurado o citando em seu domicílio ou residência sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, intimar qualquer pessoa da família ou, em sua falta, qualquer vizinho de que, no dia útil imediato, voltará a fim de efetuar a citação, na hora que designar. Parágrafo único. Nos condomínios edilícios ou nos lotea- mentos com controle de acesso, será válida a intimação a que se refere o caput feita a funcionário da portaria responsável pelo re- cebimento de correspondência. Art. 253. No dia e na hora designados, o oficial de justiça, independentemente de novo despacho, comparecerá ao domicílio ou à residência do citando a fim de realizar a diligência. § 1o Se o citando não estiver presente, o oficial de justiça procurará informar-se das razões da ausência, dando por feita a citação, ainda que o citando se tenha ocultado em outra comarca, seção ou subseção judiciárias. § 2o A citação com hora certa será efetivada mesmo que a pessoa da família ou o vizinho que houver sido intimado esteja ausente, ou se, embora presente, a pessoa da família ou o vizinho se recusar a receber o mandado. § 3o Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça deixará contrafé com qualquer pessoa da família ou vizinho, conforme o caso, declarando-lhe o nome. § 4o O oficial de justiça fará constar do mandado a adver- tência de que será nomeado curador especial se houver revelia. Art. 254. Feita a citação com hora certa, o escrivão ou chefe de secretaria enviará ao réu, executado ou interessado, no prazo de 10 (dez) dias, contado da data da juntada do mandado aos autos, carta, telegramaou correspondência eletrônica, dando-lhe de tudo ciência.” No Processo Penal, completada a citação com hora certa, se o acusado não comparecer, ser-lhe-á nomeado defensor dativo. (art. 362, parágrafo único, CPP). Caso o réu compareça antes da audiência de instrução, nada impede que o juiz renove o prazo de defesa escrita – garantindo o constitucional princípio da ampla defesa e adotando o mesmo pro- cedimento previsto para a citação editalícia (art. 363, § 4º, CPP). Citado por hora certa, o prazo para o oferecimento da res- posta inicia-se na data do ato citatório (Súmula 710 – STF). “NCPC - Art. 254. Feita a citação com hora certa, o escrivão ou chefe de secretaria enviará ao réu, executado ou interessado, no prazo de 10 (dez) dias, contado da data da juntada do mandado aos autos, carta, telegrama ou correspondência eletrônica, dando-lhe de tudo ciência.” c) Por edital (art. 361) “Art. 361. Se o réu não for encontrado, será citado por edi- tal, com o prazo de 15 (quinze) dias.” - Classificada como citação ficta, ou seja, presumida. - Após o término do prazo de 15 dias (prazo do edital), inicia-se o prazo de 10 dias para a apresentação da resposta à acu- sação. Em se tratando de citação por edital, se o acusado não comparecer nem constituir advogado, o processo ficará suspenso, suspendendo-se, também, o prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas urgen- tes e, se for o caso, decretar a prisão preventiva nos termos do disposto no art. 312. d) Citação do réu preso (art. 360) O réu preso deverá ser citado pessoalmente, e, depois, re- quisitado junto à autoridade policial, para o acompanhamento da audiência de instrução e interrogatório (art. 399, § 1º, CPP). Não é mais possível a citação por edital, independente de onde estiver o preso. Será por mandado quando o réu estiver na sede da jurisdi- ção da ação penal em curso. E será por precatória quando em outra jurisdição. e) Citação do militar (art. 358) A citação do militar deve ser feita mediante requisição de sua apresentação para interrogatório ao superior hierárquico, ainda que o militar esteja fora da comarca. f) Citação do funcionário público (art. 359) No caso do funcionário público a citação será feita pessoal- mente, devendo ser notificado, também, o chefe da repartição. g) Citação do incapaz A citação do réu incapaz é feita pessoalmente, até mesmo porque pode-se não ter notícia ainda da incapacidade. Se, porém, a incapacidade já for conhecida (art. 149, CPP), a citação deverá ser feita na pessoa do curador designado pelo juízo criminal ou que estiver no exercício legal da curatela. Sendo a incapacidade comprovada após a instauração da ação penal, deverão ser anulados quaisquer efeitos resultantes do não-atendimento oportuno ao ato de citação. Didatismo e Conhecimento 7 DIREITO PROCESSUAL PENAL CARTA PRECATÓRIA (art. 353 e seguintes) Quando o réu residir fora do território em que o juiz exerce a jurisdição, a citação será feita por meio de carta precatória, via da qual o juiz deprecante (o da causa) pede ao juiz deprecado (aquele da jurisdição onde reside o réu) o cumprimento do ato processual citatório (Pacelli, 2011, p. 596). INTIMAÇÃO A Intimação é a comunicação à parte de que foi praticado um ato no processo. A intimação pressupõe a prática de um fato processual cuja ciência ao interessado é necessária para serem produzidos valida- mente seus efeitos legais. Já a notificação é a ciência que é dada ao interessado de seu dever ou de seu ônus de praticar um ato processual ou de adotar determinada conduta. Logo, se refere a um ato futuro, enquanto a intimação, a um ato passado. Contudo, o legislador processual penal não foi fiel a tal ter- minologia, confundindo constantemente os dois institutos. A intimação e a notificação observarão, no que for aplicá- vel, às formalidades da citação. Porém, não serão elas realizadas por oficial de justiça, e sim pelo escrivão. A falta de intimação só será causa de nulidade se o ato pro- cessual não atingir seu fim ou se houver prejuízo à parte interessa- da mediante alegação oportuna. Disoõe o Código Processual Penal: CAPÍTULO II DAS INTIMAÇÕES Art. 370. Nas intimações dos acusados, das testemunhas e demais pessoas que devam tomar conhecimento de qualquer ato, será observado, no que for aplicável, o disposto no Capítulo an- terior. § 1º A intimação do defensor constituído, do advogado do querelante e do assistente far-se-á por publicação no órgão incum- bido da publicidade dos atos judiciais da comarca, incluindo, sob pena de nulidade, o nome do acusado. § 2º Caso não haja órgão de publicação dos atos judiciais na comarca, a intimação far-se-á diretamente pelo escrivão, por mandado, ou via postal com comprovante de recebimento, ou por qualquer outro meio idôneo. § 3º A intimação pessoal, feita pelo escrivão, dispensará a aplicação a que alude o § 1º. § 4º A intimação do Ministério Público e do defensor no- meado será pessoal. Art. 371. Será admissível a intimação por despacho na peti- ção em que for requerida, observado o disposto no art. 357. Art. 372. Adiada, por qualquer motivo, a instrução criminal, o juiz marcará desde logo, na presença das partes e testemunhas, dia e hora para seu prosseguimento, do que se lavrará termo nos autos. ARTIGOS 394 A 497 – DOS PROCESSOS EM ESPÉCIE Processo É entendido como mecanismo de legitimação do Poder Es- tatal, um instrumento para a obtenção de uma tutela justa. Através dele busca-se a prestação de uma solução jurisdicional com maior rapidez, aceitação, satisfação e confiança da sociedade. Dentro desse contexto, o processo é dissociado do direito material, tornando-se autônomo em relação a esse, alçando natu- reza pública, uma vez que o Estado é quem determina a forma de atuação do ordenamento jurídico. A partir desse novo panorama o processo foi diferenciado do procedimento. O processo passou a ser identificado a partir de seu escopo jurídico e o procedimento como um encadeamento de atos que formam um rito judicial. Procedimento Procedimento vem do latim procedere que significa ir por diante, andar a frente, prosseguir. De sua origem visualiza-se seu significado, o modo de agir processual, a sucessão ordenada de atos à disposição para que se consubstancie a tutela jurídica. Pro- cedimento configura-se na exteriorização e materialização do pro- cesso, podendo assumir diversos modos de ser. O Procedimento é a sucessão de atos realizados nos termos do que preconiza a legislação. Processo, por sua vez, é a relação jurídica substancial, vista em seu aspecto externo, um conjunto de atos tendentes à finalidade de fazer valer a prestação jurisdicional penal. Processo que também tem sua origem no latim procedere tem sentido diverso, relacionando-se com a relação jurídica ins- trumental que se instaura e se desenvolve entre autor, juiz e réu, visando à solução para o conflito de interesses. O processo pode ser entendido como instituto complexo, no qual o procedimento é uma de suas vertentes, aliado a relação existente entre seus sujeitos, com o objetivo de obter uma tutela justa. O procedimento seria a sistematização do processo. Conforme nos esclarece o processualista Cândido Rangel Dinamarco em seu livro Fundamentos do Processo Civil Moderno, o Código de Processo Civil vigente em nosso ordenamento jurídi- co emprega corretamente os termos processo e procedimento, evi- denciando a diferenciação existente entre esses conceitos. Quando o legislador quis referir-se a sequência de atos coordenados em direção à tutela jurisdicional efetiva, denominou procedimento, como exemplos temos o emprego da denominação procedimento comum, procedimento ordinário, procedimento sumário e proce- dimentos especiais. Diferentemente, o nosso Código utiliza corretamente o vo- cábulo processo ao denominar o processo civil, o processo de co- nhecimento, processo de execução e processo cautelar. Outra diferença dentro denosso ordenamento jurídico no que diz respeito ao processo e procedimento está dentro da esfera da competência legislativa, uma vez que as normas de procedi- mento tem competência concorrente, permitindo-se aos Estados e Didatismo e Conhecimento 8 DIREITO PROCESSUAL PENAL ao Distrito Federal legislarem normas especiais frente às normas de caráter geral editadas pela União (artigo 24, inciso XI, e pará- grafos, da Constituição Federal). No que concerne à competência legislativa sobre o direito processual a União tem competência pri- vativa (artigo 22, inciso I da Constituição Federal). A diferenciação entre processo e procedimento também pode ser verificada na atuação da Administração Pública. A fi- nalidade legal do ato é alcançada pelos órgãos da Administração através da sequência de atos previamente definidos pela lei, utili- zando-se o processo administrativo de um procedimento anterior- mente estabelecido pela legislação e de conhecimento das partes. É necessário destacar, contudo, que conforme nos adverte Luiz Guilherme Marinoni em seu Curso de Teoria Geral do Pro- cesso é uma falha lógica a mera suposição de que o procedimento apenas é um resquício dos tempos em que não havia diferenciação entre o direito material e o processual. Na realidade ocorreu uma evolução do instituto do procedimento, a partir da teoria da auto- nomia, da natureza pública do direito processual e da jurisdição constitucional. O procedimento tem como escopo fins específicos relacio- nados à jurisdição e aos direitos postos em conflito. È necessário que o procedimento seja refletido desde sua forma em abstrato, quando criado pelo legislador, para possibilitar tutelar o direito material; até sua aplicação no caso concreto, quando o juiz, utili- zando-se das regras atinentes ao procedimento, viabiliza a efetivi- dade do direito. A parte tem direito ao procedimento adequado a tutela do direito material discutido, consentâneo com seus direitos funda- mentais e com os princípios constitucionais de justiça. Nesse sen- tido, não podem ser instituídos procedimentos que restringem as alegações do réu, pois violam direitos fundamentais, como o di- reito ao contraditório, assim como dificultam o alcance do direito material. Tais restrições devem sempre alinhar-se ao direito funda- mental das partes a efetiva participação das mesmas no processo. Imprescindível ainda, por outro lado, que o processo evi- dencie os valores sociais e políticos vivenciados em um determina- do momento histórico. Assim, diante da sociedade contemporânea, com seu pluralismo de direitos e de situações fáticas, o processo ganhou importância frente à defesa dos direitos, inclusive sendo permitida pelo legislador, ao juiz e às partes da ação, a possibi- lidade de ampla utilização do procedimento, conforme o caso apresentado, exemplos temos nos arts. 461 – obrigação de fazer e não fazer –e 273 – antecipação de tutela – do Código de Proces- so Civil. Através desses institutos permite-se ao juiz, analisando o caso concreto, definir os procedimentos que melhor se coadunam visando à solução do conflito. No contexto de um Estado Constitucional, o procedimen- to ganhou relevância junto à função jurisdicional Estatal. Dentro desse contexto, há uma parte da doutrina que entende que a le- gitimidade da decisão decorre da observância do procedimento, ou seja, para que a decisão seja considerada legítima ela precisa seguir as premissas estabelecidas, o procedimento, com especial participação das partes, possibilitando-se as mesmas demonstra- rem suas razões e contra argumentar os fundamentos postos pela outra parte, auxiliando na produção do resultado. Contudo, para que seja possível essa participação é necessária à publicidade dos atos processuais e a fundamentação das decisões. Para permitir a efetividade da tutela jurisdicional é impres- cindível que o procedimento seja idôneo a sua obtenção, surgindo à necessidade de muitas vezes estabelecer procedimentos diferen- ciados, segundo o caso concreto em análise. Deste modo, o processo diferencia-se do procedimento, mas a ele se inter-relaciona. O processo necessita de um procedimento legítimo, que respeite os direitos tutelados, assim como o contra- ditório e a ampla defesa, para atingir seu escopo, qual seja, uma tutela jurisdicional efetiva, consentânea com os valores sociais e políticos defendidos pela sociedade. O processo é um procedimento que legitima a atividade jurisdicional. O procedimento para ser legítimo deve estar con- sentâneo com os direitos materiais fundamentais. E dentro desse contexto, a diferença entre processo e procedimento ganha sentido e relevância. Processo Comum O procedimento comum, previsto no CPP, será aplicado de modo residual, ou seja, sempre que não houver nenhum procedi- mento especial previsto no CPP ou lei extravagante. Procedimento Comum O procedimento comum se subdivide em três categorias: a) Comum ordinário: quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada for igual ou superior a 4 anos de PPL. b) Comum sumário: tem por objeto crime cuja sanção má- xima cominada é inferior a 4 anos de PPL. c) Comum sumaríssimo: para as infrações de menor poten- cial ofensivo, com pena máxima igual ou inferior a 2 anos. Os procedimentos poderão ser comum ou especial. Este en- globa todos os ritos que tenham regramento próprio. Porém, não é só o fato de ser o crime apenado com a pena máxima abstrata igual ou superior a 4 anos que fará com que seja automaticamente fixado o rito comum ordinário. Isso porque, em primeiro lugar, deve ser considerado o texto constitucional, prin- cipalmente no que tange as regras de definição de competência. Por exemplo, os crimes eleitorais e os crimes militares têm rito próprio. O trâmite processual perante os tribunais, no julga- mento das pessoas com foro privilegiado também. Embora haja opinião em sentido contrário, tem prevalecido o entendimento de que na definição do procedimento a ser obser- vado devem ser consideradas eventuais causas de aumento ou de diminuição de pena. Tem ainda prevalecido o entendimento de que no caso de concurso material de crimes, art. 69 do cp, as penas de- vem ser somadas. se do somatório das penas máximas cominadas resultar pena igual ou superior a quatro anos, segue-se o procedi- mento ordinário. DO PROCEDIMENTO RELATIVO AOS PROCESSOS DA COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JÚRI O Tribunal do Júri é um Tribunal presidido por um magis- trado de carreira e composto de juízes leigos (jurados), sorteados entre os componentes de lista organizada segundo o disposto no Código de Processo Penal. Também chamado de Tribunal Popular. O Tribunal do Júri será composto por um juiz-presidente mais vinte e cinco jurados, sorteados aleatoriamente pelo juiz en- tre todos os candidatos alistados, sendo sete desses designados a Didatismo e Conhecimento 9 DIREITO PROCESSUAL PENAL participar do Conselho de Sentença, como bem informa o art. 433 do CPP. O jurado que houver participado de Conselho de Senten- ça nos últimos doze meses, fica proibido de ser alistado no ano seguinte. O Tribunal do Júri, instituído no Brasil desde 1822 e previs- to na Constituição Federal, é responsável por julgar crimes dolosos contra a vida. Neste tipo de tribunal, cabe a um colegiado de po- pulares – os jurados sorteados para compor o conselho de sentença – declarar se o crime em questão aconteceu e se o réu é culpado ou inocente. Dessa forma, o magistrado decide conforme a vontade popular, lê a sentença e fixa a pena, em caso de condenação. O rito procedimental do júri é subdivido em duas fases sen- do que a primeira é judicium accusationis e a segunda chamada de judicium causae, ou seja, fase acusatória e fase de julgamento, respectivamente. A primeira fase procedimental está relacionada com a de- núncia ou queixa subsidiária que pode ser recebida ou rejeitada. Pois, sendo recebida a denúncia ou queixa, o juiz ordenará a citação do acusado que terá um prazo de 10 (dez) dias parares- ponder a acusação que poderá conter preliminares, oferecer docu- mentos, provas e arrolar até oito testemunhas. Caso a defesa não seja apresentada no prazo legal, o juiz designará defensor para oferecê-la no prazo de dez dias. Após “o juiz ouvirá o Ministério Público ou o querelante sobre preliminares e documentos, em 5 (cinco) dias” conforme dispõe o art. 409 do CPP. É mister salientar que em decorrência do ato será designa- da a audiência de instrução a fim de que as testemunhas sejam inquiridas e sempre que possível o depoimento do ofendido. Em consequência o acusado será interrogado, bem como ocorrerá as alegações finais. O pressuposto para segunda fase do tribunal do júri inicia- -se com a preclusão da pronúncia, do qual delimitará a acusação formulada perante o corpo dos jurados. Por derradeiro decisão pronúncia é: Na decisão de pronúncia, o que o juiz afirma, com efeito, é a existência de provas no sentido da materialidade e da autoria. Em relação à materialidade, a prova há de ser segura quanto ao fato. Já em relação à autoria, bastará a presença de elementos indicati- vos, devendo o juiz, tanto quanto possível, abster-se de revelar um convencimento absoluto quanto a ela. É preciso considerar que a decisão de pronúncia somente deve revelar um juízo de probabili- dade e não o de certeza. (OLIVEIRA, 2009, p. 599) Quando houver mais de um acusado o juiz poderá pronun- ciar apenas um dos acusados, desse modo, a segunda fase somen- te prosseguirá para quem foi pronunciado. Porém, poderá ocorrer ainda que os dois tenham sido pronunciados, mas somente um deles tenha interposto recurso em sentido estrito o qual o proce- dimento fruirá normalmente para aquele que a pronúncia precluiu. Outrossim, quando os dois acusados são absolvidos suma- riamente, mas o Ministério Público recorre e se o Tribunal reformar a sentença para um deles e quando esta decisão precluir, apenas o acusado que teve a sentença reformada submeterá ao júri popular. Por fim, poderá existir a hipótese em que os dois acusados tenham interposto recurso, mas um perdeu o prazo para interpô- -lo, desse modo, este submeterá ao rito do tribunal do júri, já que houve a preclusão da pronúncia para ele. Será analisada a organização da sessão do tribunal do júri. Primeiramente deve ser feita uma lista de jurados (com as devidas profissões) devendo ser completada a cada ano. Podem fazer parte desta lista pessoas privadas e/ou públicas entre cidadãos maiores de 18 anos de notória idoneidade. Para que tenha validade, a lista deve ser publicada em prin- cípio até o dia 10 de outubro de cada ano e podendo ser até dia 10 de novembro, caso tenha impugnações. A lista dos processos a serem julgados será afixado na porta do tribunal do júri antes do dia designado para julgamento da reu- nião periódica, em consonância ao § 1º, art. 429 do CPP. Frise-se que o assistente poderá atuar em determinada ses- são. Para tanto, deverá requerer sua habilitação até cinco dias antes da sessão que pretende atuar. “Em seguida à organização da pauta, o juiz presidente de- terminará a intimação do Ministério Público, da Ordem dos Ad- vogados do Brasil e da Defensoria Pública para acompanharem, em dia e hora designados, o sorteio dos jurados que atuarão na reunião periódica” - Art. 432 do CPP. O juiz presidente fará o sor- teio a portas abertas, retirando as cédulas até completar o número de vinte e cinco jurados para composição da reunião periódica ou extraordinária. Vale fazer algumas observações acerca do sorteio e convo- cação dos jurados, são elas: “O sorteio será realizado entre o 15o (décimo quinto) e o 10o (décimo) dia útil antecedente à instalação da reunião; a audiência de sorteio não será adiada pelo não compa- recimento das partes; o jurado não sorteado poderá ter o seu nome novamente incluído para as reuniões futuras”. Art. 433 e §§ do CPP. Pois, os jurados serão convocados pelo correio ou por outro meio para comparecer na reunião preestabelecida. O serviço do tribunal do júri é obrigacional e sua recusa injustificada acarretará uma multa entre um a dez salários mínimos de acordo com critérios subjetivos do juiz, bem como condição econômica de cada um. Entretanto, existem pessoas que são isentas do serviço obri- gacional do tribunal do júri são elas: Presidente da República e os Ministros de Estado; Governadores e seus respectivos Secretários; membros do Congresso Nacional; das Assembléias Legislativas e das Câmaras Distrital e Municipais; Prefeitos; Magistrados e membros do Ministério Público e da Defensoria Pública; autori- dades e os servidores da polícia e da segurança pública; militares em serviço ativo; cidadãos maiores de 70 anos que queiram sua dispensa e aquelas que demonstrarem justo impedimento. O julgamento é