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Responsabilidade Social Empresarial Desenvolvimento Sustentável e sua Aplicabilidade nas Empresas Desenvolvimento do material Kaio Lemos 1ª Edição Copyright © 2022, Afya. Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Afya. Sumário Desenvolvimento Sustentável e sua Aplicabilidade nas Empresas Para início de conversa... ................................................................................ 3 Objetivos ......................................................................................................... 3 1. Concepção de Desenvolvimento Sustentável, Aspectos Históricos e Contemporâneos ............................................... 4 2. Gerenciamento do Impacto Ambiental e do Ciclo de Vida dos Produtos e suas Interfaces com a Cadeia de Valores ............... 6 3. Selos e Certificações .................................................................................... 9 Referências ........................................................................................................ 13 Para início de conversa... O conceito de sustentabilidade vem a cada dia assinalando grandes viabilidades e visibilidades relacionadas às questões ambientais, sociais e empresariais. A Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (1987) apresenta o quadro da sustentabilidade global de uma forma delineada como uma capacidade para “satisfazer as necessidades do presente sem comprometer a habilidade das futuras gerações para satisfazerem suas necessidades”. Da mesma forma, o desenvolvimento sustentável é conceituado por Gladwin, T., Kennelly, J. e Krause, T. (1995) como “um processo para se alcançar o desenvolvimento humano [...] de uma maneira inclusiva, interligada, igualitária, prudente e segura”. Para além das discussões teóricas e conceituais sobre desenvolvimento sustentável social e empresarial, ainda vivenciamos situações conflituosas de desacordos entre executivos e/ou acionistas (stakeholders) em relação às relevâncias representativas e circunstâncias direcionadas à sustentabilidade empresarial. Nesse cenário, alguns acionistas e/ou executivos entendem a sustentabilidade como um encargo moral; já para outros, a sustentabilidade é interpretada como um custo específico relacionado aos negócios. Poucas empresas têm se posicionado em favor da sustentabilidade como grande possibilidade de negócios, diminuição de custos e visibilidade no mercado por meio das tecnologias. Objetivos ▪ Conhecer a concepção de Desenvolvimento Sustentável, bem como seus aspectos históricos e contemporâneos. ▪ Conhecer o gerenciamento do impacto ambiental, do ciclo de vida dos produtos e suas conexões com a cadeia de valores. ▪ Conhecer os selos e certificações. Responsabilidade Social Empresarial 3 1. Concepção de Desenvolvimento Sustentável, Aspectos Históricos e Contemporâneos Os processos relacionados ao desenvolvimento sustentável vêm passando por mudanças ao longo da história. Dentro dessa temporalidade, é apresentado o cenário do dia 15 de março de 1998, no qual é sancionado um protocolo de instrumento internacional que tem o objetivo de reduzir as emissões de gases poluentes: o protocolo de Kyoto, que entrou em vigor a partir do dia 16 de fevereiro de 2005 na cidade japonesa cujo nome é atribuído a esse tratado. São processos que sofreram objeções e, ao mesmo tempo, avanços em relação ao objetivo de redução de emissão de gases de efeito estufa, fato que nos ajuda a compreender as possíveis dificuldades no que diz respeito à obtenção de consonância e harmonia relacionadas às deliberações efetivas, humanitárias e de proteção. Nesse cenário, podemos fazer alguns questionamentos: “O que é o desenvolvimento sustentável?”, “Quais as causas e efeitos gerados a partir desse movimento?”, “Quem são as pessoas que produzem esse fenômeno?”