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Responsabilidade 
Social Empresarial
Desenvolvimento Sustentável e sua 
Aplicabilidade nas Empresas
Desenvolvimento do material
Kaio Lemos
1ª Edição
Copyright © 2022, Afya.
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mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia 
autorização, por escrito, da Afya.
Sumário
Desenvolvimento Sustentável e sua 
Aplicabilidade nas Empresas
Para início de conversa... ................................................................................ 3
Objetivos ......................................................................................................... 3
1. Concepção de Desenvolvimento Sustentável, 
Aspectos Históricos e Contemporâneos ............................................... 4
2. Gerenciamento do Impacto Ambiental e do Ciclo de Vida 
dos Produtos e suas Interfaces com a Cadeia de Valores ............... 6
3. Selos e Certificações .................................................................................... 9
Referências ........................................................................................................ 13
Para início de conversa...
O conceito de sustentabilidade vem a cada dia assinalando grandes 
viabilidades e visibilidades relacionadas às questões ambientais, 
sociais e empresariais. A Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e 
Desenvolvimento (1987) apresenta o quadro da sustentabilidade global 
de uma forma delineada como uma capacidade para “satisfazer as 
necessidades do presente sem comprometer a habilidade das futuras 
gerações para satisfazerem suas necessidades”. Da mesma forma, o 
desenvolvimento sustentável é conceituado por Gladwin, T., Kennelly, J. e 
Krause, T. (1995) como “um processo para se alcançar o desenvolvimento 
humano [...] de uma maneira inclusiva, interligada, igualitária, prudente 
e segura”. Para além das discussões teóricas e conceituais sobre 
desenvolvimento sustentável social e empresarial, ainda vivenciamos 
situações conflituosas de desacordos entre executivos e/ou acionistas 
(stakeholders) em relação às relevâncias representativas e circunstâncias 
direcionadas à sustentabilidade empresarial. Nesse cenário, alguns 
acionistas e/ou executivos entendem a sustentabilidade como um 
encargo moral; já para outros, a sustentabilidade é interpretada como 
um custo específico relacionado aos negócios. Poucas empresas têm se 
posicionado em favor da sustentabilidade como grande possibilidade de 
negócios, diminuição de custos e visibilidade no mercado por meio das 
tecnologias.
Objetivos
 ▪ Conhecer a concepção de Desenvolvimento Sustentável, bem como 
seus aspectos históricos e contemporâneos.
 ▪ Conhecer o gerenciamento do impacto ambiental, do ciclo de vida 
dos produtos e suas conexões com a cadeia de valores.
 ▪ Conhecer os selos e certificações.
Responsabilidade Social Empresarial 3
1. Concepção de Desenvolvimento Sustentável, 
Aspectos Históricos e Contemporâneos
Os processos relacionados ao desenvolvimento sustentável 
vêm passando por mudanças ao longo da história. Dentro dessa 
temporalidade, é apresentado o cenário do dia 15 de março de 1998, no 
qual é sancionado um protocolo de instrumento internacional que tem 
o objetivo de reduzir as emissões de gases poluentes: o protocolo de 
Kyoto, que entrou em vigor a partir do dia 16 de fevereiro de 2005 na 
cidade japonesa cujo nome é atribuído a esse tratado. São processos que 
sofreram objeções e, ao mesmo tempo, avanços em relação ao objetivo 
de redução de emissão de gases de efeito estufa, fato que nos ajuda a 
compreender as possíveis dificuldades no que diz respeito à obtenção 
de consonância e harmonia relacionadas às deliberações efetivas, 
humanitárias e de proteção. Nesse cenário, podemos fazer alguns 
questionamentos: “O que é o desenvolvimento sustentável?”, “Quais 
as causas e efeitos gerados a partir desse movimento?”, “Quem são as 
pessoas que produzem esse fenômeno?”.
O movimento do desenvolvimento sustentável tem, em suas bases, a 
compreensão e o entendimento dos limites da Terra com relação à sua 
capacidade, volume e abundância, de modo que se torna comprometedor 
ultrapassar tais limites em decorrência da possibilidade de ocorrência de 
catástrofes sociais e ambientais. Mesmo assim, podemos perceber, diante 
do quadro de sinais evidentes, que os limites considerados “aceitáveis” 
foram transgredidos, afetando o bem-estar ambiental, culminando 
em problemas considerados graves, como o fenômeno e processo de 
aquecimento global, que tem causado rupturas e danos na camada de 
ozônio estratosférica advindos da poluição nos rios, mares, oceanos e, 
consequentemente, tem colocado em “xeque”, de forma violenta, a extinção 
de espécies diversas, produzindo, também, efeitos colaterais na sociedade, 
como a situação de pobreza, que tem afetado bilhões de pessoas. 