iniciado com a conferência dos vinte e cinco jurados e para que a sessão seja aberta necessário se faz a presença de pelo menos quinze jurados. Dos quais sete serão sorteados para fazer parte do Conselho de Sentença. O acusado em liberdade intimado e não comparece na ses- são do júri, esta não será adiada. Pois, sua presença torna obri- gatória quando estiver preso. Porém, se houver requerimento do acusado ou de seu advogado poderá sua presença ser dispensada. O Ministério Público e defensor quando ausentes acarretará o adiamento do julgamento para data mais próxima. Didatismo e Conhecimento 10 DIREITO PROCESSUAL PENAL Na ação penal privada faz-se necessário citar que na au- sência do querelante leva a perempção. Pois, tratando-se de ação penal subsidiária da pública o Ministério Público deve retornar a titularidade da ação, para que assim, o julgamento do júri popular na seja adiado. Vale enfatizar no que tange a ausência de qualquer testemu- nha sem justo motivo enseja uma penalidade, ou melhor, implicará uma multa que varia de um a dez salários mínimos. Além da ação penal por desobediência. Bem como o julgamento não será adiado devido sua ausência, exceto se uma das partes tiver requerido sua intimação por mandado, conforme estabelecido no art. 461 CPP. Após, a sessão instalada com a presença das pessoas indis- pensáveis para o julgamento terá início a formação do conselho de sentença, ou seja, será realizado o sorteio dos sete jurados. Os jurados poderão sofrer manifestação de até três recusas peremptórias tanto pela defesa quanto pela acusação (nessa or- dem). Bem como poderão sofrer recusa justificada, o qual quem recusar deverá apresentar prova de sua alegação ao juiz, neste caso não há limite que estipule o número das recusas haja vista trata-se de suspeição ou de impedimentos. Com a formação do conselho de sentença os jurados toma- rão compromisso em julgar com imparcialidade e decidir de acor- do sua consciência e justiça. Iniciada a sessão será feita as declarações do ofendido pelo juiz presidente, Ministério Público, assistente, querelante e advo- gado do acusado e sempre que possível inquirirão também as tes- temunhas arroladas pela acusação. O defensor do acusado na inquirição das testemunhas ar- roladas pela defesa fará a oitiva antes do Ministério Público e do assistente, pelo fato de quem arrola as testemunhas pergunta pri- meiro. Frisa-se que os jurados por intermédio do juiz-presidente poderão formular também perguntas ao ofendido bem como para as testemunhas. As testemunhas ficarão incomunicáveis, a fim de que ne- nhuma possa ouvir o relato uma das outras. Na ordem das testemunhas serão ouvidas primeiramente as arroladas pela acusação e depois as indicadas pela defesa. Nota-se que é possível oitiva de pessoas na qualidade de informante. O interrogatório é o último ato instrutório, por representar a melhor oportunidade de defesa do acusado. E o relatório do pro- cesso é lançado aos autos antes da sessão. O início da sustentação oral será feita pela acusação, o qual o promotor de justiça terá uma hora e meia para produzir a acu- sação nos limites da pronúncia. Pois, na ação penal privada pri- meiramente falará o querelantee, consequentemente, o Ministério Público. Ressalta Nucci A função do Ministério Público, em plenário do júri, não é atacar a defesa, nem tampouco injuriar o réu. Não pode, ainda, ofender testemunhas e muito menos o magistrado ou qualquer ju- rado. Sua liberdade de tribuna não lhe confere imunidade agressi- va. Eventual proteção conferida pelo art. 142, I do Código Penal (‘ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador’), se possível, deve ser evitada em presença dos jurados. (...)(2008, p. 143-144): Pois, deve respeitar seus limites que está pautada na pro- núncia e sustentar apenas sua convicção para uma condenação justa ao réu. Prosseguirá a sustentação oral com a defesa também pelo prazo de uma hora e meia. Após os debates, o juiz perguntará aos jurados se estão ap- tos a julgar os fatos narrados. E terão conhecimento dos quesitos que deverão responder exercendo, desse modo, a função de juízes dos fatos. Encerrados os debates, o magistrado deve indagar aos jura- dos se necessitam de algum outro esclarecimento ou se já estão ap- tos para o julgamento. Se solicitarem algum novo esclarecimento, o magistrado o dará, inclusive com acesso aos autos e aos instru- mentos do crime, se assim necessitarem. [...]. Encerrados os deba- tes, e se os jurados já se sentirem habilitados a julgar o acusado, passar-se-á à fase de elaboração dos quesitos. (SANTOS, 2008, p. 214-215) Responderão os seguintes quesitos: I – a materialidade do fato; II – a autoria ou participação; III – se o acusado deve ser absolvido; IV – se existe causa de diminuição de pena alegada pela defesa; V – se existe circunstância qualificadora ou causa de aumento de pena reconhecidas na pronúncia ou em decisões pos- teriores que julgaram admissível a acusação. (art. 483 do CPP). Vale ressaltar que comprovada a inexistência do crime con- tra a vida com desclassificação para outro delito a competência será do juiz-presidente para proferir a sentença e não sendo mais o júri popular competente. Sentença A sentença é o ato que põe fim ao cotejo, devendo ser lavra- da pelo juiz-presidente com vinculação total à decisão proferida pelo Conselho de Sentença. Na nova sistemática do Rito do Tri- bunal do Júri, a sentença foi alvo de sensíveis e importantes alte- rações, estando agora prevista no art. 492, sendo divido no inciso I para a sentença condenatória e no inciso II para a absolutória. A sentença deverá ser lavrada pelo juiz-presidente de acor- do com o que foi decido pelos juízes de fatos. Após, todos voltarão ao plenário em que o juiz-presidente lerá a sentença e frisa-se que as partes sairão intimadas para um possível recurso e será dada como encerrada a sessão de julgamento. Recursos A matéria recursal sofreu drásticas e ovacionadas mudan- ças. A Lei 11.689 estabeleceu ser cabível apelação na hipótese de impronúncia e absolvição sumária, acabou com o obsoleto recurso de protesto por novo júri e impediu o recurso de apelação contra decisões pró-réu realizadas manifestamente contrárias as provas dos autos. Recurso de apelação: As regras para o cabimento da apelação contra decisões do Plenário estão previstas no art. 593, III, quando: a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia; b) for a sentença do juiz presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados; c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança; d) a decisão dos jurados em condenar o réu for manifesta- mente contrária à prova dos autos. Didatismo e Conhecimento 11 DIREITO PROCESSUAL PENAL Outro caso onde se usará o recurso de apelação está previsto no art. 416, que afirma ser esse o recurso cabível “contra a senten- ça de impronúncia ou de absolvição sumária”. Código Processual Penal: LIVRO II DOS PROCESSOS EM ESPÉCIE TÍTULO I DO PROCESSO COMUM CAPÍTULO I DA INSTRUÇÃO CRIMINAL Art. 394. O procedimento será comum ou especial. § 1o O procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssimo: I - ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada for igual ou superior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade; II - sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada seja inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade; III - sumaríssimo, para as infrações penais de menor poten- cial ofensivo, na forma da lei. § 2o Aplica-se a todos os processos o procedimento co- mum, salvo disposições em contrário deste Código ou de lei es- pecial. § 3o Nos processos de competência do Tribunal do Júri, o procedimento observará as disposições estabelecidas nos arts. 406 a 497 deste Código. § 4o As disposições dos arts. 395 a 398 deste Código apli- cam-se a todos os procedimentos penais de primeiro grau, ainda que não regulados neste Código. § 5o Aplicam-se subsidiariamente aos procedimentos es- pecial, sumário e sumaríssimo as disposições do procedimento ordinário. Art. 394-A. Os processos que apurem a prática de crime hediondo terão prioridade de tramitação em todas as instâncias. (Incluído pela Lei nº 13.285, de 2016). Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: I - for manifestamente inepta; II - faltar pressuposto processual ou condição para o exer- cício da ação penal; ou III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. Parágrafo único. (Revogado). Art. 396. Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente, rece- bê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. Parágrafo único. No caso de citação por edital, o prazo para a defesa começará a fluir a partir do comparecimento pessoal do acusado ou do defensor constituído. Art. 396-A. Na resposta, o acusado poderá arguir prelimi- nares e alegar tudo o que interesse à sua defesa, oferecer docu- mentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário. § 1o A exceção será processada em apartado, nos termos dos arts. 95 a 112 deste Código. § 2o Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o acusado, citado, não constituir defensor, o juiz nomeará defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos por 10 (dez) dias. Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar: I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; II - a existência manifesta de causa excludente da culpabi- lidade do agente, salvo inimputabilidade; III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou IV - extinta a punibilidade do agente. Art. 398. (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). Art. 399. Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para a audiência, ordenando a intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério Público e, se for o caso, do querelante e do assistente. § 1o O acusado preso será requisitado para comparecer ao interrogatório, devendo o poder público providenciar sua apresen- tação. § 2o O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sen- tença. Art. 400. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222 deste Código, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coi- sas, interrogando-se, em seguida, o acusado. § 1o As provas serão produzidas numa só audiência, po- dendo o juiz indeferir as consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias. § 2o Os esclarecimentos dos peritos dependerão de prévio requerimento das partes. Art. 401. Na instrução poderão ser inquiridas até 8 (oito) testemunhas arroladas pela acusação e 8 (oito)pela defesa. § 1o Nesse número não se compreendem as que não pres- tem compromisso e as referidas. § 2o A parte poderá desistir da inquirição de qualquer das testemunhas arroladas, ressalvado o disposto no art. 209 deste Có- digo. Art. 402. Produzidas as provas, ao final da audiência, o Mi- nistério Público, o querelante e o assistente e, a seguir, o acusado poderão requerer diligências cuja necessidade se origine de cir- cunstâncias ou fatos apurados na instrução. Didatismo e Conhecimento 12 DIREITO PROCESSUAL PENAL Art. 403. Não havendo requerimento de diligências, ou sen- do indeferido, serão oferecidas alegações finais orais por 20 (vinte) minutos, respectivamente, pela acusação e pela defesa, prorrogá- veis por mais 10 (dez), proferindo o juiz, a seguir, sentença. § 1o Havendo mais de um acusado, o tempo previsto para a defesa de cada um será individual. § 2o Ao assistente do Ministério Público, após a manifesta- ção desse, serão concedidos 10 (dez) minutos, prorrogando-se por igual período o tempo de manifestação da defesa. § 3o O juiz poderá, considerada a complexidade do caso ou o número de acusados, conceder às partes o prazo de 5 (cinco) dias sucessivamente para a apresentação de memoriais. Nesse caso, terá o prazo de 10 (dez) dias para proferir a sentença. Art. 404. Ordenado diligência considerada imprescindível, de ofício ou a requerimento da parte, a audiência será concluída sem as alegações finais. Parágrafo único. Realizada, em seguida, a diligência de- terminada, as partes apresentarão, no prazo sucessivo de 5 (cinco) dias, suas alegações finais, por memorial, e, no prazo de 10 (dez) dias, o juiz proferirá a sentença. Art. 405. Do ocorrido em audiência será lavrado termo em livro próprio, assinado pelo juiz e pelas partes, contendo breve re- sumo dos fatos relevantes nela ocorridos. § 1o Sempre que possível, o registro dos depoimentos do investigado, indiciado, ofendido e testemunhas será feito pelos meios ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinada a obter maior fide- lidade das informações. § 2o No caso de registro por meio audiovisual, será enca- minhado às partes cópia do registro original, sem necessidade de transcrição. CAPÍTULO II DO PROCEDIMENTO RELATIVO AOS PROCESSOS DA COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JÚRI Seção I Da Acusação e da Instrução Preliminar Art. 406. O juiz, ao receber a denúncia ou a queixa, ordena- rá a citação do acusado para responder a acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. § 1o O prazo previsto no caput deste artigo será contado a partir do efetivo cumprimento do mandado ou do comparecimen- to, em juízo, do acusado ou de defensor constituído, no caso de citação inválida ou por edital. § 2o A acusação deverá arrolar testemunhas, até o máximo de 8 (oito), na denúncia ou na queixa. § 3o Na resposta, o acusado poderá argüir preliminares e alegar tudo que interesse a sua defesa, oferecer documentos e jus- tificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, até o máximo de 8 (oito), qualificando-as e requerendo sua intima- ção, quando necessário. Art. 407. As exceções serão processadas em apartado, nos termos dos arts. 95 a 112 deste Código. Art. 408. Não apresentada a resposta no prazo legal, o juiz nomeará defensor para oferecê-la em até 10 (dez) dias, conceden- do-lhe vista dos autos. Art. 409. Apresentada a defesa, o juiz ouvirá o Ministério Público ou o querelante sobre preliminares e documentos, em 5 (cinco) dias. Art. 410. O juiz determinará a inquirição das testemunhas e a realização das diligências requeridas pelas partes, no prazo má- ximo de 10 (dez) dias. Art. 411. Na audiência de instrução, proceder-se-á à toma- da de declarações do ofendido, se possível, à inquirição das teste- munhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reco- nhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado e procedendo-se o debate. § 1o Os esclarecimentos dos peritos dependerão de prévio requerimento e de deferimento pelo juiz. § 2o As provas serão produzidas em uma só audiência, po- dendo o juiz indeferir as consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias. § 3o Encerrada a instrução probatória, observar-se-á, se for o caso, o disposto no art. 384 deste Código. § 4o As alegações serão orais, concedendo-se a palavra, respectivamente, à acusação e à defesa, pelo prazo de 20 (vinte) minutos, prorrogáveis por mais 10 (dez). § 5o Havendo mais de 1 (um) acusado, o tempo previsto para a acusação e a defesa de cada um deles será individual. § 6o Ao assistente do Ministério Público, após a manifesta- ção deste, serão concedidos 10 (dez) minutos, prorrogando-se por igual período o tempo de manifestação da defesa. § 7o Nenhum ato será adiado, salvo quando imprescindí- vel à prova faltante, determinando o juiz a condução coercitiva de quem deva comparecer. § 8o A testemunha que comparecer será inquirida, inde- pendentemente da suspensão da audiência, observada em qualquer caso a ordem estabelecida no caput deste artigo. § 9o Encerrados os debates, o juiz proferirá a sua decisão, ou o fará em 10 (dez) dias, ordenando que os autos para isso lhe sejam conclusos. Art. 412. O procedimento será concluído no prazo máximo de 90 (noventa) dias. Seção II Da Pronúncia, da Impronúncia e da Absolvição Sumária Art. 413. O juiz, fundamentadamente, pronunciará o acu- sado, se convencido da materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação. § 1o A fundamentação da pronúncia limitar-se-á à indica- ção da materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação, devendo o juiz declarar o dispositivo legal em que julgar incurso o acusado e especificar as circunstân- cias qualificadoras e as causas de aumento de pena. § 2o Se o crime for afiançável, o juiz arbitrará o valor da fiança para a concessão ou manutenção da liberdade provisória. Didatismo e Conhecimento 13 DIREITO PROCESSUAL PENAL § 3o O juiz decidirá, motivadamente, no caso de manu- tenção, revogação ou substituição da prisão ou medida restritiva de liberdade anteriormente decretada e, tratando-se de acusado solto, sobre a necessidade da decretação da prisão ou imposição de quaisquer das medidas previstas no Título IX do Livro I deste Código. Art. 414. Não se convencendo da materialidade do fato ou da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação, o juiz, fundamentadamente, impronunciará o acusado. Parágrafo único. Enquanto não ocorrer a extinção da puni- bilidade, poderá ser formulada nova denúncia ou queixa se houver prova nova. Art. 415. O juiz, fundamentadamente, absolverá desde logo o acusado, quando: I – provada a inexistência do fato; II – provado não ser ele autor ou partícipe do fato; III – o fato não constituir infração penal; IV – demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do crime. Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso IV do caput deste artigo ao caso de inimputabilidade prevista no caput do art. 26 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Códi- go Penal, salvo quando esta for a única tese defensiva. Art. 416. Contra a sentença de impronúncia ou de absolvi- ção sumária caberá apelação. Art. 417. Se houver indícios de autoria ou de participação de outras pessoas não incluídas na acusação, o juiz, ao pronunciar ou impronunciar o acusado, determinará o retorno dos autos ao Ministério Público, por 15 (quinze) dias, aplicável, no que couber, o art. 80 deste Código. Art. 418. O juiz poderá dar ao fato definição jurídica di- versa da constante da acusação, embora o acusado fique sujeito a pena mais grave. Art. 419. Quando o juiz se convencer, em discordância com a acusação, da existência de crime diverso dos referidosno § 1o do art. 74 deste Código e não for competente para o julgamento, remeterá os autos ao juiz que o seja. Parágrafo único. Remetidos os autos do processo a outro juiz, à disposição deste ficará o acusado preso. Art. 420. A intimação da decisão de pronúncia será feita: I – pessoalmente ao acusado, ao defensor nomeado e ao Ministério Público; II – ao defensor constituído, ao querelante e ao assistente do Ministério Público, na forma do disposto no § 1o do art. 370 deste Código. Parágrafo único. Será intimado por edital o acusado solto que não for encontrado. Art. 421. Preclusa a decisão de pronúncia, os autos serão encaminhados ao juiz presidente do Tribunal do Júri. § 1o Ainda que preclusa a decisão de pronúncia, havendo circunstância superveniente que altere a classificação do crime, o juiz ordenará a remessa dos autos ao Ministério Público. § 2o Em seguida, os autos serão conclusos ao juiz para decisão. Seção III Da Preparação do Processo para Julgamento em Plenário Art. 422. Ao receber os autos, o presidente do Tribunal do Júri determinará a intimação do órgão do Ministério Público ou do querelante, no caso de queixa, e do defensor, para, no prazo de 5 (cinco) dias, apresentarem rol de testemunhas que irão depor em plenário, até o máximo de 5 (cinco), oportunidade em que poderão juntar documentos e requerer diligência. Art. 423. Deliberando sobre os requerimentos de provas a serem produzidas ou exibidas no plenário do júri, e adotadas as providências devidas, o juiz presidente: I – ordenará as diligências necessárias para sanar qualquer nulidade ou esclarecer fato que interesse ao julgamento da causa; II – fará relatório sucinto do processo, determinando sua inclusão em pauta da reunião do Tribunal do Júri. Art. 424. Quando a lei local de organização judiciária não atribuir ao presidente do Tribunal do Júri o preparo para julgamen- to, o juiz competente remeter-lhe-á os autos do processo preparado até 5 (cinco) dias antes do sorteio a que se refere o art. 433 deste Código. Parágrafo único. Deverão ser remetidos, também, os pro- cessos preparados até o encerramento da reunião, para a realização de julgamento. Seção IV Do Alistamento dos Jurados Art. 425. Anualmente, serão alistados pelo presidente do Tribunal do Júri de 800 (oitocentos) a 1.500 (um mil e quinhentos) jurados nas comarcas de mais de 1.000.000 (um milhão) de habi- tantes, de 300 (trezentos) a 700 (setecentos) nas comarcas de mais de 100.000 (cem mil) habitantes e de 80 (oitenta) a 400 (quatro- centos) nas comarcas de menor população. § 1o Nas comarcas onde for necessário, poderá ser aumen- tado o número de jurados e, ainda, organizada lista de suplentes, depositadas as cédulas em urna especial, com as cautelas mencio- nadas na parte final do § 3o do art. 426 deste Código. § 2o O juiz presidente requisitará às autoridades locais, as- sociações de classe e de bairro, entidades associativas e culturais, instituições de ensino em geral, universidades, sindicatos, reparti- ções públicas e outros núcleos comunitários a indicação de pessoas que reúnam as condições para exercer a função de jurado. Art. 426. A lista geral dos jurados, com indicação das res- pectivas profissões, será publicada pela imprensa até o dia 10 de outubro de cada ano e divulgada em editais afixados à porta do Tribunal do Júri. § 1o A lista poderá ser alterada, de ofício ou mediante re- clamação de qualquer do povo ao juiz presidente até o dia 10 de novembro, data de sua publicação definitiva. Didatismo e Conhecimento 14 DIREITO PROCESSUAL PENAL § 2o Juntamente com a lista, serão transcritos os arts. 436 a 446 deste Código. § 3o Os nomes e endereços dos alistados, em cartões iguais, após serem verificados na presença do Ministério Público, de ad- vogado indicado pela Seção local da Ordem dos Advogados do Brasil e de defensor indicado pelas Defensorias Públicas compe- tentes, permanecerão guardados em urna fechada a chave, sob a responsabilidade do juiz presidente. § 4o O jurado que tiver integrado o Conselho