. O movimento do desenvolvimento sustentável tem, em suas bases, a compreensão e o entendimento dos limites da Terra com relação à sua capacidade, volume e abundância, de modo que se torna comprometedor ultrapassar tais limites em decorrência da possibilidade de ocorrência de catástrofes sociais e ambientais. Mesmo assim, podemos perceber, diante do quadro de sinais evidentes, que os limites considerados “aceitáveis” foram transgredidos, afetando o bem-estar ambiental, culminando em problemas considerados graves, como o fenômeno e processo de aquecimento global, que tem causado rupturas e danos na camada de ozônio estratosférica advindos da poluição nos rios, mares, oceanos e, consequentemente, tem colocado em “xeque”, de forma violenta, a extinção de espécies diversas, produzindo, também, efeitos colaterais na sociedade, como a situação de pobreza, que tem afetado bilhões de pessoas. Figura 1: Exemplo de causadores do efeito estufa. Fonte: Dreamstime. Responsabilidade Social Empresarial 4 Outros segmentos também têm suportado os efeitos desse fenômeno, como o de assentamentos urbanos, que tem sofrido a carência de infraestruturas básicas para sobreviver, tem lidado com o cenário de violência urbana e propagação do tráfico de drogas cotidianamente e, ainda, tem sido atormentado por distúrbios relacionados à saúde, como as epidemias globalizadas. Todos esses efeitos, por vezes, são originados a partir do processo de produção das empresas, o que pode acarretar problemas de cunho socioambiental. Diante desse contexto, surge o movimento do desenvolvimento sustentável, estimulando e produzindo atividades que promovam o equilíbrio ambiental. Diante das situações de vulnerabilidade apresentadas, os autores Barbieri e Cajazeira (2009) construíram duas estratégias. Uma delas é apresentada mediante uma epígrafe que traz como mote o “pensar globalmente e agir localmente”. Ou seja, os autores afirmam que esses processos podem e devem ser solucionados não de forma única, mediante projetos internacionais e, até mesmo, nacionais, mas devem ser sanados pelos sujeitos “nativos”, referindo-se, nesse caso, à propriedade do sujeito. Uma outra estratégia apresentada tem o objetivo de desfazer os princípios que constituem o desenvolvimento sustentável para alavancá-lo em dimensões e/ou proporções maiores. Os autores apresentam as propostas de Ignacy Sachs, um economista mais conhecido como ecossocioeconomista, estudioso da ecologia política, que tem seus estudos baseados na economia, ecologia, antropologia cultural e ciência política. Dentre suas propostas, analisamos cinco: 1. Sustentabilidade social: Trata da consolidação de processos que promovam a equidade na distribuição dos bens e da renda para melhorar, substancialmente, os direitos e condições de amplas massas da população e reduzir as distâncias entre os padrões de vida das pessoas. 2. Sustentabilidade econômica: Possibilita a alocação e gestão eficiente dos recursos produtivos, bem como um fluxo regular de investimentos públicos e privados. 3. Sustentabilidade ecológica: Refere-se às ações para aumentar a capacidade de carga do planeta e evitar danos ao meio ambiente causados pelos processos de desenvolvimento, por exemplo, substituindo o consumo de recursos não-renováveis por recursos renováveis, reduzindo as emissões de poluentes, preservando a biodiversidade. 4. Sustentabilidade espacial: Diz respeito a uma configuração rural- urbana equilibrada e uma melhor solução para os assentamentos humanos. 5. Sustentabilidade cultural: Corresponde ao respeito pela pluralidade de soluções particulares apropriadas às especificidades de cada ecossistema, cultura e local. A dimensão política, logo em seguida, começa a tomar outras proporções, consolidando os processos democráticos e promovendo a participação de todos no desenvolvimento sustentável. Também podemos afirmar Responsabilidade Social Empresarial 5 https://pt.wikipedia.org/wiki/Economia https://pt.wikipedia.org/wiki/Ecologiahttps://pt.wikipedia.org/wiki/Antropologia_cultural https://pt.wikipedia.org/wiki/Antropologia_cultural https://pt.wikipedia.org/wiki/Ci%C3%AAncia_pol%C3%ADtica que o desenvolvimento sustentável está centralizado na ideia contrária das propostas autoritárias. O estímulo à atuação mútua é considerado um dos pilares principais, de modo que cada pessoa tenha práticas e experiências que colaborem com sua efetivação, cada um atuando nas suas respectivas áreas. Dito isso, entende-se como organização social aquela que propõe, em suas atividades, formas e dimensões da sustentabilidade, sempre alcançando seus objetivos e, ao mesmo tempo, intervindo concomitantemente dentro dos critérios de equidade social, cuidados ecológicos e efetividade econômica. Esses princípios passam a ser articulados