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Prévia do material em texto

C O O R D E N A D O R A S
RENATA OSÓRIO CACIQUINHO BITTENCOURT
SÔNIA MARIA CARNEIRO CAETANO FERNANDES
PATRÍCIA OSÓRIO CACIQUINHO
MARIA VITÓRIA DIAS FERNANDES
A U T O R E S
AENE MARTINS DA SILVA
BARTIRA ALICIA DA SILVA MAIA DA CUNHA
BARTIRA MACEDO DE MIRANDA
CÉLIA ALVES DE LELES
DELAÍDE ALVES MIRANDA ARANTES
EDITH COSTA ANTUNES MACHADO
ELEN KELEM DA SILVA PEREIRA DE OLIVEIRA
ESTHER SANCHES PITALUGA
FLÁVIA SILVA MENDANHA CRISÓSTOMO
JÉSSICA MARTINS GUIMARÃES 
JÉSSICA PAINKOW ROSA CAVALCANTE
JULIA LOURES NUNES
KÊNIA CARDOSO DE PAULA
LARISSA P. P. JUNQUEIRA REIS BAREATO
LAUDELINA INÁCIO DA SILVA
LUCIANA LARA SENA LIMA
MANOELA GONÇALVES
MARIA CECILIA DE ALMEIDA MONTEIRO LEMOS
MARIA EUGÊNIA NEVES SANTANA
MARIA VITÓRIA DIAS FERNANDES
MARIANNA DE QUEIROZ GOMES
MARIELLY RAMOS GUIMARÃES
MAURIDES MACEDO
MUNIQUE TURONES DOS PASSOS
NATHALIA CANHEDO
PATRÍCIA OSÓRIO CACIQUINHO
PAULA DUARTE TAVARES RODRIGUES
PAULO CAMPANHA SANTANA
RENATA OSÓRIO CACIQUINHO BITTENCOURT
SÔNIA MARIA CARNEIRO CAETANO FERNANDES
STHEFANIE FERREIRA LEITE
THAWANE LARISSA SILVA
THAYNARA CRISTINA RIBEIRO E SILVA
THAYNNARA FREITAS FERRO
©Org.: Renata Osório Caciquinho Bittencourt, Sônia Maria Carneiro Caetano Fernandes, Patrícia Osório Caciquinho, Maria Vitória 
Dias Fernandes
EDITORA MIZUNO 2024
Revisão: Renata Osório Caciquinho Bittencourt, Sônia Maria Carneiro Caetano Fernandes, Patrícia Osório Caciquinho, Maria 
Vitória Dias Fernandes (Org.)
Nos termos da lei que resguarda os direitos autorais, é expressamente proibida a reprodução total ou parcial destes textos, 
inclusive a produção de apostilas, de qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônico ou mecânico, inclusive através de processos 
xerográficos, reprográficos, de fotocópia ou gravação. 
Qualquer reprodução, mesmo que não idêntica a este material, mas que caracterize similaridade confirmada judicialmente, também 
sujeitará seu responsável às sanções da legislação em vigor. 
A violação dos direitos autorais caracteriza-se como crime incurso no art. 184 do Código Penal, assim como na Lei n. 9.610, de 
19.02.1998.
O conteúdo da obra é de responsabilidade dos autores. Desta forma, quaisquer medidas judiciais ou extrajudiciais concernentes ao 
conteúdo serão de inteira responsabilidade dos autores.
O material disponibilizado on-line, incluindo links, QR-codes, vídeos, petições, entre outros, estará acessível durante a vigência da 
edição atual do livro, podendo ser retirado após esse período, sem aviso prévio.
Todos os direitos desta edição reservados à
EDITORA MIZUNO
Rua Benedito Zacariotto, 172 - Parque Alto das Palmeiras, Leme - SP, 13614-460
Correspondência: Av. 29 de Agosto, nº 90, Caixa Postal 501 - Centro, Leme - SP, 13610-210
Fone/Fax: (0XX19) 3554-9820
Visite nosso site: www.editoramizuno.com.br
e-mail: atendimento@editoramizuno.com.br
Impresso no Brasil
Printed in Brazil
Direitos das Mulheres e das Meninas: Estudos selecionados da ABMCJ-GO
Catalogação na publicação
Elaborada por Bibliotecária Janaina Ramos – CRB-8/9166
D598 Direitos das mulheres e das meninas: estudos selecionados da ABMCJ-GO / Organização de Renata Osório Caciquinho 
Bittencourt, Sônia Maria Carneiro Caetano Fernandes, Patrícia Osório Caciquinho, et al. – Leme-SP: Mizuno, 2024.
Outra organizadora: Maria Vitória Dias Fernandes.
Autoras: Célia Alves de Leles, Delaíde Alves Miranda Arantes, Edith Costa Antunes Machado, Elen Kelem da Silva Pereira 
de Oliveira, Esther Sanches Pitaluga, Flávia Silva Mendanha Crisóstomo, Jéssica Martins Guimarães , Jéssica Painkow Rosa 
Cavalcante, Julia Loures Nunes, Kênia Cardoso de Paula, Larissa P. P. Junqueira Reis Bareato, Laudelina Inácio da Silva, 
Luciana Lara Sena Lima, Manoela Gonçalves, Maria Cecilia de Almeida Monteiro Lemos, Maria Eugênia Neves Santana, 
Maria Vitória Dias Fernandes, Marianna de Queiroz Gomes, Marielly Ramos Guimarães, Maurides Macedo, Munique 
Turones dos Passos, Nathalia Canhedo, Patrícia Osório Caciquinho, Paula Duarte Tavares Rodrigues, Paulo Campanha 
Santana, Renata Osório Caciquinho Bittencourt, Sônia Maria Carneiro Caetano Fernandes, Sthefanie Ferreira Leite, 
Thawane Larissa Silva, Thaynara Cristina Ribeiro e Silva, Thaynnara Freitas Ferro.
Colaboradoras: Renata Osório Caciquinho Bittencourt, Sônia Maria Carneiro Caetano Fernandes, Patrícia Osório 
Caciquinho, Maria Vitória Dias Fernandes.
302 p.; 16 X 23 cm
ISBN 978-65-5526-877-5
1. Direitos das mulheres. 2. Discriminação de sexo contra as mulheres. 3. Igualdade de gênero. I. Bittencourt, Renata Osório 
Caciquinho (Organizadora). II. Fernandes, Sônia Maria Carneiro Caetano (Organizadora). III. Caciquinho, Patrícia Osório 
(Organizadora). IV. Título.
CDD 323.34
Índice para catálogo sistemático
I. Direitos das mulheres
COORDENADORAS
RENATA OSÓRIO CACIQUINHO BITTENCOURT
Mestra em Direito das Relações Sociais e Trabalhistas. Pós-Graduada em Direito 
do Trabalho, Processo do Trabalho e Direito Previdenciário. Pós-graduada em 
Direito Constitucional Aplicado e em DP e Compliance Trabalhista. Assessora de 
Ministro no Tribunal Superior do Trabalho. Professora universitária. Membra da 
equipe editorial da Revista científica Direito das Relações Sociais e Trabalhistas 
(Capes B1). Pesquisadora assistente da coordenação do Grupo de Pesquisas 
sobre Sindicalismo do Mestrado do UDF. Membra da Diretoria do Instituto Goiano 
de Direito do Trabalho. Vice-presidenta da Associação Brasileira de Mulheres 
de Carreira Jurídica – Comissão de Goiás (ABMCJ/GO). Endereço eletrônico: 
renatacaciquinho@hotmail.com.
SÔNIA MARIA CARNEIRO CAETANO FERNANDES
Advogada e Professora de Direito Processual Civil. Pós-graduada com 
Especialização em Direito Processual Civil pela UFG. Formada em Filosofia 
Universal de Huberto Rohden pela UFG. Indicada ao Presidente da República, 
em lista tríplice formada pelo TJ-GO, para ocupar o cargo de Juíza Eleitoral do 
TRE-GO, em 2009 e 2010. Indicada em lista sêxtupla formada pela OAB-GO, 
para ocupar o cargo de Desembargadora do TJ-GO, em 2020 e 2023. Nomeada 
Presidenta da Comissão de Mediação e Conciliação da OAB-GO, em 2022/2023. 
Eleita Presidenta da Associação Brasileira de Mulheres de Carreira Jurídica – 
Comissão de Goiás (ABMCJ/GO), gestão 2023-2025.
PATRÍCIA OSÓRIO CACIQUINHO
Advogada Gestora Trabalhista. Professora de Direito e Processo do Trabalho. 
Mestranda em Direito das Relações Sociais e Trabalhistas no UDF - Centro 
Universitário do Distrito Federal. Integrante do IGT - Instituto Goiano de Direito 
do Trabalho. Juíza do TED da OAB de Goiás em 2024. Pós-graduada em Direito e 
Processo do Trabalho pela Faculdade Estácio de Sá. Pós-graduada em Direito e 
Processo Tributário pela Faculdade CERS.
MARIA VITÓRIA DIAS FERNANDES
Advogada. Advogada Assistente do Tribunal de Ética e Disciplina da OAB/GO. 