de Sentença nos 12 (doze) meses que antecederem à publicação da lista geral fica dela excluído. § 5o Anualmente, a lista geral de jurados será, obrigatoria- mente, completada. Seção V Do Desaforamento Art. 427. Se o interesse da ordem pública o reclamar ou houver dúvida sobre a imparcialidade do júri ou a segurança pes- soal do acusado, o Tribunal, a requerimento do Ministério Público, do assistente, do querelante ou do acusado ou mediante representa- ção do juiz competente, poderá determinar o desaforamento do jul- gamento para outra comarca da mesma região, onde não existam aqueles motivos, preferindo-se as mais próximas. § 1o O pedido de desaforamento será distribuído imedia- tamente e terá preferência de julgamento na Câmara ou Turma competente. § 2o Sendo relevantes os motivos alegados, o relator poderá determinar, fundamentadamente, a suspensão do julgamento pelo júri. § 3o Será ouvido o juiz presidente, quando a medida não tiver sido por ele solicitada. § 4o Na pendência de recurso contra a decisão de pronúncia ou quando efetivado o julgamento, não se admitirá o pedido de desaforamento, salvo, nesta última hipótese, quanto a fato ocorrido durante ou após a realização de julgamento anulado. Art. 428. O desaforamento também poderá ser determina- do, em razão do comprovado excesso de serviço, ouvidos o juiz presidente e a parte contrária, se o julgamento não puder ser reali- zado no prazo de 6 (seis) meses, contado do trânsito em julgado da decisão de pronúncia. § 1o Para a contagem do prazo referido neste artigo, não se computará o tempo de adiamentos, diligências ou incidentes de interesse da defesa. § 2o Não havendo excesso de serviço ou existência de processos aguardando julgamento em quantidade que ultrapasse a possibilidade de apreciação pelo Tribunal do Júri, nas reuniões periódicas previstas para o exercício, o acusado poderá requerer ao Tribunal que determine a imediata realização do julgamento. Seção VI Da Organização da Pauta Art. 429. Salvo motivo relevante que autorize alteração na ordem dos julgamentos, terão preferência: I – os acusados presos; II – dentre os acusados presos, aqueles que estiverem há mais tempo na prisão; III – em igualdade de condições, os precedentemente pro- nunciados. § 1o Antes do dia designado para o primeiro julgamento da reunião periódica, será afixada na porta do edifício do Tribunal do Júri a lista dos processos a serem julgados, obedecida a ordem prevista no caput deste artigo. § 2o O juiz presidente reservará datas na mesma reunião periódica para a inclusão de processo que tiver o julgamento adia- do. Art. 430. O assistente somente será admitido se tiver reque- rido sua habilitação até 5 (cinco) dias antes da data da sessão na qual pretenda atuar. Art. 431. Estando o processo em ordem, o juiz presidente mandará intimar as partes, o ofendido, se for possível, as testemu- nhas e os peritos, quando houver requerimento, para a sessão de instrução e julgamento, observando, no que couber, o disposto no art. 420 deste Código. Seção VII Do Sorteio e da Convocação dos Jurados Art. 432. Em seguida à organização da pauta, o juiz presi- dente determinará a intimação do Ministério Público, da Ordem dos Advogados do Brasil e da Defensoria Pública para acompa- nharem, em dia e hora designados, o sorteio dos jurados que atua- rão na reunião periódica. Art. 433. O sorteio, presidido pelo juiz, far-se-á a portas abertas, cabendo-lhe retirar as cédulas até completar o número de 25 (vinte e cinco) jurados, para a reunião periódica ou extraordi- nária. § 1o O sorteio será realizado entre o 15o (décimo quinto) e o 10o (décimo) dia útil antecedente à instalação da reunião. § 2o A audiência de sorteio não será adiada pelo não com- parecimento das partes. § 3o O jurado não sorteado poderá ter o seu nome nova- mente incluído paraas reuniões futuras. Art. 434. Os jurados sorteados serão convocados pelo cor- reio ou por qualquer outro meio hábil para comparecer no dia e hora designados para a reunião, sob as penas da lei. Parágrafo único. No mesmo expediente de convocação se- rão transcritos os arts. 436 a 446 deste Código. Art. 435. Serão afixados na porta do edifício do Tribunal do Júri a relação dos jurados convocados, os nomes do acusado e dos procuradores das partes, além do dia, hora e local das sessões de instrução e julgamento. Seção VIII Da Função do Jurado Art. 436. O serviço do júri é obrigatório. O alistamento compreenderá os cidadãos maiores de 18 (dezoito) anos de notória idoneidade. Didatismo e Conhecimento 15 DIREITO PROCESSUAL PENAL § 1o Nenhum cidadão poderá ser excluído dos trabalhos do júri ou deixar de ser alistado em razão de cor ou etnia, raça, credo, sexo, profissão, classe social ou econômica, origem ou grau de instrução. § 2o A recusa injustificada ao serviço do júri acarretará multa no valor de 1 (um) a 10 (dez) salários mínimos, a critério do juiz, de acordo com a condição econômica do jurado. Art. 437. Estão isentos do serviço do júri: I – o Presidente da República e os Ministros de Estado; II – os Governadores e seus respectivos Secretários; III – os membros do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas e das Câmaras Distrital e Municipais; IV – os Prefeitos Municipais; V – os Magistrados e membros do Ministério Público e da Defensoria Pública; VI – os servidores do Poder Judiciário, do Ministério Públi- co e da Defensoria Pública; VII – as autoridades e os servidores da polícia e da segu- rança pública; VIII – os militares em serviço ativo; IX – os cidadãos maiores de 70 (setenta) anos que requei- ram sua dispensa; X – aqueles que o requererem, demonstrando justo impe- dimento. Art. 438. A recusa ao serviço do júri fundada em convic- ção religiosa, filosófica ou política importará no dever de prestar serviço alternativo, sob pena de suspensão dos direitos políticos, enquanto não prestar o serviço imposto. § 1o Entende-se por serviço alternativo o exercício de atividades de caráter administrativo, assistencial, filantrópico ou mesmo produtivo, no Poder Judiciário, na Defensoria Pública, no Ministério Público ou em entidade conveniada para esses fins. § 2o O juiz fixará o serviço alternativo atendendo aos prin- cípios da proporcionalidade e da razoabilidade. Art. 439. O exercício efetivo da função de jurado constitui- rá serviço público relevante e estabelecerá presunção de idoneida- de moral. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). Art. 440. Constitui também direito do jurado, na condição do art. 439 deste Código, preferência, em igualdade de condições, nas licitações públicas e no provimento, mediante concurso, de cargo ou função pública, bem como nos casos de promoção fun- cional ou remoção voluntária. Art. 441. Nenhum desconto será feito nos vencimentos ou salário do jurado sorteado que comparecer à sessão do júri. Art. 442. Ao jurado que, sem causa legítima, deixar de comparecer no dia marcado para a sessão ou retirar-se antes de ser dispensado pelo presidente será aplicada multa de 1 (um) a 10 (dez) salários mínimos, a critério do juiz, de acordo com a sua condição econômica. Art. 443. Somente será aceita escusa fundada em motivo relevante devidamente comprovado e apresentada, ressalvadas as hipóteses de força maior, até o momento da chamada dos jurados. Art. 444. O jurado somente será dispensado por decisão motivada do juiz presidente, consignada na ata dos trabalhos. Art. 445. O jurado, no exercício da função ou a pretexto de exercê-la, será responsável criminalmente nos mesmos termos em que o são os juízes togados. Art. 446. Aos suplentes, quando convocados, serão apli- cáveis os dispositivos referentes às dispensas, faltas e escusas e à equiparação de responsabilidade penal prevista no art. 445 deste Código. Seção IX Da Composição do Tribunal do Júri e da Formação do Conselho de Sentença Art. 447. O Tribunal do Júri é composto por 1 (um) juiz togado, seu presidente e por 25 (vinte e cinco) jurados que serão sorteados dentre os alistados, 7 (sete) dos quais constituirão o Con- selho de Sentença em cada sessão de julgamento. Art. 448. São impedidos de servir no mesmo Conselho: I – marido e mulher; II – ascendente e descendente; III – sogro e genro ou nora; IV – irmãos e cunhados, durante o cunhadio; V – tio e sobrinho; VI – padrasto, madrasta ou enteado. § 1o O mesmo impedimento ocorrerá em relação às pessoas que mantenham união estável reconhecida como entidade familiar. § 2o Aplicar-se-á aos jurados o disposto sobre os impedi- mentos, a suspeição e as incompatibilidades dos juízes togados. Art. 449. Não poderá servir o jurado que: I – tiver funcionado em julgamento anterior do mesmo pro- cesso, independentemente da causa determinante do julgamento posterior; II – no caso do concurso de pessoas, houver integrado o Conselho de Sentença que julgou o outro acusado; III – tiver manifestado prévia disposição para condenar ou absolver o acusado. Art. 450. Dos impedidos entre si por parentesco ou relação de convivência, servirá o que houver sido sorteado em primeiro lugar. Art. 451. Os jurados excluídos por impedimento, suspeição ou incompatibilidade serão considerados para a constituição do número legal exigível para a realização da sessão. Art. 452. O mesmo Conselho de Sentença poderá conhecer de mais de um processo, no mesmo dia, se as partes o aceitarem, hipótese em que seus integrantes deverão prestar novo compro- misso. Didatismo e Conhecimento 16 DIREITO PROCESSUAL PENAL Seção X Da reunião e das sessões do Tribunal do Júri Art. 453. O Tribunal do Júri reunir-se-á para as sessões de instrução e julgamento nos períodos e na forma estabelecida pela lei local de organização judiciária. Art. 454. Até o momento de abertura dos trabalhos da ses- são, o juiz presidente decidirá os casos de isenção e dispensa de jurados e o pedido de adiamento de julgamento, mandando con- signar em ata as deliberações. Art. 455. Se o Ministério Público não comparecer, o juiz presidente adiará o julgamento para o primeiro dia desimpedido da mesma reunião, cientificadas as partes e as testemunhas. Parágrafo único. Se a ausência não for justificada, o fato será imediatamente comunicado ao Procurador-Geral de Justiça com a data designada para a nova sessão. Art. 456. Se a falta, sem escusa legítima, for do advogado do acusado, e se outro não for por este constituído, o fato será ime- diatamente comunicado ao presidente da seccional da Ordem dos Advogados do Brasil, com a data designada para a nova sessão. § 1o Não havendo escusa legítima, o julgamento será adia- do somente uma vez, devendo o acusado ser julgado quando cha- mado novamente. § 2o Na hipótese do § 1o deste artigo, o juiz intimará a Defensoria Pública para o novo julgamento, que será adiado para o primeiro dia desimpedido, observado o prazo mínimo de 10 (dez) dias. Art. 457. O julgamento não será adiado pelo não compare- cimento do acusado solto, do assistente ou do advogado do quere- lante, que tiver sido regularmente intimado. § 1o Os pedidos de adiamento e as justificações de não comparecimento deverão ser, salvo comprovado motivo de força maior, previamente submetidos à apreciação do juiz presidente do Tribunal do Júri. § 2o Se o acusado preso não for conduzido, o julgamento será adiado para o primeiro dia desimpedido da mesma reunião, salvo se houver pedido de dispensa de comparecimento subscrito por ele e seu defensor. Art. 458. Se a testemunha, sem justa causa, deixar de com- parecer, o juiz presidente, sem prejuízo da ação penal pela deso- bediência, aplicar-lhe-á a multa prevista no § 2o do art. 436 deste Código. Art. 459. Aplicar-se-á às testemunhas a serviço do Tribunal do Júri o disposto no art. 441deste Código. Art. 460. Antes de constituído o Conselho de Sentença, as testemunhas serão recolhidas a lugar onde umas não possam ouvir os depoimentos das outras. Art. 461. O julgamento não será adiado se a testemunha deixar de comparecer, salvo se uma das partes tiver requerido a sua intimação por mandado, na oportunidade de que trata o art. 422 deste Código, declarando não prescindir do depoimento e in- dicando a sua localização. § 1o Se, intimada, a testemunha não comparecer, o juiz presidente suspenderá os trabalhos e mandará conduzi-la ou adiará o julgamento para o primeiro dia desimpedido, ordenando a sua condução. § 2o O julgamento será realizado mesmo na hipótese de a testemunha não ser encontrada no local indicado, se assim for cer- tificado por oficial de justiça. Art. 462. Realizadas as diligências referidas nos arts. 454 a 461 deste Código, o juiz presidente verificará se a urna contém as cédulas dos 25 (vinte e cinco) jurados sorteados, mandando que o escrivão proceda à chamada deles. Art. 463. Comparecendo, pelo menos, 15 (quinze) jurados, o juiz presidente declarará instalados os trabalhos, anunciando o processo que será submetido a julgamento. § 1o O oficial de justiça fará o pregão, certificando a dili- gência nos autos. § 2o Os jurados excluídos por impedimento ou suspeição serão computados para a constituição do número legal. Art. 464. Não havendo o número referido no art. 463 deste Código, proceder-se-á ao sorteio de tantos suplentes quantos ne- cessários, e designar-se-á nova data para a sessão do júri. Art. 465. Os nomes dos suplentes serão consignados em ata, remetendo-se o expediente de convocação, com observância do disposto nos arts. 434 e 435 deste Código. Art. 466. Antes do sorteio dos membros do Conselho de Sentença, o juiz presidente esclarecerá sobre os impedimentos, a suspeição e as incompatibilidades constantes dos arts. 448 e 449 deste Código. § 1o O juiz presidente também advertirá os jurados de que, uma vez sorteados, não poderão comunicar-se entre si e com ou- trem, nem manifestar sua opinião sobre o processo, sob pena de exclusão do Conselho e multa, na forma do § 2o do art. 436 deste Código. § 2o A incomunicabilidade será certificada nos autos pelo oficial de justiça. Art. 467. Verificando que se encontram na urna as cédulas relativas aos jurados presentes, o juiz presidente sorteará 7 (sete) dentre eles para a formação do Conselho de Sentença. Art. 468. À medida que as cédulas forem sendo retiradas da urna, o juiz presidente as lerá, e a defesa e, depois dela, o Ministé- rio Público poderão recusar os jurados sorteados, até 3 (três) cada parte, sem motivar a recusa. Parágrafo único. O jurado recusado imotivadamente por qualquer das partes será excluído daquela sessão de instrução e julgamento, prosseguindo-se o sorteio para a composição do Con- selho de Sentença com os jurados remanescentes. Art. 469. Se forem 2 (dois) ou mais os acusados, as recusas poderão ser feitas por um só defensor. § 1o A separação dos julgamentos somente ocorrerá se, em razão das recusas, não for obtido o número mínimo de 7 (sete) jurados para compor o Conselho de Sentença. Didatismo e Conhecimento 17 DIREITO PROCESSUAL PENAL § 2o Determinada a separação dos julgamentos, será julga- do em primeiro lugar o acusado a quem foi atribuída a autoria do fato ou, em caso de coautoria, aplicar-se-á o critério de preferência disposto no art. 429 deste Código. Art. 470. Desacolhida a arguição de impedimento, de sus- peição ou de incompatibilidade contra o juiz presidente do Tri- bunal do Júri, órgão do Ministério Público, jurado ou qualquer funcionário, o julgamento não será suspenso, devendo, entretanto, constar da ata o seu fundamento e a decisão. Art. 471. Se, em consequência do impedimento, suspeição, incompatibilidade, dispensa ou recusa, não houver número para a formação do Conselho, o julgamento será adiado para o primeiro dia desimpedido, após sorteados os suplentes, com observância do disposto no art. 464 deste Código. Art. 472. Formado o Conselho de Sentença, o presidente, levantando-se, e, com ele, todos os presentes, fará aos jurados a seguinte exortação: Em nome da lei, concito-vos a examinar esta causa com imparcialidade e a proferir a vossa decisão de acordo com a vossa consciência e os ditames da justiça. Os jurados, nominalmente chamados pelo presidente, res- ponderão: Assim o prometo. Parágrafo único. O jurado, em seguida, receberá cópias da pronúncia ou, se for o caso, das decisões posteriores que julgaram admissível a acusação e do relatório do processo. Seção XI Da Instrução em Plenário Art. 473. Prestado o compromisso pelos jurados, será ini- ciada a instrução plenária quando o juiz presidente, o Ministério Público, o assistente, o querelante e o defensor do acusado toma- rão, sucessiva e diretamente, as declarações do ofendido, se possí- vel, e inquirirão as testemunhas arroladas pela acusação. § 1o Para a inquirição das testemunhas arroladas pela defe- sa, o defensor do acusado formulará as perguntas antes do Ministé- rio Público e do assistente, mantidos no mais a ordem e os critérios estabelecidos neste artigo. § 2o Os jurados poderão formular perguntas ao ofendido e às testemunhas, por intermédio do juiz presidente. § 3o As partes e os jurados poderão requerer acareações, reconhecimento de pessoas e coisas e esclarecimento dos peritos, bem como a leitura de peças que se refiram, exclusivamente, às provas colhidas por carta precatória e às provas cautelares, anteci- padas ou não repetíveis. Art. 474. A seguir será o acusado interrogado, se estiver presente, na forma estabelecida no Capítulo III do Título VII do Livro I deste Código, com as alterações introduzidas nesta Seção. § 1o O Ministério Público, o assistente, o querelante e o defensor, nessa ordem, poderão formular, diretamente, perguntas ao acusado. § 2o Os jurados formularão perguntas por intermédio do juiz presidente. § 3o Não se permitirá o uso de algemas no acusado du- rante o período em que permanecer no plenário do júri, salvo se absolutamente necessário à ordem dos trabalhos, à segurança das testemunhas ou à garantia da integridade física dos presentes. Art. 475. O registro dos depoimentos e do interrogatório será feito pelos meios ou recursos de gravação magnética, eletrô- nica, estenotipia ou técnica similar, destinada a obter maior fideli- dade e celeridade na colheita da prova. Parágrafo único. A transcrição do registro, após feita a de- gravação, constará dos autos. Seção XII Dos Debates Art. 476. Encerrada a instrução, será concedida a palavra ao Ministério Público, que fará a acusação, nos limites da pronúncia ou das decisões posteriores que julgaram admissível a acusação, sustentando, se for o caso, a existência de circunstância agravante. § 1o O assistente falará depois do Ministério Público. § 2o Tratando-se de ação penal de iniciativa privada, falará em primeiro lugar o querelante e, em seguida, o Ministério Públi- co, salvo se este houver retomado a titularidade da ação, na forma do art. 29 deste Código. § 3o Finda a acusação, terá a palavra a defesa. § 4o A acusação poderá replicar e a defesa treplicar, sendo admitida a reinquirição de testemunha já ouvida em plenário. Art. 477. O tempo destinado à acusação e à defesa será de uma hora e meia para cada, e de uma hora para a réplica e outro tanto para a tréplica. § 1o Havendo mais de um acusador ou mais de um defen- sor, combinarão entre si a distribuição do tempo, que, na falta de acordo, será dividido pelo juiz presidente, de forma a não exceder o determinado neste artigo. § 2o Havendo mais de 1 (um) acusado, o tempo para a acusação e a defesa será acrescido de 1 (uma) hora e elevado ao dobro o da réplica e da tréplica, observado o disposto no § 1o deste artigo. Art. 478. Durante os debates as partes não poderão, sob pena de nulidade,fazer referências: I – à decisão de pronúncia, às decisões posteriores que jul- garam admissível a acusação ou à determinação do uso de algemas como argumento de autoridade que beneficiem ou prejudiquem o acusado; II – ao silêncio do acusado ou à ausência de interrogatório por falta de requerimento, em seu prejuízo. Art. 479. Durante o julgamento não será permitida a leitura de documento ou a exibição de objeto que não tiver sido juntado aos autos com a antecedência mínima de 3 (três) dias úteis, dando- -se ciência à outra parte. Didatismo e Conhecimento 18 DIREITO PROCESSUAL PENAL Parágrafo único. Compreende-se na proibição deste artigo a leitura de jornais ou qualquer outro escrito, bem como a exibi- ção de vídeos, gravações, fotografias, laudos, quadros, croqui ou qualquer outro meio assemelhado, cujo conteúdo versar sobre a matéria de fato submetida à apreciação e julgamento dos jurados. Art. 480. A acusação, a defesa e os jurados poderão, a qual- quer momento e por intermédio do juiz presidente, pedir ao orador que indique a folha dos autos onde se encontra a peça por ele lida ou citada, facultando-se, ainda, aos jurados solicitar-lhe, pelo mes- mo meio, o esclarecimento de fato por ele alegado. § 1o Concluídos os debates, o presidente indagará dos ju- rados se estão habilitados a julgar ou se necessitam de outros es- clarecimentos. § 2o Se houver dúvida sobre questão de fato, o presidente prestará esclarecimentos à vista dos autos. § 3o Os jurados, nesta fase do procedimento, terão acesso aos autos e aos instrumentos do crime se solicitarem ao juiz pre- sidente. Art. 481. Se a verificação de qualquer fato, reconhecida como essencial para o julgamento da causa, não puder ser realiza- da imediatamente, o juiz presidente dissolverá o Conselho, orde- nando a realização das diligências entendidas necessárias. Parágrafo único. Se a diligência consistir na produção de prova pericial, o juiz presidente, desde logo, nomeará perito e for- mulará quesitos, facultando às partes também formulá-los e indi- car assistentes técnicos, no prazo de 5 (cinco) dias. Seção XIII Do Questionário e sua Votação Art. 482. O Conselho de Sentença será questionado sobre matéria de fato e se o acusado deve ser absolvido. Parágrafo único. Os quesitos serão redigidos em proposi- ções afirmativas, simples e distintas, de modo que cada um deles possa ser respondido com suficiente clareza e necessária precisão. Na sua elaboração, o presidente levará em conta os termos da pro- núncia ou das decisões posteriores que julgaram admissível a acu- sação, do interrogatório e das alegações das partes. Art. 483. Os quesitos serão formulados na seguinte ordem, indagando sobre: I – a materialidade do fato; II – a autoria ou participação; III – se o acusado deve ser absolvido; IV – se existe causa de diminuição de pena alegada pela defesa; V – se existe circunstância qualificadora ou causa de au- mento de pena reconhecidas na pronúncia ou em decisões poste- riores que julgaram admissível a acusação. § 1o A resposta negativa, de mais de 3 (três) jurados, a qual- quer dos quesitos referidos nos incisos I e II do caput deste artigo encerra a votação e implica a absolvição do acusado. § 2o Respondidos afirmativamente por mais de 3 (três) ju- rados os quesitos relativos aos incisos I e II do caput deste artigo será formulado quesito com a seguinte redação: O jurado absolve o acusado? § 3o Decidindo os jurados pela condenação, o julgamento prossegue, devendo ser formulados quesitos sobre: I – causa de diminuição de pena alegada pela defesa; II – circunstância qualificadora ou causa de aumento de pena, reconhecidas na pronúncia ou em decisões posteriores que julgaram admissível a acusação. § 4o Sustentada a desclassificação da infração para outra de competência do juiz singular, será formulado quesito a respeito, para ser respondido após o 2o (segundo) ou 3o (terceiro) quesito, conforme o caso. § 5o Sustentada a tese de ocorrência do crime na sua for- ma tentada ou havendo divergência sobre a tipificação do delito, sendo este da competência do Tribunal do Júri, o juiz formulará quesito acerca destas questões, para ser respondido após o segundo quesito. § 6o Havendo mais de um crime ou mais de um acusado, os quesitos serão formulados em séries distintas. Art. 484. A seguir, o presidente lerá os quesitos e indagará das partes se têm requerimento ou reclamação a fazer, devendo qualquer deles, bem como a decisão, constar da ata. Parágrafo único. Ainda em plenário, o juiz presidente ex- plicará aos jurados o significado de cada quesito. Art. 485. Não havendo dúvida a ser esclarecida, o juiz pre- sidente, os jurados, o Ministério Público, o assistente, o querelan- te, o defensor do acusado, o escrivão e o oficial de justiça dirigir- -se-ão à sala especial a fim de ser procedida a votação. § 1o Na falta de sala especial, o juiz presidente determinará que o público se retire, permanecendo somente as pessoas mencio- nadas no caput deste artigo. § 2o O juiz presidente advertirá as partes de que não será permitida qualquer intervenção que possa perturbar a livre mani- festação do Conselho e fará retirar da sala quem se portar incon- venientemente. Art. 486. Antes de proceder-se à votação de cada quesito, o juiz presidente mandará distribuir aos jurados pequenas cédulas, feitas de papel opaco e facilmente dobráveis, contendo 7 (sete) delas a palavra sim, 7 (sete) a palavra não. Art. 487. Para assegurar o sigilo do voto, o oficial de justiça recolherá em urnas separadas as cédulas correspondentes aos vo- tos e as não utilizadas. Art. 488. Após a resposta, verificados os votos e as cédulas não utilizadas, o presidente determinará que o escrivão registre no termo a votação de cada quesito, bem como o resultado do julga- mento. Parágrafo único. Do termo também constará a conferência das cédulas não utilizadas. Art. 489. As decisões do Tribunal do Júri serão tomadas por maioria de votos. Art. 490. Se a resposta a qualquer dos quesitos estiver em contradição com outra ou outras já dadas, o presidente, explicando aos jurados em que consiste a contradição, submeterá novamente à votação os quesitos a que se referirem tais respostas. Didatismo e Conhecimento 19 DIREITO PROCESSUAL PENAL Parágrafo único. Se, pela resposta dada a um dos quesitos, o presidente verificar que ficam prejudicados os seguintes, assim o declarará, dando por finda a votação. Art. 491. Encerrada a votação, será o termo a que se refere o art. 488 deste Código assinado pelo presidente, pelos jurados e pelas partes. Seção XIV Da sentença Art. 492. Em seguida, o presidente proferirá sentença que: I – no caso de condenação: a) fixará a pena-base; b) considerará as circunstâncias agravantes ou atenuantes alegadas nos debates; c) imporá os aumentos ou diminuições da pena, em atenção às causas admitidas pelo júri; d) observará as demais disposições do art. 387 deste Có- digo; e) mandará o acusado recolher-se ou recomendá-lo-á à pri- são em que se encontra, se presentes os requisitos da prisão pre- ventiva; f) estabelecerá os efeitos genéricos e específicos da con- denação; II – no caso de absolvição: a) mandará colocar em liberdade o acusado se por outro motivo não estiver preso; b) revogará as medidas restritivas provisoriamente decre- tadas; c) imporá, se for o caso, a medida de segurança cabível. § 1o Se houver desclassificação da infração para outra, de competência do juiz singular, ao presidente do Tribunal do Júri caberá proferir sentença em seguida, aplicando-se, quando o delito resultante da nova tipificação for considerado pela lei como infra- ção penal de menor potencial ofensivo, o disposto nos arts. 69 e seguintes da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995. § 2o Em caso de desclassificação, o crime conexo que não seja doloso contra a vida será julgado pelo juiz presidentedo Tri- bunal do Júri, aplicando-se, no que couber, o disposto no § 1o des- te artigo. Art. 493. A sentença será lida em plenário pelo presidente antes de encerrada a sessão de instrução e julgamento. Seção XV Da Ata dos Trabalhos Art. 494. De cada sessão de julgamento o escrivão lavrará ata, assinada pelo presidente e pelas partes. Art. 495. A ata descreverá fielmente todas as ocorrências, mencionando obrigatoriamente: I – a data e a hora da instalação dos trabalhos; II – o magistrado que presidiu a sessão e os jurados pre- sentes; III – os jurados que deixaram de comparecer, com escusa ou sem ela, e as sanções aplicadas; IV – o ofício ou requerimento de isenção ou dispensa; V – o sorteio dos jurados suplentes; VI – o adiamento da sessão, se houver ocorrido, com a indicação do motivo; VII – a abertura da sessão e a presença do Ministério Pú- blico, do querelante e do assistente, se houver, e a do defensor do acusado; VIII – o pregão e a sanção imposta, no caso de não com- parecimento; IX – as testemunhas dispensadas de depor; X – o recolhimento das testemunhas a lugar de onde umas não pudessem ouvir o depoimento das outras; XI – a verificação das cédulas pelo juiz presidente; XII – a formação do Conselho de Sentença, com o registro dos nomes dos jurados sorteados e recusas; XIII – o compromisso e o interrogatório, com simples re- ferência ao termo; XIV – os debates e as alegações das partes com os respec- tivos fundamentos; XV – os incidentes; XVI – o julgamento da causa; XVII – a publicidade dos atos da instrução plenária, das diligências e da sentença. Art. 496. A falta da ata sujeitará o responsável a sanções administrativa e penal. Seção XVI Das Atribuições do Presidente Tribunal do Júri Art. 497. São atribuições do juiz presidente do Tribunal do Júri, além de outras expressamente referidas neste Código: I – regular a polícia das sessões e prender os desobedientes; II – requisitar o auxílio da força pública, que ficará sob sua exclusiva autoridade; III – dirigir os debates, intervindo em caso de abuso, ex- cesso de linguagem ou mediante requerimento de uma das partes; IV – resolver as questões incidentes que não dependam de pronunciamento do júri; V – nomear defensor ao acusado, quando considerá-lo in- defeso, podendo, neste caso, dissolver o Conselho e designar novo dia para o julgamento, com a nomeação ou a constituição de novo defensor; VI – mandar retirar da sala o acusado que dificultar a reali- zação do julgamento, o qual prosseguirá sem a sua presença; VII – suspender a sessão pelo tempo indispensável à reali- zação das diligências requeridas ou entendidas necessárias, manti- da a incomunicabilidade dos jurados; VIII – interromper a sessão por tempo razoável, para profe- rir sentença e para repouso ou refeição dos jurados; IX – decidir, de ofício, ouvidos o Ministério Público e a de- fesa, ou a requerimento de qualquer destes, a arguição de extinção de punibilidade; X – resolver as questões de direito suscitadas no curso do julgamento; XI – determinar, de ofício ou a requerimento das partes ou de qualquer jurado, as diligências destinadas a sanar nulidade ou a suprir falta que prejudique o esclarecimento da verdade; Didatismo e Conhecimento 20 DIREITO PROCESSUAL PENAL XII – regulamentar, durante os debates, a intervenção de uma das partes, quando a outra estiver com a palavra, podendo conceder até 3 (três) minutos para cada aparte requerido, que serão acrescidos ao tempo desta última. (...) ARTIGOS 531 A 538 - PROCEDIMENTO SUMÁRIO O rito será comum sumário toda vez que não houver previ- são de procedimento especial e o processo tiver por objeto crime abstratamente apenado com sanção máxima inferior a 04 anos de PPL. Também seguirão o rito sumário todos os crimes de menor potencial ofensivo que forem enviados ao juízo comum para ado- ção de outro procedimento. Podendo ocorrer em duas hipóteses: a) Quando o acusado não for encontrado para ser citado, remetendo-se os autos ao juízo comum para citação por edital (art. 66, p. Único, Lei nº 9.099/95); b) Quando o membro do MP requerer a remessa ao juiz por complexidade ou circunstância do caso, que lhe impeça de ofere- cer a denúncia (art. 77, § 2º, Lei nº 9.099/95). O procedimento sumário é muito semelhante ao ordinário, diferenciando-se apenas no seguinte: a) Pena máxima; b) Número máximo de 05 testemunhas para cada parte, em relação a cada fato; c) AIJ deve ser realizada no prazo máximo de 30 dias con- tados do recebimento da inicial; d) Não há previsão do requerimento de diligências por fato surgido na AIJ; e) Não há previsão legal para o oferecimento de memoriais escritos; porém, a abertura de prazo para memoriais não ensejará reconhecimento de nulidade. Procedimento Comum Sumaríssimo – Juizados Especiais Considerações Iniciais Considera-se infrações de menor potencial ofensivo aquelas de pena máxima abstratamente cominada não superior a 02 anos, cumulada ou não com multa. São princípios que regem o JECRIM (Juizado Especial Criminal): a) Oralidade; b) Informalidade; c) Economia processual; d) Celeridade. É cabível a prisão em flagrante por crime de menor poten- cial ofensivo, a qual, porém, não será imposta se o autor for ime- diatamente encaminhado ao juizado ou se comprometer a compa- recer aos atos do processo. Porém, lembrar que nunca será cabível a prisão em flagrante pelo art. 28 da Lei de Drogas, mesmo que a pessoa não se compro- meta a comparecer e não seja encaminhada ao JECRIM, já que se trata de crime de ínfimo potencial ofensivo. Fase Preliminar No juizado especial criminal estadual ou federal há uma fase preliminar que antecede a instauração da ação penal condena- tória, que antecede portanto a própria instauração do procedimento sumaríssimo. Ela se destina basicamente à conciliação, conciliação sob duplo aspecto, sob o aspecto civil (composição dos danos civis) e sob o aspecto penal (aplicação imediata de pena, pena restritiva de direito ou multa, transação penal). Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado e o encaminhará imedia- tamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providencian- do-se as requisições dos exames periciais necessários. Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em fla- grante, nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar, como medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima. Ocorre no âmbito da autoridade policial, a qual lavrará o Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO), não se podendo fa- lar em inquérito policial ou boletim de ocorrência. O IP somente será lavrado se houver conexão com outro delito de procedimento diferente ou se o autor for desconhecido. Instaurando-se inquérito policial, o que não desloca a com- petência para a justiça comum, uma vez que a competência do jui- zado é fixada em razão da matéria, a infração continua sendo de menor potencial ofensivo. Após lavrado o TCO, o delegado imediatamente encami- nhará o autor ao JECRIM ou dele tomará compromisso de com- parecer, sem dar voz de prisão em flagrante e nem exigir fiança. Nas infrações de menor potencial ofensivo será sempre pos- sível a prisão captura. A prisão captura é sempre possível desde que haja flagrante delito, porque faz cessar a prática da infração penal restabelecendo a ordem jurídica. A lavratura do auto de prisão em flagrante, segunda etapa, ficará na dependência da manifestação de vontade do próprio au- tor do fato. Porque se o autor do fato assumir o compromisso de comparecer ao juizado não se lavrará auto em flagrante cabendo ao delegado providenciar a lavratura de um termo circunstanciado. A quebra deste compromisso de comparecer ao juizado não restabelece a prisãoem flagrante e nem autoriza por si só a prisão preventiva. Na verdade, a quebra do compromisso não quer dizer nada, o autor simplesmente será intimado em uma nova data para audiência. Art. 322. A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena privativa de liberdade má- xima não seja superior a 4 (quatro) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). Logo, em todos os casos do JECRIM, poderá ser arbitrada fiança pela autoridade policial, desde que o delito não seja excluí- do do benefício. Nos casos da lei Maria da Penha, ainda que o crime prati- cado com violência doméstica ou familiar contra a mulher tenha pena máxima que não exceda 2 anos, a autoridade policial deverá instaurar inquérito, e não elaborar termo circunstanciado: Didatismo e Conhecimento 21 DIREITO PROCESSUAL PENAL Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, feito o registro da ocorrência, deverá a autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes procedimentos, sem pre- juízo daqueles previstos no Código de Processo Penal:” O delegado poderá, em caso de violência doméstica, deter- minar o afastamento do autor do lar ou local de convivência com a vítima. Trata-se de um poder especial conferido ao delegado tendo em vista a proteção da mulher, já que a espera pelo pronunciamen- to judicial poderia se mostrar irreversivelmente perigoso. No que concerne ao Estatuto do Idoso: Crime do estatuto do idoso cuja pena máxima não exceda 2 anos, aplica-se a integralidade da Lei nº 9.099/95, termo circuns- tanciado com possibilidade de transação penal, se for o caso com- posição dos danos civis, suspensão condicional do processo e se for o caso procedimento sumaríssimo. Mas se for crime do estatuto do idoso cuja pena máxima exceder 2 anos, mas não ultrapassar 4 anos, aplica-se tão só o procedimento sumaríssimo da lei 9.099/95, sem seus benefícios. Isso para beneficiar a vítima, já que, em tese (bem em tese mesmo), o procedimento do JECRIM é mais célere. Para pena superior a 4 anos aplica-se o procedimento ordi- nário do código, aí não se cogita mais do procedimento sumarís- simo. Audiência Preliminar Presentes o autuado, a vítima, advogados, responsável civil e o órgão do MP, o juiz estimulará a COMPOSIÇÃO CIVIL DOS DANOS (art. 74), mediante indenização ou retratação do autor do fato. Geralmente esse estímulo é feito por intermédio de concilia- dor. O MP não é parte na tentativa de composição civil dos da- nos na ação penal privada e na pública condicionada, visto que somente o titular do direito jurídico ofendido pode dele dispor. Ele atua somente como fiscal. Porém, a composição de danos civis não extingue a puni- bilidade quando se tratar de ação pública incondicionada. Nesse caso, ela não impede nem a transação penal e nem se for o caso a denúncia. Obtida a conciliação pelo juiz ou conciliador, será lavrado por escrito o acordo e será homologado mediante sentença irrecor- rível, o qual terá eficácia de título executivo judicial, que evidente- mente deverá ser executado no cível. Tratando-se de ação penal privada ou pública condicionada, o acordo homologado acarreta renúncia ao direito de queixa ou de representação. É o acordo que possui natureza jurídica de causa extintiva de punibilidade, e não seu cumprimento. Se obtida a composição dos danos civis em ação pública incondicionada, prossegue-se com os demais termos do procedi- mento. Qual o sentido do réu se comprometer a indenizar se o processo irá continuar? A diminuição da pena, por se constituir em atenuante genérica prevista no art. 63, III, b, do CP. Se não obtida a composição civil dos danos, e se ainda não tiver a vítima representado, ela ainda poderá fazê-lo desde que não tenha decorrido o prazo decadencial de seis meses contados do conhecimento da autoria do fato. Aos crimes de trânsito em que forem causadas lesões corpo- rais e aos crimes contra o idoso cuja pena não ultrapasse 04 anos, aplica-se o procedimento do JECRIM. Transação Prevista no art. 76 da lei, trata-se de um acordo que envolve o órgão acusatório e o autor do fato, visando a imposição de multa ou PRD (nunca de pena privativa de liberdade, já que é a liberdade é bem indisponível), imediatamente, sem a necessidade do devido processo legal, não havendo discussão sobre culpa. Como visto anteriormente, trata-se de exceção ao princípio da obrigatoriedade da ação penal, pois em se materializando a transação, impedido restará o oferecimento da denúncia. Evidentemente, então, que a proposta de transação é feita antes do oferecimento da denúncia. Somente pode haver transação em ação penal pública, tanto condicionada quanto incondicionada, não podendo o MP propor a transação se o crime for de ação penal privada, já que ele não pode dispor do que a ele não pertence. Tampouco pode o querelante oferecer, evidentemente, a transação penal. Tourinho Neto (Juizados Especiais Cíveis e Criminais Esta- duais) defende que o particular poderá oferecer a transação quando a ação penal for privada. Porém, isso não está no sentido da melhor doutrina e jurisprudência esmagadora. São três os momentos da transação: a) Proposta formulada pelo Ministério Público: formulada a proposta, sobre ela se manifestará o autor do fato, contando com a assistência de seu defensor. De acordo com a jurisprudência do Supremo, é caso de nulidade absoluta a transação penal celebrada sem a presença do Defensor. No entanto, só é necessário que o defensor esteja presente a fim de dar assistência técnica ao réu. A vontade deste sempre prevalecerá para fins de aceitação ou não da proposta. Assim, não sendo caso de arquivamento, o MP proporá a transação , que não será cabível quando: i. O autor já tiver sido definitivamente condenado pela prá- tica de crime a PPL, desde que não afastada a reincidência face o decurso do prazo de 05 anos; ii. O agente tenha sido beneficiado com a transação nos úl- timos 05 anos; iii. Não o indicarem seus antecedentes, conduta social e per- sonalidade, bem como os motivos e circunstâncias do crime. b) Homologação: aceita a transação, o juiz prolatará senten- ça extintiva de punibilidade homologatória do acordo, apelável, não importando em reconhecimento de culpa e nem reincidência, não terá efeitos civis (para ajuizar ação de indenização). Ela deve ser registrada para o fim único de impedir que o autor do fato se beneficie de nova transação penal no prazo de cinco anos. Se houver descumprimento dos termos da transação pelo réu, o STF entende que pode ser oferecida a denúncia: PROCESSO DE RESTAURAÇÃO DE AUTOS EXTRA- VIADOS OU DESTRUÍDOS O procedimento de restauração de autos no processo penal é um incidente processual e pode ocorrer por iniciativa oficial ou a requerimento das partes (Ministério Público/querelante ou réu). O mesmo ocorre no processo civil (Miranda, 1977, p. 156), embora a redação da lei possa suscitar algumas dúvidas (CPC, art. 1.063: “Verificado o desaparecimento dos autos, pode qualquer das partes promover-lhes a restauração”) Os autos do processo têm a natureza de documento público e constituem instrumento para o exercício da jurisdição. Sua res- tauração, portanto, é matéria de ordem pública e de interesse da Didatismo e Conhecimento 22 DIREITO PROCESSUAL PENAL Justiça. Daí a legitimidade que tem o juiz para determinar, ex offi- cio, a restauração. Mas o processo de restauração só tem realmente início regular quando as partes são intimadas. É fórmula essencial, cuja inobservância gera nulidade absoluta (cf. tópico 4). A restauração pode ser total, nos casos de perda ou destrui- ção completa e definitiva dos autos. E pode ser parcial, quando houver extravio ou destruição de algum elemento material do pro- cesso, ou inutilização de algumas peças ou documentos dos autos (Espínola Filho, 2000, p. 427). Neste caso (perda parcial), não há pressuposto válido para a restauração dos autos, pois os autos não precisam ser recons- tituídos,mas apenas alguns dos seus elementos. Desse modo, a restauração é instaurada como incidente nos próprios autos rema- nescentes, hipótese em que a decisão final que declara a restaura- ção possui a natureza de decisão interlocutória [03], desafiando recurso próprio e não apelação. Procedimento Extraviados, destruídos (por inundações, fogo ou outra cau- sa), inutilizados, desaparecidos, subtraídos ou escondidos, e não havendo cópia autêntica ou certidão do processo, os autos origi- nais de processo penal serão restaurados no juízo onde tramitou o feito em competência originária [04]. Se estiver em grau de recur- so no Tribunal e for extraviado, a restauração dar-se-á na primeira instância. Se se tratar, todavia, de ação originária de competência da segunda instância (Tribunal de Justiça), a restauração far-se-á no respectivo Tribunal (Mirabete, 1994, p. 617). A rigor, restaurar é consertar, recuperar, repor em bom esta- do. Pode restaurar-se, por exemplo, um documento estragado pela chuva ou chamuscado pelo fogo. No caso de total destruição ou extravio seria mais apropriado falar em nova produção, isto é, em reprodução. Mas é claro que a lei empregou o vocábulo restaura- ção em sentido amplo, abrangente da renovação (Tornaghi, 1981, pp. 294-295). Se existirem autos suplementares (cópia autêntica – CPP, art. 232) ou certidão do processo, um ou outro substituirá os autos originais, prosseguindo o processo. Não existindo nem uma coisa nem outra (autos suplementares ou certidão do processo), o juiz, de