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PSICOLOGIA E INTERVENÇÕES 
PROFISSIONAIS 
Belo Horizonte - MG 
 
 
 
2 
SUMÁRIO 
 
PSICOLOGIA CLÍNICA: CONCEITO ......................................................................... 4 
Então, o que o psicólogo faz? .................................................................................... 6 
Necessidades da multidisciplinaridade: ...................................................................... 8 
CONCEITO DE SAÚDE ............................................................................................. 9 
SAÚDE MENTAL ..................................................................................................... 13 
DEFICIÊNCIA MENTAL ........................................................................................... 13 
Tipo de classificação baseada na intensidade dos apoios necessários: .................. 15 
ANSIEDADE ............................................................................................................ 24 
TRANSTORNO BIPOLAR........................................................................................ 27 
................................................................................................................................. 27 
Tipos de Transtorno Bipolar do Humor:.................................................................... 28 
Principais teorias etiológicas: ................................................................................... 28 
Achados clínicos – como identificar: ........................................................................ 29 
Psicoterapia ............................................................................................................. 31 
TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO (TOC) ............................................... 32 
O que são obsessões? ............................................................................................ 33 
s obsessões mais comuns envolvem: ...................................................................... 34 
O que são compulsões ou rituais? ........................................................................... 34 
As compulsões mais comuns são: ........................................................................... 35 
Compulsões mentais: ............................................................................................... 35 
ESQUIZOFRENIA .................................................................................................... 36 
Mudanças na percepção do pensamento: ................................................................ 37 
Transtornos de comportamento e motor .................................................................. 38 
Transtornos do afeto ................................................................................................ 39 
Reações dos pacientes aos sintomas ...................................................................... 39 
Tratamento .............................................................................................................. 40 
Tratamento farmacológico:....................................................................................... 41 
Fase aguda .............................................................................................................. 41 
Fase de manutenção ou profilática .......................................................................... 41 
HIPERATIVIDADE E DÉFICIT DE ATENÇÃO ......................................................... 42 
Psicoterapia e Psicopedagogia ................................................................................ 46 
Atividades físicas ..................................................................................................... 47 
 
 
 
3 
Os objetivos da entrevista ........................................................................................ 53 
Diferença entre entrevista, consulta e anamnese ..................................................... 57 
A entrevista quanto ao seu referencial teórico:......................................................... 60 
A entrevista quanto ao seu método: ......................................................................... 61 
Técnicas de entrevista: ............................................................................................ 62 
Dinâmica da entrevista ............................................................................................. 64 
A ansiedade na entrevista ........................................................................................ 66 
Transferência e contratransferência: ........................................................................ 68 
Abordagem sistêmica ............................................................................................... 72 
Modelo cognitivo-comportamental ............................................................................ 72 
Abordagem humanista ............................................................................................. 74 
Exemplos de conceitos e técnicas humanistas ........................................................ 74 
Ex.: condicionamento clássico de Pavlov: ................................................................ 75 
Abordagem psicodinâmica ....................................................................................... 76 
Os prazos variam com os objetivos: ......................................................................... 81 
As várias aplicações da Psicoterapia: ...................................................................... 83 
Os tipos de Psicoterapia: ......................................................................................... 84 
O processo terapêutico mais profundo: .................................................................... 84 
O vínculo na Psicoterapia: ....................................................................................... 85 
Por que a Psicoterapia funciona?............................................................................. 86 
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 89 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
PSICOLOGIA CLÍNICA: CONCEITO 
 
 
 
86 
 
 
 
 
 
 
 
 
<http://www.acervosaber.com.br/imagens/psicologia.jpg>. 
 
A Psicologia Clínica se baseia na observação e análise aprofundada de casos 
individuais. Criada por volta do final do século XIX, por alguns médicos psiquiatras e 
neurologistas que tratavam pacientes com doenças mentais, foi desenvolvida por 
Freud, médico, discípulo de Breuer. Eles utilizavam a hipnose como método de cura 
de tais pacientes. 
Segundo a teoria de Breuer, que logo foi incorporada e melhor descrita por 
Freud, as doenças mentais provinham de conflitos que estavam localizados na mente 
da pessoa, e não necessariamente de problemas biológicos. Breuer acreditava que, 
por meio da hipnose, a pessoa poderia driblar censuras que a impediriam de lembrar 
certos fatos (os traumas), e assim melhorar sua ideia de tais, ou vivenciar 
experiências. Freud depois descreveu esse estado como catarse. Freud discordava 
quanto à eficiência da hipnose, e em contrapartida desenvolveu a técnica da livre 
associação. Foi aí que a Psicologia Clínica nasceu, porque trouxe a cura pela palavra. 
A Psicologia Clínica cresceu desde então. O advento da Psicanálise abriu um 
abrangente campo para novas teorias, como a Psicologia Analítica, de Gustav Jung, 
discípulo de Freud. 
Hoje em dia, existem muitas linhas de pensamento em Psicologia: as mais 
famosas são a Psicanálise, a Psicologia Analítica, a Análise do Comportamento ou 
Behavorismo de Skinner e a Fenomenologia. Esta última nasceu dos pensamentos de 
http://www.acervosaber.com.br/imagens/psicologia.jpg
 
 
 
5 
Sartre, Husserl, e tem seus expoentes na Psicologia representados por Rollo May 
(existencialista) e Fritz Pearls (Gestalt -terapia).É frequente o desconhecimento que, por vezes, se verifica relativamente à 
pessoa e ao papel do psicólogo clínico e de outros técnicos de saúde mental 
denominados, comumente, de “Psis”. 
Se depararmos com técnicos de saúde com modelos de intervenção diferentes 
e bem delimitados tanto na forma como em conteúdo, torna-se premente distingui-los, 
para que a procura por cuidados em saúde mental seja, à partida, informada e 
racional. 
Sem querer minimizar a importância (bem como o dever ético e deontológico 
que lhe está subjacente) da indicação para um técnico de outra especialidade, quando 
a situação assim o exige, será benéfico para o funcionamento da saúde enquanto 
sistema. No qual a pessoa esteja suficientemente informada quanto ao tipo de ajuda 
disponível para que, logo de início, procure o tipo de intervenção adequada à situação. 
Importa, então, clarificar determinados aspectos inerentes à prática do 
psicólogo enquanto técnico de saúde, e diferenciá-lo de outros intervenientes neste 
âmbito. Não cabe aqui uma descrição pormenorizada da especificidade de outras 
áreas de intervenção no campo da saúde mental. 
No entanto, importa realçar a sobreposição que, com frequência, se verifica, 
quer ao nível de entidades quer de metodologias, com outro técnico de saúde: o 
psiquiatra. Esse profissional segue um modelo médico, próprio da formação que 
obteve: o indivíduo tem o “mal” para o qual existe o “remédio” que "cura". 
Trata-se de um modelo amplamente adotado, difundido e enraizado, quer pela 
longa idade da medicina enquanto ciência quer pelos valores sociais e políticos 
vigentes, amparados quer por interesses econômicos de algumas indústrias quer por 
movimentos científicos mais conservadores que se constituem como grupos de 
influência e que possibilitam a manutenção da performance desse tipo de modelo. 
Historicamente mais recente, a Psicologia possui o seu quadro de referência, 
constituindo-se como ciência autônoma com objeto, metodologia e estatuto 
epistemológico próprios. Apesar disso, ainda é confundida com outras ciências com 
as quais compartilha alguns aspectos metodológicos ou o mesmo objeto de estudo. 
 
Se assim acontece um pouco em todas as áreas da Psicologia, mais se verifica 
essa situação no campo da saúde. O próprio conceito de “Psicologia Clínica” torna-se 
 
 
 
6 
por vezes ambíguo. O termo “clínico” é referente ao indivíduo que está de cama, como 
referência ao indivíduo que está doente. 
No entanto, atitude clínica não é uma atitude médica. A Psicologia Clínica 
entende os fenômenos psíquicos não em um antagonismo saúde-doença, mas antes 
como sendo a expressão possível (para o indivíduo) de diferentes processos 
psicológicos socialmente contextualizados. Ou seja, relativiza a noção de “mal”, 
“remédio” e de “cura”. O ato clínico não é necessariamente um ato médico. 
Ao abordar o indivíduo que procura ajuda, o psicólogo clínico intervém 
contextualizando a problemática em questão. É essa contextualização que confere 
significado, originalidade e individualidade ao problema. 
Deixamos de estar perante aquele discurso factual, e por vezes redutor, do 
“mal”, do “remédio” e da “cura” para passarmos a aceder aos fenômenos por outro 
caminho. O real vê agora o seu interesse diminuído em detrimento da verdade 
individual. 
Movimentam-se as peças de um “jogo de xadrez” assentes em um tabuleiro 
que já não é o da realidade direta, mas antes da percepção, do simbolismo e da 
representação individual dessa realidade. Entramos no campo da relação, do 
imaginário e da comunicação. Assim, tanto aquilo que é verbalizado como aquilo que 
é transmitido de um modo não verbal é susceptível de ser entendido e enquadrado 
em um contexto específico. 
O discurso do indivíduo é o portal de acesso ao seu interior. Esse discurso é 
“decifrado” na relação estabelecida entre o psicólogo, o cliente é quem faz o pedido 
para a consulta. O pedido de ajuda é, por si só, revelador. A intervenção da Psicologia 
Clínica reporta-se, pois, a uma metalinguagem. 
Na sua intervenção social, o psicólogo clínico demarca-se significativamente de 
outros profissionais de saúde mental, não tanto ao nível da prática (já que o objeto de 
estudo, bem como a relação epistemológica em questão coexiste, por vezes, com 
outras áreas do saber). Mas antes, ao nível do método e do paradigma de referência. 
Como disse, um dia, um determinado psicólogo: “Não será demais pedir a um 
psicólogo clínico que use o Rorschach (prova de avaliação psicológica) com a 
competência com que um médico usa o estetoscópio”. 
 
Então, o que o psicólogo faz? 
Você deve estar se perguntando a razão de estudar os vários campos de 
 
 
 
7 
atuação do psicólogo, se o curso é sobre Psicologia Clínica. É que todas essas 
demandas aparecem no consultório de Psicologia e é dever do psicólogo conhecer 
sobre cada uma delas, encaminhando a outro profissional de Psicologia apenas 
quando o caso exigir um conhecimenbto mais aprofundado. 89 
O psicólogo age em diversas áreas e é importante entender primeiramente 
onde e como se forma o conhecimento da ciência “Psicologia”: a área científica. O 
psicólogo, em sua graduação, aprende a pesquisar novos caminhos a partir de dados 
já existentes; forma opiniões convergentes ou divergentes, podendo ser na forma de 
crítica ou avanço em uma determinada pesquisa; monta estudos com bases em 
experimentos, observação, estudos de casos, análises neurológicas e farmacológicas, 
além de estudar em grupos multidisciplinares vários outros conteúdos (mostrados a 
seguir). 
As áreas mais conhecidas dessa criação científica são, como já vimos, entre 
outras, a Psicologia Social, a Psicometria, a Psicologia Experimental (nisto 
englobando a linha comportamental), a Psicologia do Desenvolvimento, a Psicologia 
Metafísica, a Neuropsicologia, a Psicopatologia. Esses estudos criam teorias que são 
utilizadas na Psicologia Aplicada, que como o nome diz, é a aplicação dos construtos 
teóricos em áreas específicas. 
A Psicologia Social estuda os movimentos sociais. Essa Psicologia Aplicada 
está inserida nos mais diversos campos da sociedade, resolvendo problemas práticos, 
sendo a área clínica a mais famosa. É importante, também, saber que essa Psicologia 
Aplicada pode criar constructos científicos, que é o caso de Sigmund Freud, Carl R. 
Rogers, Carl Gustav Jung, na Psicologia Clínica, além de Kurt Lewin e J. L. Moreno, 
de outras áreas. 
Além da clínica, o psicólogo aplicado trabalha em escolas, empresas 
(treinamento, R. H., grupos, terapia individual), nas terapias de grupos, na 
criminologia, nas academias de esportes, nos clubes esportivos, nas propagandas 
(marketing, venda de produto, com o uso da gestalt), nos hospitais (em terapias 
breves, ou psico-oncologia) e no tratamento de adicção (pela entrevista motivacional). 
Essas duas áreas, a de produção científica e a Psicologia Aplicada, são práticas 
aceitas pelos Conselhos de Psicologia. Porém, o psicólogo não pode medicar 
fármacos para um cliente, nem quebrar o sigilo deste sem seu consentimento (há 
casos onde essa quebra de sigilo é possível, como no caso de alguém que pode pôr 
em risco a vida de outra pessoa, ou a sua própria). 
 
 
 
8 
O terapeuta não pode utilizar métodos que não estejam em estudo científico, 
aprovado pelo Conselho, como utilizar florais de Bach, regressão a vidas passadas, 
homeopatia, terapia bioenergética, entre outros. Ao usar esses métodos, o terapeuta 
é proibido de utilizar o título de psicólogo. A acupuntura e a hipnose são as únicas 
práticas complementares regulamentadas e aceitas pelo Conselho de Psicologia, mas 
a utilização dessas práticas deve atender a normas de conduta ética estipuladas pelo 
Conselho de Psicologia. 
 
Necessidades da multidisciplinaridade 
 
A Psicologia nasceu de estudos filosóficos e fisiológicos, portanto carrega 
traços destes dois tipos de conhecimento. Atualmente, ela incorporououtros 
conhecimentos ao seu próprio, trabalhando lado a lado com estes, é o caso da 
Psicologia Social, por exemplo, que trabalha com bases teóricas de sociólogos, 
antropólogos, teólogos e filósofos, tais como Auguste Comte, Michel Foucault, entre 
outros. O próprio Carl Gustav Jung trabalha com trabalhos antropológicos, podendo 
traçar as diferentes culturas com símbolos em comum. 
A Psicologia Comunitária faz trabalho em campo, junto a assistentes sociais 
terapeutas ocupacionais. Os conhecimentos dessas áreas se fundem. 
A Psicologia Jurídica trabalha com funcionários do Direito (advogados, juízes, 
desembargadores), assim como os Psicólogos Hospitalares trabalham com médicos, 
enfermeiros, enfim, com outros agentes promotores de saúde. Há, também, a área da 
psicopedagogia, que trabalha com conteúdos da Pedagogia no campo da 
aprendizagem. 
Algumas áreas da Psicologia, como a Psicologia Transpessoal e, em partes, a 
Psicologia Analítica, necessitam de estudos em Física e Metafísica para que possam 
se tornar conhecimentos amplos acerca do ser humano, seja em analogias, seja em 
estudos sobre eventos parapsicológicos, sendo que esses estudos são recentes e não 
se constituem plenamente como ciência psicológica. 
Tanto as áres alheias da Psicologia citadas, quanto a própria Psicologia, 
precisam trabalhar unidas, quando tratam de interesses em comum, os 
conhecimentos se cruzam, e aumentam, e é possível que existam diferentes pontos 
de vista em constante diálogo. 
Comitês de Bioética trazem esta multidisciplinaridade, agindo sobre problemas 
 
 
 
9 
corriqueiros e controversos. Estes comitês são formados por muitas outras correntes 
do conhecimento, além do psicólogo. São médicos, enfermeiros, advogados, 
fisioterapeutas, físicos, teólogos, pedagogos, farmacêuticos, engenheiros, terapeutas 
ocupacionais e pessoas da comunidade onde o comitê está inserido. Eles decidem 
aspectos importantes sobre tratamento médico, psicológico, entre outros. 
 
CONCEITO DE SAÚDE 
 
 
 
 
 
 
92 
 
 
 
 
www.usp.br. 
Seria possível compreender bem o que significa e o que representa transtorno 
psicológico sem ter o entendimento prévio do que significaria saúde? 
A definição mais conhecida de saúde é a encontrada na Constituição da 
Organização Mundial de Saúde (OMS), ou seja, aquela que se propõe a considerá-la 
um completo bem-estar físico, mental e social e não apenas ausência de doença. 
Seria possível ser portador de um completo bem-estar? Dentro dessa 
perspectiva, até parece que para ter saúde é necessário viver em outro planeta e não 
habitar aquele a que aprendemos a denominar Terra. O conceito de saúde é cada vez 
mais relativo e suas discussões atrelam esse bem a outras dimensões do bem-viver 
humano como saneamento básico, lazer e acesso à educação e cultura, por exemplo. 
O certo é que a percepção de saúde varia muito entre as diferentes culturas, 
assim quanto às crenças sobre o que traz ou retira a saúde. A OMS define ainda a 
Engenharia Sanitária como sendo um conjunto de tecnologias que promovem o bem-
estar físico, mental e social. Sabe-se que sem o saneamento básico (sistemas de 
água, de esgotos sanitários e de limpeza urbana) a saúde pública fica completamente 
http://www.usp.br/
 
 
 
10 
prejudicada. 
A OMS reconhece ainda que a cada unidade monetária (dólar, euro, real, etc.) 
dispendida em saneamento economiza-se cerca de quatro a cinco unidades em 
sistemas de saúde (postos, hospitais, tratamentos, etc.) e que cerca de 80% das 
doenças mundiais são causadas por falta de água potável suficiente para atender as 
populações. Portanto, a saúde deve ser entendida em sentido mais amplo, como 
componente da qualidade de vida (WOOD; COHEN, 2007). 
Assim, não é um “bem de troca”, mas um “bem comum”, um bem e um direito 
social, em que cada um e todos possam ter assegurado o exercício e a prática do 
direito à saúde. A partir da aplicação e utilização de toda a riqueza disponível, 
conhecimentos e tecnologia desenvolvidos pela sociedade nesse campo, adequados 
às suas necessidades, abrangendo promoção e proteção da saúde, prevenção, 
diagnóstico, tratamento e reabilitação de doenças. Em outras palavras, considerar 
esse bem e esse direito como componente e exercício da cidadania, que é um 
referencial e um valor básico a ser assimilado pelo Poder Público. Para o balizamento 
e orientação de sua conduta, decisões, estratégias e ações. 
A partir daí, deve-se perguntar: afinal, o que significa esse processo saúde-
doença e quais suas relações com a saúde e com o sistema de serviços de saúde? 
Em síntese, em termos da determinação causal, pode-se dizer que ele representa o 
conjunto de relações e variáveis que produz e condiciona o estado de saúde e doença 
de uma população, que se modifica em diversos momentos históricos e do 
desenvolvimento científico da humanidade. Assim, houve a teoria mística sobre a 
doença, que os antepassados julgavam como um fenômeno sobrenatural, ou seja, ela 
estava além da sua compreensão do mundo, superada posteriormente pela teoria de 
que a doença era um fato decorrente das alterações ambientais no meio físico e 
concreto que o homem vivia. Em seguida, surge a teoria dos miasmas (gazes), que 
vai predominar por muito tempo. Até que, com os estudos de Louis Pasteur, na 
França, entre outros, vem a prevalecer a “teoria da unicausalidade”, com a descoberta 
dos micróbios (vírus e bactérias) e, portanto, do agente etiológico, ou seja, aquele que 
causa a doença. 
Devido à sua incapacidade e insuficiência para explicar a ocorrência de uma 
série de outros agravos à saúde do homem, essa teoria é complementada por uma 
série de conhecimentos produzidos pela epidemiologia, que demonstra a 
multicausalidade como determinante da doença e não apenas a presença exclusiva 
 
 
 
11 
de um agente. 
Finalmente, uma série de estudos e conhecimentos provindos principalmente 
da epidemiologia social nos meados deste século esclarece melhor a determinação e 
a ocorrência das doenças em termos individuais e coletivos. O fato é que se passa a 
considerar saúde e doença como estados de um mesmo processo, composto por 
fatores biológicos, econômicos, culturais e sociais. 
Deve-se ressaltar ainda o recente e acelerado avanço que se observa no 
campo da Engenharia Genética e da Biologia Molecular, com suas implicações tanto 
na perspectiva da ocorrência como da terapêutica de muitos agravos. Desse modo, 
surgiram vários modelos de explicação e compreensão da saúde, da doença e do 
processo saúde-doença, como o modelo epidemiológico baseado nos três 
componentes: agente, hospedeiro e meio, considerados como fatores causais, que 
evoluiu para modelos mais abrangentes, como o do campo de saúde, com o 
envolvimento do ambiente (não apenas o ambiente físico), estilo de vida, biologia 
humana e sistema-serviço de saúde, em uma permanente inter-relação e 
interdependência. 
Alguns autores questionam esse modelo, ressaltando, por exemplo, que o 
“estilo de vida” implicaria uma opção e conduta pessoal voluntária, o que pode não 
ser verdadeiro, pois pode estar condicionado a fatores sociais, culturais, entre outros. 
De qualquer modo, o importante é saber e reconhecer essa abrangência e 
complexidade causal: saúde e doença não são estados estanques, isolados, de causa 
aleatória – não se está com saúde ou doença por acaso. Há uma determinação 
permanente, um processo causal, que se identifica com o modo de organização da 
sociedade. Daí se dizer que há uma “produção social da saúde e/ou da doença”. Em 
última instância, como diz Breilh, “o processo saúde-doença constitui uma expressão 
particular do processo geral da vida social”. Outro nível de compreensão que se há de 
ter em relação ao processo saúde-doença é o conceito do que é ser ou estar doente 
ou o que é ser ou estar saudável. 
Sem aprofundar as grandes discussões sobre esse tema, que envolvem entre 
outras,como base de discussão preliminar e compreensão, as categorias da 
“representação dos indivíduos” e a “representação dos profissionais” ou mesmo das 
instituições de saúde. Em um sentido mais pragmático pode-se destacar que em toda 
população há indivíduos sujeitos a fatores de risco para adoecer com maior ou menor 
frequência e com maior ou menor gravidade. Além do que, há diferenças de 
 
 
 
12 
possibilidades entre eles de “produzir condições para sua saúde” e ter acesso aos 
cuidados no estado da doença. 
Há, portanto, grupos que exigem ações e serviços de natureza e complexidade 
variada. Isso significa que o objeto do sistema de saúde deve ser entendido como as 
condições de saúde das populações e seus determinantes, ou seja, o seu processo 
de saúde-doença. Visando produzir progressivamente melhores estados e níveis de 
saúde dos indivíduos e das coletividades, atuando articulada e integralmente nas 
prevenções primária, secundária e terciária, com redução dos riscos de doença, 
sequelas e óbito. 95 
Desse modo, há que se compreender outra dimensão, que é aquela que coloca 
o processo de intervenção, por meio de um sistema de cuidados para a saúde, para 
atender as necessidades, demandas, aspirações individuais e coletivas, como, um 
processo técnico, científico e político. É político no sentido de que se refere a valores, 
interesses, aspirações e relações sociais e envolve a capacidade de identificar e 
privilegiar as necessidades de saúde individuais e coletivas. Resultantes daquele 
complexo processo de determinação e acumular força e poder para nele intervir, 
incluindo a alocação e garantia de utilização dos recursos necessários para essa 
intervenção. 
É técnico e científico no sentido de que esse saber e esse fazer em relação à 
saúde- doença da população não devem ser empíricos, mas podem e devem ser 
instrumentalizados pelo conhecimento científico e desenvolvimento tecnológico, pelo 
avanço e progresso da ciência. 
Portanto, o saber e o fazer em relação à saúde da população mediante um 
sistema de saúde é uma tarefa que implica a concorrência de várias disciplinas do 
conhecimento humano. E a ação das diversas profissões da área de saúde, bem como 
ação articulada entre os diversos setores, que é requerimento para a produção de 
saúde. 
E aquela dimensão política inerente a esse processo social remete para a 
necessidade de satisfazer outro requerimento, próprio dos processos políticos 
democráticos, que é a participação social, ou seja, a participação ativa da população 
na formulação, desenvolvimento e acompanhamento das políticas e dos sistemas de 
saúde. Que hoje, no Sistema Único de Saúde (SUS), está minimamente estabelecida 
nos conselhos de saúde (nacional, estadual e municipal) e conferências de saúde. 
 
