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RESUMO PSICOLOGIA APLICADA A SAÚDE

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PSICOLOGIA APLICADA A SAÚDE
MODULO 04
PSICOLOGIA DO SÉCULO XX AO SÉCULO XXI
 A Psicologia se organiza e se desenvolve a partir da evolução do pensamento do ser humano.
Para chegarmos até o século XXI, gradualmente evoluímos o nosso jeito de pensar. Por esse motivo, desenvolvemos tecnologias de acordo com a necessidade do ambiente e sempre em um continuum histórico de acúmulo de conhecimento.
Dominamos o fogo 800 mil anos atrás; 8 mil anos atrás, a agricultura; atualmente temos smartphones; amanhã, robôs.
No século XIX, vimos a Psicologia demarcar a sua área de conhecimento, não apenas utilizando os métodos da Filosofia, mas empregando o método científico.
1. 1879
O objeto de estudo da Psicologia era a consciência, e o método foi a introspecção.
2. 1913
Abandonamos o estudo da consciência e passamos a focar no comportamento, por meio da observação.
3. 1950
Voltamos a estudar a consciência e também o comportamento, mas, então, a Psicologia era cognitiva.
Quando surge uma nova escola de Psicologia, uma nova perspectiva teórica, a outra não é abandonada por completo, pois as diversas escolas coexistem ou se transformam. A Psicologia também viu o movimento da Gestalt, a era das testagens psicológicas (que é forte no século XXI), entre outros movimentos que duram até os dias atuais.
O movimento da Psicologia Positiva
A Psicologia Positiva recebe influências do humanismo, mas é um movimento que ocorre na transição do século XX para o século XXI. Lembre que uma ciência não se desenvolve no vácuo! Um sistema teórico surge em uma área de conhecimento, basicamente, para preencher lacunas abertas, para estabelecer uma crítica (antítese) ou para inovar. De certa maneira, a Psicologia Positiva cumpre esses três papéis.
Qual a inovação da Psicologia Positiva?
A Psicologia Positiva tenta compreender alguns adjetivos que são muito admirados quando os encontramos nas pessoas e superar as limitações pouco científicas do humanismo.
Martin Seligman, psicólogo norte-americano, nascido em 1942, que ficou conhecido por sua teoria do desamparo aprendido, tanto pela qualidade dos achados, mas também pelas críticas ao desenho experimental que resultava em sofrimento para as cobaias, e em conjunto com Christopher Peterson (1950-2012), publicou Character, strengths and virtues (Caráter, forças e virtudes), estabelecendo um contraponto para o DSM (Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais norte-americano).
Enquanto o DSM é utilizado para compreensão de psicopatologias e tratamento (doenças mentais ou do comportamento), o Character, strengths and virtues é utilizado para a análise das virtudes, potencialidades do indivíduo e para o seu desenvolvimento.
A Psicologia Positiva, além de pensar os indivíduos, também pensa em instituições positivas que fomentem espaço para o desenvolvimento das virtudes. Além disso, pessoas positivas geram ambientes positivos.
Psicologia Positiva versus Psicologia Cognitiva versus Neurociências
Um cérebro emocional se desenvolveu e funciona de modo adaptativo, em respostas psicológicas e ambientais aos estímulos do meio destinados para nos afastar do perigo e nos aproximar de recompensas.
De acordo com Bear, Connors e Paradiso (2017), o sistema límbico é descrito como o principal circuito mediador de nossas emoções.
A Psicologia Positiva não refuta as Neurociências, pois compreende a importância das redes neurais e da forma como as informações são processadas.
A Psicologia Positiva trabalha com parâmetros fenomenológicos da consciência, baseada em teorias da informação. Busca a compreensão dos acontecimentos, dos fenômenos e suas respectivas interpretações, e não apenas por meio do processamento das redes neurais, dos aspectos psicofisiológicos ou não conscientes.
Psicologia Positiva: um projeto para Psicologia do século XXI
Seligman apresenta uma reflexão do papel da Psicologia para o nosso século: o desenvolvimento de forças de caráter e de valores como uma proposta para saúde mental.
Pontos a serem destacados;
Sabedoria e conhecimento são pontos que envolvem a aquisição e a utilização do conhecimento, ou seja, criatividade, pensamento crítico, gostar de aprender.
Forças emocionais que envolvem o exercício da vontade para alcançar metas e objetivos perante a oposição interna e externa.
Ajudar aos outros, amar, ser amado, bondade, habilidade sociais.
Liderança, cidadania, integridade, ações cívicas para promoção de uma vida comunitária saudável.
Busca pelo equilíbrio, misericórdia, humildade, autorregulação, prudência.
A Psicologia Positiva propõe rompermos com os discursos tradicionais e buscar novas práticas em como avaliar e desenvolver as forças de caráter e virtude nas pessoas, nas organizações e nas instituições.
Para a Psicologia Positiva, os pontos fortes de uma pessoa são tão importantes quanto as vulnerabilidades.
Psicologia Positiva e orientação profissional
O trabalho do orientador profissional implica qualquer etapa da vida que esteja associada ao mercado de trabalho.
Atualmente, vivenciamos a Quarta Revolução Industrial, também chamada de indústria 4.0. O termo sociedade da informação, em vez de sociedade pós-industrial, demarca essa revolução. Tecnologia, inteligência artificial, robôs, profissões do futuro são discussões do nosso momento histórico, do nosso Zeitgeist.
O desafio é compreender o perfil de cada pessoa, levando em consideração o seu desenvolvimento ontogenético. Isso implica compreender em que época essa pessoa se desenvolveu, como ela formou seus valores e suas forças de caráter e como a Psicologia pode auxiliar cada geração a lidar com as demandas da sociedade 4.0.
Cada geração apresenta um estilo próprio na maneira de aprender e se desenvolver. Cada geração possui forças de caráter e virtude desenvolvidas, de acordo com a necessidade de seu tempo, com a influência do momento cultural em que viveu, dos acontecimentos políticos e econômicos que vivenciou.
No século XXI, a Psicologia como uma profissão do futuro significa o desenvolvimento de forças de caráter e virtudes das pessoas, bem como de suas habilidades emocionais e comportamentais (as chamadas soft skills).
AULA 02 – ESTUDO DA PSICOSSOMÁTICA
MODULO 01 - Comparar as abordagens monistas e dualistas no problema mente/corpo
A DICOTOMIA MENTE/CORPO E SUA REPERCUSSÃO NA PRÁTICA DO PROFISSIONAL DE SAÚDE
Dualismo
Dualismo é uma oposição ao pensamento monista, ou seja, mente e corpo são entidades separadas, distintas e incompatíveis. Os dualistas, como o filósofo René Descartes, aceitam que há relação entre mente e corpo, mas isso não significa que a mente padeceria após a morte física do nosso corpo.
No contexto do problema mente-corpo, dualismo é a posição de que mente e corpo constituem dois reinos ou substâncias separadas. Posições dualistas levantam a questão de como mente e corpo interagem no pensamento e no comportamento [...] Para Descartes, isso significa que a mente continua existindo mesmo que o corpo material não exista mais.
Res cogitans
Termo de origem no latim, que significa coisa pensante. O ser humano tem uma res cogitans, em circunstâncias naturais, todo ser humano pensa e, como indicado por Descartes em seu método, pode duvidar das ideias que ele tem sobre si e sobre o mundo.
Res extensa
A gênese da palavra está no latim e significa coisa expandida. Descartes usa o termo para indicar o aspecto físico da matéria. Toda a matéria ocupa espaço físico, ainda que ela seja modificada como a cera derretida, a propriedade da extensão continua existindo na mesma matéria.
É neste sentido que o dualismo cartesiano está ancorado nessas duas substâncias incompatíveis. Enquanto a res cogitans está associada à mente, a res extensa está relacionada ao corpo. O próprio cérebro – órgão em que alguns autores da psicologia, principalmente, os de cunho cognitivistas, vão indicar como sinônimo de mente – possui uma extensão, mas, para Descartes, a mente não possui nenhuma extensão no espaço, o que, para ele, significa que ela continua existindo mesmo depois da morte do corpo material. A mente não é sinônimode cérebro para Descartes, porque os animais, assim como os humanos, possuem cérebros, mas eles não possuem capacidade de raciocínio. Os animais, em suma, consistem apenas em corpos, já os seres humanos possuem corpos e mente.
Monismo
A posição dualista do problema mente e corpo não é uma unanimidade nos dias de hoje. Grande parte da comunidade científica defende uma posição monista, isto é, de que mente e corpo não se constituem em substâncias diferentes.
Monismo – Em uma concepção discursiva do problema mente e corpo, os monistas são aqueles que pensam em uma integração entre as duas entidades, ou seja, mente e corpo estão relacionados e intrinsecamente combinados. O dicionário de psicologia da APA descreve: “No contexto do problema mente-corpo, monismo é qualquer posição que evita o dualismo.”
Aqui, é importante destacar que existe uma ideia geral de que a vertente dualista do problema mente e corpo se relaciona de uma forma mais próxima a algum tipo de espiritualidade – o que faz sentido, uma vez que a eternidade da mente em Descartes, ou o mundo das ideias de Platão, evoca um mistério desconhecido pelo ser humano.
A nossa Psicologia contemporânea do século XXI tende a se aproximar mais do monismo do que do dualismo.
A mente é composta pelas propriedades que apenas um ser humano é capaz de expressar, pelo menos até o estado da arte científica atual, como pensamento crítico, raciocínio lógico, linguagem, aspectos relativos à personalidade de cada ser, sentimentos, emoções, memórias, entre outras.
Atualmente, a Psicossomática parece estar mais próxima de uma abordagem monista do que de uma visão dualista do problema mente e corpo. O próprio Hipócrates, filósofo que pensa em uma medicina psicossomática mesmo sem dar este nome, era um filósofo monista. Ele considerava que a alma (o que chamaríamos de mente nos dias de hoje) era um componente orgânico do corpo.