nos movimentos da sociabilidade e do desenvolvimento social, bem como em suas respectivas características e campos de estudos, concorrendo lado a lado com o conceito de empresa sustentável, que é aquela que incorpora conceitos e objetivos relacionados com o desenvolvimento sustentável em seus discursos práticos, integrando essa política às suas práticas e experiências. No entanto, em termos gerais, o agente se vê na condição de responsável quanto à obrigação de responder pelas consequências provenientes de suas ações em relação às leis, contratos e normas da sociedade ou, até mesmo, de sua natureza. Archie (1999) aponta dados sobre o início do debate sobre a Responsabilidade Social Empresarial. Ele também considerou os fundamentos desse conjunto de iniciativas como subversivos, o que é motivo de muitos debates até os dias atuais. 2. Gerenciamento do Impacto Ambiental e do Ciclo de Vida dos Produtos e suas Interfaces com a Cadeia de Valores Na história dos acionistas e proprietários de empresas, surge a teoria dos acionistas, conhecida nos Estados Unidos por stakeholder e/ou stockholder. O sentido dessa palavra está ligado a pessoas e/ou à pessoa que possui ações de uma determinada empresa. A forma abreviada “stake” tem um significado de interesse pessoal não relacionado apenas aos negócios, mas que se estende aos interesses emocionais. Também significa pessoa ou organização que tutela um determinado valor econômico. A teoria do acionista é uma questão de autointeresse coletivo e desenvolvimento conflituoso sobre o que é propriedade e o que é administração, reduzindo cada vez mais esses conflitos entre empresas, proprietários e recursos empresariais, focados na ideia de agentes proprietários e aplicadores de recursos, visando progressivamente o retorno e lucros investidos. No Brasil, essa expressão está ligada às práticas e experiências vivenciadas nos textos administrativos em meados de 1990. A lógica stakeholder é a de que a pessoa ou o grupo envolvido com a empresa é afetado ou afeta a propriedade por intermédio de direitos ou interesses nos exercícios empresariais e de lucros. Responsabilidade Social Empresarial 6 https://www.sinonimos.com.br/concomitantemente/ Barbieri e Cajazeira (2009) apresentam essa complexidade de interesses: ‘‘ [...] considera dois grupos de stakeholders: Primários: são os que as empresas não sobreviveriam sem a sua contínua participação. Caracterizam-se por apresentar um elevado nível de interdependência com a empresa. Secundário: são os que influenciam ou afetam as empresas, ou são influenciados ou afetados por elas, mas não estão engajados em transações e tampouco são essenciais para a sobrevivência delas. (p.67) ’’ Temos mais um exemplo estratégico trazido pelos autores sobre a distribuição na gestão das pessoas e/ou grupos alicerçados em dois princípios norteadores: ‘‘ O nível de dependência da empresa em relação a esses grupos e a dependência desses grupos em relação a ela. Verifica-se para cada grupo de stakeholder se ele depende da empresa e se a empresa depende dele. Assim, tem-se quatro tipos de stakeholder. Cada tipo corresponde a formas diferentes de estratégias de influência dos grupos de stakeholders identificados em relação aos recursos da empresa e diferentes formas de relacionamento entre eles. Tem sido frequente considerar três grandes fases desse movimento envolvendo três gerações de direitos humanos. Primeira geração: ligada aos direitos humanos individuais, como liberdade de pensamento e expressão, locomoção, associação, etc. Segunda geração: é a dos direitos humanos sociais, que se desenvolve com as lutas sociais para garantir direitos de trabalho, à saúde, à velhice, etc. Terceira geração: trouxe o direito ao desenvolvimento, que tem como pressuposto que os direitos individuais e sociais não se efetivam em situação de pobreza. (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2009, p.68) ’’ Nesse cenário, vislumbramos a ação dos direitos humanos fundamentada nesses três pilares durante as denominadas “três gerações”, que se resumem nos valores universais, ressaltando as ações das instituições públicas e privadas. Como podemos associar essas questões às práticas e experiências dos stakeholders das organizações empresariais? Por meio de uma ação globalizada, tencionando a aceitação e o reconhecimento humanitário e dos saberes localizados em diversos lugares em um processo de convocação e atuação no desenvolvimento sustentável, de modo a vivenciá-lo. Apresentamos alguns autores que discursaram sobre a teoria stakeholder: 1. Donaldson e Preston: Investigaram e perceberam que a teoria stakeholder é problematizada e empregada de diversas formas, em diferentes formatos e modelos, tipos de fundamentos, parâmetros e orientações acerca do assunto. 