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MINERALOGIA AULA 1 Prof. Eduardo Moraes Araujo 2 CONVERSA INICIAL Geralmente, utilizamos o conceito errado ao chamar de pedras o que deveríamos chamar de rochas e, às vezes, de rochas o que deveria ser chamado de pedras. Dessa forma, entender o conceito de rochas é nosso ponto inicial, pois não haverá como entender mineralogia sem inicialmente conhecer esses termos. Então, nesta aula, apresentaremos brevemente os conceitos de rochas bem como suas categorias e constituições, e fecharemos com a classificação dos minerais. TEMA 1 – CONCEITOS DE ROCHAS Este conteúdo tem como objetivo conceituar rocha e o que difere dela. Devemos ter em mente que as rochas têm diferenças entre si, pois são constituídas de diferentes minerais. 1.1 O que é uma rocha e o que é uma pedra? Em uma definição conceitual simplificada, rochas são uma associação natural de minerais em determinadas proporções, em uma quantidade consideravelmente grande. A figura 1 mostra a imagem de um tipo de rocha. Figura 1 – Tipo de rocha Crédito: Nasidastudio/Shutterstock. Cabe ressaltar, nesse momento, que pedra é uma terminologia popular, que define a associação de minerais em determinadas proporções, mas, diferentemente das rochas, em pequena proporção. Ou seja, as pedras são fragmentos pequenos de rochas. 3 Um exemplo é quando estamos com cálculos renais, conforme pode ser visualizado na figura abaixo: Figura 2 – Cálculo renal Crédito: Lightspring/Shutterstock. Nesse caso, chamamos de pedras e não de rochas, pois trata-se de um pequeno fragmento. Pensando nesse contexto, podemos até pensar em algumas utilizações desse termo, por exemplo, na frase célebre que encontramos na bíblia: “quem não tiver pecado, que atire a primeira pedra”. Por que foi utilizado o nome pedra e não rocha? Justamente pela proporção, ou seja, poderia ser pego com a mão, apresentando pequenas dimensões. Figura 3 – Pedra Crédito: Pavlo Lys/Shutterstock. 4 1.2 Classificação de rochas Os tipos de rochas em relação à classificação são basicamente três. Rochas ígneas (também chamadas de magmáticas): formadas pela consolidação (solidificação) do magma originado pela fusão de minerais provenientes do interior do globo terrestre, que usualmente chamamos de lava. Figura 4 – Lava Crédito: Budkov Denis/Shutterstock. Rochas sedimentares: formadas pela deposição de sedimentos, que podem ser originados pela ação dos ventos, formação de geleiras, entre outros. Basicamente, se dá pelo processo erosivo e após acumulação desses sedimentos. 5 Figura 5 – Rocha sedimentar Crédito: Ognennaja/Shutterstock. Rochas metamórficas: formadas pela alteração (morfia) de algumas de suas propriedades devido à ação de altas temperaturas e elevada pressão, por exemplo, o mármore. Figura 6 – Rochas metamórficas Crédito: Vectortwins/Shutterstock. 6 TEMA 2 – CONCEITOS BÁSICOS O conceito de mineral remete à parte da química inorgânica que exprime compostos químicos de defina específica estrutura interna cristalina, constituído naturalmente como resultado de processos geológicos. Os minerais são definas, principalmente pela sua composição química e propriedades cristalográficas, sendo estes fatores relevantes na taxonomia de um mineral e na proposição de uma nova espécie. Figura 7 – Mineral Crédito: Science Photo/Shutterstock. Você deve estar se perguntando o que realmente vem a ser um mineral. Utilizaremos o exemplo da água para responder a esse questionamento. “[...] a água, na forma líquida, não é considerada um mineral, mas na forma sólida, como o gelo (H2O) encontrado nas calotas polares ou em cavernas de regiões de clima muito frio, por exemplo, sim. O gelo é considerado um mineral” (Ulbra, S.d.), pois as moléculas de água, ao congelarem, assumem arranjo ordenado, característica do estado cristalino. Veremos esse conceito mais à frente, ainda nesta aula. 2.1 Constituição dos minerais 7 Os minerais podem ser constituídos por substâncias simples, definidas por apenas um tipo de elemento químico. Como exemplos, podemos citar o ouro nativo o antimônio nativo e o diamante, no entanto, devido à tendência natural que os elementos químicos mais abundantes do universo têm de se combinarem entre si, a maioria dos minerais é formada por substâncias compostas, ou seja, por mais de um elemento químico, como a pirita, cuja fórmula seria -fes2-, a maldonita-au3bi- e o ortoclásio -kalsi3o8-, e