MODULO 02 - Descrever o conceito de Psicossomática e sua evolução histórica
A HISTERIA E A PSICANÁLISE
Casos de pessoas, mais especificamente mulheres, que apresentavam sintomas de problemas físicos ou uma desordem com o próprio corpo. Os sintomas eram os mais variados e podiam incluir cegueira, dores nas pernas, desmaios, impossibilidade de andar, câimbras nos membros superiores ou inferiores, amnésia e uma série de outros sintomas. 
Histeria - A histeria é uma palavra de origem grega (hystera) que significa útero. A origem do termo nos indica o motivo dessa desordem ter sido nomeada de tal forma, pois as observações dos médicos, psicanalistas e neurologistas dos séculos XIX e XX apontavam para uma predominância da histeria nas mulheres.
Não era incomum encontrar médicos que se recusavam a tratar as histéricas, pois acreditavam que seus sintomas eram uma espécie de atuação teatral e que elas não estavam doentes de verdade. A falta de uma comprovação concreta expressa em algum tipo de exame e a ausência de lesões orgânicas que justificassem as queixas das pacientes contribuía para a recusa.
Essa pequena explicação sobre a histeria nos ajuda a compreender como as doenças foram tratadas de forma isolada pelos profissionais que se incumbiam delas. Somente as manifestações físicas e as lesões orgânicas nos tecidos do corpo humano eram consideradas na hora de ajudar alguém que estava sofrendo.
 Evoluímos nesse sentido e muitos profissionais compreendem a importância de um diagnóstico e tratamento mais integrado. Médicos encaminham seus pacientes para consultórios de psicologia, educadores solicitam aos familiares da criança uma avaliação junto a um neurologista, psicólogos encaminham seus pacientes ao psiquiatra. Há uma preocupação desses profissionais em saber em que contexto essa queixa é produzida. 
Todos os seres humanos possuem uma herança genética, características físicas próprias e um corpo biológico composto de órgãos, hormônios, neurônios, tecidos fibrosos, ossos, músculos e afins. Porém, o corpo não se resume apenas a essas características biológicas, também existem nossas variáveis psíquicas: atenção, inteligência, emoções, personalidade, humor etc. Tão importante quanto nossas características biológicas e psíquicas é o contexto social em que vivemos, nossas relações familiares, escolares, religiosas, políticas, laborais e afetivas também formam um ser humano. Essas três dimensões são indissociáveis e, por isso, as escrevemos juntas: biopsicossocial.
Psicossomática é uma palavra formada pela junção de duas outras de origem grega:
psique = alma e soma = corpo
A Psicossomática estuda como a nossa mente se relaciona com o nosso corpo e a produção de doenças. Segundo Julio de Melo Filho (2010), uma pesquisa em Psicossomática se debruça: “[...] sobre a relação mente-corpo, sobre os mecanismos de produção de enfermidades, notadamente sobre os fenômenos do estresse” 
“Nascida com Hipócrates, a Medicina Psicossomática concerne simultaneamente ao corpo e ao espírito e, mais especificamente, à relação direta entre a soma e a psyché. Descreve a maneira como as doenças orgânicas são provocadas por conflitos psíquicos, em geral inconscientes”
O nome psicossomático nasce com Heinroth que, além de nomear esse campo, também cunhou um outro termo importante: o conceito de somatopsíquico.
Condições psicossomáticas e somatopsíquicas podem acontecer de forma conjunta, uma não anula a outra, necessariamente.
AS TRÊS FASES DA PSICOSSOMÁTICA
Em uma perspectiva histórica, podemos afirmar que a Psicossomática passou por três fases (FILHO & BURD, 2010). São elas: a fase psicanalítica, a behaviorista e a multidisciplinar. Examinemos com um pouco mais de detalhes cada uma dessas fases.
Fase psicanalítica
Freud, o pai da Psicanálise, entendia que ideias reprimidas podiam acarretar conversões sintomáticas no corpo do sujeito. É o que já vimos anteriormente com a histeria e sua conversão em um sintoma físico.
Nesse sentido, para a Psicanálise, algumas enfermidades que não podiam ser explicadas por lesões físicas, que, por consequência, eram consideradas psicossomáticas, tinham suas origens no inconsciente.
Para enfatizar a diferença entre a histeria e uma doença psicossomática, é importante destacar que, na histeria, não existe um correspondente físico lesionado para os sintomas do sujeito e, na Psicossomática, também pode não existir essa relação. Contudo, diferentemente da histeria, que nunca apresenta um órgão, tecido ou músculo que apresente distúrbios, na Psicossomática, é possível que isto ocorra devido às questões da psique.
Fase behaviorista
O interesse dos behavioristas era prever e controlar o comportamento.
Os behavioristas, ainda que admitam a existência da mente, não estão interessados em seu estudo, uma vez que, para esses teóricos, o que importa é o comportamento e o ambiente em que o sujeito está inserido.
Para eles, a mente é uma substância abstrata que não pode ser medida, quantificada e observada de forma direta, neutra e empírica. Alguns behavioristas chegam a afirmar que a psicossomática está mais para a vertente dualista do que para uma concepção monista.
Para estudar os processos mentais, era comum que os contemporâneos de Watson utilizassem uma metodologia conhecida como introspecção.
Se, para os behavioristas, a mente não deve ser estudada, já que está inacessível aos nossos métodos de pesquisa realmente válidos, como eles entendem a Psicossomática? Para os behavioristas, essas alterações fisiológicas sem causa orgânica aparente podem ser compreendidas olhando para as contingências (Pode ser entendida como a probabilidade de um determinado evento (o estresse, por exemplo) acontecer depois de um outro evento (uma bronca do chefe no trabalho, por exemplo). Assim, o estresse é contingente à bronca do chefe no trabalho. Segundo a definição da APA: “s. relação condicional, probabilística, entre dois eventos.”)
Fase multidisciplinar
Uma abordagem multidisciplinar pressupõe a contribuição de diversos profissionais para atender um mesmo paciente. Pensar a Psicossomática desta forma implica na aposta de que o psicólogo, o médico, o psiquiatra,o nutricionista, o neurologista ou qualquer outra especialidade, não consegue dar conta da integralidade do sujeito de forma isolada. A multidisciplinaridade está relacionada ao conceito de um ser humano biopsicossocial, o que somos hoje é resultado de nossa interação com o mundo e todas as nossas experiências do passado e de expectativas futuras. É um sistema único, constituído por três subsistemas: mente, corpo e relacionamentos sociais”.
A Psicossomática não resume apenas as doenças psicossomáticas. Engloba uma compreensão de ser humano biopsicossocial e a importância de um trabalho multidisciplinar para oferecer a melhor assistência possível para as pessoas que necessitam de cuidados em saúde.
O DSM E A PSICOSSOMÁTICA
As doenças chamadas psicossomáticas, por serem desencadeadas ou agravadas por questões psicológicas, podem ser manifestadas em dores, alterações gastrointestinais, tremores, manchas na pele, falta de ar e esses sintomas tendem a se intensificar em situações de estresse. 
Nosso organismo, quando sobrecarregado, possui três vias de descarga das excitações: o pensamento, o comportamento e o organismo.
O adoecimento aparece como uma tentativa de equilíbrio para o corpo e, quando é percebido dessa forma, implica não somente em tratar os sintomas da doença, mas também mudar os fatores que propiciaram seu desencadeamento.
Essas patologias são tratadas no capítulo de Sintomas Somáticos e outros Transtornos Relacionados, na última revisão do Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V).
O Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5.ª edição ou DSM-5 é uma referência para psicólogos, médicos e terapeutas ocupacionais, elaborado pela Associação Americana de Psiquiatria para definir diretrizes no diagnóstico de transtornos mentais. O instrumento é atualizado de acordo com o avanço científico que fornece novas evidências que podem retirar, inserir ou alterar critérios para diagnóstico.
O DSM-V classifica como portador de Transtorno com Sintomas Somáticos os indivíduos que apresentam qualquer número de sintomas somáticos acompanhados por pensamentos, sentimentos ou comportamentos excessivos, relacionados aos sintomas em si ou preocupações associadas com a saúde, caracterizado por:
Pensamentos desproporcionais e persistentes sobre a gravidade dos próprios sintomas
Nível persistentemente elevado de ansiedade sobre a saúde ou sintomas
Excesso de tempo e energia dedicados a estes sintomas ou problemas de saúde
O diagnóstico de Transtorno de Ansiedade de Doença é recebido por indivíduos que experimentam um alto nível de ansiedade, com temor de estar doente, mas sem sintomas somáticos. Estes indivíduos eram classificados como hipocondríacos até o DSM-IV e esta categoria foi excluída devido ao caráter pejorativo que o termo adquiriu como “quem tem mania de doença”.
O Transtorno Factício foi incluído no capítulo dos Sintomas Somáticos e Outros Transtornos Relacionados com um diagnóstico para indivíduos que apresentam falsificação de sintomas físicos ou psicológicos, sem um incentivo externo evidente, motivado por assumir o papel de enfermo. Nesses casos, não falamos em adoecimento psicossomático. São situações em que os sintomas não existentes são usados como justificativa para determinado comportamento ou mesmo para obter benefícios, sejam eles conscientes ou inconscientes.
Outro quadro estudado anteriormente, quando contextualizamos o que ficou conhecido como Histeria de Conversão pela Psicanálise, é o que hoje está classificado como Transtorno Conversivo. Nesse quadro, é necessária a presença de um ou mais sintomas de alterações da função motora e sensorial voluntária, tendo os exames neurológicos descartando outras causas para a sintomatologia apresentada. Nesses casos, o sintoma não é falseado como no Transtorno Factício, nem o organismo apresenta algum tipo de lesão orgânica de fato como no Transtorno de Sintomas Somáticos. A pessoa de fato sente o que está relatando, mas não há alteração no organismo que justifique o que está relatando sentir.