2. John Hasnas: Apresenta três tipos do uso dessa teoria, um deles é entendido como descritivo/empírico; o segundo trata de uma “natureza instrumental”; e o terceiro é conhecido como normativo, o qual propõe uma interpretação empresarial. 3. John Locke: Mostra uma outra visão ao identificar um estado de natureza no qual se vivencia um espírito de paz, bondade e liberdade, e que permite um estilo de vida que não comprometa ou prejudique o viver e a liberdade dos demais. 4. John Rawls: Elabora os princípios da justiça que zelam pelo ser racional com direitos a escolhas e por pessoas justas e distantes Responsabilidade Social Empresarial 7 dos processos de predileção. Quais seriam, especificamente, esses princípios dos quais ele tanto fala? Princípio de igualdade, direitos iguais e, consequentemente, liberdade igualitária. Ou seja, John Rawls estabelece um senso de justiça a partir do processo de desigualdade ordenada, sempre favorecendo os menos afortunados em processos equitativos de alguma forma. Esse princípio de igualdade pontuado pelo autor deve estar sempre em primeiro plano, até porque isso é um ideal da humanidade, diferentemente do segundo princípio, que está mais relacionado ao setor empresarial, visando lucros, riquezas e hierarquias, de forma que precisam estar compactuados com os processos de equidade. Nesse sentido, o olhar apurado desses autores nos posiciona em um ponto central sobre o desenvolvimento sustentável e o contrato social: a compreensão das instituições sociais fundamentadas na sociedade, diversidade e pluralidade. O título Responsabilidade Social Empresarial circunscreve as questões de Responsabilidade Social Corporativas, termo utilizado pelas chamadas sociedades anônimas em um pensamento coletivo envolvendo clientes, empregados, empresa, sociedade, fornecedores, entre outros. Podemos considerar uma fundamentação teórica composta, inicialmente, pela Teoria Acionista (stakeholder), debatida logo acima, pela gênese em Adam Smith e Milton Friedman ao abordarem a Teoria do Contrato Social com a sociedade, e perpassar, ainda, por muitos outros teóricos, intercalando textos de forma objetiva que possam travar um diálogo sobre origens e influências. Barbieri e Cajazeira (2009) dissertam, também, sobre os modelos de gestão dentro da Responsabilidade Social Empresarial na pessoa de Carroll, analisados em quatro dimensões:econômica, social, ética e filantrópica. Há um destaque para o encontro dos dois grandes movimentos sociais: o da Responsabilidade Social Empresarial e o do Desenvolvimento Sustentável, que se fundem no universo contemporâneo, porém, preservando sua característica e propósito originário de formas diferentes, mesmo com afinidades. A ética entra como um componente transversal e vital, dialogando com as responsabilidades. Essa ética está direcionada sob um ponto de vista normativo e de conduta moral, ou seja, estamos falando da ética da virtude problematizada por Aristóteles e São Tomás de Aquino e, também, por autores contemporâneos como Robert Solomon, passando pela ética Kantiana, pela ética utilitarista, de John Stuart Mill, ao propor a concepção de afeto, entre outras vertentes. Uma das éticas pontuadas, considerada de grande importância, é a ética da responsabilidade, de Hans Jonas, que descreve os avanços tecnológicos vivenciados na humanidade e o jogo de poder diário na luta por sobrevivência no universo, conclamando a problemática de pensar nas consequências das ações de violências socioambiental. E, por fim, devemos falar sobre a adoção das práticas e experiências da Responsabilidade Social e o Desenvolvimento Sustentável como fontes e princípios diretivos para Responsabilidade Social Empresarial 8 o estabelecimento de estratégias empresariais ligadas aos Direitos Humanos e aos “instrumentos de gestão”, compondo estratégias