ofício ou atendendo a requerimento de qualquer das partes, de- verá adotar as seguintes providências preliminares: I- determinar que o escrivão certifique o estado do processo, segundo a sua lembrança (a chamada “certidão de lembrança”), e reproduza o que houver a respeito em seus protocolos e registros; II- requisitar cópias do que constar a respeito no Instituto Médico-Legal, no Instituto de Identificação e Estatística ou em es- tabelecimentos congêneres, repartições públicas, penitenciárias ou cadeias; III- determinar citação pessoal das partes, ou, se não forem encontradas, por edital, com o prazo de dez dias, para o processo de restauração dos autos. Intimação das partes Uma das providências preliminares de importância funda- mental é a “citação” das partes. A ausência de tal medida é causa de nulidade absoluta ab initio, aplicando-se o art. 564, III, “e”, do Código de Processo Penal [05]. Embora o Código faça referência à citação das partes, o ideal é falar em intimação, pois se trata de um chamamento para participar de um procedimento incidental e não na formação de uma nova relação processual, visando à condena- ção de alguém. A intimação por edital é possível unicamente para o réu e para o ofendido, quando este for parte, pois o Ministério Público é sempre localizado pessoalmente (Nucci, 2008, p. 883). Audiência de restauração Na data designada para a audiência de restauração, as par- tes são ouvidas e podem apresentar certidões, reproduções que tenham sobre o processo, expor o que se recordam do processo e apresentar testemunhas (para provar o teor dos autos desapareci- dos). Tudo deve ser reduzido a termo, especificando-se os pontos em que estiverem de acordo. A contribuição das partes para o procedimento de restau- ração é fator decisivo, incumbindo-lhes, além da obrigação de apresentar certidões e cópias que possuam, o dever de, sincera e lealmente, controlarem a reconstituição, por memória, dos pontos não documentados, e o de colaborarem, seriamente, nesse trabalho (Espínola Filho, 2000, p. 430). Onde houver concordância entre as partes, dá-se como in- controverso e certo o fato ou o ato, consignando-se no termo, que passará a compor os autos restaurados. Os documentos apresenta- dos pelo escrivão (como a “certidão de lembrança”, por exemplo) e por outras autoridades podem ser contrasteados pelas partes. Nesta audiência, pode o juiz determinar algumas diligên- cias: reinquirição de testemunhas (caso não tenha sido proferida sentença nos autos originais), exames periciais, prova documental (por meio de cópia autêntica ou de testemunhas que conheçam o teor do documento), inquirição de autoridades, serventuários, pe- ritos e outras pessoas que tenham funcionado no processo original etc. É importante observar que a prova deve ser conduzida para reproduzir os autos perdidos e não para refazer a instrução sob outros enfoques (Nucci, 2008, p. 884). Tal postura é vedada ao juiz e às partes. As testemunhas, por exemplo, não poderão depor como se estivessem tomando parte da audiência na ação principal. Apenas deverão ser inquiridas sobre o que foi dito na audiência de que não se tem notícia.1 Destarte, o incidente de restauração dos autos no proces- so penal apresenta alguns aspectos que merecem especial atenção para evitar nulidades absolutas. Dois desses aspectos merecem destaque: I- a intimação pessoal das partes para a audiência de res- tauração; II- a vedação de discutir sobre qualquer ponto de direito ou de fato da causa principal. Ao julgador impõe-se a necessidade de conduzir o feito restaurativo de forma regular e observando os possíveis vícios ca- pazes de gerar nulidade, pois como no curso do incidente não há 1 (Junior/Andrade Nery, 2003, p. 1.199). Didatismo e Conhecimento 23 DIREITO PROCESSUAL PENAL interrupção da prescrição, boa parte dos acusados aproveita a oca- sião para procrastinar a restauração de forma a alcançar essa causa extintiva de punibilidade. Se ao cabo de todas as diligências restaurativas, resultar im- possível a restauração dos autos, a decisão a ser proferida é a de declaração de nulidade do processo original, desde o início, por violação aos princípios constitucionais do devido processo legal e da ampla defesa. Código Processual Penal CAPÍTULO VI DO PROCESSO DE RESTAURAÇÃO DE AUTOS EXTRAVIADOS OU DESTRUÍDOS Art. 541. Os autos originais de processo penal extraviados ou destruídos, em primeira ou segunda instância, serão restaura- dos. § 1o Se existir e for exibida cópia autêntica ou certidão do processo, será uma ou outra considerada como original. § 2o Na falta de cópia autêntica ou certidão do processo, o juiz mandará, de ofício, ou a requerimento de qualquer das partes, que: a) o escrivão certifique o estado do processo, segundo a sua lembrança, e reproduza o que houver a respeito em seus protocolos e registros; b) sejam requisitadas cópias do que constar a respeito no Instituto Médico-Legal, no Instituto de Identificação e Estatística ou em estabelecimentos congêneres, repartições públicas, peniten- ciárias ou cadeias; c) as partes sejam citadas pessoalmente, ou, se não forem encontradas, por edital, com o prazo de dez dias, para o processo de restauração dos autos. § 3o Proceder-se-á à restauração na primeira instância, ain- da que os autos se tenham extraviado na segunda. Art. 542. No dia designado, as partes serão ouvidas, men- cionando-se em termo circunstanciado os pontos em que estiverem acordes e a exibição e a conferência das certidões e mais reprodu- ções do processo apresentadas e conferidas. Art. 543. O juiz determinará as diligências necessárias para a restauração, observando-se o seguinte: I - caso ainda não tenha sido proferida a sentença, reinqui- rir-se-ão as testemunhas podendo ser substituídas as que tiverem falecido ou se encontrarem em lugar não sabido; II - os exames periciais, quando possível, serão repetidos, e de preferência pelos mesmos peritos; III - a prova documental será reproduzida por meio de có- pia autêntica ou, quando impossível, por meio de testemunhas; IV - poderão também ser inquiridas sobre os atos do pro- cesso, que deverá ser restaurado, as autoridades, os serventuários, os peritos e mais pessoas que tenham nele funcionado; V - o Ministério Público e as partes poderão oferecer tes- temunhas e produzir documentos, para provar o teor do processo extraviado ou destruído. Art. 544. Realizadas as diligênciasque, salvo motivo de força maior, deverão concluir-se dentro de vinte dias, serão os au- tos conclusos para julgamento. Parágrafo único. No curso do processo, e depois de subirem os autos conclusos para sentença, o juiz poderá, dentro em cinco dias, requisitar de autoridades ou de repartições todos os esclareci- mentos para a restauração. Art. 545. Os selos e as taxas judiciárias, já pagos nos autos originais, não serão novamente cobrados. Art. 546. Os causadores de extravio de autos responderão pelas custas, em dobro, sem prejuízo da responsabilidade criminal. Art. 547. Julgada a restauração, os autos respectivos vale- rão pelos originais. Parágrafo único. Se no curso da restauração aparecerem os autos originais, nestes continuará o processo, apensos a eles os autos da restauração. Art. 548. Até à decisão que julgue restaurados os autos, a sentença condenatória em execução continuará a produzir efeito, desde que conste da respectiva guia arquivada na cadeia ou na pe- nitenciária, onde o réu estiver cumprindo a pena, ou de registro que torne a sua existência inequívoca (...) ARTIGOS 574 A 667 - RECURSOS EM GERAL Recursos Recurso é o meio voluntário destinado à impugnação das decisões. Ele é admitido somente dentro da mesma relação pro- cessual e possui a finalidade de invalidar, esclarecer ou reformar a decisão impugnada, sendo o direito recursal um verdadeiro direito potestativo. Os Fundamentos dos recursos são: falibilidade das pessoas; fundamento político reside na maior confiabilidade nas decisões colegiadas; duplo grau de jurisdição. O princípio do duplo grau de jurisdição suscita a dúvida se tem ou não assento constitucional. A posição majoritária é a de que ele tem respaldo constitucional, apesar de não ter caráter absoluto, já que pode ser limitado por lei (Podemos citar como exemplo, a turma recursal nos juizados, ela é órgão de 1ª instância). Argumentos para confirmação de sua natureza constitucio- nal: a. Previsão do Recurso Especial na Constituição Federal de 1.988 b. Previsão do devido processo legal, com todos os recursos (em sentido estrito) e meios a ele inerentes. c. Artigo 5º, § 2º, prevê que os direitos e garantias de tra- tados internacionais não será excluído pelos outros previstos no mesmo artigo. O pacto de São José da Costa Rica prevê o duplo Didatismo e Conhecimento 24 DIREITO PROCESSUAL PENAL grau de jurisdição. Entendem que o tratado ingressaria como regra constitucional e não como infra-constitucional. O STF entende que o ingresso é em nível infra-constitucional. A Convenção Interamericana de Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica) prevê em seu artigo 8o o direito do réu ao duplo grau de jurisdição. No direito brasileiro, somente não cabe recurso de apelação nas condenações proferidas em exercício de competência originá- ria dos tribunais. Essa é posição firme do STF. A corrente majoritária define recurso como um desdobra- mento do direito de ação ou de defesa. Trata-se de uma continuida- de da relação jurídica processual, a qual persistirá em fase recursal. Efeitos Recursais a) Efeito devolutivo: trata-se da devolução ao juízo da ma- téria recorrida, sendo apreciada por órgão de superior hierarquia. b) Efeito suspensivo: aquele que paralisa a eficácia da de- cisão recorrida. c) Efeito regressivo, iterativo, reiterativo ou diferido: aque- le pelo qual a lei autoriza, em alguns recursos, que o mesmo órgão prolator da decisão exerça o juízo de retratação. É cabível nos se- guintes recursos: i. Agravo em execução; ii. Recurso em sentido estrito; iii. Correição parcial; iv. Embargos infringentes; v. Carta testemunhável. d) Efeito extensivo: ocorre na hipótese de concurso de agentes, quando a decisão do recurso interposto por um dos réus, se fundado em motivos que não sejam de caráter exclusivamente pessoal, aproveita aos demais corréus (art. 580, CPP). Competência Recursal Os recursos serão julgados pelos Tribunais, exceto no caso de Juizados Especiais, em que serão pelas Turmas Recursais, e dos embargos de declaração em face de juízo singular, que serão julgados pelo próprio juízo. Interpostos, eles serão distribuídos, no âmbito dos Tribu- nais de Justiça, a uma de suas Câmaras Criminais; no âmbito dos Tribunais Regionais Federais, a uma de suas Turmas. No STJ e no STF, também irão para as Turmas, salvo se algum caso provocar a competência direta da Seção ou do Pleno. Importante esclarecer que existem exceções: Caso um RESE ou um Habeas Corpus for impetrado peran- te o Tribunal, ficará o órgão colegiado prevento para conhecer dos recursos que forem interpostos em face da decisão final do órgão a quo. Por exemplo, se um juiz federal prolata sentença, a Turma do TRF a que vinculado, que antes conhecera de RESE, deverá conhecer da apelação. Ignorada essa regra, ter-se-á caso de nuli- dade relativa. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO (arts. 581 a 591) O RESE é o recurso cabível nas taxativas hipóteses do art. 581 do CPP. Ele tem por características principais permitir o juízo de retratação (efeito regressivo ou iterativo); logo, poderá ser re- formado pelo próprio juízo a quo ou pelo órgão ad quem. A prazo de interposição do Recurso em sentido estrito é de 05 dias, podendo ser por petição de interposição ou por termo nos autos. Na petição, deve-se pedir o juízo de retratação. As razões poderá ser apresentadas imediatamente ou em separado. Se em separado, o prazo para arrazoar será de 02 dias, con- tados da interposição do recurso ou do dia em que o escrivão, ex- traído o traslado, o fizer com vista ao recorrente (art. 588). Se o recorrido for o réu, será intimado na pessoa de seu defensor. Cabimento Ele é cabível contra decisão, despacho ou sentença, nos ter- mos do art. 581, e sempre que a lei especial não excepcionar a apli- cação do sistema recursal do CPP. Hipóteses (decisão, despacho ou sentença que): a) Não receber a denúncia ou a queixa: se for o caso de recebimento, cabe também HC. O não recebimento no JECrim en- seja apelação. Nessa hipótese, o recurso sobre nos próprios autos. Também caberá RESE se rejeitada a denúncia ou queixa. b) Concluir pela incompetência do juízo: trata-se da decisão declinatória de competência, como no caso da decisão desclassi- ficatória no rito do júri. Se concluir pela competência não cabe o RESE. c) Julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição: inclui-se aqui as exceções de litispendência, de coisa julgada e de legitimidade de parte. Se rejeitadas tais exceções, a decisão será irrecorrível. Nessa hipótese, o recurso sobre nos próprios autos. d) Pronunciar o réu: contra a impronúncia cabe apelação. Nessa hipótese, o recurso sobre nos próprios autos, salvo se hou- ver mais de um réu e ele não quiser recorrer/não tiver sido ainda intimado. e) Conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fian- ça, indeferir requerimento de prisão preventiva ou revogá-la, con- ceder liberdade provisória ou relaxar a prisão em flagrante: note-se que essa hipótese se refere a recurso colocado à disposição do MP para combater a negativa/não manutenção da prisão. Ou seja, é um recurso eminentemente acusatório. Nos casos de concessão da liberdade, o RESE não será recebido com efeito suspensivo. f) Julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor: hipótese na qual o recurso terá efeito suspensivo apenas para impedir a im- plementação da sanção pecuniária, qual seja, perda de metade ou de toda a fiança. g) Decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade: não caberá RESE, entretanto se a hipótese se der no curso da fase de execução. Nessa hipótese, o recurso sobe nos próprios autos. h) Indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou de outra causa extintiva da punibilidade: idem do anterior. i) Conceder ou negar a ordem de habeas corpus: somente no caso de decisão de juiz singular. Trata-se do HC dirigido contra ato de autoridade policial a ser julgado pelo juiz (se fosse contra ato do juiz,seria julgado pelo tribunal). Porém, nesse caso, é admitido HC substitutivo ao RESE endereçado ao próprio tribunal, já que o processamento do RESE é muito demorado. Nessa hipótese, o recurso sobre nos próprios autos. j) Que anular o processo da instrução criminal, no todo ou em parte; k) Denegar a apelação ou a julgar deserta; l) Ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão prejudicial: se não ordenar, não cabe RESE. m) Decidir o incidente de falsidade; Todos os demais casos do art. 581 são, agora, julgados me- diante agravo em execução, não sendo mais cabível o RESE. Didatismo e Conhecimento 25 DIREITO PROCESSUAL PENAL Processamento Regra geral, a petição do recurso é dirigida ao juiz da deci- são recorrida, enquanto as razões e contrarrazões são dirigidas ao tribunal (isso significa que elas são apresentadas perante o próprio juiz, mas o advogado deve “dialogar” com o tribunal). Quando o recurso tiver que subir por instrumento, a parte deverá indicar, na petição ou no termo, as peças dos autos que pretenda traslado (art. 587). Recebendo o recurso, o juiz apontará os efeitos que lhe atri- bui, os quais são, em geral, o devolutivo e o regressivo. Depois de devidamente instruído o RESE, aí sim o juiz se manifestará sobre a retratação ou não, no prazo de 02 dias, mandando instruir o recurso com os traslados que lhe parecerem necessários. Na remota hipótese do juiz exercer o juízo de retratação, a parte contrária, por simples petição, poderá recorrer da nova decisão, se couber recurso, não podendo mais o juiz modificá-la. Independentemente de novas razões, o recurso subirá (art. 589, p. único). Isso quer dizer que, se tiver sido interposto RESE e o juiz exerceu a retratação, esta somente será efetiva se a parte contrária não se manifestar. Se ela “chiar”, deverá o recuso obrigatoriamente ser remetido ao tribunal. No caso do RESE contra decisão de pronúncia, que será recebido também com efeito suspensivo, tal efeito suspenderá so- mente o julgamento misto do Conselho de sentença, não suspen- dendo eventual ordem de prisão dela decorrente. Julgamento Será semelhante ao da apelação, com a ressalva de que não haverá, em hipótese alguma, a figura do revisor. Os autos serão distribuídos a um relator, seguindo para o Procurador emitir pa- recer no prazo de 05 dias. Depois retornam ao relator novamente, que pede dia de julgamento e sua inclusão na pauta. Caberá sustentação oral por 10 minutos. Caso o relator seja vencido, o primeiro votante que abriu a dissidência será o respon- sável por elaborar o relatório. APELAÇÃO (arts. 593 a 603, CPP) A apelação é um recurso residual em relação ao Recurso em Sentido Estrito, uma vez que deve se deve-se certificar que da decisão que se quer recorrer não cabe RESE. Somente após será cabível, em tese, apelação. A apelação é recurso manejável pela parte para o fim de que seja uma decisão ou sentença reformada ou anulada pelo órgão de jurisdição de segundo grau. Porém, em relação ao júri, o Tribunal não poderá reformar o mérito da decisão. O tribunal ad quem se restringirá, na apelação da decisão do Conselho de Sentença, a reformar a aplicação do direito que foi dada pelo juiz-presidente do tribunal popular, não modificando o que decidido pelos jurados. Quando for a hipótese de modificação do que o Conselho decidiu, o órgão de segundo grau deverá nulifi- car a decisão para mandar o acusado a novo julgamento. A apelação poderá ser plena ou ampla ou parcial, limitada ou restrita, dependendo do objeto recursal ser todos os pontos de- cididos na decisão ou não. A extensão do recurso será medida pela petição de inter- posição; se nesta não for feita a delimitação do objeto recursal, presume-se que a parte apelou de forma ampla, sendo vedada a limitação do apelo nas razões recursais, podendo o tribunal anali- sar todo o julgado Interposição A apelação será interposta por petição ou termo nos autos , como regra, no prazo de 05 dias, sendo aferida sua tempestividade pela data da interposição. Súmula 320, STF: “A apelação despachada pelo juiz no pra- zo legal não fica prejudicada pela demora da juntada por culpa do Cartório”. Súmula 428, STF: “Não fica prejudicada a apelação entre- gue em Cartório no prazo legal, embora despachada tardiamente”. A interposição poderá ou não ser acompanhada das razões. Caso não, o apelante e apelado terão, nessa ordem, o prazo de 08 dias para arrazoar, salvo nos processos de contravenção penal, em que o prazo será de 03 dias. Havendo assistente de acusação, este arrazoará no prazo de 03 dias após o MP (art. 600, caput e § 1º). Cabimento A verificação do cabimento, em processo penal, não deve se basear na natureza do ato processual recorrido. Isso porque em muitos casos em que se prolata sentença caberá RESE, e não ape- lação. As hipóteses de cabimento do recurso estão elencadas no art. 593 do CPP, que são: a) Das sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas por juiz singular; b) Das decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular nos casos em que não couber RESE; essa hipótese é estranha c) Das decisões do Tribunal do Júri, quando: i. Ocorrer nulidade posterior à pronúncia: hipótese de error in procedendo. Deverá o tribunal anular o procedimento e todos os atos decisórios posteriores, determinando a renovação dos atos. ii. For a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados: hipótese de error in procedendo. Deverá o próprio tribunal corrigir a decisão. iii. Houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança: hipótese de error in procedendo. De- verá o tribunal corrigir a própria decisão. iv. For a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos: hipótese de error in judicando. Nesse caso, se os jurados reconhecerem qualificadora, poderá a mesma ser excluída pelo Tribunal, em sede de apelação, se manifestamente contrária a decisão à prova dos autos. d) Contra a sentença de impronúncia ou absolvição sumária (art. 415): nessa hipótese cabia, antes, RESE. Enquanto nas sentenças definitivas de condenação ou absol- vição prolatadas por juiz singular o tribunal poderá apreciar am- plamente as questões decididas, no tribunal do Júri não se poderá adentrar em matéria fática. Assim, na hipótese IV acima, haverá anulação do julgamento e novo Júri será marcado para o réu. Caso o tribunal verifique a existência de qualquer qualifi- cadora não acatada pelos jurados, sendo a apelação da acusação, deverá anular o julgamento com base na decisão manifestamente contrária à prova dos autos. Didatismo e Conhecimento 26 DIREITO PROCESSUAL PENAL De acordo com o art. 593, § 4º, quando cabível a apelação, não poderá ser usado o recurso em sentido estrito, ainda que so- mente de parte da decisão se recorra. Assim, vê-se que, apesar de a apelação ser recurso residual em relação ao RESE, já que não caberá nas hipóteses em que ele for cabível, ela prevalecerá se a decisão for hipótese de apelação e de RESE ao mesmo tempo. Por isso que se fala que a apelação goza de primazia em relação ao RESE. Processamento Inicialmente, deve-se ater à questão do juízo de admissibi- lidade recursal, devendo-se analisar o cabimento, tempestividade, legitimidade e interesse. Recebida a apelação pelo órgão de primeiro grau, serão atri- buídos, em regra, os efeitos devolutivo e suspensivo (art. 597), ressalvada a fundamentação em sentido contrário. Porém, se ab- solvido o réu, a apelação do MP não impedirá que ele seja posto imediatamente m liberdade (art. 596, caput), caso estivesse preso provisoriamente. O apelante, se não quiser arrazoar perante o juízo de primei- ro grau, poderá, se requerer expressamente na petição de interpo- sição no no termo, arrazoar diretamente perante o tribunal, o qual abrirá vistas às partes (art. 600, § 4º). A competência para julgar a apelação é do tribunal ao qual está vinculado o juiz