MODULO 3 - Relacionar fundamentos da Psicossomática às práticas atuais
A PSICOLOGIA DA SAÚDE
O conceito de psicossomática engloba três diferentes horizontes. O primeiro diz respeito à dimensão psicológica da doença, toda doença física tem implicações psíquicas para o sujeito que a experimenta. O segundo horizonte vai enfatizar a importância da relação entre médico e paciente, já que uma boa relação pode contribuir para a recuperação do sujeito e até mesmo para a adesão do paciente a uma determinada intervenção. O terceiro horizonte destaca os procedimentos terapêuticos em relação à pessoa que, no momento, está doente. Tais procedimentos, sejam eles realizados por qualquer profissional que esteja envolvido no caso, precisam levar em conta que o ser humano é um ser biopsicossocial.
A Psicologia da Saúde tem início, pelo menos no que tange a seu marco oficial, com um grupo de trabalho na APA. Esse grupo se reúne para discutir a crescente demanda pela prática da psicologia da saúde e para conduzir e avaliar pesquisas neste campo. Oito anos depois do início das atividades deste grupo, uma divisão específica para a área foi criada dentro da instituição que congrega inúmeros psicólogos norte-americanos. Essa divisão ficou conhecida como divisão 38.
Psicologia da Saúde pode ser definida da seguinte maneira:
É o conjunto de contribuições educacionais, científicas e profissionais específicas da Psicologia, utilizadas para a promoção e manutenção da saúde, prevenção e tratamento das doenças, identificação da etiologia e diagnóstico (de problemas) relacionados à saúde, doença e disfunções, para a análise do sistema de atenção à saúde e formação de políticas de saúde.
A atenção básica se constitui em uma perspectiva mais ampla do que a atenção primária, pois trabalha com a promoção de saúde, a prevenção de doenças, o diagnóstico de enfermidades, o tratamento de patologias e até mesmo a reabilitação de pessoas que tenham passado por algum tipo de problema físico. A estratégia de saúde da família (ESF) – modelo que vem ganhando cada vez mais espaço como um substituto de um que preconizava a atenção individual, centrada na pessoa – trabalha na perspectiva da atenção básica. O termo atenção básica costuma ser usado no Brasil, enquanto o termo atenção primária é visto com mais frequência na literatura internacional. Atenção primária incorpora temas com relação à saúde coletiva, prevenção e promoção de saúde.
A PSICOLOGIA HOSPITALAR
É o campo de entendimento e tratamento dos aspectos psicológicos em torno do adoecimento.
Em sua prática diária, é atribuição do psicólogo hospitalar: “Atender a pacientes, familiares e/ou responsáveis pelo paciente; membros da comunidade dentro de sua área de atuação; membros da equipe multiprofissional e eventualmente administrativa, visando o bem-estar físico e emocional do paciente; e, alunos e pesquisadores, quando estes estejam atuando em pesquisa e assistência”
A Psicologia Hospitalar não trata apenas das doenças com causas psíquicas, mas sim dos aspectos psicológicos de toda e qualquer doença. Desta forma, toda doença apresenta aspectos psicológicos; toda doença encontra-se repleta de subjetividade, e por isso, pode-se beneficiar do trabalho da Psicologia Hospitalar. Cada doença é entendida de uma determinada forma, conforme o sujeito está adoecido.
Psicologia Clínica
Atua nos três níveis de atenção: primário, secundário e terciário, no sentido de promover a saúde mental para os usuários destes serviços.
Psicologia da Saúde
Atua nos três níveis de atenção: primário, secundário e terciário, mas sua atuação está mais voltada para o universo sanitário, com especial atenção para os desdobramentos psicológicos de uma doença ou impossibilidade física que comprometa a saúde do sujeito.
Psicologia Hospitalar
É uma área que está dentro da Psicologia da Saúde, todavia, sua atuação está limitada ao hospital, enquanto local de trabalho do profissional. Está associada ao nível secundário e terciário.
AULA 03– TRANSTORNOS PSICOLOGICOS
MODULO 01 - Definir o estresse e suas implicações na saúde
Estresse é uma reação natural do corpo diante de situações de perigo ou uma reação que nos tire de contextos a que inicialmente estávamos habituados (BRASIL, 2015). O corpo emite sinais de alerta em caso de estresse: dores musculares, insônia, irritabilidade, entre outros sintomas. Eles nos avisam da necessidade de buscar novas ferramentas que permitam ao nosso corpo retornar ao seu estado de equilíbrio ou adaptar-se a novas situações, podendo ser agudo: quando vivenciado a partir de situações inesperadas e crônico: Relacionado ao cotidiano.
O pesquisador Hans Selye, buscando compreender o estresse e suas ações em nosso corpo, criou um Modelo Trifásico, que divide as respostas ao estresse em três fases, conhecidas como:
Estado de alerta
O corpo se prepara para lidar com os estímulos estressores, cujo objetivo é a autopreservação. Os estímulos estressores não são necessariamente ruins e podem levar o sujeito à ação. O resultado da situação depende de como o sujeito lida com esses estímulos. Porém, se os gatilhos permanecem por muito mais tempo, avançamos para a fase seguinte.
Resistência
A energia gasta para manter a homeostase do corpo é sentida, chegando ao cansaço físico e mental. Dessa forma, caso o indivíduo não escute os sinais de seu corpo, seguirá para a próxima fase.
Exaustão
Nesta fase, o corpo tende a paralisar em razão de doenças mais sérias.
A partir dos estudos de Hans Syele, a psicóloga Marilda Lipp acrescentou ao Modelo Trifásico um quarto elemento, transformando o modelo em Quadrifásico.
Fase da quase exaustão
Localizada entre a fase da resistência e da exaustão, as doenças não chegam a ser consideradas graves, dando ao corpo mais uma chance de recuperação e reavaliação das estratégias. Caso não haja esta atenção, o curso do estresse seguirá para a exaustão, levando o indivíduo a grave adoecimento.
O estresse prolongado, conhecido como estresse crônico, está relacionado à secreção de altas quantidades de cortisol e de outros hormônios que elevam o nível de açúcar no sangue e as taxas metabólicas do organismo. De certa forma, estas mudanças fisiológicas permitem que o sujeito sustente atividade prolongada para se defender de qualquer ameaça. No entanto, esta condição acarreta diminuição da atividade do sistema imunológico.
POSSÍVEIS CAUSAS DO ESTRESSE
O estresse pode ter diversas causas, como a ansiedade, o desejo de aprovação social, as dificuldades pessoais e sociais, entre outras tantas.
Estudos sobre o estresse têm despertado interesse dos profissionais de saúde, dado que as pessoas estão em processo de adoecimento ao tentar dar conta das demandas advindas do mundo contemporâneo, das mudanças sociais, especialmente as relacionadas ao mundo digital, às redes sociais, aos games, levando muitas delas a confundirem o real com o imaginário. Para finalizar, é claro que as questões relativas à segurança, à economia e à política, ou seja, ligadas ao nosso habitat, são poderosos gatilhos para o estresse.
TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO (TEPT)
Causado por um evento de grande impacto psicológico e emocional na vida de uma pessoa. Os sintomas aparecem em até seis meses após a ocorrência do fato. Neste caso, estamos nos referindo a situações extremas como: experiências de guerra, violência ligada a tortura, estupro, desastres naturais ou provocados pelo homem.
CONSEQUÊNCIAS DO ESTRESSE
As alterações de comportamento causadas pelo estresse muitas vezes comprometem relacionamentos pessoais e profissionais, uma vez que as pessoas podem se afastar para evitar discussões como forma de preservar a relação.
O estresse também pode causar prejuízo nas funções mentais, alterar a capacidade produtiva da pessoa, já que a atenção não está focada nos objetivos a serem cumpridos e sim nos sintomas produzidos pela doença.
FORMAS DE CUIDADO: PREVENÇÃO E TRATAMENTO
Para o tratamento do estresse, temos ao nosso dispor médicos, psicólogos e profissionais da área de saúde que atuam através das práticas integrativas e complementares. Atualmente dispomos de um total de 29 práticas reconhecidas e utilizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na Atenção Básica, entre elas, a acupuntura, a meditação, a yoga, entre outras.
Além dessas práticas citadas, podemos trabalhar utilizando técnicas educativas, cujo objetivo é auxiliar na compreensão do que é estresse. As pessoas precisam ser capazes de reconhecer os sintomas no corpo, na mente e nas relações interpessoais; identificar as fontes externas de estresse e os estressores internos, ou seja, nossa fábrica particular.
Outra forma de tratamento implica ensinar a lidar com os agentes estressores situacionais, na busca de eliminar os que podem ser eliminados e fazer uma reinterpretação dos que são considerados inevitáveis.
É preciso tentar ressignificar positivamente os agentes estressores essenciais à vida, chegando ao processo de aceitação. Falar sobre o que sentimos também ajuda muito no tratamento, reconhecer que se é humano e que existem pessoas que vivem dores parecidas com as nossas. E mais: pedindo ajuda, o cuidado se torna possível.
MÓDULO 02 - Descrever as fobias e o transtorno de ansiedade generalizada
Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), os transtornos de ansiedade compartilham características como o medo e a ansiedade excessivos, causando perturbações comportamentais
TRANSTORNO DE ANSIEDADE DE SEPARAÇÃO
Durante o desenvolvimento, sabemos que o bebê estabelece vínculos e uma relação de apego com a figura de cuidado. Isto é necessário para o bom desenvolvimento emocional e psicológico da criança.
Porém, à medida que cresce, chega a hora de a criança experimentar a angústia da separação, que ocorre quando a figura de apego deixa de estar o tempo todo ali do seu lado. Quando essa superação não ocorre, a criança experimenta um sofrimento excessivo, um medo desproporcional, relutância em sair de casa para não se separar da figura de apego, pensamentos recorrentes relacionados à perda da figura valorosa, entre outros. Ao ser separada das figuras de apego, a criança apresenta comportamento de retraimento social, apatia, tristeza, problemas de rendimento na escola e dificuldade de concentração. 