 
 
 
13 
 
SAÚDE MENTAL 
 
96 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
<http://s.socialesaude.zip.net/>. 
 
O conceito de saúde mental deve envolver o homem no seu todo 
biopsicossocial (biológico, psicológico e social), o contexto social em que está inserido 
assim como a fase de desenvolvimento em que se encontra. Nesse sentido, podemos 
considerar a saúde mental como um equilíbrio dinâmico que resulta da interação do 
indivíduo com os seus vários ecossistemas: O seu meio interno e externo; as suas 
características orgânicas e os seus antecedentes pessoais e familiares (BENEDITO, 
1975). 
Em uma abordagem à influência de fatores sociais na saúde mental, foi referido 
que a saúde mental deixou de ser a ausência de doença, problemas mentais e 
psíquicos, mas sim a percepção e consciência dessas condições, e a possibilidade 
pessoal e/ou coletiva de solucioná- las, de modificar e de intervir sobre elas (URIBE 
VASCO et al., 1994). 
 
DEFICIÊNCIA MENTAL 
 
 
 
97 
http://s.socialesaude.zip.net/
 
 
 
14 
 
 
 
 
 
 
<http://www.gazetadelimeira.com.br/jornaldamulher>. 
 
A partir do século XX, começou-se a estabelecer uma definição para o 
deficiente mental; e essa definição diz respeito ao funcionamento intelectual, que seria 
inferior à média estatística das pessoas e, principalmente, em relação à dificuldade de 
adaptação ao entorno. (DSM-IV, CID 10). 
Segundo a descrição do DSM. IV, a característica essencial do retardo mental 
é quando a pessoa tem um “funcionamento intelectual significativamente inferior à 
média, acompanhado de limitações significativas no funcionamento adaptativo em 
pelo menos duas das seguintes áreas de habilidades: comunicação, autocuidados, 
vida doméstica, habilidades sociais, relacionamento interpessoal, uso de recursos 
comunitários, autossuficiência, habilidades acadêmicas, trabalho, lazer, saúde e 
segurança”. 
Essa é também a definição de deficiência mental adotada pela Associação 
Americana de Deficiência Mental (AAMR). Na deficiência mental, como nas demais 
questões da saúde mental, a capacidade de adaptação do sujeito ao objeto, ou da 
pessoa ao mundo, é o elemento mais fortemente relacionado à noção de normalidade. 
Teoricamente, deveriam ficar em segundo plano as questões mensuráveis de 
Coeficiente de Inteligência (QI) já que a unidade de observação é a capacidade de 
adaptação. 
Acostumamos a pensar na deficiência mental como uma condição em si 
mesma, um estado patológico bem definido. Entretanto, na grande maioria das vezes 
a deficiência mental é uma condição mental relativa. 
A deficiência será sempre relativa em relação aos demais indivíduos de uma 
mesma cultura, pois a existência de alguma limitação funcional, principalmente nos 
graus mais leves, não seria suficiente para caracterizar um diagnóstico de deficiência 
mental, se não existir um mecanismo social que atribua a essa limitação um valor de 
morbidade. E esse mecanismo social que atribui valores é sempre comparativo, 
http://www.gazetadelimeira.com.br/jornaldamulher
 
 
 
15 
portanto, relativo. 
Como vimos nas definições acima, deficiência mental é um estado onde existe 
uma limitação funcional em qualquer área do funcionamento humano, considerada 
abaixo da média geral das pessoas pelo sistema social onde se insere a pessoa. Isso 
significa que uma pessoa pode ser considerada deficiente em uma determinada 
cultura e não deficiente em outra, de acordo com a capacidade dessa pessoa 
satisfazer as necessidades dessa cultura. Isso torna o diagnóstico relativo. 
Segundo critérios das classificações internacionais, o início da deficiência 
mental deve ocorrer antes dos 18 anos, caracterizando assim um transtorno do 
desenvolvimento e não uma alteração cognitiva como é a demência. Embora o 
assunto comporte uma discussão mais ampla, de modo acadêmico, o funcionamento 
intelectual geral é definido pelo Quociente de Inteligência (QI ou equivalente). 
 
CLASSIFICAÇÕES DA DEFICIÊNCIA MENTAL 
 
A deficiência mental se caracteriza assim, por um funcionamento global inferior 
à média, junto com limitações associadas em duas ou mais das seguintes habilidades 
adaptativas: comunicação, cuidado pessoal, habilidades sociais, utilização da 
comunidade, saúde e segurança, habilidades escolares, administração do ócio e 
trabalho. Para o diagnóstico é imprescindível que a deficiência mental se manifeste 
antes dos 18 anos. As áreas de necessidades dos deficientes devem ser 
determinadas por meio de avaliações neurológicas, psiquiátricas, sociais e clínicas e 
nunca em uma única abordagem de diagnóstico. 
 
Tipo de classificação baseada na intensidade dos apoios necessários: 
 intermitente – o apoio se efetua apenas quando necessário. 
Caracteriza-se por sua natureza episódica, ou seja, a pessoa nem sempre está 
precisando de apoio continuadamente, mas durante momentos em determinados 
ciclos da vida, como por exemplo, na perda do emprego ou fase aguda de uma 
doença. Os apoios intermitentes 
podem ser de alta ou de baixa intensidade; 99 
 limitado – apoios intensivos caracterizados por alguma duração 
contínua, por tempo limitado, mas não intermitente.Nesse caso incluem-se deficientes 
que podem requerer um nível de apoio mais intensivo e limitado, como por exemplo, 
 
 
 
16 
o treinamento do deficiente para o trabalho por tempo limitado ou apoios transitórios 
durante o período entre a escola, a instituição e a vida adulta; 
 extenso – trata-se de um apoio caracterizado pela regularidade, 
normalmente diário pelo menos em alguma área de atuação, tais como na vida 
familiar, social ou profissional. Nesse caso, não existe uma limitação temporal para o 
apoio, que normalmente se dá em longo prazo; 
 generalizado – é o apoio constante e intenso, necessário em diferentes 
áreas de atividade da vida. Esses apoios generalizados exigem mais pessoal e maior 
intromissão que os apoios extensivos ou os de tempo limitado. 
 
Ainda baseada na capacidade funcional e adaptativa dos deficientes, existe 
outra classificação bastante interessante para a deficiência mental. Trata-se da 
seguinte: 
 dependentes – geralmente QI abaixo de 25; casos mais graves, nos 
quais é necessário o atendimento por instituições. Há poucas, pequenas, mas 
contínuas melhoras quando a criança e a família estão bem assistidas; 
 treináveis – QI entre 25 e 75; são crianças que se colocadas em classes 
especiais poderão treinar várias funções, como disciplina, hábitos higiênicos, etc. 
Poderão aprender a ler e a escrever em ambiente sem hostilidade, recebendo muita 
compreensão e afeto e com metodologia de ensino adequada; 
 educáveis – QI entre 76 e 89; a inteligência é dita “limítrofe ou lenta” e 
essas crianças podem permanecer em classes comuns, embora necessitem de 
acompanhamento psicopedagógico especial. 
Essa classificação bastante simples é extremamente importante na prática 
clínica, pois sugere o que pode ser proporcionado à criança com deficiência mental. 
Por outro lado, a classificação CID.10, da Organização Mundial da Saúde 
(OMS), é baseada ainda no critério quantitativo. Por essa classificação a gravidade da 
deficiência seria: 
 profunda – são pessoas com uma incapacidade total de autonomia. As 
que têm um coeficiente intelectual inferior a 10, inclusive aquelas que vivem em um 
nível vegetativo; 
 aguda grave – fundamentalmente necessitam que se trabalhe para 
instaurar alguns hábitos de autonomia, já que há probabilidade de adquiri-los. Sua 
 
 
 
17 
capacidade de comunicação é muito primária. Podem aprender de uma forma linear, 
são crianças que necessitam revisões constantes; 
 moderada – o máximo que podem alcançar é o ponto de assumir um 
nível pré- operativo. São pessoas que podem ser capazes de adquirir hábitos de 
autonomia e, inclusive, podem realizar certas atitudes bem-elaboradas. Quando 
adultas podem frequentar lugares ocupacionais, mesmo que sempre estejam 
necessitando de supervisão; 
 leve – são casos perfeitamente educáveis. Podem chegar a realizar 
tarefas mais complexas com supervisão. São os casos mais favoráveis. 
 
TRANSTORNO MENTAL 
 
Durante séculos as pessoas com sofrimento mental foram afastadas do resto 
da sociedade, algumas vezes encarceradas, em condições precárias, sem direito a se 
manifestar na condução de suas vidas. Hoje em dia, as atitudes negativas as afastam 
da sociedade de maneiras mais sutis, mas com a mesma efetividade. Você 
provavelmente conhece alguém que tem problemas mentais. 
Transtornos mentais como a ansiedade, depressão, distúrbios alimentares, uso 
de drogas e álcool, demência e esquizofrenia, podem afetar qualquer pessoa em 
qualquer época da sua vida. Na realidade, eles podem causar mais sofrimento e 
incapacidade que qualquer outro tipo de problema de saúde. 
Apesar disso, pessoas com essas condições, muitas vezes atraem medo, 
hostilidade e desaprovação em vez de compaixão, apoio e compreensão. Tais 
reações não somente influem para que se sintam isoladas e infelizes, como são 
impedimentos para que busquem ajuda efetiva e tratamento. A saúde mental é 
componente chave de uma vida saudável. 
O termo “doença mental” ou transtorno mental engloba um amplo espectro de 
condições que afetam a mente. Doença mental provoca sintomas tais como 
desconforto emocional, distúrbio de conduta e enfraquecimento da memória. Algumas 
vezes, doenças em outras partes do corpo afetam a mente; outras vezes, 
desconfortos, escondidos no fundo da mente, podem desencadear outras doenças do 
corpo ou produzir sintomas somáticos. 
Um grande espectro de fatores – nosso mapa genético, química cerebral, 
aspectos do nosso estilo de vida – podem causar algum tipo de transtorno mental. 
 
 
 
18 
Acontecimentos que nos acometeram no passado e nossas relações com as outras 
pessoas participam de alguma forma. Seja qual for a causa, a pessoa que desenvolve 
a “doença mental” ou o transtorno mental, muitas vezes se sente em sofrimento, 
desesperançada e incapaz de levar sua vida na sua plenitude. 
Existem muitos tratamentos efetivos para a doença mental. Eles podem incluir 
medicamentos e outros tratamentos físicos, ou tratamentos pela fala (psicoterapias) 
de várias espécies, aconselhamento e/ou apoio no dia a dia da vida em diferentes 
formas. Diferentes profissionais da saúde podem estar envolvidos na assistência da 
pessoa que está mentalmente enferma: clínicos gerais, psiquiatras, enfermeiros, 
psicólogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais e grupos de apoio 
voluntários, dentre outros. 
Os profissionais da saúde mental não têm todas as respostas. Sabe-se que 
alguns aspectos da doença mental, tais como ansiedade, desespero e sentimentos 
suicidas, nem sempre são fáceis de serem tratados, pois envolvem âmbitos dos mais 
diversos da existência humana. 
Na Antiga Grécia, sinais corporais ou stigmata, feitos por cortes ou 
queimaduras no corpo, marcavam as pessoas como diferentes. Pessoas com doença 
mental há muito não são marcadas no corpo, mas atitudes críticas e prejudiciais 
podem ser tão danosas quanto as marcas corporais. Basta abrir um jornal, ligar a TV 
ou ir ao cinema para perceber tais atitudes. 
Enquanto a mídia não aceitar essas queixas pelas percepções negativas, toda 
vez que um programa, artigo ou filme retrata um estereótipo ou falha em esclarecer 
um mal entendido sobre doença mental, ela auxilia na manutenção de mitos. 
Os estigmas podem surgir por diferentes caminhos. As pessoas com sofrimento 
mental podem agir de forma diferente. Uma pessoa deprimida pode se apresentar 
triste ou apática; alguém na fase maníaca da doença bipolar pode parecer 
exageradamente feliz ou irritável. 
O problema é que quando alguém é marcado como diferente, é difícil para ele 
ser aceito, não importa o quanto ele tente. Ele não consegue afastar o estigma e o 
resultado disso, pois perde a confiança em si mesmo. Com o tempo, começa a se 
sentir como estranho e que não se enquadra na vida. 
Pessoas com transtornos mentais ou doenças mentais continuam a ser 
prejudicadas e discriminadas em todas as áreas de suas vidas, desde onde encontrar 
um lugar para viver, encontrar um trabalho. Não é surpreendente que muitas pessoas 
 
 
 
19 
com doença mental grave terminem pobres ou sem teto. 
Cabe a todos nós tomarmos conhecimento do dano que provocamos com 
nossas atitudes negativas e nossa colaboração para isolá-las. Seja quem formos e 
seja o que fazemos, nós podemos combater os efeitos danosos do estigma 
estendendo nossa amizade, apoio e compreensão em vez do nosso julgamento e 
discriminação, para as pessoas que estão mentalmente doentes. 
Descrever pessoa com doença mental como “louca”, “esquisita”, “pinel” 
“lunática”, a diminui como pessoa a não ser levada seriamente ou com a percepção 
que ela é perigosa pode excluí-la das atividades do dia a dia. Muitas pessoas 
acreditam que doença mental é incurável. Elas podem até ver certos tratamentos, 
como com antidepressivos ou psicoterapias, como sem valor ou mesmo danosos, 
mesmo que em muitos casos tenham se mostrado efetivos. 
O fato é que estãofazendo progressos no desvendamento da estrutura e 
química do cérebro. Como consequência tem-se melhor compreensão da mente e 
com ela funciona. Entretanto, a doença mental tem muitas causas. Ela não é apenas 
uma questão de química alterada e envolve questões sociais, emocionais, cognitivas 
e físicas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS 
 
 
 
 
20 
DEPRESSÃO 
 
104<http://escrevoapenas.blogs.sapo.pt/arquivo/depressao.jpg>. 
 
Depressão é uma palavra frequentemente usada para descrever nossos 
sentimentos. Todos se sentem angustiados de vez em quando, ou muito alegres às 
vezes e tais sentimentos são normais. A depressão, enquanto evento psiquiátrico é 
algo bastante diferente: é uma doença como outra qualquer que exige tratamento. 
Muitas pessoas pensam estar ajudando um amigo deprimido ao incentivarem 
ou mesmo cobrarem tentativas de reagir, distrair-se, de se divertir para superar os 
sentimentos negativos. Os amigos que agem dessa forma fazem mais mal do que 
bem, são incompreensivos e talvez até egoístas. O amigo que realmente quer ajudar 
procura ouvir quem se sente deprimido e no máximo aconselhar ou procurar um 
profissional quando percebe que o amigo deprimido não está só triste. 
Uma boa comparação que podemos fazer para esclarecer as diferenças 
conceituais entre a depressão psiquiátrica e a depressão normal seria comparar com 
a diferença que há entre clima e tempo. O clima de uma região ordena como ela 
prossegue ao longo do ano por anos a fio. O tempo é a pequena variação que ocorre 
para o clima da região em questão. 
O clima tropical exclui incidência de neve. O clima polar exclui dias propícios a 
banho de sol. Nos climas tropicais e polares haverá dias mais quentes, mais frios, 
mais calmos ou com tempestades, mas tudo dentro de uma determinada faixa de 
variação. 
 
O clima é o estado de humor e o tempo as variações que existem dentro dessa 
faixa. O paciente deprimido terá dias melhores ou piores, assim como o não deprimido. 
http://escrevoapenas.blogs.sapo.pt/arquivo/depressao.jpg
 
 
 
21 
Ambos terão suas tormentas e dias ensolarados, mas as tormentas de um, não se 
comparam às tormentas do outro, nem os dias de sol de um, se comparam com os 
dias de sol do outro. Existem semelhanças, mas a manifestação final é muito diferente. 
Uma pessoa no clima tropical ao ver uma foto de um dia de sol no polo sul tem a 
impressão de que estava quente e que até se poderia tirar a roupa para se bronzear. 
Esse tipo de engano é o mesmo que uma pessoa comete ao comparar as suas 
fases de baixo astral com a depressão psiquiátrica de um amigo. Ninguém sabe o que 
um deprimido sente, só ele mesmo e talvez quem tenha passado por isso. Nem o 
psiquiatra sabe: ele reconhece os sintomas e sabe tratar, mas isso não faz com que 
ele conheça os sentimentos e o sofrimento do seu paciente. 
Os sintomas da depressão são muito variados, indo desde as sensações de 
tristeza, passando pelos pensamentos negativos até as alterações da sensação 
corporal como dores e enjoos. Contudo, para se fazer o diagnóstico é necessário um 
grupo de sintomas centrais: 
 perda de energia ou interesse; 
 humor deprimido; 
 dificuldade de concentração; 
 alterações do apetite e do sono; 
 lentificação das atividades físicas e mentais; 
 sentimento de pesar ou fracasso. 
Os sintomas corporais mais comuns são sensação de desconforto no batimento 
cardíaco, constipação, dores de cabeça, dificuldades digestivas. Períodos de melhora 
e piora são comuns, o que cria a falsa impressão de que se está melhorando sozinho, 
quando durante alguns dias o paciente sente-se bem. Geralmente tudo se passa 
gradualmente, não necessariamente com todos os sintomas simultâneos, aliás, é 
difícil ver todos os sintomas juntos. 
Até que se faça o diagnóstico, praticamente todas as pessoas possuem 
explicações para o que está acontecendo com elas, julgando sempre ser um problema 
passageiro. 
 