prolator da sentença,podendo ser um TJ ou TRF. Ao chegar ao tribunal, o processo é distribuído por sorteio a um relator, o qual, caso não tenha subido o recurso já com as razões, abrirá prazo para serem ofertadas. No tribunal, será aberta vista ao MP para oferecer parecer, no prazo de 05 dias, o qual poderá opinar pelo seguimento ou não e pelo provimento ou não. Sobre esse parecer do MP, a defesa sempre se insurge ale- gando que ofende ao princípio do contraditório, pois o órgão quase sempre corroboraria a tese da acusação EMBARGOS DE DECLARAÇÃO (arts. 382 e 619, CPP) Embargos de Declaração encontra-se previsto no art. 382 para pedir ao juiz, no prazo de 02 dias, que declare a sentença, sempre que nela houver obscuridade, ambiguidade, contradição ou omissão. Embargos de declaração, previstos no art. 619, seriam os embargos aos acórdãos proferidos pelos tribunais de apelação, câ- maras ou turmas, também no prazo de 02 dias. O rito para ambos é exatamente o mesmo, devendo ser en- dereçados ao órgão prolator da decisão. Além disso, apesar de a lei não mencionar, ambos cabem também contra decisão interlo- cutória. Entretanto, não é necessária a interposição para corrigir erros materiais, o que pode ser feito a qualquer tempo, de ofício ou mediante simples petição nos autos. Processamento Não há se falar em efeito suspensivo ou regressivo, apenas devolutivo. A interposição de embargos interrompe o prazo para a interposição de outros recursos; suspende, no entanto, em se tra- tando de JECrim. Nos embargos de declaração, não se deve abrir vistas para a outra parte contra-arrazoar, a não ser que se queira conferir-lhes efeitos infringentes (modificativos). Nesse caso, a parte contrária deve ser intimada. O recurso independe de preparo; além disso, é de funda- mentação vinculada, já que só pode versar sobre ambiguidade, omissão, contradição ou obscuridade. Importante notar que a hi- pótese de cabimento é mais extensa do que no processo civil, já que a ambiguidade não está prevista no recurso civilista. Julgamento O juiz de primeiro grau proferirá sentença ou julgamento, acolhendo ou rejeitando os embargos, conforme o caso. A partir da intimação da decisão, o prazo para os demais recursos será inte- gralmente devolvido, salvo no caso do JEcrim. A natureza jurídica da decisão que julga os embargos é exa- tamente a mesma da decisão embargada. Esse é o motivo pelo qual, se o embargo de declaração tiver sido interposto contra acórdão, deverá ele ter relator e deverá ser julgado mediante acórdão. Caso o relator indefira monocraticamente o embargo de de- claração, contra tal decisão caberá agravo, no prazo de 05 dias. REVISÃO CRIMINAL (ARTS. 621 A 631, CPP) Fundamentos É ação autônoma de impugnação que tem o objetivo de ree- xaminar sentença condenatória ou decisão condenatória proferida por tribunal, que tenha transitado em julgado. A ação de revisão criminal só é possível em favor do acu- sado condenado e, diferentemente da ação rescisória civil, não possui prazo de ajuizamento e não exige caução (salvo no juízo militar, que pode ser utilizada pela acusação). Ela possui natureza jurídica constitutiva negativa, envol- vendo o juízo rescindente e o juízo rescisório. Caso seja julgada procedente, a sentença poderá implicar na alteração da classifica- ção da infração, na absolvição do réu, na modificação da pena ou na anulação do processo, sem prejuízo de novo julgamento perante o juiz competente. Principais Características a) Súmula 393/STF o réu não precisa estar preso; b) Cabe ao réu a comprovação do trânsito em julgado (me- diante certidão); c) Há relator e há revisor; d) Cabimento perante o TJ ou TRF, STJ ou STF, jamais pe- rante juízo de 1º grau; e) Não se admite reiteração do pedido, salvo se fundado em novas provas; f) Efeito extensivo, aproveitando ao corréu que não partici- pou do processo. Cabimento Admite-se a revisão nas seguintes hipóteses: a) Quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso da lei penal ou à evidência dos autos; b) Quando a sentença condenatória se fundar em depoimen- tos, exames ou documentos comprovadamente falsos; c) Quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do condenado ou de circunstância que determine ou autorize diminuição da pena. Didatismo e Conhecimento 27 DIREITO PROCESSUAL PENAL São requisitos da revisão criminal: a) Trânsito em julgado da decisão penal condenatória; b) A revisão poderá ser requerida em qualquer tempo, AN- TES DA EXTINÇÃO DA PENA OU APÓS (art. 622); c) Existência de fatos novos, que não importem mera reite- ração do pedido do processo de conhecimento. Não se admite revisão criminal tendente a reexaminar deci- são absolutória ou que reconhece a prescrição para obter motivo de absolvição mais benéfico ao acusado. Entretanto, é cabível revisão criminal contra sentença absolutória imprópria (porque aplica me- dida de segurança). NÃO cabe revisão criminal em se tratando de sentenças concessivas de perdão judicial e de pronúncia. A revisão criminal é cabível contra toda e qualquer decisão condenatória, inclusive as proferidas pelo tribunal do júri. A sobe- rania dos veredictos é uma garantia para o réu, mas a revisão é uma garantia maior e mais importante. Por isso é que o TJ ou TRF pode rever a decisão dos jurados, em sede de revisão. Nesse caso, faz-se uma ponderação entre o princípio da soberania e da ampla defesa, e conclui-se no sentido de o último deve prevalecer, a fim de não se perpetuar injustas privações da liberdade humana. Porém, essa revisão não pode ter por efeito adentrar no mé- rito da condenação e inocentar o réu, caso contrário haveria ofensa à soberania dos veredictos. O que o tribunal revisor deve fazer é determinar a sujeição do réu a novo júri. Processamento e Julgamento Competência Ao STF e STJ competem processar e julgar a revisão cri- minal de seus próprios julgados. Aos TRF’s, processar e julgar a revisão de seus próprios julgados e dos julgados dos juízes fede- rais. Aos TJ’s, de seus próprios julgados e os dos juízes estaduais. Legitimidade Ad Causam Art. 623. A revisão poderá ser pedida pelo próprio réu ou por procurador legalmente habilitado ou, no caso de morte do réu, pelo cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. A revisão pode ser pedida pelo próprio réu ou por procura- dor legalmente habilitado ou, no caso de morte do réu, pelo CADI. O Ministério Público pode propor revisão, desde que em favor do condenado (art. 127, CR/88). Isso, entretanto, é algo que não é aceito por toda a doutrina. A LEGITIMIDADE PASSIVA É DA UNIÃO OU DO ES- TADO, A DEPENDER DA ESFERA NA QUAL FOI PROLATA- DA A DECISÃO. O MP NÃO SERÁ CITADO, SERÁ APENAS INTIMADO PARA EMITIR PARECER COMO CUSTOS LE- GIS. Propositura A revisão deve ser ajuizada por petição, perante o tribunal competente, sendo o requerimento instruído com a certidão do trânsito em julgado e com as peças necessárias à comprovação dos fatos arguidos. Ela poderá ser processada em apenso aos autos da execução, desde que não dificulte a execução da sentença (art. 625, § 2º). Rito da Revisão Criminal A inicial deverá ser distribuída a um relator e, depois, a um revisor, devendo funcionar como relator um desembargador que não tenha pronunciado decisão em qualquer fase do processo RECURSO EXTRAORDINÁRIO (105, III, CR/88 – 667/668 Código Processual Penal) É uma impugnação extraordinária, pois somente pode tratar de questões de direito, federal ou constitucional, sem revolvimento de matéria fática e cabíveis em taxativas hipóteses. Visa o RE a assegurar a inteireza positiva, a autoridade e a uniformidade de interpretação da Constituição, nas seguintes si- tuações: a) Decisão que contrariar dispositivo da Constituição; b) Decisão que declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; c) Decisão que julgar válida lei local contestada em face de lei federal; d) Decisão que julgar válida lei ou ato de governo local con- testado em face da Constituição. Nessesrecursos, que têm natureza política, nunca poderá ser feito reexame de questões de fato, probatórias, caso contrário serviriam como uma segunda apelação. Nesse sentido: Súmula 279, STF: “Para simples reexame de prova não cabe recurso extraordinário”. O que não se admite é o simples reexame de provas que fo- ram aceitas ou rejeitadas pelo órgão inferior como base da decisão recorrida. Não se exclui, entretanto, a reapreciação de questões ati- nentes à disciplina legal da prova e também à qualificação jurídica de fatos assentados nos julgamentos de recursos ordinários. É imperioso, também, que haja o prequestionamento, o qual só se caracteriza se a questão constitucional for ventilada nos vo- tos vencedores. Importante ressaltar que os embargos declaratórios são instrumentos bastante utilizados para fins de prequestionamen- to, forçando um pronunciamento do juiz sobre a matéria. Súmula 282, STF: “É inadmissível o recurso extraordiná- rio, quando não ventilada, na decisão recorrida, a questão federal suscitada”. Interposição A interposição deve ser feita por petição, acompanhada das razões, no prazo de 15 dias. O recurso é protocolado perante o tribunal a quo, sendo a petição dirigida ao Presidente do tribunal que proferiu a decisão vergastada; as razões, porém, devem ser dirigidas ao tribunal superior, com ele se dando o “diálogo”. Súmula 640, STF: “É cabível recurso extraordinário contra decisão proferida por juiz de primeiro grau nas causas de alçada, ou por turma recursal de juizado especial cível e criminal”. Súmula 400, STF: “Decisão que deu razoável interpretação à lei, ainda que não seja a melhor, não autoriza recurso extraordi- nário”. Súmula 399, STF: “Não cabe recurso extraordinário, por violação de lei federal, quando a ofensa alegada for a regimento de tribunal”. Súmula 369, STF: “Julgados do mesmo tribunal não servem para fundamentar o recurso extraordinário por divergência juris- prudencial”. Súmula 281, STF: “É inadmissível o recurso extraordinário quando couber, na justiça de origem, recurso ordinário da decisão impugnada”. Súmula 280, STF: “Não se conhece do recurso extraordiná- rio fundado em divergência jurisprudencial, quando a orientação do Supremo Tribunal Federal já se firmou no mesmo sentido da decisão recorrida”. Didatismo e Conhecimento 28 DIREITO PROCESSUAL PENAL Processamento Após interposto no tribunal a quo e colhidas as contrarra- zões, deverá o MP exarar parecer, limitando-se a opinar sobre as condições de admissibilidade recursal, manifestando-se pelo se- guimento ou negativa de seguimento ao recurso interposto. Após examinado no tribunal, sua admissão ou não deverá ser fundamentada. Somente então segue o recurso para o tribunal superior, isso se admitido. CARTA TESTEMUNHÁVEL (arts. 639 a 646) Trata-se do recurso destinado a provocar o conhecimento ou o processamento de outro recurso para tribunal de instância supe- rior, cujo trâmite tenha sido indevidamente obstado pelo juiz, com o fito de que o tribunal aprecie o mérito do recurso anteriormente interposto. Não cabe carta testemunhável na segunda instância, já que há recurso específico para tal, o agravo. Dar-se-á quando: a) Da decisão que denegar recurso; b) Da que, embora admitindo o recurso, obste sua expedi- ção e seguimento para o juízo ad quem. A carta testemunhável deve conter todos os elementos ne- cessários para que o tribunal aprecie o mérito do recurso não rece- bido ou retido pelo juízo a quo. Todavia, a falta de documentos não implicará no não conhe- cimento de plano do recurso. Nesse caso, o tribunal pode conferir à carta o efeito de destrancar o recurso, mandando processá-lo. Logo, o primeiro fim do recurso é obter o reexame necessá- rio da decisão não revisada face o não recebimento/prosseguimen- to do recurso; o segundo, determinar o processamento do recurso indevidamente paralisado em primeira instância. . Interposição Deve ser interposta pelo testemunhante através de petição, no prazo de 48 horas contadas da intimação do despacho denega- tório do recurso ou da ciência do seu não processamento regular. A carta deve ser dirigida ao escrivão ou ao secretário do tri- bunal, indicando as peças do processo que deverão ser trasladadas (logo, o recurso subirá por instrumento). Processamento O rito recursal deve seguir o rito do RESE. Logo, temos que: a) Extrai-se a carta e se entrega à parte interessada; b) Se não tiver arrazoada, será dada vista ao testemunhante para arrazoar em 02 dias; c) Abre-se a possibilidade do juiz exercer o juízo de retra- tação ou sustentação; se ele se retratar, a parte contrária poderá recorrer por simples petição, quando não será mais possível outra retratação; d) Se sustentada a decisão, tem-se o prazo de 05 dias para apresentação dos autos recursais à instância ad quem. Julgamento Como no RESE, será o recurso distribuído ao relator, que fará o relatório e pedirá ao Presidente inclusão na pauta com dia de julgamento. No tribunal, podem ser adotadas as seguintes me- didas: a) Não conhecer a carta testemunhável, por não ser cabível, por ser intempestiva ou pela ilegitimidade; b) Dela conhecer e dar-lhe provimento, determinando que o recurso obstado suba para seu conhecimento c) Dela conhecer e julgar desde logo o recurso obstado; d) Conhecer da carta testemunhável e negar-lhe seguimen- to. HABEAS CORPUS E SEU PROCESSO. HABEAS CORPUS E SEU PROCESSO (art. 5º, LXVIII, CR/88 e arts. 647 a 677, CPP) O habeas corpus teria sua origem remota no direito romano, onde todo o cidadão podia reclamar a exibição do homem livre detido ilegalmente por meio de uma ação privilegiada, conhecida por interdictum de libero homine exhibendo. Entretanto, somente se delineou um instrumento que possa ser identificado como ha- beas corpus a partir da “Magna Carta”, em 1.215, imposta pelos barões ingleses ao rei João Sem-Terra, especialmente com o writ of habeas corpus ad subjiciendum, daí evoluindo cada vez mais por meio do habeas corpus. No Brasil o habeas corpus entrou, pela primeira vez, na nos- sa legislação, de forma expressa, com a promulgação do Código de Processo Criminal, em 1.832 (art. 340), embora estivesse contido implicitamente na Constituição do Império de 1.824 (art. 179, § 8º). Atualmente, na Constituição da República de 1988, o habeas corpus está previsto no art. 5º, inciso LXVII. O HC é uma ação constitucional de natureza jurídica de ação penal destinada especificamente à proteção da liberdade de locomoção quando ameaçada ou violada por ilegalidade ou abuso de poder. Está previsto na Constituição da República, e será concedi- do sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer vio- lação ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. Preventivamente, o HC é ajuizado quando o cerceio de li- berdade estiver em vias de se concretizar. Repressivamente, quan- do a violação da liberdade de locomoção já tiver se concretizado. A ação do HC é de conhecimento, podendo dela resultar uma tutela declaratória, constitutiva ou, até mesmo, condenatória, mas sempre tendo caráter mandamental, já que desnecessária e inexistente fase posterior de execução para dar efetividade à or- dem. Condições da Ação As condições de ação devem ser vistas da mesma forma que nas demais ações. Assim, temos como primeira condição de ação a possibili- dade jurídica do pedido, que consiste na ausência de vedação legal a determinada demanda, como ocorre com a vedação constitucio- nal ao HC para combater punições disciplinares militares (art. 142, § 2º, CR/88). Admite-se a utilização do HC como sucedâneo recursal, quando não houver recurso apto a proteger a liberdade da pessoa. Nesse caso, a sentença que decidir o HC terá efeitos em outro pro- cesso. Logo, para tal, este último processo não pode já ter sido encerrado. Didatismo e Conhecimento 29 DIREITO PROCESSUAL PENAL A causa de pedir no Habeas Corpus é a violação à liberdade de ir e vir do indivíduo. O HC pode sedirigir contra a prisão ilegal, contra a ameaça de prisão e contra inquérito policial, procedimen- to criminal ou processo penal cuja conclusão possa resultar em pena privativa de liberdade. De acordo com o art. 648 do CPP, a coação considerar-se-á ilegal quando: a) Não houver justa causa; b) Alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei; c) Quem ordenar a coação não tiver competência para fazê- -lo; d) Houver cessado o motivo que autorizou a coação; e) Não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei autoriza; f) O processo for manifestamente nulo; g) Estiver extinta a punibilidade. Senão vejamos: Código Processual Penal (...) CAPÍTULO X DO HABEAS CORPUS E SEU PROCESSO Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar. Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal: I - quando não houver justa causa; II - quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei; III - quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo; IV - quando houver cessado o motivo que autorizou a coa- ção; V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza; VI - quando o processo for manifestamente nulo; VII - quando extinta a punibilidade. Art. 649. O juiz ou o tribunal, dentro dos limites da sua ju- risdição, fará passar imediatamente a ordem impetrada, nos casos em que tenha cabimento, seja qual for a autoridade coatora. Art. 650. Competirá conhecer, originariamente, do pedido de habeas corpus: I - ao Supremo Tribunal Federal, nos casos previstos no Art. 101, I, g, da Constituição; II - aos Tribunais de Apelação, sempre que os atos de vio- lência ou coação forem atribuídos aos governadores ou intervento- res dos Estados ou Territórios e ao prefeito do Distrito Federal, ou a seus secretários, ou aos chefes de Polícia. § 1o A competência do juiz cessará sempre que a violência ou coação provier de autoridade judiciária de igual ou superior jurisdição. § 2o Não cabe o habeas corpus contra a prisão adminis- trativa, atual ou iminente, dos responsáveis por dinheiro ou valor pertencente à Fazenda Pública, alcançados ou omissos em fazer o seu recolhimento nos prazos legais, salvo se o pedido for acompa- nhado de prova de quitação ou de depósito do alcance verificado, ou se a prisão exceder o prazo legal. Art. 651. A concessão do habeas corpus não obstará, nem porá termo ao processo, desde que este não esteja em conflito com os fundamentos daquela. Art. 652. Se o habeas corpus for concedido em virtude de nulidade do processo, este será renovado. Art. 653. Ordenada a soltura do paciente em virtude de ha- beas corpus, será condenada nas custas a autoridade que, por má-fé ou evidente abuso de poder, tiver determinado a coação. Parágrafo único. Neste caso, será remetida ao Ministério Público cópia das peças necessárias para ser promovida a respon- sabilidade da autoridade. Art. 654. O habeas corpus poderá ser impetrado por qual- quer pessoa, em seu favor ou de outrem, bem como pelo Ministé- rio Público. § 1o A petição de habeas corpus conterá: a) o nome da pessoa que sofre ou está ameaçada de sofrer violência ou coação e o de quem exercer a violência, coação ou ameaça; b) a declaração da espécie de constrangimento ou, em caso de simples ameaça de coação, as razões em que funda o seu temor; c) a assinatura do impetrante, ou de alguém a seu rogo, quando não souber ou não puder escrever, e a designação das res- pectivas residências. § 2o Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício ordem de habeas corpus, quando no curso de processo verificarem que alguém sofre ou está na iminência de sofrer coa- ção ilegal. Art. 655. O carcereiro ou o diretor da prisão, o escrivão, o oficial de justiça ou a autoridade judiciária ou policial que emba- raçar ou procrastinar a expedição de ordem de habeas corpus, as informações sobre a causa da prisão, a condução e apresentação do paciente, ou a sua soltura, será multado na quantia de duzentos mil-réis a um conto de réis, sem prejuízo das penas em que in- correr. As multas serão impostas pelo juiz do tribunal que julgar o habeas corpus, salvo quando se tratar de autoridade judiciária, caso em que caberá ao Supremo Tribunal Federal ou ao Tribunal de Apelação impor as multas. Art. 656. Recebida a petição de habeas corpus, o juiz, se julgar necessário, e estiver preso o paciente, mandará que este Ihe seja imediatamente apresentado em dia e hora que designar. Parágrafo único. Em caso de desobediência, será expedido mandado de prisão contra o detentor, que será processado na for- ma da lei, e o juiz providenciará para que o paciente seja tirado da prisão e apresentado em juízo. Didatismo e Conhecimento 30 DIREITO PROCESSUAL PENAL Art. 657. Se o paciente estiver preso, nenhum motivo escu- sará a sua apresentação, salvo: I - grave enfermidade do paciente; Il - não estar ele sob a guarda da pessoa a quem se atribui a detenção; III - se o comparecimento não tiver sido determinado pelo juiz ou pelo tribunal. Parágrafo único. O juiz poderá ir ao local em que o pacien- te se encontrar, se este não puder ser apresentado por motivo de doença. Art. 658. O detentor declarará à ordem de quem o paciente estiver preso. Art. 659. Se o juiz ou o tribunal verificar que já cessou a violência ou coação ilegal, julgará prejudicado o pedido. Art. 660. Efetuadas as diligências, e interrogado o paciente, o juiz decidirá, fundamentadamente, dentro de 24 (vinte e quatro) horas. § 1o Se a decisão for favorável ao paciente, será logo pos- to em liberdade, salvo se por outro motivo dever ser mantido na prisão. § 2o Se os documentos que instruírem a petição eviden- ciarem a ilegalidade da coação, o juiz ou o tribunal ordenará que cesse imediatamente o constrangimento. § 3o Se a ilegalidade decorrer do fato de não ter sido o paciente admitido a prestar fiança, o juiz arbitrará o valor desta, que poderá ser prestada perante ele, remetendo, neste caso, à auto- ridade os respectivos autos, para serem anexados aos do inquérito policial ou aos do processo judicial. § 4o Se a ordem de habeas corpus for concedida para evitar ameaça de violência ou coação ilegal, dar-se-á ao paciente salvo- -conduto assinado pelo juiz. § 5o Será incontinenti enviada cópia da decisão à autorida- de que tiver ordenado a prisão ou tiver o paciente à sua disposição, a fim de juntar-se aos autos do processo. § 6o Quando o paciente estiver preso em lugar