MUTISMO SELETIVO
No mutismo seletivo, há predominância da ansiedade social. Na maioria das vezes, a pessoa só fica à vontade para se relacionar com sua família nuclear, tem prejuízo nas interações, o que acarreta consequências no seu desenvolvimento social, acadêmico e profissional. A pessoa sente enorme dificuldade para falar em público e participar de trabalhos em grupo, embora mantenha o desejo de estar presente sem a obrigação de participar ativamente. Pessoas com mutismo seletivo preferem optar pela posição de escuta e não de fala, podendo participar em alguns momentos de interação através da comunicação não verbal.
FOBIA ESPECÍFICA
Um conceito generalista de fobia refere-se a medo e ansiedade desproporcionais diante de um determinado objeto ou situação. Aqui é importante distinguirmos os termos medo e ansiedade:
Medo: É uma reação natural do corpo em contato com uma ameaça real; neste caso o objeto está de fato presente.
Ansiedade: Também existe uma resposta fisiológica a uma situação ou objeto, só que neste caso o gerador de ansiedade não está presente, a ameaça é considerada como uma possibilidade futura
Na literatura, existe uma distinção que nos permite identificar os objetos e as situações que provocam a reação fóbica como estímulos fóbicos e os objetos/situações temidos como especificadores.
A pergunta inevitável: “Como identificamos se os sintomas estão relacionados a uma fobia e não a outro tipo de transtorno?”.
O DSM-5 considera alguns critérios, entre eles, o de que os sintomas de fobia devem estar presentes durante pelos menos 6 meses e ter pelo menos três especificadores diferentes, sejam eles de:
Ordem situacional
Fobia em elevadores e ambientes fechados.
Ordem animal
Fobia de animais, insetos etc.
Ordem ambiental
Fobia de mar, ventania,altura etc.
Sangue-injeção-ferimentos
Fobia de procedimentos médicos invasivos.
TRANSTORNO DE ANSIEDADE SOCIAL (FOBIA SOCIAL)
No caso do transtorno de ansiedade social, conhecido também como fobia social, o medo desproporcional, a ansiedade e a esquiva acontecem em função da crença do sujeito de que o ambiente pode oferecer perigos, como, por exemplo, a avaliação negativa à sua conduta. Essa percepção pode provocar sentimento de humilhação e, desta forma, a pessoa pode se sentir rejeitada ou, em resposta, pode ofender o outro como defesa. Esta condição acarreta prejuízos na funcionalidade geral do sujeito, interferindo no seu desempenho em situações públicas e sociais, especialmente afetando a capacidade de comunicar-se e impedindo a construção de vínculos tanto na vida pessoal como na profissional. Os ambientes e as pessoas passam a ser ameaçadores e, assim, a esquiva (muitas vezes expressa pelo isolamento) acaba comprometendo a qualidade de vida da pessoa.
Atualmente, temos acompanhado uma parcela significativa de jovens e adolescentes vivendo nesse isolamento, o que compromete a autoestima e as interações sociais. Para alguns, os jogos representam a interface para interagir com o outro e o mundo; para outros, o uso dos computadores e celulares aumentam o isolamento.
AGORAFOBIA
Neste tipo de transtorno psicológico, os gatilhos são disparados em várias situações: permanecer em lugares abertos, permanecer em lugares fechados (onde não se tem a certeza de poder sair com facilidade), transporte público, filas e multidões. Em alguns casos, os sintomas de medo e ansiedade podem ser suportados com a presença de outra pessoa. Em alguns casos, a agorafobia tem relação com outros transtornos de ansiedade, como o transtorno de pânico e o ataque de pânico. Na condição mais severa, os sujeitos acabam restritos às suas casas e incapazes de sair — até mesmo dependentes de outras pessoas, especialmente daquelas que os fazem sentir seguros ou as que reconhecidamente ajudarão no caso de uma crise.
TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA – TAG
O transtorno de ansiedade generalizada está associado a uma preocupação excessiva e não específica. O sujeito experimenta uma apreensão de que, a qualquer momento, coisas ruins possam acontecer, causando irritabilidade e cansaço mental. O sono e outras funções do organismo ficam comprometidos, afetando a qualidade de vida devido também à tensão e à inquietação vivenciadas durante todo o dia. O desempenho nas atividades terá grande chance de ficar comprometido, tanto as de ordem pessoal quanto social ou profissional. TAG é um dos transtornos psicológicos mais desgastantes e se associa a diversas comorbidades como depressão e problemas de saúde física. A preocupação constante e excessiva que o sujeito experimenta prejudica a sua capacidade para fazer as tarefas do dia de forma rápida e eficiente, tanto em casa como no trabalho. Isto toma tempo e energia, causando um importante desgaste físico e emocional associado a cansaço, tensão muscular, irritabilidade, problemas na concentração e no desempenho em atividades corriqueiras.
Podemos afirmar que este é um dos mais incapacitantes dos transtornos de ansiedade.
TRANSTORNO DE ANSIEDADE INDUZIDO POR SUBSTÂNCIA/MEDICAMENTO
Neste caso, os sintomas de ansiedade apresentados pelo sujeito encontram-se associados à ingestão de uma droga lícita ou ilícita. Às vezes a pessoa está utilizando um remédio para uma finalidade, porém, ela vai a outro especialista que lhe indica um segundo medicamento que terá outra função. Ao iniciar a combinação dos dois medicamentos, o sujeito começa a ter sintomas relacionados a ataques de pânico e ansiedade causados pela interação medicamentosa. Na medida em que isso é revisto, os sintomas desaparecem. Por este motivo, é necessário informar aos médicos todos os medicamentos que tomamos num momento determinado.
TRANSTORNO DE ANSIEDADE EM RAZÃO DE OUTRA CONDIÇÃO MÉDICA
Neste transtorno, existem claras evidências obtidas pelo exame físico, pelo histórico do sujeito ou por exames laboratoriais de que os sintomas de ansiedade apresentados são consequência fisiopatológicas de alguma condição médica preexistente. Para o clínico ter certeza dessa relação, é necessário que ele verifique criteriosamente a relação temporal entre a condição física e os sintomas de ansiedade, entre outros aspectos.
Muitas condições médicas podem causar sintomas de ansiedade significativos, como hipertireoidismo, hipoglicemia, distúrbios cardiovasculares, distúrbios metabólicos e doenças respiratórias. Por isso precisamos diferenciar o transtorno de ansiedade causado por outra condição médica dos casos em que a ansiedade surge na medida em que é comunicado ao sujeito seu diagnóstico e prognóstico.
MÓDULO 03 - Descrever a síndrome do pânico
O QUE É SÍNDROME DO PÂNICO?
Doença
Significa um desequilíbrio na condição física do sujeito com uma causa conhecida;
Síndrome
É utilizada para designar um conjunto de sintomas que não necessariamente têm uma causa definida, mas múltiplos fatores.
Transtorno
É um termo muito utilizado na saúde mental, que indica alterações de ordem psíquica associadas a diversos fatores, desde influências genéticas até socioculturais.
A primeira publicação que menciona oficialmente o termo transtorno do pânico é o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais — 3ª edição (DSM-3), que o definia como desordens causadas pelos ataques recorrentes e intensos de ansiedade, os quais provocam comprometimento severo na funcionalidade da pessoa, assim como sofrimento psíquico profundo.
Posteriormente, um novo conceito sobre pânico foi introduzido na publicação da 4ª edição do mesmo manual, ataque de pânico (AP), configurando outra condição: a de episódios isolados que não manifestam a sintomatologia presente no transtorno do pânico
Os sintomas, no caso do AP, duram em média de 5 a 30 minutos e são observados picos de ansiedade com sentimentos e fantasias de catástrofes iminentes. Para os profissionais da área de saúde, o conhecimento dessas diferenças é de extrema importância em razão da necessidade de identificação para o diagnóstico e a condução do tratamento.
Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais é publicada. Nesta 5ª edição (DSM-5), as desordens denominadas de transtorno do pânico (TP) se localizam no capítulo designado aos “transtornos de ansiedade”. A descrição de sua sintomatologia é mantida, considerando o TP como a desordem causada pelos ataques recorrentes e intensos de ansiedade que atingem seu ápice em poucos minutos. Os sintomas precisam estar presentes com início súbito.
Dessa forma, os termos transtorno do pânico e síndrome do pânico possuem o mesmo significado, podendo levar a pessoa a ter um comportamento irracional, como abandonar seu carro e correr no meio do trânsito pedindo ajuda, afirmando que está morrendo ou sofrendo um infarto. Nesse caso, precisará de apoio medicamentoso, psicoterápico e de uma boa rede de apoio para se reestabelecer.
PREVALÊNCIA E COMORBIDADES
A prevalência do transtorno do pânico é duas vezes maior em mulheres, fato que talvez se explique pela diferença sociocultural: as mulheres tendem a assumir diferentes papéis e responsabilidades desde cedo, contrariamente à maioria dos homens.
O transtorno do pânico normalmente surge no final da adolescência e início da vida adulta, um momento de escolhas profissionais e ingresso no mercado de trabalho, ou seja, o enfrentamento dos desafios que o mundo adulto exige de todos nós.
Chega a quase 100% a probabilidade de quem tem transtorno do pânico desenvolver uma comorbidade psiquiátrica. Em sua maioria, terão o diagnóstico do transtorno do pânico e como comorbidade a agorafobia. Os que não tiverem esta fobia, terão algum outro tipo de transtorno de ansiedade, mais comumente fobia específica, ansiedade social, transtorno de ansiedade generalizada (TAG) ou ansiedade de separação.