Figura 1: Exemplo de causadores do efeito estufa. Fonte: Dreamstime.
Responsabilidade Social Empresarial 4
Outros segmentos também têm suportado os efeitos desse fenômeno, 
como o de assentamentos urbanos, que tem sofrido a carência de 
infraestruturas básicas para sobreviver, tem lidado com o cenário de 
violência urbana e propagação do tráfico de drogas cotidianamente e, 
ainda, tem sido atormentado por distúrbios relacionados à saúde, como 
as epidemias globalizadas. Todos esses efeitos, por vezes, são originados 
a partir do processo de produção das empresas, o que pode acarretar 
problemas de cunho socioambiental. Diante desse contexto, surge o 
movimento do desenvolvimento sustentável, estimulando e produzindo 
atividades que promovam o equilíbrio ambiental.
Diante das situações de vulnerabilidade apresentadas, os autores 
Barbieri e Cajazeira (2009) construíram duas estratégias. Uma delas é 
apresentada mediante uma epígrafe que traz como mote o “pensar 
globalmente e agir localmente”. Ou seja, os autores afirmam que 
esses processos podem e devem ser solucionados não de forma 
única, mediante projetos internacionais e, até mesmo, nacionais, mas 
devem ser sanados pelos sujeitos “nativos”, referindo-se, nesse caso, 
à propriedade do sujeito. Uma outra estratégia apresentada tem o 
objetivo de desfazer os princípios que constituem o desenvolvimento 
sustentável para alavancá-lo em dimensões e/ou proporções maiores. Os 
autores apresentam as propostas de Ignacy Sachs, um economista mais 
conhecido como ecossocioeconomista, estudioso da ecologia política, 
que tem seus estudos baseados na economia, ecologia, antropologia 
cultural e ciência política. Dentre suas propostas, analisamos cinco:
1. Sustentabilidade social: Trata da consolidação de processos que 
promovam a equidade na distribuição dos bens e da renda para 
melhorar, substancialmente, os direitos e condições de amplas 
massas da população e reduzir as distâncias entre os padrões de 
vida das pessoas.
2. Sustentabilidade econômica: Possibilita a alocação e gestão 
eficiente dos recursos produtivos, bem como um fluxo regular de 
investimentos públicos e privados.
3. Sustentabilidade ecológica: Refere-se às ações para aumentar a 
capacidade de carga do planeta e evitar danos ao meio ambiente 
causados pelos processos de desenvolvimento, por exemplo, 
substituindo o consumo de recursos não-renováveis por recursos 
renováveis, reduzindo as emissões de poluentes, preservando a 
biodiversidade.
4. Sustentabilidade espacial: Diz respeito a uma configuração rural-
urbana equilibrada e uma melhor solução para os assentamentos 
humanos. 
5. Sustentabilidade cultural: Corresponde ao respeito pela pluralidade 
de soluções particulares apropriadas às especificidades de cada 
ecossistema, cultura e local. 
A dimensão política, logo em seguida, começa a tomar outras proporções, 
consolidando os processos democráticos e promovendo a participação 
de todos no desenvolvimento sustentável. Também podemos afirmar 
Responsabilidade Social Empresarial 5
https://pt.wikipedia.org/wiki/Economia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ecologiahttps://pt.wikipedia.org/wiki/Antropologia_cultural
https://pt.wikipedia.org/wiki/Antropologia_cultural
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ci%C3%AAncia_pol%C3%ADtica
que o desenvolvimento sustentável está centralizado na ideia contrária 
das propostas autoritárias. O estímulo à atuação mútua é considerado 
um dos pilares principais, de modo que cada pessoa tenha práticas e 
experiências que colaborem com sua efetivação, cada um atuando 
nas suas respectivas áreas. Dito isso, entende-se como organização 
social aquela que propõe, em suas atividades, formas e dimensões da 
sustentabilidade, sempre alcançando seus objetivos e, ao mesmo tempo, 
intervindo concomitantemente dentro dos critérios de equidade social, 
cuidados ecológicos e efetividade econômica. Esses princípios passam a 
ser articulados nos movimentos da sociabilidade e do desenvolvimento 
social, bem como em suas respectivas características e campos de 
estudos, concorrendo lado a lado com o conceito de empresa sustentável, 
que é aquela que incorpora conceitos e objetivos relacionados com o 
desenvolvimento sustentável em seus discursos práticos, integrando 
essa política às suas práticas e experiências.