Graduada em Direito pela Universidade Paulista. Pós-Graduanda em Execução 
Trabalhista. Email: mariavitoriafernandes.adv@gmail.com.
composição da diretoria
(Gestão 2023/2026)
Presidente
Dra. Sônia Maria Carneiro Caetano Fernandes
Vice-Presidente
Dra. Renata Osório Caciquinho Bittencourt
Secretária
Dra. Carla Franco Zanini
Secretária Adjunta
Dra. Priscila Maura de Paula Carvalho Rezende
Tesoureira
Dra. Thawane Larissa Silva
Tesoureira Adjunta
Dra. Elen Kelen da Silva Pereira de Oliveira
Conselheira deliberativa titular
Dra. Larissa Junqueira Bareato
Conselheira deliberativa suplente
Dra. Jacira Maria dos Santos
Conselheira fiscal titular
Dra. Ana Paula de Guadalupe Rocha
Conselheira fiscal titular
Dra. Jordanna Rodrigues di Araújo
Conselheira fiscal titular
Dra. Maria Nilza Almeida Starling
Conselheira fiscal suplente
Dra. Maria Eugênia Neves Santana
Conselheira fiscal suplente
Dra. Meyre Elizabeth Carvalho
Conselheira fiscal suplente
Dra. Thais Moraes de Sousa
MENSAGEM DA COORDENAÇÃO
Os debates sobre os desafios de ser mulher e da ótica interseccional de 
gênero consistem na essência da ABMCJ/GO, que se estabelece como uma das 
Comissões estaduais da entidade nacional e uma das suas engrenagens na 
buscade um mundo melhor para todas as mulheres e meninas, a partir de um 
otimismo realista característico.
Ao longo do nosso trabalho voluntário, como associadas, ativistas 
e feministas, em diversas frentes e projetos, unindo nossas mais diversas 
personalidades, profissões (ainda que majoritariamente jurídicas, mas em muitos 
recortes) e perspectivas, sentimos a necessidade de amplificar a nossa voz e os 
nossos pensamentos, com o fim de efetivar um propósito forte e poderoso.
Isso porque percebemos que o mundo ainda é lido por um viés inconsciente 
que exclui as mulheres e as marginaliza da equidade de oportunidades e 
participação que são suas por direito. E um livro, se fez um instrumento fantástico 
para que o propósito ganhasse toque de realidade e que desse às mulheres 
enquanto categoria, e especialmente àquelas que imediatamente acreditaram e 
abraçaram o projeto enviando seus textos, o volume necessário para que suas 
ideias e sua voz fossem ouvidas, e pudessem percorrer espaços, plantando 
sementes que esperançam avanços em face da desigualdade que as atravessa.
Desejamos, todas nós, que a sua experiência na leitura traga reflexões, que 
atormentam (naturalmente) pelo tom evidente de realidade, mas que lhe instiguem 
a ser mais do que avesso à discriminação de gênero, a ser uma e um ativista pela 
sua superação, estabelecendo os direitos das mulheres como um direito humano 
de todas as pessoas à uma sociedade justa e solidária!
Goiânia, 20 de junho de 2024.
Renata Osório Caciquinho Bittencourt
Sônia Maria Carneiro Caetano Fernandes
Patrícia Osório Caciquinho
Maria Vitória Dias Fernandes
COORDENADORAS
PREFÁCIO
Uns lutam com o cimento armado. Com as leis. Outros, com os bisturis. 
Com as máquinas – tantas e tão variadas lutas. Eu luto com a palavra. É bom? É 
ruim? Não interessa, é a minha vocação.”
Esta frase, de Lygia Fagundes Telles, presente no livro As Meninas, é 
instigante e inspiradora, pois nos mostra que, se queremos construir um mundo 
melhor, o faremos com palavras, com ações pacíficas e com o debate de ideias.
É com palavras, com estudos, com a ciência e o uso da sabedoria que 
conquistamos, ao longo de várias décadas, avanços na legislação e de cidadania. 
Assim seguimos a nossa luta diária pela igualdade de gêneros e pela defesa dos 
direitos das mulheres e meninas, não apenas as de carreira jurídica.
O movimento feminista no Brasil teve início no século 19, com as 
mulheres buscando participação nos processos eleitorais e buscando maior 
independência social, uma vez que eram vistas como indivíduo sem autonomia 
e direitos. A mulher não podia votar e era considerada apenas a cuidadora dos 
filhos e do lar. Até para trabalhar a mulher dependia da autorização do marido, 
conforme definia o Código Civil de 1916.
Nas duas primeiras décadas dos anos 1900, começaram a surgir movimentos 
consistentes de mulheres que reivindicavam direitos. As conquistas foram 
pequenas, mas já significaram um passo concreto na direção da autonomia.
O direito ao voto e à representação política foram consolidados com a 
elaboração do Código Eleitoral de 1933. No ano seguinte, foi eleita a primeira 
deputada do Brasil – Carlota Pereira de Queirós. A década de 1930 foi de intensa 
efervescência política e cultural para as mulheres, que começaram a ter espaço 
em jornais e impressos periódicos, peças teatrais e publicação de livros.
Seguindo a tendência mundial nos anos 1960 e 1970, com a intensificação 
do movimento feminista em vários países do planeta, houve uma grande mobili-
zação de resistência das mulheres brasileiras, para enfrentar a possibilidade de 
retrocessos em razão do golpe de estado perpetrado pelos militares.
Algumas legislações trataram especificamente da questão feminina e 
significaram um avanço positivo para os parâmetros da época. A Lei nº 4.121/62, 
por exemplo, conhecido por Estatuto da Mulher Casada, garantiu a entrada no 
mercado de trabalho sem a autorização do marido, receber herança e solicitar a 
guarda dos filhos em caso de separação; e a Lei nº 6.515/77, o Código Eleitoral, 
possibilitaram mais direitos às mulheres.
DIREITOS DAS MULHERES E DAS MENINAS: ESTUDOS SELECIONADOS DA ABMCJ-GO 
10
A Constituição de 1988 possibilitou que a ideia de igualdade de gêneros 
fosse reforçada, garantindo mais independência e direitos. A submissão em rela-
ção ao gênero masculino foi extinta legalmente a partir do Código Civil de 2002.
Embora a legislação tenha avançado ao longo dos anos para dar a oportu-
nidade de as mulheres ocuparem os espaços que lhes são de direito, na prática 
ainda há muito caminho a ser percorrido.
Quando se trata de eleições, a definição de cota de gênero pelo Tribunal 
Superior Eleitoral vem proporcionando uma maior participação feminina nos 
pleitos eleitorais, embora o número de candidatas eleitas não acompanhe o 
porcentual de candidaturas.
No mercado de trabalho, há avanços recentes, como a definição de paridade 
nas indicações para cargos nas instâncias superiores do Poder Judiciário.
São mais de 120 anos de luta intensa, com avanços e ocupação de espaços. 
Mas ainda há um longo caminho a ser percorrido, para que a equidade de gêneros 
seja uma realidade palpável e concretizada.
A Associação Brasileira de Mulheres de Carreira Jurídica (ABMCJ) tem 
se transformado, ao longo de sua existência, em uma cidadela do movimento 
feminista de nosso País. A nossa entidade tem respondido a todos os ataques à 
independência das mulheres e meninas, não apenas as de carreira jurídica, bem 
como marcando presença em momentos importantes para a consolidação de 
direitos.
Abrir espaço para a publicação de obras culturais e científicas e fomentar 
o estudo crítico do Direito são missões institucionais da ABMCJ. Ao longo dos 
anos, a nossa entidade não tem poupado esforços para promover eventos culturais 
e difundir conhecimento e ciência.
Esta obra, publicada pela comissão estadual de Goiás da ABMCJ, é a prova 
viva de que a cada dia as mulheres de carreira jurídica estão mais capacitadas 
e preparadas para enfrentar os desafios que o Direito nos impõe.
Intitulada Direitos das Mulheres e das Meninas: Estudos Selecionados 
da ABMCJ-GO, esta obra reúne artigos com temas atuais e importantes para o 
debate sobre a condição feminina no Brasil.
Aproveito para parabenizar as competentes Renata Osório Caciquinho 
Bittencourt, Sônia Maria Carneiro Caetano Fernandes, Patrícia Osório Caciquinho 
e Maria Vitória Dias Fernandes pelo brilhante trabalho realizado e pela minuciosa 
escolha e captação dos artigos que aqui são publicados. Também não poderia 
deixar de cumprimentar toda a diretoria da ABMCJ de Goiás, muito bem 
presidida pela estimada Sônia Maria Carneiro Caetano Fernandes, pela iniciativa 
de incentivar a produção científica das associadas.
Certamente servirá de guia para as pessoas que forem debater a igualdade 
de gêneros e e os direitos das mulheres, temas tão importantes para a construção 
de um mundo socialmente mais justo, no qual as pessoas se respeitem.
11
PREFÁCIO
Os riscos e benefícios do fortalecimento da cultura digital, que pode 
aproximar as mulheres e meninas das transformações sociais e garantir-lhes 
mas direitos, mas também pode trazer resultados danos e criminosos, são 
abordados por Manoela Gonçalves em O Efeito da Tecnologia Digital sobre os 
Direitos das Mulheres e Meninas.
O Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM) e sua Importância 
para o Desenvolvimento de Políticas Públicas, de Laudelina Inácio da Silva, fala 
sobre os mecanismos institucionais em relação à função do Estado na promoção 
da equidade de gênero como também na conquista e preservação dos direitos 
das mulheres do Brasil.
Leitura Hermenêutica das Convenções 156 e 183 da Organização 
Internacional do Trabalho – OIT é o título do artigo de Renata Osório Caciquinho 
Bittencourt, Thaynara Cristina Ribeiro e Silva, Maria Vitória Dias Fernandes 
e Sônia Maria Carneiro Caetano Fernandes, em uma abordagem sobre o a 
aplicação da concepção de quea mulher é destinada aos trabalhos de cuidado 
como fundamento para efetivar, até mesmo por meio da própria legislação, a 
desigualdade de gênero.