 
Outros sintomas que podem vir associados aos sintomas centrais são: 
 pessimismo; 
 dificuldade de tomar decisões; 
 
 
 
22 
 dificuldade para começar a fazer suas tarefas; 
 irritabilidade ou impaciência; 
 inquietação; 
 achar que não vale a pena viver, desejo de morrer; 
 chorar à toa; 
 dificuldade para chorar; 
 sensação de que nunca vai melhorar, desesperança; 
 dificuldade de terminar as coisas que começou; 
 sentimento de pena de si mesmo; 
 persistência de pensamentos negativos; 
 queixas frequentes; 
 sentimentos de culpa injustificáveis; 
 boca ressecada, constipação, perda de peso e apetite, insônia, perda do 
desejo sexual. 
Basicamente, existem as depressões monopolares (esse não é um termo 
usado oficialmente) e a depressão bipolar (esse termo é oficial). O transtorno afetivo 
bipolar se caracteriza pela alternância de fases deprimidas com maníacas, de 
exaltação, alegria ou irritação do humor. A depressão monopolar só tem fases 
depressivas. 
Os sintomas depressivos apesar de muito comuns são pouco detectados nos 
pacientes de atendimento em outras especialidades, o que permite o desenvolvimento 
e prolongamento desse problema, comprometendo a qualidade de vida do indivíduo 
e sua recuperação. Anteriormente, estudos associaram o fumo, a vida sedentária, 
obesidade, ao maior risco de doença cardíaca. Agora, pelas mesmas técnicas, 
associa-se sintoma depressivo com maior risco de desenvolver doenças cardíacas. A 
doença cardíaca mais envolvida com os sintomas depressivos é o infarto do 
miocárdio. 
Também não se pode concluir apressadamente que depressão provoca infarto, 
não é assim. Nem todo obeso, fumante ou sedentário enfarta. Essas pessoas 
enfartam mais que as pessoas fora desse grupo, mas a incidência não é de 100%. Da 
mesma forma, a depressão aumenta o risco de infarto, mas em uma parte dos 
pacientes. Está sendo investigado. 
A depressão costuma atingir 15% a 25% dos pacientes com câncer. As pessoas 
e os familiares que encaram um diagnóstico de câncer experimentarão uma variedade 
 
 
 
23 
de emoções, estresses e aborrecimentos. O medo da morte, a interrupção dos planos 
de vida, perda da autoestima e mudanças da imagem corporal, mudanças no estilo 
social e financeiro são questões fortes o bastante para justificarem desânimo e 
tristeza. 
O limite a partir do qual se devem usar antidepressivos não é claro, dependerá 
da experiência de cada psiquiatra. A princípio sempre que o paciente apresente um 
conjunto de sintomas depressivos semelhante ao conjunto de sintomas que os 
pacientes deprimidos sem câncer apresentam, deverá ser o ponto a partir do qual se 
deve entrar com medicações. Existem alguns mitos sobre o câncer e as pessoas que 
padecem dele, tais como “os portadores de câncer são deprimidos”. 
A depressão em quem tem câncer é normal, o tratamento da depressão no 
paciente com câncer é ineficaz. A tristeza e o pesar são sentimentos normais para 
uma pessoa que teve conhecimento da doença. Questões como a resposta ao 
tratamento, o tempo de sobrevida e o índice de cura entre pacientes com câncer, com 
ou sem depressão, estão sendo mais enfocadas do que a investigação das melhores 
técnicas para tratamento da depressão. 
Normalmente a pessoa que fica sabendo que está com câncer torna-se durante 
um curto espaço de tempo descrente, desesperada ou nega a doença. Essa é uma 
resposta normal no espectro de emoções dessa fase, o que não significa que sejam 
emoções insuperáveis. No decorrer do tempo o humor depressivo toma o lugar das 
emoções iniciais. Agora o paciente pode ter dificuldade para dormir e perda de apetite. 
Nessa fase o paciente fica ansioso, não consegue parar de pensar no seu novo 
problema e teme pelo futuro. As estatísticas mostram que aproximadamente metade 
das pessoas conseguirá se adaptar a essa situação tão adversa. Com isso, essas 
pessoas aceitam o tratamento e o novo estilo de vida imposto não fica tão pesado.Para se afirmar que o paciente está deprimido tem-se que afirmar que ele 
sente-se triste a maior parte do dia, quase todos os dias, não tem tanto prazer ou 
interesse pelas atividades nas quais apreciava. E não consegue ficar parado, pelo 
contrário, movimenta-se mais lentamente que o habitual. Passa a ter sentimentos 
inapropriados de desesperança desprezando-se como pessoa e até mesmo se 
culpando pela doença ou pelo problema dos outros, sentindo-se um peso morto na 
família. Com isso, apesar de ser uma doença potencialmente fatal, surgem 
pensamentos de suicídio. Esse quadro deve durar pelo menos duas semanas para 
que possamos dizer que o paciente está deprimido. 
 
 
 
24 
A causa exata da depressão permanece desconhecida. Eventos 
desencadeantes são muito estudados e de fato encontra-se relação entre certos 
acontecimentos estressantes na vida das pessoas e o início de um episódio 
depressivo. Contudo, tais eventos não podem ser responsabilizados pela manutenção 
da depressão. Na prática a maioria das pessoas que sofre um revés se recupera com 
o tempo. Os eventos estressantes provavelmente disparam a depressão nas pessoas 
predispostas, vulneráveis. Exemplos de eventos estressantes são: perda de pessoa 
querida, perda de emprego, mudança de habitação contra vontade, doença grave; 
pequenas contrariedades não são consideradas como eventos fortes o suficiente para 
desencadear depressão. 
O que torna as pessoas vulneráveis ainda é objeto de estudos. A influência 
genética como em toda medicina é muito estudada. Trabalhos recentes mostram que 
mais do que a influência genética, o ambiente durante a infância pode predispor mais 
as pessoas. O fator genético é fundamental uma vez que os gêmeos idênticos ficam 
mais deprimidos do que os gêmeos não idênticos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANSIEDADE 
 
 
 
 
25 
 
<http://www.brasilescola.com/imagens/ansiedade.jpg>. 
 
A ansiedade é uma sensação ou sentimento decorrente da excessiva excitação 
do Sistema Nervoso Central consequente à interpretação de uma situação de perigo. 
Parente próximo do medo (muitas vezes onde a diferenciação não é possível), é 
distinguida dele pelo fato de o medo ter um fator desencadeante real e palpável, 
enquanto na ansiedade o fator de estímulo teria características mais subjetivas. 
A ansiedade é o grande sintoma de características psicológicas que mostra a 
intersecção entre o físico e psíquico, uma vez que tem claros sintomas físicos como: 
taquicardia (batedeira), sudorese, tremores, tensão muscular, aumento das secreções 
(urinárias e fecais), aumento da motilidade intestinal, cefaleia (dor de cabeça). Quando 
recorrente e intensa também é chamada de síndrome do pânico (crise ansiosa aguda). 
Toda essa excitação acontece decorrente de uma descarga de um neurotransmissor 
chamado noradrenalina. 
O nosso Sistema Nervoso Central e a nossa mente necessitam de uma 
situação de conforto e de segurança para usufruir a sensação de repouso e de bem-
estar. 
Quando a nossa percepção nos alerta para uma situação de perigo a essa 
situação acontece o estado ansioso. 
Evolutivamente, faz pouco que saímos dos tempos da caverna, quando os 
perigos de vida e a necessidade de luta eram constantes. A excitação do Sistema 
Nervoso Central vinha como uma forma de estimular o nosso corpo para a luta ou 
para a fuga. 
http://www.brasilescola.com/imagens/ansiedade.jpg
 
 
 
26 
O que interpretamos como perigo hoje transcende e muito o perigo de vida 
biológico. Perda de status, de conforto, de poder econômico, de afetos, amizades, de 
privilégios, vantagens, de possibilidade de concretizar interesses, de vaidade, são 
fatores mais do que suficientes, em muitos casos, para disparar o estado ansioso. 
Em estados de desequilíbrio emocional, o simples contato com o novo, com 
situações inesperadas e desconhecidas são o suficiente para disparar estados 
ansiosos. 
A principal característica psíquica do estado ansioso é uma excitação, uma 
aceleração do pensamento, como se estivéssemos elaborando, planejando uma 
maneira de nos livrar do perigo e da maneira mais rápida possível. Esse movimento 
mental, na maioria das vezes acaba causando certa confusão mental, uma ineficiência 
da ação, um aumento da sensação de perigo e de incapacidade de se livrar do perigo, 
o que configura um círculo vicioso, pois essa sensação só faz aumentar ainda mais o 
estado ansioso. “Mente acelerada é mente desequilibrada”. 
Esse movimento impulsivo de a mente se acelerar, de precisar ter tudo sob 
controle, para poder usufruir a sensação de repouso e conforto, faz com que ela se 
excite; e se o problema não tiver uma solução mental imediata, como o que acontece 
na maioria dos casos, terá a chamada ansiedade patológica, que tende a se cronificar 
e piorar com os anos. 
A ansiedade poderia ter uma origem genética, ou seja, a pessoa herda de seus 
ancestrais uma pré-disposição para ter esses sintomas. Nesses casos as 
manifestações podem ser bastante precoces, sendo a pessoa desde cedo uma 
criança agitada, às vezes, hiperativa, que chora com facilidade e às vezes até com 
dificuldade de dormir. 
A ansiedade precoce também pode se manifestar por meio da avidez de mamar 
e em uma postura mais teimosa e possessiva ainda como criança. A segunda é uma 
infância carente e problemática – em que as dificuldades dos pais, mas principalmente 
da mãe de passar afeto e suprir as carências afetivas da criança, vão fazendo com 
que ela vá se sentindo insegura e exposta. E vá gravando e condicionando um 
sentimento de que coisas ruins e sensações negativas podem acontecer a qualquer 
momento. 
A terceira é a dificuldade de incorporar fatos e intercorrências novas ou 
desconhecidas. 
O velho ou conhecido sempre traz a sensação de segurança e controle. O novo 
 
 
 
27 
por sua vez tem a capacidade de potencializar a sensação de medo no sentido de que 
algo ruim ou perigoso pode vir a acontecer. 
É mais ou menos assim: “Tudo que vem de mim é seguro e tudo que vem de 
fora e não está sob controle é perigoso”. É a clássica postura do pessimista, como 
aquele personagem dos desenhos antigos de TV, a hiena Hardy, amiga do leão Lippy, 
que sempre dizia: “Oh céus, oh vida, oh azar, não vai dar certo!”. Traumas de infância, 
grandes sustos, perdas afetivas ou mesmo materiais, também podem desencadear 
quadros ansiosos importantes, mas não chegariam a ser causas específicas. 
 
 TRANSTORNO BIPOLAR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://virtualpsy.locaweb.com.br/adm/img/temp/bipolar1a.jpg. 
 
É uma enfermidade na qual ocorrem alterações do humor, caracterizando-se 
por períodos de um quadro depressivo, que se alteram com períodos de quadros 
opostos, isto é, a pessoa se sente eufórica (mania). Tanto o período de depressão, 
quanto da mania podem durar semanas, meses ou anos. 
O termo mania não significa “repetição de hábitos”, mas sintomas de euforia. O 
Transtorno do Humor pode ocorrer, ao longo da vida, dentro de um curso bipolar ou 
unipolar. O curso unipolar refere-se a episódios somente de depressão e, no bipolar, 
depressão e mania (euforia). O Transtorno Bipolar do Humor atinge de igual maneira 
homens e mulheres em torno de 1% a 2% e, geralmente, entre os 15 e 30 anos de 
idade. 
O Transtorno Bipolar também pode atingir as crianças, manifestando-se com 
sintomas predominantes de humor ansioso e irritável. O humor da pessoa oscila de 
http://virtualpsy.locaweb.com.br/adm/img/temp/bipolar1a.jpg
 
 
 
28 
muito eufórico (agitado) para muito triste (com desesperança, desmotivação e 
desvalia). 
Como em outras doenças, o Transtorno Bipolar do Humor afeta não só quem o 
tem, como também, o cônjuge, familiares, amigos e empregadores. Se depressão e 
mania forem acompanhadas de alucinações (ouvir, ver, sentir o que não existe) e 
delírios (pensamentos irreais à realidade) trata-se do subtipo psicótico. As pessoas 
que sofrem de Transtorno Bipolarlevam, em média, oito anos antes de serem 
diagnosticadas ou receberem tratamento adequado, o que pode causar grande 
sofrimento e perdas. 
 
Tipos de Transtorno Bipolar do Humor: 
Existem quatro formas de Transtorno Bipolar do Humor: 
 Transtorno Bipolar Tipo I – períodos de mania (euforia) com humor 
elevado e expansivo grave o suficiente para causar prejuízo no trabalho, relações 
sociais podendo necessitar de hospitalização contraposta por períodos de humor 
deprimido, sentimentos de desvalia, desprazer, desmotivação, alterações do sono, 
apetite, entre outros. Geralmente, o estado maníaco, dura dias ou pelo menos uma 
semana, e períodos de depressão de semanas a meses; 
 Transtorno Bipolar Tipo II – períodos de hipomania, em que também 
ocorre estado de humor elevado e agressivo, mas de forma mais suave. Um episódio 
de tipo hipomania, ao contrário da mania, não chega a ser suficientemente grave para 
causar prejuízo em atividades de trabalho ou vida social; 
 Transtorno Bipolar Misto – períodos mistos, em que em mesmo dia 
haveria alternâncias entre depressão e mania. Em poucas horas a pessoa pode 
chorar, ficar triste, com sentimentos de desvalia e desprazer e, no momento seguinte, 
estar eufórica, sentindo-se capaz de tudo, falante e agressiva; 
 Transtornos Ciclotímicos – períodos em que haveria uma alteração 
crônica e flutuante do humor marcada por numerosos períodos com sintomas 
maníacos e numerosos sintomas depressivos que se alterariam. Contudo, não seriam 
suficientemente graves nem ocorreriam em quantidade suficiente para se ter certeza 
de se tratar de depressão e mania. Isto é, pode ser facilmente confundida com o jeito 
de ser da pessoa, “de lua”. 
 
Principais teorias etiológicas: 
 
 
 
29 
Apesar de se desconhecer a base causal, existe uma interação complexa entre 
fatores biológicos, genéticos e psicossociais para tentar explicar o Transtorno: 
 fatores biológicos – as teorias dos
 neurotransmissores, nos sistemas noradrenérgico, seratonérgico e 
dopaminérgico, que têm características semelhantes, pois todos se originam em 
núcleos localizados no tronco cerebral e se projetam para amplas áreas do pró-
encéfalo, têm sido admitidas na etiologia dos Transtornos Bipolares. Além desses, 
outros neurotransmissores, incluindo o glutemato, neuropeptídeos, como a 
colecistocinina e o hormônio liberado de corticotrofina, têm sido implicados assim 
como anormalidades no eixo hipotalâmico – pituitário – tireoide são comuns no 
Transtorno Bipolar; 
 fatores genéticos – quando um dos pais apresenta Transtorno Bipolar, 
existe de 25% a 50% de chance de o filho adquirir Transtorno Bipolar. Quanto maior 
a distância de parentesco, menor a possibilidade de ter um Transtorno Bipolar. Os 
estudos de gêmeos têm mostrado que a taxa de concordância em gêmeos 
monozigóticos é de 33% a 90% e gêmeos dizigóticos cerca de 5% a 25%. As 
associações entre o Transtorno Bipolar I e marcadores genéticos têm sido relatadas 
para os cromossomas 5, 11 e x; 
 fatores psicossociais – os acontecimentos vitais estressores 
precedem, mais frequentemente, os primeiros episódios de Transtorno do Humor e 
poderiam provocar alterações nos estados funcionais de vários sistemas 
neurotransmissores e sinalizadores intraneurais. Dificuldades financeiras, doença na 
família, perda de uma pessoa importante, uso de drogas, entre outros, podem 
contribuir para o desencadeamento da doença. 
 
 
 
 
 
Achados clínicos – como identificar: 
 
Mania 
 humor “para cima”, excitado, exaltação, alegria exagerada e duradoura; 
irritabilidade (impaciência, “pavio curto”); 
 
 
 
30 
 agitação, inquietação física e mental; 
 aumento da energia, da produtividade ou começar muitas coisas e não 
conseguir terminar; 
 pensamentos acelerados, tagarelice; 
 achar que possui dons ou poderes especiais de influência, grandeza e 
poder; 
 otimismo e autoconfiança exagerados; 
 aumento dos gastos, endividamentos; 
 distração fácil – tudo desvia a atenção; 
 maior contato social e desinibição, comportamento inadequado e 
provocativo, agressividade física e/ou verbal; 
 erotização, aumento da atividade e necessidade sexuais; 
 insônia, redução da necessidade de sono; 
 quando grave, ocorrem delírios e/ou alucinações, estressores precedem, 
mais frequentemente, os primeiros episódios de Transtorno do Humor e poderiam 
provocar alterações nos estados funcionais de vários sistemas neurotransmissores e 
sinalizadores intraneurais. Dificuldades financeiras, doença na família, perda de uma 
pessoa importante, uso de drogas entre outros, podem contribuir para o 
desencadeamento da doença. 
 
Depressão 
 humor “para baixo”, tristeza, angústia ou sensação de vazio; 
 irritabilidade, desespero; 
 pouca ou nenhuma capacidade de sentir prazer e alegria na vida; 
 cansaço mais fácil, desânimo, preguiça, falta de energia física e mental; 
 falta de concentração, lentidão do raciocínio, memória ruim; 
 falta de vontade, falta de iniciativa e interesse, apatia; 
 pensamentos negativos repetidos amplificados, pessimismo, ideias de 
culpa, fracasso, inutilidade, falta de sentido na vida, doença, morte (suicídio); 
 sentimentos de insegurança, baixa autoestima, medo; 
 interpretação distorcida e negativa do presente, de fatos ocorridos no 
passado e no futuro; 
 redução da libido e vontade de ter sexo; 
 
 
 
31 
 perda ou aumento de apetite e/ou peso; 
 insônia ou dormir demais, sem se sentir repousado; 
 dores ou sintomas físicos difusos, sofridos, que não se explicam por 
outras doenças – dor de cabeça, nas costas, no pescoço e nos ombros, sintomas 
gastrointestinais, alterações menstruais, queda de cabelo, dentre outros; 
 em depressões graves, alucinações e/ou delírios. 
 
Tratamento do Transtorno Bipolar 
 
O tratamento envolve manejo nas fases agudas e na terapia de manutenção. 
Os quadros agudos demandam contenção imediata dos sintomas por meio da 
farmacologia: estabilizadores do humor, antidepressivos (se necessário), 
antipsicóticos (se necessário) e, muitas vezes, internação hospitalar para proteção do 
paciente. 
Os episódios de depressão aguda são tratados, preferencialmente, com 
antidepressivos inibidores da recaptação da serotonina, pois são maiores indutores 
de “virada” maníaca (eufórica) ou hipomaníaca, mais comuns com as ADTs 
(tricíclicos). 
As fases maníacas podem ser controladas com carbonato de lítio, ácido 
valpróico, carbamazepina, lomotrigina, gebapentina e topiramato. Se sintomas 
psicóticos estiverem presentes, é necessário o uso de antipsicóticos ou 
benzodiazepínicos. Muitas vezes, é necessária a combinação de drogas, isto é, mais 
de um estabilizador do humor associado, antidepressivos, mesmo na fase de 
manutenção. 
Existem substâncias que propiciam a desestabilização do quadro do humor e 
que devem ser identificadas (tricíclicos, esteroides, álcool e os estimulantes). 
 
 
 
Psicoterapia 
Sabe-se que a terapia cognitiva pode contribuir na adesão do tratamento e na 
prevenção das recaídas, tornando-se um valioso acessório para o tratamento 
farmacológico. Como relatado anteriormente, o Transtorno Bipolar não se limita 
meramente a um problema bioquímico, mas também, psicológico e social (envolve 
 
 
 
32 
dificuldades pessoais, familiares e sociais). Existem outros tipos de psicoterapias, 
como individual, grupal, de família, conjugal, entre outros, mas, o que importa é se 
está surtindo resultado na melhora do paciente e na sua qualidade de vida. 
 
TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO (TOC) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
<http://www.literattus.blogger.com.br/1mafalda.jpg>. 
 
Sou ou não sou um portador do TOC? Eis uma pergunta que você pode ter se 
feito eventualmente. Provavelmente, ouviu em algum programa de rádio ou TV, leu 
em alguma reportagem de jornal ou revista que lavar as mãos seguidamente, revisar 
várias vezes as portas, janelasou o gás antes de deitar, não gostar de segurar-se no 
corrimão do ônibus. Evitar usar as toalhas de mão utilizadas pelos demais membros 
da sua família, não conseguir tocar com a mão no trinco da porta de um banheiro 
público, ter medo de passar perto de cemitérios ou entrar em uma funerária, de deixar 
um chinelo virado. Assim como outros comportamentos semelhantes, podem, na 
verdade, constituir sintomas do chamado Transtorno Obsessivo-Compulsivo ou TOC. 
E você deve ter ficado com dúvidas quanto a ser ou não um portador. Medos e 
preocupações fazem parte do nosso dia a dia. Aprendemos a conviver com eles 
tomando certos cuidados. Fechamos as portas antes de deitar, lavamos as mãos 
antes das refeições ou depois de usar o banheiro, desligamos o celular antes da 
sessão de cinema ou verificamos eriodicamente o saldo bancário de nossa conta. 
http://www.literattus.blogger.com.br/1mafalda.jpg
 
 
 
33 
Esses mesmos comportamentos e preocupações, entretanto, podem se tornar 
claramente excessivos, quando repetidos inúmeras vezes em um curto espaço de 
tempo e quando acompanhados de grande aflição. 
É comum, ainda, pelo tempo que tomam, que comprometam as rotinas e o 
desempenho no trabalho. Isso configura o que, de forma convencional, chamamos de 
obsessões ou compulsões, sintomas característicos de um transtorno bem mais 
comum do que se imagina, o TOC. 
O TOC é um transtorno mental incluído pelo Manual Diagnóstico e Estatístico 
de Transtornos Mentais da Associação Psiquiátrica Americana (DSM-IV) entre os 
chamados transtornos de ansiedade. Manifesta-se sob a forma de alterações do 
comportamento (rituais ou compulsões, repetições, evitações), dos pensamentos 
(obsessões como dúvidas, preocupações excessivas) e das emoções (medo, 
desconforto, aflição, culpa, depressão). 
Sua característica principal é a presença de obsessões (pensamentos, imagens 
ou impulsos que invadem a mente e que são acompanhados de ansiedade ou 
desconforto) e das compulsões ou rituais (comportamentos ou atos mentais 
voluntários e repetitivos, realizados para reduzir a aflição que acompanha as 
obsessões). 
Dentre as obsessões mais comuns estão à preocupação excessiva com 
limpeza (obsessão) que é seguida de lavagens repetidas (compulsão). Outro exemplo 
são as dúvidas (obsessão), que são seguidas de verificações (compulsão). A 
obsessão está ligada aos pensamentos; já os atos ou comportamentos são 
denominados de comportamentos compulsivos. 
 