No entanto, em termos gerais, o agente se vê na condição de 
responsável quanto à obrigação de responder pelas consequências 
provenientes de suas ações em relação às leis, contratos e normas 
da sociedade ou, até mesmo, de sua natureza. Archie (1999) aponta 
dados sobre o início do debate sobre a Responsabilidade Social 
Empresarial. Ele também considerou os fundamentos desse conjunto 
de iniciativas como subversivos, o que é motivo de muitos debates 
até os dias atuais. 
2. Gerenciamento do Impacto Ambiental e do 
Ciclo de Vida dos Produtos e suas Interfaces 
com a Cadeia de Valores
Na história dos acionistas e proprietários de empresas, surge a teoria dos 
acionistas, conhecida nos Estados Unidos por stakeholder e/ou stockholder. 
O sentido dessa palavra está ligado a pessoas e/ou à pessoa que possui 
ações de uma determinada empresa. A forma abreviada “stake” tem um 
significado de interesse pessoal não relacionado apenas aos negócios, 
mas que se estende aos interesses emocionais. Também significa pessoa 
ou organização que tutela um determinado valor econômico. A teoria do 
acionista é uma questão de autointeresse coletivo e desenvolvimento 
conflituoso sobre o que é propriedade e o que é administração, reduzindo 
cada vez mais esses conflitos entre empresas, proprietários e recursos 
empresariais, focados na ideia de agentes proprietários e aplicadores 
de recursos, visando progressivamente o retorno e lucros investidos. No 
Brasil, essa expressão está ligada às práticas e experiências vivenciadas 
nos textos administrativos em meados de 1990. A lógica stakeholder é a 
de que a pessoa ou o grupo envolvido com a empresa é afetado ou afeta 
a propriedade por intermédio de direitos ou interesses nos exercícios 
empresariais e de lucros. 
Responsabilidade Social Empresarial 6
https://www.sinonimos.com.br/concomitantemente/
Barbieri e Cajazeira (2009) apresentam essa complexidade de interesses:
‘‘ [...] considera dois grupos de stakeholders: Primários: são os que as empresas não 
sobreviveriam sem a sua contínua participação. Caracterizam-se por apresentar 
um elevado nível de interdependência com a empresa. Secundário: são os que 
influenciam ou afetam as empresas, ou são influenciados ou afetados por elas, 
mas não estão engajados em transações e tampouco são essenciais para a 
sobrevivência delas. (p.67) ’’
Temos mais um exemplo estratégico trazido pelos autores sobre a 
distribuição na gestão das pessoas e/ou grupos alicerçados em dois 
princípios norteadores:
‘‘ O nível de dependência da empresa em relação a esses grupos e a dependência 
desses grupos em relação a ela. Verifica-se para cada grupo de stakeholder se 
ele depende da empresa e se a empresa depende dele. Assim, tem-se quatro 
tipos de stakeholder. Cada tipo corresponde a formas diferentes de estratégias de 
influência dos grupos de stakeholders identificados em relação aos recursos da 
empresa e diferentes formas de relacionamento entre eles. Tem sido frequente 
considerar três grandes fases desse movimento envolvendo três gerações de 
direitos humanos. Primeira geração: ligada aos direitos humanos individuais, 
como liberdade de pensamento e expressão, locomoção, associação, etc. 
Segunda geração: é a dos direitos humanos sociais, que se desenvolve com as 
lutas sociais para garantir direitos de trabalho, à saúde, à velhice, etc. Terceira 
geração: trouxe o direito ao desenvolvimento, que tem como pressuposto que os 
direitos individuais e sociais não se efetivam em situação de pobreza. (BARBIERI; 
CAJAZEIRA, 2009, p.68) ’’ 
Nesse cenário, vislumbramos a ação dos direitos humanos fundamentada 
nesses três pilares durante as denominadas “três gerações”, que se 
resumem nos valores universais, ressaltando as ações das instituições 
públicas e privadas. Como podemos associar essas questões às práticas 
e experiências dos stakeholders das organizações empresariais? Por meio 
de uma ação globalizada, tencionando a aceitação e o reconhecimento 
humanitário e dos saberes localizados em diversos lugares em um 
processo de convocação e atuação no desenvolvimento sustentável, de 
modo a vivenciá-lo. Apresentamos alguns autores que discursaram sobre 
a teoria stakeholder: 
1. Donaldson e Preston: Investigaram e perceberam que a teoria 
stakeholder é problematizada e empregada de diversas formas, em 
diferentes formatos e modelos, tipos de fundamentos, parâmetros e 
orientações acerca do assunto.