que não seja o da sede do juízo ou do tribunal que conceder a ordem, o alvará de soltura será expedido pelo telégrafo, se houver, observadas as formalidades estabelecidas no art. 289, parágrafo único, in fine, ou por via postal. Art. 661. Em caso de competência originária do Tribunal de Apelação, a petição de habeas corpus será apresentada ao se- cretário, que a enviará imediatamente ao presidente do tribunal, ou da câmara criminal, ou da turma, que estiver reunida, ou primeiro tiver de reunir-se. Art. 662. Se a petição contiver os requisitos do art. 654, § 1o, o presidente, se necessário, requisitará da autoridade indicada como coatora informações por escrito. Faltando, porém, qualquer daqueles requisitos, o presidente mandará preenchê-lo, logo que Ihe for apresentada a petição. Art. 663. As diligências do artigo anterior não serão orde- nadas, se o presidente entender que o habeas corpus deva ser inde- ferido in limine. Nesse caso, levará a petição ao tribunal, câmara ou turma, para que delibere a respeito. Art. 664. Recebidas as informações, ou dispensadas, o ha- beas corpus será julgado na primeira sessão, podendo, entretanto, adiar-se o julgamento para a sessão seguinte. Parágrafo único. A decisão será tomada por maioria de vo- tos. Havendo empate, se o presidente não tiver tomado parte na vo- tação, proferirávoto de desempate; no caso contrário, prevalecerá a decisão mais favorável ao paciente. Art. 665. O secretário do tribunal lavrará a ordem que, as- sinada pelo presidente do tribunal, câmara ou turma, será dirigida, por ofício ou telegrama, ao detentor, ao carcereiro ou autoridade que exercer ou ameaçar exercer o constrangimento. Parágrafo único. A ordem transmitida por telegrama obede- cerá ao disposto no art. 289, parágrafo único, in fine. Art. 666. Os regimentos dos Tribunais de Apelação estabe- lecerão as normas complementares para o processo e julgamento do pedido de habeas corpus de sua competência originária. Art. 667. No processo e julgamento do habeas corpus de competência originária do Supremo Tribunal Federal, bem como nos de recurso das decisões de última ou única instância, denega- tórias de habeas corpus, observar-se-á, no que Ihes for aplicável, o disposto nos artigos anteriores, devendo o regimento interno do tribunal estabelecer as regras complementares. (...) LEI Nº 9.099 DE 26.09.1995 (ARTIGOS 60 A 83; 88 E 89). São órgãos do Poder Judiciário que julgam todas as contra- venções penais e crimes de menor potencial ofensivo, ou seja, de baixa gravidade, segundo o entendimento do legislador. Hoje, são considerados crimes de menor potencial ofensivo, todos aqueles que têm pena máxima de até 2 anos. O Juizado Especial Criminal é órgão da Justiça que exis- te no âmbito da União, do Distrito Federal e dos Estados. Tem competência para conciliação, processo e julgamento dos crimes de menor potencial ofensivo, mediante a oralidade e abreviação do rito pelo procedimento sumaríssimo. Estes órgãos jurisdicio- nais devem ser orientados pela conciliação e transação penal como forma de composição, e o julgamento de recursos por turmas de juízes. A Constituição Federal, por obra do Poder Constituinte De- rivado, Emenda Constitucional nº 45, tem estampado no rol de di- reitos fundamentais a garantia da razoável duração dos processos administrativo e judicial, devendo o direito prover meios que ga- rantam a celeridade de sua tramitação. É o que demonstra a norma constante do art. 5º, LXXVIII, da Carta Magna. Os crimes de menor potencial ofensivo são: Lesão corporal simples; omissão de socorro; ameaça; violação de domicílio, vio- lação, sonegação ou destruição de correspondência; ato obsceno; Didatismo e Conhecimento 31 DIREITO PROCESSUAL PENAL charlatanismo; desobediência; constrangimentos, delitos de trân- sito, salvo o homicídio culposo e participação em “pega”, uso de entorpecentes, crimes contra a honra, entre outros. LEI Nº 9.099, DE 26 DE SETEMBRO DE 1995. Dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais e dá outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: CAPÍTULO I Disposições Gerais Art. 1º Os Juizados Especiais Cíveis e Criminais, órgãos da Justiça Ordinária, serão criados pela União, no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para conciliação, processo, julga- mento e execução, nas causas de sua competência. Art. 2º O processo orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, buscando, sempre que possível, a conciliação ou a transação. (...) Capítulo III Dos Juizados Especiais Criminais Disposições Gerais Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados ou togados e leigos, tem competência para a conciliação, o julgamento e a execução das infrações penais de menor potencial ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continência. Parágrafo único. Na reunião de processos, perante o juízo comum ou o tribunal do júri, decorrentes da aplicação das regras de conexão e continência, observar-se-ão os institutos da transação penal e da composição dos danos civis. Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa. Art. 62. O processo perante o Juizado Especial orientar-se-á pelos critérios da oralidade, informalidade, economia processual e celeridade, objetivando, sempre que possível, a reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de pena não privativa de liberdade. Seção I Da Competência e dos Atos Processuais Art. 63. A competência do Juizado será determinada pelo lugar em que foi praticada a infração penal. Art. 64. Os atos processuais serão públicos e poderão reali- zar-se em horário noturno e em qualquer dia da semana, conforme dispuserem as normas de organização judiciária. Art. 65. Os atos processuais serão válidos sempre que preencherem as finalidades para as quais foram realizados, atendi- dos os critérios indicados no art. 62 desta Lei. § 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que tenha havido prejuízo. § 2º A prática de atos processuais em outras comarcas pode- rá ser solicitada por qualquer meio hábil de comunicação. § 3º Serão objeto de registro escrito exclusivamente os atos havidos por essenciais. Os atos realizados em audiência de ins- trução e julgamento poderão ser gravados em fita magnética ou equivalente. Art. 66. A citação será pessoal e far-se-á no próprio Juizado, sempre que possível, ou por mandado. Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz encaminhará as peças existentes ao Juízo comum para ado- ção do procedimento previsto em lei. Art. 67. A intimação far-se-á por correspondência, com avi- so de recebimento pessoal ou, tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual, mediante entrega ao encarregado da recepção, que será obrigatoriamente identificado, ou, sendo necessário, por oficial de justiça, independentemente de mandado ou carta preca- tória, ou ainda por qualquer meio idôneo de comunicação. Parágrafo único. Dos atos praticados em audiência conside- rar-se-ão desde logo cientes as partes, os interessados e defensores. Art. 68. Do ato de intimação do autor do fato e do mandado de citação do acusado, constará a necessidade de seu compareci- mento acompanhado de advogado, com a advertência de que, na sua falta, ser-lhe-á designado defensor público. Seção II Da Fase Preliminar Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado e o encaminhará imedia- tamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providencian- do-se as requisições dos exames periciais necessários. Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em fla- grante, nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar, como medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima. Art. 70. Comparecendo o autor do fato e a vítima, e não sendo possível a realização imediata da audiência preliminar, será designada data próxima, da qual ambos sairão cientes. Art. 71. Na falta do comparecimento de qualquer dos envol- vidos, a Secretaria providenciará sua intimação e, se for o caso, a do responsável civil, na forma dos arts. 67 e 68 desta Lei. Art. 72. Na audiência preliminar, presente o representante do Ministério Público, o autor do fato e a vítima e, se possível, o responsável civil, acompanhados por seus advogados, o Juiz esclarecerá sobre a possibilidade da composição dos danos e da aceitação da proposta de aplicação imediata de pena não privativa de liberdade. Didatismo e Conhecimento 32 DIREITO PROCESSUAL PENAL Art. 73. A conciliação será conduzida pelo Juiz ou por con- ciliador sob sua orientação. Parágrafo único. Os conciliadores são auxiliares da Justiça, recrutados, na forma da lei local, preferentemente entre bacharéis em Direito, excluídos os que exerçam funções na administração da Justiça Criminal. Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a es- crito e, homologadapelo Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil competente. Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou representação. Art. 75. Não obtida a composição dos danos civis, será dada imediatamente ao ofendido a oportunidade de exercer o direito de representação verbal, que será reduzida a termo. Parágrafo único. O não oferecimento da representação na audiência preliminar não implica decadência do direito, que pode- rá ser exercido no prazo previsto em lei. Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquiva- mento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta. § 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz poderá reduzi-la até a metade. § 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado: I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liberdade, por sentença definitiva; II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação de pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo; III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a per- sonalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida. § 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, será submetida à apreciação do Juiz. § 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da infração, o Juiz aplicará a pena restritiva de direitos ou multa, que não importará em reincidência, sendo registrada ape- nas para impedir novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos. § 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a apelação referida no art. 82 desta Lei. § 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º deste artigo não constará de certidão de antecedentes criminais, salvo para os fins previstos no mesmo dispositivo, e não terá efeitos civis, ca- bendo aos interessados propor ação cabível no juízo cível. Seção III Do Procedimento Sumariíssimo Art. 77. Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver aplicação de pena, pela ausência do autor do fato, ou pela não ocorrência da hipótese prevista no art. 76 desta Lei, o Minis- tério Público oferecerá ao Juiz, de imediato, denúncia oral, se não houver necessidade de diligências imprescindíveis. § 1º Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base no termo de ocorrência referido no art. 69 desta Lei, com dispensa do inquérito policial, prescindir-se-á do exame do corpo de delito quando a materialidade do crime estiver aferida por bole- tim médico ou prova equivalente. § 2º Se a complexidade ou circunstâncias do caso não per- mitirem a formulação da denúncia, o Ministério Público poderá requerer ao Juiz o encaminhamento das peças existentes, na forma do parágrafo único do art. 66 desta Lei. § 3º Na ação penal de iniciativa do ofendido poderá ser ofe- recida queixa oral, cabendo ao Juiz verificar se a complexidade e as circunstâncias do caso determinam a adoção das providências previstas no parágrafo único do art. 66 desta Lei. Art. 78. Oferecida a denúncia ou queixa, será reduzida a termo, entregando-se cópia ao acusado, que com ela ficará cita- do e imediatamente cientificado da designação de dia e hora para a audiência de instrução e julgamento, da qual também tomarão ciência o Ministério Público, o ofendido, o responsável civil e seus advogados. § 1º Se o acusado não estiver presente, será citado na for- ma dos arts. 66 e 68 desta Lei e cientificado da data da audiência de instrução e julgamento, devendo a ela trazer suas testemunhas ou apresentar requerimento para intimação, no mínimo cinco dias antes de sua realização. § 2º Não estando presentes o ofendido e o responsável civil, serão intimados nos termos do art. 67 desta Lei para comparece- rem à audiência de instrução e julgamento. § 3º As testemunhas arroladas serão intimadas na forma prevista no art. 67 desta Lei. Art. 79. No dia e hora designados para a audiência de ins- trução e julgamento, se na fase preliminar não tiver havido possi- bilidade de tentativa de conciliação e de oferecimento de proposta pelo Ministério Público, proceder-se-á nos termos dos arts. 72, 73, 74 e 75 desta Lei. Art. 80. Nenhum ato será adiado, determinando o Juiz, quando imprescindível, a condução coercitiva de quem deva com- parecer. Art. 81. Aberta a audiência, será dada a palavra ao defensor para responder à acusação, após o que o Juiz receberá, ou não, a denúncia ou queixa; havendo recebimento, serão ouvidas a vítima e as testemunhas de acusação e defesa, interrogando-se a seguir o acusado, se presente, passando-se imediatamente aos debates orais e à prolação da sentença. § 1º Todas as provas serão produzidas na audiência de ins- trução e julgamento, podendo o Juiz limitar ou excluir as que con- siderar excessivas, impertinentes ou protelatórias. § 2º De todo o ocorrido na audiência será lavrado termo, assinado pelo Juiz e pelas partes, contendo breve resumo dos fatos relevantes ocorridos em audiência e a sentença. § 3º A sentença, dispensado o relatório, mencionará os ele- mentos de convicção do Juiz. Art. 82. Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença caberá apelação, que poderá ser julgada por turma com- posta de três Juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado. Didatismo e Conhecimento 33 DIREITO PROCESSUAL PENAL § 1º A apelação será interposta no prazo de dez dias, con- tados da ciência da sentença pelo Ministério Público, pelo réu e seu defensor, por petição escrita, da qual constarão as razões e o pedido do recorrente. § 2º O recorrido será intimado para oferecer resposta escrita no prazo de dez dias. § 3º As partes poderão requerer a transcrição da gravação da fita magnética a que alude o § 3º do art. 65 desta Lei. § 4º As partes serão intimadas da data da sessão de julga- mento pela imprensa. § 5º Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamen- tos, a súmula do julgamento servirá de acórdão. Art. 83. Caberão embargos de declaração quando, em sen- tença ou acórdão, houver obscuridade, contradição, omissão ou dúvida. (Vide Lei nº 13.105, de 2015) § 1º Os embargos de declaração serão opostos por escrito ou oralmente, no prazo de cinco dias, contados da ciência da decisão. § 2º Quando opostos contra sentença, os embargos de de- claração suspenderão o prazo para o recurso. (Vide Lei nº 13.105, de 2015) § 3º Os erros materiais podem ser corrigidos de ofício. (...) Seção VI Disposições Finais Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de representação a ação penal relativa aos cri- mes de lesões corporais leves e lesões culposas. Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Mi- nistério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspen- são do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspen- são condicional da pena (art. 77 do Código Penal). § 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na pre- sença do Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá suspender o pro- cesso, submetendo o acusado a período de prova, sob as seguintes condições: I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo; II - proibição de frequentar determinados lugares; III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz; IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensal- mente, para informar e justificar suas atividades. § 2º O Juiz poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão,desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado. § 3º A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário vier a ser processado por outro crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano. § 4º A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser processado, no curso do prazo, por contravenção, ou descumprir qualquer outra condição imposta. § 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará ex- tinta a punibilidade. § 6º Não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão do processo. § 7º Se o acusado não aceitar a proposta prevista neste arti- go, o processo prosseguirá em seus ulteriores termos. (...) Brasília, 26 de setembro de 1995; 174º da Independência e 107º da República. FERNANDO HENRIQUE CARDOSO Nelson A. Jobim Questões 01. (TRE-RS - Analista Judiciário – Administrativa – 2015 - CESPE) Foi recebida pelo juiz denúncia oferecida pelo MP con- tra Pedro e João, imputando-lhes a prática de crime de extorsão realizada dentro de uma universidade. Uma das vítimas resolveu intervir no processo, como assistente de acusação. Tendo como referência a situação hipotética apresentada, assinale a opção correta. (A) Deferida a habilitação, o assistente de acusação recebe- rá a causa desde a petição inicial e, conforme o caso, deverão ser repetidos os atos anteriores a sua habilitação. (B) Da decisão que admitir ou denegar a intervenção da ví- tima caberá recurso em sentido estrito ao juízo de segundo grau. (C) Ao assistente de acusação será permitido propor meios de provas, tais como perícias e acareações, participar de debates orais e aditar articulados, e também arrazoar os recursos interpos- tos pelo MP. (D) A vítima poderá habilitar-se como assistente de acusa- ção na fase preliminar das investigações, após a instauração do inquérito policial. (E) O assistente de acusação poderá arrolar testemunhas e aditar a denúncia oferecida pelo MP. 02. (DPE-PE - Estagiário de Direito - 2015 - DPE-PE) Em relação às citações e intimações no Processo Penal, assinale a al- ternativa correta: (A) Quando o réu estiver fora do território da jurisdição do juiz processante, poderá ser citado pelos correios. (B) Se o acusado for citado ou intimado pessoalmente para qualquer ato do processo e deixar de comparecer sem motivo jus- tificado, o processo prosseguirá sem a sua presença. (C) Se o réu não for encontrado, será citado por edital, com o prazo de 30 (trinta) dias. (D) A citação do militar será feita pessoalmente, sendo ex- pressamente vedado realizar o ato por intermédio do chefe do res- pectivo serviço. (E) Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, não ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional. 03. (TRE-RS - Analista Judiciário – Administrativa - 2015 - CESPE) No que se refere a intimações e citações no processo penal, assinale a opção correta. Didatismo e Conhecimento 34 DIREITO PROCESSUAL PENAL (A) A citação ou a intimação do militar da ativa será fei- ta mediante a expedição pelo juízo processante de um ofício, que será remetido ao chefe do serviço, cabendo ao oficial de justiça a citação do acusado. (B) Na hipótese de expedição de carta precatória para a ci- tação, se o acusado não se encontrar na comarca do juiz deprecado e estiver em local conhecido, a precatória deverá ser devolvida ao juiz deprecante para uma nova expedição. (C) A citação ficta ou presumida será realizada por edital, pelo correio ou por email. (D) Na hipótese de o réu estar no estrangeiro, em local sa- bido, será sempre citado por carta rogatória, mesmo que a infração penal seja afiançável. (E) De acordo com o CPP, será pessoal a intimação do MP, do defensor constituído, do advogado do querelante e do advogado do assistente de acusação. 04. (TJ-DFT - Técnico Judiciário – Administrativa - 2015 – CESPE) Em relação aos prazos processuais, à comunicação dos respectivos atos e aos sujeitos da relação processual, julgue o item que se segue. As intimações do defensor dativo serão feitas pessoalmente, por mandado, ao passo que as intimações do defensor constituído far-se-ão por publicação no órgão incumbido da publicidade dos atos judiciais do respectivo juízo. ( ) Certo ( ) Errado 05. (TJ-RR - Juiz Substituto - 2015 - FCC) Com relação à citação, é correto afirmar que (A) se o réu não for localizado para ser citado pessoalmente em processo que tramite pela Vara dos Juizados Especiais Crimi- nais, o juiz de direito deverá suspender o processo e o prazo pres- cricional nos termos do artigo 366 do Código de Processo Penal. (B) será feita, a do funcionário público, por intermédio de seu superior hierárquico. (C) se o réu estiver preso, sua requisição por ofício dirigido ao diretor do estabelecimento suprirá a citação pessoal. (D) se o réu citado por edital não comparecer e nem consti- tuir advogado, o processo e o curso do prazo prescricional ficarão suspensos, salvo nos casos de crimes de lavagem de ativos. (E) se o réu não for encontrado para citação pessoal, será citado por edital, com prazo de 30 dias. 06. (PC-DF - Delegado de Polícia – 2015 - FUNIVERSA) A respeito da citação no processo penal, assinale a alternativa cor- reta. (A) Como regra, no processo penal, a citação inicial será feita por carta, com aviso de recebimento. (B) O CPP não acolhe o instituto da precatória itinerante. (C) Diversamente do que ocorre no processo civil, não se admite a citação por hora certa no direito processual penal. (D) Se o acusado, citado por edital, não comparecer nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do pra- zo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar a prisão preventiva do réu. (E) Se o réu, tendo sido citado ou intimado pessoalmente, deixar de comparecer justificadamente a um ato processual, sus- pender-se-á a ação penal, visto que não se admite o instituto da revelia no processo penal. 07. (TJ-SP - Escrevente Técnico Judiciário – 2015 - VU- NESP) Nas infrações penais de menor potencial ofensivo, quando o juizado especial criminal encaminhar ao juízo comum as peças existentes para a adoção de outro procedimento, de acordo com o art. 538 do CPP, o rito adotado será (A) o ordinário (B) o sumário. (C) livremente estabelecido pelo juiz. (D) o sumaríssimo. (E) o especial. 