O que são obsessões? 
 
Obsessões são pensamentos ou impulsos que invadem a mente de forma 
repetitiva e persistente. Podem ainda ser imagens, palavras, frases, números, 
músicas, etc. Sentidas como estranhas ou impróprias, as obsessões geralmente são 
acompanhadas de medo, angústia, culpa ou desprazer. 
O indivíduo, no caso do TOC, mesmo desejando ou se esforçando, não 
consegue afastá-las ou suprimi-las de sua mente. Apesar de serem consideradas 
absurdas ou ilógicas, causam ansiedade, medo, aflição ou desconforto que a pessoa 
tenta neutralizar realizando rituais, compulsões, ou por meio de evitações (não tocar, 
 
 
 
34 
evitar certos lugares). 
 
As obsessões mais comuns envolvem: 
 preocupação excessiva com sujeira, germes ou contaminação; 
 dúvidas; 
 preocupação com simetria, exatidão, ordem, sequência ou alinhamento; 
 pensamentos, imagens ou impulsos de ferir, insultar ou agredir outras 
pessoas; 
 pensamentos, cenas ou impulsos indesejáveis e impróprios, 
relacionados a sexo (comportamento sexual violento, abusar sexualmente de 
crianças, falar obscenidades, etc.); 
 preocupação em armazenar, poupar, guardar coisas inúteis ou 
economizar; 
 preocupações com doenças ou com o corpo; 
 religião (pecado, culpa, escrupulosidade, sacrilégios ou blasfêmias); 
 pensamentos supersticiosos – preocupação com números especiais, 
cores de roupa, datas e horários (podem provocar desgraças); 
 palavras, nomes, cenas ou músicas intrusivas e indesejáveis. 
 
O que são compulsões ou rituais? 
 
Compulsões ou rituais são comportamentos ou atos mentais voluntários e 
repetitivos, executados em resposta a obsessões, ou em virtude de regras que devem 
ser seguidas rigidamente. Os exemplos mais comuns são lavar as mãos, fazer 
verificações, contar, repetir frases ou números, alinhar, guardar ou armazenar objetos 
sem utilidade, repetir perguntas, etc. 
As compulsões aliviam momentaneamente a ansiedade associada às 
obsessões, levando o indivíduo a executá-las toda vez que sua mente é invadida por 
uma obsessão. 
Por esse motivo se diz que as compulsões têm uma relação funcional (de aliviar 
a aflição) com as obsessões. E, como são bem sucedidas, o indivíduo é tentado a 
repeti-las, em vez de enfrentar seus medos, o que acaba por perpetuá-los, tornando-
se ao mesmo tempo prisioneiro dos seus rituais. 
Nem sempre as compulsões têm uma conexão realística com o que desejam 
 
 
 
35 
prevenir (por exemplo, alinhar os chinelos ao lado da cama antes de deitar para que 
não aconteça algo de ruim no dia seguinte; dar três batidas em uma pedra da calçada 
ao sair de casa, para que a mãe não adoeça). Nesse caso, por trás desses rituais 
existe um pensamento ou obsessão de conteúdo mágico, muito semelhante ao que 
ocorre nas superstições. 
Os dois termos (compulsões e rituais) são utilizados praticamente como 
sinônimos, embora o termo “ritual” possa gerar alguma confusão, na medida em que 
praticamente todas as religiões e diversos grupos culturais adotam comportamentos 
ritualísticos e contagens nas suas práticas: ajoelhar-se três vezes, rezar seis ave-
marias, ladainhas, rezar três ou cinco vezes ao dia, benzer-se ao passar diante de 
uma igreja. Existem rituais para batizados, casamentos, funerais, etc. 
Além disso, certos costumes culturais, como a cerimônia do chá entre os 
japoneses, o cachimbo da paz entre os índios, ou um funeral com honras militares, 
envolvem ritos que lembram as compulsões do TOC. Por esse motivo, há certa 
preferência para o termo “compulsão” quando se fala em TOC. 
 
As compulsões mais comuns são: 
 de lavagem ou limpeza; 
 verificações ou controle; 
 repetições ou confirmações; 
 contagens; 
 ordem, simetria, seqüência ou alinhamento; 
 acumular, guardar ou colecionar coisas inúteis (colecionismo), poupar ou 
economizar; 
 compulsões mentais: rezar, repetir palavras, frases, números; 
 diversas: tocar, olhar, bater de leve, confessar, estalar os dedos. 
 
 
Compulsões mentais: 
Algumas compulsões não são percebidas pelas demais pessoas, pois são 
realizadas mentalmente e não mediante comportamentos motores, observáveis. Elas 
têm a mesma finalidade: reduzir a aflição associada a um pensamento. 
Alguns exemplos: 
 repetir palavras especiais ou frases; 
 
 
 
36 
 rezar; 
 relembrar cenas ou imagens; 
 contar ou repetir números; 
 fazer listas; 
 marcar datas; 
 tentar afastar pensamentos indesejáveis, substituindo-os por 
pensamentos contrários. 
 
 
http://www.elciudadano.cl/imagenes/gt2.jpg. 
120 
 
 
 
 
 
ESQUIZOFRENIA 
 
Esquizofrenia é uma doença mental que afeta a capacidade da pessoa 
distinguir se as experiências vividas são ou não reais. Afeta ainda a capacidade de 
pensar logicamente, sentir emoções e sentimentos, e comportar-se em situações 
sociais. 
http://www.elciudadano.cl/imagenes/gt2.jpg
http://www.elciudadano.cl/imagenes/gt2.jpg
 
 
 
37 
Não há cura para a esquizofrenia, mas o tratamento controla os sintomas e 
ajuda a pessoa a ter uma vida parecida com a de quem não sofre da doença. Ou seja, 
pode trabalhar, namorar, ter amigos e divertir-se. 
A esquizofrenia é uma doença que tem início no fim da adolescência e começo 
da vida adulta (15 a 25 anos). Embora a frequência seja igual entre os sexos, pode 
começar mais tardiamente nas mulheres. 
Em torno de 1% da população mundial tem Esquizofrenia. 
Esquizofrenia é uma doença complexa, intrigante e sua causa ainda nãoé 
conhecida. 
Sabe-se que a hereditariedade é um fator importante – pessoas que têm um 
familiar com esquizofrenia têm maior chance de desenvolver a doença –, mas ainda 
não se sabe quais os genes envolvidos ou se a presença deles é suficiente para o 
desenvolvimento da esquizofrenia. 
Gêmeos idênticos têm 50% de chance de desenvolver a doença quando um 
deles já desenvolveu. 
Alguns pesquisadores acreditam que a esquizofrenia é resultado de uma 
combinação de fatores genéticos e ambientais. Certas pessoas nascem com essa 
tendência, mas o problema só aparece se expostas a determinados fatores 
ambientais. 
Não existe um consenso de quais seriam os fatores ambientais envolvidos, mas 
estudos sugerem que infecções, má nutrição na gravidez e complicações no parto 
podem contribuir posteriormente para o desenvolvimento da esquizofrenia. 
Os sintomas são variados e podem aparecer subitamente, embora, geralmente, 
a doença se manifeste em meses ou anos. 
Inicialmente os sintomas podem não ser evidentes, e são confundidos com 
alterações próprias da idade ou com de outras doenças psiquiátricas. 
Os indivíduos começam a perceber que há algo estranho, mas muitas vezes 
são incapazes de contar para seus familiares. 
Podem relatar que estão mais tensos, tendo dificuldade de concentração ou 
para dormir, começam a isolar-se das pessoas, não conseguem mais ficar com os 
amigos e param de estudar ou trabalhar. Com a progressão da doença, aparecem os 
sintomas mais característicos da psicose (perda da noção da realidade). 
 
Mudanças na percepção do pensamento: 
 
 
 
38 
a) delírios – são crenças não verdadeiras, baseadas em uma inferência 
incorreta sobre a realidade exterior, apesar de provas e evidências contrárias. O 
paciente pode sentir que seus pensamentos são influenciados, controlados, inseridos 
ou transmitidos para 
 
fora da cabeça. Os eventos normais do dia a dia passam a ter significado 
diferente. O indivíduo pode sentir-se perseguido ou discriminado e achar que tem 
poderes ou atributos especiais. Pode sentir que seu corpo está mudando ou que 
recebe influências de forças externas; 
b) alucinações – são falsas percepções na ausência de um estímulo externo, 
mas com as qualidades de uma verdadeira percepção. Isto é, eles podem ver, ouvir e 
sentir coisas que não estão realmente no local. As alucinações podem ser auditivas, 
visuais, táteis, olfativas, gustativas ou uma combinação de todas: 
 auditivas – são as mais comuns em esquizofrenia e podem ocorrer 
na forma de barulhos, músicas ou mais frequentemente como vozes. Essas vozes 
podem ser sussurradas, ou claras e distintas, podem falar entre si ou ser uma única 
voz. Podem comentar o comportamento da pessoa e, às vezes, podem dar ordens; 
 visuais – podem ser simples ou complexas, podendo envolver 
fachos de luz, pessoas ou coisas; 
 olfativas e gustativas – ocorrem em geral juntas como cheiros ou 
gostos ruins; 
 táteis – o paciente tem a sensação de ser tocado ou picado, ou 
ainda sensações elétricas como se insetos estivessem rastejando sobre a pele. 
c) distúrbios formais do pensamento – os pensamentos mudam de assunto 
completamente e esta alteração aparece na fala da pessoa. 
 
 
 
Transtornos de comportamento e motor 
 
Muitos pacientes apresentam diminuição de iniciativa, transtornos motores e 
alterações no comportamento social. Um paciente pode ficar parado por um longo 
período de tempo ou engajar-se em uma atividade repetitiva sem finalidade. 
Os extremos podem incluir o estupor catatônico, situação na qual o paciente 
 
 
 
39 
fica imóvel por um período longo, ou o excitamento catatônico, quando o indivíduo 
apresenta atividade motora incontrolável e sem objetivo. 
Outras alterações motoras são estereotipias (movimentos repetidos sem 
objetivo aparente) e maneirismos (atividades normais, mas fora de contexto). 
Geralmente a deterioração do comportamento social ocorre junto com o 
isolamento social. Os indivíduos podem negligenciar seus cuidados pessoais, vestir 
roupas sujas ou inapropriadas, e suas coisas e ambientes permanecerem 
descuidados e desarrumados. 
Podem ainda desenvolver comportamentos que contrariam as convenções 
sociais como falar obscenidades em público ou apresentar maneiras rudes à mesa. 
Podem ser encontrados nas ruas marchando, falando alto e gesticulando. 
Esse descuido com a higiene pessoal e comportamentos excêntricos podem 
dificultar ainda mais a aproximação de familiares, amigos e estranhos. Essa situação 
corrobora ainda mais a certeza, desses pacientes, de que as pessoas não gostam 
deles. 
 
Transtornos do afeto 
 
A diminuição da resposta emocional já foi considerada um sintoma 
característico da esquizofrenia. Muitos pacientes são indiferentes ou apáticos, evitam 
o contato com olhar, apresentam ausência na inflexão na voz, mudanças na 
expressão facial e os movimentos espontâneos e os gestos expressivos podem estar 
diminuídos. Com frequência perdem a capacidade de sentir prazer e podem 
descrever-se como vazios de emoção. 
 
Reações dos pacientes aos sintomas 
 
A pessoa com esquizofrenia altera seu entendimento do mundo na tentativa de 
explicar as experiências vividas. Devido às experiências serem incomuns, as 
explicações também são. É difícil explicar para alguém o fenômeno de ouvir vozes. 
Pacientes mais crônicos, que já apresentam dificuldades de relacionamento social, 
ficam isolados e muitas vezes envolvidos em suas próprias fantasias. 
Podem imaginar que outras pessoas tentam prejudicá-los, não estão 
interessadas nele ou querem criticá-lo. 
 
 
 
40 
Alternativamente, os pacientes podem experienciar reações negativas de 
outras pessoas durante os episódios psicóticos, o que pode pesar ainda mais na sua 
imaginação. Percebem ainda que não são mais competentes no trabalho. Ele pode 
ter sido um bom estudante durante anos ou um trabalhador devotado e competente, 
mas após a doença percebe que houve diminuição de sua performance. 
A experiência de estar “louco” é uma das mais dolorosas e significativas. 
Quando os pensamentos tornam-se desorganizados, quando as decisões estão 
bloqueadas, quando as emoções inexplicadas e não esperadas aparecem, há uma 
conscientização do clima de horror, de que mente está fazendo armadilhas e que foi 
embora seu modo usual de agir. 
A experiência da psicose faz com que o paciente mude o conceito a respeito 
de sua própria mente. A experiência do distúrbio faz com que a pessoa desacredite 
nos seus processos de pensamento, mesmo quando estes voltam ao normal. 
O paciente perde a fé de que possa pensar propriamente. Após a psicose, ele 
tem conhecimento de que alucinou e, por algum tempo ou para sempre, ele não será 
capaz de reagir normalmente aos sons estranhos e ocasionais que podem ser ouvidos 
em locais e horas não esperados. 
 
Tratamento 
O tratamento da esquizofrenia envolve vários tipos de profissionais que 
trabalham em equipe. 
 
Os objetivos da equipe de saúde são: 
 controlar os sintomas da doença tentando minimizar os efeitos deletérios 
da medicação; 
 prevenir riscos de suicídio e crise paranoide; 
 evitar hospitalizações; 
 desencorajar o paciente ao uso indiscriminado da emergência médica; 
 cuidar da saúde geral do paciente; 
 melhorar sua qualidade de vida e dar à família suporte emocional. 
Talvez o fator mais importante para cumprir esses objetivos seja assegurar que 
o paciente faça o tratamento. Devido ao isolamento social, ideias paranoides, negação 
da doença e desconforto com os efeitos colaterais das drogas, muitos pacientes 
abandonam o tratamento. 
 
 
 
41 
 
Tratamento farmacológico: 
Antipsicóticos “típicos” ou clássicos são aquelas medicações que tendem a 
produzir sintomas extrapiramidais (EPS). Esses agentes têm sido as principais drogas 
na farmacoterapia da esquizofrenia por mais de um quarto de século. 
Os sintomas que respondem melhor aos antipsicóticos típicossão os 
chamados sintomas positivos, como delírios e alucinações. Já nos sintomas 
negativos, além de não responderem tão bem, podem ser acentuados com seu uso. 
A maioria dos autores divide o tratamento farmacológico da esquizofrenia em 
duas fases: aguda e manutenção ou profilática. 
 
Fase aguda 
 
Envolvem a tentativa de aliviar os sinais e sintomas associados como delírios, 
alucinações, alterações formais do pensamento e do comportamento. Apesar da 
variação das doses utilizadas na prática clínica, as doses recomendadas para a fase 
aguda situam-se em 600-700 mg de clorpromazina ou equivalente/dia ou 5-20 mg/dia 
de haloperidol ou flufenazina. 
A administração de altas doses de antipsicótico (neuroleptização rápida) no 
tratamento de pacientes agudos não é indicada devido à falta de estudos controlados, 
demonstrando que essa medida é mais eficaz no controle de sintomas psicóticos. 
Após a remissão dos sintomas, diminui-se a dose e avalia-se a necessidade de 
tratamento em longo prazo com antipsicóticos. 
Se a medicação for suspensa, o médico deve estar atento a algum sinal de 
recidiva e, em caso de nova crise psicótica, a medicação deve ser introduzida por 
tempo indefinido. 
 
 
Fase de manutenção ou profilática 
 
Esquizofrenia é uma doença que dura a vida toda, como diabetes ou 
hipertensão. A maioria das pessoas com esquizofrenia necessitará de cuidados 
médicos e medicação pelo resto de suas vidas. 
As medicações antipsicóticas não curam a esquizofrenia, somente controlam 
 
 
 
42 
os sintomas da doença. Ou seja, se o paciente deixar de tomar a medicação pode 
sofrer uma recaída. 
Algumas pessoas, mesmo tomando a medicação regularmente, podem ter uma 
recaída dos sintomas psicóticos. 
É muito importante que elas possam reconhecer que esses sintomas estão 
voltando, e procurar ajuda imediatamente. Antes do aparecimento de sintomas como 
delírios ou alucinações, é comum aparecerem sintomas menos específicos como 
irritabilidade, insônia e depressão. 
Os familiares devem estar atentos a mudanças sutis que possam ocorrer com 
seu familiar doente, pois a intervenção médica precoce pode impedir a recaída. 
Enquanto essa necessidade de tratamento por longo tempo é bem reconhecida 
pelo médico, frequentemente não é bem aceita pelo paciente. 
Muitos estudos mostram quão inconstantes e não confiáveis eles podem ser 
em relação à medicação. Interrompem porque se sentem bem, e não entendem 
porque devem continuar tomando o remédio; ou ainda, porque os efeitos colaterais 
são muito desagradáveis. 
A introdução dos antipsicóticos de ação prolongada, de uso injetável, 
possibilitou uma maior adesão desses pacientes ao tratamento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
126 
HIPERATIVIDADE E DÉFICIT DE ATENÇÃO 
 
 
 
43 
 
http://Www.Plenarinho.Gov.Br/Educacao/Imagens/Escolha-A-Escola-Certa/04.Jpg. 
 
A hiperatividade, denominada também como desordem do déficit de atenção, 
pode afetar crianças, adolescentes e até mesmo alguns adultos. Os sintomas variam 
de brandos a graves e podem incluir problemas de linguagem, memória e habilidades 
motoras. 
Embora a criança hiperativa tenha muitas vezes uma inteligência normal ou 
acima da média, o estado é caracterizado por problemas de aprendizado e 
comportamento. Os professores e pais da criança hiperativa devem saber lidar com a 
falta de atenção, impulsividade, instabilidade emocional e hiperativa incontrolável da 
criança. 
O comportamento hiperativo pode estar relacionado a uma perda da visão ou 
audição, a um problema de comunicação, como a incapacidade de processar 
adequadamente os símbolos e ideias que surgem, estresse emocional, convulsões ou 
distúrbios do sono. 
Também pode estar relacionado a paralisia cerebral, intoxicação por chumbo, 
abuso de álcool ou drogas na gravidez, reação a certos medicamentos ou alimentos 
e complicações de parto, como privação de oxigênio ou traumas durante o 
nascimento. 
Esses problemas devem ser descartados como causa do comportamento antes 
de tratar a hiperatividade da criança. 
O verdadeiro comportamento hiperativo interfere na vida familiar, escolar e 
social da criança. As crianças hiperativas têm dificuldade em prestar atenção e 
aprender. Como são incapazes de filtrar estímulos, são facilmente distraídas. Essas 
crianças podem falar muito, alto demais e em momentos inoportunos. 
http://www.plenarinho.gov.br/Educacao/Imagens/Escolha-A-Escola-Certa/04.Jpg
 
 
 
44 
As crianças hiperativas estão sempre em movimento, sempre fazendo algo e 
são incapazes de ficar quietas. São impulsivas. Não param para olhar ou ouvir. Devido 
à sua energia, curiosidade e necessidade de explorar surpreendentes e, 
aparentemente infinitas, são propensas a se machucar e a quebrar e danificar coisas. 
As crianças hiperativas toleram pouco, as frustrações. Elas discutem com os 
pais, professores, adultos e amigos. Fazem birras e seu humor flutua rapidamente. 
Essas crianças também tendem a ser muito agarradas às pessoas. 
Precisam de muita atenção e tranquilização. É importante para os pais 
perceberem que as crianças hiperativas entenderam as regras, instruções e 
expectativas sociais. O problema é que elas têm dificuldade em obedecê-las. Esses 
comportamentos são acidentais e não propositais. Para a criança hiperativa e sua 
família, uma ida a um parque de diversão ou supermercado pode ser desastrosa. Há 
simplesmente muita coisa acontecendo – muito estímulo ao mesmo tempo. 
Devido à sua incapacidade de concentrar-se e ao constante bombardeamento 
de estímulos, a criança hiperativa pode ficar estressada. 
A criança hiperativa pode ter muitos problemas. Apesar da “dificuldade de 
aprendizado”, essa criança é geralmente muito inteligente. Sabe que determinados 
comportamentos não são aceitáveis. Mas, apesar do desejo de agradar e de ser 
educada e contida, a criança hiperativa não consegue se controlar. Pode ser frustrada, 
desanimada e envergonhada. 
Ela sabe que é inteligente, mas não consegue desacelerar o sistema nervoso, 
a ponto de utilizar o potencial mental necessário para concluir uma tarefa. 
A criança hiperativa muitas vezes se sente isolada e segregada dos colegas, 
mas não entende por que é tão diferente. 
Fica perturbada com suas próprias incapacidades. Sem conseguir concluir as 
tarefas normais de uma criança na escola, no playground ou em casa, a criança 
hiperativa pode sofrer de estresse, tristeza e baixa autoestima. 
Um especialista em comportamento infantil pode ajudá-lo a distinguir entre a 
criança normalmente ativa e enérgica e a criança realmente hiperativa. As crianças, 
até mesmo as menores, podem correr, brincar e agitarem-se felizes durante horas 
sem cochilar, dormir ou demonstrar qualquer cansaço. 
Para garantir que a criança realmente hiperativa seja tratada adequadamente 
– e evitar o tratamento inadequado de uma criança normalmente ativa – é importante 
que seu filho receba um diagnóstico preciso. 
 