2. John Hasnas: Apresenta três tipos do uso dessa teoria, um deles 
é entendido como descritivo/empírico; o segundo trata de uma 
“natureza instrumental”; e o terceiro é conhecido como normativo, o 
qual propõe uma interpretação empresarial.
3. John Locke: Mostra uma outra visão ao identificar um estado de 
natureza no qual se vivencia um espírito de paz, bondade e liberdade, 
e que permite um estilo de vida que não comprometa ou prejudique 
o viver e a liberdade dos demais.
4. John Rawls: Elabora os princípios da justiça que zelam pelo ser 
racional com direitos a escolhas e por pessoas justas e distantes 
Responsabilidade Social Empresarial 7
dos processos de predileção. Quais seriam, especificamente, esses 
princípios dos quais ele tanto fala? Princípio de igualdade, direitos 
iguais e, consequentemente, liberdade igualitária. Ou seja, John Rawls 
estabelece um senso de justiça a partir do processo de desigualdade 
ordenada, sempre favorecendo os menos afortunados em processos 
equitativos de alguma forma. 
Esse princípio de igualdade pontuado pelo autor deve estar sempre 
em primeiro plano, até porque isso é um ideal da humanidade, 
diferentemente do segundo princípio, que está mais relacionado ao 
setor empresarial, visando lucros, riquezas e hierarquias, de forma que 
precisam estar compactuados com os processos de equidade.
Nesse sentido, o olhar apurado desses autores nos posiciona em um 
ponto central sobre o desenvolvimento sustentável e o contrato social: 
a compreensão das instituições sociais fundamentadas na sociedade, 
diversidade e pluralidade. O título Responsabilidade Social Empresarial 
circunscreve as questões de Responsabilidade Social Corporativas, termo 
utilizado pelas chamadas sociedades anônimas em um pensamento 
coletivo envolvendo clientes, empregados, empresa, sociedade, 
fornecedores, entre outros.
Podemos considerar uma fundamentação teórica composta, inicialmente, 
pela Teoria Acionista (stakeholder), debatida logo acima, pela gênese 
em Adam Smith e Milton Friedman ao abordarem a Teoria do Contrato 
Social com a sociedade, e perpassar, ainda, por muitos outros teóricos, 
intercalando textos de forma objetiva que possam travar um diálogo 
sobre origens e influências. Barbieri e Cajazeira (2009) dissertam, 
também, sobre os modelos de gestão dentro da Responsabilidade Social 
Empresarial na pessoa de Carroll, analisados em quatro dimensões:econômica, social, ética e filantrópica. Há um destaque para o encontro 
dos dois grandes movimentos sociais: o da Responsabilidade Social 
Empresarial e o do Desenvolvimento Sustentável, que se fundem 
no universo contemporâneo, porém, preservando sua característica 
e propósito originário de formas diferentes, mesmo com afinidades. A 
ética entra como um componente transversal e vital, dialogando com 
as responsabilidades. Essa ética está direcionada sob um ponto de 
vista normativo e de conduta moral, ou seja, estamos falando da ética 
da virtude problematizada por Aristóteles e São Tomás de Aquino e, 
também, por autores contemporâneos como Robert Solomon, passando 
pela ética Kantiana, pela ética utilitarista, de John Stuart Mill, ao propor 
a concepção de afeto, entre outras vertentes. Uma das éticas pontuadas, 
considerada de grande importância, é a ética da responsabilidade, de 
Hans Jonas, que descreve os avanços tecnológicos vivenciados na 
humanidade e o jogo de poder diário na luta por sobrevivência no 
universo, conclamando a problemática de pensar nas consequências 
das ações de violências socioambiental. E, por fim, devemos falar sobre 
a adoção das práticas e experiências da Responsabilidade Social e o 
Desenvolvimento Sustentável como fontes e princípios diretivos para 
Responsabilidade Social Empresarial 8
o estabelecimento de estratégias empresariais ligadas aos Direitos 
Humanos e aos “instrumentos de gestão”, compondo estratégias 
empresariais de sustentabilidade.