empresariais de sustentabilidade. O modelo triple bottom line, desenvolvido pela empresa de consultoria britânica SustainAbility, de John Elkington, é conhecido, no Brasil, como conceito tripé da sustentabilidade ou 3Ps: People, Planet, Profit (em português Pessoas, Planeta e Lucros). John Elkington, conhecido como “decano do movimento da sustentabilidade corporativa há três décadas” pela Business Week, fez o seguinte questionamento: “O capitalismo, assim como um canibal, se tornaria civilizado se usasse garfo?”, referindo-se a essas dimensões econômicas, sociais e ambientais dos processos de sustentabilidades, considerando o capital dito natural como aquele relacionado aos recursos naturais e que tem a gênese de tudo humanamente produzido relacionado às suas necessidades. Os processos da sustentabilidade social postulam a noção de capital social, do capital que não se limita ao capital humano formatado nos setores de saúde, habilidades e educação. Barbieri e Cajazeira (2009) nos incitam à compreensão do capital social na capacidade manifestada e proveniente dos domínios da confiança social, tendo o objetivo principal de prover benefícios e a diminuição dos conflitos sociais. Um dos conceitos de capital social apresentado pelos autores é o de conjunto de “características da organização social como confiança, normas e sistemas” (2009, p.77). Os demais capitais, como intelectual, natural e social, vivenciam a mesma forma do capital econômico: forma de ativos tangíveis e intangíveis, contribuindo para a produção de diversos bens. 3. Selos e Certificações O processo de desenvolvimento sustentável no turismo rural, em uma perspectiva estruturada e planejada, nos instiga a pensar boas práticas de preservação e conservação do meio ambiente, fomentando o conhecimento das culturas regionais e locais. Na década de 70, a ideia de um novo modelo de desenvolvimento começa a ganhar força e passa a ser incorporado nas questões econômicas, sem desprezar os elementos sociais e ambientais, ou seja, o desenvolvimento começa a ser entendido e conceituado a partir da ideia da sustentabilidade. Nesse sentido, o desenvolvimento sustentável busca avanços tanto no desenvolvimento social quanto na otimização do meio ambiente. Atenção, cuidados e responsabilidades com o meio ambiente passam a ser prioridade na sustentabilidade. ‘‘ Diante deste contexto de preocupação com o meio ambiente, observa-se uma revalorização do meio rural e do turismo rural de modo que as pessoas, em especial aquelas que habitam o meio urbano, buscam ter acesso a ambientes naturais que possam aproximá-lo de paisagem que representam um ambiente diferente do seu ambiente de rotina e que lhe proporciona não apenas uma viagem, mas sim uma experiência diferente e autêntica. (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2010) ’’ Responsabilidade Social Empresarial 9 http://www.businessweek.com/ http://www.businessweek.com/ Ainda sobre o contexto de sustentabilidade relacionado ao meio ambiente, vale ressaltar as palavras de Silva (2012), que propõe a conciliação entre o desenvolvimento econômico e a proteção e preservação do meio ambiente. ‘‘ O desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades. Ele contém dois conceitos-chave: O conceito de necessidades essenciais dos pobres do mundo, que devem receber a máxima prioridade; e a noção das limitações que o estágio da tecnologia e da organização social impõe ao meio ambiente, impedindo-o de atender as necessidades presentes e futuras. (COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO, 1987, p.46) ’’ Da mesma forma, Hanai (2012) apresenta o conceito de desenvolvimento incorporado no turismo e na sustentabilidade. ‘‘ O turismo sustentável foi definido pela Organização Mundial de Turismo como aquele que atende às necessidades dos turistas de hoje e das regiões receptoras, ao mesmo tempo em que protege e amplia as oportunidades para o futuro. Assim, busca atender às atuais necessidades econômicas, sociais e de qualidade de vida para o desenvolvimento regional, enquanto conserva os recursos naturais e mantém a integridade cultural da população local, promovendo a responsabilidade coletiva e a satisfação das expectativas dos turistas de maneira que a atividade possa continuar. (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE TURISMO, 2003, p.24 apud HANAI, 2012, p.21) ’’ Nesse sentido, pode-se analisar um método não somente relacionado ao desenvolvimento sustentável, mas que também garanta a reprodução econômica e a qualidade de vida na sociedade rural, desenvolvendo contribuições para toda a região que o turismo abarca: proteção ambiental, conhecimento cultural e geração de emprego e renda. Essa perspectiva do turismo rural é de extrema importância, pois representa fenômeno social que tem o objetivo de agrupar a sociedade e as instituições públicas e privadas no planejamento e conjuntura dos avanços regionais, de modo que o desenvolvimento industrial atue como meio de desenvolvimento. Em consonância com esse cenário, o Ministério do Turismo apresenta ações que incentivam o desenvolvimento sustentável na zona rural. Veja a seguir: ▪ Integração à produção local na cadeia produtiva do turismo com ações de promoção e comercialização, apoiando projetos que visam ao desenvolvimento das atividades turísticas que garantam a sustentabilidade das iniciativas locais. ▪ Fomentar o turismo de base comunitária por intermédio do apoio a projetos e ações para o desenvolvimento local e sustentável do turismo, organizando e qualificando a produção, melhorando os serviços, incentivando o associativismo, o cooperativismo e o empreendedorismo. ▪ Procura-se induzir o turismo em áreas de investimento com impactos socioeconômicos e territórios com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), colaborando para o desenvolvimento local e geração de emprego. Responsabilidade Social Empresarial 10 Nesse contexto, percebe-se que o turismo rural está sempre inovando suas formas de execução e efetivação, visto que busca perspectivas de acesso, é genuíno e de forma original, diferentemente das formas previamente apresentadas, ditas clássicas, conectadas unicamente ao ambiente sol e mar, campings e etc. Turismo rural pode ser compreendido como um conjunto de atividades involucradas e desenvolvidas no contexto rural, inserindo valores a serviços e produtos e promovendo a inovação como alternativa para resgataro meio rural, viabilizando a cultura, a região e sua comunidade. Perseverar e se desenvolver no mercado, hoje em dia, se tornou um dos maiores desafios das empresas. Dentre esses obstáculos, o maior é a continuidade e a manutenção da marca corporativa conectada à sustentabilidade, visto que, muitas vezes, os valores não estão direcionados para a marca, mas sim para os stakeholders, ou seja, não buscam apenas a competitividade nos negócios, mas também a visualização do todo, com complementaridade e resiliência. Para Hart (2013), muito empresários se atentam para o conceito de que a sustentabilidade é um requisito perante as leis e, assim, defendem ações em seus planejamentos estratégicos com o intuito único do cumprimento limitado em obrigações. O panorama da sustentabilidade executada aos negócios pode produzir rendimentos aos acionistas, o que constitui uma sustentabilidade empresarial. No entanto, esse processo de construção de marca é o primeiro passo para a efetivação do valor. Elaborar essa consciência se tornou um grande desafio para a maioria das empresas, principalmente para as pequenas e as médias, nas quais a participação ativa vinculada à sustentabilidade acontece de forma limitada por não possuir uma infraestrutura e uma compreensão maior das ações e atividades possíveis ou, até mesmo, um orçamento. Todo esse processo direcionado à importância do comprometimento com as ações sustentáveis e ao interesse empresarial dos acionistas ocorre em um processo de participação significativa e transparente. Com isso, é projetada uma trajetória com um parecer empresarial sempre ligado e associado à sustentabilidade. Nesse sentido, é preciso entender o conceito de sustentabilidade, sua importância, quem são as empresas e as comunidades que vivenciam esses processos e de que forma esses procedimentos acontecem, tornando-se um exercício diário para todas as empresas, tanto pequenas quanto grandes, que têm se colocado no mercado responsável. ‘‘ As questões ambientais entraram nas decisões de compra dos consumidores e, por sua vez, estão afetando todas as áreas do marketing. Os fabricantes e profissionais de marketing que procuram atender consumidores conscientes e