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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RIO DE JANEIRO – RJ 
ANDERSON, casado, portador da cédula de identidade nº………….... CPF nº …………… advogado inscrito na OAB/RJ sob o nº …………… domiciliado e residente nessa cidade com escritório na Rua ……………, vem, mui respeitosamente, perante uma das Câmaras desse Egrégio Tribunal, com fundamento no art. 5º, LXVIII da CRFB/1988, impetrar ordem de 
HABEAS CORPUS COM PEDIDO DE LIMINAR
Em face de JOÃO, brasileiro portador da cédula de identidade nº………….... CPF nº …………….e stado civil, profissão, residente e domiciliado na rua ……………., cidade…………., estado…………., a qual se encontra recolhido na ……………, pela prática dos delitos previstos nos artigos 16, § único, IV da Lei 10.826/03 e art. 28 da lei 11.343/06, apontando como autoridade coatora o juízo da 1ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE BELFORD ROXO – RJ, pelos seguintes fatos e fundamentos expostos a seguir.
DO PEDIDO DE LIMINAR 
 No caso mencionado houve um nítido constrangimento ilegal. O paciente está preso por ter sido flagrado em sua casa, três armas de fogo calibre 38 com numeração raspada. Essas armas que foram encontradas em sua residência não era de seu conhecimento, pois as mesmas eram guardadas por sua esposa ACÁCIA, conforme comprovado em seu depoimento as fls. _____. A própria esposa foi a noticiante do delito, pois a mesma conduziu os policiais até a sua residência.
 A prisão em flagrante, ora questionada, não observou a necessidade de presença do periculum libertatis pelo que representa afronta ao princípio constitucional do estado de inocência. A manutenção da sua custódia, nestas condições, seria inegável abuso de poder, trazendo injustas aflições e dissabores não só ao paciente, mas também a sua esposa e sua filha, uma vez que as mesmas não tem como prover o próprio sustento. 
DOS FATOS
JOÃO foi preso em flagrante no dia 10 de julho de 2019 pela prática do crime previsto no art. 16, § único, IV da Lei 10.826/03 e art. 28 da lei 11.343/06. No auto de prisão em flagrante constavam os depoimentos dos policiais que efetuaram a prisão.
JOÃO fora preso em razão de uma notitia criminis realizada por sua mulher ACÁCIA afirmando que o mesmo possuía armas dentro de casa com numeração raspada e isso a assustava.
Diante da informação e com o consentimento de ACÁCIA, os policiais se dirigiram a casa onde o casal residia e após uma intensa busca no imóvel, encontraram três revólveres calibre 38 com a numeração raspada, em um armário dentro do quarto. Em outro armário, os policiais encontraram 50 munições. Em seguida, encontraram um papelote contendo 0,9 decigramas de cocaína.
Perguntado sobre a posse do material encontrado, JOÃO afirmou que adquirira as armas em BELFORD ROXO de um amigo, e quanto à droga, disse que era para seu uso pessoal.
O auto de prisão em flagrante foi devidamente lavrado e distribuído ao juízo da Vara Criminal de BELFORD ROXO - RJ, onde foi requerida a sua liberdade provisória, que foi negada pelo juiz ao argumento de que se tratava de crime grave, haja vista o preso possuir 03 revólveres com numeração raspada em sua residência e em razão do depoimento da sua esposa que afirmou ser ele um homem agressivo.
Não há anotações na folha de antecedentes de JOÃO é réu primário.
DOS FUNDAMENTOS
 O paciente encontra-se preso desde o dia …………… tendo como fundamento uma notícia crime realizada pela sua esposa no dia ……….. Sendo conduzido até a Delegacia de Polícia, foi lavrado o Auto de Prisão em Flagrante, pela posse de arma de fogo com numeração raspada e uso de substância entorpecente. 
 
 Por esses motivos é que o presente Habeas Corpus visa fazer cessar a coação ilegal a liberdade ambulatorial do paciente, em razão dos crimes previstos nos arts. 16, parágrafo único, IV da lei 10.826/03 e 28 da lei 11.343/06.
 A Ilustre Magistrada, em sua decisão às fls ________indeferiu o pedido de liberdade provisória pleiteado por esta defesa, informando que os fatos narrados no processo são graves, sendo prematura a reinserção do réu ao convívio social, tendo em vista apreendidas 03 armas de fogo com numeração raspada, além de farta munição e 1 sacolé de cocaína. 
DA AUSÊNCIA DOS PRESSUPOSTOS DO ART. 312 DO CPP
 Como é sabido não basta a existência de um ato de prisão em flagrante, como forma inicial do inquérito policial, revestido de todas as formalidades legais para que subsista o ato coativo, mas sim necessário se torna que se demonstre a necessidade da mantença daquela prisão preventiva, o que não há no presente caso. 
Tribunal de Justiça de Minas Gerais TJ – MG - Habeas Corpus Criminal: HC2638449-722021.8.13.0000 MG 
HABEAS CORPUS – RECEPTAÇÃO – REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA – VIABILIDADE. AUSÊNCIA DOS PRESSUPOSTOS DO ART. 312 DO CPP. ORDEM CONCEDIDA
 Inexistindo elementos nos autos demonstrando que o paciente, se solto, colocará em risco a ordem pública ou econômica, prejudicará a instrução criminal ou criará embaraços para aplicação da lei penal, a revogação da prisão preventiva é medida imperativa. 
HABEAS CORPUS CRIMINAL Nº 1.0000.21.263844-9/000 – COMARCA DE JOÃO PINHEIRO – PACIENTE (S) SOLIMAR MARQUES GONÇALVES – AUTORIDADE COATORA: JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA CÍVEL CRIMINAL E DE EXECUÇÕES PENAIS DE JOÃO PINHEIRO
ACÓRDÃO
Vistos etc, acorda, em Turma, a 5ª CÂMARA CRIMINAL do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos em CONCEDER A ORDEM.