O modelo triple bottom line, desenvolvido pela empresa de consultoria 
britânica SustainAbility, de John Elkington, é conhecido, no Brasil, 
como conceito tripé da sustentabilidade ou 3Ps: People, Planet, Profit 
(em português Pessoas, Planeta e Lucros). John Elkington, conhecido 
como “decano do movimento da sustentabilidade corporativa há 
três décadas” pela Business Week, fez o seguinte questionamento: “O 
capitalismo, assim como um canibal, se tornaria civilizado se usasse 
garfo?”, referindo-se a essas dimensões econômicas, sociais e ambientais 
dos processos de sustentabilidades, considerando o capital dito natural 
como aquele relacionado aos recursos naturais e que tem a gênese de 
tudo humanamente produzido relacionado às suas necessidades.
Os processos da sustentabilidade social postulam a noção de capital 
social, do capital que não se limita ao capital humano formatado nos 
setores de saúde, habilidades e educação. Barbieri e Cajazeira (2009) nos 
incitam à compreensão do capital social na capacidade manifestada e 
proveniente dos domínios da confiança social, tendo o objetivo principal 
de prover benefícios e a diminuição dos conflitos sociais. Um dos 
conceitos de capital social apresentado pelos autores é o de conjunto 
de “características da organização social como confiança, normas e 
sistemas” (2009, p.77). Os demais capitais, como intelectual, natural e 
social, vivenciam a mesma forma do capital econômico: forma de ativos 
tangíveis e intangíveis, contribuindo para a produção de diversos bens.
3. Selos e Certificações
O processo de desenvolvimento sustentável no turismo rural, em uma 
perspectiva estruturada e planejada, nos instiga a pensar boas práticas de 
preservação e conservação do meio ambiente, fomentando o conhecimento 
das culturas regionais e locais. Na década de 70, a ideia de um novo modelo 
de desenvolvimento começa a ganhar força e passa a ser incorporado nas 
questões econômicas, sem desprezar os elementos sociais e ambientais, ou 
seja, o desenvolvimento começa a ser entendido e conceituado a partir da 
ideia da sustentabilidade. Nesse sentido, o desenvolvimento sustentável 
busca avanços tanto no desenvolvimento social quanto na otimização 
do meio ambiente. Atenção, cuidados e responsabilidades com o meio 
ambiente passam a ser prioridade na sustentabilidade.
‘‘ Diante deste contexto de preocupação com o meio ambiente, observa-se uma 
revalorização do meio rural e do turismo rural de modo que as pessoas, em 
especial aquelas que habitam o meio urbano, buscam ter acesso a ambientes 
naturais que possam aproximá-lo de paisagem que representam um ambiente 
diferente do seu ambiente de rotina e que lhe proporciona não apenas uma 
viagem, mas sim uma experiência diferente e autêntica. (MINISTÉRIO DO 
TURISMO, 2010) ’’
Responsabilidade Social Empresarial 9
http://www.businessweek.com/
http://www.businessweek.com/
Ainda sobre o contexto de sustentabilidade relacionado ao meio 
ambiente, vale ressaltar as palavras de Silva (2012), que propõe 
a conciliação entre o desenvolvimento econômico e a proteção e 
preservação do meio ambiente.
‘‘ O desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do 
presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem 
as suas próprias necessidades. Ele contém dois conceitos-chave: O conceito 
de necessidades essenciais dos pobres do mundo, que devem receber a 
máxima prioridade; e a noção das limitações que o estágio da tecnologia e 
da organização social impõe ao meio ambiente, impedindo-o de atender as 
necessidades presentes e futuras. (COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE 
E DESENVOLVIMENTO, 1987, p.46) ’’
Da mesma forma, Hanai (2012) apresenta o conceito de desenvolvimento 
incorporado no turismo e na sustentabilidade.
‘‘ O turismo sustentável foi definido pela Organização Mundial de Turismo como 
aquele que atende às necessidades dos turistas de hoje e das regiões receptoras, 
ao mesmo tempo em que protege e amplia as oportunidades para o futuro. 