 
 
45 
Durante a primeira ou a segunda consulta médica, a criança hiperativa pode se 
comportar de forma quieta e educada. Sabendo o que é esperado, pode se 
transformar em uma criança “modelo”. Esteja preparado para descrever, de forma 
precisa e objetiva, o comportamento do seu filho em casa e nas atividades sociais. Se 
seu filho está encontrando dificuldade na escola, peça ao professor que converse com 
o médico ou envie-lhe um relatório por escrito. 
Podem precisar de várias consultas antes que o comportamento hiperativo 
torne-se aparente. Não se preocupe. Um especialista em crianças, geralmente, pode 
realizar um diagnóstico preciso. 
Ao tratar da criança hiperativa, sua meta é ajudá-la a fazer o melhor possível, 
em casa, na escola, e com os amigos. Lembre-se sempre de que seu filho está lutando 
com todas as forças para superar uma deficiência do sistema nervoso. Explique, se 
preciso for, mas não se sinta envergonhado ou culpado quando seu filho não se 
comportar bem.Os pais da criança hiperativa merecem muita consideração. 
É preciso muita paciência – e vigor – para amar e apoiar a criança hiperativa 
em todos os desafios e frustrações inerentes à doença. Os pais da criança hiperativa 
estão sempre preocupados e atentos, sempre “em alerta”. Consequentemente, é fácil 
sentirem-se cansados, abatidos e frustrados. É de importância vital para os pais da 
criança hiperativa, serem bons consigo mesmos, descansar quando apropriado, além 
de buscar e aceitar o apoio para eles e para o filho. 
 
Tratamento convencional 
 
Antes de qualquer tratamento, um exame físico deve ser feito para descartar 
outras causas para o comportamento do seu filho, tais como infecção crônica do 
ouvido médio, sinusite, problemas visuais ou auditivos ou outros problemas 
neurológicos. 
O metilfenidato é o medicamento mais comumente receitado para 
hiperatividade. É um estimulante que tem efeito paradoxal de acalmar o sistema 
nervoso e aumentar a capacidade da criança hiperativa de prestar atenção. 
Contudo, não deixe de verificar com seu médico antes de parar de dar esse 
medicamento a seu filho. A tioridazina é um tranquilizante ao qual se pode recorrer se 
a criança for extremamente agressiva e, nesse caso, apenas nas situações mais 
 
 
 
46 
difíceis. 
Na maioria das circunstâncias, o medicamento para a hiperatividade pode ser 
interrompido durante o verão e retomado quando as aulas começarem novamente, 
após as férias. 
Essa conduta pode limitar alguns dos efeitos colaterais prolongados desses 
medicamentos. Após um verão sem medicamento, talvez seja útil deixar que seu filho 
frequente as primeiras semanas de aula sem qualquer medicação. Considere esse 
período como um teste para determinar se seu filho pode passar sem o medicamento 
(converse sempre com seu médico antes de descontinuar qualquer tratamento, 
durante qualquer período de tempo). 
 
Psicoterapia e Psicopedagogia 
 
Essas disciplinas ajudam a criança a entender o problema contra o qual está 
lutando, a estabelecer metas e padrões e reconhecer e avaliar seu comportamento. 
Podem ser de grande valia. 
Esses programas ensinam controles internos que podem ser usados em várias 
situações. Seu filho aprenderá a oferecer recompensas pelos seus feitos e aprenderá 
a partir dos seus erros. 
Coopere com seu médico ou terapeuta para desenvolver programas de 
modificação comportamental. É importante que o programa seja claro, facilmente 
entendido e executado por todos que dele participam – pela criança bem como pelos 
adultos. 
É essencial que essas intervenções sejam realizadas com cautela e boa 
vontade, em um ambiente calmo e carinhoso. A criança deve participar com 
disposição. Certifique-se de que os dois tenham entendido que esses programas 
objetivam ajudar e não punir. 
Desenvolva uma rotina estável em casa. Para diminuir a confusão e a 
quantidade de estímulos diários, defina horários específicos para comer e dormir. 
Experimente atribuir uma tarefa pequena e rápida e insista delicadamente para 
que seja concluída. Em seguida, não deixe de agradecer e elogiar seu filho quando a 
tarefa tiver sido concluída. 
Faça com que a criança participe de projetos que ela goste para ajudá-la a 
concentrar-se. 
 
 
 
47 
Aprender a concentrar-se alterará sua resposta ao mundo, gradativamente. 
Lembre-se sempre de que, além de ter um desequilíbrio do sistema nervoso que 
transforma em tortura o simples ato de permanecer sentado, a criança hiperativa e 
inteligente entedia-se facilmente. 
Cooperar com o hiperativo para ajudá-lo a realmente concluir um projeto. 
Concluir um projeto oferecerá uma ideia de competência e maior autoestima. O 
domínio e conclusão de uma tarefa requerem elogios. 
Busque terapia para você e seu cônjuge. Para ajudar a diminuir os sentimentos 
de frustração e isolamento, os pais da criança hiperativa precisam de informação e 
apoio. 
Busque auxílio; certamente encontrará. Você aprenderá a apoiar seu filho e a 
ficar calmo e próximo, mesmo quando a situação parecer fora de controle. Você 
também aprenderá que é importante que os pais tirem férias sem se sentirem 
estressados ou culpados por deixarem uma criança “difícil” com outras pessoas 
competentes. Nunca é demais enfatizar a necessidade dos pais terem uma folga. Tire 
uma tarde, uma noite ou um fim de semana. Entre em contato com uma pessoa que 
possa tomar conta do seu filho. Ligue para seus pais e amigos. 
Se você não fizer isso para o seu próprio bem, faça por seu filho. Provavelmente 
você voltará se sentindo renovado, mais calmo e carinhoso. 
 
Atividades físicas 
 
São fundamentais, principalmente aquelas que mantêm a criança em contato 
com a água, como a hidroginástica e a natação. É importante saber que a água exerce 
um efeito calmante. Práticas como a yoga e o tai-chi-chuan também são interessantes, 
pois treinam a mente para que fique quieta. 
 
Alguns cuidados importantes 
 
Durante a gestação, mantenha a exposição a chumbo ambiental ao mínimo 
possível e elimine álcool. Os dois têm sido relacionados à hiperatividade. 
Não deixe que seu filho se exponha ao chumbo. As fontes mais comuns de 
exposição ao chumbo são tinta à base de chumbo, água potável e cerâmica mal 
esmaltada. 
 
 
 
48 
131 
Alguns fatos sobre a hiperatividade 
 
Há um equívoco muito grande, principalmente nas escolas, em “diagnosticar” 
crianças como sendo hiperativas. Embora muitos pais de crianças enérgicas 
perguntem aos médicos sobre a hiperatividade, ela não é problema comum. Agitação 
não é sinônimo de hiperatividade. Ansiedade também não. Tampouco problemas de 
concentração. É fundamental procurar um psicólogo, de preferência especialista em 
Psicopedagogia ou Psicologia Escolar. 
De acordo com um artigo publicado no British Journal of Psychiatry, apenas 3% 
das crianças são realmente diagnosticadas com a desordem do déficit de atenção. A 
hiperatividade é dez vezes mais comum nos meninos do que nas meninas. A causa 
ou causas exatas da hiperatividade são desconhecidas. 
Os profissionais de saúde teorizam que a desordem pode ser resultado de: 
fatores genéticos; desequilíbrio químico; lesão ou doença na hora do parto ou depois 
do parto; ou um defeito no cérebro ou sistema nervoso central, resultando no mau 
funcionamento do mecanismo responsável pelo controle das capacidades de atenção 
e filtragem de estímulos externos. 
Metade das crianças hiperativas tem menos problemas comportamentais 
quando seguem uma dieta livre de substâncias como flavorizantes, corantes, 
conservantes, glutamato monossódico, cafeína, açúcar e chocolate e mantém 
psicoterapia associada a atividades físicas, ou seja, o tratamento deve ser 
multidisciplinar. 
 
AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 
 
Muitas pessoas confundem a aplicação de testes com avaliação psicológica. A 
avaliação psicológica pode envolver técnicas de dinâmica de grupo, entrevistas, 
questionários, levantamento do histórico de vida e tudo o mais que tenha como 
objetivo avaliar – no sentido de analisar, compreender, esclarecer – a dinâmica dos 
processos psicológicos representativos de um indivíduo. Sendo, portanto, muito mais 
complexa que a simples aplicação de testes psicológicos. 
A depender dos objetivos da avaliação, que pode ser diagnóstica, de emprego, 
demissional, ela pode durar várias sessões. Um grande engano cometido por quem 
 
 
 
49 
necessita de uma avaliação é que imagina que ela pode ser realizada em 15 minutos, 
por exemplo. Puro engano. Para se chegar a um diagnóstico mais preciso, o psicólogo 
necessita realizar um levantamento minucioso. 
A avaliação psicológica deve ser utilizada em todo e qualquer setor da 
sociedade em que se necessite conhecer melhor o funcionamento da psique humana, 
visando orientar ou tomar certas decisões relativas à pessoa em questão (PELLINI, 
2000). 
Encontram-se referências precisas de que desde o século XIX já se realizava 
avaliação psicológicaem vários países e no Brasil, obviamente de forma diferente dos 
modelos conhecidos atualmente. 
No Brasil, a avaliação psicológica começou a ser praticada mais 
sistematicamente nas décadas de 50 e 60, porém, já na década de 20 foram 
realizados trabalhos acadêmicos e criados institutos para a realização de processos 
de seleção de pessoal nos setores públicos e privados, destacando-se as empresas 
do segmento de transporte coletivo. 
Com a regulamentação da Psicologia na década de 60, houve um aumento 
significativo de profissionais e de empresas interessadas em investir na área de 
recrutamento e seleção, passando a compor setores e a contratar psicólogos que 
realizassem avaliação psicológica em candidatos, tendo o intuito de aumentar as 
probabilidades de “acerto”, isto é, de selecionarem “a pessoa certa para o lugar certo”. 
As décadas de 80 e 90 foram promissoras para a área. Entretanto, se por um 
lado havia a utilização maciça de testes psicológicos nas avaliações para seleção de 
pessoal, por outro, não se encontravam instrumentos adaptados ou criados 
especificamente para esse fim. 
Visualiza-se, atualmente, um panorama no qual houve uma redução 
significativa da utilização dos testes psicológicos devido às rigorosas exigências de 
qualidade dos instrumentos, trazendo maior segurança ao profissional que se embasa 
em seus resultados para tomar decisões estratégicas e, não raramente, de maneira 
decisiva no direcionamento da vida das pessoas. 
Tanto no setor da Psicologia Clínica quanto no da Psicologia Organizacional, 
onde se pode fazer uso da Avaliação Psicológica, contar com os resultados obtidos a 
partir de testes é de grande importância, pois traz ao avaliador dados não facilmente 
perceptíveis de outro modo a respeito do candidato, além de poder confirmar aspectos 
percebidos durante a entrevista e dinâmica de grupo, se for o caso. Praticada de 
 
 
 
50 
modos diferentes de acordo com cada objetivo, a ferramenta contribui de forma 
decisiva para o diagnóstico do candidato ou paciente. 
A avaliação psicológica não se reduz à aplicação de testes. Além de testes, a 
avaliação compreende técnicas de dinâmica de grupo, entrevistas, observação de 
comportamento e uma anamnese bem-feita, ou seja, investigação da vida social, 
familiar, física e emocional do paciente, com análise criteriosa do histórico de vida. 
 
Na prática134 
 
 
https://www.secad.com.br/blog/medicina/anamnese-medica-saiba-como-fazer-
e-entenda-sua-importancia/ 
De maneira geral, uma avaliação psicológica se constitui por uma entrevista 
individual, às vezes substituída ou acrescida de uma dinâmica de grupo, e um teste 
para avaliação da personalidade. Outros testes, de habilidades ou aptidões 
específicas, são acrescentados ao conjunto de técnicas de avaliação, conforme o 
objetivo e a área de atuação do profissional. 
O objetivo maior é o de diagnosticar cada pessoa, conhecer suas competências 
individuais e, para isso, o teste psicológico ainda é o melhor instrumento de que se 
dispõe, embora jamais único no processo, pois além de resultar em dados confiáveis, 
já que suas características psicométricas são comprovadas cientificamente. Ele 
permite que o psicólogo tenha uma visão total da pessoa, que consiga definir quais 
são as suas competências ou características mais vantajosas e quais aquelas em que 
precisaria investir um pouco mais. 
Em um processo de seleção, por exemplo, tais informações permitem ao 
psicólogo indicar com maior segurança pessoas para cargos específicos e orientar as 
 
 
 
51 
lideranças sobre como lidar com seus colaboradores e no que efetivamente investir 
para obter maior desenvolvimento e melhores resultados. 
Da mesma forma, em treinamento e desenvolvimento, uma avaliação 
psicológica traz subsídios suficientes para que um programa seja encaminhado 
considerando as especificidades individuais e grupais, podendo até, com isso, gerar 
um redirecionamento das estratégias adotadas. Há pouco tempo, algumas 
empresas procuravam premiar colaboradores tecnicamente bons com uma promoção 
para cargos de chefia, sem outro critério senão a satisfação com o desempenho desse 
funcionário, ou seja, sem uma avaliação que pudesse assegurar que essa pessoa 
tivesse características condizentes com posições de liderança, além de sua 
competência técnica. 
O resultado final geralmente era desastroso para o colaborador e para a 
empresa. Por não ser um líder e necessitar desenvolver as competências de liderança, 
não se saía bem na nova função. Como nem sempre é possível a pessoa retornar ao 
cargo anterior, a empresa contava com duas opções: mantê-lo no cargo e arcar com 
consequências indesejáveis ou então demiti-lo. Prejuízo para ambos. 
Para um planejamento de carreira, a realização de uma avaliação psicológica 
também se torna decisiva, visto que norteará todo o programa a ser desenvolvido com 
o profissional, especificando as características psicológicas a serem desenvolvidas 
para que ele possa futuramente ascender em uma hierarquia com sucesso. 
No momento atual, o foco das empresas, seja qual for o seu negócio, é cada 
vez mais seus recursos humanos e sabe-se que o sucesso da empresa deve-se ao 
conhecimento e ao investimento em pessoas. A avaliação psicológica, científica e 
ética, apoiada em instrumentos e testes fidedignos, contribui essencialmente para 
essa finalidade. 
Em se tratando da Psicologia Clínica, a avaliação psicológica é usada para fins 
diagnósticos, ou seja, para avaliar a saúde emocional do paciente e verificar se ele é 
portador de algum transtorno. Vale ressaltar que nem sempre a queixa inicial é a 
responsável pelo sofrimento psíquico de uma pessoa, mas a constatação disso só se 
verifica depois de uma avaliação psicológica. 
 
Entrevista psicológica 
 
Existem vários tipos de entrevistas e são vários os profissionais que dela se 
 
 
 
52 
utilizam. Com o psicólogo não é diferente. Ele utiliza esse instrumento para elaborar 
diagnósticos, durante avaliações e em prognóstico, ou seja, quando, durante uma 
entrevista devolutiva, por exemplo, mostra as probabilidades futuras de um quadro 
psicológico atual. 
É bem verdade que a entrevista psicológica sofreu algumas modificações no 
início do século XIX, quando predominava o modelo médico. Naquela época, 
Kraepelin usava a entrevista com o objetivo de detalhar o comportamento do paciente, 
e, assim, poder identificar as síndromes e as doenças específicas que as 
classificavam segundo a nosografia vigente. (SILVA, 2007). 
Enquanto isso, Meyer, psiquiatra americano, se interessava pelo enfoque 
psicobiológico (aspectos biológicos, históricos, psicológicos e sociais) do entrevistado. 
A partir de Hartman e Anna Freud o interesse da entrevista se deslocou para as 
defesas do paciente. Isto é, a Psicanálise teve sua influência na investigação dos 
processos psicológicos, sem enfatizar o aspecto diagnóstico, antes valorizado. 
Nos anos 50, Deutsch e Murphy apresentaram sua técnica denominada Análise 
Associativa que considerava importante registrar não somente o que o paciente dizia, 
mas, também, em fornecer informações sobre ele. Desse modo, desviou-se o foco 
sobre o comportamento psicopatológico para o comportamento dinâmico. Ainda 
naquela década, Sullivan concebeu a entrevista como um fenômeno sociológico, uma 
díade de interferência mútua. 
Após esse período, a entrevista e o aconselhamento psicológicos se deixaram 
influenciar, entre outros, por Carl Rogers, cuja abordagem consiste em centrar no 
paciente. Ou seja, em procurar compreender, de acordo com o seu referencial, 
significados e componentes emocionais, tendo como base a sua aceitação 
incondicional por parte do entrevistador. 
 
 
 
Definição de entrevista psicológica 
 
 
 
53 
 
http://www.institutouniao.com.br/imagens. 
 
A entrevista psicológica é um processo bidirecional de interação, entre duas ou 
mais pessoas com o propósitopreviamente fixado no qual uma delas, o entrevistador, 
procura saber o que acontece com a outra, o entrevistado, procurando agir conforme 
esse conhecimento (WIENS apud NUNES, in CUNHA, 1993). 
Enquanto técnica, a entrevista tem seus próprios procedimentos empíricos por 
meio dos quais não somente se amplia e se verifica, mas, também, simultaneamente, 
absorve os conhecimentos científicos disponíveis. Nesse sentido, Bleger (1960) define 
a entrevista psicológica como sendo “um campo de trabalho no qual se investiga a 
conduta e a personalidade de seres humanos”. 
Outra definição caracteriza a entrevista psicológica como sendo “uma forma 
especial de conversão, um método sistemático para entrar na vida do outro, na sua 
intimidade” (RIBEIRO, 1988, p. 154). Enfim, Gil (1999, p. 117) compreende a 
entrevista como uma forma de diálogo assimétrico, em que uma das partes, busca 
coletar dados e a outra se apresenta como fonte de informação. 
A entrevista psicológica pode ser também um processo grupal, isto é, com um 
ou mais entrevistadores e/ou entrevistados. No entanto, esse instrumento é sempre 
em função da sua dinâmica, um fenômeno de grupo, mesmo que seja com a 
participação de um entrevistado e de um entrevistador (SILVA, 2007). 
 
Os objetivos da entrevista 
 
http://www.institutouniao.com.br/imagens
 
 
 
54 
Com base nos critérios que objetivaram a entrevista em saúde mental, pode-se 
classificar a entrevista quanto aos seguintes objetivos: 
a) diagnóstica – visa estabelecer o diagnóstico e o prognóstico do paciente, 
bem como as indicações terapêuticas adequadas. Assim, faz-se necessário uma 
coleta de dados sobre a história do paciente e sua motivação para o tratamento. 
Quase sempre, a entrevista diagnóstica é parte de um processo mais amplo de 
avaliação clínica que inclui testagem psicológica; 
b) psicoterápica – procura colocar em prática estratégia de intervenção 
psicológica nas diversas abordagens – rogeriana (C. Rogers), jungiana (C. Jung), 
gestalt (F. Perls), bioenergética (A. Lowen), logoterapia (V. Frankl) e outras –, para 
acompanhar o paciente, esclarecer suas dificuldades, tentando ajudá-lo a solucionar 
seus problemas; 
c) de encaminhamento – logo no início da entrevista, deve ficar claro para 
o entrevistado, que ela tem como objetivo indicar seu tratamento, e que este não será 
conduzido pelo entrevistador. Devem-se obter informações suficientes para se fazer 
uma indicação e, ao mesmo tempo, evitar que o entrevistado desenvolva um vínculo 
forte, uma vez que pode dificultar o processo de encaminhar; 
d) de seleção – o entrevistador deve ter um conhecimento prévio do currículo 
do entrevistado, do perfil do cargo, deve fazer uma sondagem sobre as informações 
que o candidato tem a respeito da empresa, e destacar os aspectos mais significativos 
do examinando em relação à vaga pleiteada, etc.; 
e) de desligamento – identifica os benefícios do tratamento por ocasião da 
alta do paciente, examina junto com ele os planos da pós-alta ou a necessidade de 
trabalhar algum problema ainda pendente. Essa entrevista também é utilizada com o 
funcionário que está deixando a empresa, e tem como objetivo obter um feedback 
sobre o ambiente de trabalho, para providências, intervenções do psicólogo em caso, 
por exemplo, de alta rotatividade de demissão em um determinado setor; 
f) de pesquisa – investiga temas em áreas das mais diversas ciências, 
somente se realiza a partir da assinatura do entrevistado ou paciente, do documento 
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Resolução CNS no 196/96), no qual 
estará explícita a garantia ao sigilo das suas informações e identificação, e liberdade 
de continuar ou não no processo. 
 