08. (TJ-SP - Escrevente Técnico Judiciário - 2015 - VU- NESP) O processo perante o Juizado Especial Criminal objetivará, sempre que possível, a reparação dos d anos sofridos pela vítima e a aplicação de pena não privativa de liberdade. Nesse contexto, de acordo com o expresso texto do art. 62 da Lei n o 9.099/95, orientar se á pelos critérios de (A) oralidade, informalidade e economia processual, ape- nas. (B) oralidade e economia processual, apenas. (C) economia processual e celeridade, apenas. (D) oralidade, informalidade, economia processual e cele- ridade, apenas. (E) oralidade, informalidade, economia processual, celeri- dade e verdade formal. 09. (TJ-PE - Juiz Substituto - 2015 - FCC) Em relação ao procedimento relativo ao Tribunal do Júri, é correto afirmar que: (A) estão isentos do serviço do júri os cidadãos maiores de 65 (sessenta e cinco) anos. (B) a intimação da decisão de pronúncia será feita pessoal- mente ao acusado, ao defensor nomeado ou constituído, e ao Mi- nistério Público. (C) não se convencendo da materialidade do fato ou da exis- tência de indícios suficientes de autoria ou de participação, o juiz, fundamentadamente, absolverá sumariamente o acusado (D) não poderá servir o jurado que, no caso de concurso de pessoas, houver integrado o Conselho de Sentença que julgou o outro acusado ou tiver funcionado em julgamento anterior do mesmo processo, independentemente da causa determinante do julgamento posterior. (E) contra a sentença de impronúncia caberá recurso em sentido estrito. 10. (DPE-MA - Defensor Público -2015 - FCC) Sobre o julgamento pelo tribunal do júri, é correto afirmar: (A) Se a verificação de qualquer fato, reconhecida como essencial para o julgamento da causa, não puder ser realizada ime- diatamente, o juiz presidente suspenderá a Sessão o quanto for necessário, mantendo o mesmo Conselho, ordenando a realização das diligências entendidas necessárias e a retomada do julgamento assim que possível. Didatismo e Conhecimento 35 DIREITO PROCESSUAL PENAL (B) Havendo mais de um acusador ou mais de um defen- sor, combinarão entre si a distribuição do tempo, que, na falta de acordo, será dividido pelo juiz presidente, aumentando-se o prazo em uma hora. (C) Havendo mais de um acusado, o tempo para a acusação e a defesa será de uma hora e meia para cada parte. (D) A acusação poderá replicar e a defesa treplicar, permi- tindo-se a reinquirição de testemunha já ouvida em plenário. (E) Durante o julgamento não será permitida a leitura de documento ou a exibição de objeto que não tiver sido juntado aos autos com a antecedência mínima de três dias úteis, dando-se ciên- cia à outra parte, salvo a leitura de jornais ou quaisquer outros es- critos que versem sobre a matéria de fato submetida a julgamento. RESPOSTAS 01. C. A presente questão está embasada no artigo 271 do Código Processual Penal que dita: Art. 271. Ao assistente será permitido propor meios de pro- va, requerer perguntas às testemunhas, aditar o libelo e os articu- lados, participar do debate oral e arrazoar os recursos interpostos pelo Ministério Público, ou por ele próprio, nos casos dos arts. 584, § 1o, e 598. 02. B. Código Processual Penal Art. 367. O processo seguirá sem a presença do acusado que, citado ou intimado pessoalmente para qualquer ato, deixar de comparecer sem motivo justificado, ou, no caso de mudança de residência, não comunicar o novo endereço ao juízo. 03. B. Código Processual Penal Art. 355 – (...) § 1o Verificado que o réu se encontra em território sujeito à jurisdição de outro juiz, a este remeterá o juiz deprecado os autos para efetivação da diligência, desde que haja tempo para fazer-se a citação. 04. Certo. Art. 370 (...) Parágrafo. 1º. A intimação do defensor constituído, do ad- vogado do querelante e do assistente far-se-á por publicação no órgão incumbido da publicidade dos atos judiciais da comarca, in- cluindo, sob pena de nulidade, o nome do acusado. (...) Parág. 4º. A intimação do Ministério Público e do defensor nomeado será pessoal. 05. D. Artigo 366 do Código Processual Penal c/c art. 2º, § 2º, da Lei n. 9.613/98 “Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem cons- tituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312.” “No processo por crime previsto nesta Lei, não se aplica o disposto no art. 366 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), devendo o acusado que não comparecer nem constituir advogado ser citado por edital, pros- seguindo o feito até o julgamento, com a nomeação de defensor dativo.” 06. D. Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção an- tecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva 07. B. Art. 538. Nas infrações penais de menor potencial ofensi- vo, quando o juizado especial criminal encaminhar ao juízo co- mum as peças existentes para a adoção de outro procedimento, observar-se-á o procedimento sumário previsto neste Capítulo 08. D. Art. 62. O processo perante o Juizado Especial orientar-se-á pelos critérios da oralidade, informalidade, economia processual e celeridade, objetivando, sempre que possível, a reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de pena não privativa de liberdade. 09. D. Art. 449. Não poderá servir o jurado que: I – tiver funcionado em julgamento anterior do mesmo pro- cesso, independentemente da causa determinante do julgamento posterior; II – no caso do concurso de pessoas, houver integrado o Conselho de Sentença que julgou o outro acusado; III – tiver manifestado prévia disposição para condenar ou absolver o acusado. 10. D. Art. 476. (...) § 4o A acusação poderá replicar e a defesa treplicar, sendo admitida a reinquirição de testemunha já ouvida em plenário. Referências PACHECO, Eliana Descovi Pacheco. Disponível em:http:// www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=artigos_lei- tura_pdf&artigo_id=3913 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: Senado Federal, 1988. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm> Acesso em novembro de 2016. Didatismo e Conhecimento 36 DIREITO PROCESSUAL PENAL TÁVORA, Nestor; ARAÚJO, Fábio Roque. Direito Proces- sual Penal. 2ª ed. revisada e atualizada - Niterói, RJ: ed, Impetus, 2013. Disponível em: http://ambito-juridico.com.br/site/?n_ link=revista_artigos_leitura&artigo_id=14345&revista_cader- no=22. Acesso em novembro de 2016. Disponível em http://rodrigocastello.jusbrasil.com.br/ artigos/121936621/a-lei-processual-penal-no-tempo. Acesso em outubro 2016. NASCIMENTO, Robson Cavalcante. Fontes do Direito Processual Penal. 2011. RANGEL, Paulo. Direito Processual Penal. 13. Ed. Lumen Juris. São Paulo. 2007 Disponível em: http://www.ambito-juridico.com. br/site/index.php/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_ id=13388&revista_caderno=9. Acesso em novembro 2016. Disponível em: http://www.conteudojuridico.com.br/ artigo,processo-e-procedimento-as-distincoes-necessarias-no- -contexto-de-um-estado-democratico-de-direito,42194.html. Acesso em outubro 2016. Disponível em: http http://www.ambito-juridico.com.br/ site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=8219. Acesso em novembro 2016. EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES 1. (PM/GO - Soldado da Polícia Militar - FUNCAB/2010) A respeito dos sistemas processuais existentes no Processo Penal, pode-se afirmar que: A) o sistema inquisitivo rege o processo penal brasileiro, com a concentração das funções acusatória, de defesa e julgadora na mesma pessoa, o Juiz acusador. B) o sistema acusatório caracteriza-se pela divisão das fun- ções acusatória, de defesa e julgadora em diferentes personagens, sendo o Juiz imparcial. C) o inquérito policial, apesar de não ser um processo, obede- ce às regras e aos princípios do sistema acusatório, com a garantia da ampla defesa e do contraditório. D) o sistema processual inquisitivo tem como característica marcante a oralidade e a publicidade. E) o sistema acusatório caracteriza-se por ser eminentemente escrito e secreto. O sistema inquisitivo é caracterizado pela concentração de poder nas mãos do julgador, que exerce, também, a função de acu- sador; a confissão do réu é considerada a rainha das provas; não há debates orais, predominando procedimentos exclusivamente escri- tos, o procedimento é sigiloso; há ausência do contraditório e a de- fesa é meramente decorativa. Por outro lado, o sistema acusatório possui nítida separação entre o órgão acusador e o julgador; há li- berdade de acusação, reconhecido o direito de defesa e a isonomia entre as partes no processo; vigora a publicidade do procedimento; o contraditório está presente; existe a possibilidade de recusa do julgador; há livre sistema de produção de provas. Desta forma, ressaltadas as principais características destes sistemas a resposta que esta de acordo com o exposto é a alternativa “B”. RESPOSTA: “B”. 2. (MPE/AC - Analista Processual - Direito - FMPRS/2013) Assinale a alternativa correta. A) A legislação brasileira adota expressamente o sistema acu- satório, em razão de não prever a investigação criminal realizada por magistrados. B) A legislação brasileira adotaexpressamente o sistema acu- satório, em razão de prever a possibilidade tribunais populares exercerem a jurisdição criminal nos crimes contra a vida. C) A legislação brasileira adota expressamente o sistema in- quisitivo, em razão de prever a investigação criminal realizada por magistrados. D) A legislação brasileira adota expressamente o sistema mis- to, em razão de a investigação criminal estar confiada à polícia judiciária. E) A legislação brasileira não adota expressamente qualquer sistema processual penal. Os sistemas processuais são os diferentes conjuntos de nor- mas adotados por cada ordenamento para disciplinar o transcorrer de sua marcha procedimental. Basicamente existem três sistemas processuais, o Sistema inquisitivo: nele não há contraditório nem ampla defesa; quem acusa e quem julga são as mesmas pessoas; o Sistema acusatório: onde o processo é público, como meio de im- pedir que abusos sejam praticados; são assegurados os princípios do contraditório e ampla defesa; adota-se o sistema da livre apre- ciação da prova e o Sistema misto: neste sistema há uma fase de investigação preliminar (conduzida pela polícia judiciária); uma fase de instrução preparatória (patrocinada pelo juiz instrutor); uma fase de julgamento (somente aqui incidiriam o contraditório e a ampla defesa); e uma fase de recurso (em que se pode utilizar o “recurso de cassação”, para impugnar apenas questões de direito, como o “recurso de apelação”, para impugnar questões de fato e de direito). Embora seja o sistema adotado no Brasil o Sistema acusatório, não existe na legislação brasileira de forma expressa qualquer previsão neste sentido, razão pela qual a alternativa cor- reta é a letra “E”. RESPOSTA: “E”. 3. (Polícia Militar/GO - Soldado - UEG/2013) No sistema acusatório, A) um único órgão de jurisdição preside a fase de investiga- ção, acusação e julgamento do processo. B) o acusado é mero objeto do processo, não lhe sendo garan- tidos direitos. C) as partes se encontram em igualdade de posições e, a am- bas, um juiz imparcial e equidistante se sobrepõe. D) não há contraditório. No sistema acusatório há distribuição das funções de acusar, defender e julgar a órgãos distintos, onde se pressupõe as seguintes garantias constitucionais: da tutela jurisdicional, do devido proces- Didatismo e Conhecimento 37 DIREITO PROCESSUAL PENAL so legal, da garantia de acesso à justiça, da garantia do juiz natu- ral, do tratamento paritário das partes, do contraditório, da ampla defesa, da publicidade dos atos processuais e motivação dos atos decisórios, bem como da presunção de inocência e da garantia da dignidade da pessoa humana. RESPOSTA: “C”. 4. (MPE/MA - Promotor Substituto - MPE/MA/2014) É con- sentâneo com o sistema inquisitorial de processo penal, exceto: A) Sigilo dos atos processuais; B) Suscetibilidade de início do processo por meio de denúncia anônima; C) Incumbência de formular a acusação não individualizada; D) Arguição de suspeição do juiz; E) Defesa técnica decorativa. Geralmente nas questões de concurso relacionadas à área do Direito, as Bancas examinadoras se utilizam de uma linguagem mais formal, onde na maioria das vezes algo que é simples aca- ba se tornando complexo. Exemplo claro é o exercício acima, “consentâneo”, neste contexto nada mais é do que “condizente”, “próprio” do sistema inquisitorial. Desta forma, cabe ao candidato considerar quais das alternativas não se enquadram com as parti- cularidades do mencionado sistema processual penal. O sistema inquisitorial é sigiloso, sempre escrito, não existe o contraditório e reúne na mesma pessoa às funções de acusar, defender e julgar. O réu é visto nesse sistema como mero objeto da persecução, com isso garantias que visam resguardar os direitos do acusado, como a “arguição de suspeição do juiz”, não são próprias deste sistema. RESPOSTA: “D”. 5. (PM/GO - Soldado da Polícia Militar - FUNCAB/2010) São princípios que regem o processo penal brasileiro, EXCETO: A) Ampla defesa. B) Duração razoável do processo C) Juiz natural. D) Oralidade. E) Sigilo A publicidade é uma garantia para o indivíduo e para a socie- dade decorrente do próprio princípio democrático. O princípio da publicidade dos atos processuais, profundamente ligado à huma- nização do processo penal, contrapõe-se ao procedimento secreto, característica do sistema inquisitório. É ele regra em nosso direito e foi elevado a categoria constitucional pelo artigo 5º, LX, da Consti- tuição Federal: “A lei só poderá restringir a publicidade dos atos pro- cessuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigi- rem”. Desta forma, o sigilo não está dentre os princípios que regem o processo penal brasileiro, sendo que neste impera a publicidade. RESPOSTA: “E”. 6. (STM - ANALISTA JUDICIÁRIO - CESPE/2011) Acerca dos princípios gerais do processo penal, julgue o item a seguir: O processo penal brasileiro não adota o princípio da identida- de física do juiz em face da complexidade dos atos processuais e da longa duração dos procedimentos, o que inviabiliza a vincula- ção do juiz que presidiu a instrução à prolação da sentença. A) CERTO B) ERRADO O processo penal brasileiro adota desde a vigência da Lei nº 11.719/2008, que deu nova redação ao artigo 399, §2º, do Códi- go de Processo Penal, o princípio da identidade física do juiz. Tal princípio determina que o juiz de direito que presidir e concluir a audiência de instrução e julgamento deverá ser o mesmo que irá julgar a causa. RESPOSTA: “B”. 7. (STM - ANALISTA JUDICIÁRIO - CESPE/2011) Acerca dos princípios gerais do processo penal, julgue o item a seguir: A adoção do princípio da inércia no processo penal brasileiro não permite que o juiz determine, de ofício, diligências para diri- mir dúvida sobre ponto relevante dos autos. A) CERTO B) ERRADO O princípio da inércia é um preceito próprio do processo civil e vai totalmente contra a sistemática do processo penal, tendo em vista que um dos princípios primordiais procedimento é o da ver- dade real, no qual o juiz tem o dever de investigar como os fatos se passaram na realidade, não se conformando com a verdade formal constante dos autos. RESPOSTA: “B”. 8. (TJ/AC - Técnico Judiciário - Área Judiciária - CES- PE/2012) Acerca dos princípios aplicáveis ao direito processual penal e da aplicação da lei processual no tempo e no espaço, julgue os itens seguintes. O princípio da presunção de inocência ou da não culpabilida- de subsiste durante todo o processo e tem o objetivo de garantir o ônus da prova à acusação até declaração final de responsabilidade por sentença penal condenatória transitada em julgado. A) CERTO B) ERRADO O princípio da presunção de inocência é uma garantia pro- cessual atribuída ao acusado pela prática de uma infração penal, oferecendo-lhe a prerrogativa de não ser considerado culpado por um ato delituoso até que a sentença penal condenatória transite em julgado, cabendo a acusação provar o contrário. Está previsto na Constituição Federal de 1988 em seu artigo 5º, LVII, nestes ter- mos: “Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória”. RESPOSTA: “A”. 9. (TJ/AC - Técnico Judiciário - Área Judiciária - CES- PE/2012) Acerca dos princípios aplicáveis ao direito processual penal e da aplicação da lei processual no tempo e no espaço, julgue o item seguinte. Didatismo e Conhecimento 38 DIREITO PROCESSUAL PENAL É assegurado, de forma expressa, na norma fundamental, o di- reito de qualquer acusado à plenitude de defesa em toda e qualquer espécie de procedimento criminal. A) CERTO B) ERRADO O princípio da plenitude de defesa é assegurado ao acusado, de forma expressa, na Constituição Federal de 1988, apenas para o procedimento do Júri, em seu artigo 5º, inciso XXXVIII, alínea “a”, não sendo cabível em outros procedimentos criminais. RESPOSTA: “B”. 10. (DPE/MS - Defensor Público - VUNESP/2012) No que se refere aos princípiosconstitucionais e infraconstitucionais aplicá- veis ao processo penal, é correto afirmar que: A) no processo penal que visa apurar crimes societários, a ine- xistência de descrição, na denúncia, do vínculo entre o denunciado e a empreitada criminosa a ele imputada, caracteriza-se, conforme causa de decretação de nulidade do processo já reconhecida pelo STJ, como violação ao princípio constitucional da ampla defesa. B) o princípio da economia processual e do tempus regit ac- tum afasta eventual alegação de nulidade decorrente da não ob- servância, na audiência de inquirição de testemunhas realizada no ano de 2009, do sistema adversarial anglo-americano, consistente primeiramente no direct examination – por parte de quem arrolou – e posteriormente no cross-examination – pela parte contrária – cabendo ao magistrado apenas a complementação da inquirição sobre os pontos não esclarecidos, ao final, caso entenda necessário. C) o reconhecimento por uma instância superior da mera de- ficiência de defesa técnica processual em favor de um condenado pela prática do crime de falsidade ideológica em primeira instân- cia acarreta, segundo entendimento sumulado pelo STF, a imediata declaração de nulidade da condenação. D) uma pessoa condenada no ano de 2010 a 23 anos de reclu- são pelo crime de homicídio tem direito à interposição do recurso denominado “protesto por novo júri” em virtude do crime a ela imputado ter sido praticado em 2006. Nos chamados crimes societários, não se admite a “denúncia fictícia”, sem apoio na prova e sem a demonstração da participação do denunciado na prática tida por criminosa. Assim, a inexistên- cia de descrição, na denúncia, do vínculo entre o denunciado e a empreitada criminosa a ele imputada, caracteriza-se, como causa de decretação de nulidade do processo, pois fere o princípio da ampla defesa que prevê que para seu exercício é necessário o réu ter ciência daquilo que esta sendo acusado para poder se defender. RESPOSTA: “A”. 11. (TJ/RO - Analista Judiciário - Analista Processual - CES- PE/2012) A respeito dos princípios gerais e informadores do pro- cesso penal, assinale a opção correta. A) Não há previsão legal do contraditório na fase de investi- gação e a sua inexistência não configura violação à Constituição Federal (CF). B) Em determinados crimes é permitido ao juiz a iniciativa da ação penal condenatória, como no caso de procedimentos espe- ciais, a exemplo do processo e julgamento dos crimes de falência. C) A exigência de sigilo das investigações prevista no Código de Processo Penal (CPP) impede, de forma absoluta, o acesso aos autos a quem quer que seja, sempre que houver risco ao bom anda- mento das investigações. D) O princípio da obrigatoriedade nas ações penais públicas se estende ao procedimento relativo aos juizados especiais crimi- nais, porquanto, desde que convencido da existência do crime, deve o MP, obrigatoriamente, submeter a questão penal ao exame do Poder Judiciário. E) No conflito entre o jus puniendi do Estado, de um lado, e o jus libertatis do acusado, a balança deve se inclinar a favor do primeiro, porquanto prevalece, em casos tais, o interesse público. O princípio do contraditório não se aplica no inquérito policial (fase de investigação) que não é, em sentido estrito, “instrução”, mas colheita de elementos que possibilitem a instauração do pro- cesso. A Constituição Federal apenas assegura o contraditório na “instrução criminal” e o vigente Código de Processo Penal distin- gue perfeitamente esta do inquérito policial. RESPOSTA: “A”. 12. (Polícia Militar/GO - Soldado - UEG/2013) É princípio fundamental do processo penal: A) princípio da verdade formal. B) princípio da defesa limitada. C) princípio da sigilosidade processual. D) princípio da presunção da não culpabilidade. A alternativa “A”, “B” e “C” estão erradas, pois os princípios mencionados são justamente o oposto dos princípios fundamentais do processo penal. Assim, onde menciona o princípio da “verda- de formal”, seria o da “verdade real”; onde menciona o princípio da “defesa limitada”, seria o da “ampla defesa”; onde menciona o princípio da “sigilosidade processual”, seria o da “publicidade”. Desta forma, resta apenas como correta a alternativa “D”. RESPOSTA: “D”. 13. (TJ/RJ - Juiz - VUNESP/2013) A doutrina é unânime ao apontar que os princípios constitucionais, em especial os relacio- nados ao processo penal, além de revelar o modelo de Estado es- colhido pelos cidadãos, servem como meios de proteção da digni- dade humana. Referidos princípios podem se apresentar de forma explícita ou implícita, sem diferença quanto ao grau de importân- cia. São princípios constitucionais explícitos: A) juiz natural, vedação das provas ilícitas e promotor natural. B) devido processo legal, contraditório e duplo grau de juris- dição. C) ampla defesa, estado de inocência e verdade real. D) contraditório, juiz natural e soberania dos veredictos do Júri. Estão previstos na Constituição Federal de 1988, dentre ou- tros, os princípios do contraditório (artigo 5º, LV); do juiz natural (artigo 5º, XXXVII) e soberania dos veredictos do Júri (artigo 5º, XXXVIII, “c”). RESPOSTA: “D”.