outros mais complexas, por exemplo, a pumpellyíta – (fe2+) (ca2(fe2+fe3+)(al,fe3+)2si3(o,oh)14). “[...] os minerais apresentam composição química definida, onde elementos químicos específicos ocorrem em proporções equilibradas, sendo a mesma expressa por uma fórmula precisa” (Ulbra, S.d.), tais como a galena (pbs) e a calcita (caco3). Alguns minerais possuem, contudo, composições químicas variáveis, mas somente dentro de certos limites específicos. Assim dois ou mais tipos de íons podem ser substituídos entre si, na estrutura do composto, através de um processo chamado substituição iônica, sem haver mudanças significativas nas suas estruturas cristalinas. Por exemplo, os minerais do grupo das olivinas (faialita fe2+ 2sio4, monticellita camgsio4) liebenbergita (ni,mg)2sio4, tefroíta mn2+ 2sio4 e forsterita mg2sio4) são silicatos ortorrômbicos que formam misturas sólidas com fórmulas geral a2+ 2sio4, sendo a = fe, ca, mg, mn e ni. Na série faialita-forsterita, os íons de fe2+ e mg2+ podem ser substituídos um pelo outro sem mudar a estrutura cristalina dos minerais. O importante é que as proporções entre os elementos permaneçam fixas, isto é, o número total de fe2+ e mg2+ seja constante em relação ao número de átomos de silício e de oxigênio, na estrutura dos compostos. Minerais comuns como os feldspatos, piroxênios, anfibólios e as micas constituem grupos nos quais a substituição iônica produz uma variação na composição química, determinando uma variação de espécies minerais. (Ulbra, S.d.) TEMA 3 – ESTRUTURA CRISTALINA Qual é o motivo de chamarmos de cristais o conjunto de minerais formados por ligação iônica? Para conseguirmos responder a esse questionamento, é necessário entender alguns conceitos básicos da química. Isso mesmo, a química nos ajuda a entender mineralogia, mais especificamente, o conceito de ligações químicas e suas propriedades. 3.1 Retículo cristalino O termo tem o significado de ordenação interna, no qual os átomos encontram-se organizados em um sistema geométrico regular. Aqueles constituintes de um mineral são distribuídos ordenadamente, formando uma rede denominada retículo cristalino. 8 Figura 8 – Retículo cristalino “Esta rede é formada por unidades atômicas ou iônicas fundamentais, que se repetem tridimensionalmente, chamadas de cela unitária do mineral, onde cada átomo ocupa uma posição bem definida no espaço. O arranjo interno é característico do estado sólido” (Ulbra, S.d.). A interação entre esses dois tipos de íons formados, ou seja, o cátion formado por um metal e o ânion formado por um não metal, é denominada ligação iônica. TEMA 4 – LIGAÇÃO IÔNICA E FORMAÇÃO DE CRISTAIS Os tipos de ligação, bem como algumas de suas propriedades, podem dar subsídios importantes para o entendimento da mineralogia, pois são essas propriedades que explicam algumas características na formação de minerais, cristais e rochas estudas. 4.1 Ligação iônica A ligação iônica, que é a ligação de formação da maioria dos minerais, ocorre entre elementos metálicos e não metálicos. Na tabela periódica a seguir, é possível notar os tipos de elementos por meio da coloração. 9 Figura 9 – Tabela periódica Crédito: Emre Terim/Shutterstock. De maneira generalizada, os elementos que estão em vermelho eem amarelo são os metais, os de coloração cinza são os metaloides (semimetais), com propriedades hibridas de metais e de não metais, e os elementos em verde são os não-metais, lembrando que a última coluna (denominada grupo ou família) são os gases nobres. 4.2 Formação de íons Os íons são formados pelo ganho ou perda de elétrons. Figura 10 – Formação de íons Os elementos metálicos cedem elétrons, tornando-se cátions (íons de carga positiva), e os não metais recebem esses elétrons tornando-se ânions 10 (íons de carga negativa), e como terão cargas opostas, por atração eletrostática, sabendo que os opostos se atraem, eles se ligam para formar o reticulo cristalino. A ligação entre cargas (polos) opostos é muito forte, aumentando substancialmente os valores de ponto de fusão e de ebulição das substâncias formadas por esse tipo de ligação, inclusive a dos cristais. Assim, a uma temperatura ambiente (25 ºC), a tendência é de se encontrarem no estado sólido, embora existam cristais líquidos. TEMA 5 – CRISTAIS Em um primeiro momento, definiremos cristais e o que se difere deles. Posteriormente, será possível identificar alguns exemplos de rochas e cristais com grande utilização e de importância econômica. 