DESAFIOS DO DIAGNÓSTICO
Quando falamos na etiologia do transtorno do pânico, ou seja, sua origem, estamos nos referindo a fatores tanto de ordemgenética quanto ambientais:
Fatores de risco relacionados à genética
Estariam presentes na família nuclear, considerados de primeiro grau.
Fatores ambientais
Incluem-se os traumas vivenciados na infância, como também o estresse na vida adulta.
TRATAMENTO E INTERDISCIPLINARIDADE
O ponto de partida será, sem dúvida, o acompanhamento medicamentoso, para que seu corpo possa retornar ao estado de homeostase, permitindo que outros profissionais consigam acessar a pessoa.
O psicólogo fará seu trabalho em conjunto com o paciente na análise das possíveis causas que serviram de gatilho para os sintomas do seu transtorno; também deve-se buscar a rede de apoio da pessoa em tratamento, na medida em que sabemos de fatores de risco que podem complicar o quadro e a recuperação do indivíduo.
Outras formas de cuidado podem ser somadas ao tratamento, como a expertise do educador físico, proporcionando através das práticas um melhor condicionamento do corpo e a liberação de hormônios que contribuem para o cuidado físico e mental.
O profissional de nutrição também pode ajudar nas escolhas alimentares com o objetivo de potencializar e ativar recursos internos que ajudam no processo de melhoria da qualidade de vida.
Outra possibilidade seria o uso das práticas integrativas e complementares (acupuntura, yoga, meditação) reconhecidas pelo Ministério da Saúde através da Política Nacional sancionada em 2006, que permitem criar condições para que as pessoas acometidas desse transtorno possam, através de cuidado e estimulação eficientes, retornar ou desenvolver práticas que proporcionem sentimentos de paz e harmonia.
O ATAQUE DE PÂNICO — AP
Convém ressaltar aqui que o ataque de pânico (AP) não é considerado um transtorno mental, portanto, ele não aparece codificado no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª edição (DSM-5). Sua ocorrência se dá em diversos transtornos (incluindo o transtorno de pânico) e, como vimos, sua manifestação é abrupta, porém de curta duração, variando de 5 até 30 minutos. Como no transtorno do pânico, a pessoa também vivencia uma série de sintomas. Mas, no caso do ataque de pânico, não há comprometimento da sua funcionalidade. Isso não quer dizer, no entanto, que não haverá prejuízos, visto que a pessoa sente que sua capacidade de autocontrole fica comprometida. Viver esse sentimento de impotência pode acarretar problemas na autoestima, dificultando as interações sociais e levando ao isolamento social.
 Prevalência e fatores de risco do AP
Assim como no transtorno do pânico, as mulheres são as mais atingidas pelo AP. A incidência dos casos é observada principalmente a partir da puberdade, raramente no início da infância e menos frequente ainda na velhice.
Os fatores de risco, de acordo com o DSM-5, estão relacionados às questões ambientais e temperamentais. Os ataques de pânico podem acontecer também com o uso de drogas lícitas e ilícitas ou com experiências familiares inesperadas, como a morte de algum parente ou o surgimento de uma doença grave.
Quando nos referimos ao AP, estamos considerando que sensações corporais de morte eminente colocam a pessoa em uma condição de vulnerabilidade, podendo nesses casos ter uma resposta comportamental que a coloca em uma situação de risco, como uma conduta de autolesão ou até mesmo a tentativa de suicídio. Não que haja o desejo em si de pôr fim a própria vida, mas a necessidade de se libertar dos sintomas pode levar a essa medida desesperada.
MÓDULO 04 - Identificar o transtorno obsessivo-compulsivo — TOC
TOC: DO CONCEITO AO DIAGNÓSTICO
TOC é um transtorno caracterizado pela presença de pensamentos obsessivos e comportamentos compulsivos que causam prejuízo ao funcionamento global do indivíduo, provocando um grande sofrimento psíquico e o comprometimento nas relações pessoais, acadêmicas e profissionais.
Sua prevalência varia entre 1,1% a 1,8%, dependendo da população e contexto, com uma incidência maior no público feminino.
Os sintomas aparecem de forma gradual em muitos dos casos — um início abrupto é pouco observado. Normalmente, os primeiros sintomas do TOC aparecem no começo da fase adulta, em média aos 20 anos, mas existe uma considerável proporção de casos que já apresentam sintomas antes dos 14 anos de idade. O aparecimento dos primeiros sintomas depois dos 35 anos é incomum.
O transtorno obsessivo-compulsivo fazia parte da categoria dos transtornos de ansiedade no DSM-4, mas no DSM-5 ganha uma categoria separada. Foi enquadrado com outros transtornos que apresentam ou compulsões ou obsessões, como por exemplo o transtorno dismórfico corporal, o transtorno de acumulação, tricotilomania, o transtorno de escoriação e outros.
As causas do TOC ainda são desconhecidas, mas a literatura apresenta uma complexa rede de fatores envolvidos. Até o momento as informações confirmadas referem-se às questões de ordem neurobiológica, genética e ambiental. Porém, pouco se sabe sobre como ocorrem essas interações ao ponto de definir a condição para o surgimento do transtorno. É possível afirmar que existe uma maior vulnerabilidade por parte de indivíduos que apresentem antecedentes genéticos e biológicos e que, ao entrarem em contato com o meio ambiente, apresentam maior predisposição para o surgimento de sintomas relativos ao transtorno.
OBSESSÕES E COMPULSÕES
Obsessões são pensamentos, ideias e imagens que invadem a mente do indivíduo de forma constante, causando sofrimento intenso, na medida em que não consegue contê-los, OU SEJA, em outras palavras, as obsessões se manifestam de forma intrusiva e geram angústia para o sujeito.
Os comportamentos compulsivos são as ações repetitivas utilizadas como estratégia de controle dos pensamentos. Importante mencionar que as ações de controle nem sempre são visíveis.
Lavar as mãos repetidas vezes para controlar os pensamentos relacionados à contaminação é visível, sem dúvida nenhuma; mas em alguns casos o sujeito apresenta ações mentais compulsivas, de forma que todas as vezes que pensar que pode se contaminar, ele reza mentalmente. Uma compulsão muito frequente é o ato de contar.
As obsessões podem variar de tipologia. Podemos classificá-las em grupos:
Contaminações: aversões a sujeira, vírus, radioatividade.
Simetrias: perfeição, alinhamento, excesso na organização.
Evitação de danos: impulsos ou pensamentos de ferir alguém através de atos físicos ou verbais ou mesmo ferir-se.
Acumulações: necessidade de armazenar, poupar, guardar coisas que não têm utilidade, dificuldade em desapegar-se.
Quando nos referimos às obsessões, consideramos também os pensamentos desagradáveis que invadem a mente e ali persistem, causando angústia e ansiedade. Podem ser de conteúdo diverso: sexual, dificuldade de escolhas, pensamentos mágicos e religiosos. Mas o que importa é que, para manter o controle dos pensamentos, é necessária a elaboração de rituais, identificados através dos comportamentos compulsivos que garantem esse controle, mas que comprometem a funcionalidade da vida diária da pessoa.
TOC: MANIFESTAÇÕES E CONSEQUÊNCIAS
A manifestação do transtorno obsessivo-compulsivo pode ocorrer a partir de fatores ambientais, como traumas vivenciados na infância ou agentes estressores que surgem na fase adulta. 
O transtorno ocorre a partir da invasão de pensamentos, ideias e imagens mentais, provocando uma imensa ansiedade e sofrimento psíquico, simplesmente porque essas informações nunca são de ordem positiva, e sim negativa, causando angústia e tornando a vida da pessoa insuportável.
As estratégias ou os comportamentos compulsivos são ações válidas que outras pessoas sem o transtorno podem realizar ocasionalmente. Mas no caso do TOC, essas ações são evidenciadas em quantidade e intensidade desproporcional. Muitas vezes os sujeitos seguem rituais que incapacitam suas vidas e, em geral, enfrentam grandes desafios com a empregabilidade e as relações interpessoais.
TRATAMENTO
As indicações de tratamento do TOC consideradas de primeira linha seriam as medicamentosas (inicialmente com o uso de antidepressivos), a psicoterapiacom a indicação da abordagem cognitivo-comportamental e a rede familiar.
Através da observação clínica foi constatado que existem casos em que a pessoa prefere conviver com os sintomas a se arriscar com os efeitos causados pelos remédios. Isso é preocupante, na medida em que quanto mais tardiamente o tratamento tiver início pior será a resposta às intervenções, ou seja, um prognóstico ruim para as expectativas de reestabelecimento mínimo da qualidade de vida da pessoa com o transtorno obsessivo-compulsivo.
TOC E SEUS DESAFIOS
Importante aqui diferenciar um comportamento compulsivo de uma mania:
Mania
Também ocorre a repetição de comportamentos, por exemplo “só consigo começar a estudar depois que tomar banho”, porém este movimento não traz prejuízo à vida cotidiana da pessoa.
Comportamento compulsivo
Enquanto a pessoa não cumpre todo o ritual não se autoriza a continuar suas tarefas
AULA 04 – RELACIONAMENTO PROFISSIONAL INTERDISCIPLINAR NA AREA DA SAÚDE
MÓDULO 01 - Descrever conceitos gerais das habilidades sociais
O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO
O processo do desenvolvimento humano acontece a partir de três dimensões:
FÍSICA: Refere-se ao nosso corpo.
COGNITIVA: Associada à nossa capacidade de aprendizagem.
PSICOSOCIAL: Relacionada ao nosso comportamento, estado emocional e relacional.
Quando nascemos, cada um de nós começa a viver em um contexto de vida diferente e isso influencia o nosso desenvolvimento. O início se dá na infância, momento de grande importância no ciclo de vida. Nossas primeiras experiências possuem uma força que impacta as próximas fases do nosso ciclo vital, ou seja, adolescência, fase adulta e velhice.