DES. JÚLIO CÉSAR LORENS (RELATOR) 
 Por fim registrou a Douta Magistrada que os fatos narrados no inquérito policial, em princípio, necessitam de uma resposta urgente e eficaz, existindo indícios suficientes para justificar a necessidade da manutenção da custódia cautelar, visando garantir a ordem pública e a prevenção de reprodução de fatos criminosos como o narrado na inicial. Neste momento, existem nos autos, elementos essenciais à manutenção da medida restritiva, destacando-se a necessidade da custódia cautelar, na espécie, como garantia de instrução criminal e efetiva prestação jurisdicional. Frisa-se que a comprovação de residência fixa , eventual primariedade, profissão regular não são suficientes à concessão da liberdade provisória, quando circunstâncias outras recomendam a medida restritiva de liberdade, de modo a impedir a constante repetição de atos nocivos, como os noticiados nos autos. 
 Conforme pode-se verificar, a ilustre magistrada, fundamentou sua decisão baseada na gravidade do crime objeto do auto de prisão em flagrante. É de conhecimento de todos, que a opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime, não constitui motivação idônea a ensejar uma prisão cautelar. A esse respeito ver o verbete da Súmula do STF n º 718.
 Percebe-se então, que os fundamentos subjacentes ao ato decisório emanada da ilustre magistrada, que manteve a prisão cautelar do ora paciente, fundamentando na gravidade do delito em questão, conflitam com os estritos critérios que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal consagrou nessa matéria. Tal fundamentação não pode ser aceita por ausência do respaldo legal. 
 	O Supremo Tribunal Federal tem advertido que a natureza da infração penal não se revela circunstância apta, por si só, para legitimar a prisão cautelar daquele que sofre a persecução criminal instaurada pelo Estado, conforme vemos abaixo: 
“PRISÃO CAUTELAR. INCONSISTÊNCIA DOS FUNDAMENTOS EM QUE SE APÓIA A DECISÃO QUE A DECRETOU A GRAVIDADE EFETIVA DO CRIME, NÃO VINCULAÇÃO DO RÉU AO DISTRITO DA CULPA E RECUSA DO ACUSADO EM APRESENTAR A SUA VERSÃO PARA OS FATOS DELITUOSOS. 
INCOMPATIBILIDADE DESSES FUNDAMENTOS COM OS CRITÉRIOS FIRMADOS PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL EM TEMA DE PRIVAÇÃO CAUTELAR DA LIBERDADE INDIVIDUAL. DIREITO DO INDICIADO RÉU DE NÃO SER CONSTRANGIDO A PRODUZIR PROVAS CONTRA SI MESMO.
DECISÃO QUE, AO DESRESPEITAR ESSA PRERROGATIVA CONSTITUCIONAL, DECRETA PRISÃO PREVENTIVA DO ACUSADO. INADMISSIBILIDADE. NATUREZA JURÍDICA E FUNÇÃO DA PRISÃO CAUTELAR.DOUTRINA. PRECEDENTES. MEDIDA CAUTELAR DEFERIDA. 
A privação cautelar da liberdade individual qualquer que seja a modalidade autorizada pelo ordenamento positivo (prisão em flagrante, prisão temporária, prisão preventiva, prisão decorrente de decisão de pronúncia e prisão resultante de condenação penal recorrível) não se destina a infligir punição antecipada à pessoa contra quem essa medida excepcional é decretada ou efetivada. A idéia é que a sanção é absolutamente estranha a prisão cautelar (carcer ad custodiam), que não se confunde com a prisão penal (carcer ad poenam). Doutrina. 
Precedentes.
- A utilização da prisão cautelar com intuito de fins punitivos traduz deformação desse instituto de direito processual, eis que o desvio arbitrário de sua finalidade importa em manifesta ofensa às garantias constitucionais da presunção de inocência e do devido processo legal.
Precedentes.
- A gravidade em abstrato do crime não basta, por si só, para justificar a privação cautelar da liberdade individual do suposto autor do fato delituoso.
O Supremo Tribunal Federal tem advertido que a natureza da infração penal não se revela circunstância apta a legitimar a prisão cautelar daquele que sofre a persecução criminal instaurada pelo Estado. Precedentes. (Informativo do STF nº 549Transcrições).”
 Vale mencionar que trata-se de réu primário e de bons antecedentes, com residência e domicílio certo no distrito da culpa, até porque trata-se de militar do corpo de bombeiros. Assim não há fundamentação idônea para manter a custódia cautelar como garantia da aplicação da lei penal e conveniência da instrução criminal. 
 O crime tem pena mínima de 3 anos, e provavelmente, se condenado, a pena não será do mínimo legal, cabendo assim a substituição por pena restritiva de direitos, por se tratar de réu primário e bons antecedentes, e não ser o crime praticado com violência e grave ameaça. 
 É a aplicação do princípio da homogeneidade que regem as prisões cautelares que nos informa que a medida cautelar a ser adotada deve ser profissional e eventual resultado favorável ao pedido do autor, não sendo admissível que a restrição, durante o curso do processo, seja mais severa que a sanção a ser aplicada caso o pedido seja julgado procedente.
(RANGEL, Paulo. Direito Processual Penal. 15ª ed. pág. 659-660)
Diante do exposto, requer que o acolhimento do pedido liminar e no mérito a concessão do Habeas Corpus com a consequente expedição do alvará de soltura, por se tratar e medida da mais inteira justiça.
Nestes termos
pede deferimento
Local/data/
Advogado OAB/RJ

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