A sequência temporal das entrevistas diagnósticas: 
 
 
 
55 
 
140http://www.corporal.com.br/segura/imagens_arquivos/quadrodefiguras.jpg. 
 
Essa sequência pode ser subdividida em: entrevista inicial; entrevistas 
subsequentes e entrevista de devolução, caracterizadas de forma diferente, e 
mostrando objetivos distintos conforme o momento em que elas ocorram (GOLDER, 
2000). 
 
a) Entrevista inicial 
É a primeira entrevista de um processo de psicodiagnóstico. Semidirigida, 
durante a qual o sujeito fica livre para expor seus problemas. Segundo Fiorini (1987, 
p. 63), o empenho do terapeuta nessa primeira entrevista pode ter uma influência 
decisiva na continuidade ou no abandono do tratamento. Pinheiro (2004) salienta que 
essa entrevista ocorre em um certo contexto de relação constantemente negociada. 
O termo negociação se refere ao posicionamento definido como “um processo 
discursivo, através do qual [...] são situados numa conversação como participantes 
observáveis, subjetivamente coerentes em linhas de histórias conjuntamente 
produzidas” (DAVIES; HARRÉ apud PINHEIRO, 2004, p.186). 
Essa entrevista, geralmente, inicia-se com a chamada telefônica de outro 
técnico, encaminhando o entrevistado para a avaliação psicodiagnóstica, ou com a 
chamada do próprio entrevistado. Tem como objetivos discutir expectativas, clarear 
http://www.corporal.com.br/segura/imagens_arquivos/quadrodefiguras.jpg
 
 
 
56 
as metas do trabalho, e colher informações sobre o entrevistado, que não poderiam 
ser obtidas de outras fontes (SILVA, 2007). 
As primeiras impressões sobre o entrevistado, sua aparência, comportamento 
durante a espera, são dados que serão analisados pelo entrevistador, e que podem 
facilitar o processo de análise do caso. Para Gilliéron (1996), a primeira entrevista 
deve permitir conhecer: 
 o modo de chegada do paciente à consulta (por si mesmo, enviado por 
alguém ou a conselho de alguém, etc.); 
 o tipo de relação que o paciente procura estabelecer com o seu 
terapeuta; 
 as queixas iniciais verbalizadas pelo paciente, em particular a maneira 
pela qual ele formula seu pedido de ajuda (ou sua ausência de pedido). 
A partir dessas impressões e expectativas, entrevistador e entrevistado 
constroem mutuamente suas transferências, contratransferências, e resistências que 
foram ativadas bem antes de ocorrer o encontro propriamente dito. 
Um clima de confiança proporcionado pelo entrevistador facilita que o 
entrevistando revele seus pensamentos e sentimentos sem tanta defesa, portanto, 
com menos distorções. No final dessa entrevista devem ficar esclarecidos os 
seguintes pontos: horários, duração das sessões, honorários, formas de pagamento 
(quando particular), condições para administrar instrumentos de testagem e para as 
condições de consulta a terceiros. 
 
b) Entrevistas subsequentes 
Após a entrevista inicial, em que é obtida uma primeira impressão sobre a 
pessoa do paciente, esclarecimentos sobre os motivos da procura, e realização do 
contrato de trabalho de psicodiagnóstico, normalmente são necessários mais alguns 
encontros. O objetivo das entrevistas subsequentes é a obtenção de mais dados com 
riqueza de detalhes sobre a história do entrevistado, tais como: fases do seu 
desenvolvimento, escolaridade, relações familiares, profissionais, sociais e outrosc) 
Entrevista de devolução ou devolutiva 
No término do psicodiagnóstico, o técnico tem algo a dizer ao entrevistado em 
relação ao que fundamenta a indicação. Em 1991, Cunha, Freitas e Raymundo (apud 
NUNES, in CUNHA, 1993), elaboraram algumas recomendações sobre a entrevista 
de devolução: 
 
 
 
57 
 após a interpretação dos dados, o entrevistador vai comunicar-lhe em 
que consiste o psicodiagnóstico, e indicar a terapêutica que julga mais adequada; 
 o entrevistador retoma os motivos da consulta, e a maneira como o 
processo de avaliação foi conduzido; 
 a devolução inicia com os aspectos menos comprometidos do paciente, 
ou seja, menos mobilizadores de ansiedade; 
 deve-se evitar o uso de jargão técnico (expressões próprias da ciência 
circulante entre os profissionais da área, em outras palavras “gíria profissional”), e 
iniciar por sintoma ligadodiretamente à queixa principal; 
 a entrevista de devolução deve encerrar com a indicação terapêutica. 
 
Diferença entre entrevista, consulta e anamnese 
 
 
http://www.petpsicologiaufes.com/images/outubro/entrevista.jpg. 
 
A técnica da entrevista procede do campo da medicina, e inclui procedimentos 
 
semelhantes que não devem ser confundidos e nem superpostos à entrevista 
psicológica. 
Consulta não é sinônimo de entrevista. A consulta consiste em uma assistência 
técnica ou profissional que pode ser realizada ou satisfeita, entre as mais diversas 
modalidades, por meio da entrevista. 
A entrevista não é uma anamnese. Esta implica em uma compilação de dados 
preestabelecidos, que permitem fazer uma síntese, seja da situação presente, ou da 
história de doença e de saúde do indivíduo. Embora, se faça a anamnese com base 
na utilização correta dos princípios que regem a entrevista, porém, são bem 
diferenciadas nas suas funções. 
http://www.petpsicologiaufes.com/images/outubro/entrevista.jpg
 
 
 
58 
Na anamnese, o paciente é o mediador entre sua vida, sua enfermidade, e o 
médico. Quando por razões estatísticas ou para cumprir obrigações regulamentares 
de uma instituição, muitas vezes, ela é feita pelo pessoal de apoio ou auxiliar. 
A anamnese trabalha com a suposição de que o paciente conhece sua vida e 
está, portanto, capacitado para fornecer dados sobre ela. Enquanto que, a hipótese 
da entrevista é de que cada ser humano tem organizado a história de sua vida, em 
um esquema de seu presente. E, deste temos que deduzir o que ele não sabe. Ou 
seja, “o que nos guia numa entrevista, do mesmo modo que em um tratamento, não é 
a fenomenologia reconhecível, mas o ignorado, a surpresa” (GOLDER, 2000, p. 45). 
Nessa perspectiva, Bleger (1980) compreende que, diferentemente da consulta 
e da anamnese, a entrevista psicológica tenta o estudo e a utilização do 
comportamento total do indivíduo em todo o curso da relação estabelecida com o 
técnico, durante o tempo que essa relação durar (p. 12). 
A entrevista psicológica funciona como uma situação onde se observa parte da 
vida do paciente. Mas, nesse contexto não consegue emergir a totalidade do repertório 
de sua personalidade. Uma vez que não pode substituir, e nem excluir outros 
procedimentos de investigação mais extensos e profundos, a exemplo de um 
tratamento psicoterápico ou psicanalítico, o qual demanda tempo, e favorece para que 
possa emergir determinados núcleos da personalidade. 
Esse tipo de assistência também não pode prescindir da entrevista. Esta que 
apresenta lacunas, dissociações e contradições que levam alguns pesquisadores a 
considerá-la um instrumento pouco confiável. Mas, como diz Bleger (1980), essas 
dissociações e contradições são inerentes à condição humana, e a entrevista oferece 
condições para que elas sejam refletidas e trabalhadas. 
 
 
 
 
 
 
 
Tipos de entrevista 
 
 
 
59 
 
 
http://images.google.com/imgres?imgurl=http://bp0.blogger.com. 
 
Segundo Gil (1999), as entrevistas podem ser classificadas em: informal, 
focalizada, por pautas e estruturada: 
a) entrevista informal (livre ou não estruturada) – é o tipo menos 
estruturado, e só se distingue da simples conversação porque tem como objetivo 
básico a coleta de dados. O que se pretende é a obtenção de uma visão geral do 
problema pesquisado, bem como a identificação de alguns aspectos da personalidade 
do entrevistado; 
b) entrevista focalizada (semiestruturada ou semidirigida) – é tão livre 
quanto a informal, todavia, enfoca um tema bem específico. Permite ao entrevistado 
falar livremente sobre o assunto, mas quando este se desvia do tema original o 
entrevistador deve se esforçar para sua retomada; 
c) entrevista por pautas (semiestruturada ou semidirigida) – apresenta certo 
grau de estruturação, já que se guia por uma relação de pontos de interesses que o 
entrevistador vai explorando ao longo do seu curso. As pautas devem ser ordenadas 
e guardar certa relação entre si. O entrevistador faz poucas perguntas diretas e deixa 
o entrevistado falar livremente à medida que se refere às pautas assimiladas. Quando 
este, por ventura, se afasta, o entrevistador intervém de maneira sutil, para preservar 
a espontaneidade da entrevista; 
d) entrevista estruturada (fechada) – desenvolve-se a partir de uma relação 
fixa de perguntas, cuja ordem e redação permanecem invariáveis para todos os 
entrevistados, que geralmente são em grande número. Por possibilitar o tratamento 
http://bp0.blogger.com/
 
 
 
60 
quantitativo dos dados, esse tipo de entrevista torna-se o mais adequado para o 
desenvolvimento de levantamentos sociais. 
 
A entrevista quanto ao seu referencial teórico: 
 
 
http://www.filmesraros.com/loja/images/mind.jpeg. 
 
O processo de entrevista é orientado por seu referencial teórico. Aqui serão 
vistas, em síntese, algumas das perspectivas: 
a) Perspectiva Psicanalítica – tem como base os pressupostos dos 
conteúdos inconscientes. O entrevistador busca avaliar a motivação inconsciente, o 
funcionamento psíquico e a organização da personalidade do entrevistado. A 
entrevista é orientada para a psicodinâmica da estrutura intrapsíquica ou das relações 
objetais e funcionamento interpessoal; 
b) Perspectiva Existencial-Humanista – não procura formular um 
diagnóstico, e sim, verificar se o interesse do indivíduo está autorrealizado ou não. 
Aqui não existe uma técnica específica de entrevista, essas são consideradas pelos 
existencialistas como manipulação. O entrevistador reflete o que ouve, pergunta com 
cuidado, e tenta reconhecer os sentimentos do entrevistado; 
c) Perspectiva Fenomenológica – estuda a influência dos pressupostos e 
dos preconceitos sobre a mente, e que os acionam ao estruturar a experiência e 
http://www.filmesraros.com/loja/images/mind.jpeg
 
 
 
61 
atribuir-lhe um significado. Além de uma atitude aberta e receptiva, é necessário que 
o entrevistador atue como observador participante, e que, assim, seja capaz de avaliar 
criticamente, por meio de sua experiência clínica e conhecimento teórico, o que está 
ocorrendo na entrevista. 
 
A entrevista quanto ao seu método: 
 
 
http://www.usp.br/agen/bols/2000/Image217.gif. 
 
Segundo Ribeiro (1988), a realização da entrevista psicológica segue diferentes 
enfoques: 
a) psicométrico – o entrevistador faz uso constante de uma série de 
instrumentos: testes, pesquisas, controle estatístico, etc., predeterminados, enquanto 
dispositivos para a aquisição de conhecimentos sobre o entrevistado. Nessa situação, 
dificilmente o entrevistador conseguirá aprofundar a relação, o encontro permanece 
mais em nível formal e informativo do que espontâneo criativo e transformador. Isso 
não quer dizer que seja menos válida ou mais superficial; 
b) psicodinâmico – a relação poderá ser mais aprofundada devido ao fato 
de o entrevistador contar com maior disponibilidade de tempo para questionar o 
entrevistado, e conduzir a situação de maneira “menos estruturada”. Sua atenção não 
está no aqui e no agora, ela atende a uma dinâmica de causa-efeito na qual 
submensagens poderão dificultar a comunicação; 
c) antropológico – abrange a relação ambiente-organismo na compreensão 
da comunicação. Qualquer dado será considerado, mas, nem sempre, é possível dizer 
em que momento ele está e onde será utilizado. Esse tipo de entrevista parece mais 
complexo, assim sendo, exige mais prática do entrevistador para analisar as 
informações. 
 
http://www.usp.br/agen/bols/2000/Image217.gif
 
 
 
62 
Técnicas de entrevista: 
 
 
bp0.blogger.com/.../-nj-4V07GVM/s400/Fleurs8.jpg. 
 
Um dos aspectos essenciais da entrevista está na investigação que se realiza 
durante o seu transcurso. As observações são registradas em função das hipóteses 
que o entrevistado emite. O entrevistador ordena na seguinte disposição: observação, 
hipótese e verificação. Uma boa observaçãoconsiste, de algum modo, em formular 
hipóteses que vão sendo reformuladas durante a entrevista em função das 
observações subsequentes. 
No entender de Bleger (1980), o trabalho do psicólogo somente adquire real 
envergadura e transcendência quando coincidem a investigação e a tarefa 
profissional, porque estas são as unidades de uma práxis que resguarda a tarefa mais 
humana: compreender e ajudar os outros. Assim, indagação e atuação, teoria e 
prática, devem ser manejadas como momentos e aspectos inseparáveis do mesmo 
processo. 
Segundo Bleger (1980), a entrevista se diferencia de acordo com o beneficiário 
do resultado: 
 a entrevista que se realiza em benefício do entrevistado, a exemplo da 
consulta psicológica ou psiquiátrica; 
 a entrevista cujo objetivo é a pesquisa, valorizando, apenas, o resultado 
científico da mesma; 
 a entrevista que se realiza para terceiro, neste caso, a serviço de uma 
instituição. 
Com exceção do primeiro tipo de entrevista, os demais exigem do entrevistador 
 
 
 
63 
que desperte interesse ou motive a participação do entrevistado. 
Segundo Gil (1999), as entrevistas podem acontecer em duas modalidades: 
Face a face e por telefone. A entrevista tradicional tem sido realizada face a face. No 
entanto, nas últimas décadas, vem sendo desenvolvida a entrevista por telefone. 
As principais vantagens da entrevista por telefone, em relação à entrevista 
pessoal, são: custos mais baixos; facilidade na seleção da amostra; rapidez; maior 
aceitação dos moradores das grandes cidades, que temem abrir suas portas para 
estranhos; facilidade de agendar o momento mais apropriado para a realização da 
entrevista. 
São limitações da entrevista por telefone: interrupção da entrevista pelo 
entrevistado; menor quantidade de informações; impossibilidade de descrever as 
características do entrevistado ou as circunstâncias em que se realizou a entrevista; 
parcela significativa da população que não dispõe de telefone ou não tem seu nome 
na lista. 
Segundo Erickson (apud SCHEEFFER, 1977), algumas recomendações 
devem ser aplicáveis ao processo de entrevista psicológica: 
 o entrevistador deve ter o cuidado para não transformar a entrevista em 
uma conversa social. “Como posso ajudá-lo?”, é uma boa maneira de se iniciar uma 
entrevista; 
 o entrevistador não deve completar as frases do entrevistado. Devem-se 
evitar perguntas que induzam respostas do tipo “sim” ou “não”. Não interromper o fluxo 
do pensamento do entrevistado, a não ser que ele se perca em ideias que fogem dos 
tópicos da entrevista; 
 a atitude do entrevistador deve ser de aceitação completa das vivências 
do entrevistado. Não deve haver discussão de pontos de vista; 
 as pausas e silêncios são, quase sempre, embaraçosos para o 
entrevistador. Nesses momentos, possivelmente, o entrevistado está revivendo 
experiências que não consegue expressar verbalmente. Quando as pausas forem 
longas, o entrevistador poderá retomar um tópico anterior que estava sendo discutido; 
 o tempo de entrevista deve ser marcado, e o entrevistado será 
comunicado de quanto tempo dispõe. Se necessário, marca-se outra(s) entrevista(s). 
Deve-se limitar o número de assuntos em cada sessão para não confundir o 
entrevistado; 
 
 
 
64 
 é necessário trocar o pronome pessoal “eu”, pelo uso de expressões 
mais vagas, tais como: “parece que ...”; “parece melhor ...”; etc.; 
 recomenda-se fazer o resumo do que fora discutido em cada final de 
entrevista. E que o entrevistador faça uma síntese para o entrevistado do que foi 
abordado na sessão; 
 o término da entrevista não deve transformar-se numa conversa social, 
sem nenhuma relação com os problemas discutidos. Isto pode prejudicar o resultado 
da entrevista. 
 
Segundo Foddy (2002), é aconselhável o investigador ou entrevistador: 
 adotar uma atitude comum e casual. Ex. “Por acaso você...”; 
 empregar a técnica “Kinsey” de olhar os inquiridos bem nos olhos, e 
colocar a pergunta sem rodeios de modo a que eles tenham dificuldade em mentir; 
 dotar uma aproximação indireta de modo a que os inquiridos forneçam a 
informação desejada sem terem consciência disso, a exemplo das técnicas projetivas; 
 colocar as perguntas perturbadoras na parte final do questionário ou da 
entrevista de modo a que as respostas não sofram qualquer consequência desse 
efeito. 
Segundo Gilliéron (1996), podem-se estudar os comportamentos do paciente 
praticamente em relação a dois eixos: 
 a anamnese do sujeito que permite a observação dos comportamentos 
repetitivos que dão uma ideia exata da sua personalidade: trata-se do ponto de vista 
histórico; 
 a observação do comportamento do paciente quando da primeira 
entrevista também fornece indicações muito precisas sobre a organização da sua 
personalidade. 
 
 
 
Dinâmica da entrevista 
 
 
 
 
 
 
65 
 
http://www.kaneoya.com.br/wordpress/wp-content/uploads/2007/11/entrevista.jpg. 
 
O entrevistador, no seu papel de técnico, não deve expor suas reações e nem 
sua história de vida. Não deve permitir em ser considerado como um amigo pelo 
entrevistado e, nem entrar em relação comercial, de amizade ou de qualquer outro 
benefício que não seja o pagamento dos seus honorários. Para Gilliéron (1996), a 
investigação repousará: 
 na análise do comportamento do paciente com relação ao enquadre; 
 em um modelo preciso suscetível de evidenciar a dinâmica relacional que 
se estabelece entre o paciente e o terapeuta; modelo de apoio objetal. 
O entrevistado deve ser recebido com cordialidade, e não de forma efusiva. 
Diante de informações prévias fornecidas por outra pessoa, se deixa claro que essas 
não serão mantidas em reserva. Em função de não abalar a confiança do entrevistado, 
estas lhe serão comunicadas. A reação contratransferencial deve ser encarada como 
um dado de análise da entrevista, não se deve atuar diante da rejeição, inveja ou 
qualquer outro sentimento do entrevistado. 
As atitudes do entrevistado não devem ser “domadas” ou subjugadas, não se 
trata de querer triunfar e nem se impor perante ele. Compete ao entrevistador 
averiguar como essas atitudes funcionam e como o afetam. O grau de repressão do 
entrevistado, de certo modo, tem uma relação direta com o nível de repressão do 
entrevistador. 
Necessariamente, o entrevistado que fala muito não traz à tona aspectos 
relevantes das suas dificuldades. A linguagem é um meio de transmitir informação, 
http://www.kaneoya.com.br/wordpress/wp-content/uploads/2007/11/entrevista.jpg
 
 
 
66 
mas poderá ser também uma maneira poderosa de se evitar uma verdadeira 
comunicação (BLEGER, 1980). Nem sempre, uma carga emocional intensa significa 
uma evolução no processo. 
O silêncio é uma expressão não verbal que muitas vezes comunica bem mais 
que as palavras. O silêncio é, geralmente, o fantasma do entrevistador iniciante. Ele 
pode ser também uma tentativa de encobrir a faceta de um momento o qual o sujeito 
não consegue enfrentar. Castilho (1995) cita uma série de tipos de silêncio que são 
comuns nas dinâmicas de grupo, mas que também ocorrem, com bastante frequência, 
no processo de entrevista, etc. Para ilustrar foram destacados alguns tipos de silêncio: 
 silêncio de tensão – é a expressão da ansiedade. Facilmente observado 
pela postura corporal tensa ou inquieta do entrevistado, da sua respiração ofegante, 
do tamborilar dos dedos, etc.; 
 silêncio de medo – deixa o entrevistado petrificado, na sua tentativa de 
fugir de uma situação psicologicamente ameaçadora. Esse silêncio suscita muita 
tensão e, como consequência, forte descarga psicossomática; 
 silêncio de reflexão – surge normalmente após a intervenção do 
entrevistador, ou logo após um feedback, ou mesmo depois do entrevistador ter 
passado por algum tipo de vivência. Nele, observa-se a ausência de tensão, há um 
recolhimento introspectivo de elaboração mental; 
 silêncio de desinteresse– o indivíduo perde o foco da atenção, camufla 
resistência, se desinteressa pela situação externa porque interiormente ela o atinge. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A ansiedade na entrevista 
 
 
 
 
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http://www.redepsi.com.br/portal/uploads/smartsection/images/item/c37r20060m2870.jpg. 
 