5.1 Definição de cristais Os cristais são qualquer substância formada pela formação do retículo cristalino, e é denominado cristais justamente por essa formação. Os cristais têm seus átomos organizados de modo periódico, constante e repetitivo, e quando não há organização e periodicidade, não pode ser considerado cristal. Um exemplo que não pode ser considerado cristais são os vidros, por não apresentarem estruturas organizadas e periódicas. Figura 11 – Vidro Crédito: Sichkarenko.com/Shutterstock. 11 Para entendermos melhor, veja a imagem do que pode ser considerado um mineral e do que não pode ser considerado um mineral, no caso o vidro. Figura 12 – Diferenças entre cristal e vidro Fonte: CPRM – Serviços Geológicos do Brasil, S.d. 5.2 Sistemas cristalinos e minerais Existem vários minerais, cada um com a sua particularidade. Abaixo é possível visualizar alguns desses minerais e o seu sistema cristalino, que remetem à sua organização interna, que veremos posteriormente. Tabela 1 – Sistemas cristalinos e minerais Sistema cristalino Minerais Cúbico Diamante, granada, halita Tetragonal Rutilo, cassiterita Hexagonal Berilo, quartzo β, grafita Trigonal Turmalina, coríndon, quartzo α Ortorrômbico Topázio, olivina, enxofre Monoclínico Mica, ortoclásio, enxofre Triclínico Plagioclásio, microclínio Fonte: Adaptado de Teixeira, 2000. 5.3 Exemplos de rochas e cristais 5.3.1 Pirita A pirita, cristal popularmente denominado ouro dos tolos, devido ao fato de ser muito parecido com uma pepita de ouro quando encontrada no seu estado bruto. É um mineral formado pela ligação de ferro com enxofre, cuja fórmula química seria fes2. 12 Figura 13 – Pirita Crédito: Phawat/Shutterstock. 5.3.2 Galena Cristal formado pela interação entre os elementos chumbo e enxofre. Uma das suas utilizações seria produzir a bateria de chumbo-ácido, usado para fazer folhas de chumbo. Figura 14 – Galena Crédito: Albert Russ/Shutterstock. 5.3.3 Granito O granito, rocha, é um conjunto de principalmente três minerais, o quartzo, o feldspato e a mica, sendo esse último o responsável pelo brilho, podendo ter 13 cores variadas. Essa rocha é do tipo ígnea ou magmática não metamórfica, formada pelo resfriamento do magma derretido. A sua utilização se dá basicamente em ornamentação, produção de tampos de pias, mesas, rodapés entre outras. Figura 15 – Granito Crédito: Studiodin/Shutterstock. 5.3.4 Mármore O mármore, rocha, é originado principalmente pelo calcário a altas temperaturas e elevada pressão, sendo uma rocha metamórfica, que seria, em uma explicação simplificada, um tipo de rocha que sofre um morfismo, ou seja, uma modificação em suas estruturas físico-químicas. Dependentes de seus componentes, pode apresentar coloração variada. Figura 16 – Mármore Crédito: Vectortwins/Shutterstock. 14 NA PRÁTICA Na prática, podemos analisar a importância de diferenciar os tipos de cristais e de rochas, pois isso traz uma grande importância econômica. Cristais e rochas são vendidos como ornamentos na área de construção civil e adereços como anéis, pingentes, colares, bijuterias, entre outras. FINALIZANDO Nesta aula vimos alguns pontos iniciais do estudo da mineralogia, bem como a relação química na explicação de alguns termos utilizados nessa área de estudo, por exemplo, o termo cristais, que é derivado da organização interna dos minerais formados pela formação do reticulo cristalino, que se dá pela ligação do tipo iônica. A grande maioria dos cristais é rara, tendo uma importância econômica acentuada e sobre as rochas, com fator histórico, sendo a eles atribuídas, por exemplo, as primeiras extrações de granito pelos egípcios para ornamentação das tumbas dos faraós. A mineralogia, então, é de grande importância não só na área de geografia, mas também na área de química, pois sem ela dificilmente saberíamos tanto sobre a estrutura e formulação dos minerais e rochas já conhecidos. 15 REFERÊNCIAS CPRM – Serviços Geológicos do Brasil. Cristais. Disponível em: <http://www.cprm.gov.br/publique/redes-institucionais/rede-de-bibliotecas--- rede-ametista/canal-escola/cristais-2715.html>. Acesso em: 27 set. 2019. TEIXEIRA, W. et al. Decifrando a terra. São Paulo: Oficina de textos, 2000. p. 27-42. ULBRA – Museu de Ciências Naturais. Mineralogia. Disponível em: <http://sites.ulbra.br/mineralogia/conceito_minerais.htm>. Acesso em: 27 set. 2019.