Essas informações são importantes, porque nos ajudam na compreensão de como construímos nossa realidade psíquica e as habilidades sociais. Primeiramente, vamos compreender por que pensamos diferente dos outros. Nossa visão de mundo se organiza a partir dos estímulos captados através de nossos sentidos: olfato, paladar, tato, visão e audição. Eles conectam nosso mundo interior com o exterior, até este momento do processo senso-perceptivo, estamos falando de algo semelhante para todos nós.
Quando as informações captadas são processadas pelas funções cognitivas, cada um cria sua realidade interna, tendo uma percepção de si mesmo, do outro e do mundo. Expressamos nossos pensamentos e nossas emoções de forma única, selecionamos fatos diferentes de uma mesma experiência para memorizar de acordo com aquilo que damos mais atenção; formas de aprendizagem vão se diferenciando, mesmo quando estamos falando de gêmeos idênticos. Nosso desenvolvimento biopsicossocial ocorre a partir do nosso temperamento (biológico), ou seja, características inatas, que são potencializadas, ou não, pelo meio (ambiente) em que estamos inseridos. Fazem parte desse meio: a família, a escola, a cultura, as regras e valores de uma sociedade.
HABILIDADES SOCIAIS E A COMPETÊNCIA SOCIAL
As informações adquiridas do meio externo têm uma relevância na construção de quem somos. O desenvolvimento ou potencialização de nossas habilidades sociais está diretamente ligado a esses estímulos. A partir de agora, vamos considerar a importância dessa influência nas relações profissionais e no alcance da competência social.
As habilidades sociais constituem classes específicas de comportamento presentes no repertório de um indivíduo que lhe permitem lidar de forma competente com as demandas de situações interpessoais, favorecendo um relacionamento saudável e produtivo com outras pessoas.
Durante as interações sociais, temos a oportunidade de desenvolver nossas habilidades sociais. 
A qualidade de nossas primeiras relações com o ambiente que nós desenvolvemos afetará essa construção. Porém, essa não é uma posição determinista, afinal, temos nosso temperamento, que é inato, sendo possível a mudança de percurso apesar de um começo difícil.
Duas crianças de uma mesma família são criadas em situações adversas, uma delas consegue ressignificar sua história e construir relações saudáveis e produtivas, enquanto a outra não.
Na prática, isso funciona a partir do processo educacional e da qualidade das relações que estabelecemos desde que nascemos. Se somos nutridos psicológica e emocionalmente, conseguimos construir relações produtivas que trazem qualidade de vida e desenvolvimento pessoal. Quantos de nós não ouviu alguém dizer “minha infância foi difícil, mas meus pais souberam nos educar. Faltava comida, mas amor não”. Não são as faltas materiais que causam mais danos, mas, sim, as afetivas.
No dia a dia, vivemos a todo instante demandas/situações que exigem de nós escolhas e posicionamentos, porém, a qualidade dessas repostas e seus resultados é o que define nossa competência social. Para responder a uma determinada demanda, o primeiro passo é a compreensão do que está sendo solicitado. Então, antes de tudo, é preciso estar atento e disponível a se auto-observar e observar o que está ao nosso redor. Uma leitura equivocada da demanda pode transformar o indivíduo em um incompetente social. Sendo assim, os pontos que podem atrapalhar uma boa interpretação do ambiente são: a ansiedade e as crenças errôneas, ou seja, aquilo que pensamos de nós mesmos, do outro e do mundo que são desajustadas da realidade, o contexto e o emocional. Com essa clareza e com um bom repertório de habilidades sociais, você terá muito mais possibilidades de responder adequadamente à demanda solicitada, atingindo seus objetivos e estabelecendo relações interpessoais saudáveis e produtivas. Isso o levará, em relação às exigências do mercado, a um patamar diferenciado, uma vez que, atualmente, são cada vez mais requeridas as capacidades de trabalho em grupo, sob pressão, liderança, assertividade e outras tantas habilidades.
A boa notícia é que, mesmo se você ao longo do seu desenvolvimento não tenha tido a oportunidade dessa construção, por diversos motivos, isso ainda é possível a qualquer momento. Somos seres dinâmicos e em constante desenvolvimento. Porém, é necessário conhecer suas fragilidades e trabalhar para superá-las. Outro ponto importante é estabelecer contato com suas potencialidades para fazer bom uso delas!
Organização é como um sistema de atividades conscientemente coordenadas de dois ou mais indivíduos. A cooperação entre eles é essencial para a existência da organização. Em uma organização, lidaremos com diversas realidades psíquicas, ou seja, várias pessoas que cresceram construindo suas percepções de acordo com seu temperamento somadas ao meio em que viveram. Todos os funcionários de uma instituição chegaram ao mundo adulto e do trabalho com fragilidades e potencialidades, com óbvias diferenças. Isso exige de nós, seres sociais, um conjunto de comportamentos que nos permitem atingir a competência social, que é responder de maneira adequada à demanda que nos foi solicitada.
Vamos exemplificar uma situação para fechamento dos conceitos analisando como a dificuldade na leitura do ambiente pode prejudicar a utilização de boas estratégias, nos tornando incompetentes socialmente.
CLASSES ESPECÍFICAS DE HABILIDADES SOCIAIS
Ao longo de nossas experiências iniciadas na infância, construímos nosso repertório de habilidades sociais, que se organizam em classes específicas de comportamentos, à medida que surgem as demandas ou situações que precisem de uma resposta. Quando essas habilidades são acionadas, o ideal é que tenhamos um repertório rico em possibilidades. Dessa forma, temos à nossa disposição uma quantidade muito maior de estratégias a serem utilizadas para a solução do problema. Diante desse cenário, todos nos perguntamos: como fazer a diferença? A resposta estaria relacionada à busca de potencialidades humanas. Vamos mencionar algumas delas.
COMUNICAÇÃO VERBAL: Começamos com a habilidade social da comunicação verbal que se refere à capacidade de expressar seus pensamentos e emoções de forma clara e objetiva, mas também envolve uma escuta disponibilizada a ouvir o que o outro tem a dizer. A nossa comunicação também pode ser não verbal, ouseja, nossos pensamentos e sentimentos são manifestados pela expressão do nosso corpo, principalmente, nossas expressões faciais, o que requer de nós um cuidado na hora de nos comunicarmos. Imagine você diante do cliente vendendo um produto ou realizando atendimento, controlando sua fala, porém, suas expressões faciais dizem tudo que está pensando dele, e isso não é lá coisa boa! A chance dessa relação interpessoal ter êxito começa a ficar comprometida.
ASSERTIVIDADE: Outra HS importante refere-se à assertividade. Muitas vezes, temos dificuldade de colocar nossas opiniões e expressar nosso conhecimento no trabalho e assumimos uma atitude passiva. Assim, nos omitimos e perdemos uma oportunidade de venda ou mesmo de uma boa troca de saberes com os nossos pares. Em outros casos, a postura intempestiva e agressiva também não favorece as relações. O ideal é o posicionamento claro, expressando exatamente o que se pretende com foco, de forma calma, objetiva e assertiva.
EMPATIA: No contexto capitalista, a tendência é o individualismo, portanto, quando encontramos alguém com uma HS empática, isso normalmente produz um diferencial. Empatia significa ter a disponibilidade para estar com o outro na sua experiência através da escuta.
RESILIÊNCIA: A resiliência também é bem-vinda, pois o profissional que tem a capacidade de compreender e se adaptar a situações que saem do controle não desanima frente aos obstáculos.
RECEBER CRÍTICAS: Parece fácil, mas, para algumas pessoas que crescem com crenças errôneas, receber uma crítica é muito difícil. Quando falamos em críticas, pensamos em algo que desqualifica, porém, a crítica é importante para o nosso crescimento. Na maioria dos casos, o problema não é o conteúdo, mas a maneira como é passado.
RECEBER ELOGIOS: Para outros, o problema está em receber elogio, já que, muitas das vezes, a pessoa considera que isso é desnecessário, afinal, não fez mais que a obrigação. No entanto, dar e receber críticas e elogios não nos fazem melhores, tampouco piores do que ninguém, porque somos únicos, não se esqueça disso!
COMPARAÇÃO: A comparação não é saudável, pense em você e nas suas potencialidades, e as use a seu favor. Em relação às habilidades que julgar frágeis e que podem comprometer seus relacionamentos, busque uma maneira de fazer com que elas não atrapalhem sua caminhada profissional
MÓDULO 02 - Identificar os paradigmas do trabalho em equipe
TRABALHO EM EQUIPE: SURGIMENTO, CONCEITO E ESTRUTURA
O trabalho em equipe surge no final da década de 70, em consequência ao irreversível avanço da globalização e do mercado tecnológico, que impõe uma nova forma de gestão. Com isso, as organizações precisam ganhar mais efetividade, tendo mais agilidade e autonomia em seus processos.
Vamos realizar uma breve distinção com relação a grupos e equipes de trabalho:
GRUPOS DE TRABALHO
Os grupos referem-se a pessoas que trabalham juntas, mas com dinâmicas de interações diferentes, que compartilham informações e tomam decisões de forma colaborativa. No entanto, não é preciso engajamento com o todo, apenas com a parte de sua responsabilidade.
EQUIPES DE TRABALHO:
No trabalho em equipe, a visão é outra. Há uma sinergia onde o olhar é para o coletivo, cada integrante leva sua expertise para a equipe, mas não se limita a essa entrega, seu engajamento é para atingir o objetivo individual e coletivo.
Nos grupos, não há uma preocupação prévia na seleção dos participantes com o objetivo de reunir pessoas com habilidades complementares.
Já nas equipes de trabalho, esse tema será relevante. A estrutura de uma equipe, normalmente, é composta de 5 a 9 participantes, sendo muito importante o cuidado com a quantidade de pessoas, pois, se ficar reduzida, pode gerar uma sobrecarga, e o contrário leva à dificuldade no gerenciamento. O número adequado dependerá do objetivo a ser alcançado, mas é importante não fugir dos parâmetros recomendados, por isso, o planejamento é essencial! Os integrantes de uma equipe precisam estar engajados, e para isso é fundamental estar motivado a assumir riscos e responsabilidades individuais e coletivas.