Assim, busca atender às atuais necessidades econômicas, sociais e de qualidade 
de vida para o desenvolvimento regional, enquanto conserva os recursos 
naturais e mantém a integridade cultural da população local, promovendo a 
responsabilidade coletiva e a satisfação das expectativas dos turistas de maneira 
que a atividade possa continuar. (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE TURISMO, 2003, 
p.24 apud HANAI, 2012, p.21) ’’ 
Nesse sentido, pode-se analisar um método não somente relacionado 
ao desenvolvimento sustentável, mas que também garanta a 
reprodução econômica e a qualidade de vida na sociedade rural, 
desenvolvendo contribuições para toda a região que o turismo abarca: 
proteção ambiental, conhecimento cultural e geração de emprego e 
renda. Essa perspectiva do turismo rural é de extrema importância, 
pois representa fenômeno social que tem o objetivo de agrupar a 
sociedade e as instituições públicas e privadas no planejamento e 
conjuntura dos avanços regionais, de modo que o desenvolvimento 
industrial atue como meio de desenvolvimento. Em consonância com 
esse cenário, o Ministério do Turismo apresenta ações que incentivam o 
desenvolvimento sustentável na zona rural. Veja a seguir:
 ▪ Integração à produção local na cadeia produtiva do turismo com 
ações de promoção e comercialização, apoiando projetos que 
visam ao desenvolvimento das atividades turísticas que garantam a 
sustentabilidade das iniciativas locais.
 ▪ Fomentar o turismo de base comunitária por intermédio do apoio 
a projetos e ações para o desenvolvimento local e sustentável do 
turismo, organizando e qualificando a produção, melhorando os serviços, 
incentivando o associativismo, o cooperativismo e o empreendedorismo. 
 ▪ Procura-se induzir o turismo em áreas de investimento com impactos 
socioeconômicos e territórios com baixo Índice de Desenvolvimento 
Humano (IDH), colaborando para o desenvolvimento local e geração 
de emprego. 
Responsabilidade Social Empresarial 10
Nesse contexto, percebe-se que o turismo rural está sempre inovando 
suas formas de execução e efetivação, visto que busca perspectivas 
de acesso, é genuíno e de forma original, diferentemente das formas 
previamente apresentadas, ditas clássicas, conectadas unicamente ao 
ambiente sol e mar, campings e etc. Turismo rural pode ser compreendido 
como um conjunto de atividades involucradas e desenvolvidas no 
contexto rural, inserindo valores a serviços e produtos e promovendo 
a inovação como alternativa para resgataro meio rural, viabilizando 
a cultura, a região e sua comunidade. Perseverar e se desenvolver no 
mercado, hoje em dia, se tornou um dos maiores desafios das empresas. 
Dentre esses obstáculos, o maior é a continuidade e a manutenção 
da marca corporativa conectada à sustentabilidade, visto que, muitas 
vezes, os valores não estão direcionados para a marca, mas sim para 
os stakeholders, ou seja, não buscam apenas a competitividade nos 
negócios, mas também a visualização do todo, com complementaridade 
e resiliência.
Para Hart (2013), muito empresários se atentam para o conceito de que 
a sustentabilidade é um requisito perante as leis e, assim, defendem 
ações em seus planejamentos estratégicos com o intuito único do 
cumprimento limitado em obrigações. O panorama da sustentabilidade 
executada aos negócios pode produzir rendimentos aos acionistas, o que 
constitui uma sustentabilidade empresarial. No entanto, esse processo 
de construção de marca é o primeiro passo para a efetivação do valor. 
Elaborar essa consciência se tornou um grande desafio para a maioria 
das empresas, principalmente para as pequenas e as médias, nas quais 
a participação ativa vinculada à sustentabilidade acontece de forma 
limitada por não possuir uma infraestrutura e uma compreensão maior 
das ações e atividades possíveis ou, até mesmo, um orçamento.
Todo esse processo direcionado à importância do comprometimento 
com as ações sustentáveis e ao interesse empresarial dos acionistas 
ocorre em um processo de participação significativa e transparente. Com 
isso, é projetada uma trajetória com um parecer empresarial sempre 
ligado e associado à sustentabilidade. Nesse sentido, é preciso entender 
o conceito de sustentabilidade, sua importância, quem são as empresas 
e as comunidades que vivenciam esses processos e de que forma esses 
procedimentos acontecem, tornando-se um exercício diário para todas 
as empresas, tanto pequenas quanto grandes, que têm se colocado no 
mercado responsável. 