Delaíde Alves Miranda Arantes, Maria Cecilia de Almeida Monteiro Lemos 
e Julia Loures Nunes falam sobre o processo dialético da evolução da sociedade 
e o Estado Democrático de Direito, como paradigmas de desenvolvimento da 
sociedade capitalista, bem como da dignidade humana, em A Efetividade do 
Direito à Igualdade: Uma Perspectiva do Poder Judiciário.
A experiência e o papel social de juízes e juízas, com base em experiência 
própria, é um relato emocionante da magistrada Marianna de Queiroz Gomes, no 
artigo Mas como É Ser Juíza?
Em A Reprodução da Reprodução: O Ciclo Vicioso da Gravidez de Meninas 
de Baixa Renda – Um Desafio às Políticas Públicas em Educação e Direitos 
Humanos, Renata Osório Caciquinho Bittencourt e Patrícia Osório Caciquinho 
fazem uma avaliação das razões da repetição intergeracional da gravidez infantil/
adolescente, com enfoque nos seus impactos nos Direitos Humanos e no Direito à 
Educação de mulheres e meninas.
Do Lixo ao Lucro: A Importância do Reaproveitamento dos Resíduos Sólidos 
na Geração Sustentável de Energia é o tema abordado por Thawane Larissa Silva. 
No artigo, ela fala sobre o aumento exponencial de resíduos sólidos, seus efeitos 
específicos no meio ambiente, e a importância do reaproveitamento do lixo e seu 
papel na produção sustentável de energia.
O processo de construção da democracia no Brasil e a exclusão sistemática 
das mulheres da participação ativa e das tomadas de decisões nas esferas 
políticas e no ensino representam um obstáculo substancial para a consolidação 
de uma sociedade verdadeiramente democrática e igualitária, de acordo com o 
artigo Inclusão Social da Mulher do Ensino e na Política sob a Ótica de Sócrates, 
de Munique Turones dos Passos e Kênia Cardoso de Paula.
DIREITOS DAS MULHERES E DAS MENINAS: ESTUDOS SELECIONADOS DA ABMCJ-GO 
12
Esther Sanches Pitaluga e Paula Duarte Tavares Rodrigues, em A Lei 
14.611/2023: Uma Análise sobre a Importância da Igualdade Salarial entre 
Homens e Mulheres, falam sobre a inovação legislativa e analisam a importância 
da promoção da igualdade salarial entre os sexos.
A Atuação Sindical Frente ao Trabalho Indigno da Mulher no Cenário 
Pós-Reforma Trabalhista, de autoria de Maria Eugênia Neves Santana, Paula 
Tavares Duarte Rodrigues e Paulo Campanha Santana, trata sobre o trabalho 
da mulher no cenário pós-reforma trabalhista e a atuação sindical na busca por 
direitos e garantias específicos sob o enfoque de gênero.
A importância de ser observada a busca pela igualdade de direitos das 
mulheres e da mudança de paradigmas de representação coletiva é abordada 
por Thaynnara Freitas Ferro em A Necessidade da Composição Feminina nos 
Tribunais para Garantia do Cumprimento do Protocolo para Julgamento com 
Perspectiva de Gênero.
Da Dignidade Humana. Compliance Trabalhista como Instrumento para a 
Reparação e Prevenção é o título do artigo de Elen Kelem da Silva Pereira de 
Oliveira, que trata da efetividade da Constituição e dos direitos fundamentais do 
trabalho.
Larissa P. P. Junqueira Reis Bareato, em Os Princípios ESG para a Necessária 
Consolidação da Equidade de Gênero em sua Perspectiva Social, mostra as liga-
ções entre o respeito ao princípio constitucional da dignidade humana e a busca 
de adequação do direito privado ao prol de garantias e princípios consagrados 
pela ordem constitucional.
O Necessário Diálogo entre os Princípios da Administração Pública e 
os da Inteligência Artificial para a Garantia da Prevalência do Princípio da não 
Discriminação, de Flávia Silva Mendanha Crisóstomo, mostra que a Inteligência 
Artificial (IA) avança para todos os setores da sociedade contemporânea.
A luta das mulheres em busca de reconhecimento e efetivação de seus 
direitos ao longo do tempo são os temas centrais de A Jornada em Busca de 
Direitos, de Marielly Ramos Guimarães.
Kênia Cardoso de Paula e Célia Alves de Leles tratam do papel das mulheres 
indígenas na preservação e perpetuação das culturas ancestrais e aumento na 
presença das mulheres indígenas em fóruns públicos de discussão política em 
diálogo com as entidades não indígenas no Brasil, no artigo Mulheres Indígenas: 
Protagonismo e Preservação da Cultura.
A vida conjugal, o adultério e suas consequências em um relacionamento, 
bem como a reação da sociedade, foram abordados por Edith Costa Antunes 
Machado, em A Legítima Defesa da Honra no Brasil: Ênfase no Caso do Livro de 
Jorge Amado, Gabriela Cravo e Canela.
13
PREFÁCIO
Dependência Emocional e as Consequências no Direito Penal, de Sthefanie 
Ferreira Leite, mostra o fenômeno da dependência afetiva na criminalidade 
feminina e o interesse que o tema tem despertado tanto no campo acadêmico 
quanto nas esferas da justiça e do sistema prisional.
Jéssica Painkow Rosa Cavalcante, Nathalia Canhedo e Maurides Macedo 
proporcionam a reflexão sobre a violação do direito à privacidade quando 
há divulgação de dados de mulheres vítimas de violência, em Privacidade e 
Esquecimento: Desafios na Era Digital para as Vítimas de Violência
A violência contra a mulher e seu confrontamento com as relações de poder 
existentes na sociedade global são apontados por Aene Martins da Silva, Jéssica 
Martins Guimarães e Luciana Lara Sena Lima, em Desvendando o Labirinto da 
Violência: Impactos Legais sobre a Mulher.
Bartira Macedo de Miranda e Thawane Larissa Silva mostram que as mulheres 
sofrem diversos tipos de violência, que colocam em risco sua vida e integridade 
física, em decorrência de preconceito e discriminação. Elas também mostram 
preocupação com as ofensas verbais e suas consequências em A Misoginia deve 
Ser Criminalizada? Análise do Projeto de Lei N. 896/2023 e o Preconceito Contra 
as Mulheres.
Em Análise da ADPF 442: Se o Aborto não For um Direito, ao Menos não 
deve Ser Crime, Bartira Macedo de Miranda, Thawane Larissa Silva e Bartira 
Alicia da Silva Maia da Cunha mostram que o debate sobre a questão do aborto, 
no Brasil, vem sendo intensificado no Brasil, e aponta para a necessidade de 
implementação de políticas públicas e atendimento médico adequados e deixar 
de ser crime.
Boa leitura a todas e a todos!
Goiânia, abril de 2024.