Lembrando que o trabalho em equipe tem por objetivo agilidade e autonomia frente a um universo organizacional altamente competitivo. Por fim, a pessoa que representa a liderança precisa assumir seu papel dentro da equipe com uma responsabilidade de maestro, se mostrando atento às potencialidades de cada um, fazendo com que produzam harmonicamente e agregando tanto no individual como no coletivo.
ESTÁGIO NA FORMAÇÃO DE EQUIPES
As pessoas se reúnem para fazer parte de uma equipe e começam a se estruturar a partir de um processo de cinco estágios. O primeiro diz respeito à formação propriamente dita, o momento seguinte, de conflito, está relacionado à tormenta. O terceiro é o momento de normatização, depois de desempenho e, por último, de interrupção.
FORMAÇÃO: momento de integração, no qual membros estão se conhecendo. Ainda há insegurança, distanciamento e pouco domínio do projeto. Neste momento, os integrantes estão se reconhecendo dentro do novo espaço, visualizando desafios e analisando as relações interpessoais. A liderança pode ajudar criando atividades de aproximação e apresentando, de forma mais detalhada, o próprio projeto. Outra maneira de contribuir seria criando oportunidade para que cada um possa trazer sua contribuição e ser valorizado por isso. Essa etapa estará concluída quando os indivíduos se reconhecerem como parte da equipe.
TORMENTA:  momento de conflito. As pessoas já se conhecem, mas ainda há resistência com relação aos limites individuais impostos. A liderança tem um papel extremamente importante à medida que define funções e o que se espera delas, buscando manter as pessoas com foco no projeto.
NORMATIZAÇÃO: os papéis já estão definidos e a insegurança dá lugar à autoconfiança que é esperada e desejada. Nessa fase, os membros estão próximos e já possuem uma identidade coletiva. A partir de agora, é a consolidação dessa conquista.
Importante que a liderança se mantenha atenta à manutenção das relações profissionais, pois somos humanos, e vários sentimentos podem surgir e precisam ser muito bem administrados. Por isso, é importante abrir espaço para conversas individuais, ou em grupo, sobre o projeto e a necessidade de não se perder o foco, o desempenho, tampouco a saúde mental dos seus membros.
DESEMPENHO:  relacionado à alta produtividade. É um momento relevante do desenvolvimento da equipe frente ao projeto, porque a estrutura está aceita e seus membros empenhados, compartilhando suas potencialidades para a conquista coletiva.
INTERRUPÇÃO: significa fim do projeto, será vivenciado somente por algumas equipes, como por exemplo, uma força tarefa. Para alguns membros, será motivo de comemoração, para outros, pode não ser tão fácil se afastar da rotina, das pessoas e do próprio projeto. Novamente, o gestor deverá estar atento para evitar intercorrências antes da total finalização do projeto.
A apresentação da teoria dos cinco estágios tem sido a mais utilizada pelas instituições para a compreensão de como se organiza a equipe. É importante ressaltar que os estágios podem não ocorrer nessa ordem de acordo com o contexto organizacional, e os resultados podem variar. Outro fator que chama a atenção é o papel da liderança, não basta a área de recursos humanos captar no mercado profissionais talentosos, com uma capacidade técnica e humana incontestável. Se esses talentos reunidos não conseguem pensar coletivamente, não há chance de se obter um bom resultado.
ESTILOS DE LIDERANÇA
AUTORITÁRIA: Utiliza a posição de poder como forma de persuasão, gerando resultados pelo medo, e não pelo comprometimento.
DEMOCRÁTICA: Há espaço para o diálogo e troca de saberes. Os papéis estão devidamente definidos, trazendo bons resultados. A laissez-faire apresenta uma liderança passiva que evita a tomada de decisões, transmitindo insegurança para seus colaboradores.
LIDERANÇA ORIENTADA PARA A TAREFA: o líder define papéis e tarefas dele e de seus subordinados, estipula prazos,metas e delega.
LIDERANÇA ORIENTADA PARA AS PESSOAS: enfatiza relações interpessoais e aceitação das diferenças. A tendência atual para a base das relações entre líderes e subordinados é a confiança, que vem tirando o lugar dos antigos modelos pautados no respeito a uma hierarquia. Hoje, uma liderança vista de forma carismática e autêntica tende a trazer melhores resultados organizacionais.
EQUIPES DE TRABALHO E SUAS CARACTERÍSTICAS
Classificadas em seis categorias, são elas: multifuncionais, melhoria de processos, solução de problemas, autogerenciada, força tarefa e virtual. Sua estruturação será de acordo com a demanda ou problema a ser resolvido.
MULTIFUNCIONAIS: caracterizadas por profissionais de diversas áreas no mesmo nível hierárquico, que se reúnem para atingir um objetivo específico. Uma organização é dinâmica, viva e, como tudo que se movimenta, precisa rever sua forma de funcionar.
EQUIPE DE MELHORIA DE PROCESSOS: tem como desafio essa reavaliação de sistemas e modo de funcionar. Para isso acontecer, são reunidos os melhores funcionários de diversas áreas com o objetivo de focar no que atrapalha o crescimento ou perdas da organização.
EQUIPE DE SOLUÇÃO DE PROBLEMAS: seus integrantes estarão reunidos com o objetivo de resolver uma situação específica, normalmente, relacionada a algum processo da instituição. A equipe investiga o problema e busca soluções. A partir da apresentação das melhores formas de resolver a demanda solicitada, a função da equipe termina, pois a sua meta foi alcançada. A implementação da intervenção não é de sua responsabilidade.
EQUIPE AUTOGERENCIADA: Ao contrário da equipe de solução de problemas que não realiza a implementação da solução, a autogerenciada não só busca a solução, como também realiza a execução da ideia através de planejamento e cronograma de trabalho. Nesse caso, elimina a necessidade de um superior imediato à equipe, o que pode gerar um nível elevado de conflitos entre seus membros. É observado neste tipo de equipe um alta rotatividade e absenteísmo. Por outro lado, há quem se identifique com esse modelo.
EQUIPE FORÇA TAREFA: Metaforicamente, poderia ser chamada de uma equipe “bombeiro”, que se reúne para resolver um problema de forma imediata. Com a questão sendo resolvida, a equipe é dissolvida, porque o objetivo de sua integração era resolver aquele problema específico.
EQUIPE VIRTUAL: Utilizam as plataformas com o espaço de interação da equipe. As empresas, nos últimos anos, têm investido nesse tipo de tecnologia, oferecendo qualidade com o objetivo de controlar variáveis externas, de maneira que as interações e trocas acontecem naturalmente.
O que são equipes eficazes?
São equipes que alcançam resultados, que possuem alta produtividade e desempenho, um grupo de pessoas com capacidade de administrar recursos. O trabalho se desenvolve em um espaço onde há confiança entre membros e a gestão. Importante que exista um modelo de avaliação que permita um sistema de recompensa, para que as pessoas possam se sentir valorizadas pela sua produção. Com relação ao perfil estrutural, esse tipo de equipe não pode ser grande, tendo no máximo até 10 pessoas. Normalmente, seus integrantes têm profundo conhecimento, são especialistas em suas áreas com habilidades sociais para solução de problemas, tomada de decisões e facilidade nos relacionamentos interpessoais.
A construção de um trabalho em equipe se justifica pela necessidade de reunir pessoas com diferentes especialidades para projetos que envolvam suas áreas, produzindo uma interdependência no diálogo. Portanto, antes de definir entre o coletivo e o individual, é fundamental avaliar o custo-benefício dessa estruturação. É preciso verificar se, de fato, o projeto demanda a formação de uma equipe e se as tarefas envolvem complexidade para esse investimento.
MÓDULO 03 - Reconhecer o impacto das diferenças entre multidisciplinaridade e interdisciplinaridade na área de saúde
ESTRUTURA DA ÁREA DA SAÚDE
A área da saúde se estrutura a partir do Sistema Único de Saúde – SUS, que tem a integralidade, equidade e universalidade como princípios fundamentais. A integralidade busca a compreensão do sujeito em todas as suas dimensões: física, cognitiva e psicossocial. A equidade quer dizer que perante o SUS todo cidadão é igual, e a Universalidade garante que todos os cidadãos têm direito a todos os serviços públicos de saúde.
Dentro desse contexto, a rede de saúde se estrutura em três níveis:
PRIMÁRIO: Compreende o atendimento de baixa complexidade. É considerado a porta de entrada da população ao serviço de saúde, por exemplo, as Clínicas da Família. Nesse nível, os profissionais estão preparados para realizar procedimentos ambulatoriais.
SECUNDÁRIO: Compreende o atendimento de média complexidade. São as clínicas especializadas, locais onde os pacientes são encaminhados para a realização de exames e de consultas mais específicos.
TERCIÁRIO: Compreende o atendimento de alta complexidade. Neste contexto, enquadram-se os hospitais.
Para produzir um diálogo entre os níveis primário, secundário e terciário, a estratégia de saúde da família implantou o prontuário eletrônico, cujo objetivo era criar uma comunicação entre os níveis. Assim, a história clínica e a rede de apoio do paciente estaria sendo compartilhada, ampliando a visão do atendimento, mas, infelizmente, o projeto ficou parado no nível primário, prejudicando a interlocução entre os profissionais e suas especialidades.
A complexidade no adoecer
 Ao longo da história, foi se construindo uma hierarquia no campo da saúde, onde o médico é o soberano. Só que o adoecer pode ser mais complexo do que parece, pois ele é multifatorial, e cada vez mais os estudos apontam nessa direção. Diante desse cenário, o cuidado da saúde tem sido reavaliado, pois, para que o diagnóstico e tratamento possam de fato atender àquela demanda, precisa-se levar em conta que a pessoa é mais que um corpo físico. Dessa maneira, o interesse amplia-se para as diversas áreas da vida do paciente, no qual o diálogo com diversos saberes e setores serão necessários para o êxito no cuidado.