A ansiedade é parte da existência humana, todas as pessoas a sentem em grau 
variado, por vezes consiste em uma resposta adaptativa do organismo (SIERRA, 
2003). Para Bion (apud ALMEIDA; WETZEL, 2001, p. 272), se duas pessoas estão 
em uma sala de análise sem angústia, não está havendo análise. 
Calligaris (apud GOLDER, 2000, p.151) percebe que, em todo encontro, o outro 
está imediatamente implicado enquanto “semelhante imaginário”, o que se busca 
primeiro é uma tela, uma espécie de cumplicidade, na qual supõe um sentido comum 
ao que estamos dizendo. Desse modo, a ansiedade é um indicativo do 
desenvolvimento de uma entrevista, e deve ser controlada pelo entrevistador, a sua 
própria, e a que aparece no entrevistado. 
Durante a situação de entrevista, tanto a ansiedade quanto os mecanismos de 
defesa do entrevistado podem aumentar, não somente devido a esse novo contexto 
externo que ele enfrenta, mas também devido ao perigo, em potencial, daquilo que 
desconhece em sua personalidade. O contato direto com seres humanos coloca o 
técnico diante da sua própria vida, saúde ou doença, conflitos e frustrações. 
Considerando que o entrevistador é um agente ativo na investigação, sua 
ansiedade torna-se um dos fatores mais difíceis de lidar. Em sua tarefa, o psicólogo 
pode oscilar facilmente entre a ansiedade e o bloqueio, sem que isto o perturbe, desde 
que possa resolver na medida em que surja. 
Toda investigação implica a presença de ansiedade frente ao desconhecido, e 
o investigador deve ter a capacidade para tolerá-la, assim, poderá manter o controle 
da situação. Há casos em que o investigador, devido aos seus bloqueios e limitações, 
se vê oprimido pela ansiedade, e recorre a mecanismos de defesa para se sentir 
http://www.redepsi.com.br/portal/uploads/smartsection/images/item/c37r20060m2870.jpg
 
 
 
68 
seguro, e assim, elimina a possibilidade de uma investigação eficaz, uma vez que 
conduz a entrevista de maneira estereotipada. Outro problema frequente diz respeito 
a certa compulsão do entrevistador focalizar seu interesse ou encontrar perturbações 
exatamente na esfera que ele nega os seus próprios conflitos. 
A manipulação técnica, de toda ansiedade, deve ser realizada com referência 
à personalidade do entrevistado, e ao nível de timing (sincronização e ajustamento) 
que se tenha estabelecido na relação. Toda interpretação fora desse contexto implica 
em agressão ao paciente ou entrevistado. Cabe ao psicólogo saber calar, na 
proporção inversa da sua vontade compulsiva de interferir. Nessa ótica, Almeida e 
Wetzel (2001, p. 271) dizem que a interpretação algumas vezes vem de um desejo de 
intervenção com a finalidade de eliminar angústias (perda de continência), instados 
pela situação e autorizados pelo setting. 
Segundo Piaget (apud GIL, 1999), o bom entrevistador deve reunir duas 
qualidades: saber observar (não desviar nada, não esgotar nada); saber buscar (algo 
de preciso, ter a cada instante uma hipótese de trabalho, uma teoria, verdadeira ou 
falsa, para controlar). 
Douglas (apud FODDY, 2002) corrobora essa ideia quando afirma que 
entrevistar criativamente é ter determinação atendendo ao contexto, em vez de negar, 
ou não conseguir compreender. O que se passa em uma situação de entrevista é 
determinado pelo processo de perguntas e respostas, a entrevista criativa agarra o 
imediato, a situação concreta, tenta perceber de que modo essa afetação vai sendo 
comunicada e, ao compreender esses efeitos, modifica a recepção do entrevistador, 
aumentando, assim, a descoberta das verdades. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Transferência e contratransferência: 
 
 
 
 
69 
 
 
www.rodrigues.psc.br. 
 
 
Transferência 
 
Freud (1914-1969) entende que a transferência é “[...] apenas um fragmento da 
repetição e que a repetição é uma transferência do passado esquecido [...] para todos 
os aspectos da situação atual” (p.166). A transferência é designada pela Psicanálise 
como um processo por meio do qual os desejos inconscientes se atualizam sobre 
determinados objetos, em certo tipo de relação estabelecida, eminentemente, no 
quadro da relação analítica. A repetição de protótipos infantis vividos com um 
sentimento de atualidade acentuada. Classicamente a transferência é reconhecida 
como o terreno em que se dá a problemática de um tratamento psicanalítico, pois são 
a sua instalação, as suas modalidades, a sua interpretação e a sua resolução que as 
caracterizam (LAPLANCHE; PONTALIS, 2004). 
A transferência e a contratransferência são fenômenos que estão presentes em 
toda relação interpessoal, inclusive na entrevista. Na transferência o entrevistado 
atribui papéis ao entrevistador, e se comporta em função deles, transfere situações e 
modelos para a realidade presente e desconhecida, e tende a configurar esta última 
como situação já conhecida, repetitiva. No entender de Gori (2002, p. 78), repetindo 
transferencialmente, evoca-se a lembrança e é somente por meio da lembrança que 
temos acesso à história “[...] por meio da transferência é forjado num lugar 
intermediário entre a vida real e um ensaio de vida, para que o drama humano possa 
ter um desfecho”. 
A articulação do conceito de “momento sensível” (grifo da autora) passa pelo 
http://www.rodrigues.psc.br/
 
 
 
70 
posicionamento do terapeuta. Esse instante preciso determina os mecanismos que 
instalam a transferência. Com efeito, é o momento em que uma relação de trabalho 
se torna possível. A abertura ao outro, a espera de ajuda vinda do exterior é forte e 
expõe o paciente tanto ao melhor quanto ao pior dessa interação (GOLDER, 2000). 
Nessa perspectiva, Gilliéron (1996, p. 14) diz que todos os pacientes procuram 
obter alguma coisa do terapeuta. Eles não buscam apenas a cura de um sintoma, mas 
também certa qualidade de relação. Os entrevistados revelam aspectos irracionais ou 
imaturos de sua personalidade, seu grau de dependência, sua onipotência e seu 
pensamento mágico. 
As transferências negativas e positivas podem coexistir em um mesmo 
processo, embora, quase sempre com predomínio relativo, estável ou alterado, de 
uma delas. Segundo Sang (2001, p. 319-320), é a situação analítica e não a sua 
pessoa o que levou a paciente a se apaixonar por ele, isto é, que o amor de 
transferência é essencialmente impessoal: “[...] o analista não deve nem reprimir nem 
satisfazer as pretensões amorosas da paciente”. Deve sim, tratá-las como algo irreal. 
No que é confirmado por Yalom (2006, p. 175), quando diz que os sentimentos que 
surgem na situação terapêutica. Geralmente pertencem mais ao papel que à pessoa, 
é um equívoco tomar a adoração transferencial como um sinal de sua atratividade ou 
charme pessoal irresistível. 
 
Contratransferência 
 
Na contratransferência emerge do entrevistador reações que se originam do 
campo psicológico em que se estrutura a entrevista. Porém, se constitui, quando bem 
conduzida, em um indício de grande significação e valor para orientar o entrevistador 
no estudo que realiza. Seu manejo requer preparação, experiência e um alto grau de 
equilíbrio mental, para que 
1) possa ser utilizada com validade e eficiência. Na contratransferência, 
salienta Gilliéron (1996), 
2) a contratransferência não é mais considerada como uma criação 
unicamente do paciente, por ignorar a transferência do analista; 
3) é problemático diferenciar a contratransferência normal da patológica (os 
dados à disposição do analista não permitem, quase sempre, uma diferenciação); 
4) a tolerância à contratransferência já seria suficiente, dada aqui, a 
 
 
 
71 
dificuldade da diferenciação dos sentimentosenvolvidos na dupla; 
5) devia-se, mais sábia e humildemente, fazer também a rota inversa: 
procurar no paciente, e não só procurar no analista; 
6) a questão do confessar ou não, ou confessar/revelar até quando/quanto, 
os sentimentos contratransferências despertados. 
Para que o instrumento Entrevista Psicológica, de fato, se efetive como auxiliar 
no trabalho do psicólogo, não é o bastante a sua compreensão ou domínio teórico e 
técnico que fundamenta e norteia sua prática, mas também de experiências que são 
adquiridas em rollyplays por intermédio de estágio, supervisão; laboratório ou oficinas 
de sensibilidade. 
É preciso desenvolver a sensibilidade para entrevistar, aprender ser empático, 
saber lidar com a própria subjetividade e com a subjetividade do outro (entrevistando), 
facilitando assim que seu universo, um tanto livre das “ameaças”, se descortine. O 
entrevistador precisa adquirir a habilidade da “dissociação instrumental”, e ser capaz 
de adentrar esse universo, sem juízo de valor, sem preconceito, para que assim possa 
estar com o Outro, conhecer, não temer, se perder e se achar e, finalmente, voltar à 
realidade do contexto. 
E agora, de posse de sua bagagem técnica tecer suas observações, 
ponderações e considerações, de modo axiomático, considerado que a utópica da 
neutralidade sempre deverá ser perseguida. Os princípios éticos serão avivados em 
cada encontro, e nenhum instrumento poderá adquirir uma aura de prevalência sobre 
a pessoa do entrevistado, que é mais importante e assim deve ser respeitado. O que 
não significa ser “meloso”, por demais e muito menos autoritário. 
O entrevistador deve habilitar-se em se inscrever na virtualidade da distância e 
proximidades ótimas que o trabalho possa fluir. Ser a pessoa na figura do profissional 
imbuído da intenção singular de realizar uma atividade sem perder sua essência 
humana. 
Nessa investida, é fundamental que o profissional se “conheça”, e que faça de 
rotineiras as reflexões sobre suas atitudes, postura e comportamento, bem como de 
que tenha também flexibilidade em reformulá-los, quando a necessidade aponte. 
Muito do trabalho do psicólogo certamente vem em consequência do “automergulho” 
que lhe dará a base na qual se apoiam a sua atuação e intervenção com toda 
transparência. 
 
 
 
 
72 
INTERVENÇÃO 
 
 
 
158 
 
 
 
 
http://www.cuorecursos.org.br/img/cursos_psico.jpg. 
 
 
Abordagem sistêmica 
 
Parte da teoria geral dos sistemas e da teoria da comunicação de Watzlawick 
é um paradigma que emerge das ciências exatas e fornece uma base teórica e prática 
de compreensão dos sistemas humanos. Nos anos 40, Ludwig von Bertalanffy 
publicava uma série de princípios válidos para vários sistemas (biológicos, físico-
químicos, sociais). 
O sistema é um complexo organizado em múltiplos elementos que estão em 
interação recíproca no seu interior e com o meio. Um sistema pode ser aberto (auto-
organizado) ou fechado (entropia). 
A perspectiva sistêmica constitui um bom suporte teórico para a intervenção, 
especialmente em terapia familiar. Põe em causa uma epistemologia linear, 
unidirecional e contextualiza os problemas humanos, não em um único sentido, mas 
em função dos contextos em que emergem os problemas. Alarga a perspectiva de 
intervenção, centrada apenas em um sistema pessoal, para uma perspectiva que se 
centra nos contextos de vida e nas redes de apoio dos sujeitos. Esses pressupostos 
são aplicados, sobretudo, na terapia familiar. 
 
 
Modelo cognitivo-comportamental 
 
“O que perturba o ser humano não são os fatos, mas a interpretação que ele 
http://www.cuorecursos.org.br/img/cursos_psico.jpg
 
 
 
73 
faz dos fatos” (Epitectus - Século I) 
Essa perspectiva teve origem nos trabalhos de Aaron Beck e Albert Ellis. 
Sugere que as nossas crenças e atribuições desempenham um importante papel no 
comportamento. 
Essa abordagem é historicamente baseada nos princípios da aprendizagem e 
da psicologia experimental. Centra-se no comportamento observável e não 
observável. Pensamentos adquiridos por meio da aprendizagem e do 
condicionamento no ambiente social. 
As terapias cognitivo-comportamentais compartilham alguns pressupostos 
básicos, ainda que existam diferentes abordagens conceituais e estratégicas para os 
diversos transtornos. Há algumas características essenciais no núcleo das terapias 
cognitivo- comportamentais (DOBSON, 2001): 
 a atividade cognitiva influencia o comportamento; 
 a atividade cognitiva pode ser monitorada e alterada; 
 o comportamento desejado pode ser influenciado mediante a mudança 
cognitiva. 
Essa terapia baseia-se na premissa que uma inter-relação entre cognição, 
emoção e comportamento é parte integrante do funcionamento psicológico normal. 
Um acontecimento de vida pode acarretar inúmeras formas de agir, sentir e pensar, 
mas não é o evento em si que gera as emoções e comportamentos, é o que nós 
pensamos e interpretamos sobre esse evento. 
Outra premissa é que as distorções cognitivas são muito frequentes em 
diferentes transtornos. 
Ao contrário do que acontece com o modelo psicanalista, o material trazido à 
consulta não é interpretado pelo terapeuta, mas elaborado conjuntamente com o 
cliente, com o objetivo de identificar, examinar e corrigir as distorções do pensamento 
que causam sofrimento emocional ao indivíduo. 
Albert Ellis centrou-se nas crenças irracionais para lidar com pensamentos e 
comportamentos problemáticos. Pensamentos como “toda a gente deve me apreciar”, 
“ninguém vai amar alguém tão feio como eu” vão inevitavelmente conduzir à 
decepção. 
Aaron Beck desenvolveu a terapia cognitiva para tratar a depressão e outros 
problemas. Beck considera que durante o desenvolvimento, as pessoas formulam 
regras sobre o funcionamento do mundo, tendendo serem simplistas, inflexíveis e 
 
 
 
74 
frequentemente baseadas em concepções errôneas. 
 
As abordagens cognitivistas podem-se distinguir em duas tradições: 
 cognitivismo substantivo racionalista – centra-se no conteúdo, 
pensamento interno, mecanicista (Ellis, Beck, Meichenbaum, D’Zurilla, etc.); 
 cognitivismo construtivista desenvolvimental – o construtivismo 
prega que o conhecimento e a experiência humana implicam em uma pró-ação ativa 
do sujeito, a importância das emoções e os problemas psicológicos refletem 
diferenças entre as exigências do ambiente e a capacidade adaptativa do cliente. 
 
Abordagem humanista 
 
Essa abordagem tem as suas origens na filosofia europeia e no trabalho 
psicoterapêutico de Victor Frankl, Carl Rogers, Abraham Maslow, Rollo May, Fritz 
Perls e outros. Rejeitando as premissas básicas das teorias psicodinâmicas e 
comportamentalista, os humanistas assumem uma abordagem fenomenológica que 
enfatiza a percepção individual e a experiência. Tendem a ver as pessoas como 
ativas, pensadoras, criativas e orientadas para o crescimento. Consideram que as 
pessoas são basicamente bem intencionadas e que naturalmente lutam pelo 
crescimento, amor, criatividade e autoatualização. Em vez de se centrar na influência 
do passado, os humanistas focam-se no “aqui e agora” ou presente. 
 
Exemplos de conceitos e técnicas humanistas 
 
 empatia – capacidade de ver o mundo a partir da perspectiva da outra 
pessoa. Transmite a sensação de ser ouvido e compreendido; 
 aceitação incondicional – aceitar totalmente os sentimentos e 
pensamentos do cliente; 
 autoatualização – as pessoas tendem a procurar o crescimento e a atingir 
o seu máximo potencial; 
 congruência – o terapeuta manifesta sentimentos autênticos durante a 
consulta. É uma harmonia entre os sentimentos e as ações. 
A terapia centrada no cliente é a perspectiva de Carl Rogers e é um dos 
 
 
 
75 
exemplos mais clássicos da abordagem humanista. Usa técnicas não diretivas 
(indutoras) como a escuta ativa, empatia, congruência e aceitação incondicional. A 
empatia sincera é necessária paraas pessoas se sentirem aceitas e compreendidas 
e para permitir o crescimento. 
 
Abordagem comportamentalista 
 
O expoente moderno mais importante do behaviorismo foi Skinner (1904-1990), 
que considerava que o único objeto da Psicologia era o comportamento manifesto 
(observável). 
Nessa abordagem, pretende-se manipular e controlar o comportamento por 
meio do reforço (quando as pessoas têm o comportamento desejado, aumentando a 
hipótese da sua ocorrência) e por meio de castigos (quando as pessoas se comportam 
de maneira indesejável). 
A aprendizagem pode fazer-se por condicionamento clássico, em um estímulo, 
até aí neutro, é associado com dado motivacionalmente significativo e surge uma 
resposta. 
Ex.: condicionamento clássico de Pavlov: 
Pavlov reparou que os cães salivavam muitas vezes sem razão fisiológica 
aparente, para que tal acontecesse. O cão aprende uma associação entre o alimento 
e um sinal casual que precedia o alimento. Pavlov verificou que ao tocar a campainha 
antes de dar comida ao cão, este começava a salivar quando ouvia a campainha, após 
alguns ensaios de associação entre campainha e comida – o que originava o reflexo 
condicionado. 
Uma campainha começava a tocar e passado algum tempo, com a campainha 
ainda a tocar, era fornecido ao animal comida. A sequência campainha-comida foi 
repetida uma série de vezes. Aos poucos, a quantidade de saliva produzida começou 
a aumentar logo após a campainha tocar. O cão salivava ao ouvir a campainha, o que 
não sucedia no início da experiência. 
A associação repetida entre o som da campainha (estímulo neutro) e a carne 
transformaram o estímulo inicialmente neutro (campainha) em um estímulo 
condicionado que agora provocava a salivação sob a forma de um reflexo 
condicionado. 
No condicionamento operante, há um aumento da probabilidade de resposta 
 
 
 
76 
em um determinado meio ambiente devido ao reforço da resposta. 
Ex.: rato que carrega em uma alavanca para obter uma recompensa de comida. 
Vários autores duvidaram da capacidade desse “behaviorismo radical” para 
explicar a complexidade do comportamento humano. As grandes diferenças de 
personalidade indicam que não é só importante o que as pessoas fazem, mas também 
o que pensam e esperam (expectativas). Isto levou a uma evolução do 
comportamentalismo, aceitando conceitos como expectativa e crença. 
Esses são os teóricos da aprendizagem social, como Albert Bandura e Walter 
Mischel. Defendem que muitas das diferenças individuais são basicamente cognitivas: 
são os modos diferentes de interpretar o mundo, de pensar e agir sobre ele. Assim, 
os comportamentos podem ser aprendidos e desenvolvidos pela observação do 
comportamento dos outros, em vez de ter de realizar esse comportamento ou ser 
reforçado para um determinado comportamento. 
Essa abordagem também valoriza o papel das expectativas no 
desenvolvimento do comportamento. Por exemplo, alguém pode dedicar muito tempo 
e dinheiro para obter uma licenciatura, porque espera que essa qualificação vá originar 
uma carreira e vida satisfatória. 
 
Abordagem psicodinâmica 
 
Foi fundada com o trabalho de Sigmund Freud. Muitos neofreudianos e outros 
revisionistas fizeram uma grande adaptação, desenvolvimento e mudança na 
abordagem básica de Freud. Essa abordagem ainda mantém certas concepções 
sobre o comportamento humano e problemas psicológicos. 
Defende que o comportamento humano é influenciado por desejos 
intrapsíquicos, motivações, conflitos e impulsos. Os mecanismos de defesa do ego 
(adaptativos ou não) são utilizados para lidar com conflitos, desejos, necessidades e 
fantasias não resolvidas, que contribuem para o comportamento normal ou anormal. 
As experiências precoces na infância desempenham um papel fundamental no 
desenvolvimento psicológico e no comportamento adulto. A compreensão dessas 
influências inconscientes e a sua discussão e integração nas experiências quotidianas 
ajudam a melhorar o funcionamento psicológico. A relação de transferência que se 
desenvolve entre o cliente e o terapeuta também ajuda a melhorar o funcionamento 
psicológico. 
 