ativos devem adotar um novo paradigma para o marketing verde. (OTTMAN, 2012, p.74) ’’ Esse processo de expansão, engajado com as atividades de sustentabilidade, vai fornecer possibilidades e oferecerá, além do consumo por parte dos clientes, visibilidade às empresas. Tudo isso se Responsabilidade Social Empresarial 11 manifestará por meio dos lucros e serviços necessários não só para a comunidade, mas também para a economia e, principalmente, para o universo. Existe uma necessidade e demanda do consumidor por produtos e serviços sustentáveis, o que pode alavancar mais ofertas, com maior qualidade de vida, gerando, por conseguinte, negócios lucrativos e visibilidade para as marcas. Por meio dos avanços tecnológicos, a qualidade dos produtos tem avanço muito e, com isso, os consumidores aceitam pagar um preço mais elevado, o que faz com que as empresas vivenciem novos desafios e perspectivas de lucros. Um dos autores que vêm trabalhando com a ideia da possibilidade de retorno financeiro é Hart (2013). Ele acredita que aqueles que investem em projetos relacionados à sustentabilidade, de uma forma estruturada, têm grandes possibilidades de chegar aos objetivos, não só relacionados ao meio ambiente, mas também à questão social e à produção de lucros. Quando Hart (2013) traz à tona a questão do capitalismo sustentável, ele determina o conceito de capitalismo sustentável em uma conjuntura empresarial, agregando os princípios dos conceitos financeiros em suas circunstâncias. Em seus estudos, ele tenciona dois questionamentos e duas formas: greening (revolução verde) e beyond greening (para além da revolução verde). Greening (revolução verde): Propõe desenvolvimentos que devem ser aperfeiçoados de forma continuada. Representa uma contenção dos impactos considerados desfavoráveis em relação aos produtos e sistemas por intermédio da prevenção à poluição, controle de desperdícios, ações que produzam economia de forma segura, técnicas de reconhecimento dos produtos, contratos comprometidos com os stakeholders e processos de reciclagem. Beyond greening (para além da revolução verde): Está relacionada ao futuro e às atribuições dos processos que se associam às próximas gerações, sempre observando novos mercados e novas tecnologias para além das executadas que também estejam relacionadas aos processos de sustentabilidades e meio ambiente. Segundo Hart (2013, p.4), esse processo diz respeito ao ato de “construir hoje a inovação amanhã”. Dito isso, os processos de sustentabilidades estabelecidos nas empresas com ações sustentáveis de forma consistente encontram- se fundamentados na visibilidade social e possuem um diagnóstico de grande relevância. Nesse sentido, tivemos, nessa leitura, o objetivo de apresentarmos esse processo de compreensão e entendimento, almejando transformações nas condutas e modos sociais e empresariais, visando à sustentabilidade universal integrada à gestão empresarial, como executivos, acionistas (stakeholders) e marcas dos produtos, no intuito de gerar cada vez mais oportunidades de mercado. Esse processo de desenvolvimento do consumo sustentável é indispensável para empresas, consumidores varejistas e atacadistas, prestadores de serviços e todos os componentes da sociedade que Responsabilidade Social Empresarial 12 buscam perpetuar negócios e relações a partir de um desdobramento continuado. É preciso integrar as novas regras com as participações e esclarecimentos, possibilitando à sociedade e aos consumidores o desempenho conjunto de larga importância, sempre contando com a assistência de uma transação proativa. Somente fundamentado nesses princípios será possível realizar o desenvolvimento sustentável efetivo. Referências ARCHIE, B. C. The pyramid of corporate social responsibility: Toward the moral management of organizational stakeholders. Bussiness Horizons, v. 34, n. 4, p. 39-48, jul./ago. 1999. Disponível em: https://www. sciencedirect.com/science/article/pii/000768139190005G. Acesso em: 14 ago. 2019. BARBIERI, J. A. P.; CAJAZEIRA, J. E. R. 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Concepção de Desenvolvimento Sustentável, Aspectos Históricos e Contemporâneos 2. Gerenciamento do Impacto Ambiental e do Ciclo de Vida dos Produtos e suas Interfaces com a Cadeia de Valores 3. Selos e Certificações Referências