Atualmente, o modelo que norteia as ações é biopsicossocial, que entende o homem nas dimensões física (corpo), psicológica (mente) e social (relações/vínculos/rede). No diagnóstico, esse olhar irá ajudar a compreender a pessoa de cuidado, o que sente, como vive, ou seja, questões que vão muito além de um exame físico e a prescrição de um remédio.
CONCEITUANDO A MULTIDISCIPLINARIDADE
A multidisciplinaridade é a reunião de saberes em benefício de um objetivo em comum. A questão, neste caso, é que não há comunicação entre eles, todos sabem da importância do trabalho de cada um, porém desenvolvem suas atividades de maneira isolada. O avanço neste caso é o entendimento de que uma única especialidade não daria conta do cuidado. Os encaminhamentos são realizados com mais naturalidade e sem receios de perda de espaço de atuação. Uma questão importante diz respeito aos encaminhamentos. Ao avaliar a necessidade de outros profissionais de se envolverem nos cuidados, converse com a pessoa, explique seu ponto de vista e realize o encaminhamento. Por último, e não menos importante, precisamos de um novo olhar para o poder que se outorga ao médico, já que, para algumas instituições, ainda exerce um lugar de soberania.
INTERDISCIPLINARIDADE, O QUE MUDA?
O conceito de interdisciplinaridade mantém a ideia do olhar multidisciplinar, ou seja, buscando o entendimento do processo de adoecimento a partir do modelo biopsicossocial, que entende o homem em suas diversas dimensões. Essas dimensões humanas são: física, psíquica e social. Além disso, consideraram as influências advindas de seu habitat. O que muda é o diálogo entre os saberes. Se antes não havia comunicação direta, agora há essa possibilidade. O ganho, inicialmente, parece ser somente do paciente, mas, na verdade, é de todos, à medida que se reúnem para a avaliação de um determinado caso. Nesse momento, cada um coloca seu entendimento acerca daquela história, os profissionaisenvolvidos trazem seu olhar a partir do seu saber. Nesse momento, o paciente é cuidado de modo integral, um dos pressupostos do modelo de saúde do SUS.
Teoricamente, esse modelo é possível e lógico, mas sua aplicabilidade requer disponibilidade entre os profissionais, logística e compromisso institucional, para que o modelo possa de fato funcionar. Essa interdisciplinaridade fica mais complexa quando não intermediada por uma instituição, quando o paciente recebe alta e retorna à atenção primária.
Identificamos a importância da abordagem interdisciplinar, mas o êxito nesse caso irá depender do preparo dos profissionais no entendimento de que a fronteira de cada saber será respeitada, mas o que ocorrerá é a troca de informações no cuidado com a paciente para que possa se realizar um planejamento integrado que possa beneficiar a paciente. Com isso, chegamos a alguns desafios do preparo da equipe, um deles é o próprio estado psicológico e emocional dos envolvidos. Sentimentos como insegurança, medo, ansiedade, necessidade de poder, falta de humildade podem atrapalhar o processo de integração, à medida que o profissional em questão fica inseguro e com medo de, ao ser questionado, não ter conhecimento suficiente para se posicionar. Muitas das vezes, a forma que encontra de se proteger é manifestando resistência à abordagem interdisciplinar. Também há aqueles que não farão parte porque acreditam que seu saber dará conta do cuidado, mas sempre é bom lembrar que o protagonista de todo esse processo de cuidado é o paciente!
Atualmente, o grande desafio é a formação e consolidação da abordagem interdisciplinar entre os profissionais, com o objetivo de que essa prática possa se tornar natural e que seja entendida como parte da nossa formação.
MULTIDISCIPLINARIDADE OU INTERDISCIPLINARIDADE
O importante é a preparação para atuar na profissão com um olhar que vai além do próprio saber, compreendendo que, com o compartilhamento, o ganho é muito maior. Claro que, para isso, é preciso uma preparação, pois estamos lidando com pessoas, tanto com pacientes quanto com profissionais de saúde. Nossa estrutura de vida apresenta também medos, traumas, dificuldades que emergem nas relações, o que também acontece no nosso trabalho. É necessário o entendimento de que sermos questionados, contrariados em nossas colocações, não implica uma crítica pessoal, tampouco uma desqualificação, ou pelos menos não deveria. O objetivo dessas abordagens é o atendimento integral do paciente e o ganho profissional de quem cuida.
Atualmente, já vem sendo considerada também a transdisciplinaridade, que, assim como a multidisciplinaridade e a interdisciplinaridade, reúne diversas áreas do saber para o cuidado. A diferença, neste caso, é que, a partir do encontro entre saberes, as barreiras são rompidas. Esse olhar ainda está incipiente, há muito a ser estudado e discutido, mas vamos exemplificar a ideia.
A abordagem transdisciplinar tem uma visão holística, quebra barreiras entre as disciplinas e se torna um todo, construindo um novo saber a partir do que é compartilhado e aprendido entre eles. Imaginem um paciente com transtorno de ansiedade social, que está sendo atendido pelo psiquiatra, psicólogo, terapeuta ocupacional e educador físico. Todos esses profissionais sabem sobre o diagnóstico do outro, discutem sobre o caso e constroem um saber que não é de nenhuma área específica. Essa descoberta é considerada uma nova disciplina, ou seja, transcende as disciplinas específicas se tornando algo novo.
AULA 05 – PERSPECTIVAS E TENDÊNCIAS DA PSICOLOGIA DA SAÚDE
MÓDULO 01 - Definir os marcos lógicos e legais que norteiam a Psicologia da Saúde
PERSPECTIVA HISTÓRICA
Compreender as perspectivas e tendências da Psicologia da Saúde é uma tarefa desafiadora, pois estamos diante de um campo novo que produz modificações sistemáticas devido a sua própria natureza, que é, ao mesmo tempo:
Científica
Transforma-se com o avanço das pesquisas estando em constante evolução e adequação às situações novas.
Política
Depende de direções e investimentos realizados pelo Estado.
O nascimento da psicologia tem como marco inaugural a fundação do laboratório de Wilhelm Wundt, em 1879, marcado pela orientação para a compreensão da normalidade do comportamento e suas manifestações em organizações, como fábricas e escolas. Somente a Psicanálise e a Psiquiatria, ambas exercidas por médicos, manifestavam interesse pelas formas psicopatológicas que assumiam o sofrimento humano.
A partir da década de 50, observa-se a emergência de diversos questionamentos que colidiriam nas reformas manicomiais pelo mundo na década de 1960, e a Psicologia volta seu interesse para esse campo, produzindo uma área em comum, a Psicologia Clínica.
No Brasil, a profissão foi regularizada em 1962, sofrendo influência deste momento marcado por uma guinada em direção à clínica na Psicologia internacional. Esse também foi o período que antecedeu a instalação da ditadura militar no país, que criou um ambiente acadêmico despolitizado, esvaziando o espaço para a discussão crítica. Vários autores apontam esses dois fatores presentes nos primeiros anos da profissão – a guinada internacional em direção à clínica e o golpe militar – como decisivos na estruturação inicial da profissão, onde a prática clínica ocupou lugar central, com maior destaque ao atendimento individual realizado em consultório privado por profissionais autônomos.
Na década de 80, com o afrouxamento da ditadura militar, surgiram diversos movimentos sociais reivindicando desde o direito à saúde, moradia, terra, proteção da infância, saneamento básico, condições dignas de trabalho, entre outros, que colidiram na constituinte de 1988 e na criação do Sistema Único de Saúde (SUS) e na promulgação do Estatuto da Criança e Adolescente (ECA). Surgiram, então, os primeiros trabalhos em Psicologia voltados para a população empobrecida, realizado pioneiramente por projetos de extensão de universidades, ou por trabalhadoras da saúde relacionadas à Reforma Sanitária e por psicólogos militantes ligados a movimentos sociais. Essa nova área de conhecimento recebeu o título de Psicologia Comunitária e sua direção criou espaço para o desenvolvimento de novas práticas, técnicas e fundamentações teóricas que não coincidem com o fazer clínico tradicional.
Em 1981, foi criada a Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO) que passa a promover espaços de discussão, troca e sistematização do conhecimento em Psicologia Social, que acolherá parte das discussões em Psicologia da Saúde, aquela de cunho mais comunitário. Os estudos da época apontam os impasses da inserção do psicólogo em equipes de saúde na esfera pública, tendo em vista seu despreparo nos quadros curriculares marcados por escassez de estágios e discussões em saúde pública, ou mesmo junto às camadas mais empobrecidas da população. Os primeiros trabalhos evidenciam a transposição descontextualizada da prática, que não reconhece as especificidades de outras populações e locais de atuação.
Nos últimos anos, o perfil do psicólogo começa a mudar. O SUS, originado em 1990, abre um novo campo de trabalho e, rapidamente, passa a ser o maior empregador de psicólogos do Brasil.
Nossa reforma manicomial, ocorrida em 2001, demanda um novo modelo de atuação territorial e ambulatorial, que começa a dar destaque à Psicologia. Podemos citar ainda como fatores de transformação da Psicologia brasileira o incremento de novas políticas públicas a partir dos anos 2000, como a ampliação do SUS – o “Pacto pela Saúde” (2006) que amplia a atenção básica e o institui como padrão o modelo de Clínica da Família – a criação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e a regulamentação da atuação dos psicólogos nas redes públicas escolares (2019), criando um campo de trabalho que emprega cerca de 200 mil psicólogos brasileiros, em torno de
60% da categoria.
A IMPORTÂNCIA DA PSICOLOGIA DA SAÚDE
Podemos identificar a Psicologia da Saúde como o conjunto de diversas contribuições que a Psicologia aporta em relação à prevenção,

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