‘‘ As questões ambientais entraram nas decisões de compra dos consumidores 
e, por sua vez, estão afetando todas as áreas do marketing. Os fabricantes e 
profissionais de marketing que procuram atender consumidores conscientes 
e ativos devem adotar um novo paradigma para o marketing verde. (OTTMAN, 
2012, p.74) ’’ 
Esse processo de expansão, engajado com as atividades de 
sustentabilidade, vai fornecer possibilidades e oferecerá, além do 
consumo por parte dos clientes, visibilidade às empresas. Tudo isso se 
Responsabilidade Social Empresarial 11
manifestará por meio dos lucros e serviços necessários não só para a 
comunidade, mas também para a economia e, principalmente, para 
o universo. Existe uma necessidade e demanda do consumidor por 
produtos e serviços sustentáveis, o que pode alavancar mais ofertas, com 
maior qualidade de vida, gerando, por conseguinte, negócios lucrativos 
e visibilidade para as marcas. Por meio dos avanços tecnológicos, a 
qualidade dos produtos tem avanço muito e, com isso, os consumidores 
aceitam pagar um preço mais elevado, o que faz com que as empresas 
vivenciem novos desafios e perspectivas de lucros.
Um dos autores que vêm trabalhando com a ideia da possibilidade de 
retorno financeiro é Hart (2013). Ele acredita que aqueles que investem 
em projetos relacionados à sustentabilidade, de uma forma estruturada, 
têm grandes possibilidades de chegar aos objetivos, não só relacionados 
ao meio ambiente, mas também à questão social e à produção de lucros. 
Quando Hart (2013) traz à tona a questão do capitalismo sustentável, 
ele determina o conceito de capitalismo sustentável em uma conjuntura 
empresarial, agregando os princípios dos conceitos financeiros em suas 
circunstâncias. Em seus estudos, ele tenciona dois questionamentos e 
duas formas: greening (revolução verde) e beyond greening (para além da 
revolução verde).
Greening (revolução verde): Propõe desenvolvimentos que devem ser 
aperfeiçoados de forma continuada. Representa uma contenção dos 
impactos considerados desfavoráveis em relação aos produtos e sistemas 
por intermédio da prevenção à poluição, controle de desperdícios, ações 
que produzam economia de forma segura, técnicas de reconhecimento 
dos produtos, contratos comprometidos com os stakeholders e processos 
de reciclagem.
Beyond greening (para além da revolução verde): Está relacionada ao 
futuro e às atribuições dos processos que se associam às próximas 
gerações, sempre observando novos mercados e novas tecnologias para 
além das executadas que também estejam relacionadas aos processos 
de sustentabilidades e meio ambiente. Segundo Hart (2013, p.4), esse 
processo diz respeito ao ato de “construir hoje a inovação amanhã”. 
Dito isso, os processos de sustentabilidades estabelecidos nas 
empresas com ações sustentáveis de forma consistente encontram-
se fundamentados na visibilidade social e possuem um diagnóstico 
de grande relevância. Nesse sentido, tivemos, nessa leitura, o objetivo 
de apresentarmos esse processo de compreensão e entendimento, 
almejando transformações nas condutas e modos sociais e empresariais, 
visando à sustentabilidade universal integrada à gestão empresarial, 
como executivos, acionistas (stakeholders) e marcas dos produtos, no 
intuito de gerar cada vez mais oportunidades de mercado.
Esse processo de desenvolvimento do consumo sustentável é 
indispensável para empresas, consumidores varejistas e atacadistas, 
prestadores de serviços e todos os componentes da sociedade que 
Responsabilidade Social Empresarial 12
buscam perpetuar negócios e relações a partir de um desdobramento 
continuado. É preciso integrar as novas regras com as participações 
e esclarecimentos, possibilitando à sociedade e aos consumidores o 
desempenho conjunto de larga importância, sempre contando com a 
assistência de uma transação proativa. Somente fundamentado nesses 
princípios será possível realizar o desenvolvimento sustentável efetivo.
Referências
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	Desenvolvimento Sustentável e sua Aplicabilidade nas Empresas
	Para início de conversa...
	Objetivos
	1. Concepção de Desenvolvimento Sustentável, Aspectos Históricos e Contemporâneos
	2. Gerenciamento do Impacto Ambiental e do Ciclo de Vida dos Produtos e suas Interfaces com a Cadeia de Valores
	3. Selos e Certificações
	Referências

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