 
 
77 
Freud desenvolveu uma compreensão do comportamento humano baseada em 
três estruturas mentais, que normalmente estão em conflito: 
 o id, inato, funciona segundo o princípio do prazer e representa todos os 
desejos e necessidades mais primitivas. O id não conhece juízos de valor, moral, ou 
o bem ou o mal. O id procura a satisfação imediata sem considerar as circunstâncias 
da vida real. A nossa energia psíquica básica (libido) está contida no Id e exprime-se 
por meio da redução da tensão. Contudo, para a satisfação das necessidades é 
preciso interagir com o mundo real. O ego, que é mediador entre o id e o mundo 
exterior, ajuda nessa interação; 
 o ego, que funciona segundo o princípio da realidade, mantém em 
suspenso as exigências para o prazer que provêm do id, até que se encontre um 
objeto apropriado para satisfazer a necessidade e reduzir a tensão. Desenvolve-se 
por volta do primeiro ano de idade e representa os aspectos racionais e razoáveis da 
nossa personalidade, 
 bons e maus pensamentos e comportamento). 
Irá haver um conflito inevitável entre id, ego e superego para lidar com a 
ansiedade e desconforto e a necessidade de utilizar mecanismos de defesa do ego. 
O ego está em uma posição difícil, pois tem de lidar com forças opostas. Os 
mecanismos de defesa são estratégias desenvolvidas pelo ego para proteger o 
indivíduo desses conflitos internos e, em geral, inconscientes. 
Eles ajudam a lidar adaptativamente, ou não, com a inevitável ansiedade de 
ser humano. Há uma variedade de mecanismos de defesa, como a repressão (manter 
pensamentos, desejos, sentimentos e conflitos desagradáveis fora da consciência). 
Negação (negar que existem pensamentos ou sentimentos problemáticos), 
sublimação (substituição de uma meta que não pode ser satisfeita por outra 
socialmente aceitável), projeção (a origem da ansiedade é atribuída a outra pessoa). 
Freud também definiu vários estádios psicossexuais do desenvolvimento da 
personalidade. No decorrer desses estádios, as crianças são autoeróticas ao obter 
prazer erótico quando estimulam as zonas erógenas do corpo. Cada estádio tende a 
estar localizado em uma determinada zona erógena. Estes incluem as fases: oral, 
anal, fálica, latente e genital. 
 o estádio oral vai desde o nascimento até ao segundo ano de vida. A 
estimulação da boca (sugar, morder, etc.) é a fonte de satisfação erótica; 
 
 
 
78 
 no estádio anal, a satisfação vai da boca para o ânus e as crianças têm 
prazer na zona anal. Nessa fase treinam a higiene pessoal e as crianças podem reter 
ou expelir fezes; 
 no estádio fálico, por volta do quarto ano de idade, a satisfação erótica 
passa para zona genital, havendo manipulação e exibição dos órgãos genitais. Nesse 
estádio há o desenvolvimento do Complexo de Édipo, em que o rapaz desenvolve um 
desejo incestuoso e de morte, desejando unir-se à mãe e eliminar o pai. Os medos de 
retaliação e de castração resultam na repressão desses impulsos e na identificação 
com o pai. 
O objetivo dessa abordagem é o insight-compreensão de fatores inconscientes 
que levam a comportamentos e sentimentos problemáticos, por intermédio de uma 
análise aprofundada e cuidadosa do papel de desejos, impulsos e conflitos 
inconscientes na vida diária. 
Técnicas como a associação livre (dizer tudo o que nos passa pela cabeça), a 
análise dos sonhos e a interpretação são usadas para compreender e tratar vários 
problemas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EQUIPE MULTIPROFISSIONAL 
165 
 
 
 
 
 
 
 
79 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.qualitare.com.br/imagens/equipe.jpg. 
 
O trabalho em equipe multidisciplinar consiste em uma forma especial de 
organização, que visa, principalmente, a ajuda mútua entre profissionais de uma 
mesma área, no caso da Psicologia,a área de Saúde. O trabalho em equipe deve ser 
descrito como um conjunto ou grupo de pessoas que se dedicam a realizar uma tarefa 
ou um determinado trabalho, visando um objetivo comum, nesse caso é a pessoa 
atendida. A grande maioria dos transtornos psicológicos requer o auxílio de um médico 
psiquiatra, um neurologista, um nutricionista, assistente social, fonoaudiólogo ou 
profissional de Educação Física. 
Percebe-se, nesse caso, que um bom profissional jamais deve ficar restrito à 
sua área de atuação, mas estudar sobre tudo aquilo que poderá beneficiar o paciente. 
Muitas vezes, por exemplo, a ajuda de um profissional do Direito é imprescindível. São 
muitas as crianças abusadas sexualmente que chegam ao consultório de Psicologia; 
também são bastante comuns casos de mulheres violentadas e espancadas por seus 
companheiros. 
Valorizando cada indivíduo e permitindo que todos façam parte de uma mesma 
ação, seja no campo escolar, profissional ou, até mesmo, em atividades cotidianas. O 
trabalho em equipe, além de possibilitar a troca de conhecimento é determinante nas 
relações humanas, pois motiva o grupo a buscar de forma coesa os objetivos traçados. 
Os estudos de caso devem fazer parte da rotina de consultórios e policlínicas de 
Saúde. 
Também uma boa supervisão e psicoterapia pessoal são suportes valiosos na 
rotina de um bom profissional de Psicologia. É preciso ficar claro que não há profissão 
melhor ou pior que a outra. O que deve existir é a consciência de que, em se tratando 
de seres humanos, nenhum tipo de conhecimento é demais. Todo conhecimento é 
http://www.qualitare.com.br/imagens/equipe.jpg
 
 
 
80 
válido e jamais se conhece sobre tudo. O trabalho em equipe é necessário e 
fundamental. 
Na visão do psicólogo Abraham Maslow (1908-1970), considerado por muitos 
como o profissional que deu início à Psicologia Transpessoal (área da Psicologia que 
estuda a consciência nos seus diferentes níveis e a sua relação com os aspectos 
evolutivos do ser). O trabalho em equipe possibilita dar e receber, por parte de cada 
um de seus membros, afeição, aceitação e sentimento de importância. 
Para Maslow, “isto faz com que o indivíduo cresça, tornando o trabalho 
determinante, pois o objetivo a ser alcançado depende, exclusivamente, da satisfação 
psicológica do indivíduo bem como das relações humanas”. 
A necessidade de desenvolvimento do trabalho em equipe passa por diversos 
fatores de importância para a evolução profissional, como a definição de prioridades, 
o ajuste de metas, otimismo e o “estar aberto” a mudanças. Todas essas qualidades, 
quando são acrescidas ao ser individual (si próprio), pode significar o sucesso nas 
relações pessoais, o que forma um círculo virtuoso, propiciando assim as tarefas 
conjuntas. 
É importante perceber que, quando se fala em trabalhar em equipe, fala-se em 
maior volume de atividades, mais e maior responsabilidade, comprometimento, 
flexibilidade, colaboração e esforço pessoal, detalhes que acabam sendo descobertos 
a cada novo dia de trabalho. Entretanto, como benefício, um grupo coeso aflora muitas 
características até então passadas despercebidas no individual, como a criatividade, 
a participação, visão de futuro, questionamento de posições e colocações e senso 
crítico. 
Segundo a psicóloga Solange B. R. Cremasco, a motivação é um fator 
substancial que deve estar ligado ao trabalho em equipe. De acordo com ela, esse 
atributo individual do ser humano representa o comprometimento e a “chave para o 
sucesso que está ao alcance de todos”. “Quanto maior for o grau de responsabilidade, 
quanto maior for o universo de aprendizado e as perspectivas de evolução, muito mais 
eles (os profissionais) se envolvem com as atividades que lhes são atribuídas e, 
consequentemente, a motivação sempre se encontrará no topo”, conclui. 
Trabalhar em equipe significa compartilhar uma direção comum. Além disso, 
atividades desenvolvidas em conjunto encorajam o grupo, o que aumenta o 
desempenho na hora de realizar atividades, transmitindo autoconfiança, habilidade e 
união, características primordiais para o sucesso. Isso também vale para os 
 
 
 
81 
profissionais de saúde, incluindo aí os profissionais de Psicologia. 
 
PRESENTE E FUTURO DA PSICOLOGIA CLÍNICA 
168 
A Psicoterapia é um valioso recurso para lidar com as dificuldades da existência 
em todas as formas que o sofrimento humano pode assumir como transtornos 
psicopatológicos, crises pessoais, crises de relacionamentos, conflitos conjugais e 
familiares, distúrbios psicossomáticos, dificuldades nas transições da vida, crises 
profissionais, etc. 
Também é um espaço favorável ao crescimento pessoal, um lugar, tempo, 
modo privilegiado de criar intimidade consigo mesmo, de estabelecer diálogos 
construtivos, abrir novos canais de comunicação, de transformar padrões 
estereotipados de funcionamento, restabelecendo o processo formativo e criativo de 
cada um. 
Ela oferece uma oportunidade de compreender e mudar os padrões de vínculo 
e relação interpessoal. Os problemas vinculares são fonte de incontáveis sofrimentos 
e doenças. 
A Psicoterapia ocupa hoje um lugar fundamental na área da Saúde, por trazer 
uma visão integrada do homem, considerando as dimensões orgânicas, psíquicas e 
sociais conjuntamente participantes na produção da existência humana e de seus 
problemas. 
Em alguns casos, a Psicoterapia cumpre também uma função de educação 
para a vida. Essa é uma área pouco considerada em nossa cultura, porém evidente 
quando as pessoas se veem inaptas para lidar com situações como crises conjugais, 
desemprego ou envelhecimento, por exemplo. 
A Psicoterapia é um espaço especial de atenção às dificuldades da vida e aos 
caminhos internos para solucioná-los. Seus resultados demonstram uma grande 
potência de transformação de vidas. Todos os últimos avanços na área da Psicologia 
e Psicoterapia têm permitido alcançar resultados cada vez maiores e mais 
significativos. 
 
Os prazos variam com os objetivos: 
 
 
 
 
82 
 
http://wagbarart.files.wordpress.com/2007/02/59.jpg. 
 
No geral, os prazos de tratamento são relativos aos objetivos almejados. Há 
vários desenvolvimentos recentes em psicoterapias breves, que são focadas em 
objetivos mais específicos. 
Atualmente é possível atingir resultados significativos em períodos de 3 a 12 
meses e há muitos processos terapêuticos profundos que se encerram 
satisfatoriamente em prazos inferiores há três anos. Muitas pessoas obtêm resultados 
significativos no início do tratamento, compensando os investimentos realizados. 
Há casos que demandam um trabalho terapêutico mais demorado, geralmente 
com problemática psicopatológica mais severa, envolvendo traumas precoces, 
desorganização psicológica, problemas vinculares sérios, etc. Esses trabalhos podem 
demandar anos de trabalho árduo, compensados por ajudas significativas que o 
trabalho psicológico pode trazer. 
Algumas pessoas encontram na terapia um lugar fundamental de 
acompanhamento de seu processo de vida, onde são trabalhadas transformações 
mais profundas ao longo de vários anos. São situações em que o processo terapêutico 
não tem um prazo definido e segue em comum acordo entre o psicoterapeuta e o 
cliente. 
Apesar de poder parecer, à primeira vista, um tratamento oneroso em termos 
http://wagbarart.files.wordpress.com/2007/02/59.jpg
 
 
 
83 
de tempo e dinheiro, a Psicoterapia tem se mostrado, na realidade, um modo 
econômico de tratamento. Pesquisas indicam, por exemplo, que a Psicoterapia 
diminui os índices de consumo de medicamentos e de internações hospitalares. A 
Psicoterapia tem se mostrado também um tratamento economicamente compensador 
por prevenir e tratar problemas psicológicos que, quando não tratados 
adequadamente, trazem enormes prejuízos econômicos para as pessoas e para o 
país. 
 
As várias aplicações da Psicoterapia: 
 
 
 
<http://casadooriente.blogs.sapo.pt/arquivo/Terapia.jpg>.Vários estados de sofrimento, crises, transtornos e doenças têm encontrado 
uma solução e melhora apenas com o auxílio da Psicoterapia. 
Não é possível hoje se falar em doenças sem uma consideração pela dimensão 
psicológica e emocional. Cada vez está mais evidente a natureza psicossomática de 
todas as experiências humanas. A saúde psicológica é pré-condição e parte integrante 
da saúde global. 
Cada ser psicossomático vive uma história de interações, encontros e 
acontecimentos em que as doenças (orgânicas ou mentais) resultam também dos 
desequilíbrios existenciais e de soluções inadequadas de vida. 
A Psicoterapia é um processo que permite transformações profundas da 
http://casadooriente.blogs.sapo.pt/arquivo/Terapia.jpg
 
 
 
84 
personalidade, com resultados evidentes em diversas situações como: 
 tratamento de vários transtornos como pânico, fobias, depressão, 
anorexia, bulimia, frigidez, impotência, etc.; 
 resolução de conflitos pessoais, interpessoais, conjugais, familiares, 
profissionais etc.; 
 crises existenciais, transições difíceis (luto, crises profissionais, etc.) e 
mudanças de fases de vida (puberdade, adolescência, vida adulta, menopausa, 
envelhecimento, etc.); 
 aprendizado do autogerenciamento da capacidade de lidar com o 
estresse, dialogando com os estados afetivos internos e os efeitos dos desafios e 
problemas da vida; 
 descoberta de novos modos de conduzir a própria vida; 
 aquisição de autoconhecimento, autonomia e amadurecimento pessoal. 
 
Os tipos de Psicoterapia: 
Os principais tipos são: 
 Psicoterapia Individual para crianças, adolescentes, adultos e idosos; 
 Psicoterapia de Grupo; 
 Psicoterapia de Casal; 
 Psicoterapia de Família; 
 Atendimento Emergencial. 
 
 
 
 
 
 
O processo terapêutico mais profundo: 
 
 
 
 
 
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http://www.orizamartins.com/sld_hdr.gif. 
 
O processo terapêutico é como atravessar um túnel. Nesse túnel você vai rever 
muitas cenas da história da sua vida de um ângulo completamente novo, fazendo 
conexões inusitadas entre os eventos e percebendo a potência do passado para 
moldar quem você é hoje. 
Na travessia desse túnel você aprenderá a reconhecer os seus padrões de 
comportamento, que levam você a se comportar de modo parecido em situações 
diferentes, inclusive repetindo os mesmos erros. 
Você aprenderá a reconhecer o “como” do seu comportamento: como você age, 
como se relaciona, como pensa, sente. E aprenderá caminhos para poder influenciar 
e transformar esses padrões. 
Essa é uma travessia acompanhada de alguém que pode ajudar você a se 
compreender. Alguém que pode lhe ajudar a transformar o seu jeito de ser, a mudar 
e a se conhecer profundamente. Essa travessia pode mudar completamente a sua 
vida. 
 
 
 
 
O vínculo na Psicoterapia: 
 
http://www.orizamartins.com/sld_hdr.gif
 
 
 
86 
 
http://www.centrinho.usp.br. 
 
A base de uma boa terapia está na relação terapêutica. A boa terapia se 
desenrola em um enquadre clínico (ambiente pré-definido) com um clima terapêutico 
favorável. Aí está um dos segredos dessa arte: criar um ambiente que permita a 
revelação dos mundos internos e favoreça o desenvolvimento do processo singular 
de cada um. Nesse clima é possível que o ser mais oculto e amedrontado se mostre, 
seja ouvido, transforme-se, que o processo formativo possa prosseguir formando vida. 
O ser humano nasce, cresce e vive em ambientes vinculares. Desses 
ambientes emocionais depende seu bem-estar e suas realizações na vida. Os 
problemas vinculares – da primeira infância à terceira idade – afetam profundamente 
a capacidade que as pessoas têm de amar, trabalhar e viver. A Psicoterapia é um 
espaço para se esclarecer e transformar essas 
dificuldades vinculares. E esse processo ocorre por meio de uma relação 
saudável com um profissional eticamente comprometido e tecnicamente qualificado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Por que a Psicoterapia funciona? 
 
http://www.centrinho.usp.br/
 
 
 
87 
174 
bp0.blogger.com/.../mSnJf2Dk2Xg/s320/afeto.jpg. 
 
É comum a desconfiança nos processos terapêuticos. Pela própria história da 
Ciência, exigindo uma quantificação, para que se legitime, fica mais difícil acreditar 
em um saber profissional que lide com a subjetividade. No entanto, as pesquisas, de 
caráter científico ou não, têm demonstrado uma grande eficácia da Psicoterapia. 
Mesmo as recentes tecnologias de mapeamento cerebral têm permitido demonstrar 
como o tratamento psicológico age, transformando o funcionamento cerebral. A 
eficácia que vinha se demonstrando há muitos anos tem sido corroborada 
recentemente pelos novos conhecimentos das neurociências. 
Pela complexidade do tema existem centenas de livros e pesquisas explorando 
e explicando porque a Psicoterapia funciona. Mesmo assim, como simples exercício 
de compreensão, vamos listar alguns motivos para explicar a efetividade da 
Psicoterapia, dos mais simples aos mais complexos. 
No início da lista, como em um continuum, temos aqueles motivos que são 
comuns a outras relações de ajuda, mesmo não profissionais, como uma conversa 
íntima com um amigo, uma conversa sobre um problema pessoal com um professor, 
um médico, etc. Avançando na lista vamos chegando aos motivos que são mais 
comuns na Psicoterapia até aqueles que são exclusivos da Psicoterapia – possíveis 
pelo cuidadoso treinamento teórico e técnico adquirido pelo psicólogo em sua 
trajetória de formação profissional. Eis o continuum com alguns motivos pelos quais a 
Psicoterapia funciona: 
1) é fundamental ter alguém em quem confiar e com quem se possa dividir 
o peso do problema que se vivencia. Compartilhar auxilia sobremaneira a aliviar a 
 
 
 
88 
carga emocional e consequentemente se sofre menos. Além disso, terá ao lado um 
profissional capaz de escutar e de guardar sigilo, além de não alimentar preconceitos 
e cobranças muitas vezes moralistas; 
2) provavelmente formarão um vínculo afetivo e o próprio vínculo tem um 
poder de cura. É mais fácil superar muitas dores por meio de uma relação autêntica 
de respeito mútuo do que sozinho. A relação terapêutica é uma relação de ajuda, de 
compreensão e apoio; 
3) a psicoterapia é um ponto obrigatório para se parar e pensar na própria 
vida. Ao parar para um momento de reflexão, são revistos valores e projetos futuros. 
Parar, observar e refletir permite muitas mudanças de orientação, sentido, rumo e 
aprofundamento da experiência de vida. A vida não consiste apenas em produzir, mas 
em ser feliz. Este deve ser o verdadeiro sentido da vida; 
4) o psicólogo clínico (psicoterapeuta) é outro, com o olhar e a perspectiva 
de um outro, o que lhe ajudará ver a sua vida de um modo diferente, lhe fazer 
perguntas diferentes, ajudá-lo a perceber as coisas de um ângulo que você não tinha 
visto antes e nem suspeitava ser possível; 
5) o psicoterapeuta conhece teorias psicológicas que ajudam na 
compreensão do que ocorre com o ser humano, auxiliam na identificação do que pode 
estar errado em sua vida, a direção na qual você está seguindo e as mudanças de 
rumo necessárias. A partir de seu conhecimento o psicólogo pode apontar: O que 
olhar? Como olhar? O que fazer com o que se descobre? Para que essas descobertas 
possam ser construtivas em sua vida; 
7) o psicoterapeuta conhece métodos de investigação que tornam possível 
descobrir aspectos da sua personalidade que seriam inacessíveis a uma observação 
não treinada. Há um amplo repertório de técnicas de investigação da personalidade 
que permitem esclarecer problemas de modo extremamente eficaz; 
8) o psicoterapeuta domina técnicas terapêuticas que permitem realizar 
mudanças profundas na existência; 
9) o psicoterapeuta está preparado para compreender você a partir do 
vínculo que você estabelece com ele, das respostas emocionais que você suscita 
nele. Em seu treinamento ele afinou a si mesmo como instrumento de trabalho para 
reconhecer pequenasnuances do que você mostra na relação com ele (e 
consequentemente com os outros) e assim poder compreender seus modos de 
vinculação e suas dificuldades em relacionamentos; 
 
 
 
89 
10) o psicoterapeuta é capaz de oferecer uma presença autêntica no vínculo 
com você. Essa relação funciona como catalisadora de processos de mudança 
necessários em sua vida, incluindo a superação dos efeitos de traumas de 
relacionamentos anteriores; 
11) o psicoterapeuta passou por todos esses passos anteriores, tendo 
estado em todos os papéis, como cliente, como profissional e como observador. O 
que o habilita a “sentir-se em casa” em situações difíceis e poder caminhar por 
terrenos inóspitos, cheios de sofrimento e problemas emocionais e saber o melhor 
caminho a seguir. 
Certamente essa lista poderia ser estendida, mas o que se pretende é apenas 
oferecer uma ideia do trabalho da Psicologia Clínica em uma linguagem diferente 
daquela do universo teórico, técnico e científico habitual na Psicologia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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