Manoela Gonçalves
Presidente da Associação Brasileira de Mulheres 
de Carreira Jurídica Nacional - ABMCJ
Presidente da Federação Internacional de 
Mulheres de Carreira Jurídica - FIFCJ
O EFEITO DA TECNOLOGIA DIGITAL SOBRE OS DIREITOS DAS MULHERES E MENINAS ...... 21
Manoela Gonçalves
O CONSELHO NACIONAL DOS DIREITOS DA MULHER (CNDM) E SUA IMPORTÂNCIA 
PARA O DESENVOLVIMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS ................................................. 24
Laudelina Inácio da Silva
1 O que são Políticas Públicas e Porque Direcioná-las à Mulher ........................................... 24
2 Sobre o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM): Sua Finalidade, Natureza e 
Composição ................................................................................................................ 26
2.1 Sobre as Conselheiras Governamentais: Representantes dos Ministérios de Estado .. 28
2.2 Sobre a Direção do CNDM ...................................................................................... 29
2.3 Sobre a Estrutura do CNDM .................................................................................... 30
2.4 Sobre as Reuniões ................................................................................................. 30
2.5 Sobre as Manifestações ......................................................................................... 30
2.6 Sobre as Câmaras Técnicas Permanentes ............................................................... 31
2.7 Coordenação Política e suas Atribuições ................................................................ 31
2.7.1 Atribuições da Coordenação Política ..............................................................31
3 3 Sobre A Luta pela Criação e Defesa do Desenvolvimento de Políticas para Mulheres e o 
Protagonismo no CNDM para a sua Consolidação ......................................................... 32
3.1 1983 – Criação do Conselho Estadual da Condição Feminina de São Paulo .............. 32
3.2 1985 – Marco Inicial do CNDM – Lei nº 7.353/1985 ................................................ 32
3.3 1987 – Criação da Campanha: “Constituinte pra Valer tem que ter Palavra de Mulher”: 
Movimento Feminista e a Participação das Mulheres no Processo Constituinte de 
1987-1988 ............................................................................................................. 35
3.4 Lobby do Batom: Documentário Lembra Luta e Conquistas das Mulheres nos Anos 
80 - A História de Mulheres que Mudaram a História para Garantir os seus Direitos e 
o de Todas Nós ..................................................................................................... 36
3.5 2008 – Regulamentação do CNDM pelo Decreto nº 6.412/2008 ............................... 38
4 A Virada Histórica de Retomada de Políticas Públicas para Mulheres ................................ 38
5 Pautas Para 2024 ........................................................................................................... 46
sumário
A LICENÇA PARENTAL COMO MEDIDA ANTIDISCRIMINATÓRIA: UMA LEITURA 
HERMENÊUTICA DAS CONVENÇÕES 156 E 183 DA ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL 
DO TRABALHO – OIT ....................................................................................................... 49
Thaynara Cristina Ribeiro e Silva | Maria Vitória Dias Fernandes | Renata Osório Caciquinho Bittencourt | 
Sônia Maria Carneiro Caetano Fernandes
1 Convenção 156 da OIT – Convenção sobre as Trabalhadoras e os Trabalhadores com Encargos 
de Família .................................................................................................................... 50
2 Convenção 183 da OIT – Proteção à Maternidade ............................................................ 54
3 Licença Parental ............................................................................................................. 57
4 A Licença Parental: O Instrumento de Efetivação das Normas de Combate à Desigualdade 
de Gênero ................................................................................................................... 60
A EFETIVIDADE DO DIREITO À IGUALDADE: UMA PERSPECTIVA DO PODER JUDICIÁRIO .... 66
Delaíde Alves Miranda Arantes | Maria Cecilia de Almeida Monteiro Lemos | Julia Loures Nunes
1 O Estado Democrático de Direito e o Direito à Igualdade e não Discriminação .................... 69
2 A Trajetória de Oitenta Anos de Desigualdade na Justiça do Trabalho: da Inferioridade 
Numérica à Minoria na Cúpula do Judiciário ................................................................. 72
3 A Visão Interseccional da Corte Interamericana de Direitos Humanos Como Paradigma para 
o Judiciário Trabalhista Brasileiro ................................................................................. 76
MAS COMO É SER JUÍZA? ................................................................................................ 83
Marianna de Queiroz Gomes
1 Como Machismo e Patriarcado ainda nos Influenciam ...................................................... 84
2 Da Relação entre Gênero, Imaginário Social e Poder ......................................................... 87
3 E as Expectativas Sociais: Homens, Mulheres e a Figura do Juiz ....................................... 90
A REPRODUÇÃO DA REPRODUÇÃO: O CICLO VICIOSO DA GRAVIDEZ DE MENINAS DE BAIXA 
RENDA – UM DESAFIO AS POLÍTICAS PÚBLICAS EM EDUCAÇÃO E DIREITOS HUMANOS ...... 98
Renata Osório Caciquinho Bittencourt | Patrícia Osório Caciquinho
1 Gravidez Precoce: Biológico ou Cultural? ......................................................................... 99
2 Reprodução do Comportamento Intergeracional ............................................................... 102
3 Direitos das Meninas ...................................................................................................... 104
4 Desafio para Políticas Públicas de Educação e Direitos Humanos ..................................... 106
DO LIXO AO LUCRO: A IMPORTÂNCIA DO REAPROVEITAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS 
NA GERAÇÃO SUSTENTÁVEL DE ENERGIA ...................................................................... 111
Thawane Larissa Silva
1 O Problema do Acúmulo de Resíduos Sólidos .................................................................. 111
2 O Potencial Energético do Lixo ........................................................................................ 112
3 O Mercado Brasileiro e a Administração Pública ............................................................... 113
INCLUSÃO SOCIAL DA MULHER NO ENSINO E NA POLÍTICA SOB A ÓTICA DE SÓCRATES ... 121
Munique Turones dos Passos | Kênia Cardoso de Paula
1 Mulher no Ensino e na Política sob a Ótica de Sócrates .................................................... 122
1.1 Opressão da Mulher Perante a Figura Masculina ..................................................... 122
1.2 Disparidades de Gênero na Estrutura Social ............................................................ 124
1.3 Progresso das Mulheres na Sociedade ao Longo do Tempo ..................................... 126
1.4 Momentos Históricos de Resistência Feminina ........................................................ 127
1.5 A Jornada da Presença das Mulheres na Política do Brasil ....................................... 129
1.6 A Filosofia Socrática e seu Impacto no Empoderamento das Mulheres. .................... 131
A LEI 14.611/2023: UMA ANÁLISE SOBRE A IMPORTÂNCIA DA IGUALDADE SALARIAL 
ENTRE HOMENS E MULHERES ........................................................................................ 137
Esther Sanches Pitaluga | Paula Duarte Tavares Rodrigues
1 Análise sobre os Dados Nacionais que Indicam que as Mulheres Ganham Menos .............. 138
2 A Vedação de Diferença Salarial para Trabalho de Igual Valor em Decorrência do Gênero ... 140
3 Reflexões sobre a Importância da Igualdade Salarial como Direito Fundamental ................ 144
A ATUAÇÃO SINDICAL FRENTE AO TRABALHO INDIGNO DA MULHER NO CENÁRIO 
PÓS-REFORMA TRABALHISTA ........................................................................................ 150
Maria Eugênia Neves Santana | Paula Tavares Duarte Rodrigues | Paulo Campanha Santana
1 A Contribuição do Sindicato nos Direitos da Mulher .......................................................... 151
2 O Impacto da Reforma Trabalhista na Atuação Sindical .................................................... 156
3 O Reflexo da Atuação Sindical nos Direitos da Mulher ....................................................... 160
A NECESSIDADE DA COMPOSIÇÃO FEMININA NOS TRIBUNAIS PARA GARANTIA DO 
CUMPRIMENTO DO PROTOCOLO PARA JULGAMENTO COM PERSPECTIVA DE GÊNERO ... 165
Thaynnara Freitas Ferro
1 A História da Participação das Mulheres no Poder Judiciário em uma Sociedade Patriarcal 166
2 O Protocolo de Julgamento com Perspectiva de Gênero CNJ ............................................ 168
3 Da Dificuldade de Cumprimento do Protocolo CNJ diante da Majoritária Presença Masculina 
nos Tribunais diante da Visão Androcêntrica................................................................. 170
DA DIGNIDADE HUMANA. COMPLIANCE TRABALHISTA COMO INSTRUMENTO PARA 
A REPARAÇÃO E PREVENÇÃO ......................................................................................... 175
Elen Kelem da Silva Pereira de Oliveira
1 Compliance Trabalhista ................................................................................................... 175
2 Assédio Moral no Ambiente de Trabalho .......................................................................... 176
3 Assédio Sexual nas Relações de Trabalho e Proteção a Integridadedo Ambiente de Trabalho. .. 178
4 Síndrome de Burnout ...................................................................................................... 180
OS PRINCÍPIOS ESG PARA A NECESSÁRIA CONSOLIDAÇÃO DA EQUIDADE DE GÊNERO 
EM SUA PERSPECTIVA SOCIAL ........................................................................................ 184
Larissa P. P. Junqueira Reis Bareato
O NECESSÁRIO DIÁLOGO ENTRE OS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E OS 
DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL PARA A GARANTIA DA PREVALÊNCIA DO PRINCÍPIO DA 
NÃO DISCRIMINAÇÃO .................................................................................................... 196
Flávia Silva Mendanha Crisóstomo
1 A Diferença entre Inteligência Artificial e Algoritmo .......................................................... 198
2 Os Princípios da Inteligência Artificial .............................................................................. 198
3 A Aplicação da Inteligência Artificial na Administração Pública e os Riscos da Discriminação 
Algorítmica ................................................................................................................. 200
4 A Inteligência Artifical no INSS e o Risco do Viés de Gênero ............................................. 203
5 Processo nº TC 006.662/2021-8 Acordão 1139/2022 - TCU .............................................. 204
A JORNADA EM BUSCA DE DIREITOS .............................................................................. 209
Marielly Ramos Guimarães
MULHERES INDÍGENAS: PROTAGONISMO E PRESERVAÇÃO DA CULTURA ................... 215
Kênia Cardoso de Paula | Célia Alves de Leles
1 Protagonismo e Preservação da Cultura Indígena ............................................................. 216
1.1 As Principais Batalhas das Mulheres Indígenas no Brasil ......................................... 216
1.2 O papel fundamental das mulheres indígenas na visão da antropologia feminista e da 
perspectiva de gênero ............................................................................................ 221
1.3 Mulheres indígenas como protagonistas na defesa dos direitos indígenas contra 
violações .............................................................................................................. 224
A LEGÍTIMA DEFESA DA HONRA NO BRASIL: ÊNFASE NO CASO DO LIVRO DE JORGE 
AMADO, GABRIELA CRAVO E CANELA. ........................................................................... 228
Edith Costa Antunes Machado
1 Legítima Defesa no Direito Brasileiro ............................................................................... 229
2 A Legítima Defesa da Honra ............................................................................................ 231
3 O Caso da Dona Sinhazinha ............................................................................................. 233
4 A Legítima Defesa da Honra nos Tribunais Brasileiros ...................................................... 235
DEPENDÊNCIA EMOCIONAL E AS CONSEQUÊNCIAS NO DIREITO PENAL ...................... 240
Sthefanie Ferreira Leite
1 A Dependência Emocional no Direito Penal: Reflexões sobre sua Relevância e Implicações 242
2 Lei nº 13.721, de 2 de Outubro de 2018: A importância da prioridade ao exame de corpo de 
delito em casos de violência doméstica e familiar contra a mulher e violência contra criança, 
adolescente, idoso ou pessoa com deficiência .............................................................. 244
3 A Influência da Dependência Emocional na Criminalidade Feminina: Desafios e Perspectivas ... 247
PRIVACIDADE E ESQUECIMENTO: DESAFIOS NA ERA DIGITAL PARA AS VÍTIMAS DE 
VIOLÊNCIA ...................................................................................................................... 251
Jéssica Painkow Rosa Cavalcante | Nathalia Canhedo | Maurides Macedo
1 O Direito à Privacidade no Estado Democrático de Direito ................................................. 252
2 Aspectos Relevantes da Lei Geral de Proteção de Dados .................................................. 254
3 A Lei Geral de Proteção de Dados e a Privacidade das Mulheres Vítimas de Violência ........ 256
DESVENDANDO O LABIRINTO DA VIOLÊNCIA: IMPACTOS LEGAIS SOBRE A MULHER .... 263
Aene Martins da Silva | Jéssica Martins Guimarães | Luciana Lara Sena Lima
1 Aspetos Jurídicos Acerca da Violência Feminina .............................................................. 265
A MISOGINIA DEVE SER CRIMINALIZADA? ANÁLISE DO PROJETO DE LEI N. 896/2023 
E O PRECONCEITO CONTRA AS MULHERES .................................................................... 283
Bartira Macedo de Miranda | Thawane Larissa Silva
1 O Projeto 896/2023: A Criminalização da Misoginia – Entendendo os Limites da Propositura ... 284
2 Da Análise Criminológica ................................................................................................ 286
3 Da Análise Dogmático-Penal ........................................................................................... 290
4 Da Análise Político-Criminal ............................................................................................ 292
ANÁLISE DA ADPF 442: SE O ABORTO NÃO FOR UM DIREITO, AO MENOS NÃO DEVE 
SER CRIME ....................................................................................................................... 295
Bartira Macedo de Miranda | Thawane Larissa Silva | Bartira Alicia da Silva Maia da Cunha
1 O Aborto na Legislação Penal .......................................................................................... 295
2 O Enfoque Errado da Questão do Aborto: “A Favor” ou “Contra” ......................................... 297
3 O Acúmulo da Inteligibilidade da Questão do Aborto no Brasil em seu Enfoque Jurídico..... 299
4 A Questão Colocada na ADPF 442 ................................................................................... 300
O EFEITO DA TECNOLOGIA DIGITAL SOBRE OS 
DIREITOS DAS MULHERES E MENINAS
Manoela Gonçalves1
O fortalecimento da cultura digital pode aproximar as mulheres e meninas 
das transformações sociais e garantir-lhe maior acesso à informação e às opor-
tunidades de crescimento pessoal e profissional. A tecnologia veio para inovar e 
possibilitar avanços sociais, mas o seu mau uso é danoso e criminoso.
Um dos riscos do uso incorreto é se transformar em uma ferramenta de 
disseminação de ódio e das mais variadas violências contra as mulheres. Os cri-
mes virtuais são cometidos através dos compartilhamentos de imagens íntimas, 
ataques misóginos, intolerâncias e postagens inadequadas e inapropriadas, que 
devastam com a privacidade das vítimas ou atingem sua honra, provocando dor, 
sofrimentos psíquicos e emocionais.
Na esfera penal, o conceito de crime, de acordo com o Guilherme Nucci2, 
é qualquer ação legalmente punível, e para Monteiro de Barros3, é uma conduta 
(ação ou omissão) contrária ao direito, a que a lei atribui uma pena.
Quando se fala em tecnologia e inovação, é preciso entender que a sua 
utilização promoveu alterações importantes no modo de viver das pessoas, com 
a introdução de novos hábitos e comportamentos, com o uso do computador, 
da internet – com suas facilidades de pesquisa e comunicação – e das redes 
sociais uma rotina diária e regular.
A transformação digital deve ser utilizada para aprimorar a equidade e o 
desenvolvimento humano, com a utilização de suas ferramentas para ampliar 
o alcance dos conteúdos e o desenvolvimento do pensamento crítico e voltado 
para o combate ao preconceito e à discriminação, em todas as suas formas de 
manifestação.
A estimativa é de que cerca de 60 milhões de pessoas no Brasil já foram 
vítimas de golpes virtuais no Brasil. A Lei 12.737/2012, também conhecida por 
Lei Carolina Dieckmann, foi a primeira no País a tipificar atos criminais cometidos 
1 Advogada, mestre em Direito Empresarial na Universidade de Franca (Unifran) e doutora em 
Ciências Jurídicas e Sociais pelaUniversidad Del Museo Social Argentina, presidente da Fede-
ração Internacional de Mulheres de Carreira Jurídica e da Associação Brasileira de Mulheres de 
Carreira Jurídica.
2 NUCCI. Guilherme de Souza. Manual do Direito Penal. Parte Geral, Parte Especial 7ª edição. 
São Paulo, Editora Revista dos Tribunais. - 2011.
3 BARROS. Flávio Augusto Monteiro de. Direito Penal. Parte Ger. Al v.1. São Paulo, Editora Saraiva. 
– 2003.
DIREITOS DAS MULHERES E DAS MENINAS: ESTUDOS SELECIONADOS DA ABMCJ-GO 
22
por meio cibernético no Brasil – invasão de computadores e celulares, violação 
de dados de usuários e interrupção de sites.
Os principais crimes cibernéticos cometidos no Brasil são furto de dados 
em geral – dados pessoais e financeiros – e fraudes, cyberbullying, discursos de 
ódio, pornografia infantil, entre outros.
Desta forma foram acrescentados dois artigos no Código Penal Brasileiro 
– 154-A e 154-B. O artigo 154-A define crime cibernético como “Invadir dispositivo 
informático alheio, conectado ou não à rede de computadores, mediante 
violação indevida de mecanismo de segurança e com o fim de obter, adulterar ou 
destruir dados ou informações sem autorização expressa ou tácita do titular do 
dispositivo ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita”.
Esta lei foi modernizada com a Lei 14.155/2021, que passou a criminalizar 
também a invasão de aparelhos celulares, computadores ou sistemas informá-
ticos com o objetivo de obter, adulterar ou destruir dados, visando à obtenção de 
vantagem ilícita ou instalação de vulnerabilidades.
No caso específico das mulheres e meninas, os crimes cibernéticos 
mais comuns são aqueles que buscam disseminar discursos de ódio, promover 
ameaças, realizar perseguição – também conhecido por stalking –, crimes contra 
a honra – calúnia, injúria e difamação – A chamada pornografia de vingança.
O assunto vem chamando a atenção em todo o mundo e despertando a 
preocupação por parte de feministas, estudiosos do direito e autoridades. Tanto 
que foi tem da 67ª Sessão da Comissão sobre a Condição da Mulher, a CSW67, 
realizada em março deste ano, na sede da Organização das Nações Unidas 
(ONU), em Nova York. Na ocasião, a inclusão de mulheres e meninas no espaço 
digital e a importância desse processo para a igualdade de gênero e o empode-
ramento feminino foram amplamente discutidas.
A CSW67 estabeleceu a dimensão do poder e do potencial da tecnologia e 
inovação para acelerar a igualdade de gênero e os direitos humanos das mulheres, 
além de traçar importantes estratégias de ação conjunta dos movimentos femi-
nistas de todo o Planeta, bem como promover o reforço da integração de todas as 
mulheres e meninas para alcançar a igualdade de gênero e o seu empoderamento.
Ficou evidente ser imperiosa e imprescindível a implementação plena, eficaz 
e acelerada da Declaração e Plataforma de Ação de Pequim e da Agenda 2030, 
de forma abrangente, refletindo a sua natureza universal, integrada e indivisível.
A tecnologia pode se transformar em uma importante ferramenta de 
combate ao machismo, o sexismo e à misoginia, na medida em que sua utiliza-
ção estimule a criatividade, o raciocínio lógico e a capacidade de pesquisa, com 
a disseminação de novos modelos e conceitos, principalmente aqueles voltados 
para o respeito ao ser humano e para o entendimento sobre o mundo contem-
porâneo, no qual não há mais espaço para as intolerâncias, discriminações 
e violências de gênero. Nesse sentido, deve ser uma ferramenta de promoção e 
23
EFEITO DA TECNOLOGIA DIGITAL SOBRE OS DIREITOS DAS MULHERES E MENINAS
Manoela Gonçalves
valorização das mulheres, por isso a necessidade de elaboração e execução de 
um pacto global, que possibilite o efetivo combate a todas as formas intolerân-
cias cibernéticas.
Para que este objetivo seja alcançado, será importante estabelecer formas 
de participação efetiva das mulheres na concepção, aplicação, monitoramento e 
avaliação da eficácia das políticas públicas de combate aos crimes cibernéticos. 
Além disso, será indispensável o compromisso dos organismos governamentais 
na instituição de ferramentas que propiciem o aproveitamento da tecnologia na 
melhoria da vida das mulheres e meninas, com o estabelecimento de mecanis-
mos de proteção às individualidades.
A sociedade, nesta sua etapa de evolução, que está concentrada forte-
mente na utilização de tecnologia, não pode se esquecer que o foco principal de 
todas as atividades econômicas, sociais e evolutivas é o ser humano. O bem-es-
tar das pessoas é o motivo maior de todos os estudos científicos e a abordagem 
de gênero não pode ser excluída das inovações tecnológicas.
O lado mais frágil da sociedade deve ser resguardado, com o estabele-
cimento de ferramentas que garantam a sua inclusão, acessibilidade e proteção 
nos ambientes virtuais. E a tecnologia, como anteriormente observado, é uma 
ferramenta que pode ser utilizada para transformar e promover a valorização e 
o empoderamento das mulheres e meninas e, principalmente, combater as 
desigualdades.
O fortalecimento da cultura digital pode aproximar as mulheres e meninas 
das transformações sociais e garantir-lhe maior acesso à informação e às oportu-
nidades de crescimento pessoal e profissional.
REFERÊNCIAS
ALEXANDRE JÚNIOR. Júlio César. CIBERCRIME: UM ESTUDO ACERCA DO CONCEITO DE CRIMES 
INFORMÁTICOS. Revista Eletrônica da Faculdade de Direito de Franca.
BARROS. Flávio Augusto Monteiro de. Direito Penal. Parte Ger. Al v.1. São Paulo, Editora Saraiva. 
2003
NUCCI. Guilherme de Souza. Manual do Direito Penal. Parte Geral, Parte Especial 7ª edição. São 
Paulo, Editora Revista dos Tribunais. 2011.
PLANALTO. Lei nº 12.737, de 30 de novembro de 2012. Disponível em https://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12737.htm.
PLANALTO. Lei nº 14.155, de 27 de maio de 2021. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/cci-
vil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14155.htm.
O CONSELHO NACIONAL DOS DIREITOS DA MULHER (CNDM) E SUA 
IMPORTÂNCIA PARA O DESENVOLVIMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS
Laudelina Inácio da Silva1
Introdução
A doutora em Política, pela University of London, Maria Fernandes Ribas, a 
partir de estudos de Baumgartner e de Jones (1993), alerta que:
(...) a organização administrativa do governo tende a refletir as prioridades 
dos grupos dominantes, criando um viés institucional na estrutura da adminis-
tração pública em favor das questões importantes para estes grupos. Desta 
forma, as estruturas institucionais podem formalizar e consolidar os enten-
dimentos de políticas preferidos por certos grupos em detrimento de outros2.
Dito isso, esta pesquisa justifica-se pela problemática no Brasil, sobre os 
mecanismos institucionais, uma vez que podem ser entendidos como “termô-
metro institucional3”, em relação à função do Estado na promoção da equidade 
de gênero como também na conquista e preservação dos direitos das mulheres 
do Brasil.
1 O que são Políticas Públicas e Porque Direcioná-las à Mulher
Políticas públicas, em síntese, são medidas formais, institucionais, legais, 
consultadas, deliberadas e aplicadas para o desenvolvimento de questões socio-
políticas, que envolvam diversos fatores, como saúde, alimentação, segurança, 
meio ambiente dentre outros. Constituem-se, essencialmente, por diretrizes e 
princípios que implicam relações necessárias entre atores da sociedade e os do 
Estado4.
1 Presidenta da Câmara Técnica Permanente de Assuntos Internacionais do CNDM. Conselheira 
Titular do CNDM – de 2018 a 2021 e de 2021 a 2024. Presidenta Nacional da ABMCJ – 2017-
2020. Vice-presidente da FIFCJ – 2022-2025. Mestra em Direito Penal pela UFG. Doutora em 
Ciências Jurídicas e Sociais pela UMSA/Argentina. Coordenadora do Curso de Direito da UNIP/
Goiânia desde 2004. Presidente do Instituto Laudelina Inácio da Silva: Rede Lis de Mediação. 
Sócia-proprietária do Escritório Nestor Tavora & Laudelina Inácio Advocacia Associada. Autora 
do livro Prática Policial Sistematizada em sua 5ª edição.
2BAUMGARTNER, F. R.; JONES, B. D. Agendas and instability in American politics. Chicago: Uni-
versity of Chicago Press, 1993. p. 369.
3 Ibid., p. 370.
4 SECRETARIA DE POLÍTICAS PARA AS MULHERES. Políticas Públicas para as Mulheres. Brasí-
lia: SPM, 2013.
25
CONSELHO NACIONAL DOS DIREITOS DA MULHER (CNDM) E SUA IMPORTÂNCIA PARA O DESENVOLVIMENTO
Laudelina Inácio da Silva
Embora o termo “públicas” esteja presente nessa expressão, as políticas 
também podem ser tomadas por iniciativa privada, contanto que se destinem 
a grupos, comunidades ou entidades que padeçam de vulnerabilidade tal, que 
somente determinada política privada tende a resolvê-la ou, no mínimo, dirimi-la, 
evidentemente depois de anuída e constatada o interesse público pela demanda 
em questão5.
Há quatro tipos de políticas públicas: 1) as distributivas (voltadas a setores 
marcados da população); 2) as redistributivas (que se orientam à promoção da 
qualidade de vida e do bem-estar social); 3) as regulatórias (que estabelece as 
diretrizes da sociedade); e as constitutivas (concernentes à função das variadas 
maneiras de executar a política). Todas elas são discutidas, promulgadas e 
aplicadas no Brasil, inclusive às mulheres, especialmente a partir dos Conselhos 
Nacional, Municipais e Estaduais do Direito da Mulher.
Elas foram e continuam sendo uma conquista histórica, somente possível 
a partir da criação do Estado, em seu modelo democrático, para atender objeti-
vos previamente observados e estudados numa dada causa para que se possa 
ampliar a efetivação da cidadania. Dito de outro modo, são voltadas para que se 
possa estabelecer igualdade de oportunidades, benefícios e dignidade a “grupos 
sociais excluídos, setores marginalizados, esferas pouco organizadas e segmentos 
mais vulneráveis onde se encontram as mulheres”6em acordo com a Constituição 
Brasileira de 1988.
Cada política pública detém particularidades a depender de sua destinação, 
uma vez que a demanda a ser atendida varia em muitos fatores, como demográ-
fica, educacional, racial, étnica e socialmente, além de condições de classe, de 
gerações e de questões ambientais. Tal variação ocorre, ainda, em desigualda-
des estruturais e culturais entre homens e mulheres, o que perpassa questões 
emergentes, como o conceito de gênero, que “estrutura-se a partir da ênfase nas 
relações sociais, políticas, econômicas e culturais, etc. entre os sexos, uma vez 
que sinaliza […]. sobretudo, relações hierárquicas e de poder7”.
Isso afeta negativamente as mulheres “enquanto um coletivo social, [que] 
está ainda em condições de desigualdade e de subordinação em nossa na socie-
dade” e evidencia “A presença de um modelo estereotipado predominante no 
imaginário social invisibiliza as situações de conflitos relacionadas à violência 
sexista e ao racismo estruturador das relações sociais8”, o que reclama à implan-
tação e ao desenvolvimento de políticas públicas que se concentrem em vencer 
as injustiças pelas quais as mulheres sofrem sob o domínio do patriarcado nas 
5 CNN BRASIL. Políticas Públicas: entenda o que são, para que servem e veja exemplos. São Paulo: 
CNN Brasil, 2023. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/politica/politicas-publicas/. 
Acesso em: 04/03/2024.
6 SECRETARIA DE POLÍTICAS PARA AS MULHERES. Op. Cit. p. 3.
7 SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil para a análise histórica. Recife: SOS Corpo, 1995.
8 SECRETARIA DE POLÍTICAS PARA AS MULHERES. Op. Cit. p. 4-5.
DIREITOS DAS MULHERES E DAS MENINAS: ESTUDOS SELECIONADOS DA ABMCJ-GO 
26
esferas domésticas e profissionais. Um exemplo prático de política pública é a 
que visa à erradicação da violência doméstica contra mulheres, como o Pacto 
Nacional de Prevenção aos Feminicídios, que foi instituído em 16 de agosto de 
2023, pelo Decreto nº 11.640/2023.
Dito isso, as políticas públicas direcionadas à questão de gênero visam:
(...) contemplar a condição emancipatória e a dimensão de autonomia das 
mulheres. Para que as desigualdades de gênero sejam combatidas no con-
texto do conjunto das desigualdades sócio-históricas e culturais herdadas, 
pressupõe-se que o Estado evidencie a disposição e a capacidade para redis-
tribuir riqueza, assim como poder entre mulheres e homens, entre as regiões, 
classes, raças, etnias e gerações9.
Essa possibilidade, de promover e efetivar políticas públicas com vistas 
à dignidade e equidade de gênero se levanta a partir da articulação entre enti-
dades consultivas e deliberativas, como o Conselho Nacional dos Direitos da 
Mulher (CNDM), com órgãos eleitos da sociedade civil, como a Rede Nacional 
de Mulheres Negras no Combate à Violência, a Associação Brasileira de Mulhe-
res de Carreira Jurídica (ABMCJ) e Fórum Nacional de Travestis e Transexuais 
Negras e Negros (FONATRANS) dentre outros, junto ao Estado com seus meca-
nismos governamentais.
2 Sobre o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM): Sua Finalidade, 
Natureza e Composição
Diante da problemática destacada, centraliza-se o Conselho Nacional dos 
Direitos da Mulher (CNDM) como uma entidade pública que promove e desen-
volve políticas públicas com finalidade e composição que se volta a garantir a 
dignidade das mulheres. Diz-se, pois, que ele deve ser afirmado para preservação, 
fomento e conhecimento, cada vez maior, pela sociedade de sua atuação e de 
seus impactos, principalmente por mulheres.
Ele tem por finalidade a promoção, em âmbito nacional, de políticas que 
visem eliminar a discriminação da mulher; assegurar condições de liberdade e 
de igualdade de direitos; e estabelecer sua plena participação nas atividades 
políticas, econômicas e culturais do País.
Suas diretrizes orientadoras de funcionamento estabelecem-se em 
um regimento interno que estabiliza suas operações e define sua natureza e 
composição:
9 Ibid.
A EFETIVIDADE DO DIREITO À IGUALDADE: UMA 
PERSPECTIVA DO PODER JUDICIÁRIO
Delaíde Alves Miranda Arantes1
Maria Cecilia de Almeida Monteiro Lemos2
Julia Loures Nunes3
Introdução
O processo dialético evolução da sociedade, resultante da superação de 
um modelo de Estado por outro (Estado Liberal – Estado Social – Estado Democrá-
tico de Direito) foi acompanhado por mudanças no modo de produção. O Estado 
Democrático de Direito, terceiro paradigma do constitucionalismo contemporâ-
neo, implementado no atual estágio de desenvolvimento da sociedade capita-
lista, constitui, até então, o mais avançado no que se refere ao respeito aos Direi-
tos Humanos, pois inseriu o ser humano no centro do ordenamento jurídico e 
reconheceu a dignidade humana como valor fonte que norteia todos os direitos 
fundamentais4.
1 Ministra do Tribunal Superior do Trabalho (TST) na vaga do Quinto Constitucional da Advocacia 
Trabalhista; integra no TST a SBDI-1, o Conselho do CSJT, o Conselho da ENAMAT e a 8ª Turma. 
É Ouvidora Nacional da Justiça do Trabalho (TST/CSJT). Mestra em Direito, Estado e Constitui-
ção, pela Universidade de Brasília (UnB). Membro Grupo de Pesquisa Trabalho, Constituição e 
Cidadania (UnB/CNPq); integra a AJD (Associação Juízes para a Democracia) e o IPEATRA. É 
pós graduada em Direito e Processo do Trabalho, Universidade Federal de Goiás (UFG) e Magis-
tério Superior, Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC/GO); Graduação em Direito, Cen-
tro Universitário de Goiás (UNI/Anhanguera); Secretária da Delegação Brasil, da Associação 
Luso-Brasileira de Juristas do Trabalho (JUTRA); Membro da Comissão do Quinto Constitu-
cional da OAB Federal; do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB); Instituto dos Advogados 
de Goiás (IAG); da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra); 
E-mail: delaidearantes@gmail.com.
2 Professora Titular do Curso de Mestrado em Direito das Relações Sociais e Trabalhistas do 
Centro Universitário do Distrito Federal (UDF). Doutora em Direito, Estado e Constituição pela 
Universidade de Brasília (UnB). Pós Doutorado em andamento na Universitat de València, 
Espanha. Membro do Grupo de Pesquisa Trabalho, Constituiçãoe Cidadania (UNB-CNPq) e 
do Grupo de Pesquisa Direitos Humanos, Políticas Publicas e Meio Ambiente (UDF–CNPq). 
E-mail: mclemos@udf.edu.br.
3 Graduada em Letras pela Universidade Federal de Juiz de Fora, MBA em Administração Pública 
e Gerência de Cidades pela Uninter, servidora do Tribunal Superior do Trabalho e aluna do 10º 
semestre do curso de Direito, no Centro Universitário IESB, no ano de 2023. Assessora da 
Ministra do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Delaíde Alves Miranda Arantes. E-mail: loures-
julia@gmail.com.
4 DELGADO, Maurício G.; DELGADO, Gabriela N. Constituição da República e Direitos Fundamentais: 
dignidade da pessoa humana, justiça social e Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2012. p. 46.
67
A EFETIVIDADE DO DIREITO À IGUALDADE: UMA PERSPECTIVA DO PODER JUDICIÁRIO
Delaíde Alves Miranda Arantes | Maria Cecilia de Almeida Monteiro Lemos | Julia Loures Nunes
Não obstante as conquistas do constitucionalismo moderno, o trabalho 
humano – imprescindível qualquer que seja o modo de produção vigente - perma-
nece atuando tanto como fonte de dignidade como de opressão, contradição que 
decorre da própria lógica do sistema capitalista, que busca, ao mesmo tempo, 
aumentar os lucros a partir da exploração da força de trabalho humana e, con-
traditoriamente, reconhece o trabalho como direito - essencial para o desenvol-
vimento pessoal e social. Dessa tensão inerente ao sistema “resultam avanços 
e retrocessos sociais decorrentes da luta constante travada pelos trabalhadores 
em busca da manutenção ou ampliação de direitos, e pelos empregadores em 
busca da diminuição de custos e otimização da produção5”.
Nesse sentido, no âmbito da igualdade de gênero, a histórica luta por 
reconhecimento e por direitos das mulheres trabalhadoras, ao mesmo tempo 
em que consolidou a igualdade formal do ponto de vista normativo, encontra 
resistência por parte dos empregadores no que se refere à efetividade, resultado 
de séculos de domínio da elite masculina e branca, que introjetou na sociedade 
estereótipos e crenças sobre a inferioridade da mulher.
Desde o seu surgimento, o capitalismo já encontrou a mulher em uma 
situação de desigualdade, exercendo trabalhos subalternos e mal remunerados, 
condição que, para Heleieth Saffioti, se expressa por intermédio de uma dupla 
dimensão: quanto ao nível de superestrutura, as mulheres são subvalorizadas a 
partir de “mitos justificadores da supremacia masculina” e, como consequência, 
da própria ordem social que a originou. Pontua-se que no que se refere ao nível 
estrutural, a mulher foi marginalizada das principais funções produtivas e relegada 
à periferia do sistema de produção6.
A compreensão da interrelação entre a condição da mulher no século XXI 
e o modo capitalista de produção de bens e serviços, núcleo da sociedade con-
temporânea, passa pelo reconhecimento de que as questões de gênero, assim 
consideradas a discriminação, o aviltamento salarial, a violência doméstica, o 
alijamento dos postos de comando, entre outras formas de tratamento desigual 
impostas às mulheres, devem ser relacionadas a outras modalidades de opressão: 
a racial e a de classe social. Para Heleieth Saffioti, a interseccionalidade consiste 
na relação existente entre as três formas de opressão - patriarcado, racismo e 
capitalismo - contradições integrantes do que a autora denomina de “nó”, e que 
adquirem importâncias distintas a depender das circunstancias históricas7.
Ao conceituar patriarcado, Christine Delphy, afirma tratar-se de
5 LEMOS, Maria Cecilia de Almeida Monteiro. Dano Existencial nas relações de Trabalho Inter-
mitentes. São Paulo: LTr, 2020. p. 57.
6 SAFFIOTI, Heleieth. A mulher na sociedade de classes: mito e realidade. Petrópolis, RJ: Vozes, 
1976. p. 35.
7 Id., 2004. p. 215.
A REPRODUÇÃO DA REPRODUÇÃO: O CICLO VICIOSO DA 
GRAVIDEZ DE MENINAS DE BAIXA RENDA – UM DESAFIO AS 
POLÍTICAS PÚBLICAS EM EDUCAÇÃO E DIREITOS HUMANOS
Renata Osório Caciquinho Bittencourt1
Patrícia Osório Caciquinho2
Introdução
A avaliação das razões da repetição intergeracional da gravidez infantil/
adolescente, com enfoque nos seus impactos nos Direitos Humanos e no Direito 
à Educação de mulheres e meninas, consiste no objeto do presente ensaio. 
O objetivo é investigar quais os caminhos viáveis para empoderar meninas e 
mulheres, conquistar avanços na busca da equidade de gênero real e afastar a 
vulnerabilidade cíclica que permeia sua realidade no advento da gravidez adoles-
cente/infantil de repetição (seja intergeracional, seja em relação a mesma ges-
tante). Justifica-se a relevância do estudo, haja vista que busca compreender 
quais políticas públicas são eficientes na abordagem do problema, verificando 
em que medida aquelas adotadas até o momento fracassaram, para que tal 
experiência fundamente a mudança de perspectiva necessária e o alcance de 
um mundo mais igualitário para todas as pessoas. Para tanto, utilizou-se a meto-
dologia materialista dialética, com ampla pesquisa bibliográfica.
Nesse sentir, ante ao desafio de compreender a gravidez cíclica na infância/
adolescência, há que se destacar que a puberdade é um momento de grandes 
descobertas na vida das meninas e, não raro, aquelas de baixa renda acabam 
evoluindo as descobertas sexuais para uma gestação infantil/adolescente, 
algumas vezes indesejada, outras até desejada. Esse comportamento não tem 
o mesmo padrão de repetição em outras classes sociais, além de, no caso do 
recorte desse ensaio, qual seja, meninas de baixa renda, repetir-se de forma 
intergeracional em ordem cíclica e, algumas vezes, repetido pela própria menina-
mãe, que tem mais de uma gravidez na infância/adolescência.
1 Advogada. Professora na Universidade Paulista (2013 – atual). Mestra pelo UDF em Direito das 
Relações Sociais e Trabalhistas. Pós-Graduada em Direito do Trabalho, Processo do Trabalho 
e Direito Previdenciário. Associada da Associação Brasileira de Mulheres de Carreira Jurídica 
(ABMCJ). Assessora Nacional de Direito do Trabalho da ABMCJ. Representante da Federação 
Internacional das Mulheres de Carreira Jurídica na Organização Internacional do Trabalho (OIT).
2 Advogada Gestora Trabalhista. Professora de Direito e Processo do Trabalho. Mestranda em 
Direito das Relações Sociais e Trabalhistas no UDF - Centro Universitário do Distrito Federal. 
Integrante do IGT - Instituto Goiano de Direito do Trabalho. Juíza do TED da OAB de Goiás em 
2024. Pós-graduada em Direito e Processo do Trabalho pela Faculdade Estácio de Sá. Pós-gra-
duada em Direito e Processo Tributário pela Faculdade CERS..
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A REPRODUÇÃO DA REPRODUÇÃO: O CICLO VICIOSO DA GRAVIDEZ DE MENINAS DE BAIXA RENDA
Renata Osório Caciquinho Bittencourt | Patrícia Osório Caciquinho
Mas a que se deve essa realidade que certamente desarmoniza a ordem da 
maturidade dessas meninas, lhes retirando oportunidades de estudo, de melho-
res oportunidades de trabalho ante a ausência de qualificação, de uma condição 
de vida melhor do que a originária e, no mínimo, mais independente? Seria bio-
lógico, do instinto animal do ser humano? Seria cultural? Seria falta de informa-
ção? Seria ausência de meios contraceptivos?
Para buscar compreender tais inquietações, no primeiro capítulo, Gravidez 
Precoce: Biológico ou Cultural, apresentou razões biológicas e não biológicas 
que convergem para a gravidez infantil/adolescente. No segundo capítulo, Repro-
dução do Comportamento Intergeracional, tratou-se do espelhamento intergera-
cional da gravidez precoce e das consequências no aumento da vulnerabilidade 
dessas jovens mães inseridas em um contexto social limitante. No terceiro capí-
tulo, Direitos das Meninas, por sua vez tratou-se da arquitetura legislativa que 
protege os direitos das meninas, no âmbito nacional e internacional. Por fim, no 
quarto e último capítulo, Desafio para Políticas Públicas de Educação e Direitos 
Humanos, tratou da problemática da gravidez precoce em um contexto social-
-cultural, exigindo esforços para além de leis utópicaspara efetivar os direitos 
dessas meninas, apresentando, ainda, exemplo de boas práticas.
1 Gravidez Precoce: Biológico ou Cultural?
Em uma sociedade contemporânea fundamentada em discursos de iso-
nomia que destoam da prática vivenciada pelas meninas e mulheres com rela-
ção a sua sexualidade e reprodução, especialmente as de baixa renda, verifica-se 
toda ordem de desafios a serem enfrentados para a proteção dos direitos funda-
mentais que lhes assistem nesse aspecto.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 
2009, p. 29-30) em 1999 mais de 20% (vinte por cento) dos nascimentos ocorri-
dos no ano tinham mães menores de vinte anos e, em 2009, esse número caiu 
para pouco mais de 18% (dezoito por cento). Quanto ao ano de 2019, foi verifi-
cada a porcentagem de 15% (quinze por cento) de nascimentos entre meninas 
até 19 (dezenove) anos (IBGE, 2019, p. 3). Mesmo com a diminuição demons-
trada, os números absolutos que tais porcentagens ilustram são alarmantes 
sob a análise das consequências que uma gravidez impremeditada traz a jovem 
mãe e ao contexto social a que está inserida, sendo imprescindível o desenvolvi-
mento de políticas públicas adequadas a subsidiar uma realidade menos vulne-
rável a esse grupo.
As causas de gravidez na adolescência são diversas, dentre elas estão 
inadequação de informações relacionadas a métodos contraceptivos e a própria 
sexualidade, falta de acesso aos serviços de saúde, não utilização de contracep-
tivos para omitir dos pais a vida sexualmente ativa, o fator biológico, a concepção 
ideológica de que não haverá consequências, o impulso consciente ou incons-
ciente do estado gestacional, o comportamento intergeracional espelhado, os 
DIREITOS DAS MULHERES E DAS MENINAS: ESTUDOS SELECIONADOS DA ABMCJ-GO 
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conflitos familiares, o uso e abuso de drogas, a falta de perspectiva educacional 
e profissional, dificuldade de comunicação entre pais e filhos, menarca cada vez 
mais precoce e iniciação sexual prematura.3
Segundo a obra Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade4 o impulso 
sexual decorre naturalmente da condição humana, sendo inerente a sua biologia 
e, nesse aspecto, muito semelhante à dos animais, não se relacionando com pra-
zer ou desejo. Esse impulso se torna latente e evidente com a puberdade pois, 
com o corpo da menina (recorte de gênero objeto desse ensaio) passando por 
inúmeras alterações fisiológicas e hormonais, o desejo sexual surge não com 
um intuito meramente prazeroso, mas inicialmente biológico de experimentar o 
próprio aparelho reprodutor e confirmar sua fertilidade, verificando capacidades 
e limites, o que por vezes desencadeia a gravidez não premeditada.5
Nesse sentido, seria da natureza humana a perpetuação da espécie e, por 
consequência, um impulso natural da puberdade a reprodução, que deveria ser 
controlado em um segundo momento, por outros mecanismos. Porém, se assim 
simplesmente o fosse, qual o motivo dos índices de mães adolescentes serem 
superiores em populações de baixa renda6 e não equivalentes em quaisquer 
classes sociais?
Entrementes, vislumbra-se, para além do aspecto biológico, o não-biológico, 
o social, cultural. As meninas de baixa renda, inseridas no contexto do modelo 
patriarcal de família brasileiro, idealizam o “sentimento de família”, sendo o casa-
mento precoce seguido de filhos uma realidade aceitável na política familiar, onde 
muitas delas inclusive buscam esse cenário com o fito de se “posicionar social-
mente”. Essa circunstância em muito difere das meninas de classe média, onde a 
gravidez não é bem aceita na adolescência, sendo priorizado o estudo e a capaci-
tação profissional para, somente após, considerar o casamento.7
Sendo assim, a própria aceitação familiar da gravidez de forma fluida no 
caso das meninas de baixa renda, pois esses núcleos veem a maternidade como 
3 CARVALHO. Clara Coelho de. Gravidez na Adolescência: principais causas e consequências. Tra-
balho de Conclusão de Curso – Curso de Especialização em Atenção Básica e Saúde da Família, 
Universidade Federal de Minas Gerais. Governador Valadares, 2013. Disponível em: https://www.
nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/4940.pdf. Acesso em: 6 fev. 2021, p.15
4 FREUD, Sigmund. Obras completas, volume 6: três ensaios sobre a teoria da sexualidade, aná-
lise fragmentária de uma histeria (“O caso Dora”) e outros textos (1901-1905). Tradução de 
Paulo César de Souza. 1. ed., São Paulo, Companhia das Letras, 2016. Disponível em: https://
www.companhiadasletras.com.br/trechos/14199.pdf. Acesso em: 6 fev. 2021, p. 20-21
5 DADOORIAN, Diana. Gravidez na adolescência: um novo olhar. Psicologia: Ciência e Profissão. 
Brasília, v. 23, 2003. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S 
1414-98932003000100012. Acesso em: 30 jan. 2021.
6 BRASIL. IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – PNAD Contínua 
2021/2022. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101957_informa-
tivo.pdf Acesso em: 6 out. 2023
7 DADOORIAN, Diana. Gravidez na adolescência: um novo olhar. Psicologia: Ciência e Profissão. 
Brasília, v. 23, 2003. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S14 
14-98932003000100012. Acesso em: 30 jan. 2021.
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A REPRODUÇÃO DA REPRODUÇÃO: O CICLO VICIOSO DA GRAVIDEZ DE MENINAS DE BAIXA RENDA
Renata Osório Caciquinho Bittencourt | Patrícia Osório Caciquinho
a mais importante função da mulher nas suas organizações, servem como um 
dos fatores incentivadores do resultado. Algumas famílias até repulsam a ideia 
em um momento inicial, mas, via de regra, evolui de forma positiva, o que gera 
uma segurança inconsciente de que “vai ficar tudo bem” sem avaliação dos 
impactos extensos desse comportamento e, então, a gravidez antecipada não 
teria condão negativo.
Além disso, há que se analisar, nos termos da psicanálise de Freud, que é 
inerente a menina o desejo de rever suas carências e ímpetos através da procria-
ção, materializando em um filho o rompimento da infância e a inserção na fase 
adulta, criando uma extensão de si própria, uma versão que possa controlar e 
moldar diante de seus critérios, além de inseri-la no contexto social na função 
materna.
As mães adolescentes veem no filho uma oportunidade de dar e de rece-
ber o amor ideal que na maior parte das vezes não encontraram em seus pró-
prios lares (seja pelas dificuldades econômicas, seja pelos conflitos familiares, 
seja pelo uso de drogas daqueles que as circundam), vislumbram a segurança 
de uma companhia que poderão ter consigo sem o receio de abandono, ou ainda, 
como um fator de união familiar, de reforço e aproximação de laços. Na busca 
da realização dessas expectativas, de melhora da frustração de suas realidades, 
muitas meninas alegam assertivamente não usarem contraceptivos pois tinham 
vontade de ter filhos o que entendiam que as traria a uma posição social mais 
relevante, a de mulher, de mãe, dentro de sua comunidade.8
As baixas expectativas educacionais e profissionais fazem com que essas 
meninas vejam a maternidade como o papel mais importante que desempenha-
riam na sociedade e, por isso, atribuam a ele um valor ideológico, reforçando 
o nítido modelo patriarcal, onde a mulher é vista como filha-esposa-mãe e, por 
essa razão, não tratam a gestação na adolescência como indesejada, mas mera-
mente acidental, porém, quando descoberta, querida.
A gestação precoce tem grande repercussão negativa na vida da adoles-
cente, seja no aspecto educacional, visto que a maior parte delas abandona o 
ambiente escolar, por vergonha, por desinteresse ou por falta de incentivo, seja 
no aspecto econômico, pois sem qualificação e com a responsabilidade de cui-
dar de uma criança, que pode requerer acompanhamento médico, escolar, etc., 
a ascensão profissional fica nitidamente prejudicada, seja no aspecto de saúde, 
visto que vários são os riscos de uma gestação prematura para mãe e para o 
bebê. Além disso, essas meninas sãomais sujeitas a violência doméstica.9
8 Idem 73
9 BAHIA.BA. Conselheiro da ONU diz que gravidez na adolescência é ‘fábrica de pobres na América 
Latina’. Online, 2020. Disponível em: https://bahia.ba/mundo/conselheiro-da-onu-diz-que-gravidez-
-na-adolescencia-e-fabrica-de-pobres-na-america-latina/. Acesso